E CONOMIA Cai 3,6% o preço da cesta básica · representam o pensamento da Instituição e são de...

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Ano V - Edição Nº 50 Campo Grande, MS - Setembro - 2006 Cachoeiras enfeitam MS Foto: Nicolas Godoy Í N D I C E CADERNO A Opinião Política Geral Economia Polícia Nosso Foco 02 03 04 06 07 08 Cultura Saúde Esporte Educação Universidade Ambiente Resenha Turismo CADERNO ZOOM 09 10 11 12 13 14 15 16 Paraíso - Estado possui belezas naturais desconhecidas T URISMO Embora o mês de agos- to tenha registrado infla- ção de 0,25% em Campo Grande, o consumidor da Capital está a cada vez pagando menos pela ces- ta básica familiar. Confor- me levantamento feito pela Secretaria de Estado e de Ciência e Tecnologia (Seplanct), em agosto, a cesta, que inclui itens de alimentação e higiene, custou média de R$ 139,17, com queda de 3,6% em relação a julho, quando valia R$ 144,36. Para a Seplanct, a re- tração vem ocorrendo des- de maio e deve-se a estia- gem que atinge o Estado. Pesquisa - A carne foi um dos itens que mais influenciaram na inflação do mês, o quilo da costela, por exemplo, aumentou 12% Foto: Karina Anunciato Cai 3,6% o preço da cesta básica E C O N O M I A - Com a quarta queda consecutiva no ano, a cesta básica está custando R$ 139,17 A pesquisa apontou que 22 dos 44 itens tiveram alta. O destaque foi para o mamão que teve o va- lor elevado em 15,08%. No entanto, a queda atin- giu 19 produtos da cesta. O tomate, por exemplo, teve retração no preço em 17,18% e o feijão apre- sentou queda de 11,83%. Enquanto os preços baixam, há consumidor que garante que tem aproveitado o dinheiro que sobra. Outros, no entanto, não têm perce- bido redução nos custos e dizem não acreditar em pesquisas. Pág. 06 C OMEMORAÇÃO O jornal Em Foco che- ga a sua 50ª edição e traz uma página especial sobre a história da publicação. Criado em setembro de 2002, pelo curso de Jorna- lismo da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), o Em Foco tem pe- riodicidade semanal, sen- do distribuído todo domin- go na Avenida Afonso Pena, no centro de Campo Grande. Desde a primeira edição, o jornal já teve três diagramações diferentes. Pág. 04 Jornal se consolida pela qualidade Foto: Cristina Ramos Informação - Produção semanal estimula acadêmicos Trezentas famílias inte- grantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), acampadas na BR 262, saída para Três Lagoas em Campo Grande dividem o mesmo sonho: serem beneficiadas com terra para plantar. Enquan- to não são assentadas pelo Governo Federal, em ter- ras, hoje improdutivas, homens, mulheres e crian- ças compartilham dificul- dades. No acampamento não há saneamento, nem mesmo água encanada, o combustível que move o motor do poço é caro e a sede só é saciada com água emprestada de um posto de gasolina ou do córrego Luta por terra gera preconceito que fica a quilômetros de distância. Além das dificuldades físicas, os sem-terra enfren- tam as morais, como o pre- conceito de quem passa pela BR. Mesmo assim, os trabalhadores rurais mili- tantes não desistem. Os homens se lembram da di- ficuldade de encontrar em- prego na cidade para sus- tentar a família e as mulhe- res se apegam à união do grupo para superar os me- dos e incertezas de criar os filhos em um ambiente pouco confortável. Já as crianças, lembram com saudades da época em que podiam se divertir no par- quinho ou comer frutas que não chegam até o acampamento. Os sem-ter- ra da BR esperam unidos serem inclusos na Reforma Agrária, improvisam esco- la e plantam hortaliças no acostamento. Pág 08 Ideologia - Sem-terra lutam contra latifúndios improdutivos Foto: Danúbia Burema A segunda aldeia urba- na municipal de Campo Grande deve ficar pronta em dois meses. São 98 ca- sas que estão sendo cons- truídas em um terreno de 28,8 mil metros, no Jardim Noroeste. O local foi inva- dido há quatro anos por fa- mílias indígenas de três etnias que enquanto espe- ram suas residências, mo- ram em barracos improvi- Índios se beneficiam com nova aldeia sados com tábuas e lonas. Os homens da aldeia estão sendo remunerados para trabalhar como pedreiros na construção das moradias. Organizados, os índios têm um conselho interno que se reúne em uma Oca improvisada com palha, dentro da aldeia urbana. Lá os indígenas recebem orien- tações, como o respeito à cultura dos brancos. Pág 05 As belezas naturais de Mato Grosso do Sul vão muito além do Pantanal. O Estado possui pelo menos 30 cachoeiras distribuídas por diversos municípios. As quedas d’água têm atraído turistas para as práticas de esportes radicais, mergu- lhos e contemplação. Muitas cachoeiras são encontradas em propriedades particulares, sendo que a mais alta de Mato Grosso do Sul é a Boca da Onça, em Bodoquena, com 156 metros de altura. A segunda mai- or do Estado, em termos de compri- mento, é a cachoeira Água Branca, no município de Pedro Gomes e tem 90 metros. Esta, inclusive, foi tema de tra- balho de conclusão de curso de acadê- micos do curso de Rádio e TV. Pág. 16 Foto: Cristiane Lemes

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Page 1: E CONOMIA Cai 3,6% o preço da cesta básica · representam o pensamento da Instituição e são de responsabili-dade de seus autores. Reitor: Pe. José Marinoni Pró-Reitoria Acadêmica:

A n o V - E d i ç ã o N º 50 C a m p o G r a n d e , M S - S e t e m b r o - 2 0 0 6

Cachoeirasenfeitam MS

Foto: Nicolas Godoy

Í N D I C E

CADERNO A

Opinião

Política

Geral

Economia

Polícia

Nosso Foco

02

03

04

06

07

08

Cultura

Saúde

Esporte

Educação

Universidade

Ambiente

Resenha

Turismo

CADERNO ZOOM

09

10

11

12

13

14

15

16P a r a í s o - Estado possui belezas naturais desconhecidas

T U R I S M O

Embora o mês de agos-to tenha registrado infla-ção de 0,25% em CampoGrande, o consumidor daCapital está a cada vezpagando menos pela ces-ta básica familiar. Confor-me levantamento feitopela Secretaria de Estadoe de Ciência e Tecnologia(Seplanct), em agosto, acesta, que inclui itens dealimentação e higiene,custou média de R$139,17, com queda de3,6% em relação a julho,quando valia R$ 144,36.

Para a Seplanct, a re-tração vem ocorrendo des-de maio e deve-se a estia-gem que atinge o Estado.

P e s q u i s a - A carne foi um dos itens que mais influenciaram na inflação do mês, o quilo da costela, por exemplo, aumentou 12%

Foto: Karina Anunciato

Cai 3,6% o preço da cesta básicaE C O N O M I A - Com a quarta queda consecutiva no ano, a cesta básica está custando R$ 139,17

A pesquisa apontou que22 dos 44 itens tiveramalta. O destaque foi parao mamão que teve o va-lor elevado em 15,08%.No entanto, a queda atin-giu 19 produtos da cesta.O tomate, por exemplo,teve retração no preço em17,18% e o feijão apre-sentou queda de 11,83%.

Enquanto os preçosbaixam, há consumidorque garante que temaproveitado o dinheiroque sobra. Outros, noentanto, não têm perce-bido redução nos custose dizem não acreditar empesquisas.

Pág. 06

C O M E M O R A Ç Ã O

O jornal Em Foco che-ga a sua 50ª edição e trazuma página especial sobrea história da publicação.Criado em setembro de2002, pelo curso de Jorna-lismo da UniversidadeCatólica Dom Bosco

(UCDB), o Em Foco tem pe-riodicidade semanal, sen-do distribuído todo domin-go na Avenida AfonsoPena, no centro de CampoGrande. Desde a primeiraedição, o jornal já teve trêsdiagramações diferentes.

Pág. 04

Jornal se consolidapela qualidade

Foto: Cristina Ramos

I n f o r m a ç ã o - Produção semanal estimula acadêmicos

Trezentas famílias inte-grantes do Movimento dosTrabalhadores Rurais SemTerra (MST), acampadasna BR 262, saída para TrêsLagoas em Campo Grandedividem o mesmo sonho:serem beneficiadas comterra para plantar. Enquan-to não são assentadas peloGoverno Federal, em ter-ras, hoje improdutivas,homens, mulheres e crian-ças compartilham dificul-dades. No acampamentonão há saneamento, nemmesmo água encanada, ocombustível que move omotor do poço é caro e asede só é saciada com águaemprestada de um postode gasolina ou do córrego

Luta por terra gera preconceito

que fica a quilômetros dedistância.

Além das dificuldadesfísicas, os sem-terra enfren-

tam as morais, como o pre-conceito de quem passapela BR. Mesmo assim, ostrabalhadores rurais mili-

tantes não desistem. Oshomens se lembram da di-ficuldade de encontrar em-prego na cidade para sus-tentar a família e as mulhe-res se apegam à união dogrupo para superar os me-dos e incertezas de criar osfilhos em um ambientepouco confortável. Já ascrianças, lembram comsaudades da época em quepodiam se divertir no par-quinho ou comer frutasque não chegam até oacampamento. Os sem-ter-ra da BR esperam unidosserem inclusos na ReformaAgrária, improvisam esco-la e plantam hortaliças noacostamento.

Pág 08

I d e o l o g i a - Sem-terra lutam contra latifúndios improdutivos

Foto: Danúbia Burema

A segunda aldeia urba-na municipal de CampoGrande deve ficar prontaem dois meses. São 98 ca-sas que estão sendo cons-truídas em um terreno de28,8 mil metros, no JardimNoroeste. O local foi inva-dido há quatro anos por fa-mílias indígenas de trêsetnias que enquanto espe-ram suas residências, mo-ram em barracos improvi-

Índios se beneficiamcom nova aldeia

sados com tábuas e lonas.Os homens da aldeia estãosendo remunerados paratrabalhar como pedreiros naconstrução das moradias.

Organizados, os índiostêm um conselho internoque se reúne em uma Ocaimprovisada com palha,dentro da aldeia urbana. Láos indígenas recebem orien-tações, como o respeito àcultura dos brancos.

Pág 05

As belezas naturais de Mato Grossodo Sul vão muito além do Pantanal. OEstado possui pelo menos 30 cachoeirasdistribuídas por diversos municípios. Asquedas d’água têm atraído turistas paraas práticas de esportes radicais, mergu-lhos e contemplação.

