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Abrantes pela vida faz um dia histórico ABRIL2010 · Telefone 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Avenida General Humberto Delgado - Edifício Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · [email protected] · www.oribatejo.pt jornal abrantes de Director ALVES JANA - MENSAL - Nº 5471 - ANO 110 - GRATUITO Fé e tradição na Semana Santa do Sardoal Arte Sacra e Poesia experimental No Sardoal e em Abrantes, duas im- portantes exposições a não perder. página 26 EXPOSIÇÕES Constância celebra Nossa Senhora da Boa Viagem “Redes do Tejo” contra a pobreza Nove municípios e a União das IPSS’s assinaram protocolo de cooperação. Página 6 REGIÃO FNATES mostra como se faz teatro O Festival promovido pelo CRIA mos- tra como a arte faz a inclusão. página 27 EDUCAÇÃO E ARTE Câmara, igreja e população atraem milhares de visitantes. páginas 9 a 16 Milhares e pessoas encheram o Tecnopolo para celebrar a Vida e assumirem a luta contra o cancro.. págs. 4 a 5 A festa religiosa e a festa pagã já são uma imagem de marca. páginas 17 a 24

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Jornal de Abrantes

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Abrantes pela vida faz um dia histórico

ABRIL2010· Telefone 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Avenida General Humberto Delgado - Edifício Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · [email protected] · www.oribatejo.pt

jornal abrantesde

Director ALVES JANA - MENSAL - Nº 5471 - ANO 110 - GRATUITO

Fé e tradição na Semana Santa

do SardoalArte Sacra e Poesia experimental No Sardoal e em Abrantes, duas im-portantes exposições a não perder.

página 26

EXPOSIÇÕES

Constância celebra Nossa Senhora da Boa Viagem

“Redes do Tejo” contra a pobreza Nove municípios e a União das IPSS’s assinaram protocolo de cooperação.

Página 6

REGIÃO

FNATES mostra como se faz teatro O Festival promovido pelo CRIA mos-tra como a arte faz a inclusão.

página 27

EDUCAÇÃO E ARTE

Câmara, igreja e população atraem milhares de visitantes. páginas 9 a 16

Milhares e pessoas encheram o Tecnopolo para celebrar a Vida e assumirem a luta contra o cancro.. págs. 4 a 5

A festa religiosa e a festa pagã já são uma imagem de marca. páginas 17 a 24

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ABRIL2010

jornaldeabrantes

2 abertura

FOTO DO MÊS

Lúcia SerrasAbrantes

Sou sensível a causas no-

bres e, como professora,

tentei mobilizar toda a Es-

cola Dr. Solano de Abreu

para esta causa.

Porque está a participar no “Um Dia pela Vida?

PERFIL

INQUÉRITO

José MarquesAbrantes

É uma causa em que não

há palavras para uma re-

jeição. É uma causa com a

qual temos de ser solidá-

rios porque com coragem

podemos vencer.

Isabel Borda d’ÁguaAbrantes

É uma causa pela qual

vale a pena dar um pou-

co mais de nós. Acima de

tudo, é uma causa pela

qual vale a pena lutar, por-

que sozinho é difícil, mas

todos juntos fazemos me-

lhor.

Nelson DelgadoAbrantes

Porque já tive alguns ca-

sos na família e é uma cau-

sa que nos toca a todos. É

o mínimo que podemos

fazer por esta luta.

EDITORIAL

“Um Dia pela Vida” e “Limpar Portu-

gal” vêm desmentir à evidência a tese,

tão propalada, de que ninguém se im-

porta, ninguém quer saber, ninguém

participa, não há cidadania, a política

morreu. Mas vem afi rmar, de forma

clara, que o exercício político da ci-

dadania não se faz “à velha maneira”,

tipo comando e controlo, mas de ou-

tro modo.

Aliás, do mesmo modo que em

Constância e Sardoal se celebra uma,

duas festas que mobilizam a popu-

lação. Na gestão do país, dos conce-

lhos, das associações, das empresas,

há uma forma gasta de gerir a coisa,

pública ou privada, e uma forma nova

de recriar o mundo e as relações. Nin-

guém por aqui tem certezas, mas há

pistas que se afi rmam com alguma ni-

tidez.

Participação, espaço de criatividade,

produção de resultados de facto, livre

iniciativa, cooperação entre iguais, co-

ordenação respeitosa… E, em contra-

ponto, a morte lenta, ou acelerada?,

de uma autoridade impositiva, de um

comando e controlo que asfi xia – esta,

sim, é uma asfi xia democrática! – de

uma usurpação dos louros por quem

comanda, de um arredar de quem pu-

der fazer sombra…

Não é por acaso que nuns lugares

a vida se multiplica como na fl ores-

ta tropical e noutros defi nha e morre

como no deserto de Kalahari, apesar

da resistência de alguns bosquíma-

nes.

As leis da biologia fazem-se respei-

tar por todo o lado. Tanto no reino das

plantas e dos insectos como no dos

mamíferos, homem incluído.

Alves Jana

A lei da vida

MARIA ANTÓNIA COELHO

IDADE 52 anos

RESIDÊNCIA Barquinha

PROFISSÃO Professora de História

CARGO Directora do Agrupa-

mento de Escolas D. Maria II de

Vila Nova da Barquinha

UMA POVOAÇÃO Marvão, onde a

visão mágica das formas e o silên-

cio da Serra nos aquieta a alma.

UM CAFÉ Paraíso, em Tomar

UM BAR “Bar 21”, na Barquinha

UM PETISCO Peixinhos da horta

UM RESTAURANTE “Remédio

d’ Alma”, em Constância

PRATO PREFERIDO Cabrito assa-

do no forno com grelos

UM LUGAR PARA PASSEAR

Óbidos, onde as recordações do

passado são desvendadas no per-

curso deslumbrante das ruas es-

treitas

UM RECANTO PARA DESCOBRIR

Mata da Margaraça na Serra do

Açor, concelho de Arganil

UM DISCO Tannäuser, de Wagner

(o CD de referência para os gran-

des momentos de refl exão e de-

cisão).

UM FILME Cinema Paraíso e O

Carteiro de Pablo Neruda

UMA VIAGEM Escócia, Terras Al-

tas

UM LEMA DE VIDA A liberdade

como princípio fundamental do

ser humano

FICHA TÉCNICA

Director GeralJoaquim Duarte

DirectorAlves Jana (TE.756)

[email protected]

Sede: Av. General Humberto Delgado – Edf. Mira Rio,

Apartado 652204-909 Abrantes

Tel: 241 360 170 Fax: 241 360 179

E-mail: [email protected]

RedacçãoJerónimo Belo Jorge ([email protected]

Maria João Ricardo (CP. 6383)[email protected]

André Lopesandré[email protected]

PublicidadeRita Duarte

(directora comercial)[email protected]

Miguel Ângelo [email protected]

Andreia P. [email protected]

Design gráfico e paginaçãoAntónio Vieira

ImpressãoImprejornal, S.A.

Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 Lisboa

Editora e proprietáriaJortejo, Lda.Apartado 355

2002 SANTARÉM Codex

GERÊNCIAFrancisco Santos,

Ângela Gil, Albertino Antunes

Departamento FinanceiroÂngela Gil (Direcção) Catarina Branquinho, Celeste Pereira,

Gabriela Alves e João [email protected]

MarketingPatricia Duarte (Direcção), Cata-

rina Fonseca e Catarina Silva. [email protected]

Recursos HumanosNuno Silva (Direcção)

Sónia [email protected]

Sistemas InformaçãoTiago Fidalgo (Direcção)

Hugo [email protected]

Tiragem 15.000 exemplaresDistribuição gratuitaDep. Legal 219397/04

Nº Registo no ICS: 124617Nº Contribuinte: 501636110

Sócios com mais de 10% de capital

Sojormedia 83%

jornal abrantesde Árvore a árvore se constrói uma fl oresta, e o mundo. Ou se destrói.

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à conversa 3

IRMÃ MARIA, PORTA VOZ DO CONVENTO DAS CLARISSAS EM MONTALVO

Simplicidade, fraternidade e pobreza ao serviço da paz no MundoALVES JANA

Um convento de clausura é sempre um sinal de contra-dição com o espírito do tem-po e, por isso, um objecto de curiosidade. Mas só algo de muito importante pode ali passar-se para que mu-lheres normais, muitas com cursos superiores, larguem tudo e se recolham para uma vida contemplativa de oração e trabalho. Todas as reportagens num espa-ço de clausura dizem a ale-gria e a serenidade que ali se encontra. Foi também o caso, embora apenas tenha-mos contactado com a irmã porteira e com a “porta voz” do convento, a Irmã Maria, cujas respostas devem ser li-das num ritmo muito lento e pausado, como tivéssemos todo o tempo do mundo.

Qual é o espírito e a men-sagem das clarissas?

Santa Clara, com o seu en-

tusiasmo de mulher jovem,

fundou a ordem em 1212,

dedicada à contemplação.

Contemplação é libertar-se

para se dedicar inteiramen-

te a Cristo estando ao serviço

da humanidade, da comuni-

dade. Criou uma ordem em

que brilhasse e simplicidade,

a fraternidade e a pobreza,

como S. Francisco de Assis.

Mas a clausura e o retirar-se para a contemplação pa-rece em contradição com esse “estar ao serviço da co-munidade”.

O mosteiro é um espaço

de silêncio e de recolhimen-

to para podermos estar mais

próximas de Deus e da co-

munidade humana.

Na medida em que esta-

mos próximas de Deus po-

demos ter presentes as ne-

cessidades das pessoas. E na

medida em que podemos

estar mais livres e perto das

pessoas, podemos trazer-

lhes Deus.

Porque deixam o nome ci-vil e adoptam um nome re-ligioso?

Lemos na Sagrada Escritu-

ra que Deus disse a Abraão:

“Deixa a tua terra e vem para

a terra que eu te indicar. Lá

te darei um nome novo.” É a

partir desse passo da Bíblia

que nós, quando tomamos

o hábito da ordem, recebe-

mos um nome novo. Antiga-

mente deixávamos mesmo

o nome civil, mas agora con-

servamos os dois.

Neste corte com o mundo, o que procuram “lá dentro” que não há “cá fora”?

A vocação religiosa é um

chamado de Deus. Não so-

mos nós que escolhemos.

Deus escolhe-nos, e a nós

compete-nos sermos fi éis.

Sermos fi éis a esse chamado

de Deus é o que vimos bus-

car aqui dentro. Buscamos o

silêncio, o equilíbrio, a paz,

para nos doarmos a Deus

pela humanidade. E volto a

repetir: estamos em Deus

para estarmos com a comu-

nidade. Procuramos um es-

paço de silêncio para que a

nossa missão de serviço à co-

munidade humana seja uma

realidade.

Quais são, além dos que já referiu, os valores que nor-teiam o vosso dia-a-dia?

A fraternidade, a paz e a

pobreza que são, essencial-

mente, valores franciscanos

no seguimento de Jesus Cris-

to. Francisco de Assis trou-

xe uma lufada de ar fresco

ao mundo, que no seu tem-

po vivia em guerra, e pediu

aos seus irmãos e às suas ir-

mãs que fossem testemunho

de paz e de fraternidade no

mundo em que vivem. São

esses os nossos valores, na

pobreza de Jesus Cristo.

O “voto de obediência”, nas ordens religiosas, está hoje em contradição com o espírito do mundo.

A obediência é um espaço

de liberdade, porque é uma

opção pessoal. E sendo uma

opção de cada irmã, é uma

opção comunitária. Não ve-

mos a obediência como uma

sujeição. Procuramos ser fi éis

à vontade do Pai, como Jesus

Cristo, que também viveu em

obediência a Deus e foi o ho-

mem mais livre.

E como é vivido o silên-cio?

É uma necessidade pesso-

al, para encontrarmos Deus.

Mas temos as nossas horas

de lazer, além das horas de

formação em comum e as de

oração comunitária. Todos os

dias temos uma hora de con-

versação fraterna, de conví-

vio fraterno, que é muito im-

portante para equilibrar o dia

de silêncio.

Que mensagem deixa aos nossos leitores?

Uma mensagem de paz, de

amizade e de fraternidade,

que as pessoas nunca vivam

a solidão, o desespero, que se

possam encontrar com elas

próprias e com Deus e assim

encontrem a felicidade e o

equilíbrio.

A irmã MariaNaturalidade: Louriçal, PombalProfi ssão religiosa: no convento do LouriçalPermanência no Louriçal: 17 anosEm Montalvo: desde a preparação dos 800 anos do nascimento de Sta. Clara, que foi em 1994Função no convento: vigaria da abadessa, com o pelouro das relações públicas

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destaque4

o jornal de abrantes on line em www.oribatejo.ptwww.oribatejo.pt

O director do Centro de Saúde, o

médico Fernando Siborro, tem vin-

do a insistir no cuidado com a ali-

mentação. “Uma alimentação varia-

da é muito importante,” tem vindo a

dizer nas várias sessões do projecto

Abrantes pela vida. E sublinha a im-

portância da comida tradicional por-

tuguesa, ou mediterrânica, conside-

rada uma das melhores. A sopa, os

legumes, mas sobretudo a varieda-

de, contra o fast food e o excesso de

carnes vermelhas. E, é claro, nada de

tabaco, pois está provado que pro-

voca o cancro e é mau caminho para

quem não quer morrer cedo.

Os vários médicos e enfermei-

ros que têm participado nas várias

sessões de sensibilização insistem

também na detecção precoce dos

problemas. “Há quem tenha medo

de receber más notícias, mas rece-

bê-las cedo é a melhor forma de as

tornar menos más, porque quanto

mais cedo um cancro for detectado,

maiores são as probabilidades de

êxito no combate.” Trata-se, portan-

to, de um erro estratégico desleixar

todas as formas de rastreio, seja por

apalpação, seja por análises clínicas

ou exame físico.

Quando um doente é detectado

com cancro, normalmente pelo mé-

dico de família, é enviado para o sis-

tema hospitalar, onde há competên-

cias de diagnóstico e tratamento. “Se

as coisas funcionassem bem, explica

Fernando Siborro, o hospital devia

manter o médico de família infor-

mado da evolução do doente. Mas

raramente isso acontece.” Por isso, os

centros de saúde nem sequer têm

uma noção do panorama oncológi-

co desta nossa zona. “Talvez consul-

tanto o ROR, o Registo Oncológico

Nacional, mas também não funcio-

na bem”, acrescenta.

Abrantes pela vida

“O segredo está na prevenção e no diagnóstico precoce”

• Fernando Ciborro, director do Centro de Saúde.

Cerca de duas mil pessoas duran-te quatro meses prepararam e fi -zeram o grande Um Dia Pela Vida a 20 de Março.

O cortejo inicial partiu do Jardim

dos Plátanos e dirigiu-se para o

Tecnopolo. Aí teve lugar o primei-

ro momento de grande emoção, a

Volta dos Vencedores. As lágrimas

nos olhos da maioria dos presen-

tes celebravam a Vida na passa-

gem das pessoas que venceram o

cancro ou estão a lutar contra ele.

Durante todo o dia e quase toda

a noite, música no palco, comes e

bebes para o sustento do corpo,

mil formas de fazer dinheiro con-

tra o cancro e sempre pessoas a

andar na passadeira e a signifi car

a caminhada individual e colectiva

da luta contra o cancro. Às dez da

noite, a Cerimónia das Luminárias

voltou a inundar os olhos dos pre-

sentes. Foi o momento de recordar

os mortos e honrar os heróis vivos

desta luta com o cancro.

Feitas as contas, ainda não fi nais,

foi já apurade uma receita global

de 135.000 euros. A avaliação ge-

ral, dentro e fora da organização,

foi de que foram superadas as ex-

pectativas.

LUTA CONTRA O CANCRO

• O cortejo deu início ao dia histórico contra o cancro

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jornaldeabrantes

destaque 5

O director clínico do Centro Hos-pitalar do Médio Tejo, Edgar Pe-reira, reforça de vários modos a mensagem central: “O principal é a qualidade da decisão terapêuti-ca. Só depois é que se deve pro-curar a proximidade, seja a proxi-midade dessa decisão, seja a pro-ximidade do acompanhamento. Inverter as coisas é um erro que se paga caro.”

Como quem diz, para uma boa

decisão, vai-se à China se for pre-

ciso, porque uma má decisão não

pode dar bom tratamento, por

melhor que sejam os cuidados

que o doente tiver. Palavra de mé-

dico, que é também administra-

dor do sistema.

