Edição 89

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Gazeta Vargas #89

Transcript of Edição 89

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Flagra

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GAZETA VARGAS

Marx??

Em uma tentativa de subjulgar qualquer forma de pen-samento não convencional e exaltar a mente capitalista dos futuros administradores desse Brasil, o DAGV fez uma camiseta com a foto de CHE GUEVARA e uma mensagem destinada ao MARX. Tudo bem, nós entendemos a piadi-nha, mas sério? precisava misturar os dois?

É importante também destacar a manga da camiseta, que possui o logo da atual gestão do CA; a CHAPA RESGAT E, o que reforça o discutido no contra-ponto...

Karl Marx

Che Guevara

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Editorialwww.gazetavargas.org

GAZETA VARGAS

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Alípio Ferreira – Editor [email protected]

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Karina Goulart Gil Choi – Revisã[email protected]

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ArtePedro T. R. Beraldo – Diretor de Arte [email protected]

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InstitucionalRafael Rossi Silveira – Diretor [email protected]

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DISCLAIMERA Gazeta VarGas não se responsabiliza por dados, informações e opiniões contidas em textos devidamente identificados e assinados por representantes de outras entidades

estudantis, bem como nos textos publicados no Espaço Aberto submetidos e devidamente assinados por autor não presente no expediente desta edição. Todos os textos recebi-dos estão sujeitos a alterações de ordem léxico-gramatical e a sugestões de novos títulos. Por ser limitado o espaço de publicações, compete à Gazeta VarGas a escolha dos textos que melhor se enquadram na sua linha editorial, sendo recusados os textos muito destoantes acompanhados das devidas justificativas e eventuais sugestões de alterações.

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ArteMarina Silva – Editora -Chefe - 6 [email protected]

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Marina Silva

O evento mais marcante do semestre, até agora ,foi o fracasso da Guinevere

VI. A Gazeta foi atrás dos mem-bros do CAGV para descobrir o que aconteceu e o que é boato. Acabou a bebida? Tinha cama-rote? Havia open-bar diferente no camarote? Foram vendidos ingressos a mais? São perguntas como essas que buscamos res-ponder. Também apresentamos as justificativas apresentadas pela entidade. E como a Gazeta não é jornal e sua imparcialidade não é regra, também fazemos uma análise crítica do ocorrido e das justificativas expostas pelo CA.

Os alunos de Administração e Economia que estão se questio-nando quanto à relevância do tema para suas vidas obtém suaS res-postas no texto “Uma coisa é uma coisa”, o qual explora a relação en-tre as festas da FGV. A forma como uma festa influencia na outra.

Outro pecado do CA que des-cobrimos é um furto ocorrido na sede deste, localizada a rua Itape-va, que foi abafado pelos membros da entidade. A Gazeta apresenta aos leitores os fatos do ocorrido, assim como uma analise crítica da

postura do CAGV neste caso. A Gazeta nesta edição também

passou um olhar crítico na relação entre entidades e alunos, focando no marketing que é empregado a fim de se arrecadar novos mem-bros. Também analisamos o poder de atuação do aluno dentro da FGV. É muito fácil questionar a falta de conquistas dos entes acadêmicos, mas também é necessário analisar quanto estes são capazes de fazer.

E por fim, como não poderia dei-xar de ser, a pintura realizada no DAGV pela atual Chapa Resgate é debatida no contra-ponto. A ques-tão é simples: O logo da Chapa na pintura representa um proble-ma? O debate estende o debate e abrange a postura do DAGV como um todo. Uma coisa é clara para a Gazeta, trata-se de uma forma de “Malufismo” a questão que se abre, portanto, é da necessidaade e justificabilidade desta postura.

As Festas, pinturas e o espaço do aluno

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Curtas

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GAZETA VARGAS

Curtas da Gazeta #89Grandes Palestras

Grandes palestras: Aconteceram no mês de setembro

várias palestras aos alunos da gradu-ação interessados, podendo destacar a Leadership Summit 2011 e a pales-tra com CEO da Riachuelo. O quórum impressionante é resultado de grande expectativa a esses dois grandes even-tos, além de conterem palestrantes de muita importância no âmbito nacional. Leadership Summit foi apoiado pela FGV-EAESP e obteve uma avaliação muito positiva dos presentes. Também a palestra com Flávio Rocha, CEO da Riachuelo, foi bastante interativa e atu-al a todos os alunos presentes.

O elo perdido

A lista de presença das eleições do se-mestre passado para a gestão do DAGV foi extraviada. Incompetência ou desca-so? O fato é que no final a Gestão Res-gate teve que penar para recuperar em dois dias pré-definidos todos os presen-tes. As mais de quinhentas assinaturas que implicam em votos totais deveriam ter sido recolhidas para provar efetiva-mente a vitória da atual gestão. Sem a lista completa é impossível provar a le-galidade da eleição. Se todas as assina-turas foram efetivamente recuperadas em dois dias não foi anunciado... Sim-plesmente silenciado o problema..

Modelo chinês de gestão

Crescimento, qualidade, apoio da população... Não é a China não. Gestão Resgate começou a gestão com todas as qualidades chinesas, mas incrivelmen-

te com todos os defeitos. A qualidade dos projetos e eventos é inegável, mas a transparência de informação, princi-palmente as financeiras, deixam total-mente a desejar. É importante salientar que prejuízos em escala podem afetar a gestão no futuro. Já existe necessidade de arrecadar fundos para cobrir os bu-racos financeiros que os alunos desco-nhecem. A Gioconda Warm-Up (antiga Gioconda Private) é já exemplo disso. Quem avisa amigo é...

Solidariedade esportiva

A AAGV neste semestre se voltou a uma atuação louvável na área de sus-tentabilidade e solidariedade. O projeto feito com crianças carentes das comu-nidades no mês de agosto obteve mui-to sucesso e aceitação e a Gazeta VarGas apoia essa iniciativa da Atlética. Além disso, vale lembrar a bem executada semana esportiva com palestras inte-ressantes sobre diversos temas, abran-gendo o esporte. A AAGV fez o aluno lembrar que existe algo muito mais am-plo que simplesmente o Economíadas uma vez ao ano. Nossos votos por mais sucesso.

Epílogo da biblioteca

Depois da derrubada da norma so-bre entrada de mochilas na biblioteca da EAESP os armários ficaram definiti-vamente sem função. A gaveta com as chaves foi aposentada e os guardado-res retirados, abrindo espaço para um novo ambiente. A biblioteca já permitiu a ocupação desse perímetro por um te-lão e estantes de livro, além de um sofá. O objetivo ainda não ficou claro para

aquele novo espaço, mas como vaga dentro da FGV é um recurso escasso, logo mais darão uma finalidade a este.

Programa bebida consciente

Após um seminário feito na USP sobre o consumo de bebidas alcoólicas, a Atlética busca uma parceria com a empresa Skol para repetir o mesmo. A Gazeta VarGas obteve acesso à introdu-ção dessa palestra: “O abuso de álcool e drogas é um grande problema no nicho universitário, ainda mais combinado com outros fatores como direção, agres-sões, confusões, etc. A solução vem de três formas: prevenção, mobilização e conscientização. Tal solução deve ser um reflexo não só das faculdades, mas da sociedade como um todo.” Para mais é preciso esperar o evento em si.

A volta dos que não foram... aprovados

Na última terça- feira houve a pri-meira Câmara Discente do semestre com objetivo central de discutir a tão aclamada aprovação do projeto sobre a Reavaliação (Reaval). Lembrando que este projeto historicamente já enfren-tou muito oposição na EAESP, única escola da FGV sem a possibilidade de reavaliação. A Gazeta VarGas faz um ape-lo ao Diretório Acadêmico que busque a aprovação desse projeto com certo pragmatismo e realismo, já que este mesmo foi derrubado em vários mo-mentos do passado devido a questiona-mentos pelo corpo docente no tocante a proposta.

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Curtaswww.gazetavargas.org

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Reformulação à vista... de novo...Em menos de dez anos o curso de ad-

ministração de empresas foi reformu-lado quatro vezes, sendo a sua quinta chegando em 2012. Não foram divul-gadas informações concretas sobre o novo curso, a não ser que algumas dis-ciplinas serão modulares. Outro fator que deve ser incluído é a necessidade de enxugar matérias. Isso é um ponto polêmico para o corpo docente, mas se feito com propriedade será um benefí-cio aos novos ingressantes. Contudo é importante explicitar que reformula-ções não deveriam ser tão recorrentes a exemplo de outros cursos superiores que evitam tal prática reiterada devido ao seu oneroso custo. Mas aqui é sim-ples... Está com problema? Reformula...

Rumo à liberdade...

A Escola de Direito da FGV veem desde sua criação auxiliado seus alu-nos a ingressar no mercado de trabalho por meio da feira de estágios. Nesta os alunos não apenas aprendem como se portar em entrevistas mas também recebe auxilio na escolha da futura carreira. Além disso, a EDESP media o

contato entre os escritórios e os alunos. Essa postura paternalista da Escola, no entanto, está prestes a mudar. A partir desse ano o contato com os escritórios será feito pelo aluno. Apesar de a facul-dade ainda trazer os futuros emprega-dores para palestras e facilitar a vida do aluno, caberá a este fazer o contato e garantir que o empregador solicite à EDESP o seu currículo.

O que a PUC, a GV e a queda do Ministro da Agricultura têm em comum?

No dia 19 de Agosto foi publicada no jornal A Folha de São Paulo uma repor-tagem com uma série de denúncias de fraude envolvendo a Fundasp – Funda-ção São Paulo, órgão mantenedor res-ponsável pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), e a FGV. Essas denún-cias teriam feito parte da série de es-cândalos e irregularidades que levaram á renúncia do Ministro da Agricultura, Wagner Rossi, no dia 17 de Agosto.

