Dossiê Sobre o Pastel de Farinha de Milho de Pouso Alegre - Minas Gerais

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1 de 110 Dossiê de Registro do Pastel de Farinha de Milho QUADRO VI REGISTRO BEM CULTURAL IMATERIAL Pastel de Farinha de Milho EXERCÍCIO 2012 MUNICÍPIO DE POUSO ALEGRE | MG

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Este é um dossiê elaborado pela prefeitura de Pouso Alegre para fazer do pastel de farinha de milho um patrimônio cultural e imaterial da cidade.

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QUADRO VIREGISTRO BEM CULTURAL IMATERIAL

Pastel de Farinha de Milho

EXERCÍCIO 2012

MUNICÍPIO DE POUSO ALEGRE | MG

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FOLHA DE ROSTO 

 

QUADRO VI  

 DATA DE ENCAMINHAMENTO AO IEPHA: 15/01/2011 

 

 

POUSO ALEGRE 

ENDEREÇO DA PREFEITURA 

Rua dos Carijós, 45 ‐ Centro 

NOME DO PREFEITO 

Agnaldo Perugini 

NOME DO SETOR DE PATRIMONIO CULTURAL DA PREFEITURA

Seção do Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura 

ENDEREÇO DO SETOR 

Avenida Dr. Lisboa, 201, 2º piso 

TELEFONE DO SETOR (35) 3449‐4345 

ENDEREÇO ELETRÔNICO DO SETOR 

[email protected] 

NOME DO SECRETÁRIO DE CULTURA 

Aline Cristina Araújo  

  

DOSSIÊ DE REGISTRO DE BEM CULTURAL  Modo de Fazer: PASTEL DE FARINHA DE MILHO DE POUSO ALEGRE 

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SUMÁRIO 

01.  LEI DO REGISTRO IMATERIAL  7

02.  INTRODUÇÃO  9

03.  CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA / SOCIOLÓGICA / ANTROPOLÓGICA 11

  03.1. HISTÓRICO DO MUNICÍPIO  11

  03.2. DO OBJETO 23

04. AGENTES, RECURSOS E PÚBLICO ALVO  47

05. DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE OCORRÊNCIA 49

06. DESCRIÇÃO DA ÁREA DE OCORRÊNCIA  51

07. JUSTIFICATIVA DA DEFINIÇÃO DA ÁREA 53

08.  FICHA DE INVENTÁRIO  55

09.  SALVAGUARDA E VALORIZAÇÃO DA ATIVIDADE CULTURAL 59

  09.1. IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS 59

  09.2. DIRETRIZES/MEDIDAS PARA GESTÃO 59

  09.3. VALORIZAÇÃO DAS ATIVIDADES COM CRONOGRAMA DE AÇÕES A SEREM IMPLEMENTADAS  60

10.  DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA  61

11.  REGISTRO AUDIOVISUAL  65

12.  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  67

13.  ANEXOS  71

  A. FICHA TÉCNICA 71

  B. PARECER TECNICO   73

  C. PARECER DO CONSELHO   75

  D. ATA DE APROVAÇÃO PROVISÓRIA  77

  C. NOTIFICAÇÕES/COMUNICAÇÃO E RECIBOS 79

  E. ATA DE APROVAÇÃO DEFINITIVA  81

  F. CÓPIA DO DECRETO OU HOMOLOGAÇÃO DO REGISTRO 83

  G. INSCRIÇÃO NO LIVRO DE REGISTRO 85

  H. PUBLICAÇÃO DO DECRETO OU HOMOLOGAÇÃO DO REGISTRO 87

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01. LEI DO REGISTRO IMATERIAL 

 A seguir, cópia da lei que estabelece a proteção para o Patrimônio Imaterial de Pouso Alegre/MG. 

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02. INTRODUÇÃO 

A  Prefeitura Municipal  de  Pouso Alegre,  consciente  do  valor  da  cultura  e memória  de  seu 

povo, busca através de ações de proteção e preservação do patrimônio, uma política cultural eficaz e 

comprometida com seu resultado. Amparada pela Lei de Proteção do patrimônio cultural municipal e 

em  obediência  às  condições  prescritas  na  resolução  01/2009,  elaborada  pelo  CONEP,  o  município 

coloca‐se como instrumento de identificação, documentação, proteção e promoção do patrimônio local. 

 

O Dossiê de Registro de Bem Cultural Imaterial em questão constitui um esforço nesse sentido, 

a  partir  do  momento  que  auxilia  na  construção  da  identidade  municipal  baseada  no  conceito  de 

desenvolvimento  sustentável.  As  visitas  técnicas  e  a  elaboração  do  Dossiê  de  Registro  do  Pastel  de 

Farinha de Milho de Pouso Alegre foram feitas seguindo, então, as diretrizes do IEPHA/MG com o intuito 

de salvaguardar o bem cultural em questão.   

 

Diante do exposto, a Prefeitura Municipal de Pouso Alegre apresenta ao IEPHA/MG ‐ Exercício 

de 2011, o Dossiê de Registro do Pastel de Farinha de Milho de Pouso Alegre. 

  

Belo Horizonte, 15 de janeiro de 2011       

Coordenação Técnica – R.T. MGTM Ltda.  Isabella Corrêa Dias ‐ Arquiteta e Urbanista 

     

Coordenação dos Trabalhos de Campo – MGTM Ltda. Mônica Guimarães M.S. Marinho – Arquiteta e Urbanista 

     

Supervisão e Montagem ‐ MGTM Ltda. Rogério Stockler de Mello – Administrador de Empresas 

   Agradecimentos Nossos agradecimentos a todos que com seu apoio, depoimentos e sugestões colaboraram para a elaboração do trabalho e em especial a equipe de funcionários da Prefeitura Municipal de Pouso Alegre‐ MG. 

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03. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA/SOCIOLÓGICA/ANTROPOLÓGICA  

 

03.1.  HISTÓRICO DO MUNICÍPIO 

  03.1.1. HISTÓRIA DE POUSO ALEGRE: MUNICÍPIO E LOCAL DE OCORRÊNCIA DO BEM 

 

Quando pensamos na história de uma cidade ou município não há como não pensarmos nas 

origens, na primeira pessoa que ali colocou os pés ou no primeiro morador, aquele que foi o primeiro a 

volver  a  terra  para  dali  retirar  o  próprio  alimento.  Essa  busca  pelo  início  é  uma  preocupação  da 

historiografia positivista que, com suas documentações oficiais nos auxiliou na reconstituição dos fatos 

do passado. Mas essa história factual exaltada pelo positivismo abandonava alguns dados  importantes 

que  chegaram  ao  presente  a  partir  de  fontes  diversas  e  não  oficiais.  Assim,  tentaremos  escrever  a 

história de Pouso Alegre, buscando a idéia positivista da origem e, ao mesmo tempo, utilizando outras 

fontes que não  faziam parte das  fontes oficiais, mas que podem  contribuir para  compreendermos o 

processo de desenvolvimento de Pouso Alegre, desde o século XVIII aos dias atuais. A cidade é um lugar 

que está em constante mudança, é a construção, a ocupação e a modificação do espaço que reflete a 

cultura  e  a  história  dos  povos  que  ali  passaram  e  se  fixaram.  É  a  partir  dessa  idéia  de  cidade  que 

tentaremos compreender a história de Pouso Alegre. 

 

Para começarmos a entender o processo de ocupação da região onde hoje está Pouso Alegre, 

precisamos conhecer como os bandeirantes chegaram àquelas terras e o que encontraram. O território 

do  sul  de Minas,  antes  da  chegada  dos  portugueses,  era  povoado  por  tribos  Tamoios,  Temiminós  e 

Tupiniquins que  circulavam pelos morros da  região,  criando  trilhas e caminhos. Não  sabemos  se eles 

tinham aldeias na região, mas acreditamos que sim porque depois do estabelecimento de europeus na 

costa brasileira muitas tribos se refugiaram no interior e fundaram suas aldeias nas terras além da Serra 

do Mar. Após a segunda metade do século XVI, os bandeirantes instalados em São Paulo de Piratininga 

começaram  a  procurar  indígenas  para  o  trabalho  escravo  e  adentravam  no  território  brasileiro 

utilizando as rotas abertas pelos próprios índios. O objetivo dos paulistas era entrar cada vez mais para o 

interior  das  terras  brasileiras  em  busca  de  novos  cativos  silvícolas,  pedras  e  metais  preciosos.  Os 

caminhos  utilizados  por  eles  se  tornaram  o  acesso  às  minas  e  ao  Sabarabuçu,  onde  os  paulistas 

encontraram grande quantidade de ouro. O processo de entrada e ocupação do sertão demorou mais 

de  dois  séculos  e  várias  trilhas  foram  abertas  por  expedições  lideradas  por  diferentes  bandeirantes. 

Durante a  jornada desses grupos que  levava alguns meses, eles criavam ranchos ao  longo do caminho 

onde plantavam milho, mandioca, feijão e hortaliças para poderem voltar com a garantia de alimento. 

Desses  ranchos  surgiram  muitas  das  cidades  mineiras  porque  essas  paradas  eram  povoadas  por 

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participantes da expedição e passavam a ser um local de apoio para a volta e as próximas idas ao sertão. 

Em um desses ranchos, foi criada a localidade de Bom Jesus do Mandu ou Pouso do Mandu.   

 

Segundo  a  Carta  Corográfica  da  Capitania  de  São  Paulo,  datada  de  1766,  a  divisa  entre  a 

capitania de São Paulo e a mineira era marcada por sete pontos que também davam a indicação dos três 

caminhos que partiam de São Paulo. Dois deles seguiam para as Minas e um para Goiás. Os sete pontos 

eram o Rio Grande, o Morro do Cachumbu  (Caxambu), o alto da Serra da Mantiqueira, o Cachumbu 

(Caxambu), o Rio Verde, o Rio Sapocahy (Sapucaí) e o Morro do Lopo, que indicava o início da estrada de 

Goyazes (Goiás). Nesse mapa há a localização dos caminhos que iam para as Minas e um deles passava 

perto do Rio Mandu e Sapucaí. Uma das travessias mais antigas passando por aquelas paragens data do 

final  do  século  XVI,  cuja  expedição  era  liderada  por Martim  Corrêa  de  Sá,  mas  o  caminho  só  foi 

estabelecido a partir de meados do século XVII.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O mapa acima mostra um traçado dos rios diferente ao que encontramos na região. É preciso 

levar em conta que, com a construção da Represa de Furnas na década de 1950, a geografia dos rios da 

Bacia do Rio Grande  foi modificada, mas é possível ainda perceber que os colonizadores conheciam a 

Carta  Corográfica  da  Capitania  de  São  Paulo,  datada  de  1766. Observe  no  alto  os  rios  Sapucaí  e Mandu  (cuja  grafia  é Manduú). Fonte: http://www.novomilenio.inf.br/santos/mapa106g.htm 

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região o suficiente,  já em 1766, para descrever os  rios e o  relevo do caminho que  ligava São Paulo a 

Minas. Ao  lado do Rio Verde podemos encontrar a vila de Santo Antônio de Campanha do Rio Verde, 

que foi criada em 1743 e era responsável por todos os povoamentos em torno dela, incluindo os vales 

dos Rios Sapucaí e Mandu. Um dos caminhos que seguia para as Minas passava pelos povoados de São 

Pedro, Santa Ana do Sapucaí e pelo arraial de Campanha. Observando os aspectos geográficos da região, 

o caminho aberto pelos paulistas atravessava os rios Sapucaí e Mandu e seguia para São João Del Rey 

para dali ir até Mariana e Vila Rica (Ouro Preto). É importante comentar acerca dos caminhos da colônia 

porque foi nas margens de um deles que foi fundado o povoado do Pouso do Mandu. 

 

Na  primeira metade  do  século  XVIII,  a  região  do  Rio  Sapucaí  entrou  nas  discussões  para  a 

definição da divisa entre a Capitania de São Paulo e Minas Gerais. Os paulistas queriam a área a oeste 

das margens  do  Sapucaí  porque  aquelas  paragens  eram  consideradas  riquíssimas, mas  a  coroa  não 

estava propensa a deixar a posse daquelas terras a eles. Assim, o grupo que acompanhava o sertanista 

Francisco Martins Lustosa chegou a pegar em armas para garantir a posse da região do Sapucaí, mas a 

provisão régia de nove de maio de 1748 refreou a atuação de Lustosa. Ela deu autorização ao Conde de 

Bobadela  para  definir  os  limites  entre  as  duas  capitanias  e  a  partir  daí  ele  tomou  as  providências 

necessárias para o apaziguamento da região. No ano seguinte, a divisa foi definida por Gomes Freire de 

Andrade pela Serra de Mogy‐guassu e as terras referentes a onde hoje está Pouso Alegre passaram a 

pertencer à capitania mineira.1  

 

Segundo a obra publicada pela Secretaria do Bispado de Pouso Alegre, o primeiro morador da 

foi o Sr. Carlos de Araújo que vendeu as terras para o Sr. Antônio  José Machado. Este doou as  terras 

para a fundação da primeira capela de Bom Jesus do Matozinhos de Pouso Alegre. Já segundo Amadeu 

de Queiroz, depois das disputas entre paulistas e mineiros pela região e da saída de Lustosa, o primeiro 

morador das margens do Mandu foi o Sr. Antônio de Araújo Lobato que se estabeleceu ali na década de 

1750. As divergências entre os colonizadores e a coroa já haviam acabado e a região, provavelmente, se 

tornou mais segura para a ocupação. A extração de ouro acontecia apenas nas proximidades de Ouro 

Fino e de Santana do Sapucaí e as margens do Mandu eram utilizadas  como pastagens e campos de 

plantações.  

 

Nas décadas de 1750 e 1760, a região era composta por algumas fazendas e aglomerados de 

casas.  Segundo  Amadeu  Queiroz,  no  ano  de  1766,  foi  criado  o  registro  do Mandu  para  impedir  o 

escoamento da produção aurífera de Ouro Fino sem a devida cobrança dos  impostos. Nessas décadas, 

as terras entre os dois rios Mandu e Sapucaí‐mirim foram vendidas para o Sr. João da Silva Pereira que, 

em 1785, conseguiu a concessão da sesmaria.  

1 ROSSI, Pompeu. O guarda‐mor Lustosa, fundador de Ouro Fino. RAPM. Belo Horizonte: Imprensa Oficial de Minas Gerais, vol. 22, ano 1928, p. 159‐175.  

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“(...) Faço saber aos que esta Carta de Sesmaria virem que atendendo 

o que me representou por sua petição João da Silva Pereira, morador 

na Freguesia de Santa do Sapucaí, em  terra que  cultiva há mais de 

trinta  anos  por  compra  que  então  delas  fez  a  Antônio  de  Araújo 

Lobato, primeiro povoador daquele sertão, e outras mais, povoadas e 

cultivadas ao mesmo tempo daquelas por Félix Francisco, cujas terras 

se verificam entre os  rios Sapucaí‐mirim e Sapucaí‐assu, tanto umas 

como outras em que se acha com atual cultura desde referido tempo, 

e porque as quer possuir na forma  das Reais Ordens, pedindo‐me por 

fim e conclusão   de seu  requerimento  lhe concedesse uma sesmaria 

de  três  léguas  de  comprido  e  uma  de  largo  para  poder  titular  as 

sobreditas terras compras por de outra forma o não poder fazer por 

terem extensão grande, sendo a maior parte campos de criar o gado 

vacum  e  cavalar  com  que  se  acha  o  suplicante  nelas  estabelecido, 

principiando‐se a medição no fim do Espigão onde   finda a barra de 

um  e  outro  rio  correndo  sempre  pelo  dito  espigão  acima  ate  onde 

findarem as terras que o suplicante comprou que é o primeiro ribeirão 

acima  do  córregos  chamado  dos  macacos,  que  deságua  para  o 

Sapucaí‐mirim  e  do  outro  com  um  córrego  chamado  Lagoinha  que 

deságua  para  o  Sapucaí‐assu,  fazendo‐se  Pião,  donde  mais 

conveniente  for,  por  ser  uma  paragem  quase  sertão  inda  thé  o 

presente, cuja concessão a requer com preferência a outra qualquer 

na dita paragem, tudo na forma das ordens de Sua Majestade (...).2 

 

No  final do  século XVIII, a  capela de Senhor Bom  Jesus de Matozinhos  foi  criada a partir da 

doação de Manuel José Machado, filho de Antônio José Machado em cumprimento ao testamento de 

seu pai. A capela foi erguida no meio de onde hoje está a Praça Senador José Bento, em frente à atual 

matriz. O padre que rezou a primeira missa foi o padre da Paróquia de Santana do Sapucaí, Pe. Francisco 

de Andrade Melo.3  

 

Segundo Amadeu Queiroz, ainda no final do século XVIII, uma comitiva do Conde de Sarzedas 

passou por  Itapeva em Minas Gerais,  cuja  fazenda era denominada Pouso Alegre e não  conseguindo 

muitos recursos para passar a noite, seguiu para a Fazenda Furquim, no Mandu, onde foi recebida com 

2 QUEIROZ, Amadeu de. Pouso Alegre: a origem da cidade e a história da imprensa. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1948, p. 27‐28. 3 OLIVEIRA, Cônego João Aristides de. A diocese de Pouso Alegre no ano jubilar de 1950. Pouso Alegre: Tip. da Escola Profissional, 1950.

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melhores condições de pouso. Assim, diante da  ironia do pouso alegre ter sido às margens do Mandu, 

houve uma brincadeira de que o lugar deveria ser conhecido como pouso alegre do Mandu.  

 

A  importância da discussão  acerca dos primeiros moradores  está na  confirmação de que  as 

margens do Mandu  já haviam  sido  colonizadas no  século XVIII  e que os povoados  já  existiam desde 

meados  daquele  século.  Duas  indicações  disso  são  a  presença  de  fazendas  e  pastos  para  o  gado, 

mencionadas na sesmaria concedida a João da Silva Pereira e nas disputas territoriais entre paulistas e 

mineiros nas paragens próximas ao rio Sapucaí, e a criação do Registro do Mandu que  também é um 

indício de  que  aquelas  terras  eram  controladas  em maior medida que  as minas de Ouro  Fino. Mais 

tarde, o registro foi extinto ficando apenas o vilarejo.  

 

No século XIX, em 1810, a Capela do Mandu foi elevada a freguesia de Nosso Senhor Bom Jesus 

de Pouso Alegre. No ano seguinte, o Padre  José Bento Ferreira de Melo,  foi colado na  freguesia e se 

mudou para o arraial do Mandu. Segundo Queiroz, na primeira década do XIX, Mandu  tinha cerca de 

cinqüenta casas bem construídas. A produção aurífera havia se escasseado já no século XVIII e as regiões 

produtoras de víveres como Pouso Alegre cresceram em quantidade de população e desenvolvimento 

econômico. No século XIX, isso foi intensificado e o quadro populacional da vila de Campanha de 1826 

indica que Pouso Alegre tinha 2.733 homens  livres, 2.472 mulheres  livres, 854 homens escravos e 431 

mulheres escravas, somando 6.490 almas.4 Da primeira década do século XIX aos anos de 1820, Pouso 

Alegre  cresceu muito  se  tornando  a  segunda maior  cidade  do  sul  de Minas.  Acreditamos  que  esse 

crescimento acelerado pode ter sido influência da presença da corte no Rio de Janeiro e da necessidade 

daquela  região  de  abastecimento  de  víveres  produzidos  nas  fazendas  pousoalegrenses.  Segundo 

Alexandre Mendes Cunha,  

 

“ Os ritmos do crescimento nessas três áreas que na virada do século 

compunham o grande termo de Campanha, são reveladores de uma 

dinâmica  diferenciada  na  ocupação  do  sul  de Minas.  A  princípio  o 

crescimento se  localizou em Campanha, depois se direcionando para 

outros  pontos  da  região;  ganha  intensidade  aí  a  ocupação  do 

sudoeste,  nas  áreas  próximas  à  nascente  do  rio Grande  e  onde  se 

localiza Baependi, e o sudoeste, nas terras além do rio Sapucaí, onde 

está  Jacuí. O  termo  de  Jacuí mais  que  dobra  sua  população  entre 

1820  e  1835,  passando  de  15.229  habitantes  para  32.545,  e 

imprimindo  alta  taxa  de  crescimento  anual. Baependi, por  sua  vez, 

4 Mapa Populacional. Revista do Arquivo Público Mineiro, vol. 3, p. 637, jul./set. 1896. 

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cresce  em  velocidade menor  no  período, mas  em  termos  absolutos 

seria o segundo termo em números de habitantes em 1835.” 5 

 

Cunha analisa a população do termo de Campanha a partir do recenseamento de 1830‐31, mas 

não chega a mencionar a recém formada vila de Pouso Alegre. Porém ao concluir que a região recebeu 

muitos migrantes e aumentou a quantidade populacional, ele também está se referindo à Pouso Alegre 

que fazia parte do termo e também cresceu em números populacionais.  

 

Isaías Pascoal analisa os aspectos econômicos que  influenciaram a participação política do sul 

de Minas  na  formação  do  Estado  Brasileiro,  no  período  regencial.  Segundo  ele,  o  desenvolvimento 

econômico da região trouxe facilidades para a inclusão dos políticos sul ‐ mineiros na política nacional.6 

Aliado  a  isso, há  a presença do Padre  José Bento que  se posicionou em  favor da  regência  e obteve 

vantagens na administração da vila de Pouso Alegre, fundada em 13 de outubro de 1831. Em 1833, em 

conseqüência da abdicação de D. Pedro I, houve uma revolta em Minas contra o governo imperial que 

foi  prontamente  combatida.  Adequando‐se  aos  interesses  imperiais,  o  Padre  José  Bento  criou  a 

Sociedade Defensora da Independência e Liberdade Nacional em Pouso Alegre que era liberal moderada 

e defendia o  Império e a Regência. O Padre  José Bento  foi  senador e deputado e defendeu o  sul de 

Minas.  Ele  soube,  no  cenário  político  nacional,  garantir  a manutenção  dos  interesses  econômicos  e 

políticos da região, em especial de Pouso Alegre, onde foi padre. Para a cidade de Pouso Alegre, o padre 

José Bento foi mais que um padre, foi um político e um defensor dos  interesses pousoalegrenses. Sua 

participação  no  quadro  político  nacional  provavelmente  proporcionou  à  vila  o  apoio  para  o 

desenvolvimento das suas atividades econômicas e a inseriu no cenário nacional. Acreditamos que isso 

tenha impulsionado seu crescimento, explicando o aumento populacional e a elevação à vila. 

