DÚVIDAS DE A A Z

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DÚVIDAS DE A A Z: CONDORDÂNCIA VERBAL A concordância verbal deixa muita gente confusa. Por exemplo: Qual a forma correta? “Vai fazer 3 meses que ele se foi.” “Vão fazer 3 meses que ele se foi.” O certo é “Vai fazer 3 meses que ele se foi”. O verbo “fazer” é muito específico na Língua Portuguesa. Ele não deve ser flexionado quando usado para indicar tempo decorrido. Por exemplo: “Já fazia dez anos...” “Faz cinco horas...” “Faz sete anos...” “Faz trinta dias...” O verbo também fica no singular quando associado a outro verbo. Exemplos: “Vai fazer dez anos...” “Deve fazer trinta anos...”

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DÚVIDAS DE A A Z:

CONDORDÂNCIA VERBAL

A concordância verbal deixa muita gente confusa. Por exemplo: Qual a forma correta?“Vai fazer 3 meses que ele se foi.”“Vão fazer 3 meses que ele se foi.”

O certo é “Vai fazer 3 meses que ele se foi”. O verbo “fazer” é muito específico na Língua Portuguesa. Ele não deve ser flexionado quando usado para indicar tempo decorrido. Por exemplo:

“Já fazia dez anos...”“Faz cinco horas...”“Faz sete anos...”“Faz trinta dias...”

O verbo também fica no singular quando associado a outro verbo. Exemplos:

“Vai fazer dez anos...”“Deve fazer trinta anos...”

Agora você já sabe:"Faz dois anos que estive aqui” e não “fazem dois anos que eu estive aqui."

Como o verbo fazer indicando tempo não tem sujeito, podemos e devemos dizer: "passaram dois anos".De fato, os anos passam. Mas nunca se deve dizer "fazem dois anos ".

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Outra questão: Qual o correto: "Quando visitei sua mãe, eu morava lá há dois anos" ou "... morava lá havia dois anos”?

Se substituirmos o verbo “haver” por “fazer”, a forma correta é ".... eu morava lá fazia dois anos". Logo, "... eu morava lá havia dois anos".

HÁ / ATRÁS

Enganos ortográficos e gramaticais devem sempre ser evitados. E há alguns que ocorrem com maior freqüência. São esses casos que exigem atenção redobrada. É comum ouvirmos alguém dizer: “Há décadas atrás”. Há e atrás já indicam que a frase está no passado. Use apenas “Há décadas” ou “Décadas atrás”.Para esclarecer podemos usar como exemplo a seguinte afirmação do escritor Paiva Netto: “A LBV, pregando e realizando o Natal Permanente, há décadas, luta para que se firme, na Terra, a Sociedade Solidária”.

RUIM

Agora vamos à pronúncia de mais uma palavra: ruím. Certamente você já deve ter ouvido alguém dizer: rúim. Mas preste atenção: Esta palavra tem duas sílabas: ru-im, formando um hiato. Se você disser que a situação está rúim, com certeza ela ficará ainda pior!

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Portanto, não esqueça: a pronúncia correta é ruím.

Para que seja bem gravada a lição de hoje, trazemos a conclusão lapidar de Gandhi: — O Capital em si não é mau; o uso incorreto dele é que é ruim.

CIDADÃO / CARÁTER

Esse substantivo ao ser flexionado para o plural, gera muitas dúvidas. A palavra é cidadão. Quem já não ouviu: Somos todos cidadões? Mas o correto é: cidadãos. Outra palavra que exige também muito cuidado é caráter. O seu plural é caracteres.Um exemplo pode ser encontrado na revista Ciência e Fé na trilha do equilíbrio, traduzida para vários idiomas, em que ensina o escritor Paiva Netto: “Só o conhecimento, iluminado pelo Amor fraterno, liberta e faz grandes cidadãos e nações.” E há outro pensamento de Paiva Netto que ilustra muito bem essa questão: é nos momentos de crise que se forjam os grandes caracteres e surgem as mais poderosas nações.

Como ler textos Hélio Consolaro* 

Como você lê? De maneira mecânica, passiva ou de maneira ativa, reflexiva e crítica? Você acumula

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apenas os dados e as informações ou você integra o lido ao vivido? Há pessoas que lêem muito, pilhas de livros são devoradas, como se fosse uma saída a qualquer problema psicológico, mas sua vida nada muda. Elas lêem como o raio laser lê o disco, mecanicamente. Quando muito, tais pessoas são verdadeiras enciclopédias volantes, sabem de cor uma série de coisas.  Outras lêem de forma reflexiva, fazem a leitura como se estivessem comendo alguma coisa. Mascam, ruminam, não gostam, devolvem, brigam com o texto. Elas possuem uma postura crítica diante do que lêem. Depois do texto lido e digerido, ele passa a fazer parte da vida deste tipo de leitor. Para ler é necessário ir e voltar, do texto a nós mesmos, até interiorizá-lo, até que ele, finalmente, faça parte de nós. A gente lê para se informar, para ser uma pessoa culta, mas acima de tudo se deve ler para praticar a leitura para que a pessoa continue alfabetizada, não perca a habilidade de manipular e entender as palavras do vocabulário passivo. Os japoneses, por exemplo, possuem uma língua ideográfica bem mais difícil do que a nossa, por isso lêem sempre para não esquecer a escrita que aprenderam com muito sacrifício. Conosco deveria acontecer o mesmo. Como disse uma trabalhadora dos canaviais pernambucanos: "Quem não sabe ler, tem medo das novidades". Ler é um processo, cuja condição primordial é a própria prática da leitura. 

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* Hélio Consolaro é professor de Língua Portruguesa do Ensino Médio, escreve semanalmente coluna Por Trás das Letras na Folha da Região, Araçatuba, e é cronista diário do mesmo jornal. Coordena este site. 

CONDORDÂNCIA VERBAL

Vamos exemplificar:Eu já comentei de que esse assunto está encerrado.Eu sempre disse de que as coisas poderão melhorar.Eu acredito de que a solução esteja próxima.Creio de que o seu comentário seja válido para estes tempos de globalização.

O raciocínio é simples. Preste atenção!Quem comenta, comenta alguma coisa (onde está o de?) Da mesma forma que quem diz, diz alguma coisa (onde está o de?)E quem acredita, acredita em alguma coisa. (repito a pergunta: onde está o de?)Está correto o escritor Paiva Netto ao escrever em seu livro Crônicas e Entrevistas:

Creio que essa hora seja terminada,

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porquanto maiores são as razões que nos devem confraternizar do que as que só servem para acirrar rancores. O ódio é arma voltada contra o peito de quem odeia.

Da obra As Profecias sem Mistério extraímos:Bem, voltemos à matéria em estudo: comentei que este trecho do Evangelho do Cristo, segundo João, "Jesus, o Pão vivo que desceu do Céu", é tão profundo que poderíamos analisá-lo por vários programas.

Outros exemplos: Quando Moisés, no Velho Testamento, revelou que "ao sétimo dia Deus descansou", o fez com o intuito de ensinar aos Seres Humanos o respeito a pelo menos um período determinado para sossego próprio e dos seus servos, escravos, animais e o solo, também, tendo em vista a necessidade de reservarem um dia para dedicação a Deus, às coisas espirituais. O Ser Humano não é uma máquina para

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ser explorada à exaustão. Não foi à toa que Jesus alertou:· Nem só de pão vive o Homem, mas também da Palavra que vem de Deus (Evangelho, segundo Mateus, 4: 4). (Paiva Netto)

Mas quem foi que disse que o Apocalipse decreta o término de nossa existência planetária? O mundo não vai acabar. Pelo contrário, e é justamente no Evangelho-Apocalipse do Cristo que se encontra o Plano Sociológico de Deus para uma mudança benéfica da Humanidade. Particularmente, o último livro da Bíblia Sagrada prevê essa profunda transformação social, originária do nosso comportamento, bom ou não tão bom assim.(Paiva Netto)Vamos frisar bem: disse que, comentei que, creio que, acredito que, penso que, revelou que, espero que.

DICA:não use de antes de qualquer que..

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GerúndioSe consultarmos as gramáticas, vamos descobrir que o gerúndio é uma dasformas nominais do verbo. Por que "formas nominais"? Porque é quando o verbo pode atuar como nome.No caso do gerúndio, que é aquela forma que termina em -ndo (amando, falando, vendendo, partindo, correndo, etc) sabemos que ele pode ser usado como se fosse um adjetivo.

Por exemplo: água fervendo (água que ferve)

O gerúndio é usado basicamente para que se dê a idéia de algo em processo de execução, em curso, de algo que dura. Temos notado exageras no uso do gerúndio. Aliás, está na moda uma coisa horrorosa: "Você poderia estar enviando um comprovante para nós amanhã". Por que não dizer "Você pode enviar um comprovante para nós amanhã" ? É uma moda exagerada essa do gerúndio com três verbos, um vício

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muito estranho. Mais uma dica: Não se flexiona infinitivo que depende de gerúndio. Portanto, é errado dizer "Devendo os testes serem feitos." O correto é dizer: "Já foi marcada a época dos vestibulares, devendo os testes ser (e não serem) realizados no período de dois a trinta de janeiro.As inscrições ao concurso de poesias estão abertas, podendo os candidatos dirigir-se (e não dirigirem-se) à sede da Editora.Ainda quanto ao gerúndio, muita atenção à pronúncia: É muito comum ouvirmos: "Correno", "varreno", "caíno", "andano". Para algumas pessoas o d dos gerúndios não soa. Tome cuidado!Para ilustrar bem o seu uso, vamos a um pensamento de Paiva Netto, no qual ele usa o gerúndio do verbo amar:A morte é uma certeza que devemos enfrentar, pois todos sofreremos as suas conseqüências se não nos houvermos comportado bem no que se resolveu considerar "vida": a curta existência humana na Terra. O

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grande segredo da vida é, amando a vida, saber preparar-se para a morte, ou Vida Eterna.

 

Um dos (concordância) Por que tais frases estão corretas quanto à concordância? a) O Tietê é um dos rios paulistas que atravessa o Estado de São Paulo. Explicação: O uso do singular (atravessa) é recomendado porque o verbo se refere a um só ser, e não a mais de um: dos rios paulistas, o Tietê é o único que atravessa o Estado de São Paulo.  b) O Sol é um dos astros que dá luz e calor à Terra. Explicação: a mesma do período “a”. c) O Tietê é um dos rios paulistas que estão poluídos. Explicação: cabe o plural (estão) porque a referência verbal se faz a dois ou mais seres, e não apenas a um; dos rios paulistas que estão poluídos, o Tietê é um deles, não o único.  d) O Sol é um dos astros que possuem luz própria. Explicação: a mesma do período “c”.   -------------------------------------

Abreviaturas: como abreviar as palavras?

Muitas vezes precisamos abreviar as palavras por economia de tempo ou de espaço. A regra geral para

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abreviatura das palavras é simples. Basta escrever a primeira sílaba e a primeira letra da segunda sílaba, seguidas de ponto abreviativo. Caso a primeira letra da segunda sílaba seja vogal, escreve-se até a consoante. Exemplos: fut. (futuro), adj. (adjetivo), gram. (gramática), num. (numeral), al. (alemão), subst. (substantivo). Se a palavra tiver acento gráfico, este será conservado se cair na primeira sílaba. Exemplos: núm. (número), gên. (gênero), créd. (crédito), déb. (débito), lóg. (lógica), méd. (médico). Se a segunda sílaba iniciar por duas consoantes, as duas farão parte da abreviatura. Exemplos: pess. (pessoa), constr. (construção), secr. (secretário), diss. (dissílabo). Algumas palavras não seguem a regra geral para abreviatura. Exemplos: a.C. ou A.C. (antes de Cristo), ap. ou apto. (apartamento), bel. (bacharel), btl. (batalhão), cel. (coronel), Cia. (Companhia), cx. (caixa), D. ( digno, Dom, Dona), f. ou fl. ou fol. (folha), ib. ou ibid. (ilidem, da mesma forma), id. (idem, o mesmo), i.é. (isto é), Limo. (Ilustríssimo), Ltda. (Limitada), M.D. (Muito Digno), p. ou pág. (página), pp. págs. (páginas), pg. (pago), p.p. (próximo passado), P.S. (pós escrito = escrito depois), Q.G. (Quartel General), rem. ou remte. (remetente), S.A. (Sociedade Anônima), sv. (serviço), S.O.S. (Save Our Souls = salvai nossas almas), u.i. (uso interno), U.S.A. (Unitid States of America = Estados Unidos), vv. (versos, versículos).

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Os gramáticos tradicionais não admitem flexão em abreviaturas, como: profª (professora), págs. (páginas). É bom lembrar que na flexão de gênero, não aparece a desinência “o”, indicativa do masculino nas abreviaturas, como: prof. profª. Está errado grafar o masculino assim: profº. Nas abreviaturas de caráter internacional, não se põe o ponto abreviativo: h, kg, km, kw, l. Nunca corte a palavra numa vogal, sempre numa consoante. Exemplo: departamento = dep., nunca depa.) A abreviatura deve ter metade ou menos da metade da palavra original, do contrário, será melhor escrever a palavra por extenso. Não se deve usar abusivamente abreviaturas em provas, trabalhos, artigos ou redações, só em anotações de uso pessoal. No caderno Classificados da Folha  da Região, o uso da abreviatura é uma constante porque o cliente quer economizar espaço para pagar menos. 

Abreviatura - ponto No período: “O professor respondeu a Pedro Marcolino Jr.” não há a necessidade de repetir a pontuação. O ponto da abreviatura serve para indicar o final do período também.

Abreviatura de numeral COMO? 1,5 MILHÃO DE REAIS?Quando abreviamos R$ 1.500.000,00 para 1,5 milhão de reais, a casa do milhão é a que fica antes da vírgula. Observe mais exemplos: 2,1 milhões = dois

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milhões e cem mil; 1,3 bilhão = um bilhão e trezentos milhões; 4,1 bilhões = quatro bilhões e cem milhões. Abreviatura de ordinal      Pedro Aleixo Filho, ex-colega de Folha da Região, tem uma nova pergunta. Na indicação de primeiro, primeira, segundo, segunda deve-se utilizar o algarismo, tendo, ao lado, um ponto encimado pelas letrasá o ou a sobrescritas ou utiliza-se apenas as letras? Ex.: 1.º e 1.ª ou 1º e 1ª?       Usar a última forma (sem o ponto) parece indicação de grau de temperatura na escala Celsius. Ex.: 1º (um grau), 32º (trinta e dois graus), 0º (zero grau), - 4º (menos quatro graus, quatro graus negativos ou quatro graus abaixo de zero).        É, também, errado colocar um tracinho (-) ou dois (=) abaixo das letras a e o sobrescritas (ª e º). Certo?        Resposta: o Pedro perguntou, mas já tinha a resposta na ponta da língua, pois conheço o seu zelo pelo português culto. O único reparo que faço é colocar C depois do ozinho para indicar centígrados: 32º C.Abreviatura de professor A abreviatura da palavra professor não tem "o" como há em professora (prof.ª). Ninguém abrevia doutor como "dr.º". Doutora, sim, "dr.ª". À custa de / às custas de Como afirma o professor Sérgio Nogueira, embora muito usada no plural, a locução prepositiva correta é "à custa de". É importante lembrar que as locuções prepositivas de base feminina devem receber o acento

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da crase: à custa de, à mercê de, à base de, à procura de, à moda de...

A gente e agente  a) A gente = nós; o povo, as pessoas. Exemplo: Nós vamos à praia este fim de semana. (Forma mais culta.) A gente vai à praia este fim de semana. (Forma mais popular.) b) Agente = indivíduo encarregado, responsável por determinada ação: aquele que age. Agente possui também outros significados. Exemplo: Meu pai é agente de viagens da Varig.

A gente ou nós?

Se você estiver num contexto formal, que exige a gramática tradicional, não há dúvida de que nós é palavra mais adequada; no entanto, nada impedirá a utilização de a gente num ambiente descontraído e informal. Cabe lembrar-se, apenas, de que a concordância verbal deve prevalecer sempre: use nós com o verbo na 1ª pessoa do plural; use a gente com o verbo na 3ª pessoa do singular. Nunca use: a gente fomos.

Aids ou aids?  Como Aids é uma sigla, a inicial deve ser maiúscula. O Brasil adotou a sigla inglesa, em português ou espanhol seria Sida (adotada pela Argentina). Acho que foi interferência de Nossa Senhora Aparecida... a

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nossa Cida querida. Não ia ficar bem dizer que o fulano morreu de Sida.

Alfabeto - letras k, w, y

       Por excesso de nacionalismo, tais letras não são consideradas de nosso alfabeto, embora o Brasil seja povoado de pessoas com sobrenomes estrangeiros. Elas aparecem apenas em casos especiais. A palavra whisky contém os três exemplos. Aportuguesando a palavra, tem-se uísque. A letra K deu lugar a QU; W, a U; e Y, a I.        Mas as letras K, W e Y aparecem em alguns casos, como:        a) abreviaturas internacionais: kg (quilograma), km (quilômetro), kWh (quilowatt-hora), W (watt), WC (water closet - banheiro)        b) nas palavras estrangeiras: marketing, walkman, lobby        c) nas palavras derivadas de nomes estrangeiros: kantismo, wagneriano, byroniano        d) As palavras derivadas de nomes estrangeiros comuns devem ser aportuguesadas: marqueteiro, lobista        Os nomes escritos com tais letras não seguem as regras de acentuação de nosso idioma. Exemplos: Válter (com acento) Walter (sem acento), Vágner (com acento), Wagner (sem acento), Cátia (com acento), Katia (sem acento). Alerta

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Alerta: sentinelas, alerta! (invariável, interjeição). "Todos os sentidos alerta funcionam" (advérbio - invariável) Os gansos deram o alerta (substantivo - variável). As autoridades sanitárias estão alertas (adjetivo, variável).  Há gramáticos que tratam essa palavra apenas como advérbio, invariável. Alto-falante        Carlos Munhoz quer saber por que "alto-falante", se tal peça fica no carro, na caixa. E, às vezes, o som fica baixinho, conforme a vontade do usuário.        O alto de alto-falante se deve à ampliação da voz. Também à altura onde eram postas as cornetas. Quem tem mais idade, como eu, conheceu o serviço de alto-falante das cidades. Geralmente, havia um poste e lá em cima ficavam as caixas para que toda a cidade ouvisse os recados e músicas. Auto não dá, pois ele não fala por si mesmo. Ambos - emprego O numeral "ambos", que é o único "dual" em português, pode ser reforçado em "ambos os dois", "ambos de dois", "ambos e dois", "ambos a dois", "a dois ambos". Exemplos: "O certo é que ambos os dois monges caminhavam juntos." (Herculano) "Ambos estes dois instrumentos." (Vieira) "Nós viemos praticando ambos de dous." (Antônio Prestes)

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"De ambos de dois a fronte coroada/ Ramos não conhecidos e ervas tinha." (Camões). Modernamente, porém, vem se evitando o emprego pleonástico de "ambos os dois", embora seja correto. (Rocha Lima, Gramática Normativa da Língua Portuguesa.)

Anexo

Em anexo (locução adverbial) - invariável. Exemplos: Os arquivos seguem em anexo. As pastas seguem em anexo. Anexo (adjetivo) - variável (gênero e número). Exemplos: Os arquivos seguem anexos. As pastas seguem anexas. 

A nível de? Jô Soares condena o uso da expressão "a nível de", mas nunca explicou o motivo da condenação. Não que eu tenha o hábito de utilizá-la, mas é realmente incorreto o seu emprego? (Leitor desta coluna). Transformei a dúvida dele em teste da semana. Resposta: A nível de tornou-se uma muleta, ou seja, expressão dispensável, desnecessária. Veja os exemplos: "Decisão a nível de diretoria". Não fica melhor dizer (ou escrever) "Decisão de diretoria"?  "O clube está fazendo contratações a nível de futuro". Não ficaria mais elegante escrever: "O clube está fazendo contratações para o futuro"? Em determinadas situações, podem ser usadas as locuções no plano (de) ou em termos de. Ou no nível

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de / em nível de, uma vez que "nível" rejeita o "a" sozinho. Exemplos: O grupo elevou a entidade ao nível primeiro mundista (a nível primeiro-mundista - não seria a expressão mais correta)  Existe também ao nível de, mas apenas com o significado de à mesma altura: ao nível do mar. (Manual do Esstadão)

Ano novo/ ano-novo

 “Feliz ano novo!” – sem hífen, pois a pessoa está desejando-lhe todas as felicidades do mundo no ano que se inicia.                                          “Para o Natal e para o ano-novo, o supermercado Y tem as melhores ofertas.” – com hífen, pois é a festa.                                                      Em ambos os casos, letra minúscula.

Anos  sessentas Qual é o erro desta frase? “Durante uma hora ele falou, emocionado, sobre sua juventude nos anos sessenta.” A resposta certa: Durante uma hora ele falou, emocionado, sobre sua juventude nos anos sessentas.

Diz-se duas canetas ou duas caneta? A primeira, claro!  Cuidado para não confundir “numeral” com “substantivo”. Numerais : quarenta anos, setenta anos, noventa anos. Substantivos : anos quarentas, anos noventas, anos noventas. Os anos setentas são: 70, 71, 72, 73,

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74, 75, 76, 77, 78 e 79. Vários setentas! Há quem defenda o singular, pois alega que sessenta é um substantivo com função de adjetivo, que estabelece o tipo ou categoria, como em banana-maçã, bananas-maçã. A tendência atual é pluralizar: anos sessentas.  Os estudantes antigamente faziam a prova dos noves na escola? O número 5555 é formado por quatro cincos; o número 777, por três setes. E o número 111? Mesmo raciocínio: formado por três uns.  

Ansiar  (verbos terminados em -iar) MEDIAR, ANSIAR, REMEDIAR, INCENDIAR e ODIAR, cujas letras iniciais foram o nome MÁRIO, são irregulares na conjungação porque ganham o I transformado em EI nas formas rizotônicas (acento tônico recai no radical) nas três primeiras pessoas do singular e na terceira pessoa do plural do presente do indicativo e do presente subjuntivo. Exemplo: odeia, odeias, odeia, odiamos, odiais, odeiam/ odeie, odeies, odeie, odiemos, odieis, odeiem. Os outros verbos terminados em -iar são regulares. Exemplos: afio, aprecio, chio, crio, esquio, guio, mio, premio, principio e outros. A exceção é MOBILIAR, nele as formas rizotônicas (sílaba tônica no radical) têm acento tônico na sílaba BI (conseqüente acento gráfico) e não na LI: mobílio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais, mobíliam/ mobílie, mobílies, mobílie, mobiliemos, mobilieis, mobíliem.

Antártica ou Antártida Esse assunto é polêmico.

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Luiz Antonio Sacconi afirma que a região gelada chama-se Antártica, que é oposta ao Ártico. Eduardo Martins no Manual de Redação do Estadão; Domingos Paschoal Cegalla em seu Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa possuem outra posição:  Antártida - nome da região Antártico, antártica: adjetivo. Exemplo:  continente antártico, aves antárticas.  Os dois últimos são mais lógicos.

Antraz ou carbúnculo?

O nome antraz está nas primeiras páginas dos jornais, mas para os médicos o nome utilizado para designar a doença causada pela bactéria Bacillus anthracis é carbúnculo.

Antraz, segundo o médico professor Sebastião A. Prado Sampaio, 82 anos, médico e professor emérito de dermatologia da Faculdade de Medicina da USP, em artigo publicado na FSP de 18/10/2001, é uma outra moléstia, provocada por estafilococos e que está associada a furúnculos.Nossos dicionários (Aurélio e Houaiss) de língua portuguesa não trazem antraz como sinônimo de carbúnculo, mas dizem que a doença é provocada pelo Bacillus anthracis. Isso não acontecia no Aurélio nas edições anteriores. Na edição "Século XXI" a equipe adotou a versão inglesa. Já o Michaelis usa antraz como sinônimo de carbúnculo.

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Em inglês, as palavras que designam as duas doenças são as mesmas que em português, mas com o sentido trocado: ou seja, carbúnculo é "anthrax" e antraz é "carbuncle".O “Webster's Enciclopedic Dictionary of English Language (1994)” confunde mais ao dizer que "anthrax" é um "malignant carbuncle", o que equivale a dizer, em português, que carbúnculo é um antraz maligno.

Sebastião A. Prado Sampaio, termina seu artigo, dizendo: “Seria importante também que o ministro da Saúde fosse informado de que antraz, em português, é um grupo de furúnculos, uma infecção estafilocócica, e que fosse esclarecido para a população: o "anthrax", em inglês, é o carbúnculo, em português”. 

Tal missão será difícil diante da massificação da mídia sobre a palavra antraz. Fica aqui a colaboração deste site. Se os professores de Português tiverem a consciência desse fato, já é uma vitória.

