Edição 78

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Gazeta Vargas - Edição #78

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3GAZETA VARGAS Edição #78

Associação Cultural Gazeta Vargas. A partir deste semestre, esse é o nome oficial da entidade que lhes escreve. Após completar 10 anos de existência,

comemorados em outubro último, a Gazeta dá mais um passo rumo à independência, registrando em cartório sua pessoa jurídica e oficializando o estatuto da associação. Essa conquista reflete a caminhada de vários anos rumo à reestruturação interna da entidade, que passa a trabalhar com um modelo organizacional muito mais concreto.

O desenvolvimento do Estatuto tornou claras as responsabilidades da Gazeta e de seus membros, os obje-tivos da entidade e, principalmente, o papel que devemos desempenhar. Não que esses atributos não existissem antes. Muito pelo contrário. O que faltava era tornartransformar essa vontade, essa responsabilidade, esse papel - que um grupo de alunos assumiu há 10 anos,-, em uma garantia aos leitores, queos quais merecem receber da Gazeta mais do que um periódico mensal.

O reconhecimento do leitor é mais valioso para um jornal do que qualquer coisa, e essa credibilidade, a Gazeta recebe com muito orgulho há anos. O mínimo que podemos fazer é buscar recompensar nosso público com um desem-

Editor chefeFelipe Braga Fabris – [email protected]

Diretor de RedaçãoAlípio Ferreira – [email protected]

RedatoresLuiza Prada – [email protected]

Maria Julia Iudice– [email protected]

Vinícius Marques – [email protected]

Julio Hideki Kaji - [email protected]

Rafael Kasinski - [email protected]

RevisãoKarina Choi - [email protected]

Aline Oyamada - [email protected]

ColunistasMaria Julia Iudice – [email protected]

Diretor de Arte Pedro Theodoro Ramos Beraldo - [email protected]

AGRADECIMENTOSCPV, GCT, DAGV, CA Direito, Diretoria EAESP, André Norwill, Entregador

de Pizza e a todos que contribuíram com o Espaço Aberto.

INSTITUCIONAL

Diretor-Presidente

Rafael Rossi Silveira – [email protected]

Equipe InstitucionalCaio Occhini - [email protected]

André Bordon Pinheiro - [email protected]

Gesley Fernandes - [email protected]

IMPRESSÃOEco Print Gráfica

DIREITOS RESERVADOSA Gazeta Vargas não autoriza reprodução de parte ou de todo do conteúdo desta

publicação

CapaRafael Rossi Silveira – [email protected]

DiagramaçãoDaniel Barbosa Fejgelman - [email protected]

Pedro Theodoro Ramos Beraldo - [email protected]

Tiragem3000 exemplares

DISCLAIMERA Gazeta Vargas não se responsabiliza por dados, informações e opiniões contidas em textos devidamente identificados e assinados por representantes

de outras entidades estudantis, bem como nos textos publicados no Espaço Aberto submetidos e devidamente assinados por autor não presente no expedi-

ente desta edição. Todos os textos recebidos estão sujeitos a alterações de ordem léxico-gramatical e a sugestões de novos títulos. Por ser limitado o espaço

de publicações, compete à Gazeta Vargas a escolha dos textos que melhor se enquadram na sua linha editorial, sendo recusados os textos muito destoantes

acompanhados das devidas justificativas e eventuais sugestões de alterações.

penho que possa tornar nosso trabalho um lazer. . Por isso, além das informações, críticas, entrevistas e crônicas publicadas nesta edição #78, a Gazeta Vargas lança, também, o Manual Geral da Redação, que guiará os redatores a partir deste semestre e será tornado público para que os contribuintes externos acompanhem as normas utilizadas pela Equipe de Redação. (Acesso temporário online: sites.google.com/site/gazetavargasfgv)

Outro lançamento da Gazeta é o blog aidabreja.blogspot.com, no qual incentivamos um debate constante sobre o que foi chamado de Ato Institucional (AI) da cerveja na EAESP. A par-ticipação dos alunos nessa discussão é fundamental e a Gazeta busca o apoio dos leitores nessa empreitada pelos direitos dos alunos. Acesse é confira.

O leitor deverá notar mudanças na aparência da edição e em alguns nomes de seções. Mais uma vez, buscamos aprimorar a qualidade da publicação tornando a leitura mais leve e agradável, sem perder o tom sério e a busca pelo bem dos alunos da FGV-SP, já que esse é um dos nossos papéis. E acreditem, não é um dos mais simples.

Àqueles que fizeram parte dessa caminhada, nosso muito obrigado.

Felipe FabrisEditor-Chefe

VEREDASEDITORIAL

EXPEDIENTE

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GAZETA VARGAS Edição #784

Preços do Getulinho Rugby na GVPiano do DA (Aleluia)BixetesFila na CervejadaVodka Skyy na cervejadaMallu Magalhães e a música da Feana

Cerveja no DACerveja na cervejadaGin&Cana

Matérias Várzea no Currículo da EAESP

Esta Gazeta dedica-se a um tema recorrente e urgente: edu-cação. Ninguém desconhece sua importância, e inclusive tramita no Legislativo uma proposta de Lei de Responsa-

bilidade Educacional, à semelhança da Lei de Responsabilidade Fiscal. A Gazeta Vargas empenhou-se em sair do senso comum e sepassou a questionar-se objetivamente sobre o que é, e o que fazer pela educação no Brasil. De uma análise comparativa dos textos, fica um tanto quanto natural definir educação como um processo de acúmulo de conhecimento e de expansão de potencialidades individuais, habilitando os homens e mulheres a tomadas de decisões conscientes e responsáveis individual, social e ambientalmente.

A Gazeta entrevistou André Portela, pesquisador do assunto, que afirma com categoria que “a educação é em si um valor”. Como economista, Portela conhece o impacto da educação no crescimento e desenvolvimento socioeconômico. Porém, não se deixa dominar por uma visão economicista, reco-nhecendo na educação um meio de libertação da ignorância. O processo educativo, portanto, mais do que visar à eficiência da alocação de recursos econômicos para crescimento de produto, deveria visar a um melhor nível de comunicação e solidarieda-de entre os indivíduos.

Membro do Conexão Social, Eitan Blanche conclui seu texto com um comentário ainda mais desafiador: “devemos trazer [o tema] sustentabilidade transversalmente para a sala de aula”. Nesse seu desafio, observa implicitamente que não basta universalizar um ensino de qualidade, mas redefinir o conceito de qualidade: uma nova educação para novos paradigmas. Essa nova educação, devemos buscá-la em nossa vida universitária, e nos questionar se nossa Escola tem feito por nós o que o mundo (e não relesmente “o mercado”) demanda de nós. Por

isso também a Gazeta traz textos do DAGV e do CA Direito GV sobre o que têm feito pelo “acadêmico” que portam no nome, assim como uma matéria sobre a reformulação do Curso de Graduação em Economia.

Uma entrevista multifacetada com a professora Fleury coroa a edição, trazendo as recentes tendências e expectativas que rondam a EAESP. Ainda nesse âmbito, o presidente da Associação Cultural Gazeta Vargas disserta sobre suas impres-sões do Seminário Anual de Planejamento (SAP), ocorrido em dezembro de 2008, e do qual tradicionalmente participam representantes das entidades estudantis.

Além disso, o leitor poderá relembrar, com o redator Júlio Kaji, a polêmica proibição da cerveja nas Escolas, acom-panhado por uma acalorada discussão pelo redator Rafael Kasinski. A Gazeta #78 ainda presenteia o leitor com duas crônicas, uma coluna cultural e o imperdível humor.

Enfim, a Gazeta #78 traz, pois, suas novidades, das quais não se poderia excluir a novidade que representa a nova ortografia da língua portuguesa, na qual felizmente as revisoras Aline Oyamada e Karina Choi já estão tratando de nos educar...

Em alta Na Mesma Em Baixa

EDUCAÇÃOMINI EDITORIAL

Alípio Ferreira

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Metendo a faca no PF

O preço do PF (prato feito) do restaurante Getulinho, assim como outros preços, teve reajuste de 18,75% neste início de ano, bem acima da inflação anual. Cogita-se, porém, que PF’s tenham se tornado bens tradeables e estejam sofrendo pressões inflacionárias devido à arbitragem com o Zimbábue.

Nome do IBMECO Instituto resolveu mudar de nome e definiu dois para

escolher um: LIDERA ou INSPER. Este último foi o escolhido, e advém da junção das palavras Inspiração e Perfeição. Não sabíamos se colocávamos essa notícia nas notas ou no humor.

A Mição d Fundassão

Depois de muitas idas e vindas, a missão da FGV voltou a figurar no quadro da parede do sétimo andar. Apesar de sua prolongada ausência sugerir a abolição oficial da missão, ela volta idêntica, sem ao menos terem tido a delicadeza de atualizá-la às novas regras ortográficas da Língua Portuguesa...

Trotes na mídia

Enquanto a prática estigmatizada do trote vinha tendo uma repercussão extremamente forte na mídia brasileira este ano, o trote sustentável da FGV foi citado na coluna de Sonia Racy, no Estadão. A única gafe foi não citar a escola de Direito como participante do trote.

Coquetéis na FGV

Serviu-se cerveja no coquetel de recepção dos aprova-dos no vestibular de economia da EESP. Proibição? Na verdade, segundo a professora Maria Tereza Leme Fleury, não é que não pode ter bebida. Se quiser fazer um evento com bebida alcoólica, só tem que pedir autorização para a diretoria. Aaa-ahhhh bom...

Adeus Espaço Bohemia

Por conta da forte polêmica provocada ao fim do ano passado com a proibição do consumo de bebidas alcoólicas nas dependências da Fundação, o Espaço Bohemia, localizado no quarto andar do edifício Kennedy, mudou de nome para chamar-se “Clube dos Professores”. Qual dos dois nomes será mais... cristalino?

Reforma do DA

O Diretório Acadêmico Getulio Vargas iniciou a reforma do primeiro andar: pintou uma parede, cobriu os vidros do estoque com pôsteres e equipou o DA com três magníficas

televisões que exibirão atrações exclusivas produzidas pela equipe do Diretório. Esquecemos alguma coisa? Ah sim...

Reforma do DA (2)

O Diretório Acadêmico finalmente providenciou um piano novo para o primeiro andar. O antigo piano, maltratado pelos alunos, que chegavam ao cúmulo de deixar garrafas de cerveja dentro dele (problema que a professora Maria Tereza indiretamente solucionou), tinha teclas que não funcionavam, uma mecânica totalmente destroçada e cordas soltas. O “novo” piano não é novo, mas é um Fritz Dobbert em ótimas condi-ções, inclusive afinado!

“Festa do Direito GV”

Guinevere, a Libertina, foi a estreia do CA Direito GV na promoção de festas. A festa ocorreu no dia 13 de março, com muito sucesso. Ao que parece, houve aguda coerência com seu título, o que deve dar margem a divagações dos leitores. Deve-se esperar que o sucesso da primeira festa do Direito não vá tornar secundária a atividade acadêmica do CA.

“Trotes!”

A Gazeta Vargas criou um site para postar as fotos tira-das durante os trotes destre início de ano! Confiram em http://picasaweb.google.com/galeriagazetavargas

“Quintaneja”

Na quinta-feira, dia 26 de março, o DAGV promoveu o primeiro evento etílico no 1º andar desde a proibição do consumo de álcool nas dependências da FGV-SP. Como era de se esperar, o Diretório Acadêmico ficou lotado, e os alunos puderam reviver os saudosos tempos de tardes regadas a cerveja e cantoria no DA.

“Semana de Economia”

O Diretório Acadêmico Getulio Vargas e a Consultoria Júnior de Economia realizaram juntos um grande evento que se estendeu pelos dias 23, 24, 25 e 26 de março, consistindo em palestras, uma vídeo-aula, uma resolução de case, e um debate. Professores da Casa participaram e colaboraram com os eventos, dentre eles o célebre Luiz Carlos Bresser-Pereira.

“Gazeta”

A Gazeta Vargas quer conhecer sua opinião! Mande cartas, sugestões, críticas e respostas a nossos textos e notas! [email protected]

NOTAS

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GAZETA VARGAS Edição #786

O ensino público em São Paulo é ruim. As causas dessa má qualidade (embora o privado em geral não seja bom exemplo) são certamente várias, mas ninguém há de

questionar que má formação de docentes seja um problema sério na educação pública. Para melhorar o ensino, o Estado deve, no limite, combater cada uma dessas causas. Felizmente, ao que parece, o governo PSDB, que em mais de dez anos destroçou o sistema público de ensino de São Paulo, resolveu tomar uma atitude decente nesse sentido: conhecer, afinal, qual é o grau de proficiência de seus docentes temporários.

Infelizmente, a estrutura da rede de ensino obrigou o Estado a contratar o número exorbitante de aproximadamente 100.000 professores temporários, ou seja, não concursados. Há muitos anos o Estado vem contratando e mantendo esses professores na rede, e só agora resolveu fazer uma prova de proficiência com o intuito de selecionar melhor quais profis-sionais contratar, embora ainda na condição de “temporários”. Com a prova, a Secretaria de Estado da Educação contrataria os professores com melhores notas, o que vai completamente de acordo com o senso comum e a lógica de um sistema que busca eficiência.

Dos professores que já atuam na rede pública, 1.500 tiraram zero na prova. Se ao Estado fosse permitido aplicar seu critério objetivo e facilmente inteligível de contratação de temporários, muito provavelmente esses 1.500 docentes

teriam sido substituídos por professores que obtiveram melhor desempenho na prova. Porém, o sindicato dos professores da rede oficial de ensino, APEOESP, conseguiu na Justiça uma liminar que impedia o Estado de usar esse critério para con-tratação de profissionais.

Para se melhorar o ensino, deve-se conhecer as causas do seu atraso. O governo de São Paulo, ao identificar uma delas, tentou amenizá-la mediante um critério claro e meritocrático de contratação (o conteúdo das provas era condizente com a Proposta Curricular do Estado). Porém, aparentemente uma das causas do atraso do ensino oficial é exógena ao Estado: trata-se do próprio sindicato.

Espera-se que num futuro próximo a APEOESP com-preenda que os docentes, como funcionários públicos, devem prestar contas à sociedade oferecendo índices de qualidade. O Estado talvez não tenha percebido ainda que é um ultraje quase 45% dos professores da rede oficial serem temporários, assim como é vexatória a péssima manutenção de muitas escolas, e desanimador o quadro de baixo salário dos profes-sores em geral. Porém, percebeu a necessidade de um critério homogêneo de comparação dos profissionais que contrata, embora não tenha sido muito bem sucedido na maneira de se fazer entender ao sindicato. Só resta fazer eco às palavras do governador: “A APEOESP faz o possível para atrapalhar o ensino.”.

