É possível colocar a Provinha Brasil a serviço das aprendizagens do aluno com necessidades...
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MARISA ASSUNÇÃO TEIXEIRA
G R U P O D E E S T U D O S E P E S Q U I S A S E M AVA L I A Ç Ã O E D U C A C I O N A L ( G E PAV E - U SP )
L I N H A D E P E SQ U I SA M E D I D A S E D U C A C I O N A I S
É possível colocar a Provinha Brasil a serviço da aprendizagem do aluno com necessidades
educacionais especiais?
Histórico
Plano Nacional de Educação – PNE (2001-2010)
Plano de Desenvolvimento da Educação - PDE (2008)
Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação
(2007)
Estabelece 28 diretrizes para a educação básica,
entre elas:
Alfabetizar as crianças até, no máximo, os oito anos de idade, aferindo os resultados por exame periódico específico.
Ações e motivações
A criação da PROVINHA BRASIL (PaB) é uma das ações
do governo federal com o propósito de oferecer aos
sistemas de ensino do país, um instrumento de
avaliação alinhado com as expectativas de
alfabetização propostas no PDE.
Foi concebida a partir da constatação dos baixos
desempenhos em leitura demonstrados pelos alunos
nos sucessivos ciclos de avaliações externas.
1ª aplicação: em 2008
Apresentação da PaB¹
A PaB é uma avaliação diagnóstica do nível de alfabetização das crianças matriculadas no segundo ano de escolarização das escolas públicas brasileiras.
Essa avaliação acontece em duas etapas, uma no início e a outra ao término do ano letivo.
A aplicação em períodos distintos permite conhecer o que foi agregado na aprendizagem das crianças, em termos de habilidades de leitura dentro do período avaliado. ¹ sítio do Inep
Provinha Brasil como instrumento de avaliação
Teoricamente, a Provinha Brasil é uma iniciativa que procura estimular, através de um instrumento padronizado, o tipo de avaliação formativa, aquele em que “as questões visarão a aprendizagem em curso. Mais precisamente, conceberemos o teste de maneira a diagnosticar quais os componentes da competência visada que colocam problemas” (CRAHAY, 1999, p. 276).
Relação entre as funções da avaliação¹ e as funções propostas pela PaB
Momento Função da avaliação Decisão a tomar
No início de um ciclo
de formação
Prognóstica Admissão;
Orientação
Durante um período
de formação
Formativa Diagnóstico de quais
componentes da
competência visada
colocam problemas;
Adaptação das
atividades de ensino-
aprendizagem
No fim de um
período de formação
Somativa Certificação
intermediária ou final
¹ CRAHAY, M. Podemos lutar contra o insucesso escolar? Lisboa: Instituto Piaget, 1999, p. 275
Objetivos da PaB¹
1. Avaliar o nível de alfabetização dos alunos/turma
nos anos iniciais do ensino fundamental;
2. Diagnosticar possíveis insuficiências das
habilidades de leitura e escrita.
¹ sítio do Inep
Ações para efetivar/Decisões a tomar
Para o PROFESSOR Inferir hipóteses ou conflitos cognitivos em comparação com o esperado; Revisar os planejamentos e estabelecer metas; Adequar as estratégias de ensino de acordo com a necessidade do aluno.
Para os gestores das ESCOLAS Avaliar a distribuição dos conteúdos da alfabetização; Determinar quais conteúdos irá privilegiar em função das características
das turmas, do projeto pedagógico; etc.; Compartilhar objetivos e metas com alunos e familiares.
Para os gestores da SECRETARIA DE EDUCAÇÃO Estabelecer metas pedagógicas para a rede; Reunir elementos para subsidiar a formação continuada dos professores
alfabetizadores; Promover ações para reduzir a desigualdade de ensino no interior do
próprio sistema de ensino. Garantir que o processo de alfabetização se consolide até os 8 anos de
idade.