O site português http://www.ciberduvidas.com/ discute amplamente o assunto, pois tanto no Brasil como em Portugal, o engano está sendo cometido.

Pena que não seja essa polêmica acadêmica que eliminará a insanidade da guerra biológica.

Ao encontro de/ de encontro a Há muita gente que faz confusão ao empregar as duas expressões acima. Veja a diferença:  Os governantes deveriam ir "ao encontro das"

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necessidades do povo. (Indica conformidade, acordo.) A reeleição vem "de encontro às" expectativas de Maluf. (Indica oposição, conflito.)

A persistirem/ ao persistirem

"A persistirem os sintomas, procure orientação médica." "Ao persistirem os sintomas, procure orientação médica." As duas formas aparecem em propagandas de medicamentos na tevê. Qual é a correta? Quem fez a pergunta foi João Batagelo, radialista (Rádio Tietê, Araçatuba). Há duas estruturas diferentes, e deve-se optar entre elas com base no que pretende dizer. "A persistirem os sintomas..." é uma estrutura condicional; equivale a "se persistirem os sintomas...". "Ao persistirem os sintomas" é temporal; equivale a "quando persistirem os sintomas". Nessa frase do Ministério da Saúde, o significado implícito é "se os sintomas persistirem", embora o nexo temporal também seja possível. Conclusão: as duas formas estão corretas, mas muitos gramáticos só admitem a frase na condicional: "A persistirem os sintomas...". Apagão ou blecaute? 

A duas palavras são de origem estrangeira e têm como definição a falta total de energia elétrica numa cidade ou região.

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Apagão não é encontrada nos dicionários, já blecaute é registrada por Aurélio e Michaelis. Isso não quer dizer que esteja errado empregá-la, é um neologismo legítimo, que foi adaptado ao nosso sistema ortográfico. Entre blecaute e apagão, prefiro a última, pois advém de uma língua também latina, o espanhol.  Segundo Eduardo Martins, que escreve “De palavra em palavra” no suplemento infantil Estadinho, apagão não é o aumentativo de nenhuma palavra do nosso idioma, mas o aportuguesamento do termo espanhol “apagón”.  O vocábulo era usado na América Central para designar o material que não queimava com facilidade ou o charuto difícil de acender. Por extensão, passou a ser sinôni-mo de escurecimento total.  A forma apagão chegou ao Brasil por causa dos ataques de grupos guerrilheiros americanos. Esses atos terroristas deixavam regiões às escuras pela destruição de usinas ou redes de transmissão de energia.  Blecaute. Outra palavra estrangeira, adaptada, do inglês “blackout”. O blecaute pode ser uma falta de energia repentina, causada por pane na rede elétrica, ou uma ação planejada. Durante as guerras, apagam-se as luzes ( blecaute) para evitar incursões de aviões inimigos. 

A princípio / em princípio

Segundo Domingos Paschoal Cegalla em seu "Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa", as

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duas locuções são empregadas, mas cada uma tem seu significado. 

Em princípio: significa em tese, teoricamente, antes de qualquer consideração. Exemplo: "Em princípio, sua proposta nos interessa, mas só a direção da empresa é que pode aceitá-la".

 A princípio: significa no começo, inicialmente. Exemplo: "A princípio, tudo parecia um mar de rosas, mas não tardaram a surgir dificuldades".

A priori / a posteriori

"A priori", expressão latina, significa anterior à experiência, anterior à verificação experimental. E tem como antônima outra expressão latina: "a posteriori" que significa conhecimento, afirmação, verdade provenientes da experiência, ou que dela dependem. Na verdade, há uma banalização das duas expressões como se fossem sinônimas de "antes" e "depois". Tomar cuidado.

Ar condicionado/ ar-condicionado Sem hífen é o próprio ar, cuja temperatura foi alterada para quente ou fria. Exemplo: O ar condicionado lhe fez mal. Com hífen, designa o aparelho: Vende-se um ar-condicionado. Ou seja, um condicionador de ar. 

Arroba Qual é o sentido do símbolo @, usado nos endereços eletrônicos?  Resposta: A palavra arroba vem do árabe «ar-ruba» e

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quer dizer 15 kg, tem como antiga abreviatura@, portanto o símbolo existe antes do computador. A informação está na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. O Dicionário Aurélio afirma que a palavra tem origem grega, mas há quem diga que ela vem mesmo da Espanha.  Veja o que diz o internauta José Carlos Nellis, araçatubense, mas mora há muito nos Estados Unidos: "De acordo com o famoso Merriam Webster's Collegiate Dictionary, 10ª edição, usado em todas universidades aqui nos EUA, a verdadeira origem de @ "arroba" vem do antigo espanhol e português, e é também usado no francês, mas não indica que vem do árabe. O gramático Adriano da Gama Kury também afirma que "arroba" é uma palavra de origem árabe. A influência dos mouros no português e no espanhol é contemporânea do latim. Como o dicionário do José Carlos é de inglês, não tem compromisso etimológico mais profundo com nossa língua. Não encontrei uma explicação clara do motivo de tal símbolo ser transferido tal e qual para a informática. Nos endereços eletrônicos, ele está no lugar de "em", que pode ser traduzido assim: em qualquer lugar.  Recebi do leitor Luís Ibanhez a seguinte explicação: O símbolo @ na informática é por que na língua inglesa ele significa AT, que traduzido significa EM. Então o nome está @: em algum provedor.

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Artes plásticas Quando se fala em artes plásticas, a pessoa se lembra do plástico e fica a imaginar a relação existente entre uma pintura artística e uma sacola plástica do supermercado. Artes quer dizer a expressão da atividade criadora. Plástico significa aquilo que tem propriedade de adquirir determinadas formas sensíveis, por efeito de uma ação exterior. Artes plásticas, portanto, envolvem cores, formas, linhas, volumes. Chama-se de artes plásticas a pintura, escultura, desenho, gravura e colagem.

Ascendência/descendência       Pergunta de leitora.        "Em uma conversa com um colega, perguntei-lhe:        1 - Você é descendente de árabes?        Ele, em tom de correção respondeu:        2 - Sou de ascendência árabe, descendentes serão meus filhos.        Quero saber se foi devida a correção.        Resposta: Veja os verbetes no Aurélio. "Ascendente: pessoa de quem se descende; antepassado, ancestre. Diversas famílias de Santa Catarina têm ascendentes alemães. Descendente: pessoa que descende de outra, ou de um povo".        Analisando o seu caso. Seu amigo está certo quando disse que tem ascendência árabe e que os filhos dele é que são descendentes, mas ele não se posicionou, porque é descendente em relação aos antepassados dele e ascendente sob o ponto de vista dos filhos dele.

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       Você está certa, e ele não errou, apenas se excluiu marotamente da frase.

Aspas- emprego Recorremos ao livro “A Pontuação Hoje” , de Odacir Beltrão, para dar ao leitor um estudo detalhado do emprego das aspas. Há dois tipos de aspas: Simples: feita com o sinal do apóstrofo ('); Duplas: (") Quando se aplicam as aspas 1. Em transcrições ou citações: O político Maurício Cardoso disse certa vez: "Uma hipótese é uma coisa que é e não é, mas que a gente gostaria que fosse só para ver como ela é, caso fosse". (Maurício Cardoso) O ponto final vai após as aspas, encerrando o período.

Já no exemplo: "A diferença que existe entre convicção e preconceito está em que podemos discorrer sobre uma convicção sem nos zangarmos."  O ponto final está compreendido pelas aspas, portanto vai antes delas. Igual orientação vale para os parênteses.  Em textos digitados, o itálico ou negrito substitui as aspas. 2. Há aspas simples quando uma citação está contida noutra: "Nos velhos tempos, ’escrever em papel grosso, em meia folha, era só para gente ordi-nária ou sem criação'; os tempos mudaram."  3. Em palavras estrangeiras, expressões latinas,

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palavras grafadas errada-mente, neologismos e gíria ainda não incorporada ao vocabulário: Ela es-creveu "nóis" por nós. "Pô!" é uma nova interjeição. Gosto dos "magrinhos". Ele funcionou como escrivão "ad hoc". As crianças ficaram no "playground". A tendência moderna é usar o itálico em vez de aspas. Mesmo os termos ou expressões latinos, no original, enquadram-se nesta regra: sui generis  Os termos estrangeiros já incorporados não precisam nem de um nem de outro. Exemplo: show, marketing. 4. Não existe motivo convincente para que se coloque entre as aspas apeli-dos, quando forem simples apostos: Josefa Ramos, conhecida por Fafá. É correto aspear ou pôr entre parênteses o apelido: Lynette "Squeaky" Fromme tentou matar o presidente. Lupicínio (Lúpi) Rodrigues, compositor. 5. Não se põem aspas em alcunhas das páginas policias ou locuções subs-tantivas próprias, tais como: Foi detido ontem Mário Rodrigues Quintana, vulgo Bodão. Abril se inicia com a Semana Santa. 6. Aspas e destaque são coisas diferentes. Quando se quer dar destaque a uma palavra, é melhor pô-la em negrito ou itálico.  7. O uso das aspas é justificado quando indica ironia ou malícia: Falei ao "professor" Fulano. O tesoureiro pagou "por engano" o serviço do cunhado. 8. Põem-se aspas  em títulos de artigo de jornal, crônica, de revista, capí-tulo de livro etc. Ou em itálico (ou negrito) em texto digitado: A crônica "Fabricante de

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Mães" está na “Folha da Região”.  9. Para suprir a repetição de palavras:     2 caixas de clipe.     5   "    de caneta. 10. Aspeiam-se as referências a elementos de textos ordenados ou articula-dos: No exemplo "a" o redator empregou aspas erroneamente ao escrever "BEM FALANTE", já que as palavras estão em caracteres maiúsculos. Não devemos grifar nem aspear os exemplos: Vamos pingar os pontos nos ii. Escreva direitinho, com todos os efes e erres. 11. Na redação oficial, em transcrições com mais de um parágrafo, aspei-am-se o começo de cada parágrafo e o final do último.  l2. Não abuse das aspas para destaque. O efeito pode ser outro, porque o texto se transformará num verdadeiro matagal de aspas, anulando o objeti-vo pretendido.

Aspecto verbal  O aspecto verbal exprime a ação verbal no seu início, no seu desfecho, no seu curso, num de seus instantes, na sua freqüência. O aspecto pode ser: pontual: indicando que o processo foi instantâneo (disse, olhei); cursivo ou durativo: em que se vê a ação em seu desenvolvimento (ia dizendo, estava olhando); conclusivo:  o processo é visto em seu fim, como concluso e com um resultado (leu, trabalhou); permansivo: o processo está concluso e com um

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resultado permanente (caiu, sabe, aprendeu); incoativo ou inceptivo: em que o processo verbal é visto em seu começo (amanhecer, partir); interativo ou freqüentativo: se exprime uma série de processos repetidos (voejar, saltitar, tenho falado, bate que bate).  O aspecto pode ser expresso por sufixos: - ecer, asp. incoativo,  -ejar, -itar, asp. iterativo,  por um verbo auxiliar – começar a, entrar a, asp. inceptivo ou incoativo  pelo tempo verbal – o pretérito imperfeito é de asp. cursivo, ao passo que o perfeito é conclusivo pela própria significação do radical – cair é pontual, partir é incoativo, chegar é conclusivo, andar é cursivo, saber é permansivo.  O presente do indicativo é usado para o momento que se fala, mas ele pode ser empregado no lugar no pretérito perfeito, chamado presente histórico. Neste caso, a consulta do “Pelé”, as duas alternativas estão corretas. 

Assentamento Esta Folha noticiou que o município de Lourdes-SP assentou 15 famílias em terras arrendadas pela prefeitura.. Os assentados irão plantar e colher, evitando assim o desemprego. Leitor perguntou-me por telefone se assentar/assentamento não trazem no sentido a noção de definitivo, já que a per-manência as 15 famílias seria provisória. O verbo assentar tem várias acepções; no caso, significa “instalar”, que pode

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ser por certo tempo.  Na verdade, os termos “assentar/assentamento” ganharam ultimamente conotação política, pois são empregados pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária)  e pelo MST (Movimento dos Trabalhado-res sem Terra). Daí, talvez, venha a dúvida do leitor.

Asterisco e número Primitivamente só era usado o asterisco a fim de chamar a atenção do leitor para alguma nota colocada em rodapé na página. Por ter o aspecto de pequena estrela (*), ele recebeu o nome popular de estrelinhas e pode vir isolado, seguido de parênteses fechado ou entre parênteses: * ou *) ou (*). Atualmente surgiu o emprego de número para substituir os asteriscos, nas chamadas de rodapé ou no fim do escrito (artigo, tese, livro e outros). Exemplo: Mark Twain (*) foi dos primeiros compradores de máquina de escrever. Consta que seu romance "Tom Saywer" foi o primeiro livro cujos originais chegaram datilografados ao editor.  -----------------------------------------------------------------------  * Mark Twain, famoso escritor norte-americano.

Exemplo: Mark Twain (1) foi dos primeiros compradores de máquina de escrever. Consta que seu romance "Tom Saywer" foi o primeiro livro cujos originais chegaram datilografos ao editor. ---------------------------------------------------------------------- 1. Mark Twain, famoso escritor norte-americano.

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Ateu e agnóstico É um assunto de filosofia. De modo grosseiro, pode-se dizer que, enquanto o ateu nega a existência de Deus, o agnóstico (de agnosticismo) considera-se incapaz de atingir um conhecimento absoluto sobre fenômenos como a origem da vida.

À-toa / à toa  À-toa é adjetivo (invariável) vem com hífen e exige crase. Significa impensado, inútil, fácil, desprezível, insignificante. Exemplos: Eram comentários à-toa. Mas que sujeito à-toa! Essa é uma afirmação à-toa. Tal adjetivo originou-se da locução adverbial "à toa", inicialmente usada na linguagem náutica. Quando um navio não pode dirigir-se por si mesmo e outro o reboca por meio de um cabo chamado "toa", diz-se que o primeiro está indo à toa, isto é, a reboque. Daí passou-se ao sentido moral e diz-se que um ser é "à-toa" quando não tem determinação própria. À toa é locução adverbial, sem hífen e com crase. Significa: ao acaso, sem fazer nada. Exemplos: "Estava à toa na vida, o meu amor me chamou." (Chico Buarque) Ninguém vem ao mundo à toa.

Através de  Essa locução tem o sentido de "por dentro de", "de um lado para outro", ao longo de", "por entre": Olhava através das grades da janela. Viajou através do país.

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Cavalgava através dos pastos e florestas. Foi companheiro através de anos e anos. Portanto, evite usá-la quando corresponder ao sentido de: "por meio de", "por intermédio", ou simplesmente "por" (pelo, pela). A campanha seria feita por meio de cartazes Mandei as cartas pelo correio. Soube do ocorrido por intermédio de uma vizinha/ou por uma vizinha

Auto-escola O leitor Alaor Tristante Júnior acha que o plural de auto-escola deveria ser "autos-escolas", afinal "auto" não é prefixo, mas forma reduzida de automóvel. Como a referência de todos é o Aurélio, nele o plural registrado é "auto-escolas". Na verdade, há uma confusão entre o elemento de composição "auto" com a redução homônima de "automóvel" diz Adrino da Gama Kury em seu livro "Para Falar e Escrever Melhor o Português", por isso "auto" não vai para o plural, comportando-se como se fosse um prefixo. Da mesma forma auto-estrada: auto-estradas. 

A ver/ haver 

Essa roupa não tem nada a ver com você.                                           Nada a haver tem sentido completamente diferente: que não tem nada a receber.

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Bebedouro ou bebedor d’água Internauta me passou e-mail, inconformado com a inscrição que há na estação rodoviária de Araçatuba: “bebedor d’água”. Bebedor é aquele que bebe muito. Exemplo: Joaquim é um bom bebedor de cerveja.  “Bebedouro”, segundo o Aurélio, é designação genérica de diferentes tipos de aparelhos ligados à rede hidráulica de edifícios, que fornecem água a temperatura normal ou gelada, e que permitem beber sem necessidade de copo, muito utilizados em escolas, fábricas, escritórios, lojas, etc. Que tal o administrador fazer a correção: bebedouro d’água? Araçatuba gosta de dar demonstração aos visitantes de que cuida mal do português. As placas colocadas nos canteiros centrais da av. Brasília é um exemplo evidente disso   

Biquíni  Palavra paroxítona terminada em "i", por isso é acentuada. Vejamos a origem da palavra:Antes da bomba nuclear, as mulheres só usavam maiôs. Dizem que as mulheres da antiga Roma, nas orgias imperiais, já usavam o biquíni. Mas a peça, na modernidade, foi criada em 1946 pelos estilistas Louis Réard e Jacques Heim. O último queria dar o nome de "átomo" ao novo vestuário de banho, já que era a menor partícula. Porém, como os Estados Unidos fez sua primeira experiência de bomba nuclear naquele ano pós-guerra, no Atol de Bikini das Ilhas Marshall, no Oceano

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Pacífico, a minúscula roupa feminina foi batizada de biquíni. As palavras surgem de formas variadas. 

Bufê ou bifê?

       A língua francesa nos forneceu um grande conjunto de palavras, muitas já devidamente aportuguesadas: ateliê, abajur, boate, batom, chofer, detalhe, garçom, marrom, vermute... No caso de buffet, a forma aportuguesada é bufê. Garage, por exemplo, é palavra francesa. É melhor usar a forma aportuguesada garagem, com a terminação agem, como tantas outras palavras da língua portuguesa: viagem, paisagem, plumagem, contagem...  

C- emprego da letra A letra "c" pode representar dois fonemas: a) antes de "a", "o" e "u", tem som de "k". Exemplos:: casa, colete, bacana, espetáculo. b) antes de "e" e "i", tem som de "ss". Exemplos: cela, cínico.  Veja a correlação entre palavras primitivas e derivadas: branco branquinho Casa Branca casabranquense  casca casquinha  Nesses casos, houve alteração na grafia, mas não houve alteração no som. Para manter o som de "k" antes de "e" e "i", troca-se o "e" pelo dígrafo  "qu". 

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Cãibra ou câimbra As duas formas são registradas pelo dicionário Aurélio. “Cãibra” paroxíto-na, mas o dicionário Michaellis separa suas sílabas assim: cã-i-bra.  Enquanto “câimbra” é proparoxítona, por isso o acento circunflexo, porém há quem discorde, dizendo que ela continua sendo uma paroxítona pois o encontro vocálico, na verdade, é um ditongo decrescente nasal.  Em Portugal só há cãibra.

Calçar as luvas? "No inverno, as pessoas friorentas calçam luvas." Não há erro. Também se calçam as luvas, pois "calçar" significa vestir os pés ou as mãos, como pôr as calças. Já houve muita polêmica sobre assunto, dizia-se que não se vestem as luvas. Não é verdade. Posso usar "calçar as luvas", que é mais clássico; como "vestir as luvas".   Câmpus O dicionário Aurélio registra a palavra latina campus (plural campi). Napoleão Mendes de Almeida, no Dicionário de Questões Vernáculas defende o aportuguesamento: câmpus. O aportuguesamento teria a vantagem de evitar o emprego do plural latino campi (o chamado plural estranho). O Manual de Redação do Estadão recomenda: câmpus. O câmpus, os câmpus.       Carnaval e Quaresma        A palavra Carnaval vem do italiano "carnevale". Designava a terça-feira gorda, a partir da qual a Igreja

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passava a suprimir o uso de carne. Outros estudiosos vêem na expressão latina "carne, vale" (carne, adeus) a origem mais coerente. Mas, "carnelevamen", também do latim (prazeres da carne), antes das tristezas e continências da Quaresma, também é uma explicação plausível. Antes de o Carnaval ser a festa que é, chamava-se Entrudo (do latim "introitu", entrada), porque aqueles três dias são a porta de entrada para a Quaresma.        Já Quaresma vem do latim "quadragesima", período de quarenta dias, contados da Quarta-feira de Cinzas ao Domingo de Ramos. Terminadas as festas do Carnaval, os católicos vão às igrejas para receber um pouco de cinzas sobre a cabeça, numa cerimônia em que o padre diz a cada um deles uma frase alusiva à morte. Antigamente era dita em latim "memento, homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris", cuja tradução é "lembra-te, homem, que és pó e ao pó retornarás" (explicações do professor Dionísio da Silva no livro "De Onde Vêm as Palavras", Editora Mandarim).    

Cavoucar ou cavucar?  Empreguei a forma popular do verbo cavoucar na Entrelinhas de quinta-feira, Concurso Público, ou seja, cavucar, alguém ligou apontando o emprego como erro. A forma culta-cultíssima é mesmo cavoucar quando a palavra tiver o sentido de fazer cavoucos, cavar buracos, mas a forma popular cavucar ganhou sentido novo: cavar a vida, lutar pela subsistência. Está no Aurelião.

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É bom esclarecer que a crônica diária, ligada ao cotidiano, tem um compromisso com a linguagem informal, popular. Por exemplo, na crônica Vereador Banguelo preferi a variante popular, mais usada na região, à forma culta banguela. As duas formas são registradas pelo Aurelião.

Cerveja que desce redondo A frase “A cerveja que desce redondo” está certa? Sim, está certa, pois redondo é um adjetivo adverbializado, portanto não flexiona. A cerveja não é redonda, ela desce redondo, advérbio de modo. Exemplo semelhante é “Cerveja custa caro”.

Cesária ou cesárea? A cirurgia se escreve com "e", ou também cesariana; cesária com "i" tem outro significado (tesourão de gráfica).

Chegar, ir e vir (regência) Estes três verbos são quase idênticos quanto às suas regências. Os três são intransitivos e regem a preposição "a" e nunca a preposição "em" quando indicam movimento. Exemplos: Chegaram a Atlanta na quinta-feira. Foram a Atlanta na sexta-feira. Os brasileiros vêm a Atlanta com muita esperança.  A lingua culta já tolera o uso do verbo chegar com regência com a palavra casa. Exemplo: Cheguei cedo em casa. IR - Quando indicar um tempo determinado (por algum tempo) exige a preposição "a". Exemplo: Foi a

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Camboriú no final de samana. IR - Quando indicar um tempo definitivo (para ficar) exige a preposição "para". Exemplo: José Ferreira foi para São Paulo com toda a família.

Chegou a hora da onça beber água? Segundo o uso padrão, há um erro na expressão popular acima. “Onça” é sujeito do verbo beber, por isso não pode haver a combinação da preposição “de” e o artigo “a”,  pois o sujeito de uma oração nunca pode ser inici-ado por preposição. Na linguagem culta, a expressão ficaria assim: “Chegou a hora de a onça beber água”.

Chope/chopes Qual a forma correta: chopp/chopps ou chope/chopes?

Resposta: A forma correta é chope/chopes, que significa cerveja fresca de barril. No alemão, schoppen; no francês, chope.

Cinqüenta  Não existe a forma "cincoenta", como algumas pessoas escrevem em cheques. A forma única de escrever por extenso o numeral 50 é cinqüenta. Não esquecer o trema. 

Clipe ou clips Que nome se dá em português às peças de metal que servem para prender folhas: clips ou clipes? O aportuguesamento do inglês “clip” é clipe. O plural é clipes. 

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Coco/ cocô 1) Que palavra tem acento: coco (fruto do coqueiro) ou coco (excremento)? Resposta: cocô (excremento) é acentuada, porque é uma palavra oxítona terminada em “o”. Já coco (fruto do coqueiro) não tem acento, pois não se acentuam as palavras paroxítonas terminadas em “o”.

Coalizão e colisão “Uma coalizão de centro-esquerda reelegeu Mário Covas.” Coalizão signi-fica união, acordo, aliança. “Já Maluf está em colisão com os marqueteiros.” Colisão significa choque, conflito, luta. 

Coletivos coletivos.html

Colocação Num seminário, alguém pede a palavra e diz: “Farei agora uma colocação polêmica”. Errado. As palavras colocar e colocação só devem ser usadas no sentido de arrumação, disposição. Elas não eqüivalem a observação, sugestão ou idéia.

Colocação pronominal LHE: Comunicamos-lhes  A construção correta é "comunicamos-lhes", embora pareça estranha. Cortamos o "s" apenas com os pronomes "o", "a", "os", "as", e não para os pronomes "lhe", "lhes".  Escrevemos, portanto:

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Ofertamo-lo/ esperamo-lo/ comunicamos-lhe/ oferecemos-lhes.

