Documentos 1 1999 Aptidao Brasil

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Número 1 Documentos ISSN 1517-2627 Outubro, 1999 APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS DO BRASIL potencial de terras e análise dos principais métodos de avaliação

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  • Nmero 1

    Documentos ISSN 1517-2627Outubro, 1999

    APTIDO AGRCOLA DAS TERRAS DO BRASIL

    potencial de terras e anlise dos principais mtodos de avaliao

  • Repblica Federativa do Brasil

    Presidente: Fernando Henrique Cardoso

    Ministrio da Agricultura e do Abastecimento

    Ministro: Marcus Vinicius Pratini de Moraes

    Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria (Embrapa)

    Presidente: Alberto Duque Portugal

    Diretores: Elza ngela Battaggia Brito da CunhaJos Roberto Rodrigues PeresDante Daniel Giacomelli Scolari

    Embrapa Solos

    Chefe Geral: Antnio Ramalho FilhoChefe-Adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento: Celso Vainer ManzattoChefe-Adjunto de Apoio Tcnico/Administrao: Paulo Augusto da Eira

  • Antonio Ramalho Filho

    Lauro Charlet Pereira

    DOCUMENTOS N 1ISSN 1517-2627

    Outubro, 1999

    APTIDO AGRCOLA DAS TERRAS DO BRASIL

    potencial de terras e anlise dos principais mtodos de avaliao

    Solos

  • Copyright 1999. EmbrapaEmbrapa Solos. Documentos n 1

    Projeto grfico e tratamento editorialAndr Luiz da Silva LopesJacqueline Silva Rezende Mattos

    Normalizao bibliogrficaLa Marques de Lima

    Reviso finalJacqueline Silva Rezende MattosSueli Limp Gonalves

    Tiragem desta edio: 300 exemplares

    Embrapa SolosRua Jardim Botnico, 1.02422460-000 Rio de Janeiro, RJTel: (021) 274-4999Fax: (021) 274-5291

    E-mail: [email protected]: http://www.cnps.embrapa.br

    Ramalho Filho, Antonio.Aptido agrcola das terras do Brasil: potencial de terras e anlise dos

    principais mtodos de avaliao / Antonio Ramalho Filho, Lauro Charlet Pereira. Rio de Janeiro : Embrapa Solos, 1999.

    ix, 36p. (Embrapa Solos. Documentos ; 1).

    ISSN 1517-2627

    1. Solo-Uso. 2. Terra-Aptido Agrcola. 3. Terra-Uso. I. Pereira, L. C. II.Embrapa Solos (Rio de Janeiro, RJ). III. Ttulo. IV. Srie.

    CDD (21.ed.) 631.47

    Embrapa SolosCatalogao-na-publicao (CIP)

  • iii

    AUTORES

    Antonio Ramalho Filho 1

    Lauro Charlet Pereira 2

    1 Pesquisador, Ph.D., Embrapa Solos. E-mail: [email protected]

    2 Pesquisador, M.Sc., Embrapa Solos. E-mail: [email protected]

  • vSUMRIO

    RESUMO vi i

    ABSTRACT ix

    1 INTRODUO 1

    2 ANTECEDENTES E ANLISE DOS PRINCIPAIS MTODOS 4

    2.1 Classificao e avaliao de terras 4

    2.2 Classificao da capacidade de uso das terras 6

    2.2.1 Sistema americano de classificao da capacidade de uso 6

    2.2.2 Sistema brasileiro de classificao da capacidade de uso 8

    2.3 Avaliao da aptido agrcola das terras 9

    2.3.1 Sistema FAO para avaliao de terras 9

    2.3.2 Sistema brasileiro de avaliao de terras 11

    2.4 Outros mtodos 12

    2.4.1 Classificao de terras para irrigao do USBR 12

    2.4.2 Mtodos Paramtricos 13

    2.5 Seleo do mtodo 13

  • vi

    3 MATER IAL 14

    4 MTODO 15

    4.1 Nveis de manejo considerados 15

    4.2 Grupos de aptido agrcola 16

    4.3 Classes de aptido agrcola 17

    5 RESULTADOS 20

    5.1 Aptido agrcola em nvel nacional 20

    5.2 Aptido agrcola em nvel regional 23

    5.3 Avaliao da aptido agrcola com nfase nos nveis de

    manejo 24

    6 CONSIDERAES F INAIS 31

    7 REFERNCIAS B I BL IOGRF ICAS 32

  • vii

    RESUMO

    O conhecimento da aptido de terras fator de grande importncia

    para propiciar o uso adequado da oferta ambiental e, sobretudo, evitar

    possvel sobreutilizao dos recursos naturais. Fundamentalmente, este

    estudo foi realizado com o objetivo de oferecer uma viso sinptica sobre o

    potencial agrcola e disponibilidade das terras do Brasil, bem como

    apresentar uma anlise crtica sobre os principais mtodos e sistemas de

    avaliao da aptido das terras. Este documento o resultado da

    consolidao dos estudos bsicos para o planejamento agrcola das terras

    de cada Estado da Federao, realizados pelo Ministrio da Agricultura,

    atravs da Secretaria Nacional de Planejamento - SUPLAN - entre 1977 e

    1980. No obstante o nvel generalizado dos dados utilizados, foram

    interpretados os mais atualizados levantamentos de solos realizados no

    pas. O estudo fornece subsdio para projetar e dimensionar a oferta

    potencial de terras para atender a uma demanda, tambm projetada, de

    produtos agrcolas. O mtodo utilizado foi o sistema de avaliao da

    aptido agrcola das terras, preconizado pela EMBRAPA Solos, no qual so

    adotados trs nveis de manejo (nveis de tecnologia), visando diagnosticar o

    comportamento das terras em nveis operacionais distintos.

    Termos de indexao: interpretao de levantamentos, aptido de

    terras, nvel de manejo, fatores limitativos das terras, graus de

    melhoramento.

  • ix

    ABSTRACT

    Land Suitability of Brazil:

    land potential and analysis of the main land evaluation methods

    The knowledge on land evaluation is an important factor which

    strongly contributes to the adequate management of the environment and,

    specially, to avoid misuse of the available natural resources. Basicaly, this

    document is a synopsis of a nationwide study carried out to show the land

    potential and its availability in Brazil, as well as to present a critical analysis

    on the main existing methods ordinarily used for interpreting natural

    resources surveys. This document consolidates the results of the basic

    studies for agricultural planning carried out by the Ministry of Agriculture

    through SUPLAN, late in the seventies. Notwithstanding the generalized

    level of the basic data, on natural resources, it was interpreted the most up-

    to-date existing soil surveys in the country. This study provides subsidies to

    appraise land potential in the long-term in order to conform with a long-term

    demand for produces. The method used is the agricultural land suitability

    classification system recomended by Embrapa-Soils. This method

    recognizes three technological (management) levels in order to evaluate land

    performance under distinct operational levels.

    Index terms: soil survey interpretation, landevaluation, land

    suitability, land quality, limiting factors, land utilization types, land

    improvement level, technological level.

  • 1 INTRODUO

    Aps sculos de melhoria na qualidade de vida dos povos, depara-se, neste limiar do terceiro milnio, em termos globais, com um realagravamento dos problemas enfrentados pela humanidade, centrado,fundamentalmente, na reduo progressiva da oferta ambiental, bem comono comprometimento da qualidade de vida das populaes.

