DOM DE MILAGRES – DDM -...

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O DOM DE MILAGRES DDM ddm A necessidade do dom de milagres para o mundo atual Tanto no AT como no NT, lemos uma infinidade de narrativas que contam a realização de milagres ocorridos na natureza e no próprio homem, todos com o objetivo de salvar e ajudar o homem, através da manifestação da intervenção de Deus em momentos muito difíceis. No entanto, podemos cair no engano de aceitar e acreditar nos milagres de outrora, na vida dos santos e no Evangelho, como algo do passado. Crer na atualidade dos milagres torna-se muito difícil para o homem moderno afundado na auto-suficiência e no individualismo produzidos pelo avanço técnico-científico da era da secularização. O homem de hoje sente-se embaraçado, duvidoso, receoso até de estar sendo enganado diante do testemunho e da realização de milagres. Apesar de sentir uma imensa dificuldade em crer que os milagres acontecem hoje, o mundo moderno necessita enormemente destes mesmos milagres que tende a considerar “coisa do passado”. Os milagres são tão necessário no mundo de hoje, como foram para a história da salvação da humanidade. Através do dom de milagres, Jesus revela ao mundo que suas promessas são irreversíveis e infalíveis, que são muito mais do que simples palavras. Todo cristão pode orar e pedir a Deus milagres. Todo cristão, pelo poder do Espírito Santo, em nome de Jesus Cristo, é capaz de mover montanhas, pois todo o batizado participa do mesmo poder de Cristo. Se afirmarmos que milagres não acontecem, afirmamos que Jesus é alguém ultrapassado. Jesus é o mesmo de ontem, de hoje e de sempre, está vivo e ressuscitado! Precisamos estar abertos e disponíveis para prolongarmos as obras que Jesus deseja operar hoje. Uma cura só é “milagrosa” quando é um caso insolúvel para a ciência médica. No caso onde o Senhor acelera o processo de cura que se poderia conseguir de outra maneira (tratamentos, repouso), não se considera a cura um milagre. Devemos fazer distinção entre milagre e cura: o primeiro quando se relaciona com uma cura, podemos afirmar que se trata de uma cura que nenhuma ciência médica poderia conseguir, e que Deus realiza; o segundo é no caso onde o Senhor acelera o processo de cura que se poderia conseguir de outra maneira, ou seja, através da medicina, através de uma cirurgia, de medicamentos, de repouso. Muitas vezes esperamos pouca coisa de Deus. Sabemos intelectualmente que Ele pode tudo e que não há limites para o seu poder. Porém não avaliamos experimentalmente o poder do seu amor por nós. E o amor é o motor da ação de Deus em nosso favor. Esperamos que estas páginas possam ajudá-los a refletir melhor sobre este dom e que a sua fé em Jesus Cristo seja sempre aumentada.Nesta viagem do AT ao NT pelo dom de milagres possamos abandonarmos incondicionalmente no amor de Deus. Boa leitura a todos! DOM DE MILAGRES DDM ANTIGO TESTAMENTO No Antigo Testamento encontramos muitos e fantásticos milagres, e todos com a intenção de revelar ao mundo o poder e a glória de Deus atuando para a salvação da humanidade, provando a sua presença viva junto ao seu povo. É o que constatamos ao ler a passagem do mar Vermelho. (Ex.14).

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O DOM DE MILAGRES DDM – ddm

A necessidade do dom de milagres para o mundo atual

Tanto no AT como no NT, lemos uma infinidade de narrativas que contam a realização de milagres ocorridos

na natureza e no próprio homem, todos com o objetivo de salvar e ajudar o homem, através da manifestação da

intervenção de Deus em momentos muito difíceis.

No entanto, podemos cair no engano de aceitar e acreditar nos milagres de outrora, na vida dos santos e no

Evangelho, como algo do passado.

Crer na atualidade dos milagres torna-se muito difícil para o homem moderno afundado na auto-suficiência e no

individualismo produzidos pelo avanço técnico-científico da era da secularização. O homem de hoje sente-se

embaraçado, duvidoso, receoso até de estar sendo enganado diante do testemunho e da realização de milagres.

Apesar de sentir uma imensa dificuldade em crer que os milagres acontecem hoje, o mundo moderno necessita

enormemente destes mesmos milagres que tende a considerar “coisa do passado”. Os milagres são tão

necessário no mundo de hoje, como foram para a história da salvação da humanidade.

Através do dom de milagres, Jesus revela ao mundo que suas promessas são irreversíveis e infalíveis, que são

muito mais do que simples palavras.

Todo cristão pode orar e pedir a Deus milagres. Todo cristão, pelo poder do Espírito Santo, em nome de Jesus

Cristo, é capaz de mover montanhas, pois todo o batizado participa do mesmo poder de Cristo.

Se afirmarmos que milagres não acontecem, afirmamos que Jesus é alguém ultrapassado. Jesus é o mesmo de

ontem, de hoje e de sempre, está vivo e ressuscitado! Precisamos estar abertos e disponíveis para prolongarmos

as obras que Jesus deseja operar hoje.

Uma cura só é “milagrosa” quando é um caso insolúvel para a ciência médica. No caso onde o Senhor acelera o

processo de cura que se poderia conseguir de outra maneira (tratamentos, repouso), não se considera a cura um

milagre.

Devemos fazer distinção entre milagre e cura: o primeiro quando se relaciona com uma cura, podemos afirmar

que se trata de uma cura que nenhuma ciência médica poderia conseguir, e que Deus realiza; o segundo é no

caso onde o Senhor acelera o processo de cura que se poderia conseguir de outra maneira, ou seja, através da

medicina, através de uma cirurgia, de medicamentos, de repouso.

Muitas vezes esperamos pouca coisa de Deus. Sabemos intelectualmente que Ele pode tudo e que não há limites

para o seu poder. Porém não avaliamos experimentalmente o poder do seu amor por nós. E o amor é o motor da

ação de Deus em nosso favor.

Esperamos que estas páginas possam ajudá-los a refletir melhor sobre este dom e que a sua fé em Jesus Cristo

seja sempre aumentada.Nesta viagem do AT ao NT pelo dom de milagres possamos abandonarmos

incondicionalmente no amor de Deus.

Boa leitura a todos!

DOM DE MILAGRES – DDM

ANTIGO TESTAMENTO

No Antigo Testamento encontramos muitos e fantásticos milagres, e todos com a intenção de revelar ao mundo

o poder e a glória de Deus atuando para a salvação da humanidade, provando a sua presença viva junto ao seu

povo.

É o que constatamos ao ler a passagem do mar Vermelho. (Ex.14).

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Ex.(14,21)-DDM – pg.114 21.Moisés estendeu a mão sobre o mar. O Senhor fê-lo recuar com um vento impetuoso vindo do oriente, que soprou toda a noite. E

pôs o mar a seco. As águas dividiram-se

-Os egípcios vinham no encalço dos israelitas, o que simboliza hoje, tudo aquilo que deseja destruir o homem.

O povo e Moisés começaram a orar ao Senhor e este então, através de Moisés, pôs o mar seco, dividindo as

águas, o que proporcionou a passagem do povo a pé enxuto.

Ex.(14,27-31)- DDM- p.115 27.Moisés estendeu a mão sobre o mar, e este, ao romper da manhã, voltou ao seu nível habitual. Os egípcios que fugiam foram de

encontro a ele, e o Senhor derribou os egípcios no meio do mar.

28.As águas voltaram e cobriram os carros, os cavaleiros e todo o exército do faraó que havia descido no mar ao encalço dos

israelitas. Não ficou um sequer.

29.Mas os israelitas tinham andado a pé enxuto no leito do mar, enquanto as águas formavam uma muralha à direita e à esquerda.

30.Foi assim que naquele dia o Senhor livrou Israel da mão dos egípcios. E Israel viu os cadáveres dos egípcios na praia do mar.

31.Viu Israel o grande poder que o Senhor tinha exercido contra os egípcios. Por isso, o povo temeu o Senhor e confiou nele e em seu

servo Moisés.

-Também, através das mãos de Moisés, Deus derrota os egípcios. O que nos mostra que através deste milagre

Deus livra Israel da mão dos inimigos e leva então o povo a um crescimento na vida de louvor e de fé, pois

podiam testemunhar o grande poder que o Senhor tinha exercido contra os egípcios.

Nm.(17,16-26)- DDM – p.194.5 16.O Senhor disse a Moisés:

17.“Fala aos israelitas. Que eles te dêem uma vara por tribo, ou seja, doze varas de todos os príncipes das doze casas patriarcais.

Escreverás o nome de cada um na sua vara;

18.na vara de Levi escreverás o nome de Aarão, porque haverá uma vara por tribo.

19.Depô-las-ás na tenda de reunião, diante do testemunho, no lugar onde me encontro convosco.

20.E eis que a vara de meu eleito florescerá, e desse modo farei cessar diante de mim as murmurações dos filhos de Israel contra vós.”

21.Moisés falou aos israelitas, e todos os príncipes lhe deram a vara, um de cada tribo, ou seja, doze varas pelas doze tribos, entre as

quais também a de Aarão.

22.Moisés as pôs diante do Senhor na tenda do testemunho.

23.Voltando no dia seguinte, entrou no pavilhão, e eis que tinha florescido a vara de Aarão, pela tribo de Levi: tinham aparecido

botões, saído flores e amadurecido amêndoas.

24.Moisés levou todas as varas de diante do Senhor aos israelitas. Eles viram o (prodígio) e receberam cada um a sua vara.

25.O Senhor disse então a Moisés: “Torna a levar a vara de Aarão para diante da tenda do testemunho, e seja ali conservada como um

sinal para todos aqueles que quiserem revoltar-se, e assim possas pôr um termo às murmurações diante de mim, para que não

morram.”

26.Moisés executou a ordem que o Senhor lhe tinha dado.

-Outro milagre onde Deus manifesta o seu poder e o seu amor pelo povo e especialmente pelos seus eleitos é o

texto que narra o episódio da vara de Aarão que floresce. ”Eis que a vara do meu eleito florescerá, e desse

modo farei cessar diante de mim as murmurações dos filhos de Israel contra vós”.

Js.(3,5) - DDM - p.255 5.Josué disse ao povo: Santificai-vos, porque amanhã o Senhor operará no meio de vós coisas maravilhosas.

-Também no tempo de Josué, Deus opera coisas maravilhosas, provando ao povo que estava com Josué, assim

como estivera com Moisés. Deus não abandona o homem quando este necessita de sua graça.

Js.(3,10) – DDM - pg. 255 10.Por isso, prosseguiu ele, sabereis que o Deus vivo está no meio de vós, e que ele expulsará de diante de vós os cananeus, os hiteus,

os heveus, os ferezeus, os gergeseus, os amorreus e os jebuseus.

-Através do dom de Milagres Deus manifesta que é o Deus vivo e expulsa todos os seus inimigos.

Js.(3,14-17) - DDM - p.255 14.O povo dobrou suas tendas e dispôs-se a passar o Jordão, tendo diante de si os sacerdotes que marchavam na frente do povo

levando a arca.

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15.No momento em que os portadores da arca chegaram ao rio e os sacerdotes mergulharam os seus pés na beira do rio - o Jordão

estava transbordante e inundava suas margens durante todo o tempo da ceifa -,

16.as águas que vinham de cima detiveram-se e amontoaram-se em uma grande extensão, até perto de Adom, localidade situada nas

proximidades de Sartã; e as águas que desciam para o mar da planície, o mar Salgado, foram completamente separadas. O povo

atravessou defronte de Jericó.

17.Os sacerdotes, que levavam a arca da aliança do Senhor, conservaram-se de pé sobre o leito seco do Jordão, enquanto que todo o

Israel passava a pé enxuto. E ali permaneceram até que todos passassem para a outra margem

-Todo o povo, os sacerdotes que levavam a arca da aliança do Senhor e Josué atravessaram o rio Jordão a pé

enxuto.

Js.(10.1-15) – DDM - p.262 1.Sabendo Adonisedec, rei de Jerusalém, que Josué se tinha apoderado de Hai e a havia votado ao interdito, que fizera a Hai e ao seu

rei como tinha feito a Jericó e a seu rei, e que os gabaonitas tinham feito paz com Israel e habitavam com ele,

2.teve grande medo. Gabaon era, com efeito, uma grande cidade, uma cidade real, maior que Hai, e toda a sua população muito

guerreira.

3.Adonisedec, rei de Jerusalém, mandou dizer a Oão, rei de Hebron, a Farão, rei de Jerimot, a Jafia, rei de Laquis, e a Dabir, rei de

Eglon:

4.Vinde comigo e ajudai-me a ferir Gabaon, porque fez paz com Josué e os israelitas.

5.Unidos assim os cinco reis dos amorreus, o rei de Jerusalém, o rei de Hebron, o rei de Jerimot, o rei de Laquis e o rei de Eglon,

saíram com todos os seus exércitos e acamparam diante de Gabaon, sitiando-a.

6.Os habitantes de Gabaon enviaram então a seguinte mensagem a Josué, que estava acampado em Gálgala: Não abandones os teus

servos; vem ao nosso encontro sem demora, traze-nos socorro e livra-nos, porque todos os reis dos amorreus da montanha se

coligaram contra nós.

7.Josué subiu de Gálgala com todos os seus guerreiros e todos os seus valentes.

8.O Senhor disse-lhe: Não os temas, porque os entreguei em tuas mãos; nenhum deles te poderá resistir.

9.Josué, tendo passado toda a noite a subir de Gálgala, caiu de repente sobre eles.

10.O Senhor semeou no meio deles o terror diante de Israel, e este infligiu-lhes uma terrível derrota diante de Gabaon, e perseguiu-os

pelo caminho que sobe a Betoron, batendo-os até Azeca e Maceda.

11.Enquanto fugiam diante de Israel, na descida de Betoron, o Senhor mandou sobre eles do céu uma tempestade de granizo até

Azeca; e foram mais numerosos os que morreram sob essa chuva de pedras do que os que pereceram pela espada dos israelitas.

12.Josué falou ao Senhor no dia em que ele entregou os amorreus nas mãos dos filhos de Israel, e disse em presença dos israelitas:

Sol, detém-te sobre Gabaon, e tu, ó lua, sobre o vale de Ajalon.

13.E o sol parou, e a lua não se moveu até que o povo se vingou de seus inimigos. Isto acha-se escrito no Livro do Justo. O sol

parou no meio do céu, e não se apressou a pôr-se pelo espaço de quase um dia inteiro.

14.Não houve, nem antes nem depois, um dia como aquele, em que o Senhor tenha obedecido à voz de um homem, porque o Senhor

combatia por Israel.

15.Depois disso, Josué com toda a sua tropa voltou para o acampamento de Gálgala.

-A vitória de Josué perto de Gabaon: “E o sol parou, a lua não se moveu até que o povo se vingou de seus

inimigos” (10,13). Este milagre manifesta que Deus combatia por seu povo com milagres e prodígios.

Jz.(16,22-31)- DDM - p.295 - Derrubada das pilastras do templo filisteu por Sansão. 22.Entretanto, os seus cabelos recomeçavam a crescer.

23.Ora, os príncipes dos filisteus reuniram-se para oferecer um grande sacrifício a Dagon, seu deus, e celebrar uma festa. Nosso deus,

diziam eles, entregou-nos Sansão nosso inimigo.

24.Também o povo, vendo isso, louvava o seu deus, dizendo: O nosso deus entregou-nos o nosso inimigo, aquele que devastava nossa

terra e matava tantos dos nossos.

25.E estando eles de coração alegre, exclamaram: Mandai vir Sansão para nos divertir! Tiraram-no da prisão, e Sansão teve que

dançar diante deles. Tendo sido colocado entre as colunas,

26.Sansão disse ao jovem que o conduzia pela mão: Deixa que eu toque as colunas que sustêm o templo, e que me apóie a elas.

27.Ora, o templo estava repleto de homens e mulheres, e estavam ali todos os príncipes dos filisteus; havia cerca de três mil pessoas,

homens e mulheres, que do teto olhavam o prisioneiro dançar.

28.Sansão, porém, invocando o Senhor, disse: Senhor Javé, rogo-vos que vos lembreis de mim. Dai-me, ó Deus, ainda esta vez, força

para vingar-me dos filisteus pela perda de meus olhos.

29.Abraçando então as duas colunas centrais sobre as quais repousava todo o edifício, pegou numa com a mão direita e noutra com a

mão esquerda, e gritou:

30.Morra eu com os filisteus! Dizendo isso, sacudiu com todas as suas forças o edifício, que ruiu sobre os príncipes e sobre todo o

povo reunido. Desse modo, matou pela sua própria morte muito mais homens do que os que matara em toda a sua vida.

31.Então desceram a Gaza os seus irmãos e toda a sua família paterna, tomaram-no, e tendo voltado, sepultaram-no no túmulo de seu

pai, entre Sorea e Estaol. Sansão fora juiz em Israel durante vinte anos.

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1Sm.(12,18)- DDM –p.316 18.Samuel pôs-se em oração e o Senhor mandou no mesmo instante trovões e chuva; todo o povo temeu grandemente ao Senhor e a

Samuel.

-Através das mãos de Samuel que invoca o Senhor, Deus realiza o prodígio de fazer trovejar e chover.

1Sm(12,21)-DDM – pg.316 21.Não vos afasteis dele para seguintes coisas vãs, que não salvam nem livram, porque são vãs.

-Deus também utiliza os milagres para fazer seu povo crescer no dom do temor do Senhor e não se afastar mais

dele para seguir coisas vãs, que não salvam, nem livram, porque são vãs

1Rs.(17,1-24) DDM - p.389 - A multiplicação da farinha e do azeite – dom de milagres ( um)

1.Elias, o tesbita, um habitante de Galaad, veio dizer a Acab: Pela vida do Senhor, Deus de Israel, a quem sirvo, não haverá nestes

anos orvalho nem chuva, senão quando eu o disser.

2.Em seguida, a palavra do Senhor foi-lhe dirigida nestes termos:

3.Vai-te daqui; retira-te para as bandas do oriente e vai esconder-te na torrente de Carit, que está defronte do Jordão.

4.Beberás da torrente, e ordenei aos corvos que te alimentem.

5.Elias partiu, pois, segundo a palavra do Senhor, e estabeleceu-se junto à torrente de Carit, defronte do Jordão.

6.Os corvos traziam-lhe pão e carne, pela manhã e pela tarde, e ele bebia a água da torrente.

7.Passado algum tempo, secou-se a torrente, porque não chovia mais na terra.

8.Então o Senhor disse-lhe:

9.Vai para Sarepta de Sidon e fixa-te ali: ordenei a uma viúva desse lugar que te sustente.

10.Elias pôs-se a caminho para Sarepta. Chegando à porta da cidade, viu uma viúva que ajuntava lenha. Chamou-a e disse-lhe: Por

favor, vai buscar-me um pouco de água numa vasilha para que eu beba.

11.E indo ela buscar-lhe a água, gritou-lhe Elias: Traze-me também um pedaço de pão.

12.Pela vida de Deus, respondeu a mulher, não tenho pão cozido: só tenho um punhado de farinha na panela e um pouco de óleo na

ânfora; estava justamente apanhando dois pedaços de lenha para preparar esse resto para mim e meu filho, a fim de o comermos, e

depois morrermos.

13.Elias replicou: Não temas; volta e faze como disseste; mas prepara-me antes com isso um pãozinho, e traze-mo; depois prepararás

o resto para ti e teu filho.

14.Porque eis o que diz o Senhor, Deus de Israel: a farinha que está na panela não se acabará, e a ânfora de azeite não se

esvaziará, até o dia em que o Senhor fizer chover sobre a face da terra.

15.A mulher foi e fez o que disse Elias. Durante muito tempo ela teve o que comer, e a sua casa, e Elias.

16.A farinha não se acabou na panela nem se esgotou o óleo da ânfora, como o Senhor o tinha dito pela boca de Elias.

-No livro dos Reis encontramos diversas manifestações miraculosas do poder e do amor de

Deus em favor de Elias e de seu povo. Percebemos que neste texto encontramos dois milagres:

1RSs.(17,17-24) – DDM – p.389 - A cura do menino – dom de milagre (dois)

17.Algum tempo depois, o filho desta mulher, dona da casa, adoeceu, e seu mal era tão grave que já não respirava.

18.A mulher disse a Elias: Que há entre nós dois, homem de Deus? Vieste, pois, à minha casa para lembrar-me os meus pecados e

matar o meu filho?

19.Dá-me o teu filho, respondeu-lhe Elias. Ele tomou-o dos braços de sua mãe e levou-o ao quarto de cima onde dormia e deitou-o em

seu leito.

20.Em seguida, orou ao Senhor, dizendo: Senhor, meu Deus, até a uma viúva, que me hospeda, quereis afligir, matando-lhe o filho?

21.Estendeu-se em seguida sobre o menino por três vezes, invocando de novo o Senhor: Senhor, meu Deus, rogo-vos que a alma deste

menino volte a ele.

22.O Senhor ouviu a oração de Elias: a alma do menino voltou a ele, e ele recuperou a vida.

23.Elias tomou o menino, desceu do quarto superior ao interior da casa e entregou-o à mãe, dizendo: Vê: teu filho vive.

24.A mulher exclamou: Agora vejo que és um homem de Deus e que a palavra de Deus está verdadeiramente em teus lábios.

Comentário feito por :

Santo Ambrósio (cc 340-397), bispo de Milão e doutor da Igreja

Sobre o Evangelho de S. Lucas, V, 89 (trad. cf SC 45, p. 214)

As lágrimas de uma mãe

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A misericórdia divina deixa-se facilmente vergar pelos gemidos desta mãe. Ela é viúva; os sofrimentos ou a

morte do seu único filho quebraram-na. Creio que esta viúva, rodeada da multidão do povo, é mais do que uma

simples mulher que merece pelas suas lágrimas a ressurreição de um filho, jovem e único. Ela é a própria

imagem da Santa Igreja que, com as suas lágrimas, no meio do cortejo fúnebre e até junto do túmulo, obtém

que seja devolvido à vida o jovem povo deste mundo. Porque à palavra de Deus os mortos ressuscitam,

reencontram a voz e a mãe recupera o seu filho; ele foi chamado do túmulo, foi arrancado ao sepulcro. Que

túmulo é este para vós, senão o vosso mau comportamento? O vosso túmulo é a falta de fé. Desse sepulcro,

Cristo vos liberta; saireis do túmulo se escutardes a Palavra de Deus. E, se o vosso pecado for demasiado grave

para que o possam lavar as lágrimas da vossa penitência, que intervenham por vós as lágrimas da vossa mãe

Igreja. Ela intercede por cada um dos seus filhos, como por outros tantos filhos únicos. Com efeito, ela é plena

de compaixão e experimenta uma dor espiritual e materna sempre que vê os seus filhos arrastados para a morte

pelo pecado

(1Rs.17,1.3-4. 8-9.14) – DDPPEx(dom da palavra de profecia- exortação) - Encontramos profecias 1.Elias, o tesbita, um habitante de Galaad, veio dizer a Acab: Pela vida do Senhor, Deus de Israel, a quem sirvo, não haverá nestes

anos orvalho nem chuva, senão quando eu o disser.

2.Em seguida, a palavra do Senhor foi-lhe dirigida nestes termos:

3.Vai-te daqui; retira-te para as bandas do oriente e vai esconder-te na torrente de Carit, que está defronte do Jordão.

4.Beberás da torrente, e ordenei aos corvos que te alimentem.

8.Então o Senhor disse-lhe:

9.Vai para Sarepta de Sidon e fixa-te ali: ordenei a uma viúva desse lugar que te sustente.

14.Porque eis o que diz o Senhor, Deus de Israel: a farinha que está na panela não se acabará, e a ânfora de azeite não se esvaziará, até

o dia em que o Senhor fizer chover sobre a face da terra.

(1Rs.17,20-24) - Encontramos Intercessão

20.Em seguida, orou ao Senhor, dizendo: Senhor, meu Deus, até a uma viúva, que me hospeda, quereis afligir, matando-lhe o filho?

21.Estendeu-se em seguida sobre o menino por três vezes, invocando de novo o Senhor: Senhor, meu Deus, rogo-vos que a alma deste

menino volte a ele.

22.O Senhor ouviu a oração de Elias: a alma do menino voltou a ele, e ele recuperou a vida.

23.Elias tomou o menino, desceu do quarto superior ao interior da casa e entregou-o à mãe, dizendo: Vê: teu filho vive.

24.A mulher exclamou: Agora vejo que és um homem de Deus e que a palavra de Deus está verdadeiramente em teus lábios.

(1Rs.17,19) - Encontramos DDFV – dom da fé virtude

- Deus promete a Elias que não faltaria a ele o seu sustento e cumpre através do milagre da multiplicação da

farinha e do azeite o que havia prometido anteriormente.

(1Rs.17,16)- DDM – primeiro milagre 16.A farinha não se acabou na panela nem se esgotou o óleo da ânfora, como o Senhor o tinha dito pela boca de Elias.

-Logo depois deste acontecimento, o filho desta mesma viúva que acolhe Elias em sua casa adoece de um mal

muito grave.

(1Rs.17,17) – p.389 17.Algum tempo depois, o filho desta mulher, dona da casa, adoeceu, e seu mal era tão grave que já não respirava - Diante deste quadro, Elias suplica ao Senhor a ressurreição do menino e o Senhor devolve-lhe a vida.

(1Rs.17,22) – DDM – segundo milagre 22.O Senhor ouviu a oração de Elias: a alma do menino voltou a ele, e ele recuperou a vida.

- Isto aconteceu através do dom de milagres que o Senhor havia concedido a Elias para que compreendessem

que ele era “um homem de Deus e que a palavra de Deus estava verdadeiramente nos seus lábios”. (1Rs.17,24)

.2Rs.(2,19-22) –DDM - p.399 19.Os habitantes da cidade disseram a Eliseu: A cidade está muito bem situada, como o pode ver o meu senhor, mas as águas são más

e tornam a terra estéril.

20.Eliseu disse-lhes: Trazei-me um prato novo, e ponde nele sal. Eles lho trouxeram.

21.Eliseu foi à fonte e deitou sal nela, dizendo: Eis o que diz o Senhor: Sanei estas águas, e elas não causarão mais nem morte, nem

esterilidade.

22.Ficaram as águas sadias e ainda o são, segundo a palavra que o Senhor tinha dito por Eliseu.

-Eliseu, através de quem Deus torna sadias as águas da fonte de Jericó, colocando nelas sal

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2Rs.(4,1-7) –DDM - p.400 - A multiplicação do óleo da ânfora e a dívida de uma viúva. 1.A mulher de um dos filhos dos profetas clamou a Eliseu, dizendo: Meu marido, teu servo, morreu, e sabes que ele temia o Senhor.

Ora, eis que veio o credor tomar os meus dois filhos para fazê-los seus escravos.

2.Eliseu disse-lhe: Que posso eu fazer por ti? Dize-me: que tens em tua casa? Ela respondeu: Tua serva só tem em sua casa uma

garrafa de óleo.

3.Vai, replicou Eliseu, pede emprestadas às tuas vizinhas ânforas vazias em grande quantidade.

4.Depois entra, fecha a porta atrás de ti e de teus filhos, e enche com o óleo estas ânforas, pondo-as de lado à medida que estiverem

cheias!

5.Partiu a mulher e fechou a porta atrás de si e de seus filhos. Estes traziam-lhe as ânforas e ela as enchia.

6.Tendo enchido as ânforas, disse ela ao seu filho: Dá-me mais uma ânfora. Não há mais, respondeu ele. E o óleo cessou de correr.

7.A mulher foi e contou tudo ao homem de Deus. Este disse-lhe: Vai e vende esse óleo para pagar a tua dívida. Depois disso, tu e teus

filhos vivereis do resto.

2Rs.(4,17.33-37) – DDM - pg.401.2 17.E a mulher concebeu. No ano seguinte, à mesma época, como tinha predito Eliseu, ela deu à luz um filho.

33.Entrou, fechou a porta atrás de si e do morto, e orou ao Senhor.

34.Depois, subiu à cama, deitou-se em cima do menino, colocou seus olhos sobre os olhos dele, suas mãos sobre as mãos dele, e

enquanto estava assim estendido, o corpo do menino aqueceu-se.

35.Eliseu levantou-se, deu algumas voltas pelo quarto, tornou a subir e estendeu-se sobre o menino; este espirrou sete vezes e abriu os

olhos.

36.Eliseu chamou Giezi e disse-lhe: Chama a sunamita; o que ele fez. Ela entrou e Eliseu disse-lhe: Toma o teu filho.

37.Então ela veio e lançou-se aos pés de Eliseu, prostrando-se por terra. Em seguida tomou o filho e saiu.

-A cura da sunamita da esterilidade e ela concebe um filho, que mais tarde morre e ressuscita pela oração de

Eliseu.

2Rs.(4,42-44) – DDM - pg.402 42.Veio um homem de Baalsalisa, que trazia ao homem de Deus, à guisa de primícias, vinte pães de cevada e trigo novo no seu saco.

Dá-os a esses homens, disse Eliseu, para que comam.

43.Seu servo respondeu: Como poderei dar de comer a cem pessoas com isto? Dá-os a esses homens, repetiu Eliseu, para que comam.

Eis o que diz o Senhor: Comerão e ainda sobrará.

44.E deu-os ao povo. Comeram e ainda sobrou, como o Senhor tinha dito.

-Através de Eliseu, Deus faz ainda a multiplicação dos pães de cevada.

2Rs.(5,15)- DDM - p.402 15.Voltando então para o homem de Deus, com toda a sua comitiva, entrou, apresentou-se diante dele e disse: Reconheço que não há

outro Deus em toda a terra, senão o de Israel. Aceita este presente do teu servo.

-Os milagres sinais divinos para todos os cristãos, porém Deus quer atrair e salvar a todos, inclusive os pagãos,

e utiliza o dom de Milagres para realizar esta conquista.

- Naamã, general do exército do rei da Síria que padecia de lepra, ao ser curado através do dom de Milagres

“reconheceu que não há outro Deus em toda a terra, senão o Deus de Israel”.

2Rs(6,1-7)- DDM – p.403 – O milagre do machado. 1.Os filhos dos profetas disseram a Eliseu: Vê: o lugar em que moramos contigo tornou-se estreito demais para nós. 2.Vamos até o Jordão, tomemos dali cada um de nós uma viga, e construamos ali uma sala em que habitemos. Ide, respondeu-lhes ele.

3.Mas vem também tu com os teus servos, ajuntou um deles. Eu irei, disse ele.

4.E partiu com eles. Chegados ao Jordão, puseram-se a cortar madeira.

5.Ora, estando um deles a cortar uma árvore, eis que o seu machado caiu na água. Ah, meu senhor!, exclamou ele. Porque o machado

era emprestado.

6.Onde caiu ele?, perguntou o homem de Deus. Ele mostrou-lhe o lugar. Eliseu cortou um pedaço de madeira, jogou-o na água, e o

machado veio à tona.

7.Tira-o, disse ele. O homem estendeu a mão e tomou-o.

-Todos os que presenciavam estes milagres o reconheciam como homem de Deus, através de quem Deus os

salvava, vinha em socorro aos seus problemas e tribulações.

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“Estes e outros milagres atestavam a divindade do Deus da Aliança sua predileção por eu povo escolhido, sua

assistência divina, seu poder glorioso. Eram sinais e prodígios que confirmavam a fé do povo no único Deus

verdadeiro”.

NOVO TESTAMENTO

Mt.(4,23-25) –DDM - p.1288 23.Jesus percorria toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino, curando todas as doenças e

enfermidades entre o povo.

24.Sua fama espalhou-se por toda a Síria: traziam-lhe os doentes e os enfermos, os possessos, os lunáticos, os paralíticos. E ele curava

a todos.

25.Grandes multidões acompanharam-no da Galiléia, da Decápole, de Jerusalém ,da Judéia e dos países do outro lado do Jordão.

-As manifestações de milagres não ocorreram só no Antigo Testamento, elas se prolongaram através de Jesus e

dos Apóstolos que usaram amplamente o dom de milagres.Ainda hoje,Deus tem manifestado no meio do seu

povo os seus sinais e prodígios.

-No Novo Testamento o objetivo central dos milagres é fazer que os homens abram seus olhos sobre o mistério

de Cristo.

Mt.8,23-27 – DDM - p.1292.3 23.Subiu ele a uma barca com seus discípulos.

24.De repente, desencadeou-se sobre o mar uma tempestade tão grande, que as ondas cobriam a barca. Ele, no entanto, dormia.

25.Os discípulos achegaram-se a ele e o acordaram, dizendo: Senhor, salva-nos, nós perecemos!

26.E Jesus perguntou: Por que este medo, gente de pouca fé? Então, levantando-se, deu ordens aos ventos e ao mar, e fez-se uma

grande calmaria.

27.Admirados, diziam: Quem é este homem a quem até os ventos e o mar obedecem?

Comentário feito por:

Beato Charles de Foucauld (1858-1916), eremita e missionário no Saara

Meditação «Oito dias em Efrém», a tempestade acalmada

«Porque temeis?»

Meus filhos, seja o que for que vos aconteça, lembrai-vos de que Eu estou sempre convosco. Lembrai-vos de

que, visível ou invisível, parecendo agir ou parecendo dormir e esquecer-vos, Eu velo sempre, estou em toda a

parte e sou onipotente. Nunca tenhais medo, nem preocupações: Eu estou presente, Eu velo, Eu amo-vos. Eu

sou todo-poderoso. Que mais quereis. Lembrai-vos das tempestades que acalmei com uma palavra,

transformando-as numa grande calmaria. Lembrai-vos da maneira como sustive Pedro quando caminhava sobre

as águas (cf. Mt.14,28SS). Estou sempre tão perto de cada homem como estou agora de vós. Tende confiança,

fé, coragem; não vos inquieteis com o vosso corpo nem com a vossa alma (cf. Mt. 6,25), uma vez que Eu estou

presente, sou onipotente e vos amo.Mas que a vossa confiança não nasça da negligência, da ignorância dos

perigos, nem da confiança em vós mesmos ou noutras criaturas.Os perigos que correis são iminentes: os

demônios, inimigos fortes e manhosos, a vossa natureza, o mundo, fazem-vos continuamente uma oposição

encarniçada. Nesta vida, a tempestade é quase contínua e a vossa barca está sempre prestes a soçobrar. Mas Eu

estou presente e comigo ela é insubmersível. Desconfiai de tudo e, sobretudo de vós mesmos, mas tende em

Mim uma confiança total, capaz de banir toda a inquietação.

Mt.(9,26.33.36) –DDM - p.1294 26.Esta notícia espalhou-se por toda a região.

- A notícia destes sinais se espalhou por toda a região

33.O demônio foi expulso, o mudo falou e a multidão exclamava com admiração: Jamais se viu algo semelhante em Israel.

36.Vendo a multidão,ficou tomado de compaixão, porque estavam enfraquecidos e abatidos como ovelhas sem pastor.

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-Jesus se compadece do povo que sofre, que está enfraquecido, abatido como ovelha sem pastor e opera

milagres. Muitos creram n´Ele porque viam seus milagres e ouviam sua palavra cheia de sabedoria e

autoridade.

-Jesus curou instantaneamente leprosos, paralíticos, deficientes físicos, surdos, mudos, cegos, epilépticos.

Ressuscitou mortos, andou sobre as águas, encheu redes de peixes, acalmou tempestades, multiplicou pães,

expulsou demônios.

Mt.(9,18-26)- DDM – pg.1294 18.Falava ele ainda, quando se apresentou um chefe da sinagoga. Prostrou-se diante dele e lhe disse: Senhor, minha filha acaba de

morrer. Mas vem, impõe-lhe as mãos e ela viverá.

19.Jesus levantou-se e o foi seguindo com seus discípulos.

20.Ora, uma mulher atormentada por um fluxo de sangue, havia doze anos, aproximou-se dele por trás e tocou-lhe a orla do manto.

21.Dizia consigo: Se eu somente tocar na sua vestimenta, serei curada.

22.Jesus virou-se, viu-a e disse-lhe: Tem confiança, minha filha, tua fé te salvou. E a mulher ficou curada instantaneamente.

23.Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus os tocadores de flauta e uma multidão alvoroçada. Disse-lhes:

24.Retirai-vos, porque a menina não está morta; ela dorme. Eles, porém, zombavam dele.

25.Tendo saído a multidão, ele entrou, tomou a menina pela mão e ela levantou-se.

26.Esta notícia espalhou-se por toda a região.

- Desde o Antigo Testamento se profetizava sobre aquele que libertaria o povo da escravidão, o Salvador, O

Servo de Javé que iria restaurar Israel, aquele que iria levar às nações a verdadeira religião, que iria destruir os

inimigos de Israel, que iria renovar Jerusalém, apagar as iniqüidades, curar as feridas, carregar as enfermidades

do povo sobre si mesmo, oferecer a salvação gratuitamente a todos os povos, consolar os aflitos, destruir todos

os ídolos, resgatar a dignidade humana.

Comentário feito por:

S. Clemente de Roma, papa de 90 a 100 aproximadamente

Carta aos Coríntios, § 24-29

“A menina não está morta: ela dorme” – (v.24)

Reparemos, meus bem-amados, como o Senhor não cessa de nos mostrar a ressurreição futura da qual ele nos

deu as primícias ressuscitando dos mortos o senhor Jesus Cristo. Consideremos, bem-amados as ressurreições

que se cumprem periodicamente. O dia e a noite fazem-nos ver uma ressurreição. A noite deita-se, o dia

levanta-se; o dia desaparece, a noite surge. Olhemos os frutos: como se fazem as sementeiras, o que é que se

passa? O semeador sai, deita na terra as diferentes sementes. Estas caem, secas e nuas, sobre a terra e

desagregam-se. Depois, a partir desta decomposição, a magnífica providência do Mestre as faz reviver e um só

grão multiplica-se e dá fruto… Acharemos estranho e extraordinário que o criador do universo faça reviver

aqueles que o serviram fielmente e com a confiança de uma fé perfeita?...É nesta esperança que os nossos

corações se agarram àquele que é fiel às suas promessas e justo nos seus juízos. Ele, que ordenou que não se

mentisse, com mais forte razão não mente ele próprio. Nada é impossível a Deus, exceto mentir. Reavivemos a

nossa fé nele e consideremos que tudo está ao seu alcance.Com uma palavra do seu poder total, formou o

universo, e com uma palavra ele pode aniquilá-lo… Ele faz tudo quando e como quer. Nada se afastará jamais

daquilo que ele decidiu. Tudo está presente em frente dele e nada escapa à sua providência.

Comentário feito por:

S. Cirilo de Alexandria (380-444), bispo, doutor da Igreja

Comentário ao evangelho de João, 4; pg 73, 560

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«Ele entrou e pegou na mão da menina»

Assim que Cristo entrou em nós pela sua própria carne, nós revivemos inteiramente; é inconcebível, ou mais

ainda, impossível, que a vida não faça viver aqueles nos quais ela se introduziu. Como se cobre um tição

ardente com um montão de palha para guardar intacto o germe do fogo, assim nosso Senhor Jesus Cristo

esconde a vida em nós pela sua própria carne e coloca aí como uma semente de imortalidade que afasta toda a

corrupção que trazemos em nós.Não é apenas pela sua palavra que ele realiza a ressurreição dos mortos. Para

mostrar que o seu corpo dá a vida, como tínhamos dito, ele toca os cadáveres e pelo seu corpo dá a vida a esses

corpos já em vias de desintegração. Se o simples contacto da sua carne sagrada restitui a vida a esses mortos,

que beneficio não encontraremos na sua eucaristia vivificante quando a recebemos!... Não será suficiente que

apenas a nossa alma seja regenerada pelo Espírito para uma vida nova. O nosso corpo denso e terrestre também

deve ser santificado pela sua participação num corpo também denso e da mesma origem que o nosso e deve ser

chamado também à incorruptibilidade

Comentário feito por:

Santo Atanásio (295-373), Bispo de Alexandria, Doutor da Igreja

Sobre a Encarnação do Verbo, 8-9 (a partir da trad. breviário; cf SC 190, pp. 288ss.)

«Jesus entrou, tomou a mão da menina e ela ergueu-se»

O Verbo, a Palavra de Deus, incorpórea, incorruptível e imaterial, veio habitar no meio de nós, ainda que antes

não tivesse estado ausente. Com efeito, não deixara parte alguma da criação privada da Sua presença, pois Ele

estava em todas as coisas e em toda a parte, Ele que mora junto do Pai. Mas tornou-Se presente humilhando-Se

por causa do Seu amor por nós, e a nós Se manifestou. Teve piedade da nossa espécie, teve compaixão da nossa

fragilidade, condescendeu para com a nossa perecível condição. Não aceitou que a morte nos dominasse; não

quis ver perecer o que tinha iniciado, nem que se malograsse a obra de Seu Pai ao criar o homem. Tomou

portanto um corpo, e um corpo que não era diferente do nosso. Porque Ele não queria somente habitar um corpo

nem somente manifestar-Se. Se tivesse apenas querido manifestar-Se, teria podido realizar essa teofania com

outro e maior poder. Mas não: foi de fato um corpo igual ao nosso que Ele tomou.

O Verbo tomou um corpo capaz de morrer para que esse corpo, ao participar do Verbo que está acima de tudo,

se tornasse imperecível pelo poder do Verbo que nEle existe, e para libertar da degradação definitiva todos os

homens, pela graça da ressurreição. O Verbo ofereceu à morte o corpo que tinha tomado, como sacrifício e

vítima isenta de toda a mácula; e logo aniquilou a morte, dela libertando todos os homens Seus semelhantes,

pela oferenda desse corpo que se lhes assemelha.O Verbo de Deus, a todos superior, que oferecia o Seu próprio

templo, o Seu corpo, em expiação de todos, pagou a nossa dívida com a Sua morte, cumprindo a justiça de Seu

Pai. Unido a todos os homens por um corpo semelhante, o Filho incorruptível de Deus a todos reveste de

incorruptibilidade, com a promessa da ressurreição. A própria corrupção, implicada na morte, já não tem poder

algum sobre os homens, por causa do Verbo que entre eles habita num único e mesmo corpo.

Comentário feito por:

São Francisco de Assis (1182-1226), fundador dos Frades Menores

Carta a toda a ordem (a partir da trad. Debonnets et Vorreux, Documents, 1968, p. 124)

«Se eu, ao menos, tocar nas suas vestes, ficarei curada»

Escutai, meus irmãos. Se a Bem aventurada Virgem Maria é digna de louvor - e é-o com justiça - porque trouxe

a Cristo no seu seio bendito, se o bem-aventurado João Baptista estremeceu, não ousando sequer tocar na

cabeça sagrada do seu Deus, se o túmulo em que o corpo de Cristo foi encerrado durante algum tempo está

rodeado de veneração, quão santo, justo e digno há de ser aquele que toca a Cristo com as mãos, O recebe na

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boca e no coração e O dá aos outros em alimento, este Cristo que deixou de ser mortal, mas que é eternamente

vencedor e glorioso, que é Aquele que os anjos desejam contemplar.

Reparai na vossa dignidade, irmãos sacerdotes, e sede santos porque Ele é santo (1P 1, 16) Grande miséria e

miserável fraqueza se, tendo-O assim presente nas mãos, vos entreteis com qualquer outra coisa!Que todo o

homem tema, que o mundo inteiro trema, que o céu exulte quando Cristo, o Filho de Deus vivo, Se encontra

sobre o altar, entre as mãos do sacerdote. Que grandeza admirável, que bondade extraordinária! Que humildade

sublime! O Senhor do universo, Deus e Filho de Deus, humilha-Se pela nossa salvação, a ponto de Se ocultar

numa pequena hóstia de pão. Vede, irmãos a humildade de Deus; prestai-Lhe homenagem no vosso coração.

Sede humildes, vós também para serdes por Ele exaltados. Nada guardeis para vós, a fim de que Aquele que a

vós Se entrega por inteiro vos receba por inteiro.

Mt.(9,36-10,8)- DDM – p.1294/5-Escolha dos Apóstolos.Recebem instruções. 37.Disse, então, aos seus discípulos: A messe é grande, mas os operários são poucos.

