ECONOMIA

123
Unidade de Educação a Distância ECONOMIA Autora: Joseane de Souza Fernandes Belo Horizonte / 2013

description

livro economica

Transcript of ECONOMIA

  • Unidade de Educao a Distncia

    ECONOMIA

    Autora: Joseane de Souza Fernandes

    Belo Horizonte / 2013

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton

    ESTRUTURA FORMAL DA UNIDADE DE EDUCAO A DISTNCIA

    REITOR JOAO PAULO BARROS BELDI

    VICE-REITORA

    JULIANA SALVADOR FERREIRA DE MELLO

    COORDENAO GERAL SINARA BADARO LEROY

    DESIGNER INSTRUCIONAL

    DBORA CRISTINA CORDEIRO CAMPOS LEAL PATRICIA MARIA COMBAT BARBOSA

    EQUIPE DE WEB DESIGNER

    CARLOS ROBERTO DOS SANTOS JNIOR FILIPE AFONSO CALICCHIO SOUZA

    GABRIELA SANTOS DA PENHA LUCIANA REGINA VIEIRA

    ORIENTAO PEDAGGICA

    FERNANDA MACEDO DE SOUZA ZOLIO RIANE RAPHAELLA GONALVES GERVASIO

    AUXILIAR PEDAGGICO

    MARLIA RODRIGUES BARBOSA PRISCILA ANTAO DE SANTANA

    REVISORA DE TEXTO

    MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO

    SECRETARIA LUANA DOS SANTOS ROSSI

    MARIA LUIZA AYRES

    MONITORIA ELZA MARIA GOMES

    AUXILIAR ADMINISTRATIVO

    MARIANA TAVARES DIAS RIOGA THAYMON VASCONCELOS SOARES

    AUXILIAR DE TUTORIA FLVIA CRISTINA DE MORAIS

    MIRIA NERES PEREIRA VANESSA OLIVEIRA BARBOSA

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton

    Sumrio

    Unidade 1: Introduo Teoria Microeconmica 5

    Unidade 2: Noes de Macroeconomia 32 Unidade 3: Noes de Economia Internacional 60

    Unidade 4: Economia Brasileira 76

    Unidade 5: Economia Brasileira: Populao, Emprego e Distribuio de Renda 101

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton

    cones

    Comentrios

    Reflexo

    Dica

    Lembrete

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 5 | P g i n a

    Unidade 1: Introduo Teoria Microeconmica

    1. Contedo Didtico

    Caro aluno, vamos dar incio disciplina de Economia, enfatizando a anlise microeconmica.

    Comearemos pelas questes econmicas fundamentais: o que produzir? Como produzir? Quanto

    produzir? Para quem produzir? Algumas dessas perguntas so respondidas atravs da Curva de

    Possibilidade de Produo, objeto de estudo do nosso primeiro tpico. Est animado para comear?

    J, j iremos compartilhar conhecimentos, aguarde!!!

    Em seguida, iremos analisar as leis fundamentais da economia Lei da OFERTA e Lei da PROCURA a determinao do equilbrio de mercado; os vrios tipos de mercados definidos pela

    teoria econmica; as elasticidades-preo da oferta e da procura e a elasticidade-renda da procura e

    suas aplicaes para resolver alguns problemas no nosso dia a dia.

    1.1. Os recursos econmicos e o processo de produo: os fatores de produo e a curva de possibilidade de produo

    As questes principais que so respondidas atravs do estudo da curva de possibilidade de produo

    so: o que produzir? Quanto produzir? Devemos ter sempre em mente que os recursos econmicos

    so escassos diante das necessidades humanas. Em outras palavras, com uma quantidade fixa de

    recursos, os produtores devem produzir bens e servios que satisfaam essas necessidades,

    consideradas ilimitadas.

    Por que as necessidades humanas so ilimitadas? Devemos lembrar que algumas necessidades so

    bsicas, tais como: alimentao, moradia e vesturio. No significa que sejam fixas ao longo do

    tempo! Alis, a economia considera as necessidades humanas ilimitadas, pois, a partir do momento

    em que o indivduo consegue satisfazer suas necessidades bsicas, outras necessidades vo se

    apresentando a ele, s vezes impostas pelo mercado, s vezes determinadas por questes pessoais,

    culturais, religiosas, sociais, dentre outras.

    muito fcil perceber isso... H alguns anos, quando a vida na grande cidade era menos violenta, a

    maioria dos indivduos preferia morar em casas e no tinham a preocupao de manter portas

    trancadas. Atualmente, as pessoas que residem em grandes cidades preferem morar em

    apartamentos, cercados de vrios equipamentos de segurana, como alarmes, cercas eltricas,

    porteiros 24 horas, etc.

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 6 | P g i n a

    A questo central que as necessidades bsicas ou no - devem ser

    atendidas e isso implica, necessariamente, a produo de bens e servios.

    Em todo processo produtivo, sempre so utilizados os mesmos fatores de produo: terra, capital e

    trabalho. Note que combinaes diferenciadas dos fatores de produo resultam em produtos

    tambm diferenciados! a que surge a primeira questo: Qual produto produzir, sabendo-se que

    devemos usar sempre os mesmos fatores de produo? Em outras palavras, quais as necessidades

    humanas que sero atendidas em um determinado momento?

    Por mera questo didtica, antes de avanarmos nessa discusso, vamos melhor compreender os

    fatores de produo.

    1.1.1. Fatores de produo

    Fatores de produo so recursos utilizados em um processo produtivo. Em geral so divididos em

    trs tipos: Terra, Capital e Trabalho.

    1.1.1.1. Terra

    O termo Terra, quando utilizado para se referir a um fator de produo, tem um significado bastante

    abrangente. Envolve no somente a terra, propriamente dita, como tambm todo o solo agriculturvel

    e no-agriculturvel, urbano e rural, bem como todas as riquezas naturais existentes acima e abaixo

    do solo.

    Uma jazida mineral (ouro, carvo, diamante, etc); madeiras; espcimes animais e vegetais so

    exemplos para esse fator de produo.

    Como esse conceito bastante amplo, usualmente a Economia distingue a terra (solo) dos demais

    elementos naturais. Nos processos produtivos os recursos naturais (animais, vegetais e minerais) so

    denominados matrias primas.

    1.1.1.2. Capital

    O termo capital utilizado tanto para se referir ao capital monetrio, aquele que financia a atividade

    produtiva, quanto ao capital fixo, ou seja, s mquinas e equipamentos utilizados nos processos

    produtivos.

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 7 | P g i n a

    1.1.1.3. Trabalho

    O ltimo fator de produo o trabalho, termo que se refere ao esforo humano fsico e/ou mental

    despendido ao longo do processo produtivo.

    Retomando a discusso central: se todo processo produtivo envolve a combinao dos fatores de

    produo e se os fatores de produo so escassos: Quais necessidades humanas devem ser

    atendidas em primeiro lugar? Qual(is) produto(s) produzir? Qual quantidade deve ser produzida de

    cada bem ou servio?

    1.2. A curva de Possibilidade de Produo

    Para responderem a essas questes, os economistas utilizam uma importante ferramenta: a curva de

    possibilidades de produo, tambm conhecida como fronteira de possibilidades de produo.

    Essa curva ilustra, justamente, o problema da escassez: como no existem recursos para

    produzirmos tudo, ao mesmo tempo, necessariamente temos que sacrificar a produo de alguns

    bens e servios em detrimento de outros considerados mais necessrios, mediante as necessidades

    humanas, em determinado perodo de tempo.

    Para a confeco da curva de possibilidade de produo, so admitidos os seguintes pressupostos:

    (1) O estoque de capital fixo da empresa considerado constante, durante determinado perodo

    de tempo (curto prazo). Em outras palavras, por pressuposto a empresa no realiza

    investimentos para aumentar sua capacidade produtiva, no curto prazo. apenas um

    pressuposto, no uma proibio!!! claro que a empresa pode realizar investimentos de

    forma a aumentar sua capacidade produtiva, e isso tem reflexos na posio da curva de

    possibilidades de produo. No entanto, a economia considera que quando a empresa chega

    a realizar investimentos produtivos e altera, de fato, a sua capacidade produtiva, essa

    empresa se encontra no longo prazo.

    (2) A empresa no realiza investimentos em inovao tecnolgica, no curto prazo. Analogamente

    no uma proibio, apenas um pressuposto. Os investimentos em inovao tecnolgica so

    admitidos apenas no longo prazo.

    (3) Por simplificao, a empresa produz apenas dois bens quaisquer, como alimentos e

    vesturios; mveis e eletrodomsticos; milho e soja, dentre outros.

    (4) Qualquer ponto sobre a curva de possibilidade de produo corresponde a um ponto de pleno

    emprego dos fatores de produo, entendendo-se por pleno emprego uma situao na qual

    todos os fatores de produo esto sendo empregados, havendo apenas desemprego

    voluntrio no mercado de trabalho. Desemprego voluntrio representa uma situao na qual o

    trabalhador se recusa, voluntariamente, a trabalhar em funo do nvel relativamente baixo

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 8 | P g i n a

    dos salrios pagos no mercado. Em outras palavras, s no trabalha quem no quer

    trabalhar, porque acredita que o baixo salrio no justifica o esforo fsico e/ou mental

    exercido ao longo da atividade produtiva.

