DT - Cultivo e aproveitamento do Licuri

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D O S S I Ê T É C N I C O Cultivo e aproveitamento do licuri Cultivo e aproveitamento do licuri Cultivo e aproveitamento do licuri Cultivo e aproveitamento do licuri ( Syagrus coronata Syagrus coronata Syagrus coronata Syagrus coronata) Edésio Rodrigues Alvarenga Júnior Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais CETEC janeiro 2012

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D O S S I Ê T É C N I C O

Cultivo e aproveitamento do licuriCultivo e aproveitamento do licuriCultivo e aproveitamento do licuriCultivo e aproveitamento do licuri

((((Syagrus coronataSyagrus coronataSyagrus coronataSyagrus coronata))))

Edésio Rodrigues Alvarenga Júnior

Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais

CETEC

janeiro

2012

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DOSSIÊ TÉCNICO

Sumário 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 3

2 LICURI................................................................................................................................ 4

2.1 Fundamentação teórica ................................................................................................... 4

2.2 Fisiologia do licuri ............................................................................................................ 5

2.3 Propagação e produtividade ............................................................................................ 5

3 COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DO LICURI................. ...................................................... 6

3.1 Características nutricionais do licuri................................................................................. 6

3.2 Amêndoa de licuri ........................................................................................................... .7

3.3 Óleo de licuri.................................................................................................................... 8

4 CRESCIMENTO INICIAL DAS PLANTAS DE LICURI ........ ............................................... 8

4.1 Níveis de luminosidde...................................................................................................... 8

4.2 Altura da planta................................................................................................................ 8

4.3 Comportamento do licuri em luminosidade ...................................................................... 9

5 BIOLOGIA REPRODUTIVA DO LICURI ................... ....................................................... 10

5.1 Sistema reprodutivo do licuri.......................................................................................... 10

5.2 Desenvolvimento reprodutivo ........................................................................................ 10

5.3 Propagação, obtenção de sementes e produção de mudas ......................................... 10

6 APROVEITAMENTO DO LICURI ......................... ............................................................ 11

6.1 Importância econômica e social..................................................................................... 11

6.2 Formas de aproveitamento ............................................................................................ 12

6.3 Alimento a base de licuri com cereais............................................................................ 13

6.4 Picolé e sorvete de licuri ................................................................................................ 13

6.5 Fibras de licuri ............................................................................................................... 14

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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES......................... ..................................................... 15

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 17

ANEXO 1 – COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DO LICURI ......... ........................................... 20

ANEXOS 2 – BENEFÍCIOS À SAÚDE ...................... .......................................................... 21

ANEXOS 3 – IMAGENS DO LICURI ....................... ............................................................ 22

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DOSSIÊ TÉCNICO

Título

Cultivo e aproveitamento do licuri (Syagrus coronata) Assunto Cultivo de frutas de lavoura permanente não especificadas anteriormente Resumo O licuri (Syagrus coronata) é uma palmeira típica do semi-árido nordestino. A espécie tem uma nítida preferência para ser cultivada nas regiões secas e áridas da caatinga, abrangendo o norte de Minas Gerais, toda a área oriental e central da Bahia, até o sul de Pernambuco, incluindo ainda Sergipe e Alagoas. O Dossiê abordará as formas de cultivo do licuri, seus valores nutricionais, e as formas de aproveitamento da fibra e do óleo para as indústrias alimentícias, cosméticas, química e para o artesanato. Palavras chave Agricultura; coco; cultivo; fruto; licuri; palmeira; vegetação Conteúdo

1 INTRODUÇÃO

O principal ecossistema encontrado na região Nordeste do Brasil e também abrangendo o norte de Minas de Gerais é a caatinga. Conforme Giulietti et al. (2002) apud Ramalho (2008) é uma vegetação caducifólia espinha e é considerado um ecossistema único, que mesmo se localizando em áreas de clima semi-árido apresenta um número de expressivo de táxons raros e possui uma rica variedade de espécies vegetacionais (RODAL; SAMAPIO, 2002 apud RAMALHO, 2008).

Essa variedade de espécies segundo Ramalho (2008) é devido às respostas aos processos de sucessão e de vários fatores ambientais, onde as características da vegetação caatinga variam de acordo com o tipo de solo, pluviosidade, relevo, altitude, ação antrópica, etc.

Conforme Svenning (2001) apud Ramalho (2008) a principal família da caatinga é a Arecaceae, possuindo aproximadamente 187 gêneros 2.000 espécies com distribuição pantropical, sendo que as maiores ocorrências vegetacionais concentram-se nas regiões tropicais da Ásia, Indonésia, Ilhas do Pacífico, bem como na América do Sul e Central. Segundo Ramalho (2008) dentre os 187 gêneros, um deles é o Syagrus, endêmico da América do Sul e com centro de diversidades nos estados da Bahia e de Minas Gerais, possuindo 42 espécies e 8 (oito) híbridos naturais, sendo sete interespecíficos e um intergenérico. Existem espécies que têm distribuição tão limitada que são endêmicas a determinadas regiões. Segundo Ramalho (2008) dentre as espécies encontradas na vegetação caatinga brasileira, temos o licuri, Syagrus coronata (Mart) Becc., espécie comum no norte de Minas Gerais, na Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. Embora sua distribuição se estenda até o litoral e cresça bem nas restingas baianas, tem maior predominância em caatingas, crescendo em áreas altamente pedregosas e castigadas pelo sol, até áreas com melhores condições de solo, tornando-se a principal vegetação algumas regiões do Brasil.

