DOS RECURSOS EDUCATIVOS DIGITAIS AOS OBJECTOS DE APRENDIZAGEM EM CONTEXTO ESCOLAR

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DOS RECURSOS EDUCATIVOS DIGITAIS AOS OBJECTOS DE APRENDIZAGEM EM CONTEXTO ESCOLAR . Fernando Rui Pinheiro Campos Doutoramento em Tecnologias de Informação e Comunicação e Educação Integração Curricular das TIC Orientação: Professora Doutora Isabel Chagas Fernando Rui Campos pag. 1 de 37 06-06-2022

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Trabalho com descrição e conceitos sobre Recursos Educativos Digitais e Objectos de Aprendizagem. Os factores de qualidade dos Recursos Educativos Digitais.

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DOS RECURSOS EDUCATIVOS DIGITAIS

AOS OBJECTOS DE APRENDIZAGEM

EM CONTEXTO ESCOLAR .

Fernando Rui Pinheiro Campos

Doutoramento em Tecnologias de Informação e Comunicação e Educação

Integração Curricular das TIC

Orientação: Professora Doutora Isabel Chagas

Trabalho realizado no âmbito da disciplina Integração Curricular das TIC, 2007/08

versão 1.0

Fernando Rui Campos pag. 1 de 25 10-04-2023

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Índice

Introdução__________________________________________________________________________3

Secção 1____________________________________________________________________________5

O que são objectos de aprendizagem_____________________________________________________5

Os recursos educativos digitais (R.E.D.)__________________________________________________6

Quais as diferenças entre O.A. e RED___________________________________________________8

Quais as semelhanças entre O.A. e RED_________________________________________________9

Problemáticas actuais dos O.A e REDs_______________________________________________________9

Secção 2___________________________________________________________________________11

Gestão de conteúdos_________________________________________________________________11

Critérios de qualidade de O.A. e RED_______________________________________________________11Avaliação dos RED______________________________________________________________________________12Os indicadores de Portais educativos_________________________________________________________________13

Os Metadados e a sua necessidade______________________________________________________15

Criação de Metadados e forma de organização________________________________________________15O Dublin Core Metadata Set (DCMES)______________________________________________________________16

O Learning Object Metadata Standard (LOM)_______________________________________________17

A Gestão da Informação nos Agrupamentos__________________________________________________17

Secção 3___________________________________________________________________________19

Quadro de utilização dos recursos______________________________________________________19

A formação específica e acompanhamento dos professores______________________________________19

A Organização dos Recursos Educativos_____________________________________________________20

Validação interna dos Recursos Educativos Digitais____________________________________________21

Avaliação da aplicação dos REDs___________________________________________________________23

Bibliografia________________________________________________________________________24

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Introdução

A utilização de recursos educativos digitais em educação e a necessária utilização das TIC,

levanta questões pedagógicas. Do ponto de vista de utilização em contexto escolar pode levar a

pressupor que os resultados nos alunos serão; a) que um determinado conteúdo específico poderá ser

melhor aprendido ou mais rapidamente, b) a novidade da utilização das TIC, como factor de motivação

para os alunos e como forma de utilização autónoma na escola e em casa, c)a criação de competências

nos estudantes relativamente à utilização de ferramentas e de criação de produtos digitais.

Para além da utilização das TIC, por parte dos alunos, a utilização de recursos educativos

digitais por parte dos professores como material de apoio às aprendizagens, em vez dos materiais de

aprendizagem impressos em papel, têm a seu favor pelo menos cinco argumentos Hylén ( 2007 ):

1- Os recursos educativos digitais oferecem a possibilidade de maior individualização,

nomeadamente de acompanhar o ritmo de aprendizagem do aluno, baseado nas suas

capacidades.

2- Os recursos digitais são mais baratos e mais facilmente actualizados. Novos factos

podem ser mais facilmente adicionados ou alterados.

3- A utilização das características multimédia pode oferecer a diferentes alunos,

diferentes tipos de estímulos de aprendizagem.

4- Os recursos educativos digitais, permitem a utilização de maior interactividade e de

feedback no momento e de forma individualizada.

5- A combinação de características multimédia, aumenta as oportunidades de mostrar

experiências que seriam difíceis de realizar devido à perigosidade, materiais

envolvidos ou necessidade de equipamento dispendioso. Como exemplo através de

simulações, filmes ou imagens enquadradas num determinado recurso educativo, será

possível essa realização.

De acordo com os dados estatísticos do Ministério da Educação, (Freitas), a ausência de

conteúdos é um dos factores limitativos à maior utilização de computadores nas escolas portuguesas.

Segundo esse estudo e com a amostragem de 900 professores e 450 presidentes de Conselhos

executivos, 24%, referiram como um dos motivos e inexistência de conteúdos para a não utilização dos

computadores.

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No entanto a existência de computadores nas Escolas e Agrupamentos de Escolas e dos

respectivos recursos, não implica a sua maior utilização em contexto educativo. Mesmo existindo os

REDs de qualidade, existem estratégias e práticas dos professores que têm de ser trabalhadas e devem

estar enquadrados numa estrutura, que abranja toda a escola.

