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<> <> <> <> UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA <> <> <> <> <> O ORIENTADOR EDUCACIONAL E O BULLYNG NAS SÉRIES INICIAIS <> <> <> Por: Elaine Cortes Ramos Bezerra de Araujo <> <> <> Orientador Prof. Flávia Cavalcanti Niterói 2012 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

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O ORIENTADOR EDUCACIONAL E O BULLYNG NAS SÉRIES

INICIAIS

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Por: Elaine Cortes Ramos Bezerra de Araujo

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Orientador

Prof. Flávia Cavalcanti

Niterói

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

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O ORIENTADOR EDUCACIONAL E O BULLYNG NAS SÉRIES

INICIAIS

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Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Orientação Educacional e

Orientação Pedagógica.

Por: Elaine Cortes Ramos Bezerra de Araujo

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AGRADECIMENTOS

...agradeço em primeiro lugar a Deus,

que me deu saúde, força e

oportunidade, ao meu esposo que me

ajudou nas horas que mais precisei e

aos meus pais que sempre me

apoiaram nesta caminhada de estudo.

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DEDICATÓRIA

....dedico este trabalho aos meus três

filhos: Kaio fabio, Kalebe e Kaíque,que

participaram de toda a minha tragetória

de graduação e pós-graduação, e me

ensinaram a ser mais perceverante. Amo

vocês.

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RESUMO

A violência escolar tem sido um problema de dimensão global, que continua crescendo de forma assustadora, trazendo consequências assustadoras no desenvolvimento da criança. Muitos autores definiram esta violência como sendo “bullying”. Este trabalho apresenta um estudo sobre o assunto com o objetivo de buscar o esclarecimento, a identificação e as consequências deste fenômeno, abordando o papel do Orientador Educacional, propondo estratégias de intervenção e combate ao bullying, para que o respeito as diferenças e a tolerância sejam ingredientes para que a paz venha reinar em nossas escolas.

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METODOLOGIA

Pesquisa bibliográfica e documental através da análise de livros e

artigos.

- Bullying - ABRAPIA. Disponível em:

http://guiadoestudante.abril.com.br/vestibular-enem/cnj-lanca-cartilha-bullying-

605192.shtml .Acesso em novembro 2010.

- Orientação Educacional na prática. - Lia Renata Angelina Giacaglia /

Wilma Millan Alves Penteado;

- Pedagogia da amizade - Bulying: o sofrimento das vítimas e dos

agressores. - Gabriel Chalita;

- Fenômeno Bullyng - Como prevenir a violência nas escolas e educar

para a paz. - Cleo Fante;

- Bullying: mentes perigosas nas escolas. - Ana Beatriz B. Silva.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O Conceito 10

CAPÍTULO II - Conhecendo o Histórico da

Orientação Educacional 25

CAPÍTULO III- Estratégias de intervenção

e prevenção 29

CONCLUSÃO 37

ANEXO A - MOMENTOS E AS CARACTERÍSTICAS

DAS FINALIDADES DA ORIENTAÇÃO

EDUCACIONAL NO BRASIL 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41

ÍNDICE 42

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INTRODUÇÃO

A violência tem crescido de forma assustadora nos dias atuais, um

problema sério da agressão, do assédio e da falta de respeito mútuo. O grande

desafio é promover o incentivo a uma cultura de paz e respeito às diferenças

individuais, assim, a violência poderá ser controlada e até mesmo evitada.

Normalmente a violência explícita é combatida, por ser esta mais fácil de ser

identificada . Além desta, existe outro tipo que merece uma atenção minuciosa

pelos profissionais da educação para que não passe despercebido, sendo

confundida com brincadeira.

Segundo Fante (2005), o bullying tem a forma velada de se apresentar,

por meio de um conjunto de comportamentos, intimidadores, cruéis e

repetitivos, de forma prolongada contra uma mesma vítima, sendo prejudicial

tanto a comunidade escolar, como a sociedade em geral, pelos danos

psicológicos causados aos envolvidos (p.21).

Consideraremos também de grande riqueza o conhecimento Histórico

da Orientação Educacional. Tendo suas origens no início do século XX,

passando por várias transformações com o passar do tempo, que

consequentemente reflete dentro das instituições de ensino. Com o passar dos

anos a Orientação Educacional vai ganhando espaço e redefinindo o seu papel

e tendo sua aparição pela primeira vez na legislação brasileira no ano de 1942,

procurando sempre definir o seu papel no ambiente escolar.

O tema “O Orientador Educacional e o Bullying nas séries iniciais” foi

escolhido por vivenciar o comportamento de um menino por vários anos, que

apresentava atos de violência tanto moral como física contra um ou mais

alunos, que hoje com a mente mais aberta identifico como possíveis

características do bullying. Vendo a incapacidade da Orientação diante deste

sério problema de agressão, resolvi me aprofundar no assunto e buscar

estratégias para serem utilizadas por este profissional, a fim de combater e até

mesmo prevenir este fenômeno que tem invadido as nossas escolas.

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Diante desta realidade, este trabalho foi desenvolvido com o intuito de

sugerir uma ação significativa do orientador educacional enquanto

transformador desta realidade que tem assolado muitas escolas, tendo como

objetivo diminuir o grau de agressividade no relacionamento entre os alunos

com uma ação efetiva do orientador educacional no ambiente escolar,

diagnosticando a existência (ou não) do fenômeno bullying na escola,

buscando meios para prevenir e até mesmo combatê-lo .

Este trabalho pretende no primeiro capítulo esclarecer o fenômeno

bullying, no segundo capítulo conhecer um breve histórico da Orientação

Educacional e no terceiro capítulo buscar estratégias a serem utilizadas pelo

orientador educacional no combate às diversas manifestações de violência nas

séries iniciais. O método utilizado será a pesquisa bibliográfica.

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CAPÍTULO I

O CONCEITO

1- Esclarecendo o fenômeno Bullying

Começou-se a observar um aumento muito grande da agressividade e

da violência escolar nas últimas décadas, mediante este quadro, patrulhas

foram instaladas com intuito de conter esses atos agressivos entre os alunos.

A violência das desigualdades sociais onde uns têm muito e outros não

possuem nada. Muitas crianças estão envolvidas neste contexto social de

pobreza e desemprego, que as induzem ao trabalho infantil, prostituição,

drogas e consequentemente a violência.

Fante (2005) constatou que uma grande parte dos estudantes já assistiu

a cenas com ações brutais, comportamentos agressivos, intencionais e

repetitivos, que ocorre sem motivação evidente, de forma velada ou explícita.

Essas cenas podem estimular crianças a adotarem estes comportamentos de

forma repetitiva para usarem contra o outro com a finalidade de maltratar,

intimidar, causando dor, angústia e sofrimento.

A autora Ana Beatriz Barboza Silva, em seu livro “Bullying mentes

perigosas nas escolas” faz um comentário sobre a permissividade dos pais na

educação dos filhos que pode ser vista nos dias atuais.

[...] ao observarmos que uma grande parcela de pais age de forma excessivamente tolerantes com seus filhos. São os pais do “deixa pra lá” ou que costumam passar a mão na cabeça de seus filhos, diante de comportamentos francamente transgressores. Tais pais costumam fingir que nada ocorreu, adotam uma postura de falso entendimento ou, pior que isso, censuram os filhos de maneira tão débil que suas reprimendas e orientações quase não são obedecidas e executadas (SILVA, 2010, p.61).

