Dp e Escatologia Reformada

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    SECAM

    SEMINRIO DE CAPACITAO MINISTERIAL

    ESCATOLOGIA REFORMADA E ESCATOLOGIA

    PENTECOSTAL: O MILNIO

    GUSTAVO GALVO BORNER

    SO GONALO - RJ

    2013

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    GUSTAVO GALVO BORNER

    ESCATOLOGIA REFORMADA E ESCATOLOGIA PENTECOSTAL: O

    MILNIO

    Monografia apresentada ao SECAM

    Seminrio de Capacitao Ministerial,

    como requisito para a obteno do ttulo

    de Bacharel em Teologia.

    Orientadora: Professora Daisy Rosa

    SO GONALO

    2013

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    GUSTAVO GALVO BORNER

    ESCATOLOGIA REFORMADA E ESCATOLOGIAPENTECOSTAL: O MILNIO

    Monografia aprovada em: ____/____/____

    Banca Examinadora: Nota: _________

    __________________________________________________________

    Orientador(a)

    ________________________________________________

    Examinador(a)

    SECAM

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    DEDICATRIA

    Sendo ou no um trabalho de cunho teolgico, a primeira e mais forte

    dedicao a Jesus. Tanto minha vida quanto cada hora das muitas gastas com esta

    pesquisa tm nEle o fundamento e nEle tambm o objetivo: agrad-Lo.

    Em segundo lugar dedico este trabalho minha mulher, Alinne, que me inspira

    no apenas a pensar nas coisas do porvir, mas a viver como se elas j estivessem

    acontecendo.

    Por fim, dedico igreja do Senhor cada linha destas reflexes. a ela que

    desejo servir e espero que este trabalho sirva para o corpo de Cristo na terra.

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    AGRADECIMENTOS

    minha mulher, que colrio para os meus olhos, inspirao para minha mente

    e descanso para minha alma. Sem ela este trabalho seria sem graa.Ao reverendo Leandro Antnio de Lima Wurlitzer, por ter nele inspirao

    atravs de suas pregaes no youtube1 - e ajuda para o trabalho, atravs de vrios

    emails respondidos.

    Ao professor Dionsio de Oliveira Soares por me responder a indagaes sobre

    o cunho escatolgico do livro de Daniel, atravs do facebook2.

    Ao professor desta casa, Jos Wedson Lima, que sempre me auxilia com

    variados assuntos teolgicos e que disponibilizou-me vrias obras pr-milenistas paraeste trabalho.

    A Deus, que me d ar, crebro e curiosidade.

    1Site que agrupa vdeos de usurios.2Site de relacionamentos muito famoso na internet.

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    H pessoas que desejam saber s por saber, eisso curiosidade; outras, para alcanarem fama, eisso vaidade; outras, para enriquecerem com asua cincia, e isso um negcio torpe; outras, paraserem edificadas, e isso prudncia; outras, paraedificarem os outros, e isso caridade"

    Santo Agostinho

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    RESUMO

    BORNER, G. G. Escatologia Reformada e Escatologia Pentecostal: O milnio. 50 f.Monografia apresentada ao curso de Bacharel em Teologia. Seminrio deCapacitao Ministerial, So Gonalo, 2013. 50 p.

    Apresenta-se um estudo acerca da escatologia sobre o Milnio nos dois ambientes demaior referncia e impacto teolgico no Brasil, o reformado tradicional e o pentecostal,

    buscando-se uma comparao entre as duas vises e propondo um caminho comumde conhecimento e embasamento bblico. Na primeira parte so expostas,sucintamente, as bases tericas de cada uma das doutrinas e seus pontos menosdivergentes dentro de cada sistema; na segunda parte so colocadas em confronto asconvices e afirmaes de ambas, buscando evidenciar seus pontos maisdivergentes e mais convergentes; na terceira e ltima parte so propostas tentativasde conciliao entre as vises e, quando no for possvel, uma mescla pensada daspartes que melhor comuniquem a verdade por trs do texto bblico para os dias dehoje.

    Palavras-Chave: Escatologia; Pentecostalismo; Reforma; Milnio

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    ABSTRACT

    BORNER, G. G. The Reformed Eschatology and the Pentecostal Eschatology: themillenium.. Monograph presented to the Teological Graduation course. Secam, SoGonalo, 2013. 50 p.

    It presents a study about the eschatology about the millenium in both environments ofgreater theological reference and impact in Brazil, the reformed traditional one and thepentecostalist one, seeking a comparison between the two visions and proposing acommon path of knowledge and biblical foundation. In the first part are briefly exposedthe theoretical foundations of each of its doctrines and less divergent points within

    each system, in the second part are placed in confrontation beliefs and statements ofboth seeking to prove their points of converging and diverging; the third and last partproposals are attempts to reconcile the views and when not possible, a mix that bestcommunicate the truth behind the biblical text for today.

    Keywords: Eschatology; Pentecostalism; Reformation; Millenium.

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    SUMRIO

    INTRODUO............................................................................................................ 9

    Situao de estudo .....................................................................................................9

    Objetivos................................................................................................................... 10

    Justificativa ............................................................................................................... 10

    REFERENCIAL TERICO E METODOLGICO...................................................... 11

    Suporte Terico ........................................................................................................ 11

    Metodologia .............................................................................................................. 12

    1. CONCEITOS BSICOS E PRELIMINARES......................................................... 132. ESCATOLOGIA REFORMADA............................................................................. 16

    2.1 Amilenismo.......................................................................................................... 17

    2.1.1 Dificuldades do Amilenismo............................................................................. 22

    2.2 Ps-milenismo..................................................................................................... 24

    2.2.1 Dificuldades do Ps-milenismo........................................................................ 27

    3. ESCATOLOGIA PENTECOSTAL ......................................................................... 30

    3.1 Pr-milenismo clssico ou histrico ....................................................................343.1.1 Dificuldades do Pr-milenismo histrico .......................................................... 37

    3.2 Dispensacionalismo ou Pr-milenismo pr-tribulacionista ..................................39

    3.2.1 Dificuldades do Dispensacionalismo................................................................ 43

    4. O DISPENSACIONALISMO PROGRESSIVO, O PARALELISMO PROGRESSIVO

    AMILENISTA E UMA PROPOSTA BBLICA CONCILIADORA................................. 46

    CONSIDERAES FINAIS..................................................................................... 55

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.......................................................................... 56

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    INTRODUO

    As igrejas no Brasil e no mundo e os mais diversos grupos cristos catlicos

    romanos, ortodoxos, protestantes ou livres tm interpretado as Escrituras Sagradas

    em busca de respostas s mais diversas e incontveis perguntas acerca do fim dos

    tempos. Ainda mais, praticamente todas as culturas, inclusive a ateia, tem sua ideia

    do que vem a ser a consumao do que vivemos hoje numa passagem para um

    prximo estgio mais avanado e mais rico da existncia.

    No possvel, num trabalho monogrfico, analisar o que cada cultura tem em

    seu arcabouo escatolgico, nem tampouco o que cada crculo cristo entende em

    sua doutrina por escatologia3.

    Como estamos no Brasil, as igrejas ditas evanglicas se organizaram em

    alguns grupos bsicos, a saber, os tradicionais batistas, presbiterianos, anglicanos

    etc pentecostais clssicos igrejas Assemblia de Deus, Deus Amor,

    Quadrangular, Brasil para Cristo, Nova Vida e Congregao Crist e

    neopentecostais Universal do Reino de Deus, Internacional da Graa de Deus,

    Mundial do Poder de Deus, Renascer em Cristo etc. Alm destes, h um sem-nmero

    de comunidades que no se encaixam em nenhum destes rtulos, ou que no o

    admitem.Para fins de estudo, analisaremos as escatologias reformadas e pentecostais

    no que diz respeito ao Milnio, em seus pontos bsicos. Sabemos da dificuldade em

    faz-lo, j que dentro de cada uma delas h divergncias, mas procuraremos nos ater

    ao que no divergente dentro de cada sistema, procurando apontar um caminho,

    iluminado pelo Esprito Santo, para a correta e desejada interpretao bblica das

    coisas que vem ocorrendo e ainda vo ocorrer.

    Situao de estudo

    A problematizao de um tema como este simples: que interpretao do

    milnio a correta? Devemos olhar para ele de maneira literal, como um perodo de

    mil anos? E onde ocorrer? E se j estiver ocorrendo? E se, de alguma maneira,

    nunca ocorrer de maneira literal? Qual a posio da igreja neste cenrio: participante

    ativa ou coadjuvante com os judeus? E mais, o olhar que cada grupo pentecostais e

    3Eschatos = ltimo; Logia = estudo. Juntando-se os termos temos Escatologia, o estudo das ltimascoisas, dos ltimos dias.

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    reformados tm sobre o tema, tem potencial para afetar sua espiritualidade e

    vivncia crist4?

    Objetivos

    Pelo prisma geral, esta pesquisa procura tratar do tema escatolgico mais

    debatido de todos os tempos. Num primeiro olhar, no se tem qualquer preferncia a

    qualquer sistema, nem se tm a pretenso de solucionar o debate de forma definitiva.

    Especificamente, o trabalho foi realizado para dar um caminho novo, que

    encampe todas ou quase todas as abordagens milenistas vigentes, olhando-as como

    complementares, no excludentes. A igreja de Jesus espalhada pelo Brasil, maisespecificamente a dos municpios de So Gonalo, Niteri e adjacncias, podero ter

    acesso a uma pesquisa sobre um tema pouco explorado, feita por um estudante

    recm-formado, que apesar da desvantagem da pouca experincia acadmica, tm

    nisto mesmo a vantagem de estar prximo s perguntas constantes de um membro

    comum da igreja acerca do assunto.

    Justificativa

    Este ensaio justifica-se, principalmente, pela pouca instruo da maioria dos

    irmos em Cristo, da regio, sobre o assunto. Aprender escatologia como um todo, e

    especificamente o milnio, tem impacto imediato sobre o comportamento do crente

    em relao cultura local se de distanciamento e negao ou dilogo e contestao

    ao mpio, igreja e a si mesmo. No a toa que Joo diz nas primeiras linhas do

    livro Bem-aventurado aquele que l... os que ouvem... e guardam... 5as palavras da

    profecia, revelada diretamente por Jesus ao apstolo.

    De uma coisa temos certeza: os irmos que estudaram este livro, ao longo dos

    dois sculos da era crist, o fizeram por amor e por desejar estar prontos para a vinda

    do Senhor.

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    No objetivo do trabalho uma pesquisa sociolgica ou comportamental da igreja, mas apenas comotema incidente, toca a possvel prtica que uma determinada comunidade pode ter dependendo da suaviso sobre o milnio.5Apocalipse 1:3.

