Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo...

23

Transcript of Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo...

Page 1: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

----------------------------

gt- ed

Registro

ex01 Coordenaccedilatildeo Editorial Carla Milano Benc10wicz

Revisatildeo Eunice T amashiro Dilair F de Aguiar

Projeto Graacutefico Lacy M Tsukumo Andrade

Capa Fachada principal do Teatro Municipal de Satildeo Paulo 1984 Levantamento por fotogrametria rerrestre executado pela TerraFoto SA Atividades de Aerolevantamento em convecircnio com o Departamento do Patrimocircnio Histoacuterico da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura do Municiacutepio de Satildeo Paulo

Dados de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP) Internacional (Cacircmara Brasileira do Livro SP Brasil)

Ecletismo na Arquitetura Brasileira I organizaccedilatildeo Annateresa Fabris Satildeo Paulo Nobel Editora da Uniacuteversidade de Satildeo Paulo 1987

148 ISBN 85-213-0473-0

1 Arquitetura Histoacuteria 2 Arquitetura moderna - Seacuteculo 19 - Brasil 3 Arquishytetura moderna Seacuteculo 20 Brasil 4 Ecletismo em arquiacutetetura 5 Ecletismo em arquitetura _ Brasil L Fabris Annateresa

CDD-720981 -7209

87-0518 -724

Iacutendices para cauiacuteiogo sisremaacutetico

1 Arquitetura Histoacuteria 7209 2 Brasil Ecletismo Arauitetura 3 Brasil Ecletismo 4 Ecletismo

19 720981 20 720981

5 Seacuteculo 19 Arquitetura B1ISil 720981 6 Seacuteculo 20 Ecletismo rquitetm8 Btusil 720981

shy

shy

-=shy

shy

----___IIIIIII__IIIIIIIIIIII~--~=~~____shy~ lI IBt SUMARIO

-shy 7 Apresentaccedilatildeo Annateresa Fabris

~ 8 Consideraccedilotildees sobre o Ecletismo na Europa Luciano Patetta si bull

28 Ecletismo no Rio de Janeiro (seacutec XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna

68 Ecletismo em Satildeo Paulo Carlos Lemos

104 O Ecletismo em Minas Gerais Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti Salgueiro

s 146 Arquitetura ecleacutetica no Paraacutebull

gd S No periacuteodo correspondente ao ciclo econocircmico da borracha 1870-1912

g S Jussara da Si Iveira Derenji

t 9

176 Arquitetura ecleacutetica em Pernambuco bull f 9

g Geraldo Gomes da Silva

g S gJ S 208 Arquitetura ecleacutetica no Cearaacute

Joseacute Liberal de Castro eacute r

256 A fase historicista da arquitetura no Rio Grande do Sul Guumlnther Weimer --bull

280 O Ecletismo agrave luz do modernismo Annateresa Fabris

shy

1 ~ I

(IIIII1 -shy -shy

bull -shybull

I shy shy

lIIiacuteII9 CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE O ECLETISMO == IBJ ~ IIIB) 1111119 ~

lIIIB9 fIIIIt IIIIIIIII-

NA EUROPA

LUCIANO PATEnA

(Milatildeo 1935)

Arquiteto e professor de Histoacuteria da Arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Politeacutecnica de Milatildeo Organizou a mostra de arquitetura na Bienal de Veneza em 1976 do Neocassicismo (Milatildeo) em 1978 e sobre Longhi (Roma) em 1980 Escreveu numerosos ensaios publicados na Itaacutelia Espanha e Argentina sobre arquitetura do seacuteculo XIX e do entre guerras

i Viacuteoltet te Duc) Projeto de restauraccedilatildeo da ~atedral de Clermont Femmd 1875

d

bull111

Consideraccedilotildees sobre o Ecletismo na Europa

A queda progressiva dos preconceitos criacuteticos levou a historiografia ar qui tetocircnica a reavaliar no final do seacuteculo passado o Barroco e no atual o Neoclassicismo (sobre o qual pesavam ainda a censura da criacutetica romacircntica e idealista) o Art nouveau e o Ecletismo (considerados pelo Movimento Moderno inimigos a serem

derrotados) Reconstituir com objetividade os fatos e aprofundar os aspectos problemaacuteticos do Neoclassicismo e do Ecletismo foi tarefa dos uacuteltimos dececircnios primeiramente atraveacutes de uma reavaliaccedilatildeo criacutetica geral (quase um reparo obrigatoacuterio) depois atraveacutes de pesquisas especiacuteficas sobre diferentes regiotildees e paiacuteses sobre aspectos determinados e arquitetos individualmente Dois fatos - pelo menos na Europa - estimularam estes estudos e interesses renovados por um lado a ampliaccedilatildeo do problema da proteccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-monumental para as estruturas urbanas e edifiacutecios do seacuteculo XIX por outro a crise do urbanismo do

Movimento Moderno que levou a um revisatildeo dos princiacutepios desta disciplina e a uma reflexatildeo criacutetica em cujo alicerce se encontram exatamente a cultura e a cidade do seacuteculo passado Podemos dizer ateacute que Neoclassicismo e Ecletismo hoje constituem o centro de interesses de aacutereas como a universitaacuteria por exemplo onde as decisotildees operacionais e de projeto arquitetocircnico e urbaniacutestico amadurecem

Mas se a perspectiva histoacuterica mais ampla e a superaccedilatildeo da taacutebula rasa tendenciosa teorizada pelas Vanguardas e pelo Movimento Moderno permitiram

reconsiderar com objetividade a ~ produccedilatildeo arquitetocircnica recente a historiografia natildeo podia renunciar a - recolocar em discussatildeo tambeacutem as velhas categorias e as velhas bull classificaccedilotildees isto eacute aquelas que bullconsideravam o Neoclassicismo e o

shy

WbullEcletismo natildeo soacute como experiecircncias subsequumlentes mas ateacute mesmo bull antiteacuteticas Aos poucos poreacutem a adoccedilatildeomiddotIII1 pela criacutetica de termos como claacutessico e In_ romacircntico 1 o aprofundamento do I-__~

significado da imitaccedilatildeo (seja ela relativa agrave antiguumlidade greco-romana seja agrave _f medieval) a descoberta de que havia ~

uma dialeacutetica constante entre razotildees da IIIIIi arquitetura e razotildees eacuteticas sociais e poliacuteticas e de que existia uma uacutenica clientela - a burguesia em ascensatildeo -_~ nos levaram a interpretar o periacuteodo que ~ vai da metade do seacuteculo XVIII ateacute o iniacutecio do nosso como um uacutenico longo

~

periacuteodo 2 Acabamos por reencontrar bull uma continuidade histoacuterica que tem ~ origem na crise da antiga tradiccedilatildeo _ claacutessica e vitoriana (por volta de 1750) ~ e que culmina no abandono total de _ qualquer referecircncia aos estilos ~~

histoacutericos pretendido pela arte moderna~

Reencontrar no seio das experiecircncias ~ neoclaacutessicas e ecleacuteticas razotildees de ~-consenso mais do que de contraposiccedilatildeo e apagar qualquer linha niacutetida de ~ demarcaccedilatildeo entre elas foi uma ~ contribuiccedilatildeo criacutetica importante Muitas c

duacutevidas foram dissipadas e respostas convincentes foram dadas a estas

~ questotildees 1) Eacute realmente o Ecletismo -=shya expressatildeo da arte e da arquitetura ~ que se segue ao Neoclassicismo seria apoliacutetico no sentido burguecircs tanto

~

quanto o Neoclassicismo era jacobino ~-

~

~

- Cshy

~

10

--

2

~ iacuteIIII shy -~Goudoin ] B LepeTe Colonne V endoacuteme -- 1806~ris

- Vignon A Madeleine Paris 1806 ~ieto prem iado pela Academia Real Paris ~8-18O Lilge 1842 (proelo de Ch -cier 1786) -shy

11

democraacutetico e renovador A panir do momento em que caiacuteram por terra muitas das interpretaccedilotildees pOllticas do Neoclassicismo e que inversamente rerificou-se que a burguesia da segunda netade do seacuteculo XIX possuiacutea ideais )oliacuteticos precisos a tese mostra-se xcessivamente esquemaacutetica e natildeo uporta verificaccedilotildees n O Ecletismo eacute algo que se distingue los revivals (e particularmente lo neogoacutetico isto eacute do revival

lt1ais engajado tanto como ideologia eligiosa quanto poliacutetico-patrioacutetica) im se atribuirmos grande

mportacircncia agraves premissas teoacutericas e aos bjetivos extradisciplinares de outra Jrma as diferenccedilas tornam-se mais randas (e inexistem se examinarmos as mtes e os modelos adotados 3)

) E estes revivals coincidiam com a Isca do assim chamado estilo acional que na Itaacutelia se expressou raveacutes do neo-romacircntico ou do o-renascentista na Franccedila e na

19laterra do neogoacutetico na Alemanha ) Rundbogenstil 4 Pelo menos em Irte sim principalmente se nsiderarmos que entre todas as Jtivaccedilotildees ideais as que obtiveram aio consenso foram o patriotismo e a lsca das proacuteprias raiacutezes culturais ria um erro poreacutem concluir que se longo periacuteodo da arquitetura lais de 150 anos) tenha sido mogecircneo e tenha tido um senvolviacutemento linear ao contraacuterio

apresenta diferentes manifestaccedilotildees mo poucas outras no passado e eccedilotildees divergentes (frequumlentemente 1traditoacuterias) testemunhos de urna 1stante inquietude intelectual a ponto de se mostrar como um

-iacuteodo fragmentaacuterio mais condizente

com as pesquisas cognoscitivas que aceitam exatamente essa fragmentariedade caracteriacutestica e

aprofundam-na Uma seacuterie de fenocircmenos une todavia esses fragmentos de histoacuteria uma linha contiacutenua percorre toda a trajetoacuteria da arquitetura burguesa desde os anos do Iluminismo na Franccedila e do paladianismo inglecircs dos countryshy

gentlemen ateacute os anos da Rainha Vitoacuteria do Segundo Impeacuterio francecircs do colonialismo triunfante e da Belle eacutepoque Pensemos na estilizaccedilatildeo na simplificaccedilatildeo dos elementos arquitetocircnicos do passado operaccedilotildees que levaram as sutis complexidades de proporccedilatildeo e de composiccedilatildeo a cair em uma reduccedilatildeo moderna que aproxima

arquitetos do seacuteculo XVIII como Robert e John Adams John Soane Claude-Nicolas Ledoux aos arquitetos de meados do seacuteculo XIX como Henry Labrouste Gottfried Semper e Edmund Street - Pensemos na concepccedilatildeo de

estilo como linguagem coletiva e sistema universal de formas (aquelas do universo greco-romano ou goacutetico) que transcende as singularidades e individualidades expressivas (de fato o traccedilo estiliacutestico pessoal de cada arquiteto se mostra cada vez menos evidente) - Pensemos na relaccedilatildeo com

o antigo que comeccedila com uma abordagem de cunho miacutetico passa por fases ideoloacutegicas e interpretativas depois agrave adesatildeo com total ortodoxia para diluir-se finalmente na praacutetica profissional corriqueira -- Pensemos na convicccedilatildeo de que era possiacutevel escolher entre elementos extraiacutedos das antiguumlidades concentrar o melbor deles iludindo-se de que esse encontrar e aplicar pudesse comparar-se agraves

experiecircncias criativas do passado baseadas ao inveacutes no buscar ex novo e renovar sempre - Pensemos enfim na condiccedilatildeo que aproximava todas essas geraccedilotildees a arquitetura natildeo

podia mais ser patrimocircnio de poucos mestres devia ceder agraves novas exigecircncias da produccedilatildeo de massa e agrave

definiccedil~o de uma nova figura de projetista o profissional Para os projetistas profissionais era necessaacuterio que as escolas as academias preparassem um sistema de regras razoaacuteveis e concretas de acordo com

as atribuiccedilotildees exigidas pelo tempo colocando a liberdade criadora em limites bem definidos As severas regras distributivas e tipoloacutegicas o ritmo das estruturas modulares fixadas

por J N Louis Durand (em seu Precis des teccedilans darchiterture Paris 1801-1823) nas quais deviam se basear o decoro e a ornamentaccedilatildeo neoclaacutessica constituiacuteram o fundamento da metodologia profissional por muito

tempo na metade do seacuteculo foram adotadas pelo determinismo compositivo dos engenheiros (que posteriormente revestiam as estruturas metaacutelicas dos

edifiacutecios com ornamentaccedilotildees neobarrocas ou neo-renascentistas) foram utilizadas tambeacutem nos projetos neogoacuteticos e guiaram no final do seacuteculo os primeiros edifiacutecios com vigas e pilastras em cimento armado

Se considerarmos decisivos portanto os fatores estruturais e supra-estruturais

de todo o periacuteodo isto eacute a consolidaccedilatildeo do poder burguecircs os rumos tomados pela civilizaccedilatildeo industrial o

entrelaccedilamento na cultura romacircntica dos ideais nacionais e de independecircncia com os problemas econocircmicos da

shy iiJ 411 (I I bull(I

fi li l1li li

II I

li li 11

li

bull II

fi r (IIi pr-shy

~

~ ~ shy1_shy--Jshybull I

produccedilatildeo em seacuterie etc parecem-nos realmente desfacadas as tentativas de classificar rotular J escolhergt no seio

da experiecircncia linguumllstica global do Ecletismo historIacutecista Quando os

ingleses Thomas Hope James Fergusson T L Donaldson C Gilbert SCOtl os franceses Ceacutesar Daly e E Viollet le Duc o alematildeo Friederich Schinkel ~ desconcertados pelo aparente caos das muacuteltiplas pesquisas estiliacutes ticas pelas contraditoacuterias experiecircncias formais de sua eacutepoca pela simultaneidade de vaacuterios revivals

perguntavam-se ansiosos quando tambeacutem o seacuteculo XIX saberia finalmente encontrar o proacuteprio

estilo) natildeo percebiam que estavam buscando em uma direccedilatildeo anacrocircnica e natildeo viam que O seacuteculo X1X jaacute encontrara 1lt0 proacuteprio estilo e que este - era o Ecletismo O Ecletismo era a cultura arquitetocircnica proacutepria de urna a bull classe burguesa que dava primazia ao conforto amava o progresso (especialmente quando melhorava suas condiccedilotildees de vida) amava as novidades mas rebaixava a produccedilatildeo artiacutestica e arquitetocircnica ao niacutevel da moda e do gosto Foi a clientela burguesa que exigIU (e obteve) os grandes progressos nas

~

4

--

C DtUacutey MOllft Hiltonque dAhiJeClUre cf - de $culprure d Ornamem Puni 1869

~ - A De Batldo Ponte Metoacutelica Proieto para

a Exposiccedilatildeo Universal de Paris 1900

instalaccedilotildees teacutecnicas nos serviccedilos sanitaacuterios da casa na sua distribuiccedilatildeo interna que solicitou urna evoluccedilatildeo raacutepida das tIacutepologias nOs grandes hoteacuteis nos balneaacuterios nas grandes lojas nos

escritoacuterios nas bolsas nos teatros e nos bancos que soube encontrar o tOm exato de autocelebraccedilatildeo nas estruturas

imponentes dos pavilhotildees das Exposiccedilotildees Universa is (de Londres shy1851 - e de Paris - 1867-78-79)

1)

- obtendo a aglutinaccedilatildeo de todas as expressotildees formais em torno do mito do progresso o Crystal Palace a Tour Eiffel Les Calhies des Machines o Baile Excelsior J os romances de Juacutelio Veme etc

A essas exigecircncias tatildeo concretas e tatildeo decisivas para a nova edificaccedilatildeo os

arquitetos deram a uacutenica resposta possiacutevel uma arquitetura sem grandes

tensotildees espirituais natildeo autocircnoma mas participante e comprometida ateacute ao proacuteprio sacrifiacutecio A cultura arquIacutetetocircnica deleitou-se por mais de

cem anos com O fato de teI acolhido os mais variados elementos lexicaiacutes extraindo-os de todas as eacutepocas e regiotildees recompondo-os de diferentes maneiras de acordo com princiacutepios ideoloacutegicos nos quais podem ser distinguiacutedos pelo menos trecircs correntes principais a da composiccedilatildeo

estiliacutestica -baseada na adoccedilatildeo imitativa coerente e correta de formas que no passado haviam pertencido a um estilo arquitetocircnico uacutenico e preciso (a esta corrente pertenceram as mais des tacadas tendecircncias neogregas neo-egiacutepcias e neog6ticas) a do hisloricismo lipoloacutegico voltado predominantemente a escolhas aprioriacutesticas de cunho anal6gico que deviam orientar deg estilo quanto agrave finalidade a que se destinava cada um dos edifiacutecios reencontrando na Idade Meacutedia os traccedilos miacutesticos e a religiosidade para as novas igrejas na Renascenccedila as caracteriacutesticas aacuteulicas elegantes para os edifiacutecios puacuteblicos no Barroco ou nos estilos orientais a festividade exigida pelos equipamentos de lazer no Classicismo pesado do coriacutentio romano o caraacuteter apropriado

6 7 DelraHe 1883 Proelo de uma necroacutepole H Repton Palaacutecio do Regente da Desig111 in Les Grands Paacutex de Rome de 1850 a or the Pavillio71 o Brighlon Londres 180 1900 sd

14

bull bull

SOUTH KENSINGTON

1lt J middoti

I ~

bullli bull li li I

bull li

bull bull bullli

-bull bull - sd bull -shy-

IISTOFY t i5EUmiddot ~C NEW NIII UKJ

8 A WtJJelhouse Museu de Histoacuteria Natural Oxlord 1873 in The Btitish Architect X 1878

8

aos solenes edificios do Parlamento

dos Museus e dos Ministeacuterios a dos pastiches compositivoJ que com uma maior margem de liberdade inventava soluccedilotildees estiliacutesticas historicamente

inadmissiacuteveis e agraves vezes beirando o mau gosto (mas que muitas vezes

escondiam soluccedilotildees estruturais

interessantes e avanccediladas)

Algumas observaccedilotildees sintomaacuteticas e

caracteriacutezadoras sobre o seacuteculo XIX

podem ser feitas 1) cada coacutepia cacla reacuteplica de um monumento antigo de um templo de uma catedral de um arco

de triunfo etc feita pelos arquitetos estava distante do original era algo

completamente diferente do modelo a

tal pontO que se tornou nitidamente um pro toacutetipo do seacuteculo XIX apesar do grande cuidado no levantamento (ou

exatamente por isso talvez) no querermiddot

retificar H anular as ~rregularidades corrigir os presumiacuteveis erros os

arquitetos historicistas produziram sempre ff simulacros (traiacuteram o modelo

pela excessiva fidelidade) 2) a erudiccedilatildeo e a filologia (onde se fizeram grandes progressos) cons tituiacuteram um entrave evidente quase uma paralisaccedilatildeo da

criatividade as numerosas escolhas

estil1sticas possiacuteveis pareceriam denotar uma eacutepoca de grandes liberdades quase anaacuterquicas entretanto

a elas correspondiam sob o ponto de vista do projeto uma prudecircncia e uma rimidez enormes 3) as ideacuteias os

programas as finalidades eram se mpre

melhores do que os produtos que pretendiam propugnaacute-los 4) o pudor

dos costumes burgueses da eacutepoca vitoriana correspondia plenamente agrave intoleracircncia em relaccedilatildeo agrave rude e vergonhosa nudez estrutural das

construccedilotildees (as colunas e as viacutegas) que

de fato deviam ser completamente

escondidas e revestidas por motivo de

decoro 5) os arquiacutetetos (sobretudo na segunda metade do seacuteculo) tentaram impor as razotildees da arte agrave progressiva mecanizaccedilatildeo da era industrial como

o socialismo ut6pico tentou mitigar as injusticcedilas sociais assim tambeacutem os

romacircnticos John Ruskin e William Morris (no Arls and erats) tentaram se opor agrave queda da individualidade dos valores artiacutesticos artesanais 6) o seacuteculo XIXconsumia muito

depressa os ideais absorvendo-os em sua vocaccedilatildeo comercial poucos anos

depois das primeiras teorizaccedilotildees do

Colhic Revival (A W Pugin 1936) em Birmingham e Sheffield produziam~se objetos medievais em seacuterie e na Franccedila fundava-se a Societeacute cOiholique pour lo fobricoiionJ la venie lo conession de louis les objets cosocreacutes ou ctllte (1842) para fazer frente agrave demanda das mais de cem igrejas neog6ticas que

naquela eacutepoca jaacute estavam em construccedilatildeD e ao fato dos bispos tenderem entatildeo a prescrever tal

estilo 7 Uma ou tra observaccedilatildeo deve

ser feita a produccedilatildeo industrial

encarada ainda no seacuteculo XVIII como

simples curiosidade intelectual explodira na metade do seacuteculo XIX impondo suas impiedosas leis econocircmicas tambeacutem ao canteiro de obras De fato subvertera-se a tradicional relaccedilatildeo entre

utilidade e beleza com a imposiccedilatildeo de

elementos construtivos metaacutelicos co mpletameme estranhos agraves formas e agraves proporccedilotildees caracteriacutesticas dos estilos e das ordens arquitetocircnicas Tudo isso coincidiu com O dualismo existente entre engenheiros e arquitetos quer

do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais

Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa

Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)

que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute

ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do

Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex

novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO

B ampJ M COR I R O N

9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd

16

bull bull

bull bull bull

- ii8I9 e

~ bull ~ l 111 li

-s abullbull bull

111 bull-a 1 1

$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I

--bullbull

- -- -~r

10

10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881

Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os

estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas

levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de

edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares

fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua

exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do

17

seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente

Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le

Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a

cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter

altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo

interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma

famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma

de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas

11

irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas

A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo

construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe

contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus

mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo

foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos

da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma

determinada forma ) meacutetodos com os

quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado

fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido

enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser

18

~ ~ ~ ~

I)

bull bull ) ) bull li I

bull b bull

bull

I

bullbullbull

bull

Seacuteshy

~ bullI

li

bull

11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864

12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846

12

IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856

14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855

realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora

aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz

Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n

Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do

ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de

acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca

podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da

engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre

as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos

de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao

primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de

s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em

19

sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da

montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro

no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior

do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees

harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel

das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais

ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de

sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais

Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)

17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850

1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd

16

ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)

20

A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro

sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo

londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo

com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16

(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de

Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas

exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo

material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a

patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de

sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno

Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o

problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante

deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou

convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade

atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()

g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os

princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a

exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido

definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco

Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico

mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas

elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do

para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta

21

-produccedilatildeo (e era isto que a tornava

uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos

possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea

que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o

oeo-renascentist a e voltar -se para o

goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18

planimetria articulada uma perfeita

adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna

grupos de qua rtos cada um deles com

um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande

atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento

e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da

planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a

livre disposiccedilatildeo nas fachadas de

janelas e va randas localizadas onde a

vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade

do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo

(Para Morris e seus colegas isto

tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a

19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892

18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869

22

bull bull

--

5 j

) raquo ) ) ) j

bull 3- $bull- $bullbull )

bull )

bull I

bull I)

bull I)

bull bull bullbull bull -------

UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -

J1 _

19

v~

lt I 1I ( I1 11 I

U--

-o ~

cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor

H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles

Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu

Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa

cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais

perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna

nova escala dos fenocircrpenos (as

ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos

Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento

por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da

expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema

fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas

com o foco perspectiva constituiacutedo por

um monumento a acentuada

geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves

paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica

enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no

Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas

(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais

monumentos do passado (catedrais e

palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e

tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os

Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de

Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera

padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana

emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica

como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees

Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras

urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser

respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das

I I

23

qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas

ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos

procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se

como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade

eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas

vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos

palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco

mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje

sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da

linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico

Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de

higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no

projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque

parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em

Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece

tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do

loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila

aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como

reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves

altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia

urbana que o Ecletismo retomara dos

20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907

24

) ) j

F ) r ) F ) F )

)

bull j

bull )- )bull )

bull 3 ) )

bull- )

)

bull-as 3

as li )bull

21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4

22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913

arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e

partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos

25

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 2: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

----___IIIIIII__IIIIIIIIIIII~--~=~~____shy~ lI IBt SUMARIO

-shy 7 Apresentaccedilatildeo Annateresa Fabris

~ 8 Consideraccedilotildees sobre o Ecletismo na Europa Luciano Patetta si bull

28 Ecletismo no Rio de Janeiro (seacutec XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna

68 Ecletismo em Satildeo Paulo Carlos Lemos

104 O Ecletismo em Minas Gerais Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti Salgueiro

s 146 Arquitetura ecleacutetica no Paraacutebull

gd S No periacuteodo correspondente ao ciclo econocircmico da borracha 1870-1912

g S Jussara da Si Iveira Derenji

t 9

176 Arquitetura ecleacutetica em Pernambuco bull f 9

g Geraldo Gomes da Silva

g S gJ S 208 Arquitetura ecleacutetica no Cearaacute

Joseacute Liberal de Castro eacute r

256 A fase historicista da arquitetura no Rio Grande do Sul Guumlnther Weimer --bull

280 O Ecletismo agrave luz do modernismo Annateresa Fabris

shy

1 ~ I

(IIIII1 -shy -shy

bull -shybull

I shy shy

lIIiacuteII9 CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE O ECLETISMO == IBJ ~ IIIB) 1111119 ~

lIIIB9 fIIIIt IIIIIIIII-

NA EUROPA

LUCIANO PATEnA

(Milatildeo 1935)

Arquiteto e professor de Histoacuteria da Arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Politeacutecnica de Milatildeo Organizou a mostra de arquitetura na Bienal de Veneza em 1976 do Neocassicismo (Milatildeo) em 1978 e sobre Longhi (Roma) em 1980 Escreveu numerosos ensaios publicados na Itaacutelia Espanha e Argentina sobre arquitetura do seacuteculo XIX e do entre guerras

i Viacuteoltet te Duc) Projeto de restauraccedilatildeo da ~atedral de Clermont Femmd 1875

d

bull111

Consideraccedilotildees sobre o Ecletismo na Europa

A queda progressiva dos preconceitos criacuteticos levou a historiografia ar qui tetocircnica a reavaliar no final do seacuteculo passado o Barroco e no atual o Neoclassicismo (sobre o qual pesavam ainda a censura da criacutetica romacircntica e idealista) o Art nouveau e o Ecletismo (considerados pelo Movimento Moderno inimigos a serem

derrotados) Reconstituir com objetividade os fatos e aprofundar os aspectos problemaacuteticos do Neoclassicismo e do Ecletismo foi tarefa dos uacuteltimos dececircnios primeiramente atraveacutes de uma reavaliaccedilatildeo criacutetica geral (quase um reparo obrigatoacuterio) depois atraveacutes de pesquisas especiacuteficas sobre diferentes regiotildees e paiacuteses sobre aspectos determinados e arquitetos individualmente Dois fatos - pelo menos na Europa - estimularam estes estudos e interesses renovados por um lado a ampliaccedilatildeo do problema da proteccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-monumental para as estruturas urbanas e edifiacutecios do seacuteculo XIX por outro a crise do urbanismo do

Movimento Moderno que levou a um revisatildeo dos princiacutepios desta disciplina e a uma reflexatildeo criacutetica em cujo alicerce se encontram exatamente a cultura e a cidade do seacuteculo passado Podemos dizer ateacute que Neoclassicismo e Ecletismo hoje constituem o centro de interesses de aacutereas como a universitaacuteria por exemplo onde as decisotildees operacionais e de projeto arquitetocircnico e urbaniacutestico amadurecem

