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Brasil

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Executive Intelligence Review

O depoimento do jornalista LorenzoCarrasco, correspondente da  EIR  noBrasil, na Comissão Parlamentar de In-quérito (CPI) do Senado que investiga aação das organizações não-governamen-tais (ONGs) no Brasil, em 22 de maioúltimo, representou um importanteavanço tático numa guerra de posiçõesque os patriotas brasileiros travam contraos inimigos do Estado nacional soberano.A exposição da estratégia e das açõesdeletérias do movimento ambientalistainternacional na mais alta câmara daLegislatura brasileira amplificou aindamais as denúncias apresentadas no livro

 Máfia Verde: o ambientalismo a serviçodo “Governo Mundial”. O livro, lançadopela  EIR  em março último e do qualCarrasco foi apresentado como autor naCPI, já se configura num autêntico best-

seller , com quase 6.000 exemplaresvendidos em três edições, a despeito dovirtual silêncio da chamada grande mídia

a seu respeito. Fartamente documentada,a obra demonstra em detalhes um fatoque a cada dia se torna mais evidente –o de que o movimento ambientalista foi

concebido e vem sendo desenvolvidocomo parte de uma estratégia da oligar-quia internacional para a implementa-ção de uma “mudança de paradigmacultural” e a criação de uma estrutura de“Governo Mundial”, em oposição aoEstado nacional soberano, a única insti-tuição capaz de assegurar que as políti-cas públicas sejam colocadas a serviçodo bem-estar coletivo e do progresso dasociedade em geral.

A crescente repercussão do livro fi-cou patenteada na truculenta tentativade censura prévia feita pela seção bra-sileira de uma das ONGs mais podero-

sas do mundo, o Fundo Mundial para aNatureza (WWF), que, em 3 de agostoúltimo, teve deferido pelo juiz PauloMaurício Pereira, da 24a. Vara Cível doRio de Janeiro, o pedido de busca eapreensão dos exemplares do livro exis-tentes no escritório da  EIR na cidade.A investida ocorreu no contexto de uma

ação judicial que o WWF-Brasil movedesde janeiro contra o Movimento deSolidariedade Ibero-americana (MSIa),por denunciar o seu papel de liderançana ofensiva “verde” no Brasil. Em cum-primento da determinação, em 27 deagosto, foram apreendidos os exempla-res restantes da segunda edição do livro– decisão revertida pelo próprio juiz 48horas depois, por entender que se trata-vam de pessoas jurídicas distintas.

A tentativa do WWF de silenciar oMSIa demonstra claramente o alcance dapreocupação dos oligarcas que controlama ONG com a exposição das suas opera-ções. Sintomaticamente, o conselho dire-tor do WWF-Brasil é presidido por José

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Roberto Marinho, vice-presidente dasOrganizações Globo e um dos principaisenlaces brasileiros com o  Establishment 

anglo-americano (entre outras posições, étambém membro do Council of theAmericas, de David Rockefeller).

A investida inicial do WWF ocorreuem outubro de 2000, quando seus advoga-dos ajuizaram uma medida cautelar debusca e apreensão de publicações doMSIa, que, alegadamente, atingiam a “boafama e imagem” da ONG. O pleito foi re-

 jeitado pelo juiz Paulo Maurício Pereira,que entendeu ser “livre a manifestação depensamento” e que inexistiam “provaconcreta de que as informações emitidas”nas publicações do MSIa fossem falsas.Além disto, afirmou, a discussão empauta envolve “o que os nacionalistaschamam de política imperialista das gran-

des potências mundiais” e “política deinternacionalização da Amazônia”, maté-rias que “há muito vêm sendo discutidaspela imprensa, inclusive por membros doGoverno e militares brasileiros, estes pelodever que têm de resguardar nossas fron-teiras e soberania”.

Inconformado com a decisão, o WWF

impetrou um Agravo de Instrumento jun-to ao Tribunal de Justiça do Estado do Riode Janeiro, o qual foi deferido em janeirodeste ano pelo desembargador EdsonScisinio. No dia 19, oficiais de justiçaapreenderam exemplares do jornal Soli-

dariedade Ibero-americana e outras pu-blicações encontradas no escritório doMSIa, referentes às ações do WWF e sua

rede. Ambos os pleitos judiciais foramimediatamente contestados pelo MSIa,que até então ignorava que estava sendoacionado judicialmente.

Em 21 de fevereiro, o WWF ajuizouna 24a. Vara Cível uma ação ordinária deindenização por danos morais, no valormínimo de R$ 50.000,00, pretendendo,

inclusive, transformar o caso num“exemplo positivo e claro ao restante dasociedade” – ou seja, assentar um pre-

cedente jurídico para impedir novas de-núncias contra as patranhas ambientalis-tas no País. O julgamento da ação aindanão ocorreu.

Em 11 de setembro, depois de quasesete meses, a turma da 14a. Câmara Cíveldo Tribunal de Justiça julgou o méritodo Agravo de Instrumento impetradopelo WWF, mantendo a decisão do

desembargador Scisinio por dois votos aum. Porém, cabe ressaltar o voto contrá-rio do desembargador Mauro FonsecaPinto Nogueira, que qualificou como“censura” a “apreensão de material dedivulgação do Movimento de Solidarie-dade Ibero-americana contra a WWF-Brasil”. Citando o Artigo 5 da Consti-

tuição Federal, ele conclui a declaraçãode voto vencido afirmando que “cadaqual responde pelos excessos que come-ter, não podendo o Judiciário, nem pes-soa alguma ou entidade, fazer censuraprévia, direta ou indiretamente”. Com adecisão, o MSIa fica, inclusive, impedi-do de citar negativamente o WWF em

suas publicações.A despeito dos seus esforços, JoséRoberto Marinho e seus pares oligarcasnão estão conseguindo impedir que averdadeira face da sua “agenda verde”seja crescentemente discutida e comba-tida. Evidentemente, a atitude temeráriado WWF ao tentar censurar a  Máfia

Verde  também refletiu o impacto das

ondas de choque criadas pelo contun-dente depoimento de Lorenzo Carrasco,que a EIR toma a iniciativa de divulgarem forma escrita. Com isto, esperamoscontribuir ainda mais para o aprofunda-mento desse processo de esclarecimen-to fundamental para o futuro da Naçãobrasileira.

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Primeiro, quero agradecer esta oportunidade depoder estar diante dos senhores. Creio que oPaís – e o mundo, em geral, dentro do qual estáinscrito o Brasil – vive um momento dramáticode redefinição de poder. Basicamente, estamosvivendo neste momento uma situação de crisefinanceira, de tentativas evidentes – por exemplo,

do governo do Presidente Bush – de iniciarconflitos bélicos. Ante a eminência de um co-lapso financeiro, se nos apresenta um quadromuito grave. Estamos em um momento deredefinição da estrutura econômica e de poderbasicamente no mundo inteiro.

O Brasil – e recentemente o ex-presidenteRaul Alfosín mencionou – será uma potência, de-finitivamente, no novo cenário que está surgindo.

E será uma potência agroindustrial, assim comoa Ásia, nos próximos 25 anos, terá um bilhão depessoas a mais para alimentar. Por exemplo, estasemana, o governo russo anunciou que vai incor-porar-se à idéia de construir uma ponte terrestreque vai unir o continente eurasiático em um gran-de projeto de desenvolvimento. Isso vai projetara população eurasiática de 3,5 bilhões a 4,5bilhões de pessoas em 25 anos.