O que aconteceu? A PUC estava con-correndo a uma licitação que tinha por objetivo fornecer treinamento para os funcionários do Ministério da Agricul-tura. Segundo as denúncias publicadas,

uma proposta de licitação no nome da FGV foi montada e usada para entrar como concorrente da PUC. Nessa pro-posta, foram usados tanto o nome e o timbre da Fundação Getúlio Vargas, como também a assinatura (forjada) do coordenador do PEC, Antonio Dal Fabbro.

O contrato, feito no ano passado (em Agosto de 2010) teria sido intermediado por Júlio Froés, lobista que mantinha uma sala no Ministério da Agricultura, e que foi acusado de distribuir suborno aos funcionários com o objetivo de que a Fundasp conseguisse o acordo. A PUC então conseguiu a licitação, assinando o contrato que seria de R$9,1 milhões, dos quais ela já havia recebido cinco mi-lhões até agora.

A Fundação Getúlio Vargas, que de-clarou nunca ter estado interessada na licitação, pediu a abertura de um inqué-rito para investigar o assunto e a PUC abrirá uma comissão de investigação a fim de averiguar a participação de fun-cionários no caso. Até agora, a comissão foi adiada, sob a alegação que o tempo não seria suficiente para ouvir todas as testemunhas do caso. No entanto, a PUC também afirmou que anularia o contrato e devolveria o dinheiro rece-bido até então, caso a fraude, que está sendo investigada pela Polícia Federal, fosse comprovada.

Curtas da Gazeta #89

Altos e BaixosEm alta

» Giovanna

» O dólar

» violência gratuita

Na mesma » Cerveja no DA

» Fachada da FGV na Nove de Ju-lho

» AMPEC obrigatória para econo-mia

Em baixa » Muamar Kadafi

» Rating USA

» Lei anti-fumo no inverno

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Gazeteando

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GAZETA VARGAS

Ser ou não ser entidade? Os benefícios de uma entidade são muitos, contudo existem limites?

Luiz Fernando Lockmann

É inegável que um dos benefí-cios mais intangíveis e não quantitativos que a FGV pro-

porciona aos seus alunos é a possi-bilidade de vivência “profissional” em suas atuais treze entidades es-tudantis. Realmente, em alguns ca-sos, fazer um indivíduo de 19 anos, na maioria das vezes, trabalhar de sábado de manhã nas férias parece um trabalho de quase bruxaria. É de se duvidar da veracidade do lado positivo que a entidade estudantil traz realmente para o aluno, mas re-sultados atuais mostram que os be-nefícios tornam-se bem evidentes. Entretanto, esta busca pelo mesmo benefício está se tornando cada vez mais comum no ambiente acadêmi-co da EAESP principalmente, cau-sando certos problemas. Em uma passada rápida no 7° e 1° andar para checar as listagens das entidades em seleção quase finais já se atesta o maior problema potencial que todo o ambiente organizacional gvnia-no irá ter que enfrentar daqui para frente: o inchamento dos processos seletivos.

Não é de hoje este processo de po-pularização de inscrição nas princi-pais entidades de consultoria, já que em menos de três anos estas mes-mas chegaram a patamares pouco sonhados nos seus tempos de inicio. Tirando a AIESEC, consultoria mais antiga da FGV, as três entidades com crescimento mais vertiginoso em tempos curtos foi inegavelmen-te Empresa Junior, Junior Publica e RH Junior. No marginal do cresci-mento deste core figuram-se as en-tidades menores, cujo crescimento pode ser enxergado claramente com

o volume maciço de candidatos em processos seletivos, principalmente nas entidades Conexão Social, In-ternational Network e ITCP. Nunca antes foi visto tamanho volume de inscrições em primeira fase de pro-cesso de seleção, às vezes até trans-passando o volume de membros efe-tivos dentro da própria entidade em certos casos. Todo esse crescimento enfrenta hoje o chamado inchamen-to de processos seletivos, os quais são cada vez mais impulsionados a serem mais profissionais, rígidos e principalmente selecionadores.

O questionamento mais impor-tante é saber se essa demanda do aluno pelas entidades, quer seja de consultoria, quer seja de projetos ou de representação, pode ser compor-tada por estas mesmas. No minuto em que existe contingente maior de novos ingressantes em dado semes-tre dentro de dada entidade, tais membros devem ser consequente-mente comportados à estrutura da mesma. Se o processo seletivo não selecionar eficientemente um per-fil adequado tem-se a possibilidade das entidades, principalmente as de consultoria e de projetos, deterem um contingente muito grande de membros sem um direcionamento especifico. Aí se cai exatamente na possibilidade de uma grande incoe-rência na forma como o marketing dos processos seletivos é veiculado. Abranger cada vez mais um público potencial para ingressar em entida-des está superando a margem natu-ral de reposição de recém ex-mem-bros. Sem uma estrutura definida para comportar isso e se o marke-ting só for estimulado para o cres-cimento qual é o limite do beneficio que uma entidade traz?

O maior diferencial não exteriori-zado que se é veiculado pela comu-nicação indireta das entidades estu-dantis é a sensação de exclusividade. Cada membro internaliza diversos procedimentos durante o processo de treinamento, contudo um grande denominador comum é este senso de ser exclusivo e fazer parte de um grupo não ortodoxo gvniano. Alguns marketings mais intensos de capta-ção de novos membros já buscam exteriorizar este conceito através da veiculação do termo chamado “de-senvolvimento pessoal”. Este eufe-mismo serve para suprir diversas demandas de membros pleiteantes, sendo os exemplos mais clássicos a necessidade de se identificar com um grupo, vaidade própria, busca por novos amigos, entre vários de-sejos íntimos pessoais. Colocar esta variável de cunho pessoal dentro de um marketing de seleção é um tanto incoerente na busca por perfis pro-fissionais, uma vez que nunca é claro qual critério é colocado para definir um candidato apto ou não. Caso esta variável não seja retirada, cada vez mais existe a possibilidade de cria-ção menor de membros desenvolvi-dos profissional e pessoalmente.

O que se é visto em alguns casos é a criação de, em falta de definição melhor, autômatos que repulsam críticas pertinentes ao seu ambien-te.

Outro problema a ser identificado é o período de permanência dentro da entidade em si, o qual está se tornando cada vez mais longo. De-vido ao não conhecimento de quan-do adentrar ou não nas seleções, os potenciais candidatos, principal-mente os calouros da GV, buscam diversos processos seletivos muitas

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mente que o relacionamento cordial entre as mesmas morre no minu-to em que conflitos burocráticos, a exemplo de processos seletivos, sur-gem. A união entre os alunos como corpo discente não deve ser substi-tuída pela união tão somente inter-na das entidades estudantis; ambos devem caminhar idealmente lado a lado.

É importante ressaltar que a enti-dade de qualquer estirpe é composta irremediavelmente por alunos de 18 a 24 anos (às vezes mais velhos, con-cordo), e seus candidatos a futuros membros possuem os mesmos 18 a 24 anos de idade. Não existe dife-rença alguma entre o ingressante na entidade e o não ingressante no que se refere às matérias acadêmicas ou pessoais. As competências são mui-to similares uma vez que a faculdade que se é feita desenvolve habilidades semelhantes. Por isso, não se deve colocar um espaço e pedestal duran-te o período de processo de seleção como forma de criar a falsa imagem de superioridade. A vaidade não deve permear essa passagem, uma vez que pioramos o já problemático viés da arrogância que o aluno gv-niano carrega.

Deixemos claro que os procedi-mentos de seleção, recrutamento e desenvolvimento das entidades são sim extremamente legítimos. Foi pensado em diversas formas de

vezes completamente diferentes. A necessidade quase intrínseca do aluno em participar de uma entida-de por um período de tempo cresce inegavelmente, tanto que a maioria dos formandos completa atividades complementares quase que exclusi-vamente com horas de permanência nas entidades. Este período torna-se cada vez mais longo, o que dificul-ta no giro de novos ingressantes ao mesmo tempo em que não é possível reduzir a proporção dos processos seletivos em si. Quem sabe uma mo-dificação na estrutura de comunica-ção possa ser uma maneira eficaz de reduzir de um semestre para o outro determinada demanda dos alunos. Contudo, isso só pode ser feito em conjunto, colocando em prática a função primordial da Liga das Enti-dades que deveria ser a auto-regula-mentação das ações das suas compo-nentes.

O que se vê nos dias atuais é um simples acordo dos compositores da macro entidade em resolver pendên-cias burocráticas de calendário pura e somente. O potencial que a LIDEN possui de união em matéria de criar demanda frente à Coordenação é enorme. Os eventos por esta desen-volvidos deveriam ser para propor-cionar benefícios a todos os alunos e não jogar goela abaixo dos mesmos a necessidade de escolher uma das entidades existentes. Parece sincera-

como otimizar para garantir os me-lhores membros ou os mais aptos para ingressar na entidade X. Con-tudo, o lado pessoal deve ser cada vez mais expulso do processo de inscrição ou o problema da alta na demanda, quer seja por consultoria ou projetos, somente crescerá. Mo-tivar esse contingente de indivíduos não será fácil uma vez que existem interesses distintos durante o trei-namento interno.

Presenciei processos de re-estruturação louváveis de várias en-tidades feitas por grupos de pessoas engajadas em modificar uma deter-minada situação. Contudo, tudo foi feito no maior respeito a competên-cia e capacidade de seus membros sem a necessidade de crescer em função dos “competidores”. A reali-dade de mercado entre alunos tanto dentro quanto fora da sala de aula e o ambiente de competição deveria ser reduzido para uma melhor convi-vência em longo prazo. As entidades são espaços potenciais ótimos para desenvolver um aluno, mas não até o momento que este transforme o seu ambiente e a sua vida em função da entidade. Portanto, ser ou não ser de uma entidade é uma decisão que cabe tão somente ao interessado, o qual deveria decidir com senso crí-tico e principalmente pela busca da realização de um interesse real exis-tente.

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Contraponto

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GAZETA VARGAS

Um símbolo, uma marcaA separação entre público e privado é clara, mas situações atípicas tornam os indivíduos criativos

Luiz Fernando Lockmann

Qual é a surpresa de enxergar o 1° andar de cara nova logo nos primeiros dias de aula?

