Dossiê Aglomerados

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D O S S I Ê T É C N I C O Reconstituição de chapas de aglomerado Renato Bernardi SENAI-RS Centro Tecnológico do Mobiliário Novembro 2006

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  • D O S S I T C N I C O

    Reconstituio de chapas de aglomerado

    Renato Bernardi

    SENAI-RS Centro Tecnolgico do Mobilirio

    Novembro 2006

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    DOSSI TCNICO

    Sumrio 1 INTRODUO...........................................................................................................................4 2 OBJETIVO .................................................................................................................................7 3 HISTRICO ...............................................................................................................................7 3.1 Histrico no mundo ..............................................................................................................7 3.2 Histrico no Brasil ................................................................................................................8 4 MADEIRA AGLOMERADA .....................................................................................................14 5 MADEIRA NATURAL ..............................................................................................................15 6 AGLOMERANTES...................................................................................................................15 7 DESINTEGRAO DE CHAPAS DE MADEIRA AGLOMERADA.........................................15 8 PRODUO DA CHAPA DE MADEIRA AGLOMERADA .....................................................19 9 ADESIVOS E ADITIVOS .........................................................................................................21 9.1 Adesivos ..............................................................................................................................21 9.1.1 Classificao dos adesivos ................................................................................................21 9.1.2 Adesivos empregados na fabricao de chapas de aglomerado...................................... 22 9.2 Aditivos ................................................................................................................................24 10 RESINA URIA-FORMALDEDO PARA CHAPA DE MADEIRA AGLOMERADA..............24 10.1 Aplicao da resina...........................................................................................................24 10.2 Formol livre........................................................................................................................25 10.3 Reatividade ........................................................................................................................25 10.4 Toxidade e manuseio........................................................................................................25 10.5 Armazenamento ................................................................................................................25 11 COLAGEM NA PRODUO DE CHAPAS DE MADEIRA AGLOMERADA........................26 12 FORMALDEDO.....................................................................................................................28 12.1 A importncia do formaldedo .........................................................................................28 12.2 Mtodo de teste .................................................................................................................28 12.3 O mtodo da FIRA.............................................................................................................29 12.4 Liberao do formaldedo ................................................................................................29 12.5 Mtodo de anlise .............................................................................................................29 12.6 Classificao dos produtos conforme o formaldedo ...................................................30 13 O MEIO AMBIENTE...............................................................................................................30 14 RESDUOS.............................................................................................................................33 14.1 Reduo dos resduos......................................................................................................33 14.2 Resduos de mveis..........................................................................................................34 14.3 Reciclagem ........................................................................................................................34 15 PRODUO DE CHAPA DE MADEIRA AGLOMERADA....................................................34 16 PREPARAO DOS CAVACOS ..........................................................................................35 17 SECAGEM .............................................................................................................................35 18 PREPARAO DO ADESIVO ..............................................................................................35 19 PREPARAO DA CHAPA DE MADEIRA AGLOMERADO...............................................35 19.1 Etapas para a fabricao da chapa de madeira aglomerada ........................................36 19.2 Processo de fabricao da chapa de madeira aglomerada ..........................................36 20 PREPARAO DOS CORPOS-DE-PROVA ........................................................................36 21 ENSAIOS FSICO-MECNICOS ...........................................................................................37 21.1 Dimensional dos corpos-de-prova ..................................................................................37 21.2 Densidade ..........................................................................................................................37 21.3 Absoro e inchamento....................................................................................................37

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    21.4 Arranque de parafusos .....................................................................................................37 21.5 Resistncia trao perpendicular.................................................................................37 21.6 Resistncia flexo..........................................................................................................37 CONCLUSES E RECOMENDAES.....................................................................................37 REFERNCIAS...........................................................................................................................38

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    Lista de Figuras FIG. 1 Fluxograma representativo dos produtos derivados da madeira reconstituda.............10 FIG. 2 Mapa de localizao dos fabricantes de chapas de madeira reconstituda no Brasil ...10 FIG. 3 Quebrador esttico........................................................................................................16 FIG. 4 Material pr-quebrado para tratamento posterior..........................................................16 FIG. 5 Processo da WKI para desintegrar retalhos de chapas de aglomerado .......................18 FIG. 6 Equipamentos da WKI para desintegrar retalhos de chapas de aglomerado ...............19 FIG. 7 Equipamentos da WKI para desintegrar retalhos de chapas de aglomerado ...............20 FIG. 8 Mveis velhos e restos de chapas de madeira aglomerada .........................................34 FIG. 9 Peneira ..........................................................................................................................35 FIG. 10 Equipamento Granu Test ............................................................................................35 FIG. 11 Prensa hidro-eltrica ....................................................................................................36 FIG. 12 Misturador de cola.......................................................................................................36 Lista de Quadros QUADRO 1 - Cronologia do desenvolvimento da indstria de chapa de madeira aglomerada....7 QUADRO 2 - Defasagem brasileira em relao aos produtos de madeira reconstituda .............9 QUADRO 3 Tipos de produtos, localizao e capacidade nominal instalada (m3/ano) ..........11 QUADRO 4 rea total reflorestada em hectares com os gneros Eucalyptus spp e Pinus spp no Brasil ......................................................................................................................................12 QUADRO 5 Curvas de reatividade...........................................................................................25 QUADRO 6 Tempo de vida da RUF AA1801 a 400C ..............................................................25 QUADRO 7 Tempo de vida da RUF AA1801 a 700C ..............................................................25

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    Ttulo Reconstituio de chapas de aglomerado Assunto 2021-4/00 - Fabricao de madeira laminada e de chapas de madeira compensada, prensada ou aglomerada Resumo Estudo sobre a desaglomerao de retalhos de chapas de madeira aglomerada e a reconstituio de novas chapas. Para a reconstituio da chapa, utilizada resina de uria-formaldedo, nas mesmas propores utilizadas para o processamento de chapas pela indstria de fabricante de aglomerado. Apresenta os resultados de ensaios de caracterizao fsica e mecnica e uma comparao com o que determina a norma tcnica NBR 14810-2:2002, para a fabricao de chapas de madeira aglomerada. . Palavras-chave Aglomerado; aproveitamento de resduo; chapa; madeira Contedo 1 INTRODUO Os principais produtos slidos de madeira so as chapas de aglomerado e os seus concorrentes diretos como a madeira serrada, o compensado, MDF (Mdium Density Fiberboard) e a chapa de fibra ou chapa dura. Nas duas ltimas dcadas, a chapa de madeira aglomerada destacou-se no mercado nacional como o principal substituto da chapa de compensado, acompanhando tendncia verificada no mundo. Os produtos derivados da madeira aparecem como uma alternativa para a reduo da heterogeneidade do material utilizado pela indstria moveleira e, em geral obtido de diversas fontes. Tais produtos apresentam qualidades anlogas s da madeira, reduzem suas limitaes e podem ser aplicados em situaes antes restritas a outros materiais. Um outro fator importante que confirma o desenvolvimento de produtos derivados da madeira a possibilidade de elaborar compsitos com o aproveitamento de resduos de processamento da madeira ou ainda de processamento de resduos de chapas de madeira aglomerada, sem perda da qualidade do produto. Dentre esses produtos derivados, podem ser destacados as chapas de madeira aglomerada, que aparecem como sendo ainda a principal matria-prima para a fabricao de mobilirio, tanto no mercado nacional como internacional. A falta de madeira macia na quantidade e qualidade necessrias fabricao de mobilirio, associadas aos altos custos de transporte e o dficit provocado pelo fator consumo em relao ao fator plantio, tm levado o setor moveleiro a buscar alternativas que possam garantir a produo de mobilirio demandado pelo mercado. A fabricao do aglomerado originado a partir do reaproveitamento de resduos visa atender especificamente a indstria do mvel, embora possa vir a ter outras aplicaes.

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    As chapas de madeira aglomerada so fabricadas com cavacos de madeira ou outros materiais aglutinados por meio de uma resina a base de uria-formaldedo e, em seguida, prensados quente. Durante o processo de produo, so adicionados diversos produtos qumicos, sendo a uria-formaldedo o aglutinante e a parafina o protetor contra umidade, fungicidas, entre outros, para evitar o mofo e o ataque de insetos. As principais fontes de matrias-primas utilizadas pelas fbricas de chapas de madeira aglomerada so: madeira proveniente de trato cultural de florestas plantadas e reciclagem de madeira sem serventia. Madeiras de qualidade inferior no industrializveis de outra forma. Resduos de explorao florestal e resduos industriais. No Brasil, a madeira de florestas plantadas, especialmente de Eucalyptus spp e Pinus spp, constituem a fonte mais importante de matrias-primas para a fabricao de aglomerado. A chapa de madeira aglomerada possui mltiplas aplicaes, dentre as quais se destacam na fabricao de mveis, tampos de mesas, laterais e portas de armrios, divisrias, laterais de estantes e, de forma secundria, na indstria de construo civil. No Brasil, a principal utilizao na indstria moveleira. Entre os principais pases produtores de aglomerado, destacam-se: a Alemanha, com 17% da produo mundial e os Estados Unidos, com 14%. O Brasil fabrica cerca de 2% dos painis de aglomerado produzidos no mundo (ABIPA, 2004). O consumo mundial de painis de madeira aglomerada apresentou, entre 1990 e 1998, uma taxa mdia de crescimento cerca de 1,3% ao ano, atingindo naquele ltimo ano, segundo estimativas da Jaakko Pyry (1999), o volume de 56 milhes de metros cbicos. Os fabricantes de mveis localizados nos plos moveleiros so os principais mercados consumidores de aglomerado, posto que entre 80% e 90% do volume produzido destinado fabricao de mveis. A maior parcela da produo nacional absorvida diretamente pela indstria moveleira. Um volume menor comercializado pelas revendas e destinado ao setor moveleiro de pequeno porte: os fabricantes de mveis sob encomenda. Tal forma de comercializao deve ser atribuda ao fato do pequeno industrial moveleiro no ter capacidade financeira de efetuar encomendas no atacado ao setor produtor. Atualmente, os mveis so produzidos predominantemente no Sul e Sudeste do Pas. A localizao das empresas produtoras de aglomerado nessas regies leva em considerao a concentrao dos plos moveleiros uma vez que a proximidade com esses plos estratgica para garantir o abastecimento indstria devido aos menores custos de transporte e vice-versa. Pesquisa da Universidade de Caxias do Sul -UCS indica que as empresas que compem a Cadeia Produtiva Madeira Mveis, geram um volume significativo de resduos, principalmente na indstria de madeira serrada, lminas e compensado, que gira em torno de 19.250.000 m/ano. Nesse segmento, os resduos representam 50,71% do volume original de toras de rvores que lhes deram origem (SCHNEIDER, 2004). A mesma fonte cita que a falta de informaes mais precisas sobre a quantidade e caracterstica dos resduos gerados pela indstria do mvel, no possibilita indicar modelos de gesto desses resduos. Por outro lado, o Centro Nacional de Tecnologias Limpas - CNTL tem disponibilizado diversas ferramentas para a gesto destes resduos. O impasse se encontra na importncia que as empresas moveleiras do ao tratamento de questes voltadas ao controle de gerao de resduos bem como o destino a ser dado.

