Edição 93

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Edição de Aniversário - 15 ANOS

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Edição 93 da Revista lançada no mês de novembro na Fundação Getulio Vargas de SP.

Transcript of Edição 93

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Gazeta VarGas

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ExpedienteEdição

Alípio Ferreira – Editor [email protected]

Aline Shizue Oyamada – Revisã[email protected]

Karina Goulart Gil Choi – Revisã[email protected]

RedaçãoBárbara [email protected]

Eduardo [email protected]

Rafael de Heré[email protected]

Rafael [email protected]

Ricardo [email protected]

Fernando Fagá[email protected]

Ricado [email protected]

ColunistasRafael [email protected]

Ricardo [email protected]

Daniel [email protected]

ArtePedro T. R. Beraldo – Diretor de Arte [email protected]

Maíra Storch – Layout e [email protected]

Mariana Moreira – [email protected]

InstitucionalRafael Rossi Silveira – Diretor [email protected]

Henrique Sznirer – Diretor [email protected]

Laurent W. Broering – Diretor [email protected]

ImpressãoEcoprintt

Tiragem3000 exemplares

Fotos da CapaAgência Senado

DISCLAIMERA G!"#$! V!%&!' não se responsabiliza por dados, informações e opiniões contidas em textos devidamente identi(cados e assinados por representantes de outras entidades estudantis, bem como nos textos pu-

blicados no Espaço Aberto submetidos e devidamente assinados por autor não presente no expediente desta edição. Todos os textos recebidos estão sujeitos a alterações de ordem léxico-gramatical e a sugestões de novos títulos. Por ser limitado o espaço de publicações, compete à G!"#$! V!%&!' a escolha dos textos que melhor se enquadram na sua linha editorial, sendo recusados os textos muito destoantes acompanhados das devidas justi(cativas e eventuais sugestões de alterações.

DIREITOS RESERVADOS — A Gazeta VarGas não autoriza reprodução de parte ou todo o conteúdo desta publicação.

EditorialB!"#$%! C!#&

A !"#$%& '( ") Gazeta VarGas !*+, -#.)/0!.+! /).$)"). N10 ).& !0 21! completamos 15 anos desde a primeira publicação, muitas mudanças em nossa estrutura podem ser percebidas. Membros novos, temas no-

vos, fôlego novo. O ambiente da Fundação vem mudando gradualmente, com a inserção cada vez mais presente de temas sociais na discussão entre os alunos, numa sociedade em que este tipo de debate certamente se ampliou. A grande ocorrência de manifestações e questionamentos no nosso país re3ete essa cres-cente e alimenta o ambiente universitário de grandes propósitos de mudança.

Tal adequação ao processo se deu da forma como a G)4!+) V)56)* sempre procurou fazer: ouvindo as partes e propondo o debate. Textos nessa edição apenas evidenciam tais atos. O texto de Cotas na FGV insere um debate inovador e necessário numa faculdade tão bem considerada. O levantamento da necessidade de novos métodos de ensino é também parte de uma grande vontade de mudança e desejo de ter a Fundação como símbolo dessa inovação. O grande questionamento sobre a representação discente na EESP e a pressão acadêmica também fazem parte da grande discussão sobre mudanças a favor de adequações necessárias em alguns pontos de nossa Fundação. Ao mesmo tempo, procuramos reinserir pontos que foram discutidos em outras edições, mas que são perenes em nosso ambiente, como a discussão lembrada em nosso Espaço Aberto, sobre Governança Corporativa na FGV.

Temas não relacionados ao ambiente interno, mas que dizem respeito ao nosso cotidiano universitário também necessitam ser levantados. Por isso a inclusão de discussões sobre política externa e interna brasileira, além de dicas culturais ao geveniano, de forma a agregar valor e conhecimento e assim enri-quecer o espaço acadêmico.

Contamos nessa edição com duas homenagens a ex-membros da Ga-zeta que certamente contribuíram de forma decisiva para o futuro da entidade, assim como todos os demais que nela atuaram. Os relatos deles também nos fazem lembrar a importância que a Revista teve em toda a sua existência, que nos relaciona com a sociedade atual e a necessidade de discutir os temas inerentes a ela.

Teremos, certamente, uma faculdade mais plural na discussão de ideias e questionamento de posições. E a Gazeta VarGas vem para se somar a esse ce-nário, procurando situar o leitor e apresentar a ele os pontos de vista distintos colocados. A7nal, no ambiente em que estamos não há nada mais enriquecedor do que o debate. �

RedaçãoBrauner Cruz – 2º APEditor Chefe

Yago Figueiredo – 4º AEDiretor de Redação

Daniel Cordeiro – 1º AP

Melina Padoin – 1º AE

Michael Cerqueira – 4º AP

Marco Pepe – 7º AP

Priscilla Corrêa – 2º AP

Reginaldo Gonçalves – 2º AP

Vitor Barbosa – 4º Economia

ArteMarina Simões – 8º AEDiretora de Arte

Camila Matta – 1º AP

Ester Ji – 4º AP

InstitucionalEduardo Lockmann – 3º AEPresidente

Melina Padoin – 1º AE

Roberto Muszkat – 7º AE

Vitor Barbosa – 4º Economia

ImpressãoElanders BrasilLeandro Silva+55 (11) [email protected]

CapaA imagem da capa foi original-mente carregada no Flickr por Isaac Ribeiro em http://www.3ickr.com/photos/31746947@N05/9098683146, sob o título Revolta do Busão - Natal - 20.06.2013 . A obra foi alterada, a 7m de melhor servir este veícu-lo, sob os termos da licença CC-BY-SA 2.0, aos quais permanece submetida.

Tiragem1500 exemplares

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Curtas

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Cursinho FGV

Outra iniciativa dos alu-nos de APN, mas com a participação de estudan-tes dos demais cursos, o Cursinho FGV trata-se de um grupo de estudan-tes engajados em fornecer aulas preparatórias para o vestibular da Fundação. A obrigatoriedade para os interessados é ser oriun-do de escola pública, en-trando no objetivo da co-ordenadoria do curso de democratizar o ambiente e aumentar o número de alunos de baixa renda.

Aniversários pela FGVPelo visto esse ano e o

próximo parecem estar rondados de aniversários importantes na FGV. Em 2013 foi a vez dos 10 anos de RH, 25 de Empresa Ju-nior, além dos gloriosos 15 de Gazeta. Ano que vem teremos 20 de Junior Pública, sem falar nos 70 anos de Fundação e 60 da EAESP, que prometem grandes eventos comemo-rativos.

JAPNos dias 21, 22 e 23 de

outubro, a FGV foi palco da Jornada de Adminis-tração Pública, tocada pe-los alunos do novo curso de AP. Com mesas abor-dando Segurança Públi-ca, Corrupção, Educação e Política, o evento teve bastante adesão e foi mui-to elogiado. Os destaques vão para a Feira, que reu-niu diversas instituições nas quais os gestores po-dem trabalhar e para os generosos coffees servidos durante o evento.

FGV Livre

O ano de 2013 foi bas-tante agitado em termos políticos na FGV. A partir de uma longa discussão sobre conteúdos machis-tas em músicas da Jaca-banda, foi criado um mo-vimento com o objetivo de discutir machismo, homo-fobia e racismo na Funda-ção. Apesar de recente, o grupo já deu o que falar com as polêmicas relacio-nadas às músicas tocadas no Economíadas e ao FGV Saia de Saia.

Fuja dos Nabos

Estava previsto, até o fechamento dessa edição, que no dia 04 de novem-bro o DAGV realizaria o primeiro “Fuja dos Na-bos”: uma aula ministrada por monitores para ajudar os alunos enfrentarem a segunda prova parcial de Cálculo I. A ideia foi apre-sentada durante a campa-nha da Chapa Expansão, e o plano é que esse tipo de evento se torne mais fre-quente, além de passar a abranger mais matérias.

Altos e BaixosEm alta

» Multa da Biblioteca

» Impressora da EESP

» Arruelas do RocKafé

Na mesma » Wi - 7 da GV

» Fila dos elevadores

Em baixa » Combos do Getulinho

» Carne ou Frango

» Simpatia da Xerox

Curtas Gazeta

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GAZETA VARGAS

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E0 J1.8&, /&6& )9:* ) )95!-sentação da Sony na E3, Jack Tretton, CEO da Sony Computer

Entertainment of America (SCEA), ha-via declarado: “Nossa meta é oferecer no Brasil o PlayStation 4 pelo equiva-lente a 399 dólares”.

Desde o anúncio do preço de seu novo console, dia 17 de outubro, a Sony estuda alternativas para acalmar o mer-cado brasileiro. O console mais caro da história, de R$3.999,99, supera em R$1.700 o preço do console de seu rival, Microsoft, reajustado no dia 25 para R$2.300 em virtude da alta do dólar.

A recepção brasileira ao preço de 4mil reais do Playstation 4 foi su7 cien-temente “crítica” para que no dia 21 de outubro Mark Santley, Gerente Geral do Playstation na América Latina, te-nha manifestado, em caixa alta, “GA-MERS BRASILEIROS, NÓS OUVIMOS VOCÊ”. O texto traz uma “justi7 cativa” ao preço do console no Brasil, acusando os elevados impostos brasileiros que in-cidem sobre a importação de produtros industrializados supér3 uos.

Na coletiva de imprensa do dia 24, Mark reforçou seus votos: “Nós não descansaremos enquanto o PS4 não for acessível a todos os jogadores bra-sileiros”, acusando, novamente, a carga tributária brasileira. Ainda nenhu-ma estratégia de redução dos preços foi anunciada; seja a abertura de uma montadora ou fábrica no Brasil, seja a abordagem por venda direta on-line, nada é proposto. É de se estranhar que a Sony não tenha sequer desenvolvido um plano alternativo ao anunciar seu console a 4 mil reais no mercado Brasi-leiro. Atualmente, se comprássemos o

Sony e da Microsoft, ambos já estarão defasados tecnologicamente.

Não se espera que os consoles sejam capazes de renderizar jogos além de 1080p, mantendo 60fps (frames por se-gundo). Em alguns casos, como Watch Dogs, ambos os consoles terão que redu-zir o número de fps para 30 a 7 m rende-rizar em 1080p. Computadores, com o mesmo orçamento destes consoles, con-seguiram renderizar jogos em até 4k.

Além disso, a arquitetura dos dois con-soles, x86 CPU, é a mesma usada em PCs. Desenvolvedores agora estarão criando jogos adaptáveis a ambas as plataformas com uma di7 culdade adaptativa míni-ma. A mudança propiciará convergência da indústria dos jogos, aumentando a difusão de títulos em diferentes plataformas.

Para os que preferem o Playstation 4, aparentemente, a solução é esperar, e tor-cer para que a Sony responda à demanda do público brasileiro. Para muitos, entre-tanto, a guerra dos consoles se encerra aqui. �

console pela internet, pagando frete e impostos, teriamos um preço similar ao do Xbox One.

O Xbox One segue com seu preço de R$2.300, sem subsidiar o produto. A justi7 cativa da vantagem competitiva será visível na parte de trás do console, onde se encontra o selo “Produzido no Polo Industrial de Manaus”.

Preço à parte, observemos suas car-caterísticas técnicas:

Há de se considerar, certamente, a preferência de cada jogador quanto aos títulos de jogos associados às marcas, entretanto, há muita semelhança no sistema de ambos os consoles. Embora se observe alguma vantagem no Playsta-tion 4, ainda não apresenta - para muitos - um diferencial su7 ciente para compen-sar a diferença do preço.

Independente de qual dos dois conso-les seja o melhor, ambos são menos im-pressionantes em relação à geração an-terior, quando foi lançada. É a primeira vez na história dos videogames que os consoles da nova geração são piores em desempenho do que computadores atu-almente disponíveis. Em novembro, quando forem lançados os consoles da

Xbox One ou PS4? É essa a questão?

Fonte: blog.br.playstation.com

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Política Interna

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B!"#$%! C!#&

Y"*( F+*#%+!%,(

O ).& );)"<0#;& ;)0#.8) para o final e, com ele, a primeira metade da ges-

tão da Chapa Expansão no Dire-tório Acadêmico Getulio Vargas. Esse período já permite a análise de alguns fatores que diferem de gestões anteriores, sejam eles po-sitivos ou negativos. Fato é que, mesmo assumindo publicamente um aspecto de continuidade do que havia sido feito na gestão Ex-pansão passada, algumas diferen-ças são essenciais pra definirmos o contexto administrativo atual e observarmos uma relativa melho-ra.

O primeiro ponto de análise a ser levantado é a intensi7cação da área cultural. É visível a melhora dos “cine-

-debates”, com 7lmes muito mais con-tundentes e propositivos à discussão do que eram os anteriores. Na mesma linha, palestras com temas relevantes e convidados que geram boas discussões foram aplicadas, revelando uma pre-ocupação em constituir um centro de debate e análise de forma profunda. A mesa que realizou um debate sobre as manifestações juninas no começo da gestão, no 7m do semestre passado, foi um claro exemplo dessa tentativa. Hou-ve ainda a Semana de Arte, realizada em parceria com o GV Cult, que mere-ceu um destaque à parte pela GAZETA em seu site e recebeu importantes elo-gios pela organização e proposta, que claramente incentivou o intercâmbio cultural no nosso ambiente universitá-rio. A criação de um per7l no facebook,

o DA Cultural, que inclui dicas culturais da cidade de São Paulo pra incentivar que o geveniano frequente tais espaços, é também atitude a ser valorizada. Em contrapartida, um projeto interessante, o “Conversa com Políticos”, perdeu sua in3uência. Isso aconteceu ou devido à ausência de alunos interessados, ou porque não se levantavam temas espe-cí7cos, o que fazia com que se tornasse uma entrevista sem eixo de discussão e por vezes pouco conclusiva.

Como segundo ponto, numa re-lação com o primeiro e explicando a fraqueza que alguns eventos to-maram com relação à participação, podemos citar a necessidade de melhora da área de comunicação e divulgação. As palestras inte-ressantes e eventos dos mais con-tundentes são pouco visualizados pelo geveniano, em detrimento das festas cujos cartazes repetiti-vos cobrem as paredes do primeiro andar. Apostar numa divulgação pelas redes sociais feita de forma rápida e superficial é minimizar a importância dos eventos acadêmi-cos. Da mesma forma ocorre com o pós-evento, que não tem muitas repercussões. Nesse sentido, im-pulsionar também o site por meio das redes sociais pode ser uma boa alternativa. E tudo isso ajuda a ex-plicar o fracasso de determinados eventos que, em tese, seriam mui-to interessantes; mas não recebem quórum considerável. No entanto, embora isso possa ser melhorado, toda a questão passa por um pro-cesso maior, de conscientização profunda dos alunos quanto às atribuições de seu órgão represen-tativo. Embora seja importante

por divulgar um evento que agra-da grande parte dos associados, a divulgação das festas não pode ser vista como exclusivamente a mais importante. É perfeitamen-te possível que se divida o espaço que temos no DA com divulgações de todos os aspectos, sem sufocar eventos acadêmicos para divulgar Giocondas e Giovannas. Se ana-lisarmos o perfil no facebook e o próprio site do Diretório, podemos notar o grande potencial que esses canais possuem, podendo ser mui-to melhor utilizados a favor da plu-ralização na divulgação de eventos, sejam eles acadêmicos ou festivos. O próprio site possui informações desatualizadas, com nomes dos membros da gestão passada como se fossem da gestão atual.

Merecem destaque também os acontecimentos envolvendo a Di-retoria de Eventos. Ainda quando chapa, o grupo Expansão apre-sentou um nome que deveria ficar à frente dessa que atualmente é a maior diretoria do DA. Após a chapa ser eleita, todavia, a direto-ra original foi jubilada. De acordo com o novo Estatuto, em casos como esse é responsabilidade da Diretoria Executiva do DAGV apre-sentar um outro nome para a Câ-mara Discente, e esse último órgão deve aprovar ou não a potencial substituição. Pois bem, e assim aconteceu. Na primeira reunião da CD sobre esse assunto, contu-do, algumas dúvidas sobre o nome que o DAGV tinha apresentado foram levantadas, e chegou-se a questionar a capacidade profissio-nal daquela pessoa de comandar a parte de eventos. Essa situação fez com que a Câmara não aprovasse a posse da pessoa indicada, de modo que todo o procedimento deveria acontecer novamente. O Diretório, contudo, indicou o mesmo nome, e da segunda vez a diretora foi apro-vada.

