DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALjogadores forçaram os clubes a remunerarem seus...
Transcript of DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORALjogadores forçaram os clubes a remunerarem seus...
-
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
VALOR DA MARCA DOS CLUBES DE MAIOR EXPRESSÃO DO RIO DE
JANEIRO
Por: Bruno César Pinto de Oliveira
Orientador
Prof. Mario Luiz
Rio de Janeiro
2014
DOCU
MENT
O PR
OTEG
IDO
PELA
LEI D
E DIR
EITO
AUTO
RAL
-
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
VALOR DA MARCA DOS CLUBES DE MAIOR EXPRESSÃO DO RIO DE
JANEIRO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Marketing.
Por: Bruno Cesar Pinto de Oliveira
-
3
AGRADECIMENTOS
À Deus por ter me concebido força e coragem para caminhar e
conseguir chegar ao fim de uma das muitas jornadas em minha vida. À minha
mãe Wanda e ao meu pai José Carlos por terem apoiado e acreditado e que eu
pudesse chegar até aqui. À minha noiva Arlene, que me entende e ajuda em
todos os momentos. Aos meus grandes amigos por sempre acreditarem em
mim e estarem compartilhando momentos muito importantes comigo. Aos meus
familiares, presentes durante todo o meu desenvolvimento pessoal e
profissional.
-
4
DEDICATÓRIA
À minha mãe Wanda e ao meu pai José
Carlos por terem me ensinado a valorizar
ao máximo cada momento em minha vida,
À minha noiva Arlene que sempre está ao
meu lado vivendo as alegrias que são
muitas, e partilhando as angustias que por
ventura se apresentam.
-
5
RESUMO
A profissionalização do esporte tornou necessária a ampliação dos
investimentos na área e é neste contexto que o marketing esportivo,
caracterizado na relação entre as organizações e as entidades esportivas, se
faz presente através da associação da marca da organização à identidade das
equipes. O torcedor como consumidor é fiel por excelência em virtude de
sentimentos e emoções muito peculiares que sentem por seu clube. Através da
relação torcedores-consumidores os clubes obtêm os recursos que, ao longo
dos anos, permitirão montar equipes mais ou menos competitivas. E tratando-
se de esporte, o torcedor torna-se peça fundamental para a consolidação da
marca. É o torcedor que atrai as empresas a apoiar o esporte. Este estudo
pretende analisar as relações entre o torcedor-consumidor, o fornecedor e o
futebol.
-
6
METODOLOGIA
Para a realização do estudo são apresentados os modelos e métodos de
pesquisa que foram utilizados para a identificação e análises de dados
publicados em bibliografias e documentos que possibilitem um direcionamento
de uma resposta para um questionamento que está diretamente ligado a forma
com que o torcedor se relaciona com o clube de futebol de sua preferência.
-
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - O Esporte Futebol 11
CAPÍTULO II - A Marca 17
CAPÍTULO III – Apresentação e Análise dos Dados 23
CONCLUSÃO 50
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52
ÍNDICE 56
-
8
INTRODUÇÃO
Desde que o esporte futebol chegou ao Brasil, com Charles Miller
trazendo duas bolas de couro, dois uniformes e um livro de regras da Inglaterra
nos anos finais do século XIX, devido a sua popularidade e preferência entre os
brasileiros das mais diversas classes sociais e raças, alcançou o patamar de
“paixão nacional” sendo assim o esporte mais praticado no país.
No entanto, o futebol até chegar ao formato que conhecemos hoje,
passou por diversas transformações, como a sua faze amadora e elitista, na
qual jogadores não brancos eram proibidos de praticá-lo, até o início da década
de 1930, quando este quadro se modificaria com a sua profissionalização.
A profissionalização do futebol e do esporte em geral, tem tornado cada
vez mais necessária à ampliação dos investimentos na área para sua
manutenção. Neste contexto o marketing esportivo, caracterizado na relação
entre as organizações e as entidades esportivas, se faz presente através da
associação da marca da organização à identidade das equipes, como, por
exemplo, a Unilever e o SESI no vôlei, a marca dos patrocinadores “masters”
tornou-se o nome das equipes.
Segundo Mullin, Hardy & Sutton (1996), "marketing esportivo" consiste
em todas as atividades designadas a atender às necessidades dos
consumidores de esporte por meio de um processo de intercâmbio. A
expressão "marketing esportivo" desenvolveu duas vertentes principais: o
marketing de produtos esportivos e serviços direcionados ao consumidor de
esporte e o marketing de outros produtos de consumo, industrial e de serviços,
pelo uso de promoções esportivas (POZZI, 1998).
Em relação ao marketing esportivo alguns fatores como o nível de
exposição da marca das organizações com custos mais baixo em relação a
outras atividades de marketing, o crescente interesse da mídia nos eventos
esportivos e a própria globalização do marketing contribuem para o aumento de
incentivos financeiros no esporte.
-
9
Neste cenário, o futebol se apresenta como o maior beneficiado. Em
2011, a “indústria do futebol” atingiu receita recorde de R$ 5,38 bilhões,
evolução de 196% em relação a 2004 (BDO RCS, 2012), e não obstante, é o
esporte preferido pelos brasileiros tanto na prática esportiva quanto em
acompanhamento através da mídia.
Os clubes de futebol têm alavancado suas receitas ao longo dos anos,
devido aos investimentos proporcionados por parceiras com grandes
empresas, aos contratos de transmissão de jogos junto a TV, e maior
participação do torcedor nos negócios gerados pelos clubes.
A profissionalização do futebol tem feito com que as empresas voltem
suas atenções para a criação de estratégias de marketing direcionadas ao
público que acompanha o esporte, com o objetivo de alcançar um melhor
posicionamento no mercado ou lançamento de produtos. As empresas formam
alianças com os clubes de futebol se apoiando no valor da sua marca no
mercado e na sua relação com o torcedor.
Com a crescente evolução dos recursos empregados na indústria do
futebol, e demais variáveis que envolvem o esporte como, hábito do torcedor,
força da torcida e características do mercado local, é possível mensurar o valor
da marca dos clubes no mercado atual. Ao se fazer uma análise das marcas
dos clubes do Rio de Janeiro que são: Flamengo, Vasco da Gama, Fluminense
e Botafogo, o valor consolidado de suas marcas alcançou R$ 1,38 bilhão
representando 25,6% do valor total nacional. E o crescimento do valor de suas
receitas e de suas marcas estará relacionado com a forma como os clubes se
relacionam com os seus torcedores, que segundo Leoncini (2001), é o
consumidor final da indústria do futebol.
O presente estudo tem por objetivo promover uma análise acerca do
valor da marca dos maiores clubes de futebol do Rio de Janeiro e as variáveis
que a compõem, como a relação desses clubes com os seus torcedores, assim
como empresas patrocinadoras e a TV.
O primeiro capítulo aborda a uma descrição de fatos que acompanham a
trajetória do futebol no Brasil, com a chegada de Charles Miller que trouxe
-
10
consigo, da Inglaterra, as regras do esporte bem como alguns equipamentos
para a sua prática. Aborda também a época em que o esporte era amador,
transcorrendo pelas questões raciais e sociais que foram características
marcantes do futebol naquele momento, bem como o inicio e consolidação do
profissionalismo do esporte, quando se consolidou a relação dos clubes com as
empresas patrocinadoras a TV e principalmente o torcedor.
O segundo capítulo aborda o tema marca, transcorrendo pelo seu
significado e os fatores que agregam valor para a sua posição no mercado
consolidação em relação aos consumidores.
O terceiro capítulo trata efetivamente do valor da marca dos clubes de
futebol. Descreve sobre os 17 maiores clubes do Brasil, e de forma mais
específica dos 4 maiores clubes do Rio de Janeiro, decorrendo sobre a sua
posição no cenário nacional e sua relação com o mercado de patrocinadores,
as redes de televisão e com os seu torcedores, que são os seus maiores
consumidores.
-
11
CAPÍTULO I
O ESPORTE FUTEBOL
A profissionalização do esporte em escala global e o constante
crescimento no volume de negócios envolvendo empresas, públicas e privadas,
e o futebol é constante. Neste capítulo é feita uma revisão da literatura sobre a
sua história no Brasil, objetivando um melhor entendimento sobre o esporte
como um negócio. Do mesmo modo são apresentados pontos de como os
agentes desse esporte se comportam à dinâmica do mercado e se relacionam
com os seus clientes: o torcedor.
1.1 – O futebol no Brasil
Existem referências de que o futebol chegou ao Brasil em meados do
século dezenove, pois já era praticado algo semelhante por marinheiros em
parque e praças do país. No entanto, o início oficial do futebol no Brasil ocorreu
em 1895 quando Charles William Miller, ao retornar de uma viagem à
Inglaterra. Com duas bolas de couro, dois uniformes e um livro de regras,
promove uma partida, disputada mais ou menos dentro das regras oficiais,
entre os funcionários da Companhia de Gás, do Banco de Londres e da
Ferrovia São Paulo Railway (GUTTERMAN, 2010).