-LO, -LA, -LOS, -LAS Se o verbo terminar em -S, -R ou -Z, os pronomes oblíquos "o", "os", "a" e "as" ligar-se-ão a ele cortando-se a letra final (S-R-Z) e acrescentando-se um L antes dos pronomes (LO, LA, LOS, LAS). Exemplos: amar a ele = amá-lo fazer a prova = fezê-la já o fiz = fi-lo eu os pus = pu-los ele as faz = fá-las -NO, -NA, -NOS, -NAS Quando o verbo terminar em -M, -ÃO, ÕE, deixa-se o verbo como está e acrescenta-se um N aos pronomes -O, -A, -OS, -AS (no, na, nos, nas). Exemplos: Elas o amam = amam-no Ele a põe = põe-na Eles são so réus? = São-nos OBSERVAÇÃO Se a terminação do verbo for -MOS, ele perde o S antes de NOS (a nós) Exemplos: Nós nos informamos = informamo-nos CUIDADO Tu tens o livro = tem-lo Ele tem o livro = tem-no

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Tu pões a mão = põe-la Ele põe a mão = põe-na

Comercializar Muitos repórteres trocam "comprar e vender" por "comercializar". É uma troca descabida, como diz Josué Machado em seu livro Manual da Falta de Estilo, Editora Best Seller. O verbo comercializar significa tornar comercial ou comerciável. Frases como "O balconista comercializa calcinhas e sutiãs." ou "Os feirantes comercializam alfaces e rabanetes." não estão construídas corretamente. O melhor seria dizer "O balconista vende...", "Os feirantes vendem..." 

Está correto escrever "como, por exemplo"?

“O Assistente pede informações essenciais, como, por exemplo, o nome da loja e as informações de contato.”Não há necessidade de usar juntas as duas expressões, pois “como” já implica a idéia de que se vai apresentar um “exemplo”. Portanto, já que elas são equivalentes, não convém que andem juntas.Veja:“O Assistente pede informações essenciais, como o nome da loja e as informações de contato.”“O Assistente pede informações essenciais, por exemplo, o nome da loja e as informações de contato.”

Conosco / com nós  Usamos "com nós" quando depois da expressão vierem as palavras: próprios, todos, outros, mesmos e numerais. Exemplos:

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Mamãe saiu com nós dois. Mamãe saiu conosco. O professor saiu com nós todos. O professor saiu conosco. Com nós mesmos o fato aconteceu. Conosco o fato aconteceu.

Consigo “Consigo” só pode ser usado com o sentido reflexivo, ou seja, a ação recai sobre a mesma pessoa que a pratica. Exemplos: A mãe trouxe consigo as receitas./ João disse consigo mesmo./ Guarda a carta consigo. No Brasil, é inadmissível usar “consigo” para substituir “com você”, “com o senhor”. Veja alguns exemplos corretos: Quero falar com o senhor (e não “quero falar consigo”). Concordo com você (e não “concordo consigo”). 

Convalescença ou convalescência O doente que se recupera está  em convalescença. É ença o final correspondente aos verbos finalizados em scer, ecer e erer. Assim, renascer: renascença, parecer: parecença, malquerer: malquerença. A terminação ência derivada dos adjetivos terminados em ente. Exemplo: beneficente: beneficência. O certo é convalescença.

Cozer e coser Cozer (com z) significa cozinhar: Mamãe vai cozer o repolho. Coser (com s) significa costurar: Mamãe vai coser minha roupa.

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Craseado. Existe? Qual a forma correta: “a” com acento grave ou “a” craseado? Esse tipo de confusão ocorre com freqüência. Crase é apenas o nome dado à fusão de dois aa. Não é o mesmo que acento. Acento grave (à) é o sinal indicador de crase, de fusão de dois aa. Por isso é errado perguntar se um "a" tem crase, ou se é preciso "crasear" um "a". O que um "a" pode ter é acento grave.

Crucificação Crucifixo: crucificar ou crucifixar /crucificação ou crucifixão? Tóxico: torácico ou toráxico?  Não há nenhum erro nas palavras derivadas de “crucifixo” e “tórax”?  Resposta: crucificar ou crucifixar/ crucificação ou crucifixão são corretas as duas formas, mas toráxico não existe. 

Cumeeira ou cumieira? Cumeeira é o termo correto. Trata-se da parte mais elevada da montanha ou do telhado de uma casa; cume; espigão. Cumeeira, de cume (por sua vez do latim <I>culmen<I>, “cimo”. 

“Curriculum vitae” - plural

A expressão latina significa o conjunto de dados concernentes ao estado civil, ao preparo profissional e às atividades anteriores de quem se candidata a um

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emprego, a um concurso. Seu plural segue a gramática latina, portanto é “curricula vitae”. Existe a forma aportuguesada correspondente: currículo/ currículos. Bem menos complicada.  

Custar (regência) Este verbo, sinônimo de ser difícil, penoso, só pode ser empregado com o objeto indireto (com preposição) e na 3ª pessoa do singular. Exemplos:  Custou-me aprender. A você custou sair. Atenção! Na linguagem culta, é errado escrever "Custei aprender." e "Você custou sair.  

De pé ou em pé? Segundo o "Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa" de Domingos Paschoal Cegalla, "pode-se dizer, indiferentemente: ficar em pé ou fi-car de pé". O site www.ciberduvidas.com, de Portugal, apresenta uma análise do "Dicionário de Erros e Problemas de Linguagem" de Rodrigo de Sá Nogueira sobre “a pé”, “de pé”, “em pé”. Ele diz: "Só quem conhece bem a língua pode empregar com propriedade estas três expressões.  Vejamos:

1) ‘ir a pé’ é ir por meio dos pés, isto é, é não ir a cavalo, nem de carro, etc.; 

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2) ‘ir de pé’ ou ‘em pé’ é não ir sentado, nem de cócoras, nem deitado; 

3) às 6 horas da manhã estava já a pé, quer dizer: já não estava na cama, já me tinha levantado; 

4) às 6 horas da manhã estava ‘de pé’ ou ‘em pé’, quer dizer: não estava sentado, nem ajoelhado, nem deitado; 

5) um poste, que caiu pela força do vento, por exemplo, põe-se de pé ou em pé, quer dizer: endireita-se de novo, pondo-se na posição vertical, não se põe a pé; 

6) o Exército está em pé de guerra, não está a pé, nem de pé de guerra." Portanto, fiquemos de pé ou em pé. Salvo num contexto muito específico, como em “fiquemos com os pés no chão”, querendo com isso expressar que é necessário realismo. 

Desculpar-se Quais os erros da frase abaixo: “Desculpa a demora, chefe.”  Muitos pensaram: "O correto é desculpe-me", mas não se trata apenas disso. Ao desculpar, a pessoa desculpa alguém “de” alguma coisa. A forma correta para a frase é esta: — Desculpe-me da demora, chefe. Desculpem-nos da nossa falha.

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Frase "Desculpem a nossa falha", falada na tevê, está errada 

Despercebido/ desapercebido Elas são palavras parônimas, parecidas. Despercebido significa, segundo o Aurélio, que não se viu ou não se ouviu; em que não se atentou; impercebido, desatento, distraído, desacautelado. Já desapercebido tem o sentido de desprevenido, desacautelado, desprovido, desguarnecido. O Aurélio aceita as duas formas: despercebido/desapercebido para o senti-do de distraído, mas ele é um dicionário que registra todos os usos, não tem compromisso com a gramática normativa.

Deus – nEle Um aluno me questionou sobre tal forma quando se refere a Deus, pois ele a encontrou num livro de religião. A palavra Deus tem a letra inicial maiúscula. O Manual do Estadão recomenda que também se grafe com letra maiúscula o início dos pronomes que se referem a Deus. Exemplo: Eu queria que Ele me ajudasse. “Ele” é Deus. Seria lógico escrever “Nele” com a letra N maiúscula, não o “e” intermediário. A regra manda pôr a letra inicial dos nomes próprios em maiúsculo. Confesso que não achei nenhuma explicação sobre isso (nEle) nas gramáticas. 

Dias da semana (plural) Qual forma está correta: "quarta e quinta-feira" ou "quarta e quinta-feiras"? 

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É preferível “quarta e quinta-feira” por dois motivos:  a) Quarta e quinta-feira = “quarta-feira e quinta-feira”. Em “quarta e quinta-feira”, subentende-se o elemento “feira” depois de “quarta”. Por isso, não há razão para se pluralizar o elemento “feira” de “quinta-feira”.  b) Se antepusermos o artigo, definido ou indefinido, diremos: “a quarta e a quinta-feira”, uma “quarta” e uma “quinta-feira” – sem pluralização.  

Direito ou direito A letra inicial de nomes de cursos não precisa ser grafada com letra maiúscula, como: medicina, pedagogia, agronomia. Em direito, para evitar ambi-güidade, escreve-se com  maiúscula. Exemplo: Ele faz direito. (Se não colocar maiúscula, entende-se que ele faz bem suas tarefas.) Ele faz Direito. (Neste caso, só há um entendimento: ele se prepara para ser advogado.) 

Dum e num. Existem?

 Pessoas com excesso de zelo com o uso culto do idioma fogem de certas formas, corretas, como DUM/DUMA, NUM/NUMA. Elas existem, e o uso delas depende do gosto da pessoa.

Há uma regra para empregar “dum” (duma) e “de um” (de uma). Deve-se empregar “de um”, e também “de o” (e não “do”), quando a preposição “de” não se ligar ao artigo que se lhe segue, mas a palavra/s que vem/vêm mais

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à frente:1) O fato DE uma pessoa TRABALHAR...2) O fato DE um aluno SER MAL COMPORTADO...

A preposição DE não se encontra ligada ao artigo, mas às palavras sublinhadas à direita.O mesmo se dá com DE + PRONOME/DETERMINANTE 3) Apesar DE este diretor ESTAR LIVRE...4) A resolução DE ele IR AO PORTO...5) Já é tempo DE aquelas pessoas TEREM JUÍZO.6) Depois DE isso ESTAR ESTABELECIDO...E há outra regra para EM UM/NENHUM. Quando se falam essas duas expressões, soam praticamente da mesma forma. Ao escrevê-las, porém devemos observar certas distinções.

Entrou na casa em que NENHUM morador o notasse. (antônimo de algum)

NEM UM morador do prédio o cumprimenta. (= nem um sequer, nem um único; opõe-se a MUITOS.)

E,  com vígula Quando indica a conexão de duas orações, com sujeitos e verbos diferentes, o "e" deve ser ajudado e introduzido por vírgula. Um sujeito fez uma coisa, e outro fez outra. Exemplo: A professora mandou o aluno à diretoria, e o diretor aplicou-lhe uma repreensão escrita. 

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Em mão/ em mãos Uma internauta  quer saber se estava certo escrever “em mãos”. Apenas o “Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa”, Editora Nova Fronteira, de Domingos Paschoal Cegalla, se manifesta a respeito. Ele considera as duas formas corretas, mas acrescenta que “em mãos” é mais usual no Brasil. 

Empecilho  Há quem escreva "impecilho", "impecílio". Certamente associa essa palavra com o verbo impedir. O correto é empecilho, da família do verbo "empeçar" (estorvar).

Encastôo ou castor Durval, pescador, travou uma contenda com filhos e netos. Como se chama mesmo aquela peça de arame que vai entre o anzol e a linha? A discussão acabou na página de  tira-dúvidas. O nome correto, segundo o Michaelis, é “encastôo”, e o verbo é “encastoar”. O Aurélio nada traz a res-peito. Quem falar “castor”, “encastor”, está errando...

Entre mim e ti/  Entre eu e tu  O certo é "entre mim e ti", assim como o correto é dizer entre "mim e você". "Entre" é uma preposição. Antes dos pronomes "eu" e "tu" não se usa preposição. Assim, não se diz: Ele pensou em eu e tu. Mas: Ele pensou em mim e ti.

Em vez de/ ao invés de O Manual do Estadão, recomenda o uso de “ao invés

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de” somente quando houver oposição. Também está certa a argumentação do Cegalla, dizendo que a expressão “ao invés de” está em fase de transição na língua. Para evitar erro, use “em vez de” em qualquer situação, nunca ao “ao invés de”. Assim, a sua frase estará sempre abençoada pelos gramáticos. 

Enxurrada / enchente  Por que “enxurrada” é escrita com X e “enchente”, com CH? Resposta: depois de EN-, o fonema [xê] é grafado com X: enxurrada, enxada, enxuta. “Enchente” é um substantivo derivado do verbo “encher”, que por sua vez vem de “cheio”, portanto conserva a grafia original, com CH. 

Erros  grosseiros 1 Professsor Luiz Antonio Sacconi, no livro Não Erre Mais 1) As casas só podem ser “geminadas”, pois a palavra é derivada de gêmeos. “Germinadas” nem pensar! 2) Ser “de menor” ou “de maior” são expressões comumente ouvidas em rodas de gente estudada, mas estão erradas. “O garoto preso é menor” ou “O rapaz parece uma criança, mas é maior”. Mais exemplos:  “O delinqüente é menor de idade” ou “O preso é maior de idade”. 3) “O aluno repetiu o ano.”  “A aluna passou o ano.”. Só os italianos que ainda falam mal o português dizem “repetir ou passar de ano”. 4) “O aluno fica para recuperação”, ele nunca “fica de

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recuperação”. 5) Meu aniversário caiu num domingo. Está errado falar “caiu de domingo”.  6) O filho saiu ao pai, esculpido e encarnado. “Cuspido e escarrado” é impossível.  7) “Saíram elas por elas” é a concordância correta. “Saiu elas por elas” fere os princípios gramaticais. 8) Atenção políticos e advogados da velha guarda. Tive a “subida honra” de saudar o presidente, nunca “a súbita honra”.  “Subida” significa elevada; “súbita”, repentina. 9) Aos sábados, não trabalho. Está corretíssimo. Errado é falar ou escrever: De sábado, não trabalho. 10) O sujeito escapou ileso de uma acidente de trânsito e comete um desatino, falando: “Faltei pouco para não morrer”. O sujeito da oração é “pouco”, e não “eu”, portanto a forma correta é “Faltou pouco para não morrer”.  11) Mandado de segurança. Os magistrados expedem mandados. Os políticos têm mandato. 12) Estou aguardando notícias. Nada de dizer “estou no aguardo de notícias”. Tal expressão não existe. 

Erros  grosseiros 2 Professsor Luiz Antonio Sacconi, no livro Não Erre Mais 1) “Apêndice supurado” ou “Apêndice estuporado” ? Supurado quer dizer convertido em “pus”.  2) Seu caderno é “espiral” ou “aspiral”? Lógico, espiral, pois o arame do caderno tem a forma da rosca de um parafuso. Quem diz “aspiral”, está dando vexame.

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3) Estou quite com o Serviço Militar. Ou é “quites”? Se for uma pessoa só, ela está “quite”, porque “Os jovens estão quites com Serviço Militar”.  4) Neusa é médium/ Neusa é média? Neusa é médium, pois a palavra “médium” é usada para o homem quanto para a mulher, como ídolo, vítima, pessoa. 5) A mala estava leve ou leviana? A mala estava leve, pois uma mala só pode ter pouco peso. “Leviana” significa imprudente, irresponsável.  6) Fiquei fora de mim/Fiquei fora de si? “Fiquei” está na 1ª pessoa, portanto, “fora de mim”. 7) Dessas mulheres, só conheço algumas delas/ Dessas mulheres, só conheço umas par delas? A segunda, nem por brincadeira. 8) Vou trocar-me em dois minutos/Vou vestir-me ou trocar de roupa em dois minutos? Não se deve usar “trocar-se” por vestir-se ou trocar de roupa. 9) O motorista perdeu o controle do veículo/ O motorista perdeu a direção? Perder a direção é perder o rumo. 10) O paciente sentiu melhoras/O paciente sofreu melhoras? Se está sofrendo, então não melhorou.  11) Não saí porque estava chovendo/ Não saí por causa que estava chovendo? Indiscutível, a segunda forma tem apenas uso popular.  12) Ele já acordou/ Ele já se acordou? É impossível alguém se acordar.  13) Se ele não pode comprar isto, que dirá de mim/ Se ele não pode comprar isto, que dirá eu? Se o leitor achar pedante a primeira, que é a correta, use “muito

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menos eu” ou “quanto mais eu”. 14) Estou com pigarro/Estou com pigarra? Pigarra quem tem é galinha.  

Erros grosseiros 3 Professsor Luiz Antonio Sacconi, no livro Não Erre Mais 1) Tenho menos sorte que você/ Tenho menas sorte que você? Não se diz nunca “menas”, tal palavra não existe. 2) Inimigo figadal/ inimigo fidagal? O fígado era, segundo os antigos, a sede da ira, do ódio.  3) O rapaz puxava de uma perna/ O rapaz puxava uma perna? Todos os que mancam, puxam de uma perna. 4) Luís é muito xereta/ Luís é muito xereto? Os homens são também muito xeretas. “Xereto” não existe. 5) O pessoal não gostou do filme/ O pessoal não gostaram do filme? Pessoal exige o verbo no singular, assim como “turma” e outros substantivos coletivos. 6) Prova dos noves/ Prova dos nove? Todos nós dizemos noves fora, mas incompreensivelmente alguém fala “prova dos nove”. Os nomes de algarismos variam normalmente quando sustantivados.

7) Horas extras/ horas extra? Nesse caso, extra é um adjetivo (equivale a extraordinário), por isso varia de acordo com o substantivo.  8) Eu procurava um emprego que condissesse com meu nível cultural/ Eu procurava um emprego que

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condizesse com meu nível cultural? O pretérito imperfeito do subjuntivo do verbo “dizer” é “dissesse”, portanto o certo é “condissesse”. Assim acontece com todos os outros verbos derivados de dizer. 9) Não poderíamos dizer isso perante ela/ Não poderíamos dizer isso perante a ela? “Perante” já é preposição, por isso não há a necessidade de outra, o “a”.  10) Não vou lá em hipótese nenhuma/ Não vou lá de hipótese nenhuma? Convém não dizer nem escrever isso em hipótese nenhuma.

Esotérico e exotérico Um internauta  pediu-me uma pesquisa sobre a diferença de sentido entre “esotérico” e “exotérico”, sendo que elas são homônimas, pois há uma diferença apenas na grafia, enquanto são idênticas na pronúncia. “Esoterismo” em nossos dias é sinônimo de “ocultismo”. Veja o que fala o Aurélio sobre ocultismo: 1. Estudo e/ou prática de artes divinatórias e de fenômenos que parecem não poder ser explicados pelas leis naturais, como, p. ex., a astrologia, a quiromancia, a magia, a telepatia e a levitação; ciências ocultas. 2. P. ext. Hermetismo, esoterismo.  Para fazer a diferença entre os dois termos, apelamos à Enciclopédia Digital Koogan/Houaiss, que registra o seguinte:  ESOTÉRICO  adj. Qualificação dada, nas escolas dos antigos filósofos, à sua doutrina secreta. / Incompreensível às pessoas não iniciadas: linguagem

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esotérica. EXOTÉRICO  adj. Diz-se das doutrinas filosóficas e religiosas ensinadas publicamente (por opos. às doutrinas esotéricas). Como exemplo, pode-se dizer que a maçonaria está deixando de ser tão esotérica para se tornar mais exotérica.

Espaço de tempo Espaço de tempo  é uma expressão freqüentemente usada para designar um período ou intervalo de tempo. Período de tempo é uma construção pleonásti-ca que deve ser evitada, pois já se refere a tempo. Espaço de tempo está certo. 

Espinha ou espinho de peixe?  Espinho é encontrado em vegetais. As laranjeiras possuem espinhos, já o peixe, espinha, de espinha dorsal. Exemplo: Margarida não gosta de peixes que têm muita espinha.

Estado ou estado?  Escreve-se com letra maiúscula "Estado" como nação organizada. No sentido de província, como é empregada a palavra no Brasil, a letra é minúscula. Exemplo: Os municípios e estados brasileiros são mal administrados. O Manual do Estadão manda colocar maiúscula em ambos os casos..

Este, esse, aquele 1 As pessoas têm dificuldade em empregar tais

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pronomes demonstrativos. No circuito da comunicação, há o emissor (a pessoa que fala), o receptor (a pessoa com que se fala) e a mensagem (de que ou de quem se fala).  Assim: Perto da pessoa que fala: este, estes, esta, estas, isto. Perto da pessoa com que se fala: esse, esses, essa, essas, isso. Longe das duas pessoas: aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo.  Exemplos: a)O carro que aqui está é o meu. Este carro é o meu. b) De quem é o pente que está em sua mão, Ziloca? De quem é esse pente, Ziloca?  c) De quem são as casas que vemos lá no alto? De quem são aquelas casas? d) Que é a coisa que você está segurando, Tânia? Que é isso, Tânia? e) De onde vieram as carteiras que estão lá no fundo da sala? De onde vieram aquelas carteiras?

Este, esse, aquele 2 Os demonstrativos extrapolam a questão espacial, eles também organizam o tempo no texto. Veja alguns exemplos: 1. Este, esta e isto: o tempo presente em relação à pessoa que fala. Exemplo: “Este século está terminando”. Quer dizer o século em que vivemos, o XX. Se fosse dito por um escritor do século passado,

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então ele estaria se refe-rindo ao XIX.  2. Esse, essa e isso: o tempo passado ou futuro próximo com relação à época em que se coloca a pessoa que fala. Exemplo: “Esses anos de chumbo prejudicaram a democracia”. Anos de chumbo se referem ao militarismo que dominou o Brasil, portanto eles constituem um passado recente. 3. Aquele, aquela, aquilo: um afastamento no tempo de modo vago, ou de uma época remota. Exemplos: “Por que acordou naquela hora morta?”/ “Na-quele tempo, a coisa era diferente”. 

Este, esse, aquele 3 Os pronomes demonstrativos também podem estabelecer relações entre as partes do discurso, ou seja, podem relacionar aquilo que já foi dito numa frase ou texto com o que ainda se vai dizer. Observe: “Meu argumento é este: crescimento econômico só faz sentido quando produz bem-estar social.” “O crescimento econômico faz sentido quando produz bem-estar social. Essa é a posição que defendo.”  Este (estes, esta, estas, isto) se refere ao que ainda vai ser dito na frase ou texto; esse (esses, essa, essas, isso) se refere ao que já foi dito na frase ou texto.  Também se pode utilizar a oposição entre os pronomes de primeira pessoa e os de terceira pessoa na retomada de elemento anteriormente citados: “Crianças e idosos enfrentam problemas semelhantes na sociedade brasileira: estes (os idosos) são desprezados por um sistema previdenciário ineficiente

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e corrupto; aquelas (= as crianças) são massacradas por uma distribuição de renda que impede os pais de criá-las dignamente.” Em determinadas situações, há outras palavras que podem atuar como pronomes de-monstrativos, desempenhando importantes papéis no inter-relacionamento das partes constituintes das frases e textos: o, os, a, as, tal, tais, mesmo, mesmos, mesma, mesmas, próprio, próprios, própria, próprias (Ulisses Infante, in Curso de Gramática Aplicado aos Textos). 

Estorno bancário Na fila do banco, o Miguel me mostrou indignado um carimbo numa guia de recolhimento: “Proibido fazer extorno bancário”. Retificação de um lançamento se escreve com “s”, do italiano “storno”. Como há “exterior”, “externo”, as pessoas se contaminam e escrevem a palavra com “x”. O carimbo está errado, pois o certo é “estorno bancário”.

Estrelados ou estalados? Quando nos referimos ao ato de frigir ovos, sem os mexer, o verbo a ser empregado é estrelar. Deixá-los em forma de estrela. Diga-se, portanto, “ovos estrelados”. Estrelar> significa também “encher de estrelas” e “trabalhar (em filme) como estrela ou astro”.

Et cetera – etc. Não se põe “e” antes de etc. Como o Pequeno Vocabulário da Língua na sua redação usou vírgula antes de “etc.”, os gramáticos passaram a re-comendar o seu uso. Assim: Comprou camisas,

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calças, cuecas, etc. Não se admite o “e” porque a expressão latina já a contém “et cetera”. No final de período, não se duplica o ponto, assim: Comprou, camisas, cal-ças, cuecas, etc.. (está errado, pôr apenas um ponto). 

Eventual, provável, possível e potencial Essas quatro palavras não são sinônimas, não têm sentidos semelhantes. Veja como, às vezes, são empregadas erroneamente: 1) Palmeiras é o eventual campeão brasileiro de 2000. Errado. O adjetivo certo: Palmeiras é o provável campeão brasileiro de 2000. Por quê? Eventual significa esporádico, ocasional, o que acontece de vez em quando, como na frase: Aquele professor é substituto eventual. 2) Uma eventual derrota deixará o São Paulo em situação complicada. Errado. O adjetivo correto: Uma possível derrota deixará o São Paulo em situação complicada. 3) Até outro dia, Itamar era o eventual candidato do PMDB à presidência da República. Errado. O adjetivo certo: Até outro dia, Itamar era o provável.candidato do PMDB à presidência da República.  4) Possível e provável também possuem seus empregos trocados. Possível significa que pode acontecer, há possibilidade. Provável é o que deve acontecer. Exemplo: É possível que não haja segundo turno nas eleições presidenciais, mas é pouco provável. 5) Margarida é uma eventual candidata à vaga de

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fiscal. Errado. O adjetivo certo: Margarida é uma potencial candidata à vaga de fiscal. Potencial significa que pode vir a ser, tem capacidade para isso. Se fosse eventual seria uma candidata esporádica. 

