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INÍCIO PAINEL ESPECIALISTAS LINKS OPINIÃO AGENDA DOCUMENTOS Os cavalos do Sorraia ainda têm um sabor selvagem 10.06.2010 - 07:56 Por Nicolau Ferreira Votar | 0 votos 1 de 2 notícias em Biodiversidade seguinte » Esta é a raça de cavalos portugueses mais ameaçada, que conta com cerca de 200 indivíduos (Pedro Cunha) São cerca de 200 animais com poucas décadas de existência como raça, mas têm características que se vêem em pinturas rupestres. No Alentejo, os sorraias ainda correm como uma manada selvagem. Os cavalos iniciaram o galope e desceram a pequena elevação do montado alentejano na nossa direcção. Durante instantes era possível sentir dezenas de patadas no solo a reverberarem livremente. A corrida terminou de uma forma abrupta e o campo voltou à paz, com as moscas a zumbirem e as caudas dos cavalos a afastarem-nas com vigor. Só muito tempo depois é que nos apercebemos da intemporalidade do momento. As 23 fêmeas, onze poldros e um macho retomaram a sua refeição e concentraram-se de novo no pasto da Herdade Font"Alva, situada a norte de Elvas, no Alentejo. Juntos, formam a maior população de sorraias no mundo, a raça de cavalos portugueses mais ameaçada, que conta com cerca de 200 indivíduos. O cavalo garrano, que também está em perigo, tem mais de mil indivíduos. "O avô dizia que as baias eram as mais características", conta José Luís d"Andrade, referindo- se às éguas cor de fogo, castanhas-alaranjadas. O criador é dono da herdade e começou a tratar dos sorraias em 1965, quando frequentava o Instituto Superior de Agronomia eo avô Ruy d"Andrade lhe foi passando o testemunho. O engenheiro de 62 anos é um documento vivo sobre a história dos sorraias. "É um trabalho de família, teve princípio no avô, continuou com o meu pai e eu acabei parte do trabalho com o Stud Book". É um livro-registo, como há para outras raças. Foi publicado em 2004, apresentando oficialmente o padrão da raça e onde estão inscritos todos os cavalos desde a fundação da população em 1937. Foi em 1920, quando andava à caça na região de Coruche, no baixo Sorraia, um afluente do Tejo, que o avô de José Luís viu pela primeira vez os cavalos. "Deparei com uma manada de uns 30 indivíduos, mais de metade dos quais eram baios claros, alguns ratos, muito zebrados e com aspecto geral absolutamente selvagem ou primitivo", escreveu Ruy d"Andrade num artigo que agora se pode ler no Stud Book. Passados 17 anos, reuniu as primeiras sete éguas e três machos na Herdade de Agolada de Baixo, também em Coruche. Depois, iriam chegar mais dois cavalos e estava completa a população genética inicial. Ruy d"Andrade achava ter encontrado os representantes domesticados do cavalo selvagem do Sul da Península Ibérica, desenhados em pinturas rupestres, mencionados na Ilíada, utilizados por Júlio César, levados para colonizar as Américas. Foi para responder a esta questão que a bióloga Maria do Mar Oom, especialista em cavalos e professora na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, começou a visitar há décadas a herdade. "Conseguimos provar que o ADN deste cavalo está associado às raças primitivas. O sorraia será o representante actual dessa versão." Se o fundador da raça tinha uma predilecção pelas éguas de fogo, porque achava que representam na perfeição o imaginário ancestral,na manada as éguas cinzentas são as mais numerosas. "Os pardos estão mais adaptados à paisagem", defende a investigadora, de 53 anos. Mas há uma novidade na manada - as éguas pretas, que apareceram devido à 3427 leitores 7 comentários FUNCIONALIDADES Diminuir Aumentar Comentar Imprimir Enviar Corrigir Feedback Partilhar http://publico.pt/1441329 URL DESTA NOTÍCIA Lascaux Pelo que vi assemelha-se muito aos cavalos de Lascaux, assim como o Preswalsky. A cor, as patas ... Nuno Lívio 12.06.2010 02:27 COMENTÁRIO + VOTADO Agenda D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Agosto, 2010 Documentos Avaliação Global da Biodiversidade (GBO-3) Plano de Acção europeu para travar a perda de biodiversidade Convenção sobre a Conservação das Espécies Migradoras de Animais Selvagens Blogues Pelo Tâmega: morcegos e outros voos Um Dia de Campo Boozing Treeshrews: Heavyweight drinkers in small packages Nature Blogs Malpolon monspessulanus Anfíbios e Répteis de Portugal Remodelações Paiva Todo tipo de remodelações Pinturas Tectos Falsos Divisórias www.remodelacoespaiva.com J. Sérgio Sá Fernandes Remodelações e Pinturas Vila do Conde - Orçamentos Grátis www.serpascoa.com.pt Pacotes Zon Conheça os nossos Pacotes e Promoções exclusivas. Adira Online! www.zon.pt Ensino Básico Atividades e Recursos Educativos. Notícias Diárias. 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Os cavalos do Sorraia ainda têm um sabor selvagem 10.06.2010 - 07:56 Por Nicolau Ferreira