    Vamos imaginar uma economia que produza apenas 2 produtos: soja e milho. De acordo com as

    informaes da TABELA 1, se a economia (que pode ser uma fazenda ou uma empresa) usar todos

    os fatores de produo para produzir apenas milho, a produo de milho correspondente ao nvel de

    pleno emprego dos fatores de produo, ser igual a 8.000 Kg e nenhuma quantidade de soja seria

    produzida. Na medida em que for necessrio aumentar a produo de soja, a quantidade produzida

    de milho necessariamente ser reduzida, pois em uma situao de pleno emprego s possvel

    aumentar a produo de um bem ou servio mediante a reduo da produo do outro bem. Se a

    economia usar todos os seus recursos na produo de soja, sero produzidos 5.000 Kg de soja e

    nenhuma quantidade de milho.

    TABELA 1: Quantidades produzidas de soja e milho (em Kg)

    Ponto

    Soja

    (Kg)

    Milho

    (Kg)

    Custo de

    oportunidade

    A 0 8.000 -

    B 1.000 7.500 0,5

    C 2.000 6.500 1

    D 3.000 5.000 1,5

    E 4.000 3.000 2

    F 5.000 0 3

    Fonte: Passos e Nogami, (2001, p. 24)

    GRFICO 1: Curva de Possibilidade de Produo

    0

    1.000

    2.000

    3.000

    4.000

    5.000

    6.000

    7.000

    8.000

    0 1000 2000 3000 4000 5000

    Produo de soja (Kg)

    Prod

    uo

    de

    milh

    o (K

    g)

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 9 | P g i n a

    Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados da TABELA 1

    J sabemos, ento, que, para produzirmos quantidades adicionais de soja, devemos abrir mo de

    quantidades de milho. Para a teoria econmica, a produo sacrificada em funo de outra definida

    como custo de oportunidade. Voltando TABELA 1, podemos verificar que, para produzirmos 1.000

    Kg de soja, devemos sacrificar 500 Kg de milho, determinando um custo de oportunidade de 0,5. Em

    outras palavras, entre os pontos A e B, para cada quilo de soja produzido devemos deixar de produzir

    0,5 Kg de milho.

    Observe que o custo de oportunidade crescente. O que explica esse comportamento? Nesse caso,

    a produtividade da terra na produo do milho menor em relao produo da soja.

    Genericamente, recursos utilizados em uma atividade podem no ter a mesma eficincia quando

    transferidos para outra atividade (PASSOS e NOGAMI, 2001, p. 26). Em funo do comportamento

    do custo de oportunidade, a fronteira de possibilidade de produo ser sempre uma curva cncava

    em relao origem.

    At o presente momento consideramos apenas os pontos sobre a curva de possibilidade de

    produo, ou seja, os pontos de pleno emprego. No entanto, a economia pode estar operando em

    algum ponto abaixo da curva e desejar alcanar algum ponto acima dela.

    Se a economia estiver operando em algum ponto abaixo da curva, ela est em situaes abaixo do

    pleno emprego (subemprego). Nesse caso, a economia pode aumentar a produo dos dois bens

    sem que nenhuma produo seja sacrificada, ou seja, sem incorrer em custo de oportunidade.

    Se desejar alcanar algum ponto acima da curva, deve realizar investimentos em inovaes

    tecnolgicas e/ou em aumento do estoque de capital fixo. Fazendo isso a curva se desloca para cima

    (para a direita), indicando que sua capacidade produtiva se elevou, deslocando o ponto de pleno

    emprego para cima. Em outras palavras, a economia poder, aps a realizao desse investimento,

    produzir quantidades maiores dos dois bens.

    A deciso do que produzir e do quanto produzir depende, claro, do mercado. Por isso vamos agora

    estudar o conceito de mercado, os vrios tipos de mercados existentes e suas estruturas. Animado?

    Vamos continuar nosso estudo e qualquer dvida entre em contato com seu professor atravs do

    ambiente virtual!

    1.3. Mercado: conceito, tipologias e estruturas

    Por mercado, a economia entende um grupo de compradores e vendedores de um dado bem ou

    servio (MANKIW, 2001, p. 66); um local ou contexto em que compradores (o lado da procura) e

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 10 | P g i n a

    vendedores (o lado da oferta) de bens, servios ou recursos estabelecem contato e realizam

    transaes (PASSOS e NOGAMI, 2001, p. 16).

    A teoria econmica identifica 4 tipos bsicos de mercado: concorrencial

    perfeito (ou de competio perfeita), monopolista, oligopolista e

    concorrncia monopolstica.

    Um mercado concorrencial perfeito se estrutura na existncia de um grande nmero de empresas

    de pequeno porte e um grande nmero de compradores. Nesse mercado, os produtos so

    homogneos (no h nenhum tipo de diferenciao de produto nem da qualidade do produto); os

    agentes econmicos (empresas e consumidores) no tm nenhum poder de determinao do nvel de

    preos desse mercado, sendo este determinado pela interao entre as foras de mercado, ou seja,

    pela oferta e pela procura. Os preos tendem

    a ser baixos (no limite, tendem a zero), o lucro

    das empresas extremamente baixo e

    corresponde ao custo de oportunidade. um

    mercado caracterizado pela perfeita mobilidade

    de fatores, ou seja, empresas podem entrar e

    sair do mercado, sem restries ou barreiras,

    assim como os trabalhadores esto aptos a

    realizarem qualquer atividade produtiva em

    qualquer empresa ou setor desse mercado.

    No mundo atual, mercados em concorrncia perfeita so praticamente inexistentes. Imagine uma feira

    livre na rua onde voc mora! Os vendedores possuem barracas e vendem exatamente o mesmo

    produto em pequenas quantidades, no permitindo qualquer tipo de controle de preos. Os

    consumidores, por sua vez, demandam pequenas quantidades do produto, e, por esse motivo, no

    conseguem negociar preos. Todas as barracas tendero a praticar o mesmo preo, sem qualquer

    tipo de combinao prvia.

    Um mercado monopolista se caracteriza pela existncia de uma nica grande empresa responsvel

    pela produo de determinado produto. Nesse contexto, a empresa produtora tem total controle

    sobre o nvel de preos e os consumidores se veem obrigados a pagar o preo determinado pela

    empresa monopolista, uma vez que no h concorrncia. So mercados normalmente caracterizados

    pela existncia de barreiras entrada de novas empresas, impostas pelo alto valor dos investimentos

    necessrios para garantir um mnimo de concorrncia no mercado.

    Alm disso, podem existir barreiras de natureza jurdica.

    No Brasil, temos vrios exemplos de mercados monopolsticos:

    PETROBRS na extrao e refino de petrleo; em Minas Gerais, a

    CEMIG na produo e distribuio de energia eltrica; na Regio

    Fonte: Disponvel em: < http://www.gustavodourado.com.br/feira1.jpg> Acesso em: 29/10/2009

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 11 | P g i n a

    Metropolitana de Belo Horizonte, a COPASA na captao, tratamento e distribuio de gua; dentre

    outros.

    Uma variao do mercado monopolista o mercado

    monopsnico, caracterizado pela existncia de um nico

    comprador, que tem total poder de determinao do preo do

    produto a ser adquirido, pois se a empresa no vender toda a

    sua produo para esse comprador, no vender para nenhum

    outro. Esse tipo de mercado mais comum na indstria

    automobilstica, onde uma pequena empresa produz uma pea

    para um modelo especfico de automvel, sendo monopsonista a

    montadora desse veculo. Como exemplo, podemos mencionar

    uma empresa que produza o volante especfico do Idea, da FIAT

    Automveis. Nesse caso, a FIAT Automveis uma empresa

    monopsonista.

    Um mercado oligopolstico se caracteriza pela existncia de poucas grandes empresas

    responsveis pela produo de um determinado bem ou servio. Como so poucas e grandes, as

    empresas podem controlar o nvel de preos, desde que estabeleam acordos informais entre si.

    Tambm nesse caso os consumidores se vem obrigados a pagar o preo determinado pelas

    empresas, uma vez que a concorrncia existe, mas na prtica controlada e pequena. Assim como

    no mercado monopolstico existem barreiras entrada de novas empresas no mercado, impostas

    principalmente pelo alto valor dos investimentos. Nesse caso, no h barreiras de natureza jurdica.

    No Brasil so inmeros os mercados oligopolsticos: indstria

    automobilstica; de bebidas e alimentos; qumica e farmacutica; de papel

    e celulose; metalrgica e siderrgica, dentre outros.

    Uma variao do mercado oligopolstico o mercado oligopsnico,

    caracterizado pela existncia de um pequeno nmero de compradores,

    com grande poder de interferncia no nvel de preos, at porque h uma

    tendncia para o estabelecimento de acordos entre as empresas sobre o

    preo a ser estabelecido nesse mercado. Como exemplos, podemos

    mencionar indstria de bebidas quando consomem garrafas especficas

    para cerveja; indstrias farmacuticas quando adquirem embalagens

    prprias para comprimidos, etc.

    Um mercado concorrencial monopolista, ou concorrencial imperfeito, caracteriza-se por um

    nmero relativamente grande vendedores e compradores. Os produtos produzidos pelas empresas

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 12 | P g i n a

    que operam nesse mercado so diferenciados, ou seja, possuem caractersticas fsicas distintas,

    embalagens diferentes, etc. Por outro lado, so substitutos prximos para o consumo.

    Nesse mercado, h uma grande concorrncia e, por esse motivo, pode-se dizer que as firmas tm

    baixo poder de determinao dos preos. Na tentativa de controlarem os preos as firmas procuram

    inovar constantemente.