Muitas cachoeiras são encontradasem propriedades particulares, sendoque a mais alta de Mato Grosso do Sulé a Boca da Onça, em Bodoquena, com156 metros de altura. A segunda mai-or do Estado, em termos de compri-mento, é a cachoeira Água Branca, nomunicípio de Pedro Gomes e tem 90metros. Esta, inclusive, foi tema de tra-balho de conclusão de curso de acadê-micos do curso de Rádio e TV.

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Foto: Cristiane Lemes

Page 2: E CONOMIA Cai 3,6% o preço da cesta básica · representam o pensamento da Instituição e são de responsabili-dade de seus autores. Reitor: Pe. José Marinoni Pró-Reitoria Acadêmica:

Em Foco – Jornal laboratório do curso de Jornalismo da Univer-sidade Católica Dom Bosco (UCDB)

Ano V - nº 50 – Setembro de 2006 - Tiragem 5.000

Obs.: As matérias publicadas neste veículo de comunicação nãorepresentam o pensamento da Instituição e são de responsabili-dade de seus autores.

Reitor: Pe. José Marinoni

Pró-Reitoria Acadêmica: Pe. Jair Marques de Araújo

Coordenador do curso de Jornalismo: Jacir Alfonso Zanatta

E m F o c oCAMPO GRANDE - SETEMBRO - 2006

O P I N I Ã O0 2

Jornalistas responsáveis: Jacir Alfonso Zanatta DRT-MS 108, CristinaRamos DRT-MS 158 e Inara Silva DRT-MS 83

Revisão: Cristina Ramos e Inara Silva

Edição: Cristina Ramos e Inara Silva

Repórteres

Alessandra Carvalho, Alexander Onça, Alysson Maruyama, Anade Oliveira, Ana Flávia Violante, Andréia do Carmo, ÁtillaEugenio, Carlos Costa, Cristiane Lemes, Danúbia Burema, ElainePrado, Felipe Duarte, Fernanda Kury, Flávio Óliver, GrazielaRezende, Isabela Ferraz, Jairo Gonçalves, Kamilla Ratier, KarinaAnunciato, Karla Valéria, Katiane Arce, Luciene Martins,Mariana Lopes, Nícolas Godoy, Priscila Mota, Rodson Lima,Talita Matsushita, Talita Oliveira, Tatiane Guimarães, ThayssaMaluf e Thiago Andrade.

Projeto Gráfico: Prof. Jacir Alfonso Zanatta e formandos de Jorna-lismo 2006

Logo Caderno Zoom: Diego Ouro Preto

Logo Caderno A: Maria Eunice Cardoso

Tratamento de imagens: Maria Helena Benites

Diagramação: Maria Helena Benites

Impressão: Jornal A CríticaEm Foco - Av. Tamandaré, 6000 B. Jardim Seminário, Campo Gran-de – MS. Cep: 79117900 – Caixa Postal: 100 - Tel:(067) 3312-3735

Home Page universidade: www.ucdb.br/emfocoE-mail: [email protected]@yahoo.com.br

Aprendizes, porém capacitados

E D I T O R I A L

O caráter de seu filhoestá em suas mãos

Pela primeira vez umaturma do segundo ano dejornalismo da Universida-de Católica Dom Bosco(UCDB), produz um jornalEm Foco no formato Stan-dard, mas nem por isso éuma turma inexperiente.Só este ano, os alunos dejornalismo do 4º semestre,já desenvolveram seis jor-nais tablóide com pautasvoltadas ao jornalismo decidadania, levantando ahistória, problemas e solu-ções das comunidades dosbairros Nova Lima, More-

ninhas, Centro, Aero Ran-cho, a região do SantoAmaro e Santo Antônio eBairro Nasser. Além do con-tato que os futuros jornalis-tas tiveram com a realidadeda população desses bairrosforam responsáveis tambémpor outras duas edições es-peciais sobre a imprensa re-gional, mostrando os basti-dores dos meios de comu-nicação da cidade, com umtrabalho inédito e metalin-güístico: a imprensa retra-tando ela mesma.

Apesar do compromisso

único com a verdade, a res-ponsabilidade para estesalunos em princípio pare-ce maior, sem trocadilhocom o formato Standard,visivelmente mais avanta-jado que os pequenos ta-blóides. São 16 páginas em14 editorias, o que signifi-ca a necessidade de aumen-to na dedicação do estu-dante para cumprir suaspautas e a dívida profissi-onal com a população doEstado.

A primeira vez destesestudantes na forma Stan-

dard representa tambémum marco na história doJornal laboratório Em Foco,que completa 50 edições le-vando informação ao leitorda Capital. Para comemoraros repórteres acadêmicosforam as ruas para desco-brir a visão que os recepto-res das mensagens, nossosleitores que acordam cedoaos domingos têm sobre ojornalismo laboratorial pro-duzido por eles.

Para os professores, queparticipam da distribuiçãodos cinco mil exemplares doEm Foco, todos os domingosna Avenida Afonso Pena, areceptividade demonstradapelos leitores não foi surpre-sa. Muitos fazem suas decla-rações de confiança e credi-

bilidade no jornalismo dosacadêmicos, oralmente,quando buscam seus exem-plares na manhã dominical.A marca Em Foco já está re-gistrada na cabeça dos assí-duos freqüentadores do pon-to de distribuição dos sema-nários, que buscam especi-ficamente pelo Em Foco.

Sem compromisso compatrões ou ideologias comer-ciais e políticas, o Em Foco,em seu ano V, conquistou osleitores. Eles levantam ca-racterísticas importantes dojornalismo produzido pelosacadêmicos da UCDB, alémda principal que é informarprofundamente sobre temasde relevância na sociedade.O Em Foco virou matéria pri-ma para pesquisas escolares,

resgatou o jornalismo co-munitário, de bairro, pati-nho feio nas redações etrouxe à tona o sentimentode fé no jornalismo semrabo preso.

Para os futuros jornalis-tas, que terão a marca EmFoco em seus currículos éhora de festa, eles já tem agarantia de experiência emum periódico antes mesmode entrar no mercado detrabalho, o que com certe-za conta pontos em umadisputa por emprego. Paraos leitores também é horade festa, por saber que aUCDB está investindo naformação de jornalistas, in-termediários entre a notíciae a população. Vem muitoem Foco por aí!!!!

Tatiane Guimarães

Felicidade, palavra quepode ser encontrada no dicio-nário, porém, todos desejamque ela exista em seus cora-ções. As pessoas buscam porela nos mais diferentes locais,em grupos de amigos, em festanos fins de semanas, na aqui-sição de bens materiais, no sor-riso das crianças, no abanar dorabo de um cachorro, em umfilme na TV e até mesmo emmúsicas. Colocam a felicidadeno futuro, em pessoas que ain-da não conhecem, em coisasque ainda terão. Alguns dizemque a deixaram em algumevento do passado distante ouno sucesso do filho.

Felicidade é como a águacorrente a contornar vales emontanhas, um presente con-tínuo, só pode existir hoje, den-tro de cada um e não em coi-

Felicidade serve como basepara a filosofia de Pollyanna

sas. Existem pessoas que vi-vem situações ilusórias colo-cando seus sentidos de existirem objetos, esquecem que osmesmos são perecíveis. A ver-dadeira felicidade, uma vezconquistada, é possívelcarregá-la para sempre dentrode si.

É importante que cada umaprenda a viver a felicidadedando sentido a sua existênciano hoje, não em algum pontodo passado ou em algum lugarlongínquo do futuro. No livroPollyanna, de Eleonor H.Porter,a personagem principal conta-gia uma cidade toda com o“jogo do contente”. A brinca-deira consiste em buscar emqualquer circunstância vividauma razão para se alegrar.

Tudo começou quandoPollyanna em sua infância de-sejou ganhar uma boneca e, aoinvés disso, ganhou um par de

muletas. Então o pai da meni-na aconselhou que ela deveriase sentir satisfeita por não pre-cisar utilizá-las. Pollyanna pôdecontagiar a cidade porque a fe-licidade estava dentro dela, sópodemos ensinar aos outrosaquilo que sabemos.

A importante lição da me-nina é válida para a realida-de. Após aprender a valorizarcada circunstância, cada frag-mento de vida, é possível ex-pandir este sentimento paraas outras pessoas de nossocírculo social.

Em primeiro lugar, cada umdeve assumir para si a respon-sabilidade da própria felicida-de. Uma vez feito isto a pessoapercebe que sua felicidade sóé grandiosa se ao seu redor ou-tros estiverem felizes também.Provavelmente neste momen-to aprendemos a disseminar si-lenciosamente a filosofia dePollyanna.

Ana Flávia Violante

De acordo com dados doInstituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatísticas (IBGE), 45% dapopulação brasileira é negra, e97% dos universitários brasilei-ros são brancos. Isso mostra,além do grande contraste entrepessoas da mesma nacionalida-de, como é difícil a inserção donegro no Ensino Superior, jáque entre os 53 milhões de po-bres que há no país, 63% sãonegros.

Mas não é pelo fato de umapessoa possuir mais melaninaque outra que ela passa a sermais cidadão e ter mais direi-tos que os “brancos”. O siste-ma de cotas para negros, pri-meiramente instalado na Uni-versidade Federal do Rio de Ja-neiro (UFRJ), além de ser ridí-culo, acentua ainda mais o ra-cismo no nosso país. Com estesistema, os próprios negros –declarados assim ou como par-dos, por livre e espontânea von-tade – se inferiorizam, afirman-do que apenas por serem deuma “raça diferente” têm me-

nos condições de realizar umaprova com sucesso.

Não ter condições por terestudado a vida toda em esco-las públicas precárias (que re-dundância!) seria outro assun-to. Um assunto plausível, jáque o ensino público no país évergonhoso e, implantado o sis-tema de cotas para negros, édeixado – mais uma vez – emsegundo plano. O caso de au-sência de condições valeria umsistema de cotas para pessoascarentes, ou então para alunosque sempre estudaram em co-légios públicos, o que já existe,mas não é tão valorizado comoas cotas para os negros.

Fernanda Kury

Com a utópica falta detempo ninguém consegueenxergar além do seu um-bigo, julgam não ter tempopara cultivarem a genero-sidade, a caridade, o amore a atenção. Nada como sa-ber administrar suas ações,saber dar valor àquilo querealmente importa, o serhumano como um todo.

Cria-se uma busca cons-tante pelo melhor, pelomaior, pelo status da des-lumbrante vida amarga dosjogos de interesses e acaba-mos nos tornando incons-tantes diante de nossaspróprias opiniões, de nos-sos próprios sentimentos.Não cultivamos mais aamizade, a simplicidade dobom dia e do obrigada, cri-ando uma casca grossa depura imbecilidade, poisnos julgamos serespensantes, mas que nadafazemos ou realmente pen-samos, apenas julgamos. Eo pior é criar um filho nes-sa geração de “oba-oba”,onde tudo se tem, tudo sepode.

