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FICHA TÉCNICA

Produção científica relativa ao evento International Congress of Occupational Health Nursing (ICOHN19) Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro, 29 de março de 2019.

TÍTULO International Congress of Occupational Health Nursing – ICOHN19: Proceedings.

COORDENAÇÃO CIENTÍFICA Helena Maria Almeida Macedo Loureiro

AUTORES Helena Maria Almeida Macedo Loureiro, Aida Maria de Oliveira Cruz Mendes, Elisabete Maria das Neves Borges, Elsa Maria de Oliveira Pinheiro de Melo, José Hermínio Gonçalves Gomes, Margarida da Silva Neves de Abreu, Paulo Joaquim Pina Queirós.

REVISÃO FINAL Aida Maria de Oliveira Cruz Mendes; Célia Maria Abreu de Freitas Pires; Daniela Maria Pias de Figueiredo; Elisabete Maria das Neves Borges; Elsa Maria de Oliveira Pinheiro de Melo; João Paulo de Almeida Tavares; Helena Maria Almeida Macedo Loureiro; José Hermínio Gonçalves Gome; Margarida da Silva Neves de Abreu; Margarida de Melo Cerqueira; Marília dos Santos Rua; Paulo Joaquim Pina Queirós; Rui Jorge Dias da Costa.

DESIGN E PAGINAÇÃO Mário Manuel Pinheiro Rodrigues Henrique Xavier Araújo Cruz

EDIÇÃO UA Editora – Universidade de Aveiro

1ª edição – junho 2019

ISBN 978-972-789-605-9

APOIO

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III

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Doutor Paulo Jorge Ferreira, Magnífico Reitor da Universidade de Aveiro

À Professora Doutora Alexandra Isabel Cardador de Queirós, Vice-Reitora da “Vida nos campi e bem-estar” da Universidade de Aveiro

Ao Professor Doutor Rui Jorge Dias Costa, Diretor da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro

À Professora Doutora Aida Maria de Oliveira Cruz Mendes, Presidente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

Ao Professor Doutor António Luís Carvalho, Presidente da Escola Superior de Enfermagem do Porto

À Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Digníssima Enfermeira Ana Rita Pedroso Cavaco

Ao presidente da Associação Nacional de Enfermeiros do Trabalho, Enfermeiro Chefe Vitor Brasileiro

À coordenadora do Ponto Focal Nacional da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, Professora Doutora Emília Graça Dourado Telo Ferraz Pereira André

Ao Professor Catedrático de Epidemiologia e Medicina Preventiva e Diretor do Instituto de Higiene e Medicina Social da FMUC, Professor Doutor Salvador Manuel Correia Massano Cardoso

A toda a equipa de docentes, não docentes e estudantes da Escola Superior de Saúde

da Universidade de Aveiro que contribui para o sucesso do

International Congress of Occupational Health Nursing - ICONH19

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Prefácio

"Lago azul do conhecimento” ... A realização do International Congress of Occupational Health Nursing, que teve lugar na Escola

Superior de Saúde da Universidade de Aveiro, ilustra de forma inequívoca a importância das

reuniões científicas com características pluridisciplinares e fortemente abrangentes. Ao tratar da

Saúde Ocupacional, capítulo importante e vital para qualquer trabalhador, contribuindo para

preservar a saúde e evitar o sofrimento provocado ou agravado pelo trabalho, este congresso

fez-me recordar um belo lago azul cheio de águas puras e cristalinas. Ninguém pode viver sem

água e sem conhecimento. Ambos são essenciais para a vida e bem-estar dos seres humanos.

Este lago alimentou-se de inúmeros cursos de água vindos do todos os lados e profissões, quer

estejam ou não relacionados com a saúde na sua vertente mais nobre, “não adoecer”.

Assisti ao nascer de um belo, rico e sedutor lago do conhecimento. Os temas, diversos, foram

ponto de partida e, também, de chegada para a “enfermagem do trabalho” que irá constituir

num futuro próximo um dos mais fortes e criativos pilares capaz de não só dignificar a área da

Saúde Ocupacional como também contribuir para a saúde em geral.

O “lago azul” do conhecimento tornou-se uma realidade. Agora é preciso alimentá-lo, porque

um lago seco não tem vida e nem contribui para matar a sede do conhecimento. E sem

conhecimento não há progresso e nem futuro.

Este livro de atas permite-nos avaliar e registar muito do que foi dito e apresentado. O

conhecimento precisa de memória. Sem memória não somos nada.

Aqui fica o meu registo e desafio para que os responsáveis mantenham a beleza de um “lago

azul” ...

Salvador Massano Cardoso

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III

AUTORES

Helena Maria Almeida Macedo Loureiro. Professora Adjunta da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro. Especialista em Enfermagem Comunitária/ramo Saúde Ocupacional pela Escola Superior de Enfermagem Dr. Ângelo da Fonseca, Coimbra. Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Medicina de Coimbra. Doutorada em Ciências da Saúde pela Universidade de Aveiro. Pos-doc em “Respostas adaptativas individuais e familiares numa sociedade laboral tendencialmente envelhecida” pela Unidade de Investigação em Ciências da Saúde e pela Universidade de São Paulo. Coordenadora do Curso de Pós-Graduação de Especialização em Enfermagem do Trabalho, da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro. Investigadora do IBIMED e da UICISA:E.

Aida Maria de Oliveira Cruz Mendes. Doutorada em Educação pela Universidade do Minho e Mestre em Saúde Ocupacional pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Especializada na área de Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica. Presidente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC).

Elisabete Maria das Neves Borges. Doutorada em Enfermagem. Professora Adjunta na Escola Superior de Enfermagem do Porto. Investigadora do Center for Health Technology and Services Research (CINTESIS) e membro da RedENSO (Red Internacional de Enfermeria en Salud Ocupacional). Investigadora responsável do Projeto INT-SO: Dos contextos de trabalho à saúde ocupacional dos profissionais de enfermagem, um estudo comparativo entre Portugal, Brasil e Espanha.

Elsa Maria de Oliveira Pinheiro de Melo. Doutorada em Ciências e Tecnologias da Saúde na Universidade de Aveiro. Mestre em Gestão e Economia da Saúde pela Universidade de Coimbra. Especialista em Enfermagem Saúde Infantil e Pediatria pela Escola Superior de Enfermagem do Dr. Ângelo da Fonseca. Professora e sub-Diretora da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro. Coordenadora da unidade curricular Gestão da Qualidade em Saúde Ocupacional no Curso de Pós-Gradução em Enfermagem do Trabalho.

José Hermínio Gonçalves Gomes. Especialista em Enfermagem Comunitária, Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e Doutorado em Enfermagem na Universidade Católica Portuguesa. Professor na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra e Coordenador da Pós-Graduação em Enfermagem do Trabalho. Docente e investigador nas áreas da Enfermagem Comunitária, Saúde Pública e Saúde Ocupacional.

Margarida da Silva Neves de Abreu. Doutorada em Ciências de Enfermagem. Professora Coordenadora na Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP). Coordenadora da unidade científico pedagógica Desenvolvimento Humano da ESEP e Coordenadora dos Cursos de Pós-Licenciatura de Especialização e Mestrado em Enfermagem Comunitária da ESEP.

Paulo Joaquim Pina Queirós. Mestre em Saúde Ocupacional pela Faculdade de Medicina de Coimbra e Doutorado em Desenvolvimento e Intervenção Psicológica pela Universidade da Extremadura - Espanha. Professor Coordenador na ESEnfC e Investigador na UICISA: E. Pos-doc em “Pensamento teórico de enfermagem” no ICBAS-UP.

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IV

Índice

COMUNICAÇÕES/ARTIGOS DE INVESTIGAÇÃO ANCESTRAIS DA ENFERMAGEM NO TRABALHO .......................................................... 2

Helena Loureiro Teorias que sustentam a Enfermagem do Trabalho .................................................... 9

Paulo Joaquim Pina Queirós Investigação em Enfermagem do Trabalho: o percurso do projeto INT-SO ................ 22

Elisabete Borges, Margarida Abreu, Cristina Queirós, Pilar Mosteiro, Patricia Baptista, Vanda Felli Red de Enfermería em Salud Ocupacional – REDENSO Internacional: acordo de colaboração, aprendizagem e investigação .............................................................. 32

Maria Helena Palucci Marziale Promoção da saúde no local de trabalho: uma “filosofia de cuidar” a imperar no futuro ...................................................................................................................... 36

Margarida Abreu, Elisabete Borges, Cristina Queirós Ansiedade, Engagement e Burnout em enfermeiros ................................................. 57

Cristina Queirós, Elisabete Borges, Margarida Abreu 1º Prémio de Póster Nacional

Assédio moral (mobbing) no contexto laboral .......................................................... 64 Margarida Cerqueira

Trabalho em equipe e cultura de segurança dos doentes: um estudo com Enfermeiros ................................................................................................................................ 70

Edenise Batalha, Marta Melleiro, Elisabete Borges 2º Prémio de Póster Internacional

Envelhecimento e trabalho: reflexões sobre a adaptação pessoal e social uma nova realidade sociodemográfica ..................................................................................... 75

Marques, F.d.; Tavares, J.; Silva, S. R. Burnout and job demands among nurses: a comparative study between Portugal and Italy ......................................................................................................................... 82

Cristina Queirós, Raffaella Ruggieri, Elisabete Borges, Elena Fiabane 1º Prémio de Póster Internacional

Satisfação e fadiga por compaixão em Enfermeiros da área hospitalar: resultados preliminares ............................................................................................................. 87

Edenise Batalha; Marta Melleiro; Elisabete Borges 3º Prémio de Póster Internaciona

POSTERS/RESUMOS RESUMOS DE INVESTIGAÇÃO .......................................................................................... 94

A saúde e a segurança do trabalho: o absentismo nos trabalhadores de uma empresa metalúrgica ................................................................................................................. 95

Pinto, Bárbara; Norelho, Óscar; Oliveira, Ana; Dias, Sofia; Gonçalves, Isabel; Instrumento, Luís; Rua, Marilia

Prémio de Menção Honrosa A síndrome de Burnout nos Enfermeiros hospitalares portugueses: resumo de revisão sistemática da literatura ............................................................................................. 97

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V

Margarida Cerdeira Absenteísmo por transtornos mentais e comportamentais: um índice preocupante ... 99

Tatiana Castro Da Costa, Renata Da Costa Pinheiro, Leila Maria Castro Dos Santos, Hanna Lorena Moraes Gomes, Leslie Bezerra Monteiro, Irma Da Silva Brito

Análise da violência no trabalho da Enfermagem brasileira no cenário hospitalar e na atenção primária à saúde ........................................................................................... 101

Letícia de Lima Trindade, Daiane Dal Pai, Grasiele Fatima Busnello, Daiana Brancalione, Manoela Marciane Calderan, Carine Vendruscolo

Avaliação da cobertura vacinal contra a gripe sazonal nos profissionais de saúde do Centro Hospitalar do Baixo Vouga na época 2017/2018 ............................................. 103

Maria Silva, Ana Guerra, Paula Sardo, Fernando Mautempo Esgotamento profissional entre servidores de uma universidade da região amazônica brasileira .................................................................................................................... 105

Fernanda Matos Fernandes Castelo Branco, Carlos Augusto Sampaio Côrrea, Carlos Manuel Dutok Sanchez, Tancredo Castelo Branco Neto, Divane de Vargas, Tereza Maria Mendes Dinis de Andrade Barroso

Estilos de vida dos Enfermeiros que exercem funções no distrito de Coimbra ............ 107 Ramos, Joana; Coelho, Catarina; Silva, Armando

Estratégias de enfrentamento do estresse laboral em um pronto socorro .................. 109 Júlia Maria Silva Araújo, Giovanna Thais Aparecida Neves, Smailon Guimarães Dias, Silmar Maria da Silva

Estratégias para um ambiente de trabalho saudável em uma unidade de terapia intensiva .................................................................................................................................. 111

Giovanna Thais Aparecida Neves, Júlia Maria Silva Araújo, Smailon Guimarães Dias, Silmar Maria da Silva

Fatores precipitantes e preventivos de lombalgia no exercício da profissão de Enfermagem, em contexto hospitalar ........................................................................ 113

Lima, Raquel; Queirós, Andreia; Santos, Catarina; Luís, Cindy; Aidos, Maria; Loureiro, Helena Ginástica laboral: uma estratégia promotora de saúde no local de trabalho numa empresa do norte do país .......................................................................................... 115

Patrícia Pires, Carlos Granjo, Telma Pires, Conceição Raínho, Isabel Barroso, Maria João Monteiro Impacto do trabalho por turnos no stresse ocupacional dos Enfermeiros – revisão integrativa da literatura ............................................................................................. 117

Catarina Margalho, Daniela Santos, Nuno Tinoco, José Gomes Investigações sobre as cargas de trabalho da Enfermagem na atenção primária em saúde: interfaces entre o adoecimento e as práticas profissionais ......................................... 119

Letícia De Lima Trindade, Denise Elvira Pires De Pires, Mariana Mendes, Lara Vandresen, Maria Manuela Ferreira Pereira Da Silva Martins

Lesões musculoesqueléticas relacionadas com o trabalho numa empresa do norte do país .................................................................................................................................. 121

Patrícia Pires, Carlos Granjo, Telma Pires, Conceição Raínho, Isabel Barroso, Maria João Monteiro Nível de resiliência da Enfermagem de uma unidade de terapia intensiva .................. 123

Smailon Guimarães Dias, Giovanna Thais Aparecida Neves, Júlia Maria Silva Araújo, Silmar Maria da Silva

Prémio de Menção Honrosa Nurses’ work environment perceptions on Intensive Care Unit – Scoping review ....... 125

Nuno Miguel Peixoto, Tiago André Peixoto

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O turno noturno: implicações na capacidade laboral e na segurança do doente ......... 127 Margarida Cerdeira

Organização do trabalho e qualidade dos cuidados ofertados pelos cuidadores em lares de idosos ................................................................................................................... 129

Suellen Matos, Ana Paula Souza, Mirian Silva, Maria Julia Oliveira, Simone Oliveira, Margarida Abreu Papel do Enfermeiro na redução dos riscos profissionais – fichas de segurança de produtos químicos ..................................................................................................... 131

Elsa Ferreira, Sara Meneses Preditores de comportamentos de bullying em Enfermeiros ...................................... 133

Elisabete Borges, Margarida Abreu, Antónia Teixeira, Cristina Queirós 3º Prémio de Póster Nacional

Satisfação no trabalho de trabalhadores de uma autarquia da zona norte de Portugal .................................................................................................................................. 135

Elisabete Borges; Maria Manuela Martins; Cristina Queirós 2º Prémio de Póster Nacional

Saúde e trabalho de motorista de transporte alternativo na região norte brasileira ... 137 Fernanda Matos Fernandes Castelo Branco, Adriana Brandão Ribeiro;,Divane de Vargas, Tereza Maria Mendes Dinis de Andrade Barroso

Survey of Team Attitudes and Relationships (STAR): um protocolo de tradução e adaptação linguística e cultural .................................................................................. 139

Sara Gomes, Luís Sá Trabalho/Família: como percecionam os trabalhadores de mais idade esta díade ...... 141

Barbosa, Carla, Gomes, Fátima, Oliveira, Ana Filipa, Loureiro, Helena Vacinação da gripe sazonal vs absentismo laboral ...................................................... 143

Rosa Malta, Anabela Santos, Leonor Lopes, Helene Malta RESUMOS DE BOAS PRÁTICAS ........................................................................................ 145

A importância do observar na Enfermagem do Trabalho ............................................ 147 Yoshinari, Veronica

A vacinação dos profissionais de saúde contra a gripe – mitos frequentes ................. 149 Carla Santos, Paula Arsenio

Boas práticas em acidentes escolares da ESEnfC ......................................................... 151 Andreia Cristina, Teresa Campos Silva, José Hermínio Gomes

2º Prémio de Póster de Boas Práticas Capacitação do utente com doença respiratória crónica para o uso de terapêutica inalatória: a intervenção do enfermeiro do trabalho .................................................. 152

Cláudia Morujão, Helena Loureiro, Marília Rua, Célia Freitas, Patrícia Rebelo, Cátia Paixão, Alda Marques

Desenvolvimento de metodologia espiral progressiva multiface para controlo de agentes biológicos em trabalhadores da saúde ....................................................................... 154

Carla Santos, Ana Garrido, Ana Lança, Gabriela Lopes, Paula Arsénio Gomes 3º Prémio de Póster de Boas Práticas

Lesões musculoesqueléticas relacionadas com o trabalho - membros superiores ....... 156 Sandra Campinos, Isa Sacramento, Bruno Reis

Modalidade pilates no Centro Hospitalar Baixo Vouga ............................................... 158 Ana Guerra, Maria Silva, Paula Sardo, Fernando Mautempo

Prémio de Menção Honrosa

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VII

Prevenção de queimaduras no local de trabalho: revisão integrativa da literatura ..... 160 Marco Gama, Ana Rita Pádua, Victor Alves, Maria Ferreira

1º Prémio de Póster de Boas Práticas Reflexões a propósito das boas práticas da Enfermagem do Trabalho ........................ 162

Aliete Cunha-Oliveira, Salvador Massano Cardoso Silicose – uma perigosa doença profissional ............................................................... 164

Vieira, Ana; Sabino,Sara Uniformização dos registos de Enfermagem em Med2000: tratamento de feridas ..... 166

Daniela Nunes, Ana Veiga, Liliana Silva, Célia Freitas

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COMUNICAÇÕES/ARTIGOS DE INVESTIGAÇÃO

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ANCESTRAIS DA ENFERMAGEM NO TRABALHO

Helena Loureiro

Universidade de Aveiro - Escola Superior de Saúde, [email protected]

Resumo: A enfermagem do trabalho encontra os seus ancestrais em percursos que se fizeram sustentar no perfil evolutivo dos trabalhadores e daqueles que foram sendo os seus contextos e condições laborais. Os primeiros indícios deste exercício profissional foram originários do final sec. XIX, quando no norte da América e da Europa, se procedeu ao reconhecimento das pioneiras enfermeiras laborais e suas especificas associações. Em Portugal também se verificou um longo trajeto evolutivo nesta específica área do exercício da enfermagem. Sendo na atualidade, reconhecida como uma competência acrescida diferenciada por aquele que é o organismo que tutela o seu exercício (Ordem dos Enfermeiros), assessorada pela associação de enfermeiros que a representa em Portugal (Associação Nacional de Enfermeiros do Trabalho1), e encontrando a sua área cientifica em equipas de investigação que publicam evidencia empírica que sustenta as suas práticas.

Palavras chave: Saúde Ocupacional; Saúde dos trabalhadores; Enfermagem no Trabalho, História da Enfermagem.

A ciência e arte do exercício da Enfermagem, dirigida aos trabalhadores e seus contextos laborais, remonta de há longínqua data. Originalmente designada por enfermagem laboral, esta específica área de intervenção em saúde parece ter iniciado por finais do século XIX, quando Florence Nightingale, durante a Guerra Crimeia, cuidou das feridas dos soldados, tidas como acidentes de trabalho, enquanto funcionários do Ministério da Guerra (Rogers, 2011).

Não obstante estes indícios da prática, foi a inglesa Phillipa Flowerday quem ficou reconhecida como a primeira enfermeira do trabalho, quando, à data de 1878 e com a idade de 32 anos, constitui a primeira profissional de enfermagem contratada pela empresa de fabrico de mostarda J. & J. Colman de Norwich (Slaney, 1984 apud Rogers, 2011), com o específico objetivo de coadjuvar a intervenção médica e realizar visitas domiciliárias aos trabalhadores doentes e suas respetivas famílias (Godfrey, 1978 apud Rogers, 2011).

No final deste mesmo século, outras enfermeiras foram igualmente consideradas pioneiras na área da enfermagem laboral. Destacaram-se neste âmbito Elisabeth Parry e Betty Moulder, cuja prática de cuidados se focava essencialmente na prevenção e no tratamento de doenças e de lesões relacionadas com o trabalho. A Ada Mayo Stewart, enfermeira contratada pela empresa Vermont Marble Company no ano de 1895, para alem das anteriores incumbências foi-lhe também atribuída a execução de visitas regulares aos trabalhadores doentes no domicílio e, ainda, a prestação de cuidados de urgência (Rogers, 2011).

Em qualquer um dos casos anteriormente mencionado era, então, evidente a privilegiada intervenção de cuidados direcionada para os danos físicos, decorrentes do acidente e/ou da doença, com vista à sua resolução e/ou minimização da incapacidade que pudessem causar aos

1 Um especial agradecimento ao Enfº Vitor Brasileiro, pela camaradagem e partilha da informação aqui apresentada.

Helena Loureiro

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trabalhadores, por forma a que estes pudessem permanecer produtivos no local de trabalho, independentemente da sua condição física geral.

No início do século XX assiste-se a uma verdadeira proliferação de serviços de saúde em local de trabalho, revelando que muitas empresas começavam a perceber que esta oferta conseguiria aumentar o rendimento e, consequente, a produtividade dos seus trabalhadores (Rogers, 2011). Este movimento fez-se acompanhar por um marcado desenvolvimento da enfermagem laboral, particularmente, quando entre 1910 e 1920 se assistiu à publicação da legislação de compensação aos trabalhadores pela 1ª Guerra Mundial e ao apelo da máxima da prevenção de doenças contagiosas, com particular destaque para a tuberculose (McGrath, 1945 apud Rogers, 2011). Este fenómeno tomou tal proporção que em luta pelo interesse dos trabalhadores, e apenas nos EUA, eram já 1.213 os enfermeiros que neste período laboravam em 871 empresas.

Este número aumentou significativamente partir da 2ª Guerra Mundial, quando no ano de 1943 eram já 12.838 os profissionais desta área registados com funções de atendimento de emergência e de tratamento de lesões relacionadas ao trabalho. Em resultado deste exponencial movimento, também em 1942 surgiu a primeira organização associativa de enfermagem do trabalho - a American Association of Industrial Nurses (AAIN), hoje conhecida por American Association of Occupational Health Nurses (AAOHN) (Rogers, 2011).

Em 1968 eram cerca de 19.500 os enfermeiros exerciam atividades na área da Enfermagem do Trabalho e, em meados de 1976, muitos eram já responsáveis pela gestão dos programas de saúde ocupacional na grande maioria das empresas onde laboravam. Por possuírem formação especializada, estes enfermeiros eram capazes de planear, implementar, avaliar e coordenar a distribuição de assistência à saúde. Aplicavam o processo de enfermagem aos trabalhadores, participavam em programas de educação continuada e de formação, desenvolviam projetos de prevenção de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, tinham habilidades clínicas suficientes e um profundo conhecimento em ciências do comportamento, o que lhes permitia realizar aconselhamento em diversas áreas da saúde. Esta mudança de paradigma fez com que, em 1977, a AAOHN tivesse proposto a alteração daquela que era a designação de “enfermeiro laboral” para a de “enfermeiro do trabalho”, de forma a expressar aquele que tinha passado a ser o seu vasto campo de intervenção (Rogers, 2011).

Paralelamente a este movimento também, na Europa se assistia a idênticos fenómenos evolutivos na área da enfermagem do trabalho, fruto da revolução industrial que continuava a levantar problemáticas questões de carácter sociodemográfico e económico aos governos vigentes e que eram tidas como fonte da sua preocupação, em termos de estratégias e de políticas em saúde. Na sequência desta problemática, no Reino Unido, a partir de 1952, passaram a ser realizados os primeiros cursos para “enfermeiros da indústria”, dando origem a uma nova perspetiva da “enfermagem para a saúde dos trabalhadores”. Os planos programáticos destes cursos centravam-se, não apenas, em preparar os enfermeiros para o novo campo de trabalho, mas, simultaneamente, em garantir a excelência de um padrão de assistência em enfermagem, com vista a assegurar a satisfação no trabalho nessa especialidade (Rogers, 2011).

Vivia-se, então, um período ascendente nesta especifica área do exercício de enfermagem. E, um dos grandes impulsionadores desta mudança parece ter sido o seminário realizado no ano de 1969 pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), e no qual participaram a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Associação Internacional de Saúde Ocupacional (AISO) e o Conselho Internacional de Enfermagem (CIE). Neste evento, para além de terem sido partilhadas as principais experiências na área da enfermagem do trabalho, por países como o Brasil, Espanha,

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EUA, Finlândia, França, Grécia, Itália, Noruega, Reino Unido, Suécia e a antiga URSS (Bulhões, 1998; Graça, 2000), surtiram, também, fortes contributos para a tomada de consciência da relevância desta área do exercício de enfermagem para a saúde dos trabalhadores e, consequente, produtividade e desenvolvimento económico das nações. Em toda a Europa, começam então a emergir algumas expressões desta reflexão (Graça, 2000; Bonnie, 2011; Carvalho, 2014):

• Em França, se a partir de 1946 o enfermeiro do trabalho era já tido como uma presença obrigatória nos serviços de saúde ocupacional, a partir de 1969 a legislação francesa passou a obrigar as empresas com mais de 500 trabalhadores a terem nos seus quadros um enfermeiro do trabalho, a tempo inteiro;

• Na Holanda surgiram os primeiros cursos de saúde ocupacional e em 1982 eram cerca de 600 os enfermeiros do trabalho que desenvolviam atividades no campo administrativo, assistencial e de ensino;

• Na Austrália, mais especificamente no ano de 1976, foi criada a Associação de Enfermeiros de Saúde Ocupacional da Austrália que se integrou na Federação Australiana de Enfermagem. Abriram-se vários cursos de especialização, garantindo o desenvolvimento da especialidade na época e, em 1980 este país já contava com 1500 enfermeiros do trabalho que exerciam as suas funções em várias empresas;

• Na Finlândia, no ano de 1978, 1343 enfermeiros do trabalho já exerciam as suas funções com uma qualificação tal que lhes permitia aceder a um notável prestígio social. Isto porque, já na época assumiam papel de gestores, desenvolvendo atividades como o de avaliação física e psicológica dos trabalhadores, gestão de programas de educação em saúde, assessoria na área segurança, ministração de cursos de primeiros socorros, entre outros. Em 1980, a Associação Finlandesa de Enfermeiros do Trabalho tinha 1200 membros inscritos;

• Na Suécia, desde o ano de 1980, os enfermeiros de trabalho passaram a integrar a equipe de saúde ocupacional e a desenvolver a sua atividade em estreita relação com os técnicos de segurança. A Associação de Enfermeiros do Trabalho da Suécia contabilizava 2000 enfermeiros inscritos nesta data e os cursos de especialização formavam cerca 200 enfermeiros por ano.

Consequente deste movimento, em 21 de março de 1983, no Reino Unido (Windsor) é fundada a Federation of Occupational Health Nurses within the European Union (FOHNEU), sendo que segundo este organismo a “Occupational Health Nursing aims at securing the health, safety and well-being of the workforce. This is achieved through assessing, monitoring and promoting the health status of the workers, and developing strategies to improve the working conditions and the total environment.” (FOHNEU, sd).

Também na Finlândia, mais especificamente na cidade Hanasaari, o ano de 1988 ficou marcado pela publicação de um dos mais históricos modelos da Enfermagem do Trabalho. Segundo Ruth Alston e colaboradores (FOHNEU, 2014) esta prática de cuidados deveria centrar-se no “Sistema Geral de Ambiente”, que incorporava aspetos mais gerais de saúde e segurança, relacionados com os fatores económicos, políticos, sociais, ecológicos e organizacionais; nos conceitos “Homem”, “Trabalho” e “Saúde”, com impacto na saúde no local de trabalho; e “Enfermagem do Trabalho”, representada na zona central no modelo, caracterizada pela sua flexibilidade e conotada como sendo proativa em todas as interações por ela protagonizada.

O caminho fazia-se no sentido de atribuir cada vez mais relevância ao exercício do enfermeiro do trabalho, de tal forma que Whitaker e Baranski (2001) na publicação da WHO, intitulada The Role of the Occupational Health Nurse in Workplace Health Management apresentaram como suas atribuições de competência:

• Clínico – funções a nível da prevenção primária de lesões e doenças, cuidados de emergência a trabalhadores feridos antes da transferência dos mesmos para serviços especializados, execução de tratamentos quando aplicável, elaboração do diagnóstico de enfermagem e do respetivo

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plano de cuidados individual ou para grupos, implementação e avaliação das intervenções de enfermagem, e aplicação da prática baseada na evidência;

• Especialista – enfermeiro deverá envolver-se no desenvolvimento da política de saúde no local de trabalho e nas estratégias de promoção de saúde e gestão da saúde ambiental. Para além disto, o enfermeiro poderá desempenhar um papel importante na avaliação da capacidade para o trabalho, avaliações de saúde periódicas, vigilância dos fatores de risco e avaliação dos resultados. O enfermeiro também poderá contribuir para ajudar a gerir o absentismo de forma eficaz; contribuir na elaboração de um programa de reabilitação; desenvolver estratégias para manter ou restaurar a capacidade para o trabalho; dar informação sobre vigilância da saúde, comunicação de riscos, monitorização e sobre a avaliação de estratégias de controlo; realizar relatórios sobre as tendências de faltas devido a doenças, estatísticas de acidentes, avaliação das necessidades em promoção da saúde e da prestação de serviços e da efetividade das intervenções da saúde ocupacional; e aplicar a prática baseada na evidência;

• Gestor – o enfermeiro do trabalho poderá gerir toda a equipa multidisciplinar de saúde ocupacional, os enfermeiros do trabalho ou programas específicos. Também poderá ser o responsável por gerir o orçamento do departamento e estar envolvido na realização de acordos para a prestação de serviços. Para além disto, tem que garantir e estar envolvido na qualidade da prestação de serviços, auditorias e iniciativas de melhoria da mesma e tem a obrigação de atualizar os seus conhecimentos e habilidades;

• Coordenador – poderá coordenar todos os profissionais envolvidos na equipa de saúde ocupacional;

• Consultor – pode ser solicitado como consultor para o desenvolvimento de políticas e práticas de saúde no local de trabalho;

• Educador – pode exercer funções na educação para a saúde como aspeto integral da promoção da saúde, avaliando as necessidades em promoção da saúde, priorizando e desenvolvendo intervenções adequadas;

• Conselheiro – muitas vezes o enfermeiro é tido como o profissional de saúde presente durante grande parte do tempo na empresa, pelo que poderá ter que ajudar trabalhadores a lidar com a saúde mental e com o stresse relacionado com o trabalho;

• Investigador – deverá desenvolver competências de investigação para adotar uma prática baseada na evidência, realizar estudos, avaliar as necessidades individuais e organizacionais, tratar os dados, interpretar os resultados e planear intervenções.

Reportando àquela que foi constituindo a realidade Portuguesa, e apesar dos enfermeiros terem desde sempre assumido que ocupavam uma posição privilegiada em matéria de prevenção e promoção da saúde e da higiene e segurança nos locais de trabalho (Graça, 2000), só no final do século XX estes profissionais de saúde conseguem ver pela primeira vez as suas competências na área da saúde ocupacional plasmadas em matéria legislativa. A Lei n.º 7/95 de 29 março (p. 1712) foi pioneira nesse sentido, regulamentando o perfil de competências destes profissionais de saúde quando, na alínea 6) do seu artigo 23, referia: “Considere-se enfermeiro do trabalho o enfermeiro com o curso de estudos superiores especializados de Enfermagem de Saúde Pública com formação específica no domínio na saúde do trabalho.”.

Na sequência da anterior publicação e há semelhança de idênticos movimentos associativos que se foram formando em outras regiões da Europa, também em Portugal, no ano de 1998, se viu constituir a Associação Nacional dos Enfermeiros do Trabalho (ANET), pelo Diário da República n.º III, série 18 maio de 1998. Tratando-se de uma organização sem fins lucrativos que toma como objeto a defesa e promoção de aspetos educacionais e de formação dos seus associados, bem como a promoção e a implementação do exercício do estudo e investigação da enfermagem do trabalho, tem-se destacado na sua vasta atividade (Brasileiro, 2019):

• A participação em todos os grupos de trabalho constituídos para a elaboração de orientações técnicas e/ou a emissão de parecer sobre assuntos e/ou documentos relacionados com a área da saúde do trabalho/enfermagem do trabalho, mantendo-se para tal em permanente contacto

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direto com todos organismos que regem e fomentam este específico exercício em Portugal (destacando-se, a DGS, a OE e a FNOPE);

• A continua participação no desenvolvimento da enfermagem do trabalho a nível internacional, enquanto membro ativo da Federation of Occupational Health Nurses within the European Union (FOHNEU) integrada, na International Council of Nurses (ICN);

• A colaboração na revisão técnica de diversos documentos emanados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em matéria de Enfermagem do Trabalho, como foi o caso da tradução/adaptação do livro intitulado O Enfermeiro do Trabalho na Gestão de Saúde Ocupacional (Couto & Brasileiro, 2014) que permanece a ser uma referência no exercício da Enfermagem nesta área;

• A estreita articulação e participação com todas as entidades formativas de cursos de especialização em Enfermagem do Trabalho;

• a organização e participação nos mais diversos eventos de caráter profissional e científico realizados na área da Enfermagem do Trabalho, a nível nacional e internacional.

Retomando à cronologia histórica da implementação da enfermagem do trabalho, importa referir que só no início do presente milénio foi legislada a obrigatoriedade da presença do enfermeiro do trabalho no contexto empresarial, quando, através do Decreto-Lei n.º 109/2000 de 30 de Junho, se referia que este profissional deveria exercer a sua atividade com autonomia técnica, desde que demonstrasse ter competência e experiência adequada.

A enfermagem do trabalho continuava, porém, a carecer de regulação do seu exercício e a Lei n.º 102/2009 de 10 de Setembro alertava para esse mesmo facto, quando mencionava que esta área profissional permanecia sem legislação especifica que descrevesse o seu desenvolvimento. De forma a colmatar esta lacuna, a DGS (2010) atribuía aos enfermeiros do trabalho um conjunto de atividades que, entre outras, compreendia: a participação na definição de políticas de saúde da empresa; a colaboração no planeamento e avaliação dos programas de saúde; a participação na vigilância da saúde dos trabalhadores, juntamente com o médico do trabalho; a prestação de cuidados de enfermagem no local de trabalho, nomeadamente na prestação de primeiros socorros, administração de medicação prescrita e no encaminhamento dos casos urgentes para unidades de saúde; a colaboração com outros profissionais na identificação de riscos profissionais e o acompanhamento dos planos de intervenção para reduzir a exposição ou limitar os danos profissionais; a formação e informação ao nível da saúde dos trabalhadores; o desenvolvimento e avaliação de programas de promoção de saúde relacionados com o trabalho e outros programas gerais de saúde na empresa.

Estava-se já em pleno desenvolvimento do Programa Nacional de Saúde Ocupacional 2º Ciclo – 2013/2017 (DGS, 2013) quando, perante a inexistência de avanços relativos à regulação exercício da enfermagem do trabalho, a Direcção-Geral da Saúde avança emanando a Orientação n.º 009/2014 de 03 de junho. Neste documento (idem, p.2) lia-se então que em Portugal “A atividade do Enfermeiro do Trabalho é dirigida à gestão da saúde do trabalhador ou de grupos de trabalhadores.(...) Focaliza-se na promoção e proteção da saúde e bem-estar no local de trabalho, na prevenção de acidentes e doenças relacionadas ou agravadas pelo trabalho, com o propósito de promover ambientes de trabalho saudáveis e seguros” e que para a obtenção da autorização para o seu exercício seria necessário ser detentor de um conjunto de critérios de formação e competências técnicas de reconhecidas para o efeito.

Com estas prorrogativas declina-se, em certa medida, aquela que tinha sido a diretiva apresentada pela Lei n.º 7/95, na qual se proclamava ser condição necessária a frequência do Curso de Estudos Superiores Especializados de Enfermagem de Saúde Pública como formação específica na área da saúde ocupacional, para o exercício da enfermagem do trabalho. Ainda assim, eram os primeiros passos para a regulação de uma prática de enfermagem sobre a qual

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urgia o desenvolvimento de formação especializada para dar resposta a necessidades tão específicas como aquelas que os trabalhadores detêm nos seus contextos laborais.

No sentido de assegurar o desenvolvimento das melhores práticas em contexto de saúde laboral, a DGS/Saúde Ocupacional faz publicar a Informação Técnica 10/2015 cujo conteúdo visava “estabelecer um referencial quanto aos conteúdos curriculares mínimos no âmbito da “Enfermagem do Trabalho”, que deverão ser orientadores da formação a ser prestada” e, decorrente desta diretiva, até Outubro de 2018 eram já dezoito as instituições do ensino superior português registadas e a quem era atribuída a idoneidade para oferecer esta formação especializada aos licenciados em enfermagem.

Na atualidade, pela a alínea d) do art.º 2º do Regulamento nº 372/2018 (OE, 2018, p. 16805) a Ordem dos Enfermeiros define “Enfermeiro do Trabalho“ como sendo o

“enfermeiro detentor de um conhecimento concreto e um pensamento sistematizado, nos domínios da disciplina, da profissão e da Enfermagem do Trabalho, com competência efetiva e demonstrada do exercício profissional na área, (…) em contexto de atuação multiprofissional (…)responsável por assegurar o processo de cuidados de enfermagem, ao trabalhador ou grupo de trabalhadores, no momento e local de trabalho, garantindo um atendimento integral, preventivo, efetivo e oportuno; desenvolvendo uma prática profissional baseada na evidência e na investigação; e uma prática profissional, ética e legal, de acordo com as normas legais, os princípios éticos e a deontologia profissional”.

Com este documento, passaram ainda a ficar clarificados os conceitos, domínios e requisitos para atribuição da competência acrescida em enfermagem do trabalho, bem como a proposta daquele que deveria ser o programa formativo para as entidades de ensino superior conceberem os planos de estudos nesta especifica área do exercício da Enfermagem.

Acredita-se que a menciona atribuição de competência acrescida diferenciada em enfermagem do trabalho, por parte da Ordem dos Enfermeiros, possa vir a constituir um primeiro passo para que num futuro próximo esta área do exercício venha a constituir uma Especialidade em Enfermagem do Trabalho. Todavia, independentemente da forma como essa evolução venha a ser realizada, será importante que os enfermeiros do trabalho “rompam” com o atual paradigma que sustenta as suas práticas e redirecionem a sua intervenção para a preservação do estado de saúde e da capacidade para o trabalho dos trabalhadores, em concordância com aqueles que são os mais atuais settings e contextos ecológicos de desenvolvimento da sua atividade laboral.

Um maior investimento em intervenções de proteção e promoção da saúde em local de trabalho, na capacitação dos trabalhadores no sentido de aumentar a sua literacia em saúde, na construção de indicadores sensíveis aos cuidados de enfermagem do trabalho demonstrativos daquelas que são as boas práticas neste exercício e, de forma emergente, no desenvolvimento de investigação em contexto de saúde ocupacional e em enfermagem do trabalho, serão alguns dos impulsionadores daquela que deverá ser uma especialização que vá ao encontro da faixa etária que permanece mais “desprotegida” em termos de promoção e de vigilância da saúde - a idade adulta.

Referências

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Teorias que sustentam a Enfermagem do Trabalho

Paulo Joaquim Pina Queirós1

1Escola Superior de Enfermagem de Coimbra / UICISA:E, [email protected]

Resumo: A enfermagem do trabalho baseia-se e faz-se interpretar através de teorias que a norteiam, lhe dão sentido, e lhe permitem ter visibilidade, pela capacidade explicativa que comportam. Parte-se do princípio de que os enfermeiros do trabalho são enfermeiros generalistas a trabalhar em contextos diferenciados de ambiente laboral. Por isso, os seus modelos estão em consonância com uma enfermagem moderna e atual, inspirada em Meleis e Kim. Para os enfermeiros do trabalho, assumem importância, teorias genéricas de enfermagem como a teoria das transições de Meleis e a teoria de promoção de saúde de Pender. Numa vertente de gestão, a teoria de eficácia de papel de Irvine, Sidani e McGillis, com a abordagem - estrutura processo resultados, que permite ter uma leitura das transições de Meleis mais operativa. Por outro lado, de um conjunto de teorias especificas de enfermagem do trabalho, ganha relevância, o modelo concetual de Hanasaari. Este modelo, pela visão dinâmica, aberta à comunidade envolvente dos trabalhadores e dos contextos de trabalho, comporta uma concetualização estratégica da intervenção dos enfermeiros do trabalho de enorme valor social. Por fim a enfermagem do trabalho está em Portugal em reconfiguração fruto do novo quadro normativo que define competências acrescidas diferenciadas.

Palavras chave: Enfermagem do Trabalho; Teoria de Enfermagem; Saúde do Trabalhador.

Introdução

O título deste texto corresponde ao título da comunicação efetuada no International Congress of Occupational Health Nursing e encerra em si, uma questão epistémica interessante e que importa esclarecer: em contexto de enfermagem qual a relação teoria-prática? Ou seja, é a teoria que sustenta a prática, ou num sentido contrário, é a prática que determina a teoria. Ou será que ambos coexistem influenciando-se mutuamente. Esta discussão não é isotérica, dela depende a conceção e a ideia que temos da natureza da enfermagem e do seu conhecimento específico. Em 2003, alguns autores de enfermagem colocavam assim a questão:

“… encontramos três tendências na relação teoria-prática. A primeira fala da existência de uma dicotomia ou de um vazio teoria/prática e a sua necessária superação. Uma segunda propõe uma visão hierárquica e unidirecional em que a prática está sempre prescrita e determinada pela teoria – é a que impera na maioria das escolas de enfermagem. E a terceira, contraria às anteriores, defende uma visão dialéctica, na qual a teoria e a prática são mutuamente constitutiva. “(Guitard &Torres, 2003, p. 177).

Filio-me na terceira tendência, e é nessa posição, que sustenta uma epistemologia da prática, em contraposição a uma epistemologia positivista, que encontro consistência, para explicar a natureza, a especificidade e o processo de criação de conhecimento em enfermagem e sucessivamente em enfermagem do trabalho. É nesse enquadramento concetual, que desenvolvo este texto, indo ao encontro do que penso ser as visões mais atuais da enfermagem e da enfermagem do trabalho. Considerando, naturalmente que ninguém é enfermeiro do trabalho sem anteriormente ter sido enfermeiro, se quisermos enfermeiro de cuidados gerais. Por isso, penso ser interessante visitar o pensamento sistematizado por Afaf Meleis e por Hesook Suzie Kim, e partido dessa sistematização, ir ao encontro de modelos explicativos como sejam, o modelo de transições, o modelo de eficácia de papel, o modelo de promoção da saúde e o modelo concetual de enfermagem do trabalho de Hanasaari.

Paulo Joaquim Pina Queirós

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Tenho como objetivo ir ao encontro de um sentido explicativo, comunicável em contexto de ciência e por isso mesmo sistematizado e escrito, que permita identificar o que fazemos, e com que sentido, enquanto enfermeiros e enfermeiros do trabalho.

1. De enfermeiros de cuidados gerais a enfermeiros com a competência acrescida diferenciada em enfermagem do trabalho

Ninguém é enfermeiro do trabalho sem anteriormente ter sido enfermeiro, se quisermos enfermeiro de cuidados gerais (pelo menos no contexto português) e, assim sendo, transporta, e ainda bem, para as funções acrescidas e de maior diferenciação, um património de competências e capacidades de enorme valia e utilidade.

Refere o Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros (1996), que a enfermagem é uma profissão na área da saúde que tem como objetivo prestar cuidados ao ser humano, quer esteja doente, quer esteja com saúde e ao longo de todo o ciclo vital, mas também aos grupos sociais em que ele está integrado de forma a manter, melhorar e recuperar a saúde, ajudando as pessoas a atingir a máxima capacidade funcional.

O mesmo regulamento do exercício define as intervenções dos enfermeiros como autónomas e como interdependentes. As autónomas da única e exclusiva iniciativa e responsabilidade dos enfermeiros e as interdependentes decorrentes dos planos de ação previamente definidos pelas equipas multidisciplinares em que estão integrados (REPE, 1996). Hoje, mais de vinte anos após a publicação deste regulamento com esta formalização das intervenções de enfermagem, discute-se, no seio da enfermagem, se todas as intervenções na realidade são autónomas. Sendo expectável que, mais cedo ou mais tarde, surja outro modelo explicativo da tomada de decisão e da ação que os enfermeiros sempre têm quando cuidam.

A publicação, em 2018, do Regulamento da Competência Acrescida Diferenciada em Enfermagem do Trabalho, clarifica e enquadra as funções e a visão do enfermeiro do trabalho e da enfermagem do trabalho.

O facto da enfermagem do trabalho, nesse regulamento, ser referida como uma competência acrescida diferenciada e não avançada, indica claramente, que não há só, ou apenas um aprofundar, avançar, em competências, que vinha detrás, seriam então na formulação da Ordem dos Enfermeiros, competências acrescidas avançadas, mas sim um crescimento (acrescido) em matérias diferentes (diferenciadas).