Expectador e espectador Espectador (com s) é aquele que assiste a um espetáculo. No carnaval, muita gente é apenas espectadora, ou seja, passa a festa vendo tevê, não participa.  Expectador (com x) é aquele que está na expectativa de alguma coisa, espe-rançoso. O folião, por exemplo, passa o ano como expectador do carnaval, esperando a festa chegar. Cuidado com as palavras “esplêndido”, “espontâneo” e “estranho”, “esgotar”. Elas são escritas apenas com “s”.

Expô ou Expo? Brevemente teremos a realização da Exposição Agropecuária de Araçatuba. Jornais já divulgam notícias do evento. Por que o acento é necessário? A língua portuguesa (escrita) pede que se acentuem sempre as palavras oxítonas terminadas em "o", como: camelô, bangalô, vovó, compôs. "Expô" não é uma abreviatura? Ela não é uma abreviatura no sentido tradicional, é uma palavra derivada por abreviação, como são "moto" de motocicleta, "metrô" de metropolitano, "táxi" de taxímetro, "pornô" de pornografia. A palavra "moto"

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não é acentuada porque a regra das paroxítonas proíbe o acento gráfico, mas "metrô", "táxi" e "pornô" estão dentro da regra das oxítonas. O que é palavra derivada por abreviação? As palavras derivadas no português geralmente aumentam o tamanho: livro/livreiro, pedra/pedregulho, jornal/jornalista. As derivadas por abreviação diminuem o tamanho: exposição/expô, pornografia/pornô. Expô  é a forma correta.

FALSO E DISFARÇO “Falso”, falsificação, falsificado, falsificador são com “s”, pois pertencem à mesma família de falsidade, que significa fingimento. “Disfarço” já é do verbo disfarçar, que se origina de disfarce (também tem o sentido de fingi-mento).

Fazer com que, fazer que  No sentido de fingir, só se pode usar fazer que. Exemplos: Fez que não ouviu a advertência. / Fez que não viu o amigo. Como esforçar-se ou empenhar-se por, causar, obrigar a, existem as duas formas, fazer com que e fazer que.  O Manual do Estadão prefere fazer que. Exemplos: Fez que lhe autorizassem a saída. / O trabalho do advogado fez que o réu fosse absolvido. / Seu empenho faz que lhe reconheçam a capacidade.  Fazer erro, fazer falta. Em bom português, fazer não substitui cometer ou praticar. Use, pois: cometer erros, praticar faltas, cometer equívocos, distrações,

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enganos.  Fazer mais infinitivo: não flexione o infinitivo. Exemplos: Pressão sindical faz políticos recuar (e não recuarem). / O jogo fez os pais se atrasar. Veja o uso do infinitivo. Fazer mortes: para mortes, use causar e provocar, nunca “fazer”. Exemplos: Avião cai e causa 15 mortes (e não "faz" 15 mortes ou mortos). / Dia violento provoca dez mortes no Rio (e não "faz" dez mortos). Da mesma forma não empregue fazer para feridos: Temporal "faz" dez feridos.

Ficar em pé / ficar de pé  As duas expressões são corretas. 

Fim de ano ou fim-de-ano? Sem hífen, pois não há formação de um terceiro sentido, como em “pé-de-moleque”. Assim também: fim de semana, fim de século, fim de milênio, fim de tarde.

Fitas piratas ou fitas pirata A manchete de jornal apresentava um pequeno erro de concordância: DIG desmonta laboratório de fitas piratas. O problema é que o Manual do Estadão diz assim: "Como adjetivo permanece invariável: liquidação monstro, comícios monstro". Até aí eu estava com a razão, e a redação desta Folha, errada. Mas o verbete pirata afirma:  "Use como adjetivo quando vier depois do substantivo: edição pirata, fitas piratas, emissora pirata". Neste ponto, há incoerência do Manual do Estadão.

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O certo é fitas pirata. Pirada é um substantivo na função de adjetivo, portanto a regra manda que ele fique invariável. É correto os jornais serem vanguardistas na incorporação de neologismos e concordâncias mais populares, assim obrigam os gramáticos a reverem suas posições, mas recomendar as concordâncias "comícios monstro" e "fitas piratas" é incoerência mesmo, para não dizer cochilo. 

Forma/fôrma Fizemos na seção “Teste da Semana” da edição de terça-feira passada a seguinte pergunta: O bolo está na fôrma. / O pão ganha forma. Fôrma, no sentido de vasilha, modelo, tem acento circunflexo para se diferenciar de “forma”?  RESPOSTA: De acordo com a reforma ortográfica de 1971, quando caíram os acentos diferenciais, “forma(ó)” ou “forma(ô)” não haveria acento algum. Mas o dicionário Aurélio, seguido pelo Michaelis, se rebelou e registra a “forma” e “fôrma” com a seguinte explicação: “Verbete: fôrma,  s. f., e pl. formas.  Parece-nos inaceitável (não só nesta palavra, mas, talvez, sobretudo nela) a abolição do acento diferencial, de-corrente da Lei no. 5 765, de 18/12/1971, que estabelece alterações no sis-tema ortográfico de 1943. Considerem-se estes versos de Manuel Bandeira: "Vai por cinqüenta anos / Que lhes dei a norma: / Reduzi sem danos / A fôrmas a forma." (Estrela da Vida Inteira, p. 51.) Seria inteiramente impos-sível perceber

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o sentido da estrofe se não fora o acento diferencial. O mes-mo se dirá disto de Martins Fontes: "Pela penugem, primeiro, / E, depois, segundo a norma, / Pelo gosto, pelo cheiro, / Pela fôrma, ou pela forma, / Certas frutas européias, / Como o pêssego - oh! prazer! - / Por vezes nos dão idéias / Que me acanho de dizer." (Sol das Almas, p. 40.)  Você, caro leitor, deve escolher: seguir a recomendação oficial ou aderir à rebeldia do Aurélio. 

Fronteira, divisa e limite Qual a diferença semântica entre estas três palavras? Muita gente faz confusão com elas. Exemplo: Sacoleiros foram presos na divisa com o Paraguai. Errado, entre países se usa fronteira. Assim, fica correto: Sacoleiros foram presos na fronteira com o Paraguai. Usam-se divisa entre estados e limite entre municípios. Exemplos: O carro sumiu na divisa de Minas Gerais com a Bahia. Araçatuba faz limite com Birigüi.

Verbo furtar Notícia de jornal tinha como título: "Ladrões furtam em casa de comerciante". Uma internauta me pediu que eu analisasse o emprego de tal verbo nesta coluna, pois achara esquisita a maneira como o verbo foi usado.  Luiz Antonio Sacconi diz que furtar é tomar ou reter os bens de outros sem que ele o saiba. Roubar é tomá-los à vista da vítima ou, então, com violência. Na notícia, o ladrão arrombou a porta da frente da casa, mas a vítima não estava na casa, portanto, o emprego

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não foi tão impróprio. Errado seria escrever "Ladrões furtam casa de comerciante". Nesse caso, daria o sentido de que o ladrão roubara a casa toda, com telhado e paredes. Quem redigiu o título, empregou o verbo "furtar" intransitivamente. Aí está a dúvida da internauta, com essa regência aparecem exemplos nos dicionários: Furtar no peso, Furtar no jogo, Ele tinha a mania de furtar. Ficaria melhor se o título da notícia fosse: "Ladrões arrombam casa de comerciante". 

Futuro como imperativo Alguns dos dez mandamentos usam o verbo no futuro do presente para dar uma ordem. Não seria mais correto usar o imperativo, já que manda (mandamentos)? Veja: "Amarás a Deus sobre todas as coisas/ Não tomarás seu santo nome em vão/ Guardarás os domingos e feriados/ Honrarás pai e mãe  Não matarás/ Não pecarás contra a castidade/ Não furtarás ...." Resposta: "Não furtarás", ao pé da letra, significa que é proibido furtar no futuro, apenas no futuro, o que abre a possibilidade de se entender que o ato é perfeitamente aceitável no presente. Mas, na verdade, "não furtarás", que é futuro, tem o valor de imperativo e, como tal, indica que é proibido furtar em qualquer tempo. Ao analisar um tempo verbal não se esqueça de considerar que ele pode indicar seu valor específico ou um valor paralelo (aspecto verbal), ou seja, um valor

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decorrente de seu uso no idioma. (Prof. Pasquale)  

Garagem ou garage?  Devemos usar garagem e não "garage", que é uma palavra francesa que foi aportuguesada para garagem.

Grafia das palavras  Há palavras que são faladas normalmente, mas na hora de serem escritas, sempre trazem dúvidas. A única alternativa é memorizá-las. Exemplos: Por cima  - Por cima de sua vestimenta, o o aluno usava uma jaqueta. Devagar - Bem devagar o povo começou a se retirar. Depressa - Faça sua tarefa depressa, para podermos ir ao dentista. De repente - De repente uma bola atingiu a vidraça e a quebrou. Por isso - O diretor descobriu a verdade, por isso ficou irritado.  

Gratuito  O certo, na pronúncia padrão, é gra-tui-to. Não se deve destacar o I do U ao se pronunciar a palavra.

Grave – acento 1) “Aí, Guilherme Augusto foi visitar Dona Antônia e deu à ela, uma por uma, cada coisa de sua cesta.” Onde está o erro? Resposta:  o erro está em “à ela” com acento grave.

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Antes de pronome, a letra “a” é apenas preposição, nela não há artigo. Apenas substantivos ad-mitem artigo. Se o pronome estivesse no masculino “a ele”, não aconteceria “ao ele”, portanto em “a ela” não há dois ás.  2) A previsão é de arrecadação igual ou superior a deste ano.” (Frase de jornal.) Resposta: faltou acento grave em “a deste ano”, pois o substantivo femini-no “arrecadação” foi omitido: (A previsão é de arrecadação igual ou supe-rior à arrecadação deste ano.) Substituamos “arrecadação” por “lucro”: A previsão é de lucro igual ou superior ao (lucro) deste ano. Se ocorrer “ao” em palavra masculino, o acento grave é obrigatório no feminino “à”.  

Haja e aja  "Haja" é 1ª ou 3ª pessoa do singular do presente do subjuntivo (e modo imperativo) do verbo haver. Exemplo: É preciso que não haja descuido. "Aja" é 1ª ou 3ª pessoa do singular do presente do subjuntivo (e modo imperativo) do verbo agir.  Exemplo: Aja com cuidado, Toninho!

Haja vista/ haja visto

É comum se ouvir: "Haja visto os problemas da própria Febem. Onde está a concordância? Entre visto, palavra masculina, e os problemas, também masculina." Haja vista é uma expressão cristalizada e é o mesmo de haja visão, por isso a expressão é

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invariável, não se modifica. O certo é dizer ou escrever: "Haja vista os problemas da própria Febem." Ou então: "Hajam vista os problemas da própria Febem". "Haja visto" nunca.

Empego do verbo haver Clicar aqui

Hífen - emprego  Alguns chamam-no traço de união, mas como ele serve também para separar sílabas, abandonaram tal perífrase. Na verdade, o seu emprego não tem uma forma sistemática, não há regras para tudo, isso deixa os usuários do português escrito à deriva. Em palavras compostas deve ser usado quando as duas palavras formarem um terceiro sentido. Exemplo: pé-de-cabra, pé e cabra se uniram para dar nome a uma ferramenta.  No caso dos prefixos, há regras mais definidas, embora exista muita incoerência. Exemplos: co-interessado/coirmão, auto-sugestão/hipossecreção, super-homem/desumano/lobisomem. Adriano da Gama Kury conta em seu livro "Para Falar e Escrever Melhor o Português" que ao ser publicado em 1943 o Pequeno Vocabulário da Academia Brasileira de Letras, o velho mestre do Colégio Pedro II, José Oiticica, justamente indignado com a falta de critério das regras sobre o hífen, desafiou o relator das Instruções e executor do Vocabulário a submeter-se a um ditado, o que, evidentemente, não foi aceito.

Hífen - com não

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       Revisor de editora de São Paulo fez a seguinte pergunta por e-mail:        "Esse governo tem dado mais importância e atenção às organizações não governamentais./ As instituições não acadêmicas entraram no mercado..."        "Não governamentais" e "não acadêmicas" têm hífen?        Respondi-lhe assim: só há hífen depois do NÃO se a palavra seguinte for SUBSTANTIVO. Exemplo: "...a não-restituição causará transtornos..."        "Não acadêmicas" e "não governamentais", as duas palavras, colocadas depois do NÃO, são adjetivos, portanto, sem hífen. História e estória Quando uso “História”, “história” e “estória”? Luiz Antonio Saconni admite a separação entre história (narrativa de fatos reais) e estória (narrativa de ficção). O Manual do Estadão aconselha a seus repórteres a usar apenas “história” para ambos os casos. Para não complicar e nem cometer anglicismo (importação do inglês), considero melhor a última recomendação: “história” tanto para fatos reais como para narrativas inventadas. História com “h” maiúsculo se trata de ciência, estudo. Exemplo: História do Brasil. 

Homógrafas - palavras Mesma grafia mas com significações diferentes. A relação do lado mostra palavras escritas de forma idêntica, mas possuem a sílaba tônica  em posição diferente (proparoxíto-nas e paroxítonas):

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crédito  (substantivo)- credito (verbo) crítica (substantivo) - critica (verbo) cópia (substantivo) - copia (verbo) filósofo (substantivo) - filosofo  (verbo)

Homônimas e parônimas - relação de palavras Clicar aqui

Horas - como abrreviar? A melhor abreviatura de horas é simplesmente "h", sem ponto e sem registrar o "s" para indicar o plural: 15h, 19h, 10h15min. (ou 10h15). Os ingleses usam os dois pontos: 10:00, 15:00, 10:15. Como não somos ingleses... É bom lembrar que o sistema ortográfico brasileiro não admite o registro do plural (a letra "s") em nenhuma abreviatura, embora o uso seja corrente.

Houve/ouve  "Ouve" é do verbo "ouvir". Pode ser a 3ª pessoa do singular do presente do indicativo (ele ouve) ou a 2ª pessoa do singuar do imperativo afirmativo (ouve tu). Exemplos: 3ª pessoa, presente do indicativo: Ele ouve bem. 2ª pessoa, imperativo afirmativo: Ouve o que eu digo. "Houve" é do verbo haver. É a 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo. Tem o sentido de aconteceu, ocorreu. Exemplos: Houve uma festa ontem. O que houve com você?

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Hum mil reais ou mil reais?  Melhor será escrever sempre mil reais (mesmo em cheques). Os bancários defendem a inclusão de "hum" para evitar  fraudes. A adoção de dois traços (=) antes do extenso é uma boa prática. Assim se evita a fraude e não agride a ortografia.   

Incidente ou Acidente? Apelamos ao Eduardo Martins, consultor de língua portuguesa do Estadão.  Acidente é um acontecimento infeliz, desastre. Exemplos: acidente de trânsito, acidente entre o ônibus e a carreta, acidente de trabalho.  Incidente equivale a circunstância casual, episódio, atrito. Exemplos: Houve um incidente entre os dois deputados. O incidente fez que rompessem a amizade. 

Indulto. Saída temporária do preso é indulto? Os jornais trataram erroneamente a saída temporária do preso como “indulto de Natal. Os dicionários nada esclarecem a respeito, ou melhor, deixam o consulente mais confuso. Procurei um jurista, ele estabeleceu a diferença. Indulto de Natal é o perdão da pena, enquanto saída temporária poderá acontecer em várias épocas do ano: Páscoa, Dia dos Pais, Dia das Mães, morte de familiares, sem necessidade de decreto presidencial.

Infinitivo pessoal ou impessoal?  Exemplo de infinitivo pessoal: amar, amares, amar,

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amarmos, amardes, amarem. Exemplo de infinitivo impessoal: amar (como está no dicionário).  Também é esclarecedor afirmar que não foi invenção dos gramáticos, mas dos  usuários da língua, nós mesmos é que inventamos  tal expediente. Depois saímos por aí, dizendo injustamente que os gramáticos complicam o português. Um leitor  ligou questionando um título de notícia. Ele queria saber se a concordância: “Presos suspeitos de ser donos de armas”  estava correta, pois ele achava que o infinitivo devia flexionar “de serem donos de armas”. Desenvolvendo o período, já que o jornalismo trabalha com frases curtas nos títulos, ela seria assim: Foram presos os indivíduos suspeitos de ser donos de armas.

Veja o que diz o Manual de Redação do Estadão: “Não se flexiona o infinitivo com preposição (de ser = preposição mais verbo no infinitivo) que funcione como complemento de substantivo, adjetivo ou próprio verbo principal (suspeitos de ser = adjetivo + preposição + verbo no infinitivo). Exemplo: Eram fáceis de resolver. Salvo melhor juízo, o título da notícia estava com concordância corretíssima. Conselho prático de um tradicional gramático paulista, Napoleão Mendes de Almeida, na dúvida, deixe o infinitivo intacto, sem flexão.

Infinitivo e o SE Veja exemplos de emprego errôneo do "se": "Como se evitar a decomposição do país."

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"... é muito importante se ter consciência disso." "... era preciso estender esse processo para se transmitir." "... a necessidade de se chamar a atenção." "...coisas interessantes para se ler." "...amontoados para se fazer uma fogueira..." Nos exemplos acima o "se" não tem função. Não é objeto direto, não é apassivador, não é conjunção, não é nada. É bom lembrar que o infinitivo preposicionado já tem valor passivo, por isso rejeita o "se". Osso duro de roer = Osso duro de ser roído.

Interveio/interviu? Ele interviu ou ele interveio? Qual forma do verbo intervir está correta? Resposta: O certo é “ele interveio”. O verbo “intervir” deriva-se do verbo “vir”. Exemplos: eu vim/ eu intervim, tu vieste/tu intervieste, ele veio/ele interveio, nós viemos/nós interviemos, vós viestes/vós interviestes, eles vieram/eles inter-vieram.

Inúmeros  "Inúmeros" significa incontáveis. Há o uso errôneo desse adjetivo, como: "O elemento deu inúmeras facadas na amásia". É muito exagero. Neste caso, seria melhor usar "numerosas", "muitas", "diversas".

Ir a/ ir de  Ir a: ir a pé, ir a cavalo. Ir de: ir de trem, ir de ônibus, ir de avião, ir de barco, ir de carro.

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A expressão "de a pé" não é recomendável, está errada. Nunca use "Vim de a pé".

Ir para/ir a Usa-se a preposição “para”, quando se supõe que não haverá retorno. Exemplos: Ele morreu, foi para o céu. Ele vai para São Paulo fixar residência. Usa-se, entretanto, a preposição “a”, quando se supõe o retorno. Exemplos: Amanhã iremos ao cinema. Ele foi a São Paulo em gozo de férias. 

-izar, -isar, -eza, -ez, -esa, -ês:  sufixos  1. Quando um verbo derivar de um substantivo, sua terminação será sempre "z", a menos que o substantivo já tenha "s" no radical. Exemplos: Cicatriz - cicatrizar, civil - civilizar. Mas: aviso - avisar, bis - bisar. Exceções: hiponose - hipnotizar, batismo - batizar, síntese - sintetizar, catequese - catequizar. 2. Quando um substantivo for derivado de um adjetivo, seu final "ez-eza" será sempre escrito com "z".  Exemplos: pobre - pobreza, ácido - acidez, rico - riqueza, viúvo - viuvez, pequeno - pequenez. 3. A terminação "ês-esa" com "s" acontecerá sempre: a) Quando for de um adjetivo derivado de um substantivo, normalmente indicando ORIGEM. Exemplos: monte - montês, campo - camponês, Japão - japonês(esa), Pequim - pequinês(esa). b) Quando for a terminação de um título de nobreza (nobiliárquico).

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Exemplos: marquês - marquesa, duque - duquesa, príncipe - princesa. 

Jantar ou janta A palavra “janta” não existe na língua padrão. O substantivo feminino é uma forma popular. Na linguagem culta, devemos dizer “o jantar”. 

Junto a Essa locução expressa uma posição e significa "ao lado", "próximo", "perto". Exemplos: Construiu uma casa junto ao lago. Comprou um apartamento junto ao pai. Porém, ela tem se tornado um verdadeiro curinga, sendo usada para substituir diferentes preposições. Veja alguns exemplos apresentador  por um artigo do jornalista Eduardo Martins, publicado em O Estado de São Paulo, 7/5/92.  "Seu passe deverá ser comprado em definitivo do (e não junto ao) Brasil de Pelotas." "O prestígio do jornal entre os (e não junto aos) entrevistados era muito grande." "Ela caiu em desgraça com a (e não junto à) primeira-dama." "O empresário não conseguiu rolar sua dívida com o (e não junto ao) Banco do Brasil." "A advogada entrou com um recurso no (e não junto ao) tribunal." "O programa despertou rara unanimidade nos ou entre os (e não junto aos) espectadores." "O ministro aumentou seu prestígio com (e não junto

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ao) o presidente.  

Lençóis Paulista? Um internauta me perguntou se no nome da cidade Lençóis Paulista não havia um erro de concordância. Já procurei em livros, indaguei colegas, e fiquei sem resposta. Na verdade, eu queria encontrar um respaldo à minha conclusão.  Lençóis é uma cidade da Bahia. Quando uma cidade do Estado de São Paulo tem o mesmo nome de uma outra de estado diferente, é costume acrescentar o adjetivo paulista. Daí o nome de Lençóis Paulista. Assim temos: Neves Paulista, Tupi Paulista. O mesmo não acontece em outros estados, que preferem acrescentar o adjetivo novo ou nova às cidades homônimas. Exemplos: Nova Andradina, Novo São Joaquim. Quanto à concordância em Lençóis Paulista, acredito existir uma silepse de número. O que é silepse? “Figura pela qual a concordância das palavras se faz de acordo com o sentido e não segundo as regras da sintaxe” (Dicionário Aurélio).  Paulista, no caso de Lençóis e Neves, não concorda com os substantivos comuns lençóis e neves, pois nada tem a ver com eles, mas concorda com o substantivo subentendido cidade. Fazendo uma perífrase para entender o caso, ficaria assim: cidade paulista de Lençóis.  Se alguém tiver melhores explicações, me comunique.

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Ler, dar, ver e crer  Apenas estes verbos dobram a vogal "e" na terceira pessoa do plural: ele lê/eles lêem, que ele dê/que eles dêem, ele vê/eles vêem/ ele crê/eles crêem. Obviamente, essa mesma norma se aplica aos derivados destes verbos: ele relê/eles relêem, ele antevê/eles antevêem, ele descrê/eles descrêem, que ele desdê/que eles desdêem. Há verbos que apresentam "e" duplo em todas as pessoas de todos os tempos e modos. Devemos ter especial cuidado quanto aos seguintes: compreender, empreender, depreender, surpreender.   

Letras (plural) O plural das letras se faz de duas maneiras, indiferentemente: os 5 ss/ os 5 esses, os aa/os ás, pingo nos ii/pingo nos is. 

Letra maiúscula com acento As letras maiúsculas, se começarem um parágrafo, podem ou não ter acento?  Ao contrário do francês, em português, a manutenção dos acentos em letras maiúsculas é obrigatória, independentemente de começarem parágrafos ou não. Nomes como Álvaro continuam acentuados em qualquer lugar da frase. Da mesma forma ocorre com locuções como “À noite”, por exemplo, no começo de parágrafos – sem acento teria um sentido distinto. 

Magérrimo/macérrimo/magríssimo O Moderno Dicionário da Língua Portuguesa,

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Michaelis, regista magérrimo como superlativo absoluto sintético de magro, embora considere este termo uma forma anormal, sendo a correta macérrimo. Ainda regista ma-gríssimo.  A Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, só refere macérrimo e magríssimo. O Dicionário de Dificulda-des da Língua Portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla, diz no verbete macérrimo, o seguinte: "(...) A forma magérrimo é anormal. Prefira-se macérrimo (forma erudita) ou magríssimo (forma vulgar)." Já o Dicionário de Questões Vernáculas, de Napoleão Mendes de Almeida, só registra, para superlativo sintético de magro, as formas magérrimo e magríssimo. 

Mais informações/ maiores informações

O sentido da palavra maior está relacionado com tamanho, espaço, intensidade, duração, grandeza, número, importância, como: máximo, superior. O maior dos artistas; um maior período de tempo; o maior lápis.

"Para maiores informações..." está, na verdade, querendo dizer "Para outras (ou mais) informações...", porque não existe uma relação entre tamanho e informações. Use mais informações, fica melhor.

Maioria foi/ maioria foram O verbo deve concordar com o sujeito, não há outra alternativa.  Exemplo: A maioria foi embora.

