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Agosto | 2011 |S20 |D21 |S22 |T23 |Q24 |Q25 |S26 Ano II R$ 2,50 90 Guerra: “É uma diarreia legislativa” Paese: “Agora não vou me calar” Tem quem queira morar em um contêiner Os conselhos e o exemplo de Mario Vanin Renato HENRICHS PSB corteja PC do B de Assis Melo As rádios da cidade não aderiram à Cadeia da Legalidade comandada por Brizola há 50 anos, mas os caxienses se mobilizaram e até se armaram para garantir a posse de Jango CAXIAS NÃO SE CALOU Produção caxiense emperrada na alfândega argentina Roberto HUNOFF

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As rádios da cidade não aderiram à Cadeia da Legalidade comandada por Brizola há 50 anos, mas os caxienses se mobilizaram e até se armaram para garantir a posse de Jango

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Agosto | 2011|S20 |D21 |S22 |t23 |Q24 |Q25 |S26

Ano ii

R$ 2,50

90Guerra:

“É uma diarreia

legislativa”

Paese:“Agora

não vou me calar”

tem quem queira

morar em umcontêiner

Os conselhos e o exemplo de

Mario Vanin

RenatoHenRicHS

PSB corteja PC do B de Assis Melo

As rádios da cidade não aderiram à cadeia da Legalidade comandada por Brizola há 50

anos, mas os caxienses se mobilizaram e até se armaram para garantir a posse de Jango

cAXiAS nÃO Se cALOU

Produção caxiense emperrada na

alfândega argentina

Roberto HUnOff

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2 20 a 26 de agosto de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Índice

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www.OcAXienSe.com.br

Redação: Camila Cardoso Boff, Carol De Barba, Felipe Boff (editor), Gesiele Lordes (estagiária), Jaisson Valim (editor), Janine Stecanella, José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor), Maurício Concatto, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff, Robin Siteneski e Vagner Espeiorin (estagiário)comercial: Pita Loss e Calebe De Bonicirculação/Assinaturas: tatyany Rodrigues de OliveiraAdministrativo: Luiz Antônio Boffimpressão: Correio do Povo

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para [email protected]. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Jornal O caxiense Ltda.Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471Fone 3027-5538 | E-mail [email protected]

@PauloKowaleski @ocaxiense a reportagem sobre a Guarda Municipal de Caxias do Sul mostrou como o Executivo trata nossa cidade. Falta de efetivo. #descaso #guardamunicipal

@jandirangeli @ocaxiense ‘A Guarda que não guarda nem a si própria’ resume perfeitamente a ineficiência do órgão. triste realidade. #guardamunicipal

@clariiiiissa Parabéns @ocaxiense pela maté-ria “A guarda que não guarda nem a si própria”. Falta guarda nos parques de Caxias. #guardamunicipal

@graziandreatta tô adorando essa onda de quadrinhos no @ocaxiense. Além de queridos e inteligentes, vocês estão ficando cada vez mais divertidos :) #hqcx

@vfelipe Bom ver as iniciativas voltadas aos quadrinhos por parte do @ocaxiense, e que esse tipo de iniciativa atinja outros meios locais também. #hqcx

@Adro76 Confesso meu mais novo vício: ler a coluna HQ do jornal @ocaxiense PARABÉNS pela qualidade. #ficadica #hqcx

@BetaMattana Aumentou consideravelmente meu respeito pelo Ver. Marcos Daneluz depois da entrevista d’@ocaxiense. Coerência e coragem para mostrar a verdade. #ocaxienseentrevista

Compramos o jornal O Caxiense aqui em casa

toda a semana. E sempre ficamos surpresos com a capa

e a matéria da capa. Parabéns! francine B. Pessoa

S.e.R caxias |Pantico é ruim, assim como o presidente do Caxias. No meio da competição trocou metade do plantel e comissão técnica.

Não pode ser sério um cara desses. Depois, fará como nos últimos anos, chorará as pitangas e vai ameaçar ir embora…

Pois que vá.Anselmo Vasconcelos

crédito | A fotografia de Mario David Vanin na década de 1970, publicada na página 11, faz parte do acervo do Ar-quivo Histórico Municipal João Spadari Adami e foi cedida ao jornal O Caxiense, que se dispõe a creditar o autor da imagem caso ele se identifique.

Agradecemos | Daiane De toni, embaixatriz da Festa da Uva 2008, modelo da capa da edição 89.

capa | Arte de Marcelo Aramis, inspirada em fotografia do acervo pessoal de Luiz Pizzetti.

A Semana | 3As notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4Prefeitura erra ao não abrir negociação de incentivos para a Hyundai

O caxiense entrevista | 5A vez dos criticados Daniel Guerra e Moisés Paese criticarem

Legalidade | 8Como Caxias participou do levante liderado por Brizola em 1961

Perfil | 10Mario Vanin deixa conselhos, exemplos, histórias e saudades

Boa Gente | 13A luta pela sobrevivência e cinco clássicos para não passar a vida lendo best sellers

Arquitetura | 14Uma casa-contêiner no meio da colônia Guia de cultura | 16in Heaven no teatro e Ménage na dança

Artes | 19Malícia em lábios vermelhos e joelhos nus

HQcX | 20A descoberta das páginas da vida

Dupla cA-JU | 21As contas – e os resultados – que o Caxias precisa fazer

Guia de esportes | 22Mais um fim de semana para ir ao Jaconi e ao Centenário

Renato Henrichs | 23Será que vem aí a chapa Assis Melo-Elói Frizzo?

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rua. Parte deles sofre de proble-mas como o alcoolismo crônico, o que os leva a resistir à disciplina exigida para dormir no Albergue Municipal.

www.ocaxiense.com.br 320 a 26 de agosto de 2011 O Caxiense

A economia aquecida provoca uma corrida às concessionárias. Nos primeiros sete meses do ano, o número de emplacamentos de veículos em Caxias cresceu 18,6%. O município ganhou uma média de 43 veículos por dia, am-pliando sua frota para 240,9 mil – 0,55 carro para cada habitante (em Porto Alegre, essa proporção é de 0,49).

É esse crescimento vertiginoso que muita gente aponta como o responsável pela tranqueira nas ruas centrais da cidade. Mas não se pode esquecer que os inves-timentos insuficientes no trans-porte público e na infraestrutura também encabeçam a lista de cul-pados pelo trânsito parado.

Marcelo Rudimar Nascimento, 26 anos, e um amigo não identi-ficado de 21 anos transformaram um contêiner de lixo em moradia na Rua Marquês do Herval e, de forma involuntária, despertaram para uma reflexão. O que leva uma pessoa a preferir viver em um depósito de resíduos orgâ-nicos em vez de um albergue? O próprio Marcelo dá uma das res-postas possíveis.

“O albergue não adianta, só te deixam ficar lá por três dias ou até conseguir um trabalho. Depois do primeiro salário tem que sair”, reclama.

A Fundação de Assistência So-cial (FAS) culpa a situação de vul-nerabilidade dos moradores de

concessionárias lotadas,ruas de caxias também

A polêmica que morano contêiner de lixo

O objeto de cobiçade 25 candidatas

Para solucionar a mais difícil equação das escolas

Até onde chega a burocracia

SeGUnDA | 15.ago

QUARTA | 17.ago

QUinTA | 18.ago

SeXTA | 19.ago

TeRÇA | 16.ago

A Semanaeditada por Jaisson Valim | [email protected]

O candidato de José clemente Pozenato

O combate a uma das principais preocupações dos professores, pais e alunos ganhou um aliado. A exemplo do que ocorre em outras regiões, a 4ª Coordenadoria Re-gional de Educação lançou o Co-mitê Comunitário de Prevenção à Violência Escolar. O nome não explicita, mas a rede – formada por órgãos como polícias, Justiça e entidades – tem como um dos focos principais o bullying (ato de violência física e moral contínua). O esforço conjunto tentará radio-grafar o problema para preveni-lo.

A rede de energia trifásica não consegue chegar ao Centro Vita, em Santa Lúcia do Piaí, mas a bu-rocracia, sim. A demora na conces-são de licença ambiental atrasou a obra em um ano, o que emperra projeto de reabilitação de usuários de drogas. Só nos últimos dias é que a entidade recebeu a autoriza-ção, o que leva a RGE a prometer a instalação em 45 dias. A intenção é transformar em artesanato as cen-tenas de máquinas caça-níqueis apreendidas em Caxias.

Cartaz da Festa da Uva e coroa da rainha fazem alusão à primeira transmissão a cores

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A Festa da Uva apresentou, em solenidade no Hotel interCity Premium, a joia dos sonhos das 25 candidatas a rainha do evento. Projetada por Marcelo Aramis, editor do jornal O Caxiense, a co-roa que será entregue no dia 3 faz

Durou menos de 24 horas a can-didatura do escritor José Clemente Pozenato, morador de Caxias do Sul, a patrono da Feira do Livro de Porto Alegre. Anunciado como um dos cinco concorrentes na eleição popular, ele mandou uma carta à Câmara Rio-Grandense do Livro justificando a decisão. te-ria dificuldade em acompanhar o evento, caso se elegesse.

Mas Pozenato se mantém envol-vido com candidatura. Ele prepara um livro em que narrará a trajetó-ria de um aspirante a cargo eletivo, baseado na experiência de quando concorreu a uma vaga na Assem-bleia Legislativa pelo PSDB – par-tido do qual pretende se desfiliar. O livro, que tinha como nome provisório O candidato, ainda não tem novo título. A propósito: na Feira do Livro, o candidato de Pozenato é o poeta Luiz Coronel.

referência à primeira transmissão em cores no Brasil, que completará 40 anos em 2012. O cartaz da fes-ta, lançado na mesma cerimônia, também faz alusão ao episódio. A peça publicitária tem a assinatura da MultiGuia Comunicação.

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Roberto [email protected]

Desde o início de maio, o governo argentino adota medidas protecio-nistas contra produtos brasileiros, dentre deles, muitos feitos em Ca-xias do Sul. As conversações entre os dois governos não evoluíram, e os bens exportados do Brasil ficam nas alfândegas à espera de libera-ção. Situação que também ocorre com muitos produtos argentinos, já que o governo brasileiro adotou medidas de retaliação. Nesta se-mana, em palestra promovida pelo Simecs, o coordenador do Grupo temático de Negociações interna-cionais da Federação das indústrias do Rio Grande do Sul, Luciano D’Andrea, afirmou que cerca de 40% da pauta das exportações gaú-chas estão sendo afetadas.

As estimativas são de que 12% dos embarques gaúchos estão no grupo de produtos afetados pelo licenciamento não automático im-posto pela Argentina, ou seja, um montante de vendas superior a US$ 200 milhões. Dentre os segmentos mais afetados, quatro com gran-de expressão regional: máquinas agrícolas, móveis, metalmecânico e automotivo. Caxias do Sul, por exemplo, tem a Argentina como principal destino de suas exporta-ções: 18,6%. tomando por base o acumulado do semestre, que é de US$ 480 milhões, o mercado ar-gentino responde por quase US$ 90 milhões dos negócios externos da cidade. Motivos para preocupação e mobilização é que não faltam.

A Caixa Econômica Federal abriu nova unidade em Caxias do Sul. A agência do Centro Empre-sarial Recreio Cruzeiro, localizado na Rua Moreira César, tem 1 mil metros quadrados de área, o do-bro da agência anterior. A equipe de atendimento é formada por 21 empregados, além de estagiá-rios e prestadores de serviços.

A rede hoteleira de Caxias do Sul que, no passado, convivia com ocupação média anual de 48%, hoje já administra algo como 75%. Em tempos de feiras, como nesta sema-na, com a realização da Plastech, a ocupação chega perto dos 100%. No entanto, não há sinais de que os hotéis já localizados venham a investir no aumento da oferta de leitos, nem há indicativos de que

novas redes se instalem na cidade. Segundo João Leidens, presiden-

te do Sindicato de Hotéis, Restau-rantes, Bares e Similares, o índice médio de ocupação ainda está abai-xo do que apregoa a Organização Mundial do turismo para novos projetos, que é de 80% a 85%. Mas o setor está muito próximo do limite. Hora de planejar para evitar sur-presas ali adiante.

No meio empresarial caxiense existe a convicção de que a cidade ganhou um aliado para que se torne sede da fábrica de elevadores que a Hyundai pretende localizar no Rio Grande do Sul. Ninguém menos do que o seu vice-presidente Young Key Park, que visitou o Sindicato das indústrias Metalúrgicas, Me-cânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), a prefeitura, a Plastech e a unidade de motores do Grupo Voges, que também for-nece para a indústria de elevadores.

O executivo estrangeiro disse ter ficado impressionado com o que viu na cidade, mas certamente frustrou-se com a afirmação do secretário de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Sebben, de que Ca-xias não entrará em guerra fiscal para atrair o empreendimento.

Não é de hoje que a adminis-tração atual nega-se a conceder benefícios para manter empresas ou trazer novas, acreditando que o potencial da cidade é suficiente para convencer os empresários. Mas o secretário poderia ter sido mais político e afirmado que a prefeitura faria tudo que está ao seu alcan-ce para auxiliar na instalação.

