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A DESCOBERTA DOS AÇORES

Doc. 3• “(…) Depois da ilha do Faial ser descoberta (…)

fizeram mercê da capitania dela e da ilha do Pico a um fidalgo flamengo chamado Job de Dutra que muitas vezes vinha a Lisboa (…) e esta capitania lhe foi dada com condição que havia de povoar a terra (…) trouxe da Flandres três navios carregados de flamengos (…).”

• Gaspar Frutuoso, Saudadas da Terra (séc. XVI)• Doc. 4• “Quanto às duas ilhas do grupo ocidental, foram

atingidas por Diogo de Teive em 1452. Este navegador teria feito uma longa viagem à Terra Nova e no regresso encontrou as duas ilhas.”

• Veríssimo Serrão, História de Portugal

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O POVOAMENTO DOS AÇORES

Doc. 1 “A quantos esta carta virem fazemos saber que o Infante meu

tio nos mandou dizer que ele mandara lançar ovelhas nas sete ilhas dos Açores e que nos aprouvesse que as mandaria povoar. E porque a nós nos convém, lhe mandamos que as mande povoar.”

Carta de Afonso V de 2 de Julho de 1439 Doc. 2

“Eu, o Infante D. Henrique faço saber que Jácome de Bruges, meu servidor, natural do Condado da Flandres me pediu por mercê, que ele a queria povoar (a ilha Terceira).

(….) E quero que ele tenha todo o meu poder de justiça na dita ilha, salvo os feitos de mortes de homens e talhamento de membros, que ressalvo para mim.”

• Carta do Infante D Henrique (adaptado)

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Os Portugueses vistos pelos Africanos

• Um dia sobre o mar surgiu um grande barco. Tinha asas brancas e brilhantes como facas ao sol. Homens brancos saíram da água dizendo palavras que ninguém compreendia. Os nossos antepassados tomaram medo e pensaram que eram almas do outro mundo. Conseguiram fazê-los regressar ao mar disparando nuvens de flechas. Mas eles começaram a cuspir fogo com um barulho de trovão…

• Da tradição oral africana

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Os Portugueses vistos pelos Japoneses

Os Portugueses vistos pelos Japoneses “Estes homens, bárbaros do Sudoeste, são

comerciantes (…). Não sei se existem entre eles regras de etiqueta: bebem um copo sem o oferecerem aos outros; comem com os dedos e não com pauzinhos como nós; mostram os seus sentimentos sem nenhuma vergonha. Não compreendem o significado da nossa escrita (…). Mas, no fundo, são gente que não faz mal.”

Nampo Bunshi, Crónica Japonesa (adaptado)

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LISBOA DO SÉC. XVI

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LISBOA DO SÉC.XVI

O Comércio em Lisboa“Passando ao longo da Rua Nova, onde abundam os gravadores, joalheiros, ourives, douradores, e casas de câmbio, (…) chega-se a outra chamada também Rua Nova dos Mercadores. (…) Aqui se juntam todos os dias os comerciantes de quase todos os povos e partes do mundo (…), por causa das facilidades que o comércio e o porto oferecem.”

Damião de Góis, Descrição da cidade de Lisboa, 1554

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Imigração e emigração

“Vemos no reino meterTantos cativos * crescerE irem-se os naturaisQue se assim for serão maisEles que nós, a meu ver.”• Garcia de Resende,

Miscelânia* Cativos – escravos

Migração

“Os pobres do reino acudiam todos a Lisboa (…)

convencidos (…) que poderiam achar remédio onde estava o rei e os

grandes (…).Foi origem deste mal

não acudir o céu com água em todo o ano de 1521 (…)

Frei Luís de Sousa, Anais de D. João III

Adaptado

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O COMÉRCIO DE ESCRAVOS

• Tráfico negreiro Doc. 1

“Entregues os escravos aos capitães dos navios (…) estes procuram (…) meter e transportar num navio o maior número possível e despender com eles o menos que possa ser (…). Nada mais têm por onde o ar lhes possa chegar que (…) umas pequenas frestas (…). A escravatura embarcada tem curtíssima ração (de alimentos) e de água e esta amornada pela ardência do calor (…). Não haverá razões para chamar aoa escravos que a tanto resistem e que tanto escapam, homens de pedra ou de ferro?”

