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Dom Ângelo Frosi Escrito por Administrator Seg, 18 de Junho de 2012 11:55 - Última atualização Qui, 05 de Julho de 2012 13:20 DOM ÂNGELO FROSI ACONTECIMENTOS BIOGRÁFICOS Abaetetuba (Pará-Brasil), 1º de Maio de 1970: povo em festa Às oito horas da manhã do dia de hoje sexta-feira, 1º de Maio de 1970, a Praça da Padroeira de nossa cidade de Abaetetuba, dedicada à Imaculada Conceição, está lotada de povo. Todos os habitantes da cidade desejam presenciar a cerimônia nunca vista em suas vidas. Há pessoas saídas muito cedo de casa, acompanhadas pelo clarão da lua, deixando suas 1 / 30

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Dom Ângelo Frosi

Escrito por AdministratorSeg, 18 de Junho de 2012 11:55 - Última atualização Qui, 05 de Julho de 2012 13:20

DOM ÂNGELO FROSI

ACONTECIMENTOS BIOGRÁFICOS

Abaetetuba (Pará-Brasil), 1º de Maio de 1970: povo em festa

Às oito horas da manhã do dia de hoje sexta-feira, 1º de Maio de 1970, a Praça da Padroeirade nossa cidade de Abaetetuba, dedicada à Imaculada Conceição, está lotada de povo. Todosos habitantes da cidade desejam presenciar a cerimônia nunca vista em suas vidas. Hápessoas saídas muito cedo de casa, acompanhadas pelo clarão da lua, deixando suas

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residências no interior abaetetubense, como as ilhas e Bahia do Tocantins: algumas pessoaschegam em canoa, outras com meios diversos e muitas a pé, a fim de não perder essacelebração.

Que está acontecendo de tão importante? Acontece a consagração episcopal do Bispodiocesano Ângelo Frosi, nomeado recentemente pelo Papa como novo Administrador e pastorda Prelazia de Abaeté do Tocantins (como é chamada nesse tempo a nossa Diocese). DomÂngelo é o primeiro sucessor de dom João Gazza, chamado a dirigir a Congregação dosPadres Xaverianos na Itália.

A celebração tem a duração da inteira manhã. Principal celebrante, Bispo consagrante, é oArcebispo de Belém, dom Alberto Gaudêncio Ramos. Ao seu lado, como é costume da Igrejanessas circunstâncias, estão dom Tadeu Prost, auxiliar de Belém, e dom José Maritáno, Bispoda vizinha Prelazia de Macapá.

Ao redor do novo Bispo, além da sua irmã Maria vinda da Itália, estão numerosos confradesxaverianos e também irmãs xaverianas, presentes em Abaetetuba há vários anos. Não faltamnumerosos amigos dos Estados Unidos.

Como se explica tão numeroso povo e representantes de tantos Países longínquos, vindoshoje nesta pequena cidade, recostada à encantadora beira do Rio Tocantins? Quem é domÂngelo Frosi?

O menino Ângelo, chamado “Lino”

Ângelo Guilherme Frosi nasceu a San Bassano, cidadezinha da extensa planície padana do

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Norte da Itália, na província de Cremona, dia 31 de Janeiro de 1924. O pai chamava-se Alfredoe a mãe Éster. Dois anos mais tarde os pais serão alegrados com o nascimento de uma filha, aMaria, a irmã que terá tanta parte na vida do irmão.

Simplicidade, modéstia, sinceridade de relações e grande senso de fraternidade caracterizam oambiente familiar, desejado e perseguido pelos pais que se deixam educar por um profundoespírito de fé cristã, constantemente adquirida pelo pai na igreja paroquial, que se encontra emfrente à sua humilde casinha e da qual Alfredo é sacristão; e pela mãe que fala de Deus atodas as pessoas que tem a oportunidade de alcançar todos os dias na sua pequenamercearia.

O menino “Lino” – diminutivo de ‘Anjolino’, nome com o qual será longamente chamado emfamília e pelos amigos – recebe como herança pelos pais esse rico patrimônio de formaçãohumana e cristã. Nos primeiros anos de sua vida, olhando ao seu redor durante os momentosde brincadeiras e distensão com sua querida irmã Maria, aperfeiçoa em si o que os pais lheensinaram: aprende a dar grande valor aos sentimentos e afetos. Sua vida ilumina-se graças àvocação sacerdotal, que aconteceu como uma chamada de Jesus desde seu primeirocompromisso como coroinha.

Com onze anos, Lino entra no Seminário Diocesano de Cremona. Aqui descobre um outrochamado à vida religiosa consagrada, que percebe poder realizar como missionário, e assimfalar de Jesus e testemunhá-lo melhor entre quantos ainda não o conhecem. Quando partepara a China o concidadão padre Antônio Aliprándi, Lino tem a confirmação da estrada apercorrer em sua vida. A emoção experimentada naquele momento torna-se um grande desejo,alimentado também pela leitura de revistas missionárias que tem a oportunidade de encontrarno Seminário. Por meio dessa imprensa, o seminarista Lino vem a conhecer com maior clarezao estilo de vida dos Xaverianos, a família missionária fundada na vizinha cidade de Parma, noano de 1895, pelo santo Bispo Guido Maria Conforti, há pouco falecido.

TENTANDO UM RESUMO

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Graças a Deus, nos arquivos da Congregação Xaveriana encontramos uma vastadocumentação sobre o caminho de dom Ângelo Frosi. É aqui que atingimos numerosasinformações biográficas.

As atitudes de humildade e simplicidade eram patrimônio histórico da família Frosi, em SanBassano, na Itália. O casal Alfredo e Éster vinham formando um lar cristão, onde a sinceridadee a fraternidade eram características marcantes. O desejo do jovem Alfredo de ser padre sejuntou com a espiritualidade da jovem Éster: os dois viviam de fé, visando só a bondade.