Vejo que muito se fala da educação pública oferecida em nosso país, e neste começo de ano, mais ainda, tivemos as escolas estaduais em pauta. Assim, a recente polêmica

envolvendo a prova que a Secretaria Estadual de Educação promoveu para selecionar professores “temporários” – muitos na rede há mais de 20 anos – pode nos servir para pensar que escolas temos e principalmente que cidadãos formamos nelas. Há muito tempo a escola pública é atacada na mídia como uma escola incompetente e de pobre, incapaz de dar uma real formação a um ser humano. Seus professores, portanto, são culpados por este sistema, e ficam fragilizados diante dos governos que se sucedem.

A escola pública então, na figura dos personagens que mais se destacam, os professores, acaba por ser apenas mais um custo a ser gerido e dessa forma, o professor, mais que outro funcionário escolar, carrega a culpa da “baixa produção” da escola pública. Assim, a última prova feita por esses, tinha o intuito de organizar a classificação , e acabou sendo mais um motivo de desmerecimento de profissionais que há muito lidam com uma equação que o estado ainda não resolveu. A educação é o único serviço público realmente universalizado no Brasil, fato o qual a categoria se alegra em ser reconhecida. Pergunto então: será que um servidor público precisa de uma

prova feita de forma estranha ou, como qualquer cargo público necessita de um real concurso?

E mais, aproveito para outros questionamentos, pois vejo que muitos podem dizem que a escola de antigamente era melhor, que a “educação pública no passado é que era boa”, mas penso que temos que nos perguntar para quem? No ano passado tivemos uma palestra com o ex-ministro da educação Paulo Renato, que reconheceu que apesar da universalidade de acesso a educação, essa ainda precisava avançar e muito. Aqui, também, me pergunto: que avanços queremos? Uma escola pública uniforme que não acalente as diversidades de sua população, que não lhe ensina como conviver nesse maravilhoso caldeirão que são nossas cidades, ou simples-mente queremos professores bons de prova, que saibam como “depositar conteúdos” nos educandos, conteúdos que em sua maioria nada tem haver com a vida desses, servindo muito mais para criar um ambiente de desestimulo a aprendizagem?

Fica aqui minha reflexão sobre que profissional queremos em nossas escolas públicas, qual formação queremos para esses estudantes, e acho que o principal que cabe a nós é: como poderemos auxiliar?

PROVAS A PROFESSORES TEMPORÁRIOS?PONTO E CONTRAPONTO

A Favor

Contra

Alípio Ferreira3º Semestre Economia

Gesley Fernandes3º Semestre de Administração Pública

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A educação básica em nosso país sofreu um caótico pro-cesso de perda qualitativa, enquanto as unidades de ensino superior, subsidiadas pelo Estado, valeram-se de

um contínuo aumento de investimentos ao longo do tempo. Há alguns séculos, não existia nenhum parâmetro sobre níveis mínimos de qualificação para o trabalho. No meio do século XX, a proposta de crescimento econômico liderada por nossos governantes (principalmente JK) criaram uma demanda por profissionais cada vez mais capacitados e especializados, fazen-do com que maiores investimentos fossem direcionados para o ensino superior, sobretudo para as universidades públicas. Este movimento resultou em um descaso com a educação básica, que perdeu qualidade gradativamente. Com a evolu-tiva complexidade dos cursos, veio também um significativo aumento na dificuldade dos testes de ingresso (vestibulares) para tais instituições. O resultado contemporâneo deste proces-so é que as universidades públicas viraram redutos das classes mais abastadas deste país, enquanto as classes com menor poder aquisitivo perderam quase que totalmente o acesso a tais instituições.

No auge da manufatura, com o advento do conceito de divisão do trabalho, os trabalhadores (profissionais) se depa-raram com a obrigação de desenvolver apenas parte de seus conhecimentos. Isso os limitou ao desenvolvimento de ações muito inferiores às suas capacidades, porém, resultou ao capita-lista um significativo aumento de produtividade. Ao passo que os profissionais foram reduzidos a traba-lhos simplórios, tornou-se desnecessá-rio qualquer tipo de profissionalização. Ex.: Sou um artesão, faço camisas e sei desenvolver cada etapa da produção. Quando sou colocado apenas a pregar botões, continuamente me especializo no ato que desenvolvo, enquanto esqueço os conhecimentos que tinha sobre toda a produção; as gerações futuras precisarão aprender apenas a pregar botões, ou outra etapa qualquer do processo. O capitalismo priva continuamente o proletário operacional de seus conhecimentos, até o ponto em que o trabalhador só tem a capacidade de trabalhar como simples membro de todo o processo, vendedor voluntário de sua força

de trabalho, sendo este reduzido a mera engrenagem. Neste período o conhecimento estava sendo cada dia mais limitado.

Entre o século XIX e XX, os ideais de igualdade propostos pela Revolução Francesa surtiram efeito no mundo ocidental, e a educação passou a se tornar gradativamente uma respon-sabilidade do Estado.

Já no Brasil, por volta da década de 50, o boom de cres-cimento proposto por nossos governantes criou a demanda por profissionais altamente capacitados para assumir posições-chave nessa empreitada. A solução encontrada pelo Estado foi pegar o valor destinado à educação e investir, a grande parte, em universidades públicas que criariam a mão-de-obra especializada para suprir essa demanda. Este relapso com a educação básica traria graves conseqüências.

A contínua evolução dos cursos de graduação em insti-tuições públicas resultou em provas de ingresso cada vez mais complexas. Uma complexidade que não foi acompanhada pela preparação das escolas públicas de ensino básico. Quem passa, agora, a ter capacidade de entrar neste seleto grupo de estudantes em faculdades públicas são apenas aqueles que se prepararam mais em escolas de nível superior às escolas públi-cas, ou seja, as classes mais ricas de nosso país. Segundo o IBGE, seis em cada dez estudantes de escolas de ensino superior da rede pública do país possuem renda per capita que os colocam entre os 20% mais ricos da população.

Considerando que maior capacitação se reverte em maiores salários, os ricos de nosso país estão capacitando seus filhos a serem cada vez mais ricos, enquanto os mais pobres

continuam onde estão por não terem a possibilidade de se capacitar ao mer-cado. Hoje, as classes com maior poder aquisitivo pagam aos seus filhos uma instrução básica de alta qualidade, para que possam adentrar às melhores escolas públicas deste país, enquanto

que as classes menos favorecidas possuem instrução de nível básico inferior e precisam trabalhar para adentrar em uma universidade particular de baixa qualidade, na tentativa de se igualarem em nível de capacitação. Marx já havia previsto que a dinâmica de existência do capitalismo trataria de colocar o proletário, vendedor de sua força produtiva, na impossibilida-de de ascender socialmente ao longo do tempo. O que esta dinâmica do ensino brasileiro criou foi apenas um catalisador para tal processo.

CATALISANDO O PROCESSO DE EMPOBRECIMENTOMATÉRIA ESPECIAL: EDUCAÇÃO

Vinícius Marques

“Uma complexidade que não foi acompanhada pela

preparação das escolas públicas de ensino básico”

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GAZETA VARGAS Edição #788

resistência a esses testes, que hoje é muito pequena. Em parte julgavam que isso poderia de alguma maneira perverter o sis-tema de educação, fazendo com que todos os esforços fossem voltados à resolução das provas e não ao aprendizado do aluno como um todo, o que se provou na verdade irrealista. Hoje em dia a educação é tão ruim quanto antes, não piorou por isso, mas agora se criou uma série de instrumentos de diagnósticos para propor políticas de melhoria.

GV - Recentemente a APEOESP conseguiu na Justiça uma medida impedindo o Estado de São Paulo de alocar professores temporários baseado numa nota obtida numa prova aplicada a esses professores.

AP - Aí não é avaliação dos alunos. Na APEOESP eles resistiram à aplicação de provas ao professor. São duas formas de avaliar: uma coisa é a avaliação do aluno, que serve de diagnóstico do sistema educacional como aprendizado. Outra coisa é o sistema de avaliação dos professores. De novo, há várias dimensões: se o professor vai à aula ou não vai, e aferir se o professor tem nível adequado para dar aquela aula ou não, por meio de provas de proficiência. E é a isso que uma parcela dos membros da APEOESP se opôs.

GV - O que o senhor acha dessa posição?

AP - Enfim, é compreensível não querer, como é com-preensível que os alunos da graduação nunca queiram prova. Ninguém gosta de ser avaliado, foi uma reação natural. Agora isso não quer dizer que é o melhor para o sistema como um todo. Imagine nossa graduação sem ter prova intermediária e final em cada curso. Basta ver que incentivo isso daria para os alunos se esforçarem na graduação. Praticamente não estu-dariam. A mesma coisa vale para os professores. É natural e compreensível a reação da APEOESP. Por outro lado é um mecanismo importante para aferição, não só da qualidade dos docentes da rede pública, como também como forma de incentivo aos professores para cada vez mais se aperfeiçoa-rem. Nesse sentido sou a favor da avaliação. O Brasil é um dos poucos países que ainda não têm esse tipo de avaliação. Mas veja, no primeiro SAEB de 97, houve reação muito grande. Hoje ele está aí e ninguém mais reclama. Os primeiros ENADE’s, a mesma coisa, porque é novidade, assusta. Mas com o tempo as pessoas vão vendo as limitações, para que serve, como pode ser usado, e o que vem com essa nova instituição. A mesma coisa deve valer para a avaliação dos docentes.

GV – Como o senhor vê o papel da economia na sociedade e economia como propulsora do desenvolvi-mento econômico?

AP - O mais importante na educação reside na liber-tação da ignorância que ela propicia. E isso é um direito de todos os cidadãos. No processo, acumula-se conhecimento e expandem-se as potencialidades para realizar aquilo que

ENTREVISTA COM PESQUISADOR ANDRÉ PORTELAMATÉRIA ESPECIAL: EDUCAÇÃO

André Portela de Souza é economista formado pela UFBA, com mestrado pela FEA-USP e doutorado pela Cornell University. Atualmente, leciona cursos de Microecono-

mia e Economia Brasileira na EESP-FGV. Como pesquisador do CEPESP (Centro de Estudos em Política e Economia do Setor Público), realiza trabalhos no tema com o intuito de conhecer a problemática da educação e propor políticas públicas de melhoria. Mostra-se otimista quanto à utilização de índices de medição de proficiência como formas de inferir avanços na qualidade do ensino, embora seja muito incisivo na recusa em tratar a educação de maneira economicista.

Gazeta Vargas - Que tipo de pesquisa tem sido desen-volvida pelos pesquisadores do CEPESP na FGV?

André Portela - Nós do CEPESP, e agora também do Centro de Microeconomia Aplicada, desenvolvemos pesqui-sas em economia aplicada voltadas ao Brasil. Há duas linhas grandes: a linha de pesquisa em economia política e a pesquisa em educação.Eu Pesquiso na linha de educação, na qual nosso foco é entender os determinantes da qualidade da educação no Brasil. Por quê? Porque nós queremos daí delinear propostas de políticas públicas para a melhoria da qualidade da educação brasileira.

GV - Qual é o ferramental que vocês utilizam para fazer essas medições e para propor essas políticas públicas?

AP - Fazemos várias frentes de investigação, como aná-lise de diagnósticos da qualidade da educação do Brasil, o que vai desde a criação de indicadores de qualidade de educação até a aferição desses indicadores em vários sistemas de ensino. De outro lado também desenvolvemos estudos buscando as causas da evolução desses indicadores ao longo do tempo, entre regiões, etc. Além disso, fazemos estudos de avaliação da eficácia e impacto de políticas públicas em educação. Como se mede qualidade de educação? Para se falar sobre esse assunto, tem-se que ter alguns parâmetros de como se mede qualidade, e há várias dimensões para isso. Há os testes padronizados de proficiência dos alunos, como o teste do SAEB, da Prova Brasil, ENEM, ENADE. Por exemplo, o SAEB, Sistema de Avaliação do Ensio Básico, faz provas de português, matemática e às vezes ciências para alunos de quarta e oitava séries do ensino funda-mental e terceira série do ensino médio.Além disso, há outras dimensões como fluxo de aprovação, reprovação, tempo médio que se leva para concluir determinado grau de estudo, e taxa de abandono. Índices de qualidade de educação têm que olhar todas essas dimensões qualitativas. Pode-se inclusive fazer indicadores compostos de cada uma dessas dimensões. Por exemplo, o índice criado pelo Ministério da Educação, chamado IDEB (índice de desenvolvimento de educação básica) é uma composição, uma função Cobb-Douglas, com tempo médio de aprovação, taxa de aprovação, multiplicado por profici-ência média, que novamente é uma composição da nota de português e matemática. Alguns pedagogos tinham alguma

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se julgar importante. A educação em si é um valor. Dito isso, sabemos que, do ponto de vista exclusivamente pragmático ou economicista, ela já é de importância muito grande. A edu-cação está fortemente associada a crescimento econômico. Já se têm muitas evidências, a partir de comparações entre países, e de países ao longo do tempo, que a qualidade média da educação de uma população contribui muito para o cresci-mento subsequente econômico dessa sociedade, referindo-se ao crescimento do PIB. Mas qual é o canal entre educação e crescimento? A educação aumenta a produtividade dos traba-lhadores, aumenta a produtividade geral da força de trabalho e, consequentemente, aumenta o crescimento do PIB. Porém, não só aumenta a produtividade, mas é também importante porque faz com que a interação entre todas essas pessoas mais educadas se dê num nível de qualidade superior de tal forma que o sistema como um todo se torna mais produtivo. E isso também catapulta o crescimento econômico. Além disso, há outras dimensões que se julgam importantes: melhora a participação política dos seus cidadãos, melhora a qualidade de relação de saúde entre os cidadãos, como controles de epi-demias, etc. É muito mais fácil fazer uma campanha de combate à dengue ou à mortalidade infantil numa população instruída do que numa população não instruída.

GV - O senhor referiu-se à educação como sendo um valor em si, e um dever do Estado. Inclusive uma das funções clássicas do Estado é promover a educação. E o Estado brasileiro, com todos os seus problemas, não teria se tornado incapaz inclusive de cumprir com as funções clássicas e básicas?

AP - De fato nosso Estado tem muitos problemas, e isso dificulta muito a oferta de educação de qualidade. Mas lembre-se de que o Estado está inserido na sociedade: o Estado em parte somos nós. Não é “o Estado” e “nós”. Somos também responsáveis por ter um Estado assim. Reformá-lo implica em querermos reformar o Estado, fazermos dele o Estado que queremos. É papel do Estado fornecer educação de qualidade, e do ponto de vista estritamente econômico - já que estamos numa Escola de Economia enfatizemos isso – justifica-se a presença do Estado na oferta de educação de qualidade porque a educação tem externalidades positivas. Como disse: interação entre todas as pessoas mais educadas faz com que tudo seja melhor. A existência dessas externalidades positivas justifica, do ponto de vista de eficiência econômica, a presença do Estado na promoção da educação.