Uma das formas de obter resultados na utilização dos REDs é a de se mudar as práticas dos professores,

de modo a que se esperem os efeitos pretendidos nas aprendizagens dos alunos.

Neste trabalho procura-se abordar, a utilização dos Recursos Educativos digitais, tendo como

centro a promoção das aprendizagens do aluno, mas abordando a temática da organização de recursos

educativos digitais, assim como de objectos de aprendizagem. Procura-se definir objecto de

aprendizagem de acordo com vários autores, assim como recurso educativo digital, RED, características

e semelhanças.

A qualidade dos sítios educativos em conjunto com os Recursos Educativos Digitais e a forma

como deve de ser organizado. A nível da organização dos recursos, são abordados os metadados e a

forma de organização dos mesmos. É ainda é proposto um modelo de criação de um Portal de O.A. e

RED em contexto educativo. A questão da formação específica dos professores e do seu

acompanhamento e da validação interna dos REDs , assim como a avaliação da aplicação dos mesmos é

também enquadrada neste trabalho.

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Secção 1

O que são objectos de aprendizagem

A designação de objecto de aprendizagem (O.A.) foi utilizada pela primeira vez por Wayne

Hodgins em 1994 (Wiley, 2000). De acordo com a organização internacional, IEEE, esta define O.A.

como :“any entity, digital or non-digital, which can be used, re-used or referenced during technology

supported learning”. Ou seja esta organização, considera um O.A. como qualquer entidade digital ou

não (pode ser analógica) que pode ser usada, reutilizada ou referenciada, quando se utilizam meios

tecnológicos no processo de aprendizagem. São referenciados como meios tecnológicos os sistemas de

treino baseado em computador, os sistemas LMS, entre outros.

De acordo com (LOM, 2000) na designação dos O.A., podem-se incluir, o conteúdo multimédia,

conteúdos instrucionais, software instrucional, ferramentas de software, pessoas, organizações ou

eventos referenciados durante a aprendizagem e suportados pela tecnologia.

Os objectos de aprendizagem têm qualidades e características, que variam entre estes, permitindo assim

criar tipos diferenciados de O.A. Estas características devem manter-se mesmo quando os Objectos de

aprendizagem, são colocados em livrarias digitais, LMS ou outros contextos. Outras das características

de um objecto de aprendizagem, são a reutilização, adaptabilidade e escalabilidade (cf.Gibbons et al.,

2000). Todas estas características, carecem no entanto de aplicação prática que esteja suficientemente

disseminada, para que as potencialidades referidas sejam efectivamente possíveis em contexto escolar.

Para obter todas estas características, torna-se no entanto demasiado complexo a realização de um O.A.

sem o apoio de ferramentas específicas. Assim foi criado a ferramenta tecnológica Reload.

Esta ferramenta tem como propósito a preparação de um ou mais recursos educativos digitais, de forma

a poderem ser inseridos em repositórios digitais específicos. É uma ferramenta que pode apoiar a

colocação de transformação de um recurso educativo digital num objecto de aprendizagem (ver Fig. 1 ).

É também utilizada para a inserção de metadados (ver secção 2, gestão de conteúdos), e sistemas do tipo

LMS.

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Fig.1 – Exemplo de criação de um objecto de aprendizagem a partir de um RED

A partir do conjunto de ficheiros, que incluem os recursos educativos digitais e inserindo os

metadados (de acordo com a especificação IMS) pode ser criado o O.A. No exemplo (Fig. 1) é

criado um O.A. a partir da utilização de um recurso educativo digital que se encontra disponível na

Web. O sistema gera trinta e dois, ficheiros adicionais, necessários para a sua conversão para a

norma SCORM 1.3 v3.

Os recursos educativos digitais (R.E.D.)

Embora não exista uma classificação única para os recursos educativos digitais existem alguns

autores que o estabelecem através de categorias (Pinto,M.,2007) :

Software Educativo, Plataformas Educativas, Portais de conteúdos, tutoriais de aprendizagem,

dossiers electrónicos e directórios de recursos temáticos (subject gateway).

De acordo com (Pinto, M., 2007) os REDs, têm características, que os tornam diferentes quando

comparados com a utilização de documentos impressos de estes são facilmente manipuláveis,

rapidamente transformável, transportado instantaneamente, infinitamente replicado.

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De entre as características específicas dos RED, destacam-se a utilização do hipertexto, de

conteúdos e de actividades, incluindo as que incluem a possibilidade da interacção com os alunos.

Segundo (Pinto,M. Gómez,C., 2004, Marquês, P.,2000), a realização de actividades síncronas e

assíncronas, a facilidade de acesso, a capacidade multimédia e a adaptação às características dos

alunos (idade, nível ) e o estímulo à aprendizagem através de actividades interactivas, visitas

guiadas, leitura de documentos são outras das características referenciadas.

De acordo com (Ramos), deve considerar-se como Recurso Educativo Digital a existência

cumulativa de quatro atributos:

O RED deve de ter uma clara finalidade educativa;

O RED deve responder a necessidades do sistema educativo português.

