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ECONOMIA INTERNACIONAL II

Professor: André M. Cunha

2006

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Revisão do BP

1. Ajustes nos Pagamentos Internacionais

2. O Balanço de Pagamento: Aspectos Gerais

3. Convenções e Mensuração

4.. Registros no BP: um exemplo numérico

5. A Conta Corrente e os Agregados Nacionais

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1. Ajustes nos Pagamentos Internacionais

Como ajustar desequilíbrios de posições entre

duas economias quaisquer?

Como o cada tipo de ajuste (∆E, ∆R, ∆A) afeta os

lados real e monetário das economias?

Políticas deflacionistas -> mercados financeiros

Políticas contra-cíclicas -> “lado real”

Quais os arranjos de PE ideais?

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Fred Block – “ordem monetária internacional”

Arranjos monetários como “criações sociais

que tendem a refletir e manter a distribuição

de poder entre os países e as classe sociais”;

Economia Fechada versus Economias

Abertas.

Capitalismos nacionais versus ordem liberal e

multilateral.

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Economias Fechadas

Como fechar uma economia? Como ajustá-la?

(i) controle sobre importações;

(ii) controle de capitais (limites sobre quantidade,

condições e destino dos fluxos de capitais);

(iii) controle/centralização do câmbio (ingresso de divisas

passa pelo governo, que determina sua utilização);

(iv) comércio bilateral (governo trata de equilibrar, através

de acordos políticos, os saldos comerciais);

(v) estatização do comércio (governo controla a

importação e exportação de certos produtos).

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Economias Abertas

2) Como ajustar uma economia aberta (onde

aqueles controles são mínimos e/ou

inexistentes)?

(i) mudar o nível de atividade interna (p. ex.:

ajustes recessivos),

(ii) mudar a taxa de câmbio.

Nos dois casos emprego e renda são atingidos

=> tensões políticas, que serão tão maiores quanto mais integradas (economia, social e politicamente) forem as

massas trabalhadoras.

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Conflitos de Interesses

Interesse dos capitalistas: manter as

economias abertas (sem restrições sobre os

movimentos de capitais) e sem inflação (que

corrói seus investimentos em termos de uma

moeda forte, sempre que tal valor não for

corrigido pelo câmbio).

R = R* + ∆Ee

Interesses dos trabalhadores: emprego e

salários reais crescentes; contrários aos “ajustes

automáticos” do tipo deflacionistas.

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Sistema versus Ordem

SMI - “... é simplesmente a soma de todos os

instrumentos mediante os quais os países

organizam suas relações econômicas

internacionais.” (p.9)

Ordem - há uma ordem no SMI quando este é “...

governado por um conjunto definido de regras e

procedimentos” (p. 15)

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2. BP: Aspectos Gerais

Conceito: para um dado país o BP é o

“registro sistemático das transações econômicas,

durante um dado período de tempo, entre os seus

residentes e os residentes do resto do mundo.”

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Importância na análise econômica:

=> o BP expressa as condições conjunturais e

estruturais de uma certa economia e da economia

internacional;

=> servindo de orientação para as decisões privadas e

públicas (e para a avaliação dos resultados de

decisões passadas)

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Estrutura Esquemática do BP (pré-revisão)

A. Balança Comercial

B. Balanço de Serviços

C. Transferências Unilaterais

D. Transações Correntes: A + B + C

E. Conta Capital

F. Erros e Omissões

G. Saldo do Balanço de Pagamentos = D + E + F (acima

da linha)

H. Financiamento do Resultado ou Compensatório

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Quadro I - Balanço de pagamentosUS$ milhões

Discriminação 2003 2004*

Ano Jan-Jun Balança comercial (FOB) 24 801 15 049 Exportações 73 084 43 306 Importações 48 283 28 257 Serviços e rendas - 23 652 - 12 236 Receitas 13 806 7 493 Despesas 37 459 19 730 Transferências unilaterais correntes (líquido) 2 867 1 602Transações correntes 4 016 4 415Conta capital e financeira 5 104 - 1 757 Conta capital1/ 498 398 Conta financeira 4 606 - 2 156 Investimento direto (líquido) 9 894 3 224 No exterior - 249 - 820 Participação no capital - 62 - 776 Empréstimos intercompanhias - 187 - 45 No país 10 144 4 044 Participação no capital 9 320 4 559 Empréstimos intercompanhias 823 - 515 Investimentos em carteira 5 308 - 3 701 Ativos 179 - 544 Ações - 258 - 25 Títulos de renda fixa 437 - 518 Passivos 5 129 - 3 157 Ações 2 973 814 Títulos de renda fixa 2 156 - 3 971 Derivativos - 151 - 240 Ativos 683 75 Passivos - 834 - 315 Outros investimentos2/ - 10 445 - 1 439 Ativos - 9 483 1 500 Passivos - 962 - 2 939Erros e omissões - 624 - 1 312Resultado global do balanço 8 496 1 346