Mas se a perspectiva histoacuterica mais ampla e a superaccedilatildeo da taacutebula rasa tendenciosa teorizada pelas Vanguardas e pelo Movimento Moderno permitiram

reconsiderar com objetividade a ~ produccedilatildeo arquitetocircnica recente a historiografia natildeo podia renunciar a - recolocar em discussatildeo tambeacutem as velhas categorias e as velhas bull classificaccedilotildees isto eacute aquelas que bullconsideravam o Neoclassicismo e o

shy

WbullEcletismo natildeo soacute como experiecircncias subsequumlentes mas ateacute mesmo bull antiteacuteticas Aos poucos poreacutem a adoccedilatildeomiddotIII1 pela criacutetica de termos como claacutessico e In_ romacircntico 1 o aprofundamento do I-__~

significado da imitaccedilatildeo (seja ela relativa agrave antiguumlidade greco-romana seja agrave _f medieval) a descoberta de que havia ~

uma dialeacutetica constante entre razotildees da IIIIIi arquitetura e razotildees eacuteticas sociais e poliacuteticas e de que existia uma uacutenica clientela - a burguesia em ascensatildeo -_~ nos levaram a interpretar o periacuteodo que ~ vai da metade do seacuteculo XVIII ateacute o iniacutecio do nosso como um uacutenico longo

~

periacuteodo 2 Acabamos por reencontrar bull uma continuidade histoacuterica que tem ~ origem na crise da antiga tradiccedilatildeo _ claacutessica e vitoriana (por volta de 1750) ~ e que culmina no abandono total de _ qualquer referecircncia aos estilos ~~

histoacutericos pretendido pela arte moderna~

Reencontrar no seio das experiecircncias ~ neoclaacutessicas e ecleacuteticas razotildees de ~-consenso mais do que de contraposiccedilatildeo e apagar qualquer linha niacutetida de ~ demarcaccedilatildeo entre elas foi uma ~ contribuiccedilatildeo criacutetica importante Muitas c

duacutevidas foram dissipadas e respostas convincentes foram dadas a estas

~ questotildees 1) Eacute realmente o Ecletismo -=shya expressatildeo da arte e da arquitetura ~ que se segue ao Neoclassicismo seria apoliacutetico no sentido burguecircs tanto

~

quanto o Neoclassicismo era jacobino ~-

~

~

- Cshy

~

10

--

2

~ iacuteIIII shy -~Goudoin ] B LepeTe Colonne V endoacuteme -- 1806~ris

- Vignon A Madeleine Paris 1806 ~ieto prem iado pela Academia Real Paris ~8-18O Lilge 1842 (proelo de Ch -cier 1786) -shy

11

democraacutetico e renovador A panir do momento em que caiacuteram por terra muitas das interpretaccedilotildees pOllticas do Neoclassicismo e que inversamente rerificou-se que a burguesia da segunda netade do seacuteculo XIX possuiacutea ideais )oliacuteticos precisos a tese mostra-se xcessivamente esquemaacutetica e natildeo uporta verificaccedilotildees n O Ecletismo eacute algo que se distingue los revivals (e particularmente lo neogoacutetico isto eacute do revival

lt1ais engajado tanto como ideologia eligiosa quanto poliacutetico-patrioacutetica) im se atribuirmos grande

mportacircncia agraves premissas teoacutericas e aos bjetivos extradisciplinares de outra Jrma as diferenccedilas tornam-se mais randas (e inexistem se examinarmos as mtes e os modelos adotados 3)

) E estes revivals coincidiam com a Isca do assim chamado estilo acional que na Itaacutelia se expressou raveacutes do neo-romacircntico ou do o-renascentista na Franccedila e na

19laterra do neogoacutetico na Alemanha ) Rundbogenstil 4 Pelo menos em Irte sim principalmente se nsiderarmos que entre todas as Jtivaccedilotildees ideais as que obtiveram aio consenso foram o patriotismo e a lsca das proacuteprias raiacutezes culturais ria um erro poreacutem concluir que se longo periacuteodo da arquitetura lais de 150 anos) tenha sido mogecircneo e tenha tido um senvolviacutemento linear ao contraacuterio

apresenta diferentes manifestaccedilotildees mo poucas outras no passado e eccedilotildees divergentes (frequumlentemente 1traditoacuterias) testemunhos de urna 1stante inquietude intelectual a ponto de se mostrar como um

-iacuteodo fragmentaacuterio mais condizente

com as pesquisas cognoscitivas que aceitam exatamente essa fragmentariedade caracteriacutestica e

aprofundam-na Uma seacuterie de fenocircmenos une todavia esses fragmentos de histoacuteria uma linha contiacutenua percorre toda a trajetoacuteria da arquitetura burguesa desde os anos do Iluminismo na Franccedila e do paladianismo inglecircs dos countryshy

gentlemen ateacute os anos da Rainha Vitoacuteria do Segundo Impeacuterio francecircs do colonialismo triunfante e da Belle eacutepoque Pensemos na estilizaccedilatildeo na simplificaccedilatildeo dos elementos arquitetocircnicos do passado operaccedilotildees que levaram as sutis complexidades de proporccedilatildeo e de composiccedilatildeo a cair em uma reduccedilatildeo moderna que aproxima

arquitetos do seacuteculo XVIII como Robert e John Adams John Soane Claude-Nicolas Ledoux aos arquitetos de meados do seacuteculo XIX como Henry Labrouste Gottfried Semper e Edmund Street - Pensemos na concepccedilatildeo de

estilo como linguagem coletiva e sistema universal de formas (aquelas do universo greco-romano ou goacutetico) que transcende as singularidades e individualidades expressivas (de fato o traccedilo estiliacutestico pessoal de cada arquiteto se mostra cada vez menos evidente) - Pensemos na relaccedilatildeo com

o antigo que comeccedila com uma abordagem de cunho miacutetico passa por fases ideoloacutegicas e interpretativas depois agrave adesatildeo com total ortodoxia para diluir-se finalmente na praacutetica profissional corriqueira -- Pensemos na convicccedilatildeo de que era possiacutevel escolher entre elementos extraiacutedos das antiguumlidades concentrar o melbor deles iludindo-se de que esse encontrar e aplicar pudesse comparar-se agraves

experiecircncias criativas do passado baseadas ao inveacutes no buscar ex novo e renovar sempre - Pensemos enfim na condiccedilatildeo que aproximava todas essas geraccedilotildees a arquitetura natildeo

podia mais ser patrimocircnio de poucos mestres devia ceder agraves novas exigecircncias da produccedilatildeo de massa e agrave

definiccedil~o de uma nova figura de projetista o profissional Para os projetistas profissionais era necessaacuterio que as escolas as academias preparassem um sistema de regras razoaacuteveis e concretas de acordo com

as atribuiccedilotildees exigidas pelo tempo colocando a liberdade criadora em limites bem definidos As severas regras distributivas e tipoloacutegicas o ritmo das estruturas modulares fixadas

por J N Louis Durand (em seu Precis des teccedilans darchiterture Paris 1801-1823) nas quais deviam se basear o decoro e a ornamentaccedilatildeo neoclaacutessica constituiacuteram o fundamento da metodologia profissional por muito

tempo na metade do seacuteculo foram adotadas pelo determinismo compositivo dos engenheiros (que posteriormente revestiam as estruturas metaacutelicas dos

edifiacutecios com ornamentaccedilotildees neobarrocas ou neo-renascentistas) foram utilizadas tambeacutem nos projetos neogoacuteticos e guiaram no final do seacuteculo os primeiros edifiacutecios com vigas e pilastras em cimento armado

Se considerarmos decisivos portanto os fatores estruturais e supra-estruturais

de todo o periacuteodo isto eacute a consolidaccedilatildeo do poder burguecircs os rumos tomados pela civilizaccedilatildeo industrial o

entrelaccedilamento na cultura romacircntica dos ideais nacionais e de independecircncia com os problemas econocircmicos da

shy iiJ 411 (I I bull(I

fi li l1li li

II I

li li 11

li

bull II

fi r (IIi pr-shy

~

~ ~ shy1_shy--Jshybull I

produccedilatildeo em seacuterie etc parecem-nos realmente desfacadas as tentativas de classificar rotular J escolhergt no seio

da experiecircncia linguumllstica global do Ecletismo historIacutecista Quando os

ingleses Thomas Hope James Fergusson T L Donaldson C Gilbert SCOtl os franceses Ceacutesar Daly e E Viollet le Duc o alematildeo Friederich Schinkel ~ desconcertados pelo aparente caos das muacuteltiplas pesquisas estiliacutes ticas pelas contraditoacuterias experiecircncias formais de sua eacutepoca pela simultaneidade de vaacuterios revivals

perguntavam-se ansiosos quando tambeacutem o seacuteculo XIX saberia finalmente encontrar o proacuteprio

estilo) natildeo percebiam que estavam buscando em uma direccedilatildeo anacrocircnica e natildeo viam que O seacuteculo X1X jaacute encontrara 1lt0 proacuteprio estilo e que este - era o Ecletismo O Ecletismo era a cultura arquitetocircnica proacutepria de urna a bull classe burguesa que dava primazia ao conforto amava o progresso (especialmente quando melhorava suas condiccedilotildees de vida) amava as novidades mas rebaixava a produccedilatildeo artiacutestica e arquitetocircnica ao niacutevel da moda e do gosto Foi a clientela burguesa que exigIU (e obteve) os grandes progressos nas

~

4

--

C DtUacutey MOllft Hiltonque dAhiJeClUre cf - de $culprure d Ornamem Puni 1869

~ - A De Batldo Ponte Metoacutelica Proieto para

a Exposiccedilatildeo Universal de Paris 1900

instalaccedilotildees teacutecnicas nos serviccedilos sanitaacuterios da casa na sua distribuiccedilatildeo interna que solicitou urna evoluccedilatildeo raacutepida das tIacutepologias nOs grandes hoteacuteis nos balneaacuterios nas grandes lojas nos

escritoacuterios nas bolsas nos teatros e nos bancos que soube encontrar o tOm exato de autocelebraccedilatildeo nas estruturas

imponentes dos pavilhotildees das Exposiccedilotildees Universa is (de Londres shy1851 - e de Paris - 1867-78-79)

1)

- obtendo a aglutinaccedilatildeo de todas as expressotildees formais em torno do mito do progresso o Crystal Palace a Tour Eiffel Les Calhies des Machines o Baile Excelsior J os romances de Juacutelio Veme etc

A essas exigecircncias tatildeo concretas e tatildeo decisivas para a nova edificaccedilatildeo os

arquitetos deram a uacutenica resposta possiacutevel uma arquitetura sem grandes

tensotildees espirituais natildeo autocircnoma mas participante e comprometida ateacute ao proacuteprio sacrifiacutecio A cultura arquIacutetetocircnica deleitou-se por mais de

cem anos com O fato de teI acolhido os mais variados elementos lexicaiacutes extraindo-os de todas as eacutepocas e regiotildees recompondo-os de diferentes maneiras de acordo com princiacutepios ideoloacutegicos nos quais podem ser distinguiacutedos pelo menos trecircs correntes principais a da composiccedilatildeo

estiliacutestica -baseada na adoccedilatildeo imitativa coerente e correta de formas que no passado haviam pertencido a um estilo arquitetocircnico uacutenico e preciso (a esta corrente pertenceram as mais des tacadas tendecircncias neogregas neo-egiacutepcias e neog6ticas) a do hisloricismo lipoloacutegico voltado predominantemente a escolhas aprioriacutesticas de cunho anal6gico que deviam orientar deg estilo quanto agrave finalidade a que se destinava cada um dos edifiacutecios reencontrando na Idade Meacutedia os traccedilos miacutesticos e a religiosidade para as novas igrejas na Renascenccedila as caracteriacutesticas aacuteulicas elegantes para os edifiacutecios puacuteblicos no Barroco ou nos estilos orientais a festividade exigida pelos equipamentos de lazer no Classicismo pesado do coriacutentio romano o caraacuteter apropriado

6 7 DelraHe 1883 Proelo de uma necroacutepole H Repton Palaacutecio do Regente da Desig111 in Les Grands Paacutex de Rome de 1850 a or the Pavillio71 o Brighlon Londres 180 1900 sd

14

bull bull

SOUTH KENSINGTON

1lt J middoti

I ~

bullli bull li li I

bull li

bull bull bullli

-bull bull - sd bull -shy-

IISTOFY t i5EUmiddot ~C NEW NIII UKJ

8 A WtJJelhouse Museu de Histoacuteria Natural Oxlord 1873 in The Btitish Architect X 1878

8

aos solenes edificios do Parlamento

dos Museus e dos Ministeacuterios a dos pastiches compositivoJ que com uma maior margem de liberdade inventava soluccedilotildees estiliacutesticas historicamente

inadmissiacuteveis e agraves vezes beirando o mau gosto (mas que muitas vezes

escondiam soluccedilotildees estruturais

interessantes e avanccediladas)

Algumas observaccedilotildees sintomaacuteticas e

caracteriacutezadoras sobre o seacuteculo XIX

podem ser feitas 1) cada coacutepia cacla reacuteplica de um monumento antigo de um templo de uma catedral de um arco

de triunfo etc feita pelos arquitetos estava distante do original era algo

completamente diferente do modelo a

tal pontO que se tornou nitidamente um pro toacutetipo do seacuteculo XIX apesar do grande cuidado no levantamento (ou

exatamente por isso talvez) no querermiddot

retificar H anular as ~rregularidades corrigir os presumiacuteveis erros os

arquitetos historicistas produziram sempre ff simulacros (traiacuteram o modelo

pela excessiva fidelidade) 2) a erudiccedilatildeo e a filologia (onde se fizeram grandes progressos) cons tituiacuteram um entrave evidente quase uma paralisaccedilatildeo da

criatividade as numerosas escolhas

estil1sticas possiacuteveis pareceriam denotar uma eacutepoca de grandes liberdades quase anaacuterquicas entretanto

a elas correspondiam sob o ponto de vista do projeto uma prudecircncia e uma rimidez enormes 3) as ideacuteias os

programas as finalidades eram se mpre

melhores do que os produtos que pretendiam propugnaacute-los 4) o pudor

dos costumes burgueses da eacutepoca vitoriana correspondia plenamente agrave intoleracircncia em relaccedilatildeo agrave rude e vergonhosa nudez estrutural das

construccedilotildees (as colunas e as viacutegas) que

de fato deviam ser completamente

escondidas e revestidas por motivo de

decoro 5) os arquiacutetetos (sobretudo na segunda metade do seacuteculo) tentaram impor as razotildees da arte agrave progressiva mecanizaccedilatildeo da era industrial como

o socialismo ut6pico tentou mitigar as injusticcedilas sociais assim tambeacutem os

romacircnticos John Ruskin e William Morris (no Arls and erats) tentaram se opor agrave queda da individualidade dos valores artiacutesticos artesanais 6) o seacuteculo XIXconsumia muito

depressa os ideais absorvendo-os em sua vocaccedilatildeo comercial poucos anos

depois das primeiras teorizaccedilotildees do

Colhic Revival (A W Pugin 1936) em Birmingham e Sheffield produziam~se objetos medievais em seacuterie e na Franccedila fundava-se a Societeacute cOiholique pour lo fobricoiionJ la venie lo conession de louis les objets cosocreacutes ou ctllte (1842) para fazer frente agrave demanda das mais de cem igrejas neog6ticas que

naquela eacutepoca jaacute estavam em construccedilatildeD e ao fato dos bispos tenderem entatildeo a prescrever tal

estilo 7 Uma ou tra observaccedilatildeo deve

ser feita a produccedilatildeo industrial

encarada ainda no seacuteculo XVIII como

simples curiosidade intelectual explodira na metade do seacuteculo XIX impondo suas impiedosas leis econocircmicas tambeacutem ao canteiro de obras De fato subvertera-se a tradicional relaccedilatildeo entre

utilidade e beleza com a imposiccedilatildeo de

elementos construtivos metaacutelicos co mpletameme estranhos agraves formas e agraves proporccedilotildees caracteriacutesticas dos estilos e das ordens arquitetocircnicas Tudo isso coincidiu com O dualismo existente entre engenheiros e arquitetos quer

do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais

Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa

Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)

que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute

ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do

Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex

novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO

B ampJ M COR I R O N

9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd

16

bull bull

bull bull bull

- ii8I9 e

~ bull ~ l 111 li

-s abullbull bull

111 bull-a 1 1

$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I

--bullbull

- -- -~r

10

10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881

Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os

estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas

levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de

edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares

fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua

exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do

17

seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente

Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le

Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a

cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter

altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo

interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma

famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma

de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas

11

irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas

A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo

construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe

contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus

mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo

foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos

da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma

determinada forma ) meacutetodos com os

quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado

fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido

enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser

18

~ ~ ~ ~

I)

bull bull ) ) bull li I

bull b bull

bull

I

bullbullbull

bull

Seacuteshy

~ bullI

li

bull

11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864

12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846

12

IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856

14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855

realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora

aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz

Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n

Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do

ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de

acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca

podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da

engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre

as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos

de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao

primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de

s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em

19

sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da

montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro

no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior

do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees

harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel

das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais

ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de

sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais

Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)

17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850

1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd

16

ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)

20

A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro

sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo

londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo

com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16

(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de

Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas

exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo

material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a

patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de

sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno

Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o

problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante

deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou

convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade

atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()

g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os

princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a

exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido

definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco

Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico

mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas

elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do

para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta

21

-produccedilatildeo (e era isto que a tornava

uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos

possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea

que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o

oeo-renascentist a e voltar -se para o

goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18

planimetria articulada uma perfeita

adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna

grupos de qua rtos cada um deles com

um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande

atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento

e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da

planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a

livre disposiccedilatildeo nas fachadas de

janelas e va randas localizadas onde a

vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade

do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo

(Para Morris e seus colegas isto

tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a

19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892

18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869

22

bull bull

--

5 j

) raquo ) ) ) j

bull 3- $bull- $bullbull )

bull )

bull I

bull I)

bull I)

bull bull bullbull bull -------

UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -

J1 _

19

v~

lt I 1I ( I1 11 I

U--

-o ~

cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor

H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles

Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu

Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa

cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais

perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna

nova escala dos fenocircrpenos (as

ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos

Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento

por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da

expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema

fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas

com o foco perspectiva constituiacutedo por

um monumento a acentuada

geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves

paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica

enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no

Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas

(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais

monumentos do passado (catedrais e

palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e

tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os

Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de

Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera

padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana

emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica

como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees

Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras

urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser

respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das

I I

23

qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas

ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos

procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se

como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade

eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas

vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos

palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco

mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje

sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da

linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico

Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de

higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no

projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque

parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em

Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece

tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do

loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila

aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como

reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves

altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia

urbana que o Ecletismo retomara dos

20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907

24

) ) j

F ) r ) F ) F )

)

bull j

bull )- )bull )

bull 3 ) )

bull- )

)

bull-as 3

as li )bull

21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4

22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913

arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e

partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos

25

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 3: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

1 ~ I

(IIIII1 -shy -shy

bull -shybull

I shy shy

lIIiacuteII9 CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE O ECLETISMO == IBJ ~ IIIB) 1111119 ~

lIIIB9 fIIIIt IIIIIIIII-

NA EUROPA

LUCIANO PATEnA

(Milatildeo 1935)

Arquiteto e professor de Histoacuteria da Arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Politeacutecnica de Milatildeo Organizou a mostra de arquitetura na Bienal de Veneza em 1976 do Neocassicismo (Milatildeo) em 1978 e sobre Longhi (Roma) em 1980 Escreveu numerosos ensaios publicados na Itaacutelia Espanha e Argentina sobre arquitetura do seacuteculo XIX e do entre guerras

i Viacuteoltet te Duc) Projeto de restauraccedilatildeo da ~atedral de Clermont Femmd 1875

d

bull111

Consideraccedilotildees sobre o Ecletismo na Europa

A queda progressiva dos preconceitos criacuteticos levou a historiografia ar qui tetocircnica a reavaliar no final do seacuteculo passado o Barroco e no atual o Neoclassicismo (sobre o qual pesavam ainda a censura da criacutetica romacircntica e idealista) o Art nouveau e o Ecletismo (considerados pelo Movimento Moderno inimigos a serem

derrotados) Reconstituir com objetividade os fatos e aprofundar os aspectos problemaacuteticos do Neoclassicismo e do Ecletismo foi tarefa dos uacuteltimos dececircnios primeiramente atraveacutes de uma reavaliaccedilatildeo criacutetica geral (quase um reparo obrigatoacuterio) depois atraveacutes de pesquisas especiacuteficas sobre diferentes regiotildees e paiacuteses sobre aspectos determinados e arquitetos individualmente Dois fatos - pelo menos na Europa - estimularam estes estudos e interesses renovados por um lado a ampliaccedilatildeo do problema da proteccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-monumental para as estruturas urbanas e edifiacutecios do seacuteculo XIX por outro a crise do urbanismo do

Movimento Moderno que levou a um revisatildeo dos princiacutepios desta disciplina e a uma reflexatildeo criacutetica em cujo alicerce se encontram exatamente a cultura e a cidade do seacuteculo passado Podemos dizer ateacute que Neoclassicismo e Ecletismo hoje constituem o centro de interesses de aacutereas como a universitaacuteria por exemplo onde as decisotildees operacionais e de projeto arquitetocircnico e urbaniacutestico amadurecem

Mas se a perspectiva histoacuterica mais ampla e a superaccedilatildeo da taacutebula rasa tendenciosa teorizada pelas Vanguardas e pelo Movimento Moderno permitiram

reconsiderar com objetividade a ~ produccedilatildeo arquitetocircnica recente a historiografia natildeo podia renunciar a - recolocar em discussatildeo tambeacutem as velhas categorias e as velhas bull classificaccedilotildees isto eacute aquelas que bullconsideravam o Neoclassicismo e o

shy

WbullEcletismo natildeo soacute como experiecircncias subsequumlentes mas ateacute mesmo bull antiteacuteticas Aos poucos poreacutem a adoccedilatildeomiddotIII1 pela criacutetica de termos como claacutessico e In_ romacircntico 1 o aprofundamento do I-__~

significado da imitaccedilatildeo (seja ela relativa agrave antiguumlidade greco-romana seja agrave _f medieval) a descoberta de que havia ~

uma dialeacutetica constante entre razotildees da IIIIIi arquitetura e razotildees eacuteticas sociais e poliacuteticas e de que existia uma uacutenica clientela - a burguesia em ascensatildeo -_~ nos levaram a interpretar o periacuteodo que ~ vai da metade do seacuteculo XVIII ateacute o iniacutecio do nosso como um uacutenico longo

~

periacuteodo 2 Acabamos por reencontrar bull uma continuidade histoacuterica que tem ~ origem na crise da antiga tradiccedilatildeo _ claacutessica e vitoriana (por volta de 1750) ~ e que culmina no abandono total de _ qualquer referecircncia aos estilos ~~

histoacutericos pretendido pela arte moderna~

Reencontrar no seio das experiecircncias ~ neoclaacutessicas e ecleacuteticas razotildees de ~-consenso mais do que de contraposiccedilatildeo e apagar qualquer linha niacutetida de ~ demarcaccedilatildeo entre elas foi uma ~ contribuiccedilatildeo criacutetica importante Muitas c

duacutevidas foram dissipadas e respostas convincentes foram dadas a estas

~ questotildees 1) Eacute realmente o Ecletismo -=shya expressatildeo da arte e da arquitetura ~ que se segue ao Neoclassicismo seria apoliacutetico no sentido burguecircs tanto

~

quanto o Neoclassicismo era jacobino ~-

~

~

- Cshy

~

10

--

2

~ iacuteIIII shy -~Goudoin ] B LepeTe Colonne V endoacuteme -- 1806~ris

- Vignon A Madeleine Paris 1806 ~ieto prem iado pela Academia Real Paris ~8-18O Lilge 1842 (proelo de Ch -cier 1786) -shy

11

democraacutetico e renovador A panir do momento em que caiacuteram por terra muitas das interpretaccedilotildees pOllticas do Neoclassicismo e que inversamente rerificou-se que a burguesia da segunda netade do seacuteculo XIX possuiacutea ideais )oliacuteticos precisos a tese mostra-se xcessivamente esquemaacutetica e natildeo uporta verificaccedilotildees n O Ecletismo eacute algo que se distingue los revivals (e particularmente lo neogoacutetico isto eacute do revival

lt1ais engajado tanto como ideologia eligiosa quanto poliacutetico-patrioacutetica) im se atribuirmos grande

mportacircncia agraves premissas teoacutericas e aos bjetivos extradisciplinares de outra Jrma as diferenccedilas tornam-se mais randas (e inexistem se examinarmos as mtes e os modelos adotados 3)

) E estes revivals coincidiam com a Isca do assim chamado estilo acional que na Itaacutelia se expressou raveacutes do neo-romacircntico ou do o-renascentista na Franccedila e na

19laterra do neogoacutetico na Alemanha ) Rundbogenstil 4 Pelo menos em Irte sim principalmente se nsiderarmos que entre todas as Jtivaccedilotildees ideais as que obtiveram aio consenso foram o patriotismo e a lsca das proacuteprias raiacutezes culturais ria um erro poreacutem concluir que se longo periacuteodo da arquitetura lais de 150 anos) tenha sido mogecircneo e tenha tido um senvolviacutemento linear ao contraacuterio

apresenta diferentes manifestaccedilotildees mo poucas outras no passado e eccedilotildees divergentes (frequumlentemente 1traditoacuterias) testemunhos de urna 1stante inquietude intelectual a ponto de se mostrar como um

-iacuteodo fragmentaacuterio mais condizente

com as pesquisas cognoscitivas que aceitam exatamente essa fragmentariedade caracteriacutestica e

aprofundam-na Uma seacuterie de fenocircmenos une todavia esses fragmentos de histoacuteria uma linha contiacutenua percorre toda a trajetoacuteria da arquitetura burguesa desde os anos do Iluminismo na Franccedila e do paladianismo inglecircs dos countryshy

gentlemen ateacute os anos da Rainha Vitoacuteria do Segundo Impeacuterio francecircs do colonialismo triunfante e da Belle eacutepoque Pensemos na estilizaccedilatildeo na simplificaccedilatildeo dos elementos arquitetocircnicos do passado operaccedilotildees que levaram as sutis complexidades de proporccedilatildeo e de composiccedilatildeo a cair em uma reduccedilatildeo moderna que aproxima

arquitetos do seacuteculo XVIII como Robert e John Adams John Soane Claude-Nicolas Ledoux aos arquitetos de meados do seacuteculo XIX como Henry Labrouste Gottfried Semper e Edmund Street - Pensemos na concepccedilatildeo de

estilo como linguagem coletiva e sistema universal de formas (aquelas do universo greco-romano ou goacutetico) que transcende as singularidades e individualidades expressivas (de fato o traccedilo estiliacutestico pessoal de cada arquiteto se mostra cada vez menos evidente) - Pensemos na relaccedilatildeo com

o antigo que comeccedila com uma abordagem de cunho miacutetico passa por fases ideoloacutegicas e interpretativas depois agrave adesatildeo com total ortodoxia para diluir-se finalmente na praacutetica profissional corriqueira -- Pensemos na convicccedilatildeo de que era possiacutevel escolher entre elementos extraiacutedos das antiguumlidades concentrar o melbor deles iludindo-se de que esse encontrar e aplicar pudesse comparar-se agraves

experiecircncias criativas do passado baseadas ao inveacutes no buscar ex novo e renovar sempre - Pensemos enfim na condiccedilatildeo que aproximava todas essas geraccedilotildees a arquitetura natildeo

podia mais ser patrimocircnio de poucos mestres devia ceder agraves novas exigecircncias da produccedilatildeo de massa e agrave

definiccedil~o de uma nova figura de projetista o profissional Para os projetistas profissionais era necessaacuterio que as escolas as academias preparassem um sistema de regras razoaacuteveis e concretas de acordo com

as atribuiccedilotildees exigidas pelo tempo colocando a liberdade criadora em limites bem definidos As severas regras distributivas e tipoloacutegicas o ritmo das estruturas modulares fixadas

por J N Louis Durand (em seu Precis des teccedilans darchiterture Paris 1801-1823) nas quais deviam se basear o decoro e a ornamentaccedilatildeo neoclaacutessica constituiacuteram o fundamento da metodologia profissional por muito

tempo na metade do seacuteculo foram adotadas pelo determinismo compositivo dos engenheiros (que posteriormente revestiam as estruturas metaacutelicas dos

edifiacutecios com ornamentaccedilotildees neobarrocas ou neo-renascentistas) foram utilizadas tambeacutem nos projetos neogoacuteticos e guiaram no final do seacuteculo os primeiros edifiacutecios com vigas e pilastras em cimento armado

