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ECONOMIA CIRCULAR CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

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ESTUDO E PROSPECTIVA PARA A INDÚSTRIA

ECONOMIA CIRCULARCAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

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ECONOMIA CIRCULARCAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

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CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNIRobson Braga de AndradePresidente

Diretoria de Desenvolvimento IndustrialCarlos Eduardo AbijaodiDiretor

Diretoria de Relações InstitucionaisMônica Messenberg GuimarãesDiretora

Diretoria de Serviços CorporativosFernando Augusto TrivellatoDiretor

Diretoria JurídicaHélio José Ferreira RochaDiretor

Diretoria de ComunicaçãoAna Maria Curado MattaDiretora

Diretoria de Educação e TecnologiaRafael Esmeraldo Lucchesi RamacciottiDiretor

Diretoria de InovaçãoGianna Cardoso SagazioDiretora

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Brasília, 2019

ECONOMIA CIRCULARCAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

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© 2019. CNI – Confederação Nacional da Indústria.Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.

CNIGerência Executiva de Meio Ambiente e Sustentabilidade – GEMAS

CNIConfederação Nacional da IndústriaSedeSetor Bancário NorteQuadra 1 – Bloco CEdifício Roberto Simonsen70040-903 – Brasília – DFTel.: (61) 3317-9000Fax: (61) 3317-9994http://www.portaldaindustria.com.br/cni/

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FICHA CATALOGRÁFICA

C748e

Confederação Nacional da Indústria.Economia circular : caminho estratégico / Confederação Nacional da

Indústria. – Brasília : CNI, 2019.68 p. : il.

1. Economia Circular. 2. Políticas Públicas. I. Título.

CDU: 33

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – DIAGRAMA DO SISTEMA DA ECONOMIA CIRCULAR ..............................................16

FIGURA 2 – FORMAS DE RECIRCULAÇÃO DE RECURSOS ........................................................17

FIGURA 3 – LEGENDA PARA OS QUADROS-RESUMOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS INTERNACIONAIS E NACIONAIS. ..............................................................................27

FIGURA 4 – QUADRO-RESUMO DE POLÍTICAS PÚBLICAS INTERNACIONAIS ..........................28

FIGURA 5 – QUADRO-RESUMO DE POLÍTICAS PÚBLICAS NACIONAIS. ...................................33

FIGURA 6 – ÍNDICE DE RECUPERAÇÃO PARA ALGUNS RESÍDUOS RECICLÁVEIS DE 2012 A 2017 ..........................................................................................................40

FIGURA 7 – ÍNDICE DE RECICLAGEM DE EMBALAGENS E EQUIPARÁVEIS NO BRASIL DE 2014 A 2016. .........................................................................................................41

FIGURA 8 – VIAS DE RECICLAGEM DO PLÁSTICO ......................................................................42

FIGURA 9 – CAMINHO ESTRATÉGICO DE TRANSIÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA PARA UM MODELO CIRCULAR ..................................................................................58

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO......................................................................................................................... 9

SUMÁRIO EXECUTIVO .............................................................................................................. 11

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 15

2 POLÍTICAS PÚBLICAS .......................................................................................................... 21

3 MODELOS DE NEGÓCIO E CADEIA DE VALOR ................................................................... 35

4 DIAGNÓSTICO DA INDÚSTRIA NO BRASIL ......................................................................... 39

5 ESTRATÉGIAS DE TRANSIÇÃO ............................................................................................ 51

CONCLUSÕES ........................................................................................................................... 61

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 65

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9APRESENTAçãO

APRESENTAçãOO Brasil tem muitos ativos naturais, como a maior disponibilidade de água doce do planeta

e a segunda maior cobertura florestal do mundo, além de uma fantástica diversidade

biológica. Nossa matriz energética tem predominância de fontes renováveis, e estamos

entre os maiores produtores mundiais de biocombustíveis. Transformar essas vantagens

comparativas em vantagens competitivas é nosso grande desafio.

No mundo inteiro, o crescimento populacional e o consequente aumento da procura

por produtos manufaturados exigem, cada vez mais, a criação de estratégias para o uso

eficiente dos recursos naturais.

Diante dessa realidade, o setor produtivo vem investindo em novos modelos de negócio,

na utilização cíclica de produtos e materiais (sem formação de resíduos), e no redesenho

de processos e produtos. Essas são atitudes típicas da economia circular, que favorecem

a redução do desperdício e do consumo de matéria-prima, gerando ganhos ambientais e

econômicos para o país.

Para seguir avançando, a indústria vê a transição para a economia circular também como

uma oportunidade de negócio. Esse modelo contribui para que o aumento da competitivi-

dade seja alcançado de forma sustentável, por meio do uso racional dos recursos naturais

e do desenvolvimento de novas cadeias produtivas, com geração de emprego e renda.

No entanto, ainda existem barreiras regulatórias e tecnológicas a serem superadas por inter-

médio de uma ação articulada entre os diversos setores da sociedade – governo, empresas,

academia e consumidores. A economia circular precisa fazer parte da agenda nacional.

Este documento, resultado do entendimento da indústria nacional sobre a economia circular,

propõe um caminho estratégico para valorizar os nossos recursos naturais e, ao mesmo

tempo, potencializar a competitividade da indústria brasileira. São iniciativas relacionadas a

políticas públicas, educação, pesquisa, desenvolvimento e inovação, financiamento e mercado.

O setor industrial está empenhado em adotar e incentivar as melhores práticas de economia

circular. A atuação conjunta de toda a sociedade é imprescindível para essa transição, que

fará muito bem ao país.

Boa leitura.

Robson Braga da Andrade

Presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

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SUMÁRIO EXECUTIVO 11

SUMÁRIO EXECUTIVOA economia circular tem como fundamento o melhor aproveitamento dos recursos

naturais, evitando-se desperdícios e descartes. Ela pode ser aplicada em qualquer escala,

para indivíduos, organizações, cidades etc. Ao propor desafios para a produção de bens

recirculando os recursos utilizados, surgirão novas oportunidades de trabalho e negócios. A

transição do atual modelo econômico linear para o circular exige, principalmente, políticas

públicas, linhas de financiamento e novos modelos de negócio.

A indústria tem papel fundamental nessa transição ao inserir em seus processos o uso

de matéria-prima secundária, tecnologias que reduzem gasto de energia, produtos com

maior durabilidade e/ou facilidade de manutenção, ou seja, dando maior valor aos recursos

utilizados e aos produtos.

São desenvolvidas no mundo inteiro políticas públicas para promover a economia circular.

Elas envolvem o estabelecimento de indicadores e metas para a redução de descartes,

incentivos para a logística reversa e a reciclagem, estruturação de coleta seletiva e tria-

gem de materiais etc. No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é a que

está mais associada aos conceitos de circularidade, estimulando a redução da geração

de resíduos, a logística reversa e a reciclagem, compartilhando as responsabilidades pela

gestão e destinação de resíduos etc. Além da PNRS, temos mais políticas que contém

preceitos da economia circular, como a Política Nacional Sobre Mudança do Clima e a

Política Energética, entre outras.

Junto a políticas públicas, uma transição para a economia circular requer investimentos

para que as empresas possam adquirir tecnologias e desenvolver processos que conduzam

suas atividades para um modelo circular. As empresas no Brasil podem obter financiamento

de instituições de fomento, como do BNDES, ou dos principais bancos que operam no país.

Outra possibilidade de aporte finaceiro é por meio da emissão de títulos verdes (green

bonds). O Ministério do Meio Ambiente (MMA) tem em seu site um mapa contendo as

linhas de financiamento voltadas para a gestão de resíduos sólidos com detalhamento

sobre elas.

Buscando alinhamento com os preceitos da economia circular, as empresas têm ajustado

seus modelos de negócio. Os principais são: recuperação de recursos, produto como serviço,

compartilhamento, insumos circulares, extensão da vida do produto e virtualização. Eles

consistem, de forma geral, na maximização do uso dos produtos, maior durabilidade, maior

possibilidade de manutenção e reciclagem. Além dos modelos de negócio, a minimização

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12 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

do descarte pode ser promovida pelo desenho para circula-

ridade, ciclos reversos e proposta de valor. O desenho para

a circularidade já incorpora os preceitos de valorização dos

recursos na fase de projeto. Na simbiose industrial, os resí-

duos de uma empresa são utilizados como matérias-primas

em outras. A recuperação energética é uma opção para os

resíduos com alto poder calorífico para os quais não se tem

outra forma de aproveitamento mais rentável.

Considerando as três vertentes anteriormente citadas:

políticas públicas, linhas de financiamento e modelos de

negócio, foi elaborado um questionário que, juntamente

com entrevistas feitas com representantes de associações

de variados setores da indústria, resultaram num diagnós-

tico da atual situação das atividades produtivas no Brasil

em relação à economia circular. Muitas práticas circulares

já vêm sendo desenvolvidas pela indústria brasileira antes

do desenvolvimento do conceito de economia circular.

Exemplos dessas práticas são otimização de processos

com redução do gasto de energia e insumos, e a recircula-

ção de água. Percebe-se que os maiores entraves para a

transição para uma economia circular são a falta de coleta

seletiva, nível insuficiente de educação ambiental, ausência

de políticas de incentivo mais concretas voltadas para a

reutilização e reciclagem de materiais, e pouco investimento

em pesquisas e tecnologias.

O diagnóstico de percepção sobre como o país se encontra

em relação à economia circular foi apresentado e discutido

em reunião com representantes de empresas e de associa-

ções e federações da indústria. Nessa discussão, gerou-se

uma análise sobre onde estamos, aonde queremos chegar e

quais ações poderiam conduzir essa transição. Os resultados

apresentam-se em ações educacionais, mercadológicas,

políticas públicas, de financiamento e de incentivo à pes-

quisa e desenvolvimento tecnológico (ver página 52).

Muitas práticas circulares já vêm sendo

desenvolvidas pela indústria brasileira antes

do desenvolvimento do conceito de economia

circular. Exemplos dessas práticas são otimização

de processos com redução do gasto de

energia e insumos e a recirculação de água.

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Economia Circular é um conceito que tem como base o desenho de produtos, compartilhamento, manutenção, reutilização, remanufatura e reciclagem de materiais. Aparece como alternativa ao modelo tradicional, que envolve produção, consumo e descarte, uma vez que defende o uso dos recursos naturais com menos desperdício.

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1 INTRODUçãO 15

1 INTRODUçãO

Este trabalho é uma iniciativa da Confederação Nacional da

Indústria (CNI), que reuniu federações estaduais da indús-

tria, associações setoriais e representantes de empresas para

diagnosticar o grau de desenvolvimento nacional em relação

à economia circular e pensar em estratégias para acelerar a

transição para esse novo modelo econômico. As propostas

serão embasadas nas práticas e tendências observáveis em

todo o mundo com relação ao assunto.