Estamos então perante um modelo regulamentar, necessariamente teórico e que assenta na afirmação:

“O exercício de Enfermagem do Trabalho é determinante para assegurar o suporte efetivo e integral à pessoa, enquanto trabalhador, a nível ocupacional e no local de trabalho, no âmbito da promoção e proteção da sua saúde, do seu bem-estar e da prevenção na exposição aos riscos/acidentes de trabalho, num papel de gestão de cuidados, participação na investigação e integrado na equipa de saúde.“ (Ordem dos Enfermeiros, Regulamento nº 372/2018).

Esclarecendo-se no referido regulamento que a enfermagem do trabalho é a:

“área de exercício profissional dirigida à gestão da saúde e segurança do trabalhador na sua relação com o ambiente de trabalho. Focaliza-se no bem-estar, na promoção, proteção, vigilância e recuperação da saúde, bem como na prevenção de riscos profissionais, de acidentes, doenças profissionais e doenças relacionadas e/ou agravadas pelo trabalho, em parceria com os trabalhadores, com o propósito de

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promover ambientes de trabalho saudáveis e seguros tendo em conta as características individuais, do posto de trabalho e do ambiente socio laboral” (Ordem dos Enfermeiros, Regulamento nº 372/2018).

O enfermeiro do trabalho é definido, neste regulamento, como:

“Enfermeiro detentor de um conhecimento concreto e um pensamento sistematizado, nos domínios da disciplina, da profissão e da Enfermagem do Trabalho, com competência efetiva e demonstrada do exercício profissional na área, que em contexto de atuação multiprofissional, é responsável por assegurar o processo de cuidados de enfermagem, ao trabalhador ou grupo de trabalhadores, no momento e local de trabalho, garantindo um atendimento integral, preventivo, efetivo e oportuno; desenvolvendo uma prática profissional baseada na evidência e na investigação; e uma prática profissional, ética e legal, de acordo com as normas legais, os princípios éticos e a Deontologia Profissional“ (Ordem dos Enfermeiros, Regulamento nº 372/2018).

Sendo este o enquadramento legal da enfermagem do trabalho portuguesa, são estas também as definições reguladoras que sustentam a enfermagem do trabalho, que criam a base normativa sobre a qual o pensamento estruturado em teorias e modelos pode ser desenvolvido.

2. Uma visão da enfermagem, no início do século XXI, com Meleis e Suzie Kim

A verificação do estado da arte relativo à evolução do pensamento em enfermagem, é importante para a compreensão, na dimensão disciplinar de enfermagem, do que está por base à ação de cuidar e dos cuidados disponibilizados, pelos enfermeiros generalistas e, generalistas com a valência de enfermagem do trabalho, ou seja, nos dispositivos já vigentes com a formação acrescida diferenciada em enfermagem do trabalho.

É neste entendimento que os contributos de Meleis (2012) e Kim (2010) são importantes pela síntese e capacidade explicativa, em relação às caraterísticas definidoras da ciência de enfermagem, e aos pressupostos da enfermagem como ciência. Sendo que a identificação dos enfermeiros com o conceito operacional de cuidar, solicita-nos a sua clarificação, sobretudo considerando que comporta uma dimensão plural. Os contributos de Fisher e Tronto (1990), Tronto (2013), Tronto e Kholen (2017) ajudam-nos a este esclarecimento.

As caraterísticas definidoras que determinam a perspetiva de ciência de enfermagem são para Meleis (2012) sintetizadas em quatro aspetos: 1º A natureza da ciência de enfermagem como ciência humana; 2º Enfermagem uma disciplina orientada para a prática; 3º Enfermagem, uma disciplina do cuidar, com o desenvolvimento de um relacionamento cuidativo entre os enfermeiros e os pacientes; 4º Enfermagem uma disciplina orientada para a saúde e numa perspetiva de bem-estar.

Ou seja, Meleis coloca a enfermagem inequivocamente no âmbito das ciências humanas, e de entre estas, naquelas, que estão orientadas para a prática. A dimensão praxiológica da enfermagem, existe e justifica-se em função de ações práticas, - cuidados de enfermagem -, o que levanta a questão da natureza dos seus saberes. O mesmo é dizer, conduz-nos ao esclarecimento da filiação epistemológica dos conhecimentos que os enfermeiros criam e recriam na sua ação, quando cuidam de pessoas.

Estando perante uma dualidade epistemológica, por um lado a epistemologia positivista, assente numa racionalidade (forma de criação conhecimento) sobretudo pela experimentação e em que as conclusões se verteriam para a ação (cuidados) através da aplicação mediada pela técnica e a tecnologia; e por outro lado, uma epistemologia da prática, em que a racionalidade

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em presença é resultante sobretudo na reflexão na ação, em que o conhecimento criado é colocado em situação, não por aplicação, mas por translação, e em que a investigação, a prática e a teorização se misturam num turbilhão produtivo e eficaz, porque encontra soluções para questões concretas, adequadas ao momento e circunstância, num processo a que alguns chamam e a nosso ver adequadamente ”espiral hermenêutica” (Medina, 1999; Bishop & Scudder, 1995).

Ao definir-se a ciência de enfermagem, como ciência humana prática, encontra-se uma filiação em maior consonância na epistemologia da prática, afirmando-se, com vantagens para a autonomia profissional, disciplinar e académica.

Releva ainda da síntese da Meleis (2012) que a enfermagem é uma disciplina do cuidar. Dá a autora centralidade ao cuidar, que existe numa perspetiva de relação, e com o enfoque na saúde e no bem-estar. Repare-se, já não no estreito propósito de prevenir e combater a doença, mas na ambição humana mais larga da vida com saúde e, note-se, com bem-estar, numa perspetiva em consonância com uma visão salutogénica.

Se estas características são esclarecedoras do nosso enquadramento disciplinar, os contributos de Kim (2010), ajudam no aprofundamento da sua compreensão. Esta autora, apresenta os pressupostos da enfermagem como ciência (Kim, 2010), agrupando-os em seis tópicos: 1º Os seres humanos são seres complexos; 2º Não é possível conhecer os seres humanos no seu todo; 3º A prática de enfermagem requer mutualidade; 4º A prática de enfermagem assenta, para além do conhecimento científico, em princípios normativos, morais e estéticos; 5º O conhecimento em enfermagem é complementar e inclusivo, em vez de competitivo e exclusivo; 6º Em última instância o conhecimento em enfermagem é um conhecimento de síntese que releva dos conhecimentos apenas pelo acesso à prática.

A consideração dos seres humanos como seres complexos parecendo óbvio, é fundamental para a compreensão da imprevisibilidade dos contextos, das circunstâncias e das respostas humanas ao problema de saúde, de doença e de bem-estar, dos nossos utentes. Nada é estável e o mais instável é sem dúvida o ser humano nas suas diversas dimensões e nas respostas, quer fisiológicas, quer sociais, quer mentais, aos problemas com que se defronta e para os quais espera dos cuidadores auxílio e apoio assertivo. Neste quadro, como considerar uma epistemologia racionalista, por oposição a uma epistemologia da prática assente na reflexão na ação. Impossível, e mais uma vez vamos ao encontro de Meleis na consideração da enfermagem como ciência humana prática. O paradigma da complexidade, por oposição ao pensamento linear, é estruturante para as metodologias de trabalho em enfermagem.

O segundo pressuposto de Kim (2010), a impossibilidade de conhecer os seres humanos no seu todo, esbarra de frente com pressuposto do holismo. Em que ficamos? Parece-me acertado o contributo de Morin (2008) ao considerar o holismo como o mesmo esquema de pensamento do reducionismo, embora em polo oposto, tornando necessário a alteração do quadro de pensamento explicado pelo holismo e o reducionismo, para um outro paradigma, o da complexidade. Uma outra abordagem com pensamento dialógico, recursivo, não linear, na consideração do humano como um ser auto-eco-organizado.

Kim (2010) refere, ainda, a mutualidade e o facto de o conhecimento em enfermagem ser complementar e inclusivo, em vez de competitivo e exclusivo. A importância real destas asserções, traduzem-se na demais demonstrada vantagem do trabalho interdisciplinar e transdisciplinar, nos ganhos em eficácia e eficiência quando numa equipa existe planeamento, consonância e trabalho solidário, em função de objetivos estabelecidos previamente e em decisão comum.

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A referência de Kim (2010) da prática de enfermagem assentar, para além do conhecimento científico, em princípios normativos, morais e estéticos, conduz-nos aos padrões de conhecimento em enfermagem, cuja sintetização, foi iniciada por Barbara Carper (1978). Desenvolvidos desde essa primeira abordagem, por tantos outros pensadores de enfermagem, tornam relevante a afirmação de não bastar o conhecimento científico para a ação prática cuidadora. Cuidar, vai muito mais além do conhecimento científico (empírico), beneficia e necessita de conhecimentos e competências em áreas como a ética, o conhecimento pessoal, a estética (entendida como a sensibilidade, intuição e técnica), o conhecimento sociopolítico (White, 2006, 2014; Salvage, 2018), ambiental e emancipatório (Chinn & Kramer, 2011).

Por último, e também relevante, no pressuposto sexto, Kim (2010) afirma que em última instância o conhecimento em enfermagem é um conhecimento de síntese que releva dos conhecimentos apenas pelo acesso à prática. E ao fazê-lo, diz-nos, que não é apenas conhecimento científico, mas a síntese de saberes de várias dimensões, e por outro, só é possível porque a racionalidade em questão no conhecimento em enfermagem é uma racionalidade prático-reflexiva.

Assumindo a dimensão de cuidar como aquilo que os enfermeiros fazem, e com o qual se identificam, importa verificar a roupagem mais recente, da literatura acerca deste conceito. Vejamos Fisher e Tronto, (1990), Tronto (2013), Tronto e Kholen (2017). Estes autores, referem o cuidar como um processo complexo, atravessado por múltiplos passos, inicialmente esquematizado em quatro aspetos, aos quais posteriormente se juntou um quinto. Sinteticamente, cuidar é: a) ocupar-se dos outros; b) responsabilizar-se, encarregar-se, fazer-se encarregado de algo; c) dar cuidado, ajudar, realizar atividade; d) receber resposta do impacto no outro; e) criação de condições para que aconteça. Esta dimensão plural, riquíssima, do propósito com que os enfermeiros se revêm, determina toda a estruturação do seu trabalho – de cuidar –, por iniciativa própria ou em colaboração de equipa, na definição solidária e na ação solidária.

3. As transições de Meleis e o modelo de eficácia de papel de Irvine, Sidani e McGillis. As possibilidades da ideia de facilitação

Meleis e Trangenstein (1994) afirmam que os enfermeiros atuam facilitando transições para melhorar a sensação de bem-estar dos seus utentes (clientes para a realidade norte-americana). Específica, Meleis em 2012:

“Propõe-se que o enfermeiro interage (interação) com um ser humano em uma situação de saúde/doença (cliente de enfermagem), que está em uma parte integrante do seu contexto sociocultural (ambiente) e que está em algum tipo de transição ou está antecipando uma transição (transição); as interações enfermeiro-paciente são organizadas em torno de um propósito (processo de enfermagem) e o enfermeiro utiliza algumas ações terapêuticas (terapias de enfermagem) para melhorar, trazer ou facilitar a saúde (saúde).” (Meleis, 2012, p.97)

As transições, segundo o modelo proposto por Meleis (2010), terão uma série de propriedades universais como sejam: direção, identidade, papéis, relações, habilidades, padrões de comportamento, estrutura, funções e dinâmica. As transições podem ser de tipificadas pelo menos em quatro grupos: transições desenvolvimentais, em relação ao ciclo vital; transições situacionais, relativas à mudança das circunstâncias e espaços vivenciais; transições saúde/doença, relacionado com o processo de adoecer e de recuperar; organizacionais, reportando-se às alterações nas organizações com impacto nas pessoas. Existem condições de transição, tais como: significados, expetativas, nível de conhecimento, habilidades, ambiente,

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nível de planeamento, bem-estar emocional e físico. O modelo de enfermagem de transições considera ainda terapêuticas de enfermagem promotivas, preventivas e interventivas. Por fim, o modelo realça, indicadores de transição saudável, considerando: o bem-estar subjetivo; a mestria; e o bem-estar nas relações.

Note-se, de forma significativa, o bem-estar emocional e físico, não estão nos indicadores de resultado, mas nas condições de transição, ou seja, não são um fim em si mesmo, mas uma condição prévia, para o bem-estar subjetivo, o bem-estar na relação com os outros e a mestria.

Se considerarmos o modelo de eficácia de papel de Irvine, Sidani e McGillis (1998), que comporta uma bordagem tripartida entre – estrutura, processo e resultados, e fizermos uma sobreposição ao modelo de transições de Meleis, poderíamos considerar como estrutura as propriedades universais e os tipos, como processo as condições de transição e as terapêuticas de enfermagem, e como resultados os indicadores de transição saudáveis.

Em outro texto que julgo oportuno também aqui transcrever, afirmávamos:

“Estaremos perante uma transição eficaz se, no final dos cuidados efectuados em contexto de enfermagem (…), os utentes se sentirem bem consigo próprios, bem na relação com os outros e demonstrem mestria – considerando-se como mestria a capacidade de gerir sinais e sintomas, eventual medicação prescrita e conseguir gerir eficazmente os processos de vida e de trabalho. O bem-estar subjetivo, o bem-estar com os outros e a mestria são, desta forma, traduzíveis em indicadores de resultado. No âmbito desta abordagem tripartida – estrutura, processo, resultado -, o modelo de eficácia do papel de enfermagem (The Nursing Role Effectiveness Model) de Irving, Sidani & McGillis Hall (1998) pode trazer aspectos proveitosos, nomeadamente no que toca à consideração dos resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem…” (Gomes & Queirós, 2018, p.69-70)

Figura 1 Modelo de enfermagem de transições de Meleis agregado ao modelo de eficácia de papel de

Irvine, Sidani e McGillis

Fonte: Adaptado com base em Meleis, A. (2010). Transition Theory. Middle-range and situation-specific theories in nursing research and practice. New York: Springer Publishing Company (p.47).

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A utilização da palavra facilitação por Meleis coloca-nos a questão: os enfermeiros facilitam como? E a resposta pode ser a nosso ver,- utilizando o momento presente na enfermagem de pluralismo teórico, multimodelos e multiteorias, em função de circunstâncias concretas e locais, que os enfermeiros facilitam os processos de transição, promovendo o autocuidado, a capacidade das pessoas cuidar de si, satisfazendo necessidades humanas, promovendo a adaptação a novas circunstâncias, considerando os aspetos culturais específicos, em ambientes concretos, valorizando a relação. E ao fazermos isto, solicitamos o contributo de uma serie de conhecidas teóricas de enfermagem, nomeadamente Orem, Leininger, Roy, Watson, Henderson, Peplau.

Também em contexto de enfermagem do trabalho, considerando que atuamos com as pessoas nos processos de transição, faz todo o sentido, o bem-estar como finalidade da nossa ação, a explicitação do nosso procedimento dentro do amplo chapéu do conceito de facilitação.

4. O modelo de promoção de saúde de Nola Pender

Em relação à promoção de saúde, refere-nos McEwen e Willis (2016, p.239) que “… deve estar disponível em locais em que as pessoas passam grande parte de seu tempo (p. ex., escolas e locais de trabalho)”.

“Os enfermeiros podem desenvolver e executar intervenções promotoras de saúde para indivíduos, grupos e famílias, em escolas, centros de enfermagem, ambientes de saúde ocupacional e comunidade em geral” (McEwen, Willis, 2016, p.239).

Nola Pender iniciou o desenvolvimento do seu modelo de promoção de saúde na década de 70, tendo publicado desenvolvimentos mais recentes em 2011 (Pender, Murdaugh, & Parsons, 2011). O modelo de promoção de saúde assenta nos processos biopsicossociais que motivam os indivíduos a se comprometerem com comportamentos dirigidos ao favorecimento da sua saúde.

Uma das mais-valias deste modelo é que “fornece uma estrutura simples e clara, em que o enfermeiro pode realizar um cuidado de forma individual, ou reunindo as pessoas em grupo, permitindo planeamento, intervenção e avaliação de suas ações” (Victor, Lopes, & Ximenes, 2005, p.236).

Este modelo foi construído com base na teoria de expetativa de valor e da teoria cognitiva social (McEwen, & Willis, 2016). A Teoria Cognitivo Social, tem como antecedente teórico a teoria de aprendizagem social de Albert Bandura (1977) e inclui as seguintes autocrenças: autoatribuição, autoavaliação e autoeficácia. A autoeficácia é um aspeto central no modelo. A teoria da expetativa de valor - Expectancy-Value Model of Human Motivation, de Feather (1982), é complementar, na inspiração do modelo de promoção de saúde de Nola Pender (Sakraida, 2004).

Nola Pender construiu o seu modelo de promoção de saúde com base nos seguintes pressupostos:

“1. As pessoas procuram criar condições de vida através das quais possam exprimir o seu potencial de saúde humano único. 2. As pessoas têm a capacidade da autoconsciência reflexiva, incluindo a apreciação das suas próprias competências. 3. As pessoas valorizam o crescimento em direções entendidas como positivas e tenta atingir um equilíbrio pessoalmente aceitável entre mudança e estabilidade. 4. Os indivíduos procuram regular ativamente o seu próprio comportamento. 5. Os indivíduos em toda a sua complexidade biopsicossocial, interagem com o ambiente, transformando progressivamente o ambiente e sendo transformados ao longo do tempo. 6. Os profissionais de saúde constituem parte do ambiente interpessoal que exerce influencia

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sobre as pessoas ao longo do seu ciclo vital. 7. A reconfiguração auto-iniciada dos padrões interativos pessoa-ambiente é essencial à mudança de comportamento” (Sakraida, 2004, p.705-706 as cited in Pender, 1996, p.54-55).

Segundo Victor et al. (2005), o modelo considera três pontos em interação: as caraterísticas e experiências individuais; os sentimentos e conhecimentos sobre o comportamento que se quer alcançar; o comportamento de promoção de saúde desejável. É assim que:

“Para o primeiro ponto, são relevantes os aspetos pessoais biológicos, psicológicos e socioculturais. Para a segunda componente, importa a perceção de benefícios para a ação, das barreiras, de autoeficácia, os sentimentos e as influências interpessoais e situacionais. Por último, no terceiro ponto, importa o compromisso com o plano de ação e a ponderação de exigências imediatas e preferenciais. Como resultado da interação destas três componentes teríamos os comportamentos promotores de saúde” (Gomes & Queirós, 2018, p.70-71).

Em contexto de trabalho, de saúde ocupacional, os enfermeiros do trabalho desempenham a sua ação cuidativa, em consideração das melhores condições de bem-estar dos seus utentes, desenvolvendo a vertente de promoção de saúde, estreitamente ligada ao processo transformativo individual, em que a adesão aos planos, programas e ações se faz pela perceção antecipada das vantagens, e que se traduz, de forma consistente e duradoura, em comportamentos preventivos e promotores de saúde em ambiente de trabalho, e fora dele, expresso em estilos de vida adequados à prossecução de objetivos de compromisso pessoalmente assumido.

5. Do modelo inicial de Shirley Baughn ao modelo concetual de Hanasaari

Em 1977, a enfermeira Shirley L. Baughn que trabalhava na empresa de eletrodomésticos Whirlpool, em Indiana, publicou um modelo de enfermagem adaptado à enfermagem do trabalho. Em que o cuidado de enfermagem era sobretudo o equilíbrio adaptativo baseado na ausência de stresse, em que a enfermeira proporcionava as ferramentas para o equilíbrio entre ausência de stresse e bem-estar, mas que considerava o ambiente unicamente como o meio laboral. Baughn apresenta o seu modelo como um sistema aberto de stresse e reação, onde a enfermeira intervém para facilitar a adaptação do trabalhador, voltando ao estado prévio aumentando assim o nível de bem-estar (López, 2016). De uma forma simples o modelo explica que o trabalhador (paciente) influenciado pelo stresse entra no sistema de atendimento de saúde, no qual interage com vista ao retomar de elevados níveis de bem-estar, beneficiando de mecanismos adaptativos próprios e da ação de enfermagem (López, 2016).

A este modelo inicial, que teve também por mérito a chamada de atenção para a recolha de informação sistematizada, no âmbito do processo de enfermagem, seguiram-se outros modelos, em sucessivas datas e diversos autores, sobretudo da América do norte, tais como:

1977, Catherine W. Tinkman, departamento de Enfermagem Comunitária da Universidade de Boston;

1980, María C. Phaneuf, Wayne State University de Michigan;

1980, Marion W. Gries, consultora de Saúde Laboral e Segurança da Milwaukee Industrial Clinics em Wisconsin;

1982, Marla E. Salmon, enfermeira e professora de Saúde Pública na Universidade de Carolina do Norte;

1984, Janice Dees, enfermeira do trabalho na empresa química M & T, de Kentucky;

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1984, Alice J. Gifford e Clara D. Kimbro, professoras de políticas sanitárias na Escola de Higiene y Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins em Mariland;

1985, Linda I. Morris, assistente de coordenação do St. Mark's Hospital no Utah;

1988, Susan A. Randolph, enfermeira de Saúde Laboral no Serviço de Saúde da Carolina do Norte;

1990, William E. Wilkinson, professor da Universidade da Carolina do Norte;

1992, Anne K. Widtfeldt, responsável do serviço de saúde da multinacional Honeywell, em Minneapolis (Minnesota);

1992, Gwendolyn E. Lundberg, professora da Universidade de Washington;

1993, Ruth Alston, fundou em Londres a Federação de Enfermagem do Trabalho da União Europeia;

1993, Mary E. Maciag, enfermeira do trabalho e fundadora da empresa californiana Occupational Health Solutions;

1994, Pei-Jang Chang, fez tese doutoral na Universidade de Londres;

1997, Christina Ekeberg, coordenadora de formação para a Enfermagem de Saúde Laboral do Instituto de Saúde da Suécia;

1998, Marjorie W. Slagle, alto cargo no programa de gestão do serviço de Saúde Pública nos EEUU;

1998, Bonnie Rogers, descreveu o papel da enfermeira do trabalho como aquela profissional que integra saberes de distintas disciplinas;

2002, Lynn Skillen, professora da Universidade Canadiana de Alberta;

2006, Maureen McBain, professora da Universidade Britânica de Aberdeen.

(Listagem sistematizada com base em López, 2016).

Se o modelo inicial de enfermagem do trabalho de Baughn restringia o ambiente ao ambiente laboral, o modelo concetual de Hanasaari abre o conceito de ambiente a toda a envolvente externa, com influência e a ser influenciado pelo ambiente de trabalho, e pela resposta organizada e estruturada dos serviços ou ações de saúde ocupacional.

O modelo concetual de Hanasaari tem como autora Ruth Alston. Em 1988, a enfermeira inglesa Ruth Alston apresentou na cidade finlandesa de Hanasaari, modelo dinâmico de saúde ocupacional, durante um workshop internacional organizado pelo Instituto Nórdico de Formação Avançada em Saúde Ocupacional e o Instituto de Saúde Ocupacional da Finlândia (FOHNEU, n.d.).

Carty (2017) diz-nos que Ruth Alston sempre considerou que os enfermeiros de saúde ocupacional não promoviam as suas funções da melhor maneira e isso em parte porque não definiam qual na realidade o seu papel na saúde ocupacional. Daí o enorme contributo de Ruth Alston, na definição do modelo, como trabalho pioneiro enquadrador das funções do enfermeiro de saúde ocupacional, cuja relevância continua hoje.

Em 1993, nasceu em Londres, a Federação da Enfermagem do Trabalho da União Europeia, cuja missão é proporcionar voz às enfermeiras do trabalho europeias (Oakley, 2011). Veio dar resposta a um vazio histórico que havia, com um desenvolvimento muito superior do outro lado do atlântico, desde há algumas décadas (López, 2016).

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Staun (2012), reporta que a FOHNEU, à data, definiu cinco objetivos, e o primeiro foi exatamente: Contribuir para a saúde integral, a segurança e o bem-estar da população ativa europeia.

Conscientes da importância desta missão a fundação apostou na adoção de um marco conceptual concreto. Neste caso foi o modelo Hanasaari de Ruth Alston. A aposta da FOHNEU pelo modelo de Hanasaari, constituiu um ponto de inflexão, na importância que da europeu se fazia aos modelos de enfermagem laboral, até esse momento toda a investigação se produzia no âmbito norte-americano (López, 2016).

No modelo de enfermagem do trabalho de Hanasaari, “… a enfermagem em saúde ocupacional é apresentada no centro do diagrama através de um círculo curvo de setas simbolizando a influência que esta exerce nos restantes conceitos do modelo, tais como melhorar a saúde no trabalho e afetar a saúde das comunidades fora do local de trabalho num ambiente total” (Gomes & Queirós, 2018, p.71).

No modelo “o triângulo – pessoa, trabalho saúde – coloca-se dentro do meio ambiente geral. Os fatores globais interatuam com este triângulo produzindo efeitos sobre a saúde laboral. A enfermagem do trabalho apresenta-se no centro do modelo. A flexibilidade que se representa com setas curvas simbolizam que os enfermeiros do trabalho são proativos, em lugar de reativos. O enfermeiro ou enfermeira especialista melhora a saúde das pessoas na sua envolvente laboral, o que reverte em benefício para a comunidade”. (López, 2016, p.175).

Dizíamos em texto publicado em ocasião anterior, que:

“Esta conceção é de enorme alcance, já que não segmenta e espartilha a enfermagem do trabalho a ações meramente relacionadas com os contextos internos dos diversos locais de trabalho, empresas, fábricas. Antes, considera, beneficamente, as influências e, sobretudo, os efeitos externos sobre a saúde das comunidades envolventes, onde naturalmente os trabalhadores e os seus familiares estão inseridos.” (Gomes & Queirós, 2018, p.71).

Mas, é em López (2016) que podemos encontrar uma síntese do modelo elaborada considerando os metaparadigmas, tradicionalmente apontados na enfermagem, como sejam: a saúde, a pessoa, o ambiente e os cuidados. Explicados da seguinte forma:

“Saúde: estado de bem-estar intimamente relacionado com os conceitos de trabalho e de pessoa, que se encontra influenciado por cinco factores globais externos: político, social, económico, ecológico e organizativo.

Pessoa é o trabalhador que, a por sua vez, também é um ser que vive em família e em comunidade, estas realidades não podem separar-se.

Ambiente: está formado por um conjunto de aspetos globais externos como sejam os fatores económicos, políticos, sociais, ecológicos e de organização.

Cuidado: os cuidados de enfermagem em Saúde Laboral, situam-se no centro do modelo, e desde aí com um trabalho proativo se expandem até ao exterior. Mediante uma atitude proativa, com valores, responsabilidade e autorregulação, a enfermagem do trabalho não só oferece seus cuidados sobre a pessoa, a saúde e o trabalho, mas pretende alcançar a toda a comunidade” (López, 2016, p.177).

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Figura 2 Modelo concetual de Hanasaari

Naturalmente, os próprios modelos de enfermagem do trabalho estão dinamicamente em evolução e outras representações teóricas surgirão. Pode-se desde já registar, por exemplo, que em relação ao modelo proposto por Ekeberg, em 1997, que identificamos em cima na síntese, pela sua valia, vai sendo já designado como Hanasaari II (López, 2016).

6. Conclusão

Os enfermeiros de trabalho construem as suas práticas profissionais integrando a sua formação generalista de enfermeiro, a experiência prática que desenvolveram nos contextos de ação, quer sejam no âmbito da saúde ocupacional, quer seja em outros âmbitos, e onde tiveram a oportunidade de expandirem as suas competências numa gradação desde iniciados, passando por iniciados avançados, competentes, proficientes e desejavelmente a peritos, num modelo que Patrícia Benner (2001) explicita baseando-se nas teorias de Dreyfus e Dreyfus (1980).

No contexto português, à formação inicial, e à experiência como generalistas, os enfermeiros do trabalho, podem ter juntado competências desenvolvidas num contexto de saúde laboral onde previamente trabalharam. Mais recentemente, e a partir de agora obrigatoriamente, contam com a sistematização proveniente de cursos como o da formação para as competências acrescidas diferenciadas em enfermagem do trabalho.

Parece-nos claro, que na construção da prática profissional, cada enfermeiro do trabalho, para além dos quadros normativos e regulamentos, transporta para os contextos e ambientes concretos a sua experiência, a sua formação, e a sua capacidade de análise reflexiva, planeando o que tem de ser feito.

Neste entendimento, o enfermeiro do trabalho, tem com certeza quadros referenciais, modelos norteadores, inspiradores, de que umas vezes mais conscientemente, outras menos, se socorre, para dar coerência e sentido ao que faz, implícita ou explicitamente. O interessante é que se esses quadros – teorias e modelos – por vezes são marcadores da ação, a mais das vezes, são eles também fortemente enriquecidos pelas soluções encontradas no desempenho concreto, pela prova da verdade clínica. Ou seja, pela adaptação à complexidade dos contextos, das pessoas e das circunstâncias. Por essa via, incorporam contributos nos modelos e teorias, nova ciência criada, em espiral hermenêutica, que se não for sistematizada, reduzida a escrito, e comunicada, fica-se por aquilo a que os epistemologistas, nomeadamente Kim (2010), chamam de conhecimento privado, sem se transformar em conhecimento público.

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Os enfermeiros do trabalho adquirem competências e capacidades diferenciadas que acrescem à matriz base, quer pela ação concreta nos contextos, quer pela formação formal. Usam, implícita ou explicitamente modelos e teorias, que recriam e testam na ação, e quando as não reconfiguram em outros esquemas, leituras, modelo e teorias, não contribuem para a visibilidade científica e para o desenvolvimento académico da enfermagem do trabalho, dando lugar a um enorme desperdício de saberes.

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Investigação em Enfermagem do Trabalho: o percurso do projeto INT-SO

Elisabete Borges1, Margarida Abreu2, Cristina Queirós3, Pilar Mosteiro4, Patrícia Baptista5, Vanda Felli6 1 Escola Superior de Enfermagem do Porto, CINTESIS, Portugal, [email protected] 2 Escola Superior de Enfermagem do Porto, CINTESIS, Portugal, [email protected] 3 Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, CPUP, Portugal, [email protected] 4 Facultad de Medicina y Ciencias de la Salud, Universidad de Oviedo, Espanha; [email protected] 5Escola de Enfermagem da Universidade de S. Paulo, Brasil, [email protected] 6Escola de Enfermagem da Universidade de S. Paulo, Brasil, [email protected]

Resumo: Ocupando parte da vida dos indivíduos, o trabalho nem sempre é vivenciado de forma positiva sendo as suas implicações, na saúde mental dos trabalhadores, ainda pouco valorizadas. Orientações nacionais e internacionais têm desenvolvido esforços tendo como foco a promoção de saúde no local de trabalho. Contudo, nos contextos de saúde, os enfermeiros, vivenciam situações associadas a diferentes riscos profissionais, de que são exemplos a precariedade do trabalho, a sobrecarga horária, o ruído, os conflitos e o stress. Assim, estudos nestes contextos são particularmente importantes, pois o ato de cuidar é uma atividade física e emocionalmente desgastante, cujo impacto negativo afeta não só a saúde do enfermeiro, mas também a qualidade dos serviços prestados. Pretende-se descrever o percurso do Projeto “INT-SO: dos contextos de trabalho à saúde ocupacional dos profissionais de enfermagem - um estudo comparativo entre Portugal, Brasil e Espanha”, integrado no CINTESIS com investigadores dos três países das áreas disciplinares da enfermagem e psicologia no período de 2014 a 2018, alertando para a existência de problemas comuns enfrentados pelos profissionais de enfermagem nos diferentes países.

Palavras chave: Enfermeiros, Estudos comparativos, Saúde no trabalho, Projeto INT-SO.

1. Introdução

Ocupando parte da vida dos indivíduos, o trabalho nem sempre é vivenciado de forma positiva, sendo as suas implicações, na saúde mental dos trabalhadores, ainda pouco valorizadas (Areosa, 2018). Orientações nacionais e internacionais têm desenvolvido esforços no sentido da promoção de saúde no local de trabalho (Heuvel, Roozebom, Eekhout, & Venema, 2018), pois atualmente, organizações e investigadores reconhecem a importância do trabalho na saúde e bem-estar dos indivíduos (EU-OSHA, 2018). Sendo, de igual modo, um direito do trabalhador poder usufruir de boas condições físicas, psicológicas e sociais, nas últimas décadas, múltiplos fatores têm contribuído para alterações nos contextos laborais, de que são exemplos os movimentos migratórios e a evolução tecnológica (Fagerstrom et al., 2016; Sinval et al., 2018). Contudo, nos contextos de saúde, os enfermeiros, vivenciam situações associadas a diferentes riscos profissionais, de que são exemplos a precariedade do trabalho, a sobrecarga horária, o ruído, conflitos e o stress (Borges et al., 2018). Assim, estudos nestes contextos são particularmente importantes, pois o ato de cuidar é uma atividade física e emocionalmente desgastante, cujo impacto negativo afeta não só a saúde do enfermeiro, mas também a qualidade dos serviços prestados (Hartin, Birks, & Lindsay, 2018).

A cultura, a língua, a proximidade geográfica e os antecedentes históricos de Portugal, Brasil e Espanha facilitam a mobilidade dos seus trabalhadores, permitindo, de igual modo, a realização de estudos comparativos transculturais viabilizando o conhecimento de padrões comuns bem como, de especificidades de cada país.

Elisabete Borges, Margarida Abreu, Cristina Queirós, Pilar Mosteiro, Patricia Baptista, Vanda Felli

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Pelas caraterísticas do seu trabalho, os enfermeiros encontram-se expostos a múltiplos fatores que afetam o seu estado de saúde e a qualidade dos cuidados prestados (Borges & Ferreira, 2015; Maio, Borges, & Abreu, 2016; Teixeira, Ferreira, & Borges, 2016; Silva et al., 2016; Borges, Abreu, Queirós, & Maio, 2017; Rainbow & Steege, 2017; Baldonedo et al., 2018), apresentando particularidades comuns em diferentes países, devido quer à própria essência do cuidar em enfermagem quer às suas implicações na prática (Sonoda, Onozuka, & Hagihara, 2018).

Inúmeras variáveis, entre as quais o stress, a satisfação no trabalho, o presentismo, a resiliência, o burnout e a fadiga por compaixão são estudadas frequentemente no sentido de compreender vulnerabilidades e fatores protetores no âmbito da saúde no trabalho (Hoff, Carabetta, & Collinson, 2019; Thomas, Bantz, & McIntosh, 2019).

O stress provocado por motivos que o indivíduo associa ao trabalho apresenta as mesmas caraterísticas definidas por Lazarus e Folkman (1984), isto é, a perceção de que os recursos que o trabalhador dispõe são menores do que as exigências da tarefa profissional, gerando-se uma tensão crónica e um desgaste emocional que vão debilitando física e psicologicamente o trabalhador. O stress ocupacional é então um processo de adaptação permanente (Schaufeli & Buunk, 2003) que pode culminar no burnout, ou seja, numa erosão do compromisso com o trabalho, que se torna insatisfatório, sem significado e desencadear de estados emocionais negativos como cólera e tristeza, surgindo a exaustão emocional, o cinismo e a perda da realização profissional (Freudenberger, 1974; Maslach & Leiter, 1997; Maslach, Schaufeli, & Leiter, 2001). Além disso, quando o trabalhador não se pode ausentar do seu posto de trabalho, pode ocorrer o presentismo, que consiste em estar no seu local de trabalho, mas devido a doença ou outras perturbações físicas ou psicológicas não evidenciar produtividade de acordo com o esperado (Johns, 2011; Martinez & Ferreira, 2012). Associado, entre outras, a situações de precarização do trabalho este fenómeno tem merecido atenção por parte de investigadores (Dietz & Scheel, 2017; Rainbow & Steege, 2017; Yang, 2018).

O desenvolvimento da Psicologia Positiva (Seligman & Csikszentmihalyi, 2000) veio deslocar os estudos sobre stress ocupacional e burnout para o seu polo oposto, o da satisfação laboral e motivação para a tarefa, surgindo o conceito de engagement no trabalho (Schaufeli & Salanova, 2007) para expressar mais do que o compromisso com o trabalho no sentido da fidelidade à organização e da satisfação no trabalho onde este é fonte de realização pessoal. O engagement é então um estado afetivo-motivacional, persistente e positivo de realização nos profissionais caracterizados pelo vigor, dedicação e absorção (Bakker, 2017; Schaufeli, 2017), caracterizando-se pela energia, envolvimento, eficácia e dedicação a uma tarefa (Bakker & Demerouti, 2014). A satisfação com o trabalho está relacionada com o engagement, consistindo nos “sentimentos que um trabalhador apresenta relativos à sua atividade profissional, no que respeita a experiências anteriores, expectativas atuais ou alternativas disponíveis" (Balzer et al., 1997, p.10), cujo impacto positivo nas organizações se traduz em maior produtividade e menor rotação ou substituição de trabalhadores (Demerouti, Bakker, Nachreiner, & Schaufeli, 2001; Garrosa, Rainho, Moreno-Jiménez, & Monteiro, 2010; Meliá & Peiró, 1989).

Assim, no contexto da promoção de saúde no local de trabalho é fundamental identificar estes problemas de modo a serem implementadas políticas organizacionais pró-ativas, nas quais a enfermagem do trabalho pode desempenhar um papel significativo. Pretende-se descrever o percurso do Projeto “INT-SO: dos contextos de trabalho à saúde ocupacional dos profissionais de enfermagem - um estudo comparativo entre Portugal, Brasil e Espanha”, integrado no CINTESIS com investigadores dos três países das áreas disciplinares da enfermagem e psicologia no período de 2014 a 2018 e alertar para a existência de problemas comuns entre os profissionais de enfermagem nos diferentes países.

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1.1 INT-SO: um percurso

Resultante do esforço de um conjunto de investigadores, motivados pela investigação na área da saúde no trabalho, o projeto INT-SO teve início em 2014, com o estabelecimento de cartas e protocolos de parceria entre a Escola Superior de Enfermagem do Porto, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Portugal; da Escola de Enfermagem da Universidade de S. Paulo, Brasil e da Facultad de Medicina y Ciencias de la Salud da Universidad de Oviedo, Espanha.

A equipa de investigação conta com a coordenação da Profª Doutora Elisabete Borges, da Escola Superior de Enfermagem do Porto, membros efetivos das diferentes instituições parceiras e membros colaboradores, enfermeiros da prática clínica (Tabela 1) que reúne frequentemente presencialmente ou com recursos a meios informáticos como o skype e a videoconferência.

Tabela 1: Equipa de investigadores efetivos e colaboradores do Projeto INT-SO

Investigadores/Colaboradores Local de trabalho Elisabete Borges Escola Superior de Enfermagem do Porto, CINTESIS, Portugal Margarida Abreu Escola Superior de Enfermagem do Porto, CINTESIS, Portugal Cristina Queirós Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da

Universidade do Porto, CPUP, Portugal Pilar Mosteiro Facultad de Medicina y Ciencias de la Salud, Universidad de

Oviedo, Espanha Vanda Felli Escola de Enfermagem, Universidade de S. Paulo, Brasil Patrícia Baptista Escola de Enfermagem, Universidade de S. Paulo, Brasil Antónia Teixeira USP Paredes - ACES Tâmega II - Vale do Sousa Sul, Portugal Márcio Silva Instituto Nacional de Emergência Médica, Porto, Portugal Mª do Rosário Vieira ACES Tâmega II - Vale do Sousa Sul, Portugal

No início do projeto INT-SO estabeleceram-se os seguintes objetivos:

1. Aprofundar o conhecimento sobre dimensões dos contextos laborais dos profissionais de enfermagem e a saúde dos trabalhadores, nomeadamente, no que se refere à identificação dos níveis de stress, burnout, presentismo, satisfação com o trabalho, engagement e resiliência e respetiva inter-relação destas variáveis.

2. Identificar a perceção dos profissionais de enfermagem sobre saúde ocupacional. 3. Realizar estudos comparativos entre Portugal, Brasil e Espanha, utilizando um conjunto de

instrumentos comuns. 4. Validar instrumentos para o contexto de cada país. 5. Desenvolver um programa de intervenção no âmbito da prevenção do stress no trabalho. 6. Promover o intercâmbio de pesquisadores e alunos dos países envolvidos.

2. Metodologia

O projeto INT-SO integra uma diversidade de opções metodológicas, permitindo a sua adequação a investigadores e contextos laborais, nomeadamente, de natureza quantitativa (com recurso a questionários) ou qualitativa (com recurso a entrevistas ou análise documental) ou mista.

2.1 Tipo de Estudo

São desenvolvidos estudos de caráter longitudinal, transversal, descritivo, correlacional e comparativo, com recurso a metodologias de natureza quantitativa, qualitativa ou misto. O projeto INT-SO pode incluir vários subprojectos que concretizem os objetivos propostos.

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2.2 Variáveis

Como varáveis dependentes foram eleitas o stress, burnout, bullying, presentismo, satisfação com o trabalho, qualidade de vida profissional, fadiga por compaixão, ansiedade, personalidade, clima organizacional, engagement e resiliência. Como variáveis independentes considerou-se o país e as características sociodemográficas e profissionais.

2.3 População e Amostra

A população alvo do INT-SO inclui os profissionais de enfermagem no exercício da sua atividade profissional, que respeitem os seguintes critérios: terem no mínimo 1 ano de experiência profissional, estarem no ativo no momento do estudo e participarem voluntariamente.

Relativamente à técnica de amostragem, tem sido utilizada a não probabilística, com amostras por conveniência e por redes/bola de neve.

2.4 Material

Foram selecionados diferentes instrumentos de acordo com as variáveis em estudo. Porém, nem todos os instrumentos são utilizados simultaneamente pelos três países, atendendo à validação prévia dos mesmos.

- Questionário de caraterização sociodemográfica e profissional.

- Stress: Nursing Stress Scale (NSS, Pous & Escribá-Aguir, 1998), composta por 34 itens organizados em três dimensões de stress (ambiente físico, ambiente psicológico e ambiente social).

- Resiliência: Escala de Resiliência (Wagnild & Young, 1993; Pesce et al., 2005) constituída por 25 itens, organizados em dois fatores: Competências Pessoais e Aceitação de si mesmo e da vida.

- Presentismo: Stanford Presenteeism Scale (SPS-6; Ferreira, Martinez, Sousa & Cunha, 2010; Paschoallin et al, 2013, para Portugal e Brasil), composta por 6 itens organizados em dois fatores distintos: trabalho completado e distração evitada.

- Burnout: Maslach Burnout Inventory - Human Services Survey (MBI-HSS; Maslach & Jackson, 1997; Marques Pinto & Picado, 2011), que avalia o burnout nas suas três dimensões de exaustão emocional, despersonalização/cinismo e realização profissional, sendo constituído por 22 itens. Sendo atualmente o MBI pago, irá ser substituído pelo Oldenburg Burnout Inventory (Halbesleben & Demerouti, 2005; Sinval et al., 2019), com 16 itens, organizados nas duas dimensões exaustão emocional e desinvestimento.

- Bullying: Negative Acts Questionnaire-Revised (NAQ-R; Einarsen e Hoel, 2001; Araújo, Mcintyre, & Mcintyre, 2004; Borges & Ferreira, 2015), com 23 itens avaliados que descrevem atos negativos no contexto laboral.

- Fadiga de compaixão: ProQOL5 - Professional Quality of Life (ProQOL5, Stamm, 2010; Carvalho & Sá, 2011) com 30 itens organizados nas dimensões satisfação por compaixão, Burnout e stress traumático secundário.

- Satisfação laboral: Cuestionario de Satisfacción Laboral (S20/23, Meliá & Peiró, 1989; Carlotto & Câmara, 2008; Pocinho & Garcia, 2008), que avalia a satisfação com o trabalho usando 23 itens, organizados em cinco dimensões: satisfação com a supervisão, satisfação com o ambiente físico de trabalho, satisfação com os benefícios e políticas da organização, satisfação intrínseca do trabalho e satisfação com a participação.

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- Engagement: Utrecht Work Engagement Scale (UWES; Schaufeli & Bakker, 2003; Sinval, Pasian, Queirós, & Marôco, 2018), que avalia o engagement através de 9 itens organizados em três dimensões: vigor, dedicação e absorção.

2.5 Procedimento e considerações éticas

O projeto INT-SO obteve parecer favorável da Comissão de Ética da Escola Superior de Enfermagem do Porto (anexo à ata n.º 8/2016). Alguns estudos integrados no projeto obtiveram das Comissões de Ética para a Saúde, onde foram realizados, pareceres favoráveis em Portugal, Espanha e Brasil. Aos participantes é facultado o documento de informação do estudo e solicita-se a declaração de consentimento informado sendo garantido o anonimato e confidencialidade. Além disso, solicita-se autorização formal às instituições onde se pretendem realizar os diferentes estudos. Até ao momento optou-se por técnicas de amostragem não probabilística com amostras de conveniência e por bola de neve (divulgação de redes informais de contactos), sendo as recolhas de dados efetuadas através de questionário em papel ou on-line. Na componente qualitativa do estudo são realizadas entrevistas em momento e local que preserve a privacidade e disponibilidade dos participantes. As gravações das mesmas são destruídas após a concretização do trabalho.

