Ecologicamente Correto - Casa na GRanja

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37 36 ARQUITETURA Todescan Siciliano Arquitetura PAISAGISMO MHC Paisagismo FOTOS Paulo Camargo O respeito ao meio ambiente foi a peça chave para a construção dessa casa em Cotia, SP. Adepta da ioga e da vida saudável, a proprietária queria morar em uma residência o mais sustentável possível, onde pudesse cultivar alimentos orgânicos e ver na prática a reciclagem e a compostagem. Por isso, os arquitetos não se limitaram a instalar painéis solares e sistemas de reúso de água. “Nós pesquisamos técnicas de construção ecologicamente corretas e optamos pelo Tsuchi Kabe, um sistema japonês semelhante ao pau-a-pique”, diz o arquiteto Marcelo Todescan. “Também procuramos usar ao máximo materiais reaproveitados”. As telhas que cobrem a casa e os cabos de aço do guarda-corpo do mezanino são de demolição. Já a tinta das paredes é à base de cal e pigmento. Nas janelas e no assoalho, a opção foi pelo eucalipto de reflorestamento. O reúso também fica evidente na decoração, feita com muitos móveis de família, peças trazidas de viagens e alguns presentes de amigos. No jardim, houve o cuidado de preservar as árvores encontradas no terreno. “O posicionamento da casa foi planejado para que não precisássemos remover muitas árvores”, conta a proprietária. Ecologicamente correta Da estrutura ao acabamento, tudo nessa casa foi feito com materiais reaproveitados ou renováveis

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ARQUITETURA Todescan Siciliano ArquiteturaPAISAGISMO MHC Paisagismo

FOTOS Paulo Camargo

O respeito ao meio ambiente foi a peça chave para a construção dessa casaem Cotia, SP. Adepta da ioga e da vida saudável, a proprietária queria morarem uma residência o mais sustentável possível, onde pudesse cultivar

alimentos orgânicos e ver na prática a reciclagem e a compostagem. Por isso, osarquitetos não se limitaram a instalar painéis solares e sistemas de reúso de água.“Nós pesquisamos técnicas de construção ecologicamente corretas e optamos peloTsuchi Kabe, um sistema japonês semelhante ao pau-a-pique”, diz o arquitetoMarcelo Todescan. “Também procuramos usar ao máximo materiais reaproveitados”.

As telhas que cobrem a casa e os cabos de aço do guarda-corpo do mezanino sãode demolição. Já a tinta das paredes é à base de cal e pigmento. Nas janelas e noassoalho, a opção foi pelo eucalipto de reflorestamento.

O reúso também fica evidente na decoração, feita com muitos móveis de família,peças trazidas de viagens e alguns presentes de amigos. No jardim, houve o cuidadode preservar as árvores encontradas no terreno. “O posicionamento da casa foiplanejado para que não precisássemos remover muitas árvores”, conta a proprietária.

Ecologicamentecorreta

Da estrutura ao acabamento, tudo nessacasa foi feito com materiais

reaproveitados ou renováveis

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Quando aberta, aporta de madeira de

demolição revela umarco marroquino, feito

sob medida a pedido daproprietária.

Na frente da casa há um canteirode ervas e temperos onde sãocultivados aloe-vera, salsinha,manjericão, hortelã, erva-cidreira epimenta, entre outras espécies. Obanco junto ao canteiro e as pisadasde madeira que revestem o espaçoforam feitos com toras de eucaliptoque sobraram da construção.

As paredes da casa são de TsuchiKabe, uma técnica usada há séculosno Japão. Ela lembra muito o pau-a-pique e tem a vantagem de permitir aconstrução de paredes mais finas, oque representa um consumo menor deterra. “Primeiro montamos uma tramade bambu, que depois é coberta porcamadas de uma mistura de argila epalha”, explica o consultor Enjo Stahel.

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Tanto as paredes internas quantoas externas da casa foram pintadascom tinta à base de cal e pigmento.“Além de ser mais ecológica, elamantém a temperatura controlada,faça frio ou calor”, explica Todescan.

O pergolado de eucalipto sustentauma trepadeira jasmim-dos-poetas(Jasminum polyanthum). No deque sob aestrutura foi instalada uma mesa deplástico que já pertencia à família. “Não éuma peça bonita, mas como nossa ideiaera aproveitar na casa o que já tínhamos,decidimos usá-la”, justifica a proprietária.“Ela também tem a vantagem de resistiràs intempéries”.

A vista do deque é privilegiada:voltada para o pomar de

frutíferas e para o lago. Por isso, afamília costuma usar o espaço

para servir o café da manhã elanches no fim da tarde. “De

manhã recebemos a visita dospássaros e, no fim do dia, somos

presenteados com um belo pôr-do-sol”, conta a proprietária.

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Muitos dos móveis eobjetos da sala de estarsão herança de família.Caso do sofá cobertopor uma manta e damala antiga. Elapertenceu à avó daproprietária e hoje éusada como revisteiro.

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Uma das poucas desvantagens dasparedes de barro é que elas impedem a

fixação de pregos ou parafusos parapendurar quadros. Por isso, a família

optou por usar decalques na decoração.

Presente de um amigo, oúnico quadro da casa – elefica acima da lareira – ésustentado por fios de náilonfixados na tora de eucalipto.

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Uma cama infantil,também herança defamília, faz as vezes desofá. Já o latão de leiteantiga tem funçãomeramente decorativa.

Um biombo de madeira e umsári indiano permitem isolar a

sala de ioga do restante dacasa. Ao lado dela fica a escada

de madeira, que leva aomezanino. Esse espaço é

protegido por um guarda-corpoconfeccionado com madeira e

cabos de aço de demolição.

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A mesa e os bancos dedemolição da cozinha

foram colocados nesseespaço exatamente como

estavam, sem receberqualquer pintura.

Assim como no resto da casa, a opção na cozinhafoi pela simplicidade. Em vez de portas, a pia decimento queimado recebeu cortinas de tecido feitaspela proprietária. Sobre ela, um filtro de barro antigogarante água pura e fresca a qualquer hora do dia.

Pequenos detalhes fazem a diferença nadecoração. É o caso do mosaico de ladrilhoshidráulicos reaproveitados que foi instalado no

centro do piso da cozinha. Sobre a mesa, osdestaques são o vaso com flores do jardim e amarmita colorida.