Uma pintura de La Gioconda foi fei-ta para dar um símbolo ao recém--criado espaço Julio Cesar Grimm Barki – homenagem ao aluno as-sassinado semestre passado em cri-me brutal. A ação além de louvável do ponto de vista da lembrança de Julião, como era conhecido, indica uma nova era no que se refere à vei-culação de comunicação entre alu-nos e seu órgão representativo legal DAGV. Contudo, a polêmica gerada não está na pintura em si, mas em uma parte dela, na qual figura um lo-gotipo da atual Gestão Resgate, logo este impulsionador de discussões sobre legalidade, mistura do público e privado, etc. Teria a Gestão Resga-te poder para criar uma marca sob a égide do DAGV? Não deveriam se restringir e tornam-se após a vitória mais uma gestão atemporal?

A resposta é um tecnicamente sim, entretanto situações atípicas impulsionam os indivíduos a agirem atipicamente. Vivemos hoje uma si-tuação anormal, esta advinda por um processo mais amplo que sim-plesmente uma decisão pontual de colocar um logo na parede de um an-dar qualquer. O processo de deterio-ração do símbolo e do nome DAGV por si só causou este momento his-tórico que vivenciamos e isso foi possível enxergar demasiadamente nesta última eleição. A então chapa Resgate venceu um embate tríplice, sem presenças de FBKs, nunca an-tes visto devido a necessidade que o corpo discente mais velho de tentar modificar uma situação vigente.

A antecessora Acesso, ao contrá-rio do que pensa, não deu fim à cha-mada crise do Diretório Acadêmico iniciada em Dezembro de 2009; vingou-se um processo contínuo de afastamento entre representantes e representados, o que auxiliou dema-siadamente nesse processo de falên-cia. Moralmente o DAGV em julho de 2011 foi encontrado em franga-lhos; alunos não detinham interesse e a então Chapa Resgate foi eleita com o simples princípio: resgatar o conceito Old is Cool. A diferença básica entre Resgate e Acesso é o seu amplo apoio desde as entidades estudantis até alunos individuais. Sua principal base eleitoral é inega-velmente a Bateria Tatubola, o que facilitou e muito angariar votos. Na sua entrada no poder a abordagem dada no que se refere a planejamen-to estratégico foi completamente diferente, onde o questionamento da legalidade não entra mais em questão. Foi instaurado, pela falta de palavra melhor, o malufismo da comunicação do DAGV, sem, é claro, a sua conotação negativa. O nome Gestão X sempre foi utilizado pejo-rativamente para veicular críticas, contudo atualmente houve a mu-dança desse conceito para positivo.

Importante ressaltar que sem-pre existiu a necessidade de veicu-lar com destreza uma comunicação eficiente, principalmente para o gv-niano típico, pois este detém pouco grau efetivo de interesse no tocante a atividades de representação dis-cente. O malufismo veio cair como uma luva para o interesse de resga-tar a imagem moral do DAGV, crian-do-se assim a situação atípica já mencionada. Concordo plenamente com a forma de veiculação da infor-

mação atualmente, a qual é massifi-cada nas redes sociais e em espaços de inserção do aluno. Gestão Resga-te tornou-se marca de substituição ao esquecido e humilhado DAGV. Essa dissociação está se provando extremamente eficiente do ponto de vista da criação de um símbolo maior que representaria o elo nova-mente entre representantes e repre-sentados. Tanto que os benefícios aos alunos, palestras, eventos de sucesso são exaltados e os erros são apagados. Muito me choca os estar-recidos com a criação de um símbo-lo, uma vez que aprende-se dentro dos cursos gvnianos as estratégias de marketing para conquistar um público alvo. Chapa Resgate foi elei-ta para isso e todos os eleitores ti-nham consciência da criação de um novo ente acima do DAGV, retorno as festas de qualidade, benefícios tangíveis aos alunos e a não preocu-pação financeira com o longo prazo.

Portanto, desenhar o logotipo de uma gestão dentro de um espaço tecnicamente atemporal não é tão ilógico. Os representantes são em última instância os representados e a ausencia de críticas ferrenhas ao logo do período somente reafirma esta ideia de aprovação. Esta veio de um processo de comunicação malufista, sem qualquer juízo de valor, muito eficiente. Em conclu-são a criação da marca auxilia nesse processo de resgatar os ideais anti-gos proposta pelo atual grupo. Para resgatar a imagem do DA talvez seja necessário desconstrui-lo de uma vez e repor com um símbolo total-mente novo para os representados. Dá-se tempo a marca DAGV para que se regenere. Quem sabe no fu-turo, poderíamos retira-la da gaveta novamente. O dia de hoje ainda é necessário ser para o bem comum, Gestão Resgate.

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Contrapontowww.gazetavargas.org

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Marina Silva

No início desse semestre uma novidade apareceu no DAGV: o piano foi mudado

de lugar e ao seu redor surgiu uma pintura. Mas há um detalhe que chama atenção tanto quanto a pin-tura em si, o logo da chapa eleita para exercer as funções do DAGV encontra-se estampado no meio da pintura.

Alguns não conseguem enxergar o problema advindo desse tipo de postura, que seja pintar o logo da chapa, afinal de contas é só pintar por cima quando a próxima gestão entrar. Como o logo está inserido no desenho, pintar por cima re-presenta apagar toda a pintura já realizada e retornar o espaço a sua posição original. Isso representa um claro desperdício de recursos, os que serão utilizados para apa-gar a pintura e os que foram de-mandados para realiza-la. Diante disso, questiona-se o sentido de se fazer uma alteração se não há o objetivo de mantê-la.

O DAGV é um ente político, con-tínuo e impessoal, ou seja, inde-pendentemente de quem ocupe a posição dos cargos eleitos, ele con-tinua com a mesma personalidade jurídica e aquele que assume sua administração perde sua persona-lidade e adota a do DAGV quando em exercício de suas funções. As-sim como a presidente Dilma não é a pessoa Dilma quando senta em uma mesa para negociação, mas sim a presidente do Brasil, a Chapa Resgate não é uma Chapa quando negocia uma pintura no espaço do DAGV, mas sim o próprio DA. Caso tivessem a realizado como Chapa,

O ChapismoConfusão entre o público e o privado e o fim da imagem do DA

estariam claramente utilizando vantagens do posto que ocupam para ganhos pessoais, uma vez que os únicos que podem realizar alte-rações no primeiro andar da FGV é o DA e não uma chapa. E por isso não faz sentido que eles atribuam os méritos de seus feitos à chapa e não ao DAGV. Além disso é de se refletir sobre a necessidade da continuidade das políticas adota-das, se o objetivo é deixar o espaço mais agradável, por que isso deve limitar-se ao período no qual a Chapa Resgate é representante do DA?

Mas, acima de tudo, a razão pela qual este debate é relevante encon-tra-se no fato de a posição do atual DA de se apresentar como Chapa Resgate não se limita a pinturas realizadas nas paredes, trata-se da forma de atuação do DA frente aos representados. Há uma clara separação entre a entidade DAGV e a chapa eleita pelos alunos, como se fossem entes separados e inde-pendentes. Isso reflete diretamen-te no universo geveniano.

O principal problema dos DAs atuais é a ausência de engajamento político do aluno. A crise de popu-laridade do DA vem se propagan-do desde 2009, isso aliado à apatia do aluno com relação a qualquer forma de política na faculdade é preocupante, e é papel do DA re-alizar essa aproximação entre os dois pólos. Ao se apresentar como chapa, a atual gestão pouco contribui para essa aproximação. Não há de se negar que os atuais representantes do DAGV têm rea-lizado uma boa promoção de seus feitos, e possuem um alto índice de aprovação perante os alunos. Mas, o problema encontra-se no fato

de que todo e qualquer esforço de aproximação do aluno será com a Chapa Resgate e não com o DAGV.

Deve-se pensar no longo prazo, uma vez que daqui a um ano não será mais a atual Chapa Resgate representando o DAGV. A posição adotada pela Resgate não apenas é ineficiente sob essa perspectiva, em termos de aproximação com o aluno, como também é prejudicial. Quando a atual gestão deixa de lado o nome DA e passa a adotar o de sua Chapa, todo e qualquer be-nefício trazido para o aluno é co-nectado à chapa, ficando a imagem do DAGV estanque no tempo e es-paço como algo negativo. Essa di-ferenciação faz com que aumente esse caráter negativo do DA, sen-do este afastado da Chapa, cria-se uma idéia de oposição, quanto me-lhor for a chapa, pior é o DAGV.

A Chapa optou pelo caminho mais fácil, uma manobra política eficaz para os membros da cha-pa, mas prejudicial para o DA. Ao se distanciar do DAGV, a Chapa também o fez da crise que este se encontra. Ao invés de ter que reer-guer o nome do DAGV, ela precisa apenas criar um bom nome para si mesma. O preocupante, no en-tanto, é como ficará o DA no fim desta gestão. Quanto mais se evi-ta um problema, maiores propor-ções este adquire, e adiar a crise do DAGV por mais um ano pode trazer resultados muito negativos para a FGV. Dentre eles uma pos-sível continuidade desta política pelas próximas chapas, e transfor-mação do ente político geveniano em uma série de chapismos, sem continuidade e sem conexão de uns com outros.

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Política Interna

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GAZETA VARGAS

Roubo CAMarina Silva

No meio de julho des-se ano a

sede do Centro Acadêmico foi roubada e leva-ram um PlaySta-

tion 3. Para aqueles que pensaram: “Eu sei do roubo do CA, já passou”, o que eu tenho a dizer é que vo-cês estão enganados, a história se repete, mas com algumas diferen-ças. Ao contrário do acontecido da última vez, desta, o furto ocorreu em plena luz do dia, com o CAGV em funcionamento. Na casa esta-va o caseiro e três alunos da FGV e foi levado o PS3, recém adquirido, mas que devido a alguns proble-mas de funcionamento não havia sido instalado ainda e a mochila do caseiro do CAGV com seus docu-mentos e pertences. Informado do roubo pelo caseiro, o CA fez o B.O. e... caso encerrado.