Se considerarmos decisivos portanto os fatores estruturais e supra-estruturais

de todo o periacuteodo isto eacute a consolidaccedilatildeo do poder burguecircs os rumos tomados pela civilizaccedilatildeo industrial o

entrelaccedilamento na cultura romacircntica dos ideais nacionais e de independecircncia com os problemas econocircmicos da

shy iiJ 411 (I I bull(I

fi li l1li li

II I

li li 11

li

bull II

fi r (IIi pr-shy

~

~ ~ shy1_shy--Jshybull I

produccedilatildeo em seacuterie etc parecem-nos realmente desfacadas as tentativas de classificar rotular J escolhergt no seio

da experiecircncia linguumllstica global do Ecletismo historIacutecista Quando os

ingleses Thomas Hope James Fergusson T L Donaldson C Gilbert SCOtl os franceses Ceacutesar Daly e E Viollet le Duc o alematildeo Friederich Schinkel ~ desconcertados pelo aparente caos das muacuteltiplas pesquisas estiliacutes ticas pelas contraditoacuterias experiecircncias formais de sua eacutepoca pela simultaneidade de vaacuterios revivals

perguntavam-se ansiosos quando tambeacutem o seacuteculo XIX saberia finalmente encontrar o proacuteprio

estilo) natildeo percebiam que estavam buscando em uma direccedilatildeo anacrocircnica e natildeo viam que O seacuteculo X1X jaacute encontrara 1lt0 proacuteprio estilo e que este - era o Ecletismo O Ecletismo era a cultura arquitetocircnica proacutepria de urna a bull classe burguesa que dava primazia ao conforto amava o progresso (especialmente quando melhorava suas condiccedilotildees de vida) amava as novidades mas rebaixava a produccedilatildeo artiacutestica e arquitetocircnica ao niacutevel da moda e do gosto Foi a clientela burguesa que exigIU (e obteve) os grandes progressos nas

~

4

--

C DtUacutey MOllft Hiltonque dAhiJeClUre cf - de $culprure d Ornamem Puni 1869

~ - A De Batldo Ponte Metoacutelica Proieto para

a Exposiccedilatildeo Universal de Paris 1900

instalaccedilotildees teacutecnicas nos serviccedilos sanitaacuterios da casa na sua distribuiccedilatildeo interna que solicitou urna evoluccedilatildeo raacutepida das tIacutepologias nOs grandes hoteacuteis nos balneaacuterios nas grandes lojas nos

escritoacuterios nas bolsas nos teatros e nos bancos que soube encontrar o tOm exato de autocelebraccedilatildeo nas estruturas

imponentes dos pavilhotildees das Exposiccedilotildees Universa is (de Londres shy1851 - e de Paris - 1867-78-79)

1)

- obtendo a aglutinaccedilatildeo de todas as expressotildees formais em torno do mito do progresso o Crystal Palace a Tour Eiffel Les Calhies des Machines o Baile Excelsior J os romances de Juacutelio Veme etc

A essas exigecircncias tatildeo concretas e tatildeo decisivas para a nova edificaccedilatildeo os

arquitetos deram a uacutenica resposta possiacutevel uma arquitetura sem grandes

tensotildees espirituais natildeo autocircnoma mas participante e comprometida ateacute ao proacuteprio sacrifiacutecio A cultura arquIacutetetocircnica deleitou-se por mais de

cem anos com O fato de teI acolhido os mais variados elementos lexicaiacutes extraindo-os de todas as eacutepocas e regiotildees recompondo-os de diferentes maneiras de acordo com princiacutepios ideoloacutegicos nos quais podem ser distinguiacutedos pelo menos trecircs correntes principais a da composiccedilatildeo

estiliacutestica -baseada na adoccedilatildeo imitativa coerente e correta de formas que no passado haviam pertencido a um estilo arquitetocircnico uacutenico e preciso (a esta corrente pertenceram as mais des tacadas tendecircncias neogregas neo-egiacutepcias e neog6ticas) a do hisloricismo lipoloacutegico voltado predominantemente a escolhas aprioriacutesticas de cunho anal6gico que deviam orientar deg estilo quanto agrave finalidade a que se destinava cada um dos edifiacutecios reencontrando na Idade Meacutedia os traccedilos miacutesticos e a religiosidade para as novas igrejas na Renascenccedila as caracteriacutesticas aacuteulicas elegantes para os edifiacutecios puacuteblicos no Barroco ou nos estilos orientais a festividade exigida pelos equipamentos de lazer no Classicismo pesado do coriacutentio romano o caraacuteter apropriado

6 7 DelraHe 1883 Proelo de uma necroacutepole H Repton Palaacutecio do Regente da Desig111 in Les Grands Paacutex de Rome de 1850 a or the Pavillio71 o Brighlon Londres 180 1900 sd

14

bull bull

SOUTH KENSINGTON

1lt J middoti

I ~

bullli bull li li I

bull li

bull bull bullli

-bull bull - sd bull -shy-

IISTOFY t i5EUmiddot ~C NEW NIII UKJ

8 A WtJJelhouse Museu de Histoacuteria Natural Oxlord 1873 in The Btitish Architect X 1878

8

aos solenes edificios do Parlamento

dos Museus e dos Ministeacuterios a dos pastiches compositivoJ que com uma maior margem de liberdade inventava soluccedilotildees estiliacutesticas historicamente

inadmissiacuteveis e agraves vezes beirando o mau gosto (mas que muitas vezes

escondiam soluccedilotildees estruturais

interessantes e avanccediladas)

Algumas observaccedilotildees sintomaacuteticas e

caracteriacutezadoras sobre o seacuteculo XIX

podem ser feitas 1) cada coacutepia cacla reacuteplica de um monumento antigo de um templo de uma catedral de um arco

de triunfo etc feita pelos arquitetos estava distante do original era algo

completamente diferente do modelo a

tal pontO que se tornou nitidamente um pro toacutetipo do seacuteculo XIX apesar do grande cuidado no levantamento (ou

exatamente por isso talvez) no querermiddot

retificar H anular as ~rregularidades corrigir os presumiacuteveis erros os

arquitetos historicistas produziram sempre ff simulacros (traiacuteram o modelo

pela excessiva fidelidade) 2) a erudiccedilatildeo e a filologia (onde se fizeram grandes progressos) cons tituiacuteram um entrave evidente quase uma paralisaccedilatildeo da

criatividade as numerosas escolhas

estil1sticas possiacuteveis pareceriam denotar uma eacutepoca de grandes liberdades quase anaacuterquicas entretanto

a elas correspondiam sob o ponto de vista do projeto uma prudecircncia e uma rimidez enormes 3) as ideacuteias os

programas as finalidades eram se mpre

melhores do que os produtos que pretendiam propugnaacute-los 4) o pudor

dos costumes burgueses da eacutepoca vitoriana correspondia plenamente agrave intoleracircncia em relaccedilatildeo agrave rude e vergonhosa nudez estrutural das

construccedilotildees (as colunas e as viacutegas) que

de fato deviam ser completamente

escondidas e revestidas por motivo de

decoro 5) os arquiacutetetos (sobretudo na segunda metade do seacuteculo) tentaram impor as razotildees da arte agrave progressiva mecanizaccedilatildeo da era industrial como

o socialismo ut6pico tentou mitigar as injusticcedilas sociais assim tambeacutem os

romacircnticos John Ruskin e William Morris (no Arls and erats) tentaram se opor agrave queda da individualidade dos valores artiacutesticos artesanais 6) o seacuteculo XIXconsumia muito

depressa os ideais absorvendo-os em sua vocaccedilatildeo comercial poucos anos

depois das primeiras teorizaccedilotildees do

Colhic Revival (A W Pugin 1936) em Birmingham e Sheffield produziam~se objetos medievais em seacuterie e na Franccedila fundava-se a Societeacute cOiholique pour lo fobricoiionJ la venie lo conession de louis les objets cosocreacutes ou ctllte (1842) para fazer frente agrave demanda das mais de cem igrejas neog6ticas que

naquela eacutepoca jaacute estavam em construccedilatildeD e ao fato dos bispos tenderem entatildeo a prescrever tal

estilo 7 Uma ou tra observaccedilatildeo deve

ser feita a produccedilatildeo industrial

encarada ainda no seacuteculo XVIII como

simples curiosidade intelectual explodira na metade do seacuteculo XIX impondo suas impiedosas leis econocircmicas tambeacutem ao canteiro de obras De fato subvertera-se a tradicional relaccedilatildeo entre

utilidade e beleza com a imposiccedilatildeo de

elementos construtivos metaacutelicos co mpletameme estranhos agraves formas e agraves proporccedilotildees caracteriacutesticas dos estilos e das ordens arquitetocircnicas Tudo isso coincidiu com O dualismo existente entre engenheiros e arquitetos quer

do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais

Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa

Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)

que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute

ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do

Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex

novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO

B ampJ M COR I R O N

9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd

16

bull bull

bull bull bull

- ii8I9 e

~ bull ~ l 111 li

-s abullbull bull

111 bull-a 1 1

$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I

--bullbull

- -- -~r

10

10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881

Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os

estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas

levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de

edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares

fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua

exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do

17

seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente

Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le

Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a

cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter

altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo

interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma

famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma

de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas

11

irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas

A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo

construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe

contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus

mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo

foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos

da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma

determinada forma ) meacutetodos com os

quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado

fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido

enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser

18

~ ~ ~ ~

I)

bull bull ) ) bull li I

bull b bull

bull

I

bullbullbull

bull

Seacuteshy

~ bullI

li

bull

11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864

12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846

12

IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856

14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855

realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora

aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz

Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n

Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do

ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de

acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca

podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da

engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre

as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos

de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao

primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de

s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em

19

sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da

montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro

no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior

do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees

harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel

das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais

ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de

sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais

Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)

17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850

1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd

16

ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)

20

A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro

sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo

londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo

com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16

(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de

Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas

exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo

material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a

patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de

sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno

Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o

problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante

deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou

convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade

atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()

g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os

princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a

exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido

definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco

Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico

mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas

elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do

para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta

21

-produccedilatildeo (e era isto que a tornava

uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos

possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea

que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o

oeo-renascentist a e voltar -se para o

goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18

planimetria articulada uma perfeita

adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna

grupos de qua rtos cada um deles com

um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande

atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento

e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da

planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a

livre disposiccedilatildeo nas fachadas de

janelas e va randas localizadas onde a

vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade

do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo

(Para Morris e seus colegas isto

tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a

19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892

18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869

22

bull bull

--

5 j

) raquo ) ) ) j

bull 3- $bull- $bullbull )

bull )

bull I

bull I)

bull I)

bull bull bullbull bull -------

UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -

J1 _

19

v~

lt I 1I ( I1 11 I

U--

-o ~

cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor

H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles

Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu

Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa

cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais

perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna

nova escala dos fenocircrpenos (as

ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos

Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento

por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da

expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema

fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas

com o foco perspectiva constituiacutedo por

um monumento a acentuada

geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves

paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica

enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no

Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas

(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais

monumentos do passado (catedrais e

palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e

tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os

Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de

Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera

padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana

emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica

como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees

Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras

urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser

respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das

I I

23

qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas

ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos

procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se

como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade

eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas

vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos

palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco

mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje

sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da

linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico

Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de

higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no

projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque

parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em

Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece

tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do

loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila

aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como

reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves

altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia

urbana que o Ecletismo retomara dos

20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907

24

) ) j

F ) r ) F ) F )

)

bull j

bull )- )bull )

bull 3 ) )

bull- )

)

bull-as 3

as li )bull

21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4

22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913

arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e

partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos

25

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 4: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

lIIiacuteII9 CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE O ECLETISMO == IBJ ~ IIIB) 1111119 ~

lIIIB9 fIIIIt IIIIIIIII-

NA EUROPA

LUCIANO PATEnA

(Milatildeo 1935)

Arquiteto e professor de Histoacuteria da Arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Politeacutecnica de Milatildeo Organizou a mostra de arquitetura na Bienal de Veneza em 1976 do Neocassicismo (Milatildeo) em 1978 e sobre Longhi (Roma) em 1980 Escreveu numerosos ensaios publicados na Itaacutelia Espanha e Argentina sobre arquitetura do seacuteculo XIX e do entre guerras

i Viacuteoltet te Duc) Projeto de restauraccedilatildeo da ~atedral de Clermont Femmd 1875

d

bull111

Consideraccedilotildees sobre o Ecletismo na Europa

A queda progressiva dos preconceitos criacuteticos levou a historiografia ar qui tetocircnica a reavaliar no final do seacuteculo passado o Barroco e no atual o Neoclassicismo (sobre o qual pesavam ainda a censura da criacutetica romacircntica e idealista) o Art nouveau e o Ecletismo (considerados pelo Movimento Moderno inimigos a serem

derrotados) Reconstituir com objetividade os fatos e aprofundar os aspectos problemaacuteticos do Neoclassicismo e do Ecletismo foi tarefa dos uacuteltimos dececircnios primeiramente atraveacutes de uma reavaliaccedilatildeo criacutetica geral (quase um reparo obrigatoacuterio) depois atraveacutes de pesquisas especiacuteficas sobre diferentes regiotildees e paiacuteses sobre aspectos determinados e arquitetos individualmente Dois fatos - pelo menos na Europa - estimularam estes estudos e interesses renovados por um lado a ampliaccedilatildeo do problema da proteccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-monumental para as estruturas urbanas e edifiacutecios do seacuteculo XIX por outro a crise do urbanismo do

Movimento Moderno que levou a um revisatildeo dos princiacutepios desta disciplina e a uma reflexatildeo criacutetica em cujo alicerce se encontram exatamente a cultura e a cidade do seacuteculo passado Podemos dizer ateacute que Neoclassicismo e Ecletismo hoje constituem o centro de interesses de aacutereas como a universitaacuteria por exemplo onde as decisotildees operacionais e de projeto arquitetocircnico e urbaniacutestico amadurecem

Mas se a perspectiva histoacuterica mais ampla e a superaccedilatildeo da taacutebula rasa tendenciosa teorizada pelas Vanguardas e pelo Movimento Moderno permitiram

reconsiderar com objetividade a ~ produccedilatildeo arquitetocircnica recente a historiografia natildeo podia renunciar a - recolocar em discussatildeo tambeacutem as velhas categorias e as velhas bull classificaccedilotildees isto eacute aquelas que bullconsideravam o Neoclassicismo e o

shy

WbullEcletismo natildeo soacute como experiecircncias subsequumlentes mas ateacute mesmo bull antiteacuteticas Aos poucos poreacutem a adoccedilatildeomiddotIII1 pela criacutetica de termos como claacutessico e In_ romacircntico 1 o aprofundamento do I-__~

significado da imitaccedilatildeo (seja ela relativa agrave antiguumlidade greco-romana seja agrave _f medieval) a descoberta de que havia ~

uma dialeacutetica constante entre razotildees da IIIIIi arquitetura e razotildees eacuteticas sociais e poliacuteticas e de que existia uma uacutenica clientela - a burguesia em ascensatildeo -_~ nos levaram a interpretar o periacuteodo que ~ vai da metade do seacuteculo XVIII ateacute o iniacutecio do nosso como um uacutenico longo

~

periacuteodo 2 Acabamos por reencontrar bull uma continuidade histoacuterica que tem ~ origem na crise da antiga tradiccedilatildeo _ claacutessica e vitoriana (por volta de 1750) ~ e que culmina no abandono total de _ qualquer referecircncia aos estilos ~~

histoacutericos pretendido pela arte moderna~

Reencontrar no seio das experiecircncias ~ neoclaacutessicas e ecleacuteticas razotildees de ~-consenso mais do que de contraposiccedilatildeo e apagar qualquer linha niacutetida de ~ demarcaccedilatildeo entre elas foi uma ~ contribuiccedilatildeo criacutetica importante Muitas c

duacutevidas foram dissipadas e respostas convincentes foram dadas a estas

~ questotildees 1) Eacute realmente o Ecletismo -=shya expressatildeo da arte e da arquitetura ~ que se segue ao Neoclassicismo seria apoliacutetico no sentido burguecircs tanto

~

quanto o Neoclassicismo era jacobino ~-

~

~

- Cshy

~

10

--

2

~ iacuteIIII shy -~Goudoin ] B LepeTe Colonne V endoacuteme -- 1806~ris

- Vignon A Madeleine Paris 1806 ~ieto prem iado pela Academia Real Paris ~8-18O Lilge 1842 (proelo de Ch -cier 1786) -shy

11

democraacutetico e renovador A panir do momento em que caiacuteram por terra muitas das interpretaccedilotildees pOllticas do Neoclassicismo e que inversamente rerificou-se que a burguesia da segunda netade do seacuteculo XIX possuiacutea ideais )oliacuteticos precisos a tese mostra-se xcessivamente esquemaacutetica e natildeo uporta verificaccedilotildees n O Ecletismo eacute algo que se distingue los revivals (e particularmente lo neogoacutetico isto eacute do revival

lt1ais engajado tanto como ideologia eligiosa quanto poliacutetico-patrioacutetica) im se atribuirmos grande

mportacircncia agraves premissas teoacutericas e aos bjetivos extradisciplinares de outra Jrma as diferenccedilas tornam-se mais randas (e inexistem se examinarmos as mtes e os modelos adotados 3)

) E estes revivals coincidiam com a Isca do assim chamado estilo acional que na Itaacutelia se expressou raveacutes do neo-romacircntico ou do o-renascentista na Franccedila e na

19laterra do neogoacutetico na Alemanha ) Rundbogenstil 4 Pelo menos em Irte sim principalmente se nsiderarmos que entre todas as Jtivaccedilotildees ideais as que obtiveram aio consenso foram o patriotismo e a lsca das proacuteprias raiacutezes culturais ria um erro poreacutem concluir que se longo periacuteodo da arquitetura lais de 150 anos) tenha sido mogecircneo e tenha tido um senvolviacutemento linear ao contraacuterio

apresenta diferentes manifestaccedilotildees mo poucas outras no passado e eccedilotildees divergentes (frequumlentemente 1traditoacuterias) testemunhos de urna 1stante inquietude intelectual a ponto de se mostrar como um

-iacuteodo fragmentaacuterio mais condizente

com as pesquisas cognoscitivas que aceitam exatamente essa fragmentariedade caracteriacutestica e

aprofundam-na Uma seacuterie de fenocircmenos une todavia esses fragmentos de histoacuteria uma linha contiacutenua percorre toda a trajetoacuteria da arquitetura burguesa desde os anos do Iluminismo na Franccedila e do paladianismo inglecircs dos countryshy

gentlemen ateacute os anos da Rainha Vitoacuteria do Segundo Impeacuterio francecircs do colonialismo triunfante e da Belle eacutepoque Pensemos na estilizaccedilatildeo na simplificaccedilatildeo dos elementos arquitetocircnicos do passado operaccedilotildees que levaram as sutis complexidades de proporccedilatildeo e de composiccedilatildeo a cair em uma reduccedilatildeo moderna que aproxima

arquitetos do seacuteculo XVIII como Robert e John Adams John Soane Claude-Nicolas Ledoux aos arquitetos de meados do seacuteculo XIX como Henry Labrouste Gottfried Semper e Edmund Street - Pensemos na concepccedilatildeo de

estilo como linguagem coletiva e sistema universal de formas (aquelas do universo greco-romano ou goacutetico) que transcende as singularidades e individualidades expressivas (de fato o traccedilo estiliacutestico pessoal de cada arquiteto se mostra cada vez menos evidente) - Pensemos na relaccedilatildeo com

o antigo que comeccedila com uma abordagem de cunho miacutetico passa por fases ideoloacutegicas e interpretativas depois agrave adesatildeo com total ortodoxia para diluir-se finalmente na praacutetica profissional corriqueira -- Pensemos na convicccedilatildeo de que era possiacutevel escolher entre elementos extraiacutedos das antiguumlidades concentrar o melbor deles iludindo-se de que esse encontrar e aplicar pudesse comparar-se agraves

experiecircncias criativas do passado baseadas ao inveacutes no buscar ex novo e renovar sempre - Pensemos enfim na condiccedilatildeo que aproximava todas essas geraccedilotildees a arquitetura natildeo

podia mais ser patrimocircnio de poucos mestres devia ceder agraves novas exigecircncias da produccedilatildeo de massa e agrave

definiccedil~o de uma nova figura de projetista o profissional Para os projetistas profissionais era necessaacuterio que as escolas as academias preparassem um sistema de regras razoaacuteveis e concretas de acordo com

as atribuiccedilotildees exigidas pelo tempo colocando a liberdade criadora em limites bem definidos As severas regras distributivas e tipoloacutegicas o ritmo das estruturas modulares fixadas

por J N Louis Durand (em seu Precis des teccedilans darchiterture Paris 1801-1823) nas quais deviam se basear o decoro e a ornamentaccedilatildeo neoclaacutessica constituiacuteram o fundamento da metodologia profissional por muito

tempo na metade do seacuteculo foram adotadas pelo determinismo compositivo dos engenheiros (que posteriormente revestiam as estruturas metaacutelicas dos

edifiacutecios com ornamentaccedilotildees neobarrocas ou neo-renascentistas) foram utilizadas tambeacutem nos projetos neogoacuteticos e guiaram no final do seacuteculo os primeiros edifiacutecios com vigas e pilastras em cimento armado

Se considerarmos decisivos portanto os fatores estruturais e supra-estruturais

de todo o periacuteodo isto eacute a consolidaccedilatildeo do poder burguecircs os rumos tomados pela civilizaccedilatildeo industrial o

entrelaccedilamento na cultura romacircntica dos ideais nacionais e de independecircncia com os problemas econocircmicos da

shy iiJ 411 (I I bull(I

fi li l1li li

II I

li li 11

li

bull II

fi r (IIi pr-shy

~

~ ~ shy1_shy--Jshybull I

produccedilatildeo em seacuterie etc parecem-nos realmente desfacadas as tentativas de classificar rotular J escolhergt no seio

da experiecircncia linguumllstica global do Ecletismo historIacutecista Quando os

ingleses Thomas Hope James Fergusson T L Donaldson C Gilbert SCOtl os franceses Ceacutesar Daly e E Viollet le Duc o alematildeo Friederich Schinkel ~ desconcertados pelo aparente caos das muacuteltiplas pesquisas estiliacutes ticas pelas contraditoacuterias experiecircncias formais de sua eacutepoca pela simultaneidade de vaacuterios revivals

perguntavam-se ansiosos quando tambeacutem o seacuteculo XIX saberia finalmente encontrar o proacuteprio

estilo) natildeo percebiam que estavam buscando em uma direccedilatildeo anacrocircnica e natildeo viam que O seacuteculo X1X jaacute encontrara 1lt0 proacuteprio estilo e que este - era o Ecletismo O Ecletismo era a cultura arquitetocircnica proacutepria de urna a bull classe burguesa que dava primazia ao conforto amava o progresso (especialmente quando melhorava suas condiccedilotildees de vida) amava as novidades mas rebaixava a produccedilatildeo artiacutestica e arquitetocircnica ao niacutevel da moda e do gosto Foi a clientela burguesa que exigIU (e obteve) os grandes progressos nas

~

4

--

C DtUacutey MOllft Hiltonque dAhiJeClUre cf - de $culprure d Ornamem Puni 1869

~ - A De Batldo Ponte Metoacutelica Proieto para

a Exposiccedilatildeo Universal de Paris 1900

instalaccedilotildees teacutecnicas nos serviccedilos sanitaacuterios da casa na sua distribuiccedilatildeo interna que solicitou urna evoluccedilatildeo raacutepida das tIacutepologias nOs grandes hoteacuteis nos balneaacuterios nas grandes lojas nos

escritoacuterios nas bolsas nos teatros e nos bancos que soube encontrar o tOm exato de autocelebraccedilatildeo nas estruturas

imponentes dos pavilhotildees das Exposiccedilotildees Universa is (de Londres shy1851 - e de Paris - 1867-78-79)

1)

- obtendo a aglutinaccedilatildeo de todas as expressotildees formais em torno do mito do progresso o Crystal Palace a Tour Eiffel Les Calhies des Machines o Baile Excelsior J os romances de Juacutelio Veme etc

A essas exigecircncias tatildeo concretas e tatildeo decisivas para a nova edificaccedilatildeo os

arquitetos deram a uacutenica resposta possiacutevel uma arquitetura sem grandes

tensotildees espirituais natildeo autocircnoma mas participante e comprometida ateacute ao proacuteprio sacrifiacutecio A cultura arquIacutetetocircnica deleitou-se por mais de

cem anos com O fato de teI acolhido os mais variados elementos lexicaiacutes extraindo-os de todas as eacutepocas e regiotildees recompondo-os de diferentes maneiras de acordo com princiacutepios ideoloacutegicos nos quais podem ser distinguiacutedos pelo menos trecircs correntes principais a da composiccedilatildeo

estiliacutestica -baseada na adoccedilatildeo imitativa coerente e correta de formas que no passado haviam pertencido a um estilo arquitetocircnico uacutenico e preciso (a esta corrente pertenceram as mais des tacadas tendecircncias neogregas neo-egiacutepcias e neog6ticas) a do hisloricismo lipoloacutegico voltado predominantemente a escolhas aprioriacutesticas de cunho anal6gico que deviam orientar deg estilo quanto agrave finalidade a que se destinava cada um dos edifiacutecios reencontrando na Idade Meacutedia os traccedilos miacutesticos e a religiosidade para as novas igrejas na Renascenccedila as caracteriacutesticas aacuteulicas elegantes para os edifiacutecios puacuteblicos no Barroco ou nos estilos orientais a festividade exigida pelos equipamentos de lazer no Classicismo pesado do coriacutentio romano o caraacuteter apropriado

6 7 DelraHe 1883 Proelo de uma necroacutepole H Repton Palaacutecio do Regente da Desig111 in Les Grands Paacutex de Rome de 1850 a or the Pavillio71 o Brighlon Londres 180 1900 sd