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    O levantamento da quantidade e dos tipos de resduos gerados pela indstria moveleira e o seu destino, torna-se de fundamental importncia, formando a base para projetos de pesquisa e formulao de modelos de gerenciamento que possibilitem alternativas para melhor aproveitamento da matria-prima. Segundo relatrios internos do Centro Tecnolgico do Mobilirio (2002), a reduo de matrias-primas na fonte uma prtica que visa diminuir o consumo de materiais ao longo do ciclo de vida do produto, sendo uma das alternativas mais desejveis em termos de diminuio de impactos ambientais, pois ao reduzir-se o consumo de matrias-primas, reduz-se tambm a quantidade de resduos gerados. Durante todo o ciclo de vida de um produto, so produzidos diversos tipos de resduos, sendo que o descarte, aps a vida til, apenas uma frao destes resduos, eles se encontram presentes tambm durante a fabricao e uso. Assim, importante a adoo de tecnologias que recuperem estes resduos, aproveitando ao mximo a matria-prima, obtendo-se ganhos ambientais e econmicos. Porm, importante lembrar que se mais ecologicamente eficiente medida que uma menor quantidade de resduos gerada. Como ponto positivo relacionado s prticas ambientais, para as empresas localizadas na regio de estudo - a Serra Gacha, pode ser citada a forma como as empresas esto gerenciando seus resduos. A maioria delas est associada Fundao Bentogonalvense Pr-Ambiente - PROAMB que dispe de um aterro industrial e um sistema de gerenciamento de resduos, considerada modelo no Estado do Rio Grande do Sul. A reciclagem dos resduos, tambm se destaca como fator positivo, principalmente nas empresas que utilizam o metal como matria-prima. Duas observaes necessitam ser feitas com relao ao que pode ser melhorado no destino dado aos resduos das empresas: a primeira que poderia haver um aproveitamento melhor da serragem e cavacos de madeira, utilizando-os, por exemplo, para a fabricao de chapas de madeira aglomerada de tamanho reduzido e assim poder-se-ia aumentar o nmero de projetos para a reduo dos resduos gerados, pois, numa viso ambiental mais ampla, melhor do que dar um destino adequado aos resduos no ger-los. A segunda, buscar alternativas junto a rgos de fomento para instalao de uma planta de gerao de energia a partir dos resduos industriais derivados da madeira, tinta e lixas. Tambm poderiam ser aproveitados resduos de madeira da construo civil e at mesmo, lixo urbano. O alto controle dos gastos com energia eltrica, com a tomada de medidas para reduo do consumo, destaca-se como uma prtica que pode ser associada ao ecodesign nas empresas fabricantes de mveis. Porm, alguns fatores devem ser melhorados em termos ambientais, como a correta escolha de matrias-primas menos impactantes ao meio ambiente. Este fator ainda muito tnue nas empresas. Apesar da crescente utilizao de madeira reflorestada, a oferta de madeira com certificado ambiental que atesta provenincia de floresta manejada de forma sustentvel, ainda muito pequena no RS. Ainda so utilizadas madeiras que esto com as reservas quase esgotadas, como por exemplo, o pau-marfim, e h programas muito incipientes para incentivar a substituio por madeiras mais rapidamente renovveis, principalmente para a fabricao de mveis de madeira macia de valor agregado maior. Neste ponto, tambm podem ser utilizados os novos produtos que j esto no mercado, como por exemplo: novos sistemas de pintura utilizando tinta em p, adesivos biodegradveis e com base de gua e, ainda, tintas e vernizes livres de solventes prejudiciais ao meio ambiente. Pases como Alemanha, Itlia e Espanha tm buscado alternativas para a reduo dos impactos ambientais ocasionados pela gerao de resduos provenientes da industrializao de chapas de aglomerado. Uma delas, e talvez a mais significativa, a experincia desenvolvida pela WKI da Alemanha que desenvolveu um processo de recuperao dos resduos de chapas de madeira aglomerada no final da dcada de 90 e transformou o invento em um grande negcio, transformando resduo em matria-prima para fabricao de mobilirio.

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    No Brasil, h muitos experimentos para uso do mesmo resduo, no entanto, os experimentos se concentram na moagem dos retalhos de chapas de aglomerado e a utilizao de polmero reciclado como elemento de aglutinao. 2 OBJETIVO Contribuir para o desenvolvimento sustentvel e a reduo dos impactos ambientais, atravs da utilizao dos resduos de madeira aglomerada na fabricao de novas chapas de madeira aglomerada. 3 HISTRICO 3.1 Histrico no mundo A madeira aglomerada surgiu nos Estados Unidos, em razo da necessidade do aproveitamento de restos de madeira das serrarias que se acumulavam e ocupavam grandes espaos nos ptios e interior das mesmas. Segundo Carnos (1988), os norte-americanos j demonstravam preocupao no aproveitamento dos resduos por volta de 1887, atravs de publicao tcnica que apresentava sugestes para a transformao de restos de madeira em tbuas ou chapas. A idia e as primeiras experincias partiram de tcnicos dos Estados Unidos. Logo a seguir, tcnicos da Alemanha, enfrentando o mesmo problema, se interessaram pela mesma idia e tambm comearam a estudar o assunto. A primeira planta piloto para produzir aglomerado foi instalada nos Estados Unidos em 1905. A partir desta data, as experincias foram se desenvolvendo de tal maneira que grandes empresas fabricantes de mquinas e equipamentos se voltaram para a fabricao de mquinas para a indstria de madeira aglomerada, com isso, surgiram grandes unidades fabris junto a centros industriais e comerciais do mundo todo, voltadas para a fabricao de chapas de madeira aglomerada. Os relatos mais detalhados sobre o desenvolvimento da indstria de chapas de madeira aglomerada foram feitos pelo Dr. Wilhen Klauditz, diretor do Instituto de Pesquisas de Madeiras, na Escola Superior de Braunshweig, na Alemanha, com a cooperao do professor F. Kollm, tcnico madeireiro de fama mundial (Quadro 1). QUADRO 1 - Cronologia do desenvolvimento da indstria de chapa de madeira aglomerada. Ano Acontecimento 1905 Foi instalada nos Estados Unidos, uma fbrica piloto, idealizada por Watson, no

    sistema ento denominado de Flaceboard. 1918 Beckman tentou transformar serragem em chapas. 1926 Freudenberg tentou o mesmo que Beckman. 1933 Foi instalada nos Estados unidos a primeira fbrica que conseguiu produzir

    madeira aglomerada na espessura de 3,2 mm. 1935 Neumayer registrou uma patente com sugestes para a produo de chapas

    multiplacadas4. 1936 A. Pfohl registrou a primeira patente com indicaes quase exatas sobre a

    fabricao de chapas a partir de lascas cortadas de tamanhos pr- determinados, com a adio de aglomerante. O processo no evoluiu.

    1938 Nos estados Unidos foi instalada uma fbrica no sistema Pfohl e na Alemanha iniciava-se a produo de madeira aglomerada fenlica.

    1941 Foram fabricadas na Alemanha, com bases industriais, as primeiras chapas, utilizando-se serragem e sobras da indstria de compensados, rudimentarmente triturados.

    (continua)

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    (continuao) 1942 Foram produzidas industrialmente cerca de 500.000 m2 de chapas. 1943 Foram montadas as primeiras usinas segundo os planos traados por Fahrni,

    que patenteou o sistema Novopan. 1947 A fabricao de chapas sofreu considervel estagnao aps o trmino da

    segunda guerra mundial, devido, em grande parte, s dificuldades na obteno de aglomerante e da prpria madeira.

    1949 Com o desenvolvimento da produo de resinas sintticas adesivas, a fabricao de chapas aglomeradas foi reativada, notando-se o interesse dos fabricantes de mquinas que comearam a oferecer ao mercado cortadores de partculas, secadores, peneiras, prensas hidrulicas especiais e outros equipamentos necessrios para o beneficiamento da madeira e confeco de chapas artificialmente.

    1952 Chegaram aos usurios, na Alemanha, as primeiras chapas destinadas indstria moveleira.

    1958 Deste perodo at os dias atuais, a produo mundial de chapas de madeira aglomerada vem aumentando de maneira impressionante.

    1965 instalada a primeira fbrica de madeira aglomerada no Brasil no Paran. 2002 criada a primeira norma tcnica brasileira para chapas de madeira aglomerada

    NBR 14.810. Fonte: SENAI. RS. Centro Tecnolgico do Mobilirio. Os tcnicos norte-americanos foram os primeiros a fabricar uma tbua artificial, em vez de fazer madeira compensada. Eles desfibraram madeira natural que foram comprimidas de novo, numa mistura homognea, com ajuda de um aglutinante. Na Europa, o mtodo foi desenvolvido pelo suo Fahrni (pai) e o alemo Himmelheber Fahrni (filho) criou a primeira chapa de trs camadas em forma prtica, usvel e que foi produzida industrialmente. Himmelheber coletou e interpretou as primeiras experincias, com o desenvolvimento de aglomerado a base de uria-formaldedo, sobre a execuo tcnica, o valor econmico e o aproveitamento de aglomerado. Uma das primeiras sugestes sobre a fabricao de madeira artificial foi apresentada na revista A Valorizao dos Restos de Madeira, editada em 1887. O produto obtido atravs da utilizao da serragem e cola de albumina de sangue, com auxlio de presso e temperatura. 3.2 Histrico no Brasil Por se tratar de um produto pouco conhecido pelos fabricantes de mveis, os moveleiros no se interessaram inicialmente por seu emprego. Julgavam que chapas de madeira aglomerada no passavam de uma espcie de papelo endurecido, portanto, sem a devida resistncia para a finalidade a que se propunha, a fabricao de mveis. Esse preconceito ocorreu antes que o aglomerado confirmasse a sua utilizao, apenas pela sua aparncia. No entanto, alguns fabricantes de mveis, por terem vindo de pases onde j se utilizava o aglomerado, outros por terem participado de feiras no exterior ou ainda pela leitura de publicaes tcnicas estrangeiras quanto ao emprego do aglomerado na fabricao de mveis, temerosamente mostraram algum interesse pela nova madeira disponvel. Arruda (1997) descreve que nunca a indstria moveleira do Brasil foi submetida a mudanas to intensas e profundas como as que aconteceram nas ltimas dcadas em razo do surgimento das chapas de madeira aglomerada e outras. As chapas de madeira aglomerada revolucionaram processos de fabricao e conceitos tradicionais. H fortes motivos para tantas

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    transformaes. Madeiras como o mogno, a cerejeira e o cedro, por exemplo, tornaram-se mais difceis de obteno, tanto pelo alto custo, quanto pela dificuldade de oferta.