 

A cidade de Pouso Alegre passou por vários momentos de aumento populacional ao  longo de 

sua história. No século XIX  isso foi caracterizado  inicialmente pelo crescimento das décadas de 1820 e 

1830 que culminou em sua elevação a vila. Posteriormente, na década de 1870 um novo crescimento 

populacional foi percebido e o número de fogos foi elevado. Nessa década, a densidade demográfica do 

sul de Minas, termo de Campanha, é a terceira maior do Estado, contabilizando 9.4, atrás da zona da 

mata, com 12.2, e da região mineradora (Vila Rica, Sabará, etc.), com 11.8 de densidade demográfica. 

Comparando  a  população  do  termo  de  Campanha  em  1830  e  1870,  encontramos  números  bem 

diferenciados.  A  população  cresceu  de  90588  para  240387,  ou  seja,  seus  índices  populacionais 

cresceram mais que o dobro. Esses números correspondem a todo o termo de Campanha, mas refletem 

5 CUNHA, Alexandre Mendes.  “Paisagem  e População:  algumas  vistas de dinâmicas  espaciais  e movimentos da população nas Minas do começo do Dezenove.” XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil de 4 a 8 de novembro de 2002. 6 PASCOAL, Isaías.  Fundamentos econômicos da participação política do sul de Minas na construção do Estado brasileiro nos anos 1822‐1840. Economia e Sociedade, Campinas, v. 17, n. 2 (33), p. 133‐157, ago. 2008.

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o  aumento  populacional  da  vila  de  Pouso  Alegre.  No  recenseamento  de  1890,  encontramos  uma 

população de 5707 pessoas na área urbana e 37122 contabilizados em toda Pouso Alegre, somando os 

habitantes das zonas rural e urbana. Isso mostra que a cidade cresceu muito no século XIX, deixando de 

ser um pequeno povoado de 50 casas para se  tornar uma cidade com mais de 2000  fogos na porção 

urbana. Segundo Marcelo Soares Mello Filho e José dos Santos Junior, a concentração populacional em 

centros urbanos verificada no século XIX pode indicar um direcionamento da economia mineira para os 

serviços e bens urbanos e não para a agro‐exportação.7 No caso pousoalegresense, a produção agrícola 

era  intensa, mas  na medida  em  que  a  cidade  crescia,  podemos  sugerir  que  as  atividades  urbanas 

passaram  a  ser  um  dos  principais meios  de  circulação  financeira.  Isso  pode  ser  caracterizado  pelo 

aumento de escolas, centros culturais e similares na cidade que indicava uma vida urbana mais intensa.   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O pintor Passos Maurício fez uma representação da cidade de Pouso Alegre no ano de 1863.8 

Na pintura podemos perceber a presença de  sobrados e da  igreja com um cruzeiro à  frente. As  ruas 

eram largas e de terra e nas terras além do rio Mandu, onde hoje fica o bairro São Geraldo, não havia 

casas, a não ser por uma ou outra sede de fazenda.   

 

7 MELLO FILHO, Marcelo Soares Bandeira; SANTOS JUNIOR, José Maria dos. População e Geografia Econômica: a conformação da população  no  espaço  em Minas Gerais,  no  século  XIX.  XV  Encontro  Nacional  de  Estudos  Populacionais,  ABEP,  realizado  em Caxambú‐MG – Brasil, de 18 a 22 de setembro de 2006. 8 Disponível em : <http://www.conselhodeculturapa.com.br/index/textos/Passo%20do%20Mauricio.pdf> Acesso em 10 dez 2008, 12:00.

Foto  da  pintura  de  Passos  Maurício  de  Pouso  Alegre  em  1863.  Fonte:  <  http://www.conselho deculturapa.com.br/index/textos/Passo%20do%20Mauricio.pdf> 

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Partindo  das  análises  populacionais  e  econômicas  do  sul  de Minas,  tentaremos  descrever  a 

cidade de Pouso Alegre ao longo do século XIX. Nos primeiros anos do século, ainda na colônia, Pouso 

Alegre era um pequeno conjunto de casas em torno da capela do Mandu, construída nos últimos anos 

do século XVIII. Em dez anos, a capela reuniu os fiéis a Bom Jesus e proporcionou ao lugarejo a elevação 

à  freguesia de Bom  Jesus de Pouso Alegre. Na década de 1830, com um desenvolvimento maior, em 

especial por causa da agricultura e da influência política do Senador José Bento, podemos então sugerir 

que a vila de Pouso Alegre, fundada em 1831, já reunia em torno da capela que ficava onde hoje está a 

Praça Senador José Bento, praça central da cidade, em frente à atual matriz de Nosso Senhor Bom Jesus, 

algumas casas assobradadas circundando o  largo da  igreja e outras  tantas ao  redor, caracterizando a 

área urbana. Havia nessa época mais dois largos na área central, o do Rosário e o da Cadeia que foram 

extintos. Em 1848, a vila de Pouso Alegre se torna cidade e no ano seguinte os pousoalegrenses iniciam 

a construção de uma nova matriz, no mesmo lugar onde hoje está a catedral. As década subseqüentes 

do século XIX trouxeram a Pouso Alegre um crescimento urbano marcado pela construção de prédios 

públicos municipais, o teatro, o Colégio São José, para rapazes, o Nossa Senhora das Dores para moças e 

o Liceu Pouso Alegrense. A ferrovia chegou a Pouso Alegre na década de 1880 trazendo o progresso e as 

facilidades do  transporte. Em  fins do século XIX, o centro da cidade era  iluminado com  lampiões que 

eram acesos diariamente no fim da tarde. O mercado municipal foi erguido em 1893, no largo da igreja, 

para abrigar os comerciantes da zona  rural da cidade. O comércio no  local  tornou‐se  tradicional para 

Pouso Alegre. Para terminar o século XIX e demonstrar o crescimento da cidade, foi instalada a Comarca 

de  Pouso  Alegre  no  ano  de  1892  e  em  1899  foi  criado  o  Seminário  Diocesano  de  Nossa  Senhora 

Auxiliadora. 

 

Pouso  Alegre  atraiu  várias  instituições  católicas  que  instalaram  seus  colégios,  conventos  e 

seminários  em  suas  terras.  Isso  proporcionou  à  cidade  certo  destaque  no  sul  de  Minas  e  em 

conseqüência ela passou a  ser uma  referência na  região. Acreditamos que  sua proximidade  com São 

Paulo e seu desenvolvimento urbano em todo o século XIX aumentou essa  influência e exaltou Pouso 

Alegre. Aliado a  isso,  temos na cidade uma  forte  imprensa  iniciada pelo Padre e Senador  José Bento. 

Ainda  em  1830,  foi  criado  o  Pregoeiro  Constitucional,  um  jornal  de  cunho  liberal  cujo  objetivo  era 

discutir o governo de D. Pedro I e que lançou bases para uma reforma constitucional do Império. A força 

política  do  Padre  José  Bento  e  de  seu  jornal  lançou  Pouso  Alegre  no  Brasil  e  auxiliou  a  cidade  na 

construção de sua imprensa.9 Três anos depois da criação do Pregoeiro, foi criado o Recopilador Mineiro 

que também seguia a influência do padre político.  Em 1883, a Câmara Municipal de Pouso Alegre criou 

o Livro do Povo, um jornal abolicionista que fazia a propaganda contra a escravidão para os fazendeiros 

locais.  Três  anos  antes, diversas  famílias  italianas  chegaram  à  cidade para  trabalhar na  agricultura  e 

9  SOUZA,  Françoise  Jean  de  Oliveira.  Discursos  impressos  de  um  padre  político:  análise  da  breve  trajetória  d’O  pregoeiro constitucional. Almanack Braziliense, n. 5, maio 2007, p. 86‐100. 

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substituir  a  mão‐de‐obra  escrava.  Assim,  acreditamos  que  o  jornal  tentava  diminuir  ainda  mais  o 

contingente de escravos. Como era um periódico da câmara, a proposta anti escravagista poderia ser 

compreendida como uma intenção dos próprios pousoalegrenses que refletia na opinião dos vereadores 

abolicionistas. Isso sugere que os moradores de Pouso Alegre estavam engajados ou eram simpáticos à 

campanha contra a escravidão. Novamente Pouso Alegre era atuante nas questões nacionais como o foi 

durante a queda de D. Pedro I e a regência.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Da esquerda para a direita: Padre  José Bento, proprietário do  jornal O Pregoeiro Constitucional, que  foi assassinado no caminho para sua fazenda do Engenho da Serra, em 1844; o Recopilador Mineiro,  jornal criado sob a  influência do padre José Bento e as duas últimas, imagens de páginas do Pregoeiro Constitucional. Fonte: OLIVEIRA, Cônego João Aristides de.  A diocese de Pouso Alegre no ano jubilar de 1950. Pouso Alegre: Tip. da Escola Profissional, 1950. 

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O século XX chegou a Pouso Alegre com muitas  inovações. O processo desenvolvimentista da 

cidade continuou e já no primeiro ano, a partir da iniciativa e esforço do Padre José Paulino de Andrade, 

foi criado o bispado de Pouso Alegre cujo primeiro bispo foi Dom João Baptista Correa Nery. Dom Nery 

nasceu no interior paulista. Era um grande orador e foi nomeado bispo de Vitória anos antes de ir para o 

sul de Minas, mas adoeceu e  foi  transferido para Pouso Alegre, onde poderia exercer o episcopado e 

aproveitar o clima para se curar de sua enfermidade. Foi o consolidador do bispado pousoalegrense e 

junto  com  o  Padre  José  Paulino, mais  tarde Monsenhor,  trouxe  novos  colégios  e  santuários  para  a 

cidade, como o Santuário do Coração de Maria, inaugurou monumentos católicos e construiu o Palácio 

Episcopal. Deixou a cidade em 1908 e foi para Campinas, onde se tornou o primeiro bispo.   

 

 

 

 

 

 

Recopilador Mineiro, jornal criado sob a influência do padre José Bento e as duas últimas, imagens de páginas do Pregoeiro Constitucional. Fonte: OLIVEIRA, Cônego João Aristides de. A diocese de Pouso Alegre no ano jubilar de 1950. Pouso Alegre: Tip. da Escola Profissional, 1950. 

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Ainda na primeira década do século XX, o centro de Pouso Alegre passou a ser  iluminado por 

energia elétrica e as casas a receber água canalizada. As reformas urbanas deixavam a cidade cada vez 

mais com aspecto modernizado, mas as tradições rurais permaneciam e, segundo Amadeu Quieroz, as 

ruas e o  largo da matriz serviam de curral para as vacas que dormiam ali  todas as noites. Ao mesmo 

tempo  em que o  centro da  cidade  era o  local de manifestações públicas  e de  encontros depois das 

missas  de  domingo,  ainda havia  o bucolismo  da  atividade  agrícola na  cidade que  se manifestava  na 

presença do gado nas ruas da cidade e da importância que tomou o mercado após a sua construção.  

 

Em 1892 aconteceu a primeira eleição de Pouso Alegre e foi eleito o Coronel Joaquim Vieira de 

Carvalho que ficou no cargo até o ano de 1904. Ele não era pousoalegrense, mas chegou à cidade em 

1855.  Era  funcionário  dos  Correios  e  fazendeiro.  Ingressou  na  política  e  foi  inspetor  municipal  e 

À esquerda, Dom Nery; ao seu  lado, Monsenhor  José Paulino de Andrade; ao centro, o Santuário do Coração de Maria, inaugurado em 1905. Fonte: OLIVEIRA, Cônego João Aristides de. A diocese de Pouso Alegre no ano jubilar de 1950. Pouso Alegre: Tip. da Escola Profissional, 1950. 

Palácio  Episcopal  de  Pouso Alegre.  Fonte:  OLIVEIRA, Cônego  João  Aristides  de.  A diocese  de  Pouso  Alegre  no ano  jubilar  de  1950.  Pouso Alegre:  Tip.  da  Escola Profissional, 1950. 

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presidente da Câmara. Faleceu em 1911 em Pouso Alegre. Seu sucessor foi o Sr. Otávio Meyer que foi 

presidente da  Câmara  de  1905  a  1912.  Era  um  homem  dinâmico  e,  além  de  político,  se  dedicou  às 

atividades agropecuárias, à construção civil, ao comércio. Era um empreendedor. Teve uma numerosa 

família e viveu oitenta anos. Faleceu na cidade em 1950. O prefeito seguinte  foi o Sr. Eduardo Carlos 

Vilhena do Amaral. Ele era pousoalegrense nascido em 1857. Foi um grande político em âmbito estadual 

e federal. Chegou a ser senador e vice‐presidente de Minas. Esteve à frente de Pouso Alegre de 1912 a 

1922 e  foi  responsável por muitos avanços na urbanização e desenvolvimento econômico da  cidade. 

Faleceu em 1938, aos 81 anos. De 1923 a 1927, o Sr. Olavo Gomes de Oliveira foi o prefeito de Pouso 

Alegre.  Ele  era  farmacêutico,  foi  professor  da  escola  de  Farmácia  e  proprietário  de  uma  tradicional 

farmácia na cidade, a Farmácia Queiroz. Além de político,  foi  também presidente do Banco de Pouso 

Alegre. O  Sr.  João  Tavares Corrêa Beraldo  foi o prefeito de 1927  a 1933.  Ele  foi  advogado  e  juiz de 

direito. Foi vereador de Pouso Alegre, deputado estadual por Minas, secretário de estado e interventor 

federal em Minas Gerais.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

De 1933 a 1934 e depois, num segundo mandato, de 1945 a 1946, o Sr. José de Paiva Coutinho 

Sapucahy foi prefeito de Pouso Alegre. Ele era conhecido como Dr. Sapucahy em homenagem ao rio que 

banha  a  cidade,  alcunha  recebida  durante  os  anos  em  que  freqüentava  a  faculdade  de  Direito.  Foi 

advogado, delegado de polícia, promotor e  juiz de direito. Foi prefeito da cidade por dois mandatos e 

depois foi nomeado consultor da Loteria Mineira. Faleceu em 1966, aos oitenta anos em Caçapava – SP. 

Entre os dois mandatos do Dr.  Sapucahy,  foram prefeitos os  Srs. Antônio Corrêa Beraldo, de 1935 a 

1937, Tuany Toledo, de 1937 a 1941,  José Antônio de Vasconcelos Costa, de 1941 a 1943, e Oswaldo 

Mendonça, de 1943 a 1945. O primeiro nasceu em 1885 em Santana do Sapucaí e  faleceu em Pouso 

Alegre em 1970. Era empresário e  criava e  instalava  fontes  luminosas. Foi  responsável pela  fonte da 

Praça Senador José Bento e de outras tantas cidades que contrataram seus serviços. Criava mecanismos 

Da esquerda para a direita: Coronel Joaquim Vieira de Carvalho, Sr. Otávio Meyer, Sr. Eduardo Carlos Vilhena do Amaral, Sr. Olavo Gomes de Oliveira e Sr. João Tavares Corrêa Beraldo. Fonte: www.museupousoalegre.com.br 

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artesanais e engenhosos para o funcionamento dos motores de suas fontes.10 Muitas delas ainda estão 

ativadas e iluminando as praças onde foram colocadas. O segundo, Sr. Tuany Toledo, dá nome ao museu 

de  Pouso  Alegre.  Nasceu  em  Congonhal,  em  1893  e  faleceu  em  Pouso  Alegre,  em  1985.  Foi 

farmacêutico, comerciante,  jornalista,  inspetor escolar, vereador e presidente da Câmara Municipal de 

Pouso Alegre. O  seguinte  foi o  Sr.  José Antônio de Vasconcelos Costa.  Ele nasceu  em 1916 em  Sete 

Lagoas e faleceu em agosto de 2008. Nos último anos de vida, sofreu do mal de Alzheimer. Foi velado na 

Assembléia  Legislativa  do  Estado  de Minas Gerais.11  Vasconcelos  Costa  era  formada  em Direito.  Foi 

prefeito de várias cidades mineiras além de Pouso Alegre, Uberlândia, Pouso Alto, São Sebastião do Rio 

Verde  e  Sete  Lagoas.  Foi  secretário  de  estado,  deputado  federal  por  três  mandatos  e  membro 

permanente do Brasil na ONU. O último foi o Sr. Oswaldo Mendonça. Ele nasceu em Pará de Minas em 

1911 e  faleceu em Guaxupé em 1985. Foi advogado e  juiz de direito. Foi prefeito de Pouso Alegre e 

Santo Antônio do Monte e vice‐prefeito de Guaxupé. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em 1947, o prefeito municipal de Pouso Alegre foi o Sr. José da Costa Rios Filho. Ele nasceu em 

Silvianópolis em 1917. Foi advogado, juiz de direito e desembargador em Minas Gerais. De 1947 a 1951, 

o Sr. Alvarim Vieira Rios foi prefeito da cidade. Ele nasceu em Silvianópolis, antiga Santana do Sapucaí, 

em  1894  e  faleceu  em  1977.  Foi  farmacêutico,  político  e  fazendeiro.  Ajudou  a  fundar  o  Banco  da 

Lavoura. Foi prefeito de Silvianópolis e Pouso Alegre. Após seu mandato, subiu ao cargo o Sr. Custódio 

Ribeiro  de Miranda.  Ele  era médico  e  foi  criador,  fundador  e  diretor  do  Hospital  Regional  Samuel 

Libânio,  inaugurado em 21 de maio de 1921 e construído com verbas da Fundação Rockfeller. Hoje o 

hospital  é  conhecido  como Hospital  das  Clínicas  “Samuel  Libânio”  e  pertence  a  Fundação de  Ensino 

Superior do Vale do Sapucaí. Foi prefeito entre os anos de 1951 a 1956. Em sua gestão que começou a 

ser construído o aeroporto de Pouso Alegre.  

 

10  Disponível  em  <http://luzdeluma.blogspot.com/2005/11/e‐porque‐hoje‐vamos‐passear‐nojardim. html?showComment=1133440140000>    Acesso  em  11  dez  2008,  14:30.  Disponível  em  <http://www.mao org.br/port/cronologia2.asp> Acesso em 11 dez 2008, 15:30. 11  Disponível  em  <http://www.correiodeuberlandia.com.br/texto/2008/08/25/31345/vasconcelos_costa_  e_velado _na_almg.html> Acesso em 12 dez 2008, 10:15.

Da esquerda para a direita: o  Sr.  José de Paiva Coutinho  Sapucahy,  Sr. Antônio Corrêa Beraldo,  Sr. Tuany Toledo,  Sr.  José Antônio de Vasconcelos Costa e Sr. Oswaldo Mendonça. Fonte: www.museupousoalegre.com.br

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Ainda na década de 1950, foi prefeito o Sr. Antônio de Barros Lisboa. Ele terminou o aeroporto 

de Pouso Alegre que mais  tarde  recebeu o seu nome. Ele era professor de Medicina Legal, médico e 

trabalhava no Hospital Regional Samuel Libânio. Nasceu em 1908, na cidade de Jacutinga e faleceu em 

Pouso Alegre, no ano de 1976.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

À esquerda, primeira sede do Hospital Regional Samuel Libânio, na década de 1920. À direita, atual sede do Hospital das Clínicas Samuel Libânio. Fonte: http://www.univas.edu.br/HCSL/hcsl_Interna.asp?opc=1 

À esquerda, Aeroporto de Pouso Alegre, em 1956, dia da inauguração.  No  meio,  a  frente  do  aeroporto  na solenidade de inauguração, em 09 de setembro de 1956. Acervo: D. Olga Maria  Lisboa Guerra. À direita,  foto do Aeroporto Dr. Antônio de Barros Lisboa, em 2008. Foto: Liliane Corrêa. 

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O Sr. Jorge Antônio Andere foi prefeito de Pouso Alegre por dois mandatos, de 1959 a 1963 e 

de 1967  a 1969, quando  foi  cassado pelo AI‐5.  Era um homem ousado  e  empreendedor. Nasceu no 

Líbano,  em  1914,  e  imigrou  para  o  Brasil  ainda  criança.  Naturalizou  brasileiro  em  1936.  Foi 

representante da Ford, comerciante, contador e dono de postos de gasolina. Faleceu em Pouso Alegre 

em 1977. De 1963 a 1967, entre os mandatos de Andere, o Sr. Cândido Garcia Machado foi prefeito da 

cidade.  Ele  nasceu  em  1901  e  faleceu  em  1993.  Foi  dentista, mas  a  agropecuária  era  sua  principal 

atividade  econômica.  Como  político  foi  vereador,  vice‐prefeito  e  prefeito.  No  último  ano  de  seu 

mandato deixou a prefeitura por 20 dias para fazer um tratamento de saúde e assumiu em seu lugar o 

Sr.  Fernando  de  Barros.  Depois  do  segundo mandato  de  Andere,  foi  prefeito  o  Sr.  Antônio  Duarte 

Ribeiro. Ele era  contador e  comerciante.  Foi  vereador e  vice‐prefeito de Andere. Com a  cassação de 

Jorge Andere, ele assumiu o posto até o final do mandato, em 1971. Em 1972 subiu ao cargo o Sr. Breno 

José de Carvalho Coutinho. Ele era pousoalegrense. Nasceu em 1919 e faleceu em 2004. Era advogado e 

político. Foi responsável pelo crescimento industrial do município a partir da promoção de Pouso Alegre 

para empresários e industriais.12 Em seguida, o Sr. Simão Pedro Toledo assumiu a direção do município. 

Foi prefeito por dois mandatos, entre 1973 e 1976 e de 1983 a 1988. Ele é advogado e voltado às letras. 

É conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais e pertenceu ao PTB. Nasceu em Pouso 

Alegre em 1939 e atualmente mora em Belo Horizonte.  