O RED deve de apresentar uma identidade autónoma relativamente a outros objectos e serviços de

natureza digital;

A titulo de exemplo e enquadrada nas definições propostas pelos vários autores é apresentada uma

actividade com a capacidade multimédia e que apresenta interactividade com os alunos (fig.2).

Fig. 2 – Exemplo de um recurso educativo digital

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Quais as diferenças entre O.A. e RED

A designação de Objecto de aprendizagem, por vezes confunde-se com Recurso Educativo Digital,

no entanto existem diferenças e semelhanças. Partindo da definição proposta pela (LOM, 2000), o

O.A. é uma entidade digital ou não digital, isso quer dizer que não é necessário que o recurso

produzido tenha um formato digital. De acordo com o conceito de O.A., pode-se considerar um

O.A., um sistema puramente analógico (som gravado em gravadores analógicos p.ex.), que promova

a aprendizagem e que seja transmitido por qualquer forma.

No caso dos RED o mesmo deverá, ter um formato digital. Este formato pode ser som, imagem,

texto, imagens estáticas ou dinâmicas, mas tem de ser digital, isso implica a representação através

de 0’s e 1’s de acordo com a especificação da norma digital utilizada e respectiva codificação.

Estabelecendo a comparação entre um O.A. e um RED, partindo do princípio que ambos têm o

formato digital, existem diferenças tais como: O RED não necessita de inclusão de metadados,

(embora seja possível e desejável) e não tem a necessidade de um conjunto de ficheiros de controlo

definidos pelas normas (SCORM, p.ex.). Como exemplo, a distribuição de Software Educativo que

é produzido no suporte de CDROM, não tem metadados, embora possua as outras características

específicas do RED. No caso de um objecto de aprendizagem, este deve de ter metadados, de acordo

com uma das especificações existentes.

Outra das características importantes no O.A. é a reutilização, ou seja na construção, deve de se ter a

preocupação de conceber, de modo a segmentar o recurso em si, colocando o máximo de elementos

possíveis. Esta técnica permite, aumentar o nível de reutilização do O.A.. No caso de um RED , não

existe esta necessidade, embora a nível da produção de Software Educativo realizado pela mesma

identidade possa existir essa preocupação por uma questão de gestão de recursos físicos, humanos e

financeiros.

Os O.A. de acordo com a norma SCORM, podem ser colocados em plataformas do tipo LMS,

existindo neste caso a possibilidade de obtenção de dados relativos à utilização do recurso como por

exemplo o tempo de utilização da actividade e a percentagem de realização da mesma. No caso dos

REDs não é obrigatório, e não é concebido para tal, embora seja possível. É o exemplo da

utilização, de projectos realizados com a ferramenta tecnológica de autoria HotPotatoes, que

permite, utilizando o LMS (Moodle p.ex. ) a obtenção desses resultados. Segundo (Ramos) um RED

deve responder a necessidades do sistema educativo português. Num caso genérico o O.A. é cada

vez mais utilizado, pelas forças de segurança nomeadamente as Forças militares, nomeadamente no

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treino de sistemas de armamento sofisticado, podendo aqui estabelecer-se uma diferença de

utilização.

Quais as semelhanças entre O.A. e RED

Do ponto de vista da concepção e criação os O.A.e os RED, apresentam muitas semelhanças e têm

muitas vezes, objectivos comuns, que passam pela aprendizagem de um conteúdo, tópico ou um

conceito.

Partindo da tecnologia de acesso via Web, escolhe-se em ambos, a forma e tecnologia específica

para concretizar o recurso, o contexto em que vai ser utilizado, o recurso e os objectivos do mesmo.

As características são neste caso definidas de acordo com os objectivos do recurso.

Do ponto de vista de utilização por parte dos alunos estes recursos podem ser praticamente iguais,

não se notando qualquer diferença na sua aplicação. No caso em que o O.A. é criado com um

recurso digital, apenas os dados internos das normas, nomeadamente de ficheiros auxiliares serão

diferentes (caso se trate da utilização de um só recurso digital). Do ponto de vista da utilização por

parte dos alunos os O.A. e os RED, podem ser iguais na sua aplicação e não evidenciar qualquer

diferença. No entanto este nível de semelhança apenas ocorre nesta situação particular. Outras

formas de utilização, nomeadamente em plataformas LMS (não num sítio Web ) provoca situações

de utilização diferenciada.

Problemáticas actuais dos O.A e REDs

Uma das questões que se coloca é a da existência de critérios de qualidade dos recursos. Quem os

define, realiza e quem os certifica? A certificação dos REDs existe em vários países, realizadas por

entidades diversas. Estas entidades têm como responsabilidade e tarefa, a análise de um conjunto de

especificações técnicas, que por sua vez estabelecem um conjunto de características normativas

definidas. Estas normas no entanto não garantem a sua utilização num contexto educativo. Muitos dos

REDS, comerciais, são desenvolvidos a título de utilização individual, sem possibilidade de utilização

cooperativa ou colaborativa.