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Esta é a raça de cavalos portugueses mais ameaçada, que conta

com cerca de 200 indivíduos

(Pedro Cunha)

São cerca de 200 animais com poucas

décadas de existência como raça, mas têm

características que se vêem em pinturas

rupestres. No Alentejo, os sorraias ainda

correm como uma manada selvagem.

Os cavalos iniciaram o galope e desceram a pequena elevação do montado alentejano na

nossa direcção. Durante instantes era possível sentir dezenas de patadas no solo a

reverberarem livremente. A corrida terminou de uma forma abrupta e o campo voltou à paz, com

as moscas a zumbirem e as caudas dos cavalos a afastarem-nas com vigor. Só muito tempo

depois é que nos apercebemos da intemporalidade do momento.

As 23 fêmeas, onze poldros e um macho retomaram a sua refeição e concentraram-se de novo

no pasto da Herdade Font"Alva, situada a norte de Elvas, no Alentejo. Juntos, formam a maior

população de sorraias no mundo, a raça de cavalos portugueses mais ameaçada, que conta

com cerca de 200 indivíduos. O cavalo garrano, que também está em perigo, tem mais de mil

indivíduos.

"O avô dizia que as baias eram as mais características", conta José Luís d"Andrade, referindo-

se às éguas cor de fogo, castanhas-alaranjadas. O criador é dono da herdade e começou a

tratar dos sorraias em 1965, quando frequentava o Instituto Superior de Agronomia eo avô Ruy

d"Andrade lhe foi passando o testemunho.

O engenheiro de 62 anos é um documento vivo sobre a história dos sorraias. "É um trabalho de

família, teve princípio no avô, continuou com o meu pai e eu acabei parte do trabalho com o

Stud Book". É um livro-registo, como há para outras raças. Foi publicado em 2004,

apresentando oficialmente o padrão da raça e onde estão inscritos todos os cavalos desde a

fundação da população em 1937.

Foi em 1920, quando andava à caça na região de Coruche, no baixo Sorraia, um afluente do

Tejo, que o avô de José Luís viu pela primeira vez os cavalos. "Deparei com uma manada de

uns 30 indivíduos, mais de metade dos quais eram baios claros, alguns ratos, muito zebrados e

com aspecto geral absolutamente selvagem ou primitivo", escreveu Ruy d"Andrade num artigo

que agora se pode ler no Stud Book. Passados 17 anos, reuniu as primeiras sete éguas e três

machos na Herdade de Agolada de Baixo, também em Coruche. Depois, iriam chegar mais dois

cavalos e estava completa a população genética inicial. Ruy d"Andrade achava ter encontrado

os representantes domesticados do cavalo selvagem do Sul da Península Ibérica, desenhados

em pinturas rupestres, mencionados na Ilíada, utilizados por Júlio César, levados para colonizar

as Américas.

Foi para responder a esta questão que a bióloga Maria do Mar Oom, especialista em cavalos e

professora na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, começou a visitar há décadas

a herdade. "Conseguimos provar que o ADN deste cavalo está associado às raças primitivas. O

sorraia será o representante actual dessa versão."

Se o fundador da raça tinha uma predilecção pelas éguas de fogo, porque achava que

representam na perfeição o imaginário ancestral,na manada as éguas cinzentas são as mais

numerosas. "Os pardos estão mais adaptados à paisagem", defende a investigadora, de 53

anos.

Mas há uma novidade na manada - as éguas pretas, que apareceram devido à

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Lascaux

Pelo que vi assemelha-se

muito aos cavalos de

Lascaux, assim como o

Preswalsky. A cor, as

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Nuno Lívio

12.06.2010 02:27

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consanguinidade. O destino desta variação ainda não foi decretado. Se for tomada a decisão de

que o preto não entra na raça dos sorraias, os filhos das fêmeas com esta cor ficarão fora do

Stud Book e não serão sorraias (só os animais inscritos é que pertencem à raça). É um controlo

artificial, mas o statu quo de cada raça doméstica é desenhado pela mão humana.