Naquele momento o café era o principal brasileiro, o que proporcionava
a geração de grandes lucros para a elite paulista e modificava o perfil da cidade
de São Paulo e do próprio país: “Foi o ciclo da riqueza gerado pelo café que
alavancava não só a economia, por meio da industrialização e da entrada de
capital externo, como também a vida social, com a entrada de imigrantes e a
conseqüente introdução de hábitos e cultura estrangeiros, no meio dos quais
estava o ‘esporte bretão.’” (GUTERMAN, 2010). O futebol, já difundido na
Europa, foi recebido pelos brasileiros como mais uma das modernidades a
serem incorporadas (MAGALHÃES, 2010).
1.2 – O futebol amador
-
12
Em seu início no Brasil o futebol não despertava a paixão que
despertaria tempos depois, tampouco gerava disputas e capital, como viria a
acontecer décadas depois. Até então ele era, em primeiro lugar, uma atividade
de lazer, um ambiente de confraternização para as elites. E enquanto estivesse
nas mãos das classes mais altas, o caráter amador do esporte seria mantido, a
fim de manter, assim, sua restrição a poucos (MAGALHÃES, 2010).
Segundo Caldas (1990), o primeiro grande jogo, aquele que empolgou
a platéia, foi realizado em São Paulo, em 1899, na presença de sessenta
torcedores (...). de um lado, estava o time formado pelos funcionários da
empresa Nobling; do outro, os ingleses que trabalhavam na Companhia de
Gás, da Estrada de Ferro e do Banco (inglês). No final, um resultado sem
novidades: vitória dos ingleses por 1 x 0.
O esporte era proibitivo, elitista e racista. Era praticado apenas nos
clubes de elite. As várzeas devolveram ao povo o que era seu por direito, pois
o futebol - como o conhecemos hoje - é originário das manifestações culturais
das camadas populares da Inglaterra do final do século XIX. Nesta fase, as
entidades de prática eram compostas por clubes da elite e jogadores amadores
(AIDAR, 2000).
As Entidades de administração e as Instituições evoluíram da seguinte
maneira: em 1886 foi fundada a International Football Association Board -
guardiã das regras e da organização desse esporte até hoje. Em 1894, as
regras são trazidas da Inglaterra ao Brasil, por Charles Miller; Em 1904 é criada
a FIFA (Fédération Internationale de Football Association), cujas funções
principais são organizar e fiscalizar o futebol mundial; a CBD (Confederação
Brasileira de Desportos) foi fundada em 1916 (AIDAR, 2000), com objetivo de
regularizar o esporte no Brasil.
Segundo Aidar (2000), a cobrança de ingresso e pensada pela primeira
vez na primeira década do século no estado de São Paulo.
1.3 – Início e consolidação do profissionalismo
Nesta fase, as Entidades de prática (Clubes) de origem amadora resistem
à ideia de profissionalização, porém, a popularidade do esporte (os
-
13
campeonatos estaduais ganham força e passam a atrair grande público) e dos
jogadores forçaram os clubes a remunerarem seus atletas.
Por muito tempo, marginalizados, os craques surgidos nas várzeas
começavam a ser “contratados” pelos Clubes que queriam melhorar seu
desempenho dentro do campo. A partir daí, o profissionalismo surge para
conter o êxodo de craques para o exterior e tornar os times mais competitivos
(AIDAR, 2000).
Mesmo assim, os dirigentes dos clubes tratavam seus atletas de forma
bastante paternalista, mas impunham sua vontade nos contratos. Em 1976,
após a fase de romantismo do futebol brasileiro (de 1950 até 1970), quando foi
praticamente impossível reivindicar mudanças, os jogadores tiveram a
profissão regulamentada na CLT.
Com o fortalecimento do profissionalismo, médicos, preparadores físicos,
fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, e até a informática, além de outros
departamentos de apoio se uniram ao treinador visando melhorar o
“atendimento” dos profissionais da bola. São os chamados produtores e
vendedores de serviços diretos (AIDAR, 2000).
As Entidades de administração e as Instituições evoluíram da seguinte
maneira: A Federação Paulista de Futebol (FPF) foi fundada em 1941, mesmo
ano da fundação do Conselho Nacional de Desportos (CND) e em 1980 foi
criada a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é criada em 1980 (AIDAR,
2000).
Para Caldas (1994) a profissionalização do futebol começou o seu
processo efetivo em 1931, com a inclusão do futebol no rol das profissões que
deveriam ser regulamentadas na Legislação Social e Trabalhista e teve a
participação do Estado nos principais momentos de sua reestruturação
profissional.
No entanto, para Proni (2000), o marco da profissionalização foi em 1933
com a criação da Federação Brasileira de Futebol (FBF), ganhando status em
-
14
1937, quando a Confederação Brasileira de Desporto (CBD) reconheceu este
processo de profissionalização.
1.4 – O esporte como negócio
O desempenho que o esporte tem realizado ao longo do tempo faz dele,
atualmente, um agente de grande relevância no comportamento de diversos
segmentos do mercado. Por conseguinte, este setor vem se notabilizando por
promover fortes ligações com empresas públicas e privadas.
Assim sendo, com a modernidade e profissionalização do esporte, faz-se
necessária uma análise do futebol como um esporte moderno. E para tal, é
necessário conforme Bordieu (1983 apud Aidar, 2000) três premissas básicas e
complementares:
a) A primeira considera o esporte moderno como um sistema composto por
instituições e agentes diretamente ou indiretamente ligados à existência
de práticas e de consumos esportivos:
� Agrupamentos esportivos (clubes, ligas privadas, CBF – Confederação
Brasileira de Futebol –, FPF – Federação Paulista de Futebol –, etc.);
� Produtores e vendedores de bens necessários à prática do esporte
(chuteiras e equipamentos esportivos – Nike, Adidas, etc.);
� Produtores e vendedores de serviços diretos (necessários à prática do
esporte – professores, treinadores, médicos especialistas, etc.);
� Produtores e vendedores de espetáculos esportivos e bens associados
(fotos dos campeões, loteria esportiva, transmissões pela TV, etc.).
b) A segunda assume que esse sistema esportivo responsável pela oferta de
produtos esportivos tende a funcionar como um campo autônomo. Logo,
podemos dizer que, mesmo estando articulada às grandes
acontecimentos da história econômica e política num dado momento e
num dado ambiente social, a história do esporte tem seu próprio tempo,
suas próprias leis de evolução, suas próprias crises, em suma, sua
cronologia específica.
-
15
c) A terceira premissa assume que, para entendermos a constituição do
sistema esportivo atual, o princípio das transformações das práticas e
consumos esportivos deve ser buscado na relação entre as
transformações da oferta (invenção ou importação de esportes) e as
transformações da demanda (transformações dos estilos de vida).
1.5 – O futebol como negócio no Brasil
O futebol, normalmente associado no Brasil a um contexto de
entretenimento e lazer, vem se configurando cada vez mais como um negócio,
submetendo-se à dinâmica do mercado, a partir da exploração empresarial dos
jogadores (negociação com outras equipes e direitos de imagem), dos times e
dos jogos em si, tendo os torcedores como clientes finais (POZZI, 1998).
Ainda segundo Pozzi (1998) “o futebol constituiu uma das maiores
paixões do povo brasileiro, representando um veículo de cultura e comunicação
dinâmico e expressivo, e que tem apresentado um crescimento e interesses
crescentes por grande parte da sociedade”.
Ao se sugerir uma análise acerca da transformação do futebol, até então
amador para um esporte profissional, e assim se transformando em um agente
que proporciona um grande volume de negócios no mercado brasileiro, deve-
se destacar o fato de que este é uma conseqüência do processo evolutivo que
incide tanto no futebol nacional como em todo o mundo.
Assim sendo de acordo com os conceitos propostos por Bordieu (1983,
apud Aidar, 2000) este ambiente pode ser dividido em duas categorias básicas:
a) Prática: representa os agentes e instituições ligados direta ou
indiretamente à produção de espetáculos futebolísticos –
agrupamentos esportivos (clubes federações e confederações) e
produtores e vendedores de serviços diretos (médicos,
treinadores, psicólogos, etc.); esta categoria representa o
ambiente interno às organizações de futebol profissional, ambiente
-
16
este responsável pelas suas ofertas aos seus vários tipos de
consumidores enquanto consumidores do futebol como
espetáculo;
b) Consumo: representa os consumidores de bens ou serviços
ligados ao futebol, que não participam da produção do espetáculo
em si, mas podem ser divididos em consumidores diretos -
torcedores – e indiretos – produtores e vendedores de bens
(necessários à prática – Nike, adidas, etc. – e em geral –
patrocinadores) e produtores e vendedores de espetáculos
esportivos e bens associados (TV, loteria, empresas licenciadas,
etc.); esta categoria representa os principais relacionamentos
comerciais dos consumidores que fazem parte do ambiente
operacional das organizações de futebol, ambiente este que ainda
inclui outros públicos relevantes para tais organizações.
-
17
CAPÍTULO II
A MARCA
2.1 – Marca
Segundo Kotler (2007, p.206) “a marca é um nome, termo, sinal, símbolo
ou desenho – ou uma combinação desses elementos – que identifica o
fabricante ou vendedor de um produto ou serviço”. Os consumidores vêem uma
marca como parte importante de um produto, o branding pode agregar valor a
um produto. As marcas são mais que meros nomes e símbolos.
