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UFOP - CETEC - UEMG
REDEMATREDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS
UFOP – CETEC – UEMG
Tese de Doutorado
"Condutividade Alternada de Polianilina Embebida com
Nanopartículas de Óxido de Estanho e Índio"
Autor: Gislayne Elisana Gonçalves
Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Fernando Bianchi
Outubro de 2013
UFOP - CETEC - UEMG
REDEMATREDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS
UFOP – CETEC – UEMG
Gislayne Elisana Gonçalves
"Condutividade Alternada de Polianilina Embebida com
Nanopartículas de Óxido de Estanho e Índio"
Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Materiais da REDEMAT,
como parte integrante dos requisitos para a obtenção do
título de Doutor em Engenharia de Materiais.
Área de concentração: análise e seleção de materiais.
Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Fernando Bianchi
Ouro Preto, outubro de 2013
Catalogação: [email protected]
G635c Gonçalves, Gislayne Elisana.
Condutividade alternada de polianilina embebida com nanopartículas
de oxido de estanho e índio [manuscrito] / Gislayne Elisana Gonçalves –2013.
193f.: il. color.; grafs.; tabs.
Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Fernando Bianchi.
Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas.
Rede Temática em Engenharia de Materiais.
Área de concentração: Análise e Seleção de Materiais.
1. Propriedades elétricas - Teses. 2. Percolação - Teses. 3. Nanopartículas
- Teses. I. Bianchi , Rodrigo Fernando. II. Universidade Federal de Ouro Preto.
III. Título.
CDU: 537-026.661
CDU: 669.162.16
ii
Sem sonhos as perdas se tornam insuportáveis,
As pedras do caminho se tornam montanhas,
Os fracassos se transformam em golpes fatais.
Mas se você tiver grandes sonhos....
Seus erros produzirão crescimento,
Seus desafios produzirão oportunidades,
Seus medos produzirão coragem...
Augusto Cury
A conquista de mais este título, sempre foi um sonho para mim... Foi por este sonho que consegui
vencer as pedras e intemperes do caminho. Acreditando num SER MAIOR, DEUS, e em minha
mãe N. Sra. do Perpétuo Socorro que me guiaram, cobriram-me de sabedoria , saúde, persistência e
ainda a constante dedicação, cuidado e incentivo do meu noivo, Felipe Teixeira, fez tornar possível
a concretização de mais este grande sonho em minha vida. A eles dedico esta tese.
iii
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus e a Na. Sra. do Perpétuo Socorro que sempre estiveram
comigo, me guiando e me cobrindo de sabedoria, paz, saúde, coragem e persistência para a
concretização deste trabalho.
Agradeço ao meu noivo, Felipe Teixeira, pelo incentivo, cuidado, companheirismo e
dedicação, em todos os momentos deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Rodrigo Fernando Bianchi, meu orientador, por ter aceitado me orientar e por
tê-lo feito com tamanha competência, dedicação e paciência. Sempre se preocupando na condução
de um trabalho que possibilitasse a minha independência pós-doutorado. Com ele adquiri
habilidades, conhecimentos que serão de extrema importância em toda a minha vida acadêmica.
À minha família: meus pais, Celso e Eva, pelas orações, carinho e incentivo. Minha irmã,
Gisele, por ser um exemplo de perseverança, resignação e fé. Meu irmão, Geraldo e cunhada,
Cláudia, pela torcida, preocupação e apoio. Ao meu sobrinho, Gabriel, pela presença constante em
minha vida e por sempre se preocupar comigo e entender as minhas ausências. À minha irmã de
coração Mirvane Vasconcelos, pela torcida, amizade e companheirismo.
A toda a equipe do LAPPEM, em especial à amiga Adriana Diniz pelo constante apoio e
carinho. À Mariana Melo, pelos seus conselhos, muitas vezes de maneira extrovertida, mas sempre
certos; à Giovanna por sua prontidão em me auxiliar por diversas vezes e a me confortar com
palavras e ações; à Mirela pela ajuda com os modelos teórico-experimentais.
Ao prof. Dr. Silmar Travain pelos conselhos e palavras de incentivo e conforto. Ao prof. Dr.
Haroldo Naoyuki Nagashima pelos conselhos científicos que me ajudaram a concluir este trabalho.
A Profa. e amiga Dra. Elisângela Silva Pinto pelo companheirismo, amizade e auxílio em diversas
situações durante a execução deste trabalho. Ao prof. Dr. Wander Vasconcelos do DEMET/UFMG
pelas análises de MEV, EDS e DRX. Ao prof. Dr. Sukarno Olavo Ferreira do DEFIS/UFV pelas
análises de AFM, EFM. Ao prof. Dr. Carlos José Leopoldo da UNESP – Presidente Prudente pelas
análises de Raman. Ao IFMG - Campus Ouro Preto pelo incentivo financeiro para a participação
em congressos nacionais e internacionais. Ao setor gráfico do IFMG por todos os trabalhos de
impressão.
Ao César, gerente da oficina mecânica do IFMG - Ouro Preto, pela presteza na construção
de dispositivos que foram úteis durante este trabalho.
À equipe do Instituto de Física da USP, em São Carlos-SP, em especial ao prof. Dr. Roberto
Mendonça Faria e ao Dr. Alexandre de Castro Maciel pelos auxílios na execução das análises de
espectroscopia de impedância. Ao Instituto Nacional de Eletrônica Orgânica (INEO), à Rede
iv
Nanobiomed, a CAPES, CNPQ, Fapemig e rede de sensores Fapitec-SE/CNPQ pelo suporte
financeiro.
Enfim, a todos que, de alguma forma, auxiliaram na concretização deste sonho.
v
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................ IX
LISTA DE TABELAS .................................................................................................................... XVI
LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................................... XVIII
LISTA DE SÍMBOLOS ................................................................................................................... XX
RESUMO ..................................................................................................................................... XXIII
ABSTRACT ................................................................................................................................. XXIV
CAPÍTULO 1...................................................................................................................................... 1
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1
1.1 - Objetivos .................................................................................................................................. 4
1.2 - Descrição do Trabalho ............................................................................................................. 4
CAPÍTULO 2...................................................................................................................................... 6
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................................... 6
2.1 - Polímeros .................................................................................................................................. 7
2.1.2 - Polímeros Semicondutivos ................................................................................................ 7
2.1.3 – Polianilina (PAni) ............................................................................................................ 9
2.2 – Óxidos.................................................................................................................................... 10
2.2.1 - Óxidos Semicondutivos Nanoestruturados ..................................................................... 11
2.2.2 – Óxido de Estanho e Índio (ITO - indium tin oxide) ....................................................... 11
2.2.3 - Nanocompósitos e Sistemas Híbridos ............................................................................ 12
2.3 - Propriedades Elétricas ........................................................................................................... 14
2.3.1 - Propriedade Elétrica dos Polímeros .............................................................................. 14
2.3.2 - Propriedade Elétrica dos Óxidos Nanoestruturados ..................................................... 15
2.3.3 - Propriedade Elétrica de Sistemas Híbridos ................................................................... 16
2.4 - Espectroscopia de Impedância ............................................................................................... 19
2.4.1 – Impedância Elétrica ....................................................................................................... 19
2.4.2 - A Dinâmica Adequada para o Uso da Técnica de Espectroscopia de Impedância ....... 21
2.4.3 - Análise das Propriedades Elétricas por Meio dos Circuitos Equivalentes .................... 22
vi
2.4.4 – Modelo de barreira livre aleatório (RFEB – Random Free Energy Barrier) proposto
por Dyre ..................................................................................................................................... 26
2.4.5 – Modelo Aproximação Média Efetiva (EMA – Effective Medium Approximation) ....... 28
2.5 - Princípios básicos da teoria da percolação aplicada à condutividade elétrica de sistemas
híbridos ........................................................................................................................................... 30
CAPÍTULO 3.................................................................................................................................... 34
EQUIPAMENTOS E MÉTODOS EXPERIMENTAIS ............................................................... 34
3.1 - Caracterização morfológica, estrutural, química e potencial de superfície de filmes de
PAni1-xITOx .................................................................................................................................... 34
3.1.1 – Microscopia de Força Atômica...................................................................................... 35
3.1.2 – Caracterização Morfológica dos Filmes Finos por Microscopia Eletrônica de
Varredura (MEV) ....................................................................................................................... 35
3.1.3 – Caracterização por Difração de Raios-X ...................................................................... 36
3.1.4 – Caracterização por Espectrometria de Infravermelho por Transformada de Fourier-
FTIR ........................................................................................................................................... 37
3.1.5 – Caracterização por Espectrometria Raman .................................................................. 38
3.1.6 - Análise Kelvin Probe ...................................................................................................... 38
3.2- Medidas Elétricas.................................................................................................................... 39
3.2.1 - Corrente vs. Tensão (I vs V) ........................................................................................... 40
3.2.2 Medidas Elétricas ac ......................................................................................................... 41
3.2.3 - O Criostato ..................................................................................................................... 42
CAPÍTULO 4.................................................................................................................................... 45
PROCEDIMENTOS E TÉCNICAS EXPERIMENTAIS ............................................................ 45
4.1 - Síntese da Polianilina ............................................................................................................. 46
4.2 - Preparação da Mistura da PAni e ITO (nanopartículas) ........................................................ 48
4.3 - Preparação dos Filmes Finos pelo Método Casting .............................................................. 49
4.4 - Preparação da Pastilha de ITO ............................................................................................... 50
CAPÍTULO 5.................................................................................................................................... 52
vii
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA, ESTRUTURAL, QUÍMICA E POTENCIAL
ELÉTRICO DE SUPERFÍCIE ....................................................................................................... 52
5.1 - Análise de EFM, AFM e MEV dos Filmes Híbridos de PAni1-xITOx ................................... 52
5.1.1 - Análise Morfológica por Microscopia por Força Atômica (AFM) e .................................
Microscopia de Força Elétrica (EFM) ...................................................................................... 52
5.1.2 - Análise Morfológica por MEV dos Filmes Híbridos de PAni1-xITOx ............................. 56
5.2 – Análise por Difração de Raios-X dos Filmes Híbridos de PAni1-xITOx ............................... 61
5.3 - Análise Química por FTIR e Raman dos Filmes Híbridos de PAni1-xITOx ........................... 64
5.4 - Análise do Potencial de Superfície pela Técnica de Ponta de Prova Kelvin Probe ............... 67
5.5 - Discussão Parcial dos Resultados .......................................................................................... 68
CAPÍTULO 6.................................................................................................................................... 71
CARACTERIZAÇÃO ELÉTRICA ............................................................................................... 71
6.1 - Caracterização Elétrica dos Nanocompósitos de PAni1-xITOx .............................................. 71
6.1.2 - Corrente x Tensão (I vs V) .............................................................................................. 71
6.1.3- Impedância Complexa e Condutividade Alternada ......................................................... 78
6.2 - Discussão Parcial dos Resultados ........................................................................................ 106
CAPÍTULO 7.................................................................................................................................. 109
MODELAMENTO TEÓRICO-EXPERIMENTAL DA CONDUTIVIDADE ........................ 109
7.1 – Modelo - Percolação ............................................................................................................ 109
7.2 - Modelo Fenomenológico de Havrilliak-Negami (HN) ........................................................ 111
7.3 – Modelo Microscópico de Barreiras de Energias Livres Aleatórias (RFEB) ....................... 131
7.4 – Modelo EMA– Aproximação Média Efetiva ...................................................................... 132
7.5 – Discussão Parcial dos Resultados ....................................................................................... 146
CAPÍTULO 8.................................................................................................................................. 152
CONCLUSÕES .............................................................................................................................. 152
CAPÍTULO 9.................................................................................................................................. 155
TRABALHOS APRESENTADOS E SUBMETIDOS ................................................................ 155
viii
CAPÍTULO 10................................................................................................................................ 157
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................... 157
ix
Lista de Figuras
Figura 1.1 - Imagens de algumas aplicações de polímeros conjugados na eletrônica orgânica. (a) Display de
PLEDs (polymer light-emitting diode) em um telefone celular fabricado pela LG. (b) Uma célula solar à base
de materiais poliméricos. ................................................................................................................................... 1
Figura 2.1 - Esquema que ilustra os principais temas que são abordados ao longo deste capítulo
correlacionando materiais e propriedades dos sistemas híbridos propostos. ..................................................... 6
Figura 2.2 - Ligação dupla entre dois átomos de carbono. Os orbitais híbridos sp2 se sobrepõem frontalmente
para a formação de uma ligação e os dois orbitais remanescentes pz, formam a ligação pela aproximação
lateral. ................................................................................................................................................................ 8
Figura 2.3 - Nomes, fórmulas estruturais dos polímeros conjugados mais explorados na literatura. .............. 8
Figura 2.4 - Fórmula estrutural geral da PAni. ................................................................................................. 9
Figura 2.5 - Dopagem e desdopagem protônica da base esmeraldina (BE) para sal esmeraldina e vice-versa .
......................................................................................................................................................................... 10
Figura 2.6 - (a) Representação esquemática do comportamento da condutividade elétrica de materiais
desordenados para diferentes temperaturas e (b) comportamento da condutividade elétrica caracterizado por
uma condutividade constante σ (dc) no regime de baixa frequência, seguido por um comportamento
dependente da frequência σ (ω). c é a frequência crítica, a partir do qual a condutividade passa a
apresentar um comportamento dependente da frequência . ............................................................... 18
Figura 2.7 - Gráfico da impedância Z representada como um vetor planar no plano complexo usando
coordenadas retangulares e polares . ............................................................................................................... 20
Figura 2.8 - Fluxograma da dinâmica de medida e caracterização de sistemas material-eletrodo. ................ 22
Figura 2.9 - (a) Circuito RC paralelo (b) sua resposta de impedância representada pelo Diagrama de Argand,
no qual a componente imaginária da impedância é representada no eixo das coordenadas e a componente real
da impedância é representada no eixo das abscissas. ...................................................................................... 24
Figura 2.10 - Curvas referentes às componentes real e imaginária da impedância complexa, obtidas para os
processos de (a) Debye ( = 1 e = 1), (b) Cole-Cole ( = 0,5 e = 1), (c) Davidson-Cole ( = 1 e β = 0,5)
e (d) Havriliak-Negami ( = 0,5 e = 0,5), com seus respectivos Diagramas de Argand, representados por
Z”(f) vs Z’(f). Todas as curvas foram obtidas a partir da Eq. 2.8 fazendo R = 103 e C = 10
-6 F e estão
representadas em escala mono-log ................................................................................................................. 25
Figura 2.11 - Potencial típico descrito em um modelo de saltos. Emin e Emax são respectivamente, a energia
mínima e a energia máxima das barreiras a que os portadores de saltos estão sujeitos. ................................. 27
Figura 2.12 - Esquema que ilustra a diferença entre as teorias de Maxwell-Garnett e Bruggeman. .............. 29
Figura 2.13 - Dependência da condutividade com a concentração das partículas condutivas na matriz
polimérica isolante. .......................................................................................................................................... 31
Figura 2.14 - O fluxograma resume os temas abordados no Capítulo 2, o qual mostra que neste capítulo
abordou-se primeiramente as características e definições de polímeros, focando no polímeros semicondutivos
(PAni). Em seguida, procurou-se mostrar as definições e características dos óxidos, particularizando os
óxidos semicondutivos nanoestruturados, principalmente as propriedades do ITO. Enfatizou-se as
características dos nanocompósitos, bem como as suas propriedades elétricas e de seus constituintes. Por fim,
mostrou como se dá a caracterização elétrica desses sistemas híbridos via espectroscopia de impedância e a
x
compreensão da resposta elétrica por meio dos modelos teórico-experimentais, com a descrição em detalhes
dos principais modelos e teorias empregados nesta tese. ................................................................................ 33
Figura 3.1 - O fluxograma de todas as técnicas experimentais utilizadas na caracterização dos filmes de
PAni1-xITOx produzidos, o qual mostra que os filmes de PAni1-xITOx uma vez produzidos, tiveram sua
propriedade elétrica caracterizada via campo contínuo e alternado, enquanto a morfologia e estrutura foram
caracterizadas por MEV, AFM e DRX, as propriedades químicas por EDS, FTIR e Raman e por fim o
potencial de superfície foi analisado por EFM e por Kelvin Probe. ................................................................ 34
Figura 3.2 - Esquema de montagem utilizado para a determinação da condutividade elétrica dc , das
amostras de PAni1-xITOx . ................................................................................................................................ 40
Figura 3.3 - Esquema utilizado para a realização das medidas elétricas dc e ac e aquisição de dados. A
amostra é colocada dentro de um criostato á vácuo que, por sua vez, está conectado, ora à fonte de tensão,
ora à ponte de impedância. Os dados são adquiridos via placa GPIB acoplada ao microcomputador [43]. ... 41
Figura 3.4 - Foto (a) externa e (b) interna do criostato JANIS, modelo CCS 400/202. ................................. 43
Figura 3.5 - Ilustração esquemática do criostato JANIS, modelo CCS 400/202. ........................................... 43
Figura 3.6 - Porta amostra acoplado ao criostato JANIS, modelo CCS 400/202. .......................................... 44
Figura 4.1 - Esquema de descrição das etapas seguidas para a obtenção dos filmes de PAni1-xITOx para
análise química, morfológica, estrutural e elétrica, o qual mostra que, a partir da síntese da PAni (a), seguiu-
se para a dispersão da PAni no NMP e a mistura física das nanopartículas de ITO (b), para posterior
filtragem do ITO (c) e deposição dos filmes via casting (d); uma vez, obtidos os filmes, separou-se as
amostras para as análises (e), sendo que as amostras separadas para análise elétrica foram encaminhadas para
a metalização (f). ............................................................................................................................................. 45
Figura 4.2 - Esquema geral da síntese química convencional da PAni, previamente mencionado. ............... 47
Figura 4.3 - Filmes finos e planos contendo as seguintes frações molares: (a) PAni1,00ITO0,00, (b)
PAni1,00ITO0,00, (c) PAni0,99ITO0,01, (d) PAni0,95ITO0,05, (e) PAni0,91ITO0,09, (f) PAni0,87ITO0,13, (g)
PAni0,80ITO0,20, (h)PAni0,67ITO0,33 e depositados por casting. ......................................................................... 50
Figura 4.4 - Filme fino flexível de PAni0,67ITO0,33 e metalizado com eletrodo de ouro ................................ 50
Figura 4.5 - (a) Foto da prensa utilizada na produção das pastilhas de ITO e (b) foto da pastilha de ITO
obtida. .............................................................................................................................................................. 51
Figura 5.1 - Conjuntos de imagens dos sistemas PAni1-xITOx dispostos ordenadamente em linha, obtidos,
respectivamente, por EFM, AFM (imagens topográficas e contraste de fase) de (a,b,c) PAni1,00ITO0,00; (d,e,f)
PAni0,99ITO0,01; (g,h,i) PAni 0,97ITO0,03. ........................................................................................................... 54
Figura 5.2 - Conjuntos de imagens dos sistemas PAni1-xITOx dispostos ordenadamente em linha, obtidos,
respectivamente, por EFM, AFM (imagens topográficas e contraste de fase) de (j,l,m) PAni0,95ITO0,05;
(n,o,p) PAni0,91ITO0,09; (q,r,s); PAni0,80ITO0,20; (t,u,v) PAni0,67ITO0,33 . .......................................................... 55
Figura 5.3 - Micrografias da superfície de (a) PAni, (b) PAni0,95ITO0,05, (c) PAni0,91ITO0,09, (d)
PAni0,80ITO0,20. Os círculos são para ressaltar as áreas que mostram mais claramente a morfologia de
superfície dos filmes. ....................................................................................................................................... 57
Figura 5.4 - Micrografias de superfície obtidas por sinal de elétrons Auger – composição, EDS dos filmes
(a), (a1) e (a2) PAni1,00ITO0,00; (b), (b1) e (b2) PAni0,95ITO0,05 . ........................................................................ 58
Figura 5.5 - Micrografias de superfície obtidas por sinal de elétrons Auger – composição, EDS dos filmes
(a), (a1) e (a2) PAni0,00ITO0,09; (b), (b1) e (b2) PAni0,80ITO0,20 . ........................................................................ 59
xi
Figura 5.6 - Comparação entre as imagens obtidas por EFM e AFM e as micrografias obtidas por MEV
(EDS) dos filmes (a,b,c) PAni1,00ITO0,00; (d,e,f) PAni0,95ITO0,05; (g,h,i) PAni0,91ITO0,09; (j,l,m) PAni0,80ITO0,20.
......................................................................................................................................................................... 60
Figura 5.7 - Difratograma de raios-X dos filmes (a) PAni1,00ITO0,00; (b) PAni0,99ITO0,01; (c) PAni0,95ITO0,05;
(d) PAni0,87ITO0,13; (e) PAni0,80ITO0,20; (f) PAni0,67ITO0,33; (g) PAni0,00ITO1,00. ............................................. 63
Figura 5.8 - Resultado da aplicação da Eq. 5.1 mostrado a partir da razão entre o diâmetro dos cristalitos de
uma dada amostra pelo diâmetro dos cristalitos presentes no filme PAni0,87ITO0,13 em função de (0, 13, 20
e 33%). A linha tracejada é para guiar os olhos. ............................................................................................. 64
Figura 5.9 - Espectro obtido por FTIR por reflexão dos filmes (a) PAni1,00ITO0,00; (b) PAni0,99ITO0,01; (c)
PAni0,95ITO0,05; (d) PAni0,87ITO0,13; (e) PAni0,80ITO0,20; (f) PAni0,67ITO0,33. A Figura também mostra (g) a
fórmula estrutural geral da polianilina como base esmeraldina, contendo 4 anéis, os quais foram
considerados referência na identificação dos picos nos espectros de FTIR. ................................................... 66
Figura 5.10 - Espectro obtido por Raman dos filmes (a) PAni1,00ITO0,00; (b) PAni0,99ITO0,01; (c)
PAni0,95ITO0,05; (d) PAni0,91ITO0,09; (e) PAni0,80ITO0,20; (f) PAni0,67ITO0,33, referente à face votada para o
vidro. ................................................................................................................................................................ 67
Figura 5.11 - (a) Gráfico da Função trabalho vs a porcentagem em massa de ITO ( ) presente na PAni, (b)
filme PAni0,67ITO0,33 que representa um dos filmes de PAni-ITO com a metade de sua face metalizada com
ouro e analisados por Kelvin Probe. ............................................................................................................... 68
Figura 5.12 - Fluxograma e conclusões das análises de AFM, EFM, MEV/EDS, DRX, Kelvin Probe e FTIR
e Raman, dos filmes de PAni1-xITOx. .............................................................................................................. 70
Figura 6.1 - Curvas I vs V em escala linear, obtidas dos filmes (a) PAni1,00ITO0,00, (b) PAni0,99ITO0,01, (c)
PAni0,95ITO0,05, (d) PAni0,91ITO0,09, (e) PAni0,87ITO0,13, (f) PAni0,80ITO0,20, (g) PAni0,67ITO0,33. Todas as
medidas foram realizadas sob vácuo (10-2
Torr) a 300 K. Ro é a resistência elétrica das amostras e foi obtida
por meio da Lei de Ohm. ................................................................................................................................. 72
Figura 6.2 - Curva de dc obtida a partir de Ro em função da concentração de ITO presente na massa total
dos sistemas PAni1,00ITO0,00, PAni0,99ITO0,01,, PAni0,95ITO0,05, PAni0,91ITO0,09, PAni0,87ITO0,13,
PAni0,80ITO0,20,PAni0,67ITO0,33. A linha pontilhada serve apenas para guiar os olhos. ................................... 74
Figura 6.3 - lndc vs T-1
das amostras (a) PAni1,00ITO0,00, (b) PAni0,99ITO0,01, (c) PAni0,95ITO0,05, obtidas a
partir da Eq. 4.1. “r” mostra o mostra o valor do coeficiente de correlação linear obtido pela regressão linear
dos dados experimentais. ................................................................................................................................. 75
Figura 6.4 - lndc vs T-1
das amostras (a) PAni0,91ITO0,09, (b) PAni0,87ITO0,13, (c) PAni0,80ITO0,20, (d)
PAni0,67ITO0,33 e obtidas a partir da Eq. 4.1. “r” mostra o valor do coeficiente de correlação linear obtido pela
regressão linear dos dados experimentais. ....................................................................................................... 76
Figura 6.5 - Curva de energia de ativação Eat1 e Eat2 vs X (%). As energias de ativação Eat1 e Eat2 foram
obtidas a partir da Tabela VI.1 ........................................................................................................................ 78
Figura 6.6 - Gráficos experimentais de Z’(f) e Z’’(f), da impedância complexa de filmes de (a) PAni, (b)
PAni0,99ITO0,01, (c) PAni0,95ITO0,05, (d) PAni0,91ITO0,09, (e) PAni0,87ITO0,13, (f) PAni0,80ITO0,20, (g)
PAni0,67ITO0,33, (h) PAni0,00ITO1,00. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-experimentais obtidos por
meio da Eq. 7.1, do Cap. 7. ............................................................................................................................. 79
Figura 6.7 - Gráficos experimentais de ’(f), e ’’(f), da condutividade complexa de filmes de (a)
PAni1,00ITO0,00, (b) PAni0,99ITO0,01, (c) PAni0,95ITO0,05, (d) PAni0,91ITO0,09, (e) PAni0,87ITO0,13. (f)
PAni0,80ITO0,20, (g) PAni0,67ITO0,33, (h) PAni0,00ITO1,00. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-
experimentais obtidos por meio da Eq. 7.10, do Cap. 7. ................................................................................. 81
xii
Figura 6.8 - Gráficos experimentais de (a) Z’(f), e (b) Z’’(f), da impedância complexa de filmes de
nancompósitos de PAni1,00ITO0,00, PAni0,99ITO0,01, PAni0,95ITO0,05, PAni0,91ITO0,09, PAni0,87ITO0,13,
PAni0,80ITO0,20, PAni0,67ITO0,33 à temperatura ambiente. ................................................................................ 82
Figura 6.9 - Gráficos experimentais de ’(f), e ’’(f), da condutividade complexa de filmes de
PAni1,00ITO0,00 e nanocompósitos de PAni0,99ITO0,01, PAni0,95ITO0,05, PAni0,91ITO0,09, PAni0,87ITO0,13,
PAni0,80ITO0,20, PAni0,67ITO0,33 à temperatura ambiente. ................................................................................ 83
Figura 6.10 - Gráfico do log. impedância dc, Zdc, e log. da condutividade dc, dc obtidos a partir das curvas
experimentais de impedância e condutividade complexa e a partir das curvas I vs V . .................................. 84
Figura 6.11 - Gráfico de frequência crítica em função da porcentagem em massa de ITO. .......................... 85
Figura 6.12 - Gráficos de Z’ vs. Z’’ dos filmes finos de (a) PAni1,00ITO0,00, (b) PAni0,99ITO0,01, (c)
PAni0,95ITO0,05, (d) PAni0,91ITO0,09, (e) PAni0,87ITO0,13, (f) PAni0,80ITO0,20, (g) PAni0,67ITO0,33. .................... 86
Figura 6.13 - Gráfico de log. dos tempos de relaxação em função da porcentagem em massa de ITO
referentes às amostras (a) PAni1,00ITO0,00, (b) PAni0,99ITO0,01, (c) PAni0,95ITO0,05, (d) PAni0,91ITO0,09, (e)
PAni0,87ITO0,13, (f) PAni0,80ITO0,20, (g) PAni0,67ITO0,33. A linha pontilhada é para guiar os olhos. ................. 87
Figura 6.14 - Componentes reais real Z’(f), e imaginária Z”(f), obtidos com a amostra PAni1,00ITO0,00 nas
temperaturas: (a) -48oC , (b) -23
oC, (c) -2
oC, (d) 27
oC e (e) 52°C, (f) 77
oC e (g) apresenta o comportamento
de Z’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-experimentais
obtidos por meio da Eq.7.1, do Cap. 7. ........................................................................................................... 89
Figura 6.15 - Componentes reais real ’(f), e imaginária ”(f), obtidos com a amostra PAni1,00ITO0,00 nas
temperaturas: (a) -48oC , (b) -23
oC, (c) -2
oC, (d) 27
oC, (e) 52°C, (f) 77
oC e (g) apresenta o comportamento
de ’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-experimentais
obtidos por meio da Eq. 7.10, do Cap.7. ......................................................................................................... 90
Figura 6.16 - Componentes reais real Z’(f), e imaginária Z”(f), obtidos com a amostra PAni0,99ITO0,01 nas
temperaturas: (a) -48oC , (b) -23
oC, (c) -2
oC, (d) 27
oC, (e) 52°C, (f) 77
oC e (g) apresenta o comportamento de
Z’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-experimentais
obtidos por meio da Eq. 7.1, do Cap. 7. .......................................................................................................... 92
Figura 6.17 - Componentes reais real ’(f), e imaginária ”(f), obtidos com a amostra PAni0,99ITO0,01 nas
temperaturas: (a) -48oC , (b) -23
oC, (c) -2
oC, (d) 27
oC, (e) 52°C, (f) 77
oC e (g) apresenta o comportamento de
’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-experimentais
obtidos por meio da Eq. 7.10, do Cap. 7. ........................................................................................................ 93
Figura 6.18 - Componentes reais real Z’(f), e imaginária Z”(f), obtidos com a amostra PAni0,95ITO0,95 nas
temperaturas: (a) -48oC , (b) -23
oC, (c) -2
oC, (d) 27
oC, (e) 52°C, (f) 77
oC e (g) apresenta o comportamento de
Z’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-experimentais
obtidos por meio da Eq. 7.1, do Cap. 7. .......................................................................................................... 94
Figura 6.19 - Componentes reais real ’(f), e imaginária ”(f), obtidos com a amostra PAni0,95ITO0,95 nas
temperaturas: (a) -48oC , (b) -23
oC, (c) -2
oC, (d) 27
oC, (e) 52°C, (f) 77
oC e (g) apresenta o comportamento de
Z’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-experimentais
obtidos por meio da Eq. 7.10, do Cap. 7. ........................................................................................................ 95
Figura 6.20 - Componentes reais real Z’(f), e imaginária Z”(f), obtidos com a amostra PAni0,91ITO0,09 nas
temperaturas: (a) -223oC , (b) -173
oC, (c) -123
oC, (d) -98
oC e (e) -73°C. As linhas cheias mostram os ajustes
teórico-experimentais obtidos por meio da Eq. 7.1, do Cap. 7. Esta figura tem sequência na Figura 6.20.... 96
Figura 6. 21 - Sequência da Figura 6.19, referentes às componentes reais real Z’(f), e imaginária Z”(f),
obtidos com a amostra PAni0,91 TO0,09 nas temperaturas: (f) -48oC , (g) -23
oC, (h) 2
oC, (i) 27
oC e (j) apresenta
xiii
o comportamento de Z’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes
teórico-experimentais obtidos por meio da Eq. 7.1, do Cap. 7. ....................................................................... 97
Figura 6.22 - Componentes reais real ’(f), e imaginária ”(f), obtidos com a amostra PAni0,91ITO0,09 nas
temperaturas: (a) -223oC , (b) -173
oC, (c) -123
oC, (d) -98
oC e (e) -73°C. As linhas cheias mostram os ajustes
teórico-experimentais obtidos por meio da Eq. 7.10, do Cap. 7. Esta Figura tem sequência na Figura 6.22. 98
Figura 6.23 - Sequência da Fig. 6.24 referente às componentes reais real ’(f), e imaginária ”(f), obtidos
com a amostra PAni0,91ITO0,09 nas temperaturas: (f) -48oC, (g) -23
oC, (h) 2
oC, (i) 27
oC e (j) apresenta o
comportamento de ’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes
teórico-experimentais obtidos por meio da Eq. 7.10, do Cap. 7. ..................................................................... 99
Figura 6.24 - Componentes reais real Z’(f), e imaginária Z”(f), obtidos com a amostra PAni0,87ITO0,13 nas
temperaturas: (a) -223oC, (b) -173
oC, (c) -123
oC, (d) -73°C. (e) -23
oC, (f) 27
oC e (g) apresenta o
comportamento de Z’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes
teórico-experimentais obtidos por meio da Eq. 7.1, do Cap. 7 ...................................................................... 100
Figura 6.25 - Componentes reais real ’(f), e imaginária ”(f), obtidos com a amostra PAni0,87ITO0,13 nas
temperaturas: (a) -223oC, (b) -173
oC, (c) -123
oC, (d) -73°C, (e) -23
oC, (f) 27
oC e (g) apresenta o
comportamento de ’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes
teórico-experimentais obtidos por meio da Eq. 7.10, do Cap. 7. ................................................................... 101
Figura 6.26 - Componentes reais real Z’(f), e imaginária Z”(f), obtidos com a amostra PAni0,80ITO0,20 nas
temperaturas: (a) -223oC, (b) -173
oC, (c) -123
oC, (d) -73°C, (e) -23
oC, (f) 27
oC e (g) apresenta o
comportamento da Z’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes
teórico-experimentais obtidos por meio da Eq. 7.1, do Cap. 7. ..................................................................... 102
Figura 6.27 - Componentes reais real ’(f), e imaginária ”(f), obtidos com a amostra PAni0,80ITO0,20 nas
temperaturas: : (a) -223oC, (b) -173
oC, (c) -123
oC, (d) -73°C, (e) -23
oC, (f) 27
oC e (g) apresenta o
comportamento de ’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes
teórico-experimentais obtidos por meio da Eq. 7.10, do Cap. 7. ................................................................... 103
Figura 6.28 - Componentes reais real Z’(f), e imaginária Z”(f), obtidos com a amostra PAni0,67ITO0,33 nas
temperaturas: (a) -223oC, (b) -173
oC, (c) -123
oC , (d) -73°C, (e) -23
oC, (f) 27
oC e (g) apresenta o
comportamento de Z’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes
teórico-experimentais obtidos por meio da Eq. 7.1, do Cap. 7. ..................................................................... 104
Figura 6.29 - Componentes reais real ’(f), e imaginária ”(f), obtidos com a amostra PAni0,67ITO0,33 nas
temperaturas: (a) -223oC, (b) -173
oC, (c) -123
oC , (d) -73°C, (e) -23
oC, (f) 27
oC e (g) apresenta o
comportamento de ’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes
teórico-experimentais obtidos por meio da Eq. 7.10, do Cap. 7. ................................................................... 105
Figura 6.30 - Fluxograma que retrata as sequências de resultados obtidos a partir das análises elétricas, a
partir do qual pode-se perceber que por meio das curvas Z’(f) e Z”(f) pôde-se se obter os diagramas de
Argand, a partir do qual foi possível perceber a existência de elementos de impedância distribuídos pelo
material (modelo Cole Cole) e que o comportamento de Zdc, , σdc, e Ro vs X segue a teoria de percolação .
As curvas de σ’(f) e σ”(f) possibilitaram perceber que os sistemas PAni1-xITOx são sólidos desordenados. As
curvas de I vs V, por sua vez, permitiu notar que o contato elétrico entre metal/filme é ôhmico. Por fim, por
meio das curvas ln σdc vs T-1
percebeus-e que todos os filmes analisados seguem o comportamento
termicamente ativado de Arrhenius, a partir do qual a energia de ativação Eat. diminui em função de X. .. 107
Figura 7.1 - Esquema de ilustração das etapas para a realização dos ajustes teórico-experimentais, a partir da
caracterização elétrica do sistema PAni1-xITOx, por meio dos modelos teórico-experimentais. ................... 109
Figura 7.2 - (a) σdc em função de x para filmes de PAni1-xITOx com x = 0,00; 0,01; 0,05; 0,09; 0,013; 0,20;
0,33 .A figura também mostra micrografias obtidas por EDS das amostras com (b) x = 0,05; (c) x = 0,09; (d)
xiv
x = 0,20 , para corroborar com os resultados elétricos. ................................................................................. 110
Figura 7.3 - Circuito equivalente utilizado no modelamento teórico-experimental, o qual foi utilizado para
representar as curvas de impedância complexa, já apresentadas nas Figuras 6.13, 6.15, 6.17, 6.19, 6.21, 6.23,
6.25. ............................................................................................................................................................... 112
Figura 7.4 - Gráficos de Z’ e Z” (Argand) obtidos das amostras de PAni0,87ITO0,13 e ajustados por (a) Cole-
Cole, Davidson-Cole, Debye, Havrilliak-Negami e (b) por um circuito elétrico representado por dois RCs
paralelo dispostos em série e disposto em paralelo. ...................................................................................... 113
Figura 7.5 - Gráficos de (a) R1, (b) 1 em função de obtidos a 300K e (c) R1, (d) 1 em função de
obtidos a 250K. Todos os parâmetros foram obtidos a partir do ajuste teórico-experimental das curvas Z’(f) e
Z”(f), os quais estão expressos nas Tabs. VII.1 a VII.7. As regiões A, B, C já foram observadas e definidas
nas Figs. 6.2, 6.9 e 6.10 do Cap. 6 e Fig. 7.2 do item 7.1.1 deste capítulo. ................................................... 118
Figura 7.6 - Representação de associação em série de resistores referente à (a) matriz isolante PAni e (b) aos
filmes PAni1-xITOx com 0,01 ≤ x ≤ 0,33, na região de baixas frequências. Representação de associação de
capacitores em série referente à (c) matriz isolante PAni e (d) aos filmes PAni1-xITOx com
0,01 ≤ x ≤ 0,33, na região de altas frequências, onde a capacitância C3 é nula, pois o ITO é puramente
resistivo. Por fim, ilustração esquemática da (e) matriz PAni para x = 0,00 e (f) dos filmes de PAni1-xITOx
para 0,01 ≤ x ≤ 0,33. ...................................................................................................................................... 119
Figura 7.7- Gráficos de 1 em função de X, obtido a partir do ajuste teórico-experimental das curvas Z’(f) e
Z”(f), os quais estão expressos nas Tabelas VII.1 a VII.8. As regiões A, B e C já foram mostradas na Fig. 7.5
e discutidas. ................................................................................................................................................... 122
Figura 7.8 - Gráficos do comportamento em função da temperatura dos parâmetros (a)tempo de relaxação
1, (b) resistência R1 (c) capacitância C1 referentes à amostra PAni1,00ITO0,00. Todos os parâmetros foram
obtidos a partir do ajuste teórico-experimental das curvas Z’(f) e Z”(f), os quais estão expressos na Tabela
VII.1. As linhas pontilhadas são apresentadas para guiar os olhos. .............................................................. 124
Figura 7.9 - Gráficos do comportamento em função da temperatura do (a) tempo de relaxação 2, (b)
resistência R2, (c) tempo de relaxação 2, (d) resistência R1, (e) capacitância C1 referentes à amostra
PAni0,99ITO0,01. Todos os parâmetros foram obtidos a partir do ajuste teórico-experimental das curvas Z’(f) e
Z”(f), os quais estão expressos na Tabela VII.2. As linhas pontilhadas são apresentadas para guiar os olhos.
....................................................................................................................................................................... 125
Figura 7.10 - Gráficos do comportamento em função da temperatura do (a) tempo de relaxação 2, (b)
resistência R2, (c) tempo de relaxação 2, (d) resistência R1, (e) capacitância C1 referentes à amostra
PAni0,95ITO0,05. Todos os parâmetros foram obtidos a partir do ajuste teórico-experimental das curvas Z’(f) e
Z”(f), os quais estão expressos na Tabela VII.3. As linhas pontilhadas são apresentadas para guiar os olhos.
....................................................................................................................................................................... 126
Figura 7.11 - Gráficos do comportamento em função da temperatura do (a) tempo de relaxação 2, (b)
resistência R2, (c) tempo de relaxação 2, (d) resistência R1, (e) capacitância C1 referentes à amostra
PAni0,91ITO0,09. Todos os parâmetros foram obtidos a partir do ajuste teórico-experimental das curvas Z’(f) e
Z”(f), os quais estão expressos na Tabela VII.4. As linhas pontilhadas são apresentadas para guiar os olhos.
....................................................................................................................................................................... 127
Figura 7.12 - Gráficos do comportamento em função da temperatura do (a) tempo de relaxação 2, (b)
resistência R2, (c) tempo de relaxação 2, (d) resistência R1, (e) capacitância C1 referentes a amostra
PAni0,87ITO0,13. Todos os parâmetros foram obtidos a partir do ajuste teórico-experimental das curvas Z’(f) e
Z”(f), os quais estão expressos na Tabela VII.5. As linhas pontilhadas são apresentadas para guiar os olhos.
....................................................................................................................................................................... 128
Figura 7.13 - Gráficos do comportamento em função da temperatura do (a) tempo de relaxação 2, (b)
xv
resistência R2, (c) tempo de relaxação 2, (d) resistência R1, (e) capacitância C1 referentes à amostra
PAni0,80ITO0,20. Todos os parâmetros foram obtidos a partir do ajuste teórico-experimental das curvas Z’(f) e
Z”(f), os quais estão expressos na Tabela VII.6. As linhas pontilhadas são apresentadas para guiar os olhos.
....................................................................................................................................................................... 129
Figura 7.14 - Gráficos do comportamento em função da temperatura do (a) tempo de relaxação 2, (b)
resistência R2, (c) tempo de relaxação 2, (d) resistência R1, (e) capacitância C1 referentes à amostra
PAni0,67ITO0,33. Todos os parâmetros foram obtidos a partir do ajuste teórico-experimental das curvas Z’(f) e
Z”(f), os quais estão expressos na Tabela VII.7. As linhas pontilhadas são apresentadas para guiar os olhos.
....................................................................................................................................................................... 130
Figura 7.15 - Gráficos de (a) ’min (250 K), (b) constante dielétrica K (250 K) (c) σ0D/ γ’mín (250 K), (d) σ0D
(250 K) em função de x e (e) ’min (300 K), (f) K (300 K) (g) σ0D/ γ’mín (300 K), (h) σ0D (300 K) em função
de . Todos os parâmetros foram obtidos a partir do ajuste teórico-experimental das curvas ’(f) e ”(f), os
quais estão expressos nas Tabs. VII.8 a VII.12. As linhas tracejadas são para guiar os olhos. ..................... 137
Figura 7.16 - Gráficos do comportamento dos parâmetros em função da temperatura (a) K, (b) σ0D/ ’mín, (c)
’mín, (d) σ0D, referentes à amostra PAni1,00ITO0,00 e mostrados na Tab. VII.8. As linhas tracejadas são para
guiar os olhos. ................................................................................................................................................ 139
Figura 7.17- Gráficos do comportamento dos parâmetros em função da temperatura (a) K, (b) σ0D/ ’mín, (c)
’mín, (d) σ0D, referentes à amostra PAni0,99ITO0,01, e mostrados na Tab. VII.9. As linhas tracejadas são para
guiar os olhos. ................................................................................................................................................ 140
Figura 7.18 - Gráficos do comportamento dos parâmetros em função da temperatura (a) K, (b) σ0D/’mín, (c)
’mín, (d) σ0D, referentes à amostra PAni0,95ITO0,05 e mostrados na Tab. VII.10. As linhas tracejadas são para
guiar os olhos. ................................................................................................................................................ 141
Figura 7.19 - Gráficos do comportamento dos parâmetros em função da temperatura (a) K, (b) σ0D/’mín, (c)
’mín, (d) σ0D, referentes à amostra PAni0,95ITO0,05 e mostrados na Tab. VII.11. As linhas tracejadas são para
guiar os olhos. ................................................................................................................................................ 142
Figura 7.20 - Gráficos do comportamento dos parâmetros em função da temperatura (a) K, (b) σ0D/’mín, (c)
’mín, (d) σ0D, referentes a amostra PAni0,87ITO0,13 e mostrados na Tab. VII.12. As linhas tracejadas são para
guiar os olhos. ................................................................................................................................................ 143
Figura 7.21 - ln0D vs T-1
das amostras (a) PAni1,00ITO0,00, (b) PAni0,99ITO0,01, (c) PAni0,95ITO0,05, (d)
PAni0,91ITO0,09, (e) PAni0,87ITO0,13. A condutividade 0D, foi a partir dos ajustes teórico-experimentais das
curvas ’(f) e ”(f), os quais estão expressos na Tabela VII. “r” mostra o valor do coeficiente de correlação
linear obtido pela regressão linear dos dados experimentais. ........................................................................ 145
Figura 7.22 - Gráfico da energia de ativação Eat1 vs (%) obtidos a partir dos valores mostrados na Tabela
VII.3. As regiões A e B já foram mostradas nas Figs 7.5 e 7.7 e discutidas ................................................. 146
Figura 7.23 - Fluxograma que mostra os modelos teórico-experimentais e análises utilizados na
interpretação das caracterizações elétricas dos sistemas PAni1-xITOx. .......................................................... 147
Figura 7.24 - Esquema que ilustra a formação dos aglomerados nos sistemas PAni1-xITOx, em função do
aumento de x, da seguinte forma: (a) para 0,00 ≤ x ≤ 0,05; (b) para 0,05 < x < 0,20; (c) para 0,20 ≤ x ≤ 0,33.