    Como estratgias mais comuns de inovao, podemos mencionar a mudana da embalagem, o

    lanamento do mesmo produto com sabor, cor e formato diferenciado, a incluso de brindes

    promocionais, a utilizao de estratgias diferenciadas de marketing para a valorizao do produto,

    dentre outros. Teoricamente, no h barreiras entrada de novas firmas nesse mercado, embora na

    prtica as barreiras econmicas possam existir.

    Bons exemplos para esse tipo de mercado so os mercados de refrigerantes, cigarros, sabonetes,

    cremes dental, arroz, dentre outros.

    Independentemente do tipo e da estrutura do mercado, em todo mercado sempre h dois agentes

    econmicos: vendedores (ofertantes) e compradores (demandantes). Vamos, ento, estudar cada um

    destes agentes para compreendermos o funcionamento dos mercados.

    1.4. Teoria Elementar da Demanda

    A demanda (ou a procura) individual comumente definida como a quantidade de um determinado

    bem ou servio que um consumidor deseja adquirir em certo perodo de tempo (PINHO,

    VASCONCELOS et al, 2003, p. 133). No se deve confundir demanda com compra... A demanda

    efetiva se refere quantidade de bens e servios que o indivduo realmente adquiriu no mercado.

    Como se viu, atravs dos tipos e das estruturas de mercado, na maioria dos

    mercados existem vrios demandantes. Ento, em vez de trabalharmos com

    a demanda individual, devemos trabalhar com a demanda de mercado

    definida como sendo a soma das demandas individuais. Observe, tambm,

    que a demanda est localizada no tempo.

    A demanda depende de alguns fatores... Depende da necessidade, da preferncia e dos preos dos

    bens substitutos e complementares. Para um determinado nvel de preos, quanto maior a

    necessidade, maior a preferncia (ou gosto), quanto maior o preo dos bens substitutos e menor o

    preo dos bens complementares, maior a demanda por um bem ou servio especfico.

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 13 | P g i n a

    Voc sabe o que um bem substituto? E um bem complementar? Para

    melhor entender esses conceitos, considere dois produtos quaisquer, aqui

    denominados A e B.

    Esses bens sero substitutos se, aps um aumento do preo do bem A, verificarmos um

    aumento da demanda por B. Substituies acontecem diariamente... Quando um consumidor

    vai ao supermercado e verifica um aumento no preo da manteiga comum a substituio da

    mesma por margarina; isso tambm acontece com marcas diferenciadas de arroz, de feijo,

    leo e acar e uma infinidade de outros produtos.

    Esses bens sero complementares se, aps um aumento do preo do bem, verificarmos

    uma reduo da demanda por B. Na realidade, os consumidores demandaro menos dos

    dois bens A e B, pois como so complementares, sempre que ele adquirir o bem A adquirir

    tambm o bem B. So tambm vrios os exemplos de bens complementares... Sempre que o

    consumidor demanda um caf ele consome acar (ou adoante), sempre que compra um

    carro passa a consumir combustvel; quando pede uma cerveja (ou uma cachaa) sempre

    compra um tira-gosto.

    Uma vez que o consumidor decidiu que vai realmente adquirir um bem ou servio especfico, a

    quantidade adquirida (quantidade demandada) desse bem depender do preo do prprio bem.

    Com raras excees, o comportamento do consumidor expresso atravs

    da LEI DA DEMANDA:

    Quanto maior o preo de determinado bem ou servio, menor a quantidade demandada desse bem

    ou servio. Analogamente, quanto menor o preo de determinado bem ou servio, maior a quantidade

    demandada desse bem ou servio. Segundo a LEI DA DEMANDA, a quantidade demandada varia

    inversamente com o nvel de preos.

    Ateno: no o preo que varia com a quantidade demandada... A

    quantidade demandada que varia em funo da variao do preo.

    Refletindo essa relao inversa, a curva de demanda (tanto a individual quanto a de mercado)

    negativamente inclinada.

    TABELA 2: Quantidade demandada de milho, por nvel de preo

    Pontos Preo por

    quilo (R$)

    Quantidade demandada

    (1.000/Kg)

    A 1 130

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 14 | P g i n a

    B 2 110

    C 4 80

    D 7 50

    F 10 20 Fonte: TRSTER e MOCHN, 2002, p. 49

    GRFICO 2: Curva de Demanda por milho

    0123456789

    10

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130

    Quantidade demandada (1.000/Kg)

    Pre

    o

    Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados da TABELA 2.

    Ateno: como se mencionou anteriormente, h apenas duas excees... so os chamados bens de Giffen e bens de Veblen! A quantidade

    demandada desses bens aumenta com o aumento do preo, contrariando a

    LEI DA DEMANDA.

    Bens de Giffen so, em geral, produtos baratos, que tm grande importncia no oramento das

    famlias mais pobres. Quando o preo do bem de Giffen aumenta, os consumidores tendem a adquirir

    quantidades maiores deste bem, porque apesar da elevao do preo ele ainda mais barato

    comparativamente a outros produtos.

    J os bens de Veblen so bens de luxo, como obras de arte e jias. Normalmente, o objetivo do

    consumidor ao adquirir determinados bens mostrar para a sociedade sua riqueza... sendo assim,

    quanto maior o preo destes bens, maiores quantidades sero adquiridas pelo consumidor ostensivo.

    Nesses casos, a curva de demanda positivamente inclinada, refletindo a relao direta entre a

    quantidade demandada desses bens e o preo dos mesmos.

    Ateno: Graficamente, a variao da demanda representada pelo

    deslocamento da curva de demanda. Se a demanda aumentar (em funo

    de uma maior necessidade ou em decorrncia de um aumento da renda, por

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 15 | P g i n a

    exemplo), a curva de demanda se desloca para cima e para a direita

    (Grfico 3.1). Se a demanda diminuir, a curva se desloca para baixo e para

    a esquerda (Grfico 3.2)

    GRFICO 3: Deslocamentos da Curva de Demanda por milho

    GRFICO 3.1 - Aumento da Demanda

    DemandaInicial

    DemandaFinal

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200

    Quantidade Demandada

    Pre

    o (R

    $)

    Grfico 3.2 - Reduo da Demanda

    DemandaInicialDemanda

    Final

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200

    Quantidade Demandada

    Pre

    o (R

    $)

    Fonte: Elaborao prpria, a partir da manipulao dos dados da Tabela 2.

    Se os preos variarem, a quantidade demandada varia, no a demanda. Por esse motivo, observam-

    se deslocamentos sobre a prpria curva. Se os preos diminurem a quantidade demandada aumenta

    e ser observado um deslocamento de cima para baixo na curva de demanda (Figura 1.1); se os

    preos aumentarem a quantidade demandada diminui e ser observado um deslocamento de baixo

    para cima na curva de demanda (Figura 1.2)

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 16 | P g i n a

    FIGURA 1: Deslocamentos sobre a curva de Demanda

    Fonte: Elaborao prpria, a partir da manipulao dos dados da Tabela 2.

    At aqui estudamos um componente do mercado: a Demanda. Vimos porque, em geral, ela

    negativamente inclinada, os motivos que provocam o seu aumento e, tambm, o fator que provoca

    variaes nas quantidades demandadas. Passemos agora ao estudo do outro componente do

    mercado: a Oferta.

    Cuidado... muito cuidado para no misturar e confundir as coisas... so componentes distintos, que

    interagem entre si e influenciam no equilbrio de mercado, a ser estudado mais tarde.

    1.5. Teoria Elementar da Oferta

    A oferta definida como sendo a quantidade de bens e servios que os produtores desejam vender

    por unidade de tempo (PINHO, VASCONCELOS et al, 2003, p. 138). Assim, como o conceito de

    demanda, o conceito de oferta se refere a um desejo e no a uma venda concreta, j realizada. Esse

    conceito tambm faz aluso ao tempo, indicando que a oferta, assim como a demanda, varia em

    funo do tempo.

    Cuidado, ainda, para no confundir oferta com liquidao.

    Como vimos anteriormente, na maioria dos mercados existem vrios ofertantes. Para analisarmos o

    mercado vamos, ento, considerar a oferta de mercado, que nada mais do que a soma das ofertas

    das firmas individuais. claro que no caso dos monoplios, a oferta de mercado coincide com a

    oferta da firma monopolstica.

    P

    80 20

    P

    Quantidade

    Figura 1.1 - Aumento da Quantidade demandada

    80

    4,00

    20

    D0

    10,00

    Figura 1.2 - Reduo da Quantidade demanda

    4,00 D0

    10,00

    Quantidade

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 17 | P g i n a

    A oferta determinada pela tecnologia utilizada pelas empresas em seus processos produtivos,

    sendo que, para um dado nvel de preos, quanto mais avanada for a tecnologia da empresa, maior

    a oferta de bens e servios no mercado.

    Alm da tecnologia, a oferta depende, tambm, do preo dos fatores produtivos (terra, capital e

    trabalho) que influenciam nos custos de produo e, portanto, no lucro auferido pela empresa com a

    comercializao do produto. Ceteris paribus, quanto menor o custo dos fatores de produo, maior a

    oferta de bens e servios na economia.

    A expresso ceteris paribus lhe familiar? Sabe o que significa? uma

    expresso latina bastante usada pelos economistas. Seu significado: ... se

    tudo o mais permanecer constante... usada para simplificar o raciocnio...

    Uma vez que a empresa j decidiu qual produto vai produzir e disponibilizar no mercado, a

    quantidade a ser produzida depender do nvel de preos de mercado do bem a ser produzido. O

    comportamento da empresa expresso atravs da LEI DA OFERTA: Quanto maior o preo, maior a

    quantidade ofertada de bens e servios pela empresa. Do mesmo modo, quanto menor o preo,

    menor a quantidade ofertada de bens e servios. Nesse caso h uma relao direta entre o preo do

    bem ou servio e a quantidade ofertada dos mesmos pela empresa no mercado. A curva de oferta de

    mercado positivamente inclinada, como reflexo desta lei.

