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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES GRADUAÇÃO INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O GRAFISMO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA INFANTIL Por: Eloísa Helena Teixeira Magalhães Orientadora Profª Msc. Andréa Villela Mafra da Silva Rio de Janeiro 2010 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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Page 1: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES GRADUACcedilAtildeO

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL

Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees

Orientadora

Profordf Msc Andreacutea Villela Mafra da Silva

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

GRADUACcedilAtildeO

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL

Apresentaccedilatildeo de monografia ao Instituto A Vez do Mestre Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenccedilatildeo de grau na graduaccedilatildeo em Pedagogia Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees

Rio de Janeiro

2010

DEDICATOacuteRIA

Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em mim

Agraves minhas f i lhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor dos vinte e poucos anos

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e compreensatildeo Obrigada por fazer parte da minha vida por ser essa grande pessoa que vocecirc eacute Te amo muito

Agradeccedilo agraves minhas duas f i lhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles foram muito importantes para a real izaccedilatildeo dessa graduaccedilatildeo Amo muito vocecircs

Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo

E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo

Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva

E se faccedilo chover com dois r iscos tenho um guarda-chuva

Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel

Num instante imagino uma l inda gaivota a voar no ceacuteu

AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais

RESUMO

Esta monograf ia aborda o tema do graf ismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a importacircncia de se trabalhar com o luacutedico de forma a motivar o processo evolut ivo na infacircncia O desenho se apresenta como uma importante ferramenta para a interaccedilatildeo do aluno sendo o professor responsaacutevel por dar o devido cuidado as diversas etapas do graf ismo que tambeacutem satildeo abordadas no estudo em questatildeo A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica eacute fundamental ao desenvolvimento infantil por trabalhar com a imaginaccedilatildeo auxil iando a crianccedila a se relacionar com ela com outros e com o ambiente em que vive Atraveacutes da arte criativa do graf ismo a crianccedila expressa seu universo revelando o seu conhecimento do mundo Simultaneamente se datildeo outras manifestaccedilotildees que possibil itam que ela caminhe pelo imaginaacuterio engrandecendo o seu processo de aprendizagem O estudo reuacutene bibliograf ia pertinente e pretende se aliar a tantos outros que primam pela excelecircncia da educaccedilatildeo atraveacutes de ferramentas criativas e de avaliaccedilotildees mais contextualizadas Palavras chave Graf ismo Educaccedilatildeo Desenho Crianccedila

METODOLOGIA

A Metodologia adotada buscou a exploraccedilatildeo do tema com fontes

bibl iograacutef icas contidas em l ivros publicaccedilotildees revistas especializadas

artigos e sites eletrocircnicos

A bibl iograf ia baacutesica foi composta de livros sugeridos pelo

orientador e dos principais autores que abordam o tema Foram uacuteteis

alguns trabalhos acadecircmicos realizados durante o curso de graduaccedilatildeo

e a proacutepria experiecircncia da autora Os textos disponibil izados pelo curso

foram tambeacutem objeto de anaacutelise

Apoacutes levantamento dos conteuacutedos a serem analisados no

presente trabalho foram cumpridas as seguintes etapas

bull Elaborada a primeira redaccedilatildeo da monograf ia

bull Anaacutelise do conteuacutedo redigido e submetida a avaliaccedilatildeo da

orientadora

bull Redaccedilatildeo definit iva da monograf ia

bull Formataccedilatildeo e arte f inal do conteuacutedo

bull Revisatildeo geral da monograf ia

bull Entrega do trabalho na UCAM

Esta metodologia foi rigorosamente observada e os resultados

aparecem no texto f inal que compreende a presente monograf ia

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtilde0 9

CAPIacuteTULO I - A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO 11

11- As Etapas do Graf ismo e o Desenvolvimento Infantil 15

CAPIacuteTULO II - A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA

INFANTIL 20

21- O graf ismo como exerciacutecio de autonomia 22

22- A relaccedilatildeo entre o graf ismo e a escrita 25

CAPIacuteTULO III - A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO GRAFISMO 28

31- Sobre a Aprendizagem Infantil 28

32- Recursos pedagoacutegicos direcionados ao Graf ismo Infantil 29

33- Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do graf ismo 30

34- Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Graf ismo 32

35- A evoluccedilatildeo do graf ismo para Piaget 35

CONCLUSAtildeO 40

REFEREcircNCIAS 41

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 43

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INTRODUCcedilAtildeO

Vivemos em uma eacutepoca de mudanccedilas constantes e natildeo haacute como

negar que este processo de aceleraccedilatildeo eacute sentido em todos os acircmbitos

da sociedade Vale notar que educar nos dias de hoje necessita de

atenccedilatildeo as constantes mutaccedilotildees do mundo poacutes-moderno Eacute um desafio

aos educadores que necessitam quebrar barreiras relacionadas ao

sistema de ensino que ainda possui aspectos obsoletos

Este trabalho tem como objetivo ressaltar a importacircncia do estudo

do graf ismo infantil ao se trabalhar o luacutedico em funccedilatildeo do

desenvolvimento da crianccedila O desenho aparece de maneira

espontacircnea e revela muito sobre o processo evolutivo da crianccedila

Signif ica uma importante fonte de comunicaccedilatildeo na qual a crianccedila se

expressa mediante representaccedilotildees simboacutelicas que ela entende como

desenhosJust if ica-se a escolha do tema por ser o graf ismo infantil uma

ferramenta uacutetil para a mediccedilatildeo do aprendizado e principalmente como

motivador do mesmo Outra razatildeo da escolha do tema eacute o interesse do

autor no assunto do estudo aqui apresentado O trabalho consiste em

trecircs capiacutetulos que visam atraveacutes da apresentaccedilatildeo de autores promover

maior colaboraccedilatildeo agrave discussatildeo do assunto

O primeiro capiacutetulo trata da arte criativa do graf ismo e relata a

forma como a crianccedila faz uso do desenho infantil para interagir com a

realidade Explicita ainda a forma como se daacute a imaginaccedilatildeo que

promove maior comunicaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente em que vive

Mostra a relevacircncia do desenho e o motivo pelo qual este natildeo deve ser

considerado como algo menos importante para uma avaliaccedilatildeo

O segundo capiacutetulo se relaciona agrave construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica no

desenvolvimento infantil Apresenta a relaccedilatildeo entre graf ismo e a

escrita Algumas consideraccedilotildees necessaacuterias ao aprendizado infantil satildeo

apresentadas em um terceiro capiacutetulo que apresenta tambeacutem

exemplos que revelam as etapas do graf ismo

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Este estudo pretende se aliar a tantos outros que percebem a

educaccedilatildeo de forma mais contextualizada e menos tradicional Eacute

fundamental se ter maior atenccedilatildeo agraves formas variadas de avaliaccedilatildeo e

ver o graf ismo infantil como uma ferramenta relevante que pode se unir

a outras praacutet icas pedagoacutegicas no intuito de engrandecer a relaccedilatildeo

entre o aluno e o professor

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CAPIacuteTULO I

A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO

O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a

crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos

modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade

que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou

qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia

da crianccedila se expressa Wallon af irma

A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)

Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo

paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com

surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o

momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto

eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem

expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo

graacutef ico-plaacutest ica

A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente

e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade

expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias

que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e

o que estaacute representado no papel

Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas

e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto

desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e

compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos

rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil

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O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e

sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se

torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O

ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo

a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma

O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)

De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da

realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis

que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho

e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de

acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de

mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma

diferente pelo ldquoart istardquo

Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu

universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas

vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de

emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente

tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos

Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes

Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de

elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de

que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave

crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo

protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as

histoacuterias do cot idiano por meio das imagens

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O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba

por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente

Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da

exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de

mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade

A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas

vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua

identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila

consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O

desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o

desenvolvimento do indiviacuteduo

Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona

outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade

indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do

imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda

natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer

correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo

Para Lowenfeld e Brittain

( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)

O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade

Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa

com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos

objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem

sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de

transmissatildeo de ideias

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O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e

projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo

do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a

vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A

accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja

necessariamente condicionado por estiacutemulos externos

Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo

desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)

Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)

Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com

a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis

de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir

modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria

tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e

consequumlentemente a sua produccedilatildeo

Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que

podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo

desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a

impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O

caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute

potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos

sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado

diferenciado

15

A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que

suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser

respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico

da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando

no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil

O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a

f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a

compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como

primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e

as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e

seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica

Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise

do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o

educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da

representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o

educando

Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de

perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido

sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma

avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para

interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de

perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos

seus educandos

11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no

proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem

com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o

estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a

probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas

jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade

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O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos

ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia

a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de

se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l

Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a

expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que

possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e

vir Derdyk (1989) destaca que

A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)

O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes

demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os

limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos

visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o

conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base

para a experiecircncia esteacutetica

No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em

formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila

vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos

mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras

manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de

proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de

preocupaccedilatildeo

As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo

objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo

Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou

[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

17

Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do

graf ismo infantil em

(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao

simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se

totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao

que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas

(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel

perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior

elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que

identif icam os objetos representados

(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo

mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no

entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume

(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem

plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo

e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho

Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do

graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as

idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em

uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique

atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da

crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento

(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em

a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo

respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e

o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser

materiais resistentes grandes e grossos

18

b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem

contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares

tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos

movimentos da matildeo

c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos

Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil

se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo

narrados

(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por

um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em

a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo

grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na

vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a

essas f iguras

b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho

Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for

desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da

f igura desenhada

c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma

aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel

mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD

1954 p39)

A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora

dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira

como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos

desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da

crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo

19

A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores

a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que

questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma

ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila

Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito

em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos

desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute

na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta

do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia

20

CAPIacuteTULO II

A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL

A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da

identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos

Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual

emocional e perceptivo

[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)

A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996

estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil

seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas

de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a

seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas

anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil

A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser

descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador

da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus

alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber

seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de

acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele

compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas

fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a

oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias

artiacutest icas

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

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Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 2: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

GRADUACcedilAtildeO

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL

Apresentaccedilatildeo de monografia ao Instituto A Vez do Mestre Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenccedilatildeo de grau na graduaccedilatildeo em Pedagogia Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees

Rio de Janeiro

2010

DEDICATOacuteRIA

Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em mim

Agraves minhas f i lhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor dos vinte e poucos anos

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e compreensatildeo Obrigada por fazer parte da minha vida por ser essa grande pessoa que vocecirc eacute Te amo muito

Agradeccedilo agraves minhas duas f i lhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles foram muito importantes para a real izaccedilatildeo dessa graduaccedilatildeo Amo muito vocecircs

Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo

E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo

Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva

E se faccedilo chover com dois r iscos tenho um guarda-chuva

Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel

Num instante imagino uma l inda gaivota a voar no ceacuteu

AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais

RESUMO

Esta monograf ia aborda o tema do graf ismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a importacircncia de se trabalhar com o luacutedico de forma a motivar o processo evolut ivo na infacircncia O desenho se apresenta como uma importante ferramenta para a interaccedilatildeo do aluno sendo o professor responsaacutevel por dar o devido cuidado as diversas etapas do graf ismo que tambeacutem satildeo abordadas no estudo em questatildeo A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica eacute fundamental ao desenvolvimento infantil por trabalhar com a imaginaccedilatildeo auxil iando a crianccedila a se relacionar com ela com outros e com o ambiente em que vive Atraveacutes da arte criativa do graf ismo a crianccedila expressa seu universo revelando o seu conhecimento do mundo Simultaneamente se datildeo outras manifestaccedilotildees que possibil itam que ela caminhe pelo imaginaacuterio engrandecendo o seu processo de aprendizagem O estudo reuacutene bibliograf ia pertinente e pretende se aliar a tantos outros que primam pela excelecircncia da educaccedilatildeo atraveacutes de ferramentas criativas e de avaliaccedilotildees mais contextualizadas Palavras chave Graf ismo Educaccedilatildeo Desenho Crianccedila

METODOLOGIA

A Metodologia adotada buscou a exploraccedilatildeo do tema com fontes

bibl iograacutef icas contidas em l ivros publicaccedilotildees revistas especializadas

artigos e sites eletrocircnicos

A bibl iograf ia baacutesica foi composta de livros sugeridos pelo

orientador e dos principais autores que abordam o tema Foram uacuteteis

alguns trabalhos acadecircmicos realizados durante o curso de graduaccedilatildeo

e a proacutepria experiecircncia da autora Os textos disponibil izados pelo curso

foram tambeacutem objeto de anaacutelise

Apoacutes levantamento dos conteuacutedos a serem analisados no

presente trabalho foram cumpridas as seguintes etapas

bull Elaborada a primeira redaccedilatildeo da monograf ia

bull Anaacutelise do conteuacutedo redigido e submetida a avaliaccedilatildeo da

orientadora

bull Redaccedilatildeo definit iva da monograf ia

bull Formataccedilatildeo e arte f inal do conteuacutedo

bull Revisatildeo geral da monograf ia

bull Entrega do trabalho na UCAM

Esta metodologia foi rigorosamente observada e os resultados

aparecem no texto f inal que compreende a presente monograf ia

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtilde0 9

CAPIacuteTULO I - A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO 11

11- As Etapas do Graf ismo e o Desenvolvimento Infantil 15

CAPIacuteTULO II - A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA

INFANTIL 20

21- O graf ismo como exerciacutecio de autonomia 22

22- A relaccedilatildeo entre o graf ismo e a escrita 25

CAPIacuteTULO III - A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO GRAFISMO 28

31- Sobre a Aprendizagem Infantil 28

32- Recursos pedagoacutegicos direcionados ao Graf ismo Infantil 29

33- Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do graf ismo 30

34- Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Graf ismo 32

35- A evoluccedilatildeo do graf ismo para Piaget 35

CONCLUSAtildeO 40

REFEREcircNCIAS 41

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 43

9

INTRODUCcedilAtildeO

Vivemos em uma eacutepoca de mudanccedilas constantes e natildeo haacute como

negar que este processo de aceleraccedilatildeo eacute sentido em todos os acircmbitos

da sociedade Vale notar que educar nos dias de hoje necessita de

atenccedilatildeo as constantes mutaccedilotildees do mundo poacutes-moderno Eacute um desafio

aos educadores que necessitam quebrar barreiras relacionadas ao

sistema de ensino que ainda possui aspectos obsoletos

Este trabalho tem como objetivo ressaltar a importacircncia do estudo

do graf ismo infantil ao se trabalhar o luacutedico em funccedilatildeo do

desenvolvimento da crianccedila O desenho aparece de maneira

espontacircnea e revela muito sobre o processo evolutivo da crianccedila

Signif ica uma importante fonte de comunicaccedilatildeo na qual a crianccedila se

expressa mediante representaccedilotildees simboacutelicas que ela entende como

desenhosJust if ica-se a escolha do tema por ser o graf ismo infantil uma

ferramenta uacutetil para a mediccedilatildeo do aprendizado e principalmente como

motivador do mesmo Outra razatildeo da escolha do tema eacute o interesse do

autor no assunto do estudo aqui apresentado O trabalho consiste em

trecircs capiacutetulos que visam atraveacutes da apresentaccedilatildeo de autores promover

maior colaboraccedilatildeo agrave discussatildeo do assunto

O primeiro capiacutetulo trata da arte criativa do graf ismo e relata a

forma como a crianccedila faz uso do desenho infantil para interagir com a

realidade Explicita ainda a forma como se daacute a imaginaccedilatildeo que

promove maior comunicaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente em que vive

Mostra a relevacircncia do desenho e o motivo pelo qual este natildeo deve ser

considerado como algo menos importante para uma avaliaccedilatildeo

O segundo capiacutetulo se relaciona agrave construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica no

desenvolvimento infantil Apresenta a relaccedilatildeo entre graf ismo e a

escrita Algumas consideraccedilotildees necessaacuterias ao aprendizado infantil satildeo

apresentadas em um terceiro capiacutetulo que apresenta tambeacutem

exemplos que revelam as etapas do graf ismo

10

Este estudo pretende se aliar a tantos outros que percebem a

educaccedilatildeo de forma mais contextualizada e menos tradicional Eacute

fundamental se ter maior atenccedilatildeo agraves formas variadas de avaliaccedilatildeo e

ver o graf ismo infantil como uma ferramenta relevante que pode se unir

a outras praacutet icas pedagoacutegicas no intuito de engrandecer a relaccedilatildeo

entre o aluno e o professor

11

CAPIacuteTULO I

A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO

O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a

crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos

modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade

que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou

qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia

da crianccedila se expressa Wallon af irma

A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)

Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo

paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com

surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o

momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto

eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem

expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo

graacutef ico-plaacutest ica

A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente

e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade

expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias

que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e

o que estaacute representado no papel

Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas

e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto

desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e

compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos

rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil

12

O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e

sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se

torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O

ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo

a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma

O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)

De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da

realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis

que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho

e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de

acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de

mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma

diferente pelo ldquoart istardquo

Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu

universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas

vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de

emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente

tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos

Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes

Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de

elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de

que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave

crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo

protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as

histoacuterias do cot idiano por meio das imagens

13

O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba

por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente

Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da

exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de

mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade

A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas

vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua

identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila

consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O

desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o

desenvolvimento do indiviacuteduo

Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona

outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade

indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do

imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda

natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer

correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo

Para Lowenfeld e Brittain

( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)

O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade

Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa

com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos

objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem

sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de

transmissatildeo de ideias

14

O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e

projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo

do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a

vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A

accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja

necessariamente condicionado por estiacutemulos externos

Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo

desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)

Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)

Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com

a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis

de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir

modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria

tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e

consequumlentemente a sua produccedilatildeo

Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que

podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo

desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a

impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O

caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute

potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos

sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado

diferenciado

15

A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que

suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser

respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico

da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando

no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil

O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a

f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a

compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como

primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e

as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e

seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica

Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise

do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o

educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da

representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o

educando

Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de

perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido

sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma

avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para

interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de

perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos

seus educandos

11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no

proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem

com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o

estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a

probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas

jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade

16

O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos

ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia

a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de

se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l

Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a

expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que

possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e

vir Derdyk (1989) destaca que

A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)