2.6 Análise dos dados

Nos estudos qualitativos realiza-se a análise de conteúdo das narrativas com o recurso do programa N-Vivo. Nos estudos quantitativos é efetuada a análise das qualidades psicométricas dos instrumentos, análise descritiva e inferencial dos dados através do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS).

3. Resultados

Apresenta-se seguidamente uma síntese dos indicadores de produção no período de 2014 a 2018, podendo os artigos, teses de doutoramento e dissertações de mestrado concluídas ser consultadas no site da Escola Superior de Enfermagem do Porto, na página do Projeto http://www.esenf.pt/pt/i-d/projetos-internacionais/int-so/

No Gráfico 1 são apresentados os resultados de publicações (livros, capítulos de livros/atas, artigos e abstracts em revistas) integradas no INT-SO, no período de 2014 a 2018.

Relativamente às comunicações apresentadas em eventos científicos internacionais (tendo como critério ser internacional para um dos países) e nacionais, os resultados são apresentados no Gráfico 2.

0

5

10

15

20

Livros Capitulos delivros/atas

Artigos revistas Abstractsrevistas

Gráfico 1. Publicações do INT-SO de 2014-2018

2014/2015 2015/2016 nov 2016/2017 2018

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No Gráfico 3 encontram-se os dados relativos a teses de doutoramento e dissertação de mestrado concluídas.

Alguns investigadores do INT-SO integraram programas de mobilidade Erasmus nos anos de 2014/2015, 2016/2017 e 2018, respetivamente nas E. U. Enfermeria y Fisioterapia de Oviedo, Universidade de Oviedo; Escola Superior d' Infermeria del Mar, Barcelona e Universitat Rovira I Vigili, Tarragona, Espanha.

Do trabalho desenvolvido até ao momento já foram submetidas duas candidaturas à Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) sem, contudo, ter obtido financiamento. A Escola Superior de Enfermagem do Porto proporcionou apoio à atividade de investigação em 2017 e o projeto INT-SO já obteve financiamento pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Brasil (FAPESP) para o período de 2018/2019.

Em abril de 2018 foi efetuado o lançamento do livro “Enfermagem do Trabalho: Formação, Investigação e Estratégias de Intervenção, Editora Lidel, ISBN: 9789897523427”, sendo a primeira publicação na área em Portugal, no qual participaram investigadores efetivos e colaboradores do INT-SO dos três países, bem como investigadores externos ao INT-SO, sendo a coordenação da Profª Doutora Elisabete Borges.

Em 26 de outubro de 2018 realizou-se o Seminário Internacional Enfermagem do Trabalho: Contributos para a Saúde Ocupacional, na Escola Superior de Enfermagem do Porto. Este evento contou com a inscrição de 118 participantes oriundos, entre outros, da Escola Superior de Enfermagem do Porto, Faculdade de Psicologia e de Ciências de Educação da Universidade do Porto, Universidade Federal de Goiás, Regional Catalão, Brasil, Department of Brain and

3716

42

519 1014

28

1 2EC Internacional EC Nacional

Gráfico 2. Comunicações apresentadas em eventos científicos internacionais e nacionais de

2014-2018

2014/2015 2015/2016 Nov 2016/ 2017 2018

0 2 4 6 8 10

Teses Doutoramento

Tese Mestrado

Gráfico 3. Teses de Doutoramento e Dissetração Mestrado concluídas de 2014 a 2018

2018 nov 2016/2017 2015/2016 2014/2015

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Behavioral Sciences, University of Pavia, Italy, Instituto Politécnico de Setúbal, Escola Superior de Saúde da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo e ACES Tâmega II Vale Sousa Sul.

O INT-SO foi alvo de interesse e divulgação nos meios de comunicação social, nomeadamente, no Jornal Açoriano Oriental (12 de março 2018: Estudo revela bullying entre os enfermeiros açorianos mais novos), no Canal Saúde + (setembro de 2018), Secção Regional Centro, da Ordem dos Enfermeiros (agosto, 2018) e pelo Conselho Geral de Enfermagem (COFEN, julho 2018), Brasil.

No período de 2014 a 2018, obtiveram-se os primeiros prémios em comunicações ou posters apresentados em eventos científicos nacionais e internacionais, um total de 6 prémios e uma menção honrosa (Gráfico 4).

4. Considerações Finais

Até ao momento os estudos desenvolvidos têm permitido aprofundar o conhecimento sobre dimensões dos contextos laborais dos profissionais de enfermagem, nomeadamente, no que se refere à identificação dos níveis de stress, burnout, bullying, presentismo, satisfação com o trabalho, engagement, satisfação por compaixão, ansiedade, personalidade, clima organizacional, resiliência e respetiva inter-relação entre estas variáveis. Permitiram também a validação de instrumentos e a mobilidade dos investigadores e estudantes dos países envolvidos.

Neste momento, a equipa encontra-se a submeter artigos para publicação de estudos comparativos realizados nos três países envolvidos no projeto INT-SO.

Para o futuro, pretende-se continuar com as publicações de estudos comparativos, assim como o desenvolvimento de um programa de intervenção no âmbito da prevenção do stress no trabalho.

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1 1

4

0

2

4

6

Prémios

Gráfico 4. Prémios obtidos em comunicações apresentadas em eventos científicos internacionais e nacionais do INT-SO

2016 2017 2018

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Yang, T., Ma, M., Zhu, M., Liu, Y., Chen, Q., Zhang, S., & Deng, J. (2018). Challenge or hindrance: Does job stress affect presenteeism among Chinese healthcare workers? Journal of Occupational Health, 60(2), 163-171. doi:10.1539/joh.17-0195-oa

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Red de Enfermería em Salud Ocupacional – REDENSO Internacional: acordo de colaboração, aprendizagem e investigação

Maria Helena Palucci Marziale

Diretora da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Coordenadora da Red de Enfermería en Salud Ocupacional – REDENSO Internacional. E-mail [email protected]

Resumo: O trabalho em rede é um instrumento importante para apoiar as atividades científicas e a troca de conhecimento entre seus atores. A Red de Enfermería en Salud Ocupacional - REDENSO Internacional é uma estratégia de vinculação e cooperação entre enfermeiros e instituições interessadas no desenvolvimento técnico-científico e na promoção de boas práticas de enfermagem direcionadas à saúde dos trabalhadores e é composta por 110 enfermeiros do Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, México, Perú, Portugal, Equador e Argentina. Desde 2014, data de sua criação, os seus membros cumprem um acordo de colaboração, aprendizagem e de investigação que resultou em parcerias na realização de eventos científicos palestras, assessorias, intercâmbio de informações em diferentes veículos de comunicação, pesquisas conjuntas, publicações de artigos e capítulos de livros e desenvolvem um projeto de pesquisa multicêntrico. A REDENSO é inclusiva e todos interessados em participar enquanto membro estão convidados a acessar o web site http://gruposdepesquisa.eerp.usp.br/sites/redenso/.

Palavras chave: Redes colaborativas; Enfermagem do Trabalho; Saúde Ocupacional; Pesquisa; Enfermagem.

Introdução

Essencialmente, uma rede é uma teia de nós (elementos) e links (conexões) entre esses nós (Barabási, 2009) e baseado neste conceito as redes de colaboração científica surgiram como resposta à profissionalização da ciência que ocorreu durante o século XVII (BEAVER; ROSEN, 1978) as quais foram posteriormente ampliadas devido ao avanço das tecnologias da informação e pelos impactos resultantes de esforços colaborativos de pesquisadores de diferentes países que, por meio de colaborações em redes, passaram a oferecer melhor fonte de apoio para melhorar o resultado e maximizar o potencial da produção científica. Redes colaborativas são definidas como um conjunto intra ou inter organizacionais com um objetivo comum, obtendo soluções coletivas, compartilhamento do conhecimento, estabelecimento de confiança entre seus membros e relacionamentos e, por fim, a potencialização das aptidões estratégicas por meio do aprendizado (BALESTRIN; VERSCHOORE, 2008). Em ciências sociais, a rede representa um conjunto de participantes autónomos (indivíduos, grupos, organizações, entre outros), unindo ideias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados (Vanz et al., 2013). O mesmo conceito se aplica a outras áreas do conhecimento. As redes são consideradas como mecanismos que permitem o intercâmbio de informação e experiências, e a valorização do processo de comunicação; também permite a constante troca de conhecimento entre seus atores.

A Red de Enfermería en Salud Ocupacional - REDENSO Internacional foi estruturada nos pressupostos de rede colaborativa considerando que a colaboração de diferentes contextos e olhares de pesquisadores, enfermeiros e pessoas interessadas na atenção da saúde do trabalhador, possa trazer melhorias na qualidade de vida e trabalho das pessoas. Cabe destacar que o termo “Saúde Ocupacional“ foi utilizado por ser muito empregado nos países latinos no entanto, no Brasil e em países europeus a terminologia usada é “Saúde do Trabalhador“ devido a questões filosóficas porém, a REDENSO Internacional têm como escopo de suas ações a

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multidisciplinaridade, na perspetiva da totalidade, com vistas a superação da compreensão e intervenções estanques e fragmentadas da tríade saúde-trabalho-doença, com destaque a participação ativa dos trabalhadores para a compreensão do impacto do trabalho sobre o processo saúde-doença e para intervir politicamente e promover a saúde do trabalhador e assim, utiliza-se a nomenclatura Saúde Ocupacional /Trabalhador (Marziale, 2010) e a Enfermagem é uma das especialidades que integra essa importante área do conhecimento e desenvolve atividades assistenciais, de ensino, pesquisa e de extensão a comunidade.

Trajetória

Iniciamos nossa experiência com o trabalho em rede colaborativa em 2000 quando criamos a Rede de Prevenção de Acidentes de Trabalho com exposição a material biológico vinculada a Universidade de São Paulo (REPAT-USP), um projeto de pesquisa financiado por agências de fomento brasileiras, disponível em http://repat.eerp.usp.br) e centrado na Promoção da Saúde do Trabalhador e com a finalidade de sistematizar os registros dos Acidente de Trabalho com exposição a Material Biológico (ATMB) ocorridos entre os trabalhadores de hospitais de diferentes regiões do Brasil, por meio do uso de tecnologias da informação a distância e para o intercâmbio de informações entre pesquisadores e profissionais da área de saúde do trabalhador. A partir dos resultados dos ATMB registrados e do seguimento na série histórica elabora-se estratégias preventivas para minimizá-los (REPAT/USP, 2008). A referida experiência agregada a nossa participação, enquanto uma das coordenadoras do Núcleo de Estudos Saúde e Trabalho da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (NUESAT-USP) nos motivou a propor em 2014, a criação da REDENSO Internacional e a sua vinculação as Redes Internacionais de Enfermagem - Rede Enf. Américas coordenada pela Unidade de Recursos Humanos em Saúde da Organização Pan-americana de Saúde em Washington-DC (Rocha; Cassiani, 2015), a qual esteve vinculada no período de 2014 a 2016 quando a OPAS deixou de coordenação e as redes passam a ser vinculadas a uma organização independente e gerenciada por um grupo formado por coordenadores das redes, passando a denominar-se Redes Internacionales de Enfermería (RIEs) disponível em http://riesweb.org

REDENSO Internacional

A REDENSO Internacional é uma estratégia de vinculação e cooperação entre enfermeiros e instituições interessadas no desenvolvimento técnico-científico da promoção de boas práticas de saúde e enfermagem, segurança no trabalho e de prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais nas diferentes áreas de desenvolvimento do trabalho humano. Seus objetivos são:

• Identificar problemas, interesses e prioridades para a prática, gestão, pesquisa e formação de recursos humanos em Enfermagem em Saúde Ocupacional/Trabalhador e desenvolver ações colaborativas.

• Contribuir no desenvolvimento de boas práticas de Enfermagem centradas na atenção ao trabalhador a partir da geração de estudos que gerem fortes evidências científicas e favoreçam intervenções e a translação do conhecimento.

• Contribuir para a formação de recursos humanos na área de Enfermagem em Saúde Ocupacional/Trabalhador.

• Promover a produção, divulgação e o uso de informação técnico-científica sobre Enfermagem em Saúde Ocupacional/Trabalhador.

A sua missão é: intercambiar informações entre enfermeiros e membros da equipe multidiciplinar de profissionais que atuam na área de Saúde Ocupacional/Trabalhador,

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estudantes e outras pessoas interessadas em participar da construção colaborativa para fortalecer o ensino, a pesquisa e a prática voltados a atenção ao trabalhador, contribuir no desenvolvimento de boas práticas em saúde e Enfermagem e estabelecer prioridades de pesquisa em Enfermagem em Saúde Ocupacional/Trabalhador.

A REDENSO Internacional é composta por 110 membros vinculados a redes nacionais de sete países membros a saber: REDENSO Brasil, REDENSO Chile, REDENSO Colômbia, REDENSO Portugal, REDENSO México, REDENSO Costa Rica, REDENSO Perú e agrega pesquisadores do Equador e Argentina, países que ainda não possuem redes nacionais. Reuniões da rede internacional são anuais e presenciais e semestralmente, ou sempre que necessário, são realizadas reuniões virtuais. A rede conta com instrumentos facilitadores de comunicação: sítio web (http://gruposdepesquisa.eerp.usp.br/sites/redenso/), lista de distribuição eletrônica (e-mail), Facebook (https://www.facebook.com/redensobrasil/) e grupo de WhatsApp.

O plano de trabalho da rede inclui um conjunto de atividades regionais, nacionais e locais: as atividades regionais estão a cargo do grupo de coordenadores internacionais e tem alcance para toda a rede internacional e deve ser implementada pelas redes nacionais: as atividades nacionais estão a cargo do grupo coordenador por país sob supervisão do grupo de coordenação internacional. Essas atividades visam contribuir e enriquecer os objetivos regionais e serem vinculadas sempre a rede internacional seguindo o plano de trabalho anual da rede internacional e as atividades locais estão a cargo dos membros da rede e tem alcance na localidade onde atuam. Essas atividades contribuem e enriquecem os objetivos regionais e nacionais e vinculam-se ao plano anual de trabalho da rede internacional.

Acordos de colaboração, aprendizagem e resultados

A rede se mostra como um efetivo meio de intercambiar informações e fazer vínculos e a colaboração entre os membros da rede resultou indicadores que confirmam o sucesso do trabalho realizado ainda que em ritmos diferentes entre os grupos de cada país.

Com a finalidade de identificar as condições de trabalho oferecidas e de saúde dos enfermeiros nos países componentes da REDENSO Internacional, adaptamos um instrumento de orientação e coleta de dados para estudo de revisão sistemática da literatura que construímos para uso no NUESAT-USP. O referido instrumento, construído na versão portuguesa (Marziale, 2014) foi traduzido para o espanhol e todos os coordenadores das REDENSO Nacionais, desenvolveram o estudo “Condições de trabalho e as formas de adoecimento de trabalhadores de Enfermagem: revisão integrativa da literatura” em seus países e nos desenvolvemos um scoping review envolvendo o mundo todo. Os resultados desses estudos foram apresentados em reunião anual da REDENSO Internacional e gerou a produção de dois artigos publicados em revistas científicas indexadas e uma dissertação de mestrado.

O resultado da revisão da literatura mostrou que o problema comum a todos os países relacionaram-se a riscos psicossociais e a Síndrome de Burnout surge como o problema mais evidente. A colaboração dos membros da rede na discussão do problema resultou na publicação de 15 artigos em revistas científicas indexadas.

O envolvimento dos membros nas rede oportunizou a colaboração dos pesquisadores na autoria de capítulos para o livro “Enfermagem do Trabalho” organizado por Borges (2018), a participação em bancas examinadoras de dissertações e teses, de ministração palestras, na prestação de assessorias, a ministração de palestras e conferências, também foram executadas atividades voltadas a formação de recursos humanos como ministração de aulas em disciplinas em cursos de graduação e pós-graduação.

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Atualmente, estamos desenvolvendo um projeto multicêntrico “Síndrome de Burnout em enfermeiras da atenção primária de saúde: estratégias de identificação e prevenção” para o qual estamos encontrando algumas dificuldades considerando as diferenças e condições das redes nacionais. Cabe destacar que o trabalho em rede exige um processo mais lento na execução de algumas atividades, entre elas a realização de pesquisas multicêntricas, uma vez que, as diferentes realidades vivenciadas pelos seus membros da rede devem ser compreendidas e balizadas. Outro aspeto importante é o compromisso ético que deve ser assumido pelos membros com relação a execução de boas práticas de pesquisa e de divulgação dos materiais e produções construídas em conjunto com a rede.

Pontos fundamentais para avançar a colaboração

• Fazer pesquisas com alto rigor científico que abordem problemas prioritários em Enfermagem em Saúde Ocupacional/Trabalhador.

• A pesquisa deve ter seu propósito de gerar conhecimentos que possam ser usados para melhorar as políticas e as práticas dos serviços.

• Ampliar o apoio político e financeiro, • Ampliar a colaboração dos membros da rede inserindo o maior número de enfermeiros

atuantes nos serviços.

Referências Bibliográficas

Barabási, A. Linked: a nova ciência dos networks. São Paulo: Leopardo, 2009.

Balestrin, A., & Verschoore, J. (2008). Redes de cooperação empresarial: Estratégias de gestão da nova economia. Porto Alegre.

Vanz, Samile Andréa de Souza. Redes Colaborativas nos Estudos Métricos de Ciência e Tecnologia. Liinc em Revista, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 171-180, maio 2013 -http://www.ibict.br/liinc

Organização Panamericana da Saúde;Organização Mundial da Saúde. Redes Colaborativas, 20XXXX https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=1715:redes-colaborativas-2&Itemid=724

Marziale, M.H.P. (2010). Contribuições do enfermeiro do trabalho na promoção da saúde do trabalhador. Acta Paulista de Enfermagem, 23(2), 7-8. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1590/S0103-21002010000200001.

Rede de Prevención de Acidentes de Trabajo con Exposición a Material Biológico en Hospitais Universitários del Brasil – REPAT [internet].Universidade de São Paulo; 2008. Disponível em: http://repat. eerp.usp.br.

Borges E. (Eds.) 2018. Enfermagem do trabalho. Formação, Investigação, Estratégias de Intervenção. ed. 1. Lisboa: Lidel - Edições Técnicas, Lda. ISBN: 978989752342

Marziale, M.H.P., 2018. Rede de Enfermagem em Saúde Ocupacional – REDENSO: estratégica de cooperação técnica e científica, Formação, Investigação e Estratégias de Intervenção, ed. Elisabete Borges (coord.), 117-123. ISBN: 978-989-752-342-7. Lisboa: Lidel Edições Técnicas.

Rocha, C.M.F., & Cassiani, S.H.D.B. (2015). As redes de enfermagem: estratégias para o fortalecimento da pesquisa e da extensão. Revista Gaúcha Enfermagem, 36(2), 12-13. http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v36n2/es_1983-1447-rgenf-36-02-00010.pdf

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Promoção da saúde no local de trabalho: uma “filosofia de cuidar” a imperar no futuro

Margarida Abreu1, Elisabete Borges2, Cristina Queirós3 1Escola Superior de Enfermagem do Porto, email: [email protected] 2Escola Superior de Enfermagem do Porto, [email protected] 3Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação – UP, [email protected]

Resumo Objetivo: Conhecer as tendências atuais na implementação de programas de promoção da saúde em locais de trabalho. Métodos: Revisão integrativa da literatura usando o modelo proposto por Whittemore e Knafl (2005). As bases de dados eletrónicas PubMed, EBSCOH, Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal e Google Scholar foram pesquisadas para recolha de publicações entre 2010 e 2019. Optamos pelas seguintes palavras-chave: promoção da saúde, programa e local de trabalho, em língua portuguesa e inglesa. A qualidade dos artigos selecionados foi analisada com ferramentas do Instituto Joanna Briggs. Resultados: A pesquisa permitiu encontrar 66 artigos. A maioria (38) com origem nos Estados Unidos da América e apenas dois em Portugal. Os estudos incluíram um total de 221 empresas, de pequena, média e grande dimensão. A maior parte dos programas de promoção da saúde tiveram como alvo a gestão da doença e dos estilos de vida, assim como a prevenção das doenças crónicas. Foram também encontrados estudos sobre o custo-efetividade dos programas de promoção da saúde e identificação de fatores que influenciam a participação. A maioria dos programas de promoção da saúde apresentou resultados positivos. Discussão: Esta revisão mostra ser consensual entre os autores que investir em ações de promoção da saúde e prevenção de doenças nos locais de trabalho representa uma importante oportunidade para melhorar a saúde da população. Conclusões: A escassez de estudos desenvolvidos em Portugal é uma realidade. Face aos resultados obtidos nesta revisão as instituições de Ensino Superior, nomeadamente, as Escolas de Enfermagem devem assumir um papel mais ativo na sociedade de forma a contribuir para a capacitação dos trabalhadores, de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde para a promoção da saúde. Palavras chave: Saúde do trabalhador; Promoção de saúde; Programas de bem-estar; Revisão integrativa.

1. Introdução

A OMS (2010) defende que todos os trabalhadores têm o direito de trabalhar num ambiente saudável e seguro, sem risco de lesão ou doença resultante do trabalho. Por sua vez, Sousa-Uva e Serranheira (2013) salientam que é necessário reinventar novas abordagens das relações entre a saúde e o trabalho, de modo a dar maior importância ao trabalho como agente promotor de saúde. Nos últimos anos, a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA, 2018; Esler et al., 2019) tem vindo a reforçar a importância crescente da saúde no trabalho. Assim, a DGS (2018, p. 13), no Programa Nacional de Saúde Ocupacional (PNSOC): Extensão 2018/2020, estabelece como um dos objetivos específicos deste “Impulsionar a promoção da saúde no local de trabalho”.

A EU-OSHA (2012) define promoção da saúde no local de trabalho (PSLT) como os esforços combinados de empregadores, trabalhadores e da sociedade para melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas no trabalho. Defende ainda que a PSLT significa mais do que atender aos requisitos legais de saúde e segurança, baseando-se em ações voluntárias de ambas as partes.

Margarida Abreu, Elisabete Borges, Cristina Queirós

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Segundo Graça (2006) tem ocorrido uma evolução nos paradigmas de programas de PSLT. Assim, surge o bem-estar como fundamental para uma estratégia de saúde. Uma estratégia de saúde de bem-estar incorpora todas as atividades, políticas e decisões que afetam a saúde dos trabalhadores, das suas famílias e das comunidades onde as empresas estão localizadas e os consumidores cujas decisões de compra determinam o sucesso das empresas (Graça, 2006).

Esta perspetiva tem sido cada vez mais apoiada, dado que os adultos passam muito tempo no local de trabalho (Center for Disease Control and Prevention, 2019; Fornarow et al., 2019). Para Saliba e Barden (2017) os programas de bem-estar focam-se na gestão da doença, no tratamento das doenças crónicas, na gestão dos estilos de vida ou na prevenção das doenças crónicas através da promoção da saúde.

Em 2018, a EU-OSHA publicou um guia para incentivar o bem-estar no trabalho. Salienta que o bem-estar se refere ao estado geral da pessoa do ponto de vista da saúde física e mental. Salienta ainda que o bem-estar está ligado à satisfação profissional, comprometimento, engajamento, sentido de propósito e intenção de permanecer na empresa e contribuir para o seu sucesso (European Agency for Safety and Health at Work, 2018).

Este estudo pretende conhecer as tendências atuais na implementação dos programas de promoção da saúde nos locais de trabalho.

2. Metodologia

2.1 Pesquisa da literatura

Foi realizada uma revisão integrativa da literatura usando o modelo proposto por Whittemore e Knafl (2005), o qual difere das clássicas modalidades de meta-análise e revisão sistemática, permitindo incluir todo o tipo de literatura relacionada com o objeto de estudo e, desta forma, conhecer melhor o tema. Com este estudo pretendemos responder à questão “Qual a tendência dos programas de promoção da saúde nos locais de trabalho?”

Para tal, efetuamos uma pesquisa de artigos nas bases de dados Medline (via PubMed), EBSCOH, Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal e Google Scholar (estas duas últimas para pesquisar “literatura cinzenta”, isto é, trabalhos académicos, dissertações, teses, posters, comunicações, etc.), nos idiomas português e inglês, publicados entre janeiro de 2010 e janeiro de 2019. Os descritores pesquisados incluíram a combinação das palavras “promoção da saúde“, “programa“ e “local de trabalho“, em língua portuguesa e inglesa.

2.2 Avaliação dos dados

Na busca inicial foram encontrados 722 artigos. Analisamos o título e o resumo destes para identificação dos que ilustravam as tendências dos programas de promoção da saúde em locais de trabalho. Após a eliminação dos artigos repetidos, incompletos, de revisão e dos que descreviam projetos, restaram 66 artigos para a análise. A qualidade dos artigos selecionados foi avaliada com ferramentas de avaliação da qualidade do Instituto Joanna Briggs (JBI, 2014a, 2014b).

2.3 Análise de dados

Foi construída a matriz de análise de conteúdo dos artigos, com definição dos seguintes campos para cada estudo: país de publicação, número de participantes, percentagem por sexo, média de idades, foco da intervenção, grupo comparativo, duração, follow-up e resultados.

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3. Resultados

Foram selecionados 66 estudos, dos quais 38 tiveram como país de origem os Estados Unidos da América; cinco a Holanda; três a Austrália, Japão e Reino Unido; dois a França, Malásia e Portugal e com apenas uma publicação a Africa do Sul, Alemanha, Bélgica, Brasil, Finlândia, Itália, República da Coreia e Suíça (Gráfico 1, Tabela 1).

Gráfico 1: Distribuição do número de estudos por país

No que se refere ao ano de publicação, recorde-se que a pesquisa incidiu entre 2010 e 2019, mas a distribuição (Gráfico 2) revelou uma tendência crescente em número de publicações por ano, com um pico em 2016. Note-se que a descida acentuada para os anos de 2017 e seguintes pode apenas refletir a não publicação de artigos nas bases de dados e não propriamente a inexistência de estudos devido ao período de cerca de dois anos entre submissão e publicação.

Gráfico 2: Distribuição do número de estudos por ano de publicação

38

5

32 1

EUA

Holanda

Austrália ou Reino Unido

França, Malásia ou Portugal

Africa do Sul, Alemanha, Bélgica, Brasil, Finlândia, Itália, Republica da Coreia e Suíça

0

2

4

6

8

10

12

14

16

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

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1. Caraterísticas dos participantes

Os estudos selecionados incluíram (Tabela 1) um total de 221 empresas, de pequena, média e grande dimensão, nomeadamente, instituições de saúde (ex. Wieneke et al., 2016); instituições de governo local e ensino (ex. Weinhold et al., 2015); serviços da administração pública (ex. Rivera et al., 2018); empresas de transportes (ex. Brace et al., 2015); agricultura (ex. Balaguier et al., 2017); empresas de construção (ex. Caperchione et al., 2018); empresas de manufatura (ex. Nakamura et al., 2013); comércio e retalho (ex. Wilson et al., 2010); empresas de logística (ex. Mache et al., 2015); call center (ex. Harden et al., 2015); fábrica de automóveis (ex. Jackson et al., 2011); fundação e hotéis (ex. Williams et al., 2014); bancos (ex. Dekkers et al., 2011); empresas farmacêuticas (ex. Arrogi et al., 2017); empresas de gás e energia (ex. Kim et al., 2015) e seguradoras (ex. Hochart et al., 2011). Em termos de trabalhadores, estiveram envolvidos cerca de 60.254, sendo de notar que alguns estudos envolveram várias empresas, simultaneamente. No que se refere ao sexo, em 50% dos estudos as mulheres constituíram a maior parte dos participantes dos PSLT e em 18,3% dos estudos não foi possível identificar este dado. No que se refere á idade, a média variou entre os 29 e os 51 anos.

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Tabela 1: Descrição dos estudos em função do país e amostra de participantes

Autor(es) Ano País Número de participantes

Percentagem por sexo Média de idade

em anos Masculino Feminino

Kztcher et al. (2010) Estados Unidos 726 29,4 70,6 42

Robroek et al. (2010) Holanda 726 44 56 42

Siegel et al. (2010) Estados Unidos 288 26,2 73,8 40

Taylor et al. (2010) Estados Unidos 14 32,9 57,1 40

Wilson et al. (2010) Estados Unidos 557 31 69 36

Dekkers et al. (2011) Holanda 276 69,2 30,8 42

Hochart et al. (2011) Estados Unidos 6568 39 61 42

Jackson et al. (2011) Estados Unidos 539 84 16 52

McEachan et al. (2011) Reino Unido 1260 45,5 54,5 42,7

Terry et al. (2011) Estados Unidos 391 59,3 40,7 43,9

You et al. (2011) Estados Unidos 610 41 59 45

Dias et al. (2012) Portugal 339 52,9 47,1 -

Estabrook et al. (2012) Estados Unidos - - - -

LeCheminant et al. (2012) Estados Unidos 229 58,7 41,3 42.9

Linda et al. (2012) Estados Unidos 1672 37,4 62,6 42.9

McHugh et al. (2012) Suiça 238 65 35 41

Robroek et al. (2012) Holanda 924 49 51 42

Thorndike et al. (2012) Estados Unidos 84 69,8 30,2 42,9

Clark et al. (2013) Estados Unidos 84 25 75 -

Dallat et al. (2013) Reino Unido 207 33 67 43,3

Dejoy et al. (2013) Estados Unidos 167 97 3 45

Ladapo et al. (2013) Estados Unidos 569 - - -

Lemon et al. (2013) Estados Unidos 782 33 67 45

Merril et al. (2013) Estados Unidos 10721 71,3 28,7 -

Nakamura et al. (2013) Japão 155 96,7 3,3 44,2

Witt et al. (2013) Estados Unidos 12 - - -

Coffeng et al. (2014) Holanda 412 60 40 -

Lemon et al. (2014) Estados Unidos 782 33 67 45

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Liau et al. (2014) Malásia 17 29,4 70,6 38,2

Pillay et al. (2014) Africa do Sul 58 58,6 41,4 31,7

Williams et al. (2014) Estados Unidos 6519 48,3 51,7 46

Brace et al. (2015) Estados Unidos 479 94 7 46

Burton et al. (2015) Estados Unidos 101 31,3 69,3 49

Harden et al. (2015) Estados Unidos 1790 26,6 73,4 46,9

Kim et al. (2015) República da Coreia 205 100 0 41

Lawton et al. (2015) Reino Unido 1260 - - -

Mache et al. (2015) Alemanha 3095 55 45 44

Musich et al. (2015) Estados Unidos 24651 73 27 42

Bellicha et al. (2016) França 1328 - - -

Formanoy et al. (2016) Holanda 329 60% 40 -

Goldenhar et al. (2016) Estados Unidos 19 - - -

Jamal et al. (2016) Malásia 194 27,3 72,7 40,5

Goldenhar et al. (2016) Estados Unidos 19 - - -

LaCaille et al. (2016) Estados Unidos 407 14,9 85,1 43

Lucini et al. (2016) Itália 1089 70,5 29,5 -

Miller et al. (2016) Estados Unidos 68 30,6 79,4 51,2

Osondu et al. (2016) Estados Unidos 297 22 78 49,9

Taylor et al. (2016a) Austrália 218 - - -

Taylor et al. (2016b) Estados Unidos 175 18 82 43

Tucker et al. (2016) Estados Unidos 42 100 - 43

Wieneke et al. (2016) Estados Unidos 666 - - -

Wilson et al. (2016) Estados Unidos 362 - - -

Aitassalo et al. (2017) Finlândia 396 5 95 42,6

Arrogi et al. (2017) Bélgica 300 22 78 42,9

Balaguier et al. (2017) França 16 62,5 37,5 45,1

Barlett et al. (2017) Austrália 120 25 75 -

Schopp et al. (2017) Estados Unidos 180 34,2 65,8 45,7

Caperchione et al. (2018) Austrália 19 - - -

Kubo et al (2018) Japão 83 77,1 22,9 29

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2. Caraterísticas das intervenções

No que se refere ao programa de intervenção, na Tabela 2 apresentamos os resultados de acordo com o foco da intervenção, a existência de grupo comparativo, a duração do programa, o follow-up e a identificação dos principais resultados dos programas de PSLT. Assim, a maior parte dos programas tiveram como alvo a gestão da doença (ex. Burton et al., 2015; Smith et al., 2018); a gestão dos estilos de vida (ex. Terry, 2011; Clark et al., 2013) e a prevenção das doenças crónicas (ex. LaCaille et al., 2016; Lunini et al., 2016). Contudo, também encontramos estudos acerca do custo-efetividade dos programas de PSLT (ex. Dallat et al., 2013) e nestes destacamos o estudo de Ladapo et al. (2013) sobre os custos de um programa de promoção da comunicação entre pais e filhos sobre sexualidade. Verificamos ainda a existência de estudos para identificação de subgrupos que beneficiariam mais de uma determinada intervenção, como por exemplo o de Formanoy et al. (2016) e identificação de fatores que influenciam a participação (Robroeck et al., 2012). A maioria dos estudos teve grupo de controle (67,7%). A duração dos programas variou entre uma semana (Pillay et al., 2014) e dois anos (Estabrook et al., 2012; Lemon et al., 2013, 2014; Linde et al., 2012; Robroek et al., 2012). Relativamente aos estudos que incluíram follow-up, este variou entre uma semana (Barlett et al., 2017) e três anos (Merrill et al., 2013; Siegel et al., 2010).

3. Resultados dos programas de promoção de saúde

No que se refere aos resultados dos programas de PSLT (Tabela 2), como podemos verificar, independentemente do seu alvo (ex. gestão da doença, estilos de vida, prevenção das doenças crónicas, custo-efetividade, identificação de subgrupos para quem um PSLT é mais benéfico e de reforço) a maioria apresentou resultados positivos. Nos PSLT com um impacto parcialmente positivo, como o de Burton et al. (2015), cujo alvo foi a gestão da diabetes, verificou-se a melhoria da maioria das medidas de autoeficácia, mas os testes biométricos aos 6 e 12 meses não foram significativamente diferentes da linha de base. No entanto, estes trabalhadores, no geral, tinham um controle aceitável da diabetes no início do programa. Relativamente à prevenção da obesidade e ganho de peso, o programa de Estabrook et al. (2012) não levou à modificação do índice de massa corporal (IMC) e os de Lemon et al. (2014) e Linde et al. (2012), conduziram a uma modificação pouco significativa. O programa de prevenção da obesidade de LaCaille et al. (2016) conduziu ao aumento dos conhecimentos e a um ligeiro aumento da atividade física, mas à diminuição do consumo de frutas e vegetais. O de prevenção da diabetes de Miller et al. (2016) resultou numa diminuição de peso, de consumo de carnes vermelhas, mas também de legumes. O programa de reforço de intervalo para realização de atividade física (Taylor et al., 2016b) conduziu á diminuição do comportamento sedentário, mas os participantes mantiveram o IMC e aumentaram os triglicerídeos, mesmo assim estes mantiveram - se dentro

Rivera et al. (2018) Estados Unidos 5703 56,8 43,2 34,6

Paiva (2018) Portugal 53 6,7 93,3 44,2

Smith et al. (2018) Estados Unidos 181 12,9 87,1 47,9

Watenabe et al (2018) Japão 190 60 40 -

Werneburg et al. (2018) Estados Unidos 137 11,8 88,2 -

Salinardi et al. (2019) Estados Unidos 133 42 58 44,7

Silva et al. (2019) Brasil 175 26,7 73,3 -

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dos valores normais. Em relação à recuperação da fadiga física e mental devidas ao trabalho, Coffeng et al. (2014) verificaram uma diminuição na necessidade de recuperação destas, embora não significativa. O estudo de Taylor et al. (2016a) também demonstrou que as pequenas empresas tinham maior dificuldade em organizar PSLT em relação às médias e grandes empresas. Quanto aos fatores associados à participação nos PSLT, Merril et al. (2013) verificaram que a participação era maior nos trabalhadores com maiores rendimentos, do sexo feminino e casados.

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Tabela 2: Descrição dos estudos em função do programa de intervenção

Primeiro Autor (Ano) Foco da intervenção Grupo

comparativo Duração Follow-up

Resultados com melhoria em

Resultados com redução em

Kztcher et al. (2010) Nutrição vegan Sim 22 semanas - Saúde geral, Funcionamento físico,

Saúde mental, Vitalidade, Satisfação

com a dieta e Produtividade

-

Robroek et al. (2010) Incentivar o uso de website sobre atividade

física, Promoção de alimentação saudável e

Identificar os fatores relacionados com o seu

uso

Sim Mensal/3 meses

- Cerca de 1/2 dos partici -pantes usou o site

> número de mulheres

-

Siegel et al. (2010) Obesidade Sim Bimensal/ano académico

3 anos - Índice de massa corporal

Taylor et al. (2010) Atividade física - 6meses/117 sessões

- - Peso Colesterol HDL

Wilson et al. (2010) Estilos de vida (Atividade física)

Sim 9 a 19 semanas 10mn/dia

Não O nível de implementação afeta o grau de mudança no vigor da atividade física

-

Dekkers et al. (2011) Estilos de vida (Doenças

cardiovasculares)

Sim 6 meses 10 contactos

6 e 24 meses Fitness aeróbico Peso Colesterol

Hochart et al. (2011) Fatores de risco, Utilização e

Custos dos serviços de saúde

Não 12 meses - Pequeno dos custos com cuidados de saúde

Pressão arterial Colesterol

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Jackson et al. (2011) Hipertensão Sim 4 emails/4-5 meses

6 meses Controle da pressão sanguínea

-

McEachan et al. (2011) Atividade física Custos

Sim 3 meses 9 meses Índice massa corporal

Pressão arterial Não provou ser custo-efetivo

Terry et al. (2011) Cessação tabágica Sim - Pré/pós teste Cessação tabágica -

You et al. (2011) Identificação dos participantes em

programas de perda de peso

Sim - - Pessoas com elevado rendimento, Nível

educacional e literacia em saúde

-

Dias et al. (2012) Gestão de stress - 6H de sessões gestores;

3H de sessões trabalhadores

- Estratégias de coping Perceção e quantidade de

exigência emocional,

especialmente para os gestores

Estabrook et al. (2012) Prevenção da obesidade Não 2 anos 12 e 24 meses - Não ocorreu modificação do IMC

LeCheminant et al. (2012) Estilos de vida - - 12 e 24 meses Frequência e volume de exercício, Consumo de

vegetais e frutos

-

Linde et al. (2012) Prevenção do ganho de peso

Sim 2 anos 2 anos - A massa corporal não foi significativamen-te afetada

McHugh et al. (2012) Gestão do peso Sim Mensal/1 ano 2 anos Pressão arterial Açúcar no sangue

HDL

Robroek et al. (2012) Determinantes de participação num PSLT

(Atividade física Nutrição)

Sim 2 anos 2 anos Utilização por indivíduos com idade >30anos

Utilização do website imediatamente após

emails

-

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Thorndike et al. (2012)

Prevenção ganho de peso Sim 10 semanas 30mn/semana

1 ano Dieta Exercício físico

Peso moderada

Clark et al. (2013) Atividade física Gestão de stress

- 12 meses 1 mês Atividade física, Dieta saudável, Bem estar

espiritual, Qualidade do sono

Stress

Dallat et al. (2013) Custo-efetividade de um programa de educação

física

Sim 12 semanas 6 meses Qualidade de vida

Custo efetividade

Dejoy et al. (2013) Prevenção da diabetes Não 16 sessões/24 semanas

1 ano - Peso

Ladapo et al. (2013) Promoção da comunicação entre pais e

filhos sobre sexualidade

Sim 8 sessões semanais de 1H

9 meses Custo/efetividade da intervenção

-

Lemon et al. (2013) Prevenção ganho de peso Sim 2 anos 12 e 24 meses - Peso

Merril et al. (2013) Fatores associados à participação em

programas de wellness e benefícios

Não 2 meses 3 anos Idade, Rendimentos Participação de

mulheres Casados, Inconclusivo em relação aos custos

Participação

Nakamura et al. (2013) Cessação tabágica Não 1vez/ semana/6 meses

24 meses O sucesso do programa depende do nível de

dependência

-

Witt et al. (2013) Fatores motivacionais para implementação de PSLT em pequenas e médias

empresas

Não - - Aumentar a produtividade

Relações humanas

Custo

Coffeng et al. (2014) Recuperação física e mental

Sim Sessões de 90 mn/3.5 meses

12 meses - Não significativa na necessidade de recuperação

Lemon et al. (2014) Prevenção do ganho de peso

Sim 2 anos 12-24 meses - Modesta de peso

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Liau et al. (2014) Riscos cardiovasculares Não 6 meses Não Estado de saúde física e mental

-

Pillay et al. (2014) Atividade física Não 1 semana/5 sessões de

10mn

- Os resultados apoiam mensagens AF atuais

que usam o termo caminhada rápida

como referência para MPA

-

Williams et al. (2014) Gestão de peso (Obesidade)

Sim 48 semanas/30 mn

12 e 24 meses -

IMC, sem diferenças

estatisticamente significativas

Brace et al. (2015) Prevenção da diabetes Não 16 sessões de 30 min a 1H

6 e 12 meses - Peso

Burton et al. (2015) Gestão da diabetes Não 12 meses 6 e 12 meses Conhecimentos, Não existiu melhoria

significativa nos dados biométricos

-

Goldenhar et al. (2015) Investimento nos programas de flexibilidade

Não -

- Comunicação, Camaradagem Colaboração

Lesões músculo-esqueléticas

Harden et al. (2015) Perda de peso Sim 1 email diário/12 meses

12 meses - Peso pouco significativa, sem

implicações a nível do

absentismo e presentismo

Kim et al. (2015) Perda de peso Sim 24 semanas Sessões de grupo+ 1

email/semana

- - Não houve redução

significativa de peso nos homens

obesos

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Lawton et al. (2015) Atividade física Sim 15H/3 meses 9meses Número de participantes que fazem dieta

-

Mache et al. (2015) Comportamento alimentar Atitudes face à saúde

Sim Sessões de 30ª 60min/semana

12 meses Comportamento alimentar

-

Musich et al. (2015) Impacto financeiro da PSLT Mudança riscos em saúde

Sim - 0-6 meses Saúde Produtividade

-

Bellicha et al. (2016) Atividade física Sim 2 fases com intervalo de 1

mês

3 a 7 meses Atividade física -

Formanoy et al. (2016) Identificação de subgrupos que beneficiam

mais de uma dada intervenção de

recuperação do stress

Sim - 12 meses Intervenção no ambiente social

beneficia mais os jovens e no ambiente físico

beneficia mais os trabalhadores com menos tempo para recuperar do stress

-

Jamal et al. (2016) Estilos de vida (Obesidade)

Sim Sessões de grupo em 24

semanas

12, 24 e 36 semanas

Qualidade de Vida

Peso, Emoções negativas e

Desconforto físico

LaCaille et al. (2016) Prevenção da obesidade Sim 12 meses 6 e 12 meses Após a

avaliação inicial

Modesto da atividade física, conhecimentos, informação, discussão com o grupo de pares

acerca de saúde e investimento como

trabalhadores

Consumo de frutas, vegetais e

fibras

Lucini et al. (2016) Prevenção das doenças crónicas

Sim 46 visitas ao site 2 anos Saúde Absentismo

Miller et al. (2016) Prevenção da diabetes Sim 16 semanas/ Sessões de 1H

4 e 7 meses

- Peso, Consumo de legumes e

carne vermelha

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Osondu et al. (2016) Obesidade Não 12 semanas 12 meses Melhoria nos índices cardio-metabólicos

Peso

Taylor et al. (2016a) Papel do tamanho da empresa nos PSLT

- - - Perceção da efetividade dos programas

independentemente do tamanho da empresa

PSLT nas pequenas empresas

relativamente às médias e grandes

Taylor et al. (2016b) Booster Atividade física

- 3 - 6 meses

- Triglicerídeos, mas mantém valores normais

Manutenção do IMC

Comportamento sedentário

Tucker et al. (2016) Atividade física Sim Mensagem texto 1-3meses

- Benefícios para os enfermeiros

Sedentarismo Massa gorda

Peso

Wieneke et al. (2016) Estilo de vida Não Sessões de 1 a 5H/mês

Não Perceção de apoio para mudar estilos de vida

-

Wilson et al. (2016) Prevenção da diabetes Sim 6 Sessões de 10mn

12 meses - Peso

Aitassalo et al. (2017) Atividade física/Sedentarismo

Sim 8 H 1 ano Prática de atividade física

Sedentarismo

Arrogi et al. (2017) Atividade física Sim 3 meses 2 sessões x 1H+3

contactos à distância

Final da intervenção e 6 meses após esta

Prática de atividade físico à semana

Sedentarismo à semana

Balaguier et al. (2017) Estilo de vida: Atividade física

Sim 8 semanas 15 mn/dia de trabalho + 1H de exercícios específicos/2x

semana

4, 8, 12 semanas Resistência dos músculos extensores e flexores do

tronco

-

Barlett et al. (2017) Saúde mental, nomeadamente, stress

Sim 7,5H/5 semanas 7 dias Qualidade de vida Perceção de stress

Distress

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Schopp et al. (2017) Estilos de vida: Auto-gestão da saúde

Sim 6 semanas/ sessões de 50

mn

3 e 12 meses Atividade física Sintomas de depressão

Caperchione et al. (2018) Atividade física Não 1 ano - Incentiva a promoção da saúde, A moral, Camaradagem e a

Formação de equipas

-

Kubo et al (2018) Gestão da depressão e risco de suicidio

Não 12H (2H/sessão)

1 mês Confiança, competências práticas

Estigma

Rivera et al. (2018) Estilos de vida Não 1xmês/3 a 12 meses

Pré/Pós teste -

Gordura corporal, Stress e Pressão

arterial

Paiva (2018) Gestão do stress - Multi - Gestão do stress -

Smith et al. (2018) Autogestão da doença crónica

Sim 2 sessões por semana de

50mn/8 semanas

6 meses Saúde física; Comportamento

alimentar

Fadiga Sedentarismo

Watanabe et al. (2018) Atividade física Sim 3 meses 6 meses Atividade física -

Werneburg et al. (2018)

Gestão de stress - 12 semanas 1 mês Saúde em geral, Hábitos alimentares, Bem-estar

espiritual, Sono

-

Salinardi et al. (2019) Diminuição de peso Sim 19 sessões/60 mn

0-6 meses perda de peso

6-12 meses manutenção

de peso

- - Peso Fatores de risco

metabólicos

Silva et al. (2019) Atividade física Sim sessões 2, 4 e 5 dias/semana/12

meses

- Dinâmica de trabalho Bem estar

psicofisiológico

Dor músculo-esquelética

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4. Discussão

Apesar de algumas limitações desta revisão, nomeadamente, a pesquisa de dados ter sido limitada aos idiomas português e inglês e, portanto, alguns artigos relevantes podem não ter sido identificados e, ainda, os artigos escolhidos para a revisão não terem todos os elementos constantes na categorização efetuada, os resultados demonstram ser consensual entre os autores que investir em ações de promoção da saúde e prevenção de doenças nos locais de trabalho representa uma importante oportunidade para melhorar a saúde da população (ex. Silva et al., 2019).

