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*O GRANDE MENTECAPTO: ELEMENTOS PICARESCOS E SUA SUPERAÇÃO Maria Eunice Arruda Analisando O Grande Mentecapto, encontramos vários elementos coincidentes com o gênero picaresco . Na própria organização ·ou npresentação dos capítulos, o livro já imita os primeiros romances: os capítulos que o compõem são introduzidos pelos resumos dos fatos ncontecidos ao longo de cada aventura da personagem. A razão da narrativa se dar em terceira pessoa e não em primeira - o que era comum na picaresca clássica - justifica-se no fato da história tratar da vida e morte da personagem principal . Por outro Indo, o uso da terceira pessoa poderia ser perfeitamente explicada na demência de Viramundo que é uma personagem totalmente incapaz de compreender o que se passa dentro de si e ao seu redor. Sua realidade 6 a sem passado em que possa ser explicada e sem planos futurcfs que lhe possibilitem reconhecer uma unidade em sua vida. Por esse motivo, Viramundo é também um ser interiormente fragmen- tado que vai fragmentar, desrealizando, a própria realidade histórico- aocial. Note-se que nas passagens relativas à encenação da Inconfi- dência Mineira, bem como naquelas de seu programa político, ele cria um clima de "desequilíbrio lógico" ao deformar a ordem histórica e aocial já estabelecidas. Se o homem s6 se explica dentro da História e a própria História dentro do encadeamento dos fatos que a compõem; e se, paradoxal- mente, é esta mesma verdade histórica que cercea o homem, subme- tendo-o e impondo-se a ele, então, Viramundo, enquanto ser anormal, fragmentário e descompromissado, é a-histórico. Exemplo máximo encontramos em sua interpretação de Tiradentes: entrando em cena, Viramundo destrói a falsa forca gritando: "Ninguém mais será enfor- cado!" Note-se que ele não diz "Tiradentes não será enforcado!", e sim "ninguém mais". "Restaure-se a verdade histórica!", continua lteY. de Letras, J'ortaleza, lt U/2> - Jan./dez. lHt 221

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*O GRANDE MENTECAPTO: ELEMENTOS PICARESCOS E SUA SUPERAÇÃO

Maria Eunice Arruda

Analisando O Grande Mentecapto, encontramos vários elementos coincidentes com o gênero picaresco . Na própria organização ·ou npresentação dos capítulos, o livro já imita os primeiros romances: os capítulos que o compõem são introduzidos pelos resumos dos fatos ncontecidos ao longo de cada aventura da personagem.

A razão da narrativa se dar em terceira pessoa e não em primeira - o que era comum na picaresca clássica - justifica-se no fato da história tratar da vida e morte da personagem principal . Por outro Indo, o uso da terceira pessoa poderia ser perfeitamente explicada na demência de Viramundo que é uma personagem totalmente incapaz de compreender o que se passa dentro de si e ao seu redor. Sua realidade 6 a iúi~diata, sem passado em que possa ser explicada e sem planos futurcfs que lhe possibilitem reconhecer uma unidade em sua vida. Por esse motivo, Viramundo é também um ser interiormente fragmen­tado que vai fragmentar, desrealizando, a própria realidade histórico­aocial. Note-se que nas passagens relativas à encenação da Inconfi­dência Mineira, bem como naquelas de seu programa político, ele cria um clima de "desequilíbrio lógico" ao deformar a ordem histórica e aocial já estabelecidas.

Se o homem s6 se explica dentro da História e a própria História dentro do encadeamento dos fatos que a compõem; e se, paradoxal­mente, é esta mesma verdade histórica que cercea o homem, subme­tendo-o e impondo-se a ele, então, Viramundo, enquanto ser anormal, fragmentário e descompromissado, é a-histórico. Exemplo máximo encontramos em sua interpretação de Tiradentes: entrando em cena, Viramundo destrói a falsa forca gritando: "Ninguém mais será enfor­cado!" Note-se que ele não diz "Tiradentes não será enforcado!", e sim "ninguém mais". "Restaure-se a verdade histórica!", continua

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gritando. Queria dizer que aquele feito foi uma infâmia, uma traição sem nome, e como tal deveria ser representado para melhor ser riscado do nosso presente. Então, coerente em sua alucinação, ele proclama um "glória aos inconfidentes". Conclui bem, pois se hoje eles são glo­riosos, assim deveriam ser representados; e não traídos e enforcados, não com aquele cenário de fracasso que merecia ser destruído. (Nin­guém o entendeu . Salvo o cego Elias, que não vendo o cenário de apa­rências desfazer-se sob as bordoadas de Viramundo, aplaudiu com entusiasmo a cena real que as palavras do amigo traduziam) .