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A falta de estrutura familiar também tem sido um meio de contribuir para

o crescimento da agressividade no seio da sociedade, lares em que ocorrem

maus tratos, falta de diálogo, abuso de poder e falta de limites.

Os pais alegam na maioria das vezes, que agem desta forma para evitar

confusão e brigas dentro das famílias ou para retribuir o tempo que passam

fora e assim minimiza o sentimento de culpa que carregam por não poderem

acompanhar de forma correta a vida de seus filhos. Então, sedem a todas as

vontades dos filhos, sendo permissivos em quase todas as situações, fazendo

vista grossa nas atitudes de seus filhos tolerando o que deveria ser intolerável.

[...] os pais não questionam suas próprias condutas, deixando de atribuir a devida importância que suas ações possuem no trato com seus filhos. Assim, desqualificam totalmente o valor educativo com suas posturas. Eles se esquecem de que um embate crítico, um confronto respeitoso um chamado às regras, pode ser um dos maiores atos de amos oferecidos a um filho. Quem ama não mata, não bate, não desrespeita, mas certamente educa e luta para melhorar o ser amado (SILVA, 2010 p.62).

A perca da autoridade paterna, com o ingresso da mulher no mundo do

trabalho dificultou o acompanhamento dos pais na educação dos filhos, que

muitas das vezes, passam a maior parte do tempo nas ruas sujeito a todos os

tipos de influência, onde a permissão ganha um estatus e não há quem

imponha limites. Todo esse descaso com o desenvolvimento social e moral da

criança, são questões que não dizem respeito a escola e sim a família, mas

acabam se manifestando dentro dela.

Esta indiferença apresentada por muitos pais com relação a educação

de seus filhos, traz muitas vezes conseqüências desastrosas, que no futuro

questionam a si próprio onde é que erraram, se todos os pedidos dos filhos

foram atendidos. Aí está o problema, a reflexão deve ser feita a todo o

momento com relação a educação da criança.

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Como diz Silva (2010),

“[...] educar é confrontar os filhos com regras e os limites, além de

fornecer-lhes condições para que possam aprender a tolerar e enfrentar as

frustrações do cotidiano (p.62).”

A criança deve ser confrontada com respeito diante das ações

intoleráveis de conduta, para que diante desta postura o limite venha ser

imposto pelos pais e reconhecido pela criança. No início é normal a rejeição,

mas com o tempo passam a ser respeitados pela criança. Traçando regras os

pais estarão qualificando a educação dos filhos, demonstrando um verdadeiro

ato de amor que é o de educar.

Segundo Gabriel Chalita (2008),

“[...] esforços empreendidos por entidades governamentais e sociais de

muitos países permitem estimar que até 35% das crianças em idade escolar de

todo o mundo estão, de algum modo, envolvidas em atos de agressividade e

violência na escola (p.100).”

Para entendermos quando a agressividade pode ser considerada

bullying, precisamos aprender o que significa os termos “agressividade” e

“violência”.

Fante (2005),conceitua o termo agressividade de acordo com a

Associação Norte-Americana de Psiquiatria.

“O termo agressividade é utilizado cotidianamente nas diversas partes

do mundo, seja para expressar violência, seja para expressar coragem

(p.156).”

De acordo com a autora, uma criança pode ser caracterizada como

agressiva, quando apresenta comportamentos que expressam iniciativa em

suas atitudes, força de vontade em competir, esforço em lutar pelo que quer

sem desistir das suas conquistas e também por apresentar características

violentas de agressão física que levem ou não a morte.

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Ana Beatriz Barbosa Silva (2009, p.68),

“[...] apresenta as duas faces da agressividade, a natural produzida no

interior do indivíduo (necessária para a sua autoafirmação e enfrentamento da

vida) e a que lhe é imposta pela agressão de terceiros.”

Neste mesmo contexto, Fante (2005), esclarece os significados da

palavra agressividade utilizado cotidianamente nas mais diversas partes do

mundo, podemos perceber que todo indivíduo nasce com ela. Ser agressivo é

não aceitar aquilo que lhe está sendo imposto e ter senso crítico. È reagir as

situações as quais se está sendo submetido. É ter atitude. Quando a auto-

estima está sendo ferida a agressividade é manifestada, a tolerância é curta

frente a frustração, assim a criança exprime uma reação. Isso nos faz

questionar se é bom ou não ao sujeito exteriorizar a sua agressividade. A

agressividade natural produzida no interior do indivíduo é extremamente

necessária para a sobrevivência do ser humano. È importante que os

comportamentos agressivos sejam direcionados de maneira que se

manifestem de forma mais consciente e compreensível. Quando a criança

demonstra atitudes de agressividade batendo umas as outras, nos pais, ou

ofendem e ferem os sentidos dos outros xingando ou agindo com atitudes

violentas, exige observação atenta e presença constante para que esses

comportamentos não virem hábitos e se transforme em bullying trazendo

conseqüências desastrosas.

Portanto, considerando as diversas definições dadas pelos mais renomados autores, definimos violência como‘todo ato, praticado de forma consciente ou inconsciente, que fere, magoa, constrange ou causa dano a qualquer membro da espécie humana (FANTE, 2005, p. 157).

De acordo com Fante (2005), é natural da criança as brincadeiras que

acontecem no ambiente escolar, onde rir , colocar apelidos, zoar, caçoar,

implicar tornam o ambiente divertido. Porém, toda esta naturalidade muda no

momento em que as brincadeiras são realizadas com a intenção de machucar,

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tornam-se violência, invadindo o espaço do outro e ultrapassando os limites da

espontaneidade do brincar. A brincadeira sadia é aquela onde todos se

divertem juntos, quando uns ou um passa a se divertir a custa de outro ou

outros, esta brincadeira toma outro rumo.

“Nessa situação específica, utiliza-se o termo bullying escolar, que

abrange todos os atos de violência (física ou não) que ocorrem de forma

intencional e repetitiva contra um ou mais alunos, impossibilitados de fazer

frente às agressões sofridas (Silva, 2010, p.13).”

Segundo Silva (2010), o bullying deve ser levado a sério por toda a

comunidade escolar ao primeiro sinal, para que seja combatido e evitado

dentro das escolas.

Na verdade o bullying é um fenômeno que sempre existiu de proporção

mundial, tão antigo quanto a própria escola. Apesar das agressões serem

conhecidas pelos educadores, não houve quem se interessasse em estudar

este comportamento, nada se sabe de forma concreta sobre o bullying antes

da década de 1970.

Silva (2010), ao descrever o histórico do fenômeno relata que tudo teve

início na Suécia, onde um bom número de pessoas demonstrou-se

preocupadas com a violência entre estudantes e suas conseqüências no

âmbito escolar. Em pouco tempo, a mesma onda de interesse e preocupação

contagiou todos os países.

Fante acrescenta,

[...] que foi o professor Dan OlWeus, pesquisador da Universidade de Bergen que desenvolveu os primeiros critérios para detectar o problema de forma específica, permitindo diferenciá-lo de outras possíveis interpretações, como incidentes e gozações ou relações de brincadeiras entre iguais, próprios dom processo de amadurecimento do indivíduo (FANTE, 2005, p.45).

A autora completa, que Dan Olweus foi o primeiro a relacionar a palavra

ao fenômeno, devido aos casos suicidas que vinham ocorrendo de forma

crescente e alarmante o professor se interessou em pesquisar as tendências

desses comportamentos entre adolescentes, Olweus descobriu que a maioria

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desses jovens tinha sofrido algum tipo de ameaça e que, portanto, bullying era

um mal a se combater.