A negativa de conceder incen-tivos, sem sequer iniciar nego-ciações, pode vir a ser avaliada pela empresa como desinteresse do município. Espera-se que não! Mas outros prefeitos, certamente, vibraram com a posição externa-da pelo poder público de Caxias.

O veto da presidente Dilma Rous-seff ao artigo da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2012, que assegu-rava recursos para reajustes acima da inflação para aposentados e pensionistas do iNSS, descontentou a diretoria do Sindicato dos Meta-lúrgicos de Caxias do Sul. O vice-presidente da entidade, Leandro Ve-lho, condena também a quebra do acordo que o governo havia feito de negociar com as centrais sindicais. A presidente usou a possível crise econômica mundial como argu-mento para não conceder o benefí-cio e garantir equilíbrio nos cofres públicos federais. Já em relação aos cortes exigidos pela sociedade nas despesas com pessoal nenhuma ação efetiva por parte do governo.

A Gosto do Brasil é a mais nova empresa do segmento de e-com-merce especializada em produtos típicos brasileiros com sede em Caxias do Sul. Além das vendas virtuais, tem área física própria para exposição e comercializa-ção. A organização também tem parcerias com hotéis da cidade,

caso do Bergson Executive Flat, para venda e entrega de produtos aos hóspedes.

A diretora comercial da compa-nhia Ângela Ramalho explica que este acordo é estratégico e impor-tante para o crescimento da Gosto do Brasil, que marcou presença na Plastech Brasil.

Rede ampliada

Perto do limite

Água fria

Reação

Produtos típicos

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A exacta contabilidade co-memorou seus 18 anos de fundação com a inauguração de nova sede. Lo-calizada no bairro Cruzeiro, as ins-talações de 300 metros quadrados permitirão qualificar o atendimento dos mais de 100 clientes da empresa caxiense.

De 24 a 26 de agosto ocorre, em Gramado, a 13ª convenção de contabilidade do Rio Grande do Sul. Caxias do Sul e mais 13 mu-nicípios da região estarão represen-tadas no evento pelo Sescon-Serra Gaúcha, que divulgará trabalhos e serviços na Feira de Negócios e Oportunidades.

A terceira edição do Dia do Bem fazer, iniciativa do Grupo Camar-go Corrêa, será neste domingo na sede da Rio Grande Energia (RGE), em Caxias do Sul. Funcionários da empresa serão voluntários em ações voltadas para a capacitação de pes-soas portadoras de necessidades es-peciais ligadas ao Centro integrado dos Portadores de Deficiência Físi-ca de Caxias do Sul. A atividade é desenvolvida simultaneamente em nove países.

A Suspensys e a Jost Brasil, integrantes das Empresas Randon, estão listadas no ranking anual As Melhores Empresas para trabalhar no Brasil, organizado pela Revista Época, em parceria com o Great Pla-ce to Work. A Suspensys ocupa a 28ª posição entre as 100 grandes e mul-tinacionais, e a Jost ficou na 24ª colo-cação entre as 30 médias e pequenas empresas.

Trino Polo e fTec - Faculda-de de tecnologia - promovem nos dias 23 e 25 de agosto o Seminário de Virtualização e Cloud Computing. O objetivo é qualificar mão de obra para trabalhar com essas tendências mundiais de tecnologia e comuni-cação organizacional. As atividades ocorrerão a partir das 19h30, no au-ditório da FtEC.

Curtas

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por ROBin [email protected]

m uma batalha retórica, nem sem-pre é possível identificar vence-dores e perdedores. No embate travado na sessão que aprovou o aumento de 17 para 21 vereadores a partir de 2013, pelo menos os alvos ficaram visíveis. Vereadores favoráveis à emenda levantaram suspeitas sobre a conduta de Har-ty Moisés Paese (PDt) e Daniel Guerra (PSDB), que, com Rodrigo Beltrão (Pt), foram contra a am-pliação. Se por um lado os dois po-dem ter saído vitoriosos aos olhos dos eleitores que não apoiam mais cadeiras do Legislativo, a relação com os colegas foi balançada. Na última semana, Guerra e Paese re-ceberam o jornal, unidos e dispos-tos a não jogar a toalha.

como está a imagem da câmara depois da votação?Guerra: A votação proporcionou que a Câmara e as pessoas se re-velassem. E as pessoas, quando falam, falam daquilo que vivem, experimentam e fazem. Foi o mo-mento em que a sociedade pôde melhor ver como agem seus repre-sentantes.Paese: Eu acho que saiu, sim, pre-judicada. Afinal, a Câmara não é um ente abstrato, é um ente com-posto de cidadãos que falam pela Câmara. Quando uma maioria toma uma posição, é a que vai para as ruas. Nós tínhamos uma primeira posição que era contra o aumento, mas não pelo aumento, pelas consequências que isso cau-sava, entre as quais a principal que

é o aumento de despesas. A ima-gem que fica é de uma Câmara de Vereadores que está com proble-mas de audição. Esta Câmara deve consultar urgentemente um otor-rinolaringologista. Ela deve ouvir mais.Guerra: Se a Casa, que é em sua essência a casa do povo, não per-mite que o povo venha falar e ser ouvido, há uma grande contradi-ção. E o povo queria falar, queria se expressar. Não permitir isso é um fato grave.

Por que vocês eram contrários?Guerra: O eixo da discussão é a representatividade. Representati-vidade que não é quantidade, que é qualidade. Qualidade de quem tem a responsabilidade de saber que foi eleito pelo povo e não pelo partido, não por uma coligação. Se você é eleito pelo povo, tem que ouvir o que o povo quer. Eu, que tenho estado com as minhas as-sessoras na rua desde o início do meu mandato, constato que mais de 90% são totalmente e gritan-temente contrários ao aumento do número de vereadores. Repre-sentatividade é muito diferente de representação partidária. E o que se viu, de fato, foi representação partidária.Paese: Nos poucos minutos que tivemos para falar em plenário, a maioria falou de qualquer coi-sa, menos do projeto. Agora eu entendo muito bem o Cazuza quando ele escreveu aquela músi-ca (O tempo não para): teve uma vidência e pensou na Câmara no dia da votação. Ele dizia assim: Te chamam de ladrão, de bicha, maco-

nheiro / Transformam o país inteiro num puteiro / Pois assim se ganha mais dinheiro. É fácil acusar aquele que defende uma posição, o men-sageiro não importa. O carteiro tem culpa da carta que ele entrega? Podem matar o vereador Paese e o vereador Guerra, vão matar, mas o texto da carta que temos para entregar continuará o mes-mo. Podem me ata-car e me chamar do que quiserem daqui por diante, porque agora eu não vou me calar. Nós nos ele-gemos defendendo mais saúde, creches e educação. E a quei-xa do prefeito é que não tem dinheiro. Quando nós temos a chance de economizar R$ 1,5 milhão por ano, que dava para resolver a greve dos médicos e sobrava dinheiro, se diz que estávamos tentando acabar com o Legislativo.

como ficou o clima para vocês na câmara depois da votação?Paese: Só se ofende aquele que se sente ofendido. Da minha parte, naquela sessão só teve ofensor, não houve ofendido, porque eu não me senti. Quando a pessoa está cons-ciente do trabalho que fez, pode ir para a tribuna dizer que o man-dato deste vereador é inútil, que este vereador só apresentou um projeto. Eu sei que é mentira, este vereador protocolou 28 projetos. E em 2010 eu fui impedido de apre-sentar projeto porque o regimento proíbe (porque era presidente).

Guerra: Eu não vim aqui com o propósito de agradar a nenhum dos 16 pares. Vim para fazer um trabalho, me comprometi com um programa. O meu voto e a minha postura confirmam isso, e o eleitor na rua também. Quando querem defender o indefensável o

debate fica ao aves-so, porque além de não se proporcionar audiência pública se impediu que no dia, no ápice do proces-so legislativo, que é a votação, a Câmara exercesse ou cum-prisse seu papel, que é debater o projeto, os pontos favoráveis e contrários a ele.

Vereador Paese, seus opositores lhe criticaram por tocar a obra de ampliação da câmara e, depois, ser contra o aumento. na época, o senhor era a favor?Paese: Não, não existia essa discus-são, em primeiro lugar. tinha uma discussão no Congresso em que se comentava, havia uma especu-lação. Quando assumi a Câma-ra, havia uma licitação feita e um contrato assinado, meu dever era apenas cumpri-lo. Até comenta-vam que, se não gostasse, poderia rompê-lo, mas, ao romper contra-tos, existem sanções. Assinar uma licitação tem custos, fazer editais em jornais também. tudo isso tem dinheiro público envolvido. Jamais houve o argumento de que a am-pliação serviria para 23 vereado-res, tanto é que esta Câmara já teve 21 e comportou 21 gabinetes. O

O caxiense entrevista

“A imagem que fica é de uma Câmara de Vereadores com problemas de audição. Ela deve ouvir mais”,aponta Paese

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Guerra: “Quando gera esse desconforto, sei que agi da maneira correta”; Paese: “Quem se posicionou mesmo, pegaram”

A VOZ DOSDISSIDENTES

Questionados por votar contra oaumento de vereadores, Daniel Guerra (PSDB) e Harty Moisés Paese (PDt) criticam o Legislativo

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plenário tem lugar para 25 verea-dores. Quando começaram as dis-cussões, as comissões se reuniam uma vez por semana – hoje elas têm uma atividade muito inten-sa –, não tínhamos um site no ar, não tínhamos a tV Câmara, que ainda hoje está no porão. tam-bém precisamos de espaço para as tradutoras de libras, e o aumento da população, por menos que as pessoas procurem a Câmara, au-menta a demanda aqui. A cidade precisa saber que a ampliação não é para atender a demanda de 2010 (ano em que foi presidente), nós te-mos que projetar para daqui a 20 anos. E é diferente gastar na ampliação da Câmara e com o aumento do número de vereadores. O di-nheiro gasto ali não vai fora, sai do caixa e vira patrimônio. No ano que vem, se quiserem fechar o Legislativo, pode ser sede de secretarias.

Vereador Guerra, como as suas assessoras – que, segundo seus colegas, não com-parecem à câmara – trabalham?Guerra: Na campanha, no meu folder, tem uma proposta que di-zia “o vereador vai até você”. Eu tenho só uma palavra, e pus na prática o que era minha proposta. A maior parte do meu tempo não é no gabinete. Não é, não foi e não será, porque o meu papel maior é como fiscalizador. Fala-se em leis, em projetos... É um termo chulo, forte, mas hoje o que se vê é uma diarreia legislativa. Quantos desses projetos vêm transformar efetiva-mente os problemas que a popula-ção vive? Precisa ter projetos? Sim, projetos de sentido imediatista, de espírito exequível e qualidade de transformar essa realidade que o cidadão quer ver transformada. O assessor é meu representante junto à população como eu sou repre-sentante do povo nesta Casa.

O que elas fazem?Guerra: Acompanham o vereador e, por vezes sozinhas, vão visitar as escolas, ver UBSs. tenho adotado por critério, apesar de não haver legislação para a carga horária de assessor político, de que elas te-nham que ter no mínimo 40 horas semanais prestadas. Para mim, o trabalho hoje exercido pelas duas assessoras tem sido não somente satisfatório, mas muito eficiente. São pessoas esforçadas e trabalha-doras. Para o meu mandato, elas são indispensáveis.

O senhor e o vereador Paese apre-sentaram um projeto para extin-guir o cargo de assessor político. Ao mesmo tempo, diz que as suas assessoras são indispensáveis.Guerra: A partir de 2013 a Casa vai ter 21 vereadores, um gasto de

mais R$ 1,5 milhão. Eu, como le-gislador, tenho que pensar em agir. Falar é fácil. No dia que for aprova-do (o projeto), formalizarei o des-ligamento imediato dos meus dois assessores políticos e contratarei elas com recurso próprio, dando continuidade, sem interrupção, ao trabalho que elas vem fazendo.

Vereador Paese, o senhor justifi-cou suas faltas revelando que so-fre de hepatite c.Paese: Eu tenho uma doença e, a princípio, precisava fazer a de-tecção do que era. Estive afastado algumas vezes com diagnósticos

equivocados. Pensei duas vezes antes de falar o que era em plenário. Agora, de-talhes sobre o trata-mento, com quem e onde, isso minha esposa sabe, e olha lá. Ai já é minha vida. isso aqui não é um Big Brother. As faltas são des-contadas do salário, a não ser que você

tenha uma justa causa. Este mês, por exemplo, vou ter R$ 2 mil descontados. É uma conquista do trabalhador a licença-saúde, não que eu gostaria de usar. Mas vamos ser coerentes, vamos nos respeitar. A gente tem apenas que cuidar com essas questões pessoais e não transformar isso aqui (mos-trando exames médicos) em um motivo de ofensa. “É um vereador caro, doente, não precisamos mais dele. Descarta.” Pode até ser, mas isso não me ofende. Deixa o povo decidir. Eu não me preocupo com a repercussão, sou um cidadão pú-blico. Agora, (o que preocupa) é o uso que pode se dar para isso, por-que tenho família.