O conceito de economia circular é variável, tendo sido repor-

tadas diferentes definições. Mas, o entendimento geral é de

que nesse tipo de economia a energia e matéria utilizadas nas

atividades devem recircular de forma a minimizar a geração de

resíduos. Numa economia circular, as atividades econômicas

contribuem para a saúde geral do sistema. O conceito não se

restringe a qualquer escala, podendo ser aplicado a grandes

e pequenos negócios, para organizações e indivíduos, global-

mente e localmente. (ELLEN MACATHUR FOUNDATION, 2017a).

Há uma distinção entre ciclos técnicos e biológicos. O biológico

é aquele onde alimentos e outros materiais de base biológica

(como algodão e madeira) podem retornar ao sistema por

processos como compostagem e digestão anaeróbica. Esses

ciclos regeneraram os sistemas vivos, tais como o solo, que, por

sua vez, proporcionam recursos renováveis para a economia.

Os ciclos técnicos mantêm o valor de produtos, componentes

e materiais por meio do compartilhamento, manutenção,

reúso, remanufatura ou, em última instância, reciclagem.

(ELLEN MACATHUR FOUNDATION, 2017a).

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16 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

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017.

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1 INTRODUçãO 17

A transição para uma economia circular representa uma mudança sistêmica que constrói

resiliência em longo prazo. A consequência de se produzir com intuito de minimizar o

descarte traz novas oportunidades para as indústrias abrangendo toda a economia.

Surgem, então, desafios como:

• inovar no desenho de produtos para maior circularidade;

• diminuir a dependência de matérias-primas virgens;

• reduzir as perdas nos processos produtivos;

• ter maior eficiência na distribuição;

• ampliar os serviços de manutenção e reparo dos produtos; e

• construir os canais para logística reversa e reciclagem.

Ou seja, nesse sistema econômico haverá novas oportunidades de trabalho que envolverão

profissionais de diversas áreas integrando conhecimento. Pode-se afirmar que serão

necessários profissionais especializados em automação, em desenvolvimento de novos

materiais, em reparo e manutenção de todo tipo de produto, em processos químicos e

físicos de recuperação de materiais, entre muitos outros.

É fundamental entender que quanto menor o ciclo, menor é a perda de valor do produto.

Portanto, há uma sequência de prioridades em relação às formas de recirculação, sendo

ela: manutenção, reúso, remanufatura e reciclagem – isso de forma resumida, pois as

possibilidades de recirculação da matéria e energia são muitas. (ELLEN MACATHUR

FOUNDATION, 2017b).

FIGURA 2 – Formas de recirculação de recursos

Fonte de recurso natural

Manufatura de componentes

Manufatura de produtos

Venda ou prestação de serviços

Consumo/uso

Minimizar o descarte

ReúsoRemanufaturaReciclagem Manutenção e extensão da vida do produto

Fonte: CNI, inspirado em Ellen MacArhur Foundation, 2014.

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18 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

Entendendo-se a necessidade estratégica da adoção da eco-

nomia circular para o desenvolvimento do país ao promover

um meio ambiente mais saudável, novas oportunidades de

trabalho, investimento em ciência e tecnologia, redução de

desperdícios e maior competitividade no mercado interna-

cional, elabora-se esse trabalho que apresenta exemplos e

possibilidades de ampliação das práticas circulares.

Serão apresentados os modelos de negócio relacionados

à economia circular, além de linhas de financiamento e

políticas públicas que a fomentam. Então, tendo essas infor-

mações e avaliando a situação atual da indústria brasileira,

será traçado um plano estratégico indicando caminhos para

a transição da nossa economia.

A Economia Circular vem ganhando visibilidade

nos últimos anos, ao promover um modelo

que minimize a geração de resíduos, com uso de fontes renováveis,

utilização cíclica de produtos e materiais,

novos modelos de negócios e redesenho de

processos e produtos.

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Conforme o alerta de diversos organismos internacionais, a demanda por bens de consumo está pressionando as reservas de recursos naturais. Por esse raciocínio, seria impossível prover, para toda a população mundial, o padrão de vida que os países desenvolvidos já atingiram com os recursos naturais disponíveis no planeta.

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212 POLÍTICAS PÚBLICAS

2 POLÍTICAS PÚBLICAS

Os governos desempenham um papel importante na transição

para a economia circular, que já faz parte da agenda pública da

política internacional. Para melhor entender qual é o papel dos

governos e órgãos governamentais frente ao tema, é preciso

ter o conhecimento de quais os principais instrumentos de

gestão pública que podem ser utilizados para a promoção

dessa transição. (DE GROENE ZAAK, [2019]).

Os principais instrumentos de política pública que vêm sendo

adotados no mundo consistem em:

• instrumentos regulatórios;

• ações fiscais;

• medidas de amparo à pesquisa, educação e informação;

• plataformas colaborativas;

• auxílios financeiros;

• investimento em infraestrutura; e

• subsídios a negócios.

CENÁRIO MUNDIAL

É possível observar um movimento mundial que caminha para

a implementação de estratégias de transição para o modelo

econômico circular. A análise dessas estratégias frente ao

que vem sendo incorporado no Brasil nos ajuda a traçar um

norte para também alcançarmos nossas metas dentro dessa

nova economia.

Os princípios por trás da economia circular não são novos,

estando presentes em diversas legislações vigentes em

todo o mundo. O cenário mundial nos mostra caminhos que

alguns países têm adotado com resultados satisfatórios.

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22 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

A primeira política pública voltada diretamente para implementação da economia circular

é uma lei chinesa promulgada em 2009. Mas são os países europeus os mais avançados

em questão de políticas públicas para transição de uma economia linear para circular. Em

2015, a União Europeia (UE) criou um plano para implementação da economia circular nos

países-membros. Além desse plano, os países-membros vêm adotando políticas públicas

nacionais específicas para setores da economia.

Faremos um panorama das medidas e políticas que vêm sendo implantadas ao redor do

mundo quando se trata de economia circular. (PARDO; SCHWEITZER, 2018).

CHINA

A China foi o primeiro país a implementar uma lei específica sobre este tema,

promulgada no ano de 2009. A Circular Economy Promotion Law é focada na melho-

ria da eficiência de uso de recursos, na proteção ambiental e na promoção do

desenvolvimento sustentável. A lei tem como base o princípio dos 3Rs “ Reduzir,

Reutilizar e Reciclar”, tendo uma abordagem top-down utilizando-se principalmente

de instrumentos fiscais, apoio financeiro e regulamentações que adotam como base

o princípio de responsabilidade compartilhada do produto. De forma complementar

a essa lei, foi lançado um plano quinquenal para implementação das ações adotadas

nas políticas públicas. O plano envolve todos os níveis do governo de forma que,

além da implementação de políticas, os órgãos governamentais possuem como meta

a redução do uso de recursos. Tanto a lei como o plano de ação chinês focam em

três níveis: micro (empreendedores), meso (parques industriais) e macro (cidades).

(CHINA, 2008).

JAPÃO

O Japão é um dos países que mais avançam para a transição do modelo econômico.

A lei denominada Law for the Promotion of Effective Utilization of Resources tem como

objetivo a redução de uso de recursos, diminuindo a geração de resíduos, promovendo o

reúso e a reciclagem – baseando-se no princípio dos “3Rs” (Reduzir, Reutilizar, Reciclar),

incluindo todo o ciclo de vida de produtos como plásticos, eletroeletrônicos, papéis,

embalagens e automóveis.

Os produtores são obrigados a utilizar material reciclado em novos produtos, além de

terem que estimular o design de produtos mais reutilizáveis e recicláveis. (JAPÃO, 1991).

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2 POLÍTICAS PÚBLICAS 23

UNIÃO EUROPEIA

A União Europeia lançou um plano de ação denominado Closing the Loop. O plano envolve

um pacote econômico que tem como objetivo a implementação da economia circular nos

países europeus pertencentes ao bloco. Como principal ferramenta econômica do plano,

foram concedidos mais de 650 milhões de euros para projetos inovadores que tinham como

enfoque a promoção da economia circular. (EUROPEAN ENVIROMENT AGENCY, 2015).

As principais ações adotadas visam reduzir a disposição de resíduos em aterros e estimular

a reutilização e reciclagem de resíduos utilizando como ferramentas incentivos econômicos.

Para o plano de ação, foram escolhidos cinco domínios prioritários: plástico; desperdício

alimentar; matérias-primas essenciais; construção e demolição; e biomassa e produtos

de base biológica. As ações prioritárias são:

• medição do desperdício de alimentos, tendo como meta a redução pela metade

do desperdício, melhorando o acesso ao consumidor e reduzindo as perdas ao

longo da cadeia de produção e de distribuição;

• desenvolvimento de padrões de qualidade para matérias-primas secundárias;

• medidas que incentivem o ecodesign com o objetivo de criar produtos com maior

reparação, durabilidade e reciclagem, além da eficiência energética;

• revisão de regulamentações sobre fertilizantes;

• reciclagem de 55% das embalagens plásticas até 2030;

• reúso de água incluindo padrões mínimos de qualidade para reúso de efluentes;

• revisão da legislação de resíduos, visando: reciclagem de resíduos sólidos, dimi-

nuição da disposição de resíduos em aterros, promoção de reúso e estimulação

de simbiose industrial; e

• incentivos econômicos para produtores de produtos verdes e logística reversa.

Cabe destacar a abordagem piloto sobre acordos de inovação que tem como objetivo

identificar e dar respostas a obstáculos normativos que se apresentem como entrave a

propostas inovadoras.

HOLANDA

O governo holandês desenvolveu um programa para estimular a transição para uma

economia circular, o Waste To Resource Programme (VANG), que tem como foco a redu-

ção da geração de resíduos, além de firmar uma parceria com institutos de pesquisa e

indústria para um levantamento financeiro dos benefícios da economia circular (RACE).

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24 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

Como instrumento financeiro, a Holanda aumentou as taxações sobre recursos e

diminuiu o imposto sobre o trabalho, alinhando-se ao princípio da economia circular

de vender menos produtos e mais serviços. A taxação de recursos contribui para uma

melhor eficiência em seu uso e pode ser aplicada em combustíveis, água, poluição do ar,

energia e resíduo. O aumento dessas taxas diminui a demanda por produtos de curta

duração; em contrapartida, a diminuição de taxas sobre serviços de manutenção, conserto

e reparação tem moldado os hábitos de consumo. Este exemplo leva a um aumento da

demanda por bens mais duráveis, diminuindo o consumo de recursos, contribuindo para uma

economia mais sustentável do ponto de vista ambiental. (EUROPEAN COMISSION, 2019).