    Quadro 2 - Defasagem brasileira em relao aos produtos de madeira reconstituda. Produtos Mundo Brasil Defasagem (anos)

    Compensado 1913 1940 27 Chapa de fibra 1930 1955 25

    Madeira aglomerada 1950 1966 16 MDF 1970 1998 28

    Waferboard 1975 - 25* OSB 1975 2002 27

    Homogeneous board 1980 1990 10 LVL 1972 - 29*

    Madeira-Cimento 1914 - 87* Fonte: REMADE, 2004.

    O primeiro grande referencial desta poca e que se tornou um marco no setor, foi o uso da chapa de madeira aglomerada, utilizando-se madeira reflorestada, principalmente Pinus spp e eucayiptus spp. A utilizao da madeira de Pinus spp para a fabricao de aglomerado teve um incremento muito grande a partir da segunda metade da dcada de 70. Na dcada de 80, a industria de mveis passa a demandar chapas de aglomerado revestidas com melamina (BP). Essa matria-prima se constituiu no principal insumo para a fabricao de mveis em todo o mundo. No Quadro 2, acima, v-se a defasagem brasileira em relao aos produtos de madeira reconstituda, em relao aos pases de primeiro mundo. O Brasil, com plos moveleiros distribudos tambm em outras regies que no os localizados no centro sul e agrupados pelo Servio Brasileiro de Apoio Empresarial (SEBRAE) em Arranjos Produtivos Locais (APLs), tambm se constituem como parte expressiva do mercado consumidor de aglomerado, sendo que, devido aos altos custos de frete, os preos dos produtos so mais elevados. Apesar de ainda no existir qualquer unidade produtora de aglomerado na Regio Nordeste, projetos de implantao de fbricas de aglomerado podero ser viabilizados. A demanda potencial regional para aglomerado no Nordeste estimada em 330 mil m/ano. Essa estimativa foi calculada a partir do que essa regio importa do Sul e Sudeste: 30 mil m em painis e 300 mil m em mveis. Os principais produtos slidos de madeira concorrentes do painel de aglomerado so a madeira serrada, o compensado, MDF (Mdium Density Fiberboard) e a chapa de fibra ou chapa dura. Nas duas ltimas dcadas, a chapa de madeira aglomerada destacou-se no mercado nacional como o principal substituto da chapa de compensado, acompanhando tendncia verificada no mundo (FIG. 1).

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    FIG. 1 - Fluxograma representativo dos produtos derivados da madeira reconstituda

    Fonte: REMADE, 2002. O crescimento do MDF tem sido elevado, pois a introduo do produto no mercado nacional veio a ocorrer no incio dos anos 90. O consumo de chapa de fibra dura e de compensado tende a estagnar ou mesmo cair face legislao ambiental, que vm exigindo investimentos no processo de tratamento dos efluentes. Esses produtos vm sendo substitudos pelo aglomerado e pelo MDF. A demanda por aglomerado tem aumentado principalmente devido expanso do consumo de mveis retilneos fabricados pela indstria de mveis do Sul do Brasil. As projees realizadas apontavam um incremento mdio de 11% ao ano para as chapas de aglomerado at 2004, devendo ultrapassar este valor a partir de 2005. Esse ndice inferior ao do comportamento da demanda. Nos ltimos oito anos, cresceu em mdia 13% ao ano.

    FIG. 2 - Mapa de localizao dos fabricantes de chapas de madeira reconstituda no Brasil Fonte: ABIPA, 1998.

    PRODUTOS COMPOSTOS DE MADEIRA

    COMPOSTOS LAMINADOS COMPOSTOS PARTICULADOS

    COMPENSADOLAMINADO

    L.V.L.

    COMPENSADOSARRAFEADO

    VIGAS LAMINADAS

    MINERAIS

    FIBRAS

    AGLOMERADO

    Convencional

    Waferboard

    O.S.B.

    Flake

    M.D.F.

    Isolante

    Dura

    Exselsior

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    Nos ltimos anos, o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) financiou projetos de expanso da produo de aglomerado para a Tafisa na implantao de uma nova unidade produtiva com capacidade para produzir 165 mil m/ano de aglomerado e 145 mil m/ano de MDF e contou com o financiamento de R$ 112.000.000,00 do BNDES (investimento total de R$ 174.000.000,00). No projeto da Satipel para uma nova fbrica com capacidade de 360 mil m/ano tambm contou com o apoio do BNDES, que financiou R$ 50.000.000,00 em um investimento total de R$ 159.000.000,00 (REMADE, 2002). Mais recentemente o grupo Isdra, investiu mais de R$ 100.000,00 em uma moderna planta de MDF na cidade de Glorinha, Rio Grande do Sul. A planta tem capacidade para mais de 250 mil m/ano de MDF, at 2005 (MOVERGS, 2004). Para 2005, est prevista a duplicao e modernizao da planta da Satipel em Taquari, no Rio Grande do Sul e a implantao da planta de chapas de aglomerado da Isdra em Glorinha (SEDAI, 2004). Na FIG. 2, esto identificadas as localizaes dos produtores de painis de madeira reconstitudas no Brasil. Em seis dcadas, entre 1990 e 2050, aproximadamente duas rotaes de florestas brasileiras de Pinus spp, sero necessrias para atender a demanda de madeira, pois a populao mundial ir passar de cinco, para talvez 9,5 bilhes de pessoas. O consumo de madeira subir quase na mesma proporo do crescimento populacional e o Brasil desponta como o grande potencial para atender a demanda de mercado devido a diversos fatores citados a seguir (AGEFLOR, 2001). No Brasil so necessrios 50.000 ha de florestas para suprir uma fbrica de celulose branqueada de 500.000 ton./anuais. Na Escandinvia, a rea requerida de 800.000 ha enquanto que no Canad esta exigncia eleva-se para 1.600.000 ha. A grande varivel, tempo, tem resposta mais rpida no Brasil (ABIPA, 2002). No Quadro 3, possvel verificar a localizao, a capacidade instalada e o tipo de produto dos principais fabricantes de chapas de aglomerado no Brasil. Quadro 3 - Tipos de produtos, localizao e capacidade nominal instalada (m3/ano)

    EMPRESA LOCALIZAO PRODUTO CAPACIDADE

    INSTALADA/EMPRESA (m3/ano)

    BERNECK AGLOMERADOS S.A. Araucria/PR Aglomerado

    280.000 *400.000

    BONET** Santa Ceclia/SC Aglomerado 42.000 *52.000 Gravata/RS

    Itapetininga/SP Aglomerado 330.000 *380.000

    Botucatu/SP Jundia/SP Chapas de fibra 370.000

    DURATEX S.A.

    Agudos/SP MDF 180.000

    Botucatu/SP Aglomerado 324.000 *360.000 EUCATEX S.A. IND. E COMER.

    Salto/SP Chapas de fibra 230.000 Curitiba/PR Aglomerado 300.000

    PLACAS DO PARAN S.A. Jaguariava/PR MDF 220.000

    MASISA Ponta Grossa/PR MDF 240.000

    SATIPEL INDUSTRIAL S.A. Uberaba/MG Taquari/RS Aglomerado 340.000

    SETA** Esteio/RS Aglomerado 9.000

    TAFISA BRASIL S.A. Pin/PR Aglomerado MDF

    204.000 145.000 *384.000

    * Aumento de produo; ** No associada a ABIPA. Fonte: ABIPA, 1998.

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    Quadro 4 - rea total reflorestada em hectares com os gneros Eucalyptus spp e Pinus spp no Brasil

    Estado Eucalipto Pinus Total Minas Gerais 1.523.750 143.410 1.667.160

    So Paulo 574.150 202.010 776.160 Paran 67.000 605.130 672.130

    Santa Catarina 41.550 318.120 359.670 Bahia 213.400 238.390 451.790

    Rio Grande do Sul 115.900 136.800 252.700 Outros 431.030 182.390 613.420 Total 2.966.780 1.826.250 4.793.030

    Fonte: REMADE, 2004. O ramo madeira sempre teve uma presena forte nas foras produtivas do pas e no so poucas as cidades que se desenvolveram tendo com a base de sua economia, as madeireiras. Porm, quase todas atravs da explorao dos recursos naturais existentes no renovveis. O Brasil como um todo, e a regio sul em particular, rene condies excepcionais para o desenvolvimento de florestas. As reas compreendidas pelos Estados do Paran, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, onde havia extensas reas cobertas por florestas com elevada taxa de produo por hectare, valores que se aproximavam de 500 m3/ha (enquanto a floresta Amaznica se situa em torno de 290 m3/ha), atestam a viabilidade de resgatar este patrimnio florestal e a vocao natural (solo/clima) para a produo de florestas. Esta elevada taxa de produo de biomassa florestal se deve, principalmente, unio de condies edficas e climticas que favorecem o desenvolvimento vegetal, e neste caso o crescimento de florestas de espcies exticas tem se caracterizado como um grande fator de competitividade para a cadeia produtiva do mvel (BERNARDI, 2003). No Quadro 4, pode-se observar onde esto as florestas plantadas, quais as espcies de madeira e o total de rea reflorestada. Estima-se que cerca de 60% da madeira macia industrializada pelas fbricas de mveis j proveniente de plantios. O uso da madeira de eucalipto para a fabricao de mobilirio vem se consolidando no Brasil, principalmente aps a implantao da moderna serraria da Aracruz, localizada na cidade de Teixeira de Freitas no sul da Bahia. A demanda de madeira plantada para suprir todos os segmentos industriais de 450 mil ha/ano de Pinus spp. e Eucalyptus spp. e a rea reflorestada anualmente tem sido de 150 mil ha/ano, ocasionando, portanto, um dficit de 300 mil ha/ano (FORUM BRASILEIRO DE QUALIDADE E COMPETITIVIDADE, 2000). De acordo com esta tendncia ocorrer o colapso na oferta de madeiras j na primeira dcada do sculo XXI. Este fato aliado ao impacto ambiental provocado pela explorao de espcies tropicais, bem como ao crescente valor de mercado destas matrias-primas, conduz a necessidade do estudo de melhor aproveitamento tecnolgico e da introduo de espcies alternativas no mercado. De acordo com o Programa Nacional de Florestamento (PNF), o rendimento do desdobro de madeiras tropicais de aproximadamente 35%. Por outro lado, poucas so as florestas plantadas existentes que possuem material com caractersticas de nveis de qualidade que permitam alto rendimento no processamento da madeira. A falta de um padro de qualidade que proporcione ao setor de base florestal reconhecimento internacional, est intimamente ligada com a falta de definio entre os diversos setores de um padro nacional e competitivo para os produtos dos setores madeireiro e moveleiro. O estudo de Venzke (2002 apud BERNARDI, 2003), aponta que a cadeia produtiva moveleira no Rio Grande do Sul tem uma grande importncia para a economia do Estado, ela responsvel por 8% do PIB, no entanto, apresenta-se de forma pouco organizada,

