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  • A Economia brasileira nas ltimas dcadas: avanos e problemas

    Introduo a Economia Mdulo III Unidade VII- Aula 22

    Rafael Terra (UnB)

    1

  • 1) Viso geral da histria Econmica

    Desde meados do sculo passado, duas caractersticas se mostraram salientes na Economia Brasileira.

    1. Crescimento do PIB relativamente alto no perodo pr 1980.

    2. Quebra de tendncia de crescimento a partir da dcada de 1980.

    7

  • 8

  • 1) Viso geral da histria Econmica

    De 1948 a 2010: Taxas mdias de crescimento do PIB e do PIB per capita de 5,2% e 2,8% ao ano, respectivamente.

    EUA tiveram crescimento menor (3,2% a.a.).

    Nota-se no entanto, um contraste entre o perodo 1948-1980 e 1980-2010.

    9

  • 1) Viso geral da histria Econmica

    Entre 1948 e 1980, o PIB per capita cresceu a taxa mdia de 4,6% a.a.

    Entre 1981 e 2010, cresceu a taxa de 0,7% a.a.

    No perodo de 1968 a 1973 (Milagre Econmico) houve crescimento excepcionalmente alto do PIB, 11,2% em mdia.

    10

  • 1) Viso geral da histria Econmica

    Na dcada de 70 o crescimento mdio foi de 9% a.a.

    De 1980 a 2010 houve alternncia de perodos de crescimento mais e menos expressivos.

    O que causou tais diferenas de crescimento no perodo pr e ps- dcada de 1980?

    11

  • 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indstria

    O crescimento anterior a 1980 foi marcado pelo dinamismo da indstria, em especial, da indstria de transformao.

    Entre 1947 e 1980 esta cresceu a uma taxa de 8,7% a.a.

    12

  • 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indstria

    Entre 1948 e 1980 a indstria tambm se diversificou, produzindo bens de consumo no-durveis (e.g. alimentos, vesturio), durveis (e.g. carros) e bens de capital (e.g. mquinas voltadas produo).

    A queda no crescimento aps 1980 tambm se deveu a indstria, que cresceu a apenas 1,4% a.a.

    13

  • 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indstria - Estmulos Governamentais

    O desenvolvimento da indstria foi favorecido por estmulos do Governo.

    Barreiras importao (tarifas alfandegrias).

    Essa era a principal fonte de receita at incio do sculo XX.

    Depois, passou a ter cada vez mais um carter protecionista, inclusive por presso do setor industrial.

    14

  • 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indstria - Estmulos Governamentais

    Uma doutrina protecionista

    Economistas associados CEPAL liderados por Raul Prebisch e Celso Furtado.

    Pontos Centrais: a especializao em produtos primrios para exportao limitaria o crescimento no longo prazo.

    15

  • 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indstria - Estmulos Governamentais

    Produtos primrios: baixa elasticidade-renda, pouco sujeitos a melhorias tcnicas e grandes aumentos de produtividade.

    Produtos industriais: alta elasticidade-renda e sujeitos a grandes melhorias tecnolgicas e de produtividade.

    16

  • 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indstria - Estmulos Governamentais

    Pases no devem se ater a lgica das Vantagens Comparativas.

    Devem diversificar suas estruturas produtivas.

    Devem desenvolver a indstria voltada para o mercado interno, substituindo importaes.

    A experincia do Brasil na dcada de 30 influenciou a disseminao dessa doutrina.

    17

  • 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indstria - Estmulos Governamentais

    Exemplos de planos econmicos formulados com base nas ideias cepalinas so: Plano de Metas (1955-60) e II PND (1973-79).

    O estmulo indstria nesses planos abrangiam subsdios do Governo na forma de isenes de impostos, cmbio favorvel para importao de equipamentos, e emprstimos de longo prazo.

    18

  • 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indstria - Investimento Externo

    Em consequncia das restries importaes diversas empresas internacionais se estabeleceram ou ampliaram suas instalaes no Brasil.

    Houve, inclusive, associao do capital estrangeiro com o capital nacional para instalao de fbricas no Brasil.