O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes

demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os

limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos

visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o

conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base

para a experiecircncia esteacutetica

No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em

formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila

vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos

mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras

manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de

proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de

preocupaccedilatildeo

As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo

objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo

Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou

[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

17

Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do

graf ismo infantil em

(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao

simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se

totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao

que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas

(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel

perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior

elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que

identif icam os objetos representados

(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo

mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no

entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume

(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem

plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo

e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho

Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do

graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as

idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em

uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique

atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da

crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento

(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em

a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo

respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e

o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser

materiais resistentes grandes e grossos

18

b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem

contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares

tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos

movimentos da matildeo

c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos

Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil

se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo

narrados

(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por

um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em

a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo

grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na

vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a

essas f iguras

b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho

Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for

desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da

f igura desenhada

c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma

aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel

mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD

1954 p39)

A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora

dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira

como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos

desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da

crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo

19

A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores

a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que

questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma

ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila

Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito

em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos

desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute

na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta

do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia

20

CAPIacuteTULO II

A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL

A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da

identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos

Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual

emocional e perceptivo

[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)

A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996

estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil

seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas

de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a

seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas

anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil

A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser

descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador

da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus

alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber

seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de

acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele

compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas

fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a

oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias

artiacutest icas

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 3: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

DEDICATOacuteRIA

Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em mim

Agraves minhas f i lhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor dos vinte e poucos anos

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e compreensatildeo Obrigada por fazer parte da minha vida por ser essa grande pessoa que vocecirc eacute Te amo muito

Agradeccedilo agraves minhas duas f i lhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles foram muito importantes para a real izaccedilatildeo dessa graduaccedilatildeo Amo muito vocecircs

Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo

E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo

Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva

E se faccedilo chover com dois r iscos tenho um guarda-chuva

Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel

Num instante imagino uma l inda gaivota a voar no ceacuteu

AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais

RESUMO

Esta monograf ia aborda o tema do graf ismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a importacircncia de se trabalhar com o luacutedico de forma a motivar o processo evolut ivo na infacircncia O desenho se apresenta como uma importante ferramenta para a interaccedilatildeo do aluno sendo o professor responsaacutevel por dar o devido cuidado as diversas etapas do graf ismo que tambeacutem satildeo abordadas no estudo em questatildeo A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica eacute fundamental ao desenvolvimento infantil por trabalhar com a imaginaccedilatildeo auxil iando a crianccedila a se relacionar com ela com outros e com o ambiente em que vive Atraveacutes da arte criativa do graf ismo a crianccedila expressa seu universo revelando o seu conhecimento do mundo Simultaneamente se datildeo outras manifestaccedilotildees que possibil itam que ela caminhe pelo imaginaacuterio engrandecendo o seu processo de aprendizagem O estudo reuacutene bibliograf ia pertinente e pretende se aliar a tantos outros que primam pela excelecircncia da educaccedilatildeo atraveacutes de ferramentas criativas e de avaliaccedilotildees mais contextualizadas Palavras chave Graf ismo Educaccedilatildeo Desenho Crianccedila

METODOLOGIA

A Metodologia adotada buscou a exploraccedilatildeo do tema com fontes

bibl iograacutef icas contidas em l ivros publicaccedilotildees revistas especializadas

artigos e sites eletrocircnicos

A bibl iograf ia baacutesica foi composta de livros sugeridos pelo

orientador e dos principais autores que abordam o tema Foram uacuteteis

alguns trabalhos acadecircmicos realizados durante o curso de graduaccedilatildeo

e a proacutepria experiecircncia da autora Os textos disponibil izados pelo curso

foram tambeacutem objeto de anaacutelise

Apoacutes levantamento dos conteuacutedos a serem analisados no

presente trabalho foram cumpridas as seguintes etapas

bull Elaborada a primeira redaccedilatildeo da monograf ia

bull Anaacutelise do conteuacutedo redigido e submetida a avaliaccedilatildeo da

orientadora

bull Redaccedilatildeo definit iva da monograf ia

bull Formataccedilatildeo e arte f inal do conteuacutedo

bull Revisatildeo geral da monograf ia

bull Entrega do trabalho na UCAM

Esta metodologia foi rigorosamente observada e os resultados

aparecem no texto f inal que compreende a presente monograf ia

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtilde0 9

CAPIacuteTULO I - A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO 11

11- As Etapas do Graf ismo e o Desenvolvimento Infantil 15

CAPIacuteTULO II - A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA

INFANTIL 20

21- O graf ismo como exerciacutecio de autonomia 22

22- A relaccedilatildeo entre o graf ismo e a escrita 25

CAPIacuteTULO III - A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO GRAFISMO 28

31- Sobre a Aprendizagem Infantil 28

32- Recursos pedagoacutegicos direcionados ao Graf ismo Infantil 29

33- Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do graf ismo 30

34- Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Graf ismo 32

35- A evoluccedilatildeo do graf ismo para Piaget 35

CONCLUSAtildeO 40

REFEREcircNCIAS 41

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 43

9

INTRODUCcedilAtildeO

Vivemos em uma eacutepoca de mudanccedilas constantes e natildeo haacute como

negar que este processo de aceleraccedilatildeo eacute sentido em todos os acircmbitos

da sociedade Vale notar que educar nos dias de hoje necessita de

atenccedilatildeo as constantes mutaccedilotildees do mundo poacutes-moderno Eacute um desafio

aos educadores que necessitam quebrar barreiras relacionadas ao

sistema de ensino que ainda possui aspectos obsoletos

Este trabalho tem como objetivo ressaltar a importacircncia do estudo

do graf ismo infantil ao se trabalhar o luacutedico em funccedilatildeo do

desenvolvimento da crianccedila O desenho aparece de maneira

espontacircnea e revela muito sobre o processo evolutivo da crianccedila

Signif ica uma importante fonte de comunicaccedilatildeo na qual a crianccedila se

expressa mediante representaccedilotildees simboacutelicas que ela entende como

desenhosJust if ica-se a escolha do tema por ser o graf ismo infantil uma

ferramenta uacutetil para a mediccedilatildeo do aprendizado e principalmente como

motivador do mesmo Outra razatildeo da escolha do tema eacute o interesse do

autor no assunto do estudo aqui apresentado O trabalho consiste em

trecircs capiacutetulos que visam atraveacutes da apresentaccedilatildeo de autores promover

maior colaboraccedilatildeo agrave discussatildeo do assunto

O primeiro capiacutetulo trata da arte criativa do graf ismo e relata a

forma como a crianccedila faz uso do desenho infantil para interagir com a

realidade Explicita ainda a forma como se daacute a imaginaccedilatildeo que

promove maior comunicaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente em que vive

Mostra a relevacircncia do desenho e o motivo pelo qual este natildeo deve ser

considerado como algo menos importante para uma avaliaccedilatildeo

O segundo capiacutetulo se relaciona agrave construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica no

desenvolvimento infantil Apresenta a relaccedilatildeo entre graf ismo e a

escrita Algumas consideraccedilotildees necessaacuterias ao aprendizado infantil satildeo

apresentadas em um terceiro capiacutetulo que apresenta tambeacutem

exemplos que revelam as etapas do graf ismo

10

Este estudo pretende se aliar a tantos outros que percebem a

educaccedilatildeo de forma mais contextualizada e menos tradicional Eacute

fundamental se ter maior atenccedilatildeo agraves formas variadas de avaliaccedilatildeo e

ver o graf ismo infantil como uma ferramenta relevante que pode se unir

a outras praacutet icas pedagoacutegicas no intuito de engrandecer a relaccedilatildeo

entre o aluno e o professor

11

CAPIacuteTULO I

A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO

O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a

crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos

modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade

que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou

qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia

da crianccedila se expressa Wallon af irma

A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)

Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo

paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com

surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o

momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto

eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem

expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo

graacutef ico-plaacutest ica

A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente

e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade

expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias

que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e

o que estaacute representado no papel

Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas

e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto

desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e

compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos

rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil

12

O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e

sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se

torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O

ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo

a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma

O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)

De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da

realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis

que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho

e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de

acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de

mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma

diferente pelo ldquoart istardquo

Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu

universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas

vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de

emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente

tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos

Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes

Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de

elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de

que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave

crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo

protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as

histoacuterias do cot idiano por meio das imagens

13

O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba

por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente

Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da

exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de

mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade

A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas

vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua

identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila

consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O

desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o

desenvolvimento do indiviacuteduo

Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona

outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade

indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do

imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda

natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer

correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo

Para Lowenfeld e Brittain

( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)

O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade

Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa

com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos

objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem

sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de

transmissatildeo de ideias

14

O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e

projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo

do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a

vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A

accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja

necessariamente condicionado por estiacutemulos externos

Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo

desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)

Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)

Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com

a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis

de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir

modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria

tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e

consequumlentemente a sua produccedilatildeo

Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que

podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo

desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a

impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O

caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute

potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos

sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado

diferenciado

15

A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que

suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser

respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico

da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando

no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil

O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a

f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a

compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como

primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e

as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e

seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica

Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise

do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o

educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da

representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o

educando

Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de

perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido

sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma

avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para

interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de

perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos

seus educandos

11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no

proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem

com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o

estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a

probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas

jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade

16

O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos

ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia

a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de

se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l

Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a

expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que

possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e

vir Derdyk (1989) destaca que

A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)

O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes

demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os

limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos

visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o

conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base

para a experiecircncia esteacutetica

No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em

formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila

vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos

mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras

manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de

proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de

preocupaccedilatildeo

As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo

objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo

Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou

[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

17

Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do

graf ismo infantil em

(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao

simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se

totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao

que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas

(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel

perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior

elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que

identif icam os objetos representados

(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo

mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no

entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume

(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem

plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo

e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho

Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do

graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as

idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em

uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique

atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da

crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento

(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em

a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo

respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e

o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser

materiais resistentes grandes e grossos

18

b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem

contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares

tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos

movimentos da matildeo

c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos

Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil

se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo

narrados

(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por

um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em

a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo

grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na

vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a

essas f iguras

b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho

Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for

desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da

f igura desenhada

c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma

aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel

mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD

1954 p39)

A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora

dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira

como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos

desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da

crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo

19

A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores

a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que

questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma

ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila

Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito

em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos

desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute

na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta

do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia

20

CAPIacuteTULO II

A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL

A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da

identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos

Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual

emocional e perceptivo

[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)

A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996

estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil

seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas

de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a

seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas

anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil

A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser

descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador

da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus

alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber

seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de

acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele

compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas

fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a

oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias

artiacutest icas

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 4: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e compreensatildeo Obrigada por fazer parte da minha vida por ser essa grande pessoa que vocecirc eacute Te amo muito

Agradeccedilo agraves minhas duas f i lhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles foram muito importantes para a real izaccedilatildeo dessa graduaccedilatildeo Amo muito vocecircs

Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo

E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo

Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva

E se faccedilo chover com dois r iscos tenho um guarda-chuva

Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel

Num instante imagino uma l inda gaivota a voar no ceacuteu

AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais

RESUMO

Esta monograf ia aborda o tema do graf ismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a importacircncia de se trabalhar com o luacutedico de forma a motivar o processo evolut ivo na infacircncia O desenho se apresenta como uma importante ferramenta para a interaccedilatildeo do aluno sendo o professor responsaacutevel por dar o devido cuidado as diversas etapas do graf ismo que tambeacutem satildeo abordadas no estudo em questatildeo A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica eacute fundamental ao desenvolvimento infantil por trabalhar com a imaginaccedilatildeo auxil iando a crianccedila a se relacionar com ela com outros e com o ambiente em que vive Atraveacutes da arte criativa do graf ismo a crianccedila expressa seu universo revelando o seu conhecimento do mundo Simultaneamente se datildeo outras manifestaccedilotildees que possibil itam que ela caminhe pelo imaginaacuterio engrandecendo o seu processo de aprendizagem O estudo reuacutene bibliograf ia pertinente e pretende se aliar a tantos outros que primam pela excelecircncia da educaccedilatildeo atraveacutes de ferramentas criativas e de avaliaccedilotildees mais contextualizadas Palavras chave Graf ismo Educaccedilatildeo Desenho Crianccedila

METODOLOGIA

A Metodologia adotada buscou a exploraccedilatildeo do tema com fontes

bibl iograacutef icas contidas em l ivros publicaccedilotildees revistas especializadas

artigos e sites eletrocircnicos

A bibl iograf ia baacutesica foi composta de livros sugeridos pelo

orientador e dos principais autores que abordam o tema Foram uacuteteis

alguns trabalhos acadecircmicos realizados durante o curso de graduaccedilatildeo

e a proacutepria experiecircncia da autora Os textos disponibil izados pelo curso

foram tambeacutem objeto de anaacutelise

Apoacutes levantamento dos conteuacutedos a serem analisados no

presente trabalho foram cumpridas as seguintes etapas

bull Elaborada a primeira redaccedilatildeo da monograf ia

bull Anaacutelise do conteuacutedo redigido e submetida a avaliaccedilatildeo da

orientadora

bull Redaccedilatildeo definit iva da monograf ia

bull Formataccedilatildeo e arte f inal do conteuacutedo

bull Revisatildeo geral da monograf ia

bull Entrega do trabalho na UCAM

Esta metodologia foi rigorosamente observada e os resultados

aparecem no texto f inal que compreende a presente monograf ia

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtilde0 9

CAPIacuteTULO I - A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO 11

11- As Etapas do Graf ismo e o Desenvolvimento Infantil 15

CAPIacuteTULO II - A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA

INFANTIL 20

21- O graf ismo como exerciacutecio de autonomia 22

22- A relaccedilatildeo entre o graf ismo e a escrita 25

CAPIacuteTULO III - A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO GRAFISMO 28

31- Sobre a Aprendizagem Infantil 28

32- Recursos pedagoacutegicos direcionados ao Graf ismo Infantil 29

33- Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do graf ismo 30

34- Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Graf ismo 32

35- A evoluccedilatildeo do graf ismo para Piaget 35

CONCLUSAtildeO 40

REFEREcircNCIAS 41

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 43

9

INTRODUCcedilAtildeO

Vivemos em uma eacutepoca de mudanccedilas constantes e natildeo haacute como

negar que este processo de aceleraccedilatildeo eacute sentido em todos os acircmbitos

da sociedade Vale notar que educar nos dias de hoje necessita de

atenccedilatildeo as constantes mutaccedilotildees do mundo poacutes-moderno Eacute um desafio

aos educadores que necessitam quebrar barreiras relacionadas ao

sistema de ensino que ainda possui aspectos obsoletos

Este trabalho tem como objetivo ressaltar a importacircncia do estudo

do graf ismo infantil ao se trabalhar o luacutedico em funccedilatildeo do

desenvolvimento da crianccedila O desenho aparece de maneira

espontacircnea e revela muito sobre o processo evolutivo da crianccedila

Signif ica uma importante fonte de comunicaccedilatildeo na qual a crianccedila se

expressa mediante representaccedilotildees simboacutelicas que ela entende como

desenhosJust if ica-se a escolha do tema por ser o graf ismo infantil uma

ferramenta uacutetil para a mediccedilatildeo do aprendizado e principalmente como

motivador do mesmo Outra razatildeo da escolha do tema eacute o interesse do

autor no assunto do estudo aqui apresentado O trabalho consiste em

trecircs capiacutetulos que visam atraveacutes da apresentaccedilatildeo de autores promover

maior colaboraccedilatildeo agrave discussatildeo do assunto

O primeiro capiacutetulo trata da arte criativa do graf ismo e relata a

forma como a crianccedila faz uso do desenho infantil para interagir com a

realidade Explicita ainda a forma como se daacute a imaginaccedilatildeo que

promove maior comunicaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente em que vive

Mostra a relevacircncia do desenho e o motivo pelo qual este natildeo deve ser

considerado como algo menos importante para uma avaliaccedilatildeo

O segundo capiacutetulo se relaciona agrave construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica no

desenvolvimento infantil Apresenta a relaccedilatildeo entre graf ismo e a

escrita Algumas consideraccedilotildees necessaacuterias ao aprendizado infantil satildeo

apresentadas em um terceiro capiacutetulo que apresenta tambeacutem

exemplos que revelam as etapas do graf ismo

10

Este estudo pretende se aliar a tantos outros que percebem a

educaccedilatildeo de forma mais contextualizada e menos tradicional Eacute

fundamental se ter maior atenccedilatildeo agraves formas variadas de avaliaccedilatildeo e

ver o graf ismo infantil como uma ferramenta relevante que pode se unir

a outras praacutet icas pedagoacutegicas no intuito de engrandecer a relaccedilatildeo

entre o aluno e o professor

11

CAPIacuteTULO I

A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO

O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a

crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos

modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade

que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou

qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia

da crianccedila se expressa Wallon af irma

A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)

Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo

paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com

surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o

momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto

eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem

expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo

graacutef ico-plaacutest ica

A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente

e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade

expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias

que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e

o que estaacute representado no papel

Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas

e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto

desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e

compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos

rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil

12

O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e

sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se

torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O

ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo

a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma

O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)

De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da

realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis

que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho

e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de

acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de

mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma

diferente pelo ldquoart istardquo

Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu

universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas

vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de

emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente

tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos

Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes

Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de

elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de

que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave

crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo

protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as

histoacuterias do cot idiano por meio das imagens

13

O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba

por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente

Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da

exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de

mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade

A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas

vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua

identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila

consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O

desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o

desenvolvimento do indiviacuteduo

Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona

outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade

indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do

imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda

natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer

correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo

Para Lowenfeld e Brittain

( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)