Vocês acham que teve algo pesso-al com vocês ou quem fosse con-tra o aumento seria criticado?Paese: Não, a pessoa que fosse contra ia ser acusada. Se não fosse o vereador Paese e fosse um dois de paus que apenas votasse e não falasse nada, tudo bem. Me disse-ram isso: “tu te posicionou, falou. Está pagando o preço”. O vereador Beltrão falou menos, enquadra-ram ele, a gente percebe. Quem se posicionou mesmo, pegaram. Guerra: isso só me motiva e me dá uma convicção: estou no cami-nho certo. Quando gera esse des-conforto, esse desespero que ficou explícito, sei que agi da maneira correta.Paese: Esse debate está apeque-nando o Legislativo. Não interessa a nós como cada vereador cuida de seu gabinete. Vai se ocupar do que fazer. Agora está tendo somente uma reação. Mais uma coisa para a população ficar brava, os verea-dores ficam se ocupando do que o assessor de um ou de outro faz. Precisa de mais seis para isso?

“É uma diarreia legislativa. Quantos desses projetos vêm transformar efetivamente os problemas da população?”,critica Guerra

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Guerra e Paese querem extinguir verbas para assessores

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por cAROL De [email protected]

aqueles últimos dias de agosto de 1961, o mês parece mesmo ser de cachorro louco. “Lute pela Lega-lidade! Lute pelo Brasil!”, brada firme, quase agressiva, mas ainda assim aveludada, a voz da locutora Carmen tomasi, a namoradinha de Caxias, pelos alto-falantes ins-talados no prédio onde ficavam a Biblioteca Municipal e a Câmara de Vereadores, em frente à Praça Ruy Barbosa. Um dia após a re-núncia do presidente Jânio Qua-dros, com extrema agilidade, fora organizado e montado ali um comitê para recrutar voluntários dispostos a, se necessário, partir para o confronto armado com as forças militares, impedindo um golpe e empossando João Gou-lart na presidência. Convocada pelo governador Leonel Brizola, na calçada da Rua Dr. Montaury, uma multidão de caxienses faz fila para se alistar. Homens e mu-lheres comuns, operários e estu-dantes, dispostos a empunhar re-vólveres, atuar como enfermeiros ou qualquer posto que lhes fosse delegado no batalhão da luta pela Legalidade.

A Campanha da Legalidade foi um dos maiores movimentos po-pulares do Brasil. Comandada por Brizola, a mobilização que mu-dou a história política brasileira, adiando o golpe militar que iria

instaurar a ditadura três anos de-pois, começa no dia 25 de agosto de 1961, após a renúncia de Jâ-nio. Conforme a Constituição, o vice-presidente, então em missão oficial na República Popular da China, deveria ser automatica-mente conduzido ao cargo. Como Jango está fora, assume interina-mente o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzili, e os ministros militares aproveitam o vácuo de poder para tentar tomar o governo. imediatamente, Brizo-la inicia a resistência em defesa da Constituição e da posse de Jango, que tenta retornar ao Brasil.

A Brigada Militar entra em prontidão, e a população se con-centra no Palácio Piratini, na Pra-ça da Matriz, em Porto Alegre. O Ministério da Guerra manda bombardear o palácio, enquan-to Brizola, pelo rádio, pede mais mobilização. Para tentar conter o movimento, ou pelo menos bar-rar as informações, o Ministério da Guerra apreende os cristais dos transmissores de todas as emisso-ras da Capital. Com urgência, o governador consegue transferir a Rádio Guaíba para os porões do Piratini, formando a chamada Ca-deia da Legalidade, que transmite suas mensagens para todo Sul do país por uma centena de emissoras retransmissoras.

Comandante do 3º Exército, o general Machado Lopes, que de-sobedeceu à ordem do bombar-

deio, passa a apoiar os manifes-tantes, preparando-se para invadir São Paulo. O ministro da Guerra, Odylio Denys, coloca então suas tropas em marcha contra o territó-rio gaúcho. Brizola conclama mais reforços, convocando todos à luta, na Capital e no inte-rior. Revólveres são requisitados da Fá-brica taurus. Postos de recrutamento são montados em todas as cidades. As aulas são suspensas. Bri-zola ganha a adesão dos governadores do Paraná, Nei Braga, e de Goiás, Mauro Borges. Os bancos fecham. Os ferrovi-ários lideram grupos da catego-ria. Sindicatos de Caxias do Sul apoiam em massa.

No dia 31 de agosto, quando Jan-go chega a Montevidéu, os minis-tros militares reconhecem a força da Campanha pela Legalidade e uma negociação pelo governo par-lamentarista começa a ser travada. No dia seguinte, João Goulart de-sembarca em Porto Alegre, aguar-dado por uma impressionante ma-nifestação popular com bandeiras e cartazes. A tensa possibilidade do conflito civil, finalmente, é des-cartada. A Legalidade acaba uma semana depois, quando, já em Brasília, Jango toma posse como presidente da República.

O episódio foi parar nas ca-pas de grandes jornais do mundo inteiro representado, principal-mente, por imagens do homem-símbolo da luta: Leonel Brizola. “Ele tinha sido um bom prefeito de Porto Alegre e estava fazendo

um excelente gover-no. tinha um certo renome nacional, mas nada muito for-te ainda. A partir daí ele dá um salto em sua história pessoal e sua carreira política”, explica o jornalista e escritor Juremir Machado da Silva, autor do recém-lan-çado Vozes da Le-galidade – Política

e imaginário na era do Rádio (Editora Sulina, 2011). tanto é que, após encerrar o mandato de governador, Brizola vai para o Rio de Janeiro e se elege por lá como o deputado federal mais votado do país.

Em Caxias do Sul, o grande lí-der da campanha pela Legalidade foi o atual senador Pedro Simon, na época vereador. Segundo o ex-prefeito Mansueto Serafini Filho, que naquele período era suplente do Legislativo, foi Simon quem “assumiu a bronca”, organizando o Comitê pela Legalidade para re-crutar voluntários. “Ele convocou a Carmen tomasi e eu para ser-mos os locutores oficiais da Lega-

50 anos da Legalidade

“Houve uma união geral em torno dessa bandeira”, diz Mansueto, convocado por Simon para ser “locutor oficial” da Legalidade

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No dia 20 de setembro, uma comitiva caxiense foi a Porto Alegre comemorar a vitória e a posse de João Goulart

DE BRIZOLA E JANGOA SIMON E MANSUETO

O rádio local não entrou na campanha que enfrentou os militares em 1961, mas não faltou força popular em Caxias para, pelo menos, adiar a ditadura

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lidade”, relembra. Carmem e Man-sueto ficavam permanentemente no QG da resistência, ouvindo a Rádio Guaíba – já que as emissoras caxienses não entraram na Cadeia da Legalidade – e repetindo as in-formações em alto-falantes insta-lados na parte externa do edifício. “também falávamos algumas fra-ses de efeito, como ‘Aliste-se! Lute pela Legalidade, Brasil!’”, recorda. O próprio Mansueto, que nunca pegou em uma arma na vida, também se alistou, deixando sua avó extremamente preocupada. “Ela me dizia ‘far polito’ (faz direito). Mas, se houvesse a luta, eu seria um revolucio-nário de meia tige-la”, ri. Brincadeiras à parte, Mansueto conta que, embo-ra muitas famílias estivessem apreensivas – princi-palmente as dos soldados do 3º GAAAé, que enviou um batalhão para Porto Alegre –, nunca se viu uma mobilização igual na cidade. “independentemente de partido, houve uma união geral em torno dessa bandeira”, diz Mansueto.

no livro Mínimas confissões (Letra&Vida, 2007), Almiro Zago, então um aprendiz de artilheiro, conta o momento da partida do grupo de militares para a Capital e o sentimento que pairava no ar. “Embora jovens soldados, tínha-mos consciência de toda aquela re-alidade e do seu significado. Tanto assim que guardávamos na lem-brança as palavras do comandan-te da bateria, dias antes, ainda no quartel, ao ordenar a entrega de armas individuais com munição: “Lembrem-se de que essas armas poderão ser usadas contra irmãos nossos. Não permita Deus que isso venha a acontecer.” Zago descre-ve, em tom dramático, a bênção do padre Giordani à tropa antes do embarque, relembrando que naquele mesmo local, em 1944, ele havia abençoado os pracinhas da cidade. “Para incutir confiança, deu ênfase a que todos haviam vol-tado com vida, e certamente Deus permitiria que o mesmo aconteces-se com todos nós que estávamos em vias de partida”, complementa o autor. Na crônica, ele ainda relata que Caxias do Sul apagara as luzes para a passagem em segurança do comboio, o que não impediu uma multidão de acompanhar a saída da tropa na Avenida Rio Branco para se despedir.

Hoje presidente do PDt em Caxias do Sul, Luiz Carlos Muniz era uma criança de nove anos na época, mas viveu momentos de tensão pelo pai, integrante do Cor-po de Bombeiros. A corporação, na Legalidade, uniu-se à Brigada Militar. “Eles tradicionalmente não usavam armas, mas foram ar-

mados pelo Brizola, caso houvesse reação”, conta. Os bombeiros re-ceberam revólveres calibre 38 da taurus, empresa gaúcha convoca-da pelo governador para equipar a resistência. Muniz relata que o pai ficou aquartelado – ou seja, de prontidão na sede do regimento, sem voltar para casa – durante vá-rios dias, e o garoto ia até o Corpo de Bombeiros com a irmã, a pé, para visitá-lo. Numa dessas ocasi-

ões, o pai entregou-lhes dinheiro e or-denou que a família fosse ao mercado e comprasse tudo quanto fosse possí-vel com o valor, pre-parando-se para um provável desabaste-cimento e raciona-mento. Muniz, que estudava no Colégio La Salle, também se recorda da suspen-

são das aulas e da recomendação para ficar dentro de casa. “A gen-te não entendia muito bem, mas sentia a tensão e sabia que alguma coisa estava errada.”

Além da Brigada e dos Bombei-ros, outras grandes forças caxien-ses na Legalidade foram os ope-rários e as associações de bairros. Luiz Pizzetti fazia parte das duas. Na época com 35 anos, ele traba-lhava como vendedor e motorista na fábrica de refrigerantes Mara-bá, fazia parte do Sindicato dos trabalhadores nas indústrias de Alimentação da cidade e era pre-sidente da Associação de Mora-dores do Bairro Madureira – que seria conhecido depois, na ditadu-ra, como “Bairro Vermelho”, por concentrar o maior número de comunistas. Pizzetti ouviu o cha-mado de Brizola pelo rádio e logo saiu batendo de porta em porta para conclamar os vizinhos à luta. “Compareceram advogados, mé-dicos, enfermeiras... Dispostos a tudo que precisasse para empossar o Jango. tínhamos um batalhão pronto para ir à guerra”, orgulha-se.

Os moradores se reuniam na sede da Sociedade Recreativa e Es-portiva Madureira, que tornou-se o QG do grupo de resistência do bairro. “Era preciso fazer tudo li-geiro para assustar os golpistas”, conta Pizzetti. De acordo com ele, nos primeiros dias houve até uma passeata na Rua Sinimbu, apoiada pelas forças brizolistas. O operá-rio participou da manifestação ao lado do filho mais velho, Felipe, que tinha 15 anos. “A Brigada to-mava conta de nós, mantinha a or-dem”, relembra. Para comemorar o fim do conflito, na data da Revolu-ção Farroupilha os moradores do Madureira, liderados por Pizzetti, lotaram dois ônibus e foram desfi-lar em Porto Alegre, com cartazes e bandeiras exaltando a mobiliza-ção dos caxienses na Campanha pela Legalidade.

“Compareceram advogados, médicos, enfermeiras... Tínhamos um batalhão pronto para ir à guerra”, orgulha-se Luiz Pizzetti

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Pizzetti: “Era preciso fazer tudo ligeiro para assustar os golpistas”

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por cAMiLA cARDOSO [email protected]

a sala 901 do edifício Alex, na Rua Dr. Montaury, Mario David Vanin criou, mais que um escritório de advocacia, um espaço de memó-rias. É ali que a presença do polí-tico, advogado, professor e escritor morto no domingo (14) aos 69 anos, vítima de um infarto, talvez esteja mais viva.

Na sala ocupada por ele, per-manecem um boleto bancário a ser pago ao centro da mesa, livros empilhados com certa desordem e um pequeno relógio parado, marcando 4h20. Ali Vanin gos-tava de receber clien-tes e amigos para conversar, costume que mantinha dia-riamente. No topo de uma pilha de pa-péis sobre a mesa, a lista de telefones dos atuais secretários municipais denun-cia outro hábito di-ário do ex-prefeito. Ao chegar no escritório, sempre por volta das 9h, preparava um chimarrão, lia jornais e sintoniza-va rádios para ouvir programas de notícias sobre Caxias. Em seguida, iniciava uma série de ligações, a maioria com o intuito de colaborar indiretamente com a cidade.

