Domingo 2 5 T . E .L O·' D V I D...

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5 T E L O·' . . D ..E . " VIDE 1966 Domingo 2 de Outubro - EMA N Á R 10 D E I N FOR MA ç'Ã 0, C U LTU RA tP RESE N ÇA REG ro NAL 1ST Director e .Editor: ANT6~IO XA VIER RAPOSO DA GAMA LOBO SALEMA Chefe da Redacção: ANTONIO MANUEL RAPOSO PENA - Propriedade da A. P. T. A. Redacção. Administração. Comgosição e Impres8.ão: Tipografia Ca8teloiridense-Catltelo de Vide " Amália cantou em Castelo de Vide \ .' ' Como é 'do conhecimento dos nOS808,leitores Amâlia Rodri~ues cantou ém Castelo doe·Vide no pa8~ado dia 24. com os salões da Santa Casa da Misericórdia completamente cheios, vendo-se além da nossa gente d,e Castelo de Vide, muitas pessoas tie Portalegre, e muitas também de algumas vilas dos concelhos viZ'inhos. . A decoração surpreen- deu toda a gente pelo acer- to, ~quilibrio, beleza e ti- pismo, mas não nos sur- preendeu a nós, por bem conhecer a~ ilimitadas pos- sibilidades do artista que a concebeu, o nosi;loamigo, o pintor Aatónio Ventura Por· tirio. , E, digo não nos s.urpre- \ endeu, pois o tínhamos profetizádo, como 08 nossos leitores devem estar lem- brados, na noticia que opor· tunamente demos da vinda de Amâlia Rodrigues a Cas- telo de Vide. . No público ~rlinde ambi- ente de expectativa. como' aliás era natural. Na rua Bartolomeu ÁI-, vares da Santa e na rua de Santo Amaro muita gente se arrumava' para ver pas- .sar.a artísta que tanto apre- cia. A' pa8sa~em d9 seu car- ro irrpmpeu dessa m:assà', humana, uma entusiâstica e prolongada salva de pàlmas que sempre a foi acompanhando atéen- trar no Edifício de Santo Amaro, o que ela dem.o- radamente agradeceu; Palmas que a sua delic'ada sensibilidade bem compreendeu ser a form!:l pela {{ual toda aquela boa gente lhe dizia quanto a ad- mirava. cemo também quanto lhe ficava devendo. O mesm() sucedeu quando entrou nos salões da .1isericór ia. Todos os es~e adores, de pé. a brindaram - "'a e direi mesmo comovida ai- . , va de palmas. Estava a,li e connosco a g-rande Amàlia e final- mente ti'nhamo~la no estrado ladeada pelo seu gui- tarra e pelo seu viola. ' Vestida de negro de uma sobriedade, quase,di- rei 8scética, mas-com a marca de uma ·refinada e ,.requintadaelegância, ,irra· diando, com uma grande, e expontânea singeleza, uma comunicabilidade, que em sintese.continha, com preen- ,8_ãoamiga~ ªfabil!dad~, hu- mildade e modé8tia', a .que não taltava um certo-fundo de tristeza e amargura. A luz ,apagou-8e. A8 salas mergulharam ,na semj-obscuridaâe; em que apenas brincavam as chamas de umas quantas velas. O sjlêncio fez-se. Ouve-se di8creta a sua voz 'anunciar. em murmú- rio, o fado cQue estranha forma de vida», e depois é dificil descrever o que acon- teceu. Fomos envolvidog por 'uma V(lZ e. por uma toa- da que por encantamento n08, dominou. e interiori- zou, os 'Jentido8. con.eeo- trando-nos num profundo recolhimento. Que estranha e impres- , sionante forma de sentir e comunicar. plasmando nos outros as suall pró- 'prias emoções por uma subtil magia que nasce da total entrega da artista à l!Jla peculiar torma de se expressar cantando e com tanta sinceridade e ver- dade o faz que a sua voz, como fluída onda, e propaga e a todos que a escutam profundamente impregna. Segu'iram-se mais fados, sem pre por ela ciados e pelo público comentados no final po~ moradas salvas de palmas, alauns com le ( o cl . na â:."u2:1"

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5 T E L O·'. . D ..E. " V I D E

1966

Domingo

2de Outubro

- E MA N Á R 10 D E I N FOR M A ç'Ã 0, C U LTU R A tP R E SE N ÇA R E G r o N A L 1ST

Director e .Editor: ANT6~IO XA VIER RAPOSO DA GAMA LOBO SALEMAChefe da Redacção: ANTONIO MANUEL RAPOSO PENA - Propriedade da A. P. T. A.

