Edição 73
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expedienteEditorial
Editor ChefeRafael Rossi Silveira - [email protected]
Diretor de RedaçãoFelipe Fabris - [email protected]
RedatoresLuiza Prada - [email protected]
Pedro Guerra - [email protected]
ColunistasFelipe Salto - [email protected]
Pedro Fida - [email protected]
Equipe de ArteRafael Rossi Silveira
AGRADECIMENTOSAIESEC, Conexão Local, DAGV, RH Júnior,
Dolores da Dir. de Operações, Prof,
Norberto A. Torres, Prof. Michael P. Zeitlin,
Eduardo Migl iano e a todos que
contribuíram ao espaço aberto.
INSTITUCIONAL
Diretora PresidenteThais Gasparian Moraes - [email protected]
Diretor ExecutivoRafael Rossi [email protected]
Diretor FinanceiroAndré Calá[email protected]
DISCLAIMERA Gazeta Vargas não se responsabiliza por dados,
informações e opiniões contidas em textos
devidamente identificados e assinados por
representantes de outras entidades estudantis,
bem como nos textos publicados no Espaço Aberto
submetidos e devidamente assinados por autor
não presente no expediente desta edição. Todos os
textos recebidos estão sujeitos a alterações de
ordem léxico-gramatical e a sugestões de novos
títulos. Por ser limitado o espaço de publicações
compete à Gazeta Vargas a escolha dos textos que
melhor enquadram na sua linha editorial, sendo
recusados os textos muitos destoantes
acompanhados das devidas justificativas e
eventuais solicitações de alterações.
DIREITOS RESERVADOSA Gazeta Vargas não autoriza reprodução de parte
ou de todo do conteúdo desta publicação.
CapaRafael Rossi Silveira
DiagramaçãoEduardo Migliano
Tiragem3000 Exemplares
E aí? Vai esperar a água bater no bolso?Rafael Rossi Silveira
Pois é, caros colegas, prenúncios de mudança no ar.
Confesso que, no começo, eu era partidário da posição do
Professor Marcos Fernandes, que nos escreveu na Edição 68, e
que realmente acreditava que todo esse antagonismo com o
Rio era, em grande parte, rivalidade, medo de mudança, sei lá.
Então veio a demissão do Professor Zeitlin, por
motivos administrativos, logo após ele se manifestar contra o
procedimento das 15 demissões anteriores. Depois o
cancelamento das eleições para Diretor. Agora, nos deparamos
com a demissão do Professor Norberto, um dos nomes mais
queridos da EAESP, por justa (?) causa e a perspectiva de um
novo regimento imposto pela Presidência.
Em uma coisa sou obrigado a concordar com o
Professor Carlos Ivan: uma organização não precisa,
necessariamente, de democracia. Mas, esquecem-se, precisa
de legitimidade e é uma crise deste tipo a que enfrentamos.
Não apenas se passou por cima de qualquer procedimento
para mudanças regimentais como também se consagrou um
clima de incertezas muito grandes.
Em entrevista à Gazeta Vargas, na Edição 63, o
Professor Carlos Ivan enunciava: “Quer manifestar opinião?
Ótimo! Estou sempre disposto a ouvir todo mundo”, mas
restou explicitar quais as conseqüências para aquele que se faz
ouvido.
Nesta Edição, trataremos de assuntos quentes, como a
demissão do Professor Norberto e a introdução do novo
regimento.
Quando comecei na Gazeta, queria apenas me
concentrar na produção das Capas; hoje percebo que não dá
mais para ficar só tratando do que gosto, mas também do que
precisa ser tratado. Nesta minha estréia como Editor-Chefe,
chamo os alunos não só a refletir e debater, mas também a se
posicionarem, levantarem, a tomarem uma atitude! Pouco
importa se a Edição está em chamas se ninguém se inflamar
com a situação atual. Este é um tempo de mudanças;
mudanças que podem e vão afetar suas mensalidades e
perspectivas de remuneração! E aí? Você vai se mobilizar ou
vai esperar a água bater no bolso?
Edição 72* 28 de março de 2008 03
chamadas
miniEditorial
matériaReflexiva“Humilhado com o trote dado por seus companheiros advogados que colaram na prova de Direitos Humanos,
Zero Um foi forçado a manter relações sexuais em plena via pública com o asfalto. Não agüentou. Soltou o bico.”
regimento'Mas como esperar, então, que as mudanças pretendidas para a EAESP sejam de fato exitosas se não há
envolvimento direto dos interessados – refiro-me aos professores, funcionários e, claro, alunos?” Pagina 13
políticaInterna“Quando ando pela faculdade, tenho a impressão de que o Big Boss da escola nos olha por cima e pensa “olha lá
o palhaço, que gozado”. A GV, apesar da excelência em ensino prevista na própria missão da escola, parece ter
certeza de que ninguém vê ou se importa com aquilo que se passa no backstage desse nosso picadeiro.”
contraPonto“Em outras palavras, alguns professores lavam suas mãos em relação ao que exigem como leitura prévia,
incumbindo o aluno de desrespeitar a lei ou comprar livros caros para que se leia uma meia dúzia de páginas.
Outros, assim como os alunos, desrespeitam os direitos autorais.” Página 7
matériaCentral, Entrevista Prof. Norberto
“Pessoas que sempre fizeram o bem para a instituição se vêem agora tendo que percorrer longos caminhos na
justiça para tentar obter a justiça que o senso comum na EAESP evidencia o tempo todo. O que fizeram essas
pessoas contra a instituição?
O que ocorreu me traz um sofrimento que eu não esperava, difícil de descrever, sobre uma perda em muitas
dimensões, especialmente a do relacionamento com pessoas queridas, a de estar em um lugar em que se cria o
novo.” Página 15
... e botamos fogo na Gazeta, ou melhor, a FGV se encheu
de pólvora e nós acendemos aquele pavio de várias
edições atrás. Não deu outra, explodiu. Abordamos,
desta vez, temas um tanto polêmicos, que a princípio
podem parecer independentes, mas que atingem as
mesmas pessoas: nós, alunos. Esclarecer assuntos como
esses é essencial para o bom entendimento dos
problemas por que passamos nos últimos meses. E o
caso do xérox, por exemplo. Vê-se muitos alunos
indignados com o fato de não podermos mais xerocar
livros, sem nem mesmo se darem ao trabalho de
compreender o que se passa. “Não pode mais, a culpa é
do DA”, diriam. O papel que a Gazeta sempre tentou
desempenhar não foi só o de veículo crítico, mas
principalmente esclarecedor e formador de opinião dos
gvenianos. Por isso, trouxemos uma entrevista com o
coordenador do xérox para deixar claro o porquê de
estarmos todos meio perdidos a respeito de textos,
apostilas etc.
Por isso, trouxemos uma entrevista com o
coordenador do xérox para deixar claro o porquê de
estarmos todos meio perdidos a respeito de textos,
apostilas etc .Em complemento à entrevista, trouxemos
um Contra Ponto discutindo direitos autorais, quem
ganha e quem perde com cópias não autorizadas, por que
devemos, ou não, compreender medidas de proibição e
qual o reflexo disso no bolso dos autores, reais
merecedores de reconhecimento intelectual das obras.
Uma boa oportunidade para refletir sobre aquela pilha
de textos que você estoca, arquiva, usa de rascunho ou
bota fogo no fim do ano, junto com algumas anotações do
semestre, Gazetas antigas, etc.
É um momento delicado por que estamos
passando e a cautela é essencial (além da crítica
sustentada, é claro) ao aluno que deseja interar-se dos
recentes acontecimentos dentro da FGV. O Espaço
Aberto é sempre uma porta àqueles que desejam se
manifestar, e incentivamos sempre que isso aconteça.
Participe do seu ambiente acadêmico (não, não é só o DA),
você vai ver que ele tem muito mais a ensinar do que
aquilo que vão te cobrar nas provas finais.
Demos uma de nero...
Felipe Fabris
GAZETA VARGAS04
notas
Nota da DiretoriaHá um comunicado singelo nos murais da EAESP informando que, devido ao afastamento do Professor Norberto Torres, o Professor Samuel Hazzan assumiria o cargo de chefe de departamento do IMQ, “em obediência ao regimento da EAESP”. Não sabia se colocava isso nas notas ou na seção de Humor...
Obrigado Dolores!Mesmo depois de intrépidas escaladas do primeiro ao décimo andar, intensas negociações com entidades e uma pressa desgraçada, se não fosse por ela não teríamos conseguido. Aqui vai um abraço da Equipe da Gazeta para a querida Dolores!
Campanha Adote uma Nota e Ganhe um PirulitoDevido ao descaso de nossos leitores para com esta pobre seção, inauguramos aqui a Campanha Adote uma Nota e Ganhe um Pirulito! Já tentamos ameaçar retirá-las de circulação, provocamos Deus e o mundo e ainda assim não obtemos respostas às pobres Notinhas... A partir de agora, para cada resposta às Notas, o leitor ganha um Pirulito oficial da Gazeta Vargas (melhor que o da Gozeta)
Veto do FinanceiroAproveito pra tornar público o VETO que o nosso financeiro impôs à campanha citada anteriormente... Como não tem muito o que falar e está sobrando espaço mesmo, mantenho a nota anterior... Quem sabe alguém se solidariza com a situação das pobres Notinhas sem precisar de um incentivo econômico...(Quem sabe não libera um docinho pra um comentário excepcional?). E falando em financeiro...
Um abraço caloroso ao financeiro da EAESP....Do fundo do coração de toda a nossa equipe, nosso muito obrigado! Valeu por NÃO mandarem os valores das mensalidades dos últimos anos. Podemos sempre não contar com vocês.
E a mensalidade?Já que pagamento de DP virou assunto morto mesmo (eles venceram e o mundo está fechado pra nós, que somos jóóóóvens), resta sonharmos com uma estabilidade da mensalidade. Desde a saída do Consult a mensalidade subiu quase 60%, “levemente acima da inflação”. Será que os custos aumentaram nessa proporção de lá pra cá? E agora? Será que com a saída do PEC ela se mantém ou de repente a condição da EAESP, ao se tornar subitamente e inexplicavelmente mais deficitária, dará ensejo a novo aumento?
Enem teve como...Este semestre, um aluno inaugurou o novo processo de ingresso na FGV; aprovado em AP, não teve acesso ao financiamento sem endividamento. Não permaneceu no curso. Dizem por aí que estão tentando resolver o problema, que a fundação está se mobilizando. Será que eles realmente acreditam naquele negócio de “nunca nenhum aluno deixou de estudar aqui por falta de recursos”? Só eu, conheço um que desistiu precisamente por isso e outro que tem que lutar todo semestre pra provar que a situação econômica da família dele permanece a mesma (não podendo passar de um financiamento de 70% para 30% de um semestre pra outro).
Edição 72* 28 de março de 2008 05
notas
Cadastro no LEPIPor um segundo ousei pensar que, de tanto que enchi o saco deles nas últimas edições, tinham finalmente aderido ao auto-cadastro... Fiquei tão feliz em não ter que pegar a fila pra dar o código... Não sei por que desistiram, ou se o programa ainda está em fase de testes... Vamos não me deixem na expectativa! Afinal, isso é uma promessa de mudança ou brincadeira cruel com as minhas esperanças?
FALECEU O SENHOR EAESPFaleceu na 2a. feira, dia 11 de Fevereiro, após longa enfermidade, o Prof. Gustavo de Sá e Silva. O Prof. Gustavo foi o primeiro diretor eleito da EAESP e foi reconduzido ao cargo em outras ocasiões. Por sua gigantesca colaboração na construção da instituição - EAESP - era carinhosamente chamado por seus amigos da Escola de Sr. EAESP. Efetivamente ninguém contribuiu tanto para o prestigio que a Escola granjeou, nacional e internacionalmente. Homem franco, generoso, democrático, contava entre seus grandes amigos ex-alunos da escola, alguns dos quais no exercício de representação discente haviam travado com ele batalhas históricas, sempre, para o bem da instituição. No próximo número da Gazeta Vargas, publicaremos uma descrição mais justa sobre a atuação do SR. EAESP. Michael Paul Zeitlin
Professores, funcionários e alunos, estas notas esperam suas respostas, colocações e ponderações que serão publicadas
na próxima edição da GAZETA VARGAS. Envie objetivamente para [email protected]
Errata.O texto publicado no Espaço Aberto da Ed. 72 “A Arte daEnrolação” foi escrito por Roberto T. Cestari e não por Felipe Fabris, como divulgado.
altoseBaixos
altos Preços do Rockafé;
Economíadas se aproximando em pleno primeiro semestre
(os formandos agradecem);
Campanha de recrutamento da Gazeta! Recorde de inscritos!
As entidades parecem estar tramando algo...
naMesma Piano do DAGV (tsc, tsc, tsc)
baixos Segurança em expressar contrários à Presiedência/
Filas no Xérox
(Quem diria que uma liminar da justiça traria a solução para
esse problema?)