    TABELA 3: Quantidade Ofertada de Milho, por nvel de preo

    Pontos

    Preo

    por

    quilo (R$)

    Quantidade

    demandada (1.000/Kg)

    G 1 20

    H 2 40

    I 4 80

    J 7 120

    K 10 150 Fonte: TRSTER e MOCHN, 2002, p. 51

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 18 | P g i n a

    GRFICO 3: Curva de Oferta de Milho

    0123456789

    10

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130

    Quantidade ofertada (1.000/Kg)

    Pre

    o

    Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados da TABELA 3

    Ateno: Graficamente, a variao da oferta representada pelo

    deslocamento da curva de oferta. Choques positivos de oferta - como a

    reduo do preo dos fatores de produo assim como a introduo de uma

    inovao tecnolgica no processo produtivo deslocam a curva de oferta

    para baixo e para a direita, indicando ter havido um aumento da oferta, para

    um dado nvel de preos (Grfico 4.1). J os choques negativos de oferta

    como o aumento do preo dos fatores de produo deslocam a curva de

    oferta para cima e para a esquerda, indicando ter havido uma reduo da

    oferta, para um dado nvel de preos (Grfico 4.2).

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 19 | P g i n a

    GRFICO 4: Deslocamentos da Curva de Oferta de Milho

    Grfico 3.1 - Aumento da Oferta OfertaFinal

    OfertaInicial

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200

    Quantidade Ofertada

    Pre

    o (R

    $)

    Grfico 3.2 - Reduo da OfertaOfertaFinal

    OfertaInicial

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200

    Quantidade Ofertada

    Pre

    o (R

    $)

    Fonte: Elaborao prpria, a partir da manipulao dos dados da Tabela 3.

    Se os preos variarem, a quantidade ofertada varia. Nesse caso, sero observados deslocamentos

    sobre a curva de oferta. Se os preos aumentarem, as firmas ofertaro quantidades maiores de seus

    produtos (Figura 2.1), implicando reduo da ociosidade da capacidade produtiva da empresa. Se os

    preos diminurem, as firmas ofertaro quantidades menores (figura 2.2), aumentando a capacidade

    ociosa na empresa.

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 20 | P g i n a

    FIGURA 2: Deslocamentos sobre a curva de Oferta

    Fonte: Elaborao prpria, a partir da manipulao dos dados da Tabela 3.

    Agora que sabemos os conceitos e as informaes bsicas sobre Demanda e Oferta, vamos analisar

    como essas variveis se interagem e determinam, conjuntamente, o ponto de equilbrio do mercado.

    (ateno: incluso, seguindo a orientao anterior, no fechamento da unidade 2.5).

    1.6. O equilbrio de mercado

    Um mercado estar em equilbrio quando, a um determinado nvel de preos, a quantidade ofertada

    no mercado for exatamente igual quantidade demanda nesse mercado. Quando um mercado

    encontra-se em equilbrio no existem presses descendentes nem ascendentes sobre o nvel de

    preos.

    GRFICO 4: EQUILBRIO NO MERCADO DE MILHO

    Demanda

    Oferta

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130

    Quantidade (1.000/Kg)

    Pre

    o (R

    $)

    Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados das TABELAS 2 e 3

    Oferta

    4,00

    80

    7,00

    120

    P

    Quantidade ofertada

    Oferta

    4,00

    80

    7,00

    120

    P

    Quantidade ofertada

    Ponto de Equilbrio

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 21 | P g i n a

    Deve-se ressaltar que raramente um mercado estar em equilbrio, dado o dinamismo da economia e

    s imperfeies das informaes. Na maioria das vezes os mercados se encontram em desequilbrio.

    No entanto, segundo a teoria econmica, algumas foras sempre empurram o mercado para aquele

    ponto, ainda que na prtica ele jamais se verifique. A situao de equilbrio , ento, sempre tomada

    como referncia!

    Vamos entender essas foras de mercado - tambm conhecidas pelo termo

    mo invisvel - que sempre atuam no sentido de induzi-lo ao ponto de

    equilbrio.

    Sempre que o preo de mercado estiver abaixo do preo de equilbrio, haver um excesso de

    demanda nesse mercado, ou seja, muitos indivduos desejando adquirir uma quantidade de

    determinado produto que, para aquele nvel de preos, encontra-se limitada, reduzida. Em

    decorrncia do excesso de demanda em relao oferta, os preos dos produtos subiro,

    estimulando as empresas a ofertarem uma maior quantidade do produto e desestimulando a

    demanda deles (muitos consumidores deixaro de comprar o produto e outros compraro

    quantidades significativamente menores comparativamente que compraria se o seu preo

    permanecesse constante).

    O efeito simultneo da elevao dos preos sobre as quantidades ofertadas e demandadas (de

    acordo com as leis da oferta e procura, respectivamente) levaria o mercado ao equilbrio, ou seja, ao

    ponto no qual as quantidades que as firmas desejam vender coincidem com as quantidades que os

    consumidores desejam comprar.

    Do mesmo modo, quando o preo de mercado estiver acima do preo de equilbrio, haver um

    excesso de oferta nesse mercado, ou seja, a quantidade que as firmas desejam vender encontra-se,

    para aquele nvel de preos, superior quantidade que os consumidores desejam comprar. Nesse

    caso, os preos tendero a diminuir, estimulando a demanda por parte dos consumidores e,

    simultaneamente, desestimulando a oferta por parte dos produtores, at o momento em que os

    interesses dos dois agentes coincidem.

    Viu como fcil? Mas no deixe de praticar... Isso o ajudar a fixar melhor os conceitos, a

    desenvolver o raciocnio abstrato e, claro, a entender o comportamento dos demandantes e

    ofertantes em cada mercado.

    Pea ao professor tutor a indicao de exerccios de fixao. Com certeza, a prtica o ajudar muito!

    Dando continuidade matria, j sabemos que o ponto de equilbrio apenas uma referncia e que,

    na maioria das vezes, os mercados se encontram em desequilbrio.

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 22 | P g i n a

    Vamos, ento, no prximo tpico analisar como os mercados, uma vez desequilibrados, retornam ao

    equilbrio. Mas, para isso, as questes anteriormente expostas devem estar bem assimiladas por

    voc!!!

    1.7. Mudanas no ponto de equilbrio e os mecanismos para o reequilbrio

    J sabemos, ento, que um mercado formado por duas variveis bsicas: Oferta e demanda.

    Sabemos, tambm, que a oferta varia ao longo do tempo, em decorrncia de mudanas tecnolgicas

    e de variaes nos preos dos fatores de produo. Vimos que a demanda tambm varia com o

    passar do tempo, em decorrncia de mudanas na renda do consumidor e de variaes no gosto e

    nas necessidades individuais. A questo que sempre que a demanda e/ou a oferta se alterarem, o

    ponto de equilbrio do mercado tambm ir se modificar... O ponto de equilbrio de mercado no um

    ponto esttico, varia no tempo em resposta s mudanas das caractersticas das variveis

    econmicas (oferta e demanda).

    Vamos entender o processo de reequilbrio!

    Considere, por exemplo, o aumento na renda dos consumidores. Como vimos, quando isso acontece

    os consumidores desejaro adquirir quantidades maiores de determinados bens e servios, aos

    preos verificados no mercado. Com isso, haver um excesso de demanda em relao oferta

    daquele bem ou servio, naquele momento e, como conseqncia desse desequilbrio, o preo de

    mercado ir aumentar. O aumento do nvel de preos ir estimular a produo por parte das firmas,

    que aumentaro a quantidade ofertada desse produto no mercado. Ao mesmo tempo, muitos

    consumidores se sentiro desestimulados a comprarem quantidades adicionais do produto, dada a

    elevao dos preos (estariam dispostos a fazer isso se os preos estivessem constantes), sendo

    verificada, nesse momento uma reduo na quantidade demandada. Devido ao da LEI DA

    OFERTA E PROCURA o mercado se reequilibrar... Isso ocorrer com nveis de preo e quantidades

    de equilbrio maiores comparativamente queles do momento inicial. (FIGURA 3)

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 23 | P g i n a

    FIGURA 3: Processo de re-equilbrio do mercado (I)

    Fonte: Elaborao prpria a partir da manipulao dos dados das TABELAS 2 e 3

    Considere, agora, uma fazenda, na regio Nordeste do pas, que adote tcnicas de irrigao no

    cultivo de milho. Nesse caso, a oferta de milho no mercado nordestino e brasileiro ir aumentar,

    gerando um excesso de oferta, ao nvel de preos praticados no mercado. O excesso de oferta

    obrigar os produtores a reduzirem os preos para permitirem a venda dos estoques. A reduo do

    preo aumentar a quantidade demandada e reduzir a quantidade ofertada. Esse mercado ir se

    reequilibrar com preos mais baixos, comparativamente ao momento inicial, e com nveis maiores de

    quantidades ofertadas e demandadas (FIGURA 2)

    Oferta

    DemandaInicial

    DemandaFinal

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340

    Quantidade

    Pre

    o (R

    $)

    Equilbrio Final

    Equilbrio Inicial

    Excesso de Demanda

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 24 | P g i n a

    FIGURA 4: Processo de re-equilbrio do mercado (II)

    Fonte: Elaborao prpria a partir da manipulao dos dados das TABELAS 2 e 3

    Procure, aps cada mudana, identificar o EXCESSO. Atravs dele, voc

    conseguir explicar o processo de reequilbrio, como fizemos nos exemplos

    acima.