Segundo Chalita (apud ABRAPIA):

Foi somente com pesquisas realizadas em 1972 e 1973, Escandinávia, que as famílias perceberam a seriedade dos problemas decorrentes da violência escolar. A inquietação alastrou-se pela Noruega e Suécia e, posteriormente, por toda a Europa. Por ser um fenômeno sub-reptício, clandestino, dissimulado, mesmo hoje é quase impossível mensurá-lo em escala global. No entanto, esforços empreendidos por entidades governamentais e sociais de muitos países permitem estimar que até 35% das crianças em idade escolar de todo o mundo estão, de algum modo, envolvidas em atos de agressividade e violência na escola.

Dan Olweus, professor da Universidade de Bergen, na Noruega, foi um dos precursores no estudo da violência no âmbito escolar. Em sua pesquisa, desenvolveu um questionário-padrão, com 25 questões, para facilitar a vida dos entrevistados. Estimulado, porém, pelas curiosas informações que começaram a surgir dos primeiros questionários preenchidos, estendeu o tempo de pesquisa e ampliou o número de pessoas ouvidas. Ao final, tinha entrevistado 84 mil estudantes de diferentes níveis e períodos escolares, além de 400 professores e mil pais. O material coletado deu-lhe oportunidade de entender a natureza do bullying, suas possíveis origens, ocorrências, formas de manifestação, extensão e características. Olweus examinou também o impacto das intervenções, que nessa época já haviam começado em escolas da Noruega (CHALITA, 2008, p.100 e 101).

A autora Fante (2005), destaca um noticiário publicado na Noruega,

“[...] no final de 1982, um jornal noticiava o suicídio de três crianças no norte da

Noruega, com idades entre 10 e 14 anos (p.45).”

De acordo com a autora, existe grande possibilidade de esses atos

terem sido motivados principalmente pela situação de maus-tratos que sofriam

na escola pelos colegas. Esse fato tomou uma grande proporção, sendo

divulgado de forma global, fazendo com que o Ministério da Educação da

Noruega, em 1983, fizesse uma campanha em escala nacional contra os

problemas entre agressores e vítimas (2005).

Seguindo a mesma linha trazida por Chalita, Fante acrescenta que:

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Dan Olweus, pesquisador da Universidade de Bergen, desenvolveu os primeiros critérios para detectar o problema de forma específica, permitindo diferenciá-lo de outras possíveis interpretações, como incidentes gozações ou relações de brincadeiras entre iguais, próprias do processo de amadurecimento do indivíduo. Olweus pesquisou inicialmente cerca de 84 mil estudantes, trezentos a quatrocentos professores e em torno de mil pais, incluindo vários períodos de ensino.Um fator fundamental para a pesquisa foi avaliar asua natureza e ocorrência.

Esse estudo constatou que, a cada sete alunos, um estava envolvido em casos de bullying. Essa situação originou uma campanha nacional, com o apoio do governo norueguês, que reduziu em cerca de 50% os casos bullying nas escolas [...]. Segundo Olweus, os dados de outros países indicam que as condutas bullying existem com relevância similar ou superior às da Noruega [...] (FANTE, 2005, p. 45 e 46).

Segundo Fante, nos Estados Unidos o fenômeno bullying tem se

tornado uma epidemia nas escolas, gerando grande preocupação e interesse

aos estudiosos no assunto de forma que classificaram como sendo um conflito

global, se não for combatido e evitado, será grande o número de jovens

transgressores e delinqüentes no país (2005).

Podemos perceber que o bullying não se trata de um acontecimento

local e sim de abrangência global, que tem evoluído nas escolas de forma

alarmante, independentemente de sua localização, tradição ou poder aquisitivo

dos educandos, sendo públicas ou privadas. È importante destacar que está

presente em todas as escolas. Como já foi relatado, há alguns anos já tem sido

intenso o trabalho que vem sendo desenvolvido sobre o bullying.

Observamos que o fenômeno bullying tem ocorrido nas escolas do

mundo inteiro, inclusive no Brasil, apesar das pesquisas estarem se iniciando.

Alguns estudos da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à

Infância e Adolescência (ABRAPIA), nos mostram que nas escolas brasileiras

o bullying apresenta índices superiores aos países europeus.

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1.1- Conceito

A palavra bullying é uma palavra nova e por isso pouco conhecida pelo

público. È de origem inglesa que foi adotada por inúmeros países, para

conceituar alguns comportamentos agressivos e anti-sociais, sendo muito

utilizada em práticas de violência no interior da escola. O bullying é visto como

uma forma repetitiva e intencional de comportamentos agressivos nas escolas,

não possuindo ainda tradução no Brasil.

Segundo Chalita, a palavra bullying,

[...] é um verbo derivado do adjetivo inglês bully, que significa valentão, tirano. È o termo que designa o hábito de usar a superioridade física para intimidar, tiranizar, amedrontar e humilhar outra pessoa. A Terminologia é adotada por educadores, em vários países, para definir o uso de apelidos maldosos e toda forma de atos desumanos empregados para atemorizar, excluir, humilhar, desprezar, ignorar e perseguir os outros (CHALITA, 2008, p.81).

O bullying não se trata de brincadeirinhas que ocorrem no interior das

escolas, seja de forma intencional ou não, O bullying é um ato de perversidade

com o próximo, fazer o outro sofrer e se divertir com o sofrimento do outro não

pode ser considerado algo normal independentemente da idade. Quando

consideramos o bullying uma brincadeira, estamos ignorando um compromisso

que também é nosso e que mais tarde, esta violência que é permitida contra o

outro, se vire contra nós mesmos.

O estudo sobre o fenômeno bullyng tem tomado uma proporção

mundial. Estudos da ABRAPIA destacam uma diferença em relação aos dados

internacionais. Os dados de outros países indicam o local de maior incidência

do bullying como sendo fora da sala de aula, no horário do recreio, enquanto

que aqui no Brasil identificaram a sala de aula como sendo o local de maior

prática deste tipo de violência (ABRAPIA).

Muitos países utilizam este mesmo termo para conceituar este tipo de

comportamento. Existem alguns países que possuem outros termos,

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[...] Mobbingé um deles, empregado na Noruega e na Dinamarca; mobbning, Na Suécia e na Finlândia. Esses termos são utilizados com significados e conotações diferentes. [...] Na França, denominam Harcèlementquotidién; na Itália, de prepotenza ou bullismo; no Japão, é conhecido como yjime, na Alemanha, como agressionenuntershülerrn; na Espanha, como maus-tratos entre pares (FANTE, 2005, p. 28).

No Brasil adotamos o termo bullying, como é empregado na maioria dos

países. Fante esclarece que bully enquanto nome é traduzido como “valentão,

“tirano, e como verbo, “brutalizar, “tiranizar”, “amedrontar” (2005, p. 28).

Dessa forma, a definição de bullying é compreendida pela autora como,

“[...] um subconjunto de comportamentos agressivos, sendo

caracterizado por sua natureza repetitiva e por desequilíbrio de poder (2005, p.

28).”

Segundo ela, para alguns pesquisadores o comportamento só pode ser

classificado como bullying, se for constatado três ataques contra a mesma

pessoa durante o ano. Com relação ao desequilíbrio de poder, que é a

impossibilidade da vítima não conseguir se defender, pode ser caracterizado

por vários motivos: por ser menor na estatura ou na força física, por estar

sozinho diante de um grupo ou por ter medo de enfrentar seu agressor ou

agressores.