Encerrado e abafado. Muitos alunos estão ouvindo esta história pela primeira vez, já que não houve qualquer notificação por parte do CA quanto ao acontecido. O proble-ma encontra-se no fato de o caso envolver propriedade do CA, não dos indivíduos que o representam, mas dos representados por estes.

Quando questionado com rela-ção à sua postura o CA disse que como o furto ocorreu durante as férias, todos os membros não es-tavam presentes, assim como os alunos estavam viajando e que, além disso, eles pretendiam tentar resolver o problema por meio de conversa, sem precisar envolver os alunos. Outra dificuldade alega-da pelo CA é o fato de não ter sido comunicado a aquisição do PS3. Como não havia sequer o conheci-

mento da nova aquisição, comuni-car seu roubo seria problemático.

Passadas as férias, todos os membros reunidos novamente e alunos de volta a sua rotina, ainda assim não houve qualquer notifi-cação sobre o ocorrido em julho. Quanto a isso, o CA alega que o evento Guinevere VI e uma série de polêmicas que surgiram ao longo deste período acabaram ocupando os membros e estes esqueceram de comunicar os alunos. Diante disso me questiono a quais polemicas o CA está se referindo, uma vez que a única discussão séria que este enfrentou foi após a conclusão da Guinevere VI, praticamente um mês depois de ocorrido o furto.

O fato nos leva a questionar so-bre a segurança da casa. Quanto a isso, o CA afirma que a casa pos-sui sistema de segurança e grades, além de não se manter itens de valor dentro da casa. O sistema de segurança e a ausência de itens de valor apenas são capazes de pro-teger o CAGV durante a noite, já que enquanto em funcionamento este conta apenas com um caseiro e nenhum sistema de controle de entrada além de uma porta. É im-possível para o caseiro distinguir aqueles que pertencem à FGV e aqueles que não pertencem, uma vez que o acesso à casa é liberado para as três escolas, que contam com um total de alunos de aproxi-madamente 1.300 alunos no total.

Medidas de controle de entrada a alunos, no entanto, causam um certo desconforto, uma vez que representam uma forma de impe-dimento ao acesso à casa, remo-vendo a informalidade do local. Também é possível discutir a ne-cessidade de tais medidas, uma vez que o trânsito na casa do CA ocorre apenas quando há evento, e neste

caso existe o controle de entrada. Além dos custos adicionais que tal controle geraria, uma vez que se-ria necessário alguém para manter tal registro. É, no entanto, possível que um estranho entre na casa se passando por aluno, não que fosse o ocorrido no caso, mas é um tema que deveria ser debatido entre os representantes e os alunos da EDESP.

O importante neste caso é man-ter em mente que acidentes acon-tecem, e a sede no CAGV não é a primeira e nem a última casa a ser roubada em São Paulo. Atividades investigativas e investigatórias ca-bem à polícia. E ao CA, cabe pres-tar contas aos alunos. Como re-presentantes do corpo acadêmico e guardiões da propriedade dos estudantes, uma vez que mesmo que o objeto não tenha sido adqui-rido por meio de dinheiro, este foi resultado de um contrato que ape-nas pode ser assinado devido ao órgão CAGV e sua conexão com os alunos. A não notificação de algo dessa magnitude com o objetivo de evitar polêmicas é algo inaceitável. O Centro Acadêmico é o reflexo no microcosmo da EDESP do sistema político brasileiro, cujo maior de-feito é ausência de transparência. Quando não se possui tal qualida-de em uma administração não há possibilidade de fiscalização pelos governados e problemas como su-perfaturamento e trocas de favores passam a acontecer. O fim da trans-parência é o primeiro passo rumo a uma administração corrupta. Não devemos, portanto, permitir esse tipo de atitude. Neste caso, o maior furto não foi feito por aque-les que levaram o PlayStation, mas sim pelos membros do atual CAGV, que furtaram dos alunos o direito à informação.

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Política Internawww.gazetavargas.org

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Luiz Fernando Lockmann

Saber diferenciar festas univer-sitárias torna-se trabalho herculano para os caríssimos

estudantes devido as inúmeras va-riedades presentes na cidade de São Paulo. Todas as faculdades, indepen-dentes do curso, querem para si a gratificação completamente emocio-nal de sucesso de efetuação de fes-ta. Razões são inúmeras, mas vale mencionar a visibilidade da faculda-de em si como forma de propaganda para determinado curso. Aos mais céticos, ouso desmistificar a ideia de que, sim, uma Giovanna Prima ou Gioconda Venuta bem feita afeta em larga escala todo um marketing das escolas em si - feito esse controlado exclusivamente por alunos.

Contudo, uma nova variável foi colocada dentro da equação de su-cesso e rentabilidade de festas gv-nianas, além da precedência de boa execução de eventos passados simi-lares. A festa universitária feita pelo CA de direito da EDESP,a famosa Guinevere, adentrou ferozmente no mercado universitário tanto em lado positivo para a marca GV quanto negativo. Nas últimas semanas foi visto este lado desvantajoso pela primeira vez na historia, uma vez que afetou diretamente as vendas de Giovanna 32, sendo esta festa execu-tada por grupos de alunos e empresa associada completamente diferente. O aluno em si vislumbrou a Guine-vere, pela primeira vez, como uma continuação da Giovanna e Giocon-da; uma espécie de etapa a ser cum-prida e que tal sucesso repercutiria na reincidência da compra por ou-tros convites. O problema está que

Uma coisa é uma coisaComo dizer que duas festas gvnianas podem afetar o rendimento uma da outra?

realmente festas executadas pelo direito, boas ou ruins, levam pesada-mente a marca sólida de uma festa GV. O selo de qualidade não cum-prido implica nessa não recompra, afetando diretamente o rendimento financeiro das demais festas comple-tamente independentes.

Faço uma pausa breve para co-mentar a Giovanna como evento pontual sem qualquer intervenção externa. Do ponto de vista profissio-nal, a festa em si foi executada com tamanho sucesso, repercutindo em críiticas positivas pela maior parte dos ingressantes. O grande volume de cambismo de última hora não afugentou mais de mil e quinhen-tas pessoas contabilizadas, as quais tiveram benefícios tão logo esqueci-dos. Giovanna, na mente do gvniano mais velho tinha se tornado a festa meia boca que antecedia a Gioconda Venuta. Contudo, o último evento mostrou que é possível resgatar ve-lhos valores de benefícios aos alunos e principalmente introduzir um con-ceito de qualidade há tempos não visto. Brevemente é possível men-cionar a venda de convites executada com total destreza em horários aces-síveis a todos, filas extremamente reduzidas na hora do evento, bares funcionando com grau de eficiência logística perfeito e ambiente de em-polgação generalizado.

A grande ironia jaz no fato que o grupo de Giovanna foi gerenciado por Pedro Dearo Batista, um dois principais criadores e executores das Guineveres de sucesso. O mesmo fato que deveria auxiliar nas ven-das e alavancar recursos tornou-se primariamente um revés. O aluno e principalmente o não aluno enxer-gou, erroneamente, que a confecção

mal sucedida da Guinevere VI iria impactar na confecção de Giovanna devido ao grau comum de seus ges-tores. É importante mencionar que DAGV e CA de Direito são entidade independentes e com perfis díspares no que se refere às festas potenciais. Uma Guinevere mal sucedida, e es-sas coisas acontecem além do nosso poder, não implica no sucesso ou fracasso de uma Giovanna ou Gio-conda. Da mesma forma que o inver-so é válido – uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Do ponto de vista pessoal é re-almente difícil agradar a todos; o modo com que cada um internaliza a festa em si é diferente. Vale ressaltar que do ponto de vista pessoal a festa pode ter sido um tanto quando razo-ável para uns, mas do ponto de vista profissional foi um tremendo suces-so. A grande destreza da Gestão Res-gate se provou aos céticos de plan-tão, aos não alunos mal informados e aos alunos receosos. Vale deixar anotada a necessidade de todos es-tarem de cabeças abertas às festas gvnianas, mesmo que exista tecnica-mente uma dependência entre elas. É a forma não direta de promoção da Escola aos novos ingressantes e seus potenciais candidatos. Não seriam justas faculdades miméticas respon-sáveis pela queda na qualidade de uma festa GV, uma vez que histori-camente a qualidade é inigualável de gestão por gestão.

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Os pecados do CAGVO que realmente aconteçeu na Guinevere VI

Marina Silva

A Guinevere é a primeira festa de grandes proporções or-ganizada pelos alunos da

Escola de Direito da Fundação Ge-túlio Vargas. Assim como o curso, a festa é recente, encontra-se na sua sexta edição, e vem tentando firmar seu nome diante das festas universitárias de São Paulo. A fes-

ta iniciou-se pequena, com apenas quinhentos convidados e era tipi-camente organizada em casa de swing a fim de dar ênfase no cará-ter sensual que a festa possui. Com o tempo, o tamanho e estilo da fes-ta foram se alterando, a última Gui-nevere realizada possuía um mil e quinhentos convidados e as casas de swing já haviam sido abando-nadas. As alterações à festa, no en-tanto, não haviam sido encaradas como um problema para o público que atende à festa e está possuía grande aceitação entre os alunos, até a Guinevere VI, onde proble-mas na organização produziram uma festa que, pelos comentários no facebook, pode ser considerada uma das piores festa da FGV.

Os problemas encontra-dos por aqueles que foram à Gui-nevere VI foram muitos, sendo o

O C.A. ale-gou que os problemas

constatados decor-reram de falhas da empresa contratada para realizar a

festa

C o m o p o d e - s e p e r c e b e r , a maio-

ria dos problemas presentes na festa decorrem da lo-tação da casa e de falta de logís-tica adequada para a festa.

mais grave deles a lotação da casa. Aqueles que chegaram à festa um pouco atrasados correram o risco de não entrar, uma vez que antes de completa a chegada de todos os convidados, o Hotel Cambridge, local onde a festa foi realizada, já se encontrava lotado. Além disso, os convidados dentro do espaço destinado à festa possuíam difi-culdade de se movimentar e prin-cipalmente de dançar. Devido ao número de pessoas desproporcio-nal ao espaço houve muitas recla-mações referentes à temperatura da festa, uma vez que o sistema de refrigeração do local não possuía capacidade para amenizar o calor emanado pelos convidados.