Gestão Expansão II:O que mudou?

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Política [email protected]

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Avançando em termos mais glo-bais e conceituais da gestão Expan-são, podemos elogiar a tentativa de representação dos alunos, algo fundamental no nosso ambiente e que certamente cresceu muito. Em questões como os problemas que os alunos encontraram com a direção da EESP, o DA se posicio-nou de forma a criar mecanismos possíveis de atuação para regular essa situação. Caso semelhante aconteceu com os alunos envolvi-dos no imbróglio de Babson. A in-tervenção foi importante pra ga-rantir que tais alunos fossem mais ouvidos perante a coordenação e tivessem conquistas com relação ao ocorrido. Ao mesmo tempo, no entanto, a atitude de se reunir com os alunos pra resolver isso demonstrou certa empolgação e vontade de mostrar serviço aliada a uma má organização de contatos dos discentes. Quando precisou contatar os alunos envolvidos, o Diretório se viu em uma situação em que não tinha os contatos da forma que deveria ter e por isso re-solveu publicar o comunicado via rede social, pra todos os alunos ve-rem, expondo assim os envolvidos no problema.

Se por um lado busca-se repre-sentar o aluno perante casos en-volvendo a Fundação, por outro os mecanismos de participação e transparência continuam com a necessidade de serem mais difun-didos. A Câmara Discente, apesar de apresentar pontos muito rele-vantes, é divulgada de forma pífia: não é raro que haja menos de 20 alunos presentes nessas reuniões. Mais uma vez, posta-se essa di-vulgação uma vez pela rede social, uma semana antes, e nada mais é feito. Passa por aí a necessida-de de conscientizar os alunos da importância desse evento, indo a divulgações mais profundas, e não somente esperar que os repre-

sentantes de sala e demais alunos entendam a importância de sua participação. É compreensível a tradição que o Diretório tem com relação às festas que organiza, mas isso não pode passar por cima de eventos de alta importância para o ambiente interno, que necessitam, além de divulgação, de conscienti-zação dos discentes quanto ao que será realizado.

Ainda pensando em termos de transparência, ao entrar no site, na seção “financeiro”, é possível ver um link que daria acesso ao banco de dados com demonstra-tivos. O que abre, todavia, é uma pasta vazia do google docs. Vale lembrar que na seção referida do site, é lembrada a importância da transparência financeira, já que os alunos, ao pagarem suas men-salidades, estão repassando uma quantia ao DAGV. Caso as contas tenham sido prestadas e posterio-remente retiradas do site, onde se encontra a útima prestação? O local não deveria funcionar como meio consultivo permanente aos alunos interessados em ter acesso às contas de seu Diretório?

Uma última crítica, mas não menos relevante e contunden-te, é a do conceito sustentável do Diretório Acadêmico. É inadmis-sível que continuem imprimindo milhares de cartazes das festas e colarem, um do lado do outro, nas paredes do 1º andar. A despeito de todas as justificativas financeiras, essa questão ultrapassa motivos econômicos se adotada uma ótica de sustentabilidade e poluição vi-sual. É ilógico continuar fazendo tanta propaganda repetida da fes-ta e suprimir outros eventos. Em pleno século XXI, uma gestão deve passar pelo conceito sustentável e expressar grande preocupação com relação a isso.

Por fim, apesar de destacados muitos elementos que precisam

ser melhorados, o primeiro semes-tre da gestão Expansão foi satisfa-tório e positivo em termos gerais. Tudo isso porque se ampliou, ain-da que seja necessário intensificar o processo, o conceito de atribui-ções do DA, dando uma carga de representação muito positiva e ao mesmo tempo levantando mais debates ao âmbito acadêmico. As melhoras aqui requisitadas não dizem respeito a algo exclusivo dessa gestão, mas que não dei-xam de ser responsabilidade dela atentar a esses fatores e procurar potencializá-los. Talvez a maior necessidade seja buscar agora a efetivação da participação nos diferentes mecanismos que o DA possui.

E é sempre válido relembrar que uma melhora em um órgão de re-presentação, ainda mais nosso Di-retório Acadêmico que é aberto à participação de interessados, tam-bém passa pela pró-atividade de alunos que não estão diretamente envolvidos na organização. Nos-sa participação nas Câmaras Dis-centes, nossa cobrança por meca-nismos de transparência e nossas prioridades enquanto alunos da FGV certamente influenciam no caráter que um Diretório Acadêmi-co irá assumir. Somos parte dele e não só podemos, como devemos atuar de forma a melhorar os pon-tos requisitados ou mesmo pres-sionar para que eles sejam melho-rados. �

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Política Internacional

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Desde a sua criação, a Assem-bleia Geral das Nações Unidas é aberta anualmente pela na-

ção brasileira (seja pelo presidente ou por algum representante direto). Sendo assim, a presidenta Dilma Rousse- fez o discurso de abertura no dia 24 de se-tembro, na sede da ONU em Nova York. Apesar de mencionar temas já bastante discutidos anteriormente, como a Pa-lestina e a Reforma da ONU, uma ques-tão recente e polêmica estava presente no discurso de Dilma: a espionagem norte-americana, e as consequências desta no âmbito internacional. “Recen-tes revelações sobre as atividades de uma rede global de espionagem eletrô-nica provocaram indignação e repúdio em amplos setores da opinião pública mundial”, disse a presidenta, se posicio-nando criticamente em relação a essa recente revelação.

Em junho deste ano, Edward Snow-den, ex-técnico da Agencia Central de Inteligência (CIA), revelou nos  jornais /e Guardian e Washington Post um esquema de monitoramento de dados organizado pelo próprio governo dos Estados Unidos, a partir da Agência Na-cional de Segurança (NSA). O programa PRISM, no qual Snowden teve contato quando era funcionário da Booz Allen Hamilton (e esta prestava serviços a

NSA), pode interceptar dados eletrô-nicos de cidadãos, norte-americanos ou não. Documentos apontaram que a espionagem teve como alvos Chefes de Estados e assessores destes, como a Chefe do Estado Brasileiro, Dilma Rousse-.

A espionagem internacional sustenta-da pelo Estado norte-americano é, sem dúvida, uma clara violação do Direito Internacional e do princípio de sobera-nia, estatal e individual. Tal violação à privacidade é mencionada no discurso de nossa presidenta, ao dizer que “sem ele - o direito à privacidade - não há efe-tiva liberdade de expressão e opinião e, portanto, não há efetiva à democracia. Sem respeito à soberania, não há base para o relacionamento entre as nações”. E, assim, como uma forma de proteger os dados nacionais, de caráter estatal ou civil, Dilma defendeu, em seu discurso, a criação de um marco civil global, multi-lateral, para a governança e o uso da in-ternet. Este marco teria como prioridade a liberdade de expressão e o direito à pri-vacidade dos usuários de todo o planeta.

No plano interno, os casos de espio-nagem impulsionaram a movimentação pela aprovação de um Marco Civil da Internet, que está sendo discutido na Câmara nos últimos anos e deve ser vo-tado até o dia 28 de outubro. (Posterior ao fechamento desta edição). O Marco Civil tem como pressuposto garantir a segurança jurídica dos brasileiros e seus direitos. Um dos pontos principais é o

da “neutralidade da rede”, que vem divi-dindo os parlamentares e emperrando o projeto de lei, muito por fruto do lobby das empresas do setor de telecomunica-ções. Neutralidade é a não discrimina-ção de tráfego na rede, ou seja, todos os dados trafegam em igualdade de condi-ções, independentemente do pacote con-tratado. Logicamente, estas empresas visam favorecer os dados daqueles que podem pagar mais.

Outra proposta que tem a 0nalidade de proteger os usuários, principalmente após as revelações que grandes empre-sas contribuem com o sistema de espio-nagem americano, é a da obrigação que estas empresas teriam de armazenar em território nacional os dados dos brasilei-ros. Dessa forma, a legislação brasileira poderia ser aplicada em caso de trans-missão a terceiros, e de violação da pri-vacidade e da liberdade da expressão. O grande problema é que os custos para a criação destes ‘data centers’ no Brasil podem afugentar as companhias que já estão por aqui, e futuras que poderiam ofertar seus serviços. Em entrevista ao portal UOL, o relator do Marco Civil, o Dep. Federal Alessandro Molon (PT-RJ) se manifestou a0rmando que as viola-ções da soberania merecem respostas 0r-mes e impactantes, ainda que pareçam econômico-0nanceiras. “Infelizmente, muitas vezes a única linguagem que se entende é a linguagem econômico-0-nanceira. Mas a resposta é política, a um problema político”. Para Paulo Bernardo, ministro das Comunicações, o fato de o Brasil ser hoje um grande mercado para as empresas de TI, não dá motivos para que elas saiam do país, mesmo com os custos adicionais dos ‘data centers’.

Sem dúvida, o Marco Civil é um im-portante passo para o resguardo dos direitos fundamentais dos usuários. Po-rém, ao mesmo tempo em que o projeto deve ser blindado dos interesses empre-sariais, deve haver muito cuidado para que o prejudicado não seja exatamente aquele que deveria ser protegido: o usu-ário. �

Espionagem e Marco Civil: Usuários brasileiros estarão protegidos?

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Centros de [email protected]

Gazeta VarGas

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Todo geveniano sabe que a Fundação Getulio Vargas é uma importante e reconhecida fonte

de pesquisas acadêmicas. Porém, será que nós alunos conhecemos de fato os responsáveis pela elaboração desses trabalhos? Será que ao vermos diversos índices no Jornal Nacional, sabemos qual a parte da FGV que é responsável por eles?

Como forma de aproximar os alu-nos de tal estrutura, e fazê-los entender um pouco mais a sua grandiosidade, a Gazeta VarGas abordará, em cada edi-ção e em breves tópicos, cada centro de pesquisa da Fundação.

Iniciaremos, nesta edição, com o Centro de Estudos de Administração Pública e Governo (CEAPG).

CEAPG No contexto de abertura democrá-

tica e da Assembleia Constituinte, a discussão sobre o panorama político brasileiro e também sobre políticas públicas estava “efervescente” no meio acadêmico e, a partir daí, se intensi0cou a necessidade de se unir os pesquisa-dores da FGV envolvidos em questões públicas. Como uma forma de atender essa demanda, o CEAPG é criado no ano de 1989, tendo os Professores Peter Spink e Marta Farah como coordenador e vice-coordenadora, respectivamente.

Gestão Pública e CidadaniaEm 1995, junto com a Fundação

Ford, o CEAPG cria o Programa Gestão Pública e Cidadania, resultando - no período entre 1996 e 2005 - no Prêmio GPC: prêmio anual dado para órgãos estatais que inovassem na prestação de

serviços públicos. “Os governos locais estavam criando coisas muito novas em termos de gestão, e havia sempre o risco daquilo se perder”, reitera o co-ordenador do CEAPG, o Professor Ri-cardo Bresler, que demonstra também a importância dessas inovações serem destacadas no cenário nacional. A rela-ção entre o Programa Gestão Pública e Cidadania e o CEAPG teve como resul-tado um fortalecimento do Centro e da identidade deste, já que por meio desse Programa, ele teve contato direto com a gestão pública de diversos lugares do território brasileiro. A partir de 2006, o CEAPG criou, baseado na identidade já estabelecida anteriormente, outros fo-cos especí0cos de ação, como desenvol-vimento local e pobreza e desigualdade.

ObjetivosO CEAPG tem, portanto, como

objetivo central, aprofundar o conhe-cimento sobre a governança pública, em um Estado “aberto”, com foco no desenvolvimento local e na garantia dos direitos e da cidadania. A pesquisa feita pelo Centro prioriza a pesquisa de campo, produzindo, armazenando, sistematizando e disseminando ideias (dados e informações), com especial atenção à inovação na gestão pública. E, assim, o CEAPG forma pesquisado-res e gestores, inserindo-os no contato direto com a gestão pública do país. Se-gundo o Professor Bresler, “A gente faz a pesquisa escutando e conversando com as pessoas, entendendo seu ponto de vista e contexto. E, assim, é a única forma de permanecer com a diversida-de sem injustiça. Em lugares distantes, como o Pará ou o Sertão Nordestino, os insetos, as chuvas ou o semiárido não são problemas, mas sim realidades daquelas regiões, demandando tecnologias e saídas alternativas contextualizadas. Portanto, o CEAPG privilegia a abordagem de campo e o diálogo de saberes”.

O Centro de Estudos é reconhecido nacionalmente por seus trabalhos, com

publicações acadêmicas de alto nível. Além disso, encontramos em seu site, livros, vídeos e áudios produzidos por sua equipe.

Como participar? O geveniano interessado em apro-

fundar seu conhecimento na gestão pública do país e que vê na pesquisa de campo uma forma de ampliar seus horizontes, encontra no Centro de Administração Pública e Governo um excelente meio para tal. Com um corpo acadêmico de excelência, o aluno entra em contato com situações concretas, exercendo em prática a teoria aprendida em aula. Para ingressar no CEAPG, o es-tudante pode enviar uma 0cha de ins-crição para o GVPesquisa por meio do site deste, depois de optar qual progra-ma de pesquisa quer fazer (Residência em Pesquisa ou PIBIC).

Além disso, há a possibilidade do aluno participar do projeto Conexão Local Interuniversitária (CLIU). Sendo uma variação do projeto Conexão Local - que leva dois estudantes da FGV a alguma experiência de gestão local bem sucedida para a elaboração de um relatório - hoje sob a organização do GV Pesquisa, mas que foi gestado no CEA-PG, o projeto reúne um aluno da GV e um aluno de uma universidade parceira (No caso Universidade Federal do Acre, Fundação João Pinheiro e Universidade Estadual Vale do Acaraú). Dessa manei-ra o aluno é convidado a conhecer uma realidade completamente distinta e aprender sobre os diferentes desa0os e soluções do Brasil junto a um estudante de realidade diferentes. �

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Economíadas

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Criado em 1991, o Econo-míadas foi fundado pela FGV, FEA-USP e Macken-

zie para substituir o extinto Economíada, competição esta-dual que reunia as principais faculdades de Economia e Ad-ministração.   Atualmente par-ticipam do campeonato, além da FGV, Unicamp, Insper, Fe-cap, Mackenzie, PUC-SP, FEA-

-USP e ESPM. O Mackenzie é o maior vencedor, com 19 tí-tulos, seguido pela FEA-USP, que ganhou duas vezes. A FGV ainda não conseguiu ser a gran-de campeã, sendo que -cou na quarta posição no ano passado. Porém, com as reestruturações que a Atlética vem promoven-do, como a academia especi-ca para os atletas, há uma pers-pectiva de esse ano o vencedor não ser mais o time vermelho que ocupa a Consolação.

O motivo de o Mackenzie ser vencedor em quase todos os torneios universitários que par-ticipa é razoavelmente óbvio: a Bolsa Atleta. A universidade oferece bolsas para alunos que possuem excelência no currícu-lo esportivo e que necessaria-mente se -liem à Liga Atlética. Assim, o placar -nal nos tor-neios universitários não pode-ria ser diferente. O Mackenzie possui atletas semi pro-ssio-nais em todos os campeonatos.

Todavia, apesar de enfrentar adversários de grande porte, a Atlética da FGV está inovando nesse semestre para ter um re-sultado positivo no Economía-das. Uma academia de trabalho funcional foi disponibilizada para todos os atletas da Funda-ção. Os alunos marcam um ho-rário e realizam uma prepara-ção física durante uma hora. A academia está disponibilizada por um longo período de tempo, abrindo às 16h e o-cialmente encerrando às 20h. É comum, entretanto, encontrar a acade-mia em pleno funcionamento às 21h30.

E não é apenas a Atlética que está realizando um trabalho intenso. Faltando pouco me-nos de um mês para o grande torneio universitário, todos os esportes estão mobilizados e realizando treinos mais rígidos. O futsal masculino, vice no ano

passado, já está em ritmo pesa-do desde cedo, mesmo porque já participa, no momento, de dois campeonatos: o NDU e o InterU. O time está em proces-so de transição desde que três de seus titulares se formaram esse ano.