Sabemos que no ano passado,

Abrantes foi agitada pela iminên-

cia do fecho do hospital de dia,

dedicado aos cuidados oncoló-

gicos. Edgar Pereira explica que

“cada hospital do Médio Tejo nas-

ceu isoladamente e fez a sua pró-

pria história.” No caso de Abrantes,

toda a terapêutica oncológica, es-

tava centrada num médico, que

se reformou no ano passado. Por

isso, “todo o sistema ruiu”. É preci-

so encontrar uma solução. A me-

lhor seria contratar um oncologis-

ta, mas não os há no mercado. Na

melhor das hipóteses, a solução

passa por conseguir que um on-

cologista venha a Abrantes para a

decisão terapêutica. É essa a solu-

ção que está em negociação. Por-

que “para haver qualidade, neste

domínio como noutro qualquer,

não pode ter-se um caso ou dois

por mês. É preciso lidar com os

mesmos problemas todos os dias.

Só assim se ganha competência e

especialização”, explica Edgar Pe-

reira. É isto que é preciso garantir

em Abrantes. Até lá, os doentes

têm de ir a Tomar ou Torres Novas,

que já tinham garantido uma solu-

ção própria. Entretanto, está já as-

segurado no hospital de Abrantes

o acompanhamento aos doentes

em tratamento.

Acontece que está neste mo-

mento em discussão pública a re-

organização do sistema oncoló-

gico nacional. O caso do Médio

Tejo está ainda em avaliação. Ed-

gar Pereira explica: “Aqui, o im-

portante é assumirmo-nos como

Centro Hospitalar, com três uni-

dades. Porque cada hospital, iso-

lado, não tem expressão, isto é,

não tem doentes sufi cientes que

garantam uma prática de quali-

dade a quem tenha de tratar de-

les. A estratégia tem de ser criar

centros por onde passem muitos

doentes que dêem aos especialis-

tas uma prática continuada e lhes

permitam uma dedicação exclusi-

va a um tipo de patologia e uma

troca de informação que isolados

não podem fazer.” E Edgar Pereira

recorda que “ainda não há muito,

fazer quimioterapia exigia inter-

namento e deixava o doente mui-

to debilitado. Entretanto, as técni-

cas de diagnóstico e terapia evo-

luíram, e continuam a evoluir, de

modo que já se pode aplicar qui-

mioterapia, por exemplo em cada

um dos hospitais do Médio Tejo.

Mas, porque a evolução é rápida

em cada um dos sectores, é neces-

sária uma dedicação exclusiva.” Ou

seja, os doentes só ganham se re-

correrem a especialistas de eleva-

da competência, o que não é com-

patível com a dispersão por locais

sem números expressivos. Ora, se

cada hospital não tem esses valo-

res, “o Médio Tejo em conjunto já

tem valores que lhe permitem, em

princípio, se houver colaboração

entre clínicos, fi car dentro do sis-

tema que vai ser montado,” acredi-

ta Edgar Pereira. Ainda assim, por-

que o cancro tem muitas variantes

com problemas diversos, mesmo

dentro do Centro Hospitalar o de-

sejável é que os médicos que vie-

rem a fi car dedicados ao cancro se

diversifi quem entre si em sub-es-

pecialidades. “Ninguém consegue

saber tudo e acompanhar tudo”,

mesmo dentro do domínio onco-

lógico.

Ana, nome fi ctício, tinha 35 anos quan-

do foi operada a um tumor no peito.

“Comecei com muitas dores nas costas.

Passados uns meses fui a um ortopedis-

ta, pois pensava que era da coluna. Fiz vá-

rios Tac’s e não acusaram nada. Mais tar-

de encontrei um durão na parte superior

do peito direito. Não tinha mais sinais ne-

nhuns e fui à médica de família. Ela man-

dou-me fazer uma ecografi a e uma ma-

mografi a. Nessa altura viu-se logo que era

algo grave. Voltei a repetir a mamografi a.

Quando veio o relatório, o resultado foi

uma massa tumoral com 12 centímetros

de comprimento e 5 centímetros de diâ-

metro, com características malignas.

“Contactei um médico amigo do hospi-

tal da CUF que também fazia serviço no

IPO, e encaminhou-me para um cirurgião.

O médico quando falou comigo disse que

eu tinha de ser operada o mais rápido

possivel. Na semana a seguir fui operada,

numa clínica particular, porque nao havia

vagas no IPO.

Depois fui para o IPO novamente, a ou-

tro médico da especialidade de oncolo-

gia, e comecei os tratamentos de quimio-

terapia. Fiz 12 sessões com intervalo de

três semanas entre cada uma. A seguir fi z

35 sessões de radioterapia. E agora, cá es-

tou. Já fez 11 anos que fui operada”.

Maria João Ricardo

“Era grave, mas ainda cá estou”

A qualidade da decisão terapêutica

• Edgar Pereira, director clínico do Centro Hospitalar do Mé-dio Tejo.

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região6

Nove municípios do Médio Tejo e a União Distrital das IPSS’s as-sinaram no passado dia 22 o protocolo do projecto Redes do Tejo.

Abrantes, que lidera, Constân-

cia, Ferreira do Zêzere, Mação,

Ourém, Sardoal, Tomar, Torres

Novas e Vila Nova da Barquinha

comprometem-se, com a União

das IPSS’s a desenvolver um con-

junto de acções numa estratégia

conjunta integrada no Ano Euro-

peu do Combate à Pobreza e Ex-

clusão Social. Trata-se de um caso

exemplar, e ao que parece único,

de cooperação pró-activa num

projecto supra municipal de tra-

balho em rede. O lema adoptado

é signifi cativo: “Enquanto houver

margens, queremos continuar a

construir pontes.”

Os parceiros comprometem-

se a trabalhar numa perspecti-

va de conjugação de esforços e

recursos, com vista a “colmatar

as difi culdades com que inúme-

ras pessoas e instituições se de-

param, de modo a minimizar e

combater efi cazmente a pobre-

za e a exclusão social e sensibili-

zar todos os agentes do território

em causa”.

A promoção de actividades de

solidariedade, a dinamização das

redes sociais de cada concelho,

a realização da feira social e do

mês da solidariedade e acções

de sensibilização e informação

são, entre outras, algumas das

actividades a realizar a partir de

agora, com vista à persecução

dos objectivos inerentes a este

projecto e à linha orientadoras

do Ano Europeu de Combate à

Pobreza e Exclusão Social.

Este projecto foi alvo de uma

candidatura conjunta ao PNA-

ECPES. Embora careça ainda de

aprovação, entenderam os par-

ceiros assumir a sua realização.

PROTOCOLO ASSINADO NO PASSADO DIA 22

“Redes do Tejo” contra a pobreza“Redes do Tejo”Objectivos- Desenvolver uma parceria efec-

tiva e dinâmica que articule a ac-

tuação dos diferentes agentes so-

ciais;

- Promover o planeamento inte-

grado do desenvolvimento social,

potenciando sinergias, compe-

tências e recursos;

- Garantir maior efi cácia nas res-

postas sociais ao nível dos conce-

lhos e freguesias;

- Formar e qualifi car agentes en-

volvidos nos processos de desen-

volvimento local.

Actividades- Organização de Encontro de Re-

des e parcerias locais;

- Realização de acções de forma-

ção e sensibilização;

- Elaboração de instrumentos de

comunicação e informação;

- Realização da Feira Social;

- Dinamização das Redes Sociais

de cada concelho e da plataforma

supra concelhia;

- Realização de actividades no mês

da solidariedade. • A União Distrital das IPSS’s de Santarém assinou o protocolo com nove municípios do Médio Tejo.

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região 7

Com regularidade, Abrantes é atravessada por relatos in-dignados de “mais uma” es-tória de agressão ou roubo ou de actos da mesma fa-mília. Sempre por jovens há muito identifi cados. No pas-sado mês de Janeiro, novos episódios vieram reacender a indignação por não se sen-tir que estejam a ser tomadas medidas efi cazes. Os senti-mentos de insegurança e de revoltam vão crescendo.

Os protagonistas estão

identifi cados. São, em ge-

ral, menores, que crescem na

marginalidade e que apenas

na marginalidade terão futu-

ro. A indignação por o proble-

ma continuar a crescer e não

se sentir medidas de comba-

te é manifesta, ainda que per-

maneça latente… até que o

balão estoire. Fomos recolher

três casos, os dois do mês de

janeiro e um anterior. Para

que conste, para que as coi-

sas não tombem no silêncio.

Os nomes são fi ctícios, por ra-

zões que se compreende, mas

os relatos são autênticos.

Agredidos pai e fi lhaSara ouviu barulho lá fora,

junto ao carro e foi ver à jane-

la, porque já há tempo lhe ti-

nham feito estragos no auto-

móvel. Dois jovens estavam

a maltratar o espelho lateral.

Saiu à rua e interpelou-os, se

achavam bem, se o carro os

estava a incomodar. Entretan-

to, Júlio, o pai da jovem, ouviu

barulho na rua e foi ver. A fi lha

estava a ser incomodada pe-

los dois rapazes. Foi em defe-

sa da fi lha, mas um dos dois

começou a empurrá-lo en-

quanto o outro deitava a sua

fi lha ao chão e a agredia. Para

defender a fi lha, baixou-se

para agarrar o agressor quan-

do o outro o agrediu no nariz,

certamente com um ponta-

pé pela força e gravidade da

agressão. Os vizinhos acudi-

ram de imediato ao barulho,

os agressores fugiram e os

agredidos foram para o hos-

pital. À hora de recolha desta

informação, o pai tinha sido

operado ao nariz, em Lisboa,

para recompor a fractura e a

fi lha continuava de baixa. Foi

em Abrantes, neste mês de

Janeiro. Entretanto, correm na

rua novas ameaças.

Alvejado a tiroSamuel vai todos os dias a

um terreno próximo tratar dos

animais, apesar da sua idade

bastante avançada. Como de

costume, pôs o chapéu na ca-

beça e saiu. Estava no seu tra-

balho quando sentiu que lhe

estavam a cair em cima o que

pensou serem pedras. Gritou

por ajuda e quando foi socor-

rido, viu-se que tinha sido al-

vejado com chumbos de ti-

ros próximos. Via-se dois ra-

pazes a fugir ali perto, não

eram os mesmos do caso an-

terior. Como o agredido san-

grava com abundância, teve

de ser socorrido no hospital.

“Por um milímetro não atin-

giu uma veia importante, teria

sido o seu fi m”, diz quem sabe.

O chapéu foi levado à polícia

como prova. Também foi em

Janeiro passado, na Chainça.

Agressão em grupoJá por várias vezes eles ti-

nham ido lá roubar galinhas.

Numa das últimas vezes, ti-

nham matado toda a criação

e deixaram-na lá… Por isso,

naquele dia, quando os viram

parados junto ao barracão, fo-

ram interpelá-los, perguntar-

lhes o que é que queriam. A

resposta foi serem agredidos.

Quando se quiseram defen-

der, apareceram mais uns 10,

e não é difícil imaginar o que

possa ter acontecido. Manuel

caiu e foi agredido a pontapé,

por isso fi cou com o maxilar e

o nariz partidos. O cunhado e

o fi lho tiveram também de ser

assistidos no hospital. Foi há

seis meses, mais ou menos.

Foram à polícia, para apre-

sentar queixa, mas disseram-

lhes que teriam de voltar no

dia seguinte. Mas no dia se-

guinte um dos dois teria de

estar a trabalhar longe, onde

mora. Que assim, não. Aca-

baram por desistir da queixa.

Ainda voltaram a ser chama-

dos outra vez para a questão

da queixa, mas “como já tínha-

mos desistido, mantivemos a

coisa assim”.

INSEGURANÇA

Casos sucedem-se sem as medidas necessárias

• A montra vazia, com estore de segurança por trás, fala por si.

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ABRIL2010

jornaldeabrantes

8 região

JERÓNIMO BELO JORGE

Abrantes passou a dispor de uma estação de canoagem, em Rossio ao Sul do Tejo, junto ao rio. Trata-se de um edifício requalifi cado pela Junta de Freguesia, num pro-tocolo assinado com a Câmara Municipal de Abrantes que con-tribuiu com um subsídio de cerca de 72 mil euros.

Esta infraestrutura, depois de

recuperada, foi cedida ao clube

desportivo Os Patos, à secção de

canoagem, criando condições

para que a associação possa de-

senvolver a modalidade, na qual

tem dado passos de qualidade,

tendo alguns atletas nas selec-

ções nacionais.

Não será de estranhar que a

pequena cerimónia tenha con-

tado com a presença do presi-

dente da Federação Nacional de

Canoagem que, ao associar-se ao

evento, quis deixar o apoio ao clu-

be e ao desenvolvimento da mo-

dalidade, que tem no espelho de

água de Abrantes um potencial

de crescimento e atracção em tor-

no da modalidade.

De referir ainda que a Junta de

Freguesia do Rossio promoveu

esta requalifi cação, segundo o

seu presidente, Luís Valamatos,

com dois objectivos: primeiro

apoiar uma associação da fregue-

sia e, em segundo lugar, recupe-

rar o edifício do antigo matadou-

ro que estava ao abandono e de-

gradado, mostrando assim aos

cidadãos para a necessidade de

requalifi car os prédios degrada-

dos do centro histórico da fregue-

sia.

Na ocasião, a presidente da Câ-

mara Municipal de Abrantes, Ma-

ria do Céu Albuquerque, pro-

meteu obras na estação de

canoagem de Alvega, que já tem

uma série de anos, e informou

que está a avançar o projecto de

arquitectura do Centro Náutico

de Abrantes, a construir na mar-

gem Norte do Aquapolis, criando

condições de atractividade para

estágios de atletas oriundos do

Norte da Europa que no Inverno

procuram o nosso país para a prá-

tica da modalidade.

A requalifi cação da margem

Sul do Aquapolis, cujo projecto

de execução deverá ser lançado

ainda este ano, contempla bons

acessos ao espelho de água, me-

lhorando as condições existentes

actualmente. Refi ra-se que a mar-

gem Norte tem um acesso para

os automóveis descarregarem as

embarcações até à água, estru-

tura esta que não existe ainda na

margem de Rossio ao Sul do Tejo

e nem sequer estava prevista no

projecto inicial.

ROSSIO AO SUL DO TEJO

Abrantes com nova estação de canoagem

Page 9: ed JA Abril/10

jornaldeabrantes

especial sardoal 9

As celebrações religiosas da Semana Santa são as grandes festas do Sardoal. Mobilizam os habitantes, atarem visitantes e animam a vida local a partir de elementos que partem do mais interior das pessoas e do mais fundo dos tempos. Na Semana Santa, o Sardoal vale ainda mais a pena.

Sardoal celebra Semana Santade 28 de Março a 4 de Abril

Foto

: Pau

lo S

ousa

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ABRIL2010

jornaldeabrantes

10 especial sardoal

MARIA JOÃO RICARDO

Quem passa pelo Sardoal durante a Semana Santa não fi ca indiferente, e quer lá voltar. As capelas e igrejas enfeitadas, a venda de amêndoas, a cozinha típica, o bom vinho e as pai-sagens deslumbrantes, os cantos e recantos da vila, fazem deste “um concelho bom para as pessoas mo-rarem”, adianta o vice-presidente Miguel Borges. A Vila-Jardim, como carinhosamente é conhecido o Sar-doal, espera por si.

O que representa a Semana San-ta para o Sardoal?

- É um momento de grande im-

portância, não só de cariz religioso,

como cultural e turístico. Existe uma

relação muito próxima entre a Câ-

mara Municipal, a Paróquia, a Sta.

Casa da Misericórdia e todos os or-

ganizadores da parte religiosa.

Essa vertente turística levou a que a câmara tenha apostado mais na Semana Santa, desde 1997. As Festas do concelho são outra coisa.

- Sim, sem dúvida. Durante a Se-

mana Santa temos um potencial tu-

rístico muito bom, aliado à religião.

A aposta foi forte e pretendemos

que continue crescendo. Nas Fes-

tas do concelho, a aposta é dar a co-

nhecer a vertente económica local,

com animação à mistura. No fundo

é uma festa popular, como existe

noutras regiões.

Qual destas festividades atrai mais pessoas ao Sardoal?

- Todas as festas religiosas são de

uma importância muito forte, e no

nosso caso existe uma particulari-

dade única – temos o enfeitar de

capelas com fl ores e verduras. En-

volvem-se associações, a Sta. Casa

da Misericórdia, escolas, no fundo

toda a comunidade. É uma tradi-

ção que tem passado de pais para

fi lhos e queremos preservar o mais

possível.

É cada vez maior o número de

pessoas a vir ao nosso concelho. Por

exemplo, a Procissão dos Fogaréus

tem uma afl uência grande.

O que podemos ver este ano no programa da Semana Santa?

- Para além das cerimónias religio-

sas habituais, do enfeitar das cape-

las e das Procissões, vamos ter uma

venda de amêndoas e uma expo-

sição da Sta. Casa da Misericórdia.