Memo:Transações correntes/PIB (%) 0,81 1,60IED/PIB (%) 2,06 1,47Amortizações de médio e longo prazos 27 180 16 896 Pagas3/ 23 906 16 454 Refinanciadas 1 198 - Conversões4/ 2 076 442

1/ Inclui transferências de patrimônio.

2/ Registra créditos comerciais, empréstimos, moeda e depósitos, outros ativos e passivos e operações de regularização.

3/ Registra amortizações de crédito de fornecedores de médio e longo prazos, empréstimos de médio e longo prazos e papéis de médio e longo prazos colocados no exterior.

Exclui amortizações de empréstimos tomados pelo Banco Central e de empréstimos intercompanhias.

4/ Registra conversões de crédito de fornecedores de médio e longo prazos, empréstimos de médio e longo prazos e papéis de médio e longo prazos colocados no exterior.

* Dados preliminares.

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Estrutura: uma visão panorâmica

1. Balanço em Transações Correntes (BTC)

BTC = BC + BS + TU

2. Conta Capital e Financeira (MKs)

MK = KA + KC

3. Regra Geral -> BP (acima da linha) = TC + KA

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Pela lógica das partidas dobradas, a todo crédito

corresponde um débito. Isto faz com que o saldo de

todas contas seja sempre zero.

No BP, o que garante este resultado é a conta de KC.

1. Se BP > 0 (superávit) acumulam-se reservas.

2. Se BP< 0 (déficit) há perda de reservas.

3. Se as reservas não forem suficientes, o país precisa

de Empréstimos de Regularização (FMI).

4. Se ainda assim, não conseguir honrar seus

compromissos, lança em Atrasados.

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3. Convenções e Mensuração

Necessidade de homogeneidade: “... a qualidade, a

cobertura e a homogeneidade dos levantamentos

são fundamentais para permitir uma correta

interpretação dos resultados do BP pelos seus

usuários ..” (Feijó:227)

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Conceitos Fundamentais e Problemas de

Mensuração

Problema 1: definição de “transação internacional”

convenção -> o BP deve cobrir todas as transações

com estrangeiros, mesmo as que não envolvam

uma operação cambial (ex. GB e EUA realizando

transações com moeda nacional)

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Problema 2: conceito de residência

convenção -> em princípio é o local onde indivíduos,

empresas e instituições realizam suas transações.

Ex.: GM nos EUA versus GM do Brasil

Quem não é residente: turistas, funcionários diplomáticos, pessoal militar em serviço no exterior, imigrantes temporários, estudantes e indivíduos em tratamento médico no exterior.

Problema 3: instituições internacionais

convenção -> são consideradas não-residentes

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Problema 4: ouro

convenção -> se é utilizado como reserva (“ouro monetário”)

pela AM é registrado como se fora uma transação internacional

(como uma importação); se é vendido no mercado interno ou

externo para fins industriais é tratado como uma mercadoria

qualquer.

Problema 5: cobertura e abrangência

na prática o BP não registra “todas” as operações com

estrangeiros.

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Erros e Omissões (EO): é uma conta de ajuste, derivada do fato de que nem todas as contas são contabilizadas com precisão.

Lógica Contábil: BP + KC = O ou BP = - KC

Por definição: BP (acima da linha) = TC + KA

EO = - KC - (TC + KA)

Exemplo: BP do Brasil em 1996

TC = US$ - 24,3 bilhões

KA = US$ 32,1 bilhões

KC = US$ - 8,7 bilhões

EO = 8,7 - (-24,3 + 32,1) = 0,9

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Problema 6: valoração

decorre de procedimentos incorretos de registro,

normalmente com o intuito de evasão de impostos.