O menino “Lino” herdou dos seus pais todo este rico e precioso patrimônio de formaçãohumana e cristã. Nos primeiros anos de sua vida, olhando ao seu redor, ele aprendeu avalorizar e aperfeiçoar os ensinamentos de seus pais; passou a afinar os sentimentos e apurificar os afetos no espelho das trilhas da vocação sacerdotal apostólica, que Cristo Jesussemeara no seu coração sincero e disponível de fervoroso coroinha. Aos pés do altar, servindoa Santa Missa, nasceu a sua vocação ao sacerdócio.

Esta vocação originara-se nele durante a festa da saída para a China do seu conterrâneo, oxaveriano padre Antonio Aliprandi. A comoção experimentada naquela ocasião, apesar de Linoser ainda uma criança, se tornava agora anseio apostólico mais urgente por causa da literaturamissionária que ele iniciou manusear no seminário. Foi assim que decidiu entrar a fazer parteda Família Xaveriana.

Uma vez entrado entre os Xaverianos, Lino Frosi se formou com muito zelo em vista de umaconsagração a Deus para o anúncio do Evangelho entre os que ainda não conhece o amor deDeus, a fim de salvar as almas dos não cristãos.

Lino é enviado nos Estados Unidos

Quando o jovem estudante xaveriano cursava o terceiro ano de teologia em Parma, ondeentrou dia 10 de Agosto de 1940

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, experimentou os horrores da Segunda Guerra Mundial. Enquanto se preparava junto com outros colegas, que partilhavam o mesmo ideal missionário,os estudantes foram transferidos para os Apeninos parmenses, a fim de fugir dos bombardeiosque aconteciam na cidade de Parma. O sonho do estudante Ângelo agora é ser um diamissionário na China, onde já se encontra o padre Antônio. Ou ainda no Tibet, onde osprimeiros xaverianos estão colocando o pé, exatamente naqueles meses do ano de 1947.

Mas a providência decide diversamente: Lino é escolhido pelos superiores para continuar seusestudos em outro lugar, nos Estados Unidos, onde os filhos de dom Conforti, expulsos daChina, estão dando início a uma presença xaveriana. Para ele foi dolorosa aquela decisão dedeixar sua terra, sua família, exatamente dois anos antes de receber as ordens sacerdotais.Porém, mesmo com o coração partido, deixou a sua Itália de navio e foi para a novadestinação: os EUA.

Ângelo Frosi nos Estados Unidos

Foi nos EUA que Lino terminou a formação escolástica e foi ordenado padre, dia 06 de maio de1948. A partir de então, o nosso Lino passou a ser chamado: padre Ângelo Frosi.

Sua primeira preocupação foi iniciar logo a realizar o que sonhara por longos anos e estavabem enraizado no seu coração: ser sacerdote, santo, verdadeiro apóstolo, testemunha deJesus, vítima voluntária de expiação, com a finalidade de santificar os fiéis que a Providêncialhe teria confiado.

Esse foi e sonho do padre Frosi nos vinte anos de atuação missionária nos Estados Unidos.Foram anos vividos com generosidade e fraternidade, não poupando as suas energias. Afraternidade, a partir do Evangelho e também da herança deixada aos Xaverianos peloFundador, foi o marco da sua atividade especialmente na Comunidade de estudantes e padresxaverianos. “Cenáculo Xaveriano” ele gostava de chamar a comunidade de Holliston, onde eleviveu muitos anos como animador e formador no meio dos confrades. “Nós aqui trabalhamos com o coração nas missões”, ele escreve nas suas cartas para a Casa Mãe Xaveriana em Parma, realidade que para ele é

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espelho de vida e amparo afetivo nas provas do dia-a-dia.

Mas também no meio das comunidades paroquiais onde era chamado a exercer seu ministério,sentia-se verdadeiro missionário, semeando a fé e incentivando a abrir o coração ao mundointeiro, para fazer de toda a humanidade uma só família em Cristo.

De olhos abertos à realidade conjuntural que na Igreja de então estava bem mudando – eramos anos do Concílio Vaticano Segundo! – ele acreditou que o exemplo era o meio maisconvincente durante os seis anos de mandato como Superior Regional dos Xaverianos dosEUA. Não faltaram também pequenos desentendimentos, mas tudo superou no perdão e namaior fraternidade. Afinal, a caridade devia iluminar todo seu relacionamento com os irmãos.

Prelado na Amazônia

Este seu amor paterno, este zelo apostólico, chamaram a atenção dos Superiores Xaverianos.E quando na Prelazia de Abaetetuba veio a faltar o Administrador Eclesiástico, o nome depadre Ângelo foi indicado à Santa Sé.

Foi assim que o papa Paulo VI o escolheu para ser Administrador Apostólico da Prelazia deAbaetetuba, no Brasil. Apesar de que a tarefa representasse para ele uma «cruz pesada», porcausa do pulo inesperado do Norte do mundo para uma área do Sul, ele compreendeu quechegara o momento de poder dar início pleno à sua vocação missionária. Por isso, padre Ângelo, confuso por tanta responsabilidade, respondeu logo “sim” e iniciou a viver naplenitude sua vocação missionária.Poucos dias antes, o xaveriano padre João Castelli, grande amigo da família Frosi, dissera àmãe do padre Ângelo em San Bassano: «O teu filho um dia será Bispo!». São palavras quereconhecem as ricas qualidades humanas e cristãs do nosso querido padre Ângelo.

No mês de fevereiro de 1968, bem de mansinho, padre Ângelo chegou a Abaetetuba comoPrelado, onde foi acolhido de braços abertos pelos padres Xaverianos e pelo povo fiel. No

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domingo seguinte, dia 25, na Catedral de nossa cidade, durante uma celebração, que o imensopovo presente tornou emocionante, recebeu a entrega da nova porção do povo de Deus agoraa ele confiada.

Dois anos mais tarde, como já vimos, no dia 1º de Maio de 1970, era consagrado Bispo deAbaetetuba. Começou a ser o “dom Ângelo de Abaetetuba”, que muitos de nós puderamconhecer, amar, apreciar e respeitar, beneficiando de sua paterna e delicada presença.

