Economia Unidade 02 - Mecanismo de Mercado (Oferta, Demanda e Equilibrio

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Mecanismos de Mercado: Demanda, Oferta e Equilbrio

Mecanismos de Mercado: Demanda, Oferta e Equilbrio1. IntroduoNa aula anterior estudamos o conceito de Economia, suas reas de estudo, o problema da escassez, a necessidade de fazer escolhas e como funciona de forma simplificada a Economia, atravs da anlise do fluxo circular da renda. Esse primeiro contato com a Economia, nos mostrou que seu funcionamento gira em torno dos mercados...bem, existe uma histria de que faa qualquer pergunta a um economista e ele pensar em mercados. E com razo, eles esto por toda parte. Veja alguns exemplos: A volkswagen no topo do pdio A montadora bate recordes de venda e se torna a maior fabricante de caminhes do Pas, depois de 50 anos de domnio da Mercedes-Benz. No ano de ouro da indstria automobilstica brasileira, os veculos comerciais se tornaram o pedao mais vigoroso desse mercado (...) No ano passado, a Volkswagen nibus e Caminhes roubou de sua principal concorrente, a conterrnea Mercedes-Benz, o posto de maior fabricante de caminhes acima de cinco toneladas do Pas. (...) A participao de mercado da empresa rondava os 15%. Hoje, encontra-se em 30,5%.(ISTO DINHEIRO, 01/FEV/2008)

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Mercado de trabalho nos EUA perde 17 mil vagas Resultado realimenta temores de recesso no pas (...)(FOLHA DE S. PAULO, 02/fev/2008)

Campeonato Paulista (Boleiros) E finalmente o futebol est de volta! (...) O hbito ancestral e hereditrio de ir direto aos cadernos de Esportes todas as manhs se desenvolveu e se transformou numa espcie de manaca investigao do que estaria perdido nas entrelinhas e implcito no espao entre os pargrafos (...) Em primeiro lugar, checamos o dia a dia do nosso time para depois espiar o que ocorre com os concorrentes. uma espcie de prazer sutil e doce, principalmente quando o mercado est agitado e as novidades no cessam de espocar.(O ESTADO DE S. PAULO, 17/jan/2008)

A Invaso dos Homens da Bolsa Empresas do mercado financeiro apostam na profissionalizao do mercado da moda e compram algumas das principais grifes brasileiras. O grande zunzum do So Paulo Fashion Week teve como protagonistas homens acostumados a desfilar de terno e gravata pelo mercado financeiro que decidiram ir s compras. De grifes, bem entendido (...) Apesar de ainda desorganizado, o mercado da moda tem visibilidade e espao para se expandir. O consumo interno no para de crescer (..)

(VEJA, 30/JAN/2008)

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Moda, futebol, msica, alimentos, revistas, veculos, imveis, finanas, cmbio, sade, educao, transporte... so todos mercados, cujas flutuaes so resultados da interao dos compradores e produtores. tudo uma questo de oferta e demanda. Voc j deve ter ouvido isso muitas vezes, mesmo sem perceber. Esses so conceitos presentes no nosso dia a dia, mas voc sabe o que eles realmente significam? Esse o objetivo desta unidade: desvendar os mistrios da oferta e demanda. Vamos l?

2. A MicroeconomiaNa unidade anterior estudamos que a Microeconomia preocupa-se com o comportamento dos agentes econmicos (consumidores, empresas e governo). A Microeconomia tem algumas caractersticas: Viso global: Ela no foca sua anlise em uma empresa especfica, como a Administrao de Empresas, e sim no mercado no qual esta empresa est inserida. parcial: para analisar um mercado isoladamente, considera que todos os outros mercados e variveis so constantes. Em Economia, usa-se a expresso originria do latim coeteris paribus, que significa tudo o mais permanecendo constante. Quando utilizada, indica que ao considerarmos a influncia de uma varivel sobre a outra, as demais variveis que poderiam interferir na anlise permanecem inalteradas. A Microeconomia tambm chamada de Teoria dos Preos, porque so os preos que coordenam as decises dos agentes econmicos no mercado.