    De acordo com os mltiplos relatrios e modelos de simulaopublicados nas ltimas dcadas, a fotografia do ecossistema planetrio tempassado por diversas e sombrias mutaes. Dentre estas, destacam-se, porexemplo, as estimativas de que o mundo j perdeu, desde a metade destesculo, um quinto da superfcie cultivvel e um quinto das florestas tropicaise que a cada ano so perdidos 25 bilhes de toneladas de hmus por efeitoda eroso, desertificao, salinizao e de outros processos de degradaodo solo (Comisso Interministerial para a preparao da Conferncia dasNaes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1991).

    Com isso, percebe-se nitidamente que o momento atual impe oreconhecimento de que a humanidade atravessa um perodo de autnticatransio ecolgica, exigindo uma reavaliao de conceitos e, certamente,mudanas de procedimentos. Na verdade, hoje no mais se admite que aevoluo da sociedade busque caminhos quase sem limites em direo aoprogresso, nem tampouco deposite uma confiana ilimitada naspossibilidades da tecnologia para resolver todos os problemas existentes.

    A crise decorrente da situao de transio ecolgica deve ser umapreocupao de todos, visto que seus efeitos deixaram de ser uma dasmatrias primas da mdia nacional e internacional, passando a incorporar-seao cotidiano das populaes, como parte desta conscincia ecolgica que,afortunadamente, nelas se instalou. guisa de ilustrao, cita-se o caso dadisponibilidade de gua para o consumo humano e para a agricultura, que, jna dcada de 1970, apresentava srios problemas de escassez em muitospases da frica, do Sudeste Asitico, do Oriente Mdio e da AmricaLatina, e que hoje converte-se num dos problemas mais preocupantes doplaneta.

    No caso especfico do Brasil, o cenrio no muito diferente. Tem-se, por exemplo, o Estado de So Paulo que, apesar do grande

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    desenvolvimento scio-tcnico-cultural, convive com uma perda anual deaproximadamente 130 milhes de toneladas de solo agrcola (Bertoni &Lombardi Neto, 1985). Enquanto isso, no outro extremo encontra-se aregio Amaznica, cujos conhecimentos tcnico-cientficos a respeito deseus inmeros ecossistemas ainda so muito limitados, permitindo aprofuso de usos indiscriminados de seus recursos naturais (Rodrigues etal., 1990).

    Por outro lado, poder-se-ia seguir enumerando, indefinidamente, asgrandes preocupaes, desequilbrios e inadequao de usos, alm dedesaparecimentos e/ou comprometimentos de elos constituintes dagrande cadeia ambiental. Contudo, a questo maior evitar que istoacontea, pois quando se trata da prpria sobrevivncia humana prefervel estar aproximadamente correto do que precisamente equivocado.

    Deste modo, torna-se lcido admitir que a preocupao primeirapassa, necessariamente, pelo ordenamento e/ou reordenamento territorial,cuja ferramenta bsica o zoneamento agroecolgico-econmico. No casobrasileiro, este discernimento faz parte da Constituio (Brasil, 1988), comopode ser observado no seu artigo 21, inciso IX, onde delegada Unio acompetncia de elaborar e executar planos nacionais e regionais deordenao do territrio e de desenvolvimento econmico e social(Comisso..., 1991).

    Com isto, meritrio destacar a ocorrncia de um real abandono daviso cartesiana do espao geogrfico, em favor de uma abordagemglobalizante e integrativa para implementar uma maior acurcia napercepo da dinmica de sistemas e subsistemas ambientais, bem comode suas interrelaes. As inmeras vantagens e resultados esperados dozoneamento podem ser resumidos a partir da definio de trs grandescategorias/grupamentos de zonas, isto :

    reas de produo;

    reas desaconselhadas para usos produtivos a curto prazo; e

    reas especiais.

    Assim, pela ordem, as primeiras assegurariam a produo eprodutividade, fundadas em bases ecodesenvolvimentistas; as segundas

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    corresponderiam quelas reas que apresentam uma srie de limitaes aouso, carecendo de tcnicas de manejo e investimentos incompatveis comos rendimentos e danos ambientais previstos; e as ltimas englobariam asunidades de conservao, reas indgenas e stios de relevante interessehistrico, paisagstico e cultural, regulados por legislao especfica.

    Nesse contexto, deve-se enfatizar no apenas a importncia, comotambm a necessidade de estudos sobre a avaliao da aptido das terras,pois, alm de ser um instrumento imprescindvel para a elaborao dezoneamentos, um fator bsico para o estabelecimento da coernciaecolgica (uso dos recursos naturais, segundo sua aptido), evitando a subou sobreutilizao dos ecossistemas. Outrossim, tratando-se de um paseminentemente tropical, onde a instabilidade do sistema solo-clima-vegetao naturalmente mais acentuada que em outras regies de climamais ameno, a informao sobre a aptido agrcola das terras torna-se aindamais valiosa.

    Portanto, o objetivo bsico deste trabalho o de reunir, em um sdocumento, as informaes disponveis sobre a aptido agrcola edisponibilidade das terras do Brasil, bem como apresentar uma anlisecrtica sobre os principais mtodos de avaliao de terras adotados no pas.

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    2 ANTECEDENTES E ANLISE DOS PRINCIPAIS MTODOS

    Diante da existncia de diversos mtodos de avaliao do potencialde terras para diferentes formas de uso, cada um com suas caractersticase peculiaridades, este captulo prope-se a proceder uma abordagemsucinta, com a devida anlise crtica, sobre os principais mtodos usadosem regies tropicais.

    No se pretende, portanto, prover uma reviso completa, mas simtratar dos aspectos de relevncia direta, daqueles principais mtodos, quedem respaldo avaliao quali-quantitativa da aptido das terras,considerando nveis tecnolgicos distintos e o contexto de diferentesambientes ecolgicos e socioeconmicos.

    2.1 Classificao e avaliao de terras

    A classificao de terras pode ser to boa quanto forem seus dadosbsicos e a formulao de suas vrias unidades (Olson, 1974). Beek (1978)advoga que a avaliao de terras desenvolveu-se a partir da interpretaode levantamentos. Entretanto, levantamentos de solos podem serinterpretados de acordo com qualquer sistema de classificao tcnica, sejaele de capacidade de uso ou de aptido de terras.

    A interpretao de levantamentos pode sugerir que o solo o nicofator do meio ambiente a ser considerado, quando sabe-se que outros, aexemplo de clima, vegetao, topografia e hidrologia, tambm estoenvolvidos no processo interpretativo. Portanto, parece mais razovelchamar interpretao de levantamento de recursos naturais e avaliao daaptido das terras, que um procedimento que leva em conta a terra e seusatributos.

    A avaliao das terras, portanto, depende basicamente deinventrio de dados sobre recursos naturais, tcnicos e socioeconmicos.

    Bridges (1978) assinala que a avaliao da aptido das terras podeser vista como um claro e direto exerccio geogrfico, com alguns valoresprticos. Entretanto, h inmeras combinaes de condies fsicas eeconmicas que a tornam complexa.

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    Vrios sistemas de classificao do potencial das terras soidentificados por Vink (1960), que discute a avaliao da aptido e seusaspectos quantitativos. Embora teis para finalidades prticas, nenhumdeles apresenta conotao prtica. No entanto, ele afirma que somente pormeio da classificao da aptido das terras, os resultados doslevantamentos de solos tornar-se-o realmente teis para as vrias formasda atividade humana.