Assim, verificamos que a maior parte dos programas de PSLT tiveram como alvo a gestão da doença, a gestão dos estilos de vida e a prevenção das doenças crónicas. Tal como preconizado por Saliba e Barden (2017), tratam-se de programas de bem-estar. A implementação destes programas em vários países do globo, demonstra a preocupação em responder às solicitações das principais organizações relacionadas com a saúde no trabalho, como é o exemplo da European Agency for Safety and Health at Work (2018).

Salientamos o número elevado de artigos que apresentaram resultados positivos das ações de PSLT, nomeadamente, no que se refere ao controle de peso (14); aumento da prática de atividade física entre os trabalhadores (10); alimentação saudável (7); diminuição dos níveis de stresse (5); controle de fatores de risco cardiovasculares (3); diminuição do número de trabalhadores com hábito de fumar (2); diminuição de queixas músculo-esqueléticas (2) e disponibilização de tratamento relacionado com a saúde mental (1).

Não foi nossa intenção encontrar o melhor programa de PSLT, acreditamos que é importante que o proprietário / gestor das empresas, os trabalhadores e a equipa de saúde ocupacional desenvolvam o programa que mais se adeque às suas necessidades, pois é mais provável que um processo colaborativo tenha um resultado bem-sucedido. No entanto, este estudo constituiu-se uma oportunidade para identificar as melhores práticas em termos de PSLT e o seu impacto a nível da saúde, tal como é preconizado por Fonarow et al. (2019).

5. Conclusões

Encontramos um elevado número de publicações científicas acerca de ações de PSLT que contemplam os principais aspetos teóricos e práticos relacionados com a sua implementação. Contudo a maioria são nos Estados Unidos e foram poucos os estudos desenvolvidos em Portugal. Assim, face aos resultados positivos obtidos nesta revisão resultantes da implementação de PSLT e às recomendações das principais organizações/instituições responsáveis pela saúde no trabalho, é necessário continuar a investir nesta área. Cabe, particularmente, às instituições de ensino superior, nomeadamente, às Escolas de Enfermagem assumir um papel mais ativo na sociedade, partilhando informações e educando a comunidade para criar ambientes saudáveis, implementar políticas saudáveis no local de trabalho e que capacitem os trabalhadores a assumir o controle da sua saúde, seguindo as recomendações da OMS para a promoção da saúde.

6. Referências

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Ansiedade, Engagement e Burnout em enfermeiros

Cristina Queirós1, Elisabete Borges2, Margarida Abreu3

1Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, CPUP, Portugal, [email protected] 2Escola Superior de Enfermagem do Porto, CINTESIS, Portugal, [email protected] 3Escola Superior de Enfermagem do Porto, CINTESIS, Portugal, [email protected]

Resumo: Os enfermeiros trabalham em contextos emocionalmente exigentes, onde o stress ocupacional crónico conduz ao burnout e à desmotivação, constituindo a ansiedade um fator de risco para o stress e desinvestimento profissional. Pretendem-se identificar, em enfermeiros portugueses, os níveis de ansiedade, burnout e engagement e sua inter-relação. Foi realizado um estudo quantitativo, exploratório, descritivo, correlacional e transversal, utilizando um questionário de caraterização sociodemográfica/profissional, o State-Trait Anxety Inventory, o Maslach Burnout Inventory e a Utrecht Work Engagement Scale. Participaram, voluntária e anonimamente 343 enfermeiros portugueses, encontrando-se 55% sem burnout, 36% com burnout moderado e 9% já com burnout elevado. Existem moderada exaustão emocional, baixa despersonalização e moderada/elevadas realização pessoal, vigor, dedicação e absorção, sendo baixas/moderadas a ansiedade estado e traço. O burnout e a ansiedade traço diminuem com o aumento da experiência profissional e o burnout é explicado por 37% do engagement, 10% da ansiedade e 7% das variáveis sociodemográficas/profissionais. Estes dados confirmam estudos nos quais a ansiedade como traço individual é um fator de vulnerabilidade para o burnout, embora fatores organizacionais como o turno rotativo também influenciem. Assim, a prevenção do burnout deve incluir o engagement, valorizar a dedicação dos enfermeiros e incluir a análise de características individuais como a ansiedade traço.

Palavras-Chave: Ansiedade; burnout; engagement; Estudo correlacional.

1. Introdução

Nos últimos anos tem-se assistido a um aumento das perturbações da ansiedade não só nos jovens, mas também nos adultos, que, quando presentes em trabalhadores adultos afetam o seu bem-estar, mas também o seu desempenho profissional (Trifiletti, Pedrazza, Berlanda, & Pyszczynski, 2017). Ora, os enfermeiros exercem a sua atividade em contextos emocionalmente exigentes, onde o stress ocupacional crónico conduz ao burnout e à desmotivação (Marques-Pinto, Jesus, Mendes, Fronteira, & Roberto, 2018). O burnout tem sido considerado uma doença dos tempos modernos, quase com características de epidemia (Alkaersig, Kensbock, & Lomberg, 2018; Bakhamis, Paul, Smith, & Coustasse, 2019; Maslach, Schaufeli, & Leiter, 2001; Weber & Jaekel-Reinhard, 2000), sendo frequentemente estudado nos enfermeiros (Gonçalves, Fontes, Simães, & Gomes, 2019; Grochowska, Kubik, Romanowska, & Lebica, 2018; Li, Cheng, & Zhu, 2018; Monsalve-Reyes et al., 2018; Pradas-Hernández et al., 2018). Além disso, o burnout tem sido associado a fatores protetores como o engagement enquanto estado motivacional e de dedicação ao trabalho (Saito, Igarashi, Noguchi-Watanabe, Takai, & Yamamoto-Mitani, 2018) ou de vulnerabilidade como a ansiedade (Fuente-Solana et al., 2019), a qual parece constituir um forte risco para o desinvestimento profissional e para uma gestão do stress menos adequada (Pérez-Fuente, Jurado, Martínez, & Linares, 2019; Polat, Kutlu, Ay, Purisa, & Erkan, 2018).

Este estudo pretende identificar os níveis de ansiedade, burnout e engagement e a inter-relação entre estas três variáveis em enfermeiros portugueses.

Cristina Queirós, Elisabete Borges, Margarida Abreu 1º Prémio de Póster Nacional

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2. Metodologia

Estudo quantitativo, exploratório, descritivo, correlacional, transversal, utilizando um questionário de caraterização sociodemográfica/profissional, o State-Trait Anxety Inventory (Spielberger, 1983; Santos & Silva, 1997), o Maslach Burnout Inventory (Maslach, Jackson, & Leiter, 1996; Marques-Pinto & Picado, 2011) e a Utrecht Work Engagement Scale (Schaufeli & Bakker, 2003; Marques-Pinto & Picado, 2011).

Após autorizações institucionais, participaram voluntaria e anonimamente, 343 enfermeiros portugueses, sendo 72% mulheres, com idade entre 22-60 anos (M=34,4), estando 67% a trabalhar em hospitais públicos (25% em centros de saúde e 8% em locais variados como lares de idosos, clínicas privadas, clubes, prisões, etc.), 66% em turno rotativo, tendo 69% vínculo definitivo e experiência profissional entre 1-36 anos (M=11,5).

A análise estatística foi efetuada com recurso ao programa IBM SPSS versão 25, para realizar análises descritivas, correlação R Pearson e regressão linear múltipla (método Enter e Stepwise).

3. Resultados

Considerando as categorias estipuladas por Maroco e colaboradores (2016) encontraram-se (Figura 1) 55% dos enfermeiros sem burnout, 36% com burnout moderado e 9% com burnout elevado.

Figura 1: Distribuição por níveis de burnout

Analisando as dimensões do burnout e do engagement, os valores são moderados na exaustão emocional, baixos na despersonalização e moderados a elevados na realização pessoal, vigor, dedicação e absorção (Figura 2), enquanto a ansiedade estado e a ansiedade traço são baixas a moderadas (Figura 3).

55%36%

9%Sem burnout

BurnoutmoderadoBurnoutelevado

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Figura 2: Médias das dimensões do burnout e do engagement

Figura 3: Médias das dimensões da ansiedade

A análise correlacional com recurso ao coeficiente R de Pearson revelou (Tabela 1) que a idade se correlaciona negativamente com a exaustão emocional, despersonalização e burnout, enquanto os anos de experiência profissional se correlacionam negativamente com a exaustão emocional, despersonalização, burnout e ansiedade traço. Para além das esperadas correlações internas em cada instrumento, encontraram-se também correlações positivas entre engagement e a dimensão do burnout realização pessoal, e negativas entre o engagement e a exaustão pessoal, despersonalização e burnout. A ansiedade correlaciona-se positivamente com a exaustão emocional, despersonalização e burnout e negativamente com a realização pessoal e todas as dimensões do engagement. A ansiedade traço apresenta correlações mais fortes do que a ansiedade estado.

0,00,51,01,52,02,53,03,54,04,55,05,56,0

ExaustãoEmocional

Despersonalizacao

Realizaçãopessoal

Burnout Vigor Dedicacao Absorcao

Média 2,73 1,07 4,51 1,9 4,37 4,44 4,17

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

Ansiedade estado Ansiedade traçoMédia 2 1,9

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Tabela 1: Correlações entre idade, anos de experiência, burnout, engagement e ansiedade Idade Anos

Experiência 1 2 3 4 5 6 7 8

1.Exaustão Emocional -,104 -,139* 2.Despersonalizacao -,147* -,196** ,443** 3.Realização pessoal ,063 ,094 -,271** -,233** 4.Burnout -,134* -,183** ,875** ,676** -,624** 5.Vigor ,084 ,091 -,495** -,231** ,500** -,576** 6.Dedicacao ,076 ,083 -,496** -,248** ,498** -,581** ,839** 7.Absorcao ,065 ,066 -,359** -,150** ,340** -,404** ,732** ,751** 8.Ansiedade estado -,009 -,064 ,469** ,227** -,340** ,498** -,366** -,370** -,211** 9.Ansiedade traço -,096 -,172** ,527** ,312** -,344** ,562** -,389** -,404** -,231** ,696** Nota: *p<.050 **p<.010

A análise de regressão múltipla através do modelo Enter e Stepwise (Tabela 2 e 3) revelou que o burnout é explicado por 7% das variáveis sociodemográficas e profissionais, 10% da ansiedade e 37% do engagement. Mais especificamente, o turno rotativo explica 4%, a dedicação 34%, o vigor 3%, a absorção 1%, a ansiedade traço 32% e a ansiedade estado 2%.

Tabela 2: Regressão múltipla (Enter) das variáveis sociodemográficas, engagement e ansiedade como preditoras do burnout

Variável dependente

Predictor R square R square change

F p

Burnout Sociodemograficas e profissionais ,072 ,072 2,398 ,012* Engagement ,443 ,371 61,017 ,000*** Ansiedade ,540 ,097 28,815 ,000***

Note: *p<.050 **p<.010 ***p<.001 Tabela 3: Regressão múltipla (Stepwise) das variáveis sociodemográficas, engagement e ansiedade como preditoras do burnout

Variável dependente

Predictor R

square

R square change

F p Beta t p

Burnout

Turno (rotativo) ,038 ,038 11,208 ,001*** ,194 3,348 ,001***

Dedicacao ,337 ,337 173,581 ,000*** -,403

-4,741 ,000***

Vigor ,364 ,026 14,012 ,000*** -,352

-4,269 ,000***

Absorcao ,373 ,010 5,354 ,021* ,157 2,314 ,021* Ansiedade traço ,316 ,316 157,579 ,000*** ,419 6,811 ,000*** Ansiedade estado

,338 ,022 11,196 ,001*** ,206 3,346 ,001***

Note: *p<.050 **p<.010 ***p<.001

4. Discussão

Apesar de terem sido encontrados apenas 9% dos enfermeiros com burnout elevado, o facto de nestes estudos ser frequente ocorrer o mito do trabalhador saudável (Shah, 2009), apenas participando os mais saudáveis pois os participantes exaustos já não têm força para aderir aos estudos, deve ser valorizada a existência desta percentagem que indica enfermeiros a exercer estando em sofrimento psicológico. Note-se que o burnout pode ter um papel mediador na empatia e na motivação dos enfermeiros (Dor, Mashiach Eizenberg, & Halperin, 2018), prejudicando não só a saúde individual/ocupacional do enfermeiro, mas também a qualidade dos cuidados prestados. A correlação negativa entre burnout e engagement está de acordo com a literatura clássica e mais recente (Marsollier, 2019; Maslach et al., 2001; Schaufeli & Witte, 2017), sugerindo serem constructos associados, mas independentes, explicando o engagement

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37% do burnout. Destacam-se os valores moderados a elevados no engagement, concordante com a literatura (Garcia-Serra, Fernandez-Castro, & Martinez-Zaragoza, 2017), com destaque para a dimensão dedicação que explica 34% do burnout. Relativamente à ansiedade, correlaciona-se positivamente com o Burnout e negativamente com engagement, dados concordantes com estudos (Alhakami & Baker, 2018; Pérez-Fuente et al., 2019) nos quais a ansiedade, nomeadamente enquanto traço individual, é um fator de vulnerabilidade para o burnout (neste estudo explica 32%), embora fatores organizacionais como o turno rotativo também influenciem (Manzano-García & Ayala, 2017).

5. Principais conclusões

Os resultados encontrados merecem reflexão no âmbito da saúde ocupacional, pois permitem fazer a prevenção do burnout através do engagement reforçando a dedicação dos enfermeiros (Ashurst, 2018; Bodine, 2018) e tentando reduzir a intenção de abandonar a instituição ou profissão (Marques-Pinto et al., 2018), mas também considerar a ansiedade-traço como fator de vulnerabilidade (Pérez-Fuente et al., 2019). Além disso, tendo-se encontrado que a ansiedade traço se correlaciona mais fortemente com o burnout do que a ansiedade estado, sugerindo ser uma caracteristica individual mais estável no tempo, e sendo cada vez mais frequentes os estudos sobre ansiedade nos estudantes do ensino superior e sua relação com o desempenho, motivação e stress (Palos, Maricutoiu, & Costea, 2019), as Escolas de Enfermagem poderiam investir em programas de gestão de stress e ansiedade nos seus estudantes, tal como tem sido efetuado na Universidade de Aveiro (Chaló, Pereira, Mateus, Batista, & Oliveira 2017). Desta forma, a saúde ocupacional e mental dos futuros profissionais de Enfermagem poderia ser promovida, prevenido o burnout e o desinvestimento laboral no futuro.

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Assédio moral (mobbing) no contexto laboral

Margarida Cerqueira1

1Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA), Portugal, 2Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS.UA), Portugal, [email protected]

Resumo: O assédio moral (mobbing) é de um dos principais riscos psicossociais no trabalho, sendo uma das experiências mais devastadoras que se pode vivenciar em contexto laboral. As profissões mais atreitas ao surgimento de assédio moral tendem a ser aquelas que exigem muito contacto com pessoas externas à organização, como é o caso do setor de apoio social e o da saúde. As variáveis que antecedem e facilitam o assédio moral relacionam-se com não só com fatores psicossociais do ambiente de trabalhom mas também com a personalidade dos elementos envolvidos (do elemento agressor e do elemento assediado). O assédio moral vai-se instalando, conjuntamente, com a conivência dos colegas ou colaboradores, verificando-se uma distorção na comunicação organizacional bem como uma inibição na relação como o elemento assediado por parte desses. O assédio moral tende a provocar uma progressiva deterioração profissional e psicológica do elemento assediado, com sintomas por vezes confundidos com os de outras patologias. Através do desenvolvimento de projetos de promoção de bem-estar laboral é possível gizar estratégias com vista à avaliação dos potenciais riscos psicossociais numa dada organização, podendo estes ser prevenidos e identificados e devendo ser encarados com a mesma atenção que é dada aos outros riscos de saúde e segurança em contexto laboral.

Palavras chave: assédio moral (mobbing); riscos psicossociais; contexto laboral.

1. Introdução

Dados da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (AESST) (2017) indicam que cerca de metade dos trabalhadores europeus consideram habituais momentos de stresse no desempenho diário das suas funções. No ‘Relatório de Avaliação de Perfil de Risco Psicossocial – A gestão de Pessoas e Organizações Saudáveis’ da Associação Portuguesa de Psicologia da Saúde Ocupacional (APPSO, 2014), 62% trabalhadores portugueses manifestaram, em 2013, problemas de stresse laboral. Estreitamente relacionados com condições de trabalho que causam stresse, estão os riscos psicossociais. Decorrentes de falhas na conceção, organização e gestão do trabalho, são mais complexos e difíceis de gerir do que os ‘habituais’ riscos físicos, biológicos e químicos, e identificados como uma das mais significativas causas de um conjunto de consequências temporárias ou permanentes (Chagas & Reis, 2014). Com repercussões a nível psicológico, social e físico dos trabalhadores, têm um impacto significativo na sua saúde (Cox & Rial-Gonzalez, 2002) podendo verificar-se desequilíbrios no foro individual (psicológicos, fisiológicos e comportamentais) ou no organizacional (mau ambiente social na organização ou ao nível das relações laborais, diminuição da produtividade, aumento de acidentes de trabalho, de rotatividade, de custos diretos e indiretos, da taxa de reforma antecipada, de absentismo ou de presentismo – está-se fisicamente presente, mas não se desempenha, de forma cabal, as tarefas -, ou a ainda a deterioração da imagem institucional (AESST, 2007; Leka, Cox & Zwetsloot, 2008). Há que ressalvar a diferença das consequências resultantes de uma excessiva carga de trabalho, mas num contexto construtivo, estimulante e colaborativo, das de um contexto com características laborais indutoras de risco e que apresentam forte relação com problemas de saúde dos trabalhadores. Estas podem ser de variada ordem, nomeadamente no que respeita à natureza do conteúdo, da sobrecarga, do ritmo e horário, da autonomia/controlo, do equipamento necessário, do ambiente físico, das relações interpessoais, do papel na organização e responsabilidades, da conciliação trabalho-vida pessoal, da cultura organizacional

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e função, da progressão na carreira ou ainda da forma de contratação (AESST, 2007; Leka, Cox & Zwetsloot, 2008).

Podem apontar-se quatro tipos de riscos psicossociais em contexto laboral (AESST, 2007): (i) stresse ocupacional - as exigências do trabalho excedem a capacidade do trabalhador para lidar com elas; (ii) violência no trabalho - o trabalhador sofre abusos, ameaças ou ataques, em circunstâncias relacionadas com o trabalho, que colocam em perigo explícita ou implicitamente a sua segurança, o seu bem-estar ou a sua saúde; (iii) assédio sexual - comportamento indesejado, de caráter sexual, sob a forma verbal ou física, com o objetivo de perturbar, intimidar ou humilhar o trabalhador: e, por último (iv) assédio moral (mobbing) - percebido como uma prática de perseguição, metodicamente organizada, temporalmente prolongada, contra o trabalhador ou grupo de trabalhadores, com o objetivo de atingir a sua personalidade, dignidade ou integridade física ou psíquica, criando um ambiente hostil, degradante, humilhante ou ofensivo.

2. Critérios e formas de assédio moral (mobbing)

O assédio moral (mobbing), um dos tipos de risco psicossocial no trabalho, foi desenvolvido pelo etólogo Konrad Lorenz e originalmente considerado como um “ataque de uma coligação de membros mais fracos de uma mesma espécie contra um indivíduo mais forte” (Gil-Monte, 2014: 234). Atualmente, nas organizações, pretende retratar “situações em que um indivíduo é submetido a perseguição, ações de comunicação hostis e carentes de ética, queixa ou pressão psicológica por um ou vários membros do grupo a que pertence, com a cumplicidade ou aquiescência dos restantes” (Gil-Monte, 2014: 234).

Emergindo das relações interpessoais numa organização, não ocorre exclusivamente por causas diretamente relacionadas com a estrutura organizacional ou com o desempenho do trabalhador, mas sim com o claro objetivo de fazer com que um dado trabalhador deixe de estar na organização, seja através da sua expulsão ou de o forçar a demitir-se ‘voluntariamente’. Trata-se de um conflito assimétrico entre duas partes, onde através de (a) um desequilíbrio de forças de estatuto ou de poder, como o nível hierárquico, a força no grupo, a popularidade ou a antiguidade na organização, o elemento agressor apresenta (b) comportamentos e atitudes difíceis de objetivar, com uma intenção implícita de causar dano à integridade do elemento assediado ou de não lhe dar um tratamento equitativo (Gil-Monte, 2014). A sua substancialização ao longo do tempo tende a encaminhar o trabalhador para uma posição indefesa, com relevantes danos psicológicos, psicossomáticos e sociais (Leymann, 1996). Por não saber como agir (modificar o ambiente ou conter as suas próprias reações emocionais), tende a conduzir a uma inaptidão desse para enfrentar o elemento agressor e a situação criada, bem como para controlar a consequente ansiedade, o que tende a desencadear uma patologia própria do stresse e com tendência para se agravar progressivamente e tornar-se potencialmente crónica (Leymann, 1996).

Para que um dado comportamento possa ser considerado como assédio moral, tem que cumprir dois critérios (Schuster, 1996): o da (a) sua frequência – ocorrer pelo menos uma vez por semana – e o da (b) sua duração – ocorrer, no mínimo, durante 6 meses. Todavia, quais as diferentes formas que o assédio moral pode revestir? Há autores que são mais concisos enquanto outros apresentam um maior detalhe na sua descrição (Gil-Monte, 2014). Leymann (1996) no 'Leymann Inventory of Psychological Terrorization (LIPT)' identificou 45 ações hostis e agrupou-as em cinco categorias: (i) ações destinadas a impedir toda a comunicação de maneira adequada; (ii) ações destinadas a bloquear os contactos sociais; (iii) ações contra a reputação ou dignidade pessoal; (iv) ações contra o exercício do trabalho; e (v) ações que comprometem a saúde física e psíquica do elemento assediado. Já Zapf, Knorz e Kulla (1996) nomearam sete categorias: (i) ataques com

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medidas organizacionais; (ii) ataques às relações sociais com isolamento social do elemento assediado; (iii) ataques à vida privada do elemento assediado; (iv) emprego de violência física; (v) ataques às atitudes do elemento assediado; (vi) agressões verbais; e, por fim (vii) propagação de rumores. Por sua vez, Piñuel e Oñate (2002), consideraram sete categorias: (i) atribuir trabalhos sem qualquer valor ou utilidade; (ii) atribuir trabalhos abaixo da capacidade profissional ou das competências habituais; (iii) exercer pressão indevida ou arbitrária para a realização do trabalho; (iv) subestimar sistematicamente o esforço ou o êxito profissional, ou atribuí-lo a outros fatores ou a terceiros; (v) avaliar o trabalho de forma pouco equitativa ou tendenciosa; (vi) ampliar e dramatizar de maneira injustificada erros pequenos ou insignificantes; e ainda (vii) menosprezar pessoal e profissionalmente o elemento assediado. Há, deste modo, um processo com diferentes âmbitos e extensões de atuação, e no qual tem lugar a seguinte sequência (Leymann, 1996): ocorrência de (a) incidentes críticos (conflitos de curta duração, mudança nas relações, …), que vão fundamentar o (b) assédio moral (estigmatização, manipulação sistemática, intencionalidade perversa, exposição ao ridículo, comportamentos agressivos, …), que por sua vez irão exigir a (c) intervenção dos responsáveis hierárquicos (terminar rapidamente com o problema, atribuir a responsabilidade ao elemento assediado, …), e que por fim justificam a (d) expulsão do elemento assediado (período de múltiplas baixas, o elemento assediado é rotulado de paranoico ou maníaco-depressivo, despedimento ou abandono voluntário). Neste sentido, o assédio moral só termina com aquando da saída do elemento assediado do local de trabalho.

As profissões que tendem a ser mais atreitas ao surgimento de assédio moral tendem a ser aquelas que exigem muito contacto com pessoas externas às organizações, como é o caso do setor de apoio social e o da saúde (AESST, 2017). Relativamente a este último, e em particular no que respeita ao exercício da Enfermagem, numa revisão integrada da literatura de Bonito e colaboradores (2018) verificou-se que a prevalência de assédio moral no local de trabalho variava entre 12% e 33%. Num outro estudo, o de Carvalho (2010), a grande maioria da amostra experienciou, em média, onze atitudes de assédio moral e com um efeito e uma intensidade reduzida (que, prolongados no tempo, podem ter repercussões semelhantes aos fortes e localizados). As atitudes mais referenciadas foram as que ocorreram entre pares e que estavam relacionadas com o bloqueio à comunicação e com o desprestígio laboral, e tendo essas tido lugar várias vezes por mês e por ano, com uma duração, em média, inferior a 5 anos. Ainda num outro estudo de Saraiva e Pinto (2011) a quase totalidade da amostra (90%) experienciou em média oito atitudes de assédio moral com uma fraca intensidade, mas com um efeito significativo. As seis mais referenciadas foram a crítica ao trabalho, os superiores hierárquicos não permitirem a expressão ou tomada de decisão, ser interrompido enquanto fala, críticas à vida privada, serem questionadas todas as decisões, e ser difamado e falar nas costas do elemento assediado.

3. Variáveis facilitadoras e consequências de assédio moral (mobbing)

São distintas as variáveis que antecedem e que facilitam o assédio moral (mobbing), podendo essas assumir duas naturezas (Gil-Monte, 2014): as que dizem respeito aos (1) fatores psicossociais do ambiente de trabalho e as que se relacionam com a (2) personalidade dos elementos envolvidos.

No que concerne aos (1) fatores psicossociais do ambiente de trabalho, pode falar-se da (a) organização laboral, do (b) tipo de emprego e ainda do (c) apoio social existente. No que respeita à primeira, a (a) organização laboral, sabe-se que tende a existir uma relação entre o surgimento de comportamentos de assédio moral e uma deficiente estrutura organizacional, e onde se tende a verificar ausência de interesse, de apoio e de normal relacionamento por parte dos

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superiores, existência de múltiplas hierarquias, cargas excessivas de trabalho, má circulação de informação e forte possibilidade de emergirem líderes espontâneos. Em relação à variável (b) tipo de emprego, encontram-se divergências na literatura: se Olmedo e González (2006) consideram que as organizações mais propensas a favorecer ações de assédio moral são aquelas onde o emprego tem um elevado grau de estabilidade, já Rial (2014) considera que são as que mantêm formas de emprego com um baixo grau de estabilidade. Por último, no que concerne a terceira variável dos (1) fatores psicossociais do ambiente de trabalho, a de (c) apoio social existente, sabe-se que os trabalhadores assediados que recebem elevados níveis de apoio social, seja dentro ou fora do ambiente laboral, tendem a estar menos vulneráveis aos efeitos nocivos do assédio moral. De ressalvar que é muito devido à conivência dos colegas ou colaboradores que o assédio moral se vai instalando. Seja por cumplicidade implícita para com o elemento agressor, seja para evitarem tornar-se eles mesmos objeto de represálias, verifica-se uma inibição na relação acompanhada por uma distorção na comunicação organizacional para com o elemento assediado (Gil-Monte, 2014).

Em relação às variáveis relacionadas com a (2) personalidade dos elementos envolvidos, estas diferem se se trata do (a) agressor ou do (b) assediado. O (a) elemento agressor tende a estar investido de autoridade e de carisma suficientes para mobilizar as dinâmicas grupais. Segundo alguns autores (Gil-Monte, 2014; Hirigoyen, 2002; Piñuel, 2001; Zapf et al, 2003), muitos dos agressores tendem a (i) apresentar uma combinação peculiar de traços narcísicos e paranoicos que lhes permite convencerem-se da razão e da justiça da sua atividade destrutiva, a (ii) encaixar-se no perfil de ‘mediocridade inoperante ativa’, a (iii) corresponder ao perfil de psicopata organizacional, a (iv) apresentar uma alteração de sentido da norma moral (sem sentido de culpabilidade, perfil mentiroso e compulsivo, grande capacidade de improviso, personalidade controladora, busca de sucessivas razões para julgar o elemento assediado, necessidade de agir secretamente, da vergonha do assediado e de testemunhos silenciosos), a (v) ser ‘apenas’ oportunista, inteligente, adotando o papel de querer ser promovido na empresa e, por último, a (vi) sentir despeito e inveja pelos êxitos e méritos do elemento assediado. Quanto ao género, defendem Einarsen e Skogstad (1996) que tende a haver mais agressores masculinos do que femininos.

Relativamente às variáveis relacionadas com a personalidade do (b) elemento assediado, estas pode assumir distintas particularidades. Estes indivíduos tendem a ser considerados como tendo (i) uma maior incompetência social e uma menor capacidade para fazer frente aos conflitos, (ii) uma maior tendência para a depressão e para converterem o mal-estar em sintomas psicossomáticos, (iii) um maior nível de hipersensibilidade e um menor nível de autoestima e, por fim, a (iv) serem vistos como diferentes dos outros no que respeita ao seu aspeto, comportamento, valores e atitudes em relação ao grupo, e o que tende a provocar um questionamento implícito à homogeneidade do grupo (Gil-Monte, 2014; Matthiesen & Einarsen, 2001; Zapf, 1999).

Considerada uma das experiências mais devastadoras que um trabalhador pode vivenciar (Schuster, 1996), o assédio moral pode causar distintos efeitos, por vezes confundidos com sintomas de outras patologias, conduzindo a uma progressiva deterioração profissional e psicológica do elemento assediado (AESST, 2017). Estas consequências, físicas e psíquicas, podem apresentar-se na forma de fadiga, dor de cabeça, complicações cardiovasculares, epigastrialgia, taquicardia, falta de apetite, patologias psicossomáticas, perda de autoestima, desorientação no meio da desordem, culpabilidade ou responsabilidade (pela situação), distúrbios emocionais, quadro de depressão, perturbações de sono, distorções cognitivas, stresse crónico ou burnout, comportamentos de desconfiança e de isolamento, bem como agressivos e hostis ou comportamentos substitutos (dependências), ideações suicidas, entre outras (AESST, 2017; Bonito et al, 2018; Gil-Monte, 2014).

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4. Conclusão

Há que ressalvar que na literatura cinzenta o conceito de assédio moral (mobbing) surge retratado em termos distintos segundo a zona geográfica ou linguística dos estudos (Gil-Monte, 2014). Enquanto que os países nórdicos tendem a designar este fenómeno por mobbing, a generalidade dos países de língua inglesa designa-o por bullying (termo similar ao anterior, mas mais conotado com agressão e ameaças físicas), por harassment (inicialmente vinculado ao assédio sexual, mas atualmente também conotado com assédio moral) no Canadá, nos Estados Unidos da América, na Irlanda e na Austrália (se bem que também de língua inglesa) e ainda, nestes últimos dois, também por bossing (tiranizar). Nos países mediterrânicos também se encontram diferentes designações. Em Espanha, é designado por acoso moral, acoso psicológico e psicoterrorismo, em França por harcèlement moral, em Itália por molestie psicologiche (Sá, 2008; citado em Saraiva & Pinto, 2011). Em Portugal, este conceito é ainda denominado por coação moral. Todas estas designações pretendem retratar atitudes persecutórias e nefastas por parte do elemento agressor ao elemento assediado, pelo que acresce a este conceito uma variação recente, o ciberbullying, que caracteriza as atividades de assédio moral perpetradas em meios eletrónicos, sendo intencionais e agressivas, repetidas e prolongadas no tempo e em que o elemento assediado fica numa posição deveras vulnerável e indefesa.

Sendo um risco psicossocial, o assédio moral deve ser encarado com o mesmo cuidado que outros riscos de saúde e segurança no local de trabalho, podendo também ser prevenido, identificado e passível de intervenção, independentemente da dimensão ou tipo de organização onde ocorre. Uma vez que se reveste de uma natureza multidimensional com elevadas repercussões não só no contexto laboral do elemento assediado, mas também no seu contexto pessoal (autoestima, vida familiar, relações pessoais), é um fenómeno que merece toda a atenção dos profissionais de saúde. A literatura sugere que a avaliação dos riscos psicossociais numa organização, onde se inclui o assédio moral, poderá seguir o seguinte procedimento (AESST, 2017): (i) identificação do problema - das causas e dos trabalhadores expostos; (ii) avaliação do risco psicossocial a fim de entender a natureza do problema - exigências do trabalho, organização e conteúdo do trabalho, relações interpessoais e liderança, relação entre o trabalho e vida pessoal, valores no local de trabalho, comportamentos ofensivos e condição de saúde e de bem-estar; (iii) desenho e implementação de um plano de ações (a nível individual, grupal ou organizacional) destinado a eliminar ou reduzir o risco psicossocial – soluções para os problemas identificados ou proceder à sua redução; (iv) avaliação do plano de ações - causas e áreas em que é necessária a mudança; e, por último (v) gestão adequada e rigorosa desse processo. Para tal, é crucial o envolvimento dos trabalhadores e desde o início do processo, uma vez que possuem uma melhor perceção dos problemas que possam estar a ocorrer, bem como de outros potenciais, pelo que a existência de projetos de promoção de bem-estar laboral assume, deste modo, relevância capital.

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Trabalho em equipe e cultura de segurança dos doentes: um estudo com Enfermeiros

Edenise Batalha1; Marta Melleiro2; Elisabete Borges3 1Doutoranda em Gerenciamento em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Professora do Departamento de Ciências da Vida da Universidade do Estado da Bahia/UNEB. Bahia (BA), Brasil, [email protected]. “O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 88881.190017/2018-01” 2Escola Enfermagem da Universidade de São Paulo. Universidade de São Paulo/USP. São Paulo (SP), Brasil, [email protected]. 3 Escola Superior de Enfermagem do Porto, CINTESIS, Porto, Portugal, [email protected].

Resumo: Este trabalho teve como objetivos avaliar a cultura de segurança do doente relativamente ao trabalho em equipe na percepção de enfermeiros do contexto hospitalar e analisar a sua variação em função de características sociodemográficas e profissionais. Estudo quantitativo, do tipo descritivo e transversal. Utilizou-se um questionário sociodemográfico e profissional e a dimensão Trabalho em equipe do Hospital Survey on Patient Safety Culture validado para Portugal. Participaram da pesquisa, 164 enfermeiros portugueses que exercem no contexto hospitalar. A análise dos dados ocorreu por meio de estatística descritiva e testes de diferenciação. A dimensão trabalho em equipe obteve a pontuação média de 3,6 (DP=0,6), com o item “Neste serviço/unidade os profissionais entreajudam-se” com a maior percentagem de respostas positivas (82,9%) e o item “Quando uma área fica com excesso de trabalho, as outras dão-lhe apoio” a obter o valor mais alto de respostas negativas (39,0%). Os enfermeiros licenciados, mais novos, com menor tempo experiência profissional e maior carga horário semanal apresentaram as melhores percepções. A avaliação do trabalho em equipe foi em maior parte positiva, entretanto, o apoio entre os membros em caso de sobrecarga de trabalho deve ser promovido dentro das equipes.

Palavras chave: Enfermagem; Segurança do Doente; Trabalho em Equipe; Saúde Ocupacional

1. Introdução

Diante das demandas das organizações modernas, as competências individuais tornam-se insuficiente para o alcance das metas e objetivos, sendo necessário um conjunto de pessoas atuando de maneira interdependente para dar cumprimento ao trabalho de maneira satisfatória (Santos, Mourão, & Naiff, 2014; Borges, 2018).

Nesse enlace, em contraponto a um modelo independente e isolado de executar uma função, o trabalho em equipe configura-se como um trabalho coletivo. No cuidado em saúde, o trabalho da enfermagem caracteriza-se pelo acompanhamento contínuo e constante dos doentes, de modo que foi constituído por um conjunto de agentes, perfazendo um trabalho coletivo. A partir da década de 50 do século XX esse trabalho passa a ser proposto sob forma de trabalho em equipe com vistas a diminuir a fragmentação do cuidado e amenizar a quantidade reduzida de pessoal (Peduzzi & Ciampone, 2010).

Na rede de atenção a saúde, o trabalho em equipe é essencial para a qualidade do cuidado e é considerado parte integrante da cultura de segurança do doente (Plano Nacional para a Segurança dos Doentes 2015-2020) e da saúde dos trabalhadores (Resolução do Conselho de Ministros n.º 28/2019).

Edenise Batalha, Marta Melleiro, Elisabete Borges 2º Prémio de Póster Internacional

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Sendo os enfermeiros uma grande parte dos trabalhadores da saúde a desempenhar um papel crucial no coletivo do trabalho e no trabalho em equipe, estudos que avaliam a sua percepção para com a temática ganham destaque. A partir desta avaliação torna-se possível intervenções no âmbito organizacional e individual visando a potencialização dos aspectos positivos do trabalho em equipe e também a identificação das oportunidades de melhoria.

2. Objetivos

Avaliar a cultura de segurança do doente relativamente ao trabalho em equipe na percepção de enfermeiros do contexto hospitalar e analisar a sua variação em função de características sociodemográficas e profissionais.

3. Metodologia

Trata-se de um estudo quantitativo, do tipo descritivo e transversal. Utilizou-se um questionário sociodemográfico e profissional e a versão portuguesa do Hospital Survey on Patient Safety Culture (HSOPSC) validada por Eiras (2011). A versão original do HSOPSC foi elaborada pela Agency for Healthcare Research and Quality que o elaborou em 2004 com o objetivo de auxiliar os hospitais a avaliarem até que ponto suas culturas organizacionais enfatizam a importância da segurança do doente e oportunizam a implantação de atividades voltadas para essa finalidade (Sorra & Nieva, 2004).

O HSOPSC é constituído por 42 questões com enfoque eventos/ocorrências, no grau de segurança e nas dimensões da cultura de segurança do doente na unidade de trabalho e no hospital em geral. As questões estão distribuídas por doze dimensões, avaliadas por uma escala de likert de cinco pontos. Neste trabalho apresentamos os resultados referentes a dimensão Trabalho em equipe que integra 4 itens. A confiabilidade desta dimensão para amostra estudada foi medida através do coeficiente do Alpha de Cronbach. A Tabela 1 demonstra os valores do Alpha de Cronbach para esta dimensão no presente estudo, na versão original e na versão portuguesa.

Tabela 1. Valores do coeficiente do Alfa de Cronbach da Dimensão Trabalho em equipe na versão original (Sorra & Nieva, 2004), na versão portuguesa (Eiras, 2011) e no presente estudo.

Dimensão Trabalho em equipe

Versão original (Sorra & Nieva, 2004)

Versão portuguesa (Eiras, 2011)

Presente estudo (2019)

Alpha de Cronbach 0,83 0,74 0,68

Verificamos que o resultado da consistência interna desta dimensão para a nossa amostra encontra-se abaixo das outras pesquisas, no entanto, ainda expressa um valor aceitável podendo ser justificado pela subjetividade que envolve a percepção de indivíduos enquanto sujeitos sociais.

Participaram do estudo 164 enfermeiros portugueses que exercem no contexto hospitalar através de uma amostragem por redes, sendo 81% do sexo feminino, com média de 36,6 anos de idade, com uma amplitude os 23 aos 60 anos, 55,5% exerciam em Centros Hospitalares Universitários, com tempo médio se experiencia profissional de 14 anos, 68,9% licenciados e 90,2% com vínculo definitivo.

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A análise dos dados ocorreu por meio de estatística descritiva e testes de diferenciação, sendo utilizado o Test T ou Mann-Whitney conforme a normalidade dos dados. As frequências de respostas positivas, neutras e negativas para cada um dos itens foram calculadas conforme estatística descritiva. O Programa Statistical Package for the Social Sciences versão 24 foi utlizado para as análises.

A pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética da Escola Superior de Enfermagem do Porto (Anexo 4 à ata nº 26/2018) e foram cumpridos os preceitos éticos para investigação com seres humanos, nomeadamente a solicitação do consentimento informado aos enfermeiros.

4. Resultados

A dimensão Trabalho em equipe obteve a pontuação média de 3,6 (DP=0,6), com o item “Neste serviço/unidade os profissionais entreajudam-se” a revelar maior percentagem de respostas positivas com 82,9%, seguido do “Quando é necessário efectuar uma grande quantidade de trabalho rapidamente, trabalhamos juntos como uma equipe, para o conseguir fazer” com 72% e da questão “Neste serviço/unidade os profissionais tratam-se com respeito” com 69,5%. O item “Quando uma área fica com excesso de trabalho, as outras dão-lhe apoio” a obter o valor mais baixo de respostas positivas 36,0%.

A figura 1 apresenta a distribuição das frequências pelos itens classificadas em avaliação positiva, neutra e negativa.

Figura 1: Frequência de respostas positivas, neutras e negativas pelos itens da Dimensão Trabalho em equipe

A Tabela 2 apresenta os resultados significativos, obtidos através dos testes de diferenciação acerca da percepção do trabalho em equipe pelas características sociodemográficas e profissionais.

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Tabela 2. Comparação das médias da dimensão trabalho em equipe em função das características sociodemográficas e profissionais.

Variáveis sociodemográficas e profissionais N M (DP) t (gl) p

Idade <igual 36 anos 90 3,6 (0,49)

1,989 (121,972) 0,049 >igual a 37 anos 72 3,4 (0,71)

Experiência profissional

<igual 13 anos 86 3,7 (0,48) 2,472 (136,813) 0,015

>igual a 14 anos 78 3,4 (0,69)

Habilitação Acadêmica

Licenciatura 113 3,6 (0,55) 2,150 (162) 0,033

Posg/Mest/Dout 51 3,4 (0,68) Horas de trabalho semanal

≤ 35 horas 111 3,5 (0,62) -1,980 (155) 0,049

≥ 36 horas 46 3,7 (0,54)

Notou-se que os enfermeiros mais novos (p=0,049), com menor tempo experiência profissional (p=0,015), licenciados (p=0,033) e com maior carga horário semanal (p=0,049) foram os que melhor percepcionam o trabalho em equipe.

5. Discussão

A avaliação primordialmente positiva em três dos quatro itens revela o trabalho em equipe como um aspecto positivo dentro das unidades de trabalho. Resultados similares, na dimensão trabalho em equipe foram identificados nos estudos de Silva, et al. (2018) e Eiras, Escoval, & Silva (2018). Esse resultado evidencia que a maioria percebe que os trabalhadores se entreajudam, tratam-se de maneira respeitosa e atuam em conjunto para efetuar grande quantidade de trabalho.

Entretanto, a avaliação em relação ao apoio de uma área quando outra fica com excesso de trabalho apresenta-se como uma oportunidade de melhoria, visto que apenas 36% avaliou positivamente. Desta forma, a carga de trabalho entre as áreas das unidades deve ser mais equitativa para evitar a sobrecarregada de trabalho em partes da equipe. Ainda, a estimulação para o trabalho em equipe na direção de equilibrar a demanda de trabalho deve ser incentivada no contexto hospitalar.

O excesso de trabalho que gera sobrecarga é um dos principais motivadores de stress nos trabalhadores, o que de forma progressiva pode culminar na Síndrome de Burnout (Baldonedo, Mosteiro, Queirós, Borges, & Abreu, 2018). Além disso, a sobrecarga de trabalho na enfermagem está associada a maior risco de incidentes e evento adversos nos doentes internados (Novaretti, Santos, Quitério, & Daud-GallottiI, 2014). Desta forma, apreende-se que melhorar o trabalho em equipe para incentivar o apoio entre as áreas é importante para prevenção do adoecimento dos trabalhadores e para o fortalecimento da cultura de segurança do doente.