O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade

Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa

com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos

objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem

sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de

transmissatildeo de ideias

14

O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e

projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo

do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a

vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A

accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja

necessariamente condicionado por estiacutemulos externos

Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo

desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)

Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)

Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com

a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis

de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir

modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria

tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e

consequumlentemente a sua produccedilatildeo

Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que

podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo

desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a

impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O

caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute

potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos

sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado

diferenciado

15

A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que

suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser

respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico

da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando

no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil

O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a

f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a

compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como

primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e

as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e

seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica

Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise

do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o

educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da

representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o

educando

Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de

perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido

sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma

avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para

interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de

perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos

seus educandos

11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no

proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem

com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o

estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a

probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas

jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade

16

O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos

ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia

a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de

se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l

Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a

expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que

possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e

vir Derdyk (1989) destaca que

A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)

O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes

demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os

limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos

visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o

conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base

para a experiecircncia esteacutetica

No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em

formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila

vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos

mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras

manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de

proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de

preocupaccedilatildeo

As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo

objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo

Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou

[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

17

Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do

graf ismo infantil em

(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao

simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se

totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao

que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas

(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel

perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior

elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que

identif icam os objetos representados

(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo

mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no

entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume

(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem

plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo

e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho

Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do

graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as

idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em

uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique

atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da

crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento

(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em

a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo

respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e

o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser

materiais resistentes grandes e grossos

18

b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem

contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares

tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos

movimentos da matildeo

c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos

Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil

se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo

narrados

(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por

um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em

a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo

grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na

vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a

essas f iguras

b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho

Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for

desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da

f igura desenhada

c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma

aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel

mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD

1954 p39)

A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora

dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira

como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos

desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da

crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo

19

A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores

a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que

questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma

ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila

Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito

em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos

desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute

na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta

do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia

20

CAPIacuteTULO II

A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL

A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da

identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos

Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual

emocional e perceptivo

[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)

A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996

estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil

seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas

de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a

seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas

anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil

A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser

descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador

da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus

alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber

seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de

acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele

compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas

fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a

oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias

artiacutest icas

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 5: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo

E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo

Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva

E se faccedilo chover com dois r iscos tenho um guarda-chuva

Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel

Num instante imagino uma l inda gaivota a voar no ceacuteu

AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais

RESUMO

Esta monograf ia aborda o tema do graf ismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a importacircncia de se trabalhar com o luacutedico de forma a motivar o processo evolut ivo na infacircncia O desenho se apresenta como uma importante ferramenta para a interaccedilatildeo do aluno sendo o professor responsaacutevel por dar o devido cuidado as diversas etapas do graf ismo que tambeacutem satildeo abordadas no estudo em questatildeo A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica eacute fundamental ao desenvolvimento infantil por trabalhar com a imaginaccedilatildeo auxil iando a crianccedila a se relacionar com ela com outros e com o ambiente em que vive Atraveacutes da arte criativa do graf ismo a crianccedila expressa seu universo revelando o seu conhecimento do mundo Simultaneamente se datildeo outras manifestaccedilotildees que possibil itam que ela caminhe pelo imaginaacuterio engrandecendo o seu processo de aprendizagem O estudo reuacutene bibliograf ia pertinente e pretende se aliar a tantos outros que primam pela excelecircncia da educaccedilatildeo atraveacutes de ferramentas criativas e de avaliaccedilotildees mais contextualizadas Palavras chave Graf ismo Educaccedilatildeo Desenho Crianccedila

METODOLOGIA

A Metodologia adotada buscou a exploraccedilatildeo do tema com fontes

bibl iograacutef icas contidas em l ivros publicaccedilotildees revistas especializadas

artigos e sites eletrocircnicos

A bibl iograf ia baacutesica foi composta de livros sugeridos pelo

orientador e dos principais autores que abordam o tema Foram uacuteteis

alguns trabalhos acadecircmicos realizados durante o curso de graduaccedilatildeo

e a proacutepria experiecircncia da autora Os textos disponibil izados pelo curso

foram tambeacutem objeto de anaacutelise

Apoacutes levantamento dos conteuacutedos a serem analisados no

presente trabalho foram cumpridas as seguintes etapas

bull Elaborada a primeira redaccedilatildeo da monograf ia

bull Anaacutelise do conteuacutedo redigido e submetida a avaliaccedilatildeo da

orientadora

bull Redaccedilatildeo definit iva da monograf ia

bull Formataccedilatildeo e arte f inal do conteuacutedo

bull Revisatildeo geral da monograf ia

bull Entrega do trabalho na UCAM

Esta metodologia foi rigorosamente observada e os resultados

aparecem no texto f inal que compreende a presente monograf ia

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtilde0 9

CAPIacuteTULO I - A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO 11

11- As Etapas do Graf ismo e o Desenvolvimento Infantil 15

CAPIacuteTULO II - A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA

INFANTIL 20

21- O graf ismo como exerciacutecio de autonomia 22

22- A relaccedilatildeo entre o graf ismo e a escrita 25

CAPIacuteTULO III - A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO GRAFISMO 28

31- Sobre a Aprendizagem Infantil 28

32- Recursos pedagoacutegicos direcionados ao Graf ismo Infantil 29

33- Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do graf ismo 30

34- Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Graf ismo 32

35- A evoluccedilatildeo do graf ismo para Piaget 35

CONCLUSAtildeO 40

REFEREcircNCIAS 41

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 43

9

INTRODUCcedilAtildeO

Vivemos em uma eacutepoca de mudanccedilas constantes e natildeo haacute como

negar que este processo de aceleraccedilatildeo eacute sentido em todos os acircmbitos

da sociedade Vale notar que educar nos dias de hoje necessita de

atenccedilatildeo as constantes mutaccedilotildees do mundo poacutes-moderno Eacute um desafio

aos educadores que necessitam quebrar barreiras relacionadas ao

sistema de ensino que ainda possui aspectos obsoletos

Este trabalho tem como objetivo ressaltar a importacircncia do estudo

do graf ismo infantil ao se trabalhar o luacutedico em funccedilatildeo do

desenvolvimento da crianccedila O desenho aparece de maneira

espontacircnea e revela muito sobre o processo evolutivo da crianccedila

Signif ica uma importante fonte de comunicaccedilatildeo na qual a crianccedila se

expressa mediante representaccedilotildees simboacutelicas que ela entende como

desenhosJust if ica-se a escolha do tema por ser o graf ismo infantil uma

ferramenta uacutetil para a mediccedilatildeo do aprendizado e principalmente como

motivador do mesmo Outra razatildeo da escolha do tema eacute o interesse do

autor no assunto do estudo aqui apresentado O trabalho consiste em

trecircs capiacutetulos que visam atraveacutes da apresentaccedilatildeo de autores promover

maior colaboraccedilatildeo agrave discussatildeo do assunto

O primeiro capiacutetulo trata da arte criativa do graf ismo e relata a

forma como a crianccedila faz uso do desenho infantil para interagir com a

realidade Explicita ainda a forma como se daacute a imaginaccedilatildeo que

promove maior comunicaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente em que vive

Mostra a relevacircncia do desenho e o motivo pelo qual este natildeo deve ser

considerado como algo menos importante para uma avaliaccedilatildeo

O segundo capiacutetulo se relaciona agrave construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica no

desenvolvimento infantil Apresenta a relaccedilatildeo entre graf ismo e a

escrita Algumas consideraccedilotildees necessaacuterias ao aprendizado infantil satildeo

apresentadas em um terceiro capiacutetulo que apresenta tambeacutem

exemplos que revelam as etapas do graf ismo

10

Este estudo pretende se aliar a tantos outros que percebem a

educaccedilatildeo de forma mais contextualizada e menos tradicional Eacute

fundamental se ter maior atenccedilatildeo agraves formas variadas de avaliaccedilatildeo e

ver o graf ismo infantil como uma ferramenta relevante que pode se unir

a outras praacutet icas pedagoacutegicas no intuito de engrandecer a relaccedilatildeo

entre o aluno e o professor

11

CAPIacuteTULO I

A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO

O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a

crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos

modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade

que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou

qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia

da crianccedila se expressa Wallon af irma

A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)

Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo

paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com

surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o

momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto

eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem

expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo

graacutef ico-plaacutest ica

A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente

e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade

expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias

que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e

o que estaacute representado no papel

Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas

e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto

desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e

compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos

rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil

12

O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e

sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se

torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O

ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo

a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma

O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)

De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da

realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis

que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho

e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de

acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de

mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma

diferente pelo ldquoart istardquo

Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu

universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas

vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de

emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente

tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos

Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes

Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de

elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de

que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave

crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo

protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as

histoacuterias do cot idiano por meio das imagens

13

O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba

por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente

Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da

exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de

mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade

A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas

vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua

identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila

consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O

desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o

desenvolvimento do indiviacuteduo

Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona

outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade

indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do

imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda

natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer

correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo

Para Lowenfeld e Brittain

( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)

O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade

Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa

com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos

objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem

sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de

transmissatildeo de ideias

14

O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e

projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo

do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a

vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A

accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja

necessariamente condicionado por estiacutemulos externos

Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo

desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)

Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)

Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com

a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis

de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir

modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria

tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e

consequumlentemente a sua produccedilatildeo

Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que

podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo

desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a

impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O

caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute

potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos

sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado

diferenciado

15

A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que

suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser

respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico

da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando

no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil

O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a

f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a

compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como

primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e

as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e

seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica

Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise

do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o

educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da

representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o

educando

Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de

perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido

sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma

avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para

interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de

perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos

seus educandos

11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no

proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem

com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o

estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a

probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas

jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade

16

O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos

ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia

a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de

se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l

Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a

expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que

possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e

vir Derdyk (1989) destaca que

A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)

O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes

demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os

limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos

visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o

conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base

para a experiecircncia esteacutetica

No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em

formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila

vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos

mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras

manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de

proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de

preocupaccedilatildeo

As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo

objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo

Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou

[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

17

Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do

graf ismo infantil em

(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao

simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se

totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao

que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas

(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel

perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior

elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que

identif icam os objetos representados

(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo

mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no

entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume

(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem

plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo

e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho

Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do

graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as

idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em

uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique

atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da

crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento

(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em

a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo

respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e

o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser

materiais resistentes grandes e grossos

18

b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem

contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares

tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos

movimentos da matildeo

c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos

Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil

se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo

narrados

(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por

um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em

a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo

grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na

vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a

essas f iguras

b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho

Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for

desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da

f igura desenhada

c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma

aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel

mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD

1954 p39)

A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora

dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira

como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos

desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da

crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo

19

A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores

a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que

questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma

ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila

Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito

em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos

desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute

na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta

do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia

20

CAPIacuteTULO II

A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL

A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da

identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos

Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual

emocional e perceptivo

[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)

A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996

estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil

seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas

de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a

seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas

anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil

A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser

descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador

da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus

alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber

seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de

acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele

compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas

fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a

oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias

artiacutest icas

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 6: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

RESUMO

Esta monograf ia aborda o tema do graf ismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a importacircncia de se trabalhar com o luacutedico de forma a motivar o processo evolut ivo na infacircncia O desenho se apresenta como uma importante ferramenta para a interaccedilatildeo do aluno sendo o professor responsaacutevel por dar o devido cuidado as diversas etapas do graf ismo que tambeacutem satildeo abordadas no estudo em questatildeo A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica eacute fundamental ao desenvolvimento infantil por trabalhar com a imaginaccedilatildeo auxil iando a crianccedila a se relacionar com ela com outros e com o ambiente em que vive Atraveacutes da arte criativa do graf ismo a crianccedila expressa seu universo revelando o seu conhecimento do mundo Simultaneamente se datildeo outras manifestaccedilotildees que possibil itam que ela caminhe pelo imaginaacuterio engrandecendo o seu processo de aprendizagem O estudo reuacutene bibliograf ia pertinente e pretende se aliar a tantos outros que primam pela excelecircncia da educaccedilatildeo atraveacutes de ferramentas criativas e de avaliaccedilotildees mais contextualizadas Palavras chave Graf ismo Educaccedilatildeo Desenho Crianccedila

METODOLOGIA

A Metodologia adotada buscou a exploraccedilatildeo do tema com fontes

bibl iograacutef icas contidas em l ivros publicaccedilotildees revistas especializadas

artigos e sites eletrocircnicos

A bibl iograf ia baacutesica foi composta de livros sugeridos pelo

orientador e dos principais autores que abordam o tema Foram uacuteteis

alguns trabalhos acadecircmicos realizados durante o curso de graduaccedilatildeo

e a proacutepria experiecircncia da autora Os textos disponibil izados pelo curso

foram tambeacutem objeto de anaacutelise

Apoacutes levantamento dos conteuacutedos a serem analisados no

presente trabalho foram cumpridas as seguintes etapas

bull Elaborada a primeira redaccedilatildeo da monograf ia

bull Anaacutelise do conteuacutedo redigido e submetida a avaliaccedilatildeo da

orientadora

bull Redaccedilatildeo definit iva da monograf ia

bull Formataccedilatildeo e arte f inal do conteuacutedo

bull Revisatildeo geral da monograf ia

bull Entrega do trabalho na UCAM

Esta metodologia foi rigorosamente observada e os resultados

aparecem no texto f inal que compreende a presente monograf ia

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtilde0 9

CAPIacuteTULO I - A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO 11

11- As Etapas do Graf ismo e o Desenvolvimento Infantil 15

CAPIacuteTULO II - A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA

INFANTIL 20

21- O graf ismo como exerciacutecio de autonomia 22

22- A relaccedilatildeo entre o graf ismo e a escrita 25

CAPIacuteTULO III - A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO GRAFISMO 28

31- Sobre a Aprendizagem Infantil 28

32- Recursos pedagoacutegicos direcionados ao Graf ismo Infantil 29

33- Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do graf ismo 30

34- Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Graf ismo 32

35- A evoluccedilatildeo do graf ismo para Piaget 35

CONCLUSAtildeO 40

REFEREcircNCIAS 41

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 43

9

INTRODUCcedilAtildeO

Vivemos em uma eacutepoca de mudanccedilas constantes e natildeo haacute como

negar que este processo de aceleraccedilatildeo eacute sentido em todos os acircmbitos

da sociedade Vale notar que educar nos dias de hoje necessita de

atenccedilatildeo as constantes mutaccedilotildees do mundo poacutes-moderno Eacute um desafio

aos educadores que necessitam quebrar barreiras relacionadas ao

sistema de ensino que ainda possui aspectos obsoletos

Este trabalho tem como objetivo ressaltar a importacircncia do estudo

do graf ismo infantil ao se trabalhar o luacutedico em funccedilatildeo do

desenvolvimento da crianccedila O desenho aparece de maneira

espontacircnea e revela muito sobre o processo evolutivo da crianccedila

Signif ica uma importante fonte de comunicaccedilatildeo na qual a crianccedila se

expressa mediante representaccedilotildees simboacutelicas que ela entende como

desenhosJust if ica-se a escolha do tema por ser o graf ismo infantil uma

ferramenta uacutetil para a mediccedilatildeo do aprendizado e principalmente como

motivador do mesmo Outra razatildeo da escolha do tema eacute o interesse do

autor no assunto do estudo aqui apresentado O trabalho consiste em

trecircs capiacutetulos que visam atraveacutes da apresentaccedilatildeo de autores promover

maior colaboraccedilatildeo agrave discussatildeo do assunto

O primeiro capiacutetulo trata da arte criativa do graf ismo e relata a

forma como a crianccedila faz uso do desenho infantil para interagir com a

realidade Explicita ainda a forma como se daacute a imaginaccedilatildeo que

promove maior comunicaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente em que vive

Mostra a relevacircncia do desenho e o motivo pelo qual este natildeo deve ser

considerado como algo menos importante para uma avaliaccedilatildeo

O segundo capiacutetulo se relaciona agrave construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica no

desenvolvimento infantil Apresenta a relaccedilatildeo entre graf ismo e a

escrita Algumas consideraccedilotildees necessaacuterias ao aprendizado infantil satildeo

apresentadas em um terceiro capiacutetulo que apresenta tambeacutem

exemplos que revelam as etapas do graf ismo

10

Este estudo pretende se aliar a tantos outros que percebem a

educaccedilatildeo de forma mais contextualizada e menos tradicional Eacute

fundamental se ter maior atenccedilatildeo agraves formas variadas de avaliaccedilatildeo e

ver o graf ismo infantil como uma ferramenta relevante que pode se unir

a outras praacutet icas pedagoacutegicas no intuito de engrandecer a relaccedilatildeo

entre o aluno e o professor

11

CAPIacuteTULO I

A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO

O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a

crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos

modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade

que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou

qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia

da crianccedila se expressa Wallon af irma

A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)

Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo

paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com

surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o

momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto

eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem

expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo

graacutef ico-plaacutest ica

A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente

e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade

expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias

que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e

o que estaacute representado no papel

Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas

e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto

desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e

compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos

rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil

12

O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e

sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se

torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O

ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo

a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma

O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)

De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da

realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis

que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho

e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de

acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de

mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma

diferente pelo ldquoart istardquo

Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu

universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas

vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de

emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente

tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos

Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes

Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de

elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de

que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave

crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo

protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as

histoacuterias do cot idiano por meio das imagens

13

O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba

por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente

Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da

exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de

mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade

A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas

vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua

identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila

consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O

desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o

desenvolvimento do indiviacuteduo

Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona

outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade

indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do

imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda

natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer

correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo

Para Lowenfeld e Brittain

( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)

O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade

Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa

com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos

objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem

sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de

transmissatildeo de ideias

14

O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e

projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo

do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a

vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A

accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja

necessariamente condicionado por estiacutemulos externos

Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo

desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)

Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)

Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com

a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis

de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir

modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria

tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e

consequumlentemente a sua produccedilatildeo

Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que

podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo

desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a

impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O

caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute

potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos

sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado

diferenciado

15

A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que

suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser

respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico

da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando

no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil

O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a

f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a

compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como

primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e

as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e

seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica

Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise

do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o

educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da

representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o

educando

Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de

perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido

sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma

avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para

interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de

perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos

seus educandos

11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no

proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem

com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o

estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a

probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas

jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade

16

O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos

ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia

a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de

se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l

Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a

expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que

possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e

vir Derdyk (1989) destaca que

A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)

O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes

demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os

limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos

visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o

conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base

para a experiecircncia esteacutetica

No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em

formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila

vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos

mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras

manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de

proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de

preocupaccedilatildeo

As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo

objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo

Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou

[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

17

Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do

graf ismo infantil em

(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao

simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se

totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao

que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas

(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel

perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior

elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que

identif icam os objetos representados

(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo

mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no

entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume

(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem

plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo

e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho

Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do

graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as

idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em

uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique

atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da

crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento

(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em

a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo

respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e

o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser

materiais resistentes grandes e grossos

18

b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem

contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares

tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos

movimentos da matildeo

c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos

Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil

se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo

narrados

(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por

um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em

a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo

grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na

vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a

essas f iguras

b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho

Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for

desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da

f igura desenhada

c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma

aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel

mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD

1954 p39)

A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora

dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira

como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos

desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da

crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo

19

A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores

a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que

questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma

ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila

Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito

em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos

desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute

na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta

do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia

20

CAPIacuteTULO II

A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL

A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da

identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos

Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual

emocional e perceptivo

[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)

A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996

estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil

seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas

de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a

seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas

anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil

A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser

descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador

da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus

alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber

seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de

acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele

compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas

fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a

oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias

artiacutest icas

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

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Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

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Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

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Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 7: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

METODOLOGIA

A Metodologia adotada buscou a exploraccedilatildeo do tema com fontes

bibl iograacutef icas contidas em l ivros publicaccedilotildees revistas especializadas

artigos e sites eletrocircnicos

A bibl iograf ia baacutesica foi composta de livros sugeridos pelo

orientador e dos principais autores que abordam o tema Foram uacuteteis

alguns trabalhos acadecircmicos realizados durante o curso de graduaccedilatildeo

e a proacutepria experiecircncia da autora Os textos disponibil izados pelo curso

foram tambeacutem objeto de anaacutelise

Apoacutes levantamento dos conteuacutedos a serem analisados no

presente trabalho foram cumpridas as seguintes etapas

bull Elaborada a primeira redaccedilatildeo da monograf ia

bull Anaacutelise do conteuacutedo redigido e submetida a avaliaccedilatildeo da

orientadora

bull Redaccedilatildeo definit iva da monograf ia

bull Formataccedilatildeo e arte f inal do conteuacutedo

bull Revisatildeo geral da monograf ia

bull Entrega do trabalho na UCAM

Esta metodologia foi rigorosamente observada e os resultados

aparecem no texto f inal que compreende a presente monograf ia

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtilde0 9

CAPIacuteTULO I - A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO 11

11- As Etapas do Graf ismo e o Desenvolvimento Infantil 15

CAPIacuteTULO II - A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA

INFANTIL 20

21- O graf ismo como exerciacutecio de autonomia 22

22- A relaccedilatildeo entre o graf ismo e a escrita 25

CAPIacuteTULO III - A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO GRAFISMO 28

31- Sobre a Aprendizagem Infantil 28

32- Recursos pedagoacutegicos direcionados ao Graf ismo Infantil 29

33- Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do graf ismo 30

34- Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Graf ismo 32

35- A evoluccedilatildeo do graf ismo para Piaget 35

CONCLUSAtildeO 40

REFEREcircNCIAS 41

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 43

9

INTRODUCcedilAtildeO

Vivemos em uma eacutepoca de mudanccedilas constantes e natildeo haacute como

negar que este processo de aceleraccedilatildeo eacute sentido em todos os acircmbitos

da sociedade Vale notar que educar nos dias de hoje necessita de

atenccedilatildeo as constantes mutaccedilotildees do mundo poacutes-moderno Eacute um desafio

aos educadores que necessitam quebrar barreiras relacionadas ao

sistema de ensino que ainda possui aspectos obsoletos

Este trabalho tem como objetivo ressaltar a importacircncia do estudo

do graf ismo infantil ao se trabalhar o luacutedico em funccedilatildeo do

desenvolvimento da crianccedila O desenho aparece de maneira

espontacircnea e revela muito sobre o processo evolutivo da crianccedila

Signif ica uma importante fonte de comunicaccedilatildeo na qual a crianccedila se

expressa mediante representaccedilotildees simboacutelicas que ela entende como

desenhosJust if ica-se a escolha do tema por ser o graf ismo infantil uma

ferramenta uacutetil para a mediccedilatildeo do aprendizado e principalmente como

motivador do mesmo Outra razatildeo da escolha do tema eacute o interesse do

autor no assunto do estudo aqui apresentado O trabalho consiste em

trecircs capiacutetulos que visam atraveacutes da apresentaccedilatildeo de autores promover

maior colaboraccedilatildeo agrave discussatildeo do assunto

O primeiro capiacutetulo trata da arte criativa do graf ismo e relata a

forma como a crianccedila faz uso do desenho infantil para interagir com a

realidade Explicita ainda a forma como se daacute a imaginaccedilatildeo que

promove maior comunicaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente em que vive

Mostra a relevacircncia do desenho e o motivo pelo qual este natildeo deve ser

considerado como algo menos importante para uma avaliaccedilatildeo

O segundo capiacutetulo se relaciona agrave construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica no

desenvolvimento infantil Apresenta a relaccedilatildeo entre graf ismo e a

escrita Algumas consideraccedilotildees necessaacuterias ao aprendizado infantil satildeo

apresentadas em um terceiro capiacutetulo que apresenta tambeacutem

exemplos que revelam as etapas do graf ismo

10

Este estudo pretende se aliar a tantos outros que percebem a

educaccedilatildeo de forma mais contextualizada e menos tradicional Eacute

fundamental se ter maior atenccedilatildeo agraves formas variadas de avaliaccedilatildeo e

ver o graf ismo infantil como uma ferramenta relevante que pode se unir

a outras praacutet icas pedagoacutegicas no intuito de engrandecer a relaccedilatildeo

entre o aluno e o professor

11

CAPIacuteTULO I

A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO

O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a

crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos

modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade

que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou

qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia

da crianccedila se expressa Wallon af irma

A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)

Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo

paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com

surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o

momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto

eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem

expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo

graacutef ico-plaacutest ica

A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente

e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade

expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias

que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e

o que estaacute representado no papel

Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas

e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto

desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e

compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos

rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil

12

O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e

sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se

torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O

ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo

a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma

O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)

De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da

realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis

que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho

e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de

acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de

mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma

diferente pelo ldquoart istardquo

Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu

universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas

vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de

emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente

tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos

Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes

Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de

elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de

que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave

crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo

protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as

histoacuterias do cot idiano por meio das imagens

13

O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba

por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente

Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da

exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de

mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade

A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas

vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua

identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila

consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O

desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o

desenvolvimento do indiviacuteduo

Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona

outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade

indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do

imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda

natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer

correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo

Para Lowenfeld e Brittain

( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)

O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade

Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa

com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos

objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem

sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de

transmissatildeo de ideias

14

O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e

projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo

do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a

vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A

accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja

necessariamente condicionado por estiacutemulos externos

Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo

desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)

Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)

Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com

a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis

de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir

modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria

tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e

consequumlentemente a sua produccedilatildeo

Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que

podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo

desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a

impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O

caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute

potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos

sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado

diferenciado

15

A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que

suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser

respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico

da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando

no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil

O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a

f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a

compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como

primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e

as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e

seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica

Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise

do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o

educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da

representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o

educando

Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de

perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido

sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma

avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para

interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de

perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos

seus educandos

11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no

proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem

com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o

estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a

probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas

jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade

16

O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos

ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia

a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de

se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l

Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a

expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que

possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e

vir Derdyk (1989) destaca que

A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)

O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes

demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os

limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos

visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o

conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base

para a experiecircncia esteacutetica

No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em

formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila

vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos

mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras

manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de

proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de

preocupaccedilatildeo

As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo

objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo

Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou

[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

17

Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do

graf ismo infantil em

(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao

simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se

totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao

que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas

(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel

perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior

elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que

identif icam os objetos representados

(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo

mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no

entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume

(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem

plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo

e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho

Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do

graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as

idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em

uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique

atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da

crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento

(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em

a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo

respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e

o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser

materiais resistentes grandes e grossos

18

b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem

contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares

tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos

movimentos da matildeo

c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos

Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil

se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo

narrados

(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por

um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em

a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo

grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na

vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a

essas f iguras

b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho

Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for

desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da

f igura desenhada

c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma

aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel

mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD

1954 p39)

A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora

dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira

como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos

desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da

crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo

19

A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores

a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que

questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma

ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila

Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito

em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos

desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute

na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta

do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia

20

CAPIacuteTULO II

A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL

A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da

identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos

Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual

emocional e perceptivo

[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)

A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996

estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil

seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas

de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a

seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas

anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil

A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser

descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador

da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus

alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber

seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de

acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele

compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas

fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a

oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias

artiacutest icas

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 8: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtilde0 9

CAPIacuteTULO I - A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO 11

11- As Etapas do Graf ismo e o Desenvolvimento Infantil 15

CAPIacuteTULO II - A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA

INFANTIL 20

21- O graf ismo como exerciacutecio de autonomia 22

22- A relaccedilatildeo entre o graf ismo e a escrita 25

CAPIacuteTULO III - A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA

PEDAGOacuteGICA DO GRAFISMO 28

31- Sobre a Aprendizagem Infantil 28

32- Recursos pedagoacutegicos direcionados ao Graf ismo Infantil 29

33- Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do graf ismo 30

34- Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Graf ismo 32

35- A evoluccedilatildeo do graf ismo para Piaget 35

CONCLUSAtildeO 40

REFEREcircNCIAS 41

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO 43

9

INTRODUCcedilAtildeO

Vivemos em uma eacutepoca de mudanccedilas constantes e natildeo haacute como

negar que este processo de aceleraccedilatildeo eacute sentido em todos os acircmbitos

da sociedade Vale notar que educar nos dias de hoje necessita de

atenccedilatildeo as constantes mutaccedilotildees do mundo poacutes-moderno Eacute um desafio

aos educadores que necessitam quebrar barreiras relacionadas ao

sistema de ensino que ainda possui aspectos obsoletos

Este trabalho tem como objetivo ressaltar a importacircncia do estudo

do graf ismo infantil ao se trabalhar o luacutedico em funccedilatildeo do

desenvolvimento da crianccedila O desenho aparece de maneira

espontacircnea e revela muito sobre o processo evolutivo da crianccedila

Signif ica uma importante fonte de comunicaccedilatildeo na qual a crianccedila se

expressa mediante representaccedilotildees simboacutelicas que ela entende como

desenhosJust if ica-se a escolha do tema por ser o graf ismo infantil uma

ferramenta uacutetil para a mediccedilatildeo do aprendizado e principalmente como

motivador do mesmo Outra razatildeo da escolha do tema eacute o interesse do

autor no assunto do estudo aqui apresentado O trabalho consiste em

trecircs capiacutetulos que visam atraveacutes da apresentaccedilatildeo de autores promover

maior colaboraccedilatildeo agrave discussatildeo do assunto

O primeiro capiacutetulo trata da arte criativa do graf ismo e relata a

forma como a crianccedila faz uso do desenho infantil para interagir com a

realidade Explicita ainda a forma como se daacute a imaginaccedilatildeo que

promove maior comunicaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente em que vive

Mostra a relevacircncia do desenho e o motivo pelo qual este natildeo deve ser

considerado como algo menos importante para uma avaliaccedilatildeo

O segundo capiacutetulo se relaciona agrave construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica no

desenvolvimento infantil Apresenta a relaccedilatildeo entre graf ismo e a

escrita Algumas consideraccedilotildees necessaacuterias ao aprendizado infantil satildeo

apresentadas em um terceiro capiacutetulo que apresenta tambeacutem

exemplos que revelam as etapas do graf ismo

10

Este estudo pretende se aliar a tantos outros que percebem a

educaccedilatildeo de forma mais contextualizada e menos tradicional Eacute

fundamental se ter maior atenccedilatildeo agraves formas variadas de avaliaccedilatildeo e

ver o graf ismo infantil como uma ferramenta relevante que pode se unir

a outras praacutet icas pedagoacutegicas no intuito de engrandecer a relaccedilatildeo

entre o aluno e o professor

11

CAPIacuteTULO I

A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO

O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a

crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos

modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade

que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou

qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia

da crianccedila se expressa Wallon af irma

A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)

Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo

paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com

surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o

momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto

eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem

expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo

graacutef ico-plaacutest ica

A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente

e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade

expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias

que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e

o que estaacute representado no papel

Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas

e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto

desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e

compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos

rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil

12

O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e

sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se

torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O

ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo

a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma

O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)

De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da

realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis

que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho

e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de

acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de

mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma

diferente pelo ldquoart istardquo

Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu

universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas

vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de

emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente

tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos

Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes

Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de

elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de

que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave

crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo

protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as

histoacuterias do cot idiano por meio das imagens

13

O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba

por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente

Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da

exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de

mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade

A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas

vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua

identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila

consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O

desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o

desenvolvimento do indiviacuteduo

Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona

outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade

indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do

imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda

natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer

correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo

Para Lowenfeld e Brittain

( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)

O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade

Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa

com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos

objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem

sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de

transmissatildeo de ideias

14

O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e

projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo

do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a

vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A

accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja

necessariamente condicionado por estiacutemulos externos

Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo

desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)

Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)

Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com

a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis

de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir

modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria

tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e

consequumlentemente a sua produccedilatildeo

Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que

podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo

desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a

impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O

caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute

potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos

sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado

diferenciado

15

A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que

suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser

respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico

da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando

no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil

O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a

f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a

compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como

primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e

as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e

seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica

Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise

do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o

educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da

representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o

educando

Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de

perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido

sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma

avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para

interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de

perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos

seus educandos

11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no

proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem

com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o

estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a

probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas

jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade

16

O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos

ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia

a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de

se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l

Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a

expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que

possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e

vir Derdyk (1989) destaca que

A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)

O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes

demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os

limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos

visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o

conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base

para a experiecircncia esteacutetica

No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em

formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila

vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos

mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras

manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de

proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de

preocupaccedilatildeo

As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo

objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo

Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou

[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

17

Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do

graf ismo infantil em

(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao

simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se

totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao

que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas

(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel

perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior

elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que

identif icam os objetos representados

(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo

mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no

entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume

(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem

plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo

e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho

Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do

graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as

idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em

uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique

atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da

crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento

(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em

a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo

respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e

o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser

materiais resistentes grandes e grossos

18

b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem

contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares

tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos

movimentos da matildeo

c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos

Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil

se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo

narrados

(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por

um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em

a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo

grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na

vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a

essas f iguras

b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho

Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for

desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da

f igura desenhada

c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma

aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel

mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD

1954 p39)

A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora

dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira

como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos

desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da

crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo

19

A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores

a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que

questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma

ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila

Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito

em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos

desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute

na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta

do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia

20

CAPIacuteTULO II

A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL

A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da

identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos

Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual

emocional e perceptivo

[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)

A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996

estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil

seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas

de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a

seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas

anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil

A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser

descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador

da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus

alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber

seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de

acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele

compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas

fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a

oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias

artiacutest icas

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

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Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

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httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

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FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 9: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

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INTRODUCcedilAtildeO

Vivemos em uma eacutepoca de mudanccedilas constantes e natildeo haacute como

negar que este processo de aceleraccedilatildeo eacute sentido em todos os acircmbitos

da sociedade Vale notar que educar nos dias de hoje necessita de

atenccedilatildeo as constantes mutaccedilotildees do mundo poacutes-moderno Eacute um desafio

aos educadores que necessitam quebrar barreiras relacionadas ao

sistema de ensino que ainda possui aspectos obsoletos

Este trabalho tem como objetivo ressaltar a importacircncia do estudo

do graf ismo infantil ao se trabalhar o luacutedico em funccedilatildeo do

desenvolvimento da crianccedila O desenho aparece de maneira

espontacircnea e revela muito sobre o processo evolutivo da crianccedila

Signif ica uma importante fonte de comunicaccedilatildeo na qual a crianccedila se

expressa mediante representaccedilotildees simboacutelicas que ela entende como

desenhosJust if ica-se a escolha do tema por ser o graf ismo infantil uma

ferramenta uacutetil para a mediccedilatildeo do aprendizado e principalmente como

motivador do mesmo Outra razatildeo da escolha do tema eacute o interesse do

autor no assunto do estudo aqui apresentado O trabalho consiste em

trecircs capiacutetulos que visam atraveacutes da apresentaccedilatildeo de autores promover

maior colaboraccedilatildeo agrave discussatildeo do assunto

O primeiro capiacutetulo trata da arte criativa do graf ismo e relata a

forma como a crianccedila faz uso do desenho infantil para interagir com a

realidade Explicita ainda a forma como se daacute a imaginaccedilatildeo que

promove maior comunicaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente em que vive

