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Revista Cultural do Conservatório de Tatuí - Janeiro/Fevereiro 2012 - Ano VII - nº 72 Duo Rosa-Rochel vence Pré-Estreia Marcelly Rosa e Paulo Rochel integram safra de novos talentos do Conservatório de Tatuí Frank Battisti em lições de música e vida Mestre das bandas sinfônicas faz história em passagem pelo Conservatório de Tatuí Eleazar de Carvalho: 100 anos Centenário de nascimento do mais importante regente brasileiro será celebrado em 2012

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Revista Cultural do Conservatório de Tatuí - Janeiro/Fevereiro 2012 - Ano VII - nº 72

Duo Rosa-Rochel vence Pré-EstreiaMarcelly Rosa e Paulo Rochel integram safra de novos talentos do Conservatório de Tatuí

Frank Battisti em lições de música e vidaMestre das bandas sinfônicas faz história em passagem pelo Conservatório de Tatuí

Eleazar de Carvalho: 100 anosCentenário de nascimento do mais importante regente brasileiro será celebrado em 2012

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EXPEDIENTE

Ensaio Magazine é uma publicação do Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos” de Tatuí, gerido pela Associação de Amigos do Conservatório de Tatuí, qualificada como Organização Social da Área de Cultura no Governo do Estado de São Paulo por ato do Senhor Governador, de 12/12/2005, publicado no DOE de 13/12/2005 - Seção I. Este informativo foi produzido para distribuição gratuita, financiado por meio de apoio cultural de empresas e parceiros cujos anúncios estão publicados nas páginas seguintes.Tiragem: 3.000 exemplares

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Geraldo Alckmin

Governador do Estado

Andrea Matarazzo

Secretário de Estado da Cultura

Ana Flávia Souza Leite Mannrich

Coordenadora da Unidade de Formação Cultural

CONSERVATÓRIO DE TATUÍ

Diretor Executivo

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Diretor Administrativo e Financeiro Dalmo Magno Defensor

Assessor Pedagógico

Antonio Tavares Ribeiro

Assessor Artístico Erik Heimann Pais

Revista Ensaio Magazine

[email protected]

Jornalista Responsável

Deise Juliana de Oliveira Voigt - Mtb 30.803

Assistente de Comunicação

Kaio Monteiro - Mtb 0061923

Colaboração especial

Guilherme Ghirardi Soares

Programador Visual

Paulo Rogério Ribeiro

Fotógrafo

Kazuo Watanabe

Rua São Bento, 415 - Tatuí, SP - CEP 18270-820 Informações: (15) 3205-8444

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Mais R$ 170 mil

em novos instrumentos

Quantia beneficiará aproximadamente 2,4 mil alunos, que passam a ter aulas com equipamentos mais modernos

O Conservatório de Tatuí recebeu, no fi nal do mês de novembro, verba de cerca de R$ 170 mil a serem investidos na compra de novos instrumentos musicais. Parte do valor foi cedido pela CCR/SPVias (R$ 150 mil), via Lei Rouanet, e o restante - R$ 18 mil -, é resultado da ação da Justiça Federal que, no ano passado, reverteu dinheiro oriundo de acordo judicial proveniente de delação premiada à compra e cessão de instrumentos a estudantes carentes.Com a quantia repassada pela CCR SPVias foram adquiridos um trombone alto (completando, assim, o naipe desses instrumentos), um contrabaixo sinfônico e um contrabaixo acústico preparado especialmente para MPB/Jazz. Também serão adquiridos sete pianos Steinway/Boston de armário.Segundo o presidente da CCR SPVias, Paulo Rangel, a empresa, além de promover o desenvolvimento da infraestrutura nas rodovias paulistas, investe em atividades que visam ao reforço da cidadania, principalmente nas áreas de educação, cultura, saúde, segurança e meio ambiente. “Para a CCR SPVias este apoio ao Conservatório de Tatuí impulsiona o desenvolvimento sustentável na região, demonstrando nosso compromisso com a transformação e desenvolvimento das comunidades onde atuamos.”Além da compra de instrumentos para utilização coletiva, outros três alunos do Conservatório de Tatuí serão benefi ciados com a ação da Justiça Federal, liderada pelo agora desembargador Fausto Martin De Sanctis.

A compra de novos instrumentos mostra a confi abilidade do Conservatório de Tatuí ao trabalhar com o dinheiro público. Ao ter liberado o total de R$ 138 mil, a instituição conseguiu unir qualidade dos instrumentos e negociar descontos – alguns de até 40% - a partir de cotações iniciais. Ao fi nal das aquisições, R$ 18 mil foram economizados e, agora, liberados para benefi ciar outros três estudantes de música. A aquisição foi autorizada pelo juiz Douglas Camarinha – que substitui o desembargador de Sanctis – dentro do mesmo processo de doação.De acordo com o diretor executivo Henrique Autran Dourado, a escolha dos instrumentos recai, sempre, na necessidade de cada área. “Não compramos pianos para alunos, mas sim tuba, fagote, oboé...”, inicia ele. “Desta vez, focamos na trompa e em um xilofone. Raros alunos no Brasil têm um teclado desses em casa, eles estudam nas escolas que os têm – se e quando os têm. Um xilofone em casa signifi ca um caminho para um grande percussionista, pois ele poderá estudar sem problema de revezamento, deslocamento, número de horas...”, afi rmou ele.Autran Dourado também indica que o talento dos alunos é, também, importante no momento da escolha dos instrumentos e anuncia os critérios no processo de seleção dos estudantes a assinarem o contrato de cessão provisória. “O processo de escolha se dará pelo apontamento de um nome por cada professor da área contemplada,

aproveitamento nos cursos e carência fi nanceira. Como sempre, o aluno terá a guarda provisória dos instrumentos, e deverá comprovar bom rendimento nos estudos até a conclusão do curso, quando terá a propriedade defi nitiva”, afi rmou o diretor.Os 11 alunos já contemplados com a cessão de instrumentos apresentaram recital no mês de agosto, tendo na plateia o desembargador Fausto De Sanctis, entre outras autoridades. Receberam os instrumentos César Augusto Garcez (clarinete), Marcelo Pinto da Silva (contrabaixo), Cristiano Lourenço dos Santos (viola), Daniel Barbosa Soares (trombone), Diego Afonso Morales (saxofone), Jean Gerard (oboé), Paulo Roberto de Oliveira (tuba), Rafael Victor Frazzato Fernandes (violoncelo), Renan da Silva Sena (trompete), Tiago Caires da Silva (bombardino) e Wesley Alexandre Martins de Oliveira (fagote).Para o diretor executivo do Conservatório de Tatuí, Henrique Autran Dourado, os instrumentos comprados são importantes para contribuir com a formação da carreira profi ssional dos estudantes. “Ninguém é um bom músico com um instrumento medíocre. Esses instrumentos vão permitir ao aluno seguir a carreira profi ssional. Um instrumento de segunda mão limita as possibilidades do aprendizado. Além disso, o instrumento precisa ser tocado sempre, o aluno deve tê-lo consigo para praticar durantes vários momentos do dia, caso contrário, o progresso fi ca comprometido.”

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Frank Battisti foi um dos responsáveis por revolucionar o repertório de bandas sinfônicas no mundo, na década de 50. Um nome inquestionável na regência mundial, fez com que compositores criassem obras específi cas para banda quando as músicas eram escritas apenas para orquestras. Implantou o sopro sinfônico no New England Conservatory – a escola de música independente mais antiga nos Estados Unidos – e é fundador da WASBE (Associação Mundial de Conjuntos de Bandas Sinfônicas), entre tantas instituições importantes que ajudou a criar ou presidiu.Com currículo impressionante, palavras inspiradoras e perfeccionismo escancarado, Frank Battisti esteve pela primeira vez no Brasil, no fi nal do último mês de outubro, para participar exclusivamente de atividades

organizadas pelo Conservatório de Tatuí por meio do programa Coreto Paulista. O resultado? Uma lição que vai muito além da música.“Quando apresentei o maestro à Banda Sinfônica, sugeri, pois o conhecia, que prestassem atenção à batuta, porém mais ainda nos olhos dele e no coração. Por ter trabalhado com ele por mais de um ano, em Boston, sabia que o maior nome da regência de conjuntos de sopros e bandas abriria seu coração. Frank é capaz de reger com os olhos, e seu carisma se impõe não pela força da autoridade, mas pela força da presença, quase que uma aura que traz uma mensagem de amor”, descreve Henrique Autran Dourado, diretor executivo do Conservatório de Tatuí.Frank Battisti coordenou palestras e liderou encontro com regentes. Também esteve à frente da Banda

Frank Battisti em lições

de música e vida

Com vigor musical, gênio das bandas sinfônicas deixa marca histórica no Conservatório de Tatuí

Kaio Monteiro

Frank Battisti: um mestre das bandas que esteve pela primeira vez no Brasil exclusivamente para atividades no Conservatório de Tatuí

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Sinfônica do Conservatório de Tatuí em um concerto especial. Não somente os eventos, mas o processo para realização deles foram absorvidos como lições. “Ele não gastou palavras em vão nos ensaios, suas exigências desciam aos menores detalhes – o que fazia em tom não-professoral, mas era sempre entendido como uma grande lição. Esses detalhes, somados, proporcionaram um concerto em que a Banda se mostrou em sua melhor forma, como conjunto e capaz de articular sons e frases com sutileza e sofi sticação”, enfatiza Autran Dourado.No “Encontro com o Regente Frank Battisti”, a conversa com o público presente no Teatro Procópio Ferreira foi abrangente, relatando o trabalho que o maestro realizou na high school – o ensino médio brasileiro. Foram 14 anos na regência da banda do colégio de Ithaca (cidade do Estado de Nova Iorque), bastante importantes para sua carreira, apontou o maestro. “Nesse período tive a oportunidade de encomendar 25 obras de compositores importantes, como Persicheti. E os alunos puderam tocar esse repertório valioso. Se nós oferecemos melhores valores musicais, com refi namento, os estudantes vão apreciar melhores músicas. Você é o que você come”, comparou Frank Battisti. “A chave é a formação de novos regentes. Esse é o ponto fundamental: quanto mais alto o nível do regente, mais poderemos infl uenciar os jovens”, completou.O segundo “Encontro com o Regente Frank Battisti” teve foco diferente do primeiro, com teor mais histórico dos conjuntos de bandas sinfônicas. Durante a década de 20, segundo Battisti, as bandas começavam a funcionar nas escolas públicas. O único repertório eram as marchas ou obras compostas para orquestras que eram transcritas para os sopros. “Durante os períodos de 20, 30 e 40, a música ganhou grandes compositores em efervescência, escrevendo obras para madeiras, metais e percussão. No entanto, os regentes de bandas não estavam interessados em obras originais. Isso ocasionou um vácuo na composição nesses anos”, destacou o maestro.

Um dos marcos na composição de conjunto de sopros, segundo o maestro, é a “Música para Praga”, de Karel Husa, escrita em 1968. Esta obra fez o “caminho inverso”, sendo transcrita para orquestras. A história da obra mostra a invasão da Rússia na República Tcheca, terra natal do compositor que estava nos Estados Unidos. “Tinha 47 anos quando escutei essa música. Senti um impacto na composição”.Ao fi nal do evento, o maestro explicou que em 1952, a palavra “banda”tinha signifi cado pejorativo, que apenas tocavam músicos de segunda categoria. Porém, houve uma mudança nessa idéia e um novo conceito de repertório foi imposto, o de tocar a melhor obra, da melhor forma possível. Battisti, inclusive, foi categórico ao dizer que os conjuntos de sopro sinfônicos, atualmente, vivem seu melhor momento.ImportânciaA presença do maestro Frank Battisti no Conservatório de Tatuí é, seguramente, um marco histórico. “Foi o maior nome da regência de bandas – para se dizer o mínimo – que, seguramente, aqui pisou nesses 57 anos”, disse Autran Dourado.Histórica a presença, histórico também o concerto regido por Frank Battisti. O maestro foi recebido de forma calorosa ao palco: é fato raro – ao menos entre os ‘mortais’ - um maestro ser recebido de pé por plateia e músicos logo à entrada, o que foi visto não de forma gradativa, uns e outros puxando a plateia, pareceu uma reação instantânea dos presentes.A emoção já havia tomado conta do público, e isso colaborou para o espírito harmonioso que se espalhou: o maestro titular da Banda, Dario Sotelo, dedicou, em nome do Conservatório de Tatuí, o concerto à memória das três alunas falecidas em um acidente no dia anterior ao da apresentação - Marcia Regina Rodrigues de Moraes Oliveira Costa, Tatiane Miranda da Conceição Almeida e Miriam de Lima Eugênio, alunas do curso de Musicalização para Educadores. Ao invés de um minuto de silêncio, o maestro pediu uma salva de palmas. E o público retribuiu, emocionado.O concerto frente à Banda Sinfônica

do Conservatório de Tatuí foi a estreia do regente no Brasil. No programa constavam obras de compositores que mudaram o rumo da história dos conjuntos de sopros e bandas, como “Canzona”, de Peter Mennin; “Symphony for Band”, de Vicent Persichetti; “Vientos y Tangos”, de Michael Gandolfi ; e “Suite Francaise”, de Darius Milhaud. “Todo o projeto que o Conservatório de Tatuí vem desenvolvendo é extremamente importante. Eu não conheço outro lugar no mundo que tenha essa estrutura de banda sinfônica. Isso é fantástico, muito bom. O grupo tem todas as qualidades que um regente de nível profi ssional gostaria de encontrar: bons músicos, pessoas atentas, disciplinadas e amáveis e que conseguem produzir musicalmente bem. Estou muito impressionado com o Conservatório”, fi nalizou Frank Battisti.

Frank Battisti, durante uma das duas palestras apresentadas

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ensaio Frank BattistiFundador e regente do NEC Wind Ensemble por 30 anos, e seu “Regente Emérito”, Frank é detentor de inúmeros prêmios e regeu em vários países do mundo. Fez suas primeiras audições de obras de compositores como Lutoslawski, Persichetti, Gunther Schüller e Michael Tippet. É considerado uma das maiores autoridades em instrumentos de sopro do mundo.O grupo fundado por Frank Battisti na New England Conservatory é reconhecido como um dos principais do gênero nos Estados Unidos e, também, mundialmente. Apresentou e gravou para selos como Centaur, Albany e Golden Crest. Battisti foi o principal regente da Longy School of Music Chamber Winds (de 2000 a 2008) e fundador e diretor musical do Tanglewood Institute’s Young Artists Wind Ensemble (2000 a 2004). Em 2005, ele se tornou regente emérito. Doutor em música, é responsável pela estreia de mais de 60 obras para grupos de sopros de compositores como Warren Benson, Leslie Bassett, Robert Ceely, John Harbison, Robin Holloway, Witold Lutoslawski, William Thomas McKinley, Vincent Persichetti, Michael Colgrass, Daniel Pinkham, Gunther Schuller, Robert Selig, Ivan Tcheripnin, Sir Michael Tippett, William Kraft, Robert Ward e Alec Wilder. Críticos, compositores e colegas de trabalho têm elogiado Battisti por seu compromisso com a divulgação da música contemporânea e suas performances

impecáveis. Regeu inúmeros grupos de universidades, faculdades, grupos militares e profi ssionais, e atuou como visitante nos Estados Unidos, Inglaterra, Europa, Oriente Médio, África, Escandinávia, Austrália, China, Canadá, América do Sul, Coréia do Sul, entre outros países. Ex-presidente do U.S. College Band Directors National Association (CBDNA), Battisti é também membro da American Bandmasters Association (ABA) e fundador da National Wind Ensemble Conference, World Association of Symphonic Bands and Ensembles (WASBE), entre outras importantes instituições.Considerado autoridade mundial na literatura musical para sopros, escreveu inúmeros artigos para veículos de comunicação nacionais e internacionais. Autor de The 20th Century American Wind Band/Ensemble (1995), The Winds of Change (2002), On Becoming a Conductor (2007), The Best We Can Be (2010) e co-autor de Score Study for the Wind Band Conductor (1990) e Lead and Inspire (2007). Também atuou como editor para várias editoras e, atualmente, é consultor da revista The Instrumentalist.Recebeu incontáveis prêmios e homenagens durante toda sua carreira. Ofi cialmente aposentado, ainda mantém agenda intensa, atuando como regente convidado, professor e escritor. Mora em Massachusetts com sua esposa, Charlotte – que também o acompanhou na primeira visita ao Brasil.