38.Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários para sua messe.

10. 1.Jesus reuniu seus doze discípulos. Conferiu-lhes o poder de expulsar os espíritos imundos e de curar todo mal e toda enfermidade.

2.Eis os nomes dos doze apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André, seu irmão. Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu

irmão.

3.Filipe e Bartolomeu. Tomé e Mateus, o publicano. Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu.

4.Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor.

5.Estes são os Doze que Jesus enviou em missão, após lhes ter dado as seguintes instruções: Não ireis ao meio dos gentios nem

entrareis em Samaria;

6.ide antes às ovelhas que se perderam da casa de Israel.

7.Por onde andardes, anunciai que o Reino dos céus está próximo.

8.Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça dai!

Comentário feito por:

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja

Sermões sobre São João, nº 15

«A messe é grande» . (v.38)

Cristo estava cheio de ardor pela Sua obra e dispunha-Se a enviar trabalhadores [...]. Vai, portanto, enviar

ceifeiros. «Nisto, porém, é verdadeiro o ditado: 'um é o que semeia e outro o que ceifa'. Porque Eu vos enviei a

ceifar o que não trabalhastes; outros se cansaram de trabalhar, e vós ficastes com o proveito da sua fadiga». (Jo

4,37-38). Como? Terá enviado ceifeiros sem, primeiro, ter enviado semeadores? Para onde enviou os ceifeiros?

Para onde os outros já tinham trabalhado. Para onde os profetas já tinham pregado, porque eles próprios eram

os semeadores. Quem são os que assim trabalharam? Abraão, Isaac, Jacob. Lede a narrativa dos seus trabalhos:

em todos encontramos uma profecia de Cristo; foram eles, portanto, os semeadores. E quanto a Moisés, aos

outros patriarcas, e a todos os profetas, o que não terão eles suportado ao frio, ao tempo em que semeavam? Por

conseguinte, na Judéia a messe já estava pronta. E compreende-se que a messe estivesse madura nessa hora em

que tantos milhares de homens traziam o produto da venda dos seus bens, o depunham aos pés dos Apóstolos

(At.4,35) e, tirando dos ombros os fardos deste mundo (Sl 81,7), seguiam a Cristo Senhor. A messe tinha,

verdadeiramente, chegada à maturidade. Que resultou daqui? Desta messe retiraram-se alguns grãos, que

fizeram sementeira por todo o universo. E eis que cresce uma outra messe, destinada a ser ceifada no fim dos

séculos. Para essa colheita não serão enviados apóstolos, mas anjos.

Comentário feito por:

Concílio Vaticano II

Constituição dogmática sobre a Igreja, «Lumen Gentium», 3-5

"Proclamai que o Reino dos céus está próximo" – (v.7)

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Cristo, a fim de cumprir a vontade do Pai, deu começo na terra ao Reino dos Céus e revelou-nos o seu mistério,

realizando, com a própria obediência, a redenção. A Igreja, ou seja, o Reino de Cristo já presente em mistério,

cresce visivelmente no mundo pelo poder de Deus. Tal começo e crescimento exprimem-nos o sangue e a água

que manaram do lado aberto de Jesus crucificado (cfr. Jo.19,34), e preanunciam-nos as palavras do Senhor

acerca da Sua morte na cruz: «Quando Eu for elevado acima da terra, atrairei todos a mim» (Jo.12,32ss.)...

O mistério da santa Igreja manifesta-se na sua fundação. O Senhor Jesus deu início à Sua Igreja pregando a boa

nova do advento do Reino de Deus prometido desde há séculos nas Escrituras: «cumpriu-se o tempo, o Reino

de Deus está próximo» (Mc.1,15; cfr. Mt.4,17). Este Reino manifesta-se na palavra, nas obras e na presença de

Cristo. A palavra do Senhor compara-se à semente lançada ao campo (Mc.4,14): aqueles que a ouvem com fé e

entram a fazer parte do pequeno rebanho de Cristo (Lc.12,32), já receberam o Reino; depois, por força própria,

a semente germina e cresce até ao tempo da messe (cfr. Mc.4,26-29). Também os milagres de Jesus comprovam

que já chegou à terra o Reino: «Se lanço fora os demônios com o poder de Deus, é que chegou a vós o Reino de

Deus» (Lc.11,20; cfr. Mt. 12,28). Mas este Reino manifesta-se sobretudo na própria pessoa de Cristo, Filho de

Deus e Filho do homem, que veio «para servir e dar a sua vida em redenção por muitos» (Mt. 10,45).

E quando Jesus, tendo sofrido pelos homens a morte da cruz, ressuscitou, apareceu como Senhor e Cristo e

sacerdote eterno (cfr. At. 2,36; Hb.5,6; 7, 17-21) e derramou sobre os discípulos o Espírito prometido pelo Pai

(cfr. At.2,33). Pelo que a Igreja, enriquecida com os dons do seu fundador e guardando fielmente os seus

preceitos de caridade, de humildade e de abnegação, recebe a missão de anunciar e instaurar o Reino de Cristo e

de Deus em todos os povos e constitui o germe e o princípio deste mesmo Reino na terra. Enquanto vai

crescendo, suspira pela consumação do Reino e espera e deseja juntar-se ao seu Rei na glória.

Comentário feito por:

Santo Ambrósio (c. 340-397), Bispo de Milão e Doutor da Igreja

Comentário sobre o Evangelho de Lucas 5, 44-45 (trad. cf. SC 45, p. 199)

«E Judas Iscariotes, que O traiu». (v.4)

«Cristo chamou os Seus discípulos e escolheu doze», para enviá-los por todo o mundo, como semeadores da fé,

a propagar a salvação dos homens. Reparai bem neste plano divino: não foram sábios, nem homens ricos, nem

nobres, mas pecadores e publicanos os que Ele escolheu enviar, não fossem dar a impressão de que tinham sido

movidos pelas suas capacidades, escolhidos pelas suas riquezas, chamados devido ao seu prestígio, ao seu

poder ou à sua notoriedade. Procedeu assim para que a vitória tivesse origem no fundamento da verdade, e não

no prestígio do discurso.

Também Judas foi escolhido, não por insensatez, mas com conhecimento de causa. Que grandeza a desta

verdade, que nem um servo inimigo é capaz de enfraquecer! E que grandeza de caráter a do Senhor, que prefere

comprometer, aos nossos olhos, a Sua capacidade de ajuizar, a pôr em causa a Sua capacidade de amar! Ele

tomou sobre Si a fraqueza humana, e nem deste aspecto da mesma fraqueza se esqueceu! Quis o abandono, quis

a traição, quis ser entregue pelo Seu apóstolo, para que também tu, abandonado por um companheiro,

atraiçoado por um companheiro, aceites tranquilamente esse erro de avaliação, essa dilapidação da tua bondade.

Comentário feito por:

Jean Paul II

Oração pelas vocações, 35º dia mundial das vocações, 3 maio 1998

"A esses doze, Jesus enviou-os em missão" – (v.5)

Espírito de Amor eterno,

que procedes do Pai e do Filho,

nós te agradecemos por todas as vocações

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de apóstolos e de santos que fecundaram a Igreja.

Nós te suplicamos: continua ainda essa tua obra!

Recorda-te de quando, no dia de Pentecostes,

desceste sobre os Apóstolos reunidos em oração

com Maria, a mãe de Jesus,

e olha para a tua Igreja que hoje

tem uma necessidade especial de sacerdotes santos,

de testemunhas fiéis e legítimas da tua graça;

ela precisa de consagrados e consagradas

que revelem a alegria de quem vive só para o Pai,

de quem faz sua a missão e a oferta de Cristo,

de quem, com a caridade, constrói o mundo novo.

Espírito Santo, Fonte perene de alegria e de paz,

és Tu que abres ao divino chamado o coração e a mente;

és Tu que tornas eficaz todo impulso

para o bem, a verdade, a caridade.

Do coração da Igreja que sofre e luta pelo Evangelho,

sobem ao Pai os teus 'gemidos inexprimíveis'.

Abre os corações e as mentes dos jovens e das jovens,

para que uma nova florescência de santas vocações

revele a fidelidade do teu amor,

e todos possam conhecer Cristo,

luz verdadeira vinda a este mundo

para oferecer a cada ser humano

Comentário feito por:

Concílio Vaticano II

Constituição Dogmática sobre a Igreja, « Lumen Gentium », 20

"Jesus enviou estes doze em missão"

A missão divina confiada por Cristo aos Apóstolos durará até ao fim dos tempos (cf.Mt. 28,20), uma vez que o

Evangelho que eles devem anunciar é em todo o tempo o princípio de toda a vida na Igreja.Pelo que os

Apóstolos trataram de estabelecer sucessores, nesta sociedade hierarquicamente constituída. Assim, não só

tiveram vários auxiliares no ministério (At.6,2-6;11,30), mas, para que a missão que lhes fora entregue se

continuasse após a sua morte, confiaram a seus imediatos colaboradores, como em testamento, o encargo de

completarem e confirmarem a obra começada por eles, recomendando-lhes que velassem por todo o rebanho,

sobre o qual o Espírito Santo os restabelecera para apascentarem a Igreja de Deus (cfr. At. 20,28).

Estabeleceram assim homens com esta finalidade e ordenaram também que após a sua morte fosse o seu

ministério assumido por outros homens experimentados. Entre os vários ministérios que na Igreja se exercem

desde os primeiros tempos, consta da tradição que o principal é o daqueles que, constituídos no episcopado em

sucessão ininterrupta são transmissores do múnus apostólico. E assim, como testemunha santo Irineu, a tradição

apostólica é manifestada em todo o mundo e guardada por aqueles que pelos Apóstolos foram constituídos

Bispos e seus sucessores.

Portanto, os Bispos receberam com os seus colaboradores os presbíteros e diáconos, o encargo da comunidade,

presidindo em lugar de Deus ao rebanho de que são pastores como mestres da doutrina, sacerdotes do culto

sagrado, ministros do governo. E assim como permanece o múnus confiado pelo Senhor singularmente a Pedro,

primeiro entre os Apóstolos, e que se devia transmitir aos seus sucessores, do mesmo modo permanece o múnus

dos Apóstolos de apascentar a Igreja, o qual deve ser exercido perpetuamente pela sagrada Ordem dos Bispos.

Ensina, por isso, o sagrado Concílio que, por instituição divina, os Bispos sucedem aos Apóstolos, como

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pastores da Igreja; quem os ouve, ouve a Cristo; quem os despreza, despreza a Cristo e Aquele que enviou

Cristo (cf. Lc.10,16).

Comentário feito por:

Isaac de l'Étoile (?-c. 1171), monge cistercense

Sermão 35 (a partir da trad. SC 202, p.259)

Enviado às ovelhas perdidas

Cristo veio buscar a única ovelha que se tinha perdido (Mt.18,12). Foi por ela que o Bom Pastor foi enviado no

tempo, Ele que estava prometido desde sempre; foi por ela que nasceu e foi dado. Ela é única, escolhida entre

os judeus e as nações, escolhida entre todas as nações, única no mistério, múltipla nas pessoas, múltipla pelo

corpo segundo a natureza, única pelo espírito segundo a graça, em suma, uma única ovelha e uma multidão sem

conta. Foi por isso que Aquele que veio buscar a única ovelha foi enviado «às ovelhas perdidas da casa de

Israel» (Mt.15,24).Ora, aquilo que o Pastor reconhece como seu «ninguém Lhe pode arrancar das mãos»

(Jo.10,28). Porque não se pode forçar o poder, enganar a sabedoria, destruir a caridade.É por isso que Ele fala

com segurança, quando diz: «Daqueles que Me deste, Pai, não perdi nenhum» (Jo.17,12). E Ele foi enviado

como verdade para os que andavam enganados, como caminho para os que andavam perdidos, como vida para

os que estavam mortos, como sabedoria para os que eram loucos, como remédio para os doentes, como resgate

para os cativos e como alimento para aqueles que morriam de fome. Pode dizer-se que na pessoa de todos estes,

Ele foi enviado «às ovelhas perdidas da casa de Israel», para que elas não se perdessem para sempre.

Comentário feito por:

Beato João Paulo II (1920-2005), papa

Carta encíclica «Redemptoris Missio», 42 (trad. © Libreria Editrice Vaticana)

«Pelo caminho, proclamai que o Reino do Céu está perto.»

O homem contemporâneo acredita mais nas testemunhas do que nos mestres, mais na experiência do que na

doutrina, mais na vida e nos fatos do que nas teorias. O testemunho de vida cristã é a primeira e insubstituível

forma de missão: Cristo, cuja missão nós continuamos, é a «testemunha» por excelência (Ap. 1,5. 3,14) e o

modelo do testemunho cristão. A primeira forma de testemunho é a própria vida do missionário, da família

cristã e da comunidade eclesial, que torna visível um novo estilo de comportamento. O missionário que, apesar

dos seus limites e defeitos humanos, vive com simplicidade, segundo o modelo de Cristo, é um sinal de Deus e

das realidades transcendentes. Mas todos na Igreja, esforçando-se por imitar o divino Mestre, podem e devem

dar o mesmo testemunho que é, em muitos casos, o único modo possível de se ser missionário. O testemunho

evangélico a que o mundo é mais sensível é o da atenção às pessoas e o da caridade a favor dos pobres, dos

menores, e dos que sofrem. A gratuidade deste relacionamento e destas ações, em profundo contraste com o

egoísmo presente no homem, nasce interrogações precisas, que orientam para Deus e para o Evangelho. O

compromisso com a paz, a justiça, os direitos do homem, a promoção humana é também um testemunho do

Evangelho, caso seja um sinal de atenção às pessoas e esteja ordenado ao desenvolvimento integral do homem.

Comentário feito por:

Santo Efrém (c. 306-373), diácono na Síria, Doutor da Igreja

Diatesseron 8, 3-4 (trad. cf SC 121, p. 159)

«Se essa casa for digna, a vossa paz desça sobre ela»

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«Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: A paz seja nesta casa» (Lc 10, 5) para que o próprio

Senhor lá entre e lá resida, como junto a Maria. Esta saudação é o mistério da fé que brilha no mundo; por ela, o

ódio é asfixiado, a guerra interrompida e os homens compreendem-se mutuamente. O efeito desta saudação

estava escondido por um véu, apesar da prefiguração do mistério da ressurreição que ocorre sempre que a luz

aparece e a aurora expulsa a noite. A partir do momento em que Cristo enviou os seus discípulos pela primeira

vez, os homens começaram a dar e a receber esta saudação, fonte de cura e de bênção. Esta saudação, com o

seu poder escondido, é amplamente suficiente para todos os homens. Foi por isso que Nosso Senhor a enviou

prenunciadoramente com os Seus discípulos, para que ela realize a paz e para que, levada pela voz dos

apóstolos, Seus enviados, ela lhes prepare o caminho. Ela foi semeada em todas as casas; ela entrou em todos os

corações que a entenderam, para separar e pôr à parte os seus filhos, que reconhecia. Ela permanecia neles, mas

denunciava os que lhe eram estranhos, porque não a acolhiam. Esta saudação de paz não secava, jorrava dos

apóstolos para os seus irmãos, desvendando os tesouros inesgotáveis do Senhor. Presente naqueles que a davam

e nos que a acolhiam, este anúncio da paz não sofria nem diminuição nem divisão. Sobre o Pai, anunciava que

Ele está perto de todos e em todos; sobre a missão do Filho, revelava que Ele está por inteiro junto de todos,

mesmo que o Seu fim seja estar junto de Seu Pai. Ela não cessa de proclamar que doravante as figurações são

realizadas e que a verdade expulsa enfim as sombras.

Mt.(10,7-15)-DDM - p. 1295 - Escolha dos Apóstolos. Recebem instruções. 7. Por onde andardes, anunciai que o Reino dos céus está próximo.

8. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça dai!

9. Não leveis nem ouro, nem prata, nem dinheiro em vossos cintos,

10. nem mochila para a viagem, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão; pois o operário merece o seu sustento.

11. Nas cidades ou aldeias onde entrardes, informai-vos se há alguém ali digno de vos receber; ficai ali até a vossa partida.

12. Entrando numa casa, saudai-a: Paz a esta casa.

13. Se aquela casa for digna, descerá sobre ela vossa paz; se, porém, não o for, vosso voto de paz retornará a vós.

14. Se não vos receberem e não ouvirem vossas palavras, quando sairdes daquela casa ou daquela cidade, sacudi até mesmo o pó de

vossos pés.

15. Em verdade vos digo: no dia do juízo haverá mais indulgência com Sodoma e Gomorra que com aquela cidade.

Comentário feito por:

João Paulo II

Mensagem para o Dia Mundial da Paz 2002, §9-10

"Que a vossa paz venha sobre essa casa" – (v.13)

As famílias, os grupos, os Estados, a própria Comunidade internacional, necessitam de abrir-se ao perdão para

restaurar os laços interrompidos, superar situações estéreis de mútua condenação, vencer a tentação de excluir

os outros, negando-lhes a possibilidade de apelo. A capacidade de perdão está na base de cada projeto de uma

sociedade futura mais justa e solidária. Pelo contrário, a falta de perdão, especialmente quando alimenta o

prolongamento de conflitos, supõe custos enormes para o desenvolvimento dos povos. Os recursos são

destinados para manter a corrida aos armamentos, as despesas de guerra, as conseqüências das represálias

econômicas. Acabam assim por faltar os recursos financeiros necessários para gerar desenvolvimento, paz e

justiça. Quantos sofrimentos padecem a humanidade por não saber reconciliar-se, e quantos atrasos por não

saber perdoar! A paz é a condição do desenvolvimento, mas uma verdadeira paz torna-se possível somente com

o perdão. A proposta do perdão não é de imediata compreensão nem de fácil aceitação; é uma mensagem de

certo modo paradoxal. De fato, o perdão implica sempre uma aparente perda a curto prazo, mas garante, a longo

prazo, um lucro real. Com a violência é exatamente o contrário: opta-se por um lucro de vencimento imediato,

mas prepara para depois uma perda real e permanente. À primeira vista, o perdão poderia parecer uma fraqueza,

mas não: tanto para ser concedido quanto para ser aceite supõe uma força espiritual e uma coragem moral a

toda a prova. Em vez de humilhar a pessoa, o perdão leva-a a um humanismo mais pleno e mais rico, capaz de

refletir em si um raio do esplendor do Criador.

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Comentário feito por:

Santo Efrém (c. 306-373), diácono na Síria, Doutor da Igreja

Diatesseron 8, 3-4 (trad. cf SC 121, p. 159)

«Se essa casa for digna, a vossa paz desça sobre ela»

«Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: A paz seja nesta casa» (Lc 10, 5) para que o próprio

Senhor lá entre e lá resida; como junto a Maria Esta saudação é o mistério da fé que brilha no mundo; por ela, o

ódio é asfixiado, a guerra interrompida e os homens compreendem-se mutuamente. O efeito desta saudação

estava escondido por um véu, apesar da prefiguração do mistério da ressurreição que ocorre sempre que a luz

aparece e a aurora expulsa a noite. A partir do momento em que Cristo enviou os seus discípulos pela primeira

vez, os homens começaram a dar e a receber esta saudação, fonte de cura e de bênção. Esta saudação, com o

seu poder escondido, é amplamente suficiente para todos os homens. Foi por isso que Nosso Senhor a enviou

prenunciadoramente com os Seus discípulos, para que ela realize a paz e para que, levada pela voz dos

apóstolos, Seus enviados, ela lhes prepare o caminho. Ela foi semeada em todas as casas; ela entrou em todos os

corações que a entenderam, para separar e pôr à parte os seus filhos, que reconhecia. Ela permanecia neles, mas

denunciava os que lhe eram estranhos, porque não a acolhiam.

Esta saudação de paz não secava, jorrava dos apóstolos para os seus irmãos, desvendando os tesouros

inesgotáveis do Senhor. Presente naqueles que a davam e nos que a acolhiam, este anúncio da paz não sofria

nem diminuição nem divisão. Sobre o Pai, anunciava que Ele está perto de todos e em todos; sobre a missão do

Filho, revelava que Ele está por inteiro junto de todos, mesmo que o Seu fim seja estar junto de Seu Pai. Ela

não cessa de proclamar que doravante as figurações são realizadas e que a verdade expulsa enfim as sombras.

Mt.(10,8)- DDM – p.1295 – 8. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça dai -E os apóstolos pela fé em Jesus Cristo e pelo poder do Espírito Santo prolongavam as obras de Jesus na

comunidade cristã primitiva.

Comentário feito por:

São Cromácio de Aquileia (?-407), bispo

Sermão 39; CCL 9A, 169-170

«É que a Lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram-nos por Jesus Cristo» (Jo 1, 17)

É bom que a nova lei seja proclamada numa montanha, uma vez que a lei de Moisés nos foi dada numa

montanha. Uma é composta de dez mandamentos, destinados a formar os homens, tendo em vista a sua conduta

na vida presente; a outra consiste de oito bem-aventuranças, porque conduz aqueles que a seguem até à vida

eterna e à pátria celeste.

«Felizes os mansos, porque possuirão a terra». Portanto, é necessário ser manso, pacífico na alma e sincero de

coração. O Senhor mostra claramente que o mérito dos que o são não é pequeno, quando diz: «Possuirão a

terra». Trata-se, sem dúvida nenhuma, desta terra da qual está escrito: «Creio, firmemente, vir a contemplar a

bondade do Senhor na terra dos vivos» [Sl.27 (26),13]. A herança dessa terra é a imortalidade do corpo e a

glória da ressurreição eterna. Porque a mansidão ignora o orgulho, não conhece a jactância, desconhece a

ambição. Além disso, não é sem razão que, noutra ocasião, o Senhor exorta os Seus discípulos dizendo: «Tomai

sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para

o vosso espírito» (Mt 11, 29).

«Felizes os que choram, porque serão consolados.» Não os que choram a perda do que lhes é querido, mas os

que choram os seus pecados, se lavam das suas faltas com lágrimas e, certamente, aqueles que choram a

iniqüidade deste mundo, ou deploram as faltas dos outros.

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Mt.(10,17-23)- DDM - p.1295– Escolha dos Apóstolos.Recebem instruções. 17.Cuidai-vos dos homens. Eles vos levarão aos seus tribunais e açoitar-vos-ão com varas nas suas sinagogas.

18.Sereis por minha causa levados diante dos governadores e dos reis: servireis assim de testemunho para eles e para os pagãos.

19.Quando fordes presos, não vos preocupeis nem pela maneira com que haveis de falar, nem pelo que haveis de dizer: naquele

momento ser-vos-á inspirado o que haveis de dizer.

20.Porque não sereis vós que falareis, mas é o Espírito de vosso Pai que falará em vós.

21.O irmão entregará seu irmão à morte. O pai, seu filho. Os filhos levantar-se-ão contra seus pais e os matarão.

22.Sereis odiados de todos por causa de meu nome, mas aquele que perseverar até o fim será salvo.

23.Se vos perseguirem numa cidade, fugi para uma outra. Em verdade vos digo: não acabareis de percorrer as cidades de Israel antes

que volte o Filho do Homem.

Comentário feito por:

S. Cipriano (c. 200-258), bispo de Cartago e mártir

Da Unidade da Igreja Católica

"Que a vossa paz desça sobre ela"

O Espírito Santo faz-nos esta recomendação: "Procura a paz e persegue-a" (Sl 34,12). O filho da paz deve

procurar e perseguir a paz, aquele que conhece e ama o vínculo da caridade deve guardar a sua língua do

pecado da discórdia. Entre as suas prescrições divinas e os seus mandamentos de salvação, o Senhor, na véspera

da sua Paixão, acrescentou isto: "Deixo-vos a paz, dou-vos a paz" (Jo 14,27). Tal é a herança que nos legou: de

todos os dons, de todas as recompensas cuja perspectiva nos abriu, deixou a promessa ligada à conservação da

paz. Se somos os herdeiros de Cristo, permaneçamos na paz de Cristo. Se somos filhos de Deus devemos ser

construtores de paz: "Felizes os que fazem a paz: serão chamados filhos de Deus" (Mt 5,9). É preciso que os

filhos de Deus sejam pacíficos, mansos de coração, simples nas atitudes, em perfeita concordância de afetos,

unidos fielmente pelos laços de um pensamento unânime.

Esta unanimidade existiu outrora, no tempo dos apóstolos. Foi assim que o novo povo dos crentes, fiel às

prescrições do Senhor, manteve a caridade. Daí a eficácia das suas orações: eles podiam estar certos de que

obteriam tudo o que pedissem à misericórdia de Deus

Mt.(14,13-21) DDM - p.1301 13.A essa notícia, Jesus partiu dali numa barca para se retirar a um lugar deserto, mas o povo soube e a multidão das cidades o seguiu

a pé.

14.Quando desembarcou, vendo Jesus essa numerosa multidão, moveu-se de compaixão para ela e curou seus doentes.

15.Caía a tarde. Agrupados em volta dele, os discípulos disseram-lhe: Este lugar é deserto e a hora é avançada. Despede esta gente

para que vá comprar víveres na aldeia.

16.Jesus, porém, respondeu: Não é necessário: dai-lhe vós mesmos de comer.

17.Mas, disseram eles, nós não temos aqui mais que cinco pães e dois peixes. _

18.Trazei-mos, disse-lhes ele.

19.Mandou, então, a multidão assentar-se na relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, elevando os olhos ao céu, abençoou-os.

Partindo em seguida os pães, deu-os aos seus discípulos, que os distribuíram ao povo.

20.Todos comeram e ficaram fartos, e, dos pedaços que sobraram, recolheram doze cestos cheios.

21.Ora, os convivas foram aproximadamente cinco mil homens, sem contar as mulheres e crianças

Comentário feito por:

Papa Bento XVI

Sacramentum caritatis, 88 (trad. DC n° 2377, p. 339 © copyright Libreria Editrice Vaticana)

"Dai-lhes vós mesmos de comer" – (v.16)

« O pão que Eu darei é a minha carne pela vida do mundo » (Jo 6, 51). Com estas palavras, o Senhor revela o

verdadeiro significado do dom da sua vida por todos os homens; as mesmas mostram-nos também a compaixão

íntima que Ele sente por cada pessoa. Na realidade, os Evangelhos transmitem-nos muitas vezes os sentimentos

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de Jesus para com as pessoas, especialmente doentes e pecadores (Mt.20, 34; Mc 6, 34; Lc 19, 41). Ele

exprime, através dum sentimento profundamente humano, a intenção salvífica de Deus que deseja que todo o

homem alcance a verdadeira vida. Cada celebração eucarística atualiza sacramentalmente a doação que Jesus

fez da sua própria vida na cruz por nós e pelo mundo inteiro. Ao mesmo tempo, na Eucaristia, Jesus faz de nós

testemunhas da compaixão de Deus por cada irmão e irmã; nasce assim, à volta do mistério eucarístico, o

serviço da caridade para com o próximo, que « consiste precisamente no fato de eu amar, em Deus e com Deus,

a pessoa que não me agrada ou que nem conheço sequer.

Isto só é possível realizar-se a partir do encontro íntimo com Deus, um encontro que se tornou comunhão de

vontade, chegando mesmo a tocar o sentimento. Então aprendo a ver aquela pessoa já não somente com os

meus olhos e sentimentos, mas segundo a perspectiva de Jesus Cristo ». (240) Desta forma, nas pessoas que

contacto, reconheço irmãs e irmãos, pelos quais o Senhor deu a sua vida amando-os « até ao fim » (Jo 13, 1).

Por conseguinte, as nossas comunidades, quando celebram a Eucaristia, devem conscientizar-se cada vez mais

de que o sacrifício de Jesus é por todos; e, assim, a Eucaristia impele todo o que acredita n'Ele a fazer-se « pão

repartido » para os outros e, conseqüentemente, a empenhar-se por um mundo mais justo e fraterno. Como

sucedeu na multiplicação dos pães e dos peixes, temos de reconhecer que Cristo continua, ainda hoje, exortando

os seus discípulos a empenharem-se pessoalmente: « Dai-lhes vós de comer » (Mt 14, 16). Na verdade, a

vocação de cada um de nós consiste em ser, unido a Jesus, pão repartido para a vida do mundo.

Comentário feito por :

Santo Hilário (c. 315-367), Bispo de Poitiers e Doutor da Igreja

Comentário sobre o Evangelho de Mateus, 14, 12 (a partir da trad. Matthieu commenté, DDB 1985, p. 100

rev.)

«Ergueu os olhos ao céu e pronunciou a bênção»

Após ter tomado os cinco pães, o Senhor ergueu o Seu olhar para o céu para honrar Aquele de Quem Ele

próprio tem o ser. Não necessitava de olhar o Pai com os Seus olhos humanos; mas quis fazer compreender aos

que estavam presentes que tinha recebido a capacidade de realizar um ato que exigia tão grande poder.

Seguidamente, dá os pães aos Seus discípulos. Não é por multiplicação que os cinco pães se transformam em

muitos mais. Os pedaços sucedem-se e enganam quem os parte; é como se tivessem sido partidos

anteriormente! A matéria continua a estender-se. Por conseguinte não vos surpreenda que as fontes corram, que

haja cachos nas cepas da vinha, que riachos de vinho escorram desses cachos. Os recursos da terra sucedem-se

ao longo do ano, de acordo com um ritmo indestrutível. Uma tal multiplicação de pães revela a ação do autor do

universo. Normalmente, Ele impõe um limite a semelhante crescimento, pois conhece a fundo as leis da

matéria. Na criação visível, opera-se um trabalho invisível. O mistério da ação presente é obra do Senhor dos

mistérios celestiais. O poder d'Aquele que age excede toda a natureza, e o método deste Poder ultrapassa a

compreensão do fato. Só permanece a admiração por esse poder

Mt.14,22-33 DDM - p.1302 22.Logo depois, Jesus obrigou seus discípulos a entrar na barca e a passar antes dele para a outra margem, enquanto ele despedia a

multidão.

23.Feito isso, subiu à montanha para orar na solidão. E, chegando a noite, estava lá sozinho.

24.Entretanto, já a boa distância da margem, a barca era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. 25.Pela quarta vigília da noite,

Jesus veio a eles, caminhando sobre o mar.

26.Quando os discípulos o perceberam caminhando sobre as águas, ficaram com medo: É um fantasma! disseram eles, soltando gritos

de terror.

27.Mas Jesus logo lhes disse: Tranqüilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo!

28.Pedro tomou a palavra e falou: Senhor, se és tu, manda-me ir sobre as águas até junto de ti!

29.Ele disse-lhe: Vem! Pedro saiu da barca e caminhava sobre as águas ao encontro de Jesus.

30.Mas, redobrando a violência do vento, teve medo e, começando a afundar, gritou: Senhor, salva-me!

31.No mesmo instante, Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e lhe disse: Homem de pouca fé, por que duvidaste?

32.Apenas tinham subido para a barca, o vento cessou.

33.Então aqueles que estavam na barca prostraram-se diante dele e disseram: Tu és verdadeiramente o Filho de Deus.

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Comentário feito por:

Origines (c. 185-253), presbítero e teólogo

Comentário ao Evangelho segundo Mateus, 11, 6; PG 13, 919

«Tu és, realmente, o Filho de Deus!»

Quando nos tivermos mantido firmes durante as longas horas da noite escura que reina nos momentos de

provação, quando tivermos dado o nosso melhor, estejamos certos de que, quando a noite for adiantada e o dia

estiver próximo (Rm.13, 12), o Filho de Deus virá até junto de nós, caminhando sobre as ondas. Quando O

virmos aparecer assim, sentiremos receio até ao momento em que compreendermos claramente que é o

Salvador que veio para o meio de nós. Julgando ainda ver um fantasma, gritaremos assustados, mas Ele dir-nos-

á imediatamente: «Tranqüilizai-vos! Sou Eu! Não temais!».Pode ser que estas palavras façam surgir em nós um

Pedro em caminho para a perfeição, que descerá do barco, certo de ter escapado à prova que os agitava.

Inicialmente, o seu desejo de ir para o pé de Jesus fa-lo-á caminhar sobre as águas. Mas sendo a sua fé ainda

pouco segura e estando ele próprio com dúvidas, notará «a violência do vento», sentirá medo e começará a ir ao

fundo. Contudo, escapará a este mal porque lançará a Jesus este grito: «Salva-me, Senhor!» E mal este outro

Pedro acabe de dizer «Salva-me, Senhor!», o Verbo estenderá a mão para socorrê-lo, e segurá-lo-á no momento

em que ele começava a afogar-se, repreendendo-o pela sua pouca fé e pelas suas dúvidas. Note-se contudo que

Ele não disse: «Incrédulo», mas «homem de pouca fé», e que está escrito: «Porque duvidaste?», quer dizer: «Tu

tinhas um pouco de fé, mas deixaste-te levar em sentido contrário». E Jesus e Pedro subirão para o barco, o

vento acalmará e os ocupantes, compreendendo a que perigos tinham escapado, adorarão Jesus dizendo: «Tu és,

realmente, o Filho de Deus!», palavras que apenas os discípulos que estão próximo de Jesus no barco podem

dizer.

Mt.(15,29-37)-DDM – p.1303 29.Jesus saiu daquela região e voltou para perto do mar da Galiléia. Subiu a uma colina e sentou-se ali.

30.Então numerosa multidão aproximou-se dele, trazendo consigo mudos, cegos, coxos, aleijados e muitos outros enfermos. Puseram-

nos aos seus pés e ele os curou,

31.de sorte que o povo estava admirado ante o espetáculo dos mudos que falavam, daqueles aleijados curados, de coxos que andavam,

dos cegos que viam; e glorificavam ao Deus de Israel.

32.Jesus, porém, reuniu os seus discípulos e disse-lhes: Tenho piedade esta multidão: eis que há três dias está perto de mim e não tem

nada para comer. Não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça no caminho.

33.Disseram-lhe os discípulos: De que maneira procuraremos neste lugar deserto pão bastante para saciar tal multidão?

34.Pergunta-lhes Jesus: Quantos pães tendes? Sete, e alguns peixinhos, responderam eles.

35.Mandou, então, a multidão assentar-se no chão,

36.tomou os sete pães e os peixes e abençoou-os. Depois os partiu e os deu aos discípulos, que os distribuíram à multidão.

37.Todos comeram e ficaram saciados, e, dos pedaços que restaram, encheram sete cestos.

Comentário feito por:

Cardeal John Henry Newman ( 1801-1890), padre, fundador de comunidade religiosa, teólogo,

Doze Meditações e Intercessões para a Sexta-Feira Santa, 9-10

« Tenho piedade desta multidão» - (v.32)

A Escritura inspirada disse-nos: «A tua misericórdia estende-se a todos, porque tudo te é possível, porque

esqueces os pecados dos homens logo que se viram para Ti. Amas tudo quanto existe; não tens aversão por

nada daquilo que fizeste... Poupas todos os seres porque são teus, Mestre que amas a vida» (Sb.11,23s). Eis o

que O faz descer do céu e lhe dá o nome de Jesus...: «Dar-lhe-ás o nome de Jesus, pois ele é que salvará o seu

povo dos pecados» (Mt.1,21). O seu grande amor pelos homens, a sua compaixão pelos pecadores, eis o que O

faz descer do céu. Por que, então, consentir em esconder a sua glória num corpo mortal, se não desejasse

firmemente salvar os que se afastaram que perderam toda a esperança de salvação? Ele próprio diz: «O Filho do

Homem veio procurar e salvar o que estava perdido» (Lc 19,10). Mais do que deixar-nos perecer, Ele fez tudo o

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que um Deus todo poderoso pode fazer, de acordo com os seus divinos atributos: deu-se a si próprio. E ama-nos

a todos de tal maneira que quer dar a sua vida por cada um de nós, tão absolutamente, tão plenamente, como se

houvesse apenas um homem para salvar. É o nosso maior amigo..., o único verdadeiro amigo, e usa todos os

meios possíveis para conseguir que o amemos em troca. Não nos recusa nada, se consentirmos em amá-lo... Ó

meu Senhor e meu Salvador, nos teus braços estou em segurança. Se me guardas, nada tenho a temer; mas se

me abandonas, não tenho mais nada a esperar. Não sei nada do que me acontecerá até à minha morte, não sei

nada do futuro, mas confio-me a Ti, repouso totalmente em Ti, porque Tu sabes o que é bom para mim, e eu

não o sei.

Comentário feitopor:

Vaticano II

Constituição sobre a Sagrada Liturgia «Sacrosanctum Concilium», § 6.8

"Cada vez que comeis este pão e bebeis deste cálice, vós proclamais a morte do Senhor até que ele venha"

(1Co.11,26)

Assim como Cristo foi enviado pelo Pai, assim também Ele enviou os Apóstolos, cheios do Espírito Santo, não

só para que, pregando o Evangelho a toda a criatura, anunciassem que o Filho de Deus, pela sua morte e

ressurreição, nos libertara do poder de Satanás e da morte e nos introduzira no Reino do Pai, mas também para

que realizassem a obra de salvação que anunciavam, mediante o sacrifício e os sacramentos, à volta dos quais

gira toda a vida litúrgica. Pelo Batismo são os homens enxertados no mistério pascal de Cristo: mortos com Ele,

sepultados com Ele, com Ele ressuscitados; recebem o espírito de adoção filial que «nos faz clamar: Abba, Pai»

(Rm.8,15), transformando-se assim nos verdadeiros adoradores que o Pai procura. E sempre que comem a Ceia

do Senhor, anunciam igualmente a sua morte até Ele vir. Pela Liturgia da terra participamos, saboreando-a já,

na Liturgia celeste celebrada na cidade santa de Jerusalém, para a qual, como peregrinos nos dirijamos e onde

Cristo está sentado à direita de Deus, ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo; por meio dela

cantamos ao Senhor um hino de glória com toda a milícia do exército celestial, esperamos ter parte e comunhão

com os Santos cuja memória veneramos, e aguardamos o Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, até Ele aparecer

como nossa vida e nós aparecermos com Ele na glória.(Referências bíblicas : Mc.16,15; Rm.6,4; 8,15; Jo.4,23;

1Co.11,26; Ap .1,2; Hb. 8,2; Col.3,4)

Comentário feito por :

Didaqué (entre 60-120), catequese judaico-cristã

§§ 9-10

«A Tua Igreja seja reunida desde os confins da terra no Teu reino»

Celebrem a eucaristia deste modo. Digam primeiro sobre o cálice: «Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa

da santa vinha do Teu servo David, que nos revelaste por meio do Teu servo Jesus. A Ti a glória para sempre.»

Depois, digam sobre o pão partido: «Nós Te agradecemos, Pai nosso, por causa da vida e do conhecimento que

nos revelaste por meio do Teu servo Jesus. A Ti a glória para sempre. Assim como este pão partido tinha sido

semeado sobre as colinas, e depois recolhido para se tornar um, assim também a Tua Igreja seja reunida desde

os confins da terra no Teu reino, porque Tua é a glória e o poder, por meio de Jesus Cristo, para sempre.».

Ninguém coma nem beba da eucaristia se não tiver sido batizado em nome do Senhor. Depois de saciados,

agradeçam deste modo: «Nós Te agradecemos, Pai santo, por Teu santo nome, que fizeste habitar em nossos

corações, e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade que nos revelaste por meio do Teu servo Jesus. A Ti a

glória para sempre. Tu, Senhor todo-poderoso, criaste todas as coisas por causa do Teu nome, e deste aos

homens o prazer do alimento e da bebida, para que Te agradeçam. A nós, porém, deste uma comida e uma

bebida espirituais, e uma vida eterna por meio do Teu servo Jesus.»

Mt.(17,1-9) – DDM – p.1305 – Transfiguração – Presença da Santíssima Trindade

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1.Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e conduziu-os à parte a uma alta montanha.

2.Lá se transfigurou na presença deles: seu rosto brilhou como o sol, suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura.

3.E eis que apareceram Moisés e Elias conversando com ele.

4.Pedro tomou então a palavra e disse-lhe: Senhor, é bom estarmos aqui. Se queres, farei aqui três tendas: uma para ti, uma

para Moisés e outra para Elias. Falava ele ainda, quando veio uma nuvem luminosa e os envolveu. E daquela nuvem fez-se

ouvir uma voz que dizia: Eis o meu Filho muito amado, em quem pus toda minha afeição; ouvi-o.

6.Ouvindo esta voz, os discípulos caíram com a face por terra e tiveram medo.

7.Mas Jesus aproximou-se deles e tocou-os, dizendo: Levantai-vos e não temais.

8.Eles levantaram os olhos e não viram mais ninguém, senão unicamente Jesus.

9.E, quando desciam, Jesus lhes fez esta proibição: Não conteis a ninguém o que vistes, até que o Filho do Homem ressuscite dos

mortos.

Comentário feito por:

Santo Efrém (c. 306-373), diácono na Síria, Doutor da Igreja

Opera Omnia, p. 41 (a partir da trad. Brésard, 2000 ans C, p. 292)

«Este é o Meu Filho muito amado»

Simão Pedro diz: «Senhor, é bom estarmos aqui». Que dizes, Pedro? Se ficarmos aqui, quem realizará então o

que predisseram os profetas. Quem confirmará as palavras dos arautos? Quem levará a bom termo os mistérios

dos justos? Se ficarmos aqui, a quem se referirão as palavras: «Trespassaram as Minhas mãos e os Meus pés»?

A quem se aplicarão as afirmações: «Repartiram entre si as Minhas vestes e deitaram sortes sobre a Minha

túnica»? (Sl 21, 17.19; Jo 19, 24). Quem realizará o anúncio do salmo: «Deram-Me fel, em vez de comida, e

vinagre, quando tive sede»? (68, 22; Mt.27, 34; Jo 19, 29) Quem dará vida à expressão: «Estou abandonado

entre os mortos»? (Sl 87,6) Como se consumarão as Minhas promessas, como construiremos a Igreja?E Pedro

diz mais: façamos «aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias». Enviado para erigir a

Igreja no mundo, Pedro quer levantar três tendas na montanha. Ainda não vê a Cristo senão como homem e

classifica-O juntamente com Moisés e com Elias. Mas Jesus em breve lhe mostra que não precisa de tenda. Fora

Ele que, durante quarenta anos, erguera para os Patriarcas uma tenda de nuvem, enquanto eles permaneciam no

deserto (Ex 40, 34). «Ainda ele estava a falar, quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra». Vês,

Simão, esta tenda montada sem esforço? Ela afasta o calor sem comportar as trevas, é uma tenda brilhante e

resplandecente! Enquanto os discípulos estão surpresos, uma voz vinda do Pai faz-Se ouvir da nuvem: «Este é o

Meu Filho muito amado, no qual pus todo o Meu agrado. Escutai-o.» .O Pai ensinava aos discípulos que a

missão de Moisés estava concluída: de então em diante é ao Filho que deverão escutar. O Pai, na montanha,

revelava aos apóstolos aquilo que ainda lhes estava oculto: «Aquele que é» revelava «Aquele que é» (Ex 3, 14),

o Pai dava a conhecer o Seu Filho.

Mt.(17,14-20)- DDM – p.1305 14.E, quando eles se reuniram ao povo, um homem aproximou-se deles e prostrou-se diante de Jesus,

15.dizendo: Senhor, tem piedade de meu filho, porque é lunático e sofre muito: ora cai no fogo, ora na água...

16.Já o apresentei a teus discípulos, mas eles não o puderam curar.

17.Respondeu Jesus: Raça incrédula e perversa, até quando estarei convosco? Até quando hei de aturar-vos? Trazei-mo.

18.Jesus ameaçou o demônio e este saiu do menino, que ficou curado na mesma hora.

19.Então os discípulos lhe perguntaram em particular: Por que não pudemos nós expulsar este demônio?

20.Jesus respondeu-lhes: Por causa de vossa falta de fé. Em verdade vos digo: se tiverdes fé, como um grão de mostarda, direis a esta

montanha: Transporta-te daqui para lá, e ela irá; e nada vos será impossível. Quanto a esta espécie de demônio, só se pode expulsar à

força de oração e de jejum.