    19

  • 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indstria Taxas de Investimento

    Mercado financeiro internacional favorecia a tomada de emprstimo at fim da dcada de 70.

    A taxa de investimento como proporo do PIB aumentou fortemente na dcada de 70 (perodo de maior crescimento do PIB). Ver tabela 2.

    20

  • 21

  • 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indstria Taxas de Investimento

    Na tabela 2, nota-se que a taxa de investimento se manteve nas dcadas de 80 e 90.

    Esse resultado enganoso, pois houve aumento dos preos relativos dos bens de investimento.

    O ideal utilizar a taxa de investimento a preos constantes (coluna B).

    Nota-se uma forte queda nesse indicador entre 1970 e 1999 (de 23,1% para 15,1% do PIB).

    22

  • 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indstria Poupana Pblica e Poupana

    Externa

    Na dcada de 70, 1/3 da poupana total proveio da poupana do governo ou do exterior.

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  • 25

  • 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indstria Poupana Pblica e

    Poupana Externa A partir da dcada de 80, o Governo passa a contribuir negativamente para a poupana domstica.

    Isso pode explicar o baixo crescimento a partir dessa dcada.

    O Governo financiava esse dficit emitindo ttulos da dvida, adquiridos com recursos da poupana privada (que seriam investidos), i.e. provoca o conhecido efeito crowding-out.

    26

  • 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indstria Os investimentos do

    Governo O Governo pode investir

    indiretamente, via capitalizao de empresas como Petrobrs, transferncia de recursos para o Tesouro e bancos de fomento como o BNDES,

    ou diretamente, construindo estradas, portos ou usinas hidreltricas, fatores que aumentam a produtividade.

    27

  • 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indstria O investimentos do

    Governo Reduo do crescimento a partir da dcada de 80 tem sido atribuda a queda nos investimentos pblicos.

    Na tabela 4 isso fica claro pela evoluo da taxa de formao Bruta de Capital do Setor Pblico.

    Em 1969, esse valor era de 5,37% do PIB.

    Em 2003 chegou 1,51% do PIB.

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  • 29

  • 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indstria Os investimentos do

    Governo A elevao de gastos correntes (como folha salarial, previdncia) engessa o oramento.

    Gastos correntes trazem mais benefcios polticos de curto prazo. E governos tm curta durao.

    Para atingir algum equilbrio fiscal, o governo corta gastos discricionrios como o investimento.

    30

  • 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indstria aspectos positivos

    O modelo de crescimento anterior a dcada de 80 foi bem-sucedido. Permitiu a criao de um parque industrial dinmico e diversificado.

    Poucos pases verificaram tal ritmo de crescimento no perodo.

    31

  • 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indstria aspectos negativos

    Distribuio de renda piorou no perodo.

    O crescimento beneficiou poucos.

    No que se refere indstria, ressalta-se o baixo nvel de competitividade.

    32

  • 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indstria aspectos negativos

    Visava-se a oferta de produtos para substituir importaes.

    Custo e eficincia eram fatores secundrios.

    Para automveis, por exemplo, as barreiras importao eliminavam a competio externa.

    33

  • 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indstria aspectos negativos

    Competio entre produtores nacionais praticamente no existiu no perodo.

    Havia sim uma luta pelo apoio governamental via rgos de fomento que forneciam crdito subsidiado.

    Quem no conseguia tal apoio se encontrava em desvantagem.

    34

  • 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indstria aspectos negativos

    A pouca concorrncia desestimulava investimentos em inovao, que carregam alto risco, mas podem proporcionar grandes ganhos.

    Um ambiente competitivo estimula a adoo de inovaes de modo a expulsar os inaptos do mercado.

    O Resultado um setor industrial despreparado para competir internacionalmente.

    35

  • 3) A crise dos anos 80: Antecedentes

    Antecedentes (dcada de 70)

    O aumento dos preos do petrleo aumentou o saldo de dlares aplicados no mercado financeiro pelos pases da OPEP (petro-dlares).

    A taxa de juros internacional se reduziu drasticamente.

    Expanso do endividamento externo pelo Governo brasileiro para financiamento dos projetos de desenvolvimento como o II PND.

