E agora senhor ministro das Finanças?

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SINAL DOS TEMPOS E agora senhor ministro das Finanças Bem pode o senhor ministro afirmar devagarinho que não serão necessárias mais medidas de austeridade porque ninguém acredita na sua profissão de Renato Sampaio O alerta amarelo chegou mais cedo que o esperado à execução orçamen tal com os dados revelados pela Direc ção geral de Finanças dos dois primei ros meses de 2012 Não seria preocupante se Vítor Gas par não tivesse falhado cinco vezes as suas previsões para o crescimento leia se decrescimento económico para 2012 e com alguns sinais de manipu lação das contas do Estado Bem pode o senhor ministro afirmar devagari nho que não serão necessárias mais medidas de austeridade porque nin guém acredita na sua profissão de Estes dados da execução orçamen tal suscitam nos fundadas dúvidas sobre a capacidade do governo de atin gir as metas que se propôs não obs tante as pesadas e injustas medidas adoptadas São sinais geradores de apreensão pelo claro risco de se verificar a situa ção para que o PS sempre alertou de recessão tão profunda que tornaria inevitavelmente inatingíveis as metas orçamentais criando assim um ciclo vicioso do qual dificilmente se sairá Infelizmente não é para nós sur preendente que tenha havido uma que bra das receitas fiscais A obsessão pela austeridade deste governo conduz nos inevitavelmente a uma profunda reces são à asfixia da nossa economia à ine vitabilidade do aumento da economia paralela e por consequência à redu ção da receita fiscal O que é verdadeiramente surpreen dente éa subida da despesa revelado ra de que existe nesta área um descon trolo do governo Os principais resultados da execução orçamental estão à vista Diminuição da receita e aumento da despesa com o agravamento considerável do défice do Estado que até Fevereiro de 2012 se situou em 799 milhões de euros em comparação com 274 milhões de euros registados em igual período do ano anterior O que se verificou foi a diminuição considerável da receita do Estado em particular da receita fiscal que dimi nuiu 53 quando o OE prevê um cres cimento de 2 9 uma quebra de 3 4 nos impostos indirectos quando o OE prevê um crescimento de 8 6 uma quebra do IRC de 46 2 quando o OE prevê uma redução de 5 3 uma que bra do ISV de 44 6 quando o OE pre um aumento de 75 a quebra do imposto sobre tabacos de 2 quando o OE prevê um aumento de 3 e um aumento da despesa efectiva do Esta do de 3 5 quando o OE prevê uma redução de 5 9 a redução de 68 milhões de euros do saldo da Segurança Social ea deterioração considerável do sal do global do SNS que se situou nos primeiros dois meses de 2012 em menos 22 milhões de euros uma deteriora ção de 67 milhões de euros face a Feve reiro de 2011 O caso do pagamento da dívida da RTP é bem o exemplo da manipula ção tentada pelo governo e da irres ponsabilidade do PSD e do seu líder Manipulação uma vez que o paga mento da dívida da RTP não produz nenhum impacto na execução orça mental o referido aumento na despe sa do subsector Estado é contrabalan cada pelo respectivo acréscimo de recei ta no subsector empresarial do Estado e assim os 348 3 ME são transferidos de um sector para o outro com impac to nulo na consolidação orçamental Irresponsabilidade do PSD no chum bo do PECIV que teve um efeito nega tivo no rating da República que des ceu de imediato quatro níveis Esta situação afectou grandemente o subsector empresarial do Estado que viu dificultado o financiamento às suas empresas e estas foram obriga das a renegociar as dívidas para pra zos mais curtos com um aumento con siderável das taxas de juros dos emprés timos contraídos Foi o caso da RTP que teve que rene gociar a sua dívida com o Depfa Bank originária de um acordo de reestrutu ração financeira celebrado em 2003 pelo então ministro Morais Sarmen to no governo de Durão Barroso Neste acordo ficou inscrita uma cláu sula que condicionava o escalonamen to da dívida ao rating da República e na sequência do chumbo do PEC IV e da queda do rating o Depfa Bank pôde exigir a renegociação do acordo de pagamento cuja amortização até então estava prevista até 2016 Assim em Junho do corrente ano foi acordado um novo plano de reestruturação finan ceira que tem as consequências que hoje se conhecem O governo multiplicou se em expli cações para justificar o desvio colos sal pelo lado da despesa e esqueceu se de referir a receita extraordinária não fiscal de 272 ME respeitante à licença de 4G que ao contrário do que o governo disse surge em 2012 e não em 2011 Perante tudo isto o mínimo que se pode dizer é que existem fundadas dúvidas acerca da capacidade deste governo e as questões a que importa responder são que fará o governo e Victor Gaspar mantendo se esta ten dência Adoptará mais medidas de austeridade Assumirá o fracasso da sua estratégia e alterará o rumo ou continuará com a política de excessos Fica assim clara a necessidade de tra var esta política de excessos porque a loucura dos excessos está a conduzir nos ao abismo Deputado do PSpelo Porto Escreve à terça feira i 14 S/Cor 363 80000 Nacional Informação Geral Diária Página (s): Imagem: Dimensão: Temática: Periodicidade: Classe: Âmbito: Tiragem: 27032012 Economia

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Bem pode o senhor ministro afirmar devagarinho que não serão necessárias mais medidas de austeridade, porque já ninguém acredita na sua profissão de fé.

