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Diagnóstico | jan/fev/mar 2011 03 DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA ANO IV Nº9| JAN/FEV/MAR 2011 O estilo ‘agressivo’ de governança do médico Jorge Pinheiro Lima, presidente executivo da Hapvida, quarta maior operadora do País e líder nas regiões Norte e Nordeste Impresso Especial 9912247598/2009-DR/BA V. MIDIA Gestão em Saúde ELE DESCOBRIU A CLASSE C Jorge Lima, da Hapvida: plano de chegar a 1 milhão de vidas

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Diagnóstico | jan/fev/mar 2011 03

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O estilo ‘agressivo’ de governança do médico Jorge Pinheiro Lima, presidente executivo da Hapvida, quarta maior operadora do País e líder nas regiões Norte e Nordeste

ImpressoEspecial

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V. MIDIA

Gestão em Saúde

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Jorge Lima, da Hapvida: plano de chegar a 1 milhão de vidas

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As melhores oportunidades para negócios, atualização e relacionamento com o mercado da saúde

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ÍNDICe geral

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Empresário Jorge Lima, da Hapvida: controle rígido de processos e custos

Referência em pesquisas sobre o sistema de saúde, Regina Herzlinger concedeu entrevista exclusiva à Diagnóstico, diretamente dos Estados Unidos

06Divulgação

26O consultor Osvino Souza estreia nova seção Caro Gestor

06 ENTREVISTARegina HerzlingerProfessora da Harvard Business School condena modelo predominante de financiamento da assistência médica

16 CAPAHapvidaAs práticas de gestão e governança da operadora cearense baseada no conceito de low cost, low fare

24 DIRETO AO PONTOAlessandro FerreiraExecutivo fala sobre as estratégias de expansão do Laboratório Hermes Pardi-ni no País e na América Latina

26 CARO GESTOROsvino SouzaProfessor da Dom Cabral aborda o papel da cultura nas empresas em sua seção de estreia na Diagnóstico

28 ARTIGOPaulo LopesNo artigo O Executivo: Papéis e Funções, headhunter discute os desafios impostos aos líderes na atualidade

32 NEGÓCIOSBenchmarking SaúdeGestores, empresas e instituições que se destacaram em suas áreas de atuação recebem homenagem inédita na Bahia

12 PRESTADOR REFERÊNCIAProtécnicaEspecializada em arquitetura médico-hospitalar, empresa se consolida com projetos audaciosos no Nordeste

38 ARTIGORaimundo PinheiroImportância estratégica da Gestão da Saúde Ocupacional nas empresas é tema para médico do trabalho

23 ARTIGOMaisa Domenech“Não seria necessário trabalhar sobre a gestão do paciente?” - é uma das provocações de nossa articulista

Divulgação

Francisco Fontenele

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Sem fronteiras, a crise no setor de saúde nunca incomodou tanto os ame-ricanos. Prova disso é a guerra travada pela Casa Branca na tentativa de equacionar o déficit bilionário do Medicare e do Medicaid, os maiores

programas federais de saúde. Para a pesquisadora americana Regina Herzlinger, entrevistada desta edição, o rombo na saúde da maior potência do planeta pode ensinar muito a mercados emergentes como o brasileiro. “É preciso mais transpa-rência na gestão da saúde. Algo que não acontece nos EUA”, disse ela, professso-ra titular de Harvard, à Diagnóstico. “Espero que sua presidente faça isso”. Outra lição interessante vinda dos Estados Unidos é o impacto que a questão acabou ganhando no Parlamento, unindo democratas e republicanos em torno de um tema com forte repercussão entre o eleitorado. É como se DEM (ou o que sobrou dele), PSDB e PT se juntassem, em prol do País, para discutir soluções para o não me-nos combalido sistema de saúde brasileiro. Um pacto suprapartidário em prol da saúde. Dá para acreditar?

No mundo real, brotam soluções criativas no setor privado brasileiro para ten-tar inverter o enorme abismo que separa os com plano, dos sem plano neste país. Um exemplo curioso vem de Fortaleza, de onde a Hapvida acabou se tornando a maior operadora de saúde do Norte/Nordeste, com uma receita simples, que inclui escala, baixo custo e mensalidades competitivas. Forjado por um modelo de gestão adotado por grandes companhias de varejo, trata-se de um case que certamente pode ensinar muito a um setor que costuma acompanhar os conceitos modernos de gestão quase sempre pelo retrovisor.

E por falar em governança, estreamos nessa edição o espaço Caro Gestor, ca-pitaneado pelo consultor em administração hospitalar e professor da Dom Cabral, Osvino Filho. Uma das maiores autoridades do Brasil no assunto, o docente vai estar à disposição dos leitores para responder a dúvidas e a questões que costu-mam tirar o sono de muitos empresários e executivos. Sinal de boas lições pela frente.

PS: A Diagnóstico vai estar na 18ª Hospitalar (Rua L, 126 – Pavilhão Branco), que acontece entre os dias 24 e 27 de maio, em São Paulo. Até lá.

DEM, PT e Harvard

Reinaldo BragaPublisher

PublisherReinaldo Braga – (MTBa 1798)

[email protected]

Diretor ExecutivoHelbert Luciano – [email protected]

Diretoria Jurídica Giovana Rocha – [email protected]

RepórteresReinaldo Braga - [email protected] Villela - [email protected] Brasil - [email protected]

Comercial – Bahia

Luiza Ferraz – [email protected]

Comercial – PernambucoLuiz Augusto – [email protected]

Comercial – São PauloCristina C. Baccaro – [email protected]

Comercial – Rio de JaneiroLauro Alves – [email protected]

Financeiro Ana Cristina Sobral – [email protected]

FotosRoberto Abreu

IlustraçãoTulio Carapia

Revisão Marcos Navarro (MTBa 1710)

Tratamento de Imagens Adenor Primo

CapaFrancisco Fontenele

Estagiário Maicon Santos – [email protected]

Atendimento ao leitor [email protected]

(71) 3183-0360

Para Anunciar Bahia – (71) 3183-0360

Pernambuco – (81) 3326-7188 São Paulo – (11) 3057-1444

Rio de Janeiro – (21) 2223-3298

Impressão Gráfica Santa Marta S.A.

Distribuição DirigidaCorreios

Realização Criar Marketing em Saúde

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CEP: 40155-150 | Salvador-BA Tel: 71 3183-0360

Gestão em Saúde

eDITORIAl

A Revista Diagnóstico não se responsabiliza pelo conteúdo editorial do espaço Prestador Referência, cujo texto é de responsabilidade de seus autores. Artigos assinados não

refletem necessariamente a opinião do veículo.

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CARTA DO leITOR [email protected]

“Foi com imenso prazer que li a matéria sobre o parque tecnológico baiano. Só fiquei curioso para saber por que um projeto de tamanha importância e que se arrasta há tanto tempo (quase dez anos) só agora vai sair do papel.Mário Albuquerque, Rio de

Janeiro-RJ

Capa

Muito importante a iniciativa do gover-no da Bahia em atrair empresas de alta tecnologia para o Nordeste. Um desafio do tamanho da região, como frisa bem a matéria, e que vai depender de vontade política para sair do papel. Eis aí, afinal, um grande desafio.Renato Seixas, São Luís-MA

A reportagem cita o Tecnoporto de Recife como referência na implantação de parques tecnológicos bem-sucedidos no Brasil, o que é uma verdade. É uma pena, contudo, que nenhum membro do governo baiano tenha vindo a Recife saber mais dessa exitosa experiência.Márcia Marino, Recife-PE

São Rafael

É inegável a importância e a contri-buição do São Rafael para o mercado de saúde do Nordeste, em especial da Bahia, onde aportou há mais de 20 anos. Mas chama a atenção a forma com que a instituição vem perdendo peças-cha-ves na área de gestão e governança. O último deles, que ilustrava a matéria da recente edição da Diagnóstico, Eduardo Queiroz – agora no Santa Izabel. Um turnover mais do que preocupante.F.S.R., Salvador-BA

Entrevista

O senhor Vecina Neto tem um discurso bastante seguro sobre como resolver os problemas da saúde brasileira. Lista com maestria o que deve ser feito e como ampliar a participação da ini-ciativa privada na gestão da saúde. Destaca também a importância do PSF na melhoria dos escores de saúde. Tudo fácil de fazer. Só não diz de onde vem o dinheiro.Amarildo Fonseca, J. dos Guararapes-PE

Parabéns ao entrevistado pela bela entrevista sobre o setor de saúde brasi-leiro. Concordo plenamente quando ele diz que hospitais filantrópicos que não revertem o que ganham em assistência praticam a pilantropia. Célio Menezes, Teresina-PI

Com todo o respeito ao senhor Vecina, chamar os empresários da saúde de “chorões” ficou deselegante. Fausto Meireles, São Luís-MA

Planos de saúde

Defender a acreditação para as operado-ras é algo absolutamente legítimo e que deve, sim, ser uma prioridade. Quem sabe isso não torne o processo de glosas mais profissionalizado.T.M.A., Salvador-BA

As operadoras sempre viram com entusiasmo a busca por qualificação por parte dos prestadores, ainda que nunca tenha estimulado esse processo - pelo menos do ponto de vista das compensa-ções. Torcemos para que as boas práti-cas possam inspirar também esse braço tão importante na saúde suplementar.Ancelmo Góes, São Paulo-SP

Filantrópicos

Bom saber que existem gestores dispos-tos a emprestar sua força de trabalho em nome da filantropia. Ser um provedor, no sentido mais íntimo da palavra, requer, acima de tudo, abnegação.João Carlos Silva, Feira de Santana-BA

Hospital Unimed

O que aconteceu com o Hospital Uni-med Salvador foi um crime contra os cooperados. Venderam um negócio da China e entregaram um doente na UTI. Lamentável. Caio M., Salvador-BA

Fui vítima da Unimed Metropolitana, que faliu, deixando a conta para os cooperados, e Unimed Salvador, idem. Médico não entende nada de negócio. Horácio S., Salvador-BA

Negociador Profissional

A matéria sobre o Negociador Profissional foi a que gerou maior número de comentários na últi-ma edição da revista. No total, mais de 30 e-mails foram enviados com mensagens das mais diversas. Do Maranhão, o médico Alcebíades Neto comen-tou. “Esse senhor faz um trabalho elogiável em prol dos prestadores. É desse tipo de profissionali-zação que o mercado precisa”. De Fortaleza, a lei-tora Marina Rios destoou. “Parece alguém muito bem pago e que deve ter up na comissão se levar o caso para o litígio”.

O consultor Cícero Andrade: polêmica

Roberto Abreu

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Professora da Harvard Business School há 40 anos, Regina Her-zlinger se define como “a voz do

consumidor” quando se trata da discussão sobre a qualidade dos sistemas de saúde em algumas das principais nações do pla-neta, o Brasil, inclusive. Com doutorado pela Harvard Business School e primeira mulher a se tornar professora titular da instituição, Regina se tornou reconhecida no meio acadêmico e no mundo corpora-tivo com sua proposta de administração e financiamento da assistência médica, sobretudo ao cunhar o termo consumer--driven health care. “A única maneira de controlar os custos é colocando o con-sumidor no comando”, dispara. “Se o governo, os empregadores ou os hospi-tais forem os únicos responsáveis pelos rumos da saúde, os custos vão aumentar sempre”. Ao defender que os Estados de-veriam parar de subsidiar os serviços de

saúde pública, passando a dar dinheiro diretamente aos cidadãos e exigindo mais transparência na gestão da qualidade, a economista subiu a temperatura no debate sobre o financiamento do setor de saúde norte-americano. “Os empresários amam a ideia de ter informações sobre a quali-dade dos bens que adquirem, como auto-móveis, por exemplo”, polemiza a aca-dêmica, em um inglês professoral. “Mas nunca gostam quando essa transparência deve ser aplicada sobre seu negócio”. Aos 67 anos, Regina possui seis livros publicados na área de saúde, todos best--sellers em suas categorias, o último deles Valor para o paciente – O remédio para o sistema de saúde, publicado no Brasil pela Grupo A Editoras (original em inglês “Who Killed Health Care”). Atualmente, desenvolve um estudo de caso sobre o sistema de saúde brasileiro. “Claramente, o Brasil é o futuro”, acredita. De Boston,

nos Estados Unidos, ela conversou com a Diagnóstico.

Revista Diagnóstico – Se “Valor para o paciente” fosse um filme de faroeste, os médicos seriam os mocinhos, que militam por uma causa justa e precisam vencer essa guerra. Não teme ter sido passional demais em uma discussão tão complexa?Regina Herzlinger – Sim, os médicos não são anjos, mas eles são os mocinhos des-ta história. Afinal, quem é o personagem mais importante no sistema de saúde? Quem realmente realiza os serviços? Se continuarmos a desmoralizá-los, quem vai querer se formar médico? Fico mui-to triste que cada vez mais médicos es-tejam abandonando suas profissões ou nem mesmo chegam a se tornar médicos. Minha posição não é pró-médico, minha posição é pró-consumidor. O que sei so-

AS LIÇÕES DE HARVARD

eNTReVISTA regina herzlinger

Mais badalada autora sobre o trade de saúde mundial e professora da maior escola de negócios do planeta, a americana Regina Herzlinger é defensora do consumer-driven health care

Fotos: Divulgação

Danielle Villela

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bre os consumidores de serviços de saúde é que eles não confiam nas seguradoras, não confiam no governo e não confiam nos hospitais. O médico é a única pessoa em quem os pacientes confiam.

Diagnóstico – A senhora faz questão de admitir, no prólogo, que seu livro seria objeto de muitas críticas por parte de setores do trade de saúde. Qual delas mais a incomodou?Regina – Não me agradam as acusações de que sou uma marionete de empresas privadas e uma pessoa boba, que não sabe que está sendo manipulada, mas isso não importa tanto. O que mais me incomodou foram as reações na própria academia, en-tre meus pares, onde fui acusada até de plágio.