A American Marketing Association (AMA) define marca como um nome,
símbolo, desenho ou uma combinação desses elementos que deve identificar
os bens ou serviços de um fornecedor ou grupo de fornecedores e diferencia-lo
da concorrência.
De acordo com Martins (2006, p.8) “marca é a união de atributos
tangíveis e intangíveis, simbolizado num logotipo, gerenciados de forma
adequada e que criam influência e geram valor. Trata-se de um sistema
integrado que promete e entrega soluções desejadas pelas pessoas”. Ainda
conforme Martins (2006, p.8) branding é o conjunto de ações ligadas à
administração das marcas. Ações que, tomadas com conhecimento e
competência, levam as marcas além de sua natureza econômica, inserindo-as
na cultura e influenciando a vida das pessoas.
Segundo Aaker (1998 p.7) “uma marca é um nome e/ou símbolo (tal
como um logotipo, marca registrada, ou desenho de embalagem) destinado a
identificar os bens ou serviços de um vendedor ou de um grupo de vendedores
e a diferenciar esses bens e serviços daqueles dos concorrentes. Assim uma
marca sinaliza ao consumidor a origem do produto protegendo, tanto o
consumidor quanto fabricante, dos concorrentes que oferecem produtos que
pareçam idênticos”. Como exemplo, podemos citar as camisas dos clubes de
futebol, que caracterizam um produto de diferenciação entre os diversos clubes
e transmitem ao torcedor a idéia de identificação e atribuição de valor a marca.
-
18
A marca pode ser analisada com um fator de diferenciação dos produtos
e serviços de determinada empresa em relação aos seus concorrentes,
objetivando transmitir aos seus clientes valores intrínsecos.
2.1 – Valor da marca
A marca é um ativo intangível de uma empresa, e a sua estimação
financeira e de fundamental importância para a estratégia de marketing,
objetivando assim a consolidação de uma marca forte no mercado e ter um alto
valor agregado de sua imagem junto ao consumidor.
Segundo Aaker (2002) “o valor da marca é a medida da força da marca.
Está relacionado com o valor de mercado, com quanto as pessoas pagam por
seus ativos. Assim, o valor de uma marca é o valor de seus ativos. No entanto,
antes disso, vem o valor na mente dos consumidores – valor este que leva a
uma recompensa para a marca, traduzida em lucros, vendas e dividendos na
Bolsa”.
De acordo com a conceituada empresa de avaliação de marcas
Interbrand, a avaliação de marca baseia-se numa estimativa de valor dos
ganhos de hoje ou no fluxo de caixa que se espera ser gerado pela marca no
futuro. Para calcular o valor de uma marca, é preciso identificar os ganhos reais
que podem ser atribuídos estritamente à marca e capitalizar os ganhos
aplicando um múltiplo aos ganhos acumulados em seu histórico como uma
taxa de desconto ao fluxo de caixa futuro.
Com contribuição dessas afirmações o presente trabalho objetivará uma
análise acerca do valor das marcas dos clubes de futebol do Rio de Janeiro no
cenário mercadológico atual, e em que esta situação pode interferir no
processo de decisão de valorização junto aos torcedores como mercado
consumidor.
2.3 – Marketing de Serviços
Segundo Kotler e Keller (2006), serviços são ações ou desempenhos
intangíveis, que não resultam na propriedade de algo, como, por exemplo,
-
19
segurança, educação, beleza ou saúde. Um serviço prestado pode estar
vinculado a um produto ou não.
COBRA (1986, p.3) conceitua o marketing de serviços como “um campo
de investigação recente e ainda em fase de estruturação”. Os serviços de
Marketing podem ser entendidos como os fatores que auxiliam a empresa a
atender a demanda do mercado para os seus produtos, através dos serviços
de pesquisa de mercado, e têm por função identificar as necessidades não
satisfeitas pelos produtos ou serviços ofertados quanto a novos produtos ou
serviços existentes no mercado e novos mercados.
De acordo com KOTLER e KELLER (2006), existe uma série de
características que distinguem os serviços dos bens:
• A Inseparabilidade é uma delas e define que o serviço não pode estar
separado de quem o forneceu. Isto quer dizer que o prestador do serviço
também faz parte do serviço.
• A Intangibilidade, que representa a ausência de substância física de
um produto. Ao contrário do que acontece com os bens físicos, os
serviços não podem ser vistos, provados, sentidos, ouvidos ou cheirados
antes de serem adquiridos, ou seja, não é possível apreendê-los através
dos nossos sentidos.
• A Perecibilidade expressa que o serviço não pode ser estocado, ou
seja, a produção e o consumo acontecem de forma simultânea. Em uma
viagem de avião, por exemplo, consumimos o serviço durante o tempo
que durar o voo.
• A Variabilidade, que caracteriza a variação do padrão de serviço
prestado por fornecedores diferentes. Neste caso, a qualidade do
serviço depende não apenas do prestador, mas de elementos como:
quando, onde e como eles são proporcionados.
O Composto de Marketing, também conhecido como Mix de Marketing, é
um conjunto de conceitos de marketing que a empresa utiliza para perseguir
-
20
seus objetivos mercadológicos frente ao mercado-alvo (KOTLER, 2000). Os
4P’s são: Produto, Preço, Praça e Promoção.
O composto de marketing de serviços envolve os 4P’s, assim definidos por
KOTLER e KELLER (2006):
• Produto: Kotler e Keller (2006) salientam que o produto pode ser
definido como tudo o que pode ser oferecido a um mercado para
satisfazer uma necessidade ou um desejo, ou seja, bens físicos,
serviços, experiências, eventos, pessoas, lugares, propriedades,
organizações, informações e ideias.
• Preço: Kotler e Keller (2006) afirmam que o preço é o único
elemento do composto de marketing que produz receita, os
demais produzem custo, os autores avaliam ainda que por meio
da determinação do preço uma empresa pode perseguir
objetivos que definem estratégias como de sobrevivência,
maximização do lucro atual, maximização da participação de
mercado ou liderança de qualidade de produto.
• Praça: Para Kotler e Keller (2006), a distribuição pode referir-se
ao canal de marketing que corresponde a um sistema de
organização pelo qual o produto, recursos ou informações
passam de produtores a consumidores, ou pode estar
relacionada à distribuição física, que é a movimentação de
produtos ou serviços, com local, quantidade e prazos
determinados, e que se feita corretamente prioriza a manutenção
e a otimização de custos.
• Promoção: Para KOTLER EKELLER (2006), o marketing
moderno é muito mais do que apenas criar bons produtos e
disponibilizá-los ao mercado consumidor, é indispensável neste
processo a comunicação com os clientes. Segundo os autores,
as principais ferramentas do Composto Promoção são:
propaganda, promoção de vendas, venda pessoal e relações
públicas.
-
21
2.4 – O torcedor como consumidor
O torcedor é, em palavra chave, o consumidor do esporte. É o torcedor
quem sustenta a marca, para que ela continue a existir. Os patrocínios que um
clube possui também são fundamentais para sua existência, mas é o seu
torcedor que atrai as empresas a apoiar o esporte.
No Brasil, a visão do torcedor como consumidor do esporte tornou-se
explicita com a confecção do Estatuto do Torcedor (Lei Nº 10.671, de 15 de
maio de 2003). O Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078, de 11 de
setembro de 1990), em seu Art. 2º 1, já apresentava uma definição de torcedor,
como meio de protegê-lo de qualquer eventualidade. Entretanto, só a partir da
criação do Estatuto do Torcedor houve a promoção da moralidade, da justiça,
da transparência e da segurança na prática de esportes profissionais.
Segundo Martins (1999, p. 27), "As motivações de compra estão
relacionadas às necessidades, crenças e aos desejos individuais. A preferência
é despertada por imagens que estão no inconsciente coletivo das pessoas." As
motivações de consumo, portanto têm em grande parte valores sentimentais,
em que a natureza humana atrela seus desejos a produtos ou serviços que os
traz prazer e bem estar.
Morgan e Summers (2008, p. 5) apontam que “O esporte está diretamente
ligado com o momento de lazer de seus torcedores, independente de qual
modalidade seja, proporciona ao telespectador uma infinidade de emoções que
vão desde o amor intenso até o ódio. Essa ligação emocional entre o torcedor e
o time, abre caminho para uma grande oportunidade quando se analisa a
promoção de um produto, pois durante esse momento de lazer o torcedor se
torna mais receptivo as mensagens transmitidas durante a partida ou
competição, levando com que o torcedor até mesmo de forma inconsciente
1 Código de Defesa do Consumidor - Art. 2º Torcedor é toda pessoa que aprecie, apoie ou se associe a qualquer entidade de prática desportiva do País e acompanhe a prática de determinada modalidade esportiva.
Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se a apreciação, o apoio ou o acompanhamento de que trata o caput deste artigo.
-
22
faça ligação entre as emoções prazerosas do jogo, as marcas e produtos
apresentados durante o mesmo”.
Segundo Morgan e Summers (2008, p. 7), o marketing esportivo busca
satisfazer as necessidades dos clientes esportivos sejam eles consumidores
individuais, participantes de esporte, jogadores ou investidores corporativos,
aplicando-se assim aos quatro P’s (preço, produto, promoção e praça).