No episódio desta peça teatral sobre a Inconfidência, percebemos uma crítica à História, que está incorporada à sátira social. Para Vira­mundo, a glória de Tiradentes pertence ao mundo de hoje, a um povo livre da monarquia colonialista; liberdade conquistada (com o fracasso de ontem), pelo ideal dos inconfidentes. Reviver o enforcamento -deslocamento do tempo histórico - é glorificar um fracasso.

Viramundo é um ser descompromissado com todos os valores da sociedade; é um ser autônomo, que só uma vez desconfiou nebulosa­mente, ser ''uma criação alucinada de alguém ainda mais louco a di­vertir-se com sua loucura". (p. 160) Mas nem por isso deixaria de ter existência real, já que seu criador - o narrador implícito- reconhece nele "sua verdadeira natureza", "sua melhor razão de existir"; aquele que um dia haveria de rebelar-se dentro de si próprio. Numa maravi­lhosa passagem da página 188, feita à maneira das "tirades" teatrais e de monólogo interior, o autor implícito, transformado em persona­gem, revela seu caráter picaresco ao identificar-se com Viramundo, criação e projeção de seu desejo anárquico. Assim, O Grande Mente­capto aproxima-se ainda mais do gênero picaresco. E. que descobrimos em sua narração uma primeira pessoa disfarçada em terceira, o que faz com que esta narrativa passe a assumir o caráter confessional . Mas, à diferença do pícaro clássico, o autor confessa, não suas aven­turas vividas, mas as que espera viver um dia quando nele surgir o Viramundo ''enfim liberto, poderoso na sua fragilidade, terrível na pureza de sua loucura" (p . 188) O narrador transgride, então, a norma clássica da picaresca, ao fazer a confissão do que um dia vai acontecer e não do que já havia acontecido, como dita a regra. . . e a lógica . Uma trans_gressão, que afinal não é mais que uma atualização, pois não deixa de identificar-se outra vez com o gênero, uma vez que faz seu relato assumir este caráter confessional.

O Grande Mentecapto é um livro que provoca risos. E, segundo Bakhtin, como se sabe, o riso pertence à própria crise, aos processos propriamente dito de mudanças; mudança de poderes e verdades, mu­dança da ordem social. "No ato do riso carnavalesco combinam-se morte e renascimento, a negação (ridicularização) e a afirmação (jú-

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bilo). Até a paródia sacra foi permitida na Idade Média, sob a cober­tura da liberdade legalizada do riso" .

No atual contexto sociocultural brasileiro, um sem-número de ünalfabetos e miseráveis sobrevive sob o jugo de uma política inade­quada que desde sempre lhes impôs uma cultura de valores importa­dos. Para este povo que sempre viveu uma história de submissão. desde seus primeiros dias, nada mais lógico do que o surgimento e a solidificação de uma sociedade carnavalesca. E numa sociedade consti­tuída de alienados, a loucura é o único meio de se resgatar a verdade . E. nesse país do carnaval que nasce Viramundo. Movimentando-se na grandiosa praça pública brasileira ele atua entre palhaços e masca­rados . Em meio a essa gente que finge a normalidade do dia-a-dia comum, Viramundo viv~ a orgia de seu mundo invertido que desmas­cara para renovar o sentido da vida . Mas durante toda a ação a per­sonagem permanece como que inconsciente das transformações que provoca externamente e das que acontecem em seu interior. Apenas tem uma vaga sensação, nunca totalmente compreendida, de que algo está errado, de que as coisas não têm sentido. Sua ingenuidade infantil , sua quase-loucura, não deixa aflorar no consciente a razão de ser de eua tristeza, da solidão, do abandono de que se vê cada vez mais pos­suído. Adequa-se, então, às personagens alienadas e narcisistas anali­sadas por Arnold HAUSER:

"Todas ellas tienen en común que obran ai márgen de la realidad, que viven ai márgen de la vida y que, encarceladas en los límites de !lU yo, viven una existéncia fictícia y están como aisladas dei ser real. Su yo está · conformado de tal suerte, que les ahorra todo contacto di­recto con la realidad y contiene o cree contener un sustitutivo para todo lo que se da en la realidad". *