    36

  • 3) A crise dos anos 80: Antecedentes

    Aumento da taxa de juros americana elevou o servio da dvida externa do Brasil.

    Em 1982, com a moratria do Mxico, reduziu-se drasticamente a oferta de emprstimo, reduzindo a oferta de dlares e aumentando a taxa de juros cobrada.

    37

  • 3) A crise dos anos 80: Descontrole Fiscal

    Problemas fiscais foram agravados aps o fim do regime militar.

    As demandas sociais represadas se tornaram evidentes e incorporadas na Constituio de 1988.

    Os gastos aumentaram muito e houve perda de receitas com a descentralizao.

    38

  • 3) A crise dos anos 80: Descontrole Fiscal

    As dificuldades fiscais reduziram a capacidade do Governo estimular setores produtivos.

    Ganhou fora a ideia de privatizao.

    39

  • 3) A crise dos anos 80: Setor externo

    O surgimento de setores de rpido desenvolvimento tecnolgico (como Tecnologia da Informao) trazia novas demandas de importao.

    Tornou-se imperativo expandir e diversificar as exportaes.

    Restries a importaes desestimulavam a busca da eficincia e introduo de inovaes.

    40

  • 3) A crise dos anos 80 : Setor externo

    A elevao do servio da dvida externa evidenciou a necessidade de elevar o saldo comercial do Balano de Pagamentos (BP).

    O modelo anterior de estmulos exportao s custas dos demais setores se revelou insuficiente.

    Se solidificou a ideia de uma maior abertura comercial, com aumento da competitividade da indstria.

    41

  • 3) A crise dos anos 80: Setor externo

    A presso de um ambiente internacional pela liberalizao da economia se sentiu na Rodada Uruguai a partir de 1986 que culminou com a criao da Organizao Mundial do Comrcio em 1995.

    A adeso do Brasil OMC representou um compromisso com um padro de comrcio marcado pela ausncia de grandes barreiras protecionistas.

    42

  • 3) A crise dos anos 80: Setor externo

    Iniciou-se, ento, um processo de reduo de obstculos importao no final dos anos 80, com uma reduo gradual das tarifas e medidas liberalizantes pelo Governo Collor.

    Rompeu-se uma tradio de protecionismo indstria nacional e um recuo da participao do estado na economia.

    43

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria

    Na dcada de 80 observamos uma grande acelerao inflacionria.

    De uma mdia mensal de 2,4% em 1970-79, aumentou para 16,2% em 1980-89.

    Iniciou-se um debate sobre a origem do processo inflacionrio.

    44

  • 45

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: Teorias de Inflao e poltica anti-

    inflacionria Monetarismo x Estruturalismo

    So duas interpretaes do processo inflacionrio.

    46

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: Monetarismo

    Monetarismo

    No Brasil defendida por Mario Henrique Simonsen e Roberto Campos. Nos EUA, por Milton Friedman.

    Admitia a importncia das presses de demanda no processo inflacionrio, ocasionadas por uma expanso monetria excessiva.

    47

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: Monetarismo

    Essa expanso monetria pode advir

    de dficits governamentais financiados por emisso de moeda.

    Aumentos salariais acima dos ganhos de produtividade.

    O remdio

    Conteno de gastos

    Aumento de receitas pblicas

    Disciplina Fiscal

    Restrio monetria

    Emisso de ttulos da dvida para financiar dficits

    48

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: Estruturalismo

    Causa bsica da inflao

    Inelasticidades de oferta.

    O processo de industrializao e urbanizao incrementara a demanda por certos bens e servios que no podiam ser prontamente atendidas pela oferta.

    49

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: Estruturalismo

    O remdio

    Se aplicado o remdio de aperto monetrio dos monetaristas haveria recesso sem resolver os problemas estruturais de oferta.

    Os custos sociais da poltica monetaristas eram maiores que a inflao.

    Recomendavam atacar os problemas estruturais que permitissem ampliar a oferta.

    50

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: O monetarismo na prtica

    Entre 1964 e 1967 Roberto Campos aplicou o receiturio monetarista de forma gradualista para evitar efeitos recessivos.