ALEMANHA

O governo da Alemanha criou um programa nacional para a promoção da economia circular

no país. Chamado The German Resource Efficiency Programme (ProgRess), a iniciativa

perpassa toda a cadeia de valor do produto com foco no uso sustentável de recursos

e na diminuição da poluição, tendo como objetivo recursos abióticos. Desta forma, o

programa estimula o uso eficiente de recursos buscando dobrar sua eficiência até 2020,

em comparação com 1994. (DE GROENE ZAAK, 2015).

BÉLGICA

A região de Flanders, na Bélgica, tomou os primeiros passos para a promoção da economia

circular. Flanders tem como objetivo se tornar um território social, aberto, resiliente e

internacional, gerando bem-estar de forma inovadora, sustentável e inclusiva. Para isso,

o governo de Flanders adotou sete prioridades estratégicas que promovem a transição

para uma economia circular, introduzindo dispositivos econômicos, como o aumento

de taxas para deposição de rejeitos em aterros sanitários e restrições para despejo de

resíduo de demolições. O objetivo é aumentar a taxa de reciclagem e diminuir a pressão

sobre os recursos naturais, tendo como horizonte o ano de 2050. Para isso, foi adotada

uma frente de trabalho focada em três pilares: compras sustentáveis, cidades circulares

e negócios circulares. (IWASAKA, 2018).

DINAMARCA

A Dinamarca é um dos países com maior geração de resíduo per capita do mundo. Para

melhorar esse quadro, o governo dinamarquês criou o programa Denmark Without Waste-

Recycle More, Incinerate Less. As metas principais são de aumento de reciclagem de produtos

eletrônicos, papel, vidro e metais. Foram adotadas taxas e subsídios financeiros de forma

a incentivar a indústria de reciclagem. (DINAMARCA, 2013).

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2 POLÍTICAS PÚBLICAS 25

ESPANHA

O governo da Catalunha implementou, em 2015, a Estratègia d’impuls a l’economia verda

i a l’economia circular. A partir dela têm-se fundos de financiamento para pesquisa e

desenvolvimento, planos setoriais para energia, biodiversidade, gestão de áreas prote-

gidas e eficiência energética, programas para gestão de resíduos, incentivo a economia

social e colaborativa e estímulo a compras públicas sustentáveis. O foco é em políticas

públicas e programas para garantir o uso eficiente de matérias-primas. (GENERALITAT

DE CATALUNYA, 2015).

FINLÂNDIA

A Finlândia desenvolveu um roadmap com o objetivo de tornar o país um líder

mundial em economia circular até 2025. O roadmap foi desenvolvido pelo Fundo

de Inovação Finlandês (SITRA). O documento inclui instrumentos como legislação

para controle de desperdícios de alimentos, subsídios para energia renovável, valo-

rização de produtos de origem florestal, compras públicas “verdes”, investimentos

em bioprodutos e bioserviços, exigência de ecodesign, tributos para desestimular

o uso de combustíveis fósseis e incorporação da economia circular na agenda

educacional. (SITRA, 2016).

FRANÇA

Em 2013, a França criou o Instituto Nacional para Economia Circular (Institut de l’economie

circulaire) composto de 200 membros, incluindo setores públicos e privados, juntando

parceiros com a finalidade de promover e acelerar a transição para um modelo econômico

circular no país. O Instituto não é um órgão governamental, mas trabalha juntamente com

o Ministério de Desenvolvimento Sustentável de forma a trocar informações e expertise

entre as entidades membros. (ADEME, 2015).

CANADÁ

O governo de Ontario no Canadá publicou, em 2016, o Resource Recovery and a Circular

Economy Act, que tem como enfoque principal a minimização de resíduos utilizando

penalidades por não cumprimento no disposto no documento. (CANADÁ, 2016).

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26 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

ESTADOS UNIDOS

O USDA BioPreferred Program objetiva estimular o desenvolvimento econômico, criar

novos empregos e fornecer novos mercados para commodities agrícolas. Ele funciona

com mecanismo de preferência à compra e consumo de produtos à base de insumos

agrícolas (renováveis), podendo substituir aqueles à base de carvão mineral e petróleo

(não renováveis). (USDA, 2019).

Com uma iniciativa local de grande destaque, a cidade de São Francisco adotou, em 2002,

a meta de Zero Lixo (Zero Waste Goal), com foco em reduzir a geração de resíduo na cidade

para próximo de zero até o ano de 2020. A meta inclui reduzir a destinação aos aterros e

eliminar as plantas de incineração de resíduos. O objetivo não deverá ser alcançado, apesar

dos incentivos financeiros a projetos de reciclagem e compostagem, mas já promoveu

avanços significativos. (AIRHART, 2018).

ÁFRICA DO SUL

Na província de Western Cape, na África do Sul, foi criado um programa de incentivo à

simbiose industrial denominado The Western Cape Industrial Symbiosis Programme (WISP).

O objetivo é criar uma rede de empresas de forma a identificar oportunidades de negócios

focando no compartilhamento de recursos, transformando os resíduos de um processo

em matéria-prima para outros. (WESTERN CAPE GOVERNMENT, 2019).

Um dos maiores problemas na África do Sul em relação aos resíduos é o acúmulo de pneus

inutilizados que somam um total de dez milhões de unidades por ano. Para a resolução

deste problema, foi criado o REDISA (The Recycling and Economic Development Initiative

of South Africa), uma organização sem fins lucrativos que ganhou suporte do governo

para o desenvolvimento de um plano visando à coleta e reciclagem de pneus no país. A

medida tomada foi a criação de uma taxa paga pelos produtores por cada quilograma de

pneu novo produzido. O valor coletado pela taxa é utilizado para desenvolver e implantar

um plano de coleta e de reciclagem dos pneus. (SAFLII, 2017).

AUSTRÁLIA

O governo australiano focou nas embalagens plásticas, criando o Australian Packing Covenant

(APC) com objetivo de mudar a cultura de design de embalagens, de forma a aumentar

a possibilidade de reciclagem. Sua funcionalidade conta com uma legislação que aplica

obrigações e penalidades aos não aderentes ao pacto, de forma que a adesão não torna

uma empresa menos competitiva. Os signatários do APC possuem a obrigatoriedade de

preparar e implementar um plano de ação e reporte anual. (AUSTRALIA, 2017).

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2 POLÍTICAS PÚBLICAS 27

Segue abaixo legenda para os quadros-resumos das políticas públicas internacionais e

nacionais associadas à economia circular:

FIGURA 3 – Legenda para os quadros-resumos de políticas públicas internacionais e nacionais

Tipo de instrumento

Área de Atuação

Modelos de Negócio e Cadeia de Valor

Nível

Acordos Leis eregulamentações

Subsídios

Resíduos Cidadescirculares

Recursos

Global Regional Nacional Local

Medidasfiscais

Compraspúblicas

Produto como

serviço

Virtualização Compartilhamento Insumoscirculares

Desenho para a circularidade

Recuperação energética

Simbioseindustrial

Extensão da vida doproduto

Recuperaçãode recursos

Fonte: CNI (2019).

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28 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

FIGURA 4 – Quadro-resumo de políticas públicas internacionaisPolíticas Públicas Internacionais

Circular Economy Promotion Law

Canadá

Japão

China

Alemanha

Bélgica

Dinamarca

Espanha

Finlândia

França

Holanda

EstadosUnidos

África do Sul

Austrália

Law for the Promotion of Effective Utilization of Resources

Resources Recovery and A Circular Economy Act

The German Resources Efficiency Programe (PROGRESS)

Circular Flanders kick - off statement

Denmark Without Waste - Recycle More, Incinerate Less

Estratégia d’impuls a l’economia verda e a l’economia circular

Leading the cycle - Finnish road map to a circular economy

Institut de L’economie circulaireWhite Paper on the Circular Economy of Greater Paris 50 measures for a 100% circular economy (roadmap)

Waste To Resource Programme (VANG)

USDA Bio Preferred Program

The Western Cape Industrial SymbiosisProgramme (WISP)

The Recycling and Economic Development Initiative ofSouth Africa

Australian Packing Convenant (APC)

União Europeia Closing the Loop

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$

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Fonte: CNI (2019).

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2 POLÍTICAS PÚBLICAS 29

CENÁRIO NACIONAL

Atualmente não há no Brasil uma estratégia nacional para implementação de um

modelo econômico circular. Porém, existem algumas políticas, programas e planos que,

de certa forma, buscam a sustentabilidade por meio de práticas circulares e trabalham

com temas relacionados.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é a primeira política pública que aborda de

forma mais completa a gestão de resíduos, debatendo diversos instrumentos de gestão

empregados em economias circulares.

RESÍDUOS SÓLIDOS

Promulgada em agosto de 2010, a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (Lei n°

12.305/2010) foi um marco na legislação brasileira para lidar com a gestão de resí-

duos sólidos no Brasil. Apresenta os conceitos de responsabilidade compartilhada

pelo ciclo de vida do produto e o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável

ou reciclável como bem de valor econômico, alinhando-se com os conceitos da

economia circular.

A política reforça a responsabilidade dos geradores de resíduos incluindo toda a cadeia

envolvida: fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes. A responsabilização

levanta a preocupação com a destinação correta de forma não prejudicial à saúde humana

e ao meio ambiente. A preocupação com a destinação final e o impacto do resíduo aumenta

ainda mais a importância de instrumentos contidos na política como a implementação da

logística reversa, a promoção da reutilização, da reciclagem e de processos produtivos

mais eficientes.

Com intenção de incutir no leitor a valorização dos resíduos, a PNRS apresenta uma

definição que diferencia resíduo sólido de rejeito – sendo rejeitos os resíduos sólidos que,

depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos

tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade

que não a disposição final ambientalmente adequada. Assim, fica entendido que resíduos

sólidos podem ser aproveitados.

A logística reversa potencializa todas as soluções para gerenciamento de resíduos

sólidos, acabando com o conceito de fim da linha, tornando o processo produtivo em

um circular onde componentes de produtos finais que seriam destinados a aterros

sanitários retornam como matéria-prima. Na PNRS, há obrigatoriedade de estruturar

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30 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

e implementar o sistema de logística reversa para os fabricantes, importadores,

distribuidores e comerciantes de:

• agrotóxicos, suas embalagens e resíduos;

• pilhas e baterias;

• pneus;

• óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;

• lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e luz mista; e

• produtos eletrônicos e seus componentes.

A Lei ainda prevê incentivos para diversas ações que melhoram a gestão dos resíduos

sólidos, como em seu art. 42, onde se coloca que o poder público poderá instituir medidas

indutoras e linhas de financiamento para atender, prioritariamente, às iniciativas de:

• prevenção e redução da geração de resíduos sólidos no processo produtivo;

• desenvolvimento de produtos com menores impactos à saúde humana e à quali-

dade ambiental em seu ciclo de vida;

• estruturação de sistemas de coleta seletiva e de logística reversa;

• desenvolvimento de pesquisas voltadas para tecnologias limpas aplicáveis aos

resíduos sólidos; e

• desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a

melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos.