Os senhores sabem que, tanto na vida das pes-soas como na vida das nações, não se planejanada em seis anos; planeja-se em termos de umageração. Se uma nação tem uma missão, essa mis-são tem que ser estabelecida em termos de umperíodo de pelo menos 25 anos. Se observarmos,

 

no mapa do mundo, as áreas que são disponíveispara a produção de alimentos, de proteína animal,encontraremos indiscutivelmente que a Américado Sul será a área vocacionada para produziralimentos para o mundo inteiro.

Evidentemente, eu não diria que o desenvol-vimento euro-asiático vai atrair necessariamente

uma grande demanda alimentícia sobre a área quetem potencial de expansão. Os senhores sabemque o Brasil, por ser uma área de expansão agrí-cola, uma fronteira agrícola equivalente a todaárea plantada de milho, trigo e soja pelos EstadosUnidos, é uma grande área de expansão nospróximos 25 anos.

Esse é o cenário no qual temos que analisaras ações deletérias de certas organizações não-

governamentais. E nisto quero ser muito rigo-roso, porque se trata de confundir o conceito deorganização não-governamental com esses con-ceitos que estiveram existindo há muito tempo.As igrejas são organizações não-governamentais.Toda aquela instituição que não é governo é ins-tituição não-governamental. Então, não façamosconfusão. As organizações-não-governamentaissurgiram da Fundação Commonwealth, no mo-

mento em que o Império Britânico passava a sereestruturar dentro da nova estrutura da comuni-dade das nações – Commonwealth – britânicas.Aí nasceu o conceito: uma ação como uma ma-neira de substituir o princípio de soberania na-cional explicitamente. O livro – e quero fazeraqui uma consideração - foi elaborado por umaequipe da revista Executive Intelligence Review,que fez análises durante muitos anos.* Segundo as notas taquigráficas do Senado

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Quando falamos em organizações não-gover-namentais, não estamos nos referindo especifica-mente a isso, porque não se trata de misturar assantas casas de misericórdia ou as igrejas; trata-

se, definitivamente, de observar o princípio novode haver criado, sob a estrutura da FundaçãoCommonwealth, o conceito de organizaçãonão-governamental.

Quero começar por uma pequena leitura detrabalho que preparei e que colocarei à dispo-sição desta Comissão. Por ser mais sistemá-tico, quero ler a introdução que fiz para estedepoimento.

Para mim, é uma honra colaborar com os traba-lhos desta Comissão, para ajudar no entendimen-to de um assunto de extrema relevância para a so-berania e integridade territorial da Naçãobrasileira. Há quase 10 anos, em agosto de 1991,também na condição de correspondente da revis-ta Executive Intelligence Review (EIR), tive a

oportunidade de prestar colaboração idêntica aoutra CPI, na Câmara dos Deputados, que inves-tigava as ameaças de internacionalização daAmazônia brasileira. Na ocasião, pude alertarsobre os planos estratégicos de certos setores doEstablishment  oligárquico internacional, especial-mente o seu elemento anglo-americano, parainstrumentalizar o movimento ambientalista-indi-genista, com o intuito de impor um sistema de

soberania limitada sobre certos países ricos emrecursos naturais, em particular o Brasil. Isto sedeu durante o governo de George Bush nos Esta-dos Unidos, que ficou assinalado no cenáriointernacional pelo advento da chamada “NovaOrdem Mundial”, assim batizada por ele e erigidasobre os escombros dos bombardeios contra oIraque durante a Guerra do Golfo, tema que, apropósito, tive a oportunidade de debater pouco

antes, como conferencista, num seminário naEscola do Comando do Estado-Maior do Exér-cito (ECEME), no Rio de Janeiro.

Hoje, o que temos diante de nós é a imple-mentação plena da estratégia denunciada há 10anos, em meio a um cenário global muito maisgrave, caracterizado, de um lado, pela fase finalda desintegração do sistema financeiro internaci-onal e, do outro, pela tentativa do governo George

W. Bush, filho do anterior, de manter tal sistemafinanceiro com o recurso da força bruta e dasameaças de conflitos militares. Um exemplo maldisfarçado dessas ameaças são as truculentas

pressões para que o Brasil se subordine à chama-da Área de Livre Comércio das Américas(ALCA), na qual a soberania do país ficariaefetivamente limitada.

No Brasil, o interesse da EIR pelas questõesambientais iniciou-se durante o ano de 1988,quando o País passou a ser alvo de uma inten-sa campanha internacional que o apontavacomo um autêntico “vilão ambiental número

um” do planeta, com ênfase nas denúncias so-bre as queimadas na Amazônia, que se torna-ram até mesmo tema de desenhos animados ehistórias em quadrinhos nos Estados Unidos.Essa campanha se intensificou no final daqueleano, após o assassinato do líder seringueiro ChicoMendes, cuja repercussão mundial, orquestradapor uma rede internacional de organizações não-governamentais ambientalistas, começou a reve-

lar o nível de articulações envolvido na campanhae nos motivou a empenhar-nos numa investigaçãoaprofundada do assunto.

As investigações revelaram um esquemaextremamente sofisticado, diretamente ligadoaos mais altos círculos decisórios do Establish-ment  oligárquico internacional, centrados emtorno da liderança das famílias reais do ReinoUnido e da Holanda, os quais exerciam contro-

le direto, tanto político como financeiro, sobrea vasta rede de ONGs integrantes do movi-mento ambientalista-indigenista. Esses resulta-dos foram divulgados numa série de artigos,que foram publicados tanto na EIR como em

 jornais brasileiros, como a extinta Última Horae o  Jornal do Commercio, ambos do Rio deJaneiro. Em junho de 1991, a EIR publicou, emportuguês, um relatório especial, “O Brasil e os

bastidores do ‘ecologismo’ internacional”, quesintetizava o conhecimento que então tínhamosdo problema.

Desafortunadamente, as negociações em tornoda Conferência Rio-92, que se realizaria no Riode Janeiro em junho de 1992, fizeram com que oGoverno da época cedesse às exigências externado aparato ambientalista-indigenista, fazendoconcessões como a delimitação da gigantesca e

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despropositada reserva indígena Yanomami, nafronteira Brasil–Venezuela, evento que simboli-zou a influência daquele aparato na definição daspolíticas pública no País.

A partir de 1994, quando iniciamos a pu-blicação do boletim semanal “EIR – AlertaCientífico e Ambiental”, passamos a exporcontinuamente as insidiosas ações do aparatoambientalista-indigenista contra as iniciativasbrasileiras de tecnologia avançada, como o pro-grama nuclear, e os grandes projetos de infra-estrutura, especialmente nas áreas energéticas ede transporte hidroviário. Particularmente, a

oposição aos projetos hidroviários nas regiõesCentro-Oeste e amazônica se deve a motiva-ções geopolíticas externas, com o intuito deobstaculizar o surgimento, na América do Sul, deum vigoroso centro de produção de alimentos edesenvolvimento industrial capaz de tornar-se,em pouco tempo, um “celeiro do mundo”, comoafirmou o grande cientista Norman Borlaug, ogrande “Pai da Revolução Verde”.