....................................................................................................................................................................... 149
xvi
Lista de Tabelas
Tabela II.1 - Funções complexas obtidas das componentes de impedância complexa e dos parâmetros
geométricos (área do eletrodo, “A”, espessura do filme, “e”), das amostras . ................................................ 21
Tabela III.1 - Condições de calibração experimental utilizadas nas medidas de função trabalho da superfície
dos filmes finos de PAni1-xITOx. ..................................................................................................................... 39
Tabela VI.1 - Energias de ativação das amostras PAni1,00ITO0,00, PAni0,99ITO0,01,, PAni0,95ITO0,05,
PAni0,91ITO0,09, PAni0,87ITO0,13, PAni0,80ITO0,20, PAni0,67ITO0,33 e obtidas a partir do ajuste linear da Figura
6.3 e 6.4. .......................................................................................................................................................... 78
Tabela VII.1 - Parâmetros referentes aos ajustes das curvas experimentais ac, em diferentes temperaturas,
para PAni1,00 ITO0,00, com L = 60 m. Parâmetros de ajuste: 1= 0,992 obtidos a partir da Eq. 7.1. .......... 115
Tabela VII.2 – Parâmetros referentes aos ajustes das curvas experimentais ac, em diferentes temperaturas,
para PAni0,99ITO0,01, com L = 65 m. Parâmetros de ajuste: C2 = 1,0 10-10
F e 1 = 0,992, obtidos a partir
da Eq. 7.1. ...................................................................................................................................................... 115
Tabela VII.3 – Parâmetros referentes aos ajustes das curvas experimentais ac, em diferentes temperaturas,
para PAni0,95ITO0,05, com L = 30 m. Parâmetros de ajuste: C2 = 1,0 10-10
F e α1 = 0,980, obtidos a partir da
Eq. 7.1. ........................................................................................................................................................... 115
Tabela VII.4 – Parâmetros referentes aos ajustes das curvas experimentais ac, em diferentes temperaturas,
para PAni0,91ITO0,09, com L = 35 m. Parâmetros de ajuste: C2 = 1,0 10-10
F e 1 = 0,970, obtidos a partir
da Eq. 7.1. ...................................................................................................................................................... 116
Tabela VII.5 – Parâmetros referentes aos ajustes das curvas experimentais ac, em diferentes temperaturas,
para PAni0,87ITO0,13, com L = 100 m. Parâmetros de ajuste: C2 = 1,0 10-10
F e 1 = 0,965, obtidos a
partir da Eq. 7.2. ............................................................................................................................................ 116
Tabela VII.6 – Parâmetros referentes aos ajustes das curvas experimentais ac, em diferentes temperaturas,
para PAni0,80ITO0,20, com L = 90 m. Parâmetros de ajuste: C2 = 1,0 10-10
F e 1 = 0,920, obtidos a
partir da Eq. 7.1. ............................................................................................................................................ 116
Tabela VII.7 – Parâmetros referentes aos ajustes das curvas experimentais ac, em diferentes temperaturas,
para PAni0,67ITO0,33, com L = 128 m. Parâmetros de ajuste: C2 = 1,0 10-10
F e 1 = 0,920 a partir da Eq.
7.1. ................................................................................................................................................................. 117
Tabela VII.8 – Parâmetros obtidos por meio dos ajustes das curvas experimentais de condutividade ac, a
partir da Eq. 7.10, em diferentes temperaturas, das amostras de PAni1,00ITO0,00, com L = 60 m, x = 0,01 e
. ......................................................................................................................................... 135
Tabela VII.9 – Parâmetros obtidos por meio dos ajustes das curvas experimentais de condutividade ac, a
partir da Eq. 7.10, em diferentes temperaturas, das amostras de PAni0,99ITO0,01, com L = 65 m, x = 0,01 e
. ......................................................................................................................................... 135
Tabela VII.10 – Parâmetros obtidos por meio dos ajustes das curvas experimentais de condutividade ac,
partir da Eq. 7.10, em diferentes temperaturas, das amostras de PAni0,95ITO0,05, com L = 30 m e x = 0,05 e
. ......................................................................................................................................... 135
Tabela VII.11 – Parâmetros obtidos através dos ajustes das curvas experimentais de condutividade ac, partir
da Eq. 7.10, em diferentes temperaturas, das amostras de PAni0,91ITO0,09, com L = 35 m, x = 0,09 e
. ......................................................................................................................................... 135
xvii
Tabela VII.12 – Parâmetros obtidos por meio dos ajustes das curvas experimentais de condutividade ac,
partir da Eq. 7.10, em diferentes temperaturas, das amostras de PAni0,87ITO0,13, com L = 100 m e x = 0,13 e
e ........................................................................................................................................136
xviii
Lista de Abreviaturas
PAni Polianilina
ITO Indium tin oxide
(Óxido de estanho e índio)
PAni1-xITOx Nanocompósito contendo 1-x porcentagem
em massa de PAni e x de
ITO
trans-PA Trans-poliacetileno
ac Alternate current
(Corrente alternada)
dc Direct current
(Corrente contínua)
FETs Field-effect transistor
(Transistores de filmes finos com efeito de
campo)
PLEDs Polymer light emitting diode
(Diodo emissor de luz polimérico)
NNI Nacional Nanotechnology Initiative
HTL Hole transport layer
(Camada transportadora de buracos)
RFEB
Random Free Energy Barrier Model
(Modelo de barreira de energia livre
aleatório)
EMA Effective-Medium Approximation
(Modelo aproximação média efetiva)
VRH Variable range hopping
(Modelos de Intervalos de saltos variáveis)
PTh Politiofeno
PPy Polipirrol
BE Base Esmeraldina
SE Sal Esmeraldina
PEDOT:PSS Poli(3,4-etileno-dioxitiofeno)-
Poli(estirenosulfonado)
POMA Poli(o-metoxianilina)
PSS Poli(ácido 4-estirenossulfônico)
PMMA Poli(metil metacrilato)
HOMO Highest Occupied Molecular Orbital
(Orbital molecular ocupado de
maior energia)
xix
LUMO Lowest Unoccupied Molecular Orbital
(Orbital molecular desocupado
de menor energia)
HN
Havrilliak-Negani
AFM Atomic Force Microscopy
(Microscopia de força atômica)
EFM Electric Force Microscopy
(Microscopia de força elétrica)
MEV Microscopia eletrônica de varredura
SEM Scanning electron microscopy
(Microscopia Eletrônica de Varredura)
SE Secondary electrons
(Elétrons secundários)
BSE Backscattering electrons
(Elétrons retroespalhados)
FTIR Fourier transform infrared spectroscopy
(Espectrometria de Infravermelho por
Transformada de Fourier)
IFSC
Instituto de Física de São Carlos da
Universidade de São Paulo.
DRX X- ray diffraction
(Difratometria de raios-X)
NMP N-Metil-Pirrolidona-2
GPIB General Purpose Interface Bus
xx
Lista de Símbolos
()* Condutividade complexa ac em função da frequência angular
()’ Componente real da condutividade ac em função da frequência
angular
()” Componente imaginária da condutividade ac em função da
frequência angular
dc Condutividade DC
o Parâmetro associado ao mecanismo tipo RFEB
oD Parâmetro associado ao mecanismo tipo RFEB de Dyre
1 Condutividade de nanopartículas semicondutivas
2 Condutividade da matriz polimérica
e* Permissividade dielétrica complexa efetiva do meio
1 Permissividade dielétrica do meio condutivo
2 Permissividade dielétrica da matriz polimérica
Densidade volumétrica relativa
Frequência angular de um campo elétrico oscilante com o tempo
Frequência crítica angular
Frequência angular
f
Frequência de um campo elétrico oscilante com o tempo
Frequência linear
’min Frequência mínima associada a um mecanismo tipo RFEB
I Corrente
V Tensão
A Área do Filme Polimérico
J Densidade de Corrente
Mobilidade de portadores de cargas
e Carga elétrica
E Campo elétrico
Z*() Impedância Complexa em função da frequência angular
Z’() Componente real da impedância complexa em função da frequência
angular
Z”() Componente imaginária da impedância complexa em função da
frequência angular
Tempo de relaxação
xxi
Tempo de relaxação
Zdc
S/V
Impedância dc
Razão entre superfície e volume
Y()*
Admitância complexa em função da frequência angular
Admitância real
Admitância imaginária
*()
’()
”()
Pemissividade complexa em função da frequência angular
Pemissividade real em função da frequência angular
Pemissividade imaginária em função da frequência angular
Α Expoente que reflete o grau de desordem do sistema 0 ≤ α ≤ 1
Β Expoente que reflete o grau de desordem do sistema 0 ≤ β ≤ 1
C Capacitância
R Resistência
Barreira de energia mínima
Barreira de energia máxima
k Constante de Boltzman
Frequência de escape
Fator de frequência que depende da distância média r entre os sítios
de salto
Permissividade efetiva complexa do meio
Pemissividade complexa do meio “a”
Pemissividade complexa do meio “b”
t Expoente crítico acima do limiar de percolação
p Concentração da fase condutora
pc limiar de percolação
G Condutância obtida pela inclinação da curva I vs V
d Diâmetro da amostra
R1 Resistência da matriz PAni
C1 Capacitância da matriz PAni
α1 Parâmetro de desordem da matriz PAni
R2 Resistencia da interface PAni/ITO
C2 Capacitância da interface PAni/ITO
α2 Parâmetro de desordem da interface PAni/ITO
xxii
Permissividade complexa do ITO
Permissividade complexa da matriz PAni
Pemissividade real da matriz PAni
L Espessura da amostra
xxiii
Resumo
Neste trabalho foram investigados filmes híbridos de nanopartículas de óxido de estanho e índio
(ITO) embebidas em matriz de polianilina (PAni) do tipo PAni1-xITOx, com 0 ≤ x ≤ 1. Para tanto, os
sistemas foram caracterizados elétrica, morfológica e estruturalmente, por meio de medidas
elétricas (ac e dc), microscópicas (de força atômica, força elétrica e eletrônica de varredura),
difratometria de raios-X, potencial de superfície (Kelvin Probe) e análises espectroscópicas (EDS,
FTIR e Raman). Os resultados obtidos mostram que os filmes comportam-se como desordenados e
são formados por aglomerados esféricos de ITO, dispersamente distribuídos na matriz polimérica e
se aglomeram e formam caminhos condutivos que se interconectam induzindo, portanto, o sistema
a: (i) variações de condutividade elétrica de isolante (1,83 10-9
S/m) a semicondutivo
(4,64 10-4
S/m); (ii) variações da função trabalho, de -5,2 eV a -5,5 eV; (iii) percolação, a partir de
x 0,12; (iii) a redução da energia de salto dos portadores de carga, de 217 meV para 11,8 meV,
(iv) a redução do comprimento efetivo de condução da polianilina e, (v) a independência da
constante dielétrica da PAni (k ), tanto em função de x quanto da temperatura na faixa de
50-350 K. Finalmente, as propriedades elétricas dos filmes PAni1-xITOx foram investigadas por
meio de modelos de percolação, fenomenológicos (circuitos RCs), mecanismos de salto (Modelo de
Barreira de Energia Livre Aleatória) e de Aproximação do Meio Efetivo (Modelo Maxwell
Garnett), que forneceram, dentre outros parâmetros e características, os mecanismos de condução e
as contribuições da matriz, das nanopartículas e das interfaces formadas entre elas como função de
x e da temperatura.
Palavras chaves: polianilina, ITO, propriedades elétricas, percolação, meio efetivo.
xxiv
Abstract
The present study has investigated nanoparticle hybrid films of indium tin oxide (ITO) embedded in
the matrix of polyaniline (PAni) type PAni1-xITOx with 0 ≤ x ≤ 1. Therefore, the systems were
characterized electrical, structural and morphological through electrical measurements (ac and dc),
microscopy (atomic force, electric force and scanning electron microscopy), X-ray diffraction,
surface potential (Kelvin Probe) and spectroscopic analyzes (EDS, FTIR and Raman). The results
show that the films’ behave like disordered spherical agglomerates are formed by ITO, sparsely
distributed in the polymeric matrix and agglomerate and form conductive paths that interconnect
inducing therefore the system: (i) variations in the electrical conductivity of the insulator
(1.83 10-9
S / m) and semi conductive (4.64 10-4
S / m) (ii) changes in the work function of
- 5.2 eV to -5.5 eV, (iii) percolation from x 0,12 reduction of the energy of the charge carriers
jump of 11.8 meV to 217 meV (iv ) the reduction of the effective length of conducting polyaniline
and (v) the independence of the dielectric constant of Pani (k 13), as a function of x as the
temperature in the range 50-350 K. Finally, the electrical properties of the PAni1-xITOx films were
investigated by means of percolation models, phenomenological (RCs circuits), hopping
mechanisms (Random Free Energy Barrier Model) and Effective Medium Approximation (Maxwell
Garnett Model), which provided, among other parameters and characteristics, conduction
mechanisms and the contributions of the matrix, the nanoparticles and interfaces formed between
them as a function of x and temperature.
Keywords: polyaniline, ITO, electrical properties, percolation, effective medium.
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
_____________________________________________________
O cenário dos materiais poliméricos, que apresentavam características próprias de materiais
isolantes, começou a mudar a partir de 1977, quando um grupo de pesquisadores descobriu a alta
condutividade elétrica do trans-poliacetileno [1] e propôs, em seguida, um modelo de condução para
esse polímero conjugado. Desde então, inúmeros polímeros com características semicondutivas têm
sido desenvolvidos, buscando-se compreender as propriedades elétricas desses materiais com vista a
novas aplicações eletrônicas [2,3]. Ou seja, com vistas à possibilidade de fabricação de dispositivos
eletrônicos de baixo custo, de fácil processamento, flexíveis e com bom desempenho óptico e/ou
elétrico [2]. Dentre as aplicações já demonstradas, destacam-se os transistores de filmes finos com
efeito de campo (FETs), as células solares, os sensores químicos e biológicos, os sensores de
radiação, as aplicações em eletrônica biomolecular e os músculos artificiais [2]. Todos esses
dispositivos ilustram muito bem o leque de aplicações dos polímeros conjugados e não deixam
dúvidas quanto ao potencial científico e tecnológico de seus dispositivos. A título de ilustração, a
Figura 1.1 mostra duas dessas aplicações importantes. A primeira delas, Figura 1.1 (a), refere-se a
um display luminoso e a segunda, Figura 1.1 (b), por sua vez, uma célula fotovoltaica.
Figura 1.1 - Imagens de algumas aplicações de polímeros conjugados na eletrônica orgânica. (a) Display de
PLEDs (polymer light-emitting diode) em um telefone celular fabricado pela LG. (b) Uma célula solar à base
de materiais poliméricos.
Tendo em vista o potencial de aplicações dos polímeros conjugados, de acordo com as
possibilidades de otimização e de delineamento de suas propriedades óticas e elétricas, nos últimos
anos aumentou o interesse pelos nanocompósitos poliméricos, que podem ser definidos como a
mistura de inclusões nanométricas numa matriz polimérica [4]. Essa nova classe de materiais,
apresenta, de forma geral, propriedades físicas (mecânica, térmica, óptica e elétrica) únicas e
(a) (b)
2
diferentes de seus constituintes isolados. Nesse sentido, nas últimas décadas, esses materiais têm
atraído a atenção de pesquisadores e empresas de todo mundo, pois fornecem, dentre outras
vantagens, a possibilidade do controle estrutural dos materiais em escala nanométrica [4].
Para ilustrar a importância dessas estruturas híbridas, onde pelo menos uma das dimensões
das inclusões na matriz polimérica é da ordem de nanômetro, no início de 1990, a Toyota Central
R&D Laboratories divulgou a obtenção de nanoestruturas a partir de poliamida e argila
montmorilonítica [4]. Recentemente, a NASA anunciou a aplicação de nanocompósitos no
desenvolvimento de aviões que podem se adaptar às condições de vôo alterando o seu próprio
formato, os aviões morfológicos (morphing planes)
[4]. Acreditando no potencial da
nanotecnologia, em especial dos nanocompósitos, o financiamento federal americano para este
ramo tem aumentado substancialmente desde o início do Nacional Nanotechnology Initiative (NNI),
em 2001 para o desenvolvimento de novos produtos e processos mais eficientes de fabricação de
dispositivos para novas aplicações tecnológicas [4].
Devido ao leque de aplicações e consideráveis investimentos no estudo e desenvolvimento de
novos nanocompósitos, nas últimas duas décadas a comunidade científica e tecnológica tem
buscado variar e controlar a condutividade elétrica dos polímeros conjugados por meio de inclusões
nanométricas semicondutivas ou condutivas que, por um lado, alteram drasticamente a
condutividade elétrica dos sistemas fabricados e, por outro, alteram também a morfologia e muitas
vezes, a função trabalho dos nanocompósitos produzidos [5-7]. Neste contexto, estudos recentes
[5,8] têm destacado o potencial de utilização dessas estruturas para o possível uso como camadas
transportadoras de cargas em diodos emissores de luz poliméricos - PLEDs (Polymer light-emitting
diodes), promovendo tanto a durabilidade como a otimização da eficiência luminosa desses
dispositivos. Além disso, destaca-se também [9-11] a possibilidade do uso de nanocompósitos como
elemento ativo de sensores de gases com alta sensibilidade, alta velocidade de resposta e
reversibilidade, baixo custo e mobilidade. Pode-se citar, como exemplo, os sistemas híbridos à base
de óxido de estanho e índio (ITO) estudado por Ederth J. et al. [12], os quais mostraram que as
nanopartículas de ITO apresentam alta condutividade elétrica (5,0 103
S/m) [12]. Além disso, os
autores ainda mostraram que os mecanismos de condução envolvidos nesse sistema são dominados
por tunelamento de portadores de cargas entre sítios de nanopartículas conectados individualmente
e que, por sua vez, apresentavam tamanhos da ordem micrométrica.
Se do ponto de vista do uso como eletrodo em PLEDs, o ITO é muito usado como ânodo em
dispositivos eletrônicos orgânicos, por ser transparente à luz visível, apresentar alta função trabalho
(4,5-5,0 eV) [5], a polianilina, por sua vez, é um polímero semicondutor bastante interessante e
vem sendo intensivamente aplicada em sistemas híbridos pela facilidade de síntese e de dopagem
em meio aquoso, estabilidade ambiental, fácil processabilidade, propriedades eletrônicas, efeito
3
eletrocrômico e por apresentar ainda potencial aplicação em dispositivos impressos [13]. Ademais,
a condutividade da polianilina pode ser modificada por meio de inclusões inorgânicas [7-24]. No
entanto, apesar de muitos estudos terem sido publicados abordando o comportamento e aplicação de
sistemas híbridos utilizando como matriz polimérica a PAni, tais como PAni/MFe2O4 (ferrita) [14],
PAni/Mn3O4 [15], PAni/Au [16], PAni/Ag [17], PAni/Fe [18], PAni/Fe3O4 [19], PAni/SnO2 [7,11,20],
PAni/TiO2 [21-23] e PAni/ZnO [24], ainda não existe relato na literatura sobre o estudo do sistema
de nanocompósito PAni/ITO. Portanto, a mistura física de PAni como matriz polimérica embebida
com nanopartículas de ITO é uma proposta inovadora, a qual, a partir de estudos fundamentais,
pode conduzir a diversas aplicações tecnológicas, tais como camada transportadora de buracos -
HTL (hole transport layer) em PLEDs e eletrodos condutores. Ademais, muitos estudos sobre os
nanocompósitos se concentram nas propriedades elétricas e dielétricas de sistemas híbridos para sua
aplicação em dispositivos. Esses sistemas são considerados sistemas heterogêneos desordenados
[25-27], de tal forma que o seu comportamento elétrico é completamente dependente da
permissividade, condutividade, fração volumétrica, perfil e tamanho das inclusões presentes [21].
Não obstante o potencial tecnológico que os sistemas PAni-ITO apresentam, a maioria dos
trabalhos relatados na literatura mostra que a concentração das nanopartículas condutivas é um
parâmetro crucial que governa o comportamento elétrico de nanocompósitos em geral [28]. Nesse
sentido, a teoria de percolação define uma transição de comportamento dielétrico para
completamente condutivo em função da concentração das inclusões condutivas, tal como ocorre nos
sistemas PAni-ITO estudados. Além disso, a literatura demonstra a dependência da constante
dielétrica do sistema com a inserção de inclusões condutivas [29], por meio da teoria de campo
médio efetivo do meio, a qual tem sido aplicada na determinação da função dielétrica de materiais
macroscopicamente homogêneos, mas microscopicamente não homogêneos, que, no entanto, falha
ao prever o comportamento dielétrico do compósito próximo ao limiar de percolação [29]. Segundo
estudos [29-38], tanto abaixo quanto acima do limiar de percolação pode ocorrer a quebra da rigidez
dielétrica do meio, quando o campo elétrico local excede certo valor crítico, o que pode conduzir o
sistema a um efeito cascata, a partir do qual todo o sistema híbrido se torna condutor e a constante
dielétrica sofre variações [29-38].
Entretanto, apesar dos estudos relatados, em relação às propriedades elétricas e dielétricas,
os mecanismos de transporte [1] de carga pelo efeito do campo, o efeito da estrutura morfológica
dos materiais produzidos e os efeitos das interfaces polímero/nanopartícula em sistemas híbridos
poliméricos conjugados – nanopartículas semicondutoras são ainda objetos de estudos atuais.
Muitos autores têm descrito a condução eletrônica nesses sistemas por modelos de condução
distintos, como os modelos baseados no mecanismo de salto (hopping) proposto por Mott [39] e
4
pelo modelo de barreiras de energias livres aleatórias (RFEB – Random Free Energy Barrier
Model) proposto inicialmente por Dyre [25]. De forma geral, tais modelos são usados para
compreender os mecanismos de condução, bem como os fenômenos de interface metal-filme, de tal
forma que ainda não há um consenso sobre os resultados apresentados na literatura, que hora
atribuem efeitos de saltos (hopping) [25] ou de tunelamento assistido por fônons [35], para uma
mesma estrutura, ou hora atribuem efeitos dielétricos e condutivos para um mesmo material. Neste
contexto, compreender os mecanismos de condução e desenvolver modelos que interpretem
corretamente as propriedades elétricas e dielétricas de estruturas híbridas PAni-ITO,
correlacionando às suas propriedades estruturais, morfológicas, químicas e de interfaces, é foco
deste trabalho.
1.1 - Objetivos
O objetivo principal deste trabalho foi a caracterização das propriedades elétricas em campo dc e ac
de filmes de polianilina embebidas de nanopartículas de óxido de estanho e índio (ITO). Para atingir
este objetivo, as medidas elétricas foram realizadas com função da razão em massa ITO/PAni, bem
como da temperatura e correlacionadas às propriedades estruturais e morfológicas dos filmes
preparados.
1.2 - Descrição do Trabalho
Esse trabalho foi dividido em 8 capítulos. O primeiro deles, Capítulo 2, apresenta uma breve
revisão das principais características e definições dos polímeros semicondutivos, com destaque a
polianilina. Em seguida é feita uma breve descrição sobre as características e definições de óxidos
em geral, passando pelos óxidos semicondutivos, com foco no óxido de estanho e índio (ITO) e, por
fim, de sistemas híbridos nanocompósitos. Nesse sentido, procurou-se abordar as propriedades
elétricas dos polímeros semicondutivos, dos óxidos semicondutivos nanoestruturados e dos sistemas
híbridos nanocompósitos. Buscou-se também descrever a técnica de espectroscopia de impedância,
a qual é intensamente utilizada neste trabalho e os modelos teórico-experimentais aplicados para
elucidar as principais características das propriedades elétricas dos sistemas híbridos trabalhados.
Em seguida, no Capítulo 3, são relatadas e descritas as principais técnicas de análises
experimentais usadas nesse trabalho. No Capítulo 4 são descritos os principais procedimentos
experimentais que foram utilizados para produção dos filmes de PAni1-xITOx, (0 ≤ x ≤ 0,33) e
pastilha de ITO (x = 1). No Capítulo 5, por sua vez, são apresentados os principais resultados da
análise morfológica, estrutural, potencial de superfície e química dos filmes de PAni1-xITOx
produzidos e, no Capítulo 6, são apresentados os resultados da caracterização elétrica dos filmes
5
híbridos produzidos. Procurou-se, no Capítulo 7, apresentar o estudo e interpretação dos resultados
dos ajustes teórico-experimentais dos modelos aplicados. Já no Capítulo 8 são relatadas as
principais conclusões desse trabalho e apresentadas as expectativas que se abrem para futuras
pesquisas. Por fim, no Capítulo 9, são descritos os principais trabalhos correlacionados e que foram
submetidos e/ou apresentados e publicados em anais de Congressos, Conferências e Simpósios.
Sendo assim, esse trabalho foi principalmente voltado para a caracterização elétrica e modelamento
teórico-experimental de sistemas híbridos de PAni1-xITOx, buscando sempre correlacionar as
propriedades morfológicas, estruturais e químicas às propriedades elétricas.
6
CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
_____________________________________________________
Neste capítulo é relatada uma breve descrição dos conceitos e das características dos polímeros e
polímeros semicondutivos, focando, sobretudo, nas propriedades da polianilina (PAni). Também
são descritos os conceitos e as principais características dos óxidos em geral, como os óxidos
semicondutivos nanoestruturados, com foco nas propriedades do óxido de estanho e índio (indium
tin oxide – ITO), e nas características dos sistemas híbridos formados por matriz polímérica e
nanopartículas inorgânicas condutivas. Ademais, é relatado o comportamento elétrico dos sistemas
híbridos e de seus constituintes, como polímeros e nanopartículas óxidas. Finalmente, considerando
que a propriedade elétrica dos sistemas híbridos produzidos pode ser analisada a partir de medidas
de espectroscopia de impedância, portanto, ao longo deste capítulo, também é detalhada esta técnica
e os modelos teórico-experimentais usualmente empregados para a sua compreensão. A Figura 2.1
ilustra, a título de informação, de forma esquemática, todos os tópicos supracitados e que são
abordados ao longo deste capítulo.
Figura 2.1 - Esquema que ilustra os principais temas que são abordados ao longo deste capítulo
correlacionando materiais e propriedades dos sistemas híbridos propostos.
7
2.1 - Polímeros
Polímeros são compostos de origem natural ou sintética com massa molar da ordem de 104 a 10
6
formados pela repetição de um grande número de unidades químicas. Existem polímeros orgânicos
e inorgânicos; sendo os primeiros os mais estudados e mais importante comercialmente [40]. Com o
desenvolvimento da indústria eletro-eletrônica, nas últimas décadas, se tornou muito comum o uso
de polímeros no cotidiano, os quais foram primeiramente utilizados como materiais isolantes na
indústria elétrica, na qual houve uma grande aceitação, por serem leves e baratos. Porém, foi na
década de 1970 que se deu a descoberta da condutividade do polímero trans-poliacetileno dopado
com iodo, por H. Shirakawa e seus colaboradores [41-43]. A partir daí, novos polímeros condutores
de eletricidade têm sido descobertos e estudados cujas propriedades elétricas se assemelham às de
metais, de semicondutores ou até mesmo de supercondutores. Neste contexto, são descritas a seguir
algumas características interessantes dos polímeros semicondutivos.
2.1.2 - Polímeros Semicondutivos
Os polímeros semicondutivos, ou os chamados “metais sintéticos” pelas suas propriedades elétricas
interessantes, são caracterizados por uma estrutura conjugada, ou seja, alternância de ligações
simples e duplas [44]. Assim sendo, pode-se afirmar que as propriedades elétricas dos polímeros
conjugados podem ser descritas em termos da sobreposição de orbitais pz provenientes da
hibridização sp2+pz dos seus átomos de carbono [13, 39-57]. As ligações , formadas a partir da
sobreposição dos orbitais híbridos sp2, unem os átomos de carbono na cadeia polimérica principal.
Enquanto os orbitais pz não hibridizados dos carbonos vizinhos se sobrepõem, dando origem às
ligações . A ligação é qualquer ligação que surge pela aproximação lateral de elétrons e que
esteja fora do eixo internuclear [58,59]. A Figura 2.2 mostra as ligações e de um polímero
conjugado.
8
Figura 2.2 - Ligação dupla entre dois átomos de carbono. Os orbitais híbridos sp2 se sobrepõem frontalmente
para a formação de uma ligação e os dois orbitais remanescentes pz, formam a ligação pela aproximação
lateral 58.
Neste contexto, desde a descoberta e a publicação dos primeiros trabalhos sobre trans-
poliacetilenos [34,37,38], houve um crescimento significativo em pesquisas sobre estruturas
poliméricas semicondutivas, o que acarretou no desenvolvimento de novas famílias de polímeros
que apresentassem comportamento semelhante ao poliacetileno [60-63]. Como resultado, novos
polímeros semicondutivos foram sintetizados e caracterizados, como, por exemplo, o Politiofeno
(PTh), Polipirrol (PPy) e a Polianilina (PAni), cujas fórmulas estruturais são mostradas na Figura
2.3.[55-58].
Figura 2.3 - Nomes, fórmulas estruturais dos polímeros conjugados mais explorados na literatura [55].
O interesse atual na pesquisa de polímeros semicondutivos é evidenciado pelo fato da
possibilidade desses materiais apresentarem as propriedades elétricas, óticas e/ou magnéticas de um
metal ou semicondutor inorgânico com as vantagens mecânicas e a processabilidade de um material
flexível [39]. Portanto, sabe-se que essas estruturas, com modificações químicas e físicas
apropriadas, podem exibir um intervalo de condutividade, desde semicondutor até condutor,
podendo apresentar valores de condutividade comparáveis ao do cobre (106 S.cm
-1) [39].
trans-poliacetileno Politiofeno poli[2-metóxi,5-(2’etil-hexiloxi) poli(p-fenilenovinileno)
-p-fenilenovinileno]
poli(p-fenileno) polipirrol polianilina
9
2.1.3 – Polianilina (PAni)
As Polianilinas (PAni) são uma classe de polímeros que apresenta a composição química dada pela
fórmula estrutural mostrada na Figura 2.4 [64].
A PAni pode ser obtida pela polimerização química
ou eletroquímica oxidativa do monômero anilina. Este polímero também faz parte de uma
importante classe de polímeros semicondutivos, que tem atraído a atenção de inúmeros grupos de
pesquisa [41]. Este interesse se deve, em grande parte, às suas características promissoras, como
baixo custo, facilidade de síntese e de dopagem em meio aquoso, estabilidade ambiental,
processabilidade, propriedades eletrônicas e efeito eletrocrômico [13]. Neste contexto, a PAni é
empregada em baterias recarregáveis, dispositivos eletrocrômicos, microeletrônica, sensores
químicos e bioquímicos, blindagem contra interferência eletromagnética, dosimetria para radiação
ionizante e dispositivos fotônicos [13]. A fórmula estrutural da PAni consiste de uma fração de
unidades reduzidas (contendo grupos amina: y) e uma fração de unidades oxidadas (contendo
grupos imina: 1-y), como mostra a Figura 2.4 [42]. Nesse caso, y pode variar continuamente de 0
(PAni completamente oxidada, contendo somente nitrogênio imina) a 1 (PAni completamente
reduzida, contendo somente nitrogênio amina). Os diferentes graus de oxidação da PAni dependem
do valor de y, sendo designados pelos termos leucoesmeraldina (y = 1), protoesmeraldina (y = 0,75)
e, quando y = 0,5, ela é denominada de esmeraldina, sendo a sua forma mais estável e, portanto, de
maior interesse e mais utilizado [44-47].
Figura 2.4 - Fórmula estrutural geral da PAni [59].
No estado esmeraldina, a PAni pode ser encontrada na forma de base (BE), que é isolante e
apresenta coloração azul escura, ou na forma de sal esmeraldina (SE), que é condutora e apresenta
coloração verde [46]. O processo de dopagem da PAni se dá por protonação ou seja, sem a alteração
do número de elétrons (oxidação ou redução) na cadeia polimérica. A protonação da base
esmeraldina (Figura 2.5) ocorre em solução aquosa ácida e produz um aumento da condutividade
em 10 ordens de grandeza, levando à formação do sal de esmeraldina (Figura 2.5). O processo de
protonação da polianilina não é homogêneo, pois ocorre por meio da formação de domínios
protonados, que, segundo a literatura [47], dão origem a ilhas metálicas embebidas em regiões
10
isolantes (ou não protonadas). A desprotonação ocorre reversivelmente por tratamento semelhante
com solução aquosa básica [48,49], como mostra a Figura 2.5.
Figura 2.5 - Dopagem e desdopagem protônica da base esmeraldina (BE) para sal esmeraldina e vice-versa
[46].
Neste trabalho foi utilizada como matriz hospedeira a PAni embebida de nanopartículas de
óxido de estanho e índio (ITO), para a fabricação de nanocompósitos de PAni1-xITOx. Nesta
nomenclatura, x representa a fração em massa de ITO em relação à massa total da amostra. Sabe-se
que as nanopartículas óxidas alteram a condutividade elétrica desses sistemas, de tal forma que esta
depende do perfil, dimensão, distribuição e concentração dessas nanopartículas. A seguir são
detalhados brevemente o conceito e as principais características dos óxidos em geral, passando
pelos óxidos semicondutivos nanoestruturados e, por fim, focando na descrição do ITO.
2.2 – Óxidos
Óxidos são compostos binários formados por oxigênio e outro elemento, em uma relação onde o
oxigênio é mais eletronegativo, como exemplo podem-se citar os compostos CO2, SO2, CaO, CO,
ZnO, BaO2, H2O. Existem diversos tipos de óxidos, dentre eles, óxidos básicos, os quais são
formados pelos metais alcalinos e alcalinos terrosos; óxidos ácidos, que são óxidos cujo elemento
ligado é um ametal; ainda podem-se citar os óxidos anfóteros: são óxidos de metais de transição e
semimetais, que são capazes de reagir tanto com ácidos, quanto com bases, resultando em sal e
água. Por fim, existem os óxidos neutros, os quais não apresentam nenhuma característica ácida e
nem básica; estes não reagem com a água, nem com bases e ácidos, mas não são inertes. São
formados por não metais ligados ao oxigênio e geralmente estão no estado gasoso [65].
Os óxidos podem formar compostos cerâmicos; como exemplo, a alumina (Al2O3), a sílica
(SiO2) [66], tal como soluções sólidas como exemplo, o óxido de estanho e índio (ITO) [67], que é
um material cerâmico avançado que apresenta muitas aplicações tecnológicas no ramo da eletrônica
e óptica. Em geral, os materiais óxidos apresentam uma vasta aplicação tecnológica, tais como
circuito de microeletrônica, sensores, dispositivos piezoelétricos e etc [68].
Os óxidos podem adotar um grande número de geometrias estruturais, como a estrutura
eletrônica que pode exibir caráter metálico-condutor, semicondutor e isolante. Tendo em vista que
neste trabalho se utilizam nanopartículas de óxido cerâmico ITO, a seguir serão descritas
brevemente as principais características dos óxidos semicondutivos nanoestruturados.
11
2.2.1 - Óxidos Semicondutivos Nanoestruturados
Materiais semicondutivos nanoestruturados têm atraído grande atenção devido ao potencial de
aplicação tecnológica na área da indústria eletrônica e óptica. Atualmente a comunidade científica
se dedica a obter nanomateriais óxidos metálicos semicondutivos com propriedades óptica e elétrica
não lineares, o que pode conduzir a novos dispositivos optoeletrônicos com eficiência superior aos
que já existem no meio. Além disso, esses materiais, de tamanhos manométricos, exibem
propriedades eletrônicas e ópticas diferentes de seu volume, devido ao efeito quântico, criação de
defeitos, de superfícies e interfaces, que acarreta aplicações interessantes [67]. Neste contexto,
pode-se citar as nanopartículas semicondutivas de dióxido de estanho SnO2 [11], que são um
semicondutor tipo n, com banda de gap de 3,4 eV e que têm sido usadas em displays, células
solares e sensores de gases. Pode-se citar também, entre os óxidos de metais de transição, o óxido
de manganês (Mn3O4) [15], que tem atraído grande atenção da comunidade científica devido às suas
aplicações em catálise, materiais eletroquímicos, transformação de energia solar e absorção
molecular. Neste cenário, vale mencionar que desde a década de 1960, o óxido de zinco (ZnO) [69]
tem sido empregado como um material versátil devido às suas propriedades elétricas. Atualmente
este óxido tem sido utilizado em dispositivos varistores e piezoelétricos.
Por fim, pode-se citar o óxido de estanho e índio (ITO) [62,67], um material óxido cerâmico
avançado, que apresenta alta condutividade elétrica e, como nanopartícula pode ser empregado em
nanocompósitos como inclusões.
2.2.2 – Óxido de Estanho e Índio – ITO (indium tin oxide)
O óxido de estanho e índio (ITO) é uma solução sólida formada pelo óxido de índio dopado por
átomos de estanho [70]. O óxido de índio estequiométrico (In2O3) tem In:5s (estado ativado)
formando a banda de condução e a banda de valência está preenchida com O2-
:2p (estado ligado),
sendo a banda proibida de 3,5 eV [65, 67]. Os filmes de In2O3 geralmente são encontrados no estado
reduzido e representados pela fórmula In2O3-2x, onde x representa a ausência de íons de oxigênio
(lacunas de oxigênio) nos interstícios tetraédricos da sub-rede cúbica de face centrada do índio. A
lacuna de oxigênio é cercada por In3+
:5s que se estabiliza em In:5s por falta de ligação covalente
com a ausência do íon O2-
[71]. Quando este óxido apresenta altas concentrações de lacunas, as
bandas de impureza formadas sobrepõem a banda de condução, produzindo um semicondutor
degenerado, com baixa resistividade elétrica propiciando sua aplicação em dispositivos eletrônicos
[62, 72, 73]. A concentração de elétrons de condução é função da concentração de lacunas. O In2O3
também apresenta mobilidade do íon O2-
, o que o classifica como um condutor misto. A condução
do íon O2-
é relevante quando a concentração de lacunas de oxigênio é alta. No entanto, sua
12
condução é insignificante quando comparada à condução do elétron. O In2O3 pode ser dopado com
uma impureza doadora, pela substituição do índio por estanho. Como em um semicondutor
convencional, o átomo doador tem carga nuclear maior, havendo uma estabilização do nível Sn:5s,
pouco abaixo da banda de condução. Este nível difere do nível doador por dois elétrons das lacunas
de oxigênio, por ser um nível doador de um elétron. Em filmes de In2O3:Sn, tanto as lacunas de O2,
como os átomos doadores (Sn) contribuem para a condução de elétrons. Os filmes de ITO
apresentam alta transmitância no visível (400 - 700 nm, > 85%) e alta refletância no infravermelho
próximo (770 - 3000 nm, > 90%) [67]. A combinação de condutividade elevada e alta transmitância
na região visível do espectro eletromagnético propiciam sua utilização em células solares, sensores
de gás, recobrimentos anti-reflexivos, dispositivos optoeletrônicos dentre outros [62, 74, 75].
Apesar da reconhecida importância deste material em dispositivos optoeletrônicos altamente
tecnológicos, as pesquisas sobre nanopartículas e pontos quânticos desse material ainda é escassa. A
possibilidade de utilizar nanoestruturas de ITO para lasers e detectores de ultravioleta - UV e
como sensores de gás de ozônio e de dióxido de nitrogênio é bastante interessante [76]. Nesse
contexto, é importante considerar que a capacidade do ITO de detecção de gases aumenta
significativamente com a diminuição do tamanho de partícula, uma vez que a área superficial
aumenta. Ademais, as nanopartículas de ITO apresentam também alta condutividade elétrica, baixa
absorção óptica e ainda existe a possibilidade de consolidação dessas nanopartículas de forma a
obter uma estrutura com a condutividade desejada devido à criação de contornos de grãos e outros
defeitos [12]. Essas características das nanopartículas de ITO são interessantes quando se deseja
aliar o comportamento condutor dessas nanopartículas com as características interessantes de um
polímero formando um sistema híbrido, para aplicações em dispositivos eletrônicos emissores de
luz poliméricos, sensor químico e bioquímico. Sendo assim, é importante descrever as principais
características e propriedades desses sistemas híbridos, o que é feito em seguida, sendo
complementado por uma curta revisão das recentes aplicações desses sistemas que são estudadas
por um grande número de pesquisadores.
2.2.3 - Nanocompósitos e Sistemas Híbridos
Os nanocompósitos formam uma nova classe de materiais originados a partir da combinação
adequada de uma matriz com pelo menos um objeto em dimensões manométricas. Isso resulta em
materiais com propriedades únicas, diferentes de seus constituintes e com uma vasta gama de
aplicações, tais como sensores químicos [7] e bioquímicos [10], células solares [24], células de
estado sólido [24], células combustíveis [77] e outras tantas [4,7,78].
Em relação às inclusões nos sistemas híbridos, a transição de micropartículas para
nanopartículas conduz a uma modificação importante nas propriedades físicas dos materiais [4]. Os
13
materiais em nanoescala apresentam uma grande área superficial para um dado volume. Tendo em
vista que importantes interações químicas e físicas são regidas pelas propriedades de superfície, um
material nanoestruturado pode ter propriedades substancialmente diferentes em relação a um
material de maior dimensão de mesma composição. Esses materiais nanoestruturados, que atuam
como inclusões em nanocompósitos, podem ser encontrados em diversos formatos, tais como
particulado (exemplo nanopartícula de ITO), fibroso (exemplo nanotubo de carbono) e planares
(exemplo os materiais organo-silicatos) [4].
Particularizando as inclusões em forma de nanopartículas ao serem dispersas na matriz de um
polímero, elas se aderem à matriz criando superfícies e interfaces, as quais desempenham um papel
crucial principalmente nas propriedades elétricas dos sistemas produzidos [4]. Considerando a
aplicação de nanocompósitos na indústria eletrônica, pode-se obter sistemas que atuam como
capacitores, a partir da combinação de inclusões com diferentes condutividades inseridos na matriz
polimérica. O polímero, neste caso, fornece ao sistema o benefício de ser flexível, apresentar alta
rigidez dielétrica e baixa constante dielétrica. As interfaces criadas nestes sistemas desempenham,
portanto, um importante papel nas propriedades dielétricas dos nanocompósitos sintetizados. O
resultado nas propriedades elétricas é um abrupto aumento na condutividade elétrica [28,79-81],
quando o teor destas nanopartículas atinge certo valor crítico. A partir deste valor o sistema
apresenta uma modificação acentuada em suas propriedades e a este fenômeno dá-se o nome de
percolação [28,75, 76], o qual será descrito com maiores detalhes no item 2.6 deste Capítulo.
Em relação aos materiais constituintes desses sistemas híbridos pode-se dizer que são
relatados mais frequentemente na literatura [7,21,24,72,82-84] os sistemas formados por matriz
polimérica tais como polianilina (PAni), poli(3,4-etileno-dioxitiofeno)-poli(ácido 4-
estirenossulfônico) (PEDOT:PSS), poli(o-metoxianilina) (POMA), poli(ácido 4-estirenossulfônico)
(PSS), polimetacrilato de metila (PMMA), inseridos com nanopartículas metálicas e/ou óxidas
como, por exemplo, Au, Ag, TiO2, SnO2, In2O3:Sn, ZnO etc. Entretanto, dentre os materiais
utilizados como matriz polimérica, a PAni tem se apresentado como a matriz orgânica mais
promissora, devido a sua estabilidade química e ambiental e por apresentar síntese relativamente
fácil, baixo custo de produção, mecanismo de condutividade elétrica reversível, alta sensibilidade a
diferentes gases, resposta reversível e curto tempo de resposta. Enfim, sistemas constituídos por
PAni e nanopartículas óxidas, tais como PAni/SnO2 [7,10,85], PAni/TiO2 [10,86], PAni/MoO3 [87],
PAni/WO3 [88], e PAni/In2O3 [89], vêm sendo intensamente utilizados como sensores de gases. No
entanto, ainda não há relato na literatura sobre o estudo do sistema de nanocompósito de PAni como
matriz polimérica embebida com nanopartículas condutivas de ITO. Assim sendo, o sistema híbrido
constituído por PAni/ITO é uma proposta inovadora, que por meio de estudos fundamentais, pode
14
conduzir a diversas aplicações tecnológicas, tais como camada transportadora de buracos (HTL) em
diodos emissores de luz poliméricos (PLEDs) e eletrodos condutores. Neste contexto, de acordo
com a aplicação desejada deve-se realizar a escolha dos constituintes dos sistemas híbridos [90-95].
