Dossiê 154 - GIUSEPPE FASOLO

D O S S I Ê T É C N I C O

Modelagem de carteiras

Salete Dal Mas

SENAI-RS CEP SENAI GIUSEPPE FASOLO

Agosto 2007

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DOSSIÊ TÉCNICO

Sumário 1 Introdução........................................................................................................................................ 2 2 Objetivo ............................................................................................................................................ 2 3 Carteiras........................................................................................................................................... 3 3.1 Modelagem das peças internas.................................................................................................. 3 3.2 Acabamentos das peças internas.............................................................................................. 6 3.3 Capas............................................................................................................................................. 7 3.4 Tipos de fechamento ................................................................................................................. 11 3.5 Modelagem de carteira .............................................................................................................. 12 3.6 Materias....................................................................................................................................... 18 3.6.1 Couros ....................................................................................................................................... 18 3.6.2 Forros ........................................................................................................................................ 18 3.6.3 Ferragens .................................................................................................................................. 18 3.7 Costuras...................................................................................................................................... 20 3.8 Principais máquinas utilizadas para a fabricação de carteiras............................................ 20 Referências ....................................................................................................................................... 21 Anexo................................................................................................................................................. 21


DOSSIÊ TÉCNICO

Título Modelagem de carteiras masculinas e femininas Assunto

Fabricação de artefatos de couro Resumo As carteiras são pequenas bolsas de couro ou outros materiais, normalmente de formato retangular, dobráveis e com divisões internas para guardar cédulas, moedas, cartões, documentos e talões de cheques. Palavras-chave Carteira de couro; produção Conteúdo 1 Introdução Com a pressão da concorrência internacional, a indústria brasileira de artefatos vem tendo que se modernizar rapidamente: absorver novas tecnologias e equipamentos para melhorar a competitividade de seus produtos, com aumento de produção, renovação do design e redução de custo. Na modelagem de carteira deve-se considerar o mercado a que ela se destina, sua finalidade, o tamanho das cédulas, dos cartões, dos documentos, do talão de cheques e as respectivas espessuras. A carteira ideal é aquela que satisfaz as necessidades dos consumidores, acompanhando suas mudanças nos hábitos. Atualmente, grande parte da população usa cartões magnéticos em detrimento de muitas cédulas ou mesmo talão de cheques. Uma tendência é tamanho menor especialmente na linha masculina. Levadas no bolso de camisas ou interno dos casacos as quais chamam menos atenção, aumentando a segurança contra roubo ou perda. 2 Objetivo Descrever sobre o processo de modelagem de carteiras com medidas e dimensões de todas as peças que compões estes produtos, os tipos de terminações e acabamentos dos mesmos, matérias utilizados e também principais máquinas necessárias para a produção de carteiras.


3 Carteiras 3.1 Modelagem das peças internas As partes internas de uma carteira podem variar conforme o mercado que se destina e tipo de cliente que se deseja atingir. A parte interna deve ser menor que a capa. Dependendo do modelo, a parte interna muda de tamanho. Deve ser, para os modelos masculinos, 10mm menor que a capa e nos modelos femininos, 15 mm. Conforme os elementos colocados internamente deve-se ajustar o tamanho da capa. Principais padrões de medidas das peças internas, para se compor uma carteira (FIG. 1 – 5).

Figura 1 - Talão de cheques nacional.

Fonte: Centro de Educação Profissional SENAI Giuseppe Fasolo, 2007.

Figura 2 – Cédula: Real / Dólar.



Figura 3 - Cartão Magnético.


Figura 4 - Carteira de Identidade.


Figura 5 - Carteira de motorista.


Porta-documentos de plástico transparente pode ser costurado no centro da carteira ou encaixado com uma haste (FIG. 6).


Figura 6 – Porta-documentos.


Os Principais tipos de partes internas são (FIG. 7):

Figura 7 – Porta-notas com divisões para documentos e cartões.

Fonte: Centro de Educação Profissional SENAI Giuseppe Fasolo, 2007. Porta-notas com divisões para talão de cheque e com ou sem moedeiro com zíper. Recomenda-se cuidado com o cursor do zíper que deve ser achatada, sem trava para não danificar o couro (FIG. 8).

Figura 8 – Porta-notas com divisão para talão de cheque.

Fonte: Centro de Educação Profissional SENAI Giuseppe Fasolo, 2007. Porta-documento, cartão, cheque e notas com moedeiro externo, muito usado em carteiras femininas, podem ser com tampa ou com zíper (FIG. 9 – 12).