Os objetivos da PNRS se alinham aos pilares da economia circular quando trata da redu-

ção de geração de resíduos, estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção

e de consumo, aprimoramento de tecnologias limpas e incentivo à logística reversa e

reciclagem. (BRASIL, 2010).

MUDANÇA DO CLIMA

Em 2015, em Paris, ocorreu a Conferência das Partes (COP) mais expressiva da Conven-

ção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês).

O encontro, denominado COP21, gerou o Acordo de Paris, documento assinado por 195

países com o objetivo de definir estratégias para limitar o aumento médio da tempera-

tura da Terra e também fortalecer as ações dos países para se adaptar aos impactos da

mudança do clima.

Para implementar o Acordo de Paris, o Brasil apresentou seu compromisso à Conven-

ção, denominado Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), que, a partir de

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2 POLÍTICAS PÚBLICAS 31

sua ratificação, em 2016, passou a ter caráter legalmente vinculante em território

nacional. A NDC do Brasil apresenta meta de 37% de redução de gases de efeito

estufa para todo o conjunto da economia até 2025, e uma contribuição indicativa de

redução de 43% para 2030, com base nas emissões de 2005. Para o alcance da meta

proposta, foram apresentadas medidas adicionais indicativas nos setores de florestas,

energia e biocombustíveis.

ENERGIA

Visando atender às demandas para a redução das mudanças climáticas, foi criado, pela

Lei n° 10.438/2002, o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica

(Proinfa), coordenado pelo Ministério de Minas e Energia. O programa contribuiu para

a diversificação da matriz energética nacional impulsionando principalmente a geração

de energia eólica, utilizando como instrumentos incentivos financeiros e linhas de

financiamento por meio do BNDES. A Lei teve uma importante relevância para o setor

elétrico brasileiro colocando como pauta a geração distribuída de energia. A eficiência

energética e a diversificação da matriz contribuem para uma transição de modelo

econômico circular devido à melhor utilização dos recursos ao uso de energia renovável

e à redução de emissão de GEE.

A geração distribuída de energia elétrica também contribui para a circularidade da economia,

pois reduz a distância das usinas ao consumidor, diminuindo perdas e promovendo

melhor aproveitamento dos recursos. Para este fim, foram publicados pela Aneel dois

marcos regulatórios que incentivaram em especial a energia fotovoltaica. O Programa de

Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD) tem como objetivo

aprofundar as ações de estímulo à geração pelos próprios consumidores, com base em

fontes renováveis, em especial a fotovoltaica. A RN n° 482/2012, que regulamenta o

Sistema de Compensação de Energia no Brasil, estabelecendo o conceito de microgeração,

foi um marco para a ligação de pequenas usinas geradoras residenciais na rede elétrica

de distribuição. (ANEEL, 2015).

Além dos programas específicos, foram concedidos pelo governo subsídios como a isenção

de ICMS (Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias) para a energia elétrica e a isenção

de IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) para equipamentos e componentes para

o aproveitamento das energias solar e eólica. Também podem ser destacados: descontos

para tarifas no sistema de transmissão/distribuição, para geradores com potência inferior

a 30MW e a isenção de ICMS na geração distribuída, além da redução do Imposto de

Importação e financiamento do BNDES para projetos de geração distribuída em escolas

públicas e hospitais.

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32 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

RECURSOS HÍDRICOS

A Política Nacional de Recursos Hídricos contribui para

uma melhor eficiência de gestão e melhor uso do recurso.

Porém, não traz contribuições em relação à reutilização da

água. Tramitaram e foram arquivados no Senado Federal

dois projetos de lei que incentivavam o reúso: PLS n° 58,

de 2016, que disciplina o abastecimento de água por fon-

tes alternativas e o PLS n° 12, de 2014, que dispõe sobre

incentivos para fomentar a reutilização de recursos hídricos.

(BRASIL, 2014).

RECURSOS FLORESTAIS

A Lei n° 12.651/2012, conhecida como Novo Código Flores-

tal, estabelece normas gerais sobre a proteção da vegeta-

ção, áreas de preservação permanente e áreas de reserva

legal. Essas normas controlam o uso e a ocupação do solo,

preservando a função da vegetação como protetora dos

solos e dos recursos hídricos.

A Lei disciplina a exploração florestal, determina o controle

da origem dos produtos florestais e o controle e a prevenção

dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos

e financeiros para o alcance de seus objetivos. Nela, se

encontram importantes regras para exploração florestal

que promovem a sustentabilidade das atividades ao não

permitirem que a taxa de extração seja maior que a de

reposição. (BRASIL, 2012).

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2 POLÍTICAS PÚBLICAS 33

FIGURA 5 – Quadro-resumo de políticas públicas nacionaisPolíticas Nacionais

Energia

Mudança do Clima

Resíduos Sólidos

Recursos Hídricos

Recursos Florestais

Fonte: CNI (2019).

Observa-se que a economia circular na política pública brasileira ainda é muito incipiente,

estando os conceitos presentes em várias legislações, planos, programas e projetos,

porém de forma descentralizada. É importante a criação de um plano estratégico nacional

que contenha medidas concretas de fomento de pesquisas, tecnologias e modelos de

negócio que promovam o desenvolvimento da economia circular de forma compatível

com a necessidade de desenvolvimento econômico.

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No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é atualmente a mais impactante no sentido da condução para práticas circulares, ao instituir, por exemplo, a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.

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353 MODELOS DE NEGÓCIO E CADEIA DE VALOR

3 MODELOS DE NEGÓCIO E CADEIA DE VALOR

O conhecimento sobre os modelos de negócio circulares e as

tecnologias utilizadas neles podem ser traduzidas em opor-

tunidades com resultados significativos para as empresas

por meio de redução de insumos utilizados e dos custos de

produção, menor custo com destinação de resíduos, atração de

consumidores conscientes, possibilidades de financiamentos,

novos mercados etc. Além disso, o entendimento de que o

resíduo, boa parte das vezes, pode ser um recurso, leva à uma

gestão que o valoriza, inserindo-o em uma cadeia de valor.

MODELOS DE NEGÓCIO

Recuperação de recursos: Tem como objetivo recuperar o valor

e a função dos produtos, componentes ou materiais por meio

de remanufatura ou reciclagem. Esse modelo reduz a demanda

por matéria-prima virgem e evita desperdício de componentes

e materiais. Podem ser aplicados em circuito fechado numa

mesma cadeia produtiva ou em forma de cascata, direcionando

resíduos e subprodutos para outras cadeias produtivas, onde

haverá a maior recuperação de valor.

Produto como serviço: Nesse modelo a ideia é fornecer

serviços que possam suprir as necessidades do consumidor

sem que ele precise adquirir o produto. Outra possibilidade é

incluir serviços junto à venda ou locação do produto, ficando

a organização responsável pela manutenção e atualização.

(SAVAGET; SILVA, 2015; CNI, 2018).

Compartilhamento: Modelo de negócio que procura inten-

sificar e prolongar o uso de bens reduzindo a ociosidade.

É uma inteligente mudança de visão, onde se passa a entender

que não é necessário ter a maioria dos produtos vendidos no

mercado e sim poder utilizá-los quando se precisa. A internet

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36 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

é uma ferramenta que facilita muito a possibilidade de

compartilhar todo tipo de material. Existem diversos aplica-

tivos focados nesse mercado, onde quem tem determinado

objeto coloca-o à disposição para uso de outras pessoas

cobrando determinado valor: uma verdadeira aplicação do

conceito ganha-ganha. (SAVAGET; SILVA, 2015; CNI, 2018).

Insumos circulares: Modelos de negócio que usam maté-

rias-primas recicladas e/ou de origem renovável, e pro-

dutos recondicionados, regenerados e remanufaturados.

O sucesso deste modelo está também relacionado com o

uso de insumos puros, ou seja, utilização de materiais sem

combinar com outros, o que contribui para sua reutilização

ou reciclagem. Objetiva manter os materiais na cadeia de

valor reduzindo a necessidade de extração de recursos

naturais. (SAVAGET; SILVA, 2015; CNI, 2018).

Extensão da vida do produto: Modelo de negócio muito

associado ao conceito de modularidade. Consiste na subs-

tituição de componentes defeituosos ou que tenham se

tornado obsoletos, podendo ser consertados ou atualizados

por mais modernos, mantendo o uso e evitando o descarte

de todo o produto por conta da substituição de um único

componente. (SAVAGET; SILVA, 2015; CNI, 2018).

Virtualização: Impulsionado pelos computadores e pela

internet, esse modelo de negócio se caracteriza pela des-

materialização. Por meio da oferta de produtos e serviços

online, evita-se a construção de lojas físicas, o deslocamento

de pessoas às lojas para consultar preços, fazer negociação

e compra de produtos ou serviços. Reduz a necessidade de

documentos impressos, como relatórios de serviços, por

exemplo. A virtualização permite que prestadores de servi-

ços façam atendimentos virtuais; um técnico pode instruir

por meio de vídeos ou ao vivo o conserto de determinado

equipamento para que o próprio cliente execute. Não há

mais necessidade nos dias atuais de se comprar CDs para

escutar músicas ou DVDs para assistir filmes, se deslocar

e entrar em sala de aula para cursar uma faculdade etc.

(SAVAGET; SILVA, 2015; CNI, 2018).

Para que a Economia Circular ganhe escala

e realize todo o seu potencial, é necessário

criar as condições facilitadoras para

essa transição, como educação de melhor qualidade, políticas

públicas específicas, infraestrutura voltada

à circularidade e tecnologias inovadoras.

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3 MODELOS DE NEGÓCIO E CADEIA DE VALOR 37

CADEIA DE VALOR

Desenho para a circularidade: O melhor aproveitamento dos recursos utilizados para a

produção de bens começa no projeto dos produtos. Eles devem ser pensados para que

possam ser remanufaturados, reformados ou reciclados, mantendo os componentes e

materiais circulando no mais alto nível de valorização possível. Ao criar um produto, se

pensa sobre qual material pode ser utilizado mantendo-se a funcionalidade, mas reduzindo

os impactos negativos relacionados ao ciclo de vida. (SAVAGET; SILVA, 2015; CNI, 2018).

Ciclos reversos: Retorno do produto consumido para o fabricante ou reparador para

manutenção, desmontagem, reprocessamento, montagem, reciclagem e redistribuição.