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2 LICURI 2.1 Fundamentação teórica A definição de licuri nos dicionários é encontrada através do verbete aricuri. “Aricuri: a.ri.cu.ri sm (tupi arikurí) Bot Espécie de palmeira (Cocos coronata), também denominada alicuri, ouricuri ou uricuri” (LICURI, 2009). Conforme Ramalho (2008) as palmeiras do licuri são consideradas muito importantes para os animais, já que seus frutos possuem pouca sincronia de frutificação ao se comparar as outras espécies do mesmo bioma. Devido a essa importância para os animais em épocas de escassez de alimentos, as palmeiras também são conhecidas como ‘’espécies chave’’, podendo causar um colapso na comunidade de frutívoros, se estas estiverem ausentes. O gênero Syagrus (gênero do licuri) pertence à subfamília arecoideae e segundo Ramalho (2008) possui 30 espécies na América do Sul, sendo que a maior concentração encontra-se na região central do Brasil (16 espécies na região Nordeste e 14 espécies registradas na floresta Atlântica). Ramalho (2008) explica que o licuri por viver em regiões onde os grandes períodos secos variam com os períodos chuvosos, é uma planta que suporta bem as secas prolongadas (florescendo e frutificando por muito tempo durante o ano) e em conseqüência disto o licuri torna-se um importante provedor de recursos para a subsistência do homem e também utilizado para alimentação de animais.

O licuri é considerado uma espécie importante no ecossistema que está inserido, pois além de possuir alta densidade de indivíduos em suas populações nos ambientes naturais, desempenha importante papel na alimentação humana e de animais, visto que é o principal alimento da arara-azul. Entretanto apesar da sua importância ecológica e econômica, faltam estudos sobre esta palmeira (RAMALHO, 2008).

Figura 1 – Plantação de licuri

Fonte: (RIBEIRO, 2011) O licuri é reconhecido na composição da caatinga; a palmeira mede de 8 a 11 metros de altura, suas podem chegar a 3 metros de comprimento. Os cachos de licuri atingem em média 1357 frutos (CREPALDI et al., 2001 apud RAMALHO 2008).

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Enquanto verdes, os frutos possuem o endosperma líquido, que se torna sólido no processo de amadurecimento, dando origem à amêndoa. Quando maduros estes apresentam uma coloração que varia do amarelo-claro ao laranja, dependendo não apenas do seu estágio de maturação, mas também dos indivíduos considerados. A literatura afirma que a variação na coloração de frutos (do amarelo ao vermelho) geralmente está associada à presença de carotenóides, compostos com atividade pró-vitamínica A, tornando, portanto, seu consumo importante para as regiões pobres de países em desenvolvimento, onde a hipovitaminose A é endêmica, afetando principalmente crianças na idade pré-escolar (RAMALHO, 2008).

O licuri é aproveitado por diversas formas pela população a fim de gerar outros produtos:

Das suas folhas, são confeccionados sacolas, chapéus, vassouras e espanadores. Por raspagem as folhas fornecem a cera de licuri que é equivalente a da carnaubeira, utilizada na fabricação de papel carbono, graxa para sapatos, móveis e pintura de automóveis, dentre outros. A polpa das amêndoas é consumida in natura, sendo utilizadas para fabricação de cocadas. Delas também é extraído um óleo usado na culinária da população do semi-árido. A amêndoa de acordo contém 55 a 61% de óleo comestível, análogo ao coqueiro da praia (Cocus nucifera, L.) (RAMALHO, 2008).

2.2 Fisiologia do licuri Segundo Drumond (2007) as respostas fisiológicas das plantas nativas do semi-árido aos diferentes fatores do ambiente (principalmente a luz), são pouco conhecidas. O licuri, em fase inicial de desenvolvimento, apresenta melhor índice de crescimento quando fica exposto à sombra, a luz do sol pode inibir o crescimento da planta. Já a sombra favorece o desenvolvimento do licuri até os 18 meses de idade, fato importante para seu estabelecimento a campo e definição de estratégias de manejo.

Embora pouco estudada, observa-se que a espécie possui estratégias autodefensivas (resistência) às adversidades do semi-árido, produzindo na superfície dos seus folíolos uma crosta de cera que, pela transparência, permite a passagem de raios solares, para a assimilação clorofiliana, que evita a perda de água pela planta. Parte dessa resistência deve-se ao fato das plantas, ao perder as folhas velhas, manterem vivos, por cerca de 3 a 4 anos, os pecíolos foliais ou talos, cuja base grossa, contêm reserva de nutrientes, armazenada nas estações chuvosas, que lhe asseguram a vitalidade nos períodos prolongados de escassez de chuvas. Nas axilas das folhas, a água das chuvas é armazenada naturalmente (Drumond, 2007).

Conforme Drumond (2007) o licuri desenvolve muito bem tanto em solos férteis e profundos como em solos pedregosos, inclusive em áreas com afloramentos rochosos. A exceção são os solos permanentemente úmidos ou encharcados. 2.3 Propagação e produtividade Assim como na maioria das espécies da família Arecaceae, a propagação do licuri é exclusivamente de forma sexuada. Segundo Drumond (2007) a germinação da semente do licuri só acontece após vários dias o seu plantio, mesmo a planta estando sob condições adequadas umidade, temperatura e luminosidade. Para a aceleração do processo de germinação é recomendado o tratamento pré-germinativo em condições de laboratório. Trabalhando com Syagrus flexuosa é possível observar que as sementes observam em um período de 120 a 180 dias, enquanto que, com diversas palmeiras, pode-se verificar uma germinação muito irregular, dos 42 aos 334 dias, nas mesmas condições, sendo necessários mais de 4 meses para a germinação.

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O licuri inicia sua frutificação seis anos após o plantio. A produção média anual em um licurizal nativo é de 2.000 Kg/ha de frutos. Nos anos de pluviosidade abaixo da média, a produção diminui, mas sempre ocorre de maneira estável. No entanto, em um licurizal bem cuidado, (podando as folhas velhas, capinando as plantas daninhas ao seu redor) a produção de frutos pode alcançar até 4.000 Kg/há (SANTOS; SANTOS, 2002 apud DRUMOND, 2007).

