Doenças Obstrutivas · Uma radiogafia simples de tórax em PA e perfil deve ser solicitado de ......

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1 Doenças Obstrutivas Prof. Carlos Cezar I. S. Ovalle Pode ser causada pôr alterações: A- No interior da luz brônquica : secreções, líquido, corpo estranho. B- Na parede da via aérea : contração do músculo liso (asma), hipertrofia das glândulas mucosas (brônquite) e inflamação e edema da parede. C- Situadas fora da via aérea : destruição do parênquima pulmonar causando perda da tração radial e consequentemente estreitamento como no enfisema. DOENÇAS OBSTRUTIVAS Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica DPOC Epidemiologia DPOC é a quarta causa de morte nos EUA. Sendo a única causa de morte que está aumentando. A OMS prevê que em 2.020 a DPOC passará: -de 12a. doença mais prevalente para 5a. -de 6a. causa de morte para 3a. Duas razões para isso: -redução da mortalidade por outras causas (doenças cardio-vasculares em países industrializados e doenças infecciosas em países em desenvolvimento) -marcado aumento no consumo de cigarros e poluição ambiental nos países em desenvolvimento. (Lopes e Murray. Nat Med 1998)

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Doenças Obstrutivas

Prof. Carlos Cezar I. S. Ovalle

Pode ser causada pôr alterações:

A- No interior da luz brônquica: secreções, líquido, corpo estranho.

B- Na parede da via aérea: contração do músculo liso (asma),

hipertrofia das glândulas mucosas (brônquite) e inflamação e edema

da parede.

C- Situadas fora da via aérea: destruição do parênquima pulmonar

causando perda da tração radial e consequentemente estreitamento

como no enfisema.

DOENÇAS OBSTRUTIVAS

Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

DPOC

Epidemiologia

DPOC é a quarta causa de morte nos EUA. Sendo a única causa de morte que está aumentando.

A OMS prevê que em 2.020 a DPOC passará:-de 12a. doença mais prevalente para 5a.-de 6a. causa de morte para 3a.

Duas razões para isso:-redução da mortalidade por outras causas (doenças cardio-vasculares

em países industrializados e doenças infecciosas em países em desenvolvimento)

-marcado aumento no consumo de cigarros e poluição ambiental nos países em desenvolvimento.

(Lopes e Murray. Nat Med 1998)

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Definição de DPOC

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma doença caracterizada por:

limitação do fluxo aéreo

irreversível ou apenas parcialmente reversível

a limitação do fluxo aéreo é geralmente progressiva

associada a uma resposta inflamatória anormal do pulmão

secundária à inalação de partículas ou gases nocivos(fonte: GOLD)

Fatores de risco para o DPOC

Pessoal: Genético ( deficiência de alfa1-antitripsina)

Ambiental: -Tabagismo (75%)

- Poeiras e produtos químicos

- Infecções

- Condições sócio-econômicas

Enfisema PulmonarÉ uma condição caracterizada estruturalmente pela dilatação

dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal, com destruição

das suas paredes.

Há uma dilatação permanente dos espaços aéreos distalmente

aos bronquíolos terminais devido à destruição das paredes das vias

aéreas, sem fibrose evidente.

Há perda da elasticidade pulmonar, tornando mais difícil a saída

de ar durante a expiração

Enfisema Pulmonar

Enfisema centroacinoso: destruição limitada a parte central

acometendo os bronquíolos respiratórios e poupando os alvéolos

distais.

Enfisema panacinoso:acomete os bronquíolos respiratórios e os

alvéolos distais.

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Bronquite CrônicaBronquite crônica é uma condição caracterizada clinicamente

pela presença de tosse e expectoração na maioria dos dias de 3

meses seguidos, durante 2 anos consecutivos ou mais.

A marca característica é hipertrofia das glândulas mucosas nos

grandes brônquios e evidência de alterações inflamatórias

crônicas nas pequenas vias aéreas.

Características clínicas do DPOC

Tipo A (Tipo PP - pink puffer - soprador rosado - enfisema): Homem

no meio de seus 50 anos apresentando dispnéia progressiva nos últimos

3 ou 4 anos; tosse ausente ou de pouca expectoração branca; paciente

astênico, com evidência de recente perda de peso; tórax hiperinsuflado;

ausência de ruídos adventícios; a radiografia confirma a hiperinsuflação

com diafragmas baixos, achatados, mediastino estreito e transparência

retroesternal aumentada.