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3. Entendendo os Mercados: Uma IntroduoPara iniciar, precisamos conceituar mercado. Originalmente, mercado significava um local onde os bens e servios so comercializados. Mas com a evoluo das formas de comercializao, mercado tornou-se um termo abstrato, sem necessariamente uma referncia geogrfica. Atualmente, podemos conceituar mercado como a interao entre compradores e vendedores de um produto ou servio.

Mas quem so esses compradores e vendedores? Quando pensamos em vendedores, imaginamos empresas. Na maioria dos casos so as firmas que fornecem grande parte dos bens e servios produzidos em uma economia, mas em alguns mercados, os vendedores so as pessoas, como por exemplo, o mercado de carros usados e o mercado de trabalho, no qual so as pessoas que vendem sua mo de obra para as empresas. O mesmo ocorre com o outro lado, quando pensamos em compradores imaginamos pessoas, que so as principais consumidoras de bens e servios, mas as5 Economia Universidade Anhembi Morumbi

empresas tambm so consumidoras de servios (como por exemplo, segurana, servios contbeis, etc.) e de fatores de produo (matrias-primas, mo de obra). O governo tambm consumidor de bens e servios. Com isso, a primeira lio para entendermos o funcionamento de um mercado identificar quem so seus compradores e seus vendedores. Depois precisamos definir a rea geogrfica em que os compradores e vendedores se localizam. Mesmo que um mercado no tenha uma referncia geogrfica preciso fazer um corte espacial para analisarmos um mercado, por exemplo, o mercado brasileiro de automveis tem caractersticas e necessidades diferentes do mercado europeu. Uma terceira lio compreendermos como vrios fatores interferem no comportamento dos consumidores e vendedores. Isso descobriremos a seguir:

4. A DemandaA Demanda pode ser definida como a quantidade de um bem ou servio que os consumidores esto dispostos e seriam capazes de adquirir a cada nvel de preos, em determinado perodo de tempo.

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A demanda representa o mximo que os consumidores podem aspirar, dada sua renda e os preos no mercado (VASCONCELLOS, 2002, p.49). Demanda , portanto, diferente de compra. Demandar significa estar disposto a comprar, ao passo que comprar efetuar realmente a aquisio. A demanda reflete uma inteno, um desejo, enquanto a compra constitui uma ao (MOCHN, 2006, p.21). Existem vrios fatores que interferem no comportamento da demanda. O preo do prprio bem o principal deles. atravs da relao entre preo e quantidade demandada que se estabelece a Lei Geral da Procura, a qual revela que existe uma relao inversa entre a quantidade demandada e seu preo, ou seja, a quantidade demandada aumenta com a queda no preo e diminui com a elevao (considerando ceteris paribus). Isso faz sentido. Quanto mais elevado for o preo de um produto, menores quantidades o consumidor est disposto a adquirir, porm, quando o preo sofre redues, os consumidores aspiram por quantidades cada vez maiores. Como exemplo, consideremos a demanda mensal de uma famlia por sucos de laranja. A tabela a seguir ilustra as quantidades demandadas de suco a cada preo:

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Construindo o grfico, temos:

A curva de demanda decrescente da esquerda para a direita e nada mais do que a representao grfica da Lei da Demanda. Cabe destacar que o termo Demanda usado para se referir a toda a curva e no a apenas a um ponto dela; quando nos referimos a um ponto da curva, usamos a expresso quantidade demandada. Mudanas nos preos provocam alteraes na quantidade demandada, j que ocorre o deslocamento ao longo da curva de demanda. Dentro do nosso exemplo, quando o preo sobe de R$2,00 para R$3,00 o litro, a famlia deixa de consumir 40 litros e passa a consumir 20 litros mensais de suco de laranja, passando do ponto D para o ponto B na curva de demanda.