Já o futsal feminino, terceiro no ano passado,  por mais que tenha perdido sua capitã,  que se formou no meio desse ano, está passando por uma fase gloriosa. No primeiro semestre desse ano, além de subir para a primeira divisão do NDU, o time foi campeão invicto. Atu-almente a grande mudança da equipe, além dos três treinos por semana, é a contratação de um treinador para goleiros. No total são três preparadores para o time: o treinador principal, o auxiliar técnico e agora o trei-nador de goleiros. Invictas na série A do NDU, as atletas pro-

Pré-Economíadas: as grandes mudanças para um título inédito

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Economí[email protected]

Gazeta VarGas

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curam conquistar o titulo de campeãs do Economíadas, até agora inédito.

O basquete masculino, de-pois de uma participação ruim no Economíadas passado, --cando na quarta posição e per-dendo uma semi-nal para a ESPM, não alterou sua base, porém a grande mudança e re-forço é o novo pivô, Miguel Os-terroht, cujos dois metros de altura prometem ajudar o time geveniano. Além disso, os atle-tas estão aproveitando muito a academia funcional e a pro-va disso são os desempenhos do time no NDU (faltando um jogo para garantir o primeiro lugar do grupo) e o InterU, em que o time já garantiu as semi -nais. O basquete feminino, vice no Economíadas passado, tem quatro novas atletas, mas o time não tem participado de amistosos. A tática é compro-metimento e treinos pesados por parte das atletas.

O handebol masculino, quar-to no torneio passado, realizou dois amistosos além de estar participando de dois campeona-tos, o InterU e NDU. A perspec-tiva é boa com a volta de alguns jogadores que estavam lesio-nados e com a entrada de dois novos membros. Enquanto isso, o handebol feminino, terceiro no ano passado, prepara-se ri-gorosamente para enfrentar o primeiro adversário no Econo-míadas: as campeãs do ano pas-sado do Mackenzie. Com uma boa quantidade de amistosos, treinos três vezes por semana e um time razoavelmente novo (poucas atletas acima do quin-to semestre), o time geveniano já classi-cado no NDU não se assombra perante o adversário forte que enfrentará logo no inicio do campeonato.

O vôlei masculino, vice--campeão, também partici-pa do NDU e InterU. O time está bem renovado em rela-ção ao último Economíadas. Dos sete titulares, três jo-gam pela primeira vez. Po-rém, apenas um é calouro: os outros dois são antigos joga-dores que se desenvolveram e entraram no time principal.

O vôlei feminino foi o que mais sofreu reformula-ção esse ano. Várias antigas atletas se formaram e muitas outras estão fazendo intercâmbio. O resultado é um time com apenas quatro fixas do ano anterior, sete calouras e duas intercam-bistas.   A equipe, que es-teve entre uma das piores classificações no Economía-das passado, agora procura em amistosos (contra a São Francisco e o Mackenzie), participação no NDU e em um novo time não repetir o que aconteceu da última vez.

As perspectivas para a FGV no Economíadas em geral são boas, todos os times estão se aprimorando e esforçando ao máximo, dentro de suas condi-ções. Tudo isso para quem sabe esse ano mudar a história e tra-zer uma grande vitória à comu-nidade geveniana. �

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M!"#$%&'!( (!)#*#( &* FGV vêm questionando a possibi-lidade da FGV criar mecanis-

mos de reservas de vaga para negros na nossa fundação. Por que não?

O debate sobre políticas a+rmativas de acesso à universidade no Brasil está posto há algum tempo. Com experiên-cias em universidades pioneiras como a UERJ e a UnB, o assunto foi referenda-do a partir da decisão do STF de julgar constitucional a política de cotas raciais.

No entanto, a discussão ainda re-verbera. Diversos grupos questionam a legitimidade dessas ações e lutam para que essa decisão seja revertida. Base-ados na ideia de igualdade e de manu-tenção da excelência das universidades, muitos especialistas se mostram con-trários à adoção das reservas de vagas para grupos especí+cos da população.

Não é o que pensam alguns alunos da Fundação Getulio Vargas que vêm se mobilizando para começar a fazer pressão para que a FGV assuma o com-promisso de pluralizar seu alunato. O grupo chamado ‘Cotas na FGV’ reúne alunos de graduação e pós e conta com encontros regulares para a discussão sobre a situação nas universidades bra-sileiras. O que se reivindica é que a FGV, mesmo como instituição privada, as-suma esse protagonismo e mostre que quanto maior a pluralidade de uma fa-culdade, melhor para seus alunos e para a sociedade.

Uma questão de justiça

Os números assustam. Segundo o Censo Demográ+co de 2010, 47,7% da população brasileira se declara branca, enquanto a maioria, 50,7%, se declara preta ou parda. Porém, quando se tra-ta da população com ensino superior, o mesmo Censo indica que 3 em cada 4 pessoas são brancas. Quando estende-mos o debate a outras áreas novamente, observamos diferentes desigualdades em relação à população negra. A partir de relatórios do IPEA, é possível obser-var que o rendimento das famílias ne-gras é equivalente a 60% das famílias

brancas, que a taxa de analfabetismo é maior entre negros e mesmo que a taxa de homicídios entre jovens incide mais sobre eles.

Todas essas estatísticas re,etem de-cisões de nossa sociedade e dizem res-peito sobre nosso racismo. A exclusão do negro é clara nos mais diferentes espaços da nossa sociedade. Apesar da existência dos números é só observar a proporção de negros que você encontra

em cargos de gerência e naqueles que você encontra nas pro+ssões menos quali+cadas (25,6% dos cargos de su-pervisão, 13,2% dos cargos de gerência e 5,3% dos cargos de diretoria são ocu-pados por negros DIEESE, 2009).

Isso diz respeito, no Brasil, a um ra-cismo camu,ado. Em nossa história excluímos do negro qualquer possi-bilidade de ascensão pelas chamadas vias meritocráticas. A Lei de Terras de 1850 é um exemplo. Passou a cobrar em dinheiro a aquisição de terras, o que excluía os escravos recém-libertos da possibilidade de ter propriedade e iniciar um pequeno empreendimento. Dessa forma se relegou a esse estrato da população às regiões das encostas dos morros e às atividades que não exigis-sem formação.

Tudo isso resultou numa sociedade bastante dividida. Sem acesso a po-sições privilegiadas e, com a ideia de superioridade branca, naturalizou-se essas diferenças, formando assim uma elite dominante branca e uma popu-lação pobre majoritariamente negra. Com isso, os acessos à educação formal, a melhores salários e o empreendedo-rismo desse estrato tornaram-se extre-mamente di+cultados.

Dessa forma, dizer que as cotas não são meritocráticas, quando os vestibu-lares também não o são, é falacioso. Os pontos de partida são bastante distin-tos. Devido à con+guração da nossa so-ciedade, somente os formados em boas escolas tem chances reais no vestibular, e esses espaços são dominados pelos brancos. Os negros que chegam ao en-sino médio já são privilegiados e ainda assim estão em situação de desigual-dade a dos brancos. O acesso à univer-sidade se torna desigual e, se partimos da ideia de que uma sociedade melhor é uma sociedade mais diversa, plural e que garante oportunidades para todos explorarem suas capacidades, é preciso criar mecanismos para que isso aconte-ça. Dessa necessidade nasce a questão das cotas.

Cotas Raciais na FGV. É possível?

Somente 25,6% dos cargos de

supervisão, 13,2% dos cargos de gerên-cia e 5,3% dos car-gos de diretoria são ocupados por ne-gros. DIEESE, 2009

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Entrevistas e [email protected]

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Cotas Raciais ou Cotas Sociais?As cotas raciais são um mecanismo

temporário criado para garantir o aces-so de negros á universidade. Utilizada durante anos nos EUA, ela foi resposta ao apartheid que o país viveu durante décadas. O que justi+ca sua utilização no Brasil são os dados pí+os de acesso à universidade por parte dos negros, ur-gindo do governo uma atitude – somen-te 8% dos estudantes das universidades brasileiras são negros.

Muito se fala que as cotas sociais responderiam a essa necessidade, uma vez que ao abranger os negros, incluiria-

-os naturalmente e evitaria que negros com recursos acessassem a universida-de por cotas. No entanto é importante analisar os dados. Ao se observar o Ensino Médio, alunos negros tem pior rendimento e maior fracasso escolar do que alunos brancos, mesmo com a mes-ma trajetória escolar. O que pode ser veri+cado no PNAD, no qual 43% de alunos negros já tiveram algum fracas-so escolar, enquanto esse número cai para 27% entre os brancos. Ou mesmo no mercado de trabalho onde brancos e negros com a mesma quali+cação não tem o mesmo rendimento, chegando à diferença de 42% no rendimento na Pesquisa de Emprego e Desemprego de 2009. De onde se explicaria essas dife-renças?

Além do racismo incutido e a inser-ção incompleta desse grupo no merca-do de trabalho, há uma clara ausência de referência. Enquanto uma pessoa branca se vê representada constante-mente na mídia em posições dominan-tes, o negro é sempre retratado em uma posição subalterna. Além de grandes +guras públicas negras serem poucas quando se exclui as áreas relacionadas ao entretenimento. Cria-se um lugar subjetivo do negro para a população, e a cultura se reabastece a partir dessas diferenças. São nesses pequenos sím-bolos que se rea+rmam o preconceito

e se passa a ideia de que vivemos em um país racialmente justo, uma vez que essas imagens são construídas a partir de um ideário e não de normas e leis es-critas e normatizadas. No entanto, seus efeitos são perversos e continuam a ex-cluir o negro mesmo em situações pre-cárias. Dessa maneira as cotas sociais são pouco efetivas quanto à inclusão do negro.

E a FGV com isso? A FGV é certamente uma das maio-

res referências universitárias no Brasil e no mundo. E ela re,ete pouco a rea-lidade da nossa população. Entre os alunos, são muito poucos os que são negros e quando encontramos algum

é constante questionamento se ele é “gringo”. Que não se caia na falácia que a FGV não tem negros. Tem bastante. Mas eles estão na limpeza.

“A questão da Fundação Getulio Var-gas ter cotas raciais em seus processos seletivos condiz com a diretiva da facul-dade, sobretudo no curso de Adminis-tração Pública, de pluralizar a faculdade” diz Henrique Pimentel, um dos criado-res do grupo de Cotas da FGV. “Ela tem um dever moral de inserir os negros na faculdade” completa. Sabendo da resis-tência que há no ambiente geveniano no corpo discente e docente a ideia é criar intervenções, debates e formações

para poder inserir a temática e a partir daí demonstrar a importância de se assumir essa bandeira dentro da Fun-dação.

E os resultados têm se mostrado po-sitivos. Pesquisas recentes de universi-dade que adotaram cotas mostram que os resultados entre os alunos cotistas e não cotistas são bastante próximos, sendo inclusive maiores e com maior presença no curso no caso da UERJ. Isso serve para demonstrar que o argu-mento que as faculdades perdem qua-lidade ao aderirem às cotas é falso. Só se tem a ganhar com a convivência do diferente e a redução da desigualdade oriunda de questões raciais.

Conhecemos bem o esforço da FGV em dar todo o suporte para os alunos e o cumprimento da máxima de que con-dição socioeconômica não será impedi-mento de um aluno estudar na FGV. No entanto, isso não garante a presença de alunos negros na Fundação.

Se queremos uma sociedade mais justa e inclusiva é preciso reparar os erros feitos pela nossa sociedade no passado. Mesmo com suas limitações e di+culdades, as cotas ainda são um meio e+ciente de inserção do negro no meio universitário. Sabemos dos desa-+os e do racismo presente no mercado de trabalho para os que se formam. Mas conforme tivermos mais negros formandos nas nossas universidades, com mais pressão e mais empregadores, pouco a pouco vamos acabando com essa lógica perversa. Que a FGV mostre que ela pode ser vanguarda também nesse assunto. �

Ela (a FGV) tem um dever

moral de inserir os negros na facul-dade” diz Henrique Pimentel, um dos criadores do movi-mento Cotas na FGV

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Vida na FGV

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GAZETA VARGAS

EESP: representação discente e presão acadêmica

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EESParta, né meu?

N! "#! $% &''(, " "#)*+" EA-ESP, com seu maduro curso de Administração de Empresas,

ganhava uma irmã no prédio vizinho: a Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EESP-FGV). Hoje, em seu décimo aniversário, já , -gura como o melhor curso de Economia do país, segundo os resultados do ENA-DE recentemente publicados. No cader-no de apresentação do curso, o objetivo é claramente de, nido: “Desenvolver um ambiente de aprendizagem (...) con-tribuindo para a formação de uma elite intelectual e dirigente do país”.

A palavra elite expressa bem a con-corrência dos vestibulares e o número de vagas abertas anualmente: apenas 60, sendo que até o ano passado eram 50. Já o número de formandos é bem menor, , cando próximo de 25 pesso-as por turma. O número de bixos nos cursos de Administração Pública e Ad-ministração de Empresas da vizinha EAESP em um único ano (aproximada-mente 500) supera com sobra o total de alunos que a graduação em economia contém em todas as salas.

Desde sua criação, “o curso de gradu-ação em Ciências Econômicas da FGV/EESP adota, como principio básico, a busca da excelência e o reconhecimento do mérito acadêmico”. Na prática, isso re-sulta numa constante pressão por resul-tado sobre os alunos e no adensamento de conteúdos para incluir disciplinas que, em diversas outras instituições de ensi-no, são limitadas à pós-graduação.

Essa pressão já herdou para a Escola apelidos como EESParta, expressões como #EESPNéMeu e também fez da palavra jubilamento parte ativa do vo-cabulário dos alunos. Isso provém da rigorosidade tanto das avaliações e do conteúdo do curso, quanto das regras de jubilamento (vide quadro). Apesar de já ter uma estrutura considerada rígida, várias mudanças que intensi-, caram tal quadro foram aprovadas pelo CEPE (conselho de coordenado-res que detêm o poder decisório na escola) durante os últimos anos. Essas mudanças desagradaram ainda mais ao aluno, como a obrigatoriedade da realização da ANPEC - uma prova usada na seleção para Mestrado em Economia - como forma de avaliação do curso, sendo que o ENADE já era

aplicado; e a obrigatoriedade de reali-zar a DP assim que a matéria for ofere-cida. Além disso, a implementação do PBL implicou a ausência de REAVAL e o aumento no preço de algumas de-pendências de matérias consideradas core, que tiveram a quantidade de cré-ditos aumentada e chegam a custar R$ 7.200,00 no semestre.

Em meio às inúmeras regras de ju-bilamento postas, à densa carga horá-ria, às mudanças dos últimos anos e à enorme demanda de estudos exigida pelo curso, os alunos muitas vezes reclamam do excesso de pressão e ar-gumentam que ela é prejudicial para o aprendizado dos conteúdos. Chega-se a um ponto onde mais pressão e mais cobrança de resultados sobre o desem-penho acadêmico não resultam em maior esforço dos alunos, pois o tem-po é insu, ciente. Resultam apenas na priorização de determinadas discipli-nas, em mais cópia de listas e na bus-ca por um aprendizado mais prático e menos aprofundado. Em suma, geram o que os próprios economistas gostam de chamar de “incentivos tortos”.

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Vida na [email protected]

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CoordenaçãoNuma intenção de ouvir o que é pos-

to pela coordenação frente a tais reivin-dicações, através de uma conversa da GAZETA com a própria coordenação foi lembrado que o curso já está com a carga horária no limite inferior ditado pelo MEC - de 240 créditos (3600 horas) - e que essa exigência de carga horária é muito superior à de diversas outras fa-culdades de economia na Europa e nos EUA, e inclusive de outras universida-des brasileiras como a USP. Argumenta também que existe um trade-o- entre a pressão durante os três primeiros anos na faculdade e a liberdade para fazer um estágio no último ano: de fato, o penúltimo semestre da grade curricu-lar dos ingressantes em 2012 prevê 28 créditos, sendo 8 à distância, 8 de mo-nogra,a e 12 de eletivas - uma carga muito mais suavizada do que qualquer outro ano (vide quadro). Já o último semestre tem apenas 8 créditos, todos de eletiva. Dessa forma, permite-se que o aluno estagie, o que é facilitado pelo fato da EESP receber diversas ofertas de vagas de estágio por aluno.

