DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

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DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO Estimativa da vida útil de fachadas ventiladas MANUEL MARIA L. B. SOUSA RIBEIRO Relatório de Projecto submetido para satisfação parcial dos requisitos do grau de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÕES CIVIS Orientador: Professora Doutora Maria Helena Póvoas Corvacho JUNHO DE 2010

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DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO Estimativa da vida útil de fachadas ventiladas

MANUEL MARIA L. B. SOUSA RIBEIRO

Relatório de Projecto submetido para satisfação parcial dos requisitos do grau de

MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL — ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÕES CIVIS

Orientador: Professora Doutora Maria Helena Póvoas Corvacho

JUNHO DE 2010

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MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2009/2010

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Aos meus Pais

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Durabilidade na Construção

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todos aqueles que me ajudaram e incentivaram na elaboração deste trabalho,

nomeadamente:

À minha orientadora, a Professora Doutora Maria Helena Póvoas Corvacho, pelo apoio

prestado e pela disponibilidade;

Aos meus Pais, por toda a ajuda, incentivo e apoio que sempre me deram;

À Rita, pela paciência e dedicação incondicional.

.

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Durabilidade na Construção

iii

RESUMO

As fachadas ventiladas apresentam várias vantagens relativamente a soluções tradicionais de

revestimento de fachadas, nomeadamente em aspectos chave como a estética, durabilidade,

valorização e eficiência dos imóveis.

O objectivo deste trabalho é, através da aplicação do Método Factorial prevista na norma ISO 15686-

1, estimar a vida útil deste tipo de soluções de modo a permitir uma análise comparativa relativamente

a outras opções.

Assim sendo, faz-se inicialmente uma abordagem à durabilidade de elementos e componentes de

construção, explicando posteriormente o Método Factorial. De seguida, faz-se uma caracterização do

sistema construtivo em estudo e das suas principais patologias e exigências de desempenho. No final

do trabalho descreve-se os factores modificadores a utilizar na aplicação do método. Apresenta-se

também as fragilidades inerentes ao Método Factorial e algumas sugestões para a sua optimização.

PALAVRAS-CHAVE: Fachadas ventiladas, durabilidade, Método Factorial, vida útil.

.

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ABSTRACT

Curtain walls have several advantages over traditional solutions for cladding, particularly in key

aspects such as aesthetics, durability, value and efficiency of buildings.

The aim of this work is to calculate the service life of this type of solutions, using the Factor Method

as presented in the ISO 15686-1 norm, in order to allow a comparative analysis regarding other

possible options.

There is an initial approach to the durability of building materials and components and an explanation

of the Factor Method, followed by a description of the system under study and its major pathologies

and performance requirements. The final part of this work describes the modifying factors to be used

and the weaknesses inherent to the Factor Method, as well as some suggestions for its optimization.

KEYWORDS: Curtain walls, durability, Factor Method, service life.

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ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 1

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................................................................................................................... 1

1.2 ÂMBITO E OBJECTIVOS DO TRABALHO .............................................................................................................. 2

1.3 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ........................................................................................................................ 2

2 DURABILIDADE ........................................................................................................................................ 5

2.1 CONCEITO DE DURABILIDADE ......................................................................................................................... 5

2.2 QUANTIFICAÇÃO DA DURABILIDADE ................................................................................................................ 7

2.3 MÉTODOS PARA A ESTIMATIVA DA DURABILIDADE – VIDA ÚTIL DE REFERÊNCIA ........................................................ 8

2.4 MECANISMOS E AGENTES DE DEGRADAÇÃO ...................................................................................................... 9

2.5 O MÉTODO FACTORIAL .............................................................................................................................. 10

2.5.1 Vida útil de referência ...................................................................................................................... 11

2.5.2 Factores modificadores .................................................................................................................... 11

3 CARACTERIZAÇÃO DAS FACHADAS VENTILADAS .....................................................................................13

3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................................................................................................................. 13

3.2 CONSTITUINTES DAS FACHADAS VENTILADAS ................................................................................................... 15

3.2.1 Suporte ............................................................................................................................................ 15

3.2.2 Isolante térmico ............................................................................................................................... 16

3.2.3 Sistema de fixação ........................................................................................................................... 17

3.2.4 Revestimento exterior ...................................................................................................................... 22

3.2.5 Outras características ...................................................................................................................... 28

3.3 PATOLOGIAS EM FACHADAS VENTILADAS ........................................................................................................ 28

4 EXIGÊNCIAS DE DESEMPENHO E SELECÇÃO EXIGENCIAL .........................................................................31

4.1 EXIGÊNCIAS DE DESEMPENHO ...................................................................................................................... 31

4.2 EXIGÊNCIAS DE DESEMPENHO EM FACHADAS VENTILADAS ................................................................................. 32

4.2.1 Resistência mecânica e estabilidade................................................................................................ 32

4.2.2 Segurança em caso de incêndio ....................................................................................................... 32

4.2.3 Higiene, saúde e ambiente .............................................................................................................. 33

4.2.4 Segurança na utilização ................................................................................................................... 33

4.2.5 Protecção contra o ruído ................................................................................................................. 33

4.2.6 Economia de energia e comportamento higrotérmico .................................................................... 33

4.2.7 Conforto Visual ................................................................................................................................ 33

4.2.8 Durabilidade .................................................................................................................................... 34

4.2.9 Montagem, manutenção e reparação ............................................................................................. 34

4.3 CLASSIFICAÇÃO REVETIR ............................................................................................................................ 35

4.3.1 Facilidade de reparação (r) .............................................................................................................. 35

4.3.2 Necessidades de manutenção (e) .................................................................................................... 36

4.3.3 Resistência ao vento (V)................................................................................................................... 36

4.3.4 Estanquidade à água (E) .................................................................................................................. 37

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4.3.5 Resistência aos choques (T) ............................................................................................................. 37

4.3.6 Reacção ao fogo (I) .......................................................................................................................... 37

4.3.7 Resistência térmica (R) ..................................................................................................................... 38

5 PROPOSTA DE CRITÉRIOS A APLICAR NO MÉTODO FACTORIAL PARA UMA FACHADA VENTILADA ......... 39

5.1 MÉTODO FACTORIAL.................................................................................................................................. 39

5.2 FACTOR A – QUALIDADE DO MATERIAL OU COMPONENTE ................................................................................. 39

5.2.1 Declaração de conformidade CE e Certificado de Qualidade ........................................................... 39

5.2.2 Características do isolamento térmico ............................................................................................. 40

5.2.3 Durabilidade das fixações metálicas ................................................................................................ 40

5.2.4 Qualidade dos revestimentos segundo a absorção de água (E) ...................................................... 41

5.3 FACTOR B – NÍVEL DE QUALIDADE DO PROJECTO ............................................................................................. 41

5.3.1 Projecto de execução da fachada ventilada .................................................................................... 41

5.3.2 Resistência ao vento do subsistema revestimento .......................................................................... 41

5.3.3 Estanquidade à água do subsistema revestimento ......................................................................... 44

5.3.4 Compatibilidade entre o tipo de suporte e o tipo de fixação ........................................................... 49

5.4 FACTOR C – NÍVEL DE QUALIDADE DA EXECUÇÃO ............................................................................................. 51

5.4.1 Qualificação da mão-de-obra e regularidade da fiscalização .......................................................... 51

5.5 FACTOR D – CARACTERÍSTICAS DO AMBIENTE INTERIOR .................................................................................... 52

5.6 FACTOR E – CARACTERÍSTICAS DO AMBIENTE EXTERIOR..................................................................................... 52

5.6.1 Acção da temperatura ..................................................................................................................... 52

5.6.2 Acção da radiação solar ................................................................................................................... 54

5.6.3 Acção da precipitação ...................................................................................................................... 55

5.6.4 Acção do vento ................................................................................................................................. 56

5.6.5 Acção da poluição e influência marítima ......................................................................................... 57

5.7 FACTOR F – CARACTERÍSTICAS DO USO .......................................................................................................... 58

5.8 FACTOR G – NÍVEL DE MANUTENÇÃO ............................................................................................................ 59

5.9 APLICAÇÃO DO MÉTODO FACTORIAL ............................................................................................................. 60

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................................................... 65

6.1 CONCLUSÕES GERAIS .................................................................................................................................. 65

6.2 FRAGILIDADES DO MÉTODO FACTORIAL ......................................................................................................... 66

6.3 SUGESTÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS .................................................................................................. 66

7 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................................... 67

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Durabilidade na Construção

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1: Informação necessária para o planeamento da vida útil de edifícios [29] ............................ 6

Figura 2.2: Metodologia de previsão da vida útil [2] .............................................................................. 9

Figura 3.1: Corte esquemático de um sistema de fachada ventilada [8] ............................................... 14

Figura 3.2: Representação de um sistema de fachada ventilada [35] .................................................... 15

Figura 3.3: Grampo mecânico corrente e grampo mecânico reforçado [12] ......................................... 18

Figura 3.4: Grampo de chumbar [12] .................................................................................................... 19

Figura 3.5: Fixação de grampo de chumbar ao suporte [12] ................................................................. 19

Figura 3.6: Estrutura intermédia simples [35] ....................................................................................... 20

Figura 3.7: Estrutura intermédia dupla [35] .......................................................................................... 20

Figura 3.8: Fixação visível do revestimento à estrutura intermédia [35] .............................................. 21

Figura 3.9: Fixação oculta do revestimento à estrutura intermédia [35] ............................................... 22

Figura 3.10: Fachada ventilada com revestimento exterior de granito [35] .......................................... 23

Figura 3.11: Fachada ventilada com revestimento exterior cerâmico [35] ........................................... 24

Figura 3.12: Fachada ventilada com revestimento exterior de grés porcelânico [35] ........................... 25

Figura 3.13: Fachadas ventiladas com revestimento exterior de alumínio composto [35] ................... 26

Figura 3.14: Fachada ventilada com revestimento exterior composto por painéis HPL ....................... 27

Figura 3.15: Mancha de eflorescência numa placa de revestimento de granito. ................................... 29

Figura 3.16: Musgos, manchas de sujidade e de eflorescência na superfície de um revestimento de

granito ................................................................................................................................................... 30

Figura 3.17: Desprendimento de placas de revestimento ...................................................................... 30

Figura 5.1: Protecção da fachada [7] ..................................................................................................... 43

Figura 5.2: Altura acima do solo [7] ..................................................................................................... 43

Figura 5.3: Penetração da água pelo efeito da gravidade [8] ................................................................ 45

Figura 5.4: Penetração da água pela quantidade de movimento [8] ...................................................... 45

Figura 5.5: Penetração da água pelo efeito da tensão superficial [8] .................................................... 46

Figura 5.6: Penetração da água por efeito da capilaridade [8] .............................................................. 46

Figura 5.7: Controlo da penetração da água pelo efeito da acção do vento (PEC) [8].......................... 47

Figura 5.8: Zonas climáticas de Verão e Inverno [16] .......................................................................... 53

Figura 5.9: Número médio anual de dias com geada [23] ..................................................................... 54

Figura 5.10: Zonas de precipitação em Portugal continental [23]......................................................... 56

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 2.1: Valores mínimos do tempo de vida útil estimada para os produtos de construção [1] ....... 7

Quadro 2.2: Vida útil dos produtos de construção em função da durabilidade das construções [30] ..... 7

Quadro 2.3: Agentes de degradação [1] ................................................................................................ 10

Quadro 2.4: Valores de desvio em relação à condição de referência [1] .............................................. 12

Quadro 3.1: Grau de confiança do suporte para a utilização como base para ancoragens de fixações

para fachadas ventiladas [34] ................................................................................................................ 16

Quadro 3.2: Comparação de diferentes materiais de isolamento térmico [8] ....................................... 17

Quadro 4.1: Classificação da resistência ao vento do subsistema revestimento [7].............................. 36

Quadro 5.1: Índices aplicáveis ao factor A1 .......................................................................................... 40

Quadro 5.2: Índices aplicáveis ao factor A2 .......................................................................................... 40

Quadro 5.3: Índices aplicáveis ao factor A3 .......................................................................................... 41

Quadro 5.4: Índices aplicáveis ao factor A4 .......................................................................................... 41

Quadro 5.5: Índices aplicáveis ao factor B1 .......................................................................................... 41

Quadro 5.6: Classificação mínima de resistência ao vento do subsistema revestimento [12] .............. 44

Quadro 5.7: Índices aplicáveis ao factor B2 .......................................................................................... 44

Quadro 5.8: Índices aplicáveis ao factor B3 .......................................................................................... 48

Quadro 5.9: Classificação mínima da parede em relação à sua exposição à chuva, independentemente

do suporte utilizado, quando incluir isolante térmico no seu paramento exterior [7] ........................... 49

Quadro 5.10: Classificação de estanquidade à água aplicável quando o subsistema revestimento é

classificado segundo a reVETIR [7] ..................................................................................................... 49

Quadro 5.11: Índices aplicáveis ao factor B4 ........................................................................................ 49

Quadro 5.12: Compatibilidade entre suportes e sistemas de fixação [12] ............................................ 50

Quadro 5.13: Índices aplicáveis ao factor B5 ........................................................................................ 51

Quadro 5.14: Índice aplicável conjuntamente aos factores C1 e C2 ...................................................... 51

Quadro 5.15: Índices aplicáveis ao factor E1 ........................................................................................ 53

Quadro 5.16: Índices aplicáveis ao factor E2 ........................................................................................ 54

Quadro 5.17: Valores de αs em função da cor ....................................................................................... 55

Quadro 5.18: Valores da radiação solar global máxima em Portugal continental ................................ 55

Quadro 5.19: Índices aplicáveis ao factor E3 ........................................................................................ 55

Quadro 5.20: Classificação das zonas de precipitação .......................................................................... 56

Quadro 5.21: Índices aplicáveis ao factor E4 ........................................................................................ 56

Quadro 5.22: Definição das atmosferas exteriores ................................................................................ 57

Quadro 5.23: Índices aplicáveis ao factor E5 ........................................................................................ 57

Quadro 5.24: Áreas de actividade face à acção dos choques decorrentes da ocupação normal ............ 58

Quadro 5.25: Energia de choque em ensaios de revestimento de fachada ............................................ 58

Quadro 5.26: Classes de exposição das fachadas aos choques exteriores decorrentes da ocupação

normal ................................................................................................................................................... 59

Quadro 5.27: Índices aplicáveis ao factor F1 ......................................................................................... 59

Quadro 5.28: Índices aplicáveis ao factor G1 ........................................................................................ 59

Quadro 5.29: Índices aplicáveis ao factor G2 ........................................................................................ 60

Quadro 5.30: Índices aplicáveis para avaliar a VUE da fachada ventilada em Aveiro ......................... 61

Quadro 5.31: Índices aplicáveis para avaliar a VUE da fachada ventilada em Évora .......................... 62

Quadro 5.32: Índices aplicáveis para avaliar a VUE da fachada ventilada no Porto ............................ 63

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LISTA DE ABREVIATURAS

ISO ................................................................................... International Organization for Standardization

EOTA ........................................................................... European Organization for Technical Approvals

GD ............................................................................................................................. Guidance Document

CEB ................................................................................................................ Comité Européen du Béton

NIT ............................................................................................................... Nota de Informação Técnica

ACERMI ........................................................... Association pour la Certification des matériaux isolants

CSTB ................................................................................ Centre Scientifique et Technique du Bâtiment

DTU.............................................................................................................. Document Technique Unifié

HPL ................................................................................................................... High Pressure Laminates

UEAtc ............................................ Union Européenne pour l'Agrément Technique dans la Construction

ASTM .................................................................................. American Society for Testing and Materials

RCCTE ................................ Regulamento das Características de Comportamento Térmico de Edifícios

AFNOR ...................................................................................... Association Française de Normalization

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1

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

A fachada é um elemento essencial para a valorização de um edifício pois a sua função é, em conjunto

com a cobertura, constituir um invólucro da edificação, sendo responsável pela manutenção das

características ambientais internas dentro de certos parâmetros.

Uma vez que se encontra exposta à acção dos diversos agentes climatéricos, a fachada é solicitada por

movimentos de contracção e dilatação que actuam principalmente no seu revestimento. Os principais

agentes actuantes sobre a superfície externa dos edifícios são [8]:

Forças e cargas de impacto;

Fogo;

Ar e gases;

Humidade;

Poeira;

Plantas e microrganismos;

Temperatura ambiente;

Radiação;

Luz e vibrações.

Nas últimas décadas tem-se evidenciado um esforço, por parte das empresas de construção e dos

projectistas, em procurar soluções que, para além de obter uma valorização estética, obtenham uma

melhor resposta face a estas solicitações ao mesmo tempo que permitem um aumento de produtividade

e uma redução da probabilidade da ocorrência de patologias, usando novos produtos, materiais e

tecnologias de construção.

É neste contexto que podemos enquadrar o sistema de fachada ventilada, que apareceu em Portugal

nos anos 90 como uma alternativa às paredes duplas, cuja complexidade de execução alcançou níveis

elevados de modo a atingir níveis de qualidade aceitáveis.

Existem disponíveis no mercado inúmeros produtos e sistemas para a execução de fachadas ventiladas.