3 COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DO LICURI 3.1 Características nutricionais do licuri Da composição nutricional do licuri merecem destaque o teor de lipídeos (49,2%) e de proteínas (11,5%) da amêndoa e o teor de carboidratos totais (13,2%) dos frutos. Apesar do teor de proteínas do licuri possuir menor porcentagem que os demais compostos, é maior no licuri do que em outras espécies de palmeiras, onde há uma variação de 1,18% a 5,5% (AGUIAR, et al., 1980 apud CREPALDI, et al., 2001). A tabela com os valores nutricionais/químicos do licuri está no Anexo 1. Geralmente a literatura sobre composição nutricional dos frutos das palmeiras está concentrada na polpa do fruto, sendo assim, a comparação da semente do licuri fica prejudicada ao se comparar com as sementes de outras espécies. Já entre as vitaminas do licuri, assim como em outras espécies de palmeiras, o beta-caroteno é o mais encontrado (CREPALDI, et al., 2001).

Figura 2 – Coquinho do licuri

Fonte: (INSTITUTO MARIA QUITÉRIA) Conforme Crepaldi et al. (2001) a coloração do licuri varia do amarelo ao vermelho devido aos carotenóides presentes no fruto, compostos com atividade pró-vitamínica. O consumo do licuri é essencial para países em desenvolvimento, onde a hipovitaminose A atinge crianças na idade pré-escolar. A principal fonte alimentícia do licuri é a amêndoa, podendo ser consumida in natura ou cozida. O óleo de amêndoa também pode ser utilizado na preparação de alimentos (GOMES NETO, et al., [20--]).

Do licuri tudo se tira. Do coco, saem a barra de cereais, o iogurte, a cocada e o artesanato. Da fibra, faz-se a farinha que integra a receita de pães e biscoitos, briquetes para fornos e também o suporte para despoluição de efluentes. Da palma, fabricam-se próteses ortomecânicas e de suas folhas pode-se extrair cera. Cerca de 4,5% da polpa e 50% da amêndoa são constituídas de óleo. Como ainda não existe literatura (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2005).

Conforme o Ministério da Educação (2005) em pesquisa no programa de pós-graduação da Universidade Federal da Bahia – UFBA, foi constatado a presença de minerais essenciais à

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alimentação humana, como cálcio, magnésio, cobre e zinco. Já a amêndoa seca ou cozida, é composta por ferro, manganês e selênio. 3.2 Amêndoa de licuri Conforme Gomes Neto (2009) quando os cachos do licuri ainda estão verdes, os frutos possuem o endosperma líquido, que se torna sólido durante o processo de amadurecimento, originando a amêndoa. Os frutos maduros apresentam uma coloração de que varia do amarelo ao vermelho, dependendo do estado de maturação. A amêndoa do licuri é consumida in natura ou cozida, também podendo ser utilizada na produção cocadas. “A polpa do licuri possui muito cálcio, magnésio e betacaroteno. Além disso, na amêndoa existe uma grande concentração de cobre, zinco e selênio" (INSTITUTO MARIA QUITÉRIA, 2008) Segundo Gomes Neto (2009) o processo de extração do licuri apresenta etapas específicas até o seu beneficiamento: colheita, secagem natural no terreiro da casa, quebra do fruto e retirada da amêndoa da casca. “O ouricuri, também chamado licuri e ainda ariri ou nicuri, possui uma amêndoa rica em nutrientes e serve de complemento alimentar para os pequenos agricultores de base familiar” (GOMES NETO, 2009).

Figura 3 – Amêndoa de licuri

Fonte: (MALAGUETA COMUNICAÇÃO, 2009) Gomes Neto (2009) destaca também que o licuri possui um alto teor de minerais considerados importantes para o organismo humano e animal. O Anexo 2 explica os benefícios dos minerais do licuri para a saúde humana e trás um quadro informando os tipos e quantidades dos minerais encontrados em cada parte do licuri: polpa, amêndoa seca e amêndoa cozida.

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3.3 Óleo de licuri Conforme Queiroga et al. (2010) apud Martins (2010) o licuri apresenta um alto teor de lipídios, cerca de 49%, estando mais de 80% em sua composição classificada como ácidos graxos saturados, podendo serem extraídos por pressão e temperatura, proteínas (11,5%) da amêndoa e 13,2% de carboidratos totais da polpa dos frutos.

O teor de lipídios é elevado e similar ao padrão encontrado para outras espécies de palmeiras, porém o teor de proteínas é maior. O betacaroteno é a principal vitamina encontrada na polpa dos frutos do licuri, e mesmo sendo encontrado em um teor menor (2,6µg.g-1) que o de outras espécies de palmeiras, ainda é uma boa fonte dessa vitamina, sobretudo porque em períodos de seca severa constitui-se no único alimento disponível na vegetação (CREPALDI, et al., 2001 apud MARTINS, 2010).

A extração do óleo de licuri acontece na seguinte maneira:

Pela utilização de temperatura elevada e pressão pode-se extrair o óleo da amêndoa originando um óleo com perfil diferenciado quando comparado aos óleos de soja, arroz, girassol, canola e milho, com 83,2%, percentual considerável de ácidos graxos de cadeia curta e média. Este percentual caracteriza o óleo de licuri como óleo saturado ocasionando menor efeito deletério sobre as bactérias fibrolíticaas do rúmen. Entretanto, com um percentual de 16,98% de lipídios insaturados, havendo favorecimento da produção de propionato no rúmen (QUEIROGA et al., 2010 apud MARTINS, 2010).