Com quase 50 anos de vida pú-blica, Vanin sentia-se à vontade para apontar erros dos mais jo-vens. Mas o fazia com tamanha delicadeza que os interlocutores nem se sentiam ofendidos. Até a ex-governadora tucana Yeda Cru-sius, nos tempos em que ocupava o Palácio do Piratini, recebia seus telefonemas.

“Ele mesmo ligava para rádios e jornais para palpitar. E fazia a mesma coisa com políticos. Mes-mo que não pedissem, ele ligava para os vereadores, por exemplo, e falava: ‘olha, acho que não é por aí’. Se tinha coisa em que ele não economizava, era telefone”, conta o

irmão José Carlos Vanin, 67 anos.com dois anos de diferença,

Mario e José Carlos eram os ir-mãos mais próximos. Os escritó-rios de advocacia dos dois ficam um de frente para o outro, no mes-mo prédio comercial, e José Carlos foi o primeiro a seguir os passos de Mario ao sair da Linha Zambica-ri, no interior de São Marcos, para tentar a vida em Caxias. Mario era o terceiro filho de uma família de nove irmãos. Os dois primeiros permaneceram em São Marcos como mecânicos. A decisão de sair de casa aos nove anos para ingres-

sar no Seminário Nossa Senhora Apa-recida, onde cursou até o equivalente ao Ensino Médio, foi inspirada na trajetó-ria de dois tios que eram padres. A mãe, Érica, já viúva, foi a maior incentivado-ra. “Varda, Mario, de far polito (Cuida, Mario, para fazer as coisas direito)”, afir-mou a agricultora ao

filho, que repetia a frase com or-gulho quando lembrava da partida de sua terra natal.

Ao terminar o Ensino Básico, Mario voltou a São Marcos para lecionar pela primeira vez até se instalar em Caxias em definitivo e ingressar na faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais da Universidade de Caxias do Sul (UCS). A gradu-ação veio em 1967, com os interes-ses já voltados para a política.

Em 1968, Vanin elegeu-se ve-reador pela Arena – partido que dava sustentação à ditadura mili-tar – para a legislatura de 1969 a 1972. No pleito seguinte, foi eleito vice-prefeito de Mario Bernardino Ramos, que lhe entregou os dois últimos anos da gestão, em 1975, para assumir a Secretaria Estadual de turismo no governo de Sinval Guazelli. Aos 33 anos, coube ao são-marquense dar continuidade aos projetos do cabeça-de-chapa. Um deles faria com que uma pai-

Perfil

“Varda, Mário, de far polito (cuida, Mário, para fazer as coisas direito)”, disse a mãe paraVanin quandoele partiu decasa para Caxias

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Advogado queria lançar livro de memórias no aniversário de 70 anos

O úLTIMOcONSELhODE MARIO VANINDono do hábito de aconselhar políticos – de vereadores a governadores – em telefonemas de cortesia, o ex-prefeito de Caxias deixou recomendações até para depois de sua morte

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xão de Vanin fosse despertada. Ele gerenciou boa parte das obras dos Pavilhões da Festa da Uva, iniciada por Mario Ramos (que, no futuro, daria o nome ao parque).

Anos mais tarde, em 1984, ele voltaria a assumir responsabilida-des com a festa, que beirava a fa-lência, já com man-dado de penhora expedido, 141 títu-los protestados em cartório e sem um centavo sequer em caixa. Vanin nego-ciou crédito com instituições finan-ceiras para poder realizar o evento – a única edição que pagou dividendos aos acionistas. E voltou a presidi-lo em 1986.

De todos os cargos que ocupara, os que lembrava com mais gosto eram aqueles à frente da Festa da Uva. Ali, considerava que podia sentir o real espírito da comuni-dade caxiense, sem grandes inter-ferências políticas ou burocráticas. tanto que, mesmo sem cargo, não se furtava de procurar os dirigen-tes para oferecer ajuda e dar con-selhos. “A gente até achava que era inconveniência, mas ele fazia pela paixão que sentia”, afirma o irmão José Carlos.

A municipalização da Festa da Uva, até então ligada ao Estado, foi o último ato de governo do prefei-

to Mansueto Serafini, em 1992. Na eleição daquele ano, Vanin havia conquistado a prefeitura pelo ex-tinto PFL – hoje DEM. “Para um homem que veio de fora, prati-camente com as mãos abanando, chegar ao cargo máximo na cidade que o acolheu foi uma realização

muito grande”, re-lembra a mulher Vera Menegotto Vanin, com quem foi casado por 41 anos.

Além de poder voltar a se dedicar oficialmente à Festa da Uva, tratando dos trâmites burocráticos para que a comemo-ração fosse algo ge-nuinamente caxiense, Vanin empenhou-se

em planejar rumos para a cidade que tanto gostava. Em setembro de 1993, viajou para a Alemanha para conhecer mais sobre o assunto. Ao retornar, deu início à elaboração do Plano Físico Urbano de Caxias, antecessor do atual Plano Diretor. Com especial atenção à infraestru-tura, a gestão ficou marcada por obras de saneamento, principal-mente nos bairros Serrano e Lour-des, e a construção da Perimetral Sul. Caxias passou a ter gestão ple-na da saúde no governo de Vanin, que construiu o primeiro posto de saúde 24 horas e o Hemocentro. Ele implantou ainda a divisão da cidade em 15 regiões administra-

tivas, buscando a descentralização da gestão do município.

Vanin não teve tempo de sa-ber, mas, no dia anterior à morte (13), ele havia sido aclamado pela atual diretoria da Academia Ca-xiense de Letras (ACL) como pró-ximo presidente, escolhido para comandar a instituição no ano em que completaria cinco décadas de existência. “Além da larga experi-ência como político, era um aca-dêmico impecável, participando e dando apoio incondicional à aca-demia, amigo de todos e com uma visão de justiça e vida íntegra que o creditavam ao cargo”, destaca a presidente, Alice Cristina Velho Brandão.

A aptidão e gosto por escrever poesias levou Vanin a ocupar a cadeira de número 11 desde 1963, ano seguinte à criação da academia. Ele proje-tava resgatar a histó-ria de Vivita Cartier em 2012. A poeti-sa porto-alegrense conhecida como A Noiva do Sol, que, vítima de tuberculo-se, passou os últimos meses da vida em Criúva, na dé-cada de 1910, era a patronesse da cadeira ocupada por ele na ACL.

Atualmente, a edição de um li-vro com as próprias memórias

ocupava boa parte do tempo de Vanin, que reunia episódios da vida pública e privada, boa parte deles pontuada pelo seu tradicio-nal bom humor. Vera foi a incenti-vadora do projeto, atenta à natural vocação do marido para contar histórias. “Cada vez que ele come-çava um causo eu enumerava: ‘essa é a número 39, essa a 42’, porque eram sempre as mesmas e eu co-nhecia cada uma”, lembra.

Para eternizar esses fatos, a mu-lher chegou a comprar um grava-dor que, conectado ao computa-dor, transcrevia automaticamente o conteúdo, mas Vanin refutou a alternativa tecnológica. Como bom orador, prezava sempre pela presença de um interlocutor, cos-

tume que não dis-pensava nem mes-mo para assistir aos telejornais quando chegava em casa, à noite. “Se tu não assistires comigo, para quem eu vou comentar as notí-cias?”, perguntava à mulher.

Uma coincidente proposta do escritor e jornalista Marcos Fernando Kirst no

início de 2010 surgiu como solu-ção para o projeto do livro. “Fos-se um episódio da infância ou um acontecimento político, ele sem-pre procurava, ao final, oferecer

“Mesmo que não pedissem, ele ligava para os vereadores e falava: ‘olha, acho que não é por aí’”, conta o irmão José Carlos Vanin

“Ele era muito sagaz, com uma mente inquieta, sempre refletindo enquanto falava”, afirma o biógrafo Marcos Fernando Kirst

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1. No escritório, Vanin acompanhava as notícias e disparava telefo-nemas; 2. Vanin espalhou fotos dos netos pelo local de trabalho; 3.

Na entrega do título de cidadão emérito, ex-prefeito se emociona com discurso do neto; 4. Nos anos 70, assumiu a prefeitura por dois anos.

1. 2.

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ao interlocutor um ponto para a reflexão, o que permitia obter um espectro maior de interesse, muito além dos personagens diretamente envolvidos”, relembra o jornalista.

Foi com esse argumento que Kirst convenceu Vanin a confiar a ele a escrita do livro. Encontros matinais entre abril e junho da-quele ano resultaram em 70 ho-ras de gravações, enriquecidas por entrevistas e depoimentos de amigos, familiares e colegas, além de outras histórias e documentos que Vanin fornecia ao autor por e-mail. “Normalmente as sessões duravam uma hora, para que ne-nhum dos dois cansasse e não se perdesse a vitalidade da conversa”, conta Kirst.

Apesar de haver um roteiro de temas previamente estabelecido, a vocação de um contator de his-tórias era soberana. “Ele era muito sagaz, com uma mente inquieta, sempre refletindo enquanto fala-va, e uma história puxava a outra”, relembra o escritor, que agora tra-balha na transcrição dos textos. A mulher Vera pretende manter os planos do marido e lançar o livro no dia 7 dezembro, quando ele completaria 70 anos.

com a aposentadoria com-pulsória da Universidade de Ca-xias do Sul há dois anos, onde lecionava para o curso de Direito

e presidia o instituto de Adminis-tração Municipal, Vanin pôde se dedicar a uma paixão maior que a coleção de memórias ou mesmo a Festa da Uva. Seus três filhos lhes deram nove netos, os quais Vanin afirmava serem o maior orgulho de sua vida. O mais velho, João Vitor, apegou-se ainda mais ao avô nos cinco anos em que teve exclu-sividade no posto de netos, tanto que a primeira palavra que ele pro-nunciou foi “barba”, referindo-se à aparência de Vanin à época. O companheirismo dos dois se evi-denciava na comoção, no velório, do garoto, que perdeu o avô no dia do aniversário de 12 anos.

Na mesma Câmara de Verea-dores onde ocorreu a cerimônia de despedida, avô e neto tinham vivido, dois anos antes, uma das principais passagens da relação. A cerimônia de entrega do título de Cidadão Emérito de Caxias do Sul a Vanin incluía a homenagem dos familiares. Ao organizá-la, Vera pensou em quem o marido gos-taria que representasse a família. Não teve dúvidas: escolheu o neto. Então com 10 anos, João Vitor contou com a ajuda dos pais para escrever o texto e ensaiá-lo. Vanin não conteve a emoção ao ouvir o neto dizer que “sua personalida-de, marcada pela ética, pela ver-dade e pelo respeito, lhe garantiu uma imagem íntegra, a presteza, a

atenção, o carisma e o companhei-rismo aos amigos e à família, qua-lidades que colocam muitas vezes seus feitos em segundo plano, ta-manho o coração, a amizade e a ajuda prestada por ele em todos os momentos”. O momento que mos-tra o menino discursando e Mario chorando foi regis-trado em uma foto, que recebeu ainda a inscrição “um avô orgulhoso”.

Vanin também transformou a con-vivência com os netos em desculpa bem-humorada para recusar os convites de irmãos e cunha-dos para pescarias, atividade para a qual não tinha vocação alguma. Ele acompanhava a expedição pelo prazer da convivência e acaba-va cuidando da organização do acampamento, o que virava mo-tivo para piada. Há cerca de dois meses, ao se recusar a participar de mais uma jornada, deixou no es-critório do irmão José Carlos uma foto e o recado: “Com a tua rede tu pega peixes, com a minha eu pego netos.”

As fotos com os netos têm lu-gar de destaque no escritório de Vanin. Ali ele também guardava com carinho a mensagem que re-

cebeu quando o cunhado e amigo Adelino Miotti morreu, em 2010. Naquela época, entregou o texto, gravado em forma de marcador de livros, à colega de escritório An-dréia Bacarin Vieira, pedindo que ele também fosse lembrado da-quela maneira quando morresse.

A morte não é nada, de autoria atribuída a Santo Agostinho, aconselha: “Não uti-lizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos. Re-zem, sorriam, pen-sem em mim. Que meu nome seja pro-nunciado como sem-pre foi, sem ênfase de nenhum tipo, sem

nenhum traço de sombra ou triste-za. A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cor-tado. Por que eu estaria fora de seus pensamentos agora que eu estou apenas fora de suas vidas? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do caminho. Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, lin-da e bela como sempre foi”.

Parentes distribuirão o texto na missa de sétimo dia marcada para este sábado, às 17h, na Catedral. Será uma tentativa – das mais difí-ceis – de seguir o último conselho de Mario Vanin.