Mostra a relevacircncia do desenho e o motivo pelo qual este natildeo deve ser

considerado como algo menos importante para uma avaliaccedilatildeo

O segundo capiacutetulo se relaciona agrave construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica no

desenvolvimento infantil Apresenta a relaccedilatildeo entre graf ismo e a

escrita Algumas consideraccedilotildees necessaacuterias ao aprendizado infantil satildeo

apresentadas em um terceiro capiacutetulo que apresenta tambeacutem

exemplos que revelam as etapas do graf ismo

10

Este estudo pretende se aliar a tantos outros que percebem a

educaccedilatildeo de forma mais contextualizada e menos tradicional Eacute

fundamental se ter maior atenccedilatildeo agraves formas variadas de avaliaccedilatildeo e

ver o graf ismo infantil como uma ferramenta relevante que pode se unir

a outras praacutet icas pedagoacutegicas no intuito de engrandecer a relaccedilatildeo

entre o aluno e o professor

11

CAPIacuteTULO I

A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO

O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a

crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos

modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade

que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou

qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia

da crianccedila se expressa Wallon af irma

A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)

Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo

paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com

surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o

momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto

eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem

expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo

graacutef ico-plaacutest ica

A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente

e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade

expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias

que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e

o que estaacute representado no papel

Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas

e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto

desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e

compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos

rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil

12

O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e

sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se

torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O

ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo

a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma

O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)

De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da

realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis

que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho

e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de

acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de

mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma

diferente pelo ldquoart istardquo

Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu

universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas

vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de

emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente

tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos

Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes

Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de

elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de

que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave

crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo

protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as

histoacuterias do cot idiano por meio das imagens

13

O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba

por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente

Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da

exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de

mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade

A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas

vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua

identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila

consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O

desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o

desenvolvimento do indiviacuteduo

Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona

outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade

indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do

imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda

natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer

correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo

Para Lowenfeld e Brittain

( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)

O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade

Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa

com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos

objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem

sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de

transmissatildeo de ideias

14

O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e

projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo

do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a

vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A

accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja

necessariamente condicionado por estiacutemulos externos

Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo

desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)

Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)

Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com

a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis

de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir

modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria

tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e

consequumlentemente a sua produccedilatildeo

Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que

podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo

desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a

impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O

caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute

potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos

sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado

diferenciado

15

A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que

suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser

respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico

da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando

no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil

O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a

f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a

compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como

primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e

as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e

seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica

Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise

do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o

educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da

representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o

educando

Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de

perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido

sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma

avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para

interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de

perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos

seus educandos

11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no

proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem

com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o

estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a

probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas

jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade

16

O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos

ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia

a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de

se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l

Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a

expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que

possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e

vir Derdyk (1989) destaca que

A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)

O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes

demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os

limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos

visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o

conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base

para a experiecircncia esteacutetica

No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em

formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila

vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos

mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras

manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de

proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de

preocupaccedilatildeo

As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo

objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo

Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou

[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

17

Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do

graf ismo infantil em

(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao

simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se

totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao

que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas

(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel

perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior

elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que

identif icam os objetos representados

(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo

mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no

entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume

(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem

plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo

e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho

Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do

graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as

idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em

uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique

atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da

crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento

(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em

a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo

respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e

o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser

materiais resistentes grandes e grossos

18

b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem

contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares

tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos

movimentos da matildeo

c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos

Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil

se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo

narrados

(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por

um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em

a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo

grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na

vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a

essas f iguras

b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho

Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for

desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da

f igura desenhada

c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma

aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel

mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD

1954 p39)

A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora

dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira

como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos

desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da

crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo

19

A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores

a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que

questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma

ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila

Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito

em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos

desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute

na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta

do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia

20

CAPIacuteTULO II

A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL

A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da

identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos

Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual

emocional e perceptivo

[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)

A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996

estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil

seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas

de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a

seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas

anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil

A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser

descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador

da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus

alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber

seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de

acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele

compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas

fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a

oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias

artiacutest icas

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 10: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

10

Este estudo pretende se aliar a tantos outros que percebem a

educaccedilatildeo de forma mais contextualizada e menos tradicional Eacute

fundamental se ter maior atenccedilatildeo agraves formas variadas de avaliaccedilatildeo e

ver o graf ismo infantil como uma ferramenta relevante que pode se unir

a outras praacutet icas pedagoacutegicas no intuito de engrandecer a relaccedilatildeo

entre o aluno e o professor

11

CAPIacuteTULO I

A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO

O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a

crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos

modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade

que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou

qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia

da crianccedila se expressa Wallon af irma

A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)

Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo

paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com

surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o

momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto

eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem

expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo

graacutef ico-plaacutest ica

A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente

e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade

expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias

que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e

o que estaacute representado no papel

Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas

e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto

desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e

compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos

rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil

12

O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e

sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se

torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O

ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo

a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma

O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)

De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da

realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis

que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho

e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de

acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de

mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma

diferente pelo ldquoart istardquo

Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu

universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas

vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de

emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente

tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos

Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes

Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de

elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de

que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave

crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo

protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as

histoacuterias do cot idiano por meio das imagens

13

O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba

por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente

Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da

exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de

mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade

A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas

vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua

identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila

consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O

desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o

desenvolvimento do indiviacuteduo

Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona

outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade

indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do

imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda

natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer

correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo

Para Lowenfeld e Brittain

( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)

O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade

Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa

com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos

objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem

sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de

transmissatildeo de ideias

14

O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e

projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo

do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a

vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A

accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja

necessariamente condicionado por estiacutemulos externos

Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo

desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)

Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)

Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com

a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis

de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir

modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria

tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e

consequumlentemente a sua produccedilatildeo

Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que

podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo

desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a

impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O

caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute

potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos

sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado

diferenciado

15

A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que

suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser

respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico

da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando

no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil

O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a

f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a

compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como

primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e

as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e

seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica

Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise

do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o

educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da

representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o

educando

Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de

perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido

sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma

avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para

interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de

perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos

seus educandos

11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no

proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem

com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o

estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a

probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas

jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade

16

O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos

ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia

a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de

se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l

Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a

expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que

possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e

vir Derdyk (1989) destaca que

A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)

O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes

demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os

limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos

visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o

conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base

para a experiecircncia esteacutetica

No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em

formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila

vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos

mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras

manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de

proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de

preocupaccedilatildeo

As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo

objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo

Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou

[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

17

Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do

graf ismo infantil em

(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao

simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se

totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao

que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas

(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel

perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior

elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que

identif icam os objetos representados

(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo

mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no

entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume

(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem

plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo

e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho

Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do

graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as

idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em

uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique

atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da

crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento

(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em

a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo

respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e

o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser

materiais resistentes grandes e grossos

18

b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem

contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares

tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos

movimentos da matildeo

c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos

Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil

se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo

narrados

(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por

um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em

a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo

grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na

vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a

essas f iguras

b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho

Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for

desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da

f igura desenhada

c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma

aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel

mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD

1954 p39)

A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora

dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira

como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos

desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da

crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo

19

A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores

a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que

questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma

ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila

Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito

em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos

desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute

na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta

do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia

20

CAPIacuteTULO II

A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL

A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da

identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos

Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual

emocional e perceptivo

[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)

A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996

estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil

seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas

de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a

seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas

anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil

A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser

descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador

da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus

alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber

seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de

acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele

compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas

fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a

oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias

artiacutest icas

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 11: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

11

CAPIacuteTULO I

A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO

O desenho infanti l pode ser vislumbrado como a necessidade de a

crianccedila representar o mundo que a cerca A criaccedilatildeo artiacutestica eacute um dos

modos de demonstrar o universo infantil em interaccedilatildeo com a realidade

que comeccedila a reconhecer intermediado pela fantasia O papel (ou

qualquer outra superfiacutecie) se transforma em espaccedilo em que a vivecircncia

da crianccedila se expressa Wallon af irma

A fantasia eacute const ituiacuteda sempre com material ret irado do mundo real ou seja a imaginaccedilatildeo se encontra em relaccedilatildeo direta com a r iqueza e a variedade da exper iecircncia acumulada diretamente pelo homem Quanto maior for a exper iecircncia do mesmo maior seraacute as suas possibi l idades para imaginar (WALLON 1971 p18)

Eacute a partir da imaginaccedilatildeo que a crianccedila se comunica com o mundo

paulatinamente decifrado Cada movimento eacute uma descoberta vista com

surpresa O mundo real eacute estranho e o ato de imaginar eacute a todo o

momento alimentado por esse estranhamento O comum para um adulto

eacute extraordinaacuterio para a crianccedila Essa extraordinariedade eacute tambeacutem

expressa pela reaccedilatildeo esteacutetica da crianccedila em sua representaccedilatildeo

graacutef ico-plaacutest ica

A l inguagem graacutef ica da crianccedila possui o que haacute de mais imanente

e natildeo necessita em um primeiro momento de uma referencial idade

expliacutecita Ocorre entatildeo um extravasar de ideacuteias vontades e fantasias

que natildeo depende de uma relaccedilatildeo direta entre os objetos ou pessoas e

o que estaacute representado no papel

Mais importante que a referencial idade e a explicaccedilatildeo das formas

e dos contornos eacute a imagem mental que a crianccedila tem do objeto

desenhado O imaginaacuterio toma forma e a crianccedila desenha o que sente e

compreende Natildeo eacute possiacutevel entatildeo ao adulto decifrar os desenhos

rapidamente jaacute que eles satildeo a manifestaccedilatildeo do inconsciente infantil

12

O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e

sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se

torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O

ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo

a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma

O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)

De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da

realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis

que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho

e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de

acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de

mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma

diferente pelo ldquoart istardquo

Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu

universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas

vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de

emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente

tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos

Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes

Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de

elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de

que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave

crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo

protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as

histoacuterias do cot idiano por meio das imagens

13

O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba

por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente

Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da

exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de

mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade

A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas

vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua

identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila

consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O

desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o

desenvolvimento do indiviacuteduo

Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona

outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade

indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do

imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda

natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer

correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo

Para Lowenfeld e Brittain

( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)

O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade

Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa

com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos

objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem

sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de

transmissatildeo de ideias

14

O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e

projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo

do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a

vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A

accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja

necessariamente condicionado por estiacutemulos externos

Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo

desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)

Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)

Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com

a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis

de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir

modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria

tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e

consequumlentemente a sua produccedilatildeo

Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que

podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo

desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a

impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O

caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute

potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos

sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado

diferenciado

15

A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que

suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser

respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico

da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando

no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil

O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a

f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a

compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como

primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e

as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e

seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica

Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise

do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o

educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da

representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o

educando

Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de

perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido

sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma

avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para

interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de

perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos

seus educandos

11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no

proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem

com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o

estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a

probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas

jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade

16

O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos

ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia

a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de

se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l

Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a

expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que

possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e

vir Derdyk (1989) destaca que

A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)

O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes

demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os

limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos

visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o

conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base

para a experiecircncia esteacutetica

No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em

formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila

vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos

mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras

manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de

proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de

preocupaccedilatildeo

As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo

objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo

Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou

[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

17

Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do

graf ismo infantil em

(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao

simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se

totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao

que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas

(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel

perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior

elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que

identif icam os objetos representados

(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo

mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no

entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume

(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem

plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo

e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho

Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do

graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as

idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em

uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique

atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da

crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento

(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em

a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo

respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e

o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser

materiais resistentes grandes e grossos

18

b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem

contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares

tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos

movimentos da matildeo

c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos

Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil

se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo

narrados

(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por

um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em

a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo

grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na

vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a

essas f iguras

b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho

Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for

desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da

f igura desenhada

c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma

aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel

mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD

1954 p39)

A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora

dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira

como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos

desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da

crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo

19

A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores

a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que

questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma

ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila

Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito

em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos

desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute

na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta

do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia

20

CAPIacuteTULO II

A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL

A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da

identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos

Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual

emocional e perceptivo

[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)

A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996

estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil

seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas

de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a

seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas

anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil

A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser

descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador

da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus

alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber

seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de

acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele

compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas

fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a

oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias

artiacutest icas

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 12: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

12

O graf ismo infantil entatildeo pode ser encarado como vocabulaacuterio e

sintaxe da crianccedila em sua face artiacutestica Compreender o graf ismo se

torna importante no que diz respeito ao desenvolvimento da crianccedila O

ato de desenhar natildeo pode ser considerado menor pois eacute antes de tudo

a interpretaccedilatildeo do pensamento infantil Luquet af irma

O desenho uma vez executado ou em plena execuccedilatildeo recebe do seu autor uma interpretaccedilatildeo a intenccedilatildeo era apenas o prolongamento de uma ideacuteia que a crianccedila t inha no espiacuter ito no momento de comeccedilar o traccedilado do mesmo modo a interpretaccedilatildeo deve-se a uma ideacuteia que tem no espiacuter ito enquanto executa o traccedilado ao qual daacute o nome (LUQUET 1969 p37)

De prazer puramente sensoacuterio para a representaccedilatildeo f iel da

realidade com objetos melhor estruturados existem fases perceptiacuteveis

que demonstram a relaccedilatildeo direta entre o desenvolvimento do desenho

e mudanccedilas signif icativas do indiviacuteduo A intenccedilatildeo do sujeito muda de

acordo com sua capacidade psicomotora e seu conhecimento de

mundo dois traccedilos aparentemente iguais satildeo interpretados de forma

diferente pelo ldquoart istardquo

Nas fases iniciais nota-se a vontade da crianccedila em imprimir seu

universo interior e expressar seus sentimentos Os rabiscos muitas

vezes natildeo possuem explicaccedilatildeo loacutegica satildeo apenas um extravasar de

emoccedilotildees ou mesmo experimentaccedilatildeo de cores Deve-se ter em mente

tambeacutem que a crianccedila natildeo tem completo controle de seus movimentos

Desenhar entatildeo se torna um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora aliada a descarga de emoccedilotildees por vezes confl itantes

Com o desenvolvimento cognit ivo percebe-se a incorporaccedilatildeo de

elementos constitutivos das imagens do entorno dando a sensaccedilatildeo de

que o desenho serve tambeacutem como representaccedilatildeo do que eacute exterior agrave

crianccedila A famiacutelia a escola os amigos e bichos de estimaccedilatildeo satildeo

protagonistas dos desenhos Tambeacutem existe o desejo de narrar as

histoacuterias do cot idiano por meio das imagens

13

O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba

por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente

Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da

exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de

mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade

A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas

vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua

identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila

consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O

desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o

desenvolvimento do indiviacuteduo

Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona

outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade

indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do

imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda

natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer

correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo

Para Lowenfeld e Brittain

( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)

O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade

Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa

com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos

objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem

sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de

transmissatildeo de ideias

14

O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e

projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo

do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a

vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A

accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja

necessariamente condicionado por estiacutemulos externos

Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo

desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)

Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)

Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com

a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis

de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir

modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria

tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e

consequumlentemente a sua produccedilatildeo

Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que

podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo

desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a

impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O

caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute

potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos

sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado

diferenciado

15

A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que

suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser

respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico

da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando

no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil

O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a

f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a

compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como

primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e

as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e

seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica

Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise

do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o

educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da

representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o

educando

Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de

perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido

sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma

avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para

interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de

perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos

seus educandos

11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no

proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem

com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o

estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a

probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas

jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade

16

O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos

ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia

a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de

se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l

Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a

expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que

possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e

vir Derdyk (1989) destaca que

A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)

O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes

demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os

limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos

visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o

conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base

para a experiecircncia esteacutetica

No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em

formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila

vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos

mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras

manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de

proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de

preocupaccedilatildeo

As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo

objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo

Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou

[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

17

Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do

graf ismo infantil em

(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao

simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se

totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao

que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas

(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel

perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior

elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que

identif icam os objetos representados

(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo

mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no

entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume

(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem

plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo

e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho

Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do

graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as

idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em

uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique

atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da

crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento

(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em

a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo

respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e

o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser

materiais resistentes grandes e grossos

18

b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem

contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares

tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos

movimentos da matildeo

c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos

Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil

se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo

narrados

(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por

um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em

a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo

grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na

vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a

essas f iguras

b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho

Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for

desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da

f igura desenhada

c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma

aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel

mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD

1954 p39)

A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora

dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira

como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos

desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da

crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo

19

A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores

a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que

questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma

ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila

Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito

em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos

desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute

na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta

do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia

20

CAPIacuteTULO II

A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL

A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da

identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos

Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual

emocional e perceptivo

[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)

A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996

estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil

seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas

de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a

seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas

anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil

A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser

descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador

da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus

alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber

seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de

acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele

compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas

fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a

oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias

artiacutest icas

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 13: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

13

O prazer de se deixar uma marca em uma superfiacutecie acaba

por ser tambeacutem uma maneira de a crianccedila se organizar internamente

Por meio da criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo de formas artiacutest icas a partir da

exploraccedilatildeo de suportes diferenciados ela expressa sua percepccedilatildeo de

mundo a partir da sua imaginaccedilatildeo e de sua sensibi l idade

A partir dos desenhos o indiviacuteduo consegue deixar f luir suas

vontades e emoccedilotildees e permite que as imagens sejam a face de sua

identidade em construccedilatildeo O inconsciente vem agrave tona e a crianccedila

consegue se conhecer e reconhecer como indiviacuteduo singular O

desenhar unido a outras praacuteticas sensoacuterio-motoras auxil ia o

desenvolvimento do indiviacuteduo

Para Edith Derdik (1989 p34) ldquoO ato de desenhar impulsiona

outras manifestaccedilotildees que acontecem juntas numa atividade

indissoluacutevel possibil itando uma grande caminhada pelo quintal do

imaginaacuteriordquo O imaginaacuterio eacute a ponte entre o mundo e a crianccedila Ainda

natildeo consciente de suas potencialidades ela natildeo consegue fazer

correlaccedilotildees que natildeo sejam l igadas ao emocional eou inst intivo

Para Lowenfeld e Brittain

( ) a arte pode constituir o equil iacutebr io necessaacuter io entre o intelecto e as emoccedilotildees Pode tornar-se como um apoio que procura naturalmente ainda que de modo inconsciente ndash cada vez que alguma coisa os aborrece uma amiga agrave qual as cr ianccedilas se dir ig iratildeo quando as palavras se tornarem inadequadas(LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p19)