GV - E o Estado, da maneira como está estruturado hoje é capaz de promover uma reforma da educação, ou necessita-se primeiro de uma reforma do Estado antes de uma reforma da educação?

AP - As coisas andam juntas, obviamente. Precisamos, pois, ter bons professores para termos boa educação. E o pool de bons professores é pequeno em relação à demanda social de jovens por boa educação. Essa é nossa dificuldade princi-pal. E há a questão de gestão que é muito importante. Como gastamos nossos recursos em educação no país? Gastamos aproximadamente 5-6% do PIB por ano em educação pública. É a média mundial para países com uma renda como a brasileira. Porém, colocamos proporcionalmente muito mais recursos em educação superior do que em ensino básico, pré-escola, etc.,

diferentemente do resto do mundo. Melhorar essa distribuição dos recursos entre esses setores pode ser uma saída: gastar menos com coisas e mais com pessoas; ir atrás de novos talen-tos para áreas de educação; e uma série de coisas que podem ser feitas com os recursos que temos.

GV - Como o senhor disse, o Estado brasileiro dá acentuado foco a gastos com ensino superior. Essa escolha pelo ensino superior foi uma escolha equivocada por parte do Estado ou não foi sequer uma escolha do Estado?

AP - De certa maneira foi uma escolha. Uma escolha do Estado brasileiro, mas refletindo uma escolha da sociedade brasileira. Acreditou-se que formar uma elite intelectual fosse ser importante para o crescimento do país. Hoje se mostrou uma escolha equivocada porque se sabe – pelo menos as pesquisas em economia tentam demonstrar –, que a qualidade média da educação da população é muito mais importante para o desenvolvimento econômico do que ter uma massa de trabalhadores desqualificados e um pequeno grupo altamente qualificado. As sociedades que tomaram esse caminho, que foi o nosso, se mostraram muito menos promissoras em crescimen-to econômico do que as sociedades que optaram por educação em massa, generalizada.

GV - E a gratuidade do ensino superior? Deve ser mantida?

AP - É bastante polêmico. A gratuidade é uma maneira particular de ver a alocação dos recursos. Alocamos proporcio-nalmente muitos recursos em ensino superior e poucos recur-sos em ensino fundamental. Gasta-se 11 vezes mais por aluno no ensino superior do que no ensino fundamental. Pode-se encarar essa problemática de duas maneiras: estamos alocando muitos recursos no ensino superior e poucos no ensino funda-mental. Ou então: temos pouca gente no ensino superior. Uma solução pode ser cobrar pelo ensino, e assim continuam só 10% da população brasileira completando nível superior. Ou nós podemos mexer no denominador, colocar mais gente lá dentro. Para que criar racionamento? Nós já racionamos o acesso via vestibular e limitando o número de vagas! Podemos ampliar: com os mesmos recursos colocar mais gente. E em parte isso foi feito por este governo por meio de uma política bastante ousada e que hoje é aceita por todos: o programa do Prouni.

GV - Que é a isenção fiscal nas universidades par-ticulares...

AP - E eles em contrapartida têm que oferecer vagas a alunos advindos da escola pública. Possibilitou-se de certa maneira a ampliação de vagas sem custo adicional nenhum para o Estado. Coisas como essa são medidas criativas que podem rapidamente resolver certas deficiências do nosso sistema. Como essa, podem surgir várias outras.

Alípio Ferreira

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GAZETA VARGAS Edição #7810

Se o leitor, assim como eu no ano passado, está ouvindo falar de SAP pela primeira vez, não se assuste. Primeiro de tudo, não se trata da afamada tecla do controle remoto

que troca o áudio da televisão entre dublado e original, mas da Semana Anual de Planejamento da EAESP. Um dos motivos da estranheza, suponho com alguma presunção, está relacionado ao fato de que a Gazeta, ilustre meio de comunicação dos alunos, fez sua estréia no SAP 2008.

Trata-se de um fim de semana em que se reúnem Diretoria, Coordenadoria de cursos, Comissões, professores e alunos (de graduação e pós), a fim de discutir assuntos de interesse para a EAESP. Os trabalhos são divididos em temas por comissões, em que os participantes se inscrevem livremente para apresentar a todos os participantes um relatório final com propostas para o ano seguinte.

As comissões do último SAP se encarregaram de debater: EAESP 64 – perspectivas para o futuro, Internacionalização da EAESP, Perfil dos professores e Educação executiva. O evento se iniciou com uma apresentação geral das comissões (CRI, CEDEA etc.) e das principais questões que envolvem a EAESP, as quais demandavam atenção dos participantes na hora de discutirem assuntos específicos nas comissões.

A percepção geral dos alunos foi de que boa parte das comis-sões não foi muito além do óbvio. Quanto à comissão de Edu-cação executiva, não houve muitos comentários, pois o tema era de pouco interesse da graduação.

A comissão “EAESP 64 anos” foi marcada por propostas mais generalistas do que esperavam os alunos e a comissão de “Internacionalização da EAESP” focou grande parte na promo-ção de cursos de pós-graduação e obtenção de certificações internacionais; em nada, embora muito reclamado durante a reunião, tratou-se dos problemas enfrentados pela graduação, como falta de pessoal na CRI (que além de atender em média 90 intercambistas por semestre, atende regularmente todos os alunos da EAESP e irregularmente alunos da EESP e EDESP – as parcerias internacionais firmadas são com a EAESP), ou de um processo seletivo mais inteligente do que a média ponderada, falta de disciplinas em inglês ou professores capacitados para tanto.

A comissão do “Perfil dos professores”, no entanto, foi vista com melhores olhos. Os integrantes da comissão pareciam alinhados em resolver questões de ordem prática que envol-viam determinar um perfil para professores de graduação, CEAG e mestrado/doutorado e adequar o quadro de profes-sores a estes. No que tange à graduação, deu-se grande foco à didática como característica forte do perfil, reforçando o papel do CEDEA (Centro de Desenvolvimento de Ensino e Aprendizagem).

Entre as propostas de cunho prático, está o mapeamento do perfil do quadro atual, seguido pelo alinhamento entre professor e curso; outra proposta interessante é o conceito de

avaliação como apren-dizagem e não como punição (garantia de acesso a provas, cor-reção das provas com os alunos e adequação entre matéria minis-trada e cobrada são os pontos chave). Quem quiser acesso à proposta final, basta me mandar um email. Todos os alunos devem ser fiscais dessas propostas.

Infelizmente houve pouca discussão na apresentação para os demais participantes. Quando um dos alunos manifestou seu desencanto com o SAP pelo fato de, em geral, não se observar muitas mudanças frente às propostas, a diretora rebateu com um compromisso de não deixar as propostas no papel, embora reconheça as dificuldades da implementação (pois estas requerem investimentos em tempos turbulentos para a escola).

Faltam ainda algumas perguntas a serem respondidas sobre o andamento dessas propostas, entre as quais:

- Como anda o mapeamento do perfil dos professores?- Já houve alguma medida de realocação por não-alinha-

mento com o perfil, como, por exemplo, habilidades lingüís-ticas ou outro critério?

- Onde entrará a avaliação dos alunos nessa avaliação quanto ao perfil?

- O que a diretoria fez de concreto a esse respeito, desde o SAP?

São perguntas que pretendo responder na próxima edição: aguardem! Até lá, fiquem de olho naquele professor que não é nada didático, naquele que usa avaliação como punição para a classe, em vez de objetivo de aprendizagem, e naquele que não dispõe de tempo para o aluno fora da aula.

O QUE É, COMO FOI E EM QUE VAI DAR O SAP

POLÍTICA INTERNA

Rafael Rossi Presidente Institucional Gazeta Vargas

“Faltam ainda algumas perguntas

a serem respondidas sobre o andamento dessas propostas”

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Mais uma vez este ano calouros das escolas da FGV-SP foram surpreendidos com uma atividade inusitada: o “trote sustentável”. Diferentemente do estigmatizado

trote tradicional, que este ano teve uma repercussão assombro-sa na mídia, o trote sustentável não visa submeter os “bixos” a “boas-vindas” regadas a tinta, ovos ou álcool. As boas-vindas que DAGV, CA Direito GV, Consultoria Júnior de Economia e Conexão Social promoveram este ano aos calouros não tinham como objetivo a humilhação dos calouros. O “trote sustentável”, como foi batizado, consiste em promover o encontro de duas realidades diferentes: crianças de famílias de baixa renda com jovens adultos ingressantes em uma prestigiosa escola, onde serão tratados como futuros líderes da nossa nação.

No dia 13 de feve-reiro, os calouros dos cursos de Administra-ção e Direito esperavam assistir a palestras com professores de suas res-pectivas escolas. O pro-fessor Ademar Bueno, após uma dinâmica, informou os calouros de Administração que se havia preparado uma surpresa para os felizardos ingressantes da EAESP. Enquanto isso, os calouros de Direito se exasperavam em uma densa e complexa leitura de um acórdão do Supremo Tribunal Federal, até que o professor Dimitri Dimoulis final-mente os dispensasse para a surpresa: fariam uma atividade de plantio de mudas de hortaliças e temperos numa escola pública municipal no Bixiga.

Os calouros foram caminhando até à escola, onde a muita pena se conseguiu organizá-los e separá-los. Como descreve Verônica Reimão, do Conexão Social, organizados em duplas “de um ‘bixo’ e um aluno, eles realizaram atividades como ‘horta vertical’ e plantio com garrafas PET, mostrando como o conceito de sustentabilidade pode ser facilmente aplicado no dia a dia com atividades simples, que não requerem grandes esforços”. A técnica de “horta vertical® orgânica” foi desenvolvida pelo empresário de Jundiaí, Eduardo Borges, e tem sido difundido por sua praticidade e por ocupar muito menos espaço do que uma horta. Segundo Verônica, os alunos “tiveram que lidar com as diferenças entre eles, alunos de universidade, e jovens e crianças do ensino fundamental público. Tiveram que botar

a mão na massa e agir conjuntamente para completar a ati-vidade”.

No dia 16 de fevereiro foi a vez dos calouros de Economia, que esperavam uma palestra sobre “o papel do economista na sociedade”. Porém, o professor Ademar Bueno, que daria a palestra, foi obrigado a frustrar quaisquer expectativas de aprender sobre o papel do economista dentro de uma sala de aula. Naquela tarde iriam mirar o mundo que circunda sua escola, e nessa realidade encontrar a lacuna que deverão pre-encher em sua atuação profissional. Hábito ao qual os econo-

mistas deveriam ser mais apegados, dizendo-se de passagem. Os futuros economistas dirigiram-se à creche Novo Olhar, também no Bixiga, e jun-tamente às crianças se dividiram em três grupos, cada um responsável por uma etapa da realização de uma festa. As etapas eram: Comer-moração, De-coração, Cele-abração. Os alunos e as crianças tiveram que circular pelos estabelecimentos comer-ciais do bairro coletando doces, salgados, refrige-rantes, bexigas; tudo sem

despender nenhum centavo. Os recursos da festa foram obti-dos por meio de doações coletadas em trinta minutos.

Verônica considera que “o trote deste ano foi mais uma oportunidade de fazer com que os bixos, ao vivenciarem esta experiência, pudessem levar um pouco dela consigo, como uma semente que ao ser regada só tende a crescer e se trans-formar.” O trote sustentável não possibilita simplesmente o contato de pessoas de realidades sociais díspares, algo comum num país desigual como o Brasil. O trote é um exercício de sim-plicidade, em que os recém-gevenianos ouvem e aprendem com crianças e adolescentes que, a despeito de seu potencial e inventividade, muito possivelmente jamais portarão o diploma da Fundação Getulio Vargas. O trote sustentável é um exercício de “humildade”, não de “humilhação”, palavras muito seme-lhantes, não por acaso originadas de “humus”, chão.

O trote contou com o apoio da EAESP, EDESP, EESP, do Centro de Cooperação FGV, da ITCP-FGV e da Gazeta Vargas, além da participação especial de membros da ONG “Um Teto Para Meu País”, que puderam apresentar seu trabalho para os calouros ao término do evento no dia 16.

TROTE SUSTENTÁVEL: COM OS PÉS NO CHÃO

COBERTURA

Alípio Ferreira

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GAZETA VARGAS Edição #7812

A diretora da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP-FGV), Prof.ª Maria Tereza Leme Fleury, ex-diretora da Faculdade de Economia e

Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), recebeu a Gazeta Vargas na sala de reuniões da diretoria para uma conversa no dia 30 de Outubro do último semes-tre, quatro meses após assumir o cargo. De um diálogo ao mesmo tempo sério e descontraído, que durou cerca de uma hora, extraímos a seguinte entrevista, que contou também com a participação da vice-diretora da EAESP, Prof.ª Maria José Tonelli.

Gazeta Vargas - A Senhora ficou surpresa com a indi-cação para a diretoria da EAESP ou já tinha alguma idéia de que iria acontecer?

Maria Tereza Fleury - Olha, surpresa eu fiquei. Quando terminei a direção na FEA tomei a decisão de que não iria mais para cargos administrativos. Então, quando terminei a minha gestão fui convidada para posições de gestão em empresas privadas nacionais e fora do Brasil na OEA [Organização dos Estados Americanos]. Mas eu tenho uma família aqui, e seria difícil ficar morando em Washington e fazendo ponte aérea com São Paulo. Então, eu estava continuando minha carreira como professora e pesquisadora. Ano passado passei boa parte do ano na Inglaterra. Daí, quando veio o convite para participar desse processo e falar com o pessoal do comitê de busca, eu fui até mais por curiosidade e para ver o que era exatamente a proposta, também porque eu sempre quis muito bem a EAESP. Comecei minha carreira aqui e tive uma rela-ção muito afetiva com a escola. E, de repente, ao saber que é um momento de transição, um momento difícil, eu pensei “vamos ver o que é que vai acontecer”. Eu lembro que cheguei em casa e disse “agora preciso pensar sério o que é uma mudança como essa”. Daí me convidaram para conversar com o Prof. Carlos Ivan [Simonsen Leal, Presidente da FGV] e com todo o comitê e diretoria no Rio de Janeiro Foi uma longa conversa novamente, e dela saiu o convite. Tive que pensar um pouco, mas coloquei algumas condições e aceitei.

GV - E como a senhora avalia os primeiros meses de gestão?