GAZETA VARGAS06
contraPonto
É opinião geral que o copyright é
uma instituição sem a qual estaríamos em
melhor situação, podendo baixar na
Internet a música que quiséssemos, tirar
xérox daquele texto de marketing sem ter
que comprar o livro, ter acesso àquele filme
que acabou de estrear no cinema. Mas
também é opinião geral que estaríamos
melhor se o chocolate não desse espinhas,
ou se DPs não existissem. O que não torna
tais cenários possíveis ou mais justos.
E não é possível a extinção dos
direitos autorais que, é bom destacar,
foram criados para dar direitos ao autor, e
não para nos dar ônus, porque tais direitos
são legítimos, ao estarem diretamente
relacionados aos direitos de propriedade,
nos quais os sistemas legal e social
contemporâneos se baseiam. Existe uma
construção legal paralela entre os direitos
de propriedade sobre uma idéia, qualquer
que seja o meio utilizado na sua
representação, e os direitos de propriedade
sobre um bem que se tenha adquirido ou
construído. Por isso, se fosse negada a
propriedade intelectual, seria hipocrisia
deixar de negar os outros tipos de
propriedade, sem os quais a sociedade
como a conhecemos entraria em colapso.
No entanto, existem algumas
s u p o s t a s b e n f e i t o r i a s q u e o u
compensariam essa hipocrisia da lei ou a
necessidade de mudança e reestruturação
social.
Entre elas, as mais famosas são as
noções de que uma ausência de copyright
estimularia a disseminação de informações
e, portanto, o aprendizado. Porém, dado
que tal disseminação acontecesse, ela não
seria necessariamente útil. Por exemplo,
uma pessoa que baixasse músicas pela
Internet, xerocasse livros na faculdade,
comprasse DVDs queimados livremente,
necessariamente tem acesso à Internet,
estudo ou aparelhos de DVD, o que
significa que, provavelmente, tem
condições financeiras de adquirir músicas,
textos e filmes pagando, para isso, a licença
de uso.
Por não disseminar informações
para pessoas que não têm possibilidade de
acesso a essas informações, o fim do
copyright não teria o suposto efeito de
estimular a produção intelectual, já que o
fluxo de informações criado pelo fim do
copyright não teria impacto significativo.
Além disso, com o fim dos direitos de
propriedade intelectual, o uso sem fonte de
informações e trechos seria possível,
d iminuindo a conf iabi l idade das
informações.
Por fim, vale lembrar que os direitos
autorais, por protegerem o autor, são uma
escolha deste. Ou seja, o autor escolhe se
deseja ou não proteger a sua obra, e quanto
dela pretende proteger. E, como usuários de
uma propriedade de outro indivíduo,
respeitamos essa decisão, do mesmo modo
que respeitamos a decisão de um
proprietário de deixar-nos entrar ou não em
seu imóvel, que, se desrespeitada, significa
contrafação, e é ilegal.
Mesmo que isso não seja a situação
que achamos justa ou que desejaríamos se
pudéssemos escolher.
Legitimidade dos direitos de propriedadeLuisa Prada
Edição 72* 28 de março de 2008 07
espaçoAberto
Certa vez fui perguntada se a FGV é
mesmo tudo aquilo o que dizem por ai. Frustra-
me reconhecer que não. A escola que eu sempre
sonhei em estudar e pela qual eu me dediquei
inteiramente durante quatro meses na
Consolação sofre de alguns grandes e
inconcebíveis problemas.
É de se causar indignação a falta de
homogeneidade do ensino dentro da EASP. Se
comparados os alunos das três diferentes salas,
será notór ia a discrepância entre o
conhecimento acumulado entre eles. Isso
acontece em decorrência não das habilidades
pessoais dos estudantes, mas sim pela falta de
congruência entre os conteúdos ministrados por
cada um dos professores de uma mesma matéria.
O que se exige aqui não é uma sincronia, nem
mesmo um modelo de aula - é compreensível
que todo professor possua uma maneira
particular de ensinar -, porém é inegável a
necessidade de padronizar o que será ensinado.
Apenas dessa forma conseguir-se-á que todos
aqueles que foram submetidos a uma mesma
avaliação recebam a mesma formação.
Essa incompatibilidade, além a da do
ensino propriamente dito, estende-se às demais
áreas que também acabam afetando os alunos.
Ao mesmo tempo em que a escola exige um
número mínimo de faltas para o aluno,
garantindo a sua reprovação caso este limite seja
superado, os professores possuem livre
autonomia para decidir se farão, ou não, a
chamada e com que freqüência. Ora, se a mesma
regra de reprovação segue para todas as
matérias, sejamos, então, no mínimo coerentes e
apliquemos um mesmo método para todos, por
uma noção de ordem e justiça.
Todavia, de todas as mazelas a que mais
me incomoda é a do fato de alguns professores
fingirem que ensinam, enquanto os alunos
fingem que aprendem.
A questão é: deixemos então por isso
mesmo, elas por elas, todos aprovados e felizes?
Seria um comportamento um tanto quanto
incoerente para uma elite intelectual que
desembolsa mensalmente cerca de dois mil reais
por uma formação de qualidade e que tem a
consciência de que um diploma já não lhes
assegura quase nada.
Como combater, então, os famosos
professores picaretas e fazer valer o
investimento que se tem feito na escola?
Indigna-me perceber que não há saída. Os
alunos respondem, no final de todos os
semestres, um questionário avaliativo dos
professores. Por mais que os alunos se
manifestem, nenhuma mudança fora ainda
presenciada - pelo menos não durante um ano e
meio em que eu estou na escola. Parece-me que a
única voz que os alunos possuem não está sendo
ouvida.
Uma das maiores escolas superiores do
país, que tem como proposta a excelência do
ensino para a formação de profissionais que
atuarão diretamente no desenvolvimento
econômico e social do país, tem permitido falhas
inconcebíveis naquela que deveria ser sua
preocupação primordial: a impecabilidade do
seu ensino.
É inquestionável a competência da
Fundação na formação de profissionais
capacitados e competitivos, bem como a
indubitável existência de professores sérios e
altamente capacitados, que viabilizam essa
formação. Porém, não há mais como tapar os
olhos para questões estruturais que afetam
diretamente os estudantes. Em poucas linhas
foram levantadas três graves situações: a
incompatibilidade do que é ensinado nas
diferentes turmas, a falta de uniformidade na
aplicação da norma e o mais grave de todos, a
falta de profissionalismo e competência de
alguns membros do corpo docente. E essas
foram apenas as minhas decepções.
Por de trás da excelência.
Flávia Carvalho4º semestre
GAZETA VARGAS08
resposta
Não sei o que pensavam aqueles
sumérios!! (ou foram os persas?) Não sei. Seja lá
quem tenha inventado essa tal de escrita, esta
invenção é, no mínimo, derivada de alguma
influência extraterrestre. E me parece uma arma
muito poderosa. Nossa limitação humana pode
até ser capaz de criar máquinas minúsculas com
botõezinhos vermelhos que explodem o nosso e
outros mundos, mas duvido muito que
tenhamos inventado a escrita. Não há ciência
que explique, nem história que se conte. Aliás -
Viva o paradoxo! -, não há texto que ensine o
surgimento dessa intrínseca habilidade.
Explico:
Que melhor manipulação pode existir do
que o poder de persuasão, de enrolação?
Homem iludindo homem. Palavras. Tudo bem,
não somos tão rápidos nas conversas - felizes
aqueles que o são. Por isso, Eureka, a escritas nos
dá o fator essencial: tempo. Jamais teria eu a
audácia de tentar dizer tudo isso em discurso
falado diretamente a meu público alvo. Uso do
próprio artifício para provar seu poder. Escrever
liberta-nos de todos aqueles pensamentos
jogados que não somos capazes de unir em
frases com sentido. Escrever é mostrarmos tudo
aquilo em que pensamos junto com tudo o que
nos é apresentado. Escrever é mostrar aos outros
tudo aquilo que eles querem ou não ver ou ouvir,
com palavras que queremos ou não usar. Não é
de forma alguma natural. Não há escritor que
feche os olhos, pegue caneta e papel e faça
aparecer seus puros pensamentos. Não
pensamos em palavras. Escrever é manipulá-las
para que o impacto seja maior. Ou seja, de
qualquer forma, escrever é enrolar. Quem
escreve não pensa no texto, pensa em quem lê.
E quem lê, este sim, pensa no texto e
também em quem o escreveu, caso dos nossos
trabalhos de faculdade, convenhamos. Depois
de lerem nossas enrolações, os professores são
capazes de trucar com comentários ainda mais
enroladores. Quem é que ao escrever um
trabalho não fica pensando “será que o
professor vai gostar disto?”
Como é fácil enrolar e ser enrolado, e
como é difícil perceber. Tempo para pensar
torna nossa inteligência muito perigosa.
Perigosa para a percepção humana do que é
verdade, moral, real. Percepção do que é.
Começa aqui uma campanha que só autoriza a
leitura àqueles que não sabem ler e a escrita
àqueles que não têm idéia do que dizem. Não no
sentido físico dos verbos. E não aceito opiniões,
tampouco críticas, a respeito deste artigo-
resposta. Quem falou que não estou aqui
enrolando o leitor da mesma forma com que
tento me explicar? Repito, uso do próprio
artifício para provar seu poder. O colega
Roberto Cestari também o fez ao publicar o seu
“A arte da 'enrolação'” na última edição (que por
erro nosso acabou sendo publicado em meu
nome, provando um dos pontos do texto – fui
diversas vezes elogiado por uma coisa que não
fiz). Até a nota de rodapé foi enrolação. Prolixo?
Poderia ter sido mais lacônico na explicação,
meu caro. Vêem a sutileza do uso das estratégias
de enrolação?
Assim como as próprias pessoas,
ensinam os sábios, um texto não é apenas um
texto. É no mínimo três. É o que o autor imagina
que ele seja. É o que o leitor imagina que ele seja.
E é o que ele realmente é. E isso meus amigos,
não há quem saiba. Transformo aqui a
explicação do status:
Enrolar é falar de uma coisa que você não
sabe, com palavras que você não entende, para
mostrar a pessoas que você não conhece, um
significado que você não garante.
Que pensavam esses tais sumérios?
A arte da 'enrolação', episódio IIFelipe Fabris
Edição 72* 28 de março de 2008 09
entidadesAtlética
Quando fui incumbido de entrevistar
algum membro da Atlética que estivesse
interessado em divulgar a entidade, fíquei com
um pé atrás. Incomodado, mas certamente
disposto a carregar o que, até então, seriam os
ossos do ofício, marquei o encontro que, apesar
de breve, certamente contribuiu, decisivamente,
para reformular minhas opiniões.
O bate-papo que tivemos segue agora
em forma de entrevista, em que participaram
dois membros da Atlética, Rodrigo Moccia e
Felipe Gonzales.
Gazeta – Em que tipo de atividades a
Atlética focará seus esforços este ano?
Rodrigo – Em 2008, a gente quer mudar a
idéia que a maioria dos alunos tem da Atlética:
de que só promovemos eventos e o esporte fica
em segundo plano.
Gazeta – Mas como, exatamente,
pretendem fazer isto?
Rodrigo – Este ano temos fortes chances
nas Economíadas. Os times estão bem
preparados e há mais gente interessada. Os bons
resultados que pretendemos alcançar servirão
de incentivo para que as pessoas se
entusiasmem em praticar alguma modalidade
das que a Atlética oferece.
Gazeta – E a questão da invencibilidade
da Mackenzie?
Rodrigo – Ano passado, houve a
primeira derrota deles, depois de uma
seqüência incrível de vitórias. Assim como a
FEA fez ano passado (a FEA foi quem quebrou a
invencibilidade da Mack em 2007), temos
chance de superar a Mackenzie.
Gazeta – Ainda na questão de esportes,
que tipo de incentivo, além da possível “glória”
nas Economíadas, há para os alunos praticarem
alguma modalidade?
Rodrigo – Além de poder dizer que você
vai ganhar as Economíadas deste ano, recebe
créditos na faculdade. Como os alunos precisam
alcançar uma determinada quantidade desses
créditos, a prática dos esportes concilia prazer e
o cumprimento deste requisito para que o aluno
se forme. É o mesmo sistema adotado pelas
faculdades americanas.
Gazeta – Mudando um pouco de
assunto...Quais os eventos para este ano?
Rodrigo – Neste semestre, não teremos a
JACA. Alguns ficaram decepcionados, mas a
Atlética faz questão de dizer que isso ocorre
porque, se fosse realizada, a JACA seria em uma
data muito próxima das Economíadas. As
Economíadas, por sua vez, prometem. Os
esforços, no momento, estão todos voltados
para ela.
Gazeta – Quem vê vocês por aí (inclusive
eu) acha que a Atlética é só diversão. O que vocês
me dizem disso?