    Duas categorias gerais de avaliao do potencial das terras sodistinguidas por Burrough (1976):

    avaliao para fins generalizados - nesta se situam o sistema declassificao da capacidade de uso descrito por Klingebiel &Montgomery (1961) e adaptaes locais, como na Inglaterra ePas de Gales (Bibby et al., 1982), Amrica Central (Plath,1967), Venezuela (Comerma & Arias, 1971), Austrlia (Stewart,1968), Canad, Qunia, Chile e Brasil (Marques, 1971; Lepsch etal., 1983). Nestes mtodos, variveis socioeconmicas no soconsideradas.

    avaliao para fins especficos - a partir de dados relevantes edisponveis do ponto de vista fsico, ambiental, social eeconmico, os diferentes tipos de terra so avaliados de acordocom sua aptido para tipos de uso especfico. So exemplosdesta categoria o mtodo ecolgico de avaliao da aptido dasterras (Beek & Bennema, 1972) e a estrutura (framework) deavaliao da aptido das terras da FAO (FAO, 1977). Ambosprocuram uma anlise fsica e socioeconmica na avaliao dasterras. Outro exemplo o mtodo original de classificao daaptido agrcola das terras (Bennema et al., 1964), de onde foidesenvolvido o mtodo da FAO e o sistema de avaliao daaptido agrcola das terras (Ramalho Filho & Beek, 1995), almdo recente mtodo de avaliao da aptido das terras parasistemas integrados de produo (Ramalho Filho, 1992). Esteltimo constitui um guia com parmetros para a avaliao fsica,social e econmica de terras, com tecnologia intermediria paraagricultura de pequena escala.

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    Na verdade, o termo avaliao da aptido das terras tomou formadefinitiva e reconhecimento internacional, sobretudo nos pases tropicais,com o advento da estrutura da FAO (FAO, 1977).

    2.2 Classificao da capacidade de uso das terras

    A classificao da capacidade de uso das terras um sistema deavaliao para fins gerais largamente utilizado, desenvolvido no Servio deConservao de Solos, atual Servio de Conservao de Recursos Naturaisdo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Klingebiel &Montgomery, 1961). Neste sistema, as unidades de mapeamento soagrupadas inicialmente de acordo com a sua capacidade de produzir culturasanuais e pastagem, sem degradao do solo, por um longo perodo detempo.

    2.2.1 Sistema americano de classificao da capacidade de uso

    A estrutura do sistema

    Vrias categorias so estabelecidas. A categoria mais elevada esubdiviso mais genrica compreende dois grupos: terras recomendadaspara cultivo e terras no recomendadas para cultivo.

    As categorias mais baixas so: classe de capacidade, subclasse decapacidade e unidade de capacidade.

    As classes variam de I a VIII, de acordo com o grau de limitao.As subclasses indicam o fator limitante e, conseqentemente, os principaisproblemas de conservao relacionados com o solo (s), eroso (e),drenagem (d) e clima (c). As unidades de capacidade permitem umagrupamento especfico de solos similares, dentro de cada subclasse decapacidade. Elas se referem principalmente ao tratamento dado ao solo, demodo a superar as limitaes de uso e permitir uma produo sustentvel.

    Aspectos favorveis do sistema

    Uma das vantagens deste sistema, que constitui uma proposta demetodologia generalizada, a facilidade com que pode ser entendida. Como

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    ele relacionado somente com variveis fsicas e relativamente poucoafetado pelas mudanas sociais, econmicas e tecnolgicas, a classificaoda capacidade de terras permanece vlida por muito tempo. Apesar desimples e fcil de usar, o alcance de sua aplicao pode dar uma falsaimpresso de segurana.

    Aspectos desfavorveis do sistema

    O sistema americano, j em sua base, prope-se a determinarprocedimentos para o controle da eroso e classes de capacidade, por issoreflete principalmente a extenso e complexidade dos problemas deconservao. dada importncia ao declive, enquanto que outras qualidadesindicadoras de problemas de fertilidade so negligenciadas. Isto se deve aofato de se considerar, presumidamente, um uso intensivo com altatecnologia, baseado em equipamentos motorizados.

    A classificao no dirigida especificamente para o planejamentodo uso da terra e no classifica as terras de acordo com a produtividade. Aocontrrio, os solos so classificados de acordo com os requisitos deconservao e uso de mquinas em larga escala.

    Beek (1978) aponta algumas desvantagens da classificao decapacidade da terra:

    apesar de ser um mtodo para tipos de usos generalizados, baseado em um entendimento das necessidades somente dosusos mais comuns da terra. Nos pases em desenvolvimento, aavaliao de terras com relevncia local exigida. Os objetivosde desenvolvimento dos governos, tais como absoro detrabalho, aumento de uma renda bem distribuda e melhoria donvel nutricional da populao, requerem avaliaes pragmticas;

    o sistema no suficientemente especfico para comparar usosconflituosos de terras que competem entre si.

    Viso crtica

    O sistema de capacidade de uso no ideal para avaliar a terra emum nvel tecnolgico intermedirio, ou seja, mediante a adoo de insumos

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    simples. O consrcio de culturas e os principais sistemas integrados deproduo dificilmente seriam incorporados ao estudo pelas seguintesrazes:

    um nvel tecnolgico alto pressuposto. Este critrio no aplicvel ao contexto fsico, social e econmico, nos sistemas deproduo de pequena escala. Por isso o mtodo tende asubestimar as limitaes devidas fertilidade; e

    potencial e o comportamento dos solos tambm devem seravaliados, considerando o uso de uma metodologia baseada emtecnologia intermediria. Isto incluiria uma srie de prticas emtodos operacionais que estariam em consonncia com ahabilidade da maioria dos produtores, dentro de um contextotcnico, social e econmico.

    2.2.2 Sistema brasileiro de classificao da capacidade de uso

    O sistema brasileiro de classificao da capacidade de uso da terra(Lepsch et al., 1983) uma verso modificada da classificao americana(Klingebiel & Montgomery, 1961). Este mtodo, que se identifica com oplanejamento de conservao de solo na agricultura, em nvel empresarial,foi largamente utilizado em decorrncia de sua simplicidade (Marques,1958).

    O uso deste mtodo baseado na suposio de que pode seraplicado para interpretar levantamentos simplificados, denominadoslevantamentos utilitrios (Collins, 1981), que podem ser feitos tanto porespecialistas em cincia do solo quanto por agrnomos treinados emconservao de solos.

    A insuficincia de levantamentos detalhados convencionais desolos, em termos de projetos agrcolas, favorece a aplicao destaclassificao no Brasil.

    A estrutura do sistema

    Basicamente no h diferena de estrutura entre o sistema decapacidade de uso da terra brasileiro e o original (Klingebiel & Montgomery,

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    1961). A inovao a incorporao da unidade ou grupo de manejo, querepresenta grupamentos de terras, recebendo as mesmas prticas, devido arespostas similares ao tratamento. Entretanto, o uso de unidades de manejono factvel no caso de se estudar uma rea onde as unidades sodescontnuas e os sistemas de produo compreendem diferentes tipos deutilizao da terra e culturas.

    Aspectos desfavorveis

    O sistema envolve as desvantagens apresentadas pelo sistemaamericano, j comentadas anteriormente.