Figura 9 – Porta-documentos.


Figura 10 – Porta-moedas com zíper. Figura 11 – Porta-moedas com tampa.


Figura 12 - Carteira porta-notas, documentos e cartão com zíper.


3.2 Acabamentos das peças internas As partes internas das carteiras podem ser cortadas a fio ou com dobras, sendo que os modelos a fio se ajustam mais para carteiras esportivas ou modelos mais econômicos, pois reduzem a confecção, a mão-de-obra e também o consumo do material. Os modelos dobrados são para carteiras mais elaboradas que necessitam de um acabamento


refinado. Os modelos dobrados são compostos por várias peças montadas. Quando a opção for pela modelagem dobrada é necessário aumentar 7 mm na parte a ser dobrada. Para dobrar a peça, chanfrar com 11 mm de largura, depois vincar com 7 mm para facilitar a dobra. Depois de dobradas as peças, pode-se fazer um friso queimado ou costurado com 2 mm, deixando a peça com melhor aparência (FIG. 13).

Figura 13 – Acabamento dobrado.


Nos modelos a fio, as divisões são feitas na própria peça. Para melhorar o acabamento, fazer um friso queimado no final da peça. Quando o couro não tiver tingimento é recomendável que a borda seja pintada (FIG. 14).

Figura 14 – Acabamento a fio.

Fonte: Centro de Educação Profissional SENAI Giuseppe Fasolo, 2007. 3.3 Capas Nas capas dobradas como o nome diz, todas as partes são dobradas. Para modelar é necessário aumentar 10 mm a capa na parte superior e 7 mm nas demais partes. Para melhorar o toque colocar internamente na capa uma espuma de 2 mm (FIG. 15 -16).


Figura 15 – Capa dobrada.


Figura 16 - Desenho da capa dobrada.


Na capa com corte a fio os modelos são esportivos. As bordas são pintadas, depois polidas e pintadas novamente (FIG. 17 -18).

Figura 17 – Capa corte a fio.



Figura 18 – Desenho da capa corte a fio.

Fonte: Centro de Educação Profissional SENAI Giuseppe Fasolo, 2007. A capa debruada simples é modelada como se fosse a fio. Para o debrum, corta-se uma tira de couro ou similar, na espessura de 0,6 mm. O comprimento deve ser o do modelo/peça. A largura ideal é de 18 mm (conforme guia da máquina). Para cada modelo, adequar o debruador (FIG. 19).

Figura 19 – Capa debruada simples.

Fonte: Centro de Educação Profissional SENAI Giuseppe Fasolo, 2007. A capa com debrum francês é modelada como se fosse a fio. Para o debrum, corta-se uma tira de couro ou outro material com 25 mm de largura e de 0,6 mm de espessura. O comprimento varia conforme o modelo da carteira.

Figura 20 – Capa com debrum francês.



Costurar o debrum sobre a capa com distância de 2 a 3 mm (FIG. 21).

Figura 21 – Corte do debrum.

Fonte: Centro de Educação Profissional SENAI Giuseppe Fasolo, 2007. Preparar o debrum, aplicar o adesivo sobre a capa a parte interna (FIG. 22).

Figura 22 – Colagem do debrum.


Costurar novamente bem próximo ao debrum (FIG. 23).


Figura 23 – Costura do debrum. Fonte: Centro de Educação Profissional SENAI Giuseppe Fasolo, 2007.

3.4 Tipos de fechamento O fechamento próprio da dobra das peças é mais utilizado em modelagens masculinas ou de carteiras com pouco volume (FIG. 24).

Figura 24 – Fechamento próprio.


O fechamento com lingüeta é feito com uma tira de couro que prende a parte de trás com a parte da frente da capa. É necessário quando a abertura for superior a 30 mm (FIG. 25). Na carteira feminina o uso da lingüeta é mais freqüente, pelo fato de geralmente a mulher carregar mais objetos na carteira.


Figura 25 – Fechamento com lingüeta.

Fonte: Centro de Educação Profissional SENAI Giuseppe Fasolo, 2007. O fechamento com zíper se dá através de um zíper colocado em volta entre a capa e a parte interna (FIG. 26).

Figura 26 – Fechamento com zíper.

Fonte: Centro de Educação Profissional SENAI Giuseppe Fasolo, 2007. 3.5 Modelagem de carteira Modelagem de uma carteira masculina com tampa para documento, confeccionada com couro e com forro de nylon resinado (FIG. 27).


Figura 27 - Carteira masculina com tampa para documento.