Fttndamentando ainda a loucura de Viramundo na análise de Hauser, compreendemos o processo de alienação e narcisismo vivido por nossa personagem no decorrer e no desenlace final de sua corres­rondência amorosa com Marília Ladisbão: "El narcisista sustituye la realidad por una ficción en cuyo centro está él mismo y se mueve en este mundo fictício sin preocuparse por la verdad ni verse asaltado ror dudas, porque no quiere ni puede examinar la certidumbre de los caminos que recorre . El narcisismo significa así, en el último término, una crisis dei sentido de la realidad y la pérdida dei objeto dei amor n•·rnstra consigo la pérdida de toda realidad exterior.''*

Quanto a Viramundo, o conhecimento e aceitação da verdade de 'lue as cartas de sua amada não passavam de uma farsa dos estudantes do Ouro Preto, o levaram a uma crise cada vez mais profunda de dt'scngano e de solidão . Ora, solidão e desengano são os primeiros •In tomas do pícaro clássico . Sintomas esses que degeneravam sempre numa degradação progressiva dentro de uma sociedade profundamente

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gritando. Queria dizer que aquele feito foi uma infâmia, uma traição sem nome, e como tal deveria ser representado para melhor ser riscado do nosso presente. Então, coerente em sua alucinação, ele proclama um "glória aos inconfidentes". Conclui bem, pois se hoje eles são glo­riosos, assim deveriam ser representados; e não traídos e enforcados, não com aquele cenário de fracasso que merecia ser destruído. (Nin­guém o entendeu . Salvo o cego Elias, que não vendo o cenário de apa­rências desfazer-se sob as bordoadas de Viramundo, aplaudiu com entusiasmo a cena real que as palavras do amigo traduziam) .

No episódio desta peça teatral sobre a Inconfidência, percebemos uma crítica à História, que está incorporada à sátira social. Para Vira­mundo, a glória de Tiradentes pertence ao mundo de hoje, a um povo livre da monarquia colonialista; liberdade conquistada (com o fracasso de ontem), pelo ideal dos inconfidentes. Reviver o enforcamento -deslocamento do tempo histórico - é glorificar um fracasso.

Viramundo é um ser descompromissado com todos os valores da sociedade; é um ser autônomo, que só uma vez desconfiou nebulosa­mente, ser ''uma criação alucinada de alguém ainda mais louco a di­vertir-se com sua loucura". (p. 160) Mas nem por isso deixaria de ter existência real, já que seu criador - o narrador implícito- reconhece nele "sua verdadeira natureza", "sua melhor razão de existir"; aquele que um dia haveria de rebelar-se dentro de si próprio. Numa maravi­lhosa passagem da página 188, feita à maneira das "tirades" teatrais e de monólogo interior, o autor implícito, transformado em persona­gem, revela seu caráter picaresco ao identificar-se com Viramundo, criação e projeção de seu desejo anárquico. Assim, O Grande Mente­capto aproxima-se ainda mais do gênero picaresco. E. que descobrimos em sua narração uma primeira pessoa disfarçada em terceira, o que faz com que esta narrativa passe a assumir o caráter confessional . Mas, à diferença do pícaro clássico, o autor confessa, não suas aven­turas vividas, mas as que espera viver um dia quando nele surgir o Viramundo ''enfim liberto, poderoso na sua fragilidade, terrível na pureza de sua loucura" (p. 188) O narrador transgride, então, a norma clássica da picaresca, ao fazer a confissão do que um dia vai acontecer e não do que já havia acontecido, como dita a regra. . . e a lógica . Uma trans_gressão, que afinal não é mais que uma atualização, pois não deixa de identificar-se outra vez com o gênero, uma vez que faz seu relato assumir este caráter confessional.

O Grande Mentecapto é um livro que provoca risos. E, segundo Bakhtin, como se sabe, o riso pertence à própria crise, aos processos propriamente dito de mudanças; mudança de poderes e verdades, mu­dança da ordem social. "No ato do riso carnavalesco combinam-se morte e renascimento, a negação (ridicularização) e a afirmação (jú-

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bilo). Até a paródia sacra foi permitida na Idade Média, sob a cober­tura da liberdade legalizada do riso" .