Porém a falta de acompanhamento técnico e informativo, bem como a falta de regulamentação e

normalização específica, leva por vezes a que a avaliação do sistema ideal para uma determinada

solução em determinado contexto não seja a mais adequada, tendo como consequência a ocorrência de

algumas situações indesejáveis.

Assim sendo, factores como a garantia de desempenho, flexibilização, facilidade de aplicação e

reparação, durabilidade e economia de manutenção devem ser as principais preocupações a ter em

conta na escolha de um tipo de sistema de fachada ventilada.

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Durabilidade na Construção

2

Para além disso, o nível de qualificação da mão-de-obra nem sempre é o desejável quando se trata de

instalar um sistema de tão grande importância para o desempenho e durabilidade do edifício.

1.2 ÂMBITO E OBJECTIVOS DO TRABALHO

O estudo da durabilidade das construções é uma imposição que as crescentes exigências de qualidade

estabelecem para o futuro do sector da construção, permitindo:

Avaliar e prever a vida útil dos materiais, componentes, sistemas e edifícios;

Definir estratégias de manutenção para os diferentes elementos da construção, de modo a

melhorar a evolução do seu desempenho;

Definir um planeamento estratégico do projecto e obra, com o objectivo de proporcionar uma

maior sustentabilidade e qualidade às construções.

O facto de se desconhecer qual vai ser o comportamento dos materiais e componentes face às

condições a que vão estar sujeitos levou ao desenvolvimento de alguns métodos que permitam avaliar

o seu desempenho ao longo da vida útil. Esse conhecimento da evolução do desempenho assume então

grande importância, pois vai permitir comparar diferentes soluções construtivas alternativas de modo a

proceder-se a uma selecção criteriosa, na fase de projecto, do sistema a utilizar.

Neste sentido desenvolveu-se no presente estudo a metodologia de previsão da vida útil dos sistemas

de fachada ventilada, segundo a norma ISO 15686-1 [1]. O método sugerido na norma baseia-se na

especificação dos factores modificadores propostos no Método Factorial, através de classificações que

se considerem adequadas de acordo com o contexto para uma previsão aproximada do tempo de vida

útil do sistema de fachada ventilada.

Assim sendo, neste trabalho é feita uma caracterização do sistema e dos seus elementos constituintes,

mencionando-se as patologias mais frequentes que o afectam. Para além disso, é feita uma abordagem

às exigências de desempenho aplicáveis. De seguida definem-se os factores modificadores associados

ao Método Factorial e a sua respectiva influência sobre os sistemas de fachada ventilada.

O objectivo deste trabalho é então elaborar uma ferramenta útil que permita a estimativa da

durabilidade de sistemas de fachada ventilada.

1.3 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho encontra-se dividido em seis capítulos.

No presente capítulo faz-se uma breve introdução ao tema, referindo-se a importância da temática da

durabilidade dos produtos de construção, nomeadamente dos sistemas de fachada ventilada.

No segundo capítulo desenvolve-se o conceito de durabilidade, descrevendo-se os métodos para

proceder à sua estimativa e os agentes de degradação. Apresenta-se também a metodologia proposta

pela norma ISO 15686-1 [1] para o planeamento da vida útil dos produtos de construção, o Método

Factorial e os respectivos factores modificadores.

No terceiro capítulo faz-se uma descrição sucinta do sistema de fachada ventilada e dos seus

elementos constituintes. Aborda também o tema das patologias mais comuns e as suas causas.

O quarto capítulo debruça-se sobre as exigências funcionais das fachadas dos edifícios, nomeadamente

daquelas que usam o sistema de fachada ventilada. Faz-se também uma descrição da classificação

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Durabilidade na Construção

3

reVETIR [7] e explica-se de que modo esta pode ser usada para quantificar e avaliar algumas das

exigências de desempenho aplicáveis.

No quinto capítulo definem-se os factores modificadores e a sua respectiva influência para a

estimativa da vida útil dos sistemas de fachada ventilada, demonstrando-se posteriormente a sua

aplicação no Método Factorial.

No último capítulo apresentam-se as conclusões gerais deste trabalho e as perspectivas de

desenvolvimento futuro.

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5

2

2 DURABILIDADE

2.1 CONCEITO DE DURABILIDADE

No passado, a garantia de durabilidade de uma construção era conseguida através do uso de soluções

construtivas tradicionais, com provas dadas ao longo dos tempos [29].

Porém, ao longo das últimas décadas aumentou a importância dada ao problema da durabilidade,

devido à introdução de inúmeros novos materiais e tecnologias inovadoras, sendo que a evolução e

variação de desempenho dessas novas soluções era, à partida, desconhecida [29].

A norma internacional ISO (International Organization for Standardization) 15686-1 [1] apresenta

definições distintas para os conceitos de durabilidade (durability) e de vida útil (service life).

A durabilidade aparece definida como a capacidade de um edifício ou de uma parte de um edifício

para desempenhar a sua função durante um determinado intervalo de tempo, sob a acção dos agentes

presentes em serviço.

A vida útil de um edifício ou de uma parte de um edifício é descrita como o período de tempo, após a

conclusão da obra, durante o qual é atingido ou excedido o desempenho que lhes é exigido,

procedendo-se a uma manutenção de rotina.

Outro conceito relevante para este trabalho, apresentado pela EOTA (European Organization for

Technical Approvals) no seu documento GD (Guidance Document) 002 [30], é o termo working life,

que também podemos traduzir por vida útil, e que é descrito como sendo o período de tempo durante o

qual o desempenho dos produtos se mantém a um nível compatível com a satisfação dos requisitos

essenciais.

O estudo da durabilidade da construção exige então um conhecimento profundo das propriedades dos

materiais e dos componentes da construção, das características do ambiente a que estes estão sujeitos e

da sua interacção com este, e também dos mecanismos de degradação.

A norma ISO 15686-1 [1] propõe uma metodologia para o planeamento da vida útil de um edifício

(Service Life Planning of a Building). Este planeamento consiste num procedimento de projecto que

tenta garantir, na medida do possível, que a vida útil de um edifício exceda a sua vida de projecto

tendo em conta, e se possível optimizando, os custos do ciclo de vida do edifício [29]. Ou seja, trata-se

de um mecanismo que procura garantir que a vida útil de um edifício iguala ou excede a vida útil

considerada como base na fase do projecto, vida de projecto, ao mesmo tempo que procura reduzir os

custos de propriedade ao longo da vida útil do edifício, incluindo a sua aquisição, manutenção,

reparação e exploração.

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Durabilidade na Construção

6

A vida útil, definida na fase de projecto, deverá ser igual à vida útil dos elementos estruturais sujeitos

a uma manutenção corrente. Os restantes componentes terão uma vida útil inferior, o que levará a

obras de reparação durante a fase de serviço.

A figura 2.1 sintetiza a organização e o tipo de informação necessária ao planeamento da vida útil.

Figura 2.1: Informação necessária para o planeamento da vida útil de edifícios [29]

De seguida apresentam-se algumas definições, apresentadas na norma ISO 15686-1 [1], que se

consideram importantes, no contexto deste trabalho:

Vida útil de referência é a vida útil padrão que serve de base para a estimativa da vida útil de

um edifício ou de uma parte de um edifício (inseridos num contexto determinado);

Vida útil estimada (Estimated Service Life) é o resultado da multiplicação da vida útil de

referência por factores relativos a um contexto específico, como por exemplo as características

do projecto, as condições ambientais, o uso e a manutenção prevista, entre outros;

Agente de degradação é tudo o que actue sobre um edifício ou parte dele afectando

negativamente o seu desempenho, como por exemplo, o utilizador, a água, as cargas

mecânicas e o calor;

Mecanismo de degradação é uma forma de alteração química, física ou mecânica que produz

efeitos negativos em propriedades críticas dos produtos da construção.

Estas definições acentuam a importância do estudo exaustivo das propriedades críticas dos materiais e

componentes, e também os níveis de desempenho exigidos. As propriedades críticas são aquelas que

mais irão condicionar o desempenho dos materiais e componentes.

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Durabilidade na Construção

7

2.2 QUANTIFICAÇÃO DA DURABILIDADE

A quantificação da durabilidade dos produtos da construção e das construções é referida em várias

normas internacionais.

A norma internacional ISO 15686-1 [1] recomenda valores mínimos para a durabilidade dos edifícios

e seus componentes de acordo com a respectiva necessidade de manutenção. A durabilidade de um

edifício é limitada pela durabilidade dos elementos do mesmo que não podem ser substituídos ou cuja

substituição seja demasiado dispendiosa.

Quadro 2.1: Valores mínimos do tempo de vida útil estimada para os produtos de construção [1]

Durabilidade do edifício

Elementos inacessíveis ou

estruturais

Elementos cuja substituição é difícil

ou dispendiosa

Elementos substituíveis do

edifício

Instalações e equipamentos

ilimitada ilimitada 100 40 25

150 150 100 40 25

100 100 100 40 25

60 60 60 40 25

25 25 25 25 25

15 15 15 15 15

10 10 10 10 10

Por sua vez, a EOTA, no documento guia GD002 [30], também propõe uma classificação para a

durabilidade dos elementos em função da durabilidade das construções e da facilidade de reparação

e/ou substituição desses mesmos elementos, conforme o Quadro 2.2.

Quadro 2.2: Vida útil dos produtos de construção em função da durabilidade das construções [30]

Durabilidade das construções

Durabilidade dos produtos de construção

Categoria Anos

Categoria

Reparáveis ou de fácil substituição

Reparáveis ou substituíveis com mais algum esforço

Para toda a vida da construção

Pequena 10 10 10 10

Média 25 10 25 25

Normal 50 10 25 50

Longa 100 10 25 100

No caso particular das fachadas ventiladas, a sua vida útil será correspondente à menor longevidade

dos seus componentes (suporte, isolante térmico, sistema de fixação e revestimento exterior).

Na fase de projecto devem definir-se quais as parte do edifício que deverão ser reparáveis, susceptíveis

de manutenção ou substituíveis ao longo da vida de projecto do edifício.

Page 28: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

8

2.3 MÉTODOS PARA A ESTIMATIVA DA DURABILIDADE – VIDA ÚTIL DE REFERÊNCIA

A estimativa da duração da vida útil de um material ou componente pode ser baseada em métodos

determínisticos ou em métodos probabilísticos.

Nos métodos determinísticos, a vida útil estimada de um elemento é calculada através de uma

durabilidade de referência, normalmente fornecida pelo fabricante ou fornecedor, posteriormente

modificada por factores que simulam condições de serviço expectáveis para o elemento em causa,

obtendo-se assim um valor indicativo da sua durabilidade.

Neste tipo de métodos o estudo dos factores de degradação, dos mecanismos de actuação e da sua

quantificação reveste-se de grande importância, sendo que os dados obtidos em testes e ensaios de

laboratório são essenciais para a sua determinação.

Nos métodos probabilísticos recorre-se à definição da probabilidade de ocorrência de uma mudança no

estado de um elemento para contornar a incerteza relacionada com a sua forma de degradação e a

impossibilidade de prever correctamente as suas condições de serviço.

Seja qual for o método de estimativa usado, é necessário definir adequadamente as funções e

exigências aplicáveis ao elemento em estudo, pois apenas assim se conseguirá definir a que

solicitações os materiais ou componentes terão de corresponder ao longo da sua vida útil, em

condições normais de utilização.

O Método Factorial, que será usado para estimar a durabilidade de fachadas ventiladas, é o método

determinístico mais usado actualmente devido à sua aplicação prática e simples e elevada

operacionalidade.

Na figura 2.2 apresenta-se um esquema do método de estimativa da vida útil, retirado da norma ISO

15686-2 [2]. O valor obtido através desta metodologia deve ser entendido como a vida útil de

referência a adoptar posteriormente no método factorial.

Page 29: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

9

Figura 2.2: Metodologia de previsão da vida útil [2]

2.4 MECANISMOS E AGENTES DE DEGRADAÇÃO

Segundo a norma ISO 15686-1 [1], o processo de degradação é definido como a alteração ao longo do

tempo da composição, microestrutura e propriedades de um produto, material ou componente que

resulta numa redução do seu desempenho.

A durabilidade dos produtos de construção é influenciada por um conjunto de acções, isoladas e/ou

combinadas, sendo assim importante identificar adequadamente quais os agentes de degradação que

actuam sobre um edifício ou uma parte do mesmo afectando negativamente o seu desempenho.

A análise dos agentes de degradação deve ter em conta as interacções complexas entre eles, pelo facto

da sua actuação conjunta poder acelerar o processo de envelhecimento. Também a média da

intensidade, concentração e nível dos agentes de degradação, assim como a sua frequência e os ciclos

entre diferentes estados são essenciais para uma quantificação aproximada dos seus efeitos prováveis.

Page 30: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

10

No quadro seguinte identificam-se os agentes de degradação que poderão afectar a duração da vida útil

dos produtos de construção, segundo a norma ISO 15686-1 [1].

Quadro 2.3: Agentes de degradação [1]

Natureza Classe Exemplos

Mecânica

Gravitacionais Acções permanentes, sobrecarga,

acção da neve

Forças aplicadas e deformações impostas ou restringidas

Expansão e contracção, formação de gelo

Energia cinética Impactos, choque hidráulico

Vibrações Vibrações devidas a tráfego ou

equipamentos

Electromagnética

Radiação Solar, UV, radioactividade

Electricidade Reacções electrolíticas, iluminação

eléctrica

Magnetismo Campos magnéticos

Térmica Níveis extremos ou variações acentuadas de temperatura

Calor, geada, choque térmico, fogo

Química

Água e solventes Humidade do ar, humidade do solo,

precipitação, álcool

Agentes oxidantes Oxigénio, desinfectantes

Agentes redutores Sulfuretos, amoníaco

Ácidos Ácido carbónico, excrementos de

pássaros

Bases Cimento, hidróxidos, cal

Sais Nitratos, fosfatos, cloretos, gesso

Substâncias neutras Gordura, óleo, calcário

Biológica Plantas e micróbios Bactérias, bolores, fungos, raízes

Animais Roedores, térmitas, pássaros

2.5 O MÉTODO FACTORIAL

Como já foi dito anteriormente, a norma ISO 15686-1 [1] tem como finalidade a avaliação da

durabilidade de um determinado produto aplicado no edifício, de acordo com as condições de

utilização expectáveis e mediante pormenorização e especificação adequada, tendo também em conta

as eventuais acções de manutenção e reparação do mesmo. É por isso uma metodologia que nos

permite comparar diferentes soluções construtivas, permitindo assim prever e controlar os custos de

propriedade do edifício, procurando-se a sua redução.

O Método Factorial parte de uma vida útil de referência expectável em condições padrão, permitindo

que se chegue a um valor para a vida útil estimada através da multiplicação da primeira por diversos

factores modificadores relacionados com diversos aspectos importantes para a sua durabilidade.

Page 31: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

11

Os factores a ter em conta são os seguintes:

Factor A – Qualidade do material ou componente;

Factor B – Nível de qualidade do projecto;

Factor C – Nível de qualidade da execução;

Factor D – Características do ambiente interior;

Factor E – Características do ambiente exterior;

Factor F – Características do uso;

Factor G – Nível de manutenção.

O Método Factorial, para a estimativa da vida útil de um determinado produto da construção,

expressa-se na seguinte fórmula:

Vida útil estimada (VUE) = Vida útil de referência (VUR) x A x B x C x D x E x F x G

2.5.1 VIDA ÚTIL DE REFERÊNCIA

A estimativa da vida útil de um determinado produto de construção refere-se a um conjunto de

condições que muito provavelmente não coincidirão com as condições de serviço a que este estará

sujeito. Esta vida útil padrão denomina-se vida útil de referência.

Os dados utilizados na sua previsão deverão ser provenientes da observação ou da medição de

desempenho em ensaios de curta ou longa duração, em laboratório devidamente credenciado ou em

serviço, e na sua obtenção deve ser seguida sempre que possível a metodologia proposta pela norma

ISO 15686-1 [1].

Na eventualidade de não ser possível seguir a metodologia mencionada na determinação da vida útil

de referência, esta também pode ser baseada em:

Dados fornecidos pelo fabricante ou resultados de um laboratório de ensaios (para um produto

novo, normalmente, apenas se tem acesso a dados do fabricante);

Dados de experiências anteriores ou observações de construções similares ou que se

encontram em condições similares;

Informação recolhida em bibliografia relacionada com o tema da durabilidade.

Independentemente do método utilizado, devem ser considerados aspectos como os agentes de

degradação, os efeitos da sua intensidade e variação e a sobreposição de efeitos de diversos agentes, de

maneira a aumentar a precisão do valor da vida útil de referência, da qual depende a vida útil estimada

segundo o Método Factorial.

2.5.2 FACTORES MODIFICADORES

Para estabelecer uma relação adequada entre as condições específicas e o seu efeito sobre a vida útil

do produto em estudo torna-se importante uma escolha criteriosa dos valores a utilizar. Esta pode

basear-se em experiências anteriores, mas também em informações do fabricante, documentos de

laboratórios ou em bibliografia especializada, devendo ter-se o cuidado devido para não duplicar a

contabilização da influência de uma determinada condição.