Neste particular, em abril de 1997, publica-mos o relatório especial “A Grande Hidrovia”, noqual expusemos as ações da oligarquia anglo-americana e sua rede de ONGs para bloquear apotencial interligação das bacias hidrográficasdo Amazonas, Orinoco e Prata, perspectiva que

 já havia sido antecipada no final do SéculoXVIII pelo Capitão-General Luiz Albuquerquede Melo e Cáceres, Governador da Província

de Mato Grosso e, depois, pelo famoso cientis-ta Alexander von Humboldt.

Igualmente, em numerosos artigos, palestrase debates públicos, temos denunciado o caráterpseudocientífico da grande maioria dos argumen-tos que têm sido manipulados para sustentar omovimento ambientalista, como a apresentaçãodistorcida de certos fenômenos atmosféricos,como o “buraco” na camada de ozônio, o aqueci-

mento global, etc., juntando-nos aos verdadeiroscientistas que não se deixam levar pelos sofismasda “correção política” e não se afastam do objeti-vo último da ciência, que é a busca permanenteda verdade e da colocação do conhecimento aserviço da felicidade humana.

Esse esforço resultou, recentemente, no lan-çamento do livro “Máfia Verde: o ambientalismoa serviço do ‘Governo Mundial’”, que uma feliz

coincidência fez com que surgisse quase simul-taneamente com esta Comissão de Inquérito.No livro, que colocamos à disposição da Co-missão, está rigorosamente relatada uma série de

fatos cujo entendimento será de grande relevân-cia para o assunto em pauta.

Quero dizer que tenho livros para os Sena-dores membros da Comissão, que entregarei nofinal do depoimento.

Em verdade, a nossa experiência na lutacontra a utopia ambientalista, que não passa deum requentamento das teses malthusianas daoligarquia anglo-americana, vem de longa data.

De fato, há mais de trinta anos, o fundador daEIR, o economista estadunidense LyndonLaRouche, criou o seu movimento político e fundoupouco depois a revista, como uma “força-tarefa”para combater mundialmente o projeto das oligar-quias para submergir o mundo numa nova idadede trevas, principalmente com o desmonte do sis-tema financeiro do pós-guerra e a reemergênciada utopia de “governo mundial”, baseada nas ve-

lhas propostas de ideólogos do renascimento doImpério Britânico, como H. G. Wells e BertrandRussel, e de teóricos geopolíticos como HalfordMackinder e outros.

Mais tarde, LaRouche e seu movimentocombateram as premissas expostas na I Confe-rência Mundial de População, realizada emBucareste, Romênia, em 1974, planejada pelaoligarquia internacional como uma grande pla-

taforma de promoção do malthusianismo emescala global. No mesmo período, que estavaimpregnado pelas falaciosas teses dos “limitesao crescimento”, propagandeada por órgãoscomo o Clube de Roma, se aprestaram em de-nunciar o verdadeiro caráter e as intenções donascente movimento ambientalista.

Nesta empreitada, tais esforços se deram emparalelo com a vigorosa oposição que a diploma-

cia brasileira fazia, então, a semelhante agendahegemônica, capitaneada por figuras do porte deAraújo Castro, Miguel Ozório de Almeida, Josuéde Castro e outros. Corretamente, estes luminaresinsistiam em que a maior parte dos problemasambientais decorria da falta de desenvolvimento,e que as iniciativas de impor restrições ambien-tais aos países subdesenvolvidos ocultavam aintenção de “congelar” o poder mundial.

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Naquela época, havia um entendimento gene-ralizado entre os setores mais esclarecidos das eli-tes políticas sobre as reais intenções do esquemaambientalista-indigenista, que se expandia por

todo o mundo. Um exemplo disso foi a contun-dente exposição feita no Congresso brasileiro, em12 e fevereiro de 1968, pelo então Líder do MDB,o hoje ilustre Senador Bernardo Cabral, quandodenunciou o caráter malthusiano de iniciativascomo o projeto dos “Grandes Lagos Amazôni-cos”, do Instituto Hudson dos Estados Unidos, ea esterilização de mulheres amazônicas. Por queesterilizar mulheres em uma área que está abso-

lutamente despovoada? Aí se vê claramente essanatureza malthusiana contra o desenvolvimento,contra o exercício da soberania do Brasil sobre aárea. Isto mostrava claramente.

Efetivamente, toda esta ofensiva tem queser vista no contexto de todo esta visãomalthusiana.

Um exemplo mais relevante desse proces-so foi a África, onde a “proteção da vida sel-

vagem” constituiu o pretexto ideal para assegu-rar a preservação dos interesses coloniais doImpério Britânico, em seu disfarce de Comuni-dade Britânica de Nações (Commonwealth),após o surto de independência das nações docontinente, na década de 1960. A organização-chave desse processo foi o Fundo Mundial paraa Vida Selvagem (World Wildlife Fund – WWF),criado em 1961 por um grupo de oligarcas euro-

peus, encabeçados pelos Príncipe Philip, da In-glaterra, e Bernhard, da Holanda, este últimoum notório militante do Partido Nazista antesda II Guerra Mundial. Ainda hoje, ambos ocupamlugares de destaque na hierarquia da WWF, oprimeiro, como seu presidente emérito, e o se-gundo, como a cabeça do chamado “Clube1001”, encarregado de atrair o apoio financei-ro da nata da oligarquia internacional para as

operações da organização.Sobre o WWF e suas reais intenções, coloco

à disposição da Comissão um relato publicado no jo rnal ambienta list a holandês  De Groene Amsterdammer , que descreve uma investigaçãodas atividades da WWF na África do Sul ordena-da pelo então Presidente sul-africano, NelsonMandela, o qual acompanha como anexo o textodeste depoimento.

Essa militância dos fundadores do WWF nãoé casual, uma vez que o movimento ambienta-lista não passa de uma metamorfose do movi-mento de melhoria racial, a eugenia, abertamente

promovido pelos altos círculos da oligarquiaanglo-americana antes da II Guerra Mundial.No pós-guerra, com o descrédito das teseseugênicas, provocado pelas atrocidades nazistascometidas em nome delas, os estrategistas oli-gárquicos passaram a direcionar seus esforços erecursos financeiros na conversão do aparatoeugênico no movimento de controle da populaçãoe defesa do meio ambiente.

Nesse processo, foi crucial a criação de umaUnião Internacional para a Conservação da Natu-reza (UICN), em 1948, que pode ser consideradauma “irmã mais velha” do WWF, já que ambastiveram praticamente os mesmos mentores ecriadores. Hoje, eles formam o que pode ser con-siderado o “Estado-Maior” do movimento ambi-entalista internacional, do qual emanam as dire-trizes que determinam as linhas de atuação das

principais ONGs que constituem as “tropas dechoque” do movimento, como o Greenpeace,Amigos da Terra, Conservation International,Environmental Defense Fund, etc.

O WWF não é uma mera organização dediletantes, como se percebe pela composição desua diretoria, que reúne não apenas membros daaristocracia européia e anglo-americana, comotambém altos executivos de algumas das principais

companhias transnacionais de energia, alimentos,matérias-primas, industriais e de comunicações.De particular interesse para o Brasil, por exem-plo, é o fato de que o fundador e presidente daempresa de energia AES, Roger W. Sant, tambémpreside a filial da WWF nos Estados Unidos.

