Dois séculos de pensamento geográfico sobre a cidade

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 ¹Resenha produzida como trabalho para a disciplina de geografia urbana, ministrada por Antônio Cardoso Façanha, Dr. Professor do Depart. de Geografia e História da UFPI, no período 2011.2. ²Graduando (a) do curso de Licenciatura Plena em Geografia da UFPI, período 2011.2. A CIDADE E O URBANO ¹Dois séculos de pensamento geográfico sobre a cidade ²Sabrina Leya Rodrigues Pedro de Almeida Vasconcelos professor do mestrado em Geografia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e do mestrado em Planejamento Territorial da Universidade Católica de Salvador (UCSAL). O presente trabalho é resultado de um livro de Pedro de Almeida Vasconcelos que trata do pensamento sobre cidade (Dois Séculos de Pensamento sobre a Cidade (Ilhéus, 1999), propondo a periodização em quatro blocos, a partir de 1870, ano da primeira institucionalização da geografia como disciplina universitária, até o ano de 1994. Tendo a geografia uma divisão entre tradicional, teórico-quantitativa e critica, o texto propõe uma correspondência entre as três correntes e os períodos já estabelecidos, considerando que no período de 1870 ate 1994 houve predominância da corrente tradicional, de 1945 a 1968 uma transição e a partir de 1968 uma maior diversificação entre os correntes que influenciaram a geografia urbana. 1870/1913 O período que compreende 1870/1913 é marcado pela visão regional, perceptível nos trabalhos de muitos autores como E.Reclus e E.Leyasseur. Reclus tratando de um “sistema planetário” de pequenas cidades, ou seja, cidades orbitando em torno de outras maiores, em 1981. Esse período ficou marcado pelo o avanço no campo conceitual, com Humboldt que já utilizava conceitos de extensão, de reposição e de sitio e com F.Ratzel que sistematizou a utilização dos conceitos de sitio e de situação. E.Cluzot, considerou não apenas os fatores geográficos, mas também os fatores históricos e jurídicos juntamente com a ação humana para entender a formação das cidades.

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¹Resenha produzida como trabalho para a disciplina de geografia urbana, ministrada por

Antônio Cardoso Façanha, Dr. Professor do Depart. de Geografia e História da UFPI, no período

2011.2.

²Graduando (a) do curso de Licenciatura Plena em Geografia da UFPI, período 2011.2.

A CIDADE E O URBANO

¹Dois séculos de pensamento geográfico sobre a cidade

²Sabrina Leya Rodrigues

Pedro de Almeida Vasconcelos professor do mestrado em Geografia da

Universidade Federal da Bahia (UFBA) e do mestrado em Planejamento Territorial da

Universidade Católica de Salvador (UCSAL).

O presente trabalho é resultado de um livro de Pedro de Almeida Vasconcelos

que trata do pensamento sobre cidade (Dois Séculos de Pensamento sobre a Cidade

(Ilhéus, 1999), propondo a periodização em quatro blocos, a partir de 1870, ano da

primeira institucionalização da geografia como disciplina universitária, até o ano de

1994.

Tendo a geografia uma divisão entre tradicional, teórico-quantitativa e critica, o

texto propõe uma correspondência entre as três correntes e os períodos já estabelecidos,

considerando que no período de 1870 ate 1994 houve predominância da corrente

tradicional, de 1945 a 1968 uma transição e a partir de 1968 uma maior diversificação

entre os correntes que influenciaram a geografia urbana.

1870/1913

O período que compreende 1870/1913 é marcado pela visão regional,

perceptível nos trabalhos de muitos autores como E.Reclus e E.Leyasseur. Reclus

tratando de um “sistema planetário” de pequenas cidades, ou seja, cidades orbitando em

torno de outras maiores, em 1981.

Esse período ficou marcado pelo o avanço no campo conceitual, com Humboldt

que já utilizava conceitos de extensão, de reposição e de sitio e com F.Ratzel que

sistematizou a utilização dos conceitos de sitio e de situação.

E.Cluzot, considerou não apenas os fatores geográficos, mas também os fatores

históricos e jurídicos juntamente com a ação humana para entender a formação das

cidades.

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¹Resenha produzida como trabalho para a disciplina de geografia urbana, ministrada por

Antônio Cardoso Façanha, Dr. Professor do Depart. de Geografia e História da UFPI, no período

2011.2.

²Graduando (a) do curso de Licenciatura Plena em Geografia da UFPI, período 2011.2.

J.Brunhes examinou a cidade a partir da escala regional, considerando-a como

“um fato de ocupação improdutiva” e ao mesmo tempo como uma “espécie de ser 

natural”. 

Assim, nesse período, os geógrafos preocupavam-se com a cientificidade da

geografia baseando-se nas ciências da natureza, sendo que a maioria dos autores

comparava a cidade a um organismo vivo, já outros procuravam não utilizar os fatores

físicos e de localização pra compreender o desenvolvimento das cidades.

1914/1944

Com o inicio da Primeira Guerra Mundial, a geografia norte-americana ganha

destaque com a proposta de M.Aurosseau que buscou entender o crescimento das

cidades com a separação das ocupações principais das secundárias.

Os primeiros avanços conceituais trataram da relação entre

tempo/definição/diferenciação de função/diferenciação da estrutura com o geógrafo

inglês H.Fleure. Sorre destacou a importância da vida de relações na cidade.