Educar não é ceder sem-pre, é restringir, é aconse-lhar e acima de tudo res-peitar. Vejo pais que gritamna cara dos seus filhos ebatem em suas faces, se re-baixam a nível deplorávelde educação, consigo e pe-rante seus filhos. Não cul-tivam o respeito, não sãoconscientes do poder daconversa, do poder que setem em trazer para perto desi os filhos. E quando elesse revoltam e resolvemmostrar qual foi a educa-ção que receberam, os pais-vítima resolvem chamar aSuper Nanny, uma “coita-da” que ganha R$ 20 milpor mês para educar ospais mal educados eensiná-los a cuidarem deseus filhos.

Começar a aprender oque realmente importadentro desse confuso mun-do de alienados sentimen-tais e culturais é o primei-ro passo para sermos um

grupo de pessoas maishumanizadas. Amemos pri-meiramente a nós mesmos,sendo pais ou filhos, comose hoje fosse nosso últimodia, pois será. E amanhã aoacordar você mesmo vaiperceber que nada serácomo antes. Saber dizersim e não, explicando oporquê, é ajudar não só aoseu filho, mas a si mesmo.Há crianças que nascem deuma aventura e não têmculpa da inconseqüênciados pais, que se julgam no-vos demais para criaremum filho, mas para fazê-lojá eram maduros o bastan-te.

“Tudo me é permitido,mas nem tudo me convém”.Essa é a frase do apóstoloPaulo mais completa e quereflete o amadurecimentopessoal, onde a lei da açãoe reação é crucial. Comoexplicar a elas que a liber-dade não é libertinagem?Basta ter diálogo, a criançanão é um brinquedo, masum ser humano que temcondições sentimentais su-ficientes para decidir o quequer ou não para si, mes-mo que suas decisões pare-çam fúteis diante das nos-sas crenças adquiridas.Elas entendem, compreen-dem e conseguem distinguiro certo do errado, talvez domodo mais certo, mais com-plexo que podemos conhe-cer. Mas para saberem colo-car em prática é preciso queos pais orientem as atitudesdos filhos e evitem suas ten-dências para o mal. Se nãohá base religiosa, indepen-dente de qual religião seja,se não houver diálogo e pa-ciência, a criança cresce, eao se tornar progenitor, elase perde na educação, dei-xando que o exterior dasmídias televisivas eduque-as por si só.

O melhor remédio paraa “geração burrice” a qualestamos caminhando é, aoinvés de dar boneca à suafilha, dê-lhe livro, ou se seufilho lhe pede um power-ranger, dê-lhe livro! Vocêentão se perguntará um

tanto receoso: E se eles nãogostarem? Eu te responde-rei com todo prazer, dê umbom exemplo, leia tam-bém! Aproveitem, pais, aeducarem seus filhos comtodo o amor e paciêncianecessária até os sete anos,pois, depois disso, o mun-do se encarregará de dar-lhes um empurrãozinho naeducação.

Não estou dizendo paraque excluam os brinque-dos de seus filhos, poisessa é a melhor maneiradeles saberem comparti-lhar e conviver em socie-dade, vivenciando bem ainfância. Mas dê-lhes o co-nhecimento; e como dizum professor meu: “Podemte tirar tudo, dinheiro, rou-pas, carro, casa. Mas o seuconhecimento é o seu úni-co bem que não será tira-do por ninguém”. Esse co-nhecimento adquiridocom muita leitura.

Portanto, meus queri-dos futuros e velhos “pa-pais”, não mimem suas cri-anças, dêem a elas a digni-dade de se impor diantedessa nossa “geração bur-rice”, dêem amor, gestossimples de atenção que nofuturo irá resultar em to-tal agradecimento sincero,cuidar de seus filhos é ape-nas a prática de todoensinamento que você re-cebeu na infância e umpouco do que aprendeu noresto da vida. Pois de umamaneira um tanto quantosarcástica; serão eles queirão escolher o seu asilo.

Tenho uma visão umtanto quanto “maldosa”,porém é isso que falta,uma educação militar oualemã. Oh!! Não se assus-tem, nenhuma criançasaírá nas ruas atirando emseus colegas ou induzindo-os à proliferação da raçaariana. Mas a base de todaeducação é disciplina, éter limites, horário. Talvezapós toda a educação au-toritária que os pais sofre-ram, eles resolveram darchance aos seus filhos, dese auto criarem.

Melanina demais é sinônimode igualdade de menos?

O que precisamos enxergaré que com essas cotas nossosgovernantes apenas encobremos problemas sociais e os adi-am para mais tarde. Que o ra-cismo ainda é gritante, e seuspróprios militantes estão con-tra si mesmo. Que é preciso ur-gentemente uma melhoriasubstancial no Ensino Funda-mental, bem como um reconhe-cimento maior para com nossosmestres.

Enquanto nada é feito, oEnsino Público continua podre,mas o povo fica feliz – mal per-cebe o quanto é manipulado eque várias estrelas pararam debrilhar há muito tempo.

Embora seja ainda conhecido como Centro Renascer, conforme foientitulado em matéria da Edição Nº 46 do Em Foco, a instituição de recu-peração de jovens com dependências de substâncias químicas, localiza-da na Vila Oeste, quer evidenciar que desde 1993 existe como Fundaçãode Proteção à Criança e Adolescente Maria Aparecida Pedrossian. O lo-cal tem capacidade para 40 internos e diferente do que foi noticiado, nãonecessita de ajuda financeira, pois esta, já provém da Prefeitura Munici-pal de Campo Grande e Governo Estadual. Segundo a Assistente SocialKheila A. Contador Soares o que a Fundação precisa é de parcerias para arealização de cursos. Ela também esclarece que o índice de 15% de recu-peração dos internos, citado na matéria, não é comprovado.

O jornal Correio do Estado foi fundado em sete de fevereiro de 1954 enão “1924”, como publicado na edição Nº 49 do Jornal Em Foco.

E R R A M O S

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C O N S C I Ê N C I A - Eleitores discutem o desempenho político da atual administração e refletem sobre o futuro

Falta de responsabilidade dospolíticos acarreta desigualdade

0 3P O L Í T I C AE m F o c oCAMPO GRANDE - SETEMBRO - 2006

Foto: Janete Cristaldo

S o c i e d a d e - População Campo-grandense se indigna ao perceber que os candidatos eleitos acentuaram a desigualdade, e esperam dos governantes medidas efetivas

Talita Oliveira

“Toda essa marginalidade,pobreza e má distribuição derenda”, assim a assistente so-cial Maria Auxiliadora Silvada Rosa de Araújo conceituao termo desigualdade social.A menos de um mês da vota-ção, eleitores da Capitalalertam os candidatos e futu-ros legisladores, sobre o pro-blema, que para muitos cida-dãos está relacionado ao maudesempenho da classe polí-tica no poder.

“Se todo cidadão pagassea mesma taxa de imposto fi-caria bom” acredita o comer-ciante Joarez Ubaldo, 41anos. Ele explica que não háfiscalização rígida no Impos-to de Circulação sobre Mer-cadorias (ICMS) em comérci-os, e afirma que a concorrên-cia é um efeito de desigual-dade.

Para o mecânico de auto-móveis Gilberto Vicente, 36anos, “os políticos devem re-formar a lei tributária paraajudar no comércio, incenti-var aberturas de indústrias epara empregar as pessoas”.Segundo o trabalhador faltalazer e escolas para as pesso-as de baixa renda. Ele com-pleta dizendo que a classealta tem dinheiro para inves-tir na educação, além de termomento de lazer. “A defici-ência da política ocorre naqualidade de vida das pesso-as, saúde e má distribuição derenda, para melhorar a qua-lidade de vida da população,estas áreas devem ter aten-ção”, afirma o mecânico.

Auxiliar de limpeza,Ronaldo Herculano da CostaJunior, 32 anos, conta que “omercado de trabalho é precá-rio para quem quer trabalhar”.De acordo com Ronaldo faltaigualdade na sociedade de

Campo Grande. “Tem muitaspessoas pedindo comida, en-quanto os políticos não exer-cem os seus deveres”.

É t i c aO bacharel em Direito

Danilo Graça da Cruz, 30 anos,

acredita que falta ética à mui-tos políticos. “No caso de umroubo o cidadão que necessitade alimento e não tem dinhei-ro rouba é punido e excluídoda sociedade, enquanto os po-líticos que cometem erros sãojulgados pelos próprios compa-

nheiros, com isso alivia a con-denação dos que cometem fal-catruas”. A desigualdade, se-gundo ele, já se evidencia namaneira que as leis são regidas.Danilo cita “diminuição de im-postos aumento de empregosé a solução para acabar com es-

tas diferenças”.A assistente social Maria

Auxiliadora, 39 anos, afirmaque os políticos são os princi-pais responsáveis pela desi-gualdade social, há um desres-peito dos políticos para com apopulação e falta política pú-

blica efetiva. “Eles devem terseriedade e respeito com a po-pulação campo-grandense quevota, e exerce a função de ci-dadania minha esperança éque as leis sejam rigorosamen-te cumpridas pelos políticos”,finaliza.

Jairo Gonçalves

De acordo com os dados for-necidos pelo Tribunal RegionalEleitoral (TRE), cerca de 51%dos candidatos possuem nívelsuperior completo, caracterís-tica, que na opinião de algunseleitores, não garante um bomgoverno. Para alguns votantes,o compromisso social dos can-didatos é tão fundamentalquanto a escolaridade.

“Tem muito doutor que écandidato, promete de tudo,mas nunca viveu a realidade dopobre. Acho que quando é can-didato do povo, mesmo seminstrução, esse pode fazer maiscoisa boa para gente”, ressaltaa doméstica Mercedes Gomes,37 anos.

A mesma opinião temAugusto Toledo, 43 anos, tra-balhador da construção civil,desempregado há um ano e trêsmeses. “Eu não tenho estudo,e por isso também estou de-sempregado. Será que o políti-co eleito, com escola ou sem es-cola, pensa em gente como eu?Claro que não. Ele já ganhou oemprego dele, né?”, desabafou.