14

bull bull

SOUTH KENSINGTON

1lt J middoti

I ~

bullli bull li li I

bull li

bull bull bullli

-bull bull - sd bull -shy-

IISTOFY t i5EUmiddot ~C NEW NIII UKJ

8 A WtJJelhouse Museu de Histoacuteria Natural Oxlord 1873 in The Btitish Architect X 1878

8

aos solenes edificios do Parlamento

dos Museus e dos Ministeacuterios a dos pastiches compositivoJ que com uma maior margem de liberdade inventava soluccedilotildees estiliacutesticas historicamente

inadmissiacuteveis e agraves vezes beirando o mau gosto (mas que muitas vezes

escondiam soluccedilotildees estruturais

interessantes e avanccediladas)

Algumas observaccedilotildees sintomaacuteticas e

caracteriacutezadoras sobre o seacuteculo XIX

podem ser feitas 1) cada coacutepia cacla reacuteplica de um monumento antigo de um templo de uma catedral de um arco

de triunfo etc feita pelos arquitetos estava distante do original era algo

completamente diferente do modelo a

tal pontO que se tornou nitidamente um pro toacutetipo do seacuteculo XIX apesar do grande cuidado no levantamento (ou

exatamente por isso talvez) no querermiddot

retificar H anular as ~rregularidades corrigir os presumiacuteveis erros os

arquitetos historicistas produziram sempre ff simulacros (traiacuteram o modelo

pela excessiva fidelidade) 2) a erudiccedilatildeo e a filologia (onde se fizeram grandes progressos) cons tituiacuteram um entrave evidente quase uma paralisaccedilatildeo da

criatividade as numerosas escolhas

estil1sticas possiacuteveis pareceriam denotar uma eacutepoca de grandes liberdades quase anaacuterquicas entretanto

a elas correspondiam sob o ponto de vista do projeto uma prudecircncia e uma rimidez enormes 3) as ideacuteias os

programas as finalidades eram se mpre

melhores do que os produtos que pretendiam propugnaacute-los 4) o pudor

dos costumes burgueses da eacutepoca vitoriana correspondia plenamente agrave intoleracircncia em relaccedilatildeo agrave rude e vergonhosa nudez estrutural das

construccedilotildees (as colunas e as viacutegas) que

de fato deviam ser completamente

escondidas e revestidas por motivo de

decoro 5) os arquiacutetetos (sobretudo na segunda metade do seacuteculo) tentaram impor as razotildees da arte agrave progressiva mecanizaccedilatildeo da era industrial como

o socialismo ut6pico tentou mitigar as injusticcedilas sociais assim tambeacutem os

romacircnticos John Ruskin e William Morris (no Arls and erats) tentaram se opor agrave queda da individualidade dos valores artiacutesticos artesanais 6) o seacuteculo XIXconsumia muito

depressa os ideais absorvendo-os em sua vocaccedilatildeo comercial poucos anos

depois das primeiras teorizaccedilotildees do

Colhic Revival (A W Pugin 1936) em Birmingham e Sheffield produziam~se objetos medievais em seacuterie e na Franccedila fundava-se a Societeacute cOiholique pour lo fobricoiionJ la venie lo conession de louis les objets cosocreacutes ou ctllte (1842) para fazer frente agrave demanda das mais de cem igrejas neog6ticas que

naquela eacutepoca jaacute estavam em construccedilatildeD e ao fato dos bispos tenderem entatildeo a prescrever tal

estilo 7 Uma ou tra observaccedilatildeo deve

ser feita a produccedilatildeo industrial

encarada ainda no seacuteculo XVIII como

simples curiosidade intelectual explodira na metade do seacuteculo XIX impondo suas impiedosas leis econocircmicas tambeacutem ao canteiro de obras De fato subvertera-se a tradicional relaccedilatildeo entre

utilidade e beleza com a imposiccedilatildeo de

elementos construtivos metaacutelicos co mpletameme estranhos agraves formas e agraves proporccedilotildees caracteriacutesticas dos estilos e das ordens arquitetocircnicas Tudo isso coincidiu com O dualismo existente entre engenheiros e arquitetos quer

do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais

Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa

Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)

que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute

ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do

Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex

novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO

B ampJ M COR I R O N

9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd

16

bull bull

bull bull bull

- ii8I9 e

~ bull ~ l 111 li

-s abullbull bull

111 bull-a 1 1

$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I

--bullbull

- -- -~r

10

10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881

Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os

estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas

levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de

edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares

fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua

exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do

17

seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente

Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le

Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a

cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter

altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo

interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma

famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma

de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas

11

irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas

A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo

construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe

contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus

mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo

foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos

da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma

determinada forma ) meacutetodos com os

quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado

fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido

enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser

18

~ ~ ~ ~

I)

bull bull ) ) bull li I

bull b bull

bull

I

bullbullbull

bull

Seacuteshy

~ bullI

li

bull

11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864

12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846

12

IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856

14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855

realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora

aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz

Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n

Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do

ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de

acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca

podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da

engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre

as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos

de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao

primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de

s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em

19

sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da

montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro

no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior

do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees

harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel

das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais

ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de

sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais

Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)

17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850

1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd

16

ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)

20

A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro

sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo

londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo

com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16

(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de

Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas

exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo

material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a

patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de

sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno

Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o

problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante

deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou

convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade

atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()

g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os

princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a

exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido

definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco

Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico

mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas

elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do

para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta

21

-produccedilatildeo (e era isto que a tornava

uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos

possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea

que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o

oeo-renascentist a e voltar -se para o

goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18

planimetria articulada uma perfeita

adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna

grupos de qua rtos cada um deles com

um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande

atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento

e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da

planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a

livre disposiccedilatildeo nas fachadas de

janelas e va randas localizadas onde a

vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade

do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo

(Para Morris e seus colegas isto

tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a

19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892

18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869

22

bull bull

--

5 j

) raquo ) ) ) j

bull 3- $bull- $bullbull )

bull )

bull I

bull I)

bull I)

bull bull bullbull bull -------

UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -

J1 _

19

v~

lt I 1I ( I1 11 I

U--

-o ~

cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor

H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles

Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu

Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa

cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais

perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna

nova escala dos fenocircrpenos (as

ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos

Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento

por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da

expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema

fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas

com o foco perspectiva constituiacutedo por

um monumento a acentuada

geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves

paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica

enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no

Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas

(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais

monumentos do passado (catedrais e

palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e

tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os

Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de

Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera

padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana

emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica

como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees

Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras

urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser

respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das

I I

23

qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas

ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos

procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se

como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade

eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas

vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos

palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco

mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje

sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da

linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico

Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de

higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no

projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque

parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em

Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece

tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do

loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila

aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como

reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves

altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia

urbana que o Ecletismo retomara dos

20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907

24

) ) j

F ) r ) F ) F )

)

bull j

bull )- )bull )

bull 3 ) )

bull- )

)

bull-as 3

as li )bull

21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4

22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913

arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e

partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos

25

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 5: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

bull111

Consideraccedilotildees sobre o Ecletismo na Europa

A queda progressiva dos preconceitos criacuteticos levou a historiografia ar qui tetocircnica a reavaliar no final do seacuteculo passado o Barroco e no atual o Neoclassicismo (sobre o qual pesavam ainda a censura da criacutetica romacircntica e idealista) o Art nouveau e o Ecletismo (considerados pelo Movimento Moderno inimigos a serem

derrotados) Reconstituir com objetividade os fatos e aprofundar os aspectos problemaacuteticos do Neoclassicismo e do Ecletismo foi tarefa dos uacuteltimos dececircnios primeiramente atraveacutes de uma reavaliaccedilatildeo criacutetica geral (quase um reparo obrigatoacuterio) depois atraveacutes de pesquisas especiacuteficas sobre diferentes regiotildees e paiacuteses sobre aspectos determinados e arquitetos individualmente Dois fatos - pelo menos na Europa - estimularam estes estudos e interesses renovados por um lado a ampliaccedilatildeo do problema da proteccedilatildeo e restauraccedilatildeo do patrimocircnio histoacuterico-monumental para as estruturas urbanas e edifiacutecios do seacuteculo XIX por outro a crise do urbanismo do

Movimento Moderno que levou a um revisatildeo dos princiacutepios desta disciplina e a uma reflexatildeo criacutetica em cujo alicerce se encontram exatamente a cultura e a cidade do seacuteculo passado Podemos dizer ateacute que Neoclassicismo e Ecletismo hoje constituem o centro de interesses de aacutereas como a universitaacuteria por exemplo onde as decisotildees operacionais e de projeto arquitetocircnico e urbaniacutestico amadurecem

Mas se a perspectiva histoacuterica mais ampla e a superaccedilatildeo da taacutebula rasa tendenciosa teorizada pelas Vanguardas e pelo Movimento Moderno permitiram

reconsiderar com objetividade a ~ produccedilatildeo arquitetocircnica recente a historiografia natildeo podia renunciar a - recolocar em discussatildeo tambeacutem as velhas categorias e as velhas bull classificaccedilotildees isto eacute aquelas que bullconsideravam o Neoclassicismo e o

shy

WbullEcletismo natildeo soacute como experiecircncias subsequumlentes mas ateacute mesmo bull antiteacuteticas Aos poucos poreacutem a adoccedilatildeomiddotIII1 pela criacutetica de termos como claacutessico e In_ romacircntico 1 o aprofundamento do I-__~

significado da imitaccedilatildeo (seja ela relativa agrave antiguumlidade greco-romana seja agrave _f medieval) a descoberta de que havia ~

uma dialeacutetica constante entre razotildees da IIIIIi arquitetura e razotildees eacuteticas sociais e poliacuteticas e de que existia uma uacutenica clientela - a burguesia em ascensatildeo -_~ nos levaram a interpretar o periacuteodo que ~ vai da metade do seacuteculo XVIII ateacute o iniacutecio do nosso como um uacutenico longo

~

periacuteodo 2 Acabamos por reencontrar bull uma continuidade histoacuterica que tem ~ origem na crise da antiga tradiccedilatildeo _ claacutessica e vitoriana (por volta de 1750) ~ e que culmina no abandono total de _ qualquer referecircncia aos estilos ~~

histoacutericos pretendido pela arte moderna~

Reencontrar no seio das experiecircncias ~ neoclaacutessicas e ecleacuteticas razotildees de ~-consenso mais do que de contraposiccedilatildeo e apagar qualquer linha niacutetida de ~ demarcaccedilatildeo entre elas foi uma ~ contribuiccedilatildeo criacutetica importante Muitas c

duacutevidas foram dissipadas e respostas convincentes foram dadas a estas

~ questotildees 1) Eacute realmente o Ecletismo -=shya expressatildeo da arte e da arquitetura ~ que se segue ao Neoclassicismo seria apoliacutetico no sentido burguecircs tanto

~

quanto o Neoclassicismo era jacobino ~-

~

~

- Cshy

~

10

--

2

~ iacuteIIII shy -~Goudoin ] B LepeTe Colonne V endoacuteme -- 1806~ris

- Vignon A Madeleine Paris 1806 ~ieto prem iado pela Academia Real Paris ~8-18O Lilge 1842 (proelo de Ch -cier 1786) -shy

11

democraacutetico e renovador A panir do momento em que caiacuteram por terra muitas das interpretaccedilotildees pOllticas do Neoclassicismo e que inversamente rerificou-se que a burguesia da segunda netade do seacuteculo XIX possuiacutea ideais )oliacuteticos precisos a tese mostra-se xcessivamente esquemaacutetica e natildeo uporta verificaccedilotildees n O Ecletismo eacute algo que se distingue los revivals (e particularmente lo neogoacutetico isto eacute do revival

lt1ais engajado tanto como ideologia eligiosa quanto poliacutetico-patrioacutetica) im se atribuirmos grande

mportacircncia agraves premissas teoacutericas e aos bjetivos extradisciplinares de outra Jrma as diferenccedilas tornam-se mais randas (e inexistem se examinarmos as mtes e os modelos adotados 3)

) E estes revivals coincidiam com a Isca do assim chamado estilo acional que na Itaacutelia se expressou raveacutes do neo-romacircntico ou do o-renascentista na Franccedila e na

19laterra do neogoacutetico na Alemanha ) Rundbogenstil 4 Pelo menos em Irte sim principalmente se nsiderarmos que entre todas as Jtivaccedilotildees ideais as que obtiveram aio consenso foram o patriotismo e a lsca das proacuteprias raiacutezes culturais ria um erro poreacutem concluir que se longo periacuteodo da arquitetura lais de 150 anos) tenha sido mogecircneo e tenha tido um senvolviacutemento linear ao contraacuterio

apresenta diferentes manifestaccedilotildees mo poucas outras no passado e eccedilotildees divergentes (frequumlentemente 1traditoacuterias) testemunhos de urna 1stante inquietude intelectual a ponto de se mostrar como um

-iacuteodo fragmentaacuterio mais condizente

com as pesquisas cognoscitivas que aceitam exatamente essa fragmentariedade caracteriacutestica e

aprofundam-na Uma seacuterie de fenocircmenos une todavia esses fragmentos de histoacuteria uma linha contiacutenua percorre toda a trajetoacuteria da arquitetura burguesa desde os anos do Iluminismo na Franccedila e do paladianismo inglecircs dos countryshy

gentlemen ateacute os anos da Rainha Vitoacuteria do Segundo Impeacuterio francecircs do colonialismo triunfante e da Belle eacutepoque Pensemos na estilizaccedilatildeo na simplificaccedilatildeo dos elementos arquitetocircnicos do passado operaccedilotildees que levaram as sutis complexidades de proporccedilatildeo e de composiccedilatildeo a cair em uma reduccedilatildeo moderna que aproxima

arquitetos do seacuteculo XVIII como Robert e John Adams John Soane Claude-Nicolas Ledoux aos arquitetos de meados do seacuteculo XIX como Henry Labrouste Gottfried Semper e Edmund Street - Pensemos na concepccedilatildeo de

estilo como linguagem coletiva e sistema universal de formas (aquelas do universo greco-romano ou goacutetico) que transcende as singularidades e individualidades expressivas (de fato o traccedilo estiliacutestico pessoal de cada arquiteto se mostra cada vez menos evidente) - Pensemos na relaccedilatildeo com

o antigo que comeccedila com uma abordagem de cunho miacutetico passa por fases ideoloacutegicas e interpretativas depois agrave adesatildeo com total ortodoxia para diluir-se finalmente na praacutetica profissional corriqueira -- Pensemos na convicccedilatildeo de que era possiacutevel escolher entre elementos extraiacutedos das antiguumlidades concentrar o melbor deles iludindo-se de que esse encontrar e aplicar pudesse comparar-se agraves

experiecircncias criativas do passado baseadas ao inveacutes no buscar ex novo e renovar sempre - Pensemos enfim na condiccedilatildeo que aproximava todas essas geraccedilotildees a arquitetura natildeo

podia mais ser patrimocircnio de poucos mestres devia ceder agraves novas exigecircncias da produccedilatildeo de massa e agrave

definiccedil~o de uma nova figura de projetista o profissional Para os projetistas profissionais era necessaacuterio que as escolas as academias preparassem um sistema de regras razoaacuteveis e concretas de acordo com

as atribuiccedilotildees exigidas pelo tempo colocando a liberdade criadora em limites bem definidos As severas regras distributivas e tipoloacutegicas o ritmo das estruturas modulares fixadas

por J N Louis Durand (em seu Precis des teccedilans darchiterture Paris 1801-1823) nas quais deviam se basear o decoro e a ornamentaccedilatildeo neoclaacutessica constituiacuteram o fundamento da metodologia profissional por muito

tempo na metade do seacuteculo foram adotadas pelo determinismo compositivo dos engenheiros (que posteriormente revestiam as estruturas metaacutelicas dos

edifiacutecios com ornamentaccedilotildees neobarrocas ou neo-renascentistas) foram utilizadas tambeacutem nos projetos neogoacuteticos e guiaram no final do seacuteculo os primeiros edifiacutecios com vigas e pilastras em cimento armado

Se considerarmos decisivos portanto os fatores estruturais e supra-estruturais

de todo o periacuteodo isto eacute a consolidaccedilatildeo do poder burguecircs os rumos tomados pela civilizaccedilatildeo industrial o

entrelaccedilamento na cultura romacircntica dos ideais nacionais e de independecircncia com os problemas econocircmicos da

shy iiJ 411 (I I bull(I

fi li l1li li

II I

li li 11

li

bull II

fi r (IIi pr-shy

~

~ ~ shy1_shy--Jshybull I

produccedilatildeo em seacuterie etc parecem-nos realmente desfacadas as tentativas de classificar rotular J escolhergt no seio

da experiecircncia linguumllstica global do Ecletismo historIacutecista Quando os

ingleses Thomas Hope James Fergusson T L Donaldson C Gilbert SCOtl os franceses Ceacutesar Daly e E Viollet le Duc o alematildeo Friederich Schinkel ~ desconcertados pelo aparente caos das muacuteltiplas pesquisas estiliacutes ticas pelas contraditoacuterias experiecircncias formais de sua eacutepoca pela simultaneidade de vaacuterios revivals

perguntavam-se ansiosos quando tambeacutem o seacuteculo XIX saberia finalmente encontrar o proacuteprio

estilo) natildeo percebiam que estavam buscando em uma direccedilatildeo anacrocircnica e natildeo viam que O seacuteculo X1X jaacute encontrara 1lt0 proacuteprio estilo e que este - era o Ecletismo O Ecletismo era a cultura arquitetocircnica proacutepria de urna a bull classe burguesa que dava primazia ao conforto amava o progresso (especialmente quando melhorava suas condiccedilotildees de vida) amava as novidades mas rebaixava a produccedilatildeo artiacutestica e arquitetocircnica ao niacutevel da moda e do gosto Foi a clientela burguesa que exigIU (e obteve) os grandes progressos nas

~

4

--

C DtUacutey MOllft Hiltonque dAhiJeClUre cf - de $culprure d Ornamem Puni 1869

~ - A De Batldo Ponte Metoacutelica Proieto para

a Exposiccedilatildeo Universal de Paris 1900

instalaccedilotildees teacutecnicas nos serviccedilos sanitaacuterios da casa na sua distribuiccedilatildeo interna que solicitou urna evoluccedilatildeo raacutepida das tIacutepologias nOs grandes hoteacuteis nos balneaacuterios nas grandes lojas nos

escritoacuterios nas bolsas nos teatros e nos bancos que soube encontrar o tOm exato de autocelebraccedilatildeo nas estruturas

imponentes dos pavilhotildees das Exposiccedilotildees Universa is (de Londres shy1851 - e de Paris - 1867-78-79)

1)

- obtendo a aglutinaccedilatildeo de todas as expressotildees formais em torno do mito do progresso o Crystal Palace a Tour Eiffel Les Calhies des Machines o Baile Excelsior J os romances de Juacutelio Veme etc

A essas exigecircncias tatildeo concretas e tatildeo decisivas para a nova edificaccedilatildeo os

arquitetos deram a uacutenica resposta possiacutevel uma arquitetura sem grandes

tensotildees espirituais natildeo autocircnoma mas participante e comprometida ateacute ao proacuteprio sacrifiacutecio A cultura arquIacutetetocircnica deleitou-se por mais de

cem anos com O fato de teI acolhido os mais variados elementos lexicaiacutes extraindo-os de todas as eacutepocas e regiotildees recompondo-os de diferentes maneiras de acordo com princiacutepios ideoloacutegicos nos quais podem ser distinguiacutedos pelo menos trecircs correntes principais a da composiccedilatildeo

estiliacutestica -baseada na adoccedilatildeo imitativa coerente e correta de formas que no passado haviam pertencido a um estilo arquitetocircnico uacutenico e preciso (a esta corrente pertenceram as mais des tacadas tendecircncias neogregas neo-egiacutepcias e neog6ticas) a do hisloricismo lipoloacutegico voltado predominantemente a escolhas aprioriacutesticas de cunho anal6gico que deviam orientar deg estilo quanto agrave finalidade a que se destinava cada um dos edifiacutecios reencontrando na Idade Meacutedia os traccedilos miacutesticos e a religiosidade para as novas igrejas na Renascenccedila as caracteriacutesticas aacuteulicas elegantes para os edifiacutecios puacuteblicos no Barroco ou nos estilos orientais a festividade exigida pelos equipamentos de lazer no Classicismo pesado do coriacutentio romano o caraacuteter apropriado

6 7 DelraHe 1883 Proelo de uma necroacutepole H Repton Palaacutecio do Regente da Desig111 in Les Grands Paacutex de Rome de 1850 a or the Pavillio71 o Brighlon Londres 180 1900 sd

14

bull bull

SOUTH KENSINGTON

1lt J middoti

I ~

bullli bull li li I

bull li

bull bull bullli

-bull bull - sd bull -shy-

IISTOFY t i5EUmiddot ~C NEW NIII UKJ

8 A WtJJelhouse Museu de Histoacuteria Natural Oxlord 1873 in The Btitish Architect X 1878

8

aos solenes edificios do Parlamento

dos Museus e dos Ministeacuterios a dos pastiches compositivoJ que com uma maior margem de liberdade inventava soluccedilotildees estiliacutesticas historicamente

inadmissiacuteveis e agraves vezes beirando o mau gosto (mas que muitas vezes

escondiam soluccedilotildees estruturais

interessantes e avanccediladas)

Algumas observaccedilotildees sintomaacuteticas e

caracteriacutezadoras sobre o seacuteculo XIX

podem ser feitas 1) cada coacutepia cacla reacuteplica de um monumento antigo de um templo de uma catedral de um arco

de triunfo etc feita pelos arquitetos estava distante do original era algo

completamente diferente do modelo a

tal pontO que se tornou nitidamente um pro toacutetipo do seacuteculo XIX apesar do grande cuidado no levantamento (ou

exatamente por isso talvez) no querermiddot

retificar H anular as ~rregularidades corrigir os presumiacuteveis erros os

arquitetos historicistas produziram sempre ff simulacros (traiacuteram o modelo

pela excessiva fidelidade) 2) a erudiccedilatildeo e a filologia (onde se fizeram grandes progressos) cons tituiacuteram um entrave evidente quase uma paralisaccedilatildeo da

criatividade as numerosas escolhas

estil1sticas possiacuteveis pareceriam denotar uma eacutepoca de grandes liberdades quase anaacuterquicas entretanto

a elas correspondiam sob o ponto de vista do projeto uma prudecircncia e uma rimidez enormes 3) as ideacuteias os

programas as finalidades eram se mpre

melhores do que os produtos que pretendiam propugnaacute-los 4) o pudor

dos costumes burgueses da eacutepoca vitoriana correspondia plenamente agrave intoleracircncia em relaccedilatildeo agrave rude e vergonhosa nudez estrutural das

construccedilotildees (as colunas e as viacutegas) que

de fato deviam ser completamente

escondidas e revestidas por motivo de

decoro 5) os arquiacutetetos (sobretudo na segunda metade do seacuteculo) tentaram impor as razotildees da arte agrave progressiva mecanizaccedilatildeo da era industrial como

o socialismo ut6pico tentou mitigar as injusticcedilas sociais assim tambeacutem os

romacircnticos John Ruskin e William Morris (no Arls and erats) tentaram se opor agrave queda da individualidade dos valores artiacutesticos artesanais 6) o seacuteculo XIXconsumia muito

depressa os ideais absorvendo-os em sua vocaccedilatildeo comercial poucos anos

depois das primeiras teorizaccedilotildees do

Colhic Revival (A W Pugin 1936) em Birmingham e Sheffield produziam~se objetos medievais em seacuterie e na Franccedila fundava-se a Societeacute cOiholique pour lo fobricoiionJ la venie lo conession de louis les objets cosocreacutes ou ctllte (1842) para fazer frente agrave demanda das mais de cem igrejas neog6ticas que

naquela eacutepoca jaacute estavam em construccedilatildeD e ao fato dos bispos tenderem entatildeo a prescrever tal

estilo 7 Uma ou tra observaccedilatildeo deve

ser feita a produccedilatildeo industrial

encarada ainda no seacuteculo XVIII como

simples curiosidade intelectual explodira na metade do seacuteculo XIX impondo suas impiedosas leis econocircmicas tambeacutem ao canteiro de obras De fato subvertera-se a tradicional relaccedilatildeo entre

utilidade e beleza com a imposiccedilatildeo de

elementos construtivos metaacutelicos co mpletameme estranhos agraves formas e agraves proporccedilotildees caracteriacutesticas dos estilos e das ordens arquitetocircnicas Tudo isso coincidiu com O dualismo existente entre engenheiros e arquitetos quer

do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais

Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa

Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)

que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute

ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do

Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex

novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO

B ampJ M COR I R O N

9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd

16

bull bull

bull bull bull

- ii8I9 e

~ bull ~ l 111 li

-s abullbull bull

111 bull-a 1 1

$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I

--bullbull

- -- -~r

10

10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881

Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os

estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas

levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de

edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares

fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua

exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do

17

seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente

Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le

Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a

cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter

altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo

interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma

famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma

de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas

11

irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas

A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo

construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe

contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus

mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo

foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos

da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma

determinada forma ) meacutetodos com os

quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado

fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido

enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser

18

~ ~ ~ ~

I)

bull bull ) ) bull li I

bull b bull

bull

I

bullbullbull

bull

Seacuteshy

~ bullI

li

bull

11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864

12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846

12

IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856

14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855

realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora

aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz

Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n

Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do

ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de

acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca

podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da

engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre

as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos

de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao

primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de

s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em

19

sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da

montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro

no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior

do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees

harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel

das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais

ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de

sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais

Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)

17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850

1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd

16

ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)

20

A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro

sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo

londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo

com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16

(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de

Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas

exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo

material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a

patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de

sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno

Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o

problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante

deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou

convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade

atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()

g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os

princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a

exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido

definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco

Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico

mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas

elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do

para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta

21

-produccedilatildeo (e era isto que a tornava

uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos

possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea

que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o

oeo-renascentist a e voltar -se para o

goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18

planimetria articulada uma perfeita

adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna

grupos de qua rtos cada um deles com

um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande

atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento

e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da

planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a

livre disposiccedilatildeo nas fachadas de

janelas e va randas localizadas onde a

vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade

do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo

(Para Morris e seus colegas isto

tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a

19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892

18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869

22

bull bull

--

5 j

) raquo ) ) ) j

bull 3- $bull- $bullbull )

bull )

bull I

bull I)

bull I)

bull bull bullbull bull -------

UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -

J1 _

19

v~

lt I 1I ( I1 11 I

U--

-o ~

cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor

H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles

Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu

Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa

cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais

perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna

nova escala dos fenocircrpenos (as

ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos

Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento

por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da

expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema

fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas

com o foco perspectiva constituiacutedo por

um monumento a acentuada

geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves

paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica

enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no

Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas

(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais

monumentos do passado (catedrais e

palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e

tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os

Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de

Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera

padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana

emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica

como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees

Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras

urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser

respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das

I I

23

qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas

ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos

procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se

como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade

eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas

vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos

palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco

mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje

sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da

linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico

Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de

higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no

projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque

parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em

Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece

tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do

loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila

aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como

reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves

altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia

urbana que o Ecletismo retomara dos

20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907

24

) ) j

F ) r ) F ) F )

)

bull j

bull )- )bull )

bull 3 ) )

bull- )

)

bull-as 3

as li )bull

21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4

22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913

arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e

partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos

25

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 6: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

--

2

~ iacuteIIII shy -~Goudoin ] B LepeTe Colonne V endoacuteme -- 1806~ris

- Vignon A Madeleine Paris 1806 ~ieto prem iado pela Academia Real Paris ~8-18O Lilge 1842 (proelo de Ch -cier 1786) -shy