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Mas há polêmica quando se determina a maioria. Exemplo: A maioria dos alunos foi embora. Há gramáticos que admitem a concordância com o determinante do coletivo: A maioria dos alunos foi (ou foram) embora. A multidão de torcedores fanáticos aplaudiu (ou aplaudiram) a jogada. Dizem os contrários a essa concordância que o sujeito nunca pode começar por preposição (dos alunos/ de torcedores...). 

Mais pequeno/ mais grandeNo Brasil, "mais grande" e "mais pequeno" como grau comparativo de superioridade de adjetivos podem ser usados desde que sejam qualidades comparadas no mesmo substantivo.Exemplo: Joaquim é mais pequeno do que inteligente. Joana é mais grande do que bonita. No linguajar coloquial, eles são muito usados em comparativos de superioridade entre seres diferentes. Em Portugal, diz o site www.ciberduvidas.com que é usual "mais pequeno".

Maiúsculas - emprego de letras Há línguas que exageram no emprego da inicial maiúscula. O alemão, por exemplo, chega a iniciar todos os substantivos com letra maiúscula. No português as últimas normas são de 1943. Há usuários que economizam as maiúsculas e outros abusam de seu uso. Os grandes jornais possuem seus manuais de redação como referência, que nem sempre acatam o sistema quando o assunto é a letra maiúscula.

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Os pronomes de tratamento devem ser grafados com maiúscula, como: Vossa Excelência, Vossa Senhoria. Isto herdamos da tradição de tratar as autoridades com respeito e, às vezes, subserviência. 

Toda citação entre aspas deve iniciar com maiúscula, mesmo que ela não venha depois de dois pontos. Exemplo: Quando escreve que "O mistério é o encanto da vida.", Machado de Assis estava definindo o seu processo criador. Isso não acontece se a frase for reproduzida pela metade, como: "... é o encanto da vida." Nomes de meses não devem ter a inicial maiúscula. Exemplo: No mês de junho, as bombinhas começam a estourar nas escolas. Falar que os nomes próprios iniciam com letra maiúscula é dizer o óbvio, mas como o óbvio às vezes precisa ser dito, vamos lá. a) nomes de pessoas, incluindo alcunhas. Exemplos: O sonho de Alexandre, o Grande, era dominar o mundo. b) Nomes de entidades sagradas, religiosas, mitológicas. Exemplos: Deus, Alá, Jeová, Tupã, Júpiter, Espírito Santo, Nossa Senhora. É tradição religiosa usar maiúscula inicial nos pronomes referentes a Deus e a Maria.  Exemplos: A Ele rogamos e nEle confiamos.           A Ti (ou a Vós, a Ela) recorremos. c) Nomes de lugares (países, cidades), regiões geográficas, topônimos (mares, rios, lagos,

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montanhas); linhas geográficas imaginárias; logradouros públicos.  Exemplos: O Ocidente e o Oriente devem lugar por uma coexistência pacífica.       Rua Marechal Deodoro é a mais tradicional da cidade. Adriano da Gama Kury recomenda que os nomes comuns que acompanham os nomes próprios de acidentes geográficos escrevem-se com minúsculas: o canal do Panamá, a ilha da Madeira, o rio Amazonas. Não é o caso de logradouros públicos: Praça Rui Barbosa. d) Nomes de astros, em sentido amplo. Exemplos: O Sol, estrela de 5ª grandeze, pertence à galáxia da Via Láctea..." Quando usados fora do contexto astronômico, Sol e Lua se escrevem com minúsculas: banho de sol, namorar à luz da lua. e) Nomes de eras e períodos históricos, épocas e eventos notáveis. Exemplos: Idade Média, Renascimento, Proclamação da República. Adriano Gama Kury defende que neste item devem incluir-se os nomes de movimentos estéticos, filosóficos, políticos, doutrinários.  Exemplos: Classismo, Romantismo, Nazismo, Fascismo, Marxismo, Contra-Reforma. f) Títulos de livros, jornais, revistas e produções que tradicionalmente se escrevem em tipo diferente, o grifo. Exemplos: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Folha da Região,

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A Adoração dos Magos (quadro de Leonardo da Vinci).

A Bioblioteconomia, defendendo a uniformidade nas várias línguas, mas contrariando a ortografia oficial, recomenda que somente a primeira letra do nome da obra seja maiúscula. Exemplo: Memórias póstumas de Brás Cubas, Para falar e escrever melhor o português. g) Nomes de instituições públicas e privadas, agremiações, partidos políticos e congêneres.  Exemplos: Ministério a Educação, Partido Popular Brasileiro, Editora Nova Fronteira, Academia Araçatubense de Letras, Diciose de Araçatuba. h) Altos conceitos religiosos, nacionais e políticos. Exemplos: a Igreja, a Pátria, a Nação, o Estado, a Democracia, o Exército, a Marinha, a Aeronáutica, a República. Quando usados em sentido geral ou indeterminado, esses nomes se escrevem com inicial minúscula. Exemplos: Costa Rica, pequena república da América Central... i)Nomes de "artes, ciências ou disciplinas, bem como os que sentetizam em sentido elevado, as manifestações do engenho e do saber". Exemplos: Astronomia, Português, Educação Artística, Medicina, Letras.  Os nomes de idiomas devem ser escritos com inicial minúscula. Se "português" for o nome da disciplina do currículo escolar, a inicial deve ser maiúscula. j) Nomes de festas religiosas. Exemplos: Páscoa, Quaresma, Natal. l) Substantivos comuns personificados e seres morais

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e fictícios.  Exemplos: o Amor, a Capital, o Lobo e o Cordeiro, a Cidade. m) Nomes que designam altos cargos, dignidades ou postos. Exemplos: Presidente da República, Governador, Prefeito, Papa, Ministro, Bispo. n) Nas expressões de tratamento e reverência, inclusive quando abreviadas, e nos títulos que as acompanham. Exemplos: Sr. Diretor, MM. Juiz de Direito, S. Exª o Ministro da Cultura. Um bom dicionário apresenta em sua introdução o Formulário Ortográfico. Qualquer dúvida, consulte-o. A consulta sistemática é uma boa forma de memorização.

Marmitex Um internauta escreveu perguntando o porquê de "marmitex", já que os dicionários só registram o verbete "marmita". O termo surgiu com a marmita descartável, cuja marca devia ser "Marmitex", como são "Pirex" e "Panex". Como usar a marca no lugar do produto é um processo de formação de palavras em nossa língua, passamos a usar o neologismo: gilete por lâmina de barbear, brama por cerveja, ramona por grampo, xérox por fotocópia.  Também há uma certa dose de "marketing" na nova nomenclatura. Segundo Célio Pinheiro, presidente da Academia Araçatubense de Letras, a palavra "marmita" está no domínio das classes populares.

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Quem usa marmita é bóia-fria. Mudar para "marmitex" foi um recurso usado para valorizar mais o produto, a classe média gosta de "glamour". 

Mas/ no entanto Os dois conectivos unem idéias contrárias, portanto usar as duas na mesma frase é redundância. Exemplo errado: Dona Maria saiu cedo, mas, no en-tanto, chegou atrasada.  Empregos corretos: Dona Mariana saiu cedo, mas chegou atrasada ou Dona Mariana saiu cedo, no entanto chegou atrasada. O mesmo acontece com “porém”. Não existe no entretanto.

Mas, más e mais  "Mas" é conjunção coordenativa, com sentido adversativo. Facilmente substituída por porém. Exemplo: Eu perco, mas (porém) recomeçarei tudo novamente. "Mais" é advérbio intensidade, ao contrário de "menos"

Exemplo: As mais belas palavras sempre saem dos mais belos corações. "Más" é adjetivo, feminino de "maus", significa maldosas, ruins. Exemplo: Pessoas más deveriam fazer reflexões, mudar suas atitudes.

Meio/ meia Qual forma está correta? Meio nervosa ou meia nervosa? Resposta: A palavra “meio”, quando se refere a um

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substantivo, concorda com esse. Exemplo: Ele tomou meia caneca de leite/ Márcio comeu meio pão. Nesse caso, “meia/meio” são numerais, significam metade. Mas quando “meio” se refere a um adjetivo, é invariável, permanece sempre no masculino e no singular. Exemplos: Ela ficou meio nervosa./ Lúcio ficou meio zonzo. Nesse caso, “meio” é advérbio de intensidade, por isso fica invariável. Simplificando: quando “meio” significar metade, tem masculino e feminino; se o sentido for “mais ou menos”, não tem variação. Há também  o substantivo “meia”, peça de pano que cobre os pés. 

Menos ou menas? A palavra menos não deve ser modificada para o feminino, porque é advérbio. Exemplo: Naquele instante não tive menos coragem do que antes. "Menas" não existe.

Micro / micros

Micro é uma derivação por redução, como acontece com motocicleta/ moto. As palavras reduzidas moto e micro flexionam em número: o micro/ os micros, a moto/ as motos. Em micros e médios empresários, micro é um radical que funciona como um adjetivo, como o prefixo extra em horas extras. A pluralização é pertinente, pois micros precisa concordar com empresários. 

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Misto quente ou mixto quente? Misto é escrito com “s”. Para ter certeza, basta associar com “mistura”, palavra da mesma família de “misto” e que ninguém hesita em escrever com “s”.

Moral O moral: substantivo masculino, significa coragem, estado de espírito. Exemplo: O moral de cada homem deve ser preservado. A moral: substantivo feminino, significa conclusão moral que se tira de um fato. Exemplo: A moral da história teve excelente repercussão.

Morar, residir, situar-se (regência) Estes três verbos são como três irmãos, têm o mesmo sangue (sinônimos) e as mesmas aspirações (regências). São intransitivos. Morar, residir, situar-se regem a preposição "em". Exemplos: Moro na rua Jardim Brasil. Residiu na rua Nilo Peçanha. A sede do jornal situa-se na rua Afonso Pena.

A moto-táxis ou o mototáxis O leitor Alaor Tristante Júnior escreveu para esta coluna. Ele comentou a questão do uso de tal termo nos jornais locais. Ele considera correta a forma com hífen, com o qual concordo, mas discordo dele em alguns aspectos.  Entre os especialistas de Língua Portuguesa, há o consenso de que existe no Brasil a chamada "Ditadura

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do Aurélio". Se estiver nos dicionários, ‹ lei, embora nem sempre eles acertem. Mas... se não estiver no Aur‹lio, dá a maior confusão. Assim está acontecendo com a escrita da palavra moto-táxi. O uso do hífen não foi bem regulamentado pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, por isso o seu uso se dá por analogia e pelo bom senso. MOTOTÁXI - quem usa esta forma justifica que "moto" (abreviatura de motocicleta) e "táxi" (abreviatura de taxímetro) são dois radicais, por isso não seguem as regras dos prefixos. Se "minissaia", "psicossocial", "videorrepórter" são juntos, por que não juntar "moto + táxi". Esse procedimento facilita o plural da palavra e de suas derivadas, pois é só pôr a desinência "s" no final delas: mototáxis, mototaxistas.  Usar "o mototáxi", no masculino, parece não encontrar paralelo na língua, pois, embora não se use o hífen, "táxi"  o tipo de moto. Mototáxi seria a moto do tipo táxi, que faz corrida. Veja a palavra composta  "o banho-maria", o masculino do primeiro termo (o banho) determinou o gênero da palavra toda (o banho-maria), como acontece nas sociedades machistas, o feminino de "maria" não contou. O correto é o feminino: "a mototáxi"  ou "a moto-táxi". Na época da polêmica, um leitor me telefonou dizendo que pode ser usado o moto-táxi (ou o mototáxi) se tiver subentendida a palavra "servico", portanto a expressão completa ficaria assim: o (serviço de) moto-táxi. Ele tem toda razão, pois neste caso há uma silepse de gênero, como se emprega em "O (time) AEA...", "A

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(cidade) Rio de Janeiro..." MOTO-TÁXI - quem usa esta forma justifica que "moto" e "táxi" possuem independência fonética, ou seja, cada palavra tem sua sílaba tônica, e há  uma paradinha na pronúncia entre as duas palavras. Este procedimento dificulta o plural, porque os dois elementos da palavra composta são separados por hífen, por isso possuem regras especiais. E sendo o segundo elemento substantivo e determinante do primeiro - só este vai para o plural. No caso, o plural de "moto-táxi"  é "motos-táxi", porque as motocicletas são muitas, mas o tipo  um só. Já há a tendência registrada por algumas gramáticas de plurarizar os dois: hora-atividade = horas-atividade ou horas-atividades/ moto-taxi = motos-táxi ou motos-táxis.  Já "moto-taxista" faz o plural em "moto-taxistas" porque, neste caso, quem determina é o primeiro elemento. Que tipo de taxista é o sujeito, ele é moto-taxista. Numa sala poderá haver 15 moto-taxistas reunidos e nenhuma moto.  Em conversa telefônica com Célio Pinheiro, ex-presidente da Academia Araçatubense de Letras e professor de Português, ele prefere a primeira forma. Enquanto Lúcia Piantino, membro da AAL, Adauto Vilela - professores de Português - preferem a forma com hífen. A Gazeta Mercantil, segundo Adauto Vilela, já grafou o termo com hífen. As duas formas são possíveis dentro de nosso sistema lingüístico: a mototáxi, a moto-táxi. Não há paralelo na língua usar "o mototáxi", no masculino. A forma que

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aparecer na próxima edição do Aurélio será consensual.

Muçarela ou Mussarela Livros, jornais e supermercados trazem “mussarela”. Certamente esta for-ma muito difundida irá prevalecer, mas o Aurélio apresenta o verbete “mozarela”, enquanto o Michaelis registra as duas formas: mozarela/muçarela. Nenhum registra “mussarela”. Napoleão Mendes de Almeida em seu Dicionário de Questõpes Vernáculas e o Manual de Redação e Estilo do Estadão apresentam a forma "musssarela"  A forma culta de escrever a palavra é com “ç” porque está grafado assim no vocabulário ortográfico oficial da Academia Brasileira de Letras. Como o assunto é polêmico, escolha a sua forma, já que grarmáticos e dicionaristas não se entendem. 

Muito obrigada, eu mesma, eu própria  As mulheres devem dizer: muito obrigada, eu mesma, eu própria. Os homens devem dizer: muito obrigado, eu mesmo, eu próprio.  

Namorar o/ namorar com? Embora o Sílvio Santos fale namorar com, a regência deste emprego do verbo namorar está errada, segundo os padrões cultos da língua. O usuário popular da língua acaba fazendo um paralelo com o verbo casar, cuja regência é casar com e lasca o namorar com. Casar com está correto, namorar com,

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errado. Exemplo correto: João Alfredo namora a Maria Flávia. 

Não - uso do hífen O uso do hífen com a palavra "não" O uso do hífen (-) não é uma questão pacífica em nossa língua escrita. Adriano da Gama Kury chama-o de tracinho trapalhão, porque o Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras, de 1943, deixou a regularização de seu uso com muitas omissões, por isso os problemas devem ser resolvidos pelo método da analogia ou pelo bom-senso. Quando se trata da palavra "não", a coisa se complica mais. Segundo Luiz Antônio Sacconi, usa-se hífen quando ela funciona como autêntico prefixo de substantivos, equivalente a "in-". Exemplos: a não-intervenção, o não-pagamento, o não-comparecimento. Se o "não" anteceder adjetivo, não haverá hífen. Exemplos: livro não descartável, bens de consumos não duráveis, infinitivo não flexionado, menor não infrator, problemas não resolvidos, governo não comunista. Considero deselegante usar o não (tanto no substantivo como no adjetivo) quando for possível aplicar o prefixo "in". Exemplos: existente/inexistente, existência/inexistência. O Dicionário Aurélio apresenta o hífen também com o "não" antecedendo o adjetivo, como "não-identificado". Caso o adjetivo for substantivado com o "não", no caso de "não-participante", considero o hífen indispensável,

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como no exemplo seguinte: Os não-participantes são os sócios mais críticos.  Cândido Jucá Filho, em seu  Dicionário Escolar das Dificuldades da Língua Portuguesa (Edição do Mec), afirma no verbete "não" que a palavra funciona como adjetivo, quando acompanha substantivo. Ele apresenta vários exemplos. Destaco este: O meu não conhecimento do caso me arrastou a esta falta. Jucá não põe hífen em "não conhecimento".  O critério adotado por Sacconi parece ser mais lógico.

Nobel  O certo é dizer No-bel (com a última sílaba tônica). 

No entanto/ no entretanto? Há muita gente que escreve erroneamente "no entretanto", quando a locução conjuntiva correta é "no entanto". Forma correta: Trovejou, no entanto não choveu. Forma errada: Trovejou, no entretanto não choveu

Nossa Senhora da Aparecida?

Na próxima sexta-feira, comemoram-se Dia da Criança e da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, com feriado nacional. Há pessoas que escrevem “da Aparecida”, fazendo uma analogia com as aparições “de Fátima” e a “de Lourdes”.Não há o nome “Nossa Senhora da Aparecida”. A confusão reside em dois nomes de outras aparições, por analogia: Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora de Lourdes, porque a Imaculada Conceição se manifestou

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naquelas duas cidades, que já existiam, Lourdes-França, Fátima-Portugal, quando se deu cada fenômeno.                                                                                                         A cidade de Aparecida do Norte, no Brasil, surgiu com o fato de um pescador trazer em sua rede a imagem (1717), aquela que apareceu, por isso Aparecida. A cidade não existia antes do fenômeno, ela surgiu com os peregrinos chegando até o porto. Ela foi fundada em 1745.                                                                                    O certo é Nossa Senhora Aparecida.

Número - mudança de sentido  Há substantivos que mudam sua significação com a mudança de número. Veja: bem: virtude  bens: propriedade  cobre: metal  cobres: dinheiro copa: ramagem  copas: naipe de carta corte: residência real  cortes: parlamento  costa: litoral  costas: dorso, lombo haver: crédito  haveres: bens humanidade: gênero humano  humanidades: letras clássicas letra: sinal gráfico  letras: literatura

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liberdade: livre escolha  liberdades: regalias ouro: metal  ouros: naipe de cartas vencimento: fim de um contrato  vencimentos: salários Mas há também uma relação de substantivos que são usados somente no plural. Veja: alvísseras  anais  antolhos  arredores  belas-artes  calendas  cãs  condolências  esponsais  exéquias  fatos  fezes  matinas  núpcias  óculos  olheiras parabéns  pêsames  primícias  víveres. 

Numerais - transcrição 2003 OU 2.003?

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       Na escrita cardinal (não por extenso) de números, quando se trata de datas, devemos ou não separar por ponto as casas de milhares? Ex.: 28/4/2.002 ou 28/4/2002? (Pedro Aleixo Filho - Araçatuba-SP)        Na língua portuguesa, separam-se por ponto as casas de milhares (ou deixa-se espaço), e a indicação de anos é uma contagem de tempo. Ex.: 4.537 casas, 7.581 habitantes, 1.531 quilômetros, 115.782 litros, 1.500 anos, ano 1.000, ano 1.822, ano 1.789, 28 dias do mês de abril do ano de número 2.002 da era cristã.        Vê-se na imprensa uma regra particular das redações, que diferenciam a contagem comum, separando por ponto as casas de milhares, da contagem de anos, para a qual não utilizam o ponto.        Jornais e revistas nem sempre se submetem às ranhetices da gramática tradicional e dos detalhistas. Ainda bem, assim se cria oportunidade de tornar a escrita mais próxima da realidade.

      

Ó, oh! “Ó” é a forma do vocativo: Veja, ó incrédulo./ Ó jovem, comporte-se. “Oh!” é interjeição de espanto ou admiração: Oh! Não o encontrei mais ali.

Obrigado/ obrigada A palavra "obrigado", como forma de agradecimento, concorda normalmente em gênero e número com a pessoa que está agradecendo. Portanto, a mulher deve dizer "obrigada"; o homem, "obrigado".

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Exemplos: Muito obrigado - disse o rapaz. Obrigada pela gentileza - disse a menina. 

Obrigado, você. Está certo?        Quando a pessoa fala "obrigado" ou "obrigada", ela resume a seguinte frase: Se você me pedir um favor, estarei obrigado (ou obrigada) a fazê-lo. Seria a obrigação de retribuir.        Se a pessoa disser "obrigado ou obrigada", e a interlocutora responder "obrigado (ou obrigada), você", está sendo indelicada. Por quê? Porque confirmará que a outra estará mesmo obrigada a lhe atender.        Já a resposta "obrigado, eu", embora não seja a ideal, tem mais coerência. Com essa resposta, ela estará dizendo à outra que não tem obrigação alguma de retribuir a sua boa ação, mas ela continua obrigada a repeti-la.        O certinho mesmo seria responder: "não há de quê", "esqueça isso", "não seja por isso", "nada".        A lingüística explica que a frase "obrigado, você" é o resumo de "obrigado, digo eu a você".        Assim também acontece com a expressão "risco de vida". A pessoa pode correr risco de morte, se é "de vida", não há risco algum, por isso ela é condenada pelos gramáticos. Na verdade, "risco de vida" sintetiza a frase "risco de perder a vida".        Os gramáticos se escandalizam, os lingüistas procuram explicar o processo.

Octogésima ou octagésima? Em tempo de eleição, é comum o eleitor dizer que votou na "octagésima" segunda seção. Quem fala

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assim, comete um erro de pronúncia, pois o correto é dizer octogésima segunda seção. 

Óculos “Adquira aqui seu óculos.” (Placa de ótica de Araçatuba.) Óculos é uma palavra usada apenas no plural, como “férias”. Ninguém escreve: Sua férias foi boa?  A concordância correta é “Suas férias foram boas?” Óculo é cada aro, como ninguém usa mais pincenê (um aro só), o certo era o letrista ter escrito “Adquira aqui seus óculos”. 

Ombudsman e ombudswoman

O internauta Paulo Arruda de Pereira quis saber por que Casas Rio Branco, de Araçatuba usa ombudsman para mulher. Não seria “ombudswoman”?

O Manual de Redação de O Estado de São Paulo dá as seguintes flexões: ombudsmen, ombudswoman e ombudswomen.

O Manual de Redação da Folha de São Paulo orienta seus jornalistas a usarem a palavra OMBUDSMAN tanto para o masculino como para o feminino. Daí deve vir a influência no uso do termo pelas Casas Rio Branco.

O dicionário Aurélio, no verbete correspondente, omite o feminino. O Michaelis acompanha o Aurélio. O Houaiss também não diz nada sobre o feminino.

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A tendência é seguir a orientação da Folha de São Paulo, pois é mais cômodo do que usar a flexão inglesa.

 Onde - emprego indevido Onde equivale a "em que", referindo-se a lugar físico (= no lugar em que). Exemplos: A casa onde nasci./ O navio onde viaja./ A empresa onde trabalha. Porém, tanto em programa de rádio e televisão, como nas redações escolares, vem aumentando o uso indiscriminado desta palavra que, transformada num verdadeiro curinga, acaba prejudicando a expressão da idéia. Veja dois exemplos do emprego não ortodoxo de "onde", encontrados em redações de vestibular: "Ele me convidou para sair, foi `onde' eu disse que não queria nada com ele. (= quando) "Essas coisas prejudicam a gente, `onde' a gente não pode reagir." (= de tal forma) 

Onde/aonde Onde: quando o verbo indicar permanência e puder usar "em". Exemplo: Onde o homem deve permanecer? Em que lugar deve o homem permanecer? Aonde: quando verbo indicar movimento e exigir a preposição "a". Exemplo:

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Aonde irás, homem./ Irás ao quarto.  

País e nação. Há diferenças? Um país pode ter várias nações - o Brasil, além de ser uma nação, tem no seu território várias nações indígenas. Uma nação pode estar dividida em vários países, como os judeus ou os curdos atualmente. 

Palavras estrangeiras O Manual de Redação e Estilo, do Estadão, passa as seguintes recomendações: 1) Quando houver a adaptação da palavra estrangeira à nossa ortografia, é preferível usá-la. Assim: xou (em vez show), musse (em vez de mousse), xampu (em vez de shampoo), videopôquer (em vez de videopoker), caratê (em vez de karatê), clube (em vez de club), gangue (em vez de gang), ringue (em vez de ringue), surfe (em vez de surf), clipe (em vez de clip), moletom (em vez de moleton). 2) Se a palavra estrangeira já tiver um vocábulo em português, prefira o termo vernáculo. Exemplos: adeus (em vez de ciao), escanteio (em vez de corner), correio eletrônico (em vez de e-mail), desempenho (em vez de perfomance). 

Palíndromo (DAR DESTAQUE) Palíndromo é verso que se lê da esquerda para a direita ou da direita para esquerda sem alterar o sentido. Parece cobra de duas cabeças. Exemplo bastante conhecido de palíndromo é "Socorrem-me, subi no ônibus em Marrocos".