Diagnóstico – A senhora revela que há uma batalha pelo controle do sistema de saúde norte-americano, em um ne-gócio que envolve muito dinheiro e in-teresses muitas vezes obscuros. Como está esse embate atualmente? Regina – Os consumidores estão total-mente fora do sistema de saúde. Mesmo que financiem essa estrutura em todo

o mundo, eles não têm possibilidade de sentar à mesa de negociação. Nos Esta-dos Unidos, a principal mudança desde a publicação do meu livro é a reforma pro-posta pelo presidente Barack Obama. Ba-sicamente, ela dará mais poder aos consu-midores, pois pretende ampliar o número de cidadãos cobertos pelo governo, tornar a assistência mais barata e impor regras mais rígidas às seguradoras. Virtualmen-te, todos terão um plano de saúde, o que é muito bom. Por outro lado, a concessão corre o risco de concentrar ainda mais poder nas mãos do governo. Isso é pre-ocupante porque, além de desautorizar os médicos, os hospitais e as seguradoras, os governos não são capazes de negociar a escolha das pessoas. Se não há escolha do cidadão pelo plano de saúde, não há concorrência; sem concorrência, não há nenhuma intervenção, e, se não há inter-venção, os custos continuam crescendo.

Diagnóstico – O que caracteriza o consu-mer-driven health care (CDHCC)?Regina – O sistema com foco no consu-

midor significa que o indivíduo pode con-trolar o seu plano de saúde. Na Suíça, o cidadão é obrigado a comprar o seu pró-prio plano – mesmo que não tenha con-dições, o governo dá esse dinheiro para que a pessoa possa comprar um plano de saúde privado. Resultado: o sistema suíço é muito adaptado ao que os consumidores querem. A Suíça tem um sistema de saúde com qualidade muito melhor até mesmo que os Estados Unidos e possui o maior índice de satisfação entre os consumido-res de todo o mundo.

Diagnóstico – Como isso poderia ser fei-to na prática?Regina – Muito fácil, o governo lhes dá um vale restrito e deixa que o cidadão escolha entre as empresas de planos pri-vados. Essa aplicação não é nenhuma ci-ência misteriosa. A Suíça tem uma adesão muito grande, mais de 99% da população possui plano de saúde neste sistema. O vale não pode ser utilizado para comprar cerveja, para comprar batatas fritas, só serve para comprar plano de saúde.

Diagnóstico – O que acontece se o cida-dão não comprar o plano?

Regina – Se ele está desempregado, o go-verno suíço pode descontar o valor dire-cionado ao plano de saúde, qualquer que seja o auxílio financeiro oferecido, e os empregadores têm multas vultosas quan-do contratam um trabalhador sem plano. A Suíça tem uma população de cerca de 6 milhões de habitantes e 87 empresas de planos de saúde privados competitivos, com custos administrativos representan-do apenas 5% de sua receita. Para se ter uma ideia, o estado de Massachusetts, nos Estados Unidos, tem aproximadamente a mesma população da Suíça e apenas dez seguradoras competitivas. A concorrência pelos consumidores obriga os planos de saúde suíços a se tornarem muito mais eficientes.

Diagnóstico – Na prática, de que forma a concorrência e a competição contri-buem para a qualidade dos serviços do setor de saúde?Regina – Uma evidência da qualidade dos serviços de saúde é o grau de satisfação do consumidor, que, no caso do sistema

“Minha posição é pró-consuMidor. ElEs não confiaM nas sEgura-doras, não confiaM no govErno E não confiaM nos hospitais”

suíço, é o maior do mundo. Os motivos para essa excelência são muito óbvios. Os cidadãos compram o seu próprio plano de saúde, então as seguradoras têm que ser muito sensíveis ao que as pessoas que-rem. Não vemos situações como: “Olha, só posso recebê-lo daqui a seis meses, às 5 horas da manhã”, porque os pacientes estão comprando o plano e, se os fornece-dores os tratam de qualquer maneira, eles podem simplesmente mudar para outra companhia.

Diagnóstico – É possível fazer adapta-ções para que o sistema do managed care seja benéfico para pacientes e em-presários? Quais seriam as mudanças necessárias?Regina – Sim, as empresas devem parar de comprar planos de saúde e, em vez disso, dar um vale aos seus empregados e deixá-los comprar seus próprios planos. O governo brasileiro deveria parar de subsidiar serviços de saúde pública inefi-cientes e extremamente inadequados.

Diagnóstico – Qual sua opinião sobre o sistema de saúde brasileiro?Regina – Estou fazendo um estudo de

caso para analisar todo o sistema brasi-leiro e os dados são chocantes. Virtual-mente, ninguém que é educado utiliza o sistema de saúde pública, quer dizer, as pessoas que o usam são majoritariamente indivíduos que não têm muita instrução. Isso é um reflexo de que pessoas inte-ligentes não usam o sistema público de saúde? Não. A reflexão é que os ricos não usam a estrutura pública, e as pessoas po-bres, que não são capazes de obter uma educação adequada, são as únicas que se submetem a usá-la, e os resultados são terríveis. O sistema de saúde governa-mental não chega nem perto dos planos privados. Qualquer pessoa que queira ter uma assistência melhor ou um acesso mais rápido adquire um plano privado.

Diagnóstico – Essas deficiências do sis-tema de saúde brasileiro são identifica-das também em outros países?Regina – Isso acontece na cobertura uni-versal do Reino Unido. Se você não pa-rece que está prestes a processá-los, se não tiver conexões, ou seja, se não tem

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médicos nas administrações dos hospitais ou administradores de planos entre os seus amigos, você vai para o fundo da fila e tem de esperar muito mais tempo para ser atendido do que as pessoas que são de classe média ou superior.

Diagnóstico – Qual seria a melhor solu-ção para essas desigualdades no acesso?Regina – Na Suíça, cujo sistema de saú-de é focado no consumidor, eles têm a mais alta qualidade dentre os países de-senvolvidos no que diz respeito ao aces-so de pobres e não-pobres. Isso acontece porque aqueles que precisam recorrer às instalações e aos planos governamentais podem adquirir os mesmos serviços que todos os outros. Se uma pessoa pobre vai ao médico, ele não faz ideia de que aquele paciente é pobre.

Diagnóstico – A grande discussão no pla-no político brasileiro hoje é ressuscitar um imposto cobrado sobre os cheques e que seria destinado ao sistema público de saúde. Essa política de Hobin Hood funciona?Regina – Claramente, o que pode acon-tecer é as pessoas começarem a pagar as

eNTReVISTA regina herzlinger

com as outras, ocorre uma oferta maior de diferentes tipos de produtos e há muitas maneiras em que os planos de saúde po-dem diferir entre si nos tipos de apólices oferecidas. Uma companhia poderia ven-der uma apólice na qual, se o cliente assi-na com eles por cinco anos e se mantém saudável durante esse período, ele recebe-ria metade do seu dinheiro de volta. Isso é totalmente viável e iria motivar as pes-soas a permanecerem saudáveis durante os cinco anos negociados. No entanto, a atuação do governo também é necessá-ria nessa indústria para certificar que as seguradoras são financeiramente viáveis, garantir que não são empresas fantasmas, que não vendam planos que nunca vão entregar ou que não pagam aos médicos no hospital.

Diagnóstico – A senhora denuncia casos de irregularidades, má qualidade dos serviços de saúde e descaso com os pa-cientes. Como o agente público poderia ser mais eficaz na fiscalização dos servi-ços oferecidos à população?Regina – Desde 1996, defendo a criação de uma agência governamental indepen-dente, que não faria nada a não ser mo-

coisas de outras maneiras, usando dinhei-ro por debaixo do pano para comprar seus produtos e serviços. Não me parece uma boa fonte de receita. Além do mais, o ver-dadeiro problema não é a disponibilidade de recursos, mas sim as desigualdades do sistema de saúde brasileiro.

Diagnóstico – Outro debate caloroso é o ressarcimento aos cofres públicos, por parte dos planos de saúde, dos atendi-mentos feitos pela rede pública ao pa-ciente/cliente que possui seguro priva-do. Qual sua opinião a respeito?Regina – É um debate estúpido, porque seus resultados são exclusivamente polí-ticos. Não são decisões econômicas, não são baseadas no valor do dinheiro, elas são baseadas no poder político do público no privado. Esse tipo de discussão nunca leva a lugar nenhum. A maneira de lidar com isto é eliminar o sistema público de saúde e deixar os pacientes comprarem um plano privado.

Diagnóstico – Quais sãos as característi-cas do plano de saúde ideal?Regina – Competitividade. Com um gran-de número de empresas competindo umas

Harvard Business School, em Boston, é sede das pesquisas da economista Regina Herzlinger

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nitorar a qualidade do sistema de saúde. Seu funcionamento deve ser separado de tudo no governo para garantir, finalmen-te, a transparência dos processos. Assim, se a agência produz poucos dados ou in-formações pouco úteis em vez de mos-trar os resultados, o público vai saber e vai ficar bravo. Insisto na necessidade de uma agência independente porque o setor privado teve ampla oportunidade para produzir dados de melhor qualidade e não o fez. Todo mundo gosta de transparên-cia, os empresários amam a ideia de ter informações sobre a qualidade dos bens que adquirem, como automóveis, por exemplo. Mas nunca gostam quando essa transparência deve ser aplicada sobre seu negócio. A única maneira de tornar essa mobilização efetiva será criando uma agência independente, muito visível, cujo objetivo primordial é medir a qualidade. Eu adoraria que sua nova presidente (Dil-ma Rousseff) fizesse isso.

Diagnóstico – É preciso modificar o siste-ma de qualidade?

Regina – Sim, passar da atenção ao pro-cesso e focar nos resultados. Nós tenta-mos controlar a qualidade dos serviços, mas o monitoramento é realizado através de um processo de valoração, ou seja, as seguradoras e o governo verificam se os prestadores seguem as receitas de biscoito na hora do atendimento. No entanto, pre-cisamos medir a qualidade como resulta-do. Se eu sofro de insuficiência cardíaca congestiva, estou interessada se o médico me disse para parar de fumar ou estou in-teressada em quanto tempo eu vivo sob cuidados médicos? Em outras palavras, estou interessada em medir o processo ou seus resultados? Quando compro um car-ro, eu me importo se o fabricante segue a receita do governo para construí-lo ou quero saber se ele é seguro e confiável? Na indústria temos muitas informações disponíveis sobre a qualidade, mas no sis-tema de saúde tudo o que temos são dados que dizem se o médico me falou para pa-rar de fumar ou não.

Diagnóstico – A senhora critica a falta de autonomia profissional e as poucas possibilidades de inovação dos médicos devido à burocracia sustentada pelo go-verno e pelas seguradoras. De que for-

ma isso se reflete no sistema de saúde como um todo e no atendimento ao pa-ciente?Regina – Na indústria automobilística, se um empreendedor monta uma empresa e fatura bilhões, o governo monitora se a fábrica é segura, mas não determina como os carros devem ser produzidos. Se o em-preendedor tem espírito inovador e pode fazer um carro melhor e mais barato, ele não enfrenta dificuldades, apenas ouve “vá em frente”. Mas os profissionais de saúde não conseguem iniciar uma nova maneira de tratar a insuficiência cardíaca porque são microgerenciados pelo gover-no e pelas seguradoras, que determinam como eles devem praticar a medicina. Muitas destas regras são boas, mas elas obrigam os profissionais a abdicar das inovações.

Diagnóstico – Qual a sua opinião sobre a expansão dos negócios envolvendo o turismo médico?Regina – É um negócio que vem crescen-do rapidamente no Oriente Médio, onde

as pessoas pagam o serviço de saúde dos seus próprios bolsos. Muitas pessoas vão para o sudeste asiático para serem aten-didas, porque recebem bons serviços a preços muito inferiores aos dos Estados Unidos ou aos do Reino Unido. Esse tipo de negócio também experimenta uma expansão no Brasil e na Argentina. Nos Estados Unidos, há algum turismo mé-dico para serviços não segurados, como odontologia e cirurgia plástica. Diferentes partes do mundo têm diferentes especiali-zações nos cuidados de saúde por razões culturais, assim como ocorre com o de-senvolvimento de equipamentos eletrôni-cos no Japão.

Diagnóstico – Poderia dar um exemplo?Regina – O melhor lugar do mundo para a realização de cirurgias de mudança de sexo é a Tailândia, porque seu povo não é problemático quanto à identidade sexu-al. Eles detêm a maioria das cirurgias de transgêneros no mundo. É um procedi-mento extremamente complexo, e os pa-cientes devem procurar um local onde a técnica é levada muito a sério e vem sen-do desenvolvida há muito tempo. Países como Estados Unidos, Índia e Alemanha são excelentes para tratamento de doen-

ças cardíacas. Assim, o turismo médico traz tantos benefícios quanto a medicina de livre comércio, mas isso só vai aconte-cer quando os consumidores forem livres para escolher onde querem ser atendidos. Somente um sistema orientado para o consumidor me ofereceria uma apólice que permitisse a realização de uma cirur-gia cardíaca na Índia por 40% dos custos em vez de limitar a realização deste pro-cedimento ao estado de Massachusetts. Mas os empresários têm medo, não que-rem esse negócio de ir para fora do país, por isso não vão oferecer.