 

 

 

 

 

 

 

12 Disponível em <http://www.fai‐mg.br/portal/paginas/pub_p_mat2006.php?materia=02> Acesso em 13 dez. 2008, 22:00. 

Da esquerda para a direita, Sr. José da Costa Rios Filho, Sr. Alvarim Vieira Rios, Sr. Custódio Ribeiro Miranda e Sr. Antônio de Barros Lisboa. Fonte: www.museupousoalegre.com.br

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 Entre os dois mandatos do Sr. Simão Pedro Toledo, foram prefeitos os Srs. João Batista Rosa e 

Cândido de Souza. O primeiro ocupou o cargo também por dois mandatos, de 1977 a 1982 e de 1993 a 

1997. Ele é de Estiva e já vereador daquela cidade. É advogado e escritor. O segundo ficou empossado 

apenas entre os anos de 1982 e 1983. É pousoalegrense e  já  foi vereador e vice‐prefeito. De 1989 a 

1992, de 1997  a 2001 e 2005  a 2008, o  Sr.  Jair  Siqueira  foi o prefeito de Pouso Alegre. O  Sr.  Jair é 

advogado e professor universitário. No último mandato sofreu uma cassação votada pela Câmara e que 

foi anulada pelo Tribunal de  Justiça de Minas Gerais. Por alguns meses ele se manteve  fora do cargo, 

mas voltou para a prefeitura após a anulação e terminou seu mandato. E de 2001 a 2004, o Sr. Eneas 

Castilho Chiarini assumiu a direção do município, ele é empresário e político.  O atual prefeito eleito de 

Pouso Alegre e empossado esse ano de 2009 é o Sr. Agnaldo Perugini.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A vida política de Pouso Alegre sempre foi intensa e com grande participação da população. No 

século  XIX  e  no  início  do  XX,  podemos  perceber  essa  vivência  pelos  jornais  que  foram  fundados  na 

cidade e que manifestavam os  interesses e  satisfações do povo pousoalegrense. O mais  famoso e  já 

mencionado nesse  trabalho, O Pregoeiro Constitucional,  foi o grande  ícone da  imprensa  regencial na 

década de 1830 e colocou Pouso Alegre na política nacional. Mas há outros  jornais  importantes e que 

traduzem  a  preocupação  com  o  discurso  político  e  o  cotidiano  da  cidade.  São  eles  O  Recopilador 

Mineiro, O Mineiro  (1873),  Progresso Mineiro  (1878), Dez  de  Dezembro  (1879), O  Pouso  Alegrense 

Da esquerda para a direita, Sr. Jorge Andere, Sr. Cândido Garcia Machado, Sr. Fernando de Barros, Sr. Antônio Duarte Ribeiro,Sr. Breno José de Carvalho Coutinho e Simão Pedro Toledo. Fonte: www.museupousoalegre.com.br 

Da  esquerda  para  a  direita,  Sr.João  Batista  Rosa,  Sr.  Cândido  de  Souza,  Sr.  Jair  Siqueira,  Sr.  Eneas  Castilho  Chiarini  e  Sr. Agnaldo  Perugini.    Fonte:  www.museupousoalegre.com.br  e http://www.mantiqueira7artes.net/noticias_detalhe.asp?id_cat=9&id=3232 

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(1880), Livro do Povo (1881), Jornal de Pouso Alegre (1885), Vale do Sapucaí (1885), Corisco (1886), A 

Fênix  (1887), O Sapucaí  (1887), O Pirilampo  (1889), O Noticiador  (1892), Pátria  (1897), Folha Católica 

(primeiros  anos de  século  XX),  Sul de Minas  (1900),  Semana  religiosa  (1902), A  Esperança  (1902), O 

Clarim (1904), Jornal de Minas (1904), Mensageiro Paroquial (1904), O Estudo (1904), A Verdade (1904), 

Correio Sul Mineiro  (1904) O Estudante  (1906), Mensageiro  (1906), Cidade de Pouso Alegre  (1906), O 

Arauto  (1906), A Mocidade  (1906), O Pouso Alegrense  (1906), O Levitã  (1907), A Gazetinha  (1907), O 

Mandu (1908), O Pouso Alegre (1909), Folha Popular (1910), A Semana (1910), Tribuna Sul Mineira, O 

Independente  (1912),  O  industrial  (1913),  O  Repórter  (1914),  O  Sul Mineiro  (1914),  Gazeta  (1913), 

Gazeta  de  Pouso  Alegre  (1916),  Semana  Religiosa  (1916),  A  Luz  (1916),  A  Luneta  (1916),  A  Reação 

(1916),  A  Contra  Reação  (1916),  O  Trabalho  (1917),  O  Porvir  (1917),  O  Rigor,  O  Clamor,  Arquivo 

Diocesano (1917), O Acadêmico (1919), O Brinquedo (1919), O Gavroche, U  lampió, O Sport (1920), O 

Ideal  (1920), O Operário  (1920), A Pequena Arcádia  (1920), O  Imparcial  (1921), O Santuário  (1921), O 

Almofadinha (1922), O Comércio (1922), Revista Veterinária (1922), O Formigão (1922), Ciências e Letras 

(1922),  O  Acadêmico  Veterinário  (1922),  O  28  de  setembro  (1922),  A  Fonética  (1922),  O  Grilo,  A 

Juventude (1922), Estrela do Mar, A Defesa (1923), O Ensaio (1923), A Granada, O Alfa (1923), A Pedra 

Verde  (1923), O Martelo  (1923), O Quinta Feira  (1924), A Pulga  (1925), A Época  (1925), Dom Chicote 

(1926), O Congregado  (1926), O Gavião  (1928), Alvorada  (1923), O Trabuco  (1928), O Grito  (1928), A 

Palavra (1928), Alma Branca (1928), A Gazetinha (1929), Boletim do Posto de Saneamento, A Primavera 

(1930),  A  Policultura  (1931),  Gente  Nova  (1932),  O  Reimo  (1932),  O  Vermelhinho  (1933),  A  Turma 

(1932), O  Pouso  Alegre  (1933),  Ação Operária  (1933), O Mercantil, O  Futurista  (1933), O  Semeador 

(1933), A  Cidade  (1933), O  Linguarudo  (1934),  11 de Maio  (1934), O Retalho, O  Cenáculo  (1934), O 

Primaveril  (1934),  Luz  e  Calor  (1935), O  Terceirista  (1935),  Pombalzinho  (1935),  A  Cultura  (1937), O 

Município (1938) O Linguarudo (1948), Semana Religiosa (1902), Alma Branca (1993), O Jornal de Pouso 

Alegre (1967), Sul das Geraes (1984), Jornal do Estado (1987), Folha do Vale (1994), O Progresso (1995) 

e Bandeirante (1996).  

 

Do século XIX aos dias de hoje, os jornais publicados em Pouso Alegre dizem respeito à política, 

mas há entre os periódicos mencionados acima jornais dos colégios e faculdades da cidade, da igreja e 

do bispado, além de algumas publicações de cunho humorístico. Atualmente, além da imprensa escrita, 

a cidade conta com emissoras de rádio e televisão, a TV Libertas e a Rádio AM, que além de informar os 

pousoalegrenses garantem o entretenimento da população.  

 

O século XX modificou totalmente o espaço da cidade de Pouso Alegre. O traçado e o nome das 

ruas, a arquitetura e a ocupação dos terrenos sofreu grandes diferenciações se compararmos a pintura 

de Passos Maurício à  foto aérea da cidade nos anos 2000 ou com um mapa do atual contorno viário 

urbano  de  Pouso  Alegre.  Segundo  o  Otávio  Gouvêa,  a  antiga  Dr.  Lisboa,  marcada  com  uma  seta 

vermelha,  era  a  Rua  do  Imperador,  que  ligava  o  centro  da  cidade  à  rua  da  Ponte  que  ia  para  o  rio 

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Mandu. O Largo da  Igreja era a atual Praça Senador  José Bento, marcada com uma bolinha verde na 

foto. Outros dois importantes largos da cidade no século XIX eram o largo do Rosário, onde hoje está a 

Praça  João Pinheiro, marcada com um triângulo rosa, e o  largo da Cadeia, que não existe mais e está 

marcado com um quadrado azul escuro.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Temos os nomes  antigos de muitas  ruas do  centro de Pouso Alegre. A Rua  Silvestre  Ferraz, 

marcada com uma seta  roxa, era denominada Rua da Outra Banda, Rua Boa Vista, ou Rua da Cadeia 

Queimada. A Rua dos Coqueiros e a Rua das Taipas correspondem hoje a Rua Comendador José Garcia, 

marcada com a seta amarela.  A Rua Cel. José Inácio é a antiga Rua das Palhas, no lado direito do mapa, 

marcada  com uma  seta azul. A Rua Adolfo Olinto, paralela à Dr.  Lisboa, era  conhecida  como Rua da 

Prata e Rua das Pedras. A atual Rua Getúlio Vargas era o antigo Morro das Cruzes, mas não foi indicada 

no mapa. A Rua João Basílio era a antiga Rua do Brejo e está demonstrada no mapa a partir de uma seta 

verde. A Rua Monsenhor José Paulino era chamada de Rua do Biju por causa de um morador que tinha 

esse apelido. No mapa ela está indicada por meio de uma seta alaranjada.  

 

O município de Pouso Alegre é o pólo do sul de Minas e uma das cidades mais prósperas de 

Minas Gerais. Com uma história de desenvolvimento  e  crescimento,  ele passou por um processo de 

industrialização  no  último  quartel  do  século  XX  que  o  transformou  em  um  centro  industrial  e 

universitário  do  sul  de Minas.  Honrando  a  tradição  educacional  da  cidade  fundada  na  presença  de 

Mapa do centro de Pouso Alegre. Fonte: Google Maps (intervenções nossas). 

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diversas escolas  católicas, a Fundação de Ensino Superior do Vale do Sapucaí,  fundada na década de 

1960, é a mantenedora da Univás – Universidade do Vale do Sapucaí, sediada em Pouso Alegre e uma 

referência no  sul de Minas. Os  cursos oferecidos pela Univás  são: Medicina, Enfermagem, Psicologia, 

Fisioterapia, Farmácia, Nutrição, Comunicação Social – Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Turismo, 

Administração  Hospitalar,  Administração  e  Gestão  de  negócios,  Administração  e  Comércio  Exterior, 

Sistemas  de  Informação,  Educação  Física,  História,  Letras,  Pedagogia,  Biologia, Matemática,  Normal 

Superior e Ciências Contábeis. Outra  faculdade  importante na cidade é a Faculdade de Direito Sul de 

Minas que oferece o  curso de Direito. Além dessas, a  cidade  conta  com outros estabelecimentos de 

ensino superior como a FACAPA, Faculdades COC, FACINTER/FATEC, IFET‐Sul de Minas, SENAI E SENAC e 

ABO. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A microregião  de  Pouso  Alegre, marcada  no mapa  em  vermelho,  faz  parte  da mesoregião 

sul/sudoeste de Minas. É  composta por 20  cidades em uma área de 4.917,317  km². Pouso Alegre, a 

principal cidade de sua microregião, localiza‐se a uma latitude 2º13'48" sul e a uma  longitude 45º56'11" 

oeste. Está a 832 metros de altitude e possui uma área de 545,354 km². 

 

Perante sua localização privilegiada às margens da Rodovia Fernão Dias, Pouso Alegre se tornou 

mais  industrializada  e  desenvolvida.  Sua  população  cresceu  muito  e  em  2008  chegou  a  126.000 

habitantes.  Ao  analisarmos  o  gráfico  populacional  da  cidade,  podemos  perceber  essa  aceleração  do 

crescimento da cidade, no distrito sede ao longo do século XX. No século XXI, o crescimento foi pequeno 

em relação ao século anterior, mas é possível perceber que a população dobrou de 1950 para 1970 e 

quase triplicou de 1970 para 1985. A cidade sofreu outro surto populacional da década de 1990 para os 

anos 2000, mas parece ter estabilizado a taxa de crescimento.  

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mesorregi%C3%A3o_do _Sul_e_Sudoeste_de_Minas 

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Pouso Alegre tinha uma economia voltada à agricultura com tendências às atividades urbanas 

por  causa de  sua  vida  cultural e política  intensa. A partir do último quartel do  século XX é que esse 

quadro modificou da agricultura para a indústria, mas as tradições do pequeno povoado do Mandu e da 

vila de Pouso Alegre  se perpetuaram mesmo na Pouso Alegre moderna do  final do  século XX. Entre 

essas  tradições,  temos os  encontros dos pousoalegrenses no Mercado Municipal,  a predileção pelos 

pastéis de farinha de milho como iguaria típica da cidade e as festas e procissões religiosas que animam 

a vida cultural de Pouso Alegre. Enfim, a cidade cresceu, mas não perdeu suas raízes e tradições. 

                  

Gráfico de população no distrito sede de Pouso Alegre. Dados retirados do IBGE, site: http://www.museupousoalegre.com.br e Revista APM. 

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03.2.  HISTÓRICO DO OBJETO 

  03.2.1. O PASTEL DE FARINHA DE MILHO: ANTECEDENTES HISTÓRICOS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA E 

CULTURAL 

 

O  pastel  de  farinha  de milho  é  uma  tradição  em  Itajubá  e  para  contarmos  a  sua  história, 

precisamos  contar  a  história  dos  ingredientes  que  compõem  sua massa.  Ele  é  feito  basicamente  de 

farinha de milho, polvilho azedo e água. Assim, é necessário um estudo sobre a história do milho e da 

mandioca, ingredientes fundamentais na elaboração das farinhas usadas na receita do pastel.  

 

03.2.2. O MILHO 

 

O milho é um vegetal originário das Américas, uma monocotiledônea da espécie Zea mays, e 

pertence  ao mesmo  grupo  do  sorgo,  do  Trypsacum,  do  Coix  e  da  cana‐de‐açúcar.  Segundo  Rosane 

Volpatto,  esse  seu  nome  faz  uma  alusão  à  palavra  grega  grão,  zeia  e  homenageia  os  povos  que  o 

utilizavam, os maias. Assim, seu nome científico significa grão maia. É um dos cereais mais produzidos 

no mundo  porque  ele  é  capaz  de  se  adaptar  facilmente  a  vários  tipos  de  clima  e  solo.  Há muitas 

variações de milho que se modificam segundo o tamanho da espiga e o formato e a cor das sementes. 

Thais  Figueira  faz  um  estudo  do  genoma  do milho  e  descobriu  a  presença  de  uma  proteína,  a  α‐

prolamina,  que  também  existe  na  cana‐de‐açúcar  e  no  sorgo. O  sorgo  tem  essa  proteína  com  peso 

molecular de 22KD, enquanto a cana e o milho, de 19KD. O desenvolvimento da proteína na forma 19KD 

aconteceu após a separação das espécies de sorgo e da cana‐de‐açúcar há 8‐9 milhões de anos. Assim, o 

surgimento do milho, que para ela é o resultado de uma combinação entre genomas de dois ancestrais 

distintos, ocorreu após essa data. Partindo dessas evidências, ela conclui que a cana e o milho têm um 

ancestral comum: uma espécie ancestral de Saccharum.13  

 

Acredita‐se que o milho seja originário das Américas, já que não há exemplares dessa planta na 

Europa e Ásia antes da ida dos europeus para as Américas. Segundo a enciclopédia Delta Larousse, ele é 

nativo da América do sul, mas a espiga de milho mais antiga encontrada pela arqueologia foi escavada 

no México, América do Norte.14 Segundo Figueira, ele é originário das Américas Central e do Sul. Assim, 

para  evitarmos  discussões muito  específicas,  vamos  admitir  que  o milho  seja  um  cereal  nativo  das 

Américas,  sem  especificarmos  em  que  parte  do  continente  ele  se  desenvolveu.  Não  sabemos 

13  FIGUEIRA,  Thais  Rezende  e  Silva  Figueira. A  origem  do milho:  a  identificação  de  Saccharum  como  um  de  seus  prováveis parentais.  (Tese  de Doutorado)  Tese  apresentada  ao  Instituto  de  Biologia  para  obtenção  do  Título  de Doutor  em Genética  e Biologia Molecular na área de Genética Vegetal e Melhoramento. Campinas: UNICAMP, 2007. 14  PEIXOTO,  Claudio  de Miranda. O milho: O  Rei  dos  cereais  –  da  sua  descoberta  há  8.000  anos  até  as  plantas  transgênicas. SeedNews Revista  Internacional de Sementes. Disponível em <http://www.seednews.inf.br/ portugues/seed62/milho62.shtml> Acesso em 8 out. 2008, 12:00.

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exatamente quando o milho  foi domesticado, mas sabemos que ele  já  fazia parte da  flora americana 

quando chegaram as primeiras levas populacionais nesse continente. O período de chegada dos homens 

às  Américas  e  por  onde  entraram  ainda  são  questões  discutidas  pelos  arqueólogos.  A  arqueóloga 

brasileira  Niède  Guidon  acredita  que  ocorreram  várias migrações  para  as  Américas  no  período  de 

100.000  a  12.000  anos  atrás.  Para  ela,  essas  levas  alcançaram  as  terras  americanas  em  diferentes 

pontos. Sua afirmação é  fundamentada na descoberta de vestígios de populações em São Raimundo 

Nonato  –  PI,  datadas  de  60.000  anos,  como  fogueiras  e  pedras  lascadas. O  crânio mais  antigo  das 

Américas  é  também  brasileiro,  a  Luzia,  escavado  no  sítio  arqueológico  de  Lapa  Vermelha  IV,  no 

município de Confins – MG. Walter Neves, antropólogo  físico da USP, estudou os aspectos  físicos dos 

crânios desse sítio e de outros da região e do Brasil e, a partir de sua análise, afirma que quatro ondas 

migratórias de áreas distintas chegaram às Américas em períodos diferentes,  iniciando‐se por volta de 

15.000  anos.  Segundo  Neves,  essas  populações  não  eram  ameríndias  e,  possivelmente,  eram 

semelhantes  aos  atuais  aborígenes  australianos.15  As  pesquisas  sobre  a  origem  dos  homens  nas 

Américas  ainda  estão  em  andamento  e  não  se  tem  respostas  precisas  acerca  das migrações, mas 

sabemos que as populações que aqui se estabeleceram criaram um grande vínculo com a flora local, em 

especial, o milho. 

 

Segundo o Dr. John Jones, há evidências da agricultura em sociedades na península de Yucatan 

desde  7.000  a.C.,  descoberta  a  partir  de  resíduos  de  milho  no  solo.16  Isso  comprova  que  após  o 

estabelecimento dos homens nas Américas, eles descobriram o vegetal e domesticaram sua produção. A 

espiga de milho mais antiga encontrada por arqueólogos foi achada em Tehuacan, no México, e datava 

de 6000 a. C. Foi encontrada em um sítio arqueológico na década de 1960.17  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

15  ZARIAS,  Alexandre.  “Novos  dados  lançam  dúvidas  sobre  o  homem  americano”.  Arqueologia:  Reportagens.    Disponível  em <http://www.comciencia.br/reportagens/arque ologia/arq02.shtml> Acesso em 10 out. 2008, 13:00. 16  JONES,  John.  “Early  origins  of  maize  in  Mexico”.  American  Society  of  Plant  Biologists.  Disponível  em  < http://www.eurekalert.org/pub_releases/2008‐06/asop‐eoo062308.php> Acesso em 12 out. 2008, 19:00. 17  Origem  da  Agricultura.  Apud.:  Smith,  B.D.  (1995)  The  emergency  of  agriculture.  Disponível  em <http://felix.ib.usp.br/bib138/Origem_agricul tura.pdf > Acesso em 11 out. 2008, 15:00.

Sítio  arqueológico  em  Tehuacan  no  México.  Fonte: Origem  da  Agricultura.  Apud.:  Smith,  B.D.  (1995)  The emergency  of  agriculture.  Disponível  em <http://felix.ib.usp.br/bib138/Origem_agricul tura.pdf > 

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Quando os europeus chegaram ao novo continente, os povos americanos produziam o milho 

para abastecer as grandes cidades que aqui existiam. Povos como os Incas, os Maias e os Astecas tinham 

um  grande  contingente  populacional  e  eram marcados  pela  presença  do  Estado.  Para manter  essa 

estrutura  organizacional  era  necessária  uma  produção  sistemática  de  grãos  que  abasteceria  aquelas 

populações. Assim, o milho era o principal cereal produzido por eles e ingrediente indispensável na dieta 

desses povos.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os maias  começaram  seu  povoamento  na  região  onde  hoje  estão  o México,  a  Guatemala, 

Honduras e El Salvador, por volta do ano 1.000 a.C., e  tiveram seu auge 650 anos depois.  18 Eles não 

tinham um Estado unificado e eram formados por cidades‐estados. Os povos denominados Maias não 

eram homogêneos, mas havia uma unidade  cultural e  lingüística. O principal produto  cultivado pelos 

Maias  era  o  milho  que  era  fundamental  na  alimentação  de  todos  os  grupos  sociais.  Era  também 

importante na religião porque as benesses do milho significavam a prosperidade e a fartura, dádivas dos 

Deuses. O panteão Maia tem um Deus especial só para o milho, cujo nome é Yum‐kaax.19  

 

 

 

 

 

 

 

18 DUARTE, Ana Alice Miranda. “Os Cadastros Antigos das Américas (Incas, Astecas e Maias)”. COBRAC 2004. Congresso Brasileiro de  Cadastro  Técnico  Multifinalitário.  UFSC  Florianópolis.  10  a  14  de  Outubro  2004.  Disponível  em <http://geodesia.ufsc.br/Geodesia‐online/arquivo/cobrac_2004/002.pdf> Acesso em 12 out. 2008, 14:15. 19 LEVENE, Ricardo (org). História das Américas. Editora Brasileira: São Paulo, 1964, vol. I.

Primeira  figura:  área  de  ocupação  Maia.  Segunda  figura:  área  de  ocupação  do Império Asteca. Terceira figura: área de ocupação do Império Inca. Fonte: Disponível em  <http://geodesia.ufsc.br/Geodesia‐online/arquivo/cobrac_2004/  002.pdf> Acesso em 12 out. 2008, 14:15. 