Ou seja, envolve uma logística reversa, onde o produto, sua embalagem e ou seu resíduo

pode ser remanufaturado e/ou desmontado, com suas partes sendo direcionadas para a

fabricação de outros produtos, ou tendo partes direcionadas para reciclagem, gerando

matéria-prima secundária. (CNI, 2018).

Proposta de valor: Outras formas de valorizar os recursos utilizados nas atividades de

produção são a simbiose industrial e a recuperação energética. (CNI, 2018).

A simbiose industrial caracteriza-se como sendo um ramo da economia circular onde

é explorado o potencial de abordagens baseadas em “integração de sistemas”. A ideia

principal é que o resíduo de uma indústria seja utilizado como matéria-prima de outra,

de forma a “fechar o ciclo. Esse modelo envolve esforços em logística, necessidade de

infraestrutura e localização geográfica, uma vez que a facilitação do transporte com

redução dos custos é primordial para que ele funcione.

Com foco na partilha de serviços de transporte e infraestrutura e trocas de resíduos/

subprodutos, o desenvolvimento e a criação de redes simbióticas de cooperação entre

empresas permite uma diminuição do consumo de materiais e energia.

A recuperação energética é uma opção para resíduos de difícil reutilização ou reciclagem

mas que têm alto poder calorífico ou geram gases combustíveis ao serem decompostos.

Transformam-se, assim, rejeitos em energia térmica e energia elétrica. As principais formas

de recuperação energética são:

• incineração com geração de energia;

• coprocessamento em fornos de clínquer;

• pirólise e gaseificação; e

• digestão anaeróbia.

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Mais de três quartos das indústrias – 76,4% – adotam alguma prática de economia circular no país, mas a maior parte não sabe que as iniciativas se enquadram nesse conceito. É o que mostrou pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizada em 2019 junto à base industrial brasileira.

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394 DIAGNÓSTICO DA INDÚSTRIA NO BRASIL

4 DIAGNÓSTICO DA INDÚSTRIA NO BRASIL

Para entendermos o grau de inserção de nossa economia no

modelo circular, foi feito um levantamento de informações

disponíveis em publicações diversas, nos sites das associações

setoriais de indústria, em questionário para os representantes

dessas associações e em entrevistas realizadas também com

esse público.

INFORMAÇÕES OBTIDAS EM PUBLICAÇÕES E SITES DE ASSOCIAÇÕES SETORIAIS

Atualmente, não há dados estatísticos específicos sobre a

adoção da economia circular em seu conceito mais amplo,

mas sim para alguns de seus principais componentes:

reciclagem e logística reversa – ações de pós-consumo

que possibilitam a reinserção de resíduos coletados em

processos produtivos (remanufatura).

Em sua monografia, Faria (2018) destaca a escassez de infor-

mações e dados referentes à utilização de recursos e geração

de resíduos. As análises setoriais são pouco usuais na literatura

e não permitem um grande aprofundamento. Começa por aí

o problema para a transição das práticas produtivas lineares

para as circulares em grande escala, a falta de dados para

melhor compreensão das oportunidades perdidas que estão

atualmente representando riscos. (FARIA, 2018).

De acordo com os dados divulgados pela ABRELPE em seu

relatório “Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2017”, as

políticas voltadas para a obrigatoriedade da logística reversa

para determinados tipos de materiais têm apresentado resul-

tados significativos.

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40 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

Outro dado importante que se encontra no relatório da ABRELPE relacionado à economia

circular é a porcentagem de recuperação de alguns materiais recicláveis, no caso plástico,

papel/papelão e alumínio. Observa-se que há um crescimento do índice de recuperação

nos últimos anos. (ABRELPE, 2018).

FIGURA 6 – Índice de recuperação para alguns resíduos recicláveis de 2012 a 2017

2015201420132012 2016 2017

69 63,4 75,3 83,6 87,2 87,2

41 44,945,9 49,9 50,8

52,3

7,5 7,57,3

7,7 8,2 8,2

Plástico Papel/Papelão Alumínio

Fonte: Parecer LCA; Elaboração: ABRELPE.

O relatório da ABRELPE reforça que a participação do cidadão é fundamental para

uma melhor gestão dos resíduos sólidos, aumentando a reciclagem e reduzindo a

destinação a aterros. Nele está citada uma pesquisa realizada pelo IBOPE contemplando

1.816 pessoas, das quais 98% entendem a reciclagem como importante para o futuro

do país e 94% concordam que é fundamental a separação dos resíduos para a coleta

seletiva dentro desse processo. No entanto, apesar de mostrar conhecimento sobre

a importância da separação dos resíduos para a reciclagem, o comportamento dos

entrevistados não acompanha esse raciocínio, pois 75% deles revelaram não fazer

a separação em casa e o principal motivo é a falta de educação ambiental. Já 66%

dos entrevistados disseram compreender pouco ou nada sobre a coleta seletiva.

(ABRELPE, 2018).

Para a indústria do plástico, essa deficiência na coleta seletiva representa um grande

desafio para o setor, pois, apesar do avanço da reciclagem, ainda há grande oportunidade

para melhoria do índice. A seguir, seguem os índices de reciclagem de embalagens plás-

ticas e equiparáveis publicados no “Perfil 2018 - Indústria Brasileira de Transformação e

Reciclagem de Material Plástico”.

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4 DIAGNÓSTICO DA INDÚSTRIA NO BRASIL 41

FIGURA 7 – Índice de reciclagem de embalagens e equiparáveis no Brasil de 2014 a 2016

Total volume of post-consumer recycled plastics (tons)Volume total de plásticos reciclados pós-consumo (toneladas)

Recycling index of post-consumer plastic packaging and equivalent (%)Índice de reciclagem de embalagens plásticas e equiparáveis pós-consumo (%)

700

2014 2015 2016

600600

500

550

26,7%22,2%

25,8%

500

400

300

200

100

0

100%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Fonte: Perfil 2018 – Indústria Brasileira de Transformação e Reciclagem de Material Plástico.

Conforme verifica-se no gráfico acima, o índice de reciclagem de embalagens plásticas

em 2016 foi de 25,8%, diferentemente do percentual identificado pela ABRELPE, que

considera plástico total e geração de resíduos. A ABIPLAST utiliza dados coletados pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e, em 2016, foram consumidas 6,3

milhões de toneladas de produtos transformados em plásticos (incluindo-se as impor-

tações desses produtos). Deste total, 33% (2,13 milhões de toneladas) são plásticos de

vida curta (até um ano), categoria na qual estão enquadradas as embalagens plásticas e

equiparáveis. Segundo estudo realizado pela Fundação Instituto de Administração (FIA)

da FEA – USP, a reciclagem de plásticos no Brasil, em 2016, foi de 550,4 mil toneladas de

materiais plásticos. Assim, se tomarmos o volume reciclado por ano e compararmos com o

que é efetivamente consumido de embalagens e equiparáveis no Brasil, temos um índice

de reciclagem de 25,8%. (ABRELPE, 2018).

Os esforços aplicados para ampliação dos preceitos de economia circular pelo setor têm

que ser complementados por políticas públicas e engajamento social para se acelerar o

alcance dos resultados desejados. Por meio do Acordo Setorial para Logística Reversa de

Embalagens, em geral, foram atingidas as principais metas relativas ao aumento da taxa

de recuperação e de redução das embalagens enviadas para aterros previstas no Edital

de Chamamento do Ministério do Meio Ambiente de 2012.

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42 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

No site da Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM), encontra-se entre as publica-

ções de 2018 uma intitulada “Compromisso Voluntário com a Economia Circular dos Plásticos”,

na qual se coloca como meta intermediária a reutilização, a reciclagem ou a revalorização

de 50% das embalagens de plástico. A ambição é atingir 100% até 2040. (ABIQUIM, 2018).

Outra publicação que pode ser acessada a partir do site da ABIQUIM e referente à preo-

cupação em relação à perda de pellets nas etapas de manuseio dos plásticos é o “Manual

Perda Zero de Pellets – Por um Mar Limpo”, uma iniciativa da Plastivida, por meio do

Fórum Setorial dos Plásticos – Por um Mar Limpo, que conta com 18 signatários, entre

empresas, sindicatos e associações, ABIPLAST e ABIQUIM incluídas. Nela se reforça mais

uma vez que o melhor caminho para redução dos problemas ambientais provocados pelo

descarte inadequado de material plástico perpassa pelo processo de coleta seletiva com

logística reversa e reciclagem. (POR UM MAR LIMPO, 2018).

FIGURA 8 – Vias de reciclagem do plástico

Figura 1. Cadeia produtiva dos plásticos.* Fases em que pode ocorrer perda de pellets.

Matérias-primasEXTRAÇÃOE REFINO

1ª GERAÇÃO

2ª GERAÇÃO

3ª GERAÇÃO

4ª GERAÇÃO

Petroquímicos básicos

Monômeros

Resinas termoplásticas

Polímeros

Transformados plásticos

Rejeito

MERCADO CONSUMIDOR

Resíduo

Quí

mic

a

Mec

ânic

a pó

s-co

nsum

o

Mec

ânic

a pr

é-co

nsum

o

Reciclagem *

Fontes alternativasde insumos

Petróleo

*

Fonte: Plastivida – Instituto Sócio Ambiental dos Plásticos (www.plastivida.org.br).

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4 DIAGNÓSTICO DA INDÚSTRIA NO BRASIL 43

No seu Relatório de Sustentabilidade 2018, o Instituto

Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV)

divulgou importantes números. Com o programa de logística

reversa para embalagens de defensivos agrícolas – Sistema

Campo Limpo, atingiu-se a destinação ambientalmente

adequada de 94% das embalagens plásticas primárias

comercializadas. Do material recebido pelo Sistema Campo

Limpo em 2018, 93% retornou ao ciclo produtivo como

matéria-prima de outros produtos. Isso corresponde ao

percentual de embalagens recicladas: embalagens plásticas

que tenham sido corretamente lavadas após a utilização

no campo, tampas, embalagens de papelão e embalagens

metálicas. As embalagens não laváveis (cerca de 5% do

total comercializado) e aquelas que não tenham sido devi-

damente lavadas pelos agricultores foram encaminhadas

para incineradores credenciados. (INPEV, 2019)

Em função do volume de resíduo gerado, o setor da cons-

trução civil deve receber uma atenção especial em relação

ao tema. Apesar de já se ter certificações e selos para cons-

truções sustentáveis, o que já implica em redução de gasto

com água, energia, uso de materiais recicláveis e, assim,

menos impactos sobre os recursos naturais, ainda prevalece

dominante o modelo linear no setor. Há dificuldade em

reutilizar e reciclar os resíduos de forma que apresentem

mesma qualidade de novos. Mas existem empresas que

têm modelos de construção modulares, com materiais

que podem ser recuperados e substituídos, além de outras

ideias relacionadas à circularidade que têm ganhado espaço

no setor.