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    prevalecendo a verticalizao do setor. Muitas empresas optam por produzir desde a matria-prima at o produto final, no confiando muitas etapas de produo a terceiros. Esta postura tende a gerar ineficincia em toda a cadeia, conforme coloca Coutinho (1999), ocorre que no h uma especializao em cada elo, gerando aumentos dos custos de produo. Segundo a Associao Brasileira dos Fabricantes de Mveis (ABIMVEL, 2001), a difuso de novas matrias-primas para a confeco do mvel, como as madeiras reflorestadas e certificadas, traria a toda a cadeia produtiva grande vantagem competitiva. Isto, porm, dificultado por alguns fatores, como por exemplo: a carncia de fornecedores experientes no plantio especializado, assim como no processamento primrio e secundrio da madeira. Os baixos investimentos no projeto moveleiro, gerando pequena demanda da indstria por novos materiais, e a inexistncia de interao da indstria moveleira com o consumidor final, prejudicando a identificao de novas tendncias de mercado. Isto demonstra a necessidade de uma maior integrao da cadeia produtiva, visando o seu fortalecimento. Gorini (1998) observa que a distribuio e a assistncia tcnica so reas que tambm podem melhorar muito na cadeia produtiva moveleira no Brasil. No que se refere distribuio, acredita-se que as transformaes previstas no varejo nacional, como o aumento da concentrao e a entrada de novas empresas seguindo um movimento global de internacionalizao, tero impactos positivos sobre o setor moveleiro nacional, cabendo destacar entre eles o aumento da eficincia produtiva em toda a cadeia e o melhor atendimento ao consumidor. A Universidade de Caxias do Sul, atravs de seu Campus em Bento Gonalves, realizou um trabalho de prospeco para quantificar o volume de resduos de aglomerado e MDF gerados pela indstria moveleira das regies de Bento Gonalves, Flores da Cunha e Lagoa Vermelha. Os dados publicados apontam um volume de 6,2% de chapas de aglomerado utilizados pela indstria de mveis seriados, descartado como resduo na forma de serragem e retalhos (UCS, 2004). Na Feira de Hannover, na Alemanha em 1997, foi apresentado pela Fraunhofer Wilhelm-Klauditz-Institut Holzforschung - WKI, uma planta piloto para separao das partculas de madeira de painis de aglomerado e MDF. O projeto piloto de Markus Erbreich (1997 apud SENAI. RS, 2003). O projeto denominado de Recycling of laminated boards, utiliza retalhos de aglomerado e MDF que so quebrados em pedaos e colocados em uma autoclave juntamente com uma soluo de gua, cido e uria. O material impregnado com esta soluo e aquecido a uma temperatura de 110C, por aproximadamente 20 minutos. Aps, as fibras so separadas e secadas. As fibras ou partculas recuperadas so adicionadas ao material virgem para a fabricao de novos painis. As chapas de madeira reconstituda - aglomerado e MDF - so as matrias-primas mais utilizadas pela indstria de mveis. A madeira macia tambm bastante utilizada no Brasil, sendo que as madeiras provenientes de mata nativa esto com sua utilizao em rpido declnio. A crescente utilizao de tbuas provenientes de plantios das espcies Pinus spp e Eucalyptus spp vm se firmando como substitutos naturais, principalmente na regio centro sul do Brasil. O Estado do Rio Grande do Sul possui uma extensa rea de florestas plantadas de Pinus spp, Eucalyptus spp e accia negra. Grande parte dos reflorestamentos existentes, estimados em 470.000 ha so predominantemente espcies de crescimento rpido como o Pinus spp que esto concentrados na metade sul do Estado, regio de menor desenvolvimento econmico do RS. Por esta razo, a Federao das Indstrias do Estado do Rio Grande do Sul - FIERGS, o Servio Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI-RS, a Associao Gacha de Empresas Florestais - AGEFLOR, em conjunto com outras entidades representativas do Estado, como a Associao das Indstrias de Mveis do Estado do RS - MOVERGS o Sindicato da Indstria de Serrarias, Carpintarias, Tanoarias, Esquadrias, Marcenarias, Mveis, Madeira Compensada e

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    Laminada, Aglomerados e Chapa de Fibra de Caxias do Sul - SINDIMADEIRA, o Sindicato da Indstria da Construo e do Mobilirio de Bento Gonalves - DIMVEIS e o Sindicato da Indstria do Papel, Papelo e Cortia do Estado do RS - SINPASUL, tiveram a iniciativa de dar suporte ao desenvolvimento da cadeia de base florestal local, considerando a possibilidade de implantao de um plo madeireiro/moveleiro na metade sul do Estado. Desta forma, transformar o potencial florestal existente em bens e servios, criando uma cadeia produtiva capaz de gerar mais empregos, renda e impostos, elementos fundamentais para a melhoria das condies de vida da populao da regio (AGEFLOR, 2002). 4 MADEIRA AGLOMERADA No Brasil, a normalizao recente. A primeira norma surgiu em 2002, NBR 14810. Pela norma brasileira, a definio a seguinte: Produto em forma de painel, variando de 3 a 50 mm de espessura, constitudo por partculas de madeira aglomeradas com resinas naturais ou sintticas, termofixas, sob presso e calor. A geometria das partculas e sua homogeneidade, os tipos de adesivos, a densidade e os processos de fabricao podem ser modificados para produzir produtos adequados aos usos finais especficos. Durante o processo de fabricao, podem ser ainda incorporados aditivos para prover painis com caractersticas especiais (ABNT, 2002). At 2002, a caracterizao bsica determinada para a madeira aglomerada brasileira era baseada em normas internacionais. a seguinte a definio da madeira aglomerada nas normas da American Society for Testing and Materials ASTM: um produto composto de pedaos midos de madeira ou outros materiais ligno-celulsicos que so unidos por adesivos de resina sinttica em presena de calor e presso. Definio semelhante encontrada no Glossrio Mobilirio e Madeira: Material obtido pela aglutinao de fibras ou partculas de madeira, ligadas com resinas sintticas, com formato de chapa por efeito de presso e calor. (SENAI. RS, 1994). Pode-se considerar ainda a definio encontrada no Quick and Easy: Placa obtida pela prensagem de mistura de madeira fragmentada e outros materiais celulsicos, termo genrico usado para material manufaturado de madeira e adesivo sinttico (TENRIO, 1997). Normas tcnicas de outros pases como Deutsche Industrie Normen (DIN) da Alemanha, British Standart Institute (BSI) da Inglaterra e Association Franaise de Normalisation - AFNOR da Frana, definem madeira aglomerada de maneira muito semelhante s descritas no pargrafo acima. Madeira aglomerada madeira transformada graas elevada tecnologia que conserva no produto as boas qualidades da madeira natural. Ela pode ser considerada como uma das mais bem sucedidas substitutas da madeira macia sendo inferior apenas ao MDF - Mdium Density Fiberboard para algumas aplicaes. A madeira aglomerada formada basicamente de madeira e adesivo, que tambm denominado de aglomerante. Partculas de madeira natural so obtidas de espcies vegetais, no caso brasileiro, Pinus spp e Eucalyptus spp. O adesivo geralmente empregado, uma resina sinttica de base uria-formaldedo. Para a produo de alguns tipos especiais de madeira aglomerada, so usadas resinas de base fenol-formaldedo, melamina-formaldedo ou uria-formaldedo-melamina. A madeira aglomerada pode ser produzida com uma, duas ou trs, ou ainda com mltiplas camadas. A forma mais utilizada com trs camadas. As camadas externas so mais duras, mais densas, lisas e de espessuras iguais. A camada interna produzida intencionalmente com maior porosidade a fim de absorver as tenses, sem que o complexo seja afetado. O equilbrio das chapas obtido pelas camadas externas, entre as quais as partculas interiores

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    realizam seus micros movimentos, sem afetar as superfcies. As camadas externas possuem a propriedade de isolar a camada interna da umidade do ambiente, dando menor valor as possveis variaes da mesma. Assim, dentro de certas limitaes e obedecendo s instrues tcnicas de uso, a estabilidade dos painis ou componentes dos mveis fica assegurada. H pelo menos outros dois tipos de chapas de madeira que seguem processo semelhante ao da chapa de madeira aglomerada: OSB - Oriented Structural Boards e o MDF - Medium Density Fiberboard. Conforme o processo de fabricao usa-se prensa de um ou vrios pratos. H ainda outro processo de fabricao que o de calandragem de ciclo contnuo, para a produo de chapas de aglomerado de espessuras mais finas, adequadas para costas de armrios, fundos de gavetas ou embalagens. A madeira aglomerada produzida em vrias dimenses e espessuras adequadas ao mercado consumidor. A chapa pode ser encontrada no estado natural, conhecida como chapa crua; revestida com lminas de madeira natural; com melamina (BP); com Finish Foiol (FF); com base para impresso ou para pintura (CENTRO, 2002). A madeira aglomerada pode ser produzida com densidades que podem variar de 250 kg/m3 a 1.200 kg/m3. A densidade mais utilizada pela indstria moveleira varia de 400 kg/m3 a 800 kg/m3. A qualidade da sua produo no depende s de mquinas e de equipes tcnicas. Depende fundamentalmente das matrias-primas, madeira e aglomerante e, obviamente, do processo tecnolgico. 5 MADEIRA NATURAL A madeira, produto proveniente do lenho de vegetais superiores (SENAI. RS, 1994). Lenho, (alburno e cerne), um corpo poroso composto de clulas que consiste de paredes de clulas e de espao oco entre as mesmas (GONALVES, 2000). Para a produo de partculas, em princpio, servem todas as espcies vegetais. fundamental que se possa cort-las na forma plana e que sejam compatveis com os adesivos usados. (CARNOS, 1988). No Brasil as espcies mais utilizadas so o Pinus spp e o Eucalyptus spp, embora possam ser utilizadas outras espcies como a accia e a bracatinga. Podem ser utilizadas puras ou misturadas entre si, em pores determinadas. As partculas de madeira formam cerca de 90% da massa das chapas de madeira aglomerada. 6 AGLOMERANTES A resistncia das chapas de madeira aglomerada depende essencialmente da qualidade e da quantidade do aglomerante usado. Os pontos de colagem so sempre os locais mais fracos das chapas e vulnerveis a cargas mecnicas e climticas. O volume de resina slida para a fabricao das chapas varia de 7 a 10%. Trata-se de um valor relativamente pequeno se for considerado que o aumento do consumo do aglomerante beneficia seguramente valores importantes como resistncia e proteo contra inchamento. 7 DESINTEGRAO DE CHAPAS DE MADEIRA AGLOMERADA O Wilhelm-Klauditz-Institut Braunschweig - WKI (Alemanha) desenvolveu um processo de desintegrao da chapa de aglomerado e de MDF, que possvel retorn-los a forma de cavacos. So separadas as fibras e as lminas que recobrem a chapa, como tambm dobradias e parafusos. O processo considera que a resina de aminoplast utilizada para a