4 CRESCIMENTO INICIAL DAS PLANTAS DE LICURI 4.1 Níveis de luminosidade Conforme Carvalho et al. (2006) quando ocorrem alterações de luminosidade onde uma espécie de planta está adaptada, pode ter como conseqüência disto, diferentes respostas fisiológicas nas características bioquímicas, anatômicas e de crescimento do licuri. É possível concluir que a eficiência de crescimento da planta pode estar relacionada com a forma de adaptação com as condições de nível de luminosidade do ambiente.

Em geral, plantas cultivadas sob elevados níveis de radiação solar possuem algumas características morfofisiológicas em comum, quando comparadas com as plantas cultivadas sob sombra: menor área foliar, aumento da espessura foliar e menor área foliar específica, maior alocação de biomassa para as raízes, maiores teores de clorofila por área foliar, maiores razões entre clorofilas a e b e maior densidade estomática (CARVALHO, et al., 2006).

4.2 Altura da planta Existem muitos parâmetros para avaliar o desempenho do licuri em relação à intensidade luminosa. Dentre estes parâmetros, segundo MORAES NETO et al., 2000 apud Carvalho et al. (2006), o de uso mais freqüente é a altura da planta (licuri). O rápido crescimento das plantas quando sombreadas funciona como um mecanismo de adaptação, que é considerado uma importante estratégia das plantas escaparem do sombreamento. “Pouco se conhece sobre as respostas fisiológicas de espécies nativas do semi-árido aos diferentes fatores do ambiente, especialmente a luz” (CARVALHO et al., 2006).

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4.3 Comportamento do licuri em luminosidade Geralmente o licuri apresenta maior eficiência de crescimento quando submetido a 30% de intensidade luminosa (Tabelas 1 e 2). Conforme Carvalho et al. (2006) em relação à massa seca total, as plantas de licuri submetidas a 30% de luz apresentam maior produção de massa seca quando comparadas com as mudas a pleno sol, 100% de luz.

Tabela 1 - Massa seca da raiz (g), parte aérea (g) e total (g) e razão raiz/parte aérea (R/PA) de plantas de licuri crescidas sob diferentes níveis de luz

** e * Significativos a 1 e 5% de probabilidade Parâmetros 100% 30%

Raiz 7,41 ± 0,66* 4,84 ± 0,45 Parte aérea 5,28 ± 0,47 9,52 ± 1,15* Total 12,69 ± 1,11 14,36 ± 1,6 R/PA 1,45 ± 0,06** 0,51 ± 0,02

Fonte: (CARVALHO et al., 2006)

Tabela 2 - Diâmetro do colo (mm), altura (cm) e número de folhas em plantas de licuri submetidas a diferentes níveis de luminosidade

** e * Significativos a 1 e 5% de probabilidade Parâmetros 100% 30%

Diâmetro 7,77 ± 0,33* 8,07 ± 0,49 Altura 43,48 ± 2,16 74,70 ± 2,77** Folhas 4,3 ± 0,17 5,0 ± 0,08*

Fonte: (CARVALHO et al., 2006)

Observa-se, na Tabela 1, que a distribuição de massa seca para os diferentes órgãos da planta variou de acordo com os níveis de luminosidade. As plantas apresentaram diferenças significativas na produção de massa seca da raiz e parte aérea. A proporção de massa seca direcionada para as raízes aumentou nas plantas crescidas a 100% de luz; a parte aérea, diferentemente do sistema radicular, teve diminuição da massa seca no tratamento que recebeu maior luminosidade. Esses resultados apontam que as plantas de S. coronata sob o menor nível de luz (30%) aumentaram a distribuição de massa seca na parte aérea, em detrimento do desenvolvimento do sistema radicular. Um padrão de alocação de biomassa que prioriza os órgãos aéreos sob condições de sombreamento permite maior captação de luz pelas plântulas, otimizando o processo fotossintético em um ambiente onde a luz limita a fotossíntese (CHAPIN et al., 1987 apud CARVALHO et al., 2006).

O crescimento em altura das plantas de licuri foi inversamente relacionado com o aumento da luminosidade (Tabela 2). As plantas submetidas a 30% de luz apresentaram diferenças significativas no crescimento em altura, em comparação com o crescimento a pleno sol. Sob condições de 30% de luminosidade, o crescimento em altura das plantas foi aproximadamente 72% do que no cultivado a pleno sol (CARVALHO et al., 2006).

Outra observação, segundo Carvalho et al. (2006) o licuri apresenta maior aera foliar total quando crescidas a 100% de luminosidade. A área foliar específica (que está relacionada à espessura foliar) apresenta aumento com a redução da luminosidade. Em condições de baixa disponibilidade de luz, o aumento da área foliar específica não é tão elevado o suficiente para impedir a redução da área foliar total. “Em plantas submetidas a ambientes mais iluminados ocorre diminuição da área foliar, o que é benéfico para a planta, uma vez que menos material foliar é exposto a eventuais danos causados pelo excesso de luz” (CLAUSSEN, 1996 apud CARVALHO et al.; 2006).

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5 BIOLOGIA REPRODUTIVA DO LICURI 5.1 Sistema reprodutivo do licuri Segundo Rocha (2009) o Syagrus coronata (Mart.) Becc. – licuri, possui o sistema reprodutivo misto devido ao fator de polinização cruzada e a sua possibilidade de auto-fecundação decorrente da sincronia entre as fenofases masculina e feminina em uma mesma planta, não havendo auto-incompatibilidade polínica; sendo portanto uma planta classifica como xenógama facultativa, mesmo apresentando uma elevada razão pólen/óvulo – P/O. 5.2 Desenvolvimento reprodutivo A importância das informações sobre a biologia de uma espécie vegetal, em especial a biologia reprodutiva, é imprescindível para fins de proporcionar o seu manejo adequado (ROCHA, 2009).