A noitinha desse memorável dia foi coroada pelo significativo gesto de inauguração do “CentroMédico Nossa Senhora da Conceição”, confiado às Irmãs Missionárias de Maria. E quando asua irmã Maria, que lhe perguntou onde encontrasse a energia para enfrentar fadigas tãodiferentes das encontradas nos Estados Unidos, ele respondeu com tom profético: «Afinal: euquero viver e morrer aqui!».

Como o povo recebeu seu Bispo?

Os depoimentos que conseguimos gravar no meio daquelas pessoas que foram, e são aindahoje, o povo que Deus entregou aos seus cuidados de prelado e, depois, bispo, batem com aatividade toda que ele desenvolveu, sem se poupar nos vinte e sete anos de estadia na áreaamazônica brasileira abaetetubense do Pará.

A primeira década, desde a sua chegada em fevereiro de 1968 até os anos oitenta, foi marcadapelos reflexos da feliz primavera conciliar e as relativas disputas provocadas peloscontestadores do ano de 1968. No ambiente abaetetubense, dom Ângelo não teve medo de serjulgado ‘conservador’, ‘cara fachada’ e até ‘fraco demais’. Ele foi pegar forças na história, queera a matéria da sua especialização acadêmica: na medida em que uns agentes pastorais, eaté padres, acreditavam nos ideais da teologia da libertação, só entendida como assuntoideológico, ele apostou na formação cristã das pessoas; sabia como um cristão fiel, capaz de

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tudo se sacrificar em favor da justiça, das bem-aventuranças evangélicas vividas na humildadedo dia-a-dia, era o alicerce mais precioso para implantar o Reino de Deus por meio daparticipação eclesial. Foi também naqueles anos que providenciou, para a jovem prelazia deAbaetetuba, as infra-estruturas básicas, seja para as reuniões da comunidade cristã, que paraa formação: destaca-se, nesta primeira década, a implantação do Centro de Formação Cristã,no Laranjal, no janeiro de 1975.

Formação das bases e Vocações

A segunda e terceira década de dom Ângelo em Abaetetuba caracteriza-se peloaprofundamento da formação vocacional, catequética, comunitária, evangélica e profissional,embora com caminhos diferenciados e sempre mais profundos. O povo cristão a ele entreguepor Deus passou a entender sempre mais clara a vocação a ser “Povo de Deus”, “Assembléiareunida por Deus”, com tarefas diferentes para cada um. A formação ganhou sempre maisprioridade; a colaboração entre os demais ministérios na Igreja foi explorada por meio decursos que visavam formar leigos engajados, capazes de animar as células básicas da Diocesetoda, compostas pelas Comunidades Eclesiais de Base, como também por camadas diferentesde níveis pastorais.

Mas acima de tudo, dom Ângelo, tinha um grande sonho, que já fora de dom João Gazza:formar seu clero com Vocações locais. Nisso, desde o começo, foi ajudado pelos Xaverianos,como também pelas Irmãs Xaverianas e Capuchinhas. Por isso, logo que foi possível, pensouna implantação dos Seminários Menor, em Abaetetuba, dedicado a Nossa Senhora deGuadalupe, e o Seminário Maior, em Belém, dedicado à memória de dom Oscar Romero. Issoconstitui o marco que expressa toda a maturidade da Igreja de Deus que está em Abaetetuba.Estes foram a ‘menina dos olhos’ de dom Ângelo. Acompanhava com atenção a formação decada seminarista, passando vários dias com eles. Quando morreu, podia contar com seisSacerdotes Diocesanos.

“Fé e Caridade” acima de tudo

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Não podemos esquecer que o lema do Bispo dom Ângelo Frosi foi “Fé e Caridade”. Umaprofunda fé em Deus e uma intensa caridade, sempre iluminaram o caminho e o apostolado dedom Ângelo.

Porém, não se pode reduzir a atividade organizativa-estrutural de dom Ângelo, a pura atividadesocial. Os depoimentos têm um só refrão: ele era pessoa boa, que, com o seu jeito sereno dehomem totalmente apaixonado por Deus, sabia acolher a todos, dando palavras de esperançapara todos; sabia ser simples e humilde para ter tempo a dar seja à pessoa mais humilde,como às mais importantes da sociedade. É esta uma postura que pode ser chamada desantidade, aliás, de virtudes humanas e religiosas vividas no mais fiel espírito evangélico.

Os muitos testemunhos que foram recolhidos há alguns anos e que podem se encontrar novolume “De Mãos Dadas”, impresso no ano de 2004, concordam em afirmar como um refrão:«Era uma pessoa do bem caráter, caridosa, serena, totalmente apaixonada por Deus. (Issotestemunha a sua profunda fé!). Todos nós nos sentíamos acolhidos pelo seu modo de agir.Sabia oferecer palavras de esperança. Era tão simples e humilde que encontrava tempo paratodo mundo, seja para os pobres e simples, como para as pessoas consideradas importantes».

Podemos, portanto resumir estas suas atitudes com uma palavra: santidade. Isto é, domÂngelo vivia as virtudes humanas e religiosas segundo o espírito evangélico, de modo genuínoe fiel, segundo e exemplo que nos deixou Jesus Cristo. Todo mundo que o conheceu, confirmaque ele se doou sem reservas para escutar e acolher a todos, tendo em consideraçãounicamente o bem e indicando-lhes o céu.

Moradia para os pobres

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De fato, sobretudo nos últimos quinze anos da sua atuação em Abaetetuba, dom Ângelo fez da“caridade” o resumo de toda a sua vida interior: ele visou levantar da pobreza crônica aspessoas mais carentes no que diz respeito à moradia e à instrução.

No terreno que a Diocese possuía há tempo, no terreno em frente ao Laranjal, no ladoesquerdo da Rodovia que leva para Belém, hoje chamado “Cristo Redentor”, ele promoveu edesejou com afinco realizar o projeto “casas para os indigentes”. Aqui gastou todas as suasenergias em favor da dignidade das pessoas e das famílias, mesmo correndo o perigo quealguém aproveitasse de sua bondade.