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PAPAI NOEL TEM PLURAL? Sim. Nomes próprios possuem plural. Exemplos: A menina escreveu uma carta a Papai Noel./ A rua está repleta de Papais Noéis.

Parênteses - quando empregar? 1. Em elementos (notação, palavra ou frase) interparentéticos, ou seja, intercalados no texto: a) Outrora, usava-se o lacre preto (!) para fechar envelopes, quando se estava de luta. b) A firma (= assinatura) deve ser reconhecida em cartório. c) Insumo (neologismo técnico já aceito por todos) é tudo aquilo que entra na elaboração de um produto, da matéria-prima à embalagem. Como ocorre com as aspas, o ponto final será posto dentro ou fora dos parênteses, consoante o caso: a) Fulano de Tal: "Protesto, Senhor Presidente!". (Palmas.) b) Tudo é possível (quem o nega?). Quando os termos entre parênteses são independentes na frase, surge a vírgula após o segundo parêntese: a) No seu encontro em Brasília (antes que os parlamentares votassem a reforma da Previdência), FHC disse a Maluf que... Antes do primeiro sinal é erro, mas infelizmente nem todo redator ou revisor conhece isso. 2. Em formas combinadas de redação: a) Queira(m) o(s) senhor(es)... Se retirados os parênteses, a leitura será normal:

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"Queiram os senhores... ". São, por conseguinte, incorretas as combinações do tipo "datilógrafo(a)", pois teríamos "datilografoa". Embora Odacir Beltrão diga que tal procedimento esteja errado, o uso do feminino entre parênteses já faz parte do uso diário da língua escrita. Mesmos literatos exploram o recurso e um dos exemplos mais originais é de Carlos Drummond de Andrade: a) "...pelas ruas do rio de Janeiro que não é rico, é um oceano inteiro de (a)mo(r)cidade." b) (M)Olhai os lírios do campo... (Título de poema que homenageou Érico Veríssimo, em 1975, ano de seu falecimento.)  3. Em numeração de partes de um texto: - enumeração feita corridamente, isto , sem paragrafar:

...........; (1) ...........; (2)............ - enumeração com novas linhas: 1)...........; 2)...........; Mas também pode ser assim: 1º 1. l- I- 2º 2. 2- II- 4. Para chamar a atenção a algo já citado, mas não indicado na frase: a) O outro (o banco pagador) não é responsável pelo engano. 5. Indicando a alcunha, quando interposta: a) Manuel (Maneca) dos Santos. 6. Na escrita por extenso de números, ou seja, na

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escrita literal de números: a) Recebi R$500,00 (quinhentos reais). Os parênteses servem para "incluir expressões explicativas de palavras ou idéias do texto" ou para sua complementação: a) Disse Rui Barbosa (Réplica, edição originária do Senado Federal, pág. 430, § 99, n. 330) que, nos monumentos escritos da História ou da Lei, um ponto ou uma vírgula pode encerrar os destinos de um mandamento, de uma instituição ou de uma verdade. 7. Em código, números ou referências telefônicas: a) Folha da Região ()xx18) 620-7777 (PBX). 8. Em endereços: 16.050-120 Araçatuba (SP)  l6.050-120 Araçatuba/SP 16.050-120 Araçatuba-SP Observações 1ª) Há gramáticos que recomendam o uso da vírgula em frases curtas em vez de parêngeses. Os autores novos agem com plena liberdade e adotam, inclusive, a forma combinada, antes empregada unicamente em comunicações comerciais ou em formulários: ... deve(m) aparecer o(s) cabeçalho(s) em itálico.  2ª) As vírgulas, os travessões e os parênteses são substituíveis uns pelos outros, consoante os casos ou o estilo do redator: Os títulos ou dizeres, em negrito, ou tipo normal, serão dispostos... Os títulos ou dizeres, em negrito - tipo normal - serão dispostos... Os títulos ou dizeres, em negrito (tipo normal) serão

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dispostos... * Aviso num parque público. "Não apanhe (nem esprema, corte, arranque, pise, torça, esmague, quebre, empreste, rolube, dê ou faça qualquer coisa que mutile ou ponha em perigo as) flores." (Seleções do Reader's Digest, out. ded 1975.)  3ª) Quando ao dirigir-se a alguém com os verbos e pronomes na terceira pessoa, o redator ou escritor desejava esclarecer que determinada referência era relativa a outra pessoa, punha entre parênteses a forma analítica do pronome: a) Informo-o de que lhe (a ela) dei toda a assistência possível. b) Posso identificar-me com ele? É certo que o prêmio lhe (me) deu prazer e honra. (Carlos Drummond de Andrade. (in Pontuação Hoje, de Odacir Beltrão)

Passar Os verbos "haver" e "fazer" são impessoais quando indicam tempo. E quanto ao "passar"? Quais frases estão certas? 1) Passaram muitos anos. 2) Passaram-se muitos anos. 3) Passou muitos anos. 4) Passou-se muitos anos. Resposta:  A frase 1) está certa. O sujeito é muitos anos. Os muitos anos é que pas-saram.  A frase 2) também está correta. O sujeito é muitos anos. Se se considerar o “se” como partícula

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apassivadora. Isto é, passaram-se = foram passados - como também se diz. A frase 3) está errada porque o verbo se apresenta no singular, mas o su-jeito (muitos anos) está no plural. A frase 4) também a podemos ter como correta, considerando o “se” como  índice de indeterminação do sujeito. O sujeito existe, mas não se sabe qual é, porque se encontra indeterminado pela partícula “se”. Isto é, al-guém passou.

Patinar ou patinhar PATINAR tem três sentidos: produzir pátina (oxidação) em alguma coisa; deslizar, escorregar, rodar em patins; quando as rodas do veículo giram sem sair do lugar. PATINAR se origina de patim + ar e de pátina + ar. PATINHAR significa agitar a água como fazem os patos; quando as rodas do veículo giram sem sair do lugar (neste sentido é anterior ao PATINAR). PATINHAR é formado de patinha (diminutivo de pata) + ar. Conclusão: PATINAR é uma variante de PATINHAR. Assim também: caimbra/cãibra; sapê/sapé; corruptela/corrutela; cotidiano/quotidiano.

Pego(ê)  ou pego (é)?  “Pégo” ou "pêgo". Ambas as formas são escritas sem acento. Quanto à pronúncia da letra "e", ela é fechada, segundo o Aurélio, pois, quando havia acento diferencial (antes de 1971), o particípio irregular do verbo "pegar" recebia o acento circunflexo: pêgo. Não sei onde o Jô Soares arrumou a pronúncia aberta do

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"e" (pégo), mas isto é uma questão menor, pois se trata de regionalismo. 

Penalizado ou punido? “Os jogadores foram penalizados pelo Tribunal Esportivo da Federação.” Eles foram punidos. Penalizado não é sinônimo de punido. Penalizado é quem tem pena, dó, compaixão. Estão corretas frases seguintes: O artista ficou penalizado diante de tanta miséria nas favelas. A lei do colarinho branco pune com prisão.

Personagem “Personagem” é palavra masculina ou feminina? O personagem de Antônio Fagundes é viril. A personagem de Antônio Fagundes é viril. Em português, quase todas as palavras terminadas em –agem são do gênero feminino: a bagagem, a folhagem, a personagem. Nesse caso, “personagem” se comportaria como um substantivo de gênero sobrecomum, como criança, pessoa, vítima. Embora seja feminina, designa homem e mulher. Atualmente, o substantivo “personagem” está se tornando comum de dois gêneros. A personagem – quando mulher; o personagem – quando homem.  Os gramáticos mais rigorosos optariam pela segunda frase, enquanto os mais flexíveis diriam que as duas estão corretas.

Pessoa humana é pleonasmo?  Há talvez pleonasmo na expressão, mas ele não é descabido. É que há pessoa divina (as três pessoas da

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Santíssima Trindade), pessoa física, pessoa jurídica…e nem todas são humanas.

Pleonasmo vicioso “Cair lá embaixo” é pleonasmo vicioso? Há várias situações, como:  Situação 1: "O garoto tropeçou e caiu." Situação 2: "Por favor ajudem! Vejam aqui! o rapaz caiu lá embaixo!" enquanto o falante aponta para o local onde está o rapaz. O emprego do pleonasmo é aceitável em situações como as descritas. Sem algum reforço de sentido, seria muito mais difícil o entendimento da mensagem. “Hemorragia de sangue”, “entrar para dentro”, “sair para fora”, “subir para cima”, “descer para baixo”, “há anos atrás” são pleonasmos intoleráveis.

Pisar a grama/ pisar na grama

Não pise a grama — esta é a construção correta, segundo a gramática tradicional. Mas o uso "Não pise na grama" está consagrado. Para efeitos de concurso e textos formais, use a primeira. 

Plural das palavras terminadas em -ão O plural de palavras terminadas em -ão varia conforme a forma latina da palavra que lhe deu origem. Isso porque a terminação em português é resultado do desenvolvimento de três terminações latinas, que tiveram o sinal de nasalação da letra (o til) em substituição da letra n: "-ane", "-anu" e "-one", que respectivamente acabaram no plural em -ães, -ãos e -

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ões.  Assim, temos os exemplos: Cão (em latim “cane”) – cães Pão (em latim "pane") – pães Mão (em latim "manu") – mãos Tradição (em latim “traditione”) – tradições  Em relação à palavra ancião, que tem origem no francês antigo "ancien", o dicionário Aurélio registra três possibilidades para o plural: anciãos, anci-ães e anciões (Prof. Amílcar Caffé)

Plural de tributos e partes do corpo Ronaldo Costa, consultor de língua portuguesa da Editora Abril, abordou na revista Nova Escola, setembro 2000, a questão do plural inadequado. Veja alguns casos: 1) “O Último Ano do Resto de Nossas Vidas” – título do filme de Joel Schumacher, 1985; 2) “Eu preciso aceitar que não dá mais pra separar as nossas vidas” – trecho de música de Chitãozinho e Xororó; 3) “Salve o Corinthians/ O campeão dos campeões/ Eternamente/ Dentro dos nossos corações” – hino do Timão. 4) “Ainda não se sabe quem atirou nos rapazes, nem o motivo de suas mortes” – trecho de reportagem da Folha de São Paulo. Atributos e partes do corpo que são únicos em cada indivíduo, não se pode colocar no plural. A pessoa só tem uma cabeça, uma vida, uma consciência. Nos três primeiros exemplos citados acima, o pronome

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possessivo (nosso) devia ficar no singular. No hino do Corinthians, o autor quis rimar “campeões” com “corações”, portanto usou a chamada licença poética. Na última frase, uma alteração resolveria o problema: “... nem o motivo da morte deles”. Como afirma o professor Ronaldo Barbosa: “Afinal de contas, só se morre uma vez”.  . Pobríssimo ou paupérrimo Pobríssimo e paupérrimo são superlativos absolutos sintéticos do adjetivo pobre, portanto pode-se utilizar um ou outro. O primeiro é mais popular; o segundo é chamado erudito, pois advém de radical latino.

Põe e Põem Põe –   3ª pessoa do singular do presente do indicativo (ele/ela – você) Põem – 3ª pessoa do plural do presente do indicativo (eles/elas –vocês)

Pôr e puser Quando se usam as formas pôr e puser? Está certa a frase seguinte: Se eu pôr o copo na mesa, não mexa nele. Resposta: Se o verbo estiver numa oração temporal (introduzida pela conjunção “quando”) ou condicional (introduzida pela conjunção “se”),  “pôr” assume a forma “puser” do futuro do subjuntivo. O mesmo acontece com os verbos derivados: depor, compor, impor, decompor, recompor. Assim, a forma verbal correta seria “Se eu puser o copo na mesa, não mexa nele”.

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Exemplos:  ... quando eu depuser.. (depor) ... se ele compuser... (compor) ... se ele impuser... (impor) .... quando e decompuser... (decompor) .... se ele recompuser.... (recompor) 

Por que o porquê é tão difícil? Nenhuma dificuldade. É só aprender as regrinhas abaixo, que já deram polêmica entre os gramáticos. Hoje há uma certa unanimidade no emprego das regrinhas abaixo, que são também do Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (de 1943). Rocha Lima, em sua "Gramática Normativa da Língua Portuguesa", edição de 1972, por exemplo, considera que a grafia do advérbio interrogativo seja "porquê?", só admitindo o porquê separado quando o quê for pronome adjetivo, como na frase "Por que assuntos te interessas no momento?"  Por que  *Nas interrogações diretas. Exemplo: Por que o nomearam? *Quando der para substituir por "pelo qual". O ideal por que (pelo qual) lutamos é nobre. As razões  por que (pelas quais) nos speramoas foram várias. * Quando vem expressa ou subentendida a palavra "motivo" (interrogação indireta). Exemplo: Quero saber por que (motivo) elas não apareceram. Por quê? 

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*No caso de interrogações diretas ou indiretas, no fim da oração Exemplo: Nomearam-no por quê? Elas não apareceram nei por quê. *Conclusão: Toda vez que o porquê corresponder a uma pergunta, ele será separado, com ou sem acento. Porque  (conjunção) *Nas explicações (respostas).  Exemplos: Não fiz porque não quis. * Para indicar uma causa. Exemplos: Não fiz porque estava viajando. * Indicando finalidade. Exemplo: Ela se esforça porque a admirem. Porquê Quando é substantivo, significando motivo ou palavra. Exemplo: Já sei o porquê disto. Não apresentou nenhum porquê. Quê?  * Referindo-se à letra "q". Exemplo: Esta palavra se escreve com quê. * Na exclamação. Exemplo: Quê! é mentira! * No final da oração: Exemplo: Fazer o quê! * Substantivo, significando jeito, modos. Exemplo: Você tem uns quês de gênio.

Porcentagem - concordância Concordância verbal com sujeito-porcentagem  Eis as recomendações de Josué Machado em seu

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"Manual da Falta de Estilo": 1- Quando o sujeito-porcentagem aparece desnudo, sem acompanhantes, o verbo concorda com o número:

"Cem por cento roubam o povo." "Um por cento paga o pato." "Noventa por cento são safados."  2- Se o sujeito-porcentagem vem acompanhado de partitivo, o verbo concorda com o partitivo: "Noventa e nove por cento do STF aplica bem a justiça." "Um por cento dos juízes aplicam bem a justiça." 3- Se o partitivo vier antes da porcentagem, a concordância se fará com o número: "Do Congresso, 10% adoram o delicioso cheiro do povão." "Dos congressitas, 1% merece confiança." 4- Se o verbo vier antes da percentagem, a concordância se fará com o número: "Leva a breca 1% dos honrados congressitas." "Levam a breca 70% do Congresso." 5. Se a porcentagem vier qualificada ou determinada, a concordância se fará com o número e também, é claro, com a determinação ou a qualificação: "Aqueles 97% do Supremo adoram ministrar a justiça justíssima." "O restante 1% dos congressitas não rouba o povão."

Prà e prò Prò, prà, pròs, pràs, contração de pra (redução de para) com o o, a, os, as, quer sejam artigos, quer

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pronomes. É bom esclarecer que só se dever servir dessa grafia, quando a pessoa quiser representar a pronúncia popular. Ex. Isto é prò (para o) meu pai. Este dinheiro é pròs (para os) que me ajudaram. Não há nenhum absurdo, porque o acento grave serve para indicar o fenômeno da crase. Essa raridade, encontrei-a no site Ciberdúvidas.

Precatório. O que é? Um leitor me telefonou para saber o sentido da palavra precatório,  tão em voga no momento. Dei-lhe as explicações resultantes de leituras de jornal. Depois fiz uma pesquisa mais sistemática.  Precatório é uma palavra cognata (da família) de precaver, precaução. Precatórios são ordens emitidas por juízes e tribunais para que municípios, estados e federação paguem indenizações para pessoas físicas e jurídicas. A Constituição de 5 de outubro de 1988 proibiu estados e municípios de criarem dívidas novas com emissão de títulos. Mas a Carta abriu uma exceção: eles poderiam emitir títulos públicos para pagar precatórios pendentes até aquele dia (5/10/1988). Títulos públicos são papéis vendidos no mercado por governos para arrecadar dinheiro. A irregularidade da Prefeitura de São Paulo, por exemplo, é que só havia R$24 milhões de precatórios sujeitos ao pagamento, mas o prefeito pediu autorização para o Senado para emitir R$600 milhões. 

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Na venda destes títulos no mercado é que houve desonestidade, corretoras e bancos ganharam dinheiro às custas dos cofres públicos com o beneplácito de prefeitos e governadores. 

Premia ou premeia? Qual forma está correta? Premia  ou premeia (verbo premiar)? Em se tratando de verbos terminados por “iar”, a norma é apresentarem “ia” na terceira pessoa do singular do presente do indicativo. A resposta certa é “premia”. Exemplos: variar/ ele varia, negociar/ele negocia. Existem, porém, cinco verbos terminados por “iar” que apresentam “eia” na terceira pessoa do singular do presente do indicativo: mediar/ele medeia, ansiar/ele anseia, remediar/ele remedeia, incendiar/ele incendeia, odiar/ele odeia. É fácil memorizar esses cinco verbos: basta perceber que se juntando as letras iniciais de todos eles, forma-se a palavra MÁRIO. 

Preposições (duas) Quantas vezes ouvimos locutores esportivos dizerem erroneamente: Rivaldo chutou a bola por sobre o travessão. Denílson passou a bola por entre as pernas do zagueiro. Não há necessidade de usar duas preposições juntas, isso constitui erro. Basta pôr uma preposição: Rivaldo chutou a bola sobre o travessão. Denílson passou a bola entre as pernas do zagueiro. 

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Princípio: "A princípio" e "Em princípio" A princípio significa inicialmente, no começo; em princípio significa teoricamente, em tese, em termos, de um modo geral. Exemplos: Toda sociedade é, a princípio, uma verdadeira maravilha. Depois, bem, depois é o fim... Em princípio, sou favorável ao casamento.   

(em ordem alfabética)

Qual de vós Ao empregar a expressão “qual de vós”, deve-se ficar atento ao termo “qual”. Se esse termo estiver no singular, o verbo será obrigado a concordar com ele. Exemplo: Qual de vós quer entrar? Mas se o termo “qual” estiver no plural (quais), o verbo poderá concordar com esse termo ou com o complemento “vós”. Exemplos: Quais de vós querem entrar?/Quais de vós quereis entrar?

Quatorze ou catorze? As duas formas estão corretas, sendo a primeira preferida no Brasil. Também se admitem as formas “cota” e “quota”, "cociente” e “quociente”. Cui-dado! O numeral 50 só tem uma transcrição: cinqüenta. “Cincoenta” não existe.

Quê acentuado O quê é acentuado quando for tônico, tiver pronúncia forte, independên-cia fonológica. Veja os casos em que ele é acentuado:

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1) Quando for substantivo, com o sentido de alguma coisa, qualquer coisa. E-xemplo: Tinha um quê de mistério. Desconhecia o quê da questão. 2) Quando for o nome da letra q. Exemplo: Um quê maiúsculo. 3) Quando, como interjeição, significa expanto. Exemplo: Quê! Não é o que você pensa? 4) Quando encerra uma oração. Exemplo: Ele não vem por quê? Ele vem para cá! Para quê? Queria não sei o quê. 5) Na expressão sem quê nem para quê. Exemplo: Ele, sem quê nem pa-ra quê, se irritou com todos. 

Quem – concordância Fui eu quem falou ou Fui quem falei? A norma culta admite apenas a pri-meira frase, o verbo fica na terceira pessoa. O uso popular tem como tendência a segunda frase. E já existem gramáticos que registram em seus livros a concordância na primeira pessoa. Se você, caro leitor, quiser usar a forma  correta mesmo, de acordo com o uso padrão, o certo é Fui eu quem falou.  Quando o pronome relativo é o quê, não há problemas, a norma culto e o uso popular coincidem, concordando com o termo antecedente: Fui eu que falei/ Foste tu que falaste/ Fomos nós que falamos. 

Raios X ou raio X? 

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       A forma mais consagrada é raios X, pois é impossível emitir um raio só.   

Real e réis O real era moeda no Brasil até 1942, que tinha o plural “réis”. Um real, dois réis. O real do FHC tem o plural “reais”. Um real, dois reais. Falar “dois real”, “500 real” é sinal de pobreza, ou seja, não sabe falar nem sua própria língua. Um dólar, dez dólares. Outra dica: Plano Real, letra maiús-cula. 200 reais, um real, letra minúscula.

Reavê. Existe? O verbo reaver é derivado do haver (re + haver), por isso se conjuga con-forme o primitivo. O pretérito perfeito do indicativo do verbo haver, terceira pessoa do singular, é “houve”, e reaver nesse mesmo tempo é “reouve” (re + houve).  Além disso, “reaver” é defectivo, pois não apresenta todos os tempos e pessoas. Ele só é conjugado nas formas que apresentam a letra “v”.  No presente do indi-cativo, por exemplo, só tem as formas <I>reavemos<I> e reaveis. Não há a forma “reavê”. Fuja dela. É  reouve. 

Rebuliço - reboliço  Rebuliço (com u): agitação, desordem, gritaria. Reboliço (com o): é o que tem forma de rebolo, que rebola.

Reestruturar/ restruturar Por enquanto, os dicionários brasileiros registram

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apenas  reestruturar (de re+estruturar). Significa dar nova estrutura a; estruturar de novo; reformar. 

Regência verbal - 1 Os caprichos de alguns verbos 1) PAGAR E PERDOAR - Ambos possuem a mesma regência. Há três possibilidades de construção: a) Quando se paga ou perdoa alguma coisa a alguém. Nesse caso, os verbos tomam as regências direta e indireta (TDI). Exemplos: Miguel pagou a dívida a Toninho. a dívida: objeto direto a Toninho: objeto indireto O editor perdou a culpa ao repórter. a culpa: objeto direto ao repórter: objeto indireto b) Se o objeto for pessoa, paga-0se ou perdoa-se a alguém. Logo a regência é indireta (TI). Exemplos Deves pagar ao dentista. ao dentista: objeto indireto Perdoa-lhe, é o que deves fazer. lhe: objeto indireto c) Se o objeto for coisa, paga-se ou perdoa-se alguma coisa. Logo a regência será direta (TD). Exemplos: Carolina perdoou a dívida. a dívida: objeto direto O funcionário pagou a conta. a conta: objeto direto 2) PREFERIR - Erra-se muito o emprego deste verbo. Observe:

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A assembléia preferiu a proposta 1 à proposta 2. a proposta 1: objeto direto à proposta 2: objeto indireto Prefiro isto àquilo. isto: objeto direto àquilo: objeto indireto Na linguagem culta não se deve escrever ou falar: A assembléia preferiu a proposta l do que a proposta 2. Prefiro isto do que aquilo. 3) RESPONDER - Este verbo possui duas regências possíveis: a) Pode-se responder alguma coisa a alguém. Neste caso, ele será transitivo direto e indireto (TDI). Exemplo: Respondi-lhe a carta. lhe: objeto indireto a carta: objeto direto Responderam a chamada ao professor. a chamada: objeto direto ao professor: objeto indireto. b) Pode-se responder a alguém ou a alguma coisa. Neste caso, será transitivo indireto (TI). Respondi à carta. à carta: objeto indireto Repondeu ao diretor. ao diretor: objeto indireto. 4) SINMPATIZAR/ ANTIPATIZAR - Estes verbos não são reflexivos; não se deve usar, pois, com pronomes me, te, se, nos, vos. Exemplo: Eu simpatizo contigo.

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É errado dizer: Eu me simpatizo contigo.  5) COMUNICAR, ACONSELHAR, PREVENIR, PROIBIR, ENSINAR, INFORMAR, AVISAR, INCUMBIR, LEMBRAR e RECORDAR são todos transitivos diretos e indiretos (TDI), admitindo, indiferentemente, objeto indireto de PESSOA e direto de COISA. Aconselho a você sair. a você: objeto indireto sair: objeto direto Aconselho você a sair. você: objeto direto a sair: objeto indireto.

Regência verbal - 2 Regência dos verbos chegar, ir e vir  Estes três verbos são quase idênticos quanto às suas regências. Os três são intransitivos e os três regem a preposição "a" e nunca a preposição "em" quando indicam movimento. Exemplos: Chegaram a Atlanta na quinta-feira. Foram a Atlanta na sexta-feira. Os brasileiros vêm a Atlanta com muita esperança.  IR - Quando indicar um tempo determinado (por algum tempo) exige a preposição "a". Exemplo: Foi a Camboriú no final de samana. IR - Quando indicar um tempo definitivo (para ficar) exige a preposição "para". Exemplo: José Ferreira foi para São Paulo com toda a família. Regência dos verbos morar, residir, situar-se

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Estes três verbos são como três irmãos, têm o mesmo sangue (sinônimos) e as mesmas aspirações (regências). São intransitivos. Morar, residir, situar-se regem a preposição "em". Exemplos: Moro na rua Jardim Brasil. Residiu na rua Nilo Peçanha. A sede do jornal situa-se na rua Afonso Pena. Regência do verbo custar Este verbo, sinônimo de ser difícil, penoso, só pode ser empregado com o objeto indireto (com preposição) e na 3ª pessoa do singular. Exemplos:  Custou-me aprender. A você custou sair. Atenção! Na linguagem culta, é errado escrever "Custei aprender." e "Você custou sair."