O conhecimento dos padrões de florescimento e de frutificação de uma espécie, fornecidos por levantamentos fenológicos é básico para compreender tanto o seu processo, quanto o seu sucesso reprodutivo. Normalmente são levantamentos mais comuns para as espécies cultivadas em plantios do que para as populações naturais. Algumas práticas de manejo dariam melhores resultados se fossem levados em consideração os conhecimentos fenológicos das espécies. Por ser o Licuri uma espécie de ocorrência natural, não existem trabalhos sobre a sua fenologia, no entanto, embora floresça e frutifique o ano todo, os meses de marco, junho e julho apresentam maior frutificação, caracterizando o período da safra. Por outro lado, a safra do Licuri ocorre no período de outubro a dezembro. A frutificação do Licuri ocorre durante um longo período do ano, no entanto parece ter o seu pico de floração definido em cada área específica. Segundo o autor, este fenômeno esta relacionado aos índices pluviométricos, visto que a chuva não cai igualmente sobre o semi-árido baiano. Isto é importante porque garante a oferta de frutos durante todo o ano. O Licurizeiro começa a frutificar seis anos após o plantio. A produção média anual em um hectare nativo de Licuri é de 2.000 Kg de coquinhos. Nos anos de pluviosidade abaixo da média, a produção diminui, porém sempre ocorre de maneira satisfatória. No entanto, em um licurizal bem plantado e cultivado, a produção de coquinhos não deverá ser inferior a 4.000 quilos (RAMALHO, [20--]).

5.3 Propagação, obtenção de sementes e produção de mudas Conforme Ramalho ([20--]) a propagação do licuri é realizada de forma exclusivamente de forma sexuada. A planta apresenta dificuldades para germinar mesmo estando em condições adequadas, características da família arecaceae.

Figura 4 – Germinação do licuri

Fonte: (RAMALHO, [20--])

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A propagação, obtenção de sementes e produção de mudas ocorrem na seguinte maneira:

O mecanismo de controle da germinação de sementes de palmeiras é pouco conhecido. Para esses autores uma das características da germinação de sementes de palmeiras é apresentar uma variação quanto ao número de dias requeridos para germinarem. A cada quatro espécies de Syagrus, as sementes levavam um período entre 35 a 77 dias para germinarem. São necessários 42 a 334 dias para que o processo de germinação ocorresse em sementes de Licuri sob condições de viveiro. Do mesmo modo, são necessários mais de 4 meses para a germinação. É comum que sementes de palmeira não dêem respostas favoráveis, mesmo em condições adequadas de germinação, podendo este fato estar relacionadas a obstáculos mecânicos como espessura da testa e endocarpo. Por ser a germinação de sementes de palmeiras bastante lenta, torna-se necessário adotar mecanismos que acelerem esse processo. Os frutos devem ser coletados diretamente da árvore quando iniciam queda espontânea. Deve-se despolpá-los e deixá-los secar. Diversos autores realizaram trabalhos em que o despolpamento do fruto e a embebição possibilitam aumentar a porcentagem de germinação das sementes de palmeiras. Apesar da grande utilidade que o licuri apresenta, faltam informações conclusivas sobre a germinação de suas sementes e o desenvolvimento inicial das plantas. O licuri ocorre em solos silicosos de baixa e média fertilidade. O licurizeiro é também considerado padrão de terra boa, ocorrendo em solos de boa fertilidade, ainda que cascalhentos e secos. Quanto ao ataque de pragas e doenças ao Licurizeiro, pouco se sabe a respeito, podendo citar apenas como praga dessa cultura a Batrachedra nuciferae, que também ataca o coqueiro (RAMALHO, [20--]).

O licurizeiro é de ocorrência natural, sendo assim, existem poucos sobre seu cultivo, tratos culturais e outros. Fazendo-se necessário a realização de pesquisas sistematizadas com a espécie, para que se possam ter resultados conclusivos sobre o seu manejo. O Anexo 3 deste dossiê apresenta detalhes em fotos do licuri. 6 APROVEITAMENTO DO LICURI 6.1 Importância econômica e social Conforme a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (2009) em cada parte do licuri existem propriedades possíveis de serem transformadas em ingredientes comerciais com potencial de gerar renda e postos de trabalho. Testes laboratoriais registraram a propriedade de quase 100% de saponificação, fazendo com o óleo de licuri tenha destino certo para a indústria de sabões. Neste caso o percentual de soda cáustica é bem menor no processamento de sabões, sabonetes e detergentes.

Outro co-produto do licuri é uma espécie de casca que envolve o coquinho. De consistência muito dura, esse resíduo é apontado pelo pesquisador da Embrapa como um combustível renovável, que pode ser incluído na matriz energética da região. Com baixo teor de enxofre, a adoção desse material, para alimentar fornos de cerâmicas ou fogões de residências, reduz a pressão pelo corte da vegetação nativa para produção de lenha, como também causa pouco impacto sobre o efeito ao meio ambiente, por se tratar de uma energia limpa e de fonte renovável. Segundo ele, mais ou menos 20 kg de carvão de licuri geram a mesma energia de um botijão de 13 kg de GLP (gás liquefeito de petróleo) (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA, 2009).

O licuri precisa ter uma exploração racional e ser encarada pelos agricultores como uma cultura perene e rentável, sendo necessário introduzir técnicas adaptadas à exploração dos co-produtos da palmeira em nível de propriedades ou em comunidades urbanas (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA).