O descontentamento doseleitores está principalmentena falta de envolvimento polí-tico após as eleições, indepen-dente da formação do candida-to. Para a moradora do JardimCarioca, Lúcia de Souza, quetem ensino médio incompleto,a preocupação acontece mesmosó antes da eleição.”É sempre amesma coisa, todo político,principalmente os que têm es-tudo, vêm, diz que vai melho-rar o bairro, depois que ganhao voto, some”, se indigna a mo-

Política exige graduação

Tatiane Guimarães

As eleições sempre tra-zem expectativa para funci-onários públicos, que possu-em cargos de confiança nosórgãos que se preparam paraas novas administraçõesapós 1º de janeiro, quandotomam posse os candidatoseleitos. Para quem hoje tra-balha nestas funções existe aesperança que o seu bom de-sempenho nos últimos anossignifique a permanência noemprego ou o maior salário,no caso dos servidores con-cursados, que fazem parte daequipe de confiança.

Gloria Benites trabalhano Detran há dez anos, temcargo de confiança há três,foi indicada pelo chefe ante-rior para a função de su-pervisora em Centro de For-mação de Condutores (CFC),sua permanência no cargodepende de quem ganhar aeleição, mas isto não a deixapreocupada, por que segun-do Glória, o setor em que tra-balha é estável e ela é con-cursada. “Em outros setoresmuda muito”, afirma a su-pervisora.

A secretaria executiva Evade Oliveira sempre exerceucargo de confiança, trabalhana Secretaria de Estado deTrabalho, Assistência Sociale Economia Solidária (SE-TASS) há um ano e meio, eacredita que o segredo paramanter a posição é o estudoconstante e busca por quali-

radora. O estudante de ensinomédio, Marco Aurélio Lopes,19 anos, reforça esse desabafo:“Com estudo ou sem estudo, oque precisa mesmo é trocar to-dos esses políticos que têm aí”.

Os dados do TRE mostramainda que dentre as profissõesdos candidatos, os advogadossão a maioria, 28 concorrem acargos políticos, competindocontra 24 vereadores, 21 co-merciantes e deputados, 18empresários, 14 médicos e de-mais profissionais de diversasáreas.

Para a coordenadora peda-gógica, Eliza Marques, o can-didato ter nível superior com-pleto lhe dará uma visão am-pla de um todo para governar.“Somente a prática, sem estu-do, pode se tornar difícil. Oimportante é ter as duas coisas:formação e vivência política”,afirma.

“Hoje, para assumir um car-go em qualquer órgão é neces-sário que o candidato esteja pre-parado, tenha formação, de pre-ferência nível superior. Por quepara a política isso não é rele-vante?”, questiona a professoraAna Maria Gonzaga.

Já a coordenadora pedagógi-ca, Helena Leite Batista, ressal-ta a importância da formação eprincipalmente o comprometi-mento dos candidatos. “Na po-lítica brasileira a gente temmuito demagogo. Tem muitagente que fala sem ter o conhe-cimento de causa do que é pre-ciso fazer. Sem base na realida-de. O que, infelizmente é a mai-oria dos políticos no nosso país.Não adiante ser o intelectualque fica distante do povo. É pre-ciso se envolver com as diferen-tes classes sociais para que re-almente a política aconteça”,afirmou a pedagoga.

Cargos de confiança ameaçadosa partir de janeiro do próximo ano

ficação. “Não é cargo políti-co, é porque você tem bomdesempenho profissional”,acredita Eva. Lecir Machadopensa que o cargo de confi-ança não é um ganho políti-co, mas sim uma conquista,“primeiro tem que mostrarcompetência” declara.

Para funcionários que nãopassaram em concurso a si-tuação é mais delicada. “Agente pode sair sem maisnem menos”, declara EdílsonNogueira, para quem a elei-ção traz uma grande expec-tativa de saber se vai ou nãopermanecer com um empre-go. Edílson acredita que suacolocação na empresa é de-vido a um bom passado pro-fissional, apesar de não sen-

tir insegurança com relaçãoao futuro, ele corre o risco deficar desempregado e semfundo de garantia, direito queos funcionários de confiançasem concurso não possuem.

Existem pessoas que con-seguem o cargo devido ao bompassado profissional, como éo caso de Edílson, mas tam-bém há quem perde o cargopor interferência de interessepolítico foi o que aconteceucom Joana (nome fictício), quealega ter perdido o cargo por-que os superiores precisavampromover publicamente outrapessoa. “Colocam pessoas emcargo de confiança para quemais tarde essa pessoa possafazer carreira política”, lamen-ta Joana.

Foto: Janete Cristaldo

E m p r e g o - Servidores públicos temem ser destituídos das funções

P o l í t i c a - Moradores questionam a graduação dos candidatos

Foto: Elza Fiúza-ABr

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R E C O N H E C I M E N T O - Jornal laboratório conquista leitores da Avenida Afonso Pena na Capital

Em Foco comemora sua 50ª edição

E m F o c oCAMPO GRANDE - SETEMBRO - 2006

G E R A L0 4

Foto: Adma Bonifácio

P a r t i c i p a ç ã o - Alunos da UCDB se reunem aos domingos pela manhã para distribuir o jornal no centro de Campo Grande

Carlos Costa

Felipe Duarte

Distribuído aos domingosna Avenida Afonso Pena, nocentro de Campo Grande, o jor-nal Em Foco, já conquistou lei-tores assíduos. Para comemo-rar a sua 50ª edição, os repórte-res foram até o ponto de entre-ga para saber o que o públicopensa do jornal laboratório.

Em plena Afonso Pena, osleitores foram encontrados naPraça Ary Coelho, na caminha-da matinal pela via e em auto-móveis, que todo domingo for-mam fila no local em busca doimpresso. Nanci Cristina, 34anos, lavadeira, disse que cole-ciona os especiais sobre bairros.“São criativos, abordam temasde muita importância para a po-pulação”.

Os especiais de bairro fazemparte da série de jornais, emformato tablóide (28 cm x 32cm), dedicados aos arredores dacidade. Os acadêmicos do cur-so de Jornalismo já publicaramtablóides sobre o Nova Lima,Aero Rancho, Moreninhas,Centro, Nasser e um especialSanto Antônio e Santo Amaro.

Para Creginaldo Câmara, 55

anos, essas edições especiaissão importantes, pois, segundoele, o Em Foco é o único quenão esqueceu da comunidade,uma vez que os outros veícu-los a esqueceram. Já VirgínioAgostinho, 65 anos, reconhecea credibilidade do jornal. “Uti-lizei o Em Foco especial de bair-ros para fazer o trabalho da es-cola da minha filha”.

Vicente Rodrigues Filho, 81anos, disse que “por ser feitopor uma universidade, ele temmais liberdade”. “É uma alter-nativa aos meios de comuni-cação da Capital”, comple-mentou Neio Mandetta, 75anos.

Os leitores comentaramtambém sobre o formato do jor-nal. “A versão em tablóide émelhor por ter melhor manu-seio e por trabalhar um assun-to específico”, comenta MiltonSantos, 29 anos. José Patrocí-nio, 60 anos, acha que a ver-são standard (formato 29,7 cmx 52 cm) é melhor, pois con-tém mais matérias.

Semanalmente são distri-buídos 5 mil exemplares doEm Foco em Campo Grande,sendo três vezes por mês noformato tablóide e uma vez emstandard.

tiverem no mercado. InaraSilva complementa dizendo:“Aqui no Em Foco, os alunostêm a possibilidade de ousar,propor, abordar outros temasque dificilmente seriam abor-dados em outros jornais”.

Depois de toda experiên-cia na prática do jornalismo,a professora comenta estarmuito contente em participarda produção do Em Foco. Paraela, é gratificante ver o em-penho dos acadêmicos ecomo eles estão evoluindo.

Cristina Ramos estevepresente durante a principalfase de mudança pela qual ojornal passou, desde a novadiagramação até a construçãoda nova estrutura para a re-dação. Diante das transforma-ções, a professora afirma que“ver que os alunos estão pra-ticando e aprendendo é umagrande conquista”.

Luciene Martins

Karla Valéria

Muita animação e incerte-zas. Foi assim que se caracte-rizou a primeira noite do EmFoco, jornal laboratório daUniversidade Católica DomBosco (UCDB), em setembrode 2005. A idéia partiu doprofessor Jacir Zanatta, hojecoordenador do curso de Jor-nalismo. “O jornal não tinhaperiodicidade. Eu queria darritmo de produção, deixar osalunos vivenciar a práticajornalística”.

Como todo começo, tudoera difícil. Por um lado, ha-via falta de equipamentos,enquanto, do outro, havia aeuforia dos alunos por con-ta da novidade. Estes ingre-dientes transformaram a noi-te numa gostosa troca de ex-periência. Marcelo Ramiro,acadêmico do oitavo semes-tre do curso, conta que as di-ficuldades eram muitas, poishavia apenas dois computa-dores para redigir, editar ediagramar os textos. “Paratrabalhar era muito difícil”.

As noites de serão acon-tecem para a revisão do jor-nal Standard (formato 29 cmx 52 cm), que é editado umavez por mês. O plantão co-meça às 21h, quando os alu-

S U P E R A Ç Ã O

Crescimento no impressoKarla Valéria

Luciene Martins

O jornal Em Foco chega asua 50ª edição. Desde o seucomeço, em setembro de2002, o veículo já passou portrês diferentes diagramaçõescriadas exclusivamente porprofessores e alunos dos cur-sos de Comunicação Socialda Universidade CatólicaDom Bosco (UCDB). A dia-gramação segue os objetivose as linhas gráficas e editori-ais do impresso. As princi-pais linhas editoriais paraesta tarefa incluem a hie-rarquização das matérias porordem de importância. Já as

considerações gráficas inclu-em legibilidade e incorporaçãoequilibrada e não-obstrutivados anúncios. Essas caracterís-ticas compõem o design de jor-nal.

O início de quase tudo ésempre muito difícil. Com adiagramação do Em Foco nãofoi diferente. José FranciscoSarmento, professor há noveanos na UCDB, foi o primeirodiagramador. Como não haviaexperimentos, o professor dedesign buscou referências nosprincipais jornais do país e sebaseou na evolução dessas pu-blicações brasileiras. “Eu bus-cava algo que valorizasse a no-tícia dos alunos e a questão daimagem”, conta o professor.

Os alunos participavam dereuniões todas as tardes e serevezavam na editoria e na pro-dução das imagens. Tudo bemdemocrático, com autonomia,inclusive, para arriscar. “Se des-se alguma coisa errada, a res-ponsabilidade era toda dos alu-nos”, diz José Sarmento. As di-ficuldades com a impressãoeram grandes, o próprio profes-sor correu atrás de gráficas. Atipografia usada por ele era de90% (cinza escuro). “Queriavalorizar os espaços em bran-co e o trabalho de ajustes deimagem”, lembra. O professorque exigia responsabilidade eobjetividade de seus alunos,mas para isso dava toda liber-dade. A idéia era que eles ex-

perimentassem de tudo umpouco. Para José FranciscoSarmento, essa é a grande opor-tunidade de decobrir talentos.“A universidade é um grande la-boratório e sua virtude está empossibilitar ao aluno arriscar”,salienta o professor.