L. A. Oliveira Mendes, Memória a Respeito dos Escravos• Adaptado

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O ENSINO

• “Na verdade o primeiro princípio de todos os estudos deve ser a gramática da própria língua [...]. Julgo que este deve ser o primeiro estudo da mocidade, e que a primeira coisa que se lhe deve apresentar é uma gramática da sua língua, curta e clara; porque, neste particular, a voz do mestre faz mais do que os preceitos. E não se deve intimidar os rapazes com mau modo ou pancadas, como todos os dias sucede; mas, com grande paciência, explicar-lhes as regras e, sobretudo, mostrar-lhes, nos seus mesmos discursos, ou em algum livro vulgar e carta bem escrita e fácil o exercício e a razão de todos estes preceitos.”

• Luís António Verney, (Verdadeiro Método de Estudar)

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Exibição de luxo

• “Mas para que serve (…) um tal séquito?• - Não falta que fazer a cada um, embora todos levem

vida regalada: - dois caminham adiante; o terceiro leva o chapéu; o quarto o capote (…); o quinto pega a rédea da cavalgadura; o sexto é para segurar os sapatos de seda; o sétimo traz uma escova para limpar de pêlos o fato; o oitavo um pano para enxugar o suor da besta, enquanto o amo ouve a missa ou conversa com algum amigo; o nono apresenta-lhe o pente, se tem de ir cumprimentar alguém de importância, não vá ele aparecer com a cabeleira por pentear.”

• Clenardo – estrangeiro que visitou Portugal, século XVI• Séquito – cortejo; grupo de acompanhantes.

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Compra-se tudo ao estrangeiro

• “… é um facto que os (Portugueses e) Espanhóis não podem viver sem a França. São inevitavelmente forçados a comprar-nos o trigo, as telas, os panos, o papel, os livros, e até a marcenaria e outras obras manuais. Vão, por isso, procurar a, para nós, o ouro, a prata e as especiarias ao fim do Mundo.”

• J. Bodin, Resposta aos paradoxos de M. de Malestroit, 1568

Adaptado

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Um auto-de-fé em Lisboa

• “O cortejo dirigia-se lentamente para o Terreiro do Paço (…) onde se erguia um enorme estrado, que podia conter duas a três mil pessoas. Depois de um sermão. (…) liam-lhe a sentença final do tribunal.

• Começavam por aqueles que tinham condenado ao açoite ou à pena da roda.

• Chegava-se finalmente à apoteose: os condenados que deviam ser queimados vivos eram alcandorados até ao cimo de altas pilhas de lenha. Iam amarrados e eram entregues à populaça que lhes fazia a barba. Consistia isto em chamuscar o rosto com brasas, colocadas no topo de compridas varas. Finalmente, carrasco interrompia estas brincadeiras para atirar uma tocha para a pilha de lenha seca.

• Às vezes, o vento (…) abafava as chamas ou apagava o fogo. Assim o condenado levava entre meia hora e duas ou três horas para expirar”

Suzanne Chantal, A Vida Quotidiana em Portugal

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AS CORTES DE TOMAR

A UNIÃO IBÉRICA (1580-1640)

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O que disse Filipe II

• Doc. 1• “ – Sua Majestade fará juramento de manter todos os direitos, costumes,

privilégios e liberdades concedidas ao reino de Portugal (…).• - Que havendo de se pôr neste reino vice-rei outra pessoa que o haja de

governar seja português (…).• - Que todos os cargos superiores e inferiores, assim da justiça como da

fazenda e do governo dos lugares sejam para portugueses e não para estrangeiros (…).

• - Que os negócios da Índia e da Guiné e de outras partes pertencentes ao reino de Portugal não se tirem dele nem haja qualquer mudança (…).

• - Que o ouro e a prata que se cunharem em moeda neste reino se cunhem apenas com as armas de Portugal.

• ”• Lopes Praça, Colecção de Leis • Adaptado

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•O SEBASTIANISMO

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ALCÁCER- QUIBIR• “No dia 24 de Junho de 1578 saiu D. Sebastião do Tejo, com uma

armada de cerca de 800 velas, entre galeões, galés, urcas, caravelas e outras embarcações; no camarim da sua galé levava o rei a espada e o escudo de D. Afonso Henriques, que pedira ao Mosteiro de Santa Cruz (…). Após alguma demora em Lagos e Cádis, chegou o rei a Tânger a 7 de Julho, donde quatro dias mais tarde , partiu para Arzila (…). A 29 de Julho partiu em direcção de Alcácer Quibir (…). A 6 km desta cidade acampara com 40 000 cavaleiros. No dia 4, D. Sebastião mandou dispor o exército em ordem de batalha, exército que, mal alimentado, estafado pela marcha e pelo calor e dirigido por um rei incapaz, foi completamente derrotado. Entre os mortos figurava o próprio rei.”