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4.1. Comportamento da Curva de DemandaPor que a curva de demanda decrescente? De acordo com Alfred Marshall (economista ingls, autor do livro Princpios de Economia, de 1890), o comportamento da demanda est baseado no Princpio da Utilidade Marginal Decrescente, princpio segundo o qual, quantidades a mais que forem consumidas de um bem iro gerar cada vez menos utilidade. Estranho, n? Vamos explicar melhor. A utilidade um fator subjetivo que representa a satisfao gerada pelo consumo de bens econmicos. Os consumidores fazem uma avaliao dos bens e servios, definem sua utilidade e estabelecem o preo mximo que esto dispostos a pagar pela aquisio desses bens. Assim, cada ponto na curva de demanda supe que o consumidor est maximizando sua utilidade ou satisfao. Para entender a utilidade marginal decrescente vale lembrar a antiga histria do copo de gua. Inicialmente, como a sede grande, este copo de gua traz uma satisfao elevada. Quanto mais gua for consumida, maior ser a satisfao total (a utilidade total crescente), mas medida que a sede saciada, o prximo copo passa a trazer uma utilidade cada vez menor. Como utilidade marginal (ou suplementar) representa a utilidade que o consumidor obtm ao consumir uma unidade adicional de um bem, ela diminui medida que se consome mais e mais. Em decorrncia disso, quanto mais saciados estiverem os consumidores, menor deve ser o preo do produto para induzir um consumo maior. Isso ajuda a explicar, por exemplo, porque os lanamentos (as novidades) tm sempre um preo elevado, como os consumidores no esto saciados, pelo contrrio, esto vidos por consumir, o preo elevado. medida que o consumo vai se pulverizando, a saciedade aumenta, a utilidade marginal decresce e, portanto, a tendncia que os preos caiam.9 Economia Universidade Anhembi Morumbi

A relao inversa entre preo e quantidade tambm explicada por outros dois fatos: Efeito-substituio: Quando o preo de um bem aumenta, alguns consumidores que antes o adquiriam, deixaro de faz-lo ou compraro quantidades menores, passando a procurar outros bens para substitu-lo. Um exemplo o mercado turstico. Quando o preo das dirias dos hotis aumenta, os turistas passam a procurar pousadas, chals, casas de campo, etc. Efeito-renda: Considerando que a renda do consumidor, permanea a mesma, se o preo de um produto aumentar, os consumidores demandaro menos quantidade do produto, porque tm a sensao de que seu poder aquisitivo diminuiu.

4.2. Excees Lei da DemandaExistem algumas excees Lei Geral da Demanda. So elas: Bem de Giffen: bem cuja curva de demanda positivamente inclinada (ascendente), ou seja, um bem cuja demanda aumenta quando seu preo sobe e diminui quando seu preo desce. Geralmente, so bens de baixo valor, mas de grande importncia no oramento dos consumidores de baixa renda. Essa forma de comportamento foi verificada por Robert Giffen ao observar que as famlias mais pobres compravam mais po medida que seu preo aumentava. Embora mais caro, o po ainda um produto barato, o que faz com que os consumidores deixem de comprar outros produtos (mais caros) para comprar mais po.10 Economia Universidade Anhembi Morumbi

Bens de Veblen: so bens de consumo ostentatrio (obras de arte, carros de luxo, tapearias, joias, etc.) para os quais a procura tende a aumentar simultaneamente elevao de seus preos, j que o objetivo do consumidor ao compr-los mostrar que possui um grande poder aquisitivo (d prestgo social). Thorstein Bunde Veblen, economista que observou este fenmeno em sua principal obra intitulada Teoria da Classe Ociosa, definiu o conceito de consumo conspcuo que o dispndio feito em finalidade de demonstrao de condio social, manifestando-se atravs da compra de artigos de luxo e quaisquer gastos ostentatrios.

4.3. Demanda de MercadoA demanda de mercado a soma das demandas individuais por um bem ou servio em uma determinada economia. Exemplo: Imagine que numa economia s existam trs consumidores e que suas demandas individuais de chocolates por semana sejam representadas na tabela ao lado. A demanda de mercado ser a soma das quantidades demandadas dos trs consumidores.

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4.4. Fatores que afetam a demanda de um bem ou servioAlm do preo do prprio bem, existem outros fatores que interferem na demanda por um bem ou servio, como a renda do consumidor, as preferncias do consumidor, tamanho do mercado e o preo dos bens relacionados - substitutos e complementares. Esses fatores provocam deslocamentos da curva de demanda. Toda mudana que aumente a quantidade demandada de um bem ou servio a dado preo, desloca a curva para a direita, nessa situao dizemos que ocorreu um aumento da demanda. Na situao inversa, toda mudana que reduza a quantidade demandada de um bem ou servio a um dado preo, desloca a curva de demanda para a esquerda, ou seja, provoca uma diminuio da demanda. Para facilitar, tudo que afete a demanda que no seja o preo do prprio bem, desloca a curva inteira.

