Edição 1

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Renato Henrichs questiona sobre o transporte coletivo | Roberto Hunoff projeta a economia em 2010 | Um guia para a noite e um guia para o dia | Ju ainda precisa de um empate | Histórias do arqueólogo grená O PRÉ-SAL NOSSO TAMBÉM É Empresas caxienses começam a explorar o mar de oportunidades emergentes da maior descoberta da Petrobras Caxias do Sul, dezembro de 2009 | Ano I, Edição 1 | R$ 2,50 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet. |S5 |D6 |S7 |T8 |Q9 |Q10 |S11 CAPINA QUÍMICA Dúvidas corrosivas envolvem a ideia de usar glifosato nas ruas da cidade Maicon Damasceno/O Caxiense

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Empresas caxienses começam a explorar o mar de oportunidades emergentes da maior descoberta da Petrobras

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Renato Henrichs questiona sobre o transporte coletivo | Roberto Hunoff projeta a economia em 2010 | Um guia para a noite e um guia para o dia | Ju ainda precisa de um empate | Histórias do arqueólogo grená

O PRÉ-SAL

NOSSOTAMBÉM É

Empresas caxienses começam a explorar o mar de oportunidades emergentes da

maior descoberta da Petrobras

Caxias do Sul, dezembro de 2009 | Ano I, Edição 1 | R$ 2,50 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.|S5 |D6 |S7 |T8 |Q9 |Q10 |S11

CAPINA QUÍMICA

Dúvidas corrosivas envolvem a ideia

de usar glifosato nas ruas da cidade

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Índice

Expediente

A Semana | 3Um resumo das notícias mais relevantes dos últimos dias

Roberto Hunoff | 4O varejo caxiense quer mais carnês e menos cartões de crédito

Pré-sal | 5Empresas daqui buscam sua partedo tesouro brasileiro no fundo do mar

Praça Dante, 1989 | 8Encontros, desencontros, versões e suspeitas sobre o comício que não aconteceu

Cuidado: polêmica | 11Um debate ácido e afiado sobre como lidar com o mato que cresce nas ruas

Guia de Cultura | 15De graça na praça, o musical Celebra-tion; de graça na estação férrea, shows musicais

Documentário | 18Depoimentos sobre a Era de Ouro do Rock Caxiense

Artes | 20Um balão para amenizar a triste-za, a flor da poesia e a natureza em nanquim

Blues para sorrir | 21As emoções do festival que já garan-tiu lugar no calendário cultural da cidade

Qual é a música? | 24As raízes do blues desembaraçadas nota por nota

Guia de Esportes | 26Finais do basquete, aventuras ciclísti-cas e acrobacias nos céus de Ana Rech

Memórias grenás | 27Relíquias do passado do Caxias preservadas numa casa alviverde

Espinhos alviverdes | 29Depois da dor do rebaixamento, o sofrimento de fazer as contas

Renato Henrichs | 31Três questões pertinentes sobre a prorrogação do contrato com a Visate

VÍDEO

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Jornalismo nada impessoal através do depoimento em áudio da repórter Cíntia Hecher. As impressões dela sobre o 2º Moinho da Estação Blues Festival são acompanhadas das imagens captadas pelo fotógrafo Maicon Damasceno.

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@gabileonardelli @ocaxiense tá no ar e é ótimo. Tava na hora de algo com essa qualidade e com esse time de profissionais! www.ocaxiense.com.br Gabriel Leonardelli às 9h de 4 de dezembro de 2009

@drica_adami @ocaxiense Parabéns pelo site! Bem cle-an, fácil acesso às notícias e qualidade... Caxias merece! Sucesso e vida longa!Adriane Adami à 0h24 de 4 de dezembro de 2009

@dep_aoliveira @ocaxiense é o novo jornal de Caxias do Sul. O lançamento é amanhã! Sucesso!Deputado Alberto Oliveira às 17h de 3 de dezembro @Lekb Amanhã tem lançamento do virtual @ocaxiense e no sábado em papel. Todo mundo pedindo nas bancas: eu quero um ocaxiense! Vamos avaliar.Leandro Bortolon às 14h de 3 de dezembro @adriantunes @ocaxiense pessoal, é isso ae, sangue novo nesta cidade!Adriana Antunes às 16h12min de 1º de dezembro @gustavotoigo @ocaxiense Informar com qualidade, buscar sempre a perfeição, ser instrumento de cidadania propiciando credibilidade. Comunicar é democratizar.Vereador Gustavo Toigo às 8h30min de 21 de novembro @maureolon @ocaxiense Parabéns pela iniciativa e sucesso já na estreia.Maurício Reolon às 22h38min de 20 de novembro @vfelipe Parabéns ao @ocaxiense e sucesso em sua luta e que tenhas total qualidade.Felipe Bertolucci às 15h de 19 de novembro @ulianearosa @ocaxiense Agora sim, fico na expectati-va de ver o jornal circulando!Uliane Rosa às 3h57min de 19 de novembro @marcodaera Parabéns ao @ocaxiense! Longo e intenso sucesso.Marco R. Zeminhani às 16h de 19 de novembro

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Assista na íntegra a Volume Um! Em bom som!, longa-metragem do diretor Jorge de Jesus que conta boa parte da história do rock de Caxias do Sul.

Redação: Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andre-atta, José Eduardo Coutelle, Maicon Damasceno, Marcelo Aramis, Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora do site), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita. Comercial: Leandro TrintinagliaCirculação e Assinaturas: Fernanda MassignaniAdministrativo: Luiz Antônio BoffImpressão: Correio do PovoTiragem: 10 mil

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para [email protected] . Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 |Anual: 2x de R$ 60 ou uma de R$ 120

Jornal O Caxiense Ltda.Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471Fone 3027-5538 | E-mail [email protected]

2 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .05 a 11 de dezembro de 2009O Caxiense

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A SemanaCaxias declarou situação de emergência por causa dos estragos deixados por um ciclone

Um único degrau pode impedir a entrada de um cadeirante em um prédio. Esse é o caso de Carlos Elói Lucena de Souza. “Devido à minha saúde, vou muito a médicos. Quando marco a consulta já pergunto se tem acesso para deficientes. Chegando lá, tem dois degraus.” Mas Souza não encontra somente dificuldades, ele se movimenta pela cidade através do transporte coletivo da Viação Santa Tereza (Visate). Atualmente a empre-sa possui 86 ônibus adaptados para o acesso de pessoas com deficiência. Nesta semana, Caxias do Sul discutiu como avançar na acessibilidade aos portadores de deficiência física. Pro-postas para melhorar o dia-a-dia dos deficientes foram pauta da 1ª Semana Gaúcha da Pessoa com Deficiência. Especialistas abordaram temas como empregabilidade, educação inclusi-va, direitos, acessibilidade urbana e turismo, no auditório do bloco H da Universidade de Caxias do Sul (UCS).

Empresários que aguardavam de 10 a 12 dias por processos na Junta Co-mercial ganharão tempo. Foi inaugu-rado o Escritório Regional em Caxias do Sul, que promete atender deman-das das empresas caxienses e da re-gião. O período de espera agora será de no máximo cinco dias. O escritó-rio funciona na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC). “É o fim da demora do anda-mento dos processos”, diz o presidente

Ventos que atingiram 111 km/h, na quarta-feira, dia 2, destelharam a Escola Municipal Tancredo Neves, no bairro Belo Horizonte

Segunda | 30 de novembro

QuaRTa | 2 de dezembro

QuinTa | 3 de dezembro

SeXTa| 4 de dezembro

TeRÇa | 1° de dezembro

inclusão

estragos do tempo

economia solidária

nossa cultura

Menos burocracia

Semana da pessoa com deficiência

Ciclone extratropical atinge Caxias

Recicladores ganharãocentral de comercialização

Festa da uva terá estações temáticas

Junta Comercial agilizaprocessos

da CIC, Milton Corlatti. A advogada responsável, Marilei Ferraro, diz que, além das empresas, os contadores se-rão os principais beneficiados com a instalação da Junta na cidade. “O es-critório vai agilizar muito o trâmite dos processos. Vai facilitar bastante a vida dos contadores. Eles são o nosso principal contato com as empresas.”

O que parecia um temporal típi-co de dias quentes destruiu ou des-telhou cerca de 150 casas em Ca-xias do Sul na tarde de quarta-feira. A velocidade dos ventos do ciclone extratropical – nome do oficial do fenômeno que varreu a cidade – ul-trapassou a marca de 100Km/h.

Os bairros mais atingidos, con-forme o tenente coronel Francisco Barden da Rosa, foram: Vila Ipê, Serrano, Belo Horizonte, Monte Carmelo, Santa Fé, 1º de Maio, Jar-dim Adorado, Parada Cristal, San-ta Corona, Vitória e Vila Lobos.

Oito escolas municipais foram da-nificadas pelas fortes chuvas na tarde de quarta. “É importante frisar a for-ma como os professores e diretores das escolas agiram durante o temporal de ontem. Porque nenhuma criança foi ferida. Os professores cuidaram para levar as crianças aos locais mais protegidos de cada escola”, salientou Barden na quinta-feira. Dentre as oito instituições de ensino, três tiveram as aulas suspensas: Rubem Bento Alves, na Vila Ipê, Presidente Tancredo de Almeida Neves, no Belo Horizonte, e Engenheiro Dario Granja Sant’Anna, em Santo Antônio de Ana Rech.

Na sexta-feira à tarde, o prefeito José Ivo Sartori (PMDB) assinou de-

A relação entre as indústrias e os recicladores será otimizada com a criação da Central de Comerciali-zação de Material Reciclável. Antes, os fardos de material reciclado eram insuficientes para as necessidades das indústrias. Com a Central, ma-teriais de dez associações de recicla-dores conveniadas com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego serão vendidos.

O repasse aprovado pela Câmara de Vereadores é de R$ 120 mil, montante que será investido na compra de toda a produção dos recicladores conve-niados. Assim, os fardos serão acu-mulados e vendidos diretamente às indústrias. “O dinheiro vindo dessas vendas será então repassado direta-mente para os recicladores, agregando valor ao trabalho deles e também ge-rando poder de negociação e maior ga-nho”, afirma Guilherme Sebben, secre-tário de Desenvolvimento Econômico.

creto declarando situação de emer-gência em Caxias do Sul. Com a me-dida, o município se habilita a pedir verbas para se recuperar dos preju-ízos econômicos e sociais. Um dos critérios da Secretaria Nacional de Defesa Civil para declarar situação de emergência é ter 5% do PIB da ci-dade comprometido com os estragos.

O secretário municipal de Habi-tação, Flávio Cassina, explicou que a prefeitura estava fazendo o levan-tamento das famílias que irão preci-sar da ajuda do município para re-construir os telhados. Aquelas que já procuraram a Secretaria estão sendo auxiliadas com a doação de materias e, em alguns casos, de mão-de-obra.

A inspiração ferroviária do tema da Festa Nacional da Uva 2010, “Nos trilhos da História, a Estação da Co-lheita”, servirá de guia aos visitantes dos Pavilhões durante o evento. Quem visitar o Parque de Exposições de 18 de fevereiro a 7 de março encontrará os espaços decorados como se fossem estações de trem. Será a primeira vez que essa ambientação, que já acon-tece nos desfiles de carros alegóri-cos, estará também nos Pavilhões.

O diretor de Cultura da Comissão Comunitária da Festa, Antonio Feld-mann, explica que, além de decorati-vas, as estações servirão para delimi-tar os espaços dentro dos Pavilhões. Ou seja, as atrações do parque de ex-posições serão identificadas por esta-ções e os visitantes poderão fazer a vi-sita conforme o interesse que tiverem. “Hoje, nós temos dentro dos Pavilhões e do Centro de Eventos produtos colo-niais, vinhos, o espaço do gaúcho, do italiano e por aí vai, tudo meio mistu-rado. A ideia é que cada tipo de atração seja identificada como uma estação. Então, em vez de pegar aquele corre-dor e ir encontrando os estandes, os caxienses e os turistas poderão se loca-lizar pelas estações de trem”, antecipa.

O diretor da Secretaria da Cultura, João Tonuz, diz que as estações serão espaços culturais. Cada uma terá um tema relacionado à história de Caxias, da região ou da Festa da Uva. E dentro dos espaços haverá atrações culturais como exposições, apresentações de teatro e música e ferramentas de in-teratividade. O número de estações não está definido e o projeto de como elas serão ainda está em andamento. Feldmann espera que a proposta seja apresentada oficialmente até o Natal.

O varejo resolveu apostar na seriedade do consumidor de Caxias do Sul. E melhorar a sua rentabilidade, reduzindo as vendas por meio dos cartões de crédito, que cobram de 10% a 11% pelo serviço que prestam. De acordo com o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), Luiz Antônio Kuyava, 60% dos comerciantes da cida-

de já financiam diretamente as compras de seus clientes. Para ele, demonstração de amadure-cimento do setor, que cria me-canismos financeiros próprios e aperfeiçoa a concessão do crédito. É a volta do tradicional carnê, que acaba virando ins-trumento de estímulo a novas compras quando o cliente vai à loja quitar sua prestação.

Reação aos cartões de crédito

Roberto [email protected] | www.ocaxiense.com.br/roberto-hunoff

As últimas semanas têm sido de muitos en-contros empresariais visando ao planejamento de 2010. Ninguém quer ser surpreendido como no final de 2008, quando todos esperavam manutenção do ritmo de crescimento, mas a de-saceleração da economia, por conta do blecaute nas instituições financeiras norte-americanas, forçou mudanças radicais no planejamento.

O que esperar do ano que vemEconomistas do Santander estimam retomada

do crescimento da economia mundial, mais uma vez liderada pela China, com 9%, segui-da pela Índia, com 6,4%. Os Estados Unidos devem crescer 1,5% e a Europa ficará em 0,3%, com média de 1,3% para os desenvolvidos. Para o Brasil a projeção é de 5%, o que determinará forte redução no desemprego. O IGPM, um dos indicadores da inflação, ficará próximo dos 4,5% e a taxa selic média do ano será de 9,8%, encerrando o ano em alta: 11,75%. Os juros líquidos cederão levemente, de 5,5% atuais para 5,1%, e o câmbio se manterá estável em R$ 1,70.

Lenta retomadaO ex-presidente do BC, Gustavo Loyola, que

veio à cidade na semana passada por iniciativa do Banco Votorantin, alertou que a economia mundial terá índices menos vigorosos de cres-cimento diante dos históricos 4,5% de outros anos. Decorrência da crise passada que, em sua opinião, tinha potencial destrutivo semelhante a de 1929. Projeta crescimento de 2,5% na econo-mia mundial, influência dos países emergentes.

Recuperação internaO ex-presidente do Banco Central projeta

crescimento de 5% para o Brasil e 1% para os países desenvolvidos. Por aqui a recuperação será puxada pelas famílias em razão da expan-são do crédito e da massa salarial, com destaque para o setor imobiliário. Já o segmento de bens de capital só terá índices mais robustos no final do ano. Acredita em câmbio nos mesmos pa-tamares de 2009, em torno de R$ 1,75, inflação de 4,2% e taxa de juros crescente no segundo semestre, atingindo 10% no final do ano.

Alerta aos riscos Os riscos de as projeções não se confirma-

rem são mínimos, na visão de Loyola. Mas a precaver-se contra recrusdecimento da crise nos países ricos em razão de estratégias equivo-cadas, como antecipar ou adiar a retirada de incentivos. No Brasil os riscos são medidas inconsequentes para eleger um candidato a qualquer custo ou surgimento de proposta com discurso equivocado. Ainda como ameaças: agravamento da situação fiscal e necessidade de elevação maior dos juros para conter eventual inflação mais robusta.

O assunto é tratado de forma muito discreta, mas brevemente a Prefeitura de Caxias do Sul anunciará a trans-formação de área rural em urbana. O objetivo é consolidar a localização de condomínio residencial em espaço privilegiado.

O Sindicato das Indústrias Metalúr-gicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul marcou para 7 de dezembro encontro para avaliação do difícil ano que se encerra e projeção do próximo exercício. Preliminarmen-te é possível adiantar que o faturamen-to do setor deve fechar com queda de 15% a 20%, decorrência do mau desempenho até agosto. A reação, que era esperada ainda para julho, veio somente em setembro. Para 2010 a ex-pectativa é de recuperação na ordem de 5% a 10%, ou seja, números como os de 2008 somente em 2011.

As expectativas locais, estaduais e nacionais do varejo para 2010 serão pauta do encontro que a CDL promo-verá no dia 15 de dezembro em sua sede. Também haverá exposição das ações movidas de forma a melhorar as relações com as administradoras de cartões de crédito. A iniciativa trará para Caxias do Sul o presidente da Confederação Nacional das Câmaras dos Dirigentes Lojistas, Roque Pelizza-ro Júnior, empresário de Curitibanos, SC, e o representante da entidade estadual, Vitor Augusto Koch.

Com atividade produtiva inten-sa desde outubro e perspectivas de carteira cheia para os seis primeiros meses do ano, o grupo Randon abriu processo de seleção para mais 500 funcionários. Com estes, elevará para 1,7 mil o número de admitidos desde setembro. Terá, assim, quadro total superior de 10,2 mil pessoas, acima do que havia no período pré-crise.

Segundo o diretor corporativo Erino Tonon, as admissões atendem à ascen-são da demanda do mercado de im-plementos rodoviários e de autopeças. Cada segmento absorverá 50% das novas vagas. Tonon confirmou o can-celamento das férias coletivas do fim de ano. A expectativa da empresa é de crescimento, em 2010, de 10% sobre este ano, que deve fechar em queda de 20% sobre os resultados de 2008.

A Marcopolo também fechará o ano com 500 empregos a mais, totalizando 7,2 mil vagas em Caxias do Sul. Na Índia, onde mantém duas unidades em parceria com a Tata Motors, as admissões chegam a 2 mil nos últimos meses, elevando para 5 mil o quadro funcional.

Em movimentoPlanejando 2010

Cenário metalúrgico

Painel do varejo

Convicção

Concessionária Citroën, com lojas em Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Gramado, a Eiffel co-memorou oito anos nesta semana. O diretor Justino Restelatto defi-niu 2009 como ano de desafios e de aprendizados. As vendas repeti-rão os bons números de 2008.

Lojas Colombo investiu R$ 1,5 milhão na abertura de sua loja Premium no Iguatemi Caxias. Na segunda-feira, 30, data que mar-cou os 50 anos da rede, o presiden-te Adelino Colombo confirmou que a estratégia de crescimento privilegia este tipo de loja, maiores e com layout diferenciado.

O Moinho da Estação ga-nhou nova atração gastronômica. O Restaurante Osaka, empreendi-mento de Guilherme Bergamaschi Eberle, investe na culinária japo-nesa. A rede conta agora com sete unidades – a de Caxias é a primei-ra no Sul do País e abriu emprego para 35 pessoas.

Liderança e competitividade será o tema da palestra da reu-nião-almoço de segunda-feira da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços. A apresentação caberá ao sócio-diretor da Kienbaum – Ke-senberg & Partners, José Antônio de Freitas.

Curtas

O desempenho da economia de Caxias do Sul evoluiu 3,8% sobre o mês anterior, mas ficou 6% abaixo de igual período de 2008. Pesquisa da CIC indica que no acumulado do ano o índice é 7,8% negativo e, nos últimos 12 meses, 7,1%.

Mas há dois pontos representa-tivos de que a recuperação é con-sistente. A utilização da capacidade instalada da indústria avançou para

75%, três pontos acima de setem-bro, e apenas três pontos abaixo de novembro de 2008. Outro dado é a geração de empregos. Em outu-bro foram abertos 1.897 vagas, das quais 1,3 mil na indústria, a gran-de responsável pelas demissões no primeiro semestre. O estoque em outubro era de 148.849 empregos formais, 466 abaixo do que havia em dezembro de 2008.

Indicadores consistentes de recuperação

Economia X postos de trabalho (acumulado de 12 meses)

-0,4

Economia Postos de trabalho

4,5 4,6

10,97,2

-7,1

8,25,6

-2,4

10,014,7

0,8

Fonte: CIC

2004 2005 2006 2007 20092008

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Visão industrial por GRAZIELA [email protected]

aul Carniel, 58 anos, trabalha no ramo metalúrgico desde os 12. Filho de pai também metalúrgico, sempre foi apai-xonado pela profissão. Era interessa-do em descobrir novas possibilidades dentro do setor e sonhava em ter o próprio negócio. Até que, de tanto procurar uma alternativa, descobriu que faltavam fabricantes de máquinas para confecção de joias. Era a infor-mação que ele precisava para abrir sua empresa, a MCA, que há 34 anos pro-duz essas máquinas em Caxias do Sul.

Como sua paixão e sua curiosidade não cessaram, Carniel passou a buscar novas oportunidades de trabalho e percebeu que poderia prestar serviço também para outras indústrias – me-talúrgicas ou não. Foi assim que ele chegou ao ramo do petróleo, a grande joia do Brasil no momento. E acertou em cheio.

O empresário se transformou em um dos fornecedores da cadeia produ-tiva da Petrobras justamente quando a estatal atinge um de seus melhores momentos na histó-ria. E a descoberta de petróleo e gás nas ca-madas de pré-sal, que podem elevar o Brasil à categoria de líder mun-dial de extração em águas profundas, tam-bém deve impulsionar o crescimento da fá-brica caxiense. Afinal, ela estará trabalhando para o maior tesouro nacional da atualidade – bem mais valioso do que as joias que inspi-raram a fundação da MCA.

Carniel fala com orgulho de sua empresa, que tem cerca de 80 funcio-nários e faz parte do time de elite que produz peças para a gigante Petrobras. No pavilhão da MCA é feita “a usina-gem dos atuadores”. Aparentemente, são peças em metal bem mais simples do que o nome que as designa. Elas medem no máximo 80 centímetros – ou 800 milímetros, como o empre-sário faz questão de salientar: “Você não pode escrever que a peça mede 80 centímetros, porque essa medida é para amador. Nós calculamos tudo em milímetros.”

A precisão do empresário se justi-fica. Afinal, esses atuadores são fun-damentais para o funcionamento da indústria petrolífera. As peças fabrica-das em Caxias são usadas no controle das válvulas que monitoram a passa-gem de petróleo e gás extraídos pela estatal. “É uma peça pequena. Mas, sem ela, não tem petróleo”, lembra Carniel.

Os planos da Petrobras, de extrair um bilhão de barris de petróleo por dia nos próximos 12 anos, se encai-xam perfeitamente nos de Carniel, que quer ver a MCA crescer com as novas oportunidades. “É uma chan-ce que nós temos, e eu não pretendo desperdiçá-la.”

É cedo para saber se os projetos

do empresário caxiense irão se concre-tizar, pois o pré-sal ainda é uma incóg-

nita para o mercado. Embora alguns negócios estejam começando a ser fe-chados, especialistas acreditam que as empresas só terão respostas concretas a partir da metade de 2010, quando o governo federal deverá ter tomado to-das as decisões políticas e mercadoló-gicas que envolvem a exploração dessa nova riqueza nacional.