Comentário feito por:

S. Serafim de Sarov (1759-1833), monge russo

Conversa com Motovilov

"Tendes muito pouca fé" – (v.20)

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"O Senhor está perto dos que o invocam. Não faz acepção de pessoas. O Pai ama o Filho e entregou tudo em

suas mãos" (Sl.145,18; Rm.2,11; Jo.3,35). Desde que amemos verdadeiramente o nosso Pai celeste como filhos,

o Senhor escuta de igual modo um monge e um homem do mundo, um simples cristão. Desde que ambos

tenham a verdadeira fé, amem a Deus do fundo do coração e possuam uma fé "grande como um grão de

mostarda", "ambos deslocarão montanhas". O próprio Senhor diz: "Tudo é possível àquele que crê" (Mt.9,23).

E o santo apóstolo Paulo exclama: "Posso tudo em Cristo que me dá forças" (Fl. 4,13). Mais maravilhosas ainda

são as palavras do Senhor a propósito dos que crêem nele: "Aquele que acredita em mim fará também as obras

que eu faço e fará ainda maiores, porque eu vou para o Pai. Tudo o que pedirdes em meu nome, eu o farei, a fim

de que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu a farei" (Jo.14,12-14).

E é mesmo assim, ó amigo de Deus. Tudo o que pedirdes a Deus, obtê-lo-eis, desde que o vosso pedido seja

para glória de Deus ou para o bem do vosso próximo. Porque Deus não separa o bem do próximo da sua glória:

"Tudo o que fizerdes ao mais pequeno de entre vós, a mim o fareis" (cf. Mt.25,45).

Mt.(28,1-10)- DDM - p.1321 – Ressurreição 1.Depois do sábado, quando amanhecia o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o túmulo.

2.E eis que houve um violento tremor de terra: um anjo do Senhor desceu do céu, rolou a pedra e sentou-se sobre ela.

3.Resplandecia como relâmpago e suas vestes eram brancas como a neve.

4.Vendo isto, os guardas pensaram que morreriam de pavor.

5.Mas o anjo disse às mulheres: Não temais! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado.

6.Não está aqui: ressuscitou como disse. Vinde e vede o lugar em que ele repousou.

7.Ide depressa e dizei aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos. Ele vos precede na Galiléia. Lá o haveis de rever, eu vo-lo disse.

8.Elas se afastaram prontamente do túmulo com certo receio, mas ao mesmo tempo com alegria, e correram a dar a boa nova aos

discípulos.

9.Nesse momento, Jesus apresentou-se diante delas e disse-lhes: Salve! Aproximaram-se elas e, prostradas diante dele, beijaram-lhe

os pés.

10.Disse-lhes Jesus: Não temais! Ide dizer aos meus irmãos que se dirijam à Galiléia, pois é lá que eles me verão.

Comentário feito por:

Santo Hesíquio (?-c. 451), monge, presbítero

I Homilia para a Páscoa

Esta é a noite em que Cristo, quebrando as cadeias da morte, Se levanta vitorioso do túmulo”

O céu brilha quando é iluminado pelo coro das estrelas, e o universo brilha ainda mais quando se ergue a estrela

da manhã. Mas esta noite resplandece, não tanto com o brilho dos astros, mas de alegria perante a vitória do

nosso Deus e Salvador: “Tende confiança! Eu venci o mundo”, diz Ele (Jo.16,3). Depois desta vitória de Deus

sobre o inimigo invisível, também nós obteremos certamente a vitória sobre os demônios. Permaneçamos, pois,

junto da cruz da nossa salvação, a fim de colhermos os primeiros frutos dos dons de Jesus. Celebremos esta

noite santa com chamas sagradas; façamos erguer a música divina, cantemos um hino celeste. O “Sol da

justiça” (Ml.3, 20), Nosso Senhor Jesus Cristo, iluminou este dia para todo o mundo, erguendo-Se por meio da

cruz e salvando os crentes. A nossa assembléia, meus irmãos, é uma festa de vitória, a vitória do Rei do

Universo, Filho de Deus. Hoje, o demônio foi destruído pelo Crucificado, e a humanidade encheu-se de alegria

pelo Ressuscitado. Exclama este dia: “Hoje, vi o Rei do Céu, cingido de luz, subir acima do brilho e de toda a

claridade, acima do sol e das águas, acima das nuvens.” Ele esteve oculto, primeiro no seio de uma mulher,

depois no seio da terra, primeiro santificando aqueles que são gerados, em seguida concedendo a vida pela Sua

ressurreição àqueles que morreram, porque “deles fugirão a tristeza e os gemidos” (Is.35,10). Hoje, o paraíso

foi aberto pelo Ressuscitado, Adão voltou à vida, Eva foi consolada, o chamamento foi ouvido, o Reino está

preparado, o homem foi salvo, Cristo é adorado. Ele esmagou a morte a Seus pés, aprisionou esse tirano,

desbaratou a mansão dos mortos. Ele sobe aos céus, vitorioso como um rei, glorioso como um chefe, e diz a

Seu Pai: “Eis-Me aqui, e os filhos que Me deu o Senhor” (Hb.2,13). Glória a Ele, agora e pelos séculos dos

séculos.

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Comentário feito por:

Homilia do séc. V, atribuída a Eusébio Galicano

Homilia 12 A; CCL 101, 145 (a partir da trad. Solesmes, Lectionnaire, vol. 3, p. 21 rev.)

«Tu fazes resplandecer esta noite santíssima pela glória da ressurreição do Senhor» (Coleta)

«Alegrem-se os céus, exulte a terra!» (Sl 95, 11). Este dia resplandece para nós com o esplendor do túmulo, que

para nós brilhou com raios de sol. Que os infernos aclamem, pois abriu-se neles uma saída; que se alegrem, pois

chegou para eles o dia da visita; que exultem, pois viram, após séculos e séculos, uma luz que não conheciam, e

na escuridão da sua noite profunda puderam enfim respirar! Oh luz bela, que vimos despontar do alto do céu, tu

revestiste, com a tua súbita claridade, «aqueles que se encontravam nas trevas e na sombra da morte» (Lc.1,79).

Porque, à descida de Cristo, a noite eterna dos infernos resplandeceu e os gritos de aflição cessaram; as

correntes dos condenados foram quebradas e caíram por terra; os espíritos malfeitores foram tomados pelo

estupor e como que abalados por um trovão. Quando Cristo desceu aos infernos, os porteiros sombrios, cegos

pelo negro silêncio e curvando as costas ao peso do temor, murmuraram entre si: «Quem é Este temível,

exuberante de brancura? Nunca o nosso inferno recebeu coisa semelhante; nunca o mundo rejeitou coisa

semelhante para a nossa toca. Se fosse culpado, não teria semelhante audácia. Se estivesse manchado por algum

delito, não poderia dissipar as trevas com o seu brilho. Mas, se é Deus, o que está a fazer no túmulo? Se é

homem, como ousa? Se é Deus, a que vem? Se é homem, como tem poder para libertar os cativos? Esta cruz

nos destroça os prazeres e faz nascer para nós a dor! O lenho nos tinha enriquecido, o lenho nos destrói. Este

grande poder, sempre temido pelos povos, pereceu!»

Mt.28,8-15 - DDM – p.1321 8.Elas se afastaram prontamente do túmulo com certo receio, mas ao mesmo tempo com alegria, e correram a dar a boa nova aos

discípulos.

9.Nesse momento, Jesus apresentou-se diante delas e disse-lhes: Salve! Aproximaram-se elas e, prostradas diante dele,

beijaram-lhe os pés.

10.Disse-lhes Jesus: Não temais! Ide dizer aos meus irmãos que se dirijam à Galiléia, pois é lá que eles me verão.

11.Enquanto elas voltavam, alguns homens da guarda já estavam na cidade para anunciar o acontecimento aos príncipes dos

sacerdotes.

12.Reuniram-se estes em conselho com os anciãos. Deram aos soldados uma importante soma de dinheiro, ordenando-lhes:

13.Vós direis que seus discípulos vieram retirá-lo à noite, enquanto dormíeis.

14.Se o governador vier a sabê-lo, nós o acalmaremos e vos tiraremos de dificuldades.

15.Os soldados receberam o dinheiro e seguiram suas instruções. E esta versão é ainda hoje espalhada entre os judeus.

Comentário feito por:

Liturgia romana

«Jesus saiu ao seu encontro»

À Vítima pascal

ofereçam os cristãos sacrifícios de louvor.

O Cordeiro resgatou as ovelhas;

Cristo, o Inocente,

reconciliou com o Pai os pecadores.

A morte e a vida

travaram um admirável combate;

depois de morto,

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vive e reina o Autor da vida.

Diz-nos, Maria, que viste no caminho?

Vi o sepulcro de Cristo vivo

e a glória do Ressuscitado.

Vi as testemunhas dos Anjos,

vi o sudário e a mortalha.

Ressuscitou Cristo, minha esperança;

precederá os Seus discípulos na Galileia.

Nós sabemos e acreditamos:

Cristo ressuscitou dos mortos.

Ó Rei vitorioso,

tende piedade de nós.

Comentário feito por:

Papa Bento XVI

Homilia (trad. © L'Osservatore Romano rev.)

«Vai ter com os meus irmãos e diz-lhes que subo para o meu Pai, que é vosso Pai, para o meu

Deus, que é vosso Deus» (Jo.20,17)

Na atmosfera da alegria pascal, a liturgia conduz-nos ao sepulcro onde, como nos conta São Mateus, Maria de

Magdala e a outra Maria, conduzidas pelo amor que tinham por Jesus, tinham ido visitar o seu túmulo. O

evangelista narra que Ele veio ao encontro delas e que lhes disse: «Não temais, ide anunciar aos meus irmãos

que devem ir até à Galiléia; lá me verão.» Foi realmente uma alegria indescritível que elas demonstraram ao

rever o Senhor e, cheias de entusiasmo, foram a correr participar o acontecimento aos discípulos.

A ressurreição repete-nos a nós também, como a estas mulheres que permaneceram junto de Jesus durante a

Sua paixão, que não tenhamos medo de nos tornarmos mensageiros para anunciar a ressurreição. Aquele que

encontra Jesus ressuscitado e que se entrega a Ele docilmente não tem nada a temer. Tal é a mensagem que os

cristãos são chamados a difundir até aos confins da terra. A fé cristã, como sabemos, nasce não da aceitação de

uma doutrina, mas do encontro com uma pessoa, com Cristo morto e ressuscitado. Na nossa existência

quotidiana, temos diversas ocasiões de comunicar a nossa fé aos outros de uma maneira simples e convicta, de

tal forma que a fé possa nascer neles devido à nossa atitude.

Comentário feito por:

São Nersés Snorhali (1102-1173), patriarca arménio

Jesus, Filho unigênito do Pai, §§ 765-770; SC 203

«Jesus saiu ao seu encontro»

Tu, que ao nascer do dia foste chorado

Pelas mulheres que perfumes levavam

Concede agora que o meu coração verta

Lágrimas de fogo por Teu amor ardente.

E graças à boa nova que o anjo

Sentado na pedra clamava (Mt.28,2),

Faz que eu ouça o som

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Da trombeta final que anuncia a ressurreição.

Do sepulcro novo e virgem

Ressuscitaste com Teu corpo nascido da Virgem;

Foste para nós as primícias

E o primogênito de entre mortos.

E a mim, a quem o Inimigo prendeu

Com o mal do corporal pecado

Digna-Te libertar-me de novo

Como o fizeste às almas prisioneiras dos mortos (1P 3,19).

No jardim Te revelaste

A Maria Madalena,

Mas não permitiste que de Ti se aproximasse

Aquela que pertencia ainda à raça dos que caíram.

Revela-Te a mim, também, ao oitavo dia

Na grande e derradeira madrugada;

E que nesse momento permitas

À minha alma indigna que se aproxime de Ti

Comentário feito por:

Papa Francisco

Homilia de 24/03/2013 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana, rev)

Jesus saiu ao seu encontro e disse-lhes: «Alegrai-vos!» [texto grego]

«Bendito seja o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!» (Luc. 19,38). Respira-se um

clima de alegria. Jesus despertou tantas esperanças no coração, especialmente das pessoas humildes, simples,

pobres, abandonadas, pessoas que não contam aos olhos do mundo. Soube compreender as misérias humanas,

mostrou o rosto misericordioso de Deus e inclinou-Se para curar o corpo e a alma. Assim é Jesus. Assim é o seu

coração, que nos vê a todos, que vê as nossas enfermidades, os nossos pecados. Grande é o amor de Jesus!.

Jesus é Deus, mas desceu a caminhar conosco como nosso amigo, como nosso irmão. E aqui temos a primeira

palavra que vos queria dizer: alegria! Nunca sejais homens e mulheres tristes: um cristão não o pode ser jamais!

Nunca vos deixeis invadir pelo desânimo! A nossa alegria não nasce do fato de possuirmos muitas coisas, mas

de termos encontrado uma Pessoa: Jesus, que está no meio de nós; nasce do fato de sabermos que, com Ele,

nunca estamos sozinhos, mesmo nos momentos difíceis, mesmo quando o caminho da vida é confrontado com

problemas e obstáculos que parecem insuperáveis… e há tantos! E nestes momentos vem o inimigo, vem o

diabo, muitas vezes disfarçado de anjo, que insidiosamente nos diz a sua palavra. Não o escuteis! Sigamos a

Jesus! Nós acompanhamos, seguimos a Jesus, mas sabemos que Ele nos acompanha e nos carrega aos seus

ombros: aqui está a nossa alegria, a esperança que devemos levar a este nosso mundo. E, por favor, não deixeis

que vos roubem a esperança! Não vos deixeis roubar a esperança… aquela que nos dá Jesus!

Comentário feito por:

Santo Odilão de Cluny (961-1048), monge

Segundo Sermão para a Ressurreição; PL 142, 1005 (a partir da trad. Brésard, 2000 ans C, p. 124 rev.)

«Ide anunciar aos Meus irmãos que partam para a Galileia: lá Me verão»

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O Evangelho descreve-nos a alegre corrida dos discípulos: «Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo

correu mais do que Pedro e chegou primeiro ao túmulo» (Jo 20, 4). Quem não desejaria procurar assim a Cristo,

sentado à direita do Pai? E quem não correria em espírito para assim O encontrar no fim da sua busca, pensando

na corrida a toda a brida dos apóstolos? Para que este desejo não enfraqueça, que cada um de nós relembre com

afinco aquele versículo do Cântico dos Cânticos: «Conduz-me atrás de ti, nós corremos ao odor dos teus

perfumes» (Ct.1,4). Correr ao odor dos perfumes é caminhar sem parar, ao passo do Espírito, até ao nosso

Criador, reconfortados pelo odor das Suas virtudes. Esse foi também o trajeto, digno de todos os elogios, das

mulheres santas que, segundo os Evangelhos, seguiram o Senhor desde a Galiléia e Lhe foram fiéis na altura da

Sua Paixão, enquanto os discípulos fugiram (Mt.27, 55). Também elas correram ao odor dos Seus perfumes,

tanto em espírito como mesmo à letra, porquanto compraram substâncias odorosas para ungir o corpo do

Senhor, conforme testemunha Marcos (16, 1).Irmãos, a exemplo da prontidão dos cuidados dos discípulos,

tanto homens como mulheres, para com a sepultura do seu Mestre, proclamemos à nossa maneira a alegria da

Ressurreição do Senhor. Seria uma pena que uma só língua de carne verdadeira calasse os louvores devidos ao

Salvador logo no mesmo dia em que a Sua carne verdadeira ressuscitou. Esta magnífica Ressurreição apenas

nos incita a proclamar a grandeza do Autor de tamanha alegria, e ao mesmo tempo a anunciar a vitória

conseguida contra o nosso velho inimigo: a morte foi hoje banida, assim como o seu fabricante. Hoje, com

Cristo, a vida foi restituída aos mortais; hoje foram destruídas as correntes do demônio; hoje a liberdade do

Senhor foi concedida a todos os cristãos.

Mc.2,1-12- DDM – p.1323 1.Alguns dias depois, Jesus entrou novamente em Cafarnaum e souberam que ele estava em casa.

2.Reuniu-se uma tal multidão, que não podiam encontrar lugar nem mesmo junto à porta. E ele os instruía.

3.Trouxeram-lhe um paralítico, carregado por quatro homens.

4.Como não pudessem apresentar-lho por causa da multidão, descobriram o teto por cima do lugar onde Jesus se achava e, por uma

abertura, desceram o leito em que jazia o paralítico.

5.Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: "Filho, perdoados te são os pecados."

6.Ora, estavam ali sentados alguns escribas, que diziam uns aos outros:

7."Como pode este homem falar assim? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão Deus?"

8.Mas Jesus, penetrando logo com seu espírito tios seus íntimos pensamentos, disse-lhes: "Por que pensais isto nos vossos corações?

9.Que é mais fácil dizer ao paralítico: Os pecados te são perdoados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda?

10.Ora, para que conheçais o poder concedido ao Filho dó homem sobre a terra (disse ao paralítico),

11.eu te ordeno: levanta-te, toma o teu leito e vai para casa."

12.No mesmo instante, ele se levantou e, tomando o. leito, foi-se embora à vista de todos. A, multidão inteira encheu-se de profunda

admiração e puseram-se a louvar a Deus, dizendo: "Nunca vimos coisa semelhante."

-A missão de Jesus está relacionada aos milagres, as curas, os sinais, os prodígios que comprovam que Ele é

Deus, que é o Filho de Deus. (v.10)

Comentário feito por:

S. Pedro Crisólogo (cerca de 406 - 450), bispo de Ravena, doutor da Igreja

Sermão 50

"Quem pode perdoar os pecados senão Deus?" – (v.7)

"Meu filho, os teus pecados te são perdoados". Com estas palavras, ele queria ser reconhecido como Deus,

numa altura em que se escondia ainda aos olhos humanos sob o aspecto de um homem. Pelas suas

manifestações de poder e pelos seus milagres, comparavam-no aos profetas; contudo, tinha sido graças a ele e

ao seu poder que também eles tinham operado milagres. Conceder o perdão dos pecados não está no poder de

um homem: é a marca própria de Deus. Foi assim que ele introduziu a sua divindade nos corações humanos. E é

isso que torna os Fariseus loucos de raiva. Proclamam: "Está a blasfemar! Quem pode perdoar os pecados senão

Deus?" Ó Fariseu, tu julgas saber tudo e não passas de um ignorante! Julgas celebrar a divindade e estás a negá-

la! Julgas prestar testemunho e agrides! Se só Deus perdoa os pecados, porque não admites a divindade de

Cristo? Uma vez que pôde perdoar um único pecado, isso quer dizer que ele apagou os pecados do mundo

inteiro. "Eis o cordeiro de Deus, eis o que tira o pecado do mundo" (Jo. 1,29). Para poderes penetrar mais

marcas da sua divindade, escuta-o. Sim, ele penetrou o mistério do teu coração. Olha-o; ele chegou até ao mais

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profundo dos teus pensamentos. Entende que ele revela as intenções secretas do teu coração.

Comentário feito por:

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia, seguidamente Bispo de Constantinopla, Doutor da

Igreja

Homilias soltas, Sobre o paralítico

«Vendo Jesus a fé daqueles homens»

Este paralítico tinha fé em Jesus Cristo. Prova disso é a maneira como foi apresentado a Cristo. Desceram-no

pelo teto da casa. Sabeis que os doentes estão num abatimento tão grande e de tão mau humor, que

freqüentemente os bons cuidados que lhes são prestados os entristecem. Mas este paralítico está contente por

ser retirado do seu quarto e por ser visto publicamente, atravessando com a sua miséria as praças e as ruas. Este

paralítico não sofre de amor-próprio. A multidão cerca a casa onde está o Salvador, todas as passagens estão

fechadas, a entrada pejada. Pouco importa! Será introduzido pelo teto, está contente: o amor é tão hábil, a

caridade tão engenhosa! «Quem procura, encontra; e ao que bate, abrir-te-ão» (Mt.7,8) Este paciente não

perguntará aos amigos que o transportam: «O que vão fazer? Por que tanta perturbação? Porque este ardor?

Esperem que a casa fique vazia e que partam todos. Então poderemos apresentar-nos a Jesus quando estiver

quase só...» Não, o paralítico não pensa nada de semelhante; é uma glória para ele haver um grande número de

testemunhas da sua cura.

Mc.(6,34-44) – DDM - p.1329 - Primeira multiplicação dos pães. 34.Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque era como ovelhas que não têm pastor. E começou a

ensinar-lhes muitas coisas.

35.A hora já estava bem avançada quando se achegaram a ele os seus discípulos e disseram: Este lugar é deserto, e já é tarde.

36.Despede-os, para irem aos sítios e aldeias vizinhas a comprar algum alimento.

37.Mas ele respondeu-lhes: Dai-lhes vós mesmos de comer. Replicaram-lhe: Iremos comprar duzentos denários de pão para dar-lhes

de comer?

38.Ele perguntou-lhes: Quantos pães tendes? Ide ver. Depois de se terem informado, disseram: Cinco, e dois peixes.

39.Ordenou-lhes que mandassem todos sentar-se, em grupos, na relva verde.

40.E assentaram-se em grupos de cem e de cinqüenta.

41.Então tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e os deu a seus discípulos, para que

lhos distribuíssem, e repartiu entre todos os dois peixes.

42.Todos comeram e ficaram fartos.

43.Recolheram do que sobrou doze cestos cheios de pedaços, e os restos dos peixes.

44.Foram cinco mil os homens que haviam comido daqueles pães.

Comentário feito por:

Santa Catarina de Sena (1347-1380), terceira dominicana, doutora da Igreja, co-padroeira da Europa

O Diálogo

«Partiu os pães... Dividiu também os dois peixes por todos. E todos ficaram saciados». (vv.41-42)

[Jesus dizia a Santa Catarina:]

É toda a Essência divina o que recebeis neste sacramento, sob essa brancura do pão. Tal como o sol é

indivisível, assim Deus se encontra todo inteiro e o homem todo inteiro na brancura da hóstia. Ainda que

dividíssemos a hóstia em milhares de migalhas, se isso fosse possível, em cada uma delas eu estou ainda, Deus

inteiro, homem inteiro, tal como te disse

Suponhamos que haja várias pessoas vindo buscar luz com círios. Uma traz um círio de cem gramas, outra de

duzentos e uma terceira de trezentos gramas; uma outra traz um círio de meio quilo e outra de mais ainda.

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Todas se aproximam da luz e cada uma acende o seu círio. Em cada círio aceso, seja qual for o seu volume, vê-

se agora a luz toda inteira, com a sua cor, o seu calor e o seu brilho... Assim acontece aos que se aproximam

deste sacramento. Cada um traz o seu círio, quer dizer, o santo desejo com que recebe e toma o sacramento. O

círio está apagado e acende-se quando se recebe este sacramento. Digo que está apagado porque por vós

mesmos não sois nada. É verdade que vos dei a matéria com que podeis receber e conservar em vós esta luz.

Essa matéria é o amor, porque vos criei por amor; é por isso que não podeis viver sem amor».

Comentário feito por :

Papa Bento XVI

Homilia para o Congresso eucarístico italiano, 29/05/05 (trad. Osservatore Romano rev.; cf DC 2339, p. 634

© Libreria Editrice Vaticana)

Jesus tomou, então, os cinco pães, pronunciou a bênção, partiu os pães e deu-os aos discípulos.

«Sem o Domingo não podemos viver». No ano 304, quando o imperador Diocleciano proibiu os cristãos, sob

pena de morte, de possuírem as Escrituras, de se reunirem ao domingo para celebrar a Eucaristia, em Abitene,

uma pequena localidade na actual Tunísia, 49 cristãos foram surpreendidos a um domingo enquanto, reunidos

em casa de Octávio Félix, celebravam a Eucaristia; foram presos e levados para Cartago para serem

interrogados . Um deles respondeu: «Sine dominico non possumus»: sem nos reunirmos em assembléia ao

domingo para celebrar a Eucaristia, não podemos viver. Faltar-nos-iam as forças para enfrentar as dificuldades

quotidianas sem sucumbir. O Filho de Deus, tendo-Se feito carne, podia tornar-Se pão, e ser assim alimento do

Seu povo, que está neste mundo a caminho da terra prometida do céu. Precisamos deste pão para enfrentar as

fadigas e o cansaço da viagem. O Domingo, Dia do Senhor, é a ocasião propícia para haurir a força d'Ele, que é

o Senhor da vida. Por conseguinte, o preceito festivo não é um dever imposto do exterior, um peso sobre os

nossos ombros. Ao contrário, participar na celebração dominical, alimentar-se do Pão eucarístico e

experimentar a comunhão dos irmãos e irmãs em Cristo é uma necessidade para o cristão, é uma alegria. É

assim que ele pode encontrar a energia necessária para o caminho que tem de percorrer todas as semanas.

Mc.(7,31-37)- DDM – p.1331 – Milagre do surdo-mudo. 31.Ele deixou de novo as fronteiras de Tiro e foi por Sidônia ao mar da Galiléia, no meio do território da Decápole.

32.Ora, apresentaram-lhe um surdo-mudo, rogando-lhe que lhe impusesse a mão.

33.Jesus tomou-o à parte dentre o povo, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e tocou-lhe a língua com saliva.

34.E levantou os olhos ao céu, deu um suspiro e disse-lhe: Éfeta!, que quer dizer abre-te!

35.No mesmo instante os ouvidos se lhe abriram, a prisão da língua se lhe desfez e ele falava perfeitamente.

36.Proibiu-lhes que o dissessem a alguém. Mas quanto mais lhes proibia, tanto mais o publicavam.

37.E tanto mais se admiravam, dizendo: Ele fez bem todas as coisas. Fez ouvir os surdos e falar os mudos!

Comentário feito por:

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja

Discurso sobre os salmos, Sl 102, 5-6; PL 37, 1319

«Jesus conduziu-o para longe, afastado da multidão, e colocou-lhe os dedos sobre as orelhas»- (v.33)

«Deus cura-te de toda a enfermidade.» (Sl.102,3) Todas as tuas doenças serão curadas, não temas. Dirás que

elas são grandes; mas o médico é maior. Para um médico todo poderoso, não há doenças incuráveis. Deixa-te

simplesmente tratar, não rejeites a Sua mão; Ele sabe o que tem a fazer. Não te alegres só quando Ele atua com

doçura, mas suporta-o também quando Ele talha. Aceita a dor do remédio pensando na saúde que te vai

restituir.Vede, meus irmãos, tudo o que suportam os homens nas suas doenças físicas para prolongarem a sua

vida por alguns dias... Tu, ao menos, não sofres por um resultado duvidoso: Aquele que te prometeu a saúde

não se pode enganar. Porque é que os médicos por vezes se enganam? Porque não criaram o corpo que tratam.

Mas Deus fez o teu corpo, Deus fez a tua alma. Ele sabe como recriar aquilo que criou; Ele sabe como

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reformar aquilo que formou. Tu só tens de te abandonar nas Suas mãos de médico... suporta as suas mãos, ó

alma que «o bendizes e não esqueces nenhum dos seus benefícios: Ele cura-te de todas as doenças»

(Sl.102, 2-3).Aquele que te fez para nunca estares doente, se tu tiveres querido guardar os Seus preceitos, não te

curará? Aquele que fez os anjos e que, recriando-te, te fará igual aos anjos, não te curará? Aquele que fez o céu

e a terra não te curará, depois de te ter feito à sua imagem? (Gn.1,26) Ele curar-te-á, mas é preciso que tu

consintas em ser curado. Ele cura perfeitamente todo o doente, mas não o cura contra a sua vontade... A tua

saúde é Cristo.

Mc.8,1-10 – DDM – p.1331 1.Naqueles dias, como fosse novamente numerosa a multidão, enão tivessem o que comer, Jesus convocou os discípulos e lhes disse:

2.Tenho compaixão deste povo. Já há três dias perseveram comigo e não têm o que comer.

3.Se os despedir em jejum para suas casas, desfalecerão no caminho; e alguns deles vieram de longe!

4.Seus discípulos responderam-lhe: Como poderá alguém fartá-los de pão aqui no deserto?

5.Mas ele perguntou-lhes: Quantos pães tendes? Sete, responderam.

6.Mandou então que o povo se assentasse no chão. Tomando os sete pães, deu graças, partiu-os e entregou-os a seus discípulos, para

que os distribuíssem e eles os distribuíram ao povo.

7.Tinham também alguns peixinhos. Ele os abençoou e mandou também distribuí-los.

8.Comeram e ficaram fartos, e dos pedaços que sobraram levantaram sete cestos.

9.Ora, os que comeram eram cerca de quatro mil pessoas. Em seguida, Jesus os despediu.

10.E embarcando depois com seus discípulos, foi para o território de Dalmanuta.

Comentário feito por :

Santo Ambrósio (c. 340-397), Bispo de Milão e Doutor da Igreja

Comentário sobre o Evangelho de São Lucas, VI, 73-88 (a partir da trad. SC 45, pp. 254 ss. rev.)

«Se os mandar embora em jejum para suas casas, desfalecerão no caminho»

Senhor Jesus, sei bem que não queres deixar em jejum estas pessoas que estão aqui comigo, mas antes

alimentá-las com os alimentos que distribuis; deste modo, fortalecidas com o Teu alimento, não recearão

desfalecer de fome. Sei bem que também não nos queres mandar embora em jejum. Tu o disseste: não queres

que eles desfaleçam no caminho, isto é, que desfaleçam no decurso desta vida antes de chegarem ao fim do

percurso, antes de chegarem ao Pai e perceberem que Tu provéns do Pai. O Senhor tem piedade, para que

ninguém desfaleça no caminho. Assim como faz chover tanto sobre os justos como sobre os injustos (Mt.5, 45),

também alimenta tanto os justos como os injustos. Não foi graças à força do alimento que o santo profeta Elias,

quase a desfalecer, conseguiu caminhar quarenta dias? (1R.19, 8) Foi um anjo que lhe deu esse alimento; mas a

vós, é o próprio Cristo que vos alimenta. Se conservardes o alimento assim recebido, caminhareis, não quarenta

dias e quarenta noites, mas durante quarenta anos, desde a vossa saída dos confins do Egito até à vossa chegada

à terra da abundância, à terra onde correm o leite e o mel (Ex.3, 8). Cristo partilha os víveres e quer, sem dúvida

alguma, dá-los a todos. Não os recusa a ninguém, pois os dá a todos. Porém, quando parte os pães e os dá aos

discípulos, se não estenderdes as mãos para receber o vosso alimento, desfalecereis no caminho. Este pão que

Jesus parte é o mistério da palavra de Deus: quando é distribuída, aumenta. A partir somente de algumas

palavras, Jesus forneceu a todos os povos um alimento superabundante. Ele deu-nos os Seus discursos como

pães e, enquanto os saboreamos, eles multiplicam-se na nossa boca. Quando as multidões os comem, os

pedaços tornam a aumentar, multiplicando-se. Tanto assim é que, no fim, os restos são ainda mais abundantes

do que os pães que foram partilhados.

Mc.9,2-10 – DDM – p.1332.3 2.Seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João, e conduziu-os a sós a um alto monte. E 3.transfigurou-se diante deles. Suas vestes tornaram-se resplandecentes e de uma brancura tal, que nenhum lavadeiro sobre a terra as

pode fazer assim tão brancas.

4.Apareceram-lhes Elias e Moisés, e falavam com Jesus.

5.Pedro tomou a palavra: Mestre, é bom para nós estarmos aqui; faremos três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias.

6.Com efeito, não sabia o que falava, porque estavam sobremaneira atemorizados.

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7.Formou-se então uma nuvem que os encobriu com a sua sombra; e da nuvem veio uma voz: Este é o meu Filho muito amado; ouvi-

o.

8.E olhando eles logo em derredor, já não viram ninguém, senão só a Jesus com eles.

9.Ao descerem do monte, proibiu-lhes Jesus que contassem a quem quer que fosse o que tinham visto, até que o Filho do homem

houvesse ressurgido dos mortos.

10.E guardaram esta recomendação consigo, perguntando entre si o que significaria: Ser ressuscitado dentre os mortos.

Comentário feito por:

Anastácio do Sinai (?-depois de 700), monge

Homilia para a festa da Transfiguração

«Discutiam uns com os outros o que seria 'ressuscitar de entre os mortos'»

No monte Tabor, Jesus mostrou aos Seus discípulos uma maravilhosa manifestação divina, como que uma imagem pré-

figurativa do Reino dos Céus. Foi exatamente como se lhes dissesse: «Em verdade vos digo, alguns dos que estão aqui

presentes não experimentarão a morte, antes de terem visto chegar o Filho do Homem com o Seu Reino» (Mt.16,28). São

estas as maravilhas divinas desta festa. Porque é ao mesmo tempo a morte e a festa de Cristo que nos une. A fim de

penetrarmos nestes mistérios com os discípulos escolhidos, escutemos a voz divina e santa que, como que do alto, nos

convoca com urgência: «Vinde, gritai para a montanha do Senhor no dia do Senhor, para o lugar do Senhor e na casa do

vosso Deus.» Escutai, para que, iluminados por esta visão, transformados, transportados, invoqueis esta luz dizendo:

«Que terrível é este lugar! Aqui é a casa de Deus, aqui é a porta do céu» (Gn 28,17).Por conseguinte, é para a montanha

que temos de ir, como Jesus fez, Ele que, lá como no céu, é o nosso guia e o nosso precursor. Com Ele brilharemos aos

olhares espirituais, seremos renovados e divinizados na constituição da nossa alma; configurados à Sua imagem, seremos

como Ele transfigurados – divinizados para sempre e transportados para as alturas. Apressemo-nos portanto na confiança

e na alegria, e penetremos na nuvem, como Moisés e Elias, como Tiago e João. Como Pedro, sejamos arrebatados por esta

contemplação e esta manifestação divinas, sejamos magnificamente transformados, sejamos transportados para fora do

mundo, elevados desta terra. Deixa a carne, deixa a criação e volta-te para o Criador a Quem Pedro dizia, deleitado, fora

de si: «Mestre, é bom estarmos aqui.» Sim Pedro, é verdadeiramente bom estarmos aqui com Jesus, e estarmos aqui para

sempre.

Mc.16,1-7 – DDM – p.1344 1.Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para ungir Jesus.

2.E no primeiro dia da semana, foram muito cedo ao sepulcro, mal o sol havia despontado.

3.E diziam entre si: Quem nos há de remover a pedra da entrada do sepulcro?

4.Levantando os olhos, elas viram removida a pedra, que era muito grande.

5.Entrando no sepulcro, viram, sentado do lado direito, um jovem, vestido de roupas brancas, e assustaram-se.

6.Ele lhes falou: Não tenhais medo. Buscais Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Ele ressuscitou, já não está aqui. Eis o lugar onde o

depositaram.

7.Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galiléia. Lá o vereis como vos disse.

Comentário feito por:

São Cromácio de Aquileia (?-407), bispo

Sermão 17, segundo para a Grande Noite

«Eis que renovo todas as coisas» (Ap.21,5)

O mundo inteiro, que celebra a vigília pascal durante toda esta noite, testemunha a grandeza e a solenidade da

mesma. E com razão: nesta noite a morte foi vencida, a Vida está viva, Cristo ressuscitou dos mortos. Outrora,

Moisés dissera ao povo, a propósito desta Vida: «Sentireis a vossa vida suspensa e tremereis noite e dia» (Dt

28,66). Que aqui se trata de Cristo Senhor, é Ele próprio que no-lo mostra no Evangelho, quando diz: «Eu sou o

Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14,6). Ele diz-Se o caminho, porque conduz ao Pai; a verdade, porque

condena a mentira; e a vida, porque comanda a morte: «Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o

teu aguilhão?» (1Co.15,55) Porque a morte, que sempre fora vitoriosa, foi vencida pela morte d'Aquele que a

venceu. A Vida aceitou morrer para desconcertar a morte. Da mesma forma que, ao nascer do dia, as trevas

desaparecem, assim foi a morte aniquilada, quando se ergueu a Vida eterna. Eis, pois, o tempo pascal. Outrora,

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Moisés falou ao seu povo dizendo: «Este mês será para vós o primeiro dos meses; ele será para vós o primeiro

dos meses do ano» (Ex 12,2). O primeiro mês do ano não é, portanto, Janeiro, em que tudo está morto, mas o

tempo pascal, em que tudo retorna à vida. Porque é agora que a erva dos prados, de certa forma, ressuscita da

morte, é agora que há flores nas árvores e que as vinhas têm rebentos, é agora que o próprio ar parece feliz com

o início dum novo ano. Este tempo pascal é, assim, o primeiro mês, o tempo novo e, também neste dia, o

gênero humano é renovado. Pois hoje, no mundo inteiro, inumeráveis povos ressuscitam, pela água do batismo,

para uma vida nova. E nós, que acreditamos que o tempo pascal é, na verdade, o ano novo, devemos celebrar

esse santo dia com toda a alegria e exultação e júbilo espiritual, para podermos dizer, verdadeiramente, este

refrão do salmo: «Este é o dia da vitória do Senhor: cantemos e alegremo-nos nele!» (117,24).

Mc.16,9-15 – DDM – p.1344 9.Tendo Jesus ressuscitado de manhã, no primeiro dia da semana apareceu primeiramente a Maria de Magdala, de quem tinha

expulsado sete demônios.

10.Foi ela noticiá-lo aos que estiveram com ele, os quais estavam aflitos e chorosos.

11.Quando souberam que Jesus vivia e que ela o tinha visto, não quiseram acreditar.

12.Mais tarde, ele apareceu sob outra forma a dois entre eles que iam para o campo.

13.Eles foram anunciá-lo aos demais. Mas estes tampouco acreditaram.

14.Por fim apareceu aos Onze, quando estavam sentados à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, por não

acreditarem nos que o tinham visto ressuscitado.

15.E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.

16.Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado.

Comentário feito por

São Romano (? -c. 560), compositor de hinos

Hino «A Missão dos Apóstolos», 13ss.

«Proclamai o Evangelho a toda a criatura»

«De uma vez por todas digo aos Meus santos: ide pelo mundo inteiro, pelas nações e pelos reinos e fazei

discípulos. Porque tudo Me foi entregue por Aquele que Me gerou (cf. Mt.28,18-19), tanto o mundo superior

como o inferior, dos quais Eu era o Senhor antes mesmo de ter tomado a carne. Agora tomei posse do Meu

reinado sobre todo o Universo e tenho em vós um conselho de ministros sagrados, Eu, que sou o único que

conhece as profundezas dos corações. «Ide a todas as nações. Tendo lançado à terra a semente do

arrependimento, irrigai-a com os vossos ensinamentos.». Escutando estas palavras os apóstolos olhavam uns

para os outros, meneando a cabeça: «De onde nos virão a voz e a língua para falar a todos? Quem nos dará

forças para lutar com os povos e as nações como Tu nos ordenaste, a nós que nem temos letras nem cultura,

humildes pecadores que somos, sendo Tu o único a conhecer as profundezas dos corações?» «Não atormenteis

o vosso coração, que o Inimigo não vos perturbe o espírito. Não penseis mais como criancinhas. Não quero

vencer pela força, é através dos fracos que opero. Não procuro os que gostam de filosofar: escolhi 'aquilo que é

louco aos olhos do mundo' (cf.1Co 1,27), Eu, que sou o único a conhecer as profundezas dos corações.«Ide,

portanto, a toda a Criação. Regai com os vossos ensinamentos a semente do arrependimento que semeastes.

Velai para que nenhuma alma penitente se quede fora da vossa rede. Comprazo-Me naqueles que voltam para

Mim, como vós também sabeis. Ah, até aquele que Me traiu, se tivesse voltado para Mim depois de Me ter

vendido! Apagando o seu pecado, tê-lo-ia reunido a vós, Eu que sou o único que conhece as profundezas dos

corações. «Dizei-lhes que sou Deus e que Eu, o Inexprimível, tomei a condição de servo (Fl.2,7). Mostrai-lhes

como fiz Minhas as feridas da carne. Enterrado por ter sido condenado, pilhei o inferno porque Eu sou o

Senhor.». Fortalecidos pelas Suas palavras, os Apóstolos disseram ao Criador: «Tu és o Deus que era antes dos

séculos e jamais terás fim. Proclamar-Te-emos como nos ordenaste. Fica conosco, sê o nosso defensor, Tu que

és o único que conhece as profundezas dos corações.»

Comentário feito por:

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João Paulo II

Carta apostólica «Novo millennio ineunte», § 58 ( trad. © Libreria Editrice Vaticana)

«Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura»

Duc in altum! Sigamos em frente, com esperança! Diante da Igreja abre-se um novo milênio como um vasto

oceano onde aventurar-se com a ajuda de Cristo. O Filho de Deus, que encarnou há dois mil anos por amor do

homem, continua também hoje em ação: devemos possuir um olhar perspicaz para contemplá-la, e sobretudo

um coração grande para nos tornarmos instrumentos dela. Porventura não foi para tomar renovado contacto

com esta fonte viva da nossa esperança que celebramos o ano jubilar? Agora Cristo, por nós contemplado e

amado, convida uma vez mais a pormo-nos a caminho: «Ide, pois, ensinai todas as nações, batizando-as em

nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo» (Mt.28, 19). O mandato missionário introduz-nos no terceiro

milênio, convidando-nos a ter o mesmo entusiasmo dos cristãos da primeira hora; podemos contar com a força

do mesmo Espírito que foi derramado no Pentecostes e nos impele hoje a partir de novo sustentados pela

esperança que «não nos deixa confundidos» (Rm.5,5 ). Ao princípio deste novo século, o nosso passo tem de

fazer-se mais lesto para percorrer as estradas do mundo. As sendas, por onde caminha cada um de nós e cada

uma das nossas Igrejas são muitas, mas não há distância entre aqueles que estão intimamente ligados pela única

comunhão, a comunhão que cada dia é alimentada à mesa do Pão eucarístico e da Palavra de vida. Cada

domingo, Cristo ressuscitado marca encontro conosco no Cenáculo onde, na tarde do «primeiro dia depois do

sábado» (Jo 20,19), apareceu aos Seus «soprando» sobre eles o dom vivificante do Espírito e iniciando-os na

grande aventura da evangelização.

Mc.(16,17-18.20) –DDM - pg.1344 17.Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em meu nome, falarão novas línguas,

18.manusearão serpentes, e se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal;imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados.

20.Os discípulos partiram e pregaram por toda a parte. O Senhor cooperava com eles e confirmava a sua palavra com os milagres que

o acompanhavam.

-Desta forma, concretiza-se a promessa que Jesus havia feito aos discípulos:

-Concluímos que o Dom de Milagres é para promover a adesão à mensagem da salvação e à pessoa de Jesus. O

mesmo ocorre quanto a todos os outros carismas, que dão fruto de fé e conversão de verdadeiras multidões

como diz a Palavra. O Senhor dava testemunho à Palavra de sua graça pelos milagres e prodígios que operava

pelas mãos dos apóstolos (v.20).

-Hoje constatamos em nossas vidas a manifestação destes sinais. O fiel leigo, os sacerdotes as religiosas podem

experimentá-los em suas vidas.

Lc.(1,55-66)- DDM – p.1347 55.conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre.

56.Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois voltou para casa.

57.Completando-se para Isabel o tempo de dar à luz, teve um filho.

58.Os seus vizinhos e parentes souberam que o Senhor lhe manifestara a sua misericórdia, e congratulavam-se com ela.

59.No oitavo dia, foram circuncidar o menino e o queriam chamar pelo nome de seu pai, Zacarias.

60.Mas sua mãe interveio: Não, disse ela, ele se chamará João.

61.Replicaram-lhe: Não há ninguém na tua família que se chame por este nome.

62.E perguntavam por acenos ao seu pai como queria que se chamasse.

63.Ele, pedindo uma tabuinha, escreveu nela as palavras: João é o seu nome. Todos ficaram pasmados.

64.E logo se lhe abriu a boca e soltou-se-lhe a língua e ele falou, bendizendo a Deus.

65.O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos; o fato divulgou-se por todas as montanhas da Judéia.