‘Não imagino minha vida sem a música’, diz Frank BattistiAos 89 anos de idade, Battisti coleciona títulos, feitos e respeito – este último, resultado de uma carreira construída com árduo trabalho. As convicções do regente transformaram os conjuntos de sopros sinfônicos, principalmente no repertório. Ao conduzir um grupo, é extremamente perfeccionista e admite: “não abre mão de que todos os músicos conheçam (de fato) cada nota escrita nas partituras...”Nesta entrevista à Ensaio Magazine, Battisti compartilha alguns dos principais fatos que marcaram sua carreira, suas opiniões e, até, o novo trabalho literário - “The Winds of Change 2” -, um registro sobre bandas sinfônicas nos últimos dez anos.

O senhor é um dos responsáveis pela grande mudança no repertório das bandas sinfônicas... como teve início esse movimento? Frank Battisti - O movimento se consolidou no ano de 1968, quando reunimos no New England Conservatory um grupo de quase 78 pessoas – compositores, regentes e pessoas responsáveis pelas publicações – que, na época, eram as mais importantes referências para os regentes de Bandas Sinfônicas. O grupo se dedicou a elevar e melhorar o nível das Bandas Sinfônicas e, com isso, deu início a esse movimento. Juntos, trabalhamos por quase oito anos seguidos e fi zemos propostas de novo repertório - tanto de encomenda de obras quanto de publicação. Quando

Concerto frente à Banda Sinfônica do Conservatório de Tatuí encerrou atividades de Frank Battisti em Tatuí

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a Conferência Nacional de Regentes de Bandas Sinfônicas de Universidades assimilou a proposta, ela também foi aceita pela Conferência Nacional Norte-Americana. Sabíamos que tínhamos de nos unir se quiséssemos modifi car o cenário das Bandas Sinfônicas. E, aqui, estou falando de liderança, de como fazer alguma coisa acontecer e nós fi zemos as mudanças nas bandas acontecer dessa forma. Seus livros são referências importantes na atualidade e sua atuação no cenário editorial também marcaram sua carreira. Por que a preocupação em realizar estudos detalhados sobre regência de sopro sinfônico?F. B. - Primeiramente, eu escrevi porque era necessário. Eu escrevo o que é necessário, informações ou aspectos que não estão registrados e que precisam ser relatados, dentro da minha profi ssão. Daqui a cem anos, nossos trabalhos serão esquecidos, mas o que está escrito jamais será. Nos Estados Unidos, aqueles que fi zeram a história do país sabiam que precisariam deixar seus relatos para a posteridade. Esta é uma forma de torna-se eterno. Poderia comentar sobre seu novo trabalho editorial, o livro “The Winds of Change 2”. F. B. - Escrevi o livro “The Winds of Change”, que é utilizado em muitas escolas, como um material exclusivo. Nele, os fatos históricos relacionados às Bandas Sinfônicas são relatados até o ano 2000. Eu quis estender os fatos para os dias de hoje – durante o período de 2000 até 2010 -, narrar o que aconteceu nesses dez anos de muita atividade musical. O livro cobre todos os principais eventos que aconteceram na década, tipo de programação feita, quem são as novas lideranças, quem foram as lideranças do passado que faleceram nesse período e traz interessantes aspectos históricos relacionados a bandas nesses anos.Com 60 anos de carreira, o senhor integrou ou fundou as melhores instituições de Banda Sinfônicas do mundo, entre elas a WASBE. Como avalia a atuação dessa instituição? F. B. - A WASBE é um grupo muito importante historicamente. Ela foi criada há 30 anos, mas, na minha opinião, a entidade hoje precisa passar por uma renovação nos seus quadros, porém mantendo o objetivo

inicial, que é o de primar pela melhor qualidade de execução de repertório, com os melhores conjuntos e melhores compositores... e, também, outros detalhes como os lugares onde as conferências são realizadas. A WASBE tem uma ação importante, mas a entidade precisa se renovar.O senhor foi convidado a criar o programa de sopros sinfônicos no New England Conservatory, instituição atualmente considerada uma das melhores do mundo. Foi difícil implementar o programa? F. B. - O New England Conservatory era uma escola nos modelos dos conservatórios europeus. Minha atuação a partir de 1968 ocorreu a convite de um diretor chamado Joseph Roller, grande compositor e fl autista, com grandes pensamentos. Esse músico começou a revolucionar a escola. Ele a modernizou totalmente, incluindo o sopro e mudando todo o currículo escolar. Ele incluiu o jazz na grade curricular da instituição. Na verdade, até a chegada do diretor Roller não existia sopro sinfônico no NEC. Poderia comentar sobre o trabalho realizado no Conservatório de Tatuí?F. B. - Todo o projeto que o Conservatório de Tatuí vem desenvolvendo é extremamente importante, inclusive o de dar continuidade ao trabalho de

encomenda de obras. Nós temos que aproveitar os grandes compositores brasileiros e encomendar as melhores peças, somente assim nós teremos o melhor nível. Eu não conheço outro lugar no mundo que tenha essa estrutura de banda sinfônica, unindo um conjunto principal de profi ssionais a outro de estudantes bolsistas e, ambos, trabalhando juntos. Isso é fantástico, muito bom. O grupo tem todas as qualidades que um regente de nível profi ssional gostaria de encontrar ao liderar uma banda sinfônica: bons músicos, pessoas atentas, disciplinadas, amáveis e que conseguem produzir bons resultados musicalmente. Estou muito impressionado com o Conservatório de Tatuí. O senhor superou impedimentos físicos para continuar trabalhando com a música. Qual é a sua maior motivação? F. B. - Sempre adorei o que eu faço. Durante toda a minha vida eu tive oportunidades maravilhosas de fazer todo tipo de trabalho e vivenciar momentos incríveis. E a música é, em grande parte, o que me motiva a continuar a viver. Eu não imagino a minha vida sem isso, sem a regência, sem escrever, sem pensar e sem me motivar. E eu quero continuar contribuindo como professor para que, cada vez mais, os grupos possam ter níveis melhores de qualidade.

Frank Battisti ministra palestra e compartilha experiências

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‘O mais difícil concurso

que julguei’, diz

Renato Figueiredo

VII Concurso Nacional de Piano de Música Brasileira “Maestro Spartaco Rossi” atraiu candidatos de oito Estados e mostrou panorama atual do piano brasileiro

“Não me lembro de ter estado numa banca de júri em que as decisões fossem tão difíceis.” A afi rmação do professor Renato Figueiredo revela o alto nível técnico do VII Concurso Nacional de Piano de Música Brasileira “Maestro Spartaco Rossi”, realizado no fi nal do último mês de outubro e que antecedeu o VI Encontro Internacional de Pianistas do Conservatório de Tatuí. Com um número recorde de inscritos – 140 participantes, de oito Estados -, o concurso mostrou o atual panorama do instrumento na atualidade brasileira.Sob coordenação de Cristiane Bloes e assistência de coordenação de Luís Carlos Morales Sanches, o concurso surpreendeu pelo número de inscritos – mas não somente por isso. “Confesso que fi quei surpresa com a quantidade de inscrições, mas o maior presente para o concurso foi o alto nível dos candidatos. A disputa, em todos os turnos, foi difi cílima. É importante dizer também que alunos do Conservatório de Tatuí obtiveram

premiações, o que mostra que detêm alto nível técnico e que, sem dúvida, estão muito bem orientados pelos professores da casa”, destacou a coordenadora Cristiane Bloes.O alto nível técnico também é destacado por Renato Figueiredo, um dos jurados do evento. Para ele, a seleção dos ganhadores em meio a tantos talentos foi um verdadeiro desafi o. “Fiquei verdadeiramente comovido em ver o empenho de jovens pianistas de muitos lugares do país, e bastante impressionado com o nível”.Para que todos os candidatos do concurso pudessem ser ouvidos, foram necessárias duas bancas julgadoras. Além de Renato Figueiredo, integraram as bancas Catarina Domenici, Maria José Carrasqueira, Cláudio Tegg, Maria Elisa Risarto e Marina Brandão. Zoraide Mazzulli Nunes foi júri do prêmio especial que leva seu nome.Com saldo positivo, em todos os sentidos, o Concurso Nacional de Piano de Música Brasileira teve seus objetivos

alcançados. “Os objetivos principais do concurso que são: incentivar execução pianística, revelar novos talentos e divulgar a música brasileira para piano entre os jovens pianistas da atualidade foram atingidos”, disse a coordenadora. “Acredito que o Concurso Nacional de Piano Maestro Spartaco Rossi já pode ser considerado um dos mais importantes do país. É um concurso sério, honesto e imparcial. Busca acima de tudo, o alto nível de interpretação da música brasileira, sua linguagem pianística e suas características principais. Ser vencedor desse concurso, é ter um currículo de alto nível!”.

Francisco MignoneA sétima edição do Concurso Nacional de Música Brasileira prestou homenagem aos 25 anos de falecimento do pianista Francisco Mignone. Obras de Mignone foram obrigatórias no repertório de confronto e prêmios especiais com seu nome foram conferidos aos participantes.

Aluno do Conservatório de Tatuí, o jovem Felipe de Souza, fi ca com a terceira colocação e prêmio revelação

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A CCR SPViasapoia o Conservatóriode Tatuí. Porque, quando a música chega lá, a cultura vai mais longe.

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Classificação final I Turno1º lugar – Brenno Faria (Uberlândia–MG)

2º lugar – Milene Souza Dias (Tatuí–SP)

3º lugar – Jennifer Pereira (Ipatinga-MG)

Melhor Intérprete de Francisco Mignone – Milene Giulia da S. Antunes (Tatuí-SP)

Menções Honrosas - Jordan A. G. R. Pereira (Ipatinga-MG), Lucas Silva (São Paulo-SP), Fernanda Antunes (Tatuí-SP), Julia R. Nunes (Tatuí-SP), Isabella B. Guariroba (São

Paulo-SP) e Carolina Scheffelmeier M. Silva (São Paulo-SP)

Prêmio Revelação – Liah Guéron (Vitória-ES)

Prêmio Melhor Intérprete de Osvaldo Lacerda – Elina Isabel M. Silva (Tatuí-SP)

Prêmio Estímulo – Kauan Calaça Vieira e Brenda G. dos S. Olivieri (Tatuí-SP)

“O objetivo é que os jovens valorizem e aprendam mais sobre aquilo que é nosso e também divulguem a nossa música”, explicou Luís Carlos Morales Sanches, assistente de coordenadoria do evento.A presença e participação de Maria Josephina Mignone, viúva do compositor, no evento foi muito importante para revelar mais de Mignone como ser humano e não somente como compositor. “Jô, como gosta de ser chamada, é simpática, alegre e com um espírito muito jovem. Seu senso de humor, simplicidade, comoveu a todos. Tivemos um momento marcante para o Conservatório, pois ela foi a principal intéprete das obras de Francisco Mignone, grande pianista, intéprete e incentivadora da música brasileira”, fi nalizou a coordenadora.

II Turno1º lugar – Francine de M. Dias (Tatuí-SP)

2º lugar - Victor R. Canto (São José do Rio Preto-SP)

3º lugar - Letícia N. Isuda (Campinas-SP)

Melhor Intérprete de Francisco Mignone – Francine de Moraes Dias (Tatuí-SP)

Menções Honrosas - Gabriel G. Veagnoli (Tatuí-SP), João Pedro F. Mello (Rio de Janeiro-RJ)

e Matheus Z. Páscui (Santo André-SP)

Prêmio Incentivo – Sulamita Oliveira Michelin (Botucatu-SP)

III Turno1º lugar – Vinícius Augusto Costa (Itu-SP)

2º lugar – Ariã Ai Yamanaka (São Paulo-SP)

3º lugar – Felipe de Souza (Sorocaba-SP)

Melhor Intérprete de Francisco Mignone – Ariã Ai Yamanaka (São Paulo-SP)

Menção Honrosa – Andrei Abreu (Viana-ES)

Prêmio Revelação – Felipe de Souza (Sorocaba-SP)

Prêmio Incentivo - Helber F. Ribeiro (São

Paulo-SP) e Lucas S. Gonçalves (Cubatão-SP)

IV Turno 1º lugar – Antonio Guimarães Neto (Rio de

Janeiro-RJ)

2º lugar – Elenisio R. B. Junior (Vitória-ES)

3º lugar – Camila Oliveira (Santo André-SP)

Melhor Intérprete de Francisco Mignone – Lucas M. Nogara (S. J. da Boa Vista-SP)

Prêmio Professora Zoraide Mazzulli Nunes e Menção Honrosa – Milena Leme Lopes (Tatuí-SP)

Prêmio Incentivo – Arthur Nesrala (São Paulo-

SP) e Glauco Tassio M. Fernandes (João

Pessoa-PB)

Pianistas de todas as idades disputaram o importante concurso e surpreenderam pela qualidade

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ensaio

Na esteira do VII Concurso Nacional de Piano de Música Brasileira “Maestro Spartaco Rossi”, o Conservatório de Tatuí recebeu artistas, profi ssionais e estudantes de piano para a bienal edição do Encontro Internacional de Pianistas. O instrumento esteve sob holofotes em uma programação intensa e variada – o que foi um dos principais diferenciais apontados pelos participantes. Além de diversos recitais e concertos, o encontro trouxe palestras, masterclasses e bate-papos sobre diferentes temas, como a metodologia de Kaplan, a obra de Liszt, a relação compositor-intérprete e a manutenção do piano.Entre as principais atrações esteve a americana Heather Coltman, da Florida Atlantic University, que realizou masterclass e o concerto de encerramento do evento. O Conservatório de Tatuí recebeu ainda diversos pianistas brasileiros com sólidas carreiras internacionais e, orgulhosamente, abriu os braços para receber Catarina Domenici, ex-aluna e docente da escola de música em Tatuí. Atualmente, Catarina Domenici, de carreira respeitada no cenário internacional, atua na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e na Eastman School of Music, nos Estados Unidos. Maria José Carrasqueira também esteve entre as principais atrações. Ainda na programação pedagógica estiveram George Boyd (Técnico – Steinway/EUA/Brasil), José Henrique Martins (UFPB/Brasil) e Míriam Braga (Conservatório de Tatuí). As palestras foram ministradas por Cecília Cavalieri França (UFMG/Brasil), José Henrique Martins (UFPB/Brasil) e Renato Figueiredo (Faculdade Cantareira/Brasil).“As atividades têm o propósito de aproximar os nossos jovens desses grandes artistas