Page 32: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

12

Os valores a adoptar representam um desvio em relação às condições de referência, pelo que serão

próximos de 1. Os valores sugeridos pela norma ISO 15686-1 são os seguintes:

Quadro 2.4: Valores de desvio em relação à condição de referência [1]

Valor Desvio em relação à condição de referência

0,8 Quando o factor tem uma influência negativa sobre o elemento

1,0 Quando o factor não apresenta desvio em relação à condição de referência

1,2 Quando o factor tem uma influência positiva sobre o elemento

A descrição dos factores modificadores, também segundo a norma ISO 15686-1, é a seguinte:

O factor A representa a qualidade dos materiais ou componentes, nas condições em que são

fornecidos à obra, segundo as especificações do projectista;

O factor B exprime o nível de qualidade do projecto; Este factor tem a ver com a adequação

da escolha de uma solução construtiva específica e das medidas de protecção previstas, entre

outros aspectos;

O factor C refere-se à qualidade da execução; A avaliação deste factor deverá reflectir o grau

de confiança da mão-de-obra mas também a existência ou não de uma fiscalização rigorosa;

Os factores D e E dizem respeito às características dos ambientes interior e exterior,

respectivamente; Para a sua quantificação deverão ser tidos em conta os agentes de

degradação identificados no Quadro 2.3;

O factor F reflecte o efeito do uso na degradação do material ou componente; Aqui é,

geralmente, importante a distinção entre uso comum e uso privado;

O factor G é relativo à manutenção e deve dar conta da probabilidade da existência de uma

manutenção adequada.

Page 33: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

13

3

3 CARACTERIZAÇÃO DAS FACHADAS

VENTILADAS

3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

A fachada ventilada pode ser genericamente descrita como sendo um sistema de revestimento e

protecção da envolvente exterior vertical de edifícios, sendo a sua característica principal o

afastamento entre o suporte e o revestimento, criando assim uma caixa-de-ar dinâmica que permite a

ventilação natural e contínua da parede do edifício pelo efeito de chaminé. Este revestimento é

constituído por elementos descontínuos e independentes de espessura e dimensões variáveis, fixados

mecanicamente através de estruturas intermédias ou pontualmente, por exemplo através de elementos

metálicos. Este tipo de fachada é também caracterizado pela colocação do isolante térmico pelo

exterior do suporte.

Comparando este tipo de solução com revestimentos exteriores tradicionalmente aplicados destacam-

se as seguintes vantagens:

Diminuição do consumo energético devido à colocação do isolamento térmico pelo exterior e

consequente eliminação das pontes térmicas;

Redução da ocorrência de problemas de condensação interior e humidades;

Diminuição de oscilações térmicas o que aumenta a estabilidade dimensional da envolvente,

reduzindo a probabilidade de aparecimento de fissuras;

Melhoria do isolamento acústico devido à existência da caixa-de-ar, nomeadamente em

frequências médias/altas;

Aumento da inércia térmica interior, dado que toda a massa da envolvente das paredes

exteriores contribui para a regulação da temperatura, conseguindo-se assim um maior conforto

térmico quer nos meses de Verão quer nos meses de Inverno;

Inexistência de condensações intersticiais;

Diminuição de problemas de infiltração de água, devido à separação existente entre os painéis

de revestimento exterior e o pano adjacente;

Aumento da área interior habitável, devido à redução da espessura da parede de fachada;

Facilidade de manutenção e substituição, reduzindo assim os custos inerentes;

Alta produtividade, uma vez que se trata de um sistema de montagem industrializado.

Page 34: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

14

Por outro lado, este sistema tem algumas limitações importantes, que serão enumeradas de seguida:

Ausência de normas, regulamentos e requisitos de desempenho que agreguem valor comercial

ao produto;

Necessidade de mão-de-obra qualificada e com experiência;

Exigência de projecto específico detalhado e que defina pormenorizadamente o processo de

montagem;

Dependência de mudanças organizacionais nos processos da gestão do empreendimento e da

produção;

Custos elevados relativamente a soluções mais tradicionais.

A figura seguinte representa um corte esquemático de um sistema de fachada ventilada

Figura 3.1: Corte esquemático de um sistema de fachada ventilada [8]

Page 35: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

15

3.2 CONSTITUINTES DAS FACHADAS VENTILADAS

Os elementos constituintes do sistema de fachada ventilada são o revestimento exterior, o sistema de

fixação desse mesmo revestimento, o isolante térmico e o suporte do sistema, que será o pano de

parede de fachada. A figura seguinte é representativa de um sistema de fachada ventilada.

Figura 3.2: Representação de um sistema de fachada ventilada [35]

Neste subcapítulo é feita uma descrição sumária de cada um dos elementos constituintes do sistema.

3.2.1 SUPORTE

A selecção do suporte a adoptar num edifício tem implicações directas na escolha do revestimento,

pois irá ter influência sobre a escolha do respectivo sistema de fixação.

No caso do sistema de fachada ventilada, é recomendável que o suporte tenha uma espessura mínima

de 20 cm de modo a garantir um bom desempenho face às solicitações a que se sujeitará a parede.

A caracterização do suporte do sistema de fachada ventilada pode então ser definida como o

paramento resistente situado atrás do revestimento, que transmite os esforços deste para a estrutura

do edifício e que apresenta uma deformabilidade compatível com a livre deformação dos componentes

do revestimento [8].

No caso de as ancoragens serem isoladas ou pontuais e fixadas directamente ao pano de alvenaria, este

deve ser em betão ou em tijolo perfurado ou maciço. Existe um estudo, publicado pelo CEB (Comité

Européen du Béton), que permite avaliar a segurança de ancoragens em elementos de suporte, sejam

Page 36: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

16

paredes de betão ou de alvenaria de tijolo. Existem também algumas formulações que relacionam as

características dos materiais de base com as forças de arrancamento e corte.

A seguinte tabela mostra o grau de confiança do suporte para a utilização como base para ancoragens

para fachadas ventiladas.

Quadro 3.1: Grau de confiança do suporte para a utilização como base para ancoragens de fixações para

fachadas ventiladas [34]

Natureza do suporte Grau de confiança

Betão Excelente

Tijolo maciço Muito bom

Tijolo perfurado Bom

Blocos de argamassa de cimento com septos de 3 cm Bom

Tijolo cerâmico com pequenas células ocas Bom

Tijolo cerâmico vazado Inaceitável *

NOTA - No dimensionamento das ancoragens deverá ter-se em conta, para além da resistência do material, a situação das juntas e bordo da alvenaria.

* Quando utilizado sem reforços, como por exemplo cintas

3.2.2 ISOLANTE TÉRMICO

Um isolante térmico tem como função reduzir a transferência de calor através dos elementos onde se

encontra aplicado. Trata-se de um material poroso, cuja elevada resistência térmica se deve à baixa

condutibilidade do ar contido nos seus vazios. Assim sendo, deve possuir baixa condutibilidade

térmica (λ), menor ou igual a 0,065 W/m.oC, sendo que a sua resistência térmica (R = e/λ) deverá ser

maior ou igual a 0,5 m2.oC/W. Entendem-se por isolantes térmicos leves aqueles que apresentam uma

massa volúmica inferior a 300 kg/m3.

Para além dos aspectos já mencionados, um isolante térmico deve possuir as seguintes características:

Boa resistência mecânica;

Impustrescível e inatacável por fungos;

Incombustível;

Baixa permeabilidade ao vapor de água;

Não higroscópico.

Segundo a NIT (Nota de Informação Técnica) 001 [33], os níveis mínimos de aptidão de um isolante

térmico para ser utilizado em paredes com isolamento térmico pelo exterior e revestimento

independente e descontínuo serão I1, S1, O2, L2 e E1, segundo a classificação R-ISOLE da ACERMI

(Association pour la Certification des matériaux isolants).

No caso do sistema em estudo, a análise da compatibilidade do isolante térmico seleccionado com o

alumínio, aço inoxidável ou qualquer outro material utilizado no sistema de fixação é de grande

importância.

O quadro seguinte apresenta uma análise comparativa de alguns materiais utilizados como isolante

térmico.

Page 37: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

17

Quadro 3.2: Comparação de diferentes materiais de isolamento térmico [8]

Material Densidade

(kg/m³) λ (W/m.°C)

Temperaturas de trabalho (°C)

Igual isolamento

Espessura equivalente

Peso equivalente

Poliuterano 32 0,021 -200 a 110 1,0 1,0

Poliestireno expandido

15 0,033 -150 a 70 1,4 0,6

Espuma fenólica 30 0,033 -200 a 130 1,4 1,2

Fibra de vidro 65 0,034 -180 a 315 1,5 2,8

Lã mineral 100 0,041 -100 a 980 1,8 5,1

Cortiça 100 0,045 -180 a 94 2,0 5,7

Amianto fibra 160 0,051 -100 a 450 2,2 10,1

Espuma de vidro 144 0,055 -220 a 430 2,4 9,9

Betão celular 550 0,140 - 6,0 94,3

3.2.3 SISTEMA DE FIXAÇÃO

Os elementos de fixação de um sistema de fachada ventilada têm como função transmitir ao suporte as

solicitações devidas ao revestimento exterior. Existem no mercado diversas soluções disponíveis,

podendo estas ser pontuais ou contínuas, e com acoplamento oculto ou visível.

As acções a considerar na sua escolha e no seu dimensionamento são as seguintes:

Peso próprio das placas e de todo o material interior de suporte;

Acção do vento a incidir directamente sobre a fachada, seja sob pressão ou depressão;

Solicitações térmicas;

Acções de origem sísmica;

Acção do fogo;

Acções devido a deformações estruturais;

Cargas de impacto.

Devem ser considerados os coeficientes de majoração das acções e de minoração da resistência dos

materiais conforme o indicado na regulamentação em vigor, de modo a precaver eventuais anomalias

que possam surgir ao longo da vida útil da fachada, tais como variações dos carregamentos aplicados,

variações nas secções dos elementos estruturais e variações da resistência dos materiais.

A durabilidade das fixações deve ser idêntica à do suporte uma vez que estas não são acessíveis para

manutenção periódica, devendo estar previstos tratamentos adequados contra a corrosão ou outros

processos de degradação.

Page 38: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

18

3.2.3.1 Fixação pontual

Entende-se por elementos de fixação pontual aqueles que estabelecem uma ligação directa entre o

suporte e o revestimento, não dependendo portanto de estruturas intermédias. Isto implica que o

suporte possua resistência para a inclusão deste tipo de fixações em praticamente toda a sua extensão,

pois normalmente o local de fixação no revestimento determina o local de fixação no suporte. Este

tipo de fixações é normalmente utilizado para elementos de revestimento de reduzidas dimensões

faciais e colocados com juntas de topo.

A fixação deste tipo de componentes ao suporte pode ser mecânica ou de chumbar, o que influi

directamente na compatibilidade entre os elementos de fixação e o suporte.

Dos variados tipos de fixação pontual mecânica disponíveis no mercado, os mais utilizados são os

grampos mecânicos correntes e os grampos mecânicos reforçados. Estes últimos são indicados para a

fixação de placas pesadas, com um peso compreendido entre os 100 e os 240 kg. Estes componentes

prevêem uma fixação ao suporte por intermédio de parafusos e buchas, podendo ser totalmente

reguláveis através de uma afinação tridimensional aquando da colocação do revestimento. Isto

possibilita que o revestimento seja colocado posteriormente, permitindo que a aplicação do isolamento

seja feita depois da introdução dos grampos no suporte, garantindo assim de modo mais eficaz a

estanquidade à água e o isolamento térmico.

Figura 3.3: Grampo mecânico corrente e grampo mecânico reforçado [12]

Relativamente às fixações com selagem ao suporte, estas têm a desvantagem de não permitirem a

regulação tridimensional que a fixação mecânica possibilita, tornando a sua execução bastante mais

complexa pois a sua colocação deve ser feita em simultâneo com a colocação do revestimento. O

isolamento térmico já deverá portanto estar aplicado ou ser também aplicado em simultâneo, o que

tornará esta operação ainda mais difícil. Os grampos de chumbar são as fixações com selagem mais

utilizadas.

Page 39: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

19

.

Figura 3.4: Grampo de chumbar [12]

A figura seguinte representa um corte da forma indicada de fixar um grampo de chumbar ao suporte.

Figura 3.5: Fixação de grampo de chumbar ao suporte [12]

3.2.3.2 Fixação contínua

Um elemento de fixação contínua pode ser definido como um dispositivo composto por uma estrutura

intermédia entre o suporte e o revestimento e pelos restantes componentes que permitem a sua

aplicação sobre o suporte bem como a aplicação do revestimento sobre a estrutura intermédia.

As três principais variáveis deste tipo de soluções são as seguintes:

Composição da estrutura intermédia;

Fixação da estrutura intermédia ao suporte;

Fixação do revestimento à estrutura intermédia.

A estrutura intermédia pode ser realizada em madeira ou metal, sendo que normalmente se utiliza o

alumínio devido ao seu baixo peso e elevada resistência e durabilidade. Consiste em elementos

paralelos entre si, na horizontal ou na vertical (estrutura intermédia simples) ou em ambos os sentidos

sobrepostos (estrutura intermédia dupla). Neste último caso, a estrutura é composta por elementos de

dimensões e resistências distintas, sendo que os de resistência mecânica mais elevada e em contacto

directo com o suporte são denominados de estrutura primária enquanto que os elementos

perpendiculares e sobrepostos a estes se designam por estrutura secundária. As estruturas intermédias

simples são utilizadas para a fixação de revestimentos compostos por réguas ou lâminas colocadas na

horizontal ou por elementos de grandes dimensões faciais. Já as estruturas intermédias duplas são mais

Page 40: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

20

indicadas para revestimentos compostos por réguas ou lâminas colocadas na vertical ou por elementos

de reduzidas dimensões faciais.

Figura 3.6: Estrutura intermédia simples [35]

Figura 3.7: Estrutura intermédia dupla [35]

A fixação da estrutura intermédia ao suporte pode ser feita das seguintes maneiras:

Solidária, quando é parcialmente introduzida no suporte; Esta solução está normalmente

associada a perfis de aço ou fibrocimento inseridos na cofragem do betão, sendo que é

frequentemente utilizada para revestimentos de chapa ondulada em fibrocimento, plástico ou

metálica;

Page 41: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

21

Directa, quando se encontra em contacto superficial com o paramento do suporte; Neste tipo

de ligação, as exigências de planeza do paramento assumem especial importância; Deve

também ter-se em conta que normalmente esta solução não permite a aplicação do isolante

térmico de forma contínua; No caso de se tratar de uma estrutura intermédia dupla, devem ser

os elementos verticais a assegurar a ligação ao suporte, de maneira a não ficar impedido ou

dificultado o escorrimento de água ao longo do suporte e a livre circulação de ar no sentido

ascendente;

Indirecta, quando contacta com o suporte apenas através de espaçadores; Este tipo de fixação

tem a grande vantagem de permitir a aplicação do isolante de forma contínua, permitindo

também a execução do suporte com menos rigor.

Quanto à fixação do revestimento à estrutura intermédia, esta pode ser feita através de elementos

visíveis ou ocultos. Relativamente aos primeiros, estes podem consistir em parafusos, rebites ou

agrafos (aplicados através da perfuração total da espessura do revestimento, sendo necessários

cuidados estéticos suplementares), ou então em presilhas ou clips. Quanto aos segundos, os grampos

mecânicos são uma solução análoga à das fixações pontuais, sendo também possível a aplicação de

implantes no tardoz do revestimento ou ainda de outro tipo de soluções, com rasgo no tardoz ou

recorte no topo dos revestimentos.

Figura 3.8: Fixação visível do revestimento à estrutura intermédia [35]

Page 42: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

22

Figura 3.9: Fixação oculta do revestimento à estrutura intermédia [35]

3.2.4 REVESTIMENTO EXTERIOR

O revestimento exterior de um sistema de fachada ventilada tem principalmente uma função estética e

de protecção das paredes do edifício. Sendo a parte exterior do sistema, vai estar exposta à acção dos

agentes climatéricos e não só, sendo ao mesmo tempo uma parte importante esteticamente,

responsável pelo aspecto exterior do edifício.

Consiste em placas pré-fabricadas de dimensões faciais variáveis, enquanto que a sua espessura

normalmente não ultrapassa os 5 cm, embora alguns tipos de revestimento tenham exigências mínimas

de espessura, consoante o tipo de fixação a utilizar. Estas placas podem ser feitas de inúmeros

materiais diferentes, sendo que os mais utilizados actualmente na indústria da construção civil são:

Placas de pedra natural;

Placas cerâmicas;

Placas de grés porcelânico;

Placas de alumínio composto;

Placas de compostos fenólicos.

3.2.4.1 Revestimentos com placas de pedra natural

Os revestimentos exteriores com placas de pedra natural são actualmente muito usados em Portugal,

não só por permitirem obter um efeito visual idêntico às alvenarias de pedra mas também porque são

vistos como soluções de qualidade e grande durabilidade, isto apesar de ser, de todos os materiais de

revestimento disponíveis no mercado, aqueles que requerem menor industrialização. Os tipos de pedra

mais correntes são o granito, o calcário e o mármore.