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a) Renda do Consumidor: Quando ocorre um aumento na renda dos consumidores, estes podem consumir mais de todos os bens, qualquer que seja o preo, provocando um deslocamento da curva de demanda para a direita. Ao contrrio, quando a renda dos consumidores sofre uma queda, espera-se que as pessoas desejem consumir uma quantidade menor para cada preo, deslocando a curva de demanda para a esquerda. Alguns exemplos ocorridos na economia brasileira: Renda do brasileiro cresceu 10,2% entre 2005 e 2006, revela BNDES (Agncia Brasil, 06/dez/2007) Otimista com a economia, classe mdia planeja consumir mais em 2008 Segundo estudo da TNS InterScience realizado em novembro de 2007 na cidade de So Paulo, as expectativas de consumo para 2008 so bem melhores que no ano anterior (...) De acordo com a pesquisa, 52% dos entrevistados de classe mdia j sentiram que seu poder de compra aumentou em 2007, e 65% acreditam que vai continuar melhorando em 2008. O mesmo movimento ocorre em relao baixa renda: 47% avaliaram que 2007 foi melhor que o ano anterior e 53% acreditam que a tendncia melhorar ainda mais neste ano. (CIDADE BIZ: Economia, Marketing e Negcios, 30/jan/2008).

Porm, isto no ocorre com todos os bens, o que nos permite classificar os bens em: Bens normais: bens cuja quantidade demandada aumenta quando se eleva a renda.13 Economia Universidade Anhembi Morumbi

Bens inferiores: bens cuja quantidade demandada diminui quando se eleva a renda. Exemplo: Transporte coletivo, Carne de segunda (sua demanda se reduz quando o indivduo aumenta seus ganhos, pois ele passa a consumir mais carne de primeira). b) Preos dos outros bens relacionados: Alteraes no preo de um bem tambm podem afetar a demanda de outros bens relacionados a ele. Para compreendermos esse efeito preciso classificar os bens em: Substitutos: So bens que satisfazem a mesma necessidade para o consumidor. Apresentam relao direta entre o preo de um bem e a quantidade demandada de seus bens substitutos, ou seja, o aumento do preo de um bem provoca uma elevao na demanda do outro bem. Ex: carne e frango, manteiga e margarina; caf e ch. Consideremos a manteiga e a margarina como substitutos. Se o preo da manteiga sofrer uma elevao, as pessoas tero menos interesse em consumir manteiga e procuraro um substituto, aumentando a demanda por margarina. A demanda de margarina foi afetada pelo preo da manteiga ( um mercado interferindo no outro). Complementares: So bens que se complementam para a satisfao de uma mesma necessidade. Existe uma relao inversa entre o preo do bem x e a quantidade demandada do bem y, ou seja, o aumento do preo de um bem reduz a demanda do outro bem. Ex: lapiseira e grafite, carro e combustvel, impressoras e cartuchos de tinta, xampu e condicionador, etc. Peguemos como exemplo as impressoras e cartuchos de tinta. Se os cartuchos de tinta de um certo modelo tiverem seus preos aumentados, os consumidores procuraro um modelo de impressora que tenha um cartucho com preo mais acessvel, assim um aumento no preo dos cartuchos diminui a demanda por impressoras jato de tinta.14 Economia Universidade Anhembi Morumbi

c) Gostos ou Preferncias do Consumidor: A preferncia do consumidor talvez seja o fator mais evidente na demanda, pois em geral s demandamos o que gostamos. Como os gostos se modificam ao longo do tempo, alteraes na preferncia do consumidor impulsionam ou retraem a demanda de um bem. Fatores como qualidade, tecnologia, campanhas publicitrias e moda podem ser fundamentais para a escolha de um bem ou servio. Se os gostos se alterarem no sentido de se desejar consumir mais de um bem, a demanda se deslocar para a direita e, se os gostos forem afetados negativamente, a demanda diminuir, deslocando sua curva para a esquerda. d) Outros fatores: Alm dos fatores citados, existem outros que afetam a demanda de um bem. Um deles o tamanho do mercado. Por exemplo, se a populao de uma regio aumenta, o tamanho do mercado consumidor aumenta e, portanto, a demanda de alguns bens se deslocar para a direita. Outro fator a expectativa em relao ao futuro. Por exemplo, se uma pessoa acredita que seus rendimentos sero maiores no futuro, tende a consumir mais desde hoje, aumentando a demanda dos bens. J se uma pessoa acredita que o preo de determinado bem ir subir em algumas semanas, tende a aumentar o consumo deste bem hoje para se antecipar ao aumento. Vimos que vrios fatores podem afetar a demanda de um bem. O quadro a seguir apresenta um resumo:

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5. A OfertaOferta pode ser definida como a quantidade de um bem ou servio que os produtores esto dispostos e aptos a oferecer a cada faixa de preos, em determinado perodo de tempo (BOYES & MELVIN, 2006, p.41). Cabe ressaltar que ofertar diferente de vender. Ofertar ter a inteno ou estar disposto a vender, enquanto que vender faz-lo de fato. A oferta mostra as intenes de venda dos produtores (MOCHN, 2006, p.27). Assim como na Demanda, o principal fator que interfere na oferta preo do prprio bem. A relao entre preo e quantidade ofertada define a Lei da Oferta, a qual estabelece que existe uma relao positiva entre quantidade ofertada e seu preo, ou seja, quando o preo do bem aumenta, a produo e a venda deste bem se tornam mais lucrativas, e por isso, os produtores tendem a produzir mais deste bem, aumentando a quantidade ofertada (considerando ceteris paribus). Como exemplo, consideremos a oferta de uma empresa de bons. A tabela a seguir ilustra as quantidades ofertadas semanalmente a cada preo:

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Construindo o grfico, temos:

A curva de oferta crescente da esquerda para a direita e nada mais do que a representao grfica da Lei da Oferta. Cabe ressaltar que quando nos referimos a um ponto da curva usamos a expresso quantidade ofertada. Mudanas nos preos provocam alteraes nas quantidades ofertadas, j que ocorre o deslocamento ao longo da curva de oferta. Dentro do nosso exemplo, quando o preo sobe de R$ 15,00 para R$ 20,00, a empresa lucraria mais vendendo ao preo maior, a tendncia ofertar mais. Desse modo, a quantidade ofertada passa de 75 unidades para 100 unidades, ocorrendo um movimento ao longo da curva de oferta do ponto A para o B.

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5.1. A Oferta de MercadoA oferta de mercado a soma das ofertas individuais de todos os produtores de um bem e servio a cada nvel de preo e em determinado perodo de tempo. Exemplo: Em uma cidade existem apenas trs produtores de leite e suas ofertas individuais em litros por semana esto representadas na tabela a seguir. Indique a oferta de mercado e represente graficamente as quantidades ofertadas de cada produtor e do mercado.

5.2. Fatores que afetam a oferta de um bem ou servioAlm do preo do prprio bem, existem outros fatores que interferem na oferta de um bem ou servio, como a tecnologia, os custos de produo, a lucratividade dos outros bens relacionados,nmero de produtores. Esses fatores provocam deslocamentos da curva de oferta. Quando os vendedores optam por vender mais a um determinado preo, a curva de oferta se desloca para direita h um aumento da oferta. Quando escolhem vender menos a determinado preo, a curva de oferta se desloca para a esquerda ocorre uma diminuio da oferta (HALL & LIEBERMAN, 2003, p.73).

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As diferentes variveis que afetam a oferta merecem uma descrio mais detalhada: a) Custo dos fatores de produo: As quantidades ofertadas de bem ou servio dependem, acima de tudo, do custo de produo. Estes dependem do preo pago pela utilizao dos fatores de produo. Redues nos preos dos fatores de produo (exemplo, reduo nos nveis salariais, nos preos das matrias-primas, etc.), reduzem os custos dos produtores, tornam a produo mais lucrativa, estimulando a expanso da oferta. J um encarecimento nos preos dos fatores de produo, aumenta os custos, torna a produo menos lucrativa e reduz a oferta. b) Tecnologia: Qualquer melhora da tecnologia permite produzir a custos menores, estimulando a produo e elevando a oferta (a curva se deslocaria para a direita). Exemplo: a descoberta de um novo fertilizante pode aumentar a produtividade na agricultura, aumentando a oferta dos produtos beneficiados pela inovao tecnolgica. Porm, avanos tecnolgicos que aumentem os custos, tendem a reduzir a oferta de um bem, deslocando a curva para a esquerda.20 Economia Universidade Anhembi Morumbi