11

democraacutetico e renovador A panir do momento em que caiacuteram por terra muitas das interpretaccedilotildees pOllticas do Neoclassicismo e que inversamente rerificou-se que a burguesia da segunda netade do seacuteculo XIX possuiacutea ideais )oliacuteticos precisos a tese mostra-se xcessivamente esquemaacutetica e natildeo uporta verificaccedilotildees n O Ecletismo eacute algo que se distingue los revivals (e particularmente lo neogoacutetico isto eacute do revival

lt1ais engajado tanto como ideologia eligiosa quanto poliacutetico-patrioacutetica) im se atribuirmos grande

mportacircncia agraves premissas teoacutericas e aos bjetivos extradisciplinares de outra Jrma as diferenccedilas tornam-se mais randas (e inexistem se examinarmos as mtes e os modelos adotados 3)

) E estes revivals coincidiam com a Isca do assim chamado estilo acional que na Itaacutelia se expressou raveacutes do neo-romacircntico ou do o-renascentista na Franccedila e na

19laterra do neogoacutetico na Alemanha ) Rundbogenstil 4 Pelo menos em Irte sim principalmente se nsiderarmos que entre todas as Jtivaccedilotildees ideais as que obtiveram aio consenso foram o patriotismo e a lsca das proacuteprias raiacutezes culturais ria um erro poreacutem concluir que se longo periacuteodo da arquitetura lais de 150 anos) tenha sido mogecircneo e tenha tido um senvolviacutemento linear ao contraacuterio

apresenta diferentes manifestaccedilotildees mo poucas outras no passado e eccedilotildees divergentes (frequumlentemente 1traditoacuterias) testemunhos de urna 1stante inquietude intelectual a ponto de se mostrar como um

-iacuteodo fragmentaacuterio mais condizente

com as pesquisas cognoscitivas que aceitam exatamente essa fragmentariedade caracteriacutestica e

aprofundam-na Uma seacuterie de fenocircmenos une todavia esses fragmentos de histoacuteria uma linha contiacutenua percorre toda a trajetoacuteria da arquitetura burguesa desde os anos do Iluminismo na Franccedila e do paladianismo inglecircs dos countryshy

gentlemen ateacute os anos da Rainha Vitoacuteria do Segundo Impeacuterio francecircs do colonialismo triunfante e da Belle eacutepoque Pensemos na estilizaccedilatildeo na simplificaccedilatildeo dos elementos arquitetocircnicos do passado operaccedilotildees que levaram as sutis complexidades de proporccedilatildeo e de composiccedilatildeo a cair em uma reduccedilatildeo moderna que aproxima

arquitetos do seacuteculo XVIII como Robert e John Adams John Soane Claude-Nicolas Ledoux aos arquitetos de meados do seacuteculo XIX como Henry Labrouste Gottfried Semper e Edmund Street - Pensemos na concepccedilatildeo de

estilo como linguagem coletiva e sistema universal de formas (aquelas do universo greco-romano ou goacutetico) que transcende as singularidades e individualidades expressivas (de fato o traccedilo estiliacutestico pessoal de cada arquiteto se mostra cada vez menos evidente) - Pensemos na relaccedilatildeo com

o antigo que comeccedila com uma abordagem de cunho miacutetico passa por fases ideoloacutegicas e interpretativas depois agrave adesatildeo com total ortodoxia para diluir-se finalmente na praacutetica profissional corriqueira -- Pensemos na convicccedilatildeo de que era possiacutevel escolher entre elementos extraiacutedos das antiguumlidades concentrar o melbor deles iludindo-se de que esse encontrar e aplicar pudesse comparar-se agraves

experiecircncias criativas do passado baseadas ao inveacutes no buscar ex novo e renovar sempre - Pensemos enfim na condiccedilatildeo que aproximava todas essas geraccedilotildees a arquitetura natildeo

podia mais ser patrimocircnio de poucos mestres devia ceder agraves novas exigecircncias da produccedilatildeo de massa e agrave

definiccedil~o de uma nova figura de projetista o profissional Para os projetistas profissionais era necessaacuterio que as escolas as academias preparassem um sistema de regras razoaacuteveis e concretas de acordo com

as atribuiccedilotildees exigidas pelo tempo colocando a liberdade criadora em limites bem definidos As severas regras distributivas e tipoloacutegicas o ritmo das estruturas modulares fixadas

por J N Louis Durand (em seu Precis des teccedilans darchiterture Paris 1801-1823) nas quais deviam se basear o decoro e a ornamentaccedilatildeo neoclaacutessica constituiacuteram o fundamento da metodologia profissional por muito

tempo na metade do seacuteculo foram adotadas pelo determinismo compositivo dos engenheiros (que posteriormente revestiam as estruturas metaacutelicas dos

edifiacutecios com ornamentaccedilotildees neobarrocas ou neo-renascentistas) foram utilizadas tambeacutem nos projetos neogoacuteticos e guiaram no final do seacuteculo os primeiros edifiacutecios com vigas e pilastras em cimento armado

Se considerarmos decisivos portanto os fatores estruturais e supra-estruturais

de todo o periacuteodo isto eacute a consolidaccedilatildeo do poder burguecircs os rumos tomados pela civilizaccedilatildeo industrial o

entrelaccedilamento na cultura romacircntica dos ideais nacionais e de independecircncia com os problemas econocircmicos da

shy iiJ 411 (I I bull(I

fi li l1li li

II I

li li 11

li

bull II

fi r (IIi pr-shy

~

~ ~ shy1_shy--Jshybull I

produccedilatildeo em seacuterie etc parecem-nos realmente desfacadas as tentativas de classificar rotular J escolhergt no seio

da experiecircncia linguumllstica global do Ecletismo historIacutecista Quando os

ingleses Thomas Hope James Fergusson T L Donaldson C Gilbert SCOtl os franceses Ceacutesar Daly e E Viollet le Duc o alematildeo Friederich Schinkel ~ desconcertados pelo aparente caos das muacuteltiplas pesquisas estiliacutes ticas pelas contraditoacuterias experiecircncias formais de sua eacutepoca pela simultaneidade de vaacuterios revivals

perguntavam-se ansiosos quando tambeacutem o seacuteculo XIX saberia finalmente encontrar o proacuteprio

estilo) natildeo percebiam que estavam buscando em uma direccedilatildeo anacrocircnica e natildeo viam que O seacuteculo X1X jaacute encontrara 1lt0 proacuteprio estilo e que este - era o Ecletismo O Ecletismo era a cultura arquitetocircnica proacutepria de urna a bull classe burguesa que dava primazia ao conforto amava o progresso (especialmente quando melhorava suas condiccedilotildees de vida) amava as novidades mas rebaixava a produccedilatildeo artiacutestica e arquitetocircnica ao niacutevel da moda e do gosto Foi a clientela burguesa que exigIU (e obteve) os grandes progressos nas

~

4

--

C DtUacutey MOllft Hiltonque dAhiJeClUre cf - de $culprure d Ornamem Puni 1869

~ - A De Batldo Ponte Metoacutelica Proieto para

a Exposiccedilatildeo Universal de Paris 1900

instalaccedilotildees teacutecnicas nos serviccedilos sanitaacuterios da casa na sua distribuiccedilatildeo interna que solicitou urna evoluccedilatildeo raacutepida das tIacutepologias nOs grandes hoteacuteis nos balneaacuterios nas grandes lojas nos

escritoacuterios nas bolsas nos teatros e nos bancos que soube encontrar o tOm exato de autocelebraccedilatildeo nas estruturas

imponentes dos pavilhotildees das Exposiccedilotildees Universa is (de Londres shy1851 - e de Paris - 1867-78-79)

1)

- obtendo a aglutinaccedilatildeo de todas as expressotildees formais em torno do mito do progresso o Crystal Palace a Tour Eiffel Les Calhies des Machines o Baile Excelsior J os romances de Juacutelio Veme etc

A essas exigecircncias tatildeo concretas e tatildeo decisivas para a nova edificaccedilatildeo os

arquitetos deram a uacutenica resposta possiacutevel uma arquitetura sem grandes

tensotildees espirituais natildeo autocircnoma mas participante e comprometida ateacute ao proacuteprio sacrifiacutecio A cultura arquIacutetetocircnica deleitou-se por mais de

cem anos com O fato de teI acolhido os mais variados elementos lexicaiacutes extraindo-os de todas as eacutepocas e regiotildees recompondo-os de diferentes maneiras de acordo com princiacutepios ideoloacutegicos nos quais podem ser distinguiacutedos pelo menos trecircs correntes principais a da composiccedilatildeo

estiliacutestica -baseada na adoccedilatildeo imitativa coerente e correta de formas que no passado haviam pertencido a um estilo arquitetocircnico uacutenico e preciso (a esta corrente pertenceram as mais des tacadas tendecircncias neogregas neo-egiacutepcias e neog6ticas) a do hisloricismo lipoloacutegico voltado predominantemente a escolhas aprioriacutesticas de cunho anal6gico que deviam orientar deg estilo quanto agrave finalidade a que se destinava cada um dos edifiacutecios reencontrando na Idade Meacutedia os traccedilos miacutesticos e a religiosidade para as novas igrejas na Renascenccedila as caracteriacutesticas aacuteulicas elegantes para os edifiacutecios puacuteblicos no Barroco ou nos estilos orientais a festividade exigida pelos equipamentos de lazer no Classicismo pesado do coriacutentio romano o caraacuteter apropriado

6 7 DelraHe 1883 Proelo de uma necroacutepole H Repton Palaacutecio do Regente da Desig111 in Les Grands Paacutex de Rome de 1850 a or the Pavillio71 o Brighlon Londres 180 1900 sd

14

bull bull

SOUTH KENSINGTON

1lt J middoti

I ~

bullli bull li li I

bull li

bull bull bullli

-bull bull - sd bull -shy-

IISTOFY t i5EUmiddot ~C NEW NIII UKJ

8 A WtJJelhouse Museu de Histoacuteria Natural Oxlord 1873 in The Btitish Architect X 1878

8

aos solenes edificios do Parlamento

dos Museus e dos Ministeacuterios a dos pastiches compositivoJ que com uma maior margem de liberdade inventava soluccedilotildees estiliacutesticas historicamente

inadmissiacuteveis e agraves vezes beirando o mau gosto (mas que muitas vezes

escondiam soluccedilotildees estruturais

interessantes e avanccediladas)

Algumas observaccedilotildees sintomaacuteticas e

caracteriacutezadoras sobre o seacuteculo XIX

podem ser feitas 1) cada coacutepia cacla reacuteplica de um monumento antigo de um templo de uma catedral de um arco

de triunfo etc feita pelos arquitetos estava distante do original era algo

completamente diferente do modelo a

tal pontO que se tornou nitidamente um pro toacutetipo do seacuteculo XIX apesar do grande cuidado no levantamento (ou

exatamente por isso talvez) no querermiddot

retificar H anular as ~rregularidades corrigir os presumiacuteveis erros os

arquitetos historicistas produziram sempre ff simulacros (traiacuteram o modelo

pela excessiva fidelidade) 2) a erudiccedilatildeo e a filologia (onde se fizeram grandes progressos) cons tituiacuteram um entrave evidente quase uma paralisaccedilatildeo da

criatividade as numerosas escolhas

estil1sticas possiacuteveis pareceriam denotar uma eacutepoca de grandes liberdades quase anaacuterquicas entretanto

a elas correspondiam sob o ponto de vista do projeto uma prudecircncia e uma rimidez enormes 3) as ideacuteias os

programas as finalidades eram se mpre

melhores do que os produtos que pretendiam propugnaacute-los 4) o pudor

dos costumes burgueses da eacutepoca vitoriana correspondia plenamente agrave intoleracircncia em relaccedilatildeo agrave rude e vergonhosa nudez estrutural das

construccedilotildees (as colunas e as viacutegas) que

de fato deviam ser completamente

escondidas e revestidas por motivo de

decoro 5) os arquiacutetetos (sobretudo na segunda metade do seacuteculo) tentaram impor as razotildees da arte agrave progressiva mecanizaccedilatildeo da era industrial como

o socialismo ut6pico tentou mitigar as injusticcedilas sociais assim tambeacutem os

romacircnticos John Ruskin e William Morris (no Arls and erats) tentaram se opor agrave queda da individualidade dos valores artiacutesticos artesanais 6) o seacuteculo XIXconsumia muito

depressa os ideais absorvendo-os em sua vocaccedilatildeo comercial poucos anos

depois das primeiras teorizaccedilotildees do

Colhic Revival (A W Pugin 1936) em Birmingham e Sheffield produziam~se objetos medievais em seacuterie e na Franccedila fundava-se a Societeacute cOiholique pour lo fobricoiionJ la venie lo conession de louis les objets cosocreacutes ou ctllte (1842) para fazer frente agrave demanda das mais de cem igrejas neog6ticas que

naquela eacutepoca jaacute estavam em construccedilatildeD e ao fato dos bispos tenderem entatildeo a prescrever tal

estilo 7 Uma ou tra observaccedilatildeo deve

ser feita a produccedilatildeo industrial

encarada ainda no seacuteculo XVIII como

simples curiosidade intelectual explodira na metade do seacuteculo XIX impondo suas impiedosas leis econocircmicas tambeacutem ao canteiro de obras De fato subvertera-se a tradicional relaccedilatildeo entre

utilidade e beleza com a imposiccedilatildeo de

elementos construtivos metaacutelicos co mpletameme estranhos agraves formas e agraves proporccedilotildees caracteriacutesticas dos estilos e das ordens arquitetocircnicas Tudo isso coincidiu com O dualismo existente entre engenheiros e arquitetos quer

do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais

Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa

Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)

que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute

ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do

Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex

novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO

B ampJ M COR I R O N

9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd

16

bull bull

bull bull bull

- ii8I9 e

~ bull ~ l 111 li

-s abullbull bull

111 bull-a 1 1

$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I

--bullbull

- -- -~r

10

10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881

Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os

estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas

levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de

edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares

fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua

exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do

17

seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente

Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le

Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a

cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter

altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo

interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma

famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma

de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas

11

irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas

A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo

construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe

contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus

mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo

foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos

da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma

determinada forma ) meacutetodos com os

quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado

fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido

enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser

18

~ ~ ~ ~

I)

bull bull ) ) bull li I

bull b bull

bull

I

bullbullbull

bull

Seacuteshy

~ bullI

li

bull

11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864

12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846

12

IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856

14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855

realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora

aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz

Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n

Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do

ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de

acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca

podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da

engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre

as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos

de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao

primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de

s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em

19

sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da

montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro

no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior

do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees

harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel

das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais

ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de

sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais

Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)

17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850

1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd

16

ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)

20

A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro

sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo

londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo

com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16

(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de

Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas

exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo

material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a

patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de

sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno

Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o

problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante

deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou

convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade

atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()

g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os

princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a

exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido

definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco

Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico

mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas

elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do

para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta

21

-produccedilatildeo (e era isto que a tornava

uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos

possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea

que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o

oeo-renascentist a e voltar -se para o

goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18

planimetria articulada uma perfeita

adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna

grupos de qua rtos cada um deles com

um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande

atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento

e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da

planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a

livre disposiccedilatildeo nas fachadas de

janelas e va randas localizadas onde a

vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade

do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo

(Para Morris e seus colegas isto

tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a

19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892

18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869

22

bull bull

--

5 j

) raquo ) ) ) j

bull 3- $bull- $bullbull )

bull )

bull I

bull I)

bull I)

bull bull bullbull bull -------

UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -

J1 _

19

v~

lt I 1I ( I1 11 I

U--

-o ~

cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor

H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles

Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu

Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa

cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais

perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna

nova escala dos fenocircrpenos (as

ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos

Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento

por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da

expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema

fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas

com o foco perspectiva constituiacutedo por

um monumento a acentuada

geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves

paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica

enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no

Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas

(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais

monumentos do passado (catedrais e

palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e

tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os

Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de

Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera

padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana

emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica

como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees

Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras

urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser

respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das

I I

23

qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas

ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos

procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se

como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade

eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas

vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos

palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco

mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje

sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da

linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico

Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de

higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no

projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque

parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em

Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece

tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do

loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila

aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como

reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves

altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia

urbana que o Ecletismo retomara dos

20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907

24

) ) j

F ) r ) F ) F )

)

bull j

bull )- )bull )

bull 3 ) )

bull- )

)

bull-as 3

as li )bull

21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4

22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913

arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e

partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos

25

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 7: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

democraacutetico e renovador A panir do momento em que caiacuteram por terra muitas das interpretaccedilotildees pOllticas do Neoclassicismo e que inversamente rerificou-se que a burguesia da segunda netade do seacuteculo XIX possuiacutea ideais )oliacuteticos precisos a tese mostra-se xcessivamente esquemaacutetica e natildeo uporta verificaccedilotildees n O Ecletismo eacute algo que se distingue los revivals (e particularmente lo neogoacutetico isto eacute do revival

lt1ais engajado tanto como ideologia eligiosa quanto poliacutetico-patrioacutetica) im se atribuirmos grande

mportacircncia agraves premissas teoacutericas e aos bjetivos extradisciplinares de outra Jrma as diferenccedilas tornam-se mais randas (e inexistem se examinarmos as mtes e os modelos adotados 3)

) E estes revivals coincidiam com a Isca do assim chamado estilo acional que na Itaacutelia se expressou raveacutes do neo-romacircntico ou do o-renascentista na Franccedila e na

19laterra do neogoacutetico na Alemanha ) Rundbogenstil 4 Pelo menos em Irte sim principalmente se nsiderarmos que entre todas as Jtivaccedilotildees ideais as que obtiveram aio consenso foram o patriotismo e a lsca das proacuteprias raiacutezes culturais ria um erro poreacutem concluir que se longo periacuteodo da arquitetura lais de 150 anos) tenha sido mogecircneo e tenha tido um senvolviacutemento linear ao contraacuterio

apresenta diferentes manifestaccedilotildees mo poucas outras no passado e eccedilotildees divergentes (frequumlentemente 1traditoacuterias) testemunhos de urna 1stante inquietude intelectual a ponto de se mostrar como um

-iacuteodo fragmentaacuterio mais condizente

com as pesquisas cognoscitivas que aceitam exatamente essa fragmentariedade caracteriacutestica e

aprofundam-na Uma seacuterie de fenocircmenos une todavia esses fragmentos de histoacuteria uma linha contiacutenua percorre toda a trajetoacuteria da arquitetura burguesa desde os anos do Iluminismo na Franccedila e do paladianismo inglecircs dos countryshy

gentlemen ateacute os anos da Rainha Vitoacuteria do Segundo Impeacuterio francecircs do colonialismo triunfante e da Belle eacutepoque Pensemos na estilizaccedilatildeo na simplificaccedilatildeo dos elementos arquitetocircnicos do passado operaccedilotildees que levaram as sutis complexidades de proporccedilatildeo e de composiccedilatildeo a cair em uma reduccedilatildeo moderna que aproxima

arquitetos do seacuteculo XVIII como Robert e John Adams John Soane Claude-Nicolas Ledoux aos arquitetos de meados do seacuteculo XIX como Henry Labrouste Gottfried Semper e Edmund Street - Pensemos na concepccedilatildeo de

estilo como linguagem coletiva e sistema universal de formas (aquelas do universo greco-romano ou goacutetico) que transcende as singularidades e individualidades expressivas (de fato o traccedilo estiliacutestico pessoal de cada arquiteto se mostra cada vez menos evidente) - Pensemos na relaccedilatildeo com

o antigo que comeccedila com uma abordagem de cunho miacutetico passa por fases ideoloacutegicas e interpretativas depois agrave adesatildeo com total ortodoxia para diluir-se finalmente na praacutetica profissional corriqueira -- Pensemos na convicccedilatildeo de que era possiacutevel escolher entre elementos extraiacutedos das antiguumlidades concentrar o melbor deles iludindo-se de que esse encontrar e aplicar pudesse comparar-se agraves

experiecircncias criativas do passado baseadas ao inveacutes no buscar ex novo e renovar sempre - Pensemos enfim na condiccedilatildeo que aproximava todas essas geraccedilotildees a arquitetura natildeo

podia mais ser patrimocircnio de poucos mestres devia ceder agraves novas exigecircncias da produccedilatildeo de massa e agrave

definiccedil~o de uma nova figura de projetista o profissional Para os projetistas profissionais era necessaacuterio que as escolas as academias preparassem um sistema de regras razoaacuteveis e concretas de acordo com

as atribuiccedilotildees exigidas pelo tempo colocando a liberdade criadora em limites bem definidos As severas regras distributivas e tipoloacutegicas o ritmo das estruturas modulares fixadas

por J N Louis Durand (em seu Precis des teccedilans darchiterture Paris 1801-1823) nas quais deviam se basear o decoro e a ornamentaccedilatildeo neoclaacutessica constituiacuteram o fundamento da metodologia profissional por muito

tempo na metade do seacuteculo foram adotadas pelo determinismo compositivo dos engenheiros (que posteriormente revestiam as estruturas metaacutelicas dos

edifiacutecios com ornamentaccedilotildees neobarrocas ou neo-renascentistas) foram utilizadas tambeacutem nos projetos neogoacuteticos e guiaram no final do seacuteculo os primeiros edifiacutecios com vigas e pilastras em cimento armado

Se considerarmos decisivos portanto os fatores estruturais e supra-estruturais

de todo o periacuteodo isto eacute a consolidaccedilatildeo do poder burguecircs os rumos tomados pela civilizaccedilatildeo industrial o

entrelaccedilamento na cultura romacircntica dos ideais nacionais e de independecircncia com os problemas econocircmicos da

shy iiJ 411 (I I bull(I

fi li l1li li

II I

li li 11

li

bull II

fi r (IIi pr-shy

~

~ ~ shy1_shy--Jshybull I

produccedilatildeo em seacuterie etc parecem-nos realmente desfacadas as tentativas de classificar rotular J escolhergt no seio

da experiecircncia linguumllstica global do Ecletismo historIacutecista Quando os

ingleses Thomas Hope James Fergusson T L Donaldson C Gilbert SCOtl os franceses Ceacutesar Daly e E Viollet le Duc o alematildeo Friederich Schinkel ~ desconcertados pelo aparente caos das muacuteltiplas pesquisas estiliacutes ticas pelas contraditoacuterias experiecircncias formais de sua eacutepoca pela simultaneidade de vaacuterios revivals

perguntavam-se ansiosos quando tambeacutem o seacuteculo XIX saberia finalmente encontrar o proacuteprio

estilo) natildeo percebiam que estavam buscando em uma direccedilatildeo anacrocircnica e natildeo viam que O seacuteculo X1X jaacute encontrara 1lt0 proacuteprio estilo e que este - era o Ecletismo O Ecletismo era a cultura arquitetocircnica proacutepria de urna a bull classe burguesa que dava primazia ao conforto amava o progresso (especialmente quando melhorava suas condiccedilotildees de vida) amava as novidades mas rebaixava a produccedilatildeo artiacutestica e arquitetocircnica ao niacutevel da moda e do gosto Foi a clientela burguesa que exigIU (e obteve) os grandes progressos nas

~

4

--

C DtUacutey MOllft Hiltonque dAhiJeClUre cf - de $culprure d Ornamem Puni 1869

~ - A De Batldo Ponte Metoacutelica Proieto para

a Exposiccedilatildeo Universal de Paris 1900

instalaccedilotildees teacutecnicas nos serviccedilos sanitaacuterios da casa na sua distribuiccedilatildeo interna que solicitou urna evoluccedilatildeo raacutepida das tIacutepologias nOs grandes hoteacuteis nos balneaacuterios nas grandes lojas nos

escritoacuterios nas bolsas nos teatros e nos bancos que soube encontrar o tOm exato de autocelebraccedilatildeo nas estruturas

imponentes dos pavilhotildees das Exposiccedilotildees Universa is (de Londres shy1851 - e de Paris - 1867-78-79)

1)

- obtendo a aglutinaccedilatildeo de todas as expressotildees formais em torno do mito do progresso o Crystal Palace a Tour Eiffel Les Calhies des Machines o Baile Excelsior J os romances de Juacutelio Veme etc

A essas exigecircncias tatildeo concretas e tatildeo decisivas para a nova edificaccedilatildeo os

arquitetos deram a uacutenica resposta possiacutevel uma arquitetura sem grandes

tensotildees espirituais natildeo autocircnoma mas participante e comprometida ateacute ao proacuteprio sacrifiacutecio A cultura arquIacutetetocircnica deleitou-se por mais de

cem anos com O fato de teI acolhido os mais variados elementos lexicaiacutes extraindo-os de todas as eacutepocas e regiotildees recompondo-os de diferentes maneiras de acordo com princiacutepios ideoloacutegicos nos quais podem ser distinguiacutedos pelo menos trecircs correntes principais a da composiccedilatildeo

estiliacutestica -baseada na adoccedilatildeo imitativa coerente e correta de formas que no passado haviam pertencido a um estilo arquitetocircnico uacutenico e preciso (a esta corrente pertenceram as mais des tacadas tendecircncias neogregas neo-egiacutepcias e neog6ticas) a do hisloricismo lipoloacutegico voltado predominantemente a escolhas aprioriacutesticas de cunho anal6gico que deviam orientar deg estilo quanto agrave finalidade a que se destinava cada um dos edifiacutecios reencontrando na Idade Meacutedia os traccedilos miacutesticos e a religiosidade para as novas igrejas na Renascenccedila as caracteriacutesticas aacuteulicas elegantes para os edifiacutecios puacuteblicos no Barroco ou nos estilos orientais a festividade exigida pelos equipamentos de lazer no Classicismo pesado do coriacutentio romano o caraacuteter apropriado

6 7 DelraHe 1883 Proelo de uma necroacutepole H Repton Palaacutecio do Regente da Desig111 in Les Grands Paacutex de Rome de 1850 a or the Pavillio71 o Brighlon Londres 180 1900 sd

14

bull bull

SOUTH KENSINGTON

1lt J middoti

I ~

bullli bull li li I

bull li

bull bull bullli

-bull bull - sd bull -shy-

IISTOFY t i5EUmiddot ~C NEW NIII UKJ

8 A WtJJelhouse Museu de Histoacuteria Natural Oxlord 1873 in The Btitish Architect X 1878

8

aos solenes edificios do Parlamento

dos Museus e dos Ministeacuterios a dos pastiches compositivoJ que com uma maior margem de liberdade inventava soluccedilotildees estiliacutesticas historicamente

inadmissiacuteveis e agraves vezes beirando o mau gosto (mas que muitas vezes

escondiam soluccedilotildees estruturais

interessantes e avanccediladas)