Page 43: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

23

Figura 3.10: Fachada ventilada com revestimento exterior de granito [35]

Neste tipo de revestimento verifica-se que a fixação das placas é feita quase exclusivamente por

ancoragens pontuais, directamente encaixadas através de perfurações executadas na sua espessura, que

evitam quase por completo a estrutura auxiliar de suporte. Este tipo de fixação diminui o custo do

sistema de fachada ventilada, tendo a desvantagem de aumentar consideravelmente a quantidade de

fixações ancoradas directamente ao suporte, contribuindo consequentemente para a possibilidade de

colapso das fixações, sendo por isso necessário um controlo muito mais rigoroso relativamente à

resistência ao arrancamento das placas, ao mesmo tempo que diminui significativamente a

produtividade e facilita o improviso em obra. No entanto, as placas de pedra natural não estão

restringidas aos apoios em suportes pontuais, podendo também ser aplicadas em sistemas contínuos

apoiados em perfis. A DTU 55.2 do CSTB apresenta de forma exaustiva as recomendações

tecnológicas para sistemas de fixação de placas de pedra natural.

O risco de congelamento e descongelamento da água depositada nas fendas de encaixe do suporte,

para além do facto de uma parte considerável dos materiais pétreos utilizados na execução de

revestimentos exteriores absorver rapidamente a água da chuva por capilaridade, eliminando-a depois

lentamente através da evaporação, são outras condicionantes deste tipo de solução. A retenção de água

nos poros da pedra pode afectar a sua durabilidade de duas formas:

As baixas temperaturas podem levar ao congelamento da água presente nos capilares,

provocando a ruptura dos mesmos e a degradação da pedra;

A água dissolve os minerais constituintes da pedra, transformando-as em sais que, quando

transportados para a superfície cristalizam, dando origem a manchas por eflorescência.

Estas mudanças de cor e textura das pedras expostas aos agentes climatéricos também dependem

muito do grau de poluição da zona onde se encontra implantado o edifício e da sua orientação solar,

Page 44: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

24

devendo estes aspectos ser considerados na fase de projecto aquando da selecção do material para o

revestimento.

Assim sendo, torna-se importante ter em conta os seguintes aspectos na escolha de uma pedra para

utilização como revestimento exterior:

Propriedades mecânicas e físicas da pedra;

Porosidade e absorção de água;

Características que eventualmente possam ter influência na durabilidade da pedra, tais como o

estado microfissural e a presença de materiais nocivos e/ou alterados;

Viabilidade de a pedra ser submetida a processos de transformação necessários à obtenção da

aparência desejada (superfície polida, serrada ou picada, por exemplo);

Eventuais alterações na aparência a que a pedra estará sujeita.

A área facial da placa de pedra natural não deve exceder 1 m2, excepto no caso de a zona a revestir

estar sujeita a choques com exposição Q4, em que a sua área não deverá exceder 0,60 m2. Para além

disso, a sua maior dimensão não deverá exceder 1,40 m. Relativamente à sua espessura, nunca deverá

ser inferior a 30 mm no caso de se recorrer a um sistema de fixações pontuais. Neste caso, os orifícios

deverão ser executados por pessoal especializado com equipamento apropriado, e nunca em obra, de

modo a precaver problemas sérios relacionados com a excentricidade e o diâmetro excessivo dos

furos, o que poderá comprometer quer a resistência da parede da pedra quer a estabilidade e segurança

da placa.

3.2.4.2 Revestimentos com placas cerâmicas

O sistema de fachada ventilada com revestimento em painéis cerâmicos associa as vantagens do

sistema, com as características estéticas e técnicas do elemento cerâmico. As dimensões deste tipo de

painéis, bastante competitivos, variam de 30 cm x 60 cm a 60 cm x 120 cm, sendo que em certos casos

poderão chegar até aos 120 cm x 120 cm enquanto que a sua espessura poderá ser de apenas 8 mm.

Figura 3.11: Fachada ventilada com revestimento exterior cerâmico [35]

Page 45: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

25

As suas características mais relevantes são a baixa absorção de água e a sua elevada resistência

mecânica.

O sistema mais utilizado para a sua fixação consiste numa perfilaria de suporte fixada

convenientemente ao pano de parede devidamente isolado pelo exterior, ou seja, trata-se de uma

fixação contínua. Os painéis são posteriormente acoplados aos perfis por intermédio de encaixes

metálicos ou de implantes. Todavia, o recente desenvolvimento de elementos cerâmicos levou ao

aparecimento de novas soluções que permitem outro tipo de opções, nomeadamente componentes de

fixação que recorrem à furação no topo do revestimento ou a um rasgo no tardoz do revestimento.

Este tipo de revestimentos de placas cerâmicas com estruturas auxiliares de suporte tem um bom

desempenho face às acções do vento, pois possui:

Superfícies muito planas e pouco rugosas, oferecendo menor resistência ao vento;

Elevada resistência ao arrancamento dos fixadores e ao impacto; Como medida preventiva

aconselha-se a aplicação de uma tela de fibra de vidro colada no tardoz da placa que impeça a

sua queda para que, na eventualidade de o revestimento ser atingido com um objecto com

força suficiente para causar a ruptura de um dos seus componentes, evitar a ocorrência de

acidentes ou de maiores danos na fachada;

Baixo peso de todo o sistema, na ordem dos 30 kgf/m2 incluindo as placas, a estrutura de

suporte e todos os restantes acessórios, o que contribui para a facilidade de montagem, pois a

sua leveza dispensa o uso de equipamentos especiais para o transporte vertical das placas.

Dos variados tipos de materiais cerâmicos para a execução de fachadas ventiladas disponíveis, no

mercado, o que mais se destaca é o grés porcelânico, que tem um coeficiente de absorção de água de

apenas 0,5% e que é caracterizado no ponto seguinte.

3.2.4.3 Revestimentos com placas de grés porcelânico

A produção de grés porcelânico teve início nos anos 80, após o desenvolvimento do processo de

queima rápida que provocou uma enorme mudança no sector da indústria cerâmica.

Figura 3.12: Fachada ventilada com revestimento exterior de grés porcelânico [35]

As principais características deste material são as seguintes:

Elevada resistência à abrasão;

Page 46: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

26

Baixo teor de absorção de água, de cerca de 0,5%, o que proporciona elevada resistência ao

congelamento;

Elevada resistência mecânica;

Elevada resistência a ataques químicos, nomeadamente por ácidos e álcalis;

Elevada dureza;

Uniformidade de cores e acabamentos;

Facilidade de manutenção.

Devido aos seus atributos, o grés porcelânico assumiu-se como uma opção extremamente competitiva,

tornando-se progressivamente o principal concorrente das placas de pedra natural para a execução de

fachadas ventiladas, tendo relativamente a estas as seguintes vantagens:

Menor absorção de água;

Menor massa;

Maior homogeneidade do material;

Menor probabilidade de aparecimento de manchas;

Menor necessidade de controlo na recepção do material e na sua escolha;

Menores necessidades de manutenção;

Maior perspectiva de durabilidade.

3.2.4.4 Revestimento com placas de alumínio composto

Este tipo de painéis é normalmente composto por duas camadas de alumínio, com uma espessura de

cerca de 0,5 mm, e um núcleo interior de polietileno de baixa densidade de espessura variável, sendo

que normalmente esta se situa entre os 2 e os 5 mm, sendo obtidos através da laminação sob tensão

controlada através de processo contínuo. Devido ao seu baixo peso, é indicado para a construção de

painéis de grandes dimensões. O facto de se aplicar uma pintura por intermédio de rolos

electrostáticos, permite a obtenção de uma enorme variedade de acabamentos.

Figura 3.13: Fachadas ventiladas com revestimento exterior de alumínio composto [35]

Esta solução tem como principais características:

Planeza de superfície;

Variedade de dimensões, acabamentos e cores;

Page 47: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

27

Pouca necessidade de manutenção;

Leveza do sistema, na ordem dos 6 kg/m2;

Facilidade de limpeza, permitindo a remoção de graffiti;

Simplicidade da substituição de painéis;

Instalação rápida.

3.2.4.5 Revestimento com painéis de aglomerados de madeira

Os compostos fenólicos são substâncias naturais a partir das quais se pode produzir uma resina

plástica de alta resistência, ideal para a utilização como ligante das fibras no processo de

transformação de aglomerados de madeira, conferindo-lhes uma resistência química e mecânica

significativas.

Actualmente tem-se assistido a um grande aumento na utilização dos painéis HPL (High Pressure

Laminates) para o revestimento exterior de fachadas ventiladas.

Este tipo de painéis é constituído por várias camadas de celulose, impregnadas com resinas fenólicas

(que conferem estabilidade e rigidez ao produto) e melamínicas (aplicadas às camadas exteriores, de

modo a obter-se uma boa resistência à abrasão e química), sujeitas simultaneamente a um processo de

sobreaquecimento e compressão. Isto permite a obtenção de um produto homogéneo e com um baixo

nível de porosidade.

As suas principais características são as seguintes:

Elevada resistência química;

Planeza e regularidade dos painéis;

Baixo peso;

Resistência à sujidade e facilidade de limpeza, inclusivamente de graffitis;

Resistência à radiação UV e à generalidade dos agentes climatéricos;

Variedade de cores e acabamentos.

Figura 3.14: Fachada ventilada com revestimento exterior composto por painéis HPL

Page 48: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

28

3.2.5 OUTRAS CARACTERÍSTICAS

Para além dos quatro elementos constituintes do sistema de fachada ventilada já referidos, é necessário

fazer referência a mais dois aspectos essenciais para a correcta execução do sistema, para o seu

desempenho de acordo com as expectativas e para a sua durabilidade: a caixa-de-ar e as juntas.

A caixa-de-ar ventilada é a característica que dá o nome ao sistema. Consiste num espaço de ar criado

pelo afastamento entre o revestimento exterior e o suporte e cuja espessura varia normalmente entre 2

e 15 cm, podendo ser maior para permitir a passagem de instalações.

A sua ventilação contínua e natural tira partido do efeito chaminé, que se baseia na entrada do ar frio

pela parte inferior da fachada e na saída do ar quente pela parte superior da mesma. Este arejamento da

caixa-de-ar permite, por exemplo, evitar problemas de humidade e de condensações recorrentes em

alguns sistemas tradicionais de fachada, contribuindo também para a remoção do vapor de água.

No caso de edifícios com grande desenvolvimento em altura deve prever-se uma compartimentação da

caixa-de-ar para prevenir a propagação de fogos pela fachada.

No caso das juntas de uma fachada ventilada, estas são constituídas por espaços, normalmente

deixados em aberto, entre as placas de revestimento exterior com o objectivo fundamental de aliviar

tensões resultantes de movimentações intrínsecas ou extrínsecas ao sistema.

As juntas de colocação ou juntas entre componentes podem ser fechadas ou abertas, sendo

responsáveis pela absorção de deformações de ordem estrutural e de contracção ou expansão. No caso

das juntas abertas, a sua utilização em locais sujeitos a condições climatéricas extremas ou a possíveis

actos de vandalismo não é aconselhada. A sua espessura não deverá exceder os 3 mm, sendo no

entanto admissível uma maior espessura, no caso de materiais sujeitos a uma variabilidade

dimensional significativa. É também recomendável a utilização de materiais resistentes à humidade no

tardoz do revestimento, apesar de a percentagem de água que penetra pelo revestimento ser

relativamente reduzida. Já no caso das juntas fechadas, que se caracterizam pela protecção acrescida

contra a água da chuva, deve prever-se a colocação de aberturas e drenos de modo a assegurar a sua

estanquidade. Devem ser realizadas com o recurso a silicones devidamente testados e de comprovada

qualidade, para prevenir eventuais incompatibilidades com os materiais do revestimento ou a sua

degradação estética devido à radiação ultravioleta.

3.3 PATOLOGIAS EM FACHADAS VENTILADAS

Num sistema de fachada ventilada, a probabilidade de ocorrência de patologias graves é baixa. As

patologias mais comuns neste tipo de sistema são normalmente consequência de uma execução

deficiente ou de escolhas inadequadas por parte do projectista, e não de características inerentes ao

sistema.

Os problemas passíveis de ocorrer nas fachadas ventiladas prendem-se sobretudo com os

revestimentos, quer a nível estético quer a nível de segurança. Dos diversos materiais de que este pode

ser composto, aqueles mais sensíveis devido sobretudo a alterações de aspecto serão a pedra natural e

a cerâmica. Os outros revestimentos mencionados são menos susceptíveis de sofrer alterações

significativas no seu aspecto, pois têm normalmente níveis de acabamento e de tratamento maiores.

As eflorescências são manchas que aparecem na superfície de alguns tipos de revestimentos,

normalmente de pedra ou cerâmica, e têm origem na dissolução dos sais constituintes do material ou

das juntas e a sua posterior cristalização à superfície. Assim sendo, quanto mais poroso for o material

das placas de revestimento e quanto mais agressivas forem as condições climatéricas do local em

questão, maior é a propensão para o aparecimento desta patologia. Usualmente de cor branca, estas

manchas podem apresentar outras colorações dependendo da composição química dos sais que lhes

Page 49: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

29

dão origem. O principal problema associado a esta patologia é a nível estético, pois o aspecto do

revestimento sofre uma degradação acelerada, sendo que também poderá originar alterações físico-

químicas que envelheçam o material de revestimento precocemente e causem danos na superfície do

revestimento. Uma vez que a ocorrência deste tipo de fenómenos depende sobretudo da escolha

acertada do material de revestimento, consoante o tipo de acções climatéricas a que vai estar sujeito, a

responsabilidade do projectista não é desprezável, apesar de uma manutenção inadequada,

nomeadamente a limpeza do revestimento com produtos químicos agressivos para o material, também

poder ser responsável pela sua ocorrência.

Outro problema frequentemente associado com estes tipos de revestimentos é o aparecimento de

musgos, líquenes, fungos ou outros agentes biológicos. Para além disso, a exposição à poluição

também pode originar manchas, devido à sujidade que se acumula na superfície do revestimento e aos

compostos químicos que atacam o material que o compõe.

Um outro problema possível é haver placas com os cantos partidos, sendo que o pouco cuidado

dispensado ao transporte e manuseamento das placas durante a sua montagem é a sua causa, na

maioria das vezes.

Porém, os problemas mais preocupantes que podem ocorrer com esta solução são os desprendimentos

de placas de revestimento, que podem pôr em risco pessoas ou bens, apesar de relativamente raros.

Podem acontecer devido a vários factores, mas serão sobretudo consequência de um

subdimensionamento das fixações face às solicitações previsíveis, tais como o vento e o peso próprio

das placas, ou de uma execução pouco cuidada da fachada.

Figura 3.15: Mancha de eflorescência numa placa de revestimento de granito.

Page 50: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

30

Figura 3.16: Musgos, manchas de sujidade e de eflorescência na superfície de um revestimento de granito

3.17 – Desprendimento de placas de revestimento

Page 51: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

31

4

4 EXIGÊNCIAS DE DESEMPENHO

E SELECÇÃO EXIGENCIAL

4.1 EXIGÊNCIAS DE DESEMPENHO

A aptidão de desempenho de determinado produto da construção decorre da sua resposta às

solicitações a que vai estar sujeito durante o seu período de vida e em condições normais de utilização.

Neste sentido, na avaliação do desempenho dos produtos da construção devem ser considerados os

factores que afectam a durabilidade dos produtos da construção, tais como o clima, a agressividade do

meio, as solicitações decorrentes da utilização, entre outras acções.

São definidos na Directiva dos Produtos da Construção seis Requisitos Essenciais com o objectivo de

regular as exigências funcionais dos produtos de construção. Estes requisitos, de acordo com a referida

directiva constituem o conjunto de requisitos mínimos que as obras de construção devem respeitar de

modo a poderem ser consideradas aptas ao uso durante o período de vida para o qual foram

concebidas.

Os Requisitos Essenciais definidos na directiva são os seguintes:

Resistência mecânica e estabilidade;

Segurança contra incêndios;

Higiene, saúde e ambiente;

Segurança na utilização;

Protecção contra o ruído;

Economia de energia e retenção de calor.

Para além das exigências funcionais existem outro tipo de exigências que devem ser consideradas,

nomeadamente:

Conforto visual;

Durabilidade;

Montagem, manutenção e reparação.

De um modo geral, as exigências funcionais encontram-se reguladas. Em relação às restantes

exigências a informação deverá ser recolhida, no caso da construção corrente, em normas,

especificações ou outro documentos de carácter pré-normativo e no caso da construção inovadora, a

partir de directivas, guias ou relatórios da UEAtc, de guias EOTA e DTU’s ou cahiers do CSTB.

Page 52: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

32

4.2 EXIGÊNCIAS DE DESEMPENHO EM FACHADAS VENTILADAS

As exigências funcionais das habitações decorrem da satisfação das necessidades humanas. Assim,

para satisfazer as necessidades dos utentes o edifício deve realizar todas as funções que permitam

concretizar esse objectivo.

Os diversos elementos e componentes dos edifícios, cada um com as suas funções, contribuem para a

satisfação global das necessidades dos utilizadores. As fachadas devem satisfazer um conjunto

alargado de exigências de desempenho, para cada uma das quais devem ser definidos critérios de

qualidade. A sua verificação pressupõe o recurso à experimentação ou à simulação.

Segue-se uma listagem dos requisitos de desempenho mais importantes para fazer face às exigências

mencionadas, segundo [12].

4.2.1 RESISTÊNCIA MECÂNICA E ESTABILIDADE

Estabilidade mecânica do suporte – definição da espessura mínima do suporte consoante a

solução a adoptar para revestimento de determinado edifício segundo o DTU 20.1, não

devendo ser inferior a 20 cm.