• Maria Emília Ferreira - “Dicionário de História de Portugal – artigo “D. Sebastião”

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O SEBASTIANISMO

“Este ilhéu, como não podia deixar de ser, encontra-se intimamente ligado à História da Terra que lhe deu o nome e à vida do seu povo, principalmente nalgumas superstições muito interessantes.

Acreditou-se também que ali existia uma ilha encantada, povoada de numerosos habitantes. O desaparecimento de D. Sebastião nas plagas* da Líbia deu origem ao Sebastianismo, mística lenda que dulcificava as amarguras do povo receoso da perda da independência da Pátria.

O Sebastianismo vila-franquense, identificando os seus sentimentos e aspirações com os do povo continental, acreditava que D. Sebastião estava encantado no ilhéu e que apareceria em dias de nevoeiro mais denso.”

Teotónio Machado de Andrade,” O Cicerone de Vila Franca”

*Plagas – praias, terras, regiões.

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A vida quotidiana no século XVIII

• Vestuário das classes inferiores• “Nas classes inferiores, quer de Verão quer de

Inverno, os homens não mudam nunca o capote, usado até pelos pobres miseráveis. Os operários e jornaleiros que nos dias de trabalho raras vezes trazem casaco, lançando aos ombros o capote e pondo um chapéu tricórnio, consideram-se vestidos. Os carreteiros, os burriqueiros e gentes parecidas, que em virtude das suas ocupações não podem usar trajos durante a semana, aparecem todos os dias santificados com grandes capotes (…) muitas vezes de cor verde.”

• De uma carta de um pobre sueco que visitou Lisboa no século XVIII

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Lisboa antes do terramoto

• “Ainda em 1753, quando Lisboa já tinha aumentado de maneira considerável, certas portas da cerca do século XIV eram vistas como suas entradas principais. As estruturas urbanas continuavam a ser as de um velho burgo medieval, vasto e desordenado, sem plano nem proporções – salvo as ruas modernas do Bairro Alto. As outras eram como sempre estreitas, sujas e incómodas, diz-nos um viajante das vésperas do terramoto (…).

• (…) As casas eram insuportavelmente sujas, as estalagens lugares perigosíssimos (…) e os estrangeiros não tinham onde se hospedar (…)

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CONT.

• (…) O Terreiro do Paço com o Palácio Real e o Rossio com o Palácio da Inquisição (…) eram – simbolicamente, pode dizer-se – as únicas grandes praças da cidade.

• (…) Debaixo do Sol, porém, as paredes de Lisboa brilhavam, branqueadas de cal – e sobre as suas sete colinas, o Tejo aos pés, a cidade tinha por si a natureza (…). E para lá dos seus limites, para o norte, as hortas alegravam-na ainda mais, atraindo o seu povo em piqueniques e festas.

• … Assim era a cidade que desapareceu no dia 1 de Novembro de 1755.

• José Augusto França, Lisboa Pombalina e o Iluminismo

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Desenvolvimento da agricultura séculos XVIII - XIX

• “No Portugal do século XIX regista-se uma atenção particular relativamente ao sector agrícola. É então o tempo da reconversão da economia nacional. A partir de 1850 dá-se um grande passo no progresso agrícola português, tendo sido criado nesse ano o Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria.

• Em 1855 são adquiridas máquinas agrícolas na Exposição Universal de Paris e, em 1858, ver-se-iam generalizadas as máquinas de ceifar. De forma a fazer recair a atenção das pessoas para o mundo agrícola, são constituídas diversas sociedades agrícolas e procede-se à organização de exposições e congressos sobre a agricultura. “

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Cont. …É também da segunda metade do século XIX, a introdução de

novos instrumentos agrícolas, como a charrua inglesa, o semeador ou ainda a grade triangular. Entre as inovações da época destaca-se a debulha mecânica a vapor, que é o símbolo do progresso neste campo. Ao mesmo tempo começa-se a utilizar sementes seleccionadas e a completar a adubação tradicional com adubos químicos.