Felipe – A Atlética definitivamente não é
só diversão. Esse é só o resultado de meses de
trabalho, organização e disciplina pra que os
eventos transcorram da melhor maneira
possível.
Gazeta – E em que, exatamente, consiste
esse trabalho de organização?
Felipe – Desde dezembro, começamos a
nos organizar para as Economíadas, por
exemplo. Vamos atrás de cidades dispostas a
sediar a evento que, obviamente, devem ter
infra-estrutura para abrigar os 8.000 alunos das
diversas faculdades, incluindo ginásios poli-
esportivos, com capacidade para uma média de
4.00 pessoas. Neste ano as Economíadas
ocorrerão em 1º de maio.
Entrevista com o JacaréPedro Guerra
GAZETA VARGAS10
Temps que fazer o trabalho de
montagem e legalização da tenda, das baladas,
preparar as atrações, acompanhar as equipes,
captar recursos e parceiros para a realização dos
jogos e fazer a divulgação do evento.
Gazeta – A Atlética arca com todas as
responsabilidades?
Felipe – A Atlética responde por tudo o
que acontece nos alojamentos. Apesar de
algumas críticas, não são freqüentes os
problemas com alunos que quebram alguma
coisa ou arrumam confusão. Uma vez, foi
quebrado um vidro de um alojamento e, no
mesmo dia, compramos e trocamos o vidro.
Detalhe: estávamos em pleno domingo.
O compromisso da Atlética é de entregar
os locais todos em ordem, limpos e sem
qualquer danificação.
Gazeta – Alguma mensagem para os
alunos?
Rodrigo – Bom, contamos com a
presença do máximo de a lunos nas
Economíadas. Seja para praticar alguma das
modalidades, seja para estar lá incentivando os
alunos que estiverem defendendo a GV,
convidamos todos a participarem, em 1º de maio,
das Economíadas desse ano.
* Até o momento da entrevista, o local para
realização das Economíadas não havia sido decidido.
Em nome de todos da RH Junior
Consultoria, gostaria de parabenizá-los pelo
ingresso nesta maravilhosa instituição que é
a Escola de Administração de Empresas da
Fundação Getúlio Vargas. Gostaria de dizer
que é um privilégio e uma honra para todos
vocês e suas respectivas famílias o fato de
estarem um passo mais próximo de um
próspero e maravilhoso futuro.
A RH Junior começou há 5 anos no
formato de uma simples idéia, um sonho de
um grupo de amigos que virou realidade.
Somos a prova viva de que seus sonhos são
possíveis e que basta um pouco de esforço
para torná-los reais. Temos todo o orgulho
do mundo em dizer que, cada dia mais,
crescemos no mercado e nos tornamos
referência “positivíssima” na área de Gestão
de Pessoas.
Realizamos projetos com pequenas,
médias e grandes empresas. Estas atuam em
todos os segmentos, seja público, marketing,
editoras, pequeno varejo, grande varejo,
etc.aprendizado aos nossos membros, para
que
Conquistamos, a cada novo projeto
Conquistamos, a cada novo projeto
realizado com excelência, o respeito do
mercado, de modo que podemos continuar
propiciando, assim, a experiência e
aprendizado aos nossos membros, para que
estes saiam para o mercado de trabalho
competentes, esforçados e, mais importante,
preparados.
Gostaria de finalizar dizendo que
estamos ansiosos por conhecer nossos
novos trainees, uma vez que está observado
o caráter diferenciado desta nova “leva de
calouros” que nesta instituição de ensino
ingressaram.
Todos nós desejamos a todos um
maravilhoso curso de Administração, uma
perfeita experiência universitária no
decorrer dos 4 anos da faculdade e um
aprendizado e desenvolvimento sem igual
nas empresas e demais entidades.
Lembrem-se sempre apenas deste recado
que damos a todos vocês:
Independente do que seja, seja
Independente. Seja RH Junior!!
Caio Roberto Piccardi MalufeDiretor de Marketing
RH Junior Consultoria
entidadesRH Junior
Edição 72* 28 de março de 2008 11
entidadesAIESEC
O I F ó r u m I n t e r n a c i o n a l d e
Comunicação e Sustentabilidade, criado com a
finalidade de estabelecer diálogo entre
representantes dos três setores – governo,
empresas privadas e sociedade –, pretende
promover e democratizar a discussão e o
entendimento sobre sustentabilidade e o papel
educativo da comunicação na inserção social
dos negócios e promoção do bem-comum.
Assim, o evento caminhará na busca de uma
definição para o termo sustentabilidade – um
assunto que, apesar de preocupação constante,
ainda não está esclarecido para grande parte da
sociedade –, além de procurar respostas para
que
“A busca por soluções mais eficazes para
os desafios relacionados à sustentabilidade
econômica, social e ambiental, tornou-se
essencial na agenda das empresas e do planeta.
Resultado disto, o conceito de sustentabilidade
pressupõe uma relação sistêmica e equilibrada
entre esses aspectos e prevê a revisão
compartilhada de valores básicos, por meio dos
quais a conduta de todos os indivíduos,
organizações, governos e instituições, serão
guiadas e avaliadas”, explica Marta Rocha,
diretora da Atitude Brasil, organizadora do
fórum. Ela explica que neste contexto, é inegável
o valor da comunicação na promoção desta
mudança de conduta, ajudando a aproximar o
discurso à prática.
AIESEC apóia I Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade.
Não à toa, toda discussão que deverá ser
promovida pela primeira edição do Fórum
Internacional de Comunicação e Sustentabilidade
está fundamentada nos preceitos da Carta da Terra:
Respeitar e Cuidar da Comunidade da Vida;
Integridade Ecológica; Democracia, Não Violência e
Paz; e Justiça Social e Econômica.
O fórum apresenta em sua agenda um
equilíbrio dos assuntos em discussão, bem como a
presença de representantes de todos os setores nas
mesas de debates. Em formato de talk show, o
debate contará com a participação efetiva de 450
convidados e três mil estudantes universitários
provenientes de diversas universidades do País.
E s t ã o c o n f i r m a d o s n o f ó r u m
representantes do governo, da iniciativa privada e
da sociedade. Dentre eles, os prêmios Nobel da Paz -
Rajendra Pachauri (2007), economista e presidente
do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate
Change) desde 2002; e Mohammad Yunus (2006),
fundador do Grammeen Bank, o banco dos pobres.
Com realização da Atitude Brasil, o evento
conta com a parceria dos ministérios do Meio
Ambiente, da Comunicação e dos Direitos
Humanos; da Fundação Roberto Marinho, do
Instituto Socioambiental (ISA); além da TV Globo,
TV Cultura, Canal Futura, TV Pública, Revista
Brasileiros e da AIESEC – organização internacional
cujo objetivo é desenvolver o potencial dos
estudantes do mundo em benefício da sociedade.
Evento acontecerá nos dias 11 e 12 de junho, em Brasília, e contará com a presença de Rajendra Pachauri (Prêmio Nobel da Paz 2007) e Mohammad Yunus (Prêmio Nobel da Paz 2006).
questões que envolvem temas
como comunicação e marketing,
responsabilidade socioambiental
e o futuro dos negócios que não se
inserem socioambientalmente em
seus contextos.
DEBATE CONTARÁ COM A PARTICIPAÇÃO DE TRÊS MIL ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS PROVENIENTES DE DIVERSAS UNIVERSIDADES DO PAÍS
GAZETA VARGAS12
políticaInterna
Em atitude louvável, a Fundação
buscou, no segundo semestre do ano
passado, firmar uma parceria inédita com
instituições de Ensino Superior renomadas
no Pará, entre elas a UNAMA (privada) e a
UFPA (pública), com intuito de estabelecer
u m P r o g r a m a d e D o u t o r a m e n t o
Interinstitucional, ou DINTER.
Este conceito inovador, incentivado
p e l o C A P E S ( C o o r d e n a ç ã o d e
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior), tem como característica a
participação de alunos e docentes de
diversas instituições de Ensino Superior.
Reúne o que cada instituição tem de melhor
a oferecer e possibilita o avanço científico
por criar oportunidades onde antes,
individualmente, não haveria recursos
(humanos ou de infra-estrutura) para a
r e a l i z a ç ã o d e u m p r o g r a m a d e
Doutoramento.
“Enfim”, diriam alguns alunos pouco
contentes com a fama das recentes parceiras
da FGV, “uma parceria da qual podemos nos
gabar”. Além disso, impossível não notar
como este programa se alinha bem com a
missão da Fundação (bixo burro, favor
dirigir-se ao sétimo andar e ler a dita cuja).
As negociações iam bem quando o
projeto esbarrou em outra estratégia de
difusão do conhecimento adotada pela FGV:
o GVManagement.
Após a publicação de uma nota de
imprensa acerca das intenções da Fundação
n'O Liberal, jornal de Belém, o Grupo
Educacional Ideal, parceiro da FGV por
recém completados 10 anos, manifestou-se
fortemente contra o projeto, alegando a
exclusividade do uso da marca em Belém.
O fato de a UNAMA ser uma
instituição privada de ensino engrossou as
vistas do Grupo para a Fundação.
É claro, muito se argumentou em
defesa do projeto lembrando que outras
Instituições de Ensino Superior estavam
envolvidas, a importância que um
programa desses teria na avaliação da
Fundação pela CAPES, que o projeto tinha
motivação acadêmica e não econômica e que
o Grupo não estava preparado para receber
um programa desses.
Não obstante, projeto foi posto em
espera. Parece que, por enquanto, no Pará,
só teremos o mestrado GV segunda linha,
sequer reconhecido pela CAPES.
Até onde eu me lembrava, a
estratégia vigente era suportar os geradores
de caixa para promover os bens públicos,
não o inverso. Claro que, com isso, não estou
supondo que qualquer um na Fundação
tenha ficado feliz com o ocorrido. Mas será
que talvez tenhamos ido com tanta sede ao
pote que cedemos tamanhas prerrogativas
às McGVs?
Parece que o sistema de divulgação
de excelência via exportação da marca não
foi um golpe apenas nas expectativas
profissionais dos “receosos e elitistas”
alunos da EAESP.
McGV barra Projeto de Doutorado Interinstitucional da FGVRafael Rossi Silveira
Edição 72* 28 de março de 2008 13
políticaInterna
A transição política que a EAESP vem
passando tem ocorrido de maneira ríspida.
Inflexibilidade, falta de diálogo e de
comprometimento com os envolvidos
(professores, funcionários e alunos) e
sistemáticas demonstrações de força do Rio de
Janeiro têm caracterizado este (longo) período
de mudanças feitas pela mantenedora. Mas
quais são os próximos passos da Fundação?
No momento em que escrevo este texto
ainda não houve, por parte da mantenedora, a
outorgação da “Polaca”. Há, sim, uma Minuta
de Regimento, distribuída covardemente no
último Conselho Departamental. Mas quais as
intenções de todas essas modificações? Essas
transformações na estrutura e na cultura da
EAESP tem uma finalidade clara: deixar uma
estrutura de governança considerada “boa” (ao
menos pelo Conselho Diretor da FGV, no Rio)
para o próximo Diretor.
A idéia parece sensata. Contudo, a
maneira como está se tentando viabilizá-la é
realmente questionável. Em conversa com o
Presidente da FGV, professor Carlos Ivan
Simonsen Leal, ouvi que para modificarmos
uma empresa é necessário envolvermos aqueles
que farão as mudanças necessárias à companhia.
Mas como esperar, então, que as mudanças
pretendidas para a EAESP sejam de fato exitosas
se não há envolvimento direto dos interessados
– refiro-me aos professores, funcionários e, claro,
alunos?
U m e x e m p l o d a s p o s s í v e i s
conseqüências da falta de envolvimento da Casa
nas questões estratégicas da EAESP é a escolha
do novo Diretor. A decisão de indicar um novo
Diretor a partir de um Comitê de Seleção e
Indicação foi exclusivamente da mantenedora.
No entanto, nada garante – apesar de
todo o esforço por parte da mantenedora e da
empresa contratada pela FGV para a seleção do
perfil do novo Diretor – que haverá alguém
indicado capacitado a lidar com todas as
necessidades da Escola. Neste caso, a
responsabilidade de um erro na escolha do novo
Diretor é de um pequeno grupo distante (ao
menos fisicamente) da Escola, e não mais de
todo um grupo que vive intensamente o dia-a-
dia da EAESP.
Sendo assim, concluo o óbvio:
encontramo-nos em um momento em que a
Fundação não pode errar. A nomeação do
próximo Diretor é – independentemente da
legalidade e legitimidade da questão – um
momento de incertezas para a EAESP. Definirá,
positiva ou negativamente, questões como a
relação da EAESP com o Rio de Janeiro, a
q u a l i d a d e a c a d ê m i c a d a E s c o l a e ,
principalmente, pendências internas com
professores, alunos e funcionários.
Os rumos da EAESP são indefinidos.