Deus do milho Maia. Site: www.google.com 

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Os  Incas e os Astecas, diferentemente dos Maias,  constituíram  grandes  impérios  a partir da 

dominação de outros povos menores. Eles estavam em seu auge quando os espanhóis alcançaram seus 

territórios, na Idade Moderna. Os Incas se formaram no século XII na porção oeste da América do Sul, 

ocupando parte do Equador, Peru, Bolívia, Chile e Argentina e se mantiveram como Império até algum 

tempo depois da chegada dos europeus,  travando muitas  lutas contra os  invasores. O  Império Asteca 

também  se  constituiu  por  volta  do mesmo  período  onde  hoje  está  o México.  Com  a  chegada  dos 

espanhóis,  eles  sofreram  grandes  transformações  culturais  que  influenciaram  até  sua  arte. Muitas 

guerras contra os povos invasores aconteceram, mas os espanhóis conseguiram submeter os astecas e 

dominar o império.   

 

Os  povos  Incas  e  Astecas  tinham  divindades  baseadas  na  natureza.  Os  panteões  desses 

diferentes  povos  eram  semelhantes  e,  muitas  vezes,  eles  tinham  divindades  em  comum.  Para  os 

Astecas,  o Deus  Tlaloc,  das  águas,  chuvas  e  trovões, muitas  vezes  era  representado  segurando  uma 

espiga de milho, símbolo da  fertilidade. Sua  irmã Chicomecoalt era considerada a Deusa protetora do 

milho.  Ela  é  a divindade da  subsistência  e da  fertilidade.  Era  chamada de  “A  Peluda” por  causa dos 

cabelos do milho. Para os  Incas, o milho era protegido pela Deusa Mama Sara, que  significa Mãe do 

Milho. Ela era a mãe do alimento. Nas tradições incaicas, há uma bebida alcoólica chamada chicha feita 

de milho umedecido por água e fermentado pela saliva humana. Ela era bebida em rituais e colocada 

nos corpos mumificados. O milho também era usado como instrumento divinatório pelos sacerdotes do 

Deus‐Sol Inca.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Na América do Sul, em especial o Brasil, a maioria dos grupos indígenas não tinham tradição de 

constituição de Estados: eles eram  tribais e muitas vezes nômades. Havia  sociedades de  caçadores e 

coletores, como os botocudos do Vale do Rio Doce, os Kaingang do sul do Brasil e  indígenas como os 

Chimecoatl,  deusa  asteca  da  subsistência  e  do milho. Observe que ela carrega espigas de milho em sua  mochila.  Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Chicomecoatl 

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Caiapós,  os  Xavantes,  entre  outros.  Esses  grupos  não  costumavam  plantar  nem  se  fixar  por muito 

tempo. Já os Tupis e Guaranis, a maioria populacional de índios na época da chegada dos portugueses, 

eram agricultores e produziam a mandioca e o milho. Há  inúmeras  lendas associadas ao surgimento e 

descoberta das duas plantas, algumas delas são sincréticas com o cristianismo, mas indicam uma relação 

mágica com a agricultura. 

 

Os Guaranis  têm  uma  lenda  que  explica  como  surgiu  o milho. A  lenda  conta  que  há muito 

tempo  atrás,  eram  apenas  dois  caçadores  que  sustentavam  a  aldeia  e  suas  famílias.  Certo  dia,  eles 

estavam  conversando enquanto pescavam e um deles  se perguntou por que Nhandeyara, o  “Grande 

Espírito”, não  criava uma  espécie de  alimento  fácil de  colher  e que não  escasseasse  como os  frutos 

silvestres, a caça e a pesca. No dia seguinte, saíram de novo para a caça e tentaram pegar alguns jacus. 

Mas nesse dia, os  animais  tinham desaparecido  e  eles  conseguiram pouco para  alimentar  seu povo. 

Assim, no início da noite chegou à aldeia um guerreiro que afirmou ser um mensageiro de Nhandeyara. 

Ele disse que o Grande Espírito ouviu a conversa dos homens e que para terem o alimento que queriam, 

eles  deveriam  lutar  entre  si. O mais  fraco  seria  enterrado  e  sob  sua  sepultura  nasceria  o  alimento 

sagrado. Os dois  lutaram. Avaty era o mais fraco e foi enterrado pelo amigo. Nos meses seguintes ele 

seguia para as florestas para caçar e pescar sozinho para sustentar sua família e a do amigo. Por fim, na 

chegada da primavera, na sepultura de Avaty, nasceu uma planta com folhas verdes e espigas douradas: 

era o milho.  Ela  foi denominada Avaty  em homenagem  ao  guerreiro morto. A partir do nascimento 

dessa planta, os guaranis não tiveram mais problemas para alimentar seu povo.20  

 

Entre os Parecis também há uma  lenda sobre a origem do milho. A gramínea teria nascido na 

cova de um chefe tribal, chamado Ainotarê. Ele falou com seu filho, Kaleitoê, que ele morreria em breve 

e pediu que  ele o  enterrasse no meio de um  local  roçado. Após  três dias das  chuvas, nasceria uma 

planta com sementes que deveriam ser guardadas para serem plantadas. Assim aconteceu e plantando 

as sementes, os parecis tiveram o suprimento necessário para a vida da tribo.21 

 

03.2.3. A FARINHA DE MILHO BIJU 

 

A farinha de milho biju é feita dos grãos do milho que são colhidos maduros e debulhados. Os 

grãos  são  colocados na água por doze horas para  inchar. Depois de  inchados,  são moídos. Hoje,  são 

utilizadas máquinas para essa moagem, mas antigamente o milho era moído nos moinhos, em geral, 

movidos a água.  

 

20 VOLPATTO, Rosane. A origem do milho. Disponível em < http://www.rosanevolpatto.trd.br/  lendamilho.htm> Acesso em 01 out. 2008, 10:00. 21 Idem.

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Atualmente, nas  fábricas de  farinha de milho, o milho é colocado em uma máquina especial 

para  a moagem  que mói  os  grãos  até  virarem  pó.  Em  seguida,  eles  descem  para  um  cilindro  e  são 

peneirados para um suporte. De lá, o pó de milho segue para uma chapa quente em forma de um disco 

que gira por cima de brasas. O milho moído começa a se  juntar enquanto cozinha nessa chapa. Assim 

que ele endurece, é raspado para outro compartimento e a farinha está pronta. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Máquina  onde  o milho  inchado  é  colocado  para  ser moído. Na foto da direita, o detalhe do cilindro que peneira o milho moído. Foto: Liliane Corrêa

Grãos  de milho  em  processo  de  inchamento. Foto: Liliane Corrêa 

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A  farinha de milho é  colocada nos  sacos e vendida nos  supermercados e padarias. A  farinha 

mais  vendida  e  preferida  dos  pasteleiros  de  Itajubá  é  a  Piranguinho,  produzida  no  município  de 

Piranguinho. Há também a farinha Grilo que é distribuída em Itajubá pela Distribuidora Grilo, mas que 

não é muito usada pelos pasteleiros e cozinheiros itajubenses.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

03.2.4. A MANDIOCA 

 

A mandioca é uma planta originária do Brasil. É uma dicotiledônea da  família Euphorbiaceae, 

gênero  Manihot.  Da  mesma  maneira  que  o  milho,  ela  pode  ocorrer  em  diferentes  formas.  Suas 

variações são na cor, amarelada ou branca, na textura da casca, mais lisa ou áspera, no sabor, doce ou 

amarga, e na quantidade de uma toxina, denominada linamarina. Essa toxina está presente em todas as 

mandiocas, mas em algumas espécies há uma quantidade maior dela que pode causar danos à saúde de 

quem a ingerir.  

 

 

Máquina onde o milho moído é disposto para torrar. Depois de torrado ele é colocado em um compartimento ao lado para esfriar e ser ensacado. Foto: Liliane Corrêa 

Saco  de  farinha  de  milho Piranguinho. Foto: Paola Cunha 

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Segundo Nivaldo Peroni, acredita‐se que a mandioca tenha sido domesticada há 8.000 anos na 

América  do  Sul, mas  só  encontraram  vestígios  dela  associadas  ao homem  com  datações  de  4.000  e 

3.000  anos.22  As  populações  Incas  produziam  mandioca,  mas  não  com  a  mesma  importância  e 

freqüência que o milho. Já as tribos indígenas brasileiras, usavam a mandioca como principal alimento e 

desenvolveram  farinhas e bebidas a partir dessa raiz. Segundo a engenheira agrônoma Teresa Losada 

Valle, a cultura da mandioca foi um avanço tecnológico que permitiu a existência de grande quantidade 

de indígenas no Brasil. Para ela, a opção de utilizar as mandiocas venenosas que não eram atacadas por 

animais  e  o  desenvolvimento  da  capacidade  de  extrair  o  veneno  dessas  espécies  representa  um 

exemplo peculiar de aprendizado de técnicas complexas de criar, produzir e desintoxicar para garantir a 

sobrevivência.23  Nesse  contexto,  as  culturas  indígenas  desenvolveram  o  polvilho  e  a  farinha  de 

mandioca que foram absorvidas pelos portugueses quando chegaram ao Brasil.  

 

Várias  lendas  indígenas contam sobre o surgimento da mandioca. Uma delas é recorrente em 

várias tribos Tupis e Tupinambás, mas aparece com algumas variações. A lenda diz que uma índia filha 

do chefe da tribo ficou grávida e quando seu pai lhe perguntou quem era o pai da criança, ela não soube 

responder. Indignado com isso, ele expulsou a filha de casa. A grávida foi morar numa cabana no alto de 

uma montanha, mas alguns membros da tribo continuaram alimentando‐a. Quando a criança nasceu ela 

era muito  branca  e  linda  e  isso  chamou  a  atenção  de  todos  da  aldeia  que  perceberam  que  ela  era 

especial. O avô  ficou muito  feliz por  ter uma neta  tão  linda que  recebeu a  filha e a neta em casa de 

volta. Essa criança era chamada de Mani e viveu por três anos. Certo dia ela morreu de repente, sem ter 

tido nenhuma doença. Foi enterrada perto da oca e a  índia  chorou  sob o  túmulo da  filha por muito 

tempo. As lágrimas da mãe escorreram e caíram na terra. No mesmo local brotou uma planta que tinha 

as  raízes  brancas  como Mani  e  em  forma  de  chifres  que  alimentou  toda  a  tribo.  Assim,  a  palavra 

mandioca,  que  em  algumas  tribos  era  chamada  de manioca,  vem  do  nome  da  criança  “Mani”  e  da 

palavra “aca” que significa chifre. A outra variação da lenda fala que a índia grávida ficou na casa do pai 

e que Mani, a criança morta, foi enterrada na própria oca. Lá nasceu a planta e por isso o nome: Mani 

oca.  

 

Entre os parecis, a  lenda da mandioca se refere a um casal, Zatanare e Cocoterô, que tinham 

dois  filhos:  um menino  e  uma menina. A menina  era Atiolô  que  sofria  com  seu pai  porque  ele  não 

gostava dela. Ele a respondia apenas com assovios e nunca conversava diretamente com ela. Assim, um 

dia  ela  pediu  à mãe  que  a  enterrasse  viva.  Cocoterô  a  enterrou  no  cerrado, mas  Atiolô  pediu  que 

22  PERONI,  Nivaldo.  “Ecologia  e  genética  da mandioca  na  agricultura  itinerante  do  litoral  sul  paulista:  uma  análise  espcial  e temporal.”  Tese  apresentada  ao  Instituto  de  Biologia  para  obtenção  do  título  de  Doutor  em  Biologia  Vegetal.  Universidade Estadual de Campinas: Campinas, 2004.  23  Valle,  Teresa  Losada.  “Mandioca:  dos  índios  aos  agronegócios.”  IAC  –  Instituto  Agronômico  de  Campinas.  Disponível  em <http://www.abam.com.br/artigos/IAC%20‐%20Mandioca.doc> Acesso em 14 out. 2008, 16:00.

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enterrasse no campo porque o cerrado era muito quente. Ela  também não gostou do campo e pediu 

que fosse enterrada na mata. Lá ela se sentiu bem. Atiolô pediu à mãe que saísse e não olhasse para trás 

quando ela gritasse, mas Cocoterô ouviu os gritos da  filha e se virou. Ela viu que no  lugar onde havia 

enterrado Atiolô havia uma planta. A mãe cuidou da planta como se  fosse a própria  filha e o arbusto 

cresceu. Era a mandioca, cujo nome entre os Parecis é Quetê.24  

 

Para o Enawerê Nawê, povos indígenas do noroeste do Mato Grosso, a mandioca e o milho têm 

caráter mágico.  

 

“A  mandioca,  ligada  aos  espíritos  Yakairiti  e  o  milho,  ligado  aos 

espíritos  Enore,  são  os  dois  principais  produtos  da  roça.  A  roça 

coletiva de mandioca  se  inicia em agosto,  com o  ritual  Lerohi e vai 

terminar de ser plantada no ano seguinte, durante o ritual do Yãkwa. 

Os  trabalhos  de  roça  envolvem  derrubada,  queimada,  limpeza  e 

plantio.  Durante  o  Yãkwa  os  homens  plantam  as  primeiras  ramas 

durante à noite e fazem um espécie de reza, além de derramar bebida 

de mandioca e peixe assado na terra para a planta que eles chamam 

de mandioca mãe.”25 

 

Para  eles,  a mandioca  surgiu  quando  uma  indiazinha  pediu  à mãe  que  a  enterrasse  até  o 

pescoço e que seu pai lhe trouxesse peixe todos os dias. A menina produzia as mandiocas que sua mãe 

arrancava com carinho e comia. Certo dia uma mulher veio roubar mandiocas e arrancou com força as 

raízes. A menina ficou triste e chorou muito. Nunca mais falou e morreu logo depois. A partir desse dia, 

as  mandiocas  pararam  de  nascer  sozinhas  e  os  Enawenê  Nawê  foram  obrigados  a  plantá‐las 

anualmente.  

 

O  consumo  da mandioca  foi  aprendido  pelos  portugueses.  Ela  era  usada  como  o  principal 

alimento da colônia e, mais tarde, como ração para os navios que saiam do Brasil. A raiz era chamada de 

pão  da  terra.  As  técnicas  de  preparo  são  indígenas  e  têm  um  processo  elaborado  por  causa  da 

necessidade de  retirada do veneno da mandioca, que está presente em  todas as mandiocas, mesmo 

aquelas  que  podem  ser  ingeridas  apenas  com  o  cozimento.  A mandioca  “sem  veneno”  tem menor 

quantidade da substância  tóxica e é comida cozida ou sua massa é usada para muitos pratos.  Já para 

fazer a farinha e o polvilho, os índios retiravam o veneno da planta por meio de processos rudimentares, 

24 Lendas do Mato Grosso. A lenda da mandioca. Apud.: "Terra e Gente" ‐ Ano I, Janeiro de 1946 ‐ Rio de Janeiro, p.114. Disponível em <http://www.fortunecity.com/campus/anthro pology/275/lendas.html> Acesso em 16 out 2008, 11:00. 25 Enawenê Nawê: as roças. Disponível em <http://www.arara.fr/BBTRIBOENAWENE.html> Acesso em 14 out. 2008, 12:40.

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mas eficientes. Os índios faziam também o cauim, uma bebida alcoólica de mandioca, que era fruto da 

fermentação da raiz mastigada e cuspida pelas índias virgens.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

03.2.5. O POLVILHO AZEDO 

 

O polvilho é um dos subprodutos da mandioca. A raiz é colhida, descascada,  lavada e ralada. 

Atualmente, com os processos mais modernos, ela pode ser passada no liquidificador, se feito em casa, 

ou em grandes processadores, como mostrado na foto abaixo. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura da esquerda:  índia fazendo  farinha  biju. Figura  do  meio:  índia fazendo  farinha.  Figura da direita:  índias fazendo o  cauim.  Fonte: http://www.terrabrasileira.net/folclore/origens/indigena/cozinhai.html 

À  esquerda,  mandioca  lavada  e  descascada.  Fonte:  http://come‐se.blogspot.com/2007/12/da‐mandioca‐tapioca‐e‐ao‐polvilho.html. À direita, moedor de mandioca. Fonte: http://www.esta dao.com.br/noticias/suplementos,como‐se‐obtem‐o‐polvilho‐azedo‐e‐o‐doce,417442,0.htm 

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A massa da mandioca ralada é lavada e escorrida. A água que sai da massa desce junto com um 

pó bem fino. É preciso deixar esse líquido branco amarelado num um recipiente para decantar. A água e 

o pó decantam e o que sobra no fundo é o polvilho. Se ele for retirado antes da fermentação temos o 

polvilho doce, se retirado após a fermentação, é obtido o polvilho azedo.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Depois de fermentado, o polvilho é secado ao sol até evaporar toda a água e ficar apenas uma 

farinha fina. Essa farinha é o polvilho azedo usado para dar liga na massa do Pastel de Farinha de Milho. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os bandeirantes e sua alimentação 

Acima  à  esquerda,  massa  ralada.  Acima  à  direita,  líquido escorrido  da  massa  em  processo  de  decantação.  Fonte: http://come‐se.blogspot.com/2007/12/da‐mandioca‐tapioca‐e‐ao‐polvilho.html. Ao  lado,  líquido  em decantação em  processo  industrial.  Fonte: http://www.muzambinho.com/portal/arqnews/setembro09/pol vilho.htm 

À  esquerda,  polvilho  em  processo  de  secagem.  Ao  centro,  polvilho  em  processo  de  secagem  ao  sol.  Fonte: http://www.muzambinho.com/portal/arqnews/setembro09/polvilho.htm.  À  direita,  polvilho  pronto.  Fonte:  http://come‐se.blogspot.com/2007/12/da‐mandioca‐tapioca‐e‐ao‐polvilho.html. 

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Os portugueses chegaram ao Brasil e se estabeleceram na nova terra. Aqui criaram mecanismos 

de adaptação que envolviam a agricultura, a alimentação, a  língua, o comércio, etc. Se misturaram às 

índias e absorveram parte de sua cultura, assim como,  impuseram a sua.  Já no século XVII, na  região 

sudeste, os habitantes do Brasil  tinham uma atividade agrícola diferenciada da portuguesa original,  já 

que plantavam milho e mandioca. Dedicavam‐se a embrenhar pelo sertão com o objetivo de conhecer 

novas terras, aprisionar e escravizar  indígenas e encontrar pedras e metais preciosos.  Inicialmente, os 

escravos  indígenas  foram  os  primeiros  a  atrair  os  bandeirantes,  também  conhecidos  por  paulistas 

porque se  fixavam em Piratininga, a vila que deu origem à cidade de São Paulo. Os paulistas seguiam 

para o interior do país em marchas lentas. Paravam a caminhada sempre ao meio dia e nessas paradas 

plantavam  milho,  mandioca,  abóbora,  feijão  e  batata,  além  de  ergueram  pequenos  ranchos  para 

garantir pouso na volta. 26 

 

As plantas nativas brasileiras, como o milho e a mandioca, incorporaram‐se ao cardápio desses 

bandeirantes e dos portugueses que aqui se fixaram. Eles usavam as mandiocas boas como alimento e 

das mandiocas bravas (venenosas) era feita a farinha e o polvilho. Em relação ao milho, era inicialmente 

usado  para  alimentar  as  galinhas  e  outros  animais  domésticos,  além  de  ser  a  base  da  comida  dos 

escravos tanto negros como índios. Na região sudeste, o milho era mais aceito na alimentação humana, 

mas ainda havia uma  relação do produto com os escravos  indígenas e os animais. Para o plantio e a 

fabricação  das  farinhas  de milho  e mandioca,  eram  usadas  as  técnicas  indígenas.  Para  plantarem  a 

mandioca e o milho, eles roçavam uma área, tirando o mato, os arbustos e árvores menores. Ateavam 

fogo aos restos dessas plantas, queimando‐as. Essa técnica era denominada coivara. Após a queimada, 

eles limpavam o terreno e plantavam as mudas de mandioca ou semeavam o milho em sulcos feitos no 

chão. A técnica de fabricação das farinhas era a mesma dos indígenas, com exceção da criação da Casa 

das Farinhas. A mandioca era colhida, descascada e ralada em um ralo grosso. A massa era espremida e 

o caldo que escorre desse processo não pode ser ingerido porque tem uma grande quantidade da toxina 

linamarina. Da decantação desse caldo, sai um pó muito fino que se transforma no polvilho. Se esse pó é 

retirado de imediato, o polvilho é doce, se ele fica mais tempo imerso nesse líquido, o polvilho fermenta 

e se transforma em polvilho azedo. Da mandioca ralada e escorrida era feita a farinha de mandioca e a 

farinha biju. Essa borra da mandioca é colocada no tipiti, um utensílio indígena que auxilia a prensar e 

escorrer o resto da umidade da massa ralada. Depois de prensada a massa, ela era retirada do tipiti e 

colocada  numa  peneira  para  secar.  A  parte  mais  grossa  era  usada  para  alimentar  os  animais  ou 

descartada e a parte fina era levada para uma chapa quente. Nessa etapa, a massa solta era torrada e 

depois disso estava pronta para o consumo.  

 

26  SOUZA,  Laura  de Mello  e,  1953;  BICALHO, Maria  Fernanda  Baptista;  SCHWARCZ,  Lilia Moritz.  1680‐1720:  o  império  deste mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.  

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Com o milho, o processo era semelhante. Para fazer o fubá, eles moíam os grãos e separavam o 

farelo. A parte mais fina era o fubá e o farelo restante era descartado ou para alimentar os animais, em 

especial, as galinhas. Já a farinha de milho, conhecida como biju, era feita a partir da imersão do milho 

na água de um dia para o outro. Ele  ficava  inchado e era moído. O milho moído era  colocado numa 

peneira e separado. A parte mais  fina era colocada numa chapa quente e se  transformava na  farinha 

biju.  

 

Segundo Mary Del Priore, no século XVII, entre os bandeirantes paulistas, o milho era preterido 

em relação à mandioca, mas ainda assim era mais consumido que em outras partes do Brasil, onde seu 

uso era restrito à alimentação dos escravos e dos animais.27 Com a descoberta das minas e a expansão 

territorial brasileira,  lugarejos e ranchos foram crescendo no  interior, em especial, no caminho de São 

Paulo e Rio de Janeiro às Minas. Esses povoados seguiam a tradição dos bandeirantes: plantavam milho 

27 PRIORE, Mary Del; VENÂNCIO, Renato. Uma história da vida rural no Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006. 