MTF - É um desafio muito grande, com um potencial enorme, mas com muita coisa que precisa ser trabalhada. Eu acredito que houve uma mudança muito significativa no modelo de governança da escola. Acho que hoje temos um modelo muito mais próximo de uma universidade do que de

uma escola isolada, e isso foi um processo de aprendizagem no qual houve momentos bons e outros mais difíceis e dolorosos. Encontrei a escola finalizando esse ciclo e partindo para o novo modelo. Então, cheguei com uma sensação de que tem muita coisa para ser feita. E acho que, graças a Deus, tenho um grupo excelente para me ajudar. Começando pela Prof.ª Maria José que aceitou continuar na vice-diretoria e os professores que têm aceito cargos de coordenação e ajudado nesse projeto, que têm sido fantásticos. Acho também que é um desafio desenvolver um estilo de gestão. Eu creio que com o meu tem-peramento e jeito, a partir de experiências anteriores, ter um estilo de gestão mais participativo e colegiado, funciona muito melhor. Esse é o meu jeito de trabalhar e pensar as coisas, ou seja, você reúne, conversa, discute, negocia e mobiliza as pessoas, senão não funciona no modelo de universidade. Essa é a minha opinião.

ACADÊMICO

GV - É consenso entre os alunos e, acreditamos, também entre a diretoria, a questão sobre professores mal avaliados, desatualizados ou sem o perfil da nossa escola. Quanto tempo mais para o aluno sentir de fato a mudança para professores com mais qualidade no seu dia a dia?

MTF - Eu acho que é um processo gradual, mas que deve ser acelerado. É uma excelente pergunta que vocês colocam. Agora, nessa idéia de matricialidade, e do tipo de orientação com a qual estamos trabalhando, estamos estudan-

do qual é o perfil e quais as compe-tências de professores da graduação [CG], da pós-graduação stricto sensu e do CEAG [Curso de Especialização em Administração para Graduados], que são os três grandes cursos sob a

nossa jurisprudência. Temos muito claro que são perfis dife-rentes e que necessitam ser preparados e treinados de forma diferente. Então, novamente, uma das decisões que estamos tomando é dar muita força ao coordenador e aos seus vice-coordenadores para que, ao definir este perfil, ele também possa conversar com seus chefes de departamento e com os professores, apresentando que perfil é mais adequado para cada curso. Ao mesmo tempo estamos fazendo uma série de exercícios, olhando cada um dos cursos não apenas como proposta e conteúdo, mas nos preocupando com que tipo de metodologia, de infra-estrutura e tecnologia são usadas. Também tem que haver investimento no treinamento dos professores para isso. Então está havendo um trabalho feito semanalmente. Não é uma coisa que faremos nas férias para o ano que vem. Estamos começando a, cada vez mais, direcionar isso. Não é simples, talvez para vocês demore um pouco para

ENTREVISTA COM A DIRETORA MARIA TEREZA FLEURY

MATÉRIA CENTRALFelipe Fabris com participação de Tiago Tadeu Bezerra

“Não significa que estamos no patamar desejado, temos

muito a desenvolver.”

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sentir um resultado palpável, mas está sendo feito. E continua-remos usando também todos os instrumentos tradicionais de avaliação e etc.

Maria José Tonelli – Acho que além do que a professora falou, vale colocar também o projeto do CG reformulado. Está em curso e acho que promoveu uma mudança cultural na escola. Todos os professores do CG reformulado estão fazendo coisas de maneiras mais sistemáticas, com o apoio do CEDEA [Centro de Desenvolvimento do Ensino e da Aprendizagem], e contam com uma preparação para ministrar a disciplina. Então, pode demorar um pouco, mas os alunos do reformulado já sentem um pouco mais essa diferença. Incluímos no calendário do ano de 2009, que será votado no CGA [Conselho de Gestão Acadêmica] , uma semana de preparação dos professores que nunca havia aparecido no calendário, e que deverá acontecer uma semana antes do começo do curso.

GV - O que os alunos do CG atual podem aproveitar do reformulado enquanto ainda não se formam?

MJT - Acho que todo o trabalho que está sendo feito para o CG reformulado acaba tendo impacto no CG atual. Os professores têm trabalhado em conjunto,além das atividades monitoradas [extracurriculares], que sãouma exigência do MEC, e que também estão sendo aplicadas no CG atual. É claro que o CG atual não foi esquecido, tudo o que pode ser aproveitado estamos tentando incluir. Há várias iniciativas que começaram no reformulado e que estão sendo transportadas para o CG atual.

MTF – Não sintam que há abandono. E mais duas coisas: primeiro, essa idéia da matricialidade, de o coordenador discutir o planejamento com os professores, vale para todos, tanto o reformulado quanto o atual. Segundo, a coordenação está investindo muito na questão da comunicação. Ou seja, ter um feedback dos alunos que não seja só o questionário de avaliação do final do semestre, mas um canal aberto entre a escola e os alunos.

MJT – Um cargo que foi incluído pela professora Maria Tereza é o de assessora para atendimento dos alunos, cargo que até já estava nas normas do CG, e que foi assumido pela pro-fessora Rosa Maria [Vieira]. Então existe mesmo uma estrutura organizacional para receber e ouvir os alunos todos os dias. Isso cria uma diferença estrutural no CG.

GV - E quantas falhas já foram detectadas no refor-mulado?

MTF – Olha, boa pergunta. Isto está sendo discutido no nível da coordenação, trabalhando exatamente as questões que foram detectadas e como podem ser reformuladas. O projeto está começando a ser desenhado de uma forma mais definitiva e está sendo conversado entre coordenação e chefes de departamento. Acho que todo projeto deve estar sempre em aprimoramento e aperfeiçoamento contínuo. Acredito que não haverá uma grande mudança, mas uma série de aprimora-mentos já estão sendo produzidos. A partir do ano que vem já

se faz esta proposta, passando por todas as regulamentações para ser implementada.

GV – A meta de parametrizar internacionalmente a escola é interessante, madura, mas não vemos a escola preparada para atender as demandas que existem. São diversas parcerias. Não temos sequer uma escola sinalizada em inglês. Temos diversas parcerias com universidades e poucos professores que dominam o conteúdo e a língua. Como e quanto tempo, se é que é possível, para realmente parametrizarmos internamente a escola?

MTF – Eu acho que você tem razão e é um projeto que podemos estar desenvolvendo. Não é uma coisa tão difícil e pode ser trabalhada,com relação a termos um curso formal-mente estruturado e lecionado em inglês. Esses projetos já atendem isso. Gradativamente, vamos tendo cada vez mais um número de professores capacitados para tocarem esses projetos. Não é uma coisa de bate-pronto. Acho que tendo projetos específicos, tipo esses profissionalizantes, você tem uma estrutura, uma forma de trabalhar parametrizada. Agora termos o corpo docente, como um todo, apto a lecionar em inglês e português, é um projeto muito mais de médio prazo. Entretanto, acho que devemos ter uma certa relativização com referência a outras escolas do Brasil e América Latina. Quando olhamos este quadro, nota-se que estamos mesmo um patamar acima. Não significa, porém, que estamos no patamar desejado, temos muito a desenvolver. Mas é por isso que estamos conse-guindo as parcerias internacionais que temos, a participação em consórcios internacionais.

GV – O que a diretoria pensa sobre a reavaliação? Há interesse em discutir esse assunto com os alunos?

MJT – Essa é uma questão que os alunos sempre deman-dam. A gente está tentando dar conta de uma série de questões. Não fecho a porta da oportunidade de voltar a discutir isso. Mas nesse momento, se você me pergunta, tem tantas coisas que estão à frente que eu não diria que isso é uma prioridade. Não quer dizer que não podemos discutir, estou falando isso objetivamente.

MARCA FGV

GV – Existem diversos cursos de management da FGV de qualidade “duvidosa”. As propagandas vão desde outdo-ors em ônibus até em cima de padarias em Belém-PA. Quer dizer, uma coisa exagerada. E isso traz perguntas ao corpo discente. A senhora concorda com esse posicionamento de marketing adotado pelo Rio de Janeiro com relação ao IDE [Instituto de Desenvolvimento Educacional]?

MTF – Eu, em termos regimentais, tenho que zelar pela altíssima qualidade do que é feito aqui na EAESP. Eu acredito que nós temos realmente uma qualidade de ensino, de pes-quisa, de idéias, de inovação, muito alta. E todo meu esforço e investimento vão ser não só na manutenção, masem novos patamares. Eu acho que existe um projeto no nível do IDE, que procura administrá-lo com determinados padrões de qualidade, e que tem a ver com a sustentabilidade financeira da Fundação. Quer dizer, o posicionamento estratégico do curso de manage-ment é muito mais no sentido de ter uma excelência operacio-

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GAZETA VARGAS Edição #7814

nal. Você tem um bom curso na formação de gestores em que você procura padronizar ao máximo o material didático, o tipo de professor, o tipo de conteúdo que você quer propor, ter um máximo de controle de que isso esteja acontecendo, ter um máximo de con-trole de feedback de como está o curso. E eles têm todo um sistema de informá-tica muito sério, muito bem feito para que você consiga entregar para aquele cliente aquele curso naquele padrão. Eu tive a oportunidade de ver a coleção de livros que é utilizada. Esses livros estão sendo tão bem avaliados que estão sendo adotados por uma série de outras escolas e programas, o que significa que estamos aprimorando o nível de formação de toda uma classe gerencial do Brasil. Sobre essa questão do impacto sobre a marca, têm sido feitas pesquisas no nível da Fundação. O que nós temos conversado é que, ao se discutir qual o impacto sobre a marca, não podemos olhar o Brasil como um todo, mas temos que olhar certos locais. E eles estão procurando introduzir essas mudanças. Agora, eu posso estar equivocada, mas eu acho que como EAESP-FGV vocês têm um diploma que tem muito valor no mercado, e o mercado é capaz de fazer essa diferenciação. O meu sentimento é que vocês têm esse diferencial.

GV – A senhora é a favor, a exemplo do que a USP fez com a FIA, de criar outras marcas para os MBA’s e con-veniadas?

MTF - Não me sinto à vontade para responder. No caso da USP foi uma decisão muito difícil a de se criar a marca. No caso das outras três fundações ligadas à FEA, eles preferiram manter a ligação do MBA com a USP e a discussão foi sempre um momento muito difícil. Mas são realidades diferentes e motivos muito diferentes. O que levou a uma situação não é o que levou a outra. Uma das coisas que eu sempre falo é que são situações muito conflituosas. Acho que não é comparável.

RELACIONAMENTO COM O RIO DE JANEIRO

GV – A senhora chega em total alinhamento com a presidência da Fundação e com o conselho diretor. Inclusive o Prof. Carlos Ivan afirmou que quem entrasse tinha que ser alinhado com ele. Mas isso traz uma dúvida: o quanto nós podemos esperar que a senhora levante a bandeira e discu-ta de igual para igual, problemas ou demandas da casa que acabem indo contra o posicionamento do Rio de Janeiro?

MTF - Me dá um exemplo de como isso poderia acon-tecer.

GV – Digamos que a casa inteira tivesse um posi-cionamento bem nítido de que deveríamos discutir esse modelo de marketing do IDE, se concluíssemos que preju-dica a marca EAESP e que o mercado não sabe diferenciar o diploma FGV-EAESP do diploma FGV.

MTF – Eu não colocaria o termo “levantar a bandeira”. Acho que sempre trabalhei dentro de uma universidade, onde você tem que levar informações, discussões, trabalhar certas questões, olhar o seu ponto de vista e o do outro. E eu acho que dentro da Fundação espera-se que trabalhem nesse modelo de uma universidade. Você tem diretores de escola, diretor do IDE,

e acho que uma série de questões vão ter que ser discutidas entre os diretores, entre a presidência, vice-presidência. E ao se pensar qual é a saída, tem que ser pensado em termos da Fun-

dação. Então tem uma série de questões que são internas à escola que, essas sim, eu estou ouvindo, pensando, trabalhan-do e posso levar uma proposta lá e dizer, olha a posição é essa. Vou ter que ser muito bem fundamentada, documen-tada e trabalhada, e ver como podemos negociar tudo isso. Tenho a impressão de

que vamos ter que olhar muito o que é a Fundação no modelo de universidade e o que é uma escola isolada.

GV – Houve um episódio em que o CGA, que na época era o CD [Conselho Departamental], aprovou e decidiu levar uma proposta para o Rio de Janeiro sobre mudança na movimentação de carreira. O Rio de Janeiro barrou a proposta. A senhora espera esse tipo de atitude ou acha que o relacionamento é melhor?

MTF - Eu acho que vamos ter que viver um dia depois do outro e ver como as coisas vão caminhando. O que eu quero ter muito ao trabalhar aqui é “os dois pés no chão” para ver quais são as propostas que temos condição de colocar e imple-mentar. Não só com referência aos professores, mas também a programas, cursos, projetos que estão sendo apresentados. Aí, novamente, eu volto em como a gente tem que estar traba-lhando. Os projetos precisam estar maduros, passar por órgãos colegiados, até a coisa ser implantada. E também não só olhar do ponto de vista de recursos humanos, mas do ponto de vista financeiro. Este tipo de trabalho é que teremos que realizar com relação aos alunos, ao programa de pós-graduação, ao CG, e em relação aos professores. Vamos justamente procurar ter uma relação madura aqui dentro, para na hora de expor a proposta estarmos, mesmo, bem fundamentados.

RELAÇÃO ENTRE AS ESCOLAS

GV – Quando houve a criação das escolas de econo-mia e de direito na FGV-SP, a intenção era que elas centrali-zassem totalmente cada atividade. No entanto isso acabou se tornando uma verdadeira briga de egos, que culminou com a briga pelos cursos de extensão. O que aconteceu recentemente é que o PAE [Departamento de Planejamento e Análise Econômica da EAESP] começou a fazer seminários independentemente da EESP [Escola de Economia de São Paulo]. A intenção era criar uma interatividade e essa cul-tura de universidade, mas isso acabou gerando atritos que dividiram as escolas, tornando-as mais separadas do que unidas. Qual a posição da senhora a respeito dessa briga PAExEESP e com relação a interação entre as escolas?

MTF – Olha, sobre a briga entre o PAE e a EESP eu prefiro nem comentar, porque eu também não tenho tanta informação. Sei como foram formadas as escolas de economia e de direito. Tanto com o prof. Ary Oswaldo [Mattos Filho, diretor da EDESP - Escola de Direito de São Paulo] quanto com o prof. [Yoshiaki] Nakano [diretor da EESP] temos discutido muito. Por outro lado, eu acho que é um dos nossos objetivos criar o máximo de sinergia entre as escolas da Fundação. Temos trabalhado dentro desse modelo. Tenho feito conversas e reuniões sistemáticas com os outros dois diretores para criar essa sinergia. Não só

“Eu acho que dentro da Fundação espera-se que trabalhem nesse modelo

de universidade.”