“A personalidade marcada pela ética, pela verdade e pelo respeito lhe garantiram uma imagem íntegra”, discursou o neto na Câmara, para emoção do avô

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Artur nasceu no dia 10 de junho de 2010, com 35 semanas de gesta-ção (cerca de sete meses e meio). Embora tivesse passado uma gravi-dez tranquila, sem previsão de parto prematuro, a jornalista Andres-sa Boeira já estava preparada para a chegada do primeiro filho. Ao acompanhar o desenvolvimento do filho, Andressa percebeu atrasos na evolução, atribuída pelo médico ao nascimento precoce. Aos seis meses, o bebê ainda não firmava a cabeça e continuava a ter espasmos, próprios dos primeiros meses de vida. Andressa procurou um espe-cialista, que diagnosticou uma lesão cerebral e a Síndrome de West (hipsaritmia). “É um tipo grave de epilepsia, muito agressiva ao cére-bro e de difícil controle. Na maioria dos casos é genético, mas no caso do Artur não é”, explica Andressa, que hoje é também especialista no assunto. “Quando ele está acordado, está comendo ou fazendo algum exercício”, conta Andressa, que continua trabalhando e divide com a mãe e o marido os cuidados com Artur. Entre os tratamentos de fi-sioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e estimulação visual, “Artur tem compromisso todos os dias”. Hoje Artur sorri, balbucia e tem o olhar mais atento. “A gente comemora cada conquista, que para outros bebês poderia ser banal. Não fazemos planos a longo prazo, vencemos um dia de cada vez.” Os colegas jornalistas sugeriram que ela escrevesse um livro. Andressa, que não teve tempo nem para a de-pressão, achou melhor escrever um blog, por enquanto, para dividir angústias e compartilhar vitórias: www.arturguerreiro.blogspot.com. E o resultado comprova: ser guerreiro é um fator genético.

Na última semana, em São Paulo, o socorristaValtair fez uma série per-feita de reanimação cardiopulmonar (RPC): cinco ciclos de 30 compres-sões de massagem cardíaca, com ritmo e pressão ideais, e, após um in-tervalo igual a cada ciclo, duas ventilações (boca-a-boca), com entrada precisa de ar aos pulmões. Se a vítima fosse de verdade, teria a sorte de ser atendida por Valtair. Ligado a um computador, o boneco simulador no qual o socorrista aplicou o exercício era mais exigente e também apro-vou o trabalho. Valtair, que trabalha no Samu de Caxias, conquistou o primeiro lugar na categoria RPC da Olimpíada Brasileira de Atendimento Pré-hospitalar. Além dos cursos oferecidos pelo Samu, o socorrista busca especializações por conta própria. Ficou sabendo da Olimpíada em uma revista especializada que assina.“A gente tem que treinar muito para ter a certeza que fez o melhor possível, independentemente do resultado. Nin-guém gosta de perder um paciente, mas precisa ter conhecimento para ir pra casa com a consciência tranquila”, diz Valtair.

AndressaBoeira

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Literatura | clássicospor UiLi BeRGAMin

por MARceLO ARAMiS

Há duas semanas Uili Bergamin comentou nesta coluna a lista dos livros mais retirados da Biblioteca Municipal, best-sellersque não leu. Agora, ele volta à seção para listar os seus prefe-ridos. “Dar Machado de Assis para um inex-periente é matar um leitor potencial. Mas não dá pra ficar a vida inteira lendo Nora Roberts".

Don Quixote, de cervantes | O amor, a loucura e o humanismo do personagem marca-ram a estreia de Uili nos clássicos. “É incrível a coragem que ele tem para lutar pelos seus sonhos embora o mundo inteiro diga o contrário. O livro mudou a minha vida”, diz Uili. Ele que acredita que esta seja a função da literatura.

O Vermelho e o negro, de Stendhal | De toda a literatura francesa, Stendhal é o pre-ferido de Uili. “Quando li, fiquei impressionado por ele conseguir ir tão fundo na psicologia do personagem”, afirma o escritor, sobre o “livro perfeito” de um “estilista da palavra”.

A Rebelião dos Anjos, de Anatole france | Um anjo caído do céu, designado para cuidar de um humano, se decepciona com o dever e se rebela, “uma reflexão sobre a religião e a fé”. “O livro foi responsável pela minha passa-gem de católico fervoroso para ateu”, conta Uili, que se deixa levar por boas histórias.

O evangelho segundo Jesus cristo, de Saramago | Para Uili estilo peculiar, a be-leza e a ironia do texto de Saramago são os desta-ques, mas a forma não se sobrepõe ao conteúdo. “Se a Rebelião, me deixou pensativo com a reli-gião, o evangelho jogou uma pá de cal sobre os resquícios de catolicismo”.

O Amor nos tempos do cólera, Gar-cía Márques | Na capa, onde os best sellers costumam fisgar o leitor destacando o número de exemplares vendidos, o quinto clássico da lista poderia ter a sinopse de Uili: “A mais linda histó-ria de amor que eu já li”.

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por JOSÉ eDUARDO [email protected]

primeiro contêiner, modelo stan-dard, encontrado em um terreno baldio nas imediações da Perime-tral Norte, não era alto o bastan-te. tinha 2,7 metros. Mas o eco-nomista Rodrigo de Carvalho, 35 anos, já havia convencido a esposa, Raquel Pegorini, e não desanimou. Continuou sua varredura pelas ruas de Caxias do Sul. Mas só foi achar o que queria, depois de mais pesquisas e indicações, na cos-ta norte de Santa Catarina. Mais precisamente, no Porto de itajaí, a quase 500 quilômetros daqui. En-tão, era só resolver como transpor-tar as quatro caixas metálicas pin-tadas de azul, cada uma pesando 3,9 toneladas e medindo 12 metros de comprimento, 2,4 de largura e 2,9 de altura. Rodrigo contratou um comboio formado por quatro caminhões. Os veículos entraram enfileirados na cidade pela Ave-nida São Leopoldo e seguiram em direção à Estrada do imigrante, sem despertar maiores atenções – movimento comum no cotidiano

de um polo industrial.O local do desembarque – a 3ª

Légua, cenário de parreirais, casas típicas da colonização italiana e pequenas chácaras – foi o primei-ro indicativo de que aquela his-tória continha algo de inusitado. Os moradores observaram com curiosidade quando, dois meses atrás, os contêineres foram descar-regados por um pequeno guincho na propriedade rural de solo argi-loso, à frente de um matagal. Mui-tos dos vizinhos ainda não sabem dos planos de Rodrigo, que não têm prazo definido para se con-cretizar nem precedente na cida-de. “Até hoje tem gente pensando que vai abrir uma fábrica”, diz o economista. No meio da colônia, nas terras da família de Rodrigo, o casal quer transformar os con-têineres em uma casa ecológica e sustentável.

construídas em Xangai, a maior cidade da China, as enor-mes estruturas mantêm em segre-do o histórico de travessias marí-timas em navios cargueiros que perdurou por nove anos seguidos,

até serem aposentadas. Uma eti-queta metálica, ainda presa a uma das portas, revela que a empresa interpool, sediada na ilha caribenha de Barbados, foi sua última proprietária. O forte cheiro de borracha indica o tipo de material que elas transportavam – pneus, suspeita Rodrigo.

Os quatro contêi-neres – que, soman-do o frete, custaram R$ 32,4 mil – foram largados lado a lado na 3ª Légua. Por causa das condi-ções climáticas desfavoráveis, con-tinuam sendo apenas contêineres. A construção das fundações da casa de 155m² que eles formarão, com pilares de concreto, depende do tempo seco. Em seguida, será a vez da montagem e de os serralhei-ros entrarem em ação cortando as chapas metálicas para formar ja-nelas, portas e demais ambientes. Com as sobras serão feitos o por-tão da garagem e a cobertura da

caixa d’água. A moradia terá dois pavimen-

tos. O primeiro, com uma área integrada de sala de estar, jantar e cozi-nha, garagem para dois carros, lavabo e dispensa. No se-gundo, o quarto de casal, dois dormitó-rios de solteiros, um banheiro e um deck. O orçamento total é estimado em R$ 200 mil, desconsideran-do o valor do terre-no.

A casa-contêiner de Rodri-go promete ser a primeira moradia do gênero na cidade, mas a cria-tividade – ou a necessidade – já deu às pesadas estruturas de carga outra serventia por aqui. A mais conhecida é a da Escola Estadual ismael Chaves Barcellos, em Galó-polis – e não é vista por professores nem por alunos com bom olhos. Apelidado de “escola de lata”, des-de fevereiro de 2009 o colégio tem aulas nos turnos da manhã e da

Alternativas habitacionais

“Até hoje tem gente pensando que vai abrir uma fábrica”, diz Rodrigo, sobre a impressão dos vizinhos

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Em Galópolis, a “escola de lata” é alvo de críticas. Na 3ª Légua, as estruturas metálicas serão empilhadas para fazer uma moradia de dois pisos

O SONhO DO cONTÊINER PRÓPRIO

Fabricados na China, comprados por uma empresa de Barbados, viajados pelos maresdo mundo e revendidos em itajaí, contêineres vão virar casa no interior de Caxias

14 20 a 26 de agosto de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Page 15: Edição 90

tarde em quatro salas improvisa-das em contêineres. Atualmente, quase 200 dos 465 alunos estudam nesses ambientes.

A professora Alessandra Mene-gol é uma das pessoas mais aptas para avaliar a permanência dentro dos contêineres. Desde que in-gressou na escola, há três anos, ela leciona nas salas metálicas, de ma-nhã e de tarde. Alessandra diz que o local não é indicado para uma criança passar quatro horas diárias estudando, e muito menos o dia inteiro. Em poucos minutos enla-tado, percebe-se que a sala é aba-fada, em parte devido às pequenas janelas basculantes incapazes se fazer o ar circular e à falta de um sistema adequado para controlar a temperatura. As paredes são for-radas com PVC, elemento que não possui grande capacidade térmica. Para evitar o calor, insuportável nos dias quentes, foram instala-dos aparelhos de ar-condicionado, uma conquista da direção da esco-la. Entretanto, com o risco da pro-liferação de doenças respiratórias, eles são ligados somente em últi-mo caso.

Alessandra passa oito ho-ras por dia, de segunda a sexta, dentro de um contêiner. “Eu já tinha enxaqueca crônica e desen-volvi ainda mais com a variação de temperatura provocada pelo ar-condicionado. também perco a voz mais facilmente”, relata. Os alunos também sofrem com o am-biente inadequado para o estudo. Conforme a professora, muitos deles apresentam dor de cabeça, sintomas de gripe e problemas nos brônquios. Para resfriar a sala sem prejudicar os pequenos, Alessan-dra volta mais cedo do horário de almoço e liga o ar, tentando dimi-nuir o calor dentro do sala, que se torno crítico no início da tarde. Mas a tática não surte efeito por

muito tempo, e rapidamente, com a presença dos 25 alunos, a tempe-ratura se eleva – o que, mesmo no inverno, não é agradável.

A opção do Estado em colocar os alunos da Escola ismael Bar-cellos estudando em salas feitas com contêineres foi uma medida temporária e paliativa que perdu-ra até hoje. Em setembro de 2008, parte do colégio ardeu em chamas. Uma lâmpada esquecida acessa e um curto-circuito iniciaram o in-cêndio que devastou um pequeno depósito e a única escada de acesso aos pisos superiores. Algumas sa-las de aula foram parcialmente uti-lizadas para a construção de uma escada secundária, com espaço para a instalação de um elevador. Dessa forma, muitas crianças tive-ram de terminar o ano letivo es-tudando em locais improvisados. Em fevereiro de 2009, o gover-no alugou as quatro salas de lata, instalando-as no pátio da escola. “Elas tinham um cheiro forte de cola sempre que aqueciam”, recor-da a diretora, Sonia Beatriz Sbersi.

A casa de Rodrigo e Raquel, que já tem até nome, ECOntainer, não deverá passar pelos mesmos problemas da escola. O escritório de arquitetura El.Studio, responsá-vel pelo projeto, preocupou-se em trabalhar com tecnologias especí-ficas para solucionar desconfortos como o do aquecimento. Para isso serão utilizados pintura especial à base de cerâmica (que reflete par-te do calor), lã de fibra de garrafa PEt para o forro, gesso acartona-do no teto e nas paredes internas e, para completar, o telhado será feito com chapas de poliestireno. O uso desta tecnologia substituirá a utilização de aparelhos de refri-geração como o ar-condicionado.

Conforme Rafael Comerlato, um dos três arquitetos envolvidos no projeto, a maior dificuldade da

obra não se refere às questões tér-micas, mas sim ao perfeito encaixe dos contêineres. “Estamos traba-lhando com aço e não se pode criar pontos de acúmulo de água, que proliferam ferrugem”, explica. Para a junção perfeita, dois guinchos movimentarão as caixas metálicas para sobrepô-las no dia da mon-tagem. “Vimos o negócio como uma oportunidade. tínhamos de ir atrás de informa-ções para viabilizar o empreendimento”, conta Rafael, recém-formado. Ao lado dos colegas Miguel Comerlato e Gabriel Piva, ele trabalha desde outubro do ano passado para prever e evitar pos-síveis problemas na casa-contêiner. “Não esperamos surpresas por enquanto. As coisas foram pensadas e detalha-das”, tranquiliza.