E assim nasceu o “Bairro Cristo Redentor” que manifesta o excesso de bondade, às vezes nãoentendida por todos, em favor da dignidade das pessoas e das famílias. Em 1995, ano damorte de dom Ângelo, contavam-se 250 casas, dignas de se morar; ruas bem delineadas, águae energia elétrica; um Colégio, construído pela própria Diocese; um barracão comunitário, lugarde reuniões e celebrações da vida.

Com frequência dom Ângelo pegava a sua bicicleta e visitava os pobres com frequência:entrava em seu barraco, tomava cafezinho com eles, sorria e deixava sempre uma palavra deamor e esperança.

Ainda hoje muitos moradores do bairro lembram o seu refrão: “Zelem pelas suas casas...;sejam um bairro de irmãos...; vivam bem unidos...”. Isso fazde dom Ângelo uma pessoa ainda viva no meio de nós, ao nosso lado, convidando paracontinuarmos a caminhar todos “DE MÃOS DADAS”.

Amor fraterno e de família

Ele se preocupava muito com a acolhida dos hóspedes, especialmente dos confradesXaverianos. Era a mesma fraternidade que tinha vivido, ainda jovem estudante e jovem padre,

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nos Estados Unidos. Sempre, na sua casa em Abaetetuba, lembrava que “o que é maisimportante, o que tem prioridade é a caridade; os padres precisam muito disso”.

Nas suas visitas à Itália por motivo dos encontros com o Papa, dom Ângelo não esquecia devisitar os familiares dos padres que trabalhavam com ele na Prelazia de Abaeté.

Percorrendo com a vista seus diários pessoais, onde ele marcava todo dia o lugar ondecelebrava a Missa cotidiana, podem-se acompanhar suas visitas aos pais, irmãos, parentes ebenfeitores de seus padres e irmãs. Embora isso comportasse longas viagens de cidade emcidade ou aldeias, de norte a sul da Itália, nunca desistiu. A motivação era sempre a mesma: “Caridade antes de tudo”.

Sempre frisando essa preocupação de dom Ângelo para com a fraternidade vivida com osirmãos de vida e seus familiares, temos muitas cartas dele, escritas aos xaverianos que foramchamados de volta para trabalharem na Itália. Dom Ângelo expressa nelas a preocupação deum pai e de um irmão, convidando a entender que é mais importante fazer a vontade de Deus,do que trabalhar nas áreas assim chamadas missionárias.

Quantas vezes ele sublinha isso nas cartas enviadas àquele afamado homem –superconhecido em Abaetetuba, nos anos setenta e oitenta – o padre Luizão Terzoni, queencontrava-se na Itália! Este morria de saudade por Abaetetuba, mas a saúde impedia-lhe devoltar. A ele escreve dom Ângelo:

“…Entendo muito bem seu sofrimento profundo, levando em conta seu íntimo amor para estaporção da Igreja de Deus que fica em Abaeté. Quanto você tem se sacrificado em prol docrescimento da Prelazia ao longo destes anos todos! Seu pranto derramado nesses dias, semfalta vai regar o campo espiritual da Prelazia com o mesmo valor da cruz, daquela cruz que fazcrescer o Reino de Deus e faz a boa semente produzir frutos. Tenho certeza de que você sabeencontrar conforto naquela fé que animou toda a sua vida e pela qual tudo, especialmente osofrimento, torna-se benefício para o povo de Deus”.

(Carta escrita de Abaetetuba, em 30 de junho de 1981).

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As Irmãs Xaverianas na Prelazia/Diocese

Desde que padre Ângelo atuava nos Estados Unidos, as Irmãs Xaverianas abriram a primeirafundação no estrangeiro, na mesma terra onde nascera a Fudadora Madre Celestina. Isso sedeu no ano de 1954. Em seguida, padre Lino sempre acompanhou a presença delas pelomundo afora. Quando ele veio para o Brasil, viu com muita alegria que as Xaverianas jáatuavam na área desde o mês de julho de 1966. Elas tinham sido convidadas pelo primeiroprelado da Prelazia e superior dos Xaverianos atuantes no Pará, o saudoso Dom João Gazza(1924-1998), para trabalharem, sobretudo no campo da saúde e da pastoral, dando especialatenção à mulher gestante.

Dom João Gazza, vendo as necessidades de sua Prelazia, convidara as Irmãs Xaverianas paraassumirem sua missão em Abaetetuba.

Assim, quando Dom Ângelo chegou a Abaetetuba, encontrou as Irmãs já trabalhando noCentro Médico e no apostolado. Desde o começo, ele foi dando-lhes todo seu apoio ecolaboração. Sempre as acompanhou de perto, até na sua vida religiosa. Várias vezespresenciou as celebrações da congregação, e muitas vezes presidiu às cerimônias daprofissão das novas xaverianas paraenses.

Toda vez que sua irmã Maria veio visitar dom Ângelo, ficou hospedada na casa dasXaverianas, em Abaetetuba. Lembra a Maria Frosi: “Quando esteve em Abaetetuba no ano1970, logo as Irmãs Xaverianas me disseram: “Seu irmão Ângelo fez um pulo enorme,passando dos EUA até aqui! Porém ele se entrosou logo, com todo mundo”.

Também Dom Ângelo. nas suas viagens à Itália, nunca deixou de visitar a casa dasXaverianas, quer na Casa Mãe delas em Parma, sobretudo até que viveu a Madre Celestina,quer também na casa de estudos delas em Roma.

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Povo em lágrimas

No começo do mês de Maio de 1995, dom Ângelo, apesar de não se sentir bem de saúde, quisparticipar à anual Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros, que é realizada em Itaici-SP.Mesmo não estando em boas condições físicas, tomou parte a todas as reuniões. Mas, durantea noite entre 18 e 19 de Maio sente uma forte dor no peito: trata-se de um enfarte, mas elepensa tratar-se de outro incômodo. Não pede socorro para não incomodar. Ao amanhecer,consegue levantar-se, mas não fala com ninguém do seu problema. Celebra sentado naprimeira fila, fato que chama a atenção do Presidente da Missa. Pouco depois da Comunhão,sai da capela, seguido por uma irmã de olho experto, que se dá conta logo da gravidade dacoisa. O médico de plantão, um cardiologista, o encaminha logo para o hospital mais próximo:mas já se passaram horas demais para uma intervenção.