Morgan e Summers (2008, p.48) ainda deixam claro que o esporte é um
produto complexo e com público diversificado, o que requer um planejamento
cuidadoso no que se refere a sua utilização como ferramenta de marketing.
Assim sendo, evidenciam que as funções do mix do marketing e as decisões
estratégicas precisam abranger os impactos e as exigências de diferentes
consumidores e públicos esportivos.
-
23
CAPÍTULO III
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
3.1 - O valor das marcas dos 17 clubes mais valiosos do Brasil
A apresentação dos dados do valor das marcas dos clubes de futebol do
Brasil é baseada em um estudo realizado pela empresa de auditoria BDO RCS
(2012), que pelo terceiro ano consecutivo publica em estudo voltado para a
mensuração do valor da marca de entidades futebolísticas. A metodologia de
escolha e análise dos clubes de futebol foi a mesma das edições anteriores,
com a utilização de elementos financeiros, investigação com o torcedor,
informações de marketing de cada entidade e dados econômicos e sociais dos
brasileiros. Deste modo foram identificados quais são os clubes possuidores
das marcas mais valiosas do futebol nacional, abaixo estão as 17 marcas
avaliadas no estudo:
• 4 Clubes SP – Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos.
• 4 Clubes RJ – Flamengo, Vasco da Gama, Fluminense e Botafogo.
• 2 Clubes RS – Grêmio e Internacional.
• 2 Clubes MG – Cruzeiro e Atlético-MG.
• 2 Clubes PA – Atlético-PR e Coritiba
• 2 Clubes BA – Bahia e Vitória
• 1 Clube PE - Sport
Segundo estudos publicados pela empresa BDO RCS (2012) as receitas
do mercado brasileiro de clubes de futebol alcançou em 2011 um volume de
receitas geradas de R$ 2,7bilhões. Esse resultado representa um crescimento
de 235% em comparação a 2003 e apresentará evolução para os anos
seguinte.
Os dados apresentados se referem às 17 entidades que são consideradas
os grandes times do Brasil. Essa consideração se deve ao fato de nesse grupo
-
24
estarem os clubes que mais conquistaram títulos no campeonato brasileiro da
primeira divisão. No período entre 1971 (ano da realização do primeiro
campeonato brasileiro) e 2011, foram 37 títulos conquistados, representando
96% do total de campeonatos disputados. Do mesmo modo, são os clubes de
maior torcida no Brasil, representando cerca de 90% do total de torcedores
brasileiros, de acordo com os dados da BDO RCS (2012).
Os 17 clubes analisados geraram, incluindo todas as fontes de receitas
em 2011, R$ 5,38 bilhão, evolução de 196% em relação a 2004, quando os
clubes geraram R$ 1,82 bilhões em receitas totais, incluindo os recursos com
transferências de atletas. Em 2009 as receitas geradas pelos clubes foram de
R$ 3,43 bilhão e em 2010 R$ 3,94 bilhão, conforme informações da empresa
de auditoria BDO RCS (2012).
De acordo com a análise da BDO RCS (2011) o valor das marcas dos 12
maiores clubes de futebol do Brasil continua em evolução com o passar dos
anos. Esta evolução está diretamente relacionada a diferentes fatores, que ao
longo dos anos se potencializaram:
• A continuidade da ampliação das receitas de cada entidade com
marketing, estádio, sócios e mídia.
• Aumento dos valores recebidos dos patrocinadores e ampliação do
interesse de empresas.
• Ampliação das receitas de TV.
• Maior participação do torcedor nos negócios gerados pelas
entidades.
• Melhora constante da renda dos consumidores brasileiros.
• Aquecimento da economia brasileira, com índices superiores à
economia mundial.
Segundo a BDO RCS (2012) a metodologia apresentada pelo estudo não
permitiu que uma variável sozinha elevasse substancialmente as marcas dos
-
25
clubes. Desta forma, além da força da torcida, o valor da marca considera
outras variáveis como as receitas derivadas da sua marca, hábitos do torcedor
e características do mercado local, fazendo com que o crescimento ou queda
do valor da marca não seja atribuído a um aspecto isolado.
�������������������������
Fonte: Análise BDO RCS
O valor consolidado em 2012 das marcas dos 17 clubes apresentou
evolução de 24% em relação ao ranking de 2011 e 196% de crescimento
desde 2004.
Segundo o estudo da BDR RCS (2012) os clubes que mais cresceram em
valor gerado para as suas marcas entre 2004 e 2012 foram: Corinthians com
evolução de R$ 720 milhões, Flamengo R$ 469 milhões, São Paulo R$ 431
milhões, Internacional R$ 311 milhões, Palmeiras R$ 273 milhões, , Grêmio R$
249 milhões, Vasco da Gama R$ 238 milhões e Santos R$ 236 milhões. Esses
oito clubes foram responsáveis por 82% dos R$ 3,56 bilhões de evolução do
valor de marca registrado pelos maiores clubes brasileiros entre 2004 e2012.
-
26
������������
�����������������������������������
Fonte: Análise BDO RCS�
A análise do valor das marcas dos clubes de futebol realizada pela BDO
RCS (2012) foi desenvolvida com base nos números apresentados em um
cenário nacional. No entanto o presente estudo observará somente os quatro
clubes de futebol do Rio de Janeiro. Assim sendo pode ser observado que
existe uma diferença muito grande entre eles. O Flamengo, que lidera o quadro
ao se fazer uma observação entre os clubes do Rio de Janeiro, teve a sua
marca avaliada em 792,0 milhões, o Vasco da Gama com 316,7 milhões fica
em segundo lugar, e em terceiro e quarto lugares respectivamente estão
Fluminense com valor de 157,4 milhões e Botafogo com valor de 112,6
milhões.
-
27
�������������������� !
Fonte: Análise BDO RCS
�������!������������ ∀�
�Fonte: Análise BDO RCS
-
28
�������#������������ �
�
Fonte: Análise BDO RCS
�������∃������������ ��
Fonte: Análise BDO RCS
-
29
�������������������� ���
Fonte: Análise BDO RCS
Abaixo é apresentado um dado sobre o crescimento em valor absoluto
das marcas dos clubes, em âmbito nacional. Segundo BDO RCS (2012) o
aumento de mais de R$ 3,5 bilhões entre 2004 e 2012 no valor total das
marcas dos 17 clubes está diretamente ligado ao aumento no ambiente de
negócios do futebol no nacional, melhora dos projetos de marketing dos clubes
e crescimento social e econômico do país.
O crescimento confirma aumento significativo dos projetos voltados para a
área de marketing dos clubes nos últimos anos, que tendem a se intensificar,
fato que se deve ao aumento gradual de executivos remunerados nos clubes.
�
�
�
�
�
�
�
-
30
�������%���������������������������&����������&��
Fonte: Análise BDO RCS
Ao se fazer uma observação com os clubes do Rio de Janeiro nota-se que
houve oscilação em relação ao valor de suas marcas, no valor total gerado
pelos 17 clubes. Flamengo e Botafogo elevaram a sua participação, o
Fluminense se manteve na mesma posição, e o Vasco foi o único clube que
viu a sua participação reduzida ao se fazer um comparação entre os anos de
2004 e 2012.
O Flamengo que no período de 2004 representava 14,7% do total, no ano
de 2012 evoluiu, viu a sua participação em 17,8%. O mesmo ocorreu com o
Botafogo que passou de 2,1% em 2004 para 2,3% em2012. O Fluminense
oscilou durante o período, mas permaneceu em 2012 com a mesma
participação de 2004, que foi de 2,9%. No entanto o Vasco da Gama registrou
decrescimento no valor de sua marca, uma vez que representava 5,9% em
2004 e em 2012 a representatividade foi de 4,3%.
-
31
�����������
��������∋��&���∋����������&&����������������
Fonte: Análise BDO RCS
O estudo referente à avaliação da marca dos entidades futebolística do
Brasil mostra que cada entidade possui atributos peculiares, que variam de
acordo com o perfil de seus torcedores, ampliação das receitas decorridas de
sua marca e características do mercado local em que se localizam. Segundo a
metodologia da BDO RCS esse é o melhor mecanismo para mensurar o valor
da marca dos clubes brasileiros.
-
32
Segundo a avaliação da BDO RCS, em 2012 o valor consolidado das 17
marcas mais valiosas entre os clubes de futebol do Brasil foi de R$ 5,38
bilhões. Segundo a metodologia empregada no estudo as variáveis mais
representativas para os clubes analisados foram as características e perfil de
suas torcidas, com valor consolidado de R$ 2,42 bilhão, seguido das receitas
derivadas das marcas com valor de R$ 1,66 bilhão e das características do
mercado local, com valor de R$ 1,30 bilhão.
Ao se fazer uma observação somente do mercado do Rio de Janeiro, o
valor consolidado das marcas dos 4 clubes alcançou R$ 1,38 bilhão
representando 25,6% do valor total nacional.
Observa-se que a principal fonte de valor para os clubes de futebol está
na forma como essas entidades se relacionam com os seus torcedores. Em
virtude dessa realidade os clubes procuram cada vez mais, com o passar dos
anos, aprimorar os seus projetos de marketing e desenvolver campanhas com
a finalidade de atrair sócios torcedores.