Algumas observaccedilotildees sintomaacuteticas e

caracteriacutezadoras sobre o seacuteculo XIX

podem ser feitas 1) cada coacutepia cacla reacuteplica de um monumento antigo de um templo de uma catedral de um arco

de triunfo etc feita pelos arquitetos estava distante do original era algo

completamente diferente do modelo a

tal pontO que se tornou nitidamente um pro toacutetipo do seacuteculo XIX apesar do grande cuidado no levantamento (ou

exatamente por isso talvez) no querermiddot

retificar H anular as ~rregularidades corrigir os presumiacuteveis erros os

arquitetos historicistas produziram sempre ff simulacros (traiacuteram o modelo

pela excessiva fidelidade) 2) a erudiccedilatildeo e a filologia (onde se fizeram grandes progressos) cons tituiacuteram um entrave evidente quase uma paralisaccedilatildeo da

criatividade as numerosas escolhas

estil1sticas possiacuteveis pareceriam denotar uma eacutepoca de grandes liberdades quase anaacuterquicas entretanto

a elas correspondiam sob o ponto de vista do projeto uma prudecircncia e uma rimidez enormes 3) as ideacuteias os

programas as finalidades eram se mpre

melhores do que os produtos que pretendiam propugnaacute-los 4) o pudor

dos costumes burgueses da eacutepoca vitoriana correspondia plenamente agrave intoleracircncia em relaccedilatildeo agrave rude e vergonhosa nudez estrutural das

construccedilotildees (as colunas e as viacutegas) que

de fato deviam ser completamente

escondidas e revestidas por motivo de

decoro 5) os arquiacutetetos (sobretudo na segunda metade do seacuteculo) tentaram impor as razotildees da arte agrave progressiva mecanizaccedilatildeo da era industrial como

o socialismo ut6pico tentou mitigar as injusticcedilas sociais assim tambeacutem os

romacircnticos John Ruskin e William Morris (no Arls and erats) tentaram se opor agrave queda da individualidade dos valores artiacutesticos artesanais 6) o seacuteculo XIXconsumia muito

depressa os ideais absorvendo-os em sua vocaccedilatildeo comercial poucos anos

depois das primeiras teorizaccedilotildees do

Colhic Revival (A W Pugin 1936) em Birmingham e Sheffield produziam~se objetos medievais em seacuterie e na Franccedila fundava-se a Societeacute cOiholique pour lo fobricoiionJ la venie lo conession de louis les objets cosocreacutes ou ctllte (1842) para fazer frente agrave demanda das mais de cem igrejas neog6ticas que

naquela eacutepoca jaacute estavam em construccedilatildeD e ao fato dos bispos tenderem entatildeo a prescrever tal

estilo 7 Uma ou tra observaccedilatildeo deve

ser feita a produccedilatildeo industrial

encarada ainda no seacuteculo XVIII como

simples curiosidade intelectual explodira na metade do seacuteculo XIX impondo suas impiedosas leis econocircmicas tambeacutem ao canteiro de obras De fato subvertera-se a tradicional relaccedilatildeo entre

utilidade e beleza com a imposiccedilatildeo de

elementos construtivos metaacutelicos co mpletameme estranhos agraves formas e agraves proporccedilotildees caracteriacutesticas dos estilos e das ordens arquitetocircnicas Tudo isso coincidiu com O dualismo existente entre engenheiros e arquitetos quer

do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais

Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa

Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)

que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute

ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do

Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex

novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO

B ampJ M COR I R O N

9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd

16

bull bull

bull bull bull

- ii8I9 e

~ bull ~ l 111 li

-s abullbull bull

111 bull-a 1 1

$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I

--bullbull

- -- -~r

10

10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881

Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os

estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas

levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de

edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares

fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua

exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do

17

seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente

Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le

Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a

cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter

altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo

interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma

famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma

de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas

11

irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas

A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo

construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe

contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus

mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo

foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos

da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma

determinada forma ) meacutetodos com os

quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado

fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido

enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser

18

~ ~ ~ ~

I)

bull bull ) ) bull li I

bull b bull

bull

I

bullbullbull

bull

Seacuteshy

~ bullI

li

bull

11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864

12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846

12

IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856

14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855

realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora

aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz

Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n

Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do

ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de

acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca

podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da

engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre

as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos

de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao

primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de

s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em

19

sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da

montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro

no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior

do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees

harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel

das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais

ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de

sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais

Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)

17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850

1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd

16

ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)

20

A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro

sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo

londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo

com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16

(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de

Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas

exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo

material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a

patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de

sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno

Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o

problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante

deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou

convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade

atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()

g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os

princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a

exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido

definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco

Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico

mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas

elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do

para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta

21

-produccedilatildeo (e era isto que a tornava

uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos

possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea

que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o

oeo-renascentist a e voltar -se para o

goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18

planimetria articulada uma perfeita

adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna

grupos de qua rtos cada um deles com

um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande

atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento

e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da

planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a

livre disposiccedilatildeo nas fachadas de

janelas e va randas localizadas onde a

vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade

do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo

(Para Morris e seus colegas isto

tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a

19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892

18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869

22

bull bull

--

5 j

) raquo ) ) ) j

bull 3- $bull- $bullbull )

bull )

bull I

bull I)

bull I)

bull bull bullbull bull -------

UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -

J1 _

19

v~

lt I 1I ( I1 11 I

U--

-o ~

cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor

H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles

Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu

Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa

cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais

perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna

nova escala dos fenocircrpenos (as

ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos

Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento

por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da

expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema

fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas

com o foco perspectiva constituiacutedo por

um monumento a acentuada

geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves

paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica

enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no

Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas

(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais

monumentos do passado (catedrais e

palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e

tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os

Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de

Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera

padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana

emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica

como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees

Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras

urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser

respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das

I I

23

qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas

ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos

procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se

como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade

eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas

vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos

palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco

mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje

sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da

linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico

Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de

higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no

projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque

parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em

Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece

tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do

loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila

aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como

reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves

altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia

urbana que o Ecletismo retomara dos

20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907

24

) ) j

F ) r ) F ) F )

)

bull j

bull )- )bull )

bull 3 ) )

bull- )

)

bull-as 3

as li )bull

21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4

22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913

arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e

partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos

25

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 8: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

produccedilatildeo em seacuterie etc parecem-nos realmente desfacadas as tentativas de classificar rotular J escolhergt no seio

da experiecircncia linguumllstica global do Ecletismo historIacutecista Quando os

ingleses Thomas Hope James Fergusson T L Donaldson C Gilbert SCOtl os franceses Ceacutesar Daly e E Viollet le Duc o alematildeo Friederich Schinkel ~ desconcertados pelo aparente caos das muacuteltiplas pesquisas estiliacutes ticas pelas contraditoacuterias experiecircncias formais de sua eacutepoca pela simultaneidade de vaacuterios revivals

perguntavam-se ansiosos quando tambeacutem o seacuteculo XIX saberia finalmente encontrar o proacuteprio

estilo) natildeo percebiam que estavam buscando em uma direccedilatildeo anacrocircnica e natildeo viam que O seacuteculo X1X jaacute encontrara 1lt0 proacuteprio estilo e que este - era o Ecletismo O Ecletismo era a cultura arquitetocircnica proacutepria de urna a bull classe burguesa que dava primazia ao conforto amava o progresso (especialmente quando melhorava suas condiccedilotildees de vida) amava as novidades mas rebaixava a produccedilatildeo artiacutestica e arquitetocircnica ao niacutevel da moda e do gosto Foi a clientela burguesa que exigIU (e obteve) os grandes progressos nas

~

4

--

C DtUacutey MOllft Hiltonque dAhiJeClUre cf - de $culprure d Ornamem Puni 1869

~ - A De Batldo Ponte Metoacutelica Proieto para

a Exposiccedilatildeo Universal de Paris 1900

instalaccedilotildees teacutecnicas nos serviccedilos sanitaacuterios da casa na sua distribuiccedilatildeo interna que solicitou urna evoluccedilatildeo raacutepida das tIacutepologias nOs grandes hoteacuteis nos balneaacuterios nas grandes lojas nos

escritoacuterios nas bolsas nos teatros e nos bancos que soube encontrar o tOm exato de autocelebraccedilatildeo nas estruturas

imponentes dos pavilhotildees das Exposiccedilotildees Universa is (de Londres shy1851 - e de Paris - 1867-78-79)

1)

- obtendo a aglutinaccedilatildeo de todas as expressotildees formais em torno do mito do progresso o Crystal Palace a Tour Eiffel Les Calhies des Machines o Baile Excelsior J os romances de Juacutelio Veme etc

A essas exigecircncias tatildeo concretas e tatildeo decisivas para a nova edificaccedilatildeo os

arquitetos deram a uacutenica resposta possiacutevel uma arquitetura sem grandes

tensotildees espirituais natildeo autocircnoma mas participante e comprometida ateacute ao proacuteprio sacrifiacutecio A cultura arquIacutetetocircnica deleitou-se por mais de

cem anos com O fato de teI acolhido os mais variados elementos lexicaiacutes extraindo-os de todas as eacutepocas e regiotildees recompondo-os de diferentes maneiras de acordo com princiacutepios ideoloacutegicos nos quais podem ser distinguiacutedos pelo menos trecircs correntes principais a da composiccedilatildeo

estiliacutestica -baseada na adoccedilatildeo imitativa coerente e correta de formas que no passado haviam pertencido a um estilo arquitetocircnico uacutenico e preciso (a esta corrente pertenceram as mais des tacadas tendecircncias neogregas neo-egiacutepcias e neog6ticas) a do hisloricismo lipoloacutegico voltado predominantemente a escolhas aprioriacutesticas de cunho anal6gico que deviam orientar deg estilo quanto agrave finalidade a que se destinava cada um dos edifiacutecios reencontrando na Idade Meacutedia os traccedilos miacutesticos e a religiosidade para as novas igrejas na Renascenccedila as caracteriacutesticas aacuteulicas elegantes para os edifiacutecios puacuteblicos no Barroco ou nos estilos orientais a festividade exigida pelos equipamentos de lazer no Classicismo pesado do coriacutentio romano o caraacuteter apropriado

6 7 DelraHe 1883 Proelo de uma necroacutepole H Repton Palaacutecio do Regente da Desig111 in Les Grands Paacutex de Rome de 1850 a or the Pavillio71 o Brighlon Londres 180 1900 sd

14

bull bull

SOUTH KENSINGTON

1lt J middoti

I ~

bullli bull li li I

bull li

bull bull bullli

-bull bull - sd bull -shy-

IISTOFY t i5EUmiddot ~C NEW NIII UKJ

8 A WtJJelhouse Museu de Histoacuteria Natural Oxlord 1873 in The Btitish Architect X 1878

8

aos solenes edificios do Parlamento

dos Museus e dos Ministeacuterios a dos pastiches compositivoJ que com uma maior margem de liberdade inventava soluccedilotildees estiliacutesticas historicamente

inadmissiacuteveis e agraves vezes beirando o mau gosto (mas que muitas vezes

escondiam soluccedilotildees estruturais

interessantes e avanccediladas)

Algumas observaccedilotildees sintomaacuteticas e

caracteriacutezadoras sobre o seacuteculo XIX

podem ser feitas 1) cada coacutepia cacla reacuteplica de um monumento antigo de um templo de uma catedral de um arco

de triunfo etc feita pelos arquitetos estava distante do original era algo

completamente diferente do modelo a

tal pontO que se tornou nitidamente um pro toacutetipo do seacuteculo XIX apesar do grande cuidado no levantamento (ou

exatamente por isso talvez) no querermiddot

retificar H anular as ~rregularidades corrigir os presumiacuteveis erros os

arquitetos historicistas produziram sempre ff simulacros (traiacuteram o modelo

pela excessiva fidelidade) 2) a erudiccedilatildeo e a filologia (onde se fizeram grandes progressos) cons tituiacuteram um entrave evidente quase uma paralisaccedilatildeo da

criatividade as numerosas escolhas

estil1sticas possiacuteveis pareceriam denotar uma eacutepoca de grandes liberdades quase anaacuterquicas entretanto

a elas correspondiam sob o ponto de vista do projeto uma prudecircncia e uma rimidez enormes 3) as ideacuteias os

programas as finalidades eram se mpre

melhores do que os produtos que pretendiam propugnaacute-los 4) o pudor

dos costumes burgueses da eacutepoca vitoriana correspondia plenamente agrave intoleracircncia em relaccedilatildeo agrave rude e vergonhosa nudez estrutural das

construccedilotildees (as colunas e as viacutegas) que

de fato deviam ser completamente

escondidas e revestidas por motivo de

decoro 5) os arquiacutetetos (sobretudo na segunda metade do seacuteculo) tentaram impor as razotildees da arte agrave progressiva mecanizaccedilatildeo da era industrial como

o socialismo ut6pico tentou mitigar as injusticcedilas sociais assim tambeacutem os

romacircnticos John Ruskin e William Morris (no Arls and erats) tentaram se opor agrave queda da individualidade dos valores artiacutesticos artesanais 6) o seacuteculo XIXconsumia muito

depressa os ideais absorvendo-os em sua vocaccedilatildeo comercial poucos anos

depois das primeiras teorizaccedilotildees do

Colhic Revival (A W Pugin 1936) em Birmingham e Sheffield produziam~se objetos medievais em seacuterie e na Franccedila fundava-se a Societeacute cOiholique pour lo fobricoiionJ la venie lo conession de louis les objets cosocreacutes ou ctllte (1842) para fazer frente agrave demanda das mais de cem igrejas neog6ticas que

naquela eacutepoca jaacute estavam em construccedilatildeD e ao fato dos bispos tenderem entatildeo a prescrever tal

estilo 7 Uma ou tra observaccedilatildeo deve

ser feita a produccedilatildeo industrial

encarada ainda no seacuteculo XVIII como

simples curiosidade intelectual explodira na metade do seacuteculo XIX impondo suas impiedosas leis econocircmicas tambeacutem ao canteiro de obras De fato subvertera-se a tradicional relaccedilatildeo entre

utilidade e beleza com a imposiccedilatildeo de

elementos construtivos metaacutelicos co mpletameme estranhos agraves formas e agraves proporccedilotildees caracteriacutesticas dos estilos e das ordens arquitetocircnicas Tudo isso coincidiu com O dualismo existente entre engenheiros e arquitetos quer

do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais

Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa

Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)

que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute

ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do

Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex

novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO

B ampJ M COR I R O N

9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd

16

bull bull

bull bull bull

- ii8I9 e

~ bull ~ l 111 li

-s abullbull bull

111 bull-a 1 1

$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I

--bullbull

- -- -~r

10

10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881

Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os

estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas

levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de

edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares

fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua

exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do

17

seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente

Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le

Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a

cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter

altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo

interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma

famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma

de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas

11

irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas

A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo

construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe

contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus

mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo

foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos

da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma

determinada forma ) meacutetodos com os

quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado

fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido

enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser

18

~ ~ ~ ~

I)

bull bull ) ) bull li I

bull b bull

bull

I

bullbullbull

bull

Seacuteshy

~ bullI

li

bull

11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864

12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846

12

IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856

14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855

realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora

aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz

Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n

Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do

ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de

acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca

podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da

engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre

as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos

de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao

primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de

s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em

19

sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da

montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro

no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior

do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees

harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel

das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais

ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de

sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais

Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)

17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850

1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd

16

ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)

20

A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro

sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo

londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo

com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16

(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de

Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas

exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo

material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a

patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de

sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno

Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o

problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante

deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou

convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade

atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()

g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os

princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a

exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido

definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco

Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico

mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas

elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do

para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta

21

-produccedilatildeo (e era isto que a tornava

uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos

possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea

que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o

oeo-renascentist a e voltar -se para o

goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18

planimetria articulada uma perfeita

adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna

grupos de qua rtos cada um deles com

um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande

atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento

e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da

planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a

livre disposiccedilatildeo nas fachadas de

janelas e va randas localizadas onde a

vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade

do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo

(Para Morris e seus colegas isto

tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a

19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892

18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869

22

bull bull

--

5 j

) raquo ) ) ) j

bull 3- $bull- $bullbull )

bull )

bull I

bull I)

bull I)

bull bull bullbull bull -------

UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -

J1 _

19

v~

lt I 1I ( I1 11 I

U--

-o ~

cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor

H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles

Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu

Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa

cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais

perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna

nova escala dos fenocircrpenos (as

ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos

Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento

por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da

expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema

fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas

com o foco perspectiva constituiacutedo por

um monumento a acentuada

geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves

paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica

enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no

Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas

(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais

monumentos do passado (catedrais e

palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e

tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os

Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de

Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera

padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana

emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica

como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees

Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras

urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser

respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das

I I

23

qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas

ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos

procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se

como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade

eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas

vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos

palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco

mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje

sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da

linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico

Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de

higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no

projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque

parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em

Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece

tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do

loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila

aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como

reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves

altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia

urbana que o Ecletismo retomara dos

20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907

24

) ) j

F ) r ) F ) F )

)

bull j

bull )- )bull )

bull 3 ) )

bull- )

)

bull-as 3

as li )bull

21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4

22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913

arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e

partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos

25

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 9: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

- obtendo a aglutinaccedilatildeo de todas as expressotildees formais em torno do mito do progresso o Crystal Palace a Tour Eiffel Les Calhies des Machines o Baile Excelsior J os romances de Juacutelio Veme etc

A essas exigecircncias tatildeo concretas e tatildeo decisivas para a nova edificaccedilatildeo os

arquitetos deram a uacutenica resposta possiacutevel uma arquitetura sem grandes

tensotildees espirituais natildeo autocircnoma mas participante e comprometida ateacute ao proacuteprio sacrifiacutecio A cultura arquIacutetetocircnica deleitou-se por mais de

cem anos com O fato de teI acolhido os mais variados elementos lexicaiacutes extraindo-os de todas as eacutepocas e regiotildees recompondo-os de diferentes maneiras de acordo com princiacutepios ideoloacutegicos nos quais podem ser distinguiacutedos pelo menos trecircs correntes principais a da composiccedilatildeo

estiliacutestica -baseada na adoccedilatildeo imitativa coerente e correta de formas que no passado haviam pertencido a um estilo arquitetocircnico uacutenico e preciso (a esta corrente pertenceram as mais des tacadas tendecircncias neogregas neo-egiacutepcias e neog6ticas) a do hisloricismo lipoloacutegico voltado predominantemente a escolhas aprioriacutesticas de cunho anal6gico que deviam orientar deg estilo quanto agrave finalidade a que se destinava cada um dos edifiacutecios reencontrando na Idade Meacutedia os traccedilos miacutesticos e a religiosidade para as novas igrejas na Renascenccedila as caracteriacutesticas aacuteulicas elegantes para os edifiacutecios puacuteblicos no Barroco ou nos estilos orientais a festividade exigida pelos equipamentos de lazer no Classicismo pesado do coriacutentio romano o caraacuteter apropriado

6 7 DelraHe 1883 Proelo de uma necroacutepole H Repton Palaacutecio do Regente da Desig111 in Les Grands Paacutex de Rome de 1850 a or the Pavillio71 o Brighlon Londres 180 1900 sd

14

bull bull

SOUTH KENSINGTON

1lt J middoti

I ~

bullli bull li li I

bull li

bull bull bullli

-bull bull - sd bull -shy-

IISTOFY t i5EUmiddot ~C NEW NIII UKJ

8 A WtJJelhouse Museu de Histoacuteria Natural Oxlord 1873 in The Btitish Architect X 1878

8

aos solenes edificios do Parlamento

dos Museus e dos Ministeacuterios a dos pastiches compositivoJ que com uma maior margem de liberdade inventava soluccedilotildees estiliacutesticas historicamente

inadmissiacuteveis e agraves vezes beirando o mau gosto (mas que muitas vezes

escondiam soluccedilotildees estruturais

interessantes e avanccediladas)

Algumas observaccedilotildees sintomaacuteticas e

caracteriacutezadoras sobre o seacuteculo XIX

podem ser feitas 1) cada coacutepia cacla reacuteplica de um monumento antigo de um templo de uma catedral de um arco

de triunfo etc feita pelos arquitetos estava distante do original era algo

completamente diferente do modelo a

tal pontO que se tornou nitidamente um pro toacutetipo do seacuteculo XIX apesar do grande cuidado no levantamento (ou

exatamente por isso talvez) no querermiddot

retificar H anular as ~rregularidades corrigir os presumiacuteveis erros os

arquitetos historicistas produziram sempre ff simulacros (traiacuteram o modelo

pela excessiva fidelidade) 2) a erudiccedilatildeo e a filologia (onde se fizeram grandes progressos) cons tituiacuteram um entrave evidente quase uma paralisaccedilatildeo da

criatividade as numerosas escolhas

estil1sticas possiacuteveis pareceriam denotar uma eacutepoca de grandes liberdades quase anaacuterquicas entretanto

a elas correspondiam sob o ponto de vista do projeto uma prudecircncia e uma rimidez enormes 3) as ideacuteias os

programas as finalidades eram se mpre

melhores do que os produtos que pretendiam propugnaacute-los 4) o pudor

dos costumes burgueses da eacutepoca vitoriana correspondia plenamente agrave intoleracircncia em relaccedilatildeo agrave rude e vergonhosa nudez estrutural das

construccedilotildees (as colunas e as viacutegas) que

de fato deviam ser completamente

escondidas e revestidas por motivo de

decoro 5) os arquiacutetetos (sobretudo na segunda metade do seacuteculo) tentaram impor as razotildees da arte agrave progressiva mecanizaccedilatildeo da era industrial como

o socialismo ut6pico tentou mitigar as injusticcedilas sociais assim tambeacutem os

romacircnticos John Ruskin e William Morris (no Arls and erats) tentaram se opor agrave queda da individualidade dos valores artiacutesticos artesanais 6) o seacuteculo XIXconsumia muito

depressa os ideais absorvendo-os em sua vocaccedilatildeo comercial poucos anos

depois das primeiras teorizaccedilotildees do

Colhic Revival (A W Pugin 1936) em Birmingham e Sheffield produziam~se objetos medievais em seacuterie e na Franccedila fundava-se a Societeacute cOiholique pour lo fobricoiionJ la venie lo conession de louis les objets cosocreacutes ou ctllte (1842) para fazer frente agrave demanda das mais de cem igrejas neog6ticas que

naquela eacutepoca jaacute estavam em construccedilatildeD e ao fato dos bispos tenderem entatildeo a prescrever tal

estilo 7 Uma ou tra observaccedilatildeo deve

ser feita a produccedilatildeo industrial

encarada ainda no seacuteculo XVIII como

simples curiosidade intelectual explodira na metade do seacuteculo XIX impondo suas impiedosas leis econocircmicas tambeacutem ao canteiro de obras De fato subvertera-se a tradicional relaccedilatildeo entre

utilidade e beleza com a imposiccedilatildeo de

elementos construtivos metaacutelicos co mpletameme estranhos agraves formas e agraves proporccedilotildees caracteriacutesticas dos estilos e das ordens arquitetocircnicas Tudo isso coincidiu com O dualismo existente entre engenheiros e arquitetos quer

do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais

Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa

Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)

que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute

ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do

Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex

novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO

B ampJ M COR I R O N

9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd

16

bull bull

bull bull bull

- ii8I9 e

~ bull ~ l 111 li

-s abullbull bull

111 bull-a 1 1

$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I

--bullbull

- -- -~r

10

10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881

Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os

estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas

levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de

edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares

fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua

exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do

17

seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente

Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le

Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a

cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter

altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo

interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma

famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma

de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas

11

irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas

A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo

construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe

contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus

mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo

foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos

da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma

determinada forma ) meacutetodos com os

quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado

fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido

enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser

18

~ ~ ~ ~

I)

bull bull ) ) bull li I

bull b bull

bull

I

bullbullbull

bull

Seacuteshy

~ bullI

li

bull

11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864

12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846

12

IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856

14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855

realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora

aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz

Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n

Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do

ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de

acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca

podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da

engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre

as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos

de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao

primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de

s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em

19

sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da

montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro

no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior

do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees

harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel

das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais

ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de

sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais

Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)

17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850

1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd

16

ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)

20

A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro

sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo

londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo

com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16

(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de

Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas

exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo

material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a

patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de

sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno

Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o

problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante

deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou

convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade

atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()

g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os

princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a

exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido

definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco

Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico

mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas

elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do

para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta

21

-produccedilatildeo (e era isto que a tornava

uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos

possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea

que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o

oeo-renascentist a e voltar -se para o

goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18

planimetria articulada uma perfeita

adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna

grupos de qua rtos cada um deles com

um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande

atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento

e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da

planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a

livre disposiccedilatildeo nas fachadas de

janelas e va randas localizadas onde a

vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade

do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo

(Para Morris e seus colegas isto

tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a

19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892

18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869

22

bull bull

--

5 j

) raquo ) ) ) j

bull 3- $bull- $bullbull )

bull )

bull I

bull I)

bull I)

bull bull bullbull bull -------

UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -

J1 _

19

v~

lt I 1I ( I1 11 I

U--

-o ~

cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor

H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles

Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu

Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa

cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais

perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna

nova escala dos fenocircrpenos (as

ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos

Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento

por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da

expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema

fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas

com o foco perspectiva constituiacutedo por

um monumento a acentuada

geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves

paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica

enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no

Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas

(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais

monumentos do passado (catedrais e

palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e

tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os

Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de

Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera

padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana

emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica

como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees

Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras

urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser

respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das

I I

23

qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas

ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos

procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se

como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade

eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas

vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos

palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco

mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje

sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da

linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico

Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de

higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no

projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque

parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em

Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece

tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do

loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila

aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como

reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves

altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia

urbana que o Ecletismo retomara dos

20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907

24

) ) j

F ) r ) F ) F )

)

bull j

bull )- )bull )

bull 3 ) )

bull- )

)

bull-as 3

as li )bull

21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4

22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913

arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e

partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos

25

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 10: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

bull bull

SOUTH KENSINGTON

1lt J middoti

I ~

bullli bull li li I

bull li

bull bull bullli

-bull bull - sd bull -shy-

IISTOFY t i5EUmiddot ~C NEW NIII UKJ

8 A WtJJelhouse Museu de Histoacuteria Natural Oxlord 1873 in The Btitish Architect X 1878

8

aos solenes edificios do Parlamento

dos Museus e dos Ministeacuterios a dos pastiches compositivoJ que com uma maior margem de liberdade inventava soluccedilotildees estiliacutesticas historicamente

inadmissiacuteveis e agraves vezes beirando o mau gosto (mas que muitas vezes

escondiam soluccedilotildees estruturais

interessantes e avanccediladas)