Dentre tantas metodologias utilizadas na síntese desses sistemas híbridos, a mais simples seria
realizada pela dispersão física dessas nanopartículas na matriz polimérica. Essa metodologia traz
benefícios ao material que será obtido, uma vez que não se tem a ação do dispersante e de outros
materiais coadjuvantes que podem interferir severamente nas propriedades dos nanocompósitos
produzidos. Portanto, salienta-se que o sistema PAni/ITO é um sistema inovador e promissor. A
proposta deste trabalho de pesquisa é produzir nanocompósitos formados por nanopartículas de
óxido de estanho-índio (ITO), inseridas numa matriz polimérica PAni, na qual as nanopartículas
foram dispersas no polímero pela mistura física, a fim de estudar principalmente a propriedade
elétrica do sistema híbrido produzido. Sendo assim, no próximo item é detalhada a propriedade
elétrica dos sistemas híbridos e são apresentadas as características mais relevantes e que interferem
nessa propriedade.
2.3 - Propriedades Elétricas
Os polímeros semicondutivos têm sido intensivamente estudados pela comunidade científica nos
últimos anos devido ao seu potencial de aplicação no ramo da eletrônica orgânica, enquanto que os
materiais óxidos nanoestruturados, por sua vez, apresentam vasta aplicação tecnológica devido às
suas propriedades ópticas, magnéticas e elétricas. Neste contexto, as propriedades elétricas dos
polímeros podem ser modificadas pela inserção de nanopartículas óxidas condutivas e, ou,
semicondutivas inorgânicas. A inserção dessas nanopartículas é interessante devido à criação de
superfícies e interfaces, o que pode acarretar uma alteração nas propriedades elétricas ou dielétricas
da matriz polimérica. Tendo em vista que neste trabalho foi investigada as propriedades elétricas
dos nanocompósitos formados pela matriz polimérica de polianilina (PAni) inserida por
nanopartículas de óxido de estanho e índio (ITO) em função do efeito do teor, distribuição, perfil
das nanopartículas de ITO, serão descritos, resumidamente, nos próximos itens as propriedades
elétricas de polímeros, óxidos nanoestruturados e dos sistemas híbridos compostos por matriz
polimérica e nanopartículas condutivas e/ou semicondutivas.
2.3.1 - Propriedade Elétrica dos Polímeros
De acordo com a estrutura conjugada já descrita no item 2.1.2, esses materiais apresentam ligações
e . Os orbitais são responsáveis pela estrutura eletrônica dos polímeros conjugados porque os
elétrons que participam desta ligação se encontram mais fracamente ligados, sendo, portanto, mais
15
facilmente deslocalizados. A superposição das funções de onda destes orbitais atômicos pode ser
construtiva ou destrutiva, levando à formação de orbitais moleculares denominados ligante e
antiligante (*), respectivamente, que se abrem, obedecendo à instabilidade de Peierls [49,90,96]
(ligações C-C são mais longas que as ligações C=C), originando orbitais moleculares análogos às
conhecidas bandas de condução (* - antiligantes) e de valência ( - ligantes) encontradas em
semicondutores inorgânicos. A banda de valência, completamente preenchida ou nível HOMO
(highest occupied molecular orbital), nível mais alto de energia ocupado e a banda de condução
vazia ou nível LUMO (lowest unoccupied molecular orbital), nível mais baixo de energia vazio, são
separadas por uma diferença de energia da banda proibida ou gap entre 1,5 e 4,0 eV.
No próximo item serão relatadas brevemente as propriedades elétricas dos óxidos
nanopartículados, pois, neste trabalho de pesquisa, é utilizado, como nanopartícula, o óxido de
estanho e índio (ITO), para a produção dos sistemas híbridos formados por PAni1-xITOx.
2.3.2 - Propriedade Elétrica dos Óxidos Nanoestruturados
A maioria das propriedades físicas e químicas dos materiais óxidos é dependente de sua dimensão
volumétrica. Em relação a essa dependência, os óxidos nanométricos apresentam diferentes
propriedades óticas, elétrica (transporte eletrônico e/ou iônico), mecânicas [11,12,21].
Particularizando as propriedades elétricas nos óxidos, pode-se afirmar que os materiais óxidos
podem apresentar uma condutividade iônica ou uma mistura de condutividade eletrônica e iônica, as
quais podem ser influenciadas pela nanoestrutura desse sólido [97,98,99]. Nesses materiais o número
de portadores de cargas elétricas se dá em função da energia da banda de gap de acordo com a
estatística de Boltzmann. A condução eletrônica nesses materiais se refere à movimentação dos
portadores de carga do tipo n, ou p (elétrons ou buracos), via hopping (salto). O número desses
portadores pode ser aumentado pelo efeito não-estequiométrico. De modo análogo, a condução
iônica via hopping ocorre quando os íons saltam de um sítio para o outro dentro da rede cristalina,
como resultado da ativação térmica. Alguns mecanismos têm sido observados na condução iônica,
tais como a condução intersticial e por lacuna, as quais são defeitos presentes na rede cristalina
[92,93].
Neste contexto, impurezas e defeitos, que atuam como portadores de carga elétrica segregam
para os contornos das nanopartículas, para minimizar a tensão e o potencial eletrostático. Ademais,
os portadores de cargas, como os defeitos presentes na estrutura cristalina, mudam as propriedades
quando em escala nanométrica, devido à depleção do campo de potencial eletrostático nas
superfícies criadas, o que faz com que os portadores de cargas se disponham nas superfícies desses
materiais nanoestruturados. Portanto, o que se observa é um significante aumento da condutividade
16
nos óxidos nanoestruturados, devido à criação de superfícies, interfaces, defeitos e aumento na
contribuição eletrônica [92,93,99-101].
Por fim, pode-se citar o óxido de estanho e índio (ITO) [67], o qual é um semicondutor
altamente degenerado, tipo n, mas que também apresenta mobilidade do íon O2-
, o que o classifica
como um condutor misto. O ITO é um material óxido cerâmico avançado que apresenta
interessantes aplicações ópticas e eletrônicas, por apresentar alta condutividade elétrica e
transmitância na região do visível, quando em forma de filme fino e em forma de nanopartículas
este óxido mantem a sua alta condutividade elétrica.
2.3.3 - Propriedade Elétrica de Sistemas Híbridos
Os nanocompósitos formados por nanopartículas condutivas ou semicondutivas aleatoriamente
dispersas numa matriz polimérica são considerados sistemas heterogêneos desordenados [26,27,35].
Portanto, seu comportamento elétrico é completamente dependente da permissividade,
condutividade, fração volumétrica, perfil e dimensão das inclusões presentes. A dimensão e as
características da superfície dessas inclusões nanométricas estão inter-relacionados [21]. Supondo
que a nanopartícula seja esférica, a razão entre superfície e volume é inversamente proporcional e,
portanto, para uma análise dessas nanopartículas em 3D, a razão S/V é tanto maior quanto menor
for seu tamanho. Assim, partículas esféricas de tamanhos nanométricos apresentam alta área
superficial. Considera-se que, quanto maior a área superficial, maior o número de átomos expostos
nessa superfície. Os átomos da superfície são quimicamente mais reativos, se comparados com os
átomos presentes no volume, pois apresentam menor número de átomos adjacentes e maior número
de ligações quebradas. Consequentemente, a presença dessas inclusões criam superfícies e
interfaces que atuam de maneira decisiva na resposta elétrica e dielétrica desse material, sua
consequência será detalhada no decorrer deste texto [102].
Deve-se ainda considerar a existência da possibilidade de interação entre as nanopartículas e
as cadeias poliméricas hospedeiras, o que vem reforçar a alteração na resposta ao comportamento
elétrico aplicado a esse sistema híbrido [21]. A maioria dos trabalhos relatados na literatura mostra
que a concentração das nanopartículas condutivas ou semicondutivas é um parâmetro crucial que
governa o comportamento elétrico desses sistemas [28]. Logo, quando o teor das nanopartículas
presente na matriz polimérica é baixo, a distância média entre as nanopartículas ou aglomerados é
suficientemente grande e a condutividade é restrita pelo comportamento dielétrico da matriz, mas
com o aumento do teor da fase condutiva próxima à concentração crítica (pc) das inclusões,
caminhos condutivos são formados gerando um fluxo de corrente por percolação. Esses caminhos
fazem com que o sistema híbrido apresente uma transição no comportamento elétrico de material
isolante para condutivo. Assim sendo, esta transição de comportamento elétrico é governada pela lei
17
da teoria de percolação, de forma que, dada fração volumétrica crítica de nanopartículas presente na
matriz polimérica, ocorre o comportamento completamente condutivo [28]. A teoria de percolação
que define essa transição de comportamento elétrico será descrita detalhadamente no item 2.8 deste
capítulo [103].
Neste contexto, particularizando o estudo de sistemas híbridos formados por matriz isolante
inserida por inclusões condutivas é muito importante mencionar que diversos modelos na literatura
têm sido propostos para prever o comportamento da constante dielétrica do sistema com a inserção
de inclusões condutivas [29]. Como exemplo dos modelos aplicados pode-se citar o modelo de
campo médio efetivo do meio descrito por Maxwell Garnett que, no entanto, falha ao prever o
comportamento dielétrico do compósito próximo ao limiar de percolação, definido como o ponto
crítico onde as propriedades físicas do sistema apresentam singularidades [29].
Além disso, muitos autores têm concentrado seus estudos na busca de se entender o que
ocorre com o sistema, principalmente próximo ao limiar de percolação. Segundo tais estudos, tanto
abaixo quanto acima do limiar de percolação pode ocorrer a quebra da rigidez dielétrica do meio e
esta quebra se inicia quando o campo elétrico local excede a um certo valor crítico [29-34].
Considerando os sistemas formados por uma matriz isolante inserida por partículas condutivas, a
quebra da rigidez dielétrica é um fenômeno próprio deste sistema, pois representa um sistema
heterogêneo, que apresenta a formação de aglomerados de diversos tamanhos, distribuídos
aleatoriamente na matriz e que podem se interconectar. Assim, estes aglomerados, formados por
inclusões condutivas e separados por uma matriz isolante, formam verdadeiras superfícies
equipotenciais, ou verdadeiros microcapacitores [31]. Sendo o campo elétrico local, entre estes
aglomerados, muito maior que o campo externo aplicado ao sistema, o que acarreta na quebra da
rigidez dielétrica local do meio que permeia estes aglomerados [31]. Uma vez ocorrida a quebra da
rigidez local, este fenômeno vai atingindo em sequência outras partes do sistema, levando a um
efeito cascata e tornando o sistema condutivo, refletindo na variação da constante dielétrica do
sistema [29,31].
Em geral, os nanocompósitos formados pela matriz polimérica inserida por nanopartículas
óxidas atuam como sólidos desordenados, pois apresentam uma desordem estrutural. Em sólidos
desordenados, a condução em campo alternado (ac) difere da condução (dc), em regiões de baixas
frequências. No entanto, estes sólidos desordenados apresentam comportamento de condução ac
similar, tendendo a um comportamento universal [97]. Esse comportamento universal, pode ser
analisado em termos da condução ac, pois possibilita visualizar a contribuição da condutividade real
’ e imaginária ” em função da frequência de oscilação do campo elétrico aplicado nos
mecanismos de condução. Assim, este comportamento pode ser descrito por meio de
18
, onde ’ está intimamente ligada ao movimento de cargas livres e ”, se refere ao
movimento de cargas ligadas, por exemplo, movimento de dipolos. Em relação ao comportamento
de ’, o que se observa é um comportamento universal em sistemas desordenados, conforme
descrito por Dyre [25,97].
De tal forma que e onde se
refere a um dado valor de frequência ou frequência crítica, a partir do qual a condutividade passa a
apresentar um comportamento dependente da frequência. Ou seja, em baixas frequências, abaixo de
, é independente da frequência. Mas, a partir de uma dada frequência, ou , a condutividade
aumenta com a frequência, seguindo a lei de potência conforme ilustra a Fig. 2.6 (a) e Fig. 2.6
(b). No domínio de altas frequências o comportamento de pode ser aproximado por uma lei de
potência , onde o expoente s apresenta valores entre 0 e 1 . Essa transição
de um regime para o outro é marcada por uma dada frequência denominada frequência crítica
[25,97]. Além disso, a elevação da temperatura acarreta um aumento pronunciado no valor da
condutividade, no regime de baixas frequências e um pequeno aumento no regime de altas
frequências (Figura 2.6 (a)). No regime de baixas frequências, a condutividade real tende a um
patamar (σdc), enquanto que, no regime de médias e altas frequências, a condutividade passa a ser
dependente da frequência (Figura 2.6 (b)) [25,97].
Figura 2.6 - (a) Representação esquemática do comportamento da condutividade elétrica de materiais
desordenados para diferentes temperaturas e (b) comportamento da condutividade elétrica caracterizado por
uma condutividade constante σ (dc) no regime de baixa frequência, seguido por um comportamento
dependente da frequência σ (ω) [25,97]. c é a frequência crítica, a partir do qual a condutividade passa a
apresentar um comportamento dependente da frequência
19
Considerando que o foco deste trabalho é o estudo da propriedade elétrica dos
nanocompósitos de PAni1-xITOx por meio da técnica de espectroscopia de impedância, essa técnica
será abordada em maiores detalhes, no item a seguir.
2.4 - Espectroscopia de Impedância
A espectroscopia de impedância é um método relativamente novo de caracterização das
propriedades elétricas de materiais. Essa técnica é aplicada para se observar grande variedades de
processos microscópios que ocorrem em consequência da aplicação de um estímulo elétrico. Pode-
se considerar exemplos desses processos microscópios: o transporte de elétrons nos materiais
condutores, sua transferência nas interfaces com os eletrodos e o fluxo de átomos carregados ou
aglomeração de partículas a partir de defeitos no eletrólito [105]. Enfim, pode-se dizer que as
propriedades intrínsecas que influenciam a condutividade do material, tais como constante dielétrica
e mobilidade de portadores de cargas, podem ser estudadas utilizando a espectroscopia de
impedância. Ademais, essa técnica ainda consegue caracterizar o efeito de interface eletrodo-
material, identificando processos de reação-adsorção, capacitância na região da interface.
A seguir é apresentada uma introdução aos conceitos básicos de impedância, determinação da
condutividade complexa e o uso de circuitos equivalentes para modelar os resultados experimentais
de um determinado material, obtidos a partir da técnica de espectroscopia de impedância [105].
2.4.1 – Impedância Elétrica
A impedância frequentemente é designada por impedância ac ou por impedância complexa. A
impedância elétrica, Z, é a grandeza física que mede a capacidade de um dispositivo apresentar
oposição à passagem de corrente elétrica. No domínio da frequência, ao aplicar-se um sinal
monocromático a uma célula, obtém-se uma corrente estacionária
, onde θ é a diferença de fase entre a tensão aplicada e a corrente medida e é zero
para comportamento puramente resistivo. Portanto, neste caso, a impedância é completamente
independente da frequência [105,106]. A partir desta corrente, pode-se definir uma grandeza
denominada impedância elétrica, dada por
. Considerando que sua fase é θ(ω), sua
magnitude ou seu módulo é dado por
.
A impedância é um conceito mais geral que a resistência elétrica, pois considera a diferença
de fase e pode ser representada por um número complexo , uma vez que seu valor
depende da relação de fase e da amplitude dos sinais. Considerando o número imaginário como
20
, que indica uma rotação anti-horária por /2 ou 90º sobre o eixo de x.
Assim sendo, a parte real do número complexo Z, “a”, está disposta na direção do eixo x e a parte
imaginária “b” está ao longo do eixo y. Assim, uma impedância é uma grandeza
vetorial, podendo ser representada no plano complexo tanto em coordenadas retangulares, quanto
em coordenadas polares, conforme mostrado na Figura 2.7 [105].
Figura 2.7 - Gráfico da impedância Z representada como um vetor planar no plano complexo usando
coordenadas retangulares e polares [100].
De acordo com a Figura 2.7, claramente pode-se obter dois valores de coordenada retangular,
tais como e , com um ângulo de fase dado por
. De modo que o módulo Z’ e Z” é dado por .
Define-se assim o diagrama de Argand ou plano complexo, muito utilizado por matemáticos e
engenheiros elétricos. Na forma polar, Z pode ser escrito como , que pode ser
convertida para a forma retangular usando a relação de Euler [105].
Em geral, a impedância Z é dependente da frequência, conforme definida. A técnica mais
comum e mais simples usada para a sua caracterização é a medida da impedância, diretamente no
domínio da frequência, aplicando um sinal de tensão de frequência bem determinada à interface e
medindo a defasagem e a amplitude ou a parte real e imaginária da corrente resultante naquela
frequência. Assim, a partir do resultado obtido de é que se obtém as informações sobre
as propriedades elétricas de todo o sistema material-eletrodo [105,106].
Existem diversas outras grandezas importantes a serem consideradas na espectroscopia de
impedância. Logo, conhecidos os parâmetros geométricos das amostras, como a espessura do filme
e a área dos eletrodos, é ainda possível obter um leque de grandezas complexas em campo
alternado, que são bastante utilizadas na investigação das propriedades elétricas em diversos
sistemas sólidos. Algumas dessas grandezas e suas correlações, são apresentadas na Tabela II.1
[106,107].
21
Tabela II.1 - Funções complexas obtidas das componentes de impedância complexa e dos parâmetros
geométricos (área do eletrodo, “A”, espessura do filme, “e”), das amostras [102].
Função Complexa Símbolo Componente Real Componente Imaginária
Impedância Z*() Z’() Z”( )
Admitância Y*()
Condutividade *()
Permissividade *()
2.4.2 - A Dinâmica Adequada para o Uso da Técnica de Espectroscopia de
Impedância
A dinâmica de procedimentos para subsequente análise de dados obtidos por meio da técnica de
espectroscopia de impedância pode ser relatada como uma sequência de passos, que é apresentada
no fluxograma da Figura 2.8. Portanto, uma vez obtidos os dados experimentais de impedância para
um dado sistema eletrodo-material, estes podem ser analisados pelo uso de um modelo matemático
exato, baseado em alguma teoria física adequada, que denota a impedância teórica Zt(); ou através
de um circuito equivalente relativamente empírico, no qual a impedância pode ser denotada como
Zeq(). No caso do uso de um circuito equivalente empírico ou de um modelo matemático exato, os
parâmetros podem ser estimados e os dados experimentais Ze() comparados ou ao circuito
equivalente desenvolvido Zeq() ou à impedância teórica Zt() [105]. Alguns dos modelos que são
utilizados neste trabalho para a interpretação da resposta elétrica obtida a partir da técnica de
espectroscopia de impedância são descritos nos itens a seguir.
22
Figura 2.8 - Fluxograma da dinâmica de medida e caracterização de sistemas material-eletrodo [105].
2.4.3 - Análise das Propriedades Elétricas por Meio de Circuitos Equivalentes
Uma forma alternativa e simplista de se analisar os resultados de medidas de impedância complexa
é associar os resultados experimentais a um circuito equivalente, que modela o comportamento
elétrico do material em campo alternado. Ou seja, o sistema pode ser representado por uma
combinação de elementos de circuito elétrico, de tal forma a associar um resistor em paralelo com
um capacitor, conforme mostra a Figura 2.9 (a). Nessa associação o resistor representa a
contribuição dos processos de condução (cargas livres) e o capacitor representa a contribuição
dielétrica (cargas ligadas). Essa combinação de elementos de circuito, resistor e capacitor em
paralelo (R e C) é mais indicada, considerando-se que os efeitos de transporte de carga, tanto de
cargas livres, como de cargas ligadas, ocorrem simultaneamente [105,106].
Considerando os sistemas que podem ser representados por um circuito RC em paralelo, a
impedância deste circuito equivalente, Z, é dada pela Equação 2.1 [105,106]:
23
onde
Portanto, para se obter as componentes real e imaginária da impedância complexa Z*,
desenvolve-se a Equação 2.1, obtendo o resultado como descritos pelas Equações 2.4 (componente
real) e 2.5 (componente imaginária):
onde o parâmetro RC é a constante de tempo do circuito ou tempo de relaxação.
Na espectroscopia de impedância é frequente o uso do gráfico da parte imaginária em
função da parte real do complexo conjugado da impedância Z* [105,106], conforme é mostrado na
Figura 2.9 (b). Desse modo, a representação do circuito RC paralelo (Figura 2.9(a)), no plano
complexo, fornece o arco semicirculo da Figura 2.9 (b), cujo diâmetro equivale ao valor da
resistência elétrica R e cada ponto corresponde à impedância em um valor determinado de
frequência, sendo que no ponto máximo Z’(o) = Z”(o) = R/2, condição que fornece a seguinte
relação [105,106,108]:
onde , , são, respectivamente, a frequência angular, a frequência linear e o tempo de
relaxação. A partir do valor de R e da frequência de relaxação pode-se calcular a capacitância do
circuito como [105, 106, 108]:
(2.1)
(2.2)
(2.3)
(2.4)
(2.5)
(7.5)
(2.13)
(2.14)
(7.5)
(2.6)
(2.7)
24
Figura 2.9 - (a) Circuito RC paralelo (b) sua resposta de impedância representada pelo Diagrama de
Argand, no qual a componente imaginária da impedância é representada no eixo das coordenadas e a
componente real da impedância é representada no eixo das abscissas [105,106].
Vale ressaltar que o centro de um arco do semicírculo da Fígura 2.9 (b), sendo ele extraído de
dados experimentais, é frequentemente deslocado para abaixo do eixo real por causa da presença de
elementos distribuídos no sistema material-eletrodo. O tempo de relaxação τ não apresenta apenas
um valor, mas é distribuído continuamente ou discretamente em torno de uma média, . O
ângulo θ, pelo qual o arco semicircular está deslocado abaixo do eixo real está relacionado com a
largura da distribuição do tempo de relaxação e, assim, é também um parâmetro importante. Além
disso, os arcos podem estar substancialmente distorcidos por outros tempos de relaxações cujos
valores médios das constantes de tempo estão dentro de duas ordens de grandeza ou menos, daquela
do arco considerado.
Neste contexto, quando se trabalha com sistemas não lineares, típicos de sistemas sólidos
desordenados [102,109], tais como os materiais poliméricos, é comum essa distribuição de tempos
de relaxação para descrever o comportamento elétrico em função da frequência. Uma função
resposta bastante utilizada é dada pela descrição de Havrilliak e Negami (HN) [102,104], baseada
em uma distribuição assimétrica de tempos de relaxação, e que pode ser encarada como uma
fórmula geral que abrange um conjunto de funções resposta dielétrica no tempo com diferentes
distribuições de tempos de relaxação. A descrição HN foi inicialmente proposta em função da
resposta dielétrica de um sistema, como expressa na Equação 2.8 que, na verdade, é uma variança
da equação adequada para o circuito equivalente RC.
(2.8)
(a) (b)
onde 0 ≤ α ≤ 1 e 0 ≤ β ≤ 1 são condições necessárias e inferem sobre a desordem do sistema
[102,107,109].
Os sistemas que apresentam o comportamento descrito por processo de relaxação de Debye,
apresentam os coeficientes α e β, assumindo valores iguais a 1; a curva de impedância complexa
referente à resposta elétrica desse sistema é ilustrada na Figura 2.10 (a).
25
Na Equação 2.8, tomando-se α 1 e β = 1, tem-se que o processo de relaxação que ocorre no
material obedece a uma distribuição simétrica tipo gaussiana. Nesse caso, há uma uniformidade nos
tempos de relaxação em todo o volume do material. Já para α = 1 e β 1, tem-se uma distribuição
do tipo Lorentziana, ou seja, há diferentes distribuições de tempos de relaxação ao longo do
material estudado. Em particular, para α 1 e β = 1 o processo é chamado de Cole-Cole, conforme
mostrado na Figura 2.10 (b). Finalmente, para α = 1 e β 1, chamado de Davidson-Cole [107,110],
no qual o comportamento da impedância complexa segundo o modelo de Davidson-Cole é
mostrado na Figura 2.10 (c). A Figura 2.10 (a), (b), (c) e (d) mostra, a título de ilustração, os
comportamentos de Z’(f) e Z” (f) vs f para os processos citados com os seus respectivos diagramas
de Argand, representados por Z”(f) vs Z’(f).
Figura 2.10 - Curvas referentes às componentes real e imaginária da impedância complexa, obtidas para os
processos de (a) Debye ( = 1 e = 1), (b) Cole-Cole ( = 0,5 e = 1), (c) Davidson-Cole ( = 1 e β = 0,5)
e (d) Havriliak-Negami ( = 0,5 e = 0,5), com seus respectivos Diagramas de Argand, representados por
Z”(f) vs Z’(f). Todas as curvas foram obtidas a partir da Eq. 2.8 fazendo R = 103 e C = 10
-6 F e estão
representadas em escala mono-log [107].
26
Neste item foi exposto que as respostas elétricas dos sistemas híbridos desordenados podem
ser elucidadas pelo uso de modelos teórico-experimentais pela utilização de circuitos equivalentes.
Vale ressaltar que apesar de muitos estudos se concentrarem nas propriedades de condução elétrica
desses sistemas híbridos desordenados, o mecanismo de transporte [18,19,26,27,97,98] de carga pelo
efeito do campo, o efeito da estrutura morfológica desses sistemas híbridos desordenados e os
efeitos das interfaces dos sistema polímero/nanopartícula, sobre as propriedades de condução
elétrica ainda não foram realizados em detalhes e, portanto, são objetos de estudos profundos. Não
obstante esta dificuldade, diversos modelos teóricos-experimentais estão sendo criados em função
das propriedades dos constituintes dos sistemas híbridos, tais como o modelo de EMA (do inglês
Effective Medium Approximation), teoria da percolação, modelos baseados no mecanismo de salto
(hopping) (VRH) proposto por Mott [39] e/ou modelo de barreira de energia livre aleatório (RFEB –
random free energy barrier) proposto por Dyre J.C. [25] e tunelamento de Fowler-Nordheim [2].
Tais modelos estão sendo usados para interpretar o comportamento condutivo e dielétrico desses
nanocompósitos desordenados. Alguns desses modelos serão descritos no item a seguir, pois serão
utilizados neste trabalho para elucidar o comportamento elétrico dos sistemas de PAni1-xITOx, a
partir dos resultados das medidas elétricas realizadas pela técnica de espectroscopia de impedância.
2.4.4 – Modelo de barreira livre aleatório (RFEB – Random Free Energy
Barrier) proposto por Dyre
O processo de condução eletrônica em materiais desordenados, por exemplo, na polianilina, pode
ser descrito através de um mecanismo de saltos (hopping) entre estados localizados. Um dos
modelos mais interessante e disponível na literatura que trata sobre esse mecanismo é o modelo de
barreira livre aleatório (RFEB), proposto no final da década de 1980 por Dyre J.C. [25,97]. Uma das
características mais marcantes deste modelo é o fato de que ele leva em conta a desordem do meio,
através de uma distribuição aleatória de barreiras de energias, com valores situados entre um valor
mínimo (Emin) e um valor máximo (Emáx). O portador, para transpor estas barreiras, leva um tempo
(tempo de espera), havendo uma frequência de escape , que segue um processo de
Arrhenius dado por , onde , sendo Emin e Emax, o mais baixo e o
mais alto valores de energia e um fator de frequência. Esse fator depende da distância média r
entre os sítios de salto. Sendo assim descrita a dependência da frequência de saltos dos portadores
em relação aos valores dessas energias mínima e máxima das barreiras: quanto maior a altura das
barreiras, ou seja, quanto maior o valor das energias das barreiras, menor será a frequência com que
os portadores conseguirão saltá-las. A Figura 2.11 mostra uma ilustração unidimensional de um
típico potencial descrito por este modelo.
27
Figura 2.11 - Potencial típico descrito em um modelo de saltos. Emin e Emax são respectivamente, a energia
mínima e a energia máxima das barreiras a que os portadores de saltos estão sujeitos [25,97].
Contudo, o modelo RFEB prevê que a componente real da condutividade ac em baixas
frequências é independente da frequência angular , até um valor de frequência mínima min, e
acima de um valor de frequência máxima, max, ela volta a ser independente da frequência e, entre
esses dois valores, ela sobe, obedecendo à lei de potência dada por , onde A é uma
constante dependente da temperatura T e o expoente s 1 [93].
Dentro deste quadro, pode-se derivar a dependência da condutividade complexa *(), com a
frequência, o que foi feito por Dyre J.C. [25], por meio do tratamento estatístico da Teoria do
Campo Médio e da Teoria do Passeio ao Acaso Contínuo no tempo [58,104], resultando na Equação
2.9, e também por Bianchi R. F. [47,52] usando tratamentos baseados no transporte estocástico de
saltos de portadores de carga em sistemas tipicamente resistivos-capacitivos.
Na Eq. 2.9 é a frequência angular máxima dada por e a é a
frequência mínima dada por ; como pode ser visto, elas estão diretamente
relacionadas com o valor máximo (Emax) e mínimo (Emin) da barreira de energia. O parâmetro é a
razão entre estas frequências máxima e mínima e é a condutividade quando a frequência tende a
zero e pode ser dada por , onde C é uma constante que depende, dentre outros
fatores, da densidade de portadores.
Considerando que, de um modo geral, o valor de max é muito maior do que o máximo valor
de frequência alcançado pelos equipamentos de medida, a Equação 2.9 pode ser escrita na forma da
Equação 2.10:
(2.9)
(2.10)
28
Todos os parâmetros envolvidos nas Equações 2.9 e 2.10 podem ser diretamente obtidos a partir das
curvas experimentais log’() e log ”() vs. log .
Tendo em vista que o sistema trabalhado nesta tese (PAni1-xITOx) é um sistema
macroscopicamente homogêneo, mas microscopicamente não homogêneo, optou-se por estudar as
propriedades elétricas desses sistemas em função das propriedades dos seus constituintes
utilizando-se a teoria do meio efetivo ou aproximação média efetiva (EMA) (do inglês Effective
Medium Approximation), a qual será descrita no item a seguir [111-114].
2.4.5 - Modelo Aproximação Media Efetiva (EMA – Effective Medium
Approximation)
O estudo das propriedades efetivas de materiais compósitos em função das propriedades de seus
constituintes tem sido aplicado em diversos campos de pesquisa, sobretudo, no estudo de
propriedades elétricas desses materiais. Devido à sua simplicidade e capacidade para avaliar as
propriedades elétricas de uma vasta gama de mistura de fases, teorias do meio efetivo ou
aproximações média efetiva – EMA [111-114], têm sido aplicadas na determinação da função
dielétrica de um material macroscopicamente homogêneo, mas microscopicamente não homogêneo.
Consequentemente, tem sido amplamente utilizada para modelar estruturas de multicamadas,
interpretar dados espectroscópicos elipsométricas SE de crescimento de filmes [115,116], monitorar
deposição de filmes finos [117-119], investigar rugosidade da superfície [120] e analisar
propriedades de nanocompósitos.
O maior objetivo da aplicabilidade da teoria EMA é o cálculo de propriedades do compósito
produzido em função das propriedades de seus constituintes [121]. Existem várias expressões
empregadas para analisar a permissividade e a condutividade efetiva de materiais compósitos. No
entanto, as equações mais usadas e conhecidas da teoria de campo médio efetivo se referem à
equação de Maxweel-Garnett e Bruggeman [122].
Quando um material compósito é formado pela as fases “a” e “b” e estas estão presentes em
quantidades próximas, não se sabe com clareza qual fase é o meio hospedeiro. A equação para este
sistema é dada por [117]:
onde as permissividades dos constituintes a e b são dadas por , e a permissividade do meio
efetivo é dada , enquanto
são as frações volumétricas das fases a e b. Esta
equação é reconhecida como a equação de Bruggeman [117].
(2.11)
29
Considerando a fase “b” como a fase diluída, ou seja, a fase que representa as inclusões e
escolhendo a fase “a” como a fase hospedeira; admitindo que a fase “b” consiste de pequenas
inclusões esféricas, mas que possui sua própria permissividade elétrica num meio hospedeiro, a
equação que descreve a permissividade do meio efetivo pode ser descrita como [117]:
Esta equação representa a expressão de Maxweel-Garnett [117].
Como será discutido no item 7.4, do Capítulo 7, a equação de Maxwell-Garnett para baixas
concentrações de inclusões esféricas de nanopartículas inseridas na matriz de polimérica, pode ser
descrita por um sistema desordenado, cujas propriedades elétricas são representadas por grandezas
num plano complexo. A Equação 2.12 pode ser escrita como:
onde é a permissividade efetiva complexa do nanocompósito e
é a permissividade efetiva
complexa da matriz, que é o meio hospedeiro e é a permissividade efetiva complexa das
inclusões [122-124].
A Figura 2.12 representa um esquema que ilustra a diferença entre as teorias de Maxwell-
Garnett e Bruggeman. A considerar a teoria de Maxweel Garnett a fase “b” diluída, esférica, se
dispersa no meio hospedeiro “a” e apresenta sua própria permissividade elétrica, enquanto que, pela
teoria de Bruggeman, quando as fases dos constituintes “a” e “b” estão presentes em quantidades
próximas, não se consegue distinguir qual a fase representará o hospedeiro.
Figura 2. 12 - Esquema que ilustra a diferença entre as teorias de Maxwell-Garnett e Bruggeman [122].
Considerando que o sistema atingiu o limiar de percolação, o uso da Equação 2.13 se torna
bastante complicado e é necessário um estudo mais profundo da natureza das inclusões, como o
(2.12)
(2.13)
30
perfil e a interface inclusões/matriz. Esta afirmação pode ser reforçada, admitindo-se que a teoria da
aproximação média efetiva (EMA) e a teoria da percolação são extremos opostos, uma vez que a
primeira visa à condução no espaço homogêneo bi ou tridimensional e, a última, visa à condução
em apenas uma dimensão [114]. Assim, no próximo item serão descritos os princípios básicos da
teoria da percolação, pois ao se trabalhar com os sistemas PAni1-xITOx, observou-se que, a partir de
um dado valor de x, o sistema apresenta as propriedades elétricas que podem ser descritas a partir
do fenômeno de percolação.
2.5 - Princípios básicos da teoria da percolação aplicada à condutividade elétrica
de sistemas híbridos
A teoria de percolação foi inicialmente desenvolvida em 1957 pelo matemático J.M. Hammersley
[125] e foi reconhecida como a ocorrência de um fluxo de um determinado fluido percorrendo um
meio representado por caminhos interconectados [124,125]. Posteriormente, esta teoria foi aplicada
com sucesso para descrever propriedades mecânicas, reológicas, e cinéticas de materiais
poliméricos e dispersões coloidais. Atualmente, muitos trabalhos [124,125] têm sido desenvolvidos
empregando a teoria de percolação, a fim de estudar as propriedades elétricas de compósitos e/ou
nanocompósitos poliméricos.
A teoria da percolação descreve fenômenos pertencentes aos denominados “fenômenos
críticos”. Estes fenômenos são caracterizados por um “ponto crítico”, no qual certas propriedades
do sistema mudam bruscamente. Próximo ao “ponto crítico” o sistema comporta-se como se
estivesse dividido em blocos de propriedades diferentes e estes blocos crescem desordenamente até
se aproximar do “ponto crítico” [126-129]. Como exemplo desses fenômenos críticos, considere-se
um sistema híbrido composto por dois componentes, de tal forma que um seja um bom condutor de
eletricidade e o outro seja isolante, como nanopartículas condutivas ou ilhas metálicas inseridas em
uma matriz polimérica isolante. Vamos denotar a condutividade das ilhas metálicas como 1 e a
condutividade da matriz como 2. As mudanças na condutividade do sistema híbrido formado serão
inscritas em função da concentração da fase condutiva, denotada por p. Enquanto a concentração
das nanopartículas aumenta, pequenos aglomerados são formados no sistema e a condutividade da
mistura é essencialmente aquela do meio isolante, 2 (ponto 1), e a região pode ser denominada de
não percolativa, representada pela região A (Figura 2.13) [130-135]. O limiar da percolação ocorre a
partir de uma dada concentração de partículas condutoras (pc), denominada concentração crítica e
denotada pelo ponto 2, quando pontes condutivas são formadas através dos aglomerados. Assim, os
aglomerados, antes isolados, são conectados, formando aglomerados condutivos infinitos (ACI).
Neste momento, o sistema tem a sua condutividade aumentada bruscamente e passa a ser totalmente
condutivo. Alguns trabalhos mostraram que pc assume o valor de 0,5 para sistemas bidimensionais e
31
aproximadamente 0,25 para sistemas tridimensionais [127]. A região que caracteriza esse rápido
aumento na condutividade é a região B (Figura 2.13) denominada de região de percolação. Se após
atingir a região de percolação, a concentração das partículas condutivas na mistura for aumentada, a
condutividade do sistema híbrido aumenta lentamente (ponto 3) e atingirá um valor igual ao do
aditivo condutor puro. A partir desse momento, aumentos maiores na concentração de partículas
condutivas não acarretam aumentos significativos na condutividade (região C, Figura 2.13)
[124,127].
Figura 2.13 - Dependência da condutividade com a concentração das partículas condutivas na matriz
polimérica isolante [127,128,135].
A mudança na condutividade do sistema em consideração que ocorre próximo ao limiar de
percolação pode ser descrita a seguir como [128, 135]
, , onde t corresponde
ao expoente crítico acima do limiar de percolação, p é a concentração da fase condutora e pc é o
limiar de percolação. Esta equação somente é válida para concentrações da fase condutora acima do
limiar de percolação. O expoente t é associado aos diferentes mecanismos de condução envolvendo
fenômeno de transporte eletrônico. No entanto, para , a nanopartículas se encontram isoladas
pela matriz o que não permite a formação dos clusters de percolação. Portanto, a condutividade é
governada pelos gaps entre as nanopartículas vizinhas. Quando p aumenta e se aproxima de pc, a
condutividade do compósito ou nanocompósito pode ser descrita como onde s é o
expoente da condutividade crítica abaixo do limiar de percolação [128, 135].
Os expoentes s e t são considerados universais na teoria clássica de percolação e depende da
dimensionalidade d da rede condutora formada, sendo que assume valores entre 1,1 a 1,3 para redes
bidimensionais e 1,6 a 2,0 para rede tridimensionais, enquanto o expoente crítico t assume valores
de 1,1 a 1,3 para redes bidimensionais e 0,7 a 10 para rede tridimensionais. No entanto, desvios em
32
relação a estes valores são relatados em muitos trabalhos [128-135], que atribuem este fato como o
resultado da formação de uma rede de percolação elétrica, na qual as partículas da fase condutora
não estão em contato geométrico, mas estão próximas o suficiente para permitir que ocorra o
mecanismo de transporte via tunelamento [132].
É importante ressaltar que o valor de pc é altamente afetado pelo perfil, dispersidade,
orientação preferencial das partículas condutivas dispersas e ainda pela espessura dos
nanocompósitos. Além disso, que o limiar da percolação e, consequentemente, a curva, pode se
deslocar de acordo com a alteração físico-quimica do sistema; essa alteração é representada pelo
tracejado mostrado na Figura 2.13 [124,125].
A Figura 2.14 ilustra resumidamente o que foi exposto neste capítulo, que abordou
inicialmente as principais características e definições, de polímeros, focando nos polímeros
semicondutivos, especificamente a PAni. Buscou-se também mostrar as principais características e
definições dos óxidos, abrangendo os óxidos semicondutores nanoestruturados, focando na
descrição das principais propriedades do ITO como nanopartícula condutiva. Além disso, expôs-se
sobre o conceito e as principais características de nanocompósitos formados por uma matriz
polimérica inserida por nanopartículas, enfatizando as propriedades elétricas desses sistemas sólidos
desordenados, bem como de seus constituintes. Por fim, procurou-se mostrar como se dá o estudo
dessas propriedades elétricas por meio da espectroscopia de impedância e a análise da resposta
elétrica através do emprego de modelos teórico-experimentais, dando ênfase à descrição dos
principais modelos que são utilizados nesta tese. Portanto, no próximo capítulo serão relatados os
principais equipamentos e métodos experimentais utilizados para o desenvolvimento desta tese,
buscando sempre esclarecer o motivo pelo qual cada equipamento e método experimental foram
empregados.
33
Figura 2.14 - O fluxograma resume os temas abordados no Capítulo 2, o qual mostra que neste capítulo
abordou-se primeiramente as características e definições de polímeros, focando no polímeros semicondutivos
(PAni). Em seguida, procurou-se mostrar as definições e características dos óxidos, particularizando os
óxidos semicondutivos nanoestruturados, principalmente as propriedades do ITO. Enfatizou-se as
características dos nanocompósitos, bem como as suas propriedades elétricas e de seus constituintes. Por fim,
mostrou como se dá a caracterização elétrica desses sistemas híbridos via espectroscopia de impedância e a
compreensão da resposta elétrica por meio dos modelos teórico-experimentais, com a descrição em detalhes
dos principais modelos e teorias empregados nesta tese.
34
CAPÍTULO 3
EQUIPAMENTOS E MÉTODOS EXPERIMENTAIS
________________________________________________
Neste capítulo são apresentadas breves descrições dos equipamentos e métodos de medidas usados
na caracterização dos filmes de PAni1-xITOx, onde x é a fração em massa de ITO pela massa total e
varia de 0,00 a 0,33. Esses filmes apresentam espessuras que variam de 60 m a 128 m. A título
de ilustração, a Figura 3.1 mostra todas as técnicas experimentais utilizadas para caracterizar tais
filmes. Dentre essas técnicas destaca-se a caracterização elétrica por campo contínuo e alternado, a
qual foi utilizada a fim de elucidar os mecanismos de condução e injeção de carga nos sistemas
fabricados. A morfologia e estrutura dos filmes foram analisadas por AFM, MEV, DRX , enquanto
a análise química foi realizada por EDS, FTIR e Raman e o potencial elétrico por EFM e pela
técnica de ponta de prova Kelvin Probe. Todas estas análises foram escolhidas para corroborar os
resultados elétricos e auxiliar na escolha dos modelos teórico-experimentais utilizados neste
trabalho.
Figura 3.1 - O fluxograma de todas as técnicas experimentais utilizadas na caracterização dos filmes de
PAni1-xITOx produzidos, o qual mostra que os filmes de PAni1-xITOx uma vez produzidos, tiveram sua
propriedade elétrica caracterizada via campo contínuo e alternado, enquanto a morfologia e estrutura foram
caracterizadas por MEV, AFM e DRX, as propriedades químicas por EDS, FTIR e Raman e por fim o
potencial de superfície foi analisado por EFM e por Kelvin Probe.
3.1 - Caracterização morfológica, estrutural, química e potencial de superfície de
filmes de PAni1-xITOx
As propriedades morfológicas, químicas, estruturais e o potencial de superfície dos filmes finos de
PAni1-xITOx atuam de forma decisiva no comportamento elétrico desses sistemas híbridos
desordenados. Portanto, analisar essas propriedades e correlacioná-las com o comportamento
elétrico dos nanocompósitos produzidos é um dos objetivos deste trabalho de pesquisa. Sendo
35
assim, neste item são apresentadas as técnicas de caracterização morfológica, estrutural, química e
potencial de superfície dos filmes de PAni1-xITOx. A seguir são apresentadas breves discussões
sobre os princípios de operação e uso das mesmas.
3.1.1 – Microscopia de Força Atômica
A técnica de Microscopia de Força Atômica (Atomic Force Microscopy - AFM) possibilita a
reconstrução tridimensional de superfícies com rugosidades extremamente pequenas, da ordem de
décimos de nanômetros até a faixa de micrometros. O AFM faz parte de uma família de
instrumentos usados para medir propriedades de superfícies de sólidos e filmes finos. A principal
destas propriedades é a topografia, embora muitas outras propriedades sejam, hoje, medidas através
de métodos relacionados com a técnica de AFM [136]. Já a técnica de microscopia para detectar
força elétrica, (Electrostatic Force microscopy - EFM) é uma modificação da técnica de força
atômica utilizando o modo de operação de não-contato. A partir dela pode-se estudar a distribuição
de cargas elétricas sobre uma superfície, determinar o sinal dessas cargas, medir capacitâncias,
potencial de superfície e etc [137].