Outros dois diretores da empresa, RobertH. Waterman Jr. e Hazel O’Leary, também sãodiretores locais do WWF, sendo que esta últi-

ma foi Secretária de Energia do Governo dosEstados Unidos.

A AES, importante parceira do mercado,como se sabe, está atuando ativamente para con-trolar uma importante parcela do mercado brasi-leiro de energia, esperando tirar proveito de umaescassez em boa medida provocada por seus pa-res ambientalistas-indigenistas, juntamente comempresas como Brascan, Enron e outras.

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Como se percebe, o ambientalismo e o bigbusiness andam intimamente entrelaçados.

Cabe ressaltar que as principais fontes de fi-nanciamento das ONGs do aparato ambientalista

e indigenista são doações daquelas empresasmultinacionais e fundações das famíliasoligárquicas do Hemisfério Norte (Ford,Rockfeller, MacArthur, W. Alton Jones, etc.),além de órgãos de financiamento oficiais ousemi-oficiais das principais potências do Grupodos Sete (G-7). Entre esses últimos, destacam-seo USAID, o DFID (Inglaterra), a CIDA (Canadá)e outros. Assim sendo, não surpreende que a

“agenda” do aparato ambientalista-indigenistaseja ditada por tais centros de poder hegemônico,e não pelos reais interesses da Nação brasileira.Esse fato é reconhecido até mesmo por dirigentesdo Movimento Ambientalista Brasileiro, como oex-Presidente do Ibama, Eduardo Martins, quetambém foi diretor do WWF no Brasil.

Em uma entrevista publicada pela revista Vejaem 2 de julho de 1998, ele admite:

“Cerca de 85% dos recursos que mantêm asONGs no Brasil vêm do exterior. Com o dinhei-ro, vem também a pauta de prioridades definidapara cada país. Isso gera problemas. A discussãoambiental patrocinada pelas ONGs acaba viran-do um modismo ditado, que já teve símboloscomo o mico-leão, o elefante e agora o mogno.Imagine se amanhã um grupo de ambientalistaseuropeus se reúne e decide que as ONGs devem

dar apoio ao movimento dos sem-terras, porqueeles são o novo símbolo da luta pela preservação.No dia seguinte, esquecem-se das florestas e nãose fala mais nisso.”

A mesma revista, numa reportagempublicada em 9 de fevereiro de 1994, confir-mava a grande dependência externa das ONGsbrasileiras, assinalando que 80% dos US$700milhões movimentados anualmente por elas, na

ocasião, provinham de doações do exterior.Evidentemente, embora não haja números con-clusivos, até mesmo devido à dificuldade de serastrearem esses fluxos de dinheiro, podemosconsiderar que tal volume de recursos tenha-semultiplicado na mesma proporção em que temaumentado o afã dos patrocinadores do movi-mento ambientalista-indigenista em esterilizaros esforços do desenvolvimento do país.

Essa dependência de recursos externos temcontaminado até mesmo órgãos oficiais, como oMinistério do Meio Ambiente e da AmazôniaLegal. Segundo informes do Instituto de Estudos

Sócio-Econômicos (INESC), ONG de Brasíliavinculada ao aparato ambientalista internacionale especializada em relações com o Congresso,51% do orçamento do Ministério para este anosão provenientes de “doações” internacionais,cerca de R$520 milhões. Talvez não seja meracoincidência que aproximadamente a mesmaquantia seja destinada na dotação orçamentáriado Ministério à rubrica “outros serviços, de ter-

ceiros ou a pessoas jurídicas”.Assim sendo, não surpreende a presteza do

Ministério em contratar os serviços de inúme-ras ONGs para elaborar estudos e avaliaçõesque, via de regra, concluem pela “inviabilidadeambiental” de várias obras de infra-estruturano País. Se isso se confirmar, não seria demaisafirmar que o Ministério está-se transforman-do num mero conduto oficial de verbas “doa-

das” do exterior para ONGs vinculadas ao apa-rato ambientalista internacional.

Não admira, pois, o crescente fundamenta-lismo com que tais órgãos passaram a encararsuas atribuições, passando a funcionar, na práti-ca, como um obstáculo oficial a qualquer empre-endimento que busque abrir novas áreas dedesenvolvimento.

Portanto, o levantamento e o registro dos

fundos manejados pelas ONGs e até mesmopor certos órgãos oficiais é fundamental para oenquadramento institucional das atividades dasentidades envolvidas com o meio ambiente,para que sejam contornadas as distorções queas têm caracterizado.

Essa é a introdução que preparei. A seguir,

listo três ou quatro problemas que têm queser, segundo meu ponto de vista, abordados.Primeiro, a característica geopolítica dessesempreendimentos, dessas organizações não-go-vernamentais. Eu tive a oportunidade de parti-cipar, como convocado, da CPI das Terras, emRoraima, no final do ano de 1999. Lá se esta-va analisando o caso da Associação Amazônia,uma ONG que vinha sofrendo acusações claras

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de grilagem de terras na fronteira de Roraimacom o Estado do Amazonas. Fazia isso ilegal-mente porque estava registrando as terras noscartórios de Manaus, e não em Boa Vista. A in-

vestigação sobre essa organização não gover-namental, primeiro, nos levou a ver exatamen-te as famílias oligárquicas européias: um nobreitaliano preside isso, e o membro que dirigiaa organização... - tudo isso está detalhado no li-vro, no próprio depoimento, e, no entanto, paranão me alongar nesta leitura, vou sintetizar oproblema. Esses funcionários dessa organiza-ção não-governamental, quando viram a pres-

são do Estado de Roraima, pediram ajuda auma organização vinculada à UICN, UniãoInternacional para Preservação da Natureza,que eu já mencionei no momento do pronunci-amento, a ONG mais importante junto com oWWF., na Holanda, para pressionar o Governobrasileiro e o Governo do Estado de Roraimapara deter a investigação parlamentar. Isso nóspegamos na Internet, vimos quem era essa or-

ganização, e disso resulta que a organizaçãoque estava por trás era uma iniciativa européiade defesa, supostamente, da Amazônia, ligadaà UICN, holandesa. Qual era a cobertura dessaoperação, que alguns chamam de “Escudo daGuiana”? Mas o Escudo da Guiana é a zona ge-ológica que abarca o Estado de Roraima, masnão somente o Estado de Roraima; é, coinci-dentemente, a velha pretensão colonial sobre a

chamada Ilha da Guiana, que se forma pelo RioOrinoco, o canal de Cassiquiare, o rio Negro esai pelo rio Amazonas, formando virtualmenteuma ilha, que foi pretendida colonialmente,como os senhores sabem, a partir dos séculosXVI e XVII. As Guianas são a presença colo-nial, exatamente na tentativa de tomar a Ilha daGuiana como um elemento estratégico, em ter-mos de todo o jogo colonial. Teríamos uma

nova África. Basicamente era isso o que se pre-tendia. Essa ilha, onde a presença ianomâmiestá totalmente inscrita, permitiu-nos ver exa-tamente que havia uma pretensão de neutrali-zar qualquer esforço de desenvolvimento den-tro dessa região. O Estado de Roraima,segundo me contam alguns parlamentares, temmais de 70% de sua área totalmente esteriliza-da, seja por via de reservas naturais, seja por