Além disso, a coordenação ressaltou que o curso seguiria um per,l deter-minado e seria direcionado aos alunos que se encaixariam neste per,l - exata-mente aqueles que gostam de estudar e buscam o mesmo rigor acadêmico que os diretores. Não é uma intenção do curso atrair todos os tipos de aluno, e não deveria ser uma intenção do aluno adaptar-se forçosamente ao curso.

Existe também a possibilidade de o aluno trancar matérias de maneira individual, aumentando a duração do curso. Isso não é feito sem custos aca-dêmicos, como a maneira com que as disciplinas serão oferecidas no futuro, mas serve como último recurso para o estudante que não está dando conta da pressão.

Dessa forma, a coordenação compre-ende que a pressão acadêmica existe, mas que ela é saudável e necessária para a busca da excelência que sempre foi o

objetivo da Escola. É um dos fatores que a tornam diferenciada das outras, mes-mo que isso implique um número redu-zido de formandos todos os anos.

Representação DiscenteEsse confronto de opiniões sobre

a pressão acadêmica que a faculdade exerce sobre os alunos por diversas ve-zes gera con.itos entre a coordenação/direção e os estudantes. O principal ór-gão de representação discente da EESP é o Conselho de Representação Dis-cente (CRD), que reúne cinco represen-tantes de cada classe de todos os anos, além de representantes da coordenação e da direção. Nas pesquisas realizadas ao ,nal dos semestres pelo Conselho, a avaliação quanto à direção da escola é sempre predominantemente negativa.

O CRD é, contudo, um órgão me-ramente consultivo. No CEPE, não há qualquer poder ou representação direta dos docentes, discentes ou funcioná-rios. Não quer dizer que suas ideias não estejam presentes através de algum co-ordenador, mas a decisão ,nal não tem diretamente esses votos, cabendo ape-nas aos coordenadores indicados dire-tamente pelo diretor Yoshiaki Nakano.

Dessa forma, é comum entre os alu-nos a crítica de que eles estão completa-mente excluídos do processo decisório. Esta percepção é ampliada por algu-mas medidas impostas de cima para baixo na faculdade, como citado ante-riormente. Todas essas recentes deci-sões polêmicas por parte do CEPE dos últimos anos entraram em vigor com pouca ou nenhuma alteração, mesmo as questões sendo sempre levadas às reuniões do CRD e extensamente deba

No entanto, a Escola busca argumen-tos e exemplos de que a voz dos alunos é, sim, muitas vezes escutada. Seja pelo CRD ou por outros meios de represen-tação indireta, importantes mudanças já foram feitas: o trancamento indivi-dual de disciplinas, a redução na nota exigida no exame da ANPEC, a inclusão

da disciplina de ,nanças e a valoriza-ção do tempo de estudo fora das salas de aula por parte do PBL são exemplos destas mudanças. Inclusive, a partir dos ingressantes de 2013, é possível optar por realizar o curso em 5 anos, o que suavizaria muito a pressão.

Ainda assim, resulta dentre os alu-nos, não de maneira generalizada mas de maneira recorrente, a impressão de que a direção da escola age sempre de modo vertical e di,cultando cada vez mais o aprendizado e o desempenho acadêmico. Parece ignorar a pressão já existente e intensi,cá-la, sem perceber como ela afeta de maneira negativa o ambiente EESPiano. Os alunos são obri-gados a se adaptar a tudo aquilo que os coordenadores acreditam ser melhor para a escola, enquanto a opinião deles é di,cilmente levada em conta.

Surge, dessa forma, uma descrença dos estudantes com o CRD e o seu po-der de realizar mudanças concretas. A impressão é que, por ser um órgão me-ramente consultivo, levar as questões para serem debatidas nele não adianta nada, já que apenas um ou dois coorde-nadores (ou diretor) com poder de voto no CEPE estão presentes nas reuniões do CRD para avaliar as demandas.

A descrença enfraquece ainda mais o conselho. Em diversas classes, há gran-de di,culdade para preencher as 5 va-gas disponíveis por falta de candidatos. Em uma das tarefas mais importantes do CRD no ano - a avaliação feita junto aos alunos dos professores de maneira individual - o número de respostas é bem inferior ao de alunos, o que acaba não constituindo uma representação ,el. Acontece, também, de represen-tantes não comparecerem às reuniões ou não cumprirem seus outros deveres enquanto membros.

Além disso, os canais de comunica-ção entre o CRD e os alunos se estrei-tam, resumindo-se a posts ocasionais dentro de grupos no facebook com levantamento de pautas para as próxi-mas reuniões ou divulgação de atas.

Para a coordenação, o esvaziamento

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do CRD prejudica muito a comunica-ção entre os coordenadores e os alu-nos, e deveria ser melhor aproveitado. Trata-se de um espaço essencial onde as opiniões dos estudantes são ouvidas e, posteriormente, repassadas para o CEPE por meio da coordenadora do cur-so. O reduzido número de alunos da es-cola deveria facilitar essa comunicação. Ao esvaziar o CRD, os alunos acabam se prejudicando, pois perdem o espaço de representação que é oferecido pela própria escola, e que tem o potencial de in.uenciar decisões.

ConclusãoA EESP é uma faculdade privada.

Enquanto tal, tem liberdade para ter os próprios valores e princípios. Se a constante pressão é um caminho esco-lhido por ela para levar à tão objetivada excelência acadêmica, ninguém pode obrigá-la a mudar esse cenário.

Até certo nível, cabe o argumento da coordenação: a faculdade é feita para um per,l especí,co de aluno dispos-to ao esforço constante em busca do desempenho acadêmico. Até então os argumentos parecem lógicos e consis-tentes: acredita-se em determinados valores e se estrutura o curso para atrair os estudantes que se aproximam dos princípios exigidos.

Entretanto, é necessário compreen-der que a crítica dos alunos não é ne-cessária ou exclusivamente sobre esses

argumentos. Até porque é comum que a grande parte dos ingressantes com um per,l diferente do exigido pela escola desistam do curso ainda no primeiro semestre. A classe dos ingressantes 2012 começou com cerca de 42 alunos, muitos saíram ainda nas primeira se-manas e hoje em dia restam apenas 19. A classe dos ingressantes 2013 come-çou com cerca de 60, e já se aproxima dos 40 alunos, com alguma expectativa que esse número possa diminuir com os vestibulares para o próximo ano.

Se admitirmos que a grande maioria dos alunos que continua no curso segue o per,l desejado pela faculdade, pode-mos perceber que o problema não está na incompatibilidade de pensamentos entre a direção e os estudantes.

O que talvez falte aos integrantes do CEPE perceberem é que muitas vezes os alunos não contestam o objetivo da Escola, e sim os caminhos e os meios pelos quais busca-se tal objetivo. O pro-blema não está na vontade de a EESP ser uma escola de excelência - desejo que é compartilhado por vários estudantes. O questionamento mais correto talvez seja outro: até que ponto os incentivos punitivos e a falta de segundas chances servem para selecionar os alunos com per,l desejado e obrigá-los a dedicar-se até o limite?

Talvez por ter falhas nos canais de di-álogo e não ter representação direta dos alunos e professores, os coordenadores não consigam perceber o que os alunos

percebem no cotidiano: existe um limite para a pressão e a demanda acadêmica que, uma vez ultrapassado, traz mais distorções do que resultados. Em ou-tras palavras, a demanda do curso por carga horária é tão grande que a ideia de seguir à risca todas as obrigações torna-se irreal. O aluno, para seguir ri-gorosamente cada uma das disciplinas, como prevêem os docentes em seus pro-gramas, não poderia exercer qualquer outra atividade durante a semana.

Dessa forma, a pressão deixa de al-cançar resultado nos alunos e de au-mentar o esforço empregado - que já é alto - e passa a incentivá-los a encontrar outras maneiras de conseguir a nota mínima para passar: seja copiando lis-tas de exercício, estudando o conteúdo de forma mecânica e mais propícia para a prova, abandonando matérias em que já se tem uma nota razoável, sacri,can-do o estudo de matérias consideradas mais fáceis e coisas do gênero.

Talvez com cargas horárias menos densas, os alunos passassem, por exem-plo, a ler as bibliogra,as básicas de cada aula, a copiar menos listas, a aprofun-darem-se e compreender cada vez mais cada um dos conteúdos de cada uma das disciplinas. Manter a rigorosidade de avaliação e diminuir a pressão poderia reduzir as distorções e os incentivos tor-tos recebidos pelos alunos, melhorando a aprendizagem.

Existem mudanças pontuais feitas pela direção e proveniente das vonta-des dos alunos que de fato representam uma melhora - os exemplos citados pela coordenação ilustram isto. Contudo, os canais de representação ainda são insu-,cientes e a escola continua se baseando no princípio de que a pressão acadêmica exagerada traz somente benefícios, sem enxergar que também causa distorções.

Enquanto a Escola continuar a demandar dedicação de 14 horas diárias para estudos, como faz com as turmas que ingressaram até 2012, continuará difícil para os alunos acreditar que é possível realizar o curso da maneira desejada. �

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Desafios e Recompensas

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S%/01% 23% )*4% 5!#)")! 5!/ as gestões da Gazeta que se se-guiram à minha, perguntava aos

recém-eleitos qual o maior desa,o que eles achavam que enfrentariam. As res-postas mais comuns se referiam a cum-prir prazos, aumentar a periodicidade da publicação, aprimorar o conteúdo online, expandir a base de patrocina-dores, entre outras, que expressavam preocupação com a manutenção das conquistas alcançadas e com o aprimo-ramento operacional da entidade.

Em resposta, eu sempre prome-tia: “Nada disso. O maior desa,o será o de gerir pessoas”. Tiro e queda: ao ,m do mandato, vinham me rea,r-mar essa conclusão a que eu mesmo só cheguei após passar por todas as áreas da entidade, tendo começado na arte, contribuído na redação, participado do institucional e cumprido mandatos como Editor-Chefe e Presidente.

Entrei na entidade com um objeti-vo bem restrito: queria elaborar as ca-pas da revista e só. Contudo, uma vez que você passa a se inteirar dos debates, nas reuniões de pauta, e saber detalhes dos bastidores, começa a ,car difícil permanecer inerte. E assim começou minha imersão nessa entidade que é realmente uma empresa gerida pelos alunos, produzindo periódicos, eventos e informação em vez de consultoria, e onde temos concretas oportunidades de colocar em prática o que estudamos em sala de aula.

Neste percurso, a EAESP, princi-palmente, passou por momentos con-turbados, a começar pelas polêmicas demissões de professores, por motivos administrativos que iam da baixa apro-

vação dos alunos à autoria de manifes-tações desfavoráveis à gestão da funda-ção (vide edições 61 e seguintes, bem recapituladas nas edições 72 e 73), pas-sando pela alteração ilegal do regimen-to da escola (edição 66) e até a proibição do consumo de cerveja no DA (edição 78) enquanto o espaço dos professores continuava a oferecer a mercadoria, in-clusive se chamando Espaço Bohemia. Não faltou pauta para edição e com cer-teza essas edições trazem matérias que são leitura obrigatória para quem quer conhecer a história da FGV.

De fato, as equipes de Redação e Arte tiveram um prato cheio para não só apresentar os fatos que ocorriam, mas também dar voz aos leitores nos debates que se sucediam. Ao mesmo tempo, a entidade lutava para se estabelecer de forma independente e, sobretudo, se pro,ssionalizar.

Neste esforço de garantir a pro,s-sionalização da Gazeta, a equipe Insti-tucional também teve grandes desa,os com a elaboração de treinamentos, ma-nuais, diretrizes para processos seleti-vos, além de batalhar pela viabilidade econômica do periódico, por vezes em momentos de crise econômica, e alcan-çar seu registro formal como associação para obtenção de sua personalidade ju-rídica.

Ainda assim, frente a tantos desa-,os, quer à frente da redação, como Edi-tor-chefe, quer à frente do Institucional, como Presidente, lidar com pessoas e considerar o fator humano nas ativida-des desempenhadas foram os maiores desa,os que encontrei.

Não entenda aqui o leitor que, por ser desa,adora, a experiência não dei-xou de ser extremamente prazerosa! Ao ,nal, tive a felicidade de trabalhar com

pessoas incríveis, que me ensinaram muito e muitas das quais ainda man-tenho grande amizade. Contudo, lidar com disponibilidades distintas, priori-dades distintas, personalidades excên-tricas e gente muito inteligente dá bem mais trabalho do que havia antecipado. Aliás, a minha grande surpresa com essa conclusão foi constatar como da-mos pouca ênfase ao aspecto humano da organização em nossa grade acadê-mica. Infelizmente, parte dos alunos só entenderá este aspecto quando ingres-sarem nos estágios e empregos, já longe do ambiente seguro da Universidade.

Quando se passa tanto tempo co-laborando com uma entidade como eu o ,z, é fácil colecionar uma in,nidade de histórias e casos curiosos, mas igual-mente por conta deste tempo todo, ,ca difícil fazer alusão rápida sem que o relato se torne uma lista enfadonha de conquistas e “tragédias” que não teriam a mesma signi,cação para o leitor, mas que conto com todo prazer se algum dia o caro leitor quiser me perguntar (de preferência tomando um cafezinho). Então, deixo aqui apenas registrada a promessa que sempre ,z às futuras gestões para re.exão e um convite para que os alunos, professores e funcioná-rios que ainda não passaram por essa experiência incrível, que é a contribuir com a Gazeta VarGas, usem e abusem do espaço que lhes é ofertado, mesmo que de forma pontual ou por curto período, para que deixem sua voz marcada na história da comunidade geveniana. �

Rafael Rossi foi membro das três áreas da Gazeta VarGas entre os anos

de 2006 e 2009, além de Editor--Chefe e Presidente nesse período.

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O que é um Geveniano?

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GAZETA VARGAS

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D!"#$%& #' (#$)*&'%#-ções de junho, hou-ve muita discussão no

Brasil inteiro, inclusive dentro da FGV. A voz, an-tes silenciosa, de muitosgevenianos foi ouvida nos corredores, nas ruas e no facebook. As opiniõesemitidas, entretanto, assim como nas ruas, eram pouco ho-mogêneas.

Para melhor entender esse quadro, a Gazeta questiona: a+ nal, o queé um geveniano?

Inaugurando esse novo quadro, fizemos algumas perguntas aos mais recém-formados da EAESP. A pesquisa foi enviada a 89 dos 185 alunos que se formaram este semestre na EAESP, selecionados aleatoriamente.

Semestres para terminar o cursoSem intercâmbio ou trancamento

Pretende mudar ou seguir carreira?

O que é um Geveniano?

Em que área trabalha?

Posicionamento políticoCom qual ideologia melhor se identifica

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O que é um Geveniano?

[email protected]

GAZETA VARGAS

17

Em qual setor da sociedade

prefereria trabalhar?

É a favor da descriminalização do

aborto?

É a favor da descriminalização da

maconha?

É a favor de cotas raciais em

universidades públicas?

É a favor de cotas sociais em

universidades públicas?

É a favor de cotas racias na

FGV?

É a favor de cotas sociais na

FGV?

É a favor do casamento de

pessoas do mesmo sexo?

Em que área trabalha?

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Gazeta 15 Anos

18

Gazeta VarGas

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R()(&! H&'&*$(

N! "#$%&, '(% )%$%)*#$+,*--ca dos alunos que se aproxi-mam da Gazeta VarGas é a in-

clinação ao debate de idéias, valores e temas “quentes” (de fora ou de dentro da FGV, não importa). Acreditamos que esta inclinação ao debate seja um ele-mento central na formação pro.ssional e cidadã. Enquanto nos EUA existem os famosos “debate clubs” em escolas e universidades, no sistema educacional e na sociedade brasileira continuamos presos à tradição de cordialidades e .-dalguias. É uma pena, mas tivemos a oportunidade de não nos .liar a esta tradição.