Tanto nos O.A., como nos REDs, coloca-se a questão da utilização do recurso e dos seus efeitos na

aprendizagem dos alunos. Será que após a sua aplicação por parte dos alunos, efectivamente provoca

nestes aquilo que se pretendia? Será que a utilização de um determinado RED ou O.A., aplicado em

contexto escolar utilizando o trabalho colaborativo resulta melhor que realizando o mesmo mas de

forma independente por parte dos alunos? Fernando Rui Campos pag. 9 de 25 10-04-2023

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No desenvolvimento dos REDs e O.A. estes têm de ter rigor científico e estar adequados, para a idade

dos alunos, para o quais são propostos e procuram, desenvolver as competências nestes de acordo com o

currículo formal ou informal?

No caso especifico dos O.A., estão definidos caminhos alternativos que proponham a realização de

tarefas diferentes em função do resultado obtidos ao longo da utilização do O.A?

O O.A., foi concebido com níveis de dificuldade diferentes, de modo a adaptar-se aos alunos?

Relativamente à reutilização de recursos, os O.A., foram desenvolvidos de modo a que possam ser

reutilizados? Estas são algumas das questões que se levantam, ao qual este trabalho não poderá dar

todas as respostas, dada a extensão da análise detalhada que cada uma destas questões exige.

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Secção 2

Gestão de conteúdos

A gestão de conteúdos educativos é um dos componentes a ter em conta na criação de um quadro de

utilização dos recursos educativos digitais ou dos Objectos de Aprendizagem em contexto escolar. A

gestão de conteúdos coloca num Agrupamento de Escolas um conjunto de problemas, nem sempre de

fácil resolução. Do ponto de vista da partilha dos recursos encontram-se, conteúdos que são colocados

nos sistemas LMS de forma protegida e apenas acessíveis internamente.

No caso da utilização dos recursos publicados nos LMS de forma protegida, existe a impossibilidade de

partilha de recursos O.A. ou REDS. Não sendo assim possível qualquer reutilização por parte dos

restantes Agrupamentos ou Escolas.

Uma outra forma de criar uma, plataforma de Gestão de conteúdos é utilizar ferramentas tecnológicas

específicas (Joomla ou eq.), estas ferramentas têm no entanto o inconveniente de não serem desenhadas

especificamente para suportar REDs ou O.A., embora o façam parcialmente e de terem formatações

especificas de apresentação. Uma outra abordagem na gestão de conteúdos, é a utilização e organização

interna através do sítio do Agrupamento, dos conteúdos (e-conteúdos). Este tipo de organização tem no

entanto o inconveniente de utilizar ferramentas de transferência de dados, que necessitam de formação

específica e que são sujeitas a erros de utilização e configuração, sendo de difícil utilização por parte

dos professores de forma individual. Neste caso esta gestão deverá ser realizada por uma equipa restrita

com um conhecimento profundo da organização do portal e dos procedimentos requeridos para a

publicação de um novo recurso. Deverá ainda manter uma estreita ligação com os professores

envolvidos não só na criação como também na sua utilização.

Critérios de qualidade de O.A. e RED

A utilização dos recursos educativos digitais ou de Objectos de aprendizagem, tem como porta de

entrada, tipicamente um portal temático ou então uma biblioteca digital de recursos educativos.

Nesse enquadramento tanto o portal como o próprio recurso em si deverá formar um todo, com

critérios de qualidade que se encontram já definidos na literatura.

De acordo com a literatura, existem critérios para que um determinado recurso seja reconhecido

como um Recurso Educativo Digital de qualidade.

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Avaliação dos RED

O termo qualidade, aplicado à informação na Internet, é uma meta que implica um processo

continuo de planificação, análise, desenho, implementação, promoção e inovação, para assegurar

que a informação cubra as necessidades dos utilizadores relativamente ao Conteúdo, apresentação e

utilização (Nielsen, 2000).

A avaliação deve de ser um processo transparente e contínuo, que sirva para indicar que recursos

são de valor reconhecidamente pedagógico, segundo determinadas dimensões de qualidade para

orientar o seu uso como apoio às actividades de aprendizagem.

O processo de avaliação implica só por si a utilização de um conjunto de ferramentas e métodos, das

quais se destacam, utilização de listas de verificação desenhadas por especialistas; utilização de

inquéritos e observação, supervisão e controle da informação publicada a nível da avaliação

(Shaughnessy,M.R., 2002).

Avaliação baseada no professor, no aluno e no design. No caso de avaliação baseada no professor

devem de se utilizar guias de orientação que acompanham os recursos electrónicos. No caso da

avaliação baseada no aluno, pode-se fazer realizando inquéritos de modo a se obter informações

para melhorar o design do RED ou O.A..

O RED deve satisfazer critérios pré-definidos de qualidade nas suas dimensões essenciais.

Uma outra aproximação de avaliação é a de melhoramento dos Recursos Educativos através do

método de avaliação em espiral. Neste caso os Recursos educativos são aplicados aos alunos e

através de questionários e observação é realizada a avaliação do Recurso. Após a realização desta

avaliação dos RED ou O.A. estes são melhorados nos aspectos considerados pertinentes quer pelos

alunos quer pelos professores, sendo novamente aplicados no ano seguinte ou em outra turma no

mesmo ano.