Ex.: subfaturamento de importações e

superfaturamento de exportações

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Problema 7: classificação

Há vários critérios de classificação das operações

Contábil: as contas do BP podem ser classificadas

de acordo com o agente responsável pela

transação (indivíduos, empresas, bancos,

governos, etc.) pela natureza da operação

(correntes ou de capital).

=> convenção: combinação dos dois critérios.

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Transações Autônomas versus Compensatórias

autônomas - independem das dificuldades de

“fechamento” do BP, estando associadas às

motivações comerciais e financeiras.

Ex.: exportações e importações de bens e serviços,

empréstimos, investimentos, etc.

compensatórias - objetivam corrigir desequilíbrios do

BP

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Problema 8: timing dos registros

quando uma operação (X ou M) deve ser

contabilizada? Quando é contratada? Quando é

paga? Quando a mercadoria efetivamente entra

ou sai do país?

convenção -> há a contabilização quando as

autoridades alfandegárias registram a operação.

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Método das partidas dobradas

Pelo método das partidas dobradas, para cada

registro de débito (crédito) em uma operação deve

corresponder a um registro contrário de crédito

(débito).

Deriva-se deste método, dois conjuntos de contas: as

operacionais e as contas de caixa.

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1. contas operacionais: correspondem aos fatos

geradores de pagamentos e recebimentos de

recursos.

São as X, M, fretes, seguros, TU, amortizações, etc. Onde

(+) crédito é a entrada de divisas; e (-) débito é a saída.

2. contas de caixa: registram variações nas

reservas internacionais.

São contrapartidas das contas operacionais. Logo os

lançamentos são inversos: (-) débito é aumento; (+)

crédito é redução de reservas

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CONTA ENTRADA SAÍDAOperacional Crédito (+) Débito (-)Caixa Débito (-) Crédito (+)

RESERVASSÍNTESE

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4. Registro no BP: um exemplo numérico

Operação 1: exportação de mercadorias no valor de US$ 22.349 milhões

registra-se um crédito na conta de X do BTC e um débito, de mesmo valor, na conta (compensatória) de haveres de curto prazo no exterior.

Operação 2: importação de mercadorias a vista no valor de US$ 14.044 milhões; e de equipamentos financiados a longo prazo no valor de US$ 30 milhões

a operação a vista é debitada no BC e creditada em haveres de curto prazo; a operação financiada é debitada no BC e creditada em empréstimos e financiamentos.

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Operação 3: pagamento à vista, ao exterior: US$ 509 milhões em viagens internacionais; US$ 926 milhões em transporte; e US$ 117 milhões em seguros

debita-se em BS e credita-se em haveres de curto prazo

Operação 4: remessa ao exterior em dinheiro, de US$ 1.799 milhões de lucros e US$ 10.245 milhões de pagamentos de juros da dívida

debita na BS e credita haveres de curto prazo

Operação 5: recebimento de US$ 918 milhões como receita de juros, em dinheiro

credita na BS e debita haveres de curto prazo

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Operação 6: pagamento de serviços diversos no valor de US$ 1.116 milhões

debita BS e credita haveres de curto prazo.

Operação 7: recebimento de donativos em dinheiro no valor de US$ 86 milhões e doação de US$ 30 milhões em mercadorias

credita em Donativos (TU) e debita haveres de curto prazo; credita exportações e debita em Donativos

Operação 8: realização no exterior de investimento, em dinheiro de US$ 143 milhões; recebimento de investimento de US$ 328 milhões

debita e credita Investimento; o saldo líquido (positivo) é debitado em haveres de curto prazo

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Operação 9: obtenção de empréstimo, em dinheiro, no valor de US$ 3.109 milhões

credita em Empréstimos; debita em Haveres de Curto Prazo.