via de reservas indígenas, seja por via de ou-tras reservas. Isso é uma questão deliberada.Parar o desenvolvimento em Roraima é umcrime contra o País. Por quê? Porque é uma

província mineral, onde há terras, cerrado euma capacidade de produtividade muito impor-tante, por exemplo, na produção de arroz e deoutros cereais, que será importante, inclusive,para abastecer o mercado venezuelano. A pos-sibilidade de desenvolvimento e de dignidadepara a população da região decorre da possibi-lidade de desenvolvimento. Eu me remeto certa-mente à visão que a diplomacia brasileira expres-

sou nos fóruns internacionais na década de 60.Com esse congelamento do desenvolvimentobrasileiro, o que se trata é de congelar exata-mente a estrutura do poder oligárquico: “nãoqueremos que o Brasil comece a perturbar asrelações de poder internacional”. Não há outraexplicação. O Brasil é um país absolutamentedespovoado e é um país estrategicamente alvode campanhas de controle populacional. Isso é

inconcebível. É certo que há aí uma intençãode controle de recursos naturais. A esteriliza-ção de mulheres, que vinha dos documentosque foram secretos na gestão do Secretário deEstado Henry Kissinger (Nacional SecurityStudy Memorando nº 200, de 1974), ou seja,secretos durante 20 anos, foram dados a conhe-cer. Lá estava estipulado claramente que, noBrasil, juntamente com outras 13 nações do

chamado Terceiro Mundo, teria que ser contro-lada a população, porque afetava o abasteci-mento de recursos estratégicos minerais para aspotências, ou seja, os Estados Unidos e os ali-ados dos Estados Unidos (leia-se Inglaterra,porque estão nessa aliança). Esse é o primeirocaso, que tenho hoje totalmente documentado.Inclusive no livro, tivemos o cuidado de tirartodo documento apócrifo, que não tivesse iden-

tificação. E fomos claros nisso. Não estamosbuscando nenhum interesse político. Queremosbuscar a verdade e a justiça. É o que nos moti-va e a mim, pessoalmente. O segundo caso é oataque das organizações não-governamentaisàs obras de infra-estrutura. Vejam os senhoresque a possibilidade de desenvolver o cerrado,desenvolver os campos deste país e gerar em-prego rapidamente, em um momento de crise,

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evidentemente, é na agropecuária. Isso nãoexiste. Isso é ciência econômica. Não há formade levantar o nível de vida se rapidamente nãohouver emprego e produção de alimentos. Isso

se faz com infra-estrutura para o processoagropecuário.

O que se quer ter? A hidrovia Araguaia-Tocantins, que vincula o território norte doAmazonas ao sul do País, através de uma viade integração que vai junto com uma série delinhas de transmissão de energia, etc. Não podehaver integração, não pode haver defesa doAmazonas, do ponto de vista de desenvolvi-

mento nacional, fora os aspectos estratégicos-militares, se não há desenvolvimento do cerra-do. Não há forma, militarmente, podemos dizerassim, vendo assim, economicamente, de teruma linha de abastecimento e de desenvolvi-mento econômico, como foi exatamente a idéiados lagos amazônicos, do Instituto Hudson.Quer dizer, separar o território norte, exata-mente a Ilha da Guiana, do sul desenvolvido.

Isso está claro em todas as tentativas deinternacionalização da Amazônia. São ações fi-nanciadas de for a. Toda a operação que estáhavendo contra as hidrovias, as intervençõesque estão havendo contra todas as linhas de pe-netração de desenvolvimento são simplesmen-te claras. Tenho explicado as obras que estãosendo detidas, que vou enunciar rapidamente,e o estado dessas obras:

Hidrovia Araguaia-Tocantins, hidroviaParaná-Paraguai, hidrovia do Marajó, hidroviaTeles Pires-Tapajós, porto de Morrinhos, acessosviários ao rio Paraguai.

Mas isso não é o mais grave. Observem oproblema elétrico. Eu acho isso é um elementocentral, que se tem que olhar com muito cuidado.Em 1989, uma ação muito famosa na reunião deAltamira, financiada por todas as organizações

não-governamentais que haviam patrocinado acampanha contra o Brasil em relação ao assassi-nato de Chico Mendes no exterior. EnvironmentalDefense Fund, National Resource DefenseCouncil, dos Estados Unidos, e várias organi-zações não-governamentais que tenho listadas,se reuniram em Altamira, numa reunião muitofamosa, que ficou marcada porque uma líderindígena sacou um facão e o passou na frente de

um diretor da Eletronorte. Essa reunião foi umparadigma, porque essas organizações estavamtrabalhando junto com o Banco Mundial paradeter os investimentos em infra-estrutura, espe-

cialmente hidroelétricos, na região amazônicae, em geral, nas grandes barragens, grupos queestão organizando uma oposição a qualquergrande barragem.

Bom, o que se parou de produzir com isso?Parou-se de produzir 12 mil megawatts de po-tência, que, hoje, com linhas de transmissão,fariam ser absolutamente dispensável qualquercrise de energia. Quer dizer, essa é uma ação

clara das organizações não-governamentais,que mostra o caráter falacioso de dizer que estãodefendendo o ser humano e os direitos huma-nos, quando o que estamos vendo é o empobre-cimento causal da população brasileira. Issoestá ocorrendo em muitas partes do mundo.Podemos listar uma série de ações, desde a Índiaaté a Ásia (afortunadamente, os governos asiá-ticos estão absolutamente ativos, porque neces-

sitam desse desenvolvimento, senão terão con-flitos bélicos). Mas isso mostra claramente aação deletéria, a ação nociva. Supostamentedefendendo direitos humanos de tribos indígenasou de grupos, estão parando o desenvolvimentoelétrico de um país. Num país com a quantidadede água e a capacidade hidroelétrica maior domundo, não se podem construir barragens, por-que há oposição dessas organizações não-go-

vernamentais, todas elas vinculadas a interessesestrangeiros financiados e fazendo o jogo com oBanco Mundial, que colocou, desde a época doSr. Robert McNamara, absolutamente, barreiraspara investimento em barragens na região amazô-nica. Isto, do meu ponto de vista, é um genocídio:definir localmente uma questão para parar o de-senvolvimento de uma nação.

E aqui teremos uma crise energética.

Há três semanas, o Presidente de Furnas,Dr. Luiz Carlos Santos, em um congresso daAssociação Brasileira das Indústrias de Base,em São Paulo, mencionou que existem 276projetos elétricos no País – linhas de transmis-são e diferentes subestações – que estão para-dos neste momento por questões ambientais ouindigenistas. Senhores, é um crime de lesa-pátriaque se esteja paralisando o desenvolvimento

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exatamente da energia elétrica, com suas linhasde transmissão, barragens, etc., em todo o País.Mais de 200 projetos parados, isto segundo citao Presidente de Furnas.

Aqui entramos na parte final, da qual quero fa-lar brevemente, que diz respeito ao problemarelacionado ao papel do Ministério Público.Quero apenas ler brevemente esta parte para ossenhores – são duas páginas –, porque queroser muito pontual.

Um instrumento fundamental que as ONGs

encontraram para implementar a sua ofensivaantidesenvolvimentista é a manipulação de cer-tos setores do Ministério Público com temasambientais. Lamentavelmente essa é uma alian-ça que tem sido sucedida em paralisar empre-endimentos vitais para o desenvolvimento na-cional e que já ameaça, inclusive, a construçãode instalações militares, como ocorreu recente-mente em Roraima.