    2.3 Avaliao da aptido agrcola das terras

    Nos anos sessenta, muitos sistemas interpretativos surgiram, comouma tentativa de contornar a fragilidade da aplicao da classificao decapacidade de uso das terras em ambientes tropicais. Considerando que aclassificao da aptido de terras vinha sendo, tradicionalmente, mais umexerccio fsico na interpretao de levantamentos, as unidades demapeamento servem como base principal para o delineamento da avaliao.Apesar de nem sempre ter-se conseguido, o elemento desejvel comum atodos os sistemas de classificao de aptido de terras era a integraodos aspectos ecolgicos e econmicos. O Sistema Brasileiro deClassificao da Aptido das Terras (Ramalho Filho & Beek, 1995) e aestrutura da FAO (FAO, 1977), para avaliao das terras, pertencem a estacategoria de classificao.

    2.3.1 Sistema FAO para avaliao de terras

    A estrutura para avaliao das terras Framework for LandEvaluation (FAO, 1977) o resultado de uma iniciativa no sentido depadronizar e elaborar um roteiro e terminologia para que outros sistemasnacionais ou regionais pudessem ser formulados. Em grandes linhas, inclui:

    um considervel avano na cincia do solo, com a terra sendoenfocada como algo utilizado no contexto de um sistemaagrcola, sob diferentes nveis tecnolgicos;

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    uma estrutura mais dinmica que o sistema americano(capacidade de uso), utilizando nveis diferentes de tecnologia, ouseja, nveis qualitativo e quantitativo para a avaliao da aptidoatual e potencial das terras. mais cientfica, no sentido de quefoi designada para interpretar levantamentos de recursosnaturais; e

    maior referncia em avaliao das terras e sua importncia comodisciplina, fato aceito pela maioria dos autores (Diepen et al.,1991). Porm, como outros mtodos utilizados para a avaliaodas terras, a estrutura mantm o solo como o elemento maisimportante do sistema de produo. terra dada mais atenodo que ao seu usurio.

    A estrutura da FAO no realmente um sistema, mas um conjuntode indicaes como base para a elaborao de sistemas nacionais(Brinkman, citado por Young & Goldsmith, 1977, p.432); e nem tampouco,um manual de avaliao. Apesar da flexibilidade de seus princpios,aclamados por serem aplicveis em todos os lugares do mundo e emvariados contextos ambientais e socioeconmicos, a estrutura noespecifica nenhum parmetro ou procedimento para avaliaosocioeconmica das terras.

    A estrutura visa a ser um documento que acompanha todas asdisciplinas envolvidas em avaliao das terras e permite a troca deinformaes entre os pases. De fato, a estrutura combina as vantagens dosistema americano e inclui critrios socioeconmicos. No entanto, Diepen etal. (1991) argumentam que, apesar da pretenso de envolver todas asdisciplinas em avaliao das terras, sua base ainda interpretao delevantamento de solos.

    A estrutura do sistema

    O sistema estruturado em ordem, classe, subclasse e unidades. Aestrutura ainda se identifica muito com a avaliao fsica da terra e ainformao sobre o aspecto socioeconmico no suficiente para aavaliao da terra para sistemas integrados de produo. De fato, aestrutura mostra a necessidade de se incluir a anlise socioeconmica, masno mostra como faz-la.

  • Aptido Agrcola das Terras do Brasi l 11

    FAO (1977) meramente uma estrutura e, com base nela, vriosmanuais especficos foram produzidos, aplicando-a como roteiro. Comoexemplos, tm-se: Avaliao das Terras para Agricultura de Sequeiro (FAO,1983), Avaliao de Aptido das Terras para Silvicultura (FAO, 1984),Avaliao das Terras para Pastagem (FAO, 1991) e Sistema Brasileiro deAvaliao da Aptido das Terras (Ramalho Filho & Beek, 1995).

    2.3.2 Sistema brasileiro de avaliao de terras

    A base deste modelo de classificao da aptido de terras foidesenvolvida nos anos sessenta, como uma tentativa de classificar opotencial das terras para a agricultura tropical.

    O mtodo o resultado do trabalho de pesquisadores brasileiros,junto com especialistas da FAO, como uma reao classificao dacapacidade de uso das terras, a qual havia demonstrado ser inadequadapara classificar o potencial de terras em um pas, onde, segundo Beek(1978), nveis de tecnologia muito diferentes convivem lado a lado.

    A primeira aproximao continha muitos conceitos e procedimentosque serviram de base atual estrutura de avaliao das terras, da FAO.Desde ento, ela sofreu vrias modificaes e desdobramentos, durante suaaplicao na interpretao de levantamentos de recursos naturais. Asprincipais contribuies para o seu desenvolvimento foram de Ramalho Filhoet al. (1970), Brasil (1971), Brasil (1975a) e Ramalho Filho et al. (1983).

    Beek (1975) props modificaes no mtodo, visando adapt-lo paraplanejamento a longo prazo (Brasil, 1975b), e a aproximao mais recente Sistema de Avaliao da Aptido Agrcola das Terras (Ramalho Filho &Beek, 1995) uma avaliao fsica das terras, baseada nas suasqualidades e em nveis de manejo para diferentes usos da terra.

    2.4 Outros mtodos

    2.4.1 Classificao de terras para irrigao do USBR

    O mtodo do United States Bureau of Reclamation (USBR) no analisado em detalhe neste documento, por ser especificamente dirigido

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    para a classificao de terras para irrigao. No entanto, o USBR apresentaalguns aspectos interessantes que podem ser teis em qualquer mtodo deavaliao. So eles:

    a incluso da acessibilidade unidade de terra, como um critriopara avaliar o seu potencial;

    conceito de capacidade de pagamento que expressa o potencialdas terras em termos monetrios;

    a forma integrada de apresentar o potencial das terras, incluindoos aspectos fsicos e econmicos do seu uso; e

    a incluso do custo do desenvolvimento da terra arvel.

    O mtodo tambm baseado nas limitaes das terras, mas quantitativo e incorpora critrios econmicos. Por outro lado, as classes noso universalmente similares, uma vez que os critrios das classes dasterras tm sido, em muitos casos, definidos para cada projeto isoladamente.

    Neste mtodo, faltam, tambm, consideraes sobre os fatoressociais, tais como intensidade de trabalho e estrutura agrria. Isto umasntese, a qual indica que o mtodo no adequado para ser empregado emreas onde os fatores sociopolticos tm uma importncia significativa.

    O manual do USBR um exemplo de um mtodo especfico deavaliao de terras com objetivo especfico, que aborda aspectosqualitativos e quantitativos de forma integrada.

    2.4.2 Mtodos Paramtricos

    Os mtodos paramtricos procuram incluir, simultaneamente, todosos fatores agrcolas que influenciam o desempenho de um sistema de usoda terra, em uma anlise quantitativa. Neste processo, certas condies eparmetros so ponderados, de acordo com seus efeitos sobre a produode uma cultura em particular, ou de um grupo de culturas (Ribeiro, 1982).Estes mtodos esto baseados principalmente em propriedades do solofacilmente mensurveis e pouca ateno dada s relaes entreinvestimentos, qualidades da terra e rendimentos (Beek, 1978).

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    2.5 Seleo do mtodo

    O mtodo a ser utilizado na avaliao de aptido agrcola das terrasdo Brasil, tambm objeto desta publicao, deve considerar as necessidadesdo agricultor, assim como o nvel de manejo que inclua um conjunto detcnicas que contribuam para o aumento da produo agrcola e,concomitantemente, protejam o solo da degradao. Estes aspectosinfluenciam enormemente a avaliao quando a melhoria da terra considerada.