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    fabricao do painel de fcil hidrlise mediante controle de calor, presso e pH. Pode ser descrito como um multi-estgio semi-seco ou cheno-termo-mecnico. O processo pode ser feito com tecnologia disponvel, atravs do uso de um desintegrador que foi desenvolvido com total segurana para recuperar cavacos com alta taxa de aproveitamento e de ciclo curto. O quebrador esttico, FIG. 3, mostra um modelo para todos os tipos de resduos de madeira, retalhos de chapas de aglomerado, inclusive vigas, estrados e dormentes, para posterior reaproveitamento dos resduos de madeira.

    FIG. 3 - Quebrador esttico

    Fonte; Wilhelm-Klauditz-Institut, 2004. Primeiramente as chapas so quebradas em pedaos que variam de 15 a 20 cm de comprimento. Isto pode facilmente ser feito. Pode-se utilizar uma espcie de britador giratrio para quebrar as chapas e refugos das fbricas de mveis provenientes de cortes de serra. Os pedaos podem ser maiores, porm nunca muito menores, pois pedaos muito pequenos tendem a destruir os cavacos e o revestimento que alguns painis possuem. Tambm se deve levar em conta que j h cavacos encurtados nas extremidades dos painis e em parte pelo rompimento na hora de transformar em pedaos (Wilhelm-Klauditz-Institut, 1997). Ver FIG. 4.

    FIG. 4 - Material pr-quebrado para tratamento posterior

    Fonte: Wilhelm-Klauditz-Institut, 2004. Os pedaos de chapas so colocados em uma autoclave. A madeira saturada com a impregnao de uma substncia liquida composta de gua, formaldedo, e outras substncias qumicas que ligam com a uria e quantias pequenas de cido sulfrico para diminuir o pH. A

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    substncia lquida que no ficou impregnada aps uns 10 minutos, reutilizada no prximo ciclo. Para alcanar a desintegrao, necessrio que os pedaos de painel absorvam aproximadamente 70% do seu prprio peso da soluo de impregnao. A impregnao pode ser aumentada pelo aumento da temperatura do lquido de impregnao. O material aquecido a uma temperatura prxima de 1100C durante aproximadamente 20 minutos, removendo a soluo de impregnao em excesso. A resina essencialmente destruda no interior da autoclave com o inchamento dos cavacos de madeira que, ao aumentar de volume, rompem o adesivo. A lmina de madeira, as dobradias e os parafusos so separados. Os pedaos de madeira macia so associados aos cavacos. O recipiente de presso pode ser aberto e esvaziado a cada ciclo de desintegrao. O lquido, vapor, que sai da autoclave condensado e retorna para o recipiente de soluo lquida que adicionado no inicio juntamente com os pedaos de aglomerado, no interior da autoclave, fazendo com que a emisso no ambiente seja reduzida ao mximo. Este processo est descrito esquematicamente na FIG. 5. O material desintegrado deve ser colocado sobre uma esteira ou peneira, ou um tambor giratrio em forma de peneira. Esta etapa permite separar os cavacos pelo tamanho e tambm separar outros materiais que estavam no painel, como parafusos, pregos, dobradias, revestimentos, etc. Neste processo no so desintegrados painis com fenis ou isocianatos (resistentes gua). Eles podem ser separados depois das peneiras e podem ser lascados e inseridos no processo de produo de algum outro tipo de painel. Eles tambm poderiam ser queimados juntamente com os revestimentos, no caso, as lminas de madeira, assim contribuiriam para a produo de energia necessria para o aquecimento do processo de desintegrao. A desintegrao de painis de aglomerado e MDF, em forma de cavacos e fibras, se torna interessante quando levada em conta a baixa percentagem de massa dos revestimentos comparados com a massa dos painis. Por exemplo: ao desintegrar um painel com 16 mm de espessura, 95% da totalidade da massa seca desintegrada so fibras ou cavacos. Os 5% restantes so de lminas de madeira. J painis com revestimento em FF (Finish Foil), a massa deste menor que 3%. Quando so desintegrados painis com madeira compensada, o percentual de 7% a mais de massa de madeira, pois o compensado constitudo de lminas ou de sarrafos de madeira macia.

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    FIG. 5 - Processo da WKI para desintegrar retalhos de chapas de aglomerado

    Fonte: Wilhelm-Klauditz-Institut Braunschweig, 1997. A primeira planta industrial para recuperao dos resduos de aglomerado e MDF iniciou em 1996, depois de aproximadamente um ano de experincias. A transferncia do laboratrio do projeto era disputada por duas empresas fabricantes de aglomerado na Alemanha e tambm por fabricantes de mveis que estavam muito ligados a WKI. Assim, havia duas possibilidades de comeo em duas companhias diferentes. As empresas tiveram muito xito no projeto, pois as experincias de laboratrio foram plenamente confirmadas. As duas companhias comearam com uma unidade de desintegrao com uma capacidade de 25 m3 totalizando cerca de 6,5 toneladas de retalhos de aglomerado. O tempo para um ciclo de desintegrao demora entre 90 e 120 minutos, estando diretamente relacionada capacidade de insero de vapor no interior da cmera. Com um desintegrador com esta capacidade possvel utilizar cerca de 25.000 toneladas de resduos por ano. Para aumentar a capacidade de produo de cavacos, as empresas recuperadoras de chapas de aglomerado, projetaram e instalaram um desintegrador adicional. Esta construo fez com que a produo aumentasse, superando todas as expectativas com referncia ao projeto inicial. Aproximadamente seis meses depois foi decidido instalar uma segunda unidade de desintegrao em ambas as plantas. Hoje, depois da duplicao, ambas as plantas tm uma capacidade de reciclar mais de 50.000 toneladas de material seco. Ver FIG. 6.

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    FIG. 6 - Equipamentos da WKI para desintegrar retalhos de chapas de aglomerado

    Fonte: Wilhelm-Klauditz-Institut Braunschweig, 2004. O grupo comprovou que vantajoso o processo se comparado a uma produo contnua, pois o processo contnuo mais caro e difcil. O processo desenvolvido comporta-se bem, mais fcil para ser operado, necessitando apenas de uma pessoa. Hoje, h duas plantas adicionais na fase de planejamento. Uma para a Blgica e outra para os EUA. Ambas reciclaro principalmente aglomerado revestido. Geralmente h trs tipos de demandas para estes projetos. Primeiro, h interesse por plantas com capacidade para 20.000 toneladas ano. Segundo, para plantas mdias com capacidade para 60.000 toneladas ano. Por fim, h o interesse de companhias diferentes que desejam plantas pequenas, com capacidade para 5 a 7 mil toneladas ano. Estas ltimas so de fcil operao e no so automatizadas. 8 PRODUO DA CHAPA DE MADEIRA AGLOMERADA A madeira macia, de Pinus spp ou Eucalyptus spp pr-cortada em toras, descascada pelo comprimento e em dimetros determinados e, depois, depositada em pilhas no ptio da fbrica de aglomerado para aclimatao. Atravs de esteiras, os troncos so transportados para os picadores que produzem os cavacos.

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    FIG. 7 - Equipamentos da WKI para desintegrar retalhos de chapas de aglomerado .

    Fonte: CARNOS, 1998. Todo o processo desenvolvido em duas linhas paralelas (FIG. 7): uma desenvolve a formao das camadas externas e outra, a formao da camada central. Dos picadores os cavacos so transportados aos silos midos. Destes depsitos, os cavacos so levados aos secadores, direcionados ao classificador de partculas, onde se processa a seleo destas. Em seqncia o material encaminhado aos moinhos que refinam as partculas de madeira, dando-lhes dimenses definidas para a formao das camadas externas e internas dos colches. As dimenses das partculas externas so menores do que as destinadas formao da camada central. No passo seguinte, as partculas seguem para os silos secos. Estes alimentam as encoladeiras. Cada linha recebe sua formulao de aglomerante sob rigoroso controle do laboratrio da produo. As encoladeiras recebem os aditivos, quando necessrio. As partculas, devidamente impregnadas de cola seguem para as mquinas de formao onde so montados os colches. Antes de chegarem prensa, os colches sofrem um controle de peso. Os colches seguindo as dimenses padro, so encaminhados para a