Diagnóstico – A crise no setor de saúde pode ser pior do que o estouro da bolha imobiliária americana?Regina – Provavelmente não. Mas a quan-tidade de dinheiro que o governo dos Es-tados Unidos deve a idosos que pagaram pelo cuidado médico, ou seja, os passivos descobertos chegam a 90 trilhões de dó-lares. Esse valor equivale à combinação de sete anos de todo o produto da econo-mia americana, cujo PIB neste ano é de

aproximadamente 14 trilhões de dólares. Atualmente, a maioria dos países desen-volvidos tem passivos descobertos, di-nheiro que eles devem por serviços a pes-soas que pagaram para integrar esquema de seguridade social. Novamente, a única diferença é a Suíça, cujo governo não tem passivos descobertos porque não há sis-tema público de saúde. Não acredito que esse problema seja equivalente ao efeito da bolha imobiliária. No entanto, meus filhos, meus netos, meus bisnetos de al-guma forma vão ter que pagar 90 trilhões de dólares para ter assistência médica. É muito assustador.

Diagnóstico - Quais reformas ainda se-rão necessárias para que os custos de saúde para idosos e para as populações carentes não se tornem um problema para as gerações futuras?Regina – É preciso colocar o consumi-dor no comando. Os custos só aumen-tam quando governo ou empresários são responsáveis. Os países em desenvolvi-mento seguem esse modelo, com custos horríveis e qualidade de atendimento aos pobres muito inferior em relação aos ricos e à classe média. Espero que o Brasil faça essa mudança.

“os profissionais dE saúdE não consEguEM inovar nos trataMEntos porquE são MicrogErEnciados pElo govErno E pElas sEguradoras”

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Tecnologia&Investimento

o primeiro stent periférico com medicamento do Brasil começou a ser comercializado em abril pela cook Medical. disponível na Euro-pa há um ano e recém-aprovado pela anvisa, o Zilver ptX é feito de nitiniol – liga metálica de níquel e titânio com propriedades elásticas – e revestido com paclitaxel. o me-dicamento atua impedindo a divisão celular e reduzindo o risco de novo estreitamento nos casos de doença arterial periférica (dap).

Mais de 110 bilhões de dólares foram investidos no desenvolvimen-to do produto, incluindo pesquisas laboratoriais e estudos clínicos re-alizados desde 1994. o mercado mundial de dispositivos para inter-venções periféricas representa 4 bilhões de dólares por ano. a cook Medical espera um faturamento de cerca de 4 milhões de dólares em vendas do Zilver ptX no Brasil nos próximos cinco anos. segundo da-dos divulgados durante o congres-

so latino-americano de cirurgia Endo-vascular (cEla 2011) realizado no rio de Janeiro, entre os dias 6 e 9 de abril, o Zilver ptX apresenta 85% de sucesso

Cook Medical lança dispositivo inédito no Brasil

Resolutividade

Divulgação

Sistemas

Touch-screen em vez de pranchetasa substituição dos métodos tra-

dicionais de introdução de dados clínicos por prontuários eletrônicos touch-screen é realidade cada vez mais comum no Brasil. fornecedora de soluções de ti e softwares para a área médica, a alErt atende 40 hospitais e mais de 3 mil instituições de saúde em todo o país. seguindo as normas do conselho federal de Medicina (cfM), o sistema permite a realização de triagem por meio do protocolo de Manchester, com con-sulta em tempo real aos dados dos pacientes e controle do acesso por meio de identificação biométrica.

Stent medicado Zilver PTX: eficácia em 85% dos casos após dois anos de implantação

mesmo após dois anos da implan-tação. “é um resultado empolgan-te, não há nenhum outro disposi-tivo com esse índice de eficácia”, disse à diagnóstico rob lyles, vice--presidente da divisão de interven-ções periféricas da cook Medical. com menos de 2% de índice de fratura, o Zilver ptX também tem o diferencial de não utilizar polímeros para armazenar o paclitaxel.

“o mercado brasileiro está sen-do subutilizado”, critica lyles. “são utilizados 8 mil stents por ano no Brasil, enquanto nos Estados uni-dos são mais de 200 mil no mesmo período”. para o cirurgião vascular Marcelo ferreira, presidente do cEla, os stents medicados repre-sentam resultados em longo prazo no custo final dos procedimentos. “o paciente se recupera mais rápi-do e o tempo de internação é me-nor, com resultados iguais ou até melhores do que a cirurgia tradicio-nal”, explica.

Software

Pixeon apresenta novo CAD Pulmonar

a catarinense pixeon acaba de apre-sentar seu novo cad (computer aided diagnosis) pulmonar, software de pro-cessamento de imagens que atua iden-tificando anomalias e possíveis nódulos em fase inicial. a ferramenta está en-tre os três melhores cads do mundo, segundo testes realizados pelo image sciences institute, da university Medi-cal center utrecht, na holanda. após a apresentação durante a 41ª Jornada paulista de radiologia, realizada entre os dias 28 de abril e 1º de maio, o pro-duto entra em fase de homologação no hospital do câncer de Barretos, em São Paulo, e terá lançamento oficial no quarto trimestre deste ano.

Divulgação

Prontuário sensível ao toque: sistema integra todos os dados necessários para equipe médica

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“Clientes insatisfeitos podem gerar verdadeiras crises de imagem”consultor e autor do blog clínica de Marketing digital, o paulista síl-vio tanabe atua em parceria com a Magoweb, empresa especializada no desenvolvimento de soluções para internet para pequenas e médias empresas. tanabe falou à Diagnós-tico sobre o uso das redes sociais no setor médico-hospitalar.

Revista Diagnóstico - Do ponto de vista estratégico, o que o uso das novas mídias agrega às fer-ramentas tradicionais?Silvio Tanabe - o trabalho com as redes sociais deve sempre ser vis-to não apenas como uma forma de promoção, mas como um espaço de interação entre instituições e seus públicos-alvo (pacientes, familiares e até mesmo os profissionais de saúde). no entanto, as atuações on-line e off-line devem estar integra-das. não adianta o hospital “X” fazer um anúncio na tv falando sobre as suas maravilhosas instalações se, ao entrarmos no facebook, encontra-mos páginas “odeio o hospital X”. fica clara a importância de se moni-torar o que se fala sobre a empresa nas redes sociais, de modo que seja possível tomar as providências ne-cessárias.

Diagnóstico - Os hospitais e clí-nicas podem ser alvo de críticas nas redes sociais?Tanabe - clientes insatisfeitos po-dem gerar verdadeiras crises de ima-gem. imagine uma pessoa que con-sidera que o hospital foi negligente no tratamento de seu familiar e re-solve postar um vídeo no You tube para reclamar.

Diagnóstico - É preciso ser uma grande empresa para se lançar nas redes sociais?Tanabe - Essa atuação não depende do porte da empresa. o que é pre-ciso é ter um planejamento prévio. O primeiro passo é identificar quem são os públicos de interesse e onde eles se concentram. Se for identifica-

Redes sociais

Mais de r$ 1 milhão foram investidos pelo centro de Medicina nuclear da guanabara na estruturação do novo serviço de check up, inaugurado em um andar inteiro da unidade, localizada no centro do rio de Janeiro. o novo es-paço foi equipado para realizar até 12 procedimentos diários, como avaliações clínicas, cardiológicas e oftalmológicas, dentre outras. também são disponibili-zados exames específicos como densi-tometria óssea, ressonância magnética, tomografia, radiologia e PET-CT. Oftal-mologistas, cardiologistas, urologistas e pneumologistas compõem o corpo clíni-co formado por mais de 20 profissionais.

Centro de Medicina Nuclear da Guanabara tem nova unidade

Ampliação

o hospital Esperança, do recife (pE), anunciou a aquisição de novo equipa-mento radiológico com geração de ima-gem 100% digital para o diagnóstico e intervenção das doenças cardiovas-culares em procedimentos complexos. único na capital pernambucana, o apa-relho é capaz de promover refinamento nas imagens com capacidade de deta-lhamento acima dos 70% em relação às máquinas analógicas. a instituição investiu r$ 2 milhões no equipamento, que será utilizado pelo setor de hemo-dinâmica, diagnóstico e intervenção cardiovascular.

do que a maioria das pessoas inte-ressadas em algum tratamento pos-sui uma comunidade no orkut, por exemplo, é importante atuar nessa rede fornecendo orientações. Diagnóstico - De que forma os médicos e profissionais do se-tor devem ser envolvidos nesse processo?Tanabe - Em primeiro lugar, é pre-ciso conscientizá-los da importância das redes sociais como canal de

relacionamento não só com os pa-cientes, mas com o público em ge-ral. facebook e twitter, por exemplo, não são apenas “coisas de adoles-centes e gente desocupada”, mas ferramentas que podem auxiliar esses profissionais no seu trabalho de orientação, divulgação, comuni-cação e interação com as pessoas. Afinal, independentemente de se querer ou não, elas podem estar fa-lando bem ou mal do seu hospital ou da sua clínica neste exato momento.

Diagnóstico - O mercado já di-ferencia as empresas que se po-sicionam nas redes sociais?Tanabe - no segmento de bens de consumo isso já é uma realidade, mas varia de acordo com o perfil de produto e público. por isso é difícil generalizar ou entrar no campo dos hospitais e clínicas. Mas posso dizer que atuar nas redes sociais pode se constituir em um forte diferencial para o segmento devido ao interes-se do público em ter mais informa-ções e orientações sobre tratamen-tos, opinião de profissionais, etc.

“não adianta faZEr uM anúncio na tv, sE no facEBook EncontrarMos ‘Eu odEio EssE hospital’”

Os médicos Marcos Barbosa (à esquerda) e Luiz Alberto Mattos, ao lado do novo equipamento

Pioneirismo

Hospital esperança com equipamento único no Recife

Divulgação

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14

Prot

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Excelência técnica e estéticahá uma década e meia no mercado, a protécnica se consolida como referência em arquitetura médico-hospitalar no nordeste

Assim como a busca contínua por procedimen-tos sempre mais avançados e eficientes, o se-tor de saúde tem sido cada vez mais rigoroso

nas exigências também por apuro técnico e estético na execução de suas instalações físicas. Alinhada com os interesses de um público tão personalizado, a Protécni-ca Arquitetura e Engenharia se consolidou como refe-rência em arquitetura médico-hospitalar no Nordeste, executando mais de 11 projetos simultaneamente, den-tre eles o audacioso empreendimento de implantação do Cíclotron do Grupo Delfin, no município baiano de Lauro de Freitas. A empresa confirma ainda o momen-to de expansão com a abertura de um novo escritório em Salvador – além da sede em Maceió, localizada na praia da Ponta Verde, um dos mais belos cartões--postais da capital alagoana. Tanta beleza inspira a equipe formada por seis arquitetos e dois engenheiros,

além de apoiadores como engenheiros de instalações e engenheiros calculistas, a se debruçar em pesquisas minuciosas para projetos de média e alta complexida-de, sobretudo no que diz respeito às especificidades da área de saúde. “O grande desafio é fazer com que o trabalho arquitetônico acompanhe a evolução tecnoló-gica dos equipamentos, que possuem alto custo e são atualizados muito rapidamente”, explica Tânia Barros, engenheira civil e sócio-fundadora da Protécnica.

O Complexo Médico-Hospitalar de Lauro de Frei-tas – onde a Biofármaco, do Grupo Delfin, implantará o primeiro Cíclotron privado do Nordeste a produzir FDG – tem exigido cuidados redobrados por envolver, ao mesmo tempo, uma estrutura industrial de produção de radiofármacos e uma unidade hospitalar direciona-da aos serviços de oncologia. “Cada uma dessas áreas tem suas necessidades específicas, e a Protécnica con-

Perspectiva do Complexo Médico Hospitalar do Grupo Delfin, na Bahia: arquitetura de ponta para acolher o primeiro Cíclotron privado da região

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Acima, perspectivas do Hospital Ver, em Maceió, do Instituto de Olhos Freitas e da Maternidade Stela Gomes, na Bahia

templou as expectativas do Grupo Delfin com estruturações complexas e arrojadas”, estima Armindo Gonzalez, respon-sável pelo empreendimento. Toda a equipe técnica envolvida na obra visitou o Hospital das Clínicas de São Paulo, com o objetivo de realizar pesquisas sobre o funcionamento e os re-quisitos do Cíclotron, incluindo as normas técnicas e as im-plicações ambientais e jurídicas que envolvem uma indústria de radioisótopos. “É preciso enxergar todo o funcionamento do empreendimento, discutir sua compatibilização e elaborar soluções técnicas”, enfatiza Sérgio Garrido, sócio-fundador da Construtora Falcão&Garrido, empresa parceira da Protécnica na execução do projeto da Biofármacos e em diversos outros empreendimentos. “É uma relação de respeito e admiração mútuos”, resume.

Com mais de 8 mil m² de área construída, a unidade conta-rá ainda com serviços de quimioterapia, radioterapia com dois aceleradores lineares, centro cirúrgico, internação em sistema de day clinic e centro de diagnóstico com equipamentos como PET-CT, tomografia e ressonância magnética, dentre outros. Foram investidos mais de R$ 1 milhão apenas no planejamen-to do empreendimento, incluindo estudos preliminares, pro-jetos arquitetônico e complementares de estrutura como ins-talações elétricas, refrigeração de ar e processos ambientais. Iniciadas há cerca de oito meses, as obras seguem em ritmo adiantado, e as instalações dos equipamentos serão executa-das em breve. “Fizemos acontecer em velocidade recorde”, declara Garrido. “Isso requer seriedade e uma atenção muito grande dos profissionais da nossa empresa e da Protécnica”, avalia, com experiência de dez anos na execução de empre-endimentos em diversas áreas da medicina, como bioimagem, nefrologia e oncologia.

eXPANSÃO – A Protécnica vem intensificando sua atuação nas principais praças do Nordeste nos últimos dois anos, rea-lizando projetos como a construção de uma nova estrutura do Instituto de Olhos Freitas (IOF), no complexo Mundo Plaza, em Salvador. “O conhecimento especializado da Protécni-ca faz com que o contratante se sinta muito mais tranquilo e não precise estar no local transmitindo diversas informações a um arquiteto sem essa expertise”, constata Marcelo Freitas, diretor do IOF. “Fazemos questão de acompanhar todas as etapas do empreendimento, desde a escolha do terreno até o funcionamento das instalações”, garante Tânia. A nova unida-de contará com oito consultórios e serviços nas subespeciali-dades de glaucoma, catarata, retina, plástica ocular e cirurgia refrativa, além de oftalmopediatria e um centro de adaptação

“dEtalhaMEnto iMpEcávEl E rEquintE faZEM a protécnica MErEcEdora da confiança dE qualquEr EMprEsário”Bráulio Brandão, dirETor do HoSPiTal aEroPorTo

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de lentes de contato. O centro de diagnóstico, por sua vez, irá dispor de equipamentos modernos como ultrassom, biometria railmaster, tomografia de coerência ótica (OCT), Pentacam e aberrômetro. Com a nova estrutura, a sede do IOF localizada no bairro do Rio Vermelho se tornará um hospital dia para a realização de procedimentos cirúrgicos.