A espessura da capa é de 1 mm, o chanfro com 11 mm, os vincos na parte superior com 10mm e os demais com 7 mm (FIG. 28).

Figura 28 – Capa.


No porta-cartões a espessura é de 0.8mm, o chanfro é com 11 mm e o vinco com 7 mm (FIG. 29).


Figura 29 – Porta-cartões.

Fonte: Centro de Educação Profissional SENAI Giuseppe Fasolo, 2007. As peças de divisão do porta-documentos tem a espessura de 0.8 mm, o chanfro com 11mm e o vinco com 7mm. São duas peças cortadas uma à esquerda e outra direita (FIG. 30).

Figura 30 – Divisão do porta-cartões.


A peça da divisão central tem a espessura de 0.8 mm, o chanfro com 11 mm e o vinco com 7 mm (FIG. 31).

Figura 31 – Divisão central.



A peça da tampa com visor tem a espessura de 0.8 mm, o chanfro com 11 mm e o vinco com 7 mm (FIG. 32).

Figura 32 – Tampa com visor.

Fonte: Centro de Educação Profissional SENAI Giuseppe Fasolo, 2007. A peça interna da tampa com visor tem a espessura de 0.8 mm, o chanfro com 11 mm e o vinco com 7 mm (FIG. 33).

Figura 33 - Peça interna da tampa com visor.


Para o forro do porta-cartões, cortar duas peças (FIG. 34).


Figura 34 – Forro do porta-cartões.

Fonte: Centro de Educação Profissional SENAI Giuseppe Fasolo, 2007. Para os forros individuais do porta-cartões, cortar quatro peças (FIG. 35).

Figura 35 - Forro individual do porta-cartões.

Fonte: Centro de Educação Profissional SENAI Giuseppe Fasolo, 2007. A FIG. 36 mostra a peça de forro da capa.

Figura 36 – Forro da capa.


A FIG. 37 mostra a peça de forro da parte interna.


Figura 37 – Forro da parte interna.


Para a peça do forro do porta-documento, cortar duas peças (FIG. 38 - 39).

Figura 38 - Forro do porta-documentos.

Fonte: Centro de Educação Profissional SENAI Giuseppe Fasolo, 2007. Peça de forro da tampa com visor.

90mm

108mm Figura 39 – Forro da tampa.


A Peça do visor pode ser visualizada na FIG. 40.


Figura 40 - Plástico transparente.


3.6 Materias Os matérias mais representativos na produção de carteiras, são couros, forros e ferragens. 3.6.1 Couros Nas carteiras o toque da mão é muito importante. Por isso, ao se definir o modelo, também é necessário definir que tipo toque se quer dar para esse produto. O couro interfere no resultado final da carteira. Couros batidos e macios são para carteiras de toque macio, geralmente estruturadas com espumas, sempre valorizando o toque. Couros mais rígidos são para carteiras mais estruturadas e acabamentos de corte a fio. É necessário ter muito cuidado com esse tipo de construção, para o acabamento não ficar com aspecto abrutalhado. Para a confecção de uma carteira recomenda-se um couro com espessura entre 12 e 14 linhas, para que possa ser rebaixado uniformemente, facilitando os chanfros e vincos. Dicas para melhor aproveitamento do couro: • A seqüência de corte deve ser das peças maiores para as menores; • Criar no conjunto de modelos que contemplam o aproveitamento do couro carteiras com capas

emendadas. 3.6.2 Forros A maioria das peças recebe um forro. Os mais utilizados são: cetim; tricoline, nylon; resinado e não tecido. O cuidado que se deve ter ao escolher o forro é para que ele não desfie, principalmente quando for utilizado em peças a fio. Para esse tipo de carteira é indicado usar nylon resinado. Outro cuidado que também se deve ter é quanto á espessura do forro, para que não deixe a carteira com muito volume. 3.6.3 Ferragens Se o modelo tiver algum detalhe metálico como chapinha ou cantoneira, o mais indicado é usar


peças estampadas. Elas possibilitam espessuras menores, maior resistência e deixam a carteira mais elegante. Quanto aos fechos metálicos ou puxadores, podem ser injetados em Zamac ou latão. Cantoneira é um adorno de metal estampado que serve para decorar a peça, preso com garra (FIG. 41).

Figura 41 – Cantoneira.


Chapinha é um adorno de metal que pode ser estampado ou injetado em Zamac, utilizado para decorar ou colocar marca no produto. Pode ser preso com garra ou rebite (FIG. 42).

Figura 42 – Chapinha.