O nosso encontro com a manada não foi à primeira. José Luís d"Andrade sabia em que zona da

propriedade estava, mas a herdade tem mais de dois mil hectares e mesmo as parcelas são

grandes. Dentro do jipe fomos andando primeiro por estradas de terra batida, depois por

carreiros.

"Este ano até há água aqui", constatou com surpresa a investigadora, depois do jipe ter

atravessado um riacho. O campo estava recheado de papoilas, margaridas, malmequeres,

rosmaninho: outro resultado de um Inverno e uma Primavera chuvosos que no final de Maio

mantinhamo Alentejo luxuriante.

O jipe contornou um monte com calhaus grandes, e ao longe avistámos pela primeira vez os

cavalos. O macho - o único com a crina comprida, bicolor - ao ver o carro, afastou as éguas e os

poldros para o lado de lá do curso de água, numa reacção intuitiva de protecção, obrigando a

uma nova volta. À segunda, com cuidado, o carro parou a uns metros da manada sem a

afugentar.

Zebruras antigas

Os animais são mais pequenos do que os cavalos normais, com uma altura que não chega ao

metro e meio na zona entre o dorso e o começo do pescoço. A cabeça com um perfil levemente

curvado para fora dá-lhes um ar distinto. De vez em quando vê-se uma ou outra lista no dorso.

Mais comuns são as listas nas pernas junto às patas. Estas características chamadas zebruras

são consideradas antigas.

Maria do Mar Oom estudou não só a variação genética actual da raça como a sua origem. "A

Península Ibérica é considerada um refúgio da era glacial para o cavalo", explicou a

investigadora. Um estudo de 2007 comparou ADN de fósseis de cavalos com raças actuais

como o sorraia, o mustang (os cavalos norte-americanos que têm antepassados muito próximos

com os da Península Ibérica) e o przewalsky (os últimos representantes dos cavalos selvagens):

o resultado reforça a ideia de que os cavalos peninsulares foram domesticados a partir das

populações que cá existiam.

Por isso, as zebruras que se vêem em pinturas rupestres como na gruta de La Pileta, em

Málaga, em Espanha, e ao mesmo tempo em alguns dos indivíduos que se passeiam pela

herdade de José Luís d"Andrade contraem momentaneamente a História da Península Ibérica

num representante único. "O sorraia é um livro de história vivo, é como se fosse a Torre de

Belém. Não podemos destruir um monumento que temos aqui. Tenho muito gosto em preservá-

los e mantê-los, se tivesse a Torre de Belém também a quereria manter", defende José Luís

d"Andrade.

Além do valor histórico, também há um feeling selvagem junto da manada. Perguntámos a José

Luís se os cavalos o reconhecem? "Devem conhecer pelo menos a minha voz, mas não me

deixam tocar." Mesmo sem podermos sentir o corpo e muito menos montar os cavalos - um

desejo secreto que trazíamos da redacção -, estar no meio deles é intenso. Há uma conversa

silenciosa entre a manada, um pulsar de identidade. Algumas vezes, uma das fêmeas

aproximava-se e olhava para nós de uma forma solene, como quem diz "saudações mamífero

bípede desconhecido". Depois afastava-se.

Um ano normal

Apesar de os poldros que se vêem já serem muitos, o engenheiro aponta para algumas fêmeas

que parecem estar prontas a parir. Se a fertilidade fosse sempre como na Herdade Font"Alva, a

raça já não teria com certeza o estatuto de criticamente ameaçada, como aparece na terceira

edição da Lista Vermelha Mundial para a Diversidade de Animais Domésticos, de 2000.

Foi um ano bom de nascimentos? "Para mim é um ano normal", diz o engenheiro. Aqui tudo

corre bem, apesar de, em geral, os machos da raça sofrerem de uma qualidade do esperma

baixa, o que se reflecte depois na dificuldade de fecundarem as fêmeas. Mas o problema bate à

porta de muitos dos criadores, incluindo dois dos três irmãos de José Luís, que também têm

sorraias.

"Acho que é uma questão de maneio e não de genética", explica o engenheiro. Em Font"Alva,

as fêmeas estão separadas durante metade do ano. A partir de Janeiro chega um macho que

fica com elas até início de Junho. À medida que as fêmeas vão parindo os poldros, que têm uma

gestação entre os dez e os onze meses, são cobertas pelo macho livremente até que acabam

por ser fecundadas. Na natureza há possibilidade para inúmeras tentativas, sem o stress do

maneio artificial que a investigadora sugere dificultar a concepção. Ou então o milagre é mais

simples. "São as águas que vêm de Portalegre", justifica José Luís d"Andrade a rir-se.