A venda de amêndoas decorre no

átrio da Casa Grande. Antigamente

os namorados compravam amên-

doas para oferecer às namoradas,

por esta altura.

No sábado, realiza-se um concerto

de piano a quatro mãos, com músi-

ca de Bach, Endel e outros composi-

tores, no Centro Cultural Gil Vicente.

Vai estar patente durante três me-

ses, no Centro Cultural, uma expo-

sição sobre os 500 anos do aniver-

sário da Sta. Casa da Misericórdia. É

um espólio riquíssimo, com os pai-

néis originais da Sta. Casa, que têm

fi guras da Paixão e Morte de Cristo,

o Oratório de Arte Namban, entre

outros. Este Oratório é único e tem

percorrido o mundo, em várias ex-

posições.

Como é que a câmara e a igreja organizam a Semana Santa?

- Fazemos sempre uma reunião

preparatória com o padre, e dispo-

nibilizamo-nos para apoiar no que a

Irmandade precisar. Estamos a ulti-

mar os procedimentos para regular

o trânsito, para que este não interfi -

ra no percurso das procissões. Jun-

tamente com a junta de freguesia

estamos a caiar todas as capelas da

vila. Temos uma colaboração estrei-

ta com a igreja e com as três Irman-

dades.

Um concelho no Centro de Portugal

Para além destas festividades o que tem o Sardoal para oferecer aos visitantes?

- Temos boa gastronomia, a co-

zinha fervida, ruas muito lindas, as

capelas que agora estão enfeita-

das. Temos bom vinho e estamos

no centro de Portugal. Temos paisa-

gens fantásticas não só em Sardoal,

como Codes, Lapa, Vale do Cabril.

Qual é o grande potencial do Sar-doal?

- Temos alguma agricultura e pe-

quenas indústrias, mas o comércio

não é muito signifi cativo. Contudo,

é um local que tem qualidade de

vida. É um concelho bom para as

pessoas morarem, para deixarem os

seus fi lhos na escola, onde a cultura

tem força, e o desporto já vai tendo

outro dinamismo. Vamos começar

ainda este ano com a construção de

um pavilhão gimnodesportivo, aqui

na vila, e em breve um parque des-

portivo em Sta. Clara. Em relação ao

saneamento básico estamos a tra-

balhar para dar qualidade de vida à

população.

Qual é a aposta do município nas áreas social, educação, associati-vismo, cultural?

- Vamos divulgar em breve um

projecto que se chama �Pampi�,

ocupação dos idosos. Passa pela

piscina, aulas de hidromassagem,

leitura, bordados, o avô on-line. Este

projecto tem uma psicóloga, uma

socióloga e uma assistente social. A

equipa vai andar no terreno para sa-

ber junto desta camada etária o que

eles precisam.

Em termos de educação, além

do Agrupamento de Escolas, te-

mos agora um jardim-de-infância

novo, com todas as condições. As

crianças podem lá fi car das 8 da

manha até às 19h, com uma oferta

diversifi cada, com componente de

apoio à família. Durante o verão vol-

ta a realizar-se o ATL, em colabora-

ção com a Associação de Pais e com

o Agrupamento.

Contudo, precisamos de

requalifi car o nosso parque escolar.

É urgente uma intervenção de fun-

do na Escola C+S. De futuro quere-

mos construir um pólo escolar no

Sardoal e outro em Alcaravela. Para

além das crianças, apoiamos tam-

bém os nossos jovens. Com muito

agrado nosso foi criada há pouco

tempo uma nova associação de jo-

vens, que já nos fez muitas propos-

tas, como observação de estrelas,

festivais de música. Para além des-

ta existem outras associações que

também merecem o nosso apoio,

como a Associação da Presa, a Fi-

larmónica, ou o GETAS, por exem-

plo. Estamos a trabalhar nos regula-

mentos para o novo Conselho Mu-

nicipal do Associativismo.

Na área cultural temos o Centro

Cultural com muitas actividades,

com exposições e iniciativas de vá-

MIGUEL BORGES, VICE-PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DO SARDOAL

Durante a Semana Santa temos um potencial turístico muito bom

Perfi lAntónio Miguel Borges

44 anos de idade

Natural de Abrantes

Residente em Sardoal

vice-presidente da Câmarapelouros: Serviço de Projectos

Comparticipados

Ambiente

Cultura, Desporto e Acção Social

Desenvolvimento Económico/

Social

Inovação e Modernização

Articulação com as Juntas de Fre-

guesia e com as Associações

Antecedentes locaisProfessor de educação musical

Maestro do GETAS e da Filarmó-

nica União Sardoalense

Membro da CPCJ local,

Membro do Conselho Municipal

de Educação

Presidente da Assembleia Geral

da Associação Pais de Sardoal

Page 11: ed JA Abril/10

ABRIL2010

jornaldeabrantes

especial sardoal 11

rias associações do concelho. No

ano passado o Centro Cultural teve

mais de 10 mil utilizadores, contabi-

lizados na bilheteira electrónica. Por

exemplo a Associação de Valhascos

e a da Presa também fazem activi-

dades.

Como está o projecto para a Rota do Pão? E o Arquivo Histórico?

- A Rota do Pão ainda é apenas

isso, um projecto. Esta Rota já exis-

te, mas precisamos operacionalizar

as azenhas e os moinhos. A ideia

será terminar no antigo lagar, com

um grande museu e com exposi-

ções do pão e do azeite. O Arquivo

Histórico é mais prioritário. Estamos

a fazer o levantamento de todos os

documentos, com qualidade e ri-

gor, para que a nossa história não

se perca.

Para quando um novo Parque In-dustrial?

- O actual Parque está esgotado,

não se pode ampliar. Existem 15

empresas no local. Está a ser feita

uma revisão do PDM, e é urgente a

sua conclusão. A empresa que está

a fazer esta revisão está com alguns

problemas, e a câmara está a agili-

zar o processo, o mais rápido pos-

sível. No entanto tem havido vários

entraves, em termos de governo.

De futuro queremos criar pequenos

parques industriais em algumas das

nossas freguesias, para que as famí-

lias se possam fi xar lá.

Como está a situação do mau fun-cionamento dos semáforos?

- Os semáforos não dependem da

câmara municipal. Quando eles não

funcionam em condições alertamos

os responsáveis, mas o que é certo

é que nem sempre vêm com a ra-

pidez que desejamos. No ano pas-

sado alertámos o Presidente da Re-

pública sobre esta situação. Vamos

continuar a insistir para que aquela

zona, que é considerada de risco, te-

nha solução.

Como classifi ca a relação da câ-mara com entidades exteriores?

- Ninguém está sozinho e todos

juntos podemos oferecer mais.

Trabalhamos com Constância,

Abrantes, Mação, Vila de Rei e ou-

tros municípios. Nós temos que

procurar dentro de um contexto re-

gional o que podemos oferecer às

populações. Por exemplo, o projec-

to supramunicipal “Redes do Tejo”,

onde Sardoal está inserido, terá sem

dúvida muito sucesso pelo envolvi-

mento total de todos.

O que falta no Sardoal?- Em termos de saúde, tal como

noutros concelhos, a falta de médi-

cos é algo que nos preocupa. Nes-

tes cinco meses de trabalho, este é

um problema que eu tenho regista-

do. Temos uma população idosa, e

não conseguimos resposta em tem-

po útil. Os actuais médicos de famí-

lia não são em número sufi ciente

para todo o concelho. Já disponibi-

lizámos uma casa para alojar médi-

cos de países de Leste que queiram

vir para Sardoal, mas não depende

de nós. Durante vários anos parece

que andámos a brincar um pouco

com a saúde, e hoje enquanto euro-

peus os resultados são muito maus.

A rede de transportes no conce-lho é adequada?

- Não, infelizmente. Estamos a

apostar em conjunto com a Comu-

nidade Intermunicipal, numa rede

de transportes para a comunidade,

que vai avançar já este ano. O Sar-

doal tem uma população idosa e a

interioridade é algo que não ajuda.

Muitas pessoas têm que se socorrer

do carro de aluguer.

No futuro podemos ver o verea-dor Miguel Borges como presi-dente do município?

- (risos) De momento a presidên-

cia do Sardoal está muito bem en-

tregue. O meu objectivo é trabalhar

o melhor que sei, com a máxima

força, pelo concelho de Sardoal. Se

no futuro essa hipótese se colocar

irei analisá-la. A única coisa que eu

tenho certa é ser professor.

O futuro? Logo se verá

Quando é que ingressou na vida política?

- Foi apenas há quatro meses. (ri-

sos) É devido a um convite irrecusá-

vel do presidente Fernando Moleiri-

nho, que agora aqui estou. Ao longo

dos anos tenho tido uma participa-

ção cívica, tanto em Abrantes como

aqui no Sardoal, mas em termos po-

líticos esta é a primeira experiência.

Prepara-se para ser o próximo presidente?

Agora é a hora de fazer o meu tra-

balho o melhor possível. Quanto ao

resto, se verá, não estou preocupa-

do com isso. Até porque eu ainda

não sei se “é isto que quero”. Estou a

começar, vamos ver o resultado.

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jornaldeabrantes

12 especial sardoal

É o Concelho de Sardoal rico em Histó-ria e em Tradições, muitas delas relacio-nadas com as profundas convicções re-ligiosas do povo, cuja origem e signifi -cado se perdem na marcha do Tempo e das gerações.

Essas tradições, mais que sentimentos

de Fé, são agora marcas indeléveis da

nossa Cultura, no seu sentido mais vas-

to e completo. É neste perspectiva que

a Câmara Municipal, enquanto entida-

de institucional laica, se associa activa-

mente às festividades da Semana Santa

e Páscoa.

Até porque a nossa Semana Santa já

ultrapassa as “fronteiras” dos rituais e

celebrações litúrgicas, por ser uma re-

ferência no coração dos sardoalenses,

sejam eles crentes, não – crentes ou ag-

nósticos.

É nesta ocasião que as pessoas se jun-

tam e convivem. Vêm os que residem ou

trabalham fora, reúnem-se as famílias,

os amigos, os vizinhos. O cenário é triste

e nostálgico mas é, também, a festa do

reencontro e da aproximação.

Foram as Festividades desde sempre

organizadas com o maior brilho pela Pa-

róquia de Santiago e São Mateus, Santa

Casa da Misericórdia e Irmandades, mas

nos últimos anos a Câmara Municipal

assumiu uma maior presença na sua di-

vulgação, promovendo a colocação de

faixas, velas e candeias, publicando car-

tazes, folhetos e suplementos temáticos

na imprensa regional e – sobretudo – le-

vando a efeito um Programa Comple-

mentar que integra exposições de artes-

plásticas, concertos musicais, cinema e

venda de amêndoas na Casa Grande.

Igualmente importante é a tarefa dos

moradores locais que enfeitam as Cape-

las com motivos simbólicos da sua de-

voção e as associações concelhias que

participam em iniciativas paralelas. É o

trabalho de todos no presente que vai

perpetuando a nossa entidade colecti-

va!

Fernando Constantino Moleirinho

FERNANDO MOLEIRINHO, PRESIDENTE DA CÂMARA DO SARDOAL

Fé, tradição e cultura

A igreja do Convento de Santa

Maria da CaridadeNo cume da colina mais

elevada da Vila de Sardoal,

de onde se vislumbra um

vasto horizonte em todos

os sentidos, encontra-se o

sinal e a memória da secu-

lar presença dos fi lhos de

S. Francisco. Os frades me-

nores Franciscanos, vindos

da Abrançalha, instalam-se

neste lugar em 1571, junto

a uma ermida já muito aca-

rinhada pelos devotos da

Santa Mãe de Deus, aí invo-

cada com o título da Cari-

dade. É esta invocação que

passa a designar o Conven-

to, e é ao redor da bela ima-

gem da Virgem que todo o

Convento terá a sua expan-

são. A Senhora apresenta-se

com o Menino nos braços, e

com um fruto na mão direi-

ta, é esculpida em pedra de

Ançã, obra do gótico tardio,

das laborações ofi cinais de

Coimbra. Esta imagem da

Senhora continua a presidir

à Igreja que lhe é dedicada

e a acolher as preces devo-

tas dos que se confi am ao

seu auxílio. Para a fábrica do

Convento e benefi ciação da

ermida colaboraram os ha-

bitantes da Vila, evidencian-

do-se um ilustre morador e

senhor desta mesma Vila, D.

Duarte de Almeida, fi lho de

D. Lopo de Almeida, terceiro

Conde de Abrantes.

A 17 de Dezembro de

1677 o Convento viria a ter

como padroeiro D. Gaspar

Barata de Mendonça, que

era natural do Sardoal, foi o

primeiro arcebispo da Baía e

primaz do Brasil. É este bis-

po que promove a reedifi ca-

ção da Igreja de modo mais

signifi cativo e que chega

aos nossos dias.

A Igreja de N. Sr.ª da Cari-

dade tem uma única nave,

com a capela-mor separa-

da por arco cruzeiro e abó-

bada de berço, sobre a por-

ta de entrada encontra-se o

coro alto com cadeiral para

os ofícios corais e estante no

centro; uma balaustrada li-

mita e protege o espaço. No

alçado esquerdo podemos

encontrar os nichos que ser-

viam de confessionário e o

belo púlpito onde são ainda

proferidos os sermões.

Anexa à Igreja do Conven-

to existe uma sacristia de

grande riqueza artística. O

tecto em caixotões seiscen-

tistas foi pintado em 1720. O

arcaz tal como o tecto é de-

corado com pintura de ele-

mentos fi gurativos orien-

tais. O grande valor ma-

terial e artístico, a beleza e

o exotismo que podemos

contemplar nesta magnífi ca

Igreja de Santa Maria da Ca-

ridade, manifestam o reco-

nhecimento da importante

acção desenvolvida pelos

religiosos na Vila do Sardo-

al e o afecto pessoal e social

da população. Muitas das

expressões da religiosidade

popular que ainda perma-

necem fi carão a dever-se a

esta presença e à valoriza-

ção de expressões evange-

lizadoras e celebrativas tão

caras à espiritualidade fran-

ciscana. Pe. Francisco Valente

A Igreja matriz da Vila de Sardoal

guarda um dos mais preciosos tesou-

ros da primitiva pintura portuguesa.

Um núcleo constituído por sete tá-

buas pintadas a óleo representando

temáticas sagradas. Pertenceram ao

primeiro retábulo da Igreja que foi

erguido no início de quinhentos e

provável encomenda de D. Francisco

de Almeida. Desde a sua descoberta

pelo Dr. João Couto nos fi nais da dé-

cada de 1930, que desconhecendo a

identidade da sua autoria atribuiu-a

a um mestre do Sardoal. Os mais im-

portantes historiadores de arte são

hoje unânimes em referir estas obras

a uma ofi cina sedeada em Coimbra

e dirigida por Manuel Vicente e

Vicente Gil. Estes mestres tiveram

grande actividade e muitas das suas

obras retabulares ainda se conser-

vam. Após o desmantelamento do

retábulo para ser substituído pelo de

estilo Barroco que ainda se conser-

va, as tábuas foram guardadas numa

sala da Irmandade do Santíssimo Sa-

cramento sob a Capela-mor, até à

sua descoberta. Hoje, estas obras en-

contram-se expostas numa capela

lateral da igreja matriz, dedicada ao

Sagrado Coração de Jesus. Este não

é o espaço favorável nem adequa-

do para a conservação e observação

deste excelente núcleo de pintura.

Será desejável num futuro próximo

encontrar soluções que permitam

condições favoráveis para a sua ex-

posição de modo permanente, pos-

sibilitando uma correcta e adequa-

da conservação e leitura das mes-

mas. As pinturas que referenciam a

Vila do Sardoal nos roteiros da cultu-

ra portuguesa são o testemunho da

importância deste lugar nos alvores

da Idade Moderna, e da erudição e

gosto dos mecenas, especialmente

a família dos Almeidas que estavam

afectivamente ligados à Vila, e que

dotaram a vila de obras singulares.

Pe. Francisco Valente

As Tábuas Quinhentistas da Matriz do Sardoal

Page 13: ed JA Abril/10

ABRIL2010

jornaldeabrantes

especial sardoal 13

MARIA JOÃO RICARDO

A Igreja celebra nesta época

o chamado Tríodo Pascal, os

três dias mais importantes do

ano litúrgico cristão. Nos dias

que correm, cada vez mais se-

cularizados, é cada vez menos

claro o signifi cado da Sema-

na Santa. Por isso, fomos ou-

vir o pároco do Sardoal. Qua-

se com dois anos de funções

na freguesia, o padre Carlos

Almeida relembra que “é im-

portante as pessoas percebe-

rem o que realmente é ali ce-

lebrado”.