O imaginaacuterio eacute a base para a representaccedilatildeo da realidade

Desenha-se a partir do que a crianccedila considera real Ela se preocupa

com a expressatildeo de seus sentimentos e vontades na representaccedilatildeo dos

objetos ndash quando existe a vontade de se representar algo o que nem

sempre acontece O suporte oferecido se transforma em espaccedilo de

transmissatildeo de ideias

14

O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e

projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo

do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a

vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A

accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja

necessariamente condicionado por estiacutemulos externos

Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo

desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)

Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)

Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com

a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis

de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir

modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria

tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e

consequumlentemente a sua produccedilatildeo

Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que

podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo

desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a

impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O

caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute

potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos

sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado

diferenciado

15

A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que

suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser

respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico

da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando

no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil

O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a

f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a

compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como

primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e

as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e

seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica

Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise

do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o

educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da

representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o

educando

Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de

perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido

sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma

avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para

interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de

perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos

seus educandos

11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no

proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem

com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o

estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a

probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas

jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade

16

O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos

ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia

a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de

se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l

Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a

expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que

possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e

vir Derdyk (1989) destaca que

A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)

O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes

demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os

limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos

visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o

conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base

para a experiecircncia esteacutetica

No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em

formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila

vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos

mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras

manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de

proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de

preocupaccedilatildeo

As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo

objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo

Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou

[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

17

Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do

graf ismo infantil em

(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao

simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se

totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao

que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas

(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel

perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior

elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que

identif icam os objetos representados

(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo

mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no

entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume

(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem

plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo

e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho

Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do

graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as

idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em

uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique

atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da

crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento

(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em

a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo

respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e

o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser

materiais resistentes grandes e grossos

18

b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem

contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares

tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos

movimentos da matildeo

c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos

Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil

se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo

narrados

(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por

um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em

a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo

grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na

vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a

essas f iguras

b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho

Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for

desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da

f igura desenhada

c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma

aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel

mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD

1954 p39)

A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora

dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira

como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos

desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da

crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo

19

A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores

a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que

questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma

ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila

Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito

em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos

desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute

na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta

do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia

20

CAPIacuteTULO II

A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL

A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da

identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos

Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual

emocional e perceptivo

[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)

A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996

estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil

seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas

de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a

seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas

anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil

A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser

descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador

da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus

alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber

seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de

acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele

compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas

fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a

oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias

artiacutest icas

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 14: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

14

O desenho eacute um dos mediadores simboacutelicos da crianccedila e

projeta os desejos e temores de seu inconsciente O caraacuteter expressivo

do desenho auxil ia a soluccedilatildeo de problemas internos direciona a

vontade e eacute face onde se pode enxergar o comportamento infantil A

accedilatildeo da crianccedila eacute mediada pelo graf ismo mesmo que este natildeo seja

necessariamente condicionado por estiacutemulos externos

Eacute evidente que isso natildeo signif ica que os estiacutemulos externos satildeo

desnecessaacuterios Para Lowenfeld e Brit tain (1977)

Se fosse possiacutevel que as crianccedilas se desenvolvessem sem nenhuma interferecircncia do mundo exter ior natildeo seria necessaacuterio est iacutemulo algum para seu trabalho art iacutest ico Toda crianccedila usaria seus impulsos cr iadores profundamente arraigados sem inibiccedilatildeo conf iante em seus proacutepr ios meios de expr imir-se Quando ouvimos uma crianccedila dizer ldquonatildeo sou capaz de desenharrdquo podemos estar certos que houve alguma espeacutecie de interferecircncia em sua vida(p20)

Eacute possiacutevel fazer a relaccedilatildeo entre o estiacutemulo dado agraves crianccedilas com

a sua produccedilatildeo artiacutestica Crianccedilas pouco estimuladas seriam passiacuteveis

de possuir uma produccedilatildeo tacanha ou mesmo soacute poder reproduzir

modelos de desenhos adultos O impulso criador da crianccedila seria

tolhido pouco a pouco sem a devida atenccedilatildeo ao seu mundo e

consequumlentemente a sua produccedilatildeo

Por meio do desenho a crianccedila pode transmit ir sent imentos que

podem ser traduzidos como alegria tristeza falta de adequaccedilatildeo

desabafo e etc Dessa maneira natildeo produzir eacute demonstrar a

impossibil idade de se comunicar com o mundo de forma sadia O

caraacuteter luacutedico do graf ismo demonstra a l iberdade de criaccedilatildeo e eacute

potencialmente signif icativo para o exerciacutecio de exteriorizaccedilatildeo dos

sentimentos Uma crianccedila incapaz disso necessita de um cuidado

diferenciado

15

A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que

suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser

respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico

da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando

no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil

O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a

f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a

compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como

primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e

as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e

seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica

Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise

do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o

educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da

representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o

educando

Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de

perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido

sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma

avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para

interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de

perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos

seus educandos

11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no

proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem

com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o

estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a

probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas

jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade

16

O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos

ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia

a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de

se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l

Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a

expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que

possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e

vir Derdyk (1989) destaca que

A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)

O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes

demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os

limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos

visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o

conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base

para a experiecircncia esteacutetica

No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em

formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila

vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos

mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras

manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de

proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de

preocupaccedilatildeo

As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo

objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo

Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou

[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

17

Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do

graf ismo infantil em

(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao

simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se

totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao

que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas

(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel

perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior

elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que

identif icam os objetos representados

(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo

mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no

entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume

(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem

plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo

e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho

Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do

graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as

idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em

uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique

atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da

crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento

(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em

a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo

respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e

o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser

materiais resistentes grandes e grossos

18

b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem

contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares

tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos

movimentos da matildeo

c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos

Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil

se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo

narrados

(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por

um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em

a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo

grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na

vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a

essas f iguras

b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho

Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for

desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da

f igura desenhada

c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma

aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel

mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD

1954 p39)

A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora

dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira

como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos

desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da

crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo

19

A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores

a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que

questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma

ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila

Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito

em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos

desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute

na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta

do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia

20

CAPIacuteTULO II

A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL

A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da

identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos

Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual

emocional e perceptivo

[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)

A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996

estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil

seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas

de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a

seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas

anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil

A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser

descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador

da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus

alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber

seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de

acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele

compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas

fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a

oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias

artiacutest icas

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 15: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

15

A necessidade de se oferecer agraves crianccedilas um espaccedilo em que

suas atr ibuiccedilotildees sejam levadas a seacuterio e sua evoluccedilatildeo possa ser

respeitada deve ser primordial para o planejamento poliacutet ico-pedagoacutegico

da escola como um todo Levando-se em conta que se estaacute pensando

no desenvolvimento da crianccedila focalizar-se-aacute aqui a educaccedilatildeo infantil

O objetivo da educaccedilatildeo eacute suscitar o pensamento independente a

f lexibi l idade e a criat ividade Nesse sentido faz-se urgente a

compreensatildeo do professor da educaccedilatildeo infantil do graf ismo como

primordial para se perceber a relaccedilatildeo entre pensamento e desenho e

as fases evolut ivas da crianccedila Isso instrumental izaraacute o professor e

seraacute importante para a sua praacutetica pedagoacutegica

Outro ponto que natildeo pode ser ignorado eacute a importacircncia da anaacutelise

do desenho como expressatildeo de ideacuteias que trazem material para que o

educador ref l ita sobre o cotidiano de sua classe a partir da

representaccedilatildeo de valores simboacutelicos da comunidade de que faz parte o

educando

Sendo companheiro de seus alunos o educador seraacute capaz de

perceber uma produccedilatildeo que demonstre o conhecimento adquir ido

sensit ivamente pelos alunos Isso natildeo seraacute feito tendo como base uma

avaliaccedilatildeo quantitativa Ocorreraacute naturalmente a abertura para

interpretaccedilotildees diferenciadas Ademais o professor seraacute capaz de

perceber a evoluccedilatildeo dos aspectos motor afetivo social e cognit ivo dos

seus educandos

11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil O desenvolvimento progressivo do desenho implica tanto no

proacuteprio desenvolvimento da crianccedila como na interaccedilatildeo que esta tem

com outros indiviacuteduos ou mesmo com outros desenhos Quanto maior o

estiacutemulo para se interagir com outros indiviacuteduos maior seraacute a

probabilidade da crianccedila em ousar fazer vaacuterias experiecircncias pictoacutericas

jaacute que se sentiraacute segura de sua singularidade

16

O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos

ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia

a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de

se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l

Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a

expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que

possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e

vir Derdyk (1989) destaca que

A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)

O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes

demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os

limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos

visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o

conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base

para a experiecircncia esteacutetica

No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em

formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila

vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos

mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras

manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de

proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de

preocupaccedilatildeo

As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo

objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo

Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou

[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

17

Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do

graf ismo infantil em

(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao

simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se

totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao

que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas

(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel

perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior

elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que

identif icam os objetos representados

(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo

mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no

entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume

(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem

plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo

e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho

Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do

graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as

idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em

uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique

atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da

crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento

(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em

a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo

respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e

o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser

materiais resistentes grandes e grossos

18

b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem

contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares

tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos

movimentos da matildeo

c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos

Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil

se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo

narrados

(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por

um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em

a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo

grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na

vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a

essas f iguras

b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho

Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for

desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da

f igura desenhada

c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma

aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel

mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD

1954 p39)

A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora

dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira

como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos

desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da

crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo

19

A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores

a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que

questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma

ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila

Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito

em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos

desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute

na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta

do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia

20

CAPIacuteTULO II

A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL

A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da

identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos

Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual

emocional e perceptivo

[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)

A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996

estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil

seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas

de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a

seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas

anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil

A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser

descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador

da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus

alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber

seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de

acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele

compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas

fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a

oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias

artiacutest icas

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

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Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

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FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 16: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

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O conviacutevio sadio da produccedilatildeo da crianccedila com outros desenhos

ndash seja de seus companheiros seja de obras de arte em geral ndash auxil ia

a compreensatildeo desta em relaccedilatildeo a cores e formas Novas maneiras de

se expressar estariam em tracircnsito e enriqueceriam o repertoacuterio infanti l

Os rabiscos iniciais considerados garatujas por Piaget satildeo a

expressatildeo do prazer que a crianccedila tem de controlar os materiais que

possui (seja laacutepis caneta giz de cera etc) em um movimento de ir e

vir Derdyk (1989) destaca que

A permanecircncia da l inha no papel se investe de magia e esta est imula sensorialmente a vontade de prolongar este prazer o que signif ica uma intensa at ividade interna incalculaacutevel por noacutes adultos (p56)

O prolongamento de movimentos riacutetmicos ndash que muitas vezes

demonstram a falta de perspectiva das crianccedilas ao natildeo se respeitar os

limites da superfiacutecie uti l izada ndash satildeo tambeacutem forma de testar os efeitos

visuais do desenho posto que se estaria tambeacutem em questatildeo o

conhecimento das cores A capacidade motora nesse momento eacute base

para a experiecircncia esteacutetica

No decorrer do tempo as garatujas vatildeo se transformando em

formas mais estruturadas que demonstram o universo que a crianccedila

vive seus anseios seus heroacuteis O mundo imaginaacuterio ganha contornos

mais real istas A comparaccedilatildeo entre os seus desenhos e outras

manifestaccedilotildees visuais tambeacutem se faz presente e certa tentativa de

proporccedilatildeo e escolha de cores mais def inidas comeccedilam a ser objeto de

preocupaccedilatildeo

As etapas invariaacuteveis de desenvolvimento do graf ismo infantil satildeo

objeto de especulaccedilatildeo de muitos autores l igados ou natildeo a educaccedilatildeo

Um dos teoacutericos que tratou desse tema foi Vygotski (1998) que af irmou

[ ] o desenho eacute uma linguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

17

Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do

graf ismo infantil em

(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao

simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se

totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao

que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas

(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel

perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior

elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que

identif icam os objetos representados

(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo

mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no

entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume

(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem

plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo

e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho

Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do

graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as

idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em

uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique

atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da

crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento

(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em

a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo

respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e

o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser

materiais resistentes grandes e grossos

18

b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem

contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares

tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos

movimentos da matildeo

c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos

Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil

se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo

narrados

(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por

um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em

a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo

grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na

vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a

essas f iguras

b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho

Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for

desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da

f igura desenhada

c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma

aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel

mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD

1954 p39)

A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora

dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira

como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos

desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da

crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo

19

A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores

a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que

questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma

ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila

Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito

em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos

desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute

na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta

do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia

20

CAPIacuteTULO II

A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL

A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da

identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos

Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual

emocional e perceptivo

[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)

A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996

estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil

seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas

de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a

seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas

anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil

A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser

descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador

da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus

alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber

seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de

acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele

compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas

fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a

oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias

artiacutest icas

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 17: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

17

Vygotsky(1982p96 - 99) separa as fases do

graf ismo infantil em

(1) etapa simboacutelica onde a crianccedila estaacute mais presa ao

simbolismo esteacutetico do que a ordenaccedilatildeo naturalista Encontra-se

totalmente l igada a seu prazer taacutect i l e natildeo se preocupa em ser f iel ao

que percebe jaacute que representa a sua visatildeo das coisas

(2) etapa simboacutelico-formalista em que eacute possiacutevel

perceber a tentat iva de se formalizar o desenho Comeccedila uma maior

elaboraccedilatildeo de traccedilos e jaacute se desenham maiores detalhes que

identif icam os objetos representados

(3) etapa formalista-verossiacutemil haacute uma representaccedilatildeo

mais veriacutedica dos desenhos Existem imagens mais elaboradas sem no

entanto haver o uso de proporccedilatildeo e volume

(4) etapa formalista plaacutest ica em que existe uma imagem

plaacutestica propriamente dita O graf ismo se torna um trabalho de criaccedilatildeo

e as convenccedilotildees realistas satildeo tomadas como base para o desenho

Jaacute Victor Lowenfeld (1954p113) considera as etapas do

graf ismo em periacuteodos que natildeo necessariamente tem relaccedilatildeo com as

idades Eacute possiacutevel que uma crianccedila sem estiacutemulos f ique mais tempo em

uma fase do que outra Eacute necessaacuterio entatildeo que o professor f ique

atento a essas fases natildeo soacute para perceber o desenvolvimento da

crianccedila como para oferecer suportes necessaacuterios para cada momento

(1) Garatuja rabiscos que podem se dividir em

a desordenada os movimentos satildeo amplos e aleatoacuterios e natildeo

respeitam os l imites da folha Satildeo exerciacutecios de coordenaccedilatildeo motora e

o sujeito rabisca sem controle Os suportes oferecidos devem ser

materiais resistentes grandes e grossos

18

b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem

contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares

tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos

movimentos da matildeo

c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos

Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil

se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo

narrados

(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por

um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em

a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo

grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na

vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a

essas f iguras

b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho

Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for

desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da

f igura desenhada

c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma

aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel

mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD

1954 p39)

A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora

dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira

como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos

desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da

crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo

19

A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores

a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que

questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma

ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila

Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito

em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos

desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute

na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta

do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia

20

CAPIacuteTULO II

A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL

A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da

identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos

Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual

emocional e perceptivo

[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)

A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996

estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil

seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas

de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a

seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas

anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil

A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser

descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador

da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus

alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber

seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de

acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele

compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas

fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a

oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias

artiacutest icas

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 18: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

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b ordenada os rabiscos aleatoacuterios comeccedilam a serem

contidos nos l imites da folha de papel Os movimentos circulares

tomam lugar e o traccedilado f ica mais niacutet ido Haacute maior controle dos

movimentos da matildeo

c nomeada a crianccedila comeccedila a dar nomes aos rabiscos

Normalmente satildeo os nomes de sua famiacutel ia e amigos O universo infantil

se expressa no papel e normalmente os acontecimentos cotidianos satildeo

narrados

(2) Preacute-esquema os desenhos ainda natildeo satildeo representados por

um sistema uacutenico e estereotipado e satildeo divididos em

a exagero natildeo haacute proporccedilatildeo ou perspectiva As f iguras satildeo

grandes ou pequenas dependendo da importacircncia que possuem na

vida da crianccedila ou mesmo da maneira como esta se coloca frente a

essas f iguras

b omissatildeo faltam partes do corpo ou do rosto do desenho

Tambeacutem se verif icam partes do corpo maiores que outras Se for

desejo da crianccedila os cabelos por exemplo podem chegar aos peacutes da

f igura desenhada

c justaposiccedilatildeo as f iguras satildeo justapostas na folha sem uma

aparente loacutegica A representaccedilatildeo dos objetos e pessoas estaacute no niacutevel

mental Natildeo haacute organizaccedilatildeo espacial e base de chatildeo (LOWENFELD

1954 p39)

A verif icaccedilatildeo dessas fases natildeo se resume na expressatildeo motora

dos alunos Eacute possiacutevel aos pais e educadores perceberem a maneira

como a crianccedila se relaciona com o seu meio social A interpretaccedilatildeo dos

desenhos precisa ser no entanto l ivre Deve-se respeitar o r itmo da

crianccedila e estar atento ao contexto de produccedilatildeo

19

A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores

a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que

questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma

ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila

Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito

em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos

desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute

na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta

do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia

20

CAPIacuteTULO II

A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL

A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da

identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos

Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual

emocional e perceptivo

[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)