66.Todos os que o ouviam conservavam-no no coração, dizendo: Que será este menino? Porque a mão do Senhor estava com ele.

Comentário feito por:

Santo Irineu de Lyon (c.130 – c. 208), bispo, teólogo e mártir

Contra as heresias III, 10, 1

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«A língua desprendeu-se-lhe e começou a falar, bendizendo a Deus» - (v.64)

A propósito de João Baptista, lemos em São Lucas: «Será grande diante do Senhor, e reconduzirá muitos dos filhos de

Israel ao Senhor, seu Deus, e irá à frente, diante do Senhor, com o espírito e a força de Elias, a fim de proporcionar ao

Senhor um povo com boas disposições» (1,15-17). A Quem proporcionou ele então um povo, e diante de que Senhor foi

grande? Diante d'Aquele que disse que João era «mais que um profeta», e que disse ainda que, de «entre os nascidos de

mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista» (Mt.11,9.11). Porque João preparava um povo, ao anunciar

antecipadamente aos companheiros de servidão a vinda do Senhor e ao pregar-lhes a penitência, para que, quando o

Senhor viesse, todos estivessem em condições de receber o perdão, a fim de voltarem para junto d'Aquele para Quem,

pelos pecados que cometeram, se tinham tornado estrangeiros. Sim, «na sua misericórdia», Deus visita-nos «como sol

nascente; para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte e dirigir os nossos passos no caminho da luz»

(Lc.1,78-79). Foi nestes termos que Zacarias, liberto do mutismo que tinha atraído na sua incredulidade, e cheio do

Espírito novo, passou a bendizer a Deus de uma maneira nova. Porque a partir de então tudo era novo, porque o Verbo,

por um processo novo, acabara de cumprir o desígnio da Sua vinda na carne, para que o homem, que se tinha afastado de

Deus, fosse por Ele reintegrado na amizade de Deus. É por isso que este homem ensinava a honrar a Deus de uma

maneira nova.

Comentário feito por :

Liturgia bizantina

Lucernário das Grandes Vésperas da festa da Natividade de João Baptista (a partir da trad. Chevetogne)

Começou a falar, bendizendo a Deus.

Pelo seu nascimento, São João

pôs fim ao silêncio de Zacarias:

a partir desse momento, não pôde mais calar-se

aquele que gerou a voz que brada no deserto (Mt.3,3),

anunciando a vinda de Cristo.

Mas, como a incredulidade

começara por prender a língua do pai,

a manifestação devolveu-lhe a liberdade;

e foi assim anunciada, e depois trazida à luz

a voz do Verbo, o Precursor da Claridade,

que intercede pelas nossas almas.

Neste dia, a Voz do Verbo liberta

a voz paternal, prisioneira da sua falta de fé;

da Igreja manifesta a fecundidade,

fazendo cessar a maternal esterilidade.

À frente da luz avança o candelabro

do Sol da Justiça recebe o reflexo (Ml.3,20)

o raio que anuncia a Sua vinda

para a restauração universal

e a salvação das nossas almas.

Eis que avança, vindo de um seio estéril,

o mensageiro do Verbo Divino,

que haveria de nascer de um seio virginal

o maior de todos os filhos dos homens (M. 11,11),

o profeta que não tem igual;

porque as coisas divinas precisam de um começo maravilhoso,

seja a fecundidade numa idade avançada (Lc.1,7),

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ou a concepção operada sem semente.

Glória a Ti, ó Deus, que fazes maravilhas pela nossa salvação.

Apóstolo universal,

objeto do anúncio de Gabriel (Lc.1,36),

ramo nascido da estéril e mais bela flor do deserto,

amigo íntimo do Esposo (Jo 3, 29),

profeta digno de aclamação,

pede a Cristo que tenha piedade das nossas almas.

Comentário feito por:

Homília atribuída a São Gregório o Taumaturgo (c. 213-c.270), bispo

Homília sobre a Sagrada Teofania, 4; PG 10, 1181 (a partir da trad. Delhougne, Les Pères commentent, p. 31)

«Começou a falar, bendizendo a Deus»

[João Baptista dizia:]

Na Tua presença, Senhor Jesus, não me posso calar, porque «eu sou a voz, e a voz daquele que brada no

deserto: preparai o caminho do Senhor. Sou eu que necessito de ser batizado por Ti, e és Tu que vens a mim!»

(Mt.3, 3.14). Ao nascer, apaguei a esterilidade daquela que me gerou; e, quando era um nascituro, trouxe

remédio para a mudez de meu pai, recebendo de Ti a graça desse milagre. Mas Tu, nascido da Virgem Maria da

forma que quiseste e que és o único a conhecer, Tu não apagaste a sua virgindade, Tu a protegeste

acrescentando-lhe o título de mãe; nem a sua virgindade impediu a Tua concepção, nem a Tua concepção

manchou a sua virgindade. Estas duas realidades incompatíveis, a concepção e a virgindade, uniram-se numa

harmonia única, o que está ao alcance do Criador da natureza. Eu, que sou um homem, apenas participo da

graça divina; mas Tu, Tu és ao mesmo tempo Deus e homem, porque Tu és por natureza o amigo dos homens

(cf. Sab 1, 6).

Comentário feito por:

Santo Inácio de Antioquia (? - c. 110), bispo e mártir

Carta aos Efésios, 13-15

Seremos reconhecidos pelos frutos

O nascimento de João o Baptista está repleto de milagres. Um arcanjo anunciou a vinda de Nosso Senhor e

Salvador, Jesus; igualmente, um arcanjo anuncia o nascimento de João (Lc 1, 13) e diz: «será cheio do Espírito

Santo já desde o ventre da sua mãe» (Lc 1, 16). O povo judaico não via que Nosso Senhor realizava «milagres e

prodígios» e curava muitas doenças, mas João exulta de alegria estando ainda no seio materno; não se consegue

detê-lo e, à chegada da mãe de Jesus, a criança tenta sair do seio de Isabel: «Pois, logo que chegou aos meus

ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio» (Lc 1,44). Ainda no seio de sua mãe, João

recebeu o Espírito Santo A Escritura diz depois: «E reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu

Deus» (Lc 1, 16). João reconduziu «um grande número»; o Senhor não reconduziu apenas um grande número,

mas todos. Com efeito, a Sua obra é reconduzir todos os homens a Deus Pai A meu ver, o mistério de João

realiza-se no mundo até aos nossos dias. Todo aquele que está destinado a crer em Cristo Jesus necessita

primeiro que o espírito e a força de João entrem na sua alma para «proporcionar ao Senhor um povo com boas

disposições» (Lc 1, 17) e para que, nas asperezas do seu coração, toda a ravina seja preenchida, todo o monte e

colina sejam abatidos. Não foi apenas naquele tempo que os caminhos foram aplainados e as veredas

endireitadas (Lc 3, 5); ainda hoje o espírito e a força de João precedem o advento do Senhor, nosso Salvador.

Comentário feito por :

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Homilia grega do século IV

Incorretamente atribuída a São Gregório de Neocesareia ou São Gregório Taumaturgo, no. 2; PG 10, 1156

«A promessa feita a nossos pais» . (v.55)

Maria disse então: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador.

Tomou a Seu cuidado Israel, Seu filho (Lc.1,54, grego), recordando a Sua misericórdia, conforme tinha dito a

nossos pais, em favor de Abraão e sua descendência, para sempre». Vede como a Virgem ultrapassa a perfeição

do patriarca e confirma a aliança que Deus estabeleceu com Abraão, quando diz: «Eis o pacto estabelecido

entre Mim e vós» (Gn 17,11). É o canto desta profecia que a Santa Mãe de Deus dirige a Deus quando Lhe diz:

«A minha alma glorifica o Senhor pois o Todo-Poderoso fez grandes coisas por mim, santo é o Seu nome. Ao

tornar-me Mãe de Deus, Ele preservou a minha virgindade. No meu seio recapitula-se, para aí ser santificada, a

plenitude de todas as gerações. Pois Ele abençoou todas as idades, homens, mulheres, jovens, crianças, idosos».

«Ele retirou os poderosos dos seus tronos e elevou os humildes». Os humildes, os povos pagãos, que estavam

esfomeados de justiça (Mt 5,6), foram exaltados. Ao tornarem visível a sua humildade e fome de Deus, e ao

solicitarem a palavra de Deus como a Cananéia pediu as migalhas (Mt.15,27), eles ficaram saciados com as

riquezas que os mistérios divinos contêm. Pois Jesus Cristo nosso Deus distribuiu todo o lote de favores divinos

aos pagãos. «Tomou a Seu cuidado Israel, Seu filho», não um Israel qualquer, mas o Seu filho, cujo elevado

nascimento honra. Eis porque a Mãe de Deus chama a este povo Seu filho e Seu herdeiro. Ao ver este povo

esgotado pela letra, extenuado pela Lei, Ele chama-o à Sua graça. Ao dar este nome a Israel, Ele ergue-o,

«recordando a Sua misericórdia, conforme tinha dito a nossos pais, em favor de Abraão e sua descendência,

para sempre». Estas palavras são um resumo de todo o mistério da nossa salvação. Querendo salvar a

humanidade e selar a aliança estabelecida com os nossos pais, Jesus Cristo «inclinou os céus e desceu» (Sl

17,10). E assim Se manifesta a nós, colocando-Se ao nosso alcance para que O possamos ver, tocar e ouvir

falar. Ó sublimidade do mistério do Senhor e do Seu desígnio sobre o mundo!

Comentário feito por :

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja

Sermão 289, 3º para a Natividade de João Baptista

«Ele é que deve crescer, e eu diminuir» (Jo 3,30)

O maior dos homens foi enviado para dar testemunho d'Aquele que era mais que um homem. Com efeito

quando aquele que «é o maior de entre os nascidos de mulher» (cf Mt.11,11) diz: «Eu não sou o Messias» (Jo

1,20) e se humilha face a Cristo, temos de entender que há em Cristo mais que um homem. «Sim, todos nós

participamos da Sua plenitude, recebendo graça sobre graça» (Jo 1,16). Que quer dizer «todos nós»? Quer dizer

os patriarcas, os profetas e os santos apóstolos, aqueles que precederam a Encarnação ou que foram enviados

depois pelo próprio Verbo encarnado, «todos nós participamos da Sua plenitude». Nós somos recipientes, ele é

a fonte. Portanto, João é homem, Cristo é Deus: é preciso que o homem se humilhe, para que Deus seja

exaltado.Foi para ensinar o homem a humilhar-se que João nasceu no dia a partir do qual os dias começam a

decrescer; para nos mostrar que Deus deve ser exaltado, Jesus Cristo nasceu no dia em que os dias começam a

aumentar. Há aqui um ensinamento profundamente misterioso. Nós celebramos a natividade de João como

celebramos a de Cristo, porque essa natividade está cheia de mistério. De que mistério? Do mistério da nossa

grandeza. Diminuamo-nos em nós próprios para podermos crescer em Deus; humilhemo-nos na nossa baixeza,

para sermos exaltados na Sua grandeza.

Comentário feito por

Liturgia Bizantina

Lucernário das Grandes Vésperas da festa da Natividade de João Baptista

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«E reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. Irá à frente, diante do Senhor, a fim de

proporcionar ao Senhor um povo com boas disposições.» . (Lc 1,16-17)

Neste dia vem ao mundo o grande Percursor,

fruto do seio da estéril Isabel.

É o maior entre os profetas;

nenhum outro surgiu como ele (Mt.11,11),

pois ele é a candeia (Jo 5,35) que antecede de perto a claridade suprema

e a voz (Mt 3,3) que precede o Verbo.

Ele conduz a Cristo a Igreja, Sua noiva (Jo 3,29),

e prepara para o Senhor um povo escolhido,

purificando-o com a água, aguardando o Espírito.

De Zacarias nasce essa planta jovem,

a mas bela entre os filhos do deserto,

o arauto do arrependimento,

o que purifica pela água (Lc 3,16) os que se transviavam,

que leva, como percursor (Lc 1,17), o anúncio da ressurreição

até à casa dos mortos (Mc 6,28),

e que intercede pelas nossas almas.

Desde o seio de tua mãe, bem-aventurado João,

tu foste o profeta e o percursor de Cristo:

estremeceste de alegria

vendo a Rainha vir até junto da serva,

levando a ti Aquele que o Pai gera sem mãe desde toda a eternidade (Lc 1,40),

tu, que nasceste de uma mulher estéril e dum velho,

segundo a promessa do Senhor (Lc 1,13)

pede-Lhe para ter piedade das nossas almas.

Lc.(4,14-22a)- DDM- p.1351 – 14.Jesus então, cheio da força do Espírito, voltou para a Galiléia. E a sua fama divulgou-se por toda a região.

15.Ele ensinava nas sinagogas e era aclamado por todos.

16.Dirigiu-se a Nazaré, onde se havia criado. Entrou na sinagoga em dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.

17.Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu a passagem onde está escrito (61,1s.):

18.O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os

contritos de coração,

19.para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o

ano da graça do Senhor.

20.E enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele.

21.Ele começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir.

22.Todos lhe davam testemunho e se admiravam das palavras de graça, que procediam da sua boca, e diziam: Não é este o filho de

José?

Comentário feito por:

Rupert de Deutz (c. 1075-1130), monge beneditino

Sobre a Santíssima Trindade, 42

“O Espírito do Senhor está sobre mim”- (v.18)

“Cumpriu-se hoje esta palavra da Escritura que acabais de ouvir: ‘O Espírito do Senhor repousa sobre mim,

porque o Senhor me ungiu’ (Is 61, 1).” É como se Cristo tivesse dito: Porque o Senhor Me ungiu, Eu disse sim,

disse-o verdadeiramente, e volto a dizê-lo: O Espírito do Senhor repousa sobre Mim. Onde foi, pois, em que

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momento foi que o Senhor Me ungiu? Ungiu-Me quando fui concebido, ou melhor, ungiu-Me a fim de que

fosse concebido no seio de Minha Mãe. Porque não foi da semente de um homem que uma mulher Me

concebeu, antes uma Virgem Me concebeu da unção do Espírito Santo. Foi então que o Senhor Me assinalou

com a unção real; consagrou-Me rei ungindo-Me, ao mesmo tempo que Me consagrava sacerdote. E pela

segunda vez, no Jordão, o Senhor consagrou-Me por esse mesmo Espírito. E por que está o Espírito do Senhor

sobre Mim? “Enviou-me a levar a boa nova aos pobres, a curar os corações despedaçados” (Is 61, 1). Não Me

enviou aos orgulhosos nem aos “que têm saúde”, mas como “médico aos doentes” e aos corações

despedaçados. Não Me enviou “aos justos” mas “aos pecadores” (Mc 2, 17). Fez de Mim um “homem de dores,

experimentado nos sofrimentos” (Is 53, 3), um homem “manso e humilde de coração” (Mt.11, 29). Enviou-Me

“a anunciar a anistia aos cativos e a liberdade aos prisioneiros” (Is 61, 1). A que prisioneiros, ou antes, de que

prisão venho anunciar a libertação? A que cativos venho anunciar a liberdade? Desde que “por um só homem

entrou o pecado no mundo e, pelo pecado, a morte” (Rm.5,12), todos os homens são prisioneiros do pecado,

todos são cativos da morte. Eu fui enviado “a consolar os amargurados de Sião” (Is 61, 2-3), todos quantos se

afligem por terem sido, devido aos seus pecados, privados e separados de sua mãe, a “Jerusalém lá do alto”

(Ga.4,26). Sim, consolá-los-ei dando-lhes “uma coroa em vez das cinzas” da penitência, o “óleo da alegria”, ou

seja, a consolação do Espírito Santo, “em vez do luto” da orfandade e do exílio, uma veste de festa, ou seja, a

glória da Ressurreição “em vez do desespero” (Is 61, 3).

Comentário feito por:

Catecismo da Igreja Católica, § 695

«O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque o Senhor Me ungiu»

A unção. O simbolismo da unção com óleo é também significativo do Espírito Santo, a ponto de se tomar o seu

sinônimo (1Jo.2, 20.27; 2Co.1,21). Na iniciação cristã, ela é o sinal sacramental da Confirmação, que

justamente nas Igrejas Orientais se chama «Crismação». Mas, para lhe apreender toda a força, temos de voltar à

primeira unção realizada pelo Espírito Santo: a de Jesus. Cristo («Messias» em hebraico) significa «ungido»

pelo Espírito de Deus. Houve «ungidos» do Senhor na antiga Aliança (Ex 30, 22-32), sobretudo o rei David

(1Sm.16,13). Mas Jesus é o ungido de Deus de maneira única: a humanidade que o Filho assume é totalmente

«ungida pelo Espírito Santo». Jesus é constituído «Cristo» pelo Espírito Santo (Lc.4,18-19; Is.61,1). A Virgem

Maria concebe Cristo do Espírito Santo, que pelo anjo O anuncia como Cristo quando do Seu nascimento

(Lc.2,11) e leva Simeão a ir ao templo ver o Cristo do Senhor (Lc 2, 26-27). É Ele que enche Cristo (Lc 4, 1) e

cujo poder emana de Cristo, nos Seus atos de cura e salvamento (Lc.6,19; 8,46). Finalmente, é Ele que

ressuscita Jesus de entre os mortos (Rm.1,4; 8, 11). Então, plenamente constituído «Cristo» na Sua humanidade

vencedora da morte (At.2,36), Jesus difunde em profusão o Espírito Santo, até que «os santos» constituam, na

sua união à humanidade do Filho de Deus, o «homem adulto à medida completa da plenitude de Cristo»

(Ef.4,13), «o Cristo total», para empregar a expressão de Santo Agostinho (Sermão 341, 1, 1).

Lc.(4,16-30)-DDM - p. 1351 16Dirigiu-se a Nazaré, onde se havia criado. Entrou na sinagoga em dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.

17.Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu a passagem onde está escrito (61,1s.):

18.O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os

contritos de coração,

19.para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o

ano da graça do Senhor.

20.E enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele.

21.Ele começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir.

22.Todos lhe davam testemunho e se admiravam das palavras de graça, que procediam da sua boca, e diziam: Não é este o filho de

José?

23.Então lhes disse: Sem dúvida me citareis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; todas as maravilhas que fizeste em

Cafarnaum, segundo ouvimos dizer, faze-o também aqui na tua pátria.

24.E acrescentou: Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na sua pátria.

25.Em verdade vos digo: muitas viúvas havia em Israel, no tempo de Elias, quando se fechou o céu por três anos e meio e houve

grande fome por toda a terra;

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26.mas a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia.

27.Igualmente havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu; mas nenhum deles foi limpo, senão o sírio Naamã.

28.A estas palavras, encheram-se todos de cólera na sinagoga.

29.Levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até o alto do monte sobre o qual estava construída a sua cidade, e

queriam precipitá-lo dali abaixo.

30.Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se.

Comentário feito por:

Beato Guerric d'Igny (cerca de 1080 - 1157), abade cisterciense

4º sermão para a Epifania

"Reconhecer Cristo na sua humildade e descer como ele"

"Em mim se perturba minha alma", ó Deus, quando penso nos meus pecados; "então, lembro-me de ti, no país

do Jordão" (Sl 41,7) - quer dizer, recordando-me da forma como purificaste Naamã, o leproso, na sua humilde

descida até ao rio... "Ele desceu e lavou-se sete vezes no Jordão, como lhe tinha prescrito o homem de Deus e

ficou purificado (2re.5,14). Desce também tu, ó minha alma, desce do carro do orgulho até às águas salutares

do Jordão que, desde a fonte da casa de David, corre agora pelo mundo inteiro "para lavar todo o pecado e toda

a mancha" (Zás.13,1). Certamente que essa nascente é a humildade da penitência, que corre ao mesmo tempo

graças a um dom de Cristo e graças ao seu exemplo e que, pregada doravante por toda a terra, lava os pecados

do mundo inteiro... O nosso Jordão é um rio puro; será, pois, impossível aos soberbos acusarem-te, se

mergulhares totalmente nele, se te sepultares, por assim dizer, na humildade de Cristo...

Claro que o nosso batismo é único, mas uma tal humildade é como um novo batismo. Com efeito, ela não

reitera a morte de Cristo mas leva à plenitude a mortificação e a sepultura do pecado: o que foi celebrado

sacramentalmente no batismo encontra a sua plena realização sob esta nova forma. Sim, uma tal humildade abre

os céus e dá o espírito de adoção; o Pai reconhece o seu filho, recriado na inocência e na pureza de uma criança

de novo gerada. É por isso que a Escritura menciona, e com razão, que a carne de Naamã foi reconstruída à

semelhança de um recém-nascido... Nós que perdemos a graça do nosso primeiro batismo..., eis que

descobrimos o verdadeiro Jordão, isto é, a descida da humildade... Basta-nos não recear descer cada dia mais

profundamente... com Cristo.

Lc.(5,1-11)- DDM – p.1352 1.Estando Jesus um dia à margem do lago de Genesaré, o povo se comprimia em redor dele para ouvir a palavra de Deus.

2.Vendo duas barcas estacionadas à beira do lago, - pois os pescadores haviam descido delas para consertar as redes -,

3.subiu a uma das barcas que era de Simão e pediu-lhe que a afastasse um pouco da terra; e sentado, ensinava da barca o povo.

4.Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar.

5.Simão respondeu-lhe: Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos; mas por causa de tua palavra, lançarei a rede.

6.Feito isto, apanharam peixes em tanta quantidade, que a rede se lhes rompia.

7.Acenaram aos companheiros, que estavam na outra barca, para que viessem ajudar. Eles vieram e encheram ambas as barcas, de

modo que quase iam ao fundo.

8.Vendo isso, Simão Pedro caiu aos pés de Jesus e exclamou: Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador.

9.É que tanto ele como seus companheiros estavam assombrados por causa da pesca que haviam feito.

10.O mesmo acontecera a Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus companheiros. Então Jesus disse a Simão: Não

temas; doravante serás pescador de homens.

11.E atracando as barcas à terra, deixaram tudo e o seguiram.

Comentário feito por:

S. José Maria Escrivá de Balaguer (1902-1975), presbítero, fundador

Homilia em "Amigos de Deus"

"Doravante, serás pescador de homens" – (v.10)

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"Eis que vou enviar grande número de pescadores que os pescarão, oráculo do Senhor" (Jr 16,16). Mostra-nos

assim a nossa grande missão: a pesca. Diz-se ou escreve-se por vezes que o mundo é como um mar. Há muita

verdade nesta comparação. Na vida humana, como no mar, há períodos de calma e de tempestade, tranqüilidade

e ventos violentos. Os homens encontram-se freqüentemente em águas amargas, entre grandes vagas; avançam

no meio de tormentas quais tristes navegadores, até quando parecem alegres, mesmo exuberantes: as suas

gargalhadas tentam dissimular o seu desencorajamento, a sua decepção, a sua vida sem caridade nem

compreensão. Devoram-se uns aos outros, como os peixes. Fazer de modo a que todos os homens entrem, de

boa vontade, nas redes divinas e se amem uns aos outros, eis a tarefa dos filhos de Deus. Se somos cristãos,

devemos transformar-nos nestes pescadores que descreve o profeta Jeremias com a ajuda de uma metáfora que

Jesus Cristo igualmente empregou por várias vezes: "Vinde após mim e farei de vós pescadores de homens",

disse ele a Pedro e a André. Vamos acompanhar Cristo nesta pesca divina. Jesus está "à beira do lago de

Genesaré e as pessoas acotovelam-se à sua volta, desejosas de escutar a palavra de Deus" (Lc 5,1). Tal como

hoje! Não o vêem.

Comentário feito por:

Santo António de Lisboa (c. 1195-1231), franciscano, Doutor da Igreja

Sermões para o Domingo e as festas dos santos (a partir da trad. de Bayart, Eds. franciscanas 1944, p. 187 rev.)

«Não tenhas receio; no futuro serás pescador de homens.»

«Porque Tu o dizes, lançarei as redes». É por indicação da graça celeste, por inspiração sobrenatural, que se

deve lançar a rede da pregação. Senão é em vão que o pregador lança as linhas das suas palavras. A fé dos

povos obtém-se, não através de discursos sabiamente compostos, mas pela graça da vocação divina. Ó frutuosa

humildade! Quando aqueles que até aí não tinham pescado nada confiam na palavra de Cristo, apanham uma

multidão de peixes.

«Porque Tu o dizes, lançarei as redes». Cada vez que por mim próprio as lancei, quis guardar o que me

pertencia. Fui eu que pesquei e não Tu, foram as minhas palavras e não as Tuas. Por isso não pesquei nada. Ou,

se pesquei qualquer coisa, não foi peixe, mas rãs, prontas a espalhar lisonjas sobre mim. «Porque Tu o dizes,

lançarei as redes». Lançar a linha por ordem de Jesus é atribuir-Lhe tudo e não guardar nada para si mesmo: é

viver em conformidade com o que se pesca. Nessa altura, apanhamos uma grande quantidade de peixes.

Comentário feito por:

São Josemaria Escrivá de Balaguer (1902-1975), presbítero, fundador

Homilia in Amigos de Dios

«Recebestes gratuitamente, dai gratuitamente» (Mt. 10, 8)

Quando Jesus saiu para o mar com os Seus discípulos, não pensava somente nessa pescaria. Foi por isso que

respondeu a Pedro: «Não tenhas receio; de hoje em diante serás pescador de homens». E também nessa nova

pesca a eficácia divina não faltará: os apóstolos serão instrumentos de grandes prodígios, apesar das suas

misérias pessoais. Também nós, se lutarmos todos os dias para alcançar a santidade na nossa vida normal, cada

um na sua própria condição no meio do mundo e no exercício da sua profissão, ouso afirmar que o Senhor fará

de nós instrumentos capazes de realizar milagres e, se for necessário, dos mais extraordinários. Daremos luz aos

cegos. Quem não poderá narrar mil exemplos de cegos quase de nascença que recuperam a visão e recebem

todo o esplendor da luz de Cristo? Outro era surdo e outro ainda mudo, que não podiam ouvir nem articular

uma única palavra enquanto filhos de Deus: e ouvem e exprimem-se como verdadeiros homens. «Em nome de

Jesus», os apóstolos restituem as forças a um enfermo incapaz de qualquer ação útil: «Em nome do Senhor

levanta-te e caminha!» (At.3, 6). Outro ainda, um morto, ouviu a voz de Deus como quando do milagre da

viúva de Naim: «Jovem, ordeno-te que te levantes» (Lc.7,14; At. 9,40).Faremos milagres como Cristo, milagres

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como os primeiros apóstolos. Estes prodígios realizaram-se talvez em ti, em mim: talvez estivéssemos cegos, ou

surdos, ou enfermos, ou sentíssemos a morte, quando a Palavra de Deus nos arrancou à nossa prostração. Se

amamos a Cristo, se O seguimos, se é apenas a Ele que procuramos e não a nós mesmos, em Seu nome

poderemos transmitir gratuitamente o que recebemos gratuitamente.

Comentário feito por

Santa Teresinha do Menino Jesus (1873-1897), carmelita, doutora da Igreja

Manuscrito autobiográfico

«Não tenhas receio; no futuro serás pescador de homens». (v.10)

Nessa noite de luz [no Natal, aos catorze anos] começou o terceiro período da minha vida, o mais belo de todos,

o mais repleto de graças do céu. Tal como os Seus apóstolos eu podia dizer: «Mestre, trabalhamos durante toda

a noite e nada apanhamos». Sendo ainda mais misericordioso para comigo do que tinha sido para com os Seus

discípulos, Jesus pegou Ele mesmo na rede, lançou-a e retirou-a repleta de peixes. Fez de mim uma pescadora

de almas; senti um grande desejo de trabalhar pela conversão dos pecadores. O grito de Jesus na cruz ressoava

também continuamente no meu coração: «Tenho sede!» (Jo 19,28). Essas palavras acendiam em mim um ardor

desconhecido e muito vivo. Queria dar de beber ao meu Bem-Amado e sentia-me eu própria devorada pela sede

das almas. A fim de aumentar o meu zelo, o Bom Deus mostrou-me que Lhe agradavam os meus desejos. Ouvi

falar de um grande criminoso que tinha acabado de ser condenado à morte por crimes horríveis e que tudo

levava a crer que morreria em pecado. Quis, a todo custo, impedi-lo de cair no inferno. Sentia, no fundo do meu

coração, a certeza de que esses desejos seriam satisfeitos, mas para me encher de coragem para continuar a

rezar pelos pecadores disse ao Bom Deus que tinha a certeza de que Ele perdoaria ao pobre infeliz Pranzini, e

que eu acreditaria nisso mesmo que ele não se confessasse nem desse nenhum sinal de arrependimento ─ tal era

a confiança que eu tinha na misericórdia infinita de Jesus ─, mas que Lhe pedia apenas um «sinal» de

arrependimento, só para minha consolação. A minha prece foi respondida à letra! Ah! Desde que recebi essa

graça única, o meu desejo de salvar as almas aumentou dia a dia; parecia-me ouvir Jesus dizer-me, como à

samaritana: «Dá-me de beber!» (Jo 4,7). Era uma verdadeira troca de amor; eu dava o sangue de Jesus às almas

e oferecia a Jesus essas mesmas almas refrescadas pelo Seu orvalho divino. Assim, Ele parecia ficar aliviado e,

quanto mais Lhe dava a beber, mais a sede da minha pequena alma aumentava, e era essa sede ardente que Ele

me dava como a mais deliciosa bebida do Seu amor.

Lc.5,17-26- DDM – p.1352.3 17. Um dia estava ele ensinando. Ao seu derredor estavam sentados fariseus e doutores da lei, vindos de todas as localidades da

Galiléia, da Judéia e de Jerusalém. E o poder do Senhor fazia-o realizar várias curas.

18. Apareceram algumas pessoas trazendo num leito um homem paralítico; e procuravam introduzi-lo na casa e pô-lo diante dele.

19. Mas não achando por onde o introduzir, por causa da multidão, subiram ao telhado e por entre as telhas o arriaram com o leito ao

meio da assembléia, diante de Jesus.

20.Vendo a fé que tinham, disse Jesus: Meu amigo, os teus pecados te são perdoados.

21. Então os escribas e os fariseus começaram a pensar e a dizer consigo mesmos: Quem é este homem que profere blasfêmias? Quem

pode perdoar pecados senão unicamente Deus?

22. Jesus, porém, penetrando nos seus pensamentos, replicou-lhes: Que pensais nos vossos corações?

23. Que é mais fácil dizer: Perdoados te são os pecados; ou dizer: Levanta-te e anda? 24. Ora, para que saibais que o Filho do Homem

tem na terra poder de perdoar pecados (disse ele ao paralítico), eu te ordeno: levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa.

25. No mesmo instante, levantou-se ele à vista deles, tomou o leito e partiu para casa, glorificando a Deus.

26. Todos ficaram transportados de entusiasmo e glorificavam a Deus; e tomados de temor, diziam: Hoje vimos coisas

maravilhosas.

Comentário feito por:

São Pedro Crisólogo (c. 406-450), Bispo de Ravena, Doutor da Igreja

Sermão 50; PL 52, 339 (a partir da trad. Matthieu commenté, DDB 1985, p. 72)

«Que estais pensando em vossos corações?»

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Graças à fé de outrem, a alma do paralítico foi curada antes do seu corpo. «Vendo a fé daqueles homens» diz o

Evangelho. Observai, irmãos que Deus não Se incomoda com o que querem os homens insensatos, que não

espera encontrar fé nos ignorantes, nos ímpios. Em contrapartida, não Se recusa a vir em auxílio da fé de

outrem. Esta fé é uma graça concedida e acontece por vontade de Deus. Na Sua divina bondade, este médico

que é Cristo tenta chamar à salvação aqueles que, contra a sua própria vontade, sofrem as doenças da alma,

aqueles a quem o peso dos pecados e das faltas esmaga até ao delírio. Mas que não desejam ser salvos. Ó meus

irmãos, se quiséssemos, se todos quiséssemos ver até ao fundo a paralisia da nossa alma! Observaríamos que,

privada das suas forças, ela jaz numa cama de pecados. A ação de Cristo em nós seria fonte de luz.

Compreenderíamos que Ele observa em cada dia a nossa falta de fé tão prejudicial, nos arrasta para uma cura

benigna e esmaga de imediato a nossa vontade rebelde. «Meu filho, diz Ele, os teus pecados estão perdoados.

Lc.(7,11-17)- DDM – p.1356 – O filho da viúva de Naim. 11.No dia seguinte dirigiu-se Jesus a uma cidade chamada Naim. Iam com ele diversos discípulos e muito povo.

12.Ao chegar perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto a ser sepultado, filho único de uma viúva; acompanhava-a muita

gente da cidade.

13.Vendo-a o Senhor, movido de compaixão para com ela, disse-lhe: Não chores!

14.E aproximando-se, tocou no esquife, e os que o levavam pararam. Disse Jesus: Moço, eu te ordeno, levanta-te.

15.Sentou-se o que estivera morto e começou a falar, e Jesus entregou-o à sua mãe.

16.Apoderou-se de todos o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta surgiu entre nós: Deus voltou os olhos para o

seu povo.

17.A notícia deste fato correu por toda a Judéia e por toda a circunvizinhança.

Comentário feito por:

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja

Sermão 98

"Jovem, eu te ordeno, levanta-te" – (v.14)

Que ninguém duvide, se é cristão, que ainda hoje há mortos que ressuscitam. Certamente que todo o homem

tem olhos com os quais pode ver mortos ressuscitarem da mesma maneira que ressuscitou o filho desta viúva de

que se acabou de falar no Evangelho. Mas nem todos podem ver ressuscitar homens que morreram

espiritualmente; para isso é preciso ter-se já ressuscitado interiormente. É mais importante ressuscitar alguém

que deve viver para sempre do que ressuscitar alguém que vai morrer outra vez.

A mãe deste jovem, esta viúva, foi arrebatada de alegria ao ver o filho ressuscitar. A nossa Mãe, a Igreja,

rejubila também ao ver todos os dias a ressurreição espiritual dos seus filhos. O filho da viúva estava morto

com a morte do corpo; mas aqueles estão com a morte da alma. Derramavam-se lágrimas por causa da morte

visível do primeiro; mas ninguém se preocupava com a morte invisível destes últimos, nem sequer a viam. O

único que não ficou indiferente diante disso foi aquele que conhecia esses mortos; só o que conhecia esses

mortos lhes podia devolver a vida. Com efeito, se o Senhor não tivesse vindo para ressuscitar os mortos, o

apóstolo Paulo não teria dito: "Levanta-te, tu que dormes, ergue-te de entre os mortos e Cristo te iluminará!"

(Ef 5,14)

Comentário feito por:

Santo Ambrósio (cc 340-397), bispo de Milão e doutor da Igreja

Sobre o Evangelho de S. Lucas, V, 89 (trad. cf SC 45, p. 214)

As lágrimas de uma mãe

A misericórdia divina deixa-se facilmente vergar pelos gemidos desta mãe. Ela é viúva; os sofrimentos ou a

morte do seu único filho quebraram-na. Creio que esta viúva, rodeada da multidão do povo, é mais do que uma

simples mulher que merece pelas suas lágrimas a ressurreição de um filho, jovem e único. Ela é a própria

imagem da Santa Igreja que, com as suas lágrimas, no meio do cortejo fúnebre e até junto do túmulo, obtém

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que seja devolvido à vida o jovem povo deste mundo. Porque à palavra de Deus os mortos ressuscitam,

reencontram a voz e a mãe recupera o seu filho; ele foi chamado do túmulo, foi arrancado ao sepulcro. Que

túmulo é este para vós, senão o vosso mau comportamento? O vosso túmulo é a falta de fé. Desse sepulcro,

Cristo vos liberta; saireis do túmulo se escutardes a Palavra de Deus. E, se o vosso pecado for demasiado grave

para que o possam lavar as lágrimas da vossa penitência, que intervenham por vós as lágrimas da vossa mãe

Igreja. Ela intercede por cada um dos seus filhos, como por outros tantos filhos únicos. Com efeito, ela é plena

de compaixão e experimenta uma dor espiritual e materna sempre que vê os seus filhos arrastados para a morte

pelo pecado

Comentário feito por:

Concílio Vaticano II

Constituição da Igreja no mundo deste tempo «Gaudium et spes», § 22

«O Senhor compadeceu-Se dela e disse-lhe: 'Não chores'»

«Imagem de Deus invisível» (Col. 1,15), Ele é o homem perfeito, que restitui aos filhos de Adão a semelhança

divina, deformada desde o primeiro pecado. Já que, nele, a natureza humana foi assumida, e não destruída, por

isso mesmo também em nós foi ela elevada a sublime dignidade. Porque, pela sua encarnação, Ele, o Filho de

Deus, uniu-Se de certo modo a cada homem. Trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência

humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-Se

verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado (Hb.4,15). Cordeiro inocente,

mereceu-nos a vida com a livre efusão do seu sangue; nele nos reconciliou Deus consigo e uns com os outros e

nos arrancou da escravidão do demônio e do pecado. De maneira que cada um de nós pode dizer com o

Apóstolo: o Filho de Deus «amou-me e entregou-Se por mim» (Gal 2,20). Sofrendo por nós, não só nos deu

exemplo, para que sigamos os seus passos, mas também abriu um novo caminho (B. 10, 20), em que a vida e a

morte são santificadas e recebem um novo sentido. O cristão, tornado conforme a imagem do Filho que é o

primogênito entre a multidão dos irmãos, recebe «as primícias do Espírito» (Rim. 8,29. 23). Por meio deste

Espírito, «penhor da herança» (IOF. 1,14), o homem todo é renovado interiormente, até a «redenção do corpo»:

«Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Aquele que ressuscitou Jesus de

entre os mortos dará também a vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita» (Rim.

8,23-11). Tal é, e tão grande, o mistério do homem, que a revelação cristã manifesta aos que crêem. E assim,

por Cristo e em Cristo, esclarece-se o enigma da dor e da morte, o qual, fora do seu Evangelho, nos esmaga.

Cristo ressuscitou, destruindo a morte com a própria morte, e deu-nos a vida, para que, tornados filhos no Filho,

exclamemos no Espírito: Abba, Pai (Rm. 8,15).

Lc.7,19-23-DDM – p.1356 – 19.E João chamou dois dos seus discípulos e enviou-os a Jesus, perguntando: És tu o que há de vir ou devemos esperar por outro?

20.Chegando estes homens a ele, disseram: João Batista enviou-nos a ti, perguntando: És tu o que há de vir ou devemos esperar por

outro?

21.Ora, naquele momento Jesus havia curado muitas pessoas de enfermidades, de doenças e de espíritos malignos, e dado a vista a

muitos cegos.

22.Respondeu-lhes ele: Ide anunciar a João o que tendes visto e ouvido: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos ficam

limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, aos pobres é anunciado o Evangelho; 23.e bem-aventurado é aquele para quem

eu não for ocasião de queda!

Comentário feito por:

Santo Hilário (c. 315-367), Bispo de Poitiers e Doutor da Igreja

Comentário ao Evangelho de São Mateus, 11, 3 (a partir da trad. SC 254, p. 255 rev.)

«Feliz de quem não tiver em Mim ocasião de queda»

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Ao ver os discípulos dirigirem-se a Jesus, João ficou preocupado com a ignorância deles, não com a sua, pois

ele tinha proclamado que Alguém viria para a remissão dos pecados. Mas para lhes dar a conhecer que não

tinha proclamado outro senão Aquele, enviou os discípulos a observar as Suas obras, para que estas dessem

autoridade ao seu anúncio e que nenhum outro Cristo fosse esperado para além d'Aquele a Quem as suas obras

tinham testemunhado.

E, como o Senhor Se tinha revelado completamente pelas Suas ações miraculosas, dando a vista aos cegos, a

marcha aos coxos, a cura aos leprosos, a audição aos surdos, a palavra aos mudos, a vida aos mortos, a

instrução aos pobres, Ele disse: «Feliz de quem não tiver em Mim ocasião de queda». Será que, da parte de

Cristo, terá jamais havido algum ato que possa ter escandalizado João? Seguramente que não. Ele permanecia

realmente na sua própria linha de ensinamento e ação. Mas é preciso estudar o conteúdo e o caráter específico

do que o Senhor diz: que a Boa Nova é recebida pelos pobres. Trata-se daqueles que perderam a vida, que

tomaram a sua cruz para O seguirem (Lc. 4, 27), que se tornaram humildes de coração e para os quais o Reino

dos Céus já está preparado (Mt.11, 29; 25, 34). Porque o conjunto destes sofrimentos convergia para o Senhor e

a Sua cruz ia ser um escândalo para um grande número, Ele declarou bem-aventurados aqueles cuja fé não

sofresse nenhuma tentação causada pela Sua cruz, pela Sua morte e pela Sua sepultura.

Lc.9,11-17 – DDM – p.1359 11.Logo que a multidão o soube, o foi seguindo; Jesus recebeu-os e falava-lhes do Reino de Deus. Restabelecia também a saúde dos

doentes.

12.Ora, o dia começava a declinar e os Doze foram dizer-lhe: Despede as turbas, para que vão pelas aldeias e sítios da vizinhança e

procurem alimento e hospedagem, porque aqui estamos num lugar deserto.

13.Jesus replicou-lhes: Dai-lhes vós mesmos de comer. Retrucaram eles: Não temos mais do que cinco pães e dois peixes, a menos

que nós mesmos vamos e compremos mantimentos para todo este povo.

14.(Pois eram quase cinco mil homens.) Jesus disse aos discípulos: Mandai-os sentar, divididos em grupos de cinqüenta.

15.Assim o fizeram e todos se assentaram.

16.Então Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e deu-os a seus discípulos, para

que os servissem ao povo.

17.E todos comeram e ficaram fartos. Do que sobrou recolheram ainda doze cestos de pedaços.

Comentário feito por:

São Tomás de Aquino (1225-1274), teólogo dominicano, Doutor da Igreja

Orações

«Eis o pão que os anjos comem transformado em pão do homem; só os filhos o consomem» (Seqüência da

festa)

Deus todo-poderoso e eterno, eis que me aproximo do sacramento do Teu Filho único, Nosso Senhor Jesus

Cristo. Doente, venho ao médico de Quem a minha vida depende; manchado, à origem da misericórdia; cego,

ao fogo da luz eterna; pobre e desprovido de tudo, ao Senhor do céu e da terra. Imploro, pois, a Tua

generosidade imensa e inesgotável a fim de que Te dignes curar as minhas enfermidades, lavar as minhas

manchas, iluminar a minha cegueira, compensar a minha indigência, cobrir a minha nudez; e que assim possa

receber o pão dos anjos (Sl.77, 25), o Reis dos reis, o Senhor dos senhores (1Tm.6,15), com todo o respeito e

humildade, toda a contrição e devoção, toda a pureza e fé, toda a determinação de propósitos e a retidão de

intenção que a salvação da minha alma exige.

Permite, peço-Te, que não receba simplesmente o sacramento do Corpo e Sangue do Senhor, mas toda a força e

eficácia do sacramento. Deus cheio de doçura, permita-me receber de tal maneira o Corpo do Teu Filho único,

Nosso Senhor Jesus Cristo, este corpo material que Ele recebeu da Virgem Maria, que mereça ser incorporado

no Seu Corpo místico e fazer parte dos seus membros. Pai cheio de amor, permite que eu possa um dia

contemplar de rosto descoberto e por toda a eternidade este Filho bem amado que me preparo para receber

agora sob o véu que convém à minha condição de viajante. Ele que, sendo Deus, vive e reina Contigo na

unidade do Espírito Santo pelos séculos e séculos. Amém.

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Comentário feito por

Beato João Paulo II (1920-2005), papa

Encíclica «Ecclesia de Eucharistia», §§ 3-5 (trad. © Libreria Editrice Vaticana)

Tomou os cinco pães, ergueu os olhos ao céu e pronunciou a bênção; partiu, depois, os pães e deu-os aos

discípulos.