Além de cuidar para que a temperatura interna seja agra-dável, Rodrigo pensou em como tornar a moradia autossustentável. Pretende dotá-la de painéis sola-res para captação da energia que abastecerá as lâmpadas da casa – todas de LED, opção com menor consumo e maior durabilidade em relação às incandescentes e fluo-rescentes. Mas ainda assim será necessário instalar a rede elétrica tradicional para alimentar chuvei-ro, geladeira e todo o consumo da casa na ausência do sol. isso por-que não haverá baterias para ar-mazenar a energia. Elas são caras e compostas, em grande parte, por metais pesados, que não se encai-xam na proposta ecológica. Uma alternativa estudada para contor-nar a situação é fazer uma parceria com a Rio Grande Energia (RGE).

A ideia é ligar os painéis solares diretamente na rede pública. A energia excedente passaria pelo contador da casa e reduziria o in-dicador de consumo. Seria como vender energia para a concessio-nária durante o dia e tomá-la de volta à noite.

A chuva também será aprovei-tada. Um sistema de calhas irá coletar e filtrar a água vinda dos

telhados, que será conduzida por uma tubulação até a cis-terna com capaci-dade de 3 mil litros. Ela será utilizada nos vasos sanitários, tan-que e torneiras para molhar o jardim e lavar o carro. Uma segunda canalização, ligada à rede normal, levará água potável às torneiras das pias, cozinha e chuveiro.

Com os contêineres aposentados já desfrutando da paisagem do in-terior caxiense, à espera de voltar à ativa como casa, uns sobre os ou-tros, o projeto de Rodrigo e Raquel segue para sua última e decisiva etapa. Entretanto, ainda carece da aprovação das pessoas mais ínti-mas do casal. “Nossos pais ainda não estão convencidos de que a ideia é boa”, conta Rodrigo. ino-vadora em Caxias – mas comum em países como Holanda, Estados Unidos e México –, a proposta da casa-contêiner deve começar a sair do chão nesta semana, com a construção das fundações. A ex-pectativa é de que o resultado final seja o melhor possível. Mas, como lembra o economista, surpresas e mudanças ocorrem em todos os tipos de construções, independen-temente do material utilizado. So-bre isso, Rodrigo é realista: “Para outras pessoas, já deu certo. Mas também tudo pode dar errado.”

“Eu já tinha enxaqueca crônica e desenvolvi ainda mais com a variação de temperatura”, diz a professora que leciona em um contêiner

www.ocaxiense.com.br 1520 a 26 de agosto de 2011 O Caxiense

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Contando o frete para Caxias, os quatro contêineres aposentados do transporte de cargas custaram 32,4 mil

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Recomendal em um mundo melhor | Dra-ma. Sábado e domingo, às 20h | Ordovás

Até que ponto os grandes pro-blemas do mundo são reflexos das pequenas atitudes do cotidiano? A diretora dinamarquesa Susan-ne Bier cria uma trama que reflete sobre as pequenas transgressões diárias e o grande caos global. A obra levou o Oscar de melhor fil-me estrangeiro e algumas críticas que a apontaram como morali-zante. Com Mikael Persbrandt, trine Dyrholm e Markus Ryga-ard. 119 min. 2010.

l Lanterna verde | Ação. 13h40, 16h20 (3D dub.), 19h, 21h40 (3D leg.) | Gnc

A febre hollywoodiana de le-var para o cinema clássicos dos quadrinhos continua. Lanterna Verde chega ao Brasil com bas-tante atraso em relação aos EUA. O arrogante piloto de avião Hal Jordan é abduzido – mas, em vez

se ser cobaia de experiências, ga-nha um anel superpoderoso que o transforma em um dos Lanternas Verdes, responsáveis por man-ter a paz no universo. Dirigido por Martin Campbell. Com Ryan Reynolds, Blake Lively e Peter Sarsgaard. 105 min. 2011.

l Onde está a felicidade? | Comédia. 13h50, 16h10, 18h45, 21h20 | Gnc

Se a felicidade não está em casa, seria melhor procurá-la onde? Essa é a grande dúvida de teo-dora, uma chefe de cozinha. Ao pegar seu marido traindo-a pela internet, ela resolve fazer o cami-nho de Santiago de Compostela. Mas o que deveria ser uma via-gem espiritual se transforma em uma grande confusão. Dirigido por Carlos Alberto Riccelli. Com Bruna Lombardi, Bruno Garcia e Marcello Airoldi. 110 min. 2011.

l As férias de Mr. Bean | Co-média. Sábado, às 14h | centro comunitário do cidade indus-trial

A sua segunda aventura cine-matográfica do tão querido quan-to atrapalhado e célebre perso-nagem Mr. Bean é a atração da sessão promovida pela Secretaria

da Cultura. Entrada gratuita. 90 min. 2007.

l cilada.com | Comédia. 13h30 e 18h | Gnc

Haja fôlego! A história de uma “rapidinha” que vazou na internet entra na sétima semana em cartaz em Caxias. O filme é filhote da série (bem menos engraçada) do Multishow que virou quadro no Fantástico (menos engraçado ain-da), estrelado por um dos (mui-tos) filhos do humorista Chico Anísio (antigamente, bem mais engraçado), Bruno Mazzeo. Di-rigido por José Alvarenga Jr.. 95 min. 2011.

l Assalto ao Banco central | Ação. 15h45, 20h, 22h10 | Gnc

O mocinho da novela vira ban-dido no cinema, mas felizmente não é Eriberto Leão o protagonis-ta do filme, inspirado na história real do maior assalto (na verdade, furto) a banco do país. Dirigido por Marcos Paulo. 104 min. 2011.

l Professora sem classe | Comédia. 14h45min, 17h00min, 19h15min, 21h10min (leg) | Gnc

Lembra daquele colega de aula que não fazia nada e aprontava todas? Então, agora, ele usa saias e

dá aulas. No filme, a personagem de Cameron Diaz é o oposto do politicamente correto. Desboca-da, o que mais interessa a ela é pe-gar o colega de trabalho. Dirigido por Jake Kasdan. 92 min. 2011.

l Os Smurfs | Animação. 13h20min, 15h30min, 17h40min, 19h45min, 21h50min (dub)| Gnc

La...lalalalalala.... é assim, can-tando uma feliz canção, que os personagens azuis e fofinhos en-tram na 3ª semana em cartaz. No filme, os Smurfs chegam à cidade grande após fugirem, como sem-pre, do temido Gargamel. Diri-gido por Raja Gosnell. 103 min. 2011.

l Super 8 | Ação. 16h45min, 19h30min, 22h (leg) | Gnc

Com direção de J. J. Abrams e produção de Steven Spielberg, o filme de suspense parece não decepcionar. Com uma história nebulosa e cheia de incertezas, Super 8 mergulha num universo confuso e caótico. Enfim, um uni-verso não muito diferente da re-alidade contemporânea. 112 min. 2011.

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16 20 a 26 de agosto de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

por Vagner espeiorin | [email protected]

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Vencedor do Oscar de filme estrangeiro e acusado de ser moralista, em um mundo melhor entra em cartaz no Ordovás

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Recomenda

Recomenda

Recomenda

primeiro vingador | Ação. 14h15min (leg) | Gnc

Capitão América bem que me-recia uma análise psicanalítica. No divã, a ideia americana da salvação do mundo e, de acom-panhamento, o desejo fálico de dominar super poderes. Dirigido por Joe Johnston. 124 min. 2011.

l Os pinguins do papai | Co-média. 16h (dub) | UcS

Jim Carrey ataca mais uma vez como um atrapalhado pai. Dessa vez, no entanto, ele ganha novos filhotes: os pinguins. Essas cria-turas que parecem mesmo fazer a cabeça do público no cinema. Di-rigido por Mark Waters. 94 min. 2011.

l Harry Potter e as relí-quias da morte: parte 2 | Fan-tasia. 19h | UcS

Engula as lágrimas e esconda a tristeza se for fã. Comemore e pule de alegria se detestar a série. A saga do famoso bruxinho aca-ba aqui. Mesmo acusado de ser apenas um produto comercial da indústria da cultura, Harry Potter acompanhou uma geração inteira de adolescentes e, claro, rendeu milhões de dólares à criadora J.K. Rowling. Dirigido por David Ya-tes. 130 min. 2011.

l 10º Sarau do Jazz | Sábado,

às 20hDestaque do New Jazz Festival,

em outubro do ano passado, Fer-nando Aver participa do debate Influência do Blues no Jazz. E para não ficar só na teoria, a noite en-cerra com uma jam session com Fernando Aver Jazz trio.Acordes Jazz Atelier MusicalEntrada gratuita | 13 de maio,1392, Centro | 3419-0601

l Blackbirds | Quinta (25), às 22h, e sexta (26), às 22h30

Com 15 anos de carreira, come-morado no início do mês com a gravação de um show acústico, que deverá sair em DVD, a banda encerra a semana com apresen-tação em dose dupla. Na quinta, eles interpretam Beatles e na sexta Pink Floyd.MississipiIngressos: quinta (26), R$ 10 fe-minino e R$ 15 masculino | Sex-ta (26), R$ 12 feminino e R$ 18 masculino| Moinho da Estação | 3028.6149

l Beba do Samba | Domingo, às 20h

Os irmãos igor Fernando e Kiki Marcellus querem fazer o sam-ba carioca invadir Caxias do Sul. Para celebrar a acolhida e a ponte Caxias/Rio, fizeram um samba. A letra cita Copacabana, Leblon, ipanema, Arpoador, o Corcovado e o Cristo. O refrão abençoa uma Caxias banhada por um rio de água doce (!?), com belas sereias. No final, uma explicação – mui-to bem-vinda – e outra metáfora ao Redentor. “Ao povo de Caxias, que sempre nos recebe de braços abertos”. O imigrante levanta a mão sobre os olhos e franze a tes-ta desconfiado.Teatro São carlosR$ 40 (na hora) / R$ 30 (antecipa-dos) / R$ 15 (estudantes e idosos) | Rua Feijó Júnior, 778, São Pelegri-no | 3221-6387

l Workshow e 5° Mississipi in concert | Segunda (22) e ter-ça (23), às 20h30

Dois senhores de respeito fo-ram convocados para 5ª edição

do evento. Charlie Love aprendeu o blues de Chicago ainda no ber-ço: enquanto seu pai tocava gaita, sua mãe cantava e dançava para ele os clássicos de Muddy Waters, Howlin’ Wolf, Little Walter e B.B. King. Já tom “Blues Man” Hunter apresenta o blues tradicional do texas, influenciado por Lightin’ Hopkins, Robert Johnson, Lonnie Johnson e Elmore James. Na se-gunda, eles estarão no Mississippi contando suas histórias e dando uma canja, com entrada franca.Teatro São carlosR$ 16 | Rua Feijó Júnior, 778, 2º Andar. Bairro São Pelegrino

TAMBÉM TOcAnDO – Sába-do: Apanhador só + Oitavos. Rock. 0h30. Vagão Classic. 3223-0616 | Toolbox. Rock. 0h30. Va-gão Bar. 3223-0007 | Banda Acer-vo e Titi Branchi. Rock. 23h. La Barra. 3028-0406 | Banda Oiten-tákulos e Dj franco francischi-ni. Anos 80. 23h30. Bukus Anexo. 3215-3987 | Banda Branco no Preto e DJ Mono. Rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Banda Kla-naã e DJ eddy. Pop. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | DJ Grazi Largura. Dance. 23h. Havana Café. 3224-6619 | Blues de Bolso. Blues. 21h30. Zarabatana. 3228-9046 | Décio caetano. Blues. 10h. Mississipi. 3028-6149 | DJ Jorgeeenho e DJ Gui Oliveira: tributo a Amy Winehouse. 23h. The King. 3021-7973| Madonna celebration. Dance. 23h. Nox Versus. 3027-1351 | Place Pop. Pop. 23h. Place de Sens. 3026-2620 | DJ Rodrigo Reis. Anos 90. 23h. Pepsi Club. 3419-0900 | Pu-racadência. Pagode. 23h. ConD. 3229-5377 | Adriano Trindade e Banda. Samba. 23h30. Boteco 13. 3221-4513 | Preview festi-val We can. Dance. 23h. Move. 3214-1805 | Domingo: Mag-nitude. Pagode. 22h. Portal Bo-wling. 3220-5758 | Dominguei-ra. Zarabatana. 17h. 3228.9046 | Terça (23): The cotton Pickers. Rock. Mississipi. 22h. 3028-6149 | cardo Peixoto. MPB. Bier Haus. 21h. 3221-6769| fabiano Godoy e Pitty Almeida. MPB. Boteco 13. 21h30. 3221- 4513 | Jazz. 22h.

