Documentos Revolução Francesa

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Revolução Francesa (1789) A crise geral do Antigo Regime, na França, atingiu um ponto insustentável, em 1789, quando Luiz XVI foi obrigado a convocar as eleições para a reunião dos Estados Gerais. Nas assembleias locais, - que preparavam a grande reunião dos Estados Gerais –, a nobreza, o clero e a burguesia, arrolaram as reivindicações das diferentes ordens, nos chamados Cadernos de Queixas (Cahiers de Doléances). Enquanto a burguesia se concentrava nas reivindicações políticas e defesa dos direitos individuais, o baixo clero revelava seus ressentimentos contra a riqueza e poder de seus superiores. Os camponeses pediam o fim dos direitos e taxas feudais. Texto 1 1º - A assembleia exige que a pessoa dos Deputados aos Estados Gerais seja inviolável e sagrada. 3º - A assembleia exige que fique irrevogavelmente estabelecido que o Terceiro Estado tenha, nas assembleias da nação, pelo menos, tantos Deputados quanto às duas outras ordens em conjunto; que as deliberações sejam tomadas pelas três ordens reunidas e que os votos sejam contados individualmente. 4º - O objetivo dos Deputados é assegurar à França uma boa e sólida Constituição que fixe, para sempre, de maneira clara, os direitos do Trono e da Nação. 5º - Os Deputados exigirão, como primeiro ponto da Constituição, o retorno periódico dos Estados Gerais e que a época da segunda reunião seja bem próxima. 10º - A assembleia exige que a liberdade civil seja plenamente assegurada e que as ordens de prisão arbitrária sejam, para sempre, abolidas. 11º - Exige também que a liberdade de imprensa seja estabelecida e que se possa, sem qualquer visto nem permissão, imprimir e mandar imprimir toda espécie de trabalhos escritos, com a condição de que o autor e o impressor sejam obrigados a apor seus nomes a esses trabalhos, ressalvo o direito de puni-los, se os trabalhos impressos contiverem elementos contrários à Religião, à moral, à boa ordem e à honra da família. (Cahier du Tiers Êtat du Bailliage de Nancy)

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Revolução Francesa (1789)

A crise geral do Antigo Regime, na França, atingiu um ponto insustentável, em 1789, quando Luiz XVI foi obrigado a convocar as eleições para a reunião dos Estados Gerais. Nas assembleias locais, - que preparavam a grande reunião dos Estados Gerais –, a nobreza, o clero e a burguesia, arrolaram as reivindicações das diferentes ordens, nos chamados Cadernos de Queixas (Cahiers de Doléances). Enquanto a burguesia se concentrava nas reivindicações políticas e defesa dos direitos individuais, o baixo clero revelava seus ressentimentos contra a riqueza e poder de seus superiores. Os camponeses pediam o fim dos direitos e taxas feudais.

Texto 1

1º - A assembleia exige que a pessoa dos Deputados aos Estados Gerais seja inviolável e sagrada.3º - A assembleia exige que fique irrevogavelmente estabelecido que o Terceiro Estado tenha, nas assembleias da nação, pelo menos, tantos Deputados quanto às duas outras ordens em conjunto; que as deliberações sejam tomadas pelas três ordens reunidas e que os votos sejam contados individualmente.4º - O objetivo dos Deputados é assegurar à França uma boa e sólida Constituição que fixe, para sempre, de maneira clara, os direitos do Trono e da Nação.5º - Os Deputados exigirão, como primeiro ponto da Constituição, o retorno periódico dos Estados Gerais e que a época da segunda reunião seja bem próxima.10º - A assembleia exige que a liberdade civil seja plenamente assegurada e que as ordens de prisão arbitrária sejam, para sempre, abolidas.11º - Exige também que a liberdade de imprensa seja estabelecida e que se possa, sem qualquer visto nem permissão, imprimir e mandar imprimir toda espécie de trabalhos escritos, com a condição de que o autor e o impressor sejam obrigados a apor seus nomes a esses trabalhos, ressalvo o direito de puni-los, se os trabalhos impressos contiverem elementos contrários à Religião, à moral, à boa ordem e à honra da família.

(Cahier du Tiers Êtat du Bailliage de Nancy)

Estados Gerais – reunião dos três estados: nobreza, clero e povo.Terceiro Estado – burguesia e povo. Tinha inferioridade nas votações porque os votos eram contados por ordem, o que sempre dava o triunfo à nobreza e ao clero.

Texto 2

Os habitantes da paróquia de Chateaubourg, na Bretanha, consideram que o regime feudal priva o proprietário do direito da propriedade, o mais sagrado, pois todo ano, ele é obrigado a pagar a seu senhor uma renda em dinheiro ou em espécie.A dependência em relação aos moinhos também deve ser levada em consideração: ela sujeita o vassalo a utilizar os moinhos dos senhores; dessa forma, ele é forçado a levar suas sementes a moleiros de probidade nem sempre reconhecida, embora pudesse moer mais perto e escolher um moleiro de sua confiança.

(Cahier de Doléances de la Sénechaussés de Rennes pour les Êtats Géneraux de 1789).

Vassalo – não se refere mais ao nobre e sim a todos os que pagavam antigos direitos feudais.

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Revolução Francesa (1789)

Texto 3

Nós infelizes curas de parcos recursos, nós comumente encarregados das paróquias mais difíceis, sofremos com os prelados. Eles seriam capazes de processar o pobre cura que cortasse, em seus bosques, um bordão, seu único sustentáculo nas longas jornadas por toda espécie de caminhos. À sua passagem, é obrigado a se afastar para se proteger dos pés e da lama de seus cavalos, ou mesmo das rodas e, talvez até do chicote de um cocheiro insolente; depois, todo sujo de lama, seu insignificante bordão na mão junto com seu chapéu, ainda assim é obrigado a saudar humilde e, rapidamente, através da portinhola da carruagem fechada e dourada, o falso hierarca que governa o rebanho que o pobre cura vai apascentando e do qual só lhe deixam a lama e o suor.

(Queixa do cura de Marolles, apud H. Sée, La France écnonomique et social au XVIII siécle).