Existe neste momento uma dispersão de avaliações dos recursos educativos digitais que começam

com o autor e podem ser diversos: professor, formador, pedagogos, técnicos, designers e outros. Em

cada fase do processo de criação existem critérios que depende em parte da experiência pessoal e

profissional dos seus criadores.

De acordo com Costa, (2007), existe um outro critério de avaliação dos conteúdos On-Line e que

tem a ver com a aprendizagem dos alunos. Neste critério um dos métodos de verificação da

qualidade do conteúdo, tem a ver não só com as questões de ordem técnica, mas sim como foi

concebido do ponto de vista do currículo, tendo em conta o contexto escolar os níveis de

escolaridade. De entre estes critérios destacam-se:

As tarefas propostas que promovem de forma interactiva, a actividade intelectual no aluno, em

especial, o raciocínio, a reflexão critica e a criatividade.

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Se o recurso engloba tarefas que promovam as actividades colectivas de aprendizagem em termos

de comunicação e da construção do conhecimento.

Se o recurso apresenta relativamente à avaliação, dispositivos de auto-avaliação e auto-regulação da

aprendizagem.

No caso de utilização destes recursos em bibliotecas digitais deverá ter-se em conta a

Micronavegação, que analisa todos os aspectos relativos à navegação interna nos próprios conteúdos

(Clauson, 1999), assim como a Macronavegação, esta relacionada com a ligação do sítio ao exterior,

e a visibilidade do mesmo relativamente á Web.

Os indicadores de Portais educativos

A inclusão dos RED ou OA, acessível ao exterior e ao interior das escolas apresentam desafios à

implementação de sistemas que possam ser facilmente utilizáveis e úteis. A criação de portais ou

Bibliotecas digitais em que se possa aceder aos recursos educativos implica a sua criação de acordo

com alguns critérios prévios que se torna necessário definir.

De entre os critérios (Alexandre & Tate, 2000) destaca-se a:

Autoria: Parâmetro que permite identificar o responsável do portal, criando-se assim um sentido de

credibilidade ao sítio, tendo para isso que se incluir como informação adicional: Uma descrição do

autor e da organização a que pertence, informação sobre o currículo académico e profissional.

Incluir inclusão do correio, uma declaração de princípios e intenções com a finalidade do portal.

Algum tipo de logótipo que represente a instituição.

Actualização: Este critério tem como referência a actualidade dos conteúdos avaliados que existem

no portal assim como a actualização dos mesmos. Deverá neste caso ser valorizado indicadores tais

como; a indicação da ultima data de actualização do portal, a indicação explicita da data de

actualização dos conteúdos, a presença de informação actualizada, a não existência de quebras de

ligações Web .

Conteúdos: Este critério, integra um conjunto de requisitos específicos dos conteúdos e dependente

deste. Middleton, 1999; Zellouf, 2000 consideram os seguintes indicadores.

Abrangência: Amplitude e nível de profundidade com que os conteúdos são abordados.

Precisão, rigor e exactidão, os conteúdos devem de ser rigorosos, claros legíveis, correctamente

formulados e devem de conter referências bibliográficas de acordo com o texto ou tema

apresentado.

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Pertinência: Este critério encontra-se relacionado com a utilidade e validade dos conteúdos

contidos no portal.

Objectividade: Deverá comprovar qual o nível de dependência ou de ausência de qualquer indicação

de carácter comercial, religioso ou politico. Tem de se conhecer a perspectiva da autoria dos

conteúdos face à proliferação de técnicas de marketing embebido nas páginas através dos vários

operadores de Internet.

Relativamente ao critério de acessibilidade, critério que obriga a que o portal tenha a capacidade

de navegação por pessoas com algum grau deficiência, nomeadamente incapacidade física, a nível

auditivo e visual.

Segundo (Lawrence, 1999, Pinto e tal, 2004) os indicadores relativamente à análise de portais são os

seguintes:

Desenho compatível com os diferentes navegadores de Internet e diferentes resoluções de ecrãs.

Verificação da existência de distorções da visibilidades das páginas do sítio Web, utilizando

navegadores de mercado que tenham expressão em quantitativa de utilização.

Cumprimento da norma WAI (Web Accebility Initiative) . Este critério passou a ser obrigatório

a partir de 2007 de acordo com a lei sobre sítios públicos.

Interactividade de utilização, nomeadamente a possibilidade de gravar, exportar e imprimir dados.

Existência de ajuda para o utilizador do portal.

Presença de outras Línguas dos conteúdos do portal.

Funcionalidade: Este critério pretende medir a forma como um utilizador pode localizar num

portal de conteúdos a informação de seu interesse, de forma rápida. De acordo com (Alexandre &

Tate 1999) deve de ser criada:

Estrutura lógica de conteúdos, organizada através de uma forma de tabela de conteúdos, menu

hierárquico, ou outra organização para que o utilizador tenha a percepção de quais os conteúdos

mais relevantes existentes.