������(�� �����)����∋��������������������������������������������������
Fonte: Análise BDO RCS
-
33
A forma com que serão geradas as receitas de cada marca estará
relacionada com a maneira como os departamentos de marketing dos clubes
conseguirão maximizar o relacionamento com seus milhões de torcedores,
elevar suas receitas e explorar as particularidades sociais e econômicas de
onde estão localizados.
��������������)����∋����������������������������������������
�
Fonte: Análise BDO RCS
3.2 – Valor das marcas dos 4 (quatro) clubes do Rio de Janeiro
A apresentação dos dados do valor das marcas dos clubes de futebol do
Rio de Janeiro também é baseada em um estudo realizado pela empresa de
auditoria BDO RCS e segue:
a) Flamengo
O Clube de Regatas do Flamengo, popularmente conhecido como
Flamengo, é uma agremiação poliesportiva brasileira com sede na cidade do
-
34
Rio de Janeiro. O clube, fundado para disputas de remo em 17 de novembro de
1895, é – atualmente - um dos clubes mais bem-sucedidos no futebol brasileiro
e o clube mais conhecido e popular em todo Brasil, tendo a maior torcida de
futebol do mundo, com cerca de 39,1 milhões de torcedores (LANCENET
2012). Foi fundado no bairro de mesmo nome, mudando-se para o bairro da
Lagoa na primeira metade do século XX.
Apesar de ter sido fundado como clube de regatas, seu esporte mais
tradicional é o futebol. Único clube carioca campeão da Copa Intercontinental
(torneio precursor do Mundial Interclubes). Também é o único clube carioca a
ostentar seis títulos do Campeonato Brasileiro, sendo um de seus títulos, o de
1987, contestado. É a equipe mais vitoriosa do Campeonato Estadual do Rio
de Janeiro, com 32 títulos.
Sua atuação no futebol iniciou-se em 1912. Seus principais títulos neste
esporte são a Copa Intercontinental e a Copa Libertadores de 1981, uma
equipe que contava com nomes como Júnior, Adílio, Nunes, Leandro, liderada
por Zico - o maior ídolo da história do clube - e comandada por Paulo César
Carpeggiani. O clube conquistou em cinco oportunidades o tricampeonato
estadual (42/43/44, 53/54/55, 78/79/79 - Especial, 99/00/01 e 07/08/09). Em 26
de julho de 2009, tornou-se o primeiro clube a atingir a marca de mil jogos na
Primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Junto ao Botafogo de Futebol e
Regatas, detém a maior sequência invicta do futebol brasileiro com 52 partidas
em 1979. O Botafogo, o Fluminense e o Vasco da Gama são os grandes rivais
esportivos do Flamengo ao longo da história.
É o clube com o maior número de torcedores do Brasil, como indicam
pesquisas do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, e Datafolha.
Estima-se ter uma torcida entre 28 e 33 milhões de torcedores só no Brasil. O
Flamengo foi eleito, ainda, numa pesquisa feita pela FIFA, o nono maior clube
do século XX, segundo maior do Brasil e quarto maior das Américas. Já o
ranking da Confederação Brasileira de Futebol coloca o Flamengo atualmente
em quinto lugar, com 2 207 pontos. Em 9 de março de 2007, foi sancionada,
pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, a Lei Estadual 4
998/2007, instituindo o "Dia do Flamengo", festejado no estado em 17 de
-
35
novembro, data da fundação do clube. Também em 2007, o prefeito da cidade
do Rio de Janeiro, César Maia, tombou a Torcida do Flamengo como
Patrimônio Cultural da Cidade, por promover espetáculos de alegria no
Maracanã e em diversos estádios, instituindo, também, em 17 de outubro de
2007, o Dia do Flamenguista, comemorado em 28 de outubro, mesmo dia do
padroeiro do Flamengo, São Judas Tadeu.
De acordo com a empresa BDO RCS Auditores Independentes, a marca
do clube é a segunda de maior valor no Brasil no ranking de marcas mais
valiosas do ano de 2012, com a marca avaliada em R$ 792,0 milhões,
evolução de 13% em relação ao ranking de 2011 e 145% em comparação com
2004 (BDO RCS,2012). O rubro negro da Gávea, em comparação aos clubes
do Rio de Janeiro, ocupa a primeira posição. O clube, no mercado brasileiro,
possui uma marca diferenciada em virtude do tamanho de sua torcida, tanto no
estado do Rio de Janeiro, como espalhada pelo Brasil. Segundo a Pluri
Consultoria (2011), o número de torcedores do Flamengo está estimado em
29,2 milhões.
Ainda que o clube tenha apresentado crescimento nos últimos anos, não
há dúvida que tem admirável potencial para os próximos anos especialmente
pela potencialização de suas receitas diretamente com sua base de torcedores
e com empresas envolvidas com o patrocínio.
O Flamengo lidera o ranking com o maior número entre todos os
torcedores do Brasil de diferentes classes sociais, embora diminua sua
participação entre os mais ricos e aumente entre os mais pobres. Entre os
jovens sua marca também é líder (BDO RCS, 2012). Ao se fazer uma análise
da preferência dos torcedores do Rio de Janeiro sua liderança é incontestável,
sua torcida chega ao número estimado de 7,5 milhões, de acordo com a Pluri
Consultores (2012). Outro ponto forte da sua marca é o grande número de
torcedores em todos os estados do Brasil, que de acordo com os dados
publicados pela Pluri Consultores (2012) está estimada em 21,7 milhões. Pelo
fato de mais de 50% do total de sua torcida localizar-se difuso pelo território
brasileiro, os seus jogos são transmitidos para diferentes regiões do país. Fato
-
36
que gera um importante benefício para a sua marca, transmitindo grande
visibilidade da instituição em todo o país.
Ao analisar as receitas do rubro negro, pode-se observar que as receitas
que mais contribuíram para o crescimento do valor da marca do clube se
destaca a receita com provenientes do marketing, que atingiu R$ 43,8 milhões
em 2011, Ainda segundo estudo realizado pela BDO RCS (2012) outras
importantes receitas que implicaram no valor da marca do clube foram os R$
94,4 milhões em cotas de TV de 2011, evolução de 112% em relação a 2010 e
as receitas com clube social e esporte amador, que produziram outros R$ 19,5
milhões, 6,55% superior ao registrado em 2011.
Vale ressaltar que o clube de maior torcida do país, apesar de possuir
recordes de público e arrecadação de bilheteria, não possui estádio próprio e
tem uma grave deficiência em seu setor de marketing, que ainda não
conseguiu formular um programa de sócios-torcedores que atenda as
especificidades de sua imensa torcida. Contudo, em dados informais
(levantamentos de blogs especializados em futebol), o Flamengo é apontado
como o líder em vendas de camisas oficiais no Brasil e conta com lojas
exclusivas espalhadas pelo país (Espaço Rubro Negro, LojaFla, FlaShop e
FlaBoutique) e uma loja em sua sede, a maior loja de um clube na América
Latina (Fla Concept).
������������
����������������������������
Fonte: Análise BDO RCS
-
37
Abaixo segue um quadro com as receitas advindas do futebol do clube de
acordo com os dados dos Balanços Patrimoniais dos últimos três anos
���������������������������∋�&������������∗�&����+��&���������������
�
Fonte: Resultado da Pesquisa dos Balanços Patrimoniais
�
��������!�������������������������
Fonte: Análise BDO RCS
2012 2011 2010 2009
Transmissão dos Jogos 104.616.494,00R$ 94.352.750,00R$ 44.429.791,00R$ 44.251.731,00R$
Bilheteria dos Campeonatos 9.451.558,00R$ 14.481.973,00R$ 17.316.236,00R$ 20.000.841,00R$
Patrocínio - Material Esportivo - 1.212.218,00R$ 2.390.638,00R$ 542.525,000R$
Marketing 34.435.770,00R$ 25.383.732,00R$ 32.415.000,00R$ 1.490.098,00R$
Repasse de direitos federativo 11.478.690,00R$ 5.322.765,00R$ 4.356.459,00R$ 4.884.076,00R$
Premiações - 1.160.000,00R$ 1.400.000,00R$ 6.270.000,00R$
Outras entradas 17.895.877,00R$ 13.341.130,00R$ 7.965.960,00R$ 350.117,00R$
Total dos Recebimentos do Futebol 177.878.389,00R$ 159.188.470,00R$ 110.274.084,00R$ 88.664.388,00R$
��������
-
38
b) Vasco da Gama
O Club de Regatas Vasco da Gama é uma agremiação sócio poliesportiva
brasileira com sede na cidade do Rio de Janeiro, fundado em 21 de Agosto de
1898 por um grupo de remadores que, inspirados nas celebrações do quarto
centenário da descoberta do caminho marítimo para as Índias, ocorrida em
1498, batizaram a nova agremiação com o nome do heroico português que
alcançara tal feito, o navegador Vasco da Gama.
Apesar de ter sido fundado como um "Clube de Regatas", consagrando-se
no remo um dos maiores campeões do país, o Vasco da Gama ainda abrange
outros esportes nas modalidades feminina e masculina, como atletismo, vôlei
de praia, basquete, futebol de areia, jiu-jitsu, bodyboard, dentre outros, tendo
como esporte mais tradicional atualmente, o futebol.
