Dulce Machado - A Importância da Motivação num Combate de Taekwondo - Tese para 1º Kup

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Exame de graduação para 1º Kup Data do exame: 27/07/2011 A Importância da Motivação num Combate de Taekwondo” ADTC: Associação Distrital de Taekwondo de Coimbra Secção de Taekwondo - Associação Académica de Coimbra Data da Elaboração: 20/07/2011 Praticante: Dulce Machado Examinador: Pedro Machado

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A Importância da Motivação num Combate de Taekwondo

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Exame de graduação para 1º Kup

Data do exame: 27/07/2011

“A Importância da Motivação num Combate de Taekwondo”

ADTC: Associação Distrital de Taekwondo de Coimbra

Secção de Taekwondo - Associação Académica de Coimbra

Data da Elaboração: 20/07/2011

Praticante: Dulce Machado

Examinador: Pedro Machado

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Índice

Introdução ..................................................................................................................................... 3

Taekwondo enquanto modalidade Olímpica ................................................................................ 4

A importância da psicologia na alta competição .......................................................................... 4

Problemas da integração da psicologia no desporto .................................................................... 4

Uso da Psicologia no Taekwondo .................................................................................................. 6

A ansiedade no desporto ............................................................................................................ 12

O Medo do Fracasso, a Confiança e o Pensamento Positivo ...................................................... 15

Conclusão .................................................................................................................................... 19

Referências Bibliográficas ........................................................................................................... 21

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Introdução

A importância do estado mental do atleta é cada vez maior no desporto em geral,

especialmente em desportos de combate. Numa tentativa de fornecer bom material

nesta área tão minuciosa e cautelosa, mas, sobretudo para uma “auto-ajuda” e

reflexão problemática próprias desta matéria.

Uma pequena mas profunda dedicação para quem me acompanha neste período da

minha vida, e principalmente a todas as mulheres que lutam para triunfar em todos os

campos dominados pelo preconceito.

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Taekwondo enquanto modalidade Olímpica O Taekwondo Olímpico apareceu nos Jogos Olímpicos em Seul (1988), e em Barcelona

(1992), mas apenas como modalidade de demonstração o que não conta para o

quadro de medalhas. Em Sydney (2000) estreia-se como modalidade olímpica oficial, e

desde aí os medalhistas tem sido, predominantemente, da Coreia do Sul.

A importância da psicologia na alta competição

A atleta olímpica brasileira, Natália Falavigna foi a primeira medalha do Brasil no

Taekwondo, segundo o UOL Desporto:

"Quando ela perdeu a hipótese de chegar ao ouro, ameaçou chorar. Contudo eu não

deixei. Disse-lhe: 'A tua medalha é a primeira. Não importa a cor'", afirmou o técnico

da selecção brasileira, Fernando Madureira.

A própria referiu o seguinte:

"Ao perder, senti aquele momento de desconcentração. É claro que cheguei a pensar

no ouro, tudo o que eu faço é para vencer. Mas naquela hora, me perguntei o que

fazer. Não queria deixar esse momento especial escapar de novo"- Natália Falavigna

Esta atleta não contente com os seus resultados, convidou a sua professora-

orientadora para ser sua preparadora física, e também o psicólogo Hélio Gonçalves

para a ajudar a melhorar os seus padrões de comportamento durante as competições

[1].

“Pesquisas efectuadas com atletas de nível olímpico e outros atletas de elite, mostram-

nos que os factores psicológicos aumentam o seu grau de importância na performance

à medida que o nível do atleta vai evoluindo e a exigência competitiva aumenta. A

grande maioria dos atletas passa a grande parte do seu tempo, se não a totalidade, a

treinar os aspectos físicos em detrimento dos aspectos mentais” [2].

Ilustração 1 - Natália Falavigna depois da derrota com a Mexicana Rosário Espinoza na final

Problemas da integração da psicologia no desporto “Muitos programas de treino tentam corrigir as deficiências de execução dos

desportistas e da equipa enfatizando simplesmente o aumento das horas dedicadas ao

trabalho técnico, táctico ou físico, mesmo que, com frequência, o problema não esteja

na falta dessas habilidades, e sim, na falta de habilidades psicológicas. Aumentar o

ensaio repetitivo nesses fundamentos não ajudará a superar a pressão, aumentar a

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concentração, a confiança, a motivação ou o domínio dos impulsos agressivos. Os

componentes psicológicos e emocionais transcendem esses aspectos. Em qualquer

desporto, o êxito (ou fracasso) de um atleta é o resultado do complexo conjunto de

variáveis que integram o processo de uma competição.” [3]

“Razões para a pouca utilização do Treino Psicológico no Desporto

(Weinberg e Gould, 1996):

Desconhecimento – muitas pessoas não entendem realmente como se pode ensinar a

praticar as habilidades psicológicas, a partir de um programa planejado e

implementado. Por exemplo, alguns treinadores ensinam a concentrar-se gritando: “Tu

tens que te concentrar”, de maneira que existe uma suposição implícita de que o

desportista sabe como concentrar-se, mas visivelmente não consegue. Outro exemplo

é quando solicita ao atleta que se acalme (“Calma, Calma” mas o faz aos berros).