Quando ocorre a PaB
A cada ano ocorre um novo ciclo;Cada ciclo é composto por duas etapas:
Ao início do 2º ano de escolarização (até o mês de abril)
Ao final do 2º ano de escolarização (até final de novembro)
Características da PaB
1. Questões de múltipla escolha, com quatro opções de resposta cada uma:
Ano Disciplina Nº de questões múltipla escolha
2008 Leitura 24 + 3 questões de escrita (27 questões)
2009 Leitura 24
2010 Leitura 24
2011 Leitura e Matemática
20
2012 Leitura e Matemática
20
Composição do Kit
Caderno do Aluno
Guia de Aplicação
Guia de Correção
Reflexões sobre a prática
Quem aplica Quem corrige
Dependendo do foco que o gestor atribua à avaliação:
O próprio professor da turma, com o objetivo de monitorar e avaliar a aprendizagem de cada aluno ou turma.
Outras pessoas indicadas e preparadas pela secretaria de educação, com a proposta de obter uma visão geral de cada unidade escolar.
O próprio professor da turma; ou
O aplicador do teste.
Aplicação e correção
Tipos de comandos na aplicação
1. Questões totalmente lidas pelo professor ou
aplicador;
Na prática, não existe este tipo, uma vez
que as crianças devem ler sozinhas as
questões de múltipla escolha.
2. Questões parcialmente lidas pelo professor ou
aplicador;
É feita a leitura para os alunos SOMENTE
da instrução em que aparece o megafone.
As crianças têm que reconhecer figuras
ou desenhos, além das questões de
múltipla escolha.
3. Questões lidas pelos alunos individualmente.
É feita a leitura para os alunos SOMENTE
da instrução em que aparece o megafone.
As crianças têm que ler pequenos textos,
além das questões de múltipla escolha.
1
2
3
Problema metodológico relativo à aplicação
A ausência de padronização da aplicação
num instrumento padronizado pode,
eventualmente, comprometer as
comparações entre os resultados dos
respondentes com os critérios estabelecidos
pelos elaboradores do teste.
O que é avaliado
As habilidades avaliadas estão organizadas
nas Matrizes de Referência para Avaliação
da Alfabetização e do Letramento Inicial.
Elaboradas de acordo com o Programa de
Formação Continuada de Professores dos
Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental –
PRÓ LETRAMENTO.
Pró Letramento
O Pró Letramento traz a marca de um grupo envolvido
com o ensino da língua, vinculado a uma faculdade de
educação e, diferentemente do Profa, cuja proposta era
aberta em termos de ritmo e tempo para atingir o
domínio da escrita alfabética, o Pró Letramento tem
como concepção fundamental do processo de
alfabetização:
sistematizar as capacidades mais relevantes a
serem atingidas pelas crianças, ao longo dos três
primeiros anos do Ensino Fundamental de 9 anos.
Pró Letramento - características
aborda o conceito de língua escrita
discorre sobre as distintas noções de letramento e
alfabetização
Na parte que se refere aos métodos de ensino da língua
escrita, faz um resumo dos métodos silábico, fonético e
analítico (construtivismo), abordando seus aspectos positivos e
seus reducionismos.
Não se compromete com nenhum dos métodos citados e utiliza-
se de estratégias de cada um deles para desenvolver a
capacidade leitora e escritora das crianças, conforme a
necessidade.
Pró Letramento - características
É com relação às hipóteses de escrita que o PL faz as maiores
críticas:
O problema é que [...] algumas interpretações equivocadas do
construtivismo têm recusado a apresentação de informações
relevantes ao avanço dos alunos, como se todos os
conhecimentos pertinentes à apropriação da língua escrita
pudessem ser construídos pelos próprios alunos, sem a
contribuição e a orientação de um adulto mais experiente. Mais
um problema [...] tem sido a defesa unilateral de interesses e
hipóteses das crianças, o que acaba limitando a ação pedagógica
ao nível dos conhecimentos prévios do aluno. (BRASIL, 2008b, p.
12).
Pró Letramento - características
Letramento é considerado como o uso da
língua nas práticas sociais da leitura e da
escrita
Alfabetização como apropriação do sistema
de escrita, com o correspondente domínio dos
princípios alfabéticos e ortográficos que
garantem à criança ler e escrever com
autonomia.
Pró Letramento - características
Conceito de Competências
Para a criança adquirir tais competências, a ação do
professor deve estar voltada para os procedimentos
didáticos de abordagem dos conteúdos, que são:
Introduzir,
Retomar,
Trabalhar, e
Consolidar.