Outra questão que merece des-taque é a bebida. A Guinevere VI conseguiu superar as dificuldades normalmente encontradas para se pegar bebida nas festas do es-tilo open bar. Isso para aqueles que chegaram cedo, uma vez que a bebida acabou em uma série de bares muito antes do final da festa. E mais cedo que a bebida, acabou o gelo, o que provavelmente con-tribuiu para uma duração um pou-co maior do open na festa já que não são todos que se sujeitam a beber sua vodka quente. Além dis-so, muitos convidados não conse-guiram encontrar na festa bebidas que faziam parte do open, como por exemplo o whisky.

Outra questão que incomodou alguns foi a existência de um ca-marote exclusivo para alguns con-vidados. Há rumores de que neste camarote havia benefícios que não eram concedidos aos demais con-vidados, como por exemplo comi-da e alguns tipos de bebidas. Essas afirmações são, no entanto, falsas,

de acordo com o CAGV, organiza-dor da festa, pois o camarote era apenas um espaço separado do restante da festa mas com os mes-mos benefícios que podiam ser en-contrados no restante do local. A única diferença era que tratava-se de um local isolado, o que pode-se dizer que já é uma boa vantagem, diante da situação de excesso de pessoas averiguado no restante da festa.

Após o evento muitos que se depararam com essas dificulda-des fizeram diversas reclamações, ofendendo tanto o CAGV quanto os alunos de direito. Diante dessa situação, alguns alunos de direito promoveram um evento no face-book a fim de solicitar esclareci-mentos sobre o que havia, de fato, ocorrido. A reunião entre alunos e CAGV ocorreu na sede deste, onde sob uma metodologia de pergun-tas e respostas, os representantes da entidade esclareceram o que havia ocorrido e os motivos pelos problemas encontrados na festa.

Na reunião, o C.A. alegou que os problemas constatados de-correram de falhas da empresa contratada para realizar a festa

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(HAYSAMSIT). O Centro Acadêmi-co recusou qualquer acusação de venda extra de convites, informan-do que entraram na festa 1.472 pessoas. E que a empresa garantiu que já havia realizado festa com duas mil pessoas no mesmo espa-ço utilizado para a realização da Guinevere VI. E como a empresa possuía maior expertise no assun-to, eles acreditaram no que esta estava sendo falado. Importante ressaltar que a Guinevere VI, ao contrário da Giofância, festa muito menor que foi realizada no mesmo local, não alugou apenas um salão, mas dois. Por essa razão o C.A. não levou em consideração críticas fei-tas nesse sentido.

Essa medida que visava permi-tir a acomodação de todos os con-vidados gerou vários problemas. As duas pistas eram conectadas por uma escada estreita, o que au-mentava a dificuldade de transição entre as pistas, uma vez que havia pessoas descendo e subindo pelo mesmo local, gerando assim um tumulto. A falta de experiência dos membros do CAGV deveria ter sido suprida pela empresa, e esses problemas logísticos deveriam ter sido supridos pela mesma.

O CA afirmou que quanto à bebi-da, esta não havia acabado, apenas havia problemas na logística de bares. Como a casa estava lotada, era impossível para os organiza-dores repor a bebida que acabava nos bares, o que levou os bares a esgotarem seus suprimentos. Mas havia mais bebida na festa, sendo a logística de bar responsabilida-de da empresa contratada. Além disso, o gelo também era de res-ponsabilidade da empresa e este efetivamente acabou, tendo sido a quantidade comprada insuficien-te e de acordo com o CA, a empresa não sabia como repor este durante a festa. O que mostra a inexperiên-cia não só do CA, como também da

Haysec, uma vez que acabar o gelo é algo comum em festas de grande porte, por isso existem entregas de gelo 24 horas que poderiam ter sido contatadas anteriormente a fim de impedir a situação.

Já com relação ao open bar, foi alegado que não havia open de whiskey e de absinto. No que con-certe o absinto, o CA afirmou que tratava-se de boom de absinto e este não integrava o open bar, sen-do distribuído durante a festa em alguns locais. A lotação do evento deve ter contribuído para o fato de nem todos terem tido a chance de aproveitar o boom. Já com relação ao whisky, o CA afirmou que, ape-sar da bebida não estar sendo ser-vida em todos os bares, havia um bar especial para a mesma. Este bar era localizado em um Deck, e sua entrada era restrita a vinte pessoas por vez devido a questões de segurança, uma vez que um nú-mero superior de pessoas poderia resultar no desabamento deste. Como as pessoas não eram obri-gadas a sair do espaço uma vez que adquirissem a bebida, a rota-ção em torno do bar de whisky foi muito baixa e isso resultou no fato de poucas pessoas terem acesso à bebida. A não ser, claro, que vo-cês se encontrassem no camaro-te, o outro único bar que possuía whisky.

Com relação ao camarote, o Centro Acadêmico afirmou que se trata de uma exigência da em-presa para que esta possa trazer alguns convidados e é uma prática comum em festas de grande porte. Sendo comum um termo questio-nável, uma vez que em meus três anos de GV eu nunca vi um ca-marote nas festas realizadas pelo DAGV. É sim de praxe a entrega de alguns convites pelos organi-zadores da festa para entidades e pessoas selecionadas, isso apesar de questionável é comum entre os

eventos universitários e se refere apenas à presença na festa, não a um local exclusivo (para mais in-formações sobre o tema lei o texto “Pêlo em Ovo?” publicado na edi-ção 86 da Gazeta Vargas). Em re-lação à camarotes é perfeitamente aceitável a existência destes, des-de que seja dada a oportunidade a quem estiver disposto adquirir este tratamento privilegiado.

Como pode-se perceber, a maio-ria dos problemas presentes na festa decorrem da lotação da casa e de falta de logística adequada para a festa. Acusações de má-fé dos or-ganizadores e superfaturamento são muito graves e não devem ser feitas sem as devidas provas. A fal-ta de experiência dos membros do CA, que afinal de contas são alunos como nós, não deve ser apontada como um problema grave, mas sim utilizada para se aprender o que não fazer de errado na próxima edição do evento. O que faltou, no entanto, foi uma maior diligência com relação à festa. Para se saber o número de pessoas que cabem em um lugar basta fazer uma con-ta simples de quantos metros qua-drados são necessários por convi-dado, e quantos metros quadrados o local possuirá livre, ou seja, sem contar o espaço de bares, escadas, dentre outros. Sites de busca ou a própria empresa podem fornecer esse número e com isso é possível evitar o risco de passar novamente por uma situação como essa. Rea-lizar uma festa não é uma ativida-de fácil e muitas vezes demanda soluções rápidas para problemas que apenas surgem na hora. É im-possível prever tudo, mas deve-se estar preparado para agir diante de qualquer problema. E essa, eu acredito que foi a razão do grande desastre da Guinevere VI. Não má--fé, mas sim negligência e falta de preparo dos membros do Centro Acadêmico.

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Crônica

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GAZETA VARGAS

Sensual IncompletoO que era para ser uma noite inesquecível acabou se transformando em uma tragédia

lábios. O calor da bebida mistu-rada com o calor da vodka em mi-nha garganta, tornou meu corpo o mais próximo de uma fornalha que eu jamais chegaria. Toda luta que passei, todo o sacrifício demanda-do, e no final consegui apenas chá.

Decidi mudar de abordagem e buscar uma bebida que não de-mandasse gelo, parti em busca de cerveja. Antes de entrar novamen-te na parede humana que aumen-tava à minha frente decidi per-guntar se havia cerveja realmente. Sim, eu aprendo com meus erros e não iria voltar naquela a menos que extremamente certa de vitó-ria. A consulta resultou na desco-berta de que a cerveja apenas po-deria ser encontrada em outro bar. Peguei as direções e me joguei na multidão.

Eu estava psicologicamente pre-parada para o trânsito que já ha-via enfrentado em meu caminho da entrada para o bar, nunca para o que eu realmente enfrentei. A tragédia começou quando me de-parei com uma escada. O trajeto era designado para um criança de oito anos ou uma mulher que so-fra de anorexia, jamais para mim, quanto menos para mim e mais as pessoas que estavam descendo. Determinada a conseguir minha cerveja, esvaziei o pulmão e me exprimi entre a parede e a fila de

Marina Silva

Convite comprado, cabelo ar-rumado e vestido sexy en-contrado, parti para a Gui-

nevere. Após algumas voltas no centro da cidade em busca do local, finalmente cheguei. Sendo chegar muito diferente de entrar nesse caso. Entrada que não era sequer garantida no caso, uma vez que rumores da lotação da casa, confirmados pela lentidão com a qual a fila se arrastava colocavam em risco minha presença na festa. O que não era necessariamente um problema, visto o que eu ainda te-ria que enfrentar uma vez dentro.

Após algum tempo, com o pé já doendo, consegui alcançar o pri-meiro local da fila e para meu alí-vio, me deixaram passar. Chegan-do na festa os rumores de lotação foram ficando cada vez mais legí-timos. Decidi que o melhor a fazer naquela situação era encontrar um bar e beber. Lutei pelo meu caminho, pisadas no pé alheio, copos caindo em minha roupa, e suor alheio em minha pele foram os principais obstáculos encontra-dos. Não me estressei, assim que tivesse meu copo de bebida gelada nas mão sabia que tudo valeria a pena. E entre trancos e barrancos consegui finalmente alcançar a fila do bar.