A ideia de que as habilidades psicológicas são imutáveis – acredita-se, erroneamente

que algumas pessoas já nasceram com algumas habilidades psicológicas: que os

campeões não se fazem, eles já nascem predestinados. A maioria das pessoas parte do

pressuposto que a personalidade dos desportistas como Ayrton Senna, Hortência e

Guga, foi dotada de uma força mental e de um impulso competitivo especiais, quando

na verdade esta situação é bem diferente. Nascemos com certas predisposições

psicológicas e físicas, mas podemos aprender e desenvolver habilidades em função das

nossas experiências e trabalho. Nenhum grande desportista alcançou a vitória sem

passar antes por intermináveis sessões de treino, aperfeiçoando as suas técnicas e

habilidades. Mesmo que alguns desportistas tenham contado com qualidades físicas

excepcionais, tiveram que esforçar-se muito para se preparar e conseguir as vitórias.

Falta de tempo – um terceiro motivo que é citado por treinadores e desportistas para

não praticar as habilidades psicológicas é a falta de tempo. Dizem que, se não dispõem

de tempo suficiente para o trabalho técnico, táctico e físico, muito menos para outras

actividades. Mesmo assim, continuam atribuindo a derrota à “falta de concentração e

tranquilidade”.” [3]

“Sobre o uso de técnicas psicológicas na optimização do rendimento (Gould e Ekelund,

1991) existem vários mitos, que só ajudam a confundir sobre o que os Psicólogos do

Desporto podem fazer ou não para ajudar os desportistas a aumentarem ao máximo o

rendimento.

• Mito 1: O Treino Psicológico (T.P.) é só para os desportistas “com problemas” –

muitas pessoas enganam se ao pensar que todos os psicólogos do desporto

trabalham com desportistas que estão com problemas psicológicos. Isso não é

verdade. Em geral, os psicólogos do desporto além de actuarem em casos

rotulados como “problemáticos” (considerado 10% dos desportistas), que

exigem uma actuação clínica, o que ocorre é que a grande maioria das

necessidades psicológicas dos desportistas podem ser abordadas de forma

educativa que foca a sua atenção em a ajudar a desenvolver habilidades

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psicológicas cujo nível de funcionamento é normal. Tanto a acção clínica como

educacional têm papel essencial para ajudar as pessoas a melhorar o seu

rendimento e bem-estar psicológico.

• Mito 2: O T.P. é exclusividade de desportistas de elite – o treino psicológico não

está direccionado só para a elite desportiva. É indicado para todos, incluindo os

jovens que estão em fase de desenvolvimento (Gould, 1988; Hellstedt, 1997;

Weiss, 1991); grupos especiais (Travis y Sachs, 1991); os que duvidam das suas

capacidades físicas (Asken, 1991) e os surdos (Clark e Aschs, 1991). Há

profissionais a trabalhar com estas pessoas para melhorar o rendimento e

crescimento pessoal.

• Mito 3: O T.P. proporciona soluções rápidas – muitas pessoas acreditam,

erroneamente que a psicologia do desporto oferece uma solução rápida aos

problemas psicológicos. As vezes, os treinadores e desportistas esperam

aprender em uma ou duas lições o modo de concentrar-se ou de permanecer

tranquilos em situações de pressão. Na realidade, o desenvolvimento das

habilidades psicológicas requer tempo e treino. E o Treino Psicológico não é

mágico, não converterá um desportista mediano num “superstar”. No entanto,

ajudará a empregar todo seu potencial e a levar suas capacidades ao máximo.

• Mito 4: O T.P. não é útil – algumas pessoas pensam que a psicologia do

desporto não tem muita coisa a oferecer. No entanto, importantes pesquisas

publicadas em revistas científicas e reportagens na média indicam que as

técnicas psicológicas potencializam o rendimento.” [3]

Uso da Psicologia no Taekwondo Já desde o início do Taekwondo que são usadas técnicas mentais para cativar os jovens

á prática da arte marcial: “Contudo, devido à liberdade e aristocracia da corte de Silla,

o Rei Chin-hung deparou-se com um problema na recruta desses jovens nobres para

ordem rígida e restrita dos Hwa Rang. Para resolver essa dificuldade, o Rei Chin-hung

desenvolveu uma nova estratégia que passava por usar mulheres jovens e bonitas,

Won Hwa, para conseguir atrair os jovens nobres para os Hwa Rang. As Won Hwa

conseguiram juntar centenas de jovens nobres para a ordem dos Hwa Rang” [4].

“Os praticantes falam muitas vezes dos benefícios do treino de Taekwondo.

Investigações mostraram que a interacção social ganha através do treino de grupo é

excelente contra o stress da vida dos adultos, e que a prática duradoura encoraja o

desenvolvimento e independência em todas as idades. Com esse treino progressivo, as

crianças tornam-se mais entusiásticas, optimistas e confiantes. Existem muitas

conversas de pais contando como os seus filhos progrediram na escola, tanto

academicamente como a nível comportamental. O treino de Taekwondo aumenta

também a auto-estima, não necessitando o praticante de descobrir quem é através das

opiniões dos outros. Por ex.: A investigação descobriu que as mulheres que treinam

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Taekwondo têm uma melhor identidade social, física e pessoal, como também um

acréscimo da auto-estima. Também se descobriu que os alunos que são mais

confiantes e que competem nos torneios de Taekwondo têm mais hipóteses de ganhar

desafios.” [9]

Com o passar dos tempos começaram-se a utilizar cada vez mais provas psicológicas,

cada vez mais pormenorizadas nos problemas do atleta. Temos alguns exemplos

destas: “Prova de Atitude para a competição; Prova dos motivos desportivos D.S.

BUTT; Prova dos dez desejos; Prova dos traços volitivos” [4]. Através dos resultados

destas provas, o autor conseguia avaliar os níveis de ansiedade dos atletas, o nível de

agressividade, rivalidade, conflito e outros estados de espírito. Identificava com a

prova dos dez desejos quais as áreas que o desportista dá mais preferência (a família, o

desporto, …).