    Uma reforma tributria ampliou a receita.

    Aplicou correo monetria aos ttulos pblicos (instrumento no inflacionrio de financiamento de dficits) para torn-los atraentes para os investidores.

    51

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: O monetarismo na prtica

    Recorreu-se tambm a compresso salarial, reduzindo os custos de produo.

    Isso contribuiu para uma queda na inflao. De 89,5% a.a. em 1964, caiu para 16,3% em 1970.

    Inicialmente, houve retrao pontual do crescimento em 1965.

    No geral, o resultado reforou a ideia monetarista sobre inflao.

    52

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: A inrcia inflacionria

    Os preos voltaram a subir no incio da dcada de 1970.

    O choque do petrleo, de 1973, representou um violento aumento nos preos. Os custos de produo se elevaram expressivamente e os preos finais acompanharam esse aumento.

    O segundo choque do petrleo (1979) contribuiu para novas presses de aumento de preos.

    53

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: A inrcia inflacionria

    Essa inflao tinha uma caracterstica diferente. As taxas eram maiores (acima de 100% a.a. no incio da dcada de 80 e maior que 200% a.a. no binio 1984-85) e ocorriam junto a uma contrao do PIB e do PIB per capita (caiu mais de 12% entre 1980 e 1983).

    54

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: A inrcia inflacionria

    Essa inflao teria um componente inercial, que fazia com que se repetisse nos perodos seguintes.

    A correo monetria passara a ser uma prtica generalizada medida que a inflao aumentava.

    Em 1979 a correo monetria automtica dos salrios a cada 6 meses definida por lei.

    Contratos de Aluguis, prestaes, salrios, tudo passou a ser corrigido formalmente pela inflao.

    55

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: A inrcia inflacionria

    A inflao passada passou a determinar a inflao futura.

    Quanto mais generalizada a indexao, maior a tendncia de que a inflao de hoje venha a se refletir na inflao de amanh.

    Desenvolveu-se uma cultura inflacionria.

    56

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: A inrcia inflacionria

    A inflao parecia evoluir por patamares.

    Ao redor de 50% a.a. entre 1975 e 1979.

    Prxima de 100% a.a. entre 1980 e 1982.

    Prxima de 200% a.a. entre 1983 e 1985.

    Um choque (e.g., a desvalorizao cambial de 1983) que empurra os preos para cima, faria com que o nvel maior de inflao se perpetuasse, por causa da inrcia.

    57

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: O Plano Cruzado

    Plano anti-inflacionrio, posto em prtica em fevereiro de 1986.

    Considerava a inrcia inflacionria a principal causa da inflao.

    A soluo para a inflao foi a do chamado choque heterodoxo.

    58

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: O Plano Cruzado

    Os ingredientes do Plano eram:

    1)Fim da indexao formal.

    2)Nova unidade monetria, o Cruzado, que pretendia acabar com o efeito psicolgico da inflao associada moeda anterior.

    59

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: O Plano Cruzado

    3)Converso dos salrios em cruzados pela mdia real dos ltimos 6 meses (para tornar desnecessria a indexao salarial).

    4)Congelamento de preos por certo perodo.

    A inflao mensal manteve-se abaixo de 2% at outubro de 1986.

    Depois de outubro a inflao retornou.

    60

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: O Plano Cruzado

    A razo para a volta da inflao que o plano provocou um choque de demanda.

    Temendo protestos dos trabalhadores, o Governo determinou que o reajuste pela mdia dos 6 meses anteriores fosse acrescido de 8% em termos reais.

    O salrio mnimo foi reajustado em 16%.

    61

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: O Plano Cruzado

    A reduo sbita da inflao ocasionou uma redistribuio de renda para os mais pobres.

    Com uma dada oferta, os preos foram pressionados.

    62

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: Outros Planos

    Plano Bresser (1987)

    Plano Vero (1989)

    Plano Collor (1990)

    Plano Collor II (1991)

    Os efeitos desses planos foram cada vez menos duradouros.

    Esses planos previam aes de conteno de demanda com desindexao da economia culminando com o bloqueio de ativos pelo Plano Collor.

