EAD-Enfermagem a Distância-Material Do Curso[Enfermagem Em Saúde Mental]

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___________________________________________________________________ 1 ___________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL Siga as instruções abaixo para navegar no ambiente virtual do Ead e obter êxito no curso. Após a inscrição, o usuário tem 30 dias para concluir o curso e emitir o certificado. Para fazer a avaliação digite seu e-mail e senha, na área do usuário (IDENTIFICAÇÃO), clique em ENTRAR, depois clique em MINHA CONTA, depois em MINHAS INSCRIÇÕES e, por fim, clique no ícone AVALIAÇÃO. O usuário deverá responder a avaliação existente na última página do material do curso e transcrever as respostas para o gabarito existente no site. Uma vez confirmada às respostas, a avaliação não será mais disponibilizada. Em seguida, você pode emitir o Certificado. Para emitir o certificado, em outro momento, digite seu e-mail e senha, na área do usuário, clique em ENTRAR, depois clique em MINHA CONTA, depois em MINHAS INSCRIÇÕES e, por fim, clique no ícone CERTIFICADO. O arquivo será visualizado no formato PDF, para que você possa salvar ou imprimir. Observação: No ato da avaliação o usuário recebe um e-mail informando o seu percentual de acerto. Para emitir o certificado, o usuário precisa obter pontuação igual ou superior a 6,00 na avaliação. Boa sorte! 1. Apresentação O início do processo de Reforma psiquiátrica no Brasil é contemporâneo ao “movimento sanitário”, nos anos setenta e oitenta, em favor da mudança dos modelos de atenção e gestão nas práticas de saúde, defesa da saúde coletiva e equidade na oferta dos serviços. O ano de 1978 é identificado como o ano de início efetivo do movimento social pelos direitos dos pacientes psiquiátricos no Brasil. No Rio de Janeiro, em 1978, eclode o movimento dos trabalhadores da Divisão Nacional de Saúde Mental (DINSAM), que faz denúncias sobre as condições de quatro hospitais psiquiátricos da DINSAM e coloca em questão a Política Psiquiátrica exercida no país. Diante desse contexto, foi fomentada a criação de novas Políticas Públicas que atendesse as demandas da psiquiatria. 2. Objetivos Atualizar o profissional de enfermagem e estudantes de enfermagem acerca do histórico da assistência ao paciente com transtorno mental no Brasil e no mundo. Abordar a questão da Reforma Psiquiátrica Brasileira e a influência das Políticas Públicas na atenção ao indivíduo portador de transtorno mental. Possibilitar ao graduando e ao profissional de enfermagem o conhecimento teórico sobre a evolução e as mudanças na atuação do enfermeiro na saúde mental. Oferecer uma visão panorâmica e interdisciplinar da política de saúde mental, bem como os principais debates teóricos e políticos correntes de fundo, na perspectiva da reforma psiquiátrica em curso no país e conhecimento sobre a trajetória da saúde mental. Esclarecer dúvidas sobre as peculiaridades inerentes aos serviços alternativos de atenção ao paciente psiquiátrico.

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ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL Siga as instruções abaixo para navegar no ambiente virtual do Ead e obter êxito no curso. Após a inscrição, o usuário tem 30 dias para concluir o curso e emitir o certificado. Para fazer a avaliação digite seu e-mail e senha, na área do usuário (IDENTIFICAÇÃO), clique em ENTRAR, depois clique em MINHA CONTA, depois em MINHAS INSCRIÇÕES e, por fim, clique no ícone AVALIAÇÃO. O usuário deverá responder a avaliação existente na última página do material do curso e transcrever as respostas para o gabarito existente no site. Uma vez confirmada às respostas, a avaliação não será mais disponibilizada. Em seguida, você pode emitir o Certificado. Para emitir o certificado, em outro momento, digite seu e-mail e senha, na área do usuário, clique em ENTRAR, depois clique em MINHA CONTA, depois em MINHAS INSCRIÇÕES e, por fim, clique no ícone CERTIFICADO. O arquivo será visualizado no formato PDF, para que você possa salvar ou imprimir. Observação: No ato da avaliação o usuário recebe um e-mail informando o seu percentual de acerto. Para emitir o certificado, o usuário precisa obter pontuação igual ou superior a 6,00 na avaliação. Boa sorte!

1. Apresentação O início do processo de Reforma psiquiátrica no Brasil é contemporâneo ao “movimento sanitário”, nos anos setenta e oitenta, em favor da mudança dos modelos de atenção e gestão nas práticas de saúde, defesa da saúde coletiva e equidade na oferta dos serviços. O ano de 1978 é identificado como o ano de início efetivo do movimento social pelos direitos dos pacientes psiquiátricos no Brasil. No Rio de Janeiro, em 1978, eclode o movimento dos trabalhadores da Divisão Nacional de Saúde Mental (DINSAM), que faz

denúncias sobre as condições de quatro hospitais psiquiátricos da DINSAM e coloca em questão a Política Psiquiátrica exercida no país. Diante desse contexto, foi fomentada a criação de novas Políticas Públicas que atendesse as demandas da psiquiatria.

2. Objetivos Atualizar o profissional de enfermagem e estudantes de enfermagem acerca do histórico da assistência ao paciente com transtorno mental no Brasil e no mundo. Abordar a questão da Reforma Psiquiátrica Brasileira e a influência das Políticas Públicas na atenção ao indivíduo portador de transtorno mental. Possibilitar ao graduando e ao profissional de enfermagem o conhecimento teórico sobre a evolução e as mudanças na atuação do enfermeiro na saúde mental. Oferecer uma visão panorâmica e interdisciplinar da política de saúde mental, bem como os principais debates teóricos e políticos correntes de fundo, na perspectiva da reforma psiquiátrica em curso no país e conhecimento sobre a trajetória da saúde mental. Esclarecer dúvidas sobre as peculiaridades inerentes aos serviços alternativos de atenção ao paciente psiquiátrico.