Citando o Psicólogo desportivo António Medeiros: “A própria sociedade assume essa

importância: médicos e pais – melhorar a disciplina e a concentração;” “Uma mente

que divague e se distraia, dá lugar a erros que originam falhas de rendimento

desportivo”. Como diz este psicólogo é necessário “treinar a mente”, escolhendo os

pensamentos mais importantes:

• “Eu vou conseguir…”;

• “Vou dar o meu melhor”;

• “Vou tentar”;

• “Não sei se consigo”;

• “Não vou ser capaz”). [5]

Nos dispositivos deste psicólogo ele refere-se ao burnout, e mostra alguns tipos de

reacção ao stress explicada segundo várias teorias. Por exemplo: “Fender (1989) a

reacção ao stress com sintomas de esgotamento emocional, afastamento em relação

aos colegas, diminuição do rendimento”; “Kentta (2001) _ Síndrome do Sobretreino:

cargas excessivas associadas à insuficiente recuperação do desportista”; Pfitzinger

(2001) - uma inadequada recuperação pode levar à fadiga, à depressão, a uma baixa

imunidade, ao burnout e à propensão às lesões” [5].

Uma das formas de prevenção, segundo António Medeiros: “Sistema de avaliação

contínuo; Boa estruturação do treino desportivo; Períodos de treino psicológico;

Procurar a motivação constante e persistente; Travar a espiral de saturação que

conduz ao abandono; Implementar relações sociais na equipa; …” [5].

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É importantíssimo analisar a preparação psicológica, pois é um aspecto que influência

muito o resultado desportivo: quantas vezes não se perderam medalhas porque o

taekwondista não absorveu os altos níveis de ansiedade de forma positiva? [6]

Uma das citações, que não deve ser esquecida, que o Mestre Pedro disse foi: “o êxito

competitivo depende principalmente de uma elevada concretização do pensamento

táctico, hoje em dia podemos observar que os campeões caracterizam-se por

aproveitarem ao máximo das formas musculares e orgânicas, produto da preparação

física e da técnica adequada que realizam no momento preciso de execução do ataque

e contra-ataque” [6].

No capítulo 8 do seu livro, temos uma parte somente com “fundamentos teóricos da

preparação psicológica para os atletas de Taekwondo”, será este capítulo que irei

aprofundar mais pormenorizadamente. É notória a necessidade de coordenar o

psicológico com o físico, como até diz o autor o ideal seria um psicólogo na equipa,

mas não sendo isso sempre possível o treinador terá que alienar esse aspecto. Citando

o autor do manual: “ o funcionamento mental dos “taekwondocas” no treino e a sua

preparação psicológica para a competição, dependerão da interacção de vários

elementos, entre eles, os ensinamentos do treino desportivo, a actuação do treinador

com os “taekwondocas”, a disposição psicológica destes quando enfrentam o treino e

as suas habilidades psicológicas. O funcionamento psicológico e o treino influenciarão

o rendimento dos “ taekwondocas” nele mesmo, junto á preparação psicológica para a

competição e as habilidades dos “taekwondocas” serão os elementos que

influenciarão o seu rendimento quando estão em competição” [6]. Nesta obra é-nos

dado aspectos essenciais: “o resultado do trabalho psicológico se manifesta nos

“taekwondocas” de alto nível, que se caracterizam pelo seu sentido de superioridade e

segurança social, presunção e disponibilidade elevada para defender os seus direitos,

persistência, estabilidade emocional, alta claridade de objectivos, extroversão e

agressividade competitiva” [6].

“As habilidades psicológicas são condutas que aplicadas pelo Taekwondo podem

contribuir para melhorar o seu funcionamento, o treino e a sua competência. Dentro

do contexto do desporto de competição as principais habilidades psicológicas são: O

estabelecimento de objectivos; auto observação e auto-registo; auto avaliação do nível

de activação e outras experiências internas; avaliação objectiva do próprio

rendimento; auto aplicação de técnicas de relaxamento e respiração; …” [6].

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É também de realçar a disposição psicológica e a aprendizagem das técnicas, Mestre

Pedro mostra-nos: “ a disposição psicológica dos “taekwondocas” é um factor

fundamental na hora de iniciar o processo de aprendizagem das técnicas. Muitas vezes

afrontam com entusiasmo a aprendizagem de uma nova técnica, mas quando o avanço

não corresponde às suas expectativas desmotivam-se e diminuem a sua auto confiança

quanto o domínio da técnica”. [6]

Neste manual é elencada uma série de passos para aperfeiçoar as técnicas: “

planeamento inicial; modelação; identificação do movimento correcto com palavras

chave; controlo de estímulos (os estímulos externos devem ser eliminados, assim

como os internos que podem desviar a atenção do atleta); identificação de sensações

corporais discriminativas; reforço social; pratica na imaginação; incorporação de

estímulos externos” [6]. Podemos ver que: “quando a preparação da competência é a

adequada fortalece-se a auto confiança do atleta. Se o plano de actuação decidido de

antemão é o correcto então os atletas de taekwondo se sentirão mais eficientes e

enfrentarão a técnica com uma disposição psicológica favorável para o seu

rendimento” [6]. No livro que tenho vindo a analisar, destaca-se muito o nivel de

atenção: “para optimizar as decisões sobre a execução imediata é fundamental a

atenção centrada nos estímulos antecedentes discriminativos que devem servir como

sinal para tomar a decisão. A utilização apropriada de estratégias ambientas nos

exercicios de treino é muito favoravel para a aprendizagem destas decisões” [6].