VI Encontro Internacional de

Pianistas aproxima artistas e

estudantes

Banda Sinfônica do Conservatório de Tatuí recebe como convidado especial o pianista Paulo Henrique Almeida, formado pelo Conservatório de Tatuí

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de renome internacional”, apontou a coordenadora Cristiane Bloes.E o contraponto entre os pianistas profi ssionais e os novos talentos e estudantes do instrumento esteve na própria programação artística. Do concerto com a Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório de Tatuí participaram como solistas vencedores do concurso interno de piano, Ramses Russini e Mariana Virgilli, “pratas da casa”. Destaque também para Paulo Henrique de Almeida, jovem pianista formado pelo Conservatório de Tatuí que fez apresentação com seu Trio Atlântica. O evento contou ainda com recitais e concertos de Catarina Domenici, José Henrique Martins, Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí, Cecília Cavalieri França e Cláudio Tegg.“Um grupo de profi ssionais de alto nível reunido especialmente para atender a demanda da multiplicação do conhecimento que é considerado, pelos jovens pianistas, algo importante na formação extra-acadêmica deles”, analisou o palestrante Renato Figueiredo. Para a coordenadora Cristiane Bloes, a “maratona de atividades” relacionada ao

piano “é hoje a atividade mais importante e a mais esperada por muitos pianistas”. “Não só do Conservatório de Tatuí, mas de vários pontos do país. Os eventos - Encontro Internacional e Concurso Nacional - têm hoje uma grande credibilidade também na área acadêmica, o que faz com que diversos alunos de universidades sejam dispensados para participar das atividades”, afi rmou ela.“Tanto o Concurso quanto o Encontro trouxeram uma contribuição importantíssima aos participantes. A escola, que busca o ensino de excelência, ao proporcionar esse tipo de intercâmbio entre alunos, professores, artistas, estimula ainda mais o sentimento de aprender, de buscar, de reciclar, de experimentar... Essa troca de experiências entre os jovens e os artistas conceituados pode ser resumido como um aprendizado para a vida toda, pois ao mesmo tempo que participam das atividades pedagógicas - que muito contribuem para a informação e atualização - ao assistir os recitais e concertos dos artistas convidados, eles entram em contato um o altíssimo nível musical, fazendo com que eles adquiram um referencial de música de qualidade”, fi nalizou Bloes.

A área de piano terá, entre os destaques para 2012, o Concurso Interno de Piano. Desse concurso, participam apenas os alunos regularmente matriculados no curso de piano do Conservatório de Tatuí. No entanto, os turnos diferem bem do concurso nacional. “Não é um concurso dividido por faixa etária, mas por nível. Dessa forma, praticamente todos os alunos do curso de piano erudito do Conservatório de Tatuí podem participar”, disse a coordenadora da área, Cristiane Bloes.O regulamento e as peças de confronto deverão ser divulgados no início do ano letivo. “Essa é uma forma muito saudável de competição - é mais um incentivo, um estímulo do que uma competição propriamente dita. Acho muito importante termos esse tipo de atividade dentro do curso. Sem dúvida, a qualidade

do repertório, da execução é bem superior quando temos esse tipo de meta”, disse ela.Para Cristiane, o incentivo dado pela diretoria aos alunos do Conservatório de Tatuí na participação em outros concursos nacionais também merece destaque, uma vez que os estudantes têm obtido premiações importantes em vários concursos conceituados do país. Exemplo da afi rmação foi a vitória do jovem pianista Felipe de Souza, 16, no XX Concurso Nacional de Piano Souza Lima, realizado no fi nal do mês de novembro. Ele, que é aluno de Cristiane Bloes e está concluindo o curso de piano (18º semestre), obteve o 1º lugar no IV Turno. O concurso é coordenado pela renomada professora Marisa Lacorte e é um dos mais conceituados do país. Felipe, que apresentou seu recital de conclusão

de curso no último mês de dezembro (após o fechamento desta edição) foi o único aluno do Conservatório de Tatuí a participar do concurso. Vale lembrar: no VII Concurso Nacional de Piano Spartaco Rossi ele obteve 3º lugar, disputando com 25 candidatos!Para encerrar o tema “piano”, com exclusividade para a revista Ensaio Magazine, a coordenadora da área revela: um intercâmbio importante deverá ocorrer em 2012. “Estamos em contato com a professora Marina Brandão, coordenadora dá área de piano da EMESP, e com o professor Cláudio Tegg, coordenador musical da Fundação das Artes de São Caetano para a realização de um intercâmbio entre estudantes”, disse.Aguardem, portanto, notas afi nadas do setor de piano do Conservatório de Tatuí para este ano.

Área de piano destaca Concurso Interno em 2012

Catarina Domenici: experiência internacional

Josephina Mignone: lembranças impagáveis

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Um teatro com tratamento acústico, poltronas estofadas, ambiente climatizado, microfones de alto nível profi ssional, equipe técnica especializada e um cenário de tirar o fôlego... Diante da recepção preparada para a terceira edição do Torneio Estadual de Cururu, o apresentador popularmente conhecido como “Falinha”, não se conteve: “O cururu chegou ao clímax”, disse ele.O teatro Procópio Ferreira, recebeu a terceira edição do evento nos dias 17, 18 e 19 de novembro. Foi a primeira vez que o teatro recebeu uma competição de cururu – e, possivelmente, uma das raríssimas vezes que a manifestação popular esteve num palco que é, em geral, dedicado à música erudita. O espaço foi ambientado pelo artista plástico e coordenador do torneio, Jaime Pinheiro. Um cenário perfeito que remetia às famosas “vendinhas” (pontos comerciais típicos da área rural), recebeu um público especialíssimo: 350 pessoas na fi nal do certame, sendo que mais da metade jamais havia pisado no carpete do teatro. E, detalhe: mesmo vivendo há décadas em Tatuí... O ambiente, que recebe os mais importantes nomes da música erudita, foi “batizado” pelo cururu. “Eu já apresentei cururu em bar, em cima de caixa de bebida, e hoje subo num palco com cenário, com iluminação, com microfone sem fi o e uma produção enorme... isso é fantástico”, disse o apresentador.“O cururu foi o apelo para que conhecessem a casa, que para eles sempre foi vista como ‘de elite’. É assim que se faz inclusão, não é apenas mote de discurso”, disse o diretor Henrique Autran Dourado, idealizador do concurso. “E os cantadores se sentem valorizados vindo cantar num local como o Conservatório, com um público que respeita a apresentação... eles vão abrir um espaço mais respeito dentro das tradições. É um trabalho vivo, que está presente, faz parte da vida e da comunidade deles”, disse o coordenador Jaime Pinheiro.

Em nova ‘casa’, Torneio de

Cururu encanta espectadores

Dupla do município de Votorantim ficou com a primeira colocação no concurso e recebeu premiação de R$ 1 mil

Com aparência pouco comum para os representantes da música raiz, cururueiros de Votorantim mostraram versatilidade na carreira de São Bento e venceram certame

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Os cururueiros Andinho Soares e Arlindo, representando o município de Votorantim, foram os grandes campões do III Torneio Estadual de Cururu. Os dois superaram Zezão Neto e Zé Vitanca, de Cesário Lange, Zacarias Camargo e José Pinto, de Tatuí, e João de Lima e Belão, de Agudos, que ocuparam a segunda, terceira e quarta colocação, respectivamente. Para o cururueiro Andinho Soares, integrante da dupla campeã, “cantar no Conservatório era inimaginável”. “Eu nunca imaginei um dia cantar no Conservatório de Tatuí, ainda mais o cururu... Faz pouco tempo que eu estou no cururu e já estivemos em várias cidades da região, mas nenhuma deu tanto apoio ao cururu como Tatuí está fazendo”, disse o roqueiro tatuado que, à primeira vista, causa surpresa nos “caipiras”. “Embora eu tenha as tatuagens, o sangue que corre aqui é caipira, e isso a gente nunca nega”, brincou ele.Andinho impressionou o júri na grande fi nal do torneio principalmente ao mostrar versatilidade na carreira de “São Bento”, escolhida como elemento surpresa na etapa decisiva.Para o presidente do júri, Alberto Ikeda,

o destaque dado pelo Conservatório de Tatuí ao cururu mostra que a manifestação é importante e isso servirá como base para que a população, de um modo geral, perceba a importância do torneio. “O cururu é sempre um momento de reunião das pessoas. Esse aspecto socializador, de congregar as pessoas em torno de uma manifestação, eu diria que é a grande importância que tem a preservação desse tipo de manifestação”, disse ele.

TorneioO Torneio Estadual de Cururu visa a estimular a difusão do Cururu no Estado de São Paulo e pretende compor a integração e a promoção do intercâmbio entre os cururueiros. Outro objetivo do evento é multiplicar o conhecimento e a divulgação da cultura popular do Estado de São Paulo, como forma legítima de expressão da música caipira, a ser preservada em nome da legítima e rica manifestação popular brasileira.As cidades selecionadas para a primeira e segunda eliminatórias foram: Botucatu (Dito Moraes e Valdir Boiadeiro), Agudos (João de Lima e Belão), Porto Feliz (Nardinho e Gilmar Ignácio), Cesário Lange (Zezão Neto e Zé Vitanca), Pardinho (João Zarias e Limo Jacinto), Tatuí (Zacarias Camargo e José Pinto), São Manuel (Celso Martins e Maçarico) e

Votorantim (Andinho Soares e Arlindo). O júri foi formado pelos importantes cururueiros Jonata Neto e Dito Carrara, além do professor e pesquisador das culturas populares do Brasil, Alberto Ikeda. A bancada avaliou itens como “Abertura”, “Interpretação”, “Afi nação”, “Ritmo/Entrosamento com o violeiro” e “Presteza na resposta e na sequência do tema sorteado/ Respeito ao tempo delimitado”.Os cururueiros votorantinenses receberam R$ 1 mil. Prêmios de R$ 800, R$ 600 e R$ 400 foram oferecidos às duplas que terminaram em 2º, 3º e 4º lugar, respectivamente. Os quatro fi nalistas também receberam uma ajuda de custo de R$ 500. O Troféu “Pedro Chiquito”, em homenagem a importante cururueiro, foi designado pela comissão julgadora ao violeiro Zé Mulato, de Cesário Lange.

CururuÉ tido como uma das manifestações mais importantes da tradição caipira e tem sua raiz na região do médio Tietê. As cidades dos cururueiros são Sorocaba, Piracicaba,Votorantim, Piedade, Pilar do Sul, Laranjal Paulista, Araçoiaba da Serra, Itapetininga, Angatuba, Conchas, Pereiras, Porto Feliz, Tietê, Porangaba, Cesário Lange, Boituva, Cerquilho, Tatuí, Itu, Capela do Alto, entre outras.As rimas devem seguir regras específi cas: por exemplo, os cantores devem sempre rimar as palavras com as últimas sílabas iguais – essas rimas são denominadas de “carreiras”. No entanto, as palavras seguem sua sonoridade popular. O tema é escolhido pelos próprios cururueiros.

O apresentador Falinha, experiente nas rodas de cururu, destaca o elemento “surpresa”, sempre presente quando o assunto é o desafi o cantado. “Às vezes acontecem até surpresas. A gente vê cururueiros renomados que perdem para aqueles que estão surgindo. Mas eu acho que o ideal do festival é esse, revelar novos talentos, fazer com que cururueiros novos surjam e não deixem acabar esse folclore que é tão lindo”. Concordamos!

Cururueiros estrearam no palco do Teatro Procópio Ferreira

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Percussionistas e afi cionados por percussão dos mais diferentes pontos do Brasil e América Latina participaram, de 9 a 12 de novembro, do 5º Encontro Internacional de Percussão do Conservatório de Tatuí.O alto número de inscrições – perto de duas centenas – e a variedade de linguagens e estilos foram destacados. “O evento foi um grande sucesso”, comemorou o coordenador do encontro, Luis Marcos Caldana.Os alunos inscritos puderam freqüentar uma intensa e eclética programação de shows, concertos, recitais, masterclasses, workshops e, até, um workshow. A edição de 2011 foi marcada pela apresentação de diversas manifestações da percussão. O teatro Procópio Ferreira recebeu a percussão latina do cubano Changuito, o vibrafone jazzístico do norte-americano Rusty Burge, o concerto de vanguarda regado a música eletroacústica do Drumming Duo, o workshow de Heavy Metal com o baterista Aquiles Priester, o concerto com o solista de maracas Manuel Rangel e outras diversas apresentações que expuseram toda a riqueza do universo

Novas linguagens

da percussão5º Encontro Internacional de Percussão atrai interessados de todo país

percussivo. Entre os convidados, também estiveram os brasileiros Heri Brandino (percussionista formado pelo Conservatório de Tatuí) e Gilmar Goulart (da Universidade Federal de Santa Maria/RS); e os grupos Paticumpá Duo (de Cesar Traldi e Cleber Campos), o Percumpá (do Rio Grande do Norte), o Grupo de Percussão da UFBH (Minas Gerais), o Grupo Piap (São Paulo) e o Grupo de Percussão do Conservatório de Tatuí. Cada convidado trouxe novidades técnicas e no repertório. Os que acompanham o evento bienalmente destacam a varidade. “A cada ano a gente vai vendo que mais e mais apresentações têm utilizado as novas linguagens”, disse Cesar Traldi.Os resultados do evento são satisfatórios. “Ficamos realmente muito contentes, porque sabemos que estamos informando tanto sobre a questão da informática unida à percussão, quanto do trabalho clássico da percussão popular... abrangemos as mais diferentes formas de manifestações musicais percussivas neste evento”, comentou Caldana. Segundo o assistente de coordenação Agnaldo

Silva, “os convidados sempre trazem algo novo e o público aprende, com isso, a deixar a mente mais aberta e a receber a mensagem”.Entre os participantes, alunos e professores, os bate-papos e troca de informações foram intensos. “A idéia de congregar durante três dias intensivamente e ver todos esses acontecimentos ao mesmo tempo, é uma das melhores maneiras de fazer com que essa arte melhore cada vez mais”, disse John Boudler, regente do grupo PIAP (Grupo de Percussão do Instituto de Artes da Unesp). Os convidados estrangeiros que vieram pela primeira vez ao Conservatório de Tatuí mostraram-se impressionados com o trabalho desenvolvido e com os níveis musicais e de interesse dos alunos. “É um grande prazer ver tantos alunos no workshop, interessados em conhecer o instrumento, em aprendê-lo e ver a sua raiz. A experiência tem sido maravilhosa”, elogiou o maraquero Manuel Rangel. Já o cubano Changuito foi ainda mais efusivo: “Dizem que é o maior Conservatório da América Latina; dizem que não, dizem que sim, eu digo que sim!”

