Edição 294 • Ano XXII • Outubro de 2013 • Viçosa ... · retorne ao produtor em forma de...

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Edição 294 Ano XXII Outubro de 2013 Viçosa-MG Dicas do Veterinário: Como emprenhar vacas leiteiras no verão? Controle estratégico de ectoparasitas Momento do Produtor: Antônio Carlos Reis - Fazenda Santa Edwiges Qualidade do leite: Como reduzir CBT Eficiência do uso da mão de obra p. 2 p. 2 p. 3 p. 4 p. 4 A nutrição é um dos principais fatores- determinantes para o nível de produção de leite, que é a principal fonte de renda de uma fazenda leiteira, como também in- fluencia os custos e está relacionada à ferti- lidade e saúde dos animais, determinando gastos com reprodução e sanidade do reba- nho. A maior parte da receita obtida numa fazenda leiteira é gasta com alimentação do rebanho, portanto, é importante que esse dinheiro seja bem empregado para que retorne ao produtor em forma de melhor desempenho dos animais. Além da qualidade da dieta fornecida aos animais, o manejo nutricional é de extrema importância. A divisão correta dos lotes tem o objetivo de otimizar a nutrição e atender as necessidades específicas de cada lote; o fácil acesso dos animais ao cocho e bebe- douro; tamanho de partícula do alimento; homogeneidade da mistura concentrado e volumoso; conforto térmico para animais; limpeza e qualidade das camas, são fatores que influenciam diretamente na produção e eficiência da nutrição. A fazenda Grama de propriedade do Sr. Davi Carvalho, localizada em Senador Fir- mino – MG, há alguns meses vem adotan- do um novo manejo nutricional que acar- retou em aumento na produção de leite. A ração foi modificada com a inclusão de fontes de fibra efetiva, alterações na concen- tração dos ingredientes e a cada mês é feito um novo arraçoamento. Foi feita a divisão dos lotes de acordo com dias em lactação, produção de leite, número de crias e escore de condição corporal. Antes, essa divisão era feita pela produção de leite. A disponi- bilidade do vagão forrageiro proporciona melhor mistura da dieta tornando-a mais homogênea e balanceada, melhorando o aproveitamento de todos componentes da ração. Foi construído um novo free stall, com instalações mais modernas e melhor am- biência, além de melhorar a divisão e di- minuir o tamanho dos lotes do antigo free stall. Foi possível a formação de um lote de primíparas, o que aumentou a produção das mesmas, visto que possuem exigências diferentes de vacas multíparas. A atenção ao escore de cocho melhorou, buscando haver em torno de, no mínimo, 5% de so- bras no cocho. Após essas mudanças, a pro- dutividade por vaca em lactação que era de 23,9 litros em 14/05/2013, passou para 28.6 litros em 11/09/2013 sendo que a média de lactação desses animais no período foi de 193 dias. No quadro abaixo, segue a análise econômica da dieta atual da propriedade: O acompanhamento nutricional do reba- nho é essencial para melhorias na produção de leite, nos aspectos reprodutivos, escore e sanidade do rebanho, buscando sempre uma produção de leite de forma eficiente e rentável. Meiosi para produção de cana-de-açúcar Importância do acompanhamento nutricional A cana-de-açúcar é uma excelente opção para suplementação volumosa do rebanho no período seco e por isso tem sido muito utilizada na atividade leiteira. A reforma dos canaviais da região tem sido feita, em mé- dia, a cada 5 anos e tem representado um gasto considerável no custo de produção de leite. Visando a redução dos gastos com a reforma e implantação de canaviais surge o sistema MEIOSI (Método Inter Rotacional Ocorrendo Simultaneamente). Este sistema vem se destacando pela im- plantação do canavial em rotação simul- tânea com adubo verde ou leguminosa comercial como a soja e o amendoim, eco- nomizando com adubações nitrogenadas e mudas, além de proporcionar melhor logís- tica de plantio. O método consiste em um primeiro momento (setembro/outubro) no plantio da cana de ano na proporção 2:8 (plantio de duas linhas e espaço sem cana equivalente a oito linhas) e plantio da espé- cie leguminosa escolhida no espaço ainda não ocupado pela cana. A cana plantada em primeiro momento servirá de muda para plantio do restante da área no fim do período das águas (fevereiro/março). Já a leguminosa é incorporado ao solo para as- sim fornecer para a cana os nutrientes que extraiu do solo. O PDPL/PCEPL, juntamente com o Prof. Márcio Barbosa do Departamento de Fito- tecnia da UFV, vem estudando os benefícios que o método pode trazer aos produtores na área do Campo Experimental do Aeropor- to, em uma área de topografia acidentada e solo degradado.A leguminosa escolhida para conduzir o estudo pelo segundo ano consecutivo foi a Crotalaria juncea, uma Figura 1 – Esquema de implantação da MEIOSI Novo free stall Walter Coelho da Rocha Neto Estudante de Agronomia Isabela Veloso Estudante de Medicina Veterinária aynan Araújo Estudante de Zootecnia Walter Coelho da Rocha Neto Estudante de Agronomia leguminosa de porte alto, que protege bem o solo e acumula cerca de 300 Kg de nitro- gênio por ha, o que equivale a 666 Kg de uréia, além de ser uma ótima competidora com plantas daninhas como a Braquiária e o Colonião. Várias foram as vantagens pro- porcionadas pelo sistema MEIOSI, como: • As mudas, de excelente qualidade, já se encontram no local de plantio, descartan- do custos com transporte destas; • Melhor conservação do solo; • Melhor controle de ervas daninhas; • Redução na proliferação de nematóides; • Redução nos custos totais de implantação do canavial, devido a redução com aduba- ção no plantio proporcionado pelo adubo verde e menor custo com mudas. Realizando simulação de custos para com- paração de implantação de canavial pelo sistema MEIOSI e convencional constatou- -se redução dos gastos em 12,5%, como demonstrado no gráfico abaixo, além das melhorias de solo que a adubação verde proporcionou. Devido as vantagens evidenciadas e a considerável redução de custos aliado a um bom planejamento, pode-se afirmar com segurança que o sistema MEIOSI tem um grande potencial para ajudar os produtores do PDPL/PCEPL e região a trabalharem com a cana-de-açúcar com menores custos e altas produtividades. Análise econômica da dieta atual Custo atual do concentrado (R$/Kg) 0,93 Custo do Volumoso (R$/Kg) 0,06 Preço do Leite (R$/L) 1,22 Custo médio da dieta por cabeça (R$) 12,05 RB por vaca (R$/cabeça) 34,89 Saldo por vaca em lactação (R$/cabeça) 22,84 Gasto de concentrado médio/RB média dos lotes (%) 28,52 Gasto de volumoso médio/RB dos lotes (%) 6,02 Dieta total/RB média dos lotes (%) 34,54 Relação de troca (Leite: Concentrado) 1,31 Renda do leite diária - gastos com alimentação (R$) 4.225,77

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Edição 294 • Ano XXII • Outubro de 2013 • Viçosa-MG

Dicas do Veterinário:Como emprenhar vacas

leiteiras no verão?Controle estratégico de

ectoparasitasMomento do Produtor:

Antônio Carlos Reis - Fazenda Santa Edwiges

Qualidade do leite:Como reduzir CBT

Eficiência do uso da mão de obra

p. 2 p. 2 p. 3 p. 4 p. 4

A nutrição é um dos principais fatores-determinantes para o nível de produção de leite, que é a principal fonte de renda de uma fazenda leiteira, como também in-fluencia os custos e está relacionada à ferti-lidade e saúde dos animais, determinando gastos com reprodução e sanidade do reba-nho. A maior parte da receita obtida numa fazenda leiteira é gasta com alimentação do rebanho, portanto, é importante que esse dinheiro seja bem empregado para que retorne ao produtor em forma de melhor desempenho dos animais.

Além da qualidade da dieta fornecida aos animais, o manejo nutricional é de extrema importância. A divisão correta dos lotes tem o objetivo de otimizar a nutrição e atender as necessidades específicas de cada lote; o fácil acesso dos animais ao cocho e bebe-douro; tamanho de partícula do alimento; homogeneidade da mistura concentrado e volumoso; conforto térmico para animais; limpeza e qualidade das camas, são fatores que influenciam diretamente na produção e eficiência da nutrição.

A fazenda Grama de propriedade do Sr. Davi Carvalho, localizada em Senador Fir-mino – MG, há alguns meses vem adotan-do um novo manejo nutricional que acar-retou em aumento na produção de leite. A ração foi modificada com a inclusão de fontes de fibra efetiva, alterações na concen-tração dos ingredientes e a cada mês é feito um novo arraçoamento. Foi feita a divisão dos lotes de acordo com dias em lactação, produção de leite, número de crias e escore

de condição corporal. Antes, essa divisão era feita pela produção de leite. A disponi-bilidade do vagão forrageiro proporciona melhor mistura da dieta tornando-a mais homogênea e balanceada, melhorando o aproveitamento de todos componentes da ração.

Foi construído um novo free stall, com instalações mais modernas e melhor am-biência, além de melhorar a divisão e di-minuir o tamanho dos lotes do antigo free stall. Foi possível a formação de um lote de primíparas, o que aumentou a produção das mesmas, visto que possuem exigências diferentes de vacas multíparas. A atenção ao escore de cocho melhorou, buscando haver em torno de, no mínimo, 5% de so-bras no cocho. Após essas mudanças, a pro-dutividade por vaca em lactação que era de 23,9 litros em 14/05/2013, passou para 28.6 litros em 11/09/2013 sendo que a média de lactação desses animais no período foi de 193 dias. No quadro abaixo, segue a análise econômica da dieta atual da propriedade:

O acompanhamento nutricional do reba-nho é essencial para melhorias na produção de leite, nos aspectos reprodutivos, escore e sanidade do rebanho, buscando sempre uma produção de leite de forma eficiente e rentável.

Meiosi para produção de cana-de-açúcar

Importância do acompanhamento nutricional

A cana-de-açúcar é uma excelente opção para suplementação volumosa do rebanho no período seco e por isso tem sido muito utilizada na atividade leiteira. A reforma dos canaviais da região tem sido feita, em mé-dia, a cada 5 anos e tem representado um gasto considerável no custo de produção de leite. Visando a redução dos gastos com a reforma e implantação de canaviais surge o sistema MEIOSI (Método Inter Rotacional Ocorrendo Simultaneamente).

Este sistema vem se destacando pela im-plantação do canavial em rotação simul-tânea com adubo verde ou leguminosa comercial como a soja e o amendoim, eco-nomizando com adubações nitrogenadas e mudas, além de proporcionar melhor logís-tica de plantio. O método consiste em um primeiro momento (setembro/outubro) no plantio da cana de ano na proporção 2:8 (plantio de duas linhas e espaço sem cana equivalente a oito linhas) e plantio da espé-cie leguminosa escolhida no espaço ainda não ocupado pela cana. A cana plantada em primeiro momento servirá de muda para plantio do restante da área no fim do período das águas (fevereiro/março). Já a leguminosa é incorporado ao solo para as-sim fornecer para a cana os nutrientes que extraiu do solo.

O PDPL/PCEPL, juntamente com o Prof. Márcio Barbosa do Departamento de Fito-tecnia da UFV, vem estudando os benefícios que o método pode trazer aos produtores na área do Campo Experimental do Aeropor-to, em uma área de topografia acidentada e solo degradado.A leguminosa escolhida para conduzir o estudo pelo segundo ano consecutivo foi a Crotalaria juncea, uma

Figura 1 – Esquema de implantação da MEIOSI

Novo free stall

Walter Coelho da Rocha NetoEstudante de Agronomia

Isabela Veloso Estudante de Medicina Veterinária

Thaynan Araújo Estudante de Zootecnia

Walter Coelho da Rocha Neto Estudante de Agronomia

leguminosa de porte alto, que protege bem o solo e acumula cerca de 300 Kg de nitro-gênio por ha, o que equivale a 666 Kg de uréia, além de ser uma ótima competidora com plantas daninhas como a Braquiária e o Colonião. Várias foram as vantagens pro-porcionadas pelo sistema MEIOSI, como:• Asmudas, de excelente qualidade, já se

encontram no local de plantio, descartan-do custos com transporte destas;

• Melhorconservaçãodosolo;• Melhorcontroledeervasdaninhas;• Reduçãonaproliferaçãodenematóides;• Reduçãonoscustostotaisdeimplantação

do canavial, devido a redução com aduba-ção no plantio proporcionado pelo adubo verde e menor custo com mudas.

Realizando simulação de custos para com-paração de implantação de canavial pelo sistema MEIOSI e convencional constatou--se redução dos gastos em 12,5%, como demonstrado no gráfico abaixo, além das melhorias de solo que a adubação verde proporcionou.

Devido as vantagens evidenciadas e a considerável redução de custos aliado a um bom planejamento, pode-se afirmar com segurança que o sistema MEIOSI tem um grande potencial para ajudar os produtores do PDPL/PCEPL e região a trabalharem com a cana-de-açúcar com menores custos e altas produtividades.

Análise econômica da dieta atual

Custo atual do concentrado (R$/Kg) 0,93Custo do Volumoso (R$/Kg) 0,06Preço do Leite (R$/L) 1,22Custo médio da dieta por cabeça (R$) 12,05RB por vaca (R$/cabeça) 34,89Saldo por vaca em lactação (R$/cabeça) 22,84Gasto de concentrado médio/RB média dos lotes (%) 28,52Gasto de volumoso médio/RB dos lotes (%) 6,02Dieta total/RB média dos lotes (%) 34,54Relação de troca (Leite: Concentrado) 1,31Renda do leite diária - gastos com alimentação (R$) 4.225,77

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PDPL Programa de

Desenvolvimento da Pecuária Leiteira

PCEPL Programa de Capacitação

de Especialistas em Pecuária Leiteira

Publicação editada sob a responsabilidade do

Coordenador do PDPL:Adriano Provezano

Gomes

Redação:Christiano Nascif

Zootecnista

Marcus Vinícius C. MoreiraMédico Veterinário

André Navarro LobatoMédico Veterinário

Thiago Camacho RodriguesEngenheiro Agrônomo

Diagramação e coordenação gráfica:

João Jacob Neide de Assis

Endereço do PDPL:Ed. Arthur Bernardes

Subsolo/Campus da UFVCep: 36570-000

Viçosa - MG

Telefax: (31) 3899 5250E-mail: [email protected]: www.pdpl.ufv.br

Facebook: Pdpl Minas Gerais

Jornal da Produção de Leite

Dicas do Veterinário:

Como emprenhar vacas leiteiras no verão?

As vacas expostas ao estres-se térmico provocado por al-tas temperaturas apresentam queda no consumo de ração, redução na produção de leite, redução do cio e infertilidade.

Segue abaixo, dez dicas para ter sucesso na reprodução de vacas leiteiras durante o verão.

1 - Detecção de cio (quatro vezes ao dia: 6h, 12h, 16h, 20h e a inseminação nas horas mais frescas do dia;

Marcos Nélio Marangon JúniorEstudante de Medicina Veterinária

2 - Usar dispositivos para faci-litar a detecção de cio du-rante o verão como o bas-tão marcador (tinta usada na base da cauda, sendo que, quando ocorre seu desgaste devido a monta de outro animal, demons-tra que essa vaca está em cio); uso de rufião (facilita a detecção do cio);

3- Considerar o uso de proto-colos de IATF (inseminação artificial em tempo fixo), porque nessa época a taxa de detecção de cio é baixa;

4- Procedimentos de boas práticas durante a insemi-nação artificial e cuidados no descongelamento do sê-men (descongelamento em água limpa à temperatura entre 35 a 37°C por um

tempo de 20 a 30 segun-dos);

5- Caso use touros para mon-ta natural durante o verão, assegure-se de que eles não estão sendo prejudicados pelo estresse calórico;

6- Tentar minimizar o estres-se térmico provocado por altas temperaturas através do uso de sombrites, ven-tiladores e/ou aspersores (conforme a disponibilida-de de recursos da proprie-dade, bem como a necessi-dade);

7- Medir a temperatura cor-poral das vacas e caso a temperatura esteja acima de 39ºC (retal), dar um banho nas vacas antes de inseminar;

8- Fornecer boa alimentação

para os animais;9- Uso da TE (transferência

de embrião). Umas das causas da infertilidade no verão são os efeitos nega-tivos da elevação da tem-peratura corporal sobre o embrião. Á medida que o embrião se desenvolve, ele se torna mais resisten-te, portanto, com o uso da TE, onde os mesmos são transferidos para o útero da receptora 7-8 dias após o cio, há um aumento da fertilidade das vacas no ve-rão. Observação: No verão, usar embrião de novilhas ou embrião de vacas cole-tado e congelado em perí-odos mais fresco do ano;

10- Em rebanhos bem mane-jados e com boas instala-

ções para reduzir o calor, a suplementação com BST (somatotropina bovina re-combinante) no momento da inseminação artificial e 11 dias após, pode benefi-ciar o desempenho repro-dutivo no período de es-tresse térmico causado por elevadas temperaturas.

Portanto, aumentando o nú-mero de vacas prenhas no verão, diminuirá o intervalo entre partos desses animais, refletindo no aumento da pro-dução de leite (menor será o período seco dessas vacas) e aumento na produção de be-zerras, contribuindo para o aumento da receita gerada ao produtor.

Animal sendo pulverizado

Controle estratégico de ectoparasitas

Jaime Camilo Filho Ex - estudante de Medicina Veterinária

Marcelo Bianco Moreira Ex - estudante de Zootecnia

Marcelo Grossi Machado Ex - estudante de Zootecnia

O controle estratégico de ec-toparasitas é a forma mais efi-caz e inteligente de manter o rebanho livre de carrapatos, bernes e moscas. Através desse método o rebanho se mantém sem infestações por um perío-do maior, diminuindo assim o número de banhos, os gastos com medicamentos, a conta-minação do leite e o risco de intoxicações, tanto dos animais quanto das pessoas envolvidas na administração do produto.

O controle estratégico consis-te na concentração de banhos ou tratamento dos animais du-rante o verão (Outubro a Feve-reiro), onde os parasitas atacam mais os animais, diminuindo as populações presentes nas pastagens. Sabendo desse efi-ciente método de controle, o produtor José Afonso Frederi-co, não deixa de realizá-los em suas propriedades (Faz. Chá-cara e Agrop. Bela Vista), que ocorre na época mais quente do ano. As vacas são tratadas com pour on (Cipermetrina) e a recria recebe medicação inje-tável (Ivermectina 3,5%), desta forma a incidência de carrapa-tos diminui consideravelmente no inverno, sendo o controle muito mais fácil.

Este programa desenvolvido pela Embrapa Gado de leite, pode ser realizado de 3 ma-neiras (calendário prático que acompanha a matéria), através de seis banhos consecutivos com um intervalo de 21 dias nos meses de outubro, novem-bro, dezembro, janeiro e feve-reiro; ou 4 aplicações de pour on com intervalo de 30 dias, nos meses de outubro, novem-bro, dezembro e fevereiro; e por último, através de medica-mentos injetáveis (ex. Ivermec-tinas) com intervalos de 30 a 45 dias, nos meses de outubro, dezembro e fevereiro, totali-zando cerca 120 dias de trata-mento (vide tabela 1). Além do controle estratégico deve-se ter atenção aos animais conheci-dos como de “sangue doce”, que apresentam menor resistência aos parasitas, para esses casos recomenda-se tratar os animais sempre que estiverem infesta-dos, evitando a disseminação para o restante do rebanho.

Além dos carrapatos existem outros ectoparasitas que me-recem a atenção, como moscas e os bernes, sendo que esses também causam prejuízos ao rebanho, principalmente re-lacionados ao ganho de peso das novilhas e na produção de leite das vacas. Atualmente um controle eficaz para as moscas, tem sido a utilização de brincos mosquicidas, que podem man-ter o rebanho livre das moscas por até 150 dias, segundo os fabricantes. Além disso, deve--se ter higiene e bom manejo de dejetos, diminuindo a quan-tidade de moscas. No ciclo do berne existe um fator muito

interessante, as moscas que pro-duzem os ovos nem sempre são as mesmas que carreiam os ovos para o rebanho. Para combater o berne é necessária a aplicação de bernicidas que podem ser tanto por via tópica (pour on), quanto por via intramuscular, entretanto para controlar esse parasita de forma eficaz preci-samos sempre manter o reba-nho limpo e sem infestações de moscas.

Já sabemos que os ectopa-

rasitas podem causar danos à produção, assim para aumen-tar sua receita, o produtor deve utilizar todas as ferramentas que possam auxiliá-lo no con-trole destes. O controle estra-tégico é uma ferramenta que, de maneira simples e eficaz, é capaz de aumentar a renta-bilidade da atividade, através da diminuição dos custos com medicamentos e aumento da produção através da redução das infestações nos animais.

Calendário de Controle Estratégico para ectoparasitas Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezBanhos* X X X X XPour On X X X XInjetáveis X X XMoscas (brincos) X X

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A fazenda Santa Edwiges si-tuada no município de Piran-ga - MG, possui 83 ha, sendo 31ha destinados à atividade leiteira. O senhor Antônio Carlos Reis começou na ati-vidade leiteria após participar de um leilão da Gameleira, na capital mineira, Belo Horizon-te - MG, onde adquiriu 10 va-cas da raça Pardo-Suiço (PS). Com o intuito de crescer na atividade, o produtor procu-rou o PDPL/PCEPL no início de 2003, passando a ser assis-tido pelo Programa.

A área da propriedade des-tinada à atividade leiteira é subdivida da seguinte forma: 7,1 ha de milho para silagem, 18ha de pastagem de Brachi-

Momento do Produtor: Antônio Carlos Reis - Fazenda Santa EdwigesJoão Marcos de Souza Lima Estudante de Agronomia

Ingryd Lanna Lopes Estudante de Medicina Veterinária

ária brizantha, 2,8ha de cana--de-açúcar, 0,5ha e capineira e 3ha de benfeitoria.

O rebanho atual da proprie-dade é composto por animais com grau de sangue, varian-do desde o Pardo-Suiço (PS) puro, é a única fazenda do Programa que possui animais PS, ao 15/16 HPS (Holan-dês/Pardo-Suiço). O rebanho possui 33 vacas em lactação, 7 vacas secas, 23 novilhas em reprodução, 20 novilhas na transição, 3 bezerras em aleitamento. Hoje dentro da propriedade o rebanho vem sendo cada vez mais apurado para o Holandês (cruzamento absorvente), com objetivo de aumentar a produção e a pro-dutividade, tornando a ativi-dade mais rentável.

Com o intuito de aumentar a produção e a viabilidade eco-nômica da atividade leiteira o produtor vem dedicando mais atenção desde a fase de aleitamento até as novilhas

em reprodução, com a inten-ção primordial de diminuir a idade ao primeiro parto (IPP) para 24 meses. Para chegar a essa idade algumas mudanças no manejo foram necessárias, tais como: fornecimento de 2 kg de concentrado/dia e volu-moso de boa qualidade duas vezes ao dia, o volumoso mais utilizado da alimentação das novilhas é o capim elefante picado e fresco nas águas, que apresenta boa composição nu-tricional, e na época da seca, cana de açúcar corrigida com

uréia/sulfato de amônio. Ou-tra medida adotada foi o pro-tocolo de profilaxia contra a tristeza parasitária bovina nas novilhas da fase de transição com aplicação de 1 ml de Di-propionato de Imidocarb.

A propriedade vem aumen-tando a sua produção com re-sultados positivos de acordo com a tabela 1.

A produção média no ano de 2003 foi de 219 litros/dia e em outubro desse ano foi de 700 litros, também nesse período, a propriedade vivenciou um

aumento da taxa de retorno do capital com terra, que atu-almente é de 8,62% tornando a atividade leiteira economi-camente viável e atrativa.

Essa evolução dos indicado-res da fazenda Santa Edwiges é o reflexo do trabalho conjun-to do senhor Antônio Carlos Reis, do seu filho André Vi-digal Reis e dos funcionários da propriedade, que acompa-nham a atividade leiteira dia-riamente, e dos técnicos e es-tagiários dos Programas.

Lote de bezerras Pista de alimentação dos animais

Produtor e seu filho André Reis

Indicadores Unidade 2003 2013Produção diária L/dia 219 700Vacas em lactação Cabeça 22 33Produção/vaca/dia L/dia 10 18Vacas em lactação./ total de vacas % 69 82,9Vacas em lactação/total do rebanho % 33 40Taxa de retorno do capital com terra % - 8,62

Sede da propriedade

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As 10 maiores produções do mês de setembro de 2013

Ord Produtor Município Produção

1 Antônio Maria S. Araújo Cajuri 148.353

2 José Afonso Frederico Coimbra 83.510

3 Marco Túlio Kfuri Araújo Oratórios 56.291

4 Joaquim Campos Júnior Dores do Turvo 54.905

5 Cristiano José Lana Piranga 54.768

6 Hermann Muller Visc. Rio B 53.762

7 Paulo Frederico Araponga 43.748

8 Sérgio Henrique Viana Maciel Coimbra 30.796

9 Ozanan Moreira Ubá 28.228

10 Paulo Cupertino Coimbra 27.239

As 10 maiores produtividades do mês de setembro de 2013 Ord Produtor Município Produtividade por Produtividade por vaca em lactação vaca total 1 Antônio Maria Silva Araújo Cajuri 30,0 26,3 2 Ozanan Moreira Ubá 29,4 26,1 3 Davi C. F. de Carvalho Senador Firmino 29,0 25,5 4 José Afonso Frederico Coimbra 26,3 23,0 5 Cristiano José Lana Piranga 26,8 21,7 6 Áureo de Alcântara Ferreira Guaraciaba 22,8 17,4 7 Sérgio Henrique Viana Maciel Coimbra 21,8 18,7 8 Paulo Cupertino Coimbra 18,5 17,1 9 Rafaela Araújo de Castro Guaraciaba 20,1 16,3 10 José Maria de Barros P. Bernardes 17,6 16,3

Qualidade do leite

Como reduzir CBTJéssica Gonçalves de OliveiraEstudante de Medicina veterinária

A redução da contagem bac-teriana total (CBT) é um desa-fio facilmente alcançável, mas que exige empenho de todos os envolvidos no processo de obtenção da matéria-prima. Após a retirada do leite não é mais possível melhorar sua qualidade, apenas manter, por isso a necessidade de cuidados básicos de higiene durante a ordenha são de extrema im-portância para determinar a qualidade do produto final.

A redução da CBT requer melhorias simples de mane-jo, como higiene de ordenha e correto armazenamento do leite. Para isso, é preciso seguir algumas dicas, tais como:•O ordenhador deve lavar as

mãos com água e sabão an-tes do início da ordenha e, de preferência, usar luvas para diminuir a superfície de con-tato com as bactérias.

• Eliminar os três primeirosjatos mais contaminados, re-alizando o teste da caneca de fundo preto.

•Realizar a desinfecção dostetos com solução de pré--dipping.

Eficiência do uso da mão de obra

Cada vez mais é necessário melhorar a eficiência da mão de obra, tendo em vista que esse é um fator fundamental para o sucesso da atividade lei-teira. Ao longo dos anos pode--se notar que o custo da mão de obra tem aumentado, e para que a atividade seja viável, há necessidade de melhorar o aproveitamento da mesma, au-mentando assim a produção e a relação vacas em lactação/dia/homem.

Neste gráfico temos uma aná-lise dos últimos dez anos do volume de leite/dia necessário para remunerar um funcioná-rio. Em 2003, tínhamos como valor base uma produção de 15,6 litros para pagar um dia de trabalho do funcionário,

Gustavo Falcão Estudante de Zootecnia

Paulo Henrique Martins Estudante de Medicina Veterinária

Yuri César Tristão Estudante de Agronomia

tendo ao longo de dez anos esse valor aumentado para 41,4 litros. Isso nos mostra uma grande valorização da mão de obra nesse período, tornando assim cada vez mais importan-te que se tenha boa eficiência no processo de produção.

Com uma visão cada vez mais empresarial da atividade, o produtor de leite deve buscar a qualificação de seus funcio-nários através de treinamento, padronização e mecanização de uma forma economicamen-te viável para otimizar sua roti-na de trabalho. Dados de 672 fazendas do Educampo/MG no período de julho/2012 a junho/2013 mostram que a re-lação VL/dia/homem tem im-portância 25% maior do que o índice vacas/dia/homem, com vistas ao aumento da produti-vidade da mão de obra. Essa mesma pesquisa mostra que o número de vacas por funcio-nário está diretamente relacio-nado com a rentabilidade da fazenda, sendo o indicador re-ferência, mínimo, de 30 vacas em lactação/dia homem.

Nesse contexto podemos

destacar o produtor Antônio Maria da Silva Araújo, proprie-tário da Fazenda Nô da Silva localizada no município de Cajuri - MG, o qual apresentou no mês de outubro uma produ-tividade de 886L/dia/homem e o valor de 30 vacas em lacta-ção/dia/homem, tendo como produtividade média do seu rebanho 27,5L/VL dia. Essa efi-ciência no uso da mão de obra é um dos fatores principais que explicam a boa taxa de remu-neração do capital com terra que totalizou 13,13% a.a, ten-do como parâmetro referência 10% a.a. Sendo assim podemos afirmar que para o senhor An-tônio Maria a atividade é viável e atrativa economicamente.

Embora os indicadores es-tejam bons, a tendência é que melhorem ainda mais, tendo em vista que há previsão de crescimento do rebanho para o próximo ano, e a propriedade tem como meta alcançar o va-lor de 1000 L/dia/homem e 31 vacas em lactação/dia homem, mantendo assim a boa rentabi-lidade da atividade leiteira.

• Fazer limpeza completa erigorosa de todos os equipa-mentos de ordenha, não se esquecendo das partes mais difíceis do tanque, como a tampa, o agitador e a válvula de saída do leite.

•Respeitar a temperatura emque o leite deve ser resfriado, 4ºC em até duas horas após a ordenha. Essa temperatura ajuda a controlar a multipli-cação das bactérias presentes no leite.

•Avaliar a qualidade da águautilizada para limpeza dos equipamentos. Realizar a limpeza da caixa d’água a cada seis meses.Além de alterar os valores

nutricionais do leite, pois des-troem proteínas e lipídios, as bactérias podem produzir to-xinas que prejudicam a saúde dos consumidores.

Para alcançarmos um bom resultado, é preciso o envolvi-mento de todos. Os laticínios devem atuar com pagamento por qualidade e, consequen-temente, aumentando a exi-gência sobre o leite captado, o produtor deve atuar agregando valor ao seu produto e o consu-midor final deve saber apreciar produtos lácteos de melhor qualidade pagando mais por isto.

Fonte: PDPL/PCEPL corrigidos IGPDI setembro/2013

Fonte: PDPL/PCEPL corrigidos IGPDI setembro/2013Higienização do equipamento de ordenha