Redacção. Administração. Comgosição e Impres8.ão: Tipografia Ca8teloiridense-Catltelo de Vide

"

Amália cantou em Castelo de Vide

\

.' '

Como é jà 'do conhecimento dos nOS808,leitoresAmâlia Rodri~ues cantou ém Castelo doe·Vide nopa8~ado dia 24. com os salões da Santa Casa daMisericórdia completamente cheios, vendo-se alémda nossa gente d,e Castelo de Vide, muitas pessoastie Portalegre, e muitas também de algumas vilasdos concelhos viZ'inhos.. A decoração surpreen­deu toda a gente pelo acer­to, ~quilibrio, beleza e ti­pismo, mas não nos sur­preendeu a nós, por bemconhecer a~ ilimitadas pos­sibilidades do artista que aconcebeu, o nosi;loamigo, opintor Aatónio Ventura Por·tirio. ,

E, digo não nos s.urpre- \endeu, pois já o tínhamosprofetizádo, como 08 nossosleitores devem estar lem­brados, na noticia que opor·tunamente demos da vindade Amâlia Rodrigues a Cas-telo de Vide. .

No público ~rlinde ambi­ente de expectativa. como'aliás era natural.

Na rua Bartolomeu ÁI-,vares da Santa e na rua deSanto Amaro muita gentese arrumava' para ver pas-

.sar.a artísta que tanto apre­cia.

A' pa8sa~em d9 seu car­ro irrpmpeu dessa m:assà',humana, uma entusiâstica e prolongada salva depàlmas que sempre a foi acompanhando atéen­trar no Edifício de Santo Amaro, o que ela dem.o­radamente agradeceu; Palmas que a sua delic'adasensibilidade bem compreendeu ser a form!:l pela{{ual toda aquela boa gente lhe dizia quanto a ad­mirava. cemo também quanto lhe ficava devendo.

O mesm() sucedeu quando entrou nos salões da.1isericór ia.

Todos os es~e adores, de pé. a brindaram- "'a e direi mesmo comovida ai-

. ,va de palmas.

Estava a,li e connosco a g-rande Amàlia e final­mente ti'nhamo~la no estrado ladeada pelo seu gui­tarra e pelo seu viola. '

Vestida de negro de uma sobriedade, quase,di­rei 8scética, mas-com a marca de uma ·refinada e

,.requintadaelegância, ,irra·diando, com uma grande, eexpontânea singeleza, umacomunicabilidade, que emsintese.continha, com preen­,8_ãoamiga~ ªfabil!dad~, hu­mildade e modé8tia', a .quenão taltava um certo-fundode tristeza e amargura.

A luz ,apagou-8e.A8 salas mergulharam

,na semj-obscuridaâe; emque apenas brincavam aschamas de umas quantasvelas. O sjlêncio fez-se.

Ouve-se di8creta a suavoz 'anunciar. em murmú­rio, o fado cQue estranhaforma de vida», e depois édificil descrever o que acon­teceu.

Fomos envolvidog por'uma V(lZ e. por uma toa­da que por encantamenton08, dominou. e interiori­zou, os 'Jentido8. con.eeo­trando-nos num profundorecolhimento.

Que estranha e impres-, sionante forma de sentir e

comunicar. plasmando nos outros as suall pró­'prias emoções por uma subtil magia que nasce datotal entrega da artista à l!Jla peculiar torma de seexpressar cantando e com tanta sinceridade e ver­dade o faz que a sua voz, como fluída onda, epropaga e a todos que a escutam profundamenteimpregna.