Leeds. 3238-6068 | Quarta (24): Rafa Gubert & Tita Sachett. Blues. Mississipi. 10h. 3028-6149 | Maurício e Daniel. tradiciona-lista. Paiol. 20h. 3213-1774 | Quiz da quarta. 20h. Leeds. 3238-6068 | Quinta (25): fabricio Beck. Rock. Bier Haus. 22h. 3221-6769 | Grupo Macuco. tradicionalista. Paiol. 20h. 3213-1774 | Quinta cult. 20h. Leeds. 3238-6068 | Sexta (26): Alan e Alessandro. Sertanejo. 23h30. Portal Bowling. 3220-5758 | Street flash. Rock. 0h30. Vagão Classic. 3223-0616 | Sunny Music. tributo a Roxet-te. 0h30. Vagão Bar. 3223-0007 | Quarteto Paiol. tradicionalista. Paiol. 20h. 3213-1774 | festa tô no buteco. Sertanejo. 23h. Xerife. 3025-4971 | Sexta indie. Rock. 20h. Leeds. 3238-6068 | Banda canteriando.tradicionalista. 21h30. Zarabatana. 3228-9046 |

l Ménage | Quinta e Sexta-feira, às 20h30

A coreografia é dançada por três bailarinos e o título inspira-da no ménage a trois. Acaba aí a conotação sexual. O espetáculo busca um conceito mais remo-to do termo para tratar da união do trio, que volta da Europa para mostrar o resultado de um ano de estudos. Evandro Pedroni e Luan de Lima estudaram na Salzburg Experimental Academy of Dance e Daniel Medeiros na Universida-de de Solkwarg de Artes. O valor que você paga para assistir vai ajudar os bailarinos a retomar os estudos no Exterior. OrdovásEntrada: R$ 15 (na hora) e R$ 7 (Estudantes, idosos e antecipados) | Luiz Antunes, 312, Panazzolo, 3218-6192

l in Heaven | Domingo, às 19hBaseado na obra O encon-

tro das Águas, de Sérgio Rove-

www.ocaxiense.com.br 1720 a 26 de agosto de 2011 O Caxiense

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inGReSSOS - Gnc: Segunda, quarta e quinta (exceto feriados): R$ 14 (inteira), R$ 11 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sê-nior com mais de 60 anos). terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 16 (inteira), R$ 13 (Movie Club Preferencial) e R$ 8 (meia en-trada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Sala 3D: R$ 22 (in-teira), R$ 11 (estudantes, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos) e R$ 19 (Movie Club Preferencial). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito industrial. 3209-5910 | UcS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sê-nior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255 | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Pana-zzolo. 3901-1316.

Evandro, Daniel e Luan mostram em Ménage o que a Europa lhes ensinou na dança e arrecadam verba para novos estudos no Exterior

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ri, o texto trata do desejo de não existir como fator inseparável da existência humana. O suicídio é um tema recorrente no enredo. No ano passado, a peça foi con-templada com o Prêmio Anual de incentivo à Montagem teatral Ordovás Ingressos a R$ 20 (antecipados, no Arco da Velha) | Luiz Antunes, 312, Panazzolo, 3218-6192 | Con-teúdo recomendado para maiores de 12 anos.

l caminhos da Memória | Sexta (26), às 19h30

A chuva não permitiu que a ca-minhada acontecesse na semana passada. Se São Pedro permitir, o passeio ocorre no dia 26. Pelo caminho, historiadores e arqui-tetos guiam os participantes pela história dos prédios e construções históricas do município.Museu Municipal Entrada gratuita | Visconde de Pe-lotas, 586, Centro | 3221-2423

l Roda de Leitura para Adultos | Segunda-feira, às 14h

Uili Bergamin, que assina o Top 5 nesta edição, guia leitores para o lado bom da literatura. Biblioteca MunicipalEntrada gratuita | 2ª andar da Bi-blioteca Pública Municipal | 3901-1388

l 4ª Semana do escritor e do Artista da Serra Gaú-cha | De 22 a 26 de agosto

A programação terá um ciclo de palestras e debates sobre a relação do fazer artístico com o público e a estrutura das entidades artísti-cas e culturais da cidade. PROGRAMAÇÃO: Segun-da (22): História da Academia caxiense de Letras, com Sal-vador Hoffmann. 20h. | Terça (23): Grupo Litteris Te Deum Discussões Literárias, com Uili Bergamin. 20h. | Quarta (24): A União Brasileira de Trovado-res em caxias do Sul, com Alice Brandão. 20h. Quinta (25): O Teatro em caxias do Sul, com Magali Quadros. 20h. | Sexta (26): Programa Permanente de estímulo à Leitura. 20h câmara de VereadoresEntrada gratuita | 3025-1863

l Bate-papo com o escritor Paulo Ribeiro: Da pintura à gravura, o iberê escritor | Quarta (24), às 20h

O encontro propõe um de-bate sobre as facetas artísticas de iberê Camargo comanda-do pelo jornalista, escritor e professor universitário Paulo Ribeiro, que é quem mais en-

tende do assunto em Caxias do Sul. Sala de cinema do OrdovásEntrada gratuita | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316

l Barrocas | A partir de terça a sábado, das 17h às 22h, até 25 de setembro

A artista que causou polêmica ao forrar com carne crua e pele sintética os bancos de uma para-da de ônibus – Nana Corte – vai misturar referências da decoração das igrejas barrocas e do Carna-val. Conforme a sinopse: “a ten-são entre gosto pela materialidade opulenta e as demandas de uma vida espiritual”. #tensoBoteco 13Entrada gratuita | Largo da Esta-ção Férrea, São Pelegrino

l Linha de Partida - Gravu-ras de iberê camargo | Quar-ta-feira, às 19h

Linha de Partida é dessas ex-posições obrigatórias que ocor-rem em Caxias do Sul. Na quarta-feira (24), às 19h, a apreciação das obras de iberê Camargo, falecido em 1994, será ampliada em uma visita guiada, preparada pela Uni-dade de Artes Visuais.Galeria do Ordovás Entrada gratuita | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 AinDA eM eXPOSiÇÃO: Ar-tes em Xeque. Fotografia. Coleti-va. De segunda a sexta, das 8h às 22h30. Campus 8 – UCS. 3289-9000 | Arte em Macramê. Arte-sanato. Ana Marchioretto. De se-gunda a sábado, das 9h às 18h30. Salão de Beleza isa (Os Dezoito do Forte, 1420. 3223-7209) | De pedra, para sempre - 80 anos da cooperativa vitivinícola Victor emmanuel. Acervo. De segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18h. Até quarta (24). Câmara de Vereadores | Lições de um jovem fotógrafo. Fotografia. Walter Brugger. De ter-ça a sábado, das 9h às 17h. Museu Municipal | Sublimação. Acrílica e colagem. Dalva Belló. De segun-da a sexta, das 8h30 às 16h. Galeria Municipal. 3221-3697 | Olhos nos olhos. Pintura. Rafael Dambros. De segunda a sexta, das 10h às 19h30, e domingo, das 16h às 19h. Catna Café. 3212-7348 | Paralaxe. Acrílica, escultura e gravura. Co-letiva. De segunda a sexta, das 9h às 12h e das 13h30 às 19h e sába-dos, das 9h às 15h. Deccor e Arte | imagens são lugares. Fotografia. Adriane Hernandez. De segunda a sexta das 8 às 22h30. UCS - Cam-pus 8. 3289-9000 | nosso Olhar. Fotografia. De segunda a sexta das 9h às 19, sábados, das 15h às 19h | expomoda. Fotografia. Coletiva. De segunda a domingo, das 10h às 22h. Shopping San Pelegrino. 3022-6700

18 20 a 26 de agosto de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

LiTeRATURA

eXPOSiÇÃO

Edital de Citação - Execução4ª Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul

Prazo de: 20 dias. Natureza: Processo de Execução Processo: 010/1.09.0039182-3 (CNJ:.0391821-11.2009.8.21.0010). Exequente: Instituição Comunitária de Crédito da Serra. Executado: Elodi de Fátima Cardoso do Nascimento e outros. Objeto: CITAÇÃO de Elodi de Fátima Cardoso do Nascimento - CPF 521.438.210-34 e Anderson Tiago Cardoso - CPF 997.854.980-34, atualmente em lugar incerto e não sabido, para que paque(m), no PRAZO de TRÊS (03) DIAS, o débito de R$ 1.063,27, em data de 20.10.2009 e demais cominações legais, ou, ficando ciente(s)de que havido o pagamento integral no prazo legal, será reduzida pela metade. Na mesma oportunidade, intimado os executados, para que-rendo, no prazo legal de QUINZE(15) DIAS, contados da publicação do edital. No prazo dos embargos, reconhecendo o executado o crédito do exequente comprovado o depósito de, no mínimo, 30% (trinta por cento) do valor exequendo, inclusive custas processuais pendentes e honorários advocatícios, poderá o executado requerer seja admitido a pagar o restante em até SEIS (6) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês. Em não fazendo o pagamento, serem-lhe(s) penhorados tantos bens quantos bastem para garantir a execução.

Caxias do Sul, 27 de junho e 2011. SERVIDOR: Osmar Cezar da Silva. JUIZ: Sergio Augustin.

ESTADO DO RIO GRANDE DO SULPODER JUDICIÁRIO

Edital de Citação de Interessados, Ausentes, Incertos e Desconhecidos - Usucapião

5ª Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul

Prazo de: TRINTA (30) dias. Natureza: Usucapião Processo: 010/1.09.0046896-6 (CNJ:.0468961-24.2009.8.21.0010). Autor: Fabio Aurelio Grison e outros. Objeto: DECLARAÇÃO de domínio sobre o imóvel a seguir descrito. IMÓVEL: “Um terreno urbano, sem benfeitorias, localizado na Rua Catulo da Paixão Cearense esquina com a Rua Aleixo de Abreu, quadra 878, Bairro Presidente Vargas, neste Município de Caxias do Sul, com área de 378,78m², medindo e confrontando: ao Norte, por 31,45m com terreno de Fabio Aurélio Grison e Vagner Grison; ao Sul, por 31,68m com a Rua da Catulo da Paixão Cearense; ao Leste, por 12,00m com terreno de Fabio Aurelio Grison e Vagner Grison, ao Oeste, Por 12,00m com a Rua Aleixo de Abreu.”. Prazo de 15 dias para contestar, querendo, a contar do término do presente Edital (Art. 232, IV, CPC),sob pena de serem presumidos como verdadeiros os fatos alegados pelo(s) autor(es).

Caxias do Sul, 05 de agosto de 2011. SERVIDOR: Rosane Zattera Freitas. JUIZ: Silvio Viezzer.

ESTADO DO RIO GRANDE DO SULPODER JUDICIÁRIO

Edital de Citação - Cível - 1ª Vara CívelComarca de Caxias do Sul.

Prazo: 30 (trinta) dias. Natureza: Decleratória. Processo: 010/1.10.0004631-1 (CNJ:.0046311-14.2010.8.21.0010). Autor: Express Restaurantes Empresariais Ltda. Réu: APF Equipamentos e Suprimentos para Informática Ltda e outros. Objeto: citação de APF Equipamentos Suprimentos para Informática Ltda., atualmente em lugar incerto e não sa-bido, para, no prazo de quinze (15) dias, a contar do término do presente edital (art. 232, IV, CPC), contestar, querendo, a ação, ciente de que, em não o fazendo, serão tidos como verdadeiros os fatos articulados pelo autor na inicial.

Caxias do Sul, 07 de junho de 2011. SERVIDOR: Miriam Buchebuan Lima, Ajudante Substituta.

JUIZ: Darlan Élis de Borba e Rocha.

ESTADO DO RIO GRANDE DO SULPODER JUDICIÁRIO

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[email protected]@ocaxiense.com.br

cONTATO IMEDIATO

Patrícia é uma dos 17 artis-tas que integram a mostra ex-pomoda!, que fica em cartaz até o dia 30 no San Pelegrino Shopping Mall (Ver Guia de Cultura, página 16). Con-forme, Marina Chiapinotto, professora de Fotografia de Moda do Curso Sequencial de Fotografia da UCS, os alunos trabalharam em duas etapas, além da pesquisa: fotografia de moda conceitual e comercial. Na imagem de Patrícia, o esti-lo pin-up é uma referência aos Anos Dourados, tema da pes-quisa conceitual.

Patrícia Haupt| Anos Dourados |

www.ocaxiense.com.br 1920 a 26 de agosto de 2011 O Caxiense

por LUiZ cARLOS POnZi

Foi o joelho nu de Lara que por primeiro entrou no meu carro.

Participe | Envie para [email protected] o seu conto ou crônica (no máximo 4 mil caracteres), poesia (máximo 50 linhas) ou obra de artes plásticas (arquivo em JPG ou tiF, em alta resolução). Os melhores trabalhos serão publicados aqui.

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20 20 a 26 de agosto de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

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Por que o Caxias tem que vencer o Brasil de Pelotas neste domin-go? Porque precisa de 8 pontos em 4 partidas para escapar do rebai-xamento. Ou seja, duas vitórias e dois empates. Depois do jogo con-tra o Brasil, só terá mais um em casa na segunda fase da Série C. E, para um time que ainda não con-seguiu vencer nem no Centenário, ganhar fora é esperar demais. Se não trouxe um bom resultado da última rodada, ficou de lição, pelo menos, o poder de recuperação grená ao empatar com o Joinville

depois de estar perdendo por 2 a 0.

Por outro lado, o time de Pelo-tas, que começou a competição desacreditado e sem apoio total ao técnico Beto Almeida, hoje soma sete pontos, ocupa a 3ª po-sição do grupo e vem a Caxias do Sul buscar mais três pontos para encaminhar a classificação. Até sexta-feira (19), a torcida xavante já havia reservado 14 ônibus para subir a Serra. Ou seja: torcedor grená, domingo é dia de invadir o Centenário.

