ECONOMIA
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Unidade de Educao a Distncia
ECONOMIA
Autora: Joseane de Souza Fernandes
Belo Horizonte / 2013
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Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
Unidade de Educao a Distncia | Newton
ESTRUTURA FORMAL DA UNIDADE DE EDUCAO A DISTNCIA
REITOR JOAO PAULO BARROS BELDI
VICE-REITORA
JULIANA SALVADOR FERREIRA DE MELLO
COORDENAO GERAL SINARA BADARO LEROY
DESIGNER INSTRUCIONAL
DBORA CRISTINA CORDEIRO CAMPOS LEAL PATRICIA MARIA COMBAT BARBOSA
EQUIPE DE WEB DESIGNER
CARLOS ROBERTO DOS SANTOS JNIOR FILIPE AFONSO CALICCHIO SOUZA
GABRIELA SANTOS DA PENHA LUCIANA REGINA VIEIRA
ORIENTAO PEDAGGICA
FERNANDA MACEDO DE SOUZA ZOLIO RIANE RAPHAELLA GONALVES GERVASIO
AUXILIAR PEDAGGICO
MARLIA RODRIGUES BARBOSA PRISCILA ANTAO DE SANTANA
REVISORA DE TEXTO
MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO
SECRETARIA LUANA DOS SANTOS ROSSI
MARIA LUIZA AYRES
MONITORIA ELZA MARIA GOMES
AUXILIAR ADMINISTRATIVO
MARIANA TAVARES DIAS RIOGA THAYMON VASCONCELOS SOARES
AUXILIAR DE TUTORIA FLVIA CRISTINA DE MORAIS
MIRIA NERES PEREIRA VANESSA OLIVEIRA BARBOSA
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Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
Unidade de Educao a Distncia | Newton
Sumrio
Unidade 1: Introduo Teoria Microeconmica 5
Unidade 2: Noes de Macroeconomia 32 Unidade 3: Noes de Economia Internacional 60
Unidade 4: Economia Brasileira 76
Unidade 5: Economia Brasileira: Populao, Emprego e Distribuio de Renda 101
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Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
Unidade de Educao a Distncia | Newton
cones
Comentrios
Reflexo
Dica
Lembrete
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Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
Unidade de Educao a Distncia | Newton 5 | P g i n a
Unidade 1: Introduo Teoria Microeconmica
1. Contedo Didtico
Caro aluno, vamos dar incio disciplina de Economia, enfatizando a anlise microeconmica.
Comearemos pelas questes econmicas fundamentais: o que produzir? Como produzir? Quanto
produzir? Para quem produzir? Algumas dessas perguntas so respondidas atravs da Curva de
Possibilidade de Produo, objeto de estudo do nosso primeiro tpico. Est animado para comear?
J, j iremos compartilhar conhecimentos, aguarde!!!
Em seguida, iremos analisar as leis fundamentais da economia Lei da OFERTA e Lei da PROCURA a determinao do equilbrio de mercado; os vrios tipos de mercados definidos pela
teoria econmica; as elasticidades-preo da oferta e da procura e a elasticidade-renda da procura e
suas aplicaes para resolver alguns problemas no nosso dia a dia.
1.1. Os recursos econmicos e o processo de produo: os fatores de produo e a curva de possibilidade de produo
As questes principais que so respondidas atravs do estudo da curva de possibilidade de produo
so: o que produzir? Quanto produzir? Devemos ter sempre em mente que os recursos econmicos
so escassos diante das necessidades humanas. Em outras palavras, com uma quantidade fixa de
recursos, os produtores devem produzir bens e servios que satisfaam essas necessidades,
consideradas ilimitadas.
Por que as necessidades humanas so ilimitadas? Devemos lembrar que algumas necessidades so
bsicas, tais como: alimentao, moradia e vesturio. No significa que sejam fixas ao longo do
tempo! Alis, a economia considera as necessidades humanas ilimitadas, pois, a partir do momento
em que o indivduo consegue satisfazer suas necessidades bsicas, outras necessidades vo se
apresentando a ele, s vezes impostas pelo mercado, s vezes determinadas por questes pessoais,
culturais, religiosas, sociais, dentre outras.
muito fcil perceber isso... H alguns anos, quando a vida na grande cidade era menos violenta, a
maioria dos indivduos preferia morar em casas e no tinham a preocupao de manter portas
trancadas. Atualmente, as pessoas que residem em grandes cidades preferem morar em
apartamentos, cercados de vrios equipamentos de segurana, como alarmes, cercas eltricas,
porteiros 24 horas, etc.
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Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
Unidade de Educao a Distncia | Newton 6 | P g i n a
A questo central que as necessidades bsicas ou no - devem ser
atendidas e isso implica, necessariamente, a produo de bens e servios.
Em todo processo produtivo, sempre so utilizados os mesmos fatores de produo: terra, capital e
trabalho. Note que combinaes diferenciadas dos fatores de produo resultam em produtos
tambm diferenciados! a que surge a primeira questo: Qual produto produzir, sabendo-se que
devemos usar sempre os mesmos fatores de produo? Em outras palavras, quais as necessidades
humanas que sero atendidas em um determinado momento?
Por mera questo didtica, antes de avanarmos nessa discusso, vamos melhor compreender os
fatores de produo.
1.1.1. Fatores de produo
Fatores de produo so recursos utilizados em um processo produtivo. Em geral so divididos em
trs tipos: Terra, Capital e Trabalho.
1.1.1.1. Terra
O termo Terra, quando utilizado para se referir a um fator de produo, tem um significado bastante
abrangente. Envolve no somente a terra, propriamente dita, como tambm todo o solo agriculturvel
e no-agriculturvel, urbano e rural, bem como todas as riquezas naturais existentes acima e abaixo
do solo.
Uma jazida mineral (ouro, carvo, diamante, etc); madeiras; espcimes animais e vegetais so
exemplos para esse fator de produo.
Como esse conceito bastante amplo, usualmente a Economia distingue a terra (solo) dos demais
elementos naturais. Nos processos produtivos os recursos naturais (animais, vegetais e minerais) so
denominados matrias primas.
1.1.1.2. Capital
O termo capital utilizado tanto para se referir ao capital monetrio, aquele que financia a atividade
produtiva, quanto ao capital fixo, ou seja, s mquinas e equipamentos utilizados nos processos
produtivos.
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Autor: Joseane de Souza Fernandes
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1.1.1.3. Trabalho
O ltimo fator de produo o trabalho, termo que se refere ao esforo humano fsico e/ou mental
despendido ao longo do processo produtivo.
Retomando a discusso central: se todo processo produtivo envolve a combinao dos fatores de
produo e se os fatores de produo so escassos: Quais necessidades humanas devem ser
atendidas em primeiro lugar? Qual(is) produto(s) produzir? Qual quantidade deve ser produzida de
cada bem ou servio?
1.2. A curva de Possibilidade de Produo
Para responderem a essas questes, os economistas utilizam uma importante ferramenta: a curva de
possibilidades de produo, tambm conhecida como fronteira de possibilidades de produo.
Essa curva ilustra, justamente, o problema da escassez: como no existem recursos para
produzirmos tudo, ao mesmo tempo, necessariamente temos que sacrificar a produo de alguns
bens e servios em detrimento de outros considerados mais necessrios, mediante as necessidades
humanas, em determinado perodo de tempo.
Para a confeco da curva de possibilidade de produo, so admitidos os seguintes pressupostos:
(1) O estoque de capital fixo da empresa considerado constante, durante determinado perodo
de tempo (curto prazo). Em outras palavras, por pressuposto a empresa no realiza
investimentos para aumentar sua capacidade produtiva, no curto prazo. apenas um
pressuposto, no uma proibio!!! claro que a empresa pode realizar investimentos de
forma a aumentar sua capacidade produtiva, e isso tem reflexos na posio da curva de
possibilidades de produo. No entanto, a economia considera que quando a empresa chega
a realizar investimentos produtivos e altera, de fato, a sua capacidade produtiva, essa
empresa se encontra no longo prazo.
(2) A empresa no realiza investimentos em inovao tecnolgica, no curto prazo. Analogamente
no uma proibio, apenas um pressuposto. Os investimentos em inovao tecnolgica so
admitidos apenas no longo prazo.
(3) Por simplificao, a empresa produz apenas dois bens quaisquer, como alimentos e
vesturios; mveis e eletrodomsticos; milho e soja, dentre outros.
(4) Qualquer ponto sobre a curva de possibilidade de produo corresponde a um ponto de pleno
emprego dos fatores de produo, entendendo-se por pleno emprego uma situao na qual
todos os fatores de produo esto sendo empregados, havendo apenas desemprego
voluntrio no mercado de trabalho. Desemprego voluntrio representa uma situao na qual o
trabalhador se recusa, voluntariamente, a trabalhar em funo do nvel relativamente baixo
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Autor: Joseane de Souza Fernandes
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dos salrios pagos no mercado. Em outras palavras, s no trabalha quem no quer
trabalhar, porque acredita que o baixo salrio no justifica o esforo fsico e/ou mental
exercido ao longo da atividade produtiva.