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3. Premissas

Diante das mudanças na assistência institucional ao paciente psiquiátrico e da implementação de tratamento sem a internação em hospital, uma nova postura é exigida dos profissionais de saúde que prestam assistência a esse usuário/ paciente, dentre estes o enfermeiro. O processo de desinstitucionalização da psiquiatria reflete diretamente na assistência em enfermagem psiquiátrica, tornando possível no espaço institucional programar uma assistência mais comprometida com o ser humano e com a sua cidadania.

4. Histórico da Saúde Mental

A humanidade convive com a loucura há séculos e, antes de se tornar um tema essencialmente médico, o louco habitou o imaginário popular de diversas formas. De motivo de chacota e escárnio a possuído pelo demônio, até marginalizado por não se enquadrar nos preceitos morais vigentes, o louco é um enigma

que ameaça os saberes constituídos sobre o homem. Através de toda a história tem sido registrada a existência de distúrbios mentais. Os gregos e os romanos tratavam os membros da família (exceto escravos) com uma razoável compreensão. Com o advento do cristianismo começou a mudar a atitude para com os doentes mentais. As doenças mentais teriam ligação com o diabo. Tal conceito chegou ao auge na Idade Média e durante três séculos os doentes mentais foram perseguidos, especialmente as mulheres, que chegaram a serem queimadas como bruxas. Começaram a ser construídos hospitais psiquiátricos em todo o país. Em sua maior parte, eles eram enormes, com dois mil ou mais leitos, situados em locais bem distantes da cidade, das quais recebiam seus pacientes. Eles eram empilhados em pavilhões e trancados frequentemente muitos sedados e praticamente sem qualquer oportunidade para o desenvolvimento de respeito próprio e iniciativa. Na Renascença, a segregação dos loucos se dava pelo seu banimento dos muros das cidades européias e o seu confinamento era um confinamento errante: eram condenados a andar de cidade em cidade ou colocados em navios que, na inquietude do mar, vagavam sem destino, chegando, ocasionalmente, a algum porto.

No entanto, desde a Idade Média, os loucos são confinados em grandes asilos e hospitais destinados a toda sorte de indesejáveis – inválidos portadores de doenças venéreas, mendigos e libertinos. Nessas instituições, os

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mais violentos eram acorrentados; a alguns era permitido sair para mendigar.

No século XVIII, Phillippe Pinel, considerado o pai da psiquiatria, propõe uma nova forma de tratamento aos loucos, libertando-os das correntes e transferindo-os aos manicômios, destinados somente aos doentes mentais. Várias experiências e tratamentos são desenvolvidos e difundidos pela Europa. O tratamento nos manicômios, defendido por Pinel, baseia-se principalmente na reeducação dos alienados, no respeito às normas e no desencorajamento das condutas inconvenientes. Para Pinel, a função disciplinadora do médico e do manicômio deve ser exercida com firmeza, porém com gentileza. Isso denota o caráter essencialmente moral com o qual a loucura passa a ser revestida.

No entanto, com o passar do tempo, o tratamento moral de Pinel vai se modificando e esvazia-se das ideias originais do método. Permanecem as ideias corretivas do comportamento e dos hábitos dos doentes,

porém como recursos de imposição da ordem e da disciplina institucional. No século XIX, o tratamento ao doente mental incluía medidas físicas como duchas, banhos frios, chicotadas, máquinas giratórias e sangrias. Aos poucos, com o avanço das teorias organicistas, o que era considerado como doença moral passa a ser compreendido também como uma doença orgânica. No entanto, as técnicas de tratamento empregadas pelos organicistas eram as mesmas empregadas pelos adeptos do tratamento moral, o que significa que, mesmo com outra compreensão sobre a loucura, decorrente de descobertas experimentais da neurofisiologia e da neuroanatomia, a submissão do louco permanece e adentra o século XX. A partir da segunda metade do século XX, impulsionada principalmente por Franco Basaglia, psiquiatra italiano, inicia-se uma radical crítica e transformação do saber, do tratamento e das instituições psiquiátricas. Esse movimento inicia-se na Itália, mas tem repercussões em todo o mundo e muito particularmente no Brasil.

5. Esquizofrenia

A esquizofrenia é um transtorno psíquico severo que se caracteriza classicamente pelos seguintes sintomas: alterações do pensamento, alucinações (visuais, sinestésicas, e sobretudo auditivas), delírios e alterações no contato com a realidade. Atualmente é compreendida como um transtorno mental, podendo atingir diversos

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tipos de pessoas, sem exclusão de grupos ou classes sociais. De acordo com algumas estatísticas, a esquizofrenia atinge 1% da população mundial, manifestando-se habitualmente entre os 15 e os 25 anos, com proporção semelhante entre homens e mulheres, podendo igualmente ocorrer na infância ou na meia-idade. Algumas pessoas acometidas da esquizofrenia se destacaram e se destacam no meio acadêmico, artístico e social. A esquizofrenia, talvez o transtorno mental de maior comprometimento ao longo da vida, caracteriza-se essencialmente por uma fragmentação da estrutura básica dos processos de pensamento, acompanhada pela dificuldade em estabelecer a distinção entre experiências internas e externas. Embora primariamente uma doença orgânica neuropsiquiátrica que afeta os processos cognitivos[de conhecimento], seus efeitos repercutem-se também no comportamento e nas emoções. Os sintomas da esquizofrenia podem não ser os mesmos de pessoa para pessoa, podendo aparecer de forma insidiosa e gradual ou, pelo contrário, manifestar-se de forma explosiva e instantânea. Podem ser divididos em duas grandes categorias: sintomas positivos e negativos. Os sintomas positivos estão presentes com maior visibilidade na fase aguda da doença e são as perturbações mentais "muito fora" do normal, como que "acrescentadas" às funções psiquico-orgânicas da pessoa. Entende-se como sintomas positivos os delírios — ideias delirantes, pensamentos irreais, ideias individuais do doente que não são partilhadas por um grande grupo, por exemplo, um indivíduo que acha que está a ser perseguido pela polícia secreta, e acha que é o responsável pelas guerras do mundo; as alucinações, percepções irreais – ouvir, ver, saborear, cheirar ou sentir algo irreal, sendo mais frequente as alucinações auditivo-visuais; pensamento e discurso desorganizado (confusão mental), elaboração de frases sem qualquer sentido ou