Em diversas ocasiões, foi necessá-rio bater de frente com a direção das Escolas (Edição #80 e #85), do DAGV (#83) e, (por que não?), até com o Sena-do Federal (#80). E justamente um dos elementos que nos motivavam e davam coragem, era o fato de que os resultados e reações ao nosso trabalho sempre sur-giam muito rapidamente (o que, infeliz-mente, nem toda entidade estudantil ou atuação pro.ssional é capaz de pro-piciar).

De um cotidiano repleto de embates, em que muito criticamos e muito fomos criticados, hoje é possível perceber o quanto enriquecemos nossa formação, deixando marcas indeléveis na nossa atuação pro.ssional e no nosso espírito público. O trabalho jornalístico, que no universo geveniano é próprio e único à Gazeta VarGas, exige o desenvolvimento de habilidades, desde as mais elemen-tares, como a disciplina e a superação dos frequentes bloqueios criativos, até

o espírito de cooperação e motivação necessário para preencher plena e sa-tisfatoriamente 32 páginas de edições interessantes, provocativas e surpreen-dentes.

Além do seu caráter jornalístico, a entidade Gazeta VarGas é única, pois o trabalho de seus membros resulta em um produto concreto (a Revista), que passa pelas mãos de milhares de pes-soas. Também é única a capacidade da Gazeta, inclusive com relação às outras entidades estudantis, de suscitar reações (apaixonadas ou furiosas, críticas ou lisonjeiras) ao seu trabalho, sendo a medida do sucesso o tamanho e qualidade da repercussão gerada.

O desa.o criativo de preencher pági-nas, inicialmente brancas, verdadeiras tábulas rasas, de conteúdo pertinente e instigante, foi interpretado de maneiras muito diversas nestes 15 anos de exis-tência. Inicialmente criada como uma revista do DA, era quase que exclusiva-mente voltada às questões internas da faculdade e dos alunos. Uma vez esta-belecida a independência .nanceira (na gestão Lichand/João Bezerra), passou a ter mais autonomia, criticar o próprio Diretório e abrir suas páginas a temas mais diversos. Em especial na gestão do editor Felipe Salto, a Gazeta procurou deliberamente imprimir maior atenção aos temas pertinentes à vida pública brasileira, especialmente economia e política. Essa trajetória comprova a imensa versatilidade destas páginas, sempre acolhedoras às mais diversas correntes editoriais e de opinião.

Cada momento da vida pública (ge-veniana ou não) tem seus temas mais pungentes, e a página em branco se insi-nua constantemente aos que tenham co-ragem, disciplina e espírito público para registrá-los. Como diziam os romanos,

“Verba volant, scripta manent” [“as pala-vras voam, a escrita permanece”].

A experiência da atuação na Gazeta certamente é capaz de proporcionar aos alunos que dela façam parte, a valiosa vivência de escapar à auto-referência, à introspecção das opiniões e ao comodis-

mo de fugir do embate de idéias. Muito ao contrário, escrever implica expor-se. Implica a re/exão grave e profunda de como expor opiniões, fatos, apurações.

Não queremos aqui, no entanto, lu-dibriar: por vezes hesitamos frente ao combate, à crítica e ao desa.o enorme que consiste em reunir todas as caracte-rísticas de uma boa publicação. Foram o engajamento, a motivação e a coope-ração da equipe (fenômenos sempre tão caros à análise de administradores e economistas) que sustentaram este projeto e permitiram consolidar um período de trabalho para nós bastante prazeroso e produtivo.

No nosso entender, portanto, é a existência ou ausência de membros en-gajados (para muito além de editores e presidentes), motivados e cooperativos, que determinarão a exuberância e re-levância da Gazeta VarGas. O potencial existe e é enorme. Cabe aos gevenianos, atuais e vindouros, a tarefa instigante e prazerosa de aproveitar esta vaga de oportunidade e continuar este projeto. Como ex-alunos da FGV e ex-membros, já empenhados em outros projetos pro-.ssionais e de vida, podemos garantir-

-lhes: não se arrependerão. �

Alípio Ferreira foi Editor-chefe da Gazeta entre 2009 e 2010

.Rafael Heredia foi presidente da

Gazeta entre 2009 e 2010

.

VEM PRO EMBATE!

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Vida na [email protected]

Gazeta VarGas

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A'&%, #01!,-*-2%,, 1$!3#,,!-res como centro das atenções e lousas cheias de matéria. Slides

verborrágicos, documentários tediosos e conteúdos esquecidos minutos após a realização das provas. Se depender da EESP e da EDESP, essas realidades lasti-máveis estão próximas do .m.

A Escola de Economia de São Paulo vem, desde 2012, adotando um mé-todo de ensino que declara o .m das aulas tradicionais: o Problem Based Learning, conhecido como PBL. Inspi-rado em faculdades do exterior, como a Universidade de Maastricht (Holanda), a proposta do novo modelo é mudar o papel do aluno no aprendizado.

Até pouco tempo atrás, a EESP fa-zia uso do padrão de aula tradicional: o professor abarrota a lousa com demons-trações, modelos, citações e exemplos e parte do principio de que tudo que foi dito em sala foi assimilado pelos ou-vintes e poderá ser cobrado na prova. Entretanto, de acordo com a coorde-nadoria, sempre existiu a vontade de a Escola se diferenciar das concorrentes não somente pelo conteúdo abordado e pelo rigor acadêmico, mas também pelo próprio método de ensino.

No PBL, tutoriais submetem os gru-pos de aproximadamente treze alunos a problemas especí.cos do conteúdo que estão estudando. Ao invés de receber a resposta de um professor, eles discu-tem entre si como acham que devem abordar a questão. Depois, vão para casa com o dever de elaborar respostas

e mostrar que dominam o conteúdo no próximo encontro.

Para adaptar-se à nova realidade, o curso passou por uma enorme reestru-turação. Na tentativa de valorizar mais as horas de estudo fora do ambiente es-colar, considera-se um tempo de estudo em grupo como crédito nas disciplinas, diminuindo consideravelmente a car-ga horária presencial nas salas de aula. Os professores podem escolher dar, no máximo, uma aula por semana, mas a tendência é que cada vez mais as expo-sições sejam abandonadas, dando lugar somente aos tutoriais. As disciplinas oferecidas também mudaram: maté-rias desapareceram, foram criadas, tornaram-se trimestrais ou passaram a ser oferecidas em semestres diferen-tes. O próprio prédio da EESP passou por reformas físicas, sendo que as antes amplas salas de um dos andares foram dividas em outras menores.

Para a coordenadora do curso de eco-nomia, Mayra Ivano4 Lora, o método traz muitos benefícios. Como é avaliado pelo tutor em todos os encontros, o alu-no é obrigado a manter-se em dia com todas as matérias. Além disso, valoriza--se muito mais o tempo de dedicação dos estudantes fora da sala de aula, uma antiga demanda dos alunos. Outra consequência positiva é a preparação para situações da vida real e do merca-do de trabalho, em que se enfrentam desa.os, questionamentos e dúvidas, e as respostas têm que ser buscadas por conta própria.

A recepção da novidade por parte dos alunos não foi homogênea. Para muitos, o método é bené.co: “Gosto do PBL por-que ele me faz .xar a matéria melhor, me ensina a correr atrás, trabalhar com prazos, perder timidez e me permite maior /exibilidade para estudar outras

coisas, como mercado .nanceiro” diz Victor Hugo, aluno do segundo semes-tre que tem o curso integralmente em PBL. Para outros, entretanto, a novida-de não é tão positiva. Sobretudo com conteúdos mais difíceis e cujos mate-riais didáticos são complexos, aprender sozinho ou com grupos de amigos pode ser uma tarefa muito mais complica-da do que parece. Até hoje, disciplinas como econometria ainda não foram en-sinadas em PBL, e pode ser um grande desa.o aprender baseado somente no livro e discussões em grupo. Muitas ve-zes é mais proveitoso ter um educador que vá à lousa, comande de maneira in-teligente e /uente o raciocínio e esteja presente na hora do aprendizado para perceber e esclarecer as dúvidas e di.-culdades dos alunos.

De qualquer maneira, há de se reconhecer que a crítica que o PBL faz ao método de ensino tradicio-nal é válida. Acreditar que a aula em que o professor joga o conteúdo na lousa o papel do aluno se resume a copiar e absorver as informações disponíveis é a melhor maneira de aprendizagem é um grande erro, e diversos estudos apontam nessa direção. Questionar e transformar as posturas dos estudantes e seus docentes é uma mudança que já de-veria ter sido feita há muito tempo.

Talvez o perigo do PBL seja apos-tar todas as suas .chas no extremo oposto. Se antes o aluno era com-pletamente passivo e tinha a cla-ra função de engolir um conteúdo já pronto, agora se termina de vez com qualquer resquício desse papel e admite-se que todo o conhecimen-to deve ser buscado por conta pró-pria, com estudos em grupo e indi-vidual, guiados pelos problemas e pelos tutores. Para isso, assume-se que o aprendizado individual - ou coletivo, dado o importante papel de grupos nesse processo -, ainda que guiado pela escola, é um méto-do sem erros e sem gargalos, o que di.cilmente mostra-se verdade.

Novos métodos de ensino

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Vida na FGV

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Gazeta VarGas

superior no Brasil arrisca se tornar meramente certi!catório, mas não genuinamente formativo”.

Entre os alunos a aceitação tam-bém é boa, apesar de o método exigir mais dedicação. O empenho deve ser constante e os desa!os são recorrentes, mas os ganhos são facilmente reconhecíveis. O papel mais central dos estudan-tes garante maior desenvoltura e aperfeiçoamento das habilidades de comunicação, características fundamentais para o pro!ssional do direito. Além disso, construir o aprendizado e entender com mais esfericidade os conceitos acadêmi-cos quali!ca o pensar em detrimen-to do decorar, o que é sem dúvida um ganho com relação aos proces-sos tradicionais.

Ainda outro método participati-vo adotado pela Direito GV é o role play. Como o nome indica, nesse molde os estudantes interpretam papéis a !m de defender pontos de vista especí!cos. A argumentação em favor de posicionamentos que não necessariamente coincidem com os dos alunos enriquece enor-memente o aprendizado; a!nal, passa-se a compreender melhor dois ou mais lados de uma mesma questão. Balizados por estas ideias, os professores simulam júris e tra-vam verdadeiros duelos de argu-mentos baseados em acontecimen-tos reais, o que aproxima os alunos do que é encontrado na prática das pro!ssões que englobam o direito.

Na EAESP, somente o curso de Administração Pública se interes-sou pela alteração nos tipos de aula. A coordenadoria implementou o PBL para a disciplina de microeco-nomia para os alunos do quarto se-mestre, e as premissas são as mes-mas da EESP. Por parte dos alunos, há a ressalva de que os horários das outras matérias - ministradas pela metodologia tradicional - não são compatíveis com o modelo que

exige mais tempo de estudo fora de sala de aula.

Por !m, é curioso notar o gri-tante contraste entre as Escolas da FGV. Enquanto a EESP e a EDESP percebem as falhas do método tradicional e tentam corrigi-las, grande parte da EAESP insiste no modelo expositivo e muitas vezes maçante, exempli!cado iconica-mente nas aulas de quatro horas. Os professores não gostam, os alu-nos se cansam e não faltam estudos para comprovar a ine!ciência desse processo. Não obstante a esses fa-tores, os departamentos que defen-dem as longas e retrógradas expo-sições mostram-se extremamente in"exíveis e fechados ao diálogo. Colocam, dessa maneira, o apren-dizado e o interesse do aluno em segundo plano; em favor de outras prioridades obscuras e altamente questionáveis. �

Nos ares da Rua Rocha, por outro lado, a Direito GV também perce-beu as falhas do ensino tradicional e tem implementado com relativo sucesso o método participativo de ensino. Dentre as técnicas utiliza-das, merece destaque a conhecida como “diálogo socrático”. O nome faz referência ao !lósofo Sócrates, do século V a.C., cuja metodologia pedagógica !cou famosa por res-ponder às perguntas dos estudan-tes com mais perguntas.

Para o século XXI, algumas alte-rações foram feitas, mas a essência prevalece: ceder aos alunos o papel de protagonista das aulas. Dife-rentemente do PBL da EESP, ainda existem bastante aulas, mas com suas dinâmicas radicalmente des-toantes do sistema meramente ex-positivo. Um ponto em comum, to-davia, é que o conhecimento é visto e construído como um processo. O professor José Garcez Ghirardi, coordenador da metodologia socrá-tica na EDESP, explica a estratégia em seu livro O instante do encon-tro: questões fundamentais para o ensino jurídico: “Ela difere dos mé-todos tradicionais de apresentação porque não estabelece o conceito como um ponto de partida, mas como um ponto de chegada e por-que conduz o diálogo com os alunos de modo a propiciar uma constru-ção coletiva (e não individual) e crí-tica (não-passiva) dos conceitos.”

Segundo Garcez, os professo-res abraçaram muito bem a ideia e animam-se na medida em que percebem que o potencial dos alu-nos é mais explorado que anterior-mente. Além disso, a metodologia pode ser vista como uma resposta da FGV à quantidade cada vez mais impressionante de cursos de direito abertos no Brasil. Nesse contexto, é fundamental se diferenciar, e o método de ensino tem papel cen-tral nessa questão. Garcez alerta: “Infelizmente, boa parte do ensino

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Polí[email protected]

Gazeta VarGas

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O #$% &' ()*+ ,%- .#/0#$0' agitado em termos políticos no Brasil. Apesar de não ser ano

eleitoral, as manifestações de junho, a discussão sobre a sucessão presiden-cial, as implicações dos escândalos de corrupção e as políticas públicas como o “Mais Médicos” vêm agitando os mais diferentes espectros da política brasilei-ra.

Para tentar compreender esse tur-bilhão de acontecimentos, a GAZETA convidou o Professor Doutor Fernando Abrucio, coordenador do curso de Ad-ministração Pública da FGV, para falar sobre as direções e alguns dos signi!-cados dos diferentes acontecimentos Brasil afora.

Manifestações e seus legados

As Jornadas de Junho sem dúvida foram um dos eventos que mais cha-mou a atenção do brasileiro em 2013. Com protestos gigantescos em todas as regiões do Brasil, pouco ainda se sabe explicar sobre as origens e as consequ-ências desses eventos para o cenário político nacional.

No mínimo, as manifestações ser-viram para trazer à tona a insatisfação da população que vê uma classe política completamente distante da sociedade, quase como se Brasília levasse uma

vida à parte. Abrucio destaca que o po-lítico que mais sofreu com a pressão da sociedade foi o Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Apesar de ter desenvolvido uma gestão marcada por avanços e mudanças importantes nas áreas de Segurança Pública, Educação e Saúde, Cabral tem tido uma postura pú-blica desastrosa. O Governador encon-trou di!culdades para dialogar com os manifestantes em junho e nas demais manifestações que se desdobram até hoje, além de ter acumulado episódios como o das fotos do “jantar dos guar-danapos” e o do uso do helicóptero do Governo pelos seus familiares.

Outro ponto evidenciado pelas ma-nifestações é que a vida do brasileiro melhorou, mas ele quer mais, e esse “mais” está relacionado à demanda pela melhoria dos serviços públicos. Ape-sar do aumento na renda média e de muitos brasileiros estarem entrando no mundo do consumo, a e!ciência e a qualidade desse mundo do consumo de!nem o padrão que o cidadão espera para os serviços públicos.

Ainda assim, mesmo com o aparente apoio da sociedade às manifestações, deve-se levar em conta que o povo que estava nas ruas não traça necessaria-mente uma imagem exata da sociedade

brasileira e suas demandas. O grupo que participou dos protestos era com-posto majoritariamente por jovens universitários e secundaristas. “Essas pessoas estão estudando cada vez mais e vão ter um grau de expectativa sobre mercado de trabalho, sobre o mundo produtivo, maior do que as gerações anteriores”, diz o professor. Sendo as-sim, a demanda desses jovens só tende a crescer, o que exigirá uma melhor co-municação dos políticos com esse grupo e políticas públicas mais e!cientes.