Pró Letramento - características
Eixos mais relevantes para a apropriação da escrita.
1. Compreensão e valorização da cultura escrita;
2. Apropriação do sistema de escrita;3. Leitura;4. Produção de textos escritos;5. Desenvolvimento da oralidade.
Provinha Brasil
A Matriz de Referência da Provinha Brasil está organizada em dois eixos. Em cada eixo, estão descritas as habilidades selecionadas para avaliá-lo. Os eixos são:
Apropriação do sistema de escritaLeitura
Matriz de referência para Avaliação da Alfabetização e do Letramento Inicial
Dois eixos:
• Eixo 1 - Apropriação do Sistema de Escrita
• Eixo 2 – Leitura
Dez descritores (habilidades)
Eixo 1 – Apropriação do Sistema de Escrita no Teste 1 e 2 de 2011
Capacidades essenciais segundo o Pró Letramento: Eixo Apropriação do sistema de escrita
Descritor e detalhamento do descritor na Matriz Referência Eixo Apropriação do sistema de escrita
Relação descritor/número da questão no Teste 1
Relação descritor/número da questão no Teste 2
Compreender diferenças entre a escrita alfabética e outras formas gráficas
D 1 Reconhecer letras: a) diferenciar letras de outros sinais gráficos,
01 01
Dominar convenções gráficas: i) Compreender a orientação e o alinhamento da escrita da língua portuguesa, ii) Compreender a função da segmentação dos espaços em branco e da pontuação de final de frase
Reconhecer unidades fonoaudiológicas como sílabas, rimas, terminações de palavras, etc.
D2 Reconhecer sílabas: (a) identificar o número de sílabas que formam uma palavra por contagem ou comparação das sílabas de palavras dadas por imagens
03, 04, 06, 08, 09 05, 06, 08, 10
Conhecer o alfabeto: i) compreender a categorização gráfica e funcional das letras, ii) Conhecer e utilizar diferentes tipos de letras (de fôrma e cursiva)
D1 Reconhecer letras: b) identificar pelo nome as letras do alfabeto,
02
c) reconhecer os diferentes tipos (formas) de grafias das letras
02 03
Compreender a natureza alfabética do sistema de escrita
Dominar as relações entre grafemas e fonemas: i) Dominar regularidades ortográficas, ii) Dominar irregularidades ortográficas
D3 Estabelecer relação entre unidades sonoras e suas representações gráficas (letras, sílabas): a) identificar em palavras a representação de unidades sonoras como letras e sílabas que possuem correspondência sonora única (p,b,t,d);
05, 07 04
b) letras com mais de uma correspondência
sonora (c /g));
Eixo 2 – Leitura no Teste 1 e 2 de 2011Capacidades essenciais segundo o Pró Letramento: Eixo Leitura
Descritor e detalhamento do descritor na Matriz Referência do Eixo Leitura
Relação descritor/número da questão no Teste 1
Relação descritor/número da questão no Teste 2
Desenvolver atitudes e disposições favoráveis à leitura
Desenvolver capacidades de decifração: i) Saber decodificar palavras, ii) Saber ler reconhecendo globalmente as palavras
D 4 – Ler palavras: (a) Identificar a escrita de uma palavra ditada ou ilustrada
10 07, 09, 11
D5 – Ler frases: localizar informações em enunciados curtos e de sentido completo sem usar a estratégia de identificação a partir de uma única palavra
11, 12 12, 14
Desenvolver fluência em leitura
Compreender textos: i) Identificar finalidades e funções da leitura, em função do reconhecimento do suporte, do gênero e da contextualização do texto, ii) Antecipar conteúdos de texto a serem lidos em função de seu suporte, seu gênero e sua contextualização, iii) Levantar e confirmar hipóteses relativas ao conteúdo do texto que está sendo lido, iv) Buscar pistas textuais, intertextuais e contextuais para ler nas entrelinhas (fazer inferências), ampliando a compreensão, v) Construir compreensão global do texto lido, unificando e inter-relacionando informações implícitas e explícitas, vi) avaliar ética e afetivamente o texto, fazer extrapolações