As medidas de AFM e EFM dos filmes de PAni-ITO foram realizadas no microscópio de
força atômica NTEGRA Probe NanoLaboratory da Universidade Federal de Viçosa. As imagens
adquiridas durante as análises foram tratadas por meio do software NT-MDT Moscow, Russia. A
área varrida foi de 5 m, a uma frequência de 1,0 Hz, com resolução de imagem de 256 pixels. Na
análise de EFM dos filmes de PAni-ITO, por sua vez, utilizou-se o modo não contato, que registra o
gradiente da força elétrica ao longo do material estudado pela variação da fase de oscilação da ponta
de prova, sob a aplicação de 1 V de tensão, ao passo que na análise de AFM destes filmes o modo
utilizado foi por contato intermitente, o qual é o modo que mais se adapta ao filme polimérico,
espesso e rugoso.
3.1.2 – Caracterização Morfológica dos Filmes Finos por Microscopia Eletrônica
de Varredura (MEV)
O exame microestrutural permite a análise do tamanho e da forma dos grãos, estrutura dos poros e
outras fases eventuais. O método de análise por MEV (microscopia eletrônica de varredura)
(Scanning Electron Microscopy - SEM) pode se tornar mais eficiente aumentando o número de
acessórios disponíveis no microscópio. Estes acessórios são responsáveis pelas diferentes
aplicações na área da pesquisa, como é o caso da microanálise que, dependendo do tipo de detector,
permite que se façam microanálises qualitativas e semiquantitativas da composição elementar em
áreas muito localizadas da superfície, com EDS (Energy Dispersive System). A superfície da
amostra pode não estar polida e ter sido submetida a ataque químico, porém ela deve,
36
necessariamente, ser condutora de eletricidade. Essa técnica permite ampliações de até 300.000
vezes [138,139].
Esse método baseia-se no rastreamento da superfície da amostra por um feixe de elétrons. A
interação desse feixe de elétrons, de alta energia, com a superfície da amostra, resulta na emissão de
elétrons e raios-X, com certo espectro de distribuição de energia. Quando o feixe de elétrons atinge
a superfície da amostra, ocorre uma série de interações que podem ser divididas em vários tipos de
elétrons como: retroespalhados, secundários e Auger. A imagem eletrônica de varredura representa,
em tons de cinza, o mapeamento e a contagem de elétrons secundários (Secondary Electrons - SE) e
retroespalhados (Backscattering Electrons - BSE), emitidos pelo material analisado. A imagem de
SE (elétrons secundários) fornece detalhes da superfície ionizada do mineral em tons de cinza. Os
tons mais claros podem representar as faces do mineral orientadas para o detector, bem como
defeitos da metalização e bordas do mineral. A resolução obtida em imagens de SE corresponde ao
diâmetro do feixe de elétrons incidente, podendo variar de acordo com as especificações do
equipamento utilizado na análise 138,139.
A caracterização morfológica e química por MEV/EDS dos filmes finos de PAni1-xITOx foi
realizada no microscópio eletrônico de varredura fabricado pela Jeol, modelo JSM 6360 LV,
equipado com espectrômetro dispersivo de energia, marca THERMO NORAN, modelo QUEST,
pertencente à UFMG. Para esta análise não foi necessário o revestimento das amostras com filme
condutor.
3.1.3 – Caracterização por Difração de Raios-X
O método de caracterização por difração de raios-X permite o estudo da cristalinidade do material
através da determinação do parâmetro de rede e do tipo de rede cristalina, a identificação das fases
cristalinas contida numa amostra 140. Essa técnica se baseia no fato de que os cristais têm planos
regulares próximos e que o comprimento de onda dos raios-X é comparável com a distância entre
esses planos. Nesse caso, quando um feixe de raios-X incide sobre um material sólido, uma fração
deste feixe se dispersa, ou se espalha, em todas as direções pelos elétrons associados a cada átomo
ou íon que se encontram na trajetória do feixe. Novamente, quando os raios-X são espalhados pela
rede cristalina ocorre a interferência entre os raios espalhados (tanto construtiva como destrutiva).
Quando a diferença entre os caminhos percorridos pelos raios-X que incidem em diferentes planos,
é exatamente um comprimento de onda, ou número inteiro do comprimento de onda, os raios
refletidos e difratados saem em fase e terão interferência construtiva (Figura 3.3). Mas isso só
acontece para um ângulo de incidência bem determinado. O resultado deste fenômeno é a difração
que obedece à lei de Bragg 140.
37
A caracterização estrutural por difração de raios-X dos filmes finos de PAni1-xITOx
depositados foi realizada utilizando-se um difratômetro Philips, modelo PW 3710, com o uso de
radiação monocromática CuK, = 1,54184 Å, voltagem de 40 kV, corrente de 20 mA, à
velocidade de 0,06º/min de 3,01º a 39,7º.
3.1.4 – Caracterização por Espectrometria de Infravermelho com Transformada
de Fourier - FTIR
A espectroscopia de infravermelho é uma ferramenta versátil utilizada na identificação de espécies
moleculares de todos os tipos, pois se baseia na identificação da natureza das ligações de diferentes
grupos funcionais presentes num composto orgânico. Através desta técnica pode-se identificar os
diferentes níveis vibracionais das moléculas presentes, pois os átomos que formam as moléculas
possuem frequências específicas de vibração, que variam de acordo com a estrutura, composição e o
modo de vibração da amostra.
Se a molécula receber radiação eletromagnética na frequência do infravermelho com
‘exatamente' a mesma energia de uma dessas vibrações, então a luz será absorvida desde que sejam
atendidas a determinadas condições. Para que uma vibração apareça no espectro, a molécula precisa
sofrer uma variação no seu momento dipolar durante essa vibração. A região espectral do
infravermelho compreende a radiação com número de onda de 12.800 a 10 cm-1
ou comprimento de
onda de 0,78 a 1.000 m. Do ponto de vista, tanto da aplicação como da instrumentação, o espectro
infravermelho é convenientemente dividido em radiação no infravermelho próximo, médio e
distante. No entanto, a região mais amplamente utilizada é o infravermelho médio, que vai de 670 a
4.000 cm-1
(2,5 a 14,9 m) e é esta faixa de espectro que é utilizada na análise por FTIR. Os
instrumentos usados nestas análises são chamados espectrômetros de infravermelho e a propriedade
física medida é a capacidade da substância para absorver, transmitir ou refletir esta radiação141.
Os espectrômetros são classificados em dispersivos (feixe simples e feixe duplo) e não dispersivos
(FTIR). A transformada de Fourier possibilita, por meio do interferograma, fazer a obtenção do
espectrograma (transmitância ou refletância em função do número de onda) 141,142.
Os espectros de reflexão na região do infravermelho dos filmes finos de PAni1-xITOx foram
obtidos utilizando-se um espectrômetro com Transformada de Fourier Nicolet 560 com resolução
nominal de 2 cm-1
, que é capaz de gerar espectros de infravermelho que abrangem a região de 4800
a 400 cm-1
. Esse equipamento está disponível no Grupo de Polímeros "Prof. Bernhard Gross" do
Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo.
38
3.1.5 – Caracterização por Espectrometria Raman
A espectroscopia Raman tem sido aplicada a análises qualitativas e quantitativas de sistemas
inorgânicos, orgânicos e biológicos Trata-se de uma técnica que utiliza uma fonte de luz
monocromática a qual, ao atingir o objeto, é espalhada por ele. Na prática, irradia-se a amostra com
uma fonte laser potente de radiação monocromática visível ou no infravermelho próximo. Esta fonte
de radiação ilumina pequenas áreas da amostra e, ao incidir sobre a área definida, é espalhada em
todas as direções, sendo que uma pequena parcela dessa radiação é espalhada com frequência (ou
comprimento de onda) diferente da incidente e os deslocamentos de comprimento de onda ou
frequência dependem da estrutura química das moléculas responsáveis pelo espalhamento. Caso
seja utilizado um microscópio óptico convencional no qual a objetiva tanto serve para focalizar o
feixe incidente na amostra quanto para coletar a radiação que é espalhada por ela, tem-se a
Microscopia Raman, a qual permite o estudo de áreas de até 1 μm (10-6
m) de diâmetro 141.
Tendo em vista que a diferença do comprimento de onda entre a radiação visível incidente e a
espalhada na microscopia Raman corresponde a comprimentos de onda na região do infravermelho
médio, os espectros do espalhamento Raman e o espectro de absorção no infravermelho de uma
determinada espécie se assemelham muito. No entanto, há diferenças suficientes entre os tipos de
grupos que são ativos no infravermelho e no Raman, que torna estas técnicas complementares
101,141.
A análise por Raman foi realizada no sistema de microscópio Revishaw Research Raman, RM
2000, equipado com um computador que controla a varredura em três eixos (xyz) com o passo
mínimo de 0,1 m. O espectro Raman foi obtido com resolução de 4 cm-1
, usando um laser de 633
nm. Esta análise foi realizada em colaboração com o professor Dr. Carlos José Leopoldo
Constantino da UNESP – Presidente Prudente.
3.1.6 - Análise Kelvin Probe
O valor da função trabalho resulta de duas contribuições: uma relacionada às propriedades
eletrônicas do sólido e, outra, relacionada ao dipolo superficial originado a partir da
descontinuidade do sólido. O potencial de superfície é criado por elétrons onde, apesar de se
encontrarem ligados aos átomos da superfície, as amplitudes das suas funções de onda têm um valor
não nulo no exterior do sólido. O excesso de carga negativa nas imediações da superfície é
compensado pela carga global positiva que permanece no sólido. Esta distribuição de cargas se
origina a partir do dipolo de superfície. É essa camada elétrica dipolar que explica a grande
sensibilidade da função de trabalho às condições da superfície [143]. Sabe-se também que as
39
dimensões e a estrutura dos agregados, presentes em estruturas híbridas orgânicas-inorgânicas,
influenciam profundamente a definição da função de trabalho de superfície [118]. Diante disso, esta
técnica de análise é de extrema importância na análise da superfície dos filmes híbridos formados
pela matriz de PAni inserida com nanopartículas de ITO, que foram desenvolvidos neste trabalho de
pesquisa.
O valor da função de trabalho de uma superfície pode ser medido por uma variedade de
técnicas [106]. No entanto, recorre-se frequentemente à sonda Kelvin devido à sua grande
sensibilidade e baixo custo. Portanto, as medidas de função trabalho foram realizadas na superfície
dos filmes fino de PAni1-xITOx. Para tanto, foi utilizada uma sonda de escaneamento “Kelvin
Probe” (modelo SKP 5050), em colaboração com o Prof. I. D Baikie, da KP Techonoly Ltd, na
Escócia. Para a execução das medidas uma superfície de 2 mm de ouro foi usada como referência,
admitindo-se que a superfície de ouro apresentava uma função trabalho de 5,10 eV. As condições
de calibração experimental são descritas na Tabela III.1.
Tabela III.1 - Condições de calibração experimental utilizadas nas medidas de função trabalho da superfície
dos filmes finos de PAni1-xITOx.
Área varrida
(mm²)
Diâmetro da sonda
(mm)
CPD Sonda de
Ouro (mV) Gradiente
Função trabalho
da Sonda
14,73 14,73 2 212,4 2,5 203,3 0,1 4887,6
3.2- Medidas Elétricas
A incorporação de inclusões condutivas na matriz de um polímero isolante melhoram efetivamente
as propriedades elétricas e dielétricas do sistema híbrido resultante. Estas propriedades são sensíveis
ao teor, perfil e dimensão das inclusões presentes na matriz, pois a presença destas inclusões criam
interfaces e caminhos condutivos que alteram estas propriedades. Portanto, a fim de se estudar os
mecanismos de condução e os fenômenos de interfaces dos sistemas sólidos desordenados híbridos
formados por inclusões condutivas de ITO na matriz isolante da PAni, neste trabalho foram
utilizados os métodos de corrente contínua (dc) e alternada (ac), que serão descritas em sequência.
As análises por meio de corrente contínua e alternada foram realizadas em função da
temperatura, pois, no estudo da condutividade elétrica de sistemas híbridos desordenados a
temperatura é um parâmetro fundamental na definição dos mecanismos de condução, pois permite a
compreensão dos fenômenos envolvidos.
40
3.2.1 - Corrente vs. Tensão (I vs V)
O comportamento da corrente (I) no estado estacionário em função da voltagem aplicada (V) é uma
das características elétricas mais importantes a serem determinadas em um dispositivo, pois permite
avaliar e obter desde os intervalos de operação, como também os mecanismos que regem os
processos de injeção e transporte de carga dos dispositivos [106].
No método de corrente constante, a tensão (V) é aplicada entre as faces de uma amostra plana
e paralela e a corrente (I), que flui pelo sistema, é detectada como função de V. As medidas I-V
foram realizadas com as amostras dentro do criostato, em vácuo, no intervalo de temperatura de
350 K a 225 K para as amostras mais resistivas e de 300 K a 50 K para as amostras mais
condutivas. As conexões com o circuito externo para polarização dos eletrodos e medidas de
corrente foram feitas através de fios de cobre e extensões de cabos coaxiais, com conectores BNC,
até os instrumentos de medida, para se evitar ruídos elétricos. A fonte de tensão utilizada, tanto para
a aplicação da voltagem quanto para a medida da corrente através da amostra, foi um eletrômetro
Keithley 6517A Electrometer/High Resistance Meter, que permite aplicação de tensão de 1 μV a
210 V. Este equipamento é controlado por um computador via placa de aquisição de dados GPIB e
um programa LAbVIEW, conforme mostrado na Figura 3.2.
Figura 3.2 - Esquema de montagem utilizado para a determinação da condutividade elétrica dc, das amostras
de PAni1-xITOx .
A condutividade elétrica dc, dc pode ser obtida a partir da Equação 3.1:
(3.1)
41
onde G é a condutância obtida pela inclinação da curva I vs V, e é a espessura da amostra e d é o
diâmetro da amostra [51].
3.2.2 Medidas Elétricas ac
Medidas de condutividade elétrica em campo alternado (ac) também foram realizadas nas amostras.
Nesse caso, aplicou-se uma tensão V com amplitude fixa, variando-se a frequência de oscilação f. A
ponte de impedância nos fornece as componentes da impedância complexa ( Z * = Z '- iZ ' ' ) como
função de f. Para medidas de impedância complexa foi utilizado o Impedanciômetro Solartron 1260
Impedance/Gain Phase Analyser, que permite aplicação de uma amplitude de tensão de 0 a 3 V em
um intervalo de frequência de 10 μHz a 32 MHz. A Figura 3.3 mostra o esquema geral utilizado
para essas medidas. A amostra é colocada dentro do criostato a vácuo que, por sua vez, é conectado
ora à fonte de tensão, ora à ponte de impedância. As medidas foram realizadas no intervalo de
temperatura de 350 K a 225 K para as amostras mais resistivas e de 300 K a 50 K para as amostras
mais condutivas. Os dados são adquiridos via placa GPIB acoplada ao microcomputador.
Figura 3.3 - Esquema utilizado para a realização das medidas elétricas dc e ac e aquisição de dados. A
amostra é colocada dentro de um criostato á vácuo que, por sua vez, está conectado, ora à fonte de tensão,
ora à ponte de impedância. Os dados são adquiridos via placa GPIB acoplada ao microcomputador [47].
42
3.2.3 - O Criostato
Sabe-se que diversas propriedades dos sistemas híbridos desordenados dependendo da variação da
temperatura. Portanto, o conhecimento da propriedade elétrica destes materiais em função da
temperatura é de suma importância no estudo dos mecanismos de condução destes sistemas.
Assim, todas as análises elétricas, tanto em campo alternado quanto em campo contínuo
foram realizadas no intervalo de temperatura de 350 K a 225 K para as amostras mais resistivas e de
300 K a 50 K para as amostras mais condutivas, de tal forma que todas as amostras foram mantidas
a temperatura constante, por 40 minutos, para cada temperatura trabalhada. Para tanto, utilizou-se o
criostato JANIS modelo CCS-400/202 (Figura 3.4 (a) e (b)). O criostato JANIS utiliza o sistema de
refrigeração de circulação fechada de hélio, o qual opera através do princípio do ciclo de
refrigeração termodinâmico de Gifford-McMahon, criado em 1960 e pode atingir a temperatura de
até 9 K. Este criostato estava acoplado a outros equipamentos como o controlador de temperatura,
fonte de corrente com interface GPIB (do inglês General Purpose Interface Bus), por meio da qual
estes equipamentos se comunicam com o computador, conforme ilustra a Figura 3.5. Esta interface
reconhece um conjunto de comandos pré-determinados, facilitando, assim, a sua programação.
O criostato JANIS CCS 400/202 utiliza o gás hélio como fonte de resfriamento a alta pressão
para resfriar até 10 K. Um compressor de hélio fornece um gás a alta pressão ao criostato por uma
mangueira. A expansão do gás nos diferentes estágios do criostato produz a refrigeração, que retira
calor do dedo frio, onde a amostra é montada. O gás de baixa pressão retorna por uma segunda
mangueira e fica reciclado pelo compressor. Esse ciclo fechado pode ser repetido continuamente e
mantido o tempo necessário para produzir a refrigeração desejada.
As principais partes do criostato são mostradas na ilustração esquemática da Figura 3.5 e
podem ser divididas em: compressor, cabeça fria, linhas de gases, porta amostra, tubo de isolação
do vácuo, escudo de proteção de radiação e controlador de temperatura,
A função do criostato é sempre resfriar a amostra, portanto, para o controle e aquecimento do
suporte da amostra existe um resistor bobinado instalado na cabeça fria A medida da temperatura é
realizada por meio de dois sensores do tipo diodo de silício, da empresa Cryon.Con (modelo 32),
instalados no dedo frio onde se encontra o porta-amostra para controlar e medir a temperatura da
amostra. O controle da temperatura pode ser feito a partir de um destes sensores, que é definido
diretamente no controlador. O porta-amostra, que foi acoplado ao criostato JANIS e utilizado na
realização das análises elétricas das amostras em função da temperatura é mostrado na Figura 3.6.
43
Figura 3.4 - Foto (a) externa e (b) interna do criostato JANIS, modelo CCS 400/202.
Figura 3.5 - Ilustração esquemática do criostato JANIS, modelo CCS 400/202.
(a) (b)
Compressor
Controlador
de
temperatura
Fornecimento
do gás hélio
Retorno do gás
hélio
Entrada do
controlador de
Temperatura
Entrada da
válvula de
vácuo
Dedo frio
Capa evacuada
Proteção da
radiação
Porta Amostra
Entrada e
saída Hélio
líquido
Dedo frio
Capa evacuada
Cabeça Fria
Porta Amostra
Entrada e
saída Hélio
líquido
44
Figura 3.6 - Porta amostra acoplado ao criostato JANIS, modelo CCS 400/202.
Porta
amostra
45
CAPÍTULO 4
PROCEDIMENTOS E TÉCNICAS EXPERIMENTAIS
________________________________________________
Neste capítulo apresentamos os detalhes de cada etapa realizada para a fabricação e caracterização
dos filmes de PAni1-xITOx. Será descrito desde a síntese da polianilina, passando pela preparação da
mistura de polianilina com as nanopartículas de ITO à síntese dos filmes finos, por meio da técnica
de deposição casting e a síntese da pastilha de ITO. A Figura 4.1 mostra o esquema apresentando
todas as etapas seguidas para a obtenção das amostras, a partir do qual nota-se que, uma vez, a PAni
produzida esta foi dispersa em NMP (N-Metil Pirrolidona) e as nanopartículas, devidamente
pesadas, foram misturadas fisicamente na PAni em NMP na porcentagem em massa de ITO de 0, 1,
5, 9, 13, 20 e 33%. Logo em seguida, cada mistura foi filtrada no filtro millipore para a eliminação
dos possíveis aglomerados. As amostras filtradas foram depositadas via casting para a produção dos
filmes finos e, em sequência, fez-se a separação dos filmes produzidos para a metalização, a fim de
caracterizá-los eletricamente.
Figura 4.1 - Esquema de descrição das etapas seguidas para a obtenção dos filmes de PAni1-xITOx para
análise química, morfológica, estrutural e elétrica, o qual mostra que, a partir da síntese da PAni (a), seguiu-
se para a dispersão da PAni no NMP e a mistura física das nanopartículas de ITO (b), para posterior
filtragem do ITO (c) e deposição dos filmes via casting (d); uma vez, obtidos os filmes, separou-se as
amostras para as análises (e), sendo que as amostras separadas para análise elétrica foram encaminhadas para
a metalização (f).
(a)
(b)
(c) (d)
(f) (e)
46
4.1 - Síntese da Polianilina
A PAni foi primeiramente preparada em 1834. Porém, foi somente em 1980 é que suas
propriedades foram reconhecidas, despertando interesse devido à sua facilidade de síntese e seu alto
rendimento. Esse polímero pode ser preparado por oxidação química [58] ou eletroquímica [43] da
anilina em meio ácido. A síntese química é vantajosa quando se necessita obter uma grande
quantidade de polímero. Assim, a escolha do método de síntese depende da aplicação destinada ao
polímero.
Nesse trabalho escolhemos a síntese usual e também proposta por McDiarmid [131, 146] e
seguida por Santos M.C. [107], a qual se dá por oxidação química. Para tanto, utilizou-se os
seguintes reagentes: o ácido clorídrico, o persulfato de amônio, como agente oxidante e o
monômero anilina da marca Synth. Os procedimentos de síntese de PAni são efetuados em 5 etapas:
i) destilação da anilina, ii) polimerização, iii) lavagem, iv) desdopagem e v) secagem, conforme
mostrado no fluxograma da Figura 4.2.
i) Destilação da Anilina
A primeira etapa consiste em purificar a anilina por destilação. O monômero foi destilado
pelo método de destilação fracionada com o objetivo de eliminar as substâncias oxidadas,
principalmente pela presença de luz. Durante a destilação, realizada a vácuo, evita-se a exposição
da anilina à luz, para evitar a sua degradação. A anilina uma vez purificada, se torna incolor e foi
armazenada sob temperatura de aproximadamente 4ºC e protegida da luz.
ii) Polimerização:
A segunda etapa da síntese consiste na preparação das soluções A e B que permitirão o
processo de polimerização. Durante essa etapa foram usados ácido clorídrico (HCl) 1 M, hidróxido
de amônio (NH4OH) 1 M, persulfato de amônio ((NH4)S2O8), anilina previamente destilada e
acetona. A solução A é preparada adicionando-se 20 mL de anilina previamente destilada em 300
mL de solução HCl 1 M. A solução B é preparada adicionando-se 11,52 g de persulfato de amônio
em 200 mL de solução HCl 1 M. Em seguida, os béqueres foram levados ao refrigerador e mantidos
próximos à temperatura de 0ºC por cerca de 10 minutos. Logo após, em um banho de gelo e sob
agitação constante, o conteúdo do béquer B foi lentamente adicionado ao béquer A. Rapidamente a
solução passou de transparente para o lilás e finalmente para a cor azul escura. A agitação
permaneceu por duas horas e no final do processo, a solução tinha coloração verde escura,
característica de seu estado condutor, ou seja, dopada.
47
iii) Lavagem:
A solução obtida após as duas horas de agitação foi filtrada e o pó (“bolo”) resultante lavado
com água destilada até que o líquido obtido ficasse quase incolor. A fim de eliminarmos os
oligômeros residuais da síntese e as impurezas orgânicas da solução, lavamos o pó obtido com
acetona.
iv) Desdopagem:
Nesta etapa a PAni foi imersa em hidróxido de amônio 1M e permaneceu agitação por cerca
de 15 horas. Mediu-se o pH (11), confirmando, assim a ocorrência do processo de desdopagem.
v) Secagem:
Após o processo de desdopagem, a solução foi filtrada novamente e em seguida inserida no
dessecador e, uma vez, atingida a secagem total do pó, a polianilina foi macerada em peneira de 200
mesh e foi obtido cerca de 3,8 g de pó de PAni. O pó penerado foi utilizado na preparação das
soluções empregadas na formação dos filmes.
Figura 4.2 - Esquema geral da síntese química convencional da PAni, previamente mencionado.
(ii)
(iii)
(iv)
(v)
48
4.2 - Preparação da Mistura da PAni e ITO (nanopartículas)
A preparação da mistura da polianilina com as nanopartículas de ITO foi realizada, com a
polianilina dissolvida no solvente NMP (N-Metil Pirrolidona) e em 4 etapas. Em linhas gerais as
etapas compreendem: (i) dissolução da PAni em NMP; (ii) pesagem das nanopartículas de ITO; (iii)
mistura da PAni e ITO; (iv) filtragem da suspensão de PAni/ITO.
(i) Dissolução da PAni
A dissolução da PAni em NMP seguiu o método descrito por Bianchi R.F [47] em seu
trabalho de dissertação. Neste método, na concentração de 20 mg de PAni por cada 1mL de
solvente, 50 mL de NMP é adicionado a 1 g de pó de PAni, em etapas, em quantidades fracionadas
a cada 5 minutos, sob constante agitação com uma espátula de vidro. A dissolução do material é
obtida após a agitação magnética contínua da solução por 48 horas, à temperatura ambiente. Após
esse tempo, a solução final é filtrada em papel filtro de 22 m e, em seguida, em outro papel filtro
de 8 m, em um sistema funil/kitassato, para eliminar os possíveis aglomerados que podem ter se
formado durante o processo de síntese e de dissolução. Ao fim do processo de filtragem, obteve-se a
concentração de 17 mg/ml de PAni em NMP Após a etapa de dissolução da PAni em NMP, seguiu-
se para a etapa de pesagem dos pós.
(ii) Preparo das Nanopartículas
As nanopartículas de ITO de tamanho médio 50 nm, foram obtidas pela empresa Aldrich. Elas
foram deixadas por 1 hora em uma estufa, a 60ºC, para a evaporação de qualquer eventual molécula
de água. Em seguida o pó foi pesado em uma balança de precisão de 0,01 mg modelo MC 210 S,
marca Sartorius, para se obter as seguintes frações em massa (MITO/(MPAni +MITO)) no sistema
híbrido formado por PAni1-xITOx, com 0,00 ≤ x ≤ 0,33, considerando a concentração da PAni em
NMP, como 17 mg por mL de solução, obteve-se as seguintes composições: PAni1,00ITO0,00,
PAni0,99ITO0,01, PAni0,95ITO0,05, PAni0,91ITO0,09, PAni0,87 ITO0,13, PAni0,80 ITO0,20, PAni0,67 ITO0,33.
Após a pesagem, os pós foram confinados em frascos, vedados e levados para o agitador ultra-
sônico para a quebra de possíveis aglomerados, por 2 h. Vale mencionar que se trabalhou com o
limite máximo de 33% de ITO em PAni/NMP, devido à dificuldade encontrada no processo de
filtragem para proporções maiores desse componente e à formação de filmes cada vez mais
quebradiços com o aumento do teor de ITO.
49
iii) Mistura da PAni/ITO
A etapa final da mistura foi realizada com a adição fracionada das nanopartículas de ITO, em 6
mL de PAni em NMP, para cada composição, em constante agitação, utilizando uma espátula de
vidro. Mas para se alcançar um sistema mais homogêneo a mistura foi deixada em agitação
magnética por 4 h, e em seguida, em agitação ultra-sônica por 1 h.
(iv) Filtragem da Mistura PAni/ITO:
Após a mistura, a solução final de cada composição é filtrada em papel filtro de 8 m em um
sistema funil/kitassato e, em seguida, a solução é filtrada novamente em um filtro Millipore de
0,45 m, para eliminar os possíveis aglomerados de nanopartículas que podem ter se formado
durante o processo de mistura. Obteve-se ao final da filtragem cerca de 4,5 mL de volume de
PAni/ITO, para cada composição sintetizada.
4.3 - Preparação dos Filmes Finos pelo Método Casting
Em geral um dos métodos mais empregados na preparação de filmes finos de sistemas híbridos
poliméricos é o método de espalhamento de solução por casting. Além de eficiente na confecção de
filmes finos, esse método é de fácil implementação e utilização. O método casting consiste em
depositar a solução polimérica no substrato desejado e deixar que o solvente utilizado se evapore
com o controle da temperatura. Desta forma, com o aumento da temperatura, o solvente irá se
evaporar mais rápido até que um filme polimérico fino e homogêneo seja formado.
Neste trabalho, a preparação de filmes por casting seguiu o método relatado por Bianchi R.F.
[47]. Para tanto, foram utilizados, aproximadamente, 1 mL da solução para a deposição através da
utilização de uma pipeta de Pasteur, em lâminas de vidro, com dimensões (1 2) cm2 sob uma
chapa aquecedora e, após o preenchimento de todas as lâminas, a chapa é aquecida até à
temperatura de 50ºC. As lâminas permanecem a essa temperatura entre 10 a 12 horas. Ao passo que,
quando foram utilizadas lâminas de (2 3) cm2, foram necessários, aproximadamente 2 mL de
solução para a deposição e um tempo de secagem do solvente entre 15 e 18 horas. Após a secagem
dos filmes a 50ºC, as lâminas com os filmes são retiradas da chapa aquecedora e deixadas sobre a
mesa, por um tempo, para o seu resfriamento. Posteriormente, essas lâminas são colocadas em uma
placa de Petri com água destilada, para a retirada dos filmes, com o auxílio de uma espátula.
Para a retirada dos filmes, foi utilizada uma folha de papel dobrada, de modo que uma de suas
partes é submergida no líquido para dar suporte ao filme. Em seguida, a outra parte é dobrada sobre
o filme e o papel é retirado da água com o filme em seu interior. O conjunto papel/filme é prensado
entre placas planas de vidro, para manter a planaridade dos filmes e, para que fiquem bem secos, as
50
folhas de papel são trocadas constantemente. Ao final do processo, filmes planos com superfícies
lisas são obtidos, conforme mostra a Figura 4.3. Os filmes possuem espessuras que variam de 60
m a 128 m. Posteriormente, os filmes são mantidos em um dessecador à vácuo, à temperatura
ambiente e somente são retirados, para metalização dos eletrodos de ouro e, subsequentemente, a
realização das medidas elétricas. A Figura 4.4 apresenta o filme metalizado com eletrodo de ouro
circular de área 1,02 10-5
m2 em ambas as faces do filme. O ouro foi utilizado como eletrodo por
ser um metal inerte [144-145]. Essa figura mostra também a flexibilidade dos filmes produzidos por
essa técnica.
Figura 4.3 - Filmes finos e planos contendo as seguintes frações molares: (a) PAni1,00ITO0,00, (b)
PAni1,00ITO0,00, (c) PAni0,99ITO0,01, (d) PAni0,952ITO0,05, (e) PAni0,91ITO0,09, (f) PAni0,87ITO0,13, (g)
PAni0,80ITO0,20, (h)PAni0,67ITO0,33 e depositados por casting.
Figura 4.4 - Filme fino flexível de PAni0,67ITO0,33 e metalizado com eletrodo de ouro.
4.4 - Preparação da Pastilha de ITO
A obtenção de filmes auto-sustentáveis, com 100% de ITO, a partir de nanopartículas obtidas da
Aldrich, não foi possível, pois não se conseguiu um solvente eficiente para as nanopartículas.
Portanto, optou-se por prensar as nanopartículas para produzir pastilhas, que posteriormente foram
metalizadas, para a deposição do eletrodo de ouro, a fim de caracterizar as propriedades elétricas do
ITO. O pó de nanopartículas de ITO, de tamanho médio 50 nm, foi deixado por 1 hora em uma
estufa, a 60ºC, para a evaporação de quaisquer traços de água. Em seguida, pesou-se 0,04 g de pó de
(a) (b) (c)
(d) (e) (f) (g)
Filme de PAni1-x ITOx
Eletrodo de ouro
51
ITO em uma balança de precisão de 0,01 mg modelo MC 210 S, marca Sartorius. Após a pesagem,
o pó de ITO foi prensado a uma pressão de 3,5 ton por meio de uma prensa hidráulica modelo P15
STI da marca Bonevau, de capacidade máxima de 15 ton (Figura 4.5(a)). O resultado foram
pastilhas com área de 48 m2 e espessura que varia de 2,1 mm a 7,5 mm conforme mostra a Figura
4.5 (b). Após a prensagem, as pastilhas de ITO foram metalizadas por sputtering utilizando uma
fina camada de ouro, sendo a área de metalização das amostras de 32,15 m2. Esta metalização foi
realizada no departamento de Física da USP de São Carlos e posteriormente foram realizadas as
medidas elétricas por campo alternado e contínuo.
Figura 4.5 - (a) Foto da prensa utilizada na produção das pastilhas de ITO e (b) foto da pastilha de ITO
obtida.
Em resumo, nesse capítulo foram descritas todas as etapas seguidas para a obtenção de
amostras de PAni1-xITOx destinadas à análise química, morfológica, estrutural, potencial elétrico de
superfície e análise elétrica. Os principais resultados dessas análises serão descritos no próximo
capítulo, Cap. 5.
Prensa hidráulica
Porta amostra
adaptado a prensa Pastilha
de ITO
(a) (b)
52
CAPÍTULO 5
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA, ESTRUTURAL,
QUÍMICA E POTENCIAL ELÉTRICO DE SUPERFÍCIE DO
SISTEMA PAni1-xITOx
Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados da caracterização morfológica, estrutural
e química dos filmes de PAni1-xITOx obtidas por AFM, MEV, DRX, FTIR, Raman e potencial
elétrico de superfície por EFM e por Kelvin Probe. Todas estas técnicas foram utilizadas no sentido
de esclarecer o perfil, a distribuição, a dimensão e a formação de aglomerados de ITO na matriz
polimérica de PAni, bem como a presença ou não da interação entre esses aglomerados e/ou
nanopartículas e a matriz polimérica. Todas estas informações foram corroboradas às propriedades
elétricas e são essenciais para a definição dos modelos teóricos aplicados à caracterização elétrica
dos sistemas híbridos formados (Cap. 6).
5.1 - Análise de EFM, AFM e MEV dos Filmes Híbridos de PAni1-xITOx
A morfologia da superfície dos filmes de PAni1-xITOx foi analisada por Microscopia de Força
Atômica (AFM) e microscopia eletrônica de varredura (MEV), enquanto os padrões eletrostáticos
dos aglomerados ITO presentes nos filmes de PAni1-xITOx, por sua vez, foram monitorados via
Microscopia de Força Elétrica (EFM). Os resultados destas análises serão apresentados e discutidos
a seguir.
5.1.1 - Análise Morfológica por Microscopia por Força Atômica (AFM) e
Microscopia de Força Elétrica (EFM)
Os padrões eletrostáticos dos filmes finos de PAni e nanocompósitos de PAni1-xITOx, foram
monitorados por EFM com o objetivo de se observar a presença de aglomerados formados por
nanopartículas de ITO, presentes na matriz de PAni. Esses aglomerados são inicialmente formados,
possivelmente, no ato da mistura mecânica. Alguns deles se mantêm após o processo de filtragem,
outros apresentam um aumento no tamanho após esse processo. A presença desses aglomerados se
deve à alta área de superfície específica apresentada pelas nanopartículas que, para amenizar a
energia livre, se aglomeram [124]. Esses aglomerados podem ser claramente percebidos nas Fig. 5.1
(d) a 5.1(i) e Fig. 5.2 (j) a Fig. 5.2(v), que se referem às imagens obtidas por EFM e por AFM
53
(topografia e contraste de fase) dos filmes de PAni1-xITOx e estão dispostas em sequência (EFM,
AFM topografia, AFM contraste de fase), em linha, para os filme com 0,00 ≤ x ≤ 0,33.
Os aglomerados de ITO apresentam características morfológicas diferenciadas da matriz de
PAni (Fig. 5.1 (a) a (c)), uma vez que esses apresentam caráter condutivo, o que é claramente
mostrado nas Fig. 5.1(d), Fig. 5.1(g) e Fig. 5.2 (j), Fig. 5.2( n), Fig. 5.2(q), Fig. 5.2(t), demarcada
por regiões mais escuras. Estas regiões caracterizam os aglomerados de ITO, por meio da mudança
de padrões eletrostáticos ao longo da superfície dos filmes à medida que x aumenta. Assim sendo,
este fato evidencia a presença de aglomerados de ITO que aumentam em tamanho e número com o
aumento da fração em massa de ITO. Esta constatação também pode ser vista pelas Fig. 5.1(e), Fig.
5.1(h) e Fig. 5.2(l), Fig. 5.2 (o), Fig. 5.2(r) e, por fim Fig. 5.2(u), que mostram as imagens de
topografia obtidas por AFM. Estas imagens evidenciam regiões mais claras, que são os aglomerados
e correspondem exatamente as regiões mais escuras da imagem obtidas por EFM. Isto demonstra
que a frequência de oscilação da sonda muda nas regiões mais claras das imagens de topografia
feita por AFM. Enquanto que as imagens de contraste de fase mostradas nas Fig. 5.1(f), Fig. 5.1(i)
e Fig. 5.2(m), Fig. 5.2(p), Fig. 5.2(s) e Fig. 5.2(v) obtidas por AFM, mostram claramente a presença
de duas fases que correspondem às imagens de morfologia.
Assim sendo, pode-se perceber pelas imagens obtidas por EFM e AFM, que os aglomerados
de ITO estão uniformemente e dispersamente distribuídos na matriz de PAni, são esféricos e variam
em tamanho e número à medida que se aumenta a concentração de nanopartículas de ITO na PAni.
Este fato será confirmado pelas imagens de MEV que serão mostradas a seguir.
54
Figura 5.1 - Conjuntos de imagens dos sistemas PAni1-xITOx dispostos ordenadamente em linha, obtidos,
respectivamente, por EFM, AFM (imagens topográficas e contraste de fase) de (a,b,c) PAni1,00ITO0,00; (d,e,f)
PAni0,99ITO0,01; (g,h,i) PAni 0,97ITO0,03.
(a) (b) (c)
(d) (e) (f)
(g) (h) (i)
EFM AFM – Topografia AFM – Contraste de fase
55
Figura 5.2 - Conjuntos de imagens dos sistemas PAni1-xITOx dispostos ordenadamente em linha, obtidos,
respectivamente, por EFM, AFM (imagens topográficas e contraste de fase) de (j,l,m) PAni0,95ITO0,05;
(n,o,p) PAni 0,91ITO0,09; (q,r,s) PAni 0,80ITO0,20; (t,u,v) PAni0,67ITO0,33.
(j) (l) (m)
(n) (o) (p)
(q) (r) (s)
(t) (u) (v)
EFM AFM – Topografia AFM – Contraste de fase
56
5.1.2 - Análise Morfológica por MEV dos Filmes Híbridos de PAni1-xITOx
A microestrutura da superfície dos sistemas PAni1-xITOx, com x = 0,00; 0,05; 0,09; 0,20, é
mostrada nas micrografias obtidas por MEV e apresentadas na Fig. 5.3(a), Fig. 5.3(b), Fig. 5.3(c),
Fig. 5.3(d). Vale ressaltar que todas as análises foram realizadas em amostras sem metalização, para
se obter uma melhor visualização e identificação dos aglomerados condutivos de ITO, pois, o
número atômico do ouro que forma o filme de recobrimento poderia interferir de forma a não
possibilitar o alcance de tais objetivos. Pode-se perceber que a microestrutura se altera em função
de x, demonstrando uma transição de morfologia para uma morfologia com estrutura granular, a
qual é demarcada pelo aumento de domínios aproximadamente esféricos, com o aumento de x na
PAni. Estas regiões são assinaladas por meio dos círculos na Fig. 5.3 (b), Fig. 5.3(c) e Fig. 5.3(d).
Assim sendo, essas análises de micrografia obtidas por MEV vêm corroborar as análises obtidas por
EFM e AFM previamente apresentadas.
A Fig. 5.4 e Fig. 5.5 apresentam as micrografias de superfície obtidas por EDS, utilizando o
sinal de elétrons Auger na identificação dos elementos químicos presentes nas áreas demarcadas. Os
aglomerados de ITO são aproximadamente esféricos conforme mostram a Fig. 5.4 e Fig. 5.5, onde
as áreas de análise por EDS são também assinaladas por meio dos círculos e os resultados são
mostrados nos gráficos de intensidade de contagem de elemento químico, presentes nas Fig. 5.4(a1),
Fig. 5.4(a2), Fig. 5.4 (b1), Fig. 5.4(b2) e Fig. 5.5(a1), Fig. 5.5(a2), Fig. 5.5(b1), Fig. 5.5(b2). Os
gráficos de EDS referentes à PAni (Fig. (a1 e a2)) mostram alguns elementos de impurezas presentes
no ambiente de trabalho. Já os gráficos de EDS das demais amostras PAni-ITO (Fig. 5.5 (a) a (b))
mostram a presença dos elementos estanho (Sn) e índio (In), que são os constituintes do composto
ITO e correspondem aos aglomerados ITO presentes nas amostras. Portanto, é possível afirmar que
estes aglomerados estão dispersos por toda a microestrutura dos filmes, variando em número e
dimensão.
Com o objetivo de comparar as análises realizadas por EFM, AFM e por EDS, pode-se notar,
a partir da Fig. 5.6(a) a Fig. 5.6(m), estruturas formadas pela PAni inseridas por aglomerados
esféricos de ITO, com dimensões que variam de aproximadamente 3 µm (para x = 0,05) para maior
que 5 µm (para x = 0,20). Ademais, pode-se notar que, à medida que x aumenta, estes aglomerados
esféricos aumentam em número, se aproximam e criam caminhos que possivelmente se
interconectam.
57
Figura 5.3 - Micrografias da superfície de (a) PAni, (b) PAni0,95ITO0,05, (c) PAni0,91ITO0,09, (d)
PAni0,80ITO0,20. Os círculos são para ressaltar as áreas que mostram mais claramente a morfologia de
superfície dos filmes.
(a) (b)
(c) (d)
58
Figura 5.4 - Micrografias de superfície obtidas por sinal de elétrons Auger – composição, EDS dos filmes
(a), (a1) e (a2) PAni1,00ITO0,00; (b), (b1) e (b2) PAni0,95ITO0,05.
(a)
(b)
(a1)
(a2)
(b1)
(b2)
(c)
(d)
59
Figura 5.5 - Micrografias de superfície obtidas por sinal de elétrons Auger – composição, EDS dos filmes
(a), (a1) e (a2) PAni0,91ITO0,09; (b), (b1) e (b2) PAni0,80ITO0,20 .
(a1)
(a2)
(b1)
(b2)
(a)
(b)
60
Figura 5.6 - Comparação entre as imagens obtidas por EFM e AFM e as micrografias obtidas por MEV
(EDS) dos filmes (a,b,c) PAni1,00ITO0,00; (d,e,f) PAni0,95 ITO0,05; (g,h,i) PAni0,91ITO0,09; (j,l,m)
PAni0,80ITO0,20.
Conclui-se, portanto, a partir de todas as análises morfológicas apresentadas na Fig. 5.5 que
há uma corroboração entre elas, uma vez que todas mostram a presença dos aglomerados, o
crescimento e interconexão entre eles em função de x.
A fim de complementar as informações obtidas por meio das análises morfológicas
previamente mostradas e discutidas, o item a seguir aborda as análises estruturais por DRX dos
filmes PAni1-xITOx .
(a) (b) (c)
(d) (e) (f)
(g) (h) (i)
(j) (l) (m)
EFM AFM EDS
61
5.2 – Análise por Difração de Raios-X dos Filmes Híbridos de PAni1-xITOx
A análise de difração de raios-X foi realizada nos sistemas PAni1-xITOx, para 0,00 ≤ x ≤ 0,33. Esta
análise ocorreu a fim de se observar a presença dos picos característicos do ITO, que estão
presentes na amostra, tanto em forma de nanopartículas finamente dispersas, quanto em forma de
aglomerados esféricos, conforme evidenciado nas análises realizadas por MEV, AFM e EFM.
O resultado desta análise de DRX é mostrado na Fig. 5.7. Pode-se constatar, pelos resultados
apresentados na Fig. 5.7 (a), que a PAni possui uma natureza completamente amorfa, pois não
apresenta nenhum pico de difração, somente uma banda entre 2 = 15º a 30º. Esses resultados são
comumente relatados por diversos trabalhos na literatura, como base esmeraldina, ou seja, em sua
forma completamente isolante 13,129. As Fig. 5.7(b) e Fig. 5.7(c) que se referem, respectivamente,
aos difratogramas dos filmes com x = 0,01 e x = 0,05, também não apresentam picos característicos
do ITO. Nesse caso, o baixo teor de ITO nas amostras impossibilitou a sua detecção por meio desta
análise, devido à sensibilidade da mesma. Enquanto que a Fig. 5.7(g) referente ao ITO, em forma de
pastilha, mostra os picos correspondentes a 2 = 30,5º e 38,1º, que são devidos à reflexão de Bragg,
a partir dos planos (222) e (400), respectivamente. Estes picos são característicos da estrutura
cúbica do composto In2O3, conforme relatado no trabalho de Lee et al. 73. Além disso, estes
mesmos picos podem ser notados nos filmes com x = 0,13 (Fig. 5.7(d)); x = 0,20 (Fig. 5.7(e)) e por
fim, x = 0,33 (Fig. 5.7 (f)).