Vamos imaginar uma economia que produza apenas 2 produtos: soja e milho. De acordo com as
informaes da TABELA 1, se a economia (que pode ser uma fazenda ou uma empresa) usar todos
os fatores de produo para produzir apenas milho, a produo de milho correspondente ao nvel de
pleno emprego dos fatores de produo, ser igual a 8.000 Kg e nenhuma quantidade de soja seria
produzida. Na medida em que for necessrio aumentar a produo de soja, a quantidade produzida
de milho necessariamente ser reduzida, pois em uma situao de pleno emprego s possvel
aumentar a produo de um bem ou servio mediante a reduo da produo do outro bem. Se a
economia usar todos os seus recursos na produo de soja, sero produzidos 5.000 Kg de soja e
nenhuma quantidade de milho.
TABELA 1: Quantidades produzidas de soja e milho (em Kg)
Ponto
Soja
(Kg)
Milho
(Kg)
Custo de
oportunidade
A 0 8.000 -
B 1.000 7.500 0,5
C 2.000 6.500 1
D 3.000 5.000 1,5
E 4.000 3.000 2
F 5.000 0 3
Fonte: Passos e Nogami, (2001, p. 24)
GRFICO 1: Curva de Possibilidade de Produo
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
8.000
0 1000 2000 3000 4000 5000
Produo de soja (Kg)
Prod
uo
de
milh
o (K
g)
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Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
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Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados da TABELA 1
J sabemos, ento, que, para produzirmos quantidades adicionais de soja, devemos abrir mo de
quantidades de milho. Para a teoria econmica, a produo sacrificada em funo de outra definida
como custo de oportunidade. Voltando TABELA 1, podemos verificar que, para produzirmos 1.000
Kg de soja, devemos sacrificar 500 Kg de milho, determinando um custo de oportunidade de 0,5. Em
outras palavras, entre os pontos A e B, para cada quilo de soja produzido devemos deixar de produzir
0,5 Kg de milho.
Observe que o custo de oportunidade crescente. O que explica esse comportamento? Nesse caso,
a produtividade da terra na produo do milho menor em relao produo da soja.
Genericamente, recursos utilizados em uma atividade podem no ter a mesma eficincia quando
transferidos para outra atividade (PASSOS e NOGAMI, 2001, p. 26). Em funo do comportamento
do custo de oportunidade, a fronteira de possibilidade de produo ser sempre uma curva cncava
em relao origem.
At o presente momento consideramos apenas os pontos sobre a curva de possibilidade de
produo, ou seja, os pontos de pleno emprego. No entanto, a economia pode estar operando em
algum ponto abaixo da curva e desejar alcanar algum ponto acima dela.
Se a economia estiver operando em algum ponto abaixo da curva, ela est em situaes abaixo do
pleno emprego (subemprego). Nesse caso, a economia pode aumentar a produo dos dois bens
sem que nenhuma produo seja sacrificada, ou seja, sem incorrer em custo de oportunidade.
Se desejar alcanar algum ponto acima da curva, deve realizar investimentos em inovaes
tecnolgicas e/ou em aumento do estoque de capital fixo. Fazendo isso a curva se desloca para cima
(para a direita), indicando que sua capacidade produtiva se elevou, deslocando o ponto de pleno
emprego para cima. Em outras palavras, a economia poder, aps a realizao desse investimento,
produzir quantidades maiores dos dois bens.
A deciso do que produzir e do quanto produzir depende, claro, do mercado. Por isso vamos agora
estudar o conceito de mercado, os vrios tipos de mercados existentes e suas estruturas. Animado?
Vamos continuar nosso estudo e qualquer dvida entre em contato com seu professor atravs do
ambiente virtual!
1.3. Mercado: conceito, tipologias e estruturas
Por mercado, a economia entende um grupo de compradores e vendedores de um dado bem ou
servio (MANKIW, 2001, p. 66); um local ou contexto em que compradores (o lado da procura) e
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Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
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vendedores (o lado da oferta) de bens, servios ou recursos estabelecem contato e realizam
transaes (PASSOS e NOGAMI, 2001, p. 16).
A teoria econmica identifica 4 tipos bsicos de mercado: concorrencial
perfeito (ou de competio perfeita), monopolista, oligopolista e
concorrncia monopolstica.
Um mercado concorrencial perfeito se estrutura na existncia de um grande nmero de empresas
de pequeno porte e um grande nmero de compradores. Nesse mercado, os produtos so
homogneos (no h nenhum tipo de diferenciao de produto nem da qualidade do produto); os
agentes econmicos (empresas e consumidores) no tm nenhum poder de determinao do nvel de
preos desse mercado, sendo este determinado pela interao entre as foras de mercado, ou seja,
pela oferta e pela procura. Os preos tendem
a ser baixos (no limite, tendem a zero), o lucro
das empresas extremamente baixo e
corresponde ao custo de oportunidade. um
mercado caracterizado pela perfeita mobilidade
de fatores, ou seja, empresas podem entrar e
sair do mercado, sem restries ou barreiras,
assim como os trabalhadores esto aptos a
realizarem qualquer atividade produtiva em
qualquer empresa ou setor desse mercado.
No mundo atual, mercados em concorrncia perfeita so praticamente inexistentes. Imagine uma feira
livre na rua onde voc mora! Os vendedores possuem barracas e vendem exatamente o mesmo
produto em pequenas quantidades, no permitindo qualquer tipo de controle de preos. Os
consumidores, por sua vez, demandam pequenas quantidades do produto, e, por esse motivo, no
conseguem negociar preos. Todas as barracas tendero a praticar o mesmo preo, sem qualquer
tipo de combinao prvia.
Um mercado monopolista se caracteriza pela existncia de uma nica grande empresa responsvel
pela produo de determinado produto. Nesse contexto, a empresa produtora tem total controle
sobre o nvel de preos e os consumidores se veem obrigados a pagar o preo determinado pela
empresa monopolista, uma vez que no h concorrncia. So mercados normalmente caracterizados
pela existncia de barreiras entrada de novas empresas, impostas pelo alto valor dos investimentos
necessrios para garantir um mnimo de concorrncia no mercado.
Alm disso, podem existir barreiras de natureza jurdica.
No Brasil, temos vrios exemplos de mercados monopolsticos:
PETROBRS na extrao e refino de petrleo; em Minas Gerais, a
CEMIG na produo e distribuio de energia eltrica; na Regio
Fonte: Disponvel em: < http://www.gustavodourado.com.br/feira1.jpg> Acesso em: 29/10/2009
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Autor: Joseane de Souza Fernandes
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Metropolitana de Belo Horizonte, a COPASA na captao, tratamento e distribuio de gua; dentre
outros.
Uma variao do mercado monopolista o mercado
monopsnico, caracterizado pela existncia de um nico
comprador, que tem total poder de determinao do preo do
produto a ser adquirido, pois se a empresa no vender toda a
sua produo para esse comprador, no vender para nenhum
outro. Esse tipo de mercado mais comum na indstria
automobilstica, onde uma pequena empresa produz uma pea
para um modelo especfico de automvel, sendo monopsonista a
montadora desse veculo. Como exemplo, podemos mencionar
uma empresa que produza o volante especfico do Idea, da FIAT
Automveis. Nesse caso, a FIAT Automveis uma empresa
monopsonista.
Um mercado oligopolstico se caracteriza pela existncia de poucas grandes empresas
responsveis pela produo de um determinado bem ou servio. Como so poucas e grandes, as
empresas podem controlar o nvel de preos, desde que estabeleam acordos informais entre si.
Tambm nesse caso os consumidores se vem obrigados a pagar o preo determinado pelas
empresas, uma vez que a concorrncia existe, mas na prtica controlada e pequena. Assim como
no mercado monopolstico existem barreiras entrada de novas empresas no mercado, impostas
principalmente pelo alto valor dos investimentos. Nesse caso, no h barreiras de natureza jurdica.
No Brasil so inmeros os mercados oligopolsticos: indstria
automobilstica; de bebidas e alimentos; qumica e farmacutica; de papel
e celulose; metalrgica e siderrgica, dentre outros.
Uma variao do mercado oligopolstico o mercado oligopsnico,
caracterizado pela existncia de um pequeno nmero de compradores,
com grande poder de interferncia no nvel de preos, at porque h uma
tendncia para o estabelecimento de acordos entre as empresas sobre o
preo a ser estabelecido nesse mercado. Como exemplos, podemos
mencionar indstria de bebidas quando consomem garrafas especficas
para cerveja; indstrias farmacuticas quando adquirem embalagens
prprias para comprimidos, etc.
Um mercado concorrencial monopolista, ou concorrencial imperfeito, caracteriza-se por um
nmero relativamente grande vendedores e compradores. Os produtos produzidos pelas empresas
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Autor: Joseane de Souza Fernandes
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que operam nesse mercado so diferenciados, ou seja, possuem caractersticas fsicas distintas,
embalagens diferentes, etc. Por outro lado, so substitutos prximos para o consumo.
Nesse mercado, h uma grande concorrncia e, por esse motivo, pode-se dizer que as firmas tm
baixo poder de determinao dos preos. Na tentativa de controlarem os preos as firmas procuram
inovar constantemente.
Como estratgias mais comuns de inovao, podemos mencionar a mudana da embalagem, o
lanamento do mesmo produto com sabor, cor e formato diferenciado, a incluso de brindes
promocionais, a utilizao de estratgias diferenciadas de marketing para a valorizao do produto,
dentre outros. Teoricamente, no h barreiras entrada de novas firmas nesse mercado, embora na
prtica as barreiras econmicas possam existir.