D8 – Identificar a finalidade de um texto: antecipar a finalidade de um texto com base no suporte ou nas características gráficas do gênero ou reconhecer o assunto, fundamentando-se apenas na leitura individual do texto
17, 18 16, 17
D7 – Reconhecer assuntos de um texto: antecipar o assunto de um texto com base no suporte ou nas características gráficas do gênero
15, 16 19
D10 – Inferir informação: 19, 20 18, 20D 6 – Localizar informações explícitas em textos: a) localizar informações em diferentes gêneros textuais, com diferentes tamanhos e estruturas e com distintos graus de evidência da informação
13, 14 13, 15
Quantidade e percentagem de questões por descritores e por eixo nos Testes 1 e 2 / 2011
Descritores Quantidade/percentagem de
questões no Teste 1
Quantidade/percentagem de
Questões no Teste 2
Apropriação do sistema de escrita
D1 - Reconhecer letras 2 22% 3 37%
D2 - Reconhecer sílabas 5 56% 4 50%
D3 - Estabelecer relações entre
fonema e grafema
2 22% 1 13%
Totais do eixo 9 100% 8 100%
Percentagem do eixo em relação às 20 questões 45% 40%
Leitura
D4 - Ler palavras 1 9% 3 25%
D5 - Ler frases 2 18,2% 2 16,7%
D6 - Localizar informações
explícitas
2 18,2% 2 16,7%
D7 - Reconhecer assunto de um
texto
2 18,2% 1 8,2%
D8 - Identificar finalidade de um
texto
2 18,2% 2 16,7%
D10 - Inferir informações 2 18,2% 2 16,7%
Totais do eixo 11 100% 12 100%
Percentagem do eixo em relação às 20 questões 55% 60%
Ficha de correção oficial – Teste 1/2011
Ficha de correção expandida – Teste 1 - 2011 Nº do
aluno
ordem
alfabética
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Total
acertos
por
aluno
D1 D1 D2 D2 D3 D2 D3 D2 D2 D4 D5 D5 D6 D6 D7 D7 D8 D8 D10 D10
C B D B D A A B D B A D C D C D A B D C
1 X X X X X X X 7
2 X X X X X X X X X X X X 12
3 X X X X X X X X X 9
4 X X X X X X X X X X 10
5 X X X X X X 6
6 X X X X X X X X X X X 11
7 X X X X X X X X X X X X X X X 15
8 X X X X X X X X X X X X X 13
9 X X X X X X X X X X X 11
10 X X X X X X X X X X X X X X 14
11 X X X X X X X X X X X X X X X X 16
12 X X X X X X X X X X X X X X X X 16
13 X X X X X X X X X 9
14 X X X X X X X X 8
15 X X 2
16 X X X X X X X X X X 10
17 X X X X X X X X X X X X X X X X 16
18 X X X X X X X X X X X X X X 14
19 X X X X X X X X X 9
20 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X 19
21 X X X X X X X X X X X X X X X 15
22 X X X X X X X X X X X X 12
23 X X X X X X X X X X X X X 13
24 X X X X X X X X X X X X X X X 15
25 X X X X X X X X X X X X X X X X X 17
26 X X X X X X X X X X X 11
27 F F F F F F F F F F F F F F F F F F F F F
28 X X X X X X X X X X X X X 13
Qte 5 14 17 13 1 9 18 2 6 7 8 7 12 20 14 12 18 18 7 9
Média da Turma 12
Teste 1 – Eixo Apropriação do sistema de escrita - Resultados
5 alunos (19%) não conseguem diferenciar letras de outros sinais gráficos (questão 01);
14 crianças (52%) não reconhecem os diferentes tipos de letras (questão 2); 17 alunos (63%) não conseguem identificar o número de sílabas da palavra
(questão 03). Duas outras questões que também avaliam a habilidade de reconhecer sílabas
(04 e 06), apesar de não ter uma percentagem tão alta de erros quanto a questão 03, também denunciam falta de experiência dos alunos com este conteúdo.