Fila neste caso sendo utilizada como eufemismo para aglomera-ção de pessoas em torno do bar. O termo mais correto para o que encontrei seria parede humana. Quando consegui me integrar à multidão, percebi que na realidade o termo utilizado anteriormente também não descrevia meus arre-

dores, que estava mais próximo à versão moderna de uma luta entre gladiadores, mas ao invés de lutar pela própria vida, lutava-se por um copo de álcool. Minhas armas: cotovelo, pés e malandragem, enfrentavam-se com as armas de meus adversários. Alguns pontos roxos, um dedo amassado e mui-tos palavrões depois consegui che-gar ao bar efetivamente. Do outro lado cinco barmens preparavam pacientemente caipirinhas e um indivíduo enchia copos com vodka e refrigerante. Toda e qualquer esperança de conseguir uma cai-pirinha se foi naquele segundo, eu tinha consciência que não conse-guiria segurar meu lugar por mui-to mais tempo. Me contentei com a vodka com energético, e após mui-to gritar, consegui roubar um copo que passava. O retorno à pista foi muito mais rápido, mas nem um pouco menos doloroso.

Após ser empurrada, e chutada para fora da parede humana/coli-seu finalmente tive a oportunida-de de olhar para meu prêmio. Um copo cheio de vodka e soda. E só. Apenas vodka e soda. Cadê o gelo? Olhei a minha volta e outros indiví-duos que haviam conquistado seu copo estavam com a mesma ex-pressão de confusão. Mais alguns minutos de confusão e compreen-di a situação. O gelo havia acaba-do. Minha luta havia sido em vão. Esperançosa de que na realidade a bebida estava gelada, era apenas uma questão de ausência do gelo em si, mas este havia se desinte-grado durante o processo de con-quista, dei um gole. Toda e qual-quer esperança se acabou assim que o líquido encostou em meus

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“O termo mais correto para o que en-contrei seria parede humana”

O desafiO:

O prêmiO

“Não me estressei, assim que tivesse meu copo de bebida gelada nas mão sabia que tudo valeria a pena.”

a descepçãO:

“finalmente tive a oportunidade de olhar para meu prêmio. Um copo cheio de vodka e soda. E só.”

pessoas que tentavam descer a es-cada. Com minha face tornando-se azul consegui chegar ao topo onde avistei um bar. Não apenas um bar, mas um bar vazio. Confesso que deveria ter suspeitado, mas a alegria era tão grande que não me contive, corri em sua direção. Lá chegando descobri que não ha-via nem gelo, nem cerveja. Minha alegria era tanta, no entanto, que estava disposta a beber uma vod-ka quente com energético, apenas para celebrar aquela conquista. E aí, neste momento, compreendi a razão da facilidade, não havia mais vodka, ou qualquer forma de álcool naquele local. Desolada, continuei minha jornada em busca do bar de cerveja. Passei por mais uma escada, um pouco mais larga e muito mais cheia de pessoas. Tropecei nos pés de uns cinco in-divíduos, levei duas cotoveladas na testa e uma na barriga, empur-rei praticamente todos os que es-tavam na minha frente e consegui chegar no bar da cerveja.

Me deparei novamente com o paredão de pessoas em busca de alguns goles de álcool. Dessa vez, no entanto, eu já estava prepara-da. Dobrei ligeiramente meus jo-elhos e fui escorregando entre as pessoas sem ser notada. Confesso que não foi uma experiência muito agradável uma vez que a popula-ção em geral da festa estava suada e a redução no meu tamanho, cru-cial para conseguir passar sem ser percebida, gerou momentos que me perseguirão para o resto de minha vida. O importante é que consegui, cheguei finalmente ao bar da cerveja, onde a loira gela-da estava a minha espera. Peguei minha lata, fui jogada para fora da barreira humana, a abri e com-ecei a beber. Mal havia começado a matar minha sede quando senti o gosto metálico da lata. Acabou. Minha cerveja havia acabado e o

primeiro gole sequer havia sido fi-nalizado. Em uma segunda olhada para a lata percebi qual era o prob-lema, 269 ml. Ao invés dos 350 que me permitem aproveitar a cerveja contida lá dentro, me forneceram uma lata menor, que apenas me propicia mais vontade de beber.

Olhei novamente para a parede humana e decidi que não possuía mais a capacidade de enfrenta-la novamente, não por meia lata de cerveja pelo menos. Foi nesse momento que olhei para o lado e avistei uma pessoa com um copo, cheio de gelo e cheirando a whisky. Meus olhos brilharam e minhas es-peranças retornaram. Com novas forças aproximei o desconhecido e perguntei o caminho para a sal-vação da minha noite. Com certo desdém, o desconhecido nem se deu ao trabalho de me responder, apenas levantou a mão que segu-rava o copo e lá eu vi uma pulseira dourada brilhando. Nenhuma out-ra explicação era necessária, havia um camarote com litros de bebida gelada e de qualidade, mas eu, com minha pulseira verde jamais seria capaz de alcançá-lo.

E neste momento, apesar de todo desejo de aproveitar a festa, todo o tempo gasto me arruman-do, todo dinheiro despendido na compra do convite e na locomoção àquele fim de mundo, desisti. Não me julgue caro leitor, eu tentei ao máximo fazer o maior proveito da situação na qual me encontrava. Lutei com todas as minhas for-ças para permanecer na balada, utilizei todas as artimanhas que conhecia. Mas às quatro horas da manhã, com o pé doendo e ape-nas uma pseudo-lata de cerveja no estômago, toda minha deter-minação havia se acabado. E nada me restava a não ser rasgar minha pulseira e ir para casa.

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Gazeteando

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O mito da escolha

a existência de poder de

ação do corpo dis-cente é puramente fictícia

feito foi executado com destreza por uma sala de administração públi-ca sem a intervenção ou auxilio do DAGV, contudo é importante salien-tar que a votação da Comissão de

Graduação já pendia para um con-senso, uma vez que tal tópico já fora acertado em dias anteriores. A ação dos alunos, por mais louvável que seja, sem juízo de valores, foi uma ação ilusória frente à decisão cabida à comissão. Caso o órgão não acei-te, não há abaixo assinados nenhum que façam mudarem de ideia; isso é muito visível com a recorrente ten-tativa de aprovação dao Reaval na EAESP, o qual conta com maioria

processo, criando uma falsa sensa-ção de autonomia. Mesmo ensinado diversas vezes para o aluno, o pro-cesso de empowerment não é perce-bido pelos próprios. O paradoxo da escolha é tão introjetado que impos-sibilita a maioria dos ingressantes a perceber que se está dentro do pro-cesso; na verdade o que você acha que decidiu, escolheu ou lutou já foi definido, provavelmente, muitas horas ou dias antes por indivíduos em hierarquias superiores.

Não cabe a mim criticar este modelo de gestão, uma vez que se provou ser bem sucedido tanto nas empresas quanto nas três escolas gvnianas ou em escolas pelo mundo a fora. A faculdade, para muitos, é um ambiente de estudo e a escolha não cabe dentro deste mesmo. Con-cordo em parte com tal afirmação, contudo acho necessário e justo ad-vertir para esta sensação de ilusão de poder que a maioria ainda acre-dita ser real. Isso possibilita o cres-cimento pessoal de cada um com essa expulsão do ambiente ilusório e possibilita fazer escolhas genuínas sem a necessidade da perda tama-nha de tempo com algumas decisões já tomadas.

Depois desse lado teórico acho imprescindíveis exemplos do que é real poder dos alunos e de suas enti-dades estudantis representativas e o que é ilusão. Faço uma comparação entre a ação dos alunos e do DAGV, primeiramente. Não é de hoje que as politicagens existentes de uma elei-ção fazem com que chapas rasguem o verbo ao falar de representativida-de na área acadêmica. Mas quanto disso é realmente verdade? E os ges-tores da entidade são iludidos por essas ideias românticas? Para ilus-trar isto é importante rememorar o episódio do ano passado da queda do estágio público obrigatório. Tal

Luiz Fernando Lockmann

Quase completados três anos no ambiente gvniano uma coisa somente aprendi com

o tempo aqui passado. Bem lá no fundo, a existência de poder de ação do corpo discente é puramen-te fictícia se pensarmos em termos práticos e pragmáticos em colocar projetos genuínos em vigor. Isso pode soar como um tapa na cara dos românticos sonhadores ainda espe-rançosos ou aos novos integrantes no meio acadêmico da Fundação Ge-túlio Vargas nas três escolas. Digo isso não para evitar que lutem por alguns direitos que lhes são devidos pela faculdade, mas para colocar em pratos limpos o que é possível exe-cutar e escolher dentro do ambiente acadêmico, ilustrando o que é o po-

der de um aluno GV de verdade e até onde ele vai.

Saibamos primeiramente dife-renciar poder de falsa sensação de poder. Por mais intuitivo que isto possa parecer, o processo de falsa sensação de controle dentro do am-biente acadêmico é dos mais sutis, uma vez que nem percebemos que de fato estamos escolhendo ou não agir de forma X, Y ou Z. Ironicamen-te em diversas matérias ao longo do curso de administração é ensinado como atribuir responsabilidades te-óricas conjuntamente a um controle das ações do individuo ao longo do

A nova ges-tão do Di-

retório Acadêmico, intitulada Gestão Resgate percebeu esse processo antes de adentrar no poder

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que define isso é o nível de alunos ingressantes em entidades, atual-mente na ordem de 40%, durante o processo de permanência em al-guma delas. O que mais me choca nesse processo ilusório é o quanto os novos ingressantes buscam exe-cutar grandes volumes de proces-sos seletivos. Alegando não saber o que querem, estes prestam vários processos de entidades totalmen-te díispares como forma de “tentar entrar em alguma coisa”. Este é um paradoxo de escolha criado pelo ma-rketing de alunos para alunos e não mais pela hierarquia acadêmica. Isto nos mostra que a falsa sensação de escolha é criada em quase todos os âmbitos, uma vez que o candidato escolhe a entidade pela pressão dos amigos, pela necessidade de se ligar afetivamente a algo ou por promes-sas de crescimento pessoal e profis-sional.