A pertinência e a adequação dos títulos existentes de forma organizada de forma a proporcionar

coerência e homogeneidade.

Existência de um mapa hierárquico com todas as ligações activas.

A existência de um sistema de pesquisa de conteúdos apropriados.

Existência de ferramentas de personalização.

Navegabilidade

Refere-se à facilidade com que o utilizador navega nas páginas que compõem o portal de forma à

localização da informação e orientação do utilizador. Deve-se valorizar os seguintes indicadores

(Holmes, 2002)

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Presença de menu de conteúdo de forma sempre visível, e ser possível sempre o mesmo lugar e em

cada página que compõe o portal.

Presença de botões de navegação que permita ao utilizador utilizar o portal de forma lógica.

Simplicidade no uso dos percursos de navegação e de fácil acesso às ferramentas.

Desenho

Neste caso valorizam-se as várias questões relacionadas com o aspecto físico e a ergonomia, que

fazem com que o portal possa ser um recurso digital agradável à vista e fácil de ler.

Neste aspecto os indicadores referidos são:

Desenho de Web funcional e atractivo, adequada combinação de cores, formas e imagens, que

facilitam a leitura dos conteúdos, Desenho da informação textual de forma a ter uma leitura fácil.

Homogeneidade de estilo e formato em todas as páginas do conteúdo.

Os Metadados e a sua necessidade

Devido a que um O.A. ou R.E.D. não é exclusivamente texto, mas incluir outro tipo de informação que

inclui de imagem, Som, vídeo, são necessários a utilização de elementos que permitam a sua

reutilização, é o caso dos metadados.

Metadata, é literalmente “data about data,” e pretende ser uma informação descritiva acerca de um

Recurso. Neste caso estamos a falar de um RED ou de O.A.

Os metadados descrevem qual é o conteúdo de um objecto de aprendizagem e identificam as suas

características mais importantes, como o título, o autor, a data de criação, descrição, palavras-chave, etc.

A utilização do LOM facilita a busca, a avaliação e o uso dos objectos de aprendizagem pelos alunos e

pelos professores através das ferramentas de software automatizadas.

Criação de Metadados e forma de organização

De forma a se poderem inserir os Metadados nos O.A. a ferramenta Reload pode realizar essa

tarefa. Esta ferramenta suporta actualmente as especificações de Metadados : IMS Metadata 1.1, IMS

Metadata 1.2.1, IMS Metadata 1.2.2, IMS Metadata 1.2.4 e IEEE LOM Metadata 1.0.

De acordo com Duval (2002), existem três formas de relação entre os objectos de aprendizagem e os

metadados: os metadados embebidos, neste caso os metadados são inseridos no objecto de

aprendizagem, quando os metadados acompanham o objecto de aprendizagem e quando os metadados

estão de forma separada em Bases de Dados (Fig1).

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Fig. 3 – Organização metadados (Fonte :Biblioteca Nacional -http://metadados.bn.pt/Conceitos.html)

Em A) temos os metadados embebidos, situação típica que deve corresponder aos actuais

objectos de aprendizagem em que o O.A., por si só consegue ser identificado, surge

normalmente associado, ao cabeçalho da própria página inicial do Objecto de aprendizagem. No

caso do Recurso Educativo digital, nem sempre isso é possível.

No caso de B) Neste caso é definido um recurso como um conjunto de ficheiros associados e

ainda referências a outros ficheiros com outros conteúdos, nomeadamente imagens, som, texto.

Em C) temos representado a situação típica de uma biblioteca digital em que a informação

relativa aos recursos se encontram armazenados em bases de dados separados dos recursos. Os

recursos de forma isolada não tem qualquer informação estruturada que permita conhecer os

seus atributos.

O Dublin Core Metadata Set (DCMES)

É a estrutura que foi desenvolvida pela Dublin Core Metadata Initiative (DCMI). O início de

desenvolvimento iniciou-se em 1995, tendo como base um núcleo “Core” de elementos. Estes

elementos foram de raiz concebidos de forma a apresentarem características suficientemente

abrangentes de modo a permitirem a sua utilização num conjunto de recursos diversos,

nomeadamente livros, REDs e objectos de aprendizagem. A titulo de exemplo o “Core “ da

especificação DCM é constituída por 15 elementos: Titulo, Criador, Assunto, Descrição, Editor,

Contribuinte, Data, Tipo, Formato, Identificador, Fonte, Língua, Relação, Cobertura e Direitos. Os

elementos foram traduzidos para Língua Portuguesa (Borbinha, 2000), existindo uma descrição

completa aceite como norma.

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0__ _______

O Learning Object Metadata Standard (LOM)

Uma outra norma utilizada, na qualificação de um objecto de aprendizagem é o Learning Object

Metadata Standard desenvolvido pelo IEEE . Esta norma tem a designação alternativa de IEEE

1484.12.1- 2002, tendo sido desenvolvido em torno do projecto ARIADNE e consórcio IMS e

DCMI . Esta norma também tem como objectivo facilitar a pesquisa, avaliação, aquisição e

utilização de Objectos de aprendizagem. A LOM engloba nove categorias e sessenta e oito

elementos, encontrando-se uma tradução destes elementos em Língua Portuguesa MARQUES, C.