A mesma autora acrescenta,

“[...] bullying como um comportamento cruel intrínseco nas relações

interpessoais, em que os mais fortes convertem os mais frágeis em objetos de

diversão e prazer, através de “brincadeiras” que disfarçam o propósito de

maltratar e intimidar (2005, p. 29).”

È importante destacar que o fenômeno bullying não escolhe classe

social ou econômica. Está presente em escolas de países e culturas

diferentes.

Encontramos vários conceitos para o fenômeno bullying, porém a

definição universal diz que,

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[...] bullying é um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outros(s), causando dor, angústia e sofrimento. Insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam e infernizam a vida de outros alunos levando-os à exclusão, além de danos físicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do comportamento bullying (FANTE, 2005, p. 28 e 29).

Esses atos de intolerância e desrespeito com o próximo, sem

justificativa sustentável e sem motivação nenhuma, buscam agir em cima de

qualquer diferença, sendo tamanho, peso, cor, cultura, qualquer coisa que

venha fugir dos padrões tidos como normais.

Gabriel Chalita diferencia essa forma sutil de violência, que na maioria

das vezes envolve pessoas da mesma sala de aula, de duas formas: direta e

indireta.

O bullying direto é mais comum entre agressores meninos. As atitudes mais freqüentes identificadas nesta modalidade violenta são os xingamentos, tapas, empurrões, murros, chutes e apelidos ofensivos repetidos.

O bullying indireto é a forma mais comum entre o sexo feminino e crianças menores. Caracteriza-se basicamente por ações que levam a vítima ao isolamento social. As estratégias utilizadas são difamações, boatos cruéis, intrigas e fofocas, rumores degradantes sobre a vítima e familiares, entre outros (CHALITA,2008, p.82 e 83).

O bullying tem sido um problema de proporção universal, uma epidemia

que não está sendo vista muita das vezes, passando como invisível aos olhos

de todos, sendo em alguns casos admitida como normal e ignorada pelas

instituições escolares.

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1.2- Bullying dentro da escola

Dessa forma, muros e grades altas, detectores e câmaras de vídeo para monitoramento dos alunos são instalados e seguranças particulares dentro e fora da escola são disponibilizados. Blitze, compostas por cães farejadores e aparelhos de raio X, são estratégias utilizadas para vistoriar as mochilas dos alunos, transformando todos em suspeitos (FANTE, 2005, p.20 e 21).

A violência escolar nas últimas décadas, tem se tornado uma questão

preocupante devido a sua grande manifestação em todos os níveis escolares,

porém, nos reteremos as séries iniciais.

Percebemos que medidas estão sendo tomadas pelas escolas como

prevenção diante da violência explícita, mas o que queremos destacar é um

outro tipo de violência, que entra como se fosse uma inocente brincadeira, mas

que não possui a intenção do divertimento coletivo e sim, da humilhação de

maneira repetitiva, levando a criança ao isolamento e conseqüentemente a

exclusão social.

O bullying se inicia pela intolerância as diferenças seja ela qual for,

qualquer coisa que fuja do padrão imposto pela sociedade é motivo deste tipo

de violência.

Segundo Fante, nas séries iniciais as práticas do bullying são mais

fáceis de serem percebidas, facilitando assim que o professor identifique os

envolvidos. Durante esta fase o local de maior incidência de agressões e

maus-tratos é o pátio onde ocorre o recreio (2005).

Fante relata, que as práticas mais freqüentes até a 2ª série,

“[...] se destacam os maus-tratos físicos. Em seguida vêm as ofensas,

as acusações e as discriminações, especialmente manifestadas por meio de

apelidos e xingamentos relacionados ao aspecto sexual (2005, p.63).”

A autora acrescenta que nas 3ª e 4ª séries ocorrem algumas mudanças

no desenvolvimento das condutas sendo elas:

[...] os maus-tratos físicos associam-se às ameaças e chantagens, especialmente contra os alunos mais frágeis ou tímidos. Também se desenvolve com maior freqüência o

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comportamento abusivo, em que o agressor tenta impor sua autoridade, por meio da força física e de ameaças psicológicas, a seus companheiros de classe ou alunos das séries menos avançadas (FANTE, 2005, p.64).

Outro aspecto muito importante trazido pela autora, é a grande

possibilidade das crianças portadoras de deficiências físicas e de

necessidades educacionais especiais se tornarem alvos do bullying (p.64).

Diante deste quadro de perversidade, a escola para muitas crianças têm

deixado de ser um lugar prazeroso e se tornado um inferno, como dizem em

relatos alguns alunos das 2ª séries de acordo com Fante (2005).

1.2.1- Identificando os envolvidos

Afirma Fante (2005, p.71 e 72), que os estudiosos dos comportamentos

bullying, identificam e classificam os protagonistas do fenômeno como sendo:

Agressor: É aquele que procura os mais indefesos para agredir e fazer

dele a sua vítima. Sente um grande desejo e necessidade em dominar e

humilhar o outro, fazendo-se poderoso mediante o poder e as ameaças com o

objetivo de conseguir aquilo que quer. Encontra dificuldades em aceitar normas

e muito menos ser contrariado. Seu rendimento escolar pode ser normal ou

estar a cima da média nas séries iniciais, depois tende a cair.

Vítima típica: É aquele aluno de aspecto físico frágil, que não possui

habilidades para jogos e brigas, pouco sociável, ele sofre as agressões dos

colegas e não possui iniciativa para reagir.

Vítima provocadora: É aquele educando que provoca em seus colegas

reações agressivas contra si próprio, essa vítima tenta enfrentar, mas não

consegue revidar de forma satisfatória, esses alunos geralmente são

hiperativos, impulsivos e imaturos.

Vítima agressora: É aquele aluno que reproduz as agressões que

sofreu. Procura transferir os maus-tratos sofridos, buscando indivíduos mais

frágeis que ele para transformar em novas vítimas.

Expectador: É aquele aluno que presencia o bullying, porém, não é a

vítima e nem o agressor. Podemos considerar uma grande maioria dos alunos

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que presencia a prática do bullying, mas preferem manter o silêncio, por

temerem se tornar vítima dos agressores.

Segundo Silva (2010, p. 45 e 46), podemos dividir os espectadores em

três grupos distintos:

• Espectadores passivos: São aqueles que assumem uma postura de

passivos por medo de se tornarem a próxima vítima.

• Espectadores ativos: São aqueles que apesar de não participarem

diretamente das agressões, se manifestam com palavras de apoio e

risadas.

• Espectadores neutros: São aqueles que não demonstram sensibilidade

diante as ações do bullying que presenciam, por estarem acostumados

com a violência no seu dia-a-dia.

De acordo com o pesquisador Dan Olweus, apud Silva (2010), para que

um aluno seja identificado como vítima, agressor ou espectador, o professor

deve ficar atento para alguns comportamentos que veremos a seguir.

Como vítima, o educador deve observar se durante o recreio o aluno

procura se isolar do grupo procurando sempre um adulto para ficar por perto;

na sala de aula procura não se expressar tomando uma postura retraída,

demonstra insegurança e ansiedade; falta muito as aulas; apresenta

normalmente um aspecto triste, deprimido ou aflito; são os últimos a serem

escolhidos nos jogos ou atividades em grupo; perde constantemente seus

materiais; ocasionalmente apresentam hematomas, arranhões, cortes,

ferimentos, roupas rasgadas de forma não natural.