O certo é que ali os poldros não faltam. A caminharem atrás das mães, a quererem mamar, a

rebolarem na terra. Todos os anos Maria do Mar Oom tem que manter actualizado os números

dos efectivos, com o nascimento e as mortes. É assim que concluiu haver um aumento anual de

três por cento. O número total nunca está totalmente correcto porque há criadores que não

informam o que acontece com os membros mais velhos da população. Acima de certa idade,

Maria do Mar começa a "matá-los" nas suas folhas.

Dos 200 animais, mais de metade estão em Portugal espalhados por dez herdades e

Dados do mapa ©2010 Europa Technologies, Tele Atlas -

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coudelarias, de acordo com o site da Associação Internacional de Criadores do Cavalo Ibérico

do Tipo Primitivo - Sorraia. A Alemanha conta com cerca de 60 indivíduos distribuídos por oito

coudelarias, com o núcleo inicial instalado em 1976 na coudelaria de Schäfer, no Sudeste do

país, perto de Munique.

A separação das populações é particularmente importante para um grupo de indivíduos cuja

riqueza genética é tão pequena. "Muito rapidamente todos os animais acabam por ser parentes

entre si, é a concentração dos genes", explica a investigadora, acrescentando que se os genes

forem bons é óptimo, mas se forem maus é devastador.

Apesar de o grupo original ser de 12 animais, só se encontra na população actual material

genético de dez fundadores, o pool genético de dois dos 12 cavalos perdeu-se ao longo das

gerações. Hoje, o grau de consanguinidade é de 36 por cento, uma percentagem alarmante. É

por isso que os novos cruzamentos têm que ser pensados para maximizar a riqueza genética

que existe.

Há um programa informático que toma a melhor decisão para estes cruzamentos. Muitas vezes,

os constrangimentos não permitem realizá-los. Por exemplo, cruzamentos com o grupo

existente na Alemanha seriam uma mais-valia, porque a população já está separada há

algumas décadas e diminuiria a consanguinidade. "Já está agendado, falado, já sabemos

exactamente os garanhões que queremos importar e trocar por fêmeas. É preciso que haja

vontade de ambas as partes e financiamento", explica Maria do Mar.

Diversidade doméstica

O problema da fertilidade vai ser o tema principal do doutoramento de uma aluna de Maria do

Mar, Josefina Kjöllerström, de 28 anos. A investigadora vai analisar os cromossomas dos

cavalos durante a reprodução, para verificar se existem mutações insistentes que expliquem

tanta infertilidade.

Até porque é o aumento mínimo da população que impede a raça de se expandir, não é a falta

de procura. "Não consigo vender mais porque não tenho", explica José Luís d"Andrade,

acrescentando que vende cada fêmea por "seis mil, seis mil e tal euros". Os cavalos têm em

geral boa avaliação e as pessoas querem adquiri-los por serem uma raça cada vez mais

emblemática.

"Hoje em dia há o cuidado e o interesse de preservar tudo o que é primitivo, porque os animais

pecuários muitas vezes são cruzados com outras raças melhoradoras e perde-se este pool

genético", explica Maria do Mar Oom, referindo-se aos sorraias. A investigadora explicou

também que o esforço de monitorizar esta raça pode servir de exemplo para outras espécies em

perigo que sejam mantidas fora do ambiente natural, como no caso dos jardins zoológicos.

"Qualquer raça deve ser conservada no âmbito da biodiversidade, pensamos sempre nos

animais na natureza, mas os domésticos também fazem parte da riqueza genética do país e

grande parte tem sido apagada ou destruída pela mais-valia que o homem pode tirar", refere a

investigadora. "Tem-se divulgado muito a raça, e quantos mais cavalos há mais hipóteses

temos de os perpetuar."

No Ano Internacional da Biodiversidade, vamos publicar quinzenalmente, e até Novembro,

reportagens sobre o trabalho que investigadores portugueses desenvolvem em Portugal e no

estrangeiro na conservação da natureza. Os conteúdos são da inteira responsabilidade do P2.