O lado bom dessa indefinição é que as empresas dispostas a garantir sua fatia ganham tempo para se preparar e entrar na disputa por espaço nes-se novo mercado. No caso de Caxias, as opções são inúmeras, por causa da diversificação da indústria local, que tem potencial para fabricar desde os parafusos que prendem peças da pla-taforma até os perfuradores de poços de petróleo.

O outro ponto positivo para quem pretende se aventurar no setor é que a estatal está buscando novos forne-cedores e esteve no município para apresentar os números tentadores do pré-sal aos empresários interessados. Os cálculos iniciais dão conta de que a exploração de petróleo e gás em águas profundas movimente US$ 190

bilhões de dólares. Ou seja, é muito dinheiro, e uma parte dele pode muito bem respingar em Caxias do Sul.

O gerente geral de engenharia básica do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras, Marcos Assayag, palestrou na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) sobre o cenário otimista que se dese-nha e garantiu: “Tem

espaço para todos. Além das platafor-mas, serão construídos portos e vai aumentar a demanda de transporte. As empresas só precisam ser inteligen-tes e aproveitar isso”.

Como o tipo de exploração que será feita no pré-sal ainda é uma no-vidade, a Petrobras precisará de em-presas que apresentem novas ideias e tecnologias. A camada de onde serão retirados petróleo e gás tem 800 qui-lômetros de extensão, desde o litoral de Santa Catarina até o Espírito Santo, e 200 quilômetros de largura. E, em alguns pontos, a extração ocorrerá a sete quilômetros de profundidade. “A estrutura necessária é muito grande e a tecnologia empregada deve ser de ponta. Portanto, as oportunidades se-rão muitas. E Caxias tem muitas em-presas em condições de participar des-se processo. Elas podem entrar como fornecedoras ou subfornecedoras de peças, mão de obra e até de tecnolo-gia”, comenta.

Outro indicador de que as oportu-nidades existem é a nova política da Petrobras de priorizar os produtos nacionais. Um dos diretores da esta-tal, Laerte Santos Galhardo, que tam-bém esteve na cidade para palestrar aos empresários, afirmou que 70% de todos os componentes envolvendo as obras de construção de estrutura e os itens de exploração do pré-sal devem ser nacionais. E isso vai beneficiar desde fabricantes de pequenas peças até empresas maiores, como Lupatech,

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CAXIAS DE OLHO

NO PRÉ-SAL

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Como o empreendedorismo pode colocar a cidade em destaque também no ramo do petróleo

Carniel, da MCA: “É uma chance, e não pretendo desperdiçá-la”

“É uma peça pequena. Mas, sem ela, não tem petróleo”, diz Raul Carniel,fornecedor da cadeia produtiva da Petrobras

Como o empreendedorismo pode colocar a cidade em destaquetambém no ramo do petróleo

Weatherford e Madal Palfinger, que têm unidades instaladas em Caxias e já estão se preparando para esse novo mercado.

Podem sair de Caxias do Sul os guindastes marinhos que serão utili-zados pela Petrobras na região de exploração do pré-sal. A Madal Pal-finger é uma das produ-toras mundiais dessas estruturas metálicas de tecnologia avançada, que podem pesar de 500 quilos a 40 tonela-das, alcançar 36 metros e erguer até 500 quilos de carga. O gerente de produto da empresa, Silvio Gatelli, explica que a empresa já faz guindastes usados pela Petrobras e por empresas que atuam no Chile, Argentina e Peru. E ele ga-rante que a companhia tem condições de atender a nova demanda.

Segundo o diretor-presidente da Madal Palfinger, Herbert Karly, a em-presa vinha desenvolvendo guindastes marinhos com proteção contra a sali-nização antes mesmo de a Petrobras anunciar a exploração de petróleo em águas profundas, o que deixou a uni-dade localizada em Caxias em posição estratégica para o mercado. “Estáva-mos trabalhando nesse produto devi-do a uma necessidade mercadológica. O pré-sal veio para corroborar”, relata

Karly.O executivo explica que, no Brasil,

a Madal Palfinger é a única empresa a fazer guindastes desse tipo. A indús-tria nacional ainda não possui toda a tecnologia necessária para a cons-trução das estruturas, mas, para ga-

rantir que o produto possa ser usado pela Petrobras, ele vai con-centrar a maior parte da produção no país. “Vamos trazer alguns componentes de fora, aqueles que não forem fabricados aqui den-tro. Mas os guindastes serão montados no Brasil, na unidade de Caxias do Sul”, revela.

Com isso, Karly já projeta um avanço da empresa nos pró-

ximos anos. “Acredito que o pré-sal possa contribuir com um crescimento de aproximadamente 15% ao ano da Madal Palfinger nos próximos três ou quatro anos”, calcula.

O presidente da Lupatech, Nestor Perini, vai ainda mais longe. Ele prefere não falar em percentu-ais de crescimento, como Karly, mas não esconde suas boas expectativas em relação ao futuro. A empresa dele é atualmente uma dos fornecedoras estratégicas da Petrobras, e cerca de 70% de todo o faturamento das suas 21 unidades são provenientes do se-

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“Caxias tem muitas empresas em condições de participar”,afirma Assayag, gerente de engenharia da Petrobras

Madal Palfinger tomou a dianteira na fabricação de guindastes marinhos

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tor de petróleo e gás. “O pré-sal abre uma possibilidade muito otimista. Se antes tínhamos uma previsão de cres-cimento para cinco anos, agora conse-guimos olhar 20 anos adiante. E com muito bons olhos”, conta.

A Lupatech fornece seis tipos de produtos para a Petrobras, e as uni-dades de Caxias possuem um papel fundamental no con-texto. Em uma de-las, são fabricadas as ferramentas usadas na completação de poços de petróleo, ta-refa que consiste em transformar um poço em uma unidade pro-dutiva. Em outra, fica o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Lupatech (CPDL), onde são projetados componentes utiliza-dos no ramo da energia. Nesse lugar, onde apenas um número pequeno de pessoas tem acesso e só se consegue entrar com identificação eletrônica por meio de crachás e senhas espe-ciais, a empresa de Perini se prepara para o futuro. “O setor movimenta bilhões e bilhões de dólares. E nada impede que a Petrobras, que já é uma grande empresa, em 10 anos seja a maior do mundo na sua área. Quem estiver trabalhando com ela e inves-tindo em tecnologia vai crescer junto”, analisa Perini.

O empresário aposta no pré-sal como um grande leque de oportuni-dades para a indústria, diretamente, e para toda a sociedade, indiretamente.

E acredita no potencial de Caxias para saber aproveitar as chances geradas pela estatal no mercado: “O mundo não é estanque. Ele é globalizado. E Caxias está inserida nesse contexto”.

E para garantir sua fatia no

bolo da globalização não precisa ser tão grande. Basta adequar seu empre-

endimento ao mercado e arriscar, independen-temente do tamanho da empresa. A Sulcromo, indústria de cromagem e metalização, possui 120 funcionários entre as duas unidades, em Caxias do Sul e São Le-opoldo. Há dois anos, faz a cromagem de peças para a oficina da Petro-bras de Macaé, no Rio de Janeiro.

O gerente geral da empresa, Alexandre Ely, diz que, por enquanto, os trabalhos para a estatal representam entre 20% e 30% dos ser-viços prestados pela Sulcromo no setor de petróleo e gás. É o seu maior cliente do segmento, mas não chega a ser de-cisivo no faturamento total – quadro que pode mudar com o pré-sal.

De olho no futuro, Ely revela que a Sulcromo está investindo em tecno-logia e compra de novas máquinas e equipamentos que possam ser úteis à realidade que se desenha para quem trabalha na cadeia de petróleo e gás. Ele aposta na nova descoberta para projetar a empresa na região Sudeste e, a partir daí, no restante do país.

“Nós temos planos de duplicar e até

triplicar o tamanho da empresa nos próximos anos. Não só por causa do pré-sal. Mas é claro que estamos in-cluindo esse projeto no nosso planeja-mento estratégico”, revela Ely.

Assim como as demais empresas que estão apostando na exploração de petróleo em águas profundas, Ely não tem certeza se conseguirá entrar nesse mercado. Mas ele acredita no potencial de trabalho que será gerado. “Mesmo que entrem companhias de fora nesse negócio, elas vão precisar de prestadores de serviço. Vale a pena correr o risco”, defende.

O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), Oscar Azevedo, acredita que este é o momento para as empresas que ainda não integram a cadeia da Petrobras buscarem essa chance. Ele lembra que as plataformas de exploração de petróleo e gás necessitarão do apoio de portos e de transporte e que setores como o do plástico, me-talurgia e construção civil poderão encontrar um espaço nesse vasto mercado de oportunidades. “Se os empresários pa-rarem para pensar, certamente encon-trarão algo que se encaixa no trabalho deles, porque esse é um mercado que movimenta quase todos os setores da cadeia produtiva.”

Azevedo lembra que as empresas

de Caxias do Sul têm potencial para colocar a cidade em posição estratégi-ca para a Petrobras. Basta olhar com mais atenção para o futuro. “Para entrarmos nesse negócio, temos que fazer um exercício com o qual não es-tamos acostumados, pois não temos petróleo aqui do nosso lado. Mas pre-cisamos nos acostumar, pois o pré-sal é o futuro”, analisa.

O ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, sócio da empresa de requisitada consultoria econômi-ca Tendências, também acredita no potencial desse novo mercado. Mas faz um alerta. Em uma palestra para empresários realizada recentemente em Caxias do Sul, Loyola comparou o pré-sal a um tipo de herança. “Uma

herança pode ser boa ou ruim, dependendo do uso que se faz dela. Se bem utilizado, o pré-sal pode gerar em-pregos, distribuição de renda e desenvol-vimento. Se mal utili-zado, pode acontecer o mesmo que acon-tece à Venezuela, que não soube reverter o petróleo em riquezas para o país”, alertou.

Apesar da ponde-ração, Gustavo Loyola disse acreditar que no Brasil o recurso do pré-sal será bem utilizado pelo governo e pelas empresas. E para quem ainda tem dú-vidas sobre como se pode classificar a mais nova aposta no futuro, o eco-nomista dá uma pista: “Ganhamos na loteria”.

O pré-sal injeta otimismo no planejamento estratégico da Sulcromo, que quer duplicar ou triplicar de tamanho nos próximos anos “Se os

empresários pararem para pensar, encontrarão algo que se encaixa no trabalho deles”, diz Azevedo, do Simecs

Nestor Perini, da Lupatech, que tira do setor de petróleo e gás cerca de 70% do faturamento de suas unidades: “O pré-sal abre uma possibilidade muito otimista”

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Reminiscências políticas

O dia EM quE a

PRAçA DANTEvIROU UM INfERNO

Pancadaria e destruição impediram Collor de discursar em 30 de novembro de 1989 e colocaram Caxias numa nota de rodapé da história política do país

por GRaZiELa [email protected]

ra 30 de novembro de 1989. O grupo Os Serranos apresentava as primeiras músicas do show que animaria o co-mício do então candidato a presidente Fernando Collor de Mello na Praça Dante Alighieri, em Caxias do Sul. Na época, a praça ainda se chamava Ruy Barbosa e Collor ainda estava no PRN. A cidade também era bem menor do que hoje.

Mas Collor nunca conheceria a pra-ça. E o comício nunca seria realizado. O que era para ser uma manifestação democrática acabou em pancadaria e entrou para a história política de Ca-xias e do país como um dos episódios mais marcantes do segundo turno das primeiras eleições diretas para presi-dente depois da ditadura. De um lado, Collor, “o caçador de marajás”, jovem, com ideias que iriam renovar o país. Do outro, Lula, o metalúrgico sindi-calista barbudo, líder das greves do ABC, que não sorria “porque não era modelo”, como chegou a declarar.

Uma semana antes desse quase-co-mício completar 20 anos, o jornal O CAXIENSE reuniu sete pessoas que estavam na praça naquele dia de 89 e viram de perto o que aconteceu. A conversa começou em frente ao cha-fariz, a poucos metros do lugar onde havia sido montado o palanque, ce-nário do início da confusão, que teria sido apontada mais tarde como um dos episódios decisivos para a derrota

de Lula em sua primeira candidatura à presidência da República.

“Os organizadores da campanha de Collor estavam programando um grande comício, como nunca havia sido feito antes em Caxias. Para se ter uma idéia, o palco, que tradicional-mente era montado em frente à Casa da Cultura, naquele dia foi colocado em plena Sinimbu, próximo ao Banco do Brasil. Trancaram a rua para o co-mício”, lembra o professor José Carlos Monteiro, 55 anos, que na época era vereador pelo PSB, um dos partidos que se originaram do PCB.

A praça era muito diferente. Havia mais árvores, quase todas com a copa bastante fe-chada, o que diminuía o espaço para o públi-co. Por causa disso, as pessoas que tinham ido lá para assistir ao co-mício – ou ao show dos Serranos – procuravam se aglomerar em um es-paço pequeno, próximo ao palco. O cenário também era outro. Nada de casinha para o Papai Noel, laços vermelhos e, muito menos, re-nas em homenagem ao bom velhinho, como se vê hoje, embora o comício tivesse sido realizado a quase um mês do Natal. A política fervilhava, e Noel não passava de um coadjuvante.

“Que Natal, nada. Só se falava de po-

lítica. Estava tudo tomado por bandei-ras dos candidatos”, acrescenta Mon-teiro, lembrando que nos anos 80 não havia regras determinando dia e local para cada partido. Todos usavam a praça ao mesmo tempo. E naquele dia do comício do Collor não foi diferente.

“Collor era minoria. Não passavam de 20% as bandeiras dele. A maioria era do Lula e do Brizola, que tinha sido candidato no primeiro turno e estava apoiando Lula no segundo. Lembro que, quando cheguei na praça, tomei um susto. Pensei: meu Deus, é o comí-cio de quem?”, diverte-se Lourdes Za-

bot, 52 anos, que hoje é funcionária do Sin-dicato dos Metalúrgi-cos e, na época, traba-lhava para o PCdoB.

Ela conta que foi para a praça sem ne-nhuma identificação política ou partidária, por orientação dos co-ordenadores nacionais da campanha de Lula. Segundo Lourdes, ha-via boatos dando con-ta de que eleitores do

Collor poderiam provocar tumultos para culpar militantes do PT e usar o episódio na campanha. “Nós rece-bemos recomendações para não ir à praça e, caso fôssemos, era para ficar-mos quietos, sem nos manifestar, para evitar confusão. Foi o que fiz. Mas, quando cheguei, vi aquele mar de ban-deiras.”

O coordenador do Orçamen-to Comunitário (OC) no município, Gelson Marcon, 56 anos, que era pre-sidente da Federação dos Bancários do Rio Grande do Sul, lembra que a can-didatura de Lula em todo o país tinha apoio quase massivo dos sindicatos, que trabalhavam incansavelmente na campanha. Mas ele confirma o que Lourdes relata, e garante que nem os sindicatos nem os partidos de esquer-da – e isso quando a esquerda era es-querda mesmo – haviam articulado qualquer manifestação na praça.

Segundo Marcon, as pessoas foram ao comício por conta própria, sem se organizar previamente, para saber o que Collor falaria e, depois, infor-mar aos coordenadores nacionais da campanha. “Tanto que as pessoas nos viam e pediam material de campanha para distribuir, mas não tínhamos nada. Estávamos desprevenidos. Eu nem imaginava que chegaria lá e veria mais gente identificada com o Lula do que com o Collor.”

O fato é que intencionalmente ou não o tumulto aconteceu, exatamente como haviam prevenido os boatos. Só não se esperava que a pancadaria se-ria tão violenta. Teve gente machucada a pedradas, arranhões e pauladas. A praça foi destruída. E a Brigada Militar também não poupou os brigões, que transformaram o lugar em “cenário de guerra”, como descreve Lourdes.

O metalúrgico Jorge Antonio Ro-drigues, 52 anos, filiado ao PCdoB e

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“Era uma coisa irracional. Tinha gente sangrando e muita sujeira. Era cenário de guerra mesmo”, recorda Lourdes

Rodrigues (E), Monteiro, Lourdes, Gomes, Silvana, Marcon e Incerti foram algumas das testemunhas da confusão

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integrante do Sindicato do Trabalha-dores Metalúrgicos, conta que estava ao lado do palanque no momento e no lugar exatos em que a confusão se instalou. “Eu estava bem do lado do Castilhinho (Luiz Carlos Castilhos, que já morreu), que foi o pivô do co-meço de tudo. Ele tinha uma bandeira imensa do Lula e, naquele tempo, as bandeiras eram presas por sarrafos de madeira. Ele ficava balançando a ban-deira na frente dos Serranos enquanto eles tocavam e, de repente, a bandei-ra se enroscou nos fios das caixas de som montadas no palco. Uma parte das caixas caiu e deu aquele estrondo, uma microfonia. Foi o que bastou para tudo começar.”

Depois disso, segundo Rodrigues, as outras caixas que estavam no pal-co também vieram abaixo. Os músi-cos precisaram deixar o palanque e a guerra começou. “Do nada, surgiram pessoas com pedaços de pau nas mãos atacando todo mundo. Quem não ti-nha nada (para se defender) começou a arrancar coisas da praça. Pegavam pedras dos canteiros e atiravam em quem estivesse na frente.”

Lourdes subiu em um dos banheiros públicos, que em 89 ainda não eram subterrâneos, para enxergar melhor o que estava acontecendo, e ficou as-sustada com a cena. “Era uma coisa irracional. Tinha gente sangrando, com raspões, arranhões, e muita su-jeira. Era cenário de guerra mesmo. Não dava para acreditar no que estava acontecendo.”

O vereador Pedro Incerti (PDT), 54 anos, que era presidente do Sindicato dos Bancários e recém havia saído do PCB – o Partidão, como era chamada carinhosamente a sigla – viu tudo aquilo de canto e logo tratou de ir embora. “Eu tinha ido para a praça movido pela curiosidade, como muita gente que deveria estar lá pelo mesmo motivo. Queria ver de perto o caçador de marajás. E como a orientação das coordenações de campanha era ficar longe, me coloquei na entrada da gale-ria localizada no antigo Calçadão, de onde enxerguei tudo.”

Incerti lembra de ter visto muitos militantes de sindicatos e de partidos que apoiavam Lula. Mas não achou que o comício terminaria em briga, pois as manifestações políticas eram comuns em Caxias desde o início dos anos 80, com as greves e a campanha das Diretas Já. Mas nunca tinham ocorrido conflitos violentos.

“Era muita gente e eu só me dei con-ta do que estava acontecendo quando a confusão já estava armada. E nela ti-nha pessoal dos dois lados, do Collor e do Lula. Não tinha como saber quem atacava quem”, revela Incerti, que em seguida se retirou.

Monteiro fez o contrário. Ele esta-va na Câmara de Vereadores, que em 89 ficava no prédio da Sociedade Ca-xiense de Mútuo Socorro (SCMS), na Rua Garibaldi, entre a Avenida Júlio de Castilhos e a Rua Sinimbu. “Che-gou na Câmara a notícia de que estava

tendo quebra-quebra no comício do Collor. Então eu larguei tudo e subi correndo até a praça para ver se era verdade. Fui a pé mesmo. Quando vi a cena, demorei para acreditar.”

Ele conta que ficou perplexo e in-conformado, pois sabia da recomen-dação para não causar tumulto nesse comício. E a situação era desoladora. Quando o professor chegou, o palan-que oficial havia sido destruído, os ho-lofotes e equipamentos de som tinham desabado e bandeiras estavam em chamas. “Eu pensei: foi tudo por água abaixo.” Nem BM conseguia conter a multidão enfurecida.

“A Brigada chegou primeiro com uma turma e empurrou o povo para o lado do Juvenil. E o povo empurrou a Brigada de volta. Aí vieram reforços. Foi quando encurralaram o pessoal de novo e desceram o pau no povo. Em seguida, os policiais cercaram a pra-ça e limparam a área. Mas a confusão continuou nas ruas próximas”, relata Jorge.

As brigas na praça duraram cerca de uma hora. Teriam iniciado por volta das 21h e encerrado às 22h. Mas Ro-drigues lembra que, nos arredores, a confusão só acabou depois das 23h.

A jornalista Silvana Gonçal-ves, 36 anos, escapou da confusão por pouco. Em 89, ela tinha 16 anos e ain-da cursava o primeiro ano do ensino médio no Emílio Meyer, mas já era fi-liada ao PT. No dia do comício, estava envolvida com as eleições do Grêmio

Estudantil. Quando conseguiu se libe-rar para ir à praça, as brigas já haviam começado. “Eu estava indo a pé e, no caminho, uma amiga que passava de ônibus fez um gesto para mim indi-cando que daria pau na praça porque o clima estava muito tenso. Mas, mesmo assim, eu segui.”

Silvana foi para o local com três amigas da escola. Elas chegaram na praça no exato momento em que a po-lícia empurrava os manifestantes para fora do local. E, por mais que quisesse saber o que estava havendo, Silvana decidiu correr. “Não fazia muito tem-po que tínhamos saído de uma dita-dura e a repressão ainda era forte. Eu militava no movimento estudantil, então, já tinha aprendido que quando a Brigada chegase a ordem era correr. E corri. Desci a Rua Marechal Floria-no correndo para não ser alcançada pela polícia, e em ziguezague para não ser atingida por uma pedra”, conta, em meio a risadas.

Enquanto os militantes brigavam – ou corriam –, jornalistas de Caxias e de fora disputavam os poucos orelhões disponíveis para dar a notícia da con-fusão, que em poucas horas correu o país. Afinal, o comício que Collor de-veria ter realizado em uma cidade do interior do Rio Grande do Sul tinha sido suspenso e, segundo as primeiras notícias, por causa da pancadaria ini-ciada por eleitores de Lula.

Parte das ligações para os veícu-los de circulação nacional, e até para agências internacionais de notícias,

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partiram, no entanto, da casa de Ma-rio David Vanin (PP), 67 anos, que era vice-prefeito de Caxias e coordenador da campanha de Collor no município. Vanin morava no último andar de um prédio bem de frente para o local onde estava montado o palanque para o co-mício.

Por causa disso, a casa dele foi trans-formada em cabine telefônica, abrigo e arquibancada para todos os políticos de expressão regional e nacional que tinham vindo à cidade com o objetivo de apoiar Collor. Políticos como Nel-son Marchezan, Victor Faccioni, Car-los Chiarelli e os prefeitos de diversos municípios da região correram para a casa de Vanin no momento do quebra-quebra.

“Eu fiquei sabendo do tumulto por-que, da minha casa, ouvi o barulho e corri para a janela. De repente, pesso-as que tinham vindo de outras cidades para apoiar o comício começaram a bater aqui em casa. Dei abrigo até para o Roy, um músico dos Menudos que faria um show depois dos Serranos.”