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está sendo trabalhado e elaborado e, novamente, eu ainda não toquei nem a primeira Congregação. Vamos um passo depois do outro. Devemos priorizar a qualidade acima da quantidade. Eu acho que ter uma presença qualitativamente significativa dentro desse órgão às vezes é mais importante.

GV – A senhora vai proibir a venda de cerveja no primeiro andar?

MTF – Isso ainda está sendo conversado.

GV – Com quem?

MTF – Com o Luan.

GV – Esse assunto já foi abordado, então?

MTF – Não. Já tivemos uma pré-reunião. Tem conversa.

MENSALIDADE

GV – Se seu filho passasse no vestibular, na FEA e na EAESP, hoje, o que a senhora como mãe recomendaria que ele fizesse? Levando em consideração o valor pago por mês aqui na escola.

MTF – Eu realmente deixaria a decisão para ele. Não tomaria a decisão para mim. Meus três filhos optaram por profissões e escolas. Acho que a EAESP oferece algumas coisas muito interessantes em termos do projeto pedagógico, em termos dessa inserção internacional, de uma relação com as empresas, que é muito positiva. Acho que a FEA e a USP ofe-recem mais diversidade do que a EAESP, pois você tem mais vivência de campus universitário. Mas não necessariamente o aluno aproveita. Para o aluno ficar fechado dentro da FEA e nem atravessar a rua não custa nada. É difícil generalizar.

GV – A visão dos alunos é de que a mensalidade está no limite. O salário dos nossos pais não é reajustado em 10% por ano. A lista rodou 400 nomes no último vestibular, pela primeira vez na historia da EAESP, como um reflexo claro da mensalidade. A senhora pensa que hoje o custo-benefício em relação ao que é recebido e o que é cobrado na EAESP está condizente com o valor da mensalidade? É possível trazer a diversidade da USP para a EAESP, aumen-tando o que é oferecido por esse dinheiro?

MTF – Toda essa questão de como será orçamentado o próximo ano está começando a ser discutida. Previsão de reajuste, etc., são coisas que estão sendo trabalhadas. Imagino que para todos os pais é uma preocupação significativa.

do ponto de vista acadêmico, de atividades comuns e projetos entre os professores e entre os cursos, mas inclusive adminis-trativos. Aí tem hora que eu pergunto se interessa partilhar isso ou aquilo, e eles também me perguntam. Eu acho que são projetos interessantes. Outro dia fizemos uma reunião, eu, o prof. Nakano, o Luan [Gabellini, presidente do DAGV], o Vitor [Agnello, vice-presidente acadêmico de Economia do DAGV] e o Leandro [Grespan, vice-presidente acadêmico de administra-ção]. Foi uma conversa interessante que evoluiu para a idéia do duplo diploma. Aí, tanto o Nakano quanto eu dissemos “olha, nós estamos abertos”, o que nós temos que ver é o quanto interessa para os alunos, quais as vantagens e desvantagens. A [dupla graduação] de direito está funcionando. Temos já cinco alunos trabalhando nesse sentido. Hoje quando temos certos convênios inter-nacionais, estamos as três escolas trabalhando juntas. Nós temos que ter esse sentimento de várias universidades e escolas participando de projetos.

REPRESENTAÇÃO DISCENTE

GV – Já se passaram 100 dias desde o início da sua gestão, e por enquanto ainda não houve uma reunião com toda a representação discente. Quais critérios a senhora vai usar para criar essa interação com o corpo discente?

MTF – Olha, eu aceito sugestões inclusive de vocês. O que eu fiz até agora foi conversar com todas as entidades indi-vidualmente e tivemos uma reunião coletiva, com todas elas. Nessa primeira reunião tomamos algumas decisões comuns, inclusive uma que eu acho importante comentar, que diz res-peito à divulgação das atividades de cada uma das entidades, para nível não só de informação minha, mas para podermos fazer uma divulgação em nível de imprensa. A gente está tra-balhando muito agora na comunicação interna e externa, e estamos fazendo isso de uma maneira sistemática. Próximo semestre marcaremos uma nova reunião sobre isso. Agora se vocês tiverem outras sugestões de como podemos estar conversando eu estou à disposição.

GV - A gente tem agora um novo regimento que prevê um aluno da graduação e dois da pós-graduação na congregação, o que para nós é pitoresco. A Representação Discente entrou em abril com uma representação formal junto ao conselho diretor, ao professor Francisco Mazzuca, então diretor, e ao presidente da Fundação, pleiteando um aumento na representação discente tanto na congre-gação quanto numa inserção de participação no conselho de desenvolvimento e integração. O que a senhora pensa a respeito disso? A senhora é a favor ou contra uma maior representação dos alunos?

MTF – Precisaria estudar. Acho que hoje estamos com um regimento começando a ser implementado. Acho muito importante essa congregação, é justamente esse tipo de comunicação que a gente precisa levar para a coordenação da graduação, para a direção das escolas, e esses outros canais de comunicação e discussão. Acho extremamente importante que a gente desenvolva isso aqui dentro. Nas demais escolas não há nem esse tipo de representação. Acho que tudo isso

“Foi uma conversa interessante que

evoluiu para a idéia do duplo diploma.”

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GAZETA VARGAS Edição #7816

A Punição: Essa foi a palavra utilizada pela professora Rosa Maria ao mandar chamar diversos alunos durante suas aulas para adverti-los por escrito e fazer constar

nos seus prontuários o caso de má conduta e quebra de regi-mento (aquele que foi outorgado e acusado de ilegítimo).

A Desculpa: “Mas professora, nós fazemos isso há anos e nunca aconteceu nada”. Esse foi o argumento de um aluno do 7º semestre ao ser advertido, junto com outros 16 alunos da EAESP, por ter “emprestado” a outros alunos a cartei-rinha que autoriza sua entrada pelas catracas da escola.

O Motivo: A venda dos convites para a Giovanna, festa promovida pelo DAGV, que tem ingressos vendidos a valores diferentes para alunos e não-alunos da Fundação Getu-lio Vargas. Grande parte dos alunos, principalmente aqueles que trabalham, não tem uma hora para ficar esperando na fila “organizada” pelo Diretório Acadêmico para realizar as vendas.

A Causa: O DAGV, em prol dos alunos, lembra-os sobre os dias de venda com impressos espalhados pelas mesas das salas de aula. No impresso desta última Giovanna, sabendo do motivo acima citado, o Diretório explicitou: Máximo de duas carteirinhas por aluno. Ou seja, cada aluno pode comprar para mais um que não possa comparecer nos horários estabelecidos.

Os Absurdos: A EAESP julga a conduta dos seus próprios alunos, aqueles que dizem estar preparando como líderes, um ato contra a segurança da escola. A mensagem por trás disso parece ser: “Não confiem nos seus colegas”, e não sabemos se isso é algum reflexo da competitividade promovida pela escola ou se ela simplesmente não confia nos líderes que está formando. A punição recebida, mesmo que amenizada pela convicção da professora de que ali eram todos pessoas de bem e que não fizeram nada com intenção de dolo, chega a ser um atentado contra o espírito que esta instituição proclama instilar, o de desenvolver a sociedade brasileira. E não há nada pior do que a visão de um espírito amputado. Não há prótese para isso, nem que economizemos todo o valor pago para a Fundação.

As reais ameaças à segurança de todos acontecem com grande freqüência e não têm ligação alguma com triagem de visitantes ou uso de cartões de acesso. Afinal, qualquer jovem que saiba o número do RG de algum aluno retira um cartão provisório nas portarias da escola. E tem mais, não são poucos os casos de furto dentro da escola, com suspeitos em sua maio-ria funcionários terceirizados que trabalham diariamente nas dependências. A punição para esses casos raramente acontece.

Mas para mostrar serviço a coordenadoria fere a integridade dos próprios alunos.

Eu não sei se os alunos estão certos ou errados. Não sou juiz nem júri. Mas garanto que eles jamais venderão suas almas para comprar seus futuros. Confiança, dignidade, honra, caráter. Essas são as coisas de que devem ser feitos líderes. E se não pudermos confiar nos nossos colegas com um simples cartão de acesso, com que poderemos confiar? Pode parecer tempestade em copo d’água, mas sabe-se lá que tipo de outras acusações poderiam surgir de quem pune esse tipo de atitude.

Entramos nesta instituição ouvindo o termo “Berço de liderança”. Bom, meus amigos, quando o ramo quebra, o berço cai. E em resposta à despedida do email recebido por todos os alunos sobre o assunto, subscrevo com o mesmo pedido:

Esperando contar com o apoio e bom senso da coorde-nadoria, envio um abraço cordial.

O EMPRÉSTIMO DE CARTEIRINHAS

POLÍTICA INTERNA

Felipe Fabris

“As reais ameaças à segurança de todos

acontecem com grande freqüência e não têm ligação alguma com

triagem de visitantes ou uso de cartões de acesso”

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[email protected]

Proibição Freezers sempre trancafiados.

Começa o ano e notamos um DA mais vazio. Por quê? Graças à proibição da cerveja no DA. Surreais, Quintais e Gin&Canas se tornarão apenas lembranças assim como

um DA lotado depois do horário de aula. O banimento da cerveja acaba mostrando um pouco do cenário da Fundação, o distanciamento, a falta de diálogo com os alunos e seus representantes.

Os motivos alegados foram sobre ocorrências registra-das na Dire-toria de Ope-rações da GV, entretanto, n a d a fo i comentado sobre essas ocorrências, o que não fortalece o argumento. A decisão foi tomada pouco tempo após o fale-cimento de um jovem na Gioconda, que aparen-temente não teve relação com abuso de álcool e que, segun-do o tio da vítima, teria ocorrido devido a um AVC. Contudo, esse acontecimento parece ter sido levado em consideração pela diretoria, visto que poderia envolver o nome da fundação.

“A proibição foi assinada dia 24 de novembro de 2008, em plena época de provas, decisão que, de modo inteligente e também covarde, interferiu - e muito - numa possível reação dos alunos. Segundo consta no documento, a diretoria somente reafirma a proibição emitida em 2002 e assinada pelo então diretor da EAESP, professor Francisco Mazzucca. A permissão ao consumo teria sido provisória, havendo tido vigência de 11 de maio a 14 de outubro de 2004, e não havendo sido renovada então.”¹

Muito já se foi discutido sobre a legitimidade da decisão, se os motivos apresentados realmente justificam uma proibição de fato. O que vemos são argumentos pouco esclarecedores para uma decisão desse cunho, seguida da imposição autori-

tária e da ausência de diálogo sobre uma possível renovação. Qual seria a prioridade desse ato? Por que não houve uma renegociação? Parece que o consumo de cerveja atingiu certos níveis que uma adequação do horário de venda, ou outro tipo de moderação não bastaria. Vai ver é por isso que há falta diálogo, só podem supor que discutamos embriagados.

Vale lembrar que nosso campus é um estacionamento e alguns corredores do prédio, o que não é nada propício

para a integração entre os alunos e, agora que não há mais festas no DA, acabamos perma-necendo na faculdade quase que exclusi-vamente para nossa formação acadêmica: acabou a aula e cada um volta pra sua casa. A faculdade deveria ajudar na formação pes-soal e na convivência em grupo, entretanto, está sendo criado um empecilho desnecessá-rio, uma vez que a qua-lidade acadêmica não ganha com a proibi-ção. Outras faculdades permitem a venda de cerveja em suas depen-dências e nem por isso deixam sua excelência

comprometida. Podemos ir aos bares nas redondezas após as aulas mas não será a mesma coisa. A integração então deve ficar por conta das aulas de “Inserção universitária”?

Esse banimento traz à tona o receio da continuidade da postura autoritária tomada pela diretoria, excluindo os alunos no processo decisório e mantendo a tendência de diminuição da participação de nossos representantes. Hoje é a cerveja que vai embora, e amanhã? Mais decisões sem qualquer consulta à opinião dos alunos? Por quê? Caso aconteça algo como mudanças no corpo docente ou nos cursos, um aumento da mensalidade o que podemos fazer frente a esse distanciamen-to? O poder decisório que ainda nos resta é suficiente para que ao menos exista um mínimo diálogo? Mesmo que não haja negociação ou trocas de opinião, deve-se ao menos expor os motivos de forma transparente e com certa antecedência. Será possível realizar a melhoria da qualidade acadêmica sem a participação dos alunos?

SOBRE A PROIBIÇÃO DA CERVEJA E O QUE ISSO REPRESENTA

POLÍTICA INTERNA

Júlio Kaji

Page 18: Edição 78

GAZETA VARGAS Edição #7818

Recentemente, naquilo que foi preciosamente chama-do de “Decisão Embriagada”, a nova diretora da EAESP, Professora Maria Tereza Fleury,, proibiu cerveja no DA

(Diretório Acadêmico); haverá agora um referendo para avaliar o que pensam os alunos.

Confesso que não conversei com a Professora Maria Tereza, mas ouso, com meus poderes Nostradâmicos, advinhar o que pensa a nova diretora. Vejamos: o que pode acontecer, até por razões estatísticas, quando juntamos cerveja (e a even-tual vodca ou pinga que alunos aqui e alunas acolá possam vir a trazer em garrafas d’água); um corpo estudantil que equaciona beber (uma arte para os gregos) com ficar obrigatoriamente embriagado; a falta de um sistema de controle na distribuição de bebidas1 ; o fato de que alunos às vezes voltam guiando bêbados para casa; e o mundo do lado de fora dos muros da EAESP e da EESP? Hmmm, deixe-me ver... É, só pode dar zebra.

É um acidente estatístico que até hoje não houve, com todos os Surreais e Quintais que aconteceram, nenhum inci-dente grave envolvendo alunos bêbados da EAESP/EESP e pedestres e afins. Colegas minhas verificaram em pesquisa para uma aula de marketing que quase 25% dos alunos que vão ao DA beber o fazem para ficarem bêbados. Vinte-e-cinco por cento. E as duas festas acima mencionadas são festas feitas para os alunos encherem a cara: no Quintal, faz-se uma balada de verdade e, no Surreal, vende-se cerveja a um real. É pedir briga.

A pergunta que a Professora Maria Tereza deve fazer é se vale a pena a instituição se expor a futuros danos para os alunos terem o “direito” de ficarem travados no DA. Os alunos, pelo menos segundo seu portavoz, o DAGV, estão claramente indignados. Mas, quem diria, os alunos pouco apitam. Aliás, visto que a FGV é uma insituição e, por definição, uma tirania2, pode-se até afirmar que os alunos não apitam nada. A noção de que, antes da portaria demoníaca de Carlos Ivan (o Terrível)3, alunos gozavam de plena representação na FGV em geral, é

tola; a única coisa que tal portaria fez foi confirmar o óbvio: que alunos não têm o direito de fazer sua própria representação sentida na FGV –ou, melhor dizendo, que a FGV não tem neces-sidade de saber o que os alunos pensam e querem, e muito menos de implementar seus desejos e supostas necessidades. Contudo, frisa-se que isto não é correto: é, sim, característico de instituições como a própria Fundação.