Imagem  acima:  tipiti.  Imagem  á  esquerda:  colocando  a massa  ralada da mandioca no  Tipiti.  Imagem do meio: o  tipiti  é dependurado  para  escorrer  e  prensar  a  massa.  Fonte:  http://www.terrabrasileira.net/folclore/ori gens/indigena/cozinhai.html e http://www.agroflo resta.net/fotos/farinha/index.htm 

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e mandioca e faziam as farinhas derivadas dessas plantas para abastecer a população. Itajubá se destaca 

como uma das cidades próximas desse trajeto que seguia de São Paulo às Minas.  

 

Iraci Costa afirma que no século XIX as populações da região sudeste tinham preferência pelo 

uso do milho, enquanto na região nordeste, havia uma predileção pela mandioca. Saint‐Hilaire, em uma 

de  suas viagens ao Brasil durante o  século XIX, observou o  tratamento dado ao milho e à  farinha na 

região sudeste.   

 

"Sua  farinha  [de milho]  simplesmente moída  e  separada  do  farelo, 

com o auxílio de uma peneira de bambu,  toma o nome de  fubá.  É 

fazendo cozer o  fubá na água, sem acrescentar sal, que se  faz essa 

espécie  de  polenta  grosseira  que  se  chama  (...)  angu,  e  constitui  o 

principal alimento dos escravos. [...] Fazem‐se também com a farinha 

de milho bolos, certo gênero de biscoitos, e mesmo, pequenos pães 

de gosto agradável, mas de miolo muito compacto. As vezes mistura‐

se essa mesma farinha com a de arroz, de centeio ou de trigo, e daí 

resulta um pão muito menos compacto."28  

   03.2.6.   A FARINHA DE MILHO E O BAIRRO DOS AFONSOS 

 

Dessa  produção  herdeira  do  império,  a  região  do  Bairro  dos  Afonsos  era  responsável  pela 

elaboração de parte da  farinha de milho e do polvilho produzido pelo município. Segundo o Sr.  João 

Amadeu Barcelo, o Bairro dos Afonsos já teve muitos nomes, entre eles Pito Aceso, Córrego do Engenho 

e Roda D’água. Segundo ele, a  localidade recebeu o nome de Afonsos porque havia um padre que era 

chamado de Afonso e por causa de uma capelinha em honra a Santo Afonso que ainda está de pé.29 A 

região é forte produtora de víveres, em especial, a mandioca e o milho.  

 

Atualmente,  o Bairro  dos Afonsos  é  famoso  pela  Festa do Biscoito,  realizada  em  julho  para 

celebrar a mandioca e  seus derivados. Tradicionalmente, o  local é onde mais  se produz a  farinha de 

milho usada na receita do pastel de farinha de milho. Muitos pasteleiros da cidade compram a farinha 

da fabriqueta que há no lugar, a Fábrica Santo Afonso. O processo de fabricação de farinha de milho é 

28 MARCONDE, Renato Leite; COSTA, Iraci del Nero da. Nota sobre o uso das farinhas de mandioca e de milho no Brasil antigo. Apud.:  SAINT‐HILAIRE,  Auguste  de.  “Viagem  pelas  províncias  do  Rio  de  Janeiro  e Minas  Gerais.”  Belo  Horizonte/São  Paulo: Itatiaia/EDUSP, 1975, p. 107. Disponível em <http://www.brnuede.  com/iddcosta/pdfs‐ira/ap15.pdf > Acesso em 16 out. 2008, 13:45. 29 Entrevista  com o  Sr.  João Amadeu Barcelo,  concedida a  Liliane  Faria Corrêa Pinto, em agosto de 2008, na  cidade de Pouso Alegre. 

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ainda  rudimentar e  semi‐artesanal. Segundo o proprietário, Sr.  João Amadeu Barcelo, eles plantam o 

milho nas terras deles e compram os grãos plantados nas fazendas vizinhos.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  O grão é colhido maduro. Ele é lavado e deixado na água de um dia para o outro para inchar. O 

milho  é  colocado  em  uma máquina  especial  para  a moagem  que mói  os  grãos  até  virarem  pó.  Eles 

descem para um cilindro e são peneirados para um suporte.  

 

De lá ele segue para uma chapa quente em forma de um disco que gira por cima de brasas. O 

milho moído começa a se juntar enquanto cozinha nessa chapa. Assim que ele endurece, é raspado para 

outro compartimento e a farinha está pronta. 

 

 

 

 

 

 

Paisagens do Bairro dos Afonsos, em Pouso Alegre. Ao fundo o campo roçado para plantar o milho. Foto: Liliane Corrêa 

O milho já colhido. Foto: Liliane Corrêa 

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03.2.7.  A Tradição do Pastel de Farinha de Milho 

 

Não  há  como  sabermos  quando  e  como  o  pastel  de  farinha  de milho  surgiu, mas  há  como 

indicarmos um norte sobre sua origem. Definimos que o pastel de farinha de milho é uma construção do 

sul de Minas, em especial, de Pouso Alegre: um costume popular do povo pousoalegrense. É um modo 

de  fazer  que  vem  da  tradição,  da  repetição  e  se  desenvolveu  a  partir  do  cotidiano, mas  é  possível 

delinearmos tendências de sua formação como elemento cultural de um povo. Como apuramos, o milho 

e a mandioca eram alimentos comuns entre os habitantes do sul de Minas nos séculos XVIII e XIX. E as 

farinhas desses vegetais estavam também incorporadas aos cardápios dessas populações. As técnicas de 

produção dessas farinhas eram heranças indígenas e indicavam a aculturação indígena e portuguesa. O 

contato entre os povos americanos pré‐colombianos, os portugueses e, mais  tarde, os africanos criou 

Máquina onde o milho  inchado é colocado para  ser moído. Na  foto da direita, o detalhe do cilindro que peneira o milho moído.  Foto: Liliane Corrêa

Máquina onde o milho moído é disposto para torrar. Depois de torrado ele é colocado em um compartimento ao lado para esfriar e ser ensacado. Foto: Liliane Corrêa 

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uma  cultura nova  e peculiar  com  grande  capacidade  adaptativa. O pastel de  farinha de milho  é um 

exemplo dessa adaptação.  

 

Há  três  lendas  para  o  surgimento  da  receita  do  pastel  de  farinha  de milho.  Segundo  o  Sr. 

Claudinei  Marcantônio,  uma  delas  seria  no  tempo  dos  bandeirantes.  Eles  teriam  saído  de  Delfim 

Moreira e  foram descendo o rio. Com a caminhada, eles  ficaram sem suprimentos e sobrou apenas a 

farinha  de milho.  Com  o  que  eles  tinham,  fizeram  uma massa  que  rechearam  com  carne  de  caça  e 

fritaram. Essa fritura seria semelhante ao pastel atual. A outra história que contam é que os escravos 

recebiam a farinha de milho para comer todos os dias. Com o tempo, eles foram fazendo misturas até 

chegarem num bolinho  cuja massa era  semelhante à do pastel. Aprimoraram até  chegar à massa do 

pastel de farinha de milho. A terceira história é que o pastel de farinha de milho seria uma adaptação do 

pastel de angu, também tradicional em Minas.30 O pastel de angu foi uma criação dos escravos da casa 

grande  da  fazenda  dos  Portões,  em  Itabirito.  Duas  escravas  conhecidas  como  Philó  e Maria  Conga 

usavam as sobras de angu que comiam com umbigo da banana, na falta da carne. Algumas vezes, eles 

escondiam  pedaços  de  carne  no meio  de  bolinhas  de  angu.  Essas  bolinhas  eram  assadas.  Assim,  as 

primeiras  receitas de pastel de angu eram arredondadas e achatadas para serem assadas e  tinham o 

nome de Boroa. Mais tarde, o pastel tomou a forma atual e foi difundido pela fama de ser uma iguaria 

muito saborosa.31 

 

Como  afirmamos  anteriormente,  é  muito  difícil  descobrir  uma  origem  para  costumes 

populares, assim, vamos analisar as  lendas que giram em torno de seu surgimento. Na primeira  lenda, 

os bandeirantes teriam feito uma massa próxima à atual receita do pastel.  É possível que bandeirantes, 

na  falta da  farinha de mandioca,  tivessem  criado um bolinho e nunca um pastel porque essa é uma 

tradição posterior.  Esse bolinho poderia  ser  recheado  com  carne  e  estaria  apenas  continuando uma 

tradição dos  indígenas que enrolavam bolinhas de  farinha de mandioca e milho para se alimentarem. 

Encontramos a menção a uma expedição que  teria partido de  Itagyba, nome antigo de da  cidade de 

Delfim Moreira, em 1819, com o intuito de se estabelecer em outras paragens com melhores condições 

para práticas agropecuárias. A história coincide com a versão contada pelo Sr. Claudinei, só que  teria 

acontecido  no  século  XIX  e  não  seriam  bandeirantes.  A  expedição  teria  ficado  sem  alimentos,  em 

especial o trigo, e eles improvisaram usando farinha de milho e polvilho, ao invés de farinha de trigo, e 

fizeram uma massa semelhante à do pastel. Teriam recheado com carne de caça e frito os pastéis com 

gordura de capivara. Segundo o site da Conexão Itajubá, a história do pastel foi contada pelo engenheiro 

Menotti Chiaradia Filho, que  teria ouvido da babá de seu pai, D. Emiliana Estela, que  faleceu com 84 

30 Entrevista com o Sr. Claudinei Marcantônio, concedida a Liliane Faria Corrêa Pinto, em agosto de 2008, na cidade de Pouso Alegre. 31  PORTAL  Minas  Gerais.  Pastel  de  angu:  história  e  receita.  Disponível  em  <http://www.portalmi  nasgerais. com.br/culinaria/itabirito.htm > Acesso em 20 out. 13:00.

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anos em 1959. Ela teria escutado a história de sua avó que participou da expedição.32 O mais provável é 

que a mistura tivesse o formato de um bolinho e não de pastel e que tenha sido assada ao invés de frita 

porque  se havia a necessidade de aproveitar o alimento por causa da escassez, eles não gastariam a 

gordura da capivara para fritar os bolinhos.  

 

Já  a  segunda  lenda  se  aproxima  da  tradição  do  pastel  de  angu.  É  quase  um  consenso  na 

historiografia  escravista  que  as  relações  entre  os  senhores  e  os  escravos  eram  paternalistas.  Isso 

significava  que  o  poder  do  senhor  se  manifestava  na  proteção  e  na  punição,  enquanto  que  o 

comportamento do escravo era um reflexo desse poderio senhorial, ou seja, eles obedeciam às ordens 

do  senhor  para  não  serem  punidos  e,  em  contrapartida,  abusavam  ao máximo  dessa  condição  de 

proteção,  sempre  testando  até  onde poderiam  ir. Assim,  baseando‐se  nessa  concepção  paternalista, 

muitos trabalhos sobre escravidão afirmam que era comum nas casas grandes os escravos esconderem 

pedaços  de  carne  para  levarem  às  senzalas.  Essa  atitude  era  “ignorada”  pelos  senhores  que  faziam 

“vistas grossas” para os furtos. Em um desses desvios do paternalismo escravocrata, o pastel de farinha 

de milho teria se desenvolvido. Acreditamos, que da mesma maneira que poderia ter ocorrido entre os 

bandeirantes, ao invés de pastéis teriam sido feitos bolinhos de farinha de milho, onde se esconderiam 

as carnes furtadas da cozinha. Esses bolinhos seriam provavelmente assados. Em relação ao pastel de 

angu, acreditamos que o pastel de farinha de milho tenha surgido desvinculado do desenvolvimento do 

pastel de angu, já que a tradição dele está muito mais associada à região mineradora.  

 

A tradição de fazer o pastel foi uma adaptação feita pelos jesuítas quando entraram em contato 

com a cultura chinesa, provavelmente, nos séculos XVI e XVII. Eles  teriam  trocado o arroz pelo ovo e 

recheado a massa com amêndoas.33 Na culinária portuguesa, os pastéis são sempre massas doces e há 

um doce específico chamado pastel de nata que foi criado pelos monges do mosteiro dos Jerônimos em 

Belém, um bairro de Lisboa. Eles abriram uma pequena lojinha para venderem esse doce com o objetivo 

de conseguirem manter a ordem. A  receita era  transmitida apenas entre os  religiosos do mosteiro e, 

mais tarde, ficou em segredo entre os chefes pasteleiros. Até hoje eles precisam fazer um juramento de 

que  não  vão  disponibilizar  a  receita  do  famoso  doce.34  Diferentemente  das  massas  de  pastéis 

portugueses que conhecemos e do próprio pastel de farinha de trigo, semelhante ao chinês, o pastel de 

nata tem uma massa folhada que se quebra facilmente. Seu formato é mais parecido com empadas e 

poderia  ser  uma  variante  de  alguns  doces  árabes.  Em  relação  ao  pastel  que  conhecemos  como 

português35, quando comparamos a receita do pastel de farinha de milho com a desse pastel, podemos 

32 CONEXÃO  ITAJUBÁ. Gastronomia Típica. Disponível em < http://www.conexaoitajuba.com br/itajuba/Pagi na.do?idSecao=40> Acesso em 23 out. 2008, 16:10. 33 CIA do pastel: a história do pastel. Disponível em < http://www.ciadopastel.com/historia_ do_pastel.php> Acesso em 20 out. 2008, 14:15. 34 Pastel de nata. Disponível em <http://www.pasteldenata.info/contacto.htm> Acesso em 20 out. 2008, 15:20. 35 Há a possibilidade do pastel português ser uma receita brasileira,  já que não encontramos exemplos desse prato na culinária portuguesa. De qualquer forma, a origem no pastel português não vem ao caso, é relevante apenas o seu modo de fazer. 

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ver uma semelhança quanto ao modo de preparo. Ambas as receitas recebem um líquido quente jogado 

sobre a farinha para formar um angu e depois abrir a massa. A diferença está nos ingredientes, o pastel 

português é a mistura de leite fervido e manteiga derretida na farinha de trigo e o pastel de farinha de 

milho, na mistura de polvilho e  farinha de milho é acrescida a água quente. Assim, ao pensarmos no 

Brasil colonial e imperial, cuja facilidade de produção de milho e mandioca se contrapunha à dificuldade 

de aquisição do trigo, o pastel de farinha de milho seria um alimento mais econômico que a tradicional 

variante denominada portuguesa. 

 

Independente da  receita do pastel  conhecido  como português,  acreditamos que o pastel de 

farinha  de  milho  tenha  se  desenvolvido  a  partir  dos  bolinhos  de  farinha  característicos  da 

adaptabilidade dos bandeirantes e dos escravos. Eles podem  ter  surgido  independentes, nos  séculos 

XVII e XVIII, entre os paulistas que aqui se fixaram ou nos século XVIII e XIX, entre os escravos africanos 

que aproveitavam as  sobras das  farinhas para criarem os bolinhos. O que não há como apurarmos é 

quando a receita se desmembrou desses bolinhos feitos de aproveitamento de víveres.  

 

Em  conversas  com pasteleiros pousoalegrenses, a pasteleira mais antiga que  tivemos notícia 

era D. Maria Rosária do Prado, esposa do Sr. João Galdino do Prado, moradores do Bairro dos Afonsos 

na  primeira metade  do  século  XX. Não  sabemos  com  quem  ela  aprendeu  a  fazer  os  pastéis,  que  já 

tinham  essa  forma,  mas  descobrimos  um  vínculo  entre  ela  e  um  dos  pasteleiros  mais  antigos  do 

Mercado Municipal de Pouso Alegre, Sr. Vítor Fernandes Jardim. D. Maria Rosária era vizinha do Sr. Vítor 

e, possivelmente, ensinou a ele a  receita que  conhecia. A  fazenda de D. Maria Rosária e do Sr.  João 

Galdino tinha todo o material de produção de farinha de milho e polvilho. Quando os pais do Sr. João 

Amadeu Barcelo, atual produtor de farinha de milho da cidade, adquiriram as terras do casal, D. Maria 

Rosária e do Sr. João Galdino ensinaram as técnicas de fabricação do polvilho e da farinha de milho para 

os novos proprietários que começaram a produzir as farinhas para vender. 

 

O Sr. Vítor e D. Maria Rosária não foram os primeiros nem os únicos a fazerem esses pastéis. Na 

primeira metade do século XX, a receita do pastel era difundida em toda a região de Pouso Alegre e a 

iguaria era um prato servido nos finais de semana ou para visitas que chegavam.36 A tradição do pastel 

era, então, um costume das famílias pousoalegrenses.  

 

03.2.8. O PASTEL, O MERCADO E A RUA – UMA RELAÇÃO DO SABER COM O ESPAÇO 

 

O pastel de farinha de milho começou a ser vendido nas ruas e no mercado da cidade de Pouso 

Alegre. O pastel que antes era símbolo das casas das avós passou a ser comercializado na feira, como 

um alimento para um lanche rápido ou um tira‐gosto dos botecos.  

36 Entrevista com D. Izabel Coutinho Pereira, concedia em Pouso Alegre a Liliane Faria Corrêa Pinto, em agosto de 2008.

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O mercado de Pouso Alegre foi construído no final do século XIX no largo da igreja matriz. Em 

1893, a  comunidade precisava de um  local para  comercializar os produtos da  zona  rural e a Câmara 

Municipal  se  prontificou  a  comprar  um  terreno  para  um  futuro mercado. O  local  desejado  era  um 

espaço próximo à matriz que pertencia à  igreja. Conversaram com o cônego Vicente de Mello César e 

com uma comissão de obras que estava constituída para a  reforma da  igreja. Eram  integrantes dessa 

comissão: cônego Vicente de Mello César, Alberto Bressane Lopes, Cap. Cândido Antônio de Barros, Cap. 

João Xavier de Rezende e Belizário Paulino de Assis. Todos os membros da comissão concordaram com a 

venda e a Câmara Municipal adquiriu o terreno. No início do século XX, o mercado sofreu sua primeira 

ampliação. Acrescentaram mais um  corredor em  cada  lado e  fizeram uma nova  fachada,  cuja planta 

datada de 1900 se encontra arquivada no Arquivo Público Mineiro.37 Cerca de quarenta anos depois, o 

mercado começou a ser insuficiente para o fluxo de comércio e precisou ser novamente reformado. Em 

1970, uma nova reforma modificou todo o prédio para que se tornasse semelhante ao que está hoje em 

funcionamento.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

37 Mapa do mercado de Pouso Alegre. Grandes Formatos. SA‐325; MAP 3/9 ENV. 1. APM. 

Acima, da esquerda para a direita, a primeira imagem é o mercado municipal de Pouso Alegre em 1893. A segunda imagem é também a fachada do mercado, datada de 1930. Abaixo, da esquerda para a direita, a primeira imagem é a parte de trás do mercado na década de 1960 e a segunda imagem é a frente do prédio novo, depois da reforma dos anos 70. Fonte: Museu Histórico Municipal Tuany Toledo. 

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O mercado  sempre  foi  o  local  onde  os moradores  dos  distritos  vendiam  as  hortaliças  que 

plantavam  e os produtos  “da  roça” que  fabricavam. Na década de 1930,  ele  estava pequeno para  a 

demanda e muitos vendedores ficavam na parte de trás do prédio com barracas expondo seus produtos. 

Os carregadores ficavam ao redor esperando os compradores para  levarem as compras até as casas e 

ganharem algum dinheiro.   Segundo Otávio Miranda Gouveia, esse burburinho do mercado era mais 

intenso aos sábados quando as donas de casa iam para as compras. O mercado se tornou um ponto de 

encontro de comadres para conversas informais. Lá as pessoas bebiam caldo de cana moído na hora e 

comiam pastel de farinha de milho e arroz doce que eram vendidos nas bancas.38 O autor não cita suas 

fontes e não há como sabermos se ele descreve com elementos atuais o movimento do mercado nas 

décadas de  1930  e  40. Como  a  tradição de  comer pastéis de  farinha de milho no mercado  é muito 

antiga, o momento em que ela começou a acontecer se perdeu no tempo. Há quem diga que no início, 

os pasteleiros ficavam do lado de fora, em barracas cobertas e costumavam também vender os pastéis 

fora do mercado em eventos da  cidade em pequenos  carrinhos  rudimentares. Encontramos algumas 

fotos das décadas de 1930 e 40 que mostram as pessoas ao redor do mercado, os carrinhos de mão dos 

carregadores de mercadorias e algumas barracas cobertas que poderiam ser de algum pasteleiro.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

38 GOUVEIA, Otávio Miranda. História de Pouso Alegre. Pouso Alegre, 1999. 

Acima à esquerda: mercado na década de 1930. Observe a seta vermelha, ela  indica a presença das barracas. Acima, à direita: barracas em  frente ao mercado, em 1948. Abaixo à direita:  parte  de  trás  do  mercado,  onde  ficavam  muitos carregadores  e  algumas  barracas,  em  1935.  Fonte: Museu Histórico Municipal Tuany Toledo. 

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Em alguns eventos da cidade fotografados nas décadas de 30 e 40, encontramos a presença de 

carrinhos semelhantes que poderiam ser para a venda do pastel.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Acreditamos que desde a década de 1930 já havia um comércio do pastel de farinha de milho 

na cidade e que ele era  feito por ambulantes. Esse comércio era  feito a partir dos carrinhos,  levados 

para os eventos importantes do município ou para os locais de maior movimento da cidade. O comércio 

de ambulantes é uma tradição muito antiga no Brasil. No nordeste colonial, nos século XVII e XVIII, nas 

cidades maiores  como  Vila  Rica  no  século  XVIII  e  no  Rio  de  Janeiro,  no  XIX,  havia  a  presença  dos 

chamados negros ou negras de ganho que andavam pelas cidades com um tabuleiro vendendo doces e 

petiscos.39 Com o fim da escravidão, o comércio informal das ruas continuou sendo feito por homens e 

mulheres livres que viam nessa atividade a maneira de sustentar a família. No século XX, esse costume 

ainda era comum nos campos de obras e nas estações ferroviárias e rodoviárias. Em Pouso Alegre, essa 

39 FREIRE, Gilberto. Casa grande e senzala. Rio de Janeiro: Ed. José Olimpio, 1961. 

Foto da esquerda: movimento na estação de rede mineira de viação, na década de 1930. No canto esquerdo da foto, há um carrinho, semelhante ao da foto do desfile na Praça Senador José Bento. Foto da direita: ampliação da imagem do carrinho. Fonte: Museu Histórico Municipal Tuany Toledo. 