Do mistério pascal nasce a Igreja. Por isso mesmo a Eucaristia, que é o sacramento por excelência do mistério

pascal, está colocada no centro da vida eclesial. Isto é visível desde as primeiras imagens da Igreja que nos dão

os Atos dos Apóstolos: «Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão, e às

orações» (2, 42). Na «fração do pão», é evocada a Eucaristia. Dois mil anos depois continuamos realizando

aquela imagem primordial da Igreja. E, ao fazê-lo na celebração eucarística, os olhos da alma voltam-se para o

Tríduo Pascal: para o que se realizou na noite de Quinta-feira Santa, durante a Última Ceia, e nas horas

sucessivas. A agonia no Getsêmani foi o prelúdio da agonia na cruz de Sexta-feira Santa: a hora santa, a hora da

redenção do mundo a hora da glorificação. Até àquele lugar e àquela hora se deixa transportar em espírito cada

presbítero ao celebrar a Santa Missa, juntamente com a comunidade cristã que nela participa. Mysterium fidei! -

«Mistério da fé!». Quando o sacerdote pronuncia ou canta estas palavras, os presentes aclamam: «Anunciamos,

Senhor, a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!». Com estas palavras ou outras

semelhantes, a Igreja, ao mesmo tempo em que apresenta Cristo no mistério da sua Paixão, revela também o

seu próprio mistério: «Ecclesia de Eucharistia». Se é com o dom do Espírito Santo, no Pentecostes, que a Igreja

nasce e se encaminha pelas estradas do mundo, um momento decisivo da sua formação foi certamente a

instituição da Eucaristia no Cenáculo. O seu fundamento e a sua fonte é todo o Tríduo Pascoal, mas este está de

certo modo guardado, antecipado e «concentrado» para sempre no dom eucarístico. Neste, Jesus Cristo

entregava à Igreja a atualização perene do mistério pascal

Lc.9,28-36 – DDM - p.1360 – Milagre da Transfiguração- Presença Santíssima Trindade 28.Passados uns oitos dias, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e subiu ao monte para orar. 29.Enquanto orava, transformou-se o seu rosto e as suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura.

30.E eis que falavam com ele dois personagens: eram Moisés e Elias,

31.que apareceram envoltos em glória, e falavam da morte dele, que se havia de cumprir em Jerusalém.

32.Entretanto, Pedro e seus companheiros tinham-se deixado vencer pelo sono; ao despertarem, viram a glória de Jesus e os dois

personagens em sua companhia.

33.Quando estes se apartaram de Jesus, Pedro disse: Mestre, é bom estarmos aqui. Podemos levantar três tendas: uma para ti, outra

para Moisés e outra para Elias!... Ele não sabia o que dizia.

34.Enquanto ainda assim falava, veio uma nuvem e encobriu-os com a sua sombra; e os discípulos, vendo-os desaparecer na

nuvem, tiveram um grande pavor.

35.Então da nuvem saiu uma voz: Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o!

36.E, enquanto ainda ressoava esta voz, achou-se Jesus sozinho. Os discípulos calaram-se e a ninguém disseram naqueles dias coisa

alguma do que tinham visto.

Comentário feito por

Santo Efrém (c. 306-373), diácono da Síria, doutor da Igreja

Sermão sobre a Transfiguração (atribuído) 1, 3-4

«Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado»

Ele levou-os para a montanha para lhes mostrar a glória da sua divindade e lhes dar a conhecer que era o

Redentor de Israel, como lhes tinha anunciado pelos seus profetas. Eles tinham-no visto comer e beber, fatigar-

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Se e repousar, acalmar e dormir, sentir pavor até suar gotas de sangue, tudo coisas que não pareciam estar em

harmonia com a sua natureza divina e não convir senão à sua humanidade. Por isso os levou à montanha, para

que o Pai Lhe chamasse seu Filho e lhes mostrasse que era verdadeiramente seu filho e que era Deus. Levou-os

à montanha e mostrou-lhes a sua realeza antes de sofrer, o seu poder antes de morrer, a sua glória antes de ser

ultrajado e a sua honra antes de sofrer a ignomínia. Assim, quando foi preso e crucificado os seus apóstolos

compreenderam que não o foi por fraqueza mas voluntariamente e de bom grado, para a salvação do

mundo.Levou-os à montanha e mostrou-lhes, antes da sua ressurreição, a glória da sua divindade. Assim,

quando ressuscitou de entre os mortos na glória da sua divindade, os discípulos reconheceram que não tinha

recebido a glória como recompensa das suas dores, como se disso necessitasse, mas que ela Lhe pertencia

muito antes dos séculos, com o Pai e junto do Pai, como Ele próprio diz ao aproximar-Se a sua paixão

voluntária: «Pai, manifesta a minha glória junto de Ti, aquela glória que Eu tinha junto de Ti antes de o mundo

existir» (Jô. 17,5).

Lc.13,10-17- DDM – p.1367 – dom de milagre

10. Estava Jesus ensinando na sinagoga em um sábado.

11. Havia ali uma mulher que, havia dezoito anos, era possessa de um espírito que a detinha doente: andava curvada e não podia

absolutamente erguer-se.

12. Ao vê-la, Jesus a chamou e disse-lhe: Estás livre da tua doença.

13. Impôs-lhe as mãos e no mesmo instante ela se endireitou, glorificando a Deus.

14. Mas o chefe da sinagoga, indignado de ver que Jesus curava no sábado, disse ao povo: São seis os dias em que se deve trabalhar;

vinde, pois, nestes dias para vos curar, mas não em dia de sábado.

15. Hipócritas!, disse-lhes o Senhor. Não desamarra cada um de vós no sábado o seu boi ou o seu jumento da manjedoura, para os

levar a beber?

16. Esta filha de Abraão, que Satanás paralisava há dezoito anos, não devia ser livre desta prisão, em dia de sábado?

17. Ao proferir estas palavras, todos os seus adversários se encheram de confusão, ao passo que todo o povo, à vista de todos os

milagres que ele realizava, se entusiasmava.

-Esses milagres, além de aumentarem a fé do povo, aumentavam a sua vida de louvor a Deus, a cada ação

poderosa de Jesus, o povo se enchia de admiração, de confiança, de respeito, de adesão, de adoração e de louvor

a Deus.

-Homens e mulheres que abandonavam sua vida de pecado, de adultério, de roubo, de crença em deuses

falsos,entregavam-se ao único Deus verdadeiro, que os tinha chamado da morte à vida.

-Os milagres serviam para a concretização da salvação no meio do povo de Deus, revelavam concretamente a

presença salvífica de Deus no meio dos homens e a instauração do Reino do Céu. Todos estes sinais

comprovavam a doutrina, a mentalidade do Reino dos Céus que Jesus ensinava, a Boa Nova que Jesus

anunciava.

Comentário feito por :

São Cirilo de Jerusalém (313-350), Bispo de Jerusalém e Doutor da Igreja

Catequese baptismal, n.° 13 (a partir da trad. bréviaire / Bouvet, Soleil levant 1961, p. 259)

Libertos dos laços do pecado pela cruz de Cristo

São Paulo disse: «Quanto a mim, porém, de nada me quero gloriar, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus

Cristo» (Ga. 6,14). Foi coisa deveras admirável, ter aquele cego de nascença recuperado a vista em Siloé; mas

que significou isso para todos os outros cegos do mundo? A ressurreição de Lázaro, morto havia quatro dias, foi

coisa grande que ultrapassou a natureza; mas essa graça aproveitou apenas a ele, nada trouxe a todos os que, no

mundo, tinham morrido pelos pecados cometidos. Foi assombroso fazer brotar, a partir de apenas cinco pães,

alimento bastante para saciar cinco mil homens; mas isso nada significou para aqueles que, em todo o universo,

sofriam de fome e de ignorância. Admirável foi a libertação de uma mulher acorrentada por Satanás desde há

dezoito anos; mas que significará esse fato, comparando-o com a situação de todos nós, que estamos amarrados

com as cadeias dos nossos pecados ?Ora, a vitória da cruz conduziu à luz todos aqueles que a ignorância

tornava cegos, libertou todos os que o pecado fazia cativos, e resgatou toda a humanidade. Não te surpreenda

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que o mundo inteiro tenha sido resgatado. Aquele que morreu por este resgate não era só um homem, mas o

Filho unigênito de Deus. O pecado de Adão trouxe a morte ao mundo inteiro; se a queda de um só fez reinar a

morte sobre todos os homens, não há de a justiça de um só, com muito mais forte razão, fazer reinar a vida?

(Rom.5,17) Se outrora, pela árvore cujo fruto comeram, os nossos primeiros pais foram expulsos do paraíso,

não hão de então agora, pela árvore da cruz de Jesus, entrar os crentes muito mais facilmente no Paraíso? Se o

primeiro ser modelado de barro a todos a morte trouxe, não há de Aquele que do barro o modelou trazer a

todos a vida eterna, pois se é Ele próprio a Vida? (Jo.14, 6)

Comentário feito por: Gregório de Narek (c. 944-c. 1010), monge e poeta armênio

Livro de Orações, n.°18 (a partir da trad. SC 78, p. 123 rev.)

«No mesmo instante, ela endireitou-se e começou a dar glória a Deus»

Houve um tempo em que eu não estava presente, e Tu criaste-me.

Eu não tinha orado, e Tu, Tu fizeste-me.

Eu não tinha ainda vindo à luz, e no entanto viste-me.

Eu não tinha aparecido, e no entanto tiveste piedade de mim.

Eu não Te tinha invocado, e no entanto tomaste-me ao Teu cuidado.

Eu não Te tinha feito qualquer sinal, e no entanto olhaste para mim.

Eu não Te tinha dirigido qualquer súplica, e no entanto tiveste misericórdia para comigo.

Eu não tinha articulado o mínimo som, e no entanto ouviste-me.

Eu não tinha sequer suspirado, e no entanto a tudo estiveste atento.

Sabedor do que ia acontecer-me neste tempo presente

Não me votaste ao desprezo.

Considerando, com Teus previdentes olhos,

Os erros deste pecador que eu sou,

Vieste contudo a modelar-me.

Sou agora este ser que Tu criaste,

Que salvaste,

Que foi alvo de tanta solicitude!

Que a ferida do pecado, suscitada pelo Acusador,

Não me perca para sempre!

Presa, paralisada,

Curvada como a mulher que sofria,

A minha alma infeliz, impotente, não consegue reerguer-se.

Sob o peso do pecado, ela fixa-se à terra,

Com as pesadas cadeias de Satã

Inclina-Te, ó Misericordioso único, sobre mim,

Esta pobre árvore que pensa que caiu.

A mim, que estou seco, faz-me reflorir

Em beleza e esplendor,

Segundo as palavras divinas do santo profeta (Ez.17, 22-24)

Tu, Protector único,

Digna-Te lançar sobre mim um olhar

Vindo da solicitude do Teu indizível amor

Lc.13,24-35 – DDM – p.1382.3 13.Nesse mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios.

14.Iam falando um com o outro de tudo o que se tinha passado.

15.Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o mesmo Jesus aproximou-se deles e caminhava com eles.

16.Mas os olhos estavam-lhes como que vendados e não o reconheceram.

17.Perguntou-lhes, então: De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes?

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18.Um deles, chamado Cléofas, respondeu-lhe: És tu acaso o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu estes

dias?

19.Perguntou-lhes ele: Que foi? Disseram: A respeito de Jesus de Nazaré... Era um profeta poderoso em obras e palavras, diante de

Deus e de todo o povo.

20.Os nossos sumos sacerdotes e os nossos magistrados o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram.

21.Nós esperávamos que fosse ele quem havia de restaurar Israel e agora, além de tudo isto, é hoje o terceiro dia que essas coisas

sucederam.

22.É verdade que algumas mulheres dentre nós nos alarmaram. Elas foram ao sepulcro, antes do nascer do sol;

23.e não tendo achado o seu corpo, voltaram, dizendo que tiveram uma visão de anjos, os quais asseguravam que está vivo.

24.Alguns dos nossos foram ao sepulcro e acharam assim como as mulheres tinham dito, mas a ele mesmo não viram.

25.Jesus lhes disse: Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que anunciaram os profetas!

26.Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse na sua glória?

27.E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras.

28.Aproximaram-se da aldeia para onde iam e ele fez como se quisesse passar adiante.

29.Mas eles forçaram-no a parar: Fica conosco, já é tarde e já declina o dia. Entrou então com eles.

30.Aconteceu que, estando sentado conjuntamente à mesa, ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lho.

31.Então se lhes abriram os olhos e o reconheceram... mas ele desapareceu.

32.Diziam então um para o outro: Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?

33.Levantaram-se na mesma hora e voltaram a Jerusalém. Aí acharam reunidos os Onze e os que com eles estavam.

34.Todos diziam: O Senhor ressuscitou verdadeiramente e apareceu a Simão.

35.Eles, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão.

Comentário feito por:

São Leão Magno (?-c. 461), Papa e Doutor da Igreja

Primeiro Sermão para a Ascensão

«Então seus olhos abriram-se»«Então seus olhos abriram-se»

Os dias que decorreram entre a ressurreição do Senhor e a Sua ascensão não foram desprovidos de

acontecimentos: houve grandes mistérios que foram confirmados, grandes verdades que foram reveladas. Foi

então que foi abolido o medo amargo da morte e que foi manifestada a imortalidade, não apenas da alma, mas

também da carne.

Naqueles dias, o Senhor junta-Se a dois discípulos e acompanha-os no caminho; e, a fim de dissipar em nós

todas as trevas da dúvida, censura estes homens amedrontados pela sua lentidão em compreender. Os corações

que Ele ilumina vêem acender-se neles a chama da fé; estavam desalentados, e enchem-se de ardor quando o

Senhor os faz compreender as Escrituras. À fração do pão abrem-se os olhos dos que estão à mesa com Ele:

vêem a glorificação da sua natureza humana e sentem uma felicidade bem maior do que os nossos primeiros

pais, cujos olhos se abriram sobre a vergonha da sua desobediência (Gn 3,7). Como os discípulos

permanecessem perturbados perante estas e outras maravilhas, o Senhor apareceu no meio deles e disse-lhes:

«A paz esteja convosco» (Lc 24,36, Jo 20,26). Para que não permanecessem nestes pensamentos que os

perturbavam, revelou aos seus olhos hesitantes os vestígios da cruz nas Suas mãos e nos Seus pés. Deste modo,

não seria com uma fé hesitante, mas com convicção segura, que eles afirmariam que o corpo que ia sentar-Se

no trono de Deus Pai era efetivamente Aquele que tinha descansado na sepultura. Eis o que a bondade de Deus

ensinou tão cuidadosamente durante o tempo que mediou entre a ressurreição e a ascensão, eis o que mostrou

aos olhos e ao coração dos Seus amigos: o Senhor Jesus Cristo, que tinha nascido verdadeiramente,

verdadeiramente sofreu e morreu, e ressuscitou verdadeiramente

Lc.24,1-12 – DDM – p.1382 1.No primeiro dia da semana, muito cedo, dirigiram-se ao sepulcro com os aromas que haviam preparado.

2.Acharam a pedra removida longe da abertura do sepulcro.

3.Entraram, mas não encontraram o corpo do Senhor Jesus.

4.Não sabiam elas o que pensar, quando apareceram em frente delas dois personagens com vestes resplandecentes.

5.Como estivessem amedrontadas e voltassem o rosto para o chão, disseram-lhes eles: Por que buscais entre os mortos aquele

que está vivo?

6.Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos de como ele vos disse, quando ainda estava na Galiléia:

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7.O Filho do Homem deve ser entregue nas mãos dos pecadores e crucificado, mas ressuscitará ao terceiro dia.

8.Então elas se lembraram das palavras de Jesus.

9.Voltando do sepulcro, contaram tudo isso aos Onze e a todos os demais.

10.Eram elas Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago; as outras suas amigas relataram aos apóstolos a mesma coisa.

11.Mas essas notícias pareciam-lhes como um delírio, e não lhes deram crédito.

12.Contudo, Pedro correu ao sepulcro; inclinando-se para olhar, viu só os panos de linho na terra. Depois, retirou-se para a sua casa,

admirado do que acontecera.

Comentário ao feito por :

Bento XVI, papa de 2005 a 2013

Homilia de 7/4/2012 [da Vigília Pascal] (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana, rev.)

«A luz brilha nas trevas» (Jo 1,5)

Na Vigília Pascal, a Igreja fixa as suas atenções na primeira frase da narração da Criação: «Deus disse: “Faça-

se a luz”!» (Gn 1, 3). Emblematicamente, a narração da Criação começa pela criação da luz. O fato de Deus ter

criado a luz significa que criou o mundo como espaço de conhecimento e de verdade, espaço de encontro e de

liberdade, espaço do bem e do amor. A matéria-prima do mundo é boa; o próprio ser é bom. E o mal não vem

do ser que é criado por Deus, mas existe só em virtude da sua negação. É o «não».

Na Páscoa, ao amanhecer do primeiro dia da semana, Deus disse novamente: «Faça-se a luz!». Antes tinham

vindo a noite do Monte das Oliveiras, o eclipse solar da paixão e morte de Jesus, a noite do sepulcro. Mas,

agora, é de novo o primeiro dia; a criação recomeça inteiramente nova. «Faça-se a luz!», disse Deus. «E a luz

foi feita». Jesus ressuscita do sepulcro. A vida é mais forte do que a morte. O bem é mais forte do que o mal. O

amor é mais forte do que o ódio. A verdade é mais forte do que a mentira. A escuridão dos dias anteriores

dissipou-se no momento em que Jesus ressuscita do sepulcro e Se torna, Ele mesmo, pura luz de Deus.Isto,

porém, não se refere somente a Ele, nem se refere apenas à escuridão daqueles dias. Com a ressurreição de

Jesus, a própria luz é novamente criada. Ele atrai-nos a todos, levando-nos atrás de Si para a nova vida da

Ressurreição, e vence toda a forma de escuridão. Ele é o novo dia de Deus, que vale para todos nós. Mas como

pode isto acontecer? Como é possível tudo isto chegar até nós, de tal modo que não se reduza a meras palavras,

mas se torne uma realidade que nos envolve? Por meio do sacramento do Batismo e da profissão da fé, o

Senhor construiu uma ponte até nós, uma ponte pela qual o novo dia nos alcança. No Batismo, o Senhor diz a

quem o recebe: Fiat lux – faça-se a luz. O novo dia, o dia da vida indestrutível chega também a nós. Cristo

toma-te pela mão. Daqui para a frente, serás sustentado por Ele e assim entrarás na luz, na vida verdadeira.

Lc.24,35-48 – DDM – p.1383 35.Eles, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão.

36.Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: A paz esteja convosco!

37.Perturbados e espantados, pensaram estar vendo um espírito.

38.Mas ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que essas dúvidas nos vossos corações?

39.Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo; apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho.

40.E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés.

41.Mas, vacilando eles ainda e estando transportados de alegria, perguntou: Tendes aqui alguma coisa para comer?

42.Então ofereceram-lhe um pedaço de peixe assado.

43Ele tomou e comeu à vista deles.

44.Depois lhes disse: Isto é o que vos dizia quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está

escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos.

45.Abriu-lhes então o espírito, para que compreendessem as Escrituras, dizendo:

46.Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia.

47.E que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém.

48.Vós sois as testemunhas de tudo isso.

Comentário feito por:

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Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja

Sermão 116; PL 38, 657 (Trad. Solesmes, Lectionnaire, vol. 3, p. 85 rev.)

«Vós sois as testemunhas destas coisas»

Tendo ressuscitado, o Senhor apareceu aos seus discípulos e saudou-os dizendo: «A paz esteja convosco!». É

verdadeiramente a paz, esta saudação que salva, pois a palavra «saudação» (Salve!) quer dizer também

«salvação». Que poderíamos esperar de melhor? O homem recebe a saudação da Salvação em pessoa, porque a

nossa Salvação é Cristo. Sim, Ele é a nossa Salvação, Ele que foi ferido por nós e pregado no madeiro, depois

foi descido e colocado no túmulo. Mas ressuscitou do túmulo; as Suas feridas foram curadas, mantendo,

todavia, as cicatrizes. É útil aos Seus discípulos que as cicatrizes permaneçam, afim de que as feridas dos seus

corações sejam curadas. Quais feridas? As feridas da sua incredulidade. Ele apareceu aos seus olhos com um

corpo verdadeiro, mas eles «julgavam ver um espírito». Não foi uma ferida leve nos seus corações. Mas que diz

o Senhor Jesus? «Porque estais perturbados e porque surgem tais dúvidas nos vossos corações?» É bom para o

homem, não que o pensamento se eleve no seu coração, mas que seja o seu coração a elevar-se – para onde o

apóstolo Paulo queria estabelecer o coração dos fiéis, a quem dizia: «Portanto, já que fostes ressuscitados com

Cristo, procurai as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus. Aspirai às coisas do alto e não às

coisas da terra. Vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, a vossa vida,

se manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória» (Cl.3,1ss.) E que glória é esta? É a

glória da ressurreição. Nós acreditamos na palavra destes discípulos sem que eles nos tenham mostrado o corpo

ressuscitado do Salvador. Mas naquele momento o acontecimento parecia inacreditável. Por isso, o Salvador

levou-os a acreditar não apenas pela vista, mas também pelo tacto, para que, por meio dos sentidos, a fé lhes

descesse aos corações e pudesse ser pregada por todo o mundo aos que não tinham visto nem tocado, mas que

haveriam de acreditar sem hesitação (cf. Jo 20, 29).

Comentário feito por:

Santo António de Lisboa (c. 1195-1231), franciscano, Doutor da Igreja

Sermões para o domingo e as festas dos santos (a partir da trad. Eds. Franciscaines 1944, p. 139)

«Tocai-Me e olhai»

«Vede as Minhas mãos e os Meus pés: sou Eu mesmo». A meu ver, são quatro as razões pelas quais o Senhor

mostra o lado, as mãos e os pés aos apóstolos. Em primeiro lugar, para mostrar que tinha ressuscitado

verdadeiramente e afastar qualquer espécie de dúvida do nosso espírito. Em segundo lugar, para que «a

pomba», ou seja, a Igreja ou a alma fiel, fizesse o ninho nas Suas chagas como «nos recessos dos rochedos»

(Ct.2, 14) e aí encontrasse abrigo contra o gavião que a espreita. Em terceiro lugar, para imprimir no nosso

coração, quais insígnias, as marcas da Sua Paixão. Em quarto lugar, para nos advertir e nos pedir que

tivéssemos piedade Dele e não O trespassássemos de novo com os cravos dos nossos pecados. Ele mostra-nos

as mãos e os pés: «Eis as mãos que vos formaram», diz-nos (cf. Sl.118,73): vede os cravos que as trespassaram.

Eis o Meu coração, onde nascestes, vós os fiéis, vós, a Minha Igreja, como Eva nasceu do lado de Adão: vede a

lança que o abriu, a fim de que vos fosse aberta a porta do Paraíso, que o Querubim de fogo mantinha

encerrada. O sangue que correu do Meu lado afastou este anjo, embotou-lhe a espada: a água extinguiu o fogo

(cf Jo 19, 34). Escutai com atenção, ouvi estas palavras, e tereis paz em vós.

Comentário feito por

São Gregório Magno (c. 540-604), papa e Doutor da Igreja

Homilias sobre os Evangelhos, n°26; PL 76,1197 (trad. Barroux rev.; cf. Delhougne, p. 204).

«Sou Eu mesmo. Tocai-me»

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Como é que o corpo do Senhor, uma vez ressuscitado, continuou a ser um corpo verdadeiro, podendo, ao

mesmo tempo, entrar no local onde os discípulos se encontravam, apesar de as portas estarem fechadas?

Devemos estar cientes de que a ação divina não teria nada de admirável se a razão humana a pudesse

compreender e que a fé não teria mérito se o intelecto lhe fornecesse provas experimentais. Sendo, por si

mesmas, incompreensíveis, tais obras do nosso Redentor devem ser meditadas à luz das outras ações do Senhor,

de tal forma que sejamos levados a acreditar nestes Seus feitos maravilhosos por força daqueles que ainda o são

mais. Porque o corpo do Senhor, que se juntou aos discípulos não obstante estarem as portas fechadas, é o

mesmo que a Natividade tornou visível aos homens, ao sair do seio fechado da Virgem. Por isso, não vale a

pena ficarmos admirados de que o nosso Redentor, após ressuscitado para a vida eterna, tenha entrado, estando

embora as portas fechadas, porque, tendo vindo ao mundo para morrer, saiu do seio da Virgem, sem o abrir.

E, como a fé daqueles que O viam permanecia hesitante, o Senhor os fez tocar essa carne que Ele fizera

atravessar portas fechadas. Ora, aquilo que podemos tocar é necessariamente corruptível, e o que não é

corruptível é intocável. Porém, após a Sua ressurreição, o nosso Redentor deu-nos a possibilidade de ver, de

uma forma maravilhosa e incompreensível, um corpo, a um tempo, incorruptível e palpável. Mostrando-o

incorruptível, convidava-nos à recompensa; dando-o a tocar, confirmava-nos na fé. Assim, fez com que O

víssemos tão incorruptível como palpável, para manifestar, firmemente, que o Seu corpo ressuscitado

continuava a ter a mesma natureza mas tinha sido elevado a uma glória absolutamente diferente.

Comentário feito por

Santo Inácio de Antioquia (?-c. 110), bispo e mártir

Carta à Igreja de Esmirna

«Vede as Minhas mãos e os Meus pés. Tocai-Me»

Dou graças a Jesus Cristo nosso Deus por nos ter inspirado tal sabedoria. Descobri que estáveis unidos numa fé

inabalável, pregados de corpo e alma, se assim posso dizer, à cruz do Senhor Jesus Cristo, fortalecidos pelo Seu

sangue no amor, inteiramente convencidos de que Nosso Senhor é verdadeiramente «filho de David pela carne»

(Rom 1, 3), filho de Deus pela vontade e o poder divinos; verdadeiramente nascido de uma virgem, batizado

por João «para cumprir toda a justiça» (Mt 3, 15); verdadeiramente trespassado por pregos por nós na Sua carne

por ordem de Pôncio Pilatos e do tetrarca Herodes. E é ao fruto da cruz, à Sua divina e bem aventurada Paixão,

que nós devemos a nossa existência. Pois pela Sua ressurreição Ele «eleva o Seu estandarte» (Is 5, 26) sobre os

séculos vindouros, a fim de escolher os Seus santos e os Seus fiéis de entre judeus e pagãos e reuni-los num só

corpo, o da Sua Igreja (Ef 2, 16). Ele aceitou todos estes sofrimentos por nós, pela nossa salvação. E sofreu

verdadeiramente, tal como verdadeiramente ressuscitou. E a Sua Paixão não foi como afirmam certos

descrentes, uma simples aparência. Quanto a mim, sei e acredito que, mesmo após a Sua ressurreição, Jesus era

carne. Quando Se aproximou de Pedro e dos seus companheiros, disse-lhes: «Tocai-Me e olhai que um espírito

não tem carne nem ossos». Eles tocaram n'Ele e acreditaram. Esta comunhão estreita com a Sua carne e o Seu

espírito ajudou-os a enfrentar a morte e a ser mais fortes do que ela. Após a ressurreição, Jesus comeu e bebeu

com eles, como um ser de carne, quando Se tinha tornado um só espírito com o Pai. Recordo-vos estas

verdades, bem-amados, sabendo que esta é também a vossa profissão de fé.

Comentário feito por

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja

Sermão 238

«Porque surgem tais dúvidas nos vossos corações?»

Esta passagem do Evangelho mostra-nos, verdadeiramente quem é Cristo e verdadeiramente, quem é a Igreja,

para que compreendamos bem que Esposa o Divino Esposo escolheu e Quem é o Esposo desta santa Esposa.

Nesta página podemos ler a sua certidão de casamento. Aprendestes que Cristo era o Verbo, a Palavra de Deus,

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unida a uma alma humana e a um corpo humano. Aqui, os discípulos julgaram ver um espírito; não acreditavam

que o Senhor tivesse um corpo verdadeiro. Mas, como o Senhor conhecia o perigo de tais pensamentos,

apressou-Se a arrancá-los dos seus corações: «Porque estais perturbados e porque surgem tais dúvidas nos

vossos corações? Vede as Minhas mãos e os Meus pés: sou Eu mesmo. Tocai-Me e olhai que um espírito não

tem carne nem ossos, como verificais que Eu tenho.». E tu, a esses mesmos pensamentos loucos, contrapões,

com firmeza, a regra da fé que recebeste. Cristo é verdadeiramente o Verbo, o Filho único, igual ao Pai, unido a

uma alma verdadeiramente humana e a um corpo livre de todo o pecado. Foi esse corpo que morreu, esse corpo

que ressuscitou, esse corpo que foi pregado na cruz, esse corpo que foi deposto no túmulo, esse corpo que está

sentado nos céus. Nosso Senhor queria persuadir os discípulos de que Aquilo que viam era verdadeiramente

osso e carne. Porque me quis Ele convencer desta verdade? Porque sabia até que ponto me é benéfico acreditar

e quanto tenho a perder se não acreditar. Acreditai, pois, vós também: Ele é o Esposo!Escutemos agora o que se

diz a respeito da Esposa: «Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e ressuscitar de entre os mortos ao

terceiro dia; que havia de ser anunciada, em Seu nome, a conversão para o perdão dos pecados a todos os

povos, começando por Jerusalém.» Eis a Esposa: A Igreja espalhou-se por toda a terra e tomou no seu seio

todos os povos. Os Apóstolos viram a Cristo e acreditaram na Igreja que não viram. Nós, no entanto, vemos a

Igreja; acreditemos, portanto, em Jesus Cristo, que não vemos: ligando-nos, assim, ao que vemos, chegaremos

Àquele que ainda não vemos.

Comentário feito por

Paulo VI (1897-1978), papa de 1963 a 1978

Audiência Geral de 9 de Abril de 1975

«A paz esteja convosco!»

Fixemos agora a nossa atenção na saudação imprevista de Jesus ressuscitado aos Seus discípulos recolhidos à

porta fechada no Cenáculo com medo dos judeus (Jo 20,19), saudação repetida por três vezes no mesmo

contexto evangélico e que, à época, devia ser uma saudação habitual, mas que, proferida nas circunstâncias

mencionadas, se reveste de uma extraordinária plenitude. Por certo vos lembrais dela: «A paz esteja

convosco!», na qual ressoa o canto angélico do Natal: «paz na terra» (Lc 2,14). Trata-se de uma saudação

bíblica, pré-anunciada como promessa efetiva do reino messiânico (Jo 14,27), mas agora comunicada como

uma realidade declarada a esse primeiro núcleo da Igreja nascente: a paz, a paz de Cristo, saído vitorioso da

morte e das causas, quer imediatas, quer afastadas, dos tremendos e desconhecidos efeitos que ela encerra.

Jesus Ressuscitado anuncia, assim, a paz e infunde-a ao desconcertado ânimo dos discípulos, a paz do Senhor,

entendida no seu significado primordial, tanto pessoal quanto interior, tanto moral quanto psicológico,

inseparável da felicidade, que São Paulo enumera na sua lista dos frutos do Espírito Santo logo após a caridade

e a alegria, quase se confundindo com elas (Gl.5,22). Esta feliz fusão não é estranha à nossa experiência

espiritual comum; é até a melhor resposta à interrogação sobre o estado da nossa consciência, quando somos

capazes de dizer «a minha consciência está em paz». O que haverá de mais precioso para o homem honesto na

sua consciência?A paz da consciência é, assim, a melhor e a mais autêntica felicidade, que nos ajuda a sermos

fortes nas adversidades, nos resguarda a nobreza e a liberdade nas piores condições, e é para todos a tábua de

salvação, porque é esperança quando o desespero tende a levar a melhor.O incomparável dom da paz interior é,

assim, o primeiro dom de Cristo Ressuscitado aos Seus, dom de Quem havia imediatamente instituído o

sacramento que dá a paz, o sacramento do perdão, desse perdão que ressuscita (Jo 20,23).

Jo.2,1-11- DDM - p.1385.6 1.Três dias depois, celebravam-se bodas em Caná da Galiléia, e achava-se ali a mãe de Jesus.

2.Também foram convidados Jesus e os seus discípulos.

3.Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: Eles já não têm vinho.

4.Respondeu-lhe Jesus: Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou.

5.Disse, então, sua mãe aos serventes: Fazei o que ele vos disser.

6.Ora, achavam-se ali seis talhas de pedra para as purificações dos judeus, que continham cada qual duas ou três medidas.

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7.Jesus ordena-lhes: Enchei as talhas de água. Eles encheram-nas até em cima.

8.Tirai agora , disse-lhes Jesus, e levai ao chefe dos serventes. E levaram.

9.Logo que o chefe dos serventes provou da água tornada vinho, não sabendo de onde era (se bem que o soubessem os serventes, pois

tinham tirado a água), chamou o noivo

10.e disse-lhe: É costume servir primeiro o vinho bom e, depois, quando os convidados já estão quase embriagados, servir o menos

bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora.

11.Este foi o primeiro milagre de Jesus; realizou-o em Caná da Galiléia. Manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram

nele

- A obra essencial é regenerar a humanidade por Jesus no poder do Espírito Santo para uma maior glorificação

do Pai.

Jesus realizou sinais para incitar os homens a crerem em sua missão divina, a crerem que Ele era o enviado do

Pai. (v.11)

-Assim nos ensina o Catecismo da Igreja Católica: “O motivo de crer não é o fato de as verdades reveladas

aparecerem como verdadeiras e inteligíveis à luz da nossa razão natural.

-Cremos por causa da autoridade de Deus mesmo, que revela e que não pode nem enganar-se e nem enganar-

nos.

- Porém para que nossa fé fosse conforme nossa razão, Deus quis que os auxílios interiores do Espírito Santo

fossem acompanhados das provas exteriores da sua Revelação”.

- Por isso os milagres de Cristo e dos santos, as profecias, a propagação e a santidade da Igreja, sua fecundidade

e estabilidade constituem sinais certíssimos da Revelação, adaptados à inteligência de todos, que mostram que o

assentimento da fé não é de modo algum um movimento cego do espírito. (Cat.156)

Comentário feito por:

São Romano, o Melodista (? - c. 560), compositor de hinos

Hino n°18, As Bodas de Caná (a partir da trad. de SC 110, pp. 307ss. rev.)

«Tu, porém, guardaste o melhor vinho até agora!»

Enquanto Cristo participava na boda e a multidão dos convivas festejava, faltou-lhes o vinho e a alegria

transformou-se em decepção. Vendo isso, a puríssima Maria vem imediatamente dizer ao Filho: «Já não têm

mais vinho. Por isso, peço-Te, Meu Filho, mostra que podes tudo, Tu que tudo criaste com sabedoria».Por

favor, Virgem venerável, na seqüência de que milagres soubeste Tu que o Teu Filho, sem ter vindimado a uva,

podia conceder o vinho, se Ele não tinha anteriormente feito milagres? Ensina-nos como disseste a Teu Filho:

«Dá-lhes vinho, Tu que tudo criaste com sabedoria».«Eu mesma vi Isabel chamar-me Mãe de Deus antes do

parto: depois do parto, Simeão cantou-me e Ana celebrou-me; os magos acorreram ao presépio vindos da Pérsia

porque uma estrela anunciava antecipadamente o nascimento; os pastores, com os anjos, faziam-se arautos da

alegria e a criação rejubilava com eles. Poderia eu ir procurar maiores milagres do que estes para crer, com base

na fé deles, que o meu Filho é Aquele que tudo criou com sabedoria?»

Quando Cristo, pelo Seu poder, mudou manifestamente a água em vinho, toda a multidão rejubilou, achando

admirável o seu sabor. Hoje, é no banquete da Igreja que todos nós tomamos lugar, porque o vinho é

transformado em sangue de Cristo e nós bebemo-lo todos com uma alegria santa, glorificando o grande Esposo.

Porque o Esposo verdadeiro e filho de Maria, o Verbo que é deste toda a eternidade, tomou a forma dum

escravo e tudo criou com sabedoria.Altíssimo, Santo, Salvador de todos, visto que a tudo presides, guarda sem

alteração o vinho que está em nós. Expulsa de nós toda a perversidade, todos os maus pensamentos que tornam

aguado o Teu vinho santíssimo. Pelas orações da Santa Virgem Mãe de Deus, liberta-nos da angústia dos

pecados que nos oprimem, Deus misericordioso, Tu que tudo criaste com sabedoria.

Comentário feito por:

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Santo Ambrósio (c. 340-397), Bispo de Milão e Doutor da Igreja

Comentário sobre o Evangelho de São Lucas, VI, 73-88 (a partir da trad. SC 45, pp. 254 ss. rev.)

«Se os mandar embora em jejum para suas casas, desfalecerão no caminho»

Senhor Jesus, sei bem que não queres deixar em jejum estas pessoas que estão aqui comigo, mas antes

alimentá-las com os alimentos que distribuis; deste modo, fortalecidas com o Teu alimento, não recearão

desfalecer de fome. Sei bem que também não nos queres mandar embora em jejum. Tu o disseste: não queres

que eles desfaleçam no caminho, isto é, que desfaleçam no decurso desta vida antes de chegarem ao fim do

percurso, antes de chegarem ao Pai e perceberem que Tu provéns do Pai. O Senhor tem piedade, para que

ninguém desfaleça no caminho. Assim como faz chover tanto sobre os justos como sobre os injustos (Mt.5,45),

também alimenta tanto os justos como os injustos. Não foi graças à força do alimento que o santo profeta Elias,

quase a desfalecer, conseguiu caminhar quarenta dias? (1R 19, 8) Foi um anjo que lhe deu esse alimento; mas a

vós, é o próprio Cristo que vos alimenta. Se conservardes o alimento assim recebido, caminhareis, não quarenta

dias e quarenta noites, mas durante quarenta anos, desde a vossa saída dos confins do Egito até à vossa chegada

à terra da abundância, à terra onde correm o leite e o mel (Ex 3, 8). Cristo partilha os víveres e quer, sem dúvida

alguma, dá-los a todos. Não os recusa a ninguém, dá-os a todos. Porém, quando parte os pães e os dá aos

discípulos, se não estenderdes as mãos para receber o vosso alimento, desfalecereis no caminho. Este pão que

Jesus parte é o mistério da palavra de Deus: quando é distribuída, aumenta. A partir somente de algumas

palavras, Jesus forneceu a todos os povos um alimento superabundante. Ele deu-nos os Seus discursos como

pães e, enquanto os saboreamos, eles multiplicam-se na nossa boca. Quando as multidões os comem, os

pedaços tornam a aumentar, multiplicando-se. Tanto assim é que, no fim, os restos são ainda mais abundantes

do que os pães que foram partilhados.

Comentário feito por:

Santo Efraim (c. 306-373), diácono na Síria, doutor da Igreja

Comentário ao Diatessaron, 5, 6ss.; SC 121

«Jesus realizou o primeiro dos Seus sinais miraculosos» (Jo 2, 11)

Porque terá Nosso Senhor, como primeiro sinal, transformado a água em vinho? Foi para demonstrar como

Deus, que transforma a natureza do interior das garrafas, opera também a Sua transformação no seio da Virgem.

De igual modo, como milagre máximo, Jesus abriu um túmulo a fim de manifestar a Sua independência em

relação à ávida morte, que tudo engole. Para autenticar e confirmar a dupla perturbação da natureza que são o

Seu nascimento e a Sua ressurreição, Jesus transforma a água em vinho, sem em nada modificar as vasilhas de

pedra. Eis aqui o símbolo do Seu próprio corpo, milagrosamente concebido e maravilhosamente criado numa

virgem, sem intervenção de homem. Contrariamente ao que é habitual, as vasilhas deram ao mundo um vinho

novo, sem que nunca houvesse, posteriormente, repetição de tal maravilha. Assim também a Virgem concebeu

e deu ao mundo a Emanuel (Is 7, 14), não voltando a conceber. O milagre das vasilhas de pedra é este: a

pequenez torna-se grandeza, a parcimônia transmuta-se em superabundância, a água da fonte em vinho doce.

Em Maria, contrariamente, a grandeza e a glória da divindade mudam de aspecto, antes tomando uma aparência

de fragilidade e de ignomínia. Aquelas vasilhas serviam para os ritos de purificação dos judeus; nelas, verte

nosso Senhor a Sua doutrina: manifesta que veio segundo a Lei e os profetas, mas para tudo mudar através dos

Seus ensinamentos, tal como a água se transformou em vinho. [...] «É que a Lei foi dada por Moisés, mas a

graça e a verdade vieram-nos por Jesus Cristo» (Jo 1,17). O esposo que morava em Caná convidou o Esposo

que veio do céu; e o Senhor, preparado para estas núpcias, respondeu ao seu convite. Os que estavam sentados à

mesa convidaram Aquele que instala os mundos em Seu Reino, e Ele enviou-lhes um presente de núpcias que

os fez exultar. Não tinham vinho que chegasse, mesmo do de menor qualidade; Ele deu-lhes então um pouco da

Sua riqueza: em resposta ao convite, Ele convidou-os para as Suas próprias núpcias.

Comentário feito por:

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Catecismo da Igreja Católica §§1391-1395

Cristo dá-Se a si mesmo em alimento

Os frutos da comunhão eucarística: Receber a Eucaristia na comunhão traz consigo, como fruto principal, a

união íntima com Cristo Jesus. De fato, o Senhor diz: «Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue

permanece em Mim e Eu nele» (Jo 6, 56). A vida em Cristo tem o seu fundamento no banquete eucarístico:

«Assim como o Pai que vive Me enviou, e Eu vivo pelo Pai, também o que Me come viverá por Mim» (Jo 6,

57). O que o alimento material produz na nossa vida corporal, realiza-o a Comunhão, de modo admirável, na

nossa vida espiritual. A comunhão da carne de Cristo Ressuscitado, «vivificada pelo Espírito Santo e

vivificante», conserva, aumenta e renova a vida da graça recebida no Batismo. Este crescimento da vida cristã

precisa de ser alimentado pela Comunhão eucarística, pão da nossa peregrinação, até à hora da morte, em que

nos será dado como viático. A Comunhão afasta-nos do pecado: O corpo de Cristo que recebemos na

Comunhão é «entregue por nós» e o sangue que bebemos é «derramado pela multidão, para remissão dos

pecados». É por isso que a Eucaristia não pode unir-nos a Cristo sem nos purificar, ao mesmo tempo, dos

pecados cometidos, e nos preservar dos pecados futuros: «Sempre que O recebemos, anunciamos a morte do

Senhor» (1 Co.11,26). Se anunciamos a morte do Senhor, anunciamos a remissão dos pecados. Tal como o

alimento corporal serve para restaurar as forças perdidas, assim também a Eucaristia fortifica a caridade que, na

vida quotidiana, tende a enfraquecer-se; e esta caridade vivificada apaga os pecados veniais. Pela mesma

caridade que acende em nós, a Eucaristia preserva-nos dos pecados mortais futuros.

Jo.(3,31-36)- DDM – pg.1387 –Novo testemunho de João Batista 31.Aquele que vem de cima é superior a todos. Aquele que vem da terra é terreno e fala de coisas terrenas. Aquele que vem do céu é

superior a todos.

32.Ele testemunha as coisas que viu e ouviu, mas ninguém recebe o seu testemunho.

33.Aquele que recebe o seu testemunho confirma que Deus é verdadeiro.

34.Com efeito, aquele que Deus enviou fala a linguagem de Deus, porque ele concede o Espírito sem medidas.

35.O Pai ama o Filho e confiou-lhe todas as coisas.

36.Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; quem não crê no Filho não verá a vida, mas sobre ele pesa a ira de Deus.

-Jesus Cristo, portanto Verbo feito carne, enviado homem aos homens, prefere as palavras.