Segu'iram-se mais fados, sem pre por elaciados e pelo público comentados no final po~moradas salvas de palmas, alauns com le

( o cl . na â:."u2:1"

Exames

CASTELO DE VIDE

Concluíram o cursocom plementar dos Liceus08 nOS80S Amigos Tere­sa Sempiterao Carreiras,Filomeno Borges Henri­ques e M~nuel JoaquimCoelho este ultimo n08­so cola borador na secçãode cinema.

Aos novos pré-uni.versitários os nossos pa­rabéns e ~linceros desejosdas maiores venturas.

(Conclusão)

TIPOGRAFIA CASTELOVIDENSE - LARGO JOÃO JOSE LE COCQ

ca tou em

de Vide

a

CasteloCONCLUSÃO

inadas por DJvid Mau- Roas que a acompanha­rão Ferreira e José Ré· ramo Fiz parte desse nú­gia, mas em caja um de· mero e tive então a opor­les se repetia e gl'adual- tunldade de saber comomen(e aumentava o es- bem a tinha impres8!0.tranho encantamento. nado a vila e tudo quan.

No final cantou-n·os to dela tinha visto e prin­duas canções do folclore cipalmente como a sen·nacional t; por que está- sibilisou a forma comovamos perto da fronteira estava sendo rEcebida e(assim ela o disse) can- como penalisada estavatou-nos uma saborosa por não poder demorar­canção' espanhola che~a -se numa mais pormeno.de ralé e sabor popular _ rizada visita. mas outr08

Desceu então do es- compromissos a impe­trado com os seus acom- dÜlm de O fazer.panhadores, que bem es· Foi uma noite que tão Um aspecto da Exposição de Engenharia,tiveram aO nivel da ex- cedo não será esquecida. Agricultura e Actividades Económicas decepcional artista que Grande é a nossa gra. Moçambique. que vai estar paténte noacompanhavam, mas ... tidão pela delicada gene. Instituto Superior Técnico em Lisboa.sucedeu o inevitável. as ro~idade ~e AJTlália Ro· I (Gravura gentilmente oferecida pela Agência GeraldopalQ'las foram tantas e drlgues vir cantar a fa- ultramar).tão vibrantes que ela vol· vor do Hospital de San-

tou de novo a cantar. to Amaro e oerfeitamen. Secção do leitorAproveitou a oportu· tesabemosqueaoafirmá.nidade, entre dois tados •• 10 eao registá-lo, nestepara homenagear e pe· modesto semanário, nosdiodo ao público para a fazemos ~co do sentir de têm uma realização poucoacompanhar nessa home- toda a população do con- viável?nagem. O artista Antonio celho. Seria de louvar saberV que alguém com idéias eeotura Portírio, que se querendo melhorar aquilolevantou para agradecer Para uma pes80a que que estima se havia dirigidoa todos e em especial a como ela sabemos mais àK entidades municipais eAIIHlIia. Rodrigues. . aprecinr os sentimentos 'propusesse uma llgaçãl:>' à

T - rede pública. tornando deste. :rminada a sua ac,- do que as palavras, por- modo o seu pentlamento emt~açao f?ra~-lhe ofere· q·ue "quem diz muito bem fruto.cldos dOIS llndo~ ra mos o que sente não, sente' Assim, julgando que elil­de flores e uma recorda. tão bem como o diz~ da- se apêlo seria elogiado. pelo

d simples conteúdo da ideia.ção a s~a vinda a Cas- qui lhe dizemos e apenas cairà em filosofias inúteis,telo de Vlde (uma pegue- muito e muito obrigádo. reb'ltenco a frase com quena mas valiú;ó;u e antiga iniciei:escultura religiosa) ofer- "Primur:. viveri. deindetas que ela muito apre. AdoZ{o Bugallzo philo8ophari».ciou e muito a sensibili· ANT6NlO JOAQUIMza I'a ITI . GRINCHO SERRA

Neste momento levlJn'tou -se o Proved(ir da Mi·sericórdia o nosso ami·goDr. Márioda Costa Ro·que.que se dirigiu ao es­trado e em curtas mas ex­pressivas palavras; agra­deceu em nome da Insti­tuição qu,e' dirige. a gran­de e g<merosa dàdiva queAmália Rodrigues tinhatornado possível.

Depois e na sala pri­vativa. que lhe tinha si­do destinada, se ficou emameno convivio com um

e ,-,no n era de peso