Na Quinta-Feira Santa, dia

1 de Abril, realiza-se a missa

vespertina da Ceia do Senhor

e a cerimónia do Lava-Pés, na

Igreja Matriz de Sardoal. “Esta

cerimónia simboliza o que

Cristo fez no Cenáculo, com

os discípulos. À noite realiza-

se a procissão do Mandato,

também conhecida como dos

Fogaréus ou do Senhor da Mi-

sericórdia”, explica o pároco.

Mais adiante salienta “este é

um tempo de refl exão.

Terminamos o evangelho na

Quinta-Feira Santa com a ex-

pressão “Amai-vos uns aos ou-

tros como Eu vos amei”, que

está simbolizada na cerimó-

nia do Lava-Pés, e depois faz-

se a procissão. O nome origi-

nal é Procissão do Mandato, e

é isso mesmo que vamos fa-

zer. Vamos para a rua anun-

ciar o que Cristo nos mandou

fazer”.

Na Sexta-Feira Santa não

se realiza missa, é conhecido

como um dia alitúrgico, “mas

os cristãos reúnem-se para ce-

lebrar e fazer memória da Pai-

xão de Cristo”. Neste dia faz-se

a Leitura da Paixão do evan-

gelho de S. João, faz-se a Ado-

ração à Cruz, e uma Oração

especial que se chama Oração

Universal. No fi nal do dia rea-

liza-se a Procissão do Enterro

do Senhor.

O padre Carlos recorda que

o sábado é um dia para medi-

tar. “Nesse dia meditamos na

Morte de Cristo. É conhecido

como um dia de trevas e escu-

ridão, porque se anuncia uma

grande luz, que vem dar senti-

do à nossa vida.

Por isso, às 22h, é celebrada,

na igreja matriz, a grande Vigí-

lia Pascal e a Bênção do Lume

Novo. Acende-se o Sírio Pas-

cal, uma vela grande e gros-

sa, e depois entra-se na Igreja,

ao som de um hino muito an-

tigo”. No Domingo de Páscoa

realiza-se a Procissão da Res-

surreição e termina-se com

uma Eucaristia, na igreja ma-

triz.

O padre Carlos Almeida

manifesta a sua insatisfação

pela falta de devoção nas

cerimónias litúrgicas, refor-

çando que a maioria dos visi-

tantes passa pelo Sardoal nes-

ta altura “pelo aparato, pelo es-

pectáculo exterior e não tanto

por consciência cristã”. Regis-

ta com mágoa que durante o

ano não se vê muitas pessoas

na igreja. As pessoas não par-

ticipam regularmente nos sa-

cramentos, na catequese. “Te-

nho-me confrontado com a

falta de pessoas para organi-

zar um coro ou até um grupo

de leitura.

Reconheço, infelizmente,

que os jovens não participam

na vida religiosa do Sardoal.

As primeiras missas que cele-

brei no Sardoal tinham ape-

nas 20 pessoas, já com algu-

ma idade. Não tem sido fácil

puxar os jovens. Estou aber-

to a trabalhar com eles, mas

nunca ninguém me procurou

com algum tipo de iniciativa

para avançar. Acho que ainda

não existe um ambiente cria-

do onde eles se possam sentir

acolhidos, por isso ainda não

fui mais ao encontro deles”.

Perde-se no tempo esta

tradição, que segundo re-

latos é única em Portugal.

Moradores de várias ruas

da vila, associações, alunos

e professores do Agrupa-

mento de Escolas de Sardo-

al, funcionários da Câmara,

no fundo toda a comuni-

dade sardoalense reúne-se

em pequenos grupos para

enfeitar as várias capelas e

igrejas, sobretudo na Quar-

ta-Feira Santa.

Manuela Grácio e o seu

grupo enfeitam há muitos

anos a Capela de S. Sebas-

tião, que se situa logo no

início da vila. A recolha de

fl ores e verduras é feita por

todos, algumas no campo

mas a maioria em jardins.

Muitas pessoas de outras

freguesias oferecem as fl o-

res dos seus jardins. Quan-

do não conseguimos mui-

tas fl ores, como é o caso

deste ano devido ao inver-

no rigoroso que tivemos, e

se ninguém nos oferecer,

temos que comprar”, ex-

plica Manuela Grácio. Um

valor que é repartido pelo

grupo. Para além de en-

feitarem o chão da Capela

de S. Sebastião este grupo

é também o guardião do

espaço. Fazemos a limpe-

za da Capela, renovamos

jarras e outros acessórios

que estejam danifi cados e

quando são organizadas

excursões vamos abrir as

portas da Capela para os

visitantes. Manuela Grácio

recorda que esta tradição

já vem de pais para fi lhos,

e apesar da própria já não

morar na rua, continua a fa-

zer parte do grupo. Temos

lá uma senhora de 87 anos

que é a mais velha. Mas va-

mos tendo também malta

jovem. Esta tradição das ca-

pelas enfeitadas tem a vir-

tude de activar por dentro

a comunidade local. Como

é fácil de perceber, pessoas

de vários estratos etários e

sociais desenvolvem entre

si laços de comunicação e

pertença que não são ha-

bituais nas funções sociais

comuns e diárias.

PADRE CARLOS ALMEIDA, PÁROCO DO SARDOAL

“´É importante as pessoas perceberem o que é celebrado”

Capelas enfeitadasPaul

o So

usa

Page 14: ed JA Abril/10

ABRIL2010

jornaldeabrantes

14 especial sardoal

As procisões do SardoalMARIA JOÃO RICARDO

Procissão dos Passos do Senhor

A imagem de Cristo Crucifi cado, em

tamanho natural, vergado sob o ma-

deiro, com vestes de cor roxa, é o cen-

tro das atenções desta Procissão, que

percorre as principais ruas da vila. A

Irmandade da Vera Cruz organiza esta

Procissão.

Na Praça da República, junto ao

Pelourinho, é pregado o Sermão do

Encontro, cuja temática incide sobre

a Paixão e a Morte do Senhor. De se-

guida, dá-se o Encontro simbólico da

imagem de Cristo Crucifi cado e da

Sua Santíssima Mãe.

Acompanhadas pela Filarmónica

União Sardoalense, as duas Imagens

e todo o cortejo religioso seguem até

ao Largo do Convento de Sta. Maria da

Caridade, onde é pregado o Sermão

do Calvário. Seguidamente expõe-se

aos fi éis uma imagem de Cristo Cru-

cifi cado, em tamanho natural, que se

encontra num oratório, na parede da

Capela do Senhor dos Remédios, que

normalmente só é aberto durante

este Sermão. A Procissão regressa à

Igreja Matriz onde termina.

Procissão dos RamosNeste dia a Procissão dos Ramos sai

da Capela do Espírito Santo para a

Igreja Matriz, a lembrar a entrada de

Jesus em Jerusalém. Antes da Procis-

são, realiza-se a bênção ritual dos Ra-

mos. A Irmandade do Santíssimo Sa-

cramento, que veste de vermelho,

acompanha a Procissão.

Procissão do Senhor da Misericórdia ou Fogaréus Na noite de Quinta-Feira Santa sai da

Igreja Matriz a Procissão do Senhor da

Misericórdia, do Mandato ou também

conhecida por Procissão dos Foga-

réus, que tem o Sermão do Mandato

na Igreja de Sta. Maria da Caridade.

A Irmandade da Misericórdia, é a

responsável pela organização desta

Procissão, e os seus Irmãos juntam-

se aos fi éis, envergando capas (opas)

negras, e seguem uma ordem pró-

pria recolhida numa edição de 1935

do Jornal de Abrantes. (ver Curiosida-

de). Pelo facto desta procissão se rea-

lizar à noite, e como a iluminação da

via pública é desligada, havendo ape-

nas a luz de archotes, velas, lanternas

e lamparinas, tanto nas janelas, varan-

das e sacadas como na mão dos fi éis

que acompanham o cortejo religio-

so, começou a ser conhecida também

como Procissão dos Fogaréus. Contu-

do o seu nome original é Procissão do

Mandato.

Procissão do Enterro do Senhor

Na Sexta-Feira Santa sai à rua, à noi-

te, a Procissão do Enterro do Senhor,

em que participam as Irmandades da

Vera Cruz e do Santíssimo Sacramen-

to. O percurso é feito pelas ruas velhas

da vila de Sardoal, passa pela Igreja

de Sta. Maria da Caridade e regressa

à Igreja Matriz, onde se realizam as

cerimónias do Enterro do Senhor.

Procissão da RessurreiçãoA Procissão do Domingo de Páscoa

recorda Cristo Ressuscitado. Sai da

Igreja Matriz, acompanhada pela Ir-

mandade do Santíssimo Sacramento,

capas vermelhas, mas com um per-

curso mais curto que o das anterio-

res Procissões. Regressa depois para

a Igreja Matriz. Por onde esta passa,

as ruas são ornamentadas com fl ores

e verduras, e nas janelas são coloca-

das bonitas colchas, de particulares e

também cedidas pela autarquia.

Uma curiosidade

Jornal de Abrantes dita a ordem na procissão No nº 3 do boletim in-

formativo da Câmara Municipal do

Sardoal pode ler-se o seguinte.

De acordo com notícia publicada pelo

“JORNAL DE ABRANTES”, de 7 de Abril

de 1935, a Procissão dos Fogaréus, que

está a cargo da Irmandade da Miseri-

córdia, e é composta da seguinte forma:

“Abre a Procissão um Irmão com o Se-

nhor da Misericórdia. Seguirá o Secretá-

rio da Mesa com vara preta; o Tesourei-

ro com a bandeira e dois Irmãos, um de

cada lado com lanternas; um Mesário

com vara; o primeiro painel com duas

lanternas; um Mesário com uma vara;

o segundo painel com duas lanternas;

o terceiro painel com duas lanternas; o

quarto painel com duas lanternas; a Ir-

mandade da Misericórdia com tochas

acesas; o Padre com o Senhor, indo dos

lados quatro Irmãos com lanternas; o

Provedor com a sua vara, ladeado por

outros elementos ofi ciais. Entre a Ir-

mandade e o Senhor irá o Corpo Eclesi-

ástico”. Esta é uma das funções de um

jornal mais que centenário.

Irmandade da Vera CruzA cargo desta Irmandade es-

tão as Procissões dos Passos do

Senhor e do Enterro do Senhor.

A Irmandade da Vera Cruz exis-

te desde 1870.

A Mesa Administrativa é

composta pelo Reitor e cinco

Irmãos. Todos os elementos

desta Irmandade pagam uma

quota simbólica, cujo valor re-

verte para a Igreja. “A Irman-

dade é organizada pelos su-

periores eclesiásticos. Temos

um compromisso próprio, reli-

gioso, canónico”, salienta José

Curado, o Reitor.

Para angariar dinheiro, orga-

nizam um peditório antes da

Semana Santa, para apoiar a

Igreja e para algumas despesas

da Irmandade, como acessó-

rios e novas capas. “No dia das

Procissões, as nossas capas ou

opas têm cor roxa. Organiza-

mo-nos para saber quem leva

as imagens, as lanternas, as

varas, o guião e organizamos

também os anjinhos, crianças

pequenas vestidas de anjo.

Muitos pais doam os fatos de

anjinhos dos seus fi lhos à nos-

sa Irmandade, para que outras

crianças possam fazer parte da

procissão”.

Irmandade do Santíssimo Sacramento

Data de 1878 o novo com-

promisso da Irmandade

do Santíssimo Sacramento.

Arnaldo Cardoso é o Juiz que

preside a esta Irmandade. Ac-

tualmente tem 64 Irmãos, ho-

mens, mulheres e jovens. To-

dos os anos pagam uma quo-

ta, cujo valor reverte para a

Igreja. Usam capas ou opas

de cor vermelha, e organizam

a Procissão dos Ramos e a Pro-

cissão da Ressurreição. Em co-

laboração com a Irmandade

da Vera Cruz organizam a Pro-

cissão do Enterro do Senhor.

Na Procissão da Ressurreição

dois Irmãos vão a segurar as

borlas do Guião. Vem depois o

cortejo religioso com a popula-

ção, segue-se o estandarte da

Irmandade, os pajens (jovens),

os Irmãos que vestem as capas

vermelhas, outros Irmãos que

levam as varas do Pálio, e as

lanternas que acompanham.

Por último os restantes Irmãos.

Esta Irmandade tem uma par-

ticipação especial na cerimó-

nia do Lava-Pés, na Quinta-Fei-

ra Santa, na Igreja Matriz. Este

é um momento simbólico que

recorda quando Jesus Cristo la-

vou os pés aos Apóstolos. An-

tes da Semana Santa é feito um

peditório na freguesia.

A Irmandade participa nas

festas de Domingo de Ramos,

Quinta-Feira Santa, Sexta-Fei-

ra Santa, Domingo de Páscoa,

Pentecostes, Corpo de Deus

e Imaculada Conceição. Insti-

tuída na Igreja Paroquial de S.

Tiago e S. Mateus, é reconheci-

da pela Diocese de Portalegre

e Castelo Branco. Em Março do

ano passado, o bispo diocesa-

no aprovou o actual compro-

misso.

Irmandade da Misericórdia

A Misericórdia de Sardoal

tem cerca de 400 Irmãos. Por

esta altura organiza a Procissão

do Senhor da Misericórdia ou

Fogaréus. Utentes e funcioná-

rios enfeitam o chão da Capela

do Senhor dos Remédios e da

Igreja de Sta. Maria da Carida-

de, com tapetes de fl ores.

Vestidos de negro, vários Ir-

mãos acompanham o Senhor

da Misericórdia, com as ban-

deiras da instituição e painéis

com cenas da Paixão, em has-

te. À frente vai um lampião

com sete velas a representar

as sete obras da Misericórdia, e

no fi m da Procissão a imagem

do Senhor. Anacleto Batista,

provedor da Santa Casa, relem-

bra que “a Irmandade da Sta.

Casa da Misericórdia de Sardo-

al existe desde 1509. Antes era

conhecida como Confraria de

Sta. Maria da Caridade. Somos

uma Irmandade constituída

no âmbito da génese das Mise-

ricórdias”. A Sta. Casa de Sardo-

al espera a aprovação da Ad-

ministração Regional de Saú-

de para a construção de uma

Unidade de Cuidados Continu-

ados Integrados, uma valência

“cada vez mais necessária para

dar resposta a muitas situa-

ções que temos. O nosso espa-

ço está muito limitado e a lista

de espera é grande”. Para o fu-

turo, fala de um sonho. “Que-

remos fazer um Centro de Dia

anexo a uma propriedade da

Misericórdia, quando se vai de

Sardoal para Venda Nova. Em-

bora seja um sonho, não de-

sistimos de alcançá-lo”. Actual-

mente a Sta. Casa de Sardoal

tem uma valência de Lar, com

44 utentes e um Centro de

Dia que apoia 48 utentes. No

apoio domiciliário contam-se

66 utentes e em residências as-

sistidas são 36.

As irmandadesPaul

o So

usa

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ABRIL2010

jornaldeabrantes

especial sardoal 15

MARIA JOÃO RICARDO

De todos os lugares que Sardoal tem, o Vale do Ca-bril possui um misto de na-tureza no seu estado mais puro, de calma e de sereni-dade. Várias espécies fazem daquele local o seu habitat, misturando-se na densa ve-getação, nos salgueiros e nos amieiros.

O Vale do Cabril é verde,

perfumado, tem águas crista-

linas, convida à refl exão, con-

templação, com um sentido

de espiritualidade que não

se constrói, apenas existe.

O Vale do Cabril estende-

se desde a Rosa Mana, na al-

deia da Presa, até à Barragem

da Lapa, na aldeia de Entre-

vinhas. O nome Rosa Mana

vem de outros tempos. O ter-

reno pertencia a uma famí-

lia que tinha duas irmãs – a

Rosa e a Maria Rosa. Ao lon-

go dos tempos a população,

para identifi car o espaço di-

zia “aquele terreno da rosa e

da mana”. Daí extrapolou o

nome para “Rosa Mana”. Aqui

encontra-se uma praia fl uvial

e um espaço de lazer, ao ar li-

vre, para miúdos e graúdos.

Possui uma ribeira que atra-

vessa o terreno em toda a

sua extensão e onde outrora

existiam várias azenhas. Ago-

ra estão desactivadas, mas

permanecem ainda como

marca da história daque-

la zona. Mais à frente a Bar-

ragem da Lapa. Sem dúvida

um fi m-de-semana diferen-

te, sempre em contacto com

a natureza. Para lá chegar é

muito fácil. Saindo da vila de

Sardoal, passa-se por Alcara-

vela, depois Presa e chega-se

até Rosa Mana. Depois é fa-

zer o percurso a pé, em con-

tacto com a natureza até às

azenhas, descobrindo a bele-

za daquele local, terminando

na Barragem da Lapa. Este

percurso fará no futuro par-

te da Rota do Pão, um projec-

to que a autarquia de Sardoal

pretende recuperar.