A aliança entre ONGs e o Ministério Público– certos setores do Ministério Público – foiexplicitada num boletim de imprensa divulgadopelo ISA, Instituto Socioambiental, em 19 demarço de 2001, que reproduzo textualmente:

“Justiça suspende transporte de grãos pelahidrovia Araguaia-Tocantins. Ministério PúblicoFederal nos Estados de Mato Grosso e Goiás,em articulação com o ISA, obtém decisão ju-

dicial embargando o transbordo ilegal de cargaprevisto para o início dessa semana na cidade deBarras do Garças.

“O Juiz Federal Paulo César Alves Sodrédeterminou, no final da tarde de sexta-feira, 16de março, a suspensão imediata do embarque,desembarque e transporte de grãos pela chama-da Estação de Transferência de Carga em Bar-ras do Garças (MT). Impediu assim o início ile-

gal das atividades de transporte de grãos pelaHidrovia Araguaia-Tocantins, já que ainda nãohá Estudo de Impacto Ambiental aprovadopelo IBAMA.

“A decisão resultou da articulação das re-presentações do Ministério Público Federal nosEstados de Mato Grosso e Goiás com o Insti-tuto Sócio-Ambiental, que enviaram petição àJustiça Federal do Mato Grosso, no âmbito da

ação movida pela Comunidade IndígenaXavante contra a Hidrovia.”

O ISA tem uma Coordenação de AtividadesJurídicas, cuja função, segundo documentos da

própria ONG, é oferecer, entre outros serviços,“a capacidade jurídica instalada no ISA paraoutras organizações públicas e setores organi-zados da sociedade”. Esta Coordenação émantida com recursos provenientes de doaçõesdo exterior, especificamente as fundaçõesFord, MacArthur, Organização Intereclesiásticapara a Cooperação ao Desenvolvimento, daHolanda, e a FAFO (Programa Norueguês para

Povos Indígenas).Outra manifestação desse entrosamento foi a

convocação feita, em 10 de março de 2000, pelosecretário-geral da ONG paulista Direito por umPlaneta Verde, Guilherme Purvin, igualmenteProcurador do Estado de São Paulo e Presidentedo Instituto Brasileiro de Advocacia Pública,IBAP, e do Centro de Estudos sobre Meio Ambi-ente e Relações do Consumo.

O teor da convocação é auto-explicativo:“Colegas, todos os participantes desta lista

representantes de associações civis ambienta-listas estão convidados para uma reunião a serrealizada no próximo dia 12 (segunda-feira),entre o Ministério Público de São Paulo e or-ganizações não-governamentais ambientalistaspara discussão de estratégias a serem adotadasna negociação do Projeto Michelleto de altera-

ção do Código Florestal.“Local: Auditório da rua Líbero Badaró,

600 – São Paulo-SP.“Horário: 15h30 (pontualmente)“Guilherme Purvin – Sec. Geral do Instituto

O Direito por um Planeta Verde.”Esse episódio, com o processo de aprovação

do novo Código Florestal, serve para exemplificarcomo o aparato de ONGs ambientalistas influen-

cia a feitura da legislação ambiental brasileira,que, apesar de sua crescente restritividade aosempreendimentos produtivos, de sua ambigüi-dade e conflituosidade – e, que talvez, por causadisto – costuma ser saudada pelos ambientalistascomo sendo “a mais avançada do mundo”.

No caso, a campanha contra a aprovação doCódigo Florestal proposto pelo DeputadoMoacyr Micheletto, foi comandada pela WWF.

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e secundada pelo Greenpeace, o Instituto Sócio-Ambiental e outras ONGs subordinadas a estas.A campanha, diga-se de passagem, só obteve asua grande repercussão devido ao engajamento

direto da grande mídia. É bem verdade queesse engajamento não surpreende, pois, noConselho Diretor do WWF-Brasil, têm assentoo Sr. José Roberto Marinho e Pedro Sirotsky,representantes dos dois maiores grupos de comu-nicação do País.

Nesse contexto, estamos diante de uma si-tuação de extrema gravidade, na qual se estáconstituindo uma verdadeira “ecoditatudura”

das ONGs sobre as perspectivas de desenvol-vimento do País. No caso, temos um poder, comoo Ministério Público, que foi concebido como uminstrumento de independência necessária para de-fender os interesses difusos da sociedade, para oqual não se submete a qualquer hierarquia depoder nacional, mas que está sendo manipuladopor uma estrutura hierárquica de podersupranacional. Se não se submete aos poderes

constituídos, mas se submete à influência deorganizações não-governamentais por via doInstituto Sócio-Ambiental, que está recebendodinheiro do exterior.

Portanto, torna-se fundamental investigar osbastidores da influência direta das ONGs sobretais setores do Ministério Público: se ela estásendo implementada por meio de seminários ecursos promovidos pelas ONGs, dentro e fora

do País, e quem financia tais cursos. Se se estáindo a Paris, Londres ou Estados Unidos, quemestá pagando por isso? Porque isso não é umato independente do Ministério do Publico, éum ato muito sério que tem que ser considera-do e levantado. Porque já há uma legislaçãomuito restritiva, suficientemente restritiva,para, ademais, haver uma articulação de procu-radores que estão absolutamente interferindo

sobre o desenvolvimento do País.Um exemplo dessas vinculações pode ser

visto com o já referido Instituto O Direito por umPlaneta Verde – ONG jurídica sediada em SãoPaulo, que promove regularmente congressosinternacionais de direito ambiental. Um deles,realizado em maio de 1999, em São Paulo, tevecomo tema a “Proteção Jurídica das FlorestasTropicais” e contou com o apoio da Fundação W.

Alton Jones, célebre por financiar campanhascontra a implementação da hidrovia Paraguai-Paraná. O evento teve ainda o suporte doEnvironmental Law Institute – ONG jurídica

estadunidense muito ativa no Brasil –, da Univer-sidade do Texas, do USIS (Serviço de Divulgaçãoe Relações Culturais dos Estados Unidos) e dediversas entidades de classe e órgãos do setor ju-rídico brasileiro.

Sobre essa “ecoditadura”, vale mencionar aopinião de renomado jurista Miguel Reale Júniorsobre a Lei de Crimes Ambientais, sancionada em1998. Num artigo publicado no jornal Folha de

S. Paulo de 6 de abril de 1998, ele a qualificoucomo “lei hedionda dos crimes ambientais”,ressaltando o seu caráter ditatorial, que conside-ra meras infrações administrativas como crimes eeleva danos culposos à condição de delito.O nivelamento de animais ao ser humano, prin-cípio basilar do ambientalismo, configura-se noart. 32, que define como crime “praticar atos deabuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais sil-

vestres, domésticos ou domesticados, nativos ouexóticos”, cabendo ao criminoso pena de trêsmeses a um ano de detenção e multa. Como real-ça Reale Júnior, “maus-tratos” é o nome jurídicoutilizado no Código Penal para a conduta quecoloca em risco a vida e a saúde da pessoa huma-na, e cuja a pena, aliás, é inferior à prevista nanova Lei de Crimes Ambientais por atos simila-res praticados contra animais.