A melhor percepção do trabalho em equipe pelos enfermeiros licenciados, mais novos, menor tempo experiência profissional e maior carga horária semanal sugere que estes profissionais possam estar mais receptivos para a interação na equipe.

6. Principais Conclusões

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A avaliação do trabalho em equipe foi em maior parte positiva, aspecto relevante para a segurança dos doentes e para a saúde dos trabalhadores. O apoio entre os membros em caso de sobrecarga de trabalho deve ser promovido dentro das equipes. Estratégias que potenciem promoção de saúde no local de trabalho e a cultura de segurança dos doentes devem ser enfatizadas no contexto hospitalar, especialmente entre os enfermeiros mais velhos, com maior tempo de serviço e menor carga horária.

7. Referências Bibliográficas

Baldonedo, M., Mosteiro, P., Queirós, C., Borges, E., Abreu, M. (2018) Stress no trabalho em enfermeiros: estudo comparativo Espanha/Portugal. International Journal on Working Conditions, 15, 67-80.

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Novaretti, M.C.Z., Santos, E.V., Quitério, L.M., Daud-GallottiI, R.M. (2014) Sobrecarga de trabalho da Enfermagem e incidentes e eventos adversos em pacientes internados em UTI. Rev Bras Enferm, 67(5), 692-699.

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Resolução do Conselho de Ministros n.º 28/2019. Diário da República, 1.ª série, n.º 31, 13 de fevereiro. Plano de Ação para a Segurança e Saúde no Trabalho na Administração Pública 2020. Presidência do Conselho de Ministros.

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Sorra, J., Nieva, V.F. (2004). Hospital survey on patient safety culture. Rockville, MD: Agency for Healthcare Research and Quality. (AHRQ Publication; 04-0041).

Silva, G. M., Lim, M.V.M., Araripe, M.C., Vasconcelos, S.P., Opitz, S.P., & Laporta, .G.Z. (2018). Evaluation of the Patient Safety Culture in the Western Amazon. Journal of Human Growth and Development, 28(3), 307- 315.

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Envelhecimento e trabalho: reflexões sobre a adaptação pessoal e social uma nova realidade sociodemográfica

Marques, F.1, Tavares, J.2, Silva, S. R.3 1Instituto Politécnico de Coimbra - ESEC; CINTESIS, [email protected] 2 Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA) , CINTESIS, [email protected] 3 Instituto Politécnico de Coimbra - ESEC; Ceis XX, [email protected]

Resumo: O envelhecimento populacional, a redução da população em idade ativa e a preocupação com a sustentabilidade dos sistemas sociais implicaram mudanças no perfil dos trabalhadores, nomeadamente, no aumento daqueles designados de trabalhadores mais velhos. Em virtude destas alterações, a força de trabalho torna-se envelhecida, o que desafia e justifica a revisão urgente sobre formas de manutenção ou reinserção do trabalhador mais velho no mercado de trabalho (nomeadamente na aposta da melhoria das condições de trabalho). Estes novos contornos desafiam as ideias preconcebidas ou imagens idadistas sobre a velhice, reconhecendo o potencial da pessoa mais velha. Deste modo, abordar as questões da saúde, segurança e bem-estar destes trabalhadores é essencial para manter uma força de trabalho saudável e produtiva. Palavras chave: Envelhecimento; Trabalho; Discriminação; Trabalhadores mais velhos; Mão de obra envelhecida.

1. Envelhecimento e trabalho: breve contextualização

O desenvolvimento, enquanto processo biopsicossocial, tem sido frequentemente representado pela metáfora da colina (Paúl, 2006): visto como uma função com um único pico em que ao crescimento sucede-se o declínio. Este modo de pensar veio influenciar também as representações sociais relativas à capacidade para se ser produtivo no mercado de trabalho. o declínio. As crenças da diminuição irreversível e inevitável das capacidades humanas na segunda metade de uma carreira foram o ponto de partida para uma mudança dramática na participação no trabalho por parte dos trabalhadores mais velhos durante a década de 1980, quando o desemprego era um fenómeno comum nos países ocidentais. A política de substituição prevaleceu: trabalhadores mais velhos (vistos como menos capazes e mais deteriorados) foram substituídos por trabalhadores jovens e promissores (Thijssen & Tonette Rocc, 2010 as cited in European Centre for the Development of Vocational Training, 2010).

Porém, a evolução demográfica observada ao longo das duas últimas décadas constituiu-se numa oportunidade para refletir criticamente sobre essas crenças e num terreno fértil para a realização de estudos sobre/com perspetivas teóricas e práticas sociais alternativas. Como resultado, os estereótipos vigentes foram-se alterando e caindo por terra, originando-se novos olhares e reptos sobre a vivência do processo de envelhecimento. Paralelamente, foram emergindo também novas perspetivas e realidades sobre o trabalho e a velhice, resultado de uma força de trabalho envelhecida (Crawford, Davis, Cowie, & Dixon, 2016). Na atualidade, em Portugal, as taxas de emprego dos trabalhadores mais velhos (50-74 anos) já são elevadas (44,8%), sendo o grupo etário dos 50-54 anos o que apresenta maior percentagem (74.8%) (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico - OCDE, 2018). Por outro lado, no nosso país, no grupo etário dos 55-64 anos, a taxa de desemprego é mais elevada (11%) comparativamente com a da União Europeia (6.4%) e dos países da OCDE (4.6%). Cenário idêntico se constata em relação ao desemprego de longa duração que em Portugal se situa nos 75.8%, superior aos dados da União Europeia e da OCDE, 63.7% e 44.3%, respetivamente (OCDE, 2018). Face a estes dados é possível perceber que a força de trabalho envelhecida desempenha

Marques, F.d.; Tavares, J.; Silva, S. R.

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um papel crucial e de relevo crescente no mercado de trabalho, o que coloca novos desafios e oportunidades às sociedades, ao sistema de segurança social, aos empregadores e às equipas de saúde ocupacional.

2. Envelhecimento e trabalho: desafios e oportunidades

O envelhecimento da população e, como tal, da força de trabalho da União Europeia (European Agency for Safety and Health at Work, 2016) tem conduzido ao lançamento de desafios às sociedades e economias, exigindo respostas adequadas, nomeadamente mudanças ao nível dos mercados de trabalho, das estruturas sociais e dos sistemas de segurança social (Europen Centre for the Development of Vocational Training, 2012). Efetivamente, as pessoas mais velhas têm aumentado a sua participação na força de trabalho e, ao que tudo indica, esse segmento populacional deverá permanecer por mais tempo a trabalhar. Seja por opção ou por necessidade, a tendência de prolongamento do tempo de vida e da atividade produtiva representa uma realidade que passa a fazer parte dos planos individuais (Guimarães, 2012). Por exemplo, na publicação de tomada de posição da European Agency for Health and Safety at Work, pode ler-se “carreiras de trabalho mais longas e com mais qualidade são necessárias para suportar e financiar a crescente longevidade dos cidadãos Europeus” (Ilmarinen, 2012, p. 1).

Sabe-se que, atualmente, mais de 20% de trabalhadores dos países desenvolvidos têm mais de 60 anos. As projeções mundiais apontam para uma previsão de 33% em 2050 (Ross, 2010). Portanto, no futuro, como consequência do envelhecimento da população, haverá menos trabalhadores jovens e, simultaneamente, ocorrerá um aumento da idade na força de trabalho (mão de obra prevalente e produtiva). Esta mudança demográfica oferece desafios e oportunidades no sentido de otimizar uma força de trabalho saudável e produtiva (apesar de envelhecida) no contexto de trabalho (Europen Centre for the Development of Vocational Training, 2012).

Em resposta a estes desafios, a União Europeia (UE) definiu uma agenda para aumentar a participação das pessoas mais velhas, na sociedade em geral, e especificamente no mercado trabalho (European Commission, 2009).

Uma das medidas mais adotadas e também das mais contestadas, é a idade legal da reforma. Em Portugal, a idade da reforma situa-se nos 66 anos e cinco meses (na última década esta idade foi aumentando, acompanhando os cenários demográficos). Atualmente, o Estado Português prevê - em virtude do reconhecimento da manutenção das capacidades na velhice e da necessidade de sustentabilidade/solvência do Sistema de Segurança Social - que as pessoas já reformadas possam continuar a exercer atividade profissional e, dessa forma, continuar a contribuir para a receita desta entidade (Centro Nacional de Pensões, 2019). Também no presente mês, a Fundação Francisco Manuel dos Santos reconheceu (através de um estudo do Instituto de Ciências Sociais) a necessidade e possibilidade de aumento progressivo de idade da reforma para os 69 anos para assegurar a sustentabilidade do sistema de pensões, prevendo défices crónicos do sistema a partir de 2027. É neste contexto que a participação das pessoas mais velhas no mercado de trabalho faz emergir a necessidade de analisar as implicações da manutenção ou reinserção do trabalhador mais velho no mercado de trabalho (Rocha et al., 2018).

Mas afinal quem são estes trabalhadores mais velhos? Na literatura não existe consenso, sendo controversa a definição da idade que caracteriza estes trabalhadores, variando dos 40 aos 65 anos ou mais, dependendo da agência ou organização. Por exemplo, o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos considera os 55 anos ou mais para caracterizar o trabalhador mais

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velho. Porém, no setor do mercado de trabalho, as pessoas com 45 ou mais anos geralmente já são consideradas “trabalhadores mais velhos” (Poscia et al., 2016).

Considerando que a população ativa é e será cada vez mais envelhecida, o Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional (CEDEFOP, 2013) vem alertar para a importância dos programas de ergonomia adaptada e dos programas de saúde preventiva dirigidos aos trabalhadores mais velhos, com vista a promover a sua saúde física, mental e social. Assim, no mercado de trabalho colocam-se dois desafios na área da saúde ocupacional:

i) apostar em condições que favoreçam a permanência destes trabalhadores nos locais de trabalho (e.g. desenvolver ambiente de trabalho amigo das pessoas idosas), que resultará numa mão de obra envelhecida e numa maior diversidade de faixas etárias e, portanto, maior contacto intergeracional. A aprendizagem intergeracional é tida como benéfica para as empresas, a vários níveis: contribui para manter os conhecimentos e as competências especializadas dentro da organização, permite aproveitar as potencialidades individuais de pessoas de diferentes gerações, consolidando, por exemplo, as competências técnicas das gerações mais jovens na área das novas tecnologias com a experiência dos trabalhadores mais velhos e contribui, ainda, para reforçar as relações no seio das empresas, ajudando a eliminar as atitudes e os estereótipos negativos relacionados com o envelhecimento (Kaplan, Sanchez, & Hoffman, 2017).

ii) criar oportunidades de emprego para as pessoas que são consideradas “velhas demais para trabalhar” e “novas de mais para a reforma”, por exemplo: os trabalhadores mais velhos poderão passar a assumir empregos menos exigentes fisicamente. Todavia, qualquer mudança ao nível do trabalho deverá também oferecer a estes trabalhadores a oportunidade de aproveitarem e aplicarem a sua experiência e competências especializadas. Também devem ser permitidas as mudanças de funções no interior de uma empresa que impliquem a atribuição de novas funções aos trabalhadores mais velhos, mais adaptadas às suas capacidades e necessidades (CEDEFOP, 2013).

Não obstante o potencial de desenvolvimento que persiste durante todo o processo de envelhecimento, autores como Colella e King (2018) alertam para as “falhas associadas à idade” (age faultiness) e à tarefa e para os conflitos relacionais; de facto, a perceção destas falhas prediz a redução na performance da equipa, na coesão e na satisfação. Segundo Truxillo, Finkelstein, Pytlovany e Jenkins (2015), estas “falhas associadas à idade” parecem ser um mecanismo explicativo possível para os efeitos das diferenças relacionadas com a idade no trabalho e contribuem para a discriminação real. Revisões sistemáticas da literatura (e.g. Poscia et al., 2016; Posthuma & Campion, 2009; Waschenko, Harris, Krygsman, & Laliberte Rudman, 2017) reportam aspetos negativos transversais à maioria dos estudos com trabalhadores mais velhos, alegando: i) baixa performance (menor capacidade física e mental); ii) resistência à mudança; iii) incompetência tecnológica; iv) mais custos; v) menor capacidade para aprender; vi) menor competência e complacência para participar na formação. Porém, são igualmente referidas características positivas associadas aos trabalhadores mais velhos, nomeadamente: i) confiança; ii) compromisso para com as tarefas; iii) cordialidade; iv) esforço; v) mais experiência; vi) competência social e comportamentos de cidadania organizacional (promotores de funcionamento de organizações eficazes) (Bertolino, Truxillo, & Fraccaroli, 2013; Poscia et al., 2016; Waschenko et al., 2017).

Apesar da legislação (artigo 21.º do Código do Trabalho) prevenir a discriminação com base na idade nos locais de trabalhos e promover uma vida de trabalho mais longa, a discriminação com base na idade representa uma barreira a ultrapassar para manter a satisfação no trabalho dos trabalhadores mais velhos (Castro, 2012). Kreling (2016) alerta para os perigos das condições mais desfavoráveis em que a manutenção ou reinserção da pessoa mais velha no mercado de

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trabalho pode acontecer, em virtude dessa discriminação: os vínculos de trabalho podem ser mais frágeis, os postos de trabalho menos qualificados e, para as mulheres, os níveis de remuneração podem ser inferiores. Outros autores (e.g. Rocha et al., 2018) avisam ainda: o trabalhador mais velho pode ser interessante na lógica do sistema quando inserido como forma de trabalho mais barata e sem vínculo formal e, portanto, longe das regulamentações de proteção do trabalhador.

Waschenko et al. (2017) concluem que são necessários mais estudos, com diferentes abordagens metodológicas (por ex.: experimentais e longitudinais) para obter uma evidência robusta que permita fundamentar as decisões políticas e as práticas destinadas a criar locais de trabalho amigos das pessoas idosas e inclusivos para todos os grupos etários que se encontram no mercado de trabalho.

3. Trabalhadores mais velhos e saúde: a importância da abordagem dos profissionais da área da saúde ocupacional

Uma visão global sobre a força de trabalho envelhecida implica uma breve abordagem sobre a saúde dos trabalhadores mais velhos, pelas implicações óbvias que a incidência e prevalência de patologias associadas à idade pode ter no mercado de trabalho. Elencar a abordagem dos profissionais da área da saúde ocupacional torna-se igualmente pertinente, pela capacidade de resposta e desenvolvimento de estratégias que podem promover um envelhecimento ativo e saudável no decorrer na vida laboral.

Para os profissionais de saúde ocupacional algumas das alterações biológicas/físicas decorrentes do processo de envelhecimento, nomeadamente ao nível das capacidades: i) sensorial (presbiopia e presbiacúsia), ii) muscular (alterações no equilíbrio, força e flexibilidade), iii) aeróbica (diminuição da capacidade vital), iv) de resposta (aumento do tempo e velocidade de reação) e v) imunitária (imunofragilidade), representam uma mudança no perfil dos trabalhadores, manifestada pela menor capacidade intrínseca da pessoa (capacidades físicas e mentais em que um indivíduo pode apoiar-se) que se repercute na sua capacidade funcional (combinação entre a capacidade intrínseca e o ambiente que permite que as pessoas sejam ou façam o que valorizam) (World Health Organization, 2016). Deste modo, os profissionais de saúde ocupacional precisam de implementar intervenções que permitam manter a capacidade intrínseca dos trabalhadores mais velhos, nomeadamente: i) na função musculosquelética, mobilidade e vitalidade; ii) na capacidade sensorial; e iii) na promoção do desempenho cognitivo e bem-estar psicológico.

Adicionalmente, é nesta faixa etária que se verifica uma maior prevalência de doenças metabólicas relacionadas com o envelhecimento, nomeadamente: a hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemia e obesidade. Decorrentes das condições clínicas, aumenta também a gestão terapêutica medicamentosa e polimedicação (5 ou mais fármacos) (Golchin, Frank, Vince, Isham, & Meropol, 2015) relacionada com consequências clinicas negativas (Maher, Hanlon, & Hajjar, 2014); assim os trabalhadores mais velhos podem apresentar mais riscos. A multimorbilidade é comum em pessoas com doença crónica, e apesar da sua prevalência aumentar com a idade, mais de metade das pessoas com multimorbilidade tem menos de 65 anos (Marengoni, Winblad, Karp, & Fratiglioni, 2008). Assim, urge a necessidade de ajuste no contexto de trabalho de forma a prevenir a reforma antecipada e a incapacidade para o trabalho de cerca de 30% de trabalhadores com idades compreendidas entre os 50 e 64 anos devido aos seus problemas de saúde.

Importa acrescentar que existem problemas de saúde específicos dos trabalhadores mais velhos (homens e mulheres): hipertrofia benigna da próstata e menopausa, respetivamente. Embora

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estas problemas possam ter um impacto significativo na qualidade de vida dos trabalhadores, geralmente são negligenciados e poucos discutidos no contexto da saúde ocupacional (Nicholson, Mayho, Robson, & Sharp, 2016).

O European Network for Workplace Health Promotion (2012) refere que os profissionais de saúde ocupacional devem ter em consideração todos estes fatores na abordagem ao trabalhador mais velho (Knoche, Sochert, & Houston, 2012). Por exemplo, duas áreas de intervenção na saúde ocupacional com trabalhadores mais velhos é a prevenção da doença cardiovascular (esta doença aumenta com idade, 10% no grupo de trabalhadores mais velhos e em 18% no grupo dos 65-74 anos) e da doença oncológica, nomeadamente, o cancro da próstata, da mama e colorectal (com maior incidência depois dos 50) (Nicholson et al., 2016).

Portanto, com o adiamento progressivo da idade da reforma, o envelhecimento da força de trabalho tornou-se um desafio cada vez mais importante na saúde ocupacional, especialmente em relação à prosperidade e sustentabilidade económica dos países: a manutenção de uma força de trabalho saudável e produtiva é um objetivo-chave da política trabalhista. Contudo, o estudo de revisão sistemática nesta área (Poscia et al., 2016) demonstra que embora seja de grande importância a existência de programas de promoção da saúde dos trabalhadores mais velhos, os projetos/programas existentes são escassos e geralmente de baixa qualidade.

Torna-se, portanto, essencial o contributo dos profissionais de saúde ocupacional no esclarecimento dos empregadores e trabalhadores sobre as estratégias que podem ser utilizadas para promover um envelhecimento ativo e saudável no decorrer da vida laboral, para que durante este período e na etapa seguinte da vida, os anos de vida sejam realmente vividos de forma saudável e sem incapacidade.

Em suma, a sociedade, as organizações e os indivíduos têm de lidar eficazmente com esta realidade emergente: o envelhecimento da força de trabalho. O modo como os empregadores encaram os trabalhadores mais velhos pode ter um efeito significativo na maneira como lidam com essa realidade (Vitória, Rego, & Vilas Boas, 2016). Os profissionais de saúde ocupacional têm um papel determinante nesta mudança de percepções e condutas por parte de empregadores e trabalhadores investindo em estratégias eficazes de envelhecimento ativo e saudável no contexto laboral.

4. Referências

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Burnout and job demands among nurses: a comparative study between Portugal and Italy

Cristina Queirós1, Raffaella Ruggieri2, Elisabete Borges3, Elena Fiabane4

1Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, CPUP, Portugal, [email protected] 2Department of Psychology, University of Pavia, Italy, [email protected] 3Escola Superior de Enfermagem do Porto, CINTESIS, Portugal, [email protected] 4Department of Physical and Rehabilitation Medicine, ICSMaugeri Spa SB, Institute of Genoa Nervi, Genoa, & Department of Brain and Behavioral Sciences, University of Pavia, Italy, [email protected]

Abstract: Burnout is currently considered an epidemic phenomenon among nurses, due individual, management, organizational, and work characteristics, decreasing nurses’ skills to cope adequately with their strong job demands, especially when nursing workforce is ageing and job demands are increasing. This study aims to compare, among Portuguese and Italian nurses, Burnout and job demands levels, and to verify if job demands predict Burnout. A quantitative, exploratory, descriptive, comparative and cross-sectional study was performed, collecting data with the Oldenburg Burnout Inventory and the Copenhagen Psychosocial Questionnaire. Participated, voluntary and anonymously, 194 Portuguese nurses and 199 Italian. Both countries presented moderated levels of all dimensions studied, and comparative analysis revealed statistically significant more emotional exhaustion, quantitative and emotional demands, and skill discretion, and less job satisfaction in Portugal. Job demands explains in Italy 51% of emotional exhaustion and 47% of disengagement, while for Portugal, explains 44% of emotional exhaustion and 53% of disengagement. Burnout seems to be a global phenomenon. Due the aging of nurse workforce and the increase of job demands, it is important to prevent Burnout, using occupational health programs helping to reduce nurses’ negative emotional states and turnover, allowing them to develop plans to work longer. Key-words: Burnout; Job demands; Nurses; Comparative study; Portugal; Italy.

1. Introduction

Burnout is currently considered an epidemic phenomenon, with cost for workers and for organizations, as consistently the European Agency for Safety and Health at Work is alerting during last years (EU-OSHA, 2018), namely with “Healthy workplaces” campaign. Moreover, in September 2018 the European Foundation for the Improvement of Living and Working Conditions (EUROFOUND, 2018) published the report “Burnout in the workplace: A review of data and policy responses in the EU”, alerting for the need to consider Burnout as a serious problem and for the need to have better measures to assess Burnout levels among different occupations. Among nurses, due individual, management, organizational and work characteristics Burnout is also a concern (Bakhamis et al., 2019), since it decreases nurses’ skills to cope adequately with their strong job demands (emotional, physical, related with teamwork, etc.). If we consider that nurses are the majority profession in health systems and that nursing workforce is ageing and job demands are increasing (McCarthy, Wills & Crowley, 2018), Burnout should be a priority to health organizations and their managers.

This study aims to compare, among Portuguese and Italian nurses, Burnout and job demands levels, and to verify if job demands predict Burnout.

Cristina Queirós, Raffaella Ruggieri, Elisabete Borges, Elena Fiabane 1º Prémio de Póster Internacional

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2. Methods

A quantitative, exploratory, descriptive, comparative and cross-sectional study was performed, collecting data with a brief sociodemographic and professional questionnaire, the Oldenburg Burnout Inventory (Demerouti et al., 2003; Campos et al. 2012; Pompili et al. 2010) and the Copenhagen Psychosocial Questionnaire (Kristensen et al., 2005¸Fernandes da Silva et al., 2011; Setti et al., 2017), using national versions of each country.

For the study, during May 2018 a snowball sampling method using nursing personal contacts of the authors was used to recruit participants, due the vastness of nurses as professionals and the need to recruit simultaneously at Italy and Portugal (Heckathorn et al. 2017), which limit to identify the percentage of participation after the dissemination. The inclusion criteria were to be a nurse with a job contract in one of the two participating countries, being excluded students and trainee nurses. Regarding ethical considerations, the study was developed inside of the international project INT-SO (From work contexts to occupational health of nursing professionals), having as institutional leadership the Higher Nursing School of Porto and as partner the Faculty of Psychology and Education Sciences of University of Porto. Participation was free, voluntary, and anonymous. Before completing the questionnaire, each participant must mark the screen "I agree to collaborate", and it was allowed to not submit the questionnaire without prejudices for participants. Overall, nearby 600 nurses participated during June 2018 and for this study we selected a sample of nurses working in public organizations.

Participated, voluntary and anonymously, 194 Portuguese nurses and 199 Italian, being 84% women, 80% working in public hospitals, 20% in primary health care and 8% in other places (such as clinics, prisons and elderly houses). Most of the participants (75%) worked by shifts, age varied between 23-58 years (M=39.9) and job experience between 1-38 years (M=16.2).

Statistical analysis was performed using the IBM SPSS program version 25, doing descriptive statistics, comparisons with t-student test across countries, R Pearson correlation analysis and multiple linear regressions (Enter method).

3. Results

Comparative analysis revealed (Figure 1) that both countries presented moderated levels of all dimensions studied, while comparative analysis with t-test independent revealed statistically significant more emotional exhaustion p=.005), quantitative and emotional demands (respectively p=.00 and p=.016), and skill discretion (p=.002), and less job satisfaction (p=.005) in Portugal. Disengagement, demands related with work pace, satisfaction with decision authority and supervisor’s support are similar in both countries.

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Figure 1: Burnout and job demand comparison between Italy/Portugal

Using correlational analysis, Pearson coefficient revealed (Table 1) that job experience correlated positively with satisfaction with decision authority, and negatively with work pace but only among Portuguese nurses, while age correlated positively with satisfaction with decision authority and negatively with work pace but only among Italian nurses. Besides expected correlations inside of each questionnaire’s dimensions and some exceptions, emotional exhaustion and disEngagement correlated positively with quantitative demands, work pace (in Italy no correlation with disEngagement) and emotional demands (only in Portugal), and negatively with satisfaction with decision authority, skill discretion, supervisor support and job satisfaction. Some internal correlations between job demands’ dimensions vary slightly between both countries, however without a specific pattern.

Table 1: Burnout and job demand correlations separately for Italy/Portugal Dimensions Country Age

Job experience

Emotional Exhaustion

DisEngagement

Quantitative Demands

Work pace

Emotional Demands

Decision Authority

Skill Discretion

Supervisor Support

Emotional Exhaustion

Italy ,065 ,004 Portugal -,014 -,057

DisEngagement Italy ,049 -,022 ,616** Portugal ,001 -,018 ,678**

Quantitative Demands

Italy ,005 -,033 ,452** ,253** Portugal -,036 -,080 ,433** ,420**

Work pace Italy -,144* -,159* ,294** ,071 ,309** Portugal -,141 -,142* ,397** ,257** ,369**

Emotional Demand

Italy -,103 -,082 ,118 -,111 ,059 ,321** Portugal -,118 -,123 ,344** ,190** ,254** ,528**

Decision Authority

Italy ,147* ,194** -,406** -,316** -,290** -,142* ,018 Portugal ,176* ,175* -,265** -,294** -,111 -,018 ,150*

Skill Discretion

Italy ,004 ,037 -,381** -,530** -,101 ,072 ,311** ,460** Portugal ,036 ,041 -,224** -,401** -,034 ,175* ,192** ,294**

Supervisor Support

Italy -,073 -,024 -,309** -,294** -,284** -,136 ,044 ,394** ,384** Portugal -,090 -,087 -,354** -,407** -,205** -,082 -,013 ,175* ,393**

Job Satisfaction

Italy ,084 ,129 -,685** -,637** -,365** -,196** -,045 ,423** ,416** ,296** Portugal -,075 -,046 -,572** -,719** -,446** -,263** -,158* ,297** ,328** ,430**

Note: *p<.050 **p<.010

Multiple regression analysis using Enter method (Table 2) revealed that job demands explains in Italy 51% of emotional exhaustion and 47% of disEngagement, while for Portugal, it explains 44% of emotional exhaustion and 53% of disEngagement. No influence of sociodemographic and professional characteristics was found.

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

EmotionalExhaustio

n

Disengagement

Quantitative

Demands

Workpace

EmotionalDemands

DecisionAuthority

SkillDiscretion

Supervisor Support

JobSatisfactio

nItaly 3,178 2,846 1,555 2,822 3,043 2,060 2,555 1,857 1,814

Portugal 3,387 2,984 1,856 2,660 2,848 2,044 2,820 1,948 1,585

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Table 2: Regression for Burnout separately for Italy/Portugal Dependent variable

Country Predictor R square

R square change

F p

Emotional Exhaustion

Italy Sociodemographic/professional ,070 ,070 1,724 ,095 Job demands ,580 ,510 30,505 ,000***

Portugal Sociodemographic/professional ,073 ,073 1,705 ,100 Job demands ,509 ,437 21,227 ,000***

Disengagement Italy Sociodemographic/professional ,069 ,069 1,694 ,102

Job demands ,536 ,467 25,344 ,000***

Portugal Sociodemographic/professional ,076 ,076 1,799 ,080 Job demands ,602 ,526 31,494 ,000***

Note: *p<.050 **p<.010 ***p<.001

4. Discussion

Countries presented different patterns, having Portugal worst psychologic well-being. However, both presented moderate results for Burnout and job demands, suggesting Burnout as a global phenomenon that is affecting all countries due the current job characteristics (Bakhamis et al., 2019). Individual characteristics don´t predicted Burnout, suggesting Burnout as a job problem despite some studies focused on individual prevention strategies (McCarthy et al., 2018), while best interventions seems to be those that combine individual and organisational strategies.

5. Main conclusions

Due the aging of nurse workforce and the increase of job demands, it is important to prevent Burnout, using occupational health programs helping to reduce nurses’ negative emotional states and turnover, allowing them to develop plans to work longer (Molero et al., 2018). Moreover, nurses seem to be vulnerable to Burnout in different countries due job demands, alerting organizations to change their workplace demands and to take care of those caregiving professionals, whose health and motivation can heavy hard costs for organizations and the quality of care they give to patients (Liu et al., 2018).

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Satisfação e fadiga por compaixão em Enfermeiros da área hospitalar: resultados preliminares

Edenise Batalha1; Marta Melleiro2; Elisabete Borges3 1Doutoranda em Gerenciamento em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Professora do Departamento de Ciências da Vida da Universidade do Estado da Bahia/UNEB. Bahia (BA), Brasil, [email protected] “O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 88881.190017/2018-01” 2Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Universidade de São Paulo/USP. São Paulo (SP), Brasil, [email protected] 3 Escola Superior de Enfermagem do Porto, CINTESIS, Portugal, [email protected].

Resumo: Qualidade de Vida Profissional é a qualidade que o trabalhador sente em relação ao seu trabalho, possui um aspecto positivo que refere-se ao prazer que o trabalhador sente em fazer o seu trabalho, nomeadamente a Satisfação por Compaixão (SC), e um aspecto negativo, a Fadiga por Compaixão (FC) que divide-se em Burnout (BO) e Estresse Traumático Secundário (ETS). Este estudo teve como objetivo identificar o nível de SC e FC em enfermeiros que exercem no contexto hospitalar. Trata-se de um estudo quantitativo, do tipo descritivo e transversal. Para a recolha de dados recorreu-se a um questionário sociodemográfico e profissional e à Professional Quality Scale 5 (ProQOL5). Através da técnica de amostragem de bola de neve obteve-se uma amostra de 164 enfermeiros. Dos resultados preliminares salienta-se que as médias foram 38,62 (DP=5,09) para SC, 25,46 (DP=4,84) para BO e 24,23 (DP=5,16) para o ETS. Encontraram-se majoritariamente níveis médios de SC (48,2 %), BO (51,8 %) e ETS, (49,4%). Os níveis de FC e SC identificados no presente estudo apontam para a importância da implementação de medidas visando melhorar a qualidade de vida profissional dos enfermeiros e os cuidados prestados.

Palavras chave: Enfermagem; Fadiga por Compaixão; Satisfação por Compaixão; Burnout, Hospital

Introdução

A enfermagem atua através de um processo organizativo tendo como objeto de trabalho, em muitos dos locais o sujeito doente. Esses trabalhadores confrontam-se no seu cotidiano com o paradoxo da vida e da morte, vivenciando constantemente sofrimentos, medos, conflitos, disputa de poder, ansiedade e estresse (Martins, Robazzi, & Bobroffi, 2010; Borges & Ferreira, 2015; Maio, Borges, & Abreu, 2016; Teixeira, Ferreira, & Borges, 2016; Borges, Abreu, Queirós, & Maio, 2017; Baldonedo, Mosteiro, Queirós, Borges, & Abreu, 2018). Ainda, os enfermeiros sofrem com questões organizacionais relacionadas à falta de autonomia e às longas jornadas de trabalho (Baldonedo et al., 2018). Todos esses aspectos podem favorecer ao sofrimento pelo trabalho. Entretanto, apesar desses aspectos negativos, o trabalho proporciona vivências prazerosas, pois através dele, o indivíduo constrói a sua vida, se insere no mundo, não somente como forma de sobrevivência, mas como forma de realização, tanto pessoal quanto profissional (Martins et al., 2010; Areosa, 2018).

Nesse entendimento, o processo de cuidar do outro, essência da enfermagem, pode ser fonte de prazer, mas também de sofrimento para os trabalhadores (Peixoto & Borges, 2011). Essa dualidade é abordada por Stamm (2010) no seu modelo de Qualidade de Vida Profissional (QVP).

Edenise Batalha; Marta Melleiro; Elisabete Borges 3º Prémio de Póster Internacional

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Essa autora define a QVP como a qualidade que o profissional sente em relação ao seu trabalho referindo como os aspectos positivos e negativos influenciam na sua QVP. Segundo este referencial a QVP incorpora dois aspectos, o positivo, a Satisfação por Compaixão (SC) que se refere ao prazer que o trabalhador sente em fazer o seu trabalho, e o negativo, a Fadiga por Compaixão (FC) que se relaciona a sentimentos de exaustão, frustração, raiva e depressão típicas do Burnout (BO) e a sentimentos negativos motivados pelo medo e trauma relacionado ao trabalho, nomeadamente o Estresse Traumático Secundário (ETS).

A síndrome de Burnout é composta por três dimensões, a exaustão emocional, a despersonalização e a redução da realização pessoal. A exaustão emocional diz respeito ao sentimento de sobrecarga e da ausência de recursos emocionais e físicos. Enquanto que a despersonalização é uma resposta negativa que torna o trabalhador insensível e com uma excessiva apatia a diversos aspectos do trabalho. A redução da realização pessoal no trabalho refere-se a sentimentos de incompetência e carência de realizações e produtividade no trabalho (Maslach & Leiter, 2017). Já o ETS tem entre os efeitos negativos, dificuldades para dormir pelo sentimento de medo, imagens intrusivas ou evitação de lembranças das experiências traumáticas do paciente (Stamm, 2010).

Devido às características inerentes ao trabalho, enfermeiros estão propensos a reduzir a SC e a terem maior FC quando experimentam estresse físico e psicológico contínuo relacionado ao cuidado dos doentes, especialmente quando estes estão com grau elevado de gravidade e encontram-se traumatizados (Zhang et al., 2018). Este fenômeno afeta adversamente a qualidade do cuidado prestado e compromete a satisfação dos doentes (Ko & Kiser-Larson, 2016).

Devido aos seus impactos nos trabalhadores, doentes e organizações, diversos estudos ao redor do mundo vêm sendo desenvolvidos visando identificar os níveis de FC e SC na enfermagem (Zhang et al., 2018). Neste enlace, abordar esta temática no contexto hospitalar português ganha relevância pois permitirá conhecer como se delineia a QVP de enfermeiros, o que posteriormente poderá ser revertido em intervenções a fim de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e a qualidade do cuidado.

Objetivos

Identificar o nível de Satisfação e Fadiga por Compaixão em enfermeiros que exercem no contexto hospitalar.

Metodologia

Desenvolvemos um estudo quantitativo, do tipo descritivo e transversal. Para a recolha de dados recorremos a um questionário sociodemográfico e profissional e à Professional Quality Scale 5 (ProQOL5) (Stamm, 2010; Carvalho & Sá, 2011). A ProQOL 5 possui 30 itens e aborda os componentes da QVP, nomeadamente a SC; o BO; e o ETS, cada componente é constituída por 10 itens e avaliada numa escala de likert de 5 pontos que varia de 1 (Nunca) até 5 (Muito frequentemente).

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A fidelidade da ProQOL 5 foi mensurada a partir do coeficiente do Alfa de Cronbach. A Tabela 1 demonstra os valores do coeficiente de Alfa de Cronbach da ProQOL5, versão original (Stamm, 2010), versão portuguesa (Carvalho & Sá, 2011) e do presente estudo.

Tabela 1. Valores do coeficiente do Alfa de Cronbach da ProQOL5 na versão original (Stamm, 2010), na versão portuguesa (Carvalho e Sá, 2011) e no presente estudo.

Componente ProQOL5 Versão original (Stamm, 2010)

ProQOL5 Versão portuguesa

(Carvalho & Sá, 2011)

ProQOL5 (Presente estudo, 2019)

SC 0,88 0,86 0,86 BO 0,75 0,71 0,73 ETS 0,81 0,83 0,82

Como é possível verificar, o Alfa de Cronbach do presente estudo indica consistência interna da escala com um alcance de boa confiabilidade para amostra estudada. Além disso, os valores encontrados são próximos dos verificados na versão original e versão validada portuguesa.

Através da técnica de amostragem de bola de neve obtivemos uma amostra de 164 enfermeiros, a maioria do sexo feminino (81,1%), com idades compreendidas entre os 23 e 60 anos, 59,1% com parceiro 68,9% eram licenciados, 82,9% exerciam numa organização pública e 90,2% possuíam vínculo definitivo.

Os tscores da SC e da FC foram analisados de acordo com a versão original (Stamm, 2010). Tal análise permitiu classificar os níveis da SC, BO e ETS em Alto, Médio e Baixo. O Programa Statistical Package for the Social Sciences versão 24 foi utlizado para as análises estatísticas.

A pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética da Escola Superior de Enfermagem do Porto (Anexo 4 à ata nº 26/2018) e foi solicitado o consentimento informado aos enfermeiros para a sua integração no estudo.

Resultados

Dos resultados preliminares salientamos que as médias foram 38,62 (DP=5,09), 25,46 (DP=4,84) e 24,23 (DP=5,16), para SC, BO e ETS, respectivamente. Uma percentagem considerável da amostra reportou níveis médios de FC, sendo 51,8 % para BO e 49,4% para ETS. Relativamente a SC, 48,2 % teve o seu nível classificado como médio, enquanto que 28,7% como alto e 23,2% como baixo. A figura 1 expressa as frequências dos níveis Baixo, Médio e Alto para a SC, o BO e o ETS na amostra estudada.

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Figura 1: Frequências dos níveis das subescalas SC, BO e ETS.

Discussão

As médias encontradas foram próximas as evidenciadas por Cruz (2014) na sua pesquisa com enfermeiros de hospitais portugueses, corroborando, portanto, com tais achados. Relativamente a classificação dos níveis das escalas de SC, BO e ETS, a amostra situou-se majoritariamente no nível médio, o que também foi evidenciado por estudos com enfermeiros e outros trabalhadores de saúde (Carvalho, 2011; Cruz, 2014). Especificamente sobre a SC, a maioria foi classificada nos níveis médio e alto, perfazendo um resultado positivo. Todavia, os níveis médio e alto da FC apresentam-se como preocupantes.

A SC nos profissionais se refere ao prazer por fazer bem o seu trabalho, o que está relacionado a poder ajudar os outros, como também, sentir-se positivamente em relação aos seus colegas e possuir a capacidade de contribuir para o ambiente de trabalho ou até mesmo para o bem maior da sociedade como um todo (Stamm, 2010). Portanto, a prevalência de enfermeiros com o nível médio e alto da SC converte-se como um aspecto relevante nos resultados, pois a capacidade de sentir-se satisfeito é um essencial para a atuação dos enfermeiros e para a qualidade do serviço de saúde.

O impacto do BO para a saúde dos trabalhadores de enfermagem e qualidade da assistência já é percebida, sendo que Johnson et al. (2017) evidenciou que o BO mediou a associação entre os sintomas depressivos e a percepção de segurança do doente. Ainda, Colindres et al. (2018) encontrou que o BO estava associado a lapsos na adesão do controle de infecções e Liu et al. (2018) evidenciou que menor BO estava relacionado com maior nível de segurança do doente e menos eventos adversos na assistência.

O score médio BO acima do encontrado por Zhang et al. (2018) em sua meta-análise com pesquisas sobre BO e a expressiva porcentagem da amostra classificada com o nível médio e alto de BO desponta como um alerta, tanto por conta do sofrimento do trabalhador, quanto pelos riscos que os doentes estão expostos. Dessa forma, os resultados apontam para a necessidade de medidas de prevenção e alívio do BO. Conforme Maslach & Leiter (2017) e Queirós, Borges, Teixeira, & Maio (2018) essas medidas podem ser implementadas a nível

23,2

%

22,0

%

23,2

%

48,2

%

51,8

%

49,4

%

28,7

%

26,2

%

27,4

%

S C B O E T S

Baixo Médio Alto

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individual e organizacional. De forma individual o trabalhador pode tentar realizar mais intervalos, evitar o trabalho extra, buscar equilibrar o trabalho com a vida pessoal, praticar hábitos mais saudáveis e exercícios físicos. Já do ponto de vista organizacional deve-se buscar eliminar as fontes de estresse, diminuindo a sobrecarga de trabalho e implementando políticas organizacionais mais justas e equitativas.

Nota-se a expressiva porcentagem de enfermeiros com níveis médio e alto de ETS. O score médio deste estudo foi maior que de outras pesquisas com enfermeiros (Zhang et al., 2018) e o índice de nível médio e alto também foi mais elevado que o encontrado por Carvalho (2011) em estudo com enfermeiros e outros profissionais de saúde. Esses resultados sinalizam o sofrimento desses trabalhadores que podem estar a experienciar sintomas relacionados ao trauma e medo com aspectos do trabalho. Atenção deve ser dispensada a esses dados especialmente na possibilidade de haver a conjugação do ETS com o BO, pois quando ocorre a associação da exaustão emocional com o trauma há um maior sofrimento relacionado ao trabalho na vida do profissional (Stamm, 2010).

Principais Conclusões

Os enfermeiros portugueses no contexto hospitalar deste estudo apresentaram em sua maioria níveis médios de SC e FC. Medidas que visem a maior SC devem ser enfatizadas para potencializá-la, aumentando ainda mais o seu nível. Os achados em relação ao BO e ETS evidenciam a importância da implementação de medidas organizacionais e individuais visando melhorar a qualidade de vida profissional dos enfermeiros, o que consequentemente, poderá levar a melhoria dos cuidados prestados.

Referências Bibliográficas Areosa, J. (2018). O trabalho como palco do sofrimento. International Journal on Working Conditions, 15, 81-95.

Baldonedo M., Mosteiro, P., Queirós. C., Borges, E., & Abreu, M. (2018). Stress no trabalho em enfermeiros: estudo comparativo Espanha/Portugal. International Journal on Working Conditions, 15, 67-80.

Borges E. (Eds.) (2018). Enfermagem do trabalho. Formação, investigação, estratégias de intervenção. ed. 1. Lisboa: Lidel - Edições Técnicas, Lda

Borges, E., & Ferreira, T. (2015). Bullying no trabalho: Adaptação do Negative Acts Questionnaire-Revised (NAQ-R) em enfermeiros. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, 13, 25-33.

Borges, E., Abreu, M., Queirós, C., & Maio, T. (2017). Engagement em enfermeiros: estudo comparativo entre Portugal Continental e Açores. International Journal on Working Conditions, 14, 155-166.

Carvalho, P.R.C (2011). Estudo da Fadiga por Compaixão nos Cuidados paliativos em Portugal: Tradução e Adaptação Cultural da Escala “Professional Quality of Live 5”. (Tese de mestrado). Universidade Católica, Portugal.

Colindres, C.V., Bryce, E., Coral-Rosero, P, Ramos-Soto, R.M., Bonilla, F., Yassi, A. (2018) Effect of effort-reward imbalance and burnout on infection control among Ecuadorian nurses. Int Nurs Rev, 65(2), 190-199.

Cruz, B.S.P. (2014). Burnout e Fadiga por Compaixão em Enfermeiros Portugueses. (Tese de mestrado). Universidade de Coimbra, Portugal.

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Johnson, J., Louch, G., Dunning, A., Johnson, O., Grange, A., Reynolds, C. et al. (2017). Burnout mediates the association between symptoms of depression and patient safety perceptions. J Adv Nurs, 3(7), 1667-1680.

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Liu, X., Zheng, J., Liu, K., Baggs, J.G., Liu, J., Wu, Y., et al. (2018). Hospital nursing organizational factors, nursing care left undone, and nurse burnout as predictors of patient safety: A structural equation modeling analysis. Int J Nurs Stud, 86, 82-89.

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Maslach C., Leiter, M.P. (2017). New insights into burnout and health care: Strategies for improving civility and alleviating burnout. Med Teach, 39(2), 160-163.

Peixoto, M. J., Borges, E. (2011). O sofrimento no contexto da doença. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental. 6, 36-39.

Queirós, Borges, Teixeira, & Maio (2018). Estratégias de prevenção do stress, burnout e bullying no trabalho. In Borges E. (Ed.), Enfermagem do trabalho. Formação, investigação, estratégias de intervenção. ed. 1. Lisboa: Lidel - Edições Técnicas, Lda (pp. 139-157).

Stamm, B.H. (2010). The Concise ProQOL Manual. (2ª ed). Pocatello, ID: ProQOL.org.

Teixeira, A., Ferreira, T., & Borges, E. (2016). Conceito e atos de bullying no trabalho: Perceção dos enfermeiros. International Journal on Working Conditions, 12, 19-34.

Zhang Y.Y., Han W.L., Qin W., Yin H., Zhang, C., Kong C., et al. (2018) Extent of compassion satisfaction, compassion fatigue and burnout in nursing: A meta-analysis. J Nurs Manag. 26, 810–819.