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6.2 Formas de aproveitamento Além de encontrarmos na composição da polpa e da amêndoa do licuri um elevado teor de minerais, conforme Pereira (2006) existe a possibilidade de fabricação de subprodutos a partir do licuri, como farinha, compotas, iogurtes, geléias, sorvetes da polpa e da amêndoa e sucos, licor e outros subprodutos. Ainda segundo Pereira (2006) não é somente alimentos que podem ser gerados a partir do licuri. Das folhas da plantas é possível a produção de uma variedade de artesanatos (chapéus, vassouras, bolsas e balaios, esteiras, abanadores, cera). Dos coquinhos de licuri também pode-se produzir bijuterias, utensílios para a cozinha e para o lar; da cunca (espécie de folha dura do licuri) fabricam-se fruteiras, abajures e outros diversos artigos para os lares e locais de trabalho.

Figura 5 – Artesanatos de licuri

Fonte: (PEREIRA, 2006) Conforme Pereira (2006) a cera encontrada nas folhas do licuri possui um antiinflamatório que pode ser usado também pela indústria de fármacos e cosméticos.

Basta estimular o consumo do licuri, que é rico em nutrientes, mostrar o amplo mercado que ele pode ter, com a sistematização da produção dos diversos produtos gerados através dos fruto. Apesar do potencial nutritivo e oleaginoso do licuri, a planta tem sido pouco explorada comercialmente (PEREIRA, 2006).

Uma pesquisa realizada no Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia – CEFET/BA comprovou a possibilidade de desenvolver compósitos para confecção vasos de pequenos portes como os depósitos para máquinas de lavar e para outros equipamentos e utilitários em geral. Um outro estudo realizado foi a possibilidade de viabilidade de consorciar a plantação do licuri com a apicultura. O motivo é que ao colher frutos maduros, é enorme a quantidade de abelhas que consomem a polpa e o néctar das flores do licuri (PEREIRA, 2006).

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6.3 Alimento a base de licuri com cereais O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – IFBA (2007a) desenvolveu um alimento a base de licuri com cereais. Trata-se de uma barra nutritiva constituídas de partículas (flocos) de amêndoa de licuri, aglomeradas, extraídas através do debulhamento do fruto com acréscimo de partículas (flocos) de cereais e/ou frutas e revestida com um aglutinante, principalmente glicose (mel) e sólidos de leite. O produto final apresenta um elevado teor nutritivo bastante apreciável. A produção do alimento ocorre através do seguinte processo:

No preparo do alimento a base de licuri com cereais o fruto é lavado e tem seu endocarpo quebrado, liberando a amêndoa. Em seguida, as amêndoas são devidamente selecionadas e trituradas ocasionando em partículas e/ou flocos de licuri, posteriormente acrescenta-se uma mistura seca composta de flocos e/ou partículas de cereal e/ou frutas, determinada a quantidade de sal e glicose, mistura-se de modo a originar uma massa cremosa. A consistência cremosa da massa irá ocorrer em função da liberação do óleo oriundo da amêndoa do licuri. Para finalizar, a massa é prensada em uma fôrma untada, levada ao forno por alguns minutos e depois cortada em forma de barra. A proporção de insumos utilizados nesse processo é de 75 gramas de aglutinante para 240 gramas de mistura seca resultante da mistura entre 100 gramas de partículas e/ou flocos de amêndoa de licuri com 140 gramas de partículas e/ou flocos de cereais e/ou frutas. Com essas quantidades, obtém-se 315 gramas do produto acabado (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA BAHIA, 2007a).

6.4 Picolé e sorvete de licuri Outros produtos alimentícios derivados do licuri e desenvolvidos pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – IFBA (2007b) foram os gelados comestíveis (picolés e sorvetes de licuri), que são produzidos a partir da polpa de licuri e/ou a partir de amêndoas de licuri secas ou cozidas. Para a produção destes alimentos, a base é o leite ou a água, com adição de outros ingredientes e substâncias. As vantagens que o picolé e o sorvete de licuri apresentam é a de serem considerados novos produtos no mercado alimentício e disponibilizam para o consumidor um alimento de elevado valor nutritivo, devido às proteínas e carboidratos encontrados nas amêndoas de licuri e matéria-prima disponível praticamente o ano todo (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA BAHIA, 2007b).

O sorvete e picolé de licuri produzidos a partir da sua polpa e/ou amêndoas tem como base a água ou leite. Deve-se misturar a polpa, as amêndoas cozidas e/ou leite extraídos das amêndoas secas de licuri com os componentes líquidos (água ou leite) em temperaturas baixas, sob agitação constante. Então adiciona-se ao açúcar, a glucose, o estabilizante, o emulsificante e a super liga até que todos os ingredientes estejam homogêneos, processando a mistura até que atinja a consistência desejada. Depois dessa etapa, a mistura é acondicionada em embalagens e congelada. Na utilização da polpa do licuri como componente principal, ela é retirada, pesada e misturada aos ingredientes líquidos. Para obtenção das amêndoas cozidas, o licuri é lavado e cozido, tem seu endocarpo quebrado, liberando as amêndoas. Em seguida as amêndoas são escolhidas, trituradas e pesadas. No preparo das amêndoas secas, o licuri é lavado e tem seu endocarpo quebrado, obtendo-se as amêndoas, que são selecionadas, trituradas e passam por uma prensa para retirada do leite dos coquinhos. O leite então é pesado e misturado aos demais ingredientes. A utilização do leite do coquinho, das amêndoas cozidas e trituradas, e/ou da polpa do licuri para a produção de picolé e sorvete pode ser feita pela combinação de um ou mais deles com frutas [...]. Pode-se utilizar também leite condensado e/ou creme de leite. (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA BAHIA, 2007b).

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6.5 Fibras de licuri Conforme Leão (2008) a fibra é extraída da folha do licuri, possuindo maleabilidade suficiente para ser tecida. Não existem muitas informações sobre a fibra do licuri, mas é comprovada a sua grande resistência para a produção de redes de pesca.