Foto da esquerda: desfile na Praça Senador José Bento, em 1945. Observe que próximo ao gradil da velha catedral, na parte de baixo da imagem, há um carrinho. Foto da direita: ampliação da imagem do carrinho.  Fonte: Museu Histórico Municipal Tuany Toledo. 

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tradição se apropriou da iguaria do pastel de farinha de milho para comercializá‐los nas ruas da cidade, 

em dias de festas e nas áreas de maior movimento.  

 

A venda do pastel de farinha de milho se estabeleceu, então, tanto nos carrinhos nas ruas como 

nas bancas do mercado. No mercado, os pasteleiros mais antigos que conseguimos apurar foram o Sr. 

Vítor Fernandes Jardim que começou seu negócio para sustentar a família, em 1969, D. Maria José que 

vendeu sua banca para o Sr. João Ribeiro do Valle em 1972, o Sr. João Fernandes da Silva e o Sr. João 

Pereira de Freitas que fundaram as suas bancas de pastéis em 1966.  

 

Em 1955, o Sr. Vítor veio do Bairro dos Afonsos para a cidade e, na década de 1960, resolveu 

vender  o  pastel  de  farinha  de milho  em  um  carrinho.  Em  1969,  o  Sr.  Vítor  adquiriu  uma  banca  no 

mercado e abandonou seu carrinho.  Isso aconteceu por causa da reforma que ampliou o mercado no 

início dos anos de 1970, o que possibilitou a compra de uma banca. O Sr. Vítor pode ter aprendido a 

fazer os pastéis com a D. Maria Rosária do Prado, sua vizinha, no Bairro dos Afonsos ou com seus pais 

que também conheciam a receita. Segundo o Sr. Josino Jardim, de 40 anos, filho do Sr. Vítor, o pastel de 

farinha de milho é uma tradição em sua família, mas apenas seu pai teve a  idéia de abrir um negócio 

para  comercializá‐lo.  Sua mãe, D. Benedita  Inácia  Jardim,  trabalhava  com o  Sr. Vítor na  fabricação e 

venda dos pastéis. Em 1995, o  Sr. Vítor  Fernandes  Jardim  faleceu, mas  sua esposa  continuou  com o 

negócio até o ano 2000 quando aposentou. Seu filho agora é quem cuida da banca, que fica no Box 49 e 

se chama “Pastelaria Jardim”.40 A receita dos Jardim é a mais comum: uma medida de polvilho, três de 

farinha de milho biju, sal a gosto e água fervendo. Jogar a água fervente na mistura de farinhas e mexer 

até formar a massa. Sovar e abrir com um cilindro, garrafa ou rolo de macarrão e rechear. Os recheios 

são os mais tradicionais: de queijo e carne. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

40 Entrevista com o Sr. Josino Jardim, concedida em Pouso Alegre a Liliane Faria Corrêa Pinto, em agosto de 2008 

À esquerda, Sr. Vítor Fernandes Jardim fritando pastel. Fonte: Acervo do Sr. Josino Jardim À direita, Pastelaria Jardim, no Box 49 do Mercado Municipal de Pouso Alegre. Atrás da estufa de pastéis, Sr. Josino Jardim. No lado direito do balcão um cliente da pastelaria. Foto: Liliane Corrêa 

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54 de 110 Dossiê de Registro do Pastel de Farinha de Milho

 

Há vários pasteleiros no Mercado Municipal de Pouso Alegre que fabricam e vendem a iguaria. 

No Box 46, a D.  Izabel Coutinho Pereira, de 71 anos, é proprietária da  “Lanchonete São  João” há 30 

anos.  Desde  1978,  ela  faz  o  pastel  e  vende.  Segundo  a  pasteleira,  ela  aprendeu  com  sua mãe,  D. 

Francisca Maria Coutinho, que aprendeu com a mãe dela, D. Mariana Maria de Jesus. Segundo D. Izabel, 

D. Mariana aprendeu com alguém que ela não conheceu, provavelmente, com a mãe dela, bisavó de D. 

Izabel. Quando D. Izabel era criança, ela se  lembra de comer o pastel de farinha de milho que sua avó 

fazia. Para ela, a infância era um “tempo bom da vida” onde todos comiam juntos os pastéis que eram 

fritos e  servidos em  seguida. A  receita  servida na “Lanchonete São  João” é quase  igual àquela do Sr. 

Vítor. Ela foi citada no livro de receitas chamado Tribuna de Juiz de Fora. Ela coloca 1 kg de farinha de 

milho biju, dois copos de polvilho azedo e sal a gosto. Mistura as  farinhas e o sal e escalda com água 

fervente até dar o ponto de pastel: a massa deve ficar dura, mas não pode ficar seca. Sovar bem a massa 

e  rechear com o que quiser. A banca de D.  Izabel  também vende os pastéis com  recheio de queijo e 

carne, mas às vezes ela faz a versão pizza cujo recheio leva queijo, presunto e orégano.41  

 

No Box 22, do Mercado Municipal de Pouso Alegre, está a banca do Sr. Reginaldo Guimarães do 

Couto. O Sr. Reginaldo está nesse negócio há três ou quatro anos, desde que comprou a pastelaria do Sr. 

João Ribeiro do Valle. Segundo ele, o Sr. João vendeu o seu empreendimento porque queria aposentar 

para ficar mais próximo de sua esposa que estava um pouco adoentada. Assim que passou o ponto, ele 

ensinou o Sr. Reginaldo a  fazer o pastel, como é  tradição na cidade.42 Segundo o Sr.  João Ribeiro do 

Valle, ele também aprendeu com a antiga proprietária da banca, D. Maria José, em 1972. Ela era viúva e 

tinha  essa  banca  há  algum  tempo.  Provavelmente,  foi  a  pasteleira mais  antiga  que  tivemos  notícia 

porque se em 1972 ela estava abandonando o negócio, ela deveria estar no mercado desde antes de 

1969, quando o Sr. Vítor comprou a banca dele. D. Maria José faleceu há muitos anos e o Sr. João nunca 

soube com que ela aprendeu a fazer a receita do pastel. A receita do pastel do Sr. Reginaldo é, então, a 

mesma do Sr. João e da D. Maria José. A receita é ferver um litro e meio de água com um pouco de sal e 

jogar  sobre uma mistura de um quilo de  farinha de milho e meio quilo de polvilho azedo. Quando a 

mistura estiver  toda molhada, mexer com uma colher de pau até  formar uma massa. Deixar esfriar e 

sovar.  Abrir  a massa  com  uma  garrafa  ou  cilindro.  Rechear  com  o  que  quiser, mas  em  geral,  eles 

recheiam com carne e queijo.43 

 

 

 

 

41 Entrevista com D. Izabel Coutinho Pereira, concedia em Pouso Alegre a Liliane Faria Corrêa Pinto, em agosto de 2008.  42 Entrevista com o Sr. Reginaldo Guimarães do Couto, concedia em Pouso Alegre a Liliane Faria Corrêa Pinto, em agosto de 2008.  43 Entrevista com o Sr. João Ribeiro do Valle, concedia em Pouso Alegre a Liliane Faria Corrêa Pinto, em agosto de 2008.

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Ao lado da banca do Sr. Reginaldo fica a Pastelaria do Hélio, no Box 20. O Sr. João Fernandes da 

Silva foi o primeiro proprietário da pastelaria. Ele era sobrinho do Sr. Vitor Fernandes Jardim e aprendeu 

a  fazer o pastel com uma  tia, chamada  Izabel, que não sabemos se era  irmã do Sr. Vítor. Segundo D. 

Silvana Fátima de Melo, o Sr. João fundou a pastelaria em 1966, mas ainda sem nome. Segundo ela, o 

que motivou o Sr. João a aprender a fazer o pastel e abrir o negócio foi a vontade de trocar de profissão, 

já que ele era pedreiro e não gostava dessa atividade. O Sr. João era casado com D. Lídia de Jesus Silva e 

faleceu em 1999. O Sr. José Hélio da Silva, filho do Sr. João, ficou com a banca e hoje mantém o negócio. 

Na pastelaria, o que mais vende é a dupla pastel e caçulinha Jota Efe, um refrigerante típico da cidade 

de Pouso Alegre. A  receita do pastel é a mesma do  Sr. Vítor.  São  três medidas de  farinha de milho, 

misturadas a uma medida de polvilho azedo e escaldadas com água  fervente. Misturar, sovar, abrir e 

rechear. Os  recheios dos pastéis da Pastelaria do Hélio  são os  tradicionais de carne e queijo, mas na 

quaresma há a opção do pastel de bacalhau. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pastelaria  do  Reginaldo,  no  Box  22  do Mercado Municipal  de  Pouso Alegre.  Foto: Catherine Horta 

À esquerda, D. Silvana Fátima Melo fritando os pastéis na Pastelaria do Hélio. À direita, anúncio do refrigerante Jota Efe com o pastel de farinha de milho. Foto: Catherine Horta. 

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O Box 21 também é uma pastelaria e pertence ao Sr. João Pereira de Freitas. Ele tem 76 anos e 

é casado há 42 anos com D. Maria Isabel de Freitas de 73 anos. Segundo ele, quando se casou em 1966 

ele fundou sua banca de pastéis. Ele é de Pouso Alegre, mas se mudou para São Paulo aos 14 anos e lá 

se casou com sua primeira esposa. Aos 33 ou 34 anos, ele voltou para Pouso Alegre e conheceu  sua 

atual esposa. Casou‐se em seguida e abriu sua banca para comercializar os pastéis de farinha de milho 

no Mercado Municipal de Pouso Alegre no mesmo ano. Ao  ser perguntado  sobre quem o ensinou a 

fazer o pastel, o Sr. João afirmou com um sorriso nos lábios que foi Deus. Apesar da brincadeira, isso nos 

mostra que o pastel é muito importante para ele. Mas mesmo a receita sendo sagrada, ele nos passou 

as medidas e os  ingredientes. Segundo ele, a massa é composta de três medidas de farinha de milho, 

uma de polvilho, água fervente e sal. O procedimento é o mesmo de todos os outros, com a diferença 

que o Sr. João tem um cilindro manual em sua banca para passar a massa e deixá‐la mais fina.  

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A  comercialização do pastel de  farinha de milho não  acontece  só no Mercado Municipal de 

Pouso Alegre. Há barracas e carrinhos em toda a cidade para a venda do pastel, além de sacoleiros que 

produzem em casa ou compram de pasteleiros e vendem de porta em porta. Na avenida principal e na 

praça da matriz há diversos carrinhos que vendem a iguaria frita na hora. Essa característica é um traço 

peculiar do modo de fazer o pastel de farinha de milho em Pouso Alegre. A técnica deixou de ser apenas 

caseira  para  tornar‐se  uma  atividade  profissional.  O  pastel  ainda  é  feito  nas  casas,  mas  há  uma 

preferência por adquiri‐los na rua. Seu comércio se intensificou muito. As pessoas passam nas barracas 

e carrinhos para comprar os pastéis e fritar em casa. Assim, os comerciantes já fazem salgados em maior 

quantidade porque sabem que irão vendê‐los também sem serem fritos.   

 

Outra característica marcante do modo de fazer o pastel de farinha de milho é o costume de 

ensinar a receita. Em conversas com pasteleiros de carrinhos da cidade percebemos que há a tradição 

de  passar  a  receita  e  as  técnicas  de  preparo  do  pastel  de  pasteleiro  para  pasteleiro. O mesmo  foi 

À  esquerda,  cilindro mecânico  usado  pelo  Sr. João  Pereira  de  Freitas para  abrir  a  massa  de pastel.  À  direita,  Sr.  João Pereira  de  Freitas  em  seu Box no Mercado Municipal de  Pouso  Alegre.  Foto: Catherine Horta 

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constatado entre os proprietários dos Box do Mercado Municipal de Pouso Alegre. Assim, o pastel da 

farinha de milho e o seu comércio se perpetuam em Pouso Alegre porque quando um Box do mercado 

ou carrinho é vendido, a receita e as técnicas de fabricação do pastel são ensinadas para o comprador, 

transformando‐o  em  um  novo  pasteleiro.  Isso  garante  a  qualidade  e  a manutenção  da  tradição  de 

comércio do pastel de farinha de milho. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Alguns pasteleiros dos carrinhos da cidade usam um misturador elétrico para misturar e sovar a 

massa.  Para  abrir,  utilizam  um  cilindro  elétrico  por  onde  a massa  é  esticada  para,  a  partir  daí,  ser 

recheada. O Sr. Jésus José Felipe e sua esposa, D. Ana Maria Pereira Felipe, têm uma receita um pouco 

diferente  dos  demais  pasteleiros,  eles  acrescentam  um  pouco  de  óleo  na mistura  de  três  partes  de 

farinha de milho  e uma de polvilho.  Jogam  tudo no misturador  junto  com  a  água  fervente  e depois 

abrem a massa na máquina. O carrinho do casal fica em frente à rodoviária da cidade e funciona durante 

todo  o  dia.  Segundo  D.  Ana Maria,  eles  aprenderam  com  a  antiga  proprietária  de  uma  barraca,  D. 

Tereza, que passou uma semana com eles ensinando a mistura, o ponto da massa e da  fritura. Outro 

Imagens de carrinhos de venda do pastel de  farinha de milho, na área central da cidade e no bairro São Cristóvão. Fotos: Catherine Horta e Liliane Corrêa 

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pasteleiro proprietário de carrinhos é o Sr. Claudinei Aparecido Marcantônio. Sua produção de pastéis 

abastece  os  carrinhos  três  ou  quatro  vezes  durante  o  dia  e  cerca  de  800  pastéis  são  vendidos.  Ele 

também  aprendeu  com  o  antigo  proprietário  do  ponto,  o  Sr.  Alcides,  que  hoje  vende  na  porta  da 

UNIVAS – Universidade do Vale do Sapucaí. O  filho Sr. Alcides não quis  trabalhar com o comércio de 

pastéis e, então, ele vendeu o ponto para o Sr. Claudinei que o mantém há alguns anos. A receita é a 

padrão: uma medida de polvilho azedo, três de farinha de milho, água fervente e sal a gosto. Ele mistura 

com  um misturador  elétrico  e  abre  a massa  com  o  cilindro  também  elétrico.  Sua  produção  ainda  é 

artesanal, como a produção do Sr.  Jésus, mas é possível perceber um aprimoramento nas técnicas de 

fabricação do pastel. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Recentemente, o pastel começou a ser industrializado por alguns pasteleiros da cidade para ser 

vendido congelado ou refrigerado. A empresa que se chama Coisa de Mineiro tem o objetivo de colocar 

o pastel no mercado paulista com o nome de Pastel Mineiro. O empreendimento da indústria do pastel 

de  farinha de milho exigiu dos pasteleiros envolvidos muita dedicação na adaptação da massa para o 

congelamento. Ela não pode receber conservantes, mas  também não pode se quebrar com  facilidade 

como ocorre na receita tradicional. Assim, foi mais de um ano gasto testando as medidas até atingirem 

o ponto desejável. O pastel congelado e embalado a vácuo já está à venda nos supermercados da cidade 

de Pouso Alegre, mas ainda não chegou à capital paulista. 

 

 

 

 

 

 

 

À  esquerda,  carrinho  do  Sr.  Jésus  José  Felipe,  em  frente  à  rodoviária.  À  direita,  carrinho  do  Sr.  Claudinei  Aparecido Marcantônio, à Av.: Dr. Lisboa, em frente a Escola Estadual Monsenhor. Foto: Liliane Corrêa 

Pastel de  farinha de milho refrigerado na gôndola de um supermercado de Pouso Alegre. Foto: Liliane Corrêa 

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Em 2005, pasteleiros de Pouso Alegre resolveram se organizar para fundar uma associação, a 

ASSEASAPA  –  Associação  dos  Empreendedores  Autônomos  do  Segmento  de  Alimentação  de  Pouso 

Alegre. Eles se inspiraram na ABAM – Associação das Baianas de Acarajé e Mingau de Salvador. A ABAM 

reúne duas mil mulheres em torno da profissionalização e da qualidade do acarajé vendido em Salvador. 

Além da preocupação com as normas de higiene e saúde, as baianas queriam que fosse feito o registro 

do  acarajé,  considerado  sagrado  pelos  adeptos  do  Candomblé.  Assim,  inspirados  pelo  exemplo  das 

baianas,  cerca  de  quarenta  pasteleiros  de  Pouso  Alegre  fundaram  a  ASSEASAPA.  O  objetivo  era 

profissionalizar a atividade com cursos de manipulação de alimentos, adotar os critérios de vigilância 

sanitária da ANVISA e padronizar os formatos dos pastéis, das embalagens e dos carrinhos.  

 

No  primeiro  ano,  a  ASSEASAPA  encontrou muitas  dificuldades  de  atuação.  Os  projetos  da 

organização não vingaram e isso criou certa insatisfação entre os sócios. Com pouco retorno, a maioria 

dos pasteleiros deixou de contribuir e se desvinculou da associação. A diminuição dos sócios resultou 

em menor arrecadação e mais empecilhos no alcance dos objetivos do grupo. Mesmo diante desses 

problemas, os dezoito membros  restantes  se empenharam para exaltar a profissão de pasteleiro e o 

pastel de farinha de milho em Pouso Alegre. No mesmo ano pediram junto ao Conselho Deliberativo do 

Patrimônio Histórico e Cultural de Pouso Alegre o  registro do pastel de  farinha de milho  como bem 

cultural  imaterial da cidade. Em 2006, o carrinho desenvolvido no ano anterior ficou pronto, mas nem 

todos os pasteleiros trocaram seus carrinhos antigos pelos novos porque eles saíram pelo valor de R$ 

10.000,00. Em 2006, 2007 e 2008, a ASSEASAPA organizou a “Festa do Pastel”  incorporada à  festa da 

cidade  e  os  pasteleiros  associados  ofereceram  cerca  de  10.000  pastéis  de  graça  para  a  população 

pousoalegrense na praça da matriz. O objetivo desse evento é  criar uma  festa do pastel associada à 

cidade e divulgar as ações da associação.  

 

Segundo o presidente da ASSEASAPA, Sr. Claudinei Aparecido Marcantônio, um dos problemas 

enfrentados pela associação  foi a dificuldade de criação de um curso de manipulação de alimentos a 

baixo custo que atendesse os associados. Eles tentaram junto ao SENAI que um curso fosse organizado, 

mas a proposta da escola não se encaixou no orçamento dos pasteleiros e a tentativa foi frustrada. A 

próxima medida  da  ASSEASAPA  é  tentar  junta  à  prefeitura  disponibilizar  um  ponto  de  luz  em  cada 

carrinho para  facilitar o  comércio e a conservação do produto. Em agosto de 2008, os associados da 

ASSEASAPA  eram  dezoito  pasteleiros  dispostos  por  toda  a  cidade.  Eles  eram:  Claudinei  Aparecido 

Marcantônio, Av.: Dr. Lisboa – em frente à Escola Estadual Monsenhor; Jésus José Felipe, em frente à 

rodoviária; Reginaldo Gonçalves Ferreira, em  frente ao Hospital Santa Paula; Maria das Graças Melo, 

Praça Senador José Bento – em frente ao Santander; Aparecida Giane Borges, R. Silviano Brandão – ao 

lado do Supermercado Alvorada; Donizete  José Pereira, R. Silviano Brandão – em  frente ao açougue; 

Helenice do Amaral Bueno, R. Comendador José Garcia – próximo ao hospital; Carmelindo Claro Lopes, 

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na praça da escola do bairro São Cristóvão; Paulo Henrique Alves, Praça Senador José Bento – em frente 

ao Morato; Benedito José Pereira, Praça Senador José Bento – em frente ao Morato; Aloísio dos Santos 

Pereira, Av. Dr. Lisboa – em frente ao Bradesco; Lázaro José Pereira, em frente às Lojas CEM; Messias 

Altair  Claudino,  próximo  ao  Supermercado  Bonifácaio;  Tibério  Nonato  de  Oliveira,  Av.  Vereador 

Professor Olavo Gomes de Oliveira – em frente ao César Pneus; Vandré Andrade Castro, Praça Dr. Garcia 

Coutinho – em frente ao Hotel Ferraz; Marinho da Rocha Junqueira, Av. Vereador Antônio da Costa Rios 

– próximo ao farol do SESI; Patrícia de Oliveira Pedro, Av. Vereador Professor Olavo Gomes de Oliveira – 

em frente ao Espetão e Gilberto, R. Comendador José Garcia – próximo ao hospital.   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

03.2.9. A RECEITA – UMA DESCRIÇÃO DETALHADA DO MODO DE FAZER 

 

A receita do pastel de  farinha de milho varia em proporções para cada pasteleiro. A massa é 

formada de farinha milho biju, polvilho azedo, água, sal e, às vezes, óleo. A proporção mais encontrada 

é a de  três para um, ou seja,  três medidas de  farinha de milho e uma de polvilho, mas encontramos 

também quem desse a receita com a mesma medida de farinha de milho e polvilho. A quantidade de 

água é sempre relativa, porque está associada à liga que a massa dá.   

 

Acompanhamos o pastel da sua fabricação até a venda nos carrinhos. Vimos trabalho processo 

de fabricação dos pastéis na cozinha de D. Ana Maria Pereira Felipe. Ela trabalha com sua ajudante, D. 

Matilde Silvino da Silva Rosa, todas as manhãs para abastecer o carrinho que fica próximo à rodoviária.  

 

 

 

 

 

Selo da ASSEASAPA – Associação dos Empreendedores Autônomos do Segmento de Alimentação de Pouso Alegre. Esse selo é colocado nos carrinhos dos associados. Foto: Liliane Corrêa 

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61 de 110 Dossiê de Registro do Pastel de Farinha de Milho

 

A  cozinha  é  um  corredor  pequeno  e 

comprido  na  casa  da  pasteleira.  Há  um  fogão 

industrial,  onde  D.  Ana  Maria  aquece  a  água  e  a 

gordura, um misturador e um  cilindro elétricos, que 

misturam  e  abrem  a massa,  e  uma  bancada  usada 

para apoiar a massa aberta e  rechear os pastéis. No 

fogão, elas também fazem o recheio de carne moída.  