Em 1998, ano de seu centenário, conquistou a Copa Libertadores da
América. Possui ainda quatro Campeonatos Brasileiros (1974, 1989, 1997 e
2000 – Copa João Havelange), vinte e dois Campeonatos Estaduais e diversos
torneios nacionais/internacionais.
Em 1904, época em que o racismo era prática comum no esporte, os
vascaínos elevaram Cândido José de Araújo ao degrau mais alto do clube,
tornando-se o primeiro na história dos clubes esportivos do Brasil a ter elegido
um presidente "não-branco".
O Vasco da Gama detém dentre os seus ídolos, os maiores artilheiros do
Campeonato Brasileiro de futebol de todos os tempos, tendo Roberto Dinamite
(atual presidente do Vasco) como o maior, com a marca de 190 gols, seguido
de Romário e Edmundo, com 154 e 153 gols respectivamente.
Em 2 de Julho de 2007, o projeto de lei nº 5.052, que criou o Dia do
Vasco, foi sancionado pelo governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral Filho.
-
39
O Clube de Regatas Vasco da Gama com valor de sua marca avaliado em
R$ -316,7 milhões ocupa a segunda colocação entre os clubes do Rio de
Janeiro. O valor de sua marca obteve uma evolução de 95,2 em relação a 2011
(BDO RSC, 2012). O clube de São Januário, que apresentou a segunda maior
evolução de sua marca no ranking em 2012, acabou apresentando um
crescimento menor esse ano, em função de um pequeno decréscimo de suas
receitas.
O clube, em várias pesquisas, aparece como a quinta maior torcida do
futebol brasileiro, alcançando um número de 8,8 milhões de torcedores (Pluri
Consultoria, 2012). O Vasco tem a maioria esmagadora de sua torcida fora do
seu estado de origem, são 71%, e assim possui boa distribuição geográfica de
sua torcida nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste e sua torcida se
mantém constante em diferentes faixas etárias e níveis de renda (Pluri
Consultoria, 2012). O diferencial do clube é ter uma dimensão nacional, muita
força nas capitais e boa participação tanto entre os torcedores de menor renda
como de renda mais elevada.
Segundo balanço patrimonial do clube no ano de 2009 o futebol
profissional obteve um receita de 78,2 milhões, no entanto não apresentados
de forma clara nesse balanço as demais receitas oriundas do departamento de
futebol como a arrecadação com a bilheteria dos jogos, os recursos
provenientes do departamento de marketing e dos recursos disponibilizados
pela cota de TV. No entanto o crescimento do valor da marca do clube se deve
a alguns fatores, de acordo com o balanço patrimonial do clube; os 65,5
milhões da receita dos valores de transmissão, refletindo um aumento de 101%
em relação a 2010, a bilheteria com arrecadação de 13,1 milhões, o marketing
que angariou R$ 23,3 milhões, aumentando em 28,7% em relação ao ano
anterior, que foi de 18,1 milhões.
Os torcedores do clube, através de campanhas que arrecadaram dinheiro,
construíram seu estádio, em 1927, a construção demorou 11 meses e é o
orgulho dos torcedores por ter sido realizada através do esforço e da paixão da
torcida. O Vasco desenvolveu o programa sócio torcedor, intitulado “O Vasco é
meu”, entretanto em 2011 o clube afirmou à imprensa que apesar dos 57.028
-
40
torcedores cadastrados, pouco mais de 11.000 são adimplentes. O programa
tem como vantagens ao torcedor preferência e desconto de 50% na compra de
ingressos, promoções exclusivas, acesso a área exclusiva no site e acesso ao
clube e demais sedes, no pacote sócio proprietário o torcedor recebe direito a
voto.
��������#���
��������������������������������
Fonte: Análise BDO RCS
Abaixo segue um quadro com as receitas advindas do futebol do clube de
acordo com os dados dos Balanços Patrimoniais dos últimos dois anos.
��������∃������������������∋�&������������∗�&����&�,�������
������������
Fonte: Resultado da Pesquisa dos Balanços Patrimoniais�
2012 2011 2010
Direitos de Transmissão de TV 57.155.198,00R$ 65.627.546R$ 33.555.902,00R$
Bilheteria 9.957.307,00R$ 13.120.860R$ 10.184.006,00R$
Marketing 26.939.185,00R$ 23.341.854R$ 18.154.089,00R$
Repasse de Direitos Federativos 30.881.008,00R$ 5.375.404R$ 9.848.033,00R$
Receitas Diversas 506.251,00R$ 4.695.493R$ 620.020,00R$
Receita do Futebol 125.438.949,00R$ 112.161.158,00R$ 72.362.049,00R$
����������
-
41
�
��������������������������������������
Fonte: Análise BDO RCS�
c) Fluminense
O Fluminense Football Club é uma agremiação sócia poliesportiva e
cultural sediada na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil.
Oscar Cox fundou o Fluminense Football Club em 21 de julho de 1902,
numa casa localizada no número 51 da Rua Marquês de Abrantes, no bairro do
Flamengo. Desde sua fundação, o "Tricolor" – como foi apelidado, por suas
cores - teve, entre seus sócios e frequentadores, representantes das famílias
mais tradicionais do Rio de Janeiro. Há várias décadas, o clube se mantém
entre as 12 maiores torcidas do País. Sua sede está situada no bairro de
Laranjeiras.
O Fluminense foi a primeira associação fluminense que prosperou
fundada para a prática do futebol, sendo também o decano dos grandes clubes
brasileiros, inspirando a criação de vários clubes de futebol com o seu nome no
Brasil e no exterior tendo, em sua camisa, atualmente, as cores grená, verde e
branco. As cores originais do time eram o branco e o cinza. Esse padrão inicial
de cores durou apenas alguns anos, como será explicado a seguir.
-
42
Em 15 de julho de 1904, após leitura de carta de Oscar Cox e Mário
Rocha, enviada da Inglaterra, na Assembleia Geral Extraordinária, o
Fluminense trocou a camisa anterior, de cor cinza e branco, pela tricolor.
Devido à impossibilidade de conseguir tecido na cor cinza, porque não existia
no mercado, eles sugeriram as cores grená, branco e verde. A indicação foi
posta em votação e aceita de imediato.
As conquistas nos gramados alçaram o Fluminense à lista de um dos
clubes mais populares do Brasil. o clube consolidou sua condição de elite
esportiva com o tetracampeonato estadual 1906-1909, alcançando o
tricampeonato em 1917-1919, época em que o futebol do eixo Rio de Janeiro –
São Paulo começava a levar públicos relevantes aos estádios.
Por ter sido o clube que mais conquistou títulos estaduais no estado do
Rio de Janeiro no século XX, o Fluminense ostenta o título honorífico de
Campeão Carioca do século XX.
Em 2005, o tricolor se tornou o primeiro clube do eixo Rio – São Paulo a
conquistar 30 títulos estaduais, sem levar em consideração o título carioca
extra de 1941.
Entre suas maiores glórias no futebol estão a Copa Rio de 1952, as 4
conquistas nacionais, 1970, 1984, 2010, 2012 e a Copa do Brasil de 2007,
além dos Torneios Rio –São Paulo de 1957 e de 1960. O Fluminense é o
quinto clube que mais jogadores cedeu a Seleção Brasileira em Copas do
Mundo, com trinta convocações, tendo tido um total de 92 jogadores
convocados apenas considerando-se os que atuaram em jogos oficiais da
Seleção Brasileira principal, ou 98 considerando os que atuaram em jogos
contra clubes, combinados ou seleções regionais.
Foi o seu Estádio das Laranjeiras a primeira sede desta seleção, onde ela
permaneceu invicta em 18 jogos disputados entre 1914 e 1932, e onde o Brasil
conquistou os seus dois primeiros títulos relevantes no futebol, as edições da
Copa América de 1919 e 1922.
-
43
A Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro aprovou em 12 de maio de
2007 o Decreto Oficial que cria o Dia do Fluminense e dos Tricolores, que é
comemorado no dia 21 de julho, data de aniversário do clube. No âmbito do
estadual, no dia 12 de novembro é comemorado o Dia do Fluminense, pela Lei
nº 5094 de 27 de setembro de 2007, sancionada pelo governador Sergio
Cabral Filho.
O lema do Clube é “Retumbante de Glórias” e desde 2011 é bordado na
camisa e em toda a coleção da fornecedora de material esportivo.
Em comparação aos clubes do Rio de Janeiro, o Fluminense ocupa a
terceira posição do ranking com o valor da sua marca avaliada em R$ 157,4
milhões, ampliação de 16% em relação a 2011 (BDO RCS, 2012). Ao se fazer
uma análise com pesquisas anteriores o Tricolor das Laranjeiras, em
comparação aos demais clubes do Rio de Janeiro, foi o clube que menos
cresceu, com 16%. O clube tem uma torcida menor em comparação aos dois
clubes anteriores, mais ainda sim conseguiu ampliar o valor de sua marca nos
últimos anos não apenas pelas características de seus torcedores, mas
também pela evolução de suas receitas.