A ampliação do Hospital Aeroporto, em Lauro de Frei-tas (BA), também vem sendo desempenhada pela empresa especializada em sistemas de saúde. “Os inúmeros projetos dotados de elevado nível, detalhamento impecável e requinte fazem a Protécnica merecedora da confiança de qualquer em-presário”, ressalta Bráulio Brandão, diretor da unidade. Com investimento total de R$ 6 milhões, a expansão aumentará a capacidade do hospital em 150 leitos e trará equipamentos como uma ressonância magnética de 1,5 tesla e um tomógrafo multi-slice, além da hemodinâmica.

Na Bahia, a Protécnica assume ainda a implantação de uma ressonância magnética no Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) em Salvador e a ampliação da Maternidade Stela Go-mes, em Feira de Santana. “A credibilidade e a expertise da Protécnica no mercado hospitalar garantem a excelência dos produtos e serviços oferecidos”, salienta Glauce Silva, médica e sócia da unidade. O hospital contará com 37 leitos no total, sendo 28 leitos de internação, seis de UTI neonatal e três de semi-intensiva, além de centro obstétrico com quatro salas de cirurgia e uma para parto normal. O empreendimento deve consumir um aporte de cerca de R$ 12 milhões.

A empresa é responsável também por diversos empreen-dimentos em Alagoas, como o Hospital Ver – Oftalmologia de Excelência. “A escolha da Protécnica foi decisiva”, afirma João Marcelo Lyra, oftalmologista e sócio-fundador do hospi-tal. “Teremos uma estrutura física obedecendo aos mais rígi-dos padrões de qualidade internacional e foco na excelência do atendimento humanizado”, antecipa. A unidade, localizada em Maceió, terá quatro salas de cirurgia e dez apartamentos

engemisaENGENHARIA LIMITADA

parceiros

Abaixo, projeto do Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) e ampliação do Hospital Aeroporto, na Bahia

no sistema day clinic, além de ambulatório e centro de diag-nóstico com equipamentos de alta complexidade. Anexa ao edifício, uma fundação foi projetada para atendimento aos pacientes carentes com as mesmas condições de acabamen-to do prédio principal. “O comportamento do empreendedor mudou, há uma maior preocupação com o fluxo, a humani-zação e a beleza dos ambientes”, avalia Tânia. Com trabalho reconhecido também na região Sul do País, onde atua com um escritório associado, a Protécnica não descarta novos planos de expansão. “Estaremos sempre onde houver empresários interessados em trabalho de qualidade e responsabilidade”, sentencia.

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Quem lê decide.QuEm dEcidE lê.

Maurício Bernardino, CEO do Labchecap, maior laboratório de análises clínicas da Bahia

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com o jeito ambev de lidar com planejamento, aliado ao conceito “menos é mais” da rede de fast food habib’s, a hapvida está revolucionando o mercado de saúde brasileiro

CERVEjA COM ESfIRRA

eSPeCIAl mercado

ReinalDo BRaga

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CERVEjA COM ESfIRRA Quem visita a sede da Hapvida – maior operadora de planos de saúde do Norte-Nordeste –,

no centro de Fortaleza, começa a entrar em contato, sem precisar teorizar, com um modelo de negócio até então pouco comum no segmento médico-hospitalar brasileiro. Em vez de salas suntuosas e móveis de grife, um espaço modesto di-vidido em baias simples, com cadeiras de padrão chinês e portas de compensa-do pintado. No mesmo ambiente, a sala da diretoria, onde os herdeiros do grupo dividem um espaço de pouco mais de 30 metros quadrados, sem nenhum luxo. Se

fosse uma companhia aérea, a Hapvida seria a Webjet – com aviões novos e mar-ket share de líder regional, é preciso a ressalva. Afinal, a operadora, que faturou no ano passado cerca de R$ 700 milhões (três vezes mais que em 2004), vem to-cando um plano de expansão sem prece-dentes no País, com um padrão invejável de conforto e equipamentos de ponta. “Vivemos nosso melhor momento”, co-memora o médico e empresário Jorge Pi-nheiro de Lima, presidente executivo da Hapvida Sistemas de Saúde, a holding do grupo.

A decisão de operar como um negó-cio na modelagem low costs, low fare, voltado predominantemente para o pú-blico das classes C e D, trouxe para a re-alidade da Hapvida conceitos de controle e parâmetros de gestão que não ficam apenas na analogia com o setor aéreo. Da Ambev, por exemplo, o grupo importou sua política de indicadores de controle e planejamento, concebida originalmente pelo INDG, de Vicente Falconi.

Mas vem da operação de varejo de fast-food talvez a melhor referência para definir a atuação do grupo, que opera também no segmento odontológico, com a Mais Odonto. “Somos o Habib’s do setor de saúde”, avalia, sem constrangi-mento, o executivo paulista Paulo Gon-çalves, superintendente administrativo da Hapvida. Da marca das esfirras, que ganhou o País vendendo comida barata e de qualidade para um público que não podia pagar por um Big Mac, a operado-ra cearense mantém a similaridade, tanto pelo baixo custo quanto pelo conceito de verticalização dos negócios.

Fundada pelo também médico Alber-to Saraiva, a cadeia de lanchonete inovou no mercado brasileiro de refeições rápi-das ao sustentar preços justos (menos é mais) com base em uma estrutura própria que vai da construção das lanchonetes às fazendas que abastecem de carne o ape-tite de seus clientes. A mesma receita da Hapvida. É assim no setor de engenharia, onde todas as obras são tocadas por uma equipe própria de arquitetos e engenhei-ros – a construção e o projeto de instala-ção são terceirizados. Mesmo assim, do custo do prego à betoneira, tudo passa pelo crivo dos controllers do grupo.

Somente este ano, 29 projetos, que incluem novas unidades, reformas e ampliações de clínicas e hospitais, vêm sendo executados simultaneamente em cidades que vão de Manaus a Salvador,

passando por São Luís e Mossoró. Até mesmo em áreas onde a terceirização é uma regra, como call center, segurança e limpeza, o grupo utiliza mão de obra própria.

“Conseguimos economizar até 50% dos custos com a verticalização, apenas com obras”, estima Gonçalves, que ad-ministra um orçamento anual de R$ 25 milhões aplicados na ampliação da rede. É o setor de engenharia, aliás, o maior termômetro do atual estágio da Hapvida. Com uma rede própria composta por 20 hospitais, 55 clínicas, dez laboratórios e mais de 9 mil colaboradores, a operadora vem investindo no crescimento e apare-lhamento de sua estrutura de forma fre-nética. Na Bahia, eleita prioridade núme-ro um do grupo, a Hapvida inaugura, em junho próximo, a primeira fase de obras do Hospital Tereza de Lisieux, com 110 leitos, sendo 26 de UTI. Localizada na Av. ACM, uma das mais movimentadas de Salvador, a unidade deverá ganhar outros 200 leitos, até 2012, distribuídos em uma torre de dez andares – R$ 60 milhões de investimento total, de acordo com a operadora. “Até 2015, nossa in-tenção é ampliar o número de vidas em Salvador das atuais 35 mil para 500 mil”, ambiciona o executivo Gelson Milano, que coordena as operações do grupo na Bahia e em Sergipe.

INFORMATIZAÇÃO – Em Fortaleza, a Hapvida acaba de reaparelhar e refor-mar as instalações do antigo Hospital Ba-tista, onde passou a funcionar a primeira emergência pediátrica do bairro Aldeota, um dos mais sofisticados da capital cea-rense. A unidade segue o modelo cons-trutivo da nova fase da operadora, cuja logomarca agora é aplicada em fachadas de alumínio composto, com padrão pri-moroso de acabamento e arquitetura ar-rojada. Por dentro, piso de granito e mó-veis refinados. “Preferimos economizar no que não é essencial e oferecer sempre o melhor para o cliente”, justifica Jorge Lima, que tem ascendência judaica, her-dada do pai e patriarca do grupo, Cândi-do Pinheiro de Lima. “Nosso maior desa-fio é poder oferecer uma medicina de alta qualidade, com baixo preço. E o controle de custos é peça-chave nesse processo”.

Talvez por isso, o departamento de informática, um dos orgulhos da ope-radora cearense, tenha sido o escolhido para ser referência dentro do grupo. “So-mos pioneiros no Brasil no uso do know-

O empresário Jorge Lima, na sede da empresa, em Fortaleza: foco no mercado dos emergentes

Fotos: Francisco Fontenele

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-how bancário no segmento de saúde”, enfatiza o analista de sistemas e superin-tendente de informática da Hapvida, Tar-ciso Machado. Egresso do antigo Banco Pontual e especialista em automação, foi dele a ideia de fazer o paciente interagir com máquinas antes mesmo de ser aten-dido pelo médico, através de totens de autoatendimento – a empresa estreou o equipamento pela primeira vez no Brasil, em 2009. Implantada em todas as unida-des do grupo, a tecnologia reconhece o segurado, indica o consultório no qual ele vai ser chamado e ainda oferece uma lista completa de especialidades caso haja necessidade de marcação de uma nova consulta. Tudo em uma tela sensí-vel ao toque.

A Hapvida foi pioneira também no controle de fraudes com o uso da biome-tria no processo de identificação do usu-ário – hoje usada pelo grupo até no leito para saber se o médico auditor visitou mesmo o paciente (os dois têm a digital colhida no momento da avaliação). Mas a filosofia de controlar mais e lucrar mais vai além. Talvez o exemplo mais curioso seja o sistema inteligente que acompa-nha em tempo real tudo o que acontece nas unidades do grupo, através de câme-ras de monitoramento. Em uma tela de LCD instalada na sede da empresa, em Fortaleza, é possível ver, por exemplo, a recepção lotada da unidade do grupo em Belém.

Na simulação feita pelo software de-

senvolvido pela equipe de TI do grupo, sabe-se que o tempo médio de espera está acima do previsto porque a médica atrasou 30 minutos. Foi o terceiro atraso da semana. Remotamente, as demandas são redirecionadas para outro profissio-nal. O que o sistema não vê, uma central telefônica, que gerencia o software, se encarrega de checar. Em um dia de agen-da cheia, por exemplo, mas com recep-ção vazia, basta um telefonema para des-cobrir que um temporal atinge Manaus naquele exato momento. No total, cerca

de 30 eventos, do agendamento médico, passando pelo monitoramento de filas e tempo médio de atendimento feito pelo médico, são acompanhados, via satélite, 24 horas por dia. “Assim como o ban-co, o setor de saúde lida com informa-ção”, teoriza Machado. “A operadora nada mais é que um intermediador en-tre o investidor (o usuário) e o serviço oferecido, a assistência”. A filosofia deu tão certo que o grupo criou uma empre-sa específica de TI, a Haptec – braço de tecnologia da Hapvida que vende para o mercado de saúde soluções de software e automação.

OCeANO AZUl – Por trás das es-tratégias de gestão e de crescimento do grupo, é evidente a necessidade de con-solidar ainda mais a operação na região Norte-Nordeste, onde a operadora quer chegar à marca de 1 milhão de usuários – atualmente possui aproximadamente 900 mil. “Atuamos em localidades com uma demanda muito forte por serviços de saúde”, salienta Jorge Lima, que di-vide a gestão da operação com o irmão, Cândido Júnior. “Precisamos estar aptos para atender a esse público”.

Na mira do executivo está o mercado que mais cresce no Brasil, cerca de 20% a mais do que a média nacional, e que

eSPeCIAl mercado

Roberto Abreu

O superintendente da Hapvida (Bahia e Sergipe) Gelson Milano, nas obras do Hospital Tereza de Lisieux, em Salvador: 60 milhões em investimentos

“nosso Maior dEsafio é podEr ofErEcEr uMa MEdicina dE alta qualidadE, coM BaiXo prEço. E o controlE dE custos é pEça-chavE nEssE procEsso”

JorGE PinHEiro dE lima, PrESidEnTE EXEcuTiVo da HaPVida

Unidade recém reformada do Hospital Batista, no bairro da Aldeota, em Fortaleza

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começa a ser olhado com mais carinho pelas grandes operadoras. “O Nordeste é uma das nossas maiores prioridades. Estamos atentos ao crescimento da re-gião”, disse à Diagnóstico um executivo ligado à líder Amil, maior operadora do País, mas com uma participação ainda inexpressiva na região. A corrida para expandir a rede é também a arma do gru-po para seguir à risca a teoria do Oceano Azul – termo cunhado pelos pesquisado-res W. Chan Kim e Renée Mauborgne da prestigiosa escola de negócios francesa Insead.