    Que tal avanarmos um pouco mais em nossa disciplina agora que voc j conhece os conceitos

    fundamentais da teoria microeconmica e o mecanismo de (re)equilbrio de mercado?

    Vamos introduzir novos conceitos que nos ajudaro a entender os processos de (re)equilbrio,

    considerando-se as especificidades dos vrios tipos de mercados. So os conceitos de elasticidade!

    Est pronto para essa prxima etapa?

    Ento, vamos l...

    1.8. O Estudo da Elasticidade

    Finalmente, vamos entender um conceito muito importante e til para melhor compreenso dos

    mecanismos de funcionamento dos mercados: o conceito de elasticidade.

    Por elasticidade entendemos, de modo geral, a sensibilidade de uma varivel em relao outra, ou

    seja, em que medida uma varivel varia em funo da variao da outra. Aqui trataremos dos 3

    OfertaInicial

    Demanda

    OfertaFinal

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

    Quantidade

    Pre

    o

    Equilbrio Inicial

    Equilbrio Final

    Excesso de Oferta

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 25 | P g i n a

    principais tipos de elasticidade: elasticidade-preo da demanda, elasticidade-preo da oferta e

    elasticidade-renda da demanda. Vamos l! Continue a leitura!

    1.8.1. Elasticidade-Preo da Demanda

    O coeficiente de elasticidade-preo da demanda mede a sensibilidade da demanda por um produto

    em relao s variaes nos preos do mesmo. Matematicamente, a elasticidade-preo da demanda

    estimada pela frmula:

    p = Qd/Qd P/P Onde:

    Ep = Elasticidade Preo da Demanda

    Qd = Quantidade demandada

    P = Preo

    Esse coeficiente varia de a 0 assumindo, portanto, valores negativos (apesar de nos manuais de

    economia ser apresentado em mdulo) refletindo a relao inversa entre preos e quantidade

    demandada. Como interpretar os resultados?

    Se o coeficiente de elasticidade-preo da demanda for menor do que -1, a demanda por um

    determinado produto elstica em relao ao preo, significando que a uma pequena

    variao no preo ser observada uma grande variao na quantidade demandada. Se por

    exemplo, o coeficiente de elasticidade-preo da demanda por cinema para Joaquim for -2 (ou

    2, se vier expresso em mdulo), se os preos das entradas sofrerem uma reduo de 10%,

    Joaquim aumentar sua demanda por cinema em 20%.

    Se o coeficiente for maior que -1 e inferior a zero, a demanda inelstica em relao ao

    preo. Significa dizer que a variao percentual da quantidade demandada inferior

    variao percentual do preo. Se por exemplo, o coeficiente de elasticidade-preo da

    demanda por energia eltrica for 0,5 e se a Cemig aumentar o preo da tarifa de energia

    eltrica em 10%, Maria ir reduzir seu consumo de energia eltrica em apenas 5%.

    Casos especiais: Se o coeficiente for 0, a demanda ser completamente inelstica e a

    quantidade consumida ser constante, independentemente do preo. No outro extremo, se o

    coeficiente for infinito, a quantidade demandada varia, ainda que o preo permanea

    constante.

    Voc deve estar se perguntando: Por que isso importante? Para que isso

    serve? Para ajud-lo a pensar sobre a questo, vou lhe fazer uma pergunta:

    Por que um produto tem demanda elstica e outro tem demanda inelstica?

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 26 | P g i n a

    O que determina essa elasticidade ou inelasticidade a estrutura de mercado. Como vimos

    anteriormente, uma estrutura de mercado mais competitiva, concorrencial, torna a demanda pelos

    produtos mais elstica. Por qu? Como o mercado competitivo, existe uma grande quantidade de

    bens substitutos, permitindo ao consumidor escolher, dentre todos, os produtos mais baratos. Por

    outro lado, em mercados menos competitivos, ou, se preferir, mais monopolsticos, como a

    quantidade de bens substitutos pequena, ou inexistente, ao consumidor no resta escolha,

    tornando a demanda pelo produto inelstica.

    Isso, se raciocinarmos em relao aos interesses do consumidor.

    E o produtor, onde entra nesta histria? Esses coeficientes so tambm de extrema importncia para

    os produtores... Voc sabia que nem sempre um aumento de preo implica em aumento da receita

    advinda das vendas, para o produtor? s vezes um aumento dos preos reduz a receita e, portanto,

    os lucros da firma. Isso acontece porque alguns produtos so elsticos e outros inelsticos.

    Uma firma que comercializa produtos de demanda inelstica em relao ao preo aumenta sua

    receita e lucro quando aumenta os preos dos produtos, pois como no h bens substitutos os

    consumidores se vem obrigados a pagarem o preo imposto pela firma. Nesse caso, eles deixam de

    consumir outros produtos para manterem o consumo do produto em questo.

    No caso dos produtos elsticos, um aumento do preo provoca uma reduo nas receitas e nos

    lucros das firmas e isso acontece porque o consumidor pode substituir o produto que ficou mais caro

    por um produto substituto, mais barato.

    O coeficiente de elasticidade-preo nos d a inclinao da curva de

    demanda. Sendo assim, para avaliar o equilbrio e re-equilbrio em um

    mercado faa curvas de demanda mais inclinadas para mercados onde a

    concorrncia pequena ou nula e menos inclinas para mercados onde a

    concorrncia maior.

    1.8.2. Elasticidade-Preo da Oferta

    O coeficiente de elasticidade-preo da oferta mede a sensibilidade da oferta de um produto em

    relao s variaes nos preos do mesmo. Matematicamente, a elasticidade-preo da oferta

    estimada pela frmula:

    = Q/Q P/P

    Onde:

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 27 | P g i n a

    Eo = Elasticidade Preo da Oferta

    Qo = Quantidade ofertada

    P = Preo

    Ao contrrio da elasticidade preo da demanda, a elasticidade-preo da oferta sempre positiva,

    tendo em vista a relao direta entre o preo e a quantidade ofertada, como preconiza a Lei da

    Oferta. Esse coeficiente varia de 0 a +.

    Se o coeficiente for maior que zero e menor que 1 a oferta inelstica. Isso vai acontecer

    sempre que as firmas estiverem trabalhando em um ponto abaixo, porm muito prximo da

    curva de possibilidade de produo, ou seja, quando as firmas estiverem operando com

    quase toda a sua capacidade produtiva.

    Se o coeficiente for maior que 1 a oferta elstica. Nesse caso, a empresa estar operando

    em um ponto muito abaixo da curva de possibilidade de produo, ou seja, em um ponto de

    grande capacidade ociosa, o que torna possvel aumentar significativamente a produo em

    funo de pequenos aumentos nos nveis de preos.

    Casos especiais: Se o coeficiente for igual a 0 a oferta completamente inelstica. Nesse

    caso, a empresa estaria operando em um ponto sobre a curva de possibilidade de produo.

    Se o coeficiente for infinito, a oferta ser completamente elstica.

    O coeficiente de elasticidade-preo da oferta determina a inclinao da

    curva de oferta. Para representar situao de grande capacidade ociosa

    faa uma curva de oferta mais plana, mais horizontal, para representar uma

    oferta mais elstica; para representar firmas ou mercados prximos ao

    pleno emprego, faa curvas de oferta mais inclinadas.

    1.8.3. Elasticidade-Renda da Demanda

    Seguindo o mesmo raciocnio, o coeficiente de elasticidade-renda reflete as variaes na demanda

    em funo das variaes na renda do consumidor. De modo geral, um aumento na renda eleva a

    demanda, mas essa afirmativa no verdadeira para todos os produtos. Voc sabe por qu?

    Quando a renda do indivduo aumenta, a sua demanda por alguns produtos, considerados de

    consumo saciado, no sofrer ou sofrer apenas um pequeno impacto. Pense no consumo de arroz

    para a maioria dos brasileiros: voc esperaria um grande aumento no consumo de arroz se a renda

    do brasileiro aumentasse? provvel que no! Mesmo que a renda do brasileiro aumentasse, o

    aumento do consumo de arroz seria relativamente pequeno, em relao ao aumento da renda, pois

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 28 | P g i n a

    esse produto, arroz, um prato tradicional da cozinha brasileira e consumido por pessoas de todas

    as classes de renda, em quantidades que satisfazem a maioria dos consumidores. Sendo assim, a

    demanda por arroz inelstica em relao renda. Pensando em valores, o coeficiente de

    elasticidade estaria entre 0 e +1, sendo arroz classificado como um bem normal de consumo

    saciado.

    Vejamos agora outra situao... Quando a renda do indivduo aumenta, a demanda por alguns

    produtos se eleva significativamente. Alcanando determinado nvel de renda, os indivduos tendem

    a consumir produtos que no consumiam antes, como transportes areos, hospedagem em hotis de

    luxo, aparelhos televisores de LCD, notebooks, dentre outros. O consumo destes produtos s

    possvel aps o aumento da renda e, portanto, esses bens so considerados bens de luxo.

    Pensando em valores, o coeficiente de elasticidade-renda seria positivo e maior que 1.

    Finalmente, aps experimentar um aumento de renda, o consumidor pode deixar de consumir alguns

    produtos e substituir por outros de melhor qualidade, mais caros, mais luxuosos. Nesse caso, o

    coeficiente de elasticidade-renda seria negativo (menor que 0) e o bem seria classificado como um

    bem inferior. comum o indivduo deixar de andar de nibus, quando atinge um nvel de renda que

    o permite comprar um carro ou uma motocicleta; tambm comum deixar de consumir carne de

    segunda e substituir por carne de primeira. Viagens de nibus e carnes de segunda seriam exemplos

    de bens inferiores.