Operação 10: pagamento de amortização de dívida, em moeda, no valor de US$ 11.546 milhões em mercadorias

debita Amortizações; credita Haveres de Curto Prazo

Operação 11: recebimento de capitais de curto prazo no valor de US$ 1.124 milhões e US$ 20 milhões em outros capitais

credita as respectivas contas; debita Haveres de Curto Prazo

Operação 12: Erros e Omissões apuradas pelo Bacen em US$ 56 milhões

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Conta/Operação 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Total

Exportações 22.349 30 22.379

Importações -14.044 -14.074

-30

Viagens Internacionais -509 -509

Transporte -926 -926

Seguros -117 -117

Lucros -1.799 -1.799

Juros - despesas -10.245 -9.327

- receitas 918

Serviços Diversos -1.116 -1.116

Dontativos 86 56

-30

Investimentos - no exterior -143 185

- no Brasil 328

Empréstimos e Financiamentos 30 3.109 3.139

Amortizações -11.546 -11.546

Capitais a curto prazo 1.124 1.124

Outros capitais 20 20

Erros e Omissões 56 56

Haveres de Curto Prazo -22.349 14.044 1.552 12.044 -918 1.116 -86 -185 -3.109 11.546 -1.144 -56 12.455

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BC - BALANÇA COMERCIAL 8.305 Exportações 22.379 Importações -14.074BS - BALANÇO DE SERVIÇOS -13.794 Viagens Internacionais -509 Transporte -926 Seguros -117 Rendas de Capital Lucros -1.799 Juros -9.327 Serviços Diversos -1.116TU - TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS 56STC - SALDO DO BP EM TC = BC + BS + TU -5.433KA - MOVIMENTO DE CAPITAIS AUTÔNOMOS -7.078 Investimentos 185 Empréstimos e Financiamentos 3.139 Amortizações -11.546 Capitais a curto prazo 1.124 Outros capitais 20EO - ERROS E OMISSÕES 56BP - SALDO DO BP = STC + KA + EO -12.455KC - MOVIMENTO DE CAPITAIS COMPENSATÓRIOS 12.455 Haveres de curto prazo no exterior 12.455

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5. A CC e os Agregados Nacionais

Pretende-se aqui explorar as implicações de algumas

relações contábeis entre os resultados das contas

externas, especialmente, em transações correntes,

e as contas nacionais.

Abordagens:

5.1 Dívida Externa

5.2 Absorção

5.3 Investimento - Poupança

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5.1 BTC e Variações da Dívida Externa

Pressuposto contábil: cada crédito corresponde um

débito.

Tem-se que o saldo de todas as contas do BP deve,

necessariamente, ser nulo, ou seja:

BP -> BTC + MK = 0 ou TC = - MK

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Casos possíveis:

1. BTC > 0 -> MK < 0 -> o superávit em TC gerou

um acúmulo de ativos externos líquidos em poder

dos residentes do país.

Em outras palavras, como o país vendeu mais

bens e serviços do que comprou, dos

respectivos pagamentos resulta aumento da

exportação de capitais e/ou ingresso líquido

de reservas.

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2. BTC < 0 -> MK > 0

-> quando o país tem déficit no BTC (compra mais

B&S do que vende), aumenta suas obrigações com

o resto do mundo (MK>0), ou seja, há

endividamento.

Neste caso: ou o país vende ativos (IDE, portfólio) ou

se endivida (capitais autônomos ou empréstimos

oficiais) ou perde reservas.

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Uma forma teoricamente mais saudável de financiar os

déficits em TC é via IDE, donde se retira o conceito

de necessidade de financiamento externo

NFE = déficit em TC - IDE

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Exemplo: Dívida Externa do Brasil em 1997.

BTC = BC + BS + TU Em US$ bilhões

-33,5 = (-8,4) + (-27,3) + 2,2

Assim, o crescimento das obrigações brasileiras com o resto do mundo, em 1997, foi de:

BTC = - MK = - 33,5

Qual a NFE? Sabe-se que o IDE foi de 17,1

NFE = 33,5 - 17,1 = 16,4; ou seja: 51% do déficit em TC foi coberto com IDE e 49% ficou “a descoberto” (na realidade foi financiado com mais endividamento)

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Investimentos estrangeiros diretos (IED), Transações correntes (TC) e Necessidade de financiamento externo (NFE)

Acumulado em 12 meses

-20

-12

-4

4

12

20

28

36

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

IED Déficit TC NFE

'

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5.2 Abordagem da Absorção

Analisa as relações em transações correntes como

um fenômeno do mercado de bens e serviços.

Fundamento analítico keynesiano: a demanda

agregada determina o nível de produção e

emprego

economia fechada: Yd = C + I + G

economia aberta: Yd = C + I + G + (X-M)

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Em uma análise de “macroeconomia aberta”,

surgem duas possibilidades:

1ª) trocas de bens e serviços (não-fatores) com o

resto do mundo, que determinam as exportações

líquidas (X-M);

2ª) acesso à poupança externa, que é a

contrapartida de déficits em transações correntes.