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    Finalmente, a igreja do Senhor alcanar um nvel de unidade maior quando se

    inteirar, orar e estudar sobre escatologia6. Estamos todos, filhos do Senhor, indo

    inexoravelmente em direo ao fim, ao clmax, que a Sua Segunda Vinda.

    REFERENCIAL TERICO E METODOLGICO

    Suporte Terico

    O suporte terico para o trabalho se deve, basicamente, s doutrinas de

    grandes autores e s pesquisas de recentes doutrinadores sobre o assunto do

    milnio. Apesar de ser necessrio abordar outros temas que no o tema em si,

    buscou-se embasamento nas linhas principais de estudos milenistas reformados e

    pentecostais.

    O livro Mais que vencedores, do Dr. William Hendriksen, utilizado como base

    principal para a viso amilenista, aborda todo o livro de Apocalipse e demais textos

    escatolgicos bblicos de uma maneira tendente a tornar o tema simples e

    espiritualmente aplicado, defendendo o paralelismo progressivo7e a interpretao do

    milnio levando-se em conta textos mais claros sobre o assunto do que o prprio

    captulo 20 do livro de Joo.

    As pregaes e artigos do reverendo Leandro Lima Wurlitzer foram

    fundamentais no apenas para a linha que defende amilenista mas para que se

    tivesse uma viso panormica e simples de todo o livro de Apocalipse.

    Para a viso ps-milenista, devido a escassez de livros no mercado brasileiro, utilizou-

    se artigos de Kenneth L. Gentry e algumas discusses encontradas na rede youtube.

    Devido similaridade com o amilenismo, no se fez necessria uma pesquisa

    muito profunda sobre o tema.

    O livro Manual de Teologia Sistemtica, de Wayne A. Grudem, foi a principal

    fonte de pesquisa pr-milenista, juntamente com os estudos e aulas particulares do

    pastor e professor Jos Wedson Lima.

    Para o dispensacionalismo, as principais fontes foram a Bblia de estudo proftica, de

    Tim La Haye, e Apocalipse versculo por versculo, de Severino Pedro da Silva.

    6Antes, seguindo a verdade em amor, cresamos em tudo naquele que a cabea, Cristo. Efsios4:15. Em http://www.bibliaonline.com.br/acf/ef/4/15+. Acesso em11/06/2013.

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    Metodologia

    Os mtodos utilizados foram a pesquisa bibliogrfica descritiva de livros eartigos fsicos e digitais, a visualizao de palestras, pregaes, aulas e mesas-

    redondas sobre o assunto, principalmente atravs de vdeos encontrados na internet,

    e a pesquisa de campo com professores e pastores. O perodo de realizao de

    maio a dezembro de 2013.

    7Ver seo Amilenismo, do captulo Escatologia Reformada.

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    1. CONCEITOS BSICOS E PRELIMINARES

    Para estudarmos escatologia necessrio ter alguns conceitos em mente. O

    primeiro deles j foi dito: escatologia significa, por assim dizer, o estudo do fim dostempos, ou estudo das ltimas coisas - eschaton significa ltimo e logos significa

    palavra.

    A escatologia compreende dois aspectos principais: a escatologia csmica e a

    escatologia individual. A primeira diz respeito ao que ir ocorrer com o mundo, a

    populao, a natureza, os anjos e os demnios. A segunda trata do que cada um de

    ns, cristos, ir passar a entender e viver a partir do estudo das ltimas coisas.

    Outro termo importante fim dos tempos ou ltimos dias, ou melhor, seusignificado no Novo Testamento. Para a bblia, fim dos tempos o perodo entre a

    primeira e a segunda vindas de Jesus. A partir da primeira vinda um novo tempo

    comeou - o eschatonse deu com o nascimento, morte e ressurreio de Cristo8. O

    intervalo entre as vindas do Senhor o perodo do anncio do evangelho da graa,

    que convida o pecador a se arrepender, nascer de novo e viver uma vida nova com

    Deus.

    Seguindo, profecia significa orculo, predio por inspirao divina. Quando

    um profeta recebia uma palavra, tanto no Novo quanto no Velho Testamento, o

    cumprimento se dava em seus dias ou, quando muito, em geraes que lhe tivessem

    conexo. Seria irreal e desproposital pensar que um profeta receberia uma mensagem

    de Deus e no visse qualquer sentido no que tinha recebido. Por outro lado, parte da

    profecia tem sim carter futurista, como os profetas que falavam do renovo, do

    messias, que veio milhares de anos depois de seu tempo. O prprio Jesus falou de

    coisas que ocorreram em sua poca, mas ao mesmo texto, predizia algo para o futuro.

    Devemos, portanto, olhar os textos escatolgicos com dimenses para o tempo

    do profeta, para os ouvintes originais primeiramente, mas tambm para os tempos do

    porvir. O anjo disse a Joo que as coisas em breve viriam a ocorrer, ou seja, no seu

    tempo, no primeiro sculo. Por outro lado, tais revelaes trazem a chave para

    sabermos como nos comportar diante dos eventos futuros.

    Reino de Deus tratado pelo prprio Jesus como uma realidade inaugurada

    pela sua primeira vinda9, apesar de haver uma expectativa de manifestao da

    8Ver Hb 1:2, Gl 4:4, Lc 1:46 a 55, Mc 1:15.9Lc 10:9, 11:20; Mc 11:15.

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    plenitude deste reino10. Houve uma inaugurao, h uma vivncia atual espiritual

    deste reino e o mesmo se ir completar em tempo oportuno.

    Segunda vinda o momento em que o Senhor aparecer em glria, vindoatravs de nuvens. O prprio Jesus se refere a este evento no como segunda vinda

    mas como parousia(aparecimento). Os profetas do Antigo Testamento, ao verem de

    longe, tinham a impresso de que tudo se tratava de um evento s, tanto o servo

    sofredor de Isaas 53 como o rei de Jerusalm, de Miquias 5. Porm, ao vir, o

    Senhor s cumpriu a primeira parte, como servo, no como rei ou, ao menos, no

    como rei visvel, sendo apenas o rei do corao do seu povo. por causa deste ltimo

    carter da segunda vinda que Joo Batista pergunta se Jesus era mesmo o Cristo, j

    que Ele s havia cumprido a primeira parte da profecia que o prprio Joo declarara:

    ele ajuntar o trigo em seu celeiro, mas queimar a palha com fogo que nunca se

    apaga11.

    Milnio, objeto do nosso estudo, o perodo de mil anos descrito por Joo em

    Apocalipse 20, em que Satans preso e Jesus reina. Ao final, Satans solto,

    engana as naes, cerca a cidade amada, ao que desce fogo do cu, lanando a ele,

    besta e ao falso profeta no lago de fogo. O texto merece ser transcrito:

    E vi descer do cu um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma grande cadeia nasua mo.Ele prendeu o drago, a antiga serpente, que o Diabo e Satans, e amarrou-o pormil anos.E lanou-o no abismo, e ali o encerrou, e ps selo sobre ele, para que no maisengane as naes, at que os mil anos se acabem. E depois importa que seja soltopor um pouco de tempo.E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi asalmas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra deDeus, e que no adoraram a besta, nem a sua imagem, e no receberam o sinal emsuas testas nem em suas mos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos.

    Mas os outros mortos no reviveram, at que os mil anos se acabaram. Esta aprimeira ressurreio.Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreio; sobre estesno tem poder a segunda morte; mas sero sacerdotes de Deus e de Cristo, ereinaro com ele mil anos.E, acabando-se os mil anos, Satans ser solto da sua priso,E sair a enganar as naes que esto sobre os quatro cantos da terra, Gogue eMagogue, cujo nmero como a areia do mar, para as ajuntar em batalha.E subiram sobre a largura da terra, e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada;e de Deus desceu fogo, do cu, e os devorou.E o diabo, que os enganava, foi lanado no lago de fogo e enxofre, onde est a bestae o falso profeta; e de dia e de noite sero atormentados para todo o sempre.

    10Ap 11:15.11Lc 3:17.

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    E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presenafugiu a terra e o cu; e no se achou lugar para eles.E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se oslivros; e abriu-se outro livro, que o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas

    que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos queneles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras.E a morte e o inferno foram lanados no lago de fogo. Esta a segunda morte.E aquele que no foi achado escrito no livro da vida foi lanado no lago de fogoApocalipse 20:1-15

    Em ltimo lugar, este no um conceito, mas uma chave interpretativa e ao

    mesmo tempo um aviso: a bblia, Jesus e os textos escatolgicos no esto

    preocupados em saciar nossa curiosidade. Devemos olhar para os textos e tirar deles

    o que eles querem dizer, e no o que ns queremos que ele diga. Em suma, devemos

    saber quais perguntas se extraem do texto, e no quais perguntas eu desejo que me

    sejam respondidas. Isto ir evitar uma srie de erros e confuses que muitos de

    nossos irmos caram ao olhar para o Apocalipse. Sabemos, de forma clara, que

    devemos vigiar, pois no sabemos o dia que o Senhor vem12.

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    2. ESCATOLOGIA REFORMADA

    De forma geral, a escatologia reformada apoia-se na totalidade das escrituras e

    em seu sentido original, sem ter de necessariamente crer que passagens descritas nabblia sejam literais para que o texto seja respeitado.

    Ao saber que o Apocalipse foi uma viso dada a Joo sobre coisas

    maravilhosas, ainda que o apstolo13a tenha visto de maneira literal e.g.Joo viu,

    de fato, um cavaleiro de um cavalo negro que tinha na mo uma balana a

    aplicao de tal viso espiritual, no literal usando-se do mesmo exemplo, no se

    cr que haver, de fato, um cavaleiro com um cavalo negro carregando uma balana

    para anunciar a fome na terra, mas sim que haver fome, pura e simplesmente.Sob esta perspectiva bsica se apresentam as duas opes do meio

    reformado: o amilenismo e o ps-milenismo. Tanto um quanto outro sustentam que a

    descrio do Milnio por Joo, apesar de ter visto um anjo amarrando o Diabo por mil

    anos, no quer dizer que Satans ficou amarrado por mil anos, literalmente. No

    apenas pela obviedade de Satans no poder ser amarrado literalmente, por ser um

    esprito e cordas de couro no o poderem prender, os mil anos, segundo estas

    correntes, representamum perodo especfico na histria14.

    de fundamental importncia destacar que tanto o a- quanto o ps-milenismo

    enxergam as promessas dadas a Israel, relacionadas ao messias e ao reino de Deus,

    se cumprindo hoje na igreja. Paulo explica isto dizendo que nem todos os nascidos

    pela carne de Abrao so Israel15; descendentes de Abrao so aqueles que, como o

    prprio patriarca, alcanaram salvao atravs da f, a saber, a igreja. Muitas das

    promessas dadas a Israel no Velho Testamento so referidas no Novo, porm tendo

    12Mt 24:42.13Assumiremos aqui a autoria de Joo, o apstolo, no nos atendo a este ponto por no ser essencial matria deste trabalho.14Neste sentido, Gordon Lyons afirma: Se, contudo, insistirmos que estapassagem deveria ou deve ser entendida literalmente, ento, logicamente, devemos tambm insistir emcolocar uma interpretao literal nas outras passagens similares. Isto significaria que a chave,o abismo, e a grande cadeia, faladas na mesma passagem (Apocalipse 20:1), devem ser entendidascomo uma chave literal, um abismo literal e uma cadeia literal. Mas como Satans que umesprito pode ser preso com uma cadeia literal e fsica?. Emhttp://www.monergismo.com/textos/escatologia_reformada/lyons_doutrina_segunda_vinda.htm,traduo por ARAUJO NETO, Felipe Sabino de.15No quer dizer, porm, que a palavra de Deus tenha falhado. Porque nem todos os que descendem

    de Israel so verdadeiros israelitas, como nem todos os descendentes de Abrao so filhos de Abrao;mas: em Isaac que ters uma descendncia que trar o teu nome {Gn 21,12}. Isto , no so osfilhos da carne que so filhos de Deus, mas os filhos da promessa que sero considerados comodescendentes. Romanos 9: 6 a 8. Em http://www.bibliaonline.com.br/acf/rm/9. Acesso em 03/07/13.