c) Lucratividade dos outros bens: A oferta de um produto pode ser afetada pela variao na lucratividade dos outros produtos que sejam substitutos ou complementares na produo. Bens Substitutos: bens substitutos na produo so bens que poderiam ser produzidos com aproximadamente os mesmos recursos. Muitas firmas podem mudar sua produo com relativa facilidade entre diferentes bens e servios, desde que todos requeiram mais ou menos ou mesmos insumos de produo. Nesse caso, existe uma relao inversa entre o preo de um bem e a quantidade ofertada de seus bens substitutos, ou seja, o aumento do preo do bem x diminui a quantidade ofertada do bem y. Exemplo: uma clnica esttica pode facilmente reduzir a oferta de tratamento para acne e aumentar a oferta de tratamento para rugas, se este se apresentar mais lucrativo. Bens Complementares: bens complementares na produo so aqueles que apresentam alterao na produo em funo de variaes de preo de outro bem. Apresentam relao direta entre o preo de um bem e a quantidade ofertada de seus bens complementares, ou seja, o aumento do preo do bem x aumenta a quantidade ofertada do bem y. Ex: carne e couro (se aumentar o preo da carne, tornado-a mais lucrativa, provoca um aumento nos abates e aumenta a oferta de carne e por decorrncia aumenta a oferta de couro, deslocando sua curva de oferta para a direita. O mercado de couro foi afetado pelo aumento no preo da carne).

d) Outros fatores: Alm dos fatores citados, existem outros que afetam a oferta. O nmero de empresas ofertantes um deles. Um aumento no nmero de produtores, provoca consequentemente, um aumento na oferta, deslocando a curva para a direita. Outro fator a ser considerado apenas para alguns bens e servios o clima. No caso de produtos agrcolas e pecurios o clima um fator relevante. Por exemplo, uma geada21 Economia Universidade Anhembi Morumbi

pode reduzir a oferta de um bem. Tambm temos que considerar as expectativas dos produtores. Um exemplo oportuno, citado por Passos e Nogami (2003, p.89), o de um criador de gado, se ele acredita que no futuro ocorrer um aumento no preo da carne, provvel que retenha o fornecimento atual de gado para o abate, a fim de aproveitar preos mais altos posteriormente, provocando uma reduo na oferta atual de carne. O quadro a seguir apresenta um resumo dos fatores que afetam a oferta:

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6. Equilbrio de MercadoQuando analisamos conjuntamente as decises e comportamento de consumidores e produtores com seus respectivos planos de consumo e produo, podemos entender como se estabelece o preo e a quantidade que equilibram um mercado e compreender situaes que deslocam o equilbrio. Para analisar a determinao do preo e da quantidade de equilbrio de um mercado, basta desenhar em um mesmo grfico as curvas de oferta e demanda.

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O ponto de equilbrio dado pela interseco das curvas de demanda e de oferta. Esse ponto nico, as quantidades que os compradores desejam comprar (quantidade demandada) exatamente igual quantidade que os produtores desejam vender (quantidade ofertada), no h excesso de demanda ou de oferta. Uma observao importante que nossa anlise de mercado est voltada para os mercados competitivos, aqueles em que existem muitos compradores e muitos vendedores, de tal forma que nenhum deles individualmente consegue exercer influncia significativa sobre os preos e quantidades de mercado. Nesse mercado, quem determina o equilbrio entre oferta e demanda no so os consumidores nem os produtores, o prprio mercado. Existem outras formas de organizao dos mercados, com mais concentrao, com produtos diferenciados, etc. Mas vamos deixar esse assunto para outra unidade, por enquanto s nos interessa saber que nosso modelo de oferta e demanda pressupe um mercado competitivo. Determinao do Equilbrio: Podemos determinar matematicamente o equilbrio. Exemplo: Imagine que a funo de demanda de um mercado seja: Qd = 10-2P e a funo oferta seja: Qo = 2 + 2P Calcule o preo e a quantidade de equilbrio.24 Economia Universidade Anhembi Morumbi

No ponto de equilbrio, como a oferta igual a demanda, s precisamos igualar as duas funes.