Além do mais, em defesa do que suponho ser o pen-samento da Diretora Fleury, é bom não nos esquecermos do caso da Escola Base, onde uma leviana acusação de pedofilia contra os donos desta instituição levou a polícia, o Governo do Estado e a mídia a um comportamento igualmente leviano de fundamentar as acusações em absolutamente nada. Se, por acaso, um aluno bêbado sair da EAESP e matar alguém (digamos, um pedestre), pode-se se ter certeza de que polícia, Estado e mídia descerão o martelo de Thor sobre a Fundação e a avaliarão de tal modo a fazer a instituição parecer a principal culpada pela morte de nosso pedestre hipotético.

Mas não seria mais interessante a Professora Maria Tereza, ao invés de simplesmente proibir cerveja no DA, pon-

derar sobre algo um pouco mais eficaz como um esforço de conscien-tização dos alunos sobre o alcoo-lismo? Não seria mais educacional fazer, junto ao DAGV, uma campa-nha que visasse mostrar aos alunos que beber em excesso (ou beber e dirigir) é nocivo não só à saúde, mas à sociedade também? Pois sejamos

francos, proibir cerveja no DA só fará com que alunos passem a beber em excesso em botecos e bares próximos a EAESP/EESP; isto pode (até certo ponto) preservar a imagem da Escola, mas é dúbio que seja um serviço aos alunos (e, se não me engano, uma Escola deve estar a serviço do ensino e dos alunos aos quais ensina).

Mas o título deste artigo se refere, isto sim, a atitude preciosa do DA, de fazer um referendo sobre uma decisão que é, concordemos ou não, soberana. Primeiro, porque já

DUPLO EQUÍVOCOCOLUNISTAS

Rafael Kasinski

1. Nos EUA, por exemplo, amparado pela lei, um barman pode se recusar a servir um cliente após decidir que este não deve mais ingerir álcool.

2. Esta ideia de que instituições são quase sempre tirânicas é uma noção francamente anarquista; o que a torna sedutora é a sua base empírica, pois é realmente

difícil, pelo menos em sociedades ocidentais, achar instituições que sejam plenamente democráticas, em especial com aqueles que dela dependem ou que

de seus serviços usufruem.

3. Portaria esta que diminuiu a representação dos alunos a níveis qunânticos e centralizou muitas decisões administrativas no Rio de Janeiro, sede da FGV.

4. É impressionante que um dos argumentos contra a proibição da cerveja é que, sem ela, alunos e alunos não confraternizarão. Primeiro, certamente o farão

fora do Escola. Segundo, se o corpo estudantil não consegue bater um papo sem beber, então, sejamos franco, já não tem papo, para início de conversa.

Por mais que álcool seja um lubricante social de eficácia indubitável, ou a pessoa tem o que dizer ou não tem. Lembremo-nos que em países como EUA e

Canadá, os lugares de encontros estudantis dentro das escolas têm vida própria mesmo sem permitir a venda de bebidas alcóolicas; aliás, é só em países

como o Brasil que se bebe dentro da faculdade, e não em bares ou festas privadas, por exemplo.

“Não seria mais interessante a Professora Maria Tereza

ponderar sobre um esforço de conscientização dos alunos

sobre o alcoolismo?”

Page 19: Edição 78

[email protected]

sabemos que a maioria dos alunos pedirá a volta da cerveja4 ;segundo, porque o DA não está sendo em nada político ao promover tal referendo. Ser político, para um Diretório Aca-dêmico como o da EAESP/EESP, é participar da vida política de pelo menos o município no qual se encontra: São Paulo e Brasil têm suficientes problemas das mais variadas espécies para o DA usar como objetos de engajamento. Para fazer meu trabalho de cidadão, ofereço uma sugestão: que tal tentar ajudar o curso de Adminstração Pública a transformar-se num curso de alunos que realmente e majoritariamente se importam em melhorar a administração pública no Brasil, que têm vontade de virarem administradores públicos por se preocuparem com seu País e outros brasileiros? Ou porque não fazer uma programação de palestras que incluam especialistas de todas as áreas de ensino de todas as classes que nós alunos temos, desde filosofia até os assuntos de sempre -finanças, economia e adminstração- que, só por serem tratados com maior frequência, não deixam de ser de extrema importância?

Não custa nada ser criativo, e só pode ser benéfico ao DA, aos alunos e à FGV se um Diretório Acadêmico como aquele da EAESP/EESP concentrar-se em ser referência de algo além da superficialidade. E certamente não fará mal à EAESP/EESP se sua Diretoria tomar decisões que visem mais o bem-estar e a educação de seus alunos ao invés de uma contenção de danos passados e futuros que a cerveja no DA causou e poderia vir a causar. Vê-se na decisão da Diretora Maria Tereza Fleury e no referendo do DA atitudes que mostram, respectivamente, uma visão organizacional calcada em certo atraso, e uma completa falta de conhecimento do que exatamente é ser “político”. Mas, como sempre há tempo, espera-se que ambas as partes mos-trem num futuro próximo atitudes mais sóbrias e crescidas. A ver.

Seu

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aqui.

Page 20: Edição 78

GAZETA VARGAS Edição #7820

Pela primeira vez, desde que comecei a escrever para a Gazeta Vargas, ou seja, desde o 2º semestre de 2006, fiquei com sérias dúvidas sobre qual tema escrever para

esta edição. Eleições para o DAGV? Fim da cerveja no 1º andar? Entrevistas da Professora Maria Tereza Fleury (à Gazeta e ao Valor Econômico)? Pois é... Realmente todos os assuntos dariam muito pano para manga. Confesso que a tentação em escrever sobre a atual Diretora (e feana, como bem relembra boa parte do Corpo Discente) foi grande: em menos de oito meses de mandato, a professora Fleury já abordou questões polêmicas, como a cerveja e a regulamentação sobre os Centros de Estudos da EAESP. Enfim... Um portfólio atraente para matérias, não?!

De fato, criticar a postura autoritária com a qual a Dire-tora conduziu a discussão da cerveja, ou, então, cobrá-la por mudanças urgentes na qualidade de boa parte dos professores da Graduação – que se resume no tão prometido “Plano de Incentivo à Aposentadoria”, cuja elaboração está sob a respon-sabilidade do Professor Francisco Mazzucca e, aparentemente, é apenas uma lenda – seria muito mais interessante. Apesar de divergir ideologicamente da professora e, conseqüentemente, de sua equipe, não acho que valha a pena um texto só para essa discórdia. Afinal, a professora Maria Tereza Fleury, assim como a Professora Maria José Tonelli e o Professor Francisco Aranha, ganham (e muito bem!) para agirem como vêm agindo!

Muito mais interessante do que questionar aqueles que apenas fazem valer a mais-valia é interrogar o Presidente da Fundação, professor Carlos Ivan Simonsen Leal, que “não ganha um centavo” para exercer o cargo – e ainda, como ele mesmo gosta de lembrar, corre o risco de ter os bens penhorados caso um dia a Fundação venha a falir!

A primeira dúvida que surge é: quais são os reais interes-ses do Presidente da FGV em dirigir a instituição? Se não a mais-valia, motivo principal pelo qual muitos dos funcionários (senão todos!) de alto-escalão da Fundação agem de forma “alinhada” com o Presidente, então qual seria o motivo? Visibilidade? Desafio pessoal? Tenho minhas dúvidas se o objetivo primeiro do Presidente é como gostam de dizer, contribuir com o país.

Outros questionamentos também merecem destaque: qual a percepção do Presidente sobre os primeiros meses de mandato da Prof.ª Maria Tereza? Qual a opinião da Presidência,

também, a respeito da incompetência da FGV em adminis-trar sua própria marca? Como agirá a Fundação em tempos de crise financeira mundial? Expandirá mais ainda sua – já enorme – rede de conveniadas visando aumento de receita? Qual a opinião do Carlos Ivan sobre a mensalidade da Gradu-ação, bem como sobre os critérios de rateio das despesas da EAESP, e a acelerada mudança de perfil do aluno da Escola nos últimos anos? Cadê a “cachoeira de dinheiro” - prometida na posse da atual Diretora da EAESP - para investimento em infra-estrutura?

Fica claro que há muito a ser respondido aos alunos. Mas, com o intuito de demonstrar apoio e autonomia à Dire-tora, o Presidente da FGV ignora o corpo discente da EAESP e mais uma vez demonstra uma postura arrogante – postura essa que em nada contribui para a construção de um ambiente de ajuda mútua e construção conjunta de novos rumos.

Se o processo de mudança na cultura da EAESP é inevi-tável – o que já ficou explícito através das inúmeras demons-trações de força da Mantenedora no passado –, que ao menos a reconstrução da cultura da Escola seja feita com diálogo, bom senso e jogo de cintura. E não por meio de ameaças, intimidações e molecagens. Do jeito que o relacionamento vem ocorrendo, é cada vez mais possível de se imaginar uma ruptura de relacionamento entre alunos e Diretoria – o que, certamente, dificultará ainda mais a reconstrução de uma identidade perdida.

NÃO TEM PREÇO... ???

COLUNISTA ESPECIAL

Tiago Tadeu BezerraRepresentante Discente no CGAEx-Presidente do [email protected]

Page 21: Edição 78

[email protected]

A estranha frase que vem sendo lida nos corredores geve-nianos nos últimos dias, e que aqui intitula nosso artigo, significa: “Você conhece a Eslovênia?” (presumivelmente

em vocábulo esloveno). Mas antes de falar sobre a Eslovênia e sua capital Ljubljana, mostra-se necessário apresentar algo: o Global Cultural Transfer.Conhecido pela sigla GCT, o proje-to, filiado ao Diretório Acadêmico Getulio Vargas, mas com organização independente, foi criado por alunos das escolas paulistas da Fundação Getulio Vargas no ano de 2006. A motivação surgiu de um projeto similar (e modelo para o nosso) organizado por alunos da faculdade de St. Gallen, Suíça. Com o nome Magellan, a cada ano um grupo de alunos de St. Gallen buscam em estudantes de outra faculdade do globo parceiros para realizar um projeto de intercâmbio acadêmico cultural com as seguintes bases: atividades de cunho acadêmico, como palestras ou visitas a empresas, e cultural, como museus e passeios, num período de 20 dias, sendo 10 dias em cada país.

Após realizarem o Magellan com mexicanos, argentinos, chilenos, entre outros, os suíços de St. Gallen propuseram a uma aluna da FGV que reunisse um time organizador e, então, selecionasse outros integrantes para compor o grupo brasileiro. De prontidão ouviram um “sim” bastante empolgado. O time foi formado, outros membros selecionados e o Magellan foi um sucesso. Sucesso tão grande que alguns participantes deste projeto resolveram iniciar um programa nosso, aonde nós faríamos o papel de propositores a alunos de outras faculdades mundo a fora.

Assim, o Global Cultural Transfer nasceu e, em 2007, numa parceria com a Corvinus University de Budapeste, Hun-gria, ocorreu a primeira edição do programa realmente orga-nizada por gevenianos. No ano seguinte, em 2008, a segunda edição ocorreu em uma parceria triangular, na qual se juntaram alunos da SSE (Stockholm School of Economics) e da KTH (Royal Institute of Technology), ambas de Estocolmo, Suécia, forman-do o grupo sueco, nosso parceiro.

Em 2009, como o leitor já deve ter concluído, nossos parceiros, lembrando 2007, vêm novamente do Leste Europeu, mais precisamente de Ljubljana (Liubliana, em português), capital da Eslovênia. Tina, Neja, Luka, Anja e muitos outros

estudantes da Faculty of Economics da University of Ljubljana, já estão contando os dias para voar para o Brasil e participar do Global Cultural Transfer 2009: São Paulo & Ljubljana.

O Team GCT 2009, que vem realizando inúmeras tarefas nos últimos dias, como a finalização do cronograma e conver-sas com professores-palestrantes, agora se foca no processo

seletivo dos demais integrantes do proje-to deste ano. Processo o qual ocorrerá em duas fases: a primeira, uma ficha de inscrição com dados e questionário, e a segunda, uma entrevista. No entanto, vale o aviso: interes-sados, apressem-se, pois a seleção será logo,

visto que os eslovenos vêm ao Brasil em abril!Quaisquer dúvidas, ou caso queira a ficha de inscrição,

favor enviar um e-mail para [email protected]

ALI POZNAŠ SLOVENIJO?

ENTIDADES

Ulisses Bresciani é o Chairman doGCT 2009 São Paulo & Ljubljana ecursa o 3º semestre de Direito

“...já estão contando os dias para voar

para o Brasil”

Page 22: Edição 78

GAZETA VARGAS Edição #7822

Um homem sofre com a perda de um grande amor. A melancolia interna causada pelo sofrimento amoroso é

compartilhada com a platéia na forma de estórias, nas quais as personagens vivem casos baseados nas experiências do pro-tagonista. A peça trata daqueles estratege-mas, caminhos ilusó-rios que criamos em nossa mente para nos

fazer acreditar na superação de uma desilusão. A tão sonhada volta da relação, da maneira como costumava ser, é o Santo Graal dos corações partidos representados aqui.

TEATRO

CULTURA

Subterfúgio

O merecido vencedor do Oscar de Melhor Filme. Jamal é um garoto, nascido em uma grande favela de Mumbaii, que desafia todas as limitações de suas origens e surpreende os céticos, atingindo o jamais alcançado na versão indiana do programa que dá título ao filme. Ao desenrolar de sua participa-ção no show, inter-calada com cenas de um interrogatório policial no qual ele está sendo acusado de ter trapaceado, somos levados por episódios de sua difícil vida, os quais explicam porque ele sabia as respostas. O pano de fundo é a colorida e triste miséria indiana, e a moral do filme revela-nos que o verda-deiro conhecimento é atingido pela experiência. Quem vive intensamente a própria vida, absorvendo os momentos e as lições, não esquece nunca aquilo que aprende.

CINEMAQuem quer ser um milionário?

Harvey Milk foi o primeiro político americano assumi-damente gay, numa época em que o homophobismo era praticamente lei nos EUA. O filme vale, no mínimo, pela excelen-te atuação de Sean Penn (vencedor do Oscar de Melhor Ator esse ano), que incorporou fantasticamente uma personalidade brilhante, pavimentada pelo discurso sério desse ativista que desafiou a gigantesca intolerância de um país. Sua ousadia chegou aos meios políticos e conquistou mais do que qualquer outra tentativa anterior de impor os direitos dos homosexuais, na angústia por viverem como quaisquer outros cidadãos. No discurso de agradecimento pelo prêmio, Sean Penn mencionou seu apoio à luta mais atual nesse sentido, a proposta da lega-lização do casamento gay. Não assista se não tiver a mente aberta!