A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996

estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil

seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas

de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a

seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas

anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil

A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser

descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador

da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus

alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber

seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de

acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele

compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas

fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a

oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias

artiacutest icas

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 19: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

19

A atenuaccedilatildeo da espontaneidade do desenho nas fases anteriores

a da representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica de cunho realista natildeo signif ica que

questotildees importantes tenham sido abandonadas houve apenas uma

ressignif icaccedilatildeo da atividade representacional da cr ianccedila

Levando-se em conta que a construccedilatildeo da identidade do sujeito

em consonacircncia com sua vivecircncia cotidiana pode ser expressa nos

desenhos infantis eacute possiacutevel fazer um trabalho educativo que se paute

na ideacuteia de que a interpretaccedilatildeo pictoacuterica da crianccedila eacute a conquista desta

do controle motor e da expressatildeo de sua experiecircncia

20

CAPIacuteTULO II

A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL

A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da

identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos

Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual

emocional e perceptivo

[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)

A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996

estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil

seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas

de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a

seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas

anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil

A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser

descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador

da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus

alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber

seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de

acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele

compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas

fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a

oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias

artiacutest icas

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 20: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

20

CAPIacuteTULO II

A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL

A construccedilatildeo graacutef ico-plaacutestica eacute importante para a construccedilatildeo da

identidade do sujeito e expressa valores sociais culturais e cognitivos

Os desenhos infantis explicitam um desenvolvimento intelectual

emocional e perceptivo

[ ] este periacuteodo da vida eacute extremamente importante para o desenvolvimento de at itudes sobre o proacuteprio eu e para o estabelecimento da noccedilatildeo de que o mundo eacute um l igar empolgante e apraziacutevel para se viver (LOWENFELD amp BRITTAIN1977 p230)

A Lei de Diretr izes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional de 1996

estabelece no art 30 capiacutetulo II seccedilatildeo II que ldquoA educaccedilatildeo infantil

seraacute oferecida em I - creches ou entidades equivalentes para crianccedilas

de ateacute trecircs anos de idade II - preacute-escolas para as crianccedilas de quatro a

seis anosrdquo Isso signif ica que grande parte das fases mencionadas

anteriormente deve ser priorizada na eacutepoca da educaccedilatildeo infantil

A partir do pensamento de que a crianccedila possui um universo a ser

descoberto e da consciecircncia da teoria que trata o graf ismo o educador

da escola infantil deve ter sensibi l idade o suf iciente para dar a seus

alunos uma educaccedilatildeo que enfatize o saber preacutevio destes Esse saber

seraacute expresso nos suportes oferecidos que devem ser variados de

acordo com o estaacutegio de cada indiviacuteduo Eacute necessaacuterio que ele

compreenda como se daacute o processo de criaccedilatildeo nas crianccedilas e suas

fases de desenvolvimento criador para que possa propiciar a

oportunidade agrave crianccedila de crescer por meio de suas experiecircncias

artiacutest icas

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 21: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

21

Partindo desse pressuposto o educador transmitiraacute a ideacuteia de

que o aluno poderaacute interagir com o seu ambiente de maneira

independente evoluindo de acordo com sua vivecircncia Estabelecendo

relaccedilotildees e questionamentos sobre o seu meio ambiente (o local onde

mora sua comunidade sua famiacutel ia etc) suas ideacuteias preacutevias e as novas

informaccedilotildees que recebe na interaccedilatildeo com os outros a crianccedila poderaacute

util izar seu repertoacuterio pictoacuterico para compreender e comunicar-se com

outras crianccedilas e com os adultos que a cercam

Para tanto o educador deve atuar respeitando as diferenccedilas das

crianccedilas de forma que a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo que

educa compreenda que cada uma delas carrega histoacuterias de vida e

ritmos de desenvolvimento proacuteprios Assim estabelecer-se-aacute que a sala

de aula eacute um espaccedilo de troca de experiecircncias e de expressatildeo da

sensibil idade plaacutestica

De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o

perf i l do prof issional da educaccedilatildeo infantil deve estar para aleacutem de um

berccedilarista recreador ou outra imagem que se tenha desse prof issional

O t r aba l ho d i r e t o c om c r i a n ccedilas pequenas e x i g e q ue o p r o f e s so r t e nha uma compe t ecircnc i a po l i v a l en t e Se r po l i v a l en t e s i g n i f i c a q ue ao p r o f e s so r c abe t r a ba l ha r c om con t euacutedos de na t u r e zas d i ve r s as q ue ab r angem desde c u i dados baacutes i c o s e s senc i a i s a t eacute c onhec imen t o s e spec iacute f i c o s p r o ven i en t e s das d i ve r s as aacute r eas do c onhec imen t o Es t e c a r aacute t e r p o l i v a l en t e d emanda po r s ua v e z uma f o rmaccedilatildeo bas t an t e amp l a do p r o f i s s i o na l q ue deve t o r na r - s e e l e t ambeacutem um ap r end i z r e f l e t i n do c ons t an t emen t e s ob r e s ua p r aacute t i c a d eba t endo c om seus pa r e s d i a l o g ando c om as f am iacute l i a s e a c omun i dade e bus cando i n f o rmaccedilotildees neces saacute r i a s pa r a o t r a ba l ho q ue desenvo l v e Satildeo i n s t r umen t o s e s senc i a i s pa r a a r e f l e xatildeo s ob r e a p r aacute t i c a d i r e t a c om as c r i a n ccedilas a obse r vaccedilatildeo o r eg i s t r o o p l a n e j amen t o e a a va l i a ccedilatildeo ( PARAcircMETROS CURRICULARES NAC IONA IS DA EDUCACcedilAtildeO INFANT I L )

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 22: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

22

O perf i l prof issional do educador de escola infanti l estaacute em

consonacircncia com os proacuteprios objet ivos desta jaacute que deve propiciar o

desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem fiacutesica

afetiva cognitiva eacutetica esteacutet ica de relaccedilatildeo interpessoal e inserccedilatildeo

social

O conhecimento teoacuterico da evoluccedilatildeo do graf ismo aliado agrave praacutetica

pode ajudar ao educador a desenvolver as capacidades descritas

acima A capacidade esteacutetica eacute oriunda da produccedilatildeo dos alunos frente

a sua inserccedilatildeo no mundo e a linguagem que expressa eacute antes de tudo

a concepccedilatildeo de valores normas e ati tudes

21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia

Ao proporcionar a crianccedila um grande nuacutemero de

experiecircncias principalmente art iacutest icas dando a crianccedila l iberdade de

expressatildeo fazendo-a observar as suas mas tambeacutem outras produccedilotildees

graacutef ico-plaacutest icas oportunizamos um verdadeiro exerciacutecio de autonomia

O desenvo lv imento da ident idade e da autonomia es tatildeo in t imamente re lac ionados com os processos de soc ia l i zaccedilatildeo Nas in teraccedilotildees soc ia is se daacute a amp l iaccedilatildeo dos laccedilos a fe t i vos que as c r ianccedilas podem es tabe lecer com as out ras c r ianccedilas e com os adu l t os cont r ibu indo para que o reconhec imen to do out ro e a cons ta taccedilatildeo das d i f e renccedilas ent re as pessoas se jam va lo r i zadas e aprove i t adas pa ra o enr iquec imento de s i p roacutepr ias (BRASIL 1998 p 12)

Partindo dos conceitos de autonomia e identidade expressos no

Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil escrito em

1998 pode-se pensar que o estiacutemulo da produccedilatildeo plaacutestica individual no

acircmbito da educaccedilatildeo infantil eacute um trabalho que necessita da consciecircncia

de que a crianccedila precisa imitar e diferenciar-se do outro em um

continuado exerciacutecio de autonomia

23

Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 23: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

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Para tanto o educador deve ter em mente que a liberdade de

expressatildeo deve ser priorizada e que o luacutedico pode ser o primeiro passo

para uma aprendizagem signif icat iva O caraacuteter pedagoacutegico da

educaccedilatildeo infantil deve ter como base o exerciacutecio de inter-relaccedilatildeo entre

jogo e aprendizado

No entanto no que tange ao graf ismo infantil muitas vezes satildeo

oferecidas at ividades que natildeo permitem esse tipo de l iberdade O uso

de modelos predeterminados de uma cultura da coacutepia de desenhos

adultos acaba por inibir a produccedilatildeo infantil De acordo com o mesmo

documento

Conceber uma educaccedilatildeo em direccedilatildeo agrave autonomia signif ica considerar as cr ianccedilas como seres com vontade proacutepria capazes e competentes para construir conhecimentos e dentro de suas possibi l idades interferir no meio em que vivem Exercitando o autogoverno em questotildees situadas no plano das accedilotildees concretas poderatildeo gradualmente fazecirc-lo no plano das ideacuteias e dos valores(BRASIL 1998 p 15)

Eacute nesse sentido que se incentiva a livre produccedilatildeo artiacutestica da

crianccedila O graf ismo eacute construir conhecimento por meio da organizaccedilatildeo

de seus ideais internos e deve ser percebido como meio de se objetivar

as competecircncias de ordem fiacutesica afetiva cognit iva eacutet ica esteacutet ica e

social conforme se viu anteriormente

A representaccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica mais realista que a crianccedila

alcanccedila muitas vezes pode levar a um esquematismo advindo de um

poder auto-reprodutivo Um ldquovrdquo eacute um paacutessaro um 8 eacute um gato e a casa

tem uma chamineacute e assim por diante Satildeo esquemas difundidos desde

a preacute-escola que devem ser debatidos em nome da liberdade de criaccedilatildeo

dos educandos O uso de esquemas que devem ser copiados

[ ] car rega um s ign i f i cado opressor censor cont ro lador Poder iacuteamos d izer que a necess idade de cop ia r igua lz inho natildeo inc lu i e natildeo auto r i za a c r ianccedila a ser au to ra da accedilatildeo O a to de cop ia r eacute vaz io de conteuacutedo mera reproduccedilatildeo impessoa l (DERDYK 1977 p 110)

24

Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 24: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

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Esse poder censor pode ser combatido com o trabalho seacuterio

com as artes plaacutest icas e com o respeito a produccedilatildeo infantil Pode-se

apresentar agraves crianccedilas obras de arte que iratildeo ampliar o repertoacuterio e

imagens est imulando a capacidade destas de apreciaccedilatildeo artiacutestica e de

leitura dos diferentes modos de representaccedilatildeo artiacutestica (escultura

pintura e instalaccedilotildees)

Para tanto o professor pode trazer para a sala de aula diversas

teacutecnicas e materiais incentivando a produccedilatildeo diferenciada Assim os

alunos aumentaratildeo suas possibi l idades de comunicaccedilatildeo e compreensatildeo

acerca do mundo a partir do diaacutelogo com outras artes e com seus

companheiros emitindo suas ideacuteias sobre estas produccedilotildees

estimulando o senso esteacutetico e criacutet ico

A comparaccedilatildeo com outras produccedilotildees artiacutest icas seria importante

para o desenvolvimento da autonomia por meio da comparaccedilatildeo seraacute

possiacutevel a crianccedila se perceber como indiviacuteduo singular e capaz de

fazer suas proacuteprias escolhas Em diaacutelogo com outros indiviacuteduos e

outras produccedilotildees ela seria capaz de representar o mundo a sua volta

com mais seguranccedila

Deve-se estimular o diaacutelogo de imagens a f im de que o repertoacuterio

infantil seja enriquecidoe combater os modelos preacutevios e os cadernos

de colorir feitos por adultos pois

Uma cr ianccedila depo is de cond ic ionada agrave co loraccedilatildeo de f igu ras t e raacute d i f i cu ldades em des f ru tar da independecircnc ia de c r ia r A su je iccedilatildeo que esses cadernos p roduzem eacute a r rasadora A exper imentaccedilatildeo e a pesqu isa tecircm provado que ma is da metade das c r ianccedilas expos tas aos cadernos de co lor i r perdeu sua c r ia t i v idade e sua autonomia de expressatildeo t o rnaram-se r iacuteg idas e dependentes de mode los ( LOWENFELD amp BRITTAIN 1977 p 24)

25

Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 25: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

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Edith Derdik (1989) alerta sobre o quanto o imaginaacuterio infantil

estaacute sendo mediado pelas diversas produccedilotildees culturais fazendo com

que os desenhos infantis tenham imagens ligadas a essas produccedilotildees

Cada vez ma is a condu t a in f an t i l eacute marcada pe los c l i c hecircs pe las c i t accedilotildees e imagens empres t adas ldquoA TV t r az o mundo pa ra vocecircrdquo O imag inaacute r i o con t emporacircneo eacute en t r egue em dom ic iacute l i o A c r ianccedila eacute submet i da a um p ro f undo cond ic i onamento cu l t u r a l e eacute sob re es t es con teuacutedos que a c r ianccedila va i opera r A i l u s t raccedilatildeo o desenho an imado a h is t oacute r i a em quadr inhos a p r opaganda a emba lagem satildeo r ep resen taccedilotildees que se t o rnam quase rea l idades O e le f an te desenhado eacute ma is ve rdade i ro e p r esen t e do que o ve rdade i r o e l e f an te que mora no zoo loacuteg i co onde a c r ianccedila r a r amen te va i V i vemos ho je sob o s igno da f i cccedilatildeo e da pa roacuted ia (DERDYK1989 p 53 )

As diversas produccedilotildees cul tura is natildeo devem ser consideradas

como grandes responsaacuteveis do esquemat ismo dos desenhos Essa

parece ser uma le i tura ldquoapocaliacutept icardquo que natildeo deve ser tomada como

verdade indiscut iacutevel Como as cr ianccedilas satildeo indiviacuteduos imersos em

uma cul tura de imagens eacute evidente que a produccedilatildeo infant i l

expressaraacute de heroacuteis e vi lotildees das produccedilotildees midiaacutet icas como

te levisatildeo e jogos eletrocircnicos Cabe entatildeo ao educador fazer uma

f i l t ragem e incent ivar a cr iaccedilatildeo espontacircnea

22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita

Eacute inegaacutevel que exis te uma re laccedilatildeo ent re o graf ismo mais

rea l is ta e os pr imeiros movimentos envo lvendo a escr i ta A tentat iva

da cr ianccedila em dominar o mundo adul to a part i r da l inguagem escr i ta

jaacute se co loca em seus desenhos quando comeccedila a nomear os ob je tos

representados Mui tas vezes a cr ianccedila escreve seu nome e de seus

fami l ia res em a lguma cena No decorrer de seu desenvolv imento e

com o conta to maior com a cu l tura escr i ta a cr ianccedila percebe que os

ob je tos desenhados podem ter re laccedilatildeo com pa lavras

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 26: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

26

In ic ia lmente o desenho eacute br incadei ra um processo de

representaccedilatildeo condic ionado em especia l pe la capacidade motora da

cr ianccedila em seguida o a to completo pode ser usado como

est ratagema o desenho t ransforma-se passando de s imples

representaccedilatildeo in ter ior e expressatildeo de sent imentos para um meio de

t ransmissatildeo de uma mensagem Eacute nesse momento que capacidade

motora amadurece de forma que os pr imeiros t raccedilos da escr i ta se

fazem presentes

A crianccedila adquire um instrumento novo e poderoso a primeira

escrita diferenciadora jaacute que carrega um signif icado em si Seus

desenhos tornam-se painel de suas histoacuterias que podem ser escritas

de forma aleatoacuteria a part ir daquele momento A imagem e a palavra se

unem para comunicar algo

Quando a crianccedila percebe que eacute possiacutevel mesclar as duas

modalidades nota-se que seus desenhos f icam mais detalhados e

expl icat ivos A escrita e a imagem se conf luem para expressar um

uacutenico sentido O uso da l inguagem escrita acaba por ser um marco

que quando ultrapassado se transforma na entrada da crianccedila em um

mundo de signif icado ateacute entatildeo desconhecido

A escrita espontacircnea e a imagem se complementam para passar

uma mensagem Natildeo eacute mais o puro prazer de desenhar mas a

necessidade de se exibir um signif icado As histoacuterias imaginaacuterias ou

cot idianas tomam espaccedilo maior e palavras e imagens satildeo at ividades

que demonstram o desenvolvimento do simboacutelico

A f ixaccedilatildeo da escrita nos desenhos eacute uma espeacutecie de

dramatizaccedilatildeo da palavra A imagem se faz companheira da escrita de

forma que consiga preencher os vazios da uacutelt ima visto que a crianccedila

ainda natildeo controla totalmente a l inguagem escrita Dependendo da

situaccedilatildeo escrita e imagem seriam alternadamente origem e

suplemento da mensagem

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 27: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

27

Com o decorrer do desenvolvimento da escrita como forma

de l inguagem prior i taacuteria para a comunicaccedilatildeo na escola o desenho se

transforma em elemento f igurat ivo e representaccedilatildeo da realidade

fazendo com que a escrita seja o ator principal da mensagem

Vygotsky considera que o desenvolvimento da l inguagem escrita na

crianccedila estaacute neste deslocamento

Como linguagem graacutef ica tambeacutem do desenho decorre a

l inguagem escrita Encontra-se em Vygotsky (1998) que

[ ] o desenho eacute uma l inguagem graacutef ica que surge tendo por base a l inguagem verbalrdquo e pode ser considerado ldquoum estaacutegio preliminar no desenvolvimento da l inguagem escrita (p127)

O ato de escrever poreacutem natildeo eacute compreendido de todo nessa

fase O que ocorre eacute a imitaccedilatildeo do adulto pela crianccedila As palavras satildeo

registros sem real relaccedilatildeo como a l inguagem graacutef ica da crianccedila no

desenho Torna-se necessaacuterio agrave crianccedila perceber que a escrita pode

ser um sistema simboacutelico que precisa de referecircncias outras para ser

dominado

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 28: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