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    cristos como destinatrios16. Sendo tal ponto muito extenso e por no se tratar do

    escopo deste trabalho, damo-nos por satisfeitos apenas com o seu resumo17,

    retomando-o nas partes da Escatologia Pentecostal e em suas crticas.As posies a- e ps- divergem na maneira como veem este reino milenar no

    literal, o que veremos a seguir.

    2.1 Amilenismo

    Amilenismo a viso das ltimas coisas que sustenta que a Bblia noprediz

    um Milnio ou perodo de paz e justia mundial sobre a Terra antes do fim do mundo;

    segundo esta viso, haver um desenvolvimento paralelo e contemporneo do bem e

    do mal o reino de Deus e o reino de Satans neste mundo, que continuar at a

    segunda vinda de Cristo. Na segunda vinda de Cristo a ressurreio apenas uma,

    com a volta de Cristo, de mpios e crentes - e o julgamento acontecero

    simultaneamente, seguidos pela ordem eterna das coisas o Reino absoluto e

    perfeito de Deus, no qual no haver pecado, sofrimento nem morte.

    Olhando para o que ocorre hoje, o amilenismo parece ter alguma razo. Tanto

    o crescimento do reino de Deus, atravs da pregao do evangelho, avana, quanto o

    reino de satans, com a pregao contra todos os princpios de Deus, tambm

    avana, e ambos com muitos seguidores. Se tal tendncia permanecer at a volta de

    Cristo, o amilenismo poder se confirmar na histria.

    As bases para o amilenismo so muito importantes18. Em primeiro lugar,

    enxerga o apocalipse como um livro potico, essencialmente alegrico. No se pode

    16Para um excelente apanhado, consultar PROVAN, Charles D.Versculos do Antigo Testamento,

    que se referem a Israel, e que so citados no Novo Testamento como se referindo aos cristos.Traduo de Felipe Sabino de Arajo Neto. Disponvel emhttp://www.monergismo.com/textos/escatologia_reformada/israel-igreja-secao2_charles_provan.pdf.Acesso em 03/07/2013.17Uma explicao suscinta e polmica vem de Arturio Azurdia III, comentando Apocalipse 2:8: Pobreza como conseqncia de blasfmia e acusaes A fonte de sua perseguio: os romanos. Aperseguio romana era fomentada pelas acusaes dos israelitas tnicos, os quais Jesus diz aqui queno eram dignos desse nome antigo e honrvel. Conheo a blasfmia dos que se dizem judeus, eno o so. Meus amigos essa uma declarao profundamente importante. Quando olhamos o fluxoda histria redentiva, o enredo da histria da Bblia se desvela e nos movemos do pico da promessapara o pico do cumprimento, e o povo de Deus no mais definido genealogicamente, mascristologicamente cristocentricamente. Voc diz: O que voc quer dizer? Os verdadeiros judeus soaqueles que seguem a Jesus como seu Messias. AZURDIA III, Arturo,A igreja substitui Israel?.

    Traduo de Felipe Sabino de Arajo Neto. Disponvel emhttp://www.monergismo.com/textos/escatologia_reformada/igreja-subs-israel_Arturo-Azurdia.pdf.Acesso em 03/07/2013.18Retirado do vdeo http://www.youtube.com/watch?v=ZQ3KxFD-ffo. Acesso em 11/7/2013.

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    olhar para um livro potico e tentar extrair dele ensinamentos baseados na literalidade

    do texto. Em segundo lugar, justamente por ser alegrico, sua interpretao difcil;

    apenas com o restante da bblia possvel interpreta-lo corretamente, j que seucontedo no se explica, de maneira satisfatria, por si s. Em terceiro lugar, como j

    mencionado, Israel visto no como o povo judeu, nascido carnalmente de Abrao,

    mas como toda a igreja do Senhor, filhos de Abrao segundo a f19. Em quarto lugar,

    o Reino de Cristo j est posto. Tiago, em Atos 15: 15, citando Ams 9, explica que o

    tabernculo de Davi estava cumprido, no necessitando que os gentios se

    circuncidassem para que participassem da comunho. Jesusj o soberano dos reis

    da terra20 e j est assentado destra de Deus, com um nome acima de todo o

    nome21; juntando estes dois aspectos, temos a alegoria de Apocalipse 20, com Cristo

    reinando.

    Para adotarmos uma viso amilenista clssica, descreveremos o pensamento

    do Doutor Willian Hendriksen, em seu livro Mais que vencedores.

    A interessante abordagem do telogo divide o apocalipse em sete sees que,

    com enfoques diversos, cobrem todo o perodo da igreja, desde a primeira at a

    segunda vinda de Cristo. H vrios argumentos do autor para o paralelismo, mas

    talvez o mais forte deles seja o de que tal escrito deveria servir para todos os crentes,

    tanto os contemporneos de Joo - igrejas da sia Menor dos captulos 2 e 3 - quanto

    para ns hoje22, sem tentar prever coisas especificamente histricas nas pores da

    viso de Joo. Alm disso, a consumao de todas as coisas descrita algumas

    vezes, no apenas uma vez.

    As sees so sete, e os ttulos dados pelo autor so: Cristo no meio dos

    candeeiros (caps. 1 a 3), em que as sete igrejas cobrem os diversos tipos de igreja ao

    longo da era crist; A viso do cu e dos sete selos (caps. 4 a 7), onde Cristo aparece

    imolado, depois governando os cus e ento aparecem os crentes em bem

    aventurana, onde no teriam mais fome, sede ou qualquer outra mazela; As sete

    19Um texto que retrata de forma suscinta e especial tal sentido est em Glatas 3: 24 a 29: Demaneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela f fssemos justificados.Mas, depois que veio a f, j no estamos debaixo de aio. Porque todos sois filhos de Deus pela f emCristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo j vos revestistes de Cristo. Nisto noh judeu nem grego; no h servo nem livre; no h macho nem fmea; porque todos vs sois um emCristo Jesus. E, se sois de Cristo, ento sois descendncia de Abrao, e herdeiros conforme a

    promessa. Grifo meu. Em Glatas 3:24-29. Acesso em 11/7/2013.20Ap 1:5.21Fp 2: 9.22HENDRIKSEN, William. Mais que vencedores.So Paulo: Ed. Cultura Crist, 2011. Pg 2.

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    trombetas (caps. 8 a 11), que descrevem os juzos de Deus para a humanidade e

    encerram-se, uma vez mais com o fim da presente era - O reino do mundo tornou-se de

    nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinar pelos sculos dos sculos... Na verdade, as

    naes se enfureceram; chegou, porm, a tua ira, e o tempo determinado para serem

    julgados os mortos, para se dar o galardo aos teus servos, os profetas, aos santos e aos que

    temem o teu nome, assim aos pequenos como aos grandes, e para destrures os que

    destroem a terra; O drago perseguidor (caps. 12 a 14), terminando com a viso do

    filho do homem ceifando a terra; As sete taas (caps. 15 e 16), descrevendo com mais

    enfoque a ira de Deus sobre o mundo e revelando o fim, dizendo que todas as ilhas e

    montes fugiram da presena do Altssimo; A queda de Babilnia (caps.17 a 19),

    descrevendo o cavaleiro do cavalo branco vindo para julgar; e A grande consumao

    (caps. 20 a 22), tratando mais especificamente da descrio do fim e introduzindo

    novo tema, o porvir.

    Em cada seo h um tema, mas em todas elas h referncias do juzo de

    Cristo e de seu Reino. Toda esta explanao necessria para dizer que Apocalipse

    20 apenas uma das vrias descries de toda a era da pregao do evangelho,

    inaugurada na primeira vinda de Jesus, consumando-se com sua volta.

    Na viso amilenista Satans est preso, mas no totalmente inativo23. O queele perdeu foi seu poder de enganar as naes, particularmente no sentido de no

    poder impedir, em ltima instncia24, a expanso missionria da igreja na terra. Antes,

    no perodo veterotestamentrio, Satans enganava as naes, e a revelao de Deus

    para o homem, apesar de no totalmente restrita, fora dada a Israel. Agora, com o

    nascimento, vida, morte e ressurreio de Cristo, Satans foi lanado terra e s lhe

    restou clera, pois foi publicamente exposto ao desprezo25.

    Para corroborar esta viso, o bispo Jos Ildo Swartele de Melo26

    , diz que overso 3 de Apocalipse 20 Satans sendo lanado no abismo no descreve algo

    23Hendriksen usa a figura de um co preso a uma coleira, que dentro do raio que o comprimento dacoleira lhe pe, pode fazer grandes estragos.24Satans faz oposio, a todo tempo, atividade missionria, mas a promessa do Senhor que asportas do inferno no prevalecero contra a igreja.25E, despojando os principados e potestades, os exps publicamente e deles triunfou em si mesmo.

    Colossenses 2:15. Em http://www.bibliaonline.com.br/acf/cl/2. Acesso em 18/06/2013.26Retirado do debate entre Amilenismo e Pr-milenismo entre o referido bispo o pastor LeandroTarrataca. Em http://www.youtube.com/watch?v=fzMxQYWQjKIe suas continuaes. Acesso em18/06/2013.

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    futuro, mas que j ocorreu, quando Jesus ressuscitou27. Este pensamento

    corroborado porque os ltimos versos do captulo 19 j descrevem o fim, falando

    sobre a priso da besta e do falso profeta, sendo lanados vivos dentro do lago defogo. E aquelas pessoas que restaram foram destrudas com a espada que saa da

    boca do que estava assentado sobre o cavalo, a saber, Jesus glorificado.