Um tema que é trabalhado no livro do MsC Pedro é a motivação, o stress, a tensão

psíquica e os estados pré competitivos. Já foi mencionado que o êxito no Taekwondo é

dado pela autoentrega, o instinto de vencedor, a confiança em si mesmo, a autocritica,

a disciplina, etc [6].

Como diz Miguel Lucas: “As diferenças serão ainda mais significativas para quem treina

de forma comprometida com a competição e quem treina por diversão e gozo. As

características entre estes dois tipos de praticantes serão também elas bastantes

significativas. Mas em que aspecto? À partida que características saltarão mais à

vista? Acredito que muitos dos atletas que fazem apenas por gozo, estejam em plenas

condições físicas para combater!” [2].

Um dos factores de desmotivação que MsC Pedro menciona é o aumento do volume

de cargas de trabalho, a falta de melhores resultados desportivos e a incapacidade de

alguns para manter o interesse nos treinos [6]. Este autor defende que o treinador deve

assegurar uma organização e um conteúdo do processo de treino, numa primeira

etapa deve estar assegurada a orientação do ensinameno e o aperfeiçoamento dos

principais hábitos e habilidades motoras e o estudo das bases do Taekwondo. Depois,

orientar constantemente o atleta, e a necessidade de trabalhar activamente para

aperfeiçoar os componetes mais estritos da preparação, para superar as dificuldades

em continuo cresimento durante a assimilação de cargas cada vez mais duras. Ao

mesmo tempo deve controlar o stress emocional e fisico, ao qual é submetido o atleta

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na actividade competitiva e de treino, de acordo com as suas possibilidades fisiológicas

e psiquicas e com os seus recursos funcionais (Cretti, 1978) [6].

Nesta obra é nos dado um quadro sobre os problemas de motivação no treino e na

competição do ponto de vista dos desportistas de alto nível, retirado de Samulski,

1987. Por exemplo: se o desportista têm falta de desejo, para o treinador do ponto de

vista do desportista isso pode ser visto como uma incompetência, no carácter do

treino este pode estar a ser monotomo e aborrecido, do carácter competitivo do

ponto de vista do desportista os seus adversários são mais fortes [6]. Para melhorar a

tolerância do “taekwondista” ao stress emocional, o MsC Pedro fala “que é necessário

que o treino se empregue influências de carácter stressante, que correspondam com

situações dificeis e imprevistas“[6]. Dá alguns exemplos de influências de caracter

stressante como: “ os factores obstaculizantes que consistem em fazer exercícios com

efeitos luminosos e auditivos; dificultar a actividade dos principais analizadores

realizando as acções com a minima informação visual e cinética sobre os parâmetros

dos movimentos, …” [6]. Outro factor que é indicado como fulcral para elevar os

resultados desportivos é a capacidade que o “taekwondista” tem de controlar e

regular a sua tensão nervosa durante o treino e a técnica [6]. Neste manual, há uma

referência a Viatkin (1981) e a Surkov, y cols. (1984), estes especialistas viram que o

stress moderado influência positivamente a eficácia da actividade do treino e

competição, mas o stress excessivo tem consequências negativas [6]. Outra verificação

que é destacada é: “ os “taekwondistas” com um sistema nervoso débil destacam os

treinos por uma maior sensibilidade cinestética que os “taekwondistas” com um

sistema nervoso forte. Nas competições importantes a situação muda: os

“taekwondistas” com um sistema nervoso forte, a sensibilidade muscular e articular

aumenta, diminuindo nos “taekwondistas” com um sistema nervoso débil. Os

“taekwondistas” inquietos, excitáveis emocionalmente, impulsivos, piora a actividade

volitiva e a concentração, o que conduz ao fracasso na competição. Por último, os

taekwondistas com um temperamento tranquilo, estáveis emocionalmente, pouco

excitáveis, manifestam durante a competição altos níveis de concentração e de

actividade volitiva” [6].

MsC Pedro conclui que os processos de excitação e inibição são os que determinam o

nível de tensão psíquica no “taekwondista” que depende do tipo de competência, do

nivel de preparação, da motivação entre outros [6]. Há que também que salientar a

divisão mencionada neste livro, dos quatro estados precompetitivos, que mostram o

estado de espírito do atleta: 1- “O estado de excitação insuficiente (falta de

concentração suficiente e incapacidade de centrar a atenção sobre o próximo

combate; se o atleta está aparentemente tranquilo e indiferente, é um

comportamento tipico de atletas sem objectivos máximos (os mais jovens) ou que

diminuiram as suas aspirações; este estado requer efeitos fortes de excitação como

massagem, duche frio,…); o 2º estado o de excitação óptima é o ideal para alcançar as

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metas propostas; no 3º estado o de sobre excitação (o atleta está intolerante e activo,

podendo chegar a ser agressivo, o treinador não deve permitir que o atleta se

justifique com o seu estado, este tipo de situação podem até ter efeitos negativos na

saúde do “taekwondista”); 4- o estado de inibição por causa de uma sobre excitação (a

tranquilidade do desportista pode ser consequência de sofrimentos traumaticos, ou

situações desagradáveis, o atleta entende os seus pensamentos obsessivos mas não

sabe como controlá-los, entende se que este estado deve ser tratado com banhos

quentes e acções psicoreguladoras)”. Não se deve esquecer as características

individuais de cada atleta [6].

Um dos quadros que nos é apresentado neste livro de Pedro Gomes, sintetiza alguns

metódos de auto regulação de Gorbunov ( 1986). Simplificarei este quadro apenas

com um exemplo, que é para mim o que mais se releva: “ aumento da regulação dos

estados emocionais no período precompetitivo. Modo de valorizar cada qualidade:

gradação do estado, metodologias de valoração com instrumentos, observações.