Maria Helena Benites, aca-dêmica do oitavo semestre docurso de Design da UCDB,hoje é quem cuida da parte dediagramação do Em Foco. Elaentrou na equipe desde o pri-meiro número e atualmenteestá à frente da terceira faseda diagramação, que foi defi-nida recentemente em traba-lho conjunto dos alunos do 8ºsemestre de Jornalismo com oprofessor Jacir Zanatta, coor-denador do curso. “O papel dodiagramador é um trabalhominucioso que exige a aten-ção a pequenos detalhes. Umaconstante preocupação comtítulos e resolução das fotos”.A fotografia para o impressoé muito importante, pois é o

que irá chamar a atenção doleitor para sua matéria. “Ouvocê atrai ou afasta o leitor, o

Foto: Cristina Ramos

U C D B - Primeira diagramação do Em Foco em setembro de 2002

Credibilidade e isenção em focoAna de Oliveira

Thiago Andrade

As professoras do curso deJornalismo Cristina Ramos eInara Silva são as atuais res-ponsáveis pela edição do EmFoco, o jornal laboratório docurso de jornalismo da Uni-versidade Católica Dom Bosco(UCDB). Graduada em Jorna-lismo pela Universidade Fede-ral de Mato Grosso do Sul,Cristina Ramos faz especiali-zação em Teoria e PráticasContemporâneas do Jornalis-mo. Já atuou em várias empre-sas de comunicação no Esta-do, como Correio do Estado,TV Guanandi, entre outras,trabalhando em várias áreasdesde repórter a diretora dejornalismo.

Inara Silva trabalha naUCDB desde o início do se-gundo semestre de 2006. For-mada há 10 anos tambémpela UFMS, já atuou em jor-nais impressos, em telejor-nais, em webjornalismo e as-sessoria. Além do jornal EmFoco, a professora tambémfaz parte do corpo docente docurso de jornalismo daUCDB.

Segundo Cristina Ramos,o jornal é um diferencial parao curso, com sua produçãosemanal. Os acadêmicos pra-ticam o que aprendem emsala e isso com certeza serálevado em conta quando es-

O jornal Em Foco tem doiscompromissos, de acordo comCristina Ramos, funcionarcomo laboratório, servindo noensino de técnicas jornalís-ticas aos acadêmicos e a bus-ca da verdade, o prazer de pro-duzir jornalismo puro.

As professoras concorda-ram sobre a questão da liber-dade que é concedida aosacadêmicos na produção desuas matérias, Cristina deu oexemplo de uma matéria re-centemente publicada no jor-nal e que continha o título“Estado deve distribuir 900mil preservativos duranteeste ano”. Ela completa afir-mando que o jornal não temqualquer vínculo com patrãoou qualquer tipo de patroci-nador. Os únicos responsá-veis são os jornalistas coor-denadores e quem assina amatéria.

nos chegam, e termina às 7hdo dia seguinte. A aluna do6° semestre, Kárita Ema-nuelle, que participou esteano do serão diz nem perce-ber a noite passar. “É muitocorrido, a noite passa depres-sa, mal dá tempo de comer”.E por falar em comer, os aca-dêmicos, hoje do oitavo se-mestre, ganharam na primei-ra noite uma rodada depizza, oferecida pelo PadreJair Marques de Araújo, pró-reitor da instituição. Hoje, osalunos trazem seu própriolanche. Apesar de não seremobrigados a comparecer, osalunos se esforçam paraaprender na prática a reali-dade da profissão que esco-lheram. “Não é obrigatório,

mas conta ponto, e vem bas-tante gente”, conta Kárita. Ecomo ninguém é de ferro, osalunos tiram tempo para daruma descansada, coisa rápi-da, pois o trabalho é puxa-do. Mesmo diante de tantoesforço, os alunos não recla-mam, pois afinal é uma prá-tica fora da sala de aula paraa vida profissional.

“Gostei muito de passarmomentos de práticas commeus amigos e professores”,enfatiza a acadêmica do oi-tavo semestre, GardêniaLaura. Confraternização quea também acadêmica, Káritacompartilha: “Temos a opor-tunidade de entrar em con-tato com outras pessoas dasala”.

“Noite do Em Foco” contribuipara o exercício do jornalismo

S e r ã o - Estudantes vivenciam na madrugada a prática da redação

Foto: Cilineu Eugênio de Oliveira

Foto: Thiago Andrade

A u x í l i o - Professores interagem com os acadêmicos de jornalismo

trabalho de um diagramadoré árduo e solitário”, diz MariaHelena.

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C O N S C I E N T I Z A Ç Ã O - Moradia e emprego ajudam a melhorar a condição de vida dos índios

Segunda aldeia urbana beneficiarámais de 400 indígenas na Capital

E m F o c oCAMPO GRANDE - SETEMBRO - 2006

0 5G E R A L

E s p e r a - Famílias indígenas sofrem enquanto esperam ansiosamente que a precariedade na qualidade de vida dê lugar à oportunidade

Foto: Luciene Martins

Exemplo de garra

Luciene Martins

Está previsto para novem-bro deste ano o término dasconstruções de 98 casas quevão formar a segunda aldeiaurbana do município deCampo Grande. A prefeiturada capital disponibilizouuma área de 28,8 mil metrosquadrados no Jardim Noroes-te, um local que foi invadidopor índios de três etnias háquatro anos.

As condições de moradiadas famílias Terena, Guatóe Guarani são precárias.Adultos e crianças moramem barracos improvisadoscom tábuas e lonas, enquan-to aguardam o término desuas residências. No localhá energia elétrica, mas aágua potável é trazida porcaminhões pipa.

Para o responsável pelomaterial da construção daobra, Vilmar Marciano Ortiz,a construção das casas trou-xe além do benefício eviden-te da regularização de mora-dia das famílias, frente detrabalho para os índios. “Elessão remunerados para traba-lhar na construção, grandeparte dos índios trabalha fa-zendo bicos na capital”.Vilmar também se sente pri-vilegiado com esse emprego.“Para mim é novidade, pudeaprender um pouco da cul-tura deles. É uma troca de

benefícios” comenta.Já a maioria das índias

fica em casa cuidando dosfilhos, que somam, aproxi-madamente, cinco por famí-lia. As que trabalham dei-xam seus filhos por contados vizinhos que olham ascrianças. “As mães deixam acomida pronta e a vizinhaolha as crianças que brin-cam no quintal” conta aterena Lucione Pires Canale.

O índio Adilson Batistada Silva, casado e pai de doisfilhos, trabalha como pedrei-ro na obra da aldeia e aguar-da com ansiedade o términode sua casa. “Vai ser muitobom, né”, afirma.

Segundo o presidente daassociação indígena do bair-ro Jardim Noroeste, VanioLara, a comunidade do localé bem organizada. “Temosreuniões para aconselhar osíndios. O conselho é inter-no, buscamos demonstrarnossa cultura”, enfatiza o lí-der. As reuniões são feitasno centro de cultura indíge-na, uma Oca feita de palha,localizada na aldeia. Nessasreuniões, além de preservarsua cultura os índios tam-bém procuram ensinar o res-peito pelos não indígenas.“O conselho interno ensinaa não se desfazer das pesso-as, que um precisa do outro.Assim demonstramos res-peito com outros povos”,afirma Lara.

D i f i c u l d a d e - Descaso de autoridades atrapalha tratamento

Foto: Thayssa Maluf

Cristiane Lemes

Eles já eram amigos, masnunca haviam se visto. Con-versavam intimamente emum Chat na Internet desde1998 e sentiram a necessida-de de se conhecer pessoal-mente. Há quatro anos mon-taram um grupo, hoje com 30internautas, que se reúne to-das as sextas-feiras para seconfraternizar em um bar deCampo Grande. Os partici-pantes matam a curiosidadenão reveladas na rede.

“Eu prefiro conhecer pes-soas pela internet, porquepode ter um papo mais aber-to, e em pouco tempo já dápara ter uma noção do que ooutro pensa”, relata RoseRosso, 39 anos, editora deimagens e freqüentadora dogrupo de amigos.

Atualmente o grupo en-contra-se numa casa deshows ao vivo em CampoGrande, com mesas de si-nuca e serviços de fast-food, onde ficam durante

horas conversando assun-tos relacionados ao queocorre nas conversas obti-das nas salas de bate- pa-pos. Cada um tem o seupróprio nickname, apelidona net, que praticamentevira uma “identidade virtu-al”, fazendo com que os la-ços de amizade, compa-nheirismo e cumplicidade

Internet auxilia e socializa jovens

Elaine Prado

Priscila Mota

Uma história de vida quecomove e ao mesmo tempoé um exemplo de força. Odia-a-dia de Antonia Auri-neide Maciel é uma luta di-ária em benefício de seu fi-lho Kelvin Henrique MacielDomingues, de 15 anos, quehá quase um ano e meio pas-sa dificuldades por conta deum acidente, que o deixouimpossibilitado de realizaratividades que antes eramrotina em sua vida. O meni-no não anda e se alimentapor meio de uma sonda.

Kelvin foi atropelado porum caminhão em frente àescola em que estudava, nobairro Aero Rancho, en-quanto brincava com ami-gos. Antonia teve conheci-mento do acidente por umvizinho enquanto ia até aescola saber porque o filhodemorava a chegar em casa.Desde então começou sualuta. Antonia afirma queteve que parar de trabalharpara cuidar de Kelvin, quehoje necessita de ajuda emtempo integral, e por isso

passa por dificuldades fi-nanceiras. Ela afirma quetambém conta com ajudade muitas famílias que co-nhecem o caso de seu fi-lho.

O tratamento de Kelviné de alto custo e envolvealimentação, fisioterapia emedicamentos. A famíliarecebe ajuda da Secretariade Saúde (Sesau), mas se-gundo Antonia há três me-ses foram suspensos taisbenefícios, que também sóconseguiram através deprocessos. “Não é nada fá-cil, há muita burocracia”,lamenta Antonia.

A Coordenadoria Geralde Assistência a Saúde(CGS), que ajuda com a ali-mentação, informou há fal-ta desses alimentos, masque em torno de vinte diasestarão novamente disponí-veis.

A família de Kelvin fazum apelo a todos que têmcondições de ajudar de al-guma maneira, em especi-al aos acadêmicos de fisio-terapia, pois seu tratamen-to precisa ser diário. “Elenão possui fisioterapia, estáatrofiando”, afirma a mãe.