Avançar onde a concorrência ainda não chegou e tirar proveito dessa expan-são é uma conta que pode ser medida em números, com lupa, de preferência. Além

da robustez da rede, presente em todos os estados do Nordeste e dois do Norte, a Hapvida oferece planos que chegam a custar pouco mais de R$ 40. Valores difí-ceis de serem alcançados até mesmo para quem tem cobertura própria e rede exten-sa. “Operar com margens tão curtas faz do ganho da escala uma questão de so-brevivência para qualquer empresa”, sa-lienta o professor da FGV Maurício San-ches, especializado em gestão hospitalar. “No mercado de saúde, onde a comple-xidade dos custos é sempre um desafio, mais ainda”. Não por acaso, a operadora deixou a incômoda posição de um player a ser cobiçado por gigantes como a pró-pria Amil, há cerca de quatro anos, para se tornar consolidadora. Questão de so-

brevivência. Desde 2008, a Hapvida in-corporou ao seu portfólio operadoras tra-dicionais do mercado nordestino, como as pernambucanas Santa Clara (55 mil vidas), MMS (42 mil) e a Santa Helena, do renomado Grupo Fernandes Vieira (30 mil). A última cartada do grupo foi a aquisição da carteira do Santa Saúde, pertencente ao Hospital Santa Izabel, de Salvador (30 mil). Investimentos de cen-tenas de milhões de reais, praticamente sem recorrer a bancos, costuma alardear Jorge Lima. Um apetite que ajuda a con-quistar e, principalmente, manter con-tas de multinacionais como a holandesa C&A e os chilenos do Cenconsud, donos do G Barbosa, além de conterrâneos de expressão nacional como a Pague Me-nos e o Grupo Iguatemi, do segmento de shopping centers.

TURBUlÊNCIA – A história recente do grupo, fundado em 1993, entretanto, é marcada também por reveses. A maior delas, em 2004, quando a Hapvida ven-ceu uma licitação milionária para operar o plano de saúde dos servidores públi-cos da Bahia (400 mil vidas). Na época, parte do mercado de prestadores se ma-nifestou, alegando que a operadora iria “canibalizar o setor”, com impacto dire-to na qualidade dos serviços prestados. A pressão foi tamanha – houve ameaça de descredenciamento em massa – que o governo desistiu de terceirizar a opera-ção. “Acreditamos no governo da Bahia. Fizemos, inclusive, investimentos, mas o acordo não foi cumprido”, defende-se Jorge Lima, que chegou a acionar a Jus-tiça para ser ressarcido pelo erário. “O que posso dizer é que o grupo tem uma postura muito agressiva”, resume o pre-sidente da Associação dos Hospitais da Bahia (Ahseb), Marcelo Britto.

Na outra ponta, a da qualidade da assistência, a Hapvida acabou tendo sua imagem arranhada, em um passado re-cente, por deficiências na rede. A maior delas, que ainda perdura em praças im-portantes, é a rotina de deslocamento de pacientes que precisam embarcar rumo a Fortaleza para fazer procedimentos de média complexidade, como cateterismo.Um desconforto que chegou a gerar, in-clusive, pedidos de explicação por parte de órgãos locais de defesa do consumi-dor e ANS.

Pelo visto, para alcançar a tão sonha-da meta de um milhão de vidas, o grupo vai ter que cuidar melhor da cozinha.

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De 5% a 10%

De 10% a 20%

Mais de 30%

De 20% a 30%

Até 5 %

meRcaDO De OpORTuniDaDeS

cobertura de planos de saúde no Brasilhapvida EM núMEros

Redeamazonas, pará, Maranhão, piauí, ceará, rio grande do norte, paraíba, pernambuco, alagoas, sergipe e Bahia

número de clientes aproximadamente 900 mil usuários

estrutura20 hospitais, 55 clínicas, 12 prontoatendimentos e dez laboratórios

equipe 9.700 colaboradores

Receita r$ 700 milhões

investimentos 2011r$ 45 milhões

O analista de sistemas Tarciso Machado: tecnologia para reduzir custos

Fonte: HapvidaFonte: ANS

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Diagnóstico | jan/fev/mar 201122

Fotos: Roberto Abreu

considerado o mais alto nível de desenvolvimento em diagnóstico por imagem, pEt-ct e seus impactos são discutidos por especialistas de todo o Brasil

As perspectivas na realização de diagnósticos cada vez mais pre-cisos e a definição de tratamen-

tos paulatinamente mais eficazes foram o foco do Simpósio de Atualização PET--CT em Oncologia, realizado no último dia 31 de março, em Salvador. Promo-vido pela Revista Diagnóstico, o evento reuniu especialistas de todo o Brasil no Hotel Pestana para discutir a aplicabi-lidade do exame considerado estado da arte na área de diagnóstico por imagem devido à sua capacidade de fornecer, si-multaneamente, avaliações da anatomia e das alterações metabólicas do organis-mo. “Devemos sempre desenvolver for-mas melhores de utilizar o método em benefício do paciente”, sustenta Delfin Gonzalez, diretor executivo do Grupo Delfin.

Médico nuclear do Hospital Israeli-ta Albert Einstein (SP) e palestrante do encontro, Marcelo Livorsi avalia que o diferencial do método é sua capacidade de realizar uma avaliação funcional em vez de morfológica. “O PET-CT tem po-tencial único de gerar informações que não são produzidas por outras técnicas”,

ressalta. “Isso é fundamental, já que os órgãos mudam seu funcionamento an-tes de mudar de tamanho ou de forma”, explica. Ao introduzir o conceito de que “tamanho não é documento” na oncolo-gia, o exame se mostra decisivo na defi-nição do tratamento mais adequado para cada caso. “O PET-CT é capaz de mu-dar em até 30% dos pacientes o estadia-mento da doença, o que pode resultar na mudança da conduta médica”, ressalta Lauro Wichert Ana, coordenador da se-ção de Medicina Nuclear do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) e palestrante do simpósio.

Além da precisão, a técnica também permite que o especialista avalie a efi-cácia da terapia utilizada ao longo do tratamento, evitando que o paciente seja submetido a medicamentos, exames e ci-rurgias desnecessários. “O PET-CT tem grande impacto de custo-efetividade em longo prazo”, defende Wichert.

DESENVOLVIMENTO – Disponível no Brasil há cerca de nove anos, o PET-CT deve duplicar sua abrangência

pRECISãO E EfICáCIAINFORME PUBLICITÁRIO

Avanços do método foram tema de simpósio no Hotel Pestana, em Salvador

no Nordeste até 2012. “É o mercado mais aquecido do Brasil em termos de diagnóstico por imagem”, ressalta Júlio Vellame, gerente de produtos de imagem molecular da GE Healthcare. Com a expansão registrada nos últimos cinco anos, o valor dos equipamentos também experimenta redução. “Ter uma linha de montagem para produzir apenas uma unidade é bem diferente de ter a mesma estrutura para produzir cem”, pontua Vellame. “A abertura de novos serviços ajuda no desenvolvimento da cultura de solicitações do exame”.

Para Adelina Sanches, coordenadora de Medicina Nuclear da Clínica Delfin, o avanço da análise molecular com o aparecimento de novos fármacos será o principal eixo de desenvolvimento do método. “Novos marcadores podem mostrar reações que os métodos estruturais não conseguem detectar”, antecipa. No próximo mês de julho, o Grupo Delfin dará início à produção do biomarcador FDG com a instalação do primeiro Cíclotron privado do Nordeste em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador.

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Diagnóstico | jan/fev/mar 2011 23

Patrocínio Apoio institucional

Roque Andrade (Sociedade Brasileira de Cancerologia), Delfin Gonzalez (Grupo Delfin) e Carlos Calumby (AMO)

Armindo Gonzalez (Grupo Delfin) e Lauro Wichert Ana (FMRP-USP)

Gildete Lessa (Núcleo de Oncologia da Bahia) Miguel Brandão (AMO)

Diretora do Núcleo de Oncologia da Bahia, Clarissa Mathias abordou neoplasias de pulmão

Júlio Vellame (GE Healthcare), Tien Chang (IMIP-PE) e Marcelo Livorsi (Hospital Albert Einstein)

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Diagnóstico | jan/fev/mar 201124

Médicos nucleares, hematologistas, oncologistas e radiologistas participaram do evento

Augusto Mota (Hospital São Rafael) Rodrigo Guindalini (Clínica Delfin) e Daniel Argolo (Clion)

Hematologista Alex Pimenta (AMO) coordenou o debate na mesa-redonda sobre linfomas

Adelina Sanches, da Clínica Delfin, discorreu sobre a avaliação por PET-CT nos melanomas

Marcos Lyra, do Hospital São Rafael, discutiu avaliação nos tumores do sistema gastrointestinal

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Sistema de “Saúde”:Onde está o pacientena cadeia de valor?

Maisa Domenech é engenheira civil, pós-graduada em Administração Hospitalar e consultora

ARTIGO Maisa Domenech

Tadeu Miranda

O frenético dia a dia das instituições prestadoras de ser-viços de saúde é permeado pela contínua busca pela melhoria dos seus processos internos, por meio das

tentativas de redução de custos e realinhamento de preços – os quais se constituem muitas vezes em árduas e penosas tarefas –, e também através da busca por uma equação que as possibilite sobreviver com prazos de pagamento de obri-gações menores que os prazos de rece-bimento de receitas – o que é agravado muitas vezes por inadimplência, glosas, dentre outros. No meio deste emaranha-do de fatores, somos obrigados a refletir sobre o Sistema de Saúde Suplementar ora vigente, assim como sobre o Siste-ma de Saúde no País como um todo e, principalmente, sobre o nível de impor-tância dado ao paciente em tal sistema.

Atualmente, temos notícias constantes de usuários de planos de saúde cada vez mais insatisfeitos com o plano adquirido. As nítidas diferenças, anteriormente exis-tentes, entre o atendimento nas unidades públicas de saúde e nas unidades particulares diminuem a cada dia, conferindo ao paciente do Sistema de Saúde Suplementar cada vez menos vantagens em relação aos dependentes do Sis-tema Único de Saúde, seja pela qualidade do atendimento, seja pela longa espera do mesmo. Além disso, a perda da credibili-dade dos médicos é visível pela atitude dos próprios pacientes, e reconhecida, até mesmo, por entidades da própria categoria.

O sistema atualmente vigente, em que nas diversas relações entre os players do mercado não há foco e compromisso com o resultado e sucesso do paciente, justifica o caos hoje instalado e a perda de recursos financeiros ao longo de tais processos. O

sistema de remuneração por procedimento; a consulta médica sumária e a consequente carga de exames complementares para se chegar a algum diagnóstico; a remuneração dita “por perfor-mance” que nada mais parece do que a tentativa de economizar recursos financeiros independentemente dos resultados e con-sequências para a saúde dos pacientes; e o estratosférico desem-bolso financeiro dos laboratórios farmacêuticos em marketing em lugar de maiores investimentos em estudos efetivamente científicos são algumas das justificativas para tal situação.

Sobre este tema tão complexo e inquietante, ouso apenas refletir e questionar.

Um sistema de “Saúde” voltado para cuidar da doença e regulado por interesses diversos conseguirá, em algum mo-mento, transformar o paciente no seu objetivo principal? Não seria necessário intervir e redefinir a cadeia de valores como um todo? Trabalhar sobre a gestão do paciente e não do pro-cedimento? Trabalhar de maneira efetiva a prevenção? Pensar na lógica da segurança, minimizando eventos não esperados dentro da prática clínica, através da utilização de protocolos e gerenciamento de indicadores médicos? Qualquer que seja a mudança, não deveríamos iniciar as ações necessárias a partir das escolas onde se formam os diversos profissionais que atu-am na área de saúde? Considerando que o negócio é SAÚDE, cujos resultados são cruciais para a qualidade de vida dos pa-cientes (das nossas vidas), todos aqueles envolvidos não de-veriam assumir tal responsabilidade? Será que a abordagem sobre os resultados médicos não favoreceria a redução de er-

ros, tratamentos ineficazes, exames desnecessários, redução de custos e até mesmo contribuiriam para um melhor entendimento entre prestado-res e compradores de serviços médi-co-hospitalares?

Como diz Michael E. Porter em seu livro Repensando a Saúde, “A competição na assistência à saúde tem que se transformar numa com-petição baseada em valor focada em resultados. Essa é a melhor, e a única forma de promover melhorias susten-táveis em qualidade e eficiência”. O autor ainda defende: “Quando pres-

tadores e planos de saúde competem para alcançar os melhores resultados médicos para os pacientes, eles estão, antes de tudo, perseguindo os próprios objetivos”.

Sem dúvida alguma, o desafio é grande. As práticas de avaliação dos vários segmentos que integram o negócio Saúde precisam ser repensadas e transformadas, assim como a natu-reza da prestação dos serviços em prol do valor ao paciente, em prol do resultado em saúde. Buscar continuamente as soluções que, acima de tudo, conciliem qualidade, acesso, custo e ética é uma meta que deverá ser perseguida com total prioridade, já que a saúde é o bem maior do cidadão.

“a pErda da crEdiBilidadE dos Médicos é visÍvEl pEla atitudE dos paciEntEs E rEconhEcida por EntidadEs da própria catEgoria”

““o sistEMa atualMEntE vigEntE, EM quE não há foco E coMproMisso coM o rEsultado do paciEntE, Justifica o caos instalado E a pErda dE rEcursos financEiros”

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DIRETO AO pONTO

Há 51 anos no mercado de análises clínicas, o laboratório Hermes Pardini nunca fez aquisições e se consolidou como líder na prestação de serviços para terceiros. Para Alessandro Ferreira, gerente executivo da Unidade de Negócios Apoio a Laboratórios, a manutenção desta filosofia é fundamental na construção de um relacionamento de confiança com os clien-tes. Em meio à expansão dos laboratórios de diagnóstico Dasa e Fleury, o executivo nega que a retomada da prospecção de clientes no Nordeste vise a um concorrente específico. “Isto seria um erro estratégico”, defende. Embora não confirme os rumores de negociação com uma operadora de plano de saúde, Ferreira aponta a consolidação da cadeia de valor no mercado de saúde como uma tendência. “O ideal para todo prestador de serviço é uma aproximação com as fontes pagadoras”.