Metódo de regulação: abstracção e mudanças de atenção. Conteúdo do modo de

regulação psicológica: a abstracção, manter durante um período de tempo grande a

direcção da consciência fora da situação traumática; mudanças: ocupar-se de um

assunto interessante para diminuir a influência negativa dos pensamentos excitantes

antes das competições ( falar com os colegas, ir ao cinema, etc). Anotações: exercícios

prolongados.” [6]

Ilustração 2 - Nuno Costa, Campeão Europeu sub-21

Após esta análise da motivação e do stress, entramos na área da preparação táctica no

taekwondo e os seus fundamentos psicológicos. Foram destacadas três

particulariedades do pensamento táctico que coincidem com o taekwondo: a

efectividade, a adopção de decisões que podem mudar de um sentido para outro e a

rapidez [6].

O primeiro depende de como se elaborou o processo de pensamento dos hábitos

táticos. A adopção de decisões refere se ao combate, o competidor assume um plano

tático na luta, mas as próprias condições de um combate de taekwondo levam no a

mudar para outra decisão que pode ser completamente oposta á primeira. Outro

aspecto a atender para a uma avaliação rápida da situação e adopção de decisões

correctas é o forte estado de excitação emocional ou tensão psíquica, sendo fulcral ver

a treinabilidade tática neste aspeto para termos estabilidade psíquica no taekwondo,

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sobretudo porque na tática individual corpo a corpo, o taekwondo tem que colocar

todo o seu potencial para alcançar a estabilidade emocional e psíquica [6].

“Se o atleta estiver activamente envolvido com as suas auto-verbalizações positivas e

capacitadores, é praticamente impossível simultaneamente estar a ter pensamentos

derrotistas. Se o atleta se sentir confiante é muito difícil em simultâneo sentir-se

ansioso. Estes estados são incompatíveis entre si. Se o atleta estiver num estado de

relaxamento, não consegue simultaneamente estar tenso” [2].

“Uma mente ansiosa não pode existir num corpo relaxado.” – Edmund Jacobson

A ansiedade no desporto ANSIEDADE: “afecto de tonalidade desagradável, incomodidade, temor indefinido,

insegurança e inquietude. Usado frequentemente como sinónimo de angústia. Afecto

característico do Homem, através do qual se adapta a situações de tensão, pode

assumir uma função perturbadora quando se torna persistente, repetitiva, demasiado

intensa e desajustada à situação. Constitui um dos sintomas mais significativos de um

grande número de perturbações psicológicas e é mesmo o sintoma central nas

perturbações neuróticas. Pode apresentar-se de forma livre, difusa e generalizada,

como acontece nos estados ansiosos, ou então ligar-se e ser canalizada para objectos/

situações exteriores (fobia), para pensamentos/ impulsos (obsessão) ou ainda,

investida em termos somáticos (histeria de conversão).” [8]

“Os estados emocionais podem causar uma inibição ou uma excitação necessária para

alcançar o triunfo” [5]. Segundo este treinador, um dos estados emocionais mais

prejudiciais é a ansiedade. Que define como: “Reacção ou resposta emocional, perante

uma situação particular como pessoalmente perigosa ou ameaçadora” [5].

Para diminuir o estado de ansiedade, António Medeiros dá alguns tipos de

comportamentos que podem variar consoante o período seja o pré ou pós-competitivo

[5]. Mas, salienta: “é fundamental a capacidade de não se deixar desconcentrar” [5].

“Muitas pessoas procuram ao praticar esta modalidade (Taekwondo) o autocontrole,

existe uma ideia bastante arraigada de que as artes marciais são uma forma bastante

eficiente de estabelecer um grande autocontrolo. De fato, as artes marciais têm a si

mesmas como um caminho para o controlo da mente e do corpo e para tal

desenvolvem suas próprias filosofias (DOMINY, 1977). Embora este seja um valor

tradicionalmente associado às artes marciais, faz-se necessário considerar uma

abordagem criteriosa quanto ao tema para realmente caracterizar o fato perante a

ciência. Neste contexto, um grande número de estudos procurou investigar dois

tópicos fundamentais para a discussão deste aspecto das artes marciais: ansiedade e

agressividade. Tendo em vista a ênfase das filosofias comuns às artes marciais no

autocontrole e na não-violência, estas trazem em sua imagem a ideia de redução de

perfis de ansiedade e agressividade. Este tipo de estudo está entre aqueles que há

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mais tempo já se realiza nas artes marciais, em geral confirmando esta redução da

agressividade.” [7]

“A ansiedade ainda é uma expressão comum no desporto e, ao menos nas

competições de artes marciais, parece estar bastante presente. Convém salientar,

contudo, que atletas mais bem-sucedidos tendem a serem menos ansiosos, conforme

observado por Chapman et al. (1997), que relacionaram a ansiedade pré-competitiva e

auto-confiança com o desempenho numa competição de Taekwondo. Por meio de

questionários para a avaliação da ansiedade pré-competitiva e autoconfiança em

atletas, puderam observar que os vencedores demonstraram apresentar menor

ansiedade cognitiva (expressa em sensações como apreensão e nervosismo ou calma e

relaxamento) e somática (expressa em reacções fisiológicas e motoras como tremores,

tiques, suar frio) pré-competição e maior autoconfiança. Estas avaliações, comparadas

ao resultado da competição, indicaram que mais de 60% dos participantes poderiam

ser classificados como vencedores ou perdedores usando como base as pontuações

obtidas nos seus testes. Porém, ainda não foi verificado se o Taekwondo de fato auxilia

na redução da ansiedade de modo geral. O fato de o estudo ter sido conduzido

durante uma competição não permite estimar com precisão a ansiedade-traço dos

indivíduos envolvidos, somente ansiedade-estado, a qual provavelmente estaria

alterada.” [7]

“Alguns atletas são mais afectados do que outros pelo stress competitivo, conforme o

estudo de Cerin (2004). A pesquisa investigou o estado afectivo, proximidade da

competição e traços da personalidade para averiguar se seriam bons indicadores da

direcção da ansiedade, assim como o papel das características de personalidade nas

relações entre a direcção da ansiedade, proximidade da competição e estado afectivo.