invenção de palavras; alterações visíveis do comportamento, ansiedade excessiva, impulsos ou agressividade constantes na fase de crise. Os sintomas negativos são o resultado da perda ou diminuição das capacidades mentais, acompanham a evolução da doença e refletem um estado deficitário ao nível da motivação, das emoções, do discurso, do pensamento e das relações interpessoais; isolamento social; apatia; indiferença emocional total e não transitória; pobreza do pensamento. Estes sinais não se manifestam todos na pessoa esquizofrênica. Algumas pessoas vêem-se mais afetadas do que outras, podendo muitas vezes ser incompatível com uma vida normal. No entanto, alguns sintomas podem oscilar, aparecer e desaparecer em ciclos de recidivas e remissões.

6. Transtorno Bipolar

A Psicose Maníaco-Depressiva (PMD) é um distúrbio do humor chamado de perturbação bipolar e é subdividida de acordo com a sintomatologia do episódio presente: maníaco, depressivo ou misto. Para que se possa proporcionar uma efetiva assistência de enfermagem a um paciente com diagnóstico de PMD, é necessário que se conheça a doença a fim de entender alguns comportamentos esperados neste quadro. Características da Fase Maníaca da doença: elevação do humor, euforia intensa onde ocorrem ideias e planos grandiosos. Há aumento da atividade, que pode agravar-se para a irritabilidade, acompanhado de insônia (sem queixas de ser incômoda), sentimentos de grandiosidade, aumento da libido, logorréia, gastos excessivos (dão presentes para os amigos

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e também para quem não conhecem) e evolução para a hostilidade e violência física a quem impor limites e dê conselhos. O paciente em fase maníaca tem pensamento acelerado e sem crítica de seus atos: pensa que é o "Superman", resolve fazer compras às quatro horas de manhã, "esquece" de se alimentar, pois possui coisas "mais importantes" para fazer. Em casos mais graves, este tipo de paciente torna-se tipicamente psicótico com fugas de ideias, fala desorganizada, agitação psicomotora, delírios de grandeza e mesmo alucinações. Os tratamentos mais utilizados nesta fase são os Benzodiazepínicos, Neurolépticos e Eletroconvulsoterapia. Características da fase de depressão: a melancolia importante e a perda do interesse pela vida. O paciente sente-se desanimado e inútil, perde o prazer em qualquer tipo de atividade, com grande desinteresse por tudo o que se passa ao seu redor. Apresenta dificuldades de concentração e, principalmente o idoso, tem a sensação de que a memória não está funcionando bem. O deprimido fica ruminando ideias e pensamentos tristes e pessimistas, tem um caráter de baixa auto-estima, sente-se muito inseguro, possui dificuldades para tomar decisões, sente-se culpado, pensa em suicídio, tem perda de apetite e, como consequência emagrece, diminui a libido e apresenta insônia. Os tratamentos mais utilizados nesta fase são os antidepressivos tricíclicos.

7. Reforma Psiquiátrica

O movimento da Luta Antimanicomial nasce profundamente marcado pela idéia de defesa dos direitos humanos e de resgate da cidadania dos que carregam transtornos mentais. Aliado a essa luta, nasce o movimento da Reforma Psiquiátrica que, mais do que denunciar os manicômios como instituições de violências, propõe a construção de uma rede de serviços e estratégias territoriais e comunitárias, profundamente solidárias, inclusivas e libertárias. No Brasil, tal movimento inicia-se no final da década de 70 com a mobilização dos profissionais da saúde mental e dos familiares de pacientes com transtornos mentais. Esse movimento se inscreve no contexto de redemocratização do país e na mobilização político-social que ocorre na época.

8. Política de Saúde Mental

Importantes acontecimentos como a intervenção e o fechamento da Clínica Anchieta, em Santos/SP, e a revisão legislativa proposta pelo então Deputado Paulo Delgado por meio do projeto de lei nº 3.657, ambos ocorridos em 1989, impulsionam a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Em 1990, o Brasil torna-se signatário da Declaração de Caracas a qual propõe a reestruturação da assistência psiquiátrica, e, em 2001, é aprovada a Lei Federal 10.216 que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Dessa lei origina-se a Política de Saúde Mental a qual, basicamente, visa garantir o cuidado ao paciente com transtorno mental em serviços

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substitutivos aos hospitais psiquiátricos, superando assim a lógica das internações de longa permanência que tratam o paciente isolando-o do convívio com a família e com a sociedade como um todo. A Política de Saúde Mental no Brasil promove a redução programada de leitos psiquiátricos de longa permanência, incentivando que as internações psiquiátricas, quando necessárias, se dêem no âmbito dos hospitais gerais e que sejam de curta duração. Além disso, essa política visa à constituição de uma rede de dispositivos diferenciados que permitam a atenção ao portador de sofrimento mental no seu território, a desinstitucionalização de pacientes de longa permanência em hospitais psiquiátricos e, ainda, ações que permitam a reabilitação psicossocial por meio da inserção pelo trabalho, da cultura e do lazer. A história confirma que a mudança do modelo de atenção aos portadores de transtornos mentais não apenas é possível e viável, como, de fato, é real e acontece. A Coordenação Nacional de Saúde Mental e o Programa de Humanização no SUS, ambos do Ministério da Saúde, implantaram em todo o país casas nas quais residem pessoas egressas de longas internações psiquiátricas e que, por suas histórias e trajetórias de abandono nos manicômios, mais parecem personagens do impossível. Antes, destituídos da própria identidade, privados de seus direitos mais básicos de liberdade e sem a chance de possuir qualquer objeto pessoal (os poucos que possuíam tinham que ser carregados junto ao próprio corpo), esses sobreviventes agora vivem. São personagens da cidade: transeuntes no cenário urbano, vizinhos, trabalhadores e também turistas, estudantes e artistas. Compuseram e compõem novas histórias no mundo.