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POSTERS/RESUMOS

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RESUMOS DE INVESTIGAÇÃO

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A saúde e a segurança do trabalho: o absentismo nos trabalhadores de uma empresa metalúrgica

Pinto, Bárbara1; Norelho, Óscar2; Oliveira, Ana3; Dias, Sofia4; Gonçalves, Isabel5; Instrumento, Luís6; Rua, Marilia7 1Agrupamento dos Centros de Saúde do Baixo Vouga. Unidade de Sáude Familiar Águas do Gonde. Enfermeira, [email protected] 2Santa Casa da Misericórdia de Aveiro. Enfermeiro Diretor, [email protected] 3Agrupamento dos Centros de Saúde do Baixo Vouga. Unidade de Saúde Pública. Enfermeira Especialista, [email protected] 4Serviço de formação do Centro de Emprego e Formação de Vila Nova de Gaia IEFP. Enfermeira, [email protected] 5Renault Cacia, SA, Enfermeiro do trabalho, [email protected] 6Renault Cacia, SA, Enfermeiro do trabalho, [email protected] 7Escola Superior Saúde Universidade de Aveiro. Centro Investigação Didática e tecnologia de Formação de Formadores CIDTFF, [email protected]

Introdução

O mundo laboral, enquanto fenómeno complexo e em constante mudança, exige a promoção de políticas de saúde ocupacional que contribuam para ganhos em produtividade, eficácia e lucro para as empresas, além da melhoria da qualidade de vida dos colaboradores. Um dos problemas identificados para os baixos níveis de produtividade corresponde ao absentismo que surge como um fenómeno multifatorial, caraterizado por ausências não previstas ao trabalho, com repercussões sociais, administrativas e financeiras para as instituições e trabalhadores. Das organizações, esperam-se intervenções proactivas, de forma a ultrapassar com sucesso este desafio.

Objetivo

Compreender o fenómeno do absentismo dos profissionais de uma empresa metalúrgica, no período compreendido entre 2015 e 2017.

Metodologia

Estudo quantitativo, descritivo e retrospetivo, utilizando o suporte documental existente na intituição em estudo.

Resultados

Os dados foram analisados com recurso a técnicas de estatística descritiva simples (frequências e percentagens), assim como medidas de tendência central (média) e medidas de dispersão (desvio-padrão). A evolução da taxa de absentismo no período em análise foi crescente (1.59%. em 2015; 2.77% em 2016; 3.92 em 2017%). A maioria das ausências deveu-se ao motivo de doença, destacando-se as patologias musculoesquéticas (60%) e doença psiquiátrica (20%).

Discussão

A organização possui uma taxa reduzida de absentismo comparativamente com o valor nacional tendo, no entanto crescido ao longo do período em análise; as causas deste fénomeno mantem-se inalteradas.

Principais conclusões

As ações preventivas devem ter como foco investigações sobre os aspectos ergonómicos, a adequação dos postos de trabalho, os efeitos da exposição a agentes físicos,

Pinto, Bárbara; Norelho, Óscar; Oliveira, Ana; Dias, Sofia; Gonçalves, Isabel; Instrumento, Luís; Rua, Marilia Prémio de Menção Honrosa

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químicos e biológicos, bem como a consideração das diferenças fisiológicas e psicológicas na organização do trabalho.

Referências bibliográficas

• American Association of Occupational Health Nurses (2004). Standards of Occupational and environmental Health Nursing. USA, AAOHN.

• Direção Geral da Saúde, Divisão de Saúde Ambiental e Ocupacional (2013). Programa Nacional de Saúde Ocupacional 2013-2017. Lisboa, DGS.

• Direção Geral da Saúde (2013). Programa Nacional de Saúde Ocupacional: 2º Ciclo – 2013/2017. Lisboa: DGS.

_________________________________ Palavras-Chave: Absentismo; Saúde Ocupacional Keywords: Absenteeism; Occupational health

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A síndrome de Burnout nos Enfermeiros hospitalares portugueses: resumo de revisão sistemática da literatura

Margarida Cerdeira Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, [email protected]

Introdução

A informação veiculada pela comunicação social relativa à prevalência de burnout no âmbito de várias profissões, e até no âmbito da população portuguesa no geral, é nos dias de hoje uma constante e constitui uma temática atual de análise, sendo disso evidência uma panóplia de estudos levados a cabo para descortinar esta síndrome. Os Enfermeiros não estão, assim, inumes a desenvolver burnout, ainda que estejam capacitados para, de certa forma, o reconhecer. Todavia, é uma problemática que carece de maior divulgação pelos números significativos em que se traduz, bem como pelo impacto negativo que inflige tanto a nível do trabalhador, como das instituições.

Objetivos

Realizar o resumo de uma revisão sistemática acerca da temática relacionada com a síndrome de burnout em Enfermeiros, nomeadamente em Enfermeiros hospitalares portugueses, determinando quais as prevalências encontradas neste grupo profissional e a sua relevância.

Metodologia

Foi realizada pesquisa nas bases de dados SCOPUS, PubMed e Web of Science, em setembro e outubro de 2018. Foram incluídos artigos com os seguintes critérios: estudos transversais (cross-sectional) e longitudinais (coorte) e revisões; e, cujo desfecho fosse a avaliação da temática relacionada com a síndrome de burnout em Enfermeiros hospitalares portugueses.

Resultados

De uma forma geral, os estudos revelam dados que são preocupantes, sendo que os Enfermeiros são indiscutivelmente afetados pelo burnout e muitas das inferências feitas referem-se a baixas percentagens acometendo estes profissionais, caracterizando, porém, o burnout nos níveis moderado e elevado.

Principais conclusões

Pela análise dos dados obtidos, percebe-se que a problemática do burnout carece de uma melhor definição no âmbito da Enfermagem hospitalar portuguesa, abrangendo uma amplitude grande de valores de prevalência, médias de escala e inventário, bem como de definição no que concerne ao contexto português. A aplicação prática de medidas que a minimizem é essencial para o alcance de ambientes de trabalho saudáveis no âmbito desta comunidade laboral.

Referências bibliográficas

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• Carlotto, M. S., Queirós, C., Dias, S., & Kaiseler, M. (2014). Hardiness and Burnout syndrome: A cross-cultural study among portuguese and Brazilian nurses. Temas em Psicologia, 22(1), 121-132. doi:10.9788/TP2014.1-10

• Cumbe, V. F. J., Pala, A. N., Palha, A. J. P., Gaio, A. R. P., Esteves, M. F., Mari, J. J., & Wainberg, M. (2017). Burnout syndrome and coping strategies in Portuguese oncology health care providers. Revista de Psiquiatria Clinica, 44(5), 122-126. doi:10.1590/0101-60830000000135

Margarida Cerdeira

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• Duarte, J., & Pinto-Gouveia, J. (2017). Empathy and feelings of guilt experienced by nurses: A cross-sectional study of their role in Burnout and compassion fatigue symptoms. Applied Nursing Research, 35, 42-47. doi:10.1016/j.apnr.2017.02.006

• Duarte, J., Pinto-Gouveia, J., & Cruz, B. (2016). Relationships between nurses' empathy, self-compassion and dimensions of professional quality of life: A cross-sectional study. Int J Nurs Stud, 60, 1-11. doi:10.1016/j.ijnurstu.2016.02.015

Palavras-Chave: síndrome de Burnout; Maslach Burnout Inventory; Enfermeiros hospitalares portugueses.

Keywords: Burnout syndrome; Maslach Burnout Inventory; portuguese hospital nurses.

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Absenteísmo por transtornos mentais e comportamentais: um índice preocupante

Tatiana Castro Da Costa1, Renata Da Costa Pinheiro2, Leila Maria Castro Dos Santos3, Hanna Lorena Moraes Gomes4, Leslie Bezerra Monteiro5, Irma Da Silva Brito6 1Universidade Federal do Amazonas, [email protected] 2Universidade Federal do Amazonas, [email protected] 3Universidade Federal do Amazonas, [email protected] 4Universidade Federal do Amazonas, [email protected] 5Universidade Federal do Amazonas, [email protected] 6Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, [email protected]

Introdução

O índice de absenteísmo devido aos transtornos mentais tem-se tornado mais frequentes, afetando um número cada vez maior de servidores públicos federais. No que se refere à saúde do trabalhador, alguns estudos apontam elevadas prevalências de transtornos mentais em determinadas classes de trabalhadores, pode-se destacar a depressão com altos índices de esgotamento profissional em profissionais de saúde e docentes.

Objetivo

Descrever os indicadores de absenteísmo dos servidores de 11 órgãos federais do estado do Amazonas, Brasil.

Metodologia

Utilizou-se um estudo transversal, com dados secundários consentidos e registrados do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor unidade Universidade Federal do Amazonas, situada na região norte do Brasil. A amostra foi composta por aproximadamente 6.000 servidores públicos federais dos 11 órgãos federais do Amazonas.

Resultados

No período anual 2010/2011 o absenteísmo por transtornos mentais e comportamentais permanecia em quinto lugar no ranking de Classificação Internacional de Doenças; em 2011/2012 subiu para quarto lugar; em 2012/2013 elevou-se a segundo lugar, permanecendo nos períodos seguintes de 2013/2014 e 2015/2016; e alcançou-se o primeiro em 2016/2017. No período de 2015/2016 registaram-se 4.168 dias perdidos de trabalho e 57 servidores afastados e em 2016/2017, 2.897 dias perdidos de trabalho e 69 servidores afastados por transtornos em saúde mental.

Discussão

Este estudo revela que nos últimos anos houve aumento significativo de absenteísmo gerado por transtornos mentais e comportamentais, resultados semelhantes foram encontrados em outros estudos do país onde evidenciaram esses transtornos como a primeira e segunda causa que mais afastaram os servidores, refletindo a tendência nacional e mundial. Os resultados expressam que a concepção de saúde mental e o trabalho são indissociáveis no aspecto de assiduidade e produtividade no serviço público federal. A implantação de protocolos de prevenção de doenças e transtornos mentais se torna fundamental, uma vez evidenciado que trabalhadores com essa condição manifestam um risco aumentado de mortalidade precoce.

Principais conclusões

Esses achados comprovam um considerável absenteísmo por doença ligadas a fatores mentais, permitindo orientar a equipe de Enfermagem atuante a direcionar e desenvolver programas de prevenção e promoção da saúde nessa temática.

Tatiana Castro Da Costa, Renata Da Costa Pinheiro, Leila Maria Castro Dos Santos, Hanna Lorena Moraes Gomes, Leslie Bezerra Monteiro, Irma Da Silva Brito

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Referências bibliográficas • Bastos, M.L.A., Junior, G.B.D.S., Domingos, E.T.C., Araújo, R.M.O.D., & Santos, A.L.D. (2018). Afastamentos do trabalho por

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• Almeida, L. A., Medeiros, I. D. d. S., Barros, A. G. d., Martins, C. C. F., & Santos, V. E. P. (2016). Generators factors of Burnout Syndrome in health professional. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online, 8(3), 4623-4628. Disponível em: https://www.ssoar.info/ssoar/handle/document/53744

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• Lemos, D.S., Escalda, P.M.F., Paz, L.P.S., & Leão, A.L.M. (2018). Absenteísmo-doença entre servidores públicos do setor saúde do Distrito Federal. Revista Brasileira de Medicina no Trabalho, 16(3):336-345. Disponível em: http://www.rbmt.org.br/details/368/en-US

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Palavras-Chave: saúde mental; saúde do trabalhador; absenteísmo; Enfermagem.

Keywords: mental health; occupational health; absenteeism; nursing.

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Análise da violência no trabalho da Enfermagem brasileira no cenário hospitalar e na atenção primária à saúde

Letícia de Lima Trindade1, Daiane Dal Pai2, Grasiele Fatima Busnello3, 4Daiana Brancalione, Manoela Marciane Calderan5, Carine Vendruscolo6 1Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfermagem e do Mestrado Profissional em Enfermagem na Atenção Primária à Saúde (MPEAPS) da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC e do Programa de Ciências da Saúde (PPGCS) da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (UNOCHAPECÓ). [email protected]; 2Doutora em Enfermagem. Docente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. [email protected] 3Doutoranda do PPGCS da UNOCHAPECÓ. grasib@unochapecó.edu.br; 4Graduanda em Enfermagem pela UDESC. [email protected]; Graduanda em Enfermagem pela UDESC. [email protected]; 6Doutora em Enfermagem.

Docente do Departamento de Enfermagem e do MPEAPS da UDESC, [email protected]

Introdução & Objetivos

A Organização Internacional do Trabalho (Organização Internacional do Trabalho., 2002) conceitua violência no trabalho como qualquer ação, incidente ou comportamento fundamentado em uma atitude voluntária do agressor, em decorrência da qual um profissional é agredido, ameaçado, ou sofre algum dano ou lesão durante a realização, ou como resultado direto, do seu trabalho. Esta Organização classifica a violência no trabalho como violência física e psicológica. Assim, um grupo de pesquisadores brasileiros dedica-se a analisar ocorrência de violência no trabalho da Enfermagem brasileira no cenário hospitalar e na Atenção Primária à Saúde (APS).

Método

Estudo misto, no qual participaram do estudo 198 trabalhadores de um hospital e 169 trabalhadores da APS. Para a coleta de dados na etapa quantitativa utilizou-se o Survey Questionaire Workplace Violence in the Health Sector e, na sequência entrevista com 15 profissionais que sinalizaram ter sofrido episódios de violência no ambiente de trabalho no hospital e outros 16 na APS. Os dados qualitativos foram analisados com auxílio do SPSS e os qualitativos pela Análise Temática, sendo o projeto apreciado e aprovado em Comitês de Ética em Pesquisa.

Resultados

Identificou-se que 51% dos trabalhadores do hospital e 83,4% da APS foram vítimas de violência nos últimos 12 meses, sendo a agressão verbal a mais comum em ambos os cenários. No hospital o principal agressor é o colega de trabalho e na APS o paciente/usuário. O fenômeno tem potencial impacto negativo sobre o cotidiano das instituições de saúde e a saúde dos profissionais de Enfermagem.

Principais conclusões

O estudo realizado contribui para a análise do fenômeno da violência no trabalho da Enfermagem, o qual se destaca como problema de saúde pública que pouco tem sido identificado, mensurado e prevenido, tem sido naturalizado no cotidiano dos serviços de saúde brasileiros.

Referências bibliográficas

• Organização internacional do trabalho, International Council of Nurses, Organização Mundial da Saúde & Public Services International. (2002). Framework Guidelines for Addressing Workplace Violence in the Health Sector. Genebra: Organização Internacional do Trabalho.

Letícia de Lima Trindade, Daiane Dal Pai, Grasiele Fatima Busnello, Daiana Brancalione, Manoela Marciane Calderan, Carine Vendruscolo

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Palavras-Chave: Violência do trabalho; Saúde do Trabalhador; Enfermagem.

Keywords: Violence of work; Worker's health; Nursing.

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Avaliação da cobertura vacinal contra a gripe sazonal nos profissionais de saúde do Centro Hospitalar do Baixo Vouga na época 2017/2018

Maria Silva1, Ana Guerra2, Paula Sardo3, Fernando Mautempo4 1CHBV, Enfermeira do Trabalho, [email protected] 2CHBV, Enfermeira do Trabalho, ana.c/[email protected] 3CHBV, Médica do Trabalho, [email protected] 4CHBV, Médico do Trabalho, [email protected]

Introdução

A vacinação constitui a principal medida de prevenção contra a gripe, sendo os Profissionais de Saúde (PS) aqueles que apresentam maior probabilidade de contrair a infeção e de a transmitir.

Objetivos

Analisar a cobertura vacinal contra a gripe sazonal (época 2017/2018) nos PS do Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV) e comparar os resultados com a avaliação dos Hospitais da região Centro.

Descrição

Os PS são um dos grupos alvo prioritários para a vacinação contra a gripe sazonal. No CHBV a vacinação procedeu-se nos Serviços de Medicina do Trabalho e Saúde Ocupacional nas Unidades de Aveiro, Águeda e Estarreja com início a 18 de outubro de 2017.

Metodologia

Utilização da abordagem quantitativa: contabilização e posterior análise do número de vacinas administradas aos PS do CHBV, na época 2017/2018 e, comparação com os dados regionais disponibilizados pela Administração Regional de Saúde do Centro.

Resultados

Foram administradas 689 vacinas no CHBV, o que traduz uma cobertura global de 38,4%, num universo de 1793 trabalhadores.

A cobertura vacinal assume uma distribuição desigual entre os diversos grupos profissionais: os médicos constituem o grupo com mais indivíduos vacinados (n=164; 41,3%), seguidos pelos assistentes operacionais (n=150; 39,6%), Enfermeiros (n=261; 37,4%), outros profissionais (n=66; 37,1%) e assistentes técnicos (n= 48; 34,0%).

Discussão

O CHBV apresenta uma cobertura vacinal superior à média regional comparativamente aos outros Hospitais (28,8%; ARSC, 2018).

Na análise por grupo profissional, identificam-se semelhanças. A cobertura vacinal é mais elevada nos médicos (41,3% no CHBV; 33% na ARCS) e mais reduzida nos assistentes técnicos (34% no CHBV; 25% na ARCS).

Principais conclusões

Os dados obtidos permitem constatar uma cobertura vacinal no CHBV superior comparativamente aos outros Hospitais da região Centro. Ainda assim, são resultados que ficam muito aquém do expectável para os PS.

Maria Silva, Ana Guerra, Paula Sardo, Fernando Mautempo

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Deverão ser encetados esforços no sentido de conhecer e ultrapassar as barreiras à vacinação, que parecem ainda prevalecer junto dos PS.

Referência bibliográfica

Administração Regional de Saúde do Centro (2018).Vacinação contra a gripe Sazonal Avaliação 2017-2018. Acedido a 23 de outubro de 2018, em http://www.arscentro.min-saude.pt

Palavras-Chave: Vacinação; Gripe; Profissionais de saúde Keywords: Vaccination; Flu; Healthcare professionals

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Esgotamento profissional entre servidores de uma universidade da região amazônica brasileira

1Fernanda Matos Fernandes Castelo Branco [email protected], 2Carlos Augusto Sampaio Côrrea, 3Carlos Manuel Dutok Sanchez, 4Tancredo Castelo Branco Neto, 5Divane de Vargas, 6Tereza Maria Mendes Dinis de Andrade Barroso 1Universidade Federal do Amapá – Campus Binacional/Professora Adjunta; 2 Universidade Federal do Amapá – Campus Binacional/Enfermeiro; 3 Universidade da Universidade Federal do Amapá – Campus Binacional/Professor Adjunto; 4Universidade Federal do Amapá – Campus Binacional/Professor Auxiliar 5 Universidade de São Paulo – Escola de Enfermagem/Professor Associado; 6 Escola Superior de Enfermagem de Coimbra – Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem/Professora Adjunta

Introdução

Devido ao dinamismo acelerado que exige uma maior eficiência, produtividade e desempenho de um trabalho eficaz, surgem as patologias do mundo moderno que afetam diretamente a saúde mental do trabalhador, dentre estas a Síndrome de Burnout (SB), ocasionando o esgotamento profissional.

Objetivo

Identificar a prevalência do esgotamento profissional entre servidores de uma universidade e fatores associados.

Metodologia

Estudo transversal, realizado em uma universidade, localizada no município de Oiapoque-AP, na região amazônica brasileira. Participaram voluntariamente 53 trabalhadores, sendo 41 professores e 12 técnicos administrativos. Os dados foram coletados no segundo semestre de 2017 através de formulários no google docs. A análise dos dados foi realizada através do SPSS – Statistical Package for the Social Sciences versão 20.0, a priori foi feita a analise univariada dos dados sócio demográficos e laborais, em que os dados foram apresentados sobre a forma de tabelas de frequência. Em um segundo momento foi aplicado o teste exato de Fischer, com p valor < 0,05, para testar nível de significância entre as variáveis do estudo e a Síndrome de Burnout.

Resultados

A amostra constitui-se predominantemente de pessoas do sexo masculino (56,6%), na faixa etária de 30 a 39 anos (64,2%), solteiros (47,2%), que se auto declararam pardos (49,1%), especialistas (34%) e sem filhos (75,5%). Em relação a SB, 14 indivíduos tem a possibilidade de desenvolver a SB, 20 estão em fase inicial da síndrome, 12 a SB começa a se instalar e 7 estar em uma fase considerável da SB.

Discussão

Nenhum dos entrevistados pontuou na categoria (nenhum indício de Burnout). É válido reforçar que as amostras foram muito limitadas podendo assim ter possíveis interferências nos resultados, porém com os dados obtidos podemos mostrar a universidade os riscos que seus trabalhadores levam devido as condições de serviços inadequados.

Principais conclusões

Portanto estudo válido na área da saúde do trabalhador e como medida de saúde pública a fim de nortear horizontes quanto a esta doença ocupacional, pois se faz necessário o

Fernanda Matos Fernandes Castelo Branco, Carlos Augusto Sampaio Côrrea, Carlos Manuel Dutok Sanchez, Tancredo Castelo Branco Neto, Divane de Vargas, Tereza Maria Mendes Dinis de Andrade Barroso

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enfrentamento além de medidas imperativas para prevenir agravos e traçar ações que retardem ou impossibilitem o adoecimento mental dentre a população investigada.

Referências bibliográficas

Adelson Fernandes Silva, Maria de Fatima de Matos Maia, Celina Aparecida Gonçalves Lima, Izulina Torres Guedes, Karoline Costa Pedreira, Diego Augusto Santos Silva, Edio Luiz Petroski. Fatores que prevalecem ao esgotamento profissional em professores. Caderno Brasileiro de Terapia Ocupacional. 25(2):333-339.

Araújo LMN, Rodrigues CCFM, Dantas SP, Santos NPA, Kisna YAm Santos VEP. Estrese no cotidiano universitário: estratégias de enfrentamento de docentes da saúde. Revista de pesquisa cuidado é fundamental (online), 8(4): 4956-4964.

Carlotto, Mary Sandra. (2011). Síndrome de Burnout em professores: prevalência e fatores associados. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 27(4), 403-410.

Palavras-chave: Esgotamento profissional, Saúde do trabalhador, Universidades.

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Estilos de vida dos Enfermeiros que exercem funções no distrito de Coimbra

Ramos, Joana1; Coelho, Catarina2; Silva, Armando3 1Enfermeira na Unidade de Desabitação de Coimbra, ARS Centro, [email protected] 2Enfermeira no Serviço de Otorrinolaringologia, CHUC, [email protected] 3Docente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, [email protected]

Introdução A adoção de estilos de vida adequados, previne inúmeras mortes prematuras no mundo.

Os Enfermeiros, enquanto profissionais de saúde, estão expostos a uma variedade de riscos ocupacionais que podem resultar em variados problemas de saúde agudos e crónicos.

Objetivos Conhecer os estilos de vida dos Enfermeiros que exercem atividade no distrito de

Coimbra.

Metodologia Estudo quantitativo do tipo exploratório: descritivo-correlacional, com uma amostra

não probabilística por conveniência, constituída por 187 participantes. O instrumento de recolha de dados utilizado foi o questionário “Estilo de Vida Fantástico” de Silva, Brito e Amado (2014).

Resultados Os Enfermeiros em estudo, apresentam um estilo de vida global médio considerado

“muito bom” com 87,47±12,41 pontos. Os domínios mais deficitários do estilo de vida foram: Atividade física/Associativismo, Tabaco, Sono/Stress e Trabalho/Tipo de personalidade. Verificou-se que 29,4% dos Enfermeiros quase nunca andam no mínimo 30 minutos diariamente; 19,8% são fumadores; 20,3% “quase nunca” dormem bem e se sentem descansado e 41,7% sentem-se “frequentemente” acelerados e/ou atarefados.

Discussão No estudo de Hidalgo et al., (2016) a maior parte dos profissionais de saúde, não se

envolvem em comportamentos de estilos de vida saudáveis. No domínio “Atividade Física/Associativismo”, os resultados são corroborados por estudos que mostram que os profissionais de saúde não têm práticas de atividade física (Hidalgo et al., 2016; Quiroga, 2009). Quanto ao domínio “Tabaco”, o estudo de Hidalgo et al. (2016), a prevalência do consumo de tabaco foi de 4,9%, resultados diferentes encontrou Quiroga em (2009), 48% dos Enfermeiros consomia tabaco. Em relação à dimensão “Sono/Stress”, estudos anteriores apresentam resultados mais deficitários relativamente a este domininio (Rocha & De Martino, 2010; Quiroga, 2009). No diminio „Trabalho/Tipo de Personalidade“, os resultados foram corroborados pelo estudo de Ansoleaga, Toro, Stecher, Godoy e Blanch (2011), onde se verificou que 54% apresentam esgotamento físico.

Principais conclusões

Conclui-se que são necessárias intervenções na saúde dos Enfermeiros, que compreendam ações de promoção da saúde e prevenção de doença, nas áreas da atividade física, tabaco, sono e trabalho. Investigações futuras devem ser conduzidas de modo a que se conheçam os estilos de vida, que caraterizam a realidade dos Enfermeiros a nível nacional.

Referências bibliográficas • Ansoleaga, E., Toro, J., Stecher, A., Godoy, L., & Blanch, J. (2011). Malestar psicofisiológico en profesionales de la salud

pública de la región metropolitana. Psycho physiological distress among health care professionals working in Chilean

Ramos, Joana; Coelho, Catarina; Silva, Armando

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public hospitals. Revista Médica de Chile, 139, 1185-1191. Recuperado de https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-98872011000900011

• Hidalgo, K. D., Mielke, G. I., Parra, D. C., Lobelo, F., Simões, E. J., Gomes, G. O., … Hallal, P. C. (2016). Health promoting practices and personal lifestyle behaviors of Brazilian health professionals. BMC Public Health, 16(1), 1114. https://doi.org/10.1186/s12889-016-3778-2

• Quiroga, I. (2009). Estilos de vida y condiciones de salud de los enfermeros. (Licenciatura de Enfermería). Universidad del Aconcagua, Espanha

• Silva, A., Brito, I., & Amado, J. (2011). Adaptação e validação do questionário "Estilo de Vida Fantástico" resultados psicométricas preliminares (Vol. 2). Coimbra: Revista Científica de investigação em ciências da Saúde: Enfermagem . Recuperado de https://repositorio.ucp.pt/handle/10400.14/12052

• Rocha, M., & De Martino, M. (2010). O estress e qualidade do sono do Enfermeiro nos diferentes turnos hospitalares. Revista da Escola de Enfermagem USP, 44(2), 280-286. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0080-62342010000200006&script=sci_abstract&tlng=pt

Palavras-Chave: Estilos de Vida; Enfermeiros; Promoção da saúde Keywords: life styles; nurses; health promotion

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Estratégias de enfrentamento do estresse laboral em um pronto socorro

Júlia Maria Silva Araújo1, Giovanna Thais Aparecida Neves2, Smailon Guimarães Dias3, Silmar Maria da Silva4 1Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected] 2Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected] 3Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected] 4Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected]

Introdução

A exposição ao estresse crônico leva ao desgaste, que podem gerar problemas de saúde mental (King, 2016).

Objetivos

Levantar propostas de enfrentamento ante as situações estressantes juntos aos trabalhadores de Enfermagem de um pronto socorro.

Metodologia

Estudo qualitativo, com trabalhadores de Enfermagem de um pronto socorro adulto e pediátrico, de um hospital escola de média complexidade, situado no Brasil. Foram convidados 61 profissionais, dentre os quais 43 disponibilizaram-se a responder um questionário com a seguinte pergunta: “Conte-me: quais medidas realizadas por você, colegas e/ou chefia que poderiam contribuir para o enfrentamento das situações estressoras no ambiente de trabalho?”. Os dados foram analisados com recurso à Análise de Conteúdo de Bardin (2011).

Resultados

Foram citadas a necessidade de novas contratações, a redução da carga horária semanal e dos plantões, a alternância entre setores, a melhor distribuição de funcionários, a organização da escala, a harmonia e o trabalho em equipe, e a melhoria da sala de convivência para momentos de descanso. Referiram terapias em grupo, massagem terapêutica, apoio psicológico, atividades mensais para relaxamento mental e físico, além do reconhecimento pelos serviços prestados à instituição. Ainda, foram citadas estratégias individuais para enfrentamento das situações estressantes, como procurar ser otimista, manter corpo e mente saudáveis, ser firme e determinado, aceitar o outro como ele é, lidar com situações de estresse com mais sabedoria e praticar esportes.

Discussão

As estratégias de intervenção podem abordar as causas originárias do estresse relacionado ao trabalho (prevenção primária); fornecer treinamento a gestores e trabalhadores sobre gerenciamento de estresse, para que se reduza seu impacto (prevenção secundária); e, para aqueles que sofreram problemas de saúde resultantes do estresse relacionado ao trabalho, devem ser fornecidos recursos para gerenciar e reduzir seus respectivos efeitos (prevenção terciária) (World Health Organization [WHO], 2008).

Principais conclusões

As situações estressoras permeiam o cotidiano de trabalho do pronto socorro, em que os dos trabalhadores de Enfermagem necessitam permanecer a todo tempo em alerta, em razão das demandas inerentes do serviço. Contudo, iniciativas institucionais e mesmo individuais

Júlia Maria Silva Araújo, Giovanna Thais Aparecida Neves, Smailon Guimarães Dias, Silmar Maria da Silva

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contribuem para o enfrentamento destas situações, com vistas à manutenção e preservação da saúde física e mental do trabalhador.

Referências bibliográficas

• Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70. • King, A. (2016). Neurobiology: Rise of resilience. Nature, 531(7592), S18-19. • World Health Organization. (2008). PRIMA-EF: Guidance on the European Framework for Psychosocial Risk Management:

a resource for employers and worker representatives. Recuperado em 10 março, 2019, de http://www.who.int/occupational_health/publications/Protecting_Workers_Health_Series_No_9/en/index2.html

Palavras-Chave: Estresse Ocupacional; Enfermagem; Saúde do trabalhador; Serviço Hospitalar de Emergência. Keywords: Occupational Stress; Nursing; Occupational Health; Emergency Service, Hospital.

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Estratégias para um ambiente de trabalho saudável em uma unidade de terapia intensiva

Giovanna Thais Aparecida Neves1, Júlia Maria Silva Araújo2, Smailon Guimarães Dias3, Silmar Maria da Silva4 1Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected] 2Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected] 3Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected] 4Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected]

Introdução

Passa-se a maior parte de sua vida envolvido com o trabalho, exigindo que este seja um ambiente saudável, com vistas ao bem-estar e qualidade de vida (Renner, Taschetto, Baptista, & Basso, 2014).

Objetivos

Conhecer a percepção de ambiente de trabalho saudável entre os profissionais de Enfermagem de uma unidade de terapia intensiva.

Metodologia

Estudo qualitativo, realizado com 30 trabalhadores de Enfermagem na unidade de terapia intensiva adulto de um hospital público, em que foram perguntados: Na sua percepção, como seria um ambiente de trabalho saudável? Os dados foram categorizados, segundo Bardin (2011).

Resultados

Após a análise dos dados qualitativos, emergiram três categorias: na categoria “equipe multidisciplinar de atenção ao trabalhador” reuniu as ações institucionais, como: grupo de ginástica laboral com supervisão de fisioterapeutas, psicólogos voltados para atender funcionários, acupuntura para aliviar dores, consultas médicas e exames, e academia para os funcionários. Ou seja, ações voltadas para a preservação e manutenção da saúde do trabalhador, bem como sua recuperação, a partir do cuidado de profissionais de diferentes áreas. Na categoria “períodos de pausas para repouso e recuperação” foram elencadas as falas que ensejam momentos de descanso adequado,, incluindo períodos para descanso físico, mental e noturno em local apropriado, horários regulamentados e escalas de férias e folga que levem em conta a reivindicação do profissional; e na a categoria “promoção da saúde” os participantes acreditam que atitudes individuais contribuem para um ambiente de trabalho saudável, como lazer, prática de atividades físicas e boa alimentação.

Discussão

A promoção de ambientes de trabalho saudáveis é uma estratégia de intervenção importante para promover a saúde dos trabalhadores e, consequentemente, da população. Ambientes saudáveis e a saúde dos trabalhadores são condições essenciais para a eficácia dos indivíduos e do desempenho das organizações (Gil-Monte, 2012).

Principais conclusões

Os trabalhadores de Enfermagem deste estudo apresentam uma percepção complexa acerca de um ambiente de trabalho saudável, considerando as responsabilidades institucionais, assim como, a sua co-responsabilidade na promoção e manutenção deste ambiente. Contudo, na prática vemos que é necessário trilhar um longo caminho para que os ambientes de trabalho deixem de ser ambientes promotores de adoecimento.

Giovanna Thais Aparecida Neves, Júlia Maria Silva Araújo, Smailon Guimarães Dias, Silmar Maria da Silva

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Referências bibliográficas

• Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70. • Gil-Monte, P. R. (2012). Riesgos psicosociales en el trabajo y salud ocupacional. Revista Peru Medicina Exp Salud Publica, 29(2),

237-241. • Renner, J. S., Taschetto, D. V. R., Baptista, G. L., & Basso, C. R. (2014). Qualidade de vida e satisfação no trabalho: a percepção

dos técnicos de Enfermagem que atuam em ambiente hospitalar. Revista Mineira de Enfermagem, 18(2), 440-446.

Palavras-Chave: Ambiente de Trabalho; Enfermagem; Saúde do trabalhador; Cuidados Críticos. Keywords: Working Environment; Nursing; Occupational Health; Critical Care.

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Fatores precipitantes e preventivos de lombalgia no exercício da profissão de Enfermagem, em contexto hospitalar

Raquel Lima1; Andreia Queirós2; Catarina Santos3; Cindy Luís4; Maria Aidos5; Carlos Simões6; Helena Loureiro7 1Aluna ESSUA 2013-17, [email protected] 2Aluna ESSUA 2013-17, Universidade de Aveiro, [email protected] 3 Aluna ESSUA 2013-17, Universidade de Aveiro, [email protected] 4 Aluna ESSUA 2013-17, Universidade de Aveiro, [email protected] 5Aluna ESSUA 2013-17, Universidade de Aveiro, [email protected] 6Enfermeiro Chefe, CHBV, cjsimõ[email protected]

7Docente ESSUA, Universidade de Aveiro, [email protected]

Introdução

As evidencias revelam que os Enfermeiros são os profissionais de saúde mais predispostos a sintomatologia de LEMLT, constituindo a perceção de lombalgia a mais prevalente fonte de dor/desconforto nesta população (Serranheira, Cotrim, Rodrigues, Nunes, & Sousa-Uva 2012). A sensibilização das equipas de Enfermagem para esta problemática torna-se crucial para adotar possíveis medidas a serem implementadas no local de trabalho, no sentido de prevenir a sua incidência em Enfermeiros que exercem funções em contexto hospitalar.

Objetivos

Caraterizar a prevalência de lombalgia autorreferida em Enfermeiros a exercer funções no CHBV; Identificar estratégias a ser implementadas para prevenir a incidência de lombalgia.

Metodologia

Estudo quantitativo, descritivo e transversal, que tomou como população-alvo os Enfermeiros que exerciam funções no CHBV. A colheita de dados foi efetuada com recurso a um questionário on-line, mediante cumprimento de todos os pressupostos éticos de inerentes ao desenvolvimento de uma investigação.

Resultados

82,7% (n=81) da amostra referiu não ser detentora de LEMLT diagnosticada. Não obstante esta ausência de diagnóstico, 74,6% percecionou sintomatologia de lombalgia em pelo menos 4 dias consecutivos e com diferentes intensidades, originando 266 dias de absentismo laboral/ano, o que vem corroborar o facto de esta constituir a LMELT mais autopercecionada por Enfermeiros em contexto hospitalar (Jerónimo, 2013; Santos, 2015). Maioritariamente a exercer funções em serviços de medicina (20,9%), os Enfermeiros referiram a mencionada perceção numa frequência superior a 10 vezes por dia, no desenvolvimento de atividades relacionadas com o trabalho informatizado (53,7%) e com a mobilização de doentes, com ajuda (28,4%) ou sem ajuda (14,9%). Idêntica perceção foi atribuída à deslocação e levantamento de cargas com peso de 10-20kg (59,4%) e mais de 20kg (47,8%) e, ainda, à repetibilidade da rotação do tronco (37,3%) e dos braços (29,8%). Segundo os inquiridos, a diminuição da incidência de lombalgia passará pela adoção de medidas como: a adequação ergonómica das estruturas físicas e dos materiais usados na prestação de cuidados (34,6%), a implementação de ginástica laboral (26,9%) e, pela maior dotação de recursos humanos (19,2%).

Principais conclusões

Os resultados evidenciaram o risco laboral a que se encontram expostos os Enfermeiros. A implementação de programas preventivos de LMELT tornam-se prementes em futuras

Lima, Raquel; Queirós, Andreia; Santos, Catarina; Luís, Cindy; Aidos, Maria; Loureiro, Helena

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intervenções dos serviços de saúde ocupacional das instituições hospitalares, com vista a preservar o capital de saúde destes profissionais.

Referências bibliográficas

• Jerónimo, J. (2013). Estudo da prevalência e fatores de risco de lesões musculoesqueléticas ligadas ao trabalho em Enfermeiros. Universidade de Coimbra.

• Portugal. Ministério da Saúde - Direção Geral da Saúde. (2018). PROGRAMA NACIONAL DE SAÚDE OCUPACIONAL (PNSOC) – Extensão 2018/2020. Lisboa: DGS.

• Santos, A. R. V. (2015). Lesões Musculoesqueléticas relacionadas com o trabalho nos Enfermeiros em contexto hospitalar. Universidade de Coimbra.

• Serranheira, F., Cotrim, T., Rodrigues, V., Nunes, C., & Sousa-Uva, A. (2012). Lesões musculoesqueléticas ligadas ao trabalho em Enfermeiros portugueses: «ossos do ofício» ou doenças relacionadas com o trabalho? Revista Portuguesa de Saúde Pública, 30(2), 193– 203. https://doi.org/10.1016/j.rpsp.2012.10.001

Palavras-Chave: Dor lombar; Enfermagem; Perceção; Saúde do Trabalhador Keywords: Low back pain; Nursing; Perception; Occupational Health

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Ginástica laboral: uma estratégia promotora de saúde no local de trabalho numa empresa do norte do país

Patrícia Pires1, Carlos Granjo2, Telma Pires3, Conceição Raínho4, Isabel Barroso5, Maria João Monteiro6 1,2,4,5,6 Escola Superior de Saúde – Universidade de Trás os Montes e Alto Douro, [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] 3 Fisimagna- Clínica de Reabilitação Física, [email protected]

Introdução

As lesões musculoesqueléticas relacionadas com o trabalho representam um conjunto de doenças inflamatórias e degenerativas desenvolvidas por uma atividade ocupacional. A ginástica laboral (GL) tem sido implementada como estratégia de prevenção para melhorar as condições de trabalho e qualidade de vida dos trabalhadores. A importância dos programas de ginástica laboral visam promover a saúde mental, física e social dos trabalhadores (Carvalho & Rolim,2014), em que o direito a um ambiente de trabalho seguro e saudável deve ser reconhecido como um direito humano fundamental e não meramente como um direito laboral (ILO,2018). Neste contexto, avaliaram-se as queixas musculoesqueléticas nos trabalhadores para a implementação de um programa de ginástica laboral.

Objetivos

• Executar o programa de ginástica laboral em cada setor de atividade da empresa. • Analisar o impacto da GL no na diminuição das queixas musculoesqueléticas.

Metodologia

Estudo longitudinal, descritivo, com avaliação antes e após a intervenção do programa GL. Nesta fase, o programa está a decorrer, terá uma avaliação intermédia aos 6 meses e final aos 12 meses.

Resultados e discussão

Face aos resultados de um estudo de prevalência de queixas musculoesqueléticas nos trabalhadores foi implementado um programa de GL específico para cada setor de atividade. Como as zonas anatómicas com mais queixas foram a coluna cervical, dorsal, lombar, mãos e punhos dada a repetitividade de movimentos foram concebidos exercícios específicos para essas zonas do corpo. A ginástica laboral implementada é a preparatória, realizada no início do turno, no posto de trabalho, com a duração de 5 minutos, com a finalidade de proporcionar o aquecimento dos diversos grupos musculares que o trabalhador vai utilizar na realização das suas tarefas (Carvalho & Rolim, 2014).

Principais conclusões

A implementação da ginástica laboral na empresa, é uma estratégia passível de reduzir a dor nos trabalhadores e consequentemente tornar os ambientes laborais mais saudáveis e organizações mais produtivas.

Referências bibliográficas

• Carvalho, G. M., & Rolim, C. A. (2014). Ginástica laboral. In G. M. Carvalho, Enfermagem do trabalho (2ª ed., pp. 185-192). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

• International Labour Organization. (2018). Improving the safety and health of young workers. Geneva: Autor.

Palavras-chave: ginástica laboral, lesões musculoesqueléticas relacionadas com o trabalho (LMERT); trabalhadores. Keywords: labor gymnastics; work-related musculoskeletal disorders; workers

Patrícia Pires, Carlos Granjo, Telma Pires, Conceição Raínho, Isabel Barroso, Maria João Monteiro

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Impacto do trabalho por turnos no stresse ocupacional dos Enfermeiros – revisão integrativa da literatura

Catarina Margalho1, Daniela Santos2, Nuno Tinoco3, José Gomes4 1Hospital da Luz Coimbra, [email protected] 2Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, [email protected] 3Hospital Distrital da Figueira da Foz, [email protected] 4Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, [email protected]

Introdução

O stresse ocupacional, pela sua magnitude e transcendência, é considerado um problema de saúde pública. A Enfermagem foi classificada pela Health Education Authority como a quarta profissão mais stressante no setor público.

Objetivos/Metodologia

Revisão Integrativa da Literatura a partir da questão de investigação: “Qual o impacto do trabalho por turnos no stresse ocupacional dos Enfermeiros?”, que decorreu de uma pesquisa realizada entre maio-julho de 2018, recorrendo a bases de dados electrónicas PUBMED, B-on e Scielo, com fórmulas concebidas nas palavras-chave previamente definidas. Amostra constituída por quatro artigos, resultante da busca e decorrente de critérios de inclusão/exclusão estabelecidos, aplicados a um primeiro conjunto de artigos que passou a ser alvo de avaliação da qualidade metodológica.

Resultados/Discussão

Os artigos analisados estudaram diferentes variáveis do stresse ocupacional, através de modelos/questionários. É descrito um maior nível de stresse ocupacional nos Enfermeiros a trabalhar por turnos rotativos quando comparado com os que têm um horário fixo. Os Enfermeiros que trabalham por turnos têm maior dificuldade em lidar com os fatores geradores de stresse, têm maior risco de comprometimento excessivo com o trabalho e um desequilibro esforço/recompensa. As alterações no seu padrão sono-vigília têm repercussões físicas e no seu desempenho laboral.

Principais conclusões

Apesar de não ser possível terminar com o trabalho por turnos em Enfermagem, verificámos que através de um planeamento organizacional adequado, é possível diminuir o stresse ocupacional dos Enfermeiros a trabalhar por turnos.

Existe uma necessidade de maior investigação, nomeadamente na população Portuguesa, para que seja possível elaborar normas de orientação/legislação para guiar a elaboração dos horários por turnos, de forma a diminuir o stresse ocupacional e proporcionar melhores níveis de saúde, menores custos em saúde e melhor prestação de cuidados com maior segurança para o doente.

Referências bibliográficas

• EU-OSHA (2007). Previsão de especialistas sobre riscos psicossociais emergentes relacionados com segurança e saúde no trabalho. Recuperado de http://dnpst.eu/uploads/factsheets/Factsheet_74_-_Previsao_dos_peritos_sobre_os_riscos_psicossociais_emergentes_relacionados_com_a_seguranca_e_saude_no_trabalho_-SST.pdf.

• Silva, S. & Marques, P. (2013). International Congress on Safety and Labour Market. Pessoal não docente: identificação de fatores de risco psicossociais no desempenho laboral. Recuperado de http://recil.grupolusofona.pt/bitstream/handle/10437/3571/Pessoal%20n%C3%A3o%20docente_identifica%C3%A7%C3%A3o%20de%20fatores%20de%20risco_ICSLM_P011_2013.pdf?sequence=1.

• EU-OSHA (2009). OSH in figures: Stress at work - facts and figures. • Freitas, M. (2009). Ansiedade nas avaliações escolares: uma abordagem psicoterapêutica sob estados modificados de

consciência num grupo de alunos universitários [Tese de Doutoramento].

Catarina Margalho, Daniela Santos, Nuno Tinoco, José Gomes

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• Leite, S. & Uva, A. (2010). Stress e Imunidade (relacionado com o trabalho). Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho, Cadernos Avulso 6.

Palavras-Chave: Enfermeiros; Stresse ocupacional; Trabalho por turnos; Saúde ocupacional. Keywords: Nurses; Occupational stress; Shift work.