No atual contexto sociocultural brasileiro, un sem-número de ünalfabetos e miseráveis sobrevive sob o jugo de ttma política inade­quada que desde sempre lhes impôs uma cultura re valores importa­dos. Para este povo que sempre viveu uma histéria de submissão desde seus primeiros dias, nada mais lógico do que o surgimento e a solidificação de uma sociedade carnavalesca. E numa sociedade consti­tuída de alienados, a loucura é o único meio de se nsgatar a verdade . E. nesse país do carnaval que nasce Viramundo. M>Vimentando-se na grandiosa praça pública brasileira ele atua entre Jalhaços e masca­rados . Em meio a essa gente que finge a normalidade do dia-a-dia comum, Viramundo viv~ a orgia de seu mundo inv~rtido que desmas­cara para renovar o sentido da vida . Mas durante toda a ação a per­sonagem permanece como que inconsciente das ttansformações que provoca externamente e das que acontecem em sett interior. Apenas tem uma vaga sensação, nunca totalmente compreendida, de que algo está errado, de que as coisas não têm sentido. Sua in5enuidade infantil , sua quase-loucura, não deixa aflorar no consciente a razão de ser de sua tristeza, da solidão, do abandono de que se vê cada vez mais pos­suído. Adequa-se, então, às personagens alienadas e narcisistas anali­sadas por Arnold HAUSER:

"Todas ellas tienen en común que obran al mátgen de la realidad, que viven al márgen de la vida y que, encarcelada! en los límites de su yo, viven una existéncia fictícia y están como aisladas dei ser real. Su yo está · conformado de tal suerte, que les ahorrt todo contacto di­recto con la realidad y contiene o cree contener un sustitutivo para todo lo que se da en la realidad". *

Fttndamentando ainda a loucura de Viramurdo na análise de Hauser, compreendemos o processo de alienação e narcisismo vivido por nossa personagem no decorrer e no desenlace final de sua corres­rondência amorosa com Marília Ladisbão: "El narcisista sustituye la realidad por una ficción en cuyo centro está él misrno y se mueve en este mundo fictício sin preocuparse por la verdad ni verse asaltado ror dudas, porque no quiere ni puede examinar la eertidumbre de los cnminos que recorre . El narcisismo significa así, en el último término, una crisis dei sentido de la realidad y la pérdida rei objeto dei amor n1-rostra consigo la pérdida de toda realidad exterior.''*

Quanto a Viramundo, o conhecimento e aceitação da verdade de que ns cartas de sua amada não passavam de uma fa:sa dos estudantes do Ouro Preto, o levaram a uma crise cada vez mais profunda de dt'scngano e de solidão . Ora, solidão e desengano são os primeiros •In tomas do pícaro clássico . Sintomas esses que degeneravam sempre numa degradação progressiva dentro de uma sociedade profundamente

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demarcada e ideologicamente maniqueísta . Mas na nossa sociedade brasileira, mais caracterizada pelas "mésalliances" carnavalescas, não há sequer lugar para projetos de ascenção social como indicadora de caminhos. Aqui impera a loucura que é o estado das coisas . Enquanto louca, não poderá tão pouco existir na nossa personagem esse processo de integração social que se constata no pícaro clássico ao se degradar para identificar-se com a sociedade . Em Viramundo não há degra­dação e sim uma constante e inabalável pureza de espírito e de ações. Conseqüentemente não haverá aprendizagens nem tomadas de cons­ciência. O louco é um eterno inconsciente, um ser sensorial que atua sempre gratuitamente a ponto de se transformar num ultra-herói de causas absurdas . E as causas consideradas absurdas pela lógica rea· lista não parecem tão estranhas ao romanesco. Assim, tal como D. Quixote, Viramundo tem muitos pontos coincidentes com o herói ro­manesco. No tema romanesco, por exemplo, a mutilação e a morte são o preço da sabedoria e do poder. Viramundo, massacrado e mortJO, havia possuído sabedoria e poder através da verdade evangélica de que se considerava detentor.

O conflito é o tema da estória romanesca e é fundamentado numa série de aventuras maravilhosas . Aqui temos o conflito Viramundo x Sociedade; mas na nossa história o maravilhoso cede lugar ao realismo, através das interferências do autor. Ilustramos nossa afirmação com o episódio do cavalo tordilho . e. que após o inverossímil "obrigado, Viramundo", pronunciado pelo cavalo, o autor intervém para rechaçar a possibilidade de interpretação do fato pelo realismo mágico. Explica­se pela lógica contundente da metáfora: já vira na vida muitas caval­gaduras "bem-falantes". (p. 139)/Recupera, assim, a coerência interna da narrativa, que, sendo realista, não tem nada de mágica ou fantástica. O "caráter" picaresco do cavalo - que _a imaginação de Viramundo transforma em personagem humanizado - encontra seu similar no caráter do próprio narrador .