Impacto dos casos de corrupção

Questionado sobre o impacto dos ca-sos e escândalos de corrupção que esti-veram em foco na mídia esse ano, como a questão dos embargos infringentes do mensalão e o caso do propinoduto tuca-no nas obras do metrô paulista, Abrucio reconhece que até exista algum impac-to, mas ele é pequeno porque a socie-dade acaba generalizando a corrupção com a revelação de tantos casos com partidos diferentes. “As pessoas dizem que no fundo todo mundo faz a corrup-ção. Se você pega qualitativa que fala do mensalão do PT, aí chega alguém e fala ‘ah, mas tem o mensalão tucano’, outro ‘ah, tem o mensalão do DEM’.” Se o caso de corrupção for recente em relação às eleições e envolver um gran-de prejuízo aos serviços de saúde, por exemplo, aí sim tem chances de mudar bastante o quadro eleitoral e haver mi-gração de votos. Fora isso, os escândalos não tendem a ter muito efeito, porque a população generaliza a corrupção à classe política como um todo. Acaba-se prestando atenção, então, nos candida-tos que melhor atendem às respectivas demandas dos eleitores. Além disso, para o professor, a redução das eleições a “um !car apontando o dedo pro ou-tro” empobrece o debate eleitoral. “É preciso discutir o que leva à corrupção, quais são os tipos de corrupção, instru-mentos de combate à corrupção [...] Se o

O Cenário Político Brasileiro de 2013

Copa do Mundo é diferente.

As pessoas vão estar envolvidas emocionalmente de modo diferente.

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Política

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Gazeta VarGas

Brasil fosse uma cleptocracia, não tinha reduzido a desigualdade. Se o Brasil fos-se uma cleptocracia, não teria recebido, nos últimos vinte anos, o aporte de ca-pital estrangeiro que se tem. Acho que tem que ter um equilíbrio maior nesse debate, que está muito desvirtuado.”

Eleições Estaduais de 2014Após as manifestações, muitos go-

vernadores viram os índices de apro-vação de seus governos caírem, assim como a intenção de votos para 2014. Entretanto, Abrucio não vê grandes mudanças nos quadros estaduais ou al-terações na quantidade de reeleições se comparadas à média dos últimos anos. No máximo, haverá mais disputas sen-do levadas ao segundo turno. “Nenhum dos governadores no Sudeste e no Sul, por exemplo, pode ser considerado ‘car-ta fora do baralho’ no ponto de vista eleitoral.”

Isso vale, inclusive, para o mal ava-liado Sérgio Cabral, que tenta emplacar a candidatura de seu vice, Luiz Fernan-do Pezão. No Rio de Janeiro, o fato de nenhum dos prováveis candidatos pas-sarem da casa dos 18% das intenções e alguns terem ocupados cargos públicos com baixa aprovação, como o ex-gover-nador Anthony Garotinho (PR) e o ex--prefeito da capital, Cesar Maia (DEM), pode permitir que Pezão vença as elei-ções. Devem concorrer também o sena-dor e ex-prefeito de Nova Iguaçu, Lind-bergh Farias (PT), que é o primeiro nas intenções de voto, e o deputado federal Romário (PSB). Os 5 pré-candidatos es-tão muito próximos nas pesquisas.

Pensando na disputa para a cadeira do Palácio dos Bandeirantes, a ideia de que Geraldo Alckmin do PSDB seja fa-vorito é clara. Com amplo apoio no in-terior da cidade e com uma forte estru-tura partidária, outros candidatos terão di!culdade para enfrentá-lo.

O esforço do governo federal em pro-mover a imagem de Alexandre Padilha,

ministro da Saúde, é visível. O programa Mais Médicos será certamente um dos carros-chefes da campanha de 2014 e mesmo com um cabo eleitoral poderoso como Lula será preciso bastante esforço para convencer o eleitor médio paulista a votar no Partido dos Trabalhadores. Além disso, Paulo Skaf deve voltar para a disputa fortalecido com o último plei-to e com um discurso de meritocracia e e!ciência que agrada ao eleitor paulista, sobretudo após as diversas denúncias de corrupção por parte do governo do PSDB nas licitações do metrô.

Eleições Federais de 2014Por !m, a sucessão presidencial não

deixa de ser um dos assuntos mais im-portantes do ano. Pesquisas indicam que se as eleições fossem esse ano, Dilma ganharia já no primeiro turno. Todavia, segundo Abrucio, o mais pro-vável é que as eleições se estendam até um segundo turno, com Dilma ainda favorita ao pleito. O trabalho de Aécio Neves à frente do PSDB está apenas começando e tende a aumentar a aceita-ção do partido até às eleições, principal-mente se continuar insistindo na ideia de que a in"ação está alta e a economia está descontrolada. Ainda, a chapa do PSB Eduardo Campos-Marina Silva tem os ingredientes necessários para atrapalhar bastante a vida do PT e seus simpatizantes.

Fatores como a Copa do Mundo FIFA e potenciais manifestações podem pa-recer in"uenciar nas urnas de 2014, mas Abrucio diz que essa possibilidade não é tão provável: “Copa do Mundo é diferente. As pessoas vão estar envolvi-das emocionalmente de modo diferen-te. Próximo à Copa do Mundo, vai ter uma aprovação maior com relação ao evento.” Além disso, Abrucio acredita que as manifestações não têm poder de deslocar votos em massa para candi-datos especí!cos. Isso porque, quando analisadas com mais especi!cidade, as demandas dos manifestantes são

muito heterogêneas: “na hora das elei-ções, aqueles que estavam um ao lado do outro vão estar em lados diferentes. Alguns vão estar com a situação, outros com a oposição.”

A despeito disso, Dilma vem de um período com crescimento tímido da economia e alguns momentos de ín-dices moderadamente desfavoráveis, como a in"ação e o preço do dólar. Mes-mo assim, mantém a aprovação relati-vamente alta, perto dos 38%. Esse nú-mero contrasta com os dados anteriores às Jornadas de Junho, época em que a aprovação do governo chegava em 55%. Um mês depois, esse número caiu para 31% mas vem subindo lentamente des-de então.

Do lado da oposição, Aécio pode esperar o voto do tradicional eleitor PSDBista, mas isso não será su!ciente sequer para assustar Dilma. Se quise-rem chances reais de vitória, os tucanos terão que desenvolver uma campanha que atraia eleitores do PT e da Marina, o que é um trabalho difícil. Quando se pensa no PSB, ainda há inde!nições quanto aos cargos. Apesar de o partido parecer decidido sobre Eduardo Cam-pos sair para presidente, as pesquisas indicam que Marina teria quase o do-bro de votos nessa mesma posição, com cerca de 21% das intenções.

Por hora, em qualquer cenário Dil-ma parece ainda levar vantagem. Con-tudo, as campanhas não começaram o!cialmente e muito pode acontecer. A história nos ensinou a não con!ar cega-mente em pesquisas, e previsões mais exatas só poderão ser feitas mais perto da eleição. �

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Espaço Aberto: [email protected]

Gazeta VarGas

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B!"#$%! C!#&

O !"#!$ %&" '"() "#*$'!$ foi escrito pelo ex-professor e ex-diretor da EAESP, Mi-

chael Paul Zeitlin, e faz referên-cia a um artigo de outra edição da Gazeta VarGas, conforme ele mesmo explicita. Na época em que tal artigo foi publicado (escrito pelos redato-res Alípio Ferreira, Erica Miyamura e Flavio Lima), a intenção da edição 85 era resgatar um momento histó-rico da FGV-SP, que foi a demissão de 18 professores de forma pouco esclarecida – e, pra muitos, pouco democrática - no ano de 2006. As-sim, procurava-se debater se tal caso repercutia na época (agosto de 2010), e com isso inserir o aluno no pro-cesso político da FGV, ressaltando a importância que tem rememorar os fatos para incentivar a saída de uma resignação e indiferença por parte dos alunos, segundo os termos que o próprio artigo coloca. Todo esse episódio das demissões foi narrado no fervor dos acontecimentos em ou-tra edição, a 62 da Gazeta VarGas, que inclusive contou com outro artigo do Professor Zeitlin sendo contrário ao modo como as demissões foram con-duzidas. Posteriormente o próprio professor foi também dispensado, após uma declaração na Folha de S. Paulo questionando o ocorrido. Em 2008, foi reintegrado à EAESP e, em 2013, concordou em se aposentar. Só agora também venceu o processo judicial, em todas as instâncias, que havia dado entrada quando foi demi-tido sobre as circunstâncias postas.

O que será exposto abaixo, e a própria reinclusão do tema em outra edição, evidencia o quão importante é que se debatam tais acontecimen-tos, conforme o texto da edição 85

coloca. É importante, pois suscita debates sobre a governança corpora-tiva entre os docentes e funcionários e ao mesmo tempo inclui os discen-tes no processo político da FGV, para ir além dos 4 anos que +carão pela FGV, revivendo momentos históri-cos de fundamental relevância para a transformação do ambiente em que estuda.

GOVERNANÇA CORPORATIVA NA FGV

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R",-($-." /$ /(!-0$ “G"!&-litarismo e Crítica”, publicado em sua edição N. 85 de Agos-

to de 2010. A primeira versão deste comentário foi redigida na ocasião; considerações familiares me alerta-ram para o fato de que havia Ação Trabalhista em curso na Justiça do Trabalho e que eu não deveria dar oportunidade aos advogados da FGV para procrastinarem ainda mais o curso da ação. A versão +nal bene+-cia-se de poder mencionar fatos pos-teriores a seu artigo.

Acredito que a iniciativa de vol-tar a debater o assunto (demis-são de professores de carreira) é louvável e merece contribuição. Assim, procuro trazer algumas considerações para estimular o debate na comunidade da GV. Esclareço que minha participação, e meu conhecimento, referem-se exclusivamente às demissões ocor-ridas na EAESP.

O artigo da edição referida cita um possível “trade o1” entre demo-cracia e e+ciência na gestão de orga-nizações, quando menciona a carta

do Prof. Luís Carlos Bresser Pereira para a professora Maria Rita Lou-reiro. Acredito que qualquer pessoa razoável endossaria a +nalidade do processo de reformulação da gover-nança, qual seja conseguir maior e+ciência na gestão da Escola. Há, no entanto, várias maneiras para se conseguir realizar este passo; pela truculência ou pela competên-cia na negociação com parceiros.

Uma consideração importante refere-se ao uso errôneo da palavra democracia ao descrever nosso an-tigo sistema de Governança. Não havia democracia, no sentido que damos ao termo, o que havia era o respeito a um conjunto de regras e normas, aprovadas pela Mante-nedora e pelo MEC, que permiti-ram a construção de uma institui-ção respeitada internacionalmente, para não dizer líder no país. A um conjunto de normas e regras que regulam o funcionamento de uma organização dá-se o nome de Go-vernança Corporativa.

Sabemos hoje, pelos documentos enviados ao MEC e apresentados em vários processos trabalhistas, que o argumento central da defesa da alta direção da FGV para alterar regras estabelecidas na EAESP é o de que estas regras foram estabe-lecidas por procuração outorgada pela alta direção. Quem outorga procuração pode revogá-la e criar novos mecanismos administrati-vos. Concordo com a primeira parte do argumento, mas faço a ressalva de que para alterar regras existen-tes é preciso respeitar os contratos assinados em nome da FGV por quem detinha procuração válida. Não se rasgam contratos por que há uma nova conveniência, não é isto que ensinamos aos nossos alu-nos! Entre os contratos assinados com procuração da FGV estão os contratos trabalhistas que mencio-nam explicitamente a obediência das partes ao Regimento Interno

História Relembrada

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Espaço Aberto: Cartas

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Gazeta VarGas

da EAESP, que, portanto passa a fazer parte do Contrato de Traba-lho. Há também 50 anos de usos e costumes no tratamento desta questão, com todas suas consequ-ências. Deve ter sido por esta razão que membro do Conselho Diretor da FGV alertou o Presidente que ao fazer as mudanças que pretendia deveria apoiar-se em excelentes ad-vogados. Não foi o que ocorreu.

De fato, no Processo N. 01452006120075020018 a FGV não só perdeu, por unanimidade, em todas as instâncias - 18ª. Vara do Trabalho de São Paulo, TRIBU-NAL REGIONAL DO TRABALHO, na turma designada do TST, na Câ-mara de Dissídios Individuais, e no plenário do TST – como foi multa-da duas (2) vezes: em 20% sobre o valor da causa no TRT quando foi considerada “litigante de má fé” e em 5% no TST que considerou seu recurso mera medida procrastina-dora. A FGV não merecia tal sorte. Quem será responsabilizado por este desastre? Quem pagará pelos custos incorridos? A!nal de contas os recursos da FGV são !nitos. Para dar uma ideia, mesmo que aproxi-mada, do montante total, informo que a FGV teve que depositar ao !-nal da ação quantia de R$ 1,25 mi-lhões de reais – dividida entre a Re-ceita Federal, meus advogados e eu próprio, quantia 5 vezes maior do que o pagamento que fez em acordo amigável comigo quando concordei em me aposentar, e que seguiu os parâmetros de outros professores idosos. Ora, o relato é referente a um processo, o meu, há que se con-siderar que há um número razoável de outros processos que tramitam mais lentamente, pois os professo-res que !guram no polo ativo des-tas causas não contam com o bene-!cio a mim conferido por ser mais idoso do que 65 anos por ocasião do inicio da ação. Alguma explicação transparente deverá ser ofereci-

da a toda comunidade interessada na FGV. Por qual razão é mantido como prestador de serviço o escri-tório de advocacia que perpetrou estes horrores? Como não há expli-cação, abundam os boatos!

Isto, no entanto, são águas pas-sadas. Convém olhar para frente. Acidentes de percurso ocorrem e depois de efetuar os consertos ne-cessários há que se aproveitar o ocorrido para melhorar o compor-tamento.

A FGV sempre se orgulhou dos ensinamentos que oferecia e osten-tava um comportamento ético em sua administração que servia de modelo às empresas e executivos do país. É preciso resgatar esta tra-dição. Comecemos pela convocação da Assembleia Geral da instituição. Esta organização cai no caso que os estudiosos de Governança Corpo-rativa chamam de “poder difuso”; não tem dono, no sentido de que não há membro da Assembleia Ge-ral que controle mais de 50% dos votos. Muitas empresas de capital aberto no exterior se enquadram nesta categoria. Nestas há sempre o risco da Administração no exer-cício de suas atribuições usurpar o poder que cabe à Assembleia Geral. Quando se deseja evitar tal fato, criam-se mecanismos especí!cos para garantir total transparência. Assembleias que são transmitidas por vídeo conferência, votação ele-trônica acessível a todos os mem-bros da Assembleia Geral, prazo de!nido para candidatos aos car-gos de Conselheiro poderem se inscrever, busca incessante em se conseguir diversidade no Conselho Superior, quali!cações mínimas para poder ser candidato e assim por diante. Não sou especialista no assunto, mas viajei em Jorna-das Técnicas do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, para Estocolmo, Helsinque, e Sydney, e pude observar os mecanismos ado-

tados por algumas empresas que prezam estes valores. O IBGC ado-ta algumas destas práticas e pode ser fonte de inspiração para uma instituição atrasada neste quesito.

Há outras questões além das demissões e da forma de escolher seus dirigentes que também me-recem vir à luz do dia. Comenta-se que entre diretores das instituições autorizadas a funcionar com a mar-ca FGV há diretores da própria FGV. Há dispositivo interno que expres-samente proíba este con"ito de in-teresses?

No próximo ano, 2014, a EAESP completará 60 anos. Durante as fes-tividades, conferências, seminários que certamente serão organizados, seria interessante programar um debate entre representantes de vá-rias correntes de pensamento para debater a Governança da FGV. Um aumento signi!cativo na Transpa-rência e na Responsabilização (“ac-countability”) só poderá fazer bem a todos envolvidos. O sol é o melhor inseticida contra práticas duvido-sas. �

Michael Paul Zeitlin é ex-professor da EAESP/FGV (1970

a 2013); foi Diretor da EAESP/FGV (1991 a 1995); ex-aluno

emérito da EAESP-FGV; membro da Assembleia Geral da FGV; foi

Secretário de Transportes do Governo de São Paulo – gestão

Mário Covas (1997 a 2002). Atualmente é empresário.

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Contas do [email protected]

Gazeta VarGas

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M!"#$ P%&%

Y!'$ F(')%("%*$ E! "!# $%&$#$'(# )% aproximar o aluno do DAGV e mantendo em vista ideais como

transparência e accountability, a GAZETA traz as prestações de contas feitas pelo Diretório ao último Conselho Fiscal.