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Comentários 1 a 7 de 7Escrever Comentário 1

Nuno Lívio , Almada - Portugal. 12.06.2010 02:27

Lascaux

Pelo que vi assemelha-se muito aos cavalos de Lascaux, assim como o Preswalsky. A cor, as patas zebradas, o porte algo

rústico e primitivo, ainda sem os apuramentos da domesticidade. Possivelmente o Tarpan teve aqui na ponta ocidental da peninsula o

seu último refúgio europeu, e vive através do Sorraia. Caso único na Europa, afinal o cavalo de Preswalsky não está só. Um

património a preservar. Deixem-no bravio, fica-lhe muito bem!

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Terfez , Lisboa, Portugal. 11.06.2010 19:35

Importante nota

Tanta referência a raça, mas alguém já se deu ao trabalho de pensar no que o sorraia realmente é? Pois então, é uma

espécie de cavalo selvagem primitivo da P. Ibérica, chamada de Zebro. Tanta coisa para desviar as pessoas do assunto primário.

José Luís D´Andrade tal como seu avô é que não se perdeu no assunto e fez uma interessante comparação com a Torre de Belém. A

insistência na domesticidade do sorraia é claramente patente do início ao fim do artigo. O Sorraia não foi «manipulado» pelo Homem,

basicamente juntou-se foi cavalos selvagens com características primitivas em Portugal ( de Zebro) e criou-se este núcleo

reprodutivo. Ainda bem que Ruy de Andrade pelos vistos desconhecia isso da raça, quando os viu pela primeira vez e resolveu

protegê-los da domesticidade dos outros cavalos. Algumas reservas que protegem este cavalo primitivo dão-lhe direito a ter uma vida

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livre e selvagem, como sempre teve. Há portugueses no entanto, que preferem agir hipocriticamente, tanto gostam de proteger o que

acham bom, como se esquecem de valorizar o que é inquestionavelmente bom mas pouco lhes diz pessoalmente. Há falta de melhor

podem sempre optar por ignorar.

Este comentário tem 0 respostas Responder a este comentário Denunciar este comentário

Terfez , Lisboa, Portugal. 11.06.2010 18:59

Importante nota

Tanta referência a raça, mas alguém já se deu ao trabalho de pensar no que o sorraia realmente é? Pois então, é uma

espécie de cavalo selvagem primitivo da P. Ibérica, chamada de Zebro. Tanta coisa para desviar as pessoas do assunto primário.

José Luís D´Andrade tal como seu avô é que não se perdeu no assunto e fez uma interessante comparação com a Torre de Belém. A

insistência na domesticidade do sorraia é claramente patente do início ao fim do artigo. O Sorraia não foi «manipulado» pelo Homem,

basicamente juntou-se foi cavalos selvagens com características primitivas em Portugal ( de Zebro) e criou-se este núcleo

reprodutivo. Ainda bem que Ruy de Andrade pelos vistos desconhecia isso da raça, quando os viu pela primeira vez e resolveu

protegê-los da domesticidade dos outros cavalos. Algumas reservas que protegem este cavalo primitivo dão-lhe direito a ter uma vida

livre e selvagem, como sempre teve. Há portugueses no entanto, que preferem agir hipocriticamente, tanto gostam de proteger o que

acham bom, como se esquecem de valorizar o que é inquestionavelmente bom mas pouco lhes diz pessoalmente. Há falta de melhor

podem sempre optar por ignorar.

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Joana , Lisboa. 11.06.2010 09:40

Ainda têm um sabor selvagem???

Então neste tempo de crise e de bife caro de vitela, agora é que é de aproveitar que já sabemos onde encontrar cavalo

com gosto antigo!!!

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x , x. 10.06.2010 23:41

bela reportagem

mas no Norte há uma aldeia onde anualmente matam garranos à paulada.

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paulo figueira , porto. 10.06.2010 20:19

cavalos do passado

Gostei de saber que estes cavalos têm ADN dum passado longinquo, vizinhos da última glaciação, e que têm alguns traços

de semelhança com dois cavalos trazidos da Mongólia, também primitivos (que a Tv um dia mostrou. Estão em Alter ? ). Do estudo

genético que tem sido conduzido, tudo porque alguém um dia os avistou nas margens do soraia e os soube proteger. Parabéns a

todos os envolvidos.

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Ana Jorge , Porto. 10.06.2010 19:08

Belooooo!!!!

sem dúvida um dos animais mais belos, que são os "cavalos" para mim não interessa de que raça....lindos intelegentes.....

quase como uma terapia, olhar para estas criaturas nós humanos chamamos de animais!!seres que trazem alegria, mas muitas

vezesn uma tristeza profunda, de quem lhes faz mal!!!seja preservada toda esta, e outras raças.....Com eles aprendemos, a não ser

animais mas sim humanos na verdade!!!!!

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