Bons exemplos para esse tipo de mercado so os mercados de refrigerantes, cigarros, sabonetes,
cremes dental, arroz, dentre outros.
Independentemente do tipo e da estrutura do mercado, em todo mercado sempre h dois agentes
econmicos: vendedores (ofertantes) e compradores (demandantes). Vamos, ento, estudar cada um
destes agentes para compreendermos o funcionamento dos mercados.
1.4. Teoria Elementar da Demanda
A demanda (ou a procura) individual comumente definida como a quantidade de um determinado
bem ou servio que um consumidor deseja adquirir em certo perodo de tempo (PINHO,
VASCONCELOS et al, 2003, p. 133). No se deve confundir demanda com compra... A demanda
efetiva se refere quantidade de bens e servios que o indivduo realmente adquiriu no mercado.
Como se viu, atravs dos tipos e das estruturas de mercado, na maioria dos
mercados existem vrios demandantes. Ento, em vez de trabalharmos com
a demanda individual, devemos trabalhar com a demanda de mercado
definida como sendo a soma das demandas individuais. Observe, tambm,
que a demanda est localizada no tempo.
A demanda depende de alguns fatores... Depende da necessidade, da preferncia e dos preos dos
bens substitutos e complementares. Para um determinado nvel de preos, quanto maior a
necessidade, maior a preferncia (ou gosto), quanto maior o preo dos bens substitutos e menor o
preo dos bens complementares, maior a demanda por um bem ou servio especfico.
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Autor: Joseane de Souza Fernandes
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Voc sabe o que um bem substituto? E um bem complementar? Para
melhor entender esses conceitos, considere dois produtos quaisquer, aqui
denominados A e B.
Esses bens sero substitutos se, aps um aumento do preo do bem A, verificarmos um
aumento da demanda por B. Substituies acontecem diariamente... Quando um consumidor
vai ao supermercado e verifica um aumento no preo da manteiga comum a substituio da
mesma por margarina; isso tambm acontece com marcas diferenciadas de arroz, de feijo,
leo e acar e uma infinidade de outros produtos.
Esses bens sero complementares se, aps um aumento do preo do bem, verificarmos
uma reduo da demanda por B. Na realidade, os consumidores demandaro menos dos
dois bens A e B, pois como so complementares, sempre que ele adquirir o bem A adquirir
tambm o bem B. So tambm vrios os exemplos de bens complementares... Sempre que o
consumidor demanda um caf ele consome acar (ou adoante), sempre que compra um
carro passa a consumir combustvel; quando pede uma cerveja (ou uma cachaa) sempre
compra um tira-gosto.
Uma vez que o consumidor decidiu que vai realmente adquirir um bem ou servio especfico, a
quantidade adquirida (quantidade demandada) desse bem depender do preo do prprio bem.
Com raras excees, o comportamento do consumidor expresso atravs
da LEI DA DEMANDA:
Quanto maior o preo de determinado bem ou servio, menor a quantidade demandada desse bem
ou servio. Analogamente, quanto menor o preo de determinado bem ou servio, maior a quantidade
demandada desse bem ou servio. Segundo a LEI DA DEMANDA, a quantidade demandada varia
inversamente com o nvel de preos.
Ateno: no o preo que varia com a quantidade demandada... A
quantidade demandada que varia em funo da variao do preo.
Refletindo essa relao inversa, a curva de demanda (tanto a individual quanto a de mercado)
negativamente inclinada.
TABELA 2: Quantidade demandada de milho, por nvel de preo
Pontos Preo por
quilo (R$)
Quantidade demandada
(1.000/Kg)
A 1 130
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B 2 110
C 4 80
D 7 50
F 10 20 Fonte: TRSTER e MOCHN, 2002, p. 49
GRFICO 2: Curva de Demanda por milho
0123456789
10
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
Quantidade demandada (1.000/Kg)
Pre
o
Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados da TABELA 2.
Ateno: como se mencionou anteriormente, h apenas duas excees... so os chamados bens de Giffen e bens de Veblen! A quantidade
demandada desses bens aumenta com o aumento do preo, contrariando a
LEI DA DEMANDA.
Bens de Giffen so, em geral, produtos baratos, que tm grande importncia no oramento das
famlias mais pobres. Quando o preo do bem de Giffen aumenta, os consumidores tendem a adquirir
quantidades maiores deste bem, porque apesar da elevao do preo ele ainda mais barato
comparativamente a outros produtos.
J os bens de Veblen so bens de luxo, como obras de arte e jias. Normalmente, o objetivo do
consumidor ao adquirir determinados bens mostrar para a sociedade sua riqueza... sendo assim,
quanto maior o preo destes bens, maiores quantidades sero adquiridas pelo consumidor ostensivo.
Nesses casos, a curva de demanda positivamente inclinada, refletindo a relao direta entre a
quantidade demandada desses bens e o preo dos mesmos.
Ateno: Graficamente, a variao da demanda representada pelo
deslocamento da curva de demanda. Se a demanda aumentar (em funo
de uma maior necessidade ou em decorrncia de um aumento da renda, por
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exemplo), a curva de demanda se desloca para cima e para a direita
(Grfico 3.1). Se a demanda diminuir, a curva se desloca para baixo e para
a esquerda (Grfico 3.2)
GRFICO 3: Deslocamentos da Curva de Demanda por milho
GRFICO 3.1 - Aumento da Demanda
DemandaInicial
DemandaFinal
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200
Quantidade Demandada
Pre
o (R
$)
Grfico 3.2 - Reduo da Demanda
DemandaInicialDemanda
Final
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200
Quantidade Demandada
Pre
o (R
$)
Fonte: Elaborao prpria, a partir da manipulao dos dados da Tabela 2.
Se os preos variarem, a quantidade demandada varia, no a demanda. Por esse motivo, observam-
se deslocamentos sobre a prpria curva. Se os preos diminurem a quantidade demandada aumenta
e ser observado um deslocamento de cima para baixo na curva de demanda (Figura 1.1); se os
preos aumentarem a quantidade demandada diminui e ser observado um deslocamento de baixo
para cima na curva de demanda (Figura 1.2)
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FIGURA 1: Deslocamentos sobre a curva de Demanda
Fonte: Elaborao prpria, a partir da manipulao dos dados da Tabela 2.
At aqui estudamos um componente do mercado: a Demanda. Vimos porque, em geral, ela
negativamente inclinada, os motivos que provocam o seu aumento e, tambm, o fator que provoca
variaes nas quantidades demandadas. Passemos agora ao estudo do outro componente do
mercado: a Oferta.
Cuidado... muito cuidado para no misturar e confundir as coisas... so componentes distintos, que
interagem entre si e influenciam no equilbrio de mercado, a ser estudado mais tarde.
1.5. Teoria Elementar da Oferta
A oferta definida como sendo a quantidade de bens e servios que os produtores desejam vender
por unidade de tempo (PINHO, VASCONCELOS et al, 2003, p. 138). Assim, como o conceito de
demanda, o conceito de oferta se refere a um desejo e no a uma venda concreta, j realizada. Esse
conceito tambm faz aluso ao tempo, indicando que a oferta, assim como a demanda, varia em
funo do tempo.
Cuidado, ainda, para no confundir oferta com liquidao.
Como vimos anteriormente, na maioria dos mercados existem vrios ofertantes. Para analisarmos o
mercado vamos, ento, considerar a oferta de mercado, que nada mais do que a soma das ofertas
das firmas individuais. claro que no caso dos monoplios, a oferta de mercado coincide com a
oferta da firma monopolstica.
P
80 20
P
Quantidade
Figura 1.1 - Aumento da Quantidade demandada
80
4,00
20
D0
10,00
Figura 1.2 - Reduo da Quantidade demanda
4,00 D0
10,00
Quantidade
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A oferta determinada pela tecnologia utilizada pelas empresas em seus processos produtivos,
sendo que, para um dado nvel de preos, quanto mais avanada for a tecnologia da empresa, maior
a oferta de bens e servios no mercado.
Alm da tecnologia, a oferta depende, tambm, do preo dos fatores produtivos (terra, capital e
trabalho) que influenciam nos custos de produo e, portanto, no lucro auferido pela empresa com a
comercializao do produto. Ceteris paribus, quanto menor o custo dos fatores de produo, maior a
oferta de bens e servios na economia.
A expresso ceteris paribus lhe familiar? Sabe o que significa? uma
expresso latina bastante usada pelos economistas. Seu significado: ... se
tudo o mais permanecer constante... usada para simplificar o raciocnio...
Uma vez que a empresa j decidiu qual produto vai produzir e disponibilizar no mercado, a
quantidade a ser produzida depender do nvel de preos de mercado do bem a ser produzido. O
comportamento da empresa expresso atravs da LEI DA OFERTA: Quanto maior o preo, maior a
quantidade ofertada de bens e servios pela empresa. Do mesmo modo, quanto menor o preo,
menor a quantidade ofertada de bens e servios. Nesse caso h uma relao direta entre o preo do
bem ou servio e a quantidade ofertada dos mesmos pela empresa no mercado. A curva de oferta de
mercado positivamente inclinada, como reflexo desta lei.