Retaliar/retalhar "Retalhar" é cortar em retalhos, picar. Exemplo: O açougueiro retalhou a carne. Já "retaliar" é aplicar a lei de talião, significa castigar com a pena ou mal semelhante à ofensa recebida. Exemplo: Retaliar, nunca; amar, sempre.

Russa/ruça (   ) A situação está russa! (x) A situação está ruça! Russo (feminino: russa) quer dizer pertencente ou relativo à Rússia ou aos seus habitantes. Ruço (feminino: ruça) pertence à gíria brasileira e significa: difícil, complicado, apertado: "A coisa tá ficando ruça" (Da música Alô, alô, marciano, de Rita Lee e Roberto

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de Carvalho.) Resposta correta: A situação está ruça!  

Santo Antônio, São João e São Pedro Junho é o mês dos santos fogueteiros. Nós soltamos as bombas, mas eles levam a fama. Por que Santo Antônio, se  os outros dois são tratados como "são"? Muito simples. Antônio começa por vogal, enquanto João e Pedro iniciam-se por consoantes. Mas São Hilário não começa por "h", e por que também é "são"? Porque a letra "h" é morta, não é pronunciada. Eu também, quando virar santo, serei chamado de São Hélio. Entendeu?  Mas como na Gramática sempre há exceções, aqui há algumas. Santo Tirso é uma delas. Já São Tomás e São Borja possuem as duas formas, embora a cidade gaúcha seja chamada de São Borja. Na verdade, "são" é uma forma sincopada (abreviada por cortes de fonemas e letras) de "santo". Todos são santos do mesmo quilate.

Seja/ esteja Seja/sejam, esteja/estejam são formas corretas dos verbos ser e estar. Não existem seje/sejem nem esteje/estejem. Já o verbo desejar faz o presente do modo subjuntivo em deseje, desejes, deseje, desejemos, desejeis, desejem.

Sentar na mesa? Se a pessoa puxa a cadeira para perto da mesa e

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senta no móvel adequado, então, o certo é “à mesa”. Sentar na mesa é falta de respeito. 

Separação de sílabas (ditongo, hiato e tritongo) Inicialmente, é sempre bom lembrar que não há na língua portuguesa uma sílaba sem vogal e que a letra "a" nunca funciona como semivogal. Também é importante registrar que a letra está para a escrita como o fonema está para a pronúncia, a fala.  Há três tipos de encontros vocálicos (de vogais): ditongo, hiato e tritongo. O DITONGO é composto por vogal + semivogal (ditongo decrescente), como: papai, mamãe; por semivogal + vogal (ditongo crescente), como: série, história. Os ditongos são inseparáveis na hora de dividir a palavra em sílaba: pa-pai, ma-mãe, sé-rie, his-tó-ria. SEMIVOGAL é uma vogal mal pronunciada, quase desparece no conjunto do encontro vocálico. Ela é parecida com a consoante, que sempre precisa de uma vogal para ser pronunciada. O HIATO já é composto por duas vogais plenas (vogal + vogal): hiato, saúde, Luís, balaústre, juiz, rainha. Na divisão sílábica, as duas vogais ficam separadas, cada uma numa sílaba: hi-a-to, sa-ú-de, Lu-ís, ba-la-ús-tre, ju-iz, ra-i-nha. Não é qualquer conjunto de três vogais que pode ser classificado de TRITONGO, como: assembléia. O tritongo possui uma fórmula fixa: semivigoal + vogal + semivogal: quais, U-ru-guai. As-sem-bléi-a possui vogal + semigoval + vogal, havendo um ditongo

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formando hiato com o /a/. O caro leitor percebeu que o tritongo é inseparável: Pa-ra-guai, en-xá-guam. Veja a separação de sílabas nas palavras seguintes: Goi-ás, Pi-au-í, sa-bí-eis, ca-ia, pa-ra-guai-a, ca-ias, guai-ais (tritongo + ditongo) do verbo guaiar: lamentar.

Ser / ir - verbos Os verbos ser/ir possuem a mesma forma de conjugação no pretérito perfeito do indicativo: eu fui/ tu foste/ ele foi/ nós fomos/ vós fostes/ eles foram. Exemplos:  Eu fui um bom jogador. (Verbo ser.) Eu fui a Roma. (Verbo ir.) Como o pretérito mais-que-perfeito do indicativo, pretérito imperfeito do indicativo e futuro do subjuntivo são tempos derivados do primeiro, a identidade entre a conjugação dos dois verbos permanece neles também.

Pretérito mais-que-perfeito do indicativo: eu fora/ tu foras/ ele fora/ nós fôramos/ vós fôreis/ eles foram. Exemplos: Fôramos para o Canadá em 1994, mas em 1995 fomos ao Japão. (Verbo ir.) Fôramos amigos, enquanto tínhamos algo em comum. (Verbo ser.) Pretérito imperfeito do subjuntivo: se eu fosse/ tu fosses/ ele fosse/ nós fôssemos/ vós fôsseis/ eles fossem. Se fossem embora, seria uma boa medida. (Verbo ir.) Se fossem amigos, o problema estaria resolvido.

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(Verbo ser.) Futuro do subjuntivo: quando eu for/ tu fores/ ele for/ nós formos/ vós fordes/ eles forem. Exemplos: Quando eu for embora, você sofrerá. (Verbo ir.) Quando eu for dentista, tratarei de seus dentes. (Verbo ser.)

Seu João ou "Seo" João?  A forma popular do pronome de tratamento "senhor" é "seu". O correto é dizer "Seu João", assim registram os dicionários Aurélio, no primeiro verbete "seu", e Cândido Jucá (Dicionário Escolar de Dificuldades da Língua Portuguesa), no verbete "senhor".

Siglas?  A sigla é um tipo de abreviatura. Ela tem o gênero da primeira palavra que a compõe. DAEA, por exemplo, é o DAEA porque o "D" quer dizer departamento (palavra masculina). Quando a primeira palavra da sigla estiver no plural (CEASA - Centrais de Abastecimento S.A.), prevalece a concordância com ela.  Exemplo: As CEASA colaborarão com o consumidor.  Confesso que não é o uso corrente. Fala-se até "O CEASA..." Fuvest ou FUVEST? As duas formas estão corretas porque as siglas longas podem ser escritas apenas com a letra inicial maiúscula: Ceagesp, Ceasa, Dersa, Cogesp. Quando devo usar ponto em sigla?  Se a sigla formar sílabas, como se fosse uma palavra, não se usa o ponto: Ceasa, Fuvest, Daea. Do

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contrário, o ponto é usado, como: C.E.E. (Conselho Estadual de Educação), D.S.T. (doenças sexualmente transmissíveis), E.E.P.G. (escola estadual de primeiro grau) Aids ou aids? Como Aids é uma sigla, a inicial deve ser maiúscula. O Brasil adotou a sigla inglesa, em português ou espanhol seria Sida (adotada pela Argentina). Acho que foi interferência de Nossa Senhora Aparecida... a nossa Cida querida. Não ia ficar bem dizer que o fulano morreu de Sida. A AEA ou o AEA?  Imprensa e rádio araçatubenses (a mídia paulistana prefere o nome da cidade: o Araçatuba) têm usado as duas formas, e elas estão corretas. Quando se escreve "A AEA..." a concordância é feita com a primeira palavra da sigla "Associação Esportiva de Araçatuba"; quando se fala (ou escreve) "O AEA", faz-se uma silepse de gênero porque a concordância é feita com a idéia de "time". Errado mesmo é falar "O time do AEA." ou "A equipe do AEA." Toda abreviatura termina em ponto? Sim. Exemplos: séc., núm. O ponto só não é usado nas abreviaturas de caráter internacional, como: kg (quilograma), g (grama), km (quilômetro), m (metro), h (hora) e outras.

Sinais gráficos: * , # e §. * asterisco: sinal gráfico em forma de estrela (*), empregado para remissão a uma nota no pé da

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página, ou no fim do capítulo ou do volume (podendo, nestes casos, vir entre parênteses, ou seguido de um arco de parênteses, ou isolado); para substituir um nome que não se quer mencionar (caso em que se usa em grupo de três, dispostos horizontalmente), ex.: o Marquês ***; para separação de períodos (podendo então ser usado simples: *, ou em grupos de três: ***); ou ainda, como símbolo de uma convenção. Dicionário Aurélio. § -  Sinal que separa seções em textos de leis. Dicionário Aurélio. # - conhecido como jogo-da-velha, mas a Telesp Celular chama-o de sustenido, nomenclatura da Música. 

Sobressair ou sobressair-se? “Sobressair” não é um verbo pronominal, portanto não tem o “se”. Exemplos: Ele sobressai (e não “sobressai-se”) entre os colegas. Foi o jogador que mais sobressaiu (e não “sobressaiu-se”) na partida. Verbos que também não são pro-nominais: simpatizar (e derivados), confraternizar e deparar. 

Sofrer -  uso do verbo  "A entrega do IR de pessoa física pode sofrer prorrogação." Como diz Josué Machado: "o verbo sofrer carrega as dores do mundo". Assim: O salário sofre reajustes. O prazo sofre antecipação. A doença sofre melhora. Nestes casos, o verbo "sofrer" foi usado indevidamente, como muleta de quem não possui riqueza vocabular.

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Soldado/soldada Quando eu cursava o ginásio, não era permitido o feminino de presidente, não havia "presidenta". Hoje, diante do avanço da conquista das mulheres, os gramáticos admitem o feminino presidenta. Assim aconteceu com soldado, sargento, coronel. Luiz Antonio Sacconi registra: soldada, sargenta, coronela, embora a PM parece não usar internamente o feminino de tais patentes.

Subdelegada/subdelegacia Um jornal escreveu subdelegada junto e separou sub-delegacia no texto de uma mesma reportagem. O prefixo "sub" só admite hífen com a palavra seguinte começando por "r", como: sub-região. Subdelegada e subdelegacia não possuem hífen. Outra incoerência cometida pelo mesmo jornal: grafa a palavra "mototáxi" sem o hífen, mas "moto-serviço" com ele. Para ser coerente, "motosserviço" deveria ser grafado assim, como "minissaia" o é

Suicidar ou suicidar-se? O Getúlio suicidou/ suicidou-se? O verbo suicidar ‹ pronominal por natureza (verbo pronominal é aquele que é conjugado com o pronome), sempre por isso a forma correta é "Getúlio suicidou-se.". Há verbos essencialmente pronominais: arrepender-se, queixar-se, suicidar-se, indignar-se, resignar-se e outros, como há verbos que …às vezes são pronominais: magoar-se, irritar-se, separar-se, ferir-se, comunicar-se, ferrar-se e muitos outros.

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Tão pouco e tampouco  A expressão "tão pouco" acompanha um substantivo; e a palavra "pouco", no caso, é variável. Veja: Eu tive tão pouco tempo para preparar a festa de Natal. Eu estava com tão pouca disposição para o trabalho!  A expressão "tampouco" se refere a um verbo; é, portanto, invariável e significa "também não". Veja: Se a professora não resolveu o problema, tampouco o inspetor o resolverá. 

Taramela ou tramela?  As duas formas existem. No sentido de peça de madeira, que gira ao redor de um pino. Tramela é a pronúncia popular de taramela.

Tem/têm  Tem (singular): Marcos tem muitos brinquedos. Têm (plural): As crianças têm muitos brinquedos. Não existe a forma "têem". Assim também se conjuga o verbo vir: Vem (singular): Alberto vem para cá hoje. Vêm (plural): Papai e mamãe vêm para ver a situação. A forma "vêem" é do verbo "ver". 

Terçol ou tersol Não existe “tressol”. O que existe é “terçol” com “ç” (pequeno abscesso no bordo as pálpebras) e “tersol” com “s” (toalha de igreja para o sacerdote limpar as mãos). Também estão erradas as palavras: desinteria, estigmatis-mo, infarte, panariço. Estão certas:

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disenteria, astigmatismo, enfarte, enfarto ou infarto, panarício ou panariz.

Tipo assim Aceitável apenas na linguagem coloquial (mas não nos textos formais) em frases como: Um grupo de empresários esteve na cidade tipo assim, assuntando./Era um homem tipo assim, quem tudo sabe./Era uma mulher tipo assim, perua.Nem metaforicamente (pela linguagem figurada ou transporte de significados) há lógica na expressão. O que vemos é uma chuva de “tipo assim, cara..”, “tipo assim, não gosto de estudar.” É um modismo da juventude, como acontece com todas as gerações.

Translineação – divisão silábica Translineação significa mudança de linha. 1. Evite-se escrever uma vogal isolada no fim ou no início de uma linha. Exemplo: a-cento ou assembléi-a. 2. Evite-se separar as sílabas de nomes personativos (próprios). 3. Evite-se deixar em uma das linhas uma parte da palavra que possa ser lida como calão ou baixo calão. Exemplos: após-tolo, vaga-bunda. 4. Evite-se separar o hiato em final de palavra. Exemplo: já-ú (o peixe). 5. Para alguns autores, quando a translineação acontece num lugar da palavra em que há hífen, este se repete no início seguinte. O computador não faz isso. Exemplo: disse-/-lhe ou infra-/-som.  (in Gramática pela Prática, Ernani Filgueiras Pimentel, Editora VestCon)

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"Ter que" ou "ter de"? Não há uma regra definitiva. Existem duas regras que estão se tornando consenso. Elas vão transcritas abaixo. Na dúvida, o leitor deve escolher a que mais lhe convier.  1) Recomenda-se o uso de “ter que” quando se subentende alguma coisa antes do “que”. Exemplos: Tenho muito (muitas coisas) que fazer hoje. / Tinha (coisas) que fazer. /Terá explicações que lhe fazer. 2) Aconselha-se o uso de “ter de” se antes do “de” se subentende alguma necessidade ou obrigação. Exemplos: Tenho (obrigação ou necessidade) de fazer isso hoje./ Tinha (necessidade)  de comprar o remédio. / Temos obri-gação de prevenir tudo.  Na verdade, o leitor deve escolher a que mais lhe convier.

Torácica ou toráxica?         Tórax é escrito com x, mas o adjetivo torácico é com c. Fenômeno semelhante ocorre com as palavras terminadas em z: feliz, voraz, feroz, veloz. Embora sejam escritas com a letra z, é interessante observar que o som é de s. E, para manter esse som de s, as palavras derivadas são escritas com c: felicidade, voracidade, ferocidade, velocidade.

Trema  Muitos pensam que o trema não existe mais. Existe. Faz parte do sitema ortográfico vigente e deve ser usado quando a letra U for pronunciada atonamente nos grupos QÜE ,QÜI e GÜE, GÜI. Um exemplo claro e muito conhecido é a palavra CINQÜENTA. Veja nas

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cédulas de CINQÜENTA reais. Há outra palavra muito bonita e interessante que, normalmente, as pessoas pronunciam de forma errada: QÜIPROQUÓ. QÜIPROQUÓ é uma expressão latina que significa confusão. O trema deve aparecer no primeiro U. O segundo U não está em nenhum dos grupos que exigem esse sinal.(Prof. Pasquale) Veja o esquema abaixo para entender melhor: Ca, que, qui, co, cu Qua, qüe, qüi, quo,  - Ga, gue, gui, go , gu Gua, güe, güi, guo,  -

Treminhão Eu viajava para Ribeirão Preto, quando vi placas à beira da rodovia com a seguinte inscrição: "Tráfego de treminhões". Consultei meu companheiro de viagem, quando soube que "treminhões" são caminhões que puxam vários vagões no transporte de cana até as destilarias de álcool. Está aí um neologismo (palavra nova) feito do acoplamento de trem + caminhão = treminhão. Palavras formadas através deste processo se chamam "palavra-valise", como: brasiguaio, portunhol.  

Verbos abundantes

Nem precisa dizer que "abundante" e "abundância" são palavras cognatas, ou seja, pertencem à mesma família; portanto verbos abundantes são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes.

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É comum os livros didáticos apresentarem verbos abundantes somente de particípio. A abundância de fato acontece mais nesta forma nominal, mas também ocorre em outras formas.  Há um verbo com dois infinitivos: fremer e fremir (estremecer, tremer, agitar-se). "Apiedar" tem duas formas para o presente e imperativo: apiedo/apiado.  Construir e destruir estão nas mesmas condições: construis ou constróis, construi ou constrói, construem ou constroem; destruis ou destróis, destrui ou destrói, destruem ou destroem. Já os verbos "instruir" e "obstruir" não possuem formas abundantes. O verbo "comprazer" tem duas formas para todo o pretérito perfeito do indicativo: comprazi, comprazeste, comprazeu, comprazemos, comprazestes, comprazeram; ou comprouve, comprouveste, comprouve, comprouvemos, comprouvestes, comprouveram. Esta abundância é transportada também para os tempos derivados do pretérito perfeito do indicativo, como: pretérito mais-que-perfeito do indicativo, futuro do subjuntivo, pretérito imperfeito do subjuntivo. Há também as formas abundantes: vamos/imos, entope(s)/entupe(s), faze/faz, dize/diz, traze/traz, refolgo/refólego. Algumas já são de uso arcaico.

Infinitivo Particípio regular / Particípio irregular

PRIMEIRA CONJUGAÇÃO aceitar:  aceitado /  aceito/aceite entregar:  entregado /  entregue

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enxugar:  enxugado /  enxuto expressar: expressado / expresso expulsar: expulsado /  expulso fartar: fartado /  farto findar: findado /  findo isentar: isentado /  isento matar: matado /  morto salvar: salvado /  salvo soltar: soltado /  solto vagar: vagado /  vago 

SEGUNDA CONJUGAÇÃO acemder: acendido /  aceso benzer: benzido /  bento eleger: elegido /  eleito envolver: envolvido /  envolto incorrer: incorrido /  incurso morrer: morrido /  morto nascer: nascido /  nato prender: prendido /  preso romper: rompido /  roto suspender: suspendido / suspenso

TERCEIRA CONJUGAÇÃO emergir: emergido /  emerso erigir: erigido /  ereto exprimir: exprimido /  expresso extinguir: extinguido / extinto frigir: frigido /  frito imergir: imergido /  imerso imprimir: imprimido /  impresso

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incluir: incluído /  incluso inserir: inserido /  inserto omitir: omitido /  omisso submergir: submergido / submerso tingir: tingido /  tinto

Observações:  1) Os particípios regulares empregam-se na voz ativa, ou seja, acompanhados dos verbos auxiliares "ter" ou "haver".

2) Os particípios irregulares empremgam-se na voz passiva, ou seja, acompanhados dos verbos auxiliares "ser" ou "estar". 

3) Somente as formas irregulares podem ser usadas como adjetivo, por isso elas combinam com ser, estar, ficar, andar,  ir e vir. 

4) A forma "morto" é particípio irregular de "matar" e "morrer".

5) A forma "roto" é mais empregada atualmente como adjetivo.

6) O verbo "imprimir" possui duplo particípio somente no sentido de "estampar", "gravar". Já no sentido de "infundir", "produzir movimento" só possui a forma regular: imprimido.

7) Pelo modelo de "entregue", formou-se "empregue", de uso popular. Na região de Araçatuba esta forma irregular não é usada.

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8) O particípio irregular "chego" do verbo "chegar", comum em Araçatuba, ainda não é registrado por nenhum gramático. 

VERBOS QUE SÓ POSSUEM O PARTICÍPIO IRREGULAR

ganhar: ganho gastar: gasto pagar: pago dizer: dito escrever: escrito fazer: feito ver:  visto pôr:  posto abrir: aberto cobrir: coberto  vir:  vindo

Observações: 1) O verbo "vir" faz o particípio e o gerúndio de uma única forma: "vindo". 2) Apesar do desuso, as formas regulares "gastado", "ganhado" e "pagado" podem ser empregadas.

Verbos terminados em -iar  MEDIAR, ANSIAR, REMEDIAR, INCENDIAR e ODIAR, cujas letras iniciais foram o nome MÁRIO, são irregulares na conjungação porque ganham o I transformado em EI nas formas rizotônicas (acento tônico recai no radical) nas três primeiras pessoas do singular e na terceira pessoa do plural do presente do

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indicativo e do presente subjuntivo. Exemplo: odeia, odeias, odeia, odiamos, odiais, odeiam/ odeie, odeies, odeie, odiemos, odieis, odeiem. Os outros verbos terminados em -iar são regulares. Exemplos: afio, aprecio, chio, crio, esquio, guio, mio, premio, principio e outros. A exceção é MOBILIAR, nele as formas rizotônicas (sílaba tônica no radical) têm acento tônico na sílaba BI (conseqüente acento gráfico) e não na LI: mobílio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais, mobíliam/ mobílie, mobílies, mobílie, mobiliemos, mobilieis, mobíliem.

Verbo ver - futuro do subjuntivo Diante do esquema dos tempos primitivos e derivados, o futuro do subjuntivo é derivado do tema (radical + vogal temática) do pretérito perfeito do indicativo: Eu vi/ Nós vimos Tu viste/ Vós vistes Ela viu/ Elas viram No caso do verbo "ver", o tema é "vi". Vi + r = vir, por isso o futuro do subjuntivo do verbo "ver" é assim, igual ao infinitivo pessoal do verbo vir:  Quando eu vir /  Quando nós virmos  Quando tu vires /  Quando vós virdes Quando ele vir / Quando eles virem

Viagem/viajem  Viagem: substantivo. Exemplo: A viagem transcorreu normal. Viajem: verbo viajar Exemplo: Quero que todos viajem!

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Vemos/Vimos/Viemos

 Vemos: 1ª pessoa do plural do pres. do ind. do verbo “ver”. Exemplo: Nós vemos tudo todos os dias.                                                                Vimos: 1ª pessoa do pret. perf. do verbo “ver”. Exemplo: Nós vimos tudo ontem.                                                                                          Vimos: 1ª pessoa do plural do pres. do ind. do verbo “vir”. Exemplo: Nós vimos aqui para obter orientação.Viemos: 1ª pessoa do plural do pret. perf. do verbo “vir”. Exemplo: Nós viemos ontem, mas faltavam documentos.

Vestiário / vestuárioO prefeito de Araçatuba foi inaugurar dependências numa escola municipal e perdeu a calma quando leu acima da porta a palavra "vestuário". Ele tem razão, pois vestiário é o compartimento ou local de uma escola, clube, estádio e teatro, usado especialmente para guardar roupa ou para trocar a roupa comum por outras de uso temporário. Vestuário é traje, roupa completa, indumentária.

Vim ou vir? As duas formas são corretas, mas dependem da situação em que foram empregadas. “Vim” é a primeira pessoa (eu) do pretérito perfeito do indicativo do verbo “vir”: eu vim, tu vieste, ele veio, nós viemos, vós viestes, eles vieram. “Vir” é o infinitivo impessoal do verbo, a forma como ele é apresentado no di-cionário. Em frases como: “Ele ficou de vim aqui hoje” há erro.

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“Ele ficou de vir aqui hoje” é a forma correta. “Vim ontem para cá. /Eu vim cedo.” Estas frases estão corretas. 

Vírgula Mais um exemplo da importância da vírgula. Um membro da Academia Francesa foi mordido por um cachorro. A família toda ficou muito assustada. Puseram imediatamente o animal sob rigorosa vigilância e a vítima embarcou para o Instituto Pasteur, em Paris. Aguardavam, com visível ansiedade, notícias do cão. A chegada do telegrama, todos empalideceram: "Cachorro come nada, louco." Não havia remédio. A raiva canina é muito transmissível e perigosíssima.  O ilustre paciente tinha de se submeter aos duros tratamentos anti-rábicos. Quando já sofria as desagradáveis reações das vacinas, chega um outro telegrama, retificando o primeiro: "Desculpe erro vírgula. Cachorro come, nada louco."

Vírgula com a conjunção “e” O normal é não usar vírgula antes da palavra “e”. Como no exemplo: “Saímos pela manhã e voltamos à tarde”. Os verbos “saímos” e “voltamos” possuem o mesmo sujeito: nós. Veja outro exemplo:  Ele entrou no palco, e caiu a cortina. O sujeito do verbo entrou é ele, enquanto, do verbo caiu é a cortina. Nesse caso, com sujeitos diferentes, usa-se a

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vírgula antes da conjunção “e”, embora o Manual do Estadão não recomende a presença da pontuação. É normal também o uso de um entre-vírgulas após a conjunção “e”, fato que só deve ocorrer, quando se quer isolar um elemento que esteja fora de ordem. Ordem direta: Almejamos a vitória e a alcançaremos apesar dos obstáculos. Ordem indireta: Almejamos a vitória e, apesar dos obstáculos, a alcançaremos.