Algumas observaccedilotildees sintomaacuteticas e

caracteriacutezadoras sobre o seacuteculo XIX

podem ser feitas 1) cada coacutepia cacla reacuteplica de um monumento antigo de um templo de uma catedral de um arco

de triunfo etc feita pelos arquitetos estava distante do original era algo

completamente diferente do modelo a

tal pontO que se tornou nitidamente um pro toacutetipo do seacuteculo XIX apesar do grande cuidado no levantamento (ou

exatamente por isso talvez) no querermiddot

retificar H anular as ~rregularidades corrigir os presumiacuteveis erros os

arquitetos historicistas produziram sempre ff simulacros (traiacuteram o modelo

pela excessiva fidelidade) 2) a erudiccedilatildeo e a filologia (onde se fizeram grandes progressos) cons tituiacuteram um entrave evidente quase uma paralisaccedilatildeo da

criatividade as numerosas escolhas

estil1sticas possiacuteveis pareceriam denotar uma eacutepoca de grandes liberdades quase anaacuterquicas entretanto

a elas correspondiam sob o ponto de vista do projeto uma prudecircncia e uma rimidez enormes 3) as ideacuteias os

programas as finalidades eram se mpre

melhores do que os produtos que pretendiam propugnaacute-los 4) o pudor

dos costumes burgueses da eacutepoca vitoriana correspondia plenamente agrave intoleracircncia em relaccedilatildeo agrave rude e vergonhosa nudez estrutural das

construccedilotildees (as colunas e as viacutegas) que

de fato deviam ser completamente

escondidas e revestidas por motivo de

decoro 5) os arquiacutetetos (sobretudo na segunda metade do seacuteculo) tentaram impor as razotildees da arte agrave progressiva mecanizaccedilatildeo da era industrial como

o socialismo ut6pico tentou mitigar as injusticcedilas sociais assim tambeacutem os

romacircnticos John Ruskin e William Morris (no Arls and erats) tentaram se opor agrave queda da individualidade dos valores artiacutesticos artesanais 6) o seacuteculo XIXconsumia muito

depressa os ideais absorvendo-os em sua vocaccedilatildeo comercial poucos anos

depois das primeiras teorizaccedilotildees do

Colhic Revival (A W Pugin 1936) em Birmingham e Sheffield produziam~se objetos medievais em seacuterie e na Franccedila fundava-se a Societeacute cOiholique pour lo fobricoiionJ la venie lo conession de louis les objets cosocreacutes ou ctllte (1842) para fazer frente agrave demanda das mais de cem igrejas neog6ticas que

naquela eacutepoca jaacute estavam em construccedilatildeD e ao fato dos bispos tenderem entatildeo a prescrever tal

estilo 7 Uma ou tra observaccedilatildeo deve

ser feita a produccedilatildeo industrial

encarada ainda no seacuteculo XVIII como

simples curiosidade intelectual explodira na metade do seacuteculo XIX impondo suas impiedosas leis econocircmicas tambeacutem ao canteiro de obras De fato subvertera-se a tradicional relaccedilatildeo entre

utilidade e beleza com a imposiccedilatildeo de

elementos construtivos metaacutelicos co mpletameme estranhos agraves formas e agraves proporccedilotildees caracteriacutesticas dos estilos e das ordens arquitetocircnicas Tudo isso coincidiu com O dualismo existente entre engenheiros e arquitetos quer

do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais

Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa

Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)

que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute

ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do

Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex

novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO

B ampJ M COR I R O N

9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd

16

bull bull

bull bull bull

- ii8I9 e

~ bull ~ l 111 li

-s abullbull bull

111 bull-a 1 1

$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I

--bullbull

- -- -~r

10

10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881

Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os

estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas

levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de

edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares

fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua

exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do

17

seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente

Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le

Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a

cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter

altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo

interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma

famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma

de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas

11

irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas

A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo

construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe

contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus

mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo

foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos

da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma

determinada forma ) meacutetodos com os

quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado

fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido

enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser

18

~ ~ ~ ~

I)

bull bull ) ) bull li I

bull b bull

bull

I

bullbullbull

bull

Seacuteshy

~ bullI

li

bull

11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864

12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846

12

IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856

14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855

realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora

aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz

Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n

Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do

ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de

acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca

podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da

engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre

as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos

de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao

primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de

s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em

19

sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da

montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro

no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior

do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees

harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel

das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais

ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de

sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais

Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)

17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850

1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd

16

ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)

20

A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro

sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo

londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo

com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16

(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de

Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas

exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo

material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a

patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de

sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno

Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o

problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante

deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou

convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade

atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()

g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os

princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a

exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido

definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco

Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico

mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas

elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do

para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta

21

-produccedilatildeo (e era isto que a tornava

uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos

possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea

que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o

oeo-renascentist a e voltar -se para o

goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18

planimetria articulada uma perfeita

adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna

grupos de qua rtos cada um deles com

um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande

atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento

e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da

planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a

livre disposiccedilatildeo nas fachadas de

janelas e va randas localizadas onde a

vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade

do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo

(Para Morris e seus colegas isto

tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a

19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892

18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869

22

bull bull

--

5 j

) raquo ) ) ) j

bull 3- $bull- $bullbull )

bull )

bull I

bull I)

bull I)

bull bull bullbull bull -------

UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -

J1 _

19

v~

lt I 1I ( I1 11 I

U--

-o ~

cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor

H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles

Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu

Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa

cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais

perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna

nova escala dos fenocircrpenos (as

ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos

Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento

por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da

expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema

fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas

com o foco perspectiva constituiacutedo por

um monumento a acentuada

geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves

paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica

enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no

Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas

(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais

monumentos do passado (catedrais e

palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e

tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os

Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de

Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera

padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana

emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica

como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees

Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras

urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser

respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das

I I

23

qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas

ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos

procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se

como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade

eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas

vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos

palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco

mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje

sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da

linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico

Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de

higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no

projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque

parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em

Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece

tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do

loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila

aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como

reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves

altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia

urbana que o Ecletismo retomara dos

20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907

24

) ) j

F ) r ) F ) F )

)

bull j

bull )- )bull )

bull 3 ) )

bull- )

)

bull-as 3

as li )bull

21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4

22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913

arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e

partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos

25

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 11: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

do pon to de vista da didaacutetica quer da atividade profissional estes natildeo conseguiram opor nenhUlna certeza (somente duacutevidas e reflexotildees criacuteticas) agraves certezas do caacutelculo d ciecircncia das cons truccedilotildees e agraves conquistas alcanccediladas pela teacutecnica das instalaccedilotildees industriais

Uma grande qualidade poreacutem tiveram os arquitetos do seacuteculo passado (e seus clientes) um aguccedilado senso criacutetico De fato entusiasmados diante do progresso teacutecnico-cientiacutefico nunca pensaram que a arte e a arquitetu ra pudessem apresentar em sua eacutepoca um progresso do mesmo niacutevel De tal forma a criacutet ica evidenciou as incertezas e a qualidade mediacuteocre da produccedilatildeo arquitetocircnica de seus contemporacircneos que o balanccedilo que se fez no iniacutecio de nosso seacuteculo natildeo pocircde deixar de ser totalmente nega tivo Cabe portanto a noacutes hoje corrigir em parte tais julgamentos c ressaltar as indiscutiacuteveis con tribuiccedilotildees da cultura ecleacutetica que cons tituem ainda um patrimocircnio precioso Eacute o que pretendo fazer aqui brevemente acenando a antecipaccedilotildees fundamentais na aacuterea dos estudos histoacutericos do relevo arquitetocircnico da tecnologia das construccedilotildees e da modernidade da casa

Em fins de 1700 jaacute comeccedilaram a aparecer principalmente na Inglaterra alguns estudos de cu nho histoacutericoshytopograacutefico (sobre York e Winchester sobre o Paiacutes de Gales e a Escoacutecia 9)

que tentaram restituir um ambiente totaLnente medieval o qual natildeo SOacute

ainda circundava uma catedral antiga como tambeacutem constitu iacutea seu meio cultural Nessas obras encon tram-se os primeiros acenos agraves peculiaridades do

Locus agrave posiccedilatildeo geograacutefica agraves caracteriacutesticas e agraves teacutecnicas const ru tivas regionais Ao lado dessas primeiras pubuumlcaccedilotildees surgiram numerosos guias primeiros es tudos monograacuteficos sobre uma catedral ou abadia (Nolre Dame de Paris Chartres Si Slephen Weslmil1ster etc) que se anteciparam agraves publicaccedilotildees que Lassus e VioHet Je Duc escreveram apoacutes 1840 Constituiacuteam uma novidade no campo dos estudos histoacutericos enfrentar o estudo de uma construccedilatildeo medieval especiacutefica significava naquele tempo ter que dar inicio a pesqu isas arqueoloacutegicas tota1mente novas Era necessaacuterio para O auror adotar ex

novo o meacutetodo de comronto com ou tras construccedilotildees mais ou menos contemporacircneas da mesma regiatildeo reencontrar os arqueacutetipos reconstituir as relaccedilotildees e as influecircncias de outras regiotildees ou aacutereas culturais (foram descobertas aacutereas culturais como a Normandia e o VaJe do Reno) Era necessaacuterio ampliar a anaacutelise para aleacutem do esquema e da tipologia do edifiacutecio para avaliar a teacutecnica consrru tiva os materiais e pr incipalmente a decoraccedilatildeo que se mostrou completamente diferente da transmitida pelos Iratados re nascentistas e do classicismo Foram os neogoacuteticos os principais responsaacuteveis pela s contribuiccedilotildees mais interessantes rea lizando depois de 1830 os primeiros estudos exaustivos sobre os diversos esd los da Idade Meacutedia a ponto de estabelecer dis tinccedilotildees natildeo soacute entre romacircnico e goacutetico mas entre as diferentes expressotildees ou os periacuteodos que tinham se sucedido (aacuterea por aacuterea) na Franccedila I nglaterra Alemanha lO

B ampJ M COR I R O N

9 B r J N Cornel Elementos metaacutelicor Nova York sd

16

bull bull

bull bull bull

- ii8I9 e

~ bull ~ l 111 li

-s abullbull bull

111 bull-a 1 1

$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I

--bullbull

- -- -~r

10

10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881

Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os

estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas

levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de

edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares

fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua

exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do

17

seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente

Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le

Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a

cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter

altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo

interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma

famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma

de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas

11

irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas

A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo

construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe

contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus

mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo

foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos

da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma

determinada forma ) meacutetodos com os

quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado

fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido

enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser

18

~ ~ ~ ~

I)

bull bull ) ) bull li I

bull b bull

bull

I

bullbullbull

bull

Seacuteshy

~ bullI

li

bull

11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864

12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846

12

IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856

14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855

realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora

aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz

Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n

Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do

ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de

acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca

podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da

engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre

as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos

de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao

primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de

s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em

19

sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da

montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro

no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior

do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees

harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel

das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais

ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de

sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais

Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)

17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850

1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd

16

ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)

20

A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro

sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo

londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo

com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16

(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de

Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas

exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo

material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a

patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de

sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno

Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o

problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante

deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou

convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade

atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()

g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os

princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a

exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido

definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco

Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico

mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas

elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do

para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta

21

-produccedilatildeo (e era isto que a tornava

uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos

possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea

que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o

oeo-renascentist a e voltar -se para o

goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18

planimetria articulada uma perfeita

adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna

grupos de qua rtos cada um deles com

um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande

atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento

e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da

planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a

livre disposiccedilatildeo nas fachadas de

janelas e va randas localizadas onde a

vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade

do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo

(Para Morris e seus colegas isto

tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a

19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892

18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869

22

bull bull

--

5 j

) raquo ) ) ) j

bull 3- $bull- $bullbull )

bull )

bull I

bull I)

bull I)

bull bull bullbull bull -------

UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -

J1 _

19

v~

lt I 1I ( I1 11 I

U--

-o ~

cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor

H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles

Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu

Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa

cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais

perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna

nova escala dos fenocircrpenos (as

ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos

Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento

por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da

expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema

fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas

com o foco perspectiva constituiacutedo por

um monumento a acentuada

geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves

paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica

enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no

Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas

(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais

monumentos do passado (catedrais e

palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e

tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os

Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de

Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera

padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana

emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica

como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees

Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras

urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser

respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das

I I

23

qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas

ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos

procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se

como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade

eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas

vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos

palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco

mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje

sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da

linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico

Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de

higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no

projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque

parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em

Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece

tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do

loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila

aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como

reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves

altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia

urbana que o Ecletismo retomara dos

20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907

24

) ) j

F ) r ) F ) F )

)

bull j

bull )- )bull )

bull 3 ) )

bull- )

)

bull-as 3

as li )bull

21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4

22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913

arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e

partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos

25

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 12: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

bull bull

bull bull bull

- ii8I9 e

~ bull ~ l 111 li

-s abullbull bull

111 bull-a 1 1

$li bullbullbull- bullbull a bullsi 111 I I 111 I

--bullbull

- -- -~r

10

10 C Boito DetalIJes de ArquiuttlYG em Madeira in Omamenti di mui gli stili Milatildeo 1881

Tornaram-se indispensaacuteveis principalmente para a arqueologia greco-romana relevos arquitetocircnicos bem definidos para o acompanhamento dos estudos histoacutericos bem como classificaccedilotildees e da tas precisas isto eacute lanccedilaram-se as bases de um novo modo de fazer histoacuteria A verificaccedilatildeo de que a evoluccedilatildeo das fases do goacutetico era muito importan te especialmente nos elementos decorativos levou os

estudiosos a analisaacute-las separadamente dando vida a um novo gecircnero de grande importacircncia 11 A atenccedilatildeo aos elementos constru tores aos materiais e agraves teacutecnicas

levou em pouco tempo agrave descoberta da arquite tura menor antecipando um interesse nitidamente moderno Os relevos e as restituiccedilotildees graacuteficas de

edifiacutecios g6ticos eram realizados com urna teacutecnica muito avanccedilada as complexidades dos perfis e das modinaturas medievais deg recurso na construccedilatildeo a soluccedilotildees em diagonal (agulhas capelas absides pinaacuteculos das cated rais) e a presenccedila de irregularidades meacutetricas e angulares

fizeram com que fossem exatameute os neog6ticos a aplicar de forma difusa e com grande prioridade o meacutetodo e os procedimentos de geometria descritiva de Gaspar Monge2 aproleitando exaustivamen te suas vantagens sua

exatidatildeo e sua vetificabilidade entre as operaccedilotildees de relevo e sua resti tu iccedilatildeo graacutefica Por sua vez os neoclaacutessicos elevaram a niacuteveis de autecircntico virtuosismo os projetos relativos agraves hipoacuteteses de policromia dos templos gregos (os estudos de Hittorf e de Kugler que influenciaram uma tendecircncia neoclaacutessica tardia e nco-renascentista que usou muito O colorido nas fachadas B) A partir da metade do

17

seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente

Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le

Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a

cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter

altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo

interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma

famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma

de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas

11

irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas

A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo

construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe

contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus

mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo

foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos

da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma

determinada forma ) meacutetodos com os

quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado

fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido

enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser

18

~ ~ ~ ~

I)

bull bull ) ) bull li I

bull b bull

bull

I

bullbullbull

bull

Seacuteshy

~ bullI

li

bull

11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864

12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846

12

IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856

14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855

realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora

aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz

Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n

Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do

ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de

acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca

podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da

engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre

as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos

de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao

primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de

s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em

19

sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da

montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro

no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior

do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees

harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel

das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais

ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de

sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais

Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)

17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850

1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd

16

ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)

20

A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro

sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo

londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo

com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16

(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de

Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas

exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo

material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a

patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de

sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno

Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o

problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante

deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou

convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade

atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()

g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os

princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a

exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido

definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco

Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico

mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas

elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do

para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta

21

-produccedilatildeo (e era isto que a tornava

uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos

possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea

que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o

oeo-renascentist a e voltar -se para o

goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18

planimetria articulada uma perfeita

adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna

grupos de qua rtos cada um deles com

um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande

atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento

e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da

planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a

livre disposiccedilatildeo nas fachadas de

janelas e va randas localizadas onde a

vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade

do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo

(Para Morris e seus colegas isto

tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a

19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892

18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869

22

bull bull

--

5 j

) raquo ) ) ) j

bull 3- $bull- $bullbull )

bull )

bull I

bull I)

bull I)

bull bull bullbull bull -------

UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -

J1 _

19

v~

lt I 1I ( I1 11 I

U--

-o ~

cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor

H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles

Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu

Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa

cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais

perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna

nova escala dos fenocircrpenos (as

ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos

Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento

por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da

expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema

fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas

com o foco perspectiva constituiacutedo por

um monumento a acentuada

geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves

paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica

enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no

Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas

(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais

monumentos do passado (catedrais e

palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e

tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os

Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de

Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera

padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana

emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica

como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees

Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras

urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser

respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das

I I

23

qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas

ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos

procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se

como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade

eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas

vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos

palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco

mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje

sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da

linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico

Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de

higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no

projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque

parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em

Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece

tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do

loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila

aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como

reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves

altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia

urbana que o Ecletismo retomara dos

20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907

24

) ) j

F ) r ) F ) F )

)

bull j

bull )- )bull )

bull 3 ) )

bull- )

)

bull-as 3

as li )bull

21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4

22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913

arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e

partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos

25

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 13: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

seacuteculo XIX tornou-se evidente portanto que os historiadores da arquitetura deveriam ter uma competecircncia no campo tecnol6gico e uma familiaridade com as especificidades da clisciplina e que era necessaacuterio voltar-se tambeacutem para a escultura e pintura iniciando estudos integrais que iam desde o monumento agrave decoraccedilatildeo e ao ambiente

Grande parte desses estudos estava como jaacute dissemos clireta ou indiretamente ligada ao problema da restauraccedilatildeo que aliaacutes no seacuteculo XIX sempre es teve ligado ao problema do projeto da nova arquitetma (Vjollet le

Duc natildeo foi de fato historiador restaurador e arquiteto) assim a

cu]rura ecleacutetica deu agrave problemaacutet ica da estauraccedilatildeo uma impostaccedilatildeo nitidamente processual aberta e dialeacutetica de caraacuteter

altameme moderno Levemos em consideraccedilatildeo estes dois aspectos interesses e premissas iguais desembocaram em duas concepccedilotildees opostas de restauraccedilatildeo a do complemento estiliacutestico (defendida por VioUet le Duc) e a da natildeo

interferecircncia e da pura conservaccedilatildeo (defendida por Ruskin) - a intuiccedilatildeo (natildeo aprioriacutestica mas fru to de uma

famili aridade com o trabalho com monumentos) de que a reduccedilatildeo (tatildeo cara aos neoclaacutessicos acadecircmicos) dos edifiacutecios a seus esquemas tipol6gicos formais volumeacutetricos e espaciais levava de fato a um distanciamento do conhecimento COncreto da arquitetma

de que o monumento tinha uma identidade absoluta com suas pedras com seus muros e suas aboacutebadas um tmicum com aquelas pedras e sua idade com os sinais do tempo com suas

11

irregularidades irrepetiacuteveis Foi exatamente a pa rtir de consideraccedilotildees desse gecircnero que surgiu a primeira Society for lhe Protection of Ancienl Bllilding (fundada por William Morris em 1877 a partir poreacutem) de uma ideacuteia de Ruskin de 1854) que promovia natildeo uma conservaccedilatildeo artistico-seletiva mas histoacuterico-documental de tooo o patrimocircnio monumental (hipoacutetese tatildeo avanccedilada que 56 hoje foi absorvida) Outras importantes antecipaccedilotildees podem ser observadas no setor de edificaccedilotildees neog6ticas seja o tradicional (das construccedilotildees de tijolos e pedras) seja aquele aberto aos novos sis temas construtivos das estruturas metaacutelicas

A liccedilatildeo - aprendida atraveacutes dos monumentos medievais - sobre a essencialidade construtiva do goacutetico sobre a maneira de erguer edifiacutecios em blocos completos sobre a relaccedilatildeo entre decoraccedilatildeo e estrutura foi assumida pelo

construtor neog6tico como um princiacutepIO ideoloacutegico Pretendia-se como se sabe

contrapor ideais precisos de sinceridade construtiva de verdade de economia e ateacute mesmo de moralidade da construccedilatildeo aos pasliches polies tiliacutesticos com seus

mascaramentos imorais com suas soluccedilotildees formais frequumlentemente muito descuidadas na realuaccedilatildeo Obter esses ideais neog6ticos de construccedilatildeo

foi possiacutevel graccedilas agrave perfeiccedilatildeo alcanccedilada no uso da pedra aparelhada conseguida com a aplicaccedilatildeo dos meacutetodos cientHicos

da estereolOma (isto eacute da ar te de corta as pedras de acordo com uma

determinada forma ) meacutetodos com os

quais qualquer encaixe de pedra (ou de carpintaria) podia ser representado de forma exata no desenho encomendado

fora da obra e depois aplicado (Portanto tudo que jaacute havia sido

enfrentado arresanalmente pelos constru tores medievais podia agora ser

18

~ ~ ~ ~

I)

bull bull ) ) bull li I

bull b bull

bull

I

bullbullbull

bull

Seacuteshy

~ bullI

li

bull

11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864

12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846

12

IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856

14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855

realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora

aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz

Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n

Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do

ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de

acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca

podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da

engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre

as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos

de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao

primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de

s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em

19

sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da

montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro

no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior

do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees

harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel

das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais

ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de

sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais

Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)

17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850

1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd

16

ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)

20

A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro

sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo

londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo

com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16

(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de

Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas

exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo

material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a

patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de

sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno

Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o

problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante

deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou

convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade

atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()

g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os

princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a

exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido

definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco

Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico

mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas

elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do

para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta

21

-produccedilatildeo (e era isto que a tornava

uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos

possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea

que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o

oeo-renascentist a e voltar -se para o

goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18

planimetria articulada uma perfeita

adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna

grupos de qua rtos cada um deles com

um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande

atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento

e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da

planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a

livre disposiccedilatildeo nas fachadas de

janelas e va randas localizadas onde a

vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade

do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo

(Para Morris e seus colegas isto

tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a

19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892

18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869

22

bull bull

--

5 j

) raquo ) ) ) j

bull 3- $bull- $bullbull )

bull )

bull I

bull I)

bull I)

bull bull bullbull bull -------

UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -

J1 _

19

v~

lt I 1I ( I1 11 I

U--

-o ~

cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor

H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles

Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu

Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa

cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais

perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna

nova escala dos fenocircrpenos (as

ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos

Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento

por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da

expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema

fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas

com o foco perspectiva constituiacutedo por

um monumento a acentuada

geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves

paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica

enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no

Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas

(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais

monumentos do passado (catedrais e

palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e

tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os

Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de

Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera

padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana

emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica

como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees

Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras

urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser

respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das

I I

23

qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas

ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos

procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se

como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade

eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas

vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos

palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco

mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje

sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da

linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico

Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de

higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no

projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque

parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em

Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece

tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do

loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila

aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como

reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves

altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia

urbana que o Ecletismo retomara dos

20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907

24

) ) j

F ) r ) F ) F )

)

bull j

bull )- )bull )

bull 3 ) )

bull- )

)

bull-as 3

as li )bull

21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4

22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913

arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e

partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos

25

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 14: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

~ ~ ~ ~

I)

bull bull ) ) bull li I

bull b bull

bull

I

bullbullbull

bull

Seacuteshy

~ bullI

li

bull

11 ]BH LAssus Igreja SI BaptiJte de Bellevilfe Paris in Enciclopeacutedia dArchitecture 1864

12 Fc Gar4 Sainte-ClOfilde Parir 1846

12

IJ w Saur 19reja ~m iacute t lTO 18J6 in Insuumenta Eccesias tica 11 1856

14 L A Lussof1 e S A Boileau 1grejq de Saif1tEugeacutene Paris 1855

realizado cientificamente com rapidez e com o uso de maacutequinas O que Rondelet 14 experimentara para as grandes pontes (1 800-1817) era agora

aplicado de forma difusa nas obras) Prova disso satildeo as igrejas francesas de G B Antoine Lassus E Viollet le Duc Eugeacutene Bartheacutelemy Franz

Christian Gau a produccedilatildeo inglesa de Norman Shaw e de Edmund Street n

Satildeo de grande interesse as relaccedilotildees entre o neogoacutetico e a engenharia do

ferro Enquanto para a cultura neoclaacutessica (pensemos em Durand) a engenharia desempenhara um papel subalterno na construccedilatildeo limitando-se ao esqueleto do edifiacutecio ao caacutelculo e dimensionamento de vigas e colunas de

acordo com criteacuterios de Illodularidade que natildeo necessariamente se aplicavam ao invoacutelucro arquitetocircnico para a cultura neog6tica a forma arquitetocircnlca

podia ser essencialmente uma forma es trutural Aleacutem disso enquanto era difiacutecil enCOntrar afinidade entre os elementos das novas estruturas da

engenharia e os elementos da arquitetura c1aacutesslca ta rDou-se logo evidente aos neog6ticos a coincidecircncia formal entre

as es truturas metaacutelicas e as modenaturas dos edifiacutecios goacuteticos Essa coincidecircncia pode ser verificada sob dois aspectos

de alcance diferente um substancialmente praacutetico o outro rela tivo agraves concepccedilotildees de projetos Ao

primeiro caso pertence~ a igreja de Everton de Thomas Rickman os modelos de igrejas preacute-fablicadas em lerro de William Slter e de Richard C Carpenter em Paris as igrejas de

s Et~gene de Louiacutes-Auguste BoiJeau e de Saint Augu still de Victor Baltard (1 830middot60) todas realizaccedilotildees onde em

19

sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da

montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro

no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior

do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees

harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel

das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais

ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de

sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais

Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)

17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850

1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd

16

ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)

20

A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro

sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo

londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo

com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16

(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de

Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas

exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo

material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a

patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de

sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno

Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o

problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante

deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou

convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade

atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()

g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os

princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a

exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido

definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco

Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico

mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas

elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do

para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta

21

-produccedilatildeo (e era isto que a tornava

uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos

possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea

que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o

oeo-renascentist a e voltar -se para o

goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18

planimetria articulada uma perfeita

adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna

grupos de qua rtos cada um deles com

um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande

atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento

e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da

planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a

livre disposiccedilatildeo nas fachadas de

janelas e va randas localizadas onde a

vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade

do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo

(Para Morris e seus colegas isto

tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a

19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892

18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869

22

bull bull

--

5 j

) raquo ) ) ) j

bull 3- $bull- $bullbull )

bull )

bull I

bull I)

bull I)

bull bull bullbull bull -------

UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -

J1 _

19

v~

lt I 1I ( I1 11 I

U--

-o ~

cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor

H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles

Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu

Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa

cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais

perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna

nova escala dos fenocircrpenos (as

ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos

Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento

por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da

expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema

fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas

com o foco perspectiva constituiacutedo por

um monumento a acentuada

geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves

paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica

enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no

Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas

(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais

monumentos do passado (catedrais e

palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e

tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os

Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de

Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera

padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana

emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica

como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees

Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras

urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser

respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das

I I

23

qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas

ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos

procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se

como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade

eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas

vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos

palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco

mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje

sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da

linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico

Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de

higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no

projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque

parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em

Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece

tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do

loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila

aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como

reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves

altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia

urbana que o Ecletismo retomara dos

20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907

24

) ) j

F ) r ) F ) F )

)

bull j

bull )- )bull )

bull 3 ) )

bull- )

)

bull-as 3

as li )bull

21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4

22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913

arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e

partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos

25

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 15: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

sua maioria as ogivas e os cruzeiros foram executados com vigas de ferro explorando as possibilidades da

montagem todas construccedilotildees em que as formas neogoacuteticas eram realizadas como em um meccano t Pertencem ainda a esta simbiose de goacutetico e construccedilotildees metaacutelicas quer a inserccedilatildeo desenvol ta de balcotildees em gusa e ferro

no interior de igrejas neogoacuteticas em pedra qler a adoccedilatildeo (como no interior

do ceacutelebre Oxford Museum - 1859) de seacuteries de pequenas colunas metaacutelicas finas e muito altas totalmente estranhas em termos de proporccedilatildeo agraves tradiccedilotildees

harmocircnicas No segundo caso enquadram-se aquelas experiecircncias avanccediladas de projeto que aspiravam de modo mais ou menos expliacutecito agrave superaccedilatildeo do afastamento inevitaacutevel

das competecircncias entre engenheiros e arquitetos Em algumas ocasiotildees conseguiu-se (enfrentando as mais

ousadas estruturas de grandes coberturas) filtrar o projeto de engenharia atraveacutes de uma aguda interpretaccedilatildeo dos mais importantes ecircxitos goacuteticos a exata subdivisatildeo hieraacuterquica dos diversos elementos da estrutura o dimensionamento e a forma das pedras (nos elementos de

sustentaccedilatildeo) de modo a que trabalhassem no limite de esforccedilo maacuteximo (limite que era possiacutevel alcanccedilar agora atraveacutes do caacutelculo) a concepccedilatildeo do esqueleto de um edifiacutecio como o de um organismo vivo com um conjunto de nervos juntas (ou dobradiccedilas) e confluecircncia de esforccedilos e cargas nos noacutes estruturais