G. C., & CARVALHO, A. A. A. (2007), pg. 437-439. Apesar da quantidade de elementos previstos

nesta norma a sua utilização em ambiente educativo não contempla três aspectos importantes como

é o caso do conteúdo, conhecimento e contexto (Murray 2003). Apesar da existência de várias

especificações relativamente aos metadados ainda persistem problemas nomeadamente da

fiabilidade dos dados inseridos nos O.A.e nos REDs e da sua utilização em contexto educativo.

Segundo alguns autores (Farance 2003) e (Currier et al . 2004) consideram que os metadados devem

também indicar, sempre que possível a teoria de aprendizagem subjacente; o nível de profundidade

da temática; se o objecto inclui ou não actividades para o aluno resolver; se retratam domínios

complexos e pouco estruturados ou domínios bem – estruturados (Spiro & Jehng, 1990; Spiro et al.,

1991).

A Gestão da Informação nos Agrupamentos

Como referido anteriormente a criação de metadados de acordo com as actuais especificações não é

suficiente para a organização dos recursos educativos digitais. Teremos ainda a questão, de como será

conceber e gerir um sistema, que garanta os critérios não só dos portais educativos como dos

respectivos recursos.

Existem actualmente uma multiplicidade de recursos educativos disponibilizados na Web. A nível

nacional existe uma dispersão de sítios de Internet, cada um com a sua organização onde encontrar e

organizar recursos por parte dos professores se torna uma tarefa fastidiosa e demorada.

Através da gestão de conteúdos deverá ser possível pesquisar, encontrar e aceder aos recursos de acordo

com determinados critérios e que permitam os professores, alunos e pais o acesso aos mesmos.

As questões que se colocam relativamente à gestão de conteúdos têm várias vertentes, e prendem-se por

pelo modo de organização dos conteúdos e pelos autores dos mesmos. Como organizar os vários tipos

de conteúdos, que tipos de conteúdos devem de ser armazenados e quem o deve de fazer?

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Deverão ser os professores a lidar com a gestão directa dos conteúdos de acordo com a sua organização

afectando todo um portal, devido à sua concepção de organização de conteúdos? Esta não me parece ser

a melhor opção, por várias razões, entre elas a falta de conhecimento da utilização das ferramentas

específicas para o realizar a falta de normas para a sua organização assim como a complexidade do

processo.

Para além da utilização e organização de um portal para a colocação dos recursos, existe ainda a

possibilidade de utilização do LMS, em conjunto com o portal e que no caso dos projectos realizados

com os O.A. ou com ferramentas de autoria de projectos de recursos educativos digitais, tais como

HOTPOTATOES, permite o conhecimento de forma centralizada da utilização desse mesmo recurso.

Esta é uma outra forma complementar ao que se encontra num portal de conteúdos. Na próxima secção

procurarei dar algumas respostas relativamente a todas estas questões.

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Secção 3

Quadro de utilização dos recursos

A formação específica e acompanhamento dos professores

A utilização e a criação de REDs necessitam de formação específica por parte dos professores.

A formação na área das TIC deverá ter também em consideração os pontos de partida dos respectivos

professores, quando se traçam objectivos de modalidades de oficinas de formação. Podemos ainda

distinguir vários níveis de conhecimento e conforto de utilização de TIC e das suas ferramentas. Ainda

que exista formação certificada, a mesma muito dificilmente conseguirá responder à especificidade do

trabalho desenvolvido nos Agrupamentos na área das TIC. O modo de organização das estruturas dos

sistemas de informação, das plataformas de aprendizagem (LMS) das metodologias e recursos

disponíveis, necessitarão sempre de formação complementar e acompanhamento. Na actual estrutura

organizativa do Ministério da Educação esse trabalho deverá ser realizado pelo Coordenador TIC ou por

elementos da sua equipa. Esse acompanhamento terá de ser permanente através de sessões formais e

informais de formação, dando ao professor a sensação de apoio, até este criar a sua própria autonomia e

passar de não utilizador de RED a de utilizador de REDs e a para criador de recursos.

No entanto nem todos os professores poderão atingir as competências para a criação de recursos

educativos próprios. Nesse caso deveria de existir pelo menos dois níveis de formação a nível da

utilização e criação de REDs. Um nível básico para os docentes que necessitam de conhecer as

ferramentas tecnológicas especificas (ver fig. 4), que mediados por estas permitam a utilização de

recursos educativos digitais, nomeadamente a sua pesquisa e utilização dos REDs. No segundo nível em

que os docentes conseguem também criar os respectivos recursos. Estes recursos a serem criados pelos

docentes deverão ter em consideração, a idade dos alunos, a disciplina o currículo, quais os objectivos,

as competências a trabalhar, a metodologia a utilizar (Webquest, unidade de avaliação, três cores) e o

enquadramento da Escola ou Agrupamento.

A formação específica deverá ser suportada através de parcerias com os actuais centros de

formação, Universidades e outras entidades em colaboração com o Agrupamento.