Milk, A Voz da Igualdade

Maria Julia Iudice e Pedro T. R. Beraldo

De cara, nos pega de surpre-sa a incrível semelhança física entre o protagonista Benício del Toro e Ernesto “Che” Guevara! Isto posto, um filme longo mas nem por isso menos dinâmico aguarda o especta-dor. É mostrado o movimento revo-lucionário do ponto de vista do, para uns famoso - para outros infame, guerrilheiro- médico argentino. Aparecem personagens célebres da história, como Fidel Castro, com toda sua bem conhecida excentricidade, e Fulgencio Batista, que acaba sendo retratado como “o grande vilão” da história. O filme termina com um gostinho de “quero mais”, ficando todos nós na expectativa da estréia da próxima parte da história contada por Steven Soderbergh. Mais uma vez o Brasil é representado no cinema mundial pela ator sempre

em ascensão Rodrigo Santoro. Apesar de esta não ser sua atu-ação mais brilhante, é sempre bom ver um rosto verde-e-amarelo na telona.

“Che”

“...a incrível semelhan-ça física entre o prota-gonista [...] e Ernesto

“Che” Guevara!”

“Não assista se não tiver a mente aberta!”

Page 23: Edição 78

[email protected]

Os baladeiros que me perdoem, mas Jazz é fundamental.

Cansado de bala-das que tocam sempre as mesmas músicas? Cansa-da de ir a lugares que mais parecem desfiles de moda? Não aguenta mais se sentir como se estivesse numa feira de commodities, cercada por fumaça e batidas eletrônicas? Que tal ouvir boa música, num ambiente mais maduro e tranquilo? Parece propaganda mas não é, definitivamente recomendo o Boubon Street para aqueles que curtem sentar e assistir aos melhores músicos dos gêneros jazz,blues, r&b e outros. Peça um Mojito (chega de Vodka!) , dance e se divirta! Cheque a programação para março no site oficial ou ligue no 5095-6100.

NOITE PAULISTANAFuja da Pachá!

“Os baladeiros que me perdoem, mas

Jazz é fundamental.”

O romance nos leva por três gerações da família Trueba, chefiada pelo tirânico Steban, provida de imensa fortuna e mulheres com dons mediúnicos . São abordados temas como misticismo, amor e política, tendo como cenário o Chile às beiras da ditadura de Pinochet. Para os que já viram o filme, preparem-se para se surpreender pois, como é de se esperar, o livro é 100 vezes melhor.

LIVROS

A Casa dos Espíritosde Isabel Allende

Na vanguarda da luta contra o silogismo e a pseudo-ciência que alguns livros “secretos” insistem em produzir, o professor Capra traça possíveis analogias entre a física positi-vista e a visão metafísica do Universo. Um livro, por assim dizer, “encucado”. É interessante ler numa biblioteca ou perto de uma, pois há referência a diversos termos e conceitos advindos do misticismo oriental com os quais normalmente não estamos habituados, como hinduísmo e budismo.

O Tao da Físicade Fritjof Capra

e=mc²

Page 24: Edição 78

GAZETA VARGAS Edição #7824

Esse balanço acadêmico listará os últimos aconteci-mentos ocorridos na Escola de Economia de São Paulo (EESP) e na Escola de Administração de Empresas de

São Paulo (EAESP) da FGV que tangem a esfera acadêmica dessas escolas.

Na EESP:• Mudança nas regras de reavaliação: as provas deve-

rão ser realizadas, exclusivamente, no final do semestre em que houve a reprovação. Serão destinados três dias para a sua execução, ocorrendo na primeira semana de fevereiro e de agosto;

• Mudança na coordenação: o professor Marcos Fer-nandes deixou o cargo de coordenador da graduação para assumir a nova coordenadoria de projetos pedagógicos; o professor Yoshiaki Nakano assumiu o posto de coordenador da graduação;

• Mudança no calendário: a partir de 2009 a EESP teria, no segundo semestre do ano, a semana do “saco cheio”, após uma negociação ocorrida nas reuniões do Conselho de Repre-sentação Discente. Entretanto, essa decisão divergiu da que havia sido insistentemente negociada, fazendo com que não ocorra mais essa semana de descanso;

• Mudança na grade horária: foi fixado um novo modelo de horário, válido para as quatro turmas de gradua-ção da escola, que prioriza a ocorrência das aulas na parte da manhã; em outras palavras, a grande maioria das aulas será lecionada até as 13 horas – podendo ocorrer algumas aulas após tal período;

• Mudança no Conselho de Representação Discente (CRD): houve a inclusão de dois novos membros no grupo do CRD: o coordenador de projetos pedagógicos e o vice-presidente Acadêmico de Economia do DAGV (sendo que o último não terá direito de voto);

• Mudança na infra-estrutura: após muitas reuniões e algumas cartas formais de pedido, a Escola de Economia de São Paulo atendeu uma das principais demandas dos alunos: fez, no período das férias de final de ano, uma reforma nas salas de aula, aumentando o tamanho das lousas;

• Outros: ocorreu nesse semestre a semana de estágios, na qual o departamento de RH de diversas empresas detalhou aos alunos programas de trainees e estágio das suas empresas (aproveitando para lançar a possibilidade de um estágio de férias); houve um grande avanço, após alguma pressão, nas negociações entre as escolas da FGV-SP a despeito da dupla-graduação, sendo que já se iniciou o desenvolvimento desse projeto, com lançamento previsto para o segundo semestre de 2009 (dupla-graduação entre a EESP-EDESP e EESP-EAESP); o mesmo avanço ocorreu nas negociações sobre intercâmbio; e com a criação da coordenadoria de Projetos Pedagógicos uma

O QUE O DAGV TEM FEITO PELO ‘ACADÊMICO’?

Vitor Agnello Vice-Presidente Acadêmico de [email protected]

Leandro Grespan Vice-Presidente Acadêmico de Administraçã[email protected]

nova proposta pedagógica (construtivista) foi lançada com o intuito de promover mudanças na forma de ensinar.

Para qualquer problema, dúvida e/ou informação con-tate: [email protected].

Na EAESP:• Intercâmbio: todas as disciplinas serão oferecidas por

dois semestres após o seu término, com o curso reformulado. Assim, os alunos do curso atual (velho) poderão cursá-lo nor-malmente quando voltarem do intercâmbio!

• Provas Unificadas: as Provas Parciais Unificadas foram regulamentadas seguindo recomendações específicas. Dentre as principais, ressalte que as provas serão alocadas pela Secre-taria e Coordenação, evitando assim, que ocorram duas provas no mesmo dia.

• Double Degree: o double degree com Direito já saiu esse semestre. Alguns alunos de lá já estão cursando o primeiro semestre da EAESP e vice-versa. Em reunião com o Professor Nakano e a Professora Maria Teresa Fleury, o Presidente e os Vice-Presidentes Acadêmicos já adiantaram que se interessam pelo programa com Economia. Recentemente, o Professor Nakano acenou que as secretarias estão trabalhando para acer-tar os aspectos técnicos.

• Estágio Obrigatório: os alunos do curso novo, que atualmente só podem estagiar a partir do 7° semestre, poderão ser beneficiados pois ocorre na secretaria do curso um estudo (a pedido dos alunos e da Coordenadoria) para que as disciplinas do curso reformulado sejam de meio-período a partir do 6° semestre, para que se possa estagiar desde então.

• Créditos Adicionais: os alunos que voltam de inter-câmbio poderão validar seus créditos lá fora normalmente, sem considerá-los como eletivas. Assim, ficam livres para cursar disciplinas eletivas aqui dentro sem o custo do crédito adicional que antes era previsto por cada eletiva ‘extra’ cursada aqui.

• Tutoria: foi concluído um trabalho de reforma do sistema de tutoria. A intenção é, junto com a Coordenadoria, propor um sistema eficiente de tutores e uma relação mais próxima com os alunos, através de reuniões periódicas com os representantes de sala e o coordenador.

• Majors e Minors: foi convocada uma Reunião da Comissão de Graduação Extraordinária para se discutirem exclusivamente as diretrizes do novo sistema de Majors e Minors, que substituirá o sistema de trilhas atual. Um primeiro passo foi alterar os nomes para Área de Concentração e Área de Domínio Conexo, então não estranhe se você ouvir esses nomes.

Aguarde futuras informações, ao longo do semestre, na parte “Você Sabia” dos panfletos de divulgação do DAGV.

Page 25: Edição 78

[email protected]

A Escola de Direito de São Paulo, Direito Gv, como todos sabem, está completando neste ano o seu quinto ano de

funcionamento. A marca fundamental deste curso é que ele ainda é um currículo em formação e que, semestre a semes-tre, vem recebendo alterações e ajustes no sentido de uma solidificação.

Diante deste panorama, pode-se dizer que o Centro Acadêmico Direito GV e, os alunos da Direito Gv de um modo geral, gozam de uma posição bastante privilegiada dentro da escola, na medida em que esta concede aos alunos uma grande autonomia opinativa, o que ajuda a construir um ambiente bastante democrático onde as decisões fundamentais acabam tendo algum tipo de consulta ao corpo discente, o que se não é o ideal, é um cenário aceitável.

Assim sendo, a nova gestão do Centro Acadêmico par-ticipou ativamente do seminário de planejamento para o ano letivo de 2009, onde se discutiu os rumos do curso da escola de direito e, o Centro Acadêmico Direito GV, juntamente com os representantes de sala, pôde expor suas demandas e insa-tisfações com o desenvolvimento e mutações intrínsecas a um curso em formação. Neste seminário, o Centro Acadêmico Direito Gv pode levar demandas concretas aos coordenadores e atentá-los para o fato de que, embora o curso da GV se propu-sesse a formar um profissional versátil, ou seja, um profissional capaz de atuar como Advogado Empresarial, um Formulador de Políticas Públicas e um Acadêmico na área jurídica, o currículo atualmente aplicado, estava privilegiando de modo extremo à formação de um Advogado Empresarial, desprestigiando os alunos que buscaram o curso da Direito GV para uma formação diferenciada e não obrigatoriamente orientada para o mercado.

Ainda tratando do seminário de planejamento, é rele-vante destacar que o Centro Acadêmico Direito Gv se colocou de forma bastante forte quanto ao fato de que a formação da Direito Gv gerou uma percepção no mercado de que o aluno da Gv só estaria interessado ou apto a atuar nas áreas “empresa-riais“ do Direito, a saber, direito societário, tributário, e mercado de capitais. Tendo em vista que a Direito GV se propõe, acima de tudo, a criar um diferencial curricular que vise a excelência na formação de operadores do direito multifacetados que possam atuar habilmente na área escolhida - tal é a força do pensamento autônomo que aqui se pensa cultivar - esse rótulo “empresarial” parece não só contraditório com os valores da Escola como também impõe restrições quanto à oferta de trabalho. Esta constatação baseia-se na situação dos alunos da Direito Gv que já estão sendo inseridos no mercado de tra-

balho através dos estágios e é um dos pontos que nos parece particularmente sensível tratando do acadêmico na Direito GV.

Além disso, considerando que neste ano a primeira turma da Direito Gv estará se formando, haverá uma redis-cussão do currículo da Direito Gv através de um Conselho de Graduação em que o Centro Acadêmico e os representantes de sala novamente marcarão presença e não fugirão de cumprir o seu papel crítico e auxiliador na construção de um curso melhor.

Por fim, o Centro Acadêmico Direito GV ficou bastante surpreso com o aumento da mensalidade ocorrido do exercício de 2008 para o exercício de 2009, uma vez que a mensalidade da escola de direito já ultrapassou a casa dos absurdos três mil reais, o que afetou de forma clara a formação da turma de 2009 na medida em que, pela primeira vez, a lista de aprova-dos superou o centésimo colocado para preencher 50 vagas. Diante disso, é possível perceber que o nível do processo seletivo vem diminuindo de modo que já é possível relativizar se o critério de excelência intelectual é o que está governando a ação da Escola de Direito ou se é a ânsia pela viabilidade financeira do curso.

O QUE O CA DIREITO GV TEM FEITO PELO ‘ACADÊMICO’?

Diego NabarroPresidente do CA Direito [email protected]

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GAZETA VARGAS Edição #7826

- Você dorme durante as reuniões de trabalho?

- Sente um tédio imenso durante as conferências, seminários e colóquios?

Um método eficaz para combater esse problema:

BUSINESS BINGO !Como Jogar:

1. Imprima o quadro que segue antes de começar a reunião, seminário, conferência, etc.

2. Sempre que ouvir a palavra ou expressão contida numa das casas, marque a mesma com um (X).

3. Quando completar uma linha, coluna ou diagonal, grite “BINGO”!

DESENVOLVIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL

HUMOR

Situação nº 1:

VOCÊ FICA DRIBLANDO O SONO EM REUNIÕES EM QUE SUA PRESENÇA NÃO SERVE PRA NADA, E NÃO VÊ A HORA DO COFFEE BREAK CHEGAR

PARA VOCÊ AVANÇAR NAS MIGALHAS DE BISCOITOS E CAFÉ...

Sinergia Mentalidade Agregar Mercado E-mailFollow up Clientes Benefício Parceiros EstratégiaSistema Rendimento Pró-ativo Business Custos

Otimização Foco Cash Flow Em nível de RecursosResultados Paradigma Projeto Implementação Integrar

Impressionado? Veja o testemunho de vários jogadores satisfeitos:

a. “A reunião já tinha começado há 5 minutos quando ganhei!”

b. “A minha capacidade para escutar aumentou muito desde que comecei a jogar o Business Bingo”

c. “A atmosfera da última reunião de direção foi muito tensa porque 14 pessoas estavam à espera de preencher a 5ª casa”

d. “O diretor geral ficou surpreso ao ouvir oito pessoas gritando ‘BINGO’, pela 3ª vez em uma hora”

e. “Agora, vou a todas as reuniões da minha organização, mesmo que não me convoquem!”

f. “Meu chefe achou que eu estava anotando os dados da reunião e ao final da mesma, me parabenizou!!!”

g. “Fiquei tão atento que não dormi em momento algum!”

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[email protected]

- Naquelas reuniões onde seu chefe diz pra você: ‘Diga a todos sua opinião!’

- Nas situações em que você é pego de surpresa na reunião, pedindo seus comentários e você nem sabe do que estão falando.

Conheça nosso Programa “Como falar em público”!

A tabela abaixo permite a composição de mil sentenças: basta combinar, em seqüência, uma frase da primeira coluna, com uma da segunda, da terceira e da quarta (seguindo a mesma linha, ou ‘pulando’ de uma para outra).