Fica a dúvida de quais serão as conseqüências
do sistemático autoritarismo da Fundação à
qualidade acadêmica da EAESP. Ao fazer essa
reflexão, lembro-me da frase do atual Presidente
da FGV, publicada na edição #63 da Gazeta
Vargas: “Eu repito: eu não sou o Presidente
desta entidade ou daquela entidade. Sou o
Presidente de tudo.”.
Que a EAESP necessita de mudanças é
consenso. Mas é assim que se constrói a “nova
EAESP” que todos imaginam?
Tiago Tadeu Bezerra Presidente DAGV
Texto enviado dia 18 de Março de 2008.
À espera de um milagre...
Fica a dúvida de quais serão as conseqüências do sistemático autoritarismo da Fundação à qualidade acadêmica da EAESP.
GAZETA VARGAS14
matériaCentral
Professor, sua demissão tem sido um dos
assuntos de maior impacto, nos últimos anos, na
EAESP. Tendo sempre atuado de forma muito
presente na Escola, como o senhor se sente?
Respondo a esta pergunta com parte de uma
carta que enviei a algumas pessoas mais diretamente
a mim ligadas, logo após minha demissão.
Você deve imaginar o que eu possa estar
sentindo, a tristeza imensa e um vazio profundo por
não poder estar no lugar onde vivi e ao qual dediquei
35 anos de minha vida, procurando sempre fazer o
que de melhor eu podia, independentemente das
circunstâncias, dos obstáculos e dos desânimos que
muitas vezes enfrentamos.
Como tantos na EAESP, minha vida foi
dedicada a essa instituição independentemente de
qualquer benefício em troca – quase todos nós a ela
nos entregamos pelo que ela representava, como um
organismo vivo criado por mentes, mãos e corações
com as melhores intenções.
A EAESP era uma instituição amiga e que
nos cobria com um bem estar raro de se encontrar na
maior parte das organizações. Estávamos em nosso
pedaço de bom senso e boa convivência, e por ele eu
lutei, como outros o fizeram.
Por tão especial que era, conseguimos fazer
nossa Escola se colocar entre as melhores do mundo,
sem medir esforços; isto foi decorrência desse
caminho que seguimos por muitos anos, inovando,
com dignidade e respeito – o bem comum sempre era
preponderante ao benef íc io pessoal . Os
credenciamentos obtidos pela EAESP (AACBS, Equis
e Association of MBAs) não são frutos somente de
alguns poucos últimos anos, e sim de dezenas de
anos de trabalho em excelente ambiente e
convivência.
Com esse fato brutal em minha vida, eu me
questiono, agora, sobre o que é certo fazer; casos
recentes mostraram que a dedicação à instituição,
sem medir esforços, não foi fator importante
considerado, como ocorreu com diversas das
demissões, de funcionários e professores. Pessoas
que sempre fizeram o bem para a instituição se vêem
agora tendo que percorrer longos caminhos na
justiça para tentar obter a justiça que o senso comum
na EAESP evidencia o tempo todo. O que fizeram
essas pessoas contra a instituição?
O que ocorreu me traz um sofrimento que eu
não esperava, difícil de descrever, sobre uma perda
em muitas dimensões, especialmente a do
relacionamento com pessoas queridas, a de estar em
um lugar em que se cria o novo.
Professor, em que áreas da escola o senhor
já atuou e que funções desempenhou recentemente?
Ingressei na EAESP em setembro de 1972,
recém-formado na Escola Politécnica da USP, ao
mesmo tempo em que fazia lá meu mestrado e
também lecionei de 1972 a 1974. Em 1974 prestei
concurso para a carreira na EAESP, nela ingressando,
atraído especialmente pelo ambiente de liberdade de
expressão e de intenso desenvolvimento intelectual e
humano existente. Já há muitos anos, atingi o nível de
Professor Titular D, grau máximo da carreira na
EAESP.
Fui Chefe eleito, por quatro mandatos, o
último em 11/2007, por aclamação, do DIMQ -
Departamento de Informática e Métodos
Quantitativos. Fui, também, Coordenador eleito, por
dois mandatos, do NATAD – Núcleo de Assessoria
Técnica e Administrativa, que, posteriormente,
passou a denominar-se GV Consult e, mais
recentemente, foi integrado à FGV Projetos.
Entrevistacom o ProfessorNorberto Torres
O que me ocorreu metraz um sofrimento sobreuma perda em muitasdimensões, especialmentea de estar em um lugarem que se cria o novo.
Equipe Gazeta Vargas
Edição 72* 28 de março de 2008 15
matériaCentral
Entre 1990-1991, desenvolvi projeto pioneiro
de educação suportada por computador, creio que o
primeiro de toda a Fundação Getulio Vargas, por
meio do qual foram desenvolvidos dois cursos que
possibilitavam a auto-aprendizagem. Esse projeto foi
uma semente para o GV Net da EAESP (atualmente
integrado ao FGV Online).
Em 1994, por solicitação do então Diretor,
Prof. Michael Zeitlin, desenvolvi o primeiro Plano
Diretor de Tecnologia de Informação para a EAESP.
Em decorrência dos bons resultados alcançados, fui
convidado pela Mantenedora para desenvolver o
Plano Diretor de Tecnologia de Informação para a
Fundação Getulio Vargas como um todo.
Criei, no final de 2005, e coordenei, desde
então, o TecGov – Centro de Estudos em Tecnologia
de Informação para Governo que, em pouco mais de
dois anos, realizou mais de 60 eventos abertos
importantes, um congresso internacional,
patrocinou feiras internas na EAESP de Tecnologia
de Informação com trabalhos de seus alunos; foi,
certamente, um dos centros de estudos mais ativos da
EAESP.
Atuei em dezenas de projetos de consultoria,
por meio da GV Consult, em organizações públicas e
privadas. Dessa atuação resultou grande parte dos
atestados de capacitação técnica que a FGV tinha na
área de tecnologia de informação, quando da GV
Consult me afastei, em 2003.
Participei de muitos Conselhos e Comissões
importantes na EAESP, destacando-se: Conselho da
Consultoria Júnior Pública (deste ainda participo, até
final de 2008, por convite que recebi, há alguns dias,
em uma demonstração de solidariedade do
Presidente e todos os integrantes da Júnior Pública),
Comissão de Planejamento Estratégico, Comissão
Consultiva do GV Consult, Comissão de Tecnologia
de Informação, Comissão Propositora de
Perpetuação da Memória do Professor Celso
Augusto Daniel, Comissão do Projeto Repensar o
Graduação, Comissões (2) de Governança, membro
eleito do Conselho Deliberativo da FGV-PREVI
(Sociedade Civil FGV de Previdência Privada); sou,
também, membro do Conselho Deliberativo do
Instituto (Associação) de Ex-Alunos da Fundação
Getulio Vargas em São Paulo.
Como pesquisador do GV Pesquisa, conduzi
diversos projetos, tendo tido um novo projeto
aprovado em dezembro de 2007, que se estenderia
por todo o ano de 2008. Entre esses projetos, há um de
grande destaque, realizado em 2007, que fez uma
avaliação de nível de web-gov (eGov via web) de
todos os Municípios do Estado de São Paulo. O
resultado desse projeto está atualmente sediado no
Portal do Governo do Estado de São Paulo,
disponibil izado a todos os interessados,
e s p e c i a l m e n t e g e s t o r e s m u n i c i p a i s
(http://www.gestaopublica.sp.gov.br Pesquisa
Municípios.SP na WEB). Esse projeto teve ampla
repercussão nacional; em 14/02/2008 apresentei-o na
Conferência Mundial para o Desenvolvimento de
Cidades; foi, também, apresentado em diversas
outras conferências internacionais importantes.
Fui autor ou co-autor de nove livros e
dezenas de artigos e trabalhos apresentados em
congressos e conferências internacionais e nacionais
na área de tecnologia de informação aplicada. Tive
dezenas de alunos orientados que concluíram o
Mestrado e/ou o Doutorado com excelentes
dissertações e teses.
Fui, de forma geral, sempre bem avaliado
pelos alunos, e, mais recentemente, com os critérios
de destaque implantados na EAESP, estive entre os
5% e também entre 25% mais bem avaliados no curso
de Graduação, em vários semestres. Também no
sistema interno de avaliação de professores (DU –
Documento Único), sempre obtive pontuação
elevada, várias vezes acima de 80 pontos - o número
base para ser alcançado, para professores de Carreira,
era de 30 pontos.
Esta situação toda está relacionada, de certa
forma, a um projeto conduzido pelo senhor para o
Estado de São Paulo. Como começou esta história?
O motivo alegado para minha demissão, em
01/02/2008, foi um documento pessoal que
encaminhei, protocolizado às 17h30min de
28/01/2008, ao Secretário de Estado de Transportes de
São Paulo (SETSP), solicitando reunião para tratar
assunto que há anos vinha se estendendo, sem
solução nem transparência, pelo menos para mim e
para a equipe que trabalhou em um importante
projeto para essa Secretaria.
GAZETA VARGAS16
matériaCentral
Resumo uma longa história que está, de
qualquer forma, completamente documentada em
um “Doss iê do Pro je to” e documentos
complementares que, em diversas ocasiões (entre
2003 e 2007), encaminhei à GV Consult, FGV Projetos,
Presidência da FGV e Secretaria de Estado de
Transportes de São Paulo; alguns desses
encaminhamentos foram por documentos pessoais
registrados. Em nenhuma dessas ocasiões tive a
atenção que eu julgava que a situação exigia; em
várias delas nem mesmo uma resposta eu tive.
O projeto foi contratado em meados de 2002,
após mais de um ano de trabalhos preparatórios, na
época da gestão do Prof. Michael P. Zeitlin na
Secretaria; foi realizado e entregue, em abril de 2003,
já na gestão de novo Secretário. Consistia em
desenvolver e implantar sistemas e ferramentas para
aperfeiçoar e tornar mais transparente a gestão na
SETSP, e visava controlar, com muito rigor, contratos,
obras e processos da SETSP e organismos
diretamente a ela vinculados (DER, ARTESP, DERSA,
Departamento de Hidrovias e Departamento de
Aeroportos do Estado de São Paulo); estava,
inclusive, em sintonia com outro trabalho
anteriormente desenvolvido, com a minha
participação, também pela FGV, para a Secretaria de
Estado da Fazenda de São Paulo.
Antes de ser contratado, o projeto foi
apresentado à Assembléia Legislativa de São Paulo e
ao CONEI - Conselho Estadual de Informática, tendo
sido aprovado em ambas as instâncias. Além disto,
também apresentei, na época, a proposta do projeto
em um dos mais importantes fóruns e congressos
mundiais sobre infra-estrutura (incluindo
transportes, energia, etc.), a 5th International
Conference on Technology Policy and Innovation,
realizada na Holanda, em que o projeto foi
considerado como bastante inovador.
No entanto, foram muitos os obstáculos que
enfrentamos para a realização do projeto, após a
saída do Prof. Michael da SETSP, em setembro de
2002: reuniões difíceis de serem marcadas, falta de
pagamentos, objeções ao projeto muito após a fase de
especificação ter sido concluída e os sistemas já terem
sido desenvolvidos, entre outros - uma grande
equipe envolvida no projeto pode isto testemunhar.
Mais, ainda que os produtos do projeto
tivessem sido especificados e aprovados nas suas
fases iniciais, após a entrega do projeto algumas áreas
e organismos da SETSP passaram a solicitar novas
demandas, que nos obrigaram a manter a equipe
trabalhando até 2004, sempre com a promessa de que
os pagamentos pendentes seriam feitos – tais
pagamentos nunca ocorreram.
Estranhamente, em fevereiro de 2004, surgiu
uma notificação anônima junto ao Ministério Público
de São Paulo, de que a FGV teria sido contratada para
esse projeto sem licitação - vale lembrar que a FGV
pode ser contratada com inexigibilidade de licitação,
por notória especialização, e isto ocorre
regularmente. Por que esse documento anônimo
surge muito depois de os serviços terem sido
entregues, e na fase mais intensa de nossa cobrança
de uma posição da Secretaria de Transportes?
Obviamente, não há como inferir o que quer que seja
de um documento anônimo, mas certamente ele
colocou ainda mais obstáculos para a solução das
pendências existentes.
Era fundamental, então, que a FGV, além de
cobrar da SETSP os valores devidos, também
empenhasse todos os esforços possíveis para
esclarecer, ao máximo, quaisquer dúvidas que
pudessem existir sobre o projeto; havia farta
documentação sobre os trabalhos realizados,
produtos entregues, dificuldades e obstáculos
encontrados e cargas adicionais de trabalho exigidas;
não haveria qualquer motivo para não empenhar
todo esforço necessário para total clareza e
transparência no processo.
reuniões difíceis de serem marcadas, falta de pagamentos, objeções ao projeto muito após a fase de especificação ter sido concluída e os sistemas já terem sido desenvolvidos, entre outros - uma grande equipe envolvida no p r o j e t o p o d e i s t o testemunhar.