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Investigações sobre as cargas de trabalho da Enfermagem na atenção primária em saúde: interfaces entre o adoecimento e as práticas profissionais

Letícia de Lima Trindade1, Denise Elvira Pires de Pires2, Mariana Mendes3, Lara Vandresen4, Maria Manuela Ferreira Pereira da Silva Martins5 1 Enfermeira, docente da Universidade do Estado de Santa Catarina e Universidade Comunitária da Região de Chapecó/Unochapecó; [email protected] 2Enfermeira; docente da Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC; [email protected] 3 Enfermeira; Mestre egressa da Unochapecó 4Enfermeira; doutoranda do programa de pós-graduação em enfermagem/ UFSC 5Enfermeira; docente da Universidade do Porto

Introdução

A Atenção Primária em Saúde (APS) constitui-se em um modelo assistencial promissor para a conquista do direito universal à saúde e, os resultados deste trabalho tem forte relação com a força de trabalho (Pires, Machado, Soratto, Scherer, Gonçalves, Trindade, 2016). A Enfermagem compõe, majoritariamente, as equipes de saúde e sua presença interfere nos cuidados prestados aos usuários em todos os âmbitos da atenção (Moreira, 2016).

Objetivos

Neste cenário foi realizada uma pesquisa com objetivo de analisar as cargas de trabalho das equipes de Enfermagem que atuam na Estratégia Saúde da Família no Brasil, principal modelo assistencial da APS, bem como identificar suas práticas e as interfaces com o seu adoecimento.

Metodologia

Pesquisa multicêntrica, qualitativa, realizada nas cinco Regiões do Brasil, com 79 profissionais de Enfermagem de 20 unidades de saúde, utilizando-se entrevistas, observação e estudo documental.

Resultados

A força de trabalho mostrou-se predominantemente feminina, concursadas, com jornada semanal de 40 horas. Prevaleceram as práticas da dimensão do cuidado, seguidas das dimensões administrativo-gerencial e educativa. Predominaram as cargas psíquicas, marcadamente associadas às práticas de cuidado e potencializadas pela sobrecarga, más condições de trabalho e pelo excesso de demanda. Identificou-se ainda as cargas fisiológicas, biológicas, físicas, mecânicas e os acidentes.

Discussão

A centralidade das práticas na dimensão do cuidado, somada às atividades administrativo-gerenciais, caracterizaram o trabalho profissional nesse modelo assistencial, e tem repercussões no adoecimento.

Principais conclusões

Os achados sinalizam para a necessidade de mudanças na organização e condições de trabalho, assim como para o investimento em pesquisas no campo da Enfermagem do trabalho.

Referências bibliográficas • Moreira, DA; Horta, NC; Brito, MJM, Pereira, LD´A; Montenegro, LC. (2016). Estratégias de organização e fortalecimento

do trabalho da Enfermagem na equipe de saúde da família. R. Enferm. Cent. O. Min, 6(1):2106-18. doi: http://dx.doi.org/10.19175/recom.v0i0.637

Letícia De Lima Trindade, Denise Elvira Pires De Pires, Mariana Mendes, Lara Vandresen, Maria Manuela Ferreira Pereira Da Silva Martins

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• Pires, DEP; Machado, RR; Soratto, J; Scherer, MA; Gonçalves, ASR, Trindade, LL. Nursing workloads in family health: implications for universal access. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2016;24:e2682. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.0992.2682.

Palavras-chave: Prática Profissional; Enfermagem do Trabalho; Saúde do Trabalhador. Keywords: Professional Practice; Occupational Health Nursing; Occupational Health.

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Lesões musculoesqueléticas relacionadas com o trabalho numa empresa do norte do país

Patrícia Pires1, Carlos Granjo2, Telma Pires3, Conceição Raínho4, Isabel Barroso5, Maria João Monteiro6 1,2,4,5,6 Escola Superior de Saúde – Universidade de Trás os Montes e Alto Douro, [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] 3 Fisimagna- Clínica de Reabilitação Física, [email protected]

Introdução

As lesões musculoesqueléticas relacionadas com o trabalho (LMERT) apresentam uma causa multifatorial, como resultado da repetitividade, sobrecarga e posturas incorretas na atividade laboral, afetando o sistema locomotor (DGS,2008). Estas lesões afetam principalmente a região dorsolombar, a zona cervical, os ombros e os membros superiores, mas podem afetar também os membros inferiores. Esta empresa desenvolve uma atividade intensa e contínua, com 3 turnos de trabalho curtos, no setor produtivo, pelo que os trabalhadores apresentam movimentos repetitivos durante o seu horário de trabalho.

Objetivos

Determinar a prevalência de queixas musculoesqueléticas nos trabalhadores.

Metodologia

Estudo observacional, transversal, tendo-se aplicado o Questionário Nórdico Musculoesquelético de Kuorinka et al. (1987).

Resultados e discussão

Participaram 133 trabalhadores, 63,9% do género feminino e 36,1% do género masculino, em que 60,1% tinha menos de 41 anos. No último ano, 107 trabalhadores apresentaram sintomatologia músculo-esquelética e 26 sem qualquer queixa. As zonas anatómicas com mais queixas durante os últimos 12 meses, foram a coluna cervical (55,6%), dorsal (45,9%), lombar (44,4%), mãos e punhos (45,1%) dada a repetitividade de movimentos. Estes resultados evidenciam a presença LMERT na realização de tarefas estáticas ou repetitivas, em que as lesões mais frequentes são ao nível da coluna lombar, cervical e no membro superior, nomeadamente a nível dos ombros, dos cotovelos e dos punhos/mãos (Rosário & Serranheira, 2006).

Principais conclusões

As lesões musculoesqueléticas são frequentes nos postos de trabalho que exigem movimentos repetitivos, pelo que a prevalência de queixas na empresa é elevada. Desta forma, torna-se imperioso implementar uma abordagem de gestão integrada e multidisciplinar que vise a promoção de saúde e prevenção de lesões nos locais de trabalho.

Referências bibliográficas

• Direção-Geral da Saúde. (2008). Guia de orientação para prevenção das lesões musculoesqueléticas relacionadas com o trabalho. Programa nacional contra as doenças reumáticas. Lisboa: Autor.

• Kuorinka, I., Jonsson, B., Kilbom, A., Vinterberg, H., Biering-Sorensen, F., Andersson, G., & Jørgensen, K. (1987). Standardised nordic questionnaires for the analysis of musculoskeletal symptoms. Applied Ergonomics, 18(3), 233-237.

• Rosário, F., & Serranheira, F. (2006). Sintomatologia músculo-esquelética auto-referida por Enfermeiros em meio hospitalar. Revista Portuguesa de Saúde Pública, 6 (Vol. tem.), 37-44.

Palavras-chave: lesões musculoesqueléticas relacionadas com o trabalho (LMERT); trabalhadores. Keywords: work-related musculoskeletal disorders; workers

Patrícia Pires, Carlos Granjo, Telma Pires, Conceição Raínho, Isabel Barroso, Maria João Monteiro

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Nível de resiliência da Enfermagem de uma unidade de terapia intensiva

Smailon Guimarães Dias1, Giovanna Thais Aparecida Neves2, Júlia Maria Silva Araújo3, Silmar Maria da Silva4 1Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected] 2Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected] 3Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected] 4Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected]

Introdução

Resiliência é a capacidade humana para enfrentar, vencer e sair fortalecido ou transformado por experiências de adversidade (Grotberg, 2005).

Objetivos

Verificar o nível de resiliência dos trabalhadores de Enfermagem de uma terapia intensiva.

Metodologia

Estudo quantitativo, descritivo, transversal, realizado com trabalhadores de Enfermagem que atuavam na terapia intensiva de um hospital da cidade de São Paulo. O nível de resiliência foi avaliado por meio da Escala de Resiliência (ER), traduzida e validada em português por Pesce et al. (2005), composta por 25 itens. Pontuação maior que 145: indicativo de moderadamente alto a alto nível de resiliência; pontuação entre 125 a 145: indicativo de moderadamente baixo a moderado nível de resiliência; pontuação abaixo de 125: indicativo de baixo nível de resiliência.

Resultados

A amostra foi composta por 52 trabalhadores de Enfermagem, sendo 39 (75,0%) mulheres, com idade variando entre 27 e 63 anos, sendo a média de 41,1 anos. Em relação ao nível de resiliência 22 (42,3%) apresentaram moderadamente alto a alto nível de resiliência, 18 (34,6%) moderadamente baixo a moderado nível de resiliência, e 12 (23,1%) baixo nível de resiliência. De acordo com a função, os que apresentaram baixo nível foram Enfermeiros (5; 27,8%) e técnicos de Enfermagem (7; 24,1%). Por outro lado, 4 (80,0%) dos auxiliares de Enfermagem tinham moderadamente alto a alto nível de resiliência. Quanto ao sexo, 11 (28,2%) mulheres apresentaram baixa resiliência, enquanto 1 (7,6%) homem foi categorizado neste nível.

Discussão

Ao avaliar resiliência e suas associações entre Enfermeiros lotados em terapias intensivas de diferentes hospitais americanos, identificou-se que altos níveis estavam associados a baixa prevalência de sintomas de ansiedade ou depressão e a síndrome de burnout (Mealer et al., 2012).

Principais conclusões

A maior parte dos trabalhadores de Enfermagem da terapia intensiva apresentou moderado a alto nível de resiliência, refletindo a adaptação positiva frente às adversidades presentes no ambiente laboral. Contudo, sabe-se que estratégias de promoção da resiliência devem ser implementadas de maneira contínua para que os níveis adequados se mantenham, e consequentemente, a manutenção da saúde mental e emocional do trabalhador.

Smailon Guimarães Dias, Giovanna Thais Aparecida Neves, Júlia Maria Silva Araújo, Silmar Maria da Silva Prémio de Menção Honrosa

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Referências bibliográficas

• Grotberg, E. H. (2005). Introdução: novas tendências em resiliência. In: Melillo, A., & Ojeda, E. N. S. Resiliência: descobrindo as próprias fortalezas. Porto Alegre: Artmed.

• Mealer, M., Jones, J., Newman, J., McFann, K. K., Rothbaum, B., & Moss, M. (2012). The presence of resilience is associated with healthier psychological profile in ICU nurses: results of a national survey. International Journal Nursing Studies, 49(3), 292–299.

• Palavras-Chave: Resiliencia Psicológica; Enfermagem; Saúde do trabalhador; Cuidados Críticos. • Keywords: Resilience, Psychological; Nursing; Occupational Health; Critical Care.

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Nurses’ work environment perceptions on Intensive Care Unit – Scoping review

Nuno Miguel Peixoto1, Tiago André Peixoto2 1Enfermeiro, Centro Hospitalar Universitário do Porto, Assistente Convidado, ESEP; PhD Student (ICBAS – UP), [email protected] 2 Enfermeiro, Centro Hospitalar Universitário do Porto, Assistente Convidado, ESEP; PhD Student (ICBAS – UP), [email protected]

Introduction & Objectives

Nurses have the potential to provide highly differentiated health care services and improve patients’ health and quality of life. In order to realize that real potential, nurses must work on environments that support excellence in nursing practice. On Intensive Care Units (ICU’s) nurses deal with patients in very critical health conditions. It involves a high level of resilience that enables nurses to cope with their work environment, to maintain healthy and stable psychological functioning (Yilmaz, 2017) and a healthy work environment (HWE) that provide safety, satisfaction, motivation and physical and mental well-being (Bruton, 2010). The aim of this study is to develop a conceptual map of nurses’ work environment perceptions (NWEP) on ICU.

Methodology

Scoping review based on the JBI methodology (JBI, 2015) and the PRISMA model for data organization was conducted. CINAHL Complete, MedicLatina, MEDLINE with Full Text and Psychology and Behavioral Sciences Collection databases and grey literature were searched. Search Terms were “nurses’ perception AND (work environment or workplace) AND (intensive care unit or icu or critical care)”. Publication date was between Jan 2010 and Jan 2019. The research question was based on the PCC (Population, Concept and Context) mnemonic: What is known in the existing literature about NWEP on ICU’s?

Results & Discussion

The review included 10 articles, out of the total 111 articles found. Overall nurses reported moderate satisfaction with work environment on ICU’s (Boev, 2012). But, results also show that nurses consider work environment on ICU’s very stressful (Hayward, 2017; Salem, 2015; Carrilho-García et al., 2016), noisy (White & Zomorodi, 2017) and uncivil (Oja, 2017). On ICU’s nurses feel low control in decision-making (Jiyeon, 2014), face horizontal violence (Jiyeon, 2014) and high work pressure (Huddleston& Gray, 2016) that affect negatively NEWP. Nurses understand clearly HWE importance and key aspects to optimize work environment, which include give and receive team support/collaborative teamwork (11)(12), employee assistance (Jarden et al., 2019), professional education (Oja, 2017; Huddleston & Gray, 2016), decrease emotional and physical demands and increase nurses' development opportunities(13).

Main conclusions

Nurses’ perceptions are very clear about what they face daily and what they need to optimize their work environment. On ICU nurses need adequate support, assistance and respectable work environment. Analyzing NWEP, nurses managers and directors may help nurses to get better work satisfaction and motivation and improve patients and professionals security.

Bibliographic references • Boev, C. (2012). The relationship between nurses’ perception of work environment and patient satisfaction in adult

critical care. Journal of Nursing Scholarship: An Official Publication Of Sigma Theta Tau International Honor Society Of Nursing, 44(4), 368–375. https://doi.org/10.1111/j.1547-5069.2012.01466.x

Nuno Miguel Peixoto, Tiago André Peixoto

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• Burton, J. (2010). WHO Healthy Workplace Framework and Model: Background Document and Supporting Literature and Practices, WHO Headquarters, Geneva, Switzerland

• Carrillo-García, C., Ríos-Rísquez, M. I., Martínez-Hurtado, R., & Noguera-Villaescusa, P. (2016). [Stress level assessment of the nursing staff in the Intensive Care Unit of a university hospital]. Enfermeria Intensiva, 27(3), 89–95. https://doi.org/10.1016/j.enfi.2016.03.001

• Hayward, D. (2017). Perceptions of Experienced Nurses to What Influenced Their Decision to Leave Clinical Practice...CCCN Spring Conference Abstracts. Canadian Journal of Cardiovascular Nursing, 27(3), 8. Retrieved from http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=ccm&AN=124244523&lang=pt-br&site=ehost-live

• Huddleston, P., & Gray, J. (2016). Describing Nurse Leaders’ and Direct Care Nurses’ Perceptions of a Healthy Work Environment in Acute Care Settings, Part 2. The Journal of Nursing Administration, 46(9), 462–467. https://doi.org/10.1097/NNA.0000000000000376

• Jarden, R. J., Sandham, M., Siegert, R. J., & Koziol-McLain, J. (2019). Strengthening workplace well-being: perceptions of intensive care nurses. Nursing In Critical Care, 24(1), 15–23. https://doi.org/10.1111/nicc.12386

• Jiyeon Kang (2014). ICU nurses’ perception of work environment and horizontal violence. CONNECT: The World of Critical Care Nursing, 9(2), 44–45. Retrieved from http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=ccm&AN=103929192&lang=pt-br&site=ehost-live

• Joanna Briggs Institute (2015) Joanna Briggs Institute Reviewers’ Manual: 2015 edition / Supplement; Methodology for JBI Scoping Reviews.

• Oja, K. J. (2017). Incivility and Professional Comportment in Critical Care Nurses. AACN Advanced Critical Care, 28(4), 345–350. https://doi.org/10.4037/aacnacc2017106

• Salem, A. H. (2015). Critical Care Nurses’ Perceptions of Ethical Distresses and Workplace Stressors in the Intensive Care Units. International Journal of Nursing Education, 7(2), 93–99. https://doi.org/10.5958/0974-9357.2015.00082.3

• van Dam, K., Meewis, M., & van der Heijden, B. I. J. M. (2013). Securing intensive care: towards a better understanding of intensive care nurses’ perceived work pressure and turnover intention. Journal Of Advanced Nursing, 69(1), 31–40. https://doi.org/10.1111/j.1365-2648.2012.05981.x

• White, B. L., & Zomorodi, M. (2017). Perceived and actual noise levels in critical care units. Intensive & Critical Care Nursing, 38, 18–23. https://doi.org/10.1016/j.iccn.2016.06.004

• Yılmaz, E.B. (2017). Resilience as a strategy forstruggling against challenges related to the nursing profession. Chinese Nursing Research; 4:9e13. http://dx.doi.org/10.1016/j.cnre.2017.03.004

Key-words: nurses; nurses’ perception; workplace; work environment; intensive care units; critical care;

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O turno noturno: implicações na capacidade laboral e na segurança do doente

Margarida Cerdeira Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, [email protected]

Introdução

O trabalho noturno é uma condição da sociedade atual, com implicações amplamente estudadas a nível da saúde dos indivíduos, sendo que também este compromete a performance de trabalho dos mesmos, acometendo o estado de vigília e fadiga, bem como os doentes quando estes são os alvos dos cuidados de profissionais de saúde a laborar durante o período noturno.

Objetivos

Realizar o resumo de uma revisão sistemática acerca do turno noturno, pretendendo-se aprofundar temáticas tais como o impacto do trabalho noturno a nível da capacidade laboral e o impacto do trabalho noturno a nível da segurança do doente.

Metodologia

Foi realizada pesquisa nas bases de dados SCOPUS, PubMed e Web of Science, de maio a junho de 2017. Foram incluídos artigos com os seguintes critérios: estudos transversais (cross-sectional) e longitudinais (coorte) e revisões; e, cujo desfecho fosse a avaliação de temáticas relacionadas com as implicações do trabalho noturno para o profissional de saúde com repercussão sobre a sua capacidade laboral e com a segurança do doente em período noturno.

Resultados

Enfermeiros e médicos experimentam privação do sono, com prejuízo da capacidade de memória de trabalho, da velocidade de processamento de informações, do raciocínio percetual e da flexibilidade cognitiva, tornando-os mais suscetíveis ao erro aquando da prestação de cuidados de saúde durante os turnos noturnos. A sesta é uma contramedida possível a implementar por forma a limitar o impacto do turno noturno em profissionais de saúde, com efeitos diretos aos doentes e sua segurança.

Principais conclusões

Releva-se que é de suma importância contribuir para o conhecimento acerca das implicações do trabalho noturno no âmbito da saúde, ao nível dos profissionais de saúde e ao nível dos doentes, por forma a manter e promover a segurança do doente e, assim, a excelência dos cuidados prestados, bem como promover a saúde e o bem-estar as comunidades laborais analisadas.

Referências bibliográficas

• Aran, A., Wasserteil, N., Gross, I., Mendlovic, J., & Pollak, Y. (2017). Medical Decisions of Pediatric Residents Turn Riskier after a 24-Hour Call with No Sleep. Medical Decision Making, 37(1), 127-E359. doi: 10.1177/0272989x15626398

• Barnes, C. M., & Drake, C. L. (2015). Prioritizing Sleep Health: Public Health Policy Recommendations. Perspectives on Psychological Science, 10(6), 733-737. doi: 10.1177/1745691615598509

• Chang, Y. S., Wu, Y. H., Lu, M. R., Hsu, C. Y., Liu, C. K., & Hsu, C. (2015). Did a brief nap break have positive benefits on information processing among nurses working on the first 8-h night shift? Appl Ergon, 48, 104-108. doi: 10.1016/j.apergo.2014.11.005

• Cheng, P., Tallent, G., Bender, T. J., Tran, K. M., & Drake, C. L. (2017). Shift Work and Cognitive Flexibility: Decomposing Task Performance. J Biol Rhythms, 32(2), 143-153. doi: 10.1177/0748730417699309

• Faraut, B., Andrillon, T., Vecchierini, M. F., & Leger, D. (2016). Napping: A public health issue. From epidemiological to laboratory studies. Sleep Med Rev. doi: 10.1016/j.smrv.2016.09.002

Palavras-Chave: turno noturno; capacidade de trabalho; segurança do doente; profissionais de saúde. Keywords: night shift; work capacity; patient safety; health professionals.

Margarida Cerdeira

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Organização do trabalho e qualidade dos cuidados ofertados pelos cuidadores em lares de idosos

Suellen Matos1, Ana Paula Souza2, Mirian Silva3, Maria Julia Oliveira4, Simone Oliveira5, Margarida Abreu6 1Universidade Federal da Paraíba. Doutoranda em Enfermagem. [email protected] 2 Universidade Federal da Paraíba. Professora Adjunto I. [email protected] 3Universidade Federal da Paraíba. Professora Assistente II. [email protected] 4Universidade Federal da Paraíba. Professora Titular. [email protected] 5Universidade Federal da Paraíba. Professora Titular. [email protected] 6Escola Superior de Enfermagem do Porto. Professora coordenadora. E-mail: [email protected]

Introdução

O envelhecimento da população tem gerado uma crescente preocupação das famílias diante das necessidades que são exigidas no acompanhamento das pessoas idosas, tendo de adaptar-se ao modelo de prestação de cuidados-internação em lar (Alves, & Ribeiro, 2015). Neste, a organização do trabalho e as condições do trabalho refletem-se na assitência prestada.

Objetivo

O nosso objetivo é identificar a organização do trabalho e a qualidade dos cuidados ofertados pelos cuidadores em lares para idosos.

Metodologia

Trata-se de um estudo transversal, descritivo e quantitativo, realizado em dois lares para idosos no Porto. A amostra foi composta por 47 cuidadores que estavam presentes no momento da coleta de dados. Esta foi realizada através de formulário semiestruturado. A análise dos dados foi realizada através da estatística descritiva. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal da Paraíba.

Resultados

Dos entrevistados 93,6%(43) eram do gênero feminino, tinham idade média de 45,15 anos. Em relação à carga horária diária, trabalhavam entre 5 a 9 horas por dia e 40 horas por semana. Quanto a escolaridade, 45,5%(20) concluiram o 3º ciclo, 43,1%(19) ensino secundário e 93,6%(44) realizaram curso de formação profissional básica. Nos dois lares existiam 152 idosos e a taxa de prevalência de úlcera por pressão foi 12,5%(19).

Discussão Considera-se que a prevalência de úlcera por pressão encontrada no estudo foi alta

quando comparada a outros estudos internacionais (Cai, Mukamel, & Temkin, 2010; Chacon, Blanes, & Ferreira 2009), estes dados, reforça que a organização do trabalho nos lares para idosos e a formação dos cuidadores são determinantes para a qualidade dos cuidados. Os horários são estabelecidos de acordo com a escala de trabalho (Chagas & Reis, 2014) e de acordo com o establecido pelo código de trabalho, decreto Lei n.º 7/2009, artigo 203.º segundo o qual, o período normal de trabalho não pode exceder 40 horas semanais.

Principais conclusões

É necessário continuar a investir na organização do trabalho e na formação dos cuidadores para melhorar a qualidade do serviço prestado pelos cuidadores.

Referências bibliográficas

• Alves,V., & Ribeiro, P. (2015). Envelhecimento e cuidados de longa duração. RBCEH, Passo Fundo, 12, (3), p. 299-308.

Suellen Matos, Ana Paula Souza, Mirian Silva, Maria Julia Oliveira, Simone Oliveira, Margarida Abreu

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• Cai, S., Mukamel, D. B., & Temkin, G. H. (2010). Pressure Ulcer Prevalence Among Black and White Nursing Home Residents in New York State: Evidence of Racial Disparity? Medical care, 48(3), 233-9. https://doi:10.1097/MLR.0b013e3181ca28 10.

• Chacon, J. M. P., Blanes, L., H, R., & Ferreira, L. M. (2009). Prevalence of pressure ulcers among the elderly living in long-stay institutions in São Paulo. Medical Journal, 127(4), 211-215. https://dx.doi.org/10.1590/S1516-318020090004 00006

• Vieira, J.,Massoni A., Freitas, C., Marinho F., & Costa, C. (2011). Um olhar sobre os cuidadores de idosos de instituições geriátricas de João Pessoa: Perfil e Cuidados com a saúde bucal dos idosos. Revista Baiana de Saúde Pública, 35(3), 604-618.

• Decreto-Lei n.º 7/2009 de 12 de Fevereiro de 2009. Diário da República n.º 30/2009 Série I. Código do Trabalho. https://dre.pt/web/guest/analisejuridica/-/aj/31600311/init/normal?p_p_auth=NKLSo56J&_AnaliseJuridicaWARdrefrontofficeportletmode=dt

Palavras-Chave: Cuidadores; Saúde do idoso; Úlcera por pressão. Keywords: Caregivers; Health of the Elderly; Pressure Ulcer.

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES). Código do Financiamento 001.

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Papel do Enfermeiro na redução dos riscos profissionais – fichas de segurança de produtos químicos

Elsa Ferreira1, Sara Meneses2 1Elsa Ferreira,[email protected] 2Sara Meneses, [email protected]

Introdução

A comunicação entre o Enfermeiro do trabalho, e o trabalhador, torna-se uma ferramenta fundamental no que diz respeito à redução dos riscos profissionais. Quando falamos de Fichas de segurança de produtos químicos (FSPQ), a maneira de clarificar e tornar efetiva essa informação, torna-se fundamental enquanto ferramenta, e dota o trabalhador de capacidades para que este possa e deva assumir o controlo e gestão da sua própria saúde no trabalho.

A problemática da literacia em saúde ocupacional não é um problema individual, é organizacional e carece de uma abordagem holística, pelo que a concretização de uma estratégia, deve ser feita em cinco eixos estratégicos: incluir a literacia em saúde no próprio sistema; assegurar o acesso e gestão da informação; assegurar uma comunicação efetiva; integrar a literacia em saúde na educação; e garantir a sustentabilidade das iniciativas.

Objetivos

Devido à complexidade e carga informativa, das FSPQ, estas tornam-se numa ferramenta pouco ou nada utilizada pelos trabalhadores no seu local de trabalho.

Este trabalho tem como objetivo mostrar que um dos papéis do Enfermeiro do trabalho, enquanto comunicador e gestor deve focar-se na promoção da Literacia em Saúde ocupacional da população trabalhadora, no que diz respeito às FSPQ, contribuindo para uma maior efetividade na segurança e saúde no trabalho.

Para isso, pretendemos criar uma ferramenta, que permita uma correta interpretação das referidas fichas, visando a diminuição dos riscos a que trabalhador está sujeito, aquando do manuseamento dos produtos.

Descrição

Desse modo, criámos um modelo de simplificação das fichas de segurança, que poderá ser adotado a qualquer tipo de produto, com o objetivo de clarificar a informação, tornando-a mais acessível e de fácil entendimento.

Tornando-o um mecanismo que permite ao trabalhador, tornar-se efetivamente parceiro no processo de cuidados de saúde no trabalho.

Importa diagnosticar sobre o nível de literacia em Saúde Ocupacional, em particular o conhecimento sobre atividades e comportamentos diretamente orientadas para prevenir e evitar acidentes ou perigos específicos da exposição a produtos químicos usados no local de trabalho.

Referências bibliográficas

• European Chemicals Bureau (2004). European Union Risk Assessment Report – Aniline. Disponível em: https://echa.europa.eu/documents/10162/0abd36ad-53de-4b0f-b258-10cf90f9049

• Hermínio, J., Queirós, P. (2018). Prática Clínica do Enfermeiro do Trabalho. In E. Borges, Enfermagem do Trabalho – Formação, Investigação e Estratégias de Intervenção. Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional, 6, 67-80.

• Ordem dos Enfermeiros (2014). O Enfermeiro do Trabalho na Gestão em Saúde Ocupacional. Lisboa: Ordem dos Enfermeiros.

• Serviço Nacional de Saúde (2018). Biblioteca de Literacia em Saúde. Lisboa: Governo da República Portuguesa - Ministério da Saúde

Elsa Ferreira, Sara Meneses

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Palavras-Chave: Literacia em saúde ocupacional; Fichas de segurança de produtos químicos; Riscos profissionais; Papel do Enfermeiro do Trabalho; Keywords: Health literacy; Chemicals Safety Data Sheets; Professional Risks; The role of the occupational nurse

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Preditores de comportamentos de bullying em Enfermeiros

Elisabete Borges1, Margarida Abreu2, Antónia Teixeira3, Cristina Queirós4 1 Escola Superior de Enfermagem do Porto, CINTESIS; Professora Adjunta, [email protected] 2 Escola Superior de Enfermagem do Porto, CINTESIS; Professora Coordenadora, [email protected] 3 ACES Vale do Sousa Sul; Enfermeira Especialista, [email protected] 4 Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Professora Auxiliar, [email protected]

Introdução

Os comportamentos de bullying percecionados por Enfermeiros constituem um problema em diferentes contextos de trabalho, com impacto nos profissionais, organizações e utentes (Hartin, Birks, & Lindsay, 2018).

Objetivo

Pretende-se, neste estudo, identificar a presença e variáveis preditoras de comportamentos de bullying em Enfermeiros.

Metodologia

Estudo quantitativo, exploratório, descritivo e transversal. Aplicámos um questionário para caraterização sociodemográfica/profissional e o Negative Acts Questionnaire-Revised (NAQ-R) de Einarsen & Hoel (2001), traduzido e validado para a população portuguesa por Borges e Ferreira (2015), para avaliar o bullying. Este é constituído por 23 itens e quatro dimensões (exclusão, intimidação, sobrecarga/qualidade de trabalho e subvalorização do trabalho). Participaram no estudo 324 Enfermeiros selecionados pelo método de amostragem de redes. Foram cumpridos os princípios éticos associados ao processo investigativo.

Resultados

Dos participantes 87% era do sexo feminino, com média de idades de 36,5 anos, 62% com parceiro, 38,6% com licenciatura e 53% com vínculo definitivo. Destes, 9.3% identificaram-se como vítimas de bullying, sendo o tipo comportamentos associados a Subvalorização do trabalho os que evidenciaram média superior (M=1,7). Verificamos também que foram as variáveis organizacionais as que melhor prediziam os comportamentos de Intimidação (7,3%).

Discussão

Tal como no presente estudo, a existência de comportamentos de violência no local de trabalho em Enfermeiros, nomeadamente de fenómenos de bullying, têm sido identificados por diferentes investigadores (Bambi et al, 2018). Para Yun & Kang (2018) a prevenção deste tipo de violência pode ser desenvolvida através de estratégias abrangentes que considerem para além dos fatores organizacionais, os individuais.

Principais conclusões

A perceção de comportamentos de bullying pelos Enfermeiros assim como, a identificação de variáveis organizacionais que os predizem corroboram a importância de atividades de promoção da saúde no local de trabalho pelos diferentes intervenientes das organizações.

Referências bibliográficas

• Bambi, S., Guazzini, A., Piredda, M., Lucchini, A., De Marinis, M. G., & Rasero, L. (2019). Negative interactions among nurses: An explorative study on lateral violence and bullying in nursing work settings. Journal of Nursing Management. doi:10.1111/jonm.12738

Elisabete Borges, Margarida Abreu, Antónia Teixeira, Cristina Queirós 3º Prémio de Póster Nacional

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• Borges, E., & Ferreira, T. (2015). Bullying no trabalho: Adaptação do Negative Acts Questionnaire-Revised (NAQ-R) em Enfermeiros. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental (13), 25-33

• Einarsen, S., & Hoel, H. (2001). !e Negative Acts Questionnaire: Development, validation and revision of a measure of bullying at work. Paper presented at the 10th. European Congress on Work and Organizational Psychology, Prague.

• Hartin, P., Birks, M., & Lindsay, D. (2018). Bullying and the nursing profession in Australia: An integrative review of the literature. Collegian, 25(6), 613–619. doi:10.1016/j.colegn.2018.06.004

• Yun, S., & Kang, J. (2018). Influencing Factors and Consequences of Workplace Bullying among Nurses: A Structural Equation Modeling. Asian Nursing Research, 12(1), 26–33. doi:10.1016/j.anr.2018.01.004

Palavras-Chave: Bullying; Enfermeiros; Enfermagem do Trabalho Keywords: Bullying; Nursing; Occupational Nursing

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Satisfação no trabalho de trabalhadores de uma autarquia da zona norte de Portugal

Elisabete Borges1; Maria Manuela Martins2; Cristina Queirós3 1Escola Superior de Enfermagem do Porto, CINTESIS, Professora Adjunta, [email protected] 2 Escola Superior de Enfermagem do Porto, Professora Coordenadora, [email protected] 3 Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Professora Auxiliar, [email protected]

Introdução

Ainda que parte da vida de uma pessoa seja passada no seu contexto de trabalho, os efeitos deste na sua saúde mental é ainda pouco valorizado (Areosa, 2018). Um dos indicadores de qualidade de vida no trabalho reflete-se pela satisfação no trabalho, um conceito multidimensional, com impacto no individuo, organização e comunidade (Agarwal & Sajid, 2017).

Objetivos

Pretendemos neste estudo identificar o nível de satisfação no trabalho de trabalhadores de uma autarquia da zona norte de Portugal.

Metodologia

Estudo quantitativo, exploratório, descritivo e transversal, no qual aplicamos um questionário para caraterização sociodemográfica/profissional e o Cuestionário de Satisfacciión Laboral S20/23 (Meliá & Peiró, 1989; Pocinho & Garcia, 2008) numa versão adaptada numa escala de 5 pontos (1-totalmente insatisfeito ao 5-totalmente satisfeito), constituído por 23 itens e 5 fatores (Satisfação com a Supervisão; Satisfação com o ambiente físico de trabalho; Satisfação com os benefícios e políticas da organização; Satisfação intrínseca no trabalho e Satisfação com a participação). O Alfa de Cronbach foi de 0.94 para a escala global. Participaram no estudo 616 colaboradores de uma autarquia da zona norte de Portugal, selecionados através de uma amostra de conveniência, sendo 52% do sexo masculino, com média de idades de 46 anos, 76% casados, 42,7% técnico superior/assistente técnico e 48% contrato indeterminado. Foram cumpridos os princípios éticos associados ao processo investigativo.

Resultados

Identificou-se um nível médio de satisfação no trabalho global de 3,5 (DP=0,74), com a Satisfação com o ambiente físico de trabalho (M= 3,8; DP=0, 89) e a Satisfação intrínseca no trabalho (M= 3,7; DP=0,91) a apresentarem médias superiores. A satisfação com os benefícios e políticas da organização foi o fator que evidenciou média mais baixa (M=2,9; DP=0,86).

Discussão

Resultados similares foram encontrados por Norelho (2018) nomeadamente, com a Satisfação com os benefícios e políticas da organização a apresentar valor inferior.

Principais conclusões Os níveis de satisfação no trabalho identificados no presente estudo apontam para a

importância da promoção de uma cultura de prevenção, de saúde física e mental dos trabalhadores.

Referências bibliográficas

• Agarwal, P. & Sajid, S.M. (2017). A study of job satisfaction, organizational commitment and turnover intention among public and private sector employees. Journal of Management Research. 17 (3), p. 123-136.

• Areosa, J. (2018). O trabalho como palco do sofrimento. International Journal on Working Conditions, 15, p. 81-95.

Elisabete Borges; Maria Manuela Martins; Cristina Queirós 2º Prémio de Póster Nacional

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• Meliá, J. L., & Peiró, J. M. (1989). La medida de la satisfacción laboral en contextos organizacionales: el Cuestionario de Satisfacción S20/23. Psicologemas, 3(5), 59-74

• Pocinho, M., & Garcia, J. (2008). Impacto psicossocial das tecnologias da informação e comunicação (TIC): Tecnostress, danos físicos e satisfação laboral. Acta Colombiana de Psicologia. 11 (2), p. 127-139.

• Norelho, O.M.G. (2018). Satisfação no trabalho, presentismo e absentismo dos trabalhadores de uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS). (Dissertação Mestrado em Direção e Chefia de Serviços de Enfermagem). Escola Superior de Enfermagem do Porto.

Palavras-Chave: Satisfação no trabalho; Gestão; Saúde Ocupacional; Autarquia Keywords: job satisfaction; Management; Occupational health; Autarchy

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Saúde e trabalho de motorista de transporte alternativo na região norte brasileira

1Fernanda Matos Fernandes Castelo Branco [email protected], 2Adriana Brandão Ribeiro, 3Divane de Vargas, 4Tereza Maria Mendes Dinis de Andrade Barroso. 1 Universidade Federal do Amapá – Campus Binacional/ Professora Adjunta; 2 Universidade Federal do Amapá – Campus Binacional/Enfermeira; 3 Universidade de São Paulo – Escola de Enfermagem/Professor Associado; 4 Escola Superior de Enfermagem de Coimbra – Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem/Professora Adjunta

Introdução

As condições de trabalho afetam diretamente a saúde dos motoristas profissionais, neste estudo os de transporte alternativo, popularmente conhecido como “pirateiros”.

Objetivo

Caracterizar as condições de saúde e trabalho dos motoristas de transporte alternativo.

Metodologia

Foram entrevistados 40 motoristas em Oiapoque. Utilizou-se questionário fechado que aborda aspectos sobre a saúde e trabalho dos motoristas. Para a análise dos dados foi utilizado o programa Statical Package Social Science (SPSS), versão 22.0, e o teste de qui-quadrado, buscando-se testar associação significativa das variáveis

Resultados

Dos entrevistados 35% tem de 4 a 7 anos de profissão, 42% trabalham de 14h à 16h/dia ,40% realizam três viagens semanalmente, 57,5% dormem de 08 a 09 horas por dia, 75% preferem viajar à noite, 67,5% frequentemente viajam com o ar condicionado ligado, 80% consomem alimentos gordurosos, frituras e apimentados, 67,5% bebem café puro, 65% às vezes fazem uso de bebida alcoólica, 52,5% ás vezes bebem energéticos. Em relação à saúde, 42,5% apresentam estresse, 52,5% não tem problema de postura e coluna, 52,5% às vezes sentem dores de cabeça, 90% tem resfriado e gripe, 70,3% apresentam tosse seca, 55,3% tem dor ou ardor na garganta, 62,5% às vezes se sentem nervosos, 65% são depressivos, 50% tem angústia, 52,5% sentem medo, 52,5% tem ansiedade, 73% tem insônia, 57,5% tem cansaço e sono, 56,4% apresentam algum grau de obesidade, 7,7% possuem problemas de coração (hipertensão e palpitações), 2,6% tem diabetes.

Discussão

Devido à inexistência de dados acerca desta população investigada foi possível realizar um panorama geral acerca de suas condições de saúde e trabalho, no qual pôde avaliar que essa categoria de trabalhadores está vulnerável e predisposta a desenvolver enfermidades causadas pelo trabalho rotineiro de dirigir longos trajetos e pela impossibilidade de se levar uma vida com hábitos saudáveis por falta de tempo e por viver em constante atividade, sendo este panorama a maior potencialidade deste estudo.

Principais conclusões

Percebe-se a necessidade da realização de ações educativas para a promoção da saúde desses trabalhadores, orientadas por uma perspectiva ampla e abrangente de saúde, relacionadas às condições e organização do trabalho e à qualidade de vida, incluindo a saúde mental.

Fernanda Matos Fernandes Castelo Branco, Adriana Brandão Ribeiro;,Divane de Vargas, Tereza Maria Mendes Dinis de Andrade Barroso

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Referências bibliográficas • Masson, Valéria Aparecida, & Monteiro, Maria Inês. (2010). Estilo de vida, aspectos de saúde e trabalho de motoristas

de caminhão. Revista Brasileira de Enfermagem, 63(4), 533-540 • Penteado, Regina Zanella, Gonçalves, Claudia Giglio de Oliveira, Costa, Daniele Damaris da, & Marques, Jair Mendes.

(2008). Trabalho e saúde em motoristas de caminhão no interior de São Paulo. Saúde e Sociedade, 17(4), 35-45. • Ramos, Bruna Helena, Almeida, Mirele Freitas Camilo, Ribeiro, Jairo Antonio, Silveira, Cristiane Aparecida. (2018).

Condições de vida, trabalho e saúde de motoristas de transportes de cargas. Revista de Enfermagem UFPE on line,12(1), 150-159.

Palavras-Chave: Condução de veículos. Condições de trabalho. Saúde na Fronteira.

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Survey of Team Attitudes and Relationships (STAR): um protocolo de tradução e adaptação linguística e cultural

Sara Gomes1, Luís Sá2 1 Universidade Católica Portuguesa, Instituto das Ciências da Saúde (Porto)/ Estudante de Doutoramento em Enfermagem; Instituto Português de Oncologia de Coimbra, Francisco Gentil, E.P.E./Enfermeira Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica, [email protected]. 2 Centro de Investigação Interdisciplinar em Saúde (CIIS) da Universidade Católica Portuguesa, Instituto de Ciências da Saúde (Porto)/ Professor Auxiliar, [email protected].

Introdução

A investigação em Cuidados Paliativos tem sido crescente, elegendo os profissionais de saúde como um dos eixos de pesquisa. Considerando a centralidade do trabalho como fator influenciador da vida pessoal, a necessidade de investigar a temática da satisfação laboral aumenta proporcionalmente à intenção de prevenir e reduzir os riscos físicos e psicossociais.

Objetivos

Validar o questionário de satisfação no trabalho dos profissionais que trabalham em Cuidados Paliativos e verificar as suas propriedades psicométricas, após a tradução a partir do Survey of Team Attitudes and Relationships (STAR). Pretende-se responder à seguinte questão de investigação: A versão portuguesa do Survey of Team Attitudes and Relationships (STAR) evidencia propriedades psicométricas adequadas para avaliar a satisfação no trabalho dos profissionais que exercem em Cuidados Paliativos?.

Metodologia Estudo de tradução/ retroversão e análise psicométrica. A amostra não probabilística,

acidental, será constituída por um mínimo de 225 profissionais qualificados que exercem funções na prestação de cuidados (internamento e equipas domiciliárias) e consultoria (equipa de suporte intra-hospitalar) em cuidados paliativos. O tratamento estatístico será realizado através do IBM Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Os investigadores garantem preservar todos os aspetos éticos e legais decorrentes da investigação científica.

Resultados Espera-se que os futuros resultados providenciem uma base sólida de evidencias que

suportem a utilização deste questionário para medir a satisfação no trabalho no contexto dos cuidados paliativos.

Discussão Embora existam instrumentos traduzidos e validados para português que permitem

medir a satisfação no trabalho dos profissionais de saúde, desconhece-se a aplicação deste instrumento à população portuguesa que trabalha em cuidados paliativos. Considerando a elevada especificidade deste contexto, a sua utilização permite gerar indicadores sobre potenciais áreas de melhoria de cada serviço, bem como criar uma ferramenta que possibilite comparar os serviços e instituições.

Principais conclusões

A satisfação no trabalho é uma medida representativa do bem-estar de uma organização, constituindo-se como indicador do aumento da satisfação dos doentes e maior qualidade de cuidados prestados. A Enfermagem no trabalho é determinante para assegurar o suporte efetivo e integral ao trabalhador, a nível ocupacional, no âmbito da promoção e proteção da sua saúde.

Referências bibliográficas

Sara Gomes, Luís Sá

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• Observatório Português dos Cuidados Paliativos (2018). Relatório de Outono 2018: Estimação de doentes, Cobertura e Caracterizaçãodas Equipas e Profissionais das Equipas de Cuidados. Instituto Ciências da Saúde: Universidade Católica Portuguesa, 39p.

• Ordem dos Enfermeiros (2018). Regulamento da competência acrescida diferenciada em Enfermagem do trabalho, n.º 372/2018. Diário da República, 2.ª série — N.º 114 — 15 de junho de 2018.

• Presidência do Conselho de Ministros. (2015). Estratégia Nacional para a Segurança e Saúde no Trabalho 2015 -2020 — «Por um trabalho seguro, saudável e produtivo» (ENSST 2015 -2020). Diário da República, 1.ª série — N. º 183 — 18 de setembro de 2015. Resolução do Conselho de Ministros n. º 77/2015.

• Qaseem,B., Shea,J., Connor, S.R., Casarett, D. (2007). How Well Are We Supporting Hospice Staff? Initial Results of the Survey of Team Attitudes and Relationships (STAR) Validation Study. Journal of Pain and Symptom Management. 34, 350-358.

Palavras-Chave: Satisfação no trabalho; Cuidados Paliativos; Profissionais de Saúde Keywords: Job Satisfaction; Palliative care; Health Professionals

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Trabalho/Família: como percecionam os trabalhadores de mais idade esta díade

Barbosa, Carla 1, Gomes, Fátima 2, Oliveira, Ana Filipa 3, Loureiro, Helena4 1Unidade de Saúde Pública do Agrupamento de Centros de Saúde do Baixo Vouga, [email protected] 2Unidade de Saúde Pública do Agrupamento de Centros de Saúde do Baixo Vouga, [email protected] 3Unidade de Saúde Pública do Agrupamento de Centros de Saúde do Baixo Vouga, [email protected] 4Universidade de Aveiro, [email protected]

Introdução

A maior conquista da sociedade pós-industrial do século XX foi o aumento da esperança média de vida, sendo este um dos maiores desafios que se colocam na solidariedade entre gerações. Para Loureiro (2011, p.46), “o indivíduo tem um papel capital e decisivo no seu processo de envelhecimento, cuja promoção resulta do equilíbrio que estabelece entre os seus objetivos de vida, a sua capacidade em gerir os recursos e, ainda, da forma como se relaciona com o ambiente físico e social que o rodeia”. O facto de as famílias não serem todas iguais e de a meia-idade ser conotada com alguma perturbação na sua dinâmica sistémica, suscita a curiosidade torna-se desafiante analisar o equilíbrio da vida familiar e no contexto laboral em contexto de envelhecimento.

