BBUUSSCCAARR AA PPAAZZ

No sermão da montanha Jesus disse: “Felizes

os que promovem a paz, porque serão chamados

filhos de Deus” (Mt 5,9). A paz é um bem universal

e deve ser francamente buscada por todas as Igrejas

e religiões, por cada pessoa de bem. O ecumenismo

deve ser um grande instrumento de promoção da

paz. Se as diversas Igrejas e religiões se unirem

mais, buscando ideais comuns, como a justiça e a

paz, teremos um mundo melhor, com mais

fraternidade e menos violência.

A paz é algo tão importante que nós

rezamos por ela várias vezes na Divina Liturgia. No entanto, o mundo de hoje é tão violento:

guerras intermináveis, homicídios, assaltos, brigas, injustiças, explorações, desrespeito, natureza

destruída, natureza se vingando, narcotráfico e uso de drogas, desgraçadamente uma das maiores

fontes de violência contra a vida pessoal, dos outros, da família e da sociedade. O mundo precisa

urgentemente de uma paz profunda e verdadeira.

O que é a paz? A palavra shalom, no hebraico bíblico, no Antigo Testamento, traduzida por

paz, possui um significado muito bonito. Shalom traduz uma situação à qual nada estaria faltando,

tendo as pessoas tudo o que é necessário para a vida: a bênção de Deus, a amizade de Deus, a

bênção dos pais e dos idosos, a amizade das pessoas, dos vizinhos, bens materiais, saúde, numa

palavra – a felicidade completa. Em grego a palavra shalom foi traduzida por eirene. É desta

palavra que temos o nome Irene, que significa paz. Alguns nomes ucranianos contêm na sua raiz a

palavra paz – mer: Lubomer: lubo + mer, significa “amante da paz”, aquele que ama a paz;

Volodemer: volodar + mer, significa “senhor, príncipe da paz”.

A paz tem um alcance muito grande, ou ainda, dimensões vastas. Temos a paz com Deus:

viver bem com Deus, ligado a Ele, obedecendo a Ele, fazendo sua santíssima vontade. Temos a paz

consigo mesmo, levando uma vida santa, sem pecado; santo Agostinho diz que não existe paz e

felicidade mais profunda do que ter a consciência pura, livre de acusações de qualquer tipo. Temos

a paz com os outros, vivendo no respeito mútuo, em fraternidade, no amor cristão. E temos a paz

com a natureza, respeitando-a, vivendo em harmonia com ela, obedecendo as leis que Deus nela

colocou. Hoje em dia, o ser humano explora ao máximo os recursos naturais, além de poluir o meio

ambiente de tantas formas. E o que estamos notando é que a natureza está se vingando contra o

homem, o qual, infelizmente, é tão ameaçador e depredador.

Quem dá a paz? É Jesus: “Deixo-vos a paz, minha paz vos dou, não vo-la dou como o

mundo a dá” (Jo 14,27). Só Deus pode dar a paz completa e autêntica. No Antigo Testamento,

muitas vezes Deus (Iahweh) é identificado com a paz: Iahweh-Shalom. Por isso Jesus, Filho de

Deus, garante a verdadeira paz. Por isso, precisamos ter fé em Deus. Sem a fé não podemos estar

com Deus e ter vida divina. Se a origem da paz está em Deus, então temos que ter mais fé para

chegar a essa fonte.

Como promover a paz? Por meio do amor, que é a maior das virtudes. Temos que amar a

Deus sobre todas as coisas e amar o nosso semelhante, como a nós mesmos. Quanta paz nós

teríamos, se o amor fosse realmente vivido entre as pessoas, nas famílias, nos movimentos eclesiais,

nos grupos humanos, entre os povos e as nações! Pela justiça, que é “irmã” do amor e do perdão. O

Papa João Paulo II disse: “Não há paz sem justiça e justiça sem perdão”. Guardando os

Mandamentos da Lei de Deus: “Se ao menos tivesses dado ouvidos aos meus mandamentos! Então

a tua paz seria como um rio e a tua justiça como as ondas do mar” (Is 48,18). Se cada pessoa

levasse um pouco mais a sério os Mandamentos Divinos, teríamos um paraíso aqui na Terra!

Dom Volodemer Koubetch, OSBM