O processo de falsa autonomia é extremamente polêmico e de fato pouco aceito no meio discente. É di-fícil admitir que exista a possibilida-de de jovens bem instruídos serem enganados como clientes-alvo de um produto porcaria que tentamos vender. Admito que existam pro-cessos legítimos de escolhas tanto entre professores e alunos quan-to alunos e entidades. Contudo, é inegável a presença da falsa noção de liberdade sem que não haja ne-nhuma pressão do meio para que se defina determinada ação. Cada vez é menor a escolha dos alunos por pro-jetos de real interesse, uma vez que cresce demasiadamente a necessida-de de ser aceito e de ter a situação no seu controle. O mito da escolha é presente na própria vida fora do ambiente acadêmico; importante é enxergar reais espaços de liberda-de de ação e conseguir aceitar, por fim, a não capacidade de controlar determinados assuntos que talvez não nos compita como seres atuan-tes reais.

absoluta dos alunos. A nova gestão do DAGV, intitu-

lada Gestão Resgate percebeu esse processo antes de adentrar no po-der. Diferentemente de sua anteces-sora Acesso, a qual prezou por pro-jetos megalomaníacos acadêmicos e que não conseguiu nenhum resulta-do de sucesso ao longo de um ano, a Gestão Resgate iniciou a sua ação acadêmica com projetos mais reais. Talvez a maior vivência de seus inte-grantes no ambiente gvniano os fez analisar esse processo de falso senso de autonomia, impulsionando a área acadêmica a prezar por projetos me-nos ambiciosos, porém igualmen-te benéficos aos alunos. Tanto que no início da gestão em junho já foi aprovado em CG a padronização das notas para efeitos de comparação dentro da EAESP e logo mais foi tra-zido de volta o nome dos professo-res durante o processo de matrícula perdido há uma gestão. Por menores que sejam tais feitos é importante salientar que os benefícios são reais e o tempo investido para tal não foi mal aproveitado, uma vez que tais projetos são afinados com os dese-jos dos coordenadores do curso. O aluno ganha benefíicio, o DA ganha prestígio, coordenadoria fica feliz e nenhum sangue foi derramado no processo.

Outro exemplo, saindo do lado bem sucedido e entrando no lado da ilusão, envolve problemas com professores e determinada sala. A coordenação das três escolas nor-teia os alunos desde seu ingresso a como se portar diante de críticas a professores e como agir para que melhore o problema. Contudo, o ca-minho incentivado, o qual envolve uma longa rede hierárquica entre representante de sala, tropa de cho-que, coordenadoria e departamento envolvido é em alguns casos extre-mamente ineficiente. Contornar a figura do professor acaba para a maioria do corpo docente sendo

uma afronta ou até mesmo traição. Neste ponto concordo com alguns professores que o caminho, talvez ilusório, de tratar os problemas seja diretamente ou na maioria das ve-zes tentarmos conviver respeitosa-mente com o impasse. Esta segunda ação é muito rejeitada por diversos alunos mais alienados que adoram utilizar o famoso provérbio “Mas eu tô pagando!” para justificar críticas desmedidas. O processo não ilusó-rio não é tolerar, mas respeitar essa diferença professor-aluno já que o sistema de ensino não pode ser tra-tado meramente como uma relação de compra e venda de uma mercado-ria. O processo de falsa autonomia incentivado pela gerência dos cur-sos das três escolas é extremamente ilusório; não cabem melhorias na aula sem o próprio consentimento do professor. Tanto que a maioria dos casos fica retida na fonte onde a reclamação se iniciou: na própria

coordenação.Finalmente vale mencionar mui-

to brevemente o processo de falsa autonomia de escolha entre alunos e as próprias entidades estudantis. O volume desmedido de marketing que é descarregado em cima dos calouros é desproporcional para o resultado que as entidades querem atingir. A ilusão que criam dentro da cabeça do “potencial candidato” é tamanha que hoje os processos sele-tivos estão extremamente inflados, o que incentiva a criação de cada vez mais entidades para atender uma “demanda”. O fato mais concreto

O processo não ilusó-

rio não é tolerar, mas respeitar essa diferença pro-fessor-aluno

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Crônica

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GAZETA VARGAS

RORSCHACHMariana Pacetta

Sempre chega o dia em que sua família olha pra você e conclui com um bocado de preocu-

pação: “há algo de errado com essa criatura”. Por sorte essa é uma via de mão dupla, porque é inevitável que você, num súbito relâmpago mental de lucidez, algum dia não olhe para a sua árvore genealógica inteira e exclame: “mas que camba-da de lunáticos!”. Agora vem o mais triste: até a sua emancipação finan-ceira, eles têm a faca e o queijo na mão, porque afinal é deles que sai a grana que forra o seu estômago. En-tão, se eles quiserem acreditar que estão abrigando sob o teto o mais perfeito mentecapto, ninguém po-derá impedi-los. A palavra final no quesito de desajustes mentais, pelo menos provisoriamente, é deles.

Por isso, foi completamente em vão que eu tentasse, na minha ado-lescência, convencer a minha mãe de que eu era, sim senhora, nor-mal. Ela decidiu que só um parecer médico poderia lhe ajudar com o veredito. Na realidade, porém, ela já tinha o seu veredito há tempos. O que estava faltando mesmo era uma opinião cientifizada que tirasse da cartola métodos, padrões e pro-jeções que pudessem validar aquilo que de antemão ela já acreditava: eu era estranha.

O pediatra da família talvez esti-vesse à altura da missão. Querendo ir ao extremo, a visita a um bom psi-quiatra encerraria o assunto. Mas a originalidade da minha família é inesgotável. Um belo dia eu ouvi esse nome que jamais me saiu da ca-beça: Rorschach. O leitor certamen-te sabe o que é, embora talvez nunca tenha escutado sob essa denomina-ção. Trata-se daquele exame, sem dúvida cômico, em que te mostram

uma série de imagens abstratas pra que você diga o que enxerga nelas.

Naquela ocasião, eu vasculhei a nossa biblioteca atrás de informa-ções sobre o teste que seria obrigada a fazer. De tudo o que li, apenas uma coisa sobreviveu inabalável na mi-nha memória durante todos esses anos. O chamado exame Rorscha-ch, como instrumento de avaliação psicológica, dizia o livro, poderia ser útil para detectar vários transtornos emocionais. Psicopatas, por exem-plo, curiosamente não distinguiam forma alguma entre as imagens. Verdadeiro ou não, aquele dado me divertiu.

O ConsultórioEra um lugar estranhíssimo. A

médica me fez sentar, mas antes que começássemos quis saber qual era o problema. Eu disse que não sabia. Alguma coisa havia de ter, senão eu não estaria ali, ela insistiu. Bem, se eu fosse realmente parar pra pen-sar, haveria problemas de sobra, eu poderia despejar aos montes. Aos quinze anos, a lista incluiria espi-nhas, cabelos indomáveis, traba-lhos, provas, gente chata por toda a parte, a fome na Somália. Mas não era exatamente nada daquilo que me arrastava praquele consultório. E eu queria mesmo era escafeder--me dali o quanto antes. Então, você diz o que querem ouvir:

-Dificuldades de relacionamento. Antipatia social e tudo mais...

Questão resolvida. Ela pareceu convencida e iniciamos nossa ses-são. Explicou-me as regras. Mostra-ria uma seqüência de cartões com imagens e para cada um eu deveria dizer tudo o que via. O cronômetro seria apenas para orientá-la, eu po-deria levar o tempo que quisesse, assegurou.

Achei que não seria assim tão

ruim. Eu até que sou uma pessoa cheia de imaginação, então não poderia ser um grande tormento balbuciar os desenhos que te espre-mem contra o nariz. Seria igualzi-nho a olhar pras nuvens de um céu de verão. Quem nunca experimen-tou fazer isso na vida?

Mãos à obraNo minuto em que ela me entre-

gou o primeiro cartão tive calafrios. Era a mesmíssima coisa que olhar pro borrão de tinta que seu primi-nho de três anos derruba num pa-pel. Tinta preta, ainda. Não havia nada ali que da maneira mais remo-ta me fizesse pensar em qualquer forma humanamente conhecida. Me lembrei de imediato dos psico-patas. Por essa eu não esperava. Já me via agora como o Dr. Hannibal Lecter de “Silêncio dos Inocentes” e antecipava a máscara grotesca que me fariam usar.

Ainda assim, persisti. Muito tem-po se passou sem que eu conseguis-se identificar um objeto que fosse naquele caos melequento de tinta preta. De repente, tive uma luz. Tal-vez aquilo fosse mesmo psicologia das mais baratas. Nesse caso, era uma pegadinha desavergonhada: não havia realmente NADA no bor-rão, o intuito era me desestabilizar diante do ininteligível. A resposta certa seria “não há nada aqui”; a er-rada, “vejo um trampolim”. Apostei

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nisso.Não demorou muito pra eu mu-

dar de idéia, no entanto. Depois do terceiro cartão sem imagem alguma, hesitei. Os vincos de horror na testa da médica foram a gota d água. Hora de pensar em desenhos, concluí. Mas dessa vez, havia algo diferen-te, para minha felicidade. Olhando bem, eu estava certa de ver um urso polar nadando. Inconfundível. Tra-tei de contar a ela, muito satisfeita comigo mesma.

“Na onde???”, ela me perguntou, muito surpresa. Mas que coisa, eu pensei! Qual o problema daquela doutora? Estava bem ali, logo acima da onde o borrão fazia uma volta como um cata-vento. “Cata-vento?”. “Interessante”, ela refletiu.

Eu começava a me resignar em ter que dar o braço a torcer à minha mãe.

Uma luz no fim do túnelFoi quando tudo mudou. Eu não

podia acreditar na minha sorte. Re-pousando sobre o colo dela eu no-tei uma prancha com o gabarito do teste. Isso mesmo. Dando a maior sopa do mundo, aquela prancha en-tre nós escancarava as ilustrações possíveis de se extrair dos borrões de tinta. Precisei de uns segundos pra assimilar todo o potencial da minha descoberta.