    Sendo assim, Satans foi precipitado dos cus quando tentou se igualar a

    Deus28, tendo ainda, porm, livre acesso para falar com Deus nos cus e voltar

    terra29. morte de Cristo, foi definitivamente precipitado terra30, perdendo o cargo

    de acusador dos nossos irmos31, restando-lhe apenas ira. Por isso a manifestao

    demonaca a partir do Novo Testamento bem mais intensa, pois ainda que

    manietado, est em revolta contra a semente do messias, que a igreja.

    Outro argumento de peso a favor do amilenismo so os versos 4 a 6 do captulo

    em comento. Joo viu a alma dos decapitados, no seus corpos. H textos em que o

    termo almas usado para pessoas32, mas no parece ser o caso aqui. Quem participa

    deste reino so esses, e os que morreram sem a salvao, no reviveram at se

    findarem os mil anos. Ele viu tambm tronos. E viu Cristo reinando com eles por mil

    anos. E todos estes eventos ocorrem no cu, de onde Cristo reina33. Portanto, o reino

    milenar percorre toda a era crist, e est ocorrendo primariamente no cu.

    27Pois Deus no poupou os anjos que pecaram, mas os lanou no inferno, prendendo-os em abismostenebrosos a fim de serem reservados para o juzo. 2 Pedro 2:4, e E aos anjos que no conservaramsuas posies de autoridade mas abandonaram sua prpria morada, ele os tem guardado em trevas,presos com correntes eternas para o juzo do grande Dia. Judas 1:6. Emhttp://www.bibliaonline.com.br/, acesso em 24/06/2013.28E tu dizias no teu corao: Eu subirei ao cu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e nomonte da congregao me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e sereisemelhante ao Altssimo. E contudo levado sers ao inferno, ao mais profundo do abismo. Isaas

    14:13-15. Em http://www.bibliaonline.com.br/acf/is/14. Acesso em 18/06/2013.29E, vindo outro dia, em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o SENHOR, veio tambmSatans entre eles, apresentar-se perante o SENHOR. Ento o SENHOR disse a Satans: Dondevens? E respondeu Satans ao SENHOR, e disse: De rodear a terra, e passear por ela. J 2:1-2. Emhttp://www.bibliaonline.com.br/acf/j%C3%B3/2. Acesso em 18/06/2013.30E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e no amaram assuas vidas at morte. Por isso alegrai-vos, cus, e vs que neles habitais. Ai dos que habitam naterra e no mar; porque o diabo desceu a vs, e tem grande ira, sabendo que j tem pouco tempo.Apocalipse 12:11-12. Em http://www.bibliaonline.com.br/acf/ap/12. Acesso em 18/06/2013.31E foi precipitado o grande drago, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satans, que engana todoo mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lanados com ele. E ouvi uma grande vozno cu, que dizia: Agora chegada a salvao, e a fora, e o reino do nosso Deus, e o poder do seuCristo; porque j o acusador de nossos irmos derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava

    de dia e de noite. Apocalipse 12:9-10. Em http://www.bibliaonline.com.br/acf/ap/12. Acesso em18/06/2013.32Ex: At 2:41.33Apocalipse 12.

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    Aps os mil anos, Satans solto de sua priso e empreende um levante

    intenso contra o povo de Deus e a cidade amada. O smbolo utilizado Gogue e

    Magogue, cidades srias sob o comando de Antoco Epifanes, no sculo II a.C. Quatrofatores interessantes: primeiro, Gogue e Magogue foram a grande opresso

    enfrentada por Israel na antiga aliana; segundo, os exrcitos deles eram muito

    numerosos; terceiro, a tribulao sob Epifanes foi intensa e de curta durao;

    finalmente, a derrota sria foi rpida e inesperada. Todos estes fatores sugerem a

    forma como se dar o fim deste milnio simblico: todo o mundo secular perseguir a

    igreja do Senhor, numa escala mundial, intensamente e por um perodo breve de

    tempo34.

    Terminado o milnio, h o julgamento do grande trono branco, nos versos 11 a

    15. Cus e terra fogem de face de Cristo, assentado sobre o trono35, numa dissoluo

    dos elementos pelo calor36. Todas as coisas esto sendo regeneradas, restauradas e

    libertas da corrupo37. Ento, so abertos os livros que contm os registros

    biogrficos de cada pessoa38, e aberto tambm o livro da vida39; os mortos so

    julgados segundo as suas obras40. O mar devolve os seus mortos, bem como o Hades

    e a Morte. Essa , segundo o amilenismo, a nica ressurreio geral que ocorrer41, a

    mesma descrita em 2 Pedro 3: 10, no havendo na Escritura qualquer referncia a

    duas ressurreies, uma dos santos, antes do milnio e outra dos condenados, ao fim

    34Noutras palavras, temos, aqui em Apocalipse 20.7-10, a descrio da mesma batalha - no guerra -que foi descrita em Apocalipse 16.12ss. e 19.19. Em todos os casos lemos no original: a peleja. Ap.16.14 diz: "...com o fim de ajunt-los para a peleja do grande dia do Deus Todo-poderoso". EApocalipse 19.19: "...congregados para pelejarem contra aquele que estava montado no cavalo, econtra o seu exrcito". Igualmente, aqui em Apocalipse 20.8: "...a fim de reuni-los para a peleja". Essasdescries no se referem a diferentes batalhas. Temos aqui uma e a mesma batalha. Em todos os trs

    casos trata-se da batalha do Armagedom. E o ataque final das foras anticrists contra a Igreja. A coisa"nova" revelada em Apocalipse 20 o que acontece a Satans como resultado dessa batalha(...).Magogue. E to rpido e inesperado como o relmpago que risca o cu (cf 2 Ts 2.8). Assim,subitamente, Cristo surgir e desbaratar seus inimigos! Esta a sua nica vinda para juzo. Satansenganou o mundo inquo (...).O sentido no de que a besta e o falso profeta sejam realmentelanados no inferno antes de Satans; significa, sim, que a punio da besta e do falso profeta j foianteriormente descrita (Ap 19. 20). Todos eles caem juntamente, Satans, a besta e o falso profeta.Isso tem de ser verdadeiro, pois a besta o poder perseguidor de Satans e o falso profeta a religioanticrist. Onde quer que Satans esteja, a estaro os outros dois. HENDRIKSEN, William. Op. cit. pg74.35Mt 25: 31; Ap 14:14.362 Pe 3:10.37Mt 19:28, At 3:21, Rm 8:21.38

    Dn 7:10.39Ap 3:5 e 13:8.40Mt 25:31, Rm 14:10 e 2 Co 5:10.41Ver Jo 5:28ss, 6:39, 44, 54

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    do milnio42. Para os santos, que j estaro desfrutando da presena de Deus em

    esprito, se lhes retornar o corpo, mas transformado, e os outros sero ressuscitados

    para a condenao eterna, com seus corpos terrenos.Portanto, resumidamente, Apocalipse 20, at o verso 6, descreve a primeira

    vinda de Jesus o anjo que desce do cu Ele prprio, manietando Satans; aps,

    do verso 7 ao 10, descrita a batalha43e a derrota definitiva de Satans, no apenas

    a sua priso, ou seja, sua limitao de ao44. Entre estes dois eventos h um

    intervalo de mil anos. Ora, que intervalo este? um reino fsico e literal de Cristo?

    Ou seria a segunda vinda dEle, mas ainda com Satans solto? No, nenhuma das

    opes! Este intervalo a era da oferta do Evangelho, entre a primeira e a segunda

    vindas do Senhor.

    2.1.1 Dificuldades do Amilenismo

    Em todos os sistemas h dificuldades. Procuraremos apontar, em cada um

    deles, quais so os principais pontos cegos, aspectos que normalmente so usados

    pelos defensores das outras linhas.

    No caso do amilenismo, a principal objeo quanto exegese do texto de

    Apocalipse 20, mais especificamente o contexto tratado. O texto diz o seguinte:

    Vi as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e dapalavra de Deus. Eles no tinham adorado a besta nem a sua imagem, e no tinhamrecebido a sua marca na testa nem nas mos. Eles ressuscitaram (grego: zao) ereinaram com Cristo durante mil anos.(O restante dos mortos no voltou a viver (zao) at se completarem os mil anos.) Esta a primeira ressurreio.

    bem patente que o texto est tratando de pessoas que morreram literalmente,

    no figuradamente. Como o amilenismo quer dizer que tal texto trata de toda a

    dispensao crist e que esta ressurreio o novo nascimento em Jesus se o texto

    diz decapitados? muito difcil inferir que todos os convertidos no Senhor sejam

    decapitados, mrtires. No parece ser esta a inteno do texto.

    42Posio defendida pelas linhas da Escatologia Pentecostal.43Segundo o amilenismo, Ap 16: 14 e 19: 19 so textos paralelos da mesma batalha, apenas descritosde forma diversa. Se, como querem os literalistas, o Apocalipse uma narrativa cronolgica, teramos

    5, 6 ou 7 batalhas? Ou seria mais condizente pensarmos em apenas uma batalha, olhada sob vriosenfoques?44Ningum pode roubar os bens do valente, entrando-lhe em sua casa, se primeiro no maniatar ovalente; e ento roubar a sua casa. Mc 3: 27 Em Marcos 3:27. Acesso em 11/7/2013.

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    Em segundo lugar, seria contra as regras da exegese ter a primeira

    ressurreio (zao) como sendo espiritual e a segunda ressurreio (tambm zao)

    como sendo fsica - aps os mil anos. Se o milnio figurado, ou as duasressurreies seriam figuradas ou ambas seriam fsicas. A palavra zao utilizada para

    significados diversos45 na bblia, e justamente por este fator que se deve ter em

    mxima conta o contexto para determinar seu significado. incongruente tratar as

    mesmas palavras no original dando-lhes significados diversos dentro do mesmo

    contexto.

    A terceira objeo a de que Apocalipse 20 revela, sim, algo novo em relao

    ao restante das escrituras, no que diz respeito ao tempo das ressurreies. Como

    exemplo, o amilenismo cita 2 Tessalonicensses 1: 6-1046 como um texto doutrinrio

    para a ressurreio, texto este que indica que Deus retribuir com tribulao queles

    que atribulam os santos. Segundo os amilenistas, no h qualquer citao no texto de

    que haver um intervalo entre ressurreies, j que o Senhor retribuir aos inimigos

    da igreja, que passam por tribulaes, com o seu juzo repentino. Porm, o argumento

    em contra o de que tal texto sequer fala de ressurreio, apenas destaca o juzo de

    Deus aos mpios, e o de Apocalipse 20, por ser posterior e tratar dos assuntos do fim,

    deve ter a palavra final sobre tal assunto.