Mais um jogador que havia deixado o Caxias está de volta ao Centenário. O lateral-direito Rodrigo Heffner saiu do clube com a chegada de Argel, alegan-do pendências com o Náutico e também uma proposta do Pa-raná. Contudo, na última terça (16), estava treinando de novo com o grupo grená. O retorno de Rodrigo Heffner, segundo as fontes oficiais, aconteceu por-que a negociação com o time paranaense não teve evolução e o Náutico não aceitou o jogador de volta. Assim, restou ao lateral cumprir seu contrato no Caxias.

Com o técnico Argel Fucks chegaram seis reforços ao time grená. Desses, dois tiveram atua-ção de destaque contra o Joinville. O atacante Pantico deu trabalho à zaga adversária e participou das principais jogadas ofensivas do Caxias no primeiro tempo. Com marcação forte e o desentendi-mento com os jogadores do Join-ville, Pantico deixou o campo nos primeiros minutos do segundo tempo. A segunda boa atuação foi do meia têti, que fez um primeiro tempo de muita movimentação, especialmente ofensiva, e no se-gundo, mesmo reduzindo o ritmo, marcou o gol de empate do Caxias em uma bela cobrança de falta.

O Departamento de Marke-ting do Juventude, em parceria com a Agência tonificante, lan-ça o brasão Jaconero. O nome é uma referência ao torcedor papo que, faça chuva ou faça sol, comparece no Estádio Al-fredo Jaconi apoiar o time.

A proposta foi inspirada nos 35 jovens que se reuniram em 1913 para fundar o Esporte Clube Ju-ventude e, desde então, se multi-plicam pela cidade, pelo Estado e pelo país torcendo pelo clube. O primeiro material a estampar o brasão, que é formado pela ave símbolo do Ju, é uma camiseta es-pecial, desenhada por Ricardo An-dré Brisotto e produzida pela Dal Ponte, patrocinadora alviverde.

É o tipo do problema bom. As dúvidas do técnico Picoli no meio-campo alviverde se justificam pelo destaque que dois jogadores vêm ganhando. Os meias Nico Martí-nez, do Paraguai, e David Lopez, da Argentina, opções do treinador para o segundo tempo das parti-das, estão dando um caráter mais ofensivo ao Juventude sem perder o poder de marcação. No treino de quinta (18), depois de abrir os portões, Picoli fazia um coletivo com Lopez na equipe titular e Jardel no time de baixo. A entrada do argentino pode ser uma das mudanças para o jogo contra o Cruzeiro. Mas Picoli faz mistério sobre a escalação. Só pretende revelar se haverá ou não mudan-ças minutos antes da partida.

O torcedor do Juventude tam-bém tem motivos de sobra para voltar ao Jaconi neste sábado. Na última rodada, ficou provado que a união do grupo reverte qualquer resultado negativo. Depois de en-trar no vestiário perdendo por 2 a 0, no intervalo, o time do técnico Picoli melhorou o rendimento – se bem que não se pode dizer que havia feito um primeiro tempo ruim – e buscou a virada de 4 a 2.

Além da determinação dos atle-tas, contou com o apoio de mais de 5 mil papos. Nesta rodada, o maior perigo do adversário é que ele está no desespero. O Cruzeiro ainda não pontuou na competi-ção. No entanto, Picoli sinalizou que pode mudar a equipe titular. Na quinta (18), trancou os portões do Jaconi por mais de uma hora no treinamento em que testou as possíveis modificações.

A volta de Rodrigo

Já reforçaram

Brasão Jaconero

Entrada estrangeira

TRÊS POnTOSfUnDAMenTAiS

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Dupla

por JAnine STecAneLLA | [email protected]

www.ocaxiense.com.br 2120 a 26 de agosto de 2011 O Caxiense

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Online | Acompanhe a cober-tura ao vivo dos jogos da Dupla CA-JU no fim de semana - com minuto a minuto, fotos e comen-tários em vídeo - em www.oca-xiense.com.br

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Recomenda

Recomenda

l caxias x Brasil-Pel | Do-mingo, às 15h

No domingo passado, a equi-pe grená sofreu para conseguir o empate com o Joinville. Diante das incansáveis defesas do cata-rinense ivan, o dono da casa só abriu o placar no fim do segundo tempo e, pressionado pela revol-ta da torcida, conseguiu o empate aos 43 minutos, em uma partida emocionante

Agora é a vez de enfrentar o Brasil de Pelotas e manter o re-baixamento bem longe. Os preços dos ingressos são promocionais. Mais um motivo para o torcedor grená ir assistir ao jogo.estádio centenárioR$ 10 (arquibancada), R$ 5 (ido-sos e estudantes), R$ 15 (acom-panhantes de sócios, com acesso somente nas sociais) e R$ 20 (ca-deiras) | Thomas Beltrão de Quei-roz, 898, Cinquentenário

l Juventude x cruzeiro-Poa | Sábado, às 17h

Embalado por mais de 5,5 mil torcedores, o Ju venceu de virada o Metropolitano no último do-mingo por 4 a 2. Agora, enfrenta o Cruzeiro, de Porto Alegre, com a missão de consolidar o caminho para a classificação. O adversário ainda não pontuou na competi-ção, enquanto o Juventude está em 2º no Grupo A8, atrás do Cia-norte.estádio Alfredo JaconiR$ 20 (arquibancadas), R$ 10 (idosos e estudantes) e R$ 40 (ca-deiras) | Hércules Galló, 1.547, Centro

l campeonato Municipal | Sábado, às 15h15min

Depois de vencer o Az Ouro, o Guarani disputa com o Kayser a final do Campeonato Municipal de Futebol – Série Ouro. O Kayser chegou à final após derrotar o Ha-waí. Um pouco antes dessa parti-

da, às 13h15min, ocorre a decisão do 3º e 4º lugares. estádio Municipal i Entrada gratuita | Av. Júlio esq. Av. Pedro Mocelin, Cinquentenário

l final do futsal feminino | Segunda-feira, às 18h45min

O campeonato de futsal femini-no do Sesi chega à grande decisão: Voges x Marcopolo. Nas semifi-nais, disputadas na semana pas-sada, a Voges passou pela intral e a Marcopolo derrotou a Randon. Ginásio do SesiEntrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/n°, Fátima | 3229-6500

l Pedalando no Parque | Domingo, às 9h

Em Caxias do Sul, nem sempre é fácil encontrar um lugar pró-

prio para pedalar. Mas o projeto Pedalando no Parque quer pro-pagar a ideia, reunindo os ciclis-tas (especialmente amadores). O ponto de encontro é o Parque dos Macaquinhos, belo cenário para aproveitar a manhã do domingo. O passeio só não sai se estiver chovendo.Parque dos Macaquinhos Participação gratuita | Dr. Mon-taury, Centro

l Jogos Abertos de caxias do Sul | inscrições até 31 de agosto ou 9 de setembro

interessados em participar da competição de canastra ou das provas de atletismo precisam se inscrever até o dia 31. Quem es-colher as disputas de bolão tem até o dia 9 de setembro. Secretaria de esporte e LazerInscrições gratuitas | 20 de Setem-bro, 2.721, São Pelegrino

22 20 a 26 de agosto de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Guia de Esportespor Vagner espeiorin | [email protected]

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Virada sobre o Metropolitano embalou o Ju para pegar o Cruzeiro; Caxias precisa do apoio da torcida para vencer o Brasil e respirar na Série C

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Renato [email protected]

A recente novidade do Aeropor-to Regional Hugo Cantergiani é a instalação de um telefone para de-ficientes auditivos. Wireless? En-quanto a presidente Dilma Rousse-

ff anuncia essa medida em todos os aeroportos brasileiros para os pró-ximos meses, em função da Copa, o aeroporto local já coloca o sistema de internet sem fio há dois anos.

Um grande banho de água fria na mobilização local para instalar na Serra uma extensão da Universida-de Federal do Rio Grande do Sul. Assim foi recebido o anúncio feito pela presidente Dilma Rousseff e pelo ministro Fernando Haddad, da Educação, de que tramandaí receberia uma extensão da UFRGS e Cachoeira do Sul, uma da Uni-versidade Federal de Santa Maria.

Mesmo assim, a audiência pública para tratar do tema está manti-da para o dia 23 de setembro. A Comissão Pró-Universidade Pú-blica da Câmara, tendo à frente o vereador Vinicius Ribeiro (PDt), ouviu do vice-reitor da UFRGS que a instituição pretende, sim, trazer uma extensão para a Serra.

O plano de expansão da univer-sidade federal assim prevê. Será que o MEC tem a mesma ideia?

No encontro com vereadores da comissão e também representantes de entidades como a CiC, Sindica-to dos Metalúrgicos e prefeitura, o vice-reitor Rui Vicente Opper-mann lembrou que o poder público municipal de tramandaí doou área de 18 hectares para receber a exten-são da UFRGS.

O recado à prefeitura caxiense estádado.

Recado

Sonho quase acabado

Nem tão mal assim

No discurso inaugural da Plas-tech, na semana que passou, o governador tarso Genro citou o presidente da CiC como “meu amigo Milton Corlatti”. A ex-plicação veio na sequência:

“Já posso te chamar de amigo, não? De tantas reuniões que já fizemos”.

Os conselhos Deliberativo e Superior da Câmara de indústria, Comércio e Serviços (CiC) reúnem-se nesta semana para discutir a substituição de Milton Corlatti na presidência da entidade. Os vices Carlos Heinen e Fúlvia Stédile An-geli Gazola são os candidatos. Mas a definição só acontecerá em outubro.

Na ótica de muitos, a festa de aniversário de Alceu Barbosa Velho, no dia 12, foi o recado que faltava para mostrar que o PMDB aceita ser o vice do deputado pedetista na disputa pela prefeitura. Só falta definir quem será o candidato.

O secretariado municipal esta-va presente em massa ao evento.

Pesos-pesados da economia caxiense, como os empresários Raul Anselmo Randon e Osval-do Voges, foram cumprimentar o deputado aniversariante.

Outra presença que chamou atenção no aniversário de Barbosa Velho: o petista Marco Maia, presi-dente da Câmara dos Deputados.

Carlos x Fúlvia

Aniversário de peso

contatos imediatos

Confirmada a entrada em opera-ções da Azul em Caxias do Sul no dia 10 de novembro, com dois voos diários para Campinas (chegada aqui às 10h10min e às 19h30min).

A empresa só espera a liberação, pela infraero, do Aeroporto de Viracopos, em Campinas. Por aqui, está tudo certo. Ou tudo azul.

Caxias do Sul gerou 457 novas vagas de emprego no mês de julho. É o saldo – muito positivo para o atual cenário econômico – en-tre 8.449 admissões contra 7.992 demissões nas empresas locais.

Esses números colocam Caxias, 44ª cidade de maior população no país, na confortável posição de 19ª em criação de empregos este ano.

Merecedor de todas as emocio-nantes homenagens dispensadas pela população caxiense a um político corre-to, de grande espírito comu-nitário, o ex-prefeito Mario David Vanin será lembrado na missa de 7º dia de faleci-mento a ser ce-lebrada neste sábado, às 17h, na Catedral Diocesana.

O craque Washington, aposentado dos gramados, é outro pré-can-didato a vereador disputadíssimo pelos partidos políticos. O ídolo da torcida grená já conversou com o DEM e com o PtB, mas pode-rá acabar fechando com o PDt.

Aliás, os pedetistas querem ir com tudo na eleição do ano que vem. Contam até agora com 36 pré-candidatos à Câmara de Ve-readores, sendo seis mulheres.

Depende de Campinas

Saldo positivo

em memória de Vanin

Pedetista Washington?

Depois dos deputados Gilberto Pepe Vargas e Marisa Formolo, do Pt, e do chefe de Gabinete Edson Néspolo (PDt), o comitê do depu-tado Assis Melo (PC do B) teve a visita esta semana do vereador Édio Elói Frizzo e do presidente do PSB local, Adriano Boff. Assis é a noiva mais cobiçada da eleição municipal do ano que vem. No bom sentido, é claro.

Além de Assis, elói e Boff conversaram com o vereador Re-nato Oliveira e o presidente muni-cipal do PC do B, Silvio Frasson.

Os dois partidos querem projetos comuns para a cidade com vistas, é claro, às eleições municipais do ano que vem. Em Porto Alegre, o PSB e o PC do B estão juntos em torno da candidatura da deputada federal comunista Manuela D’Avila à pre-feitura.

A executiva municipal do PSB vai avaliar neste sábado a pos-sibilidade de acerto com os comu-nistas para a disputa da prefeitura de Caxias do Sul. No ar, a possibi-lidade de uma dobradinha Assis-Elói.

cAÇA AOcOMUniSTA

www.ocaxiense.com.br 2320 a 26 de agosto de 2011 O Caxiense

Uma extensão depende de área,de infraestrutura e de radiografia

do sistema produtivo e socio-econômico de cada região

Vice-reitor Rui Vicente Oppermann,ao garantir que o projeto de extensão para

a Serra da UFRGS está mantido. (Mas tramandaí está na frente)

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