    Matematicamente o coeficiente de elasticidade-renda da demanda seria expresso por:

    y = Qd/Qd Y/Y

    Onde:

    Ey = Elasticidade renda da demanda

    Qd = Quantidade demandada

    Y = renda

    Aprendemos, nesta unidade, os conceitos fundamentais da teoria microeconmica. So conceitos

    muito importantes que nos ajudaro a compreender as demais unidades do nosso curso. Mas, antes

    de passarmos para frente, para a anlise macroeconmica, seria bom verificarmos a aplicabilidade

    desses conceitos. Voc vai perceber que tratamos aqui de questes que fazem parte do nosso

    cotidiano. Voc j deve ter percebido que Economia no um bicho de sete cabeas!

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 29 | P g i n a

    2. Teoria na Prtica

    Vamos pensar a respeito do Fordismo, um modelo de produo criado por Henry Ford e implantado

    em sua fbrica em Detroit, EUA, na primeira dcada do sculo XX. Sua principal caracterstica se

    basear na produo e no consumo em massa e sua implantao revolucionou a indstria

    automobilstica tanto nos Estados Unidos quanto no resto do mundo.

    A lgica do fordismo a produo em srie atravs da adoo da linha de montagem que permitiu

    significativa reduo do custo de produo do automvel. Alm disso, uma grande preocupao de

    Henry Ford era permitir que os prprios operrios de sua fbrica tivessem condies de adquirir os

    veculos que produziam e para atingir esse objetivo ele aumentou dobrou - os salrios de seus

    empregados.

    Os argumentos de Ford se basearam nos estudos vistos nessa unidade. A reduo do custo de

    produo do automvel obtido pelo fordismo permitiu que o preo dos automveis fosse reduzido

    sensivelmente pelo aumento da oferta, fazendo com que a demanda do automvel fosse aumentada.

    Alm disso, o aumento dos salrios pagos pela Ford afetou um importante determinante da demanda,

    que a renda. Nessa situao, dois fatores importantes foram alterados para possibilitar o aumento

    das vendas de automveis Ford: o preo do produto pelo aumento da oferta e a renda dos

    consumidores pelo aumento nos salrios pagos.

    Para voc, uma ideia: a produo de automveis Ford nos primeiros anos da dcada de 20 superou a

    casa dos 2 milhes de unidades.

    Diante dessa situao provocada pela implantao do fordismo, as demais empresas produtoras de

    veculos se viram obrigadas a tambm implementarem o fordismo em suas linhas de produo para

    que pudessem competir com esse crescente volume de produo obtido pela Ford. Com isso, o

    produto automvel, pelo aumento da concorrncia, se tornou um produto de demanda elstica

    contribuindo ainda mais para a popularizao do automvel na nossa sociedade.

    Como podemos perceber, a lgica do fordismo se baseia na lgica do mercado no qual operam tanto

    foras no lado da oferta quanto foras no lado da demanda.

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 30 | P g i n a

    Outro ponto importante que podemos analisar, tendo o fordismo como nossa referncia, diz respeito

    ao processo de concentrao de mercado pelo qual passou e continua passando - a indstria

    automobilstica brasileira.

    Como a competio entre as empresas produtoras de automveis aumentou em funo do aumento

    da oferta de automveis existe uma presso para baixo nos preos dos veculos. Ao longo do tempo,

    portanto, ocorre um processo de fuso entre empresas, reduzindo o nmero de empresas produtoras

    de automveis e assim tornando esse mercado mais concentrado e facilitando que as empresas se

    organizassem em cartis com o intuito de manipular o preo dos seus produtos no mercado.

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 31 | P g i n a

    3. Recapitulando

    Na Unidade I, aprendemos alguns conceitos importantes em Economia: entendemos a importncia e

    o significado da curva de possibilidade de produo e o conceito de custo de oportunidade. Vimos

    que qualquer escolha implica em custos de oportunidade.

    Aprendemos que existem vrios tipos e estruturas de mercado, e que essas variaes tm reflexos

    sobre a determinao de preos e quantidades de equilbrio. No mercado monopolstico a empresa

    tem total poder de determinar o preo do produto, cabendo ao consumidor pagar pelo mesmo, se

    quiser ter acesso a esse produto. Os mercados concorrenciais so mais favorveis aos

    consumidores, j que os preos praticados pelas firmas tendem a ser mais baixos.

    Entendemos, tambm, que um mercado composto por duas variveis fundamentais: oferta e

    demanda. Cada varivel tem suas caractersticas especficas, mas no mercado interagem e, em

    conjunto, determinam os preos e as quantidades de equilbrio. Aprendemos, ainda, que raramente

    um mercado estar em equilbrio, mas a teoria econmica acredita que h uma tendncia para

    convergir em sua direo e, por esse motivo, a situao de equilbrio sempre tomada como

    referncia.

    Aprendemos, contrariando o senso comum, que nem sempre aumentar o preo uma boa estratgia

    para o produtor. s vezes, a melhor estratgia para aumentar a lucratividade de uma empresa

    justamente a reduo do preo dos produtos por ela comercializados. Para isso, trabalhamos com o

    conceito de elasticidade-preo da demanda.

    Vimos, tambm, que o aumento da renda eleva a demanda de alguns produtos, mas no de todos.

    Para isso, analisamos o conceito de elasticidade-renda da demanda.

    Finalmente, compreendemos que nem sempre o aumento do preo do produto implicar o aumento

    da produo dele. A empresa s conseguir expandir sua produo aps o aumento do preo, se

    houver capacidade ociosa.

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 32 | P g i n a

    Unidade 2: Noes de Macroeconomia

    1. Contedo Didtico Caro aluno, na Unidade I estudamos os conceitos fundamentais da microeconomia e, uma vez que j

    assimilamos esses conceitos, estamos preparados para avanarmos em nossos conhecimentos.

    Muitos deles, apesar de relacionados microeconomia, sero teis nesta unidade... Sabe por qu?

    Porque, na realidade, as anlises micro e macro se referem mesma coisa... mas com focos

    diferenciados. Como vimos, a anlise micro nos fornece detalhes de um mercado especfico.

    Observe, no entanto, que no mundo real existem vrios mercados - o mercado de automveis,

    imobilirio, de computadores, de eletrodomsticos, de vesturio, de alimentos e bebidas, de trabalho,

    dentre outros que se relacionam entre si, na medida em que a produo de um serve de insumo

    para o outro; na medida em que o funcionamento de um no s depende, mas influencia o

    comportamento do outro.

    A anlise macro mais abrangente. Ela trata esses mercados conjuntamente, ou seja, no faz a

    distino entre o mercado de automveis e o mercado imobilirio, por exemplo. Isso nos permite

    compreender as caractersticas globais (macro) de um sistema econmico.

    Antes de entramos na anlise macroeconmica propriamente dita, precisamos compreender alguns

    conceitos fundamentais. Por esse motivo, vamos estudar, neste primeiro tpico, alguns conceitos de

    Contabilidade Social.

    1.1. Noes de Contabilidade Social

    Contabilidade Social: trata da mensurao da atividade econmica e social em seus mltiplos aspectos. a matria que define e sistematiza regras para a produo e a organizao contnua de informaes relevantes (agregados macroeconmicos, indicadores de desenvolvimento) para a economia como um todo, orientando assim a tomada de decises pblicas e privadas (FEIJ et al, 2003, p. 3).

    Voc est pronto para comear? Ento, vamos l!

    1.1.1. Valor adicionado, renda e dispndio

    Voc sabe por que o po de sal custa mais caro que a farinha de trigo e por que a farinha de trigo

    custa mais caro que o gro de trigo? A resposta a esta pergunta est na transformao pela qual

    passa cada um destes produtos nas vrias etapas da cadeia produtiva. Por exemplo, o gro de trigo

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 33 | P g i n a

    beneficiado e modo e se transforma na farinha de trigo que, por sua vez, beneficiada e combinada

    a outros insumos (como acar, fermento, leite e ovos) pelo panificador que a transforma em

    pozinho francs, consumidos por ns, habitualmente, no caf da manh. Observe que, na primeira

    etapa, foi adicionado valor ao trigo, na sua transformao em farinha, tendo ocorrido o mesmo na

    segunda etapa, quando a farinha foi transformada em pozinho de sal.

    Valor adicionado isso... o valor agregado ao produto em cada etapa do processo produtivo.

    Renda, na macroeconomia, no se refere somente ao salrio do indivduo. Aqui esse conceito mais

    amplo e se refere a toda e qualquer remunerao pagas pela utilizao dos fatores de produo.

    Voc se lembra dos fatores de produo estudados na Unidade 1, Terra,

    capital e trabalho?

    A cada um dos fatores corresponde uma remunerao especfica.

    O proprietrio da terra recebe como renda um aluguel pelo seu uso. Por exemplo: muito comum, na

    nossa agricultura, a figura do meeiro, que aquele agricultor que, por no possuir terra prpria, se

    utiliza da terra de outras pessoas e paga por esse uso. Esse pagamento pode ser feito em espcie

    (parte da mercadoria produzida nessa terra) ou em dinheiro.