Resistência ao vento – a fachada deve apresentar uma resistência suficiente aos esforços de

pressão, depressão, vibração e acção dinâmica causados pelo vento. Referência ao índice V da

classificação reVETIR (ver 3.3.2).

Fixação do revestimento ao suporte – definição da resistência ao arrancamento por tracção

através de ensaios adequados com um dinamómetro.

Resistência aos choques (suporte) – para paramentos acessíveis aos utentes (até 1,5 m acima

do nível do piso) a parede deverá ter uma resistência ao choque por grande corpo mole (50Kg)

de 1000J e por grande corpo duro (1Kg) de 50J. Ensaios de resistência aos choques segundo

as directivas UEAtc.

Resistência aos choques (revestimento) – para paramentos acessíveis aos utentes a resistência

de ambos os revestimentos ao choque por grande corpo mole (50 kg) deverá ser de 400 J. A

resistência do revestimento exterior a dez choques por pequeno corpo mole (3 kg) deverá ser

de 60 J e ao choque por grande corpo duro (1 kg) de 10 J. A resistência do revestimento

interior ao choque por pequeno corpo mole deverá ser de 30 J e ao choque por pequeno corpo

duro (0,25 kg) de 2 J. Para paramentos não acessíveis aos utentes a resistência do revestimento

exterior ao choque por grande corpo duro deverá ser de 10 J e ao choque por pequeno corpo

duro de 3 J. A resistência do revestimento interior ao choque por pequeno corpo mole deverá

ser de 30 J e ao choque por pequeno corpo duro de 2 J. Ensaios de resistência aos choques

segundo as directivas UEAtc. Referência ao índice T da classificação reVETIR (ver 3.3.2).

4.2.2 SEGURANÇA EM CASO DE INCÊNDIO

Reacção ao fogo – referência à classe de reacção ao fogo dos revestimentos e outros elementos

constituintes. A estrutura de suporte do sistema e o revestimento exterior devem ter no

mínimo a classificação C (S2/d0) para edifícios de pequena altura, B (S2/d0) para edifícios de

média altura e A2 (S2/d0) para edifícios de altura superior a 28 m. O isolante térmico deve ter

no mínimo a classificação D (S3/d0) para edifícios de pequena altura, B (S2/d0) para edifícios

de média altura e A2 (S2/d0) para edifícios de altura superior a 28 m. Referência ao índice I da

classificação reVETIR (ver 3.3.2).

Page 53: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

33

4.2.3 HIGIENE, SAÚDE E AMBIENTE

Odores – referência da classe de apreciação de odores, cujas classes vão de 0 a 4. A classe de

odor do revestimento deverá ser ≤ 1,5.

Resistência ao enodoamento - definição da classe de resistência ao enodoamento por produtos

químicos, sendo que as classes vão de C0 a C3 [27]. Definição da classe de resistência ao

enodoamento pela poeira sendo que as classes vão de 1 a 9 [27]. Ensaio de verificação da

aspereza e pegajosidade do revestimento.

Limpeza – descrição da resistência a acções de limpeza, sendo que os revestimentos não

deverão necessitar de processos de limpeza não usuais. Referência à classe de resistência à

lavagem.

Aptidão para reutilização – descrição das potencialidades para reutilização após remoção do

subsistema. Referência ao índice r da classificação reVETIR.

4.2.4 SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO

Perfil geométrico da superfície – os paramentos exteriores acessíveis aos utentes não devem

apresentar saliências localizadas que possam provocar ferimentos ou arranhaduras em

consequência de fricções acidentais.

Resistência à peladura – referência da temperatura máxima atingível pelo revestimento em

exposição solar. Para paramentos acessíveis aos utentes a temperatura máxima admissível é de

60oC. Ensaio de exposição solar do revestimento.

4.2.5 PROTECÇÃO CONTRA O RUÍDO

Isolamento a sons de condução aérea (D2m,n,w) – referência ao valor de D2m,n,w . Para edifícios

habitacionais, mistos, escolares, de investigação, de leitura ou hospitalares os mínimos

admissíveis são: zona sensível - D2m,n,w ≥ 28 dB; zona mista - D2m,n,w ≥ 33 dB. Para edifícios

comerciais, de serviços ou industriais o valor mínimo admissível é D2m,n,w ≥ 30 dB.

4.2.6 ECONOMIA DE ENERGIA E COMPORTAMENTO HIGROTÉRMICO

Coeficiente de transmissão térmica (U) – referência ao valor de U (W/m2.oC) segundo o índice

R da classificação reVETIR (ver 3.3.2).

Estanquidade à água – classificação da parede segundo a sua estanquidade à água. Tipos I a IV

e XI a XIV. Referência do coeficiente de capilaridade e de absorção de água do revestimento.

Ensaios de permeabilidade à água sob pressão, de absorção de água por capilaridade e de

absorção de água por imersão. Referência ao índice E da classificação reVETIR (ver 3.3.2)

Difusão de vapor de água – classificação do edifício de acordo com a sua higrometria e

verificação das regras de concepção da fachada face à difusão de vapor de água.

4.2.7 CONFORTO VISUAL

Reacção do revestimento exterior à água – a diferença de aspecto entre as zonas dos

paramentos habitualmente batidas pela chuva e as zonas que habitualmente se encontrem

abrigadas não deve ser excessiva. Ensaio de exposição à água.

Page 54: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

34

Planeza das superfícies – quantificação da planeza geral e planeza localizada. Flechas

admissíveis < 19 mm e ≤ 2 mm respectivamente. Verificação “in situ” com recurso a réguas

de 2 m e 0,20 m para a planeza geral e localizada respectivamente.

Verticalidade – quantificação dos desvios. Desvios admissíveis ≤ 10 mm / 3 m. Verificação

“in situ” com fio de prumo.

Rectidão das arestas – quantificação do desvio da linha de aresta relativamente à sua linha

média. Desvio máximo admissível ≤ 5 mm. Verificação “in situ”.

Homogeneidade de cor e brilho – quantificação da diferença de cor e de brilho das placas de

revestimento, sendo que o limiar de perceptibilidade da diferença de cor é de 2+/-0,6 e o

limiar de perceptibilidade da diferença de brilho é ≤ 5%. Verificação segundo a norma ASTM

D 1729-96. Determinação da diferença de cor, com recurso a um colorímetro, de diversos

pontos e um determinado padrão. Determinação da reflectância, com recurso a um

reflectómetro, para diversos pontos do paramento e cálculo das diferenças.

4.2.8 DURABILIDADE

Durabilidade das placas de revestimento – referência ao período de tempo que o revestimento

mantém o seu desempenho em condições normais de uso e conservação. Para revestimentos

por elementos descontínuos este deverá ser ≥ 50 anos. Ensaios de envelhecimento natural ou

acelerado das acções mais agressivas para o material.

Durabilidade dos dispositivos de fixação – a sua durabilidade deve ser idêntica à do suporte

por não serem acessíveis para manutenção. Ensaios de envelhecimento natural ou acelerado

das acções mais agressivas para o material.

Resistência à erosão por partículas do ar, pela água e pelo granizo e ao escorrimento de água –

os revestimentos não devem apresentar perda de espessura nem alteração significativa de

aspecto por erosão ou escorrimento. Coeficiente de abrasão a definir caso a caso. Ensaios de

erosão pela água e pela areia e ensaio de escorrimento de água.

Resistência aos agentes climatéricos – definição do número de ciclos e períodos de exposição

aos agentes climatéricos a que o revestimento deve resistir sem se deteriorar. O revestimento

deve manter as suas características de estanquidade iniciais. O número de ciclos gelo-degelo

deve ser ≥ 10, o período de exposição aos ciclos de aquecimento deve ser ≥ 28 dias, o número

de ciclos de choques térmicos deve ser ≥ 10 e o período de exposição às radiações UV deve

ser ≥ 1000 h.

Resistência aos produtos químicos do ar – definição do período de tempo de exposição em

ambiente agressivo que o revestimento deve resistir sem se deteriorar. Período de exposição

aos agentes agressivos cuja presença no ar seja provável ≥ 1000 horas.

4.2.9 MONTAGEM, MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO

Facilidade de montagem – Indicação do mínimo e máximo número de horas necessárias por

m2 para a montagem da totalidade do sistema. Ensaio de montagem.

Reparação – referência do índice r da classificação reVETIR (ver 3.3.2).

Manutenção – referência do índice e da classificação reVETIR (ver 3.3.2).

Page 55: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

35

4.3 CLASSIFICAÇÃO REVETIR

Dos quatro elementos que formam o sistema de fachada ventilada, apenas os isolantes térmicos se

encontram perfeitamente caracterizados pela norma R-ISOLE. Relativamente aos produtos destinados

à execução de alvenarias, numa fase de grande desenvolvimento, vão sendo ensaiados e optimizados

de forma a responderem à regulamentação em vigor. Contudo, para os revestimentos e sistemas de

fixação, não é ainda possível sintetizar as suas características pois a informação disponível difere

muito de produto para produto. Uma vez que se torna importante definir níveis mínimos de aptidão ao

uso destes elementos constituintes do sistema, irá ser usada a classificação reVETIR [7] do CSTB

(Centre Scientifique et Technique du Bâtiment) para o fazer, agrupando estes dois componentes num

subsistema, denominado “revestimento exterior”. Apesar da classificação em causa pressupor a

inclusão do isolante térmico neste subsistema, o facto de não ser incorporado no mesmo não será

condicionante para o seguimento do princípio.

A classificação reVETIR [7] tem como objecto os sistemas de isolamento térmico de fachadas pelo

exterior, ou seja, conjuntos de componentes ou elementos que agrupados formam sistemas que

possibilitam o isolamento térmico sobre a face exterior de paredes verticais em alvenaria ou betão que

constituam a envolvente dos edifícios.

A referida classificação é divisível em dois grupos:

GRUPO I, referente às duas primeiras letras “r” e “e”, onde se avalia a conservação;

GRUPO II, referente às restantes cinco letras “V”, “E”, “T”, “I” e “R”, onde se avalia a

aptidão de utilização em diferentes circunstâncias.

As características que servem de base a esta classificação são as seguintes:

r – Facilidade de reparação;

e – Necessidades de manutenção;

V – Resistência ao vento;

E – Estanquidade à água;

T – Resistência aos choques;

I – Reacção ao fogo;

R – Resistência térmica.

A cada característica é atribuído um índice em função do desempenho verificado e comprovado por

resultados de ensaios normalizados. Se eventualmente um elemento não conseguir obter um valor

mínimo para ser classificado em qualquer uma das sete características, então a classificação reVETIR

não poderá ser usada.

4.3.1 FACILIDADE DE REPARAÇÃO (R)

Este critério caracteriza a facilidade de reparar e/ou substituir pontualmente um subsistema de

revestimento exterior.

É admissível que a facilidade de reparação poderá eventualmente compensar uma relativa fragilidade

de um subsistema, sendo também admissível que, para o caso de revestimentos descontínuos, uma

placa substituída possua uma tonalidade um pouco diferente, tendo em conta o envelhecimento dos

restantes componentes não substituídos.

Um subsistema de revestimento é então classificado segundo a facilidade de reparação numa das

seguintes classes:

Page 56: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

36

r1 – se a reparação é difícil e necessita de produtos ou componentes específicos do subsistema;

Entende-se por reparação difícil uma reparação que exija a desmontagem de elementos não

degradados próximos do ponto a reparar por uma empresa especializada;

r2 – se a reparação é fácil mas necessita de produtos ou componentes específicos do

subsistema ou se a reparação é difícil mas pode ser efectuada com produtos correntes no

mercado;

r3 – se a reparação é fácil e pode ser realizada com produtos correntes no mercado mas

necessita de intervenção além da zona a reparar;

r4 – se a reparação é fácil e pode ser realizada com produtos correntes no mercado e sem

necessitar de intervenção além da zona a reparar.

4.3.2 NECESSIDADES DE MANUTENÇÃO (E)

Este critério caracteriza as necessidades de conservação/manutenção de um subsistema de

revestimento exterior.

Segundo Araújo Rodrigues [12], para ser classificado, um subsistema deve incluir isolantes térmicos

e fixações com duração de vida estimada superior a 50 anos. O revestimento deve ter duração de vida

estimada superior a 30 anos, sendo que os diferente índices para esta característica estão

relacionados com as diferentes necessidades de intervenção sobre o revestimento para a sua

manutenção em bom estado de conservação.

Este critério classifica um subsistema em quatro classes:

e1 – se necessitar de manutenção frequente, com intervalos de tempo entre os 3 e 10 anos;

e2 – se necessitar de manutenção normal, com intervalos de tempo entre os 10 e 20 anos;

e3 – se necessitar de manutenção espaçada, com intervalos de tempo iguais ou superiores a 20

anos;

e4 – se as intervenções necessárias forem apenas a lavagem periódica com intervalos de tempo

iguais ou superiores a 10 anos.

4.3.3 RESISTÊNCIA AO VENTO (V)

Este critério reflecte os níveis de pressão e de depressão a que o subsistema revestimento exterior

resiste sem ruptura nem deformação residual. Deve ser classificado conforme o apresentado no quadro

seguinte:

Quadro 4.1: Classificação da resistência ao vento do subsistema revestimento [7]

Classe Pressão superior a (Pa) Depressão superior a (Pa)

V1 900 1100

V2 1700 2000

V3 2300 2800

Page 57: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

37

4.3.4 ESTANQUIDADE À ÁGUA (E)

Segundo Araújo Rodrigues [12], para ser classificado, um subsistema revestimento não pode

constituir uma barreira totalmente estanque ao vapor de água.

Este critério é classificado, relativamente à estanquidade à água da chuva, nas seguintes classes:

E1 – se o subsistema permitir que a água da chuva atinja o suporte;

E2 – se o subsistema é capaz de se opor ao encaminhamento da água da chuva até ao suporte;

E3 – se o subsistema incorporar na câmara de ar dispositivos de recuperação e evacuação das

águas infiltradas de modo a que a água eventualmente infiltrada não provoque alterações no

sistema;

E4 – se o subsistema compreender um revestimento estanque à água e dispositivos na câmara

de ar que permitam a recuperação e evacuação das águas eventualmente infiltradas.

4.3.5 RESISTÊNCIA AOS CHOQUES (T)

Os níveis de resistência aos choques são definidos segundo duas variáveis – a massa do corpo de

choque e a energia do choque. Os ensaios de resistência aos choques são definidos na norma NF P 08-

301. As classes correspondentes a este critério são as seguintes:

T1 – se resistir ao choque de corpo duro de 0,5 kg / 0,35 J e ao choque de corpo mole de 3 kg /

3 J;

T1+ – se resistir ao choque de corpo duro de 0,5 kg / 1 J e ao choque de corpo mole de 3 kg / 3

J;

T2 – se resistir ao choque de corpo duro de 0,5 kg / 3 J e ao choque de corpo mole de 3 kg /

10 J;

T3 – se resistir ao choque de corpo duro de 0,5 kg / 3 J, ao choque de corpo mole de 3 kg /

20 J e ao choque de corpo mole de 50 kg / 130 J;

T4 – se resistir ao choque de corpo duro de 1 kg / 10 J, ao choque de corpo mole de 3 kg /

60 J e ao choque de corpo mole de 50 kg / 400 J.

4.3.6 REACÇÃO AO FOGO (I)

A classificação de reacção ao fogo é relativa à totalidade do sistema de fachada ventilada e não apenas

ao subsistema revestimento exterior, atendendo ao facto de o isolante térmico ser provavelmente

atingido pelo fogo.

Este critério é classificado segundo as seguintes classes:

I1 – se pertencente à classe A2 (d2), B (d2), C (d2), D (d2) ou E – M4 na especificação do

LNEC;

I2 – se pertencente à classe D (d0 ou d1) – M2 na especificação do LNEC;

I3 – pertencente à classe A2 (d0 ou d1), B (d0 ou d1) ou C (d0 ou d1) – M2 ou M1 na

especificação do LNEC;

I4 – se pertencente à classe A1 ou A2 (S1/d0) – M0 na especificação do LNEC;

Page 58: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

38

4.3.7 RESISTÊNCIA TÉRMICA (R)

Tal como no ponto anterior, este critério apresenta os valores de resistência térmica máximos de serem

obtidos pelo sistema de fachada ventilada completo, ou seja, incluindo o isolamento térmico. Um

sistema será então classificado como:

R1 – se 0,5 ≤ R < 1 m².ºC/W;

R2 – se 1 ≤ R < 2 m².ºC/W;

R3 – se 2 ≤ R < 3 m².ºC/W;

R4 – se R ≥ 3 m².ºC/W.

Page 59: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

39

5

5 PROPOSTA DE CRITÉRIOS A APLICAR NO MÉTODO

FACTORIAL PARA UMA FACHADA VENTILADA

5.1 MÉTODO FACTORIAL

O Método Factorial tem como finalidade a comparação de soluções construtivas, sob o ponto de vista

técnico e económico, para um caso concreto e não a obtenção de valores precisos e completamente

fiáveis para a vida útil de produtos de construção. Essa comparação é realizada tendo em conta a

influência dos factores modificadores indicadores das circunstâncias aplicáveis ao produto em questão,

sobre a sua vida útil.