O mesmo deve acontecer quando for preciso identificar o agressor, o

educador deve ficar atento ao aluno que faz brincadeirinhas de mau gosto que

transformam rapidamente em gozações e risos provocativos; colocam apelidos

de forma maldosa; ameaçam de forma direta e indireta; ameaçam,

constrangem, dão ordens, dominam e menosprezam alguns alunos; utilizam

empurrões, socos, tapas, pontapés, puxam cabelos ou roupas com intuito de

intimidar; estão sempre envolvidos em desentendimentos e discussões e

costumam pegar alguns pertences dos outros estudantes, sem a permissão ou

até mesmo por coação.

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Já a identificação dos espectadores depende de uma observação mais

intensa e sigilosa, por não apresentar sinais explícitos que mostrem o que

estão vivendo. Os espectadores não costumam ter um comportamento que

marque tanto, costumam manter-se calados sobre o que sabem e presenciam

(p.48,50 e 51).

1.2.2- Conhecer os malefícios trazidos pelo comportamento bullying

De acordo com Silva (2010), os bullies procuram escolher um aluno-alvo

que seja mais fraco e que geralmente já se encontra com baixa autoestima.

Segundo ela, não existe nenhum sucesso ou realização que possa apagar o

sofrimento vivido por uma criança que sofre a violência do bullying. Todos que

sofreram esta violência carregam a cicatriz desta triste experiência.

A autora destaca alguns problemas como sendo os mais comuns,

apresentados pelos indivíduos que sofreram bullying (p.25 à 32):

• Sintomas psicossomáticos

• Transtorno do pânico

• Fobia escolar

• Fobia social (transtorno de ansiedade social – TAS)

• Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)

• Depressão

• Anorexia e Bulemia

• Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)

• Transtorno do estresse pós-traumático (TEPT)

Quadros menos frequente:

• Esquizofrenia

• Suicídio e homicídio

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Chalita explica as conseqüências que cada personagem do fenômeno bullying

pode carregar pro resto de suas vidas (2008).

Os agressores:

“Os autores muitas vezes se envolvem em situações anti-sociais e de risco, com drogas, álcool, tabaco e brigas. Apesar de não haver estudos conclusivos, cogita-se a possibilidade de que esses valentões, quando não orientados e supervisionados adequadamente, tornem-se adultos com comportamentos violentos e até mesmo criminosos (CHALITA, 2008, p.86).”

As vítimas:

“Os danos internos começam lentamente a se manifestar com o surgimento das conseqüências externas, que vão se tornando visíveis a pais e educadores. A dor e a angústia, vivenciadas solitariamente, destroem o encantamento pela escola e até pela vida. Do baixo rendimento escolar à resistência para ir à escol, os efeitos pioram na medida que a intensidade e regularidade das agressões vão evoluindo e se agravando. Os sintomas começam a se misturar com um forte desejo de autodestruição, de momentos de explosão e de vingança. Há jovens que, dominados pela depressão, acabam tentando ou cometendo o suicídio. Outros chegam a atos extremos, provocando outros tipos de tragédias pelo anseio de se vingar das humilhações vividas (CHALITA, 2008, p.88).”

Os expectadores:

“Afetados pelo ambiente contaminado, sentem-se culpados, carregando consigo essa sensação de culpa por toda vida. Aprendem a ser omisso e passivo para se defender. O medo torna covardes muitos deles, Oe quais, na vida adulta, podem se transformar em cidadãos egoístas, que aceitam e até legitimam as injustiças sociais, desde que não tenham suas vidas atingidas diretamente. Omissos e acomodados, não protagonizam ações para a transformação pessoal e social.”

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CAPÍTULO II

CONHECENDO O HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

2.0- Suas origens

De acordo com Lia e Penteado (2010), desde o início a educação e a

orientação sempre tiveram interligadas ficando difícil separá-las. A Orientação

Educacional surgiu formalmente e na instituição escolar, após e por causa da

Revolução Industrial. Nesta nova fase com a revolução a Orientação

Educacional torna-se importantíssima à nova educação.

Com o surgimento de novas necessidades a Orientação Educacional

passaria a ser restrita à Orientação Profissional e à Orientação Vocacional,

sendo exercida no ambiente escolar. Agora caberia a Orientação Educacional

a seleção e o treinamento dos alunos para as novas formas de trabalho que

surgiriam (p.4 e 6).

Como consequência, uma escola que, até então, vinha oferecendo uma

educação voltada para a elite e, portanto, distanciada de fins meramente

pragmáticos, viu-se obrigada não só a abrir suas portas à população em geral -

e não apenas a alguns poucos privilegiados-, como também a reformular suas

atribuições (GIACAGLIA e PENTEADO, 2010, p.6).

Segundo as autoras, a escola passou a acolher um número maior de

alunos devido a necessidade de inclusão das crianças. Porém os filhos da elite

manteriam distância desta escolarização, dando início ao aparecimento de dois

tipos de escola.

A OE, com essas novas finalidades de orientação vocacional e

profissional, teve início apenas em fins do século XIX. Ela surgiu primeiramente

em São Francisco e em Boston, nos EUA, e a seguir na Franca, estendendo-

se mais tarde a outros países, inclusive ao Brasil.

Parsons, em sua teoria, dizia que é papel da OV colocar o “homem certo

na função certa’, mas para isso era preciso analisar suas características, mas

como seria feito isso? A Psicologia daria a resposta a essa pergunta com a

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Psicometria que estuda o desenvolvimento e a aplicação de testes psicológicos

. Atualmente, a Psicometria teve seu papel reformulado tanto na OV como na

OE., diminuindo assim a sua importância(p.7e8).

2.1- As diferentes formas assumidas pela Orientação Educacional

Vamos conhecer as transformações e as evoluções ocorridas pela

Orientação Educacional de acordo com as autoras (Lia e Wilma, 2010).

A orientação Educacional teve suas origens no século XX, passando no

decorrer de todos esses anos por várias mudanças.

• Em seu primeiro momento, confunde-se com a OV em ambiente

escolar, assumindo totalmente um caráter pragmático.

• Em segundo momento, a Orientação Educacional deixou de ser um

tratamento individual e passou a usar estratégias para grupos como:

reuniões, palestras e outras mais, para pais e alunos, tratando dos

problemas que surgiam. Assumindo assim um caráter terapêutico ou

corretivo.

• Em terceiro momento, a Orientação Educacional deixou de ter um papel

só terapêutico e passou também para preventivo (p.10 e 11).

Segundo essas autoras, a escola evoluiu e a Orientação Educacional

também mudou, no anexo 1 mostraremos os diversos momentos e as

características das finalidades da Orientação Educacional no Brasil

(2010,p.13).

Giacaglia e Penteado acrescentam,

“[...] apenas em 1942, a OE aparece, pela primeira vez, mencionada

na legislação federal brasileira. Ela se encontra nas chamadas Leis

Orgânicas do Ensino, criadas para cada uma das diferentes

modalidades do ensino secundário existentes na ocasião

(GIACAGLIA/PENTEADO, 2010, P. 23).”

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As autoras completam, dizendo que de acordo com essas leis, passou a

ser obrigatória a existência da Orientação Educacional nas escolas de ensino

secundário no Brasil, sendo o primeiro país a impor tais obrigações. Apesar

desta obrigatoriedade não houve a implantação do Orientador Educacional nas

nossas escolas, um dos motivos foi a falta de profissionais preparados para o

preenchimento destas vagas que seriam abertas para o cumprimento da

legislação.