Quando uma sociedade começa a levantardireitos animais à altura de direitos humanos,estamos a um passo de tratar direitos humanoscomo animais. E é isso que está acontecendo.

Quero finalizar este depoimento com um re-lato sobre a participação da mídia na estrutura depoder representada pelas ONGs. E já qualificonisso ditadura ou “ecoditadura”. Se já temos,quanto ao poder financeiro, o Estado em austeri-

dade permanente, os órgãos de governo, à míngua,e há acordo com fundos exteriores, então, se podelevar a cabo uma ação. Então, o Judiciário estáparado, exceto o Judiciário ambiental, porqueestá recebendo homens e dinheiro para poder efe-tuar uma supervisão quando o País está em aus-teridade permanente. Isso é uma ecoditadura.

Quero finalizar o depoimento com um relatosobre a participação da mídia na estrutura de

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poder representada pelas ONGs. Vou referir-mea dois casos notórios de conluio de interessesentre organizações de mídia e ONGs que estãodesempenhando papéis fundamentais nessa gran-

de campanha contra o Estado nacional brasileiro.O primeiro envolve o Movimento Viva Rio,

ONG sediada no Rio de Janeiro, que, nos últi-mos anos, vem trabalhando em estreita coorde-nação com o Ministério da Justiça para refor-mar a política de segurança pública, ou melhor,para substituí-la pelo que seus dirigentes cha-mam “doutrina de segurança cidadã”, cujo carro-chefe é a campanha de desarmamento civil.

A participação do “Viva Rio” nessa empreita-da foi anunciada pelo então Secretário-Geraldo Ministério da Justiça, José Gregori, em 1995,tendo sido mantida depois que José Gregoriassumiu o ministério. Para simbolizar essa ali-ança, a diretora do “Viva Rio”, ElizabethSussekind, foi nomeada para Secretária de Jus-tiça do Ministério da Justiça.

E aqui temos um fenômeno muito interessan-

te: já não são mais organizações não-governa-mentais; começam a se converter em organiza-ções quase governamentais, começam a seinfiltrar na estrutura institucional do País, são osúnicos que têm recursos e os estão introduzindoexatamente dentro da justiça e dentro da estru-tura de meio ambiente do País.

O Movimento Viva Rio foi fundado em no-vembro de 1993, como uma organização-chave

do chamado “Terceiro Setor”, com o patrocíniode alguns dos grupos mais poderosos que repre-sentam os interesses do Establishment  no Brasil,como a Fundação Roberto Marinho, a FundaçãoBrascan, a Fundação Rockfeller, Vitae, Kellog eoutros, além da participação de luminares, comoo banqueiro David Rockfeller, Roberto Marinhoe outros. Para que entendamos melhor o que estápor trás da organização e suas propostas, vejamos

o que disse o líder do Viva Rio, o sociólogo RubemCésar Fernandes: Segundo ele, os conceitos de“Nação” e “povo” estão superados. O que contaagora é a relação privada dos cidadãos com ascausas abstratas da Humanidade. O lema agora épensar globalmente e agir localmente. E eu diriamelhor: pensar globalmente e agir loucamente.Sob essa premissa, os “direitos humanos” passama não ter nada a ver com a responsabilidade de

fazer progredir a prosperidade da cidadania, mascom um direito abstrato que regula as exigênciasdo egoísmo pessoal com um universalismoetéreo e amorfo. Em suma, trata-se de uma con-

frontação entre os conceitos de Estado nacionale a ideologia de um “governo mundial” dirigidopor entidades supranacionais que correspon-dem apenas aos mal definidos interesses deuma etérea “cidadania global”.

O Viva Rio e sua “segurança cidadã” foramdenunciados em 1997 pelo então Secretário deSegurança Pública do Estado do Rio de Janeiro,General Nilton Cerqueira, que, em artigos na

imprensa, expôs os vínculos do movimento comorganizações internacionais que promovem alegalização do uso de drogas, patrocinadas porelementos como o megaespeculador GeorgeSoros. Sintomaticamente, hoje, o Viva Rio enca-beça a campanha do desarmamento civil, para oque conta com o entusiasmo e o apoio dos meiosde comunicação das Organizações Globo.Há dias, o jornalista Ricardo Boechat, do jornal

O Globo, afirmou que o vice-presidente dasOrganizações Globo, José Roberto Marinho, quetambém é membro do Conselho Diretor do VivaRio, doou à organização seu veleiro particularpara ser utilizado em operações de vigilânciaambiental na Baía de Guanabara.

O outro exemplo que quero mencionar serefere à ação judicial que o WWF-Brasil está mo-vendo contra o Movimento de Solidariedade

Ibero-americana, cujo jornal quinzenal, Solidari-edade Ibero-americana, tem denunciado repeti-damente as ações do aparato das ONGs no Brasile no exterior. O Presidente do Conselho Diretorda WWF é ninguém menos que o já referido JoséRoberto Marinho. Além disso, também têm as-sento no Conselho: Pedro Sirotsky, cuja família éproprietária de uma rede de comunicação no Suldo País; Roberto Paulo César de Andrade, do gru-

po Brascan – lembrem-se de que o grupo Brascané de herdeiros do grupo Light, o famoso “polvocanadense” que dominou legítima e ilegitima-mente certos aspectos da política do País na VelhaRepública; Joseph Safra, do Banco Safra, eoutros. E aqui a pergunta surge imediatamente.Parece que a direção do WWF tem como carac-terística basicamente só pessoas ou grupos quetêm riquezas acima de US$ 500 milhões.

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No último dia 19 de janeiro, na posse de umaliminar concedida em segunda instância, o WWF-Brasil obteve o arresto e custódia de publicaçõesdo MSIa, supostamente “difamatórias” de suas

atividades à frente das campanhas ambientalistasno Brasil, sem que o MSIa sequer houvesse sidocitado judicialmente. No texto da queixa, oWWF-Brasil afirma que “o MSIa, em busca deafirmação e reconhecimento perante a sociedadecivil brasileira, procedeu de maneira totalmenteirresponsável ao divulgar uma série de informa-ções inverídicas, caluniosas e, até mesmo, insanasa respeito da Requerente.”

Quero ressaltar que o Juiz Paulo MaurícioPereira, da 24ª Vara Cível do Rio de Janeiro,em seu despacho, havia simplesmente res-saltado que “inexiste prova concreta de que asinformações remetidas pela primeira ré sãofalsas ou distorcidas, certo que não é só ela queemite tais opiniões, resumindo-se tudo nadiscussão envolvendo o que os nacionalistaschamam de ‘política imperialista das grandes

potências mundiais” e ‘política de internacio-nalização da Amazônia’, matérias que de hámuito vêm sendo discutidas pela imprensa,inclusive por membros do governo e militaresbrasileiros, estes pelo dever que têm de res-guardar nossas fronteiras e soberania”.