Qo = Qd

Substituindo o preo de equilbrio em uma das funes determinamos a quantidade de equilbrio.

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O mercado no funciona sempre em equilbrio. Por isso importante analisarmos outros pontos fora do ponto de equilbrio. Vamos utilizar outro exemplo. A tabela abaixo nos mostra a escala de demanda e de oferta mensais de camisas a cada nvel de preo. Quantidade demandada camisas/ms 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 Quantidade Excesso de Oferta (+) ofertada Excesso de Demanda (-) camisas/ms 8.000 + 6.000 7.000 + 4.000 6.000 + 2.000 5.000 0 4.000 - 2.000 3.000 - 4.000

Preo (R$/camisa) 80,00 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00

Presso sobre o Preo Reduo ( ) Reduo ( ) Reduo ( ) Nenhuma Elevao ( ) Elevao ( )

O preo de equilbrio, preo que iguala a quantidade demandada e ofertada, R$ 50,00. A quantidade de equilbrio 5.000 camisas mensais. A esse preo no h escassez nem excesso de produto. Para qualquer preo diferente de R$ 50,00 existiro diferenas entre a oferta e a demanda, gerando excesso ou escassez de produto.

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Excesso de Oferta: Aos preos de R$ 80,00, R$ 70,00 e R$ 60,00 a oferta de camisas maior que a demanda, surgindo um excedente de camisas no mercado. Esse excedente chamado de Excesso de Oferta. Esse excesso faz com que os fabricantes fiquem com mercadoria encalhada, aumentando os estoques. Com a inteno de realizar alguma receita e eliminar o excesso de mercadoria, os produtores passam a vender o seu produto a preos mais baixos. Essa reduo de preos faz com que aumente a quantidade demandada (deslocamento ao longo da curva de demanda) de camisas, ao passo que a quantidade ofertada se reduz (deslocamento ao longo da curva de oferta). A reduo nos preos continuar at atingir o nvel de R$ 50,00, quando a quantidade de camisas que os consumidores estaro dispostos a adquirir ser exatamente igual quantidade de camisas que os produtores estaro dispostos a oferecer no mercado (ou seja, ocorrer uma presso sobre os preos at que estes atinjam o equilbrio). Excesso de Demanda: Aos preos de R$ 40,00 e R$ 30,00 a demanda maior que a oferta de camisas, surgindo uma escassez de camisas no mercado. Isso ocorre porque a esse preo to baixo poucos sero os produtores dispostos ou em condies de produzir o bem. Essa escassez chamada de Excesso de Demanda. Esse excesso de demanda faz com que os consumidores disputem entre si as camisas disponveis no mercado, e com isso o preo comea a se elevar. Essa elevao de preos faz com que diminua a quantidade demandada (deslocamento ao longo da curva de27 Economia Universidade Anhembi Morumbi

demanda) de camisas, ao passo que a quantidade ofertada se amplia (deslocamento ao longo da curva de oferta), reduzindo o excesso de demanda. A elevao nos preos continuar at atingir o nvel de R$ 50,00, quando a quantidade de camisas que os consumidores estaro dispostos a adquirir ser exatamente igual quantidade de camisas que os produtores estaro dispostos a oferecer no mercado (ou seja, da mesma forma que ocorre com o excesso de oferta, o o excesso de demanda provoca uma presso sobre os preos at que estes atinjam o equilbrio). Podemos concluir que mesmo ocorrendo um desvio temporrio entre o preo praticado e o preo de equilbrio, este ltimo tende a ser alcanado naturalmente, atravs da interao entre as foras da oferta e da demanda, sem que haja interveno de nenhum agente externo (ex.: governo). Assim, o equilbrio uma situao na qual no h foras inerentes que estimulem uma mudana, por isso a tendncia que o preo se estabilize neste patamar, sem presso para variaes. Cabe ressaltar que mudanas podem acontecer apenas como resultado de fatores exgenos que alterem a demanda e/ou a oferta e portanto, deslocariam o equilbrio. Isso veremos a seguir.