Portanto o Programa de Volta para Casa

e os Serviços Residenciais Terapêuticos beneficiaram o individuo portador de transtorno psíquico permitindo que estes transponham os muros dos hospitais, da sociedade e os seus próprios.

9. Centro de Atenção Psicossocial- CAPS

O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é um serviço comunitário que tem como papel cuidar de pessoas que sofrem com transtornos mentais, em especial os transtornos severos e persistentes, no seu território de abrangência. Seu objetivo é oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), entre todos os dispositivos de atenção à saúde mental,

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têm valor estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Com a criação desses centros, possibilita-se a organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no país. Os CAPS são serviços de saúde municipais, abertos, comunitários que oferecem atendimento diário. Os CAPS deverão obedecer a alguns princípios básicos: devem se responsabilizar pelo acolhimento de 100% da demanda dos portadores de transtornos severos de seu território, garantindo a presença de profissional responsável durante todo o período de funcionamento da unidade (plantão técnico) e criar uma ambiência terapêutica acolhedora no serviço que possa incluir pacientes muito desestruturados que não consigam acompanhar as atividades estruturadas da unidade. A atenção deve incluir ações dirigidas aos familiares e comprometer-se com a construção dos projetos de inserção social. Devem ainda trabalhar com a idéia de gerenciamento de casos, personalizando o projeto de cada paciente na unidade e fora dela e desenvolver atividades para a permanência diária no serviço. Os projetos terapêuticos dos CAPS devem ser singulares, respeitando-se diferenças regionais, contribuições técnicas dos integrantes de sua equipe, iniciativas locais de familiares e usuários e articulações intersetoriais que potencializem suas ações.

O CAPS deve considerar o cuidado intra, inter, e transubjetivo, articulando recursos de natureza clínica, incluindo medicamentos, de moradia, de trabalho, de lazer, de previdência e outros,

através do cuidado clínico oportuno e programas de reabilitação psicossocial.

Funções dos CAPS:

• Prestar atendimento clínico em regime

de atenção diária, evitando as internações em hospitais psiquiátricos.

• Acolher e atender as pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, procurando preservar e fortalecer os laços sociais do usuário em seu território.

• Promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais por meio de ações intersetoriais.

• Regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação.

• Dar suporte a atenção à saúde mental na rede básica.

• Organizar a rede de atenção às pessoas com transtornos mentais nos municípios.

• Articular estrategicamente a rede e a política de saúde mental num determinado território.

• Promover a reinserção social do indivíduo através do acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.

• Estes serviços devem ser substitutivos e não complementares ao hospital psiquiátrico. De fato, o CAPS é o núcleo

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de uma nova clínica, produtora de autonomia, que convida o usuário à responsabilização e ao protagonismo em toda a trajetória do seu tratamento.

• Os projetos desses serviços, muitas vezes, ultrapassam a própria estrutura física, em busca da rede de suporte social, potencializadora de suas ações, preocupando-se com o sujeito e a singularidade, sua história, sua cultura e sua vida cotidiana.

• O perfil populacional dos municípios é sem dúvida um dos principais critérios para o planejamento da rede de atenção à saúde mental nas cidades, e para a implantação de centros de Atenção Psicossocial. O critério populacional, no entanto, deve ser compreendido apenas como um orientador para o planejamento das ações de saúde.

• De fato, é o gestor local, articulado com as outras instâncias de gestão do SUS, que terá as condições mais adequadas para definir os equipamentos que melhor respondem às demandas de saúde mental de seu município.

10. Centro de Atenção Psicossocial Infantil

O CAPS para Infância e Adolescência (CAPSi) é um serviço de atenção diária destinado ao atendimento de crianças e adolescentes gravemente comprometidos psiquicamente. Estão incluídos nesta categoria os portadores de autismo, psicoses, neuroses graves e todos aqueles que, por sua condição psíquica, estão impossibilitados de manter ou estabelecer laços sociais.

A experiência acumulada em serviços que já funcionavam segundo a lógica da atenção diária indica que se ampliam as possibilidades de tratamento para crianças e adolescentes quando o atendimento tem início o mais cedo possível, devendo, portanto, os CAPSi estabelecerem as parcerias necessárias com a rede de saúde, educação e assistência social ligadas ao cuidado da população infanto-juvenil. Uma média de 5% a 7% das crianças e adolescentes, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), sofre de transtornos mentais. O CAPS infantil é um serviço de atendimento diário destinado a infância comprometida com algum grau psíquico. Vários estudos indicam que, crianças que recebem atendimento e acompanhamento o mais cedo possível, tende a se desenvolver socialmente e até a exercer funções que sem os atendimentos oferecidos por serviços como o CAPS infantil os impediria de desenvolver. Os Transtornos não são tão comuns em crianças, mas os pais têm que ficar atentos aos sintomas, os responsáveis por essas crianças precisam aprender a lidar com elas, pois o olhar da família é fundamental no tratamento. Outrora tratar desse assunto era tabu, hoje com o avanço da medicina e dos serviços, não se é mais permitido esconder a criança afetada com esses transtornos. Tratar sempre é a melhor opção. As psicoses da infância e o autismo infantil são condições clínicas para as quais não se conhece uma causa isolada que possa ser responsabilizada por sua ocorrência. Apesar disso, a experiência permite indicar algumas situações que favorecem as possibilidades de melhora, principalmente quando o atendimento tem início o mais cedo possível, observando-se as seguintes condições:

O tratamento tem mais possibilidade de sucesso quando a criança ou adolescente é mantido em seu ambiente doméstico e familiar.

As famílias devem fazer parte integrante do tratamento, quando

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possível, pois se observa maior dificuldade de melhora quando se trata a criança ou adolescente isoladamente.