Comentário feito por:

Santo Afraate (?-c. 345), monje e bispo em Niinive, perto de Mossul, no actual Iraque

Exposições, nº 6

«Dá o Espírito sem medida» - (v.34)

Quando, a partir de uma fogueira, acendes outras fogueiras em vários locais, a primeira nem por isso diminui de

intensidade. O mesmo acontece com Deus e o Seu Messias, que são um, permanecendo embora na

multiplicidade dos homens. O sol também não diminui de intensidade pelo fato de a sua potência se difundir

sobre a terra. E quão maior é a força de Deus, dado que é pela força de Deus que o sol subsiste. Moisés tinha

dificuldade em conduzir sozinho o campo de Israel; então, o Senhor disse-lhe: «Reúne junto de ti setenta

homens entre os anciãos de Israel. Então retirarei parte do espírito que está sobre ti a fim de o pôr sobre eles»

(Nm.11,16-17). Quando retirou parte do espírito de Moisés e os setenta homens ficaram cheios dele, o de

Moisés diminuiu de intensidade? Alguém se apercebeu de que ele tinha menos espírito? Também o bem-

aventurado Paulo diz que Deus partilhou o Espírito do Cristo-Messias e O enviou aos profetas [do Novo

Testamento] (1Co.12,11.28). Mas o Messias nem por isso ficou lesado, porque o Pai deu-Lhe o Espírito sem

medida.

É neste sentido que o Cristo-Messias habita nos crentes. E em nada é lesado por ser

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partilhado com a multidão, porque foi o Espírito de Cristo que os profetas receberam, na medida em que cada

um podia tê-Lo em si. E ainda hoje é este mesmo Espírito do Messias que é derramado sobre toda a carne, para

que homens e mulheres, jovens e velhos, servos e servas profetizem (Jl.3,1; At.2,17). O Messias está em nós e o

Messias está no céu, à direita do Pai. Não recebeu o Espírito com limitações; pelo contrário, o Pai amou-O e

tudo entregou nas Suas mãos, dando-Lhe poder sobre todos os seus tesouros. E Nosso Senhor diz também:

«Tudo Me foi entregue por Meu Pai» (Mt.11, 27). E o apóstolo Paulo conclui: «Quando se diz que tudo Lhe

está sujeito, é claro que se excetua Aquele que Lhe sujeitou todas as coisas. E, quando tudo Lhe estiver sujeito,

então também o próprio Filho Se submeterá Àquele que tudo Lhe submeteu, a fim de que Deus seja tudo em

todos.» (1 Cor 15, 27-28).

Comentário feito por:

Santo Irineu de Lyon (c. 130-c. 208), bispo, teólogo e mártir

Contra as heresias, IV, 20, 7

O Filho revela o Pai

“Ninguém jamais viu a Deus. O Filho único, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer” (Jo, 1, 18).

Desde o começo, é o Filho quem revela o Pai, porque Ele está junto do Pai desde o começo. No tempo fixado,

foi Ele quem deu a conhecer aos homens, para proveito destes, as visões proféticas, a diversidade das graças, os

ministérios e a glorificação do Pai, tudo como uma melodia bem composta e harmoniosa. Com efeito, onde há

composição, há melodia; onde há melodia, há tempo fixado; onde há tempo fixado, há proveito. Foi por isso

que, para proveito dos homens, o Verbo Se fez dispensador da graça do Pai, segundo os Seus desígnios. Ele

mostra Deus aos homens e apresenta o homem a Deus, preservando a invisibilidade do Pai, com receio de que

os homens venham a desprezar a Deus e para que eles tenham sempre progressos a fazer, ao mesmo tempo que

torna Deus visível aos homens de numerosas formas, com receio de que, totalmente privados de Deus, eles

acabem por se esquecer da Sua existência.Porque a glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem é a

visão de Deus. Se a revelação de Deus pela criação já dá a vida a todos os seres que vivem na terra, quanto mais

a manifestação do Pai pelo Verbo dá a vida aos que vêem a Deus!

Jo.4 ,43-54 DDM – p.1389 43.Passados os dois dias, Jesus partiu para a Galiléia.

44.(Ele mesmo havia declarado que um profeta não é honrado na sua pátria.)

45.Chegando à Galiléia, acolheram-no os galileus, porque tinham visto tudo o que fizera durante a festa em Jerusalém; pois também

eles tinham ido à festa.

46.Ele voltou, pois, a Caná da Galiléia, onde transformara água em vinho. Havia então em Cafarnaum um oficial do rei, cujo filho

estava doente.

47.Ao ouvir que Jesus vinha da Judéia para a Galiléia, foi a ele e rogou-lhe que descesse e curasse seu filho, que estava prestes a

morrer.

48.Disse-lhe Jesus: Se não virdes milagres e prodígios, não credes...

49.Pediu-lhe o oficial: Senhor, desce antes que meu filho morra!

50.Vai, disse-lhe Jesus, o teu filho está passando bem! O homem acreditou na palavra de Jesus e partiu. 51.Enquanto ia

descendo, os criados vieram-lhe ao encontro e lhe disseram: Teu filho está passando bem. 52.Indagou então deles a hora em que se

sentira melhor. Responderam-lhe: Ontem à sétima hora a febre o deixou.

53.Reconheceu o pai ser a mesma hora em que Jesus dissera: Teu filho está passando bem. E creu tanto ele como toda a sua casa.

54.Esse foi o segundo milagre que Jesus fez, depois de voltar da Judéia para a Galiléia.

Comentário feito por:

Gregório de Narek (cerca de 944- cerca de 1010), monge e poeta armênio

O Livro das Orações, 12, 1 (trad. SC 78, p. 102 rev.)

«Se não virdes sinais extraordinários e prodígios, não acreditais»

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«Todo aquele que invocar o nome do Senhor

será salvo» (Jl.3,5; Rm.10,13).

Quanto a mim, não apenas O invoco

mas, antes de tudo, creio na Sua grandeza.

Não é pelos Seus presentes

que persevero nas minhas súplicas:

é que Ele é a Vida verdadeira

e n'Ele respiro;

Sem Ele não há movimento nem progresso.

Não é tanto pelos laços de esperança:

é pelos laços de amor que sou atraído.

Não é dos dons:

é do Doador que tenho perpétua nostalgia.

Não é à glória que aspiro:

é ao Senhor glorificado que quero abraçar.

Não é de sede da vida que constantemente me consumo,

é da lembrança d'Aquele que dá a vida.

Não é pelo desejo de felicidade que suspiro,

que do mais profundo do meu coração rompo em soluços:

é porque anelo por Aquele que a prepara.

Não é o repouso que procuro,

é a face d'Aquele que aquietará o meu coração suplicante.

Não é por causa do festim nupcial que feneço,

é pelo anseio do Esposo.

Na esperança certa do Seu poder

apesar do fardo dos meus pecados,

creio, com uma esperança inabalável,

que, confiando-me na mão do Todo-Poderoso,

não somente obterei o perdão

mas que O verei em pessoa,

graças à Sua misericórdia e à Sua piedade

e que, conquanto justamente mereça ser proscrito,

herdarei o Céu.

Jo.(6,1-15)-DDM –pg.1391 – Multiplicação dos pães 1.Depois disso, atravessou Jesus o lago da Galiléia (que é o de Tiberíades.)

2.Seguia-o uma grande multidão, porque via os milagres que fazia em beneficio dos enfermos.

3.Jesus subiu a um monte e ali se sentou com seus discípulos.

4.Aproximava-se a Páscoa, festa dos judeus.

5.Jesus levantou os olhos sobre aquela grande multidão que vinha ter com ele e disse a Filipe: Onde compraremos pão para que todos

estes tenham o que comer?

6.Falava assim para o experimentar, pois bem sabia o que havia de fazer.

7.Filipe respondeu-lhe: Duzentos denários de pão não lhes bastam, para que cada um receba um pedaço.

8.Um dos seus discípulos, chamado André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe:

9.Está aqui um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixes... mas que é isto para tanta gente?

10.Disse Jesus: Fazei-os assentar. Ora, havia naquele lugar muita relva. Sentaram-se aqueles homens em número de uns cinco mil.

11.Jesus tomou os pães e rendeu graças. Em seguida, distribuiu-os às pessoas que estavam sentadas, e igualmente dos peixes

lhes deu quanto queriam.

12.Estando eles saciados, disse aos discípulos: Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca.

13.Eles os recolheram e, dos pedaços dos cinco pães de cevada que sobraram, encheram doze cestos.

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14.À vista desse milagre de Jesus, aquela gente dizia: Este é verdadeiramente o profeta que há de vir ao mundo.

15.Jesus, percebendo que queriam arrebatá-lo e fazê-lo rei, tornou a retirar-se sozinho para o monte.

Comentário feito por:

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África) e doutor da Igreja

Sermões sobre São João, 24, 1.6.7

“Aquela gente, ao ver o sinal milagroso que Jesus tinha feito, dizia: ‘Este é realmente o Profeta que devia vir ao mundo!’”

– (v.14)

Com efeito, governar o universo é um milagre maior do que saciar a fome a cinco mil homens com cinco pães.

E, contudo, ninguém se espanta com isso, ao passo que as pessoas se extasiam perante um milagre de menor

importância, porque sai do habitual. De fato, quem é que, ainda hoje, alimenta o universo, a não ser aquele que,

com alguns grãos, criou as colheitas? Cristo fez, pois, aquilo que Deus faz. Recorrendo ao poder que tem de

multiplicar as colheitas a partir de alguns grãos, multiplicou os cinco pães nas mãos deles. Porque o poder se

encontrava nas mãos de Cristo e estes cinco pães eram como que sementes que o Criador da terra multiplicava,

sem chegar a confiá-las à terra.Esta obra foi, pois, colocada sob os nossos sentidos para nos elevar o espírito.

Tornou-se-nos, possível admirar o Deus invisível considerando pela inteligência as Suas obras visíveis

(Rm.1,20). Depois de termos sido despertados para a fé e purificados por ela, podemos mesmo desejar ver sem

os olhos do corpo o Ser invisível que conhecemos a partir das coisas visíveis. Com efeito, Jesus fez este milagre

para que fosse visto por aqueles que ali se encontravam, e eles relataram-no para que nós tivéssemos

conhecimento dele. Aquilo que os olhos fizeram por eles, faz a fé por nós. Assim, reconhecemos na nossa alma

aquilo que os nossos olhos não viram e recebemos um elogio mais belo, porque foi sobre nós que foi dito:

“Bem-aventurados os que, sem terem visto, acreditam!” (Jo, 20, 29).

Comentário feito por :

Santo Hilário (c. 315-367), Bispo de Poitiers e Doutor da Igreja

Comentário ao Evangelho de S. Mateus, 14, 11; PL 9, 999 (a partir da trad. Matthieu commenté, DDB 1985, p.

98 rev.; cf SC 258, p. 23)

«Este é na verdade o Profeta que devia vir ao mundo!»

Os discípulos dizem que têm apenas cinco pães e dois peixes. Os cinco pães significavam que estavam ainda

submetidos aos cinco livros da Lei, e os dois peixes que eram alimentados pelos ensinamentos dos profetas e de

João Baptista. Eis o que os apóstolos tinham para oferecer em primeiro lugar, uma vez que ainda se

encontravam ali; e foi dali que partiu a pregação do Evangelho. O Senhor tomou os pães e os peixes. Ergueu os

olhos ao céu, abençoou-os e partiu-os. Dava graças ao Pai por estar encarregado de alimentá-los com a Boa

Nova, após os séculos da Lei e dos profetas. Os pães também são dados aos apóstolos: era por eles que os dons

da graça divina deviam ser espalhados. Em seguida, as pessoas são alimentadas com os cinco pães e os dois

peixes. Uma vez saciados os convivas, os bocados de pão e de peixe que sobraram de tal forma abundantes que

encheram doze cestos. Isto significa que a multidão fica saciada com a palavra de Deus, que provém do

ensinamento da Lei e dos profetas. É a abundância do poder divino, reservado para os povos pagãos, que

transborda na seqüência do serviço do alimento eterno. Ela realiza uma plenitude, a do número doze, como o

número dos apóstolos. Ora acontece que o número dos que comeram é o mesmo que o dos crentes vindouros:

cinco mil homens (Mt.14, 21; At.4, 4).

Comentário feito por:

Santo Efrém (c. 306-373), diácono na Síria, Doutor da Igreja

Diatesseron, 12, 4-5, 11 (trad. SC 121, pp. 214ss.)

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«Encheram doze cestos com os pedaços que sobejaram»

Num abrir e fechar de olhos, o Senhor multiplicou um pouco de pão. Aquilo que os homens fazem em dez

meses de trabalho, os seus dez dedos fizeram num instante. Todavia, não foi pelo Seu poder que Ele mediu o

alcance do milagre, mas pela fome dos que ali estavam. Se o milagre tivesse sido avaliado pela medida do Seu

poder, teria sido impossível avaliá-lo; medido pela fome daqueles milhares de homens, o milagre excedeu os

doze cestos. A capacidade dos artesãos não excede a dos clientes, é-lhes impossível corresponder a tudo o que

lhes é pedido. As realizações de Deus, pelo contrário, superam todo o desejo. Saciados no deserto como outrora

os israelitas pela oração de Moisés, eles exclamaram: «Este é realmente o Profeta que devia vir ao mundo!»

Faziam alusão às palavras de Moisés: «O Senhor vos suscitará um profeta», não um qualquer, mas «um profeta

como eu» (Dt 18, 15), que vos saciará de pão no deserto. Como eu, caminhou sobre o mar, apareceu na nuvem

luminosa (Mt.17,5), libertou o Seu povo. Ele entregou Maria a João, como Moisés entregou o seu rebanho a

Josué. Mas o pão de Moisés não era perfeito; foi dado unicamente aos israelitas. Querendo significar que o Seu

dom é superior ao de Moisés e o apelo às nações mais perfeito, nosso Senhor disse: «se alguém comer deste

pão,viverá eternamente», porque «o pão de Deus desceu do Céu» e foi dado ao mundo inteiro (Jo 6, 51).

Comentário feito por :

João Paulo II, Papa entre 1978 e 2005

Carta apostólica «Mane nobiscum domine», §§ 15-16 (© copyright Libreria Editrice Vaticana)

«Jesus tomou os pães e, tendo dado graças, distribuiu-os»

Não há dúvida de que a dimensão mais saliente da Eucaristia é a de banquete. A Eucaristia nasceu, na noite de

Quinta-feira Santa, no contexto da ceia pascal. Traz, por conseguinte, inscrito na sua estrutura, o sentido da

comensalidade: «Tomai, comei. Tomou, em seguida, um cálice e entregou-lho dizendo: Bebei dele todos» (Mt

26, 26.27). Este aspecto exprime bem a relação de comunhão que Deus quer estabelecer conosco e que nós

mesmos devemos fazer crescer uns com os outros. Todavia, não se pode esquecer que o banquete eucarístico

tem também um sentido primária e profundamente sacrificial. Nele, Cristo torna presente para nós o sacrifício

realizado de uma vez por todas no Gólgota. Embora aí presente como ressuscitado, Ele traz os sinais da Sua

paixão, da qual cada Santa Missa é «memorial», como a liturgia nos recorda com a aclamação depois da

consagração: «Anunciamos,Senhor, a Vossa morte, proclamamos a Vossa ressurreição». Ao mesmo tempo que

atualiza o passado, a Eucaristia projeta-nos para o futuro da última vinda de Cristo, no final da história. Este

aspecto escatológico dá ao sacramento eucarístico um dinamismo cativante, que imprime ao caminho cristão o

passo da esperança. Todas estas dimensões da Eucaristia se encontram num aspecto que, mais do que qualquer

outro, põe à prova a nossa fé: é o mistério da presença «real». Com toda a tradição da Igreja, acreditamos que,

sob as espécies eucarísticas, está realmente presente Jesus. Uma presença — como eficazmente explicou o Papa

Paulo VI — que se diz «real», não por exclusão, como se as outras formas de presença não fossem reais, mas

por antonomásia, enquanto por ela Se torna substancialmente presente Cristo completo, na realidade do Seu

corpo e do Seu sangue. Por isso, a fé pede-nos para estarmos diante da Eucaristia com a consciência de que

estamos na presença do próprio Cristo. É precisamente a Sua presença que dá às outras dimensões — de

banquete, memorial da Páscoa, antecipação escatológica — um significado que ultrapassa, e muito, o de puro

simbolismo. A Eucaristia é mistério de presença, mediante o qual se realiza, de modo excelso, a promessa que

Jesus fez de ficar conosco até ao fim do mundo (Mt 28, 20).

Comentário feito por

Santo Alberto Magno (c. 1200-1280), dominicano

Livro sobre o sacramento

«Jesus tomou os pães e, tendo dado graças, distribuiu-os»

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Senhor, lavados e purificados no mais profundo de nós mesmos, vivificados pelo Teu Espírito Santo, saciados

pela Tua Eucaristia, faz com que tenhamos parte na graça que tiveram os santos apóstolos e os discípulos, que

receberam o sacramento das Tuas mãos. Desenvolve em nós a solicitude e a diligência para Te seguirmos como

membros Teus (1Co.12,27), para que sejamos dignos de receber de Ti o sentido e a experiência do Teu

alimento espiritual. Desenvolve em nós o zelo de Pedro para destruirmos toda a vontade que seja contrária à

Tua (Jo.18,10), esse zelo que Pedro concebeu durante a Ceia. [...] Desenvolve em nós a paz interior, a resolução

e a alegria que foram saboreadas por São João, quando se inclinou sobre o Teu peito (Jo 13,25); que assim

possamos usufruir da Tua sabedoria, que tomemos o gosto da Tua doçura, da Tua bondade. Desenvolve em nós

a retidão da fé, uma esperança firme e uma caridade perfeita. Pela intercessão de todos os santos apóstolos e de

todos os Teus bem-aventurados discípulos, faz com que recebamos da Tua mão o sacramento, faz com que

evitemos perseverantemente a traição de Judas, e inspira ao nosso espírito o que o Teu Espírito inspirou aos

santos que estão já no céu, realizando em si mesmos a perfeição da beatitude. Concede-nos tudo isto, Tu que

vives e reinas com o Pai na unidade do mesmo Espírito, desde antes de todo o começo e muito para além dos

séculos. Amém.

Jo.(6,16-21)-DDM – pg.1391 – Jesus anda sobre as águas 16.Chegada a tarde, os seus discípulos desceram à margem do lago.

17.Subindo a uma barca, atravessaram o lago rumo a Cafarnaum. Era já escuro, e Jesus ainda não se tinha reunido a eles.

18.O mar, entretanto, se agitava, porque soprava um vento rijo.

19.Tendo eles remado uns vinte e cinco ou trinta estádios, viram Jesus que se aproximava da barca, andando sobre as águas, e

ficaram atemorizados.

20.Mas ele lhes disse: Sou eu, não temais.

21.Quiseram recebê-lo na barca, mas pouco depois a barca chegou ao seu destino.

Comentário feito por:

Santa Teresa Benedita da Cruz [Edith Stein] (1891-1942), carmelita, mártir, co-padroeira da Europa

Poema « Am Steuer » / « A Tempestade », 1940

«Sou Eu. Não temais»- (v.20)

- Senhor, como são altas as ondas,

E tão escura a noite!

Não poderias dar-lhe alguma claridade?

É que velo solitária na noite !

- Segura o leme com mãos firmes,

Tem confiança, mantém a calma.

A tua barca é-Me preciosa,

A bom porto a levarei.

Mantém, sem desistires,

Os olhos na bússola.

É ela que ajuda a chegar ao destino

No meio de noites e tempestades.

A agulha da bússola

oscila mas mostra segura a direção.

Ela te indicará o cabo

Aonde quero que arribes.

Tem confiança, mantém a calma :

Por noites e tempestades

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A vontade de Deus, fiel, te guiará,

Se vigilante for teu coração.

Jo.(14,6-14)- DDM - p. 1404 6.Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.

7.Se me conhecêsseis, também certamente conheceríeis meu Pai; desde agora já o conheceis, pois o tendes visto.

8.Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta.

9.Respondeu Jesus: Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai. Como,

pois, dizes: Mostra-nos o Pai...

10.Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo não as digo de mim mesmo; mas o Pai, que

permanece em mim, é que realiza as suas próprias obras.

11.Crede-me: estou no Pai, e o Pai em mim. Crede-o ao menos por causa destas obras.

12.Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que

estas, porque vou para junto do Pai.

13.E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.

14.Qualquer coisa que me pedirdes em meu nome, vo-lo farei.

Comentário feito por:

Santo Hilário (c. 315 - 367), bispo de Poitiers, doutor da Igreja

Sobre a Trindade, 7, 34-36

"Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta" – (v.8)

Jesus disse: "Se me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. Mas já o conheceis e o vistes". Vê-se o

homem Jesus Cristo. Os apóstolos têm diante dos olhos o seu aspecto exterior, isto é, a sua natureza de homem,

ao passo que Deus, liberto de toda a carne, não é reconhecível no miserável corpo carnal. Como é então que

conhecer a Cristo pode ser também conhecer o Pai? Estas palavras inesperadas perturbam o apóstolo Filipe; a

fraqueza do seu espírito humano não lhe permite compreender uma afirmação tão estranha... Então, com a

impetuosidade que lhe permitiam a sua familiaridade e a sua fidelidade de apóstolo, ele interroga o Mestre:

"Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta!" Não é que ele deseje contemplar o Pai com os seus olhos físicos,

mas pede para compreender aquilo que vê com os seus olhos. Porque, vendo o Filho na sua forma humana, ele

não compreende como, desse modo, tinha visto o Pai... O Senhor responde-lhe então: "Há tanto tempo que

estou convosco e não me conheces, Filipe?" Repreende-o por ignorar quem ele era... Porque é que não o tinham

reconhecido, a ele que há tanto tempo procuravam? É que, para o reconhecerem, era preciso reconhecer que a

divindade, a natureza do Pai, estava nele. Na verdade, todas as obras que ele tinha feito eram próprias de Deus:

caminhar sobre as águas, dar ordens aos ventos, realizar coisas impossíveis de compreender, tais como mudar a

água em vinho ou multiplicar os pães..., afugentar os demônios, expulsar as doenças, dar remédio às

enfermidades do corpo, corrigir as malformações congênitas, perdoar os pecados, devolver a vida aos mortos.

Eis tudo o que o seu corpo de carne tinha feito, e tudo isso lhe permite proclamar-se Filho de Deus. Daí a sua

reprimenda e a sua queixa: por causa da realidade misteriosa do seu nascimento humano, não se tinham

apercebido da natureza divina que realizava estes milagres nessa natureza humana que o Filho tinha assumido

Comentário feito por :

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África) e doutor da Igreja

Discurso sobre os Salmos, Sl 86

Santos Filipe e Tiago, apóstolos, fundações da Cidade Santa (Ap.21,19)

“O seu fundamento está sobre os montes santos. O Senhor ama as portas de Sião” (Sl. 86, 1-2).

“Sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o alicerce dos apóstolos e dos

profetas, com Cristo por pedra angular” (Ef.2, 19-20). Cristo, pedra angular e as montanhas, ou seja, os

apóstolos e os grandes profetas que transportam o conjunto da cidade, formam uma espécie de edifício vivo.

Este edifício vivo tem uma voz que ressoa agora no vosso coração. É Deus, hábil operário, que se serve de mim

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para insistir convosco, a fim de que tomeis o vosso lugar nesta construção – quais pedras talhadas, de quatro

lados iguais. Reparai na forma de uma pedra perfeitamente quadrada: é a imagem do cristão. Por muitas

tentações que sofra o cristão não cai; pode ser violentamente empurrado, como que revirado, mas não cai.

Porque, seja de que lado se faça cair uma pedra quadrada, ela continua de pé. Sede, pois, semelhantes a pedras

quadradas, preparados para todos os choques; e que, qualquer que seja a força que vos empurre, não consiga

fazer-vos perder o equilíbrio. Levantar-vos-eis para tomardes o vosso lugar neste edifício, por meio de uma

vida cristã sincera, pela fé, a esperança e a caridade. A cidade santa é formada pelos seus próprios cidadãos; os

mesmos homens são, simultaneamente, pedras e cidadãos, porque estas pedras são vivas. “Vós mesmos, como

pedras vivas, entrai na construção de um edifício espiritual” (1Pd.2,5). Por que motivo são os apóstolos e os

profetas os fundamentos da cidade? Porque a sua autoridade sustenta a nossa fraqueza. Por eles, entramos no

reino de Deus; eles são, para nós, os pregadores da salvação. E, quando entramos por eles na cidade, entramos

nela por Cristo – porque Ele mesmo é a porta (Jo 10, 9).

Comentário feito por:

Orígenes (c.185-253), presbítero e teólogo

A Oração, 31

«O que pedirdes em meu nome Eu o farei, de modo que, no Filho, se manifeste a glória do Pai»- (v.12)

Quer-me parecer que quem se dispõe a orar deverá recolher-se e procurar preparar-se um pouco para conseguir

ficar mais atento, mais concentrado no todo da sua oração. Deve também afastar do seu pensamento a

ansiedade e a perturbação, e esforçar-se por lembrar a grandeza de Deus de quem se aproxima, pensar também

que será ímpio se a Ele se apresentar sem a necessária atenção, sem algum esforço, mas com uma espécie de à

vontade; deve, enfim, rejeitar todos os pensamentos excêntricos.

Ao começar a oração, devemos apresentar, digamos, a alma antes das mãos, erguer a Deus o espírito antes dos

olhos, libertar o espírito da terra antes de o elevarmos para o oferecer ao Senhor do universo, depor, enfim,

quaisquer ressentimentos por ofensas que cremos ter sofrido, se de fato desejamos que Deus esqueça o mal

cometido contra Ele próprio, contra os nossos semelhantes, ou contra a boa razão.Dado que podem ser muitas

as atitudes do corpo, o gesto de erguer as mãos e os olhos aos céus deve claramente ser preferido a todos os

outros, para assim exprimirmos no corpo a imagem das disposições da alma durante a oração, mas as

circunstâncias podem por vezes levar-nos a rezar sentados ou mesmo deitados. No que diz respeito à oração de

joelhos, esta torna-se necessária sempre que acusamos os nossos pecados perante Deus, e Lhe suplicamos que

deles nos cure e nos absolva. Essa atitude é o símbolo da humilhação e da submissão de que fala Paulo, quando

escreve: «É por isso que eu dobro os joelhos diante do Pai, do qual recebe o nome toda a família, nos céus e na

terra» (Ef 3, 14-15). Trata-se da genuflexão espiritual, assim chamada porque todas as criaturas adoram a Deus

no nome de Jesus e humildemente a Ele se submetem. O apóstolo Paulo parece fazer uma alusão a isso quando

diz: «Para que, ao nome de Jesus, se dobrem todos os joelhos, os dos seres que estão no céu, na terra e debaixo

da terra» (Fl.2,10).

Jo.(14,9-12)- DDM – p.1404 9.Respondeu Jesus: Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai. Como,

pois, dizes: Mostra-nos o Pai...

-Eis por que Ele, ao qual quem vê, vê também o Pai, pela plena presença e manifestação de si mesmo por

palavras e obras, sinais e milagres.

- O dom de Milagres é também um dom do Espírito Santo, faz parte do cumprimento da promessa de Deus por

Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo, aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e afará

ainda maiores do que estas”.

- O dom de Milagres é a ação do Espírito Santo que para o bem de alguém, modifica o curso normal da

natureza: O milagre é uma intervenção clara, sensível e visível de Deus no discurso “ordinário” ou“ normal”dos

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acontecimentos: curas instantâneas de doenças incuráveis, ressurreição dos mortos, fenômenos extraordinários

da natureza.

- E o poder de Deus interferindo em determinada situação em relação à natureza, à saúde e à vida. São

fenômenos sobrenaturais realizados por Deus, com a finalidade de que os homens conheçam o seu amor efetivo

por eles, conheçam a sua glória, o seu poder e se convertam. Através dos milagres, o homem tem uma

experiência concreta do amor de Deus por ele e da sua presença concreta na sua vida, na vida dos seus irmãos e

no mundo.

- Deus manifesta através da realização de um milagre que não está indiferente à vida do homem e de todo o seu

povo, que é um Deus que se inclina para o homem no momento oportuno e necessário para salvá-lo. É uma das

maneiras de Deus manifestar a ação da sua divina providência que está sempre pronta a resgatar o homem.

Jo.(14,15-21)- DDM – p.1404/5 – Adeuses.Despedidas. 15.Se me amais, guardareis os meus mandamentos.

16.E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco.

17.É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque

permanecerá convosco e estará em vós.

18.Não vos deixarei órfãos. Voltarei a vós.

19.Ainda um pouco de tempo e o mundo já não me verá. Vós, porém, me tornareis a ver, porque eu vivo e vós vivereis.

20.Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós.

21.Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o

amarei e manifestar-me-ei a ele.

Comentário feito por:

Santo Hilário (c. 315-367), bispo de Poitiers, doutor da Igreja

A Trindade, 2, 31-35

«Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco: o Espírito de verdade» -

(vv.16-17)

«Deus é espírito» diz o Senhor à Samaritana; sendo Deus invisível, incompreensível e infinito, não será num

monte nem num templo que Deus deverá ser adorado (Jo.4, 21-24). «Deus é espírito» e um espírito não pode

ser circunscrito, nem contido; pela força da sua natureza, ele está em todo o lado e de local algum está ausente ;

em todo o lado e em tudo superabunda. Por isso é preciso adorar a Deus, que é espírito, no Espírito Santo. O

apóstolo Paulo outra coisa não diz quando escreve :«o Senhor é o Espírito e onde está o Espírito do Senhor, aí

está a liberdade» (2 Co 3, 17). Que cessem, portanto os argumentos daqueles que recusam o Espírito. O Espírito

Santo é um, por todo o lado foi derramado, iluminando todos os patriarcas, os profetas e o coração de todos

quantos participaram na redação da Lei. Inspirou João Baptista já no seio de sua mãe; foi por fim infundido

sobre os apóstolos e sobre todos os crentes para que conhecessem a verdade que lhes é dada na graça. Qual é

ação do Espírito em nós? Escutemos as palavras do próprio Senhor : «Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos,

mas não sois capazes de as compreender por agora. É melhor para vós que Eu vá, pois, se Eu não for, o

Paráclito não virá a vós; mas, se Eu for, Eu vo-lo enviarei. Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, guiar-vos-á

para a Verdade completa». (Jo 16, 7-13). São-nos reveladas, nestas palavras, a vontade do doador, assim como

a natureza e o papel d'Aquele que Ele nos dá. Porque a nossa fragilidade não nos permite conhecer nem o Pai

nem o Filho; o mistério da encarnação de Deus é difícil de compreender. O dom do Espírito Santo, que se faz

nosso aliado por sua intercessão, ilumina-nos. Ora este dom único que está em Cristo é oferecido a todos em

plenitude. Está sempre presente em todo o lado e a cada um de nós é dado, tanto quanto O queiramos receber. O

Espírito Santo permanecerá conosco até ao fim dos tempos, é a nossa consolação na espera, é o penhor dos bens

da esperança que virá, é a luz dos nossos espíritos, o esplendor das nossas almas.

Jo.(14,21-26)- DDM – p.1404/5 – Adeuses.Despedidas 21.Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o

amarei e manifestar-me-ei a ele.

22.Pergunta-lhe Judas, não o Iscariotes: Senhor, por que razão hás de manifestar-te a nós e não ao mundo?

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23.Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos

nossa morada.

24.Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. A palavra que tendes ouvido não é minha, mas sim do Pai que me enviou.

25.Disse-vos estas coisas enquanto estou convosco.

26.Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos

tenho dito.

Comentário feito por:

Cardeal John Henry Newman (1801-1892), presbítero, fundador de comunidade religiosa, teólogo

Meditações e Devoções, cap. 14, O Paráclito (a partir da trad. Lecoffre/Brémond rev.)

«Se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas, se Eu for, enviá-lo-ei.»

Meu Deus, Paráclito eterno, adoro-Te, Tu que és Luz e Vida. Podias ter-Te contentado em me enviar de fora

bons pensamentos, a graça que os inspira e os realiza; podias ter-me orientado assim na vida, purificando-me

apenas através da Tua ação interior no momento da minha passagem para o outro mundo. Porém, na Tua

infinita compaixão, entraste dentro da minha alma desde o começo, dela tomaste posse, dela fizeste um templo

para Ti. Por meio da Tua graça, habitas em mim de maneira inefável, e uniste-me a Ti e a toda a assembléia dos

santos. Mais ainda, estás pessoalmente presente em mim, não apenas pela Tua graça, mas pelo Teu próprio ser,

como se, mantendo embora a minha personalidade, eu fosse, de certa maneira, absorvido em Ti já nesta vida. E,

como tomaste posse do meu corpo na sua fraqueza, também ele é templo Teu (1Co.6,19). Verdade espantosa e

temível! Ó meu Deus, creio e sei que assim é!Poderei pecar estando Tu em mim de forma tão íntima? Poderei

esquecer Quem está comigo, Quem está em mim? Poderei expulsar o Hóspede divino através daquilo que Ele

mais detesta da única coisa que O ofende, da única realidade que não é Sua? Meu Deus, tenho uma dupla

proteção contra o pecado: primeiro, o temor de semelhante profanação, na Tua presença, de tudo quanto és em

mim; e depois, a confiança em que esta presença me protegerá do mal. Nas provas e nas tentações, chamarei

por Ti. Graças a Ti, nunca Te abandonarei.

Comentário feito por:

S. Nicolau Cabasilas (cerca 1320-1363), teólogo laico grego

A Vida em Cristo, IV, 6-8

«Se alguém me ama..., meu Pai amá-lo-á, e habitaremos nele» - (v.23)

A promessa vinculada à mesa eucarística faz-nos habitar em Cristo e Cristo em nós, porque está escrito:

«Permanece em Mim e Eu nele» (Jo 6,56). Se Cristo habita em nós, de que necessitaremos? O que nos poderá

faltar? Se permanecemos em Cristo, que mais poderemos desejar? Ele é ao mesmo tempo nosso hóspede e

nossa morada. Nós somos felizes por sermos sua habitação! Que alegria em sermos nós próprios a morada de

um tal hóspede! Que bem poderia faltar aos que ele trata deste modo? Que teriam eles de comum com o mal, os

que resplandecem numa tal luz? Que mal poderia resistir a tanto bem? Mais ninguém pode morar em nós ou vir

assaltar-nos quando Cristo se une a nós deste modo. Ele rodeia-nos e penetra o mais profundo de nós mesmos;

ele é a nossa proteção, o nosso refúgio; ele encerra-nos de todos os lados. Ele é nossa morada, e é o hóspede

que enche toda a sua casa. Porque nós não recebemos uma parte dele mas ele próprio, não um raio de luz mas o

sol..., a ponto de formar com ele um só espírito (1Co.6,17) ... A nossa alma está unida à sua alma, o nosso corpo

ao seu corpo e o nosso sangue ao seu sangue... Como disse S. Paulo: «O nosso ser mortal é absorvido pela

vida» (2Co.5,4) e «Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim» (Gal 2,20).

Jo.19,31-37 DDM - p.1410 31.Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente

solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados.

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32.Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com ele foram crucificados. 33.Chegando, porém, a Jesus,

como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas,

34.mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água.

35.O que foi testemunha desse fato o atesta (e o seu testemunho é digno de fé, e ele sabe que diz a verdade), a fim de que vós creiais.

36.Assim se cumpriu a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado (Ex 12,46).

37.E diz em outra parte

Comentário feito por

Atribuído a São Boaventura (1221-1274), franciscano, Doutor da Igreja

Meditações sobre a Paixão do Senhor, 3

«Logo brotou sangue e água» (v.34)

Aproximemo-nos do coração do dulcíssimo Senhor Jesus, e exultaremos, regozijar-nos-emos nele. Quão bom e

doce é habitar nesse coração! É o tesouro escondido, a pérola preciosa, aquilo que encontramos, ó Jesus,

escavando o campo do Teu corpo (Mt.13,44ss). Quem pois rejeitará esta pérola? Bem pelo contrário, por ela eu

darei todos os meus bens; trocarei todas as minhas preocupações, todos os meus afetos. Todas as minhas

inquietações, abandoná-las-ei no coração de Jesus: ele bastar-me-á e providenciará sem falta à minha

subsistência.

É neste templo, neste Santo dos santos, nesta arca da aliança, que virei adorar e louvar o nome do Senhor.

«Encontrei o meu coração, dizia David, para rezar ao meu Deus» (1º Cn.17, 25 Vulg). E também eu encontrei o

coração do meu Senhor e Rei, do meu irmão e amigo. Portanto, como poderia não rezar? Sim, rezarei, porque,

com firmeza o digo, o Seu coração pertence-me. Ó Jesus, digna-Te aceitar e escutar a minha oração. Leva-me

toda inteira para o Teu coração. Ainda que a deformidade dos meus pecados me impeça de entrar nele, contudo,

dado que por um amor incompreensível este coração se dilatou e alargou, Tu podes receber-me e purificar-me

da minha impureza. Ó Jesus puríssimo, lava-me das minhas iniqüidades a fim de que, purificada por Ti, possa

habitar em Teu coração todos os dias da minha vida, para ver e fazer a Tua vontade. Se o Teu lado foi

trespassado, foi para que a entrada nos seja amplamente aberta. Se o Teu coração foi ferido, foi para que, ao

abrigo das agitações exteriores, possamos habitar nele. E é ainda para que, na ferida visível, vejamos a invisível

ferida do amor.

Jo.(20,1-2.11-18)- DDM – p.1411 1.No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra

removida do sepulcro.

2.Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o

puseram!

11.Entretanto, Maria se conservava do lado de fora perto do sepulcro e chorava. Chorando, inclinou-se para olhar dentro do sepulcro.

12.Viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés.

13.Eles lhe perguntaram: Mulher, por que choras? Ela respondeu: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.

14.Ditas estas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não o reconheceu.

15.Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem procuras? Supondo ela que fosse o jardineiro, respondeu: Senhor, se tu o

tiraste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar.

16.Disse-lhe Jesus: Maria! Voltando-se ela, exclamou em hebraico: Rabôni! (que quer dizer Mestre).

17.Disse-lhe Jesus: Não me retenhas, porque ainda não subi a meu Pai, mas vai a meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso

Pai, meu Deus e vosso Deus.

18.Maria Madalena correu para anunciar aos discípulos que ela tinha visto o Senhor e contou o que ele lhe tinha falado.

Comentário feito por

S. Gregório Magno (c. 540-604), papa, doutor da Igreja

Homilia 25

"Mulher, porque choras?" – (v.15)

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Maria torna-se testemunha da compaixão de Deus; sim... aquela Maria a quem um fariseu queria quebrar o

arroubo de ternura. "Se este homem fosse profeta, exclamava ele, saberia quem é esta mulher que o toca e o que

ela é: uma pecadora" (Lc 7,39). Mas as suas lágrimas apagaram-lhe as manchas do corpo e do coração; ela

precipitou-se a seguir os passos do seu Salvador, afastando-se dos caminhos do mal. Estava sentada aos pés de

Jesus e escutava-o (Lc 10,39). Vivo, apertava-o nos seus braços; morto, procurava-o. E encontrou vivo aquele

que procurava morto. Encontrou nele tanta graça que acabou por ser ela a levar a boa nova aos apóstolos, aos

mensageiros de Deus!Que devemos ver aqui, meus irmãos, senão a infinita ternura do nosso Criador, que, para

dar novo ânimo à nossa consciência, nos dá constantemente exemplos de pecadores arrependidos. Lanço os

meus olhos sobre Pedro, olho para o ladrão, examino Zaqueu, considero Maria e só vejo neles apelos à

esperança e ao arrependimento. Foi a vossa fé tocada pela dúvida? Pensem em Pedro que chora amargamente a

sua cobardia. Estais ardendo em cólera contra o vosso próximo? Pensai no ladrão: em plena agonia, arrepende-

se e ganha as recompensas eternas. A avareza seca-vos o coração? Prejudicastes alguém? Vede Zaqueu que

devolve quatro vezes mais aquilo que tinha roubado a um homem. Por causa de uma paixão, perdestes a pureza

da carne? Olhai para Maria que purifica o amor da carne com o fogo do amor divino.

Sim, Deus todo-poderoso oferece-nos constantemente exemplos e sinais da sua compaixão. Enchamo-nos, pois,

de horror pelos nossos pecados, mesmo pelos mais antigos. Deus todo-poderoso esquece com facilidade que

nós cometemos o mal e está pronto a olhar para o nosso arrependimento como se fosse a própria inocência. Nós

que, depois das águas da salvação, nos tínhamos de novo manchado, renasçamos das nossas lágrimas... O nosso

Redentor consolará as vossas lágrimas com a sua alegria eterna.

Comentário feito por:

Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja

Sermões sobre o Evangelho de João, nº 121, 3; PL 35,1955-1959

Tocar Cristo espiritualmente

«Jesus disse-lhe: Não Me detenhas, pois ainda não subi para o Pai.»

Estas palavras contêm uma verdade que devemos examinar com muita atenção. Jesus ensina a fé a esta mulher

que O tinha reconhecido como mestre e Lhe dera esse título. O divino jardineiro semeou uma semente de

mostarda no coração de Maria Madalena, como num jardim. Que significa pois: «Não Me detenhas, pois ainda

não subi para o Pai»? Com estas palavras, Jesus quis que a fé que se tem Nele, fé pela qual Lhe tocamos

espiritualmente, chegue a ponto de acreditarmos que Ele e o Pai são um (Jo 10, 30). Porque aquele que progride

Nele até reconhecer que é igual ao Pai sobe de algum modo até ao Pai no segredo da sua alma. De outro modo,

não se toca Cristo como Ele quer, quer dizer, não se tem Nele a fé que Ele pede. Maria podia acreditar Nele

pensando que não era igual ao Pai; mas Ele proíbe-lho com estas palavras: «Não Me detenhas», quer dizer:

«Não acredites em Mim no entendimento em que te encontras ainda. Nem fiques a pensar no que Eu fiz por ti,

sem pensares Naquele por Quem foste feita.» Como podia ela deixar de acreditar ainda de modo totalmente

humano Naquele por Quem chorava como por um homem? «Ainda não subi para o Pai.» «Tocar-Me-ás quando

acreditares que sou Deus, e que sou totalmente igual ao Pai.»

Comentário feito por :

São Gregório Palamas (1296-1359), monge, bispo e teólogo

Homilia 20: PG 151, 266.271

«Vai ter com os meus irmãos»

Entre as que trouxeram perfumes ao túmulo de Cristo, Maria Madalena é a única cuja memória celebramos.

Cristo tinha expulsado dela sete espíritos (Lc 8,2), para dar lugar às sete operações da graça do Espírito. A sua

perseverança em ficar perto do túmulo valeu-lhe a visão dos anjos e a conversa com eles; depois, após ter visto

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o Senhor, tornou-se Sua apóstola junto dos apóstolos. Instruída e plenamente assegurada pela boca de Deus, vai

anunciar-lhes que viu o Senhor e repetir-lhes o que Ele lhe disse.

Consideremos, meus irmãos, quanto Maria Madalena cedia em dignidade a Pedro, o chefe dos Apóstolos, a

João, o teólogo bem-amado por Cristo, e quanto ela foi, no entanto, mais favorecida que eles. Eles, quando

acorreram ao sepulcro, apenas viram as ligaduras e o sudário; mas ela, que permanecera com firme

perseverança até ao fim à porta do túmulo, viu, antes dos apóstolos, não só os anjos, mas o próprio Senhor dos

Anjos, ressuscitado na carne. Ela ouviu a Sua voz e assim Deus, pela Sua própria palavra, a pôs ao Seu serviço.

Comentário feito por:

São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja

Sermões sobre o Cântico dos Cânticos, n º 28, 9

«Quem procuras?»