 

As  pasteleiras  esquentam  os  quatro  litros 

de água necessários para uma  receita de  três quilos 

de farinha. Assim que ela ferve, é acrescentado o sal 

para formar uma salmoura. São cerca de três colheres 

de sopa bem cheias de sal colocadas na água.  

 

D. Ana Maria coloca no misturador elétrico 

a farinha de milho biju comprada já moída, o polvilho 

azedo e os quatro  litros de água. Ela  liga o aparelho 

que  começa  a  misturar  a  massa.  Depois,  ela 

acrescenta as quatro colheres de óleo. O misturador 

continua mexendo  a massa  até  que  ela  fique  com 

uma textura homogênea. D. Ana Maria ainda auxilia a 

batedeira com uma colher de pau, usada para virar o 

angu. Esse processo  inicial é muito  rápido porque o 

aparelho  faz o  trabalho pesado de mistura em cinco 

minutos.  Antes  da  máquina  misturadora,  na 

fabricação  mais  artesanal  do  pastel  de  farinha  de 

milho, a mistura e  sova da massa demoravam  cerca 

de 30 ou 40 minutos.  

 

    Depois de homogênea, a massa é  retirada 

da  batedeira  e  colocada  sobre  a  bancada  para  ser 

cortada  e  passada  no  cilindro  elétrico.  D.  Matilde 

corta  a  massa  em  fatias  grossas  e  coloca‐as  no 

cilindro.  

 

 

D. Ana Maria Pereira Felipe em sua cozinha. No canto direito  a  panela  com  água  sob  o  fogão.  Ao  lado,  o misturador,  a  bancada  e  no  fundo  o  cilindro.Foto: Liliane Corrêa. 

Na figura acima, a água cai sobre a mistura colocada no misturador  elétrico.  Na  figura  abaixo,  D.  Ana  Maria acrescenta o óleo à mistura. Foto: Liliane Corrêa. 

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As  fatias  cortadas  são passadas no  cilindro elétrico que  continua o processo de mistura e o 

instrumento usado para abrir a massa. Sem o cilindro elétrico, a massa era aberta com garrafas de vidro 

ou rolos de macarrão. Mais tarde, alguns pasteleiros adquiriram um cilindro mecânico que abre a massa 

na medida em que  a manivela é  girada.  Já  com o  cilindro elétrico esse processo é muito  rápido e a 

massa é retirada da máquina parecendo um pano, comprido e liso. Essa massa é colocada na bancada e 

recheada.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Enquanto D. Ana Maria  passa  as  fatias  da massa  do  pastel  de  farinha  de milho  no  cilindro 

elétrico, D. Matilde vai recheando a massa na bancada ao lado. Ela coloca a massa aberta na bancada e 

Na  figura mais  a  esquerda,  D.  Ana Maria mexe  a massa  com a  colher de pau dentro do misturador. Depois,  na  figura  ao  lado,  ela  retira  a massa  e  a coloca sobre a bancada. Foto: Liliane Corrêa. 

As quatro fotos mostram o processo de passagem da massa no cilindro elétrico. Da colocação da fatia de massa até a sua abertura como se fosse um pano liso e comprido. Foto: Liliane Corrêa. 

D. Matilde reúne a massa e a sova  um  pouco  formando um  uma  bola, mostrada  na figura  da  esquerda.  Essa bola  é  cortada  em  fatias grossas,  como  é  mostrado na  foto  da  direita.  Foto: Liliane Corrêa. 

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acrescenta  o  recheio  de  carne  ou  queijo.  Eles  são  colocados  na mesma  quantidade  e  em  espaços 

eqüidistantes para que os pastéis saiam do mesmo tamanho.44  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

D. Matilde, após colocar o recheio, fecha a massa dobrando a parte que sobrou sobre a parte 

recheada. Em seguida, ela vem com as mãos marcando o recheio e retirando o ar. Esse processo é muito 

rápido e mecânico. Depois de marcado, ela vem com o cortador e separa o pastel do resto da massa. 

Esse  cortador  garante  que  os  pastéis  ficarão  do  mesmo  tamanho  e  com  o  formato  padronizado: 

quadrado para os de queijo e meio círculo para os de carne. Às vezes quando produzem o pastel pizza, 

com recheio de queijo, presunto e orégano, eles usam um cortador que tem a forma de meio círculo, 

mas com um corte na parte superior. Isso facilita para quem vai fritar os pastéis porque ele tem como 

saber qual é o recheio.45 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

44 Entrevista com o Sr. Jésus José Felipe, concedia em Pouso Alegre a Liliane Faria Corrêa Pinto, em agosto de 2008. 45 Entrevista com o D. Matilde Silvério da Silva Rosa, concedia em Pouso Alegre a Liliane Faria Corrêa Pinto, em agosto de 2008.

Nas imagens acima, D. Matilde fecha a massa sobre os recheios de carne e queijo. Foto: Liliane Corrêa. 

As três  fotos mostram o processo de colocação do  recheio na massa, tanto o recheio de carne como o de queijo. Foto: Liliane Corrêa. 

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Ao serem separados, eles são armazenados em vasilhas quadradas ou  isopores e sobre eles é 

colocado um pano de prato umedecido. Os pastéis  vão, então, para a próxima etapa:  serem  fritos e 

vendidos no carrinho para o público em geral. Nessa etapa, a concorrência entre os carrinhos é grande e 

vence quem  faz os pastéis com o melhor sabor. Segundo os pasteleiros, o melhor pastel depende do 

gosto do  freguês, mas  também envolve o carinho na  fabricação da massa, o  tempero do  recheio e a 

simpatia nas vendas.  

 

O Sr. Jésus, esposo de D. Ana Maria, vende durante todo o dia os pastéis que ela faz. Segundo 

ele, há uma técnica para fritar os pastéis. O óleo deve ser novo e a bem quente. Para saber quando a 

gordura está suficientemente quente, ele coloca um palito de fósforo no óleo e espera que ele acenda 

sozinho.  Os  pastéis  devem  ser  virados  várias  vezes  enquanto  fritam  e  são  retirados  quando  estão 

levemente dourados.46  

 

 

 

 

 

46 Entrevista com o Sr. Jésus José Felipe, concedia em Pouso Alegre a Liliane Faria Corrêa Pinto, em agosto de 2008. 

Nas  imagens acima, D. Matilde corta os pastéis com o cortador, separando cada unidade do  resto da massa. Foto: Liliane Corrêa. 

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Segundo os pasteleiros da ASSEASAPA, há cerca de 50 carrinhos espalhados por  toda cidade. 

Todos os carrinhos e bancas dos entrevistados estavam sempre cheios e os pastéis eram vendidos sem 

parar. Aos sábados esse comércio é ainda mais intenso. Comprar e comer os pastéis de farinha de milho 

nas  ruas  e  no mercado  da  cidade  é  uma  tradição  em  Pouso  Alegre.  Essa  tradição  de  Pouso  Alegre 

incorporou  o  imaginário  pousoalegrense. Há  até  uma  brincadeira  na  internet,  no  site Desciclopédia, 

explicando que o fechamento da lanchonete McDonald’s aconteceu porque não fazia parte da franquia 

vender o pastel de farinha de milho acompanhado de um refrigerante caçulinha Jota Efe e isso fez com 

que o público não freqüentasse a lanchonete.47 Assim, a iguaria desenvolvida a partir da aculturação de 

índios, portugueses e negros cresceu em Pouso Alegre como parte de uma economia  informal para se 

tornar um elemento central da cultura pousoalegrense.  

 

Em 2010, a Prefeitura Municipal de Pouso Alegre  lançou o Programa de Valorização do Pastel 

de Farinha de Milho e o prefeito sancionou o decreto de registro do Pastel de Farinha de Milho como 

patrimônio imaterial de Pouso Alegre. O programa tem como objetivo a “elaboração de ferramentas de 

divulgação  e  fortalecimento  do  produto  como  fomentador  de  turismo,  emprego  e  renda  no 

47 Pouso Alegre. Disponível em < http://desciclo.pedia.ws/wiki/Pouso_Alegre> Acesso em 20 out. 2008, 19:50. 

Pastéis armazenados e sendo fritos em um tacho de cobre no carrinho do Sr. Jésus, em frente à rodoviária de Pouso Alegre. Foto: Liliane Corrêa. 

Pastéis armazenados e sendo  fritos em um  tacho de cobre no  carrinho do  Sr.  Jésus,  em  frente  à  rodoviária de  Pouso Alegre. Na  foto  da  direita,  o  Sr.  Jésus  fritando  os  pastéis. Foto: Liliane Corrêa. 

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município.”48 O evento foi realizado na sede da associação dos pasteleiros, a ASSEASAPA. Essa medida é 

uma forma de exaltação da tradição do modo de fazer o Pastel de Farinha de Milho e vem demonstrar a 

importância da iguaria para a comunidade pousoalegrense.  

                                             

48  POUSO  ALEGRE.  Disponível  em  <  http://www.pousoalegre.mg.gov.br/portal/index.php?option= com_content&view=article&id=287:lancado‐programa‐de‐valorizacao‐do‐pastel‐de‐farinha‐de‐milho& catid=1:ultimas&Itemid=18> Acesso em 19 ago. 2010, 23:13. 

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04. AGENTES, RECURSOS E PÚBLICO ALVO 

  

Os agentes do modo de fazer o Pastel de Farinha de Milho de Pouso Alegre são chamados de 

pasteleiros. Não há um agrupamento ou identificação que os reúna em um mesmo conjunto a não ser a 

atividade de preparo e venda do pastel. Os pasteleiros são, então, em sua maioria, comerciantes que 

preparam a iguaria para vendê‐la nas barracas espalhadas por todo o distrito sede de Pouso Alegre.  

 

Como  já  afirmamos  anteriormente,  as  barracas  podem  ser  alugadas  ou  de  propriedade  do 

pasteleiro. Há alguns pontos mais tradicionais na cidade como o mercado, as principais ruas do centro, a 

frente da rodoviária, a porta da Escola Estadual Monsenhor, a porta da UNIVAS – Universidade do Vale 

do Sapucaí e algumas as praças nos bairros da cidade. Onde não há pontos, um pasteleiro pode criar um 

ponto  seu, mas os pontos de  venda  tradicionais  tem o  costume de  ser  vendidos. O  aprendizado do 

modo de fazer o Pastel de Farinha de Milho é passado pelo vendedor do ponto para o comerciante que 

adquire a loja ou a barraca. Essa transmissão de conhecimento é um costume e acontece durante uma 

semana  ou mais  após  a  venda  do  ponto,  até  que  o  comprador  aprenda  a  preparar  o  pastel. Nesse 

aprendizado,  saber  fazer um bom pastel é uma honra e o  vendedor da banca  se  sente honrado em 

ensinar e ver a continuidade da qualidade de seu ponto de venda de pastéis. Enfim, o Pastel de Farinha 

de Milho  de  Pouso  Alegre,  com  suas  barracas  espalhadas  pela  cidade,  é  uma  tradição  unicamente 

pousoalegrense  que  vinculou  o  preparo  do  pastel  a  uma  atividade  remunerada.  Os  pasteleiros  se 

diferenciam  por muito  pouco:  detalhes  na massa  do  pastel,  a  habilidade  de  fritá‐los  e  o  sabor  do 

recheio. Como é um negócio, cada pasteleiro se vangloria de seus dotes culinários e do sabor de seus 

pastéis.  Muitos  deles  criam  novos  recheios  ou  agregam  temperos  aos  recheios  tradicionais, 

estabelecendo certa disputa entre eles que agrada os consumidores. 

 

Os consumidores dos pastéis de farinha de milho são todos os moradores pousoalegrenses e, 

ainda, alguns turistas, que gostam de saborear o petisco. Não há hora nem modo de comer o Pastel de 

Farinha de Milho, é o freguês que decide quando, como e de quem compra. Muitos adquirem os pastéis 

para  fritar em casa, outros apenas saboreiam o salgado na hora do café, do almoço ou no  lanche da 

tarde em frente as barracas espalhadas pela cidade.  

 

Assim, o Pastel de Farinha de Milho, produto do modo de fazer o Pastel de Farinha de Milho, é 

uma  tradição  pousoalegrense  no  que  se  refere  aos  pasteleiros  que  tem  uma  maneira  própria  de 

aprender a elaborar a receita e de perpetuá‐la e aos consumidores que já tem o costume de adquirir os 

pastéis  por  toda  a  cidade,  esperando  que  nos  pontos  tradicionais  tenha  um  pasteleiro  pronto  para 

vender a iguaria. 

 

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05. DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE OCORRÊNCIA 

                          MAPA DO PERÍMETRO DE OCORRÊNCIA DO BEM: Distrito Sede Escala gráfica Fonte: Base: Arquivo digital elaborado pelo IBGE – Geocódigo 3165206 Adaptado por: Liliane Faria Corrêa Pinto, agosto| 2010 

   

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 PLANTA ‐ PERÍMETRO DE OCORRÊNCIA DO BEM: Arruamento do Distrito Sede Escala gráfica Fonte: Base: Google Maps Adaptado por: Liliane Faria Corrêa Pinto, agosto| 2010 

 

     

     

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06.   DESCRIÇÃO DA ÁREA DE OCORRÊNCIA 

 

 

  O modo de fazer do Pastel de Farinha de Milho pode ser encontrado em todo o município de 

Pouso Alegre. A ocorrência em todo o território municipal deve‐se ao fato de que não há uma grande 

concentração  industrial e que, principalmente, o pastel é  absorvido por  todas  as  famílias,  sendo  sua 

receita passada dos pais para os filhos.  

 

  Há também algumas pessoas que se dedicam a fazer os pastéis em suas casas e vendê‐los para 

outras  famílias para que no momento de servi‐los, principalmente às visitas, possam apenas  fritá‐los. 

Sendo  assim,  é  possível  encontrar  o  pastel  em  toda  a  cidade  especificamente  nas  casas,  nos 

supermercados e mercados do local. 

 

  A produção, ainda que seja artesanal, possui grande saída entre turistas que visitam a região e 

costumam  levar  para  suas  cidades  os  pastéis  congelados,  contudo,  a  área  de  ocorrência  ainda  se 

restringe à cidade, ficando somente o seu consumo estendido para outros locais. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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07. JUSTIFICATIVA DA DEFINIÇÃO DA ÁREA DE OCORRÊNCIA 

 

Considerando que o modo de fazer o pastel de farinha de milho está restrito à região da cidade 

de Pouso Alegre,  sede e área  rural e que ele ocorre em diversos pontos  isolados da mesma,  justifica 

delimitar  sua área com a circunscrição da cidade  inteira com a  tradição  tão vivenciada como a de  se 

deliciar com estes pastéis. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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08. FICHA DE INVENTÁRIO 

INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURALPATRIMÔNIO IMATERIAL – Ofícios e Modos de Fazer              

 EX. 2012 

 Prefeitura Municipal de Pouso Alegre                                                                      Pastel de Farinha de Milho  01. Município  Pouso Alegre02. Distrito  Sede03. Denominação  Pastel de Farinha de Milho04. Outras denominações  Não tem 04.1. Motivação do Inventário  O Pastel de  Farinha de Milho é uma  tradição pousoalegrense que está na  identidade do  cidadão de Pouso Alegre.  É um  importante modo de  fazer na  cultura  local  e,  ainda,  agrega  valor  aos pequenos comerciantes que vivem do preparo e da venda da iguaria.  

05. Condição Atual Vigente | Íntegro   Memória  

 Descaracterizado06. Época em que ocorre  O ano todo07. Executante  Pasteleiros08. Como é conhecido Várias pessoas preparam o pastel e vendem09. Data de nascimento  Não se aplica10. Sexo  Masculino   Feminino11. Endereço | Telefone  Não se aplica12. Ocupação  Pasteleiro13. Naturalidade | Mora na cidade desde quando? Não se aplica

14. Relação do executante com o bem  Mestre    Aprendiz

   Produtor    Vendedor     Público  Executante    Outro  

 15. Documentação Fotográfica  Fotografia digital, 5.1 megapixel.Fotógrafa | Data  Catherine Fonseca A. Horta | julho ‐ 2007    

Foto  1.  Pastel  sendo  frito  na  barraca  em  frente  a  Rodoviária  de  Pouso  Alegre. Município de Pouso Alegre – MG Liliane Corrêa, maio/ 2010 

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 16. Documentação Cartográfica  Não se aplicaFonte  Não se aplica  17. Biografia do executante Não se aplica porque são vários os pasteleiros da cidade, não há um executor específico.  18. Histórico  O  Pastel  de  Farinha  de Milho  foi  desenvolvido  na  região  de  Pouso  Alegre  a  partir  da  cozinha  dos bandeirantes que, por falta de víveres e farinha de trigo, adaptavam as farinhas que tinham para poder cozinhar. Acreditamos que ele tenha vindo de uma variação de bolinhos de polvilho e farinha de milho em substituição aos bolinhos  fritos ou assados de  farinha de  trigo,  ingrediente escasso no sertão das Minas do  início do século XVIII. Essa tradição de fazer um bolinho com farinha de milho e polvilho foi tomando  a  forma de pastel e  se espalhou pela  cozinhas das  casas da  região. Em Pouso Alegre, esse modo de fazer ganhou uma característica especial: a comercialização desses pastéis nas ruas da cidade. Os pasteleiros ensinam aos compradores das barracas e pontos de comércio como preparar a  iguaria, formando novos pasteleiros e a tradição se perpetua a partir do costume de transferir o saber com a venda do ponto ou a aposentadoria.  19. Descrição  O pastel é feito da mistura das farinhas de milho e polvilho, água quente e sal. Alguns pasteleiros usam óleo na massa. O recheio é a gosto, mas em geral é feito de queijo ou carne moída. Receita: Ingredientes  3 medidas de farinha de milho biju 1 medida de polvilho azedo 1 litro de água fervente com sal a gosto.  Modo de fazer Moer a  farinha de milho biju. Misturar a  farinha moída e o polvilho até que  fiquem bem misturados. Jogar a água fervente aos poucos na mistura e sovar até que a massa fique homogênea. Abrir a massa com um  rolo em uma  superfície  lisa e acrescentar o  recheio que pode  ser de queijo ou carne moída refogada com tempero a gosto. Fechar o pastel e fritar em óleo bem quente. 

  

Foto 02‐ Pastéis prontos para fritar Município de Pouso Alegre ‐ MG Liliane Corrêa, maio/ 2010 

Foto 03‐ Pastéis expostos no mercado. Município de Pouso Alegre ‐ MG Liliane Corrêa, maio/ 2010 

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 20. Lugar da AtividadeBarracas espalhadas em todo o distrito sede e nos Box do mercado municipal de Pouso Alegre.  21. Referências Documentais | Bibliográficas GOUVEIA, Otávio Miranda. História de Pouso Alegre. Pouso Alegre, 1999.  PRIORE, Mary Del; VENÂNCIO, Renato. Uma história da vida rural no Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.  Fontes orais: Entrevista com D. Ana Maria Pereira Felipe, concedia em Pouso Alegre a Liliane Faria Corrêa Pinto, em agosto de 2008.  Entrevista com o D. Matilde Silvério da Silva Rosa, concedia em Pouso Alegre a Liliane Faria Corrêa Pinto, em agosto de 2008.  

22. Informações Complementares  Sem referência

 

23. Ficha Técnica 

         21.1. Levantamento | junho ‐ 2010 

Liliane Faria Corrêa PintoHistoriadora – MGTM Ltda.

Isabella Corrêa Dias | CREA:91.235/DArquiteta e Urbanista – MGTM Ltda.

         21.2. Elaboração | junho ‐ 2010 

Liliane Faria Corrêa PintoHistoriadora – MGTM Ltda.

Isabella Corrêa Dias | CREA:91.235/DArquiteta e Urbanista – MGTM Ltda.

         21.3. Revisão | janeiro ‐ 2011 

Isabella Corrêa Dias | CREA:91.235/DArquiteta e Urbanista – MGTM Ltda.

Rogério Stockler de MelloAdministrador de Empresas ‐ MGTM Ltda.

Aline Cristina AraújoSecretária de Cultura de Pouso Alegre

 

   

 

 

 

 

 

 

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09. SALVAGUARDA E VALORIZAÇÃO DA ATIVIDADE CULTURAL 

 

A salvaguarda do patrimônio imaterial é um recurso para a proteção de um bem que é mutável 

–  o  bem  imaterial.  É  composta  por medidas  que  buscam  perpetuar  a  continuidade  do  patrimônio 

cultural  imaterial  a  partir  da  preservação,  identificação,  documentação,  promoção,  proteção, 

valorização obtidas por meio da educação e da revitalização do patrimônio. 

  

09.1. IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS:  

 

Identificamos  alguns problemas  relativos  ao patrimônio  cultural  Pastel de  Farinha de Milho. 

Entre eles: 

 

• A dificuldade que os pasteleiros tem de passar as técnicas e receitas do pastel para seus filhos e 

dar continuidade no comércio. Segundo o Sr. Claudinei, em geral, os  filhos dos proprietários 

dos pontos de carrinho não querem continuar a atividade dos pais.  

 

• A preocupação que os pasteleiros tem em perpetuar a atividade porque eles nunca sabem se 

surgirão novos interessados em adquirir os pontos e perpetuar a profissão de pasteleiro. 

 

• A  falta de  apoio da prefeitura no que  se  refere  à  estrutura de  funcionamento das barracas 

como fornecimento de luz e água. 

 

• A falta de reconhecimento da atividade em relação ao poder público. 

 

• Poucos recursos para a propaganda do produto. 

 

• A festa realizada pela ASSEASAPA no aniversário da cidade acontece sem recursos municipais e 

é o único meio de divulgação do Pastel de Farinha de Milho.  

  

09.2. DIRETRIZES PARA GESTÃO E MANUTENÇÃO DAS ATIVIDADES   

O Pastel de Farinha de Milho é um patrimônio cultural de Pouso Alegre e seu modo de  fazer 

precisa ser preservado. Para isso, há diretrizes de salvaguarda do bem imaterial: 

 

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• Preservação da atividade por meio de incentivos, divulgação e educação patrimonial.  