O tratamento deve ter sempre estratégias e objetivos múltiplos, preocupando-se com a atenção integral a essas crianças e adolescentes, o que envolve ações não somente no âmbito da clínica, mas também ações intersetoriais. É preciso envolver-se com as questões familiares, afetivas, comunitárias, com a justiça, a educação, a saúde, a assistência, a moradia, etc. A melhoria das condições gerais dos ambientes onde vivem as crianças e os adolescentes tem sido associada a uma melhor evolução clínica para alguns casos.

As equipes técnicas devem atuar sempre de forma interdisciplinar, permitindo um enfoque ampliado dos problemas, recomendando-se a participação de médicos com experiência no atendimento infantil, psicólogos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, assistentes sociais, para formar uma equipe mínima de trabalho. A experiência de trabalho com famílias também deve fazer parte da formação de equipe.

Deve-se ter em mente que no tratamento dessas crianças e adolescentes, mesmo quando não é possível trabalhar com a hipótese de remissão total do problema, a obtenção de progressos no nível de desenvolvimento, em qualquer aspecto da sua vida mental, pode significar melhora importante nas condições de vida para eles e suas famílias.

As atividades de inclusão social em geral e escolar em particular devem

ser parte integrante dos projetos terapêuticos.

Em geral, as atividades desenvolvidas no CAPSi são as mesmas oferecidas nos CAPS, como atendimento individual, atendimento grupal, atendimento familiar, visitas domiciliares, atividades de inserção social, oficinas terapêuticas, atividades sócio-culturais e esportivas, atividades externas. Elas devem ser dirigidas para a faixa etária a quem se destina a atender. Assim, por exemplo, as atividades de inserção social devem privilegiar aquelas relacionadas à escola.

11. Programa de Volta para a Casa

O Programa de Volta para Casa foi instituído pelo Presidente Lula, por meio da assinatura da Lei Federal 10.708 de 31 de julho de 2003 e dispõe sobre a regulamentação do auxílio-reabilitação psicossocial a pacientes que tenham permanecido em longas internações psiquiátricas. O objetivo deste programa é contribuir efetivamente para o processo de inserção social dessas pessoas, incentivando a organização de uma rede ampla e diversificada de recursos assistenciais e de cuidados, facilitadora do convívio social, capaz de assegurar o bem-estar global e estimular o exercício pleno de seus direitos civis, políticos e de cidadania. Além disso, o De Volta para Casa atende ao disposto na Lei 10.216 que determina que os

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pacientes longamente internados ou para os quais se caracteriza a situação de grave dependência institucional, sejam objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida. Em parceria com a Caixa Econômica Federal, o programa conta hoje com mais de 2.600 beneficiários em todo o território nacional, os quais recebem mensalmente em suas próprias contas bancárias o valor de R$240,00. Em conjunto com o Programa de Redução de Leitos Hospitalares de longa permanência e os Serviços Residenciais Terapêuticos, o Programa de Volta para Casa forma o tripé essencial para o efetivo processo de desinstitucionalização e resgate da cidadania das pessoas acometidas por transtornos mentais submetidas à privação da liberdade nos hospitais psiquiátricos brasileiros. O auxílio-reabilitação psicossocial, instituído pelo Programa de Volta para Casa, também tem um caráter indenizatório àqueles que, por falta de alternativas, foram submetidos a tratamentos aviltantes e privados de seus direitos básicos de cidadania.

O movimento de voltar para casa tem este sentido de acolhida e de cuidado. Imagem-afeto que nos toca como as fotografias que registram o Programa de Volta para Casa que, desde julho de 2003, dá força de lei a mais este passo importante no movimento da reforma psiquiátrica brasileira. Imagem-afeto, imagem-movimento, o tema da saúde mental ganha assim toda a sua consistência entre a clínica, a política e a estética. No Brasil, o tema da saúde mental se tornou uma questão de natureza “psicossocial”: eis aí

um termo que já se tornou consensual entre nós e que nos desafia na experiência da clínica no contemporâneo. A clínica, segunda esta designação, se dá no limite entre o individual e o coletivo. É nesta zona de indiscernibilidade que o movimento da reforma psiquiátrica faz a sua aposta e que os serviços substitutivos ao manicômio afinam os seus dispositivos de intervenção (dispositivos de atenção e de gestão). Se falarmos de um campo em que individual e coletivo se distinguem, mas não se separam é porque outra relação de inseparabilidade se coloca: aquela entre clínica e política. No campo da reforma, a clínica não pode ser definida como o domínio do privado, dos nossos segredos íntimos, das experiências interiores de um sujeito e que seja diferente e separada da política, entendida como domínio do público (pólis), isto é, domínio onde encontramos os jogos de poder, o embate entre as forças dominantes e as forças dominadas. Quando se supera as velhas oposições entre clínica e política, entre sujeito e mundo, definimos subjetividade não como uma natureza, uma essência, uma realidade dada. Não estamos falando de alguma coisa que seja sempre idêntica a si. Não estamos falando de uma identidade: a do louco, a do doente mental, a deste indivíduo cujo adoecimento pareceria lhe ameaçar a condição de cidadão. Por subjetividade devemos entender não um estado de coisa ou estrutura, mas um processo – um processo de criação de si e do mundo. Este processo se realiza com múltiplos elementos: o ambiente familiar com suas relações (pai/mãe, mãe/filho, pai/filho etc.), a mídia, a violência das cidades, a participação nos movimentos sociais, as políticas públicas de saúde, as artes dentre outros. A clínica da reforma psiquiátrica é uma experiência de transversalidade, isto é, não há como pensá-la senão de modo transversal ou num plano onde a clínica, política, mas também a arte se atravessam. E por que o destaque da interface com a política e a arte? Porque no cotidiano das práticas de