Situação nº 2:

COMO IMPRESSIONAR NAS REUNIÕES QUE REQUEREM SUA PARTICIPA-ÇÃO ATIVA, PORÉM NINGUÉM VAI PRESTAR MESMO MUITA ATENÇÃO

NO QUE VOCÊ VAI FALAR...

Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3 Coluna 4

Caros colegas, a execução deste projeto nos obriga à análise das nossas opções de desenvolvimento futuro.

Por outro lado, a complexidade dos estudos efetuados

cumpre um papel essencial na formulação

das nossas metas financeiras e

administrativas.

Não podemos esquecer que

a atual estrutura de organização

auxilia a preparação e a estruturação

das atitudes e das atribuições da diretoria.

Do mesmo modo, o novo modelo estrutural aqui preconizado

contribui para a correta determinação

das novas proposições.

A prática mostra que o desenvolvimento de formas distintas de

atuação

assume importantes posições na definição

das opções básicas para o sucesso do programa.

Nunca é demais insistir que

a constante divulgação das informações

facilita a definição do nosso sistema de formação de quadros.

A experiência mostra que a consolidação das estruturas

prejudica a percepção da importância

das condições apropriadas para os negócios.

É fundamental ressaltar que

a análise dos diversos resultados

oferece uma boa oportunidade de

verificação

dos índices pretendidos.

O incentivo ao avanço tecnológico, assim como

o início do programa de formação de atitudes

acarreta um processo de reformulação

das formas de ação.

Assim mesmo, a expansão de nossa atividade

exige precisão e definição

dos conceitos de participação geral

Impressionado? Veja o testemunho de vários usuários satisfeitos:

a. “Ao terminar de falar, fui aplaudido por todos de pé!”

b. “A minha capacidade de falar em público aumentou muito desde que comecei a usar o método! “

c. “Meu chefe não prestou atenção mas disse que falei muito bem durante a reunião’”

d. “O mais legal foi ouvir antes dos aplausos duas pessoas gritarem BINGO.”

...porque publicar os e-mails não é menos plágio do que repassá-los.

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GAZETA VARGAS Edição #7828

A sustentabilidade está em foco nesses tempos. Porém, poucas pessoas sabem realmente o que é essa tal de sustentabilidade. Práticas sustentáveis, desenvolvimen-

to sustentável, responsabilidade socioambiental são muito discutidos na sociedade civil, no ambiente coorporativo e no ambiente público. Falar sobre sustentabilidade deixou de ser simplesmente um “papo” de ambientalista “hyppie” que quer salvar as plantinhas, para entrar de cabeça no mundo das empresas, no cotidiano das grandes corporações. Empresas globais como GE, IBM, Wall-Mart e Dell pensam não mais em crescimento que seja nocivo, mas em desenvolvimento sus-tentável e estabelecem, assim, uma relação particular com a sociedade, à medida que incorporam aos seus negócios visões, valores e práticas sustentáveis.

Apesar deste movimento envolver corporações de grande porte e de haver um enfoque singular ao tema , a sus-tentabilidade transita em um espaço obscuro entre o desconhe-cimento, a banalização e o mau uso dos termos e dos conceitos. Afinal, o que é sustentabilidade? E esse tal de desenvolvimento sustentável? Responsabilidade socioambiental?

A sustentabilidade, conforme o dicionário, consiste na qualidade do sustentável, ou seja, situação que pode se manter continuamente, pois não exaure os recursos de que necessita para sobreviver. Desse modo, as práticas sustentáveis serão baseadas em decisões que priorizem o equilíbrio dos siste-mas econômico, social e ambiental – conhecido como Triple Bottom Line –, garantido um maior e melhor aproveitamento dos recursos no longo prazo. Portanto, ser sustentável implica em estabelecer que os recursos existentes sejam empregados da melhor forma possível à medida que haja “lucros” sociais, ambientais e econômicos.

Neste contexto, podemos definir melhor o desenvolvi-mento sustentável como um processo de progresso econômico e social que permitirá que todos os seres humanos atinjam boas condições de vida – sem comprometer nossa sustentabilidade. Negócios Sociais – possuem lucro, mas também têm finalidades sociais, como o Grameen Bank, idealizado pelo empreendedor social e Nobel da paz Muhammad Yunus - são exemplos de empresas lucrativas que estabelecem um desenvolvimento sustentável. O Grameen Bank, localizado em Bangladesh, sub-verteu os modelos de bancos tradicionais, trazendo desenvol-vimento às comunidades locais a partir do microcrédito. Em alguns anos, a iniciativa de Yunus tirou 36 milhões de pessoas da linha de pobreza.

Responsabilidade socioambiental, por sua vez, é um valor e se estabelece à medida que uma empresa é conduzida, contribuindo para o desenvolvimento sustentável. O desen-volvimento sustentável é um conceito macro, pois se aplica de

maneira generalista a sociedade, enquanto responsabilidade socioambiental se aplica ao micro ambiente – do indivíduo, da empresa. Assim, podemos nos indagar a respeito da nossa responsabilidade: o que eu, geveniano – advogado, adminis-trador, economista, professor - tenho a ver com sustentabili-dade, desenvolvimento sustentável e responsabilidade social?

Um grande poder demanda uma grande responsa-bilidade. Assim, se somos uma instituição de excelência que possui um significativo poder de formar opiniões em nosso país, não nos cabe uma grande responsabilidade com ele?

Dessa forma, cabe a nós desenhar um pensamento sistêmico a respeito do papel das corporações na sociedade, entendendo que as empresas existem para suprir necessidades humanas - transporte, energia, comunicação - e não para gerar simplesmente valor econômico. Esse movimento, por sua vez, consiste em um processo que não acontecerá do dia para a noite, mas que acarretará na subversão de diversos modelos e valores atuais, definindo um novo modelo de economia e de relacionamento entre empresas, sociedade e meio ambiente. Cabe a nós ser o elo determinante desse processo, trazendo sustentabilidade transversalmente para a sala de aula para assim formar os verdadeiros LÍDERES SOCIALMENTE RESPON-SÁVEIS presentes na missão da Fundação.

A SUSTENTABILIDADE ESTÁ NA MODA !

ENTIDADES

Eitan Blanche é aluno de Administração de Empresas na EAESP e membro do Conexão Social

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[email protected]

Um tanto quanto triste o último aniversário. Longos anos breves. Pudera revivê-los! Qual! Não é possível. Não seria possível: ainda que os revivesse, a emoção da surpresa

seria aniquilada. Apagar a emoção da vida é deixar páginas em branco, ansiosas por fatos que as marquem permanentemente.

Um tanto quanto triste o último aniversário. Encontros com amigos, conversas jogadas fora, vidas jogadas fora. Fora de onde? Talvez do alcance de um olhar machucado, ou mesmo ferido pela própria vida. Talvez da ignorância que nos faz cegos frente ao olhar do outro. O mesmo olhar que lhe faz triste.

Um tanto quanto triste o último aniversário. As datas longínquas parecem ter a diferença de dois dias: um pra se amar, outro pra se sofrer por este amor. O conteúdo das emba-lagens torna-se dispensável, bem como a própria embalagem. Ficam os gestos. Ficam olhares. Ficam anseios.

Um tanto quanto triste o último aniversário. Quisera saber tudo sobre pouco, ou talvez um pouco de tudo. Quisera ter visto mais olhos, ouvido mais vozes, apertado mais mãos,

abraçado mais pessoas, sentido mais corpos. Quisera fazer em mim o universo, sem saber que já o era.

Um tanto triste o último aniversário. Na sensação mais abstrata que pude ter, sentia que

não mais usava da razão. Sentia até que não sabia o que era, o que fora, o que seria. Ah, o que seria! As hipóteses eram tantas que não mais vivia: apenas pensava. Se pensar é existir, existia sem viver.

Um tanto triste o último aniversário. Quantos eu vi. Quantos jamais veria, não fosse... Quan-

tos voltei a ver. Os olhos deixaram de refletir-se. As vidas já escolheram hipóteses distintas. As mãos não mais se encon-tram. Os dias demoram hoje bem mais que apenas dois. Uma vida fora da outra. Outro aniversário que não mais voltará.

Quisera eu que meu aniversário tivesse sido um tanto quanto menos triste.

FELIZ ANIVERSÁRIO

ESPAÇO ABERTO

Heitor Bravi 5º semestre de economia

Texto enviado em 29/10/2008

Quer ver seu texto publicado na Gazeta?

Entre em contato conosco através de: [email protected]

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GAZETA VARGAS Edição #7830

Mudanças. É engraçado como temos receio delas, mesmo das que cremos ser para melhor. Não parece ser por falta de capacidade, pois é difícil negar a habi-

lidade do ser humano de se adaptar relativamente rápido a diversos ambientes e situações.

Porque então o processo de mudança, mesmo as peque-nas, é para a maioria tão emocionalmente desgastante? Tenho uma tia que usa o mesmo batom há 30 anos, estando na chuva, no frio, na Sibéria ou na praia. Ela diz que gosta de “manter as tradições”. Faz pensar se às vezes esse apego às pequenas coisas é uma maneira de suprir certa carência de tradicionalismo, em muito perdido nos dias de hoje.

Às vezes nem percebemos a inconveniência de certos hábitos e continuamos a praticá-los, pois é o que nos parece natural. Como uma amiga da Vovó que insiste em usar câmeras antigas, pois gosta da surpresa de ver a foto somente quando revelada (no uso das digitais a maio-ria fica eternamente em alguma pasta do computador).

Temos também grande ânsia por estabilidade, senso de familiar, sentimentos que possam equilibrar a rotina. Senti isso tirado de mim recentemente, quando mudei da casa na qual morei por toda a minha vida. Sinto falta das coisas mais banais, da vista da janela, da arvorezinha da sala, até mesmo do ângulo torto no qual ficava a TV o que me causava dores no pescoço ao assisti-la. Chegar em casa e res-pirar fundo aqueles cheiros que só a nossa casa tem. Os truques das maçanetas, fotos, memórias de criança e adolescente espalhadas pelas paredes.

É dolorido deixar tudo isso pra trás, sabendo que não existirá esse lugar para voltar e visitar, não da forma como eu lembro dele. Nem o bolo de carne da Mãe assando no forno, nem a roupa lavada, passada e dobrada em cima da cama aos domingos (ah, como sentirei saudades dessa!).

O presente, o atual, é ao menos mais fácil de lidar. Acre-ditamos ser mais fácil pois estamos acostumados. É por isso que muitas vezes deixamos de ousar, de revirar nossas vidas e reavaliar as opções a nossa volta. Vizualizar se de outra maneira seria melhor pode ser duvidoso, pois o vício em comodismo nos faz sonhar outra realidade, que na verdade é a mesma de sempre, tirados os defeitos que nos incomodam. Por exemplo, quando deixei minha antiga faculdade pela GV visualizei que aqui teria tudo de bom que a outra tinha, excluídos os aspectos

negativos, e essa noção me deu forças para tomar a decisão. Doce ilusão....alguns problemas somem, outros aparecem. Mas o importante é que são novos, portanto nos dão novas perspectivas, novas reflexões.

Toda mudança pode ser uma evolução, se encarada dessa forma. Mesmo as “más” experiências nos ensinam algo, amadurecem, se lidarmos com elas de frente e sem resistências. Indaguei uma amiga recentemente sobre o término de um namoro, perguntei o que era mais difícil de superar. “O dia-a-dia do namoro...é estranho não ter a presença dele todos os dias.”, foi a resposta. Me perguntei se não deveria ser do namorado em si, da sua pessoa, seus maneirismos, sua companhia e seus traços únicos de personalidade. Percebi que no caso o medo da mudança era maior que o sentimento de perda.

Um aspecto que realmente me assusta é o ritmo das mudanças nesses últimos tempos. Alguém já leu algo que

escreveu quando tinha 14 anos e se julgou completamente débil? Que menina nunca quis morrer ao relembrar algumas escolhas “fashion” do passado, como sandalhonas de plataforma de borracha ou botas de rave? . Aliás, chego a desacreditar de atitudes minhas de dois meses atrás. Às vezes sinto como se estivesse correndo em direção a mim mesma, e cada vez pareço mais longe de me alcançar.

Crianças são mais abertas à mudanças. Um dia querem ser astronautas, outro dia bailarinas,

e no outro pesquisadores de lulas gigantes em Fiji. Trocam de amigos, de cores favoritas e de medos constantemente. Porque para elas tudo parece uma boa idéia.... Naquele instante em que a observei, montar um castelo feito de sushi parecia poten-cialmente divertidíssimo para a menininha sentada próxima de mim. A mãe, ao voltar do banheiro, notou horrorizada a faça-nha da filha e os olhares curiosos. Esboçou uma tímida risada e apressou-se em demolir as paredes de peixe cru, talhadas com tanto esmero pela prole. A menina lamentou por alguns instantes o fim da carreita de Arquiteta, e prontamente partiu empolgada para a tarefa de fazer uma mistura atômina usando todos os ingredientes da mesa (um passatempo favorito meu quando pequena.)

Sim mudanças são boas. Mas seriam ainda melhores se conseguíssemos nutrir verdadeira admiração por elas, apreciar realmente as novas oportunidades. Espero que não seja tarde demais para castelos de sushi.

MUDANÇAS

CRÔNICAMaria Julia Iudice

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RAÇA JACARÉ

Aquecimento para Economíadas

(ritmo: Mamonas Assassinas – Brasília Amarela)

GVEstaremos contigoEscola de TradiçãoNão importa o que digamSempre a levarei comigo...

Bata preta e amarelaMinha cerveja na mãoFea-usp/Puc/Mackenzie/ Ibmec me esperaPara começar a guerra...

Xalaiálaiá... (3x)Raça me deixa doidãoXalaiálaiá... (3x)GV do meu coração!

(ritmo: White Stripes)

Muito mais que a fea... Muito mais tradição...Minha GV querida...Tá no meu coração...ÔooooooÔooooooÔoooooo

Xalaiálaiá... (3x)Raça me deixa doidãoXalaiálaiá... (3x)GV do meu coração!

(ritmo: Hino do Flamengo)

Estou aqui, para torcer Pela minha FGVÉ o maior prazer,Poder cantarE dentro dela,Me orgulharDe Ser FGV!

UMA VEZ GV, GV ATÉ MORRER!

Tu és escola de tradiçãoRaça, amor e paixãoOlê, GV! Eu sempre te amareiAonde tiver estarei,Olê, GV!

E ninguém calaEsse nosso amorE é por issoQue eu canto assimÉ da GV que eu souOOOOOooooOOO

Vou torcer pra GVBebendo BrejaE com a vitóriaRaça festeja

Vou gritar, pular até o fimNão vou parar,Eu sou da RAÇA!

No Economíadas vou torcerÉ pra GV,Sou Filho de Vargas!

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