Figura 6 – Fibras de licuri

Fonte: (LEÃO, 2008) Segundo Leão (2008) as fibras podem ser naturais (classificadas como vegetais, animais e minerais), artificiais ou sintéticas. No caso, a fibra do licuri é natural vegetal, que tem como característica a celulose em sua composição. Para a produção de materiais reforçantes, as fibras naturais apresentam vantagens como: baixo custo, alta tenacidade, boas propriedades mecânicas e térmicas, redução do desgaste de máquina, facilidade de separação e biodegradabilidade (FINKLER, et al., 2005 apud LEÃO, 2008). Hoje existe grande interesse pela utilização de fibras vegetais para o reforço de resinas poliméricas compostos poliméricos. Conforme Leão (2008) este fato é devido das matérias-primas serem extraídas de fontes renováveis, biodegradáveis, recicláveis, além de serem consideras como fonte de renda para a população rural e trazerem economia de energia devido à redução de peso dos componentes. Na produção de compósitos poliméricos, foi possível observar algumas características e vantagens do emprego da fibra de licuri.

• A fibra de licuri apresenta microestrutura semelhante às demais fibras vegetais originadas das folhas; • Em sua composição microestrutural, pode-se dar destaque ao alto percentual das microfibrilas de celulose levando a bons resultados nas propriedades mecânicas. Em contra partida o alto percentual de cera pode dificultar o processo de impregnação na obtenção dos compósitos poliméricos; • O teor de lignina é superior às demais fibras, com exceção à fibra de coco. O alto teor de lignina, além de proporcionar firmeza e rigidez estrutural, confere durabilidade à fibra; • No sentido global do comportamento mecânico do compósito, o uso da fibra de licuri na obtenção de plástico reforçado à base de fibras naturais é totalmente viável se cuidados especiais, referentes a um prévio tratamento superficial da fibra e principalmente melhoria na qualidade da tecelagem do reforço, forem tomados (LEÃO, 2008).

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Conclusões e recomendações O licuri é uma palmeira nativa do semi-árido nordestino destacando-se pelo seu valor econômico e de sustentabilidade para famílias carentes em épocas de estiagens. Dessa planta se extraia o pó da palha do licurizeiro, que abasteceu mercados internacionais até a primeira metade do século XX; do coquinho se retirava o óleo, utilizado na fabricação de sabão; na alimentação, em tempos de secas se retirava do caule, o “bró”, palmito utilizado para fabricar farinha; com as palhas se confeccionavam os artesanatos e também servia de ração para animais; além de ser utilizado na indústria de cosmético. Com tantas potencialidades, o licuri ficou conhecido na região estudada como “ouro” verde do sertão. A escassez ou a má distribuição das chuvas na região semi-árida torna difícil o desenvolvimento da agricultura. No entanto, a vegetação típica da região (xerófila) apresenta grande potencial forrageiro, frutífero e medicinal que pode ser explorado de maneira a garantir a sustentabilidade econômica da região. Cabe a pesquisa a identificação e estudo de espécies com esse potencial e a partir daí buscar o resgate social e econômico da sua população. Com isso, o cultivo do Licuri, palmeira de grande importância social, conhecida por alguns como “o ouro verde do semi-árido” vem de encontro a tal objetivo, uma vez que pode melhorar a renda e qualidade de vida da população. No semi-árido brasileiro, várias oleaginosas têm sido utilizadas para a obtenção de óleos vegetais. Dentre elas encontra-se o licuri, nome popular da Syagrus coronata, uma palmeira de altura mediana, nativa da Mata Atlântica. O fruto do licuri conhecido pela mesma denominação da palmeira, frutifica em cachos com aproximadamente 1350 frutos1. Estes frutos são ovóides e, enquanto verdes, possuem uma polpa fibrosa e um endosperma líquido, que se torna sólido no processo de amadurecimento, dando origem à amêndoa. A principal fonte alimentícia do licuri é a amêndoa, que é consumida in natura ou cozida. No semi-árido baiano, o óleo extraído desta também é utilizado na preparação de alimentos. As amêndoas são utilizadas, também, como substitutas do milho para a alimentação de aves. A determinação da composição nutricional indicou que o fruto é altamente calórico. Os principais constituintes das amêndoas são lipídeos e proteínas. Na polpa, o beta-caroteno é um importante constituinte. O óleo de licuri apresenta características físico-químicas similares ao óleo de babaçu. Entretanto, embora este óleo seja utilizado nas comunidades do semi-árido como óleo comestível, de acordo os resultados obtidos, o seu uso de ser mais apropriado como matéria prima nas indústrias de cosméticos e produtos de higiene biodegradáveis, podendo ainda ser utilizado na produção de biocombustíveis. As folhas do licuri são fontes de matéria-prima para: 1 - produção de objetos utilitários e de artesanato, tais como vassouras, chapéus, cestas, esteiras e espanadores, 2 – forragem para os animais, sendo trituradas e utilizadas como ração, e 3 - cobertura de construções campestres, paredes e portas. As folhas velhas, devido ao seu teor gorduroso, são usadas para confecção de fachos para iluminação noturna ou utilizadas como fonte de energia em fornos domésticos. Um licuri, mesmo com o tronco de vários metros de altura, ao ser retirado da caatinga e transplantado em outro local sobrevive naturalmente, como pode ser observado em diversos povoados no interior baiano, onde, em ocasião de festas ornamentam as ruas e, ao ser deixado no novo lugar, continua vegetando e produzindo frutos. Esta característica associada à sua filotaxia espiralada (helicoidal) lhe confere um potencial paisagístico que pode ser explorado com sucesso.