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    prensa onde recebem alta presso e elevada temperatura, transformando-se em chapas. As espessuras so delimitadas por espaadores que previamente so colocados nos pratos da prensa. Da prensa as chapas seguem para o setor de resfriamento. Em seguida as chapas so serradas nas medidas definitivas. O passo seguinte o empilhamento cuidadoso, onde as chapas permanecem pelo perodo mnimo de 72 horas, para acondicionamento. Encerrada esta etapa, as chapas esto prontas para serem lixadas, geralmente, elas passam por dois lixamentos. No primeiro, a chapa calibrada na espessura definida. Na segunda operao feito o acabamento com grana de lixa, mais fina que a primeira. Aps o lixamento, cada chapa inspecionada visualmente. Chapas defeituosas so separadas e servem como embalagem das chapas boas. As chapas boas so encaminhadas para o depsito, posteriormente para a expedio e, em seguida, para as fbricas de mveis ou para os distribuidores (CARNOS, 1988). 9 ADESIVOS E ADITIVOS 9.1 Adesivos O uso de adesivos pelo homem tem registros de mais de dois mil anos a.C. Informaes dizem que os egpcios foram um dos primeiros povos a usarem adesivos. Eles empregavam a goma arbica retirada de essncias florestais e, resinas de algumas rvores, bem como do ovo e da borracha. Uma cola feita com pasta de farinha foi usada para confeccionar os primeiros papiros compostos por lminas finas, justapostas e coladas. At o incio do sculo XX houve pouca evoluo no estudo dos adesivos. At a primeira guerra mundial, predominavam os adesivos base de protenas animais. Aps a Primeira Guerra comearam a surgir novos tipos de adesivos com caractersticas de serem empregados temperatura ambiente e com certa resistncia gua. Esses adesivos so empregados at hoje em vrios pases, na colagem de peas estruturais de madeira para uso interno. Tambm foram criados adesivos base de albumina sangnea com elevada resistncia ao da gua, porm com cura a quente. Por volta de 1930, comeou a ser empregada em escala industrial a primeira resina sinttica base de fenolformaldedo. Nesta mesma poca tambm comeou a ser empregado o adesivo base de uria-formaldedo, na produo de mveis e madeira compensada para uso interno. Este adesivo base de uria apresentava pouca resistncia gua quando comparado s resinas fenlicas, entretanto, a cura era processada em temperatura mais baixa e menor custo. Aps a Segunda Guerra Mundial, novos adesivos foram desenvolvidos, podendo destacar o resorcinolformaldedo, com custo maior que os citados anteriormente, porm com cura temperatura ambiente e maior resistncia gua. Tambm surgiram os primeiros adesivos poliuretanos e as emulses de acetato de polivinila comearam a substituir adesivos base de protena animal. O estudo de qumica das macromolculas com melhores caractersticas quanto ao seu desempenho como adesivo, possibilitou grande expanso das indstrias de adesivos base de resinas vinlicas, polister, poliuretanas, entre outras e as aplicaes de colagem com vrias finalidades. Durante a reduo da espessura de um colcho de fibras, estas se orientam, preferencialmente, no sentido horizontal ao plano do painel, resultando em uma considervel presso das fibras, umas sobre as outras, provocando amplo contato entre as paredes destas fibras e a resina. O surgimento dos adesivos sintticos impulsionou, notoriamente, a indstria de painis base de madeira. A partir de 1930, a disponibilidade de resinas lquidas base de uria-formaldedo e fenol-formaldedo permitiu a fabricao de painis de melhore qualidade.

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    Os principais adesivos empregados na fabricao de painis base de madeira so os adesivos sintticos, destacando-se o fenol-formaldedo, o resorcinol-formaldedo, a uria-formaldedo e a melamina-formaldedo. Estas quatro resinas compem, aproximadamente, 90% de todas as resinas adesivas em painis de madeira, sendo todas elas derivados de combustveis fsseis. O fenol e o resorcinol so derivados do benzeno, que sintetizado a leo, e a uria, a melamina e o formaldedo so todos derivados do petrleo. Apresentam como principais propriedades sua resistncia umidade e imunidade ao ataque de microorganismos. Devido a estas propriedades, essas resinas so amplamente empregadas na indstria madeireira. Os adesivos sintticos geralmente so classificados de acordo com sua termoestabilidade. Um adesivo termo-estvel pode ser definido como aquele que possui capacidade de se solidificar atravs de reaes qumicas ativadas por calor ou catalisadores, resultando em uma colagem resistente a umidade e calor. E um adesivo termo-plstico aquele capaz de ser, repentinamente, amolecido por aquecimento e endurecido por resfriamento. A classe dos adesivos termoestveis representada, principalmente, pelas resinas de origem fenlica (CAMPOS; LAHR, 2004). 9.1.1 Classificao dos adesivos Os adesivos podem ser classificados a partir de diferentes parmetros como: origem dos componentes primrios, temperatura de cura, resistncia umidade, composio qumica, entre outros. Neste trabalho, a classificao ser feita a partir da composio qumica do adesivo, podendo os mesmos ser inorgnicos ou orgnicos. Adesivos inorgnicos Dentre os adesivos inorgnicos mais comuns podem ser destacados os que so base de silicatos, produzindo ligaes com elevada resistncia mecnica, sendo difcil a diferenciao entre o adesivo e o cimento. Nos adesivos inorgnicos a ligao acontece pela desidratao do solvente dos adesivos. Os cimentos so formados atravs de reaes qumicas. Adesivos orgnicos Em geral, costuma-se dividir os adesivos orgnicos em dois grupos: sintticos e naturais. Os adesivos orgnicos sintticos so os mais empregados pela indstria madeireira devido sua grande resistncia gua e, por no permitir ao de microrganismos. Os adesivos sintticos so classificados em termofixos e termoplsticos. Adesivos termofixos Adesivos que endurecem por meio de reaes qumicas ativadas pela temperatura ou catalisadores. So resistentes a umidade e ao calor. Dentre os principais adesivos pode-se destacar: fenolformaldedo, uria-formaldedo, resorcinol formaldedo e os poliuretanos. Adesivos termoplsticos Apresentam como caracterstica principal a sua cura reversvel. Podem ser difundidos ou amolecidos quando aumentada a temperatura, tornando a solidificar ao serem resfriados. So usados como soluo ou em disperso em gua. Os adesivos naturais so obtidos de protenas animais e vegetais, tanino, celulose, gomas naturais e amidos, entre outros.

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    9.1.2 Adesivos empregados na fabricao de chapas de aglomerado O emprego de adesivos sob presso e temperatura permite a fabricao de chapas com larguras superiores ao dimetro da rvore que fornece a matria-prima. A fabricao de painis base de madeira, alm de praticamente eliminar as limitaes de tamanho, permite o aumento da resistncia lateral (eixo transversal), atravs da disposio das lminas na fabricao do compensado, ou atravs da orientao das fibras e partculas na produo de chapas de fibra e chapas de madeira aglomerada, contribuindo significativamente para diminuir os efeitos da anisotropia da madeira. Para a fabricao do aglomerado, as resinas naturais existentes na madeira no so suficientes para agregar as fibras. Ento, faz-se necessrio adicionar algum tipo de elemento ligante. A adeso entre as fibras da madeira e o adesivo depende de interao fsico-qumica. Os adesivos realizam trs fases distintas durante o processo de ligao. Inicialmente o adesivo deve umedecer as fibras; em seguida, deve fluir de modo controlado durante a prensagem e, finalmente, adquirir forma slida. Se ocorrerem falhas em algumas destas etapas, certamente a qualidade da colagem ser afetada. Uma tima ligao requer ntimo contato entre o adesivo e a fibra. Isto realizado usando presso e temperatura, ajustando tambm a viscosidade do adesivo, transferindo o fluxo atravs dos pontos de ligao, enquanto acomoda-se a madeira para conseguir melhor contato na superfcie. Os principais adesivos empregados na produo de aglomerado so: uria-formaldedo e melamina-formaldedo. Os adesivos base de uria-formaldedo podem ser formulados para curar temperatura ambiente (20C) ou para aquecimento atravs de prensas quentes a temperaturas que ultrapassam 160C. O uso de extensores base de farinha de cereais, juntamente com a resina, realiza colagens perfeitas. A farinha e o excesso de cola retardam a velocidade de cura da cola e, para compensar este fenmeno, adiciona-se mistura um catalisador. Existem vrios tipos de catalisadores adaptveis s condies especficas do emprego. Para prensagem a frio existe um tipo, enquanto para prensagem quente utiliza-se outro tipo de catalisador. O adesivo uria-formaldedo apresenta colorao clara. Possui como desvantagem liberao de formaldedo na prensagem a quente, e vem sendo muito combatido pelo rgo de controle ambiental, porque o formaldedo altamente txico. J os adesivos base de melamina-formaldedo so normalmente do tipo de cura quente (115C a 160C), similar uria-formaldedo. A emisso de formaldedo causada pelo excesso de formaldedo liberado pelos adesivos. A liberao ocorre pela quebra das ligaes na resina devido a grande exposio umidade. Devido aos processos de produo, o custo da resina melamina bem mais alto que a resina de uria. Basicamente, as reaes de condensao da uria e da melamina so iguais. Tambm a reao melamina-formaldedo, interrompe-se por meio de neutralizao quando os produtos de condensao ainda esto suficientemente solveis em gua. (CAMPOS e LAHR, 2004). As resinas melamnicas so comercializadas sob a forma de p, porque em solues aquosas a sua vida til curta. A cura, ao contrrio das resinas uria-formaldedo, pode ser efetuada sem catalisadores cidos, mas simplesmente atravs do calor. Possui algumas vantagens como: maior resistncia gua, possibilidade de cura sem catalisador. E como desvantagens: alto custo de produo, pequena vida til em soluo aquosa e impossibilidade de prensagem a frio. Ginzel e Peraza (1966) afirmam que, na fabricao de chapas aglomeradas de madeira, a cola tem uma importncia extraordinria devido ao seu elevado preo, se for comparado com o da madeira. Os principais adesivos comercialmente empregados na indstria de madeira aglomerada so aqueles de origem sinttica e que apresentam a propriedade de se tornar termorrgidos pela ao do calor ou de catalisadores especficos. Assim, so amplamente empregados com esse

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    propsito ou adesivos de fenol-formaldedo, uria-formaldedo e isocianatos com extensores ou cargas (MALONEY, 1989; KOLLMAN, 1975; USDA, 1999 apud SENAI. RS, 2003). Outros adesivos interessantes so a melamina-formaldedo e o poliisocianato, porm pouco utilizados (MALONEY, 1989 apud SENAI. RS, 2003), e o tanino-formaldedo que possui boa resistncia gua, estando em uma posio intermediria entre as colas uricas e as colas fenlicas (HILLIG, 2000). A uria-formaldedo (UF) tipicamente usada na fabricao de produtos nas quais a uniformidade dimensional e a suavidade da superfcie so uma preocupao primria. Os produtos fabricados com a resina de UF so projetados para aplicao em interiores. A cor clara dessa resina a torna totalmente satisfatria para a fabricao de produtos decorativos (USDA, 1999). Segundo Vignote et al. (1996 apud SENAI. RS, 2003), as colas utilizadas na fabricao das chapas contm formaldedo em excesso. Os problemas causados pelo uso de formaldedo variam de problemas de irritao at cancergenos em concentraes a partir de 0,33 mg/m3 (VIGNOTE, 1996; MCREDIE, 1992 apud SENAI. RS, 2003). 9.2 Aditivos O elemento aditivo mais utilizado uma emulso de cera de parafina que est incorporada na chapa por muitos fabricantes, como um retardante da absoro de gua (GINZEL; PERAZA, 1996). Brito (1995 apud SENAI. RS, 2003) observou, no seu trabalho, que o efeito de parafina, numa proporo de 0% a 1%, foi significativo na reduo e absoro de gua e no inchamento em espessura, tanto em 2 horas como em 24 horas de imerso. Outros elementos aditivos que podem ser considerados so os inseticidas, os fungicidas e as substncias qumicas retardantes de fogo (AKERS, 1966; ROQUE, 1998, USDA, 1999 apud SENAI. RS, 2003). Peixoto e Brito (2000 apud SENAI. RS, 2003), utilizando-se de Pinus taeda, observaram que as chapas aglomeradas, feitas com partculas e tamanhos menores, tiveram uma fora de ligao interna mais alta, enquanto que as de partculas maiores aumentaram as propriedades de flexo. Os autores afirmam que um fator importante a ser observado que, no Brasil, os estudos sobre a melhor granulometria de partculas para a produo de chapa de Pinus spp no tm recebido importncia devida. Isso se deve, provavelmente, ao fato de que as fbricas utilizam madeira de Pinus spp em toras e no resduos de madeira, e tambm porque as tecnologias empregadas so importadas. 10 RESINA URIA-FORMALDEDO PARA CHAPA DE MADEIRA AGLOMERADA A resina utilizada por grande parte dos fabricantes brasileiros de chapas de aglomerado produzida pela SYNTEKO. A resina de uria-formaldedo comercializada na forma lquida solvel em gua. 10.1 Aplicao da resina Embora existam resinas com variadas relaes molares, elas tm uma boa tolerncia gua e, por isso, podem ser usadas, com grande quantidade de gua, extensores, emulso de parafina ou outros aditivos. bem reativa, se comparada com outras resinas de (UF) uria-formol e tem tima vida til. As resinas UF tm bom desempenho com diferentes temperaturas de prensa (160 a 2000C), quantidade de catalisador, tempo de prensa e capacidade de tamponamento da madeira. No