Gilmar Goulart em espetáculo inédito Rusty Burge e Jazz Combo do Conservatóri de Tatuí O cubano Changuito e seus convidados, no palco de Tatuí

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R$ 3,75

‘Explosão’ musical na Música de Câmara

O incentivo à prática da música de câmara foi uma das principais atrações do Conservatório de Tatuí no mês de novembro, quando foi realizada a Oferenda Musical – III Prêmio Incentivo Música de Câmara e o II Intercâmbio Conservatório de Tatuí/EMESP) – Tom Jobim. Cerca de 117 grupos e um total de 600 alunos de música de câmara das duas instituições, competiram de forma saudável.O evento visou a avaliar o desempenho de alunos e a técnica de instrumentos em diferentes formações - de duos e trios a bandas e orquestras. Ao fi nal de cada bimestre, as provas dos alunos do Conservatório de Tatuí transformam-se em apresentações públicas, constituindo uma semana da música. No quarto bimestre, é realizado o Prêmio Incentivo de Música de Câmara com extensões, entre elas o intercâmbio com a EMESP. “Foi sensacional. Descentralizamos a música de câmara nas duas instituições. Os alunos de Tatuí agora sabem que existem outros grupos de câmara, como os da Emesp, e o contrário também aconteceu”, analisou a coordenadora do

evento, Míriam Braga. Os eventos acontecem com diferentes objetivos, entre eles o de incentivar a formação de novos grupos e divulgar a atividade de Música de Câmara. “Na música de câmara, o aluno consegue ouvir o próprio timbre, diferente de quanto toca numa orquestra, por exemplo. Um estudante que faz música de câmara tem o ouvido mais desenvolvido e uma sonoridade mais apurada”, disse Míriam. “Tivemos uma melhora na qualidade técnica dos alunos do nível básico e já temos alguns grupos de excelência como o Duo Rosa-Rochel, o Trio Infl ammati e o Trio Prisma, mas queremos mais”, fi nalizou ela.ResultadosO Quinteto de Cordas da Emesp e o Duo Gauche do Conservatório de Tatuí – formado pelos alunos Ramses Hussni, piano, e Jasiel Moraes, clarinete – empataram em primeiro lugar. Um quinteto de sopros, um duo de fl auta e piano, e um duo de clarinete e fl auta da Emesp fi caram com o 2º, 3º e 4º lugares. A quinta colocação fi cou com o Duo

Rosa-Rochel do Conservatório de Tatuí, de Marcelly Rosa e Paulo Rocha. Também foram conferidos prêmios especiais nas categorias destaque, melhor arranjo, melhor adaptação, melhor release, melhor performance de palco, melhor performance individual, melhor foto de divulgação, obra original, melhor grupo estreante e melhor torcida.A banca julgadora foi formada pelos professores Marina Brandão, Rodrigo Lima, Rosana Civile, Sílvia Soares e Celso Veagnoli. Os cinco grupos vencedores realizarão concertos e recitais na temporada do ano seguinte, além de terem recebido prêmios em dinheiro. Trio Infl ammatiUm fruto de sucesso da área de música de câmara é o trio Infl ammati. Formado por Diego Guedes, fortepiano; Letizia Maria Rua, violino; e Natália Ortega, violoncelo, o grupo disputará a fi nalíssima do Mapa Cultural Paulista 2011/2012 na categoria música instrumental - já venceu duas fases do concurso. O prêmio inclui gravação de CD e apresentações.

Quinteto de Cordas da EMESP: empate em primeiro lugar Duo Gauche, de Ramses Hussini e Jasiel Moraes, vencem o Prêmio Incentivo pela primeira vez

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Conselho de Administração:

trabalhando pelo

Conservatório de Tatuí

Eleitos pelos associados e funcionários da AACT ou por notório saber, conselheiros atuam em prol do Conservatório de Tatuí

9 homens e 4 mulheres de diferentes profi ssões e áreas de atuação integram o Conselho de Administração da AACT (Associação de Amigos do Conservatório de Tatuí), organização social qualifi cada pelo Governo de São Paulo, responsável pela gestão do Conservatório de Tatuí. Ao lado da diretoria executiva e diretoria administrativa-fi nanceira, o Conselho de Administração é essencial para a aplicação dos programas pedagógicos e artísticos da instituição, bem como pelo acompanhamento das atividades da escola de música, luteria e artes cênicas.A AACT é a entidade contratada pelo chamado “contrato de gestão”, que tem inúmeras metas a cumprir, sob rigorosas avaliações periódicas. De acordo com o seu estatuto social, o Conselho de Administração é o órgão de deliberação superior da entidade.O Conselho é formado por no mínimo sete e no máximo de 30 membros. Atualmente, conta com 13 integrantes – um presidente e 12 conselheiros, sendo eles representantes de associados, funcionários e personalidades das artes e educação – esses últimos, eleitos por notório saber. Entre as muitas funções do grupo, estão as de aprovar planos e programas de trabalho para implantação de atividades e projetos artísticos e culturais; apreciar anualmente o relatório e as contas apresentadas pela Diretoria Executiva; aprovar a proposta de contrato de gestão da entidade; aprovar a proposta de orçamento da entidade e o programa de investimentos; aprovar o regimento interno da entidade; fi scalizar o cumprimento das

diretrizes e metas defi nidas; angariar recursos fi nanceiros e materiais para a AACT, entre muitas outras.“Tenho duas palavras que, para mim, defi nem a missão do Conselho: fi scalizar e zelar pela excelência da instituição”, sintetiza o presidente da AACT, Cristiano Guimarães.O grupo reúne-se obrigatoriamente uma vez a cada trimestre e, sempre que necessário, em reuniões extraordinárias. Todas as decisões e aprovações do grupo são registradas em ata que, posteriormente, tornam-se documentos públicos.Guimarães atua há anos na instituição e cumpre seu segundo mandato como presidente do grupo, do qual espera um bom trabalho. “Dos membros do Conselho, pelos quais tenho muito respeito, espero e desejo que estejamos em harmonia, para que os trabalhos transcorram sempre da melhor forma possível em nossos encontros, seja ordinariamente ou extraordinariamente”, iniciou ele. “Da instituição, espero (e já vem acontecendo) a excelência e dedicação dos nossos alunos, professores, funcionários e público em geral. Que aqui seja o melhor lugar do mundo em todos os sentidos, na formação de músicos, atores/atrizes, educadores, luthiers e na difusão cultural; que levemos música e teatro a todos os cantos do município de Tatuí, do Estado de São Paulo, do Brasil e até mesmo fora do país”, destacou o presidente Cristiano Guimarães.Os conselheiros são eleitos em assembléias públicas (caso dos

representantes dos associados e dos funcionários da AACT) ou por indicação (caso de notório saber). Para Guimarães, é motivo de orgulho ser presidente do órgão. “Primeiramente por ser funcionário da Associação de Amigos do Conservatório de Tatuí, hoje na função de Gerente da Secretaria, e no Conselho por ocupar a cadeira de representante dos empregados deste importante órgão, podendo, em conjunto com a Diretoria, colaborar para que a administração seja clara e séria na gestão da entidade”, disse ele. “Gostaria de agradecer a todos os funcionários que em mim confi aram seu voto e à esta instituição, onde trabalho há anos e à qual já dediquei uma boa parte da minha vida, lutando para sempre colher o melhor e receber bem a todos, pois aqui muito aprendi e continuo aprendendo, desde quando fui aluno, até os dias de hoje”, fi nalizou ele.Representando os conselheiros da AACT, Cristiano Guimarães ofi cializa agradecimentos ao Governo do Estado de São Paulo (na pessoa do Governador Geraldo Alckmin) e a Secretaria de Estado da Cultura (na pessoa do Secretário Andrea Matarazzo), órgãos que mantém o Conservatório de Tatuí. Ele ainda agradece aos diretores Henrique Autran Dourado e Dalmo Magno Defensor; aos assessores Antonio Ribeiro e Erik Heimann Pais, “que com profi ssionalismo souberam lapidar e continuam lapidando a ‘casa’, sempre pensando no melhor para a instituição, seja na formação, difusão ou manutenção”, e aos professores, alunos e funcionários.

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Quem são os conselheiros

Presidente do Conselho de AdministraçãoCristiano Guimarães de CamargoGerente de secretaria, eleito pelos funcionários da AACT

CONSELHEIROS

Alcely Aparecida AraújoBancária Eleita pelos associados da AACT

Alexandre Spadafora Assessor de Relações Institucionais da CCR-SPVias

Eleito pelos associados da AACT

Cimira CameronProfessora aposentada, eleita pelos associados da AACT

Dario SoteloRegente da Banda Sinfônica do Conservatório de Tatuí

Eleito pelos funcionários da AACT

Edson Luiz TambelliAdministrador de empresas e presidente do Rotary Clube de TatuíEleito pelos associados da AACT

Jorge RizekSecretário da Cultura, Turismo, Esporte, Lazer e Juventude de Tatuí

Eleito pelos conselheiros por notório conhecimento

José Everaldo de SouzaEconomista aposentadoEleito pelos associados da AACT

Maraísa Caldeira do NascimentoPedagoga

Eleita pelos conselheiros por notório conhecimento

Marcos Pupo NogueiraProfessor e chefe do Departamento de Música da UNESPEleito pelos conselheiros por notório conhecimento

Mauro TomazelaDiretor da Fatec Tatuí

Eleito pelos conselheiros por notório conhecimento

Rafael SangradorArtista plásticoEleito pelos associados da AACT

Raquel Cintra FayadPianista, artista plástica e membro da diretoria da Amart

Eleita pelos associados da AACT

* Relação de conselheiros atualizada em 8 de novembro de 2011.

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Setor de luteria vive

maratona inédita

Série de fabricação de arcos foi realizada no final de novembro

Henrique Autran Dourado

Aconteceu de 21 a 25 de novembro a primeira ofi cina de fabricação de arcos de instrumentos de cordas do Conservatório de Tatuí. Os especialistas Renato Casara e José Carlos Rossoni Ramos, da tradicional cidade de João Neiva, no Espírito Santo, com larga experiência na fabricação dos artefatos, fi zeram os 13 alunos do curso de luteria travarem contato intenso com a arte da “archeteria” (fabricação artesanal de arcos), bastante diversa da fabricação de instrumentos. Muitos músicos consagrados dizem que preferem um ótimo arco e um violino medíocre do que um ótimo violino e um arco medíocre. Daí a importância do arco. Os mestres de João Neiva e os alunos do Conservatório de Tatuí reuniram-se no Setor de Luteria.Por coincidência, minha tese de doutorado, que reverteu no livro do mesmo título, foi sobre “O arco dos instrumentos de cordas” (Ed. Vitale, 2a. ed.), de forma que é especialmente

gratifi cante ver introduzido, mesmo que por ora experimentalmente, o ensino da archetaria no Conservatório, o que pode vir a ser um projeto para o futuro.O Brasil é especialmente rico no que existe de mais importante para a fabricação de um arco: a madeira da vareta. É universalmente aceito como o melhor material, desde o século 19, o ‘pau-brasil’ e algumas de suas variedades, como o ‘pernambuco’. Há uma dessas árvores (cuidado: elas são proibidas de serem cortadas sem replantio!) em frente ao Teatro Procópio Ferreira, plantada há 30 anos pelo motorista Durvalino Longanezzi.A madeira contrabandeada para o Japão, Europa e EUA (e frequentemente apreendida pelo Ibama) chega no mercado externo a custar 100 dólares (R$ 180,00) a vareta crua, dependendo da qualidade. Um arco pronto, de boa qualidade, não sai por menos do que

2.000 dólares.Já os feitos pelos grandes mestres do passado, principalmente os franceses, chegam a ser leiloados por 20, 40 mil dólares ou mais: Tourte, Voirin, Lupot, Vuillaume. Sem falar nos não-franceses de ponta, como Nürnberger, Pfretchner e Hill’s. Uma cópia de Pecatte feita por Vuillaume foi vendida pela casa Bonhan’s, de Londres, por 50 mil libras – ou seja, quase 150 mil reais. O recorde fi cou em 150 mil libras: R$ 434.000,00. O Conservatório de Tatuí mantém a arte da luteria tradicional, das ferramentas artesanais do passado, sem máquinas, das formas modelo italiano, pois os grandes instrumentos assim foram feitos. E, se é assim, com os arcos não poderia ser diferente. Ao fi nal da semana, cada aluno construíu seu primeiro arco, abrindo-lhe caminho para aperfeiçoar-se e render-se ao enorme mercado de instrumentistas do Brasil (e quem sabe do exterior?).

Alunos no workshop de construção de arco: uma maratona intensiva para ensinar como construir um importantíssimo ‘detalhe’ da família dos instrumentos de arco

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2011: ano de difusão musical!

Se 2010 foi o ano de maior número de apresentações nas dependências do Conservatório de Tatuí, o de 2011 foi, seguramente, o de maior número de apresentações externas. Os grupos pedagógicos e pedagógico-artísticos do Conservatório de Tatuí realizaram perto de duas centenas de apresentações externas. E as mais variadas possíveis: concertos, shows, apresentações didáticas... Uma itinerância que consolida o Conservatório de Tatuí, reconhecida institucional de formação de qualidade, como pólo importante de difusão musical e formação de público.Entre as ações que auxiliaram no aumento das apresentações externas – muitas vezes a demanda foi maior que a possibilidade de atendimento -, esteve o material especialmente organizado para a publicidade dos grupos, lançado no início do ano passado. Todos os municípios do Estado de São Paulo receberam exemplares. As parcerias fi rmadas pelo Conservatório de Tatuí com importantes instituições de ensino e eventos também foram fatores importantes.A itinerância estendeu-se à quase totalidade dos grupos da casa – Banda Sinfônica, Orquestra Sinfônica, Grupo de Performance Histórica, Grupo de Percussão, Camerata de Violões, Grupo de Choro, Jazz Combo, Big Band, Coro Sinfônico e Cia. de Teatro do Conservatório de Tatuí, além dos correspondentes pedagógicos. Dentre os grupos que tiveram um aumento no número de apresentações externas está a Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí, que apresentou-se em importantes salas, ganhou projeção e diversifi cou as

atuações (óperas, concertos didáticos, programas de televisão)... “Quantas orquestras pedagógico-artísticas, ligadas a Conservatórios e escolas de música, se apresentaram três vezes no mesmo ano na Sala São Paulo, a Meca da música sinfônica? Vou mais longe: quantas orquestras profi ssionais lá se apresentaram três vezes?”, disse o diretor executivo Henrique Autran Dourado. Em 2012, com o projeto “Música Orquestral Alemã”, do maestro Felix Krieger, a façanha da itinerância deve se repetir.Grande parte da projeção da Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí está ligada à direção do maestro João Maurício Galindo, que assumiu a titularidade do grupo na temporada 2011 e está confi rmado para a temporada de 2012. Ele dará sequência ao trabalho de se criar uma sonoridade única e o grupo também receberá importantes convidados. Para o diretor do Conservatório de Tatuí, o ano de 2011 foi o da consolidação dos grupos, resultado de implementações importantes iniciadas há pouco mais de dois anos. E o limite para as melhorias no Conservatório de Tatuí é o “mundo”. “Em música, sonhar faz parte do dia a dia. Se os professores e os alunos sonham em ser os melhores, todos os que aqui trabalham têm de sonhar serem o melhor conjunto, a melhor equipe. Mas não podemos confundir o Conservatório com nossas imagens, conosco mesmos. Gosto que todos – Diretoria, Assessorias, Coordenadores e professores - estejam em exposição, para que não se fi xe no culto a uma única imagem, o que acho terrível e pernicioso. O Conservatório somos nós todos”, disse Autran Dourado.