Por meio destas figuras pode-se perceber o pico a 2 = 38,1º do plano (400) referente à
presença do ITO no filme com x = 0,13. Nos demais filmes com x = 0,20 e x = 0,33, o pico
referente 2 = 30,5º é devido ao plano (222) que se apresenta bastante definido. Isto vem demostrar
que, à medida que x aumenta, a estrutura dos filmes se torna mais cristalina. Portanto, pode-se notar
que os difratogramas de todos os sistemas analisados mostram a presença, tanto da fase amorfa da
matriz de PAni, quanto a presença da fase cristalina referente ao ITO. Portanto esta análise
concorda com as análises realizadas por AFM, EFM e MEV (EDS), apresentadas nos itens 5.1.1 e
5.1.2.
Ademais, pode-se determinar os tamanhos dos cristalitos, ou aglomerados de ITO a partir da
largura a meia altura do pico principal, presente nos difratogramas de raios-X da Fig. 5.7, utilizando
a Equação de Scherrer 20, 68, 147:
onde D é o diâmetro médio das partículas, ou aglomerados, K’ é a constante de forma destes
aglomerados ou partículas que, para aglomerados e/ou nanopartículas esféricas, assume o valor de
(5.1)
62
aproximadamente 0,9; B (2) é a largura a meia altura do pico correspondente ao plano (400) para
o filme com x = 0,13 (Fig. 5.7 (d)); e, para os filmes com x = 0,20 (Fig. 5.7(e)); x = 0,33 (Fig.
5.7(f)) e x = 1,00 (Fig. 5.7 (g)) foi utilizado o pico referente ao plano (222) .
63
Figura 5.7 - Difratograma de raios-X dos filmes (a) PAni1,00ITO0,00; (b) PAni0,99ITO0,01; (c) PAni0,95ITO0,05;
(d) PAni0,87ITO0,13; (e) PAni0,80ITO0,20; (f) PAni0,67ITO0,33; (g) PAni0,00ITO1,00.
O resultado da aplicação da Eq. 5.1 está expresso na Fig. 5.8. Essa figura foi construída a
partir da razão entre o diâmetro (D(X)) dos cristalitos de uma dada amostra e o diâmetro dos
cristalitos presentes no filme com x = 0,13 (D13), definida como referência, em função da
0 10 20 30 40
40
80
120
Inte
nsid
ad
e (
u.a
.)
2
(a) PAni1,00
ITO0,00
0 10 20 30 40
40
80
120
(b) PAni0,99
ITO0,01
Inte
sid
ad
e (
u.a
)
2
0 10 20 30 40
40
80
120 (c) PAni0,95
ITO0,05
Inte
nsid
ad
e (
u.a
.)
2
0 10 20 30 40
40
80
120
160
200
240 (d) PAni0,87
ITO0,13
Inte
nsid
ad
e (
u.a
.)
2
(400)
0 10 20 30 40
40
80
120
160
Inte
nsid
ad
e (
u.a
.)
2
(222)
(e) PAni0,80
ITO0,20
0 10 20 30 400
200
400
600(f) PAni
0,67ITO
0,33
Inte
nsid
ad
e (
u.a
.)
2
(222)
0 10 20 30 400
200
400
600
800
1000 (g) PAni0,00
ITO1,00
Inte
nsid
ad
e (
u.a
.)
2
(222)
(400)
64
percentagem em massa de ITO designada por “ ” (com variando de 0,13, 20 e 33%). O filme
com x = 0,13, que se refere à fração em massa de ITO pela massa total, foi considerado referência
pois, foi a partir dele, que os picos de ITO foram notados. De acordo com a Fig. 5.8, pode-se notar
que, à medida que se adiciona ITO na matriz, o diâmetro dos cristalitos tem um aumento expressivo
em relação à amostra de referência. Esse aumento pôde ser constatado nas análises por MEV/EDS,
AFM e EFM. Vale destacar que a linha tracejada na Fig. 5.8 foi usada apenas para guiar os olhos.
0 10 20 30
0
5
10
15
D(x
)/D
13 (
u.a
)
X (%)
Figura 5.8 – Resultado da aplicação da Eq. 5.1 mostrado a partir da razão entre o diâmetro dos cristalitos de
uma dada amostra pelo diâmetro dos cristalitos presentes no filme PAni0,87ITO0,13 em função de (0, 13, 20
e 33%). A linha tracejada é para guiar os olhos.
5.3 - Análise Química por FTIR e Raman dos Filmes Híbridos de PAni1-xITOx
A ocorrência de interação química entre as nanopartículas de ITO com a PAni apresenta papel
importante na resposta elétrica e consequente modelamento teórico das propriedades elétricas do
sistema PAni1-xITOx. Esta interação modifica a condutividade elétrica da matriz, uma vez que o ITO
pode atuar como dopante. Portanto, na busca desta informação foram realizadas análises químicas
tanto por FTIR, nos filmes 0,00 ≤ x ≤ 1,00, quanto por Raman, nos filmes 0,00 ≤ x ≤ 0,33.
Existem 138 vibrações calculadas e relatadas na literatura para este polímero 148. Na Fig.
5.9(a) está sendo mostrado o espectro de vibração no infravermelho para a PAni como base
esmeraldina, para os nanocompósitos de PAni1-xITOx (Fig. 5.9(b) a Fig. 5.9(f)), bem como para o
ITO puro, na forma de pastilha e a fórmula estrutural geral da polianilina (Fig. 5.9(h)),
evidenciando os 4 anéis. Este anéis foram referência para a identificação dos picos na análise do
espectro de vibração no FTIR para a PAni base esmeraldina. O espectro da PAni presente na Fig.
5.9(a), mostra as bandas atribuídas à sua forma, base esmeraldina e estão associadas ao modo de
vibração dos anéis aromáticos (750, 873, 1170, 1243, 1339, 1378, 1530, 1615, 1682, 2843 e 2922
cm-1
), de acordo com o trabalho de Ibrahim et al.148. Portanto, por meio desta análise, nota-se
65
que as bandas de vibração mais intensas estão associadas ao modo de vibração referente à ligação
C-N presente nos anéis 3 e 4 ( 1170, 873 cm-1
), à vibração da ligação C-N presente no anel 3 ( 1378,
1339 cm-1
), à vibração do anel 4 (1243, 1530 cm-1
) e anel 2 (C=N) (1610 e 1682 cm-1
). Por fim,
todos os modos de vibração dos anéis 1,2,3 e 4 são identificados (750 cm-1
). Já para a amostra de
ITO puro, x = 1,00 (Fig. 5.9(g)) as bandas de vibração que se destacam correspondem ao
estiramento das ligações Sn-O (720 e 940 cm-1
), ao modo de vibração da ligação ln-O (1050 e 1100
cm-1
) e aos modos de vibração das ligações dos grupos óxidos que contem Sn3+
(1230 cm-1
) e ln4+
(1416 cm-1
) 149,150. Ademais, as bandas localizadas em 2850 e 3640 cm-1
podem ser atribuídas às
moléculas de água adsorvida nas superfícies da pastilha de ITO 149,150, que também aparecem
com intensidades variadas nas amostras de PAni-ITO e de PAni. Enfim, nota-se que os demais
espectros dos sistemas PAni1-xITOx com x = 0,01 (Fig. 5.9(b)); x = 0,05 (Fig. 5.9(c)); x = 0,13 (Fig.
5.9(d), x = 0,20 (Fig. 5.9(e) e x = 0,33 (Fig. 5.9 (f)) não apresentam deslocamento, extinção ou
criação de alguma banda que se difere das bandas presentes nos espectros de PAni e ITO
isolamente, nem variação significante de intensidade das bandas de vibração referentes ao filme de
PAni. No entanto, as amostras com x = 0,01, x = 0,05 e x = 0,13 apresentam uma pequena alteração
no espectro em aproximadamente 720 e 940 cm-1
, que correspondem ao estiramento das ligações
Sn-O, presentes no ITO, anteriormente mencionado 149,150. Este fato possibilita a assumir que as
nanopartículas de ITO interagem fracamente ou não interagem quimicamente com a matriz de
PAni. Esse resultado é corroborado à análise química obtida por Raman, que será descrita a seguir.
66
Figura 5.9 – Espectro obtido por FTIR por reflexão dos filmes (a) PAni1,00ITO0,00; (b) PAni0,99ITO0,01; (c)
PAni0,95ITO0,05; (d) PAni0,87ITO0,13; (e) PAni0,80ITO0,20; (f) PAni0,67ITO0,33. A Figura também mostra (g) a
fórmula estrutural geral da polianilina como base esmeraldina, contendo 4 anéis, os quais foram
considerados referência na identificação dos picos nos espectros de FTIR.
A análise química por Raman é mostrada na Fig. 5.10(a) (para x = 0,00); Fig. 5.10(b) (para x
= 0,01); Fig. 5.10(c) (para x = 0,05); Fig. 5.10(d) (para x = 0,09); Fig. 5.10(e) (para x = 0,20); Fig.
5.10(f) (para x = 0,33), referente à face voltada para o vidro. Esta análise mostra que os espectros de
todas as amostras têm praticamente o mesmo perfil. Este perfil é dominado pela banda em 1470 cm-
1 (estiramento C=C do anel quinona), característica da PAni desdopada 148,151. Como principal
resultado dessa análise assume-se que não há interação química entre a matriz polimérica de PAni e
o ITO, o que vem a corroborar com as análises por FTIR mostradas na Fig. 5.9.
67
Figura 5.10 – Espectro obtido por Raman dos filmes (a) PAni1,00ITO0,00; (b) PAni0,99ITO0,01; (c)
PAni0,95ITO0,05; (d) PAni0,91ITO0,09; (e) PAni0,80ITO0,20; (f) PAni0,67ITO0,33, referente à face votada para o
vidro.
5.4 - Análise do Potencial de Superfície pela Técnica de Ponta de Prova Kelvin
Probe
A análise de potencial de superfície ou função trabalho foi realizada pela técnica de Ponta de Prova
Kelvin Probe e a área varrida pela sonda foi de 12,4 9,8 mm². Esta varredura consiste em uma
análise de aproximadamente 40 32 pontos (Fig. 5.11(b)). Foram analisados os sistemas
PAni1-xITOx, com x = 0,00; x = 0,05; x = 0,13 e x = 0,33. O resultado desta análise é descrito no
gráfico da Fig. 5.11(a). Esta figura mostra a mudança das características elétricas da superfície dos
sistemas PAni1-xITOx em função de x, de tal forma que o potencial de superfície apresenta um
ligeiro aumento com a concentração de nanopartículas, indo de -5,2 eV para x = 0, a -5,5 eV para
x = 0,33. Sabe-se que a função trabalho da PAni é aproximadamente -5,2 eV, enquanto que a
função trabalho do ITO é aproximadamente -4,8 eV. Logo, esperava-se que a função trabalho dos
sistemas híbridos produzidos resultasse em um valor intermediário entre -5,2 eV e -4,8 eV.
Portanto, pode-se acreditar que as nanopartículas de ITO estão atuando no sentido de modificar as
características elétricas do meio, de modo a gerar um sistema híbrido com propriedades diferentes
68
dos seus constituintes. Essa variação de potencial elétrico ao longo da superfície, à medida que x
aumenta, também foi verificada nas análises por EFM. A partir deste resultado recomenda-se a
análise para a aplicação dos sistemas como camada transportadora de buracos em diodos emissores
de luz poliméricos (PLEDs) em trabalhos futuros.
Figura 5.11 - (a) Gráfico da Função trabalho vs a percentagem em massa de ITO ( ) presente na PAni, (b)
filme PAni0,670ITO0,330 que representa um dos filmes de PAni-ITO com a metade de sua face metalizada com
ouro e analisados por Kelvin Probe.
5.5 - Discussão Parcial dos Resultados
Neste capítulo foram mostrados os principais resultados de caracterização morfológica de superfície
dos filmes de PAni1-xITOx por AFM e MEV e os padrões eletrostáticos dos domínios criados pelas
nanopartículas de ITO, presentes nesses filmes investigados, via EFM. Além disto, foram mostrados
os resultados de caracterização estrutural por DRX, o potencial de superfície pela técnica de ponta
de prova Kelvin Probe e, por fim, a caracterização química por FTIR e Raman.
Foi possível perceber, através das análises de superfície por AFM, EFM (Figs 5.1 e 5.2), EDS
(Fig. 5.4 e Fig. 5.5), que os aglomerados de ITO que estão uniformemente distribuídos por toda a
matriz de PAni, são aproximadamente esféricos e variam em dimensão e número à medida que se
aumenta a concentração de ITO (x) na matriz de PAni. Estes aglomerados aumentam em tamanho
com x, fato comprovado pela equação de Scherrer 68, 147, a partir dos espectros de difração de
raios-X mostrados na Fig. 5.8. Além disso, a partir das micrografias obtidas por MEV (Fig. 5.3) foi
possível perceber uma transição na microestrutura, em função de x, uma vez que a microestrutura
dos sistemas adquire um caráter granular. A transição da microestrutura apresentada pelos sistemas
PAni1-xITOx é muito semelhante ao que ocorreu com a microestrutura de PAni/SnO2 relatada no
trabalho de Gefen L. et al. [152], onde os aglomerados de nanopartículas de SnO2 são
aproximadamente esféricos, bem como visto no trabalho de Sli X. et al. [129] e Mo, T. Che et al.
[130], os quais relataram sobre a mudança na microestrutura com a inserção das nanopartículas de
(a)
(b)
69
TiO2, que apresentavam aglomerados esféricos de TiO2 dispersamente distribuídos pela matriz de
PAni.
Pôde-se também analisar a função trabalho para x = 0,00; x = 0,05; x = 0,09 e x = 0,33 (Fig.
5.11). Percebeu-se que a função trabalho aumenta em módulo à medida que nanopartículas
condutivas são inseridas na matriz semicondutiva e atingem um valor que não se refere à função
trabalho do ITO puro. Portanto, acredita-se que as nanopartículas de ITO estão atuando no sentido
de modificar as características elétricas do meio, de tal forma a gerar um sistema híbrido com
propriedades diferentes dos seus constituintes. No entanto, estas nanopartículas interagem
fracamente ou não interagem quimicamente com a matriz, fato que pôde ser comprovado a partir
dos espectros de FTIR e Raman (Figs 5.9 e 5.10).
A título de ilustração e para melhor visualização de todos os resultados alcançados por meio
das análises de morfologia obtidas por AFM, EFM, MEV, potencial elétrico por Kelvin Probe,
análise química por FTIR, Raman, EDS a Fig. 5.12 mostra todos os principais resultados alcançados
por meios de todas essas técnicas. Neste contexto, esta figura permite perceber que os resultados
por diferentes técnicas se corroboram entre si e reforçam a ideia de que os aglomerados de ITO que
estão presentes em todas as amostras, são aproximadamente esféricos, se interconectam formando
os caminhos condutivos, alterando a função trabalho dos sistemas e tornam as amostras mais
cristalinas sem interagir quimicamente com a PAni.
Ademais, no sentido de complementar e correlacionar todas estas análises, previamente
discutidas, com o papel do ITO e da PAni na resposta elétrica do sistema, em seguida, serão
apresentados os resultados da caracterização elétrica dos sistemas PAni1-xITOx, para
0,00 ≤ x ≤ 0,33. Optou-se por apresentar as análises elétricas em um capítulo separadamente das
demais, o Cap. 6, para facilitar o entendimento e a discussão destas análises, tendo em vista que a
compreensão das propriedades elétricas desses sistemas híbridos, a partir da colaboração das demais
análises realizadas é o foco deste trabalho de pesquisa.
70
Figura 5.12 – Fluxograma e conclusões das análises de AFM, EFM, MEV/EDS, DRX, Kelvin Probe e FTIR
e Raman, dos filmes de PAni1-xITOx.
71
CAPÍTULO 6
CARACTERIZAÇÃO ELÉTRICA ________________________________________________
Compreender o papel do ITO e da PAni nas propriedades elétricas dos sistemas híbridos
PAni1-xITOx é o objetivo central deste trabalho. Para tanto, foram realizadas medidas elétricas por
campo alternado e contínuo em função da temperatura. Neste contexto, são apresentados e
discutidos os resultados destas caracterizações elétricas correlacionando-as com as caracterizações
morfológica, estrutural, química e com o potencial de superfície, previamente apresentadas e
discutidas no Cap. 5, para esclarecer as contribuições da interface PAni/ITO, do sistema
híbrido/eletrodo e do volume e, finalmente, dos mecanismos de condução desses sistemas.
6.1 - Caracterização Elétrica dos Nanocompósitos de PAni1-xITOx
A caracterização elétrica dos filmes de PAni1-xITOx foi realizada por campo alternado (ac) por meio
da técnica de espectroscopia de impedância e por campo contínuo (dc), através de curvas corrente
vs tensão, ambas em função da temperatura. Todas as caracterizações foram realizadas com o
objetivo de analisar a influência do perfil, da fração volumétrica e da dimensão das nanopartículas
de ITO nos mecanismos de transporte de cargas dos sistemas híbridos PAni1-xITOx, bem como dos
efeitos de interfaces e de volume nesses materiais.
6.1.2 - Corrente x Tensão (I vs V)
A Figura 6.1 mostra as curvas I vs V dos sistemas PAni1-xITOx, para 0,00 ≤ x ≤ 0,33. Tendo em
vista que a PAni (não dopada) e os filmes com menores teores de ITO (x ≤ 0,05) são mais
resistivos do que os demais filmes, a caracterização elétrica dc foi realizada em uma faixa de tensão
maior do que a aplicada para os demais filmes, isto é, de -20 a 20 V para os filmes com x = 0,00;
x = 0,01; x = 0,05 e de -5 a 5 V para os filmes com x = 0,09; x = 0,13; x = 0,20 e x = 0,33.
72
-4,0x10-9
0,0
4,0x10-9
Co
rre
nte
(A
)(a) PAni
1,00ITO
0,00
R0 = 3,8x10
9
-4,0x10-9
0,0
4,0x10-9
8,0x10-9
Co
rre
nte
(A
)
(b)PAni0,99
ITO 0,01
R0= 3,5x10
9
-20 -10 0 10 20
-3,0x10-8
0,0
3,0x10-8
Co
rren
te (
A)
Tensão (V)
(c) PAni 0,95
ITO0,05
R0 = 7,6 x 10
8
-3,0x10-7
0,0
3,0x10-7
Co
rre
nte
(A
)
(d) PAni0,91
ITO 0,09
R0 = 1,35x10
7
-2,0x10-7
0,0
2,0x10-7
Co
rre
nte
(A
)
(e) PAni0,87
ITO 0,13
R0 = 2,5x10
7
-6 -4 -2 0 2 4 6
-3,0x10-4
0,0
3,0x10-4
Co
rre
nte
(A
)
Tensão (V)
(f) PAni0,80
ITO0,20
R0= 1,86x10
4
-6 -4 -2 0 2 4 6
-3,0x10-4
0,0
3,0x10-4
Co
rren
te (
A)
Tensão (V)
(g) PAni0,67
ITO0,33
R0= 3,14x10
4
Figura 6.1 - Curvas I vs V em escala linear, obtidas dos filmes (a) PAni1,00ITO0,00, (b) PAni0,99ITO0,01,, (c)
PAni0,95ITO0,05, (d) PAni0,91ITO0,09, (e) PAni0,87ITO0,13, (f) PAni0,80ITO0,20, (g) PAni0,67ITO0,33. Todas as medidas foram
realizadas sob vácuo (10-2
Torr) a 300 K. Ro é a resistência elétrica das amostras e foi obtida por meio da Lei de
Ohm.
73
De acordo com a Fig. 6.1 observa-se a dependência linear entre a corrente elétrica que flui
pelo sistema e a tensão aplicada em todos os filmes, i.e., comportamento ôhmico. Isso indica que o
contato elétrico ouro-filme comporta-se como neutro [153,154]. Portanto, a resistência elétrica (R0) é
obtida diretamente pela Lei de Ohm. Os valores de Ro obtidos também são apresentados na Fig. 6.1.
Nesse caso Ro varia de 3,8 109 para x = 0,00 a 3 10
4 para x = 0,33. Uma variação de 5
ordens de grandeza com a incorporação de 33% de ITO.
Baseado nos resultados apresentados na figura anterior, a Figura 6.2 mostra o comportamento
de σdc com função de (percentagem em massa de ITO). Pode-se notar que à medida que
aumenta de 0 a 33% em massa, a σdc aumenta de 1,53 10-9
a 3,91 10-4
S/m. Além disso, são
evidenciadas três regiões de comportamento distintos, a saber:
Região A: 0 ≤ ≤ 5%, a condutividade aumenta de 1,53 10-9
a 3,77 10-9
S/m
permanecendo na mesma ordem de grandeza da condutividade da PAni.
Região B: 5 ≤ ≤ 20%, apresenta um aumento significativo de 3,77 10-9
a 4,63 10-4
S/m;
Região C: 20 ≤ ≤ 33% a condutividade praticamente não varia mais, permanecendo na
mesma ordem de grandeza 10-4
S/m.
Os patamares observados na Fig. 6.2 em baixos e altos valores de , ligados por uma região
de transição quase que exponencial é típica de comportamento descrito por mecanismo de
percolação, o qual será abordado em maiores detalhes no Cap. 7. O comportamento de Ro e
consequentemente de dc em função de também pode ser explicado a partir da diminuição do
comprimento efetivo de condução da matriz isolante PAni, em função de . Pois há o aumento da
concentração das interfaces e aglomerados de ITO, que são caminhos mais condutivos, por meio
dos quais os portadores serão transportados de forma mais eficiente. Esse fenômeno será descrito
em detalhes no Cap. 7, a partir do modelo fenomenológico baseado em circuitos RCs. Vale
informar que a dc foi obtida a partir de Ro, por meio da Eq. 3.1.
74
0 10 20 3010
-9
10-7
10-5
10-3
dc (S
/m)
X (%)
CB
A
Figura 6.2 - Curva de dc obtida a partir de Ro em função da concentração de ITO presente na massa total
dos sistemas PAni1,00ITO0,00, PAni0,99ITO0,01,, PAni0,95ITO0,05, PAni0,91ITO0,09, PAni0,87ITO0,13, PAni0,80ITO0,20,
PAni0,67ITO0,33. A linha pontilhada serve apenas para guiar os olhos.
Com o objetivo de compreender os efeitos da temperatura nas amostras preparadas, as
Figuras 6.3 e 6.4 mostram o comportamento de σdc como função do inverso da temperatura, em
gráfico típico de Arrhenius. Enquanto a primeira, Fig. 6.3, mostra uma única região de
comportamento aproximadamente linear obtido para os filmes com 0 ≤ ≤ 5%, a segunda, Fig.
6.4, por sua vez, mostra duas inclinações obtidas para os filmes com 9 ≤ ≤ 33%. Devido a
limitações experimentais, i.e. sensibilidade do sistema de medida para detecção de resistências
elétricas maiores que 1010 , não foi possível realizar a caracterização elétrica das amostras com
0 ≤ ≤ 5% para T < 225 K. Contudo, é possível alcançar temperaturas menores que 225 K, quando
amostras mais condutivas são analisadas. Os resultados obtidos são, portanto, apresentados na Fig.
6.4 em gráficos típicos de Arrhenius.
75
Figura 6.3 - lndc vs T-1
das amostras (a) PAni1,00ITO0,00, (b) PAni0,99ITO0,01, (c) PAni0,95ITO0,05, obtidas a
partir da Eq. 4.1. “r” mostra o mostra o valor do coeficiente de correlação linear obtido pela regressão linear
dos dados experimentais.
-23
-22
-21
-20
-19
-18
ln
dc (
S/m
)r = - 0,97
(a) PAni1,00
ITO0,00
-23
-22
-21
-20
-19
-18
ln
dc (
S/m
)
r = - 0,97
(b) PAni0,99
ITO0,01
3,0x10-3
3,5x10-3
4,0x10-3
4,5x10-3
-22
-21
-20
-19
-18
ln
dc (
S/m
)
T-1(K
-1)
r = - 0,98
(c) PAni0,95
ITO0,05
76
-17,5
-17,0
-16,5
-16,0
-15,5
-15,0
I
-123 oC
(a) PAni0,91
ITO0,09
IIrI = - 0,90
rII = - 0,98
ln
dc (
S/m
)
-16,0
-15,5
-15,0
-14,5
ln
dc (S
/m)
rI = - 0,99
rII = - 0,97
I
II
-123 oC
(b) PAni0,87
ITO0,13
-10,0
-9,5
-9,0
-8,5
ln
dc (
S/m
)
-123 oC
rI = - 0,97
rII = - 0,98
(c) PAni0,80
ITO0,20
5,0x10-3
1,0x10-2
1,5x10-2
2,0x10-2
-8,8
-8,6
-8,4
-8,2
-123 oC
ln
dc (
S/m
)
T-1(K
-1)
rI = - 0,98
rII = - 0,97
I
II
(d) PAni0,67
ITO0,33
Figura 6.4 - lndc vs T
-1 das amostras (a) PAni0,91ITO0,09, (b) PAni0,87ITO0,13, (c) PAni0,80ITO0,20, (d)
PAni0,67ITO0,33 e obtidas a partir da Eq. 4.1. “r” mostra o valor do coeficiente de correlação linear obtido pela
regressão linear dos dados experimentais.
77
Os resultados apresentados na Fig. 6.3 mostram que, para 0 ≤ ≤ 5%, existe uma energia de
ativação térmica para os portadores de carga do sistema em toda a faixa de temperatura analisada
(225 - 350 K). Entretanto, para as amostras com 9 ≤ ≤ 33% (Fig. 6.4) observa-se que são duas as
regiões de ativação térmica com diferentes temperaturas, que, por sua vez, podem estar associadas
a possíveis transições térmicas das amostras. Destaca-se ainda que tal transição independe do valor
de (de 9 a 33%) e, portanto, deve estar ligado à matriz de PAni. Nesse caso, tais alterações
estariam ocorrendo em torno de -123ºC e, segundo Aylyanov et al. 126, as cadeias da PAni (BE)
no seu estado não dopado apresentam transições termo induzidas em torno de 144 K (-129ºC) e,
dessa forma, duas energias de ativação são obtidas. Os resultados são apresentados na Tabela VI.1.
Vale destacar que somente foi possível perceber esta transição que ocorre na matriz de PAni a partir
das análises elétricas de amostras com maiores teores de ITO ( 9%), por permitir a realização
dessas análises em regiões de menores temperaturas (50 K ≤ T ≤ 300 K). Este resultado representa
uma forma indireta de análise das propriedades da PAni com a incorporação de ITO.
A fim de compreender melhor o comportamento de Eat1 e Eat2, optou-se por apresenta-las
em função das percentagens em massa de ITO. Este comportamento é mostrado na Figura 6.5, que é
demarcado por 3 regiões distintas (região A, B e C) em função de X (%). Estas regiões também
foram observadas nas curvas de dc vs X (Fig. 6.2). Assim, pode-se afirmar que na região A, onde
0 ≤ X ≤ 5%, Eat1 apresenta pouca variação, i.e., de 217,4 a 209,9 meV. Tais valores são similares
aos obtidos para a PAni (Fig. 6.3a ). Já para a região de transição B, 5 ≤ X ≤ 20%, há uma
diminuição intensa em Eat1, i.e., de 209,9 a 18,5 meV, ao passo que, a partir de 20% Eat1 não sofre
modificações significativas, i.e., de 18,5 a 11,8 meV. Comportamento similar foi observado para
Eat2 (Fig. 6.5). Esse resultado indica que X ≤ 5%, o comportamento elétrico das amostras, é
predominantemente dominado pela matriz de PAni, enquanto que o ITO, por outro lado, determina
o valor da condutividade elétrica do sistema para altos valores de X (altos valores de condutividade
associados a baixos valores de energia de ativação). Na região intermediaria, por sua vez, uma
correlação PAni-ITO deve existir. Não obstante, o fato de Eat1, que está diretamente relacionado à
matriz de PAni, cair com X, corrobora o fato do sistema se tornar mais condutor à medida que
nanoparticulas de ITO são incorporadas à PAni.
Em síntese, a principal conclusão extraída dos resultados apresentados nas Fig. 6.3 a 6.5 é
que: a incorporação de ITO na matriz de PAni induz a um aumento na condutividade elétrica do
sistema hibrido PAni-ITO; mas, por outro lado, não altera as propriedades térmica da PAni.
78
Tabela VI.1 - Energias de ativação das amostras PAni1,00ITO0,00, PAni0,99ITO0,01,, PAni0,95ITO0,05,
PAni0,91ITO0,09, PAni0,87ITO0,13, PAni0,80ITO0,20, PAni0,67ITO0,33 e obtidas a partir do ajuste linear da Figura
6.3 e 6.4.
Amostra Eat1 (meV) Eat2 (meV)
PAni1,00ITO0,00 217,4 0,4 -
PAni0,99ITO0,01 226,0 0,3 -
PAni0,95ITO0,05 210,0 0,3 -
PAni0,91ITO0,09 32,0 0,1 6,5 0,1
PAni0,87ITO0,13 19,0 0,1 4,9 0,1
PAni0,80ITO0,20 18,6 0,1 4,7 0,1
PAni0,67ITO0,33 11,8 0,1 1,7 0,1
Figura 6.5 - Curva de energia de ativação Eat1 e Eat2 vs X (%). As energias de ativação Eat1 e Eat2 foram
obtidas a partir da Tabela VI.1
6.1.3 - Impedância Complexa e Condutividade Alternada
Medidas de impedância complexa e consequentemente condutividade alternada, em amostras de
PAni1-xITOx (0,00 ≤ x ≤ 1,00), foram realizadas na faixa de frequência de 0,1 Hz a 1 MHz , de 50 K
a 350 K , sob vácuo ( 10-2
Torr), com tensão de oscilação de 500 mV e polarização nula. Como
mostram as Fig. 6.6 e Fig. 6.7. Neste caso, a Fig. 6.6 mostra as curvas experimentais de Z’(f) e
Z’’(f) vs. f dos filmes PAni1-xITOx com x = 0,00 (Fig. 6.6a), x = 0,01 (Fig. 6.6b), x = 0,05 (Fig.
6.6c), x = 0,09 (Fig. 6.6d), x = 0,13 (Fig. 6.6e), x = 0,20 (Fig. 6.6f), x = 0,33 (Fig. 6.6g) e pastilha,
com x = 1,00 (Fig. 6.6h), obtidos a temperatura ambiente sob vácuo.
79
100
102
104
106
108
1010
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(a) PAni1,00
ITO0,00
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
100
102
104
106
108
1010
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(b) PAni0,99
ITO 0,01
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
100
102
104
106
108
1010
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(c) PAni0,95
ITO0,05
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
100
102
104
106
100
102
104
106
108
1010 (d) PAni
0,91ITO
0,09
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
Frequência (Hz)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
100
102
104
106
108
1010
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(e) PAni0,87
ITO0,13
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
100
102
104
106
108
1010
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(f) PAni 0,80
ITO0,20
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
100
102
104
106
108
1010
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(g) PAni0,67
ITO0,33
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
100
102
104
106
10-24
10-14
10-4
106
Z'(f)
(
)
Frequência (Hz)
Z'(f)
Ajuste teorico-experimentais
(h) PAni0,00
ITO1,00
Figura 6.6 - Gráficos experimentais de Z’(f) e Z’’(f), da impedância complexa de filmes de (a) PAni, (b)
PAni0,99ITO0,01, (c) PAni0,95ITO0,05, (d) PAni0,91ITO0,09, (e) PAni0,87ITO0,13, (f) PAni0,80ITO0,20, (g)
PAni0,67ITO0,33, (h) PAni0,00ITO1,00. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-experimentais obtidos por meio
da Eq. 7.1, do Cap. 7.
80
Na Figura 6.6 observa-se que Z’(f) tende a um patamar até um curto valor de frequência (fo),
a partir da qual esta componente começa a cair suavemente com a frequência. Concomitantemente,
Z”(f) cresce com a frequência até atingir um valor máximo, que dá-se em torno de fo. Nota-se
também que as curvas de impedância imaginária referentes às amostras com x = 0,33, mostradas na
Fig. 6.6 (g), apresentam certa dispersão para baixos valores de frequência. Esta dispersão se deve à
alta condutividade dessa amostra.
Finalmente, é possível notar que os patamares presentes nas curvas Z’(f) evidenciados na
Fig. 6.6 são maiores para filmes com maiores concentrações de nanopartículas de ITO, ou seja,
filmes menos resistivos. Sendo que, na Fig. 6.6 (h) é mostrada somente um patamar referente a Z’(f)
para x = 1,00. Sendo assim, esta amostra é puramente condutiva, fato que justifica a ausência da
curva de impedância imaginária no intervalo de frequência trabalhada. Além disso, pode-se notar a
partir da Fig. 6.6 que fo aumenta com x, de tal forma a assumir o valor 2,44 Hz para x = 0,00 e 180
kHz para x = 0,33. Para frequências abaixo de fo , por sua vez, o valor de Z’(f) tende ao valor da
resistência dc, de tal forma que este valor varia de 3,20 109 (x = 0,00) a 3,3 10
4 ( x = 0,33),
ou seja, um aumento de 5 ordens de grandeza de Z’(f) com x. Considerando a amostra de ITO puro,
pastilha, (x = 1,00), pode-se notar que Z’(f) mostrada na Fig. 6.6 (h), apresenta um patamar ao longo
de toda a faixa de frequência, com valor de aproximadamente 17 . Logo, esta amostra é altamente
condutiva.
A Figura 6.7 mostra as curvas de condutividade complexa, *(f) = ’(f) + i”( f ), dos filmes
PAni1-xITOx com x = 0,00 (Fig. 6.7a), x = 0,01 (Fig. 6.7b), x = 0,05 (Fig. 6.7c), x = 0,09 (Fig. 6.7d),
x = 0,13 (Fig. 6.7e), x = 0,20 (Fig. 6.7f), x = 0,33 (Fig. 6.7g) e, pastilha, com x = 1,00 (Fig. 6.7(h),
as quais foram obtidas a partir das as equações mostradas na Tabela II.1 (Cap. 2) e curvas Z’(f) e
Z”(f) apresentadas na Fig. 6.6. Na Fig. 6.7 observa-se que ’(f) permanece constante em uma ampla
faixa de frequência até atingir um valor crítico de frequência fc fo, onde esta componente começa a
subir suavemente com a frequência, obedecendo a uma lei de potências do tipo ’(f) f n
(0 n 1). No regime de baixas frequências, por sua vez, ’(f) é aproximadamente constante com
valor próximo à condutividade dc. Esse comportamento apresentado pelos materiais híbridos é
típico de materiais desordenados [25.
81
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(a) PAni1,00
ITO0,00
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(b) PAni0,99
ITO0,01
'(f)
e
"(f)
(S
/m)
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
(c) PAni0,95
ITO0,05
100
102
104
106
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
(d) PAni0,91
ITO0,09
'f)
e
"(f)
(S/m
)
Frequência (Hz)
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(e) PAni0,87
ITO0,13
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(f) PAni0,80
ITO0,20
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(g) PAni0,67
ITO0,33
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
100
102
104
106
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
101
"
(f)
(S/m
)
Frequência (Hz)
'(f)
Ajustes teorico-experimentias
(h) PAni0,00
ITO1,00
Figura 6.7 - Gráficos experimentais de ’(f), e ’’(f), da condutividade complexa de filmes de (a) PAni1,00ITO0,00,
(b) PAni0,99ITO0,01, (c) PAni0,95ITO0,05, (d) PAni0,91ITO0,09, (e) PAni0,87ITO0,13. (f) PAni0,80ITO0,20, (g)
PAni0,67ITO0,33, (h) PAni0,00ITO1,00. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-experimentais obtidos por meio da
Eq. 7.10, do Cap. 7.
82
Ainda a partir da Fig. 6.7, a ”( f ), para a maioria das amostras, apresenta um comportamento
linear, em escala log-log, com a frequência. Logo, pode-se notar, que ”( f ) presente na Fig. 6.7 (f)
e (g), referente às amostras com x = 0,20 e x = 0,33, apresentam um dispersão no regime de baixas
frequências, o que pode ser justificado por se tratar de amostras muito condutivas. Além disso,
percebe-se a partir da Fig. 6.7 (h) para x = 1, que a condutividade é independente da frequência, na
faixa de frequência trabalhada e assume o valor de 1,54 S/m. Sendo, portanto, puramente condutiva,
que justifica o fato da ausência da curva de condutividade imaginária. Entretanto, quando se trata de
filmes de PAni, (x = 0,00), a condutividade, no regime de baixas frequências, assume o valor de
aproximadamente 1,7 10-9
S/m e para o filme com o maior teor de ITO (x = 0,33), este valor
passa a ser 4,1 10-4
S/m. Assim, a condutividade em regime de baixas frequências aumenta cerca
de 5 ordens de grandeza para 0,00 ≤ x ≤ 0,33. Finalmente, vale informar que as linhas contínuas
observadas na Fig. 6.6 e Fig. 6.7 são resultados dos ajustes obtidos a partir dos modelos teórico-
experimentais, os quais serão detalhadamente abordados e discutidos no Cap. 7.
A título de comparação e, portanto, melhor visualização dos resultados apresentados nas
duas figuras anteriores, as Figuras 6.8 e 6.9 apresentam as mesmas curvas já apresentadas. No
entanto, como as amostras apresentam espessuras distintas (L), a Figura 6.8 apresenta as curvas de
impedância real e imaginária normalizadas por L para, portanto, permitir a análise comparativa das
respostas elétricas de todas as amostras preparadas. Dessa forma, esta proposta representa a forma
mais simples e usual para avaliar o comportamento das curvas de Z’(f) e Z”(f); ’(f) e ”(f) vs f
para todas as amostras fabricadas. A seguir são apresentadas estas duas figuras.
100
101
102
103
104
105
106
104
107
1010
1013
1016
Z'(f)
(
) /
L (
m)
Frequência (Hz)
PAni1,00
ITO0,00
PAni0,99
ITO0,01
PAni0,95
ITO0,05
PAni0,91
ITO0,09
PAni0,87
ITO0,13
PAni0,80
ITO0,020
PAni0,67
ITO0,33
(a)
x
100
101
102
103
104
105
106
103
106
109
1012
1015
x
PAni1,00
ITO0,00
PAni0,99
ITO0,01
PAni0,95
ITO0,05
PAni0,91
ITO0,09
PAni0,87
ITO0,13
PAni0,80
ITO0,20
PAni0,67
ITO0,33
Z"(
f) (
) /
L (
m)
Frequência (Hz)
(b)
Figura 6.8 - Gráficos experimentais de (a) Z’(f) / L (m), e (b) Z’’(f) / L (m), da impedância complexa de
filmes de nancompósitos de PAni1,00ITO0,00, PAni0,99ITO0,01, PAni0,95ITO0,05, PAni0,91ITO0,09, PAni0,87ITO0,13,
PAni0,80ITO0,20, PAni0,67ITO0,33 à temperatura ambiente. L é a espessura das amostras.
83
100
101
102
103
104
105
106
10-10
10-7
10-4
10-1
102
x
'(f)
(S
/m)
Frequência (Hz)
PAni1,00
ITO0,00
PAni0,99
ITO0,01
PAni0,95
ITO0,05
PAni0,91
ITO0,09
PAni0,87
ITO0,13
PAni0,80
ITO0,20
PAni0,67
ITO0,33
(a)
100
101
102
103
104
105
106
10-11
10-8
10-5
10-2
x
"(
f) (
S/m
)
PAni1,00
ITO0,00
PAni0,99
ITO0,01
PAni0,95
ITO0,05
PAni0,91
ITO0,09
PAni0,87
ITO0,13
PAni0,80
ITO0,20
PAni0,67
ITO0,33
Frequência (Hz)
(b)
Figura 6.9 - Gráficos experimentais de ’(f), e ’’(f), da condutividade complexa de filmes de
PAni1,00ITO0,00 e nanocompósitos de PAni0,99ITO0,01, PAni0,95ITO0,05, PAni0,91ITO0,09, PAni0,87ITO0,13,
PAni0,80ITO0,20, PAni0,67ITO0,33 à temperatura ambiente.
Nestas duas figuras, Fig. 6.8 (a) e 6.9 (a) que Z’(f) em baixas frequências diminui e
consequentemente a ’(f) aumenta com x. Isto reflete no deslocamento do pico da Z”(f) para
maiores valores de fo (Figura 6.7 (b)) e, consequente, a diminuição desse pico com o aumento x.
Este fato indica que o sistema se torna mais condutivo com a presença do ITO. Contudo, pode-se
observar, a partir da Fig. 6.9 (b), que a inclinação da curva de ”(f) para frequências acima de fc não
se altera com x. Vale destacar também que as curvas de impedâncias e condutividades complexas
dos filmes com x = 0,20 e x = 0,33 são praticamente iguais, possivelmente, essas amostras
apresentam microestruturas semelhantes.
A partir das medidas experimentais de impedância e condutividade complexa apresentadas
nas Figs. 6.8 e 6.9, foi possível obter os valores de Zdc e dc, no regime de baixas frequências. Estes
valores são mostrados na Figura 6.10 em função de (percentagem em massa de ITO) e é
importante mencionar que Zdc representa a impedância real no regime de baixas frequências,
normalizadas por L, para facilitar a análise comparativa dos resultados obtidos com diferentes
amostras. A Fig.6.10 também mostra o resultado da condutividade dc obtido a partir da Eq. 3.1 e Ro
extraído da curva I vs V (Fig. 6.1). Nesta figura o comportamento de Zdc e dc vs X é semelhante ao
comportamento de o vs mostrados na Fig. 6.2, que é também demarcada por 3 regiões distintas.
Estas regiões descrevem o comportamento de Zdc e dc em função do aumento do teor de ITO nos
filmes, de tal forma que:
- Região A: 0 ≤ ≤ 5%, nesta região não se percebe uma variação significativa em Zdc e dc de
forma que estas grandezas assumem valores próximos da matriz PAni.
84
- Região B: 5 ≤ ≤ 20% , nota-se que a medida que o teor de ITO aumenta inicia-se uma
diminuição perceptível em Zdc e um consequente aumento em dc (Fig. 6.10).
- Região C: 20 ≤ ≤ 33%, percebe-se um patamar na Fig. 6.10, ou seja, a partir de 20% em massa
de ITO Zdc e, consequentemente, dc não sofrem alterações significativas.
Os comportamentos de Zdc e dc vs X podem ser explicados considerando que, à medida que
se adiciona nanopartículas de ITO na matriz, elas alteram as propriedades físicas e estruturais do
sistema de tal forma a criar caminhos condutivos, por meio do qual o transporte dos portadores de
carga é mais efetivo. A mudança na micrografia das amostras, com a formação dos caminhos
condutivos, pode ser confirmada a partir das análises por MEV (EDS), AFM e EFM mostradas no
Cap. 5. O comportamento de Zdc e, consequentemente dc vs X, será discutido em detalhes no Cap.
7, à luz do fenômeno de percolação [124, 125] e do modelo fenomenológico baseado em circuitos
RCs.
Vale ressaltar que os valores de dc obtidos a partir dos gráficos de condutividade complexa e
mostrados na Fig. 6.10 estão de acordo com o, encontrados a partir das medidas elétricas em
regime dc, conforme apresentado na Fig. 6.2. Ademais, os resultados previamente discutidos são
corroborados ao comportamento de fc em função de , mostrado na Figura 6.11.
Figura 6.10 - Gráfico do log. impedância dc, Zdc, e log. da condutividade dc, dc obtidos a partir das curvas
experimentais de impedância e condutividade complexa e a partir das curvas I vs V. L é a espessura das
amostras.
85
0 10 20 30 4010
-1
101
103
105
CA
f c (
Hz)
X (%)
B
Figura 6.11 - Gráfico de frequência crítica em função da porcentagem em massa de ITO.