Rosa Mana e Barragem da

Lapa, são dois dos muitos lo-

cais a visitar no concelho, e

que representam uma mais-

valia de rentabilização eco-

nómica e cultural para o Sar-

doal.

O programa da Semana SantaPrograma ReligiosoDomingo, 28 de março15h - Procissão dos Ramos, Celebração da Eucaristia.

Quinta-Feira Santa, 1 de abril19h - Missa Vespertina da Ceia do Senhor (Igreja Matriz), Ceri-

mónia do Lava-Pés e Trasladação, Adoração com a participa-

ção dos Irmãos da Irmandade do Santíssimo Sacramento.

21h30 - Procissão do Senhor da Misericórdia (ou Fogaréus),

Sermão do Mandato (a cargo da Irmandade da Sta. Casa da

Misericórdia, na Igreja do Convento). Esta Procissão é feita à

luz de velas, archotes e candeeiros, com a electricidade da

rede pública desligada.

Sexta-Feira Santa, 2 de abril17h - Celebração da Paixão do Senhor, Adoração da Cruz.

18h30 - Procissão do Enterro do Senhor, Sermão da Soledade

(Enterro), a cargo da Irmandade da Vera Cruz e do Santíssimo

Sacramento.

Sábado Santo, 3 de abril22h - Vigília Pascal, Bênção do Lume Novo, Bênção da Água,

Renovação das Promessas do Baptismo e Ressurreição do Se-

nhor.

Domingo de Páscoa, 4 de abril15h - Procissão da Ressurreição do Senhor, Missa Pascal.

Programa ComplementarAté 15 de Maio - Centro Cultural Gil Vicente - Exposição de

Arte Sacra Sta. Casa da Misericórdia de Sardoal - 500 anos de

Arte - com peças de enorme valia e raridade do acervo da Sta.

Casa de Sardoal

Horário na Semana Santa: 28 março - das 15 às 18h; 1 de abril

- das 15h às 21h30; 2 de abril – das 15h às 20h; 4 e 5 de abril -

das 15h às 18h. Horário normal: terça a sexta-feira das 16h às

18h; sábados das 15h às 18h; encerra aos domingos, segun-

das-feiras e feriados.

Dia 2 de abril – 9h00 - 4º Passeio Pedestre - Património de

Fé.

Dia 4 de abril - 17h - Centro Cultural Gil Vicente - Recital de

piano a quatro mãos - entrada livre.

Dias 21 e 28 de março e 1, 2, 3 e 4 de abril - Quiosque com

venda de amêndoas - Espaço de entrada da Casa Grande.

VALE DO CABRIL

A natureza no estado puro

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jornaldeabrantes

16 especial sardoal

Para divulgar as Solenidades da Quaresma, Semana Santa e Páscoa no concelho, foi editada pela Jun-ta de Freguesia do Sardoal uma co-lecção de oito calendários de bolso para 2010.

As fotos mostram imagens ou

símbolos que enfeitam os chãos

das igrejas da Misericórdia e do

Convento de Sta. Maria da Carida-

de e das capelas de S. Sebastião,

Senhor dos Remédios, Sant’ Ana,

Santa Catarina, Nossa Senhora do

Carmo e Espírito Santo. As fotos

são da autoria do fotógrafo sardoa-

lense Paulo Sousa. De Quinta-feira

Santa até Domingo de Páscoa, es-

tão abertas ao público as capelas

e igrejas, que se encontram enfei-

tadas, no chão, com tapetes à base

de pétalas de fl ores e verduras na-

turais. Esta original tradição, que se

pensa ser única no país, é efectua-

da por grupos de moradores, alu-

nos e professores do agrupamento

de Escolas e entidades associativas,

na noite de Quarta-feira. Este ano, a

Festa do Espírito Santo ou do Bodo,

a 23 de Maio, encerra este ciclo da

liturgia cristã. Os interessados em

adquirira esta colecção de calen-

dários devem contactar 241 855

169 ou o e-mail: j.freguesia.sardo-

[email protected]

Igrejas e capelas do SardoalCOLECÇÃO DE CALENDÁRIOS

• Capela Santa Catarina

• Capela do Espírito Santo • Capela de Nossa Senhora do Carmo • Capela de São Sebastião • Capela de Sant’ Ana

• Capela Senhor dos Remédios • Convento Santa Maria da Caridade • Igreja da Misericórdia

Fotos: Paulo Sousa

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jornaldeabrantes

17

As Festas de Constância souberam juntar um fundo religioso que vem da tradição e uma parte profana que tem sido cultivada com cuidado e rigor. Os resultados impõem-se tanto na região como nos forasteiros que atrai de todo o país. A bênção dos barcos é um dos momentos principais.

Constância celebra Festas de Nossa Senhora da Boa Viagem

especial

constância

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jornaldeabrantes

18 especial constância

Entrou na Câmara como presiden-te em Outubro passado. Vindo não da política, mas do ensino e da ci-ência. Mostra-se atento e cautelo-so, mas fi rme a seguir em frente. Habituado a olhar as estrelas, ma-tem-se atento ao lugar onde colo-ca os pés.

Como foi a entrada na Câmara?Com alguma expectativa, embo-

ra também com alguma preocu-

pação. A única certeza é que vinha

com vontade de trabalhar. Quanto

ao que havia para fazer, não trazia

preocupações de inovar, mas de

aproveitar o andamento do com-

boio, que era bom e seguro. Foi

preciso começar por perceber o

funcionamento da Câmara naqui-

lo que ainda não conhecia e os me-

andros da ligação com as outras câ-

maras e com o poder central. Tem

sido interessante.

Quer dar continuidade, portan-to. Mas um homem novo traz um olhar novo, não?

Não diria um olhar novo. Posso é

contar com alguns problemas re-

solvidos que me permitem agora

olhar para outro lado. Quase não

preciso de me preocupar com sa-

neamento básico, com estradas...

No presente mandato e no próxi-

mo, partindo do princípio de que

não fi carei apenas quatro anos,

gostava de ver resolvidos alguns

aspectos do património, sobretu-

do na zona histórica. Custa muito

dinheiro, mas estamos a defi nir es-

tratégias para ir buscá-lo. Ao nível

do turismo, apostamos não apenas

em trazer pessoas cá, mas em fa-

zer participar as populações locais

como actores, o que tem também

uma importância social muito sig-

nifi cativa.

Estas Festas são uma grande aposta do Município, uma apos-ta que vem de trás.

É a maior aposta de mobilização

das pessoas, quer do concelho,

quer de fora. E são já uma imagem

de marca. São uma recuperação fei-

ta pelo presidente António Mendes

e a sua equipa, que resultou muito

bem, de pegar na tradição de uma

festa religiosa, incentivá-la a que se

tornasse mais viva e associar-lhe a

outra parte civil, ou pagã. Para além

de trazer turistas a Constância, é a

grande ocasião em que as pessoas

e as colectividades do concelho se

envolvem num projecto comum.

Desse modo, as pessoas convivem

entre si para a realização do seu

projecto e, além disso, conseguem

obter alguma receita que lhes per-

mite enfrentar as suas difi culdades.

Tem, portanto, diversas componen-

tes, umas mais viradas para o exte-

rior, como a bênção dos barcos, ou-

tras mais viradas para a população

local. São um marco que queremos

preservar.

Há alguma componente nova que deva ser testada nas Festas?

Para estas primeiras nem teria

havido tempo. Para as próximas,

não queremos mexer muito, mas,

já com um primeiro sinal este ano,

vamos tentar agilizar as estrutu-

ras. Agora são meses de trabalho

dos funcionários da Câmara, a co-

locar postes e palcos, a decorar as

ruas e depois a tirar tudo. Por vezes

com algum prejuízo estético para

o centro histórico. Vamos procurar,

na medida em que nos seja possí-

vel do ponto de vista fi nanceiro, fa-

zer alguma coisa que agilize o pro-

cesso e não colida com a estética

do local. Para lá disso não se justi-

fi ca mexer na estrutura da Festa. E

queremos manter também as Po-

monas Camonianas, por altura do

10 de Junho, esta mais com um ca-

rácter cultural.

Quais são os próximos grandes desafi os do concelho de Cons-tância naquilo que depende do concelho?

Os concelhos em geral e os mais

pequenos em particular dependem

muito do que vem de fora. Com o

orçamento corrente da Câmara,

chegamos ao fi m do ano com me-

nos de meio milhão de euros para

investimento, que não chega para

nada. Mas no que depende de nós,

mantendo o nível da despesa, va-

mos procurar fazer alguma recupe-

ração do património, não só mate-

rial mas também imaterial, do que

as pessoas sabem contar do que

foi a sua vida, os usos e costumes,

as tradições, e o testemunhos das

mudanças que foram acontecen-

do ao longos das várias décadas,

para melhor percebermos a nos-

sa intervenção hoje. Podemos ani-

mar o associativismo, procurar que

os equipamentos que temos sejam

mais e melhor fruídos pelas pesso-

as que cá vivem. Queremos imple-

mentar alguns encontros simples,

como percursos de bicicleta ou an-

dar a pé ao domingo de manhã, ou

tratar uma horta comunitária. Pre-

servar o artesanato que tende a

perder-se. São iniciativas que não

exigem grandes investimentos. No

fundo, é pôr os quatro mil habitan-

tes a viver mais em conjunto, sobre-

tudo em iniciativas próprias.

A economia concelhia está muito assente em dois pilares, a Caima e a Tuperware. Há perspectivas de diversifi cação?

Uma autarquia, sobretudo de um

concelho pequeno, não pode fazer

muito. Isso depende sempre dos in-

vestidores. Neste momento de cri-

se, para nós já é muito bom poder-

mos pensar que tanto uma como a

outra vão resistir à crise. Depois, a

própria Caima está a procurar essa

diversifi cação, quer através da bio-

massa, que do projecto de uma mi-

ni-hídrica no Zêzere, que, embora

não crie postes de trabalho, cria ri-

queza e consolida a empresa. Não

podemos fazer muito mais. Gosta-

ríamos de ter na população mais

jovens, com capacidade de inicia-

tiva para a criação de pequenas in-

dústrias, ou na prestação de servi-

MÁXIMO FERREIRA, PRESIDENTE DA CÂMARA DE CONSTÂNCIA

“Fazer recuperação do património e pôr as pessoas a viver em conjunto”

Page 19: ed JA Abril/10

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jornaldeabrantes

especial constância 19

A ponte e o açude são feridas em aberto?

Sobretudo a ponte. A nossa po-

pulação sente-se, de facto, ferida.

Não ferida de inveja, por a pon-

te ser ali ou além. Ferida por não

ter uma ponte, por não ter um

meio digno e segurode ligar as

duas margens. Lembro que te-

mos uma ponte em vistas de ser

classifi cada pelo Instituto de Es-

tradas de Portugal como “em pré-

ruína”, o último dos graus depois

do “muito mau” que é o grau qua-

tro. Temos, portanto, uma ponte

que é reconhecida pelo menos

por uma entidade ofi cial que está

nesse estado, o que signifi ca que

não há grande segurança na pas-

sagem. E foi já por isso que, em

2001, quando foi feita a avaliação

de grau três, houve a decisão de

interditar a passagem de pesa-

dos na ponte, o que signifi cava já

a consciência da falta de seguran-

ça. Temos agora a utilização por

ligeiros, mas em modo alterna-

do, e com um número crescente

de utilizadores, perto de quatro

mil por dia. Isto signifi ca um con-

junto de constrangimentos mui-

to penalizadores para as pesso-

as, para as indústrias e até para o

Campo Militar de Santa Margari-

da. Por exemplo, por falta de pon-

te, alguns fornecedores deixaram

de trazer madeira para a Caima e

passaram a levá-la para a Figuei-

ra, portanto com prejuízos para

a empresa e para a nossa econo-

mia. Sabemos que da parte do

poder central a nova ponte está

por agora posta de parte e a re-

cuperação da ponte actual está

adiada, mesmo nesta situação

altamente defi citária de trânsito

alternado. Temos, portanto, que

continuar a insistir.

ços. Podemos incentivar, mas não

mais que isso. Queremos é envol-

ver as pessoas em iniciativas que,

embora não lhes dêem o pão para

a boa, as mantenham com ânimo e

capacidade de resistir sem fi carem

de braços cruzados e até a procura-

rem mais formação para aproveitar

melhor a saída da crise.

Como é a relação com as outras autarquias, as mais próximas e ao nível do Médio Tejo?

Quem entra de novo tem que ir

dando passos com algum cuidado.

Sobretudo para não estragar o que

estava feito. E depois, se possível,

aprender a dar passos mais largos.

A nossa integração na Comunidade

Intermunicipal tem sido boa. Exis-

tem projectos comuns com con-

celhos vizinhos, por exemplo com

Abrantes, em virtude de uma rela-

ção que vem já do G.A.T. Mas tam-

bém no âmbito do Parque Almou-

rol, ou num projecto de ligação

aos rios. Quanto a passos mais ex-

ternos, somos comedidos. Mesmo

assim, temos em perspectiva, por

exemplo, uma geminação com o

município do Tarrafal de S. Nicolau,

em Cabo Verde, o que faz com que

os dois municípios aqui vizinhos fi -

quem geminados com dois muni-

cípios vizinhos lá.

O Centro de Ciência Viva está bem entregue?

Continua muito bem entregue. O

presidente da Câmara é também

presidente do Centro Ciência Viva.

(risos) De resto, quando começou

a desenhar-se a hipótese de eu vir

para a Câmara, tive o cuidado de

preparar a equipa, de modo que o

Centro Ciência Viva já pode funcio-

nar muito bem sem mim, embora

eu continue a dar todo meu apoio.

Além disso, transformámos o

Centro numa associação, o que era

um imperativo para estar a par com

os outros Centros, e isso agilizou o

seu funcionamento e abriu novas

possibilidades de fi nanciamento.

Por exemplo, a Agência Nacional

passou a poder fi nanciar despesas

de funcionamento, o que até en-

tão não podia. E com esta liberda-

de burocrática estamos muito mais

integrados com os outros Centros.

Além disso, um novo fi nanciamen-

to vai permitir-nos passar de um

para dois planetários. São apenas

três meses de autonomia, mas nos

quais já obtivemos resultados mui-

to positivos, para o Centro e para a

Câmara.

E o pavilhão multiusos?Muito provavelmente entrará em

obra já este ano. O fi nanciamen-

to está garantido pelo QREN, com

a particularidade de a Agência Na-

cional poder agora, com o novo es-

tatuto de associação, assumir parte

da componente nacional que, sem

isso teria de ser assumida pela Câ-

mara, o que já estava, aliás, apro-

vado pelo Executivo anterior. Mais

uma vez, a Câmara fi cou a ganhar.

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ABRIL2010

jornaldeabrantes

20 especial constância

Júlia Amorim é a verea-dora que vem do Executivo anterior e faz a ligação. Tem, entre outros, o pelouro da educação. Qual o estado da educação no concelho?

As instituições responsáveis

pela educação no concelho

têm feito um grande esfor-

ço para que se alcancem re-

sultados ao nível do sucesso

educativo dos alunos. Suces-

so não apenas ao nível dos

resultados escolares em sen-

tido restrito, mas também

quanto aos seus percursos

educativos. Diferentes alunos,

mas todos sem excepção, têm

que ter diferentes oportuni-

dades para poderem formar-

se de acordo com as suas ap-

tidões cognitivas e das suas

formas de estar na vida. E falo

tanto das escolas ou do Agru-

pamento de Escolas, como da

autarquia, das empresas e das

associações que também têm

aqui um papel muito impor-

tante, embora nem sempre

se apercebam de que o estão

a fazer.

O parque escolar e as ou-tras infraestruturas educa-tivas estão consolidadas?

Temos sempre preocupa-

ções. O nosso parque escolar,

ao nível do jardim de infância

e do primeiro ciclo, está con-

servado de modo a respon-

der às necessidades, mas não

está estruturalmente ade-

quado. Por exemplo na edu-

cação físico-motora, nas acti-

vidades de enriquecimento

curricular, enfi m, na respos-

ta à nova fi losofi a da escola

a tempo inteiro e à compo-

nente de apoio à família, que

é também importante. Nesse

sentido não responde às no-

vas exigências que hoje se co-

locam. Há portanto obra a fa-

zer. A nossa Carta Educativa

apontou para a criação de

três centros educativos, um

em cada freguesia. A Direcção

Regional queria menos cen-

tros educativos, mas foi nos-

so entendimento que, em-

bora possa parecer um pou-

co excessivo em termos de

aproveitamento de recursos,

o nosso território exige um

em cada freguesia. O de Cons-

tância vai ser feito ao lado da

sede do Agrupamento apro-

veitando os recursos já aí ins-

talados, por exemplo a cozi-

nha e o refeitório, que podem

ser comuns. O centro escolar

de Santa Margarida está em

construção e prevê-se entrar

em funcionamento no início

ano lectivo de 2011-12. O de

Constância deve iniciar-se já

em Outubro. E o de Montalvo

está um pouco mais atrasado

por problemas com a proprie-

dade do terreno, mas estão ul-

trapassados e pensamos ini-

ciar a obra pelo menos no iní-

cio do próximo ano civil.

