Economia paralela: O empoderamento da mulher rural para a redução da fome e pobreza em Angola.

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O presente artigo visa abordar sobre a importância de se poder empoderar a mulher rural com o objectivo de ajudar a reduzir a fome a pobreza. Com o aumento do fluxo migratório e concentração populacional nos grandes centros urbanos surgiram as actividades consideradas de informais sendo as de maior realce as seguintes: zungueiras, roboteiros, kinguilas, motoqueiros, taxistas, mixeiros, etc. No entanto, sendo a mulher rural a principal geradora e a quem recai sobretudo o sustento dos seus filhos, é perentório dota – lá de ferramentas e meios que ajudem a reduzir as principais necessidades com as quais ela se depara no seu dia –dia.

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ECONOMIA PARALELA: O EMPODERAMENTO DA MULHER RURAL PARA A REDUÇÃO DA FOME E POBREZA EM ANGOLA.

17/11/2014 Jonísio C. Salomão1

[email protected]

Entendemos falar sobre a Mulher rural pois grande parte da

actividade por ela desenvolvida encontra – se relacionada com a

economia paralela mormente a informal, esta que tem servido

como pilar e uma fonte de obtenção de receita, permitindo

destarte, satisfazer as necessidades mais prementes com as quais

ela se depara. Conceito de economia paralela O termo economia paralela ganhou destaque depois da 2ª guerra mundial na década dos anos 70 nos Estados Unidos da América (EUA), que mais tarde veio a despontar o interesse dos sociólogos e economistas, embora já desde a muito que se verifica tais actividades. No entanto, vários são os autores que apresentam o conceito sobre economia paralela. Smith2, define economia paralela como a produção de bens e serviços existentes nos mercados legais e ilegais que não são contabilizadas no Produto Interno Bruto (PIB);

                                                                                                               1 Mestre em Administração de Empresas; Consultor Empresarial e Técnico Oficial de 2 Smith, P. (1994), “Assessing the Size of Underground Economy: The Statistics Canada Perspective”, Statistics Canada, catalogue No. 13-604-MIB.

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Já Schneider3 , define-a como actividades legais que agregam valor acrescentado mais que não pagam taxas nem impostos, não se encontram registadas, onde a maior parte pode ser classificada “black” ou de trabalho clandestino. Isto quer dizer que exclui os trabalhos não remunerados, produção doméstica ”pura”, serviços sociais sem fins lucrativos e outras actividades. Em Angola as actividades informais ganham um destaque com a transição da economia de Direcção Central ou Planificada para uma economia de mercado por volta de 1990, situação que veio agudizar –se depois do conflito armado que o país viveu aonde a maioria das famílias foram obrigados a abandonar os seus locais de cultivo, pequenas lavras e migrar para os centros urbanos a procura de segurança sendo impelidos pelas necessidades a desenvolverem actividades de índole diversa como forma de sobreviver e sustentar os seus. Causas do aumento da Economia Paralela em Angola Tal conforme apontou o Ministério do Planeamento (MINPLAN), “o prolongado e intenso conflito armado registado em Angola provocou uma grave situação humanitária. Estima-se que quase um terço da população angolana tenha sido directamente afectada pela guerra e uma parte substancial da população viu-se mesmo obrigada a deixar as suas áreas de residência em busca de um local seguro e de melhores condições de vida”4.

Com o aumento do fluxo migratório e concentração populacional nos grandes centros urbanos surgem as actividades consideradas de informais sendo as de maior realce as seguintes: zungueiras, roboteiros, kinguilas, motoqueiros, taxistas, mixeiros, etc...

                                                                                                               3  Schneider, Friederich, and Dominik H. Enste (2000), “Shadow economies: size, causes and consequences”, Journal of Economic Literature, 38. 4  ANGOLA. Ministério do Planeamento. Estratégia de Combate à Pobreza, 2005.

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A actividade de zungueira ou vendedoras ambulantes são desenvolvidas potencialmente por mulheres. Importância da mulher rural na redução da fome e pobreza. De acordo estudos realizados pelo Banco Mundial sobre o peso da economia paralela, conclui que em Angola a mesma representa cerca de 43,6% do PIB, embora a mesma taxa conheceu alguma retração fruto das reformas fiscais que vêm sendo efectuadas no país desde a década de 905.

Em Angola a mulher rural tem exercido grande influência na redução da fome e da pobreza pois, no campo ante aos parcos recursos existentes, ela é obrigada a exercer a agricultura como uma forma de produzir alguns bens que sirvam para o seu sustento e de seus filhos. Tal conforme apontou Salomão 6 , “a mulher rural em Angola desempenha um papel fundamental no seio familiar, sendo a principal dinamizadora e provedora dos principais alimentos de sustento, e a fomentadora da educação dos filhos, cabendo ainda as responsabilidades acrescidas de ter que cuidar da saúde em localidades aonde os serviços medico-sanitários são diminutos ou não existem”.

Nas diversas ruas das cidades de Angola podemos observar e ouvir o ecoar das vozes das mulheres que deambulam em muitos casos com crianças nas costas, anunciando os seus diversos

                                                                                                               5 Cf. informação disponível em: http://portugueseindependentnews.com/2013/05/10/economia-paralela-em-angola-pesa-436-do-pib/. 6  Salomão, Janísio C. Mulher Rural Angolana: O novo desafio do Estado Angolano, 2014. Cf. informação disponível em: http://www.verangola.net/Artigos/Mulher-Rural-Angolana-O-novo-desafio-do-Estado-angolano=004629.

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produtos. Em muito dos casos conseguem vender e regressar em casa com alguns dividendos e outros casos não. E grande parte do lucro, que não é tanto, é canalizado para a compra de material escolar para os filhos, e sobretudo para alimentação básica.

São esforços ingentes, que indubitavelmente não passam a num olhar despercebido, no entanto a mulher angolana pela coragem que lhe é peculiar é sem sombra de dúvidas uma ferramenta eficaz para o combate a fome a pobreza que ainda assola o país.

Logo, tal conforme o autor7, sendo a mulher rural a principal geradora e a quem recai sobretudo o sustento dos seus filhos, é perentório dota – lá de ferramentas e meios que ajudem a reduzir as principais necessidades com as quais ela se depara no seu dia –dia.

                                                                                                               7  Op.cit, 2014.