Edição 72* 28 de março de 2008 17
matériaCentral
Em abril de 2007, ao solicitar, por carta
pessoal, mais uma vez, reunião com a SETSP, para
que a situação pudesse ser esclarecida, fui informado
de que havia sido formalizado um Termo de
Quitação entre as partes, em dezembro de 2006 - sem
que ao menos eu tivesse sido informado. A carta por
mim encaminhada, como pessoa física, em janeiro de
2008, apresentava, em linhas gerais, a mesma
demanda da carta anterior, de abril de 2007.
Meu objetivo, ao solicitar a reunião, era
procurar esclarecer todas as questões relacionadas ao
projeto e ao destino dado aos recursos originalmente
empenhados para o mesmo. Creio que esse tipo de
atitude, objetivando total transparência, deveria ser,
antes de punido com uma demissão, desejável em
qualquer organização.
Por outro lado, a FGV não assumiu a
responsabilidade que tinha pelo pagamento integral
aos que do projeto participaram. Nem pagamentos,
nem esclarecimentos internos, nem esclarecimentos
ao Ministério Público eram fornecidos de forma
completa, como eu julgava necessário. Fui
duramente afetado, como pessoa física, em vários
sentidos, incluindo enorme perda financeira em
trabalho de anos; mas, muito mais importante que
esta perda é o respeito que não tive, e que a situação,
de meu ponto de vista, não teve.
Quem demitiu o senhor? A EAESP ou a
Fundação? A diretoria ou a presidência? Ou foi uma
a mando da outra?
Eu recebi a informação da demissão por
meio da área de Recursos Humanos da FGV (fato
inusitado em relação à dispensa de professores de
carreira); o que me informaram foi que a demissão
partiu diretamente da Presidência, coincidindo,
também, com o que me foi relatado por colegas que
estavam presentes em reunião com a Diretoria da
EAESP, para informar a respeito dessa demissão.
Se isto ocorreu, mais uma vez, regras,
costumes e o regimento não foram considerados.
O motivo alegado para a demissão foi
“justa causa por insubordinação”. Qual foi a
“insubordinação”?
A única coisa que consigo imaginar é que se
e n t e n d e u c o m o i n s u b o r d i n a ç ã o o m e u
encaminhamento, por carta protocolizada, de
solicitação de reunião com o atual Secretário de
Transportes do Estado de São Paulo, com cópias para
o Governador do Estado (Casa Civil) e para o
Ministério Público do Estado de São Paulo; eu lá
estava como pessoa interessada em obter
esclarecimentos a respeito de uma situação que para
mim não estava clara, e para a qual eu julgava
necessário o máximo de transparência; ressalte-se,
ainda, que essa carta pessoal foi uma atitude limite,
após inúmeras tentativas de boa vontade para
entender o que ocorria, desde 2003, sem que nunca
tivesse recebido a atenção necessária.
Eu continuo a me perguntar: Qual foi o erro
cometido? Querer transparência?
Há mais de 30 pessoas que participaram do
projeto que também merecem consideração e
informação. Por que o projeto não foi implantado?
Por que a SETSP não cancelou o contrato, se não o
queria? Quais foram os destinos dados às verbas
originalmente destinadas ao projeto, em 2003? Por
que somente ao final de 2006, três anos e meio depois
de entregue (mas não pago), o projeto é encerrado
com um Termo de Quitação, sem qualquer
informação ao seu coordenador? Pode ter havido a
quitação, mas não os esclarecimentos necessários,
que eu então buscava, pessoalmente, na medida em
que da FGV não os tinha.
Muitos estão certos de que sua demissão
teve como real motivação sua intensa participação
no processo de Governança da EAESP. O que o
senhor acha disto?
Muitos colegas comigo conversaram, após
minha demissão, manifestando solidariedade,
dizendo que eu já deveria esperar por isto, e que o
motivo real dessa demissão era conhecido: a minha
clara posição em relação à governança da FGV,
especialmente quanto à necessidade respeito ao
Regimento.
o motivo real dessa d e m i s s ã o e r a conhecido: a minha c l a r a p o s i ç ã o e m relação à governança da FGV, especialmente quanto à necessidade respeito ao Regimento.
GAZETA VARGAS18
matériaCentral
Fui um dos principais envolvidos na
produção de um dos mais substanciados
documentos de propostas para a questão da
governança da EAESP, em 2005; essas propostas
foram trabalhadas na Comissão de Governança, da
qual também fui dos integrantes mais ativos; as
propostas finais dessa Comissão foram aprovadas
pela Congregação em abril de 2007, mas, logo após, o
retorno que tivemos foi a proibição de eleição para
Diretoria da EAESP, que deveria ocorrer em junho de
2007.
Creio que muitos dos que lêem esta
entrevista devem ter sabido ou mesmo lido o
discurso que fiz, em 5 de junho de 2007, na última
Congregação que tivemos na EAESP, deixando
muito clara minha posição com relação à necessidade
de respeito ao Regimento e práticas na EAESP.
Esse discurso está disponível no endereço:
http://lutogv.blogspot.com/2007/06/discurso-
proferido-pelo-prof-norberto.html. Logo na abertura
de apresentação do discurso os alunos que
respondem pelo blog colocaram a seguinte
observação: “Veja na íntegra o corajoso discurso do
Prof. Norberto Torres. Esperamos que ele não seja
demitido”.
O respeito ao regimento é de fundamental
importância – ele é a base sólida sobre a qual
construímos uma organização em nível de excelência.
O respeito ao regimento, mesmo que não se
considerassem os aspectos legais, é um respeito à
casa, que, por décadas, teve a contribuição
desinteressada de tantos.
Muitos não mais se manifestam, por medo
(plenamente justificado) de perderem seus empregos
e sua carreira, como comigo ocorreu, mas este
sentimento de decepção e tristeza, que é de muitos,
não vai se calar, ainda que suas vozes, por enquanto,
se calem.
Além disto, mantendo coerência com minha
posição nas questões da governança, fui abertamente
contrário à forma como se promoveu a demissão de
professores em 2006, tendo sido, inclusive,
testemunha de um desses professores em sua ação
trabalhista; também mostrei, de forma clara, minha
alegria ao receber de volta o Prof. Michael Zeitlin,
quando de sua reintegração à EAESP.
A marca FGV vem sofrendo uma
depreciação paulatina, que vai da distribuição da
marca a escolas sem a qualidade apropriada,
criando McGVs em cada esquina, até a venda
conjunta de cursos com assinaturas de jornal, como
mostra a capa da edição 63 da Gazeta Vargas. O que
o senhor acha disto?
Provavelmente, fui um dos primeiros a
comentar e propor, há mais de dez anos, em mais de
um SAP (Seminário Anual de Planejamento), a
possibilidade de parcerias da FGV com outras
instituições, visando exatamente disseminar
conhecimento de alto nível; mas a proposta era de
que isto fosse feito com instituições renomadas,
inclusive com um processo de intercâmbio de
conhecimentos útil para todas as partes.
Que a FGV possa promover, como parte de
sua missão, a difusão de conhecimentos e excelência,
não há qualquer dúvida, e o uso da marca (por todos
nós construída, ao logo de décadas) seria plenamente
entendido, se por meio de parcerias fortes com
universidades e instituições de renome, em cada
região.
Como isso afeta os alunos, tanto na
mensalidade, quanto na perspectiva profissional?
Este é um assunto com o qual, além de tudo,
tenho preocupação pessoal, pois tenho um filho que
termina seu curso de graduação na EAESP neste
primeiro semestre de 2008.
Se não fosse por outros motivos, na medida
em que haja muito mais profissionais carregando a
marca FGV em seus currículos, por meio de cursos
realizados em instituições conveniadas, devem ser
esperados impactos sobre as remunerações futuras
dos alunos da EAESP, ao longo de sua vida
profissional. Certamente se instalou no mercado
uma confusão de uso da marca FGV, que agora é
associada tanto a alunos dos cursos regulares da FGV,
e aqui focalizo os da EAESP, que percorreram
processos de seleção e longos anos para sua formação,
quanto a alunos das conveniadas.
Além disto, as principais áreas geradoras de
receitas mais flexíveis (consultoria e educação
executiva, presencial e online), que estavam sob
gestão direta da EAESP, não o estão mais.
Edição 72* 28 de março de 2008 19
matériaCentral
Todos sabem que manter cursos de alta
qualidade, como os da EAESP, custa muito; as
margens antigamente deixadas para gestão própria
da EAESP pela consultoria e pela educação executiva
possibilitavam, a meu ver, maior liberdade para
estabelecer as mensalidades dos alunos; o trabalho
de professores em projetos de consultoria e educação
executiva subsidiava, de forma clara e transparente,
os cursos regulares.
A consultoria merece um parágrafo à parte:
ainda que para muitos esta atividade, um pouco
distante da academia pura, tenha menor relevância,
em uma escola de administração de empresas ela é
vital para garantir a conexão fundamental entre o
desenvolvimento acadêmico e a “vida real, lá fora”.
Aliás, a consultoria foi criada, ainda na década de 70,
na EAESP, para atender a esta finalidade, e não como
uma área de negócios independente.
O que seria de uma escola de administração
que tivesse em seus quadros somente professores
que contassem as histórias dos outros? Recentemente,
ouvi, de um destacado professor livre docente da
USP, a seguinte brilhante frase: “é preciso ter
construtores de idéias, realizadores dessas idéias e os
contadores das correspondentes histórias”.
A consultoria é uma das formas mais eficazes
para atender às duas primeiras demandas. Creio que,
quando GV Consult era ligada diretamente à EAESP,
a distribuição das oportunidades de participação em
projetos era mais democrática, possibilitando
alcançar mais professores interessados nessa
atividade complementar importante para sua
profissão.
O senhor tem algum comentário final a
fazer?
Há um ponto muito importante para mim,
nisto tudo: em meio à imensa tristeza que estou
vivendo, recebi muitas manifestações de apoio, que
me ajudam muito em uma hora difícil como esta;
cada parágrafo abaixo é trecho de alguma
manifestação recebida - as origens não estão
identificadas, no sentido de preservar esses amigos e
colegas; pelo espaço exíguo, apenas algumas estão
aqui apresentadas, mas a todos quero expressar
minha profunda gratidão. São frases que, além do
apoio pessoal, denotam o clima que muitos de nós
vivemos.
Trechos de manifestações de solidariedade recebidas
· Eu, como outros, não tenho palavras
para expressar a minha indignação com toda a
situação. Na verdade, não consigo neste momento
expressar todo o meu sentimento sobre o assunto.
Não entro muito no mérito da questão com a
Secretaria dos Transportes, pois como já foi dito, este
fato não é o motivo, mas somente a desculpa para
fazer o que fizeram.
· É estarrecedor saber que é deste
modo que são tratadas as pessoas, competência,
dedicação pela instituição. Todos perdemos com isto,
em especial a GV.
· É com enorme espanto que recebo
esta notícia. Você é certamente um dos melhores
professores da FGV...não só no aspecto técnico, mas
como pessoa. Com certeza, você é um modelo a ser
seguido, e teve grande influência na minha decisão
em ingressar no Mestrado, ainda nos idos de 2000.
Como Coordenador do Depto., sei que estava
desenvolvendo um ótimo trabalho, e só tenho a
agradecer pelo apoio que recebi. Fico na expectativa
de que este episódio seja superado e que o IMQ possa
contar com seu brilhantismo em futuro breve!
· A empresa que te demitiu, não foi
aquela a que nós dedicamos a maior parte de nossas
vidas! Aquela empresa começou a morrer
exatamente em 2002, 2003. Desde essa época nós
vínhamos nos sentindo tristes, abatidos por
perdermos "a nossa Escola".
· Fico muito triste ao tomar ciência do
ocorrido. Certamente seu afastamento é fruto de sua
postura frente a esta gestão atual da FGV. Quanto ao
projeto com a Secretaria de Transporte eu estava no
Conei quando você apresentou o projeto e
certamente era muito importante para melhoria da
gestão interna da Secretaria; não sabia dos
desdobramentos todos, mas esta é apenas uma
desculpa para afastá-lo da FGV.
· Eu, como outros, não tenho palavras
para expressar a minha indignação com toda a
situação. Na verdade, não consigo neste momento
expressar todo o meu sentimento sobre o assunto.
Não entro muito no mérito da questão com a
Secretaria dos Transportes, pois como já foi dito, este
fato não é o motivo, mas somente a desculpa para
fazer o que fizeram.
GAZETA VARGAS20
· M i c h a e l f o i d e m i t i d o e
readmitido por decisão da Justiça ... Norberto foi
demit ido por justa causa (ouvida a
Congregação?), Gustavo faleceu... E nós
defendemos belos princípios! E agora José?
Vamos aguardar o pneumotórax enquanto
relaxamos em Pindorama? Ou não percebemos
nada?