TABELA 3: Quantidade Ofertada de Milho, por nvel de preo
Pontos
Preo
por
quilo (R$)
Quantidade
demandada (1.000/Kg)
G 1 20
H 2 40
I 4 80
J 7 120
K 10 150 Fonte: TRSTER e MOCHN, 2002, p. 51
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GRFICO 3: Curva de Oferta de Milho
0123456789
10
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
Quantidade ofertada (1.000/Kg)
Pre
o
Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados da TABELA 3
Ateno: Graficamente, a variao da oferta representada pelo
deslocamento da curva de oferta. Choques positivos de oferta - como a
reduo do preo dos fatores de produo assim como a introduo de uma
inovao tecnolgica no processo produtivo deslocam a curva de oferta
para baixo e para a direita, indicando ter havido um aumento da oferta, para
um dado nvel de preos (Grfico 4.1). J os choques negativos de oferta
como o aumento do preo dos fatores de produo deslocam a curva de
oferta para cima e para a esquerda, indicando ter havido uma reduo da
oferta, para um dado nvel de preos (Grfico 4.2).
-
Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
Unidade de Educao a Distncia | Newton 19 | P g i n a
GRFICO 4: Deslocamentos da Curva de Oferta de Milho
Grfico 3.1 - Aumento da Oferta OfertaFinal
OfertaInicial
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200
Quantidade Ofertada
Pre
o (R
$)
Grfico 3.2 - Reduo da OfertaOfertaFinal
OfertaInicial
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200
Quantidade Ofertada
Pre
o (R
$)
Fonte: Elaborao prpria, a partir da manipulao dos dados da Tabela 3.
Se os preos variarem, a quantidade ofertada varia. Nesse caso, sero observados deslocamentos
sobre a curva de oferta. Se os preos aumentarem, as firmas ofertaro quantidades maiores de seus
produtos (Figura 2.1), implicando reduo da ociosidade da capacidade produtiva da empresa. Se os
preos diminurem, as firmas ofertaro quantidades menores (figura 2.2), aumentando a capacidade
ociosa na empresa.
-
Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
Unidade de Educao a Distncia | Newton 20 | P g i n a
FIGURA 2: Deslocamentos sobre a curva de Oferta
Fonte: Elaborao prpria, a partir da manipulao dos dados da Tabela 3.
Agora que sabemos os conceitos e as informaes bsicas sobre Demanda e Oferta, vamos analisar
como essas variveis se interagem e determinam, conjuntamente, o ponto de equilbrio do mercado.
(ateno: incluso, seguindo a orientao anterior, no fechamento da unidade 2.5).
1.6. O equilbrio de mercado
Um mercado estar em equilbrio quando, a um determinado nvel de preos, a quantidade ofertada
no mercado for exatamente igual quantidade demanda nesse mercado. Quando um mercado
encontra-se em equilbrio no existem presses descendentes nem ascendentes sobre o nvel de
preos.
GRFICO 4: EQUILBRIO NO MERCADO DE MILHO
Demanda
Oferta
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
Quantidade (1.000/Kg)
Pre
o (R
$)
Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados das TABELAS 2 e 3
Oferta
4,00
80
7,00
120
P
Quantidade ofertada
Oferta
4,00
80
7,00
120
P
Quantidade ofertada
Ponto de Equilbrio
-
Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
Unidade de Educao a Distncia | Newton 21 | P g i n a
Deve-se ressaltar que raramente um mercado estar em equilbrio, dado o dinamismo da economia e
s imperfeies das informaes. Na maioria das vezes os mercados se encontram em desequilbrio.
No entanto, segundo a teoria econmica, algumas foras sempre empurram o mercado para aquele
ponto, ainda que na prtica ele jamais se verifique. A situao de equilbrio , ento, sempre tomada
como referncia!
Vamos entender essas foras de mercado - tambm conhecidas pelo termo
mo invisvel - que sempre atuam no sentido de induzi-lo ao ponto de
equilbrio.
Sempre que o preo de mercado estiver abaixo do preo de equilbrio, haver um excesso de
demanda nesse mercado, ou seja, muitos indivduos desejando adquirir uma quantidade de
determinado produto que, para aquele nvel de preos, encontra-se limitada, reduzida. Em
decorrncia do excesso de demanda em relao oferta, os preos dos produtos subiro,
estimulando as empresas a ofertarem uma maior quantidade do produto e desestimulando a
demanda deles (muitos consumidores deixaro de comprar o produto e outros compraro
quantidades significativamente menores comparativamente que compraria se o seu preo
permanecesse constante).
O efeito simultneo da elevao dos preos sobre as quantidades ofertadas e demandadas (de
acordo com as leis da oferta e procura, respectivamente) levaria o mercado ao equilbrio, ou seja, ao
ponto no qual as quantidades que as firmas desejam vender coincidem com as quantidades que os
consumidores desejam comprar.
Do mesmo modo, quando o preo de mercado estiver acima do preo de equilbrio, haver um
excesso de oferta nesse mercado, ou seja, a quantidade que as firmas desejam vender encontra-se,
para aquele nvel de preos, superior quantidade que os consumidores desejam comprar. Nesse
caso, os preos tendero a diminuir, estimulando a demanda por parte dos consumidores e,
simultaneamente, desestimulando a oferta por parte dos produtores, at o momento em que os
interesses dos dois agentes coincidem.
Viu como fcil? Mas no deixe de praticar... Isso o ajudar a fixar melhor os conceitos, a
desenvolver o raciocnio abstrato e, claro, a entender o comportamento dos demandantes e
ofertantes em cada mercado.
Pea ao professor tutor a indicao de exerccios de fixao. Com certeza, a prtica o ajudar muito!
Dando continuidade matria, j sabemos que o ponto de equilbrio apenas uma referncia e que,
na maioria das vezes, os mercados se encontram em desequilbrio.
-
Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
Unidade de Educao a Distncia | Newton 22 | P g i n a
Vamos, ento, no prximo tpico analisar como os mercados, uma vez desequilibrados, retornam ao
equilbrio. Mas, para isso, as questes anteriormente expostas devem estar bem assimiladas por
voc!!!
1.7. Mudanas no ponto de equilbrio e os mecanismos para o reequilbrio
J sabemos, ento, que um mercado formado por duas variveis bsicas: Oferta e demanda.
Sabemos, tambm, que a oferta varia ao longo do tempo, em decorrncia de mudanas tecnolgicas
e de variaes nos preos dos fatores de produo. Vimos que a demanda tambm varia com o
passar do tempo, em decorrncia de mudanas na renda do consumidor e de variaes no gosto e
nas necessidades individuais. A questo que sempre que a demanda e/ou a oferta se alterarem, o
ponto de equilbrio do mercado tambm ir se modificar... O ponto de equilbrio de mercado no um
ponto esttico, varia no tempo em resposta s mudanas das caractersticas das variveis
econmicas (oferta e demanda).
Vamos entender o processo de reequilbrio!
Considere, por exemplo, o aumento na renda dos consumidores. Como vimos, quando isso acontece
os consumidores desejaro adquirir quantidades maiores de determinados bens e servios, aos
preos verificados no mercado. Com isso, haver um excesso de demanda em relao oferta
daquele bem ou servio, naquele momento e, como conseqncia desse desequilbrio, o preo de
mercado ir aumentar. O aumento do nvel de preos ir estimular a produo por parte das firmas,
que aumentaro a quantidade ofertada desse produto no mercado. Ao mesmo tempo, muitos
consumidores se sentiro desestimulados a comprarem quantidades adicionais do produto, dada a
elevao dos preos (estariam dispostos a fazer isso se os preos estivessem constantes), sendo
verificada, nesse momento uma reduo na quantidade demandada. Devido ao da LEI DA
OFERTA E PROCURA o mercado se reequilibrar... Isso ocorrer com nveis de preo e quantidades
de equilbrio maiores comparativamente queles do momento inicial. (FIGURA 3)
-
Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
Unidade de Educao a Distncia | Newton 23 | P g i n a
FIGURA 3: Processo de re-equilbrio do mercado (I)
Fonte: Elaborao prpria a partir da manipulao dos dados das TABELAS 2 e 3
Considere, agora, uma fazenda, na regio Nordeste do pas, que adote tcnicas de irrigao no
cultivo de milho. Nesse caso, a oferta de milho no mercado nordestino e brasileiro ir aumentar,
gerando um excesso de oferta, ao nvel de preos praticados no mercado. O excesso de oferta
obrigar os produtores a reduzirem os preos para permitirem a venda dos estoques. A reduo do
preo aumentar a quantidade demandada e reduzir a quantidade ofertada. Esse mercado ir se
reequilibrar com preos mais baixos, comparativamente ao momento inicial, e com nveis maiores de
quantidades ofertadas e demandadas (FIGURA 2)
Oferta
DemandaInicial
DemandaFinal
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340
Quantidade
Pre
o (R
$)
Equilbrio Final
Equilbrio Inicial
Excesso de Demanda
-
Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
Unidade de Educao a Distncia | Newton 24 | P g i n a
FIGURA 4: Processo de re-equilbrio do mercado (II)
Fonte: Elaborao prpria a partir da manipulao dos dados das TABELAS 2 e 3
Procure, aps cada mudana, identificar o EXCESSO. Atravs dele, voc
conseguir explicar o processo de reequilbrio, como fizemos nos exemplos
acima.