As movimentações são relativas a Julho e Agosto de 2013, e é importante mencionar que os respectivos compro-vantes das transações também foram devidamente apresentados e veri*ca-dos pela nossa equipe. �

Contas do DA

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Entrevista: Ex-alunos

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GAZETA VARGAS

B!"#$%! C!#&

O! "#-$%&'(! )" A)*+'+!-tração de Empresas Rafael Belmonte e Daniel Arco-

verde mal se formaram e já deram início a um projeto de start-up que promete inovar a divulgação da mú-sica nacional, além de abrir um meio de comunicação entre os fãs e seus artistas. Trata-se da plataforma de shows online NetShow.me, exemplo a ser seguido pelos alunos que têm aspirações empreendedoras.

O NetShow.me é um site que ofere-ce a experiência de vivenciar um show de forma interativa - os artistas criam apresentações de 15 a 40 minutos no site sem gastar nada, e os internautas interessados pagam um preço estipula-do pelos próprios músicos para assistir. Durante a apresentação, os fãs podem também dar “gorjetas” aos artistas, que retribuem com CDs autografados, menções ao vivo ou até músicas dedi-cadas. Hoje a forma de pagamento das moedas é através de cartão de crédito; mas, em breve, boleto bancário, cartão de débito e até pagamento via SMS po-derão ser aceitos.

Apesar de o projeto estar pronto e funcionando, muitas di, culdades fo-ram superadas e muito conhecimento foi acumulado pelos dois empreende-dores, que eram de turmas diferentes e só se conheceram quando foram traba-lhar num mesmo fundo de investimen-tos. Ambos mexiam com private, mas sentiam vontade de se envolver com public equity: “A gente queria fugir um pouco do padrão GV, de mercado

! nanceiro, mesmo estando dentro do próprio mercado ! nanceiro.”

Os primeiros esboços do projeto do Netshow.me surgiram quando Daniel leu que Sean Parker, co-fundador do Napster e um dos primeiros investido-res do Facebook, havia montado uma empresa de música que fazia transmis-são de shows ao vivo. A partir disso, a dupla percebeu a viabilidade de algo pa-recido no Brasil, tamanhas são a plura-lidade e a quantidade de bandas e artis-tas independentes no cenário nacional.

Montaram então um plano de negó-cios, um modelo de plataforma e dis-cutiram possíveis aprimoramentos - o mais signi, cante foi o modelo intera-tivo de base pay per view. Apresenta-ram o produto , nal como trabalho da disciplina de Administração da Tecno-logia da Informação, e a nota dez que conquistaram os motivou a buscar a concretização da ideia. Procuraram um desenvolvedor que cuidasse da parte de TI, montaram a sociedade e então cometeram aquilo que consideram um primeiro erro: dividiram a empre-sa igualmente em três partes. Para os futuros investidores, aquilo poderia diluir a gestão e causar problemas na administração do negócio.

Mesmo assim, continuaram a parce-ria, apresentaram o projeto como TCC e se formaram. Saíram do fundo de in-vestimentos, montaram um escritório da empresa no Tatuapé e , nalmente puderam focar no empreendimento. A estratégia, segundo Rafael, era “dar dois passos pra trás para dar dez pra frente”. Compraram a participação do terceiro sócio e montaram um time de alta qualidade, mas de modo a manter o controle da empresa. Enfrentaram alguns problemas com o desenvolvi-mento técnico da plataforma, mas três

meses e meio depois o projeto estava concluído.

Todas as etapas envolveram consul-tas a bandas, músicos, fãs e gente com experiência em start-ups que forne-cesse uma base boa dos elementos que a plataforma deveria ter. Segundo Da-niel, “muitas vezes, querem colocar no mercado um software que faz até café. Mas aí você percebe que aquilo tá muito robusto, tem muitas ferra-mentas, e o problema que o produto resolve talvez tenha coisas a mais do que o usuário necessita. Por isso a importância de haver um feedback dos usuários.”

Atualmente, a dupla segue otimista: “a cultura do Brasil está mudando, as pessoas estão mais colaborati-vas, inspirando-se no modelo de crowdfunding. O próprio catar.se foi um projeto que surgiu na FGV e foi modelo de inspiração pra criar os modelos de recompensa colaborati-vos do Netshow.me”.

Foi na crença de que esse projeto ino-vador um dia funcionaria que Rafael e Daniel o levaram até o , m, mesmo com os erros e percalços que uma start--up naturalmente enfrenta. Hoje, com tudo concretizado, eles estudam novas formas de aprimorar a plataforma, de modo a acumular mais elementos po-sitivos de acordo com o feedback que têm dos usuários. Como a dupla sinte-tizou, “empreender é um carrinho de montanha russa: “sucessos e decep-ções acontecem a todo o momento. Mas, se você tem uma imagem clara daquilo que você quer alcançar, por que fazer outra coisa que não te faça ir por aquele caminho?” �

Netshow.me: um projeto inovador

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D!"#$% C&'($#'&

Quando coloquei meu pé pela primeira vez em São Pau-lo, sabia que estava começando

uma nova história e que, de forma es-tranha, já me sentia em casa. Descer do ônibus que vinha do lindo interior de Minas Gerais e avistar o pequeno caos que é o movimento incessante de pesso-as na Rodoviária do Tietê foi como um alarme que disparou na minha cabe-ça: “Acorde! Você está em Sampa!”. Me senti desorientado, como já era de se esperar, na hora de procurar o metrô. E pasme quem nunca foi à Rodoviária do Tietê: as placas de direção são mal posi-cionadas e você vai se perder se tentar se guiar apenas por elas. Nessa hora, a melhor solução é pedir informação pra alguma pessoa que esteja com uma ex-pressão facial mais ou menos amigável e que conheça mais do local que você. Ou faça como eu .z e ligue pra sua mãe quase chorando e dizendo que não sabe o que fazer e quer voltar pra casa, a.nal você tem que se mostrar uma pessoa in-dependente.

Depois da grande busca pelo tal “ros-to amigável”, consegui as informações e fui a caminho do metrô. Essa talvez tenha sido uma das experiências mais humilhantes da minha vida; pois, como nunca tinha usado essa modernidade das capitais, acabei fazendo sinal para que o trem parasse e chamei a atenção de alguns usuários que, como bons paulistanos, acostumaram-se a não de-monstrar emoções e sempre estarem com pressa, mas que não se aguenta-ram e começaram a rir de mim. Entrei no trem desconcertado e imaginei o carinha do trem rindo e dizendo: “Pró-xima estação: Daniel volte pra Minas

e pras suas carroças”. Um pouco antes da minha estação, .z questão de com-pletar o meu ritual pessoal de iniciação e questionei uma senhora asiática, apa-rentemente simpática, sobre uma dúvi-da minha:

- Com licença, moça (tudo é uma questão de bajular), onde aper-to para o trem parar? – A velha não se aguentou, riu asiaticamente na minha cara e disse:

- Olha quelidinho, não plecisa apertar nada não! O tlem pala sozinho, né?

Após a demonstração de bondade da idosa, pensava por que diabos eu .z tal questionamento. Talvez por minha insegurança natural, que me levou a pensar que existia um lugar escondido, onde as pessoas pressionavam um bo-tão e faziam o trem parar nas estações passadas, ao invés de parar sozinho. Quando cheguei à minha estação, sen-ti-me muito aliviado por ter percorrido aquele trajeto sem ter sido assaltado ou sofrido um latrocínio, como nos progra-mas de notícia extremamente conceitu-ados que minha vó assiste.

A estação Anhangabaú me presen-teou com uma imagem que avistei di-versas outras vezes no meu cotidiano em Sampa: um amontoado de lixo con-

siderável do lado da saída do metrô. Em São Paulo, aprendi a banalizar coisas que um dia foram um absurdo pra mim. Hoje passo do lado de um mendigo sa-bendo que ele está ali e não me preocu-po com a situação deplorável em que ele está, mas sim em prender a minha res-piração para não sentir o seu odor e não chamar sua atenção com medo de que ele arranque o celular da minha mão. Em São Paulo também aprendi coisas interessantes, e a mais importante de-las pra mim foi a capacidade de perceber a loucura e complexidade da sociedade em que vivemos.

Com apenas dois meses vivendo aqui, internalizei aquela pressa coletiva e também absorvi aquela expressão de indiferença. Pra mim Sampa sempre vai ser uma “confusão”, mas ainda quero entender se ela foi uma cidade que deu errado como todos dizem, ou se ela deu certo segundo as perspectivas de algu-mas pessoas que só queriam construir um lugar que respirasse e transpiras-se produção. E, se pensarmos bem, Sampa foi feita pra transpirar, mais do que pra respirar.

O maior questionamento acerca da minha nova cidade sempre será: por que, apesar de toda essa bagunça, eu continuo maravilhado, como na pri-meira vez em que vi aquele cartão pos-tal da Avenida Paulista com todos aque-les carros, pessoas apressadas e com o MASP imponente ao fundo?

Espero um dia encontrar a resposta. �

Que caos é esse? Tô em Sampa, uai

E, se pen-sarmos bem,

Sampa foi feita pra transpirar, mais do que para respirar.

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Mundo Cultural

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Gazeta VarGas

Crítica: Le Capital

D!"#$% C&'($#'&

M!')& P$*$

O longa “L! C"#$%"&” (O Capi-tal), dirigido pelo cineasta grego Costa-Gavras, também

diretor dos .lmes “O Quarto Poder”, “Z” e “O Corte”, é uma obra que impressio-na por conseguir atrelar, de alguma ma-neira, conteúdo crítico com uma trama cheia de suspense. O .lme conta a his-tória de Marc Tourneil (Gad Elmaleh) e sua repentina chegada à presidência do Banco Phenix, um dos maiores da Eu-ropa, devido ao adoecimento do antigo presidente. Marc descon.a  que o cargo lhe tenha sido entregue apenas como parte de um plano maior dos outros executivos, com o intuito de manipulá-

-lo.Diante da oportunidade em suas

mãos, Marc se mobiliza para tentar au-mentar tanto seu tempo de permanên-cia na presidência quanto a e.ciência da empresa. Motivado por uma demanda intransigente dos acionistas e tendo em vista também seu bonus pessoal, uma das primeiras decisões tomadas por Marc é instituir um plano de demissões no banco. A decisão atingiria milhares de pessoas, a .m de elevar o valor das ações do Phenix e assim “fortalecer o banco garantindo a permanência de muito mais empregos”.

As relações pessoais de Marc sempre se mostram em con1ito com seu traba-lho, seja com seus familiares, com quem sempre discute em virtude de suas ambições mas raramente vê; seja com Nassim (Liya Kebede), uma modelo be-líssima por quem se torna possesivo. A estrutura con1ituosa cerca o protago-nista de escolhas e contradições, mos-trando o lado humano de uma perso-

nagem que alegoriza diferentes tipos de pessoas. O diretor faz o máximo para retratar tudo de maneira fria e sem se posicionar como delator, mas sempre mostrando como as coisas realmente são e como a ambição pode in1uenciar a vida de tantas pessoas.

O .lme distancia-se da visão de que o sistema seria uma entidade perversa e manipuladora, partindo do mesmo pressuposto que .lmes como Tropa de Elite 2 trazem como desfecho. Isto é, os indivíduos, e não o sistema, são os ver-dadeiros agentes de mundaça social e economica. “Le Capital” tece uma nar-rativa onde o protagonista detém total livre-arbítrio em suas decisões, e são es-tas decisões que constroem sua estória. Sobre este fundamento, Costa-Gravas cria um protagonista dinâmico, mas livre, capaz e consciente, expondo suas escolhas ao espectador.

Os dilemas de Marc, projetados aos espectadores, não se limitam a um ma-niqueísmo moral, embora o pareça. Ele depara-se sempre com mais de duas escolhas, não se limitando a “certo” e

“errado”. A questão ética, entretanto, é notória, e o diretor a utiliza para pro-vocar os espectadores; motivando-nos, eventualmente, a desejar que Marc opte por algo anti-ético. Em muitas de suas escolhas, Marc deve decidir entre o próprio egoísmo, o egoísmo dos ou-tros (o mercado), e o altruísmo. A trama

demonstra como esse ambiente é orde-nado pelo individualismo extremado, em que é necessário tomar proveito da fraqueza de tudo e todos ao seu redor para se bene.ciar e sobreviver crescer.

Fatalmente, as escolhas feitas pelo protagonista, expostas a nós, espec-tadores, de.nem o mundo em que ele vive.

Diferentemente do que se possa es-perar, a ética nas escolhas não é acom-panhada por um karma recompensan-te ou moralizante, o que elimina certo romantismo da obra. À medida em que o protagonista opta por seguir sua am-bição não ocorre um deterioramento de sua situação, pelo contrário. É jus-tamente este sentido de continuidade que motiva o estopim da obra, em seu último momento, provocando o espec-tador e trazendo-o de volta à realidade com uma tela preta súbita seguida dos créditos. �

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V#+&' B!',&-!

A escrita de um texto jorna-lístico é, quase sempre, um grande desa.o. Desde que

entrei para a Gazeta (e mesmo antes, quando escrevia em um blog) todas as vezes que me vi diante de uma folha de papel me deparei com a grande ques-tão: como abordar um assunto? Como sair do óbvio? Como fazer um texto ca-paz de convidar alguém a re1etir sobre algo?

Seja racional ou não, parece natural do ser humano simpli.car as coisas. Sempre que nos vemos diante de uma questão social – seja ela o Bolsa Famí-lia, as cotas, o casamento gay, a tarifa do ônibus, as manifestações pací.cas ou violentas, nosso sistema político, o Lula, o STF e por aí vai – sinto que qua-se todos sofremos de uma tendência imediata em nos posicionar sem pensar muito, seja segundo alguns princípios que aplicamos automaticamente ou seja na tentativa de seguir a opinião de pes-soas que consideramos (ou, até mesmo, embora muitos irão dizer que não, ado-tar as opiniões que os outros julguem mais normais). Na falta de conhecimen-to sobre o assunto, muitas vezes aplica-mos valores de forma insensata, ou re-plicamos opiniões sem pararmos para pensar nelas – o que numa democracia é extremamente prejudicial.

Isto, claro, a parte de uma tendência de uma parcela considerável de nos-sa juventude em simplesmente tratar questões sociais e políticas com certo distanciamento. Tenho certeza que em muitas rodas de amigos, mesmo da FGV, as pautas citadas acima passam longe dos assuntos comuns. Eu mes-mo tenho inúmeros amigos com quem

jamais pensaria em discutir assuntos como o casamento gay, porque só cau-saria estranheza. Tomando o cuidado de não generalizar, nasce outro desa.o: como, dentro de um texto, convidar este leitor mais distanciado destes im-portantes questionamentos da nossa sociedade à re1exão?

E talvez o terceiro grande desa.o esteja na fronteira entre a exposição do debate e a exposição do seu próprio ar-gumento enquanto escritor. Não acre-dito no jornalismo imparcial, e nem objetivo a busca dele. Então torna-se necessário o equilíbrio do texto entre a exposição de diferentes argumentos com o convite a re1exão e, ao mesmo tempo, a defesa daquilo que você acre-dita estar certo. Este equilíbrio nem sempre é facilmente alcançado.

Juntos, estes três desa.os por mui-tas vezes já .zeram com que eu per-desse valiosas horas de maneira impro-dutiva, observando o piscar irritante e desesperador da maldita barrinha do word em uma folha que continha incrí-veis 12 caracteres(o meu nome) – a úni-ca coisa que eu tenho certeza que estará no texto de início.

Enquanto estudantes, não somos preparados para isto. As perguntas de nossas provas tem respostas concretas e caminhos certos para chegar nelas; um texto tem in.nitas possibilidades, todas imperfeitas.

Como escrever linhas capazes de serem convidativas à re1exão mesmo para pessoas mais distantes do assun-to? Que consigam expor meu argumen-to e não tentem .car em cima do muro, sem, contudo, que isto prejudique a própria proposição do debate e aborda-gem ao tema? E que sejam capazes de sair do senso comum e mostrar aos lei-

tores a complexidade que está por trás dos assuntos, escondida muitas vezes por um discurso super.cial repetido de maneira incessante na sociedade? E como fazer tudo isto ao mesmo tempo (em 4500 caracteres para caber mais ou menos certinho na página da revista)?