O Conselho Municipal da Educação de Constância foi

um dos pioneiros na região, já lá vão muitos anos. Conti-nua a funcionar bem depois das alterações legislativas?

(risos) Eu já nem me lembra-

va de que tínhamos sido pio-

neiros, com o Conselho Local

de Educação, criado creio que

em 95.

O grande objectivo era colo-

car os professores a trabalhar

em conjunto, planear as acti-

vidades com antecedência e

tentar cruzá-las com as activi-

dades da autarquia e das ou-

tras entidades da comunida-

de educativa. Foi muito im-

portante, permitiu às pessoas

aprender a trabalhar em con-

junto, a fazer cedências mútu-

as, a rentabilizar recursos ma-

teriais, humanos e fi nanceiros.

O facto de se terem organiza-

do actividades em conjunto

permitiu fazer uma articula-

ção entre professores sobre-

tudo do primeiro ciclo e dos

seguintes. Por isso, quando

se colocou o problema dos

agrupamentos de escolas, em

Constância foi natural e unâ-

nime que fosse um agrupa-

mento vertical e fez-se sem

problemas. Com a nova legis-

lação, piorou. Porque tem um

papel muito consultivo, de

emissão de pareceres, e por-

que os principais actores do

processo não estão presen-

tes de direito mas são apenas

convidados e digamos que

não se sentem ali por inteiro.

Ou seja, os professores estão

representados, mas as escolas

não estão, e só uma Junta de

Freguesia.

As outras e o Agrupamen-

to de Escolas são convidados

a participar mas não têm di-

reito de voto, não é a mesma

coisa. Além disso, surgiu todo

um conjunto de comissões

- RSI, Acção Social, Seguran-

ça, CPCJ, etc. – e há vários par-

ceiros que fazem parte de to-

das elas. Em resumo, hoje não

é um órgão que nos satisfaça

em termos de funcionamen-

to.

A resposta em termos de necessidades educativas es-peciais é satisfatória?

A que é dada através do

CRIA e dos congéneres de En-

troncamento e Torres Novas é

boa. Já ao nível das nossas es-

colas, sentimos que há falta

de quadros técnicos qualifi ca-

dos que possam apoiar esses

alunos e mesmo os pais. Há

uma parceria entre o Agrupa-

mento e o CRIA, que dá algum

apoio, mas não é sufi ciente.

No capítulo dos adultos, há a iniciativa recente da Universidade Sénior.

Funciona na freguesia de

Santa Margarida e surgiu na

sequência de um programa

de luta contra a pobreza. Faz o

seu trabalho e, ao seu nível, dá

uma boa resposta.

Se lhe saísse a “sorte gran-de”, que faria com ela?

(risos) Contratava uma equi-

pa técnica para trabalhar com

a nossa comunidade local,

com as forças vivas do con-

celho, e elaborar um projecto

educativo concelhio. Não “do

Agrupamento de Escolas”, mas

“concelhio”. Por exemplo, para

que as nossas associações pu-

dessem perceber melhor o

importante papel educativo

que têm e o assumissem me-

lhor. Depois, investia no apoio

e acompanhamento directo

de famílias em que vemos al-

guma falta de competências

sociais. Gostava de criar rique-

za, para que as pessoas pu-

dessem viver melhor, mas não

lhes dava o dinheiro em sub-

sídios, fomentava o empreen-

dedorismo…

VEREADORA JÚLIA AMORIM

Se pudesse, investia num projecto educativo concelhio e no apoio directo às famílias

GEOLOGIA, BORBOLETAS E ÁGUA PARA APRENDER NO JARDIM ÁRABE

Parque Ambiental de Santa Margarida“Novos equipamentos relacio-

nados com a geologia e um bor-

boletário tropical” são alguns dos

próximos projectos do Parque

Ambiental de Santa Margarida, se-

gundo Tiago Lopes, o responsá-

vel por este equipamento da au-

tarquia. “Sempre com uma função

turística e outra pedagógica”, su-

blinha. E para valorizar o elemen-

to água, vamos alterar um pou-

co a entrada sul e criar um jardim

árabe.” É assim, a vida também ali

não pára. Março é o Mês do Am-

biente. Mas no Parque Ambiental

de Santa Margarida, o ambien-

te é vedeta e projecto todo o ano.

Inaugurado em 2002, portanto

quase a fazer oito anos, dedica-

do ao lazer, depressa se percebeu

as potencialidades didácticas que

oferecia. Hoje é visitado por cerca

de 30.000 pessoas por ano. Sobre-

tudo escolas, mas também famí-

lias. Ao longo dos anos, segundo

Tiago Lopes, engenheiro de recur-

sos naturais, tem havido um “con-

tinuado esforço de equipamento

que permita melhorar a função di-

dáctica do Parque e fazer uma dife-

renciação dos outros parques exis-

tentes na região”. O Parque tanto é

utilizado por iniciativa das pesso-

as ou grupos, como há actividades

programadas para as quais as pes-

soas e os grupos são convidados a

aderir. No ano passado, por exem-

plo, “tivemos 8.001 pessoas a fazer

actividades connosco, o que é bas-

tante bom.” No plano anual con-

tam-se actividades para celebrar

o Dia Mundial da Floresta e o Dia

da Água, os percursos pedestres,

mensais, a Feira da Primavera, em

Maio, os Aromas e Sabores da Na-

tureza, em Novembro. São “alguns

exemplos daquilo com que as pes-

soas já contam”.

A embrulhar tudo isto, a calma e

a tranquilidade convidam à pau-

sa e á contemplação. Um remédio

para o corpo e para a alma.

Page 21: ed JA Abril/10

ABRIL2010

jornaldeabrantes

Manuela Arsénio estreia-se como vereadora no actu-al executivo. Tem, entre ou-tros, o pelouro do Turismo. Qual a situação do concelho em termos de turismo?

O que, de momento nos

faz mais falta, é um projecto

de desenvolvimento turísti-

co sedimentado e com linhas

orientadoras bem delineadas.

É claro que tudo o que faze-

mos tem uma boa intenção,

mas precisa de ser enquadra-

do. O turismo no concelho as-

senta em alguns pilares fun-

damentais: a natureza, os rios.

a ciência. Temos que investir

mais em “Constância, vila po-

ema”. Sente-se ainda pouco a

poesia na sede do concelho.

Há projectos que conheço

que gostaria de adaptar aqui.

É preciso explorar a activida-

de “marítima”, o transporte

fl uvial, a pesca e a construção

naval, por exemplo, já presen-

tes no Museus dos Rios. Bem

como o património imaterial

ligado às formas de vida das

pessoas. São potencialidades

que há a explorar.

Podemos ainda explorar li-

gações entre as festas de Nos-

sa Senhora da Boa Viagem

com outros concelhos ou re-

giões com a mesma devoção.

Quanto ao turismo cien-

tífi co, o Centro Ciência Viva

e o Parque Ambiental tra-

zem cerca de 30.000 pessoas

por ano ao concelho, tantas

como o Museu de Etnologia

em Lisboa. Somos um conce-

lho pequenino, mas estamos

num lugar central onde as

acessibilidades trazem muita

gente, muitas escolas.

É fácil fazer descer à vila de Constância as pessoas que vêm ao Centro Ciência Viva e ao Parque Ambiental?

Algumas das visitas de estu-

do já vêm à vila e fazem per-

cursos por pontos essenciais.

Aliás, quando nos pedem

uma visita, nós procuramos

sugerir outros motivos de in-

teresse. Parte da nossa activi-

dade de restauração benefi -

cia já deste turismo.

Há, no entanto, um aspecto

que se começa a notar. Algu-

mas visitas de estudo estão a

ser desmarcadas em cima da

hora, por os professores não

terem alunos sufi cientes que

justifi quem, em termos de

custos, a deslocação. São os

efeitos da crise.

Camões tem sido uma aposta com frutos. Tem ain-da mais futuro?

Camões e Alexandre O’Neil

são duas apostas a fazerem

parte do referido projecto de

desenvolvimento turístico. Eu

gostaria de passar em cada re-

canto da vila e poder respirar

um pouco da poesia de cada

um deles. Por exemplo, pe-

quenos apontamentos de po-

esia retratados nas nossas pa-

redes, nos nossos recantos…

Há articulação com os con-celhos vizinhos, ou o Médio Tejo, por exemplo?

Para já, o que temos a nascer

a esse nível é na temática dos

rios. Por exemplo, no âmbito

do Parque Almourol.

Uma das componentes do produto turístico também é

o património edifi cado.Temos, por exemplo, o pro-

jecto de “devolver o Museu

dos Rios aos rios”, trazê-lo para

a parte baixa da vila. Para isso,

pretendemos requalifi car al-

gumas casas contíguas ao Jar-

dim Horto, o que poderia in-

cluir o posto de turismo e um

espaço polivalente. Mais am-

bicioso ainda é o caso das ha-

bitações degradadas do cen-

tro histórico.

São de propriedade privada,

mas poderiam ser recupera-

das por exemplo para efeitos

de turismo. Porque um dos

nossos grandes problemas

é a falta de alojamento para

turistas. Não temos resposta

para um autocarro cheio. E a

albergaria João Chagas está

precisa de uma boa interven-

ção. Há, portanto, muito para

fazer.

especial constância 21

Em 1212 foi nascia a Or-

dem das Irmãs Pobres, hoje

Clarissas, fundada por Cla-

ra de Assis, admiradora de

Francisco de Assis. Em 1980,

a 5 de Outubro, nascia o

Convento das Clarissas de

Montalvo, a pedido do bis-

po da diocese, D. Augusto

César. Vieram nove irmãs do

convento de Louriçal, Pom-

bal, e uma do convento de

Vila das Aves, Santo Tirso.

Ainda se instalaram em Me-

delim, mas o local não ofe-

recia condições. D. Maria

de Serpa Pimentel Themu-

do ofereceu então uma sua

casa solarenga do séc. XVIII

em Montalvo para o Con-

vento de Clarissas “até que

as irmãs ali queiram e pos-

sam habitar”. E ali se encon-

tram, até hoje, em regime de

clausura, isto é, de isolamen-

to fi rme do mundo, mas por

vontade própria. No presen-

te são dez as freiras do con-

vento de Montalvo.

Como a capela da casa, fa-

miliar, era pequena para tan-

tas irmãs e para o povo local

que queria participar na eu-

caristia, as irmãs empreen-

deram a construção de nova

capela, que foi inaugurada a

2 de Junho de 1990. Na mes-

ma ocasião apresentaram

também um novo claus-

tro com quartos individu-

ais, mais adequados às suas

necessidades de clausura.

Desde então, reconstruíram

todo o edifício e a capela pri-

mitiva da propriedade.

Num dia normal, a vida das

clarissas está estruturado

por regras muito defi nidas,

que criam um ritmo muito

próprio. “Procuramos equili-

brá-lo com oração, trabalho,

estudo e lazer”, explica-nos a

Irmã Maria. “Levantamo-nos

às seis da manhã e temos

logo hora e meia de oração.

Depois do pequeno almo-

ço temos trabalho até ao al-

moço. Ao meio dia a comu-

nidade vai novamente à ca-

pela para oração. Depois do

almoço temos um tempo

de estudo.” ESTUDO. Vamos

novamente rezar às quinze

horas e segue-se um tempo

de trabalho Das dezassete

e trinta às dezanove e trin-

ta temos novamente oração

na capela e à noite temos o

tempo de convívio. Entre-

tanto, enquanto umas irmãs

trabalham, outras rezam,

porque nós, as clarissas por-

tuguesas, temos a adoração

perpétua do Santíssimo Sa-

cramento exposto.” O tem-

po de trabalho é dedicado

ao que podemos chamar de

lida doméstica, desde a lim-

peza e a cozinha até ao cui-

dado da roupa, mas tam-

bém ao trabalho para o seu

sustento, sobretudo a con-

fecção de doces, por enco-

menda para cafés e paste-

larias, e algum, mas pouco,

trabalho para igrejas. Duran-

te anos, fi zeram bordados

e trabalhos similares para

fora, mas acabaram por op-

tar pela doçaria. Foi sobre-

tudo com os recursos desse

trabalho que conseguiram

restaurar e ampliar o edifi co

do convento. E “com a aju-

da de muitas pessoas que

nos ajudam, não tanto com

donativos, mas comprando

os nossos doces. Quando

andávamos em obras, havia

duas senhoras que iam ven-

der doces à saída das mis-

sas e as pessoas compravam

porque sabiam que era para

nos ajudar. Actualmente só

confeccionamos doces por

encomenda.”

Os conventos das claris-

sas são independentes. Em

Portugal são doze. Seguem

uma regra comum, mas

subsistem por si. Depois do

Vaticano II, foram estimula-

dos a formar uma federação,

que não elimina a indepen-

dência mas promove a coo-

peração.

Um projecto de desenvolvimento turístico é uma das prioridades

VEREADORA MANUELA ARSÉNIO

Convento das Clarissas faz

30 anos em Outubro

A Associação Filarmónica

Montalvense 24 de Janeiro

foi fundada a 5 de Novembro

de 1986. Nesse ano adqui-

riu os seus primeiros instru-

mentos musicais e realizou

a sua primeira apresentação

no dia 13 de Junho. A asso-

ciação tem como objectivo

a divulgação, valorização e o

enriquecimento da arte mu-

sical com especial incidência

na música fi larmónica, além

de pretender divulgar cul-

turalmente e musicalmen-

te o meio onde se encontra

inserida. Actualmente a sua

banda de música é compos-

ta por trinta e cinco músicos,

dirigidos deste Outubro 2001

pelo maestro José Miguel Vi-

tória Rodrigues.

A Escola de Música da As-

sociação Filarmónica Montal-

vense 24 de Janeiro propor-

ciona de modo regular aulas

de instrumento, música de

câmara e formação musical, a

um universo de sessenta alu-

nos. Para a sua Escola de Mú-

sica conta actualmente com

quatro professores, sendo

estes coadjuvados por uma

equipa de oito monitores.

Além do funcionamento re-

gular, a Escola de Música de-

senvolve ainda os seguintes

projectos: “Ofi cina da Músi-

ca”; “Olimpíadas do Solfejo”;

“Estágio Musical de Verão –

orquestra de sopros”; “Ban-

da infantil”; “Coro Juvenil”; e

mais recentemente, em regi-

me de articulação com o fun-

cionamento das Actividades

de Enriquecimento Curricular

no 1 CEB, o projecto: “Músi-

kos Philarmónikos”.

Com toda esta actividade

continuada, a Associação Fi-

larmónica Montalvense 24

de Janeiro é hoje um dos

mais importantes centros

de produção e divulgação

da música fi larmónica desta

nossa região.

A associação Filarmónica de Montalvo

Page 22: ed JA Abril/10

ABRIL2010

jornaldeabrantes

No meu tempo de moça nova, na Festa só existia a procissão de Nossa Senhora da Boa Viagem, na segunda-feira de Páscoa. Resumia-se à missa solene e à procissão, onde havia a bênção dos bar-cos.

Havia aqui um senhor,

Bartolomeu Pereira, que dei-

tava muito fogo, tinha barcos

e trazia-os. Depois faleceu-lhe

um neto e ele perdeu a alegria

e deixou de fazer isso. Para a

procissão vinha muita gente

aqui dos arredores. Era uma

procissão simples, mas muito

piedosa, de que nós gostáva-

mos muito, estávamos sem-

pre ansiosas por aquele dia.

Tínhamos muita fé, e as pes-

soas das redondezas também

tinham essa fé.

Havia uma missa de manhã,

para as pessoas poderem co-

mungar mais cedo, porque

nesse tempo para se comun-

gar era preciso estar em jejum

desde a meia-noite.

A missa da festa era sempre

às quatro horas e a seguir saía

a procissão. Nesse tempo ain-

da não havia feriados. Os ma-

rítimos andavam na sua acti-

vidade, mas vinham sempre

passar a Páscoa a casa, e eles

é que sem encarregavam de

fazer a festa, de um ano para

o outro já fi cavam os festei-

ros organizados e eles vinham

com antecedência. Por isso

nesse dia não se trabalhava.