Logo é submetido às curas necessárias e a equipe médica tenta tudo para salvá-lo, mas nãohá reação. Fica vários dias entre a vida e a morte; depois há uma ligeira melhora, que lhepermite até deixar o hospital e hospedar-se na Casa Xaveriana mais próximo de São Paulo.Seja no hospital que em casa, é amorosamente assistido pelos confrades xaverianos e por suairmã Maria, vinda de propósito da Itália.

Os médicos, porém, continuam pessimistas: não acreditam na possibilidade de se recuperar;aliás, dizem que, se conseguir a sobreviver, será condenado a ficar de cama o resto de suavida, com assistência contínua, ou a viver numa cadeira de rodas.

Enquanto isso, em Abaetetuba, nas igrejas e nas casas, grupos de fiéis revezam-se em oraçãodia e noite. Acontece, em escala menor, quanto acontecera na Praça São Pedro, em Roma,durante a agonia do Papa João XXIII. Os fiéis pedem o milagre, mas este não entra nos planosde Deus.

Depois de uns dias, ainda passados na casa dos Xaverianos, aquela ilusória recuperaçãodesaparece. Novamente é levado de urgência para o hospital, onde, perto do meio dia de 28de Junho, dom Ângelo passa deste mundo para a casa do Pai.

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Tristeza e lágrimas sinceras

A notícia, imediatamente comunicada à comunidade de Abaetetuba provoca profunda tristezaem todo o povo. E quando, no dia seguinte, o corpo de dom Ângelo chega de São Paulo para oaeroporto de Abaetetuba, uma multidão está aguardando, em silêncio e lágrimas. Nunca se viualgo de parecido. Milhares e milhares de pessoas caminham a pé da cidade ao aeroporto, sobo sol escaldante da tarde amazônica. São cinco quilômetro de caminhada, mas todos desejamestar presente nesse momento.

O caixão é colocado sobre um carro fúnebre preparado pelos bombeiros, que só atende aspersonalidades. No Bairro Cristo Redentor, há a primeira parada, com uma celebraçãoemocionante. Os pobres choram a perda de seu grande amigo e bem-feitor. Depois acaminhada continua lentamente, rezando e cantando, até a Catedral. É uma manifestaçãoespontânea que ninguém, mesmo querendo, poderia ter organizado.

Na Catedral é celebrada uma primeira Missa de sufrágio. Depois o povo vai se revezando anoite inteira, rezando, fazendo pedidos; tudo com o máximo respeito e gratidão. Quase todosfazem questão de tocar o caixão, como querendo acariciar o rosto do pai e amigo.

O carinhoso “adeus”

Na manhã seguinte, a Praça da catedral não pode conter a imensidão do povo que desejatomar parte à solene concelebração presidida pelo Arcebispo de Belém, dom Vicente JoaquimZico. Ao seu redor estão outros seis Bispos e numerosos Sacerdotes. Em sua homilia, oArcebispo lembra a extrema bondade do defunto, sua delicadeza com todas as pessoas, aespecial atenção aos pobres, a vida de absoluta pobreza, a total disponibilidade para os seusdiocesanos, a cura especial para as vocações.

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O povo também quer dar sua contribuição do próprio testemunho e não se cansa de prestarhomenagens ao seu Pastor com cantos, poesias, episódios de sua vida. Essa manifestaçãocarinhosa e comovida dura mais de três horas. Parece que ninguém queira se separar do seuBispo.

Quando também a última voz se cala, os despojos, acompanhados ainda por aquela multidãoem lágrimas, são conduzidos ao cemitério e colocados perto do xaveriano e inesquecível padreMário Lanciotti, que morreu no ano de 1983. O túmulo é bem pobre, mas está no meio detantos fiéis que o precederam no sinal da fé.

Presença perene

Sete anos após sua morte, no domingo 17 de Novembro de 2002, os despojos mortais de domÂngelo foram transferidos do cemitério da cidade para a Catedral. Os fiéis acompanharam comflores nas mãos, rezando o terço, segurando velas acesas em sinal de fé e amor. O ataúde,carregado por alguns padres Xaverianos, numa caminhada alternada de um profundo silêncio,cantos e orações, atravessou várias ruas da cidade, fazendo uma breve parada em frente àcasa onde ele morara por tantos anos, ao lado do Colégio São Francisco Xavier, que ele amou,sustentou e acompanhou com tanto carinho.

Na Catedral, lotada de fiéis, depois da Missa presidida pelo Bispo dom Flávio Giovenale, osrestos mortais de dom Ângelo foram colocados num túmulo preparado de propósito, numacapelinha nova, construída ao lado esquerdo da grande Catedral. Aí os fiéis podem visitá-lomais facilmente e rezar com incansável gratidão.

Deste humilde, mas digno ambiente, colocado bem ao lado da estátua de gloriosa Padroeira deAbaetetuba, a Virgem da Conceição, a quem dom Ângelo consagrara a inteira Diocese,continua acompanhando o caminho terreno do seu amado povo abaetetubense, e do Alto

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continua intercedendo em seu favor.

E os fiéis, em constante gratidão, perseveram frequentando com fervor e devoção os seusrestos mortais, certos de experimentar mais uma vez a eficácia de sua presença paterna,sempre pronta a ajudar e indicar o caminho do céu.

Querido dom Ângelo, reze por nós!

Dom Ângelo agora descansa na Casa do Pai e está na glória e felicidade eterna. De lá elepode rezar por nós e interceder junto de Maria, de quem teve tanta devoção.