C o n f r a t e r n i z a ç ã o - Sem a ajuda do computador, amigos virtuais se reúnem semanalmente

Foto: Jonas Melo

se estendam de maneiramais abrangente.

“Comecei a freqüentar ochat por curiosidade, poissempre presenciava um ami-go se relacionar nesse tipo deatividade” diz Jonas de Melo,43 anos, funcionário Público.

R e d e

A Internet com inicial

maiúscula, significa a “rededas redes”. Originalmentecriada nos EUA, tornou-seuma associação mundial deredes interligadas, em maisde 70 países. Originalmen-te desenvolvida para o exér-cito americano, hoje é uti-lizada em grande parte parafins acadêmicos, comerci-ais e particulares.

P E N I T E N C I Á R I A

Opiniões divididasElaine Prado

Priscila Mota

Moradores de bairrospróximos à obra do Presí-dio Federal de CampoGrande se dividem nas ex-pectativas de terem umapenitenciária na região.Pode haver desvalorizaçãode terrenos, aumento daviolência, mas também ge-ração de empregos.

O comerciante ManoelMandu Gomes, 68 anos,acredita que haverá benefí-cios para a população,como a saída do lixão quese encontra ao lado. “É re-voltante, pois o lixão causa

danos à população e nuncahouve solução. Agora com ainauguração do presídiopode ser que esse problemaseja solucionado”, completao comerciante.

Já Fortunato Manrich,proprietário de uma cháca-ra, colocou seus lotes à ven-da, porque há preocupaçãocom o aumento da violên-cia. “Nossa esperança é deque a mulher do Fernan-dinho Beira-Mar compre to-dos esses terrenos”, ironizaFortunato.

Desde o ano de 2003, hápromessas e previsões paraa construção e inauguraçãodo segundo Presídio Federaldo País. Mesmo com as obras

recém concluídas, ainda nãohá data para a inauguração.

Segundo informações doConselho Penitenciário de

Mato Grosso do Sul, háoito agentes penitenciári-os já em atividade no Pre-sídio Federal.

D ú v i d a - Oito agentes estão no presídio, sem data de inauguração

Foto: David Majella -Campo Grande News

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M E R C A D O - Consumidor tem vantagens com a queda dos preços da cesta básica na Capital

Cesta básica tem queda de preços

E m F o c oCAMPO GRANDE - SETEMBRO - 2006

E C O N O M I A0 6

Foto: Rodson Lima

E c o n o m i a - Queda nos preços da cesta básica atinge o quarto mês consecutivo em Campo Grande saíndo em média R$ 139,00

Falta de estrutura atrasa

desenvolvimento de MSAlexander Onça

O comércio e presta-ções de serviço são os se-tores que mais empregamna Capital de Mato Grossodo Sul. As indústrias ins-taladas nas saídas de Cam-po Grande também são im-portantes para o desenvol-vimento econômico. Se-gundo o economista IdoMichels, “Campo Grandenão é refém de um únicosetor econômico”.

A Capital possui umaeconomia cada vez mais di-versificada, porém a quali-ficação profissional ainda étida como o maior proble-ma, pois as pessoas não es-tão preparadas para preen-cher as vagas existentes. Talfato reflete-se também nacriação de empresas, ondesegundo dados do Sebrae,20 novas empresas sãoabertas por dia no Estado e50% delas são fechadas an-tes de completar dois anos,na maioria pelos motivoscitados anteriormente.

Na falta de qualificaçãoprofissional existe ainda umsetor que vem crescendocada vez mais no Estado,que é a economia informal:vendedores ambulantes, do-mésticas, auxiliares de pe-dreiros, revendedores decosméticos, lingeries e ou-tros.

José da Silva Brito, mo-rador de Aquidauana, é umexemplo de quem precisa“apertar o cinto” para darconta de todos os seus com-promissos. Com remunera-ção de R$ 450 por mês, ascontas de aluguel, água, luz,cesta básica e transporteconsomem quase 95% dosseus rendimentos. “Só con-sigo dar conta, porque mi-nha mulher ajuda lavando epassando roupa”, afirma elereferindo-se a sua esposa,dona Jurandira, que lavaroupa para três famílias en-quanto cuida da casa e dosfilhos. Uma outra realidadeé a do casal Jane e Flávio deSouza Lopes, que têm rendamensal de R$ 4 mil. Lopespossui os mesmos gastos da

Fernanda Kury

Mato Grosso do Sul inves-te somente nos setores primá-rio e terciários da Economia,o que significa a aposta naagricultura e pecuária. Mas oque é produzido por estasáreas não é transformado emprodutos de consumo, pois osetor secundário da Econo-mia, que é o da industrializa-ção não ganha destaque nomercado estadual. Para oseconomistas este ponto épreocupante, por ser a indús-tria o único campo que adi-ciona valor na Economia.

“Enquanto o Estado nãooferecer condições para quehaja desenvolvimento nasáreas industrializadas, nãohaverá crescimento econômi-co”, afirma o economistaEmerson Alan. Segundo ele,antes de se iniciar uma di-namização no setor secundá-rio, é preciso gerar empregoe paralelamente modernizaro campo, diminuindo a de-pendência dos bancosagropecuaristas.

O ovinocultor GeremiasRigon, proprietário de um fri-gorífico, diz haver incentivofiscal do governo para quehaja uma industrialização noEstado, e a vantagem que háde se produzir em Mato Gros-so do Sul é que fecha o pro-cesso prometido pelo ladoeconômico. “O produtor pro-duz, o Estado cobra e assimfecha a cadeia”. Para ele, mes-mo com as taxas que são co-bradas no estado, este não étão diferente dos outros, per-de apenas para São Paulo quepossui um incentivo fiscalum pouco melhor, afirma.

“Seria bom que se produ-zisse artefatos no Estado parao agronegócio , como o couroque já é industrializado aquiem Mato Grosso do Sul”, afir-ma Rigon.

Segundo o economistaEmerson Alan, para que seproduza e consiga abastecertodo o Estado por meio deuma produção no setor se-cundário, é necessária alémda infra-estrutura, uma polí-tica pública onde os impos-tos cobrados aqui sejam

iguais aos cobrados em Esta-dos vizinhos, mas o impor-tante é que se tenha um pú-blico consumidor para osprodutos fabricados industri-almente no local.

N ú m e r o sNa Capital, pequenos pro-

dutores rurais são organiza-dos em dezoito associaçõesde classe e duas cooperati-vas, totalizando aproximada-mente 600 proprietários ru-rais. O Núcleo Industrial deCampo Grande implantadoem 1977 pela Prefeitura Mu-nicipal e posteriormentetransferido ao Estado, possui122 hectares com área útildos 200 existentes, loteadosem pequenas, médias e gran-des áreas, tendo como obje-tivo atender às empresas detodos os portes, e está locali-zado a sudoeste do períme-tro urbano, pela BR-262, 263e 060.

A Prefeitura de CampoGrande disponibiliza os Pó-los Empresariais, com áreasespeciais localizadas próxi-mas a rodovias, ferrovia, ae-roporto e aos serviços bási-cos municipais (escolas, pos-tos de saúde, comércio). Oslotes são entregues cominfra-estrutura necessáriapara a instalação de plantasindustriais. Além disso pos-sui benefícios como: isenção

ou redução de impostos mu-nicipais, terraplenagem,apoio institucional e mão-de-obra técnica e especializada,formada em cinco universi-dades e em conceituados cen-tros de pesquisas para a ins-talação de novas empresasindustriais.

Mato Grosso do Sul pos-sui desde seus primórdiosuma área propícia para a agri-cultura e a agropecuária, porsituar-se nas imediações dodivisor de águas das baciasdos Rios Paraguai e Paraná,tornando assim o Estado umforte produtor e exportadorde matérias-primas.

De acordo com o perfil só-cio econômico traçado peloInstituto Municipal de Plane-jamento e Controle Urbanís-tico (Planurb), a idéia inicialda expansão da Capital tevecomo base atividades estrita-mente ligadas à pecuária,após a chegada dos trilhos ea vinda dos migrantes tornouimpulsória o desenvolvimen-to local e urbanístico da ci-dade. O solo da capital pos-sui boa drenagem e baixo ris-co de erosões, contendo ele-vados teores de óxido de fer-ro, titânio e manganês, mes-mo necessitando da correçãode acidez, possui boa poten-cialidade para a exploraçãoagrícola mecanizada ou pas-toril.

D E S I G U A L D A D E

Setor informal cresce em MSfamília Brito, porém acres-centam-se outros como au-tomóveis, telefones fixo ecelular, Imposto sobre Pro-priedade de Veículos Auto-motores (IPVA), ImpostoPredial Territorial e Urbano(IPTU), lazer, duas viagenspor ano, empregada domés-tica, além de escola e aulasparticulares para os dois fi-lhos. Ainda assim, segundoa esposa, “o dinheiro é pou-co e precisamos economizarpara manter o padrão devida, pois os impostos sãoaltos, as taxas e tarifas ban-cárias são absurdas e se nãoeconomizarmos, R$ 4 milnão dá pra nada”.

O Índice de Desenvolvi-mento Humano (IDH) deMato Grosso do Sul – princi-pal indicador da qualidadede vida – é o sétimo maiordo país. Neste contexto, in-justiça social não combinacom o modelo de desenvol-vimento almejado para MatoGrosso do Sul, um estadocom potencialidades paracrescer, gerar empregos ebem estar para a população.

R e a l i d a d e - Enquanto a maioria vive com R$ 450,00, outros afirmam que R$ 4 mil não dá para nada

Foto: Renan Portes

Rodson Lima

Pelo quarto mês consecu-tivo o consumidor desem-bolsa menos dinheiro paraadquirir a cesta básica fami-liar. Segundo a pesquisa re-alizada pela Secretaria deEstado e de Ciência eTecnologia (Seplanct), nomês de agosto, a queda nopreço dos produtos de ali-mentação e higiene foi de3,6%, saindo em média a R$139,17.

Na pesquisa anterior re-ferente ao mês de julho, umtrabalhador que fosse com-prar a sua cesta básica pa-gava cerca de R$ 144,36 quesignificou a redução de R$5,19. Conforme dados, umcidadão que trabalha cercade 240 horas mensais, emjulho, teria que se dedicar98 horas e 59 minutos paracomprar sua cesta básica,contra 95 horas e 26 minu-tos em agosto.

Para o coordenador deEstudos Socioeconômicosda Seplanct, Ângelo MateusProchmann, a queda de pre-ço se deu por causa da esti-agem que o Estado passou.A redução ocorre desdemaio, mas nos últimos 12meses 44 itens pesquisadosdiminuíram em 2,7%, nosúltimos seis meses a queda

foi de 2,86%, sendo 0,88%ao ano.