“Queremos ser escolha inequívoca em apoio laboratorial”

Divulgação

Alessandro Ferreira, do Hermes Pardini: relacionamento de confiança com clientes e foco na melhoria dos serviços de apoio

COM ALESSANDRO fERREIRA

O PARDINI VeM ReTOMANDO A PROSPeCÇÃO De NOVOS ClIeN-TeS NO NORDeSTe, ONDe A PRe-SeNÇA DO ÁlVARO É CADA VeZ MAIS SeNTIDA. PODe COMeN-TAR?Sempre tivemos grande presença no Nordeste e, mesmo com a ação dos con-correntes, mantivemos uma expansão interessante. O crescimento do Pardini na região não visa a um concorrente em específico. Isto seria um erro estratégico. Nossa estratégia comercial visa ao merca-do. Reforçamos vários serviços de apoio, como assessoria científica e logística, para que a melhoria do serviço seja um fator de venda. O Norte e o Nordeste representam em nossa estratégia as maiores possibili-dades de crescimento em relação a 2010.

O ACIRRAMeNTO DA CON-CORRÊNCIA PODe GeRAR UMA GUeRRA De PReÇOS OU De PRA-ZO NO SeTOR?É uma possibilidade, mas acredito que chegamos a um ponto em que os preços e prazos de pagamento tendem a se esta-bilizar. Acredito que os principais concor-rentes do mercado de apoio devam agora focar em melhoria do serviço, como lo-

gística, prazo de entrega de resultado de exame e apoio técnico. Isto será bom para todos, tanto para os prestadores de serviço quanto para os clientes e, principalmente, para os pacientes.

O ASSÉDIO DO DASA A PROFIS-SIONAIS DO PARDINI JÁ É UM FATO SUPeRADO? O mercado é carente de bons profissio-nais e, em uma situação de expansão, é comum que as empresas tentem trazer profissionais que já conheçam o negócio. Tivemos esta situação no passado, mas agora chegamos a um equilíbrio.

UMA DAS FIlOSOFIAS DO PAR-DINI É TeR O ClIeNTe COMO PARCeIRO, UMA MÁXIMA QUe eSTARIA AlINHADA À eSTRATÉ-GIA DO GRUPO De NÃO INVeS-TIR eM AQUISIÇÕeS. ISSO PODe MUDAR?Esta é nossa filosofia e não temos inten-ção de mudar. Queremos ser escolha ine-quívoca em apoio laboratorial e isto en-volve um relacionamento de confiança de longo prazo. Os investimentos do Pardini em 2011 estão focados em incrementar o apoio, principalmente na melhoria dos

serviços agregados, já que em 2010 fize-mos um megainvestimento na melhoria do parque técnico.

eM DeClARAÇÃO ReCeNTe, VIC-TOR PARDINI, PReSIDeNTe DO CONSelHO DA eMPReSA, AFIR-MOU QUe UM SÓCIO IDeAl – NA eSTRATÉGIA De CReSCIMeNTO DO PARDINI – SeRIA UM PlANO De SAÚDe. HÁ AlGUMA NeGO-CIAÇÃO eM CURSO?A consolidação da cadeia de valor é uma tendência que vemos no mercado de saú-de. O ideal para todo prestador de serviço é uma aproximação com as fontes paga-doras. Isto tem várias vantagens e siner-gias que melhoram a produtividade das empresas.

COMO eSTÁ O PROCeSSO De IN-TeRNACIONAlIZAÇÃO NA AMÉ-RICA lATINA eM PARCeRIA COM O lABORATÓRIO CIC?Esta é uma ação estratégica da empresa que, infelizmente, não posso detalhar. Estamos em processo de validação e está correndo tudo dentro do previsto. Os riscos estão controlados, temos ótimas perspectivas para esta operação.

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Caro gestorOsvino Souza é gerente de projetos e professor da Fundação Dom Cabral nas áreas de Comportamento Organizacional e Desenvolvimento Organizacional

Participe: [email protected]

Quando se fala em ética, entramos em um campo muito delicado. Embora nos pareça uma questão óbvia, aprendemos com a vida, com o tempo e com nossas ex-periências que o óbvio é relativo. Cada um de nós tem sua própria formação, sua própria experiência, seus próprios princípios e valores, formados a partir de uma infinidade de conjunções de situações que são únicas.

Cada um de nós sabe quando as coisas ao nosso redor não andam bem e começam a nos incomodar. Costumo dizer que, quando somos pressionados a fazer algo que fere nossos princípios mais fundamentais, reagimos ime-diata e fortemente. Questões como falta de honestidade não são aceitáveis pela maioria de nós. Se você não está se sentindo bem no seu trabalho porque alguns de seus princípios mais intocáveis estão sendo agredidos, acredi-to que um bom caminho a ser seguido seria promover um diálogo interno sobre o que o está incomodando, até para se certificar que as coisas que você crê ver estão realmen-te acontecendo.

Há situações que não deixam dúvida, considerando nossos valores. Se o fato for constatado e não houver qualquer possibilidade de mudança ou correção daquilo que está errado, aí é preciso pensar em “mudar de lugar”, já que neste lugar “não dá para ficar”. Mudar de lugar não significa necessariamente mudar de empresa ou de emprego. Pode-se, e tenho visto isto acontecer muitas ve-zes, mudar dentro da mesma empresa. Buscar novos ares, novos afazeres, mesmo que isto pareça algo muito difícil ou até impossível, é sempre saudável para o indivíduo e para a organização. Toda mudança começa nas pesso-as e você pode precisar encarar este fato. Toda mudança exige coragem e determinação. Talvez seja necessária al-guma ajuda externa que possa auxiliá-lo a organizar as ideias, entender melhor a si mesmo, seus pontos fortes e fracos para tomar a decisão com mais segurança e encarar o desafio que certamente virá. Recomendo a leitura de um artigo de Peter Drucker, chamado “Gerenciando a si próprio” (“Managing Oneself”). Procure na internet, ele poderá ajudá-lo a entender um pouco mais o que estou tratando aqui. Você ainda é muito jovem, tem todas as chances no mercado de trabalho.

O atendimento ao público é um fator crítico de sucesso para qualquer negócio, particularmente para os prestadores de serviços. Os hospitais não escapam desta regra e ainda há muitas outras agravantes. Uma delas é que hospitais lidam com pacientes e acompa-nhantes em momentos de fragilidade. Nesta questão, a cultura do país, da região e da própria empresa é fator importante, que pode afetar o desempenho dos cola-boradores. Regras e procedimentos são indispensáveis nas organizações, em maior ou menor grau. A questão é fazer com que todos os envolvidos os vejam como importantes e favoráveis ao bom desempenho da insti-tuição e do indivíduo.

Os programas de desenvolvimento de pessoas pre-cisam considerar as questões culturais que envolvem a organização. Os treinamentos não podem ser somente técnicos, precisam também ser comportamentais, ou seja, devem considerar as necessidades de mudança cultural, que, associadas à melhoria do desempenho técnico, transformam as empresas em organizações de excelência.

Adultos aprendem melhor quando os programas consideram seus interesses e respeitam seu modo de ver as coisas. Precisam perceber que o treinamento faz sentido e que lhes trará algum tipo de vantagem no tra-balho, facilitando-o ou aumentando sua capacidade de obter sucesso. Enfim, mesmo quando estamos tratando de treinamento, é preciso se certificar de que os cola-boradores estejam cientes da sua importância para a empresa e para si próprios, e tenham suas necessidades atendidas no que diz respeito à estratégia adotada.

Trabalho como gerente financeiro de um hospital e me deparo com frequência com procedimentos – principalmente de cobrança junto às operadoras – nem sempre éticos. Tenho dez anos de casa e ultimamente essa situação tem me incomodado muito. Já pensei em pedir demissão, mas tenho 52 anos e tenho medo de não conseguir outra colocação. Faltam apenas dois anos para me aposentar. O que devo fazer?Anônimo – Salvador, Bahia

Apesar do esforço em melhoria do atendimento e investimentos em gestão, percebo que o hospital onde trabalho não consegue transferir para os colaboradores alguns dos ensinamentos básicos de atendimento ao público. Dizem que a dificuldade de se cumprirem regras e procedimentos pode ser cultural. Isso precisa mesmo ser levado em conta?Luis C. – Salvador, Bahia

Divulgação

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Sou dono de uma clínica de pequeno porte em Pernambuco, juntamente com meu sócio. Já esta-mos com 60 anos e nossos filhos não têm interesse pelo setor de saúde. Fiz e recebi algumas sonda-gens de empresas interessadas em adquirir a clíni-ca, mas os valores propostos sempre ficaram abai-xo do que achamos valer o negócio. Essa é mesmo a melhor saída?A.M – Recife, Pernambuco

Pelo que entendi, nem seus filhos e nem os filhos de seu sócio têm interesse em assumir a condução da clínica. Não havendo interesse na família pela conti-nuidade do negócio, a primeira opção que vem à mente é a venda. No entanto, surge a questão de sua expecta-tiva quanto ao valor a ser negociado, que em princípio deve considerar não apenas o valor dos ativos, como imóveis, equipamentos, móveis e assim por diante, mas também o valor da marca e da carteira de clientes, den-tre outros ativos intangíveis.

O melhor procedimento, nesse caso, é contratar uma consultoria especializada em avaliação de empre-sas para obter uma opinião profissional do valor da clí-nica. Muitas vezes, influenciados por questões emocio-nais, sentimentos naturais em quem dedicou boa parte de sua vida para a construção de um empreendimento,

supervalorizamos o negócio. Daí a importância de uma avaliação imparcial e idônea.

Outra questão relevante é se a iniciativa é comparti-lhada por seu sócio. É fundamental que ambos estejam de acordo, uma vez que a preferência pela compra é dele, caso apenas você esteja interessado em se des-fazer do negócio. É preciso verificar como isto está prescrito no contrato de constituição da empresa e em outros documentos aplicáveis.

Com 60 anos você ainda tem muita vida pela fren-te. Está seguro sobre a decisão de encerrar a carreira de empresário e gestor? Quem sabe não deveria pen-sar em assumir uma posição de conselheiro, deixando as atividades de gestão para profissionais que podem dar outro rumo para a questão, até mesmo comprar a empresa. Sugiro que você estude e conheça um pouco mais sobre modelos de governança de empresas fami-liares. Além disso, pergunte-se: há alguma razão ligada à desmotivação com o negócio? Há algum outro con-flito que pode estar levando-o a pensar desta forma? É importante esgotar as possibilidades para que não haja arrependimentos posteriores. Há também a questão da manutenção de suas atividades “pós-aposentadoria”. Isto tem tudo a ver com sua saúde física e mental. Você já planejou sua rotina pós-venda da empresa? Para quem dedicou sua vida ao trabalho, a falta deste pode ser muito dolorosa. Pense sobre isso e boa sorte!

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Os executivos procuram fazer com que as tarefas sejam realizadas por pessoas. Eles tomam decisões, alocam recursos e dirigem atividades de outros para atingir

objetivos. O executivo é a ferramenta, o instrumento específi-co para tornar as instituições capazes de produzir resultados.

Quais são as funções e papéis do executivo? Para alguns estudiosos, atender a cinco funções básicas: planejar, orga-nizar, comandar, coordenar e controlar. Hoje, tais funções são reagrupadas em: planejamento, organização, liderança e controle. Outros consideram primordiais para um executivo: primeiro, promover o sistema de comunicação; segundo, pro-mover os esforços essenciais; e terceiro, formular e definir propósitos.

No mundo contemporâneo, a função do executivo é atípi-ca. Até hoje, não se conseguiu caracterizá-la com exatidão e também não se aprendeu a avaliá-la. Para uma melhor compre-ensão das funções do executivo, é pertinente analisar as cren-ças e verdades mais comuns sobre o seu trabalho. É possível perceber que os mitos sobre a função executiva encontram-se em uma perspectiva ordenada, lógica e racional. Mas, quando se apresenta uma síntese da realidade do trabalho gerencial, de acordo com relatos de dirigentes, encontra-se uma visão mais desordenada e fragmentada da função.

Segundo algumas crenças, o executivo tem status, auto-ridade, poder e sala imponente em andar elevado. Toma de-cisões rápidas, analisa informações e supera obstáculos. É confiante e seguro nas decisões, parece um “super-homem”. Na verdade, trata-se de uma pessoa com status, às vezes, duvi-doso; poder e autoridade dependente de injunções contínuas e de informações obtidas de várias maneiras. Negocia assuntos diversos, ganhando e perdendo, e demonstra tensão, nervosis-mo e incerteza quanto ao resultado das decisões.

É também um mito considerar que sua atuação é baseada em ações ordenadas e planejadas; um processo acentuadamen-te racional e impessoal. Muitas vezes, ela se baseia em ações desordenadas e intermitentes, decisões intuitivas e influencia-das por lealdades pessoais e comunicações verbais face a face.

A preocupação prioritária não é com políticas, diretrizes ou com o futuro da organização, mas com operações atuais e soluções de problemas prementes. Também é um mito o traba-lho programado, com fases previsíveis e problemas antecipa-dos para enfrentar contingências. Sempre ocorre enfrentamen-to de contingências e de problemas desconhecidos.