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gestão e de atenção psicossocial, fomentamos não só modos de produção de bens de consumo como nas oficinas de geração de renda, mas também, e, sobretudo, modos de produção da experiência coletiva (as assembléias, as associações, os grupos terapêuticos), modos de produção de outras relações da loucura com a cidade (o AT, os dispositivos residenciais, a luta pelo passe livre, o de volta para casa), modos de produção de outras formas de expressão da loucura (as oficinas expressivas, as rádios e TVs comunitárias), enfim, modos de criação de si e do mundo. Pensamos a inseparabilidade entre a clínica e a política, não podendo negligenciar a interface da clínica com a estética, já que estamos às voltas com processos de criação. O trabalho dos profissionais de saúde mental é o de cuidar desses processos de criação: ensejá-los e acompanhá-los. E tal cuidado não pode ser confundido com uma ação assistencialista, uma ação do bom profissional definido como “bom homem”. Na verdade, as práticas de atenção/gestão psicossocial são, no campo das políticas públicas de saúde, um exemplo efetivo do SUS que enfrenta os grandes problemas da universalidade do acesso, da integralidade do cuidado e da equidade das ofertas em saúde. Substituir os manicômios, recusar as práticas de atenção pautadas pelo desrespeito aos direitos dos usuários, fomentar o protagonismo, autonomia e a co-responsabilidade dos gestores, trabalhadores, usuários e rede social é tarefa de humanização do SUS. Um SUS mais humano é este que reconhece o outro como legítimo cidadão de direitos, valorizando os diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde. Apostamos na renovação dos modelos de atenção e de gestão no SUS. O movimento da reforma psiquiátrica é atualmente uma política de governo que, assim como o Humaniza SUS, fortalecem as práticas de atenção e de gestão nos fazendo entender que a saúde é um bem público que devemos constantemente, numa ação clínico-estético-política, criar e recriar.

12. Residência Terapêutica

Os Serviços Residenciais Terapêuticos, também conhecidos como Residências Terapêuticas, são casas, locais de moradia, destinadas a pessoas com transtornos mentais que permaneceram em longas internações psiquiátricas e impossibilitadas de retornar às suas famílias de origem. As Residências Terapêuticas foram instituídas pela Portaria/GM nº 106 de fevereiro de 2000 e são parte integrante da Política de Saúde Mental do Ministério da Saúde. Esses dispositivos, inseridos no âmbito do Sistema Único de Saúde/SUS, são centrais no processo de desinstitucionalização e reinserção social dos egressos dos hospitais psiquiátricos. Tais casas são mantidas com recursos financeiros anteriormente destinados aos leitos psiquiátricos. Assim, para cada morador de hospital psiquiátrico transferido para a residência terapêutica, igual número de leitos psiquiátricos deve ser descredenciado do SUS e os recursos financeiros que os mantinham devem ser realocados para os fundos financeiros do estado ou do município para fins de manutenção dos Serviços Residenciais Terapêuticos. Em todo o território nacional existem mais de 470 residências terapêuticas. As denúncias contra o tratamento desumano no interior dos manicômios, que se iniciam no final da década de 70 e tomam força nos anos 80 e 90, citam os hospitais de Barbacena e começam a mobilizar a sociedade. Na crença de que o paciente com transtorno mental pode e deve ser tratado sem ser retirado do seu meio familiar e social e sem ficar trancafiado, sem liberdade, no

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hospital psiquiátrico é que se sustenta toda a revolução na atenção à saúde mental. O Ministério da Saúde tem organizado as chamadas Residências Terapêuticas, as quais recebem os egressos dessas longas internações psiquiátricas, e a assistência é oferecida nos Centros de Atenção Psicossocial.

13. Assistência de Enfermagem ao paciente psicótico

As síndromes psicóticas caracterizam-se por sintomas como alucinações e delírios; pensamento desorganizado e comportamento claramente bizarro como falam e risos imotivados; distúrbios das relações pessoais e a incapacidade de comunicar-se com clareza. Os sintomas paranóides são muito comuns, como ideias delirantes e alucinações auditivas de conteúdo persecutório.

I. PROCESSO DE ENFERMAGEM

Histórico

• Anamnese • Entrevista com o cliente • Observação

II. Diagnóstico de Enfermagem

Ansiedade Déficit de autocuidado Alteração no padrão do sono Alteração nos processos do pensamento Alteração do senso-percepção Deterioração da comunicação verbal Isolamento social Deterioração da manutenção do lar Potencial de violência consigo mesmo e

com os outros Diminuição da auto-estima Não seguimento do tratamento Ajuste familiar ineficaz

III. Prescrição

Estabelecimento de metas com o

cliente. Estabelecimento de critérios para

evolução final desejada para o cliente.

Estabelecimento de critérios para evolução final desejada para a família.

IV. Implementação

Observação e anotação do comportamento que o cliente manifesta. Deve ser completa e detalhada para auxiliar na prevenção de agressões, fugas e suicídio. Fazer um levantamento das necessidades básicas afetadas: Hidratação Alimentação Sono e repouso Eliminações Higiene e aparência pessoal Atividade Motora

Proporcionar ambiente terapêutico. Ser sincero, cumprir promessas feitas. Orientar sistematicamente para a

realidade.

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Estabelecer uma relação terapêutica baseada na confiança e no reconhecimento de suas qualidades e capacidades, reforçando-as.

Ser coerente na comunicação verbal e não verbal servindo como modelo para o cliente.

Na presença de delírios e alucinações não criticar ou menosprezar as ideias do cliente.

Estar atento quanto à aceitação do tratamento. Verificar se o cliente toma os medicamentos prescritos.

Encaminhar, mobilizar oportunidades para o cliente se ocupar e recrear-se em tarefas corretas.

Estimular progressivamente a sua interação social.

Orientar cliente e familiares a respeito da doença, dos possíveis efeitos da medicação, da importância do tratamento e de segui-lo corretamente. Incentivar visitas, observação da interação entre eles.