“Música Orquestral Alemã” No mês de dezembro, teve início o projeto “Música Orquestral Alemã”, com a apresentação de dois dos 13 concertos projetados, sob direção do maestro Felix Krieger e a participação da Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí. As apresentações de dezembro marcaram a primeira fase do projeto, que terá continuidade no mês de março.O programa visa a realizar, em sete diferentes programas, um panorama histórico sobre o desenvolvimento da música orquestral alemã ao longo de mais de 250 anos, do barroco ao período moderno.“Música é uma linguagem que deve falar diretamente no coração das pessoas de todo o mundo. Esta experiência é um sonho e um desejo, por isso espero que, após os concertos, o público leve algo especial a partir do mundo dos sons”, comentou Krieger.Para os dois primeiros concertos, o regente escolheu as obras Sinfonia nº 102 de Haydn e a Sinfonia nº 3 de Beethoven. “Em todos os programas iremos mostrar as linhas do desenvolvimento musical, inspirações e infl uências”, disse ele.Além da Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí, o grupo conta com a participação de músicos monitores da OSESP, Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e alunos da instituição tatuiana, selecionados em testes no fi nal do mês de novembro. O projeto “Música Orquestral Alemã” é apoiado pelo Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), com patrocínio da Mercedes-Benz, Hamburg Süd e Allianz. Possui também promoção do Instituto Goethe.

Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí e Coro Sinfônico do Conservatório de Tatuí apresentam, na sala São Paulo, o concerto “ Carmina Burana”

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O maestro Elezar de Carvalho terá seu centenário de nascimento celebrado neste ano de 2012. Nascido a 28 de julho de 1912, em Iguatu (Ceará), fi lho de uma descendente de índios tabajaras e de um capitão do exército e pastor presbiteriano, Eleazar de Carvalho foi um dos mais importantes nomes da música erudita brasileira. Durante mais de 50 anos seu nome e seu vigor, físico e intelectual, orientaram músicos, orquestras e instituições culturais. Esteve presente em tudo que de importante foi feito no Brasil na área musical neste período. Além do Brasil – que nunca abandonou – teve a mais brilhante carreira internacional que um maestro pode almejar. Regeu as principais orquestras do mundo e ensinou em grandes escolas americanas. Mas sempre voltou. Dizia: “o meu lugar é aqui!”O maestro dizia que devido aos seu gênio “inquieto” seu pai o mandara, aos 11 anos de idade, para a Marinha, o que na época equivalia a uma escola correcional. Foi na banda da escola que a sua ligação com a música começou. “Observei que a comida servida às crianças que tocavam na banda era melhor. Apresentei-me embora não tocasse qualquer instrumento. Sou músico por gulodice...”.Transferiu-se ainda jovem para o Rio de Janeiro, tocando tuba na Banda do Batalhão Naval. Em 1928, estudava solfejo e harmonia e participava da Banda dos Fuzileiros Navais. No ano seguinte, fez concurso para a Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Para prestar o concurso teve que sair da Marinha e perder todos os direitos adquiridos. Passou a tocar na orquestra e segundo ele “em quase todos os bailes”. Fazia parte do American Jazz, com Almirante, Donga e Pixinguinha

e estudava regência com Francisco Mignone na Escola de Música do Rio de Janeiro. Terminado o curso compôs a ópera “O Descobrimento do Brasil” que estreou no Municipal do Rio em 11 de junho de 1939, regida pelo autor. Era o início de uma carreira.Após a estreia da primeira ópera, recebeu o diploma de maestro. Foi para os Estados Unidos em 1946, onde tornou-se doutor em música pela Washington State University, nos Estados Unidos. Fez doutorado em Letras e Humanidades, pelo Hofstra College, em Hampstead.Nos Estados Unidos, estudou regência com Sergey Koussevitzky, no Berkshire Music Center, em Massachusetts. Em 1947 dividiu com Leonard Bernstein a função de assistente do maestro Koussevitzky, que o sucedeu após sua morte fi cando até 1965. Também foi indicado pelo russo à batuta do famoso Festival de Tanglewood, Olimpo dos músicos americanos. Ali, Eleazar lecionou por 17 anos, tendo orientado lendas como Abbado (ex-titular da Filarmônica de Berlim), Ozawa (por dez anos à frente da Sinfônica de Boston), Zubin Mehta (Filarmônica de N. Iorque), Gustav Meyer e tantos outros, sem falar nos felizardos brasileiros que foram seus pupilos. Foi diretor Musical da Saint Louis Symphony Orchestra . Estreou em 1950, na Europa, no Palais Beaux-Arts em Bruxelas.Atuou longamente como Regente Titular na Orquestra Sinfônica Brasileira, no Rio de Janeiro. Foi Diretor Artístico e, Regente Principal da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Foi Diretor Artístico e Regente da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo . Fundador da cadeira número 32 da Academia Brasileira de Música. Foi Diretor Musical da Saint Louis

Os cem anos do maestro

Eleazar de Carvalho

Symphony Orchestra.Teve relevante atuação pedagógica tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, onde seu nome é indissociável do Festival de Inverno de Campos do Jordão. Eleazar de Carvalho assumiu a coordenação musical do Festival de Inverno de Campos do Jordão em 1973 e continuou com ele até a sua morte - o festival acontece até hoje todo mês de julho e o maestro sempre é lembrado.Em seu tempo de vida, Eleazar de Carvalho era conhecido por seu temperamento forte e pelo vigor de seu fazer musical, respeitado tanto no repertório tradicional quanto em dois campos que ele sempre se empenhou divulgar: a música contemporânea e a brasileira.

TemperamentoO diretor executivo do Conservatório de Tatuí conheceu e trabalhou com Eleazar de Carvalho. Sobre o temperamento “autoritário”, Henrique Autran Dourado afi rma: “era só fama”. “Sua disciplina escondia um coração de geléia, os olhos vermelhos de emoção por uma coisa à toa. E, mais do que tudo, era líder de seus músicos. Quantas vezes cancelou concertos fora de São Paulo por causa da má qualidade da comida! Punia, sim, às vezes, porém muito mais numerosos eram os perdões. Mesmo tendo eu saído da OSESP, para onde Eleazar havia me chamado alguns anos antes, continuei a frequentar (e tocar) em seus aniversários e em suas deliciosas ‘Schubertíadas’ (saraus à maneira do compositor Schubert)”, afi rma ele. “O mundo sinfônico do Brasil se divide em dois: antes de depois de Eleazar, e está para nascer quem consiga fazer-lhe sombra como regente e ser humano no país”, fi naliza.

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O duo formado por Marcelly Rosa, 16, e Paulo Rochel, 20, personifi ca a nova safra de muitos novos talentos do Conservatório de Tatuí. São jovens instrumentistas que vêm se destacando não somente em concursos de nível nacional, mas também no desenvolvimento em sala de aula, verifi cado por diferentes professores da instituição. Quando o assunto é “exposição nacional”, o duo é, hoje, o principal representante, pois acaba de receber o principal prêmio do programa Pré-Estreia, exibido nacionalmente pela TV Cultura. A participação dos jovens instrumentistas no programa – bem como a da Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí na fi nal do evento -, mostra a alta qualidade técnica lapidada em sala de aula e com afi nco pelos estudantes.Marcelly e Paulo venceram o programa na categoria “Música de Câmara”, apresentando transcrição para duo de violões do 2º movimento do Sexteto de Cordas op.18, de Johannes Brahms e John Williams (1941). Na segunda colocação dessa categoria fi cou o Trio Atlântica, cujo pianista Paulo Henrique Almeida também é formado pelo Conservatório de Tatuí.A safra de novos talentos foi incentivada pela reorganização pedagógica do Conservatório de Tatuí, que investiu em estrutura adequada e reconhecimento de profi ssionais que lideram os alunos. Em contrapartida, os alunos passaram a ser mais exigidos e a oferecerem maior tempo aos estudos de música, muitas vezes

Safra de novos e vitoriosos

talentos musicais

Duo de violões formado por Marcelly Rosa e Paulo Rochel representa os novos talentos do Conservatório de Tatuí; prêmio no “Pré-Estreia” é vitrine

Paulo Rochel e Marcelly Rosa, integrantes do duo Rosa-Rochel, apresentam-se em gravação da fi nal do Pré-Estreia, na Sala São Paulo: vitória importante em concurso nacional

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Pré-Estreia

Em forma de concurso, o programa Pré-Estreia foi pensado para apresentar e valorizar os jovens intérpretes da música clássica brasileira, sejam eles instrumentistas e cantores solistas ou grupos de música de câmara formados por até oito integrantes. Os 24 candidatos escolhidos pela comissão de seleção vieram de diferentes cidades do Brasil.Exibido aos domingos pela TV Cultura, o programa foi gravado no Teatro Laura Abraão, da Faculdade Santa Marcelina. As provas semifi nais ocorreram no Teatro Procópio Ferreira do Conservatório de Tatui, fi cando a prova fi nal para a Sala São Paulo.Os vencedores receberam, em cada categoria – solista ou conjunto - R$ 35 mil e o segundo colocado, R$ 15 mil. Além de Paulo Rochel e Marcelly Rosa, o Conservatório de Tatuí foi também representado por outros alunos e ex-alunos,

abrindo mão de atividades sociais. Em se tratando de personifi cação dessa nova safra, Marcelly Rosa começou cedo. “Desde que passou na seleção do Conservatório de Tatuí, eu soube que a música seria para sempre a vida dela. Nunca conheci alguém que tenha tanto amor e queira seguir essa carreira como ela. Eu sei que, enquanto nos fi ns de semana as garotas da idade dela vão para baladas, ela sempre está ensaiando e concorrendo em concursos. Pega o ônibus sozinha e vai para São Paulo atrás dos seus sonhos”, destaca Marli Rosa, sobre a fi lha Marcelly. “Acompanho toda essa trajetória da Marcelly e só posso apoiá-la em todos seus sonhos, que é estudar fora do Brasil. O ano de 2012 será seu último ano do Ensino Médio e tenho certeza de que, com todo esse esforço e dedicação, ela irá conseguir seu maior objetivo.”A dedicação também é destacada pelo coordenador da área de violão, Adriano Paes. “Este duo, sem dúvida, está acima da média, pois apesar da pouca idade dos integrantes, eles demonstram muita maturidade, desde a escolha

de repertório até a interpretação de obras bastante complexas”, afi rmou ele. Com a participação no programa de televisão, Marcelly e Paulo ganharam experiência, concorrendo com outros instrumentistas, visibilidade e o merecidíssimo prêmio de R$ 35 mil. Para o professor Henrique Autran Dourado, a reorganização pedagógica do Conservatório de Tatuí auxilia e, muito, a dedicação dos alunos que estão “escrevendo uma nova história”. “No caso do violão erudito, os professores têm ótimas instalações, um currículo bem estruturado, com grade escolar, e podem dar de si todo o talento e capacidade que têm. Não basta um bom professor, se ele está desmotivado: é preciso que ele tenha condições de trabalho e dignidade no emprego, que ele se sinta bem, que desfrute de uma organização que funcione bem, com respeito, espírito de equipe e infra-estrutura”, afi rmou ele.A questão de sobrepor segurança no emprego para os professores, condições de espaço e dignidade para o trabalho, além de disciplina nos horários, nos

estudos e rigorosidade nas avaliações contribuem para o bom desenvolvimento dos alunos quando o assunto é qualidade técnica. E os concursos, na visão de Autran Dourado, aproximam os jovens instrumentistas da realidade do mercado de trabalho musical. “Na música, a competição está presente no dia a dia, pois é assim que se faz uma carreira de instrumentista de orquestra, solista ou mesmo músico popular: há espaço para mil na plateia para cada um no palco, para se fazer uma conta simbólica”, iniciou o diretor. “O que estamos fazendo é proporcionar essa competição desde já, aqui dentro, para que não haja decepções quando eles se defrontarem com a realidade de uma carreira em franca ascensão, como é a do músico. O nome do Conservatório de Tatuí, em seus novos momentos, desperta um sentimento que é inegável, muito além das dimensões físicas, como ‘o maior da América Latina’: a palavra de ordem hoje é alta qualidade, e estamos lutando para abrir caminho para o futuro, que é sermos um dia indiscutivelmente o melhor”, enfatizou ele.

Nesta edição, a revista Ensaio Magazine traz entrevista especial com Marcelly e Paulo, uma forma de homenagear todos os alunos que vêm se destacando em suas carreiras – muitas que acabaram iniciar. Solistas dedicados e amigos, Marcelly e Paulo estudam horas a fi o e, claro, participam de atividades sociais como qualquer jovem.

Marcelly Fontes Rosa, 16, estuda violão erudito no Conservatório de Tatuí e o 2º ano do Ensino Médio no Colégio Educativo. Nascida em São Paulo, mora em Tatuí desde os nove anos de idade. Utiliza um violão Martin Woodhouse e já recebeu, como solista, o 1° lugar do Concurso de Violão Souza Lima (I Turno em 2006; e II Turno em 2007); 1º lugar Concurso FITO – Osasco e 2º lugar no Concurso de Violão MASP (2011). Frequenta o Conservatório de Tatuí todas as tardes – para aulas, ensaios e estudos – e, nos fi nais de semana, dobra os estudos de violão.

Paulo Rochel de Meira, 20, estuda violão erudito no Conservatório de Tatuí e cursa FATEC = Faculdade de Tecnologia. Nasceu e reside em Angatuba, interior de São Paulo. Atualmente, utiliza um violão Emanuel Carvalho. Viaja de Angatuba a Tatuí todos os dias para estudar e não tem uma rotina fi xa de estudos – ela varia de uma a quatro horas diárias.