    63

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: Outros Planos

    Entre 1987 e 1994, o IPCA esteve entre 10% e 30% por 59 meses, e acima de 30% em 23 meses.

    Em maro de 1990 chegou a 82%.

    64

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: Fim da alta inflao o Plano Real

    Implantado em julho de 1994.

    Buscava atacar os componentes inflacionrios inerciais e de demanda.

    Ao contrrio dos anos 80, o Balano de Pagamentos apresentava situao confortvel.

    A conta financeira viu o saldo crescer de US$1,8 bilhes em 89/91 para US$9,6 bilhes em 92/94.

    65

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: Fim da alta inflao o Plano Real

    Tal situao confortvel do BP permitia a implantao da ncora cambial, com uma taxa de cmbio fixa e valorizada.

    Isso facilitava importaes e aumentava a oferta interna de bens.

    66

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: Fim da alta inflao o Plano Real

    Duas aes importantes foram tomadas antes da implementao do Plano Real.

    A primeira foi a desvinculao de receitas governamentais (DRU) para melhorar a situao fiscal do Governo.

    Logo em 1994, tal medida aumentou a receita, ao mesmo tempo em que se reduziam os gastos, reduzindo o dficit oramentrio.

    67

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: Fim da alta inflao o Plano Real

    A segunda ao buscava conquistar a confiana do pblico, dando garantia de que desta vez no haveria surpresas, choques, confiscos ou intervenes em contratos.

    Essas medidas foram tomadas no mbito do Programa de Ao Imediata (PAI).

    68

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: Fim da alta inflao o Plano Real

    Os principais elementos do Plano Real eram: 1. Eliminao da indexao formal.

    2. Criao da URV (unidade real de valor), equivalente a 1US$, com valor em moeda nacional (Cruzeiro real) reajustada a cada dia. Era uma espcie de pr-moeda, transformada depois em real.

    3. Converso dos salrios em URV, pela mdia dos 4 meses anteriores.

    4. Novos contratos estabelecidos em URV at esta se tornar o real.

    69

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: Fim da alta inflao o Plano Real

    As medidas 2 e 4 equivalem a um congelamento de preos, para eliminar a cultura inflacionria.

    A negociao entre empresas e trabalhadores acerca do salrio em URV era um elemento importante para evitar distores como no Plano Cruzado.

    70

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: Fim da alta inflao o Plano Real

    A implantao do plano foi acompanhada de uma poltica monetria restritiva (aumentando a taxa de juros), buscando conter a esperada expanso de demanda associada drstica reduo do imposto inflacionrio.

    71

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: Fim da alta inflao o Plano Real

    O Plano Real foi um xito de poltica econmica.

    A mdia mensal de inflao foi de 0,63%, com inflao anual de 7,8%.

    A inflao crnica parece efetivamente debelada.

    72

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: Fim da alta inflao o Plano Real

    Conseguiu-se eliminar em grande parte a cultura inflacionria.

    Foram fatores importantes para debelar a inflao:

    A introduo da URV

    A ncora cambial

    73

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: Fim da alta inflao o Plano Real

    A ncora cambial foi importante em um primeiro momento, mas no depois, pois aps a flutuao do cmbio em 1999 a inflao no se acelerou.

    Outro fator que contribuiu para controlar a inflao foi a capacidade dos consumidores de no sancionar aumentos de preos, coisa que no era possvel em um cenrio de alta inflao.

    74

  • 4) Inflao e poltica anti-inflacionria: Fim da alta inflao Metas de inflao

    A partir de 1999 implantou-se as metas de inflao.

    O Conselho Monetrio Nacional define um valor (atualmente 4,5%), com uma tolerncia para mais e para menos de 2%, que deve ser perseguido com os instrumentos de poltica monetria, e.g. taxa SELIC definida pelo COPOM a cada 45 dias.

    75

  • 5) Dcadas de 1990 e 2000: Mudanas no setor externo

    Nesse perodo verificam-se importantes mudanas no saldo de Transaes Correntes e na Conta Financeira do BP.

    Nos anos 80, o saldo da balana de servios era muito negativo, por conta da dvida externa elevada.