Querido dom Ângelo, o povo da Diocese de Abaetetuba não lhe esqueceu, mas guarda nocoração a sua memória. Lembre-se de nós, especialmente dos Padres que continuamanunciando a Boa Nova aos fiéis; peça ao Pai de enviar novas e santas Vocações, como eraseu sonho e desejo; veja quantos pobres ainda batem à sua porta, pedindo ajuda e consolo.Abençoe os fiéis do Bairro Cristo Redentor, onde você é lembrado com tanto carinho.

Querido dom Ângelo, seja nosso intercessor lá no Céu, e reze para que um dia possamos nosencontrar todos juntos nos braços do Pai e da Virgem Maria.

Amém.

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Dom Ângelo Frosi

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PARTE SEGUNDA

SEU CORAÇÃO

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Dom Ângelo Frosi

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Achamos oportuno lembrar alguns trechos significativos tirados das cartas ou do DiárioEspiritual do jovem estudante Lino Frosi. Aqui podemos admirar seu espírito de profunda fé etotal confiança no Divino Amor do Pai Celeste.

San Bassano-Itália, 03/03/1940

o seminarista Ângelo, com 16 anos, escreve ao Superior dos Xaverianos a Parma:

«Reverendíssimo Padre, dirijo-me ao senhor com a certeza de que responderá com boavontade a certas minhas dúvidas. Há muito tempo desejo ardentemente entrar num InstitutoMissionário para corresponder com maior generosidade à chamada do Senhor que me convidaa me doar inteiramente a Cristo e à salvação das almas».

Parma-Itália, 05/11/1945

com 21 anos, Ângelo consagra-se missionário para a vida inteira.

«Eu, Ângelo Frosi, confiando na ajuda de Deus e na sua misericórdia, nas tuas mãos,Reverendíssimo Padre, perante Deus Todo-poderoso, à Imaculada Virgem Maria, aoBem-aventurado Francisco Xavier nosso Padroeiro, e a todos os Santos, faço voto de quererviver para sempre na pobreza, castidade e obediência na Congregação Missionária Xaveriana.Comprometo-me, ainda, a me doar inteiramente às atividades missionárias confiadas pelaSanta Sé a esta mesma Congregação, segundo o espírito de suas Constituições».

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Dom Ângelo Frosi

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Das Notas Espirituais Pessoais,

escritas nos anos 1945-1947, quando Ângelo tinha 21-23 anos:

«...Quero consagrar-me a Jesus Cristo para ser transubstanciado nele como a gota de águano cálice e então a minha vida será sangue fecundo; diversamente serei aquele miserável serhumano capaz de nada. Jesus quer que me ofereça e viva esta oferenda; nisso está minhacooperação para a salvação das almas».

«Deus me ama com um amor pessoal. O amor dele pela ovelhinha perdida é a medida comque Deus ama cada pessoa. Como a mulher do Evangelho que aposta na moeda perdida,assim Deus aposta em cada alma e a quer consigo. São três as obras primas de Deus: aEncarnação, a Maternidade Divina de Maria e a comunhão íntima da alma com Deus. O amorcresce amando».

«Minha relação com o bom Jesus, minha intimidade para com ele tem que ser só simplicidadee serenidade como se dá entre dois amigos. Gosto ficar perto dele. Não importa se não tenhopalavras para lhe falar; ele me entende e sabe que eu lhe quero bem e a sua presença metransforma, me santifica, me consola e fortalece».

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«Tudo no universo fala-me de Deus e tenho que aproximá-lo na alegria de me encontrar comDeus e na firmeza do seu amor por mim. Serenidade no coração; visão sobrenatural, a maisverdadeira e profunda que nada me faz ser distraído, mas tudo dá para aproximar-me de Deuse acrescer o meu amor e a sua chamada apostólica».

«Quanto mais viva, profunda e vivenciada for minha persuasão íntima do grande mal que é opecado, tanto mais forte será o ardor da minha vocação e ardoroso o meu zelo apostólico.Preciso meditar com frequência sobre o pecado. Um missionário que não é santo, que nãoquer trabalhar com ardor e empenho no seu aperfeiçoamento, torna-se um fracasso e umaperda para si mesmo e para os outros. A vida dele torna-se ilusão e decepção».

«Deus me ama sempre, apesar de todas as minhas fraquezas e cobra de mim que viva pertodele; ele me quer um ardente apóstolo, preocupado com a minha salvação e com a dosinfiéis».

«O missionário é o verdadeiro sacerdote de Jesus. Devo pensar nisso e nas suas implicações.Será que eu vivo isso? Se não for assim, eu sou um fracasso e toda a minha vida missionáriatornar-se-á inútil».

«Em tudo o que estou fazendo agora e, um dia, nas missões, tenho que pensar que eu sou o

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combatente de Jesus que nunca falha, e que gosta de se sacrificar em favor de seu DivinoCapitão e Mestre. Eu devo ser apaixonado por ele até me perder nele, com intensidade deamor. Neste pensamento de luta santa, eu irei agora me sacrificar com ardor e entusiasmo atéser conforme ao meu Divino Capitão. E um dia, nas missões, serei um ardente missionário emfavor do Reino de Cristo. Assim, está aparecendo clara minha programação de trabalhoespiritual por este ano todo, que tem que ser baseado num projeto único, claro e prático; semisso é só conversa fiada, sem apanhar uma mosca».

«Se desejo que o Senhor me fale e me ilumine, devo tornar-me sempre mais consciente daminha pequenez e pobreza, feliz de ser assim. Assim serei rico de Jesus por meio de Maria.Satisfeito de minha pequenez e do último lugar que mereço, levarei sempre em mim e aosoutros a alegria de pertencer a Jesus e de ser seu apóstolo. Quanto mais estiver desligado dascoisas materiais, com verdadeiro espírito de pobreza, e tanto mais Jesus será o meu Tudo.Isso é necessário para o apóstolo que não tem absolutamente mais nada».

«Quanto fervorosa foi a preparação inspirada pelo Espírito Santo para Simeão no Templo,quando viu Jesus, o Salvador! Com que alegria e consolação exultou seu coração, e quantoamor!