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O Duo Rosa-Rochel começou a se destacar em 2009, quando venceu o Concurso de Violão Souza Lima. Mas como nasceu o duo?Marcelly - A nossa amizade havia começado há mais ou menos um ano. Quando voltei da Alemanha da turnê com a Violões & Cia, ao fi nal de 2008, logo no começo do ano seguinte Paulo também entrou no grupo. Decidimos então adaptar um arranjo que era para três violões (da Santa Morena do Jacob do Bandolim para dois violões), e foi nesse momento que sentimos que nosso entrosamento dava certo.Paulo - Fazíamos orquestras diferentes: a Marcelly tocava junto a Camerata Jovem do Conservatório de Tatuí, na época “Violões e Cia”, acabara de chegar da Alemanha. Os ensaios eram muito puxados, e sempre havia necessidade de passar as músicas. Eu tocava em outro grupo, mas havia uma música em comum chamada “Santa Morena” do Jacob do Bandolim... Adaptamos e vimos que dava certo, havia entrosamento e pensamos “por que não montar um Duo com músicas que gostamos de tocar?”. O resultado foi esse...Com um departamento de violão erudito tão grande no Conservatório de Tatuí, por que vocês “se escolheram” para formar o duo?Marcelly - Aconteceu naturalmente, e isso jamais havia acontecido com outro violonista, pelo menos da minha parte. Aliás, com 13 anos, nenhum outro violonista sentia interesse em trabalhar comigo. Paulo e eu, a partir do momento que iniciamos o duo, tínhamos em mente sempre aperfeiçoarmos as interpretações e também a técnica. Depois de alguns meses, os resultados começaram a surgir. A Márcia Braga, nossa orientadora, foi muito persistente em nosso trabalho, e nos ajudou em grande parte a nos lapidar.Paulo - Tem certas coisas que ainda me pergunto como ocorreram, essa é uma delas. Acho que foi uma coisa totalmente expontânea, quando nos demos conta já estavamos tocando e gostávamos disso.Como é a amizade de vocês fora dos palcos?Marcelly - Gostamos de diversão, e de também de estudar. Compartilhamos quase todos os momentos, seja profi ssional ou de lazer.

Paulo - Como qualquer outra amizade nem tudo são fl ores. Temos nossos momentos de muitas alegrias e risadas, como também temos momentos de brigas e desavenças. Quando não estão estudando música, o que estão fazendo?Marcelly - Além de ouvir música, assistir a concertos e DVD’s musicais, adoro sair com meus amigos ou jogar em grupo.Paulo - Geralmente passo muito tempo estudando música e coisas da faculdade. No mais, tento descansar para repor as energias. Entretanto, tenho muito tempo de viagem de Angatuba até Tatuí, a forma de passar esse tempo é degustando de uma boa leitura, que é um outro hobby.O que os amigos da escola pensam de vocês se dedicarem tanto à música erudita?Marcelly -Sinceridade? Não tenho amigos na escola, alguns colegas talvez. Muitos deles são totalmente contra quando peço a compreensão de um professor por entregar um trabalho atrasado por ter feito um concerto, concurso etc. Infelizmente, ainda tenho 16 anos e não posso apenas estudar música. Essas várias atividades também me faz fi car sem tempo, os professores tanto na escola quanto no Conservatório, são muito exigentes.Paulo - A maioria dos meus amigos acham legal o fato de que eu estude tanto a música, todavia, sempre surgem comentários do tipo “E quando você vai arrumar um emprego?” ou “Você só toca ou trabalha também?”. Mas isso é minoria. A grande parte apoia e considera muito meu esforço para com a música.Sei vocês também gostam de rock and roll... Vocês têm infl uência de alguém da família quanto ao gosto musical?Marcelly - O gosto musical predominante em minha família é o rock. Meus pais ouviam em casa e acabei entrando no mundo da música consequentemente.Paulo - Sim, não posso dizer que só a música erudita faça parte da minha vida. Todo mundo tem um “lado alternativo” quanto ao gosto musical. Gosto de músicas que eu acho que tem algum sentido independente do estilo. Alternativamente gosto tanto de Bach

Paulo Rochel

Marcelly Rosa

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quanto Engenheiros do Hawaii, Chopin e Pink Floyd, Villa-Lobos e Elis Regina, Pixinguinha e Ac/Dc.Qual é o repertório que mais gostam de tocar?Marcelly - As obras do Federico Moreno Torroba e Manuel Ponce são totalmente maravilhosas. Adoro o repertório espanhol do séc. XX e também o latinoamericano. Mas é difícil gostar apenas de um compositor ou estilo, existem muitas obras a serem apreciadas.Paulo - Não temos um repertório fi xo, em geral é aquilo que nos identifi camos, e isso pode variar desde Bach, ou Handel até Piazzolla e Gismonti, depende muito da música.Vocês já imaginaram como seria a vida de vocês sem a música?Marcelly - Provavelmente sem a mesma emoção e vontade de realizar cada vez mais os desejos. A música me move em praticamente em tudo que faço, é o ar que respiro.Paulo - Provavelmente seria muito monótona. Antes de começar a estudar a fundo, música era só uma “distração”, hoje não consigo imaginar a minha vida sem ela.Qual o papel do Conservatório de Tatuí na carreira de vocês?Marcelly – O de maior importância. Jamais esquecerei do meu curso, de todo o processo de evolução e desenvolvimento. Das pessoas que estenderam as mãos para ajudar e das

outras que cobraram ainda mais.Paulo – O Conservatório de Tatuí é um modelo de escola e resolvi estudar aqui pela boa fama. Em todos os lugares ouve-se o nome do “Conservatório de Tatuí” associado a grandes adjetivos. A formação musical dessa escola tem qualidade inquestionável. Todos os alunos que se dedicam ao instrumento e matérias teóricas sabem da importância do Conservatório.Quem são seus principais professores, orientadores e apoiadores?Marcelly - Márcia Braga, Adriano Paes, Edson Lopes e Angela Muner. Cada um em seu tempo, e até hoje, participaram e participam da nossa orientação. Sobre o início de tudo isso, a minha base fundamental e a de maior importância ocorreu durante o tempo em que estudei com o professor e coordenador Adriano Paes. Existem professores que independente do nível em que o aluno se encontra, faz com que seu desenvolvimento ocorra da melhor maneira. Foi ele quem acreditou no meu trabalho, pediu a cada aula que meu som se tornasse mais bonito e que me incentivou a participar de concursos. A Márcia Braga, que foi professora do Adriano (por isso os dois têm métodos bem semelhantes) me incluiu em grupos onde pude aperfeiçoar melhor a minha prática em conjunto, uma orientadora também extremamente competente e musical. Estudei também

com a Angela Muner, que me ajudou muito em termos de sonoridade e leitura musical, e também a controlar melhor minha ansiedade. O Edson Lopes é muito semelhante a ela nesse aspecto de auto-controle, também um professor muito bom.Paulo - No instrumento, tenho aulas com o violonista Edson Lopes, e em música de Câmara com a professora Márcia Braga, com a qual iniciei meus estudos de violão e permaneci por quatro anos, mas acho que posso dizer que cada professor da área colaborou um pouco para esta formação. Nas teóricas, já passei pelos professores Lúcius, Zula, Sueli, Madalena e Fúlvio.Quais os planos de vocês para o futuro?Marcelly - Ser violonista intérprete (como solista e também com o duo), também de composições de minha autoria. Amo fazer música, e creio que muitas experiências inesquecíveis virão por aí. Pretendo fazer com que minha carreira esteja sempre sólida. Tudo que espero é reconhecimento pelas minhas obras que serão um dia criadas, claro, após um longo período de trabalho.Paulo - Talvez um intercâmbio, ou uma bolsa de estudos no exterior. Espero que as pessoas possam compartilhar da música e deixar que ela faça parte da vida, pois afi nal, a música é o meio pelo qual nós fl uímos, a música ja faz parte do meu dia-a-dia e gostaria que todos pudessem compartilhar disso.

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A Área de Violão teve início no Conservatório de Tatuí no ano de 1969, tendo como primeiro professor o violonista Jair Teodoro de Paula. O curso é oferecido para crianças a partir dos 9 anos de idade que têm oportunidade, após aulas individuais, de desenvolver seus conhecimentos em orquestras infantis, infanto-juvenis e adultas.Estes grupos de violões tiveram início em 1990, com a Orquestra de Violões “Corda Toda”, tendo como criadores os professores Márcia Braga e Edson Lopes, sendo uma atividade pioneira no país em um Conservatório Estadual. Este grupo se apresentou em quase 200 cidades brasileiras e, a partir dele, nasceram outros dois: a Camerata de Violões do Conservatório de Tatuí - grupo profi ssional formado por professores e alunos bolsistas e que já conta com dois CDs gravados -, e a Camerata Jovem de Violões do Conservatório de Tatuí, antiga Orquestra Violões & Cia, que conta com um CD gravado.Nas aulas, os alunos acompanham todos os detalhes em material didático

Curso de Violão Clássico do

Conservatório de Tatuí: um

‘senhor’ de 42 anos

Área dedicada a um dos mais populares instrumentos do país coleciona títulos no ano de 2011

elaborado pelos professores da área de violão, tais como apostilas e CDs. “Trata-se de trabalho pioneiro, visto que muitas das obras didáticas são produzidas especialmente a crianças, algo raro no país”, comenta o coordenador e violonista Adriano Paes. “A alta qualidade do curso de violão é comprovada pelo número de importantes premiações conquistadas por seus alunos em concursos de âmbito nacional, todos os anos”, afi rma ele.O professor Adriano Paes iniciou seus estudos de música no Conservatório de Tatuí e, com propriedade, acompanha a evolução não somente do setor, mas de toda instituição. “Muita coisa mudou desde quando comecei... Iniciei meus estudos de violão no Conservatório em 1986 com a professora Márcia Braga, que para mim é um modelo de professora! Tudo era mais difícil de se conseguir, desde gravações, partituras, até festivais de violão eram escassos. Hoje temos um novo cenário, os materiais estão mais acessíveis, o Teatro Procópio Ferreira está repleto de atrações para os alunos e o público em geral”, iniciou. “Hoje estamos vivenciando

uma fase muito rica no que se refere ao Violão Erudito no país. Ele está presente em toda parte, podemos encontrar festivais dedicados inteiramente ao nosso instrumento. O Conservatório de Tatuí tem grande infl uência nessa difusão do violão, pois diversos profi ssionais que estão na atuando profi ssionalmente, já passaram por aqui”, afi rmou.Dentre os importantes festivais dedicados ao instrumento está o Encontro Internacional de Violonistas do Conservatório de Tatuí, idealizado e coordenado por Adriano Paes. Dele já participaram expoentes mundiais do instrumento, como Stefano Grondona, Eduardo Isaac, Quarteto Brasileiro de Violões, Paul Galbraith, Paulo Porto Alegre, Eduardo Meirinhos, Angela Muner, Henrique Pinto, Edson Lopes, Berta Rojas, Laura Mondiello, Cecília Siqueira e Fernando Lima, Jorge Caballero, Pavel Steidl, dentre outros.Neste ano de 2012, o evento chega a sua quarta edição e trará a Tatuí violonistas de renome internacional que, por quatro dias, darão oportunidade a nossos alunos

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em concursos dos quais participaram representantes do Conservatório de Tatuí. Dentre as inúmeras vitórias, o coordenador destaca a jovem Marcelly Rosa. “Acho que não tem como falar de participação em concursos sem mencioná-la. Tive o privilégio de ser seu primeiro professor quando ela ingressou no Conservatório. Logo percebi que se tratava de um raro talento que ingressava no meio violonístico”, disse. “Incentivei-a a participar do Concurso de Violão Souza Lima em 2006 e ela obteve o primeiro lugar. Depois, vieram os prêmios com o duo... No último mês de setembro ela obteve o segundo lugar no Concurso de Violão do Masp, que não foi dividido por idade, foi um turno único e contava

e interessados de terem contato com esses grandes nomes. Uma das novidades do evento, adianta o coordenador Adriano Paes, será o Concurso Internacional de Violonistas, no qual a banca será formada pelos violonistas que se apresentarão no encontro. “O concurso será aberto a violonistas do Brasil e do mundo. Penso que o Conservatório tem estrutura sufi ciente para promover um evento deste porte”, enfatiza Paes.

Ano de conquistasO ano de 2011 foi considerado “produtivo” no setor de violão erudito, afi rma o coordenador Adriano Paes. A afi rmação tem por base o mínimo de evasão de alunos e as inúmeras vitórias

com concorrentes fortíssimos. Segundo os jurados - Paulo Martelli, Duo Siqueira Lima, Douglas Lora - a Marcelly, com 16 anos, está acima da média e quase obteve o primeiro lugar, pois o júri debateu muito. Ela com certeza será uma das grandes violonistas da nova geração”, disse.O coordenador ainda destaca uma aluna do então professor Jair de Paula, Gabriele Leite, que venceu dois concursos nacionais em primeiro lugar neste ano - o XXII Souza Lima e o XV Musicalis. “Ela tem apenas 14 anos, mas tem uma incrível presença de palco e um domínio do instrumento difícil de se observar nesta idade”, disse ele. A instrumentista também é aluna de Josiane Gonçalves, professora do Conservatório de Tatuí, no Projeto Guri de Cerquilho.

Novos talentos vencem concursos nacionaisAo longo de 2011, diversos jovens talentos do violão erudito receberam prêmios em âmbito naiconal. A relação abaixo foi preparada, com indiscutível orgulho, pelo professor Adriano Paes.XV Concurso Nacional de Violão Musicalis (São Paulo) – no II Turno, Gabriele Leite obteve o 1º lugar (ganhando um violão Emanuel Carvalho); e Marcelo de Almeida Brito obteve o 2º lugar (ganhando um violão Giannini); no III Turno, Marcelly Fontes Rosa obteve o 2º lugar e no IV Turno, José Leandro Ferrarezzi obteve o 3º lugar.XXII Concurso de Violão Souza Lima - no II Turno, venceram Gabriele Leite (1º lugar), Bruno Takashi Hiromita Silva (2º lugar) e Karina Bertrameli de Azevedo (3º lugar); no IV Turno, venceu em 2º lugar José Leandro Ferrarezi de Campos.Concurso de Violão do Masp - Henrique Pinto - Marcelly Rosa, obteve o 2º lugar, recebendo um violão de R$ 2 mil. Concurso de Violão da FITO – Osasco - Marcelly Rosa obteve o 1º lugar.

Classe de Alunos de 1975, liderada pelos professores Jair de Paula e Pedro Cameron, em masterclass de José Alves da Silva (Aimoré); entre os alunos Edson Lopes.