Analisando D . Quixote, Hauser fala de como a loucura pode ser heróica e de como o heroísmo pede parecer loucura. Assim é Vira­mundo: um louco que tal qual D. Quixote transformou-se em símbolo do heroísmo e da pureza de coração. Principalmente nisso eles se dis­tinguem do pícaro clássico. Mas el)contram-se todos na mais lídima a:;piração humana que é a liberdade: ainda que seja a alucinada liber· dade de proteger donzelas já não mais desamparadas; nem que seja a humilde aspiração ao desejo de "ir e vir" livremente.

Numa retomada esquemática geral da universalidade desta obra, podemos dizer que ela se desenrola ou se equilibra numa atmosfera existencialista cristã. Esta constatação nos parece inegável. O que lemos n'O Grande Mentecapto é uma grandiosa paródia modernizadft do cristianismo. O livro que tem como tema a inocência evangélica,

224 Rev. de Letras, Fortaleza, 14 <1/2) - jan./d~. 1988

inicia-se com uma citação de Mateus: ''Todo aquele que se fizer pe­queno como este menino, este será o maior no reino dos Céus . Mt. 28,4" (p. 7) Seu desenrolàr está permeado de citações bíblicas, às vezes coerentes, às vezes intencionalmente impróprias para as situações. Em suas aventuras e desventuras, a personagem vive atualizações de­sastrosas das principais passagens evangélicas . O autor usa imagens de Evangelho para anunciar os fracassos de sua personagem como: "Antes de bater o pó das sandálias e deixar a cidade ... " (p. 76) Alusão direta aos ensinamentos de Jesus aos seus discípulos de como agir quando não fossem bem recebidos numa cidade ou ali, não ti­vessem sucesso.

Até o Antigo Testamento se encontra aqui representado na per­sonalização dos profetas do Aleijadinho. As personagens de pedra dos profetas aqui se animam e se humanizam na imaginação alucinada de Viramundo que os interpela , parodiando suas ações, falando com eles - ou fazendo eco às suas falas - reinventando-os enquanto persona­gens vivas e já não seres históricos. O narrador de O Grande Mente­capto fundamenta nosso ponto de vista ao colocar os profetas no epí­logo de seu livro, onde conta do destino das personagens que partiêi­param das aventuras do protagonista .

Também não acreditamos ser forçoso ver uma aproximação das ladainhas em que se invocam os diversos nomes de Nossa Senhora, com os apelidos da personagem, tal é a semelhança gráfica e rítmica em que são dispostos no texto (caráter judaico -picaresco) .

Finalizando, temos a paródia da Paixão e Morte de Jesus, em todas as suas principais seqüências: a agonia, o abandono dos discí­pulos, os soldados, a aceitação do martírio em lugar dos verdadeiros culpados, a morte pela lança aos trinta e três anos de idade e o madeiro (1\rvore na qual Viramundo é amarrado). Tudo está lá, mesmo a de­aulução dos amigos com o corpo morto nos braços. E complementando u que chamamos de intencionalidade do autor, o encerramento do livro na linguagem litúrgica: "Deo Gratias".

Mas tudo isso é simbólico . O que ali vemos concretamente, é umn personagem louca invertendo a ordem do mundo, como tantos IA o fizeram. Após obter esse "monde à 1' envers", desequilibrando-o, dc11conotizando-lhe o sentido da ordem político-social, o herói tem que,

,r força, sofrer as conseqüências do caos que provoca.

Para D. Quixote, como para outros tantos que o imitaram, a única 11fcha foi a morte; morte por desengano ou por aceitação de uma rea­

lltl11dc insuportável; morte intencionalmente suicida como algumas r11nnugens de autores como Unamuno, Camus ou Gide . Mas Vira­

li Indo, que não saiu de seu estado de semi-inconsciência, de sonam­ull•mo, ele não conheceu esse desejo de morte no final de sua exis-

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demarcada e ideologicamente maniqueísta. Mas na nossa sociedade brasileira, mais caracterizada pelas "mésalliances" carnavalescas, não há sequer lugar para projetos de ascenção social como indicadora de caminhos. Aqui impera a loucura que é o estado das coisas . Enquanto louca, não poderá tão pouco existir na nossa personagem esse processo de integração social que se constata no pícaro clássico ao se degradar para identificar-se com a sociedade . Em Viramundo não há degra­dação e sim uma constante e inabalável pureza de espírito e de ações. Conseqüentemente não haverá aprendizagens nem tomadas de cons­ciência . O louco é um eterno inconsciente, um ser sensorial que atua sempre gratuitamente a ponto de se transformar num ultra-herói de causas absurdas . E as causas consideradas absurdas pela lógica rea· lista não parecem tão estranhas ao romanesco. Assim, tal como D. Quixote, Viramundo tem muitos pontos coincidentes com o herói ro­manesco. No tema romanesco, por exemplo, a mutilação e a morte são o preço da sabedoria e do poder. Viramundo, massacrado e morto, havia possuído sabedoria e poder através da verdade evangélica de que se considerava detentor.