    Em quarto lugar, se Satans est preso, ainda que apenas limitadamente

    falando, como ele cega o entendimento dos descrentes, segundo 2 Co 4:4? Como

    anda em derredor, procurando a quem tragar? Como faz oposio a Paulo e aos

    demais apstolos, por todo o livro de Atos? A figura do Diabo amarrado, trancado

    numa cadeia e lanado num abismo no parece compatvel com os termos do

    amilenismo, por mais que se argumente que ele apenas est amarrado para no

    impedir a pregao do Evangelho. Mesmo com tal esforo, nada no texto sugere que

    apenas uma limitao.

    45Ex: Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grandemisericrdia, nos gerou de novo para uma viva esperana, pela ressurreio de Jesus Cristo dentre osmortos, 1 Pedro 1:3. Em http://www.bibliaonline.com.br/acf/1pe/1. Acesso em 01/07/2013.46 justo da parte de Deus retribuir com tribulao aos que lhes causam tribulao,e dar alvio a vocs, que esto sendo atribulados, e a ns tambm. Isso acontecer quando o SenhorJesus for revelado l do cu, com os seus anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes.Ele punir os que no conhecem a Deus e os que no obedecem ao evangelho de nosso Senhor

    Jesus. Eles sofrero a pena de destruio eterna, a separao da presena do Senhor e da majestadedo seu poder. Isso acontecer no dia em que ele vier para ser glorificado em seus santos e admiradoem todos os que creram, inclusive vocs que creram em nosso testemunho.2 Tessalonicenses 1:6-10. Em http://www.bibliaonline.com.br/nvi/2ts/1. Acesso em 01/07/2013.

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    Em quinto e ltimo lugar, como encarar textos, no Velho Testamento, que

    parecem insistir numa volta do povo de Israel para a terra prometida (Ezequiel 36 e

    37)? Ser que Deus mudou tanto de ideia que tais promessas se cumprem no grandeIsrael, ou seja, a igreja e os israelitas? O texto de Romanos 11 tambm parece

    indicar que Deus no terminou sua histria com Israel, ainda que seja apenas com um

    remanescente, pois so amados por causa dos patriarcas, mesmo sendo inimigos do

    evangelho, por nossa causa47.

    2.2 Ps-milenismo

    O ps-milenismo muito se assemelha ao amilenismo. Uma das melhores

    definies desta linha do renomado telogo Kenneth L. Gentry48, que transcrevo:

    O ps-milenismo espera que a proclamao do evangelho ganhe a vasta maioriados seres humanos para Cristo na presente era. O aumento do sucesso do evangelhoproduzir gradualmente um tempo na histria antes do retorno de Cristo no qual a f,

    justia, paz e prosperidade prevalecero nos assuntos do povo e das naes. Apsuma extensa era de tais condies, o Senhor retornar visvel e corporalmente, e emgrande glria, terminando a histria com a ressurreio geral e o grande julgamento detoda a humanidade.

    No ps-milenismo, Cristo volta apso Milnio, que a presente era, justamente

    a que estamos vivendo. Tal era no tem a durao de mil anos literais. Difere-se do

    amilenismo porque este cr que tal milnio apenas figurado, apesar de tambm ser

    a presente era. Para o ps-milenismo no: no milnio a pregao do Evangelho ser

    forte e gradativamente ganhar o mundo. Chegar um tempo em que a influncia

    crist ser to grande que a maioria da populao do mundo se converter a Cristo,

    instaurando um tempo de paz e prosperidade na terra.

    H quatro caractersticas bsicas no ps-milenismo: preterismo, gradualismo,

    otimismo e domnio49.

    47Quanto ao evangelho, eles so inimigos por causa de vocs; mas quanto eleio, so amados porcausa dos patriarcas, pois os dons e o chamado de Deus so irrevogveis. Assim como vocs, queantes eram desobedientes a Deus mas agora receberam misericrdia, graas desobedincia deles,assim tambm agora eles se tornaram desobedientes, a fim de que tambm recebam agoramisericrdia, graas misericrdia de Deus para com vocs. Pois Deus colocou todos sob adesobedincia, para exercer misericrdia para com todos. profundidade da riqueza da sabedoria e doconhecimento de Deus! Quo insondveis so os seus juzos, e inescrutveis os seus caminhos!. Emhttp://www.bibliaonline.com.br/nvi/rm/11. Acesso em 17/7/2013.48

    GENTRY, Kenneth L. Ps-Milenismo: Um Resumo. Traduo de Felipe Sabino de Arajo Neto.Disponvel em http://monergismo.com/wp-content/uploads/artigo-resumo-posmilenismo_k-gentry.pdf.49Os quatro pontos foram retirados de um encontro teolgico, disponibilizado em vdeo atravs do linkhttp://www.youtube.com/watch?v=eVkMUiBj0-E. Acesso 02/07/2013.

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    Preterismo a disposio em olhar as profecias bblicas tendo seu

    cumprimento no passado. Por isso, as profecias de Apocalipse j tiveram seu

    cumprimento no passado, do captulo um at parte do captulo 20. Exatamente apssatans ser solto at o final do livro, as profecias tero seu cumprimento no futuro,

    mas apenas esta pequena parte. Todas as trombetas, flagelos, selos e vises

    celestiais de toda ordem j ocorreram, principalmente no sculo primeiro, at o ano 70

    D.C.

    A besta, a marca da besta, a prostituta, a grande Babilnia se referem a

    elementos do primeiro sculo, principalmente relativos ao imprio romano. O primeiro

    verso do livro diz que aquelas coisas em breve deveriam acontecer. No captulo 22, a

    Joo dito para no selar as palavras que recebera, pois o tempo estava prximo.

    como se tais eventos fossem ocorrer por aqueles anos, o que para o ps-milenismo

    a interpretao correta.

    Para corroborar a viso preterista, Deus diz a Daniel justamente o oposto: A

    viso das tardes e das manhs que voc recebeu verdadeira; selaporm a viso,

    pois refere-se ao futurodistante"50 (grifo meu). Ora, se a Daniel dada a ordem de

    selar a viso porque se referia a um futuro distante e ele estava a quinhentos anos de

    Jesus, justamente o principal objeto de suas profecias, e do Apocalipse de Joo,

    quando o Senhor diz a Joo para no selar o que lhe estava sendo dado porque o

    tempo estava prximo, porque estava prximo mesmo.

    Os ltimos dias, como j foi dito, tem incio com a primeira vinda de Jesus51.

    No correto relacionar os ltimos dias bblicos com se fossem os 15 dias antes da

    volta de Jesus. Paulo adverte a Timteo para se afastar dos zombadores,

    caluniadores e blasfemos, marca de que estavam nos ltimos dias.

    A segunda caracterstica o gradualismo. O Reino de Deus no ser

    implantado de uma nica vez; Cristo no ir voltar e shazam, todos iro se dobrar

    diante dele. A implantao do Reino gradual, comeou com Jesus, em Israel, para

    aquelas poucas pessoas, como um gro de mostarda, est crescendo at hoje e

    continuar em direo ao futuro. O Reino dos cus como um fermento que uma

    mulher colocou numa massa, que ficou fermentada. Quando a rvore estiver

    suficientemente grande, as aves do cu vm e se aninham indica a paz gradual e

    50Dn 8:26. Em http://www.bibliaonline.com.br/nvi/dn/8. Acesso em 02/07/2013.51Conf. CONCEITOS BSICOS E PRELIMINARES.

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    quando o fermento for colocado na massa ela cresce no por imposio, o reino

    apenas vai crescendo52.

    Ainda que o mundo piore no futuro, a palavra de Deus vencer e as portas doinferno no prevalecero contra a igreja. Esta a promessa de Jesus.

    O terceiro e quarto pontos so o otimismo e/ou domnio do Reino. Muitos

    amilenistas combatem esta caracterstica, principal distino entre eles e os ps-

    milenistas. O ps-milenismo seria um amilenismo otimista o que faria dos

    amilenistas telogos pessimistas. O domnio do Reino pressupe que o Reino de

    Deus no est crescendo apenas dentro do corao do crente, mas se expande em

    um domnio de tudo, com a afirmao de que, ao Jesus se humilhar, Deus o colocou

    com uma autoridade universal, sobre todo o nome que se nomeia53. No apenas na

    igreja, mas nas escolas, na poltica, nas artes, na economia e em todas as reas, a

    influncia do Reino est gradativamente tomando todo o conhecimento. Um texto que

    bem expe tal pensamento est em Isaas 2: 2 a 4:

    Nos ltimos dias o monte do templo do Senhor ser estabelecido como o principal;ser elevado acima das colinas, e todas as naes correro para ele.Viro muitos povos e diro: "Venham, subamos ao monte do Senhor, ao templo doDeus de Jac, para que ele nos ensine os seus caminhos, e assim andemos em suas

    veredas". Pois, a lei sair de Sio, de Jerusalm vir a palavra do Senhor.Ele julgar entre as naes e resolver contendas de muitos povos. Eles faro de suasespadas arados, e de suas lanas foices. Uma nao no mais pegar em armas paraatacar outra nao, elas jamais tornaro a preparar-se para a guerra54.

    Somente na viso ps-milenista este texto faz algum sentido. O monte aqui

    descrito Sio, que em Hebreus tem sua interpretao: a graa de Deus, Sua casa,

    Sua habitao, Seu domnio. Nos ltimos dias este estado de coisas estabelecido.

    Os povos vm procurar os caminhos de Deus, vm andar em suas veredas. No

    parece que este domnio ser algo imposto, mas desejado, gradual; eles faro - e noum poder coercitivo de suas espadas arados e de suas lanas foices em outras

    palavras, trabalharo para ter sustento sem retira-lo fora do seu prximo. Sio, em

    ltima instncia, a igreja, as pessoas que esto sob o domnio deste Reino. A lei

    sair da igreja, dela vir a palavra do Senhor, e os reis da terra procuraro em ns a

    soluo de seus problemas.

    52Ambas as parbolas se encontram em Mt 13:31-33.53Por isso Deus o exaltou mais alta posio e lhe deu o nome que est acima de todo nome. Fp 2:9.54Em http://www.bibliaonline.com.br/nvi/is/2/3. Acesso em 02/07/2013.

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    Paulo, em Atos 13, prega o Salmo 2, referindo-se a Jesus como seu

    cumprimento. Neste Salmo o Pai diz ao filho: Pede-me e te darei as naes por

    herana. O cumprimento deste salmo j est em operao; Jesus est recebendo porherana o fruto de seu penoso trabalho e est ficando satisfeito55. As naes esto

    conhecendo o Evangelho, at que venha o fim, pois toda a autoridade lhe foi dada nos

    cus e na terra para que cumprssemos a sua grande comisso.