Para investigar em detalhes o comportamento da impedância complexa em baixas frequências
a Figura 6.12 mostra os Diagramas de Argand referentes aos filmes com x = 0,00 (Fig. 6.12a),
x = 0,01 (Fig. 6.12b), x = 0,05 (Fig. 6.12c), x = 0,09 (Fig. 6.12d), x = 0, 13 (Fig. 6.12e), x = 0,20
(Fig. 6.12f), x = 0,33 (Fig. 6.12g). Estes diagramas são apresentados nos gráficos de Z’ vs. Z’’,
mostrados e extraídos da Fig. 6.6. Como os arcos obtidos aparecem no quarto quadrante, é
apresentado o negativo da parte imaginária no eixo das ordenadas. A Fig. 6.12 apresenta gráfico
cuja forma é próxima a um semicírculo, com o seu centro abaixo do eixo real, indicando a presença
de uma única função de distribuição de tempos de relaxação [145,152]. Em geral, os semicírculos
apresentados na Fig. 6.12 apresentam seu centro deslocado para baixo do eixo real, desviando-se do
modelo de Debye [145]. Este comportamento é explicado na literatura pela presença de elementos
de impedância distribuídos pelo material, devido às diferentes condutividades e constantes
dielétricas dos componentes da mistura e é descrito pelo modelo de Cole-Cole [145]. Este modelo
será discutido em detalhes no Cap. 7. Ainda, nas Figs. 6.12.(a) e (b), que se referem às curvas de Z’
vs. Z’’ obtidas a partir dos filmes com x = 0,00 e x = 0,01, apresentam o comportamento de um
semicírculo de diâmetro em torno de 1000 M para f 10 Hz, o que corresponde, respectivamente,
aos valores de impedância real de 3,8 109 e 3,6 10
9 ; e a tendência a um segundo
semicírculo a partir de 0,2 Hz (altas impedâncias reais). A presença do segundo semicírculo pode
ser explicada devido à sensibilidade da ponte de impedância (0,1 Hz), que pode resultar no
aparecimento de ruídos. Além disso, nota-se que os diagramas da Fig. 6.12 apresentam uma
diminuição na ordenada e no diâmetro dos semicírculos em função de x, de tal forma que para
x = 0,00 a ordenada e o diâmetro do semicírculo assumem o valor aproximado de 1000 M ,
enquanto que, para x = 0,33, essas grandezas assumem o valor de aproximadamente 104 . Isto
indica que os filmes se tornam mais condutivos com o aumento do teor de ITO.
86
0,0 2,0x109
4,0x109
0,0
2,0x109
4,0x109
Z' ()
(a) PAni1,00
ITO0,00
0,0 2,0x109
4,0x109
0,0
2,0x109
4,0x109
(b) PAni0,99
ITO0,01
Z' ()
0,0 3,0x108
6,0x108
9,0x108
0,0
3,0x108
6,0x108
9,0x108
(c) PAni0,95
ITO0,05
Z' ()
0,0 7,0x106
1,4x107
2,1x107
7,0x106
1,4x107
2,1x107
(d) PAni0,91
ITO0,09
Z' ()
0 1x107
2x107
3x107
0
1x107
2x107
3x107
(e) PAni0,87
ITO0,13
Z' ()
0 1x104
2x104
3x104
0
1x104
2x104
3x104
(f) PAni0,80
ITO0,20
Z' ()
0 1x104
2x104
3x104
0
1x104
2x104
3x104
(g) PAni0,67
ITO0,33
Z' ()
Figura 6.12 - Gráficos de Z’ vs. Z’’ dos filmes
finos de (a) PAni1,00ITO0,00, (b) PAni0,99ITO0,01,
(c) PAni0,95ITO0,05, (d) PAni0,91 ITO0,09 (e)
PAni0,87ITO0,13,(f) PAni0,80ITO0,20, (g)
PAni0,67ITO0,33.
Z”
()
Z”
()
Z”
()
Z”
()
Z”
() Z”
()
Z”
()
87
Os tempos de relaxação para cada um dos filmes preparados foram obtidos a partir do inverso
da frequência crítica (fc) e são mostrados em função de na Figura 6.13. Pode-se perceber que os
tempos de relaxação vão se tornando cada vez menores com , até que, a partir de = 20 %, esse
tempo se torna aproximadamente constante, de forma a demarcar 3 regiões distintas A, B, C. Os
resultados obtidos para os tempos de relaxação de todas os filmes investigados concordaram com os
resultados obtidos para as condutividades dc destas filmes mostrados nas Figs. 6.2 e 6.10, 6.11, a
partir das quais também pôde-se perceber essas 3 regiões distintas, que foram devidamente
abordadas e discutidas. Tal como já foi explicitado anteriormente, este comportamento pode ser
explicado por meio do fenômeno de percolação [121,123,124] , a partir do qual pode-se inferir que
há a formação de caminhos condutivos mais efetivos com o aumento da concentração de ITO na
matriz de PAni, que acarreta no aumento da condutividade, até se atingir um patamar a partir do
qual a condutividade não se altera.
0 10 20 30 4010
-7
10-5
10-3
10-1
B
A
(s)
X (%)
(a)
(b)
(c)
(d) (e)
(f) (g)
C
Figura 6.13 - Gráfico de log. dos tempos de relaxação em função da porcentagem em massa de ITO
referentes às amostras (a) PAni1,00ITO0,00, (b) PAni0,99ITO0,01, (c) PAni0,95ITO0,05, (d) PAni 0,91ITO0,09, (e)
PAni0,87ITO0,13, (f) PAni0,80ITO0,20, (g) PAni0,67ITO0,33. A linha pontilhada é para guiar os olhos.
As Figuras 6.14, 6.16, 6.18, 6.20, 6.22, 6.24, 6.26 destacam as curvas de Z’(f) e Z”(f) para os
filmes com x = 0,00 (Fig. 6.14), x = 0,01 (Fig. 6.16), x = 0,05 (Fig. 6.18), x = 0,09 (Fig. 6.20),
x = 0,13 (Fig. 6.22), x = 0,20 (Fig. 6.24) e x = 0,33 (Fig. 6.26), referentes a diferentes temperaturas
sob vácuo. Todas estas figuras apresentam um comportamento comum em toda a faixa de
temperatura investigada. Este comportamento é semelhante àquele já discutido para as curvas de
Z’(f) e Z”(f) com variações de x, mostradas na Fig. 6.6. Sendo que o patamar de Z’(f) e o valor de fo
aumentam com a temperatura.
Tendo em vista que os mecanismos de transporte de cargas, a presença de interface e o
comportamento da constante dielétrica, podem ser explorados a partir de curvas de condutividade
alternada, *(f)= ’(f) + i”(f), obtidas de acordo com as expressões apresentadas na Tab. II.I
88
(Cap. 2), foram obtidas as curvas de ’(f) e i”(f) para todos as filmes preparados. Estas curvas são
mostradas na Fig. 6.15 (x = 0,00), Fig. 6.17 (x = 0,01), Fig. 6.19 (x = 0,05), Fig. 6.21 (x = 0,09),
Fig. 6.23 (x = 0,13), Fig. 6.25 (x = 0,20) e, por fim, Fig. 6.27 (x = 0,33). Estas figuras mostram que
ao longo de toda a faixa de temperatura trabalhada as componentes real ’(f) apresentam o
comportamento típico de sólidos desordenados 25, que já foi descrito para as curvas de ’(f) e
”(f) com variações de x, mostradas na Fig. 6.7. Vale mencionar que os resultados experimentais
que são apresentados a seguir, ou seja, as curvas de Z’(f) e Z”(f) e ’(f) e i”(f) já estão ajustadas
de acordo com os modelos teóricos-experimentais, os quais serão descritos em detalhe no Cap. 7.
89
100
103
106
109
1012
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(a) -48oC (225 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
100
103
106
109
1012
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(b) -23oC (250 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
10-1
101
103
105
100
103
106
109
1012
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(c) 2oC (275 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
Frequência (Hz)
100
103
106
109
1012
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(d) 27oC (300 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
100
103
106
109
1012
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(e) 52oC (325 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
10-1
101
103
105
100
103
106
109
1012
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
Frequência (Hz)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(f) 77oC (350 K)
10-1
101
103
105
100
103
106
109
1012
-48oC
-23oC
2oC
27oC
52oC
77oC
Z'(f)
(
)
Frequência (Hz)
(g)
Figura 6.14 - Componentes reais real Z’(f), e imaginária Z”(f), obtidos com a amostra PAni1,00ITO0,00 nas
temperaturas: (a) -48oC , (b) -23
oC, (c) -2
oC, (d) 27
oC, (e) 52°C, (f) 77
oC e (g) apresenta o comportamento de
Z’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-experimentais
obtidos por meio da Eq. 7.1, do Cap. 7.
90
Figura 6.13 - Componentes reais real f’(f), e
imaginária f”(f), obtidos com a amostra PAni1,00
ITO0,00 nas temperaturas: (a) -48oC , (b) -23
oC, (c) -
2oC, (d) 27
oC e (e) -52°C. (f) 77
oC e (g) apresenta o
comportamento de Z’(f) para as diversas temperaturas
estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes
teórico-experimentais obtidos por meio da Eq.7.2, do
Cap.7.
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
' (f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(a) -48oC (225 K)
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
' (f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais'(f)
e
"(f)
(S/m
)
(b) -23oC (250 K)
10-1
101
103
105
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
Frequência (Hz)
' (f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais'(f)
e
"(f)
(S/m
)
(c) 2oC (275 K)
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
' (f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(d) 27oC (300 K)
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
' (f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
(e) 52oC (325 K)
10-1
101
103
105
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
Frequência (Hz)
' (f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(f) 77oC (350 K)
10-1
101
103
105
10-11
10-8
10-5
10-2
-48oC
-23oC
2oC
27oC
52oC
77oC
' (f
) (S
/m)
Frequência (Hz)
(g)
Figura 6.15 - Componentes reais real ’(f), e imaginária ”(f), obtidos com a amostra PAni1,00 ITO0,00 nas
temperaturas: (a) -48oC , (b) -23
oC, (c) -2
oC, (d) 27
oC, (e) 52°C. (f) 77
oC e (g) apresenta o comportamento de
’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-experimentais
obtidos por meio da Eq. 7.10, do Cap. 7.
91
De acordo com a Figura 6.14 referente à PAni pura (x = 0,00), a Zdc diminui
aproximadamente duas ordens de grandeza, passando de 3,4 1010 para 6,4 10
8
ou o dc
aumenta de 1,1 10-10
S/m para 8,7 10-9
S/m (Fig. 6.15) quando a temperatura passa de -48oC a
77ºC. Este comportamento foi observado para todos os filmes, ou seja, quanto maior a temperatura,
maior a frequência crítica, menor é o valor de Zdc; logo, maior é o valor de dc, como mostram as
Fig. 6.14 a 6.27. No entanto, a intensidade da variação de Zdc e dc em função da temperatura não é
a mesma para todo x. Esta afirmação será discutida a seguir.
Já as Figs. 6.16 e 6.17 mostram as curvas de Z’(f) e Z”(f), ’(f) e ”(f) respectivamente, para
o filme com x = 0,01. Pode-se perceber que há uma diminuição da Zdc , também de duas ordens de
grandeza (2,29 1010
para 4,57 108 ), quando a temperatura passa de -48
oC a 77ºC ; logo, a
sua dc aumenta de 1,38 10-10
S/m a 1,18 10-9
S/m, nesta faixa de temperatura. Este
comportamento também é percebido por meio das Fig. 6.18 e 6.19, que se referem ao
comportamento elétrico do filme com x = 0,05. No entanto, a partir dessas figuras, nota-se que a Zdc
diminui de 5,94 109 a 2,33 10
8 , ou a dc aumenta de 1,47 10
-10 S/m a 1,47 10
-8 S/m .
Trabalhou-se com uma temperatura inferior até -48ºC, devido à sensibilidade da ponte de
impedância.
92
100
103
106
109
1012
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(a) -48oC (225 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
100
103
106
109
1012
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(b) -23 oC
(250 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
10-1
101
103
105
100
103
106
109
1012
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(c) 2oC (275 K)
Z' (
f) e
Z"(
f) (
)
Frequência (Hz)
100
103
106
109
1012
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(d) 27oC (300 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
100
103
106
109
1012
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(e) 52oC (325 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
101
103
105
100
102
104
106
108
1010
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(a) 77oC (350 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
Frequência (Hz)
10-1
101
103
105
100
103
106
109
1012
-48oC
-23oC
2oC
27oC
52oC
77oC
Z'(f)
(
)
Frequência (Hz)
(g)
Figura 6.16 - Componentes reais real Z’(f), e imaginária Z”(f), obtidos com a amostra PAni0,99ITO0,01 nas
temperaturas: (a) -48oC , (b) -23
oC, (c) -2
oC, (d) 27
oC, (e) 52°C, (f) 77
oC e (g) apresenta o comportamento de Z(‘f)
para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-experimentais obtidos por meio
da Eq. 7.1, do Cap. 7.
93
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
'(f)
e
"(f)
(S
/m)
(a) -48oC (225 K)
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
'(f)
e
"(f)
(S
/m)
(b) -23oC (250 K)
10-1
101
103
105
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(c) 2oC (275K)
'(f)
e
"(f)
(S
/m)
Frequência (Hz)
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
(d) 27oC (300 K)
'(f)
e
"(f)
(S
/m)
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
'(f)
e
"(f)
(S
/m)
(e) 52oC (325 K)
10-1
101
103
105
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
'(f)
e
"(f)
(S
/m)
Frequência (Hz)
(a) 77oC (350 K)
10-1
101
103
105
10-11
10-8
10-5
10-2
101
104
-48oC
-23oC
2oC
27oC
52oC
77o
C'(f)
(S
/m)
Frequência (Hz)
(g)
Figura 6.17 - Componentes reais real ’(f), e imaginária ”(f), obtidos com a amostra PAni0,99ITO0,01 nas
temperaturas: (a) -48oC , (b) -23
oC, (c) -2
oC, (d) 27
oC, (e) 52°C, (f) 77
oC e (g) apresenta o comportamento de ’(f)
para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-experimentais obtidos por meio
da Eq. 7.10, do Cap. 7.
94
100
103
106
109
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(a) -48oC (225 K)
Z'(f)
e Z
" (f
) (
)
100
103
106
109
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(b) -23oC (250 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
10-1
101
103
105
100
103
106
109
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(c ) 2oC (275 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
Frequência (Hz)
100
103
106
109
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(d) 27oC (300 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
100
103
106
109
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(e) 52oC (325 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
10-1
101
103
105
100
103
106
109
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(f) 77oC (350 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(H
z)
Frequência (Hz)
10-1
101
103
105
10-1
102
105
108
1011
1014
1017
-48oC
-23oC
2oC
27oC
52oC
77oC
Z'(f)
(
)
Frequência (Hz))
(g)
Figura 6.18 - Componentes reais real Z’(f), e imaginária Z”(f), obtidos com a amostra PAni0,95ITO0,95 nas
temperaturas: (a) -48oC , (b) -23
oC, (c) -2
oC, (d) 27
oC, (e) 52°C, (f) 77
oC e (g) apresenta o comportamento de
Z’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-experimentais obtidos
por meio da Eq. 7.1, do Cap. 7.
95
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(a) -48oC (225 K)
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(b) -23oC (250 K)
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
10-1
101
103
105
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(c) 2oC (275 K)
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
Frequência (Hz)
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
(d) 27oC (300 K)
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
(e) 52oC (325 K)
10-1
101
103
105
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais'(f)
e
"(f)
(S/m
)
Frequência (Hz)
(f) 77oC (350 K)
10-1
101
103
105
10-10
10-7
10-4
10-1
-48oC
-23oC
2oC
27oC
52oC
77oC
'(f)
(S
/m)
Frequência (Hz)
(g)
Figura 6.19 - Componentes reais real ’(f), e imaginária ”(f), obtidos com a amostra PAni0,95ITO0,95 nas
temperaturas: (a) -48oC , (b) -23
oC, (c) -2
oC, (d) 27
oC, (e) 52°C, (f) 77
oC e (g) apresenta o comportamento de
Z’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-experimentais obtidos
por meio da Eq. 7.10, do Cap. 7.
96
As Figs. 6.20 a 6.23 mostram o comportamento elétrico do filme com x = 0,09, a partir do
qual nota-se que Zdc diminui uma ordem de grandeza, de 1,02 108 para 1,24 10
7 , quando a
temperatura aumenta de -223oC para 27
oC, acarretando no aumento da dc., de 1,08 10
-8 S/m
(-223oC) a 2,68 10
-7 S/m (27
oC) . Vale destacar que, para as amostras mais condutivas, trabalhou-
se na faixa de temperatura de -223oC a 27
oC. Considerando que o criostato JANIS atinge até 10 K,
ou -263oC, não foi possível trabalhar a uma temperatura inferior a -223
oC pois, para tanto, seria
necessário um ultra alto vácuo que, com a bomba disponível, não foi possível alcançar.
102
105
108
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(a) -223oC (50 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
102
105
108
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(b) -173oC (100 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
100
102
104
106
102
105
108
(c) -123oC (150 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
Frequência (Hz)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
102
105
108
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(d) -98oC (175 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
100
102
104
106
102
105
108
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(e) -73oC (200 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
Frequência (Hz)
Figura 6.20 - Componentes reais real Z’(f), e
imaginária Z”(f), obtidos com a amostra
PAni0,91ITO0,09 nas temperaturas: (a) -223oC , (b) -
173oC, (c) -123
oC, (d) -98
oC e (e) -73°C. As linhas
cheias mostram os ajustes teórico-experimentais
obtidos por meio da Eq. 7.1, do Cap. 7. Esta figura
tem sequência na Figura 6.20.
97
Figura 6.21 – Sequência da Figura 6.19, referentes às componentes reais real Z’(f), e imaginária Z”(f),
obtidos com a amostra PAni0,91ITO0,09 nas temperaturas: (f) -48oC , (g) -23
oC, (h) 2
oC, (i) 27
oC e (j)
apresenta o comportamento de Z’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os
ajustes teórico-experimentais obtidos por meio da Eq. 7.1, do Cap. 7.
104
106
108
(f) -48oC (225 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
100
102
104
106
104
106
108
Z'(f)
e Z
" (f
) (
)
Frequência (Hz)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(b) -23oC (250 K)
104
106
108
(c) 2oC (275 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
100
102
104
106
104
106
108 (d) 27
oC (300 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
Frequência (Hz)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
100
102
104
106
104
106
108
1010
-223oC
-173oC
-123oC
-98oC
-73oC
-48oC
-23oC
2oC
27oCZ
'(f)
(
)
Frequência (Hz)
(g)
98
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'f)
e
"(f)
(S/m
)(a) -223
oC (50 K)
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
100
102
104
106
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
(b) -173oC (100 K)
'f)
e
"(f)
(S/m
)
Frequência (Hz)
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
100
102
104
106
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'f)
e
"(f)
(S/m
)
(c) -123oC (150 K)
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
Frequência (Hz)
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'f)
e
"(f)
(S/m
)
(d) -98oC (175 K)
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
100
102
104
106
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
(e) -73oC (200 K)
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
'f)
e
"(f)
(S/m
)
Frequência (Hz)
Figura 6.22 - Componentes reais real ’(f), e imaginária ”(f), obtidos com a amostra PAni0,91ITO0,09 nas
temperaturas: (a) -223oC , (b) -173
oC, (c) -123
oC, (d) -98
oC e (e) -73°C. As linhas cheias mostram os ajustes
teórico-experimentais obtidos por meio da Eq. 7.10, do Cap. 7. Esta Figura tem sequência na Figura 6.22.
99
O comportamento elétrico referente aos demais filmes com 0,13 ≤ x ≤ 0,33 é
mostrado nas Fig. 6.24 a 6.29.
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'f)
e
"(f)
(S/m
)
'(f)
"(f)
Ajustee teorico-experimentais
(f) -48oC (225 K)
100
102
104
106
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
'f)
e
"(f)
(S/m
)
Frequência (Hz)
(g) -23oC (250 K)
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
'f)
e
"(f)
(S/m
)
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(h) 2oC (275 K)
100
102
104
106
10-14
10-11
10-8
10-5
10-2
(i) 27oC (300 K)
'f)
e
"(f)
(S/m
)
Frequência (Hz)
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
100
102
104
106
10-7
10-5
10-3
10-1
-223oC
-173oC
-123oC
-98oC
-73oC
'(f)
(S
/m)
Frequência (Hz)
(g) -48oC
-23oC
2oC
27oC
Figura 6.23 - Sequência da Fig. 6.24 referente às componentes reais real ’(f), e imaginária ”(f), obtidos com a
amostra PAni0,91ITO0,09 nas temperaturas: (f) -48oC , (g) -23
oC, (h) 2
oC, (i) 27
oC e (j) apresenta o comportamento
de ’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-experimentais
obtidos por meio da Eq. 7.10, do Cap. 7.
100
102
104
106
108
(a) -223oC (50 K)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
102
104
106
108
(b) -173oC (100 K)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
100
102
104
106
102
104
106
108
(c) -123oC (150 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
Frequência (Hz)
102
104
106
108
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
(d) -73oC (200 K)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
102
104
106
108
(e) -23oC (250 K)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
100
102
104
106
102
104
106
108 (f) 27
oC (300 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
Frequência (Hz)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
100
102
104
102
104
106
108
-223oC
-173oC
-123oC
-73oC
-23oC
27oC
Z' (
f) (
)
Frequência (Hz)
(g)
Figura 6.24 - Componentes reais real Z’(f), e imaginária Z”(f), obtidos com a amostra PAni0,87 ITO0,13 nas
temperaturas: (a) -223oC, (b) -173
oC, (c) -123
oC, (d) -73°C. (e) -23
oC, (f) 27
oC e (g) apresenta o
comportamento de Z’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-
experimentais obtidos por meio da Eq. 7.1, do Cap. 7
101
10-10
10-8
10-6
10-4
10-2
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
(a) -223oC (50 K)
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
10-10
10-8
10-6
10-4
10-2
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
(b) -173oC (100 K)
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
100
102
104
106
10-10
10-8
10-6
10-4
10-2 (c) -123
oC (150 K)
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
Frequência (Hz)
10-10
10-8
10-6
10-4
10-2
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
(d) -73oC (200 K)
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
10-10
10-8
10-6
10-4
10-2
'(f)
e
"(f)
(S/m
) '(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(e) -23oC (250 K)
100
102
104
106
10-10
10-8
10-6
10-4
10-2 (f) 27
oC (300 K)
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
Frequência (Hz)
'(f)
"(f)
Ajuste teorico-experimentais
100
102
104
106
10-9
10-7
10-5
10-3
-223oC
-173oC
-123oC
-73oC
-23oC
27oC
'(f)
(S
/m)
Frequência (Hz)
(g)
Figura 6.25 - Componentes reais real ’(f), e imaginária ”(f), obtidos com a amostra PAni0,87ITO0,13 nas
temperaturas: (a) -223oC, (b) -173
oC, (c) -123
oC, (d) -73°C, (e) -23
oC, (f) 27
oC e (g) apresenta o
comportamento de ’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-
experimentais obtidos por meio da Eq. 7.10, do Cap. 7.
102
10-2
100
102
104
106 (a) -223
oC (50 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
10-2
100
102
104
106 (b) -73
oC (100 K)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
100
102
104
106
10-2
100
102
104
106 (c) -123
oC (150 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
Frequência (Hz)
10-2
100
102
104
106 (d) -73
oC (200 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
10-2
100
102
104
106 (e) -23
oC (250 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
100
102
104
106
10-2
100
102
104
106 (f) 27
oC (300 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
Frequência (Hz)
Z'(f)
Z"(f)
Ajuste teorico-experimentais
100
102
104
106
103
104
105
106
107
-223oC
-173oC
-123oC
-73oC
-23oC
27oC
Z' (
f) (
)
Frequência (Hz)
Figura 6.26 - Componentes reais real Z’(f), e imaginária Z”(f), obtidos com a amostra PAni0,80ITO0,20 nas
temperaturas: (a) -223oC, (b) -173
oC, (c) -123
oC, (d) -73°C, (e) -23
oC , (f) 27
oC e (g) apresenta o comportamento
da Z’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-experimentais
obtidos por meio da Eq. 7.1, do Cap. 7.
103
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
(a) -223oC (50 K)
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
(b) -173oC (100 K)
100
102
104
106
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
(c) -123oC (150 K)
Frequência (Hz)
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
(d) -73oC (200 K)
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(e) -23oC (250 K)
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
100
102
104
106
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(f) 27oC (300 K)
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
Frequência (Hz)
100
102
104
106
10-4
10-3
10-2
-223oC
-173oC
-123oC
-73oC
-23oC
27oC
' (f
) (S
/m)
Frequência (Hz)
(g)
Figura 6.27 - Componentes reais real ’(f), e imaginária ”(f), obtidos com a amostra PAni0,80ITO0,20 nas
temperaturas: : (a) -223oC, (b) -173
oC, (c) -123
oC, (d) -73°C, (e) -23
oC, (f) 27
oC e (g) apresenta o comportamento
de ’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-experimentais
obtidos por meio da Eq. 7.10, do Cap. 7.
104
10-1
101
103
105
107
(a) -223oC (50 K)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
100
102
104
106
10-1
101
103
105
107
(b) -173oC (100 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
Frequência (Hz)
100
102
104
106
10-1
101
103
105
107
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(c) -123oC (150 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
Frequência (Hz)
10-1
101
103
105
107
(d) -73oC (200 K)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
10-1
101
103
105
107
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
(e) -23oC (250 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
100
102
104
106
10-1
101
103
105
107
(f) 27oC (300 K)
Z'(f)
e Z
"(f)
(
)
Frequência (Hz)
Z'(f)
Z"(f)
Ajustes teorico-experimentais
100
102
104
106
104
105
106
-223oC
-173oC
-123oC
-73oC
-23oC
27oC
Z' (f
) (
)
Frequência (Hz)
(g)
Figura 6.28 - Componentes reais real Z’(f), e imaginária Z”(f), obtidos com a amostra PAni0,67ITO0,33 nas
temperaturas: (a) -223oC, (b) -173
oC, (c) -123
oC, (d) -73°C. (e) -23
oC, (f) 27
oC e (g) apresenta o comportamento
de Z’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-experimentais obtidos
por meio da Eq. 7.1, do Cap. 7.
105
100
102
104
106
10-11
10-8
10-5
10-2
Frequência (Hz)
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
(a) -223oC (50 K)
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
100
102
104
106
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
Frequência (Hz)
(b) -173oC (100 K)
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
100
102
104
106
10-11
10-8
10-5
10-2
(c) -123oC (150 K)
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
Frequência (Hz)
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
100
102
104
106
10-11
10-8
10-5
10-2
Frequência (Hz)
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
(d) -73oC (200 K)
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais
100
102
104
106
10-11
10-8
10-5
10-2
'(f)
"(f)
Ajustes teorico-experimentais'(f)
e
"(f)
(S/m
)
Frequência (Hz)
(e) -23oC (250 K)
100
102
104
106
10-11
10-8
10-5
10-2
(f) 27oC (300 K)
'(f)
e
"(f)
(S/m
)
Frequência (Hz)
'(f)
"(f)
___ Ajustes teorico-experimentais
100
102
104
106
10-4
10-3
10-2
-223oC
-173oC
-123oC
-73oC
-23oC
27oC
'(f)
(S
/m)
Frequência (Hz))
(g)
Figura 6.29 - Componentes reais real ’(f), e imaginária ”(f), obtidos com a amostra PAni0,67ITO0,33 nas
temperaturas: (a) -223oC, (b) -173
oC, (c) -123
oC, (d) -73°C, (e) -23
oC, (f) 27
oC e (g) apresenta o
comportamento de ’(f) para as diversas temperaturas estudadas. As linhas cheias mostram os ajustes teórico-
experimentais obtidos por meio da Eq. 7.10, do Cap. 7.
106
Percebe-se por meio das Figs. 6.24 a 6.29 que tanto os filmes com x = 0,13, quanto x = 0,20,
apresentam a sua Zdc uma ordem de grandeza menor quando a temperatura aumenta de -223oC para
27oC. De tal forma que o filme para x = 0,13, Zdc assumi valores de 1,24 10
8 (-223
oC ) a 2,64
107 (27
oC) (Fig. 6.21), e dc aumenta de 9,5 10
-8 S/m (-223
oC ) a 3,6 10
-7 S/m (27
oC).
Enquanto o filme com x = 0,20, Zdc assumi valores de 1,81 105 (-223
oC) a 2,83 10
4 (27
oC)
(Fig. 6.23) e dc passa de 5,1 10-5
S/m (-223oC ) a 2,6 10
-4 S/m (27
oC) . Ao passo que o filme
com x = 0,33 , ao se trabalhar com a mesma faixa de temperatura, não apresenta uma diminuição
significante no Zdc.; pois Zdc diminui de 8,14 104 (-223
oC) para 3,46 10
4 (27
oC) e,
consequente, dc aumenta de 1,78 10-4
(-223oC)
S/m para 3,82 10
-4 S/m (27
oC). Isto marca uma
possível transição de comportamento elétrico entre semicondutivo e condutivo, para x 0,05, pois a
Zdc, a partir de x 0,05, apresenta uma queda mais suave em função da temperatura. Este fenômeno
será discutido em detalhes no Cap. 7.
6.2 - Discussão Parcial dos Resultados
Neste capítulo foram apresentados os principais resultados da caracterização elétrica dos filmes de
PAni1-xITOx, que contribuíram para elucidar a presença de interface entre os filmes e o eletrodo de
ouro. As curvas de resistência elétrica e condutividade dc, a partir das curvas I vs V, em função do
aumento do teor de ITO, elucidaram sobre os efeitos elétricos em volume.
Pôde-se conhecer o comportamento elétrico dos sistemas híbridos à medida que aumenta a
temperatura e o valor de x, a partir das curvas de impedância e de condutividade em função da
frequência. Os resultados de todas essas análises elétricas são mostrados no fluxograma da Figura
6.30 a partir do qual percebe-se que, por meio das curvas Z’(f) e Z”(f), obtêm-se os diagramas de
Argand, por meio do qual foi possível observar a existência dos elementos de impedância
distribuídos pelo material (modelo Cole Cole) 145 .
Ademais, observou-se que o comportamento de Zdc , , σdc e Ro vs corrobora a teoria de
percolação. Por meio das curvas de σ’(f) e σ”(f), se possibilitou perceber que os filmes seguem o
comportamento de sólidos desordenados. Ademais, a partir das curvas de I vs V foi possível notar
que o contato elétrico entre metal/filme é ôhmico. Por fim, as análises elétricas em função da
temperatura mostraram que todos os filmes seguem o comportamento termicamente ativado de
Arrhenius, a partir do qual a energia de ativação diminui em função de , caracterizando que o
sistema se torna cada vez mais condutivo com o aumento do teor de ITO.
107
Figura 6.30 – Fluxograma que retrata as sequências de resultados obtidos a partir das análises elétricas, a
partir do qual pode-se perceber que por meio das curvas Z’(f) e Z”(f) pôde-se se obter os diagramas de
Argand, a partir do qual foi possível perceber a existência de elementos de impedância distribuídos pelo
material (modelo Cole Cole) e que o comportamento de Zdc, , σdc, e Ro vs X segue a teoria de percolação .
As curvas de σ’(f) e σ”(f) possibilitaram perceber que os sistemas PAni1-xITOx são sólidos desordenados. As
curvas de I vs V, por sua vez, permitiu notar que o contato elétrico entre metal/filme é ôhmico. Por fim, por
meio das curvas ln σdc vs T-1
percebeus-e que todos os filmes analisados seguem o comportamento
termicamente ativado de Arrhenius, a partir do qual a energia de ativação Eat. diminui em função de X.
Portanto, de acordo com os resultados das curvas I vs V, os contatos elétricos metal
(ouro)/polímero ou nanocompósitos, comportam-se como neutro (ôhmicos) em todas as faixas de
tensão aplicada, fato que foi comprovado pelos diagramas de Argand. Observou-se que a resistência
obtida a partir da Lei de Ohm, através das curvas I vs V, diminui à medida que se adiciona ITO, até
atingir um patamar em = 20% (Figuras 6.2 (a)). Esta diminuição da resistência se dá de forma
mais lenta à medida que se adiciona ITO na amostra (de 1 ≤ ≤ 5%); a partir de = 5% ocorre
uma diminuição rápida até para = 20%, de tal forma que a resistência não varia a partir deste
valor de . Este comportamento também foi observado para a condutividade dc obtida a partir de Ro
(Figura 6.2 (b)), bem como para Zdc e dc (Figura 6.10), obtidas a partir das curvas Z’(f) e ’(f), nas
medidas ac, tanto como pela curva de frequência crítica (Figura 6.11) e tempo de relaxação (Figura
6.13), sendo todas em função de . Todas estas curvas refletiram o mesmo comportamento, que
pode ser explicado baseado na formação de caminhos condutivos mais efetivos, em função da
diminuição do comprimento efetivo da matriz semicondutiva PAni, por meio dos quais os
portadores serão transportados. Este fenômeno será melhor descrito no Cap. 7.
A variação da condutividade dc com a temperatura mostrou um comportamento termicamente
ativado típico de Arrhenius, com a energia de ativação diminuindo à medida que se adiciona ITO na
amostra, refletindo o caráter condutivo que os nanocompósitos vão adquirindo à medida que se
aumenta o teor de ITO. Este comportamento foi observado no trabalho de Psarras G.C. 82, o qual
estudou compósitos formados por inclusões metálicas. Segundo este autor a energia de ativação
reflete a microestrutura dos sistemas híbridos, estando em função do raio médio das ilhas
condutoras e das distâncias médias entre as partículas. Assim, a formação dos aglomerados
distribuídos na matriz polimérica e a consequente redução da distância entre eles devido ao aumento
• Diagramas de Argand -
Modelo Cole Cole.
• comportamento Zdc e vs X
segue a teoria de percolação.
Curvas Z'(f) e Z"(f)
• Comporta-mento de sólidos
desordenados.
• σdc vs X segue a teoria de percolação.
Curvas σ'(f) e σ"(f)
• Contato elétrico ohmico
metal/filme-
• Comportamento Ro vs X
segue a teoria de percolação.
Curvas I vs V
• Comporta-mento
termicamente ativado -
Arrhenius.
• Eat. diminui em função de
X.
Curvas ln σdc x
T-1
108
da percentagem em massa das inclusões condutivas, conduz à diminuição da energia de ativação,
pois a amostra vai se tornando cada vez mais condutiva.
Ainda em relação ao comportamento da energia de ativação, observou-se também que, para
os filmes com = 9%, = 13%, = 20% e = 33%, apresentam-se duas regiões de temperatura
demarcadas pela temperatura 150 K (-223oC), que foram associadas cada qual a duas energias de
ativação. Essas duas regiões de temperatura só foram possíveis de serem percebidas nas amostras
mais condutivas, ou com maior teor de ITO, pois permitiu-se trabalhar com temperaturas abaixo de
225 K (-123ºC), a partir das quais a PAni apresenta certas transições térmicas. Essas transições são
relatadas na literatura para ocorrerem a partir de 144 K (-129ºC) e são associadas à reorganização
conformacional das cadeias nas regiões amorfas do polímero 126.
Os diagramas de Argand (Fig. 6.12) da amostra de PAni e dos nanocompósitos de PAni1-x
ITOx mostraram um comportamento, o qual é explicado na literatura pela presença de elementos de
impedância distribuídos pelo material devido às diferentes condutividades e constantes dielétricas
dos componentes da mistura e é descrito pelo modelo de Cole-Cole [145], o qual será tratado em
detalhes no próximo capítulo.
Por fim, as curvas log ’(f) e log i”(f) (Figuras 6.15, 6.17, 6.19, 6.21, 6.23, 6.25, 6.27)
mostraram que, ao longo de todas as faixas de temperaturas trabalhadas, os componentes reais
apresentam o comportamento típico de sólidos desordenados 25; ’(f) apresenta um patamar em
baixas frequências (regime dc, dc), passando a obedecer a uma lei de potências do tipo ’(f) f n
(0 n 1) a partir de uma frequência crítica (fc). Enquanto a componente imaginária ’’(f) segue
uma dependência linear em um gráfico ln ’’ vs. lnf, Ademais, foi observado para todas as amostras
que, quanto maior a temperatura, maior a fc, menor é o valor de Zdc; logo, maior é o valor de dc,
como mostraram as Figs. 6.13 a 6.26. Sendo que o comportamento elétrico das amostras, a partir de
x = 0,05, apresentou uma competição entre comportamento semicondutivo a condutivo, pois tanto
Zdc quanto dc variaram suavemente com a temperatura.
No sentido de complementar e correlacionar todas estas análises, de forma a elucidar o papel
das nanopartículas de ITO e da matriz de PAni, das interfaces PAni/ITO, nos mecanismos de
condução, o próximo capítulo descreve os modelos teóricos que serão utilizados para interpretar os
resultados da caracterização elétrica, tais como o modelo baseado no fenômeno de percolação,
modelo fenomenológico 145], modelos microscópicos de Hopping 25] e de aproximação média
efetiva (EMA), adaptado por Bianchi R.F. 47,52]. Ao longo do próximo capítulo também será
apresentada a interpretação dos resultados de caracterização elétrica pelos ajustes teórico-
experimentais, utilizando estes modelos.
109
CAPÍTULO 7
MODELAMENTO TEÓRICO-EXPERIMENTAL DA
CONDUTIVIDADE
Os nanocompósitos de PAni-ITO que, segundo as características elétricas e morfológicas, foram
apresentados nos capítulos anteriores, podem ser considerados como sistemas desordenados
heterogêneos. Nesse sentido, este capítulo apresenta o estudo dessa característica por meio de
modelos teórico-experimentais apropriados. Para atingir tal objetivo a Figura 7.1 mostra a sequência
de passos para a realização de tais ajustes, que, por sua vez, fora utilizados à luz de aplicação de
modelos estruturais de percolação, fenomenológicos e microscópio. Em particular, foram utilizados
modelos fenomenológicos de circuitos equivalentes para caracterização de resistência, capacitância,
bem como modelos microscópios (hopping e EMA) e de percolação, para, respectivamente, estudo
dos mecanismos de condução por saltos (hopping) e influência das caracterizações físicas
(heteroestrutura) do material fabricado.
Figura 7.1 - Esquema de ilustração das etapas para a realização dos ajustes teórico-experimentais, a partir da
caracterização elétrica do sistema PAni1-xITOx, por meio dos modelos teórico-experimentais.
7.1 – Modelo - Percolação
De acordo com o exposto nos itens 5.1.1 e 5.1.2, do Cap. 5, o sistema PAni1-xITOx apresenta
aglomerados que aumentam de dimensão e em número de acordo com x. A partir de um dado valor
de x, ou valor crítico, eles se interconectam surgindo um caminho contínuo de sítios ligados entre
110
si, formando um aglomerado “infinito”, a partir do qual o sistema passa a percolar. A característica
estrutural da presença e formação dos aglomerados foi estudada por meio de análises por AFM,
EFM e MEV, já mostradas no Cap. 5. Estas análises também mostram que os aglomerados
assumem perfil próximo de esférico (veja Fig. 5.5). A mudança estrutural é acompanhada pela
mudança na condutividade das amostras. Neste contexto, a Figura 7.2 mostra o comportamento da
condutividade dc vs x com 0,00 ≤ x ≤ 0,33 para os sistemas PAni1-xITOx, bem como as
microscopias dos filmes com x = 0,05; x = 0,09 e x = 0,20 . A condutividade dc foi calculada por
meio da Eq. 3.1, considerando Ro obtido a partir das curvas I vs V, mostradas na Fig. 6.1.
0,00 0,08 0,16 0,24 0,3210
-10
10-8
10-6
10-4
10-2
B
AA
dc (
S/m
)
x
Condutividade dc
pc=0,1175
C
Figura 7.2 – (a) σdc em função de x para filmes de PAni1-xITOx com x = 0,00; 0,01; 0,05; 0,09; 0,013; 0,20;
0,33 .A figura também mostra micrografias obtidas por EDS das amostras com (b) x = 0,05; (c) x = 0,09; (d)
x = 0,20 , para corroborar com os resultados elétricos.
A Fig. 7.2 mostra um comportamento típico de sistemas percolativos [124,125, 127], que é
demarcada por 3 regiões. Essas 3 regiões, são novamente descritas aqui como:
- Região A: (0 ≤ x ≤ 0,05) nesta região há um pequeno patamar , no qual a condutividade dos
sistemas são próximas da matriz PAni e, em ordem de grandeza, equivale a 10-9
S/m.
- Região B: (0,05 ≤ x ≤ 0,20) há uma mudança significativa na condutividade do sistema de 3,8
10-9
S/m (para x = 0,05) a 4,6 10-4
S/m (para x = 0,20). Esta mudança ocorre em uma dada região,
entre aproximadamente x = 0,03 e x = 0,19, resultando em um limiar de percolação de
aproximadamente pc 0,12.
- Região C: (0,20 ≤ x ≤ 0,33) há um segundo patamar, no qual as condutividades das amostras
assumem um valor constante, em ordem de grandeza, 10-4
S/m.
(a)
(b)
(c)
(d)
(a)
111
Este comportamento, mostrado na Fig. 7.2, previsto pela teoria de percolação [124,125, 127], é
justificado pelas mudanças nas propriedades estruturais e físicas dos filmes de PAni1-xITOx, que
pode ser explicado da seguinte forma: no início do aumento de x a fase condutora está dipersamente
distribuída na matriz, não havendo, portanto, contato físico entre as mesmas. Logo, a matriz PAni
governa os mecanismos de condução (região A). À medida que x aumenta, os aglomerados
começam a surgir e a se fundir, e o sistema atinge o limiar de percolação (região B), a partir do qual
a condutividade aumenta significativamente, de tal forma que, possivelmente, tanto a PAni, quanto
o ITO governam os mecanismos de condução. À medida que x aumenta ainda mais (x > 0,20), os
aglomerados aumentam em número e em tamanho e se fundem em aglomerados ainda maiores, até
que se forme um caminho condutor que atravesse o sistema em todas as direções, “o aglomerado
infinito” (região C), onde o sistema já percolou, de modo que a condutividade é praticamente
constante e tende à condutividade do meio condutor. Neste caso: o ITO, que passa a governar os
mecanismos de condução. A evolução da formação desses aglomerados pode ser novamente
percebida por meio das micrografias obtidas por MEV e por espectroscopia via EDS, mostradas na
Fig. 7.2.
No fenômeno de percolação as propriedades físicas estão intimamente ligadas com a
geometria. Assim sendo, uma série de propriedades do sistema situadas perto do ponto crítico é
determinada de acordo com a “geometria da desordem”. Essa geometria se refere aos grandes
tamanhos dos blocos, não dependendo da estrutura atômica da substância e, por isso, apresenta
propriedades universais que são aplicadas para muitos sistemas completamente diferentes. Portanto,
a maioria dos aspectos importantes nos fenômenos de percolação é descrito em função da variação
considerável na condutividade do sistema delineada pela conectividade do sistema, conforme foi
observado na região B da Fig. 7.2 e que ocorre próximo ao ponto crítico e de onde dar-se-á o limiar
da percolação [124,125], que neste trabalho é pc 0,12.
7.2 - Modelo Fenomenológico de Havrilliak-Negami (HN)
Uma forma simples e alternativa de se analisar o comportamento da impedância complexa e/ou
condutividade alternada de um sistema desordenado entre dois eletrodos, que se comporta como
placas planas e paralelas de um capacitor, é associar a este sistema um circuito equivalente 105.
Essa associação é usada para compreender o comportamento do sistema submetido a determinadas
condições (frequência, temperatura, tensão e etc.). Nesse sentido, para qualquer sistema eletrodo-
material-eletrodo, que pode ser representado por um circuito RC em paralelo, deve-se saber que o
resistor presente neste circuito representa a resistividade do material em análise, ou a resistência da
interface entre dois materiais à passagem de corrente. Já os capacitores representam o acúmulo de
112
cargas nas interfaces ou as propriedades dielétricas do meio, definindo, assim, tempos de relaxação
característicos dos sistemas analisados 105. Vale ressaltar que, quanto mais simples for o circuito
escolhido e quanto maior for a relação dos elementos presentes no circuito com os processos físicos
que ocorrem no material, maior será a credibilidade do modelo empregado para elucidar um dado
comportamento elétrico.
A impedância complexa dos PAni1-xITOx presentes em diferentes concentrações pode ser
representada por um circuito equivalente formado pela associação em série das contribuições de
impedância de três componentes elétricos, representando a propriedade da matriz PAni, da interface
PAni/ITO e do ITO resistivo. A Figura 7.3 ilustra essa configuração, seu respectivo circuito e sua
impedância complexa equivalente.
Z* = Z*PAni+ Z*PAni/ITO* ZITO
Figura 7.3 - Circuito equivalente utilizado no modelamento teórico-experimental, o qual foi utilizado para
representar as curvas de impedância complexa, já apresentadas nas Figuras 6.13, 6.15, 6.17, 6.19, 6.21, 6.23,
6.25.
Os sistemas analisados são sistemas sólidos desordenados, portanto, não lineares; a esses
sistemas é comum o uso de distribuição de tempos de relaxação para descrever o comportamento
elétrico em função da frequência, o qual possui como forma mais geral a Equação de Havrilliak-
Negami, apresentada no Cap. 2, Eq. 2.8.