Tipo A (Tipo PP- pink puffer - soprador rosado -enfisema) Características clínicas do DPOC

Tipo B (Tipo BB - blue bloater - cianótico pletórico - bronquite crônica):

Homem dos seus 50 anos, com história de tosse crônica com expectoração

por vários anos (inicialmente apenas no inverno e recentemente na maior

parte do ano); exacerbações agudas tornam-se mais comuns; piora gradual

da dispnéia ao esforço; tolerância ao exercício progressivamente

diminuída; tabagistas de longa data;

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Tipo B (Tipo BB - blue bloater - cianótico pletórico - bronquite crônica):

Ao exame o paciente tem uma compleição atarracada com aparência

pletórica e alguma cianose; ausculta de estertores e roncos esparsos; pode

haver sinais de retenção líquida com pressão venosa jugular elevada e

edema de tornozelos; radiografia de tórax com algum aumento cardíaco,

campos pulmonares congestionados e marcas aumentadas atribuíveis à

infecção antiga.

Características clínicas do DPOC Tipo B (Tipo BB- blue bloater-cianótico pletórico-bronquite crônica)

Diagnóstico do DPOC

De acordo com a Sociedade Americana do Tórax (American

Toraxic Society), os elementos diagnósticos para a DPOC são a

história clínica, exame físico e os dados de exames Complementares.

HISTÓRIA CLÍNICATer uma história clínica completa e pormenorizada facilita a comparação necessária com os dados clínicos e de laboratório, e deve seguir os seguintes aspectos:

Hábito de fumar: Deve-se investigar a idade de inicio, a quantidade de

cigarros, charutos ou cachimbos fumados por dia, e deve-se estabelecer se

o paciente parou de fumar e quando o fez.

Informação com respeito á contaminação ambiental e em especial na

área de trabalho.

História familiar: Demonstrou-se que os parentes próximos à pacientes

com a DPOC são mais propensos a desenvolver a DPOC aproximadamente

três vezes mais freqüente que a população em geral.

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HISTÓRIA CLÍNICATosse (crônica e produtiva). Deve-se investigar a freqüência e duração

da tosse, se é ou não produtiva de escarro, principalmente nas horas da

manhã, e a presença ou ausência de hemoptise.

Respiração sibilante.

Doenças pulmonares respiratórias agudas, freqüência das mesmas,

presença de tosse produtiva, respiração sibilante, dispnéia, e febre.

Presença de tosse que piora com exercícios, e em casos severos, ainda

quando o paciente está em posição de repouso.

Exame FísicoAs manifestações clínicas não aparecem ate que pelo menos um

terço de acometimento do parênquima pulmonar seja detectado.

inspeção: hiperinsuflação, dispnéia, cianose, respiração com os

lábios fransidos, expiração prolongada, uso de musculatura

acessória

Sinais de cor pulmonale: estase jugular, edema de MMII,

hepatomegalia.

Ausculta: MV+ diminuído globalmente (e/ou sibilos)

Percussão: hipersonoridade

Exames Complementares

Espirometria

Gasometria

Radiografia de tórax

Tomografia computadorizada do tórax

RadiografiaUma radiogafia simples de tórax em PA e perfil deve ser solicitado de

rotina frente à suspeita de DPOC, não para definição desta, mas para

afastar outras doenças pulmonares, principalmente a neoplasia pulmonar.

Fase Avançada• Horizontalização das costelas e alargamento dos espaços intercostais

• Rebaixamento e retificação das cúpulas diafragmáticas

• Hipertransparência pulmonar

• alargamento da artéria pulmonar e aumento do VD

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Tomografia computadorizada

A tomografia está indicada na DPOC somente em casos especiais, tais

como: suspeita de bronquiectasias ou bolhas, indicação de correção

cirúrgica destas, programação de cirurgia redutora de volume.

A TC, especialmente a de alta resolução, tem uma especificidade

superior á do RX de tórax.

Devido a que esta informação não influi grandemente no tipo de

terapia medicamentosa, a TC não se recomenda como prova de

rotina em casos de pacientes com a DPOC.

Entretanto, é uma prova muito eficiente quando se trata de

investigar a hemoptise em pacientes que são fumadores com alto

risco de desenvolver câncer de pulmão.