Entre os 44 produtosanalisados pela Seplanct, 22tiveram alta nos preços, des-tacando-se o mamão comaumento de 15,08%, segui-do da cenoura 14,66 e a mar-garina 7,46%. Já 19 itens re-gistraram queda, entre eles,

o tomate (-17,18%), alface (-15,06%) e o feijão (-11,83%), que juntos apre-sentaram redução pelo se-gundo mês consecutivo.

C o n s u m i d o rA servente de limpeza

Maria Milian Dias acreditaque os preços dos produtos

diminuíram. “Antes o arrozcustava R$ 10,00 e hoje elecusta cerca de R$ 6,00. Re-cebo cem reais do governoe ainda me sobra vinte reaispara fazer as compras da se-mana”. Conforme a pesqui-sa, o arroz registrou alta de1,3%. A supervisora de lim-peza, Arlete Campos, no en-

tanto, não concorda. Eladisse que não acredita empesquisas, pois só tem vis-to o aumento de preços.

Já para a dona-de-casaJoana Maria Dias, “tudo au-mentou. A carne, por exem-plo, ficou mais cara estemês”. A informação é con-firmada pelo Índice de Pre-

ço ao Consumidor (IPC), queaponta a maior alta para acostela, com 12,20%. E comos R$ 5 que sobraram “voujuntar para comprar o gásque aumentou”, completoua dona-de- casa.

I n f l a ç ã oOutra pesquisa sobre a in-

flação é realizada pela Univer-sidade para o Desenvolvimen-to do Estado e da Região doPantanal (Uniderp) e CentroUniversitário de Campo Gran-de (Unaes), em convênio coma Fundação Instituto de Pes-quisas Econômicas (Fipe). Olevantamento apontou que ainflação no mês de agosto fi-cou em 0,25%, segundo o co-ordenador do Núcleo de Estu-dos e Pesquisas Econômicas eSociais (Nepes) Celso Correiade Souza, “a mudança se deupelo aumento do preço dascarnes e dos hortifrutigranjei-ros”, afirma. Outro setor queinfluenciou a alta foi o detransporte com elevação de0,56%.

Mês Preço

Maio -0,55

Junho -4,92

Julho -4,56

Agosto -3,60

Fonte: Seplanct

D e s e n v o l v i m e n t o - Pecuária e agricultuta se beneficiam

Foto: Fernanda Kury

Variação de Preço

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Falta de posto policial gera discórdiaentre moradores do Coophasul

I N S E G U R A N Ç A - Mais de 48 boletins de ocorrência foram registrados no mês de agosto

P O L Í C I A 0 7E m F o c oCAMPO GRANDE - SETEMBRO - 2006

Foto: Katiane Arce

P r e o c u p a ç ã o - São cada vez mais frequente furtos e arrombamentos nas residências em uma das áreas mais tranquila da Capital

Isabela Ferraz

Katiane Arce

Arrombamentos e furtosem residências e carros têmpreocupado os moradoresde bairros de Campo Gran-de. Os delitos são pratica-dos, geralmente, por adoles-cente e jovens na faixa etáriade 15 a 30 anos. No caso dosveículos, o furto é quasesempre de aparelho de som.“A população deve denunci-ar esses crimes para que asmedidas cabíveis sejam to-madas. O som do meu carrofoi roubado de dentro daminha garagem”, relatouCarlos Almeida, 25 anos,morador do bairro Azaléia.

Outro questionamentodos moradores é a questãoda construção de mais pos-tos policiais em outros bair-ros. Isso deixaria a popula-ção muito mais tranqüila dizo morador do bairro SantaLuzia, Roberto de Castro, de45 anos. Ele ainda se refe-riu ao posto do bairro vizi-nho, Coophasul. “Para mimo posto é longe. Não temostanta tranqüilidade, princi-palmente a noite”, afirmou.

Já os moradores que es-tão perto do posto policialsentem mais segurança. Ge-

rente de uma conveniênciano Coophasul, em frente àunidade da PM, José CarlosMoreira Queiroz, de 47anos, diz que nunca sofreuqualquer roubo. Ele citoucasos de outro estabeleci-mento, distante do PostoPolicial, que freqüentemen-te é vítima.

De acordo com o tenenteAntônio Rosa Costa, 42anos, responsável pelo Pos-to Policial do BairroCoophasul, a unidade aten-de 44 bairros e cada pelotãotem de uma a duas viaturas,que fazem escalas diferenci-adas. Quando não há ocor-rência, a viatura realiza ron-da nos bairros.

No mês de agosto, foramregistrados 48 Boletim deOcorrência (BO) incluindoBoletim de Ocorrência Sim-plificado (BOS). Os casosmais freqüentes foram fur-tos, violência doméstica, le-são corporal, desacato deso-bediência residencial, agres-sões, homicídio, danos eameaças, embriaguez, veí-culos roubado entre outros.Segundo o sargento OrlandoSouza Medeiros, 31 anos,apesar dos registros, a regiãodo Coophasul é considera-da uma das áreas mais tran-qüila da Capital.

Isabela Ferraz

Katiane Arce

Os moradores e comerci-antes estão satisfeitos com aLei Seca, medida que restrin-ge os horários para a vendade bebidas alcoólicas. Segun-do o investigador Mário Luizde Souza, desde que a lei en-trou em vigor, em 2002, hou-ve redução no índice de vio-lência.

Proprietária de um bar,localizado na saída para SãoPaulo, Cíntia Melo, de 27anos, diz estar contente coma lei. “Antes havia muitosbêbados na madrugada per-turbando e saía muitas bri-gas”, reclama.

A Lei Seca proíbe a vendade bebidas alcoólicas das 23h às 6h, de segunda a quinta-feira, e a partir da zero horanos fins de semana. O objeti-vo é reduzir a criminalidade,principalmente, o número dehomicídios e agressões fami-

Lei seca acalma populaçãoliares. Pela legislação, ficadeterminado o horário entre6h e meia-noite para funcio-namento dos bares com co-mercialização de bebidas al-coólicas. A venda neste perí-odo pode ser feita através doalvará tradicional, já paravenda entre a meia-noite e às6h é necessário um alvaráespecial. Sem a licença, o lo-cal deve permanecer fechado.

Segundo José CarlosMoreira de Queiroz, de 47anos, gerente de uma conve-niência do bairro Coophasul,a Lei Seca é muito boa, masele acha que está faltando fis-calização. “Muitos bares con-seguem o alvará especial parase manter aberto até às seishoras da manhã e não ofere-cem a segurança necessária,assim acontecem muitas bri-gas no próprio local”, relatao gerente.

“A Lei Seca foi a melhorcoisa que podia ter aconteci-do. Eu moro nesta casa hámais de sete anos e com este

bar do lado da minha casa fi-cava difícil para dormir cedo.Era muita conversa, muitobarulho. Agora chega 23h, eujá posso dormir sossegada”,afirma Odete da Silva, de 53anos, moradora do bairro SãoFrancisco.

Quem não cumprir as re-gras impostas pela Lei Secaestará sujeito à penalidades.O prazo máximo para regu-larização da multa é de 30dias e a multa varia de R$350 a R$ 40 mil. Proprietári-os de estabelecimentos co-merciais flagrados vendendobebida alcoólica fora do ho-rário permitido serão adver-tidos por escrito. Se houverreincidência, terão de pagarmulta e a licença estadualpara funcionamento serásuspensa. O estabelecimen-to será fechado, depois defechado será permitido umnovo alvará só após 12 me-ses. As multas serão destina-das para o Fundo MunicipalAntidrogas.C o o p e r a ç ã o - Bares apóiam limite de horário para vendas de bebidas alcoólicas na redução de crimes

Foto: Isabela Ferraz

S A T I S F A Ç Ã O

Moradores elogiam policiaisAlessandra Carvalho

Os moradores dos bairros

de Campo Grande têm de-

monstrado satisfação com o

serviço prestado pela Polícia

Militar na Capital. A advoga-

da Rosana Vieira, 33 anos,

por exemplo, disse que o te-

lefone 190 da Polícia Militar

tem sido uma forma rápida

e eficaz para a sociedade so-

licitar amparo. Ela afirmou

que a população pode comu-

nicar 99 tipos de ocorrênci-

as e sabe que a PM chega até

o local da chamada em 20

minutos. No entanto, a advo-

gada alertou que os pais, pro-

fessores e comunidade em

geral devem conscientizar e

divulgar a importância do

190 e evitar casos de trotes,devendo acionar somente

em caso de necessidade deapoio policial ou socorro.

A estudante universitáriaSandra Silva, 23 anos, achaque a PM continua vigilante edisponível a qualquer hora dodia e da noite, com a finalida-de oferecer um serviço de qua-lidade e profissionalismo àpopulação. “Vivemos em umarealidade de ‘assoviar e chu-par cana’”, diz Carolina Dias,25 anos, aluna do Ensino Mé-dio. Para ela, os policiais atu-am para defender os direitosdo cidadão, algumas vezesprotegendo os interesses par-ticulares do patrimônio, ou-tras defendendo o Estado.

Para a trabalhadora do-méstica Rose Vasconcelos,33 anos, a PM precisa urgen-temente desenvolver açõesque possam conduzir mu-danças comportamentais na

prestação de serviços paraque ofereça atendimentode acordo com os anseiosdo cidadão. A profissionalsugere a realização de es-tudos e pesquisas sérias,para saber a opinião daspessoas, antes de tomaratitudes que envolvamações bruscas. O professorBruno Barbosa, 47 anos,acredita que a Polícia deveser acionada somente emcaso de necessidade. Oprofessor contou, que suavizinha chegou a chamar aPM para resolver uma brigafamiliar com sua filha de 17anos, quando na verdade se-ria um problema para ser re-solvido dentro de casa. Nes-te caso, os policiais foramdeslocados do pelotão ina-dequadamente, já que nãopoderiam interferir.

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P R E P A R A Ç Ã O - Sem recursos básicos os acampados recebem instruções para produzir melhor no futuro

Militantes do MST sonham comum assentamento familiar digno

Foto: Danúbia Burema

E m F o c oCAMPO GRANDE - SETEMBRO - 2006

N O S S O F O C O0 8

P r e c a r i e d a d e - Famílias sobrevivem com pouca água e comida, mas permanecem acampadas à espera de um pedaço de terra para plantar

Danúbia Burema

Karina Anunciato

Enquanto não realizam osonho de ser proprietárias deum pedaço de terra para plan-tar, cerca de 300 famílias acam-padas na BR-262 em CampoGrande vivem em situação pre-cária. Sem recursos básicos,como saneamento e águaencanada, os integrantes doMovimento dos Sem Terra(MST) recebem instruções paraque saibam como produzirquando forem assentados.