    76

  • 5) Dcadas de 1990 e 2000: Mudanas no setor externo

    Subsidiava-se extensivamente s exportaes para contrabalancear esse resultado negativo.

    Promoveu-se uma maxidesvalorizao de 30% da moeda nacional, aumentando as presses inflacionrias.

    Na primeira metade dos anos 90, com o Plano Brady, houve uma reduo parcial dos dbitos e dos juros, e alongamento dos prazos de pagamento.

    77

  • 5) Dcadas de 1990 e 2000: Mudanas no setor externo

    Na dcada de 90 houve expressivo influxo de capitais estrangeiros privados para investimentos em carteira buscando explorar os juros altos de pases emergentes (frente a uma queda nos juros das economias desenvolvidas).

    78

  • 5) Dcadas de 1990 e 2000: Mudanas no setor externo

    Entre 1990 e 1994 , investimentos em carteira aumentaram US$ 16 bilhes.

    Isso favoreceu a utilizao da ncora cambial.

    Com dlar mais barato, as importaes aumentaram e ajudaram a segurar os preos.

    79

  • 5) Dcadas de 1990 e 2000: Mudanas no setor externo

    At os anos 90, a taxa de cmbio era fixa, com minidesvalorizaes peridicas, devido a inflao.

    Com o plano Real foi adotado o sistema de bandas cambiais, i.e., o cmbio flutua dentre de um pequeno intervalo. Na prtica, essa flutuao to pequena que o cmbio pode ser considerado fixo.

    80

  • 5)Taxa de cmbio: Flutuao em 1999

    O cmbio valorizado do Plano Real ajudou a conter a inflao, mas a balana comercial se tornou negativa.

    Crises do Mxico (95) e Tigres Asiticos (97) provocaram sada de capitais, pressionando o cmbio.

    81

  • 82

  • 5)Taxa de cmbio: Flutuao em 1999

    O Governo foi forado a aumentar drasticamente a taxa de juros para atrair capitais e equilibrar o BP.

    Esse aumento reduziu os investimentos e a atividade econmica.

    83

  • 5)Taxa de cmbio: Flutuao em 1999

    A situao tornou-se insustentvel em janeiro 1999, com o BP com grande saldo negativo e perda de reservas.

    O Bacen anunciou que a taxa de cmbio seria determinada pelo mercado (cmbio flexvel).

    O cmbio foi desvalorizado em 50%, passando de R$1,16/US$ para R$1,82 em 1999.

    84

  • 5)Taxa de cmbio: Flutuao em 1999

    No perodo 2000-04 a cotao subiu a R$2,62/US$ devido a uma alta especulativa ao redor da eleio de Lula em 2002.

    De 2005 em diante o real tendeu a se valorizar, aumentando importaes.

    85

  • 5) Taxa de cmbio: Flutuao em 1999 A conta de transaes correntes

    Condies favorveis no cenrio internacional (demanda da China) permitiram o aumento das exportaes (tabela 6) de produtos primrios.

    Os valores das exportaes aumentaram de US$12,6 bilhes para US$90 bilhes entre 2000 e 2010.

    86

  • 5) Taxa de cmbio: Flutuao em 1999 A conta de transaes correntes

    Houve temor de especializao do pas em produtos primrios (participao na pauta subiu de 25% para 45% entre 1990 e 2010).

    Desde 2006 a rubrica Lucros e Dividendos passaram a ser mais importantes na conta Rendas, o que reflete uma maior importncia do investimento estrangeiro direto.

    87

  • 5) Taxa de cmbio: Flutuao em 1999 A conta Financeira

    Entrada de recursos na conta financeira cresceu fortemente nas ltimas duas dcadas.

    Resultado do Investimento Direto e em Carteira.

    Investimentos Diretos so mais desejveis por serem de longo prazo.

    Investimentos em carteira aumentam e diminuem de acordo com as conjunturas interna e externa. So muito volteis.

    88

  • 89

  • 6) O Estado na Economia: Mudanas e problemas

    O papel do Estado na economia tem passado por modificaes relevantes nas ltimas trs dcadas.