Edson Lopes é formado pelo Conservatório de Tatuí e integra o corpo docente do curso de violões erudito

Gerlado Ribeiro, considerado um dos melhores violonistas do Brasil, também foi professor da instituição tatuiana

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O Setor de Artes Cênicas e a Cia. de Teatro do Conservatório de Tatuí tiveram um ano de 2011 atribulado. Além das produções pedagógicas e pedagógica-artísticas previstas no calendário curricular, ambos tiveram intensa participação em projetos realizados em parcerias com outros setores do Conservatório de Tatuí – em especial com a Banda Sinfônica, Orquestra Sinfônica e setor de Canto Coral. Com a Banda Sinfônica foi apresentado o espetáculo “Sonho de Criança”. Já com a Orquestra Sinfônica, “Pedro e o Lobo” – que ganhou “turnê” regional. Já com o setor de Canto Coral, foi realizada parceria para a montagem de “Orfeu no Inferno” e “La Serva Padrona”, óperas que foram aplaudidíssimas no Encontro Nacional de Canto. As montagens foram aplaudidas pela plateia, mas também celebradas pelo público interno do Conservatório de Tatuí: elas representaram a tão sonhada integração da música com as artes cênicas. “Casadas” há 35 anos, as áreas nunca estiveram tão próximas e unidas quanto agora.“Esses projetos em parceria com outros grupos e áreas vem a enriquecer o trabalho desenvolvido pelo Conservatório de Tatuí. As montagens tiveram ótimos resultados,

Música e Artes Cênicas

integradas

Coordenador do setor cênico destaca trabalhos feitos em parceria com a música

Sonho de Criança, em parceria com a Banda Sinfônica do Conservatório, trouxe a magia dos sonhos infantis aos palcos: espetáculo aprovado por mais de 2 mil crianças

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o que nos estimula a prosseguir neste caminho”, afi rma o coordenador de cênicas, Carlos Ribeiro.Além das montagens em parceria com outras áreas, o setor de cênicas apresentou, em 2011, duas montagens – Rosa de Cabriúna e Vereda da Salvação, ambas com itinerância pela região. “Este diálogo com platéias de diferentes cidades e formações é a razão de ser de nosso trabalho. Todos saímos muito enriquecidos destas experiências”, destacou Ribeiro.Para este ano de 2012 a grande novidade será um espetáculo didático – o primeiro a

Pedro e o Lobo: com direção de Jaime Pinheiro, setor de artes cênicas excursionou com a Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí

Cantores encenam a obra “La Serva Padrona”, de Offenbach

Ópera ganha destaque especial no II Encontro Nacional de Canto Lírico com o Espetáculo “Orfeu no Inferno”

ser montado pela Cia. de Teatro. “O título provisório é ‘Como fazer teatro’ e procura mostrar, de forma bem humorada, os vários aspectos desta arte tão complexa. Há também a previsão de montarmos um texto inédito do Ivan Camargo (editor de O Progresso de Tatuí, que teve diversos roteiros premiados ao longo dos últimos anos)”, disse Ribeiro. “Aliás, a busca por textos inéditos tem dado o tom das pequisas da Cia. de Teatro, que realizou um pequeno ciclo de leituras dramáticas, ao longo de 2011, com a presença dos autores Sérgio Róveri, Rogério Toscano e Mário Bortolotto”, fi nalizou.

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Pólo de Rio Pardo terá curso

de canto lírico e Orquestra

Sinfônica Jovem

A implementação do curso de lírico e a formação da Orquestra Sinfônica Jovem serão as principais novidades no Pólo Avançado do Conservatório de Tatuí em Rio Pardo neste ano de 2012.A formação da Orquestra Sinfônica Jovem signifi cará o sexto grupo pedagógico a entrar em funcionamento na instituição. E com a chegada do canto lírico, passarão a ser oferecidos 18 cursos gratuitos. “Em São José do Rio Pardo e região há uma carência muito grande na área de canto lírico. O Pólo recebe várias visitas e vários telefonemas com perguntas sobre esse curso. Creio que a formação de profi ssionais dessa área nutrirá toda a região, que, a médio prazo, poderá contar com profi ssionais habilitados a desempenhar o trabalho como cantores e, quem sabe, até como professores de canto, multiplicando o que aprenderem

no Conservatório”, afi rmou o professor Demerval Keller, coordenador do Pólo de Rio Pardo.Mas o curso de canto lírico e a Orquestra Sinfônica Jovem não serão as únicas novidades. O coordenador Demerval Keller conta que a temporada de apresentações semanais e os Saraus no Pólo continuarão e a integração com os grupos pedagógicos será intensifi cada - inclusive com apresentações dos grupos do Pólo em Tatuí. Também estão previstas a continuidade na organização do setor infantil e, com a contratação de mais dois professores de teoria e percepção e coral, a maior integração dessas duas disciplinas. “Assim como está acontecendo em Tatuí”, comenta Keller.Os projetos são descritos com euforia por Keller, que está na coordenadoria do Pólo do Conservatório de Tatuí

em Rio Pardo desde junho do ano passado, período que teve de driblar as inseguranças geradas por críticas infundadas. “Inicialmente tive de organizar o fi nal do primeiro semestre e já programar o segundo. A tarefa não era muito fácil, pois as mudanças geraram muita insegurança em pais, alunos e professores. O que me deu segurança foi a constante comunicação com a sede e a sensação de amenizar de pouco a pouco as indagações ansiosas que chegavam até a sala da coordenação”, iniciou ele. “As pessoas foram percebendo que as mudanças que estavam ocorrendo resultariam em pontos positivos para a escola em Rio Pardo. Ao fi nal do primeiro semestre tivemos uma reunião de professores, e uma com pais e alunos, com a presença do Assessor Pedagógico Antonio Ribeiro e com o Assessor Artístico Erik Heimann Pais. Essas

Primeira temporada de apresentações do Pólo de Rio Pardo foi encerrada no dia 7 de dezembro, pela Banda Sinfônica Jovem: em três meses foram produzimos mais de 20 concertos, assistidos pela comunidade do Rio Pardo e região

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reuniões foram muito importantes para o esclarecimento da forma de trabalho do Conservatório e para dirimir as dúvidas sobre o funcionamento do Pólo a partir de então”, relembra Keller.Já o segundo semestre, de acordo com o coordenador, foi muito proveitoso para a observação das mudanças implementadas para posterior conclusão de como seguir com o trabalho. “O empenho de todos os setores do Conservatório foi bastante percebido em todos os aspectos de funcionamento do Pólo”, diz ele.O coordenador conta que na parte pedagógica, foram organizados os grupos de música de câmara, os grupos pedagógicos e as aulas infantis. Hoje, estão em pleno funcionamento mais de dez grupos de música de câmara e seis grupos pedagógicos. As turmas infantis, que antes contavam com quatro crianças, hoje está com mais de 20. Foi iniciado o curso de violão erudito e,

para o trabalho de piano correpetição dos alunos de instrumento, foi disponibilizado um bolsista. “Além das atividades em São José do Rio Pardo, os alunos do Pólo também puderam participar de perto do Ensaio Aberto da Orquestra Simón Bolívar, com o maestro Gustavo Dudamel, do Encontro Internacional de Cordas, da RICE, do Encontro Internacional de Percussão e do Encontro com o Maestro Frank Battisti. O Conservatório garantiu transporte e alojamento para os alunos do Polo”, descreve Keller, ao contabilizar os inúmeros projetos pedagógicos realizados no último semestre.Já na área artística, o Pólo de Rio Pardo registrou um grande feito: montou, pela primeira vez, uma temporada de apresentações que contou com a participação dos grupos pedagógicos do Conservatório tanto de São José do Rio Pardo, quanto de Tatuí, além de

uma participação bastante expressiva dos professores do Pólo em um dos recitais. Para a apresentação individual dos alunos, foi criado o “Sarau no Pólo”, atividade importante para a formação musical. Com Saraus Especiais de Música de Câmara, apresentação de Seminário de História da Música e Concerto da Temporada, a coordenação do Pólo conseguiu, inclusive, organizar uma Semana da Música inspirada na que acontece em Tatuí, e que já tem 52 anos de vida. “Estamos muito contentes, pois em três meses produzimos mais de 20 concertos que puderam ser assistidos por toda a comunidade do Polo e de São José do Rio Pardo. Para melhorar ainda mais nossos recitais e concertos, o Pólo ganhou um piano de 1/4 de cauda, um clarinete, um saxofone barítono e estão previstos envios de mais instrumentos para incrementar o acervo da escola”, comemora Keller.

Temporada 2011

A repercussão da primeira temporada de apresentações foi das melhores possíveis. Os comentários acerca da qualidade das apresentações foram variados. Pela primeira vez a cidade de Rio Pardo contou com um calendário semanal de apresentações do Conservatório. “Para os alunos que participam dessas disciplinas, inicialmente nossa sensação era que as aulas e as apresentações somente existiam como obrigatoriedade do curso. Porém, com o passar do tempo, percebemos que o envolvimento dos alunos mudou e que haviam se dado conta da riqueza das atividades nas que estavam participando. Mais do que se apresentar e formar público, os concertos são ferramentas importantíssimas que estão à disposição dos alunos do Pólo”, comenta Keller.A participação de grupos pedagógicos e pedagógico-artísticos do Conservatório

de Tatuí nos eventos em Rio Pardo foi, para Keller, “fundamental para aproximar os trabalhos desenvolvidos nas duas cidades”. “‘Todos nós somos Conservatório de Tatuí’, essa foi a mensagem passada com essa integração. A ida dos grupos de Tatuí a Rio Pardo serviu também de exemplo musical para nossos alunos e lhes ajudaram a perceber a importância do trabalho do Conservatório em Rio Pardo”, afi rmou.Para alunos, pais de alunos, professores e funcionários do Pólo de Rio Pardo, foi nítida a organização das atividades e a aproximação com a sede, que é tida como essencial para o desenvolvimento musical do Pólo aos moldes do Conservatório de Tatuí, cuja missão é a formação músico-profi ssional. A grande maioria dos que acompanham a rotina do Pólo e são por ela infl uenciada já consegue perceber que as mudanças resultarão em um maior qualidade do

ensino-aprendizagem e que a formação no Pólo se fortalecerá.Tanto trabalho dá a Keller alegria e orgulho. “O que mais me alegra é ver uma escola de música sendo fortalecida e a possibilidade de termos a competência para servir de exemplo para outras escolas que venham a ser criadas pelo Governo do Estado.Fico muito contente por poder contar com toda a estrutura do Conservatório em Tatuí, mesmo estando a 277km de distância. Toda a equipe do Polo, professores e funcionários, está engajada em realizar seu trabalho da melhor maneira possível. A parceria com a Prefeitura, através do Departamento de Esportes e Cultura, está fortalecida e o diálogo cada vez mais saudável. Tudo isso integrado é o passaporte para que tenhamos uma escola com muita qualidade, refl etindo o centro de excelência no ensino de música que é o Conservatório de Tatuí”, fi nalizou.

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Atualmente, é difícil encontrar quem, em qualquer função ligada ao teatro, não tenha ouvido falar em “teatro pós-dramático”. O termo controverso gera argumentos1 bastante fortes para defendê-lo ou rechaçá-lo. A discussão nos faz pensar sobre o estado do teatro atual, nos porquês dos diversos nomes cunhados para nos referir a ele (teatro físico, teatro performativo, teatro-dança), e sobre as mudanças na função da fi gura a quem caberia organizar a cena. Como, no novo velho teatro, o “diretor” porta-se criativa, artística e, sobretudo, eticamente?É ponto pacífi co que as ideias não se desenvolvem linearmente. Contudo, para fi ns de uma aproximação menos confusa, cumpre inferir no pecado de traçar uma linha do tempo a desembocar no teatro produzido hoje.Podemos eleger Constantin Stanislavski (1863-1938) como o primeiro2 homem de teatro, no sentido de ter desenvolvido técnicas de aprimoramento para um ator a quem caberia empreender um esforço “de fora para dentro”, através do qual se aproximaria da personagem preexistente. Para tal, utilizaria ferramentas como a criação de narrativas anteriores e posteriores à cena, com vistas a descobrir os objetivos mais recônditos da personagem3. Havia uma preocupação com a veracidade das ações e com a confi guração de um teatro “bem feito”, no sentido de que corpo, voz, marcações, fi gurinos, cenários, maquilagem e adereços estivessem unifi cados no propósito de comunicar a essência do texto teatral. Jerzy Grotowski (1933-1999)4 foi um continuador de Stanislavsky na busca pela verdade nas ações dos atores. Ele preconizava uma energia de comunhão que favorecesse o comprometimento de todos os sentidos do ator na ação. Via de regra, seus espetáculos orbitavam pela temática do ritualístico e universal. Insistia no “teatro pobre”5, no qual o ator, em ato semelhante ao sacrifício religioso, deveria alcançar energia e intensidades tais que estabelecesse comunicação direta com o público, tornando dispensáveis quaisquer acessórios ou dispositivos utilizados

O velho novo teatro e a

figura do diretor/encenador/

provocador

Ludmila CastanheiraÉ arte-educadora, atriz e performer, formada

em Artes Cênicas pela Universidade Estadual de Londrina e Mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP).

É professora dos cursos de Aperfeiçoamento, Técnicas Orientais, Teatro Brasileiro e

Estética Teatral do Setor de Artes Cênicas do Conservatório de Tatuí.

Ana Cristina Colla, atriz do grupo LUME, em “Você” (2009), espetáculo autobiográfi co dirigido por Tadashi Endo

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como subterfúgios para convencer o público sobre determinada ideia.Pode-se dizer que nestes processos criativos o ator moveria-se “de dentro para fora”: estabelece-se a sutil diferença da busca não pela identifi cação com a personagem preestabelecida, mas da seleção, dentre as vivências pessoais do ator, de um material que, esteticamente elaborado, deveria conferir veracidade à personagem, sempre em construção. Dado o apelo que o corpo alcançou nas construções desse artista, alguns críticos classifi caram seus espetáculos como “teatro físico”. Eugenio Barba (1936-), discípulo de Grotowski, visitou diferentes culturas pesquisando o que, em suas distintas maneiras de fazer teatro, permanecia. A partir destes questionamentos, elaborou o que veio a chamar de “Antropologia Teatral”.Barba difundiu, além de técnicas, um vocabulário capaz de catalogar um métier antes realizado intuitivamente.Também destacou a ausência de limites entre teatro e dança, uma vez que seu interesse residia na cena construída com primazia do corpo. De sua pesquisa vem a denominação “ator-bailarino”.O “treinamento” é a base da Antropologia Teatral, e consta de exercícios recolhidos entre os mais variados modos de fazer teatro. O ator deve realizá-los periódica e disciplinadamente, a fi m de plasmar-se num corpo “extracotidiano”: mais desperto, atento e ágil que o corpo comum: um corpo artista6. Neste contexto, a palavra “diretor”, usada para designar o responsável pela assertividade nas ações cênicas, parece não se aplicar. A palavra “encenador” é resgatada, e a ele cabe ajudar o ator a dar forma às suas ideias, a serem orquestradas no todo da cena.A palavra traz ainda uma mudança na concepção de dramaturgia que, compreendida de maneira alargada, forma-se nas linhas de que dispõe o encenador para construção do discurso cênico: luzes, fi gurino, cenários, música e, mais do que todas estas linhas, o corpo, fundador da dramaturgia do ator.Estamos então na década de 70, e o teatro nos Estados Unidos caminha

de mãos dadas com as Artes Plásticas, a Dança, o Cinema, sem preterir quaisquer formas artísticas que julgar esteticamente interessantes para sua composição.A ideia de “Obra de Arte Total” proposta por Wagner retorna com nova roupagem. Se antes o músico alemão supunha que as várias linguagens artísticas deveriam ser empregadas de modo a coadunarem-se para a melhor fruição do discurso geral, agora Robert Wilson(1941-) propõe um novo entendimento da Gesamtkuswerk ao destacar a autonomia de cada uma das artes, e sua negociação a contibuir para um espetáculo multifacetado.Tais ideias implicam na noção de teatro performativo7, e o trabalho de ator passa a ser não mais o cerne, mas apenas uma das linhas que compõem o todo. Reforça-se o aspecto efêmero do teatro: cada uma das apresentações é única, e acontece no tempo presente, sem possibilidades de reproduções fi dedignas.Instaura-se um paradoxo: embora a presença do ator seja diluída entre outros objetos artísticos, o material de preenchimento de suas ações é de sua total responsabilidade. Este panorama o coloca diante de uma liberdade tão fascinante quanto aterradora.Assim também ocorre nas criações de Pina Bausch (1940-2009), que priorizou o trabalho com bailarinos mais velhos porque estava interessada na técnica mas, ainda mais, na experiência dessas pessoas. Seus processos criativos constituiam-se de perguntas8 feitas ao elenco, a serem respondidas verbalmente, com o corpo, ou ambos.As questões referentes a um tema eram reelaboradas constantemente, de modo que as respostas se aproximassem daquilo que Pina estava buscando. O tema era mantido em segredo, de maneira a ser tratado pelas adjacências, explorando-se suas ambiguidades e sutilezas. Neste sentido, podemos entender a função de Pina Bausch, para além da direção/encenação, como uma “provocação9”. As criações do grupo Wuppertal Thanz-Theatre, de Pina Baush, foram denominadas “teatro-dança”.Os exemplos que utilizamos para