Que tal avanarmos um pouco mais em nossa disciplina agora que voc j conhece os conceitos
fundamentais da teoria microeconmica e o mecanismo de (re)equilbrio de mercado?
Vamos introduzir novos conceitos que nos ajudaro a entender os processos de (re)equilbrio,
considerando-se as especificidades dos vrios tipos de mercados. So os conceitos de elasticidade!
Est pronto para essa prxima etapa?
Ento, vamos l...
1.8. O Estudo da Elasticidade
Finalmente, vamos entender um conceito muito importante e til para melhor compreenso dos
mecanismos de funcionamento dos mercados: o conceito de elasticidade.
Por elasticidade entendemos, de modo geral, a sensibilidade de uma varivel em relao outra, ou
seja, em que medida uma varivel varia em funo da variao da outra. Aqui trataremos dos 3
OfertaInicial
Demanda
OfertaFinal
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Quantidade
Pre
o
Equilbrio Inicial
Equilbrio Final
Excesso de Oferta
-
Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
Unidade de Educao a Distncia | Newton 25 | P g i n a
principais tipos de elasticidade: elasticidade-preo da demanda, elasticidade-preo da oferta e
elasticidade-renda da demanda. Vamos l! Continue a leitura!
1.8.1. Elasticidade-Preo da Demanda
O coeficiente de elasticidade-preo da demanda mede a sensibilidade da demanda por um produto
em relao s variaes nos preos do mesmo. Matematicamente, a elasticidade-preo da demanda
estimada pela frmula:
p = Qd/Qd P/P Onde:
Ep = Elasticidade Preo da Demanda
Qd = Quantidade demandada
P = Preo
Esse coeficiente varia de a 0 assumindo, portanto, valores negativos (apesar de nos manuais de
economia ser apresentado em mdulo) refletindo a relao inversa entre preos e quantidade
demandada. Como interpretar os resultados?
Se o coeficiente de elasticidade-preo da demanda for menor do que -1, a demanda por um
determinado produto elstica em relao ao preo, significando que a uma pequena
variao no preo ser observada uma grande variao na quantidade demandada. Se por
exemplo, o coeficiente de elasticidade-preo da demanda por cinema para Joaquim for -2 (ou
2, se vier expresso em mdulo), se os preos das entradas sofrerem uma reduo de 10%,
Joaquim aumentar sua demanda por cinema em 20%.
Se o coeficiente for maior que -1 e inferior a zero, a demanda inelstica em relao ao
preo. Significa dizer que a variao percentual da quantidade demandada inferior
variao percentual do preo. Se por exemplo, o coeficiente de elasticidade-preo da
demanda por energia eltrica for 0,5 e se a Cemig aumentar o preo da tarifa de energia
eltrica em 10%, Maria ir reduzir seu consumo de energia eltrica em apenas 5%.
Casos especiais: Se o coeficiente for 0, a demanda ser completamente inelstica e a
quantidade consumida ser constante, independentemente do preo. No outro extremo, se o
coeficiente for infinito, a quantidade demandada varia, ainda que o preo permanea
constante.
Voc deve estar se perguntando: Por que isso importante? Para que isso
serve? Para ajud-lo a pensar sobre a questo, vou lhe fazer uma pergunta:
Por que um produto tem demanda elstica e outro tem demanda inelstica?
-
Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
Unidade de Educao a Distncia | Newton 26 | P g i n a
O que determina essa elasticidade ou inelasticidade a estrutura de mercado. Como vimos
anteriormente, uma estrutura de mercado mais competitiva, concorrencial, torna a demanda pelos
produtos mais elstica. Por qu? Como o mercado competitivo, existe uma grande quantidade de
bens substitutos, permitindo ao consumidor escolher, dentre todos, os produtos mais baratos. Por
outro lado, em mercados menos competitivos, ou, se preferir, mais monopolsticos, como a
quantidade de bens substitutos pequena, ou inexistente, ao consumidor no resta escolha,
tornando a demanda pelo produto inelstica.
Isso, se raciocinarmos em relao aos interesses do consumidor.
E o produtor, onde entra nesta histria? Esses coeficientes so tambm de extrema importncia para
os produtores... Voc sabia que nem sempre um aumento de preo implica em aumento da receita
advinda das vendas, para o produtor? s vezes um aumento dos preos reduz a receita e, portanto,
os lucros da firma. Isso acontece porque alguns produtos so elsticos e outros inelsticos.
Uma firma que comercializa produtos de demanda inelstica em relao ao preo aumenta sua
receita e lucro quando aumenta os preos dos produtos, pois como no h bens substitutos os
consumidores se vem obrigados a pagarem o preo imposto pela firma. Nesse caso, eles deixam de
consumir outros produtos para manterem o consumo do produto em questo.
No caso dos produtos elsticos, um aumento do preo provoca uma reduo nas receitas e nos
lucros das firmas e isso acontece porque o consumidor pode substituir o produto que ficou mais caro
por um produto substituto, mais barato.
O coeficiente de elasticidade-preo nos d a inclinao da curva de
demanda. Sendo assim, para avaliar o equilbrio e re-equilbrio em um
mercado faa curvas de demanda mais inclinadas para mercados onde a
concorrncia pequena ou nula e menos inclinas para mercados onde a
concorrncia maior.
1.8.2. Elasticidade-Preo da Oferta
O coeficiente de elasticidade-preo da oferta mede a sensibilidade da oferta de um produto em
relao s variaes nos preos do mesmo. Matematicamente, a elasticidade-preo da oferta
estimada pela frmula:
= Q/Q P/P
Onde:
-
Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
Unidade de Educao a Distncia | Newton 27 | P g i n a
Eo = Elasticidade Preo da Oferta
Qo = Quantidade ofertada
P = Preo
Ao contrrio da elasticidade preo da demanda, a elasticidade-preo da oferta sempre positiva,
tendo em vista a relao direta entre o preo e a quantidade ofertada, como preconiza a Lei da
Oferta. Esse coeficiente varia de 0 a +.
Se o coeficiente for maior que zero e menor que 1 a oferta inelstica. Isso vai acontecer
sempre que as firmas estiverem trabalhando em um ponto abaixo, porm muito prximo da
curva de possibilidade de produo, ou seja, quando as firmas estiverem operando com
quase toda a sua capacidade produtiva.
Se o coeficiente for maior que 1 a oferta elstica. Nesse caso, a empresa estar operando
em um ponto muito abaixo da curva de possibilidade de produo, ou seja, em um ponto de
grande capacidade ociosa, o que torna possvel aumentar significativamente a produo em
funo de pequenos aumentos nos nveis de preos.
Casos especiais: Se o coeficiente for igual a 0 a oferta completamente inelstica. Nesse
caso, a empresa estaria operando em um ponto sobre a curva de possibilidade de produo.
Se o coeficiente for infinito, a oferta ser completamente elstica.
O coeficiente de elasticidade-preo da oferta determina a inclinao da
curva de oferta. Para representar situao de grande capacidade ociosa
faa uma curva de oferta mais plana, mais horizontal, para representar uma
oferta mais elstica; para representar firmas ou mercados prximos ao
pleno emprego, faa curvas de oferta mais inclinadas.
1.8.3. Elasticidade-Renda da Demanda
Seguindo o mesmo raciocnio, o coeficiente de elasticidade-renda reflete as variaes na demanda
em funo das variaes na renda do consumidor. De modo geral, um aumento na renda eleva a
demanda, mas essa afirmativa no verdadeira para todos os produtos. Voc sabe por qu?
Quando a renda do indivduo aumenta, a sua demanda por alguns produtos, considerados de
consumo saciado, no sofrer ou sofrer apenas um pequeno impacto. Pense no consumo de arroz
para a maioria dos brasileiros: voc esperaria um grande aumento no consumo de arroz se a renda
do brasileiro aumentasse? provvel que no! Mesmo que a renda do brasileiro aumentasse, o
aumento do consumo de arroz seria relativamente pequeno, em relao ao aumento da renda, pois
-
Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
Unidade de Educao a Distncia | Newton 28 | P g i n a
esse produto, arroz, um prato tradicional da cozinha brasileira e consumido por pessoas de todas
as classes de renda, em quantidades que satisfazem a maioria dos consumidores. Sendo assim, a
demanda por arroz inelstica em relao renda. Pensando em valores, o coeficiente de
elasticidade estaria entre 0 e +1, sendo arroz classificado como um bem normal de consumo
saciado.
Vejamos agora outra situao... Quando a renda do indivduo aumenta, a demanda por alguns
produtos se eleva significativamente. Alcanando determinado nvel de renda, os indivduos tendem
a consumir produtos que no consumiam antes, como transportes areos, hospedagem em hotis de
luxo, aparelhos televisores de LCD, notebooks, dentre outros. O consumo destes produtos s
possvel aps o aumento da renda e, portanto, esses bens so considerados bens de luxo.
Pensando em valores, o coeficiente de elasticidade-renda seria positivo e maior que 1.