    No Sistema de Avaliao da Aptido das Terras (Ramalho Filho &Beek, 1995), os nveis de manejo so caracterizados pela aplicaodiferenciada de capital e dos resultados da pesquisa para melhorar, manejare conservar a terra e as culturas. O uso de fertilizantes e calcrio varia,assim como os demais insumos, de acordo com o nvel tecnolgico a seradotado.

  • Aptido Agrcola das Terras do Brasi l14

    3 MATERIAL

    O material utilizado constou, fundamentalmente, do trabalho sobreaptido agrcola das terras do Brasil (Ramalho Filho, 1985), que constituiu-se na consolidao dos resultados dos estudos bsicos para o planejamentoagrcola das terras, de cada um dos estados do territrio nacional, realizadopelo Ministrio da Agricultura, atravs da Secretaria Nacional dePlanejamento Agrcola - SUPLAN. Esta coleo constitui-se de relatrios emapas cujo delineamento segue aquele dos mapas de solos, os quais foraminterpretados para este fim. Complementarmente, utilizaram-se, tambm,outras fontes de metodologia mais atualizadas, conforme a bibliografiadisponvel sobre aptido e uso das terras (Ramalho Filho & Beek, 1995;Lepsch et al., 1983; Bertoni & Lombardi Neto, 1985).

    A qualificao e quantificao do potencial agrcola do pas refere-se, portanto, a dados correspondentes ao momento de 1985 e hoje, talvez,considerando o carter efmero da classificao da aptido das terras, osresultados poderiam ser diferentes. Contudo, isto no se constitui emprejuzo, pois trata-se de uma anlise global, onde a base de discussoaponta para os aspectos de proporcionalidade e distribuio espacial dasterras, em que, sob a constatao de qualquer mudana das partes, pode-sereajustar o todo.

  • Aptido Agrcola das Terras do Brasi l 15

    4 MTODO

    O mtodo utilizado na produo dos dados sobre o potencial edisponibilidade das terras do Brasil referiu-se ao Sistema de Avaliao daAptido Agrcola das Terras, conforme preconizado por Ramalho Filho et al.(1983). Para efeito de melhor entendimento, sero apresentados osconceitos e critrios bsicos do mtodo, introduzindo-se, quando for o caso,as alteraes recm-formuladas, contidas na 3a edio (Ramalho Filho &Beek, 1995), ou seja:

    4.1 Nveis de manejo considerados

    Tendo em vista prticas agrcolas ao alcance da maioria dosagricultores, num contexto especfico, tcnico, social e econmico, soconsiderados trs nveis de manejo, visando diagnosticar o comportamentodas terras em diferentes nveis tecnolgicos. Sua indicao feita atravsdas letras A, B e C, que podem aparecer escritas de diferentes formas, nasimbologia da classificao, conforme as classes de aptido em que seapresentem as terras, em cada um dos nveis adotados.

    Nvel de manejo A (Primitivo) - baseado em prticas agrcolas querefletem um baixo nvel tcnico-cultural. Praticamente no haplicao de capital para manejo, melhoramento e conservaodas terras e das lavouras. As prticas agrcolas dependemfundamentalmente do trabalho braal, podendo ser utilizadaalguma trao animal com implementos agrcolas simples.

    Nvel de manejo B (Pouco desenvolvido) - caracterizado pelaadoo de prticas agrcolas que refletem um nvel tecnolgicointermedirio. Baseia-se em modesta aplicao de capital e deresultados de pesquisas para manejo, melhoramento econservao das condies das terras e das lavouras. Asprticas agrcolas, neste nvel de manejo, incluem calagem eadubao com NPK; tratamentos fitossanitrios simples; emecanizao com base na trao animal, ou na traomotorizada, apenas para desbravamento e preparo inicial do solo.

  • Aptido Agrcola das Terras do Brasi l16

    Nvel de manejo C (Desenvolvido) - baseado em prticas agrcolasque refletem um alto nvel tecnolgico. Caracteriza-se pelaaplicao intensiva de capital e de resultados de pesquisas paramanejo, melhoramento e conservao das condies das terras edas lavouras. A motomecanizao est presente nas diversasfases da operao agrcola.

    Os nveis de manejo B e C envolvem melhoramentos tecnolgicosem diferentes modalidades, contudo no levam em conta a irrigao naavaliao da aptido agrcola das terras. Apenas so assinaladas, atravsde conveno especial em mapas, as reas com irrigao instalada ouprogramada.

    No caso das atividades referentes pastagem plantada e silvicultura, est prevista uma modesta aplicao de fertilizantes,defensivos e corretivos, que corresponde ao nvel de manejo B. Para apastagem natural, est implcita uma utilizao sem melhoramentostecnolgicos, condio que caracteriza o nvel de manejo A.

    4.2 Grupos de Aptido Agrcola

    Trata-se mais de um artifcio cartogrfico, que identifica no mapa otipo de utilizao mais intensivo das terras, ou seja, sua melhor aptido.

    Os grupos 1, 2, e 3, alm da identificao de lavouras como tipo deutilizao, desempenham a funo de representar, no subgrupo, as melhoresclasses de aptido das terras indicadas para lavouras, conforme os nveisde manejo. Os grupos 4, 5 e 6 apenas identificam tipos de utilizao(pastagem plantada, silvicultura e/ou pastagem natural e preservao daflora e da fauna, respectivamente), independente da classe de aptido.

    A representao dos grupos feita com algarismos de 1 a 6, emordem decrescente, segundo as possibilidades de utilizao das terras. Aslimitaes que afetam os diversos tipos de utilizao aumentam do grupo 1para o grupo 6, diminuindo, conseqentemente, as alternativas de uso e aintensidade com que as terras podem ser utilizadas.

  • Aptido Agrcola das Terras do Brasi l 17

    4.3 Classes de Aptido Agrcola

    As classes expressam a aptido agrcola das terras para umdeterminado tipo de utilizao, com um nvel de manejo definido, dentro dosubgrupo de aptido. Refletem o grau de intensidade com que as limitaesafetam as terras. So definidas em termos de graus, referentes aos fatoreslimitantes mais significativos. Esses fatores, que podem ser consideradossubclasses, definem as condies agrcolas das terras. Os tipos deutilizao em pauta so: lavouras, pastagem plantada, silvicultura epastagem natural; e os fatores limitativos considerados no mtodo deavaliao (Ramalho Filho et al., 1983) so: deficincia de fertilidade,deficincia de gua, excesso de gua, susceptibilidade eroso eimpedimentos mecanizao.

    Com base no boletim da FAO (1977), as classes foram assimdefinidas:

    Classe Boa - terras sem limitaes significativas para a produosustentvel de um determinado tipo de utilizao, observando ascondies do manejo considerado. H um mnimo de restriesque no reduzem a produtividade ou os benefcios,expressivamente, e no aumentam os insumos acima de um nvelaceitvel.

    Classe Regular - terras que apresentam limitaes moderadaspara a produo sustentvel de um determinado tipo deutilizao, observando as condies do manejo considerado. Aslimitaes reduzem a produtividade ou os benefcios, elevando anecessidade de insumos para garantir as vantagens globais aserem obtidas com o uso. Ainda que atrativas, essas vantagensso sensivelmente inferiores quelas auferidas nas terras declasse Boa.