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    muito sensvel porcentagem de catalisador adicionado, que poder ser notado no tempo de gel. Quando a resina uria-formaldedo (RUF) usada, a variao da quantidade de catalisador no afeta significativamente as propriedades da chapa. Isto uma vantagem, desde que sejam freqentemente ajustados os nveis de catalisador, por causa das variaes de parmetros industriais, bem como a capacidade tampo da madeira, temperatura ambiente, etc. 10.2 Formol livre O uso da RUF pode produzir aglomerado: classe E1, classe E2 e classe E3, dependendo da relao molar da resina UF, das condies de prensagem bem como do mix de cola. 10.3 Reatividade A dosagem ideal de catalisador aplicado depende da mistura da cola, espcie de madeira usada, das condies de prensagem, do ambiente e temperatura dos cavacos. O Quadro 5, mostra um exemplo de curvas de reatividade de uma RUF com Reatividade Mdia (RM)de 1:1,22, com dois catalisadores padro (SINTEKO, 2004). Quadro 5 - Curvas de reatividade Catalisador (%) 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

    NH4CL 310 283 280 274 276 Gel time (s) (NH4)2SO4 428 368 359 343 340

    Fonte: SINTEKO, 2004. Quadro 6 - Tempo de vida da RUF AA1801 a 400C Catalisador (%) 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

    NH4CL 145 140 135 134 130 Gel time (s) (NH4)2SO4 145 135 133 130 130

    Fonte: SINTEKO, 2004. Quadro 7 - Tempo de vida da RUF AA1801 a 700C Catalisador (%) 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

    NH4Cl 77 58 53 50 50 Gel time (s) (NH4)2SO4 85 65 60 58 58

    Fonte: SINTEKO, 2004. O tempo que o adesivo permanece em condies de uso aps a mistura denominado vida til. O perodo de tempo entre a aplicao da cola nos cavacos at a entrada do material na prensa deve ser de dois teros da vida til e isto altamente dependente da temperatura dos cavacos ou fibras. Por exemplo: a vida til de uma RUF com 1:1,22 a 70 e a 400C est representada nos Quadros 6 e 7. 10.4 Toxidade e manuseio Como todas as resinas convencionais de UF so compostas de uria e formol, o produto final inerte porque os componentes esto em uma frmula quimicamente limitada. O principal risco de uma uria-formol a emisso de formol livre gerada pela hidrlise da resina. H resinas com alta, mdia e baixa emisso de formol. Porm, no permitida a descarga dos resduos na rede de esgoto ou drenagem. A resina UF, no deve entrar em contato com os olhos e pele. A resina UF pode ser facilmente removida com gua quente a 30 400C preferencialmente.

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    10.5 Armazenamento A resina UF pode ser armazenada por aproximadamente um ms, desde que tenha temperatura mdia entre 20 a 250C. Em baixas temperaturas (aproximadamente 00C), ela bem estvel, mas a viscosidade aumenta bastante, criando problemas de bombeamento e tornando difcil o manuseio da mesma. Quando reaquecida (acima de 150C) ela se torna usvel. Em altas temperaturas sua vida til reduzida. Se o ambiente tiver temperaturas extremas, recomendado o isolamento trmico dos tanques ou uso de trocador de calor. 11 COLAGEM NA PRODUO DE CHAPAS DE MADEIRA AGLOMERADA No processo de colagem, o adesivo deve umedecer os cavacos grossos e finos. Em seguida, deve fluir de modo controlado durante a prensagem e, finalmente, adquirir forma slida. Uma tima ligao requer ntimo contato entre o adesivo e o cavaco. Isto realizado usando presso e aquecimento, ajustando a viscosidade do adesivo, transferindo fluxo atravs dos pontos de ligao, enquanto deforma a madeira para conseguir melhor contato na superfcie. A colagem ou adeso pode ser entendida como um fenmeno que prov um mecanismo de transferncia de tenses entre a madeira e a resina, atravs de processos moleculares. Essencialmente, um adesivo necessita aderir (ligar-se) superfcie de um slido, possuir fora de coeso adequada. As principais teorias de adeso podem ser classificadas de uma forma geral em: Teoria mecnica: o mecanismo de adeso se daria atravs de enganchamento

    (interlocking) mecnico. A fluidez e penetrao do adesivo em substratos porosos levariam formao de ganchos fortemente presos ao substrato aps solidificao deste.

    Teoria da difuso de polmeros: a adeso se daria atravs da difuso de segmentos de

    cadeias de polmeros. As foras de adeso podem ser visualizadas como as mesmas produzidas na adeso mecnica, s que agora em nvel molecular. No entanto, as aplicaes desta teoria tambm so limitadas. A mobilidade de longas cadeias de polmeros bastante restrita, limitando severamente a interpenetrao molecular proposta nesta teoria.

    Teoria de adeso qumica: a adeso se daria atravs de ligaes primrias (inicas,

    covalentes, coordenadas e metlicas) e/ou atravs das foras secundrias intermoleculares (foras de Kaeson, Debye e London). Acredita-se, atualmente, que a adeso na interface, do ponto de vista molecular, deve-se ao das foras secundrias, com exceo de casos especficos. A adeso ocasionada por foras secundrias intermoleculares tambm conhecida por Adeso Especfica. Independente das teorias envolvidas na adeso pode-se dizer que o desenvolvimento de uma boa colagem depende essencialmente de trs requisitos:

    a) adequado umedecimento proporcionado pelo adesivo lquido; b) solidificao do adesivo lquido; c) suficiente capacidade de modificao da forma por parte do adesivo j solidificado (SENAI

    RS, 2003). Durante o processo de colagem, pode-se atribuir ao adesivo as seguintes funes de movimento e mobilidade: Fluidez: refere-se ao escoamento da massa lquida do adesivo no plano da superfcie do

    substrato; Transferncia: refere-se ao movimento pelo qual o adesivo se transfere para o substrato;

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    Penetrao: movimento do adesivo no sentido de penetrar a estrutura capilar e porosa do substrato;

    Umedecimento: movimento do adesivo no sentido de recobrir a estrutura submicroscpica do

    substrato, adquirindo maior proximidade e contato molecular; Solidificao: movimentos envolvidos na mudana do estado lquido, incluindo a

    migrao/evaporao do solvente, orientao molecular, polimerizao e cross-linking. Conforme a teoria qumica da adeso, as ligaes ou colagens resultam das atraes qumicas e eltricas entre o adesivo e o substrato, quando se consegue suficiente proximidade entre suas estruturas atmicas e moleculares (SENAI RS, 2003).

    A formao de uma colagem adequada e seu desempenho depende de uma srie de

    parmetros relacionados s caractersticas fsico-qumicas do adesivo, caractersticas do substrato (material a ser colado), procedimentos de colagem e as condies da matria-prima a ser utilizada. Segundo Kollman (apud SENAI RS, 2003) algumas das principais caractersticas da madeira que afetam a adeso e colagem esto apresentadas de forma detalhada a seguir.

    Variabilidade: as maiores variaes acontecem entre espcies, sendo que algumas delas

    apresentam maior facilidade de colagem que outras. A natureza biolgica da madeira causa adicionalmente amplas variaes (CAMPOS e LAHR, 2004), entre rvores de uma mesma espcie, e mesmo no material de uma mesma rvore. Esta variabilidade atinge uma srie de propriedades (peso especfico, textura, permeabilidade, etc.), que por sua vez so definidas no processo de adeso e na performance da colagem.

    Densidade: colagens feitas em madeiras de densidade mais alta degradam-se mais

    rapidamente do que as efetuadas em madeiras de mais baixa densidade. Madeiras mais densas normalmente possuem maior resistncia mecnica. A densidade da espcie est diretamente relacionada com a sua porosidade e permeabilidade, influenciando assim o grau de rugosidade e as funes de mobilidade fatores determinantes na formao da ligao adesivo-substrato.

    Porosidade e permeabilidade: o tamanho, a disposio e a freqncia de cavidades celulares

    e poros na estrutura da madeira afetam diretamente a penetrao do adesivo. As interaes da porosidade e permeabilidade com a migrao do solvente tambm interferem na viscosidade da resina, afetando suas funes de mobilidade, o que acarreta mudanas na qualidade da colagem, ocorrendo mais ou menos vazios.

    Capacidade tampo e pH: a maior parte das espcies de madeira apresenta pH cido. As

    variaes de pH e a capacidade tampo afetam diretamente a cura e a solidificao do adesivo, uma vez que estes processos ocorrem somente em faixas relativamente estreitas de pH.

    Contedo de umidade: na colagem com os tradicionais adesivos sintticos base de uria,

    melamina, fenol e resorcinol imprescindvel que a madeira seja previamente seca at teores de umidade normalmente entre 5% e 20%. Teores de umidade mais altos podem ocasionar formao de bolhas.