    A crise Fiscal dos anos 80 tornou invivel a manuteno da mesma participao do Estado.

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  • 6) O Estado na Economia: Mudanas e problemas

    Devido a fixao de preos de empresas estatais pelo Governo, estas se tornaram incapazes de se financiarem.

    Ganhou fora a ideia de privatizao para eliminar ineficincias e distores.

    Isso porque setores industriais constantemente beneficiados por subsdios governamentais no lograram xito, ao passo que o agronegcio vinha prosperando fortemente e sem auxlio pblico.

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  • 6) O Estado na Economia: Mudanas e problemas

    O Estado como Regulador Normalmente defende-se que o estado aja to somente como regulador.

    Assim, evita-se a fixao monopolstica dos preos.

    Pode-se controlar tambm a qualidade dos produtos e servios fornecidos em um ambiente com pouca competio.

    Mas as agncias reguladoras devem ser independentes.

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  • 6) Problemas das Finanas Pblicas

    Existem ainda problemas srios a serem sanados nas Finanas Pblicas brasileiras.

    O dficit nominal (diferena entre despesas totais e receitas totais do setor pblico).

    O dficit primrio (diferena entre despesas totais excludas as despesas com servio da dvida e as receitas). a economia do governo para o pagamento do servio da dvida.

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  • 94

  • 6) Problemas das Finanas Pblicas

    Na tabela 8 nota-se que o dficit primrio negativo (supervit).

    Mas esse supervit vem se reduzindo desde 2004.

    O Dficit nominal, por outro lado, positivo e gira em torno de 3,5% do PIB.

    Esse dficit nominal financiado pela emisso de ttulos da dvida pblica, o que tende a aumentar a dvida pblica ainda mais.

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  • 6) O lado das receitas

    O aumento do endividamento tem ocorrido a despeito da expanso da carga tributria.

    Entre 2000 e 2010, a dvida aumentou de 30% para 35% do PIB.

    A carga tributria brasileira alta e a estrutura extremamente complexa, resultando em distores/ineficincias na economia.

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  • 6) O lado das receitas

    A constituio de 1988 aprofundou a descentralizao de receitas, sem dividir as despesas.

    O Governo Federal foi o maior prejudicado.

    Por outro lado, a autonomia dos governos locais permitiu a ocorrncia de guerra fiscal.

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  • 6) O lado das despesas

    Os gastos sociais (sade, educao e previdncia social) absorvem 70% das receitas da Unio.

    Dois teros correspondem previdncia social.

    O Dficit previdencirio tem sido crescente, dobrou entre 1996 e 2006 (passou de 2% para 4% do PIB).

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  • 6) O lado das despesas

    Metade do dficit se refere ao INSS (setor Privado) que beneficia 22 milhes de trabalhadores.

    A outra metade do dficit se refere previdncia do servidor pblico, que beneficia apenas 1 milho de trabalhadores.

    Esse dficit era contornvel enquanto o nmero de jovens trabalhando era muito grande relativamente aos mais velhos.

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  • 6) O lado das despesas

    O ajuste fiscal do Governo para cobrir esse dficit feito via reduo dos Investimentos.

    Com isso, o crescimento do pas prejudicado.

    100

  • 6) Reformas nas Finanas Pblicas

    Seria desejvel uma reforma na estrutura tributria para torn-la mais simples e com nveis mais adequados para todos os entes federados.

    O temor de perda de receitas no permite criar o consenso poltico necessrio para a aprovao da reforma.

    101

  • 6) Reformas nas Finanas Pblicas

    Tambm faz-se necessrio aumentar a eficincia dos gastos pblicos, altamente ineficientes no Brasil.

    Uma reforma no sistema previdencirio inevitvel e necessria.

    O FUNPRESP um primeiro passo para o equilbrio previdencirio.

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  • 6) Perspectivas

    Para promover um crescimento equilibrado de longo prazo algumas medidas so necessrias:

    Estimular a poupana interna e os investimentos

    Reduzir a carga tributria.

    Ampliar e melhorar a educao.

    Melhoria das instituies.

    Melhoria de legislao relacionada a realizao de negcios e trabalhista.

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