    Classe Restrita - terras que apresentam limitaes fortes para aproduo sustentvel de um determinado tipo de utilizao,observando as condies do manejo considerado. Essaslimitaes reduzem a produtividade ou os benefcios, ou ento

  • Aptido Agrcola das Terras do Brasi l18

    aumentam os insumos necessrios, de tal maneira que os custoss seriam justificados marginalmente.

    Classe Inapta - terras que apresentam condies que parecemexcluir a produo sustentvel do tipo de utilizao em questo.Ao contrrio das demais, esta classe no representada porsmbolos. Sua interpretao feita pela ausncia das letras notipo de utilizao considerado.

    Dos graus de limitao atribudos a cada uma das unidades dasterras, resulta a classificao de sua aptido agrcola. As letras indicativasdas classes de aptido, de acordo com o nvel de manejo, podem aparecernos subgrupos em maisculas, minsculas ou minsculas entre parnteses,com indicao de diferentes tipos de utilizao, conforme pode serobservado na Tabela 1.

    Terras consideradas inaptas para lavouras tm suas possibilidadesanalisadas para usos menos intensivos (pastagem plantada, silvicultura oupastagem natural). No entanto, terras classificadas como inaptas para osdiversos tipos de utilizao considerados so, como alternativa, indicadaspara a preservao da flora e da fauna, recreao ou algum outro tipo deuso no-agrcola. Tratam-se de terras ou paisagens pertencentes ao grupo6, nas quais deve ser estabelecida ou mantida uma cobertura vegetal, nos por razes ecolgicas, mas tambm para proteo de reas contguasagricultveis.

    Das terras indicadas para lavouras, pode-se remanejar as de aptidoRestrita (marginais) para o grupo de aptido indicado para pastagemplantada (grupo 4), no qual passam a ser consideradas como boas ouregulares. Isto se justifica pelo fato de que, sendo estas terras marginaispara lavouras, apresentam limitaes fortes para a produo sustentvel.Essas limitaes reduzem a produtividade ou os benefcios, ou entoaumentam os insumos necessrios em tal magnitude, que os custos sseriam justificados marginalmente.

  • Aptido Agrcola das Terras do Brasi l 19

    TABELA 1. Simbologia correspondente s classes de aptido agrcola dasterras.

    Tipo de utilizao e nvel de manejo

    Lavouras PastagemPlantada

    Silvicultura PastagemNatural

    Classe deaptidoagrcola

    com nvel demanejo varivel

    com nvel demanejo B

    com nvel demanejo B

    com nvel demanejo A

    Boa A B C P S N

    Regular a b c p s n

    Restrita (a) (b) (c) (p) (s) (n)

    Inapta - - - - - -

  • Aptido Agrcola das Terras do Brasi l20

    5 RESULTADOS

    Tendo em vista a gigantesca extenso territorial do pas econsiderando o enfoque de viso sinptica deste trabalho, priorizou-se pelaapresentao dos resultados em nveis nacional e regional.

    5.1 Aptido agrcola em nvel nacional

    Nesta avaliao foram consideradas aptides especficas, utilizando-se os termos: ciclo curto e longo; s ciclo curto; s ciclo longo; dois cultivospor ano; culturas especiais; alm de parques e reservas equivalentes. Aomesmo tempo, visando uma melhor compreenso, ser feito um comentriosucinto a respeito de cada uma dessas aptides, ou seja:

    Ciclo curto e longo - abrange terras com aptido para dois tiposde lavouras, as quais podem ser exploradas, tambm, comqualquer tipo de utilizao menos intensiva. No h, neste caso,restries de solos, de clima ou de outros fatores que impeam odesenvolvimento dos dois grupamentos de culturas.

    S ciclo curto - neste caso, incluem-se terras no indicadas paralavouras de ciclo longo, sem indicao tambm para silvicultura.Normalmente, aqui esto presentes restries de solos ou,sobretudo, de ordem climtica e de drenagem do solo.

    Culturas de ciclo longo - so terras indicadas, em geral, para umtipo de utilizao menos intensiva (pastagem plantada), mas que,devido s condies agrcolas mais favorveis, permitem, ainda,a explorao com lavouras de ciclo longo. Em geral, so reas dedeclive mais acentuado.

    Dois cultivos por ano - corresponde s terras que, favorecidaspor condies climticas, podem ser exploradas de forma maisintensiva, sem prejuzo de suas condies naturais. Trata-se,neste caso, de dois plantios em seqncia de duas culturas deciclo curto no perodo de um ano.

    Culturas especiais de ciclo longo - algumas reas permitem aexplorao de espcies com exigncias especficas adaptadas adeterminadas condies ecolgicas, apresentando-se de maneiradiversificada de acordo com as regies. Na regio Nordeste, so

  • Aptido Agrcola das Terras do Brasi l 21

    representadas por algodo-arbreo, caju, coco, palma forrageirae sisal; no Rio de Janeiro, por coco; na regio Sul, So Paulo eMinas Gerais, pela fruticultura de clima temperado.

    Para efeito deste estudo, consideram-se culturas de ciclo curto,tambm denominadas de temporrias ou anuais, aquelas cujo ciclovegetativo no ultrapassa a um ano. Por culturas de ciclo longo ou perenes,esto sendo consideradas aquelas com ciclo vegetativo de durao superiora um ano. Incluem-se, neste caso, as tambm chamadas culturassemiperenes.

    Portanto, em nvel nacional, verifica-se uma grande predominnciade terras com aptido para lavouras, quando comparadas com as demaisatividades. Considerando-se terras avaliadas sob trs nveis tecnolgicosdiferentes, encontrou-se que aproximadamente 5.552.673km2,correspondentes a 65% do territrio brasileiro, apresentaram aptido paralavouras, enquanto que o restante das terras so indicadas para pastagemplantada (cerca de 12%), silvicultura e pastagem natural (11%), alm dasterras no indicadas para o uso agrcola que perfazem cerca de 12%(Tabela 2).

    Continuando com a anlise dos dados sobre a aptido do espaoterritorial brasileiro (Tabela 2), deve-se enfatizar que a explorao da terracom lavouras evidencia-se como um sistema produtivo que apresentapossibilidade de grande diversificao. Com efeito, tem-se 4.153.554km2,equivalentes a cerca de 75% do total das reas aptas para a citadaatividade, que apresentam condies de utilizao com lavouras de ciclocurto e longo.

    As terras que permitem um uso mais intensivo, isto , aquelas quepossibilitam dois cultivos por ano e as com aptido para lavouras s de ciclocurto abrangem aproximadamente 621.746km2 e 812.296km2,respectivamente. Em termos percentuais, na mesma ordem, correspondema cerca de 11% e 15% da rea total com aptido para lavouras.

  • TABELA 2. Aptido agrcola das terras do Brasil.