Só o sentido da audição pode alcançar a verdade, porque só ele ouve a palavra. «Não Me toques», diz o Senhor,

isto é, perde o hábito de confiar nos teus sentidos enganosos, apoia-te nas minhas palavras, acostuma-te à fé. A

fé não se pode enganar, compreende as coisas invisíveis e não sofre da pobreza dos sentidos. A fé ultrapassa os

limites da razão humana, os usos da natureza, os limites da experiência. Porque queres aprender com os olhos o

que eles não podem saber? E porque se esforça a tua mão por sondar o que nunca atingirá? É tão pouco o que

uns e outra dão a conhecer de Mim! É a fé que compete pronunciar-se a meu respeito sem diminuir a minha

majestade; aprende a acreditar com mais certeza e a seguir com mais confiança o que ela te diz.«Não Me

toques, pois ainda não subi para o Pai.» Como se devesse ou pudesse deixar-Se tocar quando fosse elevado;

sim, sem dúvida que poderá ser tocado, mas só pelo coração e não pelas mãos, pelo desejo e não com os olhos,

pela fé e não pelos sentidos. «Porque procuras tocar-Me agora [...]? Não te lembras de que, quando Eu ainda era

mortal, os olhos dos meus discípulos não puderam agüentar a glória do meu corpo transfigurado, que ainda

tinha de morrer? Faço-te ainda o favor de te mostrar a minha condição de servo (Fl.2,7), mas doravante a minha

glória afasta-Me de ti. Suspende pois o teu julgamento, reserva à fé o esclarecimento de tão grande mistério.

[…] Para seres digna de Me tocar, tens de Me contemplar sentado à direita de meu Pai (Mc 16,19; Sl 109,1),

não mais na minha condição de abaixamento, mas no meu estado glorificado. Trata-se do mesmo corpo, mas

sob outro aspecto. Porque queres tocar-Me na minha fealdade? Espera pelo momento em que poderás fazê-lo na

minha beleza.»

Jo.20,1-9 DDM - p.1411 1.No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra

removida do sepulcro. 2.Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o

puseram!

3.Saiu então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro.

4.Corriam juntos, mas aquele outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro.

5.Inclinou-se e viu ali os panos no chão, mas não entrou.

6.Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão.

7.Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à

parte.

8.Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu.

9.Em verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos.

Comentário feito por:

São Máximo de Turim (?-c. 420), bispo

CC Sermão 53, sobre o salmo 117 ; PL 57, 361 (trad. coll. Migne n° 65, p. 126)

«Este é o dia que o Senhor fez, exultemos e cantemos de alegria»

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«Este é o dia que o Senhor fez, exultemos e cantemos de alegria» (Sl 117, 24). Não é por acaso, meus irmãos,

que lemos hoje este salmo em que o profeta nos convida à alegria, em que o santo David convida toda a criação

a celebrar este dia; porque hoje a ressurreição de Cristo abriu a mansão dos mortos, os novos batizados da

Igreja rejuvenesceram a terra, o Espírito Santo mostrou o céu. O inferno, aberto, devolve os seus mortos; a

terra, rejuvenescida, faz eclodir os ressuscitados; e o céu abre-se em toda a sua grandeza para acolher aqueles

que a ele ascendem. O ladrão subiu ao paraíso (Lc 23, 43); os corpos dos santos entram na cidade santa (Mt.27,

53). À ressurreição de Cristo, todos os elementos se elevam, com uma espécie de impulso, até às alturas. O

inferno entrega aos anjos aqueles que mantinha presos, a terra envia para o céu aqueles que cobria, o céu

apresenta ao Senhor aqueles que acolheu. A ressurreição de Cristo é vida para os defuntos, perdão para os

pecadores, glória para os santos. Assim, o grande David convida toda a criação a festejar a ressurreição de

Cristo, incita-a a exultar de alegria neste dia que o Senhor fez.

Dir-me-eis talvez que o céu e o inferno não foram estabelecidos no dia deste mundo; como podemos então

pedir aos elementos que celebrem um dia com o qual nada tem de comum? O certo é que este dia que o Senhor

fez tudo penetra, tudo contém, abraçando o céu, a terra e o inferno! A luz que é Cristo não foi detida pelas

paredes, não foi abalada pelos elementos, não foi ensombrada pelas trevas. A luz de Cristo é um dia sem noite,

um dia sem fim. Por toda a parte resplandece, por toda a parte brilha, em toda a parte permanece.

Comentário feito por:

Proclo de Constantinopla (c. 390-446), bispo

Sermão 14; PG 65, 796 (trad. a partir de coll. Icthus, vol. 10, p. 149 rev.)

«Este é o dia do Senhor: cantemos e alegremo-nos nele!» (Sl.118 (117), 24)

Que bela festa de Páscoa! E que bela assembléia! Este dia tem tantos mistérios, antigos e novos! Nesta semana

de festa, ou antes, de alegria, por toda a terra os homens rejubilam e até as forças celestes se juntam a nós para

celebrar com alegria a Ressurreição do Senhor. Exultam os anjos e os arcanjos que esperam que o Rei dos

Céus, Cristo nosso Deus, regresse vencedor à terra; exultam os coros dos anjos que aclamam Aquele que foi

elevado «das entranhas da madrugada, como orvalho» [Sl (110) 109, 3], Cristo. A terra exulta: o sangue de

Deus a lavou. O mar exulta: os passos do Senhor o honraram. Que exulte todo o homem renascido da água e do

Espírito Santo; que exulte o primeiro homem, Adão, liberto da antiga maldição. A ressurreição de Cristo não

somente instaurou este dia de festa como também nos alcançou, em vez do sofrimento, a Salvação, em vez da

morte, a imortalidade, em vez das feridas, a cura, em lugar do fracasso, a Ressurreição. Outrora, o mistério da

Páscoa cumpriu-se no Egito segundo os ritos indicados pela lei; o sacrifício do cordeiro era disso apenas um

sinal. Mas hoje celebramos, segundo o Evangelho, uma Páscoa espiritual, que é o dia da Ressurreição. Antes,

imolava-se um cordeiro do rebanho; agora, é Cristo em pessoa que Se oferece como cordeiro de Deus. Dantes,

era um animal do aprisco; agora já não é um cordeiro mas o próprio bom pastor que dá a vida pelas Suas

ovelhas (Jo 10, 11) Nessa altura, os Hebreus atravessaram o Mar Vermelho e entoaram um hino de vitória em

honra do seu Defensor: «Cantarei ao Senhor que é verdadeiramente grande» (Ex 15, 1). Nos nossos dias,

aqueles que foram julgados dignos do batismo cantam nos seus corações o hino da vitória: «Só vós sois o santo,

só vós o Senhor, só vos o altíssimo Jesus Cristo na glória de Deus Pai. Amém. «O Senhor é rei, vestido de

majestade», aclama o profeta [Sl.93 (92),1]. Os Hebreus atravessaram o Mar Vermelho e comeram o maná no

deserto. Hoje, saindo das fontes batismais, nós comemos o pão descido do céu (Jo 6, 51).

Comentário feito por:

São Máximo de Turim (?-c. 420), bispo

CC Sermão 53, sobre o salmo 117 ; PL 57, 361 (trad. coll. Migne n° 65, p. 126)

«Este é o dia que o Senhor fez, exultemos e cantemos de alegria»

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«Este é o dia que o Senhor fez, exultemos e cantemos de alegria» (Sl.117,24). Não é por acaso, meus irmãos,

que lemos hoje este salmo em que o profeta nos convida à alegria, em que o santo David convida toda a criação

a celebrar este dia; porque hoje a ressurreição de Cristo abriu a mansão dos mortos, os novos batizados da

Igreja rejuvenesceram a terra, o Espírito Santo mostrou o céu. O inferno, aberto, devolve os seus mortos; a

terra, rejuvenescida, faz eclodir os ressuscitados; e o céu abre-se em toda a sua grandeza para acolher aqueles

que a ele ascendem. O ladrão subiu ao paraíso (Lc 23, 43); os corpos dos santos entram na cidade santa (Mt 27,

53). À ressurreição de Cristo, todos os elementos se elevam, com uma espécie de impulso, até às alturas. O

inferno entrega aos anjos aqueles que mantinha presos, a terra envia para o céu aqueles que cobria, o céu

apresenta ao Senhor aqueles que acolheu. A ressurreição de Cristo é vida para os defuntos, perdão para os

pecadores, glória para os santos. Assim, o grande David convida toda a criação a festejar a ressurreição de

Cristo, incita-a a exultar de alegria neste dia que o Senhor fez.

Dir-me-eis talvez que o céu e o inferno não foram estabelecidos no dia deste mundo; como podemos então

pedir aos elementos que celebrem um dia com o qual nada tem de comum? O certo é que este dia que o Senhor

fez tudo penetra, tudo contém, abraçando o céu, a terra e o inferno! A luz que é Cristo não foi detida pelas

paredes, não foi abalada pelos elementos, não foi ensombrada pelas trevas. A luz de Cristo é um dia sem noite,

um dia sem fim. Por toda a parte resplandece, por toda a parte brilha, em toda a parte permanece.

Comentário feito por:

João Escoto Erígena (?-c. 870), beneditino irlandês

Homilia sobre o Prólogo de São João, §2 (trad. Jean Expliqué, DDB 1985, p. 27 rev.)

«O que era desde o princípio, o que contemplamos isso vos anunciamos» (1Jo.1,1-3)

Pedro e João acorrem juntos ao túmulo. O túmulo de Cristo é a Sagrada Escritura, em que os mistérios mais

obscuros da Sua divindade e da Sua humanidade se encontram protegidos, se assim ouso expressar-me, por uma

muralha de rocha. Mas João corre mais depressa do que Pedro, porque o poder da contemplação totalmente

purificada entra nos segredos das obras divinas com um olhar mais penetrante e mais vivo do que o poder da

ação, que ainda tem necessidade de ser purificada.Mas Pedro é o primeiro a entrar no túmulo; João o segue.

Correm os dois e entram os dois. Aqui, Pedro é a imagem da fé, João representa a inteligência. A fé tem, pois,

de ser a primeira a entrar no túmulo, imagem da Sagrada Escritura, onde a inteligência entra a seguir. Pelo

poder da fé e das virtudes, Pedro, que também representa a prática das virtudes, vê o Filho de Deus encerrado

de maneira inefável e maravilhosa nos limites da carne. Por sua vez, João, que representa a mais elevada

contemplação da verdade, admira o Verbo de Deus, perfeito em Si mesmo e infinito na Sua origem, ou seja, em

Seu Pai. Conduzido pela revelação divina, Pedro contempla simultaneamente as coisas eternas e as coisas deste

mundo, unidas em Cristo. João contempla e anuncia a eternidade do Verbo, para dá-Lo a conhecer às almas

crentes. Afirmo, pois, que João é uma águia espiritual de vôo rápido, que vê a Deus; e chamo-lhe teólogo. Ele

domina toda a criação, visível e invisível, ultrapassa todas as faculdades do intelecto, entra divinizado em Deus,

que o faz partilhar da Sua própria vida divina.

Comentário feito por

Orígenes (c. 185-253), presbítero e teólogo

Comentário ao Evangelho de São João, I, 21-25

«E o Verbo fez-Se homem e veio habitar conosco. E nós contemplamos a Sua glória, cheia de graça e de

verdade». (Jo 1,14)

Considero serem os quatro Evangelhos os elementos essenciais da fé da Igreja e penso que as suas primícias

estão no Evangelho de João, o qual, para falar d'Aquele de quem outros fizeram a genealogia, se inicia

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precisamente por Aquele que não a tem. Com efeito, escrevendo para judeus que esperavam o descendente de

Abraão e de David, Mateus diz: «Genealogia de Jesus Cristo, filho de David, filho de Abraão» (Mt.1,1); e

Marcos, sabendo muito bem o que escreve, traz: «Princípio do Evangelho» (Mc 1,1). O fim do Evangelho, esse

encontramo-lo em João: é o Verbo que era no princípio, a Palavra de Deus (cf. 1,1). E também Lucas reservou

ao discípulo que repousou sobre o peito de Jesus (Jo 13,25) os maiores e mais perfeitos discursos sobre Ele. E

nenhum mostrou a Sua divindade de modo tão absoluto como João, que O faz dizer: «Eu sou a luz do mundo»

(8,12), «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida» (14,6), «Eu sou a Ressurreição» (11,25), «Eu sou a porta»

(10,9), «Eu sou o Bom Pastor» (10,11) e, no Apocalipse, «Eu sou o Alfa e o Ómega, o Primeiro e o Último, o

Princípio e o Fim» (22,13). Por isso me atrevo a dizer que os Evangelhos são as primícias de toda a Escritura e

que, dos Evangelhos, as primícias são o de João, do qual ninguém poderia abarcar todo o sentido a não ser que

tivesse descansado sobre o peito de Jesus e recebido d'Ele Maria por Mãe (Jo 19,27). Quando Jesus diz a Sua

Mãe: «Eis o teu filho» e não «eis o homem que também é teu filho», é como se lhe dissesse «Eis o teu filho,

gerado por ti», porquanto quem quer que chegue a viver em perfeição não é ele quem vive, mas Cristo que vive

nele (Gl.2,20). Será preciso ainda dizer de que inteligência teremos necessidade para podermos interpretar

dignamente a palavra depositada, como um tesouro (2 Co. 4,7), nos vasos de barro do uso comum da

linguagem, numa caligrafia que todos podem ler, e na palavra que todos podem ouvir se alguém lhe der voz e

compreender se todos lhe prestarem atenção? Assim, para interpretarmos devidamente o Evangelho de João, em

boa verdade basta-nos ser capazes de dizer: «quanto a nós, temos o pensamento de Cristo, para podermos

conhecer os dons da graça de Deus»(1 Co.16.12).

Comentário feito por :

Beato John Henry Newman (1801-1890), presbítero, fundador do Oratório em Inglaterra

Sermão «The Difficulty of Realizing Sacred Privileges», PPS, t. 6, n°8

Eis o dia

«O Senhor atuou neste dia, cantemos e alegremo-nos nele» (Sl 117,24). Enquanto cristãos, nascemos para o

Reino de Deus desde a mais tenra infância; porém, embora tenhamos consciência desta verdade e acreditemos

totalmente nela, temos muita dificuldade em captar este privilégio e levamos muitos anos a compreendê-lo. E é

evidente que ninguém o compreende totalmente. E mesmo neste grande dia, neste dia entre os dias, em que

Cristo ressuscitou dos mortos, estamos como crianças, sem olhos para ver nem coração para compreender quem

somos verdadeiramente. Eis o dia de Páscoa — repitamo-lo uma vez e outra, com profundo respeito e uma

grande alegria. Como as crianças dizem «Chegou a primavera» ou «Olha o mar», para tentarem captar a idéia,

digamos nós também «Eis o dia entre os dias, o dia régio (Ap.1,10 grego), o dia do Senhor. Eis o dia em que

Cristo ressuscitou dos mortos, o dia que nos traz a salvação.». Este é o dia que nos torna maiores do que

podemos compreender. É o dia do nosso repouso, o nosso verdadeiro sabbat; Cristo entrou no Seu repouso

(Hb.4), e nós com Ele. Este dia conduz-nos, em prefiguração, através do túmulo e das portas da morte, até ao

tempo do repouso no seio de Abraão (At.3,20; Lc 16,22). Estamos cansados da fadiga, da morosidade, da

lassidão, da tristeza e do remorso. Estamos cansados deste mundo sofrido. Estamos cansados dos seus barulhos

e da sua algazarra; a sua melhor música mais não é que ruído. Mas agora reina o silêncio, e é um silêncio que

fala: tal é doravante a nossa beatitude. Começam os dias calmos e serenos, onde Cristo Se faz ouvir com a Sua

«voz doce e tranqüila» (1R 19,12), porque o mundo já não fala. Despojemo-nos do mundo e revistamo-nos de

Cristo (Ef 4,22; Rm 13,14). E que, despojando-nos assim, nos vistamos de coisas invisíveis e imperecíveis! Que

cresçamos em graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador, estação após estação, ano após ano, até

que Ele nos leve Consigo para o Reino de Seu Pai e nosso Pai, do Seu Deus e nosso Deus (Jo 20,17).

Jo.(20,2-8) DDM - p. 1411 2.Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o

puseram!

3.Saiu então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro.

4.Corriam juntos, mas aquele outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro.

5.Inclinou-se e viu ali os panos no chão, mas não entrou.

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6.Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão.

7.Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte.

8.Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu.

Comentário feito por:

Bento XVI

Audiência geral de 9/8/06 (trad. DC n° 2365, p. 821 © Libreria Editrice Vaticana)

O ensinamento do Apóstolo S. João

Se existe um assunto característico que mais sobressai nos escritos de João, é o amor. Não foi por acaso que

quis iniciar a minha primeira Carta encíclica com as palavras deste Apóstolo: "Deus é amor (Deus caritas est);

quem está no amor habita em Deus e Deus habita nele" (1Jo.4,16). É muito difícil encontrar textos do gênero

noutras religiões. Portanto, tais expressões põem-nos diante de um dado verdadeiramente peculiar do

cristianismo. Certamente João não é o único autor das origens cristãs que fala do amor. Sendo este um elemento

essencial do cristianismo, todos os escritores do Novo Testamento falam dele, mesmo se com acentuações

diferentes. Se agora nos detemos a refletir sobre este tema em João, é porque ele nos traçou com insistência e de

modo incisivo as suas linhas principais. Portanto, confiemo-nos às suas palavras. Uma coisa é certa: ele não

reflete de modo abstrato, filosófico, ou até teológico, sobre o que é o amor. Não, ele não é um teórico. De fato,

o verdadeiro amor, por sua natureza, nunca é meramente especulativo, mas faz referência direta, concreta e

verificável a pessoas reais. Pois bem, João, como apóstolo e amigo de Jesus mostra-nos quais são os

componentes, ou melhor, as fases do amor cristão, um movimento caracterizado por três momentos.

O primeiro refere-se à própria Fonte do amor, que o Apóstolo coloca em Deus, chegando, como ouvimos, a

afirmar que "Deus é amor" (1Jo.4,8.16). João é o único autor do Novo Testamento que nos dá uma espécie de

definição de Deus. Ele diz, por exemplo, que "Deus é Espírito" (Jo 4, 24) ou que "Deus é luz" (1Jo.1,5). Aqui

proclama com intuição resplandecente que "Deus é amor". Observe-se bem: não é simplesmente afirmado que

"Deus ama", nem sequer que "o amor é Deus"! Por outras palavras: João não se limita a descrever o agir

divino, mas procede até às suas raízes. Além disso, não pretende atribuir uma qualidade a um amor genérico e

talvez impessoal; não se eleva do amor a Deus, mas dirige-se diretamente a Deus para definir a sua natureza

com a dimensão infinita do amor. Com isto João deseja dizer que o constitutivo essencial de Deus é o amor e,

portanto, toda a atividade de Deus nasce do amor e está orientada para o amor: tudo o que Deus faz é por amor,

mesmo se nem sempre podemos compreender imediatamente que Ele é amor, o verdadeiro .

Jo.20,11-18 DDM - p.1411 11.Entretanto, Maria se conservava do lado de fora perto do sepulcro e chorava. Chorando, inclinou-se para olhar dentro do sepulcro.

12.Viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13.Eles lhe

perguntaram: Mulher, por que choras? Ela respondeu: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.

14.Ditas estas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não o reconheceu.

15.Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem procuras? Supondo ela que fosse o jardineiro, respondeu: Senhor, se tu o

tiraste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar.

16.Disse-lhe Jesus: Maria! Voltando-se ela, exclamou em hebraico: Rabôni! (que quer dizer Mestre).

17.Disse-lhe Jesus: Não me retenhas, porque ainda não subi a meu Pai, mas vai a meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai

e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.

18.Maria Madalena correu para anunciar aos discípulos que ela tinha visto o Senhor e contou o que ele lhe tinha falado.

Comentário feito por:

São Cirilo de Jerusalém (313-350), Bispo de Jerusalém e Doutor da Igreja

Catequese batismal n° 14 (trad. Bouchet, Lectionnaire, p. 204; cf. Eds. du Soleil Levant, p. 305)

«Perto do lugar em que Jesus tinha sido crucificado, havia um horto e, no horto, um túmulo

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novo. Foi ali que puseram Jesus». (Jo 19, 41-42)

Em que estação desperta o Salvador? No Cântico dos Cânticos, diz-se: «Eis que o Inverno passou, cessaram e

desapareceram as chuvas. Apareceram as flores na nossa terra » (Ct.2, 11-12). Não estará a terra atualmente

cheia de flores ? Com a chegada do mês de Abril, estamos na Primavera. Ora é nesta estação, neste primeiro

mês do calendário hebraico, que se celebra a Páscoa, outrora em símbolo e agora na realidade. Um horto foi o

local da sepultura do Senhor. E que diz Aquele que está sepultado no horto? «Colho a minha mirra e o meu

bálsamo, a mirra e o aloés e todos os balsameiros mais seletos» (Ct.5, 1; 4, 14), pois tudo isso simboliza a

sepultura. Os Evangelhos também dizem: «As mulheres foram ao sepulcro levando os perfumes que haviam

preparado» (Lc 24, 1). Porque, antes de entrarem na câmara atravessando as portas fechadas, o Esposo e

médico das almas fora procurado por mulheres de coração forte. As santas mulheres foram ao sepulcro e

procuraram Aquele que havia ressuscitado. Segundo o Evangelho, Maria foi ao sepulcro, procurou-O e não O

encontrou, em seguida recebeu a mensagem dos anjos e por fim viu Cristo. Não haviam estas circunstâncias

sido também descritas? Sim, porque Maria diz no Cântico: «Durante a noite, no meu leito, busquei aquele que a

minha alma ama» (Ct.3, 1). Diz o Evangelho que Maria foi ao sepulcro «logo de manhã, ainda escuro» (Jo 20,

1). «Procurei-O de noite, mas não O achei.» E, no Evangelho, Maria diz: «Porque levaram o meu Senhor e não

sei onde O puseram.» Mas os anjos aparecem então: «Porque buscais entre os mortos Aquele que vive?» (Lc

24, 5) . Maria não O reconheceu e era em seu nome que o Cântico dos Cânticos dizia: «Vistes, acaso, aquele a

quem a minha alma ama?» «Mal passara pelos guardas (trata-se dos dois anjos), encontrei aquele a quem a

minha alma ama. Agarrei-me a ele e não o larguei mais» (Ct.3,3-4).

Comentário a feito por

Beato John Henry Newman (1801-1890), presbítero, fundador de comunidade religiosa, teólogo

Lectures on Justification, n° 9, § 8

«Vi o Senhor!» E contou o que Ele lhe tinha dito.

«Não me detenhas, pois ainda não subi para o Pai.» Por que não podemos tocar em Nosso Senhor antes da Sua

ascensão, e como podemos tocar-Lhe depois? [...]? Não Me toques porque eis que, para vosso maior bem, subo

da terra ao céu, da carne e do sangue à glória, de um corpo humano a um corpo espiritual (1Co.15, 44). [...]

Ascender daqui de baixo, em corpo e alma, até ao Meu Pai é descer em espírito do Meu Pai até junto de vós.

Nessa altura, estarei presente junto de vós, embora esteja invisível, mais realmente presente do que hoje. Nessa

altura, poderás tocar-Me e tomar-Me – sem um abraço visível, mas com outro mais real, pela fé e a devoção.

Viste-Me, Maria, mas não podes reter-Me. Aproximaste-te de Mim, mas apenas o suficiente para Me beijares

os pés e seres tocada pela Minha mão. Disseste-me: «Oh, pudesse eu chegar até ele, alcançar a sua morada!

Pudesse eu tê-lo e nunca mais o perder!» (Jó.23, 3; cf Ct.5, 6). Ter-Me-ás por inteiro e por completo. Ficarei

perto de ti, em ti; virei ao teu coração, inteiramente Salvador, inteiramente Cristo, Deus e homem em toda a

Minha plenitude, pelo prodigioso poder do Meu corpo e do Meu sangue.

Comentário feito por :

São Máximo de Turim (? – c. 420), bispo

Sermão 39 a

«Vai ter com os Meus irmãos e diz-lhes: 'Subo para o Meu Pai, que é vosso Pai'»

Depois da Ressurreição, Maria Madalena, imaginando-O prisioneiro da terra, vai ao sepulcro à procura do

Senhor, esquecida da Sua promessa de regressar dos mortos ao terceiro dia. A sua fé humilde mas ignorante

leva-a a procurar aquilo que não sabe e a esquecer aquilo que aprendeu; está pronta para a adoração mas a sua

fé é ainda imperfeita. Está mais preocupada com as feridas que o Senhor sofreu na Sua carne do que com a

glória da Sua Ressurreição. Chora porque ama a Cristo e aflige-se por não encontrar o Seu corpo, pois imagina

morto Aquele que já reinava. Assim, à bem-aventurada Madalena foi feita a censura de demorar a crer (Lc

24,5ss), pois tarde havia reconhecido o Senhor. Por isso lhe diz o Salvador: «Não me detenhas, pois ainda não

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subi para o Pai», ou seja, porque queres tocar-Me, tu, que ao procurar-Me por entre os túmulos, não crês que Eu

tenha subido para junto do Pai, tu, que ao procurar-Me nos infernos, duvidas de que Eu tenha regressado ao

Céu, tu, que ao procurar-Me entre os mortos, não esperas ver-Me vivo à direita do Pai? E por isso lhe diz:

«Ainda não subi para o Pai», quer dizer, para ti ainda não subiu para o Pai Aquele que a tua fé ainda retém no

sepulcro. Por isso, quem quiser tocar o Senhor deve de antemão, na sua fé, colocá-Lo à direita de Deus, e o seu

coração, em vez de procurá-lo entre os mortos, deve tê-Lo no Céu, uma vez que o Senhor subiu para o Pai e

está sempre com o Pai: «o Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus» (Jo 1,1). São Paulo ensina-nos como

procurar o Salvador no Céu, ao dizer: «procurai as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus»

(Cl 3,1); e, para que não façamos como Maria Madalena, acrescenta: «aspirai às coisas do alto e não às coisas

da terra» (Cl 3,2). Assim, se quisermos encontrar o Salvador e tocá-Lo, não é nem na terra nem debaixo dela,

segundo a carne, que devemos indagar por Ele, mas na glória da divina majestade.

Comentário feito por

Homilia monástica anônima do século XIII

Meditação sobre a Paixão e a Ressurreição de Cristo, 38; PL 184, 766

«Porque choras? Quem procura?»

«Mulher, porque choras? Quem procuras?» No entanto, santos anjos, vós bem sabeis por Quem é que ela chora

e a Quem procura. Porque lhe reavivais as lágrimas recordando-lhe a Sua memória? Mas Maria pode dar livre

curso a toda sua dor e às suas lágrimas, porque a alegria de uma consolação inesperada se aproxima. «Ela

virou-se e viu Jesus, de pé, mas não O reconheceu.» Cena cheia de encanto e bondade, onde Aquele que é

desejado e procurado Se mostra e no entanto Se esconde. Esconde-Se para ser procurado com maior ardor,

encontrado com maior alegria, retido com mais cuidado, até que seja introduzido na casa do amor, para aí

permanecer (cf.Ct.3, 4). Vede como a Sabedoria «brincava na superfície da Terra e deliciava-me com a

humanidade» (Pr.8,31). «Mulher, porque choras? Quem procuras?» Tens Aquele que procuras e não o sabes?

Tens a verdadeira alegria eterna, e choras? Tens em ti Aquele que procuras fora de ti. Estás no exterior de um

túmulo, a chorar, quando o Meu túmulo é o teu coração; Eu não estou morto, mas repouso aí vivo para toda a

eternidade. A tua alma é o Meu jardim. Tinhas razão em pensar que eu era o jardineiro. Novo Adão, cultivo o

Meu paraíso e guardo-o. As tuas lágrimas, o teu amor e o teu desejo são obra Minha. Tens-Me em ti sem o

saberes: é por isso que Me procuras fora de ti. Vou, por conseguinte, aparecer-te também aí, para te fazer entrar

em ti mesma, para que encontres no interior Aquele que procuras fora de ti.

Comentário feito por:

São Gregório Palamas (1296-1359), monge, bispo, teólogo

Homilia 20, sobre os oito evangelhos matinais segundo São João; PG 151, 265

«Vai avisar os meus irmãos»

Lá fora reinava a obscuridade, ainda não era dia, mas este sepulcro estava cheio da luz da ressurreição. Maria,

pela graça de Deus, viu esta luz: o seu amor por Cristo tornou-se mais vivo e ela teve força para ver os anjos.

Então estes disseram-lhe: «Mulher porque choras? Vês o céu neste sepulcro, ou antes, um templo celeste no

lugar de um túmulo escavado para ser uma prisão. Porque choras?» Lá fora o dia está ainda hesitante, e o

Senhor não torna visível aquele brilho divino que O tornaria reconhecível mesmo no meio do sofrimento. Por

isso, Maria não O reconheceu. Quando Ele falou e Se deu a conhecer, mesmo aí, vendo-O vivo, ela continuou a

não ter idéia da sua grandeza divina mas dirigiu-Se-lhe como se Ele fosse um simples homem de Deus. No

impulso do seu coração quis então lançar-Se- aos joelhos e tocar-Lhe os pés. Mas Ele disse-lhe: «Não Me

toques, porque o corpo de que estou revestido é mais etéreo e mais móvel que o fogo; ele consegue subir ao céu

e ir para junto de meu Pai, no mais alto dos céus. Ainda não subi para o Pai porque ainda não Me mostrei aos

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meus discípulos. Vai ter com eles; são meus irmãos porque somos todos filhos do mesmo Pai». (cf Gal 3,26). A

Igreja a que pertencemos é o símbolo deste sepulcro. Até é mais do que um símbolo: ela é, por assim dizer,

outro Santo Sepulcro. Nela se encontra o local onde foi deposto o corpo de Mestre; aqui se encontra a mesa

sagrada. Por isso aquele que correr de todo o coração para este divino túmulo, verdadeira morada de Deus,

aprenderá as palavras dos livros inspirados, que o instruirão à maneira dos anjos sobre a divindade e a

humanidade do Verbo, a Palavra de Deus encarnada. E assim verá, sem erro possível, o próprio Senhor. Porque

aquele que olha com fé para a mesa mística e para o pão da vida deposto sobre ela vê o Verbo de Deus real que

Se fez carne e que estabeleceu a sua morada entre nós (Jo 1,14). E se se mostrar digno de O receber, não apenas

O verá, como participará do seu ser; recebê-Lo-á em si para que Ele aí permaneça.

Jo.20,19-31 – DDM – p.1411.2 19.Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo

dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: A paz esteja convosco!

20.Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor.

21.Disse-lhes outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós.

22.Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo.

23.Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos.

24.Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.

25.Os outros discípulos disseram-lhe: Vimos o Senhor. Mas ele replicou-lhes: Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não

puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei!

26.Oito dias depois, estavam os seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus,

pôs-se no meio deles e disse: A paz esteja convosco!

27.Depois disse a Tomé: Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem

de fé.

28.Respondeu-lhe Tomé: Meu Senhor e meu Deus!

29.Disse-lhe Jesus: Creste, porque me viste. Felizes aqueles que crêem sem ter visto!

30.Fez Jesus, na presença dos seus discípulos, ainda muitos outros milagres que não estão escritos neste livro.

31.Mas estes foram escritos, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.

Comentário feito por: Jo.20,19-31 ddm ddcei p.1411.2

Celebração eucarística em sufrágio de João Paulo II

Regina Caeli de 3 de Abril de 2005, o dia seguinte ao falecimento de João Paulo II (trad. © Libreria Editrice

Vaticana)

«Mostrou-lhes as mãos e o peito»

O Papa João Paulo II tinha indicado o tema da meditação para o Regina Caeli do 2º Domingo de Páscoa, o

Domingo da Divina Misericórdia. No final da concelebração eucarística presidida pelo Cardeal Angelo Sodano

na Praça de São Pedro, Mons. Leonardo Sandri proferiu as seguintes palavras, antes de ler o texto do Santo

Padre: «Fui encarregado de vos ler um texto preparado por indicação do Santo Padre João Paulo II. »

Caríssimos Irmãos e Irmãs!

Hoje ressoa igualmente o alegre Aleluia da Páscoa. A hodierna página do Evangelho de João sublinha que o

Ressuscitado, na tarde daquele dia, apareceu aos Apóstolos e «mostrou-lhes as mãos e o lado» (Jo 20, 20), isto

é, os sinais da dolorosa paixão impressos de modo indelével no Seu corpo mesmo depois da ressurreição.

Aquelas chagas gloriosas, que oito dias depois deu a tocar ao incrédulo Tomé, revelando a misericórdia de

Deus que «tanto amou o mundo que lhe deu o seu Filho unigênito» (Jo 3, 16). Este mistério da morte está no

centro da hodierna liturgia do Domingo in Albis, dedicado ao culto da Divina Misericórdia. À humanidade, que

no momento parece desfalecida e dominada pelo poder do mal, do egoísmo e do medo, o Senhor ressuscitado

oferece como dom o seu amor que perdoa, reconcilia e abre novamente o ânimo à esperança. Quanta

necessidade tem o mundo de compreender e de acolher a Divina Misericórdia! Senhor, que com a Tua morte e

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ressurreição revelas o amor do Pai, nós cremos em Ti e com confiança Te repetimos no dia de hoje: Jesus eu

confio em Ti, tem misericórdia de nós e do mundo inteiro. A solenidade litúrgica da Anunciação, que

celebraremos amanhã, leva-nos a contemplar com os olhos de Maria o imenso mistério deste amor

misericordioso que sai do Coração de Cristo. Ajudados por Ela, possamos compreender o sentido verdadeiro da

alegria pascal, que se fundamenta nesta certeza: Aquele que a Virgem trouxe em seu ventre, que sofreu e

morreu por nós, ressuscitou verdadeiramente. Aleluia!

Jo.21,1-19 DDM - p.1412.3 1.Depois disso, tornou Jesus a manifestar-se aos seus discípulos junto ao lago de Tiberíades. Manifestou-se deste modo:

2.Estavam juntos Simão Pedro, Tomé (chamado Dídimo), Natanael (que era de Caná da Galiléia), os filhos de Zebedeu e outros dois

dos seus discípulos.

3.Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Responderam-lhe eles: Também nós vamos contigo. Partiram e entraram na barca. Naquela

noite, porém, nada apanharam.

4.Chegada a manhã, Jesus estava na praia. Todavia, os discípulos não o reconheceram.

5.Perguntou-lhes Jesus: Amigos, não tendes acaso alguma coisa para comer? Não, responderam-lhe.

6.Disse-lhes ele: Lançai a rede ao lado direito da barca e achareis. Lançaram-na, e já não podiam arrastá-la por causa da grande

quantidade de peixes.

7.Então aquele discípulo, que Jesus amava, disse a Pedro: É o Senhor! Quando Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, cingiu-se

com a túnica (porque estava nu) e lançou-se às águas.

8.Os outros discípulos vieram na barca, arrastando a rede dos peixes (pois não estavam longe da terra, senão cerca de duzentos

côvados).

9.Ao saltarem em terra, viram umas brasas preparadas e um peixe em cima delas, e pão.

10.Disse-lhes Jesus: Trazei aqui alguns dos peixes que agora apanhastes.

11.Subiu Simão Pedro e puxou a rede para a terra, cheia de cento e cinqüenta e três peixes grandes. Apesar de serem tantos, a rede não

se rompeu.

12.Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. Nenhum dos discípulos ousou perguntar-lhe: Quem és tu?, pois bem sabiam que era o Senhor.

13.Jesus aproximou-se, tomou o pão e lhos deu, e do mesmo modo o peixe.

14.Era esta já a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado.

15.Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu ele: Sim,

Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. 16.Perguntou-lhe outra vez: Simão, filho de João,

amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros.

17.Perguntou-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez:

Amas-me?, e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas.

18.Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais moço, cingias-te e andavas aonde querias. Mas, quando fores velho, estenderás

as tuas mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres.

19.Por estas palavras, ele indicava o gênero de morte com que havia de glorificar a Deus. E depois de assim ter falado, acrescentou:

Segue-me!

Comentário feito por:

João Paulo II, Papa entre 1978 e 2005

Homilia em Paris 30/05/80 (© Libreria Editrice Vaticana)

«Tu amas-Me?»

«Tu amas-Me? » Pedro havia de caminhar para sempre, até ao fim da sua vida, acompanhado por esta tripla

pergunta: «Tu amas-Me?» E mediu todas as suas atividades de acordo com a resposta que então deu. Quando

foi convocado perante o Sinédrio. Quando foi metido na prisão em Jerusalém, prisão donde não devia sair, e da

qual contudo saiu. E em Antioquia, e depois ainda mais longe, de Antioquia para Roma. E quando, em Roma,

perseverou até ao fim dos seus dias, conheceu a força das palavras segundo as quais um Outro o conduziu para

onde ele não queria. E sabia também que, graças à força dessas palavras, a Igreja «era assídua ao ensino dos

apóstolos e à união fraterna, à fração do pão e à oração» e que «o Senhor adicionava diariamente à comunidade

os que seriam salvos» (At.2, 42.48). Pedro não pode nunca desligar-se desta pergunta: «Tu amas-Me?» Leva-a

consigo para onde quer que vá. Leva-a através dos séculos, através das gerações. Para o meio de novos povos e

de novas nações. Para o meio de línguas e de raças sempre novas. Leva-a sozinho, e contudo já não está só.

Outros a levam com ele. Houve e há muitos homens e mulheres que souberam e que sabem ainda hoje que as

suas vidas têm valor e sentido exclusivamente na medida em que são é uma resposta a esta mesma pergunta:

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«Tu amas? Tu amas-Me?» Eles deram e dão a sua resposta de maneira total e perfeita – uma resposta heróica –,

ou então de maneira comum, banal. Mas, em qualquer dos casos, sabem que a sua vida, que a vida humana em

geral, tem valor e sentido graças a esta pergunta: «Tu amas?» É somente graças a esta pergunta que vale a pena

viver.

Comentário feito por :

São Justino (c. 100-160), filósofo, mártir

Primeira Apologia, 67.66; Pg 6, 427-431

«O verdadeiro pão vindo do céu»: no século II, uma das primeiras descrições da eucaristia fora do Novo

Testamento

No dia que se chama o dia do sol [o domingo], todos os habitantes das cidades ou dos campos se reúnem num

só local. Lemos as memórias dos apóstolos e os escritos dos profetas quando o tempo o permite. Quando a

leitura termina, quem preside toma a palavra para chamar a atenção sobre esses belos ensinamentos e exortar a

segui-los. Seguidamente, levantamo-nos todos juntos e recomendamos as intenções de oração. Depois trazem

pão, vinho e água. O presidente faz subir de todo o seu coração ao céu orações e ações de graças, e o povo

responde com a aclamação «Amém», uma palavra hebraica que significa: «Assim seja».Nós chamamos este

alimento eucaristia, e ninguém pode tomar parte dele se não crê na verdade da nossa doutrina e se não recebeu

o banho do batismo para a remissão dos pecados e a regeneração. Porque nós não tomamos este alimento como

um pão vulgar ou uma bebida comum. Tal como, pela Palavra de Deus, Jesus Cristo, nosso Salvador, encarnou

em carne e osso para a nossa salvação, assim o alimento consagrado nas próprias palavras da Sua oração é

destinado a alimentar a nossa carne e o nosso sangue para nos transformar; este alimento é o corpo e o sangue

de Jesus encarnado: esta é a nossa doutrina. Os apóstolos, nas memórias que nos deixaram e a que chamamos

evangelhos, transmitiram-nos assim a recomendação que Jesus lhes fez: Ele tomou o pão, deu graças e disse:

«Fazei isto em memória de Mim; isto é o Meu corpo». Tomou igualmente um cálice, deu graças e disse: «Isto é

o Meu sangue». E deu-lhos só a eles (Mt.26, 26ss.; 1Cor 11, 23ss.). É no dia do sol que nós nos reunimos todos,

porque esse é o primeiro dia, em que Deus separou a matéria das trevas para fazer o mundo, e é o dia em que

Jesus Cristo nosso Salvador ressuscitou dos mortos.

Comentário feito por :

São Gregório de Narek (c. 944-c. 1010), monge e poeta armênio

O Livro de orações, n° 66 (trad. SC 78, p. 411 rev)

«Ao romper do dia, Jesus apresentou-Se na margem»

Deus misericordioso, muito compassivo, amigo dos homens (Sab 1, 6), quando Tu falas, nada é impossível,

mesmo o que parece impossível ao nosso espírito: és Tu que dás um fruto saboroso em troca dos duros espinhos

da nossa vida . Senhor Cristo, sopro da nossa vida (Lm.4,20) e esplendor da nossa beleza, luz e dador da luz, Tu

não encontras prazer no mal, não queres a perdição de ninguém, não desejas nunca a morte (Ez.18,32). Não és

abalado pela perturbação, nem estás sujeito à cólera; não és intermitente no Teu amor, nem modificas a Tua

compaixão; jamais alteras a Tua bondade. Não voltas as costas, não desvias a face, mas és totalmente luz e

vontade de salvação. Quando queres perdoar, perdoas; quando queres curar, és poderoso; quando queres

vivificar, és capaz; quando concedes a Tua graça, és generoso; quando queres devolver a saúde, és prodigioso.

Quando queres renovar és criador; quando queres ressuscitar, és Deus. Quando, antes mesmo de nós o

pedirmos, queres estender a Tua mão, não faltas com nada. Se me queres fortalecer, a mim que sou inseguro, és

rochedo; se queres dar-me de beber, a mim que estou sequioso, és fonte; se queres revelar o que está escondido,

és luz.Tu, que para minha salvação, combateste com coragem, tomaste sobre o Teu corpo inocente todo o

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sofrimento das punições que merecíamos, a fim de, ao tornares-Te exemplo, manifestares em ato a compaixão

que tens por nós.

Comentário feito por

São Pedro Crisólogo (406?-450), Bispo de Ravena, Doutor da Igreja

Sermão 78, PL 52, 420

«Jesus apresentou-Se na margem»

Depois da Sua Paixão, cujo tumulto surpreendeu a terra, assustou o céu, assombrou os séculos e desolou os

infernos, o Senhor veio até à beira-mar e reparou que os discípulos erravam nas águas em plena noite, sujeitos a

uma obscura ondulação. O sol ainda vinha longe e nem a luz da lua, nem o céu estrelado conseguiam acalmar a

angústia duma noite assim. Diz o Evangelho que «ao romper do dia, Jesus apresentou-Se na margem, mas os

discípulos não sabiam que era Ele». A Criação inteira fugira ao ultraje infligido ao seu Criador, a terra assistira

ao tremor das suas fundações e à sua falência, o sol desaparecera para não ter de olhar, o dia retirara-se para não

ter de assistir e, apesar da sua dureza, as rochas fenderam-se. O inferno vê o seu próprio Juiz chegar às suas

entranhas e, vencido, solta os seus cativos com um grito de dor (Mt.27,45-52).

O mundo inteiro fora lançado na confusão e nem sequer duvidara que, com a morte do Criador, fora

mergulhado de novo nas trevas primordiais e no antigo caos (Gn 1,2). Mas de repente, na luz da Sua

Ressurreição, o Senhor resgata o dia e devolve ao mundo o seu aspecto de sempre. Vem para fazer ressurgir

com Ele, na Sua glória, todos os que andavam abatidos de tristeza: «Ao romper do dia, Jesus apresentou-Se na

margem». Em primeiro lugar, vem reconduzir a Sua Igreja à segurança da fé, já que encontrou os Seus

discípulos privados dela e despojados das suas forças. Estavam lá Pedro, que O negou, Tomé, que não

acreditou, João, que fugiu, e por isso não lhes fala como a valentes soldados, mas como a crianças assustadas:

«Rapazes, tendes alguma coisa para comer?». Deste modo os discípulos serão chamados à graça pela Sua

humanidade, à confiança pelo pão, e à fé pelo sustento. Com efeito, só acreditariam na Ressurreição do Seu

corpo se O vissem ceder às vicissitudes da existência e comer. Por isso pede comida Aquele que é a abundância

de todos os bens, e come Ele próprio do pão porque tem fome não de alimento, mas do amor dos Seus:

««Rapazes, tendes alguma coisa para comer?» Eles responderam-Lhe: «Não»». E o que podiam eles terem, uma

vez que já não tinham consigo a Cristo – embora Ele estivesse ali, no meio deles – e não viam o Senhor, se bem

que O tivessem diante dos olhos? «Lançai a rede para o lado direito do barco e haveis de encontrar».