E na terça-feira também nin-

guém trabalhava, era a “terça-

feira de praia”, ia tudo para o

Tejo, aqui em Constância, co-

mer sável e saboga e passar

um dia de pic-nic.

Antes da Festa, havia a Se-

mana Santa e havia celebra-

ções. Na quarta-feira de trevas

era o dia das confi ssões. Na

quinta-feira santa havia mis-

sa às quatro horas, que era o

dia da Ceia do Senhor. Na sex-

ta-feira santa não havia missa

e não tocavam os sinos, era só

a adoração da cruz. Mais tar-

de, quando os meus fi lhos ti-

nham uns 15 ou 16 anos, co-

meçou a haver na sexta-feira a

procissão do Senhor dos Pas-

sos, que vinha da igreja da Mi-

sericórdia, dava a volta à terra

e voltava à mesma igreja. No

sábado, era a vigília pascal, à

noite, por volta das 10 horas,

com a bênção do lume novo

e da água. No domingo, era a

missa da Páscoa, da ressurrei-

ção e não havia mais nada.

No tempo da avó Leopoldina

A minha avó Leopoldina

nasceu em 1884 e ela e as pri-

mas falavam muito desta fes-

ta no fi m do século e princí-

pios do século XX.

Faziam as festas da Sema-

na Santa com muito rigor. Fa-

ziam até, na sexta-feira santa,

o Enterro do Senhor, que saía

num esquife, entravam mui-

tas raparigas novas que iam

cantar e fazer a padeirinha,

que eu nem sei o que era, ves-

tidas de Madalena e cantava

a Madalena e iram os miúdos

com os martírios do Senhor.

Faziam os Passos, havia até aí

em Constância os diversos re-

cantos onde se faziam “os pas-

sos” para a via sacra. Ela tinha

muita fé. Era muito bonito,

contava ela.

E contava também que na

segunda-feira havia sempre

arraial na praça, baile, festa

mundana.

Até as minhas primas, da

idade dela, contavam que

ela nunca se queria ir embo-

ra. Elas moravam ali na char-

neca, a caminho de onde é

hoje o Centro Ciência Via, e

elas queriam ir-se embora, “Já

é tarde!” e ela dizia “Não, que o

Zé Pedro ainda não dançou o

fandango”. Era o que viria a ser

o meu avô e eles andavam a

querer-se namorar.

Depois, com muita mágoa

dela, tudo acabou.

Suponho que ela dizia que

foi por altura da República

que fi cou tudo mais desorga-

nizado com a Igreja, porque

os republicanos afastaram-se

da Igreja e a festa foi-se trans-

formando em cada vez me-

nos. Depois que o presiden-

te António Mendes veio para

cá, passado pouco tempo é

que começou a implementar

a festa com as dimensões que

agora tem. E passou a haver

de novo arraial.

22 especial constância

D. ZIZINHA É A MEMÓRIA VIVA DAS FESTAS DE OUTROS TEMPOS

“Tinhamos muita fé e estávamos sempre ansiosas por aquele dia”

Zizinha de anjinho

Na procissão iam mui-

tos anjinhos, de vários

tamanhos. Mas os maio-

res tinham de ser os anji-

nhos da Senhora da Boa

Viagem, para poderem

suportar as asas que le-

vavam e uma espécie de

arcos com uns barqui-

nhos desenhados. Era

com um fato azul céu,

com uns dourados e um

cordão ao lado. Os ou-

tros podiam ir de branco.

A minha mãe foi opera-

da, esteve bastante mal

e fez uma promessa em

que comprava o vestido

para eu ir vestida de anjo

e eu fui três anos vestida

de anjo. Tinha aí uns 9 a

11 anos. Levávamos o tu-

ríbulo e a navete, onde ia

o incenso, e a água ben-

ta para a bênção dos bar-

cos. Íamos sempre ao pé

do andor da Senhora da

Boa Viagem e estávamos

ao pé do senhor padre

para ele deitar o incen-

so no turíbulo e abenço-

ar os barcos. Eram aí uns

10 barcos.

Casa Memória de Camões tem fi nanciamento assegurado

Constância tem a convicção fi r-

me, com apoio histórico, embora

não a certeza, de que Camões vi-

veu aqui. Com essa base, Manuela

de Azevedo sonhou e a obra foi

nascendo, um Jardim Horto de

Camões, uma esfera armilar, um

monumento ao poeta, encontros

camonianos e, sobretudo, a Casa

Memória de Camões. Restaurar o

edifício em que, segundo a tradi-

ção, Camões viveu foi um projec-

to realizado. Falta, contudo, ainda

terminar a adaptação para que seja

levada a bom termo a sua função,

albergar um espólio de valor signi-

fi cativo e, sobretudo, desenvolver

uma actividade continuada que dê

a conhecer e a estudar a vida e obra

de Camões.

Agora, um passo importante foi

dado em frente. O fi nanciamento

necessário foi aprovado no âmbito

do QREN e o sonho recomeça em

alta. Não há ainda dada de abertu-

ra, mas já se ouvem alvíssaras ao

longe.

Camões merece, a nossa forma-

ção cultural precisa e a Câmara de

Constância quer, entre outras coi-

sas que a sua população se apro-

prie ainda mais de Camões e in-

tegre na sua identidade colectiva

esta tradição camoniana. Quer ain-

da que se possa “respirar Camões”

pelos vários cantos da vila. Camões

deu já, com certeza, uma volta no

túmulo, de contentamento desta

vez. E a Câmara dá voltas ao proces-

so para fazer andar as coisas. A Casa

de Camões vem aí. Para nós poder-

mos ir até mais perto de Camões.

Page 23: ed JA Abril/10

ABRIL2010

jornaldeabrantes

especial constância 23

Nasceu no circo, fi lho de ar-

tistas circenses. Desde crian-

ça que os malabares o fasci-

navam nas mãos do pai, que

também exercia a arte de pa-

lhaço. Começou a praticar a

arte de lançar em movimento

e manter vários objectos no ar

“sozinho, com força de vonta-

de”, e com a ajuda de vídeos,

onde procura descobrir os se-

gredos dos mestres. O maior?

António Gatto, o seu ídolo. A

vida trouxe-o até Montalvo,

onde passou a residir. E até à

Escola Luís de Camões, onde

existe um grupo de malaba-

res. Como peixe na água. Hoje,

com 16 anos, destaca-se no

grupo. Pratica duas horas por

dia maças, arcos, bolas, bolas

de futebol e com fogo. As no-

tas do 8º ano vão bem, que

uma coisa não mata a outra.

O futuro, se tudo correr bem,

será de volta ao circo. Mas se

corressem mesmo bem, se-

ria no Circo do Monte Car-

lo, “o melhor do mundo”, diz.

Esse é o sonho. E diz a todos

os jovens, e porque não adul-

tos? “Quem tiver um sonho,

siga em frente, nunca desista.

Sempre pode ter uma opor-

tunidade na vida para ser al-

guém.” Na Escola C+S encon-

tra essa oportunidade hoje,

onde é reconhecido como ar-

tista, e ali alimenta o sonho de

vê-la acrescida no futuro. Tal-

vez o vejamos um dia, no Na-

tal, no Circo do Monte Carlo.

Porque não?

MONTALVO

Ofi cina de Sopros é escola de músicosA VII Ofi cina de Música para

instrumentos de sopro de-

corre de 7 a 11 de Abril próxi-

mo em Montalvo. A iniciativa

é da Associação Filarmónica

Montalvense 24 de Janeiro e

da sua banda fi larmónica e

pretende melhorar as pres-

tações dos músicos ao servi-

ço das bandas fi larmónicas.

Mais uma vez, a Ofi cina tem

a direcção artística do maes-

tro e compositor José Miguel

Vtória Rodrigues, que é o re-

gente da Banda Filarmónica

Montalvense. Segundo José

Miguel, “a é um evento, em

torno do qual é desenvol-

vido em regime de “labora-

tório” um curso para jovens

instrumentistas de sopros e

percussão (estendível à par-

ticipação de violoncelos e

Contrabaixos de cordas), em

regime de orquestra de so-

pros.” Desde a sua primeira

edição, a Ofi cina conta com

a participação de músicos

de de todo o país que vêm

para o efeito aprofundar a

sua formação em Montalvo.

O maestro convidado é, des-

ta vez, Carlos Amarelinho.

Professor de saxofone, músi-

ca de câmara, coro e orques-

tra no Conservatório Regio-

nal do Baixo Alentejo e no

Conservatório Regional de

Vila Real de Santo António,

onde também desempenha

o cargo de director pedagó-

gico. Carlos Amarelinho tem

ainda um vasto currículo

musical.

Como formadores esta-

rão também Alexandre Vi-

lela, para os metais e Marco

Fernandes para a percussão.

Como de costume, a Ofi cina

de Sopros termina com um

concerto na Casa do Povo

de Montalvo.

ESCOLA LUÍS DE CAMÕES

Campeões de malabares

e da alegria de viverQuarta-feira à tarde. A trupe

de malabares da Escola C+S

de Constância ensaia com a

professora Célia Mendes. For-

malmente três horas de “des-

porto escolar”, mas sobretu-

do estão ali porque gostam.

Gostam dos malabarismos,

da loucura de uma certa anar-

quia organizada, da ginástica

tipo circense. “Gostamos de

aprender coisas novas, é giro”,

dizem. Tudo começou há cer-

ca de dois anos, como desafi o

para animação de rua nas Po-

monas Camonianas. Depois,

“vimos que era isto que eles

queriam”. E vai daí, ala que se

faz tarde. São dezasseis alu-

nos. Este mês foram às com-

petições do desporto es-

colar, em desportos gímni-

cos, modalidade de ginástica

acrobática e ginástica de gru-

po, e trouxeram dois primei-

ros lugares, em dupla e trio,

um segundo lugar, em trio, e

um terceiro lugar, em grupo.

Vê-se-lhes o brilho nos olhos.

“As provas desportivas for-

mais têm regras a cumprir e

disso eles não gostam tan-

to. Onde eles se sentem bem

é quando fazem animação”,

explica a professora. Como

na ceia medieval organizada

no âmbito do Abrantes pela

Vida.

UM ARTISTA NOS MALABARES

Leonardo Ferreira quer

voltar ao circo

Page 24: ed JA Abril/10
Page 25: ed JA Abril/10

ABRIL2010

jornaldeabrantes

região 25

A V Gala Antena Livre sobe ao palco do Cine-teatro S.Pedro no próximo dia 20 de Maio, quinta-feira.

Mais uma vez, a equipa de

produção está a trabalhar

para que seja um espectácu-

lo memorável. Este ano com

o particular interesse se in-

tegrar a celebração do Ano

30 de uma das pioneiras do

movimento das rádios livres.

Produzida para o efeito, vai

estrear na Gala Antena Livre

uma produção musical com

músicos da nossa região.

Será, sem dúvida, um dos

pratos fortes da noite que já

se impôs no calendário das

expectativas.

A estrutura segue o mode-

lo habitual. Um espectáculo

musical que se pretende de

qualidade e a atribuição dos

Galardões Antena Livre que

visam assinalar pessoas e ins-

tituições que se destacam na

vida desta nossa zona. O êxi-

to da Gala Antena Livre de

2009 criou já elevadas res-

ponsabilidades para a Gala

deste ano. Mas estas são ain-

da agravadas pelo facto de se

estar a assinalar o Ano 30 da

RAL, agora Antena Livre.

ANTENA LIVRE ANO 30

Gala Antena Livre no palco a 20 de Maio

No passado dia 20 de Mar-

ço, mais de 400 pessoas reti-

ram várias toneladas de lixo

das nossas fl orestas no con-

celho de Abrantes. Em Portu-

gal foram mais de 100.000, e

milhares as toneladas retira-

das.

Foi, sem dúvida, um enor-

me gesto de cidadania co-

lectiva. Tanto na limpeza feita

como na denúncia do estado

lamentável em que o nosso

descuido, também colectivo,

tem sujado e mantidas sujas

as nossas fl orestas.

O trabalho consistiu, pri-

meiro, em identifi car as lixei-

ras e, depois, em recolher os

detritos ali lançados. Portu-

gal está mais limpo e a fl o-

resta um pouco mais segura.

Talvez tenhamos aprendido

alguma coisa.

LIMPAR PORTUGAL

Operação de limpeza e denúncia

Page 26: ed JA Abril/10

jornaldeabrantes

cultura&lazer26

Abrantes Até 16 de abril – Exposição

– Linguagens D’Escrita(s) –

Obras de poesia experimen-

tal da colecção de Fernando

Aguiar – Galeria Municipal

de Arte, de terça-feira a sába-

do, das 10h00 às 12h30 e das

14h00 às 18h30. e na Biblio-

teca António Botto

Até 27 de março – Teatro -

FNATES 2010 – Festival Na-

cional de Teatro Especial - Ci-

ne-teatro São Pedro – Bilhe-

tes a 1 euro

De 27 de março a 23 de abril – Festa da Primavera –

Centro histórico de Abrantes;

28 de março – Dia Mundial

dos Centros Históricos – Mú-

sica com Banda Filarmónica

Mourisquense, às 14h30; 17 de abril –Desfi le de Moda In-

fantil, às 16h00; 23 de abril –

Desfi le da Flor, entre as 10h00

e as 13h00; 24 de abril – En-

contro de Tunas – Cine-tea-

tro São Pedro, às 21h30; 25 de abril – Música na Prima-

vera – Concerto pela Banda

Filarmónica - Sociedade de

Instrução Musical Rossiense,

às 15h00

6 de abril – Música com

“Cant´Abrantes” – Cine-tea-

tro São Pedro, às 15h00

9 de abril – Café-concerto

com “Lufa Lufa” – Pequeno

Auditório do Cine-teatro São

Pedro, às 21h30

15 de abril – “Entre Nós e as

Palavras...” – Encontro com o

autor Rui Cardoso Martins –

Biblioteca António Botto, às

21h30

16 de abril – Outras Lingua-

gens – Encontro de Poetas –

Debate sobre poesia experi-

mental – Biblioteca António

Botto, às 21h30

16 de abril – Dança - “Entrar

na Dança” – Cine-teatro São

Pedro, às 21h30

17 de abril – Dança – “Perso-

nagens de Água” – Cine-tea-

tro São Pedro, às 10h30

De 19 a 30 de abril – Exposi-

ção “Espaço Idança – Olhares”

Mostra fotográfca da activi-

dade do Espaço Idança – Bi-

blioteca António Botto

Barquinha Até 27 de março – Exposição

“A Meio Caminho” – pelos alu-

nos fi nalistas do Curso de Ar-

tes Plásticas do IPT – Galeria

de Arte – de 2ª a sábado das

9h30 às 12h30 e das 14h00 às

18h00

27 de março – Noite de Fados

com o grupo “Al Mouraria” –

SIRA, Atalaia, às 21 horas

27 de março – Lançamento

do livro “Elidhir e Morah” de

Rita Betânia – Centro Cultural

, às 15 horas

Até 31 de março – Mostra bi-

bliográfi ca “1 mês, 1 escritor”

– Eça de Queirós em desta-

que – Biblioteca Municipal

Até 4 de abril – XVI mês do

Sável e da Lampreia – Mostra

gastronómica – Restaurantes

aderentes

2 e 3 de abril – XXV Descida

dos 3 Castelos – 25 anos de

canoagem - Abrantes, Cons-

tância e Barquiinha

Constância Até 31 de março – Mostra

Bio-bibliográfi ca de Ana de

Castro Osório – Biblioteca

Alexandre O’Neill, dias úteis

das 10h às 12h30 e das 14h

às 18h30

De 6 a 27 de março – Expo-

sição de pintura “Contar His-

tórias” de Maria Leonor Pe-

reira e Maria Raquel Atalaia

– Posto de Turismo, das 9h30

às 13h00 e das 14h30 às 18

horas

De 1 a 30 de abril – Mostra

Bio-bibliográfi ca de António

Torrado – Biblioteca Alexan-

dre O’Neill

3 a 25 de abril – Exposição –

Retratos da Festa – Posto de

Turismo, das 9h30 às 13h00 e

das 14h30 às 17h30

3, 4 e 5 de abril – Festas do

Concelho de Constância – Ac-

tuações de GNR, O´questrada,

Mercado Negro, entre outros

23 de abril – Concurso

concelhio de leitura – Cine-

teatro Municipal, às 21h00

Mação 27 de março – Bandas em

concerto – Filarmónica União

Taveirense – Cine-teatro Mu-

nicipal, às 21h30 – Entrada li-

vre

28 de março – Feira dos Ra-

mos – Venda de um leque va-

riado de produtos – Largo In-

fante D. Henrique

Sardoal 4 de abril – Música – Recital

de Piano a quatro mãos com

“DueAna” – Centro Cultural

Gil Vicente, às 17h00

Até 9 de abril – “Doce Pás-

coa” – Actividades na Biblio-

teca Municipal, das 10h00 às

11h30 e das 15h00 às 16h30

17 de abril – I Mostra de Te-

atro de Sardoal – “Médico à

força”, pela companhia Ulti-

macto – Centro Cultural Gil

Vicente, às 21h30

Até 15 de maio – Exposi-

ção “Santa Casa da Miseri-

córdia de Sardoal – 500 anos

de Arte” – Centro Cultural Gil

Vicente

AGENDA DO MÊS

Linguagens d’Escritas em Abrantes

O Centro Cultural Gil Vicente, no Sardoal,

apresenta, até 15 de Maio, uma rara oportuni-

dade para apreciarmos uma parte do impor-

tante património da santa Casa da Misericór-

dia. Em especial o precioso oratório de Arte

Namban, que tem corrido mundo e é agora

exposto pela primeira vez no Sardoal.