Segundo elas,

“[...] o primeiro curso oficial para a formação de Or.Es. no Brasil,

de que se tem notícia, foi criado apenas em 1945, na Pontifícia

Universidade Católica (PUC)de Campinas, no Estado de São

Paulo ( 2010, p.25). “

Giacaglia e Penteado descrevem que na nova Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional, a Lei n 9.394/96, não menciona a obrigatoriedade da

Orientação Educacional. O pouco caso com este profissional fez com que ele

fosse desaparecendo das escolas.

Para definir este profissional, apesar de ser um objeto novo de estudo

não existe um conceito permanente sobre ele.

Wilma define o perfil do Orientador Educacional em seu artigo

Orientação Educacional, publicado em seu livro Fundamentos da Orientação

Educacional:

“[...] como sendo ‘ um profissional sistemático”, contínuo, complexo; é

uma assistência profissional realizada através de métodos e técnicas

pedagógicas e psicológicas, que levam o educando ao conhecimento

de suas características pessoais e das características do ambiente

sociocultural, a fim de que possa tomar decisões apropriadas às

perspectivas maiores de seu desenvolvimento pessoal e social (

GIACAGLIA e PENTEADO,2010,p.54 e 55).”

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Dessa forma, as características definidas pelas autoras para o

Orientador Educacional como sendo:

“[...] um profissional técnico, da área de educação, que exerce

uma profissão de apoio a pessoas e, portanto, de natureza

assistencial. Ele é formado em curso de Pedagogia e possui

habilitação em OE (2010,p.59).”

Neste contexto, Lia e Wilma (2010), completa dizendo que o trabalho do

Orientador Educacional deve ter como prioridade o bem-estar e a felicidade

dos alunos onde trabalha. Não se atendo ao aluno que deve ser ensinado e o

que deva aprender, mas ter interesse no aluno como um todo.

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Capítulo III

Estratégias de intervenção e prevenção

A autora Fante idealizou um programa que se adaptou facilmente em qualquer realidade escolar, nomeado por ela de Programa Educar para a paz... Este programa é composto por estratégias, que têm como objetivo a intervenção e a prevenção da violência escolar, tendo como resultado uma grande redução do comportamento bullying entre os alunos da rede pública de ensino de São José do Rio Preto. Com este programa a autora propõe soluções para combater o problema, que tem invadido e crescido no ambiente escolar, tomando proporções assustadoras.

Orientador Educacional, em conjunto com os demais educadores que atuam na escola, deve tomar conhecimento do problema (GIACAGLIA e PENTEADO, 2010).

. Cabe ao orientador educacional de acordo com as autoras :

• Procurar saber o que é o bullying, como se manifesta na prática, quais são seus indícios, as possíveis causas e consequências dele.

• Procurar documentos legais sobre o assunto, e notícias de como ele vem sendo tratado em diferentes escolas.

• Estar atento para a possível existência ou a ocorrência de bullying na sua escola. • Ao suspeitar de que acha bullying em uma determinada classe, aplicar a técnica sociométrica para verificar casos de exclusão de aluno(s) pela classe ou por grupos de alunos daquela classe. Detectar um problema, estudá-lo mais a fundo para saber suas causas e trabalhar os alunos envolvidos, para chegar a uma solução.

• Discutir, com os alunos e com seus responsáveis, preconceitos, como forma de prevenir o bullying.

• Convocar e realizar rotineiramente reuniões com professores e funcionários da escola.

• Realizar reuniões preventivas com alunos e, se for o caso, também reuniões remediativas.

• Dar palestras de esclarecimento para todos os pais, informando, inclusive, sobre as implicações legais do exercício do bullying.

• Atender as denúncias de vítimas de bullying e a seus pais ou responsáveis. • Ouvir professores e funcionários sobre a existência de casos de bullying na escola.

• Procurar soluções para casos de bullying.

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• Sugerir à direção da escola, ao CP e aos docentes que incluam atividades extraclasses, como forma de canalizar a energia e usar o tempo ocioso dos alunos para atividades educativas.

• Mostrar aos pais que não é nem necessário nem salutar que seus filhos sejam poupados de todas as formas de trabalho, inclusive na ajuda de tarefas domésticas (p.342,342).

3.1- Programa Educar para a Paz

Segundo Fante (2005), este programa tem como objetivo possibilitar a

comunidade escolar responsável pelo desenvolvimento social e educacional dos alunos,

a conscientização e a identificação do fenômeno por meio do diagnóstico e das

estratégias de intervenção e prevenção, por ser de fácil aplicação e flexível a realidade

de cada instituição escolar.

A autora expõe abaixo os objetivos propostos pelo programa:

• Que os alunos sejam conscientizados do fenômeno e suas consequências, a partir da

análise das próprias experiências vivenciadas no cotidiano, a fim de que percebam

quais os pensamentos e as emoções despertadas por ele, bem como os motivos

norteadores desse tipo de conduta;

• Que os alunos, por meio da interiorização de valores humanos, desenvolvam a

capacidade de empatia, a fim de que percebam as implicações e os sofrimentos

gerados por esse tipo de comportamento desenvolvolvam habilidades para sua

erradicação;

• Que os alunos se comprometam com o bem-comum e se tornem agentes de

transformação da violência na construção de uma realidade de paz nas escolas.

Antes de dar o segundo passo é importante que o Orientador

Educacional com o papel de coordenador do programa, forme uma equipe

para apoio, esses assegurarão a continuidade do programa persistindo nas

ações contra o bullying.

De acordo com Fante essa equipe deverá ser composta

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[...] pelos mais diversos membros da comunidade: diretor ou vice-diretor;

coordenadores: representantes dos professores, dos funcionários, dos alunos, dos

pais e de alguns profissionais que prestam serviço à escola, como dentista, psicólogo,

terapeuta e assistente social. Poderão ainda integrar a comissão outros convidados

especiais da comunidade, como advogados, médicos, vereadores.

Tendo como objetivo principal o apoio aos alunos envolvidos no fenômeno

bullying, a avaliação do desenvolvimento do programa e a solução dos problemas que

possam surgir no decorrer do mesmo.

Este programa foi adaptado para que seja desenvolvido pelo Orientador

Educacional no convívio escolar.

Após a formação da comissão de apoio é preciso fazer a escolha do professor-

tutor de classe. Essa escolha deverá ser estabelecida pelo Orientador Educacional

(coordenador do programa).

Como estamos tratando das séries iniciais, segundo a autora, o ideal é que

cada professor seja responsável por sua classe, para que o encontro entre o tutor e o

grupo-classe seja diário.

De acordo com a autora, após a conscientização e o compromisso, inicia-se o

processo de investigação da realidade escolar.

O primeiro instrumento utilizado pelo professor para detectar se seus alunos

estão envolvidos no comportamento bullying, é a observação na sala de aula, estando

atento ao relacionamento do aluno com os demais, sua participação nas atividades, sua

aprendizagem etc.

Depois de feita a devida observação, uma nova estratégia será utilizada, a

aplicação de questionários, que deverá ser respondido de forma anônima e voluntária,

respeitando sempre os direitos do aluno. O aluno não deve ser obrigado a participar, ele

tem o direito de optar.