A maior percentagem de erros do eixo “Apropriação do sistema de escrita” está na questão 07 (67%, 18), que avalia a habilidade de estabelecer relação entre unidades sonoras de correspondência única como letras e sílabas.
De outro lado, a questão 08 que trata do reconhecimento de sílabas e que teve apenas dois alunos que erraram (um deles a Giovanna) tem como suporte imagens, o que facilita a associação com o som da sílaba.
A única questão pertencente a este eixo que, com exceção da Giovanna, os demais acertaram foi a de número 05 que avalia a habilidade de identificar letras com correspondência sonora única.
Teste 1 – Eixo Compreensão de texto - Resultados
Os resultados mostram um tropeço da maioria dos alunos quando se trata de compreender o texto a partir das pistas oferecidas pelos gêneros textuais.
20 alunos (74%) não conseguiram localizar informações explícitas numa questão que envolvia conhecimento acerca da forma de escrita de um bilhete (14).
Nas questões que tratavam de identificar a finalidade de um texto (17, 18) 18 alunos (67%) incorreram em erro.
O único aluno que chegou perto de acertar 100% (19) das questões errou a questão de número 17, justamente aquela que, em seção anterior, utilizamos como exemplo para discorrer sobre a escolarização dos gêneros textuais.
Nível de desempenho Teste 1/2011
Teste 1 – 1º semestre de 2011
Nível Quantidade de acertos
Quantidade de alunos que acertaram
Percentagem de alunos que acertaram
1 Até 4 acertos 1 4%
2 De 5 a 9
acertos
6 22%
3 De 10 a 15
acertos
15 55%
4 De 16 a 18
acertos
4 15%
5 De 19 a 20
acertos
1 4%
Total de alunos 27 100%
Considerações
É esse desencontro entre as concepções de alfabetização que norteiam as propostas curriculares dos sistemas de ensino e aqueles que ocupam a posição de pensar sobre a educação nacional (MEC), que consideramos como as implicações ideológicas da alfabetização.
A prevalência de uma concepção sobre outras como verdade inquestionável tendo em conta a filiação político-partidária dos sistemas de ensino e da União, mesmo com o peso de um Ideb alarmante, é o que chamamos de condicionante político da alfabetização.
Guia de Correção e Interpretação de Resultados Teste 1/2011
Ficha de correção oficial – Teste 2/2011
Nº do
aluno
ordem
alfabética
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Total
acertos
por
aluno
D1 D1 D1 D3 D2 D2 D4 D2 D4 D2 D4 D5 D6 D5 D6 D8 D8 D10 D7 D10
A A A D C D D B B C D C B D A D A C C C
1 X X X X X X X X X X X X X 13
2 X X X X X X X X X X X X X X X X X 17
3 X X X X X X X X X X X X X X X 15
4 X X X X X X X X X X X X X X X X X 17
5 F F F F F F F F F F F F F F F F F F F F F
6 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X 19
7 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X 20
8 X X X X X X X X X X X X X X X X X X 18
9 X X X X X X X X X X X X X X X X 16
10 X X X X X X X X X X X X X X X X 16
11 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X 20
12 X X X X X X X X X X X X X X X X 16
13 X X X X X X X X X X X X X X 14
14 X X X X X X X X X X X X X X X X 16
15 X 1
16 X X X X X X X X X X X X X X X 15
17 X X X X X X X X X X X X X X X X X X 18
18 X X X X X X X X X X X X X X X X 16
19 X X X X X X X X X X X X X X X X X 17
20 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X 20
21 X X X X X X X X X X X X X X X X 16
22 X X X X X X X X X X X X X X X X 16
23 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X 19
24 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X 19
25 X X X X X X X X X X X X X X X X X 17
26 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X 19
27 X X X X X X X X X X 10
28 X X X X X X X X X X X X X X X X X 17
Qte 0 1 2 1 4 1 1 5 1 5 2 1 3 4 7 14 7 10 13 21
Média da turma 16
Ficha de correção expandida – Teste 2 - 2011
Teste 2 - Resultados
Os resultados da turma nos apontam duas interpretações, uma somando-se à outra.
O panorama é promissor se considerarmos que 67% dos alunos está no nível 4 e 11% deles se encontra no nível mais elevado, em outras palavras, 78% das crianças encontram-se no nível de compreensão de textos.