O WWF entrou com um agravo de instru-mento, e um juiz de segunda instância conce-deu uma busca e apreensão de material com

relação ao Movimento de Solidariedade, que o jornal Gazeta Mercantil, em sua edição de 25de janeiro, relatou desta maneira – e é impor-tante, porque aqui estão claramente as duasconcepções com respeito a este tema:

“Duas representantes de entidades civis inter-nacionais estão levando as divergências políticas,ideológicas e metodológicas para o Tribunal deJustiça do Rio de Janeiro… A WWF do Brasil,

presidida pelo empresário José Roberto Marinho,acusa o MSIA de atentar-lhe contra o bomnome e a credibilidade. Segundo boletins doMSIA, a WWF estaria conspirando contra odesenvolvimento do País, com o objetivo deinferiorizar econômica e tecnologicamente oEstado brasileiro. (…)

“O MSIA, formado por profissionais liberais,militares e empresários nacionalistas, é inspirado

nas idéias do economista americano LyndonLaRouche, defensor dos Estados nacionais sobe-ranos, da reformulação dos sistemas monetáriose financeiros internacionais e das grandes obras

de infra-estrutura como fator de desenvolvi-mento dos países do Terceiro Mundo. (…)

“As escaramuças envolvendo as entidadesexistiam veladamente, mas ficaram insuportáveisdepois que o Ministro dos Transportes, EliseuPadilha, anunciou a suspensão da HidroviaParaná-Paraguai, canal de escoamento deprodução agrícola do centro da América do Sul.A WWF fez campanha contra o projeto da

hidrovia, alegando que haveria impacto desfa-vorável para a fauna, a vegetação e a popu-lação do Pantanal mato-grossense. Monitoravatodas as etapas do processo. O MSIA conside-ra fundamental a conclusão do projeto para odesenvolvimento econômico do País e alegaque a WWF tinha uma base avançada emCorumbá para trabalhar contra a construçãoda hidrovia.”

Como sugere o jornal, o que está em jogo,não apenas no caso WWF x MSIa, mas em toda aofensiva das ONGs, são duas concepções incon-ciliáveis sobre a noção de desenvolvimento e aresponsabilidade do Estado nacional soberanopara com ele. De um lado, está o mundo de pe-sadelo oferecido pelos ideólogos do ambienta-lismo-indigenismo, um mundo no qual o serhumano e suas legítimas aspirações ao progres-

so e ao bem-estar têm que se condicionar aosditames de uma idílica “proteção da natureza”.Do outro, está a possibilidade de que o Brasilvenha a assumir plenamente as suas responsa-bilidades na construção de uma nova ordemeconômica mundial justa, sobre os escombrosdo presente sistema financeiro internacional,na qual os grandes projetos de infra-estruturae a expansão das fronteiras agrícolas venham a

desempenhar um papel fundamental. Dificil-mente, isto poderá ser feito se as ONGs e enti-dades similares continuarem dispondo do enor-me poderio que detêm atualmente. Portanto,acredito que o trabalho desta Comissão poderáter uma relevância crucial para o futuro imediatodeste grande País.

Muito obrigado.

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(...) Sr. Presidente Mozarildo Cavalcanti, acho que V. Exª e a senadora Marluce

Pinto vão comandar uma CPI de alto poder explosivo. As denúncias gravíssimastrazidas aqui pelo Dr. Lorenzo Carrasco foram por escrito. S. Sª está documen-tando para que se possa fazer o requerimento que vou fazer a V. Exª agora, paraque a senhora Relatora, se considerar conveniente, incorpore e depois submeta,que quero dar meus subsídios à Relatora.

Primeiro, que a eminente Relatora Marluce Pinto providencie o requerimento,se considerar conveniente, para ouvir quais são esses membros do Ministério

Público que viajaram à custa dessas organizações. Porque não foi para isso quedemos força ao Ministério Público na Assembléia Nacional Constituinte. Esse éo primeiro ponto. Se V. Exª aceitar, o requerimento depois será posto em votaçãoe terá o meu aplauso.

Segundo, saber que tipo de relacionamento está existindo em umas organiza-ções não-governamentais que se enfronharam no Governo, e os nomes foram aquiditos, para que venham depor nesta Comissão, sejam Ministros de Estado ou não.

Porque o professor Carrasco nominou três pessoas, dentre as quais um é o atualMinistro da Justiça, o outro é o Secretário-Geral e um terceiro é do MovimentoViva Rio. Como ele o fez por escrito, é evidente que não pode ser desprezadaessa denúncia. (...)

(...) Rondônia, ao contrário do que se imagina, tem sido um exemplo para oBrasil porque nós, lá, estamos preservando 70% da nossa área, mas estamostendo a coragem de mostrar ao Brasil que, por meio do zoneamento, podem con-viver pacífica e perfeitamente o meio ambiente e o homem. Neste ponto, queroconcordar com o ilustre depoente: para mim, é muito mais importante o homem.O meio ambiente é importante, mas não tenho dúvidas: entre ele e o homem, ficocom o homem.

Estamos sabendo fazer o dever de casa: estamos lá preservando 70% da áreatotal do Estado. É um engano, um engodo, uma ilusão e uma utopia defender os80% da propriedade privada, porque isso é letra morta. Se aprovado, não vai sercumprido. Vamos botar o pé no chão, vamos encontrar o caminho – como diz osenador Tião Viana – do equilíbrio. É preciso entender que nós, da Amazônia,temos que ter o nosso espaço para nos desenvolvermos como entendemos quedeva ser feito, e não atendendo aos interesses dessas ONGs. (...)

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Sr. Carrasco, senhoras e senhores Senadores, esta reunião é muito oportuna, pois o meio

ambiente é uma preocupação de todos. Quando acordamos, abrimos os olhos e vemoso meio ambiente, observamos se há fumaça, se faz sol, se há mosquito. Todos nos preo-cupamos com isso, o que é natural, desde o início da Humanidade. No entanto, a questãoambiental se transformou num instrumento de dominação. Terminada a II GuerraMundial, determinados grupos hegemônicos, a fim de preservar essa hegemonia semo uso ostensivo de armas letais, passaram a utilizar o argumento da questão ambientale uma suposta proteção de minorias para seus fins de dominação. Vivemos no Brasil

um momento em que se fazem presentes as conseqüências dessa política. (...)Nas margens do Araguaia e do Tocantins, há 400 índios. Então, temos que impedir

a construção da hidrovia Araguaia–Tocantins, porque vai prejudicar a vida desses 400índios. Eu não sei em que, se esses índios já vivem, secularmente, na beira do rio evão continuar vivendo na beira do rio. Não se vai abrir canal novo; não se vai alterar acalha natural do rio; ela vai apenas disciplinar, melhorar e proteger essa calha. Mas épreciso impedir que se faça isso.

Na região, temos algumas estradas abertas há 50 anos, outras, há 30, outras, há 40anos, que não eram asfaltadas porque não havia recursos, meios e até asfalto paraasfaltá-las, mas que estão lá. Mas agora é um crime asfaltar essas estradas, porque issovai prejudicar o meio ambiente. Então, vemos pessoas do Governo, do Ministério doMeio Ambiente, fazendo campanha contra o asfaltamento daquelas estradas, porqueisso vai prejudicar o meio ambiente. Ora, e os 20 milhões de pessoas que vivem naAmazônia? Pertencem ou não ao meio ambiente? Objetiva-se que o meio ambiente vá

proteger quem? As pessoas. Como o Sr. Carrasco disse, quando se quer tratar melhoros animais do que os seres humanos, amanhã, nós vamos tratar os seres humanos piordo que os animais. (...)

Pedidos à Capax Dei Editora Ltda.R. México, 31 – s. 202 – CEP 20031-144 - Rio de Janeiro - RJ

Telefax 21-2532-4086 - [email protected]