Falando aqui por mim, e não pela Gazeta, é isto que busco em meus tex-tos. Sinto uma carência desta tentativa mesmo nos diversos meios de impren-sa: ou insistem tanto no seu argumento que se tornam chatos e desinteressan-tes, ou se propõem imparcial de uma maneira duvidosa e igualmente desin-teressante.

Mas, a.nal de contas, quem sou eu para dizer isto? Não sou jornalista, nem estudante de letras, nem tenho experiência su.ciente para assumir que entendo do assunto. Nem entrevistei ninguém que entenda. Como saber se eu ultrapassei a barreira que eu mesmo me impus, de não ser super.cial em minhas discussões? Como saber se as pessoas vão se interessar em um assun-to tão x quanto os desa'os de escrever? Como saber se não há outros pontos de vista que eu ignorei tentando impor o meu? Como saber que eu falei coisas que não são besteiras?

Bem, isto é intrigante. A gente nunca sabe. E, pelo menos quando se tem 19 anos, alguns meses é tempo su.cien-te para olhar para um texto que você achou genial na época em que o escre-veu e não gostar mais dele. �

A maldita barrinha piscante do word

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Séries

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Gazeta VarGas

E! "#$% &'()*+ ,* -.! +! dos maiores sucessos televisivos dos últimos tempos. Breaking Bad

prendeu a atenção dos Estados Unidos e do mundo com sua temporada /nal surpreendente, e vale a pena rever cada um dos episódios das cinco tempora-das que compõem essa obra prima das séries dramáticas.

Com maestria inigualável, Vince Gilligan e seu time de escritores conse-guiram dar à história de um professor de química que se envolve com trá/co de drogas o suspense e a emoção em medida exata para que se perca horas a /o assistindo o seriado. O protago-nista Walter White descobre no início da série que tem câncer nos pulmões.

Aliada sua condição de professor de Ensino Médio aos preços exorbitantes do tratamento para a doença, Walter não vê outra alternativa senão come-çar a fabricar metanfetamina em um trailer e vender para os viciados locais do Novo México. Como não conhece o mercado, o professor recorre a um de seus ex-alunos, Jesse Pinkman, para ajudar com a distribuição. A trama co-meça a /car mais emocionante quando Skyler, mulher de Walter, /ca grávida e as complicações da sua gravidez come-çam a complicar a rotina de drug dealer do seu marido. Além disso, o cunhado de Skyler trabalha para o DEA (Drug Enforcement Administration) - o que faz com que Walter precise redobrar sua atenção ao praticar suas atividades ilegais. Ainda, Walter Junior é o /lho do casal protagonista e tem paralisia cerebral. Ele estuda na escola em que o pai dá aula, e sofre nas mãos dos cole-gas por ser /lho de um professor.

O trabalho dos atores é feno-

menal. Bryan Cranston, que interpreta Walter White, já faturou três Emmys consecutivos de melhor ator em série dramática, com apostas de faturar tam-bém o próximo. Já Jesse é interpretado por Aaron Paul, jovem com habilidades de atuação su/cientemente impres-sionantes para lhe render dois Emmys como melhor ator coadjuvante em sé-rie dramática. Paul é também a estrela do /lme Need for Speed, a ser lançado em 2014.

O que chama atenção em Breaking Bad, além dos roteiros irretocáveis e das atuações estonteantes, é a qualida-de da produção. Pela primeira vez na história dos seriados de TV, o nível de Hollywood é empregado na execução do projeto e isso garante fotogra/a e direção inigualáveis no universo televi-sivo. Em suma, a série é imune a críti-cas de qualquer tipo. Capaz de agradar ao mais difícil espectador, a sucessão de fatos que compõe a trama principal é simplesmente viciante. �

E00, 12* 3 !,.0 +!, 034.( 0*bre serial killers, é uma sé-rie sobre o serial killer. Dex-

ter Morgan trabalha para a perícia forense da polícia metropolitana de Miami, e nas horas vagas mata outros assassinos que escaparam das punições legais. Seu pai adoti-vo, Harrison Morgan, era também da polícia e percebeu logo cedo que Dexter tinha traços psicopatas. Ele ajudou o /lho a lidar com o desvio, elaborando o que é chamado na sé-rie de “Harry’s Code”. Dentre outras regras que ajudam Dexter a nun-ca ser pego, está a de que somente assassinos convictos poderiam ser mortos - foi também uma maneira que Harry encontrou de não sentir

muito peso na consciência ao ensi-nar o /lho a matar sem deixar tra-ços.

Além de possibilitar um debate ético bastante extenso sobre as leis, sobre os direitos dos criminosos e sobre a justiça feita pelas próprias mãos; Dexter mostra o cotidiano de um matador em série que busca conciliar a rotina dos assassinatos com uma vida social e, eventual-mente, com uma família. Ao longo das temporadas, Morgan se depara inúmeras vezes com outros psico-patas e esses duelos costumam ser os pontos altos da narrativa. Por exemplo, o Trinity Killer da quarta temporada marcou um dos ápices da série, com cada episódio mais sur-preendente que o outro. Além disso, a irmã de Dexter, Deborah Morgan, também trabalha para a polícia, o que faz com que assassino tenha um trabalho a mais ao tentar esconder seu “passageiro negro” (como ele se

refere ao seu lado psicopata).Dexter teve o series /nale exibi-

do em 2013 nos Estados Unidos, e o desfecho da história dividiu opini-ões. Ao longo da última temporada, a psiquiatra Evelyn Vogel entrou na mente de Dexter e tentou entender como funcionam os pensamentos de um psicopata tão sui generis. Ele tinha uma família, amava o /lho e outras pessoas. Como seria possí-vel alguém como ele amar? Essa e outras dúvidas de/niram o tom dos últimos episódios, o que agradou a muitos e irritou outros tantos. �

Y!"# F$"%&$'&(#

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Séries

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A5*41,6, 7*4 8.1),19, 6( Emily :orne pela morte de seu pai volta com uma ter-

ceira temporada que promete con-clusões e novidades. A série é exi-bida pela emissora ABC nos EUA, pela Sony na TV fechada brasileira e pela Rede Globo num horário pou-co atrativo - domingo perto das 23 horas.

Revenge retorna trazendo uma Victoria Grayson (Madeleine Sto-we) mais serena e alheia aos eventos sociais do Hamptons e preocupada com o seu /lho, interpretado por Justin Hartley, que estava perdido pelo mundo e voltou para conhecer a mãe. Por alguns infortúnios, o /-lho vai embora já no primeiro episó-dio e Victoria volta a ser a mesma de sempre até segunda ordem. Ela se vê obrigada a participar dos eventos

políticos de seu marido e governa-dor de Nova York, Conrad Grayson (Henry Czerny). Esse seria o único jeito de evitar a falência da família.

Como nada é simples em tramas tão intensas, a volta de Damien (Bar-ry Sloane) pode atrapalhar a vida de Emily, pois ele clama por uma alian-ça junto à Victoria que atenda inte-resses de ambos. Charlotte (Christa B. Allen) chega ao Hamptons depois de um retiro em Paris para tentar superar a morte de seu amado De-clan (Connor Paolo), além de todos os infortúnios que atingiram a vida dessa imprevisível jovem.

O grande desa/o dos produtores e roteiristas da série é reconquistar a audiência que já superou a de pro-duções há muito tempo no ar como CSI e Law & Order: SVU. Revenge é uma trama que merece muitos cui-dados, pois pode facilmente entrar no campo da repetição. A vingança, por si só, não é su/ciente para man-

ter o telespectador, que quer sempre mais, interessado. O ‘’mais’’, nesse caso, signi/ca resolver con;itos e conseguir, de alguma forma, mudar o rumo da vida de Emily e oferecer a quem assiste à série motivos para acreditar que a heroína será capaz de ter uma vida depois de comple-tar sua tão almejada vingança. Se os roteiristas tiverem êxito nessa transição, serão capazes de termi-nar a história com maestria, quem sabe iniciar uma nova temporada com uma base narrativa diferente e com uma trama nova na trajetória da vingativa e destemida Amanda Clarke, vulgo Emily :orne. �

D!)$&* C#'(&$'#

C*!* <*6* &*!(9* 6( =><.-ma temporada, cada episódio que é lançado faz parte de

uma contagem regressiva. A 9ª tem-porada de How I Met Your Mother animou os fãs, que estavam na ex-pectativa. Na verdade, a série como um todo é uma a que devemos tirar o chapéu. A despeito de críticas ao fato de se basear em Friends e de ha-ver temporadas demais pro narra-dor contar como conheceu a mãe de seus /lhos, as outras 8 temporadas correram em relativa alta, formando uma série que conquistou a adesão do público progressivamente.

A temporada conta /nalmente

como Ted Mosby conheceu a mãe de seus /lhos, e pretende concentrar os 24 episódios em 56 horas na reali-dade da série: Algo raro no univer-so das sitcoms, mas que possibilita maiores detalhes e intensidade na aproximação do público com a na-morada de Ted, já que se passaram 8 temporadas sem sua aparição. Até o fechamento desta edição, 6 episó-dios foram lançados nos EUA. Os primeiros foram bem aceitos, mas agora, por conta dos episódios não avançarem muito temporalmente, críticas quanto ao desenvolvimento da temporada surgem, argumentan-do que os demais episódios podem passar ser maçantes e pouco signi-/cativos.

Fato é que a série promete tudo: choro dos fãs, comemorações dos trolls, risadas de todos, além de ce-nas emotivas. Mas, apesar dos la-mentos, os criadores acertaram em cheio ao colocar um /m na série.

Exemplos como os de House, Chuck e praticamente todas as séries dos EUA em que mais temporadas são feitas do que o ideal para o enredo, são lições de que produzir algo a mais por puras razões de mercado, pode gerar o efeito inverso e perder público. Muitos a/rmam inclusive que HIMYM também começou a cair nesse erro: a sétima e a oitava temporadas são relativamente va-zias em termos de desenvolvimento.

Aguardaremos, embora sabendo do desfecho principal, como será o /nal da série, que merece toda a de-dicação dos roteiristas pra homena-gear um trabalho tão bem elabora-do. Claro que, mesmo sabendo que a série deve acabar, os fãs se lamenta-rão eternamente. �

B'!%)&' C'%+

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Herald

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Gazeta VarGas

FGV !)%),$! -.#//$)" &0,*%-$1# /!'! !*%)#-

O .!?4@)>.* 5+6.&.,> 4(-(4(1<( ,* H*07.<,> Mat,razzo /nalmente teve /m. A FGV conseguiu a posse sobre o grande terreno que /ca em frente à sede na Rua Itapeva. Devido ao grande espaço adquirido, a FGV anunciou a construção de mais laboratórios, salas de aula e um novo auditório. No entanto, o que tem dei-

xado os estudantes mais animados é a decisão de construção de um shopping exclusivo para alunos com /liais de lojas como Burberry, Chanel, Louboutins e a exclusivíssima GV Caps. A má notícia /ca com a praça de alimentação, que continuará sendo de exclusividade do Rockafé.

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Em comunicado recém-realizado, a Coordenação do Curso de Administração Pública anunciou uma nova matéria na sua grade curricular: Introdução à Cannabis. O curso, segundo nota o/cial, nasceu da demanda dos alunos que encontravam di/culdade dentro da Fundação para encontrar apoio às suas atividades diárias. Os represen-

tantes dos cursos de AE e Economia reagiram comentando sobre a inutilidade da disciplina, uma vez que a discussão não passava do campo das ideias. “Não se discute uma forma de transformar isso em bem econômico e rentabilizá-lo, infelizmente o curso de APN vem somente formando PTralhas sem muita formação técnica” disse um professor de Economia que não quis se identi/car.

N#1! V!'"!- !)%),$! /!',&'$! ,#2 PSB

E m uma reviravolta política e impressionando analistas do Brasil inteiro, a chapa Nova Vargas anunciou que vai se aliar ao PSB de Eduardo Campos e Marina Silva para concorrer às eleições de 2014. A parceria seria fruto de uma vontade mútua de ser sempre oposição, a todo custo, mesmo quando não faz muito sentido. Ainda não

se sabe quem vai concorrer a que cargo, mas há sinais de que a Nova Vargas indique um vice: os membros já estão acostumados com essa posição. “A ideia é implicar bastante e contrariar tudo, é pra isso que nos juntamos e é isso que sabemos fazer”, teria explicado um integrante da Nova Vargas.

No mês de outubro, o Centro de Pesquisas Econômicas do IBOPE divulgou um estudo encomendado por alguns alunos da FGV. Os resultados mostraram que a rescisão do contrato com o Rockafé por parte do DAGV teria impacto signi/cativo na in;ação brasileira: a de;ação chegaria a 2% no mês, trazendo o acumulado brasileiro

para perto do centro da meta. Especialistas estão curiosos quanto à reação dos gevenianos quando descobrirem que estavam pagando preços tão caros. De acordo com o economista chefe do IBOPE, “a existência e a perpetuação no tempo de um monopólio dentro da melhor faculdade de economia do país permanece um mistério à teoria de racio-nalidade dos agentes consumidores”.

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Sancionado hoje, pela presidente Dilma RousseA, o Decreto-Lei 4.000/13 regulamenta o uso do Playstation 4 como garantia real extrajudicial na obtenção de crédito. Ele altera a redação da lei 9.514//97 e passa a valer a partir do dia 29 de novembro. O texto estabelece o console, criando sua própria categoria, válido a título de

hipoteca e alienação /duciária. Frente a isso, o CEO do BNI já adiantou: “criaremos uma linha de crédito para futuros compradores de PS4. Todo mundo precisa de diversão”.

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Humor

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GAZETA VARGAS

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Tirinhas

Sol em Saturno. Surpresas à vista! Compre no Rockafé. Os lanches podem conter mui-tos brindes, como arruelas, por exemplo.

Sol em Netuno. Pare de achar que sua sub com o Dall’Acqua vai real-mente ser a solução para o semestre.

Quadrante solar em Mercúrio. Tome cuidado caso vá à Gioconda.

Não con! e em suas novas amizades de AE. Elas podem causar grandes decepções.

Menos prepotência e mais hu-mildade. Evite andar de eleva-dor: suba escadas e seja feliz.

O Economíadas pode ser sua melhor oportunidade para mudar de signo.

Seus relacionamentos es-tão como o poço de libra: vendi-do barato e sem retorno algum.

Não, seu plano de se vingar do seu colega que foi promovido no seu lugar não dará certo. Mais tra-balho e menos inveja, por favor.

Procure ser mais solidário, responda ao menos a um Survey no grupo da GV.

Lua em Vênus. Vá pra praia. Aquele seu projeto na Asset não vai rolar. Vender sua arte e viver das coisas que a nature-za dá pra gente pode ser mais rentável.

Atenção! Cirrose à vista: tome cui-dado nas cervejadas da vida.

Não se esqueça de fazer sua visi-ta semanal ao ‘Achados e Perdidos’ da FGV. E cuidado para não esque-cer nada enquanto estiver por lá.

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PHO

TO: N

ASA

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A Elanders é uma empresa global de impressões com unidades em dez país-es, espalhados por quatro continentes. Atuamos no segmento de livros e revis-tas, produtos fotográficos, embalagens, material promocional e manuais. Além disso, oferecemos soluções “Web-to-print” (W2P), EDI, prepress avançado, fulfillment e logística. A Elanders possui aproximadamente 1,600 colaboradores e vendas líquidas que totalizam mais de 1,8 bilhões de Coroas Suecas (SEK). As ações da Elanders estão listadas na NASDAQ OMX Stockholm, small cap.

As unidades industriais da Elanders encontram-se no Brasil (Diadema, SP), Itália (Treviso), China (Pequim), Noruega (Oslo), Polônia (P!o"sk), Grã-Bretanha ( Newcastle), Suécia (Falköping, Gothem-burg, Malmö e Estocolmo), Alemanha (Stuttgart), Hungria (Zalalöv# e Jász-berény) e também nos Estados Unidos (Atlanta e Davenport).

SEU PARCEIROGLOBAL DE IMPRESSÕES