Outro importante setor da economia, a indústria do aço,

tem aplicado cada vez mais práticas de economia circular. Os

seus produtos podem ser reutilizados e remanufaturados,

como também reciclados repetidas vezes sem perder suas

características. Essa capacidade de retorno permanente à

condição de matéria-prima na cadeia produtiva, sem perda

de qualidade, faz do aço o produto industrial mais reciclado

do mundo. Automóveis, geladeiras, vergalhões e todos os

demais produtos feitos com aço são, ao fim de sua vida útil,

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44 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

coletados e retornam às aciarias, produzindo aço com a mesma excelência de qualidade.

No processo de reciclagem são recuperados também outros metais, como cobre, alumínio,

níquel etc. que são comercializados com indústrias metalúrgicas. No Brasil, cerca de 30%

de todo o aço produzido é proveniente de reciclagem. (INSTITUTO AÇO BRASIL, 2019).

Em seu relatório anual 2018, a ABINEE (Associação Brasileira da Indústria Elétrica

Eletrônica) mostra que em termos de iniciativas em prol do meio ambiente, que poderiam

estar relacionadas à economia circular, a logística reversa é a principal aplicada no setor.

A ABINEE fundou, em 2016, a Green Eletron, uma entidade gestora para a logística reversa

de pilhas e eletroeletrônicos. A Green Eletron apresenta compromissos firmados pelo setor,

como a instalação de PEV (pontos de entrega voluntária) em todas as cidades paulistas

com mais de 80.000 habitantes até 2022 e a destinação ambientalmente adequada de

100% dos resíduos coletados neste sistema.

Nota-se que há grandes avanços em relação à logística reversa de eletroeletrônicos e pilhas.

De acordo com o relatório publicado pela United Nations University – Institute for the Advanced

Study of Sustainability (UNU-IAS), com o título eWaste in Latin America, foram gerados,

no ano de 2014, cerca de 7kg de resíduos eletroeletrônicos por habitante no Brasil. Para

o ano de 2018, projetou-se que seriam aproximadamente 8,3kg por habitante. Segundo

representante do setor, mediante os dados já conhecidos de operações de logística reversa

e reciclagem de resíduos eletroeletrônicos estabelecidos, o Brasil teria o potencial de gerar

mais de 60 mil postos de trabalho se 100% fossem reciclados. (ABINEE, 2019; GSMA, 2015).

O trabalho de Flávio da Silveira Bruno de 2017 intitulado “A Quarta Revolução Industrial do

Setor Têxtil e de Confecção”, publicado no site da ABIT, inclui como tendência ambiental no

setor a adesão de modelos de negócio circulares. Chama-se a atenção para a necessidade

de se criar novos materiais, mais fáceis de reciclar e de reutilizar, que consumam menos

água e energia de transformação e que sejam biodegradáveis. Cita-se ainda o desenvolvi-

mento de novos processos mais eficientes, evitando desperdícios de qualquer natureza.

Ficam evidenciados vários pontos relacionados à preocupação no setor em migrar para

uma economia circular. Destaca-se ainda a importância de mensurar impactos para avaliar

a efetividade das mudanças. Ou seja, existem isoladamente diversas práticas circulares

sendo desenvolvidas, mas não se encontram nesse documento dados estatísticos gerais

para o setor em relação ao assunto. (BRUNO, 2016).

A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) tem em seu site uma aba para o tema

sustentabilidade, onde se destaca o reconhecido papel do coprocessamento no aprovei-

tamento de resíduos para fins energéticos. Nela ainda é apresentado um programa de

Avaliação do Ciclo de Vida – Modular de blocos de concreto para ser utilizado na formação

de um inventário brasileiro, servindo como base para inventários de ciclo de vida de outros

materiais de construção. (CBCS; ABCP; BLOCOBRASIL, 2016).

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4 DIAGNÓSTICO DA INDÚSTRIA NO BRASIL 45

INFORMAÇÕES OBTIDAS EM QUESTIONÁRIO E ENTREVISTAS

Para um melhor diagnóstico sobre a inserção da economia circular nas atividades pro-

dutivas brasileiras, foi elaborado um questionário com 15 perguntas divididas em três

temas (blocos):

• políticas públicas;

• linhas de financiamento; e

• modelos de negócio.

O questionário está no Anexo desse Guia. Ele foi enviado às associações da indústria

brasileira e federações estaduais da indústria. Além de se basear nele, a complementa-

ção de informações foi feita por meio de entrevistas com representantes de alguns dos

setores industriais.

RESULTADOS PARA POLÍTICAS PÚBLICAS

Nas associações setoriais, as políticas públicas mais conhecidas e consideradas estão

voltadas para a logística reversa e gestão de resíduos. Assim, é restrito o efeito para a

ampliação de práticas econômicas circulares pelas empresas. Acredita-se que falta maior

conscientização da população para pressionar os governos em formular políticas mais

eficientes voltadas para o tema.

A maioria das associações considera que a Política Nacional de Resíduos Sólidos é atual-

mente a mais impactante no sentido da condução para práticas circulares ao instituir,

por exemplo, a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Pela

definição, seria o conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes,

importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos

de limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos para minimizar o volume de resíduos

sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana

e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos.

A PNRS ainda induz:

• o aproveitamento de resíduos sólidos, direcionando-os para a sua cadeia produtiva

ou para outras cadeias produtivas;

• a utilização de insumos de menor impacto negativo ao meio ambiente e de maior

sustentabilidade; e

• o mercado de produtos derivados de materiais reciclados e recicláveis.

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46 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

Apesar da PNRS abordar e instituir muitas práticas de economia circular, o efeito

dela tem sido pouco percebido. É preciso aprimorar o conhecimento dos conceitos

trazidos na legislação. Ainda não há um entendimento claro de tratar-se de econo-

mia circular e viabilizar instrumentos práticos (incentivos, desonerações, subsídios,

qualificação, bonificação etc.) para que haja uma atratividade maior para o tema e

sua implementação.

Um dos pontos críticos apontados em entrevistas em relação às políticas públicas para a

promoção da economia circular é a falta de incentivo à reciclagem. Não existem cargas

tributárias diferenciadas ou condições que favoreçam o ramo de atividade de forma atrativa.

Isso tem provocado o fechamento de algumas empresas e desistência de investimentos.

Para as empresas cimenteiras, especificamente no estado de São Paulo, estão em desen-

volvimento planos para incentivo ao aproveitamento de resíduos de outras empresas no

processo de fabricação de cimento. Por exemplo, melhores prazos para licenciamento

de usinas que incorporarão em seus processos o uso de resíduos. A criação de benefícios

como esse é o que se espera para disseminar uma cultura de circularidade de materiais

em processos produtivos.

RESULTADOS PARA LINHAS DE FINANCIAMENTO

Existem linhas de financiamento para práticas sustentáveis, mas não há uma integração

dessas linhas de financiamento de forma a abranger as diversas práticas de economia

circular que possam ser aplicadas nos diferentes setores da indústria. Outro ponto é que

há pouca divulgação dessas linhas de financiamento, de forma que uma ínfima parte dos

empresários sabe sobre elas.

As queixas em relação à possibilidade de se obter financiamentos são as exigências

complexas de elaboração do projeto, exigências de garantias, requisitos de licenciamento

ambiental prévio e prazo de tramitação dos pedidos de financiamento. Vários fatores

inviabilizam o acesso, principalmente para empresas com menor aporte de capital.

Outro fator que desmotiva a busca por linhas de financiamento é o conhecimento limitado

de parcela dos empreendedores em relação às práticas circulares, suas vantagens, opor-

tunidades associadas e riscos. Assim, não enxergam vantagem em realizar uma mudança

que exigiria um investimento financeiro e esforços iniciais consideráveis.

No Brasil, há necessidade de reformas que contenham os gastos públicos, promovam o

empreendedorismo e a geração de empregos. Este ambiente inibe investimento e acesso

a financiamentos atrativos, pois as incertezas implicam na instabilidade econômica

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4 DIAGNÓSTICO DA INDÚSTRIA NO BRASIL 47

RESULTADOS PARA MODELOS DE NEGÓCIO

A adoção de modelos de negócio circulares parece incipiente em todos os setores. Talvez

essa percepção possa ser explicada pela falta de conhecimento sobre o que é economia

circular pois, segundo pesquisa promovida pela CNI junto a membros de empresas, 70%

nunca ouviu falar sobre economia circular, mas, ao mesmo tempo, quando questionados

sobre a existência de práticas circulares nas empresas, 76,4% afirmam que estas existem.

Em geral, as empresas que estão migrando para modelos de negócio circulares são as de

grande porte e multinacionais. Isto ocorre por fatores como:

• maior capacidade de investimento;

• perfil de clientes e investidores que cobram mais em relação às responsabilidades

socioambientais;

• cultura importada;

• signatárias de acordos internacionais.

Destaca-se também, no desenvolvimento de modelos de negócio circulares, as startups,

seja criando modelos próprios de negócios circulares, seja desenvolvendo atividades que

auxiliam ou envolvem empresas na inserção de práticas ou modelos circulares em seus

negócios. As formas de promoção da circularidade por elas variam. Algumas criam plata-

formas para facilitar o compartilhamento de equipamentos e materiais entre empresas,

otimizando o aproveitamento de espaços físicos e recursos. Outras desenvolvem métodos

e tecnologias de tratamento de efluentes ou materiais para serem reincorporados em

processos. A simplicidade e flexibilidade da estrutura delas agiliza o desenvolvimento de

soluções diversas para a promoção da circularidade, fazendo das startups promissoras

propulsoras do processo de transição.

As razões que mais desestimulam as empresas a adotarem modelos de negócio circulares

estão listadas em ordem decrescente, em relação ao número de alegações:

• não enxergam vantagens financeiras;

• querem fazer as mudanças, mas não têm capital para investimento;

• desconhecem a economia circular; e

• temem os riscos da mudança (concorrência desleal de quem não adota o modelo,

indiferente para consumidores, fornecedores e investidores).

Uma análise simplificada nos permite inferir que as principais causas para as empresas,

em geral, não estarem migrando para modelos de negócio circulares estão justamente

ligadas à falta de políticas públicas que tornem o retorno financeiro mais atrativo, falta de

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48 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

entendimento e consequentemente de visão das oportunidades no novo modelo e falta

de investimentos, ou seja, mais fácil acesso às linhas de financiamento existentes, além

da necessidade de se criar linhas de financiamento específicas para a economia circular

em diferentes setores.

Nota-se que a utilização de insumos circulares é a prática mais comum entre as empresas

no que concerne à economia circular, provavelmente devido à utilização de matérias-primas

secundárias como ocorre na indústria do aço, alumínio, metais de uma forma geral, mais

ainda do vidro e do plástico. A simbiose industrial entra aqui como impulsionadora desse

modelo. A recuperação energética também é muito comum, principalmente nos agrone-

gócios, cimenteiras e metalúrgicas. No entanto, dentro das possibilidades da economia

circular, estas são as opções que menos conservam o valor dos produtos.