· Quando fiquei sabendo da sua
demissão por insubordinação, não acreditei.
Não te conheço tão bem assim, mas o suficiente
para constatar que há uma coerência muito
grande nas suas falas, ações, nos ideais e
princípios morais declarados e observados.
Também é um homem muito inteligente para se
permitir um ato de insubordinação. O que
haveria acontecido? Agora está claro; mais uma
vez a perseguição daquele que busca a verdade e
a justiça! Eu não consigo sequer imaginar como
você deve estar se sentindo, mas eu sei que
nenhuma dor é para sempre e nunca é em vão.
· Lamento muito mesmo por isto!
Sabemos como a FGV é importante para uma
pessoa que dedicou a vida ao ensino, ao que há
de melhor no conhecimento, e que ajudou a
fazer da FGV o que ela representa hoje no
mundo como instituição de ensino.
· São estas atitudes brutais contra a
inteligência e ao reconhecimento do esforço
competente, que tornam este país cada vez mais
pobre e menos nobre.
matériaCentral
· Eu, como outros, não tenho
palavras para expressar a minha indignação
com toda a situação. Na verdade, não consigo
neste momento expressar todo o meu
sentimento sobre o assunto. Não entro muito no
mérito da questão com a Secretaria dos
Transportes, pois como já foi dito, este fato não é
o motivo, mas somente a desculpa para fazer o
que fizeram.
· Embora calejado por tantos
episódios nesta Escola, ainda consigo ficar
perplexo. Mais ainda, depois de tomar
conhecimento dos motivos alegados para a sua
saída. Creio que todos os seus colegas – amigos
ou não – estão certos: seria apenas retaliação.
Não sei o que dizer neste momento, além de
assegurar o meu respeito ao senhor, como
profissional e como pessoa.
· Escrevo para transmitir minha
solidariedade. É inadmissível tratar alguém
com sua competência, dedicação e histórico na
EAESP dessa maneira e por estes motivos. Não
há nenhum argumento que justifique este
atentado à sua dignidade, honradez pessoal e
seriedade profissional, que, como aluno e
orientando, sempre tive oportunidade de
testemunhar. É muito triste ver nossa escola ser
conduzida dessa forma. Como ex-aluno, fico
revoltado; como docente, compreendo e fico
indignado com o desrespeito à sua trajetória
acadêmica na instituição. Receba minha mais
forte solidariedade e conte com meu apoio no
que for necessário.
· Preparava-me para sair do
escritório, onde ainda me encontro, e li, tanto
estupefato quanto indignado. Não me restam
dúvidas sobre a natureza política da injustiça
perpetrada contra você, ...quando necessário,
conte com meu testemunho de sua ilibada
reputação, trabalho ético e inabalável espírito
público sempre em defesa do bem da instituição
e de seus valores.
Edição 72* 28 de março de 2008 21
Caro Norberto, agora que você foi demitido em
circunstâncias absurdas desejo dar meu testemunho
sobre sua atuação. Por ocasião de meu mandato de
diretor da Eaesp, tornou-se claro para todos nós, que
estávamos muito atrasados em instalações de
informática para uma Escola que pretendia ser pioneira
e competir com as melhores. Os membros da Diretoria
passaram a ouvir colegas da área, com um
departamento de Informática entre os departamentos
acadêmicos, não faltaram sugestões e conselhos. Desde
"chama a IBM que ela resolve", até quem achasse que
não valia a pena muito esforço. Tendo ouvido todos que
desejavam falar, chegamos a conclusão que sua
proposta fazia muito sentido, tinha começo, meio e fim.
Fiquei um pouco assustado quando voce disse que
poderiamos preparar aulas em casa e enviar via correio
eletrônico para a gráfica e apanhar o material no dia
seguinte para poder dar aula! Era tão diferente de nossa
realidade. O projeto foi implantado e a Escola pulou do
grupo dos 10% piores para o grupo dos 10% melhores.
Para esta edição, preparamos uma entrevista
informativa com o DAGV para prestar esclarecimentos
acerca da situação atual da Xérox do primeiro andar.
Porém, em cima do fechamento, fomos informados de
que a entrevista não deveria ser publicada, pois temiam
que alguma declaração pudesse vir a prejudicar a ação
judicial que enfrentam.
Como forma criativa de preencher o espaço
destinado à entrevista e também como protesto pela
falta de esclarecimentos públicos da situação, aqui vai
uma receita de Arroz à Grega. Para mais
esclarecimentos, procurem o DAGV.
INGREDIENTES:
3 xícaras de arroz - 6 xícaras de água - 1 caixa de passas
Queijo Parmesão ralado - 5 colheres de ervilha -
Manteiga - Óleo - Pimentão, Cebola, Salsa, Cebolinha
Verde e Cenoura - Sal
Quando anos depois à frente da Secretaria de
Transportes decidimos que ao lado de um planejamento
para os próximos 20 anos deveríamos implantar um
sistema informatizado ocorreu-me que poderiamos
repetir a boa experiencia da EAESP. Sabendo que
estariamos incomodando muitas pessoas tomamos o
cuidado de obter todas as autorizações necessárias, da
Secretaria de Governo e Gestão Estratégica, que tinha a
função de aprovar planos diretores de informática,
utilizando a propria Prodesp, até informarmos a
Comissão de Transportes da Assembléia Legislativa.
Enquanto fui Secretário continuei dando apoio à
implantação tendo feito reuniões publicas com todos
funcionários prevenindo-os que as mudanças afetariam
a todos e que o sistema de trabalho mudaria. Nesta
ocasião eu já tinha me acostumado a sonhar e achava
que chegariamos ao ponto de policiais terem "palm top".
Fomos mais longe substituimos os policiais por radares,
mais justos e com menor dose de subjetividade, sem
falar de outras vantagens. Salvamos muitas vidas. Por
toda esta sua colaboração sou-lhe muito grato! Tenha
certeza, justiça será feita.
Abraços do Michael
MODO DE PREPARO:
- Leve uma panela ao fogo com água, sal e um pouco
de óleo.
- Quando a água ferver, coloque o arroz lavado e
escorrido. Mexa o suficiente, diminua o fogo e deixe a
água secar.
- Aí, então, retire o arroz do fogo, tampe bem e deixe
por mais algum tempo até ficar completamente
pronto.
- À parte, leve uma caçarola ao fogo com a manteiga e
aí frite as passas e as ervilhas.
- Jogue, em seguida, em uma travessa grande.
- Junte a cebolinha verde, a cenoura, o pimentão, a
cebola - cortados em pequenos pedaços - a salsa e o
parmesão.
- Junte, por fim, o arroz cozido, misturando tudo
cuidadosamente.
especialXEROX
GAZETA VARGAS22
Prof.Zeitlin
especialXEROX
Ainda que se diga que a boa tese é como
um porco, deve ter todas as suas partes
aproveitadas, neste espaço, quero apenas chamar
a atenção para um problema flagrante nesta
faculdade, que se arrastou por muitos semestres
até seu dramático desfecho nas primeiras
semanas de aula: a questão das fotocópias.
Diariamente, os alunos têm uma carga X
de leitura para cumprir, sendo que esta forma de
estímulo faz parte da proposta pedagógica da
faculdade de fazer com que o aluno tenha contato
prévio com o assunto que será tratado em sala de
aula, o que lhe permitiria contribuir mais
produtivamente para as discussões. As leituras
prévias são indicadas pelos professores que, a fim
de evitarem uma visão unilateral e tacanha de
suas disciplinas, fazem uma seleção de trechos
das obras de diversos autores sobre variados
temas.
Após o término do horário letivo, os
alunos consultam o e-class ou algum colega mais
informado sobre as leituras para o dia posterior e
dão início ao ritual diário de fotocopiar os trechos
das obras que foram selecionados. Alguns
professores montam apostilas que ficam a venda
no começo dos semestres, outros passam para o
aluno o trabalho nada difícil de desrespeitar
direitos autorais.
Em outras palavras, alguns professores
lavam suas mãos em relação ao que exigem como
leitura prévia, incumbindo o aluno de
desrespeitar a lei ou comprar livros caros para
que se leia uma meia dúzia de páginas. Outros,
assim como os alunos, desrespeitam os direitos
autorais. Uma terceira categoria pede autorização
para as editoras e para os autores, de modo que
fazem uso do trabalho intelectual do autor dentro
de limites normativos.
Nas escolas de Administração e Economia
estas atividades eram, até então, exercidas dentro
da própria faculdade, sendo que os lucros
auferidos com as fotocópias eram destinados (ao
menos em parte, segundo nossas informações) ao
Diretório Acadêmico. O D.A., que já havia passado
por constrangimentos, atuava dentro de limites:
podia fotocopiar X% das obras dos autores. Mas,
devido às últimas inspeções com a pretensão de
zelar pelos direitos autorais, o DA viu o cerco
fechar para suas atividades.
Na escola de direito, adotou-se medida
m a i s s i m p l e s : t i r a r f o t o c ó p i a s f i c o u
terminantemente proibido em seu prédio, o que só
não se tornou um problema de proporções
colossais para os alunos em virtude de um
estabelecimento vizinho cuja interpretação da lei é
digamos “expansiva”. Quando questionada do
porquê desta medida, a resposta dada pela
coordenação foi a de que “a faculdade de direito
da GV ainda não tem tradição”. Ou seja, como
ainda não há tradição, não se pode burlar a lei.
Outra justificativa foi a de que, como se trata de
uma faculdade de direito, é dever da coordenação
saber que é ilícito fotocopiar coisas sem respeitar
os direitos autorais. As faculdades de economia e
administração teriam, portanto, o álibi de serem
faculdades que não estudam leis. Isto soa bem
esquisitinho, sobretudo quando se ouve dos
professores de direito que se parte do pressuposto
que todos os cidadãos brasileiros têm
conhecimento dos limites que as normas do
ordenamento jurídico impõem a suas atividades.
Pa r e c e n ã o h a ve r i n t e r e s s e e m
regulamentar esta atividade básica dos alunos, e
isto surpreende, sobretudo em uma faculdade
onde critérios de qualificação como eficiência e
transparência são tão caros.
Enquanto não houver medidas razoáveis e
propostas consistentes para o problema, não só
entidades como o DA continuarão a ser
prejudicadas, mas todos os alunos da FGV-SP,
sendo que os de direito ainda terão que continuar a
ouvir despautérios de sua coordenação.
Barrigando as fotocópiasPedro Guerra
Edição 72* 28 de março de 2008 23
utilidadePública
Já pensou ser sócio do Sr. Jorge Paulo
Lehman? E do Sr. Jorge Gerdau? “Basta comprar
ações da Ambev e da Gerdau”, sintetiza o Diretor da
XP Educação – uma das maiores empresas de
educação financeira do País – Gabriel Leal. “Uma
ação representa uma fatia do capital acionário da
empresa, logo, ao investir em ações estamos nos
tornando sócios dos melhores gestores e das
melhores empresas do País”, explica.
A procura por este tipo de investimento
aumenta a cada ano. Com a redução da taxa de juros,
os investimentos em renda fixa passam a ser cada vez
menos rentáveis ao contrário dos investimentos em
renda variável, que passam a ser bem mais atrativos.
O investimento em ações é uma excelente forma de
diversificação. O investidor pode aplicar em
siderúrgicas, bancos, empresas de petróleo ou
educação de forma simples e segura. Além disso,
ações, ao contrário de imóveis, é um investimento de
grande liquidez, não há dificuldades em vender
ações ou resgatar seus recursos de um fundo de
investimento.
Para Leal, é fundamental, para obter sucesso
e boas rentabilidades no mercado acionário, buscar
aprender sobre o assunto. “Investir em ações é sem
dúvida a melhor aplicação para o longo prazo. Mas
buscar aprimorar o conhecimento no assunto é a
melhor maneira de começar seu investimento”,
acrescenta.
O Diretor da Área de Relação com os
Investidores da Localiza, maior rede de aluguel de
carros do Brasil em número de agências, Silvio
Guerra, disse em uma palestra promovida pela XP
Educação que as pessoas deveriam aprender sobre
mercado financeiro para terem opções de decidir
sobre seu futuro. No entanto, o assunto dinheiro
parece que ainda não entrou nas rodas de ensino do
Brasil. Como se fosse insano ou feio falar a palavra
“dinheiro”.
“O principal objetivo da XP Educação é
desmistificar o mercado de ações através do
conhecimento”, anuncia o diretor, Gabriel Leal.
A XP possui um extenso programa de educação
financeira com o objetivo de ajudar as pessoas a
entenderem o mercado de ações além de cursos básicos
com módulos práticos e simuladores de bolsa.
“Desenvolvemos também cursos avançados sobre
análise técnica, derivativos e opções”, diz Leal.
O que é uma ação? O que é a Bovespa? Qual é a
importância da Bolsa para a economia? Por que as
empresas abrem capital? Como o mercado funciona?