Demangeon trabalhou com os conceitos de concentração e permanência e P.James com

o conceito de cenário urbano, observando a existência de áreas funcionais.

Nesse período apesar dos avanços os geógrafos estavam mais voltados para

elaboração de monografias regionais do que para os estudos urbanos.

1945/1967

O pós Segunda Guerra Mundial foi um período de grandes transformações

afetando a visão de cidade para alguns autores, como dos geógrafos norte-americanos

C.Harris e E.Ullman que anteciparam os estudos teórico-quantitativos, buscando

“padrões de uso do solo” e a generalização das questões no lugar da pesquisa individual

de cada caso.

O geógrafo R.Clozer trouxe estudos onde destacou as questões dos movimentos

  pendulares,propondo a idéia de “êxodo urbano” questionando o “êxodo rural” como o

único fator responsável pelo o crescimento urbano.

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¹Resenha produzida como trabalho para a disciplina de geografia urbana, ministrada por

Antônio Cardoso Façanha, Dr. Professor do Depart. de Geografia e História da UFPI, no período

2011.2.

²Graduando (a) do curso de Licenciatura Plena em Geografia da UFPI, período 2011.2.

Pierre George discutiu a questão da periferia utilizando conceitos marxistas

como: aparelhos do Estado, lutas de classes, classes antagonistas, em seu livro de 1952

utilizou conceitos como fato urbano, paisagem urbana, forma e conteúdo das cidades.

Conceitos como megalópoles, coalescência, de caráter polinuclear, de processo e

ate o de sistema foram trabalhados numa escala supra-regional com o geógrafo

J.Gottmann em 1957.

J.Tricart em seu manual também trouxe grandes avanços com relação aos

conceitos, fazendo discussão em bases dialéticas onde a “função comanda estrutura”,

sendo que “a estrutura social também comanda a função” e fez a diferença entre

estrutura e morfologia.

No Brasil, os estudos sobre cidades começaram neste período, onde Recife foi

estudada por Josué de Castro que viu a cidade como um “organismo urbano”, mas

coexistindo como “paisagem cultural”. Em São Paulo o Frances Pierre Monbeig,

detectou a existência de cortiços, de vilas operarias e a qualidade de vida da população.

Em Salvador Milton Santos trabalhou com a área central da cidade avançando

com os conceitos de indivisibilidade da paisagem, de inércia, de elementos da estrutura,

sendo que a estrutura considerando a relação de causa de efeito entre a forma e a

função.

Ao final deste período as visões teórico-quantitativas estavam introduzidas nas

pesquisas sobre cidade tanto a nível intra-urbano como no regional.

1964/1994

Quatro anos após o período militar, período rico e diverso, com a difusão de

diferentes correntes dentro da geografia. Uma dessas correntes é a tradicional,

trabalhada por M.Lacerda de Melo, com forte preocupação organicista e por M. Correia

de Andrade com estudos voltados para as questões do desenvolvimento local e regional.

J.Beaujeu-Garnier destacou em seus estudos aspectos ligados a geografia

teórico-quantitativa. Porém, a maioria dos geógrafos preferia trabalhar essa corrente na

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2011.2.

²Graduando (a) do curso de Licenciatura Plena em Geografia da UFPI, período 2011.2.

perspectiva regional do que em escala urbana por apresentarem uma maior

disponibilidade de dados.

Outra corrente de destaque nos estudos urbanos é a da percepção baseada na

linha filosófica da fenomenologia. Nesta linha, a tese de J.Monet analisa as

representações sobre a cidade do México. Já na corrente critica, os estudos

apresentavam influencia marxista e visões diferenciadas sobre cidade e a geografia

urbana.

No Brasil, baseado na geografia política, J.W.Vesentini analisa a implantação de

Brasília destacando a segregação espacial e a estratificação social. Ana Fani A.Carlos

partindo da visão marxista estuda a cidade sobre a ótica do quotidiano e de exemplos da

literatura.

Conclusão

Concluindo, a obra apresenta o desenvolvimento da geografia urbana no Brasil e

no mundo, seus principais correntes como a tradicional, teórico-quantitativa e critica e

suas influências e contribuições para os estudos dos geógrafos/autores que trabalham o

desenvolvimento das cidades.

Trabalha ainda com a divisão em períodos ao longo do desenvolvimento dos

estudos sobre cidade o que facilita a compreensão por parte dos alunos. Apresenta

também uma linguagem acessível, de fácil entendimento, salvo os termos próprios da

geografia urbana. O conteúdo foi explanado de forma clara e objetiva, primando pela

compreensão do assunto por parte dos leitores.

O texto nos permite analisar e compreender a construção da vertente geográfica

que trata do urbano, a geografia urbana. Sua evolução atrelada à visão influenciada

pelas correntes geográficas dos autores tanto no Brasil como no mundo. Propondo a

compreensão da geografia urbana na sua característica atual, com um mundo

globalizado, industrializado e bem diferente em suas características de dois séculos

atrás.

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¹Resenha produzida como trabalho para a disciplina de geografia urbana, ministrada por

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2011.2.

²Graduando (a) do curso de Licenciatura Plena em Geografia da UFPI, período 2011.2.

Referência

VASCONCELOS, P. de Almeida. Dos séculos do pensamento geográfico sobre a

cidade. In: SILVA, J. B. da et. Ali. (Orgs.). A cidade e o urbano: temas para debates.

Fortaleza, CE: EDUFC, 1999. P. 69-84.