Em termos de investimentos financeiros em relação ao faturamento que as empresas

têm, a percepção é de que há muito receio por parte dos empresários em apostar em

modelos de negócio circulares no Brasil, pois eles são, em geral, insignificantes. Nota-se,

em especial, que os investimentos têm sido mais voltados para práticas que visam vender

o serviço ao invés do produto.

Dentre as práticas mais adotadas relacionadas aos modelos de negócio circulares tem-se:

• a fabricação de produtos com partes e peças feitas com matérias-primas

secundárias;

• venda de refis ou partes sobressalentes de equipamentos para serem reutilizados;

• remanufatura feita pelos próprios fabricantes;

• modernização de equipamentos: com o avanço da tecnologia os fabricantes con-

seguem equipamentos cada vez menores (e ainda mais potentes), o que resulta

em menor consumo de recursos naturais, menor espaço e peso para transporte,

significando menos emissões de carbono no transporte e outros benefícios;

• sistemas de triagem de resíduos automatizados, ampliando a capacidade de reciclagem;

• tecnologias que aumentam a durabilidade de materiais, prolongando o ciclo de vida;

• pesquisa sobre sistemas de transformação de resíduos em novos insumos; e

• maior eficiência operacional, reduzindo a energia e os recursos necessários para

a produção.

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Um dos pontos críticos apontados em entrevistas em relação às políticas públicas para a promoção da economia circular é a falta de incentivo à reciclagem. Não existem cargas tributárias diferenciadas ou condições que favoreçam o ramo de atividade de forma atrativa.

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515 ESTRATÉGIAS DE TRANSIçãO

5 ESTRATÉGIAS DE TRANSIçãO

Diante da situação atual da indústria brasileira frente à

economia circular e baseando-se nos cenários nacional

e internacional do avanço de políticas públicas no que

diz respeito a este assunto, foram pensadas medidas que

suportem e impulsionem a mudança para um modelo eco-

nômico circular no Brasil. Algumas dessas medidas foram

propostas após apresentação do diagnóstico do capítulo

anterior, em reunião com representantes dos diversos

setores da indústria, federações estaduais da indústria e

de empresas interessadas.

A execução de uma estratégia para implantação da econo-

mia circular no país depende do envolvimento do governo,

de empresas, indústrias e comércios, assim como da popu-

lação. A estratégia se pautou, principalmente, nas respos-

tas dadas por representantes de setores, federações da

indústria e de empresas à três perguntas direcionadoras

que seguem:

1. “COMO IMAGINA A INDÚSTRIA DO FUTURO E O PAPEL DA ECONOMIA CIRCULAR?” (ONDE DEVE-MOS CHEGAR?)

Esta pergunta visava obter, a partir dos conhecimentos

dos questionados, como deverá ser a indústria brasileira

no futuro em função das necessárias mudanças trazidas

pela economia circular de forma a sermos competitivos no

mercado mundial.

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52 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

2. “QUAL A SITUAÇÃO ATUAL DA INDÚSTRIA BRASILEIRA EM RELAÇÃO À ECONOMIA CIRCULAR?” (ONDE ESTAMOS?)

Com esta pergunta, procurou-se identificar quais os entra-

ves e as oportunidades são percebidos em setores diversos

e a necessidade de políticas, investimentos e conhecimentos

para promoção da economia circular.

3. “QUAIS AS PRINCIPAIS AÇÕES QUE PRECISA-MOS REALIZAR NO CAMINHO DE TRANSIÇÃO PARA A ECONOMIA CIRCULAR NA INDÚSTRIA BRASILEIRA?” (O QUE FAZER PARA CHEGAR LÁ?)

Provavelmente esta seja a pergunta mais importante, pois

dela se objetivou extrair as ideias para se criar políticas

públicas bem estruturadas, além de modelos de negócio e

práticas de conscientização social para provocar a transição

econômica almejada.

As respostas às perguntas acima foram organizadas e

adaptadas numa sequência conforme modelo a seguir,

onde resumidamente temos um ponto de partida, onde

queremos chegar e o caminho para tal.

Onde estamosO que fazer

para chegar láOnde devemos

chegar

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5 ESTRATÉGIAS DE TRANSIçãO 53

POLÍTICAS PÚBLICAS

Ausência de políticas públicas adequadas para a economia circular.

Desenvolver políticas públicas que incentivem a

transição para uma economia circular.

Políticas públicas adequadas à

economia circular.

Faltam incentivos para o

reaproveitamento de resíduos.

Dar tratamento fiscal adequado às

atividades associadas ao reaproveitamento

de resíduos.

Mercado especializado em

reaproveitamento de resíduos ampliado.

Existem barreiras regulatórias que

limitam a utilização de reciclados.

Rever regulações para potencializar a

utilização de reciclados.

Maior índice de utilização de reciclados.

Nas compras públicas prevalece o menor preço e

não se consideram os custos relativos ao uso e descarte

dos produtos.

Incorporar critérios de circularidade/

sustentabilidade nas compras públicas, considerando as particularidades

setoriais da indústria brasileira.

Compras públicas que considerem

critérios de circularidade/

sustentabilidade e promovem o

desenvolvimento da indústria

nacional.

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54 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

EDUCAÇÃO

Consumidores não separam

adequadamente os resíduos.

Realizar coleta seletiva e campanhas

educativas sobre a importância da

separação adequada de resíduos.

Sociedade valoriza e participa

ativamente do processo de coleta

seletiva.

Carência de profissionais

qualificados para induzir a aplicação

de modelos circulares nas

empresas.

Incluir temática de economia circular nos cursos técnicos e de

graduação.

Profissionais qualificados a implementar práticas de

economia circular nas empresas.

Carência de informação sobre as vantagens da

economia circular no setor público.

Treinar corpo técnico para promover dentro

do serviço público a adoção de práticas de

circularidade.

Setor público capacitado para tomar decisões que apoiem a

transição para a economia circular.

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5 ESTRATÉGIAS DE TRANSIçãO 55

PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO (PDI)

Os produtos e embalagens não

são criados (design) com foco na recirculação.

Fortalecer iniciativas de pesquisa e

desenvolvimento de produtos e serviços

voltados à circularidade.

Mais produtos e serviços voltados à circularização dos

materiais.

Limitada parceria entre o setor industrial e centros de

desenvolvimento de pesquisa.

Estabelecer parcerias entre o setor privado

e centros de desenvolvimento de

pesquisa.

Tecnologias aplicadas a

economia circular desenvolvidas em

parceria.

Não há métricas e indicadores

consistentes para avaliação da

circularidade.

Definir métricas e indicadores para

avaliar a circularidade dos diversos materiais

e produtos.

Base de dados consolidada que

auxiliei na criação e/ou adequação de

medidas promovedoras da

circularidade.

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56 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

FINANCIAMENTO

Há pouco conhecimento sobre linhas de

financiamento e suas modalidades.

Ampliar os canais de divulgação de linhas de financiamento.

Empresas acessando linhas de financiamento

para implantar práticas circulares.

Dificuldade de elaborar os

projetos para acesso às linhas de

financiamento.

Oferecer orientação para elaboração de

projetos para empreendedores com

menor capacidade monetária.

Maior número de projetos de

pequenas e médias empresas voltados

para economia circular.

Custo do crédito para

financiamento são pouco atrativos.

Ampliar as possibilidades de

crédito e forma de pagamento.

Custo do crédito reduzido para atividades de

empreendedorismo voltadas a economia

circular.

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5 ESTRATÉGIAS DE TRANSIçãO 57

MERCADO (AMBIENTE DE NEGÓCIOS)

Não há matéria-prima em

quantidade e qualidade que

sustente a reciclagem.

Implantar sistemas de coleta seletiva e triagem de resíduos

para reciclagem.

Maior investimento e melhoria das

tecnologias aplicadas aos processos de

triagem e reciclagem.

Carência de iniciativas de

cooperação entre empresas do mesmo setor.

Desenvolver programas que

promovam a cooperação entre as empresas, por meio

de entidades representativas

do setor.

Maior cooperação entre empresas

para o aumento de competitividade do

setor produtivo brasileiro.

Baixa cooperação do setor industrial

em relação ao compartilhamento

de recursos/ insumos.

Criar espaços de interação entre

empresas que operam no mesmo território.

Aumento da simbiose industrial.

Apelo ao consumismo e

preconceito em relação aos produtos

remanufaturados, reparados e reciclados.

Adotar modelos de negócio que valorizem as

funcionalidades dos produtos e sejam atrativos para o

consumidor.

Valorização dos produtos com princípios de circularidade.

Falta de percepção das empresas

sobre as oportunidades de

negócios circulares.

Difundir informações e tecnologias que demonstrem as

vantagens atreladas à transição para a

economia circular.

Identidade da indústria brasileira como sustentável

(circular).

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58 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

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Desenvolvimento e Inovação

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2019

).

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CONCLUSÕES 61

CONCLUSÕESNossa sociedade conquistou um padrão elevado de qualidade de vida quando comparado

a momentos históricos, tendo como base estruturante o desenvolvimento econômico,

científico e tecnológico das últimas décadas.

O setor industrial teve um papel fundamental nesse processo evolutivo, principalmente ao

agregar valor aos recursos naturais, transformando-os em produtos e disponibilizando-os

para o mercado consumidor.

Atualmente estamos diante de novos desafios, em que se faz necessário ampliar a qualidade

de vida conquistada para a população mundial como um todo, e, ao mesmo tempo, não

causar desequilíbrios ambientais que coloquem em risco a economia mundial.

Para tanto, será necessário repensar o modelo econômico adotado até então. É preciso

promover o fluxo de materiais em nossa sociedade de forma mais sustentável e acabar

com o que chamamos de “lixo”, considerando todo o material inserido em nossa sociedade

como “recurso” útil e reutilizável.

O funcionamento dos ciclos da natureza serve de inspiração para criarmos as bases de

transição para um modelo que consiga internalizar, de forma mais ampla, aspectos sociais

e ambientais, e que valorize o planejamento de longo prazo.

Políticas públicas estão sendo desenvolvidas em diversos países para fomentar a transição

de uma lógica linear de pensamento para uma lógica circular (inspirado nos ciclos da natu-

reza). Empresas já estão identificando uma tendência dos consumidores em valorizarem

produtos e serviços que se preocupam com questões sociais e ambientais.