Torna-se então importante identificar os efeitos de cada um destes factores sobre a vida útil das

fachadas ventiladas, recorrendo a informações dos fabricantes, documentos de laboratórios acreditados

e a bibliografia especializada.

É importante ter, na aplicação deste método, o cuidado de não duplicar a contabilização da influência

de uma determinada condição, pois o índice aplicável a cada factor resulta de uma média aritmética

dos seus subfactores, pelo que uma eventual duplicação dessa contabilização poderá influenciar o

valor final obtido. Este valor deve ser obtido pela média aritmética de cada um dos subfactores que

definem os factores modificadores, e pela posterior multiplicação dos valores resultantes.

5.2 FACTOR A – QUALIDADE DO MATERIAL OU COMPONENTE

5.2.1 DECLARAÇÃO DE CONFORMIDADE CE E CERTIFICADO DE QUALIDADE

A avaliação da qualidade do material pode ser feita segundo o nível de controlo de qualidade a que

estão sujeitos.

A marcação CE é a evidência dada pelo fabricante de que esses produtos estão conformes com as

disposições das directivas comunitárias que lhes são aplicáveis, nomeadamente especificações e

aprovações técnicas europeias, permitindo-lhes a sua livre circulação no Espaço Económico Europeu

(EEE).

Os produtos com a marca de qualidade “Produto Certificado” cumprem as exigências da marcação

CE, sendo utilizadas justamente para distinguir no mercado os produtos de maior qualidade.

Page 60: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

40

Quadro 5.1: Índices aplicáveis ao factor A1

A1 - Declaração de conformidade CE e Certificado de Qualidade Índice aplicável

Com declaração de conformidade CE e Certificado de Qualidade 1,2

Com declaração de conformidade CE ou Certificado de Qualidade 1,0

Sem declaração de conformidade CE nem Certificado de Qualidade 0,8

5.2.2 CARACTERÍSTICAS DO ISOLAMENTO TÉRMICO

A classificação ISOLE permite avaliar as características dos isolamentos térmicos segundo cinco

factores diferenciadores:

O factor I (Compressibilidade) caracteriza a deformabilidade do material isolante, sendo que a

sua classificação varia de I1 a I5;

O factor S (Estabilidade dimensional) caracteriza a estabilidade das suas dimensões sob a

influência de variações de temperatura e humidade e de solicitações mecânicas, sendo que a

sua classificação varia de S1 a S4;

O factor O (Comportamento à água) caracteriza o comportamento do material isolante face à

acção da água, o nível de absorção de água e a sua impermeabilidade, sendo que a sua

classificação varia de O1 a O3;

O factor L (Comportamento mecânico) caracteriza o seu comportamento mecânico em coesão

e flexão, sendo que a sua classificação varia de L1 a L4;

O factor E (Permeabilidade ao vapor de água) caracteriza a capacidade do material isolante se

opor à passagem do vapor de água, sendo que a sua classificação varia de E1 a E5.

Segundo o Manual Exigencial NIT001, a classificação ISOLE do isolamento térmico de paredes

simples com isolante exterior e revestimento independente descontínuo “Bardage” deverá ser de

I1S1O2L2E1 ou superior.

Quadro 5.2: Índices aplicáveis ao factor A2

A2 - Características do isolamento térmico Índice aplicável

Isolamento térmico com classificação ISOLE superior à recomendada 1,2

Isolamento térmico com a classificação ISOLE recomendada 1,0

Isolamento térmico com classificação ISOLE inferior à recomendada 0,8

5.2.3 DURABILIDADE DAS FIXAÇÕES METÁLICAS

A durabilidade das fixações é a exigência de durabilidade mais importante do sistema de fachada

ventilada, uma vez que estes elementos não são acessíveis para acções de inspecção e/ou manutenção

periódica e são normalmente executadas em metal, que é um tipo de material susceptível de

deterioração acelerada, se não se cumprirem certos requisitos mínimos de durabilidade.

Os metais mais frequentemente utilizados são o aço inoxidável e o alumínio para fixações pontuais e

fixações contínuas respectivamente, mas uma vez que normalmente se usam componentes em aço

mesmo na realização de fixações contínuas convém definir os acabamentos mínimos a que o aço

desses mesmos componentes deverá estar sujeito.

Parte-se do pressuposto, neste subfactor, que não existem no mercado produtos sem qualquer tipo de

tratamento de durabilidade, nomeadamente anti-corrosão.

Page 61: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

41

Quadro 5.3: Índices aplicáveis ao factor A3

A3 - Durabilidade das fixações Índice aplicável

Fixação com tratamento de durabilidade específico do metal para fazer face às características ambientais a que está sujeita

1,2

Fixação metálica com tratamento anti-corrosão 1,0

5.2.4 QUALIDADE DOS REVESTIMENTOS SEGUNDO A ABSORÇÃO DE ÁGUA (E)

A retenção de água nos poros dos revestimentos, sobretudo no caso dos revestimentos pétreos e

cerâmicos, pode afectar a sua durabilidade segundo vários aspectos. Para além de contribuir para o seu

desgaste e para a perda de resistência mecânica, a eventual sujeição a ciclos de gelo/degelo pode levar

a uma degradação acelerada do revestimento e até, em casos extremos, à sua desagregação. Por outro

lado, a presença de água em revestimentos pétreos pode levar ao aparecimento de manchas de

eflorescência e de musgos ou outros agentes biológicos, levando a uma perda das suas características

estéticas.

Quadro 5.4: Índices aplicáveis ao factor A4

5.3 FACTOR B – NÍVEL DE QUALIDADE DO PROJECTO

5.3.1 PROJECTO DE EXECUÇÃO DA FACHADA VENTILADA

O projecto de uma fachada deste tipo deverá abranger aspectos como um estudo de viabilidade da sua

execução, a escolha dos materiais, uma análise dos custos inerentes à sua execução em função das

necessidades estéticas e técnicas e uma definição pormenorizada dos detalhes construtivos e

especificações técnicas a ser atendidas. Uma das causas das patologias associadas com a incorrecta

execução de uma fachada deste tipo prende-se com a falta de um projecto completo em que sejam

claros todos os procedimentos a adoptar.

Quadro 5.5: Índices aplicáveis ao factor B1

B1 - Qualidade geral do projecto de execução Índice aplicável

Com projecto de execução e desenhos de pormenores construtivos do sistema de fachada ventilada, incluindo pontos singulares, e especificação de todos os

produtos a aplicar 1,2

Com projecto de execução mas sem pormenorização detalhada 1,0

Sem projecto de execução 0,8

5.3.2 RESISTÊNCIA AO VENTO DO SUBSISTEMA REVESTIMENTO

A resistência mecânica necessária para fazer face aos esforços de pressão, depressão, vibração,

abrasão e acção dinâmica, causados pelo vento, varia de construção para construção. De acordo com a

A4 - Coeficiente de absorção de água (E) do revestimento exterior Índice aplicável

Situação favorável - E ≤ 0,5% 1,2

Situação corrente - 0,5% < E ≤ 3% 1,0

Situação desfavorável - E ≥ 3% 0,8

Page 62: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

42

classificação reVETIR, pode atribuir-se uma classificação mínima de resistência ao vento do

subsistema em causa através da definição de três factores:

a) Zona;

b) Situação da construção;

c) Altura acima do solo.

A definição destes factores é realizada de modo idêntico ao utilizado para a selecção de janelas em

função da sua exposição [12]:

a) Zona;

O território nacional encontra-se dividido em duas zonas distintas:

Zona A – a generalidade do território excepto as regiões pertencentes à zona B;

Zona B – os arquipélagos dos Açores e da Madeira e as regiões do continente situadas numa

faixa costeira de 5 km de largura ou altitudes superiores a 600 m.

Eventualmente, regiões pertencentes à zona A cujas condições de exposição ao vento sejam

particularmente desfavoráveis, tais como alguns vales e estuários, poderão ser considerados como

pertencentes à zona B.

b) Situação da construção;

A classificação da situação da construção relativamente ao tipo de área em que estão inseridos é feita

do seguinte modo:

Situação A) – construções situadas no interior de grandes centros urbanos, ou seja, cidades em

que a generalidade dos edifícios possuem 4 ou mais pisos;

Situação B) – construções situadas em cidades pequenas ou médias ou na periferia de grandes

centros urbanos;

Situação C) – construções isoladas fora da zona costeira;

Situação D) – construções isoladas na orla marítima ou situadas nas cidades costeiras quando

estiverem a uma distância do litoral inferior a 15 vezes a sua altura, sendo que as fachadas

consideradas são as fachadas não protegidas.

Entende-se por fachada protegida uma fachada confrontante com a rua, onde a rua pressupõe a

continuidade de construções em ambos os lados, conforme a figura seguinte. As fachadas com

varandas ou galerias podem ser consideradas protegidas.

Page 63: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

43

Figura 5.1: Protecção da fachada [7]

c) Altura acima do solo;

Este parâmetro distingue 5 intervalos relativos à altura dos edifícios:

h ≤ 6 m;

6 m < h ≤ 18 m;

18 m < h ≤ 28 m;

28 m < h ≤ 50 m;

50 m < h ≤ 100 m.

Se a construção estiver localizada próxima de um desnível, ou seja, afastada menos do que 2 vezes a

sua altura desse desnível, e estiver implantada na cota superior, a altura acima do solo deverá ser

considerada desde a cota inferior do desnível conforme a figura seguinte (figura 5.2).

Figura 5.2: Altura acima do solo [7]

Page 64: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

44

Se o edifício possuir um grande comprimento, a pressão do vento será considerada idêntica em todos

os pisos, pelo que nestas condições deverá ser adoptado para todo o edifício o nível mais elevado que

o mesmo possuir.

O quadro seguinte indica a classificação mínima do índice V da classificação reVETIR que o

subsistema revestimento deverá possuir, segundo os três factores mencionados.

Quadro 5.6: Classificação mínima de resistência ao vento do subsistema revestimento [12]

Altura acima do solo

Zona A Zona B

Situação Situação

A B C A B C D

< 6 m V1 V1 V1 V1 V1 V2 V2

6 a 18 m V1 V1 V2 V1 V2 V2 V2

18 a 28 m V1 V1 V2 V2 V2 V3 V2

28 a 50 m V1 V2 V2 V2 V2 V3 V3

50 a 100 m V2 V2 V2 V2 V3 V3 V3

De modo a ser possível esta verificação de aptidão ao uso do subsistema revestimento, este deverá

estar classificado segundo a classificação reVETIR ou deverá ser submetido a ensaios adequados de

modo a aferir a sua resistência ao vento.

Uma vez que a resistência ao vento do subsistema dependerá sobretudo das opções técnicas e da

escolha dos materiais a utilizar pelo projectista, optou-se por incluir este aspecto no factor B, que será

indicador da qualidade do projecto.

Quadro 5.7: Índices aplicáveis ao factor B2

B2 - Resistência ao vento do subsistema revestimento Índice aplicável

Classificação do índice V da classificação reVETIR superior à recomendada 1,2

Classificação do índice V da classificação reVETIR igual à recomendada 1,0

Classificação do índice V da classificação reVETIR inferior à recomendada 0,8

5.3.3 ESTANQUIDADE À ÁGUA DO SUBSISTEMA REVESTIMENTO

A percentagem de águas pluviais que penetra na caixa-de-ar é reduzida em todas as situações, sendo

que na eventualidade de se usar um sistema de revestimento que tenha juntas abertas, quer na

horizontal quer na vertical, tida como a situação mais gravosa no que concerne a estanquidade à água

do subsistema revestimento, esta se situa em cerca de 15 a 20%.

Assim, segundo [8], a penetração da água pelas juntas processa-se das seguintes formas:

Efeito da gravidade – o efeito da gravidade apenas consegue fazer com que a água penetre

pelo revestimento se a borda deste possuir um plano inclinado que possibilite o seu

escoamento para o interior da caixa-de-ar;

Page 65: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

45

Figura 5.3: Penetração da água pelo efeito da gravidade [8]

Quantidade de movimento – a quantidade de movimento é entendida como sendo a

componente horizontal da energia da chuva que faz com que a água atinja a superfície do

revestimento em determinado ângulo, respingando assim para dentro do sistema quando as

gotas incidem sobre a junta;

Figura 5.4: Penetração da água pela quantidade de movimento [8]

Page 66: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

46

Tensão superficial – a tensão superficial verifica-se quando a água que escorre tende a aderir

às superfícies horizontais inferiores dos revestimentos, possibilitando a entrada de água. A

criação de uma saliência reentrante (canal) elimina a tensão superficial quando este actua no

sentido contrário ao da gravidade;

Figura 5.5: Penetração da água pelo efeito da tensão superficial [8]

Capilaridade – a penetração da água por capilaridade verifica-se quando se formam tensões

superficiais interiores que forçam o encaminhamento da água através de qualquer pequena

abertura, o que pode levar à passagem das suas gotículas. As aberturas deverão ser de

dimensões superiores, impedindo a formação de tensões de capilaridade;

Figura 5.6: Penetração da água por efeito da capilaridade [8]

Page 67: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

47

Vento – a diferença de pressão causada pela incidência do vento sobre o revestimento pode ser

solucionada com a adopção do princípio do “rain screen wall” ou “écran pare-pluie”. A

ventilação da caixa-de-ar contribui para a eliminação da diferença de pressão entre o exterior e

o interior do sistema que eventualmente venha a ocorrer devido à incidência do vento sobre o

revestimento, sendo para tal necessária uma compartimentação da caixa-de-ar. Este princípio

envolve a criação de uma “barreira de ar” no lado interior do revestimento, criando uma

abertura (junta) não selada de configuração mais ou menos sinuosa (pára-chuva), originando

sobrepressões que equilibram a pressão exterior, formando-se assim uma câmara de equilíbrio

de pressões.

Figura 5.7: Controlo da penetração da água pelo efeito da acção do vento (PEC) [8]

Como se pode verificar, um subsistema revestimento dotado de juntas fechadas tem como uma das

suas principais características um nível de estanquidade bastante mais elevado, devendo apesar disso

ter-se o cuidado de prever a colocação de aberturas e drenos de modo a assegurar o equilíbrio de

pressões e o escoamento de água que se possa infiltrar em condições climatéricas mais extremas, como

tempestades.

Assim sendo, o factor B3 tem como objectivo não prejudicar os subsistemas de revestimento que

adoptem juntas abertas e, ao mesmo tempo, valorizar a adopção de uma solução para as juntas que

minimize a passagem de água pelo revestimento exterior, uma vez que a adopção de juntas fechadas

acarreta outro tipo de limitações, nomeadamente a nível da variabilidade dimensional dos materiais de

revestimento.

Page 68: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

48

Quadro 5.8: Índices aplicáveis ao factor B3

B3 - Tipo de juntas entre placas de revestimento Índice aplicável

Adopção de uma solução para as juntas que minimize a permeabilidade do revestimento exterior

1,2

Adopção de juntas abertas em todas as situações Igual à média aritmética dos

outros subfactores

Para além da questão do tipo de juntas, a estanquidade à água do subsistema revestimento dependerá,

tal como no subfactor anterior, das opções técnicas adequadas e da escolha correcta dos materiais,

consoante a exposição da fachada, por parte do projectista. Assim sendo, através da classificação

reVETIR, nomeadamente o seu índice E, é possível classificar o subsistema revestimento de acordo

com as condições mencionadas.

Segundo [12], a utilização desta classificação deverá ser feita em conjunto com a utilização da

classificação de paredes com isolante térmico pelo exterior em função da sua estanquidade à água,

proposta pelo Cahier 1833 do CSTB [28]. Esta classificação agrupa as diversas soluções de paredes

em quatro classes:

Tipo XI – o sistema de isolamento e a parede são considerados como permeáveis à água;

Tipo XII – um dos elementos, o sistema de isolamento ou o suporte, é capaz de se opor ao

encaminhamento da água para o interior;

Tipo XIII – o sistema de isolamento e o suporte opõe-se ao encaminhamento da água para o

interior ou o revestimento não é estanque à água mas existe uma lâmina de ar entre o

revestimento e o suporte;

Tipo XIV – a estanquidade à água é assegurada pelo revestimento exterior.

A classificação mínima de estanquidade à água do sistema de fachada ventilada completo, ou seja, do

subsistema revestimento em conjunto com o subsistema suporte, é definida segundo os 3 factores

seguintes, já explorados no ponto anterior:

Protecção da fachada;

Situação da construção;

Altura ao nível do solo.

Page 69: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

49

Quadro 5.9: Classificação mínima da parede em relação à sua exposição à chuva, independentemente do

suporte utilizado, quando incluir isolante térmico no seu paramento exterior [7]

Altura ao nível do solo

Situação A, B e C Situação D

Fachada protegida

Fachada não protegida

Fachada protegida

Fachada não protegida

Zona litoral Orla marítima

< 6 m XI XI XI XII XII

6 a 18 m XI XII XI XII XII

18 a 28 m XI XII XI XII XIII

28 a 50 m - XIII - XIII XIII

> 50 m - XIII - XIV XIV

Se subsistema revestimento estiver classificado segundo a classificação reVETIR, o nível atribuído ao

seu índice E permitirá concluir sobre a classificação mínima de estanquidade à água do sistema

completo considerando o que foi apresentado no quadro anterior.