O conflito é o tema da estória romanesca e é fundamentado numa série de aventuras maravilhosas . Aqui temos o conflito Viramundo x Sociedade; mas na nossa história o maravilhoso cede lugar ao realismo, através das interferências do autor. Ilustramos nossa afirmação com o episódio do cavalo tordilho. :e. que após o inverossímil "obrigado, Viramundo", pronunciado pelo cavalo, o autor intervém para rechaçar a possibilidade de interpretação do fato pelo realismo mágico. Explica­se pela lógica contundente da metáfora: já vira na vida muitas caval­gaduras "bem-falantes". (p. 139)/Recupera, assim, a coerência interna da narrativa, que, sendo realista, não tem nada de mágica ou fantástica. O "caráter" picaresco do cavalo - que a imaginação de Viramundo transforma em pérsonagem humanizado - encontra seu similar no caráter do próprio narrador .

Analisando D. Quixote, Hauser fala de como a loucura pode ser heróica e de como o heroísmo pede parecer loucura. Assim é Vira­mundo: um louco que tal qual D. Quixote transformou-se em símbolo do heroísmo e da pureza de coração. Principalmente nisso eles se dis­tinguem do pícaro clássico. Mas el)contram-se todos na mais lídima a:;piração humana que é a liberdade: ainda que seja a alucinada liber­dade de proteger donzelas já não mais desamparadas; nem que seja a humilde aspiração ao desejo de ''ir e vir" livremente.

Numa retomada esquemática geral da universalidade desta obra, podemos dizer que ela se desenrola ou se equilibra numa atmosfera existencialista cristã . Esta constatação nos parece inegável. O quo lemos n'O Grande Mentecapto é uma grandiosa paródia modernizadft do cristianismo. O livro que tem como tema a inocência evangélico,

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inicia-se com uma citação de Mateus : ''Todo aquele que se fizer pe· queno como este menino, este será o maior no reino dos Céus . Mt. 28,4" (p. 7) Seu desenrolar está permeado de citações bíblicas, às vezes coerentes, às vezes intencionalmente impróprias para as situações. Em suas aventuras e desventuras, a personagem vive atualizações de­sastrosas das principais passagens evangélicas . O autor usa imagens de Evangelho para anunciar os fracassos de sua personagem como: "Antes de bater o pó das sandálias e deixar a cidade ... " (p. 76) Alusão direta aos ensinamentos de Jesus aos seus discípulos de como agir quando não fossem bem recebidos numa cidade ou ali, não ti­vessem sucesso.

Até o Antigo Testamento se encontra aqui representado na per­sonalização dos profetas do Aleijadinho. As personagens de pedra dos profetas aqui se animam e se humanizam na imaginação a]ucinada de Viramundo que os interpela, parodiando suas ações, falando com eles -ou fazendo eco às suas falas - reinventando-os enquanto persona­gens vivas e já não seres históricos. O narrador de O Grande Mente­capto fundamenta nosso ponto de vista ao colocar os profetas no epí­logo de seu livro, onde conta do destino das personagens que partici­param das aventuras do protagonista.

Também não acreditamos ser forçoso ver uma aproximação das ladainhas em que se invocam os diversos nomes de Nossa Senhora, com os apelidos da personagem, tal é a semelhança gráfica e rítmica em que são dispostos no texto (caráter judaico -picaresco).

Finalizando, temos a paródia da Paixão e Morte de Jesus, em todas as suas principais seqüências: a agonia, o abandono dos discí­pulos, os soldados, a aceitação do martírio em lugar dos verdadeiros culpados, a morte pela lança aos trinta e três anos de idade e o madeiro (Arvore na qual Viramundo é amarrado). Tudo está lá, mesmo a de­lulução dos amigos com o corpo morto nos braços. E complementando u que chamamos de intencionalidade do autor, o encerramento do livro na linguagem litúrgica: "Deo Gratias".

Mas tudo isso é simbólico . O que ali vemos concretamente, é umn personagem louca invertendo a ordem do mundo, como tantos IA o fizeram. Após obter esse "monde à 1' envers", desequilibrando-o, dllNconotizando-lhe o sentido da ordem político-social, o herói tem que,

,r força, sofrer as conseqüências do caos que provoca.