Identificamos que essa nova lógica tem o potencial de criar e/ou reinserir novas cadeias

produtivas em nosso sistema econômico, por meio do compartilhamento, reúso, manu-

tenção, remanufatura e reciclagem. O conceito de economia circular tem mostrado sua

força na união de diversas práticas que já vinham sendo trabalhadas, como: Produção mais

Limpa (PmaisL), Simbiose Industrial, Cradle to Cradle (C2C), Economia da Funcionalidade,

Biomemitismo, Design for Environment, Produto como Serviço, entre outras.

Neste sentido, é possível identificar as diversas oportunidades de negócios que surgem

ao repensarmos o funcionamento do sistema econômico e ao incluirmos a parcela da

população mundial, que ainda não usufrui dos benefícios e qualidade de vida conquistados,

no mercado formal.

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62 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

No Brasil, para que a lógica circular se realize, será neces-

sário maior investimento em educação e inovação. Além

disso, políticas públicas brasileiras precisam ser ajustadas

para maior estímulo ao reaproveitamento de resíduos e

utilização de bens reciclados.

O caminho estratégico apresentado neste documento rela-

cionou cinco linhas de atuação que precisam ser trabalhadas

para aceleramos a transição para a economia circular no

Brasil. São elas:

• políticas públicas;

• educação;

• pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I);

• financiamento; e

• mercado (ambiente de negócios).

O setor produtivo tem ciência de seu papel na solução

dos desafios que nossa sociedade terá que enfrentar nas

próximas décadas. No entanto, será necessária uma ação

articulada entre representantes da iniciativa privada, poder

público e academia no sentido de criar novas formas de

produzir e consumir.

Esperamos que este trabalho colabore para os passos

iniciais dessa transição e ajude nosso país a aproveitar as

oportunidades abertas pelo conceito de economia circular.

É preciso promover o fluxo de materiais em

nossa sociedade de forma mais sustentável

e acabar com o que chamamos de “lixo”,

considerando todo o material inserido em

nossa sociedadecomo “recurso”

útil e reutilizável.

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REFERÊNCIAS 65

REFERÊNCIASABIQUIM. Abiquim lança compromisso voluntário a favor da economia circular no

setor de resinas plásticas. [2018]. Disponível em: https://www.abiquim.org.br/uploads/

guias_estudos/compromisso_voluntario.pdf. Acesso em: 02 ago. 2019.

ABINEE. Relatório Anual 2018. 2019. Disponível em: http://www.abinee.org.br/programas/

imagens/rel2018/. Acesso em: 02 ago. 2019.

ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2017. 2018. Disponível em:

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ANEEL. Resolução normativa N° 482, de 17 de abril de 2012. Estabelece as condições

gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distri-

buição de energia elétrica, o sistema de compensação de energia elétrica, e dá outras

providências. Disponível em: http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf. Acesso

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AIRHART, Ellen. San Francico’s dream of ‘zero waste’ lands in the dumpster. 2018.

Disponível em: https://www.wired.com/story/san-franciscos-dream-of-zero-waste-lands-

-in-the-dumpster/. Acesso em: 02 ago. 2019.

AUSTRALIA. Australian packaging covenant. 2017. Disponível em: https://www.environment.

gov.au/system/files/resources/936c31e6-749b-4298-a457-24808a76cc15/files/australian-

-packaging-covenant-2017.pdf. Acesso em: 02 ago. 2019.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Combate ao lixo no mar. 2017. Disponível em:

https://www.mma.gov.br/gestao-territorial/gerenciamento-costeiro/zona-costeira-e-o-

ceanos.html. Acesso em: 02 ago. 2019.

BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos

Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm.

Acesso em: 02 ago. 2019.

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66 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

BRASIL. Lei n° 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação

nativa; altera as Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de

1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nºs 4.771, de 15 de setembro

de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de

agosto de 2001; e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12651.htm. Acesso em: 02 ago. 2019.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Política nacional sobre mudança do clima. [2014].

Disponível em: https://www.mma.gov.br/clima/politica-nacional-sobre-mudanca-do-clima.

Acesso em: 02 ago. 2019.

BRASIL. Senado Federal. Projeto de lei do Senado n° 12, de 2014. Disponível em:

https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/116010. Acesso em:

02 ago. 2019.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resíduos sólidos. 2019. Disponível em: https://

www.mma.gov.br/agenda-ambiental-urbana/res%C3%ADduos-s%C3%B3lidos.html.

Acesso em: 02 ago. 2019.

BRUNO, Flávio da Silveira. A quarta revolução industrial do setor têxtil e de confecção:

a visão de futuro para 2030. 2016. https://www.gsma.com/latinamerica/wp-content/

uploads/2015/11/gsma-unu-ewaste2015-eng.pdf. Acesso em: 02 ago. 2019.

CANADÁ. Resource recovery and circular economy Act. 2016. Disponível em:

https://www.ontario.ca/laws/statute/16r12. Acesso em: 02 ago. 2019.

CBCS; ABCP; BLOCOBRASIL. Projeto avaliação de ciclo de vida modular de blocos e

pisos de concreto. [2016]. Disponível em: http://www.cbcs.org.br/_5dotSystem/userFiles/

ACV-m/CBCS_ACV-blocos-concreto.pdf. Acesso em: 02 ago. 2019.

CHINA. Circular economy promotion law. 2008. Disponível em: http://www.fdi.gov.

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CLIMATE BONDS INIATIVE. Green bonds: the state of the Market 2018. Disponível em:

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Page 69: ECONOMIA CIRCULAR - Amazon Web Services · FIGURA 1 – Diagrama do sistema da economia circular Agricultura/coleta 1 Matérias-primas bioquímicas Regeneração Biogás Extração

REFERÊNCIAS 67

DE GROENE ZAAK. Governments going circular: global scan best practices. [2019].

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Disponível em: https://www.ellenmacarthurfoundation.org/pt/economia-circular-1/

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economy. 2015. Disponível em: https://www.eea.europa.eu/policy-documents/com-2015-

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Monografia (Graduação)-Instituto de economia da Universidade Federal de Uberlândia.

Uberlandia, 2018.

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Disponível em: http://mediambient.gencat.cat/ca/05_ambits_dactuacio/empresa_i_pro-

duccio_sostenible/economia_verda/impuls_economia_verda/. Acesso em: 02 ago. 2019.

GSMA. EWaste in Latin America: statistical analysis and policy recommendations. 2015.

Disponível em: https://www.gsma.com/publicpolicy/wpcontent/uploads/2015/11/

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INPEV. Relatório de sustentabilidade 2018. [2019]. Disponível em: https://www.inpev.

org.br/Sistemas/Saiba-Mais/Relatorio/InPev_RA2018.pdf. Acesso em: 02 ago. 2019.

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acobrasil.org.br/site2015/aco_economia_circular.asp. Acesso em: 02 ago. 2019.

IWASAKA, Fernanda Yumi. Políticas públicas e economia circular: levantamento inter-

nacional e avaliação da política nacional de resíduos sólidos. Dissertação (Mestrado em

Engenharia)-Escola de engenharia de São Carlos, São Carlos, 2018.

Page 70: ECONOMIA CIRCULAR - Amazon Web Services · FIGURA 1 – Diagrama do sistema da economia circular Agricultura/coleta 1 Matérias-primas bioquímicas Regeneração Biogás Extração

68 ECONOMIA CIRCULAR: CAMINHO ESTRATÉGICO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

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articles/attachments/f99f1ac9-83a0-47e0-a0a2-74f3ce528ad8/Think%202030%20Circu-

lar%20Economy.pdf?v=63710011292. Acesso em: 02 ago. 2019.

POR UM MAR LIMPO. Manual Perda Zero de Pellets. 2018. Disponível em: http://www.

plastivida.org.br/images/temas/Manual_Perda_Zero_de_Pellets_Digital.pdf. Acesso em:

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SAFLII. The supreme court of appeal of South Africa Judgment. 2017. Disponível em:

http://www.saflii.org/za/cases/ZASCA/2019/1.html. Acesso em> 02 ago. 2019.

SAVAGET, Paulo; SILVA, Tatiana. Economia circular e novos modelos de negócios. 2015.

Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/311700146_Economia_Circular_e_

Novos_Modelos_de_Negocios. Acesso em: 02 ago. 2019.

SITRA. Finnish road map to a circular economy 2016-2025. [2016]. Disponível em:

https://www.sitra.fi/en/projects/leading-the-cycle-finnish-road-map-to-a-circular-

economy-2016-2025/. Acesso em: 02 ago. 2019.

USDA. Biopreferred. 2019. Disponível em: https://www.biopreferred.gov/BioPreferred/.

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WESTERN CAPE GOVERNMENT. Western Cape industrial symbiosis programme.

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Agradecimento especial às instituições que ajudaram na elaboração deste documento

por meio do Grupo de Trabalho sobre Economia Circular (GT EC) coordenado pela

Confederação Nacional da Indústria (CNI).

ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland

ABIA – Associação Brasileira da Indústria de Alimentos

ABINEE – Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica

ABIPLA – Associação Brasileira das Indústrias de Limpeza e Afins

ABIPLAST – Associação Brasileira da Indústria do Plástico

ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química

ABIT – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção

ABRELPE – Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Urbana

ArcelorMittal

Braskem

CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção

FIEB – Federação das Indústrias do Estado da Bahia

FIEMG – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais

FIEP – Federação das Indústrias do Estado do Paraná

FIESP – Federação da Indústria do Estado de São Paulo

FIRJAN – Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

Flextronics

HP Brasil

IBÁ – Indústria Brasileira de Árvores

InpEV – Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias

Instituto Aço Brasil

Instituto C&A

Unilever

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CNIRobson Braga de AndradePresidente

DIRETORIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS - DRIMônica Messenberg GuimarãesDiretora de Relações Internacionais

Gerência Executiva de Meio Ambiente e Sustentabilidade - GEMASDavi BomtempoGerente-Executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade

Sérgio de Freitas MonforteCoordenação Técnica

Érica dos Santos VillarinhoMario Augusto de Campos CardosoPriscila Maria Wanderley PereiraWanderley Coelho BaptistaEquipe Técnica

DIRETORIA DE COMUNICAÇÃO - DIRCOMAna Maria Curado MattaDiretora de Comunicação

Gerência de Publicidade e PropagandaArmando UemaGerente de Publicidade e Propaganda

André DiasProdução Editorial

DIRETORIA DE SERVIÇOS CORPORATIVOS – DSCFernando Augusto TrivellatoDiretor de Serviços Corporativos

Superintendência de Administração - SUPADMaurício Vasconcelos de Carvalho Superintendente Administrativo

Alberto Nemoto YamagutiNormalização ________________________________________________________________

KPMGConsultoria

Editorar MultimídiaRevisão Gramatical

Editorar MultimídiaProjeto Gráfico e Diagramação

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ESTUDO E PROSPECTIVA PARA A INDÚSTRIA

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