Segundo Fante (2005):

Os professores de ensino infantil e até a quarta série do ensino fundamental deverão encaminhar um relatório com os nomes dos alunos que, após o período de observação, foram diagnosticados como supostas vítimas ou agressores. O coordenador concluirá a

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investigação (por meio de indicadores), que deverá ser apresentada à comunidade escolar durante a jornada de debates sobre a violência (FANTE, p.103 e 104).

Agora Fante (2005), propõe a confecção de um material que ajude a comunidade

escolar a compreender e identificar se os seus filhos estão envolvidos e o que fazer para

ajudá-los.

Abrindo um parêntese, a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, criou uma

cartilha sobre o fenômeno bullying (violência física ou psicológica contra pessoa

incapaz de se defender), que traz perguntas e respostas, que contém orientações para

pais e educadores sobre como tratar o problema, hoje muito comum nas escolas. Esta

cartilha foi lançada no dia vinte de outubro de dois mil e dez, pelo Conselho Nacional

de Justiça (CNJ), órgão ligado ao Poder Judiciário brasileiro.

O próximo passo de acordo com a proposta trazida por Fante (2005), é a

marcação de uma data especial para um debate sobre a violência nas escolas, que tem

como objetivo a discussão dos resultados das investigações. Segundo ela, é necessário

que toda a comunidade escolar em especial os pais estejam presentes, para serem

informados que a escola não irá tolerar qualquer tipo de violência. Fante, propõe para o

encerramento algo que seja marcante, como uma caminhada pelo bairro contra a

violência nas escolas e a favor da paz ou qualquer outro movimento que venha trazer

impacto e mexer com o emocional das pessoas.

De acordo com a autora, chegou a hora de adotar estratégias de intervenção.

“Para que os problemas de violência sejam solucionados, não basta defender a vítima e punir o agressor. É necessário ir além: conhecer as causas que levam o agressor a perseguir sua vítima e as causas que permitem à vítima suportar tais agressões (Fante 2005, p.105).”

Ela destaca a importância de ganhar a confiança do agressor através de uma

conversa, um interrogatório, já que em muitos casos o agressor também pode ser vítima.

Segundo Fante (2005), as estratégias se dividem em quatro etapas: Estratégias

gerais, estratégias individuais, estratégias em sala de aula e estratégias familiares.

As estratégias gerais são compostas por medidas de supervisão e observação,

serviço de denúncia e encontros semanais para avaliação.

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As estratégias individuais são importantes para detectar os envolvidos, podem

ser desenvolvidas atividades como redação: “Minha vida escolar” e “Minha vida

familiar”, entrevistas individuais e em grupo.

Para as estratégias em sala de aula, a autora sugere a elaboração de um estatuto

contra o bullying, contendo normas e conseqüências, criado pelos próprios alunos e

nunca pela escola, caso haja o descumprimento das mesmas. Sendo fundamentadas em

direitos e deveres, por meio do Regimento Interno Escolar. Outro aspecto importante

exposto pela Fante (2005), foi que a cada infração cometida pelo descumprimento das

normas estabelecidas, seja aplicada uma sanção, e que esta seja sempre convertida em

ações solidárias, contando sempre com a ajuda dos colegas, desta maneira estarão

aprendendo atitudes positivas.

Para ela, as estratégias em sala de aula desenvolvem-se através da reflexão de

um determinado problema ou situação pela turma, facilitando a participação dos alunos

de forma interativa e dialógica, proporcionando um ambiente onde a liberdade e a

confiança tornem-se ingredientes importantes para a educação das emoções dos alunos,

tendo como maior objetivo,

[...] ir ao encontro das necessidades emocionais e comportamentais do aluno que contará, assim, com o estímulo dos seus companheiros, ajudando-o na elevação da sua auto-estima e mostrando que para tudo existem soluções. Esse instrumento visa promover a inclusão do aluno que se encontra em situação de isolamento, seja qual for a razão: timidez, agressividade, necessidades especiais, ou por ser vítima da violência de algum companheiro (FANTE, 2005, p.119) .

Fante (2005) descreve como deve ser a preparação da atividade e do ambiente

para recebimento dos alunos.

Além de uma sala que esteja disponível é preciso prepará-la com colchonetes ou

tapetes, para que os alunos possam relaxar ouvindo de fundo uma música bem suave. Se

não houver disponibilidade de uma sala especial para a realização deste trabalho, a sala

de aula pode ser utilizada, arrumando as cadeiras em círculo ou em forma de U, de

maneira que fique harmoniosa para recebimento dos alunos.

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De acordo com o cientista Augusto Cury, apud Fante (2005),

[...] a utilização dessas duas técnicas auxilia na educação da emoção. A música suave ou ambiente ajuda a desacelerar os pensamentos dos alunos, a diminuir a ansiedade, a estimular a concentração e a desenvolver o prazer de aprender. A disposição das carteiras em círculo ou em U desenvolve a segurança nos alunos, promove a educação participativa, diminui os conflitos em sala de aula e as conversas paralelas (FANTE, p.119).

Após a preparação do ambiente , a autora propõe um exercício de harmonização,

que tem como objetivo centrar-se em si mesmo, que favoreça a reflexão sobre a própria

ação. É importante que as crianças fiquem em silêncio e com os olhos fechados.

A seguir ela oferece um exemplo desse tipo de atividade para ser trabalhada no

ensino fundamental (1ªa 4ªséries), destacando a ideia de “Compartilhar sem a intenção

de competir”.

Sento-me confortavelmente, bem ereto. Entro em contato com a minha respiração: respiro, inspiro... de forma natural, tranqüila... Começo a caminha, lentamente. Vou até a porta, abro-a, saio para o jardim, muito verde, sinto o perfume de eucalipto... Vejo um grupo de colegas. Chego mais perto, e eles me convidam para jogar. Jogamos em equipe, sentimos a alegria de jogar juntos, não importa quem ganhe ou perca... O mais importante é estarmos juntos, participarmos e nos sentirmos felizes... Ouço as gargalhadas, os comentários graciosos... Tudo é felicidade! Sinto o calor do sol que nos ilumina... É um calorzinho igual ao do nosso coração feliz e sorridente. Lentamente vou me afastando... Levo todos os meus colegas em meu coração... e volto à sala de aula. (Eugênia Puebla, Educar com o coração (São Paulo, Peirópolis, 1997), texto adaptado por FANTE,2005, p.121).

Ao encerrar este exercício de harmonização, Fante (2005), destaca a importância

dos alunos descreverem ou ilustrarem o que sentiram no decorrer da atividade, para

então iniciar uma outra dinâmica, que é a leitura de um texto para o desenvolvimento de

um debate. Foi recomendado pela autora que no início seja feito o uso de contos,

parábolas ou pequenas histórias, que estimulem nos alunos a discussão, a reflexão e a

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exposição de suas idéias, na busca de soluções para as dificuldades e problemas ali

encontrados. Através das estratégias em sala de aula, na busca de resolver algum

problema, poderá ser utilizado o desenvolvimento de projetos solidários.

Os projetos solidários, de acordo com Fante (2005), também são estratégias que

muito contribuem para tirar o aluno da solidão, conseqüências do isolamento,

possibilitando a sua interação com os demais e sua participação nos problemas e

acontecimentos da vida comunitária.

Para Cury, apud Fante (2005):

“O compromisso social deve ser a grande meta da educação. Sem ele, o

individualismo, o egoísmo e o controle de uns sobre os outros crescerão (p. 136).”