Finalmente, aps experimentar um aumento de renda, o consumidor pode deixar de consumir alguns
produtos e substituir por outros de melhor qualidade, mais caros, mais luxuosos. Nesse caso, o
coeficiente de elasticidade-renda seria negativo (menor que 0) e o bem seria classificado como um
bem inferior. comum o indivduo deixar de andar de nibus, quando atinge um nvel de renda que
o permite comprar um carro ou uma motocicleta; tambm comum deixar de consumir carne de
segunda e substituir por carne de primeira. Viagens de nibus e carnes de segunda seriam exemplos
de bens inferiores.
Matematicamente o coeficiente de elasticidade-renda da demanda seria expresso por:
y = Qd/Qd Y/Y
Onde:
Ey = Elasticidade renda da demanda
Qd = Quantidade demandada
Y = renda
Aprendemos, nesta unidade, os conceitos fundamentais da teoria microeconmica. So conceitos
muito importantes que nos ajudaro a compreender as demais unidades do nosso curso. Mas, antes
de passarmos para frente, para a anlise macroeconmica, seria bom verificarmos a aplicabilidade
desses conceitos. Voc vai perceber que tratamos aqui de questes que fazem parte do nosso
cotidiano. Voc j deve ter percebido que Economia no um bicho de sete cabeas!
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Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
Unidade de Educao a Distncia | Newton 29 | P g i n a
2. Teoria na Prtica
Vamos pensar a respeito do Fordismo, um modelo de produo criado por Henry Ford e implantado
em sua fbrica em Detroit, EUA, na primeira dcada do sculo XX. Sua principal caracterstica se
basear na produo e no consumo em massa e sua implantao revolucionou a indstria
automobilstica tanto nos Estados Unidos quanto no resto do mundo.
A lgica do fordismo a produo em srie atravs da adoo da linha de montagem que permitiu
significativa reduo do custo de produo do automvel. Alm disso, uma grande preocupao de
Henry Ford era permitir que os prprios operrios de sua fbrica tivessem condies de adquirir os
veculos que produziam e para atingir esse objetivo ele aumentou dobrou - os salrios de seus
empregados.
Os argumentos de Ford se basearam nos estudos vistos nessa unidade. A reduo do custo de
produo do automvel obtido pelo fordismo permitiu que o preo dos automveis fosse reduzido
sensivelmente pelo aumento da oferta, fazendo com que a demanda do automvel fosse aumentada.
Alm disso, o aumento dos salrios pagos pela Ford afetou um importante determinante da demanda,
que a renda. Nessa situao, dois fatores importantes foram alterados para possibilitar o aumento
das vendas de automveis Ford: o preo do produto pelo aumento da oferta e a renda dos
consumidores pelo aumento nos salrios pagos.
Para voc, uma ideia: a produo de automveis Ford nos primeiros anos da dcada de 20 superou a
casa dos 2 milhes de unidades.
Diante dessa situao provocada pela implantao do fordismo, as demais empresas produtoras de
veculos se viram obrigadas a tambm implementarem o fordismo em suas linhas de produo para
que pudessem competir com esse crescente volume de produo obtido pela Ford. Com isso, o
produto automvel, pelo aumento da concorrncia, se tornou um produto de demanda elstica
contribuindo ainda mais para a popularizao do automvel na nossa sociedade.
Como podemos perceber, a lgica do fordismo se baseia na lgica do mercado no qual operam tanto
foras no lado da oferta quanto foras no lado da demanda.
-
Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
Unidade de Educao a Distncia | Newton 30 | P g i n a
Outro ponto importante que podemos analisar, tendo o fordismo como nossa referncia, diz respeito
ao processo de concentrao de mercado pelo qual passou e continua passando - a indstria
automobilstica brasileira.
Como a competio entre as empresas produtoras de automveis aumentou em funo do aumento
da oferta de automveis existe uma presso para baixo nos preos dos veculos. Ao longo do tempo,
portanto, ocorre um processo de fuso entre empresas, reduzindo o nmero de empresas produtoras
de automveis e assim tornando esse mercado mais concentrado e facilitando que as empresas se
organizassem em cartis com o intuito de manipular o preo dos seus produtos no mercado.
-
Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
Unidade de Educao a Distncia | Newton 31 | P g i n a
3. Recapitulando
Na Unidade I, aprendemos alguns conceitos importantes em Economia: entendemos a importncia e
o significado da curva de possibilidade de produo e o conceito de custo de oportunidade. Vimos
que qualquer escolha implica em custos de oportunidade.
Aprendemos que existem vrios tipos e estruturas de mercado, e que essas variaes tm reflexos
sobre a determinao de preos e quantidades de equilbrio. No mercado monopolstico a empresa
tem total poder de determinar o preo do produto, cabendo ao consumidor pagar pelo mesmo, se
quiser ter acesso a esse produto. Os mercados concorrenciais so mais favorveis aos
consumidores, j que os preos praticados pelas firmas tendem a ser mais baixos.
Entendemos, tambm, que um mercado composto por duas variveis fundamentais: oferta e
demanda. Cada varivel tem suas caractersticas especficas, mas no mercado interagem e, em
conjunto, determinam os preos e as quantidades de equilbrio. Aprendemos, ainda, que raramente
um mercado estar em equilbrio, mas a teoria econmica acredita que h uma tendncia para
convergir em sua direo e, por esse motivo, a situao de equilbrio sempre tomada como
referncia.
Aprendemos, contrariando o senso comum, que nem sempre aumentar o preo uma boa estratgia
para o produtor. s vezes, a melhor estratgia para aumentar a lucratividade de uma empresa
justamente a reduo do preo dos produtos por ela comercializados. Para isso, trabalhamos com o
conceito de elasticidade-preo da demanda.
Vimos, tambm, que o aumento da renda eleva a demanda de alguns produtos, mas no de todos.
Para isso, analisamos o conceito de elasticidade-renda da demanda.
Finalmente, compreendemos que nem sempre o aumento do preo do produto implicar o aumento
da produo dele. A empresa s conseguir expandir sua produo aps o aumento do preo, se
houver capacidade ociosa.
-
Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
Unidade de Educao a Distncia | Newton 32 | P g i n a
Unidade 2: Noes de Macroeconomia
1. Contedo Didtico Caro aluno, na Unidade I estudamos os conceitos fundamentais da microeconomia e, uma vez que j
assimilamos esses conceitos, estamos preparados para avanarmos em nossos conhecimentos.
Muitos deles, apesar de relacionados microeconomia, sero teis nesta unidade... Sabe por qu?
Porque, na realidade, as anlises micro e macro se referem mesma coisa... mas com focos
diferenciados. Como vimos, a anlise micro nos fornece detalhes de um mercado especfico.
Observe, no entanto, que no mundo real existem vrios mercados - o mercado de automveis,
imobilirio, de computadores, de eletrodomsticos, de vesturio, de alimentos e bebidas, de trabalho,
dentre outros que se relacionam entre si, na medida em que a produo de um serve de insumo
para o outro; na medida em que o funcionamento de um no s depende, mas influencia o
comportamento do outro.
A anlise macro mais abrangente. Ela trata esses mercados conjuntamente, ou seja, no faz a
distino entre o mercado de automveis e o mercado imobilirio, por exemplo. Isso nos permite
compreender as caractersticas globais (macro) de um sistema econmico.
Antes de entramos na anlise macroeconmica propriamente dita, precisamos compreender alguns
conceitos fundamentais. Por esse motivo, vamos estudar, neste primeiro tpico, alguns conceitos de
Contabilidade Social.
1.1. Noes de Contabilidade Social
Contabilidade Social: trata da mensurao da atividade econmica e social em seus mltiplos aspectos. a matria que define e sistematiza regras para a produo e a organizao contnua de informaes relevantes (agregados macroeconmicos, indicadores de desenvolvimento) para a economia como um todo, orientando assim a tomada de decises pblicas e privadas (FEIJ et al, 2003, p. 3).
Voc est pronto para comear? Ento, vamos l!
1.1.1. Valor adicionado, renda e dispndio
Voc sabe por que o po de sal custa mais caro que a farinha de trigo e por que a farinha de trigo
custa mais caro que o gro de trigo? A resposta a esta pergunta est na transformao pela qual
passa cada um destes produtos nas vrias etapas da cadeia produtiva. Por exemplo, o gro de trigo
-
Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
Unidade de Educao a Distncia | Newton 33 | P g i n a
beneficiado e modo e se transforma na farinha de trigo que, por sua vez, beneficiada e combinada
a outros insumos (como acar, fermento, leite e ovos) pelo panificador que a transforma em
pozinho francs, consumidos por ns, habitualmente, no caf da manh. Observe que, na primeira
etapa, foi adicionado valor ao trigo, na sua transformao em farinha, tendo ocorrido o mesmo na
segunda etapa, quando a farinha foi transformada em pozinho de sal.
Valor adicionado isso... o valor agregado ao produto em cada etapa do processo produtivo.
Renda, na macroeconomia, no se refere somente ao salrio do indivduo. Aqui esse conceito mais
amplo e se refere a toda e qualquer remunerao pagas pela utilizao dos fatores de produo.
Voc se lembra dos fatores de produo estudados na Unidade 1, Terra,
capital e trabalho?
A cada um dos fatores corresponde uma remunerao especfica.
O proprietrio da terra recebe como renda um aluguel pelo seu uso. Por exemplo: muito comum, na
nossa agricultura, a figura do meeiro, que aquele agricultor que, por no possuir terra prpria, se
utiliza da terra de outras pessoas e paga por esse uso. Esse pagamento pode ser feito em espcie
(parte da mercadoria produzida nessa terra) ou em dinheiro.
