Documentos de identidade currículo

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DOCUMENTO DE IDENTIDADE: uma introdução às teorias do currículo Tomas Tadeu da Silva Professor Ulisses Vakirtzis

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DOCUMENTO DE IDENTIDADE:

uma introdução às teorias do currículoTomas Tadeu da Silva

Professor Ulisses Vakirtzis

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Teorias do currículo:

o que é isto?

(...)definições não revelam uma suposta

‘essência’ do currículo: “uma definição

nos revela o que uma determinada

teoria pensa que o currículo é”.

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Há questões que toda teoria do

currículo enfrenta:

• Qual conhecimento deve ser

ensinado?

• O que eles (alunos) ou elas

(alunas) devem ser, ou melhor,

que identidades construir?

• Com base em quais relações

de poder serão essas

perguntas respondidas?

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TEORIAS TRADICIONAIS

• Ensino

• Aprendizagem

• Avaliação

• Metodologia

• Didática

• Organização

• Planejamento

• Eficiência

• Objetivos

TEORIAS CRÍTICAS

• Ideologia

• Reprodução cultural e social

• Poder

• Classe social

• Capitalismo

• Relações sociais de produção

• Conscientização

• Emancipação e libertação

• Currículo oculto

• Resistência

TEORIA

PÓS-CRÍTICAS

• Identidade, alteridade, diferença

• Subjetividade

• Significação e discurso

• Saber-poder

• Representação

• Cultura

• Gênero, raça, etnia, sexualidade

• multiculturalismo

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TEORIAS TRADICIONAIS

Na obra The curriculum

(1918) de Bobbitt, o

currículo é entendido

como a especificação

minuciosa de objetivos,

procedimentos e métodos,

que visam a obtenção de

resultados para que estes

sejam mensurados.

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ORGANIZANDO O

CURRÍCULO

Bobbitt buscava igualar o sistema educacional ao

sistema industrial, utilizando o modelo organizacional e

administrativo de Frederick Taylor (racionalização do

trabalho, uso de métodos científicos).

Na sua proposta a educação deveria funcionar tão

eficientemente quanto qualquer outra empresa

econômica.

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Bobbitt encontrou suporte na teoria de

Ralph Tyler e na de John Dewey:

John Dewey se preocupava com a

construção da democracia liberal e

considerava relevante a experiência das

crianças e jovens, revelando uma postura

mais progressivista. (1902)

O Ralph Tyler defendia a ideia de

organização e desenvolvimento curricular

essencialmente técnica. Avaliação da

Aprendizagem (1949)

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TEORIAS CRÍTICAS

Na década de 1960 ocorreram grandes

agitações e transformações. Nesse contexto

começam as críticas àquelas concepções

mais tradicionais e técnicas do currículo.

“As teorias críticas do currículo efetuam

uma completa inversão nos fundamentos

das teorias tradicionais”.

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Louis Althusser

“(...) a escola contribui para a

reprodução da sociedade

capitalista ao transmitir,

através das matérias

escolares, as crenças que

nos fazem vê-la como boa e

desejável.” (1968)

Althusser se utiliza de uma

análise marxista da

sociedade.

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ESCOLA CAPITALISTAIntroduzem o conceito de

correspondência para estabelecer

a natureza da conexão entre

escola e produção econômica.

(1976)

Enfatizam a aprendizagem,

através da vivência das relações

sociais da escola, das atitudes

necessárias para se qualificar um

bom trabalhador capitalista

(liderança, compromisso).Samuel Bowles

Herbert Gintis

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A “REPRODUÇÃO”

O currículo está

baseado na cultura

dominante, o que faz

com que crianças das

classes subalternas

não dominem os

códigos exigidos pela

escola.

Pierre Bourdier

Jean Claude Passeron

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CRÍTICA NEOMARXISTAMichael Apple coloca o currículo no centro

das teorias educacionais críticas. Apple

procurou construir uma perspectiva de

análise crítica do currículo que incluísse as

mediações, as contradições e

ambiguidades do processo de

reprodução cultural e social.

• Ao invés de o que e como ensinar, por

que ensinar tais temas e não outros? De

quem são tais conhecimentos?

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CURRÍCULO COMO

POLÍTICA CULTURAL

Henry Giroux compreende o currículo a

partir dos conceitos de emancipação e

liberdade, já que vê a pedagogia e o

currículo como um campo cultural de lutas.

Na concepção de Giroux, há pouca diferença

entre a Pedagogia e o currículo, pois tanto

um quanto outro é uma questão de política

cultural intrinsicamente relacionada a

relações sociais de poder e desigualdade.

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Pedagogia do oprimido versus

pedagogia dos conteúdos

A teoria de Paulo Freire é claramente

pedagógica, não se limitando a analisar

como é a educação existente, mas como

deveria ser. Sua crítica ao currículo está

sintetizada no conceito de educação

bancária. Por outro lado, concebe o ato

pedagógico como um ato dialógico em

que educadores e educandos participam da

escolha dos conteúdos e da construção do

currículo.

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Nos anos 80, Freire seria

contestado pela pedagogia dos

conteúdos, proposta por Demerval

Saviani. Para ele conhecimento

é poder, pois a apropriação do

saber universal é condição para a

emancipação dos grupos

excluídos.