    O proprietrio do capital recebe como renda o lucro, o pr-labore, os juros ou os dividendos, sendo:

    Os proprietrios de capitais convertidos em mquinas e equipamentos recebem lucro;

    O esforo do proprietrio da empresa na sua gesto tem como remunerao o pr-labore

    (pelo trabalho, traduzindo livremente do latim para o portugus);

    Os proprietrios de capitais aplicados no mercado financeiro (bancos, corretoras de

    valores, dentre outros) recebem juros;

    Os proprietrios de capitais aplicados no mercado de capitais (bolsa de valores) recebem

    dividendos.

    Os trabalhadores, proprietrios da fora de trabalho, recebem salrios ou honorrios.

    Os salrios so pagos pelos empregadores queles realizam atividade produtiva;

    Os profissionais liberais, prestadores de servios, recebem honorrios.

    Matematicamente, a renda expressa por:

    Y = W + A + L + J

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 34 | P g i n a

    Onde:

    W = salrios

    A = Aluguis

    L = lucros

    J = Juros

    O dispndio, por sua vez, representa um gasto que pode ser tanto dos consumidores, quanto do

    governo como das empresas privadas.

    O gasto dos consumidores denominado consumo; os dispndios do governo so tratados como

    gastos governamentais ou gastos pblicos e os dispndios das empresas privadas so considerados

    investimentos.

    O dispndio total, tambm conhecido como demanda agregada, a soma dos dispndios privados

    com os dispndios pblicos, como se pode notar pela frmula:

    DA = C + I + G

    Sendo:

    DA = Demanda Agregada

    C = Consumo privado

    I = Investimento privado

    G = Gastos governamentais

    Uma vez que conhecemos o conceito dessas trs variveis, conseguimos compreender o fluxo

    circular da renda e da produo, representado na figura abaixo. Ele se inicia pela contratao dos

    fatores de produo, por parte da empresa, determinando a existncia da renda dos fatores de

    produo. Em um sistema econmico, toda a produo transferida, atravs das remuneraes dos

    respectivos fatores, para as famlias proprietrias deles. Sendo assim, as famlias proprietrias de

    empresas recebem lucros e pr-labore; os proprietrios de terra recebem os aluguis; os proprietrios

    de capitais monetrios recebem juros; e, finalmente, os trabalhadores recebem os salrios e

    honorrios.

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 35 | P g i n a

    Fluxo Circular da Renda e da Produo

    GOVERNO

    EMPRESASFAMLIAS

    Y = W + A + L + J

    CONSUMO (C)

    INSTITUIESFINANCEIRAS

    POUPANA (S)

    IMPOSTOS (T)

    INVESTIMENTO (I)

    GASTOS (G)

    Fonte: FROYEN, Richard (1999: 95)

    Como se pode observar no Fluxo Circular, uma vez possuidores de renda na forma de moeda, cada

    agente econmico incorrer em dispndios.

    Os trabalhadores gastaro uma parcela da renda monetria com a aquisio de bens e servios, e a

    outra parcela ser poupada. Note que nem todas as famlias podero poupar, j que a capacidade de

    poupana depende da renda do indivduo e/ou da famlia. No entanto, considerando o sistema

    econmico em seu conjunto, sempre haver poupana, porque sempre haver famlias com

    capacidade de poupar. As poupanas so, por sua vez, realizadas em alguma instituio financeira...

    Voc j viu algum guardar dinheiro debaixo do colcho? Mesmo se j viu,

    isso no poupana! Em Economia isso se chama entesouramento.

    Os empresrios adquiriro novas mquinas, equipamentos e matrias-primas para darem incio a um

    novo ciclo produtivo, ou seja, realizaro investimentos. Mesmo os empresrios que no tm recursos

    prprios para o financiamento do investimento podero realiz-lo. Sabe como? Buscando

    emprstimos no sistema financeiro. De onde saem os recursos que os bancos emprestam para os

    empresrios? Das poupanas realizadas pelas famlias... incrvel, no ?

    No podemos esquecer que uma parte da renda dos indivduos destinada ao pagamento de

    impostos ao governo. Por que pagamos impostos? Para podermos ter nossa disposio os servios

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 36 | P g i n a

    pblicos essenciais nossa vida em sociedade, como escolas, hospitais, segurana pblica, vias

    pavimentadas, etc... O governo tambm utiliza os recursos arrecadados atravs de impostos para o

    pagamento das aposentadorias e das penses e para os programas de transferncia de renda, como

    o caso do programa bolsa famlia.

    Espero que voc esteja compreendendo esses conceitos. Como mencionei

    anteriormente, eles so imprescindveis para que voc consiga entender a

    anlise macroeconmica.

    Alguns novos conceitos, relacionados a estes sero tambm estudados. Voc j deve ter ouvido falar

    em PIB, em PNB... Voc sabe realmente o significado desses termos? sobre eles que

    conversaremos no prximo tpico. Vamos l, no desanime!!!

    1.1.2. PIB, PNB, PIL, RN e RPD

    Voc sabe o que PIB?

    Imagino que deve voc deve estar pensando na seguinte resposta: PIB o Produto Interno Bruto....

    Muito bem, voc est certo! Mas voc saberia dizer o que o PIB representa? O PIB um dos

    principais agregados macroeconmicos e, por definio, constitudo por todos os bens e servios

    finais produzidos dentro dos limites territoriais de um pas, por todas as unidades produtivas (pblicas

    e privadas) durante determinado perodo de tempo (FEIJ et al, 2003). Observe que so

    contabilizados apenas os bens e servios finais, ou seja, aqueles que j esto prontos para serem

    disponibilizados no mercado consumidor e adquiridos pelas famlias.

    O PIB expresso em valores monetrios. Para entender isso, imagine como

    seria a contabilizao da produo interna brasileira se considerarmos as

    quantidades de mesas, cadeiras, tesouras, lpis, batatas, automveis,

    servios diversos produzidos no pas... Como seria possvel somar as

    quantidades produzidas de produtos to distintos? A melhor forma

    converter todas essas quantidades em valores monetrios, a partir dos

    preos praticados nos mercados de cada uma dessas mercadorias. isso

    que define a medida do PIB a preos de mercado.

    Para voc ter uma ideia do que estamos falando, o PIB brasileiro em 2008 foi de R$2,9 trilhes!!!

    Devemos salientar que a contabilizao do PIB de um pas sofre algumas limitaes. Pense nas

    seguintes questes: como contabilizar a produo de uma dona de casa? E aquela realizada pelos

    trabalhadores no mercado informal de trabalho? Essas atividades esto fora da contabilizao do

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 37 | P g i n a

    PIB... Alm desses exemplos, temos ainda problemas com a contabilizao das transaes

    econmicas que envolvem bens que foram produzidos em perodos anteriores. Nesses casos, so

    contabilizados como produo corrente apenas os valores referentes corretagem, se houver.

    Esse o conceito de PIB. Mas existe outro agregado econmico tambm muito utilizado, o PNB.

    Voc saberia o conceito de PNB? E a diferena entre PIB e PNB?

    PNB ou Produto Nacional Bruto constitudo por todos os bens e servios finais produzidos por

    fatores de produo pertencentes aos residentes de um pas, podendo essa produo acontecer

    dentro dos limites geogrficos do pas ou mesmo fora dele. A PETROBRS uma empresa

    brasileira. A produo realizada por ela contabilizada no PNB brasileiro, ainda que parte de sua

    produo tenha ocorrido em territrio estrangeiro, como aconteceu at recentemente na explorao

    de gs natural na Bolvia por essa empresa. Analogamente, a produo da FIAT, no municpio de

    Betim/MG, contabilizada no Produto Interno Bruto brasileiro e no Produto Nacional Bruto Italiano.

    No caso brasileiro, o PIB considerado como agregado macroeconmico mais relevante para a

    avaliao do desempenho da nossa economia ao longo do tempo. Isso ocorre pelo fato de que h

    mais empresas estrangeiras instaladas no territrio do que empresas brasileiras instaladas em

    territrio estrangeiro. Nos EUA, por exemplo, o PNB considerado um agregado macroeconmico

    mais relevante do que PIB, uma vez que h empresas americanas no apenas nos EUA, mas em

    praticamente todos os pases do mundo.

    Como derivao do PIB, tem-se outro agregado macroeconmico denominado PIL Produto Interno Lquido.

    Voc deve estar se perguntado: qual a diferena entre eles?

    Para o PIB ser produzido so utilizados mquinas e equipamentos que se depreciam, se desgastam,

    ao longo de cada perodo produtivo. Esse desgaste denominado depreciao do capital fixo.

    Dessa forma, no final do perodo, esse desgaste deve ser reposto e, por isso, desconta-se do PIB o

    valor monetrio correspondente a essa depreciao. Sendo assim, podemos entender o PIL atravs

    de uma equao extremamente simples:

    PIL = PIB Depreciao

    Outro agregado macroeconmico importante a Renda Nacional (RN), definida como a renda

    disponvel para os residentes deste pas. O clculo da Renda Nacional derivado do PIL. Como isso

    feito? Como j vimos, existem empresas estrangeiras instaladas no Brasil, que aqui geram lucros.

    Normalmente parte dos lucros destas empresas enviada para suas matrizes, no exterior. Por outro

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 38 | P g i n a

    lado, existem empresas brasileiras instaladas em outros pases, gerando lucro l fora e enviando

    parte deles para suas matrizes instaladas em territrio brasileiro.