O clube conta, diferentemente dos demais clubes do Rio de Janeiro, tem a
maior parte de sua torcida no próprio estado de origem, são 60% do total (Pluri
Consultoria, 2012) e mesmo ocorre quando se faz uma comparação entre a
renda média de seus torcedores, pois segundo a segundo a Pluri Consultoria
(2012) os torcedores do Fluminense possui uma renda média mensal estimada
em R$ 776, sendo assim a maior entre os quatro grandes clubes do Rio de
Janeiro. Ainda em relação ao nível de renda é um dos clubes que mais cresce
sua participação entre os mais ricos, com evolução acentuada entre as faixas
de renda entre 5 e 10 salários mínimos e acima de 10 salários mínimos (BDO
RCS, 2012).
Ainda segundo a BDO RCS (2012) as receitas que mais contribuíram para
o crescimento do valor da marca do clube foram as cotas de TV que em 2011
atingiram R$ 29,4 milhões, e patrocínio e publicidade que atingiu R$ 15,8
milhões, crescimento de 194,2% nos últimos cinco anos. Outra receita
-
44
importante para o clube foi a bilheteria, que em 2011 2011 atingiu R$ 3,4
milhões, . Outras receitas importantes para o clube em 2011 foram as receitas
geradas com licenciamento que ultrapassaram R$ 1,07 milhão e o clube social
e esporte amador que superou R$ 8,6 milhões.
Em 2011, o clube elaborou um programa para venda de ingressos, com
intuito de extinguir as enormes filas e o cambismo, nomeado “Guerreiro
Tricolor”. O programa foi utilizado apenas nas campanhas da Taça
Libertadores da América e do Campeonato Estadual. O programa obteve
aprovação imediata da torcida e a diretoria promoveu inclusão do pacote de
ingressos no projeto do programa sócio torcedor. Assim como o Flamengo, o
clube não possui estádio próprio. Possui lojas exclusivas no estado do Rio de
Janeiro (FluBoutique).
��������%���
�������������������������������
Fonte: Análise BDO RCS
Abaixo segue um quadro com as receitas advindas do futebol do clube de
acordo com os dados dos Balanços Patrimoniais dos últimos três anos.
-
45
��������∀������������������∋�&������������∗�&����+��&�������������������
Fonte: Resultado da Pesquisa dos Balanços Patrimoniais
�
�������� �����������������������������
Fonte: Análise BDO RCS
2012 2011 2010 2009
Receitas com Bilheteria 5.821,00R$ 3.433,00R$ 7.120,00R$ 4.565,00R$
Receitas com Repasse de Direitos Federativos 51.192,00R$ 18.204,00R$ 13.144,00R$ 11.395,00R$
Receitas de Transmissões Televisivas 52.992,00R$ 29.428,00R$ 27.111,00R$ 27.499,00R$
Receitas com Publicidade e Patrocínio 11.515,00R$ 15.814,00R$ 7.582,00R$ 5.077,00R$
Receitas com Licenciamentos e Franquias 1.619,00R$ 1.070,000R$ 986,000R$ 697,000R$
Receitas com Premiações e Loterias 11.700,00R$ 1.551,00R$ 9.444,00R$ 1.296,00R$
Receitas com Esportes Amadores 1.571,00R$ 1.018,00R$ 1.027,00R$ 1.188,00R$
Receitas com Associados 11.713,00R$ 7.606,00R$ 7.345,00R$ 6.360,00R$
Receitas com Aluguéis 1.291,00R$ 1.105,00R$ 933,00R$ 944,00R$
Outras Receitas 1.763,00R$ 945,00R$ 2.130,00R$ 2.240,00R$
Total das Receitas 151.177,00R$ 80.174,00R$ 76.822,00R$ 61.261,00R$
���������
-
46
d) Botafogo
Botafogo de Futebol e Regatas é um clube sócio esportivo com sede no
bairro homônimo ao clube, na cidade do Rio de Janeiro. Seus principais títulos
esportivos advêm do futebol. Fundado para o remo em 1º de julho de 1894 sob
o nome de Club de Regatas Botafogo, fundiu-se com o Botafogo Football Club,
outro clube, fundado oficialmente em 12 de agosto de 1904, do mesmo bairro,
em 8 de dezembro de 1942. O Botafogo tem como cores o preto e o branco. É
conhecido como o clube da Estrela Solitária pela estrela de cinco pontas em
seus distintivos.
Foi apelidado de “O Glorioso” pelas diversas goleadas aplicadas no início
do século XX. O clube alvinegro foi por diversas vezes base da Seleção
Brasileira e é o recordista de convocações, tendo 97 jogadores chamados no
geral e também 47 convocações para Copas do Mundo. Viveu seu auge nas
décadas de 1950 e 1960, quando se consagrou Tricampeão do Torneio
Roberto Gomes Pedrosa em 1962, 1964 e 1966, torneio o qual definia o melhor
time do Brasil na época e Campeão da Taça Brasil de 1968. É do Botafogo o
recorde de maior sequência invicta do futebol nacional: 52 partidas sem
derrotas, além de 48 partidas invicto em Campeonatos Brasileiros no ano de
1978. Após ter vencido o Torneio Intercontinental de clubes Torneio
Internacional de Paris em 1963, 3 edições da Copa do Mundo de Clubes em
1967, 1968 e 1970, Copa Conmebol (antecessora da atual Copa Sul-
Americana) de 1993 e o Campeonato Brasileiro de 1995, foi eleito pela FIFA o
12° maior clube de futebol do século XX. Em 2003, disputou a Série B do
Campeonato Brasileiro tendo retornado à Série A no ano seguinte. O Botafogo
tornou-se a única entidade esportiva brasileira campeã em três séculos
distintos, XIX, XX e XXI ao vencer o Campeonato Carioca de Futebol em 2006.
O Dia do Botafogo, comemorado no dia 16 de maio, foi sancionado pelo
governo de estado do Rio de Janeiro. A data foi escolhida em homenagem ao
ex-jogador Nilton Santos, nascido em 16 de maio de 1925.
O Botafogo ocupa a 12ª posição entre os clubes mais valiosos do Brasil.
Ao se observar somente os clubes do Rio de Janeiro o clube ocupa a 4ª e
-
47
última posição. O alvinegro carioca possui a sua marca avaliada em R$ 112,6
milhões, evolução de 24,14 em relação ao levantamento de 2011 (BDO RCS,
2011). O clube da estrela solitária apresentou evolução em suas receitas nos
últimos três anos, ainda que tenha apresentado uma queda nos recursos
gerados em 2009. O Botafogo conta com maior parte de seus torcedores no
estado do Rio de Janeiro, são 60% (Pluri Consultoria, 2012), e também em
estados das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, com mais força nas
capitais que no interior. A torcida possui um perfil bastante particular, pois a
maior parte está nos torcedores acima de 45 anos, e é diminuída em relação
aos torcedores mais jovens (BDO RCS, 2012). Ao se observar a renda, tem
maior participação entre aqueles torcedores com poder aquisitivo maior,
segundo a Pluri Consultoria (2010) a sua renda média mensal é de R$ 768, em
relação aos clubes do Rio de Janeiro, é inferior somente ao Fluminense.
Ao observar as receitas que mais contribuíram para a elevação do valor
da marca do Botafogo foram as cotas de TV que em 2011 atingiram R$ 22,1
milhões, e patrocínio que atingiu R$ 6,7 milhões, segundo a BDO RCS (2012).
Ainda segundo estudo da BDO RCS (2012) as outras receitas com aumento
para o clube foram os licenciamentos e aluguéis, que atingiram R$ 4,5 milhões,
evolução de 1.211% nos últimos sete anos. Esses números estão refletidos
apor ocasião de o clube ter arrendado o estádio olímpico João Havelange, o
Engenhão, pois com a interdição do Maracanã para obras com vistas para a
Copa do Mundo 2014, o estádio se tornou o único local para grandes jogos no
Rio de Janeiro. O clube social e esporte amador que atingiu R$ 3,7 milhões,
evolução de 99% no período de sete anos (BDO RCS, 2012).
Dos clubes cariocas, o Botafogo é considerado o menor entre os grandes
e ainda assim possui o programa de sócio torcedor mais bem consolidado.
Com pouco mais de 11.500 torcedores, o clube oferece prioridade na compra e
descontos em ingressos, promoções exclusivas e acesso às dependências. O
Botafogo passou a ter seu próprio estádio em agosto de 2007, quando venceu
a licitação realizada pela prefeitura do Rio, para gerenciar o Stadium Rio.
Construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007, o Estádio Olímpico
Municipal João Havelange foi erguido pela prefeitura no antigo terreno da Rede
Ferroviária Federal, na Rua José dos Reis, no bairro do Engenho de Dentro,
-
48
Zona Norte do Rio de Janeiro. O estádio é considerado o mais moderno da
América Latina e o quinto mais moderno do mundo.
.
������������
���������������������&����
Fonte: Análise BDO RCS
Abaixo segue um quadro com as receitas advindas do futebol do clube de
acordo com os dados dos Balanços Patrimoniais dos últimos três anos.