Estas são algumas das questões que muitos brasileiros
procuram respostas. A falta de alfabetização financeira
vem contribuindo para o fracasso de milhões de pessoas
na gestão das suas finanças, simplesmente, por não terem
o conhecimento de como administrar seus rendimentos e,
muito menos, saber onde, como e quando, investir seu
dinheiro. O objetivo da educação financeira deve ser o de
criar uma mentalidade adequada e saudável em relação
ao dinheiro e possíveis investimentos.
Para buscar melhores rentabilidades no mercado de
renda variável, é necessário obter conhecimento prévio,
caso contrário os prejuízos podem ser grandes. “Por isso,
fazer cursos como os da XP Educação são fundamentais
para se ter sucesso e boas rentabilidades no mercado
acionário”, explica o diretor da empresa.
A XP tem operações em todas as capitais do sul e
sudeste e já treinou mais de 25 mil alunos. Para Leal,
qualquer pessoa pode investir em ações. Não existe limite
mínimo para começar e é muito mais simples do que
parece. O mais importante é a pessoa buscar estudar o
assunto antes, para não se tornar um aventureiro.
O Técnico Florestal, Gilson Stein de 22 anos,
conta que participou do curso Aprenda a Investir na
Bolsa de Valores da XP Educação porque sabia que os
investimentos em ações apresentam retornos superiores
às aplicações em renda fixa no longo prazo. “Mesmo no
Brasil, em que as taxas de juro desde o início do Plano
Real (1994) mantiveram-se em patamares extremamente
altos, as ações de muitas companhias bateram com folga o
retorno do CDI (taxa de juro praticada entre os bancos e
que serve de referência para aplicações em renda fixa)”,
explicou. “Antes de conhecer sobre a bolsa de valores,
tinha o plano de fazer um financiamento, para comprar
um carro, pagar R$ 300,00, R$ 400,00, isto claro que iria
pagar juros sobre este dinheiro, agora penso em investir
esse dinheiro em ações, para depois comprar o carro à
vista”, acrescenta.
Bolsa de Valores sem SegredoYordanna Colombo
GAZETA VARGAS24
coluna
Os resultados políticos da República, no Brasil,
relacionam-se com uma história de tentativas
desenfreadas de articulação de falsos consensos. A
partilha de cargos públicos, usada como único
instrumento para governar, aliada à inexistência de
ideais e de objetivos coletivos e partidários comuns
(entre beneficiados e governo) acaba confirmando o
Brasil sob o manto do “mandonismo”. “Política
Brasileira” é a mistura do “Estado”, da “República”, do
“Governo”, das “Vidas Particulares de Excelências
Mascaradas (nem todas)” e dos vícios de “Partidos
Burros e Mestres em Politicagem Barata”. Sérgio
Buarque de Holanda mostra, em “Raízes do Brasil”, que
o Estado brasileiro surgiu e consolidou-se à luz do
“familismo” – extensão das relações familiares aos
âmbitos burocráticos e políticos. O que somos, gostem
ou não, esperneiem ou não, é algo semelhante a um país
em construção, uma obra embargada, um desastre
político – nada mais.
Eis os argumentos: (i) a política nacional foi
construída através do consenso e da adequação de
interesses das elites político-econômicas; (ii) somos
uma República inacabada, com poucos avanços no
reconhecimento amplo por parte da sociedade; (iii) a
democracia não é um valor tácito, ainda, para muitos de
nós; (iv) as instituições democráticas não inspiram
orgulho para os brasileiros. Estes pontos permitem
concluir que não há unidade nacional e não há
República Democrática, ainda, no Brasil, mas apenas
estruturas “montadas de cima para baixo”, sem
necessário reconhecimento por parte da sociedade. Em
suma, somos um país que demanda diálogo e inclusão.
Desde a dicotomia “liberais x conservadores”, que
dominou o debate político do período imperial,
contrapondo a descentralização do poder à
centralização e exaltação do monarca como instituição
essencial à unidade nacional, respectivamente, têm
predominado as soluções consensuais. Estas eram
adequadas a ambos os lados e conduziam a equilíbrios
nem sempre favoráveis à nação, mas, sim, à elite
econômica; eram os principais instrumentos de
articulação do jogo político e que as instituições
brasileiras conservam até hoje entre seus membros.
Ou a República foi um verdadeiro pacto, uma solução
aceita e aclamada por todos, onde os militares foram
“salvadores da pátria” e proporcionaram um avanço ao
Brasil, ou apenas a solução mais óbvia para que se
acalmassem os ânimos do debate “liberal x conservador”, já
que a possibilidade de constituição de uma federação traria
autonomia, sim, mas com controle, sem “a desgraça” da
liberdade irrestrita. A República, desde o início, foi um
acordo firmado para que a unidade nacional fosse garantida,
mas, principalmente, para que a elite político-econômica se
satisfizesse e fincasse seus pés nos meandros do poder.
É disso que vivemos até hoje – do consenso forjado, a
cada dia, pelos “brilhantes representantes do povo (que
povo?)”, que não hesitam em articular obtenções de
benefícios do Executivo. São profissionais mais que
eficientes, que não medem esforços em ignorar a
necessidade de consolidação de seus partidos como
sustentadores de objetivos claros, de projetos de
desenvolvimento para o país e de ampliação da
legitimidade da democracia. Em 1988, um senador dizia que
era preciso aprender a fazer política pelo contraditório e
conscientizar-se de que o consenso nem sempre poderia ser
costurado sem nenhum custo para a população. Seu nome:
Fernando Henrique Cardoso. Claro, tal concepção ainda
está longe de habitar o imaginário e as ações dos
parlamentares.
A democracia brasileira é um “acaso” que nos acometeu
e que nos foi legado sem a devida preocupação, no que
tange à participação real da sociedade e à conscientização de
que há um sistema de representação. É preciso cultivar,
entre as famílias, empresas, órgãos públicos e autarquias,
nos âmbitos políticos municipais, estaduais e federal, o
espírito republicano e democrático. Vive-se uma República
– “a coisa pública” – que se difunde a passos lentos, que está
distante de ser um valor aceito, compartilhado, identificado
e defendido pela maioria da população.
Estabelece-se, assim, um problema que não passa de
falta de identidade nacional em sua faceta política (e possui
outras?). Em “O motivo edênico no imaginário social
brasileiro”, José Murilo de Carvalho mostra como o
brasileiro não se ufana por nada que não esteja relacionado
às belezas naturais do Brasil, à sua paisagem. O que
pensamos? Quais as nossas referências e identidades? Não
nos vemos refletidos em nada que tenha sofrido
modificações ou construções – tanto instituições políticas,
quanto quaisquer outras (como a literatura ou a medicina,
etc.). Somos um país tropical e belo. Só.
Somos únicos, singulares! Diferentes e saborosas
jabuticabas aguardando a colheita, aves a gorjear,
inigualavelmente, para os incansáveis vigias e protetores do
ninho dos donos do poder: o “Ninho – Brasil”.
Não gorjeiam como cáFelipe Scudeler Salto7º semestre - EconomiaEx-editor-chefe Gazeta Vargas
Edição 72* 28 de março de 2008 25
políticaInterna
“Que bobos, eles pensam que os jornalistas
escrevem com as mãos.” Há muito tempo, por
não ter medo de dizer a verdade, Antonio Maria,
então jornalista da Última Hora, foi espancado
por capangas e, principalmente, teve suas mãos
pisoteadas para que não pudesse escrever. No
dia seguinte, em sua coluna, ele cunhava essa
frase.
Quando entrou na FGV, em 2003, minha prima
pagava R$1300,00 de mensalidade. As DP's não
eram pagas. O GVconsult e o GVpec ainda
faziam parte das grandes idéias aplicadas em
combate ao déficit da EAESP. A diretoria ainda
era conduzida por gestores eleitos, inclusive
com votos de representantes dos alunos. A
presidência, lá no Rio de Janeiro, não demitia
qualquer professor que fosse contrário às suas
decisões. A FGV não tinha, e continua não tendo,
um informativo que apresente aos alunos e
interessados o que acontece nos miolos da
fundação – nós, da Gazeta Vargas, o fazemos de
forma independente. Caso recente é o do prof.
Norberto Torres, o máximo que eles informaram
sobre sua demissão foi um impresso afixado no
5° andar dizendo quem seria o novo chefe do
departamento IMQ.
Os alunos ingressantes no 1°/2008 estão
pagando, por mês, R$2100,00, 60% a mais do que
há cinco anos, ainda com aquele sorriso de quem
tem certeza de que entrou na melhor escola de
administração do país. Sem dúvida que
entraram, ao menos por enquanto. A escola deu
pen-drive com o logo da GV, viagem de
integração, entre outras regalias, como se
quisesse comprar a confiança do calouro (e
como se ele não estivesse pagando, e muito, por
tudo isso).
Eu imagino como pode uma escola que ensina
tanto sobre administração abolir os principais
arrecadadores de caixa da faculdade, como o
recém-rachado-ao-meio PEC e o há-tempos-
absorvido-pela-Mantenedora GVconsult.
Imagino, ainda, por que abrir mão dessas
garantias e aumentar a mensalidade dos alunos
em seguida. Terá nosso dinheiro o mesmo fim?
Seremos nós as novas garantias de caixa (leia-se
dinheiro, grana, bufunfa, como quiserem) da
faculdade? Vou além, ainda não sei a razão para
baixar um novo regulamento na escola sem
consultar a opinião dos alunos. Golpe baixo,
senhores. Baixo como foi o golpe desferido ao
professor Norberto. Baixo como será o valor dos
nossos diplomas se aceitarmos calados tanta
baixaria. Que tipo de estratégia é essa? Será que
para a Mantenedora, como disse o professor
Michael Zeitlin em entrevista à edição 66, “o
apego ao cargo foi maior do que a vontade de
acertar”? Será esse tipo de administração que
eles querem ensinar aos gvnianos? Espero que
não sejam eles os exemplos de líderes que a
EAESP pretende formar. Se liguem, colegas, os
ditadores mais ferrenhos também foram líderes.
Quando ando pela faculdade, tenho a
impressão de que o Big Boss da escola nos olha
por cima e pensa “olha lá o palhaço, que
gozado”. A GV, apesar da excelência em ensino
prevista na própria missão da escola, parece ter
certeza de que ninguém vê ou se importa com
aquilo que se passa no backstage desse nosso
picadeiro. Pelo menos é a impressão que dá ao se
juntar todas as peças desse quebra-cabeça de
alguns anos de bagunça que tem sido a
administração da EAESP. Eles pensam que os
alunos só aprendem assistindo aula. Que bobos.
Mal sabem eles que o exemplo vem de casa.
*Uma homenagem a todos os alunos que fazem
da nossa profissão a de não aprender apenas
assistindo aula.
(des)RespeitávelPúblicoFelipe Fabris
GAZETA VARGAS26
espaçoAberto
Alfred Nobel(1833-1896), químico e inventor
sueco, inventou o TNT (dinamite). Ao ver a sua
obra prima sendo usada para fins militares, caiu
em profundo desgosto, pois a ela estava sendo
atribuído um uso deturpado da idéia inicial que
seria a construção civil. Tentando amenizar o
peso em sua consciência, Nobel exigiu, em seu
testamento, que um prêmio anual em nome da
Fundação Nobel fosse criado para premiar
aqueles que contribuíssem para a paz mundial.
Alberto Santos Dumont(1873-1932), imortal
brasileiro e pai da aviação mundial, ao ver a sua
invenção, o avião, sendo usado para atacar
pessoas e arrasar campos de batalha, caiu em
uma angústia tão profunda que decidiu dar fim
à própria vida. A sua obra prima, assim como a
de Nobel, havia caído em mãos erradas.
Pois bem, Jorge Guinle(1916-2004),
também conhecido como Jorginho Guinle foi o
maior “playboy” da história brasileira. Herdeiro
da milionária fortuna da Família Guinle, dono
do Hotel Copacabana Palace, Jorginho decidiu
jamais trabalhar em sua vida e se especializou
em como gastar dinheiro. E, indiscutivelmente,
se tornou brilhantemente genial em fazê-lo.
Assim como Santos Dumont conquistou os ares,
Nobel a Dinamite, Jorginho gabava-se de ter
conquistado famosas atrizes de Hollywood
como Marilyn Monroe, Marlene Dietrich ,Hedy
Lamarr, Rita Hayworth, Romy Schneider, Kim
Novak, Ava Gardner, Susan Hayward, Jayne
Mansfield, e Janet Leigh. “Vivi o que
quis,quando eu quis", frase em que ele mesmo se
definiu em uma de suas ininterruptas festas
luxuosas na suite do “Copa”. Opiniões à parte,
tal frase jamais poderia ser dita por Nobel ou
Dumont que dedicaram toda a sua vida aos
estudos.