    Aptido especfica para lavoura (km2)Tipo de utilizaoindicado

    Regio Superfcie(km2)

    Ciclocurto e longo

    Ciclocurto

    Ciclolongo

    Dois cultivospor ano

    Culturasespeciais

    Parques ereservas

    equivalentes(km2)

    Norte 2.792.644 1.937.365 348.476 - - - 506.803Nordeste 793.159 445.268 334.038 - 84.663 309.118 13.853Sudeste 565.741 529.805 35.105 - 124.454 - 831

    Centro-Oeste 976.763 964.532 5.819 - 142.207 - 6.412

    Lavouras

    Sul 369.786 276.584 88.858 - 270.422 93.085 4.344Total 5.498.093 4.153.554 812.296 - 621.746 402.203 532.243

    Norte 288.139 - - 5.553 - - 49.091Nordeste 112.191 - - 3.334 - 5.055 15.832Sudeste 140.425 - - 71.095 - 8.555 446

    Centro-Oeste 361.518 - - 25.498 - - 90

    Pastagem plantada

    Sul 62.061 - - 22.571 - 9.254 890Total 964.334 - - 128.051 - 22.864 66.349

    Norte 13.770 - - - - - 2.125Nordeste 462.967 - - - - 103.704 3.539Sudeste 136.470 - - - - - 270

    Centro-Oeste 284.215 - - - - - 1.574

    Pastagem naturale/ou silvicultura

    Sul 43.874 - - - - 2.913 297Total 941.296 - - - - 106.617 7.805

    Norte 457.770 - - - - - 95.227Nordeste 168.427 - - - - 26.993 2.444Sudeste 80.174 - - - - 4.933 1.831

    Sem aptido parauso agrcola

    Centro-Oeste 257.443 - - - - - 1.154Sul 32.295 - - - - - 785

    Total 996.109 - - - - 31.926 101.441

    Fonte: Ramalho Filho (1985).

    22 Aptido A

    grcola das Terras do Brasil

  • Aptido Agrcola das Terras do Brasi l 23

    As culturas de ciclo longo podem ocupar 128.051km2, perfazendocerca de 2% da rea total para lavouras no Brasil. Referem-se a terrasindicadas, em geral, para explorao com pasto plantado, mas que aindaapresentam condies para esse tipo de uso mais intensivo.

    Com relao s culturas especiais de ciclo longo, estas podem serexplotadas numa superfcie de 402.203km2, perfazendo cerca de 71%,localizadas em terras indicadas para lavouras e o restante em terrasindicadas para usos menos intensivos.

    A pastagem plantada um tipo de utilizao das terras capaz deocupar 964.334km2, que representam aproximadamente 11% da reanacional. Conforme foi comentado anteriormente, parte dessas terrasapresenta alternativas de uso para culturas de ciclo longo ou culturasespeciais, que traduzidas em valores percentuais, representam,respectivamente, cerca de 13% e 2% do total das terras propcias pastagem plantada (Tabela 2).

    No tocante silvicultura e/ou pastagem natural, estas atividadescompreendem 941.296km2, ou cerca de 11% da extenso do pas.

    As terras sem aptido para uso agrcola, indicadas, portanto, parapreservao da flora e da fauna, ocupam 996.109km2, o que corresponde aaproximadamente 12% da superfcie total do Brasil. Desse total, verificou-se que cerca de 10% das terras so ocupadas com parques e reservasequivalentes.

    5.2 Aptido agrcola em nvel regional

    A anlise regional demonstra que, em relao rea total indicadapara lavouras no Brasil, o percentual das terras apropriadas ao sistema deproduo com este tipo de utilizao oscila de aproximadamente 50%, naregio Norte, a cerca de 8%, na regio Sul. Ao mesmo tempo, registra-seque a maior concentrao dessas terras encontra-se na regio Norte, com2.792.643km2, o que perfaz cerca de 33% do territrio nacional. Essasuperfcie acha-se distribuda, fundamentalmente, em aptides especficasde ciclo curto e longo (1.937.365km2 ou cerca de 70% da rea totalindicada para lavoura, na regio Norte) e s ciclo curto (506.803km2 ouaproximadamente 18%), como pode ser visto na Tabela 2.

  • Aptido Agrcola das Terras do Brasi l24

    Analisando a regio Centro-Oeste, observa-se um valor relevante deterras indicadas para lavouras, com 976.762km2 , que corresponde a cercade 12% da superfcie brasileira, e aproximadamente 99% desse total soindicados para lavouras de ciclo curto e longo. Nessa regio, encontra-se,ainda, a maior rea do pas indicada pastagem plantada, perfazendo361.518km2 ou cerca de 4% da superfcie nacional brasileira.

    A regio Nordeste, por sua vez, merece destaque quanto pastagem natural ou silvicultura, pois apresenta 462.967km2, equivalente acerca de 5% da rea total do Brasil, sendo que 103.704km2 desse total, ouaproximadamente 22%, so indicados tambm para culturas especiais deciclo longo. Entende-se como pastagem natural, para a regio Nordeste,toda rea de caatinga onde os solos no apresentam aptido para outro tipode utilizao mais intensiva, porm tem servido atualmente atividadepecuria. O mesmo raciocnio vlido para o grande contingente de reaindicada para pastagem natural e/ou silvicultura, na regio Centro-Oeste,com solos pobres arenosos, cobertos pela vegetao de cerrado e umrelativamente denso substrato graminide que, apesar do uso parapastagem natural, possui baixa capacidade de apascentamento.

    Nas regies Sudeste e Sul, de menor expresso geogrfica, asterras foram dominantemente indicadas para lavouras de ciclo curto e longo,sendo que, para a regio Sul, h uma maior extenso de rea com aptidoapenas para lavouras de ciclo curto, em decorrncia de problemasclimticos, principalmente.

    5.3 Avaliao da aptido agrcola com nfase nos nveis de manejo

    Na Tabela 3, so apresentadas as extenses de terras indicadaspara os diferentes tipos de utilizao, por regio, evidenciando as classes deaptido Boa, Regular e Restrita, para os nveis de manejo A, B e C.

  • TABELA 3. Aptido agrcola das terras do Brasil por regio e por nvel de manejo para os diferentes tipos de usosindicados.

    Classe de aptido por nvel de manejo (km2)

    Nvel de manejo A Nvel de manejo B Nvel de manejo CTipo deutilizao RegioBoa Regular Restrita Boa Regular Restrita Boa Regular Restrita

    Norte 25.850 204.982 2.046.873 106.878 1.751.585 427.377 30.032 1.731.001 326.120

    Nordeste 13.394 145.079 435.307 15.555 421.060 321.150 7.482 436.452 267.025Sudeste 22.715 118.648 147.506 102.929 130.785 330.767 78.230 266.287 45.966

    Centro-Oeste 2.508 68.048 358.065 10.708 385.902 579.222 107.426 636.919 231.460

    Lavouras

    Sul 46.191 96.824 142.717 64.975 171.474 162.399 38.388 233.857 48.078Total 110.658 633.581 3.130.46

    8301.045 2.860.806 1.820.91

    5261.558 3.304.516 918.649

    Norte - - - - 234.113 4.935 - - -Nordeste - - - 4.908 91.636 27.967 - - -Sudeste - - - 2.957 40.215 96.807 - - -

    Centro-Oeste - - - - 339.309 22.119 - - -

    Pastagemplantada 1

    Sul - - - 34.125 16.836 10.210 - - -Total - - - 41.990 722.109 162.038 - - -Norte - - - - - 3.816 - - -

    Nordeste - - - 1.939 33.908 71.854 - - -Sudeste - - - - 58.619 9.415 - - -

    Centro-Oeste - - - - 139.418 71.006 - - -

    Silvicultura 2

    Sul - - - 3.127 7.322 11.238 - - -Total - - - 5.066 239.267 167.329 - - -Norte - - 9.469 - - - - - -

    Nordeste 287 141.564 290.781 - - - - - -Sudeste - 945 77.084 - - - - - -

    Pastagemnatural 3

    Centro-Oeste - - 209.181 - - - - - -Sul 19.789 10.359 3.102 - - - - - -

    Total 20.076 152.868 589.617 - - - - - -1 Terras com aptido exclusiva para pastagem plantada; no aptas para lavouras. 2 Terras com aptido exclusiva para silvicultura; no aptas para lavouras e pastagem plantada.3 Terras com ocorrncia exclusiva de pastagem natural.