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1 O livro “Teatralidades Contemporâneas”, de Sílvia Fernandes (2010), é um bom exemplo de discussão sobre o termo cunhado por Lehmann. Para a pesquisadora, embora o trabalho refl exivo de Lehmann sobre o teatro atual seja de mérito inegável, o termo “teatro pós-dramático” talvez seja uma nomeação insufi ciente para o teatro plural e multifacetado que se vem produzindo.2 Meyerhold (1874-1940) foi contemporâneo de Stanislavsky, e cunhou a Biomecânica, meio pelo qual se desenharia um teatro mais ligado à forma e à limpeza da ação. Disso decorre certa estilização e consequente distanciamento entre ator e personagem. Porém, o método stanislavskiano foi aquele que mais se difundiu no Brasil, principalmente no que concerne ao texto dramático e à identifi cação do ator com a personagem.3 Milaré, 2011, pp. 23-42.4 Peter Brook (1925-) amigo e contemporâneo de Grotowski, com seu núcleo formado por artistas de diferentes nacionalidades, viajou o mundo com um tapete que, estendido nos terrenos mais diversos, tornava-se o tempo-espaço que os atores determinassem através de suas ações. Para Brook, para haver teatro, bastava alguém realizando algo, e alguém o observando. E algumas técnicas virtuosísticas de impostação da voz, ou de um determinado uso rebuscado das posturas corporais, serviam apenas para aprisionar o teatro e para torná-lo morto. O teatro vivo, pelo qual se interessava, era o teatro dos impulsos, da vida fl uente.5 Grotowski, 1965, inFlaszen&Pollastrelli, 2007, pp. 105-112.6 Em 1987, Eugênio Barba junto ao grupo Odin Theatret visitaram oBrasil a convite do grupo LUME, fundando uma parceria entre os grupos. O LUME é um de nossos grupos teatrais mais constantes, está vinculado à UNICAMP, e funciona como importante núcleo pesquisa e formação de atores.7 Renato Cohen (1956-2003) aliou criação e pesquisa, e foiquem primeiro escreveu em português sobre performance art aliada ao teatro. Seus espetáculos eram compostos de fragmentos e colagens, econstruídos em forma de roteiros abertos à imprevisibilidade. Cohen utilizava-se de tecnologias e espaços alternativos para a encenação, com o objetivo de proporcionar diferentes formas de percepção e vivência àqueles que a assitiam.8 Maiores informações sobre o uso de perguntas como estopim para a criação dos espetáculos de Pina Baush podem ser encontraras no livro de Raimund Hoghe e Ulli Weiss, “Bandoneon: em que o tango pode ser bom para tudo?” (1980).9 A nomenclatura“provocador (a)” no Brasil, encontra-se no grupo Boa Companhia. Embora não tenhamos notícias do emprego dessa palavra por outros grupos, seu uso deixa clara uma busca por vocábulos que sirvam à ideia de alguém cuja função é ser um detonador criativo, e presume atores inquietos, de posse de um disrcurso próprio e com necessidades de auxílio em sua formulação.10 O happening, cunhado por Allan Kaprow (1927-2006), é contemporâneo do teatro americano de que estamos falando, e preconiza que algo deveria acontecer aos seus participantes – o happening não lida com a ideia de público – , estes deveriam passar de um estado a outro, no decorrer da ação.11 O teatro, não como tese, mas como prática, representa exemplarmente uma ligação de elementos heterogêneos que simboliza a utopia de “uma outa vida”: trabalho espiritual, artístico e corporal, atividade individual e coletiva são aqui conciliados. Assim, ele pode afi rmar uma prática de resistência já pelo fato de dissolver a coisifi cação de ações e trabalhos em produtos, objetos e informações. Na medida em que o teatro impõe seu caráter de acontecimento, manifesta a alma do produto morto, o trabalho artístico vivo, para o qual tudo permanece imprevisível e está para ser inventado. Portanto, o teatro é virtualmente político segundo a concepção de sua prática (LEHMANN, 2007, p.414).

falar do novo teatro são pontuais, e pretendem oferecer uma noção do “teatro pós-dramático”. Ou, se preferirmos suprimir o termo, o teatro feito de várias vozes, de possibilidades de leitura e acesso plurias, de idiossiocrasias, de relatos e testemunhos. Um teatro do acontecimento10.Uma das críticas mais severas feitas a este teatro versa sobre sua autorreferencialidade e codifi cação, o que, supostamente, redundaria em produções destinadas àqueles familiarizados aos seus dispositivos, e difi cultaria sua apreciação pelos

incautos. Além de infundada, tal crítica deixa entrever o que seria, talvez, a maior força do novo teatro. Ao subverter a narrativa, desfaz-se o jogo de aceitação tácita entre espectador e mídia. O modo acrítico de recepção de um fenônemo é posto em cheque por rupturas e secções que imprimem estados de atenção latente, e de resignifi cação constante11.Permitir-se este câmbio entre modos de percepção, potencializa a reinvenção conjunta dos atores, do espetáculo e do espectador, reforçando o propósito do velho, do novo e de todo o teatro: a comunhão.

BIBLIOGRAFIA:BARBA, Eugenio/ SAVARESE, Nicola. A Arte Secreta do Ator: Dicionário de Antropologia Teatral. São Paulo: Hucitec, 1995.COHEN, Renato. Work in Progress na cena Contemporânea. São Paulo: Perspectiva, 2004.FERNANDES, Sílvia. Teatralidades Contemporâneas. São Paulo: Perspectiva, 2010.FLASZSEN, Ludwik/ POLLASTRELLI, Carla. O Teatro Laboratório de Jerzy Grotowski 1959-1969. São Paulo: Edições SESC, 2007.GALIZIA, Luiz Roberto. Os processos criativos de Robert Wilson. São Paulo: Perspectiva, 1986.HOGHE, Raimund/ WEISS, Ulli. Bandoneon – em que o tango pode ser bom para tudo?. São Paulo: Attar Editorial, 1980.LEHMANN, Hans-Thies. Teatro pós-dramático. São Paulo: Cosac&Naify, 2007.MILARÉ, Sebastião. Hierofania: o teatro segundo Antunes Filho. São Paulo: Edições SESC, 2011.NARDIM, Thaíse Luciane. Allan Kaprow, performance e colaboração: estratégias para abraçar a vida como potência criativa. Campinas, SP, 2009. Dissertação (Mestrado em Artes), Universidade Estadual de Campinas, Unicamp – SP.

Robert Wilson como ator no espetáculo “A última gravação de Krapp”, no Porto Alegre em Cena, 2011

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Em 1998, FHC sancionou a lei 9.648, que autoriza o Poder Executivo a contratar associações civis, fundações (e outros sem fi ns lucrativos), para a gestão de equipamentos públicos. Contratada a entidade pelo chamado “contrato de gestão”, ela é declarada organização social e passa a ter inúmeras metas a cumprir, sob rigorosas avaliações periódicas. Em nosso caso, o primeiro efeito prático disso é que, desligados da gestão da chamada administração direta, os artistas foram desvinculados da fi gura do servidor público, que melhor serve à burocracia administrativa, mas engessa a produção artística.Cabe aqui debelar o primeiro mito imposto por aqueles que, comungando do “estatismo absoluto” do passado, buscam tachar as OS como “privatização”, lembrando os arautos do velho pensamento kafkiano. Privatizar é simplesmente vender empresas públicas, é torná-las privadas. Associar privatizações às organizações sociais é iludir ou desconhecer: as organizações não têm lucro, todos são assalariados, e eventuais receitas são reinvestidas nas atividades contratadas. Os governos não perdem o controle em momento algum. Privatização e organização social são tão semelhantes quanto um refrigerante e um pé de jaca.Segundo mito: “particulares” estariam cuidando do dinheiro “do povo” (ora, muitos dos que assim falam são exatamente aqueles que mais confundem uma coisa com outra!). A Lei da Improbidade Administrativa (8429/92) dispõe que todo aquele que, concursado, eleito ou em cargo de confi ança, exerce função com ou sem remuneração em qualquer entidade para cujo custeio o Estado concorra com mais de 51% das receitas é um “agente público”! E está sujeito às mesmas – e mais outras - penalidades eventualmente impostas ao servidor no mau uso ou desvio de verbas públicas.Terceiro mito: contratam empregados como em empresas particulares, sem

O Estado, as Organizações

Sociais e o Conservatório

de TatuíHenrique Autran Dourado** Diretor Executivo do Conservatório de Tatuí

concurso. Fora os cargos de confi ança, portanto de livre contratação e demissão (similar ao serviço público), todos os demais são obrigados a prestar seleção pública, que pouco ou nada difere de um concurso. Prevalecem os mesmos princípios da isonomia, imparcialidade, impessoalidade e publicidade, e todos os documentos dos processos de seleção são encaminhados posteriormente ao Ministério Público.Como se não bastasse, alardeia-se um quarto mito: a “compra sem licitação”. Ora, a lei estabelece que cada OS deve possuir (e tornar público) seu manual de compras; pelo do Conservatório, o que se pratica são limites ainda mais baixos para cada modalidade emanada da chamada 8.666, a Lei das Licitações. Até as compras que cabem no chamado “pronto pagamento”, por serem de pequeno valor, são cotadas para maior economia. Valores maiores estão sujeitos a processo licitatório – só que com muito mais agilidade e clareza, tornando virtualmente impossíveis os “ralos” nada incomuns, como os que lemos nos jornais.Um hospital paulista gerido por uma OS teve seu tomógrafo inutilizado acidentalmente. Em três semanas, licitação concluída, o novo aparelho estava lá, salvando vidas – na época, um ex-diretor do mesmo hospital declarava em entrevista que, nos tempos dele, uma aquisição dessas não sairia antes de seis meses. Ah, e os pacientes, como fi cavam, então?Por fi m, cai o argumento da tal “falta de transparência” (termo que não uso porque é muito empregado também pelos que mais gostam da “obscurescência” – com o perdão pelo neologismo). Todos os relatórios trimestrais e anuais das atividades do Conservatório passam por um conselho, pela UFC da Secretaria de Cultura, pela fi scalização semestral da Secretaria da Fazenda, por uma auditoria externa, pela Comissão de Avaliação das OS, pelo Tribunal de Contas e, quando necessário, pelo Ministério Público.

Em 1998 o Partido dos Trabalhadores arguiu a constitucionalidade da Lei das OS, encabeçando para isso uma ação no STF (a ADI 1.923). É um direito sagrado que assiste a qualquer partido, em respeito à sua orientação programática (embora hoje o governo federal queira leiloar aeroportos e já contrate ONGs). Mas o processo trilha um longo caminho, e, após 13 anos, o tempo “caçou” esses “mitos” criados: o ministro relator, Ayres Britto, em um documento brilhante cuja leitura no plenário do Supremo durou 1h05 (disponível no “Youtube”), vota pela modernidade, e aponta a necessidade de encontrarmos novas soluções para o futuro. O voto do novato Luiz Fux cortou ainda mais fundo, mostrando que deveria ser mudada a relação OS/Estado, que passariam a partes conveniadas, e não mais contratante e contratada. A ADI 1.923 transborda dezenas de volumes de papéis, mas parece que chega à “morte anunciada”. Porém, vejamos o embate pelo lado positivo: o STF deverá não apenas declarar a constitucionalidade da Lei das OS, mas lhe trará aperfeiçoamentos inéditos. A corte envolve-se na causa pública, e isso é ser republicano!Voltando ao Conservatório, uma vez revogada acidentalmente em 2006 a lei 997/51, que criou a escola em Tatuí há 57 anos, o que teria acontecido com a instituição sem a OS? Pois é exatamente o contrato de gestão celebrado entre ela e o Estado que tem sobrevivido a esse “hiato” incólume. O Conservatório é do Estado – portanto, de todos os cidadãos -, e necessita de ter existência legal, e não apenas um contrato temporal. Em estágio de preparação para ir a plenário, o projeto de lei 654/2011 restaurará a vigência da lei de criação do Conservatório, retroagindo à revogação para que se produzam todos os efeitos legais.É exatamente uma OS que conduz com versatilidade e efi ciência o ensino artístico de qualidade rumo ao futuro. As OS se multiplicam, mesmo para “aqueles que não querem ver”.

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O ano de 2012 acabou de começar, mas nossa agenda já está completa...

16 a 22 de abril - I Semana de Música de Câmara e Prática de Conjunto de 2012

16 a 19 de maio - III Encontro Internacional de Madeiras de Orquestra

3 a 7 de junho – XVIII Festival Brasileiro de Trombonistas*

7 a 10 de junho - IV Encontro Internacional de Metais

18 a 24 de junho - II Semana de Música de Câmara e Prática de Conjunto de 2012

29 de junho a 1 de julho – 19º Festival de MPB - Certame da Canção

1 a 7 de julho – 19º Festival de MPB - Painel Instrumental

14 a 21 julho - Coreto Paulista - VIII Curso de Férias em Tatuí

6 a 10 de agosto - RICE - Rio International Cello Encounter em Tatuí**

5 a 8 de setembro - III Encontro Nacional de Corais

24 a 30 de setembro – III Semana de Música de Câmara e Prática de Conjunto de 2012

6 a 14 de outubro - XXV Fetesp (Festival Estudantil de Teatro do Estado de São Paulo)

17 a 20 de outubro - V Encontro Internacional de Saxofonistas

31 de outubro a 3 de novembro - IV Encontro Internacional de Violonistas

09 a 11 de novembro – 19º Festival de MPB – IV Torneio Estadual de Cururu IV Concurso Nacional de Luteria “Enzo Bertelli” Modalidade Viola Caipira

17 a 25 de novembro - 52ª Semana da Música e IV Prêmio Incentivo de Música de Câmara

30 de novembro a 2 de dezembro - Mostra de Artes Cênicas de 2012

E mais: recitais, workshops, masterclasses, concertos....

* Parceria com a Associação Brasileira de Trombonistas** Parceria com o Rio International Cello Encounter *** Calendário sujeito a alteração

Governo do Estado de São Pauloe Secretaria da Cultura apresentam

PROGRAMAÇÃO

2012