O Executivo: papéis e funções

Paulo Lopes é CEO do Grupo Organiza, diretor da Associação Comercial da Bahia, headhunter, coach, palestrante e autor do livro “Segredos de um headhunter”

ARTIGO Paulo Lopes

Podem-se considerar crenças os seguintes instrumentos: objetivos, planos, metas, resultados e prazos; os instrumentos são as surpresas, os sustos, as contingências, os problemas. Reunião para planejar e resolver problemas não ocorrem. Reúnem-se para discutir as dificuldades das rotinas e debater temas mais complexos. Dizem que o executivo recebe infor-mações fundamentais por meio de relatórios, memorandos, impressos e em reuniões programadas. Na verdade, as infor-mações fundamentais são recebidas por sucessivos e varia-dos contatos pessoais, telefonemas, bate-papos e reuniões de última hora. Seu comportamento é formal e contemplativo? Nada, é informal e interativo. Trabalha com sistematização e profundidade em um número reduzido de tarefas e informa-ções mais importantes para a tomada de decisão? Não, traba-lha assistematicamente, de forma superficial e intermitente em um grande número de tarefas, exercendo funções diferentes. Também não se pode considerar o trabalho prospectivo, de médio e longo prazo, orientado para soluções e integrado com as diversas áreas da organização; ele é mais restritivo, de curto prazo, orientado a problemas e fragmentado no que se refere às diversas áreas da organização.

No final dos anos 60, foi divulgado um estudo minucioso sobre os papéis do executivo. Nele, observa-se que tais profis-sionais desempenham dez papéis diferentes e inter-relaciona-dos, concernentes às relações interpessoais, à transferência de informações e à tomada de decisão.

No aspecto interpessoal, há o papel do chefe simbólico; solicitado a desempenhar um número de obrigações rotineiras de natureza legal ou social. Outro papel é o de líder, respon-sável pela motivação e direção de subordinados, praticamente em todas as atividades.

No aspecto informacional, tem-se o papel do monitor, que é responsável pela grande variedade de informações e serve como centro nervoso de informação interna e externa da or-ganização. O papel do disseminador é transmitir informação recebida de fora ou de outros subordinados para os membros da organização, além de transmitir externamente informação sobre planos, políticas, ações e resultados da organização.

No aspecto decisório, há o papel do empreendedor, que busca oportunidades para a organização e inicia projetos que tragam mudanças. O administrador de problemas é responsá-vel por ação corretiva, quando a organização enfrenta situa-ções importantes e inesperadas. O negociador é responsável por representar a organização em importantes negociações de contrato.

Assim, verifica-se que o trabalho gerencial é atípico, não tendo similitude com nenhuma outra função ou profissão. Sua definição, apesar dos estudos, permanece um pouco ambígua e até mesmo misteriosa. Observa-se, também, que parecem existir habilidades gerenciais que necessitam ser enfrentadas na experiência do dia a dia, com as devidas contradições e mutações da empresa contemporânea. Outras já se encontram sistematizadas e podem ser ensinadas e aprendidas por aque-les que se dedicam à gerência como profissão.

A nova visão de liderança enfoca funções mais delicadas e importantes. Sendo assim, parece que o novo papel do exe-cutivo tende a ser o mais viável para impulsionar o processo de mudança organizacional, já que seu papel difere do caris-mático tomador de decisões. Os novos executivos assumem diferentes posturas no desenvolvimento de suas funções.

Iracema Chequer

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Mercadoegestão

do total de 38 deputados federais elei-tos em 2010 com o apoio financeiro do setor médico-hospitalar, apenas cinco representam estados da região nordes-te: célia rocha (ptB/al), sergio Bar-radas carneiro (pt/Ba), aníbal gomes (pMdB/cE), hugo napoleão do rego neto (dEM/pi) e José francisco paes landim (ptB/pi). Juntos, esses candi-datos receberam r$ 290 mil em doa-ções, respectivamente, das empresas aliança administradora de Benefícios de saúde, golden cross assistência, pro-médica proteção Médica e unimed ara-piraca cooperativa de trabalho Médico. no sudeste, por sua vez, a “bancada”

da saúde na câmara federal elegeu dez representantes.

os dados compõem o estudo “re-presentação política e interesses parti-culares na saúde”, ao qual a diagnóstico teve acesso. de autoria dos pesquisado-res Mário scheffer (usp) e lígia Bahia, do laboratório de Economia política da saúde da universidade federal do rio de Janeiro (ufrJ), a pesquisa conclui que, nas eleições de 2010, o apoio financeiro (cerca de r$ 12 milhões) contabilizado de 49 empresas de planos de saúde foi 39,5% superior em comparação aos re-cursos disponibilizados no pleito de 2006 e 760,8% em relação a 2002.

Senado – os senadores Walter pinhei-ro (pt/Ba) e Eduardo amorim (psc/sE) também foram eleitos com o apoio do setor de saúde, tendo a campanha de cada um deles recebido r$ 60 mil do grupo g Barbosa. a empresa ainda

a compra do baiano diagnoson pelo grupo fleury, ocorrida em fevereiro, mostrou que o mercado de aquisições no setor de saúde já vive um outro patamar de referência (veja qua-dro). com apenas uma unidade em salvador e uma carteira que inclui até o sus como clien-te, o diagnoson foi vendido por r$ 53,2 milhões – equivalente a 7,4 vezes o EBtida. “há três anos a proposta oferecida era de r$ 36 milhões”, revelou à diagnóstico o empresário hélio cruz. as tratativas tiveram início em 2007 e o acordo previu a presença dos dois sócios no negócio pelos próximos três anos – a intenção do fleury era mantê-los por cinco. sobre o baixo endividamento (r$ 2,9 milhões), incomum no mercado de diagnóstico por imagem, o empresário justifica. “Sempre reinvestimos tudo na operação”, afirma ele, primeiro empre-sário da região a adquirir um pEt-ct há cerca de três anos. a compra da diagnoson marcou a estreia do grupo fleury no segmento de diagnóstico por imagem no nordeste.

A bancada da saúde no Congresso

Política

O sarrafo subiuAquisições

Iracema Chequer

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Hélio Silva, da Diagnoson

disputa pElo MErcado nordEstino dE diagnóstico*

concedeu o mesmo valor ao governa-dor Marcelo deda (pt/sE) – reeleito no último pleito. segundo o g Barbosa, as doações foram realizadas tendo em vis-ta os interesses varejistas da empresa e não do braço detentor de um plano de saúde na modalidade de autogestão e de uma rede de 45 farmácias nos esta-dos de sergipe, Bahia e alagoas.

Já nas assembleias legislativas, a representatividade das empresas de planos de saúde na região nordeste é nula após as eleições de 2010. do total de 26 deputados estaduais eleitos com recursos do setor, sete atuam em Minas gerais, seis em são paulo, cinco no pa-raná, cinco no rio grande do sul, dois no amazonas e um no rio de Janeiro.

na Bahia, as candidatas fabíola Mansur (psB) e olívia santana (pc do B) receberam r$ 60 mil, cada uma, da promédica proteção Médica, mas não obtiveram êxito nas urnas.

Data Localização unidades Valor da compra

eBTiDa Relaçãocompra/eBTiDa

Operação

DaSa/image memorial

DaSa/Labpasteur

DaSa/cerpe

Fleury/Diagnoson

outubro/2005

Junho/2006

outubro/2010

fevereiro/2011

salvador (Ba)

fortaleza (cE)

recife (pE)

fortaleza (cE)

2

14

41

1

r$ 37 milhões

r$ 13 milhões

r$ 52,5 milhões

r$ 53,2 milhões

r$ 7,3 milhões

r$ 2 milhões

r$ 6,6 milhões

r$ 7,2 milhões

4,5

6,5

7,9

7,4

Dívidaassumida

r$ 7 milhões

r$ 77 milhões**

não se aplica

r$ 2,9 milhões

*fonte: comissão de valores Mobiliários (cvM). ** o valor da dívida do labpasteur foi descontado na aquisição feita pelo dasa.

ReinalDo BRaga

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Diagnóstico | jan/fev/mar 2011 33

pela primeira vez um alto executivo do grupo aliança da Bahia, dono do hospital aliança, admitiu que há sim um processo de transferência do ne-gócio para a odebrecht. sob condi-ção de anonimato, a fonte revelou que o processo de duo dilligence foi encerrado e que a decisão só depen-de do empresário paulo sérgio tou-rinho, acionista majoritário do grupo que, somente no ano passado, dis-tribuiu r$ 500 milhões em dividen-dos, em áreas que vão da pecuária ao mercado de capitais.

os boatos sobre a venda da uni-dade, no final do ano passado, leva-ram sócios do grupo a solicitar es-clarecimentos sobre a venda e uma manifestação oficial na CVM – o que nunca foi feito pelo aliança.

considerado um ícone do setor médico-hospitalar brasileiro, o hos-pital estaria sendo negociado por

aproximadamente r$ 190 milhões – o que seria a maior transação já realizada na região e uma das maiores do Brasil. o principal interesse da odebrecht, con-tudo, é na incorporação do terreno que integra a unidade, do tamanho estimado de três campos de futebol e localizado em uma das áreas mais nobres de sal-vador.

cada vez mais distante do negócio – o empresário quase nunca é visto no hospital –, tourinho teria imposto algu-mas condições ao futuro dono, como manter o hospital e o centro médico fun-cionando pelos próximos 20 anos após a venda. teme que a história do aliança possa sucumbir em outras mãos.

não é a primeira vez que a odebre-cht tenta negociar com o empresário, definido como excêntrico e de poucos amigos. “se ele voltar atrás, não será surpresa”, disse à diagnóstico um inter-locutor da odebrecht.

O Aliança e a Odebrecht

Ressarcimento

Negociação

o presidente do instituto Brasi-leiro de direito da saúde suple-mentar, José luiz toro, conversou com a diagnóstico sobre a lei nº 9656/98.

O STF reconheceu este ano a “repercussão geral” da ques-tão envolvendo a exigência do ressarcimento das operadoras ao SuS. pode comentar?José Luiz Toro – acredito que o STF deve julgar a questão até o fi-nal de 2011. a cobrança feita com base na tabela do tunEp (utili-zada pela ans como base) seria abusiva, já que é superior aos va-lores aplicados pelo sus.

por que o assunto ainda é dis-cutido mais de dez anos após a edição da lei?Toro – Existem diversas ações sendo ajuizadas desde 1998, e o stf nunca se pronunciou a res-peito.

atualmente, há alguma limi-nar suspendendo a cobrança às operadoras?Toro – Era muito comum, princi-palmente no rio de Janeiro, que as operadoras conseguissem limi-nares e tutelas antecipadas, mas ultimamente essas medidas se es-cassearam, pois os juízes não têm mais concedido.

por que a anS consegue rece-ber apenas pouco mais de um terço do valor cobrado às ope-radoras?Toro – porque as operadoras es-tão sempre questionando e discu-tindo o cabimento desta cobrança. o ressarcimento envolve diversas questões, como a constitucionali-dade da cobrança e a inadequação da tabela do tunEp. além disso, muitas cobranças já prescreveram devido ao tempo.

Cincoperguntas

Roberto Abreu

Hospital Aliança, em Salvador: transação, se confirmada, será a maior já ocorrida no Nordeste

>> Além de ter se tornado o único hospital em Pernambuco com Acreditação Plena (Ní-vel 2) da Organização Nacional de Acreditação (ONA), o Hospital Esperança também se posiciona como a primeira instituição certificada entre os hospitais da Rede Lab´s D’Or adquiridos em processos de compra ou associação.

>> Outra instituição nordestina que também acaba de receber a Acreditação Plena (Ní-vel 2) da ONA é o Hospital São Rafael, de Salvador. A mais alta condecoração de qua-lidade do estado, contudo, pertence ao Jorge Valente (Grupo Promédica), com ONA 3.

>> O Grupo Santa Helena, que atua na área de medicina de grupo, já é um dos três maiores do País em carteira de clientes. No portfólio da empresa, com sede em Cama-çari (BA), corporações como Braskem, Petrobras e Camargo Corrêa. No Rio de Janeiro, o Santa Helena já fincou sua bandeira no Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) – um investimento de mais de R$ 40 bilhões da Petrobras e que emprega cerca de 40 mil trabalhadores.

Curtas

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uM pRêMIO pARA ENTRAR NA HISTóRIAsem precedentes no país, o Benchmarking saúde vai laurear as instituições, gestores e empresas que foram modelo em suas áreas de atuação

MeRCADO premiação Foto:Roberto Abreu/Arte: Maicon Santos

Rob

erto

Abr

eu

Para conquistar o troféu, os vencedores passaram pelo crivo de seus próprios pares

Danielle Villela

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Diagnóstico | jan/fev/mar 2011 35

Foram necessários apenas alguns cliques para que o mercado baia-no escolhesse os 23 vencedores

do Prêmio Benchmarking Saúde, edição Bahia (veja lista completa abaixo). En-tretanto, por trás da praticidade e rapidez da votação realizada através da internet, todo o aparato de inteligência em torno da premiação – sem precedentes similares na região Nordeste – levou mais de um ano para ser desenvolvido, entre definição de metodologia, comitê julgador e lista de indicados.

A iniciativa da Revista Diagnóstico pretendeu dar visibilidade aos gestores e instituições que se tornaram referência para seus concorrentes e para o trade de saúde por desenvolver estratégias inova-doras nos seus serviços, investimentos e governança corporativa. “Será uma gran-de homenagem àqueles que tiveram a ca-pacidade de utilizar a inventividade a seu favor e se tornaram modelo em um mer-cado tão competitivo”, ressalta Reinal-do Braga, diretor de conteúdo do Grupo

Criarmed, responsável pela publicação da Revista Diagnóstico. Com um PIB esti-mado em cerca de R$ 4,2 bilhões e mais de 100 mil pessoas empregadas, o setor de saúde brasileiro será contemplado, pela primeira vez, com um prêmio com as características do Benchmarking Saúde. Os vencedores serão premiados em uma grande festa com a presença dos princi-pais representantes do segmento médico--hospitalar da Bahia, no dia 16 de junho, no espaço Unique Eventos, em Salvador.