    Fonte: Ramalho Filho (1985).

    25 Aptido A

    grcola das Terras do Brasil

  • Aptido Agrcola das Terras do Brasi l26

    Observa-se que, dentre os tipos de utilizao considerados noestudo, a lavoura a que abrange a maior superfcie, totalizando 5.552.673km2, equivalente a cerca de 65% das terras brasileiras. Estas reas, natica do uso de maior ou menor tecnologia, assumem valores bastanteinteressantes, ou seja, enquanto que no nvel de manejo A (nvel Primitivo)as reas indicadas para lavouras somam 3.874.707km2, verifica-se quebasta um pouco de incremento de tecnologia (nvel B) que logo haver umconsidervel aumento ou ampliao de reas, passando para 4.982.766km2,o que significa, em ltima anlise, um ganho de aproximadamente 1,1 milhode quilmetros quadrados, correspondente a cerca de duas vezes asuperfcie de toda a regio Sul do Brasil. Observa-se ainda que, no nvelaltamente tecnificado (nvel C), tambm ocorre um aumento expressivo emrelao ao nvel Primitivo, totalizando 4.484.732km2 de terras que podemser utilizadas com lavouras (Tabela 3).

    Ao se analisar a atividade lavoura no conjunto de todas as regiesdo Brasil, observa-se que os nveis de manejos foram preponderantes nadefinio do maior ou menor potencial de terras com aptido para a citadaatividade. No nvel de manejo A (Primitivo), ficou demonstrado, nitidamente,um predomnio da classe de aptido Restrita para todas as regies do pas,significando que a ausncia ou somente as tecnologias rudimentares limitamgrandemente o uso das terras com lavouras (Figura 1 e Tabela 3). No nvelde manejo B (Pouco desenvolvido), verificou-se um certo equilbrio entre asclasses Regular e Restrita na maioria das regies brasileiras, enquanto queno nvel C (Desenvolvido) ocorreu um forte predomnio da classe Regular(Figuras 2 e 3, respectivamente, e Tabela 3). Torna-se interessantedestacar que a classe de aptido Boa s ficou mais evidenciada nos nveisde manejo B e C, mesmo assim, somente para algumas regies, como aSudeste e a Sul, principalmente.

    No que tange atividade pastagem plantada, verificou-se que aregio Sul se destacou positivamente, apresentando elevado potencial para

  • Aptido Agrcola das Terras do Brasi l 27

    essa atividade, ou seja, 56% (34.125km2) de suas terras possuem aptidoBoa, seguidos de 28% (16.836km2) com aptido Regular e apenas 17%(10.210km2) com restries mais fortes ao uso. As demais regiesapresentaram-se constitudas de terras, cuja classe de aptido agrcola foi,predominantemente, a Regular, seguida da Restrita (Figura 4 e Tabela 3).

    Quanto avaliao das terras para silvicultura, tambm houvedestaque para a regio Sul, onde cerca de 48% de suas terras, equivalentesa 10.449 km2, apresentaram aptido variando de Boa a Regular (14% e34%, respectivamente), ficando o restante, com um total de 11.238km2 ou52%, com aptido Restrita. A regio Nordeste, apesar da alta percentagemde terras com aptido Restrita (67% ou 71.854km2), apresentou141.564km2, o que corresponde a 31% de suas terras, com aptidoRegular, ficando 1.939km2 (ou 2%) com aptido Boa para utilizao comsilvicultura (Figura 5 e Tabela 3).

    Com relao pastagem natural, a regio Sul ficou novamenteevidenciada positivamente, pois apresentou 60% de suas terras(19.789km2) com aptido Boa para essa atividade. A seguir, teve-se aregio Nordeste, cujas terras apresentaram-se dominantemente comaptido Regular (33% ou 141.564km2) e Restrita (67% ou 290.781km2). Asdemais regies (Norte, Centro-Oeste e Sudeste) apresentaram suas terrasclassificadas, quase que exclusivamente, como classe Restrita de aptido(Figura 6 e Tabela 3).

  • Aptido Agrcola das Terras do Brasi l28

    N NE SE CO S0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    N NE SE CO S

    Boa

    Restrita

    REA

    REGIO

    Regular

    FIGURA 1. Classes de aptido agrcola para lavouras no nvel de manejo A.

    N NE SE CO S0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    N NE SE CO S

    Boa

    Regular

    RestritaREA

    REGIO

    FIGURA 2. Classes de aptido agrcola para lavouras no nvel de manejo B.

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    N NE SE CO S0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    Boa

    Regular

    Restrita

    REA

    REGIO

    FIGURA 3. Classes de aptido agrcola para lavouras no nvel de manejo C.

    N NE SE CO S0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    REA

    N NE SE CO S

    Boa

    Regular

    Restrita

    REGIO

    FIGURA 4. Classes de aptido agrcola para pastagem plantada no nvel de manejoB (obs.: exclusivamente para pastagem plantada, inapta paralavoura).

  • Aptido Agrcola das Terras do Brasi l30

    N NE SE CO S0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    REA

    N NE SE CO S

    REGIO

    Boa

    Regular

    Restrita

    FIGURA 5. Classes de aptido agrcola para silvicultura no nvel de manejo B(obs.: exclusivamente para silvicultura, inapta para lavoura oupastagem plantada).

    N NE SE CO S0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    REA

    N NE SE CO S

    REGIO

    Boa

    Regular Restrita

    FIGURA 6. Classes de aptido agrcola para pastagem natural no nvel de manejoA.

  • Aptido Agrcola das Terras do Brasi l 31

    6 CONSIDERAES FINAIS

    A partir da contextualizao e viso sinptica sobre a avaliao daaptido agrcola das terras brasileiras, so apresentadas as seguintesconsideraes:

    apesar da existncia de diversos mtodos e sistemas deavaliao do potencial agrcola das terras, at a poca derealizao do estudo, havia carncia de uma metodologia quepossibilitasse uma avaliao integrada de fatores biticos eabiticos, incluindo-se os aspectos socioeconmicos;

    levando-se em conta os trs nveis tecnolgicos (manejo), oBrasil possui um imenso potencial agrcola, pois dispe de 5,55milhes de quilmetros quadrados (555 milhes de hectares) deterras aptas para lavouras, onde, salvo restries de ordemambiental, 2,79 milhes encontram-se na regio Norte;

    pas possui, tambm, expressiva extenso de terras aptas parapastagem plantada e para silvicultura e/ou pastagem natural,totalizando 964.334km2 e 941.296km2, respectivamente;

    embora exista esforo e interesse, no que tange implantao,monitoramento e ampliao das unidades de conservao,parques e reservas biolgicas, o Brasil ainda no atingiu oestgio satisfatrio de manuteno e preservao de suabiodiversidade; e

    fundamental a prtica de avaliaes da aptido agrcola deterras, pois, alm de subsidiar outros estudos e pesquisas,possibilita ainda a orientao de uso adequado da ofertaambiental, evitando a sub ou sobreutilizao dos recursosnaturais.

  • Aptido Agrcola das Terras do Brasi l32

    7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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  • Produo editorial

    Embrapa Solosrea de Comunicao e Negcios (ACN)