Bolhas

enfisematosas

Tomografia computadorizada Gasometria

Identifica e gradua a hipoxemia e a hipercapnia

Hipercapnia com pH normal = hipoventilação crônica

Hipercapnia com pH baixo = hipoventilação aguda ou crônica

descompensada

pH < 7,25 geralmente indica necessidade de VMI / VMNI

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Espirometria

A espirometria antes e depois de broncodilatadores é essencial

para confirmar a presença da obstrução do fluxo aéreo, assim

como também o grau de reversibilidade que pode existir, e

ademais, quantificar o nível máximo da função ventilatória

EspirometriaPermite medir o volume de ar inspirado e expirado e os fluxos

respiratórios.

É especialmente útil a análise dos dados derivados da manobra

expiratória forçada.

Espirometria

Padrão ouro para o diagnóstico e avaliação da DPOC

Permite a classificação de acordo com a gravidade da obstrução

Definição de obstrução: VEF1 / CVF

Avaliação da gravidade : VEF1 pos broncodilatador

Definições

Capacidade Vital (CV) – representa o maior volume de ar

mobilizado, pode ser medido tanto na inspiração quanto na

expiração.

Capacidade Vital forçada (CVF) – representa o volume

máximo de ar exalado com esforço máximo, a partir do

ponto de máxima inspiração.

Espirometria

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Volume expiratório forçado no tempo (VEFt) – representa o volume de ar exalado num tempo especificado durante a manobra de CVF.

VEF1 é o volume de ar exalado no primeiro segundo da manobra de CVF.

Fluxo expiratório forçado ( FEFx-y%) – representa o fluxo expiratório forçado médio de um segmento obtido durante a manobra de CVF.

FEF25-75% é o fluxo expiratório forçado médio na faixa intermediária da CVF, isto é, entre 25 e 75% da curva de CVF.

EspirometriaTempo da expiração forçada (TEF) – tempo decorrido

entre os momentos escolhidos para início e término da

manobra de CVF.

Tempo expiratório forçado médio(TEFx-y%) – representa

o tempo expiratório forçado médio de um segmento, obtido

durante a manobra de CVF.

TEF 25-75% é o tempo expiratório forçado médio entre 25

e 75% da CVF.

Espirometria

O volume expiratório forçado no primeiro segundo ( VEF1) é a

medida de função pulmonar mais útil clinicamente.

A CVF é o teste de função pulmonar mais importante porque num

dado indivíduo durante a expiração, existe um limite para o fluxo

máximo que pode ser atingido em qualquer volume pulmonar.

Espirometria

Distúrbio Ventilatório Obstrutivo

• Redução desproporcional dos fluxos máximos com respeito ao

volume máximo que pode ser eliminado.

• O VEF1 e a razão VEF1/CVF% são os índices mais usados e

melhor padronizados pra caracterizar a presença de distúrbio

obstrutivo.

• VEF1/CVF e VEF1 reduzidos

• CVF normal

Espirometria

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DPOC - Estadiamento Complicações associadas ao DPOC

Cor pulmonale

Alteração de mecânica respiratória e ação muscular

COR PULMONALEA cor pulmonale acontece freqüentemente quando a DPOC é severa. A

cor pulmonale inclui a falha cardíaca direita secundária à doença

cardíaca devida à doença pulmonar e também o princípio de edema

periférico. Isto pode indicar a presença de hipertensão pulmonar.

A definição anatomopatologia da cor pulmonale é “hipertrofia do

ventrículo direito que resulta de uma doença que afeta a função e a

estrutura dos pulmões, à exceção de quando estas alterações pulmonares

são o resultado de uma doença que afeta primariamente o lado esquerdo

do coração como sucede nas cardiopatias congênitas”.

COR PULMONALE - sinais e sintomas

Hipóxia

Estase jugular

Hepatomegalia

Edema MMII

Aumento de VD

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Exacerbação da DPOC

Piora dos sintomas habituais do paciente sendo de rápida instalação

Causas:

Infecção pulmonar

Pneumonia

Pneumotórax

Embolia pulmonar

Derrame pleural

ICC descompensada

Exacerbação da DPOC - tratamento

Depende da causa da exacerbação

Oxigenoterapia

Ventilação mecânica não invasiva

Medicamentosa:

Antibióticoterapia

Broncodilatador

Corticóide

Tratamento da DPOC

Aliviar os sintomas

Aumentar a tolerância a atividade física

Prevenir e tratar as complicações e exacerbações

Melhorar a qualidade de vida

Impedir a progressão da doença

Tratamento da DPOC - não farmacológico

Cessação do tabagismo

Oxigenoterapia

Reabilitação pulmonar

Cirurgia de redução de volume pulmonar

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Fisioterapia

Exame físico

Avaliação funcional global

Orientações mais condutas específicas

higiene brônquica

reexpansão pulmonar

Cinesioterapia motora

Fortalecimento muscular

ASMA

Prof. Carlos Cezar I. S. Ovalle

DefiniçãoAsma é uma doença inflamatória crônica caracterizada por

hiperresponsividade das vias aéreas inferiores e por limitação variável ao

fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com tratamento.