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SINAL DOSTEMPOS

E agora senhor ministrodas Finanças

Bem pode o senhor ministro afirmar devagarinho que não serão necessárias maismedidas de austeridade porque já ninguém acredita na sua profissão de fé

Renato Sampaio

O alerta amarelo chegou mais cedoque o esperado à execução orçamental com os dados revelados pela Direcção geral de Finanças dos dois primeiros meses de 2012

Não seria preocupante se Vítor Gaspar não tivesse já falhado cinco vezesas suas previsões para o crescimentoleia se decrescimento económico para2012 e com alguns sinais de manipulação das contas do Estado Bem podeo senhor ministro afirmar devagarinho que não serão necessárias maismedidas de austeridade porquejá ninguém acredita na sua profissão de féEstes dados da execução orçamen

tal suscitam nos fundadas dúvidassobre a capacidade do governo de atingir as metas que se propôs não obstante as pesadas e injustas medidasadoptadasSão sinais geradores de apreensão

pelo claro risco de se verificar a situação para que o PS sempre alertou derecessão tão profunda que tornariainevitavelmente inatingíveis as metasorçamentais criando assim um ciclovicioso do qual dificilmente se sairáInfelizmente não é para nós sur

preendente que tenha havido umaquebra das receitas fiscais A obsessão pelaausteridade deste governo conduz nosinevitavelmente a uma profunda recessão à asfixia da nossa economia à inevitabilidade do aumento da economia

paralela e por consequência à redução da receita fiscalO que é verdadeiramente surpreendente é a subida da despesa reveladora de que existe nesta área um descontrolo do governoOs principais resultados da execuçãoorçamental estão à vista Diminuiçãoda receita e aumento da despesa como agravamento considerável do déficedo Estado que até Fevereiro de 2012se situou em799milhões de euros emcomparação com 274 milhões de euros

registados em igual período do anoanterior

O que se verificou foi a diminuiçãoconsiderável da receita do Estado emparticular da receita fiscal que diminuiu 5 3 quando o OE prevê um crescimento de 2 9 uma quebra de 3 4nos impostos indirectos quando o OEprevê um crescimento de 8 6 umaquebra do IRC de 46 2 quando o OEprevê uma redução de 5 3 uma quebra do ISVde 44 6 quando oOE prevê um aumento de 7 5 a quebra doimposto sobre tabacos de 2 quandoo OE prevê um aumento de 3 e umaumento da despesa efectiva do Estado de 3 5 quando o OE prevê umaredução de 5 9 a redução de 68 milhõesde euros do saldo da Segurança Sociale a deterioração considerável do saldo global do SNS que se situou nosprimeiros dois meses de 2012 em menos22 milhões de euros uma deterioração de 67 milhões de euros face a Fevereiro de 2011

O caso do pagamento da dívida daRTP é bem o exemplo da manipulação tentada pelo governo e da irresponsabilidade do PSD e do seu líderManipulação uma vez que o pagamento da dívida da RTP não produznenhum impacto na execução orçamental o referido aumento na despesa do subsector Estado é contrabalan

cada pelo respectivo acréscimo de receita no subsector empresarial do Estadoe assim os 348 3 ME são transferidosde um sector para o outro com impacto nulo na consolidação orçamentalIrresponsabilidade do PSD no chum

bo do PECIV que teve um efeito negativo no rating da República que desceu de imediato quatro níveisEsta situação afectou grandemente

o subsector empresarial do Estadoqueviu dificultado o financiamento àssuas empresas e estas foram obrigadas a renegociar as dívidas para prazos mais curtos com um aumento considerável das taxas de juros dos empréstimos já contraídosFoi o caso da RTP que teve que rene

gociar a sua dívida com o Depfa Bankoriginária de um acordo de reestruturação financeira celebrado em 2003pelo então ministro Morais Sarmento no governo de Durão BarrosoNeste acordo ficou inscrita uma cláu

sula que condicionava o escalonamento da dívida ao rating da República ena sequência do chumbo do PEC IV eda queda do rating o Depfa Bank pôdeexigir a renegociação do acordo depagamento cujaamortização até entãoestava prevista até 2016 Assim emJunho do corrente ano foi acordado

um novo plano de reestruturação financeira que tem as consequências quehoje se conhecemO governo multiplicou se em expli

cações para justificar o desvio colos

sal pelo lado da despesa e esqueceuse de referir a receita extraordinárianão fiscal de 272 ME respeitante àlicença de 4G que ao contrário do queo governo disse surge em 2012 e nãoem 2011

Perante tudo isto o mínimo que sepode dizer é que existem fundadasdúvidas acerca da capacidade destegoverno e as questões a que importaresponder são que fará o governo eVictor Gaspar mantendo se esta tendência Adoptará mais medidas deausteridade Assumirá o fracasso da

sua estratégia e alterará o rumo oucontinuará com a política de excessosFica assim clara a necessidade de tra

var esta política de excessos porque a

loucura dos excessos está a conduzirnos ao abismoDeputado do PSpelo PortoEscreve à terça feira

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