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Fig. 4 - Implementação e utilização de RED em contexto escolar

A Organização dos Recursos Educativos

A criação de conteúdos educativos para além dos aspectos referidos de qualidade deve de ter

uma preocupação de organização. Um bom recurso pode não ser localizado.

De acordo com o descrito anteriormente uma das formas de encontrar um determinado recurso é a

utilização de metadados. Embora seja uma área em que existe ainda investigação a decorrer e em que

existe neste momento, movimentos da parte de várias entidades no sentido de criar uma

interoperabilidade entre as várias especificações e adaptar melhor às exigências da área da educação de

todos os níveis de ensino, actualmente a especificação DCMI é a mais utilizada.

No actual quadro de funcionamento das escolas, esta é talvez a especificação que existindo a nível dos

elementos base uma tradução para Língua Portuguesa a que seria preferível de utilizar.

Embora em alguns campos dos metadados embebidos, estes possam ser criados por quem inicialmente

produz o recurso digital, deveriam estes ser analisados, através de uma equipa multidisciplinar que não

o próprio. Nos casos em que não seja possível a utilização de metadados embebidos, devido por

exemplo a um recurso externo que tenha sido criado por terceiros, deve o mesmo ser organizado através

de metadados associados ou separados. Esta seria a forma de se conseguir referenciar todos os Recursos

Educativos Digitais, com interesse independentemente da sua origem.

A organização deverá de ter em conta a teoria de aprendizagem subjacente e o nível de profundidade da

temática.

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Fig. 5 – Exemplo de pesquisa utilizado em portal de recursos educativos digitais

Neste caso teríamos uma solução mista com uma norma definida e em que os motores de pesquisa

têm os seus algoritmos de pesquisa e depois no portal existiria uma base de dados, que ia sendo

criada de acordo com dados complementares importantes para a aplicação e conhecimento do RED

(ver fig.5).

O portal deverá permitir uma metodologia de pesquisa de RED e AO em que a descrição dos

atributos de catalogação dos objectos permita a sua pesquisa e recuperação por diferentes critérios.

Validação interna dos Recursos Educativos Digitais

Uma das questões que é necessário dar resposta quando da utilização dos REDs, num Agrupamento de

escolas, tem a ver com a validade do próprio recurso do ponto de vista cientifico.Com o aumento do

número de recursos disponíveis, deve de ser criado um procedimento de validação interna, processo

esse que implica a revisão dos recursos educativos digitais realizados. Esta revisão e verificação deverá

ser realizada por outros professores, que não os autores. Pretende-se através da verificação das

actividades, o envolvimento de outros professores, nomeadamente os coordenadores de departamento,

na sua validação. Deverá existir em permanência um procedimento, para a validação interna do ponto

de vista pedagógico e científico, dos recursos educativos utilizados. Este procedimento procurará criar e

manter actualizada, ma base de dados com recursos Educativos digitais, que possa mais tarde ser

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utilizada pelos diferentes actores, nomeadamente, alunos, professores e comunidade educativa. Esta

estrutura, poderia ser integrada a nível de outras redes de Escolas que possuem REDs e que pretendam

disponibilizar esses recursos. A base de dados, complementaria a informação disponibilizada através

dos metadados, que neste caso servia fundamentalmente para apoio à pesquisa do recurso.

Os campos disponibilizados nesta validação interna serão: autor, nome da disciplina, nome da

actividade, nome do ficheiro, ano de escolaridade, tipo de exercício, competências gerais, competências

especificas, conteúdos, data da criação, data da actualização, data da verificação, alterações efectuadas,

autores, data de alteração e nome do professor que verificou a actividade, metodologia de aplicação e

descrição da unidade/tópico, nível de dificuldade da actividade.

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Avaliação da aplicação dos REDs

Para que um RED possa ser potenciado deveremos conhecer os seus efeitos na aprendizagem dos alunos

e nomeadamente de que forma poderá contribuir para as aprendizagens destes.

A possibilidade de um RED ser criado pelo professor, possibilita a alteração e melhoramento do

recurso. Mas como fazê-lo?

Numa primeira fase e como referido anteriormente o RED deverá passar, pelo processo de validação

interna, no caso em que exista a possibilidade de validação externa essa hipótese seria de equacionar,

embora o procedimento burocrático se possa revelar excessivo e apenas acessível a empresas que criam

software educativo. Mas a validação interna ou externa não é uma garantia que o RED, irá ter os

resultados desejados nos alunos e para o qual foi desenvolvido.

Uma forma de complementar a validação interna, é utilizando um modelo de investigação que permita a

análise da utilização dos recursos educativos. Assim seriam construídos instrumentos de medida,

analisados resultados dos alunos de acordo com os resultados esperados pela aplicação do RED e seriam

recolhidas informações por parte dos professores que utilizassem esses recursos em contexto escolar. A

partir da informação recolhida e após análise, dos dados seria possível complementar as informações

constantes na base de dados relativamente ao recurso e melhorar o próprio REDs . No ano a seguir seria

realizado o mesmo processo desta vez com o RED alterado de acordo com a experiência obtida no ano

anterior.

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