Vanin foi acusado por muitos anos de ter sido o responsável por chamar a BM, que repreendeu com violência os manifestantes. Mas ele garante que a polícia já estava na praça preventiva-mente para fazer a segurança do comí-cio. “Eu cheguei a ligar para a Brigada. Mas foi com o objetivo de pedir apoio na portaria do meu prédio, pois cor-reu um boato de que Collor estaria em meu apartamento. Algumas pessoas começaram a tumultuar na frente do edifício, eu fiquei com medo e acabei pedindo apoio.”

Collor veio para Caxias de avião, mas acabou indo embora sem sequer sair do aeroporto. Mansueto Serafini Filho (PTB), 70 anos, que era o prefeito da cidade e também apoiou a eleição de Collor no segundo turno, estava no aeroporto com o candidato, que resistiu cerca de uma hora até ser

convencido de que não poderia falar aos caxienses.

Manuseto conta que Collor tomou café, fez fotos com eleitores e con-versou com jornalistas. E, apesar de estar recebendo notí-cias a todo momento sobre o que ocorria no Centro, ele insistia em manter o comício. “Eu recebia telefonemas no aeroporto contan-do da confusão. E a cada pouco chegava alguém para atualizar as informações sobre a situação. Pelos re-latos, se percebia que não havia condições de se fazer um comício. Mas Collor, com aquele jeitão de bri-gão dele, insistia em ficar. Não foi fácil convencê-lo a embarcar novamente no avião e ir embora de Caxias.”

Se a desistência de Collor causou alívio a Mansueto, aos mais exaltados da praça provocou euforia. O advoga-do Vitor Hugo Gomes, 42 anos, que na época ainda era estudante, lembra da satisfação que sentiu ao receber a no-tícia de que o candidato do PRN não discursaria em Caxias. “Naquele mo-mento, nem eu nem as outras pessoas pensamos na repercussão negativa do fato. A gente só queria comemorar.”

Gomes era vendedor da loja Móveis Sérgio e estava trabalhando no dia do comício, inclusive no momento em que o tempo fechou na praça. “A loja ficava a duas quadras da praça, então as pessoas que passavam por ali con-tavam que estava dando a maior con-fusão no comício. Não deu outra: meu horário acabou e eu corri para a praça. Quando cheguei lá, a polícia já tinha dispersado as pessoas. Deu tempo mesmo só para comemorar.”

Todos os entrevistados que estiveram na praça naquele dia con-

cordam que o tumulto não foi arquite-tado pela esquerda, embora seus par-tidos e sindicatos tenham se envolvido na briga. “Num primeiro momento, chegamos a pensar que havia sido

nosso pessoal e fica-mos nos acusando uns aos outros, tentando encontrar os culpados entre nós”, conta o José Carlos Monteiro.

Em todos os notici-ários, os responsáveis eram sempre os eleito-res de Lula. E isso foi usado incansavelmente nos programas eleito-rais de Collor. “Eu lem-bro que eles mostravam as imagens de Caxias e

diziam: olha o que vai acontecer com o país se elegermos um sindicalista, por-que o Lula, além de sindicalista, estava fazendo a campanha com apoio dos sindicatos”, lembra o coordenador do OC, Gelson Marcon. “Eu via aquilo e pensava: será que nós prejudicamos a eleição do Lula?”, acrescenta a funcio-nária do Lourdes Zabot, do Sindicato dos Metalúrgicos.

O metalúrgico sindicalizado Jorge Antonio Rodrigues diz que somente algum tempo depois ele e os compa-nheiros começaram a se dar conta de que poderia ter ocorrido uma arma-ção. Monteiro lembra que, embora o caso de Caxias tenha deflagrado uma enxurrada de acusações contra a es-querda, não foi um acontecimento iso-lado. “Isso que aconteceu em Caxias se repetiu depois em outras cidades e também foi usado nos programas de Collor. Só então ligamos os fatos e nos demos conta de que estávamos sendo usados.”

Esse entendimento não é apenas da esquerda. Até Mario Vanin admite a possibilidade de ter havido armação, embora não tenha tanta certeza quan-

to os demais. “No dia do comício, fui diversas vezes à praça, porque estava envolvido com a organização do even-to. Passei por um grupo de umas 40 pessoas sentadas na escadaria do Ban-co do Brasil e me chamou atenção que nenhuma delas tenha me cumprimen-tado. Isso não era comum porque eu era bastante conhecido na cidade. So-mente muitos anos depois fui refletir sobre aquilo. Eles poderiam ser, sim, homens da campanha do Collor, que não moravam em Caxias e estavam aqui para armar contra o pessoal do Lula.” Mansueto é o úncio dos entre-vistados a discordar da possibilidade de conflito premeditado.

A única unanimidade entre todos os entrevistados, hoje, é a de que Collor realmente não era o melhor candidato para vencer as eleições de 1989. Vanin não se conforma em ter acreditado no caçador de marajás. “Eu era um polí-tico vivido, já tinha sido prefeito e es-tava no segundo mandato como vice-prefeito. Poderia ter desconfiado. Mas acreditei nele. Achei que seria o Jus-celino Kubitschek moderno, mas me enganei.” Mansueto também assume o erro: “Se arrependimento matasse, eu estaria morto.”

Com ou sem arrependimento, Collor venceu as eleições e assumiu a presidência, onde permaneceu até 1992, quando foi afastado por um pro-cesso de impeachment. Em Caxias, no entanto, onde aconteceu o que-bra-quebra, Lula “ganhou de lavada”, como define Mansueto, com 121.043 votos – mais do que o triplo de Collor, para a satisfação dos militantes de es-querda que estavam na praça naque-le dia de 89. “A gente não sabia que a repercussão seria tão negativa quando entramos naquela confusão. Ao ver-mos o palanque destruído, a sensação foi de vitória”, admite Lourdes. Mon-teiro emenda: “No fundo, no fundo, nosso sentimento era: em Caxias, o Collor não falou”.

Mario Vanin, que coordenou a campanha de Collor em Caxias, recebeu políticos em seu apartamento perto da Praça Dante

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Collor tomou café, tirou fotos com eleitores e conversou com jornalistas no aeroporto, lembra o então prefeito Mansueto

Questão de química

por VaLquÍRia [email protected]

entado na ponta da mesa de reuniões da sala da diretoria da Codeca, Adiló Didomenico tira lentamente os ócu-los, segura-os na mão e diz, desani-mado: “Estamos retirando, por ora, o projeto da capina química em Caxias”.

A decisão de tentar implantar o novo processo foi anunciada pela Companhia de Desenvolvimento de Caxias no final do mês de setembro, e desde lá tem sido a maior causa de desconforto e discórdia que Adiló vi-venciou nos cinco anos em que ocu-pa a presidência da empresa pública. O causador de tanta agitação é um pesticida da categoria dos herbicidas chamado glifosato. Mais conhecido pelo nome comercial – Roundup, da multinacional Monsanto –, o glifosato é o herbicida mais vendido do mundo, principalmente para a produção agrí-cola.

A atuação do componente químico foi estudada durante quatro anos por engenheiros da Codeca para substituir as roçadeiras hoje responsáveis pela árdua eliminação das ervas daninhas na área urbana. Com a proposta, ao invés das roçadeiras, os funcionários da Codeca diluiriam 0,8% de glifosato na água e, com um pulverizador, apli-cariam a solução no entorno do meio fio, avançando até dois metros em di-reção ao centro das ruas.

Os ganhos seriam tanto para a Codeca quanto para a cidade e o meio ambiente, garante Adiló. Com a ex-tinção da capina manual, evitaria-se o rápido crescimento do mato, o prejuí-zo às árvores (que descascam quando atingidas involuntariamente pelas lâ-minas), a queima de óleo das roçadei-ras e os acidentes como danos a vidros, faróis, latarias e, principalmente, a pe-destres, que ao longo dos anos acarre-taram duras indenizações cobradas da empresa.

O glifosato, porém, leva junto com seu nome uma má fama, simplesmen-te pelo fato de ser um pesticida. Se ele é capaz de secar e matar plantas, sur-ge a preocupação a respeito do dano que pode causar à água, aos animais e às pessoas. “O ingrediente ativo é de baixa toxicidade, mas a formulação

comercial inclui um surfactante que aumenta a eficácia do produto, mas que também aumenta, e bastante, a toxicidade”, resume a doutora em epi-demiologia e professora da Faculdade Cenecista de Bento Gonçalves, Neice Müller Xavier Faria.

Além disso, mesmo que o Conselho Estadual do Meio Ambiente, por meio da Resolução 119/2006, autorize a ca-pina química no Rio Grande do Sul, há uma lei municipal de 2004 que a proíbe em Caxias. Com a proposta da Codeca, Caxias seria a única cidade do Estado a utilizar a prática. Em outras localidades sabe-se apenas de tenta-tivas frustradas. O município gaúcho de Cerro Largo suspendeu a aplicação da lei local que possibilitava o uso da capina com a utilização de substâncias químicas nas áreas urbanas em 2007. O mesmo ocorreu na cidade de Sete de Setembro na metade deste ano.

Na segunda-feira, dia 30, Adi-ló surpreendeu ao admitir que estava com vontade de retirar o projeto, afir-mando que houve uma má compre-ensão por parte da população, que, em vez de discutir a questão técnica e ambiental, levou para o lado político e ideológico. Ele acredita que as pes-soas contrárias à prática são as que têm conceitos antigos. “Eles têm pre-conceito como eu também tinha”, diz Adiló.

O presidente da Codeca ainda aguarda a decisão dos 22 membros do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Condema), que for-mou uma comissão para discutir a proposta. A definição deveria ter saí-do na manhã de quarta-feira, dia 2. Dois dos conselheiros, porém, adia-ram a discussão, que já se arrasta há semanas, aumentando as expectativas dos contrários e dos favoráveis à capi-na química. Uma nova reunião ficou marcada para 17 de dezembro.

Após conversar com seus engenhei-ros, um dia depois de admitir que po-deria retirar o projeto, Adiló voltou atrás. Disse que pretende ampliar a discussão a partir de janeiro de 2010. A equipe vai, até lá, munir-se de mais argumentos para tentar implantar a capina. O mais forte deles, segundo o presidente, é o uso do herbicida na União Europeia.

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SOLuÇÃO

NOCIvAdaNiNHaSCONTRA ERvAS

Conheça a fundo – mas sem se aproximar demais – o glifosato, combustível da polêmica entre Codeca e ambientalistas sobre como combater o mato nas ruas de Caxias

Bula recomenda o uso de macacão, óculos, botas, luvas e máscara

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12 05 a 11 de dezembro de 2009 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

No final de novembro, Adiló e uma comitiva da Codeca e da prefeitura partiram rumo à Europa com o obje-tivo de visitar a moderna destinação de resíduos utilizada pelos países do outro lado do Atlântico. A viagem foi paga pela Codeca e prefeitura.

Visitando Itália, Alemanha e Espa-nha, a comitiva analisou também a prática de limpeza urbana. O uso da capina química, autorizado há dois anos em todos os países da Europa, encantou Adiló, que achou ali uma esperan-ça de convencer Caxias do Sul de que essa é uma prática avançada e, principalmente, se-gura ao meio ambiente. “Se eu tivesse ido para a Europa e eles tivessem dito que estavam abo-lindo a capina química seria uma questão en-cerrada. É válido copiar boas ideias.”

O fracasso em tentar demonstrar que o projeto seria bené-fico à natureza foi o que mais frus-trou Adiló. “A Codeca tem 23 ações pró-ambiente. Em tudo o que fazemos procuramos melhorar”, diz, acrescen-tando que todas essas práticas não po-dem ser simplesmente jogadas no lixo (sem trocadilhos) por causa de uma ação mal interpretada.

Caçador esportista há muitos anos, Adiló se diz um admirador do equilí-brio entre homem e natureza, princi-palmente no que se refere à preserva-ção dos pássaros. “Nas regiões onde se aplica os herbicidas na soja, não se en-contra caça. Então eu tinha receio que esses produtos também prejudicariam os pássaros. Fui em busca de conheci-mento, contratei pesquisas, testes de campo, e eles deram residual zero, ne-nhum risco, nenhuma contaminação”,

diz o presidente, afirmando que não existe nenhum estudo científico que apresente qualquer risco do produto.

A opinião de outros especia-listas, entretanto, não é tão otimista, tampouco tão tranquilizadora. Mes-mo sem nunca ter fumado um cigarro, a doutora em Toxicologia e pesquisa-dora da Universidade de Passo Fundo (UPF) Mara Regina Tagliari Callia-ri tem uma tosse seca insistente. Os

médicos chegaram a investigar a hipótese de uma tuberculose. A única explicação que conseguiram en-contrar para o surgi-mento da tosse e de uma constante rinite alérgica foi a exposi-ção que Mara teve ao glifosato entre os anos de 2001 e 2005. Nesse período, a pesquisa-dora trabalhou com o componente químico

durante testes em ratos e começou a ter urticárias só de aplicar o produto.

Mara começou a se interessar por agrotóxicos em 1983, quando era es-tudante de Enfermagem na mesma faculdade onde hoje dá aula a jovens. Despertava sua curiosidade o grande número de bebês que nasciam com má formação. Foi quando começou a es-tudar Toxicologia.

Ao longo dos anos, Mara participou e liderou pesquisas sobre o tema que tanto a instigava. Analisando as rea-ções do glifosato em seres humanos, percebeu efeitos no sistema reprodu-tivo. “Há um aumento no número de abortos e partos prematuros nas famí-lias rurais que têm contato com o gli-fosato”, afirma.

Alguns dos sintomas que podem surgir por causa do contato com o

produto, de acordo com a pesquisa-dora, são irritação nos olhos, na pele, dor de cabeça, palpitação, náusea, en-torpecimento, alteração respiratória, dano hepático e renal. “A ação do gli-fosato no corpo é cumulativa, ou seja, quanto mais produto no organismo, mais graves serão as consequências”, resume Mara.

Os trabalhadores que teriam que aplicar o produto na capina quí-mica poderiam ser afetados, princi-palmente se não estiverem usando os equipamentos de proteção recomen-dados, segundo a professora Neice Müller Xavier Faria. “Os riscos mais reconhecidos são sintomas de intoxi-cação aguda, principalmente irritação de olhos, pele e mucosas. Conforme a intensidade da exposição também pode ocorrer congestão nos pulmões.”

Há uma certa dificul-dade em documentar doenças relacionadas aos agrotóxicos. Mas, como alerta Neice, o fato de não se ter re-gistros de problemas não significa que eles não ocorram. “Existem limitações dos profis-sionais em reconhecer os sintomas, agrava-das pela inexistência de exames laborato-riais que documentem a intoxicação por glifosato. Na prática, só fazemos diagnósticos de intoxicações agudas, e olhe lá. Além disso, muitos casos diag-nosticados não foram notificados. As-sim, o mais provável é que exista sub-registro dos casos ocorridos”, explica.

A Codeca afirma que os funcioná-rios estariam devidamente protegidos para a aplicação. “Mas esses equipa-mentos de proteção (macacão, luva,

óculos e máscara) foram produzidos para o hemisfério norte. É humana-mente impossível usá-los num dia quente. O trabalhador desidrata. E se usar só a máscara não vai adiantar, porque o produto entra pela pele”, diz Mara.

Só na cultura de soja, o glifosato é utilizado em 100% das lavouras. Esse argumento é suficiente para Mara jus-tificar por que é contra a capina quí-mica. “Na rodovia eu concordo que tenha que usar, e é onde é permitido para acabar com o mato. Mas na área urbana, não. Porque já está no ar, na água, na cultura de frutas, vegetais, grãos”, enumera.

Assim que a diretora de marke-ting da Sociedade Amigos dos Ani-mais (Soama), Natasha Oselame Va-

lenti, ouviu a notícia da possível implanta-ção da capina quími-ca em Caxias, ela se preocupou instanta-neamente com a segu-rança dos animais. Foi logo à internet atrás de informações sobre o glifosato. O Google não foi nada bondoso com o produto, e Na-tasha logo se alarmou ao ler algumas dis-cussões sobre o glifo-sato em países como

Argentina e Canadá. “Se tem tanta polêmica sobre o assunto, tem que ser muito bem pensado. Não consigo en-tender a concepção da Codeca de que é mais barato e melhor usar um produto químico do que a capina manual, que fornece emprego e é mais barata”, opi-na Natasha.

Ela reforça que, se aprovada a medi-da, a Soama vai fiscalizar, e se souber de casos de animais contaminados

“Se um ambientalista consumir um 1 quilo de sal, eu tomo 1 litro do produto”, diz Silvestre, da Codeca

Aplicação da capina químicaexigiria quemoradoresevitassem o local pulverizadopor 24 horas

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O diretor-presidente da Codeca, Adiló Didomenico, chegou a dizer que desistiria na ideia, na segunda-feira, dia 30. Na quarta, dia 2, resolveu manter o projeto

vai entrar com ação judicial contra a Codeca. “Pra que trazer essa polêmi-ca pra Caxias quando já temos tantos problemas maiores?”, questiona.

O princípio da precaução é, se-gundo o professor de Direito Ambien-tal da Universidade de Caxias do Sul (UCS) Gilson Cesar Borges de Almei-da, a melhor tática a ser seguida em situações delicadas, como esta de apli-car pesticida dentro da cidade. “Há a necessidade de apresentar um estu-do técnico à população. Quando vai ocorrer uma ação ambiental que possa causar dano ao meio e à qualidade de vida das pessoas e não existe certeza científica sobre as suas consequências, deve-se adotar a cautela.”

Além da capina manual e da capi-na química, existem outras formas de tirar o mato que ocupa parte de ruas e calçadas. “Uma opção que poderia ser estudada é uma máquina a vapor, acoplada a um trator. Ela ajuda na eli-minação do mato, através da aplica-ção sob alta pressão do vapor de água superaquecido”, explica Luís Carlos Diel Rupp, engenheiro agrônomo e coordenador do Cen-tro Ecológico de Ipê, uma organização não-governamental que trabalha para viabilizar avanços sustentáveis na produção agrícola me-diante a adoção de tec-nologias alternativas.

A capina a vapor, de acordo com Diel Rupp, seria mais cara que a química na hora de adquirir as máquinas. No entanto, como o herbicida não é barato, com o decorrer do tempo os gastos seriam equivalentes. Mesmo se não fossem, o engenheiro acredita que a saúde das pessoas deve ser priorizada. “A química é certamente a pior esco-lha. Não adianta investir milhões para despoluir um rio, se estamos jogando veneno que irá direto para a água. No verão, onde mais tem que aplicar her-bicida, esse veneno evapora, vai para as casas. As pessoas vão ser vítimas em escala”, dispara o engenheiro.

Ele acrescenta que o glifosato gera doenças também nas plantas, já que as enfraquece. “Se usarem sempre glifo-sato, vão gerar plantas resistentes a ele. Não vai mais funcionar e daí terá que adicionar outro herbicida”, prevê.

Agostinho José Silvestre, en-genheiro agrônomo da Codeca, en-tende que quando surge uma inovação surge também uma rota de colisão com a sociedade. Ex-líder estudantil, Silvestre conta que lutou pelo direito ao voto durante a adolescência. Consi-dera-se, portanto, a favor da democra-cia, e por isso, a favor do debate que se travou a respeito do projeto.

João Osório Martins, engenheiro químico da empresa, parece já ter per-dido a paciência com a tal discussão. “É bem-vinda, porém com conhe-cimentos técnicos. E tem gente que opina sobre os assuntos mais diversos sem esses conhecimentos.”

Osório realizou a pesquisa sobre o glifosato para a Codeca anônima e

gratuitamente. Só foi contratado ago-ra, pois alguém teria que assumir a responsabilidade técnica pela capina. “É preciso de um bom técnico, e nós estamos cheios de bons técnicos, que aplique as boas práticas de recupera-ção para seguir o trajeto natural do ser humano que é o desenvolvimento, o andar pra frente”, argumenta Osório. O engenheiro químico conta que sua mãe morreu aos 50 anos. Hoje, ele tem 53. “E ao que se deve esse aumento da expectativa de vida das pessoas? À boa técnica, à química, às mudanças”, acredita ele.

Juntos, os dois engenheiros alegam ter certeza de que o controle através de secantes das ervas é um avanço em ter-mos tecnológicos e ambientais. Com essa técnica, diminuiriam as emissões de gases das mais de 100 roçadeiras da Codeca ligadas diariamente, que também atrapalham pelo barulho. “As pessoas não entendem que não existe mais nenhum centímetro de ambiente natural dentro do perímetro urbano de Caxias. Buscamos então condições de viver da melhor forma possível, ab-sorvendo as modificações ambientais

que fomos obrigados a implementar para não morrermos”, explica Silvestre, que se des-creve como um “am-bientalista na prática”.

O engenheiro quí-mico explica que, pela lei estadual, os 496 municípios estão auto-rizados a usar a capina química. Ele não cita, porém, nenhuma cida-de que a esteja usando, só diz que algumas começaram a utilizar

sem controle e acompanhamento e tiveram, por causa disso, “alguns pro-blemas”. O controle que seria adotado em Caxias é o uso apenas em lugares onde é extremamente necessário. Não haveria, portanto, capina química em praças, jardins e áreas de bacias.

Para tranquilizar as pessoas, a Co-deca planeja seguir um período de adaptação. “Se a lei for aprovada não vamos sair pulverizando a cidade, nem com aviões largando herbicida no dia seguinte. Vai ser um processo lento e progressivo”, diz Silvestre.

A respeito do produto testado, Adiló afirma que os testes foram feitos com o glifosato, mas que poderia ter sido com algum outro componente quí-mico. Na lista de produtos que o pre-sidente guardava cuidadosamente em uma pasta havia também as opções Diuron, Imazapyr e Sulfentrazona. “Está sendo proposto o glifosato, um aminoácido que apenas inibe o cres-cimento natural da planta”, explica Osório, com a voz arrastada de quem já está cansado de falar a mesma coisa.

Para se fazer entender, ao abrir o grosso livro de química que carrega-va embaixo do braço, Osório mostrou uma tabela internacional de toxida-des. Quanto mais para baixo da tabela, mais tóxico. Quanto mais para cima, menos tóxico. E o glifosato lá estava, quase no alto da tabela, junto da aspi-rina. “Ninguém está brincando aqui. A diferença entre o remédio e o vene-no é a dosagem, eu sempre digo.”

Um pulverizadorabastecidocom glifosatodiluído em água seriacapaz de fazer o trabalho de 20 roçadeiras

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A capina manual tem inconvenientes como os acidentes e a poluição das roçadeiras

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“Populaçãoterá de suportarcapoeira alta por alguns meses”, adverte o diretor-presidenteda Codeca, AdilóDidomenico

Silvestre completa dizendo que o glifosato pode ser menos tóxico do que o sal de cozinha. “Se um ambien-talista consumir um quilo de sal de cozinha eu tomo um litro do produ-to (glifosato), sem problema nenhum. Tenho certeza de que ele vai falar com São Pedro antes do que eu”, provoca.

Nenhum dos dois diz ter conheci-mento de acidentes comprovados en-volvendo o produto. “As pessoas na nossa região têm alimentação inade-quada. Elas podem arrumar qualquer argumento para dizer que ficaram do-entes por causa da aplicação do glifo-sato”, desacredita Silvestre.