Quadro 5.10: Classificação de estanquidade à água aplicável quando o subsistema revestimento é classificado

segundo a reVETIR [7]

Classificação do subsistema revestimento Classificação do sistema

E1 ≥ XI

E2 ≥ XII

E3 ≥ XIII

E4 XIV

De acordo com que foi apresentado, podemos então definir um factor relativo à estanquidade à água

do subsistema revestimento, de acordo com a classificação reVETIR, que nos permita tirar ilações

acerca do comportamento do sistema completo.

Quadro 5.11: Índices aplicáveis ao factor B4

B4 - Estanquidade à água do subsistema revestimento Índice aplicável

Classificação E4 ou E3 no índice E da classificação reVETIR 1,2

Classificação E2 no índice E da classificação reVETIR 1,0

Classificação E1 no índice E da classificação reVETIR 0,8

5.3.4 COMPATIBILIDADE ENTRE O TIPO DE SUPORTE E O TIPO DE FIXAÇÃO

Tendo em conta a variedade de sistemas de fixação e de tipos de suporte existentes, torna-se

importante verificar a sua compatibilidade de maneira a prevenir a ocorrência de acidentes tais como a

queda de placas de revestimento. O quadro seguinte indica a compatibilidade de uma série de tipos de

suporte com os três sistemas de fixação correntes.

Page 70: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

50

Quadro 5.12: Compatibilidade entre suportes e sistemas de fixação [12]

Suporte Compatibilidade

com fixação pontual mecânica (1)

Compatibilidade com fixação pontual

com selagem

Compatibilidade com fixação

contínua

Pano contínuo em betão corrente SIM SIM SIM

Pano contínuo em betão de inertes leves

(2) SIM SIM

Alvenaria de tijolos cerâmicos maciços (2) SIM SIM

Alvenaria de tijolos cerâmicos perfurados

(3) SIM (6)

Alvenaria de tijolos cerâmicos perfurados com geometria complexa

(3) SIM (6)

Alvenaria de blocos de betão corrente (3) SIM (6)

Alvenaria de blocos de betão celular autoclavado

(3) (4) (6)

Alvenaria de pedra (2) SIM SIM

Estrutura de betão e alvenaria de tijolos cerâmicos furados normais

NÃO (5) SIM

Estrutura de betão e alvenaria de tijolos cerâmicos furados duplex

NÃO (5) SIM

Estrutura de betão e alvenaria de blocos de betão com agregados leves

NÃO SIM SIM

Estrutura de betão e alvenaria de blocos de betão com agregados leves e

geometria complexa NÃO SIM SIM

(1) Os grampos mecânicos reforçados devem ser aplicados apenas em pano contínuo de betão corrente

(2) Admissível se o suporte possuir uma resistência à compressão ≥ 15 Mpa

(3) Não recomendável - verificação através de ensaios segundo o Cahier 1661 do CSTB

(4) Admissível apenas no caso das juntas entre os elementos de revestimento serem abertas ou preenchidas com material resiliente

(5) Admissível se a alvenaria possuir pelo menos 22 cm de espessura no tosco e estiver travada pela estrutura de betão armado com afastamento não superior a 4 m em altura e 5 m em comprimento

(6) Admissível se existirem elementos resistentes, tais como o topo das lajes, para assegurar a fixação principal

Page 71: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

51

Quadro 5.13: Índices aplicáveis ao factor B5

B5 - Compatibilidade entre tipo de suporte e tipo de sistema de fixação Índice aplicável

Sistema de fixação compatível com o tipo de suporte Igual à média aritmética dos

outros subfactores

Sistema de fixação incompatível com o tipo de suporte 0,8

5.4 FACTOR C – NÍVEL DE QUALIDADE DA EXECUÇÃO

5.4.1 QUALIFICAÇÃO DA MÃO-DE-OBRA E REGULARIDADE DA FISCALIZAÇÃO

Uma parte significativa das patologias associadas ao sistema de fachada ventilada prende-se com a

incorrecta montagem do mesmo. A falta de qualidade na execução deve-se à falta de qualificação da

mão-de-obra e de regularidade de fiscalização da obra.

Considera-se mão-de-obra qualificada a que satisfaz pelo menos os seguintes requisitos:

O quadro de pessoal activo para as tarefas necessárias à aplicação de determinado produto em

obra possui formação profissional específica nessa área de trabalho, pelo que tem

conhecimentos técnicos que garantem os procedimentos correctos para a realização das

respectivas tarefas;

O quadro de pessoal activo em determinada tarefa tem como coordenador um elemento que,

além de possuir formação profissional específica nessa área de trabalho, possui formação

suficiente para garantir uma correcta interpretação dos projectos.

Relativamente à fiscalização, a sua principal função é garantir a conformidade entre o projecto e a obra

e garantir que a totalidade do projecto é executado. Um acompanhamento próximo da obra por parte

da fiscalização permite assegurar a conformidade, segurança e qualidade dos trabalhos de construção.

Neste subfactor optou-se por juntar num só factor a qualificação da mão-de-obra e a regularidade da

fiscalização, pois sendo um sistema que para ser correctamente montado deverá contar com mão-de-

obra qualificada prejudica-se os casos em que, para além dos quadros não terem a qualificação devida,

existe pouca ou nenhuma fiscalização.

Quadro 5.14: Índice aplicável conjuntamente aos factores C1 e C2

C1 - Qualificação da mão-de-obra

Mão-de-obra qualificada e experiente

Mão-de-obra qualificada

Mão-de-obra não qualificada e inexperiente

C2 - Regularidade da fiscalização

Regular 1,2 1,0 0,8

Pontual 1,1 0,9 0,7

Ausente 1,0 0,8 0,6

Page 72: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

52

5.5 FACTOR D – CARACTERÍSTICAS DO AMBIENTE INTERIOR

Apesar de algumas características do ambiente interior, nomeadamente a sua higrometria, poder ter

alguma influência no comportamento de alguns elementos do sistema em estudo, neste caso esta pode

ser desprezada. Assim sendo, este factor será considerado como não aplicável no âmbito deste

trabalho, atribuindo-se-lhe o valor de 1,0.

5.6 FACTOR E – CARACTERÍSTICAS DO AMBIENTE EXTERIOR

Tratando-se de um sistema de revestimento exterior de edifícios, um sistema de fachada ventilada está

sujeito a várias solicitações que contribuem fortemente para a sua degradação, uma vez que os agentes

atmosféricos actuam nele de forma mais intensa do que em outros elementos de construção. As

solicitações mais importantes são a temperatura, a radiação solar, a precipitação e o vento.

5.6.1 ACÇÃO DA TEMPERATURA

A envolvente exterior dos edifícios, nomeadamente o seu revestimento, está sujeito a amplitudes

térmicas que poderão atingir, ao longo do ano, valores superiores a 50oC. Isto poderá provocar tensões

ou deformações elevadas, consoante existam ou não restrições de movimentos.

A variação dimensional de um elemento provocada pela variação da temperatura é calculada segundo

a expressão que se segue:

ΔL = L x α1 x Δt (2)

Em que:

ΔL – Variação do comprimento por acção da temperatura (m);

L – Comprimento inicial (m);

α1 – Coeficiente de dilatação térmica linear (oC

-1);

Δt – Variação de temperatura (oC).

O Regulamento das Características de Comportamento Térmico de Edifícios (RCCTE) divide Portugal

Continental em três zonas climáticas de Inverno (I1, I2 e I3) e três zonas climáticas de Verão (V1, V2

e V3), de acordo com a figura seguinte (figura 5.8).

Page 73: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

53

Figura 5.8: Zonas climáticas de Verão e Inverno [16]

No RCCTE encontra-se também prevista a alteração da classificação do zonamento climático de

acordo com a altitude dos locais, bem como a classificação dos arquipélagos dos Açores e da Madeira.

Quadro 5.15: Índices aplicáveis ao factor E1

E1 - Zonas climáticas Índice aplicável

Edifícios localizados nas zonas I1 e V1 1,2

Edifícios localizados nas restantes zonas 1,0

Edifícios localizados nas zonas I3 e V3 0,8

A temperatura também poderá afectar a durabilidade do sistema, nomeadamente do seu revestimento,

devido ao risco que o congelamento da água presente nos poros do revestimento, especialmente no

caso dos revestimentos pétreos e cerâmicos. Para além disso, zonas onde a presença de geadas e

granizos seja frequente podem provocar um desgaste mais acelerado da superfície de alguns tipos de

revestimento, como os realizados em alumínio composto ou em painéis HPL. Assim sendo, o

subfactor E2 diz respeito ao número médio anual de dias com geada, que também pode ser entendido

como um indicador da probabilidade de congelamento da água presente nos capilares dos

revestimentos.

Page 74: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

54

Figura 5.9: Número médio anual de dias com geada [23]

Quadro 5.16: Índices aplicáveis ao factor E2

E2 - Número médio anual de dias com geada Índice aplicável

Menos de 25 dias 1,2

Entre 25 e 50 dias 1,0

Mais de 50 dias 0,8

5.6.2 ACÇÃO DA RADIAÇÃO SOLAR

A incidência da radiação solar sobre os materiais provoca um aumento relevante da sua temperatura

superficial exterior. A deformação diferencial deve-se à diferença de coeficientes de dilatação e é

agravada pelo diferencial de temperatura resultante desse aumento da temperatura superficial dos

materiais.

A temperatura superficial exterior de um dado material sujeito à radiação solar é dada pela expressão

seguinte:

tse = te + (αs x R) / he (3)

Em que:

tse – Temperatura superficial exterior (oC);

te – Temperatura exterior (oC);

αs – Coeficiente de absorção da radiação solar;

R – Radiação solar global (W/m2);

he – Condutância térmica superficial exterior (W/m2.oC).

O valor de αs vai depender da cor da superfície do material, de acordo com o quadro seguinte.

Page 75: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

55

Quadro 5.17: Valores de αs em função da cor

Cor da superfície Valor de αs

Branco 0,2 a 0,3

Amarelo, cor-de-laranja, vermelho claro 0,3 a 0,5

Vermelho escuro, verde claro, azul claro 0,5 a 0,7

Castanho, verde escuro, azul vivo, azul escuro 0,7 a 0,9

Castanho escuro, preto 0,9 a 1,0

De um modo geral, para Portugal Continental, os valores máximos de radiação global incidente sobre

superfícies exteriores são os seguintes:

Quadro 5.18: Valores da radiação solar global máxima em Portugal Continental

Estações do ano

Radiação solar global máxima - R (W/m²)

Orientação

N E SE S SO S

Inverno 90 680 940 1050 920 670

Primavera / Outono 150 720 980 790 940 700

Verão 180 900 880 460 800 780

Quadro 5.19: Índices aplicáveis ao factor E3

E3 - Coeficiente de absorção da radiação solar Índice aplicável

Valores de αs ≤ 0,3 (cor branca) 1,1

Valores de αs entre 0,3 e 0,7 1,0

Valores de αs ≥ 0,7 0,9

5.6.3 ACÇÃO DA PRECIPITAÇÃO

A água pode afectar a durabilidade do sistema de fachada ventilada, nomeadamente do seu

revestimento exterior, de diversas maneiras, como o aparecimento de manchas de eflorescência ou

musgos ou até o aumento da carga imposta às fixações devido à absorção de água e consequente

aumento do peso do revestimento, para o caso de materiais porosos.

Torna-se assim importante estabelecer um subfactor que tenha em conta a localização do edifício, de

acordo com as zonas de precipitação definidas na figura seguinte.

Page 76: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

56

Figura 5.10: Zonas de precipitação em Portugal continental [23]

Quadro 5.20: Classificação das zonas de precipitação

Zonas de precipitação Pluviosidade

P1 Pouco pluvioso (≤ 600 mm)

P2 Moderadamente pluvioso (de 600 a 1200 mm)

P3 Muito pluvioso (≥ 1200 mm)

Tendo em conta que a porosidade dos materiais de revestimento já foi avaliada no subfactor A4, o

quadro seguinte diz respeito às alterações das características estéticas dos materiais de revestimento

por efeito da permanência e escorrência de água na sua superfície.

Quadro 5.21: Índices aplicáveis ao factor E4

E4 - Zonas de precipitação Índice aplicável

Edifícios localizados na zona P1 1,2

Edifícios localizados na zona P2 1,0

Edifícios localizados na zona P3 0,8

5.6.4 ACÇÃO DO VENTO

O vento tem influência na durabilidade do sistema de fachada ventilada principalmente devido às

cargas impostas sobre as fixações devido à sua incidência directa, que pode provocar esforços de

pressão, depressão ou vibração. A classificação das zonas de exposição à acção do vento foi incluída

Page 77: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

57

no factor B2, de modo que para evitar a duplicação de factores não se irá incluir um subfactor

específico.

5.6.5 ACÇÃO DA POLUIÇÃO E INFLUÊNCIA MARÍTIMA

A acção da poluição e a proximidade marítima provoca alterações de cor nos materiais e degrada as

suas propriedades devido aos compostos químicos que podem existir na atmosfera do local. Para além

disso, sendo as fixações do sistema predominantemente metálicas, o facto de um dado edifício estar

localizado próximo do mar pode influenciar negativamente a durabilidade das mesmas.

A Association Française de Normalization (AFNOR) apresenta, na norma NF P24-351 de 1997, a

seguinte proposta de classificação das atmosferas de acordo com a poluição e influência marítima a

que os produtos de construção estão sujeitos [10].

Quadro 5.22: Definição das atmosferas exteriores

Atmosfera Características da atmosfera

E1 Atmosfera rural não poluída. Meio correspondente ao exterior das construções

situadas em zonas rurais sem presença de poluição particular.

E2

Atmosfera normal urbana ou industrial. Meio correspondente ao exterior das construções situadas em pequenos ou médios aglomerados e/ou em zonas de

desenvolvimento industrial que comportem uma ou várias produções de gases e fumos, mas que não contenham forte teor em compostos químicos.

E3

Atmosfera severa urbana ou industrial. Meio correspondente ao exterior das construções situadas em importantes aglomerados e/ou numa zona de

desenvolvimento industrial. O aumento da agressividade é devida à presença de compostos químicos contínuos ou interrompidos sem que estes sejam de forte

teor e de corrosão com importância.

E4 Atmosfera das construções situadas entre os 10 e os 20 km do litoral.

E5 Atmosfera das construções situadas entre os 3 e os 10 km do litoral.

E6 Atmosfera das construções situadas a menos de 3 km do litoral.

E7 Atmosfera mista normal: combinação das atmosferas E2 e E6.

E8 Atmosfera mista severa: combinação das atmosferas E3 e E6.

E9 Atmosfera agressiva: combinação das atmosferas E3 e E6 com agressividade

agravada por factores climáticos.

Quadro 5.23: Índices aplicáveis ao factor E5

E5 - Acção da poluição e influência marítima Índice aplicável

Situação favorável: E1*, E2*, E1+E4 ou E2+E4 1,2

Situação corrente: E3*, E3+E4, E1+E5 ou E2+E5 1,0

Situação desfavorável: E3+E5, E3+E6, E7, E8 ou E9 0,8

* Construções situadas a mais de 20 km do litoral

Page 78: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

58

5.7 FACTOR F – CARACTERÍSTICAS DO USO

Os choques decorrentes da ocupação normal são uma das principais causas de desgaste produzido nos

revestimentos de paredes exteriores.

A variação da exposição à acção dos choques dos revestimentos exteriores varia de edifício para

edifício e depende essencialmente da área de actividade do edifício e do tipo de ocupação (privada ou

pública).

De modo a verificar qual a exposição à acção dos choques em paredes exteriores, o CSTB classifica os

edifícios em quatro classes distintas.

Quadro 5.24: Áreas de actividade face à acção dos choques decorrentes da ocupação normal

Área de actividade Acesso privado Acesso público

Sem via pedonal nem área de recreio

AA1 AA3

Com via pedonal ou área de recreio

AA2 AA4

O comportamento aos choques dos revestimentos de paredes deve ser avaliado através de ensaios de

choque. Estes ensaios são normalmente realizados por impacto pendular de corpos convencionais, cuja

energia de choque (expressa em joules) é condicionada pela altura de queda do corpo de ensaio. Os

corpos convencionais designam-se de corpos moles, que pretendem simular, por exemplo, o choque de

pessoas contra o elemento a ensaiar, e corpos duros, que pretendem representar objectos leves não

deformáveis, tais como peças de mobiliário ou de limpeza, que podem chocar contra o elemento a

ensaiar.

Quadro 5.25: Energia de choque em ensaios de revestimento de fachada

Energia de choque [J]

Classe de exposição aos choques

Corpo de choque

Elemento de difícil substituição

Elemento de fácil substituição

Q1

M 50 - -

M 3 10 3

D 1 - -

D 0,5 3 1

Q2

M 50 - -

M 3 60 20

D 1 - -

D 0,5 3 1

Q3

M 50 300 100

M 3 60 20

D 1 - -

D 0,5 3 1

Q4

M 50 400 130

M 3 60 20

D 1 10 3

D 0,5 - -

Page 79: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

59

As classes de exposição à acção dos choques exteriores são normalmente expressas em função da

posição da fachada relativamente ao pavimento exterior.

Apresenta-se de seguida a classificação em função da exposição das fachadas aos choques exteriores

decorrentes da ocupação normal.