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Ótica Macroeconômica

X: estímulo de demanda

M: “vazamentos” de emprego e renda (que são

estimulados no exterior)

Chama-se de absorção (A) o componente doméstico

da demanda agregada (Yd), ou seja, os gastos

privados e públicos com Consumo e Investimento

(C + I + G)

PIB pela ótica da demanda: Yd = A + (X-M)

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PIB versus PNB

PNB = PIB + RLRE, onde

A Renda Líquida Recebida do Exterior (RLRE) refere-se a

diferença entre o que se recebe (propriedade de

residentes) e o que se paga (propriedade de não-

residentes) na utilização de fatores de produção.

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RLRE = Rendas de Capitais (lucros, dividendos e juros)

+ Serviços Fatores + Transferências Unilaterais

Quando RLRE > 0 -> PNB > PIB (caso dos países

desenvolvidos)

Quando RLRE < 0 -> PNB < PIB (caso dos países em

desenvolvimento)

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Dadas as definições contábeis anteriores, temos que:

PNB = A + (X - M) + RLRE,

Já que o saldo em transações correntes (BTC) é dado

pela diferença entre as receitas com a exportação de

bens e serviços (fatores e não-fatores) e as despesas,

mais as TU, temos que:

BTC = (X - M) + RLRE

Com isso -> PNB = A + BTC -> BTC = PNB - A

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Conclusões possíveis:

1ª) Se PNB < A, tem-se que TC < 0 (déficit), ou seja, os

gastos domésticos em consumo e investimento

superam a produção doméstica. O país está usando

recursos do resto do mundo e, assim, endividando-se

(usando poupança externa).

2ª) Se PNB > A, tem-se que TC > 0 (superávit), a renda

doméstica excede os gastos domésticos. O resto do

mundo poderá usar essa poupança excedente.

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Aplicação: Modelo de Absorção no Brasil em 1997.

Dados (em US$ milhões): (X - M) = - 19.523; RLRE = - 13.922; PIB = 804. 107. Qual a Absorção (A) em 1997?

1) PNB = PIB + RLRE -> PNB = 804.107 - 13.922 = 790.185

2) BTC = PNB - A -> A = PNB - TC

790.185 - (-19.523 - 13.922) = 823.630

Ou seja: a absorção excedeu a renda em 4,2% no ano de 1997.

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5.3 Investimento, Poupança e TC

Há duas formas de interpretar um déficit em STC:

ótica da absorção: o país gasta mais do que produz

ótica da IS: o país investe mais do que poupa

PNB = C + I + G + (X - M) + RLRE

Considerando que, com governo temos:

PNB = Ydisp + T (renda do setor privado + renda do governo)

Ydisp = C + S -> C = Ydisp - S

Rearanjando:

(X - M) + RLRE = (S - I) + (T - G)

como BTC = (X - M) + RLRE

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Logo:

BTC = (S - I) + (T - G)

Quando BTC < 0, o país investe mais do que poupa

(domesticamente) e, assim, está utilizando a poupança externa.

Quando BTC > 0, o país poupa mais do que investe

(domesticamente) e, assim, está gerando poupança para o

resto do mundo.

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Implicações do Déficit em TC

Os déficits em TC podem estar relacionados com:

1) aumento da dívida externa: TC = - MK

2) excesso de absorção: TC = PNB - A

3) escassez de poupança interna: TC = (S - I) + (T - G)

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Isto gera sugestões de política econômica.

Por exemplo, se (2) é verdadeiro, uma forma de

combater o déficit é reduzindo a A, ou seja,

causando uma recessão.

Se (3) é verdadeiro, o problema pode ser fiscal, ou

seja, o governo está “despoupando”.

Se (1) é verdadeiro, o país está se endividando.

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Ajuste do BP

1) restrições às importações (tarifárias, quantitativas,

não-tarifárias, etc.)

2) promoção de exportações (subsídios, etc.)

3) controle da saída de capitais e de rendimentos

4) aumento da taxa interna de juros (que reduz

absorção e/ou atrai capitais autônomos)

5) redução do nível de atividades interna (recessão)

6) desvalorização da taxa real de câmbio.