14. Assistência de enfermagem ao paciente com Transtorno Bipolar

Durante a assistência de enfermagem ao paciente psiquiátrico, a interação enfermeiro-paciente é de vital importância e esta depende das características próprias de cada enfermeiro, o qual deverá usar sua própria personalidade, compreensão e habilidade para desenvolver

com o paciente, atitudes mais positivas para lidar com situações difíceis e stress. O enfermeiro deve ser útil para o paciente psiquiátrico e ter em mente que este teve uma história anterior em sua vida, de fracasso. Para que haja um bom relacionamento enfermeiro-paciente, o enfermeiro deve aceitar o paciente, chamando-o pelo nome, compreendendo seus direitos, não se afastando por causa de seu diagnóstico. O enfermeiro deve ainda, estimular o paciente a expressar seus sentimentos, entendendo também o significado de seus atos. O enfermeiro deve ter uma atitude não crítica, ou seja, os comportamentos do paciente não devem ser julgados, condenados e nem aceitos totalmente; deve ter firmeza no modo de agir, sendo sempre firme e coerente para que o paciente possa se sentir seguro, e toda a equipe deve ter a mesma postura. O enfermeiro deve utilizar técnicas de comunicação terapêutica a fim de facilitar a interação enfermeiro-paciente: ouvir o paciente reflexivamente, permanecendo em silêncio, verbalizando aceitação e interesse; utilizar frases incompletas, repetir comentários feitos pelo paciente ou repetir suas últimas palavras, proporcionando-lhe estímulos para falar e exprimir seus sentimentos; permitir ao paciente que escolha o assunto, colocando em foco a idéia principal; deve estimular comparações e descrever os eventos em sequência lógica; deve repetir a mensagem do paciente, sumarizando o que foi dito durante a interação. Como medidas terapêuticas, na assistência de um paciente psiquiátrico, o apoio é muito importante: ficar ao lado do paciente quando este está passando por momentos de tensão emocional ou confusão; saber ouvir e ajudá-lo a tomar decisões e a reconhecer suas próprias limitações; ressaltar suas características sadias, valorizando seus sucessos e progressos. O estabelecimento de limites, além da ajuda na expressão dos pensamentos e sentimentos, também é uma medida terapêutica de grande importância durante esta assistência de enfermagem, pois irá ajudar o paciente a

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diminuir seu nível de ansiedade, proporcionando-lhe condições para testar padrões de comportamento mais adequados; desta forma ele terá aceitação por parte das pessoas com as quais convive. Além disto, o paciente mudará o conceito que tem de si, orientará sua própria vida e terá oportunidade de experimentar sucesso onde não obtivera antes.

15. Assistência de enfermagem durante a fase depressiva

Com relação aos comportamentos depressivos, o isolamento social era bastante característico, pois o paciente nesta situação não interage com os demais usuários. O enfermeiro deve além de conversar com usuário e oferecer-lhe apoio, sempre que podia apresentava-lhe os outros pacientes. Outro comportamento característico desta fase era sua postura cabisbaixa, sobre a qual o enfermeiro deve informar-lhe que poderá dar-lhe dores nas costas e solicitar que levante o rosto para que possa conversar melhor. Com relação à sua comunicação, o paciente às vezes pode apenas murmurar palavras, o enfermeiro deve pedi-lhe para que falasse mais alto, pois não conseguia escutá-lo, procurando incentivá-lo a falar mais, fazendo-lhe perguntas mais abertas, repetindo suas últimas palavras para que pudesse continuar o assunto, mostrando interesse em seu discurso. Problemas somáticos como turgor diminuído, emagrecimento e obstipação devem ser minimizados da seguinte forma: ao invés de somente oferecer-lhe água e orienta-lhe quanto à importância da ingestão hídrica para que melhore seu turgor, favoreça o acesso a água aconselhando-lhe a bebê-la. Durante a fase depressiva, a assistência de enfermagem consiste em assumir responsabilidades pela segurança do paciente, dado o risco de suicídio e para isto, o enfermeiro deve estimulá-lo a falar, para que possa verbalizar seus sentimentos e ideias de autodepreciação, ruína e inutilidade e assim,

avaliar seu nível de perspectiva e de esperança. O enfermeiro deve usar frases curtas e claras e lembrar-se da demora que o paciente depressivo possui para elaborar respostas. O uso do silêncio, ouvir reflexivamente. Assistência de Enfermagem a Pacientes com Desordem Bipolar deve contemplar a imposição de limites que são também técnicas terapêuticas de comunicação importantes. Ocupar e socializar o paciente são formas de elevar a auto-estima na fase depressiva, desde que sejam dadas atividades fáceis e importantes para que o paciente se sinta útil, para que ele veja resultados rapidamente, não se esquecendo de comentar positivamente suas conquistas. O enfermeiro deve estar atento ao autocuidado com a higiene e aparência do paciente, verificando seu grau de dependência; verificar e estimular alimentação, hidratação, eliminações; observar sono e verificar problemas somáticos.

16. Assistência de enfermagem durante a fase maníaca

Durante a fase maníaca, existe a dificuldade de evitar o medo, a rejeição e a irritação que o paciente provoca nos membros da equipe de enfermagem, dada a sua agitação e agressividade. A assistência de enfermagem ao paciente que apresenta a fase maníaca deve ser coerente entre todos os membros da equipe. Deve-se ter uma observação constante e relato das manifestações de comportamento do paciente, tendo sempre em mente de que é um suicida em potencial; o maníaco deve permanecer em local com poucos pacientes e o ambiente deve ser o mais tranquilo possível, com o mínimo de estímulos e, de preferência, separá-lo dos pacientes deprimidos (o comportamento destes o irrita) e com o mesmo tipo de manifestações (aumento de excitação); deve-se usar tom baixo de voz, frases curtas e linguagem clara, em vista da sua dificuldade em fixar a atenção; tentar manter seu discurso

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coerente; impor limites; ajudá-lo em sua higiene; evitar que seja alvo de zombaria. A pessoa com alterações no humor, na fase maníaca, apresenta sintomas característicos, os quais se manifestaram visivelmente no decorrer da sua assistência. Com frequência ela manifestava o seu desejo de fuga, sendo necessário explicar-lhe diversas vezes que não poderia sair sem a autorização de seu médico e a importância de continuar o seu tratamento. Ao mesmo tempo, procurava dar-lhe opções para resolver questões prementes, como busca de possíveis substitutos para receberem o dinheiro da paciente no seu lugar. Em alguns contatos, o paciente pode demonstrar desorientação no tempo e espaço, havendo a necessidade de informa-lhe a respeito do tempo e do espaço. Quando o seu discurso do paciente parecer incoerente, relata-lhe, que não conseguia entendê-lo, pois fala vários assuntos ao mesmo tempo.