Antes de chegar até os troféus de bronze fundido – símbolos da homena-gem produzidos artesanalmente e desen-volvidos pela equipe de design do Grupo Criarmed –, gestores e instituições pas-saram pelo crivo dos seus próprios pares com base nos critérios de Inovação (peso 10), Credibilidade (10), Novos Investi-mentos (5) e Visibilidade de Mercado (3). “Os parâmetros permitiram que as empresas fossem premiadas por terem se tornado referência com determinadas ações e não por terem maior faturamen-

to ou serem ‘as melhores’”, detalha Hel-bert Luciano, diretor comercial do Grupo Criarmed. Foi escolhido como bench-marking de sua categoria o indicado que somou mais pontos em todos os critérios de avaliação, de acordo com os pesos es-tabelecidos na metodologia.

TRANSPARÊNCIA – A votação foi conduzida por uma comissão julgadora formada por 60 gestores de entidades re-presentantes de todo o trade de saúde do estado, a exemplo de líderes de associa-ções de classe, empresários e executivos de operadoras, clínicas e hospitais. “O site disponibilizou todas as informações necessárias para realizarmos a avaliação, o conteúdo não deixava dúvidas sobre a metodologia e os critérios”, assinala Cí-cero Andrade, consultor, diretor da Tec-nologia de Gestão em Saúde (Tecnosp) e um dos membros da comissão. “Não há possibilidade de realizar uma votação nestes moldes com transparência sem recorrer ao meio eletrônico e à internet”.

conhEça os vEncEdorEs

arquitetura hospitalarprotécnica – 36,14%ricardo d´albuquerque – 33,56%arca arquitetura – 30,30%

day hospitalitaigara memorial – 30,30%day horc – 22,84%hospital Jorge valente – 22,51%

Empresa de timedicware – 28,84%Mv sistemas – 23,51%totvs – 21,82%

Empresário do anoDelfin Gonzalez (Grupo Delfin) – 34,70%carlos calumby (clínica aMo) – 22,57%Jaar andrade (hospital Jaar andrade) – 17,80%

gestor públicoSônia Magnólia (Planserv) – 36,42%Jorge solla (sesab) – 33,90%José carlos Brito (Ex-sMs) – 29,68%

home careSOS Vida – 27,64%Bahia home care – 23,92%vitalmed – 21,63%

hospital filantrópicoHospital Santa izabel – 25,01%hospital são rafael – 23,64%hospital português – 20,19%

hospital privado (interior do estado)Hospital Sta Helena (Camaçari) – 26,62%hospital samur (vitória da conquista) – 21,45%hospital Emec (feira de santana) – 21,30%

hospital privado (grande porte)Hospital aliança – 65,95%hospital da Bahia – 34,05%

hospital privado de pequeno e médio porteHospital aeroporto – 25,51%hospital Jorge valente – 22,94%hospital Jaar andrade – 20,97%

indústria de gases medicinaisWhite martins – 46,18%linde – 28,68%dinatec – 25,14%

laboratório de análises clínicasLabchecap – 27,82%leme – 25,16%qualitech – 21,20%

Medicina de grupoPromédica – 47,88%norclínicas – 27,99%hapvida – 24,13%

operadora de autogestãoplanserv – 25,55%petrobras – 24,44%cassi – 20,07%

saúde ocupacionalGrupo Santa Helena – 34,86%sol saúde ocupacional – 22,39%santé – 21,83%

seguradoraBradesco Saúde – 33,02%sul américa – 28,68%Medial saúde – 22,41%

serviço de diagnóstico por imagemClínica Delfin – 30,48%diagnoson – 21,90%image Memorial – 19,55%

serviço de oftalmologiaDay HORC – 30,77%instituto de olhos freitas – 27,60%oftalmoclin – 22,92%

serviço de oncologiaAMO – 29,97%núcleo de oncologia da Bahia – 28,22%onco – 22,26%

serviço de ortopediaOrtoped – 29,53%cot – 25,64%cato – 15,43%

serviço financeiroBanco do nordeste – 24,56%Banco do Brasil – 21,22%Banco santander – 20,86%

prÊMios EspEciais

destaque Brasilppp da saúde (hospital do subúrbio)Jorge solla (secretário Estadual de saúde)Jorge oliveira (prodal saúde s.a)daniel figueiredo (prodal saúde s.a)

dirigente de classeMarcelo Britto (ahseb)

prêmio Eméritosílio andrade (Ex-presidente da ahseb)

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MeRCADO premiação

“as EMprEsas foraM prEMiadas por tErEM sE tornado rEfErÊncia E não por tErEM Maior faturaMEnto ou sErEM as MElhorEs’”HElBErT luciano, dirETor comErcial do GruPo criarmEd

Cada jurado teve acesso ao sistema por meio de login e senha exclusivos, medi-da que garantiu a segurança do processo. Para evitar a repetição de votos, os dados de acesso foram automaticamente expira-dos após o término da avaliação, de modo que cada julgador teve direito a uma única rodada de votação. “O grande de-safio foi conciliar as ferramentas de pro-gramação e layout com a inteligência do prêmio”, avalia Daniel Maia, da Ícone 7, empresa responsável pelo site da votação (grandesencontros.com/benchmarking). O trabalho durou cerca de três meses e previu o monitoramento de programado-res especialistas em segurança 24 horas por dia durante todo o processo. “Hou-ve necessidade de algumas correções ao longo da votação, o que já era previsto em um projeto com esse nível de com-plexidade”, pondera Maia. Ficaram de fora da avaliação eletrônica as categorias Benchmarking Brasil, cuja PPP da Saúde (Hospital do Subúbio) foi definida como hors concurs, assim como Prêmio Eméri-to (Sírio Andrade) e Dirigente de Classe (Marcelo Britto).

Além da tecnologia, outra estraté-gia adotada com o objetivo de garantir o equilíbrio da votação foi a escolha de re-presentantes de pelo menos uma categoria do prêmio, que, por sua vez, não puderam avaliar as categorias em que suas pró-prias instituições atuam. Para cada uma das 23 categorias da premiação, a Revista Diagnóstico elaborou uma pré-lista com três indicados, a partir de uma pesquisa envolvendo médicos, dirigentes de clas-se, consultores e jornalistas especializa-dos. Os membros da comissão julgadora também puderam sugerir um concorrente, eventualmente não citado, no momento da avaliação.

ReCONHeCIMeNTO – Coordenado-ra geral do Planserv, Sônia Carvalho atri-bui a vitória dupla – nas categorias Gestor Público e Operadora de Autogestão – à dedicação de todo o corpo de funcioná-rios do órgão. “Foi uma surpresa, afinal, concorri com dois profissionais de peso no estado”, comemora, referindo-se a Jor-

ge Solla, secretário estadual de Saúde, e a José Carlos Britto, ex-secretário de Saúde do município de Salvador. “Recebo com muita alegria esse prêmio, que é um reco-nhecimento da seriedade e da lisura não só do meu trabalho como gestora, mas de todos os colaboradores do Planserv”. O presidente da Associação dos Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (Ahseb), Marcelo Britto, comemora a iniciativa. “É essencial valorizar ações de qualificação do setor. Normalmente, só vemos a imprensa veiculando notícias ne-gativas”, analisa. O incentivo à qualifica-ção também foi destacado por Eucleciana de Oliveira Lima, superintendente regio-nal da Unidas. “A premiação não valoriza apenas os investimentos, mas também a excelência dos serviços prestados”, co-menta. A ideia dos organizadores do Ben-chmarking Saúde é levar o know-how do prêmio para outras praças do Nordeste.

“EssE prÊMio é uM rEconhEciMEnto da sEriEdadE E da lisura do traBalho dE todos os colaBoradorEs do plansErv”Sônia carValHo, coordEnadora GEral do PlanSErV

Premiação será entregue em noite de gala no Unique Eventos, em Salvador

Sônia Carvalho, do Planserv: prêmios nas categorias Gestor Público e Autogestão

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A Re v i s t a m a i s i m p o r t a n t e d a r e g i ã o q u e m a i s c r e s c e n o B r a s i l *

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M A I S S A Ú D E À S S U A S I D E I A S.

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Diagnóstico | jan/fev/mar 2011 39

Considero a formação de equipes de alto desempenho algo que exige muita dedica-ção e perseverança dos exe-cutivos. “Os 5 desafios das Equipes – Uma Fábula sobre Liderança”, de Patrick Len-cioni, aborda o tema de forma criativa e objetiva, contribuin-do com uma visão estruturada do assunto e auxiliando com ideias interessantes para o nosso dia a dia. O autor desta-ca o trabalho em equipe como vantagem mais competitiva do que as finanças, estratégia ou tecnologia. Excelente leitura.

“O livro contribui com uma visão estruturada do assunto de forma bastante criativa”

Estante&Resenhas

Com uma linguagem in-formal, “ePatient - A Odisseia Digital do Paciente em Busca da Saúde” aborda a inserção da Tecnologia da Informação e Comunicação, mostrando como o paciente do século XXI se comporta, pesquisando sobre seu diagnóstico e exigin-do que médicos e instituições de saúde ingressem na inclusão digital. O autor evidencia como esse potencial está sendo apli-cado, além de trazer estudos de caso referentes a projetos que objetivam a plena utilização das ferramentas modernas.

“O autor mostra como o século XXI exige inclusão digital de médicos e instituições”

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OS 5 DeSaFiOS DaS eQuipeSuma fábula sobre liderançaautor: patrick lencionieditora: campusnúmero de páginas: 208preço sugerido: r$ 64,50 (saraiva)

Divulgação

áurea luz, diretora executiva do image Memorial - Bahia

iberê Monteiro, gerente de informações em saúde suplementar do sindhospE

Divulgação

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No Brasil, em 2007, ocorreram 653.090 acidentes e do-enças do trabalho, equivalentes a 75 acidentes e doen-ças do trabalho a cada hora da jornada diária. Esses,

por sua vez, resultaram em 31 casos de invalidez por dia de trabalho e uma morte a cada três horas trabalhadas, segundo dados disponíveis no site do Ministério da Previdência Social. Acidentes, casos de invalidez e de morte têm repercussões le-gais e sociais que impactam na sobrevi-vência empresarial, além de implicação financeira para os cofres da Previdência Social, uma vez que geram benefícios previdenciários temporários ou pensões definitivas.

As implicações legais ocorrem por conta do Ministério Público, a exemplo dos Termos de Acordo e Compromisso, do Poder Judiciário, que estipula inde-nizações trabalhistas. A sociedade, por outro lado, se encarrega das implicações sociais, excluindo do mercado empresas não comprometidas com a chamada sus-tentabilidade.

A Previdência adotou também formas de se defender das empresas com altos Riscos Ambientais do Trabalho (RAT), reduzindo ou majorando as alíquotas do RAT em 1%, 2% ou 3%, segundo o desempenho de cada empresa no respectivo segmento da Classificação Nacional de Atividade Econômica (Lei 10.666/2003).

É inviável, portanto, a sobrevivência empresarial associada a altos índices de acidente do trabalho, doença ocupacional ou afastamento do trabalho por doença. O controle de acidentes ou doenças entre os trabalhadores pode reduzir o recolhimento

Gestão da Saúde Ocupacional

Raimundo Pinheiro é médico do trabalho e diretor médico do Grupo Santa Helena

ARTIGO Raimundo Pinheiro

previdenciário em até 50% mensalmente. É a lógica do seguro aplicada pela Previdência Social: quem tem maior risco paga mais e, ao contrário, quem reduz riscos recolhe menos.

Apenas para citar exemplos, instituições financeiras dobra-ram seu recolhimento previdenciário face aos altos índices de doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT), ao passo que empresas industriais bem controladas economi-zaram boas quantias reduzindo o percentual de recolhimento sobre a folha de pagamento.

Existem políticas, diretrizes e estratégias relativas à saúde e à segurança que, quando bem aplicadas e bem conduzidas por seus gestores, podem levar empresas a assumirem posi-ção bastante confortável quando comparadas a concorrentes displicentes.

O trabalho, juntamente com a educação, saúde, segurança e outros, é direito garantido pela Constituição Federal de 1988 (CF/88). De igual forma, a Carta Magna garante aos trabalha-dores a redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança (CF/88, art.7°, inciso XXII).

A primeira dessas normas é a Lei 6.514, Artigo 157, dan-do competência às empresas para (I) cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho; (II) instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às pre-

cauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocu-pacionais.

Aos empregados compete: (I) obser-var as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as instruções de que trata o item II do artigo anterior; (Il)colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos de segurança e medici-na do trabalho. Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada à ob-servância das instruções expedidas pelo empregador quanto às normas de saúde e segurança.

Com base nas diretrizes constitucionais e leis infracons-titucionais, existe a obrigatoriedade de elaboração e imple-mentação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), com o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores (Lei 6514/1977, Norma Regulamentadora n° 7 – NR-7). O PCMSO deve ser elaborado por especialista em medicina do trabalho, estando livres dessa exigência ape-nas as empresas de grau de risco 1 e 2 com até 25 empregados, e aquelas de grau de risco 3 e 4 com até dez empregados.

Roberto Abreu

“a soBrEvivÊncia EMprEsarial é inviávEl quando associada a altos ÍndicEs dE acidEntE, doEnça ocupacional ou afastaMEnto por doEnça”

““a Boa condução das Estratégias rElativas À saúdE E À sEgurança podE lEvar EMprEsas a posiçÕEs BastantE confortávEis EM rElação À concorrÊncia”

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