A imagem de Nossa Senhora da Caridade é

um outro ponto de interesse, pela qualidade

da obra e pelo facto de ser a patrona da Mi-

sericórdia e o orago da capela anexa à Santa

Casa. Outras imagens, com inegável interes-

se, compõem o acervo escultórico em expo-

sição. Mas também o conjunto de originais

das bandeiras da Misericórdia dão a conhe-

cer a fonte do que os sardoalenses e visitan-

tes conhecem através de cópias que salvam

da agressão do tempo os originais agora ex-

postos. Por fi m, mas não em último lugar de

interesse, um Cristo Crucifi cado de talhe de-

licado e corte fi no, embora sujeito a restauro

pouco inspirado, assinala todo o espírito da

época que o Sardoal está a viver. Da exposi-

ção foi ainda publicado um interessante catá-

logo, verdadeira obra de iniciação a um con-

junto patrimonial de inegável interesse.

500 anos de Arte da Santa Casa da Misericórdia, no Sardoal

Na galeria Municipal de Arte, mas a esten-

der-se para a Biblioteca António Botto, está

patente a exposição Linguagens D’Escritas

– Poesia Experimental do Arquivo de Fer-

nando Aguiar. Se a poesia é a mãe de toda

a literatura, a Poesia Experimental tem mais

a ver com um movimento que em Portugal

se afi rma sobretudo a partir da década de 60

do século passado. Sem grande rigor pode-

mos dizer que se trata de explorar os limites

da poesia até então praticada e sobretudo

experimentar o lado visual do próprio texto

poético. O objecto poético situa-se, assim,

num campo ao mesmo tempo de texto es-

crito e de quadro visual. Por isso, esta exposi-

ção é, além do mais, uma festa de letra e cor.

O material da exposição vem da colecção de

Fernando Aguiar que integra “cerca de 200

dos mais activos poetas experimentais de

31 países” e é a maior colecção particular de

poesia experimental internacional em Por-

tugal. José-Alberto Marques, poeta que vive

em Abrantes, é um dos nomes consagrados

deste movimento que se constituiu “talvez,

no único movimento literário e artístico por-

tuguês contemporâneo daquilo que se fazia

lá fora”. Mais ainda, José-Alberto Marques é

hoje considerado o autor do primeiro poe-

ma visual publicado em Portugal. Uma ex-

posição a não perder, até 16 de Abril, dia em

que se realiza um debate sobre Poesia Expe-

rimental, seguido de leitura de poemas por

Ana Hatherly, José-Alberto Marques, Manuel

Portela, Fernando Aguiar e José Oliveira

Baptista que vai apresentar o livro “Livre”.

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ABRIL2010

jornaldeabrantes

cultura&lazer 27

Festival de teatro nos últimos dias

CINEMA

Abrantes Cine-teatro São Pedro – Espa-

lhafi tas, às 21h30

31 de março – “O Sangue”

14 de abril – “O Laço Branco –

Das Weisse Band”

21 de abril – “Afterschool – De-

pois das aulas”

28 de abril – “4 Copas”

CC Millenium, às 21h30

Até 31 de março – “Homens que

matam cabras só com o olhar”

Constância Biblioteca Alexandre O’Neill, às

15horas

26 de março – “A Bíblia em Ani-

mação: Criação e Dilúvio – O Fim

do Paraíso e a Arca de Noé”

9 de abril – “Dia do Surf”

16 de abril – “As Pontes de Madi-

son County”

23 de abril - “Capitães de Abril”

Cine-teatro, às 21h30

27 de março - “Sherlock Hol-

mes”

Sardoal Centro Cultural Gil Vicente

27 de março – “A Bela e o Papa-

razzo” – 16h00 e às 21h30

18 de abril – “A Princesa e o Sapo”

– Às 16h00

24 de abril – “O Lobisomem” –

16h00 e às 21h30

O Festival Nacional de Teatro Es-

pecial, promovido pelo CRIA, con-

tinua até ao dia 27, sábado. Na

sexta, às 9h00, tem lugar no edi-

fício Pirâmide um seminário so-

bre “novas formas de inclusão…

a Arte”. No cine-teatro S. Pedro,

seguem-se os espectáculos de te-

atro. Às 14h00, “Uma história das

histórias”, pelo grupo de Torres

Novas e “Os sentimentos”, pelo

grupo de Faro, e às 21h00 “A Terra

pode ser chamada de chão”, pelo

grupo TamTaM, de Santos, Brasil.

No sábado, às 14h30, a dança

“Murmúrios do corpo” e o tea-

tro “O feiticeiro de Oz”, pelo CRIA

e às 21h00, “O pátio dos patos”,

pelo Grupo de Teatro Palha de

Abrantes.

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ABRIL2010

jornaldeabrantes

28 cultura&lazer

TERESA APARÍCIO

Quando seguimos pela estrada que vai de Alferrarede Velha para Mouriscas, logo à saída da Barca do Pego, encontramos, do nosso lado esquerdo, uma placa com a indica-ção de Valhascos. Cortando por aí e percorrendo a curta distância de apenas um ou dois quilómetros, deparamo-nos com uma imponen-te torre quadrangular, com mais de treze metros de altura, com grossas paredes de pedra e algumas janelas abertas sobre a paisagem circun-dante.

O telhado é de quatro águas e do

lado nascente vemos o que resta do

que teria sido a pequena torre sineira.

No piso térreo desta torre, encontra-

se o espaço que foi em tempos ocu-

pado pela Igreja das Necessidades,

hoje profanado, vandalizado e com-

pletamente votado ao abandono.

A porta principal, virada a sul, aber-

ta e parcialmente destruída, permi-

te-nos entrar, facilmente, no que foi

outrora um lugar sagrado, muito fre-

quentado pelo povo da região, que

ali acorria com grande devoção. O

que encontrámos é verdadeiramen-

te confrangedor: ruínas, cheiro a hu-

midade e apenas uma pintura mural,

na parede virada a poente, permite

a identifi cação fácil do local, com o

que teria sido um templo. As fi gu-

ras são de grandes dimensões, con-

servam restos de cor e facilmente se

descobre que representam uma Na-

tividade: S. José, a Virgem e o Meni-

no deitado numa manjedoura e de

um lado e do outro pastores e pasto-

ras com as suas ofertas a Jesus.

Das outras pinturas nada resta,

destruídas pelo tempo e pela hu-

midade que fez cair no chão gran-

de parte do seu suporte. E esta Na-

tividade, se não lhe acodem, terá em

breve o mesmo destino.

A imagem da Senhora das Necessi-

dades encontra-se hoje, felizmente,

a salvo, na igreja de Casais de Reve-

lhos. Que foi objecto de grande de-

voção sabemo-lo, entre outros, por

Frei Agostinho de Santa Maria que,

no início do século XVIII, no seu “San-

tuário Mariano”, refere: “Com esta Se-

nhora, têm todos os moradores de

Abrantes muito grande devoção e as-

sim a vão visitar muitas vezes, e que ela

lhes aumenta com muitas maravilhas

e milagres que obra a favor de todos.

É também muito grande o concurso

de romeiros e peregrinos, que de todas

as partes concorrem e que vão visitar

a Senhora, uns a cumprir os seus votos

e outros a pedir-lhe o remédio de suas

necessidades; muitos lhe mandam lá

celebrar missa em acção de graças pe-

los favores que por meio da Senhora

alcançaram de seu Santíssimo Filho.

Naquele santuário se vêem pender

muitas memórias dos seus milagres e

maravilhas, como são quadros, mor-

talhas, braços e pernas de cera e ou-

tros sinais desta qualidade.”

Os dois pisos da torre, que se so-

brepõem à capela, serviriam para al-

bergar os romeiros que de longe se

deslocavam até aqui, por altura das

festas. Esta capela encontra-se co-

berta por uma abóbada de aresta,

que teria os seus quatro panos total-

mente cobertos com pinturas, cujos

elementos, de cunho vegetalista,

ainda se podem descortinar nas ex-

tremidades. A uma distância de cer-

ca de duzentos metros, encontrava-

se um cruzeiro, de que hoje só resta

a base e que seria datado de 1653.

Aqui costumavam os romeiros ini-

ciar as suas devoções, seguindo de

joelhos até ao Santuário.

Segundo investigação feita pelo

Doutor J. Candeias da Silva, a Igreja

das Necessidades teria sido edifi ca-

da na década de trinta do século XVII,

por João Pereira de Betencourt, fi dal-

go abrantino que, em 1624, partici-

pou na defesa da praça da Baía, no

Brasil, que se encontrava ameaçada

pelos holandeses. De regresso, fun-

daria neste aprazível local “um mor-

gado em uma quinta de regalo e ren-

dimento”, onde estava integrada esta

“casa da Senhora”.

Com efeito, se observarmos bem,

afogados pela vegetação que agora

ali cresce, podemos divisar restos do

que teria sido um lagar e várias casas

de habitação.

Esta “casa da Senhora”, de um lugar

de culto particular, ter-se-ia tornado

em breve, graças à devoção popular

e à fama dos milagres operados pela

Virgem, num importante santuário

mariano.

Bibliografi aCandeias Silva, Joaquim, “Dois impor-

tantes santuários antigos da freguesia

de Alferrarede”, in Jornal de Alferrarede,

nº 217, Novembro de 2003. Santos, Bru-

no, “Pintura mural seiscentista nos con-

celhos de Abrantes e Sardoal”, in Revis-

ta Zahara, nº 7, Junho de 2006.

LUGARES COM HISTÓRIA

O santuário da Senhora das Necessidades

Page 29: ed JA Abril/10

jornaldeabrantes

Page 30: ed JA Abril/10

ABRIL2010

jornaldeabrantes

30 publicidade

NOTARIADO PORTUGUÊSCARTÓRIO DE SANTARÉM

A CARGO DA NOTÁRIA ISABEL MARIA RAIMUNDO DE OLIVEIRA FILIPE BATISTA MARQUES.

Eu Isabel Maria Raimundo de Oliveira Marques, Notaria do Cartório Notarial de Isabel Marques, na cidade de Santarém, CERTIFICO, para efeitos de publicação que por escritura de três de Março de dois mil e dez, lavrada de folhas trinta a folhas trinta e um verso, no livro de notas para escrituras diversas número cento e noventa-A.ARTUR GASPAR ESTEVES, contribuinte fi scal 149 955 448 e mulher MARIA FILOMENA DE MATOS FERNANDES ESTEVES, contribuinte fi scal 149 955 430, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, ambos naturais da freguesia e concelho de Mação, residentes Ruado Restolho, nº 12, 2º Esq., Alfragide, Amadora, outorgaram uma escri-tura de JUSTIFICAÇÃO na qual com exclusão de outrem se declaram donos e legítimos possuidores do seguinte:Prédio rústico, composto de cultura arvense de sequeiro e olival, sito em Vale Martim Joana, na freguesia e concelho de Mação, com a área de dois mil metros quadrados, a confrontar do norte com herdeiros de José Pedro Mirrado, do sul com Ribeiro, de nascente com herdeiros de Manuel Raimundo Ferreira e do poente com Teresa de Matos, OMISSO na Conservatória do Registo Predial de Mação, e inscrito na matriz ca-dastral respectiva sob o artigo 87 da secção AT, com o valor patrimonial tributário para IMI de 109,39 € e para IMT de 237,98 €.Que possuem o referido prédio há mais de VINTE ANOS, tendo o mes-mo vindo à posse dos justifi cantes por volta do ano de mil novecentos e oitenta, por compra verbal a Luísa Gil Correia Arruda e marido José Arruda, residentes que foram em Mação, não tendo no entanto reduzido a escritura pública a referida compra verbal, mas posse essa que vêm exercendo sem a menor oposição de quem quer que seja, desde o seu início, sem interrupção e ostensivamente, à vista e com o conhecimento de toda a gente, traduzida em actos de fruição, cultivando-o, pagando a respectiva contribuição e impostos, tudo isto por um lapso de tempo superior a vinte anos, sendo portanto uma posse contínua, pública, pa-cífi ca e de boa fé, pelo que adquiriram o referido prédio por usucapião, não tendo todavia documento que lhes permita fazer prova do seu direito de propriedade pelos meios e extrajudiciais normais.Estando assim impossibilitados pelos meios normais, de comprovar a aquisição do identifi cado imóvel, invocam, por esta forma a USUCAPIÃO, como meio aquisitivo do direito de propriedade suprindo a ausência de título com vista ao registo de aquisição a seu favor.ESTÁ CONFORME.Cartório Notarial de Isabel Marques, três de Março de dois mil e dez.

A Notária,(Isabel Maria Raimundo de Oliveira Filipe Batista Marques)

(em Jornal de Abrantes, edição de Abril de 2010)

ABRANTESVENDO PERMUTO

PRÉDIO

OU ALUGO LOJA - ESCRITORIO

Contacto 217 930 100

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Faleceu

Vítor Manuel Lopes de MatosN. 30-03-1968 • F. 23-02-2010

Sua esposa, fi lho e restantes familiares, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que acom-panharam o seu ente querido à sua última morada.

A cargo de: Funerária José Grilo Lda.

Telf.: 241 890 615 – 962 773 327 • Tramagal

Álvaro Martins DamasN. 07/08/1922 • F. 18/02/2010

Agradecimento

Seus fi lhos, nora, genro e netos agradecem a todos os que o acompanharam à sua última morada, assim como os que estiveram presentes na Missa de 7.º dia.

TRAMAGAL

Faleceu

José Veríssimo de AndradeN. 06-08-1920 • F. 15-02-2010

Seu fi lho, nora, netos e restantes familiares, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que acom-panharam o seu ente querido à sua última morada.

A cargo de: Funerária José Grilo Lda.

Telf.: 241 890 615 – 962 773 327 • Tramagal

ABRANTES

Maria Teresa Ramos de Matos Bento dos SantosN: 13 de Outubro de 1938 • F: 2 de Março de 2010

AgradecimentoSeu marido, fi lha, genro, neto e restante família, na impossibilidade de o fazerem pessoalmente, vêm por este meio agradecer a todos os que velaram a nossa ente querida, assistiram à Missa de Corpo Presente e a acompanharam à sua última morada, (cemitério de Ortiga), as manifestações de carinho e amizade recebidas.

A todos o nosso profundo reconhecimento.

TRAMAGAL

Faleceu

Manuel Rosado Vaz FerreiraN. 19-06-1922 • F. 20-02-2010

Sua esposa, sobrinhos e restantes familiares, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas que acompa-nharam o seu ente querido à sua última morada.

A cargo de: Funerária José Grilo Lda.

Telf.: 241 890 615 – 962 773 327 • Tramagal

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Page 31: ed JA Abril/10

ABRIL2010

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Largo de S. João, N.º 1 - Telefones 241 371 566 - 241 371 690

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ALERGOLOGIADr. Mário de Almeida;

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CARDIOLOGIADr.ª Maria João Carvalho

CIRURGIADr. Francisco Rufi no

CLÍNICA GERALDr. Pereira Ambrósio - Dr. António Prôa

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GASTROENTERELOGIA E ENDOSCOPIA DIGESTIVA Dr. Rui Mesquita; Dr.ª Cláudia Sequeira

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NEUROCIRURGIADr. Armando Lopes

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OFTALMOLOGIADr. Luís Cardiga

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PNEUMOLOGIADr. Carlos Luís Lousada

PROV. FUNÇÃO RESPIRATÓRIAPatricia Gerra

PSICOLOGIADr.ª Odete Vieira; Dr. Michael Knoch;

Dr.ª Maria Conceição Calado

PSIQUIATRIADr. Carlos Roldão Vieira; Dr.ª Fátima Palma

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NUTRICIONISTADr.ª Carla Louro

SERVIÇO DE ENFERMAGEMMaria João

TERAPEUTA DA FALADr.ª Susana Martins

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jornal abrantesde

Page 32: ed JA Abril/10