Pedagogia do oprimido versus

pedagogia dos conteúdos

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O currículo como construção social:

a “nova sociologia da educação”

Michael Young

A Nova Sociologia da Educação (NSE),

iniciada por Michael Young, na Inglaterra,

nos primeiros anos da década de setenta,

constituiu-se na primeira corrente

sociológica primordialmente voltada para a

discussão do currículo.

A NSE busca investigar as conexões entre

os princípios de seleção, organização e

distribuição do conhecimento escolar, ou

seja, as conexões entre currículo e poder.

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Códigos e reprodução cultural

Bernstein investiga como o currículo é

organizado estruturalmente e distingue

dois tipos fundamentais de organização do

currículo:

• No tipo coleção “as áreas e campos de

saber são mantidos fortemente isolados”.

• no tipo integrado “as distinções entre

as áreas de saber são muito menos

nítidas e muito menos marcadas”.

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Para Basil Bernstein as diferentes

classes sociais aprendem suas posições

de classe via escola. Diante disso

elabora então o conceito de códigos:

Para ele o código elaborado é imposto

pela escola, porém crianças da classe

operária possuem códigos restritos, o

que estaria na base do seu ‘fracasso’

escolar.

Códigos e reprodução cultural

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CURRÍCULO OCULTO

Ainda de acordo com Bernstein, o currículo oculto,

conceito fundamental na teoria do currículo,

“constitui-se daqueles aspectos do

ambiente escolar que, sem fazer parte do

currículo oficial explícito, contribui de

forma implícita para aprendizagens

sociais relevantes”.

Nas perspectiva crítica, o currículo oculto ensina

em geral o conformismo, a obediência, o

individualismo, a adaptação às injustas estruturas

do capitalismo.

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AS TEORIAS PÓS-CRÍTICAS:

o currículo multiculturalista

O fenômeno chamado multiculturalismo é discutido atualmente

em duas vertentes:

• É um movimento legítimo de reivindicação dos grupos sociais

dominados para terem suas formas culturais reconhecidas e

representadas na cultura nacional.

• Também pode ser vista como uma solução para os problemas que

a presença de grupos raciais e étnicos coloca para cultura

nacional dominante.

Para ambas as vertentes o multiculturalismo representa um

importante instrumento de luta política.

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PEDAGOGIA FEMINISTA

Esta linha teórica consiste em construir

currículos que reflitam, de forma

equilibrada, tanto a experiência

masculina quanto a feminina.

Tal movimento está muito mais ligado a

área acadêmica, porém as questões de

gênero estão presentes nas discussões

curriculares.

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O currículo como narrativa

étnica e racial

É através do vínculo entreconhecimento, identidade e poder queos temas da raça e da etnia ganhamseu lugar no território curricular.Um currículo crítico deveria, centrar-sena discussão das causas institucionais,históricas e discursivas do racismo.

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A teoria “queer”

Essa teoria questiona o predomínio da

heterossexualidade como a identidade

considerada normal, discutindo a forma

como os processos discursivos de

significação tentam fixar determinada

identidade sexual. Segundo esse

pensamento, se pretende estender a

compreensão e análise da identidade

sexual e da sexualidade para a questão

mais ampla do conhecimento.

O sentido original da

palavra queer é “esquisito”,

“estranho”. Na década de 1920,

passou à linguagem cotidiana

para designar o homossexual. O

termo, embora ofensivo no mais

das vezes, é considerado

positivo, sem conotações

pejorativas, quando usado pelo

próprio grupo GLS (gays,

lésbicas e simpatizantes).

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TEORIAS PÓS-MODERNAS

Não se resumem a uma única vertente ou teoria

social. O pós-modernismo constitui uma

radicalização dos questionamentoslançados às formas dominantes de conhecimento.

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A crítica pós-estruturalista

do currículo

Segundo o pós-estruturalismo, o sujeito

racional, autônomo e centrado da

modernidade é uma ficção, pois “não existe

sujeito a não ser como simples e puro

resultado de um processo cultural e

social”. Assim, um currículo, para essa

teoria, questionaria os significados

transcendentais ligados à religião, à política,

à pátria, à ciência etc., que povoam o

currículo existente.

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Uma teoria pós-colonialista

do currículo

Ela objetiva refletir sobre as relações

de poder advindas da herança

colonial, tais como o imperialismo

econômico e cultural. Reivindica um

currículo que inclua as diferentes

culturas, não de forma simples e

informativa, mas refletindo sobre

aspectos culturais e experiências de

povos e grupos marginalizados.

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Os Estudos Culturais e o

currículoVisam compreender a sociedade a

partir das obras literárias e da análise

da indústria cultural. Aponta que

dentro do contexto atual tais estudos

apresentam conceitos relevantes à

visão crítica do currículo,

especialmente por entenderem a

cultura como campo de disputa

simbólica pela afirmação de

significados.

Page 28: Documentos de identidade currículo

A pedagogia

como cultura,

a cultura como

pedagogia.

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Concluindo...

O currículo é lugar, espaço, território. O

currículo é relação de poder. O

currículo é trajetória, viagem, percurso.

O currículo é autobiografia, nossa vida.

Curriculum vitae: no currículo se forja

nossa identidade. O currículo é texto,

discurso, documento. O currículo é

documento de identidade.