Para D. Quixote, como para outros tantos que o imitaram, a única •fcln foi a morte; morte por desengano ou por aceitação de uma rea­

llthulCl insuportável; morte intencionalmente suicida como algumas r11ot111gens de autores como Unamuno, Camus ou Gide. Mas Vira­

li Indo, que não saiu de seu estado de semi-inconsciência, de sanam· ull•mo, ele não conheceu esse desejo de morte no final de sua exis-

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tência. Ela se concretizará pela ação decisiva de seu "criaçlor", ou seja, o narrador, esta personagem lúcida, contaminada pela corrupção da "ordem iníqua". Burlesco, falso, desiludido. o único pícaro desta história é seu narrador implícito, representante típico do enorme uni­verso picaresco que nos apresenta.

Concluindo, queremos ainda afirmar que O Grande Mentecapto cJassifica-se entre os romances para-neo-picarescos e tem como perso­nagens principais um narrador pícaro e Viramundo, seu Cristo carna­valizado.

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O CANTO DO PASSARINHO CARRANCUDO

Poemas: Horácio Dídimo

Músicas: Elvira Drumond

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tência. Ela se concretizará pela ação decisiva de seu "criaçlor", ou seja, o narrador, esta personagem lúcida, contaminada pela corrupção da ·~ordem iníqua". Burlesco, falso, desiludido. o único pícaro desta história é seu narrador implícito, representante típico do enorme uni­verso picaresco que nos apresenta.

Concluindo, queremos ainda afirmar que O Grande Mentecapto cJassifica-se entre os romances para-neo-picarescos e tem como perso­nagens principais um narrador pícaro e Viramundo, seu Cristo carna­valizado.

226 Rev. de Letras, Fortaleza, 14 <1/2) - 1an./dez. 198t

O CANTO DO PASSARINHO CARRANCUDO

Poemas: Horácio Dídimo

Músicas: Elvira Drumond

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1. aasa

a asa é azul verde é a verdade o tempo é cinza é cinza é cinza suave é o amor

2. a discussão

o violino diz que sim o violão diz que não e o poeta faz dó ré mi fá sol lá si com as suas palavrinhas

3 . a g11linha e o grão

de grão em grão a galinha controla sua dieta

de grão em grão (involuntariamente) a galinha prepara nossa refeição

4 . a palavra chave

a palavra chave já não fecha nem abre

a palavra amor muda de cor

a palavra verde amadurece

a palavra ave voa no papel

5 . a tart•Jruga que não sabia dizer adeus

pode ser que tudo cresça e floresça e rejuvenesça pode ser que no meu canto no meu sono no meu sonho eu não me esqueça

Rev. de Letras, Fortaleza, 14 <1/2) - 1an./dez. 198G

6 . as maravilhas da natureziJ

era um sapãozinho que morava na lagoa tinha uma raiva acesa nos olhos mas passava a noite cantando na sua cadeira de rodas

7 . de repente as folhas verdes e as árvores tranqüiias

se o sol fosse meu trancado no guarda-roupa debaixo de sete chaves de nada me serviria

8. o afinador de p.'llavras

quero passar um dia bem azul polindo velhas palavras até que elas brilhem ccmo o sol

9. o anãozinho

tanto fez tanto fez que uma estrela azul brilhou no céu pela primeira vez

1 O. o bicho feio

diz que era um bicho feio que todos os dias vinha toco-toco com seu passinho miúdo assombrar a gente

tinha os olhos de cabra-cega-donde-vem e as pernas pra-que-te-quero

diz que era um bicho até bonzinho

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1. a asa

a asa é azul verde é a verdade o tempo é cinza é cinza é cinza suave é o amor

2 . a discussão

o violino diz que sim o violão diz que não e o poeta faz dó ré mi fá sol lá si com as suas palavrinhas

3 . a g11linha e o grão

de grão em grão a galinha controla sua dieta

de grão em grão (involuntariamente) a galinha prepara nossa refeição

4. a palavra chave

a palavra chave já não fecha nem abre

a palavra amor muda de cor

a palavra verde amadurece

a palavra ave voa no papel

5 . a tart•Jruga que não sabia dizer adeus

pode ser que tudo cresça e floresça e rejuvenesça pode ser que no meu canto no meu sono no meu sonho eu não me esqueça

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6 . as maravilhas da natureziJ

era um sapãozinho que morava na lagoa tinha uma raiva acesa nos olhos mas passava a noite cantando na sua cadeira de rodas

7 . de repente as folhas verdes e as árvores tranqüiias

se o sol fosse meu trancado no guarda-roupa debaixo de sete chaves de nada me serviria