• Contudo, se é só a partir de 1850 que ocorre um movimento de modernização da agricultura portuguesa, antes, verifica-se já uma melhoria da produtividade. É nesta altura que se dá a expansão do cultivo do arroz e da barata. Assim, estes dois produtos passam agora a fazer parte da alimentação dos mais pobres. Nas regiões do Norte e Nordeste, a batata substituiu o nabo e a castanha na alimentação. É também neste período que se assiste à expansão da cortiça, com outras culturas tradicionais (trigo, vinha, legumes, frutas) a conhecerem expansão idêntica.

• Gabriel Jorge Andrade Cota, Roteiro dos Conteúdos Programáticos da Disciplina de História de Portugal

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Vida quotidiana no século XVIII

Exibição de luxoChaves na mão, melena desgrenhada,Batendo o pé na mesa, a mãe ordenaQue o furtado colchão, fofo e de pena,A filha o ponha ali, ou a criada.A filha, moça esbelta e aperaltadaLhe diz coá doce voz que o ar serena:“Sumiu –se -lhe o colchão? É forte pena!Olhe não fique a casa arruinada!”“Tu respondes assim? Tu zombas disto?

Tu cuidas que por ter pai embarcadoJá a mãe não tem mãos?” E dizendo istoArremete-lhe à cara e ao penteado;Eis senão, quando caso nunca visto,Sai-lhe o colchão de dentro do toucado! Nicolau Tolentino, Obras Poéticas

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AS INVASÕES NAPOLEÓNICAS

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Antecedentes da Revolução Liberal• “As invasões e a ocupação francesa devastaram boa parte de

Portugal (…). A agricultura, o comércio e a indústria foram profundamente afectados. (…) Tanto franceses como ingleses saquearam bom número de mosteiros, igrejas, palácios, (…) levando consigo toda a casta de objectos preciosos. (…). Para mais, as invasões francesas deixaram Portugal numa condição política especialíssima. (…). O país passou a ser um protectorado inglês, quer uma colónia brasileira. (…). Beresford recebeu a direcção suprema do país (…). O rei D. João VI não manifestava desejos de regressar à Europa. (…). Através do país, descontentamento contra o rei, os Ingleses e a regência era acompanhada por uma situação económica deplorável. Por toda a parte lavrara um fermento revolucionário, que bem depressa conduziria à rebelião.”

•• A. H. de Oliveira Marques, Historia de Portugal, Vol. I

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Ultimato de Napoleão ao Príncipe Regente, D. João.

• “(…) Portanto, o baixo assinado teve ordem de declarar que se no 1º de Setembro próximo S. A. R. o Príncipe Regente de Portugal não tiver manifestado o desígnio de subtrair-se à influência inglesa, declarando imediatamente guerra à Inglaterra, fazendo sair o ministro de S. M. Britânica, chamando de Londres o seu próprio Embaixador, (…) confiscando as mercadorias inglesas, fechando os seus portos ao comércio inglês, (…) entender-se-á que S. A. R. o Príncipe Regente de Portugal renuncia à causa do Continente (…).”

• Damião Peres, História de Portugal, 1934, Vol. VI

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A decisão do Príncipe Regente

• “Vejo que, pelo interior do meu reino, marcham tropas do imperador dos Franceses (…).

• Conhecendo eu igualmente que elas se dirigem muito particularmente contra a Minha Real Pessoal (…) tenho resolvido, em beneficio dos meus vassalos, passar com a Rainha Minha Senhora e Mãe e com toda a Real Família para os Estados da América e estabelecer-me na cidade do Rio de Janeiro até à paz geral.”

• Carta do príncipe D. João, em 26 de Novembro de 1807

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Os motivos da independência do Brasil

• (…) Em 1815, o Brasil deixou a condição de colónia, sendo elevado à categoria de reino, com as suas instituições próprias.

• Contudo, o regresso de D. João VI à Europa desagradara profundamente. O Brasil estava já habituado a ter um rei seu e uma corte própria, com sede da monarquia estabelecida no seu território. Este sentimento foi acirrado pela atitude do primeiro parlamento constitucional que, (…) tendeu a anular os privilégios concedidos por D. João VI e a devolver ao Brasil a condição de colónia.

• Isto, o Brasil não podia aceitar. Depois de ter decidido “ficar” contra a resolução tomada pelas cortes, D. Pedro foi proclamado “Defensor perpétuo do Brasil” em Maio de 1822, vindo a proclamar a plena independência alguns meses mais tarde.”