Nome comercial de brinquedo italiano que permite fazer pequenas cons truccedilotildees mecacircnicas (N do T)

17 E M Barry Planta da casa Worsley Hall Lancashire in The Builder VIII 1850

1516 R Pareto G Sacheri Baraustradas metaacutelicas para escadas Elevador hidraacuteulico Stigler in Enciclopedia delle arti e dei mestieri sd

16

ntU6- Lnshyla o-c- (~ow 0)

20

A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro

sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo

londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo

com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16

(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de

Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas

exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo

material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a

patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de

sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno

Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o

problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante

deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou

convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade

atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()

g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os

princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a

exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido

definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco

Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico

mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas

elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do

para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta

21

-produccedilatildeo (e era isto que a tornava

uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos

possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea

que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o

oeo-renascentist a e voltar -se para o

goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18

planimetria articulada uma perfeita

adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna

grupos de qua rtos cada um deles com

um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande

atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento

e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da

planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a

livre disposiccedilatildeo nas fachadas de

janelas e va randas localizadas onde a

vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade

do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo

(Para Morris e seus colegas isto

tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a

19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892

18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869

22

bull bull

--

5 j

) raquo ) ) ) j

bull 3- $bull- $bullbull )

bull )

bull I

bull I)

bull I)

bull bull bullbull bull -------

UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -

J1 _

19

v~

lt I 1I ( I1 11 I

U--

-o ~

cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor

H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles

Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu

Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa

cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais

perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna

nova escala dos fenocircrpenos (as

ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos

Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento

por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da

expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema

fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas

com o foco perspectiva constituiacutedo por

um monumento a acentuada

geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves

paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica

enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no

Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas

(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais

monumentos do passado (catedrais e

palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e

tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os

Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de

Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera

padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana

emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica

como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees

Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras

urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser

respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das

I I

23

qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas

ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos

procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se

como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade

eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas

vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos

palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco

mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje

sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da

linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico

Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de

higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no

projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque

parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em

Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece

tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do

loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila

aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como

reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves

altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia

urbana que o Ecletismo retomara dos

20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907

24

) ) j

F ) r ) F ) F )

)

bull j

bull )- )bull )

bull 3 ) )

bull- )

)

bull-as 3

as li )bull

21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4

22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913

arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e

partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos

25

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 16: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

A inrerpretaccedilatildeo da estrutura da catedral goacutetica como um ser orgacircnico levou VioUet le Duc a descrever nos Entreliens (1863) o sistema de aboacutebadas como uma esrrutura de paineacuteis sustentado por costelas fazendo os construtores iacutedentificaacute~la como uma estrutura com paineacuteis de vidro

sustentados por um esqueleto metaacutelico Alguns exemplos dessa assimilaccedilatildeo IltnaturaI das formas goacuteticas sao as estufas de John Claudius Loudon e de Joseph Jaxton com cimbres metaacuteHcas e vidro) cujas formas em concha com aboacutebada carenada com quiJha inveruumlda sao autecircnticos moldes dos volumes de sal do goacutetico inglecircs tardio as coberturas de ambientes amplos) propostas por VloUet le Duc e Anatole De Baudot modelando(is nas aboacutebadas nervUfadas em estrela do goacutetico catalatildeo rardio ou em leque (de Cambridge qindsor e Odord) os grandes arcos de ferro da estaccedilatildeo

londrina de St Puneras (73 metros de vatildeo livre) com perfis do arco ogival policecircntrico (no caso seis centros) os arcos da ~)ala das Maacutequinas de Ferdinand Duten (ll5 merros de vatildeo

com j dobradiccedilas goacuteticos natildeo soacute no perfil ogiacuteval rebaixado mas tambeacutem no detalhe em noacutes dos contrafortes 16

(essas realizaccedilotildees satildeo de 1870-1880) Resultados condusivos dessa capacidade dos arquitetos repensarem o goacutetico foram as igrejts parisienses de Notre Dame du Trqvail (1899) de

Louiacutes Astruc e de 51 Jean de Afonimarfre (1894) de Anatole De Balldot primeira igreja construiacuteda com cimento armado onde o material arnficial pocircde ser modelado atraveacutes da variaccedilatildeo da espessura entre partes de sustentaccedilatildeo e partes sustentadas

exatamente como as aboacutebadas goacuteticas Das quais as nervuras e uacutes triacircngulos (gomos) eram construiacutedos com o mesmo

material poreacutem com resislecircncia e espessura diferentes Adotando a

patente do engenheiro Cottandn De Raudot construiu um ambiente novo e jivremente concebido goacuterico poreacutem na concepccedilatildeo de um esqu~+~to de

sustenraccedilatildeo agrave vista e de estruturas que datildeo ritmo ao espaccedilo interno

Eofoquemos ag0ra 1 influecircncia que teve a eulmriiacute medieval sobre o

problema da modernidade da Casa A incidecircncia mais direta e interessante

deu-se na segunda metade do seacuteculo XIX na Inglaterra sobre O tema da casa de campo burguesa para uma famiacutelia a country house Depois de ]840 desapareceu quase que por completo nesta produccedilatildeo a tipologia claacutessica da casa compacta quadrada e cuacutebka (inspirada no Renascimento italiano e principalmente em Paliadio) 15 Projetistas e clientes natildeo pretendiam de fato sacrHicar nada da funcionalidade a regras ou

convenccedilotildees formais (Para um teoacutedco como Pugin sacrificar a funcionalidade

atilde forma era ateacute mesmo imoral 19) Os exemplos da arquitetura menor da Idade Meacutedia leiga ao inveacutes da religiosa o conjunto dos estilos que a geraccedilatildeo de Williarn Morns e Phiacutelip Webb reconheda no Old Engtish (isto eacute ()

g6tico do primeiro periacuteodo o Tudor Elisabctano) o Queen Ann) parecia apropdado aos novos ideais e exigecircncias Parecia coinddjr com os

princiacutepios de integridade honestidade e sinceridade construtivas com a

exiacutegecircncia de flexibiHdade compositiva c finalmente com as caracteriacutesticas ambiemais inglesas como tinham sido

definidas por um seacutecl1o de teorizaccedilotildees e exemplificaccedilotildees a respeito do PiUoresco

Essas casas inglesas natildeo conseguiram iacutenaugurar um novo estilo arquitetotildenico

mas con-espondcram plenamente a um novO estilo de 1Jida praacutetico mas

elegante refinado mas intolerante com viacutenculos irracionais isto eacute arrojado mas principalmeme volrl1do

para o conforto O confoHo era o verdadeiro problema central desta

21

-produccedilatildeo (e era isto que a tornava

uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos

possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea

que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o

oeo-renascentist a e voltar -se para o

goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18

planimetria articulada uma perfeita

adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna

grupos de qua rtos cada um deles com

um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande

atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento

e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da

planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a

livre disposiccedilatildeo nas fachadas de

janelas e va randas localizadas onde a

vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade

do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo

(Para Morris e seus colegas isto

tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a

19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892

18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869

22

bull bull

--

5 j

) raquo ) ) ) j

bull 3- $bull- $bullbull )

bull )

bull I

bull I)

bull I)

bull bull bullbull bull -------

UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -

J1 _

19

v~

lt I 1I ( I1 11 I

U--

-o ~

cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor

H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles

Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu

Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa

cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais

perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna

nova escala dos fenocircrpenos (as

ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos

Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento

por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da

expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema

fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas

com o foco perspectiva constituiacutedo por

um monumento a acentuada

geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves

paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica

enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no

Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas

(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais

monumentos do passado (catedrais e

palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e

tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os

Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de

Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera

padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana

emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica

como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees

Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras

urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser

respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das

I I

23

qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas

ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos

procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se

como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade

eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas

vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos

palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco

mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje

sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da

linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico

Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de

higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no

projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque

parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em

Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece

tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do

loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila

aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como

reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves

altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia

urbana que o Ecletismo retomara dos

20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907

24

) ) j

F ) r ) F ) F )

)

bull j

bull )- )bull )

bull 3 ) )

bull- )

)

bull-as 3

as li )bull

21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4

22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913

arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e

partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos

25

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 17: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

-produccedilatildeo (e era isto que a tornava

uma produccedilatildeo tipicamente burguesa) Robert Kerr em seu The Gentlemans House (Londres 1864) observara como bom ecleacute tico todos os es tilos

possiacuteveis para a casa mas coocluiacutea

que caso se quisesse um confortable lodging um alojamento confortaacutevel e ra preciso excluir o neoclaacutessico e o

oeo-renascentist a e voltar -se para o

goacute tico As melhores casas de Norman Shaw de Edmund Stree t de William Burges de Wi1liam Bum e de AJfred Waterhouse 20 apresen tavam uma 18

planimetria articulada uma perfeita

adaptaccedilatildeo agraves irregularidades do te rreno uma cuidadosa organizaccedilatildeo interna

grupos de qua rtos cada um deles com

um banheiro dimensotildees e proporccedilotildees dife rentes entre as aacutereas comuns e de serviccedilo e ainda uma multiplicidade de materiais pedra tijolos madeira feno e vidro Dedicava-se grande

atenccedilatildeo agraves instalaccedilotildees de aquecimento

e ven til accedilatildeo Mas sobretudo trecircs princiacutepios de pro je to antecipa ram algumas escolhas da arquitetura moderna 1) a predominacircncia da

planta sobre a elevaccedilatildeo (isto eacute a prioridade dada no pro jeto ao es tudo das caracteriacutes ticas distributivas) 2) a

livre disposiccedilatildeo nas fachadas de

janelas e va randas localizadas onde a

vis ta e ra melhor com o uso de grandes vidraccedilas ainda que estranhas ao estilo arqu ite tocircnico que exigia que fossem em pequenos quadrados 3) a prioridade

do inte rio r sobre o exte rior e a uoidade da casa com sua decoraccedilatildeo

(Para Morris e seus colegas isto

tra ria como consequumlecircncia a necessidade de melhorar o gosto do mobiliaacuterio e dos obje tos domeacutesticos) Assim como as teor ias de Viollet Je Duc sobre a

19 Wiener FaccedilodenbJlclt 1 1860-1890 FienQ 1892

18 Projeto de Cala de campo in Architecture piacutettoresque au XIX Siecle Paris 1869

22

bull bull

--

5 j

) raquo ) ) ) j

bull 3- $bull- $bullbull )

bull )

bull I

bull I)

bull I)

bull bull bullbull bull -------

UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -

J1 _

19

v~

lt I 1I ( I1 11 I

U--

-o ~

cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor

H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles

Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu

Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa

cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais

perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna

nova escala dos fenocircrpenos (as

ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos

Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento

por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da

expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema

fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas

com o foco perspectiva constituiacutedo por

um monumento a acentuada

geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves

paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica

enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no

Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas

(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais

monumentos do passado (catedrais e

palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e

tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os

Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de

Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera

padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana

emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica

como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees

Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras

urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser

respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das

I I

23

qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas

ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos

procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se

como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade

eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas

vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos

palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco

mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje

sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da

linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico

Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de

higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no

projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque

parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em

Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece

tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do

loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila

aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como

reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves

altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia

urbana que o Ecletismo retomara dos

20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907

24

) ) j

F ) r ) F ) F )

)

bull j

bull )- )bull )

bull 3 ) )

bull- )

)

bull-as 3

as li )bull

21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4

22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913

arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e

partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos

25

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 18: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

bull bull

--

5 j

) raquo ) ) ) j

bull 3- $bull- $bullbull )

bull )

bull I

bull I)

bull I)

bull bull bullbull bull -------

UJL1llJL1fliacutetttiacutel -- - - - - - -

J1 _

19

v~

lt I 1I ( I1 11 I

U--

-o ~

cacionaJidade construriva g6tica e sobre as possibilidades de modelar o ferro funcionaram como premissas para as estruturas Art Nouveau de Victor

H orta e de Hecror Guimard a culrura da country house foi uma referecircncia precisa para Charles

Mackintosh e Charles Voysey reEetecircncia q ue atraveacutes de Hermann Murhesius chegou ateacute o Continen te europeu

Como de costume a historiografia do Ecletismo concentrOU a atenccedilatildeo na linguagem arquitetocircnica descuidando-se das referecircncias dessa

cuhura na evoluccedilatildeo da cidade nos planos diretores e no projeto urbano Ao contraacuterio o historicismo arquitetocircnico e o urbanismo do seacuteculo XIX desenvoJveram-se na mais

perfeita simbiose Tal corno a edificaccedilatildeo tambeacutem a cidade teve de acertar contas com quantidades ineacuted itas com urna

nova escala dos fenocircrpenos (as

ferrovias por exemplo) ecom os grandes nuacutemeros no crescimeuto dos habitantes dos veiacuteculos dos setviccedilos

Dois foram os remas tratados pelo utbanismo a) a intervenccedilatildeo na cidade preexistente atraveacutes da transformaccedilatildeo dos antigos muros Ge defesa em alamedas arborizadas para passeio da aberrura de novas arteacuterias de cruzamento (a demoliccedilatildeo das es trutu ras medievaiS e do Renascimento

por exigecircncia do traacutefego e da higiene) b) a determinaccedilatildeo morfoloacutegica da

expansatildeo urbana e em particular dos novos bairros residenciais burgueses dos bairros administrativos e comerciais O modelo foi encontrado na Roma de SistO V e em geral na cidade bar roca o culto do eixo de sime tria do sistema

fechado realizado pelos muros de consrruccedilatildeo coutiacutenuos ao longo dos grands boulevords as ruas retiliacuteueas

com o foco perspectiva constituiacutedo por

um monumento a acentuada

geomerrizaccedilatildeo do espaccedilo urbano rodos elemenros perfeitamente adaptaacuteveis agraves

paradas militares) mais ainda do que nas realizaccedilotildees da eacutepoca napoleocircnica

enconrraram sua concretizaccedilatildeo na Pads do Baratildeo Haussmann (1853-70) no

Ring de Viena (1859-80) na Berlim de Bismarck (1870-80) e embota de fotma menos visrosa tambeacutem em Florenccedila (1864) em Roma (1870) Bruxelas

(1867-71) Barcelona (o plano Cerdagrave de 1859) e na Cidade do Meacutexico (1860) A caracteriacutes tica morfoloacutegica foi o iso lamento dos principais

monumentos do passado (catedrais e

palaacutecios) que deviam dominar o espaccedilo urbano reestruturado a seu redor e

tambeacutem o isolamento dos novos monumenros os Ministeacute tios os

Museus os T earros e tc os edifiacutecios do Ring vienense o Ratbaus de

Friedrich Schmit a Universidade de Heinriacutech Ferstel o Buumlrg-tbeatre de GOltfried $emper (1874) e a Oacutepera

padsiense de Charles Garnier (1862) dominam a cena urbana

emergindo natildeo tauto em virtude do es tilo ou da qualidade arquitetocircnica

como pela grandeza e pela exaltaccedilatildeo das trecircs dimensotildees

Seja nos anos do Impeacuterio (1805 -1815) seja naqueles das cidades capitais (1850-80) O urbanismo estabeleceu uma hiera rqu ia precisa das estru(Uras

urbanas que coincide naturalmente com a hierarquia econocircmica e das classes sociaiacutes 21 Para que se tornasse evidente a eonsistecircncia da cidade como organismo devia ser

respeitada uma rigorosa graduaccedilatildeo a emergecircncia volumeacutetrica e das

I I

23

qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas

ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos

procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se

como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade

eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas

vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos

palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco

mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje

sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da

linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico

Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de

higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no

projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque

parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em

Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece

tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do

loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila

aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como

reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves

altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia

urbana que o Ecletismo retomara dos

20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907

24

) ) j

F ) r ) F ) F )

)

bull j

bull )- )bull )

bull 3 ) )

bull- )

)

bull-as 3

as li )bull

21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4

22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913

arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e

partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos

25

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 19: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

qualidades formais ou estiliacutesticas devia ser inversamente proporcional agrave quantidade do elemento mais difundido a casa comum de moradia ao mais excepcional a construccedilatildeo monumental Na reaLidade a culrura ecleacutetica natildeo soube ater-se ateacute o fim a estas regras realizando uma ddade natildeo livre de contradiccedilotildees mas talvez e exatamente por causa delas muito viva e inte ressante A desqualificaccedilatildeo progressiva do centro urbano e dos bairros burgueses para as periferias devia ocorrer com uma simplificaccedilatildeo progressiva das escolhas arquitetocircnicas e estilisticas e dos materiais agraves vezes poreacutem realizaccedilotildees populares e intensivas como as berUnenses Mietkasernen (casernas de aluguel) mascaravam-se sob forma de grandes edifiacutecios decorados retoricamente A burguesia natildeo soube renunciar a colocar nas fachadas das proacuteprias casas

ao longo das ruas as mesmas ordens arquitetocircnicas que deviam ser reservadas aos edifiacutecios puacuteblicos

procurou portanto a monumental idade Mas conseguiu apenas em parte as colunas os pilares os frontotildees os pedes tais em bossagern etc adotados em toda parte a proliferaccedilatildeo do caraacuteter aacuteulico acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva e simboacutelica As fachadas estiliacutesticas que se sucediam nas ruas anulavam-se

como peccedilas intercambiaacutevei s de um unicum homogecircneo As uacutenicas opccedilotildees possiacuteveis dentro de tanta uniformidade

eram as soluccedilotildees em esquina (pensemos na diferente maneira de evidenciar esses mo tivos em Paris e Barcelona) e as cabeceiras das quadras voltadas para as praccedilas circulares e poligonais do novo tecido urbano onde muitas

vezes as habitaccedilotildees assumiam a forma torre ou eram cobertas por cuacutepulas Tanto nas casas natildeo isoladas como nos

palace tes os estilos mais recorrentes eram o Quatrocelltismo o Quinhentismo ou o pasliche barroco

mas no fim essas escolhas estiliacutesticas que tal vez agrave eacutepoca tiveram um certo significado satildeo consideradas hoje

sem impor tacircncia A cidade da segunda metade do seacuteculo XIX parece ter realizado apesar da presenccedila da

linguagem polie~tiliacutes tiacutecagt a atual homogeneidade e continuidade de estilo que no iniacutecio do seacuteculo eram um ideal neoclaacutessico

Ateacute mesmo os parques urbanos e os jardins exigidos por questotildees de

higiene como forma de corrigir a densidade excessiva de edifiacutecios produzida pelo urbanismo ~atildeo no

projeto uma siacutentese ecleacutetica do jardim barroco francecircs e daquele tiacutepico de cada paiacutes Pensemos no parque

parisiense de BuuesmiddotChaumont realizado por] A Alphand (1867) e no Centrol Park realizado por E L Olmstead em

Nova Iorque (1851-60) O processo que o Movimento Moderno instituiu haacute cinquumlenta anos contra a cidade ecleacutetica do seacuteculo XIX hoje nos parece

tendencioso e inaceitaacutevel Os ataques contra a quadra do seacuteculo XIX contra a forma fechada em favor do

loteamento aberto gt a aboliccedilatildeo da rua tradicional e da praccedila

aleacutem do entrelaccedilamento das (unccedilotildees vitais na cidade (surgidas entatildeo como

reaccedilatildeo aos excessos especulativos e agraves

altas densidades intensjvas) natildeo satildeo hoje partilhados pelos urbanistas A censura total daquela morfologia

urbana que o Ecletismo retomara dos

20 E Puacuteovono Villo Crespi etn Crespi dAJdo 1907

24

) ) j

F ) r ) F ) F )

)

bull j

bull )- )bull )

bull 3 ) )

bull- )

)

bull-as 3

as li )bull

21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4

22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913

arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e

partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos

25

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 20: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

) ) j

F ) r ) F ) F )

)

bull j

bull )- )bull )

bull 3 ) )

bull- )

)

bull-as 3

as li )bull

21 21 MagnocQfJQo CUQ no va Statuto em Milotildeo 191 4

22 Cosa na Via BerlO1i em Milatildeo 1913

arquitetos antigos (e que reln terpretara agrave luz de novas exigecircncias) levou-os a construir com as grandes periferias uma cidade sem forma uma ucidade sem qualidade A uacuteltima expressatildeo qualificada a uacuteltima parte da cidade de valor indiscutiacuteve1 eacute aquela construiacuteda pela cultura ecleacutetica no seacuteculo passado e no primeiro dececircnio do nosso natildeo apenas estudaacute-la e

partir novamente dela para formular novas hipoacuteteses urbanas mas tambeacutem defendecirc-la das agressotildees da especulaccedilatildeo imobiliaacuteria eacute a tarefa da cultura atual dos arquitetos

25

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 21: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

Notas

L KIMBALL F Romantic-Classiacutedsm in Architecture in Gazette des Beaux Arts 1944 cf tambeacutem Rosemblum R Transformatiacuteons in Late Eighteenth Century Art Princeton 1967-69 Honour H Neoclassidsm London 1976

2 PATETTA L LArchitettura deWEcletismo Fonti Teorie e Modelli 1750-1900 Milano 1975

3 PATETTA L op dt e tambeacutem I Revivals in Architettura in 11 Revival coord por C G Argan Milano 1974

4 GERMANN G - Gothic Revival in Europe and Britaiacuten Sources Inluences and Ideas London 1972 Pevsner N Some Architectural Wriacuteters of Nineteenth Century Oxford 1972

5 Cf Patetta 1 cito 1975 Antologia de textos Pevsner N op dt Morris W The Revival ofArchitecture 1888 Hitchcock H R Architecture Nineteenth and Twentieth Centuries London 1958

6 PUGIN A W N Contrasts or a Paraltel between the Noble Edifices London 1836 e The True PrincipIes o Christian Archiacutetecture Oxford 1841 Para o neogoacutetico cf tambeacutem Eastlake C A History o Gothic Revival London 1872 Clark K The Gothic Revival an Essay in the History o Taste London 1962

7 BENEVOLO L - Storiacutea dellArchitettura Moderna Bati 1960 p 113

8 Cf Boito C - Ornamenti di Tutti gli Stiliacute Milano 1880 Fergusson J History of the Modem Styles of Architecture London 1862 Melani A Architettura del XIX Saolo in Manuale di Architettura Milano 1899 Scott G Architettura dellUmanesimo London 1914 e Appendice in Pevsner N op cito

9 Refiro-me agraves obras de Bentham J Milner J Briacutetton J Grose F Hearne T etc cf a bibliografia em Eastlake e em Clark op dt Tambeacutem na Franccedila foram publicados estudos do gecircnero cf Patetta 1 op de 1975 e Petit J L Architectural Studies in France London 1854 Vitet L Des Eacutetudes Archeacuteologiques en France in Revue des Deux Mondes 15 August 1847 De Caumont A em 1824 publica seus estudos sobre a Normandia

10 Sobre este tema apresentei a comunicaccedilatildeo Il Gotico dei Goticisti come Laboratorio e Cantiere di Avanguardia no Congresso realizado em Pavia em setembro de 1985 sob o titulo 11 Neogotico in Europa Anais em impressatildeo

11 Halfpenny J Carter J Atkinson T W publicaram entre 1790 e 1830 obras sobre os detalhes goacuteticos levantados nas catedrais inglesas Na Franccedila satildeo A De Laborde e AncIacutesse De Caumont que levantam os detalhes da arqueologia medieval

12 MONGE G Geometrie Descriptive Leccedilam Donneacutes aux Eacutecoles Normales lAn III de la Reacutepublique Paris 1798 as aplicaccedilotildees mais importantes e oportunas foram ministradas na Eacutecole Polytechnique

13 Para os estudos de Hittorf Kugler e tambeacutem de Labrouste H cf Recherches aux XVIII et XIX Siecirccles sur la Polycromie de lArchitecture Grecque in ParisshyRome-Atheacutenes Paris 1982 Middleton R Perfeuacuteone e Colore la Policromia nellArchitettura Francese dei 18 e 190 Secolo in Rassegna 23 1985

26

p~

fi -

f ~ fi I

e1 ri

liti shy

pll - li

fi- shyf - e 7 5

F11 bull

IIi I I

I aF

IUI I bull li lshy

bullI shy

bull

If peacute F

fI

Ibull eacute

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27

Page 22: Ecletismo na Arquitetura Brasileira...XIX-XX) Giovanna Rosso Del Brenna 68 Ecletismo em São Paulo Carlos Lemos 104 O Ecletismo em Minas Gerais: Belo Horizonte 1894-1930 Heliana Angotti

--

--

14 RONDELET G - Trattato Teorico Pratico dellArte di Fabbricare (1802-17) ed it Mantova 1832 Perronet J R Description des Proiects et des la Construction des Ponts Paris 1788 Cf na Inglaterra a traduccedilatildeo de Nicholson P da obra de Rondelet intitulada New Practical Builder London 1823 15 Cf Hautecoeur L Histoire de IArchitecture Classique en France V Paris 1957 Hitchcock H R Early Viacutectorian Architecture in Britain New Haven 1954 Summerson J Victorian Architecture London 1970

16 Cf Patetta L cit 1975 Germann G op cit Collins P Chagiacuteng IdeaIs in -- Modern Architecture) London 1965 Schild E Dal Palazzo di Cristalto aI Palais des Illusions Firenze 1971 =shy 17 DE BAUDOT A nuacutemero monograacutefico da revista Architecture Mouvement-Continuiteacute n 28 sd De Baudot L)Architecture le Passeacute le Preacutesent Paris 1913 LArchitecture et le Beacuteton Armeacute Paris 1916 Cottancin P Conference sur les Travaux en Ciment avec Ossature Meacutetallique) in Bulletin de lUnion Sindical e des Architects 1895-96

19 PUGIN A W N - The True PrincipIes 01 Christian Architecture Oxford 1841 p 61 Cf tambeacutem Tachiaventi L Viollet le Duc e la Cultura Architettonica dei Revivals) Bologna 1976 20 GIROUARD M - The Victorian Country House Oxford 1971 Cf Scott G G Remarks on Secular and Domestic Architecture Present and Future London 1857 Dolman F T Examples o Ancient Domestic Architecture London 1858 Hussey C English Country House London 1958 ~

819 21 NARJOUX F - Paris Monuments Eacuteleacuteves par la Vile Paris 1880 Lameyre G Haussmann Preacuteet de Paris Paris 1958 Hegemann YJ La Berlino di Pielra (1930) Miacutelano 1975 Aymonino c Fabbd G Villa A Le Cittagrave Capitali del ~ XIX Secolo Parigi e Vienna Roma 1975 Cf tambeacutem Patetta L La

It Monumentalitagrave nell Architettura Moderna Milano 1982

~ iII)

~ ~ 18)

~ ~ lIIIlIIJ lIIIIt 27