O engenheiro agrônomo afirma que não vê como o produto pode fazer mal à saúde, já que está nas prateleiras dos mercados. De fato, o glifosato é vendi-do em agropecuárias. O Roundup cus-ta em média R$ 12 ao litro. É vendido para controlar plantas daninhas. Aos compradores, a loja informa sobre as rígidas precauções que devem ser ob-servadas.

A embalagem do galão traz, na fren-te, o desenho de uma caveira sobre ossos cruzados, com os dizeres “CUI-DADO VENENO”. Ao lado, alguns desenhos indicam os cuidados, como o uso de material de proteção, que é obrigatório. Além de macacão, óculos, botas, luvas e máscara, é necessário também uma touca árabe e um aven-tal. Constam na embalagem do produ-to informações sobre sua toxicidade: “Classificação Toxicológica III – Me-dianamente Tóxico” e “Classificação

quanto ao Potencial de Periculosidade Ambiental III – Produto Perigoso ao Meio Ambiente”.

Não é recomendado reutilizar a embalagem depois de esvaziada (sua devolução é obrigatória), nem comer, beber ou fumar durante o manuseio e a aplicação. Chama a atenção no verso da embalagem a indica-ção de evitar o uso do glifosato na presença de ventos fortes ou nas horas mais quentes do dia, e também a de não transportar o produto junto com alimentos, medicamentos, rações, animais ou pessoas.

O glifosato também aparece na formulação de outros pesticidas vendidos sem qualquer restrição. Sua aplicação é indicada para pequenas áreas e calçadas. Basta diluir em água o conteúdo já líquido e colocar sobre as ervas daninhas.

Se bem controlada, afirma Osório, a capina química pode ser feita apenas uma vez por ano, embora haja quem defenda que seja necessá-rio duas ou três. “Também não é bom cruzar a rua onde o produto foi aplica-do antes de 24 horas.”

Mas o esforço vale a pena, segundo os engenheiros. “Tenho certeza de que as pessoas vão pedir pra passar glifo-sato na sua rua. Elas vão agradecer”,

acredita Silvestre.Entretanto, a agilidade que a nova

capina traria – o pulverizador faria o trabalho de 20 roçadeiras – é motivo de preocupação para o Sindicato dos Trabalhadores em Limpeza Urbana (Sindilimp). O presidente, Nestor Al-

ves Borges, diz que a Codeca teria garantido ao sindicato que o qua-dro de funcionários não sofreria cortes, mas que essa questão ficou no ar. “Tomamos a decisão de que sere-mos contra até que se justifique com a ques-tão técnica que não é prejudicial à saúde pú-blica e dos trabalhado-res, e que ninguém vai ser demitido”, afirma Borges.

Por enquanto, a Fundação Estadu-al de Proteção Ambiental (Fepam) não está autorizando licenças para as cidades gaúchas implantarem a capi-na química porque ainda não chegou no mercado o glifosato com rótulo N/A, ou seja, não agrícola. A Federa-ção das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) protoco-lou na semana passada um pedido à Agência Nacional de Vigilância Sani-tária (Anvisa), solicitando que esta de-termine aos fabricantes que coloquem a indicação no rótulo.

Com isso, a Fepam poderá liberar os processos de todos os municípios que

estão entrando com pedidos. “Espe-ramos que o Ministério do Meio Am-biente nos passe nos próximos meses um regramento, dizendo o que pode e o que não pode, que a resolução es-tadual já esteja com regulamentação e que a Anvisa notifique os fabricantes. Daí nós poderemos voltar a esta dis-cussão”, explica Adiló.

A retomada do assunto deve ser tra-tado pela empresa pública de forma bem diferente da primeira vez, quan-do imaginou-se que seria uma deci-são simples. Embora tenha que recuar hoje, Adiló Didomenico diz com con-vicção que este produto será a grande solução ambiental e para a qualidade da limpeza urbana no futuro.

Enquanto isso, a cidade vai perder muito, alerta ele. O mato que cresce nas ruas e canteiros não espera pela decisão do Condema. E as chuvas que castigam Caxias impedem que os fun-cionários realizem a capina manual. Segundo números apresentados por Adiló, mais de 80% dos dias nos últi-mos três meses tinham sido chuvosos. “Para este ano e o começo do ano que vem vamos ter que aguentar a capoei-ra alta que tomou conta.”

O maior pesar, para ele, é saber que mesmo depois de quatro anos de estu-do outras cidades gaúchas podem ser as pioneiras na regulamentação da ca-pina química. Caxias do Sul, a cidade que se destaca pela coleta de lixo me-canizada, um dos maiores orgulhos da Codeca, não deve ser, desta vez, a novidade.

Sábado tem musical Celebration na praça e shows na estação férrea. Tudo grátis

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A banda Zava (ex-Projeto Radiofônico) lançará seu segundo álbum, Dual, com 13 composições próprias, no dia 11

MÚSICA Quinteto de Metais da Or-questra Municipal de Sopros | Sábado, 10h |

O quinteto apresenta o Recital de Natal, com músicas celebrando esta época do ano. O evento faz parte do Natal Brilha Caxias.Escola Municipal de Ensino funda-mental Padre João SchiavoEntrada franca | Lino Rech, 5535, Fa-zenda Souza

Celebration | Musical. Sábado, 20h30 |

O Coral Municipal de Caxias do Sul realiza a 50ª apresentação deste es-petáculo, como parte do Natal Brilha Caxias. Ele mostra uma cultura rock, vinda dos sons dos anos 1950, 1960 e 1970, celebrando a pista de dança, a liberdade e a alegria de viver. Celebra-tion leva a uma viagem no tempo, nos guiando por uma trilha sonora que inclui The Mammas and the Pappas, Bee Gees, ABBA e Donna Summer, entre tantos outros sucessos.Praça Dante AlighieriEntrada franca

Sul Paion | Italiana. Sábado, 20h30 |

O grupo faz show e lança DVD den-tro das comemorações do 19º Encanto de Natal. A apresentação ocorre de-pois da Procissão Caminhos de Luz, às 19h, que termina com a realização da Missa dos Cantares na Igreja Ma-triz de Ana Rech. Praça PedavenaEntrada franca | Ana Rech

Os Seresteiros do Luar | Samba e choro. Sábado, 21h30 |

A banda é composta por senhores que gostam do bom samba e do chori-nho, clássico ritmo carioca.Zarabatana CaféEntrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3228-9046

Black XB | Pagode. Sábado, 22h |

O grupo traz sucessos do pagode dos anos 1990.Expresso Pub CaféR$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | Garibaldi, 984, Centro | 3025-4474 | 150 pessoas

Grupo Balançaê e DJ Anderson | Pagode. Sábado, 22h |

O grupo porto-alegrense Balançaê traz a Caxias muito samba e pagode para a roda, cantando músicas de con-juntos consagrados do gênero. Depois, o DJ Anderson continua a festa.Europa Lounge GardenR$ 10, com nome na lista R$ 5 (femini-no), e R$ 20, com nome na lista R$ 15 (masculino) | Feijó Jr., 1.062, São Pele-grino | 3536-2914 | 400 pessoas

Grupo Libertá | Sábado, 22h30 |

O Libertá é um grupo com reper-tório variado, que traz desde música gaúcha e sertaneja até MPB, passando pela axé music.Libertá DanceteriaR$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | Treze de Maio, 1.684, Cristo Redentor | 3222-2002 | 700 pessoas

Pietro ferretti e Bico fino | MPB. Sábado, 22h30 |

Pietro e a banda Bico Fino apresen-tam acústico com sucessos da MPB.São Patrício BarEntrada franca | Tronca esquina com Marechal Floriano, Centro | 3028-5227 | 50 pessoas

Zé Bitter Rock | Pop rock. Sábado, 22h30 |

O show acústico é recheado de co-vers de bandas do pop rock nacional e internacional.Badulê American PubIsento de couvert artístico até as 22h. Após, R$ 5 | Rua Marechal Floriano, 1504, sala 1, Centro | 3419-5269 | 50 pessoas

Banda A4 e DJ Eddy | Pop rock. Sá-bado, 23h |

A banda A4 traz, juntamente com músicas próprias, sucessos do pop rock nacional e internacional. A festa continua com a animação do DJ Eddy, residente.Portal Bowling – Martcenter R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | RST-453, Km 2, 4.140 | 3220-5758 | 1.000 pessoas

Cartolas e Ladrões de Diaman-tes | Indie Rock. Sábado, 23h |

A banda caxiense Ladrões de Dia-mantes abre os trabalhos com seu som autoral de proposta experimental. Em seguida, a Cartolas, de Canoas, traz músicas próprias com influências que

misturam Interpol, Kinks, Strokes, The Who, Supergrass e Franz Ferdi-nand com o rock gaúcho.vagão BarR$ 12 até meia-noite (com nome na lis-ta). Depois, R$ 15 | Coronel Flores, 789, São Pelegrino | 3223-0007 | www.natri-lhadovagao.blogspot.com | 350 pessoas

Cocktails Party | Música eletrôni-ca. Sábado, 23h |

A festa apresentará os novos cock-tails da casa, com sorteio de doses e distribuição de drinks.Nox versusR$ 15 com nome na lista e até 0h30, R$ 20 com cupom e R$ 25 sem | Darcy Za-parolli, 111, Villaggio Iguatemi | 3027-1351 | www.noxversus.com.br

DJ Guilherme | Música eletrônica. Sábado, 23h |

O som dançante embalará a Festa Troféu Personalidade do Ano.Studio 54 MixR$ 10 | Visconde de Pelotas, 87, Centro | 9104-3160 | www.studio54mix.com

DJ Iziquiel Carraro | Música ele-trônica. Sábado, 23h |

Iziquiel é especializado em música eletrônica, mas seu set apresenta um som variado, de acordo com o público.La Boom SnookerEntrada franca (feminino) e R$ 6 (mas-culino) | Feijó Jr., 1.023, sala 02, São Pe-legrino | 3221-6364 | 1.200 pessoas

festa Take Care | Eletrônica. Sába-do, 23h |

Guia de Cultura

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Com o tema Take Care – Diversão com Proteção, a festa traz duas pistas para dançar a noite toda. Na Pista Sky, comandada pelos DJs Juliano Pontalti e Luciano Mayer, vai rolar o melhor do house. Na segunda pista, Center Motors, a batida eletrônica toma con-ta, sob o domínio dos DJs Jho e Gui Oliveira. Durante a noite haverá dis-tribuição de presentes-surpresa.Luau ConnectionR$ 15 (feminino) e R$ 20 (masculino) | Rodovia Monte Bérico, 3.900 | 3221-0277 | www.luauconnection.com.br | 1.200 pessoas

festa Toys | Música eletrônica. Sá-bado, 23h |

Comandada pelos DJs Alec Araújo (Porto Alegre), Fran Bortolossi (Far-roupilha) e os residentes Flá Scola, Alibu e Thobias Wolff, a noite prome-te muita música eletrônica.Havana CaféR$ 20, com flyer R$ 15 (feminino) e R$ 40, com flyer R$ 20 (masculino) | Moi-nho da Estação | Augusto Pestana, 810, São Pelegrino | 3215-6619 | www.hava-nacafe.com.br | 800 pessoas

Bad Medicine | Hard rock. Sábado, 0h30 |

Cover da banda norte-americana Bon Jovi, trazendo seus maiores su-cessos, como Always e Someday I’ll Be Saturday Night.Roxx Rock BarR$ 12, com nome na lista R$ 10 | Júlio de Castilhos, 1.343, Centro | 3021-3597 | 400 pessoas

João Bosco & vinícius | Sertanejo. Sábado, 0h30 |

A maior dupla de sertanejo univer-sitário da atualidade traz suas canções românticas e dançantes para os ca-xienses. O show Acústico pelo Brasil traz sucessos como Vou Doar Meu Coração e Chora, Me Liga. Antes e depois do espetáculo, o som do DJ Adriano Piamoline, residente do Are-na Country Bar, anima os presentes. A abertura dos portões será às 21h. Pavilhão 2 da festa da UvaIngressos antecipados a R$ 20 (1° lote), R$ 25 (2° lote), R$ 40 (1° lote da área VIP), R$ 50 (2° lote da área VIP), R$

50 (1° lote de camarote) e R$ 60 (2° lote de camarote) | Onde comprar: Cia. Bá-sica, lojas Essência Jovem, lojas Estilo Radical, Lojas Bulla, Arena Country Bar e Morphine Produções (área VIP e camarotes) | Transporte: ônibus com saída na Escola Presidente Vargas (R$ 2 a ida, R$ 2 a volta). Haverá trans-porte até uma hora depois do término do show, no sentido Pavilhões/Centro | Informações: 3028-2200, Morphine Produções

Exilados, The Teachers, Decla-rasamba e Projeto Ccoma | Do-mingo, a partir das 15h30 |

A primeira banda, Exilados, toca músicas próprias com influência do rock e do blues. The Teachers é uma banda formada por professores e fun-cionários da Faculdade da Serra Gaú-cha (FSG) e faz covers de sucessos do pop rock. Declarasamba apresenta samba e pagode. O Projeto Ccoma, dupla que mostra seu som baseado em mistura de ritmos como música tribal, tambores, música eletrônica, elektro-bossa e future jazz, lança seu quarto CD no evento. Os shows integram as

comemorações dos dez anos da FSG.Largo da Estação férreaEntrada franca | Rua Augusto Pestana, s/n, São Pelegrino

Xiru Pereira e Grupo | Nativis-ta. Domingo, 17h |

O grupo tradicionalista lança CD em show que integra as comemora-ções do 19º Encanto de Natal.Praça Pedavena Entrada franca | Ana Rech

Roberto e Maikol | MPB e pop rock. Domingo, 18h |

A dupla apresenta sucessos da MPB e do rock nacional.Praça Pedavena Entrada franca | Ana Rech

Di Brincadeira e DJ Anderson | Pagode. Domingo, 20h |

A banda porto-alegrense faz um show com músicas próprias. Depois, set cheio de sucessos do DJ Anderson.Europa Lounge Garden

R$ 10, com nome na lista R$ 5 (femi-nino) e R$ 20, com nome na lista R$ 15 (masculino) | Feijó Jr., 1.062, São Pele-grino | 3536-2914 | 400 pessoas

Alexon Mendes | Pop rock. Segun-da, dia 7, 19h. Terça, dia 8, 19h |

O músico traz um show acústico com o melhor do pop rock.Expresso Pub CaféEntrada franca | Garibaldi, 984 | 3025-4474 | 150 pessoas

D’Pagode e DJ Rodrigo Salvador | Pagode. Quarta, dia 9, 22h |

O grupo D’Pagode apresenta suces-sos do pagode nacional. Depois, DJ Rodrigo Salvador.Expresso Pub CaféR$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | Garibaldi, 984 | 3025-4474 | 150 pes-soas

vitor Hugo & Samuel e DJs Stu-ani e Nazo DB| Sertanejo. Quarta-feira, 22h30 |

A dupla traz as melhores canções do

sertanejo universitário. Depois, a festa é comandada pelo som country e pop dos DJs Stuani e Nazo DB.Portal Bowling – MartcenterR$ 10, com flyer R$ 5 (feminino), R$ 15, com flyer R$ 10 (masculino) | RST-453, Km 2, 4.140 | 3220-5758 | 1.000 pessoas

Orquestra Municipal de Sopros e Orquestra Sinfônica da UCS | Quinta, dia 10, 20h30 |

A Orquestra da UCS realiza a últi-ma edição do ano de Programa Quin-ta Sinfônica com a participação da Orquestra Municipal de Sopros. Com regência do maestro Manfredo Sch-miedt, mais de 100 músicos se apre-sentarão, além da soprano Elisa Ma-chado e do tenor Eduardo Bighelini como solistas convidados. Serão apre-sentadas óperas italianas, nacionais e canções natalinas.Parque Getúlio vargas (Macaqui-nhos)Entrada franca | Dom José Barea, s/nº, Exposição

Xandoca e Banda e DJ Eddy | Pop

rock. Quinta, dia 10, 23h |A banda e o DJ residente vêm com o

melhor do pop rock.Portal Bowling – MartcenterR$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | RST-453, Km 2, 4.140 | 3220-5758 | 1.000 pessoas

Gringos e Troyanos e DJs Jhonel Borges e Eddy | Pop rock. Sexta, dia 11, 23h |

A banda apresenta sucessos do pop e, depois, a festa fica sob o comando dos DJs Jhonel e Eddy (residente).Portal Bowling – MartcenterR$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | RST-453, Km 2, 4.140 | 3220-5758 | 1.000 pessoas

Zava | Rock Alternativo. Sexta, dia 11, 23h |

A banda caxiense Zava (ex-Projeto Radiofônico) lança seu segundo ál-bum. Intitulado Dual, traz 13 músi-cas, todas compostas pelos integrantes Vinícius Lima (guitarra e vocal), João Perez Arriva (guitarra) e André Qua-dros (bateria) e também pelo ex-bai-

xista, Douglas Corso. Quem assume o instrumento de quatro cordas agora é Daniel Antoniazzi, que toca pela ter-ceira vez com a banda. Zava tem influ-ência de bandas como Queens of the Stone Age, Smashing Pumpkins e AC/DC e trazem um rock enérgico.vagão BarR$ 8,00 até meia-noite (com nome na lista). Depois, R$ 10,00. | Coronel Flo-res, 789, São Pelegrino | 3223.0007 | www.natrilhadovagao.blogspot.com | 350 pessoas

DANçA Mostra da Escola Preparató-ria de Dança | Sábado, 20h |

Os alunos apresentam dança con-temporânea, hip hop, teatro, capoeira, flauta e dança tradicionalista. A escola faz parte da Cia. Municipal de Dança e atende cerca de 80 jovens, entre sete e 18 anos, matriculados na rede públi-ca de ensino ou integrantes de insti-tuições de assistência social.Salão de Artes do Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique OrdovásEntrada franca | Luiz Antunes, 312,

Musical com sons das décadas de 50, 60 e 70, Celebration será apresentado pela 50ª vez pelo Coral Municipal de Caxias do Sul

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Panazzolo | 3218-6192

Grupo fare Amicci | Italiana. Do-mingo, 20h |

O grupo apresenta dança italiana, precedida pela procissão Caminhos de Luz, que tem início às 19h.Praça PedavenaEntrada franca | Ana Rech

EXPOSIçÃO Guia Histórico-fotográfico | Sábado, 9h |

O Guia traz 16 fotografias, em for-mato de postal, de um roteiro visual pelos cenários de vida, ao longo do tempo, na área central de Caxias do Sul. Museu MunicipalEntrada franca | Visconde de Pelotas, 586 | 3221-2423

Percursos Gráficos: Paisagens do Caminho | Até 13 de dezembro |

A exposição tem obras de Fernanda Soares, que trabalhou com litografias, e de Angela Pohlmann, com gravuras em metal.Galeria UniversitáriaEntrada franca | Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Petrópolis | 3218-2100 | www.ucs.br

CINEMA 2012 | Aventura. De sábado a quinta-feira, 15h, 18h20 e 21h20 |

O filme traz mais uma versão do fim do mundo, desta vez marcada pe-las previsões maias de que no ano de 2012 o mundo acabará, tomado pelas catástrofes. Censura 12 anos, 161 mi-nutos, legendado.Pepsi GNC 2 - Shopping Iguatemi CaxiasSegunda e quarta-feira (exceto feria-dos): R$ 11 (inteira), R$ 7,50 (Movie Club Preferencial) e R$ 5,50 (meia en-trada, menores de 12 anos, sêniors com mais de 60 anos) | Terça-feira: R$ 6,50 (promocional) | Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 13 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos) | RST-453, 2.780, Distrito Industrial | 3209-5910

2012 | Aventura. De sábado a quinta-feira, 14h45, 18h05 e 21h05 |

Censura 12 anos, 161 minutos, du-blado.Pepsi GNC 6 - Shopping Iguatemi Caxias

Atividade Paranormal | Terror. De sábado a sexta-feira, 14h20, 16h10, 18h10, 20h10 e 22h10 |

O filme conta a história de um casal de jovens que, ao se mudar para uma nova casa, passa por experiências pa-ranormais inexplicáveis. Censura 14 anos, 86 minutos, legendado.Pepsi GNC 3 - Shopping Iguatemi Caxias

Batismo de Sangue | Drama. Quar-ta, dia 9, 20h |

Baseado no livro de memórias ho-mônimo de Frei Betto, o documen-tário dirigido por Helvécio Ratton retrata a resistência à ditadura militar praticada por frades dominicanos de um convento paulista e seu apoio aos guerrilheiros da Ação Libertadora Nacional. A exibição integra a pro-gramação da Semana Comemorativa da Criação da Comissão de Direitos Humanos de Caxias do Sul. Censura 14 anos. 110 min.Sala de Cinema Ulysses GeremiaEntrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 |

Janela da Alma | Documentário. Terça, dia 8, 20h |

Dirigido por João Jardim e Walter Carvalho, o filme apresenta 19 pessoas com diferentes graus de deficiência vi-sual falando sobre suas percepções de mundo e das outras pessoas. Destaque para participação de famosos como o escritor José Saramago, o cineasta Wim Wenders e a atriz Marieta Se-vero, entre outros. A exibição integra a Semana Comemorativa da Criação da Comissão de Direitos Humanos de Caxias do Sul. Censura livre, 73 min.Sala de Cinema Ulysses GeremiaEntrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901.1316 |

Jogos Mortais vI | Terror. De sába-do a quinta, 20h30|

Quarto filme da série que aterroriza brincando com a vida de pessoas. Des-ta vez, o detetive Hoffmann é o úni-co sobrevivente do maníaco Jigsaw e acaba tendo que dar início a um novo jogo. Censura 18 anos, 100 minutos, legendado.UCS CinemaR$ 10 e R$ 5 (estudante e sênior) | Francisco Getúlio Vargas, 1130 | Gale-ria Universitária | Na quarta-feira não haverá sessão do filme.

Justiça | Documentário. Segunda, dia 7, 17h |

Filme dirigido por Maria Augus-ta Ramos que mostra o cotidiano do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, retratando desde funcionários e juízes até os réus, personagens passageiras. A

exibição faz parte da mostra de filmes Desvendas, inclusa na programação da Semana Comemorativa da Criação da Comissão de Direitos Humanos de Caxias do Sul. 100 minutos.Sala de Cinema Ulysses GeremiaEntrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 |

Lua Nova | Aventura. De sábado a quinta, 14h10, 16h40, 19h20 e 21h50 |

Nova aventura da saga Crepúsculo, do vampiro adolescente Edward (Ro-bert Pattinson), desta vez com uma entrada para o mundo de seus inimi-gos ancestrais: os lobisomens. Bella (Kristen Stewart) se aproxima por um deles, Jacob (Taylor Lautner). Censura 12 anos, 130 minutos, legendado.Pepsi GNC 4 - Shopping Iguatemi Caxias

Lua Nova| Aventura. De sábado a sexta, 13h50, 16h20, 19h e 21h30 |

Censura 12 anos, 130 min., dublado.Pepsi GNC 5 - Shopping Iguatemi Caxias

flores de Aço | Quinta, dia 10, 15h |

Todas as quintas-feiras o Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho apresenta uma sessão especial de cinema Matinê às 3. O filme da próxima quinta-feira é um drama que retrata a amizade entre seis mulheres de diferentes idades e classes sociais lidando com seus problemas.Sala de Cinema Ulysses GeremiaEntrada franca. A participação pode ser confirmada por agendamento de sua entidade, retirando ingresso no local ou por reserva de ingresso, pelo telefone 3901-1316, com Tatiéli | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 100 lugares

Planeta 51 | Animação. De sábado a quinta, 14h, 16 e 18h |

Um astronauta americano percebe que sua descoberta, o Planeta 51, é ha-bitado por um grupo de pequenos se-res verdes. Censura livre, 91 minutos, dublado.Pepsi GNC 1 - Shopping Iguatemi Caxias

Se Beber, Não Case | Comédia. De sábado a quinta, 20h e 22h |

Noivo é perdido por três amigos na sua despedida de solteiro, realizada na véspera do casamento. Na manhã se-guinte a ressaca é grande e eles resol-vem refazer seus passos para encon-trá-lo. Censura 14 anos, 100 minutos, legendado.Pepsi GNC 1 - Shopping Iguatemi Caxias

Substitutos | Ação. De sábado a quinta, 18h15 |

O filme se passa em 2054, ano em que os humanos vivem isolados e inte-ragem somente com máquinas. Nesse ambiente, um policial investiga, por meio de seu próprio robô, os assas-sinatos de outros robôs, cometidos por um vilão tecnológico. Censura 14 anos, 90 minutos, legendado.UCS CINEMA

Tá chovendo hambúrguer | Ani-mação. De sábado a quinta, 16h30 |

Para acabar com a fome mundial, cientista cria um clima relacionado à comida, com neve de purê de batatas e tempestade de hambúrgueres. Porém, um problema de proporções globais não estava nos seus planos. Censura livre, 88 minutos, dublado.UCS CINEMA

volume Um! Em bom som! | Docu-mentário musical. Terça, dia 8, 20h |

O filme reúne depoimentos que contam a história do rock caxiense. Será lançado simultaneamente em cinco bares da cidade: Badulê Ameri-can Pub, La Barra, Leeds Pub, Missis-sippi Delta Blues Bar e Vagão Bar.Zarabatana CaféEntrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3228-9046

EvENTOS DE NATAL

O verdadeiro Natal | Teatro de bonecos. Domingo, 18h |

O espetáculo teatral, que apresenta uma história natalina, faz parte das atividades do Natal Brilha Caxias.Praça Dante AlighieriEntrada franca.

Divino Natal de Criúva | Domin-go, 19h |

Será realizada a abertura da pro-gramação do Divino Natal de Criúva, com o Grupo Convivência, a apresen-tação da Árvore Cantante, da Escola Estadual João Pilatti, e Procissão Lu-minosa, seguida por confraternização no Salão Paroquial do distrito.Igreja Matriz de CriúvaEntrada franca | Av. 15 de Novembro, s/n, Criúva

Show de Natal | Domingo, 14h |

Atividades culturais que integram o Natal Brilha Caxias.Praça de Eventos – Shopping TrichesEntrada franca | Sinimbu, 2.070, Cen-tro | 3223-1314

18 05 a 11 de dezembro de 2009 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

Fher Costa, hoje tocando em Londres, é um dos mais de 40 músicos entrevistados no documentário que será lançado terça-feira

por MaRCELO [email protected]

m filme não é só um filme. Por menor que seja, fazer um filme é uma entrega. E não precisa de claquete, não precisa de megafone, não precisa de mesa pra banquete. Porque no final das contas, um filme é só uma história desvelada na tela branca. É tão simples quanto desenhar qualquer coisa, mas ao mes-mo tempo tão ou mais complexo do que a vida. E todo, todo o processo de um filme é como engravidar. Começa com o prazer da ideia.

Numa dessas tardes marejadas de março, Jorge de Jesus me liga. Eufóri-co conta a ideia de roteiro de um fil-me sobre as bandas de rock de Caxias. Ele desferia uma artilharia pesada de justificativas: porque a gurizada de hoje não sabe a pedreira que era tocar numa cidade quase sem bares, porque tudo era mais difícil, porque ninguém tinha instrumento importado, porque o fulano tocou com beltrano, que vi-rou ator. Jorge não percebia, mas sua excitação metamorfoseava-se num velho conceito: todo filme enquan-to ideia é sempre o melhor filme do mundo.

Em março de 2008, volume um! Em Bom Som! era só uma ideia. Era só a verborragia de um produtor e DJ ensandecido, mesclada às memó-rias em ebulição de um ex-roadie, ex-colador de cartazes e ex-vocalista de uma banda só. Avança o tempo como

num clipe hiperacelerado e temos o filme pronto. Finalizado em DVD, com capinha e tudo. O lançamento do primeiro longa-metragem de Jorge de Jesus, também conhecido como DJ Mono, ocorre na próxima terça-feira, dia 8, no Zarabatana, no Centro de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho.

Ainda no dia 8, volume Um! Em Bom Som!, financiado pelo Fundo-procultura da Prefeitura de Caxias, terá sessões nos bares Mississippi, Va-gão, La Barra, Badulê e Leeds. Tam-bém à noite, a partir das 21h, quem não estiver a fim de sair de casa pode-rá ver o filme na TV Câmara (Canal 16 da Net). Quem prefere o escurinho do cinema poderá conferir a estreia do documentário no UCS Cinema, dia 9.

Aquele jorro de ideias que fervilha-vam boca pra fora, na verdade, tinha sido concebido dois anos antes daquele telefonema de março de 2008. E tinha um mote certeiro: “Por que nenhuma banda da cidade de Caxias do Sul ha-via ‘dado certo’ no cenário nacional?”. Essa dúvida, disfarçada de indignação, sempre acompanhou Jorge. Entre um show e outro no extinto Revival Rock Bar, acomodado no balcão do bar da frente, espiando de soslaio bandas e mais bandas subirem e descerem do palco principal, Jorge divagava: “Cara, o que é que tem nessa cidade... sempre tivemos boas bandas, mas nenhuma deu certo”. Antes mesmo da ideia do filme o assunto lhe tirava o sono.

E como encaixotar um amon-toado de questionamentos dentro de um filme? E que tipo de documentá-rio é esse, que recorte da história vai contemplar? Quem será entrevistado? Essas eram as minhas dúvidas em re-lação ao projeto do Jorge, projeto para o qual ele havia me convidado pra ser o assistente de direção (assim como nos outros dois curtas-metragens do Jorge, O Sapateiro e Um Dia na vida). Porque na minha cabeça, se fosse pra falar da história da música em Caxias, tinha que entrevistar um dos poucos músicos geniais, que mora há 15 anos na cidade, Oscar dos Reis.

“Não, Marcelo. Nem conheço di-reito o Oscar. Se ele é gênio pra ti, eu acredito, mas aí não vai rolar, porque é muita gente pra citar. Quero falar das bandas de rock de Caxias, porque convivi com essa galera toda que fez música nos anos 80 e 90”, esclareu Jor-ge. Aquela conversa no sofá da sala da casa do Jorge, a julgar pela expressão assustada dos produtores Lindonês Silveira e Liana Pulita, espectadores do nosso embate, deve ter sido caloro-sa. Na verdade eu já tinha gostado da ideia, mas não queria facilitar as coisas para o Jorge. Queria levantar questões nebulosas e capciosas, queria plagiar o Chacrinha, confundir a cabeça do Jorge. E depois de todas essas rajadas, sem fúria, ainda cobrei diariamente o roteiro. Mas o tal do roteiro, que nos guiaria para dentro dessa viagem ver-tiginosa por entre a vida das bandas

de rock de Caxias, só saiu pertinho do fim do filme.

volume Um! Em Bom Som! não é um documentário com base teóri-ca fundamentada, não tem conceitos estéticos retirados dos compêndios da cinematografia mundial, não foi e nunca será estudado pelo Ismail Xavier. É um filme gestado pela pai-xão, gerado com um amor desmedido pela música. É criado por alguém que circulou pelos camarins das bandas, conferiu gravações dos discos, fixou cartazes de shows pelas esquinas escu-ras de Caxias. É dirigido por um cara entusiasmado com a sonoridade das bandas daqui e obcecado pela triste sina de poucos conseguirem seu lugar ao sol.

“O documentário volume Um! Em bom som! é sobre as memórias que eu tinha da minha adolescência, de como tinha uma certa saudade daquele espí-rito de rebeldia. Na verdade, todo ado-lescente acha que pode mudar o mun-do. Tinha muito amigos que possuíam bandas de garagem, isso era lá por 85”, revela Jorge, com a incapacidade natu-ral de todo realizador de explicar seu filme a poucos dias do lançamento. Mas o filme não trata apenas das ban-das de rock criadas nos anos 80, como Bandida, Apocalypse, Neon, Transyl-vânia etc. Aliás, começa com uma co-lagem de fotos revelando que mundo era esse em 1970, ano em que Jorge nasceu, sob o signo de escorpião. Ano

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AS MUITAS CENAS DO

Nosso cinema

ROCk LOCaLO longa volume um! Em Bom Som! nasceu da pergunta: por que nenhuma banda de Caxias “deu certo” no cenário nacional?

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w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r 1905 a 11 de dezembro de 2009 O Caxiense

do tricampeonato da Seleção Brasilei-ra. E ano em que os Beatles acabaram. E logo na sequência, Jorge inverte a linha do tempo pra revelar que antes disso, antes do fim dos Beatles, antes do seu nascimento, Caxias já tinha sua banda de rock, numa licença poética, Caxias já tinha seus Beatles: a Lobo da Estepe.

“Entrevistar aqueles senho-res da Lobo da Estepe, pra mim, era uma grande responsabilidade e por isso teve uma carga emocional muito grande”. Jorge chorou. Chorou co-piosamente durante as gravações. Em parte porque havia se atrasado para o início das gravações. Motivo? Na noite anterior tinha sido DJ de uma festa lá na Criúva. É sério. E sem carona pra voltar teve de esperar o primeiro cava-lheiro (não cavaleiro) trazê-lo de volta à cidade. Mas chorou também porque era a primeira entrevista, com os caras que iriam abrir o filme que ele sonha-va há dois anos.

Mesmo sem entender, nós da equi-pe, continuamos a mirar nossas lentes das câmeras nos integrantes da Lobo da Estepe. Mas eu não resisti. Inverti o ponto de vista e enquadrei o Jorge. Queria entender o que se passava. Em zoom de aproximação, através da lente da câmera, tentei invadir a mente do Jorge. Naquele momento, entendi uma coisa, aquelas memórias aprisionadas estavam sendo libertadas. E mesmo sem entender muito bem que filme eu estava ajudando o Jorge fazer, decidi

interferir o menos possível.Depois de rever o filme um zilhão

de vezes, Jorge aponta o período entre 1985 e 1990 como a Era de Ouro do Rock Caxiense. “Naquela época tinha um cenário bem legal na cidade e, na minha tese, a gurizada tava meio que-rendo dar seu grito. Colocar cartaz na es-cola já era pra mim o maior ato de rebeldia. Pra um guri que tinha 15 anos, somado com os acontecimentos do Cio da Terra, e o Rock in Rio, maior festival de rock do Brasil, sen-do transmitido pela televisão, era muito provocador. Foi nes-se período que surgiu muita banda de gara-gem, muitos festivais, shows em escolas, era um tal de sair a pé no sábado, sem qualquer roteiro, e acabar encontrando uma banda to-cando debaixo das arquibancadas do Juventude”, recorda.

volume Um! Em Bom Som! tem duração de 1h20min, mas nem as-sim foi possível citar todas as bandas entre meados de 60 até agora. Aliás, das bandas pós 2000, a única que está contemplada é a Cabaret HiTec. Por quê? Aqui entra o charme do filme, o enfoque malicioso, no melhor dos sen-tidos, é revelar as bandas que tinham trabalho autoral, que se preocupavam

em criar suas composições. À exceção da Lobo da Estepe, que na verdade era a versão da contracultura em contra-ponto às bandas de baile.

“Em nenhum momento eu quis contar a história do rock de Caxias do Sul, quis fazer um recorte das minhas

lembranças. Pessoas que tinha relacionado como possíveis entre-vistadas foram reti-radas da pauta, assim como bandas que não cheguei a tomar sequer conhecimento naquela época, como a No Ar. Essa banda chegou a fazer um som próprio na época, tocaram até em cima da marquise de uma loja no centro da cidade, mas não fi-zeram parte da minha

adolescência. E a outra era a Pauta Me-tal. Se quisesse fazer um filme sobre a história da música em Caxias ia ficar cavando, cavando e daqui a pouco, ia aparecer o cara que tocou violino na chegada dos primeiros imigrantes italianos”, explica Jorge, rindo da epo-péia não filmada.

Assistindo ao filme, debruçado no mesmo sofá, cenário da discussão em torno do roteiro, Jorge revela sua frus-tração: “Queria muito ter entrevistado o pessoal da Nariz de Porcelana. Mas, infelizmente, como a maioria dos in-tegrantes não está mais morando em Caxias, inclusive a vocalista mora na

Europa, não tive como conseguir um depoimento fiel para inserir no filme. O mais engraçado é que na nossa equi-pe havia um músico que tinha tocado com a banda na época, o Paulo Scola (diretor de fotografia), mas ele se recu-sou a falar em nome da banda.”

Agora que o filme acabou, agora que toda essa efervescência está prensadinha no DVD, responde aí: Qual é a música que representa toda essa geração retratada no documentá-rio? “Me veio de bate-pronto a música Dizeres Não, da banda Halar-me. Eles chegaram a ficar na frente da Madon-na, em 1993, como a música mais pe-dida na rádio local Stúdio FM. Acho que ela retrata bem a condição que a banda buscava com seu trabalho pró-prio, tocar em uma rádio e ter seu re-conhecimento”, revela.

Mas e será que essa palavra, “reco-nhecimento”, não esconde a fantas-magórica palavra “sucesso”? Como diz Luciano Balen (da extinta Café Brasil e hoje do CCOMA), quem ten-tou o sucesso, naufragou. Mas quem queria apenas fazer o seu som, evo-luindo sempre, ultrapassou o pedá-gio. E Balen vai além, cita as bandas Apocalypse e Burning in Hell como as que foram mais longe. Não em busca da trilha do sucesso, mas do reconhe-cimento (aqui a palavra fica melhor empregada) do público. Esteja onde ele estiver. No Japão, no caso da Bur-ning in Hell, ou na França, no caso da Apocalypse.

Jorge de Jesusaponta o período entre os anosde 1985 e 1990 como a Era de Ouro do Rock Caxiense

Artes

por NaTaLia BORGES POLESSO

ndávamos tristes. Era um verão estranho, calor de secar coisas. Perguntei a ela se queria um ba-lão. Ela me olhou duvidosa da pergunta. Para que um balão? O vendedor derretia embaixo de uma árvore. Os balões mur-chando. Faziam um ramalhete colorido de dores. Achei que um balão pudesse alegrá-la. Ela con-cordou com a cabeça e fomos até a sombra da árvore. O vendedor nos olhou sem esperança e conti-nuou fumando seu cigarro. Olhei para ela. Tinha os olhos cansados e sonolentos. Perguntei se queria o amarelo ou o azul. Ela olhou todos os balões e me perguntou por que eu havia oferecido so-mente aqueles. O amarelo me alegrava mais. O azul, confesso, estava meio murcho, e nenhuma das outras cores me faria gastar qualquer moeda que fosse. É para te animar, falei meio descrente. Amarelo é uma cor boa. Ela fi-cou um tempo olhando ao longe. Olhando algo que eu não via, que eu sequer sabia existir. E então num gesto meio aborrecido com a cabeça ela apontou o amarelo. Eu fui até perto do vendedor, olhei os balões todos coloridos e pedi um amarelo. Ele puxou a corda e me

entregou o balão. Estendi a mão com duas moedas, mas ele me fez sinal negativo com a cabeça. En-tregou o balão e virou as costas. Ele ainda olhou para trás, olhou para ela e baixou novamente os olhos, a cara sardenta se con-traiu. Entreguei o balão a ela. Ela olhou o balão como quem aceita uma fatalidade, estendeu a mão e enrolou o barbante num dedo. Olhei ao redor, algumas pessoas aglomeravam-se ao longe. Se-guimos assim para o funeral. Ela segurando o balão amarelo com a mesma cara triste que tinha an-tes, talvez mais triste. Uma lágri-ma presa no olho esquerdo. Eu, sem saber sua cor preferida. Acho que aquele verão havia secado algo entre a gente e secaria ainda mais. O balão amarelo voava ton-to e pálido. A corda amarrando suas disposições, o balão como se fosse uma bola de ferro. O que nos unia era a minha simpatia pela cor e um dedo pendendo ao lado do corpo encurvado dela.

voltamos para o aparta-mento. Aquilo estava de doer. Metade das coisas encaixotadas, outra metade ainda por fazer. As roupas dela em cima da cama. Ela não havia dito nenhuma palavra desde o funeral. Foi até a jane-la e novamente olhou distante.

Tu estás feliz?, me perguntou. Eu respondi que não sabia. Ela disse que esperava que alguém estivesse feliz por ali. Eu encolhi os braços e afundei a cabeça no meu próprio peito. Ela no quar-to olhava o balão tão amarelo, amarelo demais. Pendurou-o na cabeceira da cama, como se para lembrar de algo. Lembrar talvez das tentativas, das escolhas, dos erros, dos arrependimentos, das palavras e dos olhares perdidos. Ainda talvez dos sonhos. Deitou-se olhando para o teto. E chorou duas cascatas de coisas as quais não me caberia perguntar nada sobre. Chorou imóvel, sem solu-ços ou suspiros. Aqueles choros que saem resignados, choro de coisas perdidas. Choro de im-possibilidades. Levantou-se e foi até a janela, onde eu observava o dia inerte. Me dá outro balão, ela pediu. E para que outro balão, eu retruquei. Para pendurar do teu lado da cama e te alegrar tam-bém. Mas eu não quero um balão. Então, ela me olhou ressentida e perguntou o que eu teria pensado para crer que um balão a alegra-ria tanto. Eu disse a ela que como tivesse aceitado o balão, pensei estar certo. Ela apoiou os dois cotovelos na janela e desta vez olhou tão longe e certo, que eu acreditei ter visto algo também.

20 05 a 11 de dezembro de 2009 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

A

aNdáVaMOS

TRiSTES

[email protected]

SEM TÍTULO | Suzana Maino

Diversidade de espessuras e movimentos formam uma textura

visual obtida com nanquim sobre papel. A natureza, tão colorida

na realidade, é retratada em preto e branco pela artista plástica

Suzana Maino. A escolha da técnica está relacionada ao prazer

do resultado imediato do desenho.

Abre-se o botão em pétalas

não porque um deus nele opera

nem porque na flor

um coração qualquer habita

Abre-se o botão em pétalas

para a tarde ser mais luminosa,

para que o pássaro, suspenso,

colha a cor, o sumo, o aroma

Abre-se o botão em pétalas

contra a visão dolosa das pedras

por JOÃO CLaudiO aRENdT

Boa Música

por CÍNTia [email protected]

rês dias, quatro palcos, 25 bandas, 150 músicos, 82 pessoas trabalhando, 4 mil assistindo. Os números descrevem a pequena vila musical que se instalou em São Pelegrino, entre 19 e 21 de no-vembro, às margens dos trilhos desa-tivados da Rua Dr. Augusto Pestana. Por conta do 2º Moinho da Estação Blues Festival, a curta rua sem saí-da reuniu sobre seus paralelepídedos anônimos e famosos, talentos locais e nomes nacionais e internacionais. Os mais badalados vieram de Chica-go, terra que eletrificou o blues: Billy Branch e Carlos Johnson. E foi Chica-go que inspirou o festival daqui.

Em junho do ano passado, João Antônio Bagoso, o Toyo, e Rodrigo Parisotto, donos do Mississippi Del-ta Blues Bar – desde 2006 irradiando o gênero em Caxias –, foram curtir o 25º Chicago Blues Festival, o maior dos Estados Unidos. No meio do fervo, Toyo e Parisotto se olharam e começa-ram a pensar em como adaptar aquela estrutura gigantesca ao espaço restrito

da estação férrea caxiense. O resulta-do germinal dessa ideia veio ainda em 2008, com a realização da primeira edição do festival no Moinho da Esta-ção. Essa experiência foi fundamental para fermentar o sucesso de 2009.

Neste ano, depois de ter distribuído bem as tarefas, coordenado as ações e conseguido boa divulgação, os organi-zadores só tinham uma coisa a temer: o clima. “Estamos na mão do tempo. Se os nossos objetivos não forem atin-gidos, é por causa dele”, afirmava Si-nara Suzin no começo do festival. Um temporal na tarde do primeiro dia, quinta-feira, quase cancelou o show de abertura. Pouco antes, porém, o céu se abriu, e quem não se deixou intimidar pela intempérie começou a descobrir as regras e espaços da vila do blues.

Na entrada, dentro de uma espécie de túnel, seguranças faziam a revista e funcionárias distribuíam pulseiras indicativas: a preta era o pas-se para circular livremente; a laranja significava a maioridade e, conse-quentemente, liberdade para comprar e consumir bebida alcoólica. Cada vi-

sitante ganhava um copo plástico com a estampa do festival.

À direita, o palco principal se exibia para dezenas de fileiras de cadeiras plásticas vermelhas, sob uma cobertu-ra branca que se estendia até os estan-des dos expositores, também cobertos com lona. Perto dessa divisa ficava a matriz da casa de câmbio da vila, uma pequena cabine onde se trocava R$ 1 por um tíquete, a moeda local corren-te. Um refrigerante custava três tíque-tes; um chope, seis. Havia uma filial logo adiante, na praça de alimentação. À moda de uma quermesse bem orga-nizada, tendas de bares, hamburgue-ria, pizzaria e confeitaria ofereciam seus serviços. E havia ainda as barra-cas diversas, de livraria a vinícola, de fábrica de harmônicas a agência de tu-rismo. Apropriadamente afastada dis-so tudo estava a infraestrutura externa de saneamento: quatro banheiros quí-micos masculinos e seis femininos.

No fim da tarde daquela quin-ta-feira, uma biruta vermelha instala-da no topo do Mississippi Bar cons-trastava com o céu cravado de nuvens

acinzentadas, anunciando que o mau tempo não iria embora tão cedo. Tal-vez isso tenha inibido uma maior par-ticipação do público. Ou talvez tenha sido o próprio fato de ser quinta-feira, ainda a um passo do fim de semana. A qualidade dos eventos da noite, em contraponto, era digna de grande pla-teia.

A abertura ficou por conta da Big Band da Orquestra Municipal de Ca-xias do Sul. Com 19 músicos, come-çaram apresentando clássicos do jazz, preenchendo o ambiente com sons de piano, bateria, percussão e instru-mentos de sopro, como saxofone e trompete. O pianista anunciou a subs-tituição do jazz pelo soul, agregando vozes à Big Band. Acompanhado por seis backing vocals, entrou no palco o cantor Mozer de Oliveira. Depois de duas músicas, ele deu lugar à cantora Franciele Duarte, de vestido preto e branco e cabelo em coque, trazendo a aura de uma diva do soul. Os dois jun-taram-se, ao final da apresentação, e cantaram Disco Inferno, da banda The Trammps, aquela do refrão dançante que repete “burn baby, burn”, clássico

T

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r 21 05 a 11 de dezembro de 2009 O Caxiense

UM BANHO DE

BLuES Inundada em novembro por bons shows e públi-co interessado, a antiga estação férrea afirmou-se como nascente de um grande festival

O fôlego da Windy City: os incansáveis Johnson (E) e Branch, de Chicago, fizeram shows em

dobro e ainda deram canjas no bar

22 05 a 11 de dezembro de 2009 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

da disco music de 1976. Então o pia-nista agradeceu ao público, agora às dezenas, e avisou que a orquestra faria o bis já ensaiado. “Ensaiar e não tocar é desperdício de dinheiro público”, brincou. E encerrou o show com Vale Tudo, de Tim Maia.

Simultaneamente, no palco Tennes-see, Uncle Cleeds, caxiense de cabelos rebeldes e óculos, mais com cara de hippie que de blueseiro, abria seu es-petáculo. Ele empunhava o violão e cantava um lamento sobre amor não correspondido. Debaixo da tenda e de-fronte a uma parede com um coração pichado, ele cantou: “I love my baby, my baby don’t love me”.

No palco MSDelta, a caxiense Pa-cific 22 soava os primeiros acordes atentamente observa-da por cinco crianças acompanhadas dos pais. Eram alunos da escola de música de Ri-cardo Bigarella, o Biga, harmonicista da Pacific 22. A audiência infantil parece ter se entediado em alguns momentos, amparando a cabeça nas mãos ou peram-bulando pelo bar, mas um dos meninos saiu anunciando que um dia também irá formar sua banda.

Em seguida, o palco principal abri-gou o show da caxiense Juke Joint, da qual fazem parte os idealizadores do festival, Toyo e Parisotto, respectiva-mente na harmônica e no contrabaixo. O vocalista, Portuga, vestindo terno risca-de-giz e sapatos bicolores, con-versava em inglês com o público.

Antes do show seguinte, um inci-dente. Copos quebrados (ainda bem que eram de plástico), correria, es-tupefação entre os presentes. A briga logo foi apartada, mas não sem deixar um dos envolvidos com a nuca empa-pada de sangue. O vocalista e guitar-rista da Eletric Blues Explosion, Ro-drigo Campagnolo, que estava com a mãe na plateia, lamentou a ocorrência mais de uma vez ao microfone.

De volta ao palco, agora acompanhada pelo guitarrista curi-tibano Décio Caetano, um Elvis de pele escura, topete e óculos ovalados, Franciele Duarte fez o principal show da noite. Toyo também atacou de novo na harmônica. O convidado especial foi o baterista da Blues Etílicos, Pedro Strasser, porém tocando saxofone. No meio disso tudo, ficou fácil perceber por que Magic Slim, lenda da guitarra e atração do festival de 2008, saíra de Caxias encantado com a performance e a voz de Fran. Mais descontraída, com vestido preto e botas de caubói cano longo, a dona de uma das melho-res e mais poderosas vozes do cenário musical caxiense emocionou com sua performance em Maybe, canção de Ja-nis Joplin pedindo a volta do amado.

Com o encerramento das atividades no palco principal, o formato de shows simultâneos nos outros palcos foi tes-tado. No MSDelta tocou a Charque in Blue, com integrantes de aspecto nerd e som muito competente. No Chicago, a banda foi Blues Beers. No Tennes-see, a banda The Goodfellas trouxe

mais uma vez os organizadores à bai-la: Parisotto no contrabaixo e Toyo na harmônica. Questionado, em meio a risadas, se tinha criado o festival para tocar, Toyo disse que, por medo de que pensassem exatamente isso, resumiu suas apresentações à primeira noite.

Na sexta-feira, em um círculo, a dona da noite anterior, Fran Duarte, comandava exercícios de respiração no workshop de técnica vocal. O pro-fessor Biga, responsável pela organi-zação das 11 oficinas realizadas entre sexta e sábado, contou que elas foram pensadas para dar conta dos princi-pais instrumentos e aspectos do blues. “Todos que participam, os músicos, estão envolvidos em fazer acontecer,

por isso o festival está crescendo”, vibrava.

A tarde foi caindo e com ela desceu a ne-blina, mas logo o céu nublado ficou visível. No palco principal, o trio Oly Jr. & Os To-caios misturava blues e música gaúcha, crian-do o que chamaram de Milonga Blues. No intervalo, o palco MS-Delta abrigou a banda instrumental Reverba

Trio, de Porto Alegre, que mostrou um som mais próximo da surf music e do rockabilly. Perto dali ocorria o workshop de Pedro Strasser, com 25 pessoas acompanhando caladas e ad-miradas a performance do baterista da Blues Etílicos.

No palco principal tinha início o show dos catarinenses da Headcutters. A banda de Itajaí tem uma história particular com o festival. No ano pas-sado, enquanto eles tocavam por aqui suas casas eram alagadas pelo tem-poral que varria Santa Catarina. Este ano, o vocalista e harmonicista Joe Marhofer comemorou no palco: “desta vez, sem enchente em Itajaí!”.

No palco Tennessee, o quarteto Bluegrass Portoalegrense apresentou o gênero que carrega no nome, uma mis-tura de música negra com o country do sul dos Estados Unidos. Sob a ten-dinha, a banda se esmerava no violão, bandolim, violino e baixo acústico, revezando-se na frente do microfone vintage. Um deles definiu a apresenta-ção como “o único acústico de verda-de dos anos 2000, à moda de mil-no-vecentos-e-antigamente”. Quem viu a performance – e ninguém se importou em ficar debaixo de chuva para ver – ficou bobo com a sonoridade diferente do som “sem fiozinho, pode reparar”, como ressaltou o integrante da banda, umas das mais comentadas do festival.

O palco principal recebeu então os cariocas da Beale Street, acompanha-dos por um guitarrista e um baterista de Caxias. A atração do show ficou por conta das duas baterias ao mesmo tempo. Para completar, um dos guitar-ristas e o vocalista-baixista tocaram caminhando no meio das pessoas. O público adorou.

À direita do palco, em um ônibus preto, uma marca alemã oferecia, além de seu licor à base de frutas, raízes e ervas, uma opção ao blues. O veículo acomodava em seu interior uma boate

Otávio Rocha, da Blues Etílicos, a mais renomada banda nacional do gênero

“Interpretando Maybe, de Janis Joplin, Franciele Duarte lembrou ao público por que Magic Slim ficou encantado com ela em 2008

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Otávio Rocha, da Blues Etílicos, a mais renomada banda nacional do gênero

com telão, barzinho e um globo de lu-zes coloridas pendurado no teto, com o DJ mandando Candy, do Iggy Pop, e Fly Away, do Lenny Kravitz, entre ou-tras, para as caixas de som.

A primeira das atrações interna-cionais, o harmonicista Billy Branch, já havia chegado à vila blueseira. E a segunda, o guitarrista Carlos Johnson, também. Junto da banda de apoio, Johnson acompanhava de canto as entrevistas de Branch à imprensa. Senhor alto, moreno de olhos verdes, de sorriso amplo e amigável, Branch

estava muito bem-humorado. Com ajuda da intérprete Tatiana Montana-ri, contou que o show em Caxias seria especial. Marcaria o reencontro nos palcos com Johnson, amigo de mais de 30 anos com quem gravara um ál-bum em 2004, Don’t Mess With The Bluesmen. Enquanto esperava sua vez de subir ao palco, Branch tomava uma cerveja e distribuía galanteios. Caxias só tem mulheres bonitas, era o que ele dizia.

Um dos grandes nomes do blues

nacional começava seu show no palco principal. Fernando Noronha e sua banda Black Soul levantaram o ânimo do público que se espremia debaixo das cobertura por causa da chuva. A atração seguinte foi o caxiense Rafa Gubert. Com terno e camisa pretos, sem gravata, apresentou-se só com seu violão e seu vozeirão, exceto pela última música, quando foi acompa-nhado pela dança de Etiene Nadine Reis. A garçonete do Mississippi esca-pou um instante de seus afazeres atrás do balcão e trocou o uniforme por meia-calça arrastão (com aberturas largas que lembravam o desenho das bolas de futebol) e algo que parecia um maiô preto tomara-que-caia, en-feitado na cintura por uma grande fita preta com bolinhas brancas. Nos ca-belos cacheados e curtos dela morava um prendedor vermelho em formato de flor. Etiene se contorcia no palco, pedia palmas ao público e interagia com Rafa Gubert enquanto ele canta-va. Em uma referência à cena final de Crossroads, clássico filme sobre blues em que há um duelo de guitarras entre os personagens de Ralph Macchio (o menino que fez Karatê Kid, que inter-preta um aspirante a bluesman) e Steve Vai (na trama, nada menos do que o guitarrista do demônio) no qual uma endiabrada mulata sobe ao palco para dançar o blues enlouquecidamente.

Nesse clima, levados pelas mãos de Etiene, Billy Branch e Carlos John-son entraram juntos no palco. Branch continuava com a mesma roupa de an-tes, camiseta preta e terno claro, mas trocara o boné descompromissado por um chapéu estilo panamá, também de cor clara. Constrastava com Johnson, todo de preto. De regata, óculos escu-ros redondos e chapéu do mesmo es-tilo de Branch, Johnson carregava na orelha direita um pingente comprido e, no braço esquerdo, uma já desgasta-da tatuagem de guitarra.

Muito animado, Branch fazia a con-tagem para o início das músicas ba-tendo veementemente o pé direito no chão. Entre cantar e tocar a harmôni-ca, comandava a bateria com o dedo indicador da mão direita em riste ou apontava para o canhoto Carlos John-son, que, sentado em um banquinho, demonstrava seu talento na guitarra. A banda de acompanhamento, argen-tina, tinha um compenetrado baixista e um baterista que tocava com o quei-xo colado ao pescoço e com a boca aberta, fazendo-o parecer um peixe.

Muito à vontade no palco, os bluesmen americanos brincavam com seus instrumen-tos e com o público. Um imitava passari-nho com a harmônica, outro dava um meio sorriso e provocava a plateia. Então Billy Branch resolveu con-tinuar o show no meio do povo. Desceu do palco e andou até onde o cabo do microfone permitia. Parou na frente da repórter, imitou mais pas-sarinhos, continuou seu solo e, ao me-xer no microfone, levou um choque, ao qual reagiu com risadas. Voltando ao palco, dispensou a banda de apoio, tirou o casaco e sentou em uma cadei-ra ao lado do amigo Johnson. Contra a luz, via-se que Branch fumegava: em contraste com o frio da noite, o corpo quente do blueseiro soltava fumaça.

Com seu espírito brincalhão, Bran-ch não perdeu o jogo de cintura quan-do pegou uma folha e tentou ler o que estava escrito: palavras em português. Em seguida, Johnson começou a can-tar junto e mostrou sua voz grave. E, superando algumas falhas de som, o show se encaminhou tranquilamen-te para o final. Quando Billy Branch

agradeceu, em português, e comentou que Caxias é parecida com a cidade dele, parte do público começou a se dispersar. Mas os que resistiram logo fizeram crescer um coro pedindo “one more!” e, mesmo depois de sorrir e di-zer que não, a banda voltou para fazer todo mundo dançar no bis.

Depois, a festa continuou com sho-ws de Azambujas com Fabiano Mitti-dieri, de Porto Alegre, no palco Chi-cago, e Ale Ravanello Blues Combo, no MSDelta. Este último durou horas a mais por conta da participação mais

que especial dos norte-americanos ilustres. Nada cansados, Billy Branch e Carlos Johnson continuaram a tocar e divertiram os remanescentes da noi-tada.

O terceiro e último dia do festi-val foi um sábado morno e chuvoso. A banda que abriu foi Azambujas, com a única mulher que cantava e tocava al-gum instrumento – um contrabaixo – no evento. No palco Chicago, ocorria a oficina de baixo acústico, comanda-da por Catuto, da Headcutters. À es-

querda da sala, apoia-do na parede, estava o estojo preto onde ele guarda o baixo, com a p r o x i m a d a m e nt e 1,90m de altura. Com ângulos retos, parece um caixão. O baixis-ta contou que o estojo precisa ficar no baga-geiro do carro quando a banda viaja, pois não cabe dentro do veícu-lo. Isso gera piadas o tempo todo. “Na estra-

da é direto gente buzinando e pedindo ‘onde que vai ser o enterro?’”, divertia-se Catuto, com sotaque catarinense carregado. No palco principal, era a vez da banda Andy & The Rockets. Eles fazem um som mais próximo ao rockabilly e tocam clássicos como Be-Bop-A-Lula, de Gene Vincent, e Great Balls of Fire, de Jerry Lee Lewis.

Um pouco depois, a Blues Etí-licos, banda mais reconhecida do ce-nário blues nacional, começou seu show e animou o espaço apinhado de espectadores. A apresentação seguinte foi de Rafa Gubert, repetindo a perfor-mance do dia anterior com Etiene.

E chegou novamente a vez dos ame-ricanos. O show principal era do gui-tarrista Carlos Johnson, que entrou

com figurino levemente diferente, usando camiseta preta e chapéu claro. Desta vez, Billy Branch, vestindo ca-misa preta aberta até o segundo botão e deixando à mostra uma corrente que exibia um dente como enfeite, era o convidado, e somente tocou harmô-nica. A banda que os acompanhou era basicamente a mesma da véspera, só que com um guitarrista a mais. Os argentinos abriram o show, com o ba-terista cantando. Em seguida, entrou Johnson. Branch só foi depois para o palco, momento em que Johnson tirou

os óculos escuros, sua marca registra-da. Mesmo com a chuva que teimava em cair, o público não se intimidou. Bem pelo contrário: parecia hipnoti-zado pelo som da guitarra.

O clímax foi quando Carlos Johnson desceu do palco e tocou sua guitarra no meio da plateia, cercado de câmeras e celulares de gente que queria registrar o momento. Inclusive Billy Branch teve seu momento papa-razzo, filmando o amigo do palco. Os dois se despediram, no bis, com a mes-ma música do dia anterior. Era tarde, e parte do público também deu tchau ao festival. Sorte de quem ficou, que pôde ver, no palco Chicago, a jam session da Beale Street com Décio Caetano e Fran Duarte cantando Chain of Fools, de Aretha Franklin.

No palco MSDelta, ao som da Head-cutters, Johnson permanecia sentado discretamente numa mesa próxima à porta do bar, ainda carregando no rosto seus redondos óculos escuros. Quando finalmente aceitou o convite da banda para tocar, moveu-se lenta-mente entre os presentes e se instalou num banquinho. Entregaram-lhe uma guitarra cor de caramelo, um modelo bem menor do que o da semi-acústica que ele usa nos seus shows. O instru-mento se acomodova com dificuldade no colo de Johnson, o que virou mo-tivo de piada para ele. No decorrer da noite, entre uma música e outra, John-son contou ao público sobre suas via-gens e garantiu que em outros países e inclusive em Chicago o blues não é tão valorizado e amado quanto no Brasil. Dito isso e encerrada a canja, John-son retornou à mesa. Logo, uma loira começou a pedir insistentemente seu chapéu. A moça não falava nada em inglês, e o guitarrista custou um pou-co a entender que ela queria algo mais que o chapéu. “Hoje não”, respondeu Johnson. E deu seus óculos escuros.

Fazendo um som “sem fiozinho, pode reparar”, a Bluegrass Portoalegrensefoi uma das bandas mais comentadas do festival

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Oguitarrista Décio Caetano (C), de Curitiba, que na primeira noite acompanhou Franciele Duarte, é acompanhado por mais músicos caxienses em sua segunda apresentação

24 05 a 11 de dezembro de 2009 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

Raízes do ritmo

DORPaRa CuRaR a

DOR

por RaFaEL JOSÉ dOS SaNTOS

m 1995, recém chegado em Nova York com uma bolsa de estudos, desco-bri que John Hammond iria dar um show no Museu de História Natural. Para quem não o conhece, John Ham-mond é um daqueles bluesmen que faz a música soar como se estivéssemos em algum lugar entre o Mississippi e a Louisiana.

Chegando ao Museu (aliás, um lugar improvável para um show de blues), fui abordado por um norte-americano que me pediu informações sobre onde comprar o ingresso. Entramos juntos na fila do guichê e, após cinco minutos de conversa, ele me veio com algo mais ou menos assim: “Como um cara do Brasil sabe algo sobre blues?”.

Fiquei extremamente ofendido e comecei a desfiar uma série de nomes de cantores, álbuns, canções, além de sugerir ao homem que sabíamos muita coisa no Brasil, mas eles sabiam quase nada de nós. O norte-americano fi-cou meio sem jeito e pediu desculpas. Entrou comigo no espaço reservado ao show, assistimos John Hammond, performance incrível como sempre, depois saímos juntos conversando. Hoje, só no espaço de tempo em que escrevo estas linhas, já trocamos uns três ou quatro e-mails. Em um deles ele lembra do episódio e me pergun-ta de gozação: “What does a guy from Brazil know about the blues? ;)” (O que um cara do Brasil sabe sobre o blues?). O blues forjou uma amizade que se estende há mais de dez anos, sem per-da de contato, e cada visita do amigo é uma enxurrada generosa de livros e CDs.

No mesmo e-mail o amigo Tony cita uma frase de Sonny Boy Willia-

mson: “White guys want to play the blues so bad, but, man, all they do play the blues so bad”. O trocadilho do velho bluesman só faz sentido em inglês devido ao duplo sentido da pa-lavra “bad”, que no contexto significa querer “muito” e tocar “muito mal”: os caras brancos querem tanto tocar o blues, mas todos eles tocam realmente muito mal.

O filme Crossroads (1986, direção de Walter Hill com a impecável pro-dução musical de Ry Cooder) trata disso de modo interessante: um garoto branco de Nova Jersey diz que é um bluesman ao velho ho-mem negro. O homem, supostamente o Willie Brown amigo de Ro-bert Johnson, ironiza o menino e a partir daí começa um verdadeiro rito de iniciação, com uma peregrinação ao sul dos Estados Unidos. O resto, só vendo o filme.

Williamson, felizmente, não tinha razão. O próprio John Hammond é prova disso, como também Eric Clap-ton, quando quer tocar blues, ou John Mayall. Caras brancos e brasileiros também sabem tocar o blues, é só ou-virmos o que rola por Caxias do Sul para saber. Mas qual é a magia desse estilo, na verdade um conjunto de es-tilos que foram se formando através de mesclas diversas? Muitos de minha geração chegaram ao blues por um percurso inverso que começou com o rock.

O norte-americano McKinley Mor-ganfield nos diz: “Well you know the blues got pregnant / And they named the baby rock & roll” (Bem, vocês sa-

bem, o blues ficou grávido / e deram à criança o nome de rock & roll). Soa familiar? Mr. Morganfield é mais co-nhecido como Muddy “Mississippi” Waters, um nome interessante: tan-to pode ser entendido como um ho-mem chamado Muddy Waters vindo do Mississipi, estado onde nasceu em 1915, como, literalmente, “águas la-macentas do Mississipi”, rio que se tornou sagrado para o blues.

A vida de Muddy Waters é a metáfora da história do blues: nascido no sul dos Es-tados Unidos, Muddy migrou para Chicago, onde faleceu em 1983. Só que em Chicago o blues não morreu, ganhou nova face, di-zem, pela introdução da guitarra elétrica pelas mãos de Muddy, que, curiosamente, não era um virtuose

no instrumento.De qualquer maneira, se o blues é

pai e mãe do rock, Muddy Waters cer-tamente é um de seus padrinhos. Mas, e os avós da criança? O musicólogo norte-americano Eric Lomax defende a idéia de que o blues origina-se do es-tilo dos cantores griot do Sudão, po-etas da tradição oral e narradores da vida cotidiana, mas sugere que se pos-sa retroceder ainda mais, até as me-lodias melancólicas do antigo oriente que ele caracteriza como “queixas” (complaints) dirigidas a divindades ou aos senhores de terras por camponeses submetidos a duras condições de tra-balho e altos impostos. O estilo teria migrado para o Sudão, para o leste da África e de lá atravessado o Atlântico

na diáspora impingida aos negros. Em um álbum excepcional, produ-

zido por Lomax, Roots of the Blues (Raízes do Blues, New World Recor-ds, 1977), há pistas desse percurso. Na primeira faixa aparecem, intercala-das, a música Louisiana, cantada por Henry Ratcliff, e uma Field Song from Senegal (Canção do campo, do Sene-gal), entoada por Bakari-Badji. O con-traponto ilustra melhor que qualquer explicação escrita as similaridades na entonação, sobretudo o sentimento da solidão de quem canta.

Roots of the Blues é mais que um álbum: é um documento imprescindí-vel sobre a história dessa música que desaguou, como as águas do velho Mississipi, em tantas variantes musi-cais, do jazz ao rock. Quando indíge-nas norte-americanos falantes da lín-gua Ojibwe batizaram o “grande rio” de misi-ziibi não podiam saber o que ele viria a significar mais tarde, muito menos imaginavam que o nome des-cesse ao hemisfério sul e se tornasse nome de um templo do blues nas en-costas de uma serra em uma região de clima subtropical.

No mesmo álbum organizado por Lomax é possível ouvir canções de trabalho (working songs) que o pesquisador gravou de um grupo de prisioneiros de uma penitenciária ru-ral. Lomax afirma que no extremo sul dos Estados Unidos essas instituições penais eram como extensões das plan-tações de algodão. Compasso marcado pelas pás e picaretas, um lamento tris-te pauta o ritmo do trabalho:

O Lord, Berta, Berta, O Lord, gal oh-ah (Oh Senhor, Berta, Berta, oh Se-nhor, garota.)

O Lord, Berta, Berta, O Lord, gal

E

A vida de MuddyWaters é a metáfora dahistória doblues. Se o bluesé pai e mãe do rock, Muddycertamente é umde seus padrinhos

Ecos de Crossroads: na homenagem de Rafa Gubert e Etiene Reis ao filme, durante o festival, a lembrança de que brancos também sabem tocar o blues

well. (Oh Senhor, Berta, Berta, oh Se-nhor, garota.)

Go ‘head marry, don’t you wait on me oh-ah, (Vá em frente e se case, não espere por mim)

Go ‘head marry, don’t you wait on me well, (Vá em frente e se case, não espere por mim)

Might not want you when I go free oh-ah,

(Posso não querer você quando eu for livre)

Might not want you when I go free well.

(Posso não querer você quando eu for livre)

“Berta, Berta” pode ser ouvida também em outro álbum que traça a história do blues e do jazz de modo magnífico: I heard you twice the first time, de Branford Marsalis (Sony, 1992). Eu diria que esse trabalho de Marsalis e a coletânea de Lomax são verdadeiros temas de casa para aque-les que querem saber do blues.

Outra estrutura consagrada no blues é a da repetição e síntese, como no célebre Crossroad blues de Robert Johnson:

I went to the crossroad, fell down on my knees

I went to the crossroad, fell down on

my knees(Eu fui à encruzilhada e caí sobre

meus joelhos)

Asked the Lord above “Have mercy, now save poor Bob, if you please”

(Pedi ao Senhor acima, “tenha piedade, salve o pobre Bob agora, por favor)

Robert Leroy Jo-hnson, como Muddy Waters, nasceu no Mis-sissipi. Há dúvidas em relação à exatidão do ano, mas fala-se em 1911. Faleceu, segun-do a lenda, após tomar um whisky envenena-do por um dono de bar enciumado por John-son haver paquerado sua mulher: morte de bluesman. Entre 1936 e 1937 gravou 41 faixas, das quais 13 canções foram repeti-das duas vezes, e está tudo registrado na coletânea Robert Johnson – The Complete Recordings, que pode ser encontrada em CD, mas, se possível, recomendo fortemente a caixa com três bolachões de vinil lançada no Bra-sil pela Columbia em 1990.

A lenda acerca do pacto que Robert Johnson teria feito com o diabo (afi-nal, quem era o Lord above da encru-zilhada?) é significativa se lembrar-mos que, no Brasil, o orixá Legba, ou Exu, foi sincretizado também com a

figura do demônio. Os domínios de Legba são os cruzamentos dos cami-nhos, das estradas, os crossroads. Por outro lado recorre também o tema de Fausto, o acordo com Mefistófeles que leva o demandante ao sucesso à custa de sua alma. Em Crossroads, o filme, o diabo é o empresário e a compra da alma (soul) é a submissão ao mercado que destruiria a essência do blues.

Não tenho certeza se as lendas e mitos do blues devam ser “esclarecidos” à luz de alguma historiografia, e se alguém já o fez, não sei se vou querer ler. Isso pode soar até como injúria, vindo de alguém que tem as ciências humanas por ofício, mas convenha-mos: alguma magia deve encantar o mun-do, mesmo para um

sociólogo. Uma das poucas racionalizações de

que não se pode abrir mão é a lem-brança de que nada havia de român-tico nas plantações de algodão do sul dos Estados Unidos: os cotton fields eram lugar de sofrimento, penúria, e o lamento negro era uma prece. Na con-trapartida da escravidão, os negros do sul entregam aos Estados Unidos as raízes de sua própria música. Ironia ou sutileza?

Na primavera norte-americana

de 1990, o fotógrafo Walter Carvalho desceu o Rio Mississippi registrando lugares e pessoas do blues, de Illinois à Louisiana. O trabalho está registrado na edição de março de 1992 da revista Íris Foto e fez parte de um projeto que incluiu o vídeo Blues, sob a direção de João Moreira Salles, e o álbum de mesmo nome lançado pela Som Livre em 1995.

O subtítulo do CD Blues é: “pain created to heal pain”, “dor feita para curar a dor” da escravidão, da pobre-za, do amor frustrado. Nas fotogra-fias de Carvalho, no filme de Salles e no álbum, os personagens não são os grandes nomes do blues, mas mestres quase anônimos encontrados no ca-minho do “grande rio”, gente que pa-rece trazer a alma na voz. Muddy Wa-ters é um dos padrinhos do rock, mas há muitos outros que nunca chegaram ao chamado Grande Público: Dave Honeyboy Edwards, Eugene Powell, James Son Thomas e Big Jack Johnson são alguns.

Quando vejo por aí algum garo-tão entoando o lamento do blues em uma harmônica, penso que a celebra-ção não irá acabar e que as águas do Mississippi ainda vão rolar por muito tempo, lá nos Estados Unidos, aqui no Brasil ou em qualquer outro lugar onde a dor tenha que ser curada. Ou que simplesmente as pessoas queiram se divertir com algo mais denso de es-piritualidade e imaginação que as ir-ritantes pancadas computadorizadas que andam por aí.

Na contrapartida da escravidão, os negros do sul entregam aos Estados Unidos as raízes de sua própria música. Ironia ou sutileza?

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Ciclistas se aventuram nos morros de Galópolis; aeromodelos se exibem pelos ares de Ana Rech

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Caxias Basquete/Festa da Uva enfrenta o Java/Feevale, de Estância Velha, na final do Estadual masculino, às 20h30 de sábado

BASQUETEFinal do Campeonato Adulto de Basquete Masculino | sábado, 20h30 |

O Caxias do Sul Basquete/Festa da Uva 2010 enfrenta pelo terceiro jogo dos play-offs finais o Java/Estância Velha/Feevale. Com a experiência de uma temporada em que sofreu somen-te uma derrota em 12 jogos, o Caxias conseguiu recuperar a vantagem e manter a invencibilidade no Estadual. Na fase classificatória, o time da serra venceu o Java no primeiro jogo, por 84 a 66, e no segundo, por 81 a 49. No terceiro, quinta-feira, dia 3, venceu de novo, por 68 a 52. A final será trans-mitida ao vivo pela TV COM e pela Rádio Caxias.Ginásio de Esportes do Clube JuvenilR$ 5, na bilheteria do clube. A compra da camiseta do time, por R$ 10, dá di-reito a passe livre | Marquês do Herval, 197, Madureira

VÔLEISuperliga de Vôlei Masculina | quinta-feira, dia 10, 20h |

A equipe do Caxias do Sul/Fátima/Medquímica/UCS/SPFC, única re-presentante do Rio Grande do Sul na competição, estreia no dia 10, contra o atual campeão mineiro, o Montes Cla-ros, na Superliga Masculina de Vôlei 2009/2010. O campeonato, que se es-tende até 1º de maio, é considerado o maior já realizado pela Confederação Brasileira de Vôlei. Ao todo, serão 17 equipes disputando um dos títulos mais importantes para a modalidade. Essa é a oitava participação do time de Caxias do Sul na Superliga. Ginásio Poliesportivo da UCSR$ 4 (funcionários da UCS e estudan-tes) e R$ 8 (público em geral). Na com-pra do pacote para o jogo seguinte, R$

5 (funcionários da UCS e estudantes) e R$ 10 público em geral

Campeonato Estadual Mirim Masculino | domingo, 10h |

A UCS/Prefeitura de Caxias do Sul, do Programa UCS Olimpíadas, dispu-ta domingo a fase final do Campeo-nato Estadual Mirim Masculino. Por ter encerrado a fase anterior em pri-meiro, a equipe disputará a final em Caxias do Sul. As outras equipes na disputa pelo título são o Grêmio Náu-tico União, de Porto Alegre, o Colégio Sinodal, de São Leopoldo, e o Projeto Vôlei, de Nova Petrópolis.Ginásio II da UCSEntrada gratuita | Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Petrópolis |

Amistoso da 1ª Semana Gaúcha da Pessoa com Deficiência | sába-do, a partir das 18h |

A UCS/CIDeF/Ozelame/Prefeitura de Caxias do Sul, equipe integrante do Programa UCS Olimpíadas, disputa sábado um amistoso contra o Magic Hands, como parte da 1ª Semana Gaú-cha da Pessoa com Deficiência. Ginásio Poliesportivo da UCSEntrada a 1kg de alimento não-pere-cível | Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Petrópolis |

CICLISMOCampeonato Nacional de Down Hill | sábado, a partir das 9h, e do-mingo, a partir das 9h |

A Federação Gaúcha de Ciclismo, a Secretaria de Esportes e a equipe No Break organizam a 9ª e última etapa do Campeonato Nacional de Down Hill. A largada será no Morro das Antenas, em Galópolis, e a chegada e a premiação ocorrerão em frente à Igreja Matriz. No sábado pela manhã, a partir das 9h, serão realizados os

treinos livres. À tarde, ocorre a volta de qualificação. Domingo, também a partir das 9h, se realizam mais treinos livres, e às 13h começa a grande final. A largada da categoria Elite é às 15h.Morro das Antenas de Galópolis Evento gratuito

TÊNISCircuito S.C.A. de Tênis Gaúcho | sábado e domingo, a partir das 15h |

Começou ontem a etapa final do Circuito S.C.A. de Tênis Gaúcho. A equipe do Recreio da Juventude esta-rá composta por 20 atletas, divididos nas categorias de oito a 14 anos. Nesta etapa, uma das grandes atrações será a disputa do ranking de clubes, no qual os três melhores colocados serão pre-miados com troféus especiais. Sede Campestre do Recreio da Juven-tude Entrada gratuita | Atílio Andreazza, 3.525 | Informações: 3028-3555, Secre-taria do Tênis.

HANDEBOLCampeonato Estadual de Han-debol da categoria cadete mas-culino | sábado e domingo, a partir das 15h |

O Recreio da Juventude sedia a úl-tima fase do Campeonato Estadual de Handebol da categoria cadete mascu-lino, iniciada ontem. Participam desta etapa as equipes Capão/Petrobrás, de Capão da Canoa, Margarida Lopes/Ulbra-SM/Sest-Senat, de Santa Ma-ria, 15 de Novembro de Campo Bom, ADC Canoas, UCS/Boca da Serra/Pref. Caxias e Recreio da Juventude/THK. As equipes jogam todas entre si, em pontos corridos. Ginásio do Recreio da Juventude Entrada gratuita (basta apresentar identidade) | Atílio Andreazza, 3.525

AEROMODELISMOX Encontro Nacional de Aero-modelismo da Serra Gaúcha (Enasg) | sábado e domingo, a partir das 9h |

Mais de 250 aeromodelistas do Bra-sil inteiro irão expor seus pequenos aviões guiados por controle remoto. A infra-estrutura para receber o pú-blico conta com arquibandas e bares. O evento é resultado da parceria entre a Associação Caxiense de Aeromode-lismo e a prefeitura e integra a agenda esportiva da Festa da Uva 2010.Sede da Ascaero, em Ana RechEntrada gratuita | Antiga estrada que liga Ana Rech a Fazenda Souza | Infor-mações: 9919-3012, com Fernando

FUTSALFinal da Copa Penalty Nordes-tão de Futsal | domingo, 11h |

A equipe de futsal do Recreio da Juventude, categoria mirim mascu-lino, disputa o segundo jogo da final da Copa Penalty Nordestão de Fut-sal 2009. O jogo é contra a equipe do Vasco da Gama. Caso a somatória dos dois jogos dê empate, haverá uma prorrogação. Se persistir o empate, a equipe do Vasco será campeã. Ginásio Vasco da Gama Entrada gratuita | José Soares de Oli-veira, 2.557, Pio X

Decisão da 4ª Copa Regional de Futsal D’Itália | domingo, 14h20 |

Os garotos da categoria Infantil (1994-1995) participam neste domin-go da decisão da 4ª Copa Regional de Futsal D’Itália. A equipe da AABB, que foi campeã nas categorias Iniciação (2000/2001) e Pré-mirim (1998/1999), enfrenta o time do Corujão. Ginásio D’Itália, Ana Rech Entrada gratuita | Avenida Rio Branco, Ana Rech

Guia de Esportes

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por MaRCELO [email protected]

hovia. A tarde arrastada de tédio atro-pelava a ansiedade das pessoas. Fosse um circo, a platéia ia rir de dobrar os joelhos assistindo aos guarda-chuvas zanzando ao vento. Se o cenário fos-se um estádio de futebol, os jogadores precisariam de máscaras de mergulho para enxergar a bola. Mesmo assim, tamanho estrondo e agitação lá na rua, nada causaria mais barulho do que a sentença de Jorge Roth, 53 anos. “A es-sência do futebol acabou.”

Roth é devoto do futebol. Acredi-ta em Deus, mas não volta para casa sem antes reverenciar a bola. Roth já viu de tudo. Craque driblar meio time, artilheiro fazer golaço, clubes da cida-de caírem da Série A para a C e perna de pau acertar o olho do adversário. Se fosse apenas um apaixonado pelo futebol, relataria essas cenas sem tan-tos detalhes, desculpando-se por não saber sequer o nome dos heróis – ou algozes. Mas Roth é mais do que um apaixonado pelo futebol.

Roth não tem diploma de historia-dor. Não trabalha cercado por teoria nenhuma. Apenas observa. Simples-mente segue o faro da sua curiosidade. Fosse ele doutor em História talvez ti-vesse abandonado a bola. Preferiu tro-car um diploma pela arqueologia em-pírica. Se alguém duvida, Roth mostra que é possível escavar em um estádio de futebol e encontrar relíquias valio-sas. Mas para entender o valor de uma fotografia do Flamengo, clube tragado pelo tempo e pelas dívidas, e mais tar-de metamorfoseado em S.E.R. Caxias, é preciso entender da filosofia da bola.

Assim que sentenciou “A essên-cia do futebol acabou”, Roth silenciou. Pediu licença para encontrar uma folha em branco na pasta de couro abarrotada de papéis, tirou ainda uma caneta, e prosseguiu: “Me desculpa, mas é que eu preciso rabiscar alguma coisa enquanto eu falo, senão é difícil encontrar as ideias”. Riscou a folha e provocou: “Em 1800 e poucos, quando foi criado o futebol, ninguém falava em ponto eletrônico. Mas com o pas-sar do tempo a tendência é mudar...”. Levantou o olhar que fitava o risque-e-rabisque e disse, de peito estufado, como se estivesse debatendo com al-gum filósofo existencialista: “A que ponto a evolução da vida interfere no esporte...”.

Roth fala da vida atribulada de hoje e do ritmo alucinado dos jogadores em campo. Relaciona a cadência de outros tempos, em que a bola deslizava mais lenta pelo gramado e os jogadores pa-reciam passear em campo, assim como

os pedestres que circulavam pelas ruas da cidade sem qualquer atropelo. “Sin-to falta da inocência do futebol. O fu-tebol era mais agradável de se ver.” Seu ídolo era o Bebeto. Não aquele atacan-te parceiro do Romário na Copa dos Estados Unidos. O Bebeto do Caxias.

O Bebeto citado por Roth era dono de um chute forte, em geral indefensá-vel. “O único ídolo que eu tive foi o Be-beto. Nem da Seleção Brasileira eu tive ídolos.” “Nem o Pelé?”, questiona o repórter. “Nem o Pelé, porque ele joga-va no Santos, não no Caxias.” Esse é o exemplo da inocência perdida da qual Roth sente falta. “Em 1999, a Rádio Caxias reuniu o Washington e o Be-beto, os grandes artilheiros do Caxias. Eu fiquei o tempo todo insistindo pra falar com eles. Ligava pra rádio e só dava ocupado. Aí no no finalzinho do programa consegui.” Sorri como uma criança que ganha do pai um afago fraterno, e prossegue: “Eu pedi descul-pas ao Washington, no ar, e disse que o meu ídolo de verdade era o Bebeto”.

Nelson Rodrigues já apontava como evolução do esporte – e, por que não, fim de certa inocência no futebol – o profissionalismo do bandeirinha. Hoje em dia o bandeirinha virou au-xiliar, e ao invés de buscar a bola na lateral e entregá-la prontamente ao jogador, como um gandula, ele aper-ta um botãozinho no mastro da sua bandeirola e avisa ao árbitro qualquer irregularidade cometida em campo. Roth também já foi gandula. Entre 1971 e 1972, estudou no Senai. “Eu era da turma do professor Joel Bastos de Souza. E lá no Senai, os alunos mais comportados podiam ser gandulas naquela transição do Flamengo para a Associação Caxias de Futebol (ACF). Mas tinha uma coisa engraçada. A gente usava uma roupa bem puída que o Senai nos dava. E ficava aquela gu-rizada correndo pra lá e pra cá de ca-miseta rasgada devolvendo a bola aos jogadores.”

Roth, que passa os dias e noites co-lhendo a história de Flamengo, S.E.R. Caxias e ACF, espalhada em fragmen-tos pela cidade, também já demarcou seu nome na história. Ele não foi o protagonista, mas um exímio figu-rante. Sem ele, a partida não teria a re-posição de bola tão ágil. Infelizmente, da sua posição, não poderia mudar o resultado. Não poderia converter ou defender uma penalidade. Mas da sua posição viu o jogo como poucos.

Trata-se de uma partida ocorrida em 20 de fevereiro de 1972. No estádio Baixada Rubra, do Flamengo, onde hoje é o Francisco Stedile, Roth foi o gandula da disputa entre ACF e Grê-mio. O jogo acirrado, realizado sob o

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Memórias da bola

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O ARQUEÓLOGODO fUTEBOLEx-papo, Roth se dedica a resgatar e registrar a história de Flamengo, ACF e Caxias

Roth guarda em casa pastas com documentos, súmulas, fotos e camisas antigas

28 05 a 11 de dezembro de 2009 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

sol forte, infelizmente não saiu do 0 x 0. Mesmo assim, ficaria marcado para sempre na história por ter sido o pri-meiro jogo transmitido a cores. Um dia antes, na abertura da Festa da Uva, ocorreu a transmissão do desfile da Festa da Uva, também a cores.

Estranhamente, esse desejo tresloucado pela bola não o conduziu aos gramados. Roth só jogou futebol na saudosa várzea. E, quem diria, ba-tia sua bolinha em Copacabana, na época em que morou na cidade ma-ravilhosa, entre 1981 e 1997. Aliás, em Copacabana ele só disputava as peladas vestindo uma camisa grená que lhe foi dada pelo jogador Zé Ro-berto Barbosa. O atleta, que era reser-va de Jurandir, ponteiro esquerdo do Caxias, ficou apenas a temporada de 1976 no clube. “Era engraçado por-que o pessoal vinha me perguntar que time era esse, porque no Rio de Janei-ro não conheciam o Caxias.”

A paixão por futebol é herança do pai. Gremista de coração, Attilio Roth só levava os filhos ao campo quando o tricolor vinha para Caxias. “Moro ainda na casa que era do meu pai, per-to da rodoviária. E quem vivia nessa região acabava tocendo pro Juventude. Mas o meu pai sempre dizia que o Ju-ventude e o Caxias nunca ganhariam nada. Pra ele, o Grêmio e o Inter nun-ca seriam superados pelos times pe-quenos do Interior. Ele só não previa que o Caxias acabaria ganhando um título gaúcho em cima do Grêmio, e o Juventude, em cima do Inter”, diverte-se.

Das poucas fotos da família em porta-retratos, há uma do pai, vestin-do a camisa do Juventude. Parece que a força das equipes da cidade, mesmo que repleta de altos e baixos, acabou sensibilizando o velho Roth. “Mas ele não era de ir muito ao estádio, não”, desconversa Roth filho. Mesmo assim, as cores do alviverde – sim, do alviver-de – estão vívidas nas paredes da casa.

Roth sempre teve uma quedinha pe-los times menores. Isso ele reconhece ao revelar por que acabou deixando de lado o Grêmio e começou a torcer pelo Juventude.

“É muito fácil torcer para os gran-des. Eu sempre fui meio cigano, tor-ci para vários times. Quando eu era

criança meu pai torcia para o Grêmio. Mas logo eu quis torcer para o Juven-tude, porque morávamos lá perto. Quando fui morar no Rio de Janeiro, não torci para o Flamengo, fui torcer para o Bangu. Mas aí, quando tra-balhei na Rádio Tupi, um apresenta-dor conhecido como O Garimpeiro da Notícia, me deu uma camisa do América. Mas naquela época o América não ganhava de ninguém, nem do Madureira”, reconhece.

Como se confi-denciasse o amor aprisionado, Roth diz ser acometido por um arrebatador encanto sempre que se depara com clubes de menor expressão. “Sou um apaixonado pelos ti-mes pequenos.” Mas e por que raios Roth aca-bou trocando a paixão alviverde pela grená? Para entender é preciso voltar um pouco no tempo. Quando os dois clubes de Caxias, Flamengo e Juventu-de, resolveram unir suas forças e dife-renças em nome da criação da Asso-ciação Caxias de Futebol, Roth acabou virando um ferrenho torcedor dessa equipe alvinegra da ACF. O uniforme lembrava o do glorioso Santos.

Em 1975, a associação entre os rivais Juventude e Flamengo acaba. Cada um pega suas coisas e volta para sua casa. Roth revela que ao Flamengo coube a maior parte da dívida, tanto que foi preferível mudar de nome a bancar a recuperação financeira da antiga agremiação. Passado o furacão da ACF, Roth decidiu continuar como torcedor da saudosa Baixada Rubra, ou seja, preferia trocar mais uma vez de camisa ao invés de voltar a usar o antigo pano verde e branco. Preferiu a camisa grená.

Desde então, da criação da S.E.R Caxias, em 1975, mesmo que flertan-do com outros times de outros esta-dos brasileiros, Roth mantém-se fiel. É torcedor do Caxias e ponto. Mais do que isso, acabou construindo uma carreira de historiador extra-oficial do clube grená. Como prova do seu amor, já recuperou todas, absoluta-mente todas as súmulas das partidas

disputadas pelo Flamengo. Seu acervo é um trabalho arqueológico que con-tou com a colaboração de dezenas e dezenas de torcedores do Flamengo, da ACF e do Caxias. Aliás, colabora-ção que segue.

Seguindo a linha dos avanços tec-nológicos, Roth grava em vídeo as partidas do Caxias. Quando consegue

conciliar sua agen-da, acompanha ainda as categorias de base. Roth revela que já teve mãe de jogador ligando com urgência e certo desespero para conse-guir imagens do filho, porque hoje se vive a era da compra de atle-ta pelo DVD. Parece que o currículo, perde espaço a cada dia para o DVD dos melho-res lances. Ou alguém compraria um jogador

quando visse a rosca ou bicicleta fu-rada que deitou de gargalhadas o es-tádio?

Depois de horas de conversa, divididas em duas tardes de dilúvio; depois de revelar-se um devoto do futebol, Roth diz não enxergar em si nenhum traço de fanatismo. E ar-gumenta: “Não sou fanático, sou um observador. Procuro saber tudo sobre o clube, como tamanho do estádio, ca-pacidade, as cores, data de fundação, mascote. Faço isso em todas as cidades por onde passo. Conhecendo a vida do clube da cidade, acabo conhecendo mais sobre a cidade onde o clube está. Tem uns quantos que estão na arqui-bancada, dizem que vão torcer pelo clube, mas não sabem os nomes dos jogadores! E se bobear não sabem nem o placar da partida, porque foram pro estádio pra comer cachorro-quente. Mesmo assim, quem é fanático é o tor-cedor. Eu não”.

Roth é mais do que um observa-dor. Não cabe aqui parecer médico, nem psiquiátrico, mas Roth vai além da função de um observador. Porque além de conviver nesse ambiente, Roth colhe as informações e as guar-da. Mantém elas todas em casa. Roth esconde com certo ar de mistério as relíquias. Só as revela se estritamente

necessário, e depois de certa insistên-cia. Tanto que foi apenas no final do segundo encontro que buscou no se-gundo andar da casa – sem permitir que repórter e fotógrafo entrassem no recinto – pastas com fotos e uma saco-la enorme repleta de camisas.