A situação é preocupante se levarmos em conta a relação questões/descritores que as crianças mais erraram, que no 2º teste foi a de número 20, a qual avalia a habilidade de fazer inferências. Pela quantidade de alunos que erraram a questão (21; 93%) supõe-se fragilidades no ensino do conteúdo.
Teste 2 - Resultados
Outra questão que mais da metade da turma errou foi a de número 16, que avalia a habilidade de identificar a finalidade de um texto.
No caso, nosso entendimento é de que a responsabilidade volta-se para os elaboradores da prova, pois se trata de uma questão cujo tema “orienta como fazer um piquenique”, induzindo o aluno a equívoco.
Se pensarmos nos gêneros textuais como usos práticos da língua, o erro é facilmente explicado pelo artificialismo. Primeiro porque é difícil imaginar que um piquenique possa ser orientado por escrito; segundo, imaginando que se possa fazê-lo, nesta questão 16 a escrita do texto está confusa, num misto de aviso, de narração, de lista, sem falar nos marcadores de texto de internet.
A pergunta é: Em que lugar, no seu dia a dia, uma criança vai se deparar com um texto como esse?
Teste 2 – 2º semestre de 2011
Nível Quantidade de acertos
Quantidade de alunos que acertaram
Percentagem de alunos que acertaram
1 Até 4 acertos 1 4%
2 De 7 a 10
acertos
0 -
3 De 11 a 15
acertos
5 18%
4 De 16 a 19
acertos
18 67%
5 20 acertos 3 11%
Total de alunos 27 100%
Nível de desempenho Teste 2/2011
Considerações
A proposta de correção do Inep privilegia um tipo de interpretação dos dados que põe foco exclusivamente nos alunos ao vincular a quantidade de acertos a um nível de desempenho. É um tipo de análise importante, mas insuficiente.
A análise que propusemos de relacionar as questões aos descritores e identificar quais delas as crianças erravam, possibilitou conjeturar a respeito de lacunas no ensino de componentes curriculares enfatizados no Pró Letramento.
A Ficha de Correção não possibilita cruzamento nem a análise das informações. Se o professor pretender ter um panorama mais amplo a respeito de cada aluno, terá que dispender horas de trabalho neste processo.
Comparação entre o Ideb de São Bernardo do Campo, projetado e obtido, e o Ideb da escola
Ciclos
Ideb São
Bernardo do
Campo -
projetado
Ideb São
Bernardo do
Campo -
obtido
Ideb
da
escol
a
2005 - 4.9 -
2007 5.2 5.1 -
2009 5.3 5.6 4.2
2011 5.6 - -
Fonte: Portal do Ideb. Acesso em 04 fev. 2012
Tropeços do pré-teste? 14 alunos erraram a questão
Guia de Correção e Interpretação de Resultados Teste 2/2011
GiovannaHistórico Escolar
Ano Classe/Ano-Ciclo Escola
2007 EI Classe 4 anos IV
2008 EI Classe 5 anos IV
2009 EI Classe 6 anos IV
2010 EF 1º ano inicial JI
2011 EF 2º ano ciclo 1 JI
2011 EF 3º ano ciclo 1 JI
Giovanna – assinatura do nome
Assinatura da Giovanna na capa do Caderno do Aluno do Teste 1 Assinatura da Giovanna na capa do Caderno do
Aluno do Teste 2
Teste 1 - Giovanna
Procedimento Quantidade de vezes que
usou o procedimento
Questões em que usou o
procedimento
Marcou um quadradinho Seis Exemplo, 06, 07, 09, 11, 16
Marcou dois quadradinhos Quatro 01, 02, 04, 05
Marcou todos os quadradinhos Duas 03, 13
Deixou em branco todos os
quadradinhos
Cinco 10, 12, 18, 19, 20
Registrou em todos os quadradinhos
grafos que lembram letras
Duas 08, 14
Apagou quadradinhos 2 15, 17
Teste 1 – Giovanna - Resultados
A observação da categorização dos procedimentos de resposta para “Faça um ‘X’ no quadradinho” nos permite inferir que Giovanna entrou em conflito entre respeitar a comanda (com uma lógica objetiva e universal) e seguir o seu raciocínio (a partir de uma lógica particular).