Com o objetivo de encontrar o melhor modelo que justifique os fenômenos físicos observados
e que seja, portanto, capaz de representar as curvas de impedância dos filmes de PAni1-xITOx, foram
investigadas as medidas obtidas a partir da amostra PAni0,87ITO0,13, a qual está próxima do limiar de
percolação (pc 0,12). Nesse sentido a Fig. 7.4 mostra os ajustes teórico-experimentais obtidos da
curva Z’(f) e Z”(f), referentes ao filme com x = 0,13, por meio da Eq. 2.8, aplicada a matriz
polimérica.
113
0
1x107
2x107
3x107
Experimental
Cole Cole
Davidson Cole
Debye
Havrilliak-Negami
Z"
()
0 1x107
2x107
3x107
0
1x107
2x107
3x107
Experimental
2RCs em série
2Rcs em paralelo
Z"
()
Z' ()
Figura 7.4 - Gráficos de Z’ e Z” (Argand) obtidos das amostras de PAni0,87ITO0,13 e ajustados por (a) Cole-
Cole, Davidson-Cole, Debye, Havrilliak-Negami e (b) por um circuito elétrico representado por dois RCs
paralelo dispostos em série e disposto em paralelo.
Os resultados apresentados na Fig. 7.4 mostram que a equação de Cole-Cole (α 1; β = 1 na
Eq. 2.8) é talvez o melhor modelo para representar os resultados experimentais dos processos de
condução no volume na amostra com x = 0,13, porque os ajustes teórico-experimentais estão mais
próximos dos resultados. Assim sendo, este modelo foi utilizado para representar os efeitos de
volume do material, uma vez que os agregados de ITO estão distribuídos quase que uniformemente
na matriz polimérica (conforme descrito nos itens 5.1.1 e 5.1.2, Cap. 5). Assim, as características
morfológicas, estrutural e química deste material e o fenômeno físico apresentado pelo mesmo
corroboram com a escolha em trabalhar com tal modelo 145.
Não obstante, o comportamento previsto pelo modelo de Cole-Cole 145 está relacionado à
presença de elementos de impedância uniformemente distribuídos pela matriz devido às diferentes
(a)
(b)
Eq. 2.8
(α 1; β = 1)
(α = 1; β 1)
(α = 1; β = 1)
(α 1;
Β 1)
114
condutividades e efeitos dielétricos de interfaces PAni/ITO presentes nos filmes. Este fato pode ser
justificado pela distribuição quase que uniforme dos agregados por todas as superfícies das
amostras, conforme já mencionado. Gerando, nesse caso, uma uniformidade nos tempos de
relaxação em todo o volume do material. Ademais, pode-se notar na Fig. 7.4 (b) que também o
melhor ajuste foi obtido por meio de 2 RCs paralelo dispostos em série, ou seja, por meio da Eq.
7.1.
Portanto, para uma melhor compreensão dos mecanismos de condução nos sistemas
analisados, do papel do ITO e da matriz de PAni, da temperatura e, ainda, o papel das interfaces
PAni/ITO, foram investigadas as propriedades ac dos sistemas híbridos PAni1-xITOx. Os ajustes
teórico-experimentais dos componentes Z’(f) e Z”(f) foram obtidos do programa desenvolvido em
Mathcad 8 Professional, por meio da Eq. 7.1. Essa equação é uma variável da Eq. 2.8, porém com
uma alteração caracterizada por uma soma de mais um termo referente a um RC para representar o
papel da interface PAni/ITO e uma resistência referente à contribuição do ITO nos mecanismos de
condução do material produzido.
Na Equação 7.1, R1, C1, 1 se referem, respectivamente, à resistência, capacitância e o parâmetro
alfa da matriz PAni e R2, C2 são referentes, respectivamente, a resistência e a capacitância da
contribuição da interface matriz PAni /ITO no mecanismo de condução e R3 a contribuição
resistiva do ITO, a qual por ser muito pequena em relação as demais contribuições e sendo assim,
não interfere no circuito equivalente obtido em baixas frequências. Considerando que o ITO é
puramente resistivo, sua impedância C3 é inexistente.
As curvas de ajustes de Z’(f) e Z”(f) utilizando a Eq. 7.1 foram representadas nas Figs. 6.14,
6.16, 6.18, 6.20, 6.22, 6.24, 6.26, como linhas cheias e os valores dos parâmetros de ajuste são
mostrados nas Tabelas VII.1 a VII.7 referentes a cada filme de PAni1-xITOx fabricado, da seguinte
forma: Tab. VII.1 (x = 0), Tab. VII.2 (x = 0,01), Tab. VII.3 (x = 0,05), Tab. VII.4 (x = 0,09), Tab.
VII.5 (x = 0,13), Tab. VII.6 (x = 0,20) e, por fim, Tab. VII.7 (x = 0,33), que mostra também o valor
da espessura de cada amostra analisada. Os resultados à temperatura de 250 K e 300 K dos ajustes
teorico-experimentais mostrados na Fig 7.5 estão destacados nas Tabs. VII.1 a VII.7, uma vez que
essas temperaturas são comuns a todas as amostras. Finalmente, optou-se por trabalhar com
amostras mais resistivas na faixa de temperatura de 225 K a 350 K, e com as amostras mais
condutivas na faixa de 50 K a 300 K , devido à sensibilidade da ponte de impedância utilizada,
conforme mencionado no item 6.1.2, Cap. 6.
(7.1)
115
Tabela VII.1 – Parâmetros referentes aos ajustes das curvas experimentais ac, em diferentes temperaturas,
para PAni1,00ITO0,00, com L = 60 m. Parâmetros de ajuste: 1 = 0,992 obtidos a partir da Eq. 7.1.
Temperatura (K) C1 (F) R1 ()
225 1,5 10-11
3,5 1010
250 1,7 10-11
1,8 1010
275 1,8 10-11
1,1 109
300 2,0 10-11
3,0 109
325 2,2 10-11
1,2 109
350 2,4 10-11
6,4 108
Tabela VII.2 – Parâmetros referentes aos ajustes das curvas experimentais ac, em diferentes temperaturas,
para PAni0,99ITO0,01, com L = 65 m. Parâmetros de ajuste: C2 = 1,0 10-10
F e 1 = 0,992, obtidos a partir
da Eq. 7.1.
Temperatura (K) C1 (F) R1 () R2 ()
225 3,3 10-11
3,5 1010
5,0 109
250 3,6 10-11
1,3 1010
3,0 109
275 3,7 10-11
6,0 109 1,0 10
9
300 4,0 10-11
2,2 109 5,0 10
8
325 4,2 10-11
1,0 109 2,0 10
8
350 4,5 10-11
4,0 108 9,0 10
7
Tabela VII.3 – Parâmetros referentes aos ajustes das curvas experimentais ac, em diferentes temperaturas,
para PAni0,95ITO0,05, com L = 30 m. Parâmetros de ajuste: C2 = 1,0 10-10
F e α1 = 0,980, obtidos a partir da
Eq. 7.1.
Temperatura (K) C1 (F) R1 () R2 ()
225 5,0 10-11
6,0 109 5,5 10
7
250 5,2 10-11
3,0 109 4,0 10
7
275 5,3 10-11
1,5 109 2,2 10
7
300 5,4 10-11
6,0 108 1,5 10
7
325 5,8 10-11
2,4 108 8,0 10
6
350 6,5 10-11
2,0 108 5,0 10
6
116
Tabela VII.4 – Parâmetros referentes aos ajustes das curvas experimentais ac, em diferentes temperaturas,
para PAni0,91ITO0,09, com L = 35 m. Parâmetros de ajuste: C2 = 1,0 10-10
F e 1 = 0,970, obtidos a partir
da Eq. 7.1.
Temperatura (K) C1 (F) R1 () R2 ()
50 1,2 10-11
6,6 106 9,5 10
7
100 1,3 10-11
6,4 106 8,3 10
7
150 1,4 10-11
6,2 106 5,4 10
7
175 1,5 10-11
4,5 106 5,0 10
7
200 1,6 10-11
4,0 106 3,5 10
7
225 1,7 10-11
3,5 106 2,8 10
7
250 1,8 10-11
3,0 106 2,4 10
7
275 1,9 10-11
2,0 106 1,5 10
7
300 2,0 10-11
1,8 106 1,2 10
7
Tabela VII.5 – Parâmetros referentes aos ajustes das curvas experimentais ac, em diferentes temperaturas,
para PAni0,87ITO0,13, com L = 100 m. Parâmetros de ajuste: C2 = 1,0 10-10
F e 1 = 0,965, obtidos a partir
da Eq. 7.2.
Temperatura (K) C1 (F) R1 () R2 ()
50 4,0 10-11
1,3 08 1,2 10
5
100 4,2 10-11
7,5 107 1,0 10
5
150 4,4 10-11
5,5 107 2,5 10
4
200 4,6 10-11
3,8 107 1,4 10
4
250 4,8 10-11
2,8 107 1,0 10
4
300 5,0 10-11
2,5 107 7,8 10
3
Tabela VII.6 – Parâmetros referentes aos ajustes das curvas experimentais ac, em diferentes temperaturas,
para PAni0,80ITO0,20, com L = 90 m. Parâmetros de ajuste: C2 = 1,0 10-10
F e 1 = 0,920, obtidos a partir
da Eq. 7.1.
Temperatura (K) C1 (F) R1 () R2 ()
50 1,1 10-11
1,75 105 6,0 10
3
100 1,3 10-11
9,7 104 3,5 10
3
150 1,5 10-11
7,7 104 3,2 10
3
200 1,6 10-11
7,5 104 3,0 10
3
250 1,8 10-11
5,0 104 8,0 10
2
300 1,9 x 10-11
2,7 x 104 6,0 x 10
2
117
Tabela VII.7 – Parâmetros referentes aos ajustes das curvas experimentais ac, em diferentes temperaturas,
para PAni0,67ITO0,33, com L = 128 m. Parâmetros de ajuste: C2 = 1,0 10-10
F e 1 = 0,920 a partir da Eq.
7.1.
Temperatura (K) C1 (F) R1 () R2 ()
50 2,7 10-11
7,80 104 9,5 10
3
100 2,9 10-11
7,20 104 8,0 10
3
150 3,0 10-11
6,10 104 7,0 10
3
200 3,2 10-11
5,40 104 6,0 10
3
250 3,4 10-11
4,40 104 6,5 10
2
300 3,6 10-11
2,90 104 6,0 10
2
Os valores dos parâmetros apresentados nas Tabs. VII.1 a VII.7 obtidos dos ajustes a partir
do modelo fenomenológico 145 de Cole-Cole referente à PAni e Debye, referente à interface
PAni/ITO, mostram que as resistências elétricas tanto da matriz PAni (R1), quanto da interface
PAni/ITO (R2), diminuem com à 300 K, de forma que para x = 0, R1 = 3,0 109 ; para x = 0,01,
R1 = 2,2 109 , R2 = 5,0 10
8 ; para x = 0,05, R1 = 6,0 10
8 , R2 = 1,5 10
7 ; para
x = 0,09, R1 = 1,8 106 , R2 = 1,2 10
7 ; para x = 0,13, R1 = 2,5 10
7 , R2 = 7,8 10
3 ; para
x = 0,20, R1 = 2,7 104 , R2 = 6,0 10
2 ; para x = 0,33, R1 = 2,70 10
4 , R2 = 6,0 10
2 .
Pode-se afirmar também que R1 e R2 diminuem com x à 250 K. Além disso, as Tabs. VII.1 a VII.7
mostram que C1 referente à contribuição dielétrica da PAni assume valores entre 10-11
F a 10-10
F
para 0 ≤ x ≤ 0,33, tanto a 300 K, quanto a 250 K . Enquanto C2 referente à interface PAni/ITO, por
sua vez, permanece constante e igual a 1,0 10-10
F, para todos x e temperatura. Por fim, as Tabs.
VII.1 e VII.7 também mostram que α1 diminui com x, de modo que para x = 0, α1 assume valor de
0,992 e para x = 0,33, α1 = 0,920. Neste contexto, a Figura 7.5 mostra o comportamento de R1 e σ1
em função de , nas temperaturas de 250 K e 300 K. A condutividade σ1 foi obtida a partir de R1,
por meio da Eq. 3.1.
118
A 104
105
106
107
108
109
C
B
A
300 K
X(%)
R1 (
)
B0 1x10
12x10
13x10
14x10
110
-9
10-7
10-5
10-3
10-1
C
B
1 (
S/m
)
X (%)
300 K
A
0 10 20 30 4010
4
106
108
1010
C
A
B
250 K
X (%)
R1 (
)
0 10 20 30 4010
-9
10-7
10-5
10-3
10-1
A
B
C
1 (
S/m
)
X (%)
250 K
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 7.5 - Gráficos de (a) R1, (b) 1 em função de obtidos a 300K e (c) R1, (d) 1 em função de
obtidos a 250K. Todos os parâmetros foram obtidos a partir do ajuste teórico-experimental das curvas Z’(f) e
Z”(f), os quais estão expressos nas Tabs. VII.1 a VII.7. As regiões A, B, C já foram observadas e definidas
nas Figs. 6.2, 6.9 e 6.10 do Cap. 6 e Fig. 7.2 do item 7.1.1 deste capítulo.
119
Pôde-se observar, a partir da Fig. 7.5(a) 300Ke da Fig.7.5(c) 250K, as 3 regiões A, B e C,
que já foram também observadas e definidas nas Figs. 6.2, 6.9 e 6.10 do Cap. 6 e na Fig. 7.2 do
item 7.1.1 deste capítulo. Estas regiões foram, no item 7.1, descritas à luz do fenômeno de
percolação. Mas, que, no entanto, pode ser explicada aqui, a partir do ponto de vista elétrico, por
meio de representação de associação de resistores, na região de baixas frequências e de capacitores,
na região de altas frequências, conforme mostra a Fig. 7.6(a) a Fig. 7.6(d). Ademais, para
corroborar com o modelo que será descrito, a Figura 7.6(e) e Fig. 7.6(f) mostra a ilustração
esquemática da configuração estrutural da PAni, para x = 0,00 e para os filmes com 0,01 ≤ x ≤ 0,33,
respectivamente.
Figura 7.6 - Representação de associação em série de resistores referente à (a) matriz isolante PAni e (b) aos
filmes PAni1-xITOx com 0,01 ≤ x ≤ 0,33, na região de baixas frequências. Representação de associação de
capacitores em série referente à (c) matriz isolante PAni e (d) aos filmes PAni1-xITOx com 0,01 ≤ x ≤ 0,33, na
região de altas frequências, onde a capacitância C3 é nula, pois o ITO é puramente resistivo. Por fim,
ilustração esquemática da (e) matriz PAni para x = 0,00 e (f) dos filmes de PAni1-xITOx para 0,01 ≤ x ≤ 0,33.
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
PAni PAni PAni/ITO ITO
120
O comportamento de R1 pode ser explicado por meio da correlação entre microestrutura e
presença de elementos de circuito RCs distribuído ao longo da extensão dos filmes, em função de x.
Nesse caso, para x = 0,00, a PAni pode ser vista como uma malha de resistores R1 conectados em
série, para a região de baixas frequências, com comprimento Lo. À medida que se adiciona ITO,
inicia-se a formação das interfaces PAni/ITO, com resistência R2 e comprimento L2, que se
apresenta menos resistiva que a própria PAni, devido à interferência do ITO. Além da formação dos
aglomerados de ITO, representados pelos resistores R3 e comprimento L3, que por possuírem caráter
bastante condutivo, apresentam resistência bastante baixa da ordem de 17 , com capacitância nula
(C3 = 0). Portanto, não interfere na resistência equivalente, referente à malha final formada pela
associação de R1, R2 (Fig. 7.6 (b)). Assim sendo, a diminuição de R1 com x, pode ser explicada,
considerando que R1 é diretamente proporcional ao comprimento de condução efetivo “L0”, para
x = 0, a partir da Lei de Ohm:
. Nesse caso, 1 é a resistividade da PAni, Lo é o
comprimento efetivo para amostra com x = 0 e A0 é a área efetiva de condução do filme de PAni.
À medida que x aumenta, Lo, que antes se referia apenas ao comprimento efetivo da PAni
(x = 0), passa a ter uma menor contribuição dada pela matriz PAni, por meio de L1, uma vez que
soma-se a ela a contribuição da interface PAni/ITO, dada por L2, e dos aglomerados de ITO, dado
por L3. Portanto, o comprimento efetivo de condução através da PAni diminui passando a L1. Logo
R1 diminui. De tal forma que R1 e R2 assumem valores, respectivamente, 109
≤ R1 ≤ 104 e 10
9 ≤ R2
≤ 103, para 0 ≤ x ≤ 0,33 Assim, o aparecimento das 3 regiões A, B, C na Fig. 7.5, justifica-se da
seguinte forma:
- Região A: para 0 ≤ x ≤ 0,05, R1 sofre suaves diminuições, uma vez que R2 também diminui
levemente. Nesta faixa de composição dar-se o início da formação das interfaces e Lo começa a ter a
contribuição, mesmo que pequena, de L2, referente a R2. Sendo assim, nesta faixa de composição a
PAni domina os mecanismos de condução.
- Região B: para 0,05 < x < 0,20, R1 apresenta acentuada queda, pois R2 apresenta o mesmo
comportamento. Haja vista que, nesta faixa de composição a concentração de interfaces é bastante
considerada, gerando uma contribuição mais significante de L2, além da presença dos aglomerados
e o surgimento de L3. Desta forma que L1 diminui e, consequentemente, R1 apresenta considerável
queda. Assim, a interface PAni/ITO comanda os mecanismos de condução.
- Região C: para 0,20 ≤ x ≤ 0,33, R1 praticamente não varia, bem como R2. Isto indica que a
microestrutura já se encontra delineada, com a presença de uma dada concentração de interfaces e
aglomerados de ITO distribuídos ao longo dos filmes. De forma que L1, L2 e L3 não variam mais.
No entanto, devido ao caráter condutivo dos filmes, possivelmente o ITO, nesta faixa de
composição, tende a comandar os mecanismos de condução.
121
Já a evolução de C1, que define as propriedades dielétricas da PAni e C2 das interfaces
PAni/ITO, pode ser justificada baseando-se na relação entre associação de capacitores e a mudança
da microestrutura, tal como mostra a Fig. 7.6 (c) a Fig. 7.6 (f). Em princípio, deve-se considerar
que, para x = 0,00, há apenas a contribuição dielétrica da PAni, ou seja, haverá apenas associação
de capacitores C1, tal como mostra a Fig. 7.6 (c). À medida que x aumenta, ocorre a formação de
interfaces PAni/ITO, cuja contribuição dielétrica é dada por C2. Esta substitui C1, em diversos
pontos da rede de associação de capacitores, como percebe-se pela Fig. 7.6 (d). Neste instante, é
importante considerar que o ITO não apresenta contribuição dielétrica, de forma que C3 é nula. Por
outro lado, C2 sendo igual a 10-10
F para todos os sistemas PAni1-xITOx com 0,00 ≤ x ≤ 0,33, conduz
uma leve interferência nos valores de C1, a partir da substituição de C2 na rede. Resultando na
pequena variação de C1 com x, de maneira a assumir valores entre 10-11
F a 10-10
F, para 0,00 ≤ x ≤
0,33.
Este modelo fenomenológico permite ter a ideia do teor de desordem do sistema em função
de x, por meio do expoente α da Eq. 7.1, de forma que, quanto maior é a desordem do sistema,
menor este expoente se torna. Neste contexto, a Figura 7.7 mostra o comportamento do expoente
“1” (referente à contribuição da matriz PAni) em função de (porcentagem em massa de ITO pela
massa total), cujo dados foram obtidos a partir das Tabs. VII.1 a VII.7 . Esta figura também mostra
as 3 regiões A, B e C, que já foram mostradas na Fig.7.5 e discutidas. Portanto, 1 acompanha a
evolução de σ1 e R1 em função de . De tal forma que 1 diminui com variando de 0 a 20%
caracterizando no aumento da desordem do sistema. No entanto, para 20 ≤ x ≤ 33%, 1 não mais se
altera. A partir desta observação, pode-se afirmar que a presença das nanopartículas na matriz de
PAni torna o sistema cada vez mais desordenado, até se atingir um nível de desordem tal que não se
altera mais. Isto ocorre a partir de = 20%, que vem a reforçar a ideia de que, a partir deste valor
de , o sistema já apresenta a microestrutura delineada, com interfaces PAni/ITO e agregados
interconectados por todo o sistema, a partir do qual não sofre mais modificações, conforme já
observado e mencionado anteriormente.
122
0 10 20 30 400,9
0,92
0,94
0,96
0,98
1
C
A
X(%)
1
300 K
B
Figura 7.7 - Gráficos de 1 em função de X, obtido a partir do ajuste teórico-experimental das curvas Z’(f) e
Z”(f), os quais estão expressos nas Tabelas VII.1 a VII.8. As regiões A, B e C já foram mostradas na Fig. 7.5
e discutidas.
As Figuras 7.8 a 7.10 mostram o comportamento dos parâmetros de ajustes, já descritos nas
Tabs. VII.1 a VII.7, referentes às resistências R1 e R2 e capacitâncias C1 e C2 em função da
temperatura para 0 ≤ x ≤ 0,05, da seguinte forma: Fig. 7.8 (b) (R1, x = 0,00), Fig. 7.8 (b) (C1, x =
0,00); Fig. 7.9 (b) (R2, x = 0,01), Fig. 7.9 (d) (R1, x = 0,01), Fig. 7.9 (e) (C1, x = 0,01); Fig. 7.10 (a)
(R2, x = 0,05), Fig. 7.10 (d) (R1, x = 0,05), Fig. 7.10 (e) (C1, x = 0,05). Estas figuras mostram que
R1 e R2 para 0 ≤ x ≤ 0,01 diminuem aproximadamente duas ordens de grandeza para 225 ≤ T ≤ 350
K, enquanto que para x = 0,05 R1 e R2 diminuem apenas uma ordem de grandeza, para o mesmo
aumento da temperatura. Enquanto que C1 aumenta suavemente com a temperatura, de forma a
permanecer na mesma ordem de grandeza 10-11
F, tanto para x = 0, quanto para x = 0,01. Já para x =
0,05, C1 aumenta de forma a apresentar valores entre 10-11
F (225 K) e 10-10
F (350 K). Vale
ressaltar que C2 não varia com a temperatura, permanecendo com valor de 1,00 10-10
F para todo
x.
Já para os filmes com 0,09 ≤ x ≤ 0,33 o comportamento de R1, R2 e C1 já mostrados nas Tabs.
VII.1 a VII.7, é mostrado aqui em função da temperatura, por meio das Figuras 7.11 a 7.14,
segundo a seguinte ordem: Fig. 7.11 (a) (R2, x = 0,09), Fig. 7.11 (d) (R1, x = 0,09), Fig. 7.11 (e) (C1,
x = 0,09); Fig. 7.12 (a) (R2, x = 0,13), Fig. 7.12 (d) (R1, x = 0,13), Fig. 7.12 (e) (C1, x = 0,13); Fig.
7.13 (a) (R2, x = 0,20), Fig. 7.13 (d) (R1, x = 0,20), Fig. 7.13 (e) (C1, x = 0,20); por fim, Fig. 7.14
(a) (R2, x = 0,33), Fig. 7.14 (d) (R1, x = 0,33), Fig. 7.14 (e) (C1, x = 0,33). Todas essas figuras
apresentam que, tanto R1 como R2, diminuem uma ordem de grandeza com o aumento da
temperatura para 0,09 ≤ x ≤ 0,13. Ao passo que, para 0,20 ≤ x ≤ 0,33, R1 e R2 aumentam sutilmente,
ou seja, menos que uma ordem de grandeza. Pode-se notar também que C1 para 0,09 ≤ x ≤ 0,33,
variou levemente com a temperatura, permanecendo, em ordem de grandeza, a 10-11
F. Novamente,
C2 para 0,09 ≤ x ≤ 0,33 não apresentou variações, permanecendo a 1,00 10-10
F.
123
Outrossim, observa-se mudança do comportamento de R1 e R2, C1 a partir de 150 K (-123ºC), a
partir do qual essas grandezas sofrem pequenas variações em função da temperatura. Esta mudança
de comportamento já foi previamente mostrada e descrita em função de transições termo induzidas
nas regiões amorfas das cadeias da matriz PAni 126, conforme previamente mencionado e
mostrado na Fig. 6.4 que retrata o comportamento lnσdc vs T-1
.
Finalmente, a diminuição de R1 e R2, cada vez mais suave para 0,05 ≤ x ≤ 0,33, em função do
aumento da temperatura, reflete que o sistema passa por uma zona de transição, demarcada por um
comportamento semicondutivo, para baixos valores para 0,00 ≤ x ≤ 0,01, ao condutivo, para
maiores valores de 0,05 ≤ x ≤ 0,33. Por fim, o comportamento de C1 em função da temperatura para
todo x, mostra a influência de C2 sobre o sistema híbrido PAni - ITO que, permanecendo a 10-10
F
com a temperatura, conduz C1 a apresentar aumentos sutis, em resposta ao aumento da temperatura.
A partir dos parâmetros de ajuste teórico-experimental mostrados nas Tabs. VII.1 a VII.7, por
meio da Eq.7.1, pode-se se calcular os tempos de relaxação relacionado tanto ao mecanismo de
condução elétrica governando pela matriz PAni (1), quanto pela interface PAni/ITO (2) e estes são
mostrados na Figura 7.8 a 7.10 para 0 ≤ x ≤ 0,05, da seguinte forma: Fig 7.8 (a) (1, x = 0,00), Fig.
7.9 (a) (2 , x = 0,01), Fig.7.9 (c) (1, x = 0,01), Fig.7.10 (a) (2, x = 0,09) e Fig. 7.10 (c) (1,
x = 0,09). O tempo de relaxação reflete a resposta da mobilidade dos dipolos em relação ao campo
elétrico oscilante aplicado. Portanto, quanto maior a temperatura menor ele se torna, uma vez que a
mobilidade dos dipolos aumenta, ou seja, os filmes vão se tornando cada vez mais condutivos com
o aumento da temperatura.
O comportamento dos tempos de relaxação para 0,09 ≤ x ≤ 0,33 é mostrado nas Figuras 7.11
a 7.14, de tal forma: Fig 7.11 (a) (2, x = 0,09), Fig. 7.11 (c) (1, x = 0,09); Fig. 7.12 (a) (2,
x = 0,13), Fig. 7.12 (c) (1, x = 0,13); Fig. 7.13 (a) (2, x = 0,20), Fig. 7.13 (c) (1, x = 0,20); Fig.
7.14 (a) (2, x = 0,33), Fig. 7.14 (c) (1, x = 0,33). Nota-se por meio destas figuras que os tempos de
relaxação 1 e 2 diminuem com o aumento da temperatura, no entanto, há uma mudança no
comportamento na região demarcada pela temperatura de 150K (-123oC) para todas as amostras. A
partir destas temperaturas os tempos de relaxação sofrem pequenas alterações. Este fato pode ser
explicado devido às transições termo induzidas sofrida pela matriz, que são relatadas na literatura
para ocorrerem a partir de 144 K (-129ºC) e são associadas à reorganização conformacional das
cadeias nas regiões amorfas do polímero 126, conforme já mencionado anteriormente.
124
Figura 7.8 - Gráficos do comportamento em função da temperatura dos parâmetros (a) tempo de relaxação
1, (b) resistência R1 (c) capacitância C1 referentes à amostra PAni1,00ITO0,00. Todos os parâmetros foram
obtidos a partir do ajuste teórico-experimental das curvas Z’(f) e Z”(f), os quais estão expressos na Tabela
VII.1. As linhas pontilhadas são apresentadas para guiar os olhos.
0,0
0,2
0,4
0,6
1 (
s)
(a) PAni1,00
ITO0,00
0
1x1010
2x1010
3x1010
4x1010
R1 (
)
(b) PAni1,00
ITO0,00
3,0x10-3
3,6x10-3
4,2x10-3
1,6x10-11
2,0x10-11
2,4x10-11
C1 (
F)
T-1(K-1)
(c) PAni1,00
ITO0,00
125
3,0x10-3
3,6x10-3
4,2x10-3
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
2 (
s)
T-1(K
-1)
(a) PAni0,99
ITO0,01
0,0
2,0x109
4,0x109
(b) PAni0,99
ITO0,01
R2 (
)
0,0
0,3
0,6
0,9
1,2
1 (s
)
(c) PAni0,99
ITO0,01
0,0
9,0x109
1,8x1010
2,7x1010
R1 (
)
(d) PAni0,99
ITO0,01
3,0x10-3
3,6x10-3
4,2x10-3
3,6x10-11
4,0x10-11
4,4x10-11
(e) PAni0,99
ITO0,01
C1 (
F)
T-1(K
-1)
Figura 7. 9 - Gráficos do comportamento em
função da temperatura do (a) tempo de relaxação
2, (b) resistência R2, (c) tempo de relaxação 2, (d)
resistência R1, (e) capacitância C1 referentes à
amostra PAni0,99ITO0,01. Todos os parâmetros
foram obtidos a partir do ajuste teórico-
experimental das curvas Z’(f) e Z”(f), os quais
estão expressos na Tabela VII.2. As linhas
pontilhadas são apresentadas para guiar os olhos.
126
0,0
2,0x10-3
4,0x10-3
6,0x10-3
2 (
s)
(a) PAni0,95
ITO0,05
0,0
2,0x107
4,0x107
6,0x107
(b) PAni0,95
ITO0,05
R2 (
).
0,0
8,0x10-2
1,6x10-1
2,4x10-1
3,2x10-1
1 (
s)
(c) PAni0,95
ITO0,05
0,0
2,0x109
4,0x109
6,0x109
(d) PAni0,95
ITO0,05
R1 (
)
3,0x10-3
3,6x10-3
4,2x10-3
4,8x10-11
5,4x10-11
6,0x10-11
6,6x10-11
(e) PAni0,95
ITO0,05
C1 (
F)
T-1(K
-1)
Figura 7.10 - Gráficos do comportamento em
função da temperatura do (a) tempo de relaxação 2,
(b) resistência R2, (c) tempo de relaxação 2, (d)
resistência R1, (e) capacitância C1 referentes à
amostra PAni0,95ITO0,05. Todos os parâmetros foram
obtidos a partir do ajuste teórico-experimental das
curvas Z’(f) e Z”(f), os quais estão expressos na
Tabela VII.3. As linhas pontilhadas são
apresentadas para guiar os olhos.
127
2,0x10-3
4,0x10-3
6,0x10-3
(a) PAni0,91
ITO0,09
2 (
s)
- 123oC
0,0
5,0x107
1,0x108
(b) PAni0,91
ITO0,09
- 123oC
R2 (
)
3,0x10-5
6,0x10-5
9,0x10-5
(d) PAni0,91
ITO0,09
- 123oC
1 (
s)
2,0x106
4,0x106
6,0x106
R1 (
)
(d) PAni0,91
ITO0,09
- 123oC
5,0x10-3
1,0x10-2
1,5x10-2
2,0x10-2
1,2x10-11
1,6x10-11
2,0x10-11
- 123oC
C1 (
F)
T-1(K
-1)
(e) PAni0,91
ITO0,09
Figura 7.11 - Gráficos do comportamento em
função da temperatura do (a) tempo de relaxação
2, (b) resistência R2, (c) tempo de relaxação 2, (d)
resistência R1, (e) capacitância C1 referentes à
amostra PAni0,91ITO0,09. Todos os parâmetros
foram obtidos a partir do ajuste teórico-
experimental das curvas Z’(f) e Z”(f), os quais
estão expressos na Tabela VII.4. As linhas
pontilhadas são apresentadas para guiar os olhos.
128
0,0
4,0x10-6
8,0x10-6
1,2x10-5
(a) PAni0,87
ITO0,13
-123o
C
2 (
s)
0,0
4,0x104
8,0x104
1,2x105
(b) PAni0,87
ITO0,13
-123o
C
R2 (
)
2,0x10-3
4,0x10-3
6,0x10-3
-123o
C
1 (
s)
(c) PAni0,87
ITO0,13
4,0x107
8,0x107
1,2x108
(d) PAni0,87
ITO0,13-123
oC
R1 (
)
5,0x10-3
1,0x10-2
1,5x10-2
2,0x10-2
4,0x10-11
4,4x10-11
4,8x10-11
(e) PAni0,87
ITO0,13
-123o
CC1 (
F)
T-1(K
-1)
Figura 7.12 - Gráficos do comportamento em
função da temperatura do (a) tempo de relaxação 2,
(b) resistência R2, (c) tempo de relaxação 2, (d)
resistência R1, (e) capacitância C1 referentes a
amostra PAni0,87ITO0,13. Todos os parâmetros foram
obtidos a partir do ajuste teórico-experimental das
curvas Z’(f) e Z”(f), os quais estão expressos na
Tabela VII. 5. As linhas pontilhadas são
apresentadas para guiar os olhos.
129
0,0
2,0x10-7
4,0x10-7
6,0x10-7
2 (
s)
(a) PAni0,80
ITO0,20
-123o
C
0,0
2,0x103
4,0x103
6,0x103
R2 (
)
-123o
C
(b) PAni0,80
ITO0,20
5,0x10-7
1,0x10-6
1,5x10-6
2,0x10-6
1 (
s)
(c) PAni0,80
ITO0,20
-123o
C
5,0x104
1,0x105
1,5x105
R1 (
)
(d) PAni0,80
ITO0,20-123
oC
5,0x10-3
1,0x10-2
1,5x10-2
2,0x10-2
1,2x10-11
1,6x10-11
2,0x10-11
-123o
C
C1 (
F)
T-1(K
-1)
(e) PAni0,80
ITO0,20
Figura 7.13 - Gráficos do comportamento em
função da temperatura do (a) tempo de relaxação 2,
(b) resistência R2, (c) tempo de relaxação 2, (d)
resistência R1, (e) capacitância C1 referentes à
amostra PAni0,80ITO0,20. Todos os parâmetros foram
obtidos a partir do ajuste teórico-experimental das
curvas Z’(f) e Z”(f), os quais estão expressos na
Tabela VII.6. As linhas pontilhadas são
apresentadas para guiar os olhos.
130
0,0
4,0x10-7
8,0x10-7
1,2x10-6
(a) PAni0,67
ITO0,33
-123o
C
2 (
s)
0,0
4,0x103
8,0x103
(b) PAni0,67
ITO0,33
-123o
CR2 (
)
1,2x10-6
1,6x10-6
2,0x10-6
(c) PAni0,67
ITO0,33
-123o
C
1 (s
)
4,0x104
6,0x104
8,0x104
-123o
C
R1 (
)
(d) PAni0,67
ITO0,33
5,0x10-3
1,0x10-2
1,5x10-2
2,0x10-2
2,8x10-11
3,2x10-11
3,6x10-11
-123o
CC1 (F
)
T-1(K
-1)
(d) PAni0,67
ITO0,33
Figura 7.14 - Gráficos do comportamento em
função da temperatura do (a) tempo de relaxação 2,
(b) resistência R2, (c) tempo de relaxação 2, (d)
resistência R1, (e) capacitância C1 referentes à
amostra PAni0,67ITO0,33. Todos os parâmetros foram
obtidos a partir do ajuste teórico-experimental das
curvas Z’(f) e Z”(f), os quais estão expressos na
Tabela VII.7. As linhas pontilhadas são
apresentadas para guiar os olhos.
131
7.3 – Modelo Microscópico de Barreiras de Energias Livres Aleatórias (RFEB)
A PAni apresenta uma estrutura morfológica desordenada, portanto, atuando como matriz que
abriga as nanopartículas de ITO, conduz a um sistema desordenado. Este fato se confirmou,
anteriormente, no item 7.2, com a descrição do comportamento elétrico pelo modelo
fenomenológico 145, onde o parâmetro diminui com o aumento de nanopartículas tornando o
sistema cada vez mais desordenado. Devido a esta característica marcante destes sistemas híbridos,
muitos estudos [25,97]
descrevem o mecanismo de condução de nanocompósitos por saltos
(hopping), onde os estados localizados se distribuem em energias de diferentes profundidades e,
entre vizinhos, existem barreiras de potencial contínua e uniformemente distribuídas ao longo de
todo o material. As alturas dessas barreiras se distribuem entre um valor máximo e mínimo de
energia, de tal forma que existe uma frequência de escape característica, ou um tempo de espera
antes de transpô-la. Logo, de acordo com essas considerações, o transporte ao longo do volume do
material pode ser explicado pelo modelo de barreiras de energias livres aleatórias (Random Free
Energy Barrier Model – RFEB) 25.
Portanto, os ajustes teórico-experimentais das curvas de condutividade complexa em função
da frequência referentes à matriz isolante de PAni, foram realizadas por meio da Equação 7.2
Onde é a frequência mínima de saltos e é a condutividade quando a frequência tende a zero
e pode ser dada por , onde C é uma constante que depende, dentre outros fatores,
da densidade de portadores.
Os resultados dos parâmetros de ajustes foram apresentados na Fig. 6.15 como linha cheia e
mostrados na Tabela VII.8, referente à PAni. Portanto, foi possível observar que todos os
parâmetros K, min e oD aumentam com o aumento da temperatura. De tal forma que a constante
dielétrica K aumenta, mas suavemente, com a temperatura passando de 11,5 (225 K) a 14 (350 K).
A temperatura ambiente, K 13, o qual está próximo ao valor encontrado na literatura 133. Além
disso, o aumento deste parâmetro com a temperatura está de acordo com os resultados apresentados
no trabalho de Bianchi et al. 47. A Tab. VII.9 também mostra que condutividade oD referente à
matriz PAni aumenta com a temperatura, de tal forma que a 225 K apresenta o valor de 1,4 10-10
S/m e a 350 K o valor de 8,5 10-9
S/m, aumentando assim, aproximadamente, duas ordens de
(7.2)
132
grandeza. À temperatura ambiente a oD apresenta o valor de 1,8 10-9
S/m, o qual está próximo ao
valor relatado no trabalho de Bianchi et. al. 47 para a PAni desdopada. O ’min assume o valor de
0,6 Hz a 225 K e 20 Hz a 350 K, demonstrando assim que, à medida que a temperatura aumenta, a
altura de barreira de energias diminui, pois reflete no aumento da frequência com que os portadores
de carga conseguirão saltá-las, uma vez que o sistema vai se tornando mais condutivo com o
aumento da temperatura.
Com o objetivo de relacionar este modelo com as observações advindas do modelo
fenomenológico abordado no item 7.2, para a PAni, vale mencionar que o aumento sutil de K em
função da temperatura, é corroborado pelo comportamento de C1, uma vez que este também
aumentou levemente com a temperatura. Ademais, tanto oD obtido por meio deste modelo, quanto
R1, obtido por meio do modelo fenomenológico, variaram duas ordens de grandeza em função da
temperatura. Estas observações demonstram que os modelos fornecem informações que se
complementam e se corroboram.
7.4 – Modelo de Aproximação Média Efetiva (Effective Medium Approximation)
Devido à estrutura desordenada do sistema PAni1-xITOx é proposto um modelo de sistema
heterogêneo, composto por ilhas condutoras (domínios de nanopartículas de ITO), embebidas em
uma matriz isolante (PAni). Esse modelo foi anteriormente proposto por Maxwell-Garnett e
adaptado por Bianchi et al. 52, em 1999, quando estudou o comportamento elétrico da PAni ao ser
dopada com HCl em diferentes concentrações e temperaturas. O modelo desenvolvido neste
trabalho considera que os domínios de ITO são como ilhas esféricas que apresentam
comportamento tipicamente condutor e a matriz semicondutiva representada pela PAni carrega
todas as informações sobre a desordem do polímero, através de uma função de distribuição de
energias de salto dos portadores de carga entre sítios localizados e separados por barreiras de
energia continuamente distribuídas entre um valor mínimo (Emin) e máximo (Emáx). Portanto, o
transporte ao longo do volume do material pode ser explicado pelo modelo de barreiras de energias
livres aleatórias (Random Free Energy Barrier Model – RFEB), dado pela equação de Dyre 25
descrita conforme a Eq. 7.2.
Ademais, a elaboração do modelo proposto por Bianchi et al. 52 e que é considerado neste
trabalho, é a atribuição de valores médios efetivos às permissividades complexas das ilhas
condutoras (meio 1; ITO) e da matriz semicondutiva (meio 2; PAni). O cálculo da condutividade
média efetiva é então realizado utilizando-se a equação de Maxwell-Garnett, para chegar à equação
da condutividade do meio efetivo. Assumindo que as ilhas condutoras eram esféricas, estavam
presentes em uma dada fração volumétrica x, apresentavam uma permissividade complexa e
133
ainda se encontravam inseridas em um meio de permissividade . Neste contexto, por meio do
EMA foi possível obter a permissividade complexa efetiva do meio heterogêneo , conforme a
Equação 7.3, descrita por Maxwell-Garnett.
Tendo em vista que a condutividade complexa do meio efetivo é dada por:
Considerando que o meio 1 representado pelas ilhas condutoras é puramente condutivo, a pode
ser expressa como a Equação 7.5 52.
sendo 1 real. Considerando o meio 2 como um meio desordenado, a permissividade complexa do
meio 2 incorpora também a componente dielétrica da permissividade complexa ().
Assim sendo, a () pode ser dada pela Equação 7.6 52:
Portanto, substituindo as Eqs. 7.3, 7.5 e 7.6 na Eq. 7.4 obtem-se a condutividade complexa efetiva
da amostra, conforme a Equação 7.7 52:
onde é a permissividade das inclusões de ITO descrita pela Eq. 7.5 e
é a permissividade da
matriz semicondutiva PAni descrita como na Eq. 7.6, x é a fração de volume de ilhas condutoras
(ITO) ( 0 ≤ x ≤ 1), 1 a condutividade das ilhas condutoras (domínios de ITO), é a
condutividade complexa da matriz (PAni).
Para os casos limites , como e , a Eq. 7.7 se reduz de acordo com ref. 52,
respectivamente.
e
(7.5)
(7.7)
(7.4)
e
(7.8)
(7.9)
(7.6)
(7.3)
134
Considerando que a condutividade da PAni é descrita pelo modelo de barreiras de energias
livres aleatórias, portanto, é associada a ela a condutividade dada pela equação de Dyre (Eq. 7.2) e
inserida na Eq. 7.7. Assim sendo, a Equação 7.7 se torna:
Sendo assim, os ajustes teórico-experimentais das curvas de condutividade complexa em
função da frequência apresentadas nos gráficos das Figs. 6.15, 6.17, 6.19, 6.21, 6.23, 6.25 e 6.27
foram realizadas por meio da Eq. 7.10. Esses ajustes são apresentados em cada figura por linha
cheia e são mostrados nas Tabs. VII.8 a VII.12. É importante ressaltar que este modelo foi
empregado efetivamente por meio da Eq. 7.10 somente para as amostras com 0,01 ≤ x ≤ 0,13. Pois,
conforme já mencionado anteriormente, essa abordagem de Maxwell-Garnett descreve uma
interação física, na qual as inclusões esféricas estão isoladas entre si, portanto, estão presentes numa
dada fração volumétrica distante do limiar de percolação. Quando o sistema atinge o limiar de
percolação, o uso dessas equações se torna bastante complicado e é necessário um estudo mais
profundo da natureza das inclusões, como o perfil e a interface inclusões/matriz. Esta afirmação
pode ser reforçada, considerando que a teoria da aproximação média efetiva (EMA) e a teoria da
percolação são extremos opostos, uma vez que o primeiro visa a condução no espaço homogêneo bi
ou tridimensional e o último visa a condução em apenas uma dimensão 152
(7.10)
135
Tabela VII.8 – Parâmetros obtidos por meio dos ajustes das curvas experimentais de condutividade ac, a
partir da Eq. 7.10, em diferentes temperaturas, das amostras de PAni1,00ITO0,00, com L = 60 m, x = 0,01 e
.
Temperatura (K) K ’min (Hz) oD (S/m)
350 14,0 20 8,5 10-9
325 13,5 15 5,0 10-9
300 13,0 5,0 1,8 10-9
275 12,5 2,5 4,0 10-10
250 12,0 1,3 2,8 10-10
225 11,5 0,6 1,4 10-10
Tabela VII.9 – Parâmetros obtidos por meio dos ajustes das curvas experimentais de condutividade ac, a
partir da Eq. 7.10, em diferentes temperaturas, das amostras de PAni0,99ITO0,01, com L = 65 m, x = 0,01 e
.