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ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL AVALIAÇÃO Atenção! Ao realizar avaliação se faz necessário o preenchimento do gabarito em nossa página para que possamos avaliar seu rendimento e emitir o seu certificado. Clique no link abaixo e siga as instruções. http://www.enfermagemadistancia.com.br/conta-do-usuario.php Clique no botão Entrar na área do usuário, digite seu e-mail e senha. Uma vez logado clique no botão Minha Conta, depois na aba Inscrições e,

por fim, clique no ícone .

1) No século XVIII, quem foi considerado o pai da psiquiatria e propôs uma nova forma de tratamento aos loucos, libertando-os das correntes e transferindo-os aos manicômios, destinados somente aos doentes mentais?

a) Paulo Delgado b) Alberte Pineal c) Phillippe Pinel d) Filco Pinel

2) Na Idade Média e durante três séculos

os doentes mentais foram perseguidos, especialmente as mulheres, que:

a) Foram crucificadas b) Foram queimadas como bruxas c) Foram apedrejadas d) Foram afogadas como bruxas

3) A partir da segunda metade do século

XX, impulsionada principalmente por um psiquiatra italiano, inicia-se uma radical crítica e transformação do saber, do tratamento e das instituições

psiquiátricas. Esse movimento inicia-se na Itália, mas tem repercussões em todo o mundo e muito particularmente no Brasil. O nome deste psiquiatra é:

a) Francês Baglia b) Franco Baglia c) Franco Basaglia d) Phillippe Pinel

4) A esquizofrenia é um transtorno

psíquico severo que se caracteriza classicamente pelos seguintes sintomas: alterações do pensamento, alucinações (visuais, sinestésicas, e sobretudo auditivas), delírios e alterações no contato com a realidade. Dentre os sintomas negativos podemos citar?

a) Isolamento social e apatia b) Ideias delirantes c) Pensamentos irreais e ideias individuais

do doente que não são partilhadas por um grande grupo.

d) Alucinações, percepções irreais – ouvir, ver, saborear, cheirar ou sentir algo irreal, sendo mais frequente as alucinações auditivo-visuais.

5) Os tratamentos mais utilizados na fase

maníaca do transtorno bipolar são as medicações e terapia a seguir, exceto:

a) Benzodiazepínicos, b) Neurolépticos c) Eletroconvulsoterapia d) Antidepressivo tricíclico

6) Em 1990, o Brasil torna-se signatário da

Declaração de Caracas a qual propõe a reestruturação da assistência psiquiátrica, e em 2001, é aprovada a lei que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Esta Lei Federal é:

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a) Lei Federal 10.216 b) Lei Federal 10.217 c) Lei Federal 10.200 d) Lei Federal 10.215

7) Dentre as funções do Centro de Atenção

Psicossocial, marque a questão falsa. a) Prestar atendimento clínico em regime

de atenção diária, evitando as internações em hospitais psiquiátricos.

b) Acolher e atender as pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, procurando preservar e fortalecer os laços sociais do usuário em seu território.

c) Impedir a inserção social das pessoas com transtornos mentais.

d) Regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação.

8) O Programa de Volta para Casa foi instituído pelo Presidente Lula, por meio da assinatura da Lei Federal em 31 de julho de 2003 e dispõe sobre a regulamentação do auxílio-reabilitação psicossocial a pacientes que tenham permanecido em longas internações psiquiátricas. A Lei Federal é:

a) Lei Federal 10.708 b) Lei Federal 10.700 c) Lei Federal 10.788 d) Lei Federal 10.780

9) Os Serviços Residenciais Terapêuticos,

também conhecidos como Residências Terapêuticas, são casas, locais de moradia, destinadas a pessoas com transtornos mentais que permaneceram em longas internações psiquiátricas e impossibilitadas de retornar às suas famílias de origem. As Residências Terapêuticas foram instituídas pela Portaria/GM em fevereiro de 2000 e são parte integrante da Política de Saúde

Mental do Ministério da Saúde. A Portaria é de número?

a) Portaria/GM nº 1065 b) Portaria/GM nº 106 c) Portaria/GM nº 109 d) Portaria/GM nº 108 10) Dentre os Diagnósticos de Enfermagem

destinados ao paciente portador de transtorno bipolar, marque a alternativa errada:

a) Déficit de autocuidado b) Alteração no padrão do sono c) Alteração nos processos do pensamento d) Inserção social

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REFERÊNCIAS

1- BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA EXECUTIVA. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. Legislação em Saúde Mental: 1990-2004. Brasília, Ministério da Saúde, 2004.

2- DALGALARRONDO, P. - Psicopatologia e

Semiologia dos Transtornos Mentais. Editora: Artes Médicas, 2010.

3- DEPARTAMENTO DE AÇÕES PROGRAMÁTICAS ESTRATÉGICAS. Saúde Mental no SUS: Os Centros de Atenção Psicossocial. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

4- ______________ Saúde Mental e

Economia Solidária: Inclusão Social pelo Trabalho. Brasília, Ministério da Saúde, 2005.

5- ______________ Manual do Programa

De Volta para Casa. Brasília, Ministério da Saúde, 2003.

6- _____________ Residências Terapêuticas: o que são e para que servem. Brasília, Ministério da Saúde, 2004.

7- Ministério da Saúde. Saúde Mental no SUS: os centros de atenção psicossocial. Brasília: Ministério da saúde, 2004.

8- REBOUÇAS, D.; LEGAY L.F.; ABELHA, L. Satisfação com o trabalho e impacto causado nos profissionais de serviço de saúde mental. Ver. Saúde Pública, 2007; 41 (2): 244-50.

9- SOUSA, G. C. O agente comunitário de saúde e a saúde mental: percepções e ações na atenção Às pessoas em sofrimento mental [dissertação].

Ribeirão Preto São Paulo (SP): Universidade de São Paulo, 2007.