Bem, uma vez que aquela situ-ação esdrúxula não oferecia mais margem para soluções criativas, re-solvi enfim que o melhor a fazer era abraçar o presente dos céus: eu teria que colar no meu teste Rorschach. Era isso ou ter que aceitar minha “psicopatia”, correndo o risco de, vai saber, ser confinada numa institui-ção de saúde mental, que pode até soar bonito, mas não deixa de ser sanatório. É com constrangimento, no entanto, que confesso não ter perdido tempo cogitando sobre as implicações morais de estar colan-do no meu próprio exame médico.

A verdade é que a trapaça desabro-chou com a naturalidade de um es-pirro.

Apesar dos todos os pesares, eu tive pena da minha médica. Em ne-nhum momento ela atinou pra sua mortal imprudência. Mas não havia mais tempo pra lamentações.

Ops..Foi só quando comecei o tram-

bique todo que vi surgir uma nova problemática. Como todos nós sabe-mos, o procedimento da cola envol-ve muitas artimanhas. Quem, por exemplo, não está careca de saber sobre a imprescindível familiarida-de com o conteúdo da informação contrabandeada? Pra colar direito, é preciso que você tenha alguma no-ção do que está colando. A cola ope-ra maravilhas, claro, mas ela não é milagrosa. Assim, apesar de aquela mulher estar dando uma bandeira tão grande quanto a do professor que abandona os alunos sozinhos em dia de prova, eu não sabia o que diabos fazer com a minha cola.

Ponderei muito. O que fazer com aquelas figuras do gabarito que re-pousava no colo dela? Escolher o inocente panda no lugar do cômico leão-marinho poderia ser escolher entre leve tendência depressiva e psicopatia nível cinco. Que espécie de anormalidades estaria por trás dos morcegos, periquitos, corações e girassóis da prancha dela? A que patologia mórbida eu estaria enfim me sentenciando?

Não adiantava muito refletir. En-gatei uma primeira e fui no uni-du-ni-tê. Em dez minutos eu consegui enfim terminar o meu Rorschach.

E aí?Não foi surpresa pra mim desco-

brir que a Psiquiatria não me repu-tava no mais pleno gozo de minhas faculdades mentais. Meu quadro clí-nico foi descrito com farta profusão de termos médicos, no geral bas-

tante alarmantes. Em uma reunião familiar, ficamos todos cientes de que eu possuía uma personalidade paranóide (só pode ter sido o cata--vento), alternando uma pobre per-cepção da realidade (claro, três car-tões sem imagem alguma) com uma visão aguçada das partes, em detri-mento do todo (o urso polar talvez tenha uma parte nisso). De resto, lembro de menções a componentes melancólicos, instabilidade de hu-mor, déficit de mecanismos sócio al-guma coisa... Esses eu não imagino de onde tenham saído.

Enquanto eu via minha antiga sanidade arder sob o fogo daque-les diagnósticos alucinados, eu não podia, ora, deixar de rir, ao menos internamente. O leitor talvez possa simpatizar comigo. Como não achar graça da recepção entusiástica de meus próprios consangüíneos a um diagnóstico puramente fictício? “Eu sabia, era isso mesmo!” exclama-vam. “Nunca duvidei, acertaram na mosca”, continuavam.

O fato é que não havia remédio que reparasse os danos àquela al-tura. Era uma daquelas situações em que a verdade seria totalmente impraticável. De duas, uma. Ou não acreditariam em mim e, nesse caso, minha versão dos fatos poderia ser lida ainda como um agravamento do meu estado psíquico; ou, acredita-riam em mim, e aí eu honestamente temia pela minha vida.

Não há mal que sem-pre dure, nem bem

que nunca se acabe...As coisas, eventualmente, me-

lhoraram. Minha família vive feliz com um veredito que foi esquecido tão logo lido. Talvez, como aconte-ce com os egos de muitos pais, lhes tenha bastado a crença de que com efeito “havia algo de errado com aquela criatura”. Eu, por minha vez, ainda aguardo ansiosamente minha emancipação financeira.

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Humor

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E se?A FGV não tivesse nenhuma festa: mos tempos- caso bem intrigante

já que muitos casais vão juntos ao banheiro... Estranho. Bom, decido almoçar no Figueira hoje porque essas historia de Fasano todo dia enjoa... Acho esquisito como a mi-nha mesada é tão superavitária de uns tempos pra cá. Antes de sair da Fundação olho o ar de tranquilida-de que repousa no primeiro andar... Todos os amiguinhos estudando tão comportadinhos. Agora incomoda o volume de gente com esses tique--tiques nervosos... as vezes eu acho que é falta de alguma coisa...

Luiz Fernando Lockmann

Hoje sai da aula de Macroe-conomia VII pronto para estudar todos os onze

capítulos repassados para leitura obrigatória daqui a três dias. Há os que dizem que a GV ficou mais rígida depois da quinta reformu-lação do curso, mas sinceramente o que irei fazer no tempo livre? Depois que larguei a dependên-cia de anfetamina para estudar resolvi utilizar recursos médicos mais eficientes para me focar. Agora o Lexotan não me deixa mais cabisbaixo, mas ainda tenho pena dos amiguinhos ainda pre-sos em farinha e computador... Ah esse mercado financeiro não dá sossego.

Já chego na biblioteca abarro-tada e leio uma noticia da Folha, comentado sobre a atual fusão entre a ESPM e a UFO, tornando a maior empresa de festas univer-sitárias do país. Ao lado revista VIP também anunciou a In Gala como a festa mais cheia dos últi-mos tempos com contingente de mais de 10 mil pessoas – sincera-mente não sei como conseguem ir para esses zoológicos chama-dos de eventos.

Um problema que realmente está me incomodando é a maio-ria dos caras do meu grupo de estudos que sempre estão na Rua Augusta desde a uma da tarde. Talvez estejam planejando o nos-so plano de negócios para a dis-ciplina de Projetos de Rede Com-plexa III. As meninas também estão me incomodando um pou-co, fazendo muitas reclamações

em aulas, xingando tudo... Como se todo dia fosse de TPM. Estão su-bindo pelas paredes, não sei porque sinceramente. Agora que ambos os sexos estão recorrentemente indo a várias reuniões do AA, isto é de se estranhar...

Agora o que está tirando o sono da coordenação é o volume de trans-gressões ao código de conduta. O volume de assédios sexuais aumen-tou razoavelmente; o volume usual ainda está naquela marca normal de 40 casos por dia. O banheiro do 12° andar também está sendo utilizado com uma frequência maior nos últi-

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A nova gestão do Diretório Acadêmico da FGV achou que a tarefa de acabar com todo o caixa da entidade seria uma tarefa fácil. Afinal de contas, gastar dinheiro é o que o geveniano faz de melhor. O que eles não sabiam, no entan-to, é que as festas, para serem boas, ou seja, bem frequen-tadas, precisam ser caras e nem sempre dão tanto prejuízo quanto o esperado. Após medidas como patrocínio às festas do jacaré e doação à Guinevere para que esta adquira um espaço melhor e aumente a quantidade de whisky em seu open bar, o Diretótio Acadêmico finalmente chegou à sua cartada final: Giocondas toda semana. Em entrevista exclu-siva ao Gazeta Herald, Robin, vice-presidente do DAGV, afirmou: “Eu sei que a Gioconda é a festa mais popular da FGV, mas desta vez iremos gastar muito na localização da festa e apostar que a mesada do geveniano não consiga co-brir os custos”. Será que eles finalmente conseguiram falir o DA? Somente o tempo dirá, aguarde mais informações so-bre a luta dos nossos queridos representantes nas próximas edições da Gazeta Vargas.

Gioconda Semanal

Nessa última quinta-feira um aluno da Fundação Getú-lio Vargas foi devorado pelas plantas pintadas no Diretório Acadêmico. O que se iniciou como uma tentativa de embe-lezar o espaço Julio Prestes acabou tornando-se o pesadelo dos frequentadores da Fundação. A pintura iniciou-se mo-desta, com apenas uma Gioconda sob o piano, mas com o passar do tempo esta ganhou vida e começou a se expandir pelas paredes do DA. No inicio ninguém se preocupou com o crescimento da pintura, crendo que tudo estava correndo como planejado pelo Diretório Acadêmico. O DA para evi-tar pânico confirmou a teoria de que toda novidade na pin-tura havia sido encomendado. Os riscos não se revelaram sutilmente, o perigo apenas foi constatado quando um aluno foi devorado por um ramo de trepadeira. A Fundação entrou em pânico, cinco alunos foram pisoteados pela correria e mais sete foram abocanhados por outros ramos faminintos. A polícia civil foi chamada e quando viu a gravidade da si-tuação, transferiu o comando da operação para o BOPE. Em entrevista exclusiva, capitão Nascimento afirma que não dá uma semana pra Gioconda pedir pra sair. A Itapeva foi com-pletamente isolada e o túnel da avenida nove de julho foi fechado. As aulas estão suspensas até segundo aviso.

Aluno é devorado por pintura no DA

The Gazeta Herald

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Humor

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GAZETA VARGAS

Verticais:

1.Divulgador da desgraça alheia

2. Melhor bateria eleita em 2010

3. Histeria de Junho e Novembro

4. Local da maior mensalidade da fundação

5. Acre geveniano

6. Desejo de um geveniano festeiro

7. Lema da EESP

8. Aquilo que você não entendeu em Cont I com Stem-pfer

9. Mensalidade digna de curso de medicina

Verticais: 1. Gazeta Vargas 2. Tatu-bola 3. Finais 4. EDESP 5. LIDEN 6. ESPM 7. EESP NÉ MEU 8. PDD 9. GV - Ho-rizontais: 1. DAGV 2. Trabalhos 3. EESP 4. CA 5.Parciais 6. Sub 7. Gunevere

Cruzadinhas

Horizontais

1. Mãe da Gioconda Venuta

2. Fonte do ódio de todos os gevenianos

3. Reduto de Mestre Nakano

4. Donos do Palácio da Itapeva

5. Desespero de Abril e Setembro

6. Manobra para evitar possível DP

7. Festa medieval de origem jurídica

Respostas:

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