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    12 FORMALDEDO 12.1 A importncia do formaldedo Na maioria dos congressos internacionais sobre madeira aglomerada, o tema principal o formaldedo. Para os fabricantes de mveis, apenas mais um produto qumico. Na verdade, um ingrediente indispensvel para a fabricao de milhares de produtos industriais e domsticos. As aplicaes de derivados do formaldedo na indstria do mobilirio incluem as seguintes matrias-primas:

    Aglomerado, MDF, OSB, compensado sarrafeado e multilaminado; Revestimento de painis com lminas de madeira natural; Laminados plsticos decorativos.

    Para o ser humano, formaldedo em concentraes acima de uma parte por milho (ppm) produz irritao nos olhos, na pele e mucosas das vias respiratrias. Algumas pessoas so sensveis a concentraes muito mais baixas, mas isto no considerado normal. H alguns anos, pesquisas nos EUA mostraram que ratos expostos a altas concentraes (15 e 16 ppm) de formaldedo durante dois anos desenvolveram uma forma de cncer nasal. A relevncia destes resultados, baseados na exposio de animais a altas concentraes, para seres humanos intermitentemente expostos a concentraes muito mais baixas, tem sido muito discutida. Desde a publicao da experincia com os ratos, algumas investigaes epidemiolgicas com seres humanos mostraram que a exposio a concentraes baixas de formaldedo no causou nenhum aumento significativo de risco de cncer, de nenhum tipo. O ponto de vista da FIRA, (Laboratrio de ensaios da Inglaterra) baseado num relatrio publicado pela Organizao Mundial da Sade, a respeito da experincia realizada com ratos, de que h concentraes de formaldedo abaixo do limite de lacrimejamento, cerca de 1ppm, onde seres humanos no correm riscos manuseando, usando ou morando com produtos capazes de emitir pequenas quantidades de formaldedo gasoso. Algumas organizaes na Europa e Amrica do Norte, entretanto, adotam posies mais rigorosas. A FIRA desenvolveu um mtodo j patenteado (mtodo DOMBEY), com um custo menor que o dos outros mtodos de medicao e emisso de formaldedo conhecidos. Para a Comunidade Europia, em notcia vinculada no Jornal Oficial das Comunidades Europias, PT4.9.2002 L 236/4, uma deciso da comisso tomada em 3 de setembro de 2002, estabelece os critrios ecolgicos revistos para atribuio do rtulo ecolgico comunitrio a tintas e vernizes para interiores e altera a Deciso 1999/10/CE, [notificada com o nmero C(2002) 3202] (Texto relevante para efeitos do EEE) (2002/739/CE). Formaldedo: o teor de formaldedo livre presente no produto no pode exceder 10 mg/kg. As fontes de formaldedo s podem ser acrescentadas em quantidades que garantam que o teor total de formaldedo livre resultante no excede os 10 mg/kg. 12.2 Mtodo de teste H dois mtodos principais internacionalmente adotados para a determinao de formaldedo. Um para a determinao de teor de formaldedo livre ou extravel de painis, normalmente aglomerado e MDF, e o outro o teste da Cmara de Climatizao, para avaliar a emisso.

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    Os dois mtodos existem h mais de 20 anos. O primeiro conhecido como teste perfurador (perforator), no qual o formaldedo livre extrado de uma pequena amostra (aprox. 100g) com tolueno em ebulio e a seguir absorvido em gua, que ser seqencialmente analisada por mtodos qumicos ou fotomtricos para calcular o teor de formaldedo. O resultado comumente reportado em miligramas por 100g de painel (peso seco), e chamado o Valor Perfurador. O teste completo, incluindo preparao da amostra, resfriamento e anlise final leva cerca de 6 horas. O valor do perfurador diz respeito apenas ao teor do formaldedo, e raramente d uma boa indicao da razo na qual o produto liberado de painis expostos ao ar. A razo de emisso funo de outros fatores como temperatura, umidade relativa, densidade de painel, porosidade, estado da superfcie, etc. Testes diretos de emisso esto, portanto, ganhando preferncia sobre outros mtodos (DOMBEY; SPARKES, 1988). 12.3 O mtodo da FIRA O mtodo da FIRA semelhante ao mtodo da cmera, diferindo em escala, ventilao, versatilidade, velocidade e custos. O aparelho montado sobre uma bancada, o tamanho da amostra relativamente pequeno, e o formaldedo emitido capturado e retido para quantificao, comumente por espectroscopia. O mtodo mede a emisso de tintas, adesivos, laminados txteis, etc. A durao do teste entre uma e duas horas. 12.4 Liberao do formaldedo Covat et al. (1968 apud SENAI. RS, 2003) estudaram os produtos de degradao das resinas de uria-formaldedo sujeitas a pirlise e encontraram amnia bem como formaldedo como sendo produtos de degradao pirlica. Mais tarde anunciaram que amnia e formaldedo reagiram entre si, resultando em metilamina, dixido de carbono e gua. Contudo, se houve uma grande quantidade de amnia liberada do ligante de uria-formaldedo de chapa de aglomerado e esta reagiu, subseqentemente com formaldedo liberado, haveria ento menos problemas devido ao odor de formaldedo associado com a chapa de aglomerado. Parece mais vivel que sejam liberadas maiores quantidades de formaldedo a partir de grupos de metiol que no reagiram na resina tratada da amnia disponvel para reagir com o formaldedo. Wittman (1962) mostrou que a liberao de formaldedo a partir da chapa de aglomerado ligada com uria-formaldedo aumentou sob condies midas e quentes. Noticiou um aumento de 40% na liberao de formaldedo a 80% de umidade relativa comparados com os 35% de umidade relativa a 70C. Numa umidade relativa constante de 50%, a liberao de formaldedo foi de 210% , mais alto a 70C do que a 50C. Uma chapa de aglomerado que esteve em um depsito com pouca ventilao durante pouco tempo, pode emitir formaldedo que ficou induzido durante a operao de prensagem. Este formaldedo pode ser facilmente removido por estocagem adequada antes do uso. Uma vez que o problema do cheiro de formaldedo penetrou na chapa de aglomerado, impossvel determinar quais as fontes que causaram o problema. A nica preocupao do consumidor que a chapa de aglomerado libera vapores irritantes, deixando o cliente insatisfeito. 12.5 Mtodo de anlise Kelly (apud SENAI. RS, 2003) utilizou dois mtodos diferentes para medir qualitativamente o formaldedo liberado por chapas de aglomerado ligadas por uria-formaldedo. Uma tcnica a micro-difuso usada por Dickstein (1962) e uma forma um pouco diferente, por Plath (1996 apud SENAI. RS, 2003). O outro consistiu de um estrato aquoso de chapa de aglomerado ensopada em gua tratada, que foi injetado num cromatgrafo a gs. O formaldedo liberado de chapa de aglomerado ligada com uria-formaldedo um problema que atinge a todos os envolvidos na fabricao de chapas de aglomerado. Pode ser significativamente reduzido, se todos os fabricantes de chapas de aglomerado exercessem

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    cuidados e garantissem que seu material tenha ficado em depsito o tempo adequado, antes do uso final. Os fabricantes poderiam tambm reduzir a liberao de formaldedo por tratamentos mais acabados de resina, com ciclos de prensagem adequados ou usando um nvel de catalisador mais alto. Este passo aumentaria em muito os custos de produo da chapa de aglomerado e a maioria dos produtores relutam, compreensivamente contra isso. Os fornecedores de resina, por outro lado, esto obrigados a desenvolver ativamente resinas de uria-formaldedo melhoradas. Estas precisam amadurecer um ciclo de prensagem o mais curto possvel, e ainda, um mnimo de grupos de metiol livres aps o tratamento. 12.6 Classificao dos produtos conforme o formaldedo Uma classificao arbitrria (europia) de painis reconhece trs categorias, de acordo com o teor de formaldedo livre (valor perfurador) ou valor da concentrao de equilbrio no teste da cmara. Regulamentos em alguns pases exigem, ou brevemente exigiro, que apenas a classe E1 pode ser utilizada para a produo de mveis, e estes regulamentos so estendidos para cobrir tambm produtos de outros materiais. O valor do perfurador atual para painis da classe E1 de 10mg/100g de painel, e j h tentativas de reduzir este valor para 8 e possivelmente 6 ou 7mg/100g, peso seco. O limite de concentrao de equilbrio para produtos E1 no teste de cmara de grande escala (alemo, essencialmente) de 0,01 ppm, o que considerado (para fins de classificao) equivalente a cerca de 10mg/100g no teste de perfurador. 13 O MEIO AMBIENTE Vnia Schneider et al. (2004), relaciona a integrao das questes ambientais estratgia de negcio decorrentes da viso da gesto ambiental como um diferencial competitivo e um fator de melhoria organizacional. o momento da introduo da viso sistmica s questes ambientais. As empresas com atuao responsvel, diante das questes ambientais, preocupam-se em demonstrar sua postura comunidade e ao mercado de maneira geral explorando o ecomarketing. A valorizao da empresa cidad e a valorizao pelo mercado globalizado da gesto ambiental eclodem na emisso da Norma ISO 14001 do International Organization for Standardization (Sistema de Gesto Ambiental), com adeses em escala crescente por parte das empresas, antes mesmo de sua verso final em outubro de 1996. As outras normas da srie, abrangendo temas ambientais diversos, dentre os quais o ciclo de vida do produto (do bero ao tmulo), remete qualidade ambiental em produtos e servios aplicveis a qualquer tipo e parte de organizaes. O crescimento da atividade industrial aumenta a quantidade de resduos e poluentes que est associada ao crescimento da demanda de produtos e servios. Conseqentemente tm levado ao desenvolvimento de novas tecnologias de processos produtivos, e tambm a novas tcnicas administrativas voltadas ao gerenciamento dessas atividades atentas as questes ambientais. O conceito de administrao com qualidade total para o ambiente, insurge-se e concentra-se no contnuo aprimoramento dos processos empresariais a fim de atender plenamente s necessidades e as expectativas do cliente, num cenrio em que a sobrevivncia da empresa depende, em grande parte, de sua competncia em atender aos requisitos da demanda de produtos e servios com melhor aproveitamento no uso de seus recursos. Essa uma viso interdependente da administrao que se estende bem alm das fronteiras da organizao, ultrapassando a simples melhoria da qualidade final do processo, dando nfase ao comportamento de longo prazo, em que a pesquisa e a anlise das necessidades, desejos e tendncias do mercado, de maneira inevitvel, encontram-se cada vez mais globalizados. (SCHNEIDER et al., 2004).

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    Na medida em que a sociedade se conscientiza da necessidade de compartilhar o desenvolvimento econmico e a conservao e a proteo do meio ambiente, essa necessidade passa a integrar o rol de preocupaes de qualquer organizao, uma vez que seu mercado como parte integrante da sociedade est considerando esse aspecto como mais um dos fatores que fazem a diferena na competitividade. Sendo assim