• Oliveira Marques, História de Portugal

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A decisão de D. João face ao Ultimato de Napoleão

Texto 2• “(…) Quando Napoleão procura fechar a

Europa à Inglaterra, Portugal, preso de longa data à Inglaterra, recusa-se a substituir as alianças e subordinar-se aos decretos do bloqueio continental.

• Napoleão envia então, no fim de 1807, um exército comandado por Junot a Portugal (…).”

• L. A. de Oliveira Ramos, Da Ilustração do Liberalismo

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O embarque da Família Real para o Brasil

• “(…) Os cortesãos corriam pela meia-noite as ruas, ofegantes, batendo às lojas, para comprarem o necessário; as mulheres entrouxavam a roupa e os pós, as banhas, o gesso com que caiavam a cara, o carmim com que pintavam os beiços, as perucas e os rabichos, os sapatos e as fivelas, toda a frandulagem do vestuário (…).

• Embarcavam promiscuamente no cais os criados e os monsenhores, as freiras e os desembargadores (…). Era escuro, nada se via, ninguém se conhecia (…).

• (…) O príncipe-regente e o infante de Espanha chegaram ao cais na carruagem, sós: ninguém dava por eles; cada qual cuidava de si, e tratava de escapar (…). E por fim a rainha, de Queluz, a galope. Parecia que o juízo lhe voltava com a crise. “Mais devagar! Gritava ao cocheiro; diria que fugimos! (…).”

• Oliveira Martins, História de Portugal, Guimarães Editores

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A intervenção inglesa

“A resistência popular começou desde logo, organizando-se guerrilhas contra o invasor. (…). Apoiados por este vasto movimento popular, os ingleses, sob o comando de Lord Wellington, desembarcaram na Galiza e entraram em Portugal em Julho de 1808. Outras forças britânicas se lhe vieram juntar e em conjunto com as tropas portuguesas, Wellington pôde derrotar os franceses em duas batalhas (Roliça e Vimeiro).”

A. H. de Oliveira Marques, Historia de Portugal, Vol. I

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O LIBERALISMO

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Lutas Liberais • Independência do Brasil

• O Caminho da Independência• 1 – O crescimento demográfico do Brasil, sobretudo da população

branca, constituiu um factor importante na luta pela independência.• 2 - Desde o século XVIII que o Brasil usufruía de uma vida cultural

própria onde se repercutiam as principais correntes do pensamento europeu.

• 3 – Findo o estatuto colonial com a abertura dos seus portos ao comércio mundial, O Brasil conheceu um surto de desenvolvimento económico, tanto comercial, como industrial, agrícola e mineiro.

• 4 – Durante os treze anos de permanência da coroa na colónia, O Brasil foi dotado de todos os instrumentos necessários para se governar a si mesmo: tribunais, governo central, instituições culturais e imprensa.

• A. H. de Oliveira Marques, História de Portugal, Vol.I

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D.PEDRO e D.MIGUEL• TEXTO 1

• “Após a morte de D. João VI, ocorrida em 1826, assistiu-se a uma (…) guerra aberta, raivosa, desesperada entre dois irmãos, D. Pedro e D. Miguel, filhos do soberano desaparecido, por trás de cada um dos quais havia metade da nação em armas. Portugueses lutavam contra portugueses (…).

• Estes dois homens de sangue real, estes dois irmãos inimigos encarnavam ideias opostas (…).

• Desde muito novo, D. Miguel, apoiado sempre por sua mãe, a rainha D. Carlota Joaquina, torna-se o maior defensor das tradições nacionais contra as ideias estrangeiras do liberalismo. Promovera duas revoluções anti-liberais – a Vila-Francada (1823) e a Abrilada (1824) – ambas de êxito fugaz. De novo triunfante o liberalismo, tomara o caminho do exílio.

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D. PEDRO e D. MIGUEL (cont.)

Pelo contrário, D. Pedro, o filho primogénito de D. João VI, apadrinhava os liberais. Imperador do Brasil, fora proclamado em 1826 rei de Portugal sob o nome de D. Pedro IV. Outorgou ao reino a carta constitucional, mais conservadora do que a Constituição de 1822, e abdico na sua filha D. Maria da Glória (…), mais conhecida por D. Maria II, que devia casar com D. Miguel. Ao seu filho primogénito, D. Pedro reservava a coroa o Brasil.D. Miguel, nomeadamente regente, regressou de Viena de Áustria em 1828 e jurou a Carta Constitucional. Todavia, pouco depois, convocou, segundo o uso antigo, as Cortes Gerais, que o aclamaram rei sob o nome de D. Miguel I (…) Acendeu-se então a guerra civil (…). O próprio D. Pedro, depois de abdicar a coroa imperial em seu filho D. Pedro II, veio à Europa defender os direitos da filha pela força das armas.”