Objetivo do estudo

Compreender o significado que os trabalhadores de mais idade atribuem ao “efeito que o trabalho exerce na família” e, reciprocamente, ao “efeito que a família exerce no trabalho”.

Metodologia

Estudo qualitativo, baseado numa metodologia de fenomenologia descritiva. Os participantes foram selecionados de forma não probabilística, segundo os critérios: ter mais de 55 anos de idade; encontrar-se em regime de plena atividade laboral e coabitar com o seu sistema familiar nuclear. A informação foi colhida por entrevista com guião semiestruturado e analisada com recurso ao programa webQda. Foram cumpridos todos princípios formais e éticos inerentes ao desenvolvimento em investigação em seres humanos.

Resultados

As narrativas evidenciaram que os trabalhadores de mais idade percecionam uma ambivalente interferência na dicotomia “trabalho-família” e “família-trabalho”. Este fenómeno revela-se singular, em função das vivencias e das atribuições de significado conferidos aos contextos de desenvolvimento nos quais os trabalhadores se reveem.

Principais conclusões

Os trabalhadores ativos com mais de 55 anos que estão cerca de 10 ou 12 anos da sua aposentação/reforma carecendo de mais estudos e mais abrangentes.

Referências bibliográficas

• CHAU, Fernando et al. (2012). O Envelhecimento da População: Dependência, Ativação e Qualidade. Relatório Final. Centro de estudos dos povos e culturas de expressão portuguesa. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa/ Faculdade de Ciências Humanas.

• LOUREIRO, Helena (2011). Cuidar na “entrada na reforma”: uma intervenção conducente à promoção da saúde de indivíduos e de famílias. Tese de doutoramento realizada na Secção Autónoma de Ciências da Saúde. Universidade de Aveiro. Acessível em: https://www.researchgate.net/publication/268184660_CUIDAR_NA_ENTRADA_NA_REFORMA_uma_intervencao_conducente_a_promocao_da_saude_de_individuos_e_de_familias

Barbosa, Carla, Gomes, Fátima, Oliveira, Ana Filipa, Loureiro, Helena

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Palavras-Chave: Envelhecimento; Família; Saúde Ocupacional, Enfermagem Keywords: Ageing, Family, Occupational Health, Nursing

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Vacinação da gripe sazonal vs absentismo laboral

Rosa Malta1, Anabela Santos2, Leonor Lopes3, Helene Malta4 1CHEDV, Enfermeira, [email protected] 2CHVNG/E, Enfermeira, [email protected] 3CHVNG/E, Enfermeira, [email protected] 4HDFF, Enfermeira, [email protected]

Introdução

A gripe é uma doença de fácil transmissão que pode desencadear um quadro clínico variável. Esta tem repercussões na saúde e consequentemente no absentismo ao trabalho. Assim a DGS recomenda a vacinação contra a gripe sazonal em contexto laboral por ser a principal estratégia para a prevenção da doença. O Enfermeiro do trabalho desperto para esta problemática colabora em campanhas de sensibilização para a vacinação tendo como alvo principal os grupos de risco.

Objetivos

Avaliar a adesão dos trabalhadores ao programa de vacinação contra a gripe sazonal. Analisar o absentismo na empresa quanto ao motivo. Identificar o tempo de incapacidade para o trabalho por doença do foro respiratório.

Metodologia

Estudo exploratório, de natureza quantitativa referente ao período de 2015-2017, incide nos trabalhadores de uma empresa do ramo da cortiça. Os dados foram recolhidos através da análise documental complementada com narrativas dos envolvidos neste processo de análise do absentismo, ou seja, a saúde ocupacional e recursos humanos. Foi analisada a taxa de adesão à vacinação assim como os dados relativos ao absentismo laboral e estabelecida uma relação.

Resultados

Essa análise permitiu afirmar que o investimento na educação para a saúde aos trabalhadores traduz-se por uma maior percentagem na adesão a vacinação (32%, 35% e 43% da população vacinada em 2015, 2016 e 2017). Não foi determinante a taxa de adesão à vacinação para o absentismo ao trabalho (11%,10% e 6% em 2015,2016 e 2017). Identifica-se uma redução do número de dias perdidos de trabalho por doença associada a gripe (60, 52 e 31 dias de ausência ao trabalho em 2015, 2016 e 2017).

Principais conclusões

A implementação de programas de vacinação contra a gripe em contexto laboral, na empresa em estudo, não influenciou a taxa de absentismo por doença do foro respiratório, mas teve um impacto favorável quanto ao número de dias de trabalho perdidos.

Bibliografia • Programa Nacional de Saúde Ocupacional, https://www.dgs.pt/saude-ocupacional/perguntas-frequentes-/pergunta-

frequente-372017.aspx • DGS. Microsite da gripe (2014). Disponível em: https://www.dgs.pt/microsite-da-gripe.aspx?v=b5ef3dfe-6f5f-4ce3-

8e86fabad33830

Palavras-Chave: Vacinação; Gripe sazonal; Absentismo Keywords: Vaccination; Seasonal flu; absenteeism

Rosa Malta, Anabela Santos, Leonor Lopes, Helene Malta

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RESUMOS DE BOAS PRÁTICAS

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A importância do observar na Enfermagem do Trabalho

Yoshinari, Veronica1

1Mestranda do 5° Mestrado em Enfermagem de Saúde Familiar, ESSUA, [email protected]

Introdução

Vivemos num momento delicado, cheio de múltiplas tarefas, cobranças e stress. Em função deste momento, a presença do Enfermeiro do Trabalho no posto de trabalho dos profissionais de saúde é de fulcral importância, pois com a observação e visão crítica somos capazes de identificar algum fator gerador de stress e ou doença do trabalho.

Objetivos

Conhecer a importância de uma visita de rotina ao posto de Enfermagem

Descrição

O exercício de Enfermagem do Trabalho é determinante para assegurar o suporte efetivo e integral à pessoa, enquanto trabalhador, a nível ocupacional e no local de trabalho, no âmbito da promoção e proteção da sua saúde, do seu bem-estar e da prevenção na exposição aos riscos/acidentes de trabalho, num papel de gestão de cuidados, participação na investigação e integrado na equipa de saúde. (Ordem dos Enfermeiros, Regulamento n°372/2018).

O Enfermeiro do Trabalho tendo uma rotina bem estruturada consegue realizar visitas aos postos de trabalho e observar os profissionais de maneira crítica e ampla. A participação da equipa de Higiene Ocupacional durante a visita é essencial para que juntos possam identificar possíveis focos de acidentes/doenças do trabalho e promover mudanças ou melhorias dos processos.

Muitas vezes nos deparamos com queixas familiares, medos, anseios que não tem relação no âmbito tradicional da saúde no trabalho, e somos vistos pelos profissionais de saúde como apoio de confiança e refúgio, situação esta que nos incentiva ainda mais a promover conforto e tentar soluções para os problemas apontados.

Os Enfermeiros do Trabalho são ouvintes aptos e, dado o seu papel independente, conseguem muitas vezes reunir informações junto quer da gestão quer do pessoal e procurar os pontos em comum entre ambos ao debater questões relacionadas com a saúde, o bem-estar social e a qualidade de vida dos trabalhadores (Castro, H. 2014, p. 17).

Referências bibliográficas

• Enfermeiro do Trabalho na Gestão de Saúde Ocupacional. Trad. Castro, H. (2014). Portugal: Tadinense - Artes Gráficas. ISBN: 978-989-8444-25-7

• Ordem dos Enfermeiros, Regulamento n°372/2018 Regulamento da competência acrescida diferenciada em Enfermagem do trabalho. Diário da República, 2.ª série — N.º 114 — 15 de junho de 2018.

• Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional Online. Consultado em 12 de março de 2019 em DRE: http://www.rpso.pt/o-Enfermeiro-do-trabalho-na-analise-de-determinantes-de-saude-dos-trabalhadores/

Palavras-Chave: Enfermagem do Trabalho; Saúde Ocupacional; Humanização no Trabalho Keywords: Nursing work; Occupational Health; Humanization at Work

Yoshinari, Veronica

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A vacinação dos profissionais de saúde contra a gripe – mitos frequentes

Carla Santos1, Paula Arsenio2 1Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, E.P.E , Enfermeira do Serviço de Saúde Ocupacional , carlsantos @hotmail.com 2Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, E.P.E , Enfermeira do Serviço de Saúde Ocupacional , [email protected]

Introdução

A vacinação é um dos métodos mais eficazes de prevenção da infeção e o mais eficiente procedimento de prevenção específica, contra doenças transmissíveis, em particular nos profissionais de saúde. Por isso, a vacinação contra a gripe é fortemente recomendada, sendo administrada gratuitamente no Serviço Nacional de Saúde a grupos prioritários, como são os profissionais de saúde. Apesar da gripe ser uma doença aguda viral de evolução benigna, está associada a uma elevada taxa de morbilidade e mortalidade.

Objetivos

• Consciencializar os profissionais de saúde da sua responsabilidade social; • Prevenir a transmissão da gripe através de boas práticas.

Descrição

O Enfermeiro como elemento integrante da equipa de saúde ocupacional, tem um papel fundamental em todo o processo da vacinação desde a sensibilização, administração, registos e análise dos resultados obtidos.

No exercício das suas funções, deverão adoptar uma conduta responsável e ética e actuar no respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos (REPE, Artigo 8º).

O Enfermeiro deverá actuar com base em conhecimentos que lhe permitam decidir conscientemente, de modo a potenciar e a rentabilizar os recursos existentes, no sentido de estimular para a adopção de condutas consonantes com o desejável em termos de saúde, levando à mudança de atitudes e à adesão a comportamentos promotores de mudanças.

Em Portugal está disponível a vacina trivalente, que protege contra os três tipos de vírus de gripe que se prevê virem a ser dominantes na época gripal do hemisfério norte. De acordo com a Direcção Geral de Saúde, a vacinação contra a gripe tem início no Outono/Inverno de modo a garantir uma melhor e maior proteção durante o período da epidemia e é administrada nos serviços de saúde ocupacional aos profissionais de saúde.

É fundamental que estes se consciencializem cada vez mais, da importância de serem vacinados contribuindo assim para a obtenção uma cobertura vacinal adequada.

Referências bibliográficas • Direcção Geral da Saúde, Norma nº 018/2018 de 03/10/2018-Vacinação contra a gripe na época 20

Palavras-Chave: Profissionais de saúde; vacina contra a gripe sazonal; Enfermeiro do Trabalho; mitos

Carla Santos, Paula Arsenio

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Boas práticas em acidentes escolares da ESEnfC

Andreia Cristina1, Teresa Campos Silva2, José Hermínio Gomes3 1Escola Superior de Enfermagem de Coimbra Enfermeira, [email protected] 2Escola Superior de Enfermagem de Coimbra Professor Adjunto, [email protected] 3Escola Superior de Enfermagem de Coimbra Professor Adjunto, [email protected]

Introdução

A transição para o Ensino Clínico representa uma das transições mais ambicionadas e difíceis que o estudante vivencia (Meleis, 2010). A lesão por picada é uma das principais causas de doença profissional (Nawafleh, Abozead, Momani, & Aaraj, 2018). O serviço de Saúde Escolar da ESEnfC é pautado por uma relação de confiança baseada na competência e ética e dedica especial atenção às formas de proporcionar as melhores e mais adequadas condições de segurança aos estudantes. No âmbito da saúde e segurança dos estudantes da ESEnfC, o serviço de Saúde Escolar verificou que os acidentes por picada são um problema como demonstram estudos internacionais (Canli & Aydin, 2013). Para diminuir a incidência de acidente por picada, adotámos medidas de prevenção específicas primárias através de formação e elaborámos um procedimento de atuação com recurso a fluxograma em caso de acidente.

Objetivos

Eliminar e reduzir riscos, protegendo a segurança e saúde dos estudantes criando um ambiente de aprendizagem seguro.

Descrição

Foram analisados dados da estatística de acidentes 2014 - 2018 para verificar os motivos de ocorrência de acidente escolar. Dos 245 estudantes que reportaram acidentes, verificaram-se 43.27% picadas acidentais. A média é de 4.24 picadas por mês. Estamos convictos que a picada acidental é provocada por dificuldades na manipulação de material perfurante, fruto da insegurança no manuseamento do material, dificuldade de consolidação de conhecimento sobre boas práticas na manipulação de dispositivos perfurantes e ansiedade face a novos desafios (Li, Sengane, 2014). Em 2019 foram implementadas medidas específicas preventivas e seguimento por fluxograma após acidente. Foi realizada formação no âmbito da segurança dos estudantes, em janeiro e fevereiro anterior ao início de Ensino Clínico. Desde a implementação destas medidas, até março de 2019 a média de picadas por diminuiu para 1 por mês.

Na consulta de Enfermagem ao estudante a saúde escolar reforça as medidas preventivas específicas de boa prática, uma estratégia primária de eficácia comprovada, na minimização do risco de acidentes (OMS, 2011). A ESEnfC procura ser proactiva e focada na melhoria do desempenho dos estudantes, para formar Enfermeiros de excelência.

Referências bibliográficas

• Canli, Z., & Aydin, H. (2013). Needlestick injuries during education period in nursing students in Turkey. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 46(242), 3798–3801. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2012.06.149

• Li, Sengane, & S. (2014). injuries (NPI) among nursing students at a Knowledge and experiences of needle prick injuries (NPI) among nursing students at a university in Gauteng, South Africa. South African Family Practice, 50. https://doi.org/10.1080/20786204.2008.10873762

• Meleis, A. I. (2010). Tansitions Theory - midle range and situation specific theories in nursing research and practice. New York: Springer Publishing Company.

• Nawafleh, H. A., Abozead, S. El, Momani, M. M. Al, & Aaraj, H. (2018). Investigating needle stick injuries: Incidence, knowledge and perception among South Jordanian nursing students. Journal of Nursing Education and Practice, 8(4), 59–69. https://doi.org/10.5430/jnep.v8n4p59

• OMS. (2011). OMS/SIGN: jogo de ferramentas para segurança das injeções e procedimentos correlatos.

Palavras-Chave: Acidentes; Segurança.; Estudantes de Enfermagem Keywords: Accidents; Security; Nursing Students

Andreia Cristina, Teresa Campos Silva, José Hermínio Gomes 2º Prémio de Póster de Boas Práticas

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Capacitação do utente com doença respiratória crónica para o uso de terapêutica inalatória: a intervenção do enfermeiro do trabalho

Cláudia Morujão1; Helena Loureiro2,3,6; Célia Freitas2,3,6; Marília Rua2,5,6; Patrícia Rebelo2; Cátia Paixão2; Alda Marques2,3,6 1Agrupamento de Centros de Saúde do Baixo Vouga (ACES BV), Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) 2Respiratory Research and Rehabilitation Laboratory (Lab3R), School of Health Sciences (ESSUA), University of Aveiro, Aveiro, Portugal 3Institute of Biomedicine (iBiMED), University of Aveiro, Aveiro, Portugal 4Center for Health Technology and Services Research (CINTESIS), University of Porto, Porto, Portugal 5Research Centre on Didactics and Technology in the Education of Trainers (CIDTFF), University of Aveiro, Aveiro, Portugal 6Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA).

Introdução

Como consequência do aumento da esperança média de vida, verifica-se um aumento

da prevalência da patologia de longa duração, sendo a Doença Respiratória Crónica (DRC) líder

da mortalidade e morbilidade observada a nível mundial (European Respiratory Society, 2017).

Em Portugal, a DCR têm sido igualmente alvo de uma particular preocupação por parte das

políticas de saúde, uma vez que a sua prevalência tem vindo a aumentar significativamente

(Santos et al., 2018). Não obstante o impacto negativo na saúde e qualidade de vida que esta

patologia imprime nas pessoas, as DRC’s representam também uma sobrecarga para os

sistemas de saúde, social e económico. Particularmente em meio laboral, a DCR constitui-se não

só como a principal causa de internamento, mas também como a responsável pela redução da

produtividade laboral e aumento do absentismo (DGS, 2018). Neste sentido, a Organização

Mundial da Saúde (WHO, 2011) considera fundamental a promoção de boas práticas no controlo

da DRC, sendo que o seu adequado tratamento leva a uma significativa melhoria da qualidade

de vida e a uma diminuição do consumo de serviços de saúde. A Fundação Portuguesa do

Pulmão refere a importância de um programa educativo efetivo dirigido aos doentes com DRC,

que integre informação sobre as diversas patologias respiratórias crónicas, formas de prevenção,

tratamento e a aquisição de novas competências que conduzam a uma modificação de

comportamentos promotores de melhoria de qualidade de vida. No âmbito do tratamento destas

doenças e na redução das suas exacerbações, tem sido dado especial destaque à terapêutica

inalatória [que se define como sendo a utilização por via inalatória para administração de

terapêutica, em forma de aerossóis com a finalidade diagnóstica e terapêutica (Cordeiro, 2010)],

sendo esta reconhecida como a via de eleição no tratamento farmacológico da DRC, contribuindo

para a melhoria da qualidade de vida dos doentes do foro respiratório (Cordeiro, 2014). Mas a

diversidade dos dispositivos disponíveis no mercado (com especificidades e técnicas bastantes

dispares) levam à tomada de uma série de erros, reduzindo a eficácia e a adesão do regime

terapêutico. Maricoto et al. (2016) chega mesmo a firmar que cerca de 76% dos utentes com

doença respiratória demonstra pelo menos um erro na técnica de uso e, como tal, o manuseio

dos dispositivos de inalação requerem a repetição de pelo menos três vezes das instruções para

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alcançar habilidades de inalação eficazes (Takaku, Kurasshima, Ohta et al., 2017).Um protocolo

de educação protagonizado pelos profissionais de saúde, especificamente elaborado para a

técnica inalatória a curto e longo prazo demonstra um impacto positivo em saúde, aumentando

as competências e auto-confiança do doente com DRC (Basheti, Qunaibi, Hamadi et al. 2014).

Entende-se, assim, que a intervenção do Enfermeiro do Trabalho poderá contribuir para a

reabilitação respiratória do trabalhador com DRC, suscitando a motivação para a auto-gestão do

seu regime terapêutico, com implicações na melhoria do seu bem-estar em local de trabalho.

Referências Bibliográficas

• Basheti, I; Qunaibi, E.; Hamadi, S. et al. (2014). Inhaler technique training and health-care professionals: effective long-term solution for a current problem. Respiratory Care 59 (11) 1716-1725.

• Cordeiro, M (2010). Intervenção educativa junto de um grupo de enfermeiros de um serviço de medicina: impacto na prática da terapêutica inalatória. Dissertação de mestrado em saúde e aparelho respiratório. Universidade Nova.

• Cordeiro, M. (2014). Terapêutica inalatória: Princípios, técnica de inalação e dispositivos inalatórios. Lusodidata, Lisboa.

• Direção Geral da Saúde (2018). Programa Nacional de Saúde Ocupacional (PNSOC) – extensão 2018/2020. Lisboa: DGS.

• European Respiratory Society, 2017. Forum of International Respiratory Societies. The global impact of respiratory disease. ERS 2017; Sheffield:1-34. https://www.ernet.org/pdf/public/first/world/report

• Fundação Portuguesa do Pulmão (https://www.fundacaoportuguesadopulmao.org) • Maricoto et al. (2016). Educação para a melhoria da técnica inalatória e seu impacto no controle da asma e

DPOC: um estudo piloto de efetividade-intervenção. Jornal Brasileiro de Pneumologia 42 (6) 440-443. • Santos et al. (2018). 13º Relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias. 2016/2017 Panorama

das doenças respiratórias em Portugal. ONDR. https://www.ondr.pt/files/Relatorio_ONDR_2018.pdf • Takaku, Y.; Kurasshima, K.; Ohta, C. et al. (2017). How many introductions are required to correct inhalation

errors in patients with asthma and chronic obstructive pulmonary disease. Respiratory Medicine 123. 110-115. • World Health Organization (2012). Monitoring framework and targets for the prevention and control of NCDs: A

comprehensive global monitoring framework, including indicators, and a set of voluntary global targets for the Prevention and Control of Noncommunicabale http://www.who.int/nmh/events/2012/ncd_discussion_paper/en/index.htm

Palavras-Chave: Doença Respiratória Crónica; Reabilitação respiratória; Terapêutica inalatória; Enfermagem Keywords: Chronic Respiratory Disease; Respiratory Rehabilitation; Inhalator Therapy; Nursing Acknowledgments: This study is funded by SAICT-POL/23926/2016, was funded by Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) - Comissão Diretiva do Programa Operacional Regional do Centro and by Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) and partially funded by Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE), through COMPETE 2020 (POCI-01-0145-FEDER-016701) and FCT (UID/BIM/04501/2013 and POCI-01-0145-FEDER-007628- iBiMED).

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Desenvolvimento de metodologia espiral progressiva multiface para controlo de agentes biológicos em trabalhadores da saúde

Carla Santos1, Ana Garrido2, Ana Lança3, Gabriela Lopes4, Paula Arsénio5 1Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Enfermeira do Serviço de Saúde Ocupacional, [email protected] 2CHUC, Enfermeira do Grupo de Coordenação Local-PPCIRA, [email protected] 3CHUC, Técnica Superior de Segurança do Trabalho, [email protected] 4CHUC, Enfermeira do Grupo de Coordenação Local-PPCIRA, [email protected] 5 CHUC, Enfermeira do Serviço de Saúde Ocupacional, [email protected]

Introdução

De acordo com a Ordem dos Enfermeiros (2018), o exercício de Enfermagem do Trabalho é determinante para assegurar o suporte efetivo e integral ao trabalhador, a nível ocupacional, no âmbito da prevenção da exposição a riscos profissionais, proteção e promoção da sua saúde e bem-estar. Constitui-se como componente efetiva para obtenção de ganhos em saúde, nomeadamente a gestão do risco profissional, a taxa de acidentes de trabalho e a taxa de doenças profissionais.

Objetivos

• Prevenir riscos no contexto da exposição profissional a agentes biológicos; • Promover a qualidade de vida do trabalhador no seu local de trabalho; • Demonstrar a importância da Enfermagem do Trabalho no contexto de uma equipa

multidisciplinar de Saúde Ocupacional.

Descrição

De acordo com a Lei n.º 102/2009, para que os fatores de risco eventualmente nocivos para o trabalhador possam ser eliminados, reduzidos ou controlados, é imprescindível a sua identificação, mensuração e proposta de ação corretiva. Para tal, o uso de uma metodologia espiral progressiva multiface é crucial, e assenta em 5 fases:

I. Fase I – Dar a conhecer a metodologia aos trabalhadores e seus responsáveis hierárquicos, informando-os e formando-os sobre agentes biológicos e seu impacto na saúde (Decreto-Lei n.º 84/97);

II. Fase II – Estudar o posto de trabalho para identificar os perigos (atos inseguros e/ou condições perigosas);

III. Fase III – Mensurar o risco associado às tarefas executadas; IV. Fase IV - Dar feedback das fases II e III aos responsáveis pela organização e

trabalhadores, com informação sobre ações corretivas a implementar para eliminar ou controlar os ricos;

V. Fase V – Avaliar as ações corretivas, eficácia da implementação e feedback obtido.

O processo é efetuado sistematicamente e sucessivamente, de forma cíclica. Com a aplicação desta metodologia, verificou-se uma melhoria progressiva no controlo do risco de exposição a agentes biológicos, pelo que, as unidades de saúde devem garantir a existência de um sistema de gestão do risco biológico. A tomada de consciência, reconhecimento do risco e ação adequada dos superiores hierárquicos e trabalhadores é promotora dos ganhos em saúde supramencionados.

Carla Santos, Ana Garrido, Ana Lança, Gabriela Lopes, Paula Arsénio Gomes 3º Prémio de Póster de Boas Práticas

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Referências bibliográficas

• Direção-Geral da Saúde (2004). Medidas de controlo de agentes biológicos nocivos à saúde dos trabalhadores, Recomendações gerais. Lisboa. Portugal.

• Direção-Geral da Saúde (2006). Medidas de controlo de agentes biológicos nocivos à saúde dos trabalhadores, Recomendações para laboratórios e serviços de saúde. Lisboa. Portugal.

• Assembleia da República (2019). Lei n.º 102, de 10 de Setembro. Diário da República. I série. pp 6167-6192. Portugal. • Assembleia da República (1997). Decreto-Lei n.º 84, de 16 de Abril. Diário da República. 1.º série – A – n.º 89. pp 1702-

1709. Portugal. • Assembleia da República (2018). Regulamento nº 372, 15 de Junho. Diário da República. 2.ª série – n.º 114. pp 16804-

16810. Portugal.

Palavras-Chave: Agentes Biológicos; Enfermagem do Trabalho; Exposição; Risco Keywords: Biological Agents; Nursing work; Exhibition; Risk

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Lesões musculoesqueléticas relacionadas com o trabalho - membros superiores

Sandra Campinos1, Isa Sacramento2, Bruno Reis3 1Centro Hospitalar Baixo Vouga- UA-, [email protected] 2Centro Hospitalar Baixo Vouga- UA- , [email protected] 3Centro Hospitalar Baixo Vouga- UA-, [email protected]

Introdução

As lesões músculo-esqueléticas dos membros superiores (LMERT) são uma das doenças mais comuns e com elevada incidência afetando um número crescente de trabalhadores.

Segundo o ACT (2013) entende-se por LMERT um “Conjunto de doenças, com carácter cumulativo, causadas ou agravadas pela atividade profissional e resultantes da exposição repetida a posturas e esforços intensos, ao longo de um período de tempo prolongado, podendo afetar os sistemas muscular, esquelético e circulatório.”

Todos os trabalhadores podem desenvolver este tipo de lesões, contudo, podem ser evitadas através de uma avaliação das tarefas que o trabalhador executa, na adoção de medidas preventivas e de um controlo contínuo da eficácia dessas medidas. Neste contexto a dor física, o desconforto causado por estas doenças e o absentismo, implica a priorização na prevenção na saúde ocupacional.

Objetivos

• Promover boas práticas na saúde dos trabalhadores; • Identificar situações precoces; • Proporcionar medidas preventivas.

Descrição

As lesões músculo-esqueléticas dos membros superiores surgem com movimentos repetitivos, posturas prolongadas e esforços excessivos. A sua prevenção está relacionada com a análise do trabalho, avaliação do risco de LMERT, a vigilância da saúde do trabalhador e a Informação/formação dos trabalhadores (DGS, 2008).

A gestão deste risco em Saúde Ocupacional necessita de um diagnóstico de situação para que se implemente medidas preventivas, sendo fundamental ter informação sobre as condições, meios, organização de trabalho, características, capacidades e limitações dos trabalhadores.

Neste contexto, a intervenção focada sobre as condicionantes externas e sobre o trabalhador, transforma a atividade de trabalho diminuindo os efeitos negativos sobre a saúde.

Sendo assim, uma atuação baseada na prevenção promove boas práticas na saúde e segurança do trabalhador, reduzindo o absentismo, a ocorrência de acidentes de trabalho e doenças profissionais, contribuindo para o aumento da produtividade das empresas.

Referências bibliográficas

• Autoridade para as Condições do Trabalho (2015). Relatório: Atividade de Promoção de Segurança e Saúde no Trabalho 2014. Lisboa: ACT.

• Direção Geral de Saúde (2008). Lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho - Guia de Orientação para a Prevenção. Lisboa

• Freitas, L. C.; Cordeiro T. (2013). Segurança e saúde do trabalho: Guia para micro, pequenas e médias empresas. Lisboa: ACT.

Palavras-Chave: Lesões Musculo-Esqueléticas dos Membros Superiores; Saúde Ocupacional; Saúde e segurança no trabalho; Keywords: Musculoskeletal disorders of the upper limbs; Occupational Health; Occupational health and safety;

Sandra Campinos, Isa Sacramento, Bruno Reis

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Modalidade pilates no Centro Hospitalar Baixo Vouga

Ana Guerra1, Maria Silva2, Paula Sardo3, Fernando Mautempo4 1CHBV, Enfermeira do Trabalho, ana.c/[email protected] 2CHBV, Enfermeira do Trabalho, [email protected] 3CHBV, Médica do Trabalho, [email protected] 4CHBV, Médico do Trabalho, [email protected]

Introdução

O Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV) tem disponível desde Janeiro 2017, na Unidade de Aveiro, aulas de Pilates para os seus profissionais. Esta medida surge da intervenção do serviço de Medicina do Trabalho e Saúde Ocupacional (MedT/SO) que considera a implementação de Pilates uma estratégia eficaz para a minimização de lesões músculo-esqueléticas.

Objetivos

A introdução desta modalidade teve como principal objetivo promover o bem-estar físico e psíquico dos profissionais.

Descrição

O método de Pilates surge no início do século XX, por Josehp Pilates, tendo por princípios fundamentais a concentração, controle, precisão, fluxo, respiração e centro de força. São utilizados exercícios que promovem a flexibilidade, o fortalecimento muscular, o equilíbrio e uma correta postura corporal.

Hoje, esta modalidade é reconhecida como adjuvante no tratamento e prevenção de problemas músculo-esqueléticos. Considerando que a maioria dos profissionais do CHBV está sujeito a riscos ergonómicos que podem conduzir a lesões músculo-esqueléticas, o serviço de MedT/SO considerou a implementação de Pilates como uma estratégia preventiva e minimizadora deste risco.

Também da junção de ganhos físicos com ganhos sociais e emocionais, conseguidos pelas aulas em grupo que promovem a interação social, o serviço de MedT/SO com a implementação de 3 aulas de Pilates por semana, pretende melhorar o bem-estar e saúde dos profissionais e indiretamente, contribuir para a redução de acidentes de trabalho, doenças profissionais e do absentismo e suas consequências. Procurou igualmente reforçar a motivação e a produtividade dos profissionais, criando uma imagem positiva e incentivadora da sua instituição.

Referências bibliográficas

• Carvalho, M. (2016, October 4). Descubra 7 benefícios do Pilates. [Web log post].Retrieved from https://www.vidaativa.pt/a/beneficios-do-pilates

• Finatto, P., Silva, E., Okamura, A., Almada, B., Oliveira, H., Peyré-Tartaruga, L. (2018). Pilates training improves 5-km run performance by changing metabolic cost and muscle activity in trained runners. PLoS ONE, 13(3), 1-19 doi: 10.1371/journal.pone.0194057

_________________________________ Palavras-Chave: Pilates; CHBV Keywords: Pilates; CHBV

Ana Guerra, Maria Silva, Paula Sardo, Fernando Mautempo Prémio de Menção Honrosa

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Prevenção de queimaduras no local de trabalho: revisão integrativa da literatura

Marco Gama1, Ana Rita Pádua2, Victor Alves3, Maria Ferreira4 1 The Navigator Company – Complexo Industrial de Cacia, Centro Hospitalar Baixo Vouga, EPE, [email protected] 2 Centro Hospitalar Baixo Vouga, EPE, [email protected] 3 The Navigator Company – Complexo Industrial de Cacia, Centro Hospitalar Baixo Vouga, EPE, [email protected] 4 Escola Superior de Saúde Norte da Cruz Vermelha Portuguesa, [email protected]

Introdução

Os acidentes de trabalho envolvendo queimaduras ocorrem tanto nos ambientes considerados saudáveis/seguros, quanto nos ambientes não saudáveis/inseguros ou de risco inerente à atividade/função desempenhada pelo trabalhador (Santos et al., 2014). Em Portugal, no ano de 2016, as lesões por queimaduras, escaldadura e congelação, corresponderam a 1,94% das lesões em acidentes de trabalho. Foram responsáveis por 26,5 dias de ausência ao trabalho (GEP, 2018). O Enfermeiro do Trabalho (ET), pelo seu papel na prevenção, capacitação e manutenção da saúde, na prevenção da doença, de riscos e acidentes em contexto laboral (OE & ANET, 2014), juntamente com a Equipa Multidisciplinar de Saúde Ocupacional (EMSO), identificam os riscos e concebem estratégias que diminuíam o número de acidentes de trabalho.

Objetivo

Analisar as estratégias de prevenção de queimaduras implementadas nos locais de trabalho.

Metodologia

Revisão integrativa da literatura – pesquisa na literatura científica nas bases de dados: Pubmed, SciELO, ScienceDirect e Google Scholar. Descritores: “Prevention”; “Burns”; “Workers”. Critérios de inclusão: artigos de acesso livre, originais, em língua portuguesa e inglesa, publicados entre 2008 e 2018; de exclusão: artigos de revisão, pagos e que não contemplassem trabalhadores. Do processo de seleção analisaram-se 4 artigos.

Resultados & Discussão

Os trabalhadores identificaram fatores de stress que contribuem para a ocorrência de queimaduras ocupacionais, bem como várias estratégias de prevenção: treino inicial, capacitação, uso dos equipamentos de proteção individual (EPI) e o conhecimento dos instrumentos e do ambiente de trabalho (Martins et al., 2015). Porém, tal conhecimento não foi efetivo para prevenir deste tipo de acidentes. Estes identificaram também comportamentos pouco seguros da sua parte, nomeadamente a falta ou uso inadequado dos EPI. Através da implementação de programas de educação personalizados e direcionados a grupos específicos de trabalhadores, houve uma diminuição da prevalência deste tipo de acidentes (Clouatre et al., 2013).

Principais conclusões

Para reduzir os acidentes de trabalho por queimaduras é essencial adotar medidas de educação permanente aos trabalhadores, abordando temáticas como: normas de prevenção preconizadas, uso correto dos EPI, impacto dos fatores de stress. O ET, dentro da EMSO, pela sua formação técnica e científica, é o profissional melhor capacitado para liderar este papel educativo.

Referências bibliográficas • Clouatre, et al. (2013). Work-related burn injuries in Ontario, Canada: A follow-up 10-year retrospective study. Burns,

39(6), 1091–1095. https://doi.org/10.1016/j.burns.2012.12.020;

Marco Gama, Ana Rita Pádua, Victor Alves, Maria Ferreira 1º Prémio de Póster de Boas Práticas

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• GEP. (2018). Estatística em Síntese. Acidentes de trabalho 2016. Retrieved from http://www.gep.msess.gov.pt/estatistica/acidentes/index.html;

• Martins, et al (2015). Percepção de Risco Sob a Perspectiva de Trabalhadores com Queimaduras. Texto & Contexto - Enfermagem, 24(4), 1148–1156. https://doi.org/10.1590/0104-0707201500000880015;

• OE, & ANET. (2014). O Enfermeiro do Trabalho na Gestão de Saúde Ocupacional. Retrieved from www.ordemEnfermeiros.pt/.../livroEnfermagemtrabalhooms_vfinal_proteg.pdf.

• Santos, et. al (2014). Ocupações com maior risco para acidente com queimaduras. Rev Bras Queimaduras, 13(4), 260–264. Retrieved from http://www.rbqueimaduras.com.br/details/229/pt-BR/ocupacoes-com-maior-risco-para-acidente-com-queimaduras.

• Palavras-Chave: Queimaduras; Trabalhadores; Prevenção & Controle; Enfermagem do Trabalho (DeCs)

Keywords: Burns; Workers; Prevention & Control; Occupational Health Nursing (DeCs)

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Reflexões a propósito das boas práticas da Enfermagem do Trabalho

Aliete Cunha-Oliveira, PhD1, Salvador Massano Cardoso, PhD2 1Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. Membro RedENSO. Investigadora na UICISA:E e no CEIS20-UC. [email protected] 2 Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

Introdução

A melhoria contínua da saúde e segurança no trabalho é um pilar central para a competitividade e inovação de qualquer empresa. A Enfermagem tem um papel muito importante na proteção e promoção da saúde dos trabalhadores, procurando assegurar ambientes de trabalho agradáveis e promotores de saúde, através do desenvolvimento da qualidade do serviço de saúde ocupacional. Constatando-se um envelhecimento da classe trabalhadora e um consecutivo aumento da idade de reforma, torna-se provável o aparecimento de patologias ligadas à idade.

Objetivos

Pretendemos analisar o papel da Enfermagem no trabalho enquanto impulsionadora da melhoria da saúde e bem-estar dos trabalhadores e respetivas famílias.

Descrição

Baseado num levantamento bibliográfico em bases de dados científicas fez-se uma análise e interpretação descritiva do papel da Enfermagem nos serviços de saúde ocupacional.

A Enfermagem contribui para ajudar a prevenir e monitorizar as doenças cardiovasculares, a diabetes, as doenças oncológicas e as patologias do foro psiquiátrico, nomeadamente as devidas ao trabalho por turnos, ao stresse e à competitividade individual. Tem ainda um papel importante nas questões da ergonomia no trabalho, designadamente a prevenção e monitorização das perturbações músculo-esqueléticas. É também importante que a Enfermagem promova ações de formação a pequenos grupos e intervenção individual, designadamente a nível da educação, rastreio e monitorização para as infeções sexualmente transmissíveis, incluindo a infeção VIH. Em paralelo, é importante a promoção e execução do calendário vacinal. Por fim, há que mencionar que estas intervenções sobre o trabalhador tenham repercussão num melhor e mais estruturado ambiente familiar, o qual, por sua vez, irá favorecer a saúde e o bem-estar do trabalhador.

Realizado este conjunto de funções, o Enfermeiro do trabalho pode contribuir para uma melhor saúde dos trabalhadores, reduzir o consumo de fármacos e diminuir a abstenção ao trabalho, com evidentes vantagens económicas para o próprio, para a empresa e para a sociedade em geral.

Referências bibliográficas

• Direção-Geral da Saúde (2018). Programa Nacional de Saúde Ocupacional – Extensão 2018/2020. Lisboa: Direção-Geral da Saúde.

• Direção-Geral da Saúde (2018). Programa Nacional de Saúde Ocupacional – Relatório do 2.º Ciclo 2013/2017. Lisboa: Direção-Geral da Saúde.

• WHO (2007). Declaration on Workers Health. Approved at the Seventh Meeting of the WHO. Collaborating Centres for Occupational Health. Italy

Palavras-Chave: Enfermagem de saúde ocupacional; prevenção primária; saúde dos trabalhadores; medicina preventiva Keywords: occupational health nursing; primary prevention; workers’ health; preventive medicine

Aliete Cunha-Oliveira, Salvador Massano Cardoso

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Silicose – uma perigosa doença profissional

Vieira, Ana1; Sabino, Sara2 1EuroPGS, Lda; Enfermeira do Trabalho; [email protected] 2EuroPGS, Lda; Técnica Superior de Cardiopneumologia; [email protected]

Introdução

A Silicose é uma doença resultante da exposição a sílica livre que quando inalada em grandes quantidades ou por períodos prolongados de tempo, provoca fibrose do pulmão, traduzindo-se numa diminuição da capacidade respiratória. (Francisca Ribeiro da Silva, 2018)

Em Portugal, as doenças respiratórias são a segunda causa mais frequente de doença profissional, sendo a Silicose a mais conhecida. (António Sousa Uva, 2019)

Objetivos

• Apresentar um caso de Silicose adquirido numa indústria cerâmica • Demonstrar a importância do Enfermeiro do trabalho na vigilância de saúde do

trabalhador e prevenção de doenças profissionais

Descrição

• Feminino, 57 Anos • Prensadora durante 16 anos, exposta a níveis elevados de sílica

Em 2011, apresentava Espirometria com padrão Restritivo referindo dispneia e tosse seca há 1,5 A. Foi encaminhada pelo Médico do Trabalho para Pneumologia e alterado o posto de trabalho para o Armazém de Produto Acabado, onde a exposição a poeiras seria menor.

Em 2013 foi confirmado o diagnóstico de Silicose através de RX-Tórax e Biopsia Pulmonar, altura em que adquire estatuto de Doença Profissional.

Em 2016 desenvolveu uma Pneumonite de Hipersensibilidade levando a uma deterioração da função pulmonar que culminou em 2018 na Inaptidão Temporária da colaboradora,

A vigilância de saúde da trabalhadora realizada pela equipa de saúde do trabalho (médico, Enfermeiro e técnica CPL) consistiu na realização de espirometria anual e Raio-X tórax para monitorizar sintomas e capacidade respiratória.

Em 2018, para além dos rastreios pulmonares, foram realizadas sessões de sensibilização sobre silicose e a importância do uso de máscara, bem como implementada a presença do médico e Enfermeiro do trabalho de acordo com a legislação em vigor, tendo em vista a melhoria da saúde dos trabalhadores e prevenção de novos casos de doenças profissionais.

A prevenção de doenças profissionais passa pela implementação de ações corretivas no posto de trabalho e pela vigilância da saúde do trabalhador, bem como ações de sensibilização e formação sobre os riscos profissionais a que estão expostos, medidas de prevenção e utilização correta dos equipamentos de proteção individual (EPIs). (António Sousa Uva, 2019)

Referências bibliográficas

• António Sousa Uva, E. S. (01 de 01 de 2019). Doenças Respiratórias Profissionais. Obtido em 27 de 02 de 2019, de Fundação Portuguesa do Pulmão: https://www.fundacaoportuguesadopulmao.org/apoio-ao-doente/viver-com-doenca-respiratoria#46

• Francisca Ribeiro da Silva, P. S. (23 de 09 de 2018). Metis. Obtido em 27 de 02 de 2019, de Universidade do Porto: http://metis.med.up.pt/index.php/Silicose

Palavras-Chave: Enfermeiro do Trabalho; Indústria Cerâmica; Silicose Keywords: Work Nurse; ceramics industry; silicosis

Vieira, Ana; Sabino,Sara

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Uniformização dos registos de Enfermagem em Med2000: tratamento de feridas

Daniela Nunes1, Ana Veiga2, Liliana Silva3, Célia Freitas4 1Grohe, Portugal- Albergaria-a-Velha, [email protected] 2Grohe, Portugal- Albergaria-a-Velha, [email protected] 3Grohe, Portugal, Albergaria-a-Velha, [email protected] 4Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro, [email protected]

Introdução

Os registos de Enfermagem representam, de uma forma exaustiva, o trabalho dos Enfermeiros, passando também a ser mais fundamentados por conhecimentos científicos próprios. Castonguay citado por Leal (2006) refere que a documentação dos cuidados tornou-se sinónimo dos próprios cuidados, pelo que um cuidado não registado é considerado não prestado, considerando que registos de boa qualidade refletem cuidados de Enfermagem de boa qualidade. O percurso evolutivo da profissão tem vindo a transportar o exercício profissional de uma lógica inicial essencialmente executiva para uma lógica progressivamente mais conceptual, o que alarga a variedade de aspetos a documentar (Silva, 2006). Assim, a grande importância que a informação tem para a Enfermagem é, hoje em dia, consensual na nossa comunidade profissional, não apenas no que se refere às finalidades legais e éticas ou na tomada de decisão clínica, mas também no momento de optar quanto à continuidade dos cuidados, quanto à qualidade dos mesmos, quanto à gestão, à formação e à investigação.

Contudo, verifica-se que os registos de Enfermagem nem sempre refletem os cuidados que foram prestados, não sendo o elo de ligação, nem meio de comunicação, quer intra quer inter equipas. Conscientes desta problemática, a equipa Saúde Ocupacional da Grohe – Portugal, tem vindo a desenvolver esforços na tentativa de melhorar, continuamente, o software de registo Med2000. Este programa foi, inicialmente, desenvolvido para a equipa Médica e de Segurança no Trabalho, sendo que terá começado a ser utilizado pela equipa de Enfermagem, posteriormente. Nesta ótica, as equipas de Enfermagem dos serviços prestadores de cuidados de saúde, Higiene e Segurança no Trabalho têm vindo a desenvolver esforços na tentativa de implementar sistemas de informação e documentação, utilizando a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE). Assim, da necessidade do estabelecimento de uma classificação pradonizada e comum, capaz de gerar dados fiáveis e válidos sobre os diversos aspetos da prática de Enfermagem, surge este projeto de uniformizar, de acordo com a linguagem CIPE (versão 2015), em colaboração com a informática do programa, o perfil atual do Med2000.

Objetivos Apresentar indicações para a realização de registos relativos ao diagnóstico “Feridas”

segundo a CIPE versão de 2015, integrado no med2000 de forma a uniformizar os registos de Enfermagem no âmbito da Saúde Ocupacional em Enfermagem.

Referências bibliográficas

• Leal, M. (2006) – A CIPE e a Visibilidade da Enfermagem: Mitos e Realidades. Loures: Lusociência. • Silva, Daniel m.; Silva, Ernestina M. O Ensino Clínico na Formação em Enfermagem [em linha]. Viseu: Escola Superior de

Enfermagem de Viseu, 2001. [Citado em 19 de novembro de 2018 14:30]. Disponível em URL: http://www.ipv.pt/millenium/Millenium30/8.pdf Silva, A. (2006) – Sistemas de Informação em Enfermagem – uma teoria explicativa da mudança. Coimbra: Formasau.

Palavras-Chave (DeCS): Sistemas de Informação; Enfermagem de Saúde Ocupacional; Feridas; Tratamentos. Keywords (DeCS): Information Systems; Occupational Health Nursing; wounds; Therapeutics.

Daniela Nunes, Ana Veiga, Liliana Silva, Célia Freitas

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