Certa Vez, em meio a uma conversa com
o amigo americano Bloomingdale, dono da
gigante cadeia de lojas americanas, os dois
Certa Vez, em meio a uma conversa com
o amigo americano Bloomingdale, dono da
gigante cadeia de lojas americanas, os dois
falavam sobre dinheiro quando de repente
tiveram uma idéia: por que não substituir o
dinheiro em papel por algo como um cartão de
p l á s t i c o c o m u m a i d e n t i f i c a ç ã o ?
Instantaneamente Bloomingdale convidou
Jorginho para, em sociedade, entrar nesse
negócio. O americano entendia como ninguém
de comércio e o Playboy carioca como ninguém
de gastar, seria o “know-how” perfeito para
aquela gestão. Entretanto, Jorginho se recusou e
não quis participar do negócio, achou que o tal
“cartão de crédito” ,como tinham pensado, iria
criar muita dor de cabeça para seus usuários.
Com seu pensamento vanguardista o
carioca não quis correr o risco a que Nobel e
Dumont se submeteram. Os dois imortais
inventores se auto-incriminaram ao verem suas
respectivas obras primas caindo em mãos
erradas. Já o Playboy, ao que tudo indica,
conseguiu enxergar cinqüenta anos além de seu
tempo, e previu o tipo de uso que políticos
corruptos e pessoas mal-intencionadas fariam
de seu cartão. Não quis correr o risco de ver a sua
criação (o cartão de crédito) sendo usada para
nossos representantes desviarem o dinheiro
público, pagarem contas pessoais e, sem dúvida,
ter o seu real foco desviado , o qual era somente
tornar mais práticas as suas gastanças.
A farra com os cartões corporativos
passou dos limites e hoje, como se já não
bastasse jogar nossos impostos “ralo abaixo”,
somos obrigados a ver os tributos, pagos com
trabalho, financiando compras no Free Shop e
tapiocas em lanchonetes. Declaro aqui o meu
total apoio à CPI dos Cartões. Porém desta vez a
CPI não terá como Presidente o Delcídio Amaral.
Sugiro como Presidente imortal/vitalício e
honoris causis Jorginho Guinle, que mesmo
perito em gastanças fica parecendo um amador
perto da turma do Governo, a qual conseguiu
gastar R$ 75 Milhões em apenas um ano.
Jorginhoneles
Danilo Costa Filho
Edição 72* 28 de março de 2008 27
matériaReflexiva
O Comitê-Central da EDESP está em
pânico e o CA sabe o porquê. O bicho Zero Um
soltou a voz e já no primeiro dia de sua
experiência acadêmica pediu para sair.
Humilhado com o trote dado por seus
companheiros advogados que colaram na prova
de Direitos Humanos, Zero Um foi forçado a
manter relações sexuais em plena via pública
com o asfalto. Não agüentou. Soltou o bico.
Essa notícia que acabo de descrever foi-
nos contada em sala de aula por um alto
dirigente do Partido que, meio constrangido,
meio ríspido, pediu calmamente para nos
lembrarmos de Nuremberg e não repetir o feito.
Não colou. O que deveria ser recebido
como um expurgo para a Sibéria surtiu o efeito
de uma bomba de gás hilariante, pois essa
brincadeira, normal para quem já passou por
esse ritual de humilhação, é inédita aos olhos de
um burocrata do ensino superior. O que me
intriga, no entanto, é que os mesmos juristas que
há uma semana estavam se deliciando com o
show, hoje juram eterna fraternidade com os
antigos objetos de seu deleite. Sugiro duas
explicações para essa brincadeira estranha: a
primeira chama-se “tudo pela unidade” e a
segunda, covardia.
A origem da idéia de mandar os outros se
roçarem no asfalto é incerta, mas nada que a
psicologia moderna não explique. É assim. Eu e
uns veteranos estamos dispostos a gastar uma
manhã para nos divertir com os calouros. Eis
que um sugere algumas brincadeiras como, por
exemplo, uma piscina de 1.000 L só para as
“bichetes”. Boa. Mas o outro quer colocar a
música do “Créu” no último volume e fazer um
concurso de dança.
Sendo que eu quero é mesmo mandá-los
fazer o elefantinho. Duas uma: ou o grupo se
parte e cada um com sua brincadeira, o que seria
bem menos divertido, ou alguém surge com
uma idéia radical que unirá o grupo de novo.
Pronto: tudo pela unidade. Vamos desenhar no
chão e fazê-los gritar enquanto imitam
Alexandre Frota.
Essa teoria do comportamento foi feita
por David Myers e descrita sucintamente na
coluna do Contardo Calligaris na Folha de S.
Paulo (2.1.2003). Nos seus dizeres: “Quando
num pequeno grupo, existem opiniões
diferentes, o grupo pode, é claro, quebrar (...).
Mas, se o grupo não quebrar, se conseguir
estabelecer um projeto comum, é bem provável
que um acordo seja encontrado ao redor de uma
posição mais extrema do que a posição de
qualquer membro do grupo”. É o mesmo que
pensar: se não temos nada para fazer e não
conseguimos encontrar um consenso, vamos
queimar um índio na rua, espancar uma
prostituta, ou até mesmo formar uma banda
cover do Nirvana.
A covardia é algo mais simples de ser
explicado. O indivíduo, quando ombro a ombro
com a multidão, tende a descer inúmeros graus
em suas reações mentais, o que nivela por baixo
toda civilidade que ele, solitário, teria. Agora
está livre porque é um grupo, pois o mal que o
atingir irá também para os outros. O covarde se
esconde entre seus semelhantes, tendo, assim, a
liberdade com que sempre sonhou. Quando um
grande número de pessoas decide algo em
comum, poucos irão se opor, no entanto,
quando se está sozinho é necessário manter a
civilidade e tratar bem até os descartáveis bichos
que hoje nos rodeiam. Mas não se preocupem,
ano que vem, bicho Zero Um já será consagrado
Capitão e ordenará com força: Vai bicho! Geme!
Grita!
SEXO EXPLÍCITO NA DIREITO GV
Guilherme Bandeira
GAZETA VARGAS28
conexãoLocal
Alguns de vocês já devem ter visto por aí
um cartaz laranja com informações sobre o
Programa de Iniciação à Pesquisa. Um dos
projetos que ele apresenta é o tal de Conexão
Local (Não, Bixo, não é o Conexão Social!). O
Conexão Local, numa explanação bem rápida,
introduz o aluno na discussão sobre
desenvolvimento local, cidadania, gestão
pública e outros temas relacionados, levando-os
à imersão em uma experiência para pesquisá-la.
O processo mais detalhado é assim: o
aluno, acompanhado de outro colega da
graduação, vai até o local onde se desenvolveu a
experiência e fica durante boa parte do mês de
Julho (com uma bolsa de pesquisa suficiente
para cobrir os custos) e então volta e escreve com
sua dupla um relatório do caso estudado e
vivenciado. Certamente algo que vai agregar
muito a qualquer interessado em estudos
científicos.
“Tá, e daí?” – alguns podem se perguntar
– “O que significa isso para mim?”. Bom, para
nós, ex-participantes do Conexão Local,
significa muita coisa. Em primeiro lugar o aluno
será levado a uma realidade bastante distinta do
que está acostumado a vivenciar. O contato com
o diferente traz ao pesquisador um notável
amadurecimento, pois induz a uma reflexão
mais profunda e a um aprimoramento da
análise crítica. Parece muito “blá-blá-blá”?
Pense deste modo: quando os milhões de
brasileiros ligam a televisão ou abrem os jornais,
o que vêem? Quase sempre políticos envolvidos
em escândalos de corrupção, as péssimas
estatísticas do país, as novas políticas
macroeconômicas.... Quando vemos notícias
sobre as políticas públicas bem sucedidas?
O Conexão Local pode favorecer nosso
conhecimento acerca de algumas estruturas e
mecanismos de gestão pública que se
desenvolvem bem, que trazem contribuições
reais às comunidades. Sabe o que rola em
cidades como Piraí, Tupandi, Recife ou
Londrina? Já ouviu falar do Programa Saúde e
Alegria ou do Banco Palmas? Sabe o que é
Inclusão Digital? Microcrédito?
Ao começar a aprender que o Brasil possui
diversas realidades - ou diversos “Brasis” - ou que
nem todos os políticos são corruptos, você
certamente vai encarar diferente as próximas
edições do Jornal Nacional....
Outro aprendizado proporcionado pelo
Conexão Local, por exemplo, é a percepção não só
dos resultados da experiência, mas principalmente
dos mecanismos de desenvolvimento por que ela
passou. Assim, não somente sua área de atuação é
considerada, mas também seus processos
in termediár ios e encadeados . E nessas
considerações, é importante ressaltar a contribuição
que determinada maneira de implementar uma tal
política pode trazer a outras realidades. Ou seja, o
que aconteceu em um lugar, pode ser aproveitado
em outro. Um processo conjunto de construção de
novas realidades brasileiras.
Em algum devaneio, já parou pra pensar na
re lação entre democrat ização d ig i ta l e
desenvolvimento econômico? E em cultura e
participação popular? Banco comunitário e
empoderamento? Microcrédito e verdadeira
emancipação política?
Mas se o mercado se auto regula, se a taxa de
juros determina o nível de investimento e este o nível
de renda... se tudo o que é produzido é consumido e
isso por sua vez gera mais empregos e renda, se a
racionalidade e eficiência econômica é assim
alcançada, se o conjunto uníssono – no máximo
intercambiável - de homo oecomomicus aparece
pra mostrar que todos têm as mesmas capacidades
disposicionais ... então pra que mecanismos
alternativos de geração de renda? Pra que sequer
considerar que não existe um só contexto, uma só
realidade?
Talvez estejamos mesmo fragmentando a
harmonia da sociedade, desconsiderando todos os
esforços do mercado em melhor alocar seus recursos
tão escassos.... Será então que nada daquilo que
vimos e experimentamos existe? Onde ficam os
Orçamentos Participativos, a comunidade que
direciona o gasto de sua renda na perspectiva
endógena ou a concessão assistida e orientada de
Microcrédito produtivo? Onde ficam os vários
Brasis que começamos a conhecer...?
*Interessados e interessadas, inscrevam-
se no GVpesquisa ate dias 31 de março.
Edição 72* 28 de março de 2008 29
humor
Equipe Gazeta Vargas
Afundação Getulio Vargas
E os convites da Giovanna acabaram tão
rápido que deviam mudar o nome da festa pra
Ágio-vanna... pra comprar convite só com
pagamento por fora.
Depois da reforma dos banheiros do DA
eu queria saber se a descarga do banheiro
feminino também dá a impressão de que vai
inundar o prédio inteiro.
E repararam o novo isolamento acústico
no teto do DA? Parece que a diretoria tava
reclamando do barulho da cerveja sendo aberta.
Eles deram algumas opções pra gente:
a) não pode mais sair do DA com cerveja (porque
no quintal, quando o banheiro ainda não tava
pronto, tinha que passar na porta da diretoria e
deixava eles com mais vontade ainda)
b) tem que isolar o DA pro barulho não chegar lá
em cima
c) O DA tem que dobrar o contingente de
seguranças na porta (repararam no surreal?)
d) A gin&cana deve acabar em menos de uma
hora
Por via das dúvidas, o DA colocou tudo em
prática.
Frases Defeito
“Os chineses inventaram a brússola” e essa
ainda foi numa aula de macroecronomia
“Meu nome é experiência” de um aluno
confuso ao ser indagado sobre a sua alcunha pelo
professor
"vocês viram a matéria sobre o professor
demitido na Gazeta Vargas? Nada a ver." Alguns
minutos depois: "dêem uma lida; eu ainda não li"
Numa aula de Direito.
“Cerveja faz bem aos ossos e pizza evita
câncer de estômago.” da Folha de S. Paulo. Nunca
foi tão fácil cuidar da saúde, só faltar falar que TV
faz bem pra vista!
“Estou com você até o início” Gyselle do
BBB, mandando mais uma pérola no horário nobre.
“Mas a gente se liberta às vezes, né
Marcelo?” Pedro Bial, no mesmo BBB, revelando
toda sua libertinagem.
“Tipo, parece bom... mas a gente tem
mesmo que c i tar o BBB? o n ive l ca i
em 1823%...” membro da Gazeta Vargas em
observação acurada acerca da qualidade desta
singela coluna.
"O turismo é extensivo em mão-de-obra
q u a l i f i c a d a , e o m á x i m o q u e o
Brasil tem de turismo é turismo sexual"
( P r o f e s s o r ) " m a s a m ã o - d e - o b r a
nem precisa ser tão qualificada" (Aluno confuso)
"Vamos fazer isso passo-a-passo, como
J a c k o e s t r i p a d o r " ( P r o f e s s o r )
ou por partes, como um andarilho...
O Noguchi foi embora mas eu garanto pra vocês que a qualidade das piadas desta coluna não vai melhorar. De modes algum.
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GAZETA VARGAS30