Fernando Pamplona, Portugal Gigante, Livraria Didáctica, Lisboa

Page 37: DOCUMENTOS

• A chegada de D. Pedro IV a Ponta Delgada

Texto 2• (…) Logo a 22 de Fevereiro, D. Pedro IV

desembarca no cais de Ponta Delgada, acompanhado pela comitiva, é recebido às Portas da Cidade com honras reais, entre luminárias e bandeiras nos edifícios públicos e particulares (…).

• Manuel Ferreira, Ponta Delgada

Page 38: DOCUMENTOS

Proclamação lida pelo Coronel Sepúlveda

• “Soldados! Acabou-se o sofrimento (…). Soldados, o momento é este (…). Camaradas, vinde comigo. Vamos com os nossos irmãos de armas organizar um Governo Provisório, que chame as Cortes a fazerem uma Constituição, cuja falta é a origem dos nossos males (…). Cada um de vós o sente. É em nome e conservação do nosso Augusto Soberano, o Senhor D. João VI, que há-de governar-se. A nossa Santa Religião será guardada (…). Os soldados que compõem o bravo exército português hão-de acorrer a abraçar a nossa causa, porque é igualmente a sua (…). Tende confiança num chefe que nunca soube ensinar-vos serão o caminho da honra.

• Viva El-Rei O Senhor D. João VI! Viva as Cortes e por elas a Constituição.”

Proclamação de 1820 no Campo de Santo Ovídio

Page 39: DOCUMENTOS

A casa dos burgueses

• “A função do pechisbeque foi parecer o que não era. Teve um sucesso imenso: dos botões das fardas dos criados e das lanternas das caleches passou ao interior da casa, enchendo-a de ferramentas brilhantes, molduras, apliques, e acabou em pulseiras cravejadas de pedras falsas. Além do pechisbeque metal houve muitos outros: as paredes de mármore fingido, a escultura de gesso, a seda de papel que forrava as salas, os tapetes persas fingidos. A casa do burguês recordava as antigas casas dos nobres.”

• José Hermano Saraiva, História Concisa de Portugal• Adaptado

Page 40: DOCUMENTOS

OS TRANSPORTES

SÉC.XIX

Page 41: DOCUMENTOS

A inauguração do Caminho-de-Ferro

• “Vou narrar o que me lembra do solene dia da inauguração que, enfim, chegou (…). Avistámos ao longe um fumozinho branco, na frente de uma fita escura que lembrava uma serpente a avançar devagarinho. Era o comboio? Quando se aproximou, vimos que trazia menos carruagens do que supúnhamos. Vinha festivamente embandeirado o vagão em que viajava D. Pedro V.

• (…) Só no dia seguinte ouvimos meu pai contar as várias peripécias dessa jornada de inauguração. A máquina (…) não tinha força para puxar todas as carruagens que lhe atrelaram; e fora-as largando pelo caminho. Passaram muita fome os que ficaram no caminho. Até andou gente, pela, à procura dos náufragos do Progresso.”

• Livro de Memórias da Marquesa de Rio Maior

Page 42: DOCUMENTOS

A Diligência

• “Uma coisa digna de estudo é o aspecto das diligências que circulam sobre estas estradas (…).

• Quem olha de longe não vê mais que um enorme cacho de gente agarrada uma à outra, oscilando da direita para a esquerda e da esquerda para a direita, levado por duas formigas.

• Chegado ao termo da viagem, na praça mais espaçosa da povoação, os garranos param, a carruagem esvazia-se e a praça enche-se.”

• Ramalho Ortigão, As Farpas

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O Passeio Público

• “Entre as duas filas paralelas de árvores, entremeadas de candeeiros de gás, apertava-se uma multidão; e através do rumor, a música fazia passar, no ar pesado, compassos vivos de “valsa”.

• Tinham ficado parados, conversando.• Que calor, hem? Mas a noite estava linda! Nem

uma aragem!• Que encontro!• E olhavam a gente que entrava (…).• Toda a burguesia domingueira viera amontoar-se

na rua do meio (…)”• Eça de Queirós, O Primo Basílio