Contando com 22 sujeitos de pesquisa, com 25 anos de idade em média e praticando

Taekwondo em média a 6,64 anos. O estudo demonstrou que particularmente os

atletas de maior egocentrismo tendem a ser afectados negativamente por sintomas

somáticos, emoções negativas e pela proximidade da competição. Isto torna claro que

para alguns atletas o treino psicológico é uma ferramenta fundamental para que

possam melhorar seu desempenho.” [7]

“Se considerarmos outros elementos além da ansiedade e outras respostas às

competições, parece mais claro o potencial das artes marciais neste sentido, como se

pode averiguar na pesquisa conduzida por Lakes e Hoyt (2004). O objectivo foi

averiguar o efeito do treino escolar de Taekwondo sobre as habilidades de auto-

regulação, que trata-se de uma questão chave no desenvolvimento e socialização

infantil. O estudo contou com 94 meninos e 99 meninas entre o jardim-de-infância e o

5 ano escolar, divididas em dois grupos aleatoriamente, com as crianças de um grupo

passando a frequentar aulas de Taekwondo durante 3 meses e as crianças no outro

grupo servindo de controlo, não praticando a modalidade. Foram realizados pré-testes

para avaliar as habilidades de auto-regulação em três domínios: cognitiva, afectiva e

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física. Após os 3 meses de intervenção, novos testes revelaram que o grupo do

Taekwondo teve grandes melhorias em relação ao grupo controlo em termos de auto-

regulação cognitiva e afectiva, comportamento social, conduta na sala de aula e

performance num teste de matemática. Portanto, apesar da ansiedade continuar

presente (sendo até importante para competidores), outros factores justificam a

noção de desenvolvimento pessoal e autocontrolo associada às artes marciais.” [7]

“Desde a aceitação do Taekwondo como desporto Olímpico, foi feita muita

investigação rodeando a ansiedade nos atletas da vertente desportiva do Taekwondo.

Alguns competidores sentiam-se extremamente ansiosos com a sua performance,

enquanto outros não se encontravam tão preocupados. Alguns estudos mostraram

que o nível de ansiedade não afecta a performance de combate, e outras investigações

revelaram que os competidores com

baixos níveis de ansiedade eram mais

ganhadores. No entanto, provou-se

também que os homens que competiam

em Taekwondo tinham maiores índices

de ansiedade, comparados com atletas de

outros desportos. As mulheres tinham

níveis equivalentes às mulheres de outros

desportos.” [9]

“A ansiedade pré competição pode ser explicada pelo facto do atleta de Taekwondo

ter de lutar contra outro atleta. Devido ao facto de as competições de combates serem

só individuais, a ansiedade não é partilhada com outros colegas de equipa. Mesmo

havendo dados inconsistentes sobre a ansiedade no desporto Olímpico do Taekwondo,

sabe-se que um treino Marcial consistente de longo prazo reduz a ansiedade associada

à vida do dia-a-dia. Isto explica-se porque, à medida que o praticante se sente mais

confiante nas suas habilidades de defesa, ele tem menos medo de ser intimidado.” [9]

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O Medo do Fracasso, a Confiança e o Pensamento Positivo “Aperfeiçoas a tua técnica através da adversidade e do fracasso. Tenta ver o fracasso

como uma lição com a qual podes aprender, uma oportunidade de desenvolvimento.

Isso torna o fracasso mais suportável e ajudar-te-á a relaxar e a descobrir como ir além

do teu nível de desempenho.” [10]

“Assim como o tumulto da tempestade traz a chuva benfazeja, que permite à vida

florescer, também nos assuntos humanos os períodos de progresso são precedidos por

tempos de confusão. O sucesso chega para os que conseguem ser firmes durante a

tempestade”. (I Ching n° 3)

“Esta técnica de reestruturação cognitiva pode ser usada quando sofreres uma

decepção devido a um desempenho fraco ou um fracasso.

1. Regista o fato objectivo sobre o evento; por exemplo: “Cometi o mesmo erro

repetidas vezes durante toda a competição”.

2. Regista a tua opinião subjectiva sobre o teu desempenho; por exemplo: “Sou um

péssimo atleta; é horrível errar”.

3. Regista a tua reacção emocional a essa opinião; por exemplo: “Estou deprimido,

arrasado”.

4. Regista os dados objectivos que sustentam a opinião subjectiva do item 2; por

exemplo: “Não há”. Para os dados objectivos que encontrares, regista as boas contra-

informações que sempre existem.

5. Regista o que aprendeste com o revés; por exemplo: “Preciso fintar mais antes de

atacar, melhorar meus contra-ataques e treinar mais movimentação”.