O Acampamento CarlosMariguela está situado na saí-da para Três Lagoas e teve iní-cio há um ano e meio. A orga-nização do lugar, onde vivemhomens, mulheres e crianças édividida nos setores de Educa-ção, Cultura, Produção, Forma-ção, Comunicação, DireitosHumanos e Frente de Massas,à qual pertencem os represen-tantes. Segundo a política doMovimento não há líderes, hámilitantes. Carlos de Souza, 22anos, é um deles. O jovem veiodo Paraná para trabalhar na áreapolítica de formação dos acam-pamentos e sabe da necessida-de emergencial de assentamen-to das famílias acampadas, porcausa da escassez de recursosem que estão vivendo.

“A maior dificuldade que agente está tendo no momentoé a água”, reclama a manicureRegina de Oliveira, 41 anos,acampada há oito meses pou-co antes de ir buscar água emum posto de gasolina próximoao lugar. A única fonte de águapara o grupo é um córrego quefica a mais de um quilômetro emeio de distância.

Solange Clementina de Sá,34 anos, está no acampamentohá seis meses e relata que bebea água retirada direto do cór-

Danúbia Burema

Em cerca de 25 anos, 28milhões de brasileiros tive-ram sua mão-de-obra substi-tuída pelo desenvolvimentotecnológico que trouxemelhorias de nível técnicopara o campo, e obrigou apopulação a se deslocar. Esseêxodo provocou uma deses-truturação nas cidades, refle-tida nas favelas, cortiços, au-mento da incidência de do-enças, criminalidade e misé-ria. “As questões de terras noBrasil são questões muitoantigas”, explica o historiadorPaulo Marcos Esselin.

Segundo Carlos de Sou-za, 22 anos, militante do Mo-vimento Sem-Terra (MST),uma forma de amenizar esseproblema é transformar par-te do excedente populacio-nal que está nas favelas empequenos produtores. Eleacredita que isso converteriaquem está sendo problemana cidade em solução nocampo. Carlos, que veio doParaná para trabalhar na áreapolítica de formação dosacampamentos, diz que oconsumo interno do país ésustentado por pequenosprodutores, sendo o Agrone-gócio mais voltado para aexportação. Por isso, ele de-fende a Reforma Agrária,apropriação dos latifúndiosimprodutivos pelo GovernoFederal para pequenos pro-dutores, como maneira de in-centivar as formas de traba-lho cooperado para melhorara distribuição de renda.

Para o presidente do Mo-vimento Nacional de Produ-

rego. “Não fervo a água porquesenão ela não mata a sede”, afir-ma. A acampada, que tem umfilho de dois anos, se diz preo-cupada com a criança que tevediarréia outras vezes. “Para eleeu vou buscar água no posto,mas o pessoal de lá não gostaque a gente faça isso”. A águaque abastece o acampamento épuxada por um motor bombamovido à gasolina que segun-do a coordenação é um proces-so caro, utilizado raras vezespelos assentados.

D i s c r i m i n a ç ã oMas as dificuldades vão

além da água. Dejanira dosSantos Amorim, 26 anos, re-clama também da poeira e

falta de luz. Ela vive com omarido e a filha de seis anose conta que já pensou em de-sistir do movimento por vá-rias vezes, devido a ameaças.“No começo dava até medo.Tinha gente que passava edizia que tem que morrer. Eudisse: vou criar minha filhaneste lugar?” Mas, apesar dascircunstâncias, ela prefere oacampamento. “Você sabepor que aqui é melhor? Porque temos uma família”.Aacampada acredita ainda que“a dificuldade sempre vocêencontra. Mas, aqui é umpelo outro. Por isso é quevocê encontra força para lu-tar”.

Aline Amorim, de seis

anos, não concorda com amãe. “Lá na outra casa eramelhor. Tinha fruta, tinhamelancia, tinha beterraba, ti-nha balão, tinha parquinho”.Manuel Arguelho, 44 anos,marido de Dejanira, diz quenunca achou futuro no tra-balho da cidade. Ele reclamaque na cidade, as pessoas“usam” os empregados e de-pois descartam, não se im-portando se estes têm famí-lia para sustentar.

Mariléia de Lima, 27anos, gosta do lugar, “Aquié bom. É gostoso, sossega-do”, mas também reclamada falta de água. Ela veioparticipar do movimento 23dias depois do parto da fi-

lha, que agora está com setemeses de idade.

E s c o l aEles possuem duas turmas

de Educação para Adultos e au-las de reforço para as crianças.O ensino é direcionado segun-do a realidade dos alunos. “Nóstrabalhamos a matemática nãoem nós soltos. Nós trabalhamosa matemática em medidas agrá-rias”, explica Carlos de Souza.Ele fala orgulhoso do método deensino que utilizam. “Professoré aquele que profere o conheci-mento. Educador é aquele queensina conforme a sua realida-de”.

As aulas são ministradas porduas militantes. Rosa Silva de

Oliveira, 31 anos, tem apenaso Ensino Fundamental e lecio-na para sete alunos do acam-pamento. “Eu gosto de ensinar,porque ensinando eu apren-do”. Ela veio de Corumbá como marido e três filhas, onde tra-balhava com artesanato, dire-to para o acampamento com oqual está envolvida há seis me-ses. A estrutura da mini-salade aula é composta por umabarraca de lona preta, presa aalguns dos sete bancos, quadronegro e uma bandeira do MST.

O militante Carlos explicaque o Acampamento é com-posto por dois públicos: os quemoram internamente e os quenão moram no lugar. Este últi-mo geralmente trabalha na ci-dade e se junta ao resto do gru-po nos finais de semana. As fa-mílias que trabalham fora con-tribuem voluntariamente comdez reais mensais para ajudaraos que não têm emprego.

O setor de Saúde debatecom os jovens, questões comoDoenças Sexualmente Trans-missíveis (DST). A enfermei-ra Rita Pereira Matos, 42 anos,é a responsável pelos medica-mentos. “Passei a trabalharcom o movimento porque elesprecisam”. Ela conta que veiopara o lugar garantir a sobre-vivência, porque o esposo játem 53 anos e estava desem-pregado. “A gente resolveu virpara ver se pega um pedaci-nho de terra para controlar asituação”.

O militante Carlos explicaque a estrutura em que fica-rão organizados após assenta-dos ainda está em estudo, paraque se organize da melhor for-ma. Ele conta que pretendeminstalar um templo ecumê-nico para não desunir a comu-nidade, e explica que a expe-riência já deu certo em outrosassentamentos.

Tecnologias beneficiam o campotores (MNP) João Bosco Leal,53 anos, esse tipo de propos-ta não é vantajosa. Segundoele, 63 milhões de hectaresde terra já foram entreguespara assentamentos de sem-terra, totalizando um gasto de65 bilhões de dólares para aUnião que não trouxe resul-tados satisfatórios. Esses nú-meros contrastam com os 45milhões de hectares, nosquais é feita toda a produçãoagrícola do Brasil, responsá-vel por 42% da exportação,38% do Produto Interno Bru-to (PIB) e 37% dos empregos.“E o que é que esses 142% danossa área dão de retornopara o país?”. Sobre a distri-buição de terras, ele declara:“Não somos contra a reformaagrária em si. Somos contraa invasão de propriedade e areforma agrária do modocomo ela tem sido feita”.

O militante Carlos defen-de a utilidade de sua propos-ta afirmando que isso melho-raria também a qualidadedos produtos agrícolas quepassando a ser produzidosem pequena escala, diminui-riam o uso de agrotóxicos.Mas, reclama que hoje não seconsegue viabilidade econô-mica nos assentamentos pro-duzindo em pequena escalae competindo com os gran-des fazendeiros. “Infeliz-mente, não há uma políticapública eficiente para os pe-quenos produtores”.

O historiador Paulo Mar-cos Esselin também parti-lha da idéia de que faltamqualificação e recursos paraos pequenos produtores.“Como é que o pequeno vai

competir com o grande?”.Segundo ele, as pequenaspropriedades não têm con-seguido cumprir seu papel,e o que se tem visto é atransferência dos miserá-veis da cidade para o cam-po. Quando perguntado so-bre o possível sucesso dosassentamentos, ele diz: “Euacredito se houver um pro-cesso de cooperativismomuito grande, com todos osassentados inseridos e um

nível tecnológico alto”.Sem tecnologia eu nãoacredito.

Mesmo que o InstitutoNacional de Colonização eReforma Agrária (Incra)cumpra a meta de assentar6.870 famílias em MatoGrosso do Sul ainda nesseano, cerca de 11 mil conti-nuarão à espera de um pe-daço de terra para plantar,segundo informações doInstituto.

D e c e p ç ã o - A desestruturação das cidades gera exodo urbano

Foto: Danúbia Burema

Thayssa Maluf

Atualmente em MatoGrosso do Sul cerca de seismil famílias vivem em acam-pamentos sem terra, segundodados do Movimento dos Tra-balhadores Rurais Sem Terra(MST). Nos acampamentos, ogrupo é dividido em comuni-dades de 50 famílias, reparti-das em grupos menores queformam os núcleos de base.Nestes últimos, dez famíliassão responsáveis por ajudarmutuamente umas as outras,além de semear, plantar ecuidar da horta, atividadeque fornece frutas e verdurasao núcleo de base.

Esta divisão realizada nosacampamentos, permaneceapós o assentamento das fa-mílias. “Quem permanecemais tempo acampado, é as-sentado primeiro”, explica omilitante do movimentoCarlos de Souza, 22 anos.

Outra divisão praticadadentro dos acampamentos

Solidariedade

entre militantesque permanece após o assen-tamento é o estilo de mora-dia. Hoje, grande parte dosacampamentos utiliza a for-ma quadrado-burro, onde ascasas são dispostas uma aolado da outra, com o meio deconvivência coletiva como ahorta e os espaços para reu-niões, em uma das pontas doacampamento.

Uma alternativa para oestilo quadrado-burro é oraio de sol, modelo em que ocentro de convivência cole-tivo fica no meio da comu-nidade e os lotes voltadospara o centro, sendo a pontamais fina que a base. Alémdo modelo de seis círculos,onde o círculo central é for-mado pela comunidade prin-cipal, que são os espaçospara reuniões, farmácia, salade aula, entre outras coisas,seguidas por outros cincocírculos que formam a mo-radia, lavoura, potreiro cole-tivo, lavoura coletiva e reser-va legal sucessivamente.

I d e o l o g i a - O militante Carlos Souza, 22 anos, veio do Paraná

Foto: Danúbia Burema