O que em si é produtivo porque demonstra que no momento da prova a garota estava alerta e tentava realizar a tarefa.
Em que lugar ela toparia com um desafio dessa monta senão na escola?
Teste 1 – Giovanna - Resultados
Giovanna marcou um quadrinho em seis questões, todas elas lidas pela professora;
Deixou em branco cinco questões que envolviam leitura silenciosa. Apagou quadradinhos em duas respostas e, neste caso, não se sabe se foi
instrução dada pela professora, pois dois outros alunos também tiveram o mesmo procedimento.
Marcou dois quadradinhos em quatro questões, possivelmente por ter ficado muito embaraçada com a sutileza das pistas.
E registrou grafos semelhantes a letras em todos os quadradinhos das questões 08 e 14, possivelmente animada com os conteúdos das questões. A questão 08 é composta por imagens, entre elas a de um gato em cujo quadradinho ela desenhou um grafo semelhante aquele utilizado para escrever seu nome. A questão 14 é composta por nomes que terminam com a vogal o (João, Paulo, Pedro, Tiago) e a leitura era silenciosa, de forma que Giovanna desenhou um grafo semelhante a o em todos os quadradinhos. Parece que pela impossibilidade de decodificar os nomes, ela reconheceu em todos eles a constância da vogal o no final da palavra e, em conflito, optou por quebrar a regra de resposta.
Teste 1 – Giovanna - Conclusões
O que descobrimos em relação aos procedimentos que Giovanna adota para responder às questões?
Ela está implicada na tarefa e tentando raciocinar dentro dos padrões compartilhados.
Parece que tem entendimento das suas limitações em leitura, pois quando as questões envolvem leitura silenciosa juntamente com enunciados longos, ela se abstém de fazer marcações, da mesma forma que quando estamos em dúvida diante de uma questão, deixamos em branco para retomar em outro momento.
Percebe-se que está mais familiarizada com intervenções orais, como deixa entrever pelas questões em que marcou um só quadradinho, todas lidas pela professora.
Parece ter um espaço de ação pedagógica que poderia privilegiar as escolhas e as variadas formas de se responder dentro de um padrão compartilhado, bem como atividades que envolvessem leitura inicial (decodificação) de forma silenciosa, sem a intervenção oral de um adulto ou parceiro mais experiente.
Teste 1 – Giovanna - Resultados
A princípio, poderíamos supor que a menina ainda está longe das habilidades esperadas para o eixo “Apropriação do sistema de escrita”, de acordo com o conceito dos autores.
No entanto a análise do Quadro 4 mostra que alguns alunos também não dominam as habilidades deste eixo, o que nos faz conjeturar que existe uma lacuna no ensino destes conteúdos nesta escola e ficaria inviável justificar os embaraços da Giovanna com a língua apenas pelo seu déficit cognitivo.
Teste 2 – Giovanna - Resultados
Procedimento Quantidade de
vezes que usou o
procedimento
Questões em que usou o procedimento
Marcou um quadradinho Três 01, 04, 08
Marcou dois quadradinhos Uma 11
Marcou três quadradinhos Três 03, 06, 17
Marcou todos os quadradinhos Quatro 02, 05, 0, 097
Deixou em branco todos os
quadradinhos
Nove 10, 12, 13, 14, 15, 16, 18, 19, 20
Escreveu grafos nas folhas das
questões
Quatro 02, 10, 13, 17
Preencheu as figuras com lápis
preto como se estivesse a pintá-
los (essa atividade consta das
orientações do caderno de
aplicação)
Cinco 09, 10, 11, 13, 17
Teste 2 – Giovanna - Resultados
A menina aumentou a quantidade de grafos para escrever seu nome, contudo parece que ainda mistura grafos que se assemelham a letras com grafos que sugerem números.
Supomos que ela estava num momento de fazer hipóteses sobre o tamanho do seu nome, pois se percebe algo análogo a uma segmentação em três blocos de grafos, como é a escrita do seu nome completo.