 

• Buscar  junto ao poder público o apoio para  facilitar, apoiar e capacitar os pasteleiros para o 

melhor  funcionamento  das  barracas  e  dos  carrinhos  nas  ruas  de  Pouso  Alegre,  como  o 

fornecimento de água e  luz, alvará de  funcionamento, diretrizes de produção e da vigilância 

sanitária; 

 

• Incentivar a iniciativa da ASSEASAPA de criar um carrinho padronizado; 

 

• Buscar junto ao poder público o reconhecimento da atividade de pasteleiro como perpetuador 

de um dos patrimônios culturais da cidade. 

 

 Nossas sugestões são: 

 

 

• Criação de concursos de pasteleiros; 

 

• Criação de festas com a presença das barracas de pasteleiros; 

 

• Palestras para ensinar os pasteleiros a preparar o pastel com a higiene exigida pelas normas da 

vigilância sanitária; 

 

• Criar normas de produção que garantam a qualidade do pastel vendido; 

 

• Incentivo  financeiro  da  prefeitura  na  aquisição  dos  carrinhos  segundo  os  moldes  da 

ASSEASAPA; 

 

• Implementação do Programa de Valorização do Pastel de Farinha de Milho. 

  

09.3. VALORIZAÇÃO DAS ATIVIDADES COM CRONOGRAMA DE AÇÕES A SEREM IMPLEMENTADAS  

 

A Prefeitura Municipal de Pouso Alegre criou o programa de valorização do Pastel de Farinha de 

Milho  para  a  criação  de  formas  de  divulgação  e  fortalecimento  do  produto  como  fomentador  de 

turismo, emprego e renda no município.  

 

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81 de 110 Dossiê de Registro do Pastel de Farinha de Milho

 

 

Ações 

2011  2012 

1° Trimestre 

2° Trimestre 

3° Trimestre 

4° Trimestre 

1° Trimestre 

2° Trimestre 

3° Trimestre 

4° Trimestre 

Implementação do Programa de Valorização do Pastel 

de Farinha de Milho  

     

Educação patrimonial voltada à valorização do Pastel      

Criação de concursos de pasteleiros        

Manutenção  da  Festa  do  Pastel  no  aniversário  da 

cidade  

     

Fornecimento de água e luz,        

Concessão alvará de funcionamento       

Criação de diretrizes de produção       

Aplicação das diretrizes de produção       

Palestras explicando as diretrizes de produção      

Incentivar  a  aquisição  dos  carrinhos  nos  moldes  da 

ASSEASAPA  

     

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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10. DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA 

FOTOS  DO  PASTEL  DE  FARINHA  DE  MILHO  –  DATA DEZEMBRO DE 2010 

LILIANE CORRÊA 

     

Foto  01‐  Pastel  de  Farinha  de  Milho exposto na estufa da barraca Município de Pouso Alegre – MG  Dezembro/ 2010 

Foto 02‐ Barraca de venda do Pastel de Farinha  de Milho. Município  de  Pouso Alegre – MG  Dezembro/ 2010 

Foto 03‐ Barraca de venda do Pastel de Farinha  de  Milho.Município  de  Pouso Alegre – MG Dezembro/ 2010 

FOTOS  DO  PASTEL  DE  FARINHA  DE  MILHO  –  DATA DEZEMBRO DE 2010 

LILIANE CORRÊA 

 

Foto 04‐ Barraca de venda do Pastel de Farinha  de Milho. Município  de  Pouso Alegre – MG Dezembro/ 2010 

Foto  05‐  Box  de  venda  do  Pastel  de Farinha  de  Milho  no  Mercado Municipal. Município de Pouso Alegre – MG  Dezembro/ 2010 

Foto  06‐  Pastel  de  Farinha  de  Milho exposto  na  estufa  do  Box  no Mercado Municipal. Município de Pouso Alegre – MG  Dezembro/ 2010 

FOTOS  DO  PASTEL  DE  FARINHA  DE  MILHO  –  DATA DEZEMBRO DE 2010 

LILIANE CORRÊA 

   

Foto  07‐ Milho  em  processo  para  ser moído Município de Pouso Alegre – MG Dezembro/ 2010 

Foto  08‐  Farinha  sendo  cozida  para  se tornar  farinha  biju Município  de  Pouso Alegre – MG Dezembro/ 2010 

Foto  09‐  Farinha  de  milho  biju Município  de  Pouso  Alegre  –  MG Dezembro/ 2010 

        

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84 de 110 Dossiê de Registro do Pastel de Farinha de Milho

FOTOS  DO  PASTEL  DE  FARINHA  DE  MILHO  –  DATA DEZEMBRO DE 2010 

LILIANE CORRÊA 

     

Foto  10‐  Cozinha  de  uma  pasteleira Município  de  Pouso  Alegre  –  MG Dezembro/ 2010 

Foto  11‐  Detalhe  da  mistura  das farinhas  Município  de  Pouso  Alegre  – MG  Dezembro/ 2010 

Foto 12‐ Mistura com égua fervente no misturador elétrico Município de Pouso Alegre – MG Dezembro/ 2010 

FOTOS  DO  PASTEL  DE  FARINHA  DE  MILHO  –  DATA DEZEMBRO DE 2010 

LILIANE CORRÊA 

   

Foto 13 ‐ Pasteleira misturando a massa Município  de  Pouso  Alegre  –  MG Dezembro/ 2010 

Foto  14  ‐  Massa  misturada  e homogênea Município de Pouso Alegre – MG Dezembro/ 2010 

Foto  15  ‐  Massa  sendo  retirada  da máquina  de  abrir  Município  de  Pouso Alegre – MG Dezembro/ 2010 

FOTOS  DO  PASTEL  DE  FARINHA  DE  MILHO  –  DATA DEZEMBRO DE 2010 

LILIANE CORRÊA 

   

Foto  16  –  Pasteleira  colocando  o recheio  Município  de  Pouso  Alegre  – MG Dezembro/ 2010 

Foto 17 – Pasteleira fechando os pastéis Município  de  Pouso  Alegre  –  MG Dezembro/ 2010 

Foto 18 – Pasteleira fechando os pastéis Município  de  Pouso  Alegre  –  MG Dezembro/ 2010 

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85 de 110 Dossiê de Registro do Pastel de Farinha de Milho

FOTOS  DO  PASTEL  DE  FARINHA  DE  MILHO  –  DATA DEZEMBRO DE 2010 

LILIANE CORRÊA 

Foto  19  ‐  Pastel  de  carne  sendo destacado do corpo da massa Município de Pouso Alegre – MG Dezembro/ 2010 

Foto  20  ‐  Pastel  de  queijo  sendo destacado do corpo da massa Município de Pouso Alegre – MG Dezembro/ 2010 

Foto  21‐  Pasteleira  com  os  pastéis  já cortados Município  de  Pouso  Alegre  – MG Dezembro/ 2010 

FOTOS  DO  PASTEL  DE  FARINHA  DE  MILHO  –  DATA DEZEMBRO DE 2010 

LILIANE CORRÊA 

 

Foto  22  ‐  Pastéis  de  carne  empilhados Município  de  Pouso  Alegre  –  MG Dezembro/ 2010 

Foto  23‐  Pastéis  de  queijo  empilhados Município  de  Pouso  Alegre  –  MG Dezembro/ 2010 

Foto  24  –  Pastéis  armazenados  para serem  fritos  no  carrinho. Município  de Pouso Alegre – MG Dezembro/ 2010 

FOTOS  DO  PASTEL  DE  FARINHA  DE  MILHO  –  DATA DEZEMBRO DE 2010 

LILIANE CORRÊA 

 

Foto  25  ‐  Tacho  de  cobre  onde  são fritos os pastéis no carrinho em frente a Rodoviária Município de Pouso Alegre – MG ‐ Dezembro/ 2010 

Foto 26‐ Pastéis  sendo  fritos Município de Pouso Alegre – MG Dezembro/ 2010 

Foto  27  –  Pastéis  sendo  retirados  do tacho Município de Pouso Alegre – MG Dezembro/ 2010 

 

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86 de 110 Dossiê de Registro do Pastel de Farinha de Milho

FOTOS  DO  PASTEL  DE  FARINHA  DE  MILHO  –  DATA DEZEMBRO DE 2010 

LILIANE CORRÊA 

 

Foto  28  – Consumidores degustando  a iguaria Município de Pouso Alegre – MG Dezembro/ 2010 

Foto  29‐  Pastéis  fritos  expostos Município  de  Pouso  Alegre  –  MG Dezembro 2010 

Foto  30  ‐  Pastéis  fritos  expostos Município  de  Pouso  Alegre  –  MG Dezembro/ 2010 

 

FOTOS  DO  PASTEL  DE  FARINHA  DE  MILHO  –  DATA DEZEMBRO DE 2010 

LILIANE CORRÊA 

 

 

 

 

Foto 31 ‐ Pastéis fritos expostos 

Município de Pouso Alegre – MG 

Dezembro/ 2010 

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87 de 110 Dossiê de Registro do Pastel de Farinha de Milho

11. REGISTRO AUDIOVISUAL 

 

                                

                   

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88 de 110 Dossiê de Registro do Pastel de Farinha de Milho

                       

                      

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89 de 110 Dossiê de Registro do Pastel de Farinha de Milho

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

 

BARBOSA, Waldemar de. Dicionário Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Belo Horizonte:  Itatiaia, 

1997. 

 

CARRARA, Ângelo Alves. Mineração, produção rural e espaços urbanos em Minas Gerais: 1808‐1835. 

Disponível  em  <https://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/seminario  diamantina/2006/D06A085.pdf.> 

Acesso em 20 out. 2008, 12:00.  

 

CIA  do  pastel:  a  história  do  pastel.  Disponível  em  <  http://www.ciadopastel.com/historia_do 

_pastel.php> Acesso em 20 out. 2008, 14:15. 

 

CONEXÃO  ITAJUBÁ.  Gastronomia  Típica.  Disponível  em  <  http://www.conexaoitajuba. 

com.br/itajuba/Pagina.do?idSecao=40> Acesso em 23 out. 2008, 16:10. 

 

DUARTE, Ana Alice Miranda.  “Os Cadastros Antigos das Américas  (Incas, Astecas  e Maias)”. COBRAC 

2004. Congresso Brasileiro de Cadastro Técnico Multifinalitário. UFSC Florianópolis. 10 a 14 de Outubro 

2004.  Disponível  em  <http://geodesia.ufsc.br/Geodesia‐online/arquivo/cobrac_2004/002.pdf>  Acesso 

em 12 out. 2008, 14:15. 

 

Enawenê Nawê: as roças. Disponível em <http://www.arara.fr/BBTRIBOENAWENE.html> Acesso em 14 

out. 2008, 12:40. 

 

FIGUEIRA, Thais Rezende e Silva Figueira. A origem do milho: a  identificação de Saccharum como um 

de  seus  prováveis  parentais.  (Tese  de  Doutorado)  Tese  apresentada  ao  Instituto  de  Biologia  para 

obtenção  do  Título  de  Doutor  em  Genética  e  Biologia  Molecular  na  área  de  Genética  Vegetal  e 

Melhoramento. Campinas: UNICAMP, 2007. 

 

FREIRE, Gilberto. Casa grande e senzala. Rio de Janeiro: Ed. José Olimpio, 1961. 

 

JONES,  John.  “Early origins of maize  in Mexico”. American Society of Plant Biologists. Disponível em 

<http://www.eurekalert.org/pub_releases/2008‐06/asop‐eoo062308.php>  Acesso  em  12  out.  2008, 

19:00. 

 

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90 de 110 Dossiê de Registro do Pastel de Farinha de Milho

Lendas do Mato Grosso. A lenda da mandioca. Apud.: "Terra e Gente" ‐ Ano I, Janeiro de 1946 ‐ Rio de 

Janeiro,  p.114.  Disponível  em  <http://www.fortunecity.com/campus/  anthropology/275/lendas.html> 

Acesso em 16 out 2008, 11:00. 

 

LEVENE, Ricardo (org). História das Américas. Editora Brasileira: São Paulo, 1964, vol. I.  

 

MARCONDE, Renato Leite; COSTA, Iraci del Nero da. Nota sobre o uso das farinhas de mandioca e de 

milho no Brasil antigo. Apud.: SAINT‐HILAIRE, Auguste de. “Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e 

Minas  Gerais.”  Belo  Horizonte/São  Paulo:  Itatiaia/EDUSP,  1975,  p.  107.  Disponível  em 

<http://www.brnuede. com/iddcosta/pdfs‐ira/ap15.pdf > Acesso em 16 out. 2008, 13:45. 

 

Origem  da  Agricultura.  Apud.:  Smith,  B.D.  (1995)  The  emergency  of  agriculture.  Disponível  em 

<http://felix.ib.usp.br/bib138/Origem_agricul tura.pdf > Acesso em 11 out. 2008, 15:00. 

 

MELLO  FILHO, Marcelo  Soares Bandeira de;  SANTOS  JÚNIOR,  José Maria dos. População e  geografia 

econômica: a conformação da população no espaço em Minas Gerais, no século XIX. Disponível em < 

http://www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2006/  docspdf/ABEP2006_849.pdf>  Acesso  em  20  out. 

2008, 12:10. 

 

Pastel de nata. Disponível em <http://www.pasteldenata.info/contacto.htm> Acesso em 20 out. 2008, 

15:20. 

 

PEIXOTO, Claudio de Miranda. O milho: O Rei dos  cereais – da  sua descoberta há 8.000 anos até as 

plantas  transgênicas.  SeedNews  Revista  Internacional  de  Sementes.  Disponível  em 

<http://www.seednews.inf.br/ portugues/seed62/milho62.shtml> Acesso em 8 out. 2008, 12:00. 

 

PERONI, Nivaldo. “Ecologia e genética da mandioca na agricultura itinerante do litoral sul paulista: uma 

análise espcial e temporal.” Tese apresentada ao Instituto de Biologia para obtenção do título de Doutor 

em Biologia Vegetal. Universidade Estadual de Campinas: Campinas, 2004. 

 

PORTAL Minas Gerais. Pastel de angu: história e receita. Disponível em <http://www.portalminasgerais. 

com.br/culinaria/itabirito.htm> Acesso em 20 out. 13:00.  

 

PRIORE, Mary Del; VENÂNCIO, Renato. Uma história da vida  rural no Brasil. Rio de  Janeiro: Ediouro, 

2006. 

 

Page 91: Dossiê Sobre o Pastel de Farinha de Milho de Pouso Alegre - Minas Gerais

91 de 110 Dossiê de Registro do Pastel de Farinha de Milho

SOUZA, Laura de Mello e, 1953; BICALHO, Maria Fernanda Baptista; SCHWARCZ, Lilia Moritz. 1680‐1720: 

o império deste mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.  

 

VALLE,  Teresa  Losada.  “Mandioca:  dos  índios  aos  agronegócios.”  IAC  –  Instituto  Agronômico  de 

Campinas. Disponível em <http://www.abam.com.br/artigos/IAC%20‐%20Mandioca.doc> Acesso em 14 

out. 2008, 16:00. 

 

VOLPATTO, Rosane. A origem do milho. Disponível em < http://www.rosanevolpatto. trd.br/lendamilho. 

htm> Acesso em 01 out. 2008, 10:00. 

 

ZARIAS,  Alexandre.  “Novos  dados  lançam  dúvidas  sobre  o  homem  americano”.  Arqueologia: 

Reportagens.    Disponível  em  <http://www.comciencia.br/reportagens/arqueologia/arq02.shtml> 

Acesso em 10 out. 2008, 13:00. 

 

Entrevistas:  

 

 

Entrevista  concedida  a  historiadora  Paola,  por  Dona  Zina,  Jesuína  Maria  Barbosa,  em  Itajubá,  em 

setembro de 2009. 

Entrevista concedida a historiadora Paola, por Seu Zezé, Jose Freitas Barbosa, em Itajubá, em setembro 

de 2009. 

Entrevista concedida a historiadora Paola, por Ana Carolina Juarez, em Itajubá, em setembro de 2009. 

Entrevista concedida a historiadora Paola, por Maria Aparecida dos Santos, em Itajubá, em setembro de 

2009. 

Entrevista concedida a historiadora Paola, Vânia Mendonça Carlos, em Itajubá, em setembro de 2009. 

Entrevista  concedida  a  historiadora  Paola,  por  Leandro  Menezes  Torres  de  Lima,  em  Itajubá,  em 

setembro de 2009. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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92 de 110 Dossiê de Registro do Pastel de Farinha de Milho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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93 de 110 Dossiê de Registro do Pastel de Farinha de Milho

13. ANEXOS 

 A. FICHA TÉCNICA 

    MGTM Ltda.  Av. Prudente de Morais, 135  5º andar ‐ Cidade Jardim  Tel/fax. (31) 3503 ‐ 5900 Belo Horizonte – MG [email protected]  

CONSULTORIA TÉCNICA

Coordenação Geral: Rogério Stockler de Mello

Coordenação Técnica

___________________Isabella Corrêa Dias

Arquiteta e Urbanista – CREA: 91235/D 

Equipe

Monica Guimarães M. S. Marinho Arquiteta e Urbanista | CREA: 98.109|D

Raquel Eugênia Nasser SantosAssistente em História

  LEVANTAMENTO | DATA: Agosto de 2010  Isabella Corrêa Dias Arquiteta e Urbanista – CREA: 91235/ D  MGTM Ltda. 

Liliane Faria Corrêa Pinto HistoriadoraMGTM Ltda. 

 ELABORAÇÃO | DATA: Outubro de 2010  Isabella Corrêa Dias Arquiteta e Urbanista – CREA: 91235/ D  MGTM Ltda. 

Liliane Faria Corrêa Pinto HistoriadoraMGTM Ltda. 

 ASSESSORIA TÉCNICA| DATA: Outubro de 2010  Isabella Corrêa Dias Arquiteta e Urbanista – CREA: 91235/ D MGTM Ltda 

Mônica Guimarães M. S. MarinhoArquiteta e Urbanista – CREA: 98.109 | D

MGTM Ltda Amanda Auxiliadora Siqueira Assistente Administrativo 

Raquel Eugênia Nasser SantosAssistente em História 

 REVISÃO | DATA: Janeiro de 2011  Equipe de Coordenação Técnica MGTM Ltda.  Prefeitura Municipal de Pouso Alegre 

      

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94 de 110 Dossiê de Registro do Pastel de Farinha de Milho

                        

                       

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95 de 110 Dossiê de Registro do Pastel de Farinha de Milho

B. PARECER TÉCNICO 

 

O  registro de um bem  imaterial é um  recurso para a  sua proteção, preservação, divulgação, 

valorização  e  incentivo.  As  comunidades  buscam  registrar  seus  traços  culturais  para  garantirem  a 

preservação das tradições que caracterizam a identidade daquele povo.  

 

Em Pouso Alegre, o Pastel de Farinha de Milho é um dos elementos que  identificam o povo 

pousoalegrense. Há o costume de prepará‐los em casa, mas a  tradição mais presente é comê‐los nas 

ruas e no mercado, comprados dos pasteleiros espalhados por toda a cidade. A tradição está também 

entre os pasteleiros que aprendem a preparar o pastel com o vendedor da banca ou do ponto. A relação 

entre os pasteleiros e a relação entre o consumidor e o pasteleiro são as principais características dessa 

tradição que identifica o pousoalegrense. Não basta saber fazer o pastel e fazer para servir em casa, em 

Pouso  Alegre  o  pastel  é  um  instrumento  de  união  da  população.  O  processo  de  construção  desse 

patrimônio imaterial passa pelo ensinamento do preparo da iguaria entre os pasteleiros que vendem os 

pastéis de farinha de milho nas ruas da cidade e, também, pelo ato de comprar e degustar os pastéis 

nos  carrinhos  que  ficam  espalhados  pelas  ruas  da  cidade. O  povo  pousoalegrense  se  orgulha  desse 

modo  de  fazer  e  dessa  iguaria  que  aclamam  como  sua  e  como  representante  de  sua  identidade 

alimentar e histórica. 

 

Enfim,  é  importante  o  registro  do  Pastel  de  Farinha  de Milho  de  Pouso  Alegre  e  de  sua 

característica de venda por meio dos pasteleiros para sua proteção na comunidade, seu incentivo, tanto 

para a produção e consumo, como para a sua divulgação, sua valorização como patrimônio da cidade e a 

identificação  entre  os  consumidores  de  estarem  vivenciando  um  ato  tradicional  que  os  remetem  à 

identidade pousoalegrense. Nesse  sentido, o Pastel de Farinha de Milho é um patrimônio cultural de 

Pouso Alegre e merece um registro.   

 Belo Horizonte, 14 de Novembro de 2010 

 

 

Liliane Faria Corrêa Pinto 

Historiadora ‐ CPF 037923286‐31  

 

 

Isabella Corrêa Dias 

Arquiteta e Urbanista ‐ CREA 91.235/D 

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96 de 110 Dossiê de Registro do Pastel de Farinha de Milho

 

 

 

 

 

              

                         

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C.  PARECER DO CONSELHO 

                         

 EM ANECO O PARECER DO CONSELHO. 

                          

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98 de 110 Dossiê de Registro do Pastel de Farinha de Milho

                       

                         

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D.  ATA DE APROVAÇÃO PROVISÓRIA 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

EM ANEXO A ATA DE APROVAÇÃO PROVISÓRIA. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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E. NOTIFICAÇÃO / COMUNICAÇÕES E RECIBOS 

                       

EM ANEXO A NOTIFICAÇÃO E O RECIBO.                              

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F. ATA DE APROVAÇÃO DEFINITIVA  

                        

EM ANEXO A ATA DE APROVAÇÃO DEFINITIVA.                             

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104 de 110 Dossiê de Registro do Pastel de Farinha de Milho

                       

                         

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G. CÓPIA DO DECRETO OU HOMOLOGAÇÃO DO REGISTRO 

                         

EM ANEXO A CÓPIA DECRETO DO REGITRO.                            

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H. INSCRIÇÃO DO LIVRO DE REGISTRO 

                        

EM ANEXO A INSCRIÇÃO NO LIVRO DE REGISTRO.                             

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I. PUBLICAÇÃO DO DECRETO OU HOMOLOGAÇÃO DO REGISTRO 

                          

EM ANEXO A PUBLICAÇÃO DO REGISTRO DO BEM.                           

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