Conforme as atividades vão sendo desenvolvidas, Fante (2005), coloca a questão

da investigação semanal, como sendo de grande importância para que as mudanças

sejam acompanhadas. Ela sugere que o professor realize a investigação todas as sextas-

feiras, no final da aula, utilizando perguntas sobre os acontecimentos da semana,

incluindo a violência ou os conflitos que surgiram entre os alunos. Agora é preciso que

todas as folhas estejam identificadas pelos alunos, a autora ressalta que a utilização

desta estratégia inibe a ação dos agressores.

Nas estratégias familiares, para Fante (2005), é imprescindível a participação dos

pais na vida escolar dos seus filhos, tornando-se necessário que o professor marque uma

reunião convocando todos os pais. É preciso que a escola também prepare algo que

incentive a participação dos pais no acompanhamento da educação de seus filhos.

Um aspecto que a autora sugere para que seja abordado nas reuniões com os

pais, é a falta de religiosidade nas famílias e a importância que os ensinamentos

religiosos transmitem como: amor, perdão, união,e fraternidade tomando o devido

cuidado de não indicar e nem comparar qualquer tipo de religião. O diálogo é outro

aspecto abordado com o objetivo de unir as famílias. O educador também deve orientar

os pais a não adotarem a imposição ou o abuso de autoridade, fazendo uso de qualquer

tipo de violência, pois este método não funciona, só gera mais problemas. Não podendo

esquecer de mencionar aos pais a não admitirem qualquer tipo de comportamentos

agressivo de seus filhos. O aluno que após todo este trabalho continuar insistindo em

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praticar atos agressivos, deve ser encaminhado a especialistas, que decidirão qual tipo

de tratamento será submetido, para o seu melhor desenvolvimento junto a sociedade.

Esta parceria escola/família é de grande valia na ajuda aos alunos a mudarem de

atitudes e comportamentos.

Após o desenvolvimento de todas estas estratégias, será necessário

novamente a utilização dos questionários e das redações, para a investigação da nova

realidade. De posse dos resultados, é preciso que seja apresentado a toda comunidade

escolar, decidindo se deverá sofrer mudanças ou mantê-lo, segundo Fante (2005). A

autora completa lembrando que a continuidade deste trabalho é essencial para a

formação da criança, de forma que o alicerce seja a tolerância, o respeito, a

solidariedade e a confiança em si mesmo, que são ingredientes para a conquista da paz.

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Conclusão

Ao encerrar este trabalho podemos entender um pouco mais sobre o papel do

Orientador Educacional diante desse fenômeno chamado bullyng, atingindo assim o

objetivo pretendido.

Concluímos então, que é importante que toda comunidade escolar tome

consciência de que é direito da criança estudar em um ambiente saudável e isto inclui

que todos sejam aceitos e respeitados em suas diferenças e de forma consciente

trabalhem para que estes direitos sejam garantidos.

O bullyng não deve ser considerado como algo normal no meio das crianças,

pois quando isto acontece, a escola está sendo conivente com um tipo de violência

silenciosa, fazendo vítimas que na maioria das vezes não tem forças para se defender. É

papel do Orientador Educacional indgnar-se e agir em busca de um convívio harmônico

no meio educativo.

Após esta pesquisa, concluímos que a solução está na escola que com certeza

é quem deve ter um papel mais eficiente, primeiramente conscientizando-se que o

problema existe e depois fiscalizando, controlando, participando os pais dos fatos

ocorridos no seu interior. Consideramos o programa anti-bullying, Educar para a Paz,

elaborado por Fante muito eficiente nos locais desenvolvidos. Acreditamos que poderia

ser uma estratégia adequada a ser utilizada pelos Orientadores educacionais nas

instituições de ensino.

Temos que ter a sensibilização urgente como Orientadores de sermos

instrumentos no combate a violência no meio escolar através do reconhecimento e

enfrentamento a esse mal que traz tamanho prejuízo social, buscando identificar as

causas que levam serem agressivos, intolerantes e perseguidores daqueles que se sentem

incapazes, com baixa auto-estima, isolamento, timidez, problema físico, dificuldade de

interação e até deficiência de aprendizagem.

A família é o ponto de partida para a análise do comportamento infantil. Suas

ações e reações espelham o que ele presencia em casa. Por esse motivo é que os pais ou

responsáveis devem participar da vida escolar do filho e no caso de omissão, serem

responsabilizados solidariamente com a escola.

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Precisamos reconhecer que o bullying escolar não é uma brincadeira de

criança, é prejudicial para todos. Assumir nossa responsabilidade social e humana,

afastando esse tipo de violência das nossas escolas, é uma meta a ser atingida por nós

Orientadores.

Acreditamos que com a conscientização, interesse e união de toda a

comunidade escolar, podemos combater este mau. É preciso investir na distribuição de

cartilhas para auxílio de toda a comunidade escolar e principalmente, no treinamento de

professores. A escola deve parar de se preocupar somente com a transmissão de

conteúdos e incluir estratégias que ensinem os alunos a respeitar as diferenças,

trabalhando os valores. Assim saberão interagir com os colegas e resolver de forma

tolerante as dificuldades que surgirão, mantendo o equilíbrio para que a paz prevaleça e

a violência torne-se um mito.

Com a finalização deste trabalho, esperamos que ele venha contribuir

para o conhecimento e a preocupação da sociedade em relação as crianças envolvidas no

bullying escolar. Através da informação e da busca de soluções apresentadas,

acreditamos que esse fenômeno será significativamente enfraquecido nas nossas escolas,

assim, construiremos um ambiente escolar agradável e sadio para todos.

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ANEXO 1

MOMENTOS E AS CARACTERÍSTICAS DAS

FINALIDADES DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NO

BRASIL

OE de interesse

social

Pragmática,

Profissionalizante

Corretiva, visa

Adaptar o aluno

OE de interesse

social

Terapêutica

Centrada no

aluno, visa

adaptar o aluno

OE de interesse

social

Preventiva

Visa adaptar o aluno

OE de interesse

individual/social

Visa o desenvolvimento e a felicidade do aluno

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ABRAPIA. Bullying. Disponível em: http://guiadoestudante.abril.com.br/vestibular-

enem/cnj-lanca-cartilha-bullying-605192.shtml .Acesso em novembro 2010.

HALITA, Gabriel. Pedagogia da amizade – Bullying: o sofrimento das vítimas e dos

agressores. São Paulo: Editora Gente, 2008.

FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying – Como prevenir a violência nas escolas e educar

para a paz. 2º edição. Campinas SP: Verus Editora, 2005.

SILVIA, Ana Beatriz B. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro:

Objetiva, 2010.

GIACAGLIA, Lia R. A. PENTEADO, Wilma M. A. Orientação Educacional na

prática: princípios, histórico, legislação, técnica e instrumentos. 6ª edição. São

Paulo: Cengage Learning, 2010.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - O Conceito

1- Esclarecendo o fenômeno Bullying 10

1.1- Conceito 17

1.2- Bullying dentro da escola 20

1.2.1- Identificando os envolvidos 21

1.2.2- Conhecer os malefícios

trazidos pelo comportamento

bullying 23

CAPÍTULO II - CONHECENDO O HISTÓRICO

DO SURGIMENTO DA

ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 25

2.1- As diferentes formas assumidas

pela Orientação Educacional 26

Capítulo III - Estratégias de intervenção

e prevenção 29

3.1- Programa Educar para a Paz 30

CONCLUSÃO 37

ANEXOS 39

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40

ÍNDICE 41