6.2. Quando as coisas mudamSe qualquer uma das variveis que afetam a demanda ou a oferta mudar, uma das curvas se deslocar e o equilbrio do mercado tambm mudar. Conhecer a teoria da oferta e da demanda faz com que muitos desses efeitos sejam previsveis. Vamos analisar alguns deles:

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a) Movimentos da Demanda Consideremos que um mercado est na situao de equilbrio (no grfico abaixo, o equilbrio inicial E1). Se ocorrer, por exemplo, um aumento na renda da populao, as pessoas podero comprar mais do bem a dado preo, deslocando a curva de demanda para a direita (de D1 para D2). Se for mantido o preo inicial PE1 teremos uma demanda maior que a oferta (a quantidade demandada ser Qx e a ofertada QE1), caracterizando excesso de demanda. Isso pressionar os preos para cima e, portanto, o equilbrio se alterar para E2, com preo e quantidade superiores situao inicial.

Situaes semelhantes ocorrem com uma elevao no preo de um bem substituto, reduo no preo de um bem complementar, aumento na preferncia do consumidor, entre outros. No caso de fatores que reduzam a demanda, teramos o movimento inverso. Considere o mercado de leo de soja. Uma reduo no preo de um bem substituto, por exemplo, do leo de milho, faria com que as pessoas comprassem mais leo de milho e reduzissem a demanda por leo de soja, deslocando a curva de demanda de D2 para D1. Isso gera temporariamente um excesso de oferta, visto que os produtores esto

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oferecendo a quantidade inicial de leo de soja e os consumidores passaram a desejar menores quantidades. A tendncia que os preos caiam gradativamente para eliminar o excesso de oferta, at que o novo equilbrio seja atingido (passar de E2 para E1), com preo e quantidades menores que a situao inicial. b) Movimentos da Oferta Mudanas no custo dos fatores de produo, na quantidade de produtores, na tecnologia e na lucratividade dos outros bens relacionados, deslocaro a oferta, o que consequentemente, afetaro equilbrio do mercado. Consideremos que um mercado est na situao de equilbrio (no grfico abaixo, o equilbrio inicial E1). Se ocorrer, por exemplo, uma reduo no custo de produo, a lucratividade da empresa por unidade produzida aumentar, o que tende a aumentar a oferta, deslocando sua curva para a direita, passando de O1 para O2. Ao antigo preo de equilbrio PE1 passa a existir excesso de oferta, j que os produtores passaram a produzir mais, mas os consumidores permanecem desejando consumir a mesma quantidade. O excesso de oferta pressiona o preo para baixo at que o novo equilbrio seja alcanado (E2) com um preo menor e uma quantidade maior.

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No caso de fatores que reduzam a oferta, teramos o movimento inverso. Por exemplo, uma geada destri a plantao de milho. A oferta do produto sofreria uma reduo, deslocando a curva para a esquerda (de O2 para O1). Ao antigo preo passa a existir uma excesso de demanda, visto que os consumidores desejam adquirir a mesma quantidade de milho, mas os produtores no possuem essa quantidade para ofertar. Ocorrer uma presso para a elevao do preo, at que o novo equilbrio seja atingido (E1) com preo superior e quantidade menor que a situao inicial. Esses so apenas alguns exemplos. Com esta abordagem podemos explicar o movimento dos preos de diversos mercados. Voc capaz de us-la para descrever situaes do nosso cotidiano, por exemplo, para descrever por que os celulares e as TVs de LCD inicialmente apresentaram um preo elevado e hoje so mais acessveis, por que no vero os imveis do litoral apresentam um aluguel mais elevado, por que o comrcio aquecido na poca do Natal, entre outros. Imagine uma situao e tente explic-la usando as ferramentas da oferta e demanda, tenha certeza que conseguir. Voc j sabe traar tendncias sobre o comportamento dos preos, mas no temos ferramentas suficientes para dimensionar o tamanho das mudanas. Sabemos que pela Lei da Demanda um aumento do preo provoca uma reduo na quantidade demandada, mas de quanto essa reduo? Ser uma reduo pequena ou expressiva? Para conseguirmos responder esse tipo de indagao precisamos conhecer mais uma ferramenta: a elasticidade. Assunto para nossa prxima unidade. Nos encontramos l!!

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Bibliografia

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