Homem de pouca fé! Todos os dias, não somente vês Jesus, mas ele torna-se uma só coisacontigo na mais íntima união! É Maria que o leva para ti! Com ela e o Espírito santo passa o teudia em preparação ao grande encontro. Medita nestas coisas!».

«Estamos na terra para conhecer, amar e servir o Senhor, o verdadeiro Bem infinito e razão deminha existência. Amá-lo com todo meu coração, com toda a minha mente, com toda a minhaalma, com todas as minhas forças. São as palavras de Jesus. Que significa isso se não que se

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deve ser santos? Fazer de Deus, de Jesus o Tudo da vida e desapegar-se sempre mais dasvaidades da terra?

E o dever de ser santos está no aproximar-se à fonte da santidade de Jesus, isto é, aumentarem nós a Graça por meio dos sacramentos e a correspondência ao Espírito Santo que desejanos desapegar sempre mais do mundo para nos unir a Jesus.

Somente quando Jesus será o centro de todo pensamento, de todo afeto, de toda atividade, sóentão a gente voa no amor, e cumpre-se o mandamento de Deus e se realiza a nossaverdadeira felicidade.

Sacrifício, mortificação, desapego: assim Jesus vive e cresce na alma que foi generosa emtirar os obstáculos; assim recebem-se bem os sacramentos, primeira fonte da santidade.

Jesus em todas as coisas, Jesus em todas as ações, em todo afeto, em todo pensamento.Jesus, a aspiração, o amor, a finalidade de todo instante de minha jornada».

«O estudo é dever sagrado, essencial para um ministério apostólico fecundo. É bom fazertesouro do tempo de estudo com verdadeiro ardor apostólico, visando a finalidade da vocaçãomissionária, recuperando o tempo perdido na vida passada».

1946: Ângelo Frosi, 22 anos, cursa o terceiro ano teológico.

«...Tenho que me avaliar com frequência sobre os meus deveres e sobre aqueles aspectos da

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vida espiritual onde mais preciso melhorar.

Nas minhas meditações e propósitos vou insistir frequentemente sobre a humildade.

A Verônica do Evangelho confortou Jesus na hora do ódio, isolamento e dor, enxugando seurosto adorável. Jesus a presenteou com a imagem do seu rosto.

Por muitíssimas razões de agradecimento ao amor misericordioso de Jesus tenho que ser equero ser uma alma “reparadora”, consolando a Jesus com uma vida vivida toda para Ele. Sóentão a sua imagem de Redentor se formará no meu coração, e eu serei um verdadeiroapóstolo testemunha de Jesus.

Meu ardor apostólico será centuplicado.

Percebo como seja tudo isso que Jesus cobra de mim: que eu me entregue a Ele como vítimada reparação. Eis-me aqui, ó Jesus. Que eu seja fiel e perseverante até a morte!»

Outubro de 1946

«O Senhor me levou logo a sério, com a realização da minha entrega total a ele naconsagração da minha vida, dando-me a visão mais real da minha vida e da minha missão.

Pediu-me o maior sacrifício que podia pedir, por tantas razões: a saída para a América, só doisanos antes do Sacerdócio!

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Ó Senhor, eis-me aqui, pronto para adorar a tua santa vontade! Vejo na minha vida a tua mãopaterna que me conduz ao meu verdadeiro bem, pela tua glória e pela salvação dos infiéis.

A maior paz e alegria agora estão tomando conta do meu coração. Quer que eu fique aqui,quer que viaje para as missões, estou igualmente feliz. Em qualquer situação me encontre, queeu saiba ser perseverante na busca de Ti e no viver somente de Ti, sem nenhuma falsaaparência; que eu saiba viver conforme o espírito da minha vocação apostólica e no amor àminha Congregação à qual entendo entregar, com prazer, todas as minhas energias».

Novembro de 1946

«A misericórdia de Deus tem que ficar gravada em profundeza no meu espírito, para que eupossa me entregar com total confiança nele e ser capaz de vivê-la na perfeição em benefíciode todos.

Devo ser agradecido a todos os que, de qualquer maneira, me causam sofrimento, pois assimme proporcionam a oportunidade de satisfazer a minha dívida para com a misericórdia divina.Sendo que eu não tenho o que dar em troca a Deus pela sua misericórdia sem fim, assimposso fazer alguma coisa entre os irmãos, filhos de Deus. Gratidão sincera e profunda: eraassim que os Mártires abraçavam seus carrascos e rezavam por eles. Eis o outro elemento: aoração».

«O grande ideal de todo meu esforço cotidiano é procurar com todas as minhas energias afazer que Jesus seja o centro concreto de todo pensamento, afeto, obra, e de agir somenteinspirado por princípios sobrenaturais: tudo isso em vista do meu próximo Sacerdócio».

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«Bons Sacerdotes já há muitos; o que falta são os Sacerdotes santos, comprometidos até ofundo em cada coisa boa e santa».

Janeiro de 1947

«...Ofereci todas as minhas forças ao Senhor em prol da causa missionária. Com o desejo deviver meu amor para Ele, tenciono me doar em prol dos irmãos mais carentes que Ele quersalvos.

Mas quanta incoerência entre o meu ideal missionário e a minha vida! Se tudo doei, tenho quetudo doar novamente em cada momento, no “morrer cotidiano” do dia-a-dia. Só visando aperfeição em cada coisa, irei ser fiel à minha responsabilidade. Grandes coisas tenho a fazerem prol das almas e da Congregação.

Na união mais intima e sincera com Deus, em cada momento da vida, encontra-se o segredopara uma vida fervorosa; procurando e amando de ser o último, feliz que só Jesus triunfe emtudo, consiste o segredo daquela paz interior na qual Deus fala à alma».

«...O ministério de um apóstolo que não é santo será mais ou menos estéril: sem humildade,nunca seremos santos. A humildade tem que brotar da percepção profunda de minhapequenez, que tem que ser total e, sobretudo, interior. Para um grande pecador, que presenteimerecidíssimo foi a vocação! Ó bom Jesus, tem misericórdia de mim!»