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A cera que é extraída das folhas, embora não represente muito na produção anual de cera no Nordeste, 9 toneladas em relação a 11.581 toneladas de cera de carnaúba, é de boa qualidade, podendo ser utilizada na fabricação de papel carbono, graxa para sapatos, móveis e pintura de automóveis, semelhantes à cera de carnaúba. A industrialização é uma forma de aumentar a produtividade do trabalho dos agricultores. O rendimento da extração manual de coco olicuri é muito baixo: em torno de 5 a 7 kg de amêndoa por dia. O Brasil, em função do seu tamanho e diversidade de clima, solo e flora, dispõe mais de 200 espécies de oleaginosas que podem ser utilizadas na produção de biodiesel. O licuri além de suas diversas utilidades, atualmente, com o advento do biodiesel, vem despertando grande interesse por parte dos produtores rurais do sertão nordestino em manejar seus povoamentos naturais e até mesmo em estabelecer novos plantios para fins de produção de biodiesel. A Tabela 2 mostra o teor de óleo do licuri e de outras espécies oleaginosas potenciais para produção de biodiesel. O licuri precisa passar a ser explorado em bases mais racionais. Algumas questões tecnológicas ainda precisam ser acertadas para aprimorar o desenvolvimento de novos co-produtos. Contudo, o planejamento de melhores estratégias de aproveitamento do coco e de seus co-produtos deve levar a atividade a evoluir de uma forma artesanal, para se consolidar em negócios rentáveis.

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ANEXO 1 – COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DO LICURI

Tabela 3 – Composição nutricional/química do licuri

Média e desvio padrão Parâmetros analisados

Polpa Amêndoa Composição centesimal

Umidade (%) 77,4 ± 0,16 28,6 ± 0,38 Cinzas (%) 1,4 ± 0,06 1,2 ± 0,01 Lipídeos (%) 4,5 ± 0,3 49,2 ± 0,08 Nitrogênio (%) 0,5 2,2 ± 0,01 Proteínas (%) 3,2 11,5 ± 0,03 Carboidratos totais (%) 13,2 9,7

Composição vitamínica Xantofila traços nd Alfa-caroteno traços nd Beta-caroteno 26,1 ± 0,7 nd Valor pró-vitamina A (ER) 4,4 ± 0,1 nd Alfa-tocoferol 3,8 ± 0,4 nd Ácido ascórbico traços nd Valor calórico 108,6 527,3

Fonte: (CREPALDI, et al., 2002)

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ANEXO 2 – BNEFÍCIOS À SAÚDE Conforme Pereira (2005), como explicado abaixo, os minerais encontrados no licuri trazem benefícios à saúde humana. Selênio: previne o desenvolvimento de vários tipos de cânceres, cataratas, e das principais causas de deficiência visual ou cegueira nos idosos. Quando combinado com a vitamina E, o selênio apresenta também benefícios antiinflamatórios. Estes dois nutrientes aliviam doenças crônicas como artrite reumatóide, lúpus e eczema. Excelente como antidepressivo e estimulante. Cobre: auxilia no combate às dores de cabeça, artrite reumatóide, doenças do coração, anemia, infecções, hipoglicemia e osteoporose. Cálcio: fortalece os ossos e os dentes. É importante para o funcionamento do sistema nervoso e imunológico, contração muscular, coagulação sanguínea e pressão arterial. Previne e ajuda no combate à osteoporose. Magnésio: auxilia no tratamento de arteriosclerose, falhas congestivas no coração, arritmias, anginas, pressão alta, fadiga, síndrome da fadiga crônica, diabetes, asma e osteoporose. Além disso, induz o aumento do colesterol bom. Zinco: previne resfriados, gripes, conjuntivite e outras infecções. Auxilia na prevenção de artrite reumatóide, lúpus, fibromialgia e esclerose múltipla. Melhora os níveis de insulina, ajudando no combate à diabete. Estimula a cicatrização de feridas e irritações na pele. Promove a saúde dos cabelos e do couro cabeludo. Esse mineral também pode ser útil no combate à osteoporose, às hemorróidas, a doenças inflamatórias do intestino e a úlceras gástricas. Manganês: realiza a síntese de ácidos graxos essenciais ao organismo e de colesterol bom na liberação de insulina, no metabolismo da glicose, na liberação de hormônios da tiróide e na produção de hormônios sexuais. A deficiência de manganês pode causar diabetes, processos inflamatórios crônicos, artrite reumatóide, degeneração de disco vertebral (coluna), osteoporose, redução da fertilidade e redução ou perda de audição. Ferro: sua deficiência pode causar anemia, aumento de infecções, diminuição do desenvolvimento mental. Em crianças, distúrbios da aprendizagem, decréscimo na produção de energia e alterações do aparelho digestivo. É elemento essencial da hemoglobina, o carregador de oxigênio dos glóbulos vermelhos do sangue (hemácias). Leva oxigênio para os músculos, e faz parte de muitas enzimas e compostos do sistema imunológico.

Tabela 4 – Minerais contidos no licuri

Amostras Cálcio Magnésio Ferro Cobre Zinco Manganês Cinzas (%) Polpa 49,22 30,67 10,89 111,50 26,87 > L. D 1,41 Amêndoa seca

35,60 115,60 2,77 0,88 2,16 1,23 1,00

Amêndoa cozida

32,00 73,43 1,19 0,60 10,54 1,28 1,16

Fonte: (PEREIRA, 2005)

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ANEXO 3 – IMAGENS DO LICURI

Figura 7 – Inflorescência do licuri

Fonte: (DRUMOND, 2007)

Figura 8 – Cacho de frutos do licuri

Fonte: (DRUMOND, 2007)

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Figura 9 – Licurizal nativo Fonte: (DRUMOND, 2007)

Figura 10 – Detalhe da folha (A), caule (B), inflorescência (C) e frutos (D)

Fonte: (RAMALHO, [20--])

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Nome do técnico responsável Edésio Rodrigues Alvarenga Júnior Nome da Instituição do SBRT responsável Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais – CETEC/MG Data de finalização 20 jan. 2012