    A Renda Nacional, portanto, definida quando exclumos do PIL a renda das empresas estrangeiras

    instaladas no Brasil, que enviada ao exterior e inclumos a renda que as empresas instaladas no

    exterior remetem ao Brasil. Matematicamente, a Renda Nacional expressa pela frmula:

    RN = PIL REE + RRE

    Onde:

    REE = Renda Enviada ao Exterior

    RRE = Renda Recebida do Exterior

    Partindo da Renda Nacional, podemos determinar outro agregado macroeconmico: a Renda Pessoal Disponvel (RPD). Ela estimada pela deduo dos impostos diretos pagos pelas famlias,

    da Renda Nacional, lembrando que impostos diretos so, por definio, aqueles descontados

    diretamente da renda das famlias, como o caso do Imposto de Renda no Brasil.

    RPD = RN Impostos Diretos

    Esses so, ento, os principais agregados macroeconmicos. Mas devemos fazer aqui uma pergunta:

    como podemos comparar o PIB de um ano com o PIB do ano anterior, se os preos dos bens e

    servios oscilam ao longo do tempo? sobre isso que conversaremos no prximo tpico.

    1.1.3. A diferena entre o real e o nominal

    Como se mencionou anteriormente, o PIB medido a preos de mercado e oscilam ao longo do

    tempo. Voc percebe a oscilao dos preos no seu dia a dia quando vai ao mercado, ao aougue,

    feira, etc.

    Sendo assim, concluses acerca do comportamento da economia no podem ser tiradas a partir de

    comparaes diretas entre PIBs de um mesmo pas em anos diferentes. Como saber, ento, se a

    economia est crescendo ou no?

    Quando o governo publica o valor do PIB, ele normalmente divulga o PIB a preos de mercado. Em

    economia, consideramos essa varivel como nominal. Pense em um exemplo... dissemos acima que

    o PIB brasileiro de 2008 foi de R$2,9 trilhes. Em 2007, o PIB brasileiro foi de R$2,6 trilhes. Como

    esses valores so nominais, no podemos afirmar, com certeza, que a economia brasileira cresceu

    de 2007 para 2008, pois essa diferena poderia ser causada tanto por variaes nos preos dos bens

    e servios comercializados no mercado nacional quanto por oscilaes nas quantidades produzidas

    de bens e servios. Se considerarmos esses valores nominais, diramos que a economia cresceu em

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 39 | P g i n a

    aproximadamente 11% de 2007 para 2008, o que no verdade. No podemos nos esquecer da

    variao dos preos.

    Voc deve estar se perguntado: Como , ento, medido o crescimento de

    uma economia? Veja bem: desse crescimento de 11% devemos descontar a

    variao dos preos no mesmo perodo. Em economia, esse processo

    conhecido pelo termo deflacionar.

    Segundo o IBGE, o crescimento do PIB brasileiro entre 2007 e 2008 foi de 5,1% e no de 11%, como

    dissemos acima. A diferena entre essas duas taxas corresponde inflao brasileira no mesmo

    perodo. Ento, entre 2007 e 2008 os preos, no Brasil, aumentaram, em mdia, em 5,9%.

    Feito esse clculo, podemos diferenciar o PIB nominal do PIB real. O PIB nominal aquele estimado

    com preos do ano corrente, enquanto o PIB real estimado com preos do ano-base.

    Ano corrente , por definio, o ano em que o produto foi produzido, ou

    seja, 2008.

    Ano-Base o perodo tomado como referncia que, no nosso caso, foi o

    ano de 2007.

    importante entender o seguinte: todos os PIBs estimados com preos do ano-base no nosso

    exemplo, o ano de 2007 so comparveis entre si. Isso porque em todas estimativas temos

    exatamente os mesmos preos para cada um dos bens e servios e, portanto, quaisquer variaes

    nos PIBs assim estimados refletem oscilaes nas quantidades de bens e servios produzidas no

    pas, em determinado intervalo de tempo. A partir dessa informao podemos avaliar se houve ou

    no crescimento econmico, medido pelo crescimento real do PIB.

    Para ficar ainda mais claro, observe o grfico abaixo. Nele esto plotados os PIBs brasileiros a

    preos de mercado (ou nominais) e a preos de 2008 (ou reais), referentes ao perodo 1994-2008.

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 40 | P g i n a

    BRASIL PRODUTO INTERNO BRUTO REAL E NOMINAL (1994-2008)

    0

    200.000

    400.000

    600.000

    800.000

    1.000.000

    1.200.000

    1.400.000

    1.600.000

    1.800.000

    2.000.000

    2.200.000

    2.400.000

    2.600.000

    2.800.000

    3.000.000

    1994

    1995

    1996

    1997

    1998

    1999

    2000

    2001

    2002

    2003

    2004

    2005

    2006

    2007

    2008

    Ano

    (milh

    es

    de R

    $)

    PIB real PIB nominal

    Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados do ipeadata.com.br. Acesso em 13/11/2009.

    Considere, inicialmente, o ano de 1994, o primeiro da srie. Para aquele ano, o PIB nominal

    apresenta-se significativamente inferior ao PIB real. Sabe por qu? Porque, alm das variaes das

    quantidades produzidas, os preos de mercado em 1994 eram inferiores aos preos praticados em

    2008. Em 2008, os PIBs nominal e real so idnticos, pois ele o ano-base.

    Se tomarmos a srie nominal como referncia, concluiremos equivocadamente - que a economia

    brasileira cresceu aceleradamente entre 1994 e 2008, dada a maior inclinao desta curva. Mas, se

    observarmos a srie real, veremos que a economia brasileira de fato cresceu ao longo deste perodo,

    mas num ritmo relativamente lento, dada a menor inclinao desta curva. Agora voc percebeu a

    importncia de se diferenciar o PIB real do PIB nominal? De agora em diante, preste bastante

    ateno na informao que lhe passada nos jornais e revistas.

    1.2. Noes de macroeconomia fechada

    Agora que j sabemos o conceito dos principais agregados, daremos incio anlise

    macroeconmica. Para isso, vamos considerar, inicialmente, uma economia fechada, ou seja, que

    no mantm relaes com o mercado externo. Voc deve estar se perguntando por que vamos partir

    de uma economia fechada se hoje a palavra de ordem globalizao... apenas um recurso

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 41 | P g i n a

    didtico, para efeito de simplificao. No podemos comear a estudar a economia aberta... ela

    complexa demais! Para entend-la necessrio, em primeiro lugar, compreender as relaes

    macroeconmicas em um mundo mais simples. Vamos l!

    1.2.1. O Modelo Keynesiano simples

    Em uma economia fechada existem trs agentes econmicos: Governo, empresas e famlias.

    O governo representa o setor pblico, enquanto as firmas e as famlias representam o setor privado.

    Como vimos no item anterior, estes trs agentes participam do fluxo circular da renda. Naquele fluxo

    fica claro que cada agente tem dois papis no sistema econmico: um do lado da produo, ou seja,

    da oferta de bens e servios e outro do lado da demanda.

    Vamos nos concentrar, em primeiro lugar, no lado da produo, aqui denominada oferta agregada por

    se referir a toda a produo final realizada em uma economia durante determinado perodo de tempo.

    E, veja bem, se esta economia fechada, ento a sua produo interna bruta exatamente igual

    sua produo nacional bruta e ambas so exatamente iguais Renda Nacional, que corresponde

    remunerao dos fatores de produo, como vimos no item anterior.

    PIB = PNB = RN

    Uma outra noo importante, que aprendemos na Unidade I, se refere situao de equilbrio

    econmico. Naquela unidade vimos que um mercado se equilibra quando a oferta exatamente igual

    demanda, no havendo qualquer presso (ascendente ou descendente) sobre os nveis de preo e

    quantidade de equilbrio. Assim tambm na macroeconomia! A diferena que no se trata do

    equilbrio de um mercado especfico, mas do sistema econmico como um todo. Ento, uma

    economia estar em equilbrio quando a Oferta Agregada (OA) for exatamente igual Demanda

    Agregada (DA) e ambas forem iguais Produo (Y). Essa relao pode ser expressa pela

    equao:

    Y = OA = DA

    A Oferta Agregada composta pela produo destinada ao consumo privado (C); pela produo

    destinada ao investimento privado, sendo esta correspondente ao valor da poupana realizada pelas

    famlias (S); e pela parcela da produo recolhida pelo governo atravs dos tributos (T), que ir

    financiar pelo menos parte dos gastos pblicos:

    OA = C + S + T

  • Disciplina: Economia

    Autor: Joseane de Souza Fernandes

    Unidade de Educao a Distncia | Newton 42 | P g i n a

    A demanda agregada composta pelo consumo de bens e servios realizado pelas famlias (C); pelo consumo das empresas privadas, sendo este correspondente ao valor do investimento (I) realizado

    pelas mesmas; e pelos gastos governamentais (G) com bens e servios de utilidade pblica.

    DA = C + I + G

    Como se mencionou anteriormente, se a economia estiver em equilbrio, a oferta agregada ser

    exatamente igual demanda agregada.

    OA = DA

    C + S + T = C + I + G

    S + T = I + G

    Pelas condies de equilbrio, podemos afirmar que, em uma economia em equilbrio, a poupana

    interna, dada pela soma da poupana privada com os tributos arrecadados pelo governo (S + T),

    exatamente igual ao investimento global, dado pelo investimento do setor privado somado aos

    gastos governamentais (I + G), realizado na mesma, em determinado perodo de tempo.

    Note que se a poupana privada for exatamente igual ao valor do investimento privado, a veracidade

    da equao s ser verificada se o governo gastar exatamente os recursos arrecadados atravs de

    impostos. Essa situao comumente chamada de Oramento Pblico Equilibrado. Mas o

    oramento equilibrado em si no condio suficiente nem sequer necessria para o equilbrio

    econmico.

    O modelo keynesiano parte do pressuposto de que a Demanda Agregada a mola propulsora de um