Vistar. Existe esse verbo? Essa pergunta é de uma internauta. Não. Existem os verbos ver e visar, cujos particípios são "visto" e "visado". Há também o substantivo "visto", que significa declaração de que determinada autoridade examinou os documentos. "Vistar" é um neologismo do jargão burocrático derivado de "visto", que significa pôr no processo tal declaração, mas ainda não foi incorporado pelos dicionários e pelas gramáticas. Como os verdadeiros construtores de uma língua são seus usuários, logo o teremos incorporado. O mesmo processo aconteceu com o verbo "inspecionar". A língua já possuía o "inspetar" que deu origem ao substantivo "inspeção", ato de inspetar, mas de "inspecão" acabou nascendo um outro verbo com o mesmo sentido "inspecionar". 

“Você” como interlocutor imaginário é erro Há vestibulandos que põe em seus textos um interlocutor imaginário, como se estivesse

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conversando com alguém. Veja a frase: “Para isso, você preci-sa ter um governo sem rabo preso...” Ficaria melhor se fosse  construída assim: “Para isso, é necessário ter um governo independente, com apoio popular...” Wanderley Luxemburgo, por exemplo, tem a mania de empregar esse “você” (interlocutor imaginário) em suas entrevistas. Na fala, é tolerável, mas mesmo assim ele cria situações embaraçosas, como aquela citada por Pas-quale Neto. Uma mulher que era entrevistada falou assim para o repórter (homem): “Quando você está grávida...” O repórter fez cara de espanto. Na verdade, o “você” não era o repórter, era um interlocutora imaginária. Ficaria melhor assim: Quando uma mulher estiver grávida...

Vossa Excelência V. Exa. é generoso. Está certa essa concordância? Sim, está certa, desde que a pessoa tratada por Vossa Excelência seja homem. Há na frase uma silepse de gênero. Se for mulher, será “V. Exa. é generosa”. Abreviatura de Vossa Excelência é V.Exa. V. Excia. está errado.

Vossa Excelência / Sua Excelência Antes dos tratamentos “Excelência”, “Senhoria”, quando se está falando com a pessoa, emprega-se “Vossa”.  Exemplo: Como vai Vossa Excelência? Usa-se o possessivo “sua” quando se está falando sobre a pessoa, a respeito da pessoa. 

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Exemplo: O vereador disse da tribuna do Legislativo, na ausência da prefeita: “Sua Excelência não está administrando bem a cidade”. 

Votos brancos? Não há voto branco, apenas voto em branco. A folha de papel, sem nada escrito, é uma folha em branco. Assim também é o voto, a pessoa não escreveu nada na cédula. Agora, com as urnas eletrônicas, mais ainda, pois não se vê nem a cor da cédula. Veja bem: voto nulo/votos nulos; voto em branco/votos em branco.

Vou ir Internauta quer saber se a frase "Pode esperar, eu vou ir, sim!" está correta. "Vou ir" é uma locução verbal cujos verbos são os mesmos (ir + ir). Luiz Antônio Sacconi diz que os verbos "ir" e "vir" podem ser auxiliares de si próprios, desde que haja uma justificativa. Se a frase fosse "Pode esperar, eu já vou indo, sim!" a locução verbal acrescentaria um aspecto verbal novo ao seu sentido. O emissor da frase já está a caminho quando responde à pergunta. Já a frase do leitor me parece um pleonasmo vicioso, pois a locução verbal nada acrescenta ao sentido da frase. Seria melhor construí-la assim: "Pode esperar, eu vou (ou irei), sim!". "Vou ir" parece mais uma fuga do uso do futuro do presente do indicativo, tão pouco falado na língua coloquial.

Vozes de animais e barulhos ou ruídos de coisas (Fonte: Dicionário Michaelis)

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Abelha - azoinar, sussurrar, zinir, ziziar, zoar, zonzonear, zuir, zunzum, zumbar, zumbir, zumbrar, zunzir, zunzar, zunzilular, zunzunar  Abutre, açor - grasnar  Águia - borbolhar, cachoar, chapinhar, chiar, escachoar, murmurar, rufar, rumorejar, sussurrar, trapejar, crocitar, grasnar, gritar, piar  Andorinha - chilrar, chilrear, gazear, gorjear, grinfar, trinfar, trissar, zinzilular  Andorinhão - crocitar, piar  Anho - balar, mugir  Anhuma - cantar, gritar  Anta - assobiar  Anum - piar  Apito - assobiar, silvar, trilar  Araponga - bigornear, golpear, gritar, martelar, retinir, serrar, soar, tinir  Arapuá - V abelha  Arara - chalrar, grasnar, gritar, palrar, taramelar  Arganaz - chiar, guinchar  Ariranha - regougar  Árvore - farfalhar, murmurar, ramalhar, sussurrar  Asa - ruflar  Asno - V burro  Auroque - berrar  Avestruz - grasnar, roncar, rugir  Azulão - cantar, gorjear, trinar  Bacurau - gemer, piar  Baioneta - tinir  Baitaca - chalrar, chalrear, palrar  Bala - assobiar, esfuziar, sibilar, zumbir, zunir 

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Baleia - bufar  Bandeira - trepear  Beija-flor - trissar  Beijo - estalar, estalejar  Bem-te-vi - cantar, estridular, assobiar  Besouro - zoar, zumbir, zunir  Bezerro - berrar, mugir  Bife - rechinar  Bisão - berrar  Bode - balar, blalir, berrar, bodejar, gaguejar  Boi - mugir, berrar, bufar, arruar  Bomba - arrebentar, estourar, estrondar, estrondear  Búfalo - bramar, berrar, mugir  Bugio - berrar  Burro - azurrar, ornear, ornejar, rebusnar, relinchar, zornar, zunar, zurrar  Buzina - fonfonar  Cabra, cabrito - balar, balir, berregar, barregar, berrar, bezoar  Caburé - piar, rir, silvar  Caititu - grunhir, roncar  Calhandra - chilidar, gazear, grinfar, trinfar, trissar, zinzilular  Cambaxira, corruíra, garrincha - chilrear, galrear  Camelo - blaterar  Campainha - soar, tilintar, tocar  Camundongo - chiar, guinchar  Canário - cantar, dobrar, modular, trilar, trinar  Canhão - atroar, estrondear, estrugir, retumbar, ribombar, troar  Cão - acuar, aulir, balsar, cainhar, cuincar, esganiçar,

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ganir, ganizar, ladrar, latir, maticar, roncar, ronronar, rosnar, uivar, ulular  Capivara - assobiar  Caracará - crocitar, grasnar, grasnir  Carneiro - balar, balir, berrar, berregar  Cavalo - bufar, bufir, nitrir, relinchar, rifar, rinchar  Cegonha - gloterar, grasnar  Chacal - regougar  Champanha - espocar, estourar  Chave - trincar  Cigarra - cantar, chiar, chichiar, ciciar, cigarrear, estridular, estrilar, fretenir, rechiar, rechinar, retinir, zangarrear, zinir, ziziar, zunir  Cisne - arensar  Cobra - assobiar, chocalhar, guizalhar, sibilar, silvar  Codorna - piar, trilar  Coelho - chiar, guinchar  Condor - crocitar  Copo - retinir, tilintar, tinir  Coração - bater, palpitar, pulsar, arquejar, latejar  Cordeiro - berregar, balar, balir  Corneta - tocar, estrugir  Corrupião - cantar, gorjear, trinar  Coruja - chirrear, corujar, crocitar, crujar, piar, rir  Corvo - corvejar, crocitar, grasnar, crasnar  Cotovia - cantar, gorjear  Cozimento - escachoar, acachoar, grugulejar, grugrulhar  Crocodilo - bramir, rugir  Cuco - cucular, cuar  Curiango - gemer 

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Cutia - gargalhar, bufar  Dedo - estalar, estrincar  Dente - estalar, estalejar, ranger, ringir, roçar  Doninha - chiar, guinchar  Dromedário - blaterar  Égua - V cavalo  Elefante - barrir, bramir  Ema - grasnar, suspirar  Espada - entrechocar, tinir  Espingarda - espocar  Esporas - retinir, tinir  Estorninho - pissitar  Falcão - crocitar, piar, pipiar  Ferreiro - V araponga  Flecha - assobiar, sibilar, silvar, zunir  Fogo - crepitar, estalar  Foguete - chiar, rechiar, esfuziar, espocar, estourar, estrondear, pipocar  Fole - arquejar, ofegar, resfolegar  Folha - farfalhar, marulhar, sussurrar  Fonte - borbulhar, cachoar, cantar, murmurar, murmurinhar, sussurrar, trapejar  Fritura - chiar, rechiar, rechinar  Gafanhoto - chichiar, ziziar  Gaio - gralhar, grasnar  Gaivota - grasnar, pipilar  Galinha d'angola - fraquejar  Galinha - carcarejar, cacarecar, carcarcar  Galo - cantar, clarinar, cocoriar, cocoricar, cucuricar, cucuritar  Gambá - chiar, guinchar, regougar 

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Ganso - gasnar, gritar  Garça - gazear  Gato - miar, resbunar, resmonear, ronronar, roncar, chorar, choradeira  Gaturamo - gemer  Gavião - guinchar  Gongo - ranger, vibrar, soar  Gralha - crocitar, gralhar, gralhear, grasnar  Graúna - cantar, trinar  Grilo - chirriar, crilar, estridular, estrilar, guizalhar, trilar, tritrilar, tritrinar  Grou - grasnar, grugrulhar, gruir, grulhar  Guará (ave pernalta) - gazear, grasnar  Guará - uivar  Hiena - gargalhar, gargalhear, gargalhadear  Hipopótamo - grunhir  Inambu - piar  Inseto - chiar, chirrear, estridular, sibilar, silvar, zinir, ziziar, zoar, zumbir, zunir, zunitar  Jaburu - gritar  Jacu - grasnar  Jaguar - V onça  Jandaia - V arara  Javali - arruar, cuinchar, cuinhar, grunhir, roncar, rosnar  Jia - coaxar  Jumento - azurrar, ornear, ornejar, rebusnar, zornar, zurrar  Juriti - arrular, arulhar, soluçar, turturinar  Lagarto - gecar  Lama (quando batida com as mãos, com os pés ou

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com o corpo) - chapinhar  Leão - bramar, bramir, fremir, rugir, urrar  Lebre - assobiar, guinchar  Leitão - bacorejar, cuinchar, cuinhar  Leopardo - bramar, bramir, fremir, rugir, urrar  Líquido - gluglu, gorgolejar  Lobo - ladrar, uivar, ulular  Locomotiva - apitar, resfolegar, silvar  Lontra - assobiar, chiar, guinchar  Macaco - assobiar, guinchar, cuinchar  Macuco - V inambu  Maitá, maitaca - V baitaca  Mar - bramar, bramir, marulhar, mugir, rebramar, roncar  Marreco - grasnar, grasnir, grassitar  Martelo - malhar  Melro - assobiar, cantar  Metal - tinir  Metralhadora - pipocar, pipoquear, matraquear, matraquejar  Milhafre - crocitar, grasnar  Milheira - tinir  Mocho - chirrear, corujar, crocitar, piar, rir  Morcego - farfalhar, trissar  Mosca - zinir, zoar, zumbir, zunir, zumbar, ziziar, zonzonear, sussurrar, azoinar, zunzum  Motor - roncar, zunir, assobiar, zumbir  Mula - V burro  Mutum - cantar, gemer, piar  Onça - esturrar, miar, rugir, urrar  Onda - bater, bramir, estrondar, murmurar 

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Ovelha - balar, balir, berrar, berregar  Paca - assobiar  Palmas (das mãos) - estalar, estrepitar, estrugir, soar, vibrar  Pandeiro - rufar  Pantera - miar, rosnar, rugir  Papagaio - charlar, charlear, falar, grazinar, parlar, palrear, taramelar, tartarear  Pardal - chaiar, chilrear, piar, pipilar  Passarinho - apitar, assobiar, cantar, chalrar, chichiar, chalrear, chiar, chilrar, chilrear, chirrear, dobrar, estribilhar, galrar, galrear, garrir, garrular, gazear, gazilar, gazilhar, gorjear, granizar, gritar, modular, palrar, papiar, piar, pipiar, pipilar, pipitar, ralhar, redobrar, regorjear, soar, suspirar, taralhar, tinir, tintinar, tintinir, tintlar, tintilar, trilar, trinar, ulular, vozear  Patativa - cantar, soluçar  Pato - grasnar, grassitar  Pavão - pupilar  Pega - palrar  Peixe - roncar  Pelicano - grasnar, grassitar  Perdigão, perdiz - cacarejar, piar, pipiar  Periquito - chalrar, chalrear, palrar  Pernilongo - cantar, zinir, zuir, zumbir, zunzunar  Peru - gluginejar, gorgolejar, grugrulejar, grugrulhar, grulhar  Pião (brinquedo) - ró-ró, roncar, zunir  Pica-pau - estridular, restridular  Pintarroxo - cantar, gorjear, trinar 

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Pintassilgo - cantar, dobrar, modular, trilar  Pinto - piar, pipiar, pipilar  Pombo - arrolar, arrular, arrulhar, gemer, rular, rulhar, suspirar, turturilhar, turturinar.  Porco - grunhir, guinchar, roncar  Porta - bater, ranger, chiar, guinchar  Poupa - arrulhar, gemer, rulhar, turturinar  Rã - coaxar, engrolar, gasnir, grasnar, grasnir, malhar, rouquejar  Raposa - regougar, roncar, uivar  Rato - chiar, guinchar  Rinoceronte - bramir, grunhir  Rola - V pombo  Rouxinol - cantar, gorjear, trilar, trinar  Sabiá - cantar, gorjear, modular, trinar  Sagüi - assobiar, guinchar  Sapo - coaxar, gargarejar, grasnar, grasnir, roncar, rouquejar  Seriema - cacarejar, gargalhar  Serpente - V cobra  Tico-tico - cantar, gorjear, trinar  Tigre - bramar, bramir, miar, rugir, urrar  Tordo - trucilar  Toupeira - chiar  Touro - berrar, bufar, mugir, urrar  Tucano - chalrar  Urso - bramar, bramir, rugir  Urubu - V corvo  Vaca - berrar, mugir  Veado - berrar, bramar, rebramar 

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Vespa - V abelha  Zebra - relinchar, zurrar 

Vultoso ou vultuoso?  Vultoso é derivado de grande vulto, que singifica volumoso. Já voltuoso significa estar atacado de voltuosidade, que incha e torce a boca. Assim o correto é "Montante vultoso".  

GRATUITO/CIRCUITO/FLUIDO

Qual a pronúncia correta: Gratúito ou gratuíto? Circúito ou circuíto? Flúido ou fluído?

A forma de pronunciar certas palavras nos deixa muitas vezes atrapalhados. A pronúncia correta é gratuito, circuito, fluido. Está surpreso? Ficou surpresa? Afinal, é muito comum ouvirmos essas palavras pronunciadas de forma errada, dando ênfase à letra í.Agora, você já sabe; portanto, respeite a norma culta. Nunca mais diga: O ingresso é gratuíto. O certo é: O ingresso é gratuito.Lembre-se da pronúncia da palavra muito. É uma dica simples, que realmente funciona, porque ninguém fala muíto, não é verdade?E as palavras “fluido” e “fluído”? Aí, temos outra história. Nesse caso, as duas palavras existem, mas tem significados diferentes. Fluido é uma substância líquida ou gasosa. E fluído é particípio do verbo “fluir”.

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Fluido = substantivoFluído = particípio do verbo “fluir”

Exemplos de substantivo:

A água e os gases são fluidos.Fluido vitalFluido para os freios.

Exemplos de particípio do verbo fluir:

O tempo havia fluído rapidamente.A enfermeira estancou o sangue que tinha fluído do ferimento do paciente.

Lembrando a você que fluir significa: proceder, provir, correr, manar, dirigir-se:Ex: O trânsito flui mais livremente nos fins de semana.

VERBO HAVER

Quando usá-lo no sentido de existir, não se esqueça: ele é invariável. Não cometa o erro de flexioná-lo e dizer: “Houveram”. Um bom exemplo encontra-se no Evangelho de Jesus, segundo Lucas, capítulo 10, versículos 9. 8 — Quando entrardes numa cidade e ali vos receberem, comei do que vos for oferecido.9 — Curai os enfermos que nela houver, e

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anunciai-lhes: A vós outros está próximo o Reino de Deus.Espero que com esse exemplo tenha ficado claro para você o uso do “houver” com o significado de existir.

INTERVIR

Jamais diga: Meu amigo interviu naquele assunto. Use: Meu amigo interveio naquele assunto. Ele é conjugado da mesma forma que o verbo vir.Para ilustrar a forma correta de conjugar do verbo intervir, de modo que ela possa ser bem guardada e aplicada, veja um trechinho da explicação do Apocalipse de Jesus, feita pelo escritor Paiva Netto, em seu livro Somos Todos Profetas:“O Cristo sempre faz que nos revelemos, abrindo os selos que fecham o Livro. O Homem procura esconder suas infrações, mas o Divino Médico intervém clinicamente na intimidade das criaturas e as revela, como está fazendo com a Humanidade toda. Portanto, não adianta mentir-lhe. A Sua providência médica é para que não haja o apodrecimento final do valioso corpo chamado Humanidade”.

MAU / MAL

Muitas pessoas confundem-se na hora de escrever as palavras mal (com éle) e mau com

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u. Como saber quando usar uma ou outra? Há uma regrinha muito simples: Mal (com éle) é o contrário de bem e mau (com u) é o contrário de bom. Portanto, mal-humorado, que é o oposto de bem-humorado, é grafado com éle, da mesma forma que mal-estar, que é o contrário de bem-estar. Qual é o antônimo, ou seja, o contrário de mau humor? Bom humor. Então, mau humor escreve-se com u. Mas o bom mesmo é estar sempre de bom humor, como nos recomenda Paiva Netto, em seu livro: Crônicas e Entrevistas.

Gandhi e bom humor

Amadurecer não significa tornar-se amargo, perder o humor. Dizia Gandhi que, se não sustentasse o júbilo no seu Espírito, não poderia suportar as suas lutas, e já teria morrido há muito tempo. Guardemos a elucidativa lição do Mahatma.

Para compreender um texto Hélio Consolaro*

        A má compreensão de um texto pode ter suas causas detectadas. O professor em sala de aula pode ajudar um aluno com problemas no entendimento do material lido fornecendo-lhe subsídios ou o próprio

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leitor, autodidata, pode superar as dificuldades se fizer consultas, recorrer a outras fontes.        Eis algumas das causas:        1 - O leitor não conhece os recursos lingüísticos utilizados, uma regência verbal. Exemplo: "O discurso do governador foi de encontro às reivindicações dos grevistas". O leitor precisa saber que "ir ao encontro de" quer dizer concordar; "ir de encontro a" tem o sentido de discordar, confrontar. Então, o governador frustrou os grevistas;        2 - O leitor não compartilha com o produtor do texto o conhecimento de mundo, por isso se faz necessário esclarecer todas as referências históricas, geográficas, mitológicas, literárias, como as palavras desconhecidas. Exemplo: "... assim como Zeus humano, o cronista também arranca das entranhas de Cronos os filhos que ele quer devorar, na medida em que não deixa perecer no tempo a matéria fugaz da vida, registrando-a e salvando-a do esquecimento". Para entender tal explicação precisa se reportar à mitologia clássica;        3 - O leitor deve conhecer as circunstâncias históricas em que o texto foi produzido, quais foram as reações que ele produziu quando foi publicado pela primeira vez. Exemplo: para entender bem o poema "Os Sapos", de Manuel Bandeira, o leitor necessita conhecer a briga dos poetas modernistas com os parnasianos;        4 - Se o texto lido exige conhecimento prévio de outro texto porque há uma relação de intertextualidade, o leitor precisa buscá-lo. Isso

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acontece na paródia, na citação ou na paráfrase. Exemplo: "Ai que saudades que eu tenho/ Da aurora de minha vida/ Da minha infância querida/ Que os anos não trazem mais.../ Me sentia rejeitada,/ Tão feia, desajeitada,/ Tão frágil, tola, impotente,/ Apesar dos laranjais." (Primeira estrofe do poema "Ai que saudades...", de Ruth Rocha). Para entender melhor esses versos se faz necessário saber que Casimiro de Abreu escreveu "Meus oito anos".        Compreender bem um texto não basta soletrar letras, ler palavras ou frases que o compõem. É indispensável a inserção cultural do leitor, por isso alfabetizar é um ato bem maior, não pode depender apenas da pequenez de uma cartilha.

POR QUE

“A ignorância das coisas espirituais é a maior tragédia que pode afligir a sociedade, que precisa saber por que nasce, vive, sofre, se alegra, morre e renasce. Pense bem nisso, e caminhos luminosos serão abertos ao seu juízo perquiridor.”

Esse pensamento foi extraído do mais recente lançamento do escritor Paiva Netto: Como

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vencer o sofrimento.

Repare como foi grafada a palavra por que: separadamente e está corretíssima. Sempre que for possível substituir o "por que" por "por qual razão" ou "por que razão", ele deve ser escrito separado. Portanto, “... a sociedade precisa saber por que nasce, vive, sofre, se alegra, morre e renasce.” Veja na tela mais um exemplo, em:

A Visão dos glorificados (capítulo 7 do Apocalipse, versículos 13 a 15):

— 13 Um dos anciãos tomou da palavra, dizendo: Estes que trajam vestiduras brancas quem são e de onde vieram?— 14 Respondi-lhe: Meu Senhor, Tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes os que vêm da grande tribulação, que lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue de Cristo Jesus,

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— 15 razão por que se acham diante do trono de Deus e O servem de dia e de noite no Seu Templo; e Aquele que se acha sentado no trono estenderá sobre eles o Seu tabernáculo, e habitará sobre eles."Razão por que" equivale a dizer "razão pela qual". Toda vez que essa troca for possível, fale ou escreva "por que" separadamente.

 

SEJA / ESTEJA

O seu melhor cartão de visitas é falar e escrever corretamente a nossa língua. Por isso, vamos abordar hoje um erro muito freqüente, que é o uso das palavras "seja" e "esteja". Há quem fale "seje" ou "esteje"... Essas palavras não existem. Esse é um engano muito fácil de corrigir, porque ocorre quando conjugamos os verbos ser e

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estar no presente do subjuntivo. O presente do subjuntivo é o tempo verbal que utilizamos em frases como "ele quer que eu diga...", "ela quer que eu dirija...", "ele quer que eu obedeça..."

Não esqueça: Verbo ser – SEJAVerbo estar - ESTEJA

Vamos a mais alguns exemplos: Minha mãe quer que eu esteja sempre em casa na hora do jantar.Deus permita que eu seja bem-sucedido na vida.

O famoso escritor inglês, Graham Greene (1904-1991), nas suas meditações, concluiu esperançoso que:

— O nosso mundo (o Planeta Terra) não é todo o Universo. Talvez exista um lugar onde Cristo não esteja morto.

 

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TREMA

Pensamento, extraído do livro Como vencer o sofrimento, do escritor Paiva Netto:“Os antigos ensinavam que a felicidade consiste em fazer o Bem e não esperar recompensa. Esperar?! Só de Deus! As outras expectações podem trazer-nos resultados frustrantes. Na trilha da iniciação espiritual, para manter o coração tranqüilo, é aconselhável não aguardar a gratidão dos outros. Contudo, onde esta se faz presente, frutifica o espírito solidário na comunidade”.Você reparou como está grafada a palavra TRANQÜILO? É isso mesmo. O uso do trema é obrigatório sempre que a letra “u” for sonora, ou seja, for pronunciada e precedida de “g” ou “q” e seguida de “e” ou “i”. Vamos a alguns exemplos: conseqüência, agüentar, averigüar, cinqüenta, eloqüente, eloqüência,

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inconseqüente, delinqüência, lingüística.O trema continua em vigor, sim. Não foi abolido e deve ser usado. Recorramos ao Profeta Isaías, considerado por muitos o Quinto Evangelista, no capítulo 11 do seu livro, no Antigo Testamento da Bíblia Sagrada:"1 - Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo."2 - Repousará sobre Ele o Espírito de DEUS, o Espírito de sabe-doria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor."3 - Deleitar-se-á no temor do Senhor; não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir dos seus ouvidos;"4 - mas julgará com justiça os pobres, e decidirá com eqüidade a favor dos mansos da Terra; ferirá a Terra com a vara de sua boca, e com o

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sopro dos seus lábios matará o perverso.”Para finalizarmos o assunto, vamos ouvir a música Prece para ter tranqüilidade.