    Em I Corntios 15: 22 a 26, Paulo d certa sequncia para a volta de Cristo. O

    ltimo inimigo a ser derrotado a morte, com a segunda vinda de Cristo. Para provar

    este raciocnio basta ler o texto com cuidado: primeiro Cristo que as primcias dos

    que dormem que j foi ressuscitado, depois os que dormem em Cristo, e ento o fim

    vir. interessante notar que Paulo sequer cita os incrdulos j que a explanao no

    necessita que sejam colocados na lista. Todos, crentes e incrdulos, so

    ressuscitados por ocasio da segunda vinda de Jesus, para que venha o fim. Porm o

    texto fornece um elemento gradual: atque todos os inimigos sejam postos debaixo

    de seus ps. Quando isto ocorrer, Ele vir, e desbaratar a morte.

    Ora, se a morte o ltimo inimigo, qualquer contexto em que ela ainda exista,

    por melhor que seja, ainda no o contexto final. O texto de Isaas 65: 16 a 20 retrata

    justamente tal perodo: o que desejar ser abenoado desejar s-lo pelo Deus fiel;

    alegria e felicidade sero experimentadas; e no morrermenino, e ser jovem o que

    morreraos cem anos. Em outras palavras, haver uma realidade muito boa, justa e

    feliz, porm a morte ainda ter lugar. Um texto como este s se encaixa logicamente

    na tica ps-milenista. Este e outros pontos convergem para o domnio do reino, viso

    otimista gerada pelo ps-milenismo.

    Sociologicamente falando, o ps-milenista no tm uma viso viciada da cultura

    e da atuao da igreja no contexto em que atua. Ao ter como princpio que o Reino de

    Deus e sua justia esto sendo estabelecidos pela igreja, gradualmente, atua na terra

    de maneira vvida e contextualizada, procurando trazer todas as coisas, das artes

    poltica, ao domnio de Cristo, sem ter de fazer proselitismo para tal. Em outras

    palavras, cumpre seu mandato cultural sem ter a viso de que o mundo jaz no

    maligno, e que assim permanea, pois eu vou para o cu!.

    55Isaas 53: 11.

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    2.2.1 Dificuldades do Ps-milenismo

    A primeira sria dificuldade para o ps-milenismo diz respeito ao preterismo. A

    tendncia em colocar o cumprimento de profecias no tempo do primeiro sculo, quaseque de maneira restrita, cria uma srie de dificuldades. Como explicar o texto de

    Mateus 24 em que Jesus cita o abominvel da desolao de Daniel, que teve seu

    cumprimento com Antoco Epifanes, se Paulo em 2 Tessalonicenses 2: 7 a 12 fala que

    o mistrio da iniquidade, j em operao naqueles dias, ainda aguarda manifestao?

    Tal inquo ser destrudo, diz Paulo, por ocasio da vinda de Jesus, com o sopro de

    Sua boca. Por isso, profecias de duplo cumprimento56 no tem resposta neste

    sistema. A resposta ps-milenista , em geral, dividir as profecias como sendo ou de

    cumprimento futuro ou pretrito. Se tudo o que Joo diz que em breve viria a ocorrer

    j devesse ter ocorrido, pela mesma lgica, j deveria tambm ter ocorrido a volta de

    Jesus quando disse que em breve o veriam assentado direita do Poder e vindo

    sobre as nuvens do cu57.

    A segunda crtica diz respeito alienao que tal viso tem sobre a crescente

    tenso entre o viver do crente e o pensamento mundano. H inmeros textos que

    implicam neste aparente distanciamento do mundo, porm o de maior impacto o de

    1 Corntios 7: 29 a 31:

    Mas eis o que vos digo, irmos: o tempo breve. O que importa que os que tmmulher vivam como se a no tivessem; os que choram, como se no chorassem; osque se alegram, como se no se alegrassem; os que compram, como se nopossussem; os que usam deste mundo, como se dele no usassem. Porque a figuradeste mundo passa58.

    No parece ser isto que ps-milenismo afirma. Ao contrrio do que prega tal

    linha, a aparncia deste mundo est passando, o tempo se abrevia. A expectativa do

    retorno de Cristo o que nos d esperana em meio a um mundo depravado e alheio

    Sua presena. Os ps-milenistas respondem que tal tenso tem lugar s at o

    momento em que o mundo ainda tem parcela incrdula; no nega a dicotomia Cristo x

    Mundo, mas afirma que o domnio de Cristo sempre avana. Isto seria uma maneira

    56Ou seja, o texto de Mateus 24, combinado com o de 2 Tessalonicenses, sugere que uma profecia

    tem cumprimento imediato e mediato, assim como as profecias do Antigo Testamento, maisespecificamente as referentes ao messias.57Mateus 26:64.58Em 1 Corntios 7: 29-31. Acesso em 3/7/2013.

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    de coadunar textos que realam este contraste como o de Joo 15: 1959 com

    aqueles que divulgam uma expanso do Reino como o de Mateus 13: 3360.

    Em terceiro lugar, ainda que no se negue diretamente, o sofrimento com Cristono parece ter muito lugar nesta abordagem. Textos como 2 Co 4: 8 a 10, que

    mostram o martrio com o Senhor, parecem ser ignorados. A resposta ps-milenista

    que no se nega tal sofrimento, mas que, pelo contrrio, estas pisaduras dos crentes

    corroboram para o crescimento do evangelho na terra. A maior prova disso que a

    morte violenta de Jesus no apenas no freou seu ministrio, mas deu incio a ele,

    com a conquista de pessoas de toda raa, tribo, lngua e nao.

    A quarta crtica viso otimista reformada quanto dinmica do texto de

    Apocalipse 20. Joo parece narrar uma cronologia de acontecimentos: v descer do

    cu um anjo, Satans preso por mil anos, lanado no abismo, at que os mil anos

    se acabem. Neste tempo, os que morreram em Cristo vivem, no os mpios. Aps, o

    drago solto, sai a enganar as naes pelos quatro cantos da terra, os ajunta em

    batalha contra a cidade amada; mas desce fogo do cu e os consome. Depois, estes

    inimigos so lanados no lago de fogo e o ltimo a ser derrotado a morte. Ora, como

    coadunar a viso ps-milenista de avano triunfante do evangelho se Satans ser

    solto? O que dizer da fantstica viso de Satans ajuntando os gentios em batalha,

    cercando a cidade amada? A resposta ps-milenista que Satans ser solto,

    obviamente de maneira figurada, apenas por um curto perodo, s vsperas da volta

    de Cristo. Metade da ltima semana de Daniel ns estamos vivendo avano do

    evangelho, que sai vencendo e para vencer, mas com tribulao e a outra metade,

    onde Satans solto, os flagelos so liberados, so destrudas vrias partes da terra,

    no ter o mesmo tempo que a primeira61 ser um curto espao de tempo,

    abreviado, por causa dos eleitos62. Alm disso, toda esta suposta narrativa vista

    apenas como alegoria do que a bblia j diz de outras maneiras.

    59Se vs fsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque no sois do mundo, antes euvos escolhi do mundo, por isso que o mundo vos odeia. Em Joo 15:19. Acesso em 9/7/2013.60Outra parbola lhes disse: O reino dos cus semelhante ao fermento, que uma mulher toma eintroduz em trs medidas de farinha, at que tudo esteja levedado. Em Mateus 13:33. Acesso em9/7/2013.61 Esta viso a do paralelismo progressivo, a mesma amilenista, que considera partes

    diferentes do texto de Apocalipse como se referindo aos mesmos eventos mas que vo contando ahistria com diferentes enfoques, cada vez mais tendentes ao fim, sendo o captulo 22 o clmax.62 E, se o Senhor no abreviasse aqueles dias, nenhuma carne se salvaria; mas, por causa doseleitos que escolheu, abreviou aqueles dias. Em Marcos 13:20. Acesso em 9/7/2013.

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    3. ESCATOLOGIA PENTECOSTAL

    Apesar do ttulo deste captulo, no h uma escatologia pentecostal

    propriamente dita, diferentemente da reformada. O pentecostalismo, tanto o clssicoquanto o neo, se apropriaram de comentrios de John Nelson Darby, Tim La Haye,

    Hal Lindsey, Lawrence Olson, Wayne Grudem, Cyrus Ingerson Scofield e

    estabeleceram suas vises como interpretaes satisfatrias da bblia, principalmente

    pelo carter dito fiel por se ater literalidadedo texto63.

    A segunda caracterstica da escatologia pentecostal diferenciar o plano de

    Deus para Israel do plano de Deus para a Igreja. Assim, Deus tem dois povos distintos

    e tratar com eles, at a consumao dos tempos, de maneiras distintas. No entanto

    importante ressalvar que o neopentecostalismo tenta aplicar, literalmente e fora de

    contexto, passagens de promessas feitas a Israel como se fossem para a igreja em

    geral, textos que falam de temas de prosperidade, como sobre ser cabea e no

    cauda64ou possuir o lugar onde se pisar a planta do p65. Ou seja, num sentido, Israel

    e Igreja so povos distintos: Deus tem seu povo particular, Israel, os trata de maneiras

    diferentes, a salvao para ambos no igual para a igreja, Jesus j se manifestou,

    para Israel, se manifestar na tribulao ou aps ela - e o desfecho da histria ter a

    participao de ambos com funes distintas; de outro lado, quaisquer promessas

    dadas a Israel se aplicariam igreja, principalmente as triunfantes.

    A Escatologia Reformada prega justamente o oposto. Resumidamente, a igreja

    de hoje o verdadeiro Israel66, no que se refere ao cumprimento do grande plano de

    Deus usando o Messias aos gentios, conforme explicado por Paulo67. Por outro lado,

    distingue o tipo de relacionamento entre Deus e Israel ainda no tempo da lei, baseado

    em preceitos que no traziam o homem a Deus68, do tipo de relacionamento que tem

    63Outro grupo que, apesar de no ser pentecostal, bebe das mesmas fontes, so os batistas.64Deuteronmio 28:13.65Josu 1:3.66Ver http://www.monergismo.com/textos/escatologia_reformada/israel-igreja-secao2_charles_provan.pdf.67 Nem por serem descendncia de Abrao so todos filhos; mas: Em Isaque ser chamada a tuadescendncia. Isto , no so os filhos da carne que so filhos de Deus, mas os filhos da promessa socontados como descendncia. Romanos 9: 7 e 8. Em http://www.bibliaonline.com.br/acf/rm/9. Acesso

    em 16/7/2013.68Por isso nenhuma carne ser justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem oconhecimento do pecado. Romanos 3: 20. Em http://www.bibliaonline.com.br/acf/rm/3/20. Acesso em16/7/2013.

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    hoje com a igreja. Para os reformados o povo da promessa um s69, tendo Deus

    comeado com Abrao, posteriormente com Israel, e posteriormente com toda a

    humanidade, sem distines, atravs de Jesus.Porm, h vrios textos que sugerem um plano especial de Deus quanto aos

    judeus, mesmo que apenas com o remanescente. Os captulos 36 e 37 de Ezequiel

    predizem um tempo em que Deus os ajuntar de novo na terra que lhes prometeu.