O proprietrio do capital recebe como renda o lucro, o pr-labore, os juros ou os dividendos, sendo:
Os proprietrios de capitais convertidos em mquinas e equipamentos recebem lucro;
O esforo do proprietrio da empresa na sua gesto tem como remunerao o pr-labore
(pelo trabalho, traduzindo livremente do latim para o portugus);
Os proprietrios de capitais aplicados no mercado financeiro (bancos, corretoras de
valores, dentre outros) recebem juros;
Os proprietrios de capitais aplicados no mercado de capitais (bolsa de valores) recebem
dividendos.
Os trabalhadores, proprietrios da fora de trabalho, recebem salrios ou honorrios.
Os salrios so pagos pelos empregadores queles realizam atividade produtiva;
Os profissionais liberais, prestadores de servios, recebem honorrios.
Matematicamente, a renda expressa por:
Y = W + A + L + J
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Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
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Onde:
W = salrios
A = Aluguis
L = lucros
J = Juros
O dispndio, por sua vez, representa um gasto que pode ser tanto dos consumidores, quanto do
governo como das empresas privadas.
O gasto dos consumidores denominado consumo; os dispndios do governo so tratados como
gastos governamentais ou gastos pblicos e os dispndios das empresas privadas so considerados
investimentos.
O dispndio total, tambm conhecido como demanda agregada, a soma dos dispndios privados
com os dispndios pblicos, como se pode notar pela frmula:
DA = C + I + G
Sendo:
DA = Demanda Agregada
C = Consumo privado
I = Investimento privado
G = Gastos governamentais
Uma vez que conhecemos o conceito dessas trs variveis, conseguimos compreender o fluxo
circular da renda e da produo, representado na figura abaixo. Ele se inicia pela contratao dos
fatores de produo, por parte da empresa, determinando a existncia da renda dos fatores de
produo. Em um sistema econmico, toda a produo transferida, atravs das remuneraes dos
respectivos fatores, para as famlias proprietrias deles. Sendo assim, as famlias proprietrias de
empresas recebem lucros e pr-labore; os proprietrios de terra recebem os aluguis; os proprietrios
de capitais monetrios recebem juros; e, finalmente, os trabalhadores recebem os salrios e
honorrios.
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Disciplina: Economia
Autor: Joseane de Souza Fernandes
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Fluxo Circular da Renda e da Produo
GOVERNO
EMPRESASFAMLIAS
Y = W + A + L + J
CONSUMO (C)
INSTITUIESFINANCEIRAS
POUPANA (S)
IMPOSTOS (T)
INVESTIMENTO (I)
GASTOS (G)
Fonte: FROYEN, Richard (1999: 95)
Como se pode observar no Fluxo Circular, uma vez possuidores de renda na forma de moeda, cada
agente econmico incorrer em dispndios.
Os trabalhadores gastaro uma parcela da renda monetria com a aquisio de bens e servios, e a
outra parcela ser poupada. Note que nem todas as famlias podero poupar, j que a capacidade de
poupana depende da renda do indivduo e/ou da famlia. No entanto, considerando o sistema
econmico em seu conjunto, sempre haver poupana, porque sempre haver famlias com
capacidade de poupar. As poupanas so, por sua vez, realizadas em alguma instituio financeira...
Voc j viu algum guardar dinheiro debaixo do colcho? Mesmo se j viu,
isso no poupana! Em Economia isso se chama entesouramento.
Os empresrios adquiriro novas mquinas, equipamentos e matrias-primas para darem incio a um
novo ciclo produtivo, ou seja, realizaro investimentos. Mesmo os empresrios que no tm recursos
prprios para o financiamento do investimento podero realiz-lo. Sabe como? Buscando
emprstimos no sistema financeiro. De onde saem os recursos que os bancos emprestam para os
empresrios? Das poupanas realizadas pelas famlias... incrvel, no ?
No podemos esquecer que uma parte da renda dos indivduos destinada ao pagamento de
impostos ao governo. Por que pagamos impostos? Para podermos ter nossa disposio os servios
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pblicos essenciais nossa vida em sociedade, como escolas, hospitais, segurana pblica, vias
pavimentadas, etc... O governo tambm utiliza os recursos arrecadados atravs de impostos para o
pagamento das aposentadorias e das penses e para os programas de transferncia de renda, como
o caso do programa bolsa famlia.
Espero que voc esteja compreendendo esses conceitos. Como mencionei
anteriormente, eles so imprescindveis para que voc consiga entender a
anlise macroeconmica.
Alguns novos conceitos, relacionados a estes sero tambm estudados. Voc j deve ter ouvido falar
em PIB, em PNB... Voc sabe realmente o significado desses termos? sobre eles que
conversaremos no prximo tpico. Vamos l, no desanime!!!
1.1.2. PIB, PNB, PIL, RN e RPD
Voc sabe o que PIB?
Imagino que deve voc deve estar pensando na seguinte resposta: PIB o Produto Interno Bruto....
Muito bem, voc est certo! Mas voc saberia dizer o que o PIB representa? O PIB um dos
principais agregados macroeconmicos e, por definio, constitudo por todos os bens e servios
finais produzidos dentro dos limites territoriais de um pas, por todas as unidades produtivas (pblicas
e privadas) durante determinado perodo de tempo (FEIJ et al, 2003). Observe que so
contabilizados apenas os bens e servios finais, ou seja, aqueles que j esto prontos para serem
disponibilizados no mercado consumidor e adquiridos pelas famlias.
O PIB expresso em valores monetrios. Para entender isso, imagine como
seria a contabilizao da produo interna brasileira se considerarmos as
quantidades de mesas, cadeiras, tesouras, lpis, batatas, automveis,
servios diversos produzidos no pas... Como seria possvel somar as
quantidades produzidas de produtos to distintos? A melhor forma
converter todas essas quantidades em valores monetrios, a partir dos
preos praticados nos mercados de cada uma dessas mercadorias. isso
que define a medida do PIB a preos de mercado.
Para voc ter uma ideia do que estamos falando, o PIB brasileiro em 2008 foi de R$2,9 trilhes!!!
Devemos salientar que a contabilizao do PIB de um pas sofre algumas limitaes. Pense nas
seguintes questes: como contabilizar a produo de uma dona de casa? E aquela realizada pelos
trabalhadores no mercado informal de trabalho? Essas atividades esto fora da contabilizao do
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PIB... Alm desses exemplos, temos ainda problemas com a contabilizao das transaes
econmicas que envolvem bens que foram produzidos em perodos anteriores. Nesses casos, so
contabilizados como produo corrente apenas os valores referentes corretagem, se houver.
Esse o conceito de PIB. Mas existe outro agregado econmico tambm muito utilizado, o PNB.
Voc saberia o conceito de PNB? E a diferena entre PIB e PNB?
PNB ou Produto Nacional Bruto constitudo por todos os bens e servios finais produzidos por
fatores de produo pertencentes aos residentes de um pas, podendo essa produo acontecer
dentro dos limites geogrficos do pas ou mesmo fora dele. A PETROBRS uma empresa
brasileira. A produo realizada por ela contabilizada no PNB brasileiro, ainda que parte de sua
produo tenha ocorrido em territrio estrangeiro, como aconteceu at recentemente na explorao
de gs natural na Bolvia por essa empresa. Analogamente, a produo da FIAT, no municpio de
Betim/MG, contabilizada no Produto Interno Bruto brasileiro e no Produto Nacional Bruto Italiano.
No caso brasileiro, o PIB considerado como agregado macroeconmico mais relevante para a
avaliao do desempenho da nossa economia ao longo do tempo. Isso ocorre pelo fato de que h
mais empresas estrangeiras instaladas no territrio do que empresas brasileiras instaladas em
territrio estrangeiro. Nos EUA, por exemplo, o PNB considerado um agregado macroeconmico
mais relevante do que PIB, uma vez que h empresas americanas no apenas nos EUA, mas em
praticamente todos os pases do mundo.
Como derivao do PIB, tem-se outro agregado macroeconmico denominado PIL Produto Interno Lquido.
Voc deve estar se perguntado: qual a diferena entre eles?
Para o PIB ser produzido so utilizados mquinas e equipamentos que se depreciam, se desgastam,
ao longo de cada perodo produtivo. Esse desgaste denominado depreciao do capital fixo.
Dessa forma, no final do perodo, esse desgaste deve ser reposto e, por isso, desconta-se do PIB o
valor monetrio correspondente a essa depreciao. Sendo assim, podemos entender o PIL atravs
de uma equao extremamente simples:
PIL = PIB Depreciao
Outro agregado macroeconmico importante a Renda Nacional (RN), definida como a renda
disponvel para os residentes deste pas. O clculo da Renda Nacional derivado do PIL. Como isso
feito? Como j vimos, existem empresas estrangeiras instaladas no Brasil, que aqui geram lucros.
Normalmente parte dos lucros destas empresas enviada para suas matrizes, no exterior. Por outro
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lado, existem empresas brasileiras instaladas em outros pases, gerando lucro l fora e enviando
parte deles para suas matrizes instaladas em territrio brasileiro.