6. Baseado no item 5, regista como te sentes agora; por exemplo: “Ainda estou

decepcionado, mas tudo bem. Isso me tornou um melhor atleta, e aguardo a próxima

competição”. Diz para ti mesmo: “Se alguém me quiser vencer hoje, terá que estar

num nível que nunca atingiu antes”. Sente-te a forçar os outros a darem o melhor de

si. Concentra-te no teu jogo, sabendo que o resultado virá por si só. Se por acaso

fracassares (segundo o placar), saberás que agora estás a desenvolver o teu nível de

jogo como um campeão, aprendendo com os erros e contratempos.” [10]

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“Pela lei natural, alguns perdem e desse modo saem lucrando”. (Tao Te Ching n° 42)

“Sentires-te confiante é um estado mental, uma sensação espiritual sobre quem tu és

e como és capaz de actuar. A confiança não depende da vitória ou de resultados, é a

certeza interior de que tu actuarás de acordo com a tua capacidade física, mental e

emocional, é uma atitude positiva.” [10]

“Como já comprovado por diversos estudiosos, alguns dos exercícios como os de

visualização e repetição de frases positivas fazem com que o atleta possa estar mais

confiante e assim melhorar o seu desempenho nos treinos e competições.” [10]

“Muitas vezes dizemos que odiamos determinada técnica de pernas, determinado tipo

de adversário, estar no ataque, etc. Mas sabemos que em algumas provas teremos que

enfrentar exactamente aquela situação de que odiamos tanto. Às vezes precisaremos

de determinada técnica de pernas que não gostamos de usar. Por isso é muito

importante que mudemos a afirmação para “eu adoro” ao invés de “eu odeio”,

fazendo uma verdadeira “lavagem cerebral”. Assim teremos mais força física e energia,

um desempenho mais poderoso e natural. Devemos tentar descobrir coisas positivas

em tudo que odiamos e concentrarmo-nos nelas. Com isso, nos iremos acostumar a

fazer tudo aquilo de que não gostamos e aos poucos passaremos a gostar e a realizar

aquilo com mais prazer, o que aumentará as hipóteses de bons resultados.” [10]

“Abaixo registo algumas afirmações de pensamento positivo e auto-imagem positiva.

Elas deverão ser repetidas (sempre lendo em voz alta para si mesmo) várias vezes ao

dia”:

* “Afirmações de Pensamento Positivo:

- Estou no comando e pronto a vencer

- Calmo e confiante, eu luto bem.

- Vou ter sucesso, sou um dos melhores.

- Amo meu desporto!

- Com o pensamento positivo sou mais activo.

- Pense alto para poder subir.

- Pensamentos positivos despertam as possibilidades.

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- Sou um competidor que vê o lado positivo de qualquer resultado”.

*” Afirmações para a Auto-imagem:

- Assim como me vejo, eu serei.

- Minha performance é um espelho perfeito de minha auto-imagem.

- Tenho uma forte auto-imagem, a de um atleta poderoso.

- Vejo a mim mesmo como eu quiser. Com trabalho, vai funcionar.

- Eu me torno o que imagino.

- Imagino um ser ilimitado”.

* “Visualização: Resultados Positivos:

O seguinte exercício de visualização te ajudará a transformar situações negativas em

positivas. Lembra-te de achar um lugar tranquilo, fechar os olhos, fazer cinco

respirações profundas e relaxar”.

“Imagina uma situação desportiva que tenha aspectos negativos para ti. Por exemplo,

imagina-te a levar várias técnicas de pernas sem conseguir esquivar ou contra-atacar.

Sente cada detalhe dessa cena e quando começares a ficar ansioso e tenso, diz:

“Pará!” e apaga a cena e a sensação negativa. Esvazia a tua mente. Repete três vezes.”

“Agora, recria o mesmo cenário, mas desta vez sentindo que estás a liderar o jogo. És

positivo e vês te a ti mesmo reagindo à situação de modo positivo, exactamente como

desejas. Quando obtiveres uma imagem nova e nítida, esquece os problemas

negativos e continua a praticar esse exercício positivo duas vezes por dia durante seis

semanas. Lembra-te de que para transformar velhos hábitos é necessário trabalhar

pelo menos quatro semanas para começar a perceber a mudança para atitudes

positivas.” [10]

“Deve-se ter a consciência de que a base da pirâmide deve ser mental, seguida por uma

divisão entre os treinos físicos, técnicos e tácticos com a prioridade dada de acordo

com a planificação dos objectivos. Mas sempre tendo o treino mental como base do

trabalho rumo ao sucesso”.

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Frederico Mitooka; Técnico da Brazilan Taekwondo Team; Pós-Graduando em

Psicologia do Desporto

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Conclusão Irei concluir com algumas notas pessoais sobre este estudo e o meu caso em

particular.

Como podemos ver durante todo este trabalho de pesquisa existem vários

sentimentos que se interligam quer no Taekwondo, quer no desporto em geral: a

ansiedade, a angústia, o medo, a falta de confiança, …

Durante o meu percurso como atleta, que tem altos e baixos, continuidades e

descontinuidades em vários desportos desde a ginástica á natação, só no Taekwondo

eu mergulhei a fundo no mundo da competição. Se uns disseram que eu tinha a garra

e a “manha” necessárias, outros diziam que me faltava a técnica e a experiência.

Contudo entrei neste desporto com toda a alma, e com pouco tempo de prática já

disputava umas das provas mais competitivas a nível nacional: o nacional de seniores e

o nacional universitário. Foi numa destas provas que tive a minha experiência mais

traumática: um neryo chagui que colocou o meu nariz num estado diga-se “menos

agradável de se ver”. Apesar daquela técnica de pernas não ter afectado o meu

combate, até posso dizer que me deu mais força para continuar e para marcar os

primeiros 3 pontos numa competição_ coisa que até aí não tinha conseguido_ mais

tarde os efeitos foram nefastos. Doravante, foi me muito difícil encarar uma técnica de

pernas que se dirige-se á minha cabeça, os pensamentos negativos e as recordações

do meu estado físico assombravam cada combate que fazia, e até cada treino. Os

problemas psicológicos foram se agravando, o curso a ficar para trás, as influências

externas a dizerem-me para abdicar mais do Taekwondo também não ajudava.