    Mesmo que tal j tenha ocorrido com o retorno dos judeus do Exlio no sculo V a.C.,

    e que se possa aplicar igreja, quando Jesus vier e instaurar novos cus e nova terra,

    Paulo, em Romanos 11, explica que Israel no todos, mas um remanescente que

    Deus preserva fiel inimigo do evangelho, para que aos gentios seja dada a

    oportunidade de ver a salvao, mas amado por causa dos patriarcas. Deus no

    revoga suas promessas e a histria dEle com os descendentes de Abrao ainda no

    chegou ao fim.

    Estes dois pontos a literalidade e o Israel natural so a base da doutrina

    pentecostal para o estudo do Apocalipse e de toda a literatura escatolgica do

    restante das escrituras. A profecia de Lucas 1: 31-33, com Jesus ocupando o trono de

    Davi, no parece ter sido completada ainda. Ele veio para recolher o trigo no seu

    celeiro e queimar a palha em fogo inextinguvel, e isto tambm ainda no ocorreu.

    Profecias como as de Isaas 11: 11-1270, 14:171, Jeremias 16: 14-1572, 23: 5-673 e

    69Mas agora em Cristo Jesus, vs, que antes estveis longe, j pelo sangue de Cristo chegastesperto. Porque ele a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede deseparao que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto , a lei dos mandamentos, queconsistia em ordenanas, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruzreconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. E, vindo, ele evangelizou apaz, a vs que estveis longe, e aos que estavam perto; Porque por ele ambos temos acesso ao Pai

    em um mesmo Esprito. Grifo meu. Efsios 2: 13 a 18. Em http://www.bibliaonline.com.br/acf/ef/2.Acesso em 16/7/2013.70E h de ser que naquele dia o Senhor tornar a pr a sua mo para adquirir outra vez oremanescente do seu povo, que for deixado, da Assria, e do Egito, e de Patros, e da Etipia, e de El,e de Sinar, e de Hamate, e das ilhas do mar. E levantar um estandarte entre as naes, e ajuntar osdesterrados de Israel, e os dispersos de Jud congregar desde os quatro confins da terra. Emhttp://www.bibliaonline.com.br/acf/is/11. Acesso em 18/7/2013.71Porque o SENHOR se compadecer de Jac, e ainda escolher a Israel e os por na sua prpriaterra; e ajuntar-se-o com eles os estrangeiros, e se achegaro casa de Jac. Emhttp://www.bibliaonline.com.br/acf/is/14. Acesso em 18/7/2013.72Portanto, eis que dias vm, diz o SENHOR, em que nunca mais se dir: Vive o SENHOR, que fezsubir os filhos de Israel da terra do Egito. Mas: Vive o SENHOR, que fez subir os filhos de Israel daterra do norte, e de todas as terras para onde os tinha lanado; porque eu os farei voltar sua terra, a

    qual dei a seus pais. Em http://www.bibliaonline.com.br/acf/jr/16. Acesso em 18/7/2013.73Eis que vm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinar eagir sabiamente, e praticar o juzo e a justia na terra. Nos seus dias Jud ser salvo, e Israelhabitar seguro; e este ser o seu nome, com o qual Deus o chamar: O SENHOR JUSTIA NOSSA.

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    Ams 9:14-1574, apesar de terem tido cumprimento com o retorno de Israel do

    cativeiro babilnico, no foram total e plenamente cumpridas. Afinal, eles foram

    desarraigados de seu territrio, novamente, e Jesus no seu rei terreno. At os diasde hoje cada judeu, em cada parte do mundo, nas oraes do pessach75, afirmam le

    shana habaa bYerushalaim ano que vem, em Jerusalm num pedido incessante

    a Iav para que rena, de todos os cantos do mundo, cada judeu, na sua cidade

    sagrada.

    Aprofundando um pouco mais esta questo, os pentecostais se utilizam de

    argumentos de estudiosos judeus, que no creem que Jesus o messias, justamente

    para dizer que todas as profecias que o Senhor no cumpriu, o far no Milnio, e

    neste momento Israel ter uma segunda chance. De fato, h vrias profecias que no

    se cumpriram em Jesus76, ao menos no literalmente. Dentre elas, as mais

    importantes so: Elias no apareceu77, o que ocorrer nos tempos do fim78; o messias

    deve reunir o povo judeu do exlio79, o que acontecer no perodo antes ou durante a

    grande tribulao; quando o messias vier, instaurar-se- a paz mundial, terminar o

    dio, a opresso, o sofrimento e as doenas80; e divulgar-se- o conhecimento de

    Deus sobre toda a terra81. Obviamente, h vrias outras refutaes do judasmo82a

    aceitar Jesus como messias, desde o fato de um homem ser Deus83at a rejeio de

    POLINI, Jos. Israel e a Igreja. Disponvel em: http://www.slideshare.net/renaapborges/israel-e-a-igreja-pr-jos-polini. Acesso em 18/7/2013.74E trarei do cativeiro meu povo Israel, e eles reedificaro as cidades assoladas, e nelas habitaro, eplantaro vinhas, e bebero o seu vinho, e faro pomares, e lhes comero o fruto. E plant-los-ei nasua terra, e no sero mais arrancados da sua terra que lhes dei, diz o SENHOR teu Deus. Em

    http://www.bibliaonline.com.br/acf/am/9. Acesso em 18/7/2013.75Festividade judaica que relembra a passagem (pessach) do anjo da morte sobre o Egito e alibertao de Israel da escravido. No nosso idioma, a pscoa judaica.76Para um texto claro e resumido sobre Jesus no ser o messias, ver MARQUES. Sebastio FabianoPinto. Por qu Jesus no o messias judeu? (2010). Disponvel em: http://www.matutando.com/por-que-jesus-nao-e-o-messias-judeu/. Acesso em 23/7/2013.77Malaquias 4:5-6.78Apocalipse 11.79Isaas 11:12 e 43:5-6.80Isaas 2:4.81E o Senhor ser rei sobre toda a terra; naquele dia um ser o Senhor, e um ser o seu nome.Zacarias 14:9. Em http://www.bibliaonline.com.br/acf/zc/14. Acesso em 23/7/2013.82Ver tambm SIMMONS, Shraga. Judeus no acreditam em Jesus. Disponvel em:

    http://www.chabad.org.br/interativo/faq/n_cre.html. Acesso em 23/7/2013.83Deus no homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diriaele, e no o faria? Ou falaria, e no o confirmaria? Nmeros 23:19. Emhttp://www.bibliaonline.com.br/acf/nm/23. Acesso em 23/7/2013.

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    sua linhagem84, aspectos que no se cumpririam ao p da letra, por terem sido

    cumpridos espiritualmente, mas h vrios que seriam cumpridos com o milnio e/ou

    com os novos cus e nova terra. Neste tempo, os judeus teriam a to aclamadaSegunda Chance pregada pela escatologia pr-milenista.

    As profecias citadas so tidas, portanto, como de duplo ou at triplo

    cumprimento. A escatologia pentecostal admite que, em certo sentido, o evangelho do

    reino foi pregado a todas as naes, os judeus retornaram do exlio, os falsos profetas

    j se levantaram e se opuseram ao evangelho, houve grande tribulao na

    perseguio da igreja do primeiro sculo, que o homem da iniquidade foi de fato o

    imperador Nero e que o nmero total de judeus que devem ser salvos j comeou 85,

    mas tais profecias tm tambm um cumprimento futuro, levando-se em considerao

    textos como 2 Tessalonicenses 2:1-386, Romanos 11:25-3287, Marcos 13: 24-2688,

    Lucas 21: 25-2789.

    Por outro lado, boa parte da escatologia pentecostal no admite que tais

    eventos tenham se cumprido o dispensacionalismo, especificamente falando. H

    uma tendncia de colocar todos os eventos catastrficos de Mateus 24 como sendo

    84

    O Messias deve ser descendente do Rei Davi pelo lado paterno - Gnesis 49:10 e Isaas 11:1. SeJesus era filho de uma virgem, no tinha pai - e dessa maneira no poderia ter cumprido orequerimento messinico de ser descendente do Rei Davi pelo lado paterno.85GRUDEM, Wayne A. Manual de Teologia Sistemtica: uma introduo aos ensinosfundamentais da f crist. So Paulo: Editora Vida, 2001. Pg 478.86Irmos, quanto vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e nossa reencontro com ele, rogamos avocs que no se deixem abalar nem alarmar to facilmente, quer por profecia, quer por palavra, querpor carta supostamente vinda de ns, como se o dia do Senhor j tivesse chegado. No deixem queningum os engane de modo algum. Antes daquele dia vir a apostasia e, ento, ser revelado ohomem do pecado, o filho da perdio. Em http://www.bibliaonline.com.br/nvi/2ts/2. Acesso em24/7/201387Irmos, no quero que ignorem este mistrio, para que no se tornem presunosos: Israelexperimentou um endurecimento em parte, at que chegasse a plenitude dos gentios. E assim todo o

    Israel ser salvo, como est escrito: "Vir de Sio o redentor que desviar de Jac a impiedade. E esta a minha aliana com eles quando eu remover os seus pecados". Quanto ao evangelho, eles soinimigos por causa de vocs; mas quanto eleio, so amados por causa dos patriarcas, pois os donse o chamado de Deus so irrevogveis. Assim como vocs, que antes eram desobedientes a Deus masagora receberam misericrdia, graas desobedincia deles, assim tambm agora eles se tornaramdesobedientes, a fim de que tambm recebam agora misericrdia, graas misericrdia de Deus paracom vocs. Pois Deus colocou todos sob a desobedincia, para exercer misericrdia para com todos.Em http://www.bibliaonline.com.br/nvi/rm/11. Acesso em 24/7/2013.88Mas naqueles dias, aps aquela tribulao, o sol escurecer e a lua no dar a sua luz; as estrelascairo do cu e os poderes celestes sero abalados. "Ento se ver o Filho do homem vindo nasnuvens com grande poder e glria. Em http://www.bibliaonline.com.br/nvi/mc/13. Acesso em 24/7/2013.89"Haver sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as naes se vero em angstia e perplexidadecom o bramido e a agitao do mar. Os homens desmaiaro de terror, apreensivos com o que estar

    sobrevindo ao mundo; e os poderes celestes sero abalados. Ento se ver o Filho do homem vindonuma nuvem com poder e grande glria. Quando comearem a acontecer estas coisas, levantem-se e

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    futuros. As palavras de Jesus Em verdade vos digo que no passar esta gerao

    sem que todas estas coisas aconteam 90 so encaradas como sendo vistas pela

    gerao que passar por tais coisas, e no pelos ouvintes diretos do discurso deJesus, ou seja, seus discpulos.

    possvel notar que h muito mais divergncia nas linhas da escatologia

    pentecostal do que nas da reformada. De qualquer maneira, a literalidade do texto e o

    plano separatista de Deus entre Israel e igreja permanecem em todas elas, mas

    variam muito nos momentos e na intensidade em que se aplicam. Ser necessrio um

    esforo maior para destrinchar cada um dos pensamentos.