A Renda Nacional, portanto, definida quando exclumos do PIL a renda das empresas estrangeiras
instaladas no Brasil, que enviada ao exterior e inclumos a renda que as empresas instaladas no
exterior remetem ao Brasil. Matematicamente, a Renda Nacional expressa pela frmula:
RN = PIL REE + RRE
Onde:
REE = Renda Enviada ao Exterior
RRE = Renda Recebida do Exterior
Partindo da Renda Nacional, podemos determinar outro agregado macroeconmico: a Renda Pessoal Disponvel (RPD). Ela estimada pela deduo dos impostos diretos pagos pelas famlias,
da Renda Nacional, lembrando que impostos diretos so, por definio, aqueles descontados
diretamente da renda das famlias, como o caso do Imposto de Renda no Brasil.
RPD = RN Impostos Diretos
Esses so, ento, os principais agregados macroeconmicos. Mas devemos fazer aqui uma pergunta:
como podemos comparar o PIB de um ano com o PIB do ano anterior, se os preos dos bens e
servios oscilam ao longo do tempo? sobre isso que conversaremos no prximo tpico.
1.1.3. A diferena entre o real e o nominal
Como se mencionou anteriormente, o PIB medido a preos de mercado e oscilam ao longo do
tempo. Voc percebe a oscilao dos preos no seu dia a dia quando vai ao mercado, ao aougue,
feira, etc.
Sendo assim, concluses acerca do comportamento da economia no podem ser tiradas a partir de
comparaes diretas entre PIBs de um mesmo pas em anos diferentes. Como saber, ento, se a
economia est crescendo ou no?
Quando o governo publica o valor do PIB, ele normalmente divulga o PIB a preos de mercado. Em
economia, consideramos essa varivel como nominal. Pense em um exemplo... dissemos acima que
o PIB brasileiro de 2008 foi de R$2,9 trilhes. Em 2007, o PIB brasileiro foi de R$2,6 trilhes. Como
esses valores so nominais, no podemos afirmar, com certeza, que a economia brasileira cresceu
de 2007 para 2008, pois essa diferena poderia ser causada tanto por variaes nos preos dos bens
e servios comercializados no mercado nacional quanto por oscilaes nas quantidades produzidas
de bens e servios. Se considerarmos esses valores nominais, diramos que a economia cresceu em
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aproximadamente 11% de 2007 para 2008, o que no verdade. No podemos nos esquecer da
variao dos preos.
Voc deve estar se perguntado: Como , ento, medido o crescimento de
uma economia? Veja bem: desse crescimento de 11% devemos descontar a
variao dos preos no mesmo perodo. Em economia, esse processo
conhecido pelo termo deflacionar.
Segundo o IBGE, o crescimento do PIB brasileiro entre 2007 e 2008 foi de 5,1% e no de 11%, como
dissemos acima. A diferena entre essas duas taxas corresponde inflao brasileira no mesmo
perodo. Ento, entre 2007 e 2008 os preos, no Brasil, aumentaram, em mdia, em 5,9%.
Feito esse clculo, podemos diferenciar o PIB nominal do PIB real. O PIB nominal aquele estimado
com preos do ano corrente, enquanto o PIB real estimado com preos do ano-base.
Ano corrente , por definio, o ano em que o produto foi produzido, ou
seja, 2008.
Ano-Base o perodo tomado como referncia que, no nosso caso, foi o
ano de 2007.
importante entender o seguinte: todos os PIBs estimados com preos do ano-base no nosso
exemplo, o ano de 2007 so comparveis entre si. Isso porque em todas estimativas temos
exatamente os mesmos preos para cada um dos bens e servios e, portanto, quaisquer variaes
nos PIBs assim estimados refletem oscilaes nas quantidades de bens e servios produzidas no
pas, em determinado intervalo de tempo. A partir dessa informao podemos avaliar se houve ou
no crescimento econmico, medido pelo crescimento real do PIB.
Para ficar ainda mais claro, observe o grfico abaixo. Nele esto plotados os PIBs brasileiros a
preos de mercado (ou nominais) e a preos de 2008 (ou reais), referentes ao perodo 1994-2008.
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BRASIL PRODUTO INTERNO BRUTO REAL E NOMINAL (1994-2008)
0
200.000
400.000
600.000
800.000
1.000.000
1.200.000
1.400.000
1.600.000
1.800.000
2.000.000
2.200.000
2.400.000
2.600.000
2.800.000
3.000.000
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Ano
(milh
es
de R
$)
PIB real PIB nominal
Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados do ipeadata.com.br. Acesso em 13/11/2009.
Considere, inicialmente, o ano de 1994, o primeiro da srie. Para aquele ano, o PIB nominal
apresenta-se significativamente inferior ao PIB real. Sabe por qu? Porque, alm das variaes das
quantidades produzidas, os preos de mercado em 1994 eram inferiores aos preos praticados em
2008. Em 2008, os PIBs nominal e real so idnticos, pois ele o ano-base.
Se tomarmos a srie nominal como referncia, concluiremos equivocadamente - que a economia
brasileira cresceu aceleradamente entre 1994 e 2008, dada a maior inclinao desta curva. Mas, se
observarmos a srie real, veremos que a economia brasileira de fato cresceu ao longo deste perodo,
mas num ritmo relativamente lento, dada a menor inclinao desta curva. Agora voc percebeu a
importncia de se diferenciar o PIB real do PIB nominal? De agora em diante, preste bastante
ateno na informao que lhe passada nos jornais e revistas.
1.2. Noes de macroeconomia fechada
Agora que j sabemos o conceito dos principais agregados, daremos incio anlise
macroeconmica. Para isso, vamos considerar, inicialmente, uma economia fechada, ou seja, que
no mantm relaes com o mercado externo. Voc deve estar se perguntando por que vamos partir
de uma economia fechada se hoje a palavra de ordem globalizao... apenas um recurso
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didtico, para efeito de simplificao. No podemos comear a estudar a economia aberta... ela
complexa demais! Para entend-la necessrio, em primeiro lugar, compreender as relaes
macroeconmicas em um mundo mais simples. Vamos l!
1.2.1. O Modelo Keynesiano simples
Em uma economia fechada existem trs agentes econmicos: Governo, empresas e famlias.
O governo representa o setor pblico, enquanto as firmas e as famlias representam o setor privado.
Como vimos no item anterior, estes trs agentes participam do fluxo circular da renda. Naquele fluxo
fica claro que cada agente tem dois papis no sistema econmico: um do lado da produo, ou seja,
da oferta de bens e servios e outro do lado da demanda.
Vamos nos concentrar, em primeiro lugar, no lado da produo, aqui denominada oferta agregada por
se referir a toda a produo final realizada em uma economia durante determinado perodo de tempo.
E, veja bem, se esta economia fechada, ento a sua produo interna bruta exatamente igual
sua produo nacional bruta e ambas so exatamente iguais Renda Nacional, que corresponde
remunerao dos fatores de produo, como vimos no item anterior.
PIB = PNB = RN
Uma outra noo importante, que aprendemos na Unidade I, se refere situao de equilbrio
econmico. Naquela unidade vimos que um mercado se equilibra quando a oferta exatamente igual
demanda, no havendo qualquer presso (ascendente ou descendente) sobre os nveis de preo e
quantidade de equilbrio. Assim tambm na macroeconomia! A diferena que no se trata do
equilbrio de um mercado especfico, mas do sistema econmico como um todo. Ento, uma
economia estar em equilbrio quando a Oferta Agregada (OA) for exatamente igual Demanda
Agregada (DA) e ambas forem iguais Produo (Y). Essa relao pode ser expressa pela
equao:
Y = OA = DA
A Oferta Agregada composta pela produo destinada ao consumo privado (C); pela produo
destinada ao investimento privado, sendo esta correspondente ao valor da poupana realizada pelas
famlias (S); e pela parcela da produo recolhida pelo governo atravs dos tributos (T), que ir
financiar pelo menos parte dos gastos pblicos:
OA = C + S + T
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Autor: Joseane de Souza Fernandes
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A demanda agregada composta pelo consumo de bens e servios realizado pelas famlias (C); pelo consumo das empresas privadas, sendo este correspondente ao valor do investimento (I) realizado
pelas mesmas; e pelos gastos governamentais (G) com bens e servios de utilidade pblica.
DA = C + I + G
Como se mencionou anteriormente, se a economia estiver em equilbrio, a oferta agregada ser
exatamente igual demanda agregada.
OA = DA
C + S + T = C + I + G
S + T = I + G
Pelas condies de equilbrio, podemos afirmar que, em uma economia em equilbrio, a poupana
interna, dada pela soma da poupana privada com os tributos arrecadados pelo governo (S + T),
exatamente igual ao investimento global, dado pelo investimento do setor privado somado aos
gastos governamentais (I + G), realizado na mesma, em determinado perodo de tempo.
Note que se a poupana privada for exatamente igual ao valor do investimento privado, a veracidade
da equao s ser verificada se o governo gastar exatamente os recursos arrecadados atravs de
impostos. Essa situao comumente chamada de Oramento Pblico Equilibrado. Mas o
oramento equilibrado em si no condio suficiente nem sequer necessria para o equilbrio
econmico.
O modelo keynesiano parte do pressuposto de que a Demanda Agregada a mola propulsora de um