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«...Aos humildes, aos simples e aos sofredores Deus olha e doa as maiores graças; por meiodos simples, dos humildes, dos sofredores Deus realiza as maiores coisas.

Tudo isso ele costuma realizar, como se vê muito bem na vida dos Santos; são asbem-aventuranças. O ser humano tem que se humilhar e diminuir até que seu lado naturaldesapareça e viva só o seu lado sobrenatural: Jesus e Maria nele.

Maria é a Mãe, a doadora das graças, aquela que me conduzirá ao Altar de Deus e garantirá aminha vida Sacerdotal».

Fevereiro de 1947

«Há 23 anos que sou filho de Deus, templo do Espírito Santo, morada da Santíssima Trindade!As realidades sobrenaturais são grandiosas e inexprimíveis. O Deus, centro de todo o universo,glória e felicidade do Paraíso, meta de todo homem, por muitos anos foi íntimo à minha alma,que ama de um amor eterno. Pai! Mas eu fui e sou verdadeiro filho, devoto e agradecido?»

Março de 1947

«...Sozinho com o Deus Sozinho. Tenho que me esvaziar porque Jesus quer tudo.

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Tenho que chegar até Ele com fé pura, sem aproveitar de meios humanos demais que visamsatisfazer meu sentimento e deixam acomodar-me na consolação sensível.

Ó querido São José, dá vigor e força à minha vontade e torna-me igual a ti, inteiramentededicado a Jesus!»

«A participação à Paixão de Jesus torna-se necessária para o Apóstolo. Para mim hámotivações ainda maiores: a reparação e o agradecimento. Que bom se estes sentimentosfossem vividos por mim com intensidade sobrenatural! Quanto mais preciosa se tornaria aminha vida! Eu poderia mergulhar com humildade e confiança na infinita bondade de Deus, eminha vocação se tornaria mais vigorosa. A Virgem das Dores abra meu olhar e faça entenderessas grandes verdades. Ó Jesus, meu amor!»

Abril de 1947

«A humildade é o segredo da paz, tão necessária para o trabalho interior feito comsimplicidade e entrega confiante em Jesus; tanto mais necessária para quem escolheu viver sóapaixonado pela preocupação apostólica de Jesus: salvar as almas, a custa de si mesmo,desde as maiores humilhações até os sacrifícios.

Tudo animar, ficar contente com os outros que saibam fazer amar melhor a Jesus, sempre seescondendo somente em Deus!»

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Maio de 1947

«Maria, Mãe de Jesus e Mãe nossa, fazei-nos santos!

Ela formará em mim Jesus junto com o Espírito Santo. Preciso tanto disso! O dia doSacerdócio aproxima-se. Em mim deve acontecer uma mudança total: que nada mais haja dehumano nas minhas intenções, nos maus afetos, nas minhas obras. Sinto uma atraçãocrescente para aquela dimensão sobrenatural onde devo viver, e que é a vida íntima e familiarcom Jesus, o Espírito Santo e Nossa Senhora...

Ó Virgem Imaculada, torna-me teu filho devoto!».

Julho de 1947

«Obrigado, ó meu Deus, pelas preciosas graças que a tua infinita misericórdia dignou-seconceder-me durante este retiro: se por um lado foi duro para a minha natureza, tornou-seprecioso para o meu espírito.

Nunca, como neste retiro, percebi os altos vértices que devo alcançar: notei com clareza anudez da cruz, as renúncias que vêm sendo cobradas de mim. Se por um lado minha naturezaestremecia e sangrava, por outro lado a visão de Ti Crucificado e a tua infinita misericórdia mesustentavam, e ainda me sustentam. Meu Jesus, quero te amar perdidamente, a fim de que,com maior generosidade eu saiba me entregar a Ti e às almas na minha sublime vocação.Percebo toda a minha infinita miséria, fraqueza e infidelidade. Ó Minha Mãe, Virgem Santa,sustenta-me e leva-me à mais profunda união com Jesus!».

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01 de Agosto de 1947

“Exatamente esta manhã, no encerramento do Retiro, o Senhor me fez uma grande graça depredileção: pela boca do Papa, me pediu o maior sacrifício que eu podia lhe oferecer: por faltada idade exigida, não serei ordenado Sacerdote, antes de viajar para a América.

Minha vida será marcada, de um jeito todo especial, pela cruz, sinal de predileção e deapostólica fecundidade. Percebo assim que o Senhor vem me conduzindo por caminhosadmiráveis, preparando-me a realizar o maior desejo da minha vida: partir missionário para oTibet. Não sei se conseguirei e quando: mas sinto que conseguirei! A Virgem Branca guia osmeus passos...!»

San Bassano-Itália, 22/09/1947,

O estudante Ângelo, que está partindo para os EUA, escreve ao Superior de Parma:

«Apresso-me a tornar conhecidas as ótimas e verdadeiramente cristãs disposições dos meuspais, que, mesmo sendo a minha partida seu maior sacrifício, o oferecem com generosidade aDeus.

O Senhor nos ajudou muito nessas horas de dor e eu senti quanto mais se realizar em mim oque prometi ao Senhor: ser vítima voluntária pela conversão daqueles que ainda não oconhecem.

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Se o Senhor nos prova tanto assim, vejo nisso um sinal de sua particular bênção na minhavida missionária. Se a nossa natureza sente tão forte a separação à véspera da OrdenaçãoSacerdotal, nosso espírito canta com gratidão ao bom Jesus e à Mãe Celeste que noschamaram a uma tão grande vocação».

Nea Hellas, 25/10/1947

Do navio em viagem para os EUA, Ângelo escreve ao Superior de Parma:

«Parto de boa vontade, certo de realizar a vontade de Deus e cumprir em seguida, porcaminhos desconhecidos, os meus grandes desejos missionários. Parto com boa disposição,apesar do sacrifício que experimento na minha natureza, também pensando nos meus pais. Naestação de Roma, antes de eu partir, o meu pai quis me dar sua bênção: parecia-me ser umprotagonista de alguns episódios do Antigo Testamento, no qual se oferecia a vítima ao EternoPai».

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