    3.1 Pr-milenismo clssico ou histrico

    O prefixo pr significa antes, ou seja, por esta posio Jesus retornar,

    fisicamente, antes de instaurar o milnio91. De forma panormica: a era da Igreja

    terminar no tempo da tribulao; neste perodo Cristo voltar, estabelecer o reino

    milenar na terra; logo aps o milnio Satans ser solto e enganar muitos povos e

    ento ser derrotado e preso para sempre; na sequncia haver a ressurreio de

    todos os que morreram sem Deus, sendo que nesta mesma ocasio haver tambm o

    juzo final Grande Trono Branco e, logo aps, a eternidade. Tratemos agora mais

    detidamente cada fase dos acontecimentos.

    Praticamente a unanimidade da escatologia pentecostal cr que a reunio da

    igreja com Cristo se dar pelo arrebatamento, ou rapto. H uma boa base teolgica

    para tal, pois o que diz I Tessalonicenses 4: 17 92.

    Quanto ao tempo de a igreja ser arrebatada, a bblia no to especfica. H

    trs linhas: a) pr-tribulacionistas: o arrebatamento ocorre antes da grande tribulao;

    b) meso-tribulacionistas: o rapto ocorre exatamente no meio da tribulao, ou seja,

    trs anos e meio aps o incio desta; c) ps-tribulacionistas: a igreja arrebatada aps

    ergam a cabea, porque estar prxima a redeno de vocs". Emhttp://www.bibliaonline.com.br/nvi/lc/21. Acesso em 24/7/2013.90Matesus 24: 34.91Apenas por este breve conceito possvel perceber que a diferena entre as escatologiaspentecostal e reformada no apenas sobre o quando mas que tipo de milnio estamos falando. Parao amilenismo e o ps-milenismo o milnio algo simblico; a era da igreja em que Satans no podemais enganar as naes ou gentes. Para os pentecostais no: milnio um perodo concreto da

    histria, onde Cristo reinar fisicamente sobre a terra.92Depois ns, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, aencontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Emhttp://www.bibliaonline.com.br/acf/1ts/4/17. Acesso em 14/10/2013.

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    a tribulao. Em todas elas admiti-se que todo o perodo tribulacional tem sete anos, e

    que corresponde ltima semana do relato de Daniel93. O pr-milenismo clssico, na

    maioria das vezes, ps-tribulacionista, e isto implica que o arrebatamento e arevelao de Cristo se do seguidamente, num abrir e fechar de olhos. Em outras

    palavras, a igreja se encontra com o Senhor nos ares e j desce para instaurar o reino

    milenar.

    Aps este tempo de tribulao, Cristo voltar terra e estabelecer o reino

    milenar. Quando ele voltar, os crentes que tiverem morrido durante toda a era crist

    ressuscitaro, com seus corpos se reunindo aos seus espritos, e eles reinaro com

    Cristo sobre a terra por mil anos.

    Alguns pr-milenistas acreditam que esses mil anos so literais, outros

    acreditam ser um longo perodo de tempo, mas no de necessariamente mil anos

    exatos. Ambos, porm, creem que Jesus reinar fisicamente sobre a terra, juntamente

    com os crentes que ressuscitaram e com os crentes que estiverem vivos estes

    recebero, em vida, corpos glorificados. Os descrentes que estiverem sobre a terra

    nesta poca tero ainda a oportunidade de se voltar para Cristo, o que de fato

    ocorrer com muitos destes. Durante este tempo Satans estar preso, lanado no

    abismo, no tendo qualquer influncia sobre a terra.

    No fim dos mil anos, ou perodo anlogo, Satans ser solto e congregar

    foras com as naes descrentes de toda a terra, pessoas que se submetiam ao

    reinado de Cristo apenas de forma exterior, ou seja, pessoas que no se converteram.

    To logo a rebelio se inicia, desce fogo do cu, consome a todos, menos ao Diabo,

    que lanado no lago de fogo e enxofre, sendo atormentado para sempre.

    93O texto merece ser transcrito: Ele me instruiu, e falou comigo, dizendo: Daniel, agora sa para fazer-te entender o sentido. No princpio das tuas splicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, porques mui amado; considera, pois, a palavra, e entende a viso. Setenta semanas esto determinadassobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgresso, e para dar fim aos pecados,e para expiar a iniqidade, e trazer a justia eterna, e selar a viso e a profecia, e para ungir oSantssimo. Sabe e entende: desde a sada da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalm,at ao Messias, o Prncipe, haver sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o murose reedifi caro, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas sercortado o Messias, mas no para si mesmo; e o povo do prncipe, que h de vir, destruir a cidade e osanturio, e o seu fim ser com uma inundao; e at ao fim haver guerra; esto determinadas as

    assolaes. E ele firmar aliana com muitos por uma semana; e na metade da semana farcessar o sacrifcio e a oblao ; e sobre a asa das abominaes vir o assolador, e isso at consumao; e o que est determinado ser derramado sobre o assolador (grifo meu). Daniel 9: 22-27.Em http://www.bibliaonline.com.br/acf/dn/9. Acesso em 14/10/2013.

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    Aps a condenao dos mpios que estiverem vivos e dos anjos cados, Cristo

    ressuscita dos mortos todos os descrentes que morreram na histria, promove seu

    julgamento e inaugurado o estado eterno.H alguns argumentos a favor desta linha, que so os seguintes:

    1. H passagens do A.T. que parecem no se encaixar nem na era presente

    nem no estado eterno. um tempo de paz, alegria, mas em que ainda h morte94. A

    mais citada Isaas 65: 20:

    J no morrer a nenhum menino, nem ancio que no haja completado seus dias;ser ainda jovem o que morrer aos cem anos: no atingir cem anos ser umamaldio.

    Neste texto parece que tudo muito bom: os velhos completaro os seus dias eno atingir cem anos ser uma maldio. Um cenrio vvido que tem como nica

    mancha o maior aguilho do pecado, a morte. Ainda que a passagem misture

    elementos que pertenam tanto ao estado eterno quanto ao milnio (versos 17 e 25),

    no tira do versculo especfico e do sentido geral do captulo esta incongruncia: paz,

    prosperidade e morte. H outras passagens que parecem apontar, profeticamente,

    para esta curiosa dispensao: Sl 72: 8-14, Is 11:2-9, Zc 14: 6-21, que parecem se

    encaixar em 1 Co 15: 23-25, Ap 2:26-27, 12:5 e 19:15.2. Passagens do N.T. parecem confirmar as do A.T. Ap 2:26 e 27, 12:5 e 19:15

    falam de um rei que governar as naes com ...cetro de ferro e as quebrar como a

    um vaso de barro, sugerindo um domnio de fora sobre um povo rebelde, onde at

    os crentes parecem ter lugar como tipos de governadores sobre o mundo.

    Alm destas, I Co 15:23-25 descreve que todos recebero um corpo ressurreto,

    mas cada grupo por sua vez:

    Porque, assim como todos morrem em Ado, assim tambm todos sero vivificadosem Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primcias, depois os que so deCristo, na sua vinda. Entovir o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai,e quando houver aniquilado todo o imprio, e toda a potestade e fora. Porqueconvm que reine at que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus ps. Ora, oltimo inimigo que h de ser aniquilado a morte.

    As palavras depois (no grego, epeita) e ento (no grego, eita) sugerem aps

    isso e no naquele mesmo tempo. Isto daria base a um raciocnio de que, assim

    como h um intervalo entre a ressurreio de Cristo e sua segunda vinda, h outro

    94Segundo o ps-milenismo esta passagem apresenta a gradativa cristianizao do mundo, onde operodo que antecede a volta de Jesus ser de grande paz e de muitas converses, vindo o Senhor naplenitude deste tempo.

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    intervalo entre a sua segunda vinda e o fim, propriamente. Este intervalo o milnio

    do Cristo que reger as naes, junto conosco, com cetro de ferro, at que coloque

    todos os inimigos debaixo de seus ps.3. Diante desta leitura, onde h um perodo futuro muito melhor que este mas

    ainda no sendo o estado eterno, parecem ficar mais claros alguns trechos de

    Apocalipse 20: Satans preso sugere uma restrio maior de sua atividade, diferente

    da era presente; o viveram do v.4 parece ser melhor entendido como ressuscitar

    fisicamente, j que o verbo ezesantambm usado em 2:8, onde Jesus aquele que

    morreu e ...tornou a viver; o NT diz muitas vezes que os crentes reinaro com Cristo,

    mas em nenhum lugar diz que entre a morte deles e a segunda vinda eles partilham

    deste reinado, como querem os a- e ps-milenistas - pois para estes o milnio j est

    ocorrendo, seja no cu ou aqui.

    Os que voltam a viver e reinam com Cristo foram os que no tinham adorado

    besta nem a sua imagem, nem recebido a sua marca. A perseguio da besta,

    descrita em Apocalipse 13 sugere algo severo e, portanto, que ainda no chegou. A

    besta ainda chegar no futuro, sua perseguio futura e, portanto, a cena dos que

    no adoraram a besta, em Ap. 20, tambm o . Aps tal perseguio seguir-se- o

    milnio.

    3.1.1 Dificuldades do pr milenismo histrico

    H vrios questionamentos ao pr-milenismo de uma forma geral. Portanto, os

    apontamentos desta seo serviro tambm para as dificuldades do

    dispensacionalismo, no ponto 3.2.1.

    A principal premissa atacada a separao escatolgica entre judeus e igreja.

    A priori, Deus no diferencia Israel da igreja, porque a igreja faz parte do Israel de

    Deus - Rm 9:895e Ef 2: 12 a 1896.

    95Noutras palavras, no so os filhos naturais que so filhos de Deus, mas os filhos da promessa que so considerados descendncia de Abrao.96Naquela poca vocs estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel, sendo estrangeirosquanto s alianas da promessa, sem esperana e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo Jesus,vocs, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo. Pois ele a nossapaz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade, anulando em seu corpo a Lei

    dos mandamentos expressa em ordenanas. O objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novohomem, fazendo a paz, e reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz, pela qual eledestruiu a inimizade. Ele veio e anunciou paz a vocs que estavam longe e paz aos que estavam perto,pois por meio dele tanto ns como vocs temos acesso ao Pai, por um s Esprito.

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    Aps a vinda de Cristo e o endurecimento em parte de Israel, a salvao foi

    oferecida tambm s gentes, no-judeus, por meio de Jesus Cristo. Ramos naturais e

    ramos enxertados passaram a fazer parte do mesmo povo, ambos com salvaoapenas em Jesus, alguns por f no que haveria de vir pessoas sob a gide da

    Antiga Aliana - e outros no que j ocorreu pessoas sob a gide da Nova Al