8. o afinador de p.'llavras

quero passar um dia bem azul polindo velhas palavras até que elas brilhem ccmo o sol

9. o anãozinho

tanto fez tanto fez que uma estrela azul brilhou no céu pela primeira vez

1 O. o bicho feio

diz que era um bicho feio que todos os dias vinha toco-toco com seu passinho miúdo assombrar a gente

tinha os olhos de cabra-cega-donde-vem e as pernas pra-que-te-quero

diz que era um bicho até bonzinho

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11 . o dragão

o dragão era mansinho brincava na calçada passeava com as crianças usava até um laço de fita na cabeça

quando chovia ele gostava de cantar: tra-Ia-li tra-Ia-lá tra-Ia-li tra-Ia-lá

e ai de quem chegasse perto dele

12 . o labirinto

dona carochinha era uma velhinha muito enfezadinha que contava estórias engraçadas que entravam pela perna de um pato e saíam pela perna de um pinto

mas el rei mandou dizer que acabou-se o que era doce aí ela calou-se

13 . o momento

o nosso momento é verde como os olhos do luar tem uma rosa vermelha como os olhos do luar

o tempo sopra na praia çomo as cantigas do mar o nosso momento é verde como as cantigas do mar

14. o passarinho carrancudo

era uma vez um passarinho carrancudo que não sabia

não sabia não sabia navegar

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passava uma duas três quatro cinco seis semanas

e não parava não parava não parava de cantar

15 . o pássaro

é você o contador de histórias que ganha o mundo dizendo causas do arco-da-velha?

pois eu vim tomar uma satisfação

16 . o rei não-jrancisco

lá vai o rei de rabecão deixou em casa o seu tostão

lá vai o rei de rabequinha deixou em casa tudo o que tinha

lá vai o rei de violão quebrando as cordas do coração chorando as penas do gavião

17 . o relógio

ora quem viu, passarinho o tempo despertador correndo devagarinho no canto do mostrador reviajando o caminho redescobrindo o amor?

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Page 39: ecH.,.'~'Od;t:b;, · desde seus primeiros dias, nada mais lógico do que o surgimento e a solidificação de uma sociedade carnavalesca. E numa sociedade consti tuída de alienados,

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11 o o dragão

o dragão era mansinho brincava na calçada passeava com as crianças usava até um laço de fita na cabeça

quando chovia ele gostava de cantar: tra-Ia-li tra-la-lá tra-la-li tra-Ia-lá

e ai de quem chegasse perto dele

12 o o labirinto

dona carochinha era uma velhinha muito enfezadinha que contava estórias engraçadas que entravam pela perna de um pato c saíam pela perna de um pinto

mas el rei mandou dizer que acabou-se o que era doce aí ela calou-se

13 o o momento

o nosso momento é verde como os olhos do luar rem uma rosa vermelha como os olhos do luar

o tempo sopra na praia como as cantigas do mar o nosso momento é verde como as cantigas do mar

14 o o passarinho carrancudo

era uma vez um passarinho carrancudo que não sabia

não sabia não sabia navegar

Rev. de Letras, Fortaleza, 14 (1/2) - Jan./d~o 1989

passava uma duas três quatro cinco seis semanas

e não parava não parava não parava de cantar

15 o o pássaro

é você o contador de histórias que ganha o mundo dizendo cousas do arco-da-velha?

pois eu vim tomar uma satisfação

16 o o rei não-francisco

lá vai o rei de rabecão deixou em casa o seu tostão

lá vai o rei de rabequinha deixou em casa tudo o que tinha

lá vai o rei de violão quebrando as cordas do coração chorando as penas do gavião

17 o o relógio

ora quem viu, passarinho o tempo despertador correndo devagarinho no canto do mostrador reviajando o caminho redescobrindo o amor?

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18 . o sol existe

ainda que seja noite o sol existe por cima de pau e pedra nuvens e tempestades cobras e lagartos o sol existe

ainda que tranquem o nosso quarto e apaguem a luz o sol existe

19 . os gigantes

os gigantes vão perdendo as forças quando não conseguem prender nossa atenção

lá se vão eles anõezinhos enormes mendigando olho por olho dente por dente

20. quem vem lá? quem vem lá? - perguntou o porteiro

o rato que roeu o gato e o sapato

o caracol que por sua concha e risco não sabia mais o que fazer

o tigre de bengala o leão de peruca e a tartaruga que era um passarinho disfarçado

Rev. de Letras, Fortaleza, 14 U/2) - jan./dez. 1989

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