Temperatura (K) K ’min (Hz) oD (S/m)
225 15,5 1 2,0 10-10
250 15.5 1 4,5 10-10
275 15,8 2 8,0 10-10
300 16,0 5 1,8 10-9
325 19,0 20 6,5 10-9
350 20,0 30 1,4 10-8
Tabela VII.10 – Parâmetros obtidos por meio dos ajustes das curvas experimentais de condutividade ac, a
partir da Eq. 7.10, em diferentes temperaturas, das amostras de PAni0,95ITO0,05, com L = 30 m e x = 0,05 e
.
Temperatura (K) K ’min (Hz) oD (S/m)
225 3,2 0,6 1,4 10-10
250 7,0 1,5 1,0 10-9
275 7,5 2 1,5 10-9
300 11,0 7 4,0 10-9
325 11,5 15 1,1 10-8
350 12,0 20 1,2 10-8
Tabela VII.11 – Parâmetros obtidos através dos ajustes das curvas experimentais de condutividade ac, a
partir da Eq. 7.10, em diferentes temperaturas, das amostras de PAni0,91ITO0,09, com L = 35 m, x = 0,09 e
.
Temperatura (K) K ’min (Hz) oD (S/m)
50 4,0 20 8,0 10-9
100 4,5 50 1,0 10-8
150 5,0 60 1,6 10-8
175 6,0 65 1,8 10-8
200 7,0 70 2,0 10-8
225 11,0 75 8,8 10-8
250 12,0 80 1,0 10-7
275 12,5 85 1,5 10-7
300 13,0 90 2,0 10-7
136
Tabela VII.12 – Parâmetros obtidos por meio dos ajustes das curvas experimentais de condutividade ac, a
partir da Eq. 7.10, em diferentes temperaturas, das amostras de PAni0,87ITO0,13, com L = 100 m e x = 0,13 e
.
Temperatura (K) K ’min (Hz) oD (S/m)
50 11,5 20 5,5 10-8
100 11,5 25 8,0 10-8
150 11,8 50 1,2 10-7
200 12,0 60 1,8 10-7
250 12,5 75 2,5 10-7
300 13,0 100 2,7 10-7
Os resultados apresentados nas Tabs. VII.8 a VII.12 mostram que, à medida que a fração
volumétrica de nanopartículas de ITO (x) aumenta, a constante dielétrica K de PAni1-xITOx
permanece, em torno de 101, em ordem de grandeza. Este comportamento de K em função de x
corrobora com o comportamento de C1 em função de x, que variou lentamente com x. Esta
observação permite inferir que as nanopartículas não modificam a propriedades dielétricas da matriz
PAni.
A Figura 7.15 mostra o comportamento de ’min, K, σ0D e σ0D/’min para 0,00 ≤ x ≤ 0,13 tanto
a 250 K, quanto a 300 K. Portanto, percebe-se por meio da Fig. 7.15 (a) e Fig. 7.15 (e) que os
valores de ’min aumentam significantemente de 1,3 Hz (x = 0) para 75 Hz (x = 0,13) a 250 K e de
5 Hz (x = 0) para 100 Hz (x = 0,13) a 300 K. Sabe-se que a ’ min representa a frequência na qual a
condutividade ac se torna dependente da frequência e está relacionada às mais altas energias de
barreira, presentes no volume do material. Assim, este aumento significante de ’min está
relacionado à diminuição acentuada das energias de barreira presentes na matriz PAni entre os
agregados das ilhas condutoras de ITO, principalmente para 0,05 ≤ x ≤ 0,13. Pois, ’min passa de
7 Hz (x = 0,05) para 100 Hz (x = 0,13) a 300 K. Esta observação vem a corroborar com o modelo
de percolação, item 7.1 e o modelo fenomenológico, item 7.2, uma vez que indica que o sistema
apresenta uma mudança brusca na condutividade, especificamente, nesta faixa de composição e
temperatura. Este aumento acentuado de ’min é devido à diminuição acentuada das energias de
barreira presentes na matriz PAni, entre os agregados das ilhas condutoras de ITO. Ademais, nota-
se, a partir da Fig.7.15 (b) e Fig. 7.15 (f), que K apresenta valores em torno de aproximadamente
101 em função de x, tanto a 250 K, quanto a 300 K, conforme mencionado anteriormente.
A partir dos parâmetros apresentados nas Tabs. VII.8 a VII.12, foram produzidas, para
0,00 ≤ x ≤ 0,13 as curvas da 0D, a 250 K, Fig. 7.15.(b) e 300 K, Fig.7.15 (g), e 0D/ γ’mín, a 250 K,
Fig. 7.15 (d) e 300 K, Fig.7.15 (h).
137
Figura 7.15 - Gráficos de (a) ’min (250 K), (b) constante dielétrica K (250 K), (c) σ0D/ γ’mín (250 K), (d) σ0D
(250 K) em função de x e (e) ’min (300 K), (f) K (300 K) (g) σ0D/ γ’mín (300 K), (h) σ0D (300 K) em função
de . Todos os parâmetros foram obtidos a partir do ajuste teórico-experimental das curvas ’(f) e ”(f), os
quais estão expressos nas Tabs. VII.8 a VII.12. As linhas tracejadas são para guiar os olhos.
5
10
15
20
25
30
K
(f) 300 K
10-10
10-9
10-8
10-7
0D (
S/m
)
(g) 300 K
101
102
min (
Hz)
(e) 300 K
0,00 0,05 0,10 0,15 0,2010
-10
10-9
10-8
x
0D/
min
(h) 300 K
5
10
15
20
25
30
K
(a) 250 K
10-10
10-9
10-8
10-7
0D (
S/m
)
(b) 250 K
100
101
102
min (
Hz)
(c) 250 k
0,00 0,05 0,10 0,15 0,2010
-10
10-9
10-8
0D/
min
x
(d) 250 K
138
A partir da Fig. 7.15, percebe-se que a 0D varia levemente para 0 ≤ x ≤ 0,05, onde a 0D
assume os valores de 2,8 10-10
S/m (x = 0,00) e 1,0 10-9
S/m (x = 0,05), a 250 K e 1,8 10-9
S/m
(x = 0,00) e 4,0 10-9
S/m (x = 0,05), a 300 K. Isto indica que a matriz PAni governa o mecanismo
de condução nesta faixa de proporção de ITO, corroborando com o modelo de percolação, item 7.1
e com o modelo fenomenológico, item 7.2. Outrossim, observa-se que a 0D, aumenta bruscamente
para 0,05 < x ≤ 0,13, assumindo o valor de 2,7 10-7
S/m, para x = 0,13. Observa-se também que
γ’mín, aumenta bruscamente nesta faixa de x. Estes resultados também corroboram com os modelos
de percolação e fenomenológico, nos quais observou-se que, nessa faixa de composição, tanto dc
quanto R1 aumentam bruscamente. Observa-se também que a razão 0D/γ’mín é praticamente
constante, não havendo assim grandes variações à medida que se adiciona ITO na amostra,
permanecendo por volta de 10-9
tanto a 250K, quanto a 300 K. Consequentemente, assumindo que
seja proporcional à mobilidade “µ” dos portadores de carga, uma vez que essa grandeza está
intrinsecamente ligada à frequência de saltos desses portadores, e sabendo-se que , então a
indica que e µ varia com a temperatura e com x.
As Figs. 7.16 a 7.20 destacam o comportamento dos parâmetros K, ’min, 0D, obtidos a partir
das Tabs. VII.8 a VII.12, em função da temperatura para 0,00 ≤ x ≤ 0,13, com a seguinte
correspondência: Fig. 7.16 ( x = 0,00), Fig. 7.17 ( x = 0,01), Fig. 7.18 ( x = 0,05), Fig. 7.19 ( x =
0,09), Fig. 7.20 ( x = 0,13). Portanto, as Figs. 7.16 a 7.20 mostram que os parâmetros ’min e 0D,
para todos os filmes analisados, aumentam com o aumento da temperatura. No entanto, K aumenta
sutilmente com a temperatura. Este comportamento concorda com aquele apresentado por C1, no
modelo fenomenológico, item 7.2 e mostrado nas Figs. 7.8 a 7.12 (para 0,00 ≤ x ≤ 0,13). Percebe-se
também pelas Figs 7.16 (d) a Fig. 7.20 (d) que a razão 0D/’min permanece praticamente constante à
medida que a temperatura aumenta. Portanto, pode-se especular que não há variação na densidade
desses portadores e sim o que ocorre é a variação de mobilidade de portadores à medida que a
temperatura diminui.
139
Figura 7.16 - Gráficos do comportamento dos parâmetros em função da temperatura (a) K, (b) 0D/ γ’mín, (c)
γ’mín, (d) 0D, referentes à amostra PAni1,00ITO0,00 e mostrados na Tab. VII.8. As linhas tracejadas são para
guiar os olhos.
11
12
13
14
K
(a) PAni1,00
ITO0,00
0,0
4,0x10-9
8,0x10-9
c) PAni1,00
ITO0,00
0
D (
S/m
)
0
5
10
15
20
'm
in (
Hz)
(b) PAni1,00
ITO0,00
4,0x10-10
8,0x10-10
0D/
min
(d) PAni1,00
ITO0,00
T-1 (K-1)
140
Figura 7.17- Gráficos do comportamento dos parâmetros em função da temperatura (a) K, (b) 0D/ γ’mín, (c)
γ’mín, (d) 0D, referentes à amostra PAni0,99ITO0,01, e mostrados na Tab. VII.9. As linhas tracejadas são para
guiar os olhos.
14
16
18
(a) PAni0,99
ITO0,01
K
0,0
6,0x10-9
1,2x10-8
(b) PAni0,99
ITO0,01
S0
D (
S/m
)
0
8
16
24
32
'm
in (
Hz)
(c) PAni0,99
ITO0,01
3,0x10-3
3,6x10-3
4,2x10-3
3,0x10-10
6,0x10-10
9,0x10-10
0
D/
' min
T-1(K
-1)
\(d) PAni0,99
ITO0,01
141
Figura 7.18 - Gráficos do comportamento dos parâmetros em função da temperatura (a) K, (b) 0D/γ’mín, (c)
γ’mín, (d) 0D, referentes à amostra PAni0,95ITO0,05 e mostrados na Tab. VII.10. As linhas tracejadas são
para guiar os olhos.
4
6
8
10
12
14
(a) PAni0,95
ITO0,05
K
0,0
6,0x10-9
1,2x10-8
(b) PAni0,95
ITO0,05
0D (
S/m
)
0
5
10
15
20
(c) PAni0,95
ITO0,05
'm
in (
Hz)
3,0x10-3
3,6x10-3
4,2x10-3
4,0x10-10
8,0x10-10
(d) PAni0,95
ITO0,05
0D/
' min
T-1(K
-1)
142
Figura 7.19 - Gráficos do comportamento dos parâmetros em função da temperatura (a) K, (b) 0D/γ’mín, (c)
γ’mín, (d) 0D, referentes à amostra PAni0,95ITO0,05 e mostrados na Tab. VII.11. As linhas tracejadas são
para guiar os olhos.
4
6
8
10
12
14
(a) PAni0,91
ITO0,09
K
-123o
C
0,0
9,0x10-8
1,8x10-7
(b) PAni0,91
ITO0,09
0
D (
S/m
)
-123o
C
30
60
90
(c) PAni0,91
ITO0,09
-123o
C
'm
in (
Hz)
5,0x10-3
1,0x10-2
1,5x10-2
2,0x10-2
0,0
3,0x10-9
6,0x10-9
9,0x10-9
(d) PAni0,91
ITO0,09
0
D/
' min
T-1(K
-1)
143
Figura 7.20 - Gráficos do comportamento dos parâmetros em função da temperatura (a) K, (b) 0D/γ’mín, (c)
γ’mín, (d) 0D, referentes a amostra PAni0,87ITO0,13 e mostrados na Tab. VII.12. As linhas tracejadas são
para guiar os olhos.
10
11
12
13
14
(a) PAni0,87
ITO0,13
-123o
C
K
9,0x10-8
1,8x10-7
2,7x10-7
(b) PAni0,87
ITO0,13
-123o
C0
D (
S/m
)
20
40
60
80
100
-123o
C
(c) PAni0,87
ITO0,13
min (
Hz)
5,0x10-3
1,0x10-2
1,5x10-2
2,0x10-2
1,50x10-9
3,00x10-9
0
d/
' min
T-1(K
-1)
(d) PAni0,87
ITO0,13
144
A fim de compreender o efeito térmico de 0D, a Figura 7.21 mostra o comportamento de 0D
como função do inverso da temperatura, em gráfico típico de Arrhenius. Enquanto as Figs. 7.21 (a),
a 7.21(c) mostram uma única região de comportamento linear com T-1
para as amostras com 0 ≤ x ≤
0,05, as Figs. 7.21 (d) e 7.21 (e), por sua vez, mostram duas inclinações obtidas para as amostras
com 0,09 ≤ x ≤ 0,13. Nesse sentido, para 0 ≤ x ≤ 0,05, existe uma única energia de ativação térmica
para os portadores de carga do sistema em toda a faixa de temperatura analisada (225 - 350K).
Entretanto, para as amostras com 0,09 ≤ x ≤ 0,13, observa-se que são duas as regiões de linearidade
com a temperatura, ou seja, são duas as energias de ativação (Eat), que, por sua vez, podem estar
associadas a possíveis transições térmicas das amostras, tal como foi observado nas Figs. 6.3 e 6.4
de ln σdc vs T-1, Cap. 6. Vale ressaltar que tal transição independe do valor de x (0,09 ≤ x ≤ 0,13) e,
portanto, deve estar ligado a matriz de PAni 126. Os resultados são apresentados Tabela VII.15.
Com o objetivo de visualizar melhor o comportamento de Eat, optou-se por apresenta-la em
função de x, como mostra a Fig. 7.22, que mostra também duas regiões, tais como: região A
(para 0 ≤ x ≤ 0,05) e região B (para 0,05 ≤ x ≤ 0,13), estas regiões foram mostradas nas Figs 7.5 e
7.7 e discutidas. Pode-se notar que para 0 ≤ x ≤ 0,05, Eat1 apresenta pouca variação, i.e., de 228,0 a
198,7 meV, caraterizado pela região A. Tais valores são similares aos obtidos para a PAni (Fig. 6.5,
Cap. 6). Já para 0,05 ≤ x ≤ 0,13, região B, há uma diminuição intensa em Eat1, i.e de 198,7 a 21,1
meV. Observou-se também que Eat2, referente às amostras com x = 0,09 e x = 0,13, é muito
pequena. Esse resultado indica que para x < 0,09, o comportamento elétrico das amostras é
predominantemente dominado pela matriz de PAni, enquanto que o ITO, por outro lado, tende a
determinar o valor da condutividade elétrica do sistema para altos valores de x (altos valores de
condutividade associados a baixos valores de energia de ativação), o que vem a corroborar o
resultado já discutido no Cap. 6, Fig. 6.5.
145
Figura 7.21 - ln0D vs T-1
das amostras (a) PAni1,00ITO0,00, (b) PAni0,99ITO0,01, (c) PAni0,95ITO0,05, (d)
PAni0,91ITO0,09, (e) PAni0,87ITO0,13. A condutividade 0D, foi a partir dos ajustes teórico-experimentais das
curvas ’(f) e ”(f), os quais estão expressos na Tabela VII. “r” mostra o valor do coeficiente de correlação
linear obtido pela regressão linear dos dados experimentais.
.
3,0x10-3
3,5x10-3
4,0x10-3
4,5x10-3
-21
-20
-19
-18
-17
-16
ln
OD (
S/m
)
T-1(K
-1)
(a) PAni1,00
ITO0,00
r = -0,92
3,0x10-3
3,5x10-3
4,0x10-3
4,5x10-3
-20
-19
-18
-17
-16
-15(b) PAni
0,99 ITO
0,01
ln
0D
(S/m
)
T-1(K
-1)
r = -0,98
3,0x10-3
3,5x10-3
4,0x10-3
4,5x10-3
-19
-18
-17
-16
(c) PAni0,95
ITO0,05
ln
0D (
S/m
)
T-1(K
-1)
r = -0,97
5,0x10-3
1,0x10-2
1,5x10-2
2,0x10-2
-12
-11
rII = -0,90
T-1(K
-1)
ln
0D (
S/m
)
(d) PAni0,91
ITO0,09
I
II
rI = -0,91
-123o
C
5,0x10-3
1,0x10-2
1,5x10-2
2,0x10-2
-14
-13
-12
T-1(K
-1)
ln
0D (
S/m
)
(a) PAni0,87
ITO0,13
I
II
rI = -0,99
rII = -0,97
-123o
C
146
Tabela VII.15 - Energias de ativação das amostras PAni1,00ITO0,00, PAni0,99ITO0,01, PAni0,95ITO0,05,
PAni0,91ITO0,09, PAni0,87ITO0,13, e obtidas a partir do ajuste linear da Figura 7.21.
Amostra Eat1 (meV) Eat2 (meV)
PAni1,00ITO0,00 228,0 0,3 PAni0,99ITO0,01 237,9 0,2
PAni0,95ITO0,05 198,7 0,2
PAni0,91ITO0,09 30,7 0,1 4,0 0,1
PAni0,87ITO0,13 21,1 0,1 5,8 0,1
-2 0 2 4 6 8 10 12 140
50
100
150
200
250
Ea
t 1 (
me
V)
X (%)
A
B
Figura 7.22 - Gráfico da energia de ativação Eat1 vs (%) obtidos a partir dos valores mostrados na Tabela
VII.3. As regiões A e B já foram mostradas nas Figs 7.5 e 7.7 e discutidas
7.5 – Discussão Parcial dos Resultados
Nesse capítulo foi mostrado que as características elétricas dos sistemas híbridos formados por
PAni1-xITOx dependem de x, da temperatura, do perfil e da disposição das ilhas condutoras de ITO,
da interface presente entre a matriz e as nanoparticulas e ou aglomerados de ITO. Essas
características foram analisadas por meio de quatro modelos teórico-experimentais. Neste contexto,
a título de resumo dos modelos e análises realizados, a Fig. 7.23 mostra um fluxo das etapas
realizadas neste trabalho. Assim, de acordo com essa figura, para analisar as caracterizações
elétricas segundo os mecanismos de condução dos sistemas PAni1-xITOx foi utilizado,
primeiramente, um modelo estrutural fundamentado no fenômeno de percolação. Em seguida
utilizou-se outro modelo igualmente simplista, fenomenológico, baseado em equações de circuito
equivalente RC, onde permite-se saber o papel da PAni, do ITO e da interface PAni/ITO nos
mecanismos de condução. Os demais modelos aplicados têm uma abordagem microscópica baseada
em mecanismos de salto (hopping) de portadores de portadores de carga em barreiras uniforme e
147
continuamente distribuídas ao longo do volume do material (modelo RFEB), associado à matriz de
PAni e aplicado também ao modelo de aproximação do meio efetivo (EMA) . Este último é aplicado
ao estudo da caracterização elétrica de um material macroscopicamente homogêneo, mas
microscopicamente não homogêneo, conforme ocorre no sistema PAni1-xITOx. Portanto, o sistema
PAni-ITO é um sistema heterogêneo composto por ilhas condutoras (domínios de nanopartículas de
ITO) embebidas em uma matriz semicondutiva (PAni). Os parâmetros fornecidos por meio destes
modelos foram a resistência elétrica dc, a capacitância, a constante dielétrica, o parâmetro de
desordem , condutividade dc vs x, bem como a frequência mínima (’min) e a energia máxima de
saltos dos portadores (Eat), a condutividade oD.
Figura 7.23 - Fluxograma que mostra os modelos teórico-experimentais e análises utilizados na
interpretação das caracterizações elétricas dos sistemas PAni1-xITOx.
O modelo de percolação, embora seja um modelo mais simplista, é importante, pois mostra a
evolução da condutividade dc em função de x, por meio da mudança na estrutura dos filmes, a partir
da formação e interconexão dos aglomerados de ITO que, por sua vez, permeiam toda a estrutura
dos filmes, principalmente para 0,09 ≤ x ≤ 0,13. Nesta faixa de composição, se dá o limiar de
percolação (pc 0,12), a partir da qual dc passa a aumentar com x, em detrimento a conectividade
entre os aglomerados. dc aumenta até x = 0,20, a partir da qual não sofre variações, que conduz a
ideia de que a estrutura, a partir desta composição, se encontra com a conectividade máxima dos
148
aglomerados. O esquema mostrado na Figura 7.24 ilustra a mudança estrutural que ocorre nos
filmes de PAni-ITO e mostra que, para 0,00 ≤ x ≤ 0,05 (Fig.7.24(a)), as nanopartículas de ITO se
encontram dispersamente distribuídas na matriz e nesta faixa de composição. Nesse caso, a PAni
governa os mecanismos de transporte de cargas, ao passo que, para 0,05 < x < 0,20 (Fig. 7.24(b)),
há formação e interconexão dos aglomerados de ITO, dando origem às interfaces PAni/ITO, de
forma que as interfaces governam os mecanismos de condução. Por fim, para 0,20 ≤ x ≤ 0,33 (Fig.
7.24 (c)), a estrutura já delineada, por aglomerados interconectados permeando toda a estrutura,
leva a condutividade tal que não mais se altera, de forma que o ITO tende a governar os
mecanismos de condução.
O comportamento elétrico apresentado por PAni1-xITOx é semelhante ao comportamento dos
sistemas híbridos de PAni e nanopartículas de prata (Ag) e ouro (Au) apresentados por Afzal et al.
151, os quais atribuíram a esse comportamento a criação de novos caminhos condutivos, que
propicia a condução mais efetiva de portadores de cargas. O comportamento elétrico de percolação
também foi percebido e mostrado no trabalho de Psarras G.C. 82, em 2006, sobre a resposta
elétrica sob a influência do campo alternado de compósitos formados por matriz de resina epóxi
com partículas metálicas.
A relação entre a evolução estrutural e as propriedades elétricas do sistema pode ser notada
também por meio do modelo fenomenológico, a partir de equações de circuitos equivalentes,
igualmente simplista. Este modelo mostrou o parâmetro 1, referente à matriz polimérica, sendo
diferente de 1, típico para sistemas desordenados. Tal parâmetro diminui à medida que se adiciona
ITO na amostra. Este fato comprova que o sistema se torna cada vez mais desordenado em função
de x e, consequentemente, em função da mudança estrutural do sistema. Tal aumento de desordem
reflete a diminuição das resistências, tanto R1 referente à matriz, quanto R2 referente à interface
PAni/ITO. Tal diminuição ocorre até x = 0,20, a partir do qual passa a ser constante. Mostra
também que as propriedades capacitivas da PAni praticamente não sofrem alterações com x, de
forma que C1 assume valor, em ordem de grandeza, 10-11
F, para todo x. Esse comportamento pode
ser explicado à luz da mudança estrutural relacionada à associação de resistores, na região de baixas
frequências, e de capacitores, na região de altas frequências. Portanto, assume-se que a mudança de
R1, na região de baixas frequências em função de x pode ser analisada de tal forma que, para baixos
valores de x (0,00 ≤ x ≤ 0,05), os portadores de carga serão conduzidos por um dado comprimento
efetivo da matriz semicondutiva de PAni. No entanto, à medida que x aumenta (0,05 < x < 0,20), o
comprimento efetivo de condução na PAni diminui, de acordo com o aumento de outro caminho
mais condutivo referente às interfaces PAni/ITO e de aglomerados de ITO, por meio do qual os
portadores serão mais efetivamente transportados.
149
Dessa forma, devido à diminuição do comprimento efetivo de condução na PAni, R1 tende a
diminuir com x e, consequentemente, 1 aumenta nesta faixa de composição. A partir de x = 0,20,
os caminhos condutivos já delineados, não se alteram mais, de forma a fixar os valores das Rdc e,
consequentemente, de dc. Estas observações corroboram ao modelo de percolação. Vale mencionar
que tanto, R1, quanto R2 diminuem 5 e 6 ordens de grandeza, respectivamente, para 0,00 ≤ x ≤ 0,33,
sendo esta variação, para esta faixa de x, da ordem de 109
≤ R1 ≤ 104 e 10
9 ≤ R2 ≤ 10
3 . Fato
que mostra a influência de R2, sobre a rede de associação de resistores em série, quando este
substitui R1. É importante mencionar que, como o ITO é muito condutivo, de forma a apresentar
resistência R3 ( 17 ) bastante pequena se comparado a R1 e R2, este não influencia no resultado
final da associação de resistores. Logo, se comporta como eletrodo neutro. Por outro lado, C1 não
sofre alterações significativas, devido à substituição na rede de associação de capacitores, por C2,
pois C2 = 10-10
F, cujo valor é bem próximo a C1, para x = 0,00. Assim sendo, C1 apresenta valores
entre 10-11
F a 10-10
F, para 0,00 ≤ x ≤ 0,33.
Figura 7.24 - Esquema que ilustra a formação dos aglomerados nos sistemas PAni 1-xITO x, em função do
aumento de x, da seguinte forma: (a) para 0,00 ≤ x ≤ 0,05; (b) para 0,05 < x < 0,20; (c) para 0,20 ≤ x ≤ 0,33.
Com o objetivo de prosseguir na análise dos modelos empregados, a partir da influência da
microestrutura nos mecanismos de condução do sistema PAni1-xITOx, aplicou-se o modelo de
hopping proposto por Dyre, para delinear o comportamento da matriz, em corroboração ao modelo
fenomenológico. A PAni apresenta estrutura morfológica desordenada, portanto, atuando como
matriz para as nanopartículas de ITO. Tal como foi mostrado no modelo fenomenológico, a partir
do comportamento de α, que leva a um sistema desordenado. Por meio do modelo proposto RFEB,
pode-se concluir que os portadores de cargas que são transportados pela PAni, o fazem a partir do
mecanismo de saltos (hopping) entre as barreiras de energia uniformemente distribuídas no
material. Neste sentido, a partir da curva apresentada no gráfico ln(σdc e σ0D) vs. 1/T ( Fig. 7.24), que
apresentou comportamento típico do processo de Arrhenius, pode-se obter as energias de ativação,
as quais diminuem à medida que a percentagem em massa de ITO aumenta, de tal forma a
apresentar valores de 228,0 meV (x = 0,00) a 21,1meV (x = 0,33). Este comportamento foi
observado no trabalho de Psarras G.C. 82, o qual estudou compósitos formados por inclusões
metálicas. Segundo este autor, a energia de ativação reflete a microestrutura dos sistemas híbridos,
150
estando em função do raio médio das ilhas condutoras e da distância média entre as partículas.
Assim, a formação dos aglomerados distribuídos na matriz polimérica e a consequente aproximação
entre eles, devido ao aumento da percentagem em massa das inclusões condutivas, conduzem à
diminuição da energia de ativação.
Ainda em relação ao comportamento da energia de ativação, observou também que, a partir
de 0,09 ≤ X ≤ 0,33, as amostras apresentaram duas regiões de temperatura demarcadas pela
temperatura 150K (-123oC). Estas duas regiões de temperatura foram associadas a duas energias de
ativação. Este fenômeno foi observado no trabalho de Ebrahim et al. 155, o qual estudou o
comportamento elétrico de blendas formadas por PAni/Polivinil e observou duas regiões de
temperatura associadas a duas energias de ativação demarcadas pela temperatura de 170 K
(-103oC). Logo, conforme mencionado no Cap. 6, segundo Aylyanov et al. l 126
as cadeias da
PAni (BE) no seu estado não dopado apresentam transições termo induzidas a partir de 144 K
(-129ºC). Sendo assim, o resultado apresentado neste trabalho corrobora esta característica.
Por fim, considerando a análise feita por meio do modelo EMA, pode-se perceber a atuação
da PAni e do ITO separadamente e a influência da forma dos aglomerados nas propriedades
elétricas da PAni. Uma vez que, a partir desse modelo, considera-se o sistema microscopicamente
heterogêneo formado por uma matriz semicondutiva (PAni), inserida por inclusões condutivas
esféricas (ITO), distribuída pela matriz. Enfim, por meio deste modelo pode-se ainda incluir a
resposta dielétrica e, portanto, observar o comportamento de K, que praticamente não variou em
função da fração volumétrica do ITO (x). Isso indica que as ilhas condutivas esféricas de ITO não
alteram de forma definitiva as características dielétricas da PAni, tal como mostrado no modelo
fenomenológico, por meio do comportamento de C1. Ademais, pode-se observar também que σoD e
’min praticamente não variam para 0,00 ≤ x ≤ 0,05, de tal forma que nesta faixa de composição a
PAni governa os mecanismos de condução, tal como foi mostrado por meio dos modelos de
percolação e fenomenológico. A partir de 0,05 < x ≤ 0,13, σoD e ’min aumentam rapidamente,
devido a influência do ITO na diminuição das alturas das barreiras de energia. No entanto, a partir
de x > 0,13, o modelo EMA, apresenta limitações. Conforme já mencionado, a abordagem de
Maxwell-Garnett descreve uma interação matriz-hospedeiro, na qual as inclusões esféricas estão
isoladas entre si. Portanto, estão presente numa dada fração volumétrica distante do limiar de
percolação. A partir do limiar, o uso dessas equações se torna bastante complicado e é necessário
um estudo mais profundo da natureza das inclusões, como perfil e a interface inclusões/matriz 152.
Todos os filmes PAni1-xITOx tiveram suas características elétricas analisadas em função da
temperatura e sua resposta elétrica foi ajustada de acordo com os modelos teórico-experimentais
fenomenológicos, hopping e EMA. De acordo com os resultados dos parâmetros de ajustes
percebeu-se que, à medida que a temperatura aumenta, R1, R2 e oD variam duas ordens de grandeza
151
para 0,00 ≤ x ≤ 0,05, mas, a partir de x > 0,05, esta variação se torna mais suave. A partir desta
observação, pode-se inferir que está ocorrendo uma transição de comportamento semicondutivo
(0,00 ≤ x ≤ 0,05) a condutor (x > 0,05) devido à presença de ITO.
Em relação à resposta térmica, observa-se que à medida que a temperatura aumenta, ’min
diminui, caracterizando que o sistema vai se tornando mais condutivo. Observou-se também que o
tempo de relaxação diminuiu com a temperatura, que permite concluir que a resposta dielétrica
torna-se mais evidente. Em contrapartida, tanto as respostas elétrica dada por C1 e a K aumentam
sutilmente com o aumento da temperatura, concordando assim com os resultados encontrados na
literatura 35,52. Ademais a razão 0D/’min permanece praticamente constante à medida que a
temperatura aumenta, possibilitando especular que não há variação na densidade desses portadores
e, sim há variação na mobilidade de portadores à medida que a temperatura diminui 47,52.
Por meio dos ajustes teórico-experimentais obtidos a partir dos modelos empregados é
possível concluir que a presença do ITO forma um sistema heterogêneo de ilhas metálicas e
esféricas formadas por domínios de ITO inseridas em uma matriz semicondutiva de PAni. O ITO
aumenta a desordem do sistema, assim como foi mostrado pelo ajuste teórico-experimental pelo
modelo fenomenológico. Considerando que o sistema PAni-ITO é um sistema altamente
desordenado, possibilitou a aplicação do modelo proposto por Dyre (hopping), que conduziu à
identificação que a presença do ITO leva à diminuição das energias das barreiras de potencial, o que
facilita os saltos desses portadores de cargas entre os sítios vizinhos, levando ao aumento de
condutividade. Ademais, a diminuição da resistência R1 da matriz, mostrado por meio do modelo
fenomenológico, ou o aumento da condutividade dc pode ser explicado pela mudança na estrutura
do sistema pela presença do ITO. Em virtude da formação de caminhos mais efetivamente
condutivos formados pela interface PAni/ITO e pelos aglomerados de ITO. Tal como, relatado a
partir do modelo de percolação. Enfim, por meio do modelo de fenomenológico, observa-se a
atuação clara dos três elementos do circuito RC, a PAni (R1, C1), o ITO (R3) e a interface PAni/ITO
(R2, C2), enquanto que, por meio do modelo EMA, percebe-se a atuação separadamente das
inclusões condutivas esféricas de ITO e da matriz semicondutiva PAni. Por fim, a partir da
correlação entre todos os modelos empregados, para 0,00 ≤ x ≤ 0,05 a PAni governa os mecanismos
de condução, e a partir de x > 0,05 a influência nos mecanismos de condução a partir do ITO,
começa a se evidenciar, ou por meio da interface PAni/ITO, ou pela atuação do próprio ITO.
152
CAPÍTULO 8
CONCLUSÕES
Este trabalho buscou contribuir para que algumas propriedades importantes dos materiais
nanocompósitos PAni-ITO fossem elucidadas. Neste sentido, procurou-se conhecer os mecanismos
de condução elétrica, o papel das nanopartículas de ITO, da matriz de PAni e da interface PAni/ITO
e, ainda, procurou-se correlacionar as propriedades morfológicas às propriedades elétricas do
sistema. A partir dos resultados da caracterização elétrica foram feitos ajustes teóricos baseados em
quatro modelos, a saber: estrutural de percolação, fenomenológico Cole-Cole (Matriz PAni) e
Debye (interface PAni/ITO), Hopping (RFEB), aplicado a matriz de PAni e, por fim, o modelo de
aproximação média efetiva (EMA). Procurou-se correlaciona-los na tentativa de explicar as
propriedades elétricas do sistema PAni1-xITOx, a partir da correlação e complementação das
informações obtidas por cada um dos modelos aplicados, que por sua vez foram corroborados pelos
resultados das análises morfológicas, estruturais por MEV, AFM, EFM, DRX, análises
espectroscópicas EDS, FTIR e Raman e análise de potencial de superfície Kelvin Probe. Neste
contexto, com o objetivo de compreender como o ITO atua nas cadeias da PAni, ou seja, se há
interação química com a matriz, nos sistemas PAni1-xITOx, as análises por FTIR e Raman
comprovam que as nanopartículas de ITO interagem fracamente ou não interagem quimicamente
com a matriz PAni. A partir das análises de AFM, MEV, EFM, DRX, EDS pôde-se perceber a
presença do ITO na estrutura da PAni e que o ITO formava aglomerados com o aumento de x, que
estavam dispersamente distribuídos ao longo de todo material. Estes aglomerados aumentavam em
número e em dimensão de acordo com x e possuíam perfil mais próximo do esférico. Estas análises
mostram claramente uma transição de morfologia, estrutura em função de x. Os aglomerados de
ITO foram quimicamente identificados por EDS.
A análise por Kelvin Probe, mostrou que há um aumento no módulo do potencial de
superfície com x. Ela concorda com os resultados da análise por microscopia de força elétrica
(EFM), que mostra a mudança das características elétricas ao longo da superfície com o aumento do
teor de nanopartículas de ITO. Portanto, pode-se concluir que a presença do ITO conduz a uma
mudança na microestrutura da PAni, de forma a apresentar aglomerados esféricos dispersamente
distribuídos ao longo de todo o material, acarretando também uma mudança espacial de carga.
As condutividades ac dos nanocompósitos de PAni1-xITOx mostram que estes sistemas se
comportam como sistemas desordenados apresentando dois regimes distintos, separados por uma
frequência crítica. Em baixas frequências, as condutividades ac concordam com os valores obtidos
153
para a condutividade dc. A espectroscopia de impedância mostra que ocorre uma leve diminuição
Zdc e, consequentemente leve aumento de dc para 0,00 ≤ x ≤ 0,05. Sendo que, para 0,05 < x < 0,20,
Zdc diminui e dc aumenta bruscamente. No entanto para 0,20 ≤ x ≤ 0,33, tanto Zdc e dc não mais se
alteram. Isto corrobora o fato que, a partir desta composição (x = 0,20), a microestrutura se encontra
com os aglomerados de ITO já definidos e interfaces PAni/ITO formadas. Assim, a resposta elétrica
do sistema evolui com x.
Os resultados da aplicação dos modelos teórico-experimentais previamente citados são
descritos em sequência. Por meio do modelo estrutural de percolação percebeu-se como a alteração
estrutural reflete na evolução da dc do sistema PAni-ITO. De tal modo que a dc aumenta em
função de x, de forma sutil para 0,00 ≤ x ≤ 0,05, mas bruscamente para 0,05< x < 0,20. Nesta faixa
de composição é que se deu o limiar de percolação pc 0,12. O patamar de percolação foi
observado para 0,20 ≤ x ≤ 0,33, a partir do qual a dc não mais se alterou. Esta observação permitiu
concluir que, a partir de x = 0,20, a estrutura já se encontra delineada. O fenômeno de percolação
foi corroborado pelas informações obtidas por meio do modelo fenomenológico, a partir do qual
percebeu-se o papel da PAni, do ITO e da interface PAni/ITO , nos mecanismos de condução dos
sistemas PAni-ITO. Assim, procurou-se correlacionar a alteração estrutural do sistema em função
de x, com associação de resistores, na faixa de baixas frequências e de capacitores, em altas
frequências. Desta forma, foi possível justificar a diminuição da resistência dc da PAni (R1)
observada nos ajustes teórico-experimentais, em função da diminuição do comprimento efetivo de
condução na matriz isolante PAni (C1, R1), em detrimento a formação de caminhos mais condutivos
referente às interfaces PAni/ITO, com caráter resistivo (R2) e capacitivo ( C2) e aglomerados de
ITO, puramente resistivos (R3) por meio do qual os portadores passam a ser transportados.
Ademais, a partir deste modelo, pode-se concluir que o sistema PAni-ITO vai se tornando
cada vez mais desordenado com x, devido à diminuição do parâmetro de desordem α1. Esta
conclusão, permitiu a aplicação do modelo microestrutural de hopping (RFEB), à matriz
desordenada PAni. As informações advindas deste modelo permitem inferir que o ITO conduz a
variação das energias livres das barreiras de potencial, de forma a diminuir essas energias de
barreiras em função de x. Assim, os saltos desses portadores de carga entre os sítios vizinhos são
facilitados, o que resulta no aumento da condutividade em função de x. O modelo de hopping foi
aplicado ao modelo EMA, para delinear o comportamento da matriz isolante PAni. Os resultados
obtidos por meio do modelo EMA, permitiu perceber o papel, distintamente, da PAni e do ITO nos
mecanismos de condução.
Portanto, a partir deste modelo pode-se concluir que o sistema PAni1-xITOx é um sistema
heterogêneo de ilhas condutoras esféricas de ITO inseridas em uma matriz semicondutiva de PAni,
assim como mostrado nas análises de morfologia por AFM, EFM, MEV, EDS. A presença do ITO
154
leva a um aumento da desordem do sistema, assim como foi mostrado pelo ajuste teórico
experimental por meio do modelo fenomenológico. Além disso, as informações sobre o
comportamento das grandezas oD, ’min em função de x, corroboram com o comportamento de R1,
Zdc e logo a dc. Portanto, baseando-se no comportamento dessas grandezas pode-se concluir que
para 0,00 ≤ x ≤ 0,05 a PAni governa os mecanismos de condução e para x > 0,05 o ITO, ou por
meio da interface PAni/ITO, ou por meio da atuação do próprio ITO, tende a governar os
mecanismos de condução. Observou-se também que oD/’min permaneceu praticamente constante,
logo pode-se especular que a mobilidade dos portadores de carga aumenta com x, uma vez que não
há injeção de novos portadores. No âmbito das propriedades dielétricas, percebeu-se, por meio dos
ajustes advindos do EMA, que K permanece praticamente constante para todo x. Este
comportamento de K corrobora ao comportamento de C1, obtido por meio do modelo
fenomenológico. Assim sendo, permite concluir que o ITO praticamente não altera as propriedades
dielétricas da PAni, uma vez que as interfaces PAni/ITO criadas, mostraram características
dielétricas próximas da matriz.
Todos os filmes PAni1-x ITOx, com 0,00 ≤ x ≤ 0,33 tiveram suas propriedades elétricas
analisadas em função da temperatura. Os resultados obtidos mostraram que a dc, ’min, C1, K,
aumentam com o aumento da temperatura. Logo a resistência dc diminui com a temperatura. No
entanto R1, R2 e 0D varia mais sutilmente com a temperatura para maiores valores de x, permitindo
inferir que há uma competição de comportamento de semicondutivo, para baixos valores de x, a
condutor, para altos valores de x. Além disso, C1 e K aumentaram levemente com a temperatura e
C2 não apresentou variações com a temperatura. Assim, conclui-se que a temperatura não interfere
de maneira decisiva nas propriedades dielétricas da PAni.
A partir do comportamento típico Arrhenius apresentado no gráfico ln(dc e oD) vs. 1/T
obteve-se as energias de ativação para cada uma das amostras. As energias de ativação diminuem à
medida que x aumenta, mostrando assim que o sistema se torna cada vez mais condutivo.
Por fim, o resultado apresentado na análise de potencial de superfície, que mostra o aumento
em módulo do potencial de superfície com x, atingindo o valor de - 5,5 eV, para x = 0,33, permite
propor, como trabalhos futuros, a aplicação destes sistemas como camada transportadora de buraco
com função trabalho equivalente a do ouro, para uso em dispositivos eletrônicos e optoeletrônicos
orgânicos. Além disso, soma-se a essa informação, o fato que a presença de nanopartículas de ITO
na superfície do filme de PAni, pode resultar no aumento da área superficial. Fator que pode ser
decisivo na melhoria da resposta de sensores bioquímicos amperométricos, que utilizam a PAni,
como elemento de resposta em função de suas características elétricas de dopagem e desdopagem
em meio ácido e básico, respectivamente. Assim, esta aplicação representa mais uma sugestão para
trabalhos futuros.
155
CAPÍTULO 9
TRABALHOS APRESENTADOS E SUBMETIDOS
________________________________________________
Estão listados, logo abaixo, os títulos e informações sobre os trabalhos submetidos e/ou
apresentados e publicados em anais de Congressos, Conferências e Simpósios.
GONÇALVES, G.E.; RIBEIRO, C.; BIANCHI, R.F. “Alternating Conductivity of
polyaniline/indium tin oxide nanocomposite.” In: VII Encontro Sociedade Brasileira de Pesquisa
em Materiais SBPMat, Guarujá. VII, 2008.
GONÇALVES, G.E.; RIBEIRO, C.; BIANCHI, R.F. “Electrical Properties of PAni/ITO
nanocomposites.” In: MRS Fall Meeting, Boston, 2008.
GONÇALVES, G.E.; SANTOS, M.C.; RIBEIRO C.; BIANCH, R. F. “Electrical properties of
polyaniline/indium tin oxide nanocomposites.” In: VI Encontro Regional da Sociedade Brasileira de
Física, Ouro Preto, 2008.
GONÇALVES, G.E.; RIBEIRO, SANTOS, M.C.; BIANCHI, R.F. “Electrical properties of
polyaniline/indium tin oxide nanocomposites.” In: FISMAT – I Escola de verão em Física dos
Materiais, Instituto de Física, USP, São Carlos/SP, 2009.
SANTOS, M.C.; GONÇALVES, G.E.; SANTOS, M.C.; COUTO, J.D.; FERREIRA, S.O.;
MUNFORD, L.M.; BIANCHI, A.G.C.; BIANCHI, R.F. “Electrical and Morphological
Investigation of ITO/PAni nanocomposite.” In: IX Encontro SBPMAT, Ouro Preto, 2010
GONÇALVES, G.E.; SANTOS, M. C.; COUTO, J. D.; FERREIRA, S. O. BIANCHI A. G. C.;
BIANCHI, R.F. “Conductivity and investigations of thick polyaniline/indium-tin oxide
nanocomposite films.” In: MRS Fall Meeting - Materials Research Society, 2010.
SANTOS, M.C., GONÇALVES, G.E.; SANTOS, M.C., COUTO, J.D.; FERREIRA, S.O.;
MUNFORD, L.M.; BIANCHI, A.G.C.; BIANCHI, R.F. “Caracterização Elétrica e Estrutural de
Nanocompósitos de Óxido de Estanho e Índio e Polianilina (ITO/PAni).” In: VII Encontro Regional
da Sociedade Brasileira de Física, Uberlândia, 2010.
SANTOS, M.C., GONÇALVES, G.E.; SANTOS, M.C., COUTO, J.D.; FERREIRA, S.O.;
MUNFORD, L.M.; BIANCHI, A.G.C.; BIANCHI, R.F. “Alternating Conductivity and
Investigations of Thick Polyaniline/Indium-Tin Oxide Nanocomposite Films.” In: MRS Fall
Meeting, 2010.
156
GONÇALVES, G.E.; SANTOS, M.C.; BIANCHI, R.F. “Electrical Properties of Thin PAni-ITO
Films.” In: X Encontro SBPMAT, Gramado-RS, 2011.
GONÇALVES, G.E.; BIANCHI, R.F. “Alternating Conductivity of PAni-ITO nanocomposites.”
In: XI SBPMAT, Florianópolis-SC, 2012.
157
CAPÍTULO 10
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