Os grafos usados como letras (G, A, I, O, V) pertencem, sem respeitar a ordenação, ao seu primeiro nome ou aos seus dois sobrenomes.
As demais garatujas parecerem ser imagens distorcidas de outras letras do seu nome completo.
Teste 2 – Giovanna - Resultados
Na questão exemplo Giovanna assinalou todas as questões o que evidencia que a professora não seguiu as orientações do Guia de Aplicação que explica: “circule entre as carteiras e verifique se os alunos compreenderam que devem marcar o “X” somente em um quadradinho”.
A criança ficou a mercê do que pode compreender, inclusive escrevendo “Gigi” de maneira bem definida, na folha de exemplo.
Tal fato comprometeu toda a realização da prova. E, diferentemente do Teste 1, neste fez várias intervenções nas folhas das questões, dificultando conjeturar acerca de um padrão e deixando margem para umas poucas inferências.
Teste 2 – Giovanna - Resultados
Giovanna faz intervenções, nos quadradinhos ou aleatoriamente pela folha, até a questão 13, percebendo-se, seguramente, seu envolvimento com a prova.
A partir da questão 14 deixa os quadradinhos em branco, e só faz mais uma intervenção na questão 17, tanto nos quadradinhos como fora deles, possivelmente estimulada pela ilustração que dá suporte ao item.
As questões deixadas em branco estão relacionadas com leitura silenciosa, um padrão do primeiro teste que se repetiu nesta segunda vez com quase o dobro de itens.
Por outro lado, introduziu o procedimento assemelhado a pintar figuras, ausente no teste anterior, denotando que apreendeu algo das instruções da professora para a realização da prova.
O único acerto foi da questão 01 que avalia a habilidade de identificar letras de outros sinais gráficos, pois neste segundo teste as alternativas de múltipla escolha estavam mais discriminadas.
A questão 04 apresenta um resultado importante para análise. Tratava-se de fazer um “X” no quadradinho em que aparece apenas a primeira letra da palavra “laranja”, na qual a aluna marcou somente um quadradinho corresponde à letra J entre um conjunto formado pelas letras J, N, A, L. Embora a letra J apareça como primeira opção, Giovanna poderia ter repetido o procedimento de marcar todas as respostas, como nas questões exemplo e de número 02. Enfim, são pistas que a garota dá e que poderiam ser exploradas pela professora.
Giovanna - Conclusões
Considerando o caso da Giovanna, os resultados dos dois testes sugerem que a professora não utilizou os achados do primeiro para inferir hipóteses ou conflitos da criança nem para identificar quais componentes de ensino deveriam ser enfatizados.
A docente poderia também ter compartilhado os dados da Provinha com a professora de AEE, que teria contribuído com discussões ou desenvolvido recursos pedagógicos ou, até mesmo, ter solicitado nossa assessoria, num esforço conjunto para potencializar o envolvimento mostrado pela criança.
Assim, tudo indica que para a professora a Provinha Brasil aplicada à Giovanna teve finalidade burocrática, uma espécie de “cumprimento de tabela”.
Giovanna - Conclusões
Com respeito à avaliação de crianças com NEE, é semelhante à situação descrita no estudo feito por Castro (2007, p. 122), com professores da rede municipal de ensino de São Paulo: “Evidencia-se, portanto, um fator interveniente na avaliação da aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais especiais, qual seja: a expectativa que se assenta na professora ao aceitar que as condições físicas ou intelectuais do aluno serão inevitavelmente responsáveis por um desempenho não satisfatório. Em função de tal expectativa, a identificação de um mau desempenho pelos procedimentos de avaliação não preocupa, uma vez que já era esperado. Neste caso, a professora pode se eximir, inclusive, da necessidade de buscar mudanças nas práticas pedagógicas.”
Conclusão final
De acordo com nosso entendimento a respeito da situação tratada, a distorção nas expectativas de aprendizagem não deve ser imputada exclusivamente à professora. Os gestores do sistema de ensino, a direção escolar e outros agentes que participam do processo educativo também tem sua parcela de responsabilidade pela subutilização do instrumento, o que gera prejuízos para todos os alunos e não somente para a Giovanna.