28

CAPIacuteTULO III

A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA

DO GRAFISMO

31 Sobre a Aprendizagem Infanti l

De acordo com Hoffmann (1993 p52) o aprendizado ocorre de

forma var iada de acordo com o desenvolvimento de cada um Cabe

ressaltar que este se daacute inserido em um contexto que depende das

trocas de relaccedilotildees do meio em que a crianccedila vive Os prof issionais de

educaccedilatildeo necessitam ter um olhar que respeite a diferenccedila de cada

um

Poderaacute a escola entender como possiacutevel agrave formaccedilatildeo de turmas homogecircneas Poderemos conceber um grupo de alunos como ldquo iguaisrdquo em sua maneira de compreender o mundo Poderatildeo os professores encontrar cr i teacuter ios precisos e uniformes para aval iar o desempenho de muitas cr ianccedilas Corr ig ir tarefas por gabar i tos uacutenicos (HOFFMANN 1993 p52)

Desta forma sal ienta-se a necessidade de se atentar para a

vivecircncia de cada indiviacuteduo uma vez que cada um recebe estiacutemulos

diferenciados que var iam segundo niacuteveis culturais e sociais Os

estiacutemulos podem part ir da televisatildeo da leitura de l ivros da aquisiccedilatildeo

de brinquedos do acesso aos meios eletrocircnicos o que difere de uma

pessoa para outra

O desenvolvimento do indiviacuteduo se daacute por estaacutegios evolut ivos do pensamento a part i r de sua maturaccedilatildeo e suas vivecircncias lsquo os novos comportamentos cujo aparecimento def ine cada fase apresentam-se sempre como um desenvolvimento das fases precedentesrsquo (PIAGET 1978 p358)

29

Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 29: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

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Assim sendo nota-se que a aprendizagem natildeo se daacute no

vazio eacute um processo complexo e uma construccedilatildeo histoacuterica e social

O processo de aprendizagem tambeacutem seraacute faci l i tado se as estrateacutegias ut i l izadas seguirem a evoluccedilatildeo da exper iecircnc ia cultural do indiviacuteduo A aprendizagem como processo precisa se adequar ao processo de desenvolvimento das formas de pensamento e das formas culturais de accedilatildeo e uso de instrumentos da cr ianccedila (SOUZA LIMA 2002 p43)

Segundo esclarece a citaccedilatildeo da autora nota-se a complexidade

inerente ao processo de aprendizagem Assim o desenvolvimento

cultural deve ser levado em conta jaacute que toda crianccedila pode aprender

As trocas inerentes agraves experiecircncias culturais de cada um satildeo

enriquecedoras e uma vez que trabalhadas posit ivamente motivam o

desenvolvimento da crianccedila

Nesta oacutet ica deve se ver a educaccedilatildeo como algo prazeroso Em

educaccedilatildeo motivar seria mobil izar forccedilas f iacutes icas e psicoloacutegicas para

levar o educando ao pleno engajamento Cabe ao prof issional a

valorizaccedilatildeo das peculiaridades da natureza de cada ser humano

entendendo tambeacutem que a infacircncia eacute um periacuteodo de grande

intensidade emocional Assim o trabalho com o imaginaacuterio se torna

extremamente vaacutel ido uma vez que atraveacutes dele ocorre maior

expressatildeo dos sentimentos e desejos

32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infanti l

Conforme jaacute foi mencionado neste trabalho o desenho

funciona como sistema de representaccedilatildeo semioacutet ico Desta maneira

o processo de apropriaccedilatildeo do graf ismo como sistema semioacutet ico leva

a crianccedila a superar a fase esquemaacutetica

Segundo Oliveira (2002p15) na perspectiva histoacuterico-cultural

o desenvolvimento deve ser visto atraveacutes de um conjunto dos

processos de transformaccedilatildeo que se daacute no decorrer da vida da

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 30: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

30

crianccedila podendo ser de caraacuteter orgacircnico ou associado com a

maturidade principalmente entre as crianccedilas com menor idade

Desta maneira cabe ao professor ter um olhar atento para as

produccedilotildees graacutef icas e plaacutest icas dos seus alunos Eacute fundamental que

este ofereccedila a seus alunos um ambiente propiacutecio ao aprendizado e

que busque a percepccedilatildeo dos mecanismos psicomotores cognit ivos

afet ivos e histoacuterico-culturais enredados no graf ismo infant i l Neste

processo o professor deve agir de forma a valorizar a expressatildeo

psicograacutef ica da cr ianccedila e ainda promover maiores avanccedilos nos

processos singulares de apropriaccedilatildeo e (co)laboraccedilatildeo do sistema de

representaccedilatildeo do desenho

33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo

Eacute possiacutevel apl icar-se aos desenhos e pinturas das crianccedilas

(representaccedilotildees plaacutesticas bidimensionais) e esculturas (representaccedilotildees

plaacutesticas tr idimensionais) instrumentos pedagoacutegicos de coleta do

graf ismo tais como os relacionados a seguir

mdash O desenho espontacircneo

Trata-se daquele que a crianccedila desenha l ivremente buscando

revelar o que eacute de fato relevante naquela ocasiatildeo

mdash O desenho da histoacuter ia

Neste a crianccedila realiza desenhos de acordo com a sua

imaginaccedilatildeo apoacutes serem est imuladas pelos professores atraveacutes de

viacutedeos leitura de histoacuterias ou representaccedilotildees teatrais

mdash A histoacuter ia do desenho

Este trabalho se faz apoacutes a realizaccedilatildeo do desenho espontacircneo

da crianccedila Trata da narraccedilatildeo da mesma do que fora desenhado

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 31: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

31

mdash O desenho de vivecircncia

Este se faz apoacutes alguma vivecircncia quando se pedem que as

crianccedilas realizem o registro graacutef ico-plaacutest ico de determinada

experiecircncia

mdash O desenho de observaccedilatildeo

Conforme o proacuteprio nome indica a crianccedila observa alguma

imagem ou objeto para posteriormente realizar alguma interferecircncia

graacutef ico-plaacutest ica

mdash O desenho a part i r da ldquoreuniatildeo de partesrdquo

A crianccedila desenvolve composiccedilotildees graacutef icas ut i l izando formas

oferecidas pelos professores no interior de grandes envelopes Neste

trabalho podem surgir desenhos de vaacuter ias formas de vivecircncia

espontacircneo e de histoacuteria

mdash O diaacute logo graacutef ico

Nesta praacutet ica as crianccedilas trabalham em pares desenhando em

conjunto alternando grupos para a real izaccedilatildeo da produccedilatildeo graacutef ico-

plaacutest ica conjunta

mdash O desenho de memoacuteria

Nesta at ividade eacute realizado um jogo onde eacute sol icitado que as

crianccedilas desenhem lsquode memoacuteriarsquo ndash um t ipo de ldquoditadordquo graacutef ico-

plaacutest ico (OLIVEIRA 2002 p44)

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 32: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

32

34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo

A professora Cybele Meyer em sua praacutet ica selecionou trecircs

desenhos realizados em momentos diferentes de uma mesma

crianccedila de 1 ano e oito meses com o objet ivo de possibi l i tar a

observaccedilatildeo da evoluccedilatildeo do graf ismo em sua fase inic ial

FIGURA 1 Mar ia Fernanda ndash 1 ano e 8 meses (mini Maternal)

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 33: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

33

Observa-se que os primeiros desenhos satildeo apenas um

extravasar de emoccedilotildees e um exerciacutecio de descoberta da capacidade

motora por isso os rabiscos natildeo tecircm um explicaccedilatildeo loacutegica

FIGURA 2 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 34: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

34

De acordo com a professora neste primeiro momento natildeo existe

qualquer pretensatildeo que natildeo seja o simples movimento Dessa forma natildeo haacute

qualquer referecircncia na interpretaccedilatildeo do desenho

FIGURA 3 Maria Fernanda ndash 1 ano e 8 meses Grafismo realizado em 22022005

Para a professora a crianccedila dos desenhos apresentados estaacute

apta a deixar a sua marca no pedaccedilo de papel e conforme se repete o

ato de desenhar ela se entusiasma ainda mais

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 35: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

35

35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget

Segundo Piaget (1978) durante as fases sensoacuteria motora que

corresponde a fa ixa-etaacuter ia entre 0 a 2 anos e a fase preacute-operacional

entre 2 a 7 anos os desenhos real izados pelas cr ianccedilas revelam que

elas o fazem de forma prazerosa contudo natildeo se nota a presenccedila

humana

Para Ricardo Jupiassu (2001) as fases evolut ivas do desenho

infant i l classif icam-se

mdash Garatuja Desordenada

Trata-se de movimentos longos e sem muita ordenaccedilatildeo Natildeo se

percebe um cuidado com a preservaccedilatildeo dos traccedilos que satildeo cobertos

aleatoriamente por novos traccedilados

FIGURA 4 Garatuja Desordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 32)

36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
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36

mdashGaratuja Ordenada

Neste t ipo de desenho jaacute se percebe alguma ordenaccedilatildeo haacute

maior cuidado com os traccedilados e existe maior interesse pelas formas

sendo apresentados com movimentos em forma de ciacuterculos e

longitudinais Eacute um estaacutegio onde a crianccedila jaacute narra o que seraacute

expresso em seu desenho no entanto este pode modif icar-se

conforme a realizaccedilatildeo do desenho Inicialmente ela pode dizer estar

desenhando um objeto e no decorrer do traccedilo caracterizaacute-lo como

sendo outro

FIGURA 5 Garatuja Ordenada

FONTE JAPIASSU (2001 p 35)

37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
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37

mdash Preacute-Esquematismo

O autor avalia esta fase como da descoberta da relaccedilatildeo

existente entre o pensar em desenhar e a real idade As cores natildeo tecircm

ainda referecircncia com o real os elementos tambeacutem natildeo se

correlacionam o que pode variar de acordo com o lado emocional da

crianccedila

FIGURA 6 Preacute-Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 39)

mdashEsquematismo

Trata-se do periacuteodo que corresponde agrave faixa-etaacuteria entre 7 a 10

anos quando se datildeo as operaccedilotildees mais concretas Jaacute existe a

descoberta da relaccedilatildeo da cor com o objeto como tambeacutem o conceito

da f igura humana jaacute eacute def inido Jaacute se sinal izam exageros ou omissotildees

e o uso de siacutembolos

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Page 38: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois

38

Segundo Ricardo Jupiassu (2001) nesta fase comprova-se a

lateral idade axial da crianccedila exist indo maior organizaccedilatildeo do ato

motor

FIGURA 7 Esquemat ismo

FONTE JAPIASSU (2001 p 41)

mdash Realismo

O autor acima relacionado explicita que se trata da operaccedilatildeo

f inal da fase concreta Jaacute se adquire maior autocriacutet ica como tambeacutem

maior conscient izaccedilatildeo em relaccedilatildeo a sexo Tambeacutem se percebe maior

r igidez haacute a constataccedilatildeo de formas geomeacutetricas e de maiores

detalhes como por exemplo detalhes de roupas que possam

dist inguir o sexo

mdashPseudo Natural ismo

Este periacuteodo se percebe nas crianccedilas a part ir de 10 anos Trata-

se da fase f inal e onde se percebe uma invest igaccedilatildeo da personalidade

proacutepria Pode ocorrer exacerbaccedilatildeo das caracteriacutest icas de sexo nas

f iguras humanas Jaacute existe total consciecircncia do uso das cores e maior

objet ividade e realismo

39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
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39

Desta forma Piaget (1978) classif ica as fases acima

elucidadas sendo a evoluccedilatildeo do desenho infant i l explic itada conforme

esquema abaixo

FIGURA 8 Evoluccedilatildeo do desenho infanti l

40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
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40

CONCLUSAtildeO

Ao f inal deste trabalho conclu i-se que eacute fundamenta l agrave

educaccedilatildeo a adoccedilatildeo de uma visatildeo mais abrangente por parte dos

educadores A apresentaccedilatildeo da re levacircncia do estudo do graf ismo

infant i l permit iu maior contextual izaccedilatildeo do tema Desta forma

at ingiu-se o objet ivo deste estudo ao se oferecer meios para maior

uso desta ferramenta nas praacutet icas educacionais

O t rabalho com o luacutedico conseguido atraveacutes do graf ismo

infant i l ref lete a re levacircncia do mesmo no desenvolvimento do

aprendizado A ut i l izaccedilatildeo do desenho nas vaacuter ias etapas do

crescimento infant i l torna-se grande fonte de comunicaccedilatildeo da

cr ianccedila Assim constatou-se a necessidade de se dar devido cuidado

a anaacutel ise do graf ismo sendo este grande al iado agrave aval iaccedilatildeo da

evoluccedilatildeo da cr ianccedila

Os t recircs capiacutetu los mencionados propuseram um maior

conhecimento da arte do graf ismo e de suas re laccedilotildees com o

desenvolv imento infant i l a re levacircncia da construccedilatildeo graacutef ico-plaacutest ica

na aprendizagem a leacutem de revelar as etapas do graf ismo infant i l e

anaacutel ises de alguns exemplos que elucidaram o tema proposto

Desta maneira o estudo aqui apresentado visa a contr ibuir para

maior conhecimento do tema uma vez que o incent ivo ao uso do

graf ismo infant i l const i tu i grande mot ivaccedilatildeo ao aprendizado

Sal ienta-se a importacircncia de que esta praacutet ica pedagoacutegica se al ie a

tantas outras que pr imam por um ensino mais integra l izado Desta

forma constata-se ser esta uma forte necessidade da educaccedilatildeo que

requer grandes atual izaccedilotildees em vis ta das constantes t ransformaccedilotildees

da atual idade

41

REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
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REFEREcircNCIAS

DERDYK Edith Formas de pensar o desenho desenvolvimento do graf ismo infantil Satildeo Paulo Scipione 1989

HOFFMANN Jussara Maria Lerch Avaliaccedilatildeo mediadora uma praacutetica em construccedilatildeo da preacute-escola agrave universidade Porto Alegre Educaccedilatildeo e realidade 1993

JAPIASSU Ricardo Criatividade criaccedilatildeo e apreciaccedilatildeo artiacutest icas a atividade criadora segundo Vygotsky In VASCONCELOS Maacuterio S (Org) Criatividade - Psicologia Educaccedilatildeo e conhecimento do novo Satildeo Paulo Moderna 2001

LOWENFELD V BRITTAIN W L Desenvolvimento da capacidade criadoraSatildeo Paulo Mestre Jou1977

LOWENFELD Viktor A crianccedila e sua arte Satildeo Paulo Mestre Jou 1954

LUQUET G H O Desenho infantil Porto Civil izaccedilatildeo 1969

OLIVEIRA LIMA Lauro Mutaccedilotildees em educaccedilatildeo segundo MC Luhan Petroacutepolis RJ 1982

OLIVEIRA Martha Kohl Vygotsky aprendizado e desenvolvimento um processo soacutecio-histoacuterico Satildeo Paulo Scipione 2002

PIAGET Jean A formaccedilatildeo do siacutembolo na crianccedila - imitaccedilatildeo jogo e sonho imagem e representaccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara-Koogan 1978

SOUZA LIMA Elvira Quando a crianccedila natildeo aprende a ler e escrever Satildeo Paulo editora Sobradinho 2002

VYGOTSKI Lev A formaccedilatildeo social da mente Satildeo Paulo Mart ins Fontes 1998

42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

httpwwweducacaoonlineprobr

httpconteudosdidacticosevtblogspotcom2009_02_01_archivehtml

httpcybelemeyerblogspotcom200711graf ismo-infanti l html

httpwwwportalmecorgbr

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FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
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42

WALLON HenriAs origens do caraacuteter na crianccedila Satildeo Paulo

Difusatildeo Europeacuteia do Livro 1971

Bibliografia disponiacutevel em meio eletrocircnico

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e do Desporto Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia MECSEF 1998 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 05012010

Sites Consultados

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FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
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43

FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO

Nome da Instituiccedilatildeo

Tiacutetulo da Monografia

Autor

Data da entrega

Avaliado por Conceito

  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • Por Eloiacutesa Helena Teixeira Magalhatildees
  • O GRAFISMO NA PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA INFANTIL
  • DEDICATOacuteRIA
  • Ao meu querido marido Ameacuterico companheiro e grande amor da minha vida com quem aprendi a natildeo desistir nunca e a acreditar em
  • Agraves minhas filhas tatildeo queridas Andreacutea e Amanda que me ensinaram que tudo eacute possiacutevel mesmo que natildeo se tenha mais o frescor do
  • AGRADECIMENTOS
  • Agradeccedilo ao meu marido Ameacuterico por tanto ter me estimulado durante todo o curso de Pedagogia por sua ajuda por seu amor e
  • Agradeccedilo agraves minhas duas filhas Andreacutea e Amanda pelo carinho pelos beijos pelo sorriso e pela ldquoforccedilardquo Obrigada Eles fora
  • Agradeccedilo a Deus por essa oportunidade de estar aqui nessa jornada aprendendo e me desenvolvendo
  • Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
  • E com cinco ou seis retas eacute faacutecil fazer um castelo
  • Corro o laacutepis em torno da matildeo e me dou uma luva
  • E se faccedilo chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
  • Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul de papel
  • Num instante imagino uma linda gaivota a voar no ceacuteu
  • AQUARELA ndash Toquinho e Viniacutecius de Morais
  • RESUMO
  • Esta monografia aborda o tema do grafismo infantil e sua relevacircncia no processo de aprendizado da crianccedila Aponta para a impor
  • METODOLOGIA
  • CAPIacuteTULO I
  • A ARTE CRIATIVA O GRAFISMO
    • 11 As Etapas do Grafismo e o Desenvolvimento Infantil
      • CAPIacuteTULO II
      • A CONSTRUCcedilAtildeO GRAacuteFICO-PLAacuteSTICA NA ESCOLA INFANTIL
        • 21 O grafismo como exerciacutecio de autonomia
        • 22 A relaccedilatildeo entre o grafismo e a escrita
          • CAPIacuteTULO III
          • A APRENDIZAGEM INFANTIL E A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICA
          • DO GRAFISMO
            • 31 Sobre a Aprendizagem Infantil
            • 32 Recursos pedagoacutegicos Direcionados ao Grafismo Infantil
            • 33 Instrumentos pedagoacutegicos de coleta do grafismo
            • 34 Praacuteticas Pedagoacutegicas do Trabalho do Grafismo
            • 35 A evoluccedilatildeo do grafismo para Piaget
              • REFEREcircNCIAS
                • FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO