Edição 46

24
Caxias do Sul, outubro de 2010 | Ano I, Edição 46 | R$ 2,50 |S16 |D17 |S18 |T19 |Q20 |Q21 |S22 CULTURA GANHA RITMO Inspirado pelo blues, o jazz dá o tom para um novo festival de música em Caxias Renato Henrichs: estátua de Santa Teresa abençoará entrada de Caxias | Estacionamento: Zona Azul, questionado na Justiça, pode ter reajuste de 15% a 20% | Roberto Hunoff: feira espera mais de 30 mil pessoas Os médicos da rede municipal – única categoria que se mantém parada, completando neste sábado 48 dias consecutivos de interrupção nos atendimentos – são hoje o caso mais evidente de um movimento de protesto que, em 2010, vem transformando a cidade conhecida pelo trabalho em terra das paralisações. Bancários, metalúrgicos, servidores municipais e trabalhadores rodoviários também usaram o instrumento da greve – durante dias ou apenas horas, com maior ou menor razão – para pressionar os patrões. E tiveram êxito. POR QUE PARALISAR VIROU ROTINA

description

Os médicos da rede municipal – única categoria que se mantém parada, completando neste sábado 48 dias consecutivos de interrupção nos atendimentos – são hoje o caso mais evidente de um movimento de protesto que, em 2010, vem transformando a cidade conhecida pelo trabalho em terra das paralisações. Bancários, metalúrgicos, servidores municipais e trabalhadores rodoviários também usaram o instrumento da greve – durante dias ou apenas horas, com maior ou menor razão – para pressionar os patrões. E tiveram êxito

Transcript of Edição 46

Page 1: Edição 46

Caxias do Sul, outubro de 2010 | Ano I, Edição 46 | R$ 2,50|S16 |D17 |S18 |T19 |Q20 |Q21 |S22

CULTURA GANHA RITMOInspirado pelo blues, o jazz dá o tom para um novo festival de música em Caxias

Renato Henrichs: estátua de Santa Teresa abençoará entrada de Caxias | Estacionamento: Zona Azul, questionado na Justiça, pode ter reajuste de 15% a 20% | Roberto Hunoff: feira espera mais de 30 mil pessoas

Os médicos da rede municipal – única categoria que se mantém parada, completando neste sábado 48 dias consecutivos de interrupção nos atendimentos – são hoje o caso mais evidente de um movimento de protesto que, em 2010, vem transformando a cidade conhecida pelo trabalho em terra das paralisações. Bancários, metalúrgicos, servidores municipais e trabalhadores rodoviários também usaram o instrumento da greve – durante dias ou apenas horas, com maior ou menor razão – para pressionar os patrões. E tiveram êxito.

POR QUEPARALISARVIROU ROTINA

Page 2: Edição 46

2 16 a 22 de outubro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Índice

Expediente

Assine

A Semana | 3As notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4Esperando mais de 30 mil visitantes, a Mercopar lota os hotéis da cidade

Novos horizontes | 5Dois shoppings em construção e um hipermercado em estudo animam o comércio

Tíquete ou multa | 6Contestado na Justiça, o polêmico Zona Azul já tem previsão de aumento para 2011

A segunda batalha | 8PT e PSDB locais querem trazer Dilma e Serra a Caxias no 2º turno. Indio vem neste sábado

Piquete permanente | 10Médicos, bancários, metalúrgicos e servidores municipais mostram o poder das greves

A arte da tradição | 13A família do circo revela sua rotina em torno do picadeiro

A arte da renovação | 15Fãs de blues e jazz mostram como um festival leva a outro

Misssão Sherlock Holmes | 17Saldos da Feira do Livro misturam livros de primeira a quinta categoria, antigos best-sellers e eternos fracassos de vendas. Ao garimpo!

Guia de Cultura | 18Um ótimo livro com desconto e um grande show com entrada franca nosúltimos dias de Feira do Livro

Artes | 20Roupa contemporânea de dança: memória. Uniforme antigo de escola: saudade.

Dupla CA-JU | 21Julinho quer ficar no Caxias. Scola quer ficar no Juventude

Guia de Esportes | 22Um rally para levantar a poeira do interior de Caxias e Farroupilha

Renato Henrichs | 23Caxias vai ganhar uma estátua da padroeira Santa Teresa na entrada da cidade

www.OCAXIENSE.com.br

Redação: André Tiago Susin, Camila Cardoso Boff, Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff, Robin Siteneski e Valquíria Vita Comercial: Pita Loss e Cláudia PahlCirculação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de OliveiraAdministrativo: Luiz Antônio BoffImpressão: Correio do Povo

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para [email protected]. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Jornal O Caxiense Ltda.Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471Fone 3027-5538 | E-mail [email protected]

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

eM

arce

lo M

ugno

l/O

Cax

iens

e

Perfil de Assis Melo |Gostaria de cumprimentar pela reportagem sobre o deputado eleito

Assis Melo. Leitura atrativa e envolvente.Rocheli Camargo

Sobre o título (Imperador operário), nem uma coisa, nem outra! Está certa a afirmação do Sr. Getulio Fonseca da Silva, de que este último ato na Randon foi planejado e calculado para causar impacto. Vamos ver o que o tal de imperador fará em Brasília. Quanto à sua votação, sem explicação, temos o nosso Tiririca!

Claudio Biasio

[email protected]

@giseletegner É tão bom abrir o jornal e não ver a página policial, obrigada @ocaxiense #edição45

@JoeGuidini @ocaxiense acaba de ganhar meu respeito ainda mais, depois de ter usado com sucesso uma célebre frase: “Sigam-me os bons!” Hahaha! Adorei! #online

@patiifagundes No clima da Feira do Livro, ganhei do @ocaxiense a biografia do Raul Randon, e aproveitei para presentear :) né @_gvieira #assinatura

@erimadril Parabéns ao @ocaxiense pelas reportagens dos perfis dos candidatos eleitos! Muito bem conduzidos e escritos! SUCESSO! #edição45

@florzynha está mais interessante ler @ocaxiense do que tuitar... #edição45

@regesschwaab agradecimentos ao @ocaxiense pelo destaque e os sinceros parabéns pelas excelentes matérias com os deputados na #edição45. Baita ideia. #edição45

@alexdenoia Curiosa a campanha do jornal O Caxiense focando a profundidade das abordagens... pois acho que é justamente isso que falta a ele. #publicidade

@leo_tportella Tô louco pra ler a edição do O Caxiense desta semana... tomara q o meu pai se lembre de trazer =)#edição45.

@samuAPZ Mesmo estando no Canadá o @ocaxiense me mantém informado do que acontece na minha terrinha... ooo beleza... #online

Parabéns por ter, em sua equipe, jornalistas com estilo impecável!

Parabéns pelos perfis dos eleitos de encher os olhos.

Lisiane Zago

Page 3: Edição 46

Quem não assistiu ao documentário Caxias do Sul: Tradição e Inovação de um Povo no período em que ele ficou em cartaz no GNC Cinemas, poderá assisti-lo de graça no Centro de Cultura Ordovás, a partir de terça-feira, dia 19. A estreia será aberta à comunidade às 20h. Até o fim de outubro, o documentário fica em cartaz todos os dias, às 18h, sempre gratuitamente. A solenidade de en-trega dos direitos autorais do filme ao Município será na segunda-feira, dia 18. Com isso a prefeitura fica autori-zada a exibir o documentário reali-zado por produtoras de Porto Alegre. O secretário da Cultura, Antonio Feldmann, ressalta que podem ser agendadas, diretamente com o cine-ma do Ordovás, sessões em horários alternativos, para escolas ou grupos.

Cachorro-quente, refrigerante, pipoca, algodão-doce e picolé e diversas atividades como futsal, vôlei, basquete, basquete trio, taekwon-do e capoeira fizeram a alegria das crianças e acompanhantes que aproveitaram o feriado nos Pavilhões da Festa da Uva. No total, cerca de 25 mil pessoas prestigiaram a festa. Se apresentaram grupos como Sul Mania, Trio Sertanejo, Só Batidão e Canteriando. Outro atrativo musi-cal foi o XIII Encontro regional de Bandas Marciais e de Fanfarras, com cinco bandas de Caxias do Sul e cinco de outros municípios. De Caxias, se apresentaram a Banda Marcial de Ca-

xias do Sul, a Banda de Fanfarra Olga Maria Kaiser, a Banda Irmã Guerino de Ana Rech, a Banda Meyer, da E.E. Emílio Meyer, e a Banda Marcial da Escola Cristóvão de Mendoza.

Caxias do Sul, o filme

Dia da Criança

Restaurante comunitário

Feira do Livro

Eleições 2010

Mensalidades da UCS

Alimentação

Animação

Paul McCartney

Eleições

Exibições gratuitas iniciam na próxima semana

Mais de 25 mil pessoas nos Pavilhões

Refeição volta a custar R$ 1

Os 10 mais vendidos

Indio deve vir a Caxias

Reajuste deve ser de 7,94%

Feira Ecológica comemora data neste sábado

Curtas serão exibidos dia 28

Ingressos à venda em Caxias

Não haverá passe livre no segundo turno

QUINTA | 14 outubro

SEXTA | 15 de outubro

QUARTA | 13 de outubro

SEGUNDA | 11 de outubro

TERÇA | 12 de outubro

www.ocaxiense.com.br 316 a 22 de outubro de 2010 O Caxiense

Os organizadores da campanha de José Serra (PSDB) no Estado confirmaram a vinda de seu can-didato a vice-presidente, Indio da Costa (DEM), a Caxias do Sul. Será neste sábado (16) à noite. A chegada de Indio está programada para as 19h. A agenda prevê um encontro com lideranças políticas e empre-sariais e a inauguração do comitê suprapartidário da campanha, na

Está definida em 7,94% a proposta de reajuste das mensalidades da UCS para o próximo semestre. A informa-ção foi divulgada pelo site da UCS. O texto explica que a reitoria ado-tou medidas rígidas de controle do orçamento em vigor para readequá-lo às mudanças decorrentes da filantro-pia, com a lei 12.101.Por causa dessas adequações foi necessário modificar o orçamento de 2010. A elaboração do orçamento para 2011, incluindo o rea-juste das mensalidades, será analisada ainda este mês pelo Conselho Diretor.

O Dia Mundial da Alimentação, comemorado neste sábado, 16, em mais de 180 países, terá programação especial na Feira Ecológica de Caxias do Sul. Das 6h30min às 11h30min, os consumidores que forem até a Rua Augusto Pestana, junto à antiga Es-tação Férrea, irão degustar alimentos livres de produtos químicos em um espaço especialmente montado para a ocasião. Durante toda a manhã, nutricionistas darão orientações sobre o consumo de produtos ecológicos e a correta alimentação, enquanto profissionais da Escola Técnica de Enfermagem do Hospital Pompéia realizarão a medição da pressão arterial dos frequentadores da feira.

A nutricionista Leticia Simon, representante da Fundação de As-sistência Social (FAS), organizador do evento juntamente com a Feira Ecológica, explica que a escolha foi feita devido aos benefícios da comi-da sem a presença de pesticidas e herbicidas e da alimentação saudável.

A Semanaeditado por Paula Sperb [email protected]

Pelo sétimo ano consecutivo, o Dia Internacional da Animação é celebra-do no Brasil com uma mostra, simul-tânea e gratuita, de curtas-metragens nacionais e internacionais. No dia 28, às 19h30, ocorre a mostra oficial, no Ordovás. Caxias do Sul é uma das 400 cidades do país a participar. Outros 30 países também participam do Dia Internacional da Animação

Caxias do Sul tem ponto de venda dos ingressos para o show do ex-bea-tle Paul McCartney, em Porto Alegre, na noite de 7 de novembro. No site de venda de ingressos online e na bilheteria do estádio Beira-Rio, onde acontecerá a apresentação, os ingres-sos estão esgotados. Na cidade, quem vende é a empresa Rupestre Turismo Ecológico. Os preços dos setores variam de acordo com a posição. Ca-deira numerada ímpar custa R$ 302, gramado livre – anel inferior, R$ 314, cadeira numerada par, R$446 e gra-mado premium, R$ 674. O valor cor-responde ao ingresso e transporte. A Rupestre funciona das 9h às 12h e das 13h30 às 18h30, na Sinimbu, 1.280, sala 403. O telefone é 3202-1575.

O segundo turno das eleições para presidência não terá a facili-dade do passe livre para os eleitores

Há cinco meses, encerrou-se a parceria da prefeitura com a inicia-tiva privada para oferecer refeições nos restaurantes comunitários do município. Após alguns meses custando R$ 1,50, a refeição voltou a custar R$ 1 para o consumidor, no último dia 4 de outubro. Para impedir o reajuste, a prefeitura elevou o investimento no projeto.

Até segunda-feira (11), a Bíblia era o livro mais vendido na Feira do Livro de Caxias, seguido de Querido John, Nicholas Sparks; Comer, Rezar, Amar, Elizabeth Gilbert; Nosso Lar, Francisco Cândido Xavier; 1822, Laurentino Gomes; A Caba-na, William P. Young; De Todo o Meu Ser, Mônica de Castro; Última Música, Nicholas Sparks; Se Abrindo Pra Vida, Zibia Gasparetto, e, em décimo lugar, Evangelho Segun-do o Espiritismo, Allan Kardec.

caxienses. De acordo com a Viação Santa Teresa (Visate), não foi rece-bida nenhuma solicitação da Jus-tiça Eleitoral por meio de ofício.

Rua Visconde de Pelotas, 330.

Page 4: Edição 46

A CDL Jovem promove na se-gunda-feira (18), a partir das 18h, no Bergson Executive Flat, palestra sobre etiqueta profissional. A atividade será conduzida pela empresária e comu-nicadora Lisete Alberici Oselame. O evento é aberto ao público em geral e gratuito.

Tem início na segunda-feira (18) a programação da Semana Exter-na de Prevenção de Acidentes de Ori-gem Elétrica, organizada pela RGE. A iniciativa, que se estende até o dia 22, objetiva conscientizar a população sobre os riscos da energia elétrica. O início das atividades será marcado por solenidades na sede da concessionária às 10h.

O presidente do Sescon-Serra Gaúcha, Tiago De Boni Dal Corno, di-vulgará as ações do Comitê Municipal do Empreendedor Individual no En-contro Estadual da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. O debate ocor-rerá na quinta-feira (21), no Anfiteatro da Sogipa, em Porto Alegre.

O 64º Encontro de Reflexão para Dirigentes Cristãos de Empresas

ocorrerá de 22 a 24 de outubro no Cen-tro Diocesano de Formação Pastoral. A ação é destinada a empresários, pro-fissionais liberais, executivos, líderes comunitários e políticos que sintam necessidade de harmonizar os ambien-tes de trabalho. Mais informações pelo telefone 3211 0131.

O Cursão Pré-Vestibular pro-gramou para o dia 23 de outubro a 10ª edição do seu Simulado. As inscrições são gratuitas e abertas à comunidade. As provas ocorrerão na UCS a partir das 14h.

O Restaurante e o Empório Per Mangiare promove neste sábado (16) nova edição do Festival de Espuman-tes. O evento ocorrerá na sede campes-tre do Recreio da Juventude, a partir das 20h.

O presidente do Conselho de Administração das Empresas Randon, Raul Anselmo Randon, palestra segun-da-feira (18) no Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçal-ves. A partir das 20h falará sobre sua trajetória aos empresários de Bento e região.

4

Roberto [email protected]

A diretoria da Microempa programou para quinta-feira (21) a solenidade de entrega do Troféu Empreendedorismo Feminino. As indicadas foram Ana Paula Turatti Tonial, da Pioneiro Alimentos, e Cláudia Lima da Silva, do Centro Estético Baiana, de Caxias do Sul; Liana Salete Saugo Alberton, da Lia Colchões, de Farroupilha; e Inês Fagherazzi Bettoni, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves. A ce-rimônia de premiação será na CIC de Caxias.

A 5ª Feira de Oportunidades terá como essência a qualificação profissional. Marcado para quarta-feira (20), no Senac de Caxias do Sul, o evento terá palestras, ofici-nas, workshops e ações de orien-tação profissional. As atividades são abertas ao público e o valor da inscrição é simbólico, mediante a doação de um quilo de alimento não perecível. Na cidade a progra-mação se inicia às 8h e termina às 20h, com mesa redonda sobre o tema Transformando Oportuni-dades em Resultados, que reunirá empresários de Caxias do Sul e região. Realizada bi-anualmente, a Feira de Oportunidades figura como uma das mais importantes ações de incentivo à qualificação profissional no Rio Grande do Sul.

A expectativa de início de operação da televisão aberta CNT em Caxias do Sul para este final de ano não se con-firmará. A rede transferiu para março de 2011 o início da programação em sistema 100% digital. No momento, a geradora está em fase de testes. Mes-mo assim, a cidade ganha destaque no canal. A Madal Palfinger será o case

do programa Radar Television deste domingo, às 19h30, com a apresenta-ção de seus produtos direcionados à reciclagem de resíduos industriais.

Atualmente, a CNT só pode ser assistida em Caxias pela TV por assi-natura Sky, no canal 25, e por antena parabólica (com direcionamento para o satélite Brasil Sat B4).

A diretoria da NC², nova fa-bricante mundial de caminhões, anuncia na quarta-feira (20), em São Paulo, o início de sua operação no Brasil e em qual cidade erguerá a sua unidade fabril. Caxias do Sul sonha com este projeto, mas pelo que se sabe a escolha tende a ser por uma cidade paulista ou minei-ra. A prefeitura, por meio da Secre-taria do Desenvolvimento Eco-nômico, manteve tratativas com a diretoria da empresa, que utiliza unidade da Agrale para a monta-gem de seus caminhões destinados à exportação. Porém, a última conversa foi em junho. Lideranças municipais demonstraram preo-cupação quando souberam que a empresa anunciará na quarta-feira onde fará o investimento.

Sob a coordenação da fonoaudióloga Daniela Lazzarotto, a Rede de Clínicas Direito de Ouvir abriu unidade em Caxias do Sul. Considerada a maior rede de clínicas do Brasil especializada em aparelhos auditivos, tem como objetivo ajudar o deficiente auditivo a se reintegrar à socieda-de, comercializando seus produtos com custos reduzidos.

Para suprir a falta de mão de obra qualificada no setor contábil de Caxias do Sul o Sescon-Serra Gaúcha criou o Projeto Capacitar. Por meio dele é oferecido treinamento prático para atuação no departamento fiscal e pessoal dos escritórios. A iniciativa vai além e busca a inte-gração de jovens em vulnerabilidade social, que buscam oportunidade no mercado de trabalho. Dos 60 inscritos para o curso, 41 contarão com bolsa de estudos custeada por empresa associada ao Sescon. Após o término do curso, o sindica-to atuará na colocação desta mão de obra nos escritórios.

A 19ª edição da Mercopar - Feira de Subcontratação e Inovação Industrial - reunirá mais de 600 expositores nacio-nais e internacionais, que ocuparão 15 mil m² dos pavilhões e do Centro de Eventos da Festa da Uva. Além de em-presas brasileiras, estão confirmadas representantes da Argentina, África do Sul e China, entre outros países. Pro-movida pelo Sebrae/RS e Hannover

Fairs Sulamerica, a feira ocorrerá de 19 a 22 de outubro, das 14h às 21h. A expectativa da organização é superar a marca de R$ 64 milhões em negócios, resultado da edição do ano passado, e receber mais de 30 mil visitantes. A hotelaria de Caxias do Sul e região é uma das mais beneficiadas pela feira: as acomodações estão 100% tomadas por toda a próxima semana.

O acadêmico de Tecnologia em Polímeros da Universidade de Caxias do Sul e bolsista PIBIC/CNPq Vinicios Pistor obteve o segundo lugar no 8º Prêmio Destaque do Ano em Iniciação Cientí-fica. A entrega do prêmio ocorrerá na terça-feira (19), na abertura da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e Inovação em Brasília. A pesquisa permitiu contornar os problemas de processa-mento do poliuretano termoplástico, que garante uma infinita gama de aplicações do material. Entre elas, a fabricação de engrenagens e tubos cirúrgicos para a área da saúde. O trabalho está ligado ao desenvolvimento da nanotecnologia e extrusão reativa, temas considerados de alta tecnologia.

A 9ª edição do Seminário de Negócios Inter-nacionais da Serra Gaúcha terá como objetivo incentivar e potencializar a internacionaliza-ção das empresas. A iniciativa da Diretoria de Negócios Internacionais da CIC de Caxias do Sul ocorre na segunda-feira (18), a partir das 7h45. Haverá apresentações de especialistas e técnicos da Agência Brasileira de Promoção de Exporta-ções e Investimentos, que também participarão de encontros individuais com empresários para elucidação de dúvidas. Inserida na programação, a reunião-almoço terá a presença do diretor corporativo e de relações com investidores da Randon e vice-presidente da Federação das Indústrias, Astor Schmitt.

O Dia das Crianças rendeu bons dividendos para os supermercadis-tas. As vendas cresceram 8,5% na comparação com o ano passado. De acordo com o presidente da Associação Gaúcha de Supermer-cados, Antônio Cesa Longo, os brinquedos importados lideraram as vendas do setor para a data, que deverá responder por cerca de 1,5% do faturamento do segmento em outubro.

Distinção feminina

Profissionalização

Novo canal fica para março

Expectativa

Ouvir melhor

Qualificação social

Feira de negócios

Premiação

Internacionalização Em alta

16 a 22 de outubro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Mau

ríci

o C

onca

tto,

Div

ulga

ção/

O C

axie

nse

Div

ulga

ção,

UC

S/O

Cax

iens

e

Curtas

Page 5: Edição 46

Distinção feminina

por ROBIN [email protected]

Natal vai ser mais gordo este ano. Pelo menos essa é a aposta de investido-res do comércio caxiense. Somadas as lojas que abrirão no San Pelegrino Shopping e no Caxias Plaza Shopping, que ocupará o espaço das Casas Bahia e tem abertura prevista para 16 de no-vembro, Caxias ganhará cerca de 160 lojas para ajudar a rechear o saco do bom velhinho quando ele passar pela cidade.

O diferencial do Caxias Plaza é a localização: a Avenida Júlio de Casti-lhos está invariavelmente abarrotada em início de mês, e o empreendimento conta com outra entrada pela rua mais movimentada do município, a Sinim-bu. “O Centro é um ponto de comércio muito forte. Ao contrário do Iguatemi que recebe mais fluxo depois das 18h e nos finais de semana, a Júlio tem movi-mentação o dia todo”, argumenta Josué Bassanesi, subgerente da imobiliária Bassanesi, responsável pela comercia-lização do empreendimento.

“O público alvo é o comerciante ca-xiense. Será um shopping de centro com lojas de qualidade e bonito, mas não sofisticado, requintado”, descreve Bassanesi, comparando o Caxias Pla-za, que tem a estrutura de uma gale-ria, ao Prataviera. Neste ano, Caxias já ganhou outro centro comercial, mas com uma localização diferente do ha-bitual. O Alpha Center, no bairro São José, aglomera quatro lojas de 1,2 mil metros quadrados – Manlec, Quero-Quero, Lebes e Center Motor – e o supermercado Kastelão, com 2,8 mil metros quadrados.

“Principalmente as redes de eletro-domésticos estão saindo do Centro para os bairros por causa do aluguel

mais baixo e da possibilidade de ofe-recer estacionamento”, explica Valdecir Antunes, gerente da imobiliária Gra-zziotin, que gerencia o Alpha Center. A tendência vai ao encontro do Plano Diretor, que dividiu Caxias em 15 regi-ões e propõe que lojas ou centros co-merciais de grande porte, com mais de 3 mil metros quadrados, sejam cons-truídos fora do segundo anel viário, formado pelas perimetrais. “Na verda-de, procuramos, através do zoneamen-to, fazer uma melhor distribuição das atividades e descentralizar aquelas de grande fluxo”, explica Sandra de Brum, diretora da Coordenadoria de Planeja-mento e Gestão Territorial da Secreta-ria de Planejamento. O controle é feito através da autorização do tamanho das construções, pelos índices de aprovei-tamento do terreno.

O maior incremento no varejo ca-xiense virá, sem dúvida, com o San Pe-legrino. Apesar de não haver data con-firmada para a abertura do shopping, uma das âncoras, a Americanas, anun-cia inauguração para 28 de outubro. Os impactos no comércio, no entanto, irão além do interior do prédio envi-draçado. “Normalmente, quando um shopping entra em operação, as opor-tunidades de negócio nos arredores crescem e o setor imobiliário é aque-cido”, aponta Luiz Felipe Tavares, supe-rintendente do San Pelegrino, citando o exemplo do aumento do comércio no entorno do Iguatemi. O superinten-dente afirma que o San Pelegrino abri-rá com quase 100% das lojas em ope-ração. “E mesmo quem não inaugurar conosco vai abrir nos próximos 15 ou 30 dias, porque ninguém quer perder o trimestre mais forte do varejo.”

“Hoje temos 15 mil unidades sendo construídas em Caxias. É a maior

explosão nessa área (da construção civil em geral), e o comércio está eferves-cendo”, afirma o secretário municipal de Urbanismo, Francisco Spiandorello. Segundo ele, a média mensal de alvarás para abertura ou reforma de imóveis aumentou 40% nos últimos 12 meses – em 2009, eram liberados 500 projetos por mês, contra 700 neste ano. “Nunca houve uma média tão alta. Os olhos de grandes grupos nacionais estão volta-dos para Caxias.”

Um desses grupos seria o Walmart, proprietário dos supermercados Big, Nacional, Maxxi e Walmart, que esta-ria interessado no terreno do antigo Clube Palermo para construir um hi-permercado. Marcos Rosa, diretor de operações da Walmart Brasil no Esta-do, não confirma novos investimentos em Caxias além da abertura do Nacio-nal junto ao San Pelegrino. “Não temos projeto (de hipermercado) aprovado. Foi autorizada a demolição do Paler-mo”, pondera Spiandorello.

De acordo com o secretário de De-senvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego, Guilherme Sebben, o Wal-mart consultou sua pasta sobre a pos-sibilidade de abertura de um mercado naquela área, já que empreendimentos com mais de 2 mil metros quadrados precisam ser aprovados pela Comissão de Impacto Econômico. “Sabemos que estão desenvolvendo um projeto para a área porque vieram nos procurar para saber como funciona a comissão há cerca de um mês.” O secretário tam-bém revela que outro centro de com-pras, com um hipermercado e algumas lojas, poderá abrir no bairro Fátima, próximo ao posto São Luiz – investi-dores fizeram a mesma consulta à se-cretaria há alguns meses.

Para o presidente da Câmara

de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caixas do Sul, Luiz Antonio Kuyava, os novos investimentos não significam uma ex-pansão do setor. “Está havendo mais ou menos uma substituição no comér-cio, não a abertura de novos pontos.” Kuyava acredita que os comerciantes estão passando por um processo de profissionalização. “Aquele modelo do cara que pegava o FGTS e o ‘paitrocí-nio’ para abrir uma loja está acabando. Os lojistas caxienses estão mais ama-durecidos. Além disso, negócios fami-liares em que os donos não se especia-lizam, via de regra, não duram mais do que três gerações.”

O subgerente da Bassanesi avalia que o Centro continua sendo o lugar mais visado por lojistas, mas aponta que o valor do metro quadrado subiu, nos últimos anos, aproximadamente na mesma proporção do restante da cidade. Para o presidente da CDL, a construção de espaços comerciais nos bairros será uma tendência. “É natural termos uma descentralização, mas esse processo ainda não está tão maduro. No futuro, o nicho de mercado vai ser criado em locais pontuais em que cada bairro se especializará em um negócio específico”, aposta, citando a concen-tração de bares no Largo da Estação Férrea como exemplo.

“Em 15 ou 20 anos, a maioria do co-mércio vai se concentrar em shoppin-gs. O que vai sobrar para as galerias e o comércio de rua serão os negócios mais familiares”, prevê Kuyava. Enquanto as projeções dele não se confirmam, ca-xienses podem contar, pelo menos, com a abertura de novos empregos no no San Pelegrino e no Caxias Plaza. Para os investidores, a percepção de como a cidade absorverá os dois novos conglomerados de lojas certamente irá pautar empreendimentos futuros.

O

Aposta no consumo

www.ocaxiense.com.br 516 a 22 outubro de 2010 O Caxiense

Inte

rven

e, D

ivul

gaçã

o/O

Cax

iens

e

O Caxias Plaza Shopping, com abertura prevista para 16 de novembro, terá 40 lojas entre a Júlio e a Sinimbu

COMÉRCIO EM EXPANSÃO

Novos empreendimentos no varejo caxiense entusiasmam imobiliárias e serão teste da força do setor na cidade

Page 6: Edição 46

por VALQUÍRIA [email protected]

uram poucos segundos o contato entre uma pessoa e um parquímetro. É só colocar as moedas que vão determinar o tempo de estacionamento, apertar o botão verde e ouvir o “piiiii”. Mas, para muitos, é o suficiente para se irritar com as caixas de alumínio que estão em praticamente todas as quadras do centro de Caxias. “Às vezes é um porre, as moedas não passam. E nunca tem ninguém para auxiliar. Semana pas-sada, coloquei só R$ 1, porque a má-quina não aceitou mais, e acabei sendo multada porque passei cinco minutos do tempo. Quer dizer, multar eles mul-tam”, reclama Adra Cavion. “Eu odeio isso aqui. E poderia ser mais barato, com todos os impostos que pagamos”, diz Elisa Pellin. “Eu apoio e fico feliz que tenha estacionamento no Centro, mas tem esse problema de não aceitar as moedas e de não tolerar atrasos”, completa Rosmari Zanrosso. “Nem bom, nem ruim, mas necessário”, pon-dera Alex Costa.

Todos os usuários fizeram a mesma cara feia quando chamados a opinar sobre o Zona Azul. Outro ponto em comum foi que nenhum deles disse saber da ação que veio à tona na se-mana passada, na qual o Zona Azul foi julgado ilegal em primeira instância. Tampouco eles sabiam que o valor do estacionamento pago, sem escapatória, aumentará.

O sistema de parquímetros em Caxias começou em 1999. O contrato previa dez anos de concessão do ser-viço à Rek Parking Empreendimentos e Participações, empresa de Santa Ma-ria que administra o Zona Azul em 10 cidades do Rio Grande do Sul. A con-cessão venceria em fevereiro de 2009.

Mas, dois meses antes, a lei 6.927 foi aprovada na Câmara de Vereadores, ampliando-a por cinco anos.

No dia 6 de outubro, o promotor Adrio Rafael Paula Gelatti anunciou que obteve, na Justiça de Caxias, o re-conhecimento de nulidade da prorro-wgação do contrato entre Município e Rek Parking em uma ação civil pública. O argumento do Ministério Público foi que não houve processo de licitação, o que impediu que outras empresas ti-vessem a chance de disputar a conces-são do serviço.

Ao fazer isso, segundo Gelatti, o Município extrapolou a própria com-petência. “Tem uma série de legisla-ções hierarquicamente superiores à lei municipal que dizem que se a prorro-gação não consta no contrato original nem no edital de licitação não pode ser prorrogada. Burlaram a legislação fe-deral para possibilitar essa renovação. Hoje temos uma empresa que opera na ilegalidade. Ela está explorando o que não tem direito.”

Gelatti acredita que, com uma nova licitação, os serviços poderiam ser me-lhorados, inclusive os parquímetros, máquinas que considera ultrapassadas. “Poderia ter novo parque de máquinas, porque são 10 anos usando o mesmo tipo de tecnologia. Houve um ataque ao regime democrático. Foi um agir incorreto e ilegal do agente público e nisso a gente tem que ser bastante rí-gido, para que se contrate as empresas não de acordo com as conveniências, mas de forma que possibilite a concor-rência”, defende o promotor.

Segundo o MP, atualmente a Rek Parking teria faturamento bruto supe-rior a R$ 283 mil por mês, ou seja, R$ 3,4 milhões por ano. Portanto, desde fevereiro de 2009, quando a promoto-ria entende que deveria ter sido feita a nova licitação, o Zona Azul arrecadou

mais de R$ 5,6 milhões.

Até que haja a decisão em se-gunda instância, Gelatti recomenda que as pessoas guardem os tíquetes, pois poderão ser ressarcidos pela Rek Parking posteriormente. Segundo ele, as três decisões mais prováveis do Tri-bunal de Justiça do Estado, a quem cabe decidir a questão, devem ser: 1) Se ficar provado que houve dano co-letivo à comunidade, determinar que o dinheiro seja devolvido aos usuá-rios que apresentarem os tíquetes; 2) Determinar multa à Rek Parking, que será depositada no Fundo Municipal de Defesa do Consumidor, o que ge-ralmente ocorre quando não é possível mensurar o quanto cada pessoa foi le-sada; 3) Reconhecer a ilegalidade, mas decidir que a empresa não agiu de má fé, então não precisará devolver di-nheiro nem pagar multa.

Todas as opções implicariam em uma nova licitação. Os valores, repas-sados ou não, deverão fazer parte de uma ação judicial própria, após jul-gada a ação de inconstitucionalidade. Portanto, prepare-se para guardar seus tíquetes por muito tempo.

O procurador do Município, Lauri Romário Silva, afirma que a prefeitura está elaborando o recurso para que a Rek Parking continue gerenciando o estacionamento pago. Ele diz que não foi organizada uma nova licitação “por uma questão de interesse público”. “O Município, quando estava se aproxi-mando do fim do prazo, verificando que a prorrogação era a melhor esco-lha, decidiu que se fizesse uma nova licitação teria que aumentar o valor de estacionamento. Além disso, diminui-ria o valor dos repasses. Hoje, a Rek Parking passa 39% do que arrecada para a FAS (Fundação de Assistência Social). Se tivesse uma nova licitação

isso cairia para 15%”, diz Lauri, para quem a ação do MP prejudicará a ci-dade.

A Rek Parking também se organiza para recorrer. “Tomamos cuidado de fazer uma reunião com todo o nosso pessoal para tranquilizarmos que não muda absolutamente nada com isso. Temos convicção de que vamos rever-ter essa decisão”, afirma o diretor da empresa, Flávio Lenz de Macedo.

Ele defende o entendimento dos departamentos jurídicos tanto da pre-feitura quanto da Rek Parking. “Se o contrato não dizia que podia reno-var, também não dizia que não podia. Houve um silenciar sobre isso.”

Com a prorrogação, a empresa assumiu o compromisso de não alte-rar o preço – R$ 1,30 por uma hora de estacionamento – por um ano. Esse prazo, porém, expirou em fevereiro de 2010. E não há reajuste há quatro anos. O que leva a uma única e lógica conclu-são: “Fizemos avaliações e a empresa já encaminhou à prefeitura um pedido de solicitação de reajuste de 15% a 20%. A tarifa está defasada”, diz Macedo.

Se aumentar 20%, uma hora no Zona Azul custará R$ 1,56, o que deve ser ar-redondado para R$ 1,55. Para o procu-rador do Município, mesmo se houver reajuste, o aumento será menor do que se fosse licitado. “A média das ofertas seria acima do valor que poderá ser negociado. Sem contar que se for rea-justado agora tem que levar em consi-deração que ficou mais de um ano sem reajuste, e, se tivesse sido feita licitação, já estaria em vigência”, afirma Lauri. Ele diz que o aumento está sendo es-tudado e só deverá ocorrer no ano que vem. E ressalta que, até que não haja a decisão final da Justiça, tudo segue na normalidade. É preciso, portanto, con-tinuar visitando os parquímetros.

D

Guarde seus tíquetes

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

ZONA NEM TÃO AZUL

Considerada ilegal pela Justiça, prorrogação do estacionamento pago será julgada em segunda instância. Enquanto isso, a Rek Parking pede aumento entre 15% e 20%

6 16 a 22 de outubro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Ainda motivo de polêmica entre os usuários, apesar de estar em operação há mais de 10 anos, sistema de parquímetros teve concessão ampliada sem licitação

Page 7: Edição 46

www.ocaxiense.com.br 716 a 22 outubro de 2010 O Caxiense

Page 8: Edição 46

por ROBIN [email protected]

chegada do segundo turno deu fim aos sorrisos amarelos e à estratégia de evitar o confronto direto – nos debates antes de 3 de outubro, os presidenciá-veis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) sequer faziam perguntas um ao outro, exceto quando obrigados pelas regras dos encontros. O clima já mudou no debate do último domingo (10), na Band, e as repercussões do aumento de temperatura poderão ser sentidas em Caxias do Sul.

A campanha de José Serra se reestru-turou na cidade. No primeiro turno, o tucano não tinha comitê em Caxias do Sul ou coordenação de campanha no Estado. O candidato a vice-presi-dente Indio da Costa (DEM) chegou a dormir em Caxias sem ter nenhuma atividade de campanha agendada, se-gundo o deputado federal não reeleito Ruy Pauletti (PSDB) – agora, para se redimir, Indio anuncia visita a Caxias neste sábado à noite. A vitória inédita do Partido dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul – Dilma fez 46,95% dos votos contra 40,59% de Serra e 11,33% de Marina – acendeu o sinal vermelho na campanha tucana. José Serra visitou o Estado na quarta (13) e um comitê pluripartidário foi inaugurado em Ca-xias do Sul no dia seguinte, apesar das dificuldades da legenda na cidade.

“Em Caxias, nós (do PSDB) não te-mos um diretório, nem executiva mu-nicipal, apenas uma comissão provi-sória indicada pelo diretório estadual. Mas estamos muito entusiasmados com o segundo turno e vamos traba-lhar todos juntos pela eleição de Serra”, afirma o vereador Daniel Guerra. O tucano revela que antes da inaugura-ção do comitê, que reúne 11 partidos, o material de campanha de Serra ficava

estocado na bancada do partido na Câ-mara de Vereadores. Segundo Pauletti, a central de campanha será coordena-da pela Juventude do PSDB.

A poucas quadras do QG pró-Serra, também na Rua Os Dezoito do Forte, o comitê de Dilma não chegou a fechar entre o primeiro e o segundo turno. Deputado estadual reeleito e coorde-nador da campanha de Dilma no Esta-do, Raul Pont esteve em Caxias do Sul no sábado (9) para avaliar os resulta-dos das urnas. A cidade manteve o his-tórico de não eleger um representante petista ao Palácio do Planalto – Serra teve 46,76% dos votos, Dilma 36,82% e Marina 15,14% em Caxias. “Apesar da Dilma não ter vencido, melhora-mos muito em relação a 2006”, assinala Pont. Nas últimas eleições presiden-ciais, Geraldo Alckmin (PSDB) derro-tou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Caxias com 61,23% dos votos no pri-meiro turno.

Apesar de manter o espaço do comi-tê, o PT fará modificações e adições na sua composição. “Vamos montar um comitê sindical e um popular e social, com a participação de movimentos sociais e do comunitário”, afirma o coordenador da campanha em Caxias do Sul Vitor Hugo Gomes. O petis-ta acrescenta que o comitê partidário também será reestruturado. “Preten-demos trabalhar preferencialmente com partidos da aliança nacional e trazer o apoio do PDT e do PTB, que vão compor o governo estadual, e do PMDB. Esses partidos ficaram con-tidos no primeiro turno por causa da campanha no Estado.”

As coordenações locais não demoram a responder qual o maior desejo para dar fôlego às campanhas: querem que os candidatos venham a Caxias. “É uma reivindicação nossa

trazer um comício Dilma-Lula para Caxias porque acreditamos que a vin-da da candidata poderia promover um contato direto com as bases”, expõe Vitor Hugo. O presidente municipal do PT, Alfredo Tatto, acrescenta que existe a possibilidade de Dilma vir a Caxias por causa da passagem de Lula pela cidade em campa-nhas anteriores.

A visita de Serra a Porto Alegre não foi acompanhada so-mente de militantes e curiosos. A coordena-ção local do PSDB foi à Capital para tentar sensibilizar os organi-zadores nacionais da campanha da neces-sidade de uma visita do tucano a Caxias, segundo Francisco Spiandorello. “Serra venceu em Caxias e a cidade é um colégio eleitoral bem grande, em que ele representa uma liderança muito forte.” Pauletti revela que irá para Brasília ou São Paulo para propor um roteiro de visitação de Ser-ra no Estado, que incluiria as regiões da fronteira, de plantação de tabaco e Caxias do Sul.

“O segundo turno é uma nova elei-ção. Tem propaganda nova, novos dis-cursos e os debates podem ser mais aprofundados, apesar de ser uma cam-panha muito rápida, com exigências muito dinâmicas”, observa Spiando-rello. Nessa fase do pleito, boa parte das atenções estão voltadas para con-quistar os eleitores de Marina Silva, in-dependentemente de quem a candidata verde ou seu partido decidirem apoiar. “A Dilma só não ganhou em Caxias do Sul por conta dos votos da Marina. Acreditamos que o voto da Marina é ideológico. Ela ficou 30 anos no PT e

o programa de governo é muito seme-lhante ao da Dilma”, avalia Vitor Hugo.

As estratégias para conquistar os apoiadores da acreana em Caxias do Sul não serão muito diferentes das utilizadas no primeiro turno: ambos os partidos prometem passeatas, ban-deiraços e adesivação de carros com

a presença de líderes partidários da cidade e da região. No caso do PMDB caxiense, exis-tem pressões dos dois partidos cabeças de chapa para um anúncio de apoio. “Esperamos que o prefeito Sartori reconheça a legitimida-de da decisão do parti-do em nível nacional e, por coerência partidá-ria, se engaje na campa-nha. Na composição do

governo atual, os municípios governa-dos por partidos aliados se beneficia-ram enormemente. Caxias nunca rece-beu tanto dinheiro do governo federal”, provoca Raul Pont.

A distribuição de panfletos na rua deve se intensificar conforme o dia 31 se aproxima. Já que as peças locais da disputa presidencial voltaram a se mover para conquistar o seu voto – nenhum dos lados está em situação de apenas aguardar que se repita a votação do primeiro turno sem fazer campanha –, não se surpreenda se, ao retornar ao seu carro depois de deixá-lo estacionado, tiver se tornado apoia-dor involuntário de um candidato que desgosta, exibindo seu sorridente rosto em um adesivo colado em lugar in-conveniente, ou encontrar o limpador de para-brisa adornado não com uma multa, mas com muito mais santinhos do que você precisaria para lembrar de um número de dois dígitos.

A

Segundo round

“Serra venceu em Caxias e a cidade é um colégio eleitoral grande, em que ele representa uma liderança muito forte”, diz Spiandorello

8 16 a 22 de outubro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Foto

s: A

ndré

T. S

usin

/O C

axie

nse

A LUTA PELO PLANALTO EM CAXIAS

O PT, que não parou a campanha, e o PSDB, que se reorganiza na cidade, tenta trazer Dilma e Serra. O vice Indio vem neste sábado

No comitê de Dilma, desafio é ampliar votação da petista, que perdeu em Caxias. No de Serra, a coordenação foi repassada à juventude do partido

Page 9: Edição 46

Caxias do Sul, 16 a 22 de outubro de 2010

Imóveis

Veículos

Page 10: Edição 46

por CAMILA [email protected]

e JOSÉ EDUARDO [email protected]

onhecida pelo trabalho, Caxias do Sul vive um ano marcado pela interrupção dele. O insucesso das negociações en-tre sindicatos de trabalhadores e patro-nais – incluindo nessa última categoria o poder público – resulta numa onda de paralisações em diversos segmen-tos, sentidos desde o início de 2010. A greve mais simbólica, tanto pelo nú-mero de pessoas prejudicadas por ela quanto por sua extensão, é a dos médi-cos da rede municipal.

Os profissionais concursados para atender pelo Sistema Único de Saúde (SUS) completam neste sábado 48 dias consecutivos parcialmente parados (no ano, somam 57); o Sindicato dos Ser-vidores Municipais (Sindiserv) fez 10 dias de paralisações setoriais, que afe-taram temporariamente as secretarias de Saúde, Habitação, Obras, Transpor-tes e Agricultura, além de escolas mu-nicipais; o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Caxias do Sul trancou as garagens da Viação Santa Tereza (Visate) das 5h às 6h30 no dia 16 de setembro, impedindo apro-ximadamente 66 mil pessoas de tomar o ônibus pela manhã; os bancários, no ápice da greve encerrada quarta-feira (13), pararam os serviços de 33 agên-cias em Caxias.

Desde a promulgação da Constitui-ção de 1988 a greve é legalizada no Bra-sil. A esse respeito, porém, o primeiro texto era breve e não definia exatamen-te o seu significado. No ano seguinte, o então presidente José Sarney comple-mentou-o com a Lei 7.783. Ela tornou legítimo o exercício do direito de gre-ve, a suspensão coletiva, temporária e pacífica total ou parcial de prestação pessoal de serviços empregados. Seria a forma legal de os funcionários, em desacordo com os patrões, conquista-

rem melhores condições de trabalho e reajustes salariais.

A doutora em História e professora do curso de Sociologia da Universi-dade de Caxias do Sul Vânia Herédia lembra que as greves nem sempre fo-ram relacionadas aos salários, mas à precarização do trabalho. “Antigamen-te isso não era comum, porque a greve era o último recurso que uma categoria usava para demonstrar o seu descon-tentamento, para fazer pressão. Hoje passou a quase um mecanismo de ne-gociação, sem que isso tenha um cará-ter positivo ou não. O próprio Estado autoriza, com a Constituição, que legi-tima mas não regulamenta”, analisa.

O presidente do Sindicato dos Médicos, Marlonei Silveira dos San-tos, recorre à legislação sancionada por Sarney para justificar os protestos da categoria. A lei permite a paralisa-ção quando as negociações entre em-pregados e empregadores não resol-verem impasses. Em maio de 2009, o sindicato apresentou as resoluções de uma assembleia, que exigiam um pla-no de carreira e reajuste salarial para a categoria, à prefeitura. Sem êxito na reivindicação, organizou uma “greve de advertência”, segundo Marlonei, em 2009, e em abril de 2010 recome-çou o movimento, paralisando o tra-balho por quatro dias. Foi então que a disputa entre médicos e prefeitura ganhou um mediador externo, a Justi-ça. A greve foi interrompida por uma liminar obtida pelo Município. O sin-dicato recorreu ao Tribunal de Justiça do Estado, que, em agosto, decretou a legalidade da greve, desde que 50% das atividades fossem mantidas. Os médi-cos chegaram a pedir um reajuste de 292,5% no salário básico, que passaria para R$ 8,5 mil. Em 8 de setembro, como proposta emergencial para sus-pender a greve, solicitaram uma grati-ficação emergencial de R$ 1,2 mil para cada profissional por cerca de um ano

até a implantação de um plano de car-reira e a definição de um percentual de aumento. Até hoje o sindicato aguarda uma resposta da prefeitura.

Enquanto isso, a Secretaria da Saú-de contabiliza o prejuízo. Com base no número de atendimentos realizados em períodos semelhantes, estima-se que 22,3 mil pacientes deixaram de ser atendidos na rede municipal em um período de 40 dias – somadas as con-sultas em Unidades Básicas de Saúde e no Centro de Atendimento Especiali-zado. A pequena Ma-nuela, três anos, filha de Catiane Ramos, 20 anos, é parte dessa in-feliz estimativa. Apesar de chegar à UBS do bairro Cruzeiro, onde mora, às 5h30 da úl-tima quarta (13), Ca-tiane não conseguiu atendimento para a menina, que reclamava de uma provável in-fecção urinária. A so-lução foi ir ao Pronto Atendimento 24h, que centraliza as consultas de pacientes que não conseguem atendimento nos bairros. Em outra ocasião, também em outubro, mãe e filha chegaram no Postão às 20h e encontraram pacientes aguardando desde as 15h. “Como não era nada muito grave, fomos embora. Mas não dá pra descuidar da saúde dela sempre”, preocupa-se.

Para o presidente do Sindicato dos Médicos, a situação vem se arras-tando porque as negociações entre as duas partes são “tímidas e fantasmagó-ricas”, numa crítica ao que ele chama de falta de diálogo. Ao longo da greve, somente metade dos 362 médicos têm comparecido aos seus postos de traba-lho a cada turno, atuando em sistema de rodízio. Nesse tempo livre, porém, eles não se reúnem em piquetes. “Nós

não precisamos fazer nada na rua por-que fazemos as nossas mobilizações online – é uma webgreve. Modéstia à parte, os médicos são muito organiza-dos e têm consciência das suas reivin-dicações. Não precisamos de reuniões presenciais”, justifica Marlonei.

Agora, o sindicato quer um julga-mento definitivo para não depender de liminares. A 2ª Vara de Fazenda Pública do Município julgará a legali-dade da greve, além de uma segunda e importante questão, que diz respeito

à representação da ca-tegoria – se é por meio do Sindicato dos Médi-cos ou do Sindicato dos Servidores Municipais (Sindiserv). “Mas sem-pre há chance de recor-rer. Se for favorável a nós, a prefeitura entra com recurso, se não, é o contrário. Na verda-de, a última palavra é do Supremo Tribunal Federal”, explica Mar-lonei, sem demonstrar muita preocupação.

Pelo lado da prefeitura, o secretário dos Recursos Humanos e Logística, Edson Mano, é o responsável por ten-tar uma conciliação com a classe mé-dica. Ele entende que a greve é sempre o pior caminho, mas informa que a de-cisão do Município será tomada com base no resultado do processo judicial. “É uma situação extremamente delica-da. Eles (médicos) não aceitam a pro-posta que passamos para os servidores públicos. Como se vai negociar? Como fica a revolta dos outros servidores? Um procurador que trabalha com de-dicação exclusiva ganha R$ 4 mil por mês, e atende 33 horas por semana. Daí o médico vai trabalhar 20 horas e ganhar R$ 8 mil? A juíza vai julgar o processo e vamos ver o que vai se fa-zer.” Para adiantar o fim da novela, o secretário diz que foi solicitado que o

C

Luta de classes

“Um procurador ganha R$ 4 mil e atende 33h por semana. Daí o médico vai trabalhar 20h e ganhar R$ 8 mil?”, questiona Mano

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

Após 15 dias de protestos, quando chegaram a interromper o atendimento de 33 agências na cidade, bancários conseguiram aumentar índice de reajuste

A GREVE GANHA FORÇASem médico, sem banco, sem ônibus, sem professor. Por longos dias ou poucas horas,

os caxienses têm convivido com paralisações em diversos setores

10 16 a 22 de outubro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Page 11: Edição 46

Judiciário agilize o processo. A senten-ça também irá definir se os médicos precisarão pagar ou não pelas horas não trabalhadas.

Assim como a mãe que não con-segue atendimento médico para a fi-lha, quem não coloca as contas em dia também se preocupa. Com o iminente corte de água e de luz da sua casa, no bairro Serrano, a auxiliar de cozinha Rosilene Maciel Pazzini alterou seu horário de trabalho na última quarta para poder pagar as contas já vencidas. “Mas eu pago sempre em dia, só não consegui este mês por causa da greve”, argumentava, na fila de uma casa loté-rica. “Eu só acho engraçado ver os ban-cos fechados com o pessoal sentado na frente, tomando chimarrão, como se fosse folga”, observou Rosilene.

A cena ilustrava a greve dos bancá-rios, encerrada na quarta. A queda de braço entre bancos e funcionários foi por causa do dissídio da categoria. No mais grave dos 15 dias de paralisação, 33 agências fecharam as portas em Ca-xias. Enquanto a classe trabalhadora pedia 11% de reajuste, a Federação Na-cional dos Bancos (Fenaban) oferecia 4,29%. O diretor de saúde e relações do trabalho do Sindicato dos Bancários de Caxias do Sul e Região, Vilmar Castag-na, conta que a relação com a entidade patronal sempre foi complicada. “Eles são intransigentes. A greve não é o me-lhor recurso, mas é o único que a gente tem. Devíamos conversar para chegar a um acordo, mas esgotamos todas as negociações.”

A assistente de negócios do Banco do Brasil Silvana Perotoni liderava um grupo de oito colegas que fazia piquete em frente à agência central do banco no último dia de paralisação. Anima-

dos com a proposta apresentada pela Fenaban na véspera, vislumbravam o fim da greve e também da rotina assu-mida por eles há 15 dias. “É pior fazer greve. Tem que chegar antes do horário para pedir que os colegas não entrem e é cansativo fazer piquete, mas é neces-sário”, defende Silvana. A paralisação inclui ouvir reclamações e xingamen-tos de quem teve sua vida atrapalhada por ela. “Mas tem até uns que param, perguntam o que a gente quer e daí concordam”, ressalva um funcionário. “Os bancos faturaram cifras altíssimas em plena crise mundial, não tem como não con-cordar com a nossa luta”, justifica outro.

No entanto, a sociólo-ga Vânia Herédia enten-de que a compreensão popular não seja algo tão fácil de ser alcançado. “Ao invés de fortalecer a discussão, a socieda-de acaba ficando contra. Uma parte da população nem sabia o motivo da paralisação dos bancá-rios. No fundo, os indivíduos não têm consciência coletiva. Uma parte da so-ciedade não utiliza o serviço público e para eles não interessa as posições. Fal-ta uma consciência pública”, acredita.

Não é preciso ir muito longe para esbarrar na incompreensão dos outros. Nem mesmo as horas extras a serem cumpridas até 15 de dezembro para compensar as não trabalhadas eram consideradas a pior parte do fim da paralisação dos bancários. “Na volta da greve, até tem acúmulo de traba-lho, mas o pior é olhar para os colegas que não aderiram e que vão receber os

mesmos reajustes que nós”, diz Silvana.Em uma agência do Banrisul no

Centro, o protesto era liderado por Luciane Lodi, operadora de caixa em outra agência, no bairro Pio X. De corneta em punho, ela bradava sobre a necessidade de um plano de carreira. A certa altura, interrompeu o discur-so para pedir a uma colega: “Chama lá a Marlene, não deixa ela entrar”. “Eu não quero falar com ninguém do sin-dicato”, disse a funcionária que deveria ser barrada. “Ela é comissionada, esses sofrem muita pressão para não parar”,

explicou a sindicalis-ta, voltando a defen-der as reivindicações da categoria e con-denando a postura do banco. “Eles não estão se importando porque querem que os clientes cada vez mais se atendam por conta, seja nos caixas eletrônicos ou nos postos correspon-dentes. Mas um ban-co sem pessoas não

existe”, argumentou. Conforme o sin-dicato, cerca de 70% dos atendimentos ocorrem nos caixas eletrônicos.

No caso dos bancários, o apelo da greve surtiu efeito. A categoria conse-guiu fechar um acordo que garantiu um aumento de 7,5% para todos os salários e 16,33% sobre o piso. A reso-lução superou a do ano passado, que estabeleceu o dissídio em 6%, sendo destes 1,5% de ganho real.

O funcionários municipais também aderiram às paralisações para pleitear aumento salarial. As interrup-ções setoriais dos serviços foram o ul-

timato do Sindiserv para que a prefei-tura apresentasse uma nova proposta de dissídio. O sindicato inicialmente pedia 8,93%, índice que alega ter ba-seado na arrecadação da prefeitura nos últimos dois anos. “Eu imaginava que ficássemos entre 2% e 3% (de ganho real)”, conta o presidente do sindicato dos servidores, João Dorlan. O resulta-do foi 2,8% de ganho real – 1,5% será pago a partir da folha de novembro e 1,3% em abril de 2011 –, que o sindica-lista credita o resultado à pressão sobre o poder público. “Sem as paralisações, eles manteriam algo próximo a 1%. Não existe patrão ou gestor bonzinho. Eles vão se pautar pela pressão que so-frerem”, afirma Dorlan. Ele relembra que, antes deste ano, a última paralisa-ção dos servidores municipais foi em 1994. “Eu estava entrando no serviço público nessa época. As sequelas fize-ram com que as pessoas ficassem de-sestimuladas. Todos recuperaram os 28 dias perdidos. Demorou muito para despertar para a paralisação novamen-te. Os mais antigos entenderam que já era hora de voltarmos à luta”, avalia.

O secretário dos Recursos Huma-nos e Logística, Edson Mano, também esteve à frente da negociação com os servidores. Ele conta que a proposta de ganho real que permitiu o acordo não estava prevista inicialmente pois a ca-tegoria já recebe o índice da inflação a cada três meses. “Na verdade o serviço público não chegou a ser afetado com as paralisações setoriais. Demos toda a liberdade para a ação do sindicato.” Atualmente, cerca de 25% da receita do município são aplicados em des-pesas de educação e 15% de saúde. O funcionalismo fica com uma fatia mais substancial do bolo. Aproximadamen-te 42% da receita são destinados à ma-

“Na volta, até tem acúmulo de trabalho, mas o pior é olhar os colegas que não aderiram e vão receber os reajustes”, diz a bancária Silvana

Foto

s: A

ndré

T. S

usin

/O C

axie

nse

Na quinta (14) foram retirados cartazes da greve dos bancários, que gerou filas nas lotéricas. A paralisação dos médicos segue castigando usuários

www.ocaxiense.com.br 1116 a 22 outubro de 2010 O Caxiense

Page 12: Edição 46

nutenção dos 6 mil servidores, algo em torno de R$ 20 milhões com salários e mais R$ 4 milhões para as leis sociais.

Os primeiros a co-locarem a greve na pau-ta de assuntos da cidade este ano foram os meta-lúrgicos. Em meados de fevereiro, o sindicato da categoria e funcionários da Randon paralisaram as atividades. Ao longo do ano, Keko, Tomé e Lupatech passaram pela mesma situação, sem, no entanto, ser necessária a intervenção da Brigada Militar – na Randon, o líder sindical Assis Melo chegou a ser detido. Só neste segmen-to, foram 21 dias de greve. As empresas não divulgaram os valores perdidos.

Leandro Velho, atual presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, que afir-ma ter cerca de 15 mil associados, garante que o diálogo sempre é a pri-meira opção para resolver os impasses. “Nós não nos levantamos de manhã pensando em fazer greve.” O sindica-lista justifica as paralisações acusando algumas empresas de intransigência. As quatro manifestações fortaleceram a categoria, que teve seu melhor dissí-dio em termos de ganho real. A nego-ciação com o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs) re-sultou em reajuste de 8,1% (2,79% de ganho real). Assim, o piso passou de R$ 580,80 para R$ 667,84 nas empresas com até 50 funcionários e de R$ 657,80 para R$ 771,08 naquelas com o quadro funcional maior.

As paralisações dos metalúrgicos, entretanto, tiveram uma diferença sig-

nificativa em relação às demais. Seu principal motivo foi o Programa de Participação nos Resultados (PPR). O PPR é uma bonificação oferecida por

algumas empresas para complementar o salário dos fun-cionários. Leandro alega que os empre-sários precisam se adaptar à partilha dos lucros. “Dois anos atrás, com a crise mundial, até se entendia esta pos-tura (de não pagar PPR). Agora não dá mais”, sustenta.

O presidente do Simecs, Getulio da

Silva Fonseca, entende que a greve é uma ferramenta legítima dos traba-lhadores, mas alerta que a razão dela precisa ser analisada. “Nos casos da Randon e da Lupatech, temos um rompimento do contrato. Isso é uma coisa que está nos preocupando. Nor-malmente essas grandes empresas têm diversos segmentos que participam do complexo. A Lupatech tem 24 empre-sas, e cada uma é diferente. Queremos ver se os contratos são malfeitos. Da-qui a pouco, elas vão acabar eliminan-do a participação nos resultados. Nos-sa preocupação é com as empresas que poderiam aderir ao PPR e aumentar o salário do trabalhador”, explica.

As 2,5 mil indústrias do setor metal-mecânico são responsáveis por 53 mil empregos em Caxias. Getulio diz que, antes de tudo, o Simecs pensa na saúde do trabalhador, e depois no lucro da empresa. E completa: “As grandes con-quistas ocorrem não porque nos pe-dem, mas sim porque a gente concede.”

O colunista econômico do jornal O

Caxiense, Roberto Hunoff, não acre-dita que a ameaça de terminar com o PPR venha a se concretizar. “Acho que não vai se chegar a esse ponto, porque de fato o PPR é uma forma de o traba-lhador se empenhar mais. Ele já é con-siderado uma regra informal. As pes-soas não iriam participar para oferecer ideias e melhorar os serviços se fosse cancelada a gratificação.” Ele lembra que as perdas das empresas seriam me-nores do que os dias não trabalhados nas greves se elas tivessem estabelecido uma conversação com os funcionários. “Acho que o empresariado não tem uma capacidade muito grande para o diálogo nessas horas”, avalia.

Uma paralisação sentida de ime-diato pela população foi a da Viação Santa Tereza. Das 5h às 6h30 do dia 16 de setembro, cerca de 500 pesso-as bloquearam a saída dos ônibus das garagens da Visate em protesto pela implantação dos veículos Sênior Midi (menores e sem cobrador) em sete linhas. Segundo os manifestantes, a medida fez com que 46 funcionários deixassem de exercer a sua ativi-dade naquele momento. O temor do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviá-rios de Caxias era de que a empresa demitisse essas pessoas. “Pela in-formação que temos, es-ses cobradores estão na reserva, sem saber para onde vão. Não iremos aceitar demissões”, pro-mete o presidente do sindicato, Taci-mer Kulmann, que ameaça fazer nova greve se a situação não for resolvida.

Para a sociedade, os resultados da

paralisação foram 80 linhas interrom-pidas e mais de 66 mil passageiros afe-tados. Para os funcionários da Visate, o protesto trouxe uma esperança. O vereador Assis Melo (PCdoB) enca-minhou pedido de mudança na Lei de Diretrizes da Política Municipal de Gestão do Transporte Coletivo e Se-letivo, solicitando que os ônibus leves não possam operar sem cobrador. O projeto deve ser votado nas próximas semanas. “Eles não vão poder passar por cima da lei. Onde vão colocar essas pessoas?”, indaga Tacimer.

O diretor superintendente da Visate, Fernando Ribeiro, se manifesta sobre o episódio em nota oficial. Ele afirma que a “paralisação gerou um enorme prejuízo para a população, que ficou privada do serviço de transporte cole-tivo por cerca de 2h” e que “a quebra da receita do dia impacta diretamente nos investimentos da empresa para qualifi-car o atendimento.”

Com maior ou menor prejuízo à po-pulação – e maior ou menor razão em suas motivações –, a greve será uma

situação com a qual Caxias dificilmente deixará de conviver. A socióloga Vânia Herédia ressalta que mesmo em países de-senvolvidos esse me-canismo é utilizado, lembrando os casos de França e Itália, que passaram por protes-tos contra mudanças na estabilidade em-pregatícia e na pre-vidência. “As formas

para chegar na greve é que são diferen-tes. Temos aqui um esvaziamento no discurso”, analisa Vânia. Vazios ou não, os discursos prometem continuar.

“As grandes conquistas ocorrem não porque nos pedem, mas sim porque a gente concede”, diz Getulio, do Simecs

“Não existe patrão ou gestor bonzinho. Eles vão se pautar pela pressão que sofrerem”, afirma Dorlan, presidentedo Sindiserv

12 16 a 22 de outubro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Page 13: Edição 46

por VALQUÍRIA [email protected]

s 60 integrantes do Circo Bremer – que saiu de São Paulo para fazer turnê nos três estados do Sul –, entre artistas e encarregados da manutenção, não sa-bem dizer quantas cidades conhece-ram. Nem teriam como se lembrar dos muitos rostos das pessoas que os viram chegar em estilo triunfal, em comboio, com 15 trailers, seis ônibus e uma Fio-rino vermelha anunciando os horários de espetáculo. Os artistas têm certeza apenas de uma coisa. Que ninguém se arrepende da vida que escolheu. “Quem bebe da água da lona nunca mais sai debaixo dela”, costumam dizer.

O que os donos do circo não espera-vam é que a viagem duraria tanto. Faz 10 anos que a turnê do Bremer come-çou, tempo suficiente para a entrada de novos artistas, a saída de alguns, a paixão de muitos casais e até o nasci-mento de crianças.

Quando desmontar a lona e sair de Caxias, na segunda-feira (18), o Bre-mer finalmente voltará a São Paulo. Mas os artistas não sabem disso ainda. São os administradores que decidem o trajeto e os avisam apenas com um dia de antecedência. O que não parece incomodar nenhum deles, pois o que os faz permanecer no circo é justamen-te saber que nenhum mês de trabalho será igual ao outro.

São 20h30 quando Edimar Humberto Portugal, 49 anos, veste um casaco de terno preto e troca os sapa-

tos embarrados por pares lustros. Nos fundos do palco, ele pega o microfo-ne e começa a mexer as pernas de um lado para o outro. Há barro no chão. Foi um trabalho duro instalar o circo na área do Villagio Iguatemi, próximo ao shopping, principalmente porque choveu muito. E Edimar está com dor de cabeça.

As dançarinas que abrirão o espe-táculo chegam pelos fundos da lona. Estão muito maquiadas e exibem um biquíni fio dental amarelo e ostento-sas plumas da mesma cor na cabeça. Equilibram-se no barro em sapatos de salto prateados. Cortando a fumaça de gelo seco, elas descem os degraus até o picadeiro e iniciam uma coreografia.

Depois da abertura, Edimar, o mes-tre de cerimônias, apresenta-se à pla-teia. Dá uma olhada geral para o pú-blico daquela noite e se sente feliz com o que vê. Ele e a esposa, Roselaine Bre-mer, 40 anos, têm as maiores respon-sabilidades. O trabalho deles vai desde acordar cedo e arejar a lona até pagar os funcionários, que recebem sema-nalmente – dependendo da sua função no circo, mas independentemente da quantidade de público.

Edimar e Roselaine são, respectiva-mente, da quarta geração da família Portugal e Bremer. “Meu bisavô, meu avô e meu pai eram de circo. Não sei o que é ficar numa cidade parado. Pra gente não tem rotina. A vida de vocês, para nós, é que é difícil”, diz Edimar. “Já veio muito cantor se apresentar, a Xuxa filmou aqui, teve cena de novela, a filha do Lula foi nos assistir, andamos dois

dias de balsa com todas as coisas do circo em cima para chegar a Manaus. Olha, a gente monta um livro com as histórias do Bremer”, conta Roselaine.

Edimar apresenta o primeiro nú-mero, o da barra de ferro. Três homens vestindo calças e suspensórios pretos penduram-se na barra e fazem uma sé-rie de exercícios que exigem muita for-ça. Mesmo assim, sorriem. Um deles é Alex Júnior, 28 anos. De pele morena, cabelo curto pintado de loiro e com braços fortes, Alex deve ter mudado mui-to desde o dia em que pisou no Bremer pela primeira vez, aos 12 anos, para ser vende-dor de maçã do amor. Até durou algum tem-po nessa função, mas logo ficou fascinado pela emocionante vida do picadeiro e, ainda criança, teve a certeza de que era isso o que queria fazer. Pediu per-missão à mãe, que precisou ir ao juiz para conseguir uma autorização para o menino trabalhar. “E desde lá estou aqui. Nunca me passou pela cabeça mudar minha vida.”

Solteiro, Alex mora sozinho em um dos trailers que rodeiam a lona do cir-co. O melhor dessa vida, segundo ele, é a praticidade das moradias. “Onde vamos, nossa casa vai. Você, para ir ao Rio de Janeiro, tem que alugar um lu-gar para ficar. Para nós, é só ir. A nossa

casa já está com a gente”, explica, sor-rindo com seus dentes pequenos.

Antes e depois dos espetáculos, Alex, assim como todos os outros ar-tistas, vende brinquedos e lanches que ajudam o circo a se manter. A partici-pação coletiva é a mesma na hora de erguer a lona. “Não interessa se é ar-tista da Rússia. Todo mundo ajuda”, diz Roselaine.

O show de mágica do Bremer é feito por uma mulher. No picadeiro,

ela recebe uma jovem, que entra em uma cai-xa comprida e, ao som de Carmina Burana, é serrada ao meio pela mágica. “Oooooh”, ex-clama a plateia. A cai-xa é separada em duas partes, depois volta a se juntar. A menina levan-ta – inteira, é claro – e recebe os aplausos.

“A gente quis mu-dar para não ser só um homem que faz. E deu

certo”, conta a mágica Edilamar Portu-gal, 41 anos. Os momentos mais mági-cos da vida dela foram os nascimentos dos filhos, cada um em um Estado. Stephany nasceu quando o circo estava em São Paulo; Luis, em Novo Hambur-go; e Larissa, em Camboriú. Hoje, de-pois das três crianças, Edilamar prefere ficar apenas nos truques, mas continua treinando outras modalidades circen-ses. “Tem que passar para os filhos”, justifica, olhando para Stephany, 11

O

A vida sob a lona

“Não sei o que é ficar numa cidade parado. Pra gente não tem rotina. A vida de vocês, para nós, é que é difícil”, compara Edimar

www.ocaxiense.com.br 1316 a 22 outubro de 2010 O Caxiense

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

QUE SEJA ETERNOENQUANTO DIVIRTANo Circo Bremer, o motoqueiro do Globo da Morte tem medo do trânsito, o palhaço arrumou casamento em um mês e a moça dos 50 bambolês sonha em fazer faculdade

Page 14: Edição 46

anos, que participa do show de mágica com a mãe.

Com predileção por Matemática e Português, Stephany vai para a escola onde o Bremer estiver, mas aprendeu a ler no circo. Desde 1948, uma lei ga-rante vagas nos colégios para filhos de artistas circenses. No dia em que che-gam em uma nova cidade, procuram a escola mais próxima e se matriculam. Podem ser quatro dias ou quatro me-ses, todas as crianças vão à aula. Com algumas diferenças: não precisam usar uniforme – vestem um abrigo próprio do Bremer, branco, identificado com o nome do circo e do artista –, não pa-gam mensalidade e fazem provas espe-ciais. “Não adianta ser um artista que não sabe nem conversar”, explica Edi-mar, salientando que os estudos são a maior preocupação dos adultos com as crianças do circo.

Depois da mágica, é a vez de He-louise Silva Portugal, 15 anos, a meni-na dos bambolês, filha de Edimar e Ro-selaine. O número foi aprendido com uma professora dos Estados Unidos contratada pelo pai. O treinamento durou um ano e meio. “Parece facilzi-nho, mas tem que prestar atenção em cada parte do corpo. É uma sequência: joelho, cintura, pescoço e mão”, expli-ca. “Eu adoro esse número”, diz, alisan-

do o longo cabelo castanho. Na apresentação, ela começa girando

todo o corpo com cinco bambolês, que chegarão a 50. Naquele momento, vol-ta toda a sua atenção para os aros em movimento. “Penso em fazer o núme-ro perfeito para agradar o pessoal que está assistindo. Se erro, já saio irritada.”

Helouise acha difícil imaginar um futuro longe do circo, mas revela um desejo: fazer faculdade. Embora ain-da faltem alguns anos para que preci-se decidir qual curso, ela adianta que deverá ser algo na área de Administra-ção: “Para que eu possa ficar no circo e cuidar dessa parte”. Como seria im-possível conciliar as aulas de um curso superior fixo com a rotina de viagens do circo, Helouise pretende fazer fa-culdade a distância. “Vai ser uma expe-riência a mais. Vai que um dia, tomara a Deus que não, acabe o circo? Daí eu vou ter uma coisa a mais para fazer”, acautela-se a jovem.

Quando Helouise deixa o pi-cadeiro, quatro homens entram para apresentar um número de trapézio.

Próximos ao teto de lona azul, eles saltam de um trapézio a outro, fazen-do o público pensar no que poderia acontecer caso alguma daquelas ágeis mãos escorregasse. Lá no alto está Ke-oma Cordeiro de Oliveira, 22 anos, mas com cara de muito mais novo. Ele não sabe explicar como é essa relação íntima “não poder vi-ver sem” que o artista mantém com o circo. “Ah, sei lá. Deve estar no sangue. Nasci aqui e vou morrer aqui. Minha vida é isso”, re-sume. Keoma não pen-sou em fazer faculdade. Nem saberia o que cur-sar. “Não sei fazer outra coisa senão isso.”

Keoma mora com a esposa, Rochele, com quem é casado há oito meses. Conheceu-a em uma das cida-des que entraram na turnê do Bremer, e ela entrou na vida do circo por ele. Hoje, Rochele é a fotógrafa que re-gistra a emoção no rosto do público com uma máquina digital para depois vender as imagens estampadas em um chaveiro, a R$ 5.

Com o fim do número dos trape-zistas, entram os palhaços. “Eu gosto

de circo. Só tenho um pavorzinho de palhaço. Eu tenho certeza que eles usam peruca”, diz Isadora Ceconello, seis anos, na plateia.

Magro e baixo, o palhaço Cebolinha, quando está fora do picadeiro, fala pouco e fuma muito. “Primeiro eu sou o capataz. Monto e desmonto o circo. Cada um desses processos dura de dois a três dias”, conta ele, cujo nome é El-bio Oliveira, 50 anos “bem vividos e sem se arrepender de nada”. Elbio não para. Antes do show, fuma um cigarro enquanto varre o chão e organiza as ca-deiras para o público.

O principal estímulo para trabalhar no circo, segundo ele, é gostar do que se faz. “Tem que ser tudo com amor.” Amor, aliás, foi o que motivou uma mulher a deixar a vida em São Leopol-do e partir com o circo depois de ter se apaixonado por Elbio, há 26 anos. “Quer saber a história verdadeira? Eu era domador e ela estava assistindo à apresentação. Mas nós já nos conhecí-amos. E nos odiávamos. Ela tinha uma lanchonete na frente do circo. Até que um dia eu cheguei lá e disse ‘dá a chave

da tua casa que eu vou dormir lá’. Em um mês namoramos, noivamos e ca-samos”, conta, ressaltando: “A maioria do pessoal do circo casa com menina da cidade”. A esposa dele, Ivone, tra-balha na venda de churros do circo. Eles tiveram dois filhos, que os acom-panham no Bremer. Uma é dançarina

e o outro é o trapezista Keoma, que, como o pai, também se apaixo-nou por uma “menina da cidade” e agora está formando a própria fa-mília sob a grandiosa lona circense.

Quanto a Isadora, que tinha “pavorzinho de palhaço”, dobrou-se de rir no número de Cebolinha – parece ter esquecido rápido do medo.

Chega a parte final do show. “Coragem, sangue frio. A máquina da emoção não tem comparação.” Anun-cia-se o Globo da Morte, e a plateia, ao ouvir os aceleradores, espera que máquinas potentes entrem em cena. Quem chega, porém, é Luisinho, “o motoqueiro mais jovem, com apenas seis anos”, empolga-se o apresentador. O menino franzino dirige uma moto

igualmente pequena. Quando We Will Rock You começa a tocar, Luisinho entra na esfera e começa a dirigir em círculos.

Durante o dia, quando não está se apresentando, Luisinho gosta de ves-tir uma camisa do Grêmio e um boné virado para trás. “Tenho sete anos. Mas eles falam seis, só para as pessoas dizerem ‘aaaah, ele tem só seis anos’”, revela Luis Bremer, filho da mágica Edilamar. Ele não sabe precisar desde quando faz o número da moto, só diz que “faz tempo”. Supõe-se que o “faz tempo” de uma criança de seis anos, digo, sete não possa ser tão longo as-sim. Enquanto não chega a hora de seu show, Luisinho nem sempre assiste ao espetáculo. “Fico deitado”, diz o garoto, que divide um beliche com a irmã, Ste-phany, no trailer da família.

Luisinho cede lugar às motos mais potentes. Tudo está escuro, a não ser por quatro faróis. Os motoqueiros, entre eles Edimar e Keoma, iniciam a barulhenta apresentação, fazendo mui-tos adultos prenderem a respiração. As

crianças não parecem muito preocupa-das, talvez por não entender o quão pe-rigoso é um Globo da Morte. Para evi-tar que se machuquem no caso de um acidente, os motoqueiros usam, além do capacete, protetores para pescoço, peito, joelho, cotovelo e pé. “Tem que treinar quase diariamente. O que não pode acontecer é ficar tonto, porque daí não controla a moto, não enxerga o outro e cai. Tem que andar de bicicleta e de moto em círculos até não aguentar mais”, conta Edimar. O mais experien-te motoqueiro do Globo da Morte do Bremer, que apresenta o número desde 1985, no entanto, tem medo de diri-gir moto na cidade. “Não tenho nem a carteira. É muito perigoso. Não de-pende só da gente. Mesmo se você está devagar, pode vir um louco e bater em você.”

O que acontece no Globo da Morte não é programado. “Se combina, não dá certo. Tem só um líder que dá um sinal de saída, que sou eu, porque sou o mais velho. Eu olho para os três, dou um tempinho e digo ‘vai’. Daí saímos os três juntos”, explica Edimar. “Se der alguma coisa errada com um, vêm todos para baixo”, afirma, deixando à mostra um anel de ouro com o símbo-lo da maçonaria na mão direita.

Keoma era ainda criança quando interessou-se pelo Globo da Morte.

“Acho que eu gosto das coisas difíceis. Da adrenalina.” Na hora, não sente medo, apenas ansiedade. Que aumenta conforme o tamanho da plateia e sua empolgação. “O Globo não se ensaia. Depois que aprende, é cada um por si.”

Ao fim de uma hora e meia de apresentação, todos os artistas do Cir-co Bremer entram no palco para agra-decer os aplausos. O espetáculo fez o consultor de vendas João Carlos Vidor Daris, 29 anos, relembrar a infância. “No meu tempo, tinha bem mais cir-co, e hoje, infelizmente, essa arte está se acabando. Eu trago minha filha por-que gostaria que ela tivesse esse mes-mo sentimento. Eu sei que o pessoal do circo batalha”, diz João.

E a batalha diária do circo continua depois de Caxias, onde os artistas se apresentam neste final de semana, em sessões às 15h, às 17h30 e às 20h30. Até quando o circo estará na estrada, não há como saber. Se depender dos ar-tistas, por muito tempo. “O circo será eterno porque o circo é uma eterna criança”, conclui o apresentador.

“Onde vamos, nossa casa vai. Você, para ir ao Rio de Janeiro, tem que alugar um lugar para ficar. Para nós, é só ir”, diz Alex

14 16 a 22 de outubro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Keoma, filho do palhaço Elbio, participa do Globo da Morte. Edilamar comanda o show de mágica. Sua sobrinha, Helouise, treinou seu número com uma professora dos EUA

Foto

s: A

ndré

T. S

usin

/O C

axie

nse

Page 15: Edição 46

por CÍNTIA [email protected]

om o intervalo de um mês, Caxias se-diará dois festivais com envergaduras diferentes, mas que se aproximam na temática. Primeiro, em 23 e 24 de ou-tubro, a cidade contemplará o nasci-mento do New Jazz Festival, com dois dias dedicados ao ritmo. O segundo é o já familiar Moinho Blues Festival, or-ganizado pelos proprietários do Mis-sissippi Delta Blues Bar, em sua tercei-ra edição, de 25 a 27 de novembro.

Em comum, a apreciação por gêne-ros musicais não reconhecidamente populares. Na terra da Festa da Uva, há muitas opções para os ouvidos – o bom e velho rock & roll e a música eletrônica são apenas algumas delas. Poucos ritmos, porém, são cercados de tal mística e têm raízes tão profun-das quanto os ritmos agraciados pelos festivais – que, além dos acordes me-lódicos das guitarras chorosas do blues e das improvisações elegantes do jazz, serão animados por workshops e con-versas entre os músicos.

Os festivais terão atrações locais, nacionais e internacionais, contem-plando artistas da cidade, valorizan-do o que de bom é produzido no país e oferecendo pouso a músicos vindos das terras norte-americanas. O Moi-nho Blues Festival levará aos seus ago-ra cinco palcos aproximadamente 30 shows, com variedade de estilos do blues. Entre elas, Celso Blues Boy, um dos pioneiros do ritmo no Brasil, os caxienses da Lennon Z & The Sickboys Trio, com uma levada mais rockabilly, e artistas internacionais como Peter Madcat e Kenny Neal.

Mistura e versatilidade também fazem parte dos shows do New Jazz Festival, com diversas vertentes do rit-

mo americano. Desde o eletro jazz do Projeto Ccoma até o jazz mais clássico do Fernando Aver Jazz Trio, passando pela influência oriental do trio Maha-bharata. Alguns DJs também farão suas apresentações misturando música eletrônica, jazz e o que mais aprouver, sem restrições.

Na história da música, o blues é um precursor. Um dos pilares do rit-mo, o músico Willie Dixon, cunhou uma frase que define esse status de paternidade sobre outros gêneros: “O blues é a raiz, o resto são os frutos”. O blues veio dos estados sulistas norte-americanos, como Mississippi, Alaba-ma e Geórgia, dos lamentos dos negros escravos, trabalhadores em plantações de algodão e de outros cultivos. Tam-bém tem como berço os chamados spi-rituals, momentos em que a pregação da fé afro-americana era realizada por meio de cânticos. A época é o início do século 20.

O sul dos Estados Unidos viu cres-cer e se reproduzir um gênero musical com influência duradoura e capaci-dade de expor o estado de espírito de quem o toca. Dele, surgiram variações. O bluegrass, o rhythm & blues e até o rock & roll tiveram esse pai tão cheio de alma e energia. No Brasil, o blues demorou para chegar e aterrissou para valer somente nos anos 80. Ofuscado pela Música Popular Brasileira e outros gêneros mais notórios no país, o blues, por aqui, é pouco mais que um adoles-cente, entrando em seus 20 e poucos anos.

De acordo com a reportagem especial 20 Anos de Blues no Brasil, de Eugênio Martins Júnior para a edição 13 da revista Ao Vivo, de maio de 2009, os marcos iniciais do blues no Brasil fi-

cam divididos entre um show da lenda viva B. B. King em São Paulo, em 1979, e apresentações constantes de Buddy Guy e Junior Wells em 1985.

Hoje, diversas cidades do país rea-lizam seus festivais e shows em homenagem ao ritmo americano. Tanto que o guitarrista Carlos Johnson, uma das atrações interna-cionais do festival de blues caxiense de 2009, confessou aos poucos que restaram em sua companhia no ama-nhecer após o final do evento que não há lugar que mais ame e valorize o blues do que o Brasil. “Nem em Chicago”, disse, ci-tando sua terra natal. A reconhecida índole passional brasileira o cativou.

Descendo pelo mapa, o solo da região do sul do país é extremamente fértil para blueseiros. O Moinho Blues Festival já é referência, alardeado como o maior festival do gênero na América do Sul. Os idealizadores são Toyo Ba-goso e Rodrigo Parisotto, donos do bar Mississippi, que abriu suas portas na Estação Férrea em julho de 2006.

Toyo é fã incondicional de blues e figura certa nos festivais americanos. Em 2008, ele levou o amigo Parisotto para o festival de Chicago e a bagagem voltou cheia de ideias. Para fazer algo ainda naquele ano, tendo os eventos americanos como padrão, tinham ape-nas três curtos meses. “A ideia era fazer um festival pequenininho, só com ban-das de Porto Alegre e de Caxias”, ex-plica Toyo. Obviamente e felizmente, o plano não correu como imaginado, já que até o norte-americano Magic Slim

figurou no line up. No primeiro festival, a estrutura

de quatro palcos já existia. A rua foi fechada com a bênção da Secretaria Municipal de Cultura e aí tinha início

uma tradição. Os dias, porém, não se manti-veram. Antes, os sho-ws foram realizados de quinta-feira a domingo. “Aqui, domingo o pes-soal não sai. Lá nos Es-tados Unidos domingo é o dia mais forte, onde o pessoal passa o dia inteiro no festival, faz piquenique.”

Com a quinta-feira, deu tudo certo, pois na cultura caxiense quinta

é noite de festa. Para trazer um pouco deste domingo americano, um palco a mais estará disponível nesta edição. “Um palco alternativo vai ficar em um pedaço da Estação, cercado e pequeno, funcionando das 18h às 22h. Aí não atrapalha vizinho e quem vem pode fi-car por lá, fazer um piquenique e curtir a área”, explica Toyo.

O que se mantém desde o primeiro ano é a preferência por bandas que to-cam no Mississippi. “Ainda seguimos essa ideia de que quem costuma tocar no bar e tem frequência maior tem prioridade. Ou para quem faz um tra-balho forte e de pesquisa”, define.

Para exemplificar, Toyo faz referência à banda catarinense The Headcutters, de Itajaí. A banda está prestes a com-pletar 10 anos e é formada por quatro amigos de infância. Nas apresentações, percebe-se o cuidado com a música e com as roupas. O trabalho tem foco no que eles chamam de grandes mestres do passado, dos anos 40 e 50. A preo-cupação, porém, não é somente estéti-

C

Tempo de festivais

“As pessoas sabem o que é o nome jazz, mas não o que é a música. Com o New Jazz, vão acabar conhecendo melhor”, diz Lidia

Mai

con

Dam

asce

no/O

Cax

iens

e

Trib

alte

ch 2

010,

Div

ulga

ção/

O C

axie

nse

Billy Branch veio de Chicago para o último Moinho Blues Festival. O New Jazz, que estreia este ano, investe nas atrações locais, como o Projeto Ccoma

DO BLUES AO JAZZ Dois eventos ousados, dedicados a gêneros

menos comerciais, criam cultura e escrevem a história da música caxiense

www.ocaxiense.com.br 1516 a 22 outubro de 2010 O Caxiense

Page 16: Edição 46

ca. “Também temos equipamentos da época, para fazer a banda soar como os velhos discos de blues. Trata-se de uma verdadeira viagem no tempo. Back to 50’s!”, afirma o vocalista, Joe Mahrofer.

Presente em todas as edições do fes-tival e frequentemente se apresentando no palco do bar caxiense, a The He-adcutters não se importa com a longa viagem para Caxias. O ponto aqui é carimbado, sem dúvida, por conta da qualidade das atrações do Blues Festi-val. “Trata-se do maior, melhor e mais bem organizado festival de blues da América do Sul, e daqui a pouco será um dos melhores do mundo. Com ab-soluta certeza digo isso!”, confia Joe.

O entusiamo dos patrocinadores, en-tretanto, ainda não é tão grande quanto o dos músicos e do público. “Encontro todas as dificuldades possíveis. Depois de quatro, cinco, seis edições o pessoal vai confiar. Agora não co-nhecem bem”, lamenta Toyo. A melhor manei-ra de colocar o festival em pé é a permuta. É um troca-troca de ser-viços, baseado na ma-neira norte-americana de fazer festivais. “Lá, a cidade trabalha pelo festival, parece coisa bem familiar. É o clima que queremos aqui.”

Com as permutas firmadas, o orga-nizador afirma que o evento não existe para dar lucro, mas também não pode dar prejuízo. “Este ano praticamente triplicamos os cachês dos músicos”, comemora. Outras novidades possí-veis, ainda sem confirmação, seriam um Encontro de Vespas e um leilão de bluesmobilia.

A ideia é sempre crescer, já que, de acordo com Toyo, material do mundo inteiro é enviado para os encarregados do festival para tentar a chance nos palcos de Caxias. Até na Finlândia há banda de blues, acredite.

Advindo do blues, a estrela da outra atração é o jazz. A idade deles é praticamente a mesma, e ambos são fãs de quebrar barreiras, de ser vanguarda e de detestar mesmice. A origem do jazz remonta à sulista New Orleans, palco de uma miscelânea que absorveu o blues com improvisação e swing.

As variações do jazz remetem inva-riavelmente aos instrumentos que o diferenciam do blues: os metais. Trom-bone, trompete e saxofone, por exem-plo, são peças perfeitas para criar uma música envolvente e dançante. Basta lembrar das chamadas big bands, crias do jazz nos anos 30 e 40.

No Brasil, não é um gênero popular, podendo até parecer elitista aos desavi-sados. Para desmistificar, o evento que o Aristos London House abrigará no próximo fim de semana procura, além de dar espaço para quem toca esse tipo de som, criar uma cultura da admira-ção ao jazz.

De acordo com uma das organizado-ras do New Jazz Festival, Lidia Ribeiro, da agência Arquivo Design, o exemplo a seguir é o Moinho Blues Festival, evento consolidado. “Se com o blues é possível, com o jazz também é.” Segun-

do ela, a escolha das atrações do New Jazz foi feita na base da indicação. Al-guém que conhecia alguém, que lem-brava de mais alguém. O primeiro da lista foi o músico Fernando Aver.

Aver destaca um dos nomes que in-dicou, o guitarrista Joel Rodrigues, que toca uma guitarra de dois braços e com estilo diferenciado. A dica veio de uma cidade vizinha, Bento Gonçalves, já que o cenário jazz de Caxias é compli-cado. “Há uma escassez muito grande de músicos. É um meio restrito, sem-pre com as mesmas pessoas. Alguns têm capacidade, mas não fazem traba-lho instrumental”, avalia.

A amplitude dos estilos a serem apresentados é uma estratégia para fa-cilitar o contato com plateias que ainda não são muito familiares ao jazz. “Não

é ritmo de apelo comer-cial, mas noto que sem-pre tem público novo e gente nova que gosta”, diz Aver.

Intercalando os sho-ws, haverá apresen-tações de dança com roupas de época e um workshop de circuit bending com o DJ Pane-tone, no qual a intenção é tirar som de partes de objetos eletrônicos.

O New Jazz é, para Lidia, a opor-tunidade de apresentar o trabalho de músicos da cidade ao grande público. “Mostra o que nós temos, que é muito bom e ninguém enxerga. Estão escon-didos.” Ela conta que até grupos de rap a procuraram para, de alguma forma, entrar no evento. “É ruim dizer não, mas a gente tem que aprender.”

O festival começou com a alegria de uma brincadeira. Primeiro, as bandas foram selecionadas e convidadas. De-pois, veio o patrocínio. “A pior parte”, admite Lidia. Para divulgação, um mês: tempo recorde. A organizado-ra considera que as pessoas ainda são fechadas quando o assunto é investir em cultura. Lojas foram convidadas a expor seus produtos no festival sem custo algum. E, acredite, parte delas recursou o espaço. Outras, mais ante-nadas, toparam.

O evento começa pequeno, mas com intenção de gente grande. “Ninguém sabia o que era blues há dois anos. Es-pero poder chegar um dia ao tamanho do festival de blues, que hoje está in-troduzido na cultura da cidade”, deseja Lidia.

Segundo Toyo, com o tempo foi-se perdendo aquele preconceito que rotu-lava o blues como chato. “Além da mú-sica, há o contexto social, a informa-ção.” Lidia torce para que o New Jazz seja bom para a cena cultural caxiense. “As pessoas sabem o que é o nome jazz, mas não sabem o que é a música. Com o New Jazz, elas vão acabar conhecen-do melhor, ficando curiosas e quem sabe até pesquisando e ouvindo em casa depois.”

Não precisa fazer trato com o demo – como, reza a lenda, fez o blueseiro Robert Johnson – para conseguir as-sistir a todos os shows sem furar, sem falhar. Confira a programação ao lado. É investimento no bem estar de seus ouvidos. E da alma, por que não?

“Trata-se do maior e melhor festival de blues da América do Sul, e daqui a pouco será um dos melhores do mundo”, aposta Joe

Art

e de

Luc

iana

Lai

n so

bre

obra

s de

Lind

omar

Sil

veir

a/O

Cax

iens

e

16 16 a 22 de outubro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Page 17: Edição 46

por MARCELO [email protected]

seção dos saldos é a metonímia de uma feira do livro. É como se dentro daquele caixote de madeira, à margem das obras da hora, habitassem perso-nagens de um mundo paralelo, tão longe dos holofotes, mas ao mesmo tempo ainda tão perto de um possível leitor. Mesmo sendo ainda um livro, esse objeto, deslocado do seu univer-so, parece mais fadado à reciclagem do que a habitar a estante de algum leitor mais atento. Não fosse pelo apa-rente desprezo, essas publicações não teriam sido lançadas dentro desse bu-raco silencioso. E nem mesmo o mais famoso alquimista dessa seara literá-ria brasileira consegue fazer-se ouvir e voltar à vitrine. Paulo Coelho, o mago, vendedor de livros mais célebre do país, tem diversas obras suas no ostra-cismo dos saldos.

Antes de revelar quais obras do

imortal (?) Paulo estão à deriva, é pre-ciso explicar o que é e o que cabe num saldo. A definição chula, sem eira nem beira, diz que saldo é um lugar onde tudo pode. Não importa se é alta, média, baixa ou rasa literatura. Cabe até o que não é literatura. Essa caixa de madeira, geralmente quadrada, raramente retangular, e quase nunca com arestas arredondadas, comporta um sem fim de manuais – do mun-do fabuloso da informática ao caos da sobrevida após a separação, e da preparação de lanches à encantada e sentimental flora medicinal. O preço: bem, o valor que se dá ao livro na se-ção de saldos é proporcional ao valor que um ser humano geralmente dá ao livro. É incomensurável. Para o bem e para o mal. E por isso vai de R$ 1 a R$ 50. Sim, caro leitor, essa variação é percebida dentro do caixote de saldos.

O universo literário está cansado de saber que saldo tem preço mais em conta. Sempre. Ou deveria ser assim, pelo menos. Mas é que conversando

com o livreiro Cristiano Bartez Go-mes, da livraria do Maneco, ele explica que o tal saldo, não a seção em si, mas a palavrinha que se usa para atrair a atenção do leitor e identificar essa por-ção de madeira à margem das bancas de livros, anda meio demodê. É como dizer que aquele ator da novela é um pão e que o filme Tropa de Elite 2 é supimpa. Para resumir, demodê é algo fora de moda, como casar e ter filhos – dizem alguns –, por exemplo. Enfim, é por isso que algumas livrarias estão tirando a plaquinha de saldos e no lugar fixam cartazes de uma sedução pós-moderna e antenada com a nova ordem mundial. “Preços especiais” ou “preços promocionais” rebatizam os saldos de ontem.

 No entanto, não tem mudado

muito a avaliação do que cabe ou não nesse anexo modesto da melhor parte da banca de livros. Se bem que procu-rar um bom livro (e aqui cabe uma pa-

rada à moda filosófica, porque quem julga se o objeto recheado de palavras é bom ou não é o olho de quem fita, a expectativa de quem pega na mão e, por fim, o dinheiro que esse compra-dor pode desembolsar) pode ser uma tarefa muito divertida. Entre um e outro caroço literário, como Os Tra-ficantes de Bebês ou Nocaute – Um Golpe Certeiro, Uma Vítima Fatal, é possível encontrar uma edição pop art de Tom Sawyer, de Mark Twain, um dos favoritos do patrono Marcos Fer-nando Kirst. Tateando ainda em ou-tras bancas pode-se deparar com um livro do próprio patrono, A História nas Estantes, sobre a Biblioteca Públi-ca de Caxias do Sul, ou do ex-patrono Paulo Ribeiro, As Luas que fisgam o peixe. Mas o mais vendido da Belas-Letras na seção de saldos é Meu Pe-queno Juventudista, escrito por outro ex-patrono, José Clemente Pozenato, e ilustrado por Fredy Varela. “O Juven-tude tinha de ser campeão em alguma coisa, né!”, brincou um desses leitores

desbravadores de saldos, desferindo uma doce e grená ironia. O vencedor está só, do outro Paulo, o Coelho, di-vide o pó e os ácaros de um balaio da livraria Do Arco da Velha com outras ra-ridades de maior e me-nor quilate, provando que até o título da obra do mago está equivo-cado.

Nem tudo que está espremido no caixo-te de saldos, ou como se diz na contempo-raneidade, de preços especiais, é do arco da velha. Tem muito li-vro novo, que não foi manuseado nem mesmo pelo livreiro, dando sopa. Tem tempero pra todo paladar. Ironia sutil, dessas macha-dianas, nos deparamos com As obras-primas que poucos leram – volume 2, organizado por Heloisa Seixas. É o

paradoxo literário desvelado. Talvez tão ou mais paradoxal do que o jor-nalista Paulo Francis, cujo perfil es-crito por Daniel Piza segue ali, preso na areia movediça dos saldos, por um troco de R$ 5. Ou ainda tão paradoxal, e quem sabe por isso mesmo destinada à extinção, a obra Por que as mulhe-res escrevem mais cartas do que as enviam?. Talvez porque no longínquo ano de 1996, quando a autora lançou o livro, alguém ainda escrevesse cartas neste planeta.

 Agora, o que levaria um leitor/

adorador, talvez fanático, comprar uma edição de livro quase como um caderno, fotográfico, editado/lançado pela revista Caras argentina, sobre o mito Diego Armando Maradona, à venda na Calle Corrientes da Praça Dante Alighieri? Ainda mais quando na capa o astro argentino veste uma sunga/cuecão de estilo neorrenascen-tista? O eterno camisa 10 anda valen-do R$ 15 na Feira do Livro. Noves fora

a inflação argentina, o craque anda mal na cotação. Talvez por isso divida hoje em dia o mesmo caixote de uma obra de valoroso requinte como O Do-

gue Alemão, de Jean Lanning.

E ainda há quem se derreta lendo A Lira dos Vinte Anos, do ultrarromântico Ál-vares de Azevedo. Se bem que A ciência para ficar rico, escrito por Wallace D. Wat-tles, ou A Mágica do Marketing, de Clóvis Tavares, podem ser mais úteis a uma certa classe de vestibulandos

semialfabetizados e com pensamento mais pragmático. Nem mesmo as bal-zacas independentes e de uma recata-da presença de espírito ficarão imunes aos tórridos romances sensuais, como A Romana ou A Satânica Rival de

Angélica. Mas, se nada disso lhe inte-ressar, sempre haverá um certo livro à tua espera nos saldos da Paullus. Por R$ 5 você pode fazer terapia indireta, lendo obras como Terapia do Corpo, Terapia da Tristeza e Terapia do Ani-versário.

Mesmo um emaranhado lite-rário como esses ainda é visto como um oásis pelos leitores pacientes e dedicados. Porque atrás de um livro de radiestesia sempre pode estar uma obra-prima de João Cabral de Melo Neto ou um estranho no ninho, como Os Anos Mitterrand, sobre o ex-pre-sidente francês. Talvez seja pelo con-teúdo dos saldos, ou preços especiais, como queiram, que se possa enxergar melhor que tipo de livraria você anda frequentando. Em alguma parte, al-guma literatura. Mesmo que do mais baixo calão, nem por isso desprezível. Preciosidades como essas não existem nas prateleiras, só nos caixotes do sal-dão.

A

Memórias póstumas

Mesmo um emaranhado literário como essses ainda é visto como um oásis para o leitor paciente e dedicado

www.ocaxiense.com.br 1716 a 22 outubro de 2010 O Caxiense

Foto

s: Re

prod

ução

, MA

rcel

o M

ugno

l/O

Cax

iens

e

EM BUSCA DO LIVRO PERDIDO

Diferencial das livrarias, que parecem vender as mesmas obras, está no ponto mais modesto das bancas, os caixotes de saldos

Clássicos, raridades inúteis e preciosidades literárias fazem da compra nos saldos um exercício de paciência, mas que reserva boas surpresas

Page 18: Edição 46

l Matinê Animê Caxias | Sábado, 15h | Ordovás

A primeira das películas será Ooka-mi-san to Shichinin no Nakamata-chi, em que menina faz parte de clube, onde um estudante estranho entra por ser apaixonado por ela. Depois vem Sengoku Basara, que homenageia o Japão com uma história de luta por províncias. Para encerrar, Ghost In The Shell: Stand Alone Complex, a realidade é entre corpos e órgãos ci-bernéticos, aproximando homens de máquinas, em 2030. Entrada franca.

l Soul Kitchen | De quinta (14) a domingo (24), 20h | Ordovás

Proprietário de restaurante na zona portuária de Hamburgo, na Alema-nha, vê seu negócio e sua vida pessoal irem por água abaixo. A salvação está em um chef de cozinha temperamen-tal. 14 anos, 99 min., leg..

AINDA EM CARTAZ – A Lenda dos Guardiões (3D) | Animação. 14h05, 16h15 e 18h30. Iguatemi | Avatar – Edição Especial (3D). Aventura. 21h. Iguatemi | Comer, rezar, amar. Drama. 13h20, 16h, 18h50 e 21h50. Iguatemi | Como cães e gatos 2: A vingança de Kitty Galore. Anima-ção. 13h50, 15h50 e 18h10. Iguatemi| Eu os declaro marido e... Larry. Co-média. Quinta (21), 15h. Matinê às 3. Ordovás | Karatê Kid. Aventura. 20h. UCS | Meu Malvado Favorito. Ani-mação. 16h. UCS | Nosso Lar. Drama. 13h40, 16h10, 18h40 e 21h10. Iguatemi | O Aprendiz de Feiticeiro. Aventura. 18h. UCS | Os vampiros que se mor-dam. Comédia. 20h e 22h. Iguatemi | Tropa de Elite 2. Policial. 14h, 15h20, 16h30, 17h50, 19h, 20h20 e 21h30. IguatemiINGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 12 (inteira), R$ 10 (Movie Club Prefe-rencial) e R$ 6 (meia entrada, crian-ças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 14 (inteira), R$ 12 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Sala 3D: R$ 22 (inteira), R$ 11 (estu-dantes, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos) e R$ 19 (Movie Club Preferencial). Horários das sessões de sábado a quinta – mu-danças na programação ocorrem sex-ta. RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professo-res e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mu-danças na programação ocorrem sex-ta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255 | Or-dovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316.

l Fazenda Santa Ana | Sábado, 16h |

No livro de Maria de Lourdes Gon-çalves Avino a beleza natural do cená-rio só é compatível com a força da per-sonagem Maria Clara, que enfrenta a ira de uma fazendeira. Enredo tão ca-tivante que poderia ser adaptado para a telenovela. (Ed. Maneco)

l Geremia: Um Olhar de Pai para Filho | Sábado, 18h |

Dividido em três sessões, com fotos de 1880 até 1970, sem pretensão histó-rica, o livro mostra Caxias e seus per-sonagens pelo olhar de duas gerações. (Belas-Letras)

l Sonhos – correndo atrás | Sá-bado, 18h |Thalita Rebouças parou de adicionar os leitores no Orkut. “Teria que criar um perfil por semana para atender a todo mundo”. Com 18 perfis lotados no Orkut – cada um com mil amigos – e 10 livros lançados para o público juvenil, Thalita vem a Caxias para fa-lar (sério!) sobre estes e outros papos de adolescente. l Ode Paranoide | Domingo, 16h30

Marco de Menezes está mais moder-nista e menos romântico no seu livro de poesias lançado na sequência de O fim das coisas velhas. Há o cuidado com as palavras, uma certa nostalgia, mas também uma certa fúria nos ver-sos. Destaque para a edição capricha-da em capa dura e com belas ilustra-ções de Marina Polidoro. (Modelo de Nuvem)

l Em busca de uma nova vida | Domingo, 14h |

Bate-papo com Ana Cristina Var-gas, mediação de Solange Sluchtem-berg, da Sociedade Espírita Bezerra de Menezes.

LANÇAMENTOS E AUTÓGRA-FOS: Sábado: Histórias da Curva da Zona. Mara Scotti. História. 15h. | Missão de Anunciar. Alberto Me-neguzzi. Católico. 15h. | O estigma da periferia. Marisa de Andrade. Histó-ria. Da casa. 16h. | O Mundo em Silên-cio. Helô Bacichette, Ignacio Martinez e Marô Barbieri. Infanto-juvenil. Ma-neco. 16h. | Causos do Boi Voador. Li-sana Bertussi e Paulo Iroquez Bertussi. Contos. Educs. 17h. | Perseverar na fé, Confirmados na fé e Celebrar o Na-tal. Pe. Leomar Brustolin. Católicos. Ed. Paulinas. 17h. | Português profis-sional. Normélio Zanotto. Didático. Maneco. 17h. | Domingo: O mistério da mesa arranhada. Sylvia Roesch. Infantil. Lorigraf. 15h. | Avance com Estratégia. Patrick Augusto Piccoli. Administração. Publit. 16h. |

l As Aventuras no Trem da Lei-tura | Sábado e domingo, 16h e 20h |

Menina passeia de trem pelos clás-sicos da literatura nacional. Cia Uerê.SescR$ 10, R$ 8 (antecipado) e R$ 5 (comer-ciários, estudantes e sênior) | Moreira César, 2.462 | 3221-5233

l Herlói, o herói | Quarta (20), 15h |O grupo Cuidado que Mancha apre-

senta peça em que um sujeito comum busca uma música como antídoto para salvar a namorada, adormecida pelo feitiço um mago.SescR$ 10, R$ 8 (antecipado) e R$ 5 (comer-ciários, estudantes e sênior) | Moreira César, 2.462 | 3221-5233

l A Fables | Sábado e domingo, 15h

Com música e teatro de bonecos, a companhia francesa Animatière apresenta três fábulas de Esopo para a atualidade para mostrar que drama e humor são atemporais.Feira do LivroEntrada Franca

l Show só para Altinhos | Sexta (22), 20h30 |

Davi de Souza apresenta sua perso-nagem Dona Bastiana, que comemora 10 anos. Comédia.Teatro do Sesc1 kg de alimento não perecível | Morei-ra César, 2.462 | 3221-5233

l Frames da dança | De segunda a sábado, das 17h às 21h |

Fotografias artísticas comemoram os 12 anos da Cia. Municipal de Dan-ça, com trabalhos de Carolina Cam-pos, Claudio Etges, Frank Jeske, Gil Grossi, Guilherme Jordani com foto-grafias de Joel Jordani, Gustavo Pozza, Lauro Grivot, Maicon Damasceno, Mário André Coelho e Maurício Con-catto. Galeria do Teatro Moinho da EstaçãoEntrada franca | Augusto Pestana, s/n° | 9118-6233

AINDA EM EXPOSIÇÃO – Bez Bat-ti – 70 anos. De segunda a sexta-feira, das 8h30min às 18h e aos sábados, das 10h às 16h. Galeria Municipal. 3221-3697 | Cultura Tibetana nas peregri-nações budistas. De segunda a sába-do, das 10h às 19h30min e domingos ,das 16h às 19h. Catna Café. 3212-7348 e 3021-7348 | Eu vivo, e você? De se-gunda a sexta, das das 9h às 12h e das 13h30 às 19h. Sábados das 9h às 15h. Galeria Arte Quadros. 3028-7896 | Quem é você? 8h às 20h. Jardim de In-verno Sesc. 3221-5233.

[email protected] Cíntia Hecher | editado por Marcelo Aramis

Guia de Cultura

18 16 a 22 de outubro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

CINEMA FEIRA DO LIVRO TEATRO

EXPOSIÇÕES

Literatura | História de não acontecer

Existência nos olhos da mãepor PAULA SPERB

Um capítulo inteiro em apenas uma frase prova o quanto bem escolhidas são as palavras de História de não acontecer, o primeiro livro de Reges Schwaab e o primeiro livro de prosa da pródiga editora Modelo de Nuvem. Contrá-rio do que se possa ordinariamente concluir ao se deparar com uma prosa tão enxuta, há muito significado em poucas linhas. Por mais que a própria imagem da capa indique o que está por vir ao abrir o livro e que a metáfora da concha e o caracol seguindo seu próprio rastro sinalizem um movimento cíclico, a prosa deve ser lida na sequência indicada pelo autor. Há um “guia de leitura”, tão prescritivo quanto Aristóteles, em sua A Poética, recomendando que “as partes devem ser lidas na ordem apresenta-da. Obrigatoria-mente.” O mundo do menino N.A – que nasce contra-ditoriamente em 21 de dezembro, quando começa o verão, reme-tendo ao calor, à proteção do colo morno de uma mãe – cabe todo em sua concha. Mas N.A não con-segue caber em si. Ele é um menino que não queria ter nascido, “seguia a pensar que só fora feliz antes de nascer”. A estranheza causada pelas impressões do garoto ao refletir sobre o significado de sua existência fazem com que N.A e Gregor Samsa tenham muito em comum. História de não acontecer está bem próximo de A Metamorfose, de Franz Kafka. Não no estilo, mas na sensação de sufoco e de inquietação que causa no leitor. A semelhan-ça também aparece nas metáforas do caracol e da barata, respectivamente. O Homem, o Velho, a Velha, a Mulher, a Tia, são perso-nagens da narrativa e do universo familiar criado por Reges. Neste aspecto da denomi-nação das pessoas lembra obrigatoriamente José Saramago, em Ensaio sobre a Cegueira, e seus personagens sem nome próprio. N.A passa a vida desejando não ser, abusado pelo Velho, maltratado pela Velha e rejeitado pelo Homem. Mesmo assim não há amargura na sua subjetividade, há até um certo humor, na representação das garfadas da Velha. O livro é uma experiência plena de um jogo de lingua-gem, como teorizado pelo filósofo Wittgeins-tein, em Philosophical Grammar. N.A só tem duas fotografias em cadastros, mas as destruiu. Sabe que “só existe uma verdadeira fotogra-fia... quando nos vemos nos olhos do outro”. A fotografia nos olhos de sua mãe lhe basta.

l História de não acontecer Reges Schwaab. Modelo de Nuvem, 84

páginas, R$ 25 (com desconto na Feira do Livro, R$ 20)

Page 19: Edição 46

l Microcinema | Sexta (22), das 13h30 |Ministrada pelo professor da UFMG

Rodrigo Minelli, dá dicas sobre este for-mato de duração mínima, baixo custo e com facilidade de exibição pela internet. As inscrições são gratuitas, ao enviar nome completo, RG, CPF e telefone para o email [email protected] até quarta (20). As obras resultantes participam da Mostra Competitiva arte.mov RS, em Porto Alegre. O pré-requisito é ter telefone celular com câmera de vídeo ou máquina fotográfica digital em mãos. Vagas limitadas.Bloco M – Sala 103 – UCSEntrada franca | Francisco Getúlio Vargas, 1.130 | 3218-2100

l Caxias em Movimento | De terça (19) a sábado (23) |

Primeira edição do evento, reúne gru-pos de dança da cidade.A entrada é fran-ca e a entrega de troféu de participação e certificados será realizada na terça (26), às 19h, no Boteco 13.Terça (19): Performance Grupo Stron-dum – MG. 11h e 18h30. Praça Dante Alighieri e Boteco 13. | Workshop Grupo Strondum. Das 15h às 18h. Cia. Munici-pal de Dança. 18h30min | Quarta (20): Workshop Grupo Strondum. Das 14h às 16h. UCS. | Performance Grupo Stron-

dum – MG. 16h15 e 19h. UCS | Garotos da Liberdade, Vin Rouge Espaço Cultu-ral de Danças, Escola de Flamenco La Cueva, CTG Campo dos Bugres, Oito Tempos Escola de Dança de Salão e Jet Project. 20h. Teatro Municipal | Quinta (21): INTRO-MISSÃO URBANA: arte e cidade. Mesa de discussões. Das 14h às 15h30. Teatro Municipal. | Performance Grupo Strondum – MG. 19h30. Teatro Municipal. | Grupo de Danças Místicas Estrelas do Oriente, Escola de Danças Carla Barcellos, Grupo Atlantics Dança de Rua, Grupo Profissional da Hayet Es-cola de Danças e Grupo de Danças Fol-clóricas Famiglia Trentina. 20h. Teatro Municipal | Sexta (22): Grupo Articu-lações, Rakaça Templo de Dança, Ballet Margô, Grupo Estrela Sírius, Espaço Multicultural e Studio de Danças Cami-la Oliveira. 20h. Teatro Municipal.

l Bonde do Forró | Sábado, 23h59 |Grupo divulga seu novo DVD, gravado

durante a Festa da Uva deste ano. Os pri-meiros 2 mil ingressos garantem DVD.All Need Master HallR$ 15 (1º lote), R$ 20 (2º lote), R$ 25 (3º lote), R$ 30 (4º lote) e R$ 40 (camarote e mezanino) | Castelnovo, 13.351 | 3028-2200 ou 7811-3036

l Coral Municipal | Sábado 10hApresentação gratuita do Grupo de Câ-

mara do Coral Municipal. Regência da maestrina Cibele Tedesco.Feira do Livro

l Francis Hime | Domingo, 18h30

Compositor, pianista e cantor Francis Hime, parceiro de nomes como Vinícius de Moraes, Chico Buarque e Toquinho faz show de encerramento da 26ª Feira do Livro.Feira do LivroEntrada franca

TAMBÉM TOCANDO - Sábado: Ba-lada do Beijo com Dado Dolabella. Ele-trônico. 23h. Move. 3214-1805 | Barra-cuda Project. Eletro rock. 23h. Aristos London House. 3221-2679 | Bossa Nova Trio. Bossa nova. 21h30. Zarabatana. 3228-9046 | Cartolas. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Cris Oltz. Pop rock. Fei-ra do Livro. 19h. | Discorama. Eletrônico. Pepsi Club. 3419-0900 | Lennon Z & The Sickboys Trio. Rockabilly. 22h30. Mis-sissippi. 3028-6149 | Libertá. Nativista. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | Long Play. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Predator, Illusion, Meredith, Nantra e Spartans. Metal. 16h. Eco Music Bar. 3215-6890 | Processo IV. Pop rock. Santo Graal. 3221-1873 | Terça (19): Ro-drigo Campagnolo e Graziano. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Quinta (21): Bob Shut. Bossa nova. 21h30. Za-rabatana. 3228-9046 | Victor Hugo e Sa-muel. Sertanejo universitário. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Sexta (22): Ale Ravanello Blues Combo. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | BahQBem. MPB. 21h30. Zarabatana. 3228-9046 | Rebeldes. Rockabilly. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Toolbox. Hard rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758.

www.ocaxiense.com.br 1916 a 22 de outubro de 2010 O Caxiense

OFICINA

DANÇA MÚSICA

OFICINA

Div

ulga

ção/

O C

axie

nse

Francis Hime encerra Feira do Livro

Page 20: Edição 46

[email protected]

[email protected]

Frank Jeske| Frames da Dança |

Corpos em aparente (?) desconforto, passos estranhos, figurinos (?) mi-nimalistas. Nenhum roteiro lógico, cenário óbvio ou trilha sonora escla-recedora. Explicar um espetáculo de dança contemporânea é privá-lo da sua essência perturbadora. Adeptos dos enredos com início meio e fim vão para casa sem entender o espetáculo. Desistem na primeira vez. Quem volta, também não é bom entendedor, apenas aproveita a inquietação dos movimentos que rompem o palco para cutucar a plateia.

Arte excêntrica - artigo de luxo - a Cia Municipal de Dança de Caxias do Sul, a única oficial do Estado, se sustenta nos palcos há 12 anos. O ani-versário é comemorado na exposição Frames da Dança, que abre no dia 19, no Teatro do Moinho da Estação (veja o Guia de Cultura, página 18). Com curadoria de Mona Carvalho, a mostra selecionou 24 fotos artísticas de diversos espetáculos da Cia (acima, Entrecorpo, 2008). Para além dos registros, uma história de altos e baixos. Em breve, a Cia. se despede de Evandro Pedroni e Luan de Lima, bailarinos aprovados em uma audição da renomada escola SEAD, na Áustria. Exportações novamente em alta são animadoras para um grupo cada vez mais perto de acertar o passo.

Participe | Envie para [email protected] o seu conto ou crônica (no máximo 4 mil caracteres), poesia (máximo 50 linhas) ou obra de artes plásticas (arquivo em JPG ou TIF, em alta resolução). Os melhores trabalhos serão publicados aqui.

20 16 a 22 de outubro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

ra uma espécie de código. Se, por aqueles dias, me man-dassem pôr o uniforme eu deveria saber do esperado inevitável. Acordaram-me cedo. indicaram-me as roupas: camisa branca, calça de tergal azul-marinho, carpins pretos e as indefectíveis congas. Depois, alguém me deu o café e conduziram-me ao necrotério. Sentei-me, ainda acordando, ao lado da mãe. Não entendia nada. Alguns colegas meus foram me abraçar. Eu era a única criança com o uniforme do grupo escolar. Era período de férias. E eu havia esquecido o código. No centro da sala, a esquife e o pai sendo velado.

O UNIFORMEpor CLÁUDIO B. CARLOS (CC)

E

Page 21: Edição 46

O técnico Julinho Camargo, 39 anos, tem contrato até 30 de novem-bro deste ano com o Caxias. Até o momento, ele ga-rante que o assun-to não foi tratado com a direção grená e sustenta que a tendência é de renovação com o clube. “Tenho uma relação muito boa com o grupo e com a diretoria. Não paramos para conversar sobre esse assunto, mas provavelmente nas próximas semanas iremos resolver a questão”, pondera Julinho, que confessa ter recebido o convite para treinar duas equipes. “Não vou falar mais sobre isso. Gosto daqui”, complementa.

Contratado pelo clube grená no dia 20 de novembro de 2009 após reunião na sede da empresa do presi-

dente Osvaldo Voges, Julinho diz que valoriza primeiro o ambiente e a proposta, e depois o aspecto financeiro. “Se eu for para outro time, que assim seja”, finaliza o comandante do elenco grená na Copa Enio Cos-tamilan.

Natural de Porto Alegre, Júlio Camargo foi indicado ao Caxias por Rodrigo Caetano, atual diretor de futebol do Vas-

co-RJ, que foi dirigente do Grêmio e jogador grená. Julinho iniciou nas categorias de base no Inter, na déca-da de 1990, e se destacou no Grêmio. Comandou o time de juniores entre 2005 e 2009, período em que o

tricolor revelou atletas como An-derson, Léo, Lucas, Carlos Eduardo, Rafael Carioca e Douglas Costa. Em abril de 2009, saiu do Grêmio para trabalhar como auxiliar técnico de Paulo César Carpegiani no Vitória (BA). Trabalhou ainda no RS Futebol (2001-2003), Brasil-Fa e Veranópolis (ambos 2004), Seleção Gaúcha Sub-20 (2002) e seleções Sub-20 e Sub-23 do Kuwait (2003-2004).

No Gauchão, o Caxias foi campeão do Interior, com 34 pontos, atrás apenas do Grêmio e à frente do Inter e das demais equipes. Na primei-ra fase (Taça Fábio Koff), Julinho conduziu o grupo na conquista de 19 pontos em 21 possíveis – aproveita-mento de 90,5%. No total, 16 jogos, sendo 10 vitórias, cinco empates e apenas uma derrota. Na Série C, foram duas vitórias, quatro empa-tes (incluindo dois CA-JUs) e duas derrotas.

www.ocaxiense.com.br 2116 a 22 de outubro 2010 O Caxiense

[email protected]

Fabiano Provin

O ingresso, por parte da direção do Juventude, de uma representa-ção na Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) contra o árbitro Vinícius Costa da Costa pelo empate em 2 a 2 no CA-JU 268, no dia 29 de agosto, pode resultar em mais do que uma punição ao juiz. Pode suspender o presidente papo, Milton Scola, por até 2 anos, e pode interditar o Estádio Centenário por até 10 partidas oficiais. Além disso, cinco jogadores do Caxias, por terem provocado a torcida juventu-dista, estarão no banco dos réus. O julgamento será feito pela Primeira Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) no final da tarde de segunda-feira (18).

O segundo clássico válido pela Série C estava 2 a 1 para o Ju quando o árbitro deu 6 minutos de acrés-cimo. O Caxias empatou aos 49 minutos, o jogo terminou aos 51 e

aí começou a confusão. O alviverde precisava vencer para afastar o temor do rebaixamento (o que aconteceu mais tarde). O empate complicava – e muito – a situação do time treinado por Beto Almeida. Alguns atletas do Caxias desfilaram exibindo caixões de isopor e papelão diante da torcida juventudista. O presidente papo, Mil-ton Scola, foi para o gramado xingar o árbitro.

No início de setembro a direção do Ju montou um vídeo com as imagens da partida onde, segundo argumen-to dos dirigentes papos, ficariam comprovados erros técnicos, falta de critérios e de disciplina na condu-ção da partida por parte de Vinícius Costa. Scola foi julgado na época e recebeu 15 dias de suspensão. O caso foi reativado após o STJD receber o vídeo. Scola voltará a ser julgado devido a uma entrevista veiculada na imprensa gaúcha, quando criticou o árbitro. Vinícius Costa, por não ter

relatado na súmula toda a confusão, também será julgado.

O clube grená poderá ter o estádio interditado pelo fato de o vídeo mos-trar o lançamento de objetos para dentro do campo, bem como invasão de torcedores. Os jogadores acusados – podem pegar de dois a seis jogos de suspensão: Adriano, Alisson, Rodrigo Paulista, Anderson Bill e Fernando Wellington (os dois últimos não estão mais no clube).

O técnico do Caxias, Julinho Camargo, que é filho de jornalista, acredita que o foco mudou após o término da partida. “Ninguém falou que conseguimos um empate heróico naquele jogo. Conversei com os atle-tas depois, chamei a atenção de quem tinha de chamar. Por ter convivido com jornalistas, conheço o meio. Aqui em Caxias do Sul tem muita gente boa na área, mas acho que, em alguns momentos, o foco é desviado”, argumenta Julinho.

Dois volantes foram os primeiros a garantir permanência no Jaconi em 2011. O primeiro foi o capitão Umberto. O segundo, Éverton Garroni. A direção também negocia com o zagueiro Fred e o lateral direito Celsinho. Este parece ser o caso mais complicado, pois teria pedido um salário que não seria compatível com a nova realidade do clube. E o primeiro reforço foi anunciado para o Gau-chão 2011: é o volante Jardel, 24 anos, que estava no Pelotas – time o qual Beto Almeida treinava antes de vir para o Jaconi.

O gramado do Estádio Alfredo Jaconi passa por um tratamento especial desde o final de setembro. O terreno foi perfurado para faci-litar a oxigenação do solo. O objetivo é me-lhorar o sistema de drenagem, entre outros benefícios, favorecendo o crescimento mais equilibrado da grama. Após esse processo, haverá colocação de areia, adubo e calcário para finalizar o tratamento. A liberação do campo para a boleirada só acontecerá depois do dia 15 de novembro. Até lá, os treinamen-tos ocorrerão no Centro de Formação de Atletas e Cidadãos (CFAC).

O presidente do Conselho Deliberativo do Juventude, Carlito Chies, divulgou no dia 13 que a eleição da diretoria executiva para 2011 será em 25 de outubro. Carlito já pediu, em reunião do Conselho no dia 30 de setem-bro, para que seja dada a oportunidade ao presidente Milton Scola de permanecer por mais um mandato. Candidatos da oposição deveriam “conversar” com Carlito antes de protocolar uma chapa. Por enquanto, oficial-mente, não há informação de movimentação oposicionista. Oficialmente...

Scola espera que não seja formado um gru-po de oposição. “Mas, se isso for feito, tenho que entender e respeitar porque, mesmo num momento como esse, todo conselheiro tem o direito de submeter o seu nome à apreciação do Conselho”, reflete. Para ele, o pedido feito por Carlito aponta para o futuro. “A união deve ocorrer no sentido de que o Juventude precisa de um projeto de gestão de longo pra-zo para evitar que pessoas sem conhecimento estejam à frente do clube”. E Scola acha salu-tar discutir os motivos pelos quais o Ju caiu à Série D. “Isso talvez nos faça encontrar novos caminhos na busca e reestruturação que, me parece, todos querem.”

No lado grená, o elenco profissional parti-cipa da Copa Enio Costamilan. No alviverde, tudo parado até o dia 25 de outubro, data da reapresentação dos atletas. Nesse meio tem-po, os meninos das categorias de base seguem representando – e bem – a dupla CA-JU em três competições. Os times juvenis (sub-17) e júnior (sub-19) do Caxias e do Juventude dis-putam, respectivamente, o Estadual e a Copa Alceu Bordignon. Já o grupo infantil (sub-15) do Ju participa do Gauchão da categoria – garantiu classificação antecipada para a fase semifinal.

Confusão pode resultar em interdição do Centenário Renovações

Já que está parado...

Eleição no Ju será dia 25

Gurizada em campo

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

Foto

s: A

ndré

T. S

usin

/O C

axie

nse

CA-JUNegociações grenás nas próximas semanas

Page 22: Edição 46

l Troféu Paulo Eduardo de Sou-za | Sábado, 10h30 |

São aproximadamente 150 km de trechos a serem percorridos por 25 carros nas estradas vicinais e rurais de Caxias do Sul e Farroupilha, passando por Forqueta, Desvio Rizzo, Loreto, Monte Bérico, Vila Cristina, São Vir-gílio, 4ª Légua, São Luiz da 6ª Légua, Vale do Caí e Nossa Senhora da Saúde. Além disso, há mais 25 km de deslo-camentos, totalizando cerca de cinco horas e meia de prova. Largada no estacionamento da pre-feituraAlfredo Chaves, 1.333 | 3218-6001

l Liga Nacional 2010 | Sábado, 19h |Depois da quarta vitória consecu-

tiva, com 30 a 28 sobre o Praia Tênis Clube, a equipe feminina Luna ALG/Ordena/UCS/Prefeitura de Caxias do Sul enfrenta o Novo Hamburgo. O time caxiense está em 4º lugar na Liga, empatado com o Praia Tênis Clube/PMV (ES), mas tem um jogo a menos.Ginásio Poliesportivo da UCSEntrada gratuita | Francisco Getúlio Vargas, s/nº, Petrópolis

l XV Copa Caxias de Ginástica Artística | Sábado, 10h |

São aproximadamente 600 partici-pantes de todo o Estado na competi-ção, que se divide nas categorias A, a partir de oito anos até mais de15, e B, formada por ginastas iniciantes.EnxutãoEntrada franca | Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina

l Campeonato Estadual | Sába-do, 14h |

É a terceira etapa do campeonato, na categoria infanto masculina. A UCS/Prefeitura enfrenta a Sociedade Ginás-tica de Novo Hamburgo e o Projeto Vôlei Nova Petrópolis. Ginásio Poliesportivo da UCSEntrada gratuita | Francisco Getúlio Vargas, s/nº

l Caxias x Aimoré | Sábado, 15h |Pela 2ª fase do Estadual Juvenil, o

Caxias enfrenta o Aimoré, que tem o mesmo número de pontos, mas com

um gol a menos de saldo – o que man-tém a equipe grená na liderança. Estádio CentenárioR$ 10 e R$ 5 (para estudantes e pessoas acima de de 60 anos) | Thomas Beltrão de Queiroz, 898, Marechal Floriano

l Campeonato Municipal Infan-til | Sábado, 14h30 e 16h |

A gurizada volta aos gramados de-pois de uma goleada do CFA Caxias sobre o Galópolis na rodada anterior.Campo Municipal 1 e EnxutãoEntrada gratuita | Municipal 1: Av. Circular Pedro Mocelin, s/n°, Cinquen-tenário; Enxutão: Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina l Futebol Sete Série B | Sábado, das 12h45 às 17h45 |

As equipes jogam pela 3ª rodada da 3ª fase. A Moferko, que perdeu a última partida para a Tecbril por não comparecimento, agora terá de dar as caras contra a Keko. Em contraparti-da, Romamar e Luna ALG vêm de um jogo de nove gols, vencido pela Luna. Centro Esportivo do SesiEntrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima

l 8ª Copa Ipam de Futsal Femini-no | 19h, 20h, 21h e domingo, 9h, 10h e 11h |A rodada de quinta (14) definiu os

próximos confrontos.Sábado, 19h: Santa Catarina x

BGF (Sta. Catarina) | 20h: União Fe-minina Flores da Cunha x Real Mada-mes Lupatech (Sta. Catarina) | Terça, 19h: ACBF x UCS/Altech/Tools (En-xutão) | 20h: Real Madames x União Feminina Flores da Cunha (Enxutão) | 21h: Santa Catarina x BGF (Enxutão)Santa Catarina e EnxutãoEntrada gratuita | Santa: Matteo Gia-nella, 1.160, Santa Catarina; Enxutão: Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina

l Campeonato Sesi Série B | Sába-do, 15h às 18h |

A 1ª rodada da 3ª fase terá jogos en-tre oito times.Centro Esportivo do SesiEntrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima

l Sul Brasileiro de Clubes Adulto Masculino | Quinta (21) a domingo (24), 18h e 20h |

O campeonato terá Estância Velha e Caxias do Sul, representando o RS, Joinville e Videira, por SC, e Campo Mourão e Ponta Grossa, do PR. Clube JuvenilValor não definido | Victório Buzelato, s/nº, Madureira

RALLY

HANDEBOL

VÔLEI

GINÁSTICA

FUTEBOL

BASQUETE

Mar

cio

Ross

i, C

lube

Cax

ias d

e Ra

lly,

Div

ulga

ção/

O C

axie

nse

22 16 a 22 de outubro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Guia de [email protected] José Eduardo Coutelle

A partir da manhã deste sábado, 25 carros percorrerão estradas vicinais de Caxias e Farroupilha em uma corrida que deve durar cinco horas e meia

Page 23: Edição 46

Renato [email protected]

Saiu quinta-feira no Diário Ofi cial do Estado a promoção dos comandantes do 12º BPM, anteci-pada aqui há duas semanas. Agora coronel, Luiz Roberto Bonatto ocupará o comando do 5º CRPO-

Serra a partir da aposentadoria de Telmo Machado de Souza, no fi nal do ano.

Leonel Bueno, na condição de tenente-coronel, passará ocupar o comando do 12.

Comemora-se nesta segunda-feira, 18, o Dia do Médico.

Uma boa data para se fechar um acordo entre governo municipal e os médicos da rede municipal de saúde, em greve há quase 50 dias.

A população usuária das unidades básicas de saúde e do Postão 24 Horas agradeceria.

Como tantos outros candidatos vitoriosos nas urnas na eleição de 3 de outubro, o deputado estadual eleito Alceu Barbosa Velho (PDT) patroci-na anúncios nas emissoras de rádio. Agradece a votação e anuncia que irá trabalhar por Caxias do Sul e região na Assembleia Legislativa – “com simplici-dade e de portas abertas”.

Não há dúvidas, dentro do diretório municipal petista, de que deputados eleitos deverão ser chamados por Tarso Genro para o formar o futuro governo do Estado.

A consequência disso é que suplentes como o vereador caxiense Marcos Da-neluz assumirão na Assembleia.

O governo Sartori teve difi culdades para encontrar empresas dispostas a se benefi ciar da Lei de Solidariedade, que prevê vantagens fi scais a patrocinadores dos restaurantes comunitários.

Por esse motivo, a prefeitura vem ban-cando R$ 4 dos R$ 5 que a empresa de Novo Hamburgo vencedora da licitação cobra por cada almoço servido nesses restaurantes. O cliente está pagando apenas R$ 1.

A cidade pode conviver com 101 as-sassinatos em 2010 (ou até a noite de 13 de outubro de 2010, quando foi assassi-nado Anderson Frizzo, de 33 anos)?

Tudo indica que sim. Autoridades da segurança administram de jeito muito particular a trágica marca como se não houvesse possibilidade de revertê-la. De que forma? Fechando o olho.

O silêncio, o descaso ou o imobilismo diante dos 101 homicídios tem uma explicação. A maioria deles envolve jovens de baixa renda, muitas vezes sem opções viáveis para sair do círculo da pobreza e da droga. E, portanto, não contam com instrumentos de pressão para mudar esse quadro.

Caxias do Sul vai ganhar uma estátua de Santa Teresa, a padroeira da cidade. A obra será instalada junto à rótula de acesso à BR-116, na Avenida São Leopoldo.

Com 3,3 metros, será doada à cidade pelas irmãs carmelitas, em comemo-ração aos 500 anos de existência da congregação religiosa.

A implantação está a cargo da mesma comissão que ergueu o campanário da Catedral Diocesana.

A julgar pela inauguração do comitê suprapartidário pró-Serra, na quarta (13), parece impossível uma adesão do governo local à candidatura Dilma.Estavam presentes representantes da maioria das siglas da base governistas, a começar pelo secretário Carlos Búrigo. Ah, e o comitê funciona no local que sediou o comando da campanha de Maria Helena Sartori e Mauro Pereira.

Contra a infl uência de estrategista e patrocinador de campanha, o vereador Mauro Pereira resolveu aderir ao presi-denciável José Serra, ainda que o PMDB gaúcho tenha saído dividido a respeito, no encontro que realizou esta semana.

Não é para menos, o próprio Mauro reconhece que 99% dos seus eleito-res não fechariam com a candidatura Dilma.

Adeptos de José Serra e de Dil-ma Rousseff fazem de tudo para trazer seus candidatos a Caxias do Sul na próxima semana. As articulações têm sido cansativas. Mas, até agora, houve apenas a confi rmação da presença aqui, neste sábado, do vice de Serra, deputado Indio da Costa (DEM).

Se as insistentes articulações dos comitês locais derem certo, Serra estaria aqui na próxima terça-feira, 19. Dilma – ao lado de Lula – viria na quinta, 21.

Além de buscar a inversão dos votos do primeiro turno, quando José Serra teve mais votos que Dilma Rousseff em Caxias do Sul, a vinda do presidente Lula à cidade tem outro objetivo: buscar o apoio do prefeito José Ivo Sartori e de outros integran-

tes do primeiro escalão do governo municipal.

Afi nal, o governo do município contou com muitos recursos federais (empréstimos) para realização de obras de infraestrutura. A conta polí-tica está sendo apresentada.

A composição da nova Mesa Diretora da Câmara – que poderá levar a oposi-ção à presidência em 2011 – ainda vai precisar de muitas discussões internas.

A líder do governo Geni Peteffi garante que, por força de acordo no início da atual legislatura, a presidência será ocupada “pela oposição” – mas não necessariamente pelo PT. A bancada petista, claro, não entende assim.

Promoções na Brigada

Por acordo

Abraço cinchado

Deputado Daneluz

Solidariedade?

Escalada da violência

Imagem da padroeira

Base aliada

Com Serra

Campanha local

Cobrança

Da oposição

Rena

to A

rauj

o, A

Br/O

Cax

iens

e

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

www.ocaxiense.com.br 2316 a 22 de outubro de 2010 O Caxiense

Minha interpretação é de que a lei só atingiria os grandes supermercados

Vereador Marcos Daneluz (PT), diante da decisão da Câmara de manter o veto à punição de estabelecimentos que demorassem mais de 10 minu-

tos para atender clientes nos caixas.

Page 24: Edição 46