Fonte: Centro de Educação Profissional SENAI Giuseppe Fasolo, 2007. Fecho metálico é peça geralmente injetada em Zamac, utilizada para fechamento da carteira, mais indicado para modelos femininos (FIG. 43).

Figura 43 – Fecho metálico.

Fonte: Centro de Educação Profissional SENAI Giuseppe Fasolo, 2007. Cursor e puxador: a escolha de um cursor (FIG. 44) é um detalhe que pode fazer diferença no produto final.


Figura 44 – Cursor.

Fonte: Centro de Educação Profissional SENAI Giuseppe Fasolo, 2007. 3.7 Costuras Para as costuras da carteira recomenda-se usar linha n° 40 na parte superior e linha n° 60 na inferior. Fazer três pontos e meio por centímetro. A distância da borda é de 2mm, com agulha número 100 a 120. Se o modelo for diferenciado adequar às costuras conforme a modelagem projetada. 3.8 Principais máquinas utilizadas para a fabricação de carteiras Balancin: são máquinas do tipo prensa, próprias para o corte de peças que compõe um artefato de couro ou outro material. O corte nessa máquina é feito através de navalhas, sobre uma superfície rígida, chamada sepo. Máquinas de dividir: utilizada para dividir couro, materiais sintéticos, feltros, cortiça, borracha e algumas fibras têxteis. Máquina de chanfrar: para executar chanfros em diversos matérias. Costa de um rolo de transporte de borracha, o esmeril, uma navalha em forma de sino, um pé sobre a máquina e um guiador, podem ser regulados para obtenção do corte desejado. A navalha é afiada por um esmeril especial na própria máquina, acionado por uma chave liga-desliga. Máquina de vincar: utilizada para vincar a com temperatura as peças, fazendo uma pré-marcação facilitando a dobra. Máquina de aplicar adesivo: utilizada para aplicação de adesivo. Máquina de dobrar: prensa para dobrar bordas de couro ou outro material. Máquina de costura: para costurar carteiras pode ser plana para costuras internas, de braço ou coluna para acabamento, é sempre indicado o uso de guiador. Maquina de carimbo: utilizada para estampar a logo marca e descrição. Existem vários modelos das mais simples manuais ou sistemas de transporte automático de fita, com regulagem para melhor aproveitamento da fita, em relação ao carimbo; tempo de temperatura com controle eletrônico, acionamento pneumático, com pressão de prensagem regulável. Conclusões e recomendações A na execução da modelagem de carteiras deve-se compatibilizar o produto ao maquinário e também os materiais disponíveis. Alguns modelos de carteiras exigem máquinas ou materiais específicas para a fabricação, cabe ao modelista compatibilizar os produtos desenvolvidos com os recursos disponíveis na empresa.


Todas as informações contidas nesse dossiê são para facilitar o desenvolvimento de carteiras, mas as mudanças acontecem de forma muito rápida, é necessário ficar atendo as tendências de mercado. Referências BENSTOCK, Shari; FERRISS, Suzanne. Org. Por dentro da moda. Rio de Janeiro: Rocco, 2002. BOLSOS. Amsterdam, Pepin: 2004. DONNANNO, Antonio. Técnica dei modelli; acessori moda. Milão: Ikon, 2004. LAVER, James. A roupa e a moda; uma história concisa. São Paulo: Companhia das letras, 1989. O’ HARA, Georgina. Enciclopédia da moda. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. Anexo Fornecedores de forro Faé Fabril Ltda. Avenida N S. Fátima. 2700Cod. Ind. Inês – CL 15 Americana - SP Cep: 13479-540 Tel.: (19)3468-2736 ITM Indus. Têxteis H Milagre S.A. Est. RS 427, N/S KM 16 Farropilhia - RS Tel.: (54) 3261-7000 Cep: 95180-000 Hexatex Têxtil Ltda. Rua Dario Freire Meirelles. 355 Campinas - SP Tel.: (19) 3242-2163 Cep: 13082 045 Fornecedores de couro Fhistsch&cia Ltda. Av. Presidente Lucena 1264 Ivoti - RS Tel.: (51) 3563-1700 Cep: 93900-000 Krummenauer S/A Rua Julho de Castilho 7979 Portão - RS Tel.: (51) 3562-4117 Cep: 97180-000


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Nome do técnico responsável Salete Dal Mas – Técnico em desenvolvimento de produto Nome da Instituição do SBRT responsável SENAI-RS / Centro de Educação Profissional SENAI Giuseppe Fasolo Data de finalização 31 jun. 2007

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