Resulta de uma interação entre genética, exposição ambiental e outros

fatores específicos que levam ao desenvolvimento e manutenção dos

sintomas.

Manifestando-se clinicamente por episódios recorrentes de sibilância,

dispnéia, aperto no peito e tosse.

III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma (2002)

Brônquio normalBrônquio inflamado e

com catarro

alvéolos

Asma

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• Afeta 7-10% da população mundial.

• A OMS estima que haja 150 milhões de asmáticos em todo o

mundo.

• Cerca de 180.000 mortes por ano no mundo.

• No Brasil, há mais de 10 milhões de asmáticos.

• Cerca de 30% das crianças brasileiras apresentam sintomas

indicativos de asma.

• 4ª principal causa de internação no SUS.

Epidemiologia

Estes fatores podem variar de acordo coma idade e o clima.Por

exemplo, no inverno as crises são mais freqüentes devido ao frio.

Tosse com ou sem catarro Cansaço

Sensação de falta de ar

Aperto no peito

Principais sintomas da Asma

Diagnóstico

1.Clinico:

Dispnéia (crises / noturnas ou manhã)

Tosse crônica (noturna ou manhã/ alérgenos/ atividade física).

Sibilos (noturna/ alérgenos / atividade física).

Sintomas esporádicos (crises).

Melhora espontânea ou pelo uso medicação especifica para asma (broncodilatadores / corticóides).

Descartadas outras causas (bronquiolite viral, aspiração de corpo estranho, etc)

Diagnóstico

Principais sintomas: tosse, dispnéia, sibilância e constrição

torácica.

Ao exame físico:

Dispnéia de grau variável, com ciclos respiratórios mais longos

Diminuição da freqüência respiratória

Aumento do diâmetro torácico

Frêmito toracovocal diminuído

Hipersonoridade à percussão devido à hiperinsuflação

Sibilos respiratórios à ausculta

Fora da crise, os sinais costumam desaparecer.

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Diagnóstico

2 .Funcional:

Espirometria :

- obstrução das vias aéreas

caracterizada por redução do

VEF1 (inferior a 80% do

previsto) e da relação

VEF1/CVF (inferior a 75 em

adultos e a 86 em crianças)

Diagnóstico

2 .Funcional: Pico de fluxo expiratório

Medidas seriadas do pico do fluxo expiratório (PFE) auxiliam no diagnóstico de asma quando demonstra-se variabilidade aumentada nos valores obtidos pela manhã e à noite (acima de 20% em adultos e de 30% em crianças)

Diagnóstico

2 .Alergia:

- Provas cutâneas com antígenos inaláveis (ácaros)

- Concentração sanguínea de IgE

Fatores que podem provocar a crise de asma

Poeira da casa, como nos tapetes e cortinas

Pêlos de animais

Mofo

Pólens das flores

Baratas

Bichinhos de pelúcia

Cigarro

Algumas atividades físicas

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FIQUE ATENTO!!!

Ácaros são insetos microscópicos e principais causas de alergias.

Estes bichos alimentam-se da descamação da pele de pessoas e animais de estimação e são encontrados em grande quantidade na poeira de casa!

Por isso limpe sua casa para que não acumule poeiras.

• Medicamentos mais usados:

1. β-2 agonista curta duração.

2. β-2 agonista longa duração.

3. Brometo ipratrópio.

4. Corticóide sistêmico / inalatórios.

5. Xantinas (Aminofilina, Teofilina)

Tratamento medicamentoso

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Fisioterapia

Oxigênio para corrigir a hipoxemia

Posicionamento

Exercícios respiratórios com fluxo inp e exp lentos

Freno labial

Se necessário VMNI / VMI

DPOC X ASMA

DPOC ASMAInício após os 40 anos Início na infância

Antecedentes de alergias ausentes Antecedentes de alergias

História familiar de asma ausente

História familiar de asma presente

Tabagismo Tabagismo ausente

Melhora variável com o tratamento

Melhora acentuada com o tratamento

Obstrução parcialmente reversível Obstrução reversível

Exercite seus pulmões!!!