A cada peça revelada, uma história. Sem conter a euforia ou a emoção por saber dos bastidores de cada momen-to, Roth diz ter material para publicar cinco livros. Na ordem: “O primeiro, sobre o Flamengo; o segundo, da As-sociação; o terceiro, do Caxias; o quar-to, sobre os campeonatos das séries A, B, C e D; e um quinto, sobre o Cam-peonato Gaúcho. Mas esse último os pesquisadores Marco Damian e Cesar Freitas vão lançar antes de mim”.

Em meio às muitas lembranças, Roth traz à tona o glorioso Campeo-nato Brasileiro de 1976. Naquele ano 45 clubes disputavam o título, que acabou ficando com o Internacional, e o Caxias ficou em 10°. Roth quase vem às lágrimas ao citar a partida histórica entre o Caxias de Felipão e o Inter de Figueroa. “O Caxias ganhou de 2 a 1. E foi um dos únicos a vencer o Inter naquele ano. O primeiro gol do Caxias foi do Osmar, que chutou uma falta no ângulo. Aí o Inter empatou. Quem de-sempatou foi o Bebeto. O Caxias rou-ba a bola na defesa, em poucos toques a bola é cruzada, atravessa a área do Inter e chega ao peito de Bebeto, que domina e chuta forte, um canhão no ‘fundo dos cordéis’, como diziam os antigos”.

Esse relato resume como Roth en-cara a vida e o futebol. A graça da vida está na vitória do menor sobre o maior. Na vitória do Caxias em cima do imbatível Internacional de 1976. Na vitória sobre o desconcertante Grêmio de 2000, com Ronaldinho Gaúcho. Assim como Davi, que foi ungido por Samuel para derrotar Go-lias, Roth acredita que ainda vai revi-ver no Caxias momentos de glória. E que assim seja, porque a caminhada não promete ser fácil. Davi não temeu, porque estava ciente do seu desafio. Roth espera silenciosamente que os jogadores do Caxias também estejam cientes do desafio que os une. E que duelem como Davi, Bebeto, Felipão e companhia.

“A esssênciado futebol acabou”, dispara Roth,saudoso dainocência que envolvia o esporte

Uniformes raros dos times caxienses são guardados como relíquias pelo colecionador. Quando morava no Rio, Roth jogava bola com a camisa grená em Copacabana

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Empate é vitória: presidente Sérgio Florian tentará zerar a dívida até 31 de dezembro, quando deixa o cargo

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por FaBiaNO [email protected]

uventude, um passado de glórias.” O primeiro verso da segunda estrofe do hino oficial do clube esmeraldino está sendo colocado em prática, literal-mente. As conquistas da Série B, em 1994; do Gauchão, em 1998; e da Copa do Brasil, em 1999, ficaram para trás. Desde o segundo semestre de 2007, quando foi rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro, o Juventude não conseguiu reunir forças e voltar à elite do futebol nacional. Este ano, após ser eliminado no Gauchão pelo rival Caxias, teve um início tímido na 2ª Divisão, reagiu, mas voltou a sucumbir. Resultado: após 38 rodadas e 18 derrotas – a última delas para o Guarani, em Campinas (SP), por 2 a 1, em 28 de novembro –, o clube foi re-baixado para a Série C.

A única meta que restou ao atual presidente, Sérgio Florian, é entregar o cargo, em 31 de dezembro, com o cai-xa zerado. Em termos financeiros, esse empate seria uma grande vitória para o Juventude. Florian não revela o valor atual da dívida, mas sabe-se que não

é pequena. Nos bastidores do Estádio Alfredo Jaconi, fala-se de R$ 6 milhões a R$ 13 milhões – o mais provável é que gire em torno de R$ 10 milhões.

Mas como essa derrocada aconte-ceu? Para Florian, foi uma sucessão de erros. “Uma série de coisas poderiam ter dado certo, mas hoje estamos aqui. Precisamos tirar energia de algum lu-gar para reagir”, resumiu, após a der-rota para o Atlético-GO por 3 a 1 den-tro do Jaconi, em 21 de novembro, na penúltima rodada da Série B. O resul-tado obrigava o Ju a vencer o Guarani em Campinas e, ainda, depender de placares paralelos. Antes disso, o time havia vencido a Portuguesa em casa por 1 a 0 e empatado no ABC Paulista sem gols com o São Caetano. O clima entre os jogadores era de confiança e descontração, inclusive durante os fa-migerados rachões – pelada geralmen-te disputada um dia antes de um jogo oficial, quando o goleiro vai para a li-nha e outro jogador ocupa a posição, entre outras trocas de posições.

Os discursos eram de compro-metimento. “O Juventude é um time de Série A. Estamos trabalhando tam-

bém a parte emocional. O momento é de Série B, mas vai passar. Tenho fé na competência”, disse o técnico Ivo Wortmann dois dias antes do jogo contra o Atlético-GO. “O ano inteiro estará sendo jogado nessa partida”, ressaltou o volante Walker. “Esse jogo tem um valor incalculável. Temos de minimizar riscos. Gosto do Juventude e não quero que ele regrida”, afirmou o baixinho Lauro. Justamente a com-petência citada por Wortmann sobrou para o time goiano, que fez três gols e garantiu o acesso à Série A em 2010. “Nada deu certo. Fomos punidos com essa vergonha que fizemos hoje”, la-mentou o atacante Marcos Denner após a partida.

A partir daí, o clima definitivamen-te mudou no Jaconi. A esperança de conseguir uma vitória em Campinas existia. Mas a fisionomia apreensiva era vista no rosto da maioria das pes-soas que frequentam o clube diaria-mente, como nos juniores que retorna-vam dos treinos; no massagista Edson de Camargo, o Massa; e no gerente de futebol Fernando Rech (ex-atacante). O auxiliar técnico do treinador, Mar-celo Mabília (ex-meia das conquis-

tas do Gauchão e da Copa do Brasil), pregou que o momento era de poucas palavras e muito trabalho. “O clube já teve conquistas inesquecíveis, mas é preciso decidir nosso rumo.”

A última partida no campeonato, em São Paulo, foi dramática. Os joga-dores atrasaram 15 minutos a entra-da no gramado do Estádio Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas. O Guarani, já classificado para a Série A e então em terceiro lugar, aprovei-tou os erros do Ju, marcou um gol em cada tempo e garantiu o vice-campe-onato ao vencer por 2 a 1 (o zagueiro Douglas descontou para os papos). Ao término do jogo, no final da tarde do dia 28 de novembro, enquanto fogos de artifício dos rivais comemoravam o rebaixamento em Caxias do Sul, parte dos atletas deixava o campo em lágri-mas. Em silêncio, todos foram para o vestiário. O único a conceder entre-vista, rapidamente, foi o volante Le-anderson. “É triste. Não fomos rebai-xados neste jogo. Nossa queda ocorreu ao longo da competição”, constatou. Mais tarde, o técnico tentou explicar o tombo. “Todos são responsáveis e têm sua parcela de culpa”, disse Wort-

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Angústias alviverdes

Depois do tombo, o Ju começa a fazer as contas de quanto irá custar sua excursão ao abismo da Série C

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Na 3ª Divisão,o Ju não terá odinheiro da TV e o custeio de passagens e estadias pela CBF

A venda de Zezinho deve ser a primeira medida para aliviar as milionáriasdívidas do clube

mann. “Não fomos competentes. Não tivemos sangue nas veias”, emendou, chorando, o presidente Florian.

Dois dias após o rebaixamen-to à Série C, Florian tentou explicar o momento difícil que o seu time do coração está vivendo. “A sensação é de perda, mas o Juventude não morreu. Sei que o torcedor está com um senti-mento enorme de frus-tração, mas o clube não pode ser penalizado ou abandonado pelos tor-cedores. A torcida é o combustível”, apelou o presidente, com a ca-beça erguida e uma ex-pressão triste no rosto.

Atento às pergun-tas dos jornalistas que ocuparam a sala de entrevistas no final da tarde de segunda-feira, no Jaconi, Florian citou o exemplo do Guara-ni, que rebaixou o Ju: “O time foi re-baixado no Campeonato Paulista, no primeiro semestre, e agora reverteu o quadro”. Para que o mesmo ocorra com os papos, opina ele, será preciso reformular o planejamento estratégi-co montado até 2014 e atualizar pra-zos. “É preciso fazer uma profunda reflexão de erros e equívocos. Além disso, pretendo deixar o caixa do clu-be zerado ou perto disso. Temos um mês para tentar equilibrar as contas. Nosso principal objetivo é aproveitar a janela de negociações que se abre até o final do ano para transferir jogado-res”, explicou.

Sobre a dívida, o presidente garan-te que serão vendidos jogadores para saldá-la. A primeira e mais provável venda é a o meia Zezinho, 17 anos, revelado nas categorias de base. Uma terceira negociação neste ano com a equipe inglesa do Arsenal está em andamento, intermediada pelo em-presário do atleta, Augusto Nogueira. Jornais ingleses já noticiaram que o valor da transação seria de 5 milhões de euros (R$ 12,8 milhões). “Temos outras opções. As negociações não são de agora; foram encaminhadas há mais de dois meses. Sem dúvida que nosso orçamento extrapolou este ano, mas temos condições de entregar as contas em condições aceitáveis”, asse-

gurou Florian.Criticado por alguns ex-pre-

sidentes e conselheiros esmeraldi-nos por ter se afastado do Conselho Consultivo (formado por 19 ex-pre-sidentes), Florian concorda que será preciso muito critério para avaliar que atletas permanecerão para o iní-cio da próxima temporada. “Aqueles que mostraram comprometimento

serão preservados. Montar uma equipe competitiva, adequada à realidade financeira, será um dos desafios”, indica o presidente ao seu sucessor. A queda vertiginosa à Série C também foi ocasio-nada pela troca cons-tante de treinadores, um erro elencado por Florian como decisivo. Nos dois anos à frente do clube ocorreram sete trocas de técnicos

do time profissional – Edson Gaúcho, Zetti, Ivo Wortmann (duas vezes), PC Gusmão, Gilmar Iser e Zé Teodoro.

Citando o planejamento estratégico do clube, Florian diz que o Juventude tem uma política definida que priori-za a formação de jogadores e a profis-sionalização na administração. “Esses são os pilares”, sintetiza, lembrando que seu principal arrependimento como presidente foi o de talvez não ter sido mais enérgico em algumas situações. O Ju, por meio do progra-ma Novos Talentos, criou núcleos de formação nos bairros de Caxias do Sul, oportunizando a 500 crianças a chance de, algum dia, jogar no time principal ou em outra equipe do país ou do Exterior. Outro projeto, a Escola de Futebol alviverde, reúne mais 400 crianças e adolescentes. Nela surgiu Zezinho, que em 2004 iniciou na cate-goria Pré-Mirim.

A ausência de Zezinho no time é apenas um dos problemas que aguar-dam o novo presidente do clube, que deve ser definido até o dia 17. No en-contro do Conselho Deliberativo rea-lizado na noite de quinta-feira, no Sa-lão Nobre Walter Dal Zotto, no Jaconi, o coordenador do Conselho Consulti-vo, Alfredo Sehbe, salientou que todos devem dar o melhor de si para ajudar

o clube. “Este é o momento de olhar-mos para o futuro. Devemos olhar pelo parabrisa, e não pelo retrovisor.” A proposta apresentada por Sehbe na reunião – de formação de uma chapa de consenso que pode ser encabeçada por um ex-presidente – foi aprovada pelos conselheiros. O prazo definido para a apresentação da nova direção é 15 de dezembro e, dois dias depois, a nominata será apreciada pelo Conse-lho Deliberativo. No mesmo encontro, os ex-presidentes solicitaram à atual direção, o mais breve possível, a apre-sentação de números sobre a dívida, recisão de contratos de atletas e quan-tidade de funcionários do clube. “Esse levantamento está pronto. Até segun-da-feira entregaremos as informações ao Conselho Consultivo”, prometeu Francisco Rech, presidente do Conse-lho Deliberativo.

Nesse contexto, como a nova dire-ção irá se preparar para disputar a 3ª Divisão em 2010? Mesmo que o cai-xa seja entregue zerado (ou próximo disso), como projeta Sérgio Florian, a realidade financeira da próxima tem-porada será diferente. Em 2007, o ano do rebaixamento para a Série B, a sede campestre (que agregava o Centro de Treinamento) foi vendida para a Abya-ra Incorporadora, de São Paulo, por aproximadamente R$ 50 milhões. O então presidente Igua-temy Ferreira Filho teria quitado dívidas e comprou uma nova área, de 50 hectares, onde está sendo im-plantado o Centro de Formação de Atletas e Cidadãos (CFAC). Florian iniciou seu primeiro mandato, em 2008, “empatado”.

Para administrar um clube de futebol, atualmente, as princi-pais fontes de receita são bilheteria, marketing/patrocínios, licenciamento da marca, associados e, a mais importante, direitos de televi-são. Essa verba tem sido a principal no caixa dos maiores times brasileiros. Até 2007, as cotas de TV, a estadia e as passagens aéreas pagas pela Con-federação Brasileira de Futebol (CBF) ajudavam – e muito – os cofres alvi-verdes. Na Série B, não foi diferente.

Apesar de o valor da transmissão dos jogos ter diminuído mais da metade, a CBF mantinha o custeio do transporte e da estadia da delegação nas partidas fora do Jaconi.

Entretanto, a partir de julho do próximo ano, quando se inicia a disputa da Série C, será bem diferente: os clubes (como acontece com Caxias e Brasil-Pe) é que arcam com as despe-sas até então bancadas pela CBF. Sem falar que não existe cota de TV. Em 2007, último ano do Ju na Série A, a União dos Grandes Clubes do Futebol Brasileiro (Clube dos 13) destinou R$ 300 milhões para a transmissão de jo-gos. O C13 divide a grana por grupos de associados e de não-associados. O Ju recebeu, naquele ano, o mesmo va-lor que Paraná e Figueirense: R$ 4,74 milhões. Pelas regras da entidade or-ganizadora, o associado que cai da Sé-rie A recebe 50% do valor de seu gru-po no primeiro ano, 30% no segundo ano, 25% no terceiro e, daí em dian-te, 20%. A regra também seria válida para não-integrantes do C13. Dessa forma, em 2008, o Juventude teria re-cebido R$ 2,37 milhões e, em 2009, R$ 1,42 milhão. O clube não confirma os valores. Em contrapartida, em 2007, Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Vasco receberam do C13

R$ 21 milhões cada; a dupla Gre-Nal, R$ 15 milhões cada.

O Juventude conta atualmente com 7.989 sócios. Para este ano, a meta era passar dos 10 mil e retornar ao grupo de elite do fute-bol. O plano caiu por terra com o fraco de-sempenho do grupo de jogadores dentro das quatro linhas e, talvez, pela falta de planeja-mento fora delas. Com

um aproveitamento de 38,6%, a his-tória do alviverde caxiense na Série B terminou às 19h11min do dia 28 de novembro de 2009. Caberá ao novo presidente mobilizar a nação juventu-dista para evitar um novo tropeço até o final do próximo ano, afinal, a Série D está aí. Caso contrário, as glórias continuarão no passado. Como diz o hino.

Ao contrário do transporte coleti-vo urbano, cuja prorrogação à Visa-te é líquida e certa, outra concessão de serviço público em tramitação na Câmara terá processo licitatório.

É a que permite a prestação de serviços funerários e crematórios no município. O projeto de lei comple-mentar passou por diversas comis-sões internas, sempre com parecer favorável. Encontra-se no momento na Comissão de Direitos Humanos.

Há uma preocupação em relação ao processo: o serviço atualmente é explorado por duas empresas com-petentes. Ambas fizeram visíveis investimentos para aperfeiçoar o trabalho oferecido à população. A licitação poderá significar a entrada de empresas de fora.

Na exposição de motivos do projeto de lei sobre a concessão dos serviços funerários encaminhada ao Legislativo, o prefeito José Ivo Sartori (PMDB) faz um apelo aos vereadores:

“Tendo em vista que as atuais concessões findam no próximo mês de outubro e os atos preparatórios para o lançamento do Processo Li-citatório exigem o cumprimento de prazos legais para sua efetivação, fi-camos na expectativa da deliberação da matéria com a maior brevidade possível, para que o Poder Execu-tivo possa proceder nas medidas possíveis”.

Detalhe: o projeto foi encaminha-do à Câmara em 21 de setembro último.

Renato [email protected] | www.ocaxiense.com.br/renato-henrichs

Não estamos aqui para defender a empresa, mas para defender um serviço de qualidade“ ”Prefeito José Ivo Sartori (PMDB), ao anunciar a proposta de prorrogação, por mais 10 anos, da concessão do transporte

coletivo à Visate

Secretário Municipal de Trânsito,Transportes e Mobilidade

perguntas paraVinicius Ribeiro

O campeão e o lanterninha na apre-sentação de projetos este ano na Câmara de Vereadores são dois novatos.

O evangélico Renato Nunes (PRB) aparece em primeiro lugar, com 27 pro-postas protocoladas. O também novato Daniel Guerra (PSDB) está em último lugar, com apenas dois projetos.

Depois de Nunes, os mais profícu-os parlamentares são Mauro Pereira (PMDB), com 21 projetos apresentados, seguido por Denise Pessoa (PT) e Moi-sés Paese (PDT), ambos com 18.

O presidente da CIC, Milton Corlatti, se antecipou aos proble-mas enfrentados agora pelo Con-selho Diretor da Fundação Univer-sidade de Caxias do Sul. Trocou há meses Júlio Duso por Fúlvia Gazola na suplência da entidade empre-sarial no conselho. O gerente do Shopping Iguatemi é professor no curso de Administração da UCS.

Lei assinada no último dia 27, pelo presidente Lula, impede que qualquer pessoa vinculada a fundações possa participar de seus conselhos. A medida está sendo avaliada pelo setor jurídico da universidade.

O reitor Isidoro Zorzi garante que a lei em questão já nasceu ultrapassada.

Decisão do juiz Carlos Frederico Finger, da 3ª Vara Cível, garantiu a permanência da atual diretoria da Unimed Nordeste-RS à frente da cooperativa médica.

Assembléia convocada pelo Conselho Fiscal, no dia 10 de novembro, chegou a destituir a atual diretoria. Dos 213 cooperados participantes, 163 votaram pela saída da equipe diretiva do pre-sidente Antônio Quevedo. Mas a Justiça decidiu que a votação é nula porque essa pauta não constava do edital de convocação.

O cooperado André Leite, presi-dente do Conselho Fiscal, que dis-corda dos procedimentos adminis-trativos do comando da Unimed, briga na Justiça e vai convocar nova assembleia.

Chamam a atenção os dois projetos do tucano Daniel Guerra, hoje um adversário do governo Sartori.

O primeiro propõe alteração no Códi-go de Posturas do município. Quer que todo escapamento – cano de descarga – dos ônibus do transporte coletivo ur-bano seja colocado na posição vertical, na parte traseira do ônibus.

O outro projeto de Guerra vai mais longe: propõe a inclusão no site da Câmara de um link para acesso ao en-dereço eletrônico da Copa de 2014.

Em nome da sempre lembrada unida-de partidária, os candidatos à presi-dência superaram as acusações mútuas de compra de votos na eleição para o diretório municipal do PT e vão estar juntos no comando partidário.

Guiovane Maria renunciou à disputa, o que possibilitou a consequente eleição do Alfredo Tatto como presidente. Ape-sar do pedido anterior de impugnação da candidatura e da chapa de Guiovane, ele ficará como vice.

Mesmo diante desse acerto, está claro que os métodos utilizados por Guiovane Maria na disputa pelo diretório do PT provocaram um desequilíbrio partidário – que deverá ser superado aos poucos, com muito trabalho conjunto, dizem aqueles que acompanham de perto os meandros petistas.

Esse desequilíbrio leva a uma política conjunta das tendências internas Men-sagem com a Unidade na Luta, a fim de livrar o PT de uma liderança não tão condizente com a que o partido precisa para enfrentar a eleição de 2010.

Realizar um bom trabalho à frente de uma empresa pública tida como inviável pode render votos?

O senador Sérgio Zambiasi (PTB) aposta que sim. Por isso, articula a candidatura do diretor-presidente da Codeca, Adiló Didomenico, a uma vaga na Assembleia.

Adiló saneou a Codeca, responsável hoje por um trabalho reconhecido na limpeza das ruas e recolhimento do lixo.

A dificuldade será o PTB encontrar um candidato local à altura de Adiló para disputar a Câmara Federal.

Em movimento Sem vínculos

Na Justiça

É isso

União de forças

Em conjunto

Prazo vencido

Pré-candidato

O sr. entende que a comunidade dis-cutiu o suficiente o processo de con-cessão do transporte coletivo?Sim. Foram criadas as oportunidades necessárias para viabilizar a discussão. Infelizmente, não houve o interesse de-vido, por parte de quem é ou representa os usuários. Tenho recebido a análise de pessoas que dizem que o processo não foi demo-crático ou transparente, porém todas as formas de participação da comuni-dade tiveram divulgação na imprensa, seja por edital ou por releases. Noto que muitos dos que criticam não são usuários e não participaram de nenhu-ma discussão. Logo, trabalham com especulações ao invés de trabalharem com argumentos. Agora, o assunto não está esgotado. A Câmara de Vereado-res, que é plural e representativa da po-pulação, deve estabelecer novas etapas de debate e propor as adequações que entender necessárias.

Há uma sensação de que muitos dos problemas existentes no transporte coletivo (e no próprio trânsito da ci-dade) são decorrentes muito mais de deficiências da Secretaria do que da Visate. Como o sr. vê isso?Caxias chegou a um momento de in-versão do modelo de transporte co-letivo. A mudança deve ser radical e

necessita investimentos públicos ele-vados e conscientização por parte dos usuários. A mudança radical do mo-delo se justifica porque no atual, que é

centralizado, há um retrabalho muito excessivo, sobreposições de linhas, congestionamentos, atrasos, excesso de gratuidades e gerenciamento sem controle to-tal da frota. Diante disso, vamos descentralizar o transporte. To-das as obras que a administração comunitária faz visam à priori-zação do transporte coletivo e a essa descentralização: viaduto do

acesso Oeste, binário da Rio Branco e Moreira César, Fátima Baixo, duplica-ção dos trechos da perimetrais, abertu-ra da Visconde, entre outros.

Que repercussão a prorrogação do contrato da Visate terá na eleição do ano que vem?Enquanto homem público responsável, a decisão deve ter como foco o que é melhor para a cidade e não o proces-so eleitoral, seja qual for. A lealdade e a fidelidade são dois principios que não se compram no comércio. Sou leal e fiel a um governo do qual faço parte e que tomou uma decisão de forma conjunta através das discussões e não de especu-lações. A candidatura é a consequência de um trabalho pessoal e partidário. Essa discussão está sendo feita pelo PDT de forma séria e no foro adequa-do, ou seja, dentro do partido.

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r 3105 a 11 de dezembro de 2009 O Caxiense

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