Mas eu não desisti, apesar do medo de receber uma técnica de pernas na cabeça, a

alegria de executar uma técnica, o bem-estar de marcar um ponto que fosse davam-

me mais vontade de continuar. Pode se dizer que tive a melhor ajuda que se pode ter:

um treinador que vendo o meu empenho me quis ajudar. Ao aconselhar-me a realizar

pequenas coisas como colocar a mão em frente da cara para atacar, dormir com os

braços em certa posição para me habituar a defender as técnicas, ao realizar comigo

vários testes psicológicos, posso dizer que hoje sei encarar as técnicas de pernas que

se dirigem á minha cabeça. Custou mas lá chegou o dia, e só há pouco tempo tive

noção desta etapa que venci.

Posso dizer que foi um prazer fazer esta tese, porque me identifiquei muito com as

bibliografias que li. Descobri que o que eu sentia não era medo, mas ansiedade.

Descobri que para ganharmos uma prova, não temos que ir preocupados com o

resultado e com a vitória mas devemos pensar em participar e divertirmo-nos.

Identifico-me em cada palavra positiva que devo dizer a mim mesma antes de um

combate (“eu amo o meu desporto”), e sei admitir o meu “fracasso”, as derrotas não

são fracassos para mim, mas provas em que eu posso aprender mais e ser melhor,

cada vez mais perto de atingir o objectivo final.

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Depois deste problema com as técnicas dirigidas à cabeça, surgiram outros, porque

como já disse atrás o “psicológico têm sempre de ser trabalhado, e não deve ser

menos abdicado do que os outros tipos de treino (técnico, físico, táctico) ”. O nível

psicológico está sempre interligado com o atleta, querendo ou não querendo, será

esse que o ajudará a defrontar a competição que têm em frente. E mais uma vez a

peça fulcral foi o meu treinador. Enquanto eu julgava me nos picos da performance

desportiva, o meu treinador já tinha visto que o meu psicológico não estava a coincidir,

e mais uma vez os efeitos foram terríveis: uma lesão no pé. Lesão que fiz em pleno

combate, por erros evidentes mas que só eu não vi. Saí daquele combate mais

derrotada do que alguma vez me podia sentir, não terminei um combate, e ainda tinha

uma terrível lesão no pé que nem me deixava andar. O que seria agora de mim? O meu

treinador apostou muito em mim quando me levou aquela prova e eu nem a consegui

acabar, o que estava eu a fazer nesta modalidade?

Bem neste momento tinha duas opções ou parava de treinar por causa da lesão e

estagnaria no Taekwondo, ou aceitava a minha lesão, cuidava dela e aprenderia a lidar

com ela. Adoptei a segunda opção, se me custou? Custou muito, mas quando se tem

um objectivo bem escrito na nossa cabeça, um treinador que não nos abandona, tudo

é possível. É óbvio que a minha formação como pessoa ajudou-me a não desistir, a

confiança que eu deposito no meu treinador muito mais. Ao longo do meu percurso

nesta modalidade tenho visto muitos colegas meus bastante promissores a desistir,

porque o fazem? Não sei bem, mas acredito que se confiassem mais no seu treinador

não desistiam, a confiança que se deposita no treinador é fundamental, saber que o

que ele nos diz terá efeitos, faz nos sentir muito mais tranquilos e confiantes nas

nossas capacidades.

É necessário ter alguém do nosso lado que seja humilde para ver: nunca se sabe tudo,

outros especialistas como psicólogos, fisioterapeutas, professores, outros treinadores,

outros atletas, outras pessoas, nós ajudam nos nossos objectivos, mas temos de

sermos humildes o suficiente para compreendermos que estamos sempre a aprender.

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Referências Bibliográficas [1] UOL Esporte.mht Publicado no dia 23 de Agosto de 2008;

[2] Preparação Mental nos Esportes de Combate, 17-09-2010, em Psicologia do Desporto, por Miguel Lucas.

www.escolapsicologia.com/preparacao-mental-esportes-combate/

[3] EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 157 - Junio de 2011.

http://www.efdeportes.com/

[4] Teste de promoção para 4º Dan – Tese: Filosofia do Taekwondo -Machado, Pedro;

[5] MANUAL DE ENSEÑANZA TAEKWONDO, Roberto Fernández Fonseca, páginas 131, 132, 133, 134, 135,

136, 137 e 138.

[6] Psicologia no Taekwondo, António Medeiros, acetato 59; 63; 71; 72; 73; 76; 78; 92; 97.

[7] Teoria y metodologia de la preparación competitiva, autor MsC. Pedro E. Gómez Castañeda

[8] Dicionário Breve de Psicologia, Emanuel Pestana e Ana Páscoa, Editorial Presença

[9] Treinamento Psicológico de Equipes Profissionais Suzy Fleury – Psicóloga do Atlético-MG - SP,20/08/01

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[10] Manoela Pontual: Medo do Fracasso, Confiança, Pensamento Positivo

http://www.bang.com.br/mostra_artigo.php?id=286 http://www.bang.com.br/mostra_artigo.php?id=285

http://www.bang.com.br/mostra_artigo.php?id=283