Quadro 5.26: Classes de exposição das fachadas aos choques exteriores decorrentes da ocupação normal

Situação da fachada AA1 AA2 AA3 AA4

Em piso elevado (h > 2,5 m) Q1 Q1 Q1 Q1

Em R/C sobreelevado (h ≥ 1 m) Q1 Q1 Q2 Q2

Recuada Q1 Q1 Q2 Q3

R/C Q2 Q3 Q3 Q4

Assim sendo, os valores indicados para a adequação ao uso do subsistema revestimento serão os

apresentados no quadro seguinte.

Quadro 5.27: Índices aplicáveis ao factor F1

F1 - Classificação do subsistema revestimento segundo a sua adequação ao uso Índice aplicável

Classificação superior à recomendada 1,2

Classificação igual à recomendada 1,0

Classificação inferior à recomendada 0,8

5.8 FACTOR G – NÍVEL DE MANUTENÇÃO

O nível de manutenção consiste num conjunto de acções aplicado aos produtos de construção, de

modo preventivo ou não, de maneira a permitir um desempenho satisfatório das suas funções durante o

período de vida para o qual são previstos na fase de projecto.

Quando submetidos às acções decorrentes da utilização normal, os produtos de construção devem

apresentar, durante a totalidade do seu tempo de vida útil, um aspecto idêntico ao inicial mesmo que

para isso sejam necessárias intervenções de manutenção, de reparação ou de substituição parcial. A

periodicidade destas intervenções dependerá sobretudo da agressividade do meio em que os produtos

de construção estão inseridos, mas também das solicitações a que estes estarão sujeitos.

Optou-se neste trabalho por relacionar o nível de manutenção de um dado sistema de fachada

ventilada com o que está previsto na classificação reVETIR, quer em termos de facilidade de

reparação, quer em termos de necessidades de manutenção.

Quadro 5.28: Índices aplicáveis ao factor G1

G1 - Facilidade de reparação Índice aplicável

Classificação r4 no índice r da classificação reVETIR 1,2

Classificação r3 ou r2 no índice r da classificação reVETIR 1,0

Classificação r1 no índice r da classificação reVETIR 0,8

Page 80: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

60

Quadro 5.29: Índices aplicáveis ao factor G2

G2 - Necessidades de manutenção Índice aplicável

Classificação e4 no índice e da classificação reVETIR 1,2

Classificação e3 ou e2 no índice e da classificação reVETIR 1,0

Classificação e1 no índice e da classificação reVETIR 0,8

5.9 APLICAÇÃO DO MÉTODO FACTORIAL

Tal como já foi descrito no capítulo 2, a vida útil estimada (VUE) é obtida pela seguinte fórmula:

VUE = VUR x Factor A x Factor B x Factor C x Factor D x Factor E x Factor F x Factor G

De acordo com o referido em 3.3.3.2, a vida útil de referência será maior ou igual a 50 anos para os

isolantes térmicos e fixações, e maior ou igual a 30 anos para o caso dos revestimentos, embora em

certos casos possa ser menor. Uma vez que o valor da vida útil de referência do sistema deverá

corresponder ao valor da vida útil de referência do componente com menor durabilidade, será utilizado

o valor de 30 anos.

No pior cenário, em que todos os factores correspondem ao valor mínimo possível, a vida útil mínima

do sistema será de 6,83 anos.

VUE mínima = 30 x 0,85 x 0,85 x 0,60 x 1,00 x 0,82 x 0,8 x 0,8 = 6,83 anos

Pelo contrário, no melhor cenário, em que todos os factores correspondem ao valor máximo possível, a

vida útil máxima do sistema será de 88,09 anos.

VUE máxima = 30 x 1,20 x 1,20 x 1,20 x 1,00 x 1,18 x 1,20 x 1,20 = 88,09 anos

Como se pode verificar, existe uma discrepância muito grande entre o valor final mínimo e máximo da

vida útil estimada, que é causada pelas limitações inerentes ao Método Factorial. Estes valores

extremos têm um significado apenas teórico, uma vez que só em condições excepcionais poderão ser

atingidos.

Assim sendo, de forma a poder demonstrar a sua aplicabilidade, será estimada a vida útil de uma

fachada ventilada de pedra natural (granito), usando um sistema de fixação pontual de grampos

correntes e uma camada de poliestireno expandido sobre um pano simples de alvenaria de tijolo

maciço de 25 cm de espessura, num edifício de 30 m de altura, em três zonas distintas do país.

Relativamente ao subsistema revestimento, parte-se do princípio que terá a classificação de resistência

ao vento V2 da classificação reVETIR em fachada não protegida.

Esta estimativa pretende apenas analisar alguns aspectos relacionados com o nível de qualidade do

projecto, nomeadamente a resistência ao vento, e com as características do ambiente exterior, uma vez

que todos os outros factores podem variar aleatoriamente, independentemente da localização.

O estudo destes três casos pretende então apenas demonstrar qual a cidade onde o efeito da degradação

provocada pelo ambiente exterior se faz sentir com maior intensidade sobre as fachadas ventiladas.

Os resultados obtidos demonstram que é na cidade do Porto que a fachada ventilada apresentará uma

menor durabilidade, situação expectável uma vez que se trata de uma zona climática de Inverno I2

com um nível de poluição bastante superior aos outros dois casos, para além da proximidade marítima.

A fachada ventilada aplicada na cidade de Évora apresenta o maior valor de durabilidade, por se

localizar no interior do país e por possuir baixos níveis de poluição.

Page 81: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

61

Quadro 5.30: Índices aplicáveis para avaliar a VUE da fachada ventilada em Aveiro

Estimativa da vida útil de um sistema de fachada ventilada de pedra natural de um edifício de habitação em Aveiro

Factor modificador Descrição do factor modificador Índice

aplicável Média

aritmética

Fact

or

A

A₁ Declaração de conformidade CE e

Certificado de Qualidade 1,0

1,00 A₂ Características do isolamento térmico 1,0

A₃ Durabilidade das fixações 1,0

A₄ Coeficiente de absorção de água (E) do

revestimento exterior 1,0

Fact

or

B

B₁ Qualidade geral do projecto de execução 1,0

0,96

B₂ Resistência ao vento do subsistema

revestimento 0,8

B₃ Tipo de juntas entre placas de

revestimento 1,0

B₄ Estanquidade à água do subsistema

revestimento 1,0

B₅ Compatibilidade entre tipo de suporte e

tipo de sistema de fixação 1,0

Factor C C₁ Qualificação da mão-de-obra

1,0 1,00 C₂ Regularidade da fiscalização

Factor D Não aplicável

Fact

or

E

E₁ Zonas climáticas 1,2

1,08

E₂ Número médio anual de dias com geada 1,2

E₃ Coeficiente de absorção da radiação solar 1,0

E₄ Zonas de precipitação 1,0

E₅ Acção da poluição e influência marítima 1,0

Factor F F₁ Classificação do subsistema revestimento

segundo a sua adequação ao uso 1,0 1,00

Factor G G₁ Facilidade de reparação 1,0

1,00 G₂ Necessidades de manutenção 1,0

VUE = 30 x A x B xC x D x E x F x G = 31,10 anos

Page 82: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

62

Quadro 5.31: Índices aplicáveis para avaliar a VUE da fachada ventilada em Évora

Estimativa da vida útil de um sistema de fachada ventilada de pedra natural de um edifício de habitação em Évora

Factor modificador Descrição do factor modificador Índice

aplicável Média

aritmética

Fact

or

A

A₁ Declaração de conformidade CE e

Certificado de Qualidade 1,0

1,00 A₂ Características do isolamento térmico 1,0

A₃ Durabilidade das fixações 1,0

A₄ Coeficiente de absorção de água (E) do

revestimento exterior 1,0

Fact

or

B

B₁ Qualidade geral do projecto de execução 1,0

1,00

B₂ Resistência ao vento do subsistema

revestimento 1,0

B₃ Tipo de juntas entre placas de

revestimento 1,0

B₄ Estanquidade à água do subsistema

revestimento 1,0

B₅ Compatibilidade entre tipo de suporte e

tipo de sistema de fixação 1,0

Factor C C₁ Qualificação da mão-de-obra

1,0 1,00 C₂ Regularidade da fiscalização

Factor D Não aplicável

Fact

or

E

E₁ Zonas climáticas 1,0

1,12

E₂ Número médio anual de dias com geada 1,2

E₃ Coeficiente de absorção da radiação solar 1,0

E₄ Zonas de precipitação 1,2

E₅ Acção da poluição e influência marítima 1,2

Factor F F₁ Classificação do subsistema revestimento

segundo a sua adequação ao uso 1,0 1,00

Factor G G₁ Facilidade de reparação 1,0

1,00 G₂ Necessidades de manutenção 1,0

VUE = 30 x A x B xC x D x E x F x G = 33,60 anos

Page 83: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

63

Quadro 5.32: Índices aplicáveis para avaliar a VUE da fachada ventilada no Porto

Estimativa da vida útil de um sistema de fachada ventilada de pedra natural de um edifício de habitação no Porto

Factor modificador Descrição do factor modificador Índice

aplicável Média

aritmética

Fact

or

A

A₁ Declaração de conformidade CE e

Certificado de Qualidade 1,0

1,00 A₂ Características do isolamento térmico 1,0

A₃ Durabilidade das fixações 1,0

A₄ Coeficiente de absorção de água (E) do

revestimento exterior 1,0

Fact

or

B

B₁ Qualidade geral do projecto de execução 1,0

0,96

B₂ Resistência ao vento do subsistema

revestimento 0,8

B₃ Tipo de juntas entre placas de

revestimento 1,0

B₄ Estanquidade à água do subsistema

revestimento 1,0

B₅ Compatibilidade entre tipo de suporte e

tipo de sistema de fixação 1,0

Factor C C₁ Qualificação da mão-de-obra

1,0 1,00 C₂ Regularidade da fiscalização

Factor D Não aplicável

Fact

or

E

E₁ Zonas climáticas 1,0

1,00

E₂ Número médio anual de dias com geada 1,2

E₃ Coeficiente de absorção da radiação solar 1,0

E₄ Zonas de precipitação 1,0

E₅ Acção da poluição e influência marítima 0,8

Factor F F₁ Classificação do subsistema revestimento

segundo a sua adequação ao uso 1,0 1,00

Factor G G₁ Facilidade de reparação 1,0

1,00 G₂ Necessidades de manutenção 1,0

VUE = 30 x A x B xC x D x E x F x G = 28,8 anos

Page 84: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO
Page 85: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

65

6

6 CONCLUSÃO

6.1 CONCLUSÕES GERAIS

É possível afirmar que as fachadas ventiladas representam um marco na evolução do processo de

produção de fachadas em edifícios, quer no aspecto construtivo, pois trata-se de um processo com um

elevado nível de industrialização, quer no desempenho proporcionado, permitindo a resolução de

problemas termo-higroscópicos e de pontes térmicas inerentes às fachadas tradicionais, com uma

consequente diminuição do número e da gravidade das patologias associadas.

Em Portugal este tipo de sistemas de fachada ainda é comercializado com preços relativamente

elevados. Porém, a economia energética e a manutenção pouco dispendiosa proporcionadas pelo

sistema torna-o uma alternativa economicamente atractiva a longo prazo.

As principais dificuldades encontradas ao longo da realização deste trabalho foram:

Inexistência de normalização e regulamentação específica para o sistema de fachada ventilada;

As normas utilizadas na quantificação das características dos produtos utilizados na execução

dos vários componentes não fazem normalmente referência ao eventual uso neste tipo de

solução;

Variedade de soluções e combinações de materiais possíveis; Torna-se difícil definir critérios

que permitam uma análise imparcial para todos os casos possíveis pois, em determinadas

situações, um subfactor que valorize uma determinada característica pode apresentar

desvantagens em outros aspectos a considerar;

Quantidade reduzida de informação disponível acerca das patologias passíveis de ocorrer;

Inexistência de informação acerca da vida útil de referência, quer ao nível do sistema como

um todo, quer ao nível de cada componente individualmente, por parte dos fabricantes e

fornecedores.

É então fundamental desenvolver os métodos de avaliação da durabilidade dos produtos da construção

existentes, que cada vez mais se assumem como uma forma de melhorar a qualidade e a

sustentabilidade dos edifícios.

Por último, é importante referir que a generalidade dos problemas encontrados prende-se com escolhas

inadequadas face às condições, climatéricas e não só, da zona onde o sistema irá ser implantado ou

com uma execução incompetente do sistema, e não com as características intrínsecas do mesmo.

Page 86: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Soluções alternativas para o prolongamento de quebramares de taludes

66

6.2 FRAGILIDADES DO MÉTODO FACTORIAL

O Método Factorial é criticado por não ser um método sensível à incerteza associada à variabilidade

dos fenómenos responsáveis pelos processos de degradação, assumindo que o ritmo a que decorrem é

constante, o que não se verifica na realidade.

Por outro lado, o resultado final da aplicação deste método expressa-se apenas num valor absoluto,

expresso em anos, que representa o limite expectável da vida útil do elemento analisado, não tendo em

conta a possível dispersão de resultados nem a sinergia existente entre os diversos factores.

A falta de hierarquização em função da importância e velocidade de actuação das diversas variáveis

em que se baseia é outra limitação relevante do método, sendo que tem como consequência a forma

empírica como é feita a determinação dos critérios a adoptar e dos valores respectivos. Isto por sua vez

pode introduzir um certo nível de desconfiança em relação ao resultado final, pois torna a aplicação do

método dependente, até certo ponto, da sensibilidade de quem o usa.

À semelhança de outros métodos para a estimativa da vida útil, alguns destes aspectos só poderão ser

ultrapassados com a elaboração de grandes bases de dados que validem os resultados obtidos.

Algumas outras limitações inerentes ao método também poderão ser ultrapassadas, por exemplo,

através do aumento do número de factores da equação base (permitindo a introdução de algumas

particularidades individuais do caso a ser estudado), da introdução de factores dependentes de

observações de campo e de inspecções a edifícios existentes ou da implementação de níveis de risco

ou incerteza associados aos factores.

6.3 SUGESTÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

Uma necessidade premente deste tipo de sistema é a normalização e regulamentação específica para

fachadas ventiladas, de maneira a ultrapassar casos em que o resultado pretendido não é obtido devido

à necessidade de reduzir os custos associados a este tipo de solução, levando à selecção de

componentes inadequados. Assim sendo, a homologação de alguns sistemas completos não é

suficiente.

Um outro aspecto importante a ter em consideração quando se opta por este tipo de revestimento é a

sua comercialização como um sistema completo, incluindo o projecto completo para a sua produção, o

serviço de montagem, a manutenção e a garantia efectiva em contrato do desempenho global do

sistema, pois a adopção de outros critérios de comercialização pode levar ao fracasso de todo o

sistema, já que a sua implantação implica o domínio tecnológico de todas as suas condicionantes de

modo a obter um resultado harmonioso, adequado às condições a ter em conta e com o desempenho

desejado.

Por último, um estudo criterioso e profundo acerca da evolução deste sistema a longo prazo, para além

da elaboração de uma base de dados alargada àcerca do comportamento deste tipo de soluções de

fachada em diversas situações, poderia fornecer informação útil para a sua optimização e melhoria da

sua eficácia e durabilidade.

Relativamente a propostas de futuros trabalhos a desenvolver, uma hipótese a considerar seria elaborar

um estudo de durabilidade do sistema de fachada ventilada segundo outro método, de modo a permitir

uma comparação entre os métodos utilizados. Uma outra opção seria, como mencionado acima, a

realização de uma base de dados e respectiva análise estatística que permitisse sustentar com outro

tipo de informação, nomeadamente medições e avaliações reais de desempenho em serviço do sistema,

os valores a utilizar nos critérios diminuindo assim a influência do utilizador no resultado final do

Método Factorial neste tipo de solução.

Page 87: DURABILIDADE NA CONSTRUÇÃO

Durabilidade na Construção

67

1 BIBLIOGRAFIA

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[4] CENTRE SCIENTIFIQUE ET TECHNIQUE DU BÂTIMENT (CSTB) – Ossature bois et

isolation thermique des bardages rapportés faisant l’objet d’un Avis Technique ou d’un constat

de traditionalité. Cahier 3316. Groupe spécialisé nº 2. Paris: CSTB, 2001.

[5] CENTRE SCIENTIFIQUE ET TECHNIQUE DU BÂTIMENT (CSTB) – Ossature bois et

isolation thermique des bardages rapportés faisant l’objet d’un Avis Technique ou d’un constat

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[6] CENTRE SCIENTIFIQUE ET TECHNIQUE DU BÂTIMENT (CSTB) – Définition et

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reVETIR de systèmes d’isolation thermique des façades par l’extérieur. Cahier 2929. Groupe

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Soluções alternativas para o prolongamento de quebramares de taludes

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[15] LOPES, Carlos Alvarino da Silva. Durabilidade na construção – estimativa da vida útil de

revestimentos cerâmicos de fachadas. Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em

Engenharia Civil, FEUP, 2009.

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Politécnica da Universidade de São Paulo, 2003.

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[23] ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE INDUSTRIAIS DE CERÂMICA E CONSTRUÇÃO

- Manual de Aplicação de telhas cerâmicas. Coimbra: APICER, 1998.

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