Comentário feito por:

São Gregório Magno (c. 540-604), Papa e Doutor da Igreja

Homilias sobre o Evangelho, nº 24 (a partir da trad. Le Barroux rev.)

Simão Pedro subiu à barca e puxou a rede para terra

Depois de terem apanhado tantos peixes grandes, «Simão Pedro subiu à barca e puxou a rede para terra.» Tereis

compreendido por que motivo foi Pedro quem puxou a rede para terra; com efeito, foi a ele que foi confiada a

Santa Igreja, foi a ele que foi pessoalmente dito: «Filho de João, tu amas-Me? Apascenta os meus cordeiros.»

Assim, aquilo que foi claramente enunciado em palavras foi primeiramente significado pela ação.É o pregador

da Igreja que nos separa das correntes deste mundo; é, pois, necessário que Pedro puxe para terra a rede cheia

de peixes. Foi ele quem puxou os peixes para a terra firme da margem, porque foi ele que dá a conhecer aos

fiéis, pela sua santa pregação, a imutabilidade da pátria eterna. E o fez quer pelas suas palavras, quer pelas suas

epístolas; e continua a fazê-lo todos os dias, pelos seus milagres. Sempre que nos conduz ao amor do repouso

eterno, sempre que nos distancia do tumulto das coisas deste mundo, nós somos os peixes apanhados nas redes

da fé, que ele puxa para a margem.

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Comentário a feito por :

Papa Bento XVI

Homília da missa inaugural do pontificado, 24/04/05

«De futuro, serás pescador de homens»

A chamada de Pedro para ser pastor (Jo.21,15-17) acontece depois de uma pesca abundante: depois de uma

noite durante a qual tinham lançado as redes sem pescar nada, os discípulos vêem na margem do lago o Senhor

Ressuscitado. Ele ordena-lhes que voltem a pescar mais uma vez e eis que a rede se enche tanto, que eles não

conseguem tirá-la para fora da água: cento e cinqüenta e três peixes grandes. «E apesar de serem tantos, a rede

não se rompeu» (Jo.21,11). Esta narração do final do caminho terreno de Jesus com os Seus discípulos

corresponde a uma narração do início: também então os discípulos não tinham pescado nada durante toda a

noite; também então Jesus tinha convidado Simão a fazer-se ao largo mais uma vez. E Simão, que ainda não era

chamado Pedro, deu esta admirável resposta: Mestre, porque Tu o dizes, lançarei as redes! E eis que Jesus lhe

confere a sua missão: «Não tenhas receio; de futuro, serás pescador de homens» (Lc 5,1-11). Também hoje é

dito à Igreja e aos sucessores dos apóstolos que se façam ao largo no mar da história e que lancem as redes,

para conquistar os homens para o Evangelho, para Deus, para Cristo, para a vida. Os Padres dedicaram um

comentário muito particular a esta tarefa. Dizem eles: para o peixe, criado para a água, é mortal ser tirado para

fora do mar; ele é privado do seu elemento vital para servir de alimento ao homem. Mas na missão do pescador

de homens acontece o contrário: nós, homens, vivemos alienados nas águas salgadas do sofrimento e da morte,

num mar de obscuridade sem luz; a rede do Evangelho tira-nos para fora das águas da morte e conduz-nos ao

esplendor da luz de Deus, na verdadeira vida. É precisamente assim na missão de pescador de homens, no

seguimento de Cristo: é necessário conduzir os homens para fora do mar salgado de todas as alienações, rumo à

terra da vida, rumo à luz de Deus. É precisamente assim: nós existimos para mostrar Deus aos homens.

Comentário feito por:

São Pedro Crisólogo (c. 406-450), bispo de Ravena, doutor da Igreja

Sermão 78; PL 52, 420

«Simão Pedro puxou a rede para terra, cheia de peixes grandes»

«O discípulo que Jesus amava disse a Pedro: 'É o Senhor!'». Aquele que é amado é o primeiro a ver; o amor faz

incidir um olhar mais atento sobre todas as coisas; aquele que ama sente sempre com mais vivacidade. Que

dificuldade torna a mente de Pedro tão lenta e o impede de ser o primeiro a reconhecer Jesus, como já o tinha

feito anteriormente? Onde está aquele testemunho singular que o fizera exclamar: «Tu és Cristo, o filho do

Deus vivo»? (Mt.6,16) Onde está ele? Pedro entrara na casa de Caifás, o sumo-sacerdote, onde ouvira sem

dificuldade o murmúrio de uma serva, mas tarda em reconhecer o seu Senhor. «Quando ouviu dizer que era o

Senhor, vestiu a túnica, pois estava nu.» Que coisa estranha, meus irmãos! Pedro entra nu na barca e deita-se ao

mar vestido!. Os culpados tapam-se sempre para se dissimularem. Assim como Adão, hoje Pedro deseja

esconder a sua nudez após o seu pecado; antes de pecarem, estavam ambos vestidos apenas de uma nudez santa.

«Ele apertou a túnica e deitou-se ao mar.» Ele esperava que o mar lavasse esta peça de roupa sórdida que era a

traição. Deitou-se ao mar pois queria voltar a ser o primeiro, aquele a quem as maiores responsabilidades

tinham sido confiadas (Mt.16,18ss). Cingiu a sua túnica pois devia cingir-se com o combate do mártir, segundo

as palavras do Senhor: «E outro te cingirá e te levará para onde não queres» (Jo 21,18). Os outros vêm com o

barco, puxando a rede cheia de peixes. Com muito esforço trazem consigo a Igreja lançada nos ventos do

mundo. É ela que estes homens trazem na rede do evangelho para a luz do céu, e que arrancam aos abismos

para conduzi-la até junto do Senhor.

Comentário feito por:

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Bento XVI, papa de 2005 a 2013

Homilia da Vigília Pascal, 11/04/2009 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana, rev)

«Ao nascer dia, o Senhor encontrava-Se na margem»

Mas o que é a ressurreição? Ela não entra no âmbito das nossas experiências, pelo que a mensagem acaba por

ser, em certa medida, freqüentemente mal compreendida, uma coisa do passado. A Igreja procura levar-nos à

sua compreensão na linguagem dos símbolos. Na Vigília Pascal, indica-nos o significado deste dia através de

três símbolos: a luz, a água e o cântico novo do aleluia.Temos, em primeiro lugar, a luz. A criação por obra de

Deus – acabamos de ouvir a sua narração bíblica – começa com as palavras: «Haja luz!» (Gn. 1,3). Onde há luz

nasce a vida, o caos pode transformar-se em cosmos. Na mensagem bíblica, a luz é a imagem mais imediata de

Deus: Ele é todo Resplendor, Vida, Verdade, Luz. Na Vigília Pascal, a Igreja lê a narração da criação como

profecia. Na ressurreição, verifica-se de modo mais sublime aquilo que este texto descreve como o início de

todas as coisas. Deus diz de novo: «Haja luz». A ressurreição de Jesus é uma irrupção de luz. A morte é

superada, o sepulcro escancarado. O próprio Ressuscitado é Luz, a Luz do mundo. Com a ressurreição, o dia de

Deus entra nas noites da história. A partir da ressurreição, a luz de Deus difunde-se pelo mundo e pela história.

Faz-se dia. Somente esta Luz – Jesus Cristo – é a luz verdadeira, mais verdadeira que o fenômeno físico da luz.

Ele é a Luz pura: é o próprio Deus, que faz nascer uma nova criação no meio da antiga, que transforma o caos

em cosmos.

At.2,36-41- DDM p.1415.6 36.Que toda a casa de Israel saiba, portanto, com a maior certeza de que este Jesus, que vós crucificastes, Deus o constituiu Senhor e

Cristo.

37.Ao ouvirem essas coisas, ficaram compungidos no íntimo do coração e indagaram de Pedro e dos demais apóstolos: Que devemos

fazer, irmãos?

38.Pedro lhes respondeu: Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para a remissão dos vossos

pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.

39.Pois a promessa é para vós, para vossos filhos e para todos os que ouvirem de longe o apelo do Senhor, nosso Deus.

40.Ainda com muitas outras palavras exortava-os, dizendo: Salvai-vos do meio dessa geração perversa!

41.Os que receberam a sua palavra foram batizados. E naquele dia elevou-se a mais ou menos três mil o número dos adeptos.

At.(3,4-11)- DDM – p.1416 4.Pedro fitou nele os olhos, como também João, e disse: Olha para nós.

5.Ele os olhou com atenção esperando receber deles alguma coisa.

6.Pedro, porém, disse: Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno,

levanta-te e anda!

7.E tomando-o pela mão direita, levantou-o. Imediatamente os pés e os tornozelos se lhe firmaram. De um salto pôs-se de pé e

andava.

8.Entrou com eles no templo, caminhando, saltando e louvando a Deus.

9.Todo o povo o viu andar e louvar a Deus.

10.Reconheceram ser o mesmo coxo que se sentava para mendigar à porta Formosa do templo, e encheram-se de espanto e pasmo

pelo que lhe tinha acontecido.

11.Como ele se conservava perto de Pedro e João, uma multidão de curiosos afluiu a eles no pórtico chamado Salomão.

-A cada milagre realizado pelos Apóstolos, a multidão acorria para ouvir o anúncio de Jesus Cristo e a

mentalidade do Reino dos Céus.

At.4,23-31 – DDM – p.1418 – Prisão de Pedro e de João 23.Postos em liberdade, voltaram aos seus irmãos e referiram tudo quanto lhes tinham dito os sumos sacerdotes e os anciãos.

24.Ao ouvirem isso, levantaram unânimes a voz a Deus e disseram: Senhor, vós que fizestes o céu, a terra, o mar e tudo o que neles

há.

25.Vós que, pelo Espírito Santo, pela boca de nosso pai Davi, vosso servo, dissestes: Por que se agitam as nações, e imaginam os

povos coisas vãs?

26.Levantam-se os reis da terra, e os príncipes se reúnem em conselho contra o Senhor e contra o seu Cristo (Sl 2,1s.).

27.Pois na verdade se uniram nesta cidade contra o vosso santo servo Jesus, que ungistes, Herodes e Pôncio Pilatos com as nações e

com o povo de Israel,

28.para executarem o que a vossa mão e o vosso conselho predeterminaram que se fizesse.

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29.Agora, pois, Senhor, olhai para as suas ameaças e concedei aos vossos servos que com todo o desassombro anunciem a vossa

palavra.

30.Estendei a vossa mão para que se realizem curas, milagres e prodígios pelo nome de Jesus, vosso santo servo!

31.Mal acabavam de rezar, tremeu o lugar onde estavam reunidos. E todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciaram

com intrepidez a palavra de Deus.

Comentário feito por:

Missal Romano

Oração para a bênção da água batismal durante a Vigília Pascal

Renascer da água e do espírito – (v.5)

Senhor Nosso Deus: pelo Vosso poder invisível, realizais maravilhas nos Vossos sacramentos. Ao longo dos

tempos, preparastes a água para manifestar a graça do Batismo. Logo no princípio do mundo, o Vosso Espírito

pairava sobre as águas, prefigurando o seu poder de santificar. Nas águas do dilúvio, destes-nos uma imagem

do Batismo, sacramento da vida nova, porque as águas significam ao mesmo tempo o fim do pecado e o

princípio da santidade. Aos filhos de Abraão fizestes atravessar a pé enxuto o Mar Vermelho, para que esse

povo, liberto da escravidão, fosse a imagem do povo santo dos batizados. O Vosso Filho, Jesus Cristo, ao ser

batizado por João Baptista nas águas do Jordão, recebeu a unção do Espírito Santo; suspenso na cruz, do Seu

lado aberto fez brotar sangue e água e, depois de ressuscitado, ordenou aos Seus discípulos: «Ide e ensinai todos

os povos e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo» (Mt.28, 19). Olhai agora, Senhor, para a

Vossa Igreja e dignai-Vos abrir para Ela a fonte do batismo. Receba esta água, pelo Espírito Santo, a graça do

Vosso Unigênito, para que o homem, criado à Vossa imagem, no sacramento do batismo seja purificado das

velhas impurezas e ressuscite homem novo pela água e pelo Espírito Santo.

At.(5,12-26) DDM - p.1418/9 12.Enquanto isso, realizavam-se entre o povo pelas mãos dos apóstolos muitos milagres e prodígios. Reuniam-se eles todos

unânimes no pórtico de Salomão.

13.Dos outros ninguém ousava juntar-se a eles, mas o povo lhes tributava grandes louvores.

14.Cada vez mais aumentava a multidão dos homens e mulheres que acreditavam no Senhor.

15.De maneira que traziam os doentes para as ruas e punham-nos em leitos e macas, a fim de que, quando Pedro passasse, ao

menos a sua sombra cobrisse alguns deles.

16.Também das cidades vizinhas de Jerusalém afluía muita gente, trazendo os enfermos e os atormentados por espíritos

imundos, e todos eles eram curados.

17.Levantaram-se então os sumos sacerdotes e seus partidários (isto é, a seita dos saduceus) cheios de inveja, 18.e deitaram as mãos

nos apóstolos e meteram-nos na cadeia pública.

19.Mas um anjo do Senhor abriu de noite as portas do cárcere e, conduzindo-os para fora, disse-lhes:

20.Ide e apresentai-vos no templo e pregai ao povo as palavras desta vida.

21.Obedecendo a essa ordem, eles entraram ao amanhecer, no templo, e puseram-se a ensinar. Enquanto isso, o sumo sacerdote e os

seus partidários reuniram-se e convocaram o Grande Conselho e todos os anciãos de Israel, e mandaram trazer os apóstolos do

cárcere.

22.Dirigiram-se para lá os guardas, mas ao abrirem o cárcere, não os encontraram, e voltaram a informar: 23.Achamos o cárcere

fechado com toda segurança e os guardas de pé diante das portas, e, no entanto, abrindo-as, não achamos ninguém lá dentro.

24.A essa notícia, os sumos sacerdotes e o chefe do templo ficaram perplexos e indagaram entre si sobre o que significava isso.

25.Mas, nesse momento, alguém transmitiu-lhes esta notícia: Aqueles homens que metestes no cárcere estão no templo ensinando o

povo!

26.Foi então o comandante do templo com seus guardas e trouxe-os sem violência, porque temiam ser apedrejados pelo povo.

Comentário dia feito por

Santo Hipólito de Roma (?-c. 235), presbítero e mártir

A Tradição Apostólica, 25 (trad. SC 11, p. 101)

«Quem pratica a verdade aproxima-se da Luz»

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Quando o bispo estiver presente, ao cair da noite, o diácono trará a lamparina e, de pé diante de todos os fiéis

presentes, dará graças. Começará por fazer a saudação, dizendo: «O Senhor esteja convosco.» O povo

responde: «Ele está no meio de nós.» «Demos graças ao Senhor, nosso Deus.» E o povo: «É nosso dever, é

nossa salvação; grandeza e louvor Lhe sejam dadas, e glória.» E rezará desta maneira: «Graças vos damos,

Senhor, por Teu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor, por Quem nos iluminas, revelando-nos a luz que não se

extingue. Pois que percorremos todo este dia e chegamos ao começo da noite, saciando-nos com a luz do dia,

que criaste para nossa satisfação, e visto que agora, por Tua graça, não nos falta a luz da noite, nós Te louvamos

e Te glorificamos por Teu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor, por Quem Te sejam dadas glória, poder e honra, na

unidade do Espírito Santo, agora e para sempre, pelos séculos dos séculos. Amém.». E todos respondem:

«Amém.»

Levantar-se-ão, pois, após a refeição, para rezar. E as crianças recitarão os salmos, acompanhadas pelas

virgens.

- Estes mesmos sinais também acompanhavam a pregação dos Apóstolos na Igreja Primitiva: A ressurreição de

Jesus glorifica o nome do Deus Salvador, pois a partir de agora é o nome de Jesus que manifesta em plenitude o

poder supremo do “nome acima de todo o nome”. Os espíritos maus temem o seu nome e é em nome dele que

os discípulos de Jesus operam milagres, pois tudo o que pedem ao Pai em seu nome, o Pai lhes concede.

At.5,27-32.40-41- DDM – p.1419 27.Trouxeram-nos e os introduziram no Grande Conselho, onde o sumo sacerdote os interrogou, dizendo: 28.Expressamente vos

ordenamos que não ensinásseis nesse nome. Não obstante isso, tendes enchido Jerusalém de vossa doutrina! Quereis fazer recair sobre

nós o sangue deste homem!

29.Pedro e os apóstolos replicaram: Importa obedecer antes a Deus do que aos homens.

30.O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, que vós matastes, suspendendo-o num madeiro.

31.Deus elevou-o pela mão direita como Príncipe e Salvador, a fim de dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados.

32.Deste fato nós somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus deu a todos aqueles que lhe obedecem.

40.Chamaram os apóstolos e mandaram açoitá-los. Ordenaram-lhes então que não pregassem mais em nome de Jesus, e os soltaram.

41.Eles saíram da sala do Grande Conselho, cheios de alegria, por terem sido achados dignos de sofrer afrontas pelo nome de

Jesus.

At.6,8-10.7,54-59- DDM – p.1420 6

8.Estêvão, cheio de graça e fortaleza, fazia grandes milagres e prodígios entre o povo.

9.Mas alguns da sinagoga, chamada dos Libertos, dos cirenenses, dos alexandrinos e dos que eram da Cilícia e da Ásia, levantaram-se

para disputar com ele.

10.Não podiam, porém, resistir à sabedoria e ao Espírito que o inspirava

7

54.Ao ouvir tais palavras, esbravejaram de raiva e rangiam os dentes contra ele.

55.Mas, cheio do Espírito Santo, Estêvão fitou o céu e viu a glória de Deus e Jesus de pé à direita de Deus: 56.Eis que vejo, disse ele,

os céus abertos e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus.

57.Levantaram então um grande clamor, taparam os ouvidos e todos juntos se atiraram furiosos contra ele. 58.Lançaram-no fora da

cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas depuseram os seus mantos aos pés de um moço chamado Saulo.

59.E apedrejavam Estêvão, que orava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito.

60.Posto de joelhos, exclamou em alta voz: Senhor, não lhes leves em conta este pecado... A estas palavras, expirou.

Comentário feito por :

Santa Teresa-Benedita da Cruz (Edith Stein) (1891-1942), carmelita, mártir, co-padroeira da Europa

Meditação para o dia 6 de Janeiro de 1941 (a partir da trad. Source cachée, p. 271)

Santo Estêvão ofereceu a vida ao Menino Jesus, como quem Lhe oferece ouro

Bem perto do Salvador recém-nascido, encontramos Santo Estêvão. O que foi que valeu este lugar de honra

àquele que foi o primeiro a prestar ao Crucificado o testemunho do sangue? Em seu ardor juvenil, ele realizou

aquilo que o Senhor declarou ao entrar neste mundo: «Deste-Me um corpo. Eis-Me aqui, para fazer a Tua

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vontade» (Hb.10, 5-7). Ele praticou a obediência perfeita, que mergulha as suas raízes no amor e se exterioriza

no amor.

Seguiu os passos do Senhor naquilo que é mais difícil, por natureza e para o coração humano, naquilo que

parece mesmo ser impossível; tal como o próprio Salvador, cumpriu o mandamento do amor aos inimigos. O

Menino que está na manjedoura, que veio cumprir a vontade de Seu Pai até à morte na cruz, vê em espírito,

diante de Si, todos aqueles que irão de segui-Lo por esse caminho. Ele ama este jovem, que será o primeiro a

ser colocado junto ao trono do Pai, com a palma na mão. Aquela mãozinha aponta como modelo, como se

dissesse: Vede o ouro que espero de vós.

At.6,8-15 – DDM– p.1416 8.Estêvão, cheio de graça e fortaleza, fazia grandes milagres e prodígios entre o povo.

9.Mas alguns da sinagoga, chamada dos Libertos, dos cirenenses, dos alexandrinos e dos que eram da Cilícia e da Ásia, levantaram-se

para disputar com ele.

10.Não podiam, porém, resistir à sabedoria e ao Espírito que o inspirava.

11.Então subornaram alguns indivíduos para que dissessem que o tinham ouvido proferir palavras de blasfêmia contra Moisés e contra

Deus.

12.Amotinaram assim o povo, os anciãos e os escribas e, investindo contra ele, agarraram-no e o levaram ao Grande Conselho.

13.Apresentaram falsas testemunhas que diziam: Esse homem não cessa de proferir palavras contra o lugar santo e contra a lei.

14.Nós o ouvimos dizer que Jesus de Nazaré há de destruir este lugar e há de mudar as tradições que Moisés nos legou.

15.Fixando nele os olhos, todos os membros do Grande Conselho viram o seu rosto semelhante ao de um anjo.

Comentário feito por:

Pedro o Venerável (1092-1156), Abade de Cluny

Sermão sobre o elogio do Santo Sepulcro (trad. Sr Isabelle de la Source, Lire la Bible, Mediaspaul 2000, t. 6, p.

58)

«À procura de Jesus»

Escutai, povos de todo o mundo; escutai, nações espalhadas por toda a superfície da terra; ouvi, tribos e raças

diversas (cf. Ap.7, 9), todos vós que vos julgáveis abandonados e que vos consideráveis até agora miseráveis,

ouvi e alegrai-vos: o vosso Criador não vos esqueceu. Ele não quis que a Sua cólera retivesse por mais tempo as

Suas misericórdias; na Sua bondade, quer agora salvar, não só o pequeno número dos judeus, mas a imensa

multidão. Escutai o santo profeta Isaías: «Naquele dia, a raiz de Jessé será erguida como um sinal para os

povos» (11,10). Como o próprio Jesus atestou, Ele é Aquele que «Deus Pai marcou com o Seu selo», para que

seja um sinal. Mas um sinal de quê? Para que, exaltado no cimo do estandarte da cruz, qual serpente de bronze

elevada no meio do campo (Nm.21), Ele volte para Si os olhares, não só do povo judeu, mas de todo o universo,

e atraia para Si, pela Sua morte na cruz, o coração de todos os homens. Assim, ensiná-los-á a pôr nEle toda a

esperança. Ao curar-lhes todas as fraquezas, ao perdoar-lhes todos os pecados, ao abrir a todos o Reino dos

Céus encerrado há tanto tempo, mostrar-lhes-á que é verdadeiramente «Aquele que será enviado, Aquele que

todas as nações aguardavam» (Gn 49, 10). Este sinal, Ele próprio o elaborou para os povos, a fim de «juntar os

exilados de Israel e reunir os dispersos de Judá dos quatro cantos da terra» (Is 11, 12).

At.8,1-8 - DDM - p.1422 1.E Saulo havia aprovado a morte de Estêvão. Naquele dia, rompeu uma grande perseguição contra a comunidade de Jerusalém.

Todos se dispersaram pelas regiões da Judéia e de Samaria, com exceção dos apóstolos.

2.Entretanto, alguns homens piedosos trataram de enterrar Estêvão e fizeram grande pranto a seu respeito. 3.Saulo, porém, devastava

a Igreja. Entrando pelas casas, arrancava delas homens e mulheres e os entregava à prisão.

4.Os que se haviam dispersado iam por toda parte, anunciando a palavra (de Deus).

5.Assim Filipe desceu à cidade de Samaria, pregando-lhes Cristo.

6.A multidão estava atenta ao que Filipe lhe dizia, escutando-o unanimemente e presenciando os prodígios que fazia.

7.Pois os espíritos imundos de muitos possessos saíam, levantando grandes brados. Igualmente foram curados muitos

paralíticos e coxos.

8.Por esse motivo, naquela cidade reinava grande alegria.

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At.8,9-13 – DDM – p.1422 - Simão o mago 9.Ora, havia ali um homem, por nome Simão, que exercia magia na cidade, maravilhando o povo de Samaria, e fazia-se passar por um

grande personagem.

10.Todos lhe davam ouvidos, do menor até o maior, comentando: Este homem é o poder de Deus, chamado o Grande.

11.Eles o atendiam, porque por muito tempo os havia deslumbrado com as suas artes mágicas.

12.Mas, depois que acreditaram em Filipe, que lhes anunciava o Reino de Deus e o nome de Jesus Cristo, homens e mulheres pediam

o batismo.

13.Simão também acreditou e foi batizado. Ele não abandonava Filipe, admirando, estupefato, os grandes milagres e prodígios

que eram feitos.

Comentário feito por:

Balduíno de Ford ( ? – c. 1190), abade cisterciense

O Sacramento do altar, II, 3 (a partir da trad. SC 93, pp. 255s.)

«Eu sou o pão da vida»

Cristo diz «Quem vem a Mim não mais terá fome e quem crê em Mim jamais terá sede». E o salmista diz: «O

pão, que lhe robustece as forças», e «o vinho, que alegra o coração do homem» (Sl.103, 15). Para os que crêem

n'Ele, Cristo é alimento e bebida, pão e vinho. Pão que fortifica e robustece, bebida e vinho que alegra. Deus,

suportarmos o sofrimento, executarmos a obediência e defendermos a justiça, tudo isso é força deste pão e

alegria deste vinho. Felizes os que agem com força e com alegria! E, dado que ninguém o pode fazer sozinho,

felizes aqueles que avidamente desejam praticar o que é justo e honesto, e pôr em todas as coisas a força e a

alegria dadas por Aquele que disse: «Felizes os que têm fome e sede de justiça» (Mt.5,6). Se Cristo é o pão e a

bebida que asseguram agora a força e a alegria dos justos, não o será Ele muito mais no céu, quando aos justos

Se der por completo?Notemo-lo, nas palavras de Cristo, este alimento que fica para a vida eterna é chamado

«pão do céu», verdadeiro pão, pão de Deus, pão da vida. Pão de Deus para distingui-lo do pão que é feito e

preparado pelo padeiro; pão da vida, para distingui-lo desse pão perecível que não é a vida nem a dá, apenas a

conserva, com dificuldade e por algum tempo apenas. Este, pelo contrário, é a vida, dá a vida, conserva uma

vida que nada deve à morte.

At.9,31-42 – DDM – p.1424.5- Milagre de Pedro em Lida e ressurreição de uma mulher em Jope 31.A Igreja gozava então de paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria. Estabelecia-se ela caminhando no temor do Senhor, e a

assistência do Espírito Santo a fazia crescer em número.

32.Pedro, que caminhava por toda parte, de cidade em cidade, desceu também aos fiéis que habitavam em Lida.

33.Ali achou um homem chamado Enéias, que havia oito anos jazia paralítico num leito.

34.Disse-lhe Pedro: Enéias, Jesus Cristo te cura: levanta-te e faze tua cama. E levantou-se imediatamente.

35.Viram-no todos os que habitavam em Lida e em Sarona, e converteram-se ao Senhor.

36.Em Jope havia uma discípula chamada Tabita - em grego, Dorcas. Esta era rica em boas obras e esmolas que dava.

37.Aconteceu que adoecera naqueles dias e veio a falecer. Depois de a terem lavado, levaram-na para o quarto de cima.

38.Ora, como Lida fica perto de Jope, os discípulos, ouvindo dizer que Pedro aí se encontrava, enviaram-lhe

dois homens, rogando-lhe: Não te demores em vir ter conosco.

39.Pedro levantou-se imediatamente e foi com eles. Logo que chegou, conduziram-no ao quarto de cima. Cercavam-no todas as

viúvas, chorando e mostrando-lhe as túnicas e os vestidos que Dorcas lhes fazia quando viva.

40.Pedro então, tendo feito todos sair, pôs-se de joelhos e orou. Voltando-se para o corpo, disse: Tabita, levanta-te! Ela abriu

os olhos e, vendo Pedro, sentou-se.

41.Ele a fez levantar-se, estendendo-lhe a mão. Chamando os irmãos e as viúvas, entregou-lha viva.

42.Este fato espalhou-se por toda Jope e muitos creram no Senhor.

Comentário feito por:

Santa Teresa de Ávila (1515-1582), carmelita, Doutora da Igreja

O Caminho da perfeição, 34/36 (trad. Seuil 1961, p. 200)

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«Nós cremos»

Quem quiser que peça o pão material! Nós pedimos ao Pai eterno que mereçamos receber o nosso pão celeste

com disposições tais que, se não tivermos a alegria de contemplá-lo com os olhos do corpo, de tal forma Ele se

esconde, que Ele se revele pelo menos aos olhos da alma e Se manifeste a ela. É este um alimento inteiramente

diferente, cheio de alegria e de delícias; ele é o sustento da vida. Conheço uma pessoa a quem o Senhor deu

uma fé tão forte, que quando ouvia alguém dizer que gostava de ter vivido na época em que Cristo, o nosso

Bem, estava neste mundo, se ria consigo mesma. Dado que O possuímos, pensava ela, no Santo Sacramento de

um modo tão verdadeiro como naquele tempo, que mais podemos desejar? E deitava-se a Seus pés; aí chorava

em companhia de Maria Madalena, como se O tivesse visto com os olhos do corpo em casa do fariseu

(Lc.7,36ss). Mesmo quando não sentia devoção, a fé dizia-lhe que Ele estava verdadeiramente ali.

Com efeito, seria preciso ser-se mais estúpido do que se é e cegar-se voluntariamente para sentir a menor

dúvida quanto a isto. Não se trata aqui de um trabalho da imaginação, como quando pensamos no Senhor na

cruz ou em qualquer outra circunstância da Sua Paixão; aí representamos a coisa em nós mesmos, tal como ela

se passou. Aqui, ela tem realmente lugar; é uma verdade certa, e não é necessário ir procurar o Senhor noutro

sítio, bem longe de nós. Com efeito, sabemos que enquanto a matéria do pão não for consumida pelo calor.

At.12,1-11- DDM – p.1426 1.Por aquele mesmo tempo, o rei Herodes mandou prender alguns membros da Igreja para os maltratar. 2.Assim foi que matou à

espada Tiago, irmão de João.

3.Vendo que isto agradava aos judeus, mandou prender Pedro. Eram então os dias dos pães sem fermento. 4.Mandou prendê-lo e

lançou-o no cárcere, entregando-o à guarda de quatro grupos, de quatro soldados cada um, com a intenção de apresentá-lo ao povo

depois da Páscoa.

5.Pedro estava assim encerrado na prisão, mas a Igreja orava sem cessar por ele a Deus.

6.Ora, quando Herodes estava para o apresentar, naquela mesma noite dormia Pedro entre dois soldados, ligado com duas cadeias. Os

guardas, à porta, vigiavam o cárcere.

7.De repente, apresentou-se um anjo do Senhor, e uma luz brilhou no recinto. Tocando no lado de Pedro, o anjo despertou-o:

Levanta-te depressa, disse ele. Caíram-lhe as cadeias das mãos.

8.O anjo ordenou: Cinge-te e calça as tuas sandálias. Ele assim o fez. O anjo acrescentou: Cobre-te com a tua capa e segue-me.

9.Pedro saiu e seguiu-o, sem saber se era real o que se fazia por meio do anjo. Julgava estar sonhando. 10.Passaram o primeiro

e o segundo postos da guarda. Chegaram ao portão de ferro, que dá para a cidade, o qual se lhes abriu por si mesmo. Saíram e

tomaram juntos uma rua. Em seguida, de súbito, o anjo desapareceu.

11.Então Pedro tornou a si e disse: Agora vejo que o Senhor mandou verdadeiramente o seu anjo e me livrou da mão de Herodes e de

tudo o que esperava o povo dos judeus.

Comentário feito por:

São Bernardo (1091-1153), monge cistercense e Doutor da Igreja

Primeiro sermão para a festa dos santos Pedro e Paulo, 1, 3, 5 (trad. Orval)

«Roguei por ti a fim de que a tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos».

(Lc.22,32)

Cristo Mediador «que não cometeu pecado e cuja boca não proferiu mentira.» (1P.2,22). Como ousaria eu

aproximar-me d'Ele, eu pecador, um grande pecador, cujos pecados são mais numerosos que a areia do mar?

Ele é tudo o que há de mais puro e eu de mais impuro. Foi por isso que Deus me deu estes apóstolos, que são

homens e pecadores, grande pecadores, que aprenderam por si mesmos e através da sua experiência a que ponto

deveriam ser misericordiosos para com os outros. Culpados de grandes faltas, eles perdoarão facilmente os

grandes pecados e usarão conosco a medida que serviu para eles (cf. Lc.6, 8).O apóstolo Pedro cometeu um

grande pecado, talvez não haja pecado maior do que aquele. Ele foi tão pronta e facilmente perdoado que nada

perdeu do privilégio da sua primazia. E Paulo, que havia desencadeado um furor sem limites contra a Igreja

emergente, foi levado para a fé pelo apelo do próprio Filho de Deus. Como paga de tantos males, recebeu tantos

bens que se tornou «o instrumento escolhido para levar o nome do Senhor perante os pagãos, os reis e os filhos

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de Israel» (At.9,15). Pedro e Paulo são os nossos mestres: aprenderam plenamente com o único Mestre de todos

os homens os caminhos da vida, e ainda hoje no-los ensinam.

At.(13,9-12)-DDM - p.1429 – Os dois Apóstolos em Chipre – (Élimas ,o mago) 4.Enviados assim pelo Espírito Santo, foram a Selêucia e dali navegaram para a ilha de Chipre.

5.Chegados a Salamina, pregavam a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus. Tinham com eles João para auxiliá-los.

6.Percorreram toda a ilha até Pafos e acharam um judeu chamado Barjesus, mago e falso profeta,

7.que vivia na companhia do procônsul Sérgio Paulo, homem sensato. Este chamou Barnabé e Saulo, e exprimiu-lhes o desejo de

ouvir a palavra de Deus.

8.Mas Élimas, o Mago - pois assim é interpretado o seu nome -, se lhes opunha, procurando desviar da fé o procônsul. 9.Então Saulo, chamado também Paulo. Cheio do Espírito Santo, cravou nele os olhos e disse-lhe:

10.Filho do demônio, cheio de todo o engano e de toda a astúcia, inimigo de toda a justiça, não cessais de perverter os caminhos retos

do Senhor!

11.Eis que agora está sobre ti a mão do Senhor e ficarás cego.Não verás o sol até nova ordem!.Cairam logo sobre ele a

escuridão e as trevas e, andando à roda, buscava quem lhe desse a mão.

12.À vista deste prodígio , o procônsul abraçou a fé, admirando vivamente a doutrina do Senhor”.

At.(14,8-11)- DDM – p.1431 – Paulo e Barnabé em Listra e Derbe 8.Em Listra vivia um homem aleijado das pernas, coxo de nascença, que nunca tinha andado.

9.Sentado, ele ouvia Paulo pregar. Este, fixando nele os olhos e vendo que tinha fé para ser curado,

10.disse em alta voz: Levanta-te direito sobre os teus pés! Ele deu um salto e pôs-se a andar.

11.Vendo a multidão o que Paulo fizera, levantou a voz, gritando em língua licaônica: Deuses em figura de homens baixaram a nós!

At.(16,5)-DDM - p.1433 – 5.Assim as Igrejas eram confirmadas na fé, cresciam em número de dia para dia.

At.(19,11-12)-DDM – p.1437 – 11.Deus fazia milagres extraordinárias por intermédio de Paulo,de modo que lenços e outros panos que tinham tocado o seu

corpo eram levados os enfermos;

12.e afastavam-se deles as doenças e retiravam-se os espíritos malígnos”.

At.(19,20)- DDM – pg.1437 – 20. Foi assim que o poder do Senhor fez crescer a palavra e a tornou sempre mais eficaz.

Comentário feito por:

São Cirilo de Jerusalém (313-350), Bispo de Jerusalém e Doutor da Igreja

Catequese batismal n° 16 (trad. breviário)

«É o Espírito que vivifica» (2Co.3, 6)

«A água que Eu lhe der tornar-se-á nele uma nascente de água a jorrar para a vida eterna» (Jo 4, 14). É uma

água completamente nova, viva e que jorra, que jorra para aqueles que são dignos dela. Por que razão é o dom

do Espírito apelidado de «água»? É porque a água está na base de tudo; porque a água produz a vegetação e a

vida; porque a água desce do céu sob a forma de chuva; porque, ao cair sob uma única forma, ela atua de uma

maneira multiforme. Ela é diferente na palmeira, diferente na vinha, ela dá-se inteiramente a todos. Tem apenas

uma maneira de ser e não é diferente de si mesma. A chuva não se transforma quando cai aqui ou ali mas, ao

adaptar-se à constituição dos seres que a recebem, produz em cada um deles aquilo que lhe convém.O Espírito

Santo atua assim. Apesar de ser único, simples e indivisível, «Ele distribui os seus dons a cada um conforme

entende» (1Co.12, 11). Da mesma maneira que a lenha seca, associada à água, produz rebentos, a alma que

vivia no pecado, mas que a penitência torna capaz de receber o Espírito Santo, produz frutos de justiça. Embora

o Espírito seja simples, é Ele, por ordem de Deus e em nome de Cristo, que anima numerosas virtudes. Ele

utiliza a língua deste ao serviço da sabedoria; ilumina pela profecia a alma daquele; dá a outro o poder de

expulsar os demônios; dá a outro ainda o de interpretar as divinas Escrituras. Fortifica a castidade de um, ensina

a outro a arte da esmola, ensina àquele outro o jejum e a ascese, a outro ainda ensina a desprezar os interesses

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do corpo, prepara outro para o martírio. Diferente nos diferentes homens, Ele não é diferente de si mesmo, tal

como está escrito: «Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para proveito comum» (1Co.12, 7).

Comentário feito por:

Cardeal John Henry Newman (1801-1892), presbítero, fundador de comunidade religiosa, teólogo

Meditações e Devoções, cap. 14, O Paráclito (a partir da trad. Lecoffre/Brémond rev.)

«Se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se Eu for, Eu vo-lo enviarei.»

Meu Deus, Paráclito eterno, adoro-Te, Tu que és Luz e Vida. Podias ter-Te contentado em me enviar de fora

bons pensamentos, a graça que os inspira e os realiza; podias ter-me orientado assim na vida, purificando-me

apenas através da Tua ação interior no momento da minha passagem para o outro mundo. Porém, na Tua

infinita compaixão, entraste dentro da minha alma desde o começo, dela tomaste posse, dela fizeste um templo

para Ti. Por meio da Tua graça, habitas em mim de maneira inefável, e uniste-me a Ti e a toda a assembléia dos

santos. Mais ainda, estás pessoalmente presente em mim, não apenas pela Tua graça, mas pelo Teu próprio ser,

como se, mantendo embora a minha personalidade, eu fosse, de certa maneira, absorvido em Ti já nesta vida. E,

como tomaste posse do meu corpo na sua fraqueza, também ele é templo Teu (1Co.6, 9). Verdade espantosa e

temível! Ó meu Deus, creio e sei que assim é!Poderei pecar estando Tu em mim de forma tão íntima? Poderei

esquecer Quem está comigo, Quem está em mim? Poderei expulsar o Hóspede divino através daquilo que Ele

mais detesta, da única coisa que O ofende, da única realidade que não é Sua? Meu Deus, tenho uma dupla

proteção contra o pecado: primeiro, o temor de semelhante profanação, na Tua presença, de tudo quanto és em

mim; e depois, a confiança em que esta presença me protegerá do mal. Nas provas e nas tentações, chamarei

por Ti. Graças a Ti, nunca Te abandonarei.

1Co.(12,10)-DDM – pg.1476 – 10.A um é dado pelo Espírito o dom de milagres.

2Co.5,14-17- DDM – p.1485

14.O amor de Cristo nos constrange, considerando que, se um só morreu por todos, logo todos morreram. 15.Sim, ele morreu por

todos, a fim de que os que vivem já não vivam para si, mas para aquele que por eles morreu e ressurgiu. 16.Por isso, nós daqui em diante a ninguém conhecemos de um modo humano. Muito embora tenhamos considerado Cristo dessa

maneira, agora já não o julgamos assim.

17.Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo!

Comentário ao feito por:

Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja

Sermões sobre o Evangelho de João, nº 121, 3; PL 35,1955-1959

Tocar Cristo espiritualmente

«Jesus disse-lhe: Não Me detenhas, pois ainda não subi para o Pai.»

Estas palavras contêm uma verdade que devemos examinar com muita atenção. Jesus ensina a fé a esta mulher

que O tinha reconhecido como mestre e Lhe dera esse título. O divino jardineiro semeou uma semente de

mostarda no coração de Maria Madalena, como num jardim. Que significa: «Não Me detenhas, pois ainda não

subi para o Pai»? Com estas palavras, Jesus quis que a fé que se tem Nele, fé pela qual Lhe tocamos

espiritualmente, chegue a ponto de acreditarmos que Ele e o Pai são um (Jo 10, 30). Porque aquele que progride

Nele até reconhecer que é igual ao Pai sobe de algum modo até ao Pai no segredo da sua alma. De outro modo,

não se toca Cristo como Ele quer, quer dizer, não se tem Nele a fé que Ele pede. Maria podia acreditar Nele

pensando que não era igual ao Pai; mas Ele proíbe-lho com estas palavras: «Não Me detenhas», quer dizer:

«Não acredites em Mim no entendimento em que te encontras ainda. Nem fiques pensando no que Eu fiz por ti,

sem pensares Naquele por Quem foste feita.» Como podia ela deixar de acreditar ainda de modo totalmente

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humano Naquele por Quem chorava como por um homem? «Ainda não subi para o Pai.» «Tocar-Me-ás quando

acreditares que sou Deus, e que sou totalmente igual ao Pai.»

Cl.1,9-14-DDM – p.1507.8 9. Por isso, também nós, desde o dia em que o soubemos, não cessamos de orar por vós e pedir a Deus para que vos conceda pleno

conhecimento da sua vontade, perfeita sabedoria e penetração espiritual,

10. para que vos comporteis de maneira digna do Senhor, procurando agradar-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra e crescendo

no conhecimento de Deus.

11. Para que, confortados em tudo pelo seu glorioso poder, tenhais a paciência de tudo suportar com longanimidade.

12. Sede contentes e agradecidos ao Pai, que vos fez dignos de participar da herança dos santos na luz.

13. Ele nos arrancou do poder das trevas e nos introduziu no Reino de seu Filho muito amado,

14.no qual temos a redenção, a remissão dos pecados

Comentário ao feito por:

Santo Eucher (? - c. 450), Bispo de Lião

O Elogio do Deserto (a partir da trad. da Irmã Isabelle de la Source, Lire la Bible, t. 2, p. 109)

«Saiu e retirou-Se para um lugar solitário»

Não poderemos nós com razão adiantar que o deserto é o templo sem limites do nosso Deus? Aquele que mora

no silêncio deve certamente gostar de locais retirados. Foi aí que muitas vezes Se manifestou aos Seus santos;

foi graças à solidão que Ele Se dignou vir ter com os homens. Foi no deserto que Moisés, com a face banhada

de luz, viu a Deus. Lá foi-lhe permitido conversar familiarmente com o Senhor. Palavra puxa palavra, dialogou

com o Senhor do universo como um homem costuma falar com o seu semelhante. Foi lá que recebeu a vara de

prodigiosos poderes. Entrou no deserto como pastor de ovelhas saiu dele como pastor de povos (Ex 3; 33, 11;

34).Também o povo de Deus, quando foi resgatado do Egito e libertado dos trabalhos forçados, foi conduzido a

locais retirados, refugiando-se no isolamento. Sim, foi no deserto que se aproximou deste Deus que o arrancou

à servidão. E o Senhor fez-Se chefe do Seu povo, ao guiar os seus passos através do deserto. Pelo caminho, dia

e noite, manifestava-Se numa coluna, numa chama ardente, numa nuvem relampejante, em sinais vindos do

céu. Os filhos de Israel puderam assim ver o trono de Deus e ouvir a Sua voz durante o tempo em que viveram

na solidão do deserto. Será necessário acrescentar que só chegaram à terra dos seus sonhos após a permanência

no deserto? Para que o povo entrasse um dia na posse da terra onde corria leite e mel, foi necessário primeiro

passar por locais áridos e não cultivados. É sempre através dos acampamentos no deserto que nos

encaminhamos para a verdadeira pátria. Quem quer «vir a contemplar a bondade do Senhor, na terra dos vivos»

[Sl 27 (26), 13] vá habitar uma região inabitável.