���������������������������∋�&������������∗�&����+��&���������&����
Fonte: Resultado da Pesquisa dos Balanços Patrimoniais�
2012 2011 2010 2009
Receita de transmissão televisivas 46.752.845,00R$ 22.088.509,00R$ 24.761.487,00R$ 5.079.573,00R$
Receita de direitos economicos e de formação 35.356.680,00R$ 15.381.041,00R$ 6.547.764,00R$ 2.793.733,00R$
Receita com bilheteria e cotas de participação 8.964.291,00R$ 4.402.304,00R$ 5.025.199,00R$ 24.269.480,00R$
Receita com manutenção e mensalidade de socios 1.979.774,00R$ 1.880.898,00R$ 1.294.518,00R$ 646.865,00R$
Receita com mensalidades das escolas de esport 1.148.947,00R$ 766.375,00R$ 921.903,00R$ 991.673,00R$
Receita com mensalidades sócio torcedor 1.420.301,00R$ 1.094.120,00R$ 957.534,00R$ -
Receita com premiações 2.400.000,00R$ 100.000,00R$ 2.120.000,00R$ 1.340.000,00R$
Receita com contribuições e doações - - 69.150,00R$ -
Receita com publicidade e patrocínio 15.138.306,00R$ 6.747.529,00R$ 4.930.784,00R$ 2.884.525,00R$
Receita com aluguéis e licenciamentos 7.411.669,00R$ 4.548.439,00R$ 5.116.715,00R$ 4.962.269,00R$
Loteria esportiva - TIMEMANIA 1.991.371,00R$ 1.466.547,00R$ 891.023,00R$ 853.925,00R$
Outras receitas 281.399,00R$ 425.546,00R$ 132.493,00R$ 245.322,00R$
Total das Receitas 122.845.583,00R$ 58.901.308,00R$ 52.699.420,00R$ 44.136.515,00R$
��������
-
49
�
���������������������������&����
Fonte: Análise BDO RCS
-
50
CONCLUSÃO
A conclusão do trabalho permite estabelecer três relações básicas: 1) A
identificação entre torcedor e clube como forma de atração de investimentos, 2)
O torcedor-consumidor e a construção de valor e 3) Ações bem sucedidas
permitem melhor aproveitamento do potencial de mercado.
Com base na análise realizada no decorrer do trabalho, foi possível
identificar o quanto o torcedor-consumidor é importante para a evolução do
valor da marca no futebol. A paixão e a identificação do torcedor com o clube
atraem e propiciam a inserção de novos patrocinadores e a aquisição de novas
receitas. A arrecadação é transformada em investimentos na equipe, na
estrutura do clube, com objetivo de satisfazer sócios e torcedores.
Como Pozzi (1998) destacou “o futebol constituiu uma das maiores
paixões do povo brasileiro, representando um veículo de cultura e comunicação
dinâmico e expressivo, e que tem apresentado um crescimento e interesses
crescentes por grande parte da sociedade”.
A identificação entre o torcedor-consumidor e o clube é fundamental
para a construção do valor da marca. O torcedor-consumidor espera que a
marca de um patrocinador, quando atrelada à imagem de seu clube, agregue
valor e seja compatível com a sua identidade e com a ideia que projeta para
seu clube. Como Aaker (2002) aponta “o valor da marca é a
medida da força da marca. Está relacionado com o valor de mercado, com
quanto as pessoas pagam por seus ativos. Assim, o valor de
uma marca é o valor de seus ativos. No entanto, antes disso, vem o valor na
mente dos consumidores – valor este que leva a uma
recompensa para a marca, traduzida em lucros, vendas e dividendos na Bolsa”.
Morgan e Summers (2008) atentam que essa ligação emocional entre o
torcedor e o time, abre caminho para uma grande oportunidade quando se
-
51
analisa a promoção de um produto, pois durante esse momento de lazer o
torcedor se torna mais receptivo as mensagens transmitidas durante a partida
ou competição, levando com que o torcedor até mesmo de forma inconsciente
faça ligação entre as emoções prazerosas do jogo, as marcas e produtos
apresentados durante o mesmo.
Morgan e Summers (2008, p.48) ainda deixam claro que o esporte é um
produto complexo e com público diversificado, o que requer um planejamento
cuidadoso no que se refere a sua utilização como ferramenta de marketing.
Assim sendo, evidenciam que as funções do mix do marketing e as decisões
estratégicas precisam abranger os impactos e as exigências de diferentes
consumidores e públicos esportivos.
Apesar de o Futebol ser o esporte que melhor exemplifica a relação
entre marketing e esporte no Brasil, ele ainda possui a capacidade de ser mais
bem aproveitado. Analisando-se os dados dos clubes cariocas é possível
perceber que as ações realizadas pelos mesmos, ainda não conseguiram
converter a identificação de seus torcedores em receitas expressivas, o
patrocínio e a venda de imagem ainda são as principais fontes de arrecadação
dos clubes. Nesse contexto, cabe ao departamento de marketing de cada clube
ampliar e qualificar ações para alcançar seu torcedor.
Durante o desenvolvimento deste trabalho foi constatado, que a área
estudada ainda é pouco explorada no meio acadêmico - cientifico, muitas
vezes as organizações não investem no marketing esportivo por não
calcularem o impacto que o mesmo pode causar na valorização de suas
marcas.
-
52
BIBLIOGRÁFICAS CONSULTADAS
AAKER, David A. Marcas: brand equity gerenciando o valor da marca. São
Paulo: Negócio, 1998
AIDAR, Antônio Carlos Kfouri. Núcleo de Pesquisas e Publicações, São Paulo:
EAESP/FGV/NPP, 2000.
CALDAS, Waldenyr. O pontapé inicial: memória do futebol brasileiro (1894-
1933). São Paulo: Ibrasa, 1990.
CALDAS, Waldenyr. Aspectos sócios políticos do futebol brasileiro. Revista
USP, São Paulo, n. 22, p. 40-49, jun./jul./ago. 1994.
COBRA, Marcos. Plano estratégico de marketing. São Paulo: Atlas, 1986.
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. 11. reimpr.
São Paulo: Atlas, 2008.
GUTERMAN, Marcos. O Futebol explica o Brasil: uma história da maior
expressão popular do país. 1ª Edição, 1ª reimpressão. São Paulo: Contexto,
2010.
KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de Marketing. 12 ed. Trad: Cristina
Yamagami; revisão técnica Dílson dos Santos. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2007.
KOTLER, Philip, KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing: A Bíblia do
Marketing. 12ª Edição. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
LEONCINI, M. P. Entendendo o Negócio de Futebol: Um estudo sobre a
transformação do modelo de gestão estratégica dos clubes de futebol. São
Paulo. Tese de Doutorado da USP em 2001.
MARTINS José Roberto, Branding: O manual para você criar, gerenciar e
avaliar marcar, 3º edição revista e ampliada, Copyright, 2006.
Magalhães, Lívia Gonçalves. Histórias do futebol. São Paulo: Arquivo Público
do Estado, 2010.
MINAYO, M.C. de S. (Org.) Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 22ª
ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.
MORGAN e SUMMER, Melissa Johnson, Jane Summer, Marketing esportivo:
tradução Vertice Translate : revisão técnica João Candido Golçalves Saraiva –
São Paulo : Thomson Learning, 2008.
-
53
MULLIN, HARDY, S. & SUTTON, W. Sport Marketing, Champaign, IL, 1996.
POZZI, L. F. A grande jogada: teoria e prática do marketing esportivo. São
Paulo: Globo, 1998.
PRONI, M. W. A metamorfose do futebol. Campinas, SP: Unicamp, 2000.
VERGARA, Sylvia Constant. Métodos de coleta de dados no campo. São
Paulo: Editora Atlas, 2005.
-
54
WEBGRAFIA
AAKER, David. O ABC do Valor da Marca. Reportagem publicada na revista
"HSM Manegement", N° 31, edição de março – abril de 2002. Disponível em
. Acessado em 16 de novembro de 2013,
. Acessado em 18 de novembro de 2013.
.
Acessado em 03 de novembro de 2013.
, acessado em 15 de outubro de 2013.
, acessado em 18
de novembro de 2013.
. Acessado em 10 de novembro de 2013.
-
55
. Acessado em 01 de fevereiro de 2014.
. Acessado em 01
de fevereiro de 2014.
. Acessado em 01 de fevereiro de 2014.
. Acessado em 01 de fevereiro
de 2014.
. Acessado em 01 de fevereiro de
2014.
. Acessado em 16 de janeiro de 2013.
. Acessado em 15 de janeiro de 2014.
. Acessado em 02 de
fevereiro de 2014.
. Acessado em 01 de
fevereiro de 2014.
. Acessado em 01 de fevereiro de 2014.
. Acessado em 25 março de 2014.
-
56
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
O ESPORTE FUTEBOL 11
1.1 – O futebol no Brasil 11
1.2 – O futebol amador 11
1.3 – Início e consolidação do profissionalismo 12
1.4 – O esporte como negócio 14
1.5 – O futebol como negócio no Brasil 15
CAPÍTULO II
MARCA 17
2.1 – Marca 17
2.2 – Valor da Marca 18
2.3 – Marketing de Serviços 18
2.4 – O torcedor como consumidor 21
CAPÍTULO III
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 23
3.1 – O valor das marcas dos 17 clubes mais valiosos do Brasil 23
3.2 – Valor das marcas dos 4 (quatro) clubes do Rio de Janeiro 33
a) Flamengo 33
b) Vasco da Gama 38
c) Fluminense